Revista Viração - Edição 55 - Setembro/2009

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a r i V a z a f m e Veja qu

Sexo e Saúde

pelo Brasil

Associação Imagem Comunitária Belo Horizonte (MG)

Universidade Popular Belém (PA)

Casa da Juventude Pe. Burnier Goiânia (GO) Ciranda – Curitiba (PR) Central de Notícias dos Direitos da Infância e Adolescência

Centro de Refererência Integral de Adolescentes Salvador (BA)

Companhia Terra-Mar Natal (RN)

Centro Cultural Bájò Ayò João Pessoa (PB)

Catavendo Comunicação e Educação Fortaleza (CE)

Agência Uga-Uga Manaus (AM)

Bemfam - Recife (PE)

Cipó Comunicação Integrada Salvador (BA)

Girassolidário Campo Grande (MS)

Diretório Acadêmico Freitas Neto Maceió (AL)

Fundação Athos Bulcão Brasília (DF)

Rede Sou de Atitude Maranhão São Luís (MA)

Centro Cultural Escrava Anastácia Florianópolis (SC) Jornal O Cidadão - Rio de Janeiro (RJ)

Virajovem Vitória - Vitória (ES)

Grupo Cultural Entreface (Diversidade Juvenil, Comunicação e Cidadania) Belo Horizonte (MG)

Grupo Atitude - Porto Alegre (RS)


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m o c fe n o C à o m u R “p

Conteúdo

ntes adolesce icação de n u m o antes c o rês imp rt humano à SP): grito de t l a elo direito ip c ão Paulo ( n S ri foi o p ulho em j te s e E d ! 6 s n 2 e a e jov entre 23 nicadores ue rolaram ens Comu v o eventos q J e s Viração a te d n s e n c os Jove Adoles e lh e d s e n d o e C R e o da entude. ional d o Encontr ação e Juv ontro Nac ic c n n u E m o o , s Livre C adora s regiões Nacional e Comunic e todas a ia c d a. n s o rê lt fe u n d bre o tem ns e a s) e a Co postas so ntes, jove ro e c p (Virajoven s e le d o o d ã deste struç bilizou a is pontos te e a con A Vira mo s principa ra o deba o a d p il ra s u tativas rt ra e e s do B as exp c ar a cob e h a n c a ti p rá m e sotaque c o emo em ai ac nicação d acontece ão você v ma comu com), que u Nesta ediç fe a n o o m C u ( r o açã rocesso Comunic histórico p acional de N ia c n , sobre os rê nfe to do Peru e ir para a Co d m e . g s na orta dezembro mudança r uma rep Brasília em ai conferi i ler sobre a v ê v c m o ante: é v rt b , o o m nos imp Você ta e . Além diss o m iã o g ã e n r s a , ma ndígenas n a galera Por último conflitos i ns. Agora mofobia. e o v h jo a a a ir tr V con elhos rar, educação atro Cons ão colabo u mais qu o h n a g a e Acre v a im ra ssoal, o a Vir e R , p s desse , Sergipe ia ia e n d ô i d e n o ra de R ar , cultu o pra mud s sabores m fazend a d trazendo o n a e u trar o q ! para mos Boa leitura o mundo.

Quem somos a

Viração é um projeto social de educomunicação, sem fins lucrativos, criado em março de 2003 e filiado à Associação de Apoio a Meninos e Meninas da Sé. Recebe apoio institucional do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), do Núcleo de Comunicação e Educação da Universidade de São Paulo e da Agência de Notícias dos Direitos da Infância (Andi). Além de produzir a revista, oferece cursos e oficinas de capacitação em comunicação popular feita para jovens, por jovens e com jovens em escolas, grupos e comunidades em todo o Brasil. Para a produção da revista impressa e eletrônica (www.revistaviracao.org.br), contamos com a participação dos conselhos editoriais jovens de 21 Estados, que reúnem representantes de escolas públicas e particulares, projetos e movimentos sociais. Entre os prêmios conquistados nesses seis anos, estão Prêmio Don Mario Pasini Comunicatore, em Roma (Itália), o Prêmio Cidadania Mundial, concedido pela Comunidade Bahá'í. E mais: no ranking da Andi, a Viração é a primeira entre as revistas voltadas para jovens. Participe você também desse projeto. Veja, abaixo, nossos contatos nos Estados. Paulo Pereira de lima Diretor da Revista Viração – MTB 27.300

Copie sem moderação! Você pode: • Copiar e distribuir • Criar obras derivadas Basta dar o crédito para a Vira!

Apoio Institucional

Conheça os 24 Virajovens em capitais brasileiras aracaju (sE) - se@revistaviracao.org.br Belém (PA) - pa@revistaviracao.org.br B  elo Horizonte (MG) - mg@revistaviracao.org.br Boa Vista (rr) - rr@revistaviracao.org.br Brasília (DF) - df@revistaviracao.org.br Campo Grande (MS) - ms@revistaviracao.org.br Curitiba (PR) - pr@revistaviracao.org.br Florianópolis (SC) - sc@revistaviracao.org.br Fortaleza (CE) - ce@revistaviracao.org.br Goiânia (GO) - go@revistaviracao.org.br João Pessoa (PB) - pb@revistaviracao.org.br Maceió (AL) - al@revistaviracao.org.br Manaus (AM) - am@revistaviracao.org.br Natal (RN) - rn@revistaviracao.org.br Porto Velho (ro) - ro@revistaviracao.org.br Recife (PE) - pe@revistaviracao.org.br rio Branco (aC) - ac@revistaviracao.org.br Rio de Janeiro (RJ) - rj@revistaviracao.org.br Salvador (BA) - ba@revistaviracao.org.br São Luís (MA) - ma@revistaviracao.org.br São Paulo (SP) - sp@revistaviracao.org.br Serra do Navio (AP) - ap@revistaviracao.org.br Teresina (PI) - pi@revistaviracao.org.br Vitória (ES) - es@revistaviracao.org.br

paRtiCipe da viRa! Gosta de escrever reportagens? Curte fotos? Ou seu lance são poesias, artigos, charges? Mande seu material pra gente! O endereço eletrônico é redacao@revistaviracao.org.br

atendimento ao leitor Rua Augusta, 1239 - conj. 11 - Consolação - 01305-100 - São Paulo - SP Tel./Fax: (11) 3237-4091 / 3567-8687 / 9946-5584 Horário dE atEndimEnto Das 9h às 13h e das 14h às 18h

E-mail da rEdação E assinatura redacao@revistaviracao.org.br assinatura@revistaviracao.org.br

Revista Viração • Ano 7 • Edição 53

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8 Por uma boa causa

Adolescentes da Plataforma dos Centros Urbanos particip am de Conferên cias e descobrem no vas possibilidad es

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Comunicação democrática

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Juventude brasileira se reúne para debater propostas para a Conferência Nacional de Comunicação

22 Sempre na Vira

Manda Vê . . . . . . . . . . . . . . 6 Galera Repórter . . . . . . . . 10 ECA . . . . . . . . . . . . . . . . . . 12 Rango da Terrinha . . . . . . 25 Que Estilo Cola . . . . . . . . . 26 Que Figura . . . . . . . . . . . . 29 Fazedores de Vídeo . . . . . 30 No Escurinho . . . . . . . . . . 31 Sexo e Saúde . . . . . . . . . . 33 Parada Social . . . . . . . . . . 34 Rap Dez . . . . . . . . . . . . . . 35

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Diversidade e

m sala de au Projetos para la combater a ho mofobia nas escolas

idade Zoom na comunseu s olhares sobre A galera do Rio mostra o dia-a-dia da favela

Resquícios colonialista

s Massacre contra povos indígenas é realidade no Peru

24

adores ntes embaItáixlia marca trajetória Adolesceem evento na Participação s ntes brasileiro de adolesce

28 Prevenção em rede

Saúde e participação juvenil em debate

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a ada da Amazôni Rádio Vir uma galera a inspirou Como a Vir

RG VÁLIDO EM TODO TERRITÓRIO NACIONAL Conselho Editorial Eugênio Bucci, Ismar de Oliveira, Izabel Leão, Immaculada Lopez, João Pedro Baresi, Mara Luquet e Valdênia Paulino

Romão, Maria Rehder, Micaela Cyrino, Nayara Carvalho, Rafael Lira, Rafael Silva, Renata Trindade, Vânia Correia e Vivian Ragazzi

Administração/Assinaturas

Equipe Pedagógica

Juliana Giron e Sérgio Luiz

Aparecida Jurado, Isabel Santos, Juliana Rocha Barroso, Lula Ramires, Nayara Teixeira, Roberto Arruda e Vera Lion

Mobilizadores da Vira

Diretor Paulo Pereira Lima paulo@revistaviracao.org.br

Equipe Adriano Sanches, Carolina Paiva, Eduardo Peterle, Elisângela Nunes, Eric Silva, Gabriel Vituri, Giliane Queiroz, Gisella Hiche, Lilian

Acre (Leonardo Norta), Alagoas (Jhonathan Pino), Amapá (Camilo de Almeida Mota), Amazonas (Cláudia Ferraz, Délio Alves e Lorena Bahia), Bahia (Isabel Brasileiro e Nilton Lopes), Ceará (Amanda Nogueira e Rones Maciel), Distrito Federal (Ionara Silva), Espírito Santo (Leandra Barros), Goiás (Gardene Leão), Maranhão (Sidnei Costa), Mato Grosso do Sul (Cibele Sodré), Minas Gerais (Daniel Rabello, Maria de Fátima Ribeiro e Pablo Abranches), Pará (Alex Pamplona), Paraíba

4 Revista Viração • Ano 7 • Edição 55

(Niedja Ribeiro), Paraná (Juliana Cordeiro), Pernambuco (Maria Camila Florêncio), Piauí (Anderson Ramos da Luz), Rio de Janeiro (Gizele Martins), Rio Grande do Norte (Alessandro Muniz), Rondônia (Luciano Henrique da Costa), Roraima (Cleidionice Gonçalves), Santa Catarina (Celina Sales e Ciro Tavares), São Paulo (Luciano de Salúa), Sergipe (Raphaela Machado)

Colaboradores Amanda Proetti, Bianca Pyl, Camila Caringe, Carol Lemos, Cristina Uchôa, Juliana Sayuri Ogassawara, Heloísa Sato, Lentini, Márcio Baraldi, Natália Forcat, Novaes, Paloma Klysis, Rassani Costa, Sálua Oliveira, Sérgio Rizzo, Ubirajara Barbosa e Vitor Massao

Consultor de Marketing Thomas Steward

Projeto Gráfico Ana Paula Marques e Cristina Sayuri

Jornalista Responsável Paulo Pereira Lima – MTB 27.300

Divulgação Equipe Viração E-mail Redação e Assinatura redacao@revistaviracao.org.br assinatura@revistaviracao.org.br

Preço da assinatura anual Assinatura Nova Renovação De colaboração Exterior

R$ 58,00 R$ 48,00 R$ 70,00 US$ 90,00


A Vira pela igualdade. Diga lá. Todas e todos Mudança, Atitude e Ousadia jovem.

Diga lá

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Mande seus comentários sobre a Vira, dizendo o que achou de nossas reportagens e seções. Suas sugestões são bem-vindas! Escreva para nosso endereço: Rua Augusta, 1239 - Conj. 11 Consolação - 0135-100 - São Paulo (SP) ou para o e-mail: redacao@revistaviracao.org.br Aguardamos sua colaboração!

Emília Rodrigues, via portal da Vira Adorei o estilo de vocês! Sou professora e amei os quadrinhos da Turma do Rapdez, tanto que vou usá-los na sala de aula, pois eles informam de maneira objetiva e com uma linguagem com a qual os alunos irão se identificar.

Anápuáka Muniz Tupinambá Hã-hã-hãe, do Web Brasil Indígena.Org, via correio eletrônico

Daiani Januario, via portal da Vira Oi, galera da Viração! Admiro muito o trabalho de vocês. Conheço bem a revista e participei da seção Vira Virou em 2006. Foi uma experiência maravilhosa e única. Hoje eu sigo o meu sonho e faço técnico em enfermagem. Fico muito feliz por vocês estarem fazendo tanto sucesso! Ainda tenho vários cartões de vocês. Beijos para todos e até mais!

Olá Emília! Ficamos muito felizes em saber que a Vira será utilizada em sala de aula, um espaço tão importante. Mande depois seu comentário, estamos curiosos!

Poxa Daiani, que legal saber disso! Desejamos boa sorte em sua trajetória e continue acompanhando a Vira!

Ponto G Para garantir a igualdade entre os gêneros na linguagem da Vira, onde se lê “o jovem” ou “os jovens”, leia-se também “a jovem” ou “as jovens”, assim como outros substantivos com variação de masculino e feminino.

Venho agradecer a ótima matéria que Camila Caringe e Vivian Ragazzi fizeram conosco. Vocês destacaram e deram relevância ao nosso trabalhos e ações. Estamos construindo varias ações de colaboração em nossa agenda 2009/2010.

Parceiros de Conteúdo

Anápuáka, estamos à disposição para contribuir com a luta de vocês. Um forte abraço!


Manda Vê Raphaela Machado e Gabriel Machado, do Virajovem Aracaju (SE)*; Simone Nascimento e Luciano de Sálua, do Virajovem São Paulo (SP) e Cristiane Conceição, do Virajovem Salvador (BA)

É comum ver gente dizendo que os adolescentes e jovens do País quase não leem. Mas será que isso é justo? Na verdade, a população brasileira em geral não tem este hábito, e não apenas os jovens. Segundo dados, o brasileiro lê em média somente 4,7 livros por ano, no entanto, não se pode generalizar e afirmar que toda a juventude não se importa com a leitura. De

acordo com a pesquisa Retratos da Leitura no Brasil, do Instituto Pró-Livro, 39% dos 95,6 milhões de leitores do País têm idade entre 5 e 18 anos. Com base nestes dados e em rodas de conversa entre jovens e adultos sobre o tema, os conselhos de Aracaju, São Paulo e Salvador perguntaram o que a galera acha dessa história de livro, cultura e educação.

Qual a importância da leitura para adolescentes e jovens? Simone dos Santos Melo, de 20 anos Aracaju (SE)

Podemos crescer como seres humanos! A leitura nos leva a descobrir novos horizontes. A cada livro, revista, jornal que lemos, não somos mais os mesmos. O que falta na verdade para esses jovens é um estímulo por parte das autoridades que comandam nosso País. Thiago Teixeira Rodrigues, de 18 anos Aracaju (SE) A leitura na vida do jovem é essencial, não só pela questão do vestibular, mas também para ele se manter bem informado sobre o que acontece no Brasil e no mundo. Tem que se levar em conta também o estímulo que esse jovem recebe para ler e no futuro estimular também outros jovens a manter o gosto pela leitura.

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Damiso Faustino, de 18 anos São Paulo (SP) Um jovem que tem o hábito de ler adquire mais conhecimento. Além disso, adquire senso crítico, formas diferentes de interpretar o mundo e de se expressar. Não importa o estilo literário que o jovem tem em mãos. Se for algo prazeroso, ele também transmitirá a mensagem.

* Integrantes de Conselhos Jovens da Vira presentes em 24 Estados do País se@revistaviracao.org.br, sp@revistaviracao.org.br e ba@revistaviracao.org.br


Amanda Rosa de Barros, de 20 anos São Paulo (SP)

Steylon Rebouças, de 21 anos Aracaju (SE)

Ler nos permite conhecer diversos mundos sem sair do lugar; em poucos minutos, novas culturas são apresentadas. Nós, os jovens, sempre procuramos o novo. Não importa de qual época é o seu livro: ele certamente agrega conhecimentos diversos, porque ler é observar o mundo com outros olhos.

É importante para acrescentar na mentalidade do jovem. Hoje em dia tudo é ocasional, o que prejudica de certa forma o acesso geral da população. Renan Caio Cegatto, de 18 anos Campinas (SP) O hábito de ler é essencial na vida de qualquer um, mas, na adolescência, é muito importante, pois é uma fase de descobertas.

Rodrigo Michell Santos Araújo, de 21 anos, Aracaju (SE) A leitura desperta desejos. Quando é descompromissada, o jovem navega mais intimamente no universo das palavras. O texto está ao nosso redor a todo o momento. O jovem precisa adentrar neste reino das palavras. Aqueles que leem têm um pensamento mais crítico e conhecimento de mundo. Ler é muito saudável e é uma ótima atividade!

escolher apenas Não poderíamos undo ição, certo? O m um livro nesta ed em to amplo e exist da leitura é mui . Dessa vez gêneros e gostos re diferentes livros, que você encont site que permite um e r, le indicaremos um ra livros pa ilhosa cheia de s uma lista marav vidades dos sebo no s na ixa ligado outro que te de o de você! que estão pertinh Google Livros: s gle.com.br/book http://books.goo Estante virtual: tual.com.br/ www.estantevir

Paula Salomão, 15 anos, Salvador (BA) A leitura é uma necessidade. Se não souber ler, não conseguirei interpretar nada. Isso não se restringe apenas ao livro, mas para tudo na vida.

Jean Nogueira, 18 anos, Salvador (BA) Contribui para minha vida pessoal, cultural e profissional. Ganho conhecimentos, escrevo melhor e aprendo novas palavras. Além de “viajar” no que o livro propõe!

Segundo a pesquisa elaborada pelo Instituto Pró-Livro, Retratos do Livro e da Leitura no Brasil: n O Brasil está entre os 8 maiores produtores de livro do mundo com 46 mil títulos e 310 milhões de exemplares publicados até o ano 2006. n O País possui cerca de 5.000 bibliotecas públicas, 10.000 bibliotecas comunitárias, 52.634 escolares e 2.165 universitárias. n Temos 2.600 livrarias em 600 cidades, 11% do total de cidades do País e uma altíssima concentração no Sul e no Sudeste.


s a n s o d a Anten ^ s a i c n e r e f Con

vez de contam como foi participar pela primeira Adolescentes Comunicadores de São Paulo lico conferências e encontros com o poder púb

Diego Gomes de Morais, Leonardo Belo da Silva, Gessy Soares de Sousa, Nair Moraes de Oliveira, Nayara Souza Lima, Jaqueline Silva Lima, Fabrício Lima da Paz, Alisson Rodrigues Cordeiro, Jocival de Oliveira Santana, Mídian da Silva Maciel, Ana Inez Eurico, Michel Ribeiro dos Santos, Adolescentes Comunicadores da Plataforma dos Centros Urbanos (PCU); Eric Silva, Maria Rehder, Rafael Lira e Vânia Correia, da Redação

S

e você pensa que adolescente só quer saber de internet, televisão e balada, engano seu. Eles estão muito além disso, participando efetivamente de grandes conferências em todo o Brasil, expondo suas opiniões, discutindo problemas e elaborando propostas. E você pode participar. A atuação de jovens e adolescentes em conferências é importante, pois não só cobram direitos, como também propõem. Com isso, adquirem experiências e marcam presença em diferentes espaços. Se você não sabe o que é uma conferência, aí vai um toque. Conferência é um momento em que o governo escuta a sociedade e todos constroem propostas para a melhoria da cidade com base em determinados assuntos de interesse público, como por exemplo, ações para a melhoria da qualidade de vida das crianças e adolescentes, entre outros. “A Conferência é o local para se repensar as ideias e fazer isso de forma coletiva, para que todos possam contribuir. Temos que pensar o todo, o que vamos comer amanhã, onde iremos trabalhar amanhã. E temos que fazer isso juntos. A sociedade deve ajudar o poder público”, explica Fabrício Lima da Paz, de 17 anos, que participou da VIII Conferência Municipal dos Direitos das Crianças e dos Adolescentes em São Paulo e mora no Jardim São Carlos, zona leste de São Paulo. Nayara Souza de Lima, de 17 anos, que mora na Cidade Tiradentes, também na zona leste, teve a oportunidade de participar de diferentes conferências

08 Revista Viração • Ano 7 • Edição 55

Adolescentes da plataforma participam da Conferência Livre de Segurança Pública e Juventude

esse ano e hoje tem uma visão diferente sobre política. “Antes eu não gostava de ler, não tinha uma base pra opinar, mas agora quero adquirir mais conhecimento para ter argumentos para melhorar o meu bairro”, comenta. Na Conferência Nacional Livre Juventude e Comunicação, realizada em São Paulo, no mês de julho, Nayara ajudou a construir a Carta Aberta de Juventude e Comunicação, que é um documento elaborado coletivamente com as propostas da juventude para a democratização dos meios de comunicação no Brasil. Essa foi a primeira conferência nacional que discutiu a diversidade da Juventude na mídia brasileira. Na ocasião, os adolescentes participaram de

diversas formas: fazendo cartazes de informação, questionando a participação dos jovens na comunicação no País e criando propostas para diversos temas com o foco na comunicação. Os adolescentes Leonardo Belo, de 17 anos, que mora em Heliópolis, zona sul de São Paulo, e Jaqueline Lima, de 17 anos, que mora no Jardim São Carlos, zona leste, participaram da Conferência Nacional de Segurança Pública, realizada no mês de julho, em São Paulo. Lá eles participaram de um debate com um policial militar sobre o toque de recolher, medida imposta por juízes da Vara da Infância e da Juventude em alguns dos estados como Bahia, São Paulo, Minas Gerais, Mato Grosso do Sul e


Paraíba, que impõe um limite de horário para crianças e adolescentes ficarem à noite na rua. Os adolescentes relatam que durante o debate, o policial chegou a aumentar o tom de voz, desrespeitando a opinião dos jovens ali presentes, mas, mesmo assim, segundo contam Leonardo e Jaqueline, a força de vontade dos adolescentes prevaleceu e eles conseguiram propor medidas para melhorar a relação da polícia com a juventude. “As conferências deveriam ter mais participação de adolescentes. Foi um grande avanço a nossa participação, mas podemos melhorar, precisamos ser ouvidos, não só ouvir”, diz Jaqueline.

Dramatização no grupo de discussão "O jovem e a polícia"

Cartaz feito pelos grupos de trabalho da Conferência Livre Nacional Juventude e Comunicação

Participe!!!

Canal aberto com a Prefeitura de São Paulo

Você sabe o que é um Adolescente Comunicador?

No dia 23 de junho, Gilberto Kassab, prefeito da cidade de São Paulo, recebeu 21 adolescentes de diversas comunidades do município para discutir as metas da Agenda 2012 (programa de metas da cidade de São Paulo). Esse evento foi importante porque os adolescentes tiveram a oportunidade de discutir politicas públicas juntamente com autoridades, quebrando qualquer tipo de estereótipo que defina os adolescentes como rebeldes e descomprometidos com as questões que envolvam a sociedade. Esse dia marcou a vida desses 21 adolescentes que dedicaram, antes do encontro com Kassab nas horas de trabalho na Revista Viração, o carinho pela sua cidade, tendo a oportunidade de reivindicar os direitos não só das crianças e adolescentes mais sim como todo cidadão paulistano.

É o adolescente que mobiliza e articula a sua escola, bairro ou comunidade onde mora. Basta ter o interesse de aprender e participar ativamente das decisões políticas da sua cidade, defender os direitos das crianças e adolescentes utilizando diferentes meios de comunicação (rádio, jornal, revista, panfletos etc) para transmitir a mensagem que quer passar. Você também pode ser um adolescente comunicador, participando de conferências, fazendo entrevistas, criando um jornal no local onde vive. A matéria que você está lendo é fruto do trabalho de um grupo de adolescentes comunicadores que compõem a Plataforma dos Centros Urbanos (PCU), uma iniciativa realizada pelo Unicef com diferentes parceiros nas cidades de São Paulo, Itaquaquecetuba e Rio de Janeiro, com o objetivo de melhorar a qualidade de vida das crianças e adolescentes que moram nas grandes cidades. Na cidade de São Paulo e em Itaquecetuba, a Plataforma conta com a participação de 126 adolescentes comunicadores de 63 comunidades diferentes. Para saber mais sobre a Plataforma dos Centros Urbanos em São Paulo e obter dicas de como participar de diferentes conferências realizadas em todo o Brasil, é só acessar o portal da Vira (www.revistaviracao.org.br).

Adolescentes pela diversidade Nayara Carvalho e Vânia Correia, da Redação Mais de 300 adolescentes de todo o Brasil participaram da XIV edição do ENA (Encontro Nacional de Adolescentes), que aconteceu entre os dias 19 e 24 de julho, na cidade de Santa Bárbara D’oeste (SP). O evento é uma iniciativa do MAB (Movimento de Adolescentes do Brasil) e promove a reflexão de diversas temáticas, construção coletiva e troca de experiências. Diversidade é o grito. Este foi o tema que norteou as reflexões desta edição. E nenhum outro definiria melhor o perfil dos participantes: adolescentes e jovens com diferentes repertórios, estilos, necessidades, anseios, mas todos gritando pelos seus direitos e pelo respeito às diferenças. V

Revista Viração • Ano 7 • Edição 55 09


a r e l Ga

r e t r ó Rep

s o t i e r i d s o d Donos o sofre ma federal, juiz Jorge Moren gra pro de ca líti po ão aç liz Ao denunciar uti tidemocrático Judiciário manipulador e an um ela rev e a” óri uls mp co “aposentadoria

Erica Roberta, Sidnei Costa e Zeny Pinheiro, do Virajovem São Luís (MA)*

E

x-seminarista, o juiz Jorge Moreno é um notório defensor dos Direitos Humanos, reconhecido com prêmios importantes e destacado pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) como um exemplo. Mas o juiz corre o risco de não poder mais exercer seu cargo e continuar sua luta em defesa da população. De acordo com a entrevista ao Conselho Jovem da Vira em São Luís (MA), Jorge Moreno sofre perseguição política desde 2003, quando pertencia à comarca de Zé Doca, no Maranhão. Jorge Moreno foi impedido pela prefeitura de instalar um Conselho Tutelar na região. Foi ameaçado de morte e removido para a comarca de Santa Quitéria, sob a acusação de envolvimento político-partidário. Em Santa Quitéria, Jorge Moreno tentou garantir que todos os cidadãos tivessem certidão de nascimento, já que o documento é um direito universal e traria acesso a outros direitos, como energia elétrica. Porém, o juiz relata que a família Sarney e o deputado estadual Max Barros passaram a desempenhar influência sobre o programa, indicando comunidades que deveriam ser contempladas.

Linha do Tempo Presidente Lula entrega prêmio Direitos Humanos 2006, na categoria Santa Quitéria do Maranhão, ao juiz Jorge Moreno

2006 10 Revista Viração • Ano 7 • Edição 55

Em razão desta denúncia, o juiz começou a enfrentar retaliações no Tribunal de Justiça do Estado. A representação contra o juiz foi feita com base em atividades relacionadas à campanha de erradicação do sub-registro de nascimento e à execução do Programa Luz Para Todos, do governo federal. O Tribunal de Justiça do Estado concluiu o processo contra o juiz, impondo-lhe aposentadoria compulsória (obrigatória) aos 42 anos. Na entrevista a seguir, Jorge fala sobre suas denúncias e sobre o Tribunal Popular do Judiciário, iniciativa de um conjunto de organizações, redes e articulações da sociedade civil sobre o papel e atuação do Judiciário maranhense. O que levou o senhor à aposentadoria compulsória? Jorge Moreno: Perseguição política. Está na raiz do processo oligárquico brasileiro e em especial no Maranhão. Para tirar passagem, ser atendido, matricular criança na escola, enterrar

O juiz Jorge Moreno e o auditor Welliton Resende participam do lançamento da ONG Organização de Cidadania e Combate às Injustiças Sociais de Santa Luzia (MA) (OCCIS)

2007

Julgamento de Jorge Moreno em São Luís, que foi afastado por denunciar um esquema de fraudes no programa Luz Para Todos, no Maranhão

2009 - fevereiro


a

alguém, é preciso de intermédio. Geralmente isso é feito por um cabo eleitoral e tem um reflexo posterior durante as eleições. Havíamos montado um sistema para garantir os direitos básicos, a violação mais grave e mais sistemática que acontecia. Todos os dias, a população ia ao Fórum solicitar o registro de nascimento. Cerca de 30% da população de Santa Quitéria não era registrada. Imagina o que significa isso para o Estado? Inclusive o slogan da campanha do registro é “o direito de ter direito”, porque os Direitos Humanos são correlacionados e universais. O primeiro foco era fazer com que a comunidade se organizasse para garantir esse direito, que na época só era tirado durante o período eleitoral. Isso desmontou o sistema de obtenção de votos. A campanha ganhou muita visibilidade, com prêmios honrosos, e visava fornecer o registro e garantir muitos outros direitos, inclusive energia elétrica. O setor energético é de José Sarney e é um chamativo de votos. Quando surgiu o Luz para Todos, entraram em contato com o Governo Federal para garantir esse direito, sabendo que o Maranhão é um dos estados da Federação com maior número de casos sem esse direito. Qual é sua avaliação sobre o processo? O Sarney tem um grupo de desembargadores dominados. É um processo político que não tem ata de sessão que acolheu a denúncia. Disseram que é uma mera formalidade o registro da ata, com testemunhas ouvidas sem a presença do acusado. A desembargadora Nelma Sarney [cunhada de José Sarney] pressionava o poder pela demissão do juiz Jorge Moreno. Como isso não existe, houve a aposentadoria compulsória. O Tribunal faz ilegalidades para atender aos interesses políticos. É uma arena de vingança de um grupo. Como surgiu o Tribunal Popular? A partir de um grande apelo da população, que praticamente esgotou sua capacidade de diálogo e de espera que o Poder Judiciário possa resolver problemas destinados a

Lançamento do Tribunal Popular do Judiciário reuniu mais de 500 pessoas em São Luís

2009 - junho

“O Sarney tem um grupo de desembargadores dominados. É um processo político que não tem ata de sessão que acolheu a denúncia. Disseram que é uma mera formalidade o registro da ata, com testemunhas ouvidas sem a presença do acusado.” ele. O Poder Judiciário é elitista, tem um gancho monárquico muito forte. É antirepublicano, antidemocrático, não aceita controle social, não aceita que a população reclame seus serviços. Esse tribunal é o fórum com todas as insatisfações da sociedade civil, não só as insatisfações do ponto de vista teórico, mas do ponto de vista prático. A população não enxerga mais o Poder Judiciário como um órgão do Estado, do estado democrático de direito, um órgão pensado para garantir os direitos da população. Ela enxerga no Judiciário um grande inimigo, que atende mal e não resolve os problemas da população. É função também da sociedade civil discutir que tipo de Estado se quer. Um dos poderes que nunca foi objetivo de discussão do Tribunal Popular foi o Judiciário, até por respeito. Quando se fala em Direito, logo se pensa em bacharéis, na linguagem rebuscada e inacessível. A iniciativa do Tribunal Popular é bem-vinda e tem como foco fazer um levantamento sobre todas as situações de violação de direito. Pela primeira vez na História, é possível fazer não só um julgamento da atuação do Poder Judiciário, mas julgá-lo do ponto de vista popular, saber se o Judiciário realmente atende aos interesses da população, os que estão expressos na Constituição da República, nos tratados internacionais. Tem recebido apoio da população? A sociedade civil maranhense tem demonstrado apoio, inclusive a Central Única dos Trabalhadores (CUT), o Sindicato dos Trabalhadores em Educação Pública do Maranhão (SIMPROESSEMA), a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), urbanitários, metalúrgicos, crianças, idosos, com muitas assinaturas de pessoas da sociedade civil. Nenhum político apoiou, porque aquilo que defendemos é contrário a muitos pensamentos de tais representantes. V *Um dos Conselhos Jovens da Vira presentes em 24 Estados do País (ma@revistaviracao.org.br)

Revista Viração • Ano 7 • Edição 55 11


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Ivo S sa ou

A C E o n o De olh

Pedofilia na Internet é crime? O que fazer?

Sites de conteúdo pornográfico envolvendo crianças ou aliciamento com chantagem podem ser denunciados pelo Disque 100 e no site http://www.safernet.org.br/site/. Também sugerimos a navegação no site Navegue Protegido http://www.navegueprotegido.com.br/, parceiro do Portal Pró-Menino. O Portal Pró-Menino, parceiro do Vira, é uma iniciativa da Fundação Telefônica em conjunto com o Centro de Empreendedorismo Social e Administração em Terceiro Setor (Ceats)

12 Revista Viração • Ano 7 • Edição 55

Ilustração: Lentini

S

e você tem menos de 18 anos e costuma acessar a Internet, considere-se um dos 30 milhões de brasileiros usuários da rede com idades entre 2 e 17 anos. De acordo com pesquisa feita pela SaferNet Brasil e divulgada em 2008, 55% dos 875 jovens internautas entrevistados aprenderam a usar a Internet quando tinham de 10 a 15 anos; 65% têm computador no próprio quarto; 79% têm amigos virtuais e 72% compartilham fotos. Poderíamos considerar que até aí tudo bem. Mas a pesquisa também revelou que 87% dizem que os pais não colocam limites para a navegação; 38% dizem ter medo de encontrar um adulto mal intencionado quando navegam na Internet e 53% já tiveram contato com conteúdos agressivos e impróprios para a idade. Somando-se a esses dados a informação de que, no mês passado, 40% das denúncias recebidas pela Central Nacional de Denúncias de Crimes Cibernéticos são de pornografia infantil, temos um sério problema. Quando se fala em segurança na Internet quase sempre nos referimos às questões patrimoniais, como roubo de contas bancárias e cartões de crédito, ou às questões técnicas, como vírus, etc. Mas precisamos falar da segurança de crianças e adolescentes na Internet, um assunto delicado por levantar outros aspectos, como o direito à informação e restrição de liberdade. Afinal, quem não gosta de ter um computador no quarto com livre acesso à Internet? Ou ainda, quem gosta de ser monitorado naquilo que faz?

Mas números são números e por trás deles há crianças e adolescentes correndo riscos físicos e psicológico. De acordo com a agência da Organização das Nações Unidas (ONU), a pedofilia atinge uma em cada cinco crianças no mundo. Em novembro de 2008 aconteceu, no Rio de Janeiro, o III Congresso Mundial de Enfrentamento da Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes. Neste mesmo mês, o art. 241 do ECA foi ampliado. Na seção “Legislação” do Portal Pró-Menino você pode ler comentário técnico aos novos artigos do ECA, escrito pelo Promotor de Justiça da Infância e Juventude, Dr. Yuri Giuseppe Castiglione. Para tanto, basta clicar no link que vai para o ECA na íntegra. Denunciar é a maior ferramenta de combate à pedofilia na Internet. O Portal Pró-Menino faz parte da rede mundial de proteção à infância e adolescência e oferece amplo conteúdo sobre essa temática. Se ao navegar você achar uma página de pornografia infantil, copie o endereço e denuncie! (ver box). Silenciar é compactuar! V

*O Portal Pró-Menino, parceiro da Vira, é uma iniciativa da Fundação Telefônica em conjunto com o Centro de Empreendedorismo Social e Administração em Terceiro Setor (CEATS/FIA).



! a r o f e d a c i f m é u Ning or meio a homofobia p m co r a b ca a BT busca Movimento LG s ntia de direito ra a g e o ã ç ca da edu

nes gitatio usi, uas co cl ad reliq re tamen ex s, cum po et i patre erent, tem oritatem ili nc ct m co m adiung ad au eiusde ra creto 1. Sane quoque cu concilii de lerunt. s rii um brevia m ex ipsiu ntificis retu r, quor ebus ta Po di inentu rem to Romani e cont ofestisque os pu um ci ci nu pr ae iudi rio pr nas festis inet ad an lis et rt brevia , so divi autem udesque , alterum pe m recursus uo D la ur 2. tiu preces nden plectit unum ndas com e ex eo pe ve qu ol rs um or pe V, e fest ndos. s Pius e edidit. Pascha otu metie ationi m record curavit atqu lunae felicis m ii quidem absolvendu lendar e illud er, am ka tim 3. Atqu cessor nost gi le rum exigit ntificibus praede irum est; ve Po od nim a Romanis s tentatum pus non qu , tem vero diu epiu 4. Hoc nem, iam stris et sa hoc usque quae a nas tio no uci ad i kalendarii, opter mag tio restitu cessoribus rd pe da r, pr m nd praede et ad exitu s emenda onebantu smodi emen i ne is prop quas huiu antiquos absolv quod ratio rit pe e s, m te qu potuit, m motuu s difficulta erant, ne is hac in re tiu es coeles inextricabile e perenn uod in prim qu (q et fere habuit, ne incolumes r a Deo gnis, sempe sticos ritus abant. et indi aremur, rv ia bis lic rs eccles um erat) se ita no raque ve et , cred tium curand oque gitatione cu o Lilio, ar rmanus qu s ni ge to e no c co s eius itaqu filio An tarum ti, in ha 5. Dum tione fre er a dilecto dam Aloysiu dam epac meri sa em on lib nu en i s qu qu re m disp est nobi r novu am ipsius au e, quem s allatu ae doctor in quo pe rt t, in ad ce ic ra et , se ed ip m m gitatu conscr frater ab eo exco cyclum

ctus, per ca sem ne vera lo explicatio s le schalis stri pascha s XIV pa ret ex no e et la bu liu pa um viluni anifeste ap nt etiam ta rtius et faci ut no efficit nt. Idque m scriptae su um, quo ce de rit retinea ii, in quo Ecclesiae it. ss ar po kalend um priscum ha inveniri secund ctum Pasc an sacros

Simone Nascimento, do Virajovem São Paulo (SP)*; Nayara Carvalho, da Redação Fotos: Antonio Cruz/ABr

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exualidade sempre foi tabu para muitas famílias brasileiras. Mesmo assim, atualmente, o modelo de família tradicional não é mais o mesmo; ver casais homossexuais nas ruas é tão comum quanto ver casais heterossexuais e essa realidade deve ser respeitada. Infelizmente, porém, o mesmo País que sedia a maior Parada Gay do mundo é também um dos mais preconceituosos. Para combater o preconceito, o movimento está criando possibilidades e ganhando cada vez mais espaço, buscando erradicar a homofobia enraizada em nossa cultura. Pensando nisso, o Governo Federal lançou, em maio deste ano, o Plano de Promoção da Cidadania e Direitos Humanos LGBT, composto por 51 diretrizes que devem se tornar Políticas Públicas até 2011. O plano foi elaborado depois da 1ª Conferência Nacional LGBT e, a partir daí, os integrantes da sociedade civil e representantes do governo começaram a discutir soluções para garantir os direitos dessa população. Dentre as propostas para a educação, estão a inserção da temática familiar composta por lésbicas, gays, transexuais, travestis e bissexuais nos livros didáticos; cursos de capacitação a fim de evitar a homofobia nas escolas e

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pesquisas sobre comportamento de professores e alunos em relação ao tema. Para a transexual Alessandra Saraiva, coordenadora da Secretaria de Travestis e Transexuais da Associação da Parada do Orgulho GLBT de São Paulo, a inserção da temática em sala de aula é importante. É preciso também capacitar o profissional de educação, eliminar traços homofóbicos e incluir as questões multisexuais. As propostas já começaram a gerar discussões entre os adolescentes. André Luiz Rodrigues de Souza, de 17 anos, acha que a alternativa é bem-vinda: “A ideia é uma forma de combater o preconceito”, afirmou. Jéssica Alves da Silva, de 18 anos, discorda: “Acredito que imagens de casais homossexuais em livros podem gerar mais preconceito do que bom senso.“ Nas demais áreas, fica estabelecido que travestis e transexuais condenadas à prisão sejam encaminhadas para presídios femininos, e que os direitos civis de casais homossexuais sejam reconhecidos. Além disso, legaliza o direito à adoção, o fim da restrição imposta para a doação de sangue, a garantia de mudança de nome sem necessidade de ação judicial, entre outros.


e r b o s s o Diálog educação LGBT fazem ário Nacional in m Se 6º s do sso Nacional Participante pa do Congre m ra na ão manifestaç

Em 2004 foi lançado o Programa Brasil Sem Homofobia, que apóia projetos a fim de combater a discriminação. Um desses projetos é o Educação Sem Homofobia, realizado pelo Núcleo de Direitos Humanos e Cidadania LGBT da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) desde 2007, que conta com o apoio das secretarias municipais de Belo Horizonte e Contagem. De acordo com Daniel Arruda Martins, um dos coordenadores do projeto, a falta de uma política que promova o respeito e o reconhecimento da diversidade sexual na educação são algumas das dificuldades que resultam na evasão escolar de jovens homossexuais. “Eles acabam tendo seu direito à educação negado, porque não suportam as humilhações e ofensas que recebem na escola”, disse. Outro projeto orientado com diretrizes do programa do Governo foi criado em 2005 pela Secretaria de Direitos Humanos. O Vitória Sem Homofobia tem como objetivo fortalecer a cidadania, promover e garantir direitos da população LGBT, prevenir a violência e a

discriminação contra homossexuais e superar a homofobia na capital do Espírito Santo. Para isso, a prefeitura quer que os travestis e transexuais passem a ser chamados pelos seus nomes sociais nas escolas e em unidades de saúde, possam utilizar o banheiro feminino e se vestir como quiserem, exceto no caso de ser necessário o uso de uniforme. No Pará e em Goiás já existem iniciativas que preveem a adoção dos nomes sociais em escolas estaduais; na Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ), o uso do banheiro feminino por travestis e transexuais já é uma realidade. Eliézer de Albuquerque Tavares, secretário de Cidadania e Direitos Humanos de Vitória (ES), acredita que o movimento está se fortalecendo a cada dia, mas ainda existem muitos desafios: “A maior dificuldade é reduzir a violência contra a população LGBT”. Alessandra completa: “O nãoreconhecimento da Identidade de gênero da travesti e do transexual nos leva a esse desrespeito cotidiano em todos os ambientes.“

* Um dos Conselhos Jovens da Vira presentes em 24 Estados do País (sp@revistaviracao.org.br)

Pensando em criar um espaço para dialogar sobre uma educação de qualidade e ver a opinião de pais, estudantes e professores, foi criado o portal Ensino Médio em Diálogo, uma iniciativa do Observatórios Jovem da UFF/RJ e Observatório da Juventude da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), que conta com o apoio da Secretaria de Educação Básica do Ministério da Educação (MEC). O principal objetivo é ouvir os adolescentes e incentivar a participação deles nas questões ligadas ao ensino. O portal possui uma agência de notícias que traz informações sobre o Ensino Médio brasileiro e busca viabilizar os sistemas educacionais e as Políticas Públicas. Futuramente, o site deverá contar com uma rede de estudantes atuando como observadores das escolas e na criação de novos espaços, como blogs e canais de compartilhamento de notícias.

Faça parte do Portal Ensino Médio em Diálogo: www.emdialogo.uff.br

V

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ncio Josias Venâ

IMAGENS QUE VIRAM

Equipe Jacarezinho no Foco

O

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Dona Chiquinha, que veio do Nordeste para o Rio de Janeiro, é uma antiga moradora da comunidade ncio Josias Venâ

projeto Jacarezinho no Foco foi criado por jovens da comunidade do Jacarezinho, zona norte do Rio de Janeiro (RJ), através do Projeto Jovens Urbanos (PJU), e é apoiado pelo Centro de Estudos e Pesquisas em Educação, Cultura e Ação Comunitária (CENPEC) e pelo Itaú Social. O maior objetivo é trazer cidadania, responsabilidade, cultura e tecnologia para a comunidade, além de fazer com que os próprios jovens saiam às ruas para conhecer diferentes lugares. Na revista do projeto, os fotógrafos fazem os trabalhos em pontos específicos da comunidade e constroem reportagens para serem distribuídas para todos, estimulando o hábito de ler, já esquecido por muitos. Essas reportagens servem tanto para divulgação interna quanto para mostrar ao restante da população que as favelas vão muito além do estereótipo da violência, imagem frequentemente divulgada pela grande imprensa.

Rua Gracindo de Sá (Prainha), uma das mais movimentadas na favela do Jacarezinho, onde há grande fluxo de comerciantes


reira Kenia Mo

a Leo Lim

Kenia M oreira

Meninos jogam “altinho”(futebol) na quadra do Azul, um dos locais para bater uma bola na comunidade

Kenia M oreira

Há mais de 15 anos, este pescador trabalha como peixeiro na Prainha da favela

Entre os vários meios de transporte que atendem a favela do Jacarezinho, um dos mais importantes é o trem

Às vésperas do Natal, feirantes trabalham na rua Gracindo de Sá

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Capa

a t r e l a e d O grito e acontece cional de Comunicação, qu Na cia rên nfe Co da s se me A poucos e entude brasileira se mobiliza juv a ), (DF a síli Bra em ro em dezemb apresenta suas propostas Maria Camila Florêncio, do Virajovem Recife (PE)*, Áurea Lopes, da revista A Rede* e Eric Silva, da Redação Fotos: Danuse Queiroz, do Virajovem Brasília (DF)

O

sábado estava chuvoso e frio. Nem por isso a galera desanimou: cerca de 150 jovens participaram, durante todo o dia 25 de julho, da 1ª Conferência Nacional Livre Juventude e Comunicação, realizada na Escola Estadual Maximiliano Carvalho, na capital paulista. Tinha gente de 21 Estados representados, a maior parte galera dos Conselhos Jovens da Vira e que estão puxando a Rede Nacional de Adolescentes e Jovens Comunicadoras e Comunicadores. Depois de rodadas de conversas com ativistas e discussões nos grupos de trabalho, os jovens aprovaram uma Carta com suas propostas para a democratização dos meios de comunicação no País. Essas contribuições vão se juntar às sugestões que serão feitas em outras instâncias de debate da sociedade civil para a Conferência Nacional de Comunicação, prevista para o início de dezembro, em Brasília (DF). Garantir que os meios de comunicação contemplem a diversidade da população brasileira é uma das reivindicações da Conferência Livre. “Se quisermos ter diversidade, não podemos esperar a mídia comercial. A gente tem que fazer a nossa mídia. Cada comunidade precisa ter a sua rádio comunitária, o seu jornal, a sua TV comunitária”, alertou a carioca Katarine Flor, de 25 anos, da Agência Pulsar de Rádios Comunitárias e integrante do Virajovem do Rio. A Vira foi responsável pela organização do evento, junto com outras dezenas de entidades e em parceria com a

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Galera se inscreve na Conferência Nacional Livre Juventude e Comunicação


Bia Barbosa, Nilton Lopes, Eugênio Bucci e Isis Soares na mesa de abertura do evento

Fundação Friedrich Ebert/C3 e o Unicef, órgão das Nações Unidas para a Infância. Os jovens, disse à atenta platéia o jornalista e professor da Universidade de São Paulo (USP), Eugênio Bucci, são fundamentais no processo de democratização da comunicação. Para ele, o Estado deve “regulamentar, mas não pode conduzir a comunicação”. Ex-presidente da Radiobras e integrante do Conselho Editorial da Vira, Eugênio chamou a atenção para a falta de posturas democráticas mesmo nos meios de comunicação públicos: “As emissoras públicas reproduzem os piores vícios das empresas privadas. Nos escândalos que envolvem o Senado, por exemplo, qual foi a contribuição de uma emissora pública para a apuração de fatos importantes? Hoje, as redes sociais levantam as denúncias e a rede comercial, que têm o poder econômico, faz a apuração. Enquanto isso, as emissoras públicas estão acomodadas em oferecer conforto às autoridades”. Outro tema que rolou na Conferência Livre foi o da propriedade dos meios de comunicação. Bia Barbosa, do Intervozes – Coletivo Brasil de Comunicação Social, informou que cerca de 80% dos conteúdos produzidos estão nas mãos de oito grandes grupos de mídia em todo o país. Essa concentração precisa ser combatida – concluíram os jovens no documento final do encontro – para garantir a democratização do acesso aos veículos de comunicação, que “têm papel importante na formação desse público [jovem], influenciando diretamente padrões de comportamento e atitudes”.

Não é sério E como fica a imagem do jovem na mídia, tema de um dos grupos de trabalho? Em roda, os participantes debateram a letra da música Não é sério, da banda Charlie Brown Jr. Os facilitadores perguntaram para a galera se a letra tinha relação com o tema do grupo e o porquê de o jovem não ser levado a sério. Também foi apontado que falar das juventudes está na moda, mas ninguém se preocupa de fato com o conteúdo que é passado. Alguns

comentaram que a imagem do jovem nos veículos de comunicação é sempre negativa. Já o lado positivo é pouco divulgado. "A mídia coloca o que quer na cabeça das pessoas", argumentou Ciro Tavares, de Florianópolis (SC). "Não precisamos seguir a geração dos nossos pais, devemos fazer a nossa própria geração", completou Juliana Cordeiro, de Curitiba (PR). A Carta da Conferência Livre também incluiu propostas como o incentivo a adolescentes e jovens para propagar os meios de comunicação alternativos, de forma a driblar os estereótipos exibidos na grande mídia; financiamento público para mídias comunitárias; garantia de acesso a infraestrutura para usar as tecnologias da informação; iniciativas de fomento à implementação de mídias livres e independentes. Confira a carta completa no portal da Viração: http://revistaviracao.org.br/artigo.php?id=2410

Rumo à Confecom As conferências nacionais são previstas pela Constituição. São, essencialmente, grandes debates que envolvem muitos setores da sociedade sobre assuntos de interesse público ou social, e seu objetivo é apresentar diretrizes para a definição de políticas públicas. A convocação de uma conferência é um ato do Poder Executivo. Se, no entanto, o Executivo não se pronuncia, o Legislativo pode fazer a convocação. Se o Legislativo não se pronuncia, pode ser convocada pela própria sociedade. Até agora, no governo Lula, foram realizadas cerca de 50 conferências, entre elas quatro conferências anuais de Direitos Humanos (em dezembro de 2008 aconteceu a 11ª); a 1ª Conferência Nacional da Juventude (abril de 2008), a 1ª Conferência Nacional da Educação Básica (abril de 2008), a 3ª Conferência Nacional do Meio Ambiente (maio de 2008), as etapas estadual e municipal da 1ª Conferência Nacional de Segurança Pública (agosto de 2009) e as etapas municipal e estadual da 1ª Conferência Nacional da Educação, que será em abril de 2010. A realização da 1ª Conferência Nacional de Comunicação (Confecom) foi anunciada pelo presidente em janeiro, durante o Fórum Social Mundial, em Belém (PA). O decreto presidencial de sua convocação foi publicado somente em 17 de abril e o tema definido foi "Comunicação: meios para a construção de direitos e de cidadania na era digital". O evento está marcado para os dias 1º a 3 de dezembro, em Brasília, e será presidido pelo ministro das Comunicações, Hélio Costa. Apesar do grande envolvimento de diversos setores da sociedade na preparação da Confecom, alguns impasses colocam em risco a realização da conferência. À princípio, os votos que decidirão assuntos mais decisivos seriam distribuídos da seguinte forma: 40% para o segmento empresarial, 40% para o segmento social e 20% para o poder público. No entanto, com a saída de algumas empresas, esta divisão vem sendo questionada, e o Ministério das Comunicações pretende não ceder e mediar os desencontros. "Nós do governo não vamos ser responsabilizados por não haver uma conferência", disse o ministro Hélio Costa.

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Capa Comunicação compartilhada Uma das organizadoras da Conferência Nacional Livre Juventude e Comunicação, a Vira conta com Conselhos Jovens formados por adolescentes e jovens em 24 Estados, também chamados de “Virajovens”. Às vésperas da Conferência Nacional Livre Juventude e Comunicação (23 e 24 de julho), cerca de 30 representantes dos Conselhos participaram do 3º Encontro Nacional de Virajovens, na sede da Viração, em São Paulo (SP), para debater sobre os processos de participação na revista. Outra pauta do evento foram as articulações da Rede Nacional de Adolescentes e Jovens Comunicadoras e Comunicadores, iniciada em abril de 2008 durante a Conferência Nacional da Juventude e que tem como objetivo a democratização da comunicação. Durante o encontro, Paulo Lima, “sonhalista” e diretor da Vira, resgatou a história do projeto e dos primeiros encontros nacionais. Ressaltou os desafios de tornar a revista ainda mais participativa e marcada pela diversidade. Depois dessa “mão na roda” sobre como fazer a Vira “virar”, a galera se dividiu em grupos para pensar em como melhorar as formas de participação e produção compartilhada da revista. A Rede também finalizou o encontro com diversos encaminhamentos. Como todos previam, saíram ótimas ideias e com todos os participantes muito animados (e empoderados) para retornarem a seus Estados e se envolverem no processo da Conferência Nacional de Comunicação.

Virajovens refletem sobre processos colaborativos da revista

Entrevistas, Twitter, notícias...

Ecoaremos nossos passos Nilton Lopes, do Virajovem Salvador (BA)* Sim! Temos uma imensa vontade e disposição pra produzir. Que isso signifique reproduzir, co-produzir, “desproduzir”, e o que mais fizer sentido. O importante é que estamos mais uma vez na construção de pensamentos novos e vanguarda. O espetáculo da participação agora toma novos ares e novo fôlego, também porque ocupamos lugares importantes na política desse País, comendo pelas beiradas, com atitudes em coletivo. Sim! Nós, adolescentes e jovens de todo o Brasil, queremos discutir que caminho vamos traçar pelo desenvolvimento do Brasil vamos até o fim. E como fazemos isso? Sempre aliado àquilo que nos motiva, optamos por nos apropriar dos espaços. Ora, se a comunicação e seus meios nos convocam e se esse tem sido cada vez mais o ambiente da disputa de visão de mundo, repito: novamente estamos na vanguarda. E deixamos isso bem claro na I Conferência Nacional Livre Juventude e Comunicação.

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Tinha uma ideia de proposição no ar, de construção de argumento, de debate. E também haviam computadores portáteis, celulares e troca de mensagens junto a panfletos, fanzines, boca pra falar. E é disso que estamos falando: temos direito de falar, ouvir, ler, sentir, trocar, compartilhar e que o mundo perceba nosso grito de alerta e nosso aviso de sempre, estamos aqui pra mudar. Então que façamos controle social, que entendamos qual o nosso papel na mídia, o que a democracia tem a ver com monopólios, qual nosso conceito de liberdade. E com toda nossa responsabilidade deixamos nossa marca. E haja dança, haja carrinho de picolé com microfone, haja recital de poesia. Sob fortes emoções reivindicamos nosso lugar nesse debate e demos um primeiro passo para a construção de políticas de comunicação para esse país. E daremos outros tantos. E ecoaremos nossos passos pelo mundo afora.


Além dos muros da escola Alex Pamplona, do Virajovem Belém (PA)* Como contribuir para uma Comunicação verdadeiramente democrática, plural, horizontal? Confira abaixo algumas ideias! n

n

Proporcionar a construção de um olhar crítico sobre sua realidade. E mais do que o olhar, como atuar sobre sua própria história, mudando-a, direcionando-a para a condução responsável e política sobre quem se é e acima de tudo sobre o que se faz nesta caminhada. Desenvolver a capacidade de acessar, produzir e compreender que o processo de aprendizagem não está limitado aos muros da escola, mas se dá em todos os locais onde se está inserido social, cultural, econômico e politicamente. Não nos resumimos a meros aprendizes, mas estamos constantemente na condição de educadores. E isso só acontece a partir de um

processo fluido e permanente de troca de informações. n

Compreender que todos nós produzimos notícias e fazemos história. É fundamental para o exercício crítico da cidadania que saibamos usar essas ferramentas para que tenhamos a certeza de que estamos construindo a cidadania.

n

Possibilitar sua inserção em qualquer local como mensageiro, na medida em que rapidamente consegue dialogar com as diferentes pessoas e dinâmicas de um determinado espaço.

Carta Aberta da I Conferência Nacional Livre Juventude e Comunicação http://revistaviracao.org.br/artigo.php?id=2410

Descontração marca dinâmicas durante a Conferência em São Paulo

Site exclusivo da Conferência Livre Juventude e Comunicação www.revistaviracao.org.br/conferencia Comissão Nacional Pró-Conferência de Comunicação www.proconferencia.com.br V *Integrantes de Conselhos Jovens da Vira presentes em 24 Estados do País (pe@revistaviracao.org.br, df@revistaviracao.org.br, ba@revistaviracao.org.br e pa@revistaviracao.org.br) A Revista A Rede é parceira da Vira (http://www.arede.inf.br/)

Revista Viração • Ano 7 • Edição 55 21


Vanessa Ramos, colaboradora da Vira

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Edgon Heck

“O

s fatos ocorridos no Peru revelam a face mais cruel de um processo colonialista continuado e atualizado com toda infâmia e violência contra os povos originários destas terras.” A indignação manifestada pelo Conselho Indigenista Missionário (Cimi), entidade vinculada à Confederação Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), refere-se ao massacre dos povos indígenas, ocorrido em junho, na cidade de Bagua, no Peru. Os indígenas realizavam marchas e protestos contra decretos legislativos que seriam implementados no Tratado de Livre Comércio, firmado entre o Peru e os Estados Unidos. Essas normas, inconstitucionais, permitiriam a entrada de transnacionais na região amazônica para exploração de gás natural, petróleo e minérios. O governo do presidente Alan Garcia tomou decisões sem consultar os povos, contrapondose à Convenção 169 da Organização Internacional do Trabalho. Contra esta postura, os indígenas realizaram mobilizações em uma estrada da Amazônia peruana e foram violentamente atacados pela polícia e o exército peruanos. Muitos morreram, ficaram feridos ou estão desaparecidos. Desde a violenta ação policial, a Associação Pró Direitos Humanos do Peru estimava 61 pessoas desaparecidas. Para Benedito Prezia, doutor em Antropologia e coordenador da Pastoral Indigenista em São Paulo, “o número de mortes e desaparecidos apresenta a truculência do governo de Alan Garcia, que se mostrava com fachada democrática”. Os confrontos retratam o massacre como “revelador da barbárie que a civilização das armas e da morte utiliza para continuar o saque dos recursos naturais, a invasão dos territórios indígenas e a negação dos direitos fundamentais desses povos”, denuncia o Cimi. De tal modo, seria importante a abertura de um canal de diálogo entre o governo e as lideranças indígenas, contudo, declarações oficiais insistem em afirmações pejorativas quanto aos indígenas, lamenta o antropólogo Benedito Prezia.

mbro 2006 amba - deze ab ch o C al Mundi Fórum Social

O jovem indígena mexicano, Eli Eduardo V. Ramírez, afirma: “o povo peruano, nas mãos de um dos piores governos irracionais, insensíveis e antipatrióticos, começa a sacudir a estrutura de submissão que os têm cansado e os segregado há anos, para somarem-se às demais lutas que existem no continente, renovando a esperança combatente e fazendo da nossa pátria, o coração de um novo sol e com uma só bandeira sem fronteiras”.

Priscila Carvalho

o a Vilarin Vaness

Priscila Carvalh o

Pela vida e a harmonia dos povos indígenas

Casos como o do massacre genocida no Peru não são fatos isolados, porém, “há um grande desconhecimento sobre o que se passa em outras regiões da Amazônia, já que são movimentos marginais. Talvez este fato nos alerte e nos obrigue a acompanhar mais de perto a movimentação indígena na América Latina”, lembra Benedito. Após anos de exclusão, os movimentos indígenas, os povos e as organizações têm a cada dia uma visibilidade maior. Isto se dá pelos caminhos trilhados rumo à justiça social, autonomia e conquista de seus direitos, numa grande e histórica capacidade de resistência e união. Mas não se deve perder de vista que apesar de suas forças e enorme capacidade de redefinir os desafios e os caminhos de luta, são muitas as investidas das forças conservadoras. Na Bolívia, por exemplo, apesar da força popular que levou o primeiro presidente indígena da história do país a ser eleito, grandes são as ofensivas das elites bolivianas contra Evo Morales. Outros casos podem ser vistos no Brasil como a demarcação da Terra Indígena Raposa Serra do Sol, em Roraima, que sofreu com a força contrária das elites e, ainda que conquistada, veio com 19 restrições impostas pelo Supremo Tribunal Federal (STF). Somam-se a estes os casos dos Guarani Kaiowá, no Mato Grosso do Sul; dos Xucuru, em Pernambuco e dos Pataxó, na Bahia, no combate contra uma oposição que os criminaliza e os atravanca em suas lutas.

Solidarizar-se É tardio que as sociedades compreendam os anos de massacres e as árduas lutas travadas até os dias atuais. Em pleno século XXI, é urgente observar as contradições e os conflitos vividos pelos povos indígenas. Cabe ressaltar a importância de toda a sociedade em se posicionar a favor desta causa, na defesa da vida e da justiça. A solidariedade concreta para uma América livre é agora. E, o apoio da Igreja Católica e de todos os cristãos às vítimas de tais atrocidades, reforça seu compromisso ao lado dos oprimidos. Esta força se expressou através de uma carta entregue ao Embaixador do Peru no Brasil. Entre organizações que protestaram contra o massacre, encontram-se Comissões da CNBB, Cáritas Brasileira, Misereor, Conferência dos Religiosos no Brasil, Via Campesina e Cimi. Neste sentido, “a Igreja poderia exercer um papel de mediadora nestes conflitos [na América Latina] e a nota entregue por entidades (...) ao embaixador peruano, pode ser um exemplo a ser seguido pela Igreja Local”, avalia Benedito Prezia. Assim, “não seria hora de a Igreja usar o seu peso político na América, numa postura que caminhe no sentido oposto do que foi historicamente sua posição?”, questiona.

V

Violência contra Tupinikim e Guarani

Edgon Heck

A N I T A L E D A D E I R A SOLID

Forças contrárias

Despejo dos Nhande ru

Marangatu - dezemb ro 2005

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Vanessa Ramos, colaboradora da Vira

22 Revista Viração • Ano 7 • Edição 55

Edgon Heck

“O

s fatos ocorridos no Peru revelam a face mais cruel de um processo colonialista continuado e atualizado com toda infâmia e violência contra os povos originários destas terras.” A indignação manifestada pelo Conselho Indigenista Missionário (Cimi), entidade vinculada à Confederação Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), refere-se ao massacre dos povos indígenas, ocorrido em junho, na cidade de Bagua, no Peru. Os indígenas realizavam marchas e protestos contra decretos legislativos que seriam implementados no Tratado de Livre Comércio, firmado entre o Peru e os Estados Unidos. Essas normas, inconstitucionais, permitiriam a entrada de transnacionais na região amazônica para exploração de gás natural, petróleo e minérios. O governo do presidente Alan Garcia tomou decisões sem consultar os povos, contrapondose à Convenção 169 da Organização Internacional do Trabalho. Contra esta postura, os indígenas realizaram mobilizações em uma estrada da Amazônia peruana e foram violentamente atacados pela polícia e o exército peruanos. Muitos morreram, ficaram feridos ou estão desaparecidos. Desde a violenta ação policial, a Associação Pró Direitos Humanos do Peru estimava 61 pessoas desaparecidas. Para Benedito Prezia, doutor em Antropologia e coordenador da Pastoral Indigenista em São Paulo, “o número de mortes e desaparecidos apresenta a truculência do governo de Alan Garcia, que se mostrava com fachada democrática”. Os confrontos retratam o massacre como “revelador da barbárie que a civilização das armas e da morte utiliza para continuar o saque dos recursos naturais, a invasão dos territórios indígenas e a negação dos direitos fundamentais desses povos”, denuncia o Cimi. De tal modo, seria importante a abertura de um canal de diálogo entre o governo e as lideranças indígenas, contudo, declarações oficiais insistem em afirmações pejorativas quanto aos indígenas, lamenta o antropólogo Benedito Prezia.

mbro 2006 amba - deze ab ch o C al Mundi Fórum Social

O jovem indígena mexicano, Eli Eduardo V. Ramírez, afirma: “o povo peruano, nas mãos de um dos piores governos irracionais, insensíveis e antipatrióticos, começa a sacudir a estrutura de submissão que os têm cansado e os segregado há anos, para somarem-se às demais lutas que existem no continente, renovando a esperança combatente e fazendo da nossa pátria, o coração de um novo sol e com uma só bandeira sem fronteiras”.

Priscila Carvalho

o a Vilarin Vaness

Priscila Carvalh o

Pela vida e a harmonia dos povos indígenas

Casos como o do massacre genocida no Peru não são fatos isolados, porém, “há um grande desconhecimento sobre o que se passa em outras regiões da Amazônia, já que são movimentos marginais. Talvez este fato nos alerte e nos obrigue a acompanhar mais de perto a movimentação indígena na América Latina”, lembra Benedito. Após anos de exclusão, os movimentos indígenas, os povos e as organizações têm a cada dia uma visibilidade maior. Isto se dá pelos caminhos trilhados rumo à justiça social, autonomia e conquista de seus direitos, numa grande e histórica capacidade de resistência e união. Mas não se deve perder de vista que apesar de suas forças e enorme capacidade de redefinir os desafios e os caminhos de luta, são muitas as investidas das forças conservadoras. Na Bolívia, por exemplo, apesar da força popular que levou o primeiro presidente indígena da história do país a ser eleito, grandes são as ofensivas das elites bolivianas contra Evo Morales. Outros casos podem ser vistos no Brasil como a demarcação da Terra Indígena Raposa Serra do Sol, em Roraima, que sofreu com a força contrária das elites e, ainda que conquistada, veio com 19 restrições impostas pelo Supremo Tribunal Federal (STF). Somam-se a estes os casos dos Guarani Kaiowá, no Mato Grosso do Sul; dos Xucuru, em Pernambuco e dos Pataxó, na Bahia, no combate contra uma oposição que os criminaliza e os atravanca em suas lutas.

Solidarizar-se É tardio que as sociedades compreendam os anos de massacres e as árduas lutas travadas até os dias atuais. Em pleno século XXI, é urgente observar as contradições e os conflitos vividos pelos povos indígenas. Cabe ressaltar a importância de toda a sociedade em se posicionar a favor desta causa, na defesa da vida e da justiça. A solidariedade concreta para uma América livre é agora. E, o apoio da Igreja Católica e de todos os cristãos às vítimas de tais atrocidades, reforça seu compromisso ao lado dos oprimidos. Esta força se expressou através de uma carta entregue ao Embaixador do Peru no Brasil. Entre organizações que protestaram contra o massacre, encontram-se Comissões da CNBB, Cáritas Brasileira, Misereor, Conferência dos Religiosos no Brasil, Via Campesina e Cimi. Neste sentido, “a Igreja poderia exercer um papel de mediadora nestes conflitos [na América Latina] e a nota entregue por entidades (...) ao embaixador peruano, pode ser um exemplo a ser seguido pela Igreja Local”, avalia Benedito Prezia. Assim, “não seria hora de a Igreja usar o seu peso político na América, numa postura que caminhe no sentido oposto do que foi historicamente sua posição?”, questiona.

V

Violência contra Tupinikim e Guarani

Edgon Heck

A N I T A L E D A D E I R A SOLID

Forças contrárias

Despejo dos Nhande ru

Marangatu - dezemb ro 2005

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l a n o i c a n r e t n i o t n Engajame Itália e r Summit 8) na io n u (J J8 o tr n do enco cas danças climáti iros participam u le m si e ra b o s sm te ri n o e Adolesc te ao terr s como comba a m te m co m trabalha

Assessoria de Comunicação do IIDAC Foto: Gilbert Scharnik (IIDAC)

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dolescentes de quatro regiões do Brasil estiveram reunidos durante o J8 (Junior Summit 8), evento realizado pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) durante a Reunião de Cúpula do G8 (grupo dos oito países mais ricos do mundo, mais a Rússia), realizada na Itália em julho de 2009. Junto com adolescentes dos países que compõem o G8, participaram do J8 representantes da África do Sul, da China, do Egito, da Índia e do México, com os quais os delegados brasileiros Fagner Moreira Lima, 14 anos, da Bahia, Mayara Tavares, 17 anos, do Rio de Janeiro, Rosicléia da Silva, 15 anos, do Pará, e Santiago Plata Garcês, 15 anos, de Goiás, puderam interagir e fazer intercâmbio de saberes e experiências também como delegados oficiais pelo Brasil. Com espírito de liderança e grande protagonismo, os delegados do J8 trabalharam em torno dos temas da agenda do G8, tais como a não-proliferação nuclear, o combate ao terrorismo, a crise financeira e a mudança climática, bem como os problemas do Afeganistão, Irã e Oriente Médio. Em seguida, os adolescentes encaminharam as propostas à cúpula do G8, com o objetivo de manifestar o compromisso das novas gerações com o desenvolvimento sustentável do planeta, a paz e a cidadania, sob a perspectiva de que crianças e adolescentes de todo o mundo são afetadas pelas decisões do G8. Os adolescentes delegados do Brasil foram acompanhados por Ludmila Palazzo, oficial de Cidadania dos Adolescentes do Unicef no Brasil e Gilbert Scharnik, diretor de Projetos e Especialista em Participação dos Adolescentes do Instituto Internacional para o Desenvolvimento da Cidadania (IIDAC). O representante do centro-oeste, Santiago Plata Garcês, de 15 anos, estudante do 3º ano do Ensino Médio, sempre estudou em escola pública e desde 2007 está envolvido em ações de Protagonismo Juvenil. Ele participa do Fórum Goiano de Combate à Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes, onde atuam com

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Da direita para a esquerda: Santiago, Rosicléia, Fagner e Mayara

iniciativas e articulam oportunidades para combater a exploração sexual de crianças e adolescentes. Para ele, “a importância do encontro com os principais líderes do mundo deu confiança e entusiasmo aos adolescentes para desenvolver seus projetos sociais em cada país”. A partir de suas experiências com a rede Protagonismo Juvenil mantida pelo IIDAC em parceria com o Unicef, Santiago com outros adolescentes mantém o grupo Ação Jovem, criado por eles com o intuito de investir no protagonismo e no empreendedorismo juvenil entre a juventude, com o objetivo de transmitir a mensagem da reunião do J8 e ampliar as oportunidades de participação no contexto da cidadania plena. Com grande destaque para iniciativas de participação cidadã juvenil do país, a delegação do Brasil teve papel protagonista na formulação das propostas, na integração intercultural e no reconhecimento formal por parte dos presidentes dos países presentes, com destaque ao encontro com o Presidente Luiz Inácio Lula da Silva. V


Rango da terrinha

. a b a x i p a c é Moqueca a d a x i e p é O resto Leandra Barros, do Virajovem Vitória (ES)*

eca Como fazer a moqu capixaba

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egundo o jornalista capixaba Cacau Monjardim: “Moqueca é capixaba. O resto é peixada”. O rango mais típico da terrinha capixaba gera com os irmãos baianos uma briga danada. A gente fala que a moqueca verdadeira é daqui, eles falam que é de lá. Uns dizem que a receita é de origem africana, outros indígena e há quem diga que é portuguesa. Os primeiros registros escritos sobre a moqueca são de 1554, quando o padre português Luís de Grã mandou uma carta de clemência ao rei de Portugal, pedindo para ir embora, e dizendo que os índios "moquecavam" a carne humana misturada com peixes. Como a gente pode ver, desde o início, os ingredientes mudaram bastante! E aí talvez esteja a solução da rixa entre capixabas e baianos. Na realidade o nome moqueca só quer dizer que todos os ingredientes são dispostos de uma só vez e submetidos a um calor regular e suave, e que o resultado é um caldo rico e saboroso, formado exclusivamente pelos sucos dos alimentos que a compõem, sem o acréscimo de água. O que dá o caráter

Receita do Curuca**

ni Tadeu Bianco

típico desse prato é a escolha de que ingredientes e temperos utilizar. Então, por que não considerar que a moqueca é daqui e de lá? A de lá com leite de coco, azeite de dendê e pimentão. A daqui sem nada disso, mas com colorau (ou urucum) e sempre feita nas famosas panelas de barro das paneleiras do bairro de Goiabeiras. E salve a diversidade na hora de moquecar!

V

Ingredientes 600g de peixe (sugestão: badejo ou robalo) 100g de cebola 100g de tomate (em cubinhos) 2 colheres (sopa) suco de limão 2 colheres (sopa) de azeite 2 colheres (sopa) de óleo sal, colorau, coentro e pimenta a gosto. Modo de preparo Utilizando uma panela de barro, coloque o óleo, a cebola, o tomate e o colorau. Espere tomar consistência. Em seguida ponha as postas de peixe. Não é necessário acrescentar água. Ponha o sal, o azeite e o suco de limão. Deixe ferver por 15 minutos e está pronta.

*Um dos Conselhos Jovens da Vira presentes em 24 Estados do País (es@revistaviracao.org.br) ** O Curuca é dono do restaurante Cantinho do Curuca. Para saber mais, acesse http://www.cantinhodocuruca.com

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Que estilo cola

A ARTE QUE SEGREG Alessandro Muniz e Diana Coelho, do Virajovem Natal (RN)* Fotos: Arquivo pessoal

Juventude faz arte e expressa sua forma de ver

S

entado na parada do ônibus, sob a brisa amena de um dia aparentemente comum, aguardando o transporte para ir à universidade, ele viu se aproximar uma garotinha de 11 anos, sua conhecida da escola de dança. Acompanhada de uma senhora que provavelmente era sua avó, ela estava vestida com a delicada, mas elástica roupa de bailarina, óculos grossos indicando uma visão debilitada, cabelo loiro arrumado em coque. A garotinha recebia da avó a notícia de que o pouco que restava de sua visão se perderia. Quase cega de um olho, apenas o esquerdo enxergava 20% do normal. A menina já estava preparada para a situação. Tinha alguém, um exemplo, em quem se reconfortar, uma dançarina que também não enxergava e que ela admirava muito. Quando o ônibus chegou para levá-la, para surpresa dele, que só observava, ela virou-se e dirigiu-lhe “a gente se vê”. A espinha se arrepiou, o corpo sentiu o peso da coragem e serenidade daquela menina. Não estava traumatizada ou em prantos. Enxergar para ela não se limitava a ver com íris e pupila. O jovem que acompanhou a cena é o estudante universitário de Teatro Rodrigo Silbat, com seus cabelos ruivos e encaracolados. Ele dedica sua vida à dança, estudando, coreografando e ensinando na Escola de Dança do Teatro Alberto Maranhão, EDTAM, em Natal (RN). Rodrigo vê na arte uma forma de ver (tudo). E vendo de maneira diferente, sua forma de se expressar também se diferencia, seu estilo, maneira de agir e lidar com o mundo. Descobriu a dança no Ensino Médio, como alternativa à educação física obrigatória e desde então suas veias e músculos não pulsam por outro motivo. Não tem grande interesse pelo “convencional” e os pais não aceitaram muito a princípio as opções que fez, a dança, a estilo, tudo, houve enfrentamentos. Os estilos se misturam entre os amigos de várias áreas, afinal, “que graça teria se tudo fosse igual?” O estilo dos jovens que fazem arte é essa multicolorida forma de expressão, sem preconceitos e intolerâncias. E para esse estilo surgir, bastam aguçar a sensibilidade, soltar o criatividade e não ter medo do que os outros vão pensar, pois quem está vivendo a vida são eles. É preciso estar confortável com as roupas que se veste e também com a própria forma de

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Rodrigo dedica sua vida à dança e ao teatro

Para Gaby, o artista vive dentro de todos nós. “É só sabermos como soltá-lo e deixá-lo livre pelo mundo.” * Integrantes de um dos Conselhos Jovens da Vira presentes em 24 Estados do País (rn@revistaviracao.org.br)


EGA NÃO É ARTE

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pensar. É preciso expressar. A arte juvenil é expressão, compartilhamento, energia, e esse estilo contagia, influencia, cativa! Afinal, quem não gosta de um jeito diferente, cabelos coloridos, vermelhos, roxos, verdes, vivos, roupas que ninguém mais tem e ideias e sentimentos que tornam a aparência ainda mais bonita? No quarto de Gabriela Baesse, a Gaby, há tinta, lápis, papel, linha para artesanato, paredes pintadas. Ela é apaixonada por teatro. Estudante do Ensino Médio do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia, tem uma família que sempre estimulou as artes e sua forma de ser se moldou nesse ambiente. Aos dez anos, por ser muito tímida, foi colocada pelos pais no grupo de teatro da escola e assim libertou a artista dentro de si. “Acho que em todos nós existe um A paixão de Mateus pela música artista! É só sabermos como soltá-lo e deixá-lo livre pelo começou com os teclados. Depois ele mundo!”, comentou. passou para o violão. Mas a maneira de vestir e arrumar os cabelos não são as únicas formas de identificar esses jovens artistas. Eles estão próximos uns dos outros criatividade ilidade, soltar o o pensar ib ns principalmente pela forma mais se a r ça Agu s vã do que os outro livre, abrangente e idealizadora de e não ter medo ver e sentir o mundo. Não se conformam, não se deixam calar. “A principal finalidade da arte é trazer para as pessoas um mundo diferente e na verdade muito próximo do delas, mostrar algo que as faça parar pra pensar”, pensa Gaby. Mateus Raboud, filho de uma suíça e um brasileiro, é apaixonado pela música. Sua paixão começou com o teclado revertido em ajuda. A música tem esse ‘poder’ de voltar a e passou para o violão. Com o instrumento, a música ganhou atenção de alguém para ela e que passe um bom sentimento”, mais detalhes e contornos em sua mente, atenção mais acredita Mateus. aguçada. Esse sentimento está presente em seu dia-a-dia, na O estilo da arte é liberdade de expressão, sem medo de ser relação com as pessoas, na forma de entender as coisas, na quem se é verdadeiramente, e a juventude incorpora esse música que toca. sentimento melhor do que ninguém. Essa forma de ver o mundo, Assim como Gabriela e Rodrigo, ele também pensa que a de transformá-los nas suas pequenas quebras de cotidiano, arte é fundamental na mudança da realidade. “É verdade que passando pelas barreiras convencionais, ousando ser diferente, o mundo precisa melhorar, e a gente tem que ficar atento ousando “ver”. E, estremecido pela pureza da pequena pra saber como ajudar e fazer com que isso ocorra. Se existe dançarina, espero que amanhã possamos nos “ver”. V algo que você goste ou faça com prazer, isso tem que ser

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. . . s ó n , u t , Eu m e Jovens Vivendo co es nt ce es ol Ad de al ro Nacion saúde e Durante o 4º Encont m sobre questões de ra ta er al te ba de de asil HIV/aids, mesas ento da rede pelo Br im ec al rt fo no m lia práticas que auxi

Por Igor Francisco e Rafael Biazão do Escuta Soh!, em Curitiba (PR)

E

Em um dos dias do 4º Encontro Nacional de Adolescentes e Jovens Vivendo com HIV/aids (ENAJVHA), que aconteceu em Curitiba (PR), em julho, os participantes do evento foram divididos de acordo com as regiões em que moram e discutiram em mesas de debate ações de participação jovem e outras temáticas. O ENAJVHA teve como um dos objetivos a troca de experiência entre jovens de vários Estados brasileiros e a constituição de políticas públicas para a área de prevenção sexual e saúde. Micaela Cyrino, Karina Ferreira e Edson Silva, integrantes da Rede Nacional de Adolescentes e Jovens Vivendo com HIV/aids (RNAJVHA), conduziram o debate sobre a região Sudeste com o tema “Eu, tu, nós e a rede!”, que mostrou a importância do trabalho em grupo para a formação de uma rede municipal e o seu fortalecimento. Entre os pontos fundamentais de trabalho, apontados pelos jovens da mesa, estavam a ampliação do número de jovens para integrar a rede e a necessidade de elaborar planejamentos estratégicos e ousados, como e a formação de novos jovens ativistas. Nos próximos meses, um encontro com representantes dos Estados participantes irá discutir a prática dessas ideias.

Na continuidade da mesa, a contextualização das conquistas e processos realizados pelos movimentos que trabalham com o tema HIV/aids foi feita por José Marcos de Oliveira, da Rede Nacional Positivo (RNP). Oliveira trouxe a importância da autoestima e o envolvimento da juventude nos processos decisivos das formulações de políticas públicas para a área. Considerações sobre as políticas de saúde também foram feitas por Mariana Thomaz, coordenadora municipal do Programa de DST/aids. Ela falou sobre sua experiência em Curitiba, citando a necessidade da parceria com as organizações nãogovernamentais nas campanhas de prevenção das DST/aids, e deixou uma importante reflexão sobre a saúde pública: “se toda a sociedade se mobilizasse a favor da saúde em geral, a exemplo do que fez o movimento social na questão da aids, a saúde pública brasileira poderia ter um grande avanço”.

...e a saúde Outra mesa de discussão, a “Eu, tu, nós e a saúde” também proporcionou aos participantes diferentes visões sobre o convívio social. Após o depoimento de Thompsom Toledo, jovem integrante da RNAJVHA, foi possível ter um pouco mais de intimidade com as pessoas que vivem com o HIV/aids, entender as dificuldade e as formas de preconceito de parte da sociedade que, segundo ele, só são superadas com muita força de vontade e coragem. A vivência de Thompsom serviu de ânimo e aprendizado para todos os presentes.

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te sobre m o deba ra e v o m Mesas pro jovem ação do a particip


que_figura_55:Layout 1 13/8/2009 10:25 Page 29

Que Figura!

CA , SANTA DIIC A RA INHA DO M UNDO Wolney Fernandes de Oliveira, do Virajovem Goiânia (GO)*

Ilustração

: Novaes

P

ara os avós, madrinha. Para os netos, avó. Para muitos, aquela que nasceu para ser a rainha do mundo. Para o povo, santa. Benedita, bendita, Dica. Benedita Cipriano Gomes foi mulher de muitos nomes e muitas histórias. “Santa Dica”, como ficou conhecida, nasceu no dia 13 de abril de 1905 no distrito de Lagolândia (GO). Foi líder religiosa e política, uma mulher à frente do seu tempo e talvez a única expressão em Goiás do movimento messiânico, ocorrido em várias regiões do Brasil no início do século vinte. Era a mais velha de uma família de oito filhos. Filha de lavrador, ainda criança apresentou variadas manifestações espirituais, entre as quais, o poder de falar com os anjos. Essas manifestações intensificaram-se na adolescência, revelando seu suposto dom de cura. Sua fama de milagreira deu início a uma intensa peregrinação à região. Aos 18 anos decidiu assumir publicamente seus poderes espirituais, liderou um grupo de fiéis e formou uma comunidade agrícola, que chamou de República dos Anjos. Trabalhadores de fazendas da região abandonavam seus empregos para se juntarem à comunidade da santa. “O povo vinha pra casa da Dica e ficava morando lá. Tinha comida o dia inteiro. Ninguém ficava com fome. Lá não tinha nem pobre e nem rico, nem feio e nem bonito e todo mundo bebia água do mesmo pote”, disse Dona Bernarda, irmã caçula da santa. Benedita assumiu, além das curas, o controle dos fiéis e a organização da vida comunitária. Instituiu o não-pagamento de impostos ao governo e a utilização coletiva de terras para a produção de alimentos, determinando também rituais e celebrações. Aos 21 anos foi presa e levada para o Rio de Janeiro e São Paulo, onde conheceu pessoas da vanguarda cultural, como, por exemplo, a pintora Tarsila do Amaral. Ao voltar para Goiás, alguns anos depois, a líder religiosa continuou exercendo a liderança espiritual e política do

povoado, atendendo a todos que iam ao seu encontro com pedidos de cura e de conselhos. Em 1970, aos 65 anos, Dica faleceu, vítima do mal de Chagas. No entanto, ainda hoje, 39 anos após sua morte, todo tipo de milagres cotidianos continuam animando a vida do povo daquela região. Uma festa com doces de variados sabores, uma folia só de mulheres e a história de uma serpente que ela teria amarrado na curva do rio com os próprios cabelos são fragmentos da Santa Dica que ainda vive. Somados aos fragmentos da Santa Dica que marcaram a história, a memória de sua atuação se mistura e recria uma personagem constituída de fatos que resistem ao tempo. V

* Um dos Conselhos Jovens da Vira presentes em 21 Estados do País (go@revistaviracao.org.br)

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Fazedores de Vídeo

Outros Olhares na escola Rones Maciel, do Virajovem Fortaleza (CE)*

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preconceito já é algo enraizado na cultura brasileira e isso geralmente começa na escola, sendo este espaço o primeiro contato de muitas crianças com o mundo externo. Pais, professores e colegas de sala são os principais personagens dessa triste realidade. Na edição de número 53 da Viração, o vídeo da seção contou a trajetória de Gilmar, um jovem morador do Complexo da Maré (RJ) que assumiu sua homossexualidade e luta para vencer o preconceito e a homofobia na comunidade. Neste mês, jovens de Fortaleza foram a um universo divisor de águas na vida de muita gente: a escola. Esta é a proposta do projeto Outros Olhares. Os jovens receberam capacitações em técnicas de audiovisual desenvolvidas pela ONG Fábrica de Imagens. O resultado final foi o curta Homofobia na Escola, que procura desconstruir e denunciar a homofobia no ambiente escolar. FICHA TÉCNICA Homofobia na Escola Produção: Projeto Outros Olhares Realização: ONG Fábrica de Imagens. Contato: www.fabricadeimagens.org.br ou (85)3495-1887 Duração: 14:58 ASSISTA! www.fabricadeimagens.org.br

O documentário foi selecionado para o 20º Festival Internacional de CurtasMetragens de São Paulo, que aconteceu entre os dias 20 e 28 de agosto de 2009, e fará parte da seção KinoOikos-Mostra Formação do Olhar. Vale a pena curtir esse vídeo e refletir sobre a real função da escola. V

SINOPSE Durante os seus quase 15 minutos, Homofobia na Escola procura desconstruir e denunciar a cultura homofóbica observada dentro do ambiente escolar. Além de propor a construção e formação de uma educação sem homofobia, o vídeo tenta mostrar uma escola mais inclusiva e menos preconceituosa.

* Um dos Conselhos Jovens da Vira presentes em 24 Estados do País (ce@revistaviracao.org.br)

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Mande seu vídeo pra gente! Não se esqueça de mandar a ficha técnica, fotos dos bastidores e o link do vídeo para: redacao@revistaviracao.org.br Rua Augusta, 1239 - cj 11 Consolação – 01305-100 São Paulo (SP) - 11 3237-4091


no_escurinho_55:Layout 1 14/6/2011 13:33 Page 31

No Escurinho

a c n a r e p s e e Aula d ´ Sérgio Rizzo, crítico de cinema Fotos: Divulgação

E

m Gloria (1980), de John Cassavetes, a atriz Gena Rowlands - mulher do diretor e uma de suas grandes parceiras de trabalho ao longo da carreira - interpreta a personagem do título. Ex amante de um gângster, ela se sente moralmente obrigada a tomar conta de um menino cuja família foi morta, em uma operação de “limpeza de arquivo”, pelos mesmos mafiosos que conhece muito bem. Ao proteger o menino, contudo, Gloria se transforma em alvo da quadrilha que o persegue. Para se salvar, basta entregá-lo. O que fazer? Na produção brasileira Verônica, a personagem do título - vivida por Andréa Beltrão - passa por um apuro semelhante, em história policial que transfere a situação de Gloria para o cenário urbano brasileiro do século 21. O menino em questão (Matheus de Sá) é filho de um contabilista que trabalha para traficantes de drogas no Rio de Janeiro. Pouco antes de ser assassinado, o pai lhe entrega um pen drive com informações comprometedoras. Por um capricho do destino, o menino e seu arquivo-bomba vão parar nas mãos de Verônica, professora de ensino fundamental da rede pública. Os vilões não são apenas os traficantes, mas também um grupo de policiais corruptos. O próprio ex-marido de

Verônica (Marco Ricca) é policial, tem todo o jeito de quem arruma dinheiro de forma altamente suspeita e pode muito bem estar envolvido na história, aumentando em Verônica a impressão de que ela e o menino não têm futuro. A esperança se mantém até o final, no entanto, graças principalmente à atuação empolgante de Andréa Beltrão, que tende a provocar forte identificação entre o público feminino, sobretudo o das classes trabalhadoras e, em especial, entre as milhares de professoras da rede pública cuja realidade de trabalho lembra muito a da personagem. V

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s o Amazona d io íp ic n u ia e um m a experiênc bilizadora d u o s m re m b e o v s jo te A onan a rádio relato apaix scentes num te s le e o d u a o r d o ! n p a m criatividade ação, feito e ir d V a a ri m tó ra is g h nesta com o pro e inspire-se ra fi n o C . a ri comunitá

Cláudia Ferraz, do Virajovem São Gabriel da Cachoeira (AM)*

32 Revista Viração • Ano 7 • Edição 55

ssoal Arquivo Pe

“E

estava passando por um momento difícil, mas um belo dia fui ajudar o padre Ivo na paróquia e pedi para arrumar a sala dos catequistas. Tinha um armário velho, enorme, cheio de livros velhos misturados com novos, todos empoeirados. Decidir tirar todos os livros e revistas para colocá-los no lugar. Foi quando uma revista me chamou a atenção. Era a Viração, que naquele momento viraria a página da minha vida difícil para outra página, de sonhos, luta, esperança e felicidade. Quanto mais folheava, mais me apaixonava pela revista. Amor à primeira vista! Pouco depois, passei em um teste que estava escolhendo locutores para trabalhar na rádio. Eu não tinha experiência nenhuma, mas acabei sendo escolhida. Fiquei muito feliz! No começo, estranhei um pouco, pois não era muito comunicativa, mas aos poucos fui me soltando. Foi aí que surgiu a ideia de criar um projeto chamado Jovens na Comunicação. Fizemos o programa Viração, em homenagem à Revista Viração. Decidi dividir essa paixão com os adolescentes e jovens daqui do meu município. Ninguém conhecia a revista. O primeiro programa foi ao ar em fevereiro de 2005, com um grupo de adolescentes e jovens. Cada um representava sua escola. Eles tinham a missão de levar aos ouvintes muita diversão, participação e muita informação jovem, divulgando eventos sociais, culturais, oficinas, palestras, esportes e exposições. Começamos a receber cartas de adolescentes e jovens que ouviam o nosso programa. Nossa, foi demais! Os jovens ficavam animados quando recebiam as cartas de outros jovens, especialmente do interior.

ge mandando a e Rafael Jor Soraya Nogueir o, eir Rib y Raian ma Viração ver no progra

Colocamos urnas em cada escola. Os ouvintes pediam músicas, davam sugestões, diziam o que achavam do programa. Os quadros eram as seções que a Viração tinha na revista, como o Diga Lá, Minha Profissão, De olho no ECA, Galera Repórter, Jovem Revelação, Curió e DNA, Todos os Sons, Que Figura e Sexo e Saúde. No início, esses foram os quadros que a gente apresentava no programa. Agora temos alguns quadros novos, pois temos gente nova no pedaço. Os adolescentes e jovens que participaram no início não estão mais aqui, já seguiram

seu caminho, e sei que estão bem. De 2005 para cá, muita coisa aconteceu. Trabalhei na rádio AM Municipal até dezembro de 2007. Fiquei por lá fazendo o programa Viração com o pessoal, entre altos e baixos, até quando adoeci. As coisas não eram como antes. Minha maior alegria foi conhecer as meninas da revista, que vieram para cá fazer a cobertura do congresso que aconteceu em 2007. Elas foram até o programa conhecer o pessoal. Os adolescentes e jovens são minha vida. Eu acredito que eles podem muito mais.” V

* Um dos Conselhos Jovens da Vira presentes em 24 Estados do País (am@revistaviracao.org.br)


Sexo e Saúde as respostas para algumas dúvid Nesta edição, quem buscou s scentes foi a galera de Mina ole ad e s en jov tre en tes en frequ C. Vale, oração da psicóloga Zoé M. lab co a m co u nto co e qu s, Gerai tura educação e saúde da Prefei bre so os jet pro em ora ad educ papo! Confira o resultado do batete. on riz Ho lo Be de l ipa nic Mu

Na relação entre gays e lésbicas, sabemos que o ato sexual se dá de maneira diferente em relação a um casal de heterossexual. Como o gay e a lésbica conseguem sentir prazer, dentro das particularidades da relação? A princípio, as zonas erógenas não são diferentes entre os hetero e homossexuais. A sensação de maior ou menor prazer vai depender das experiências que temos no decorrer da vida e das novas experiências que temos nos novos vínculos. Todo casal, seja hetero ou homo, tem suas particularidades ao descobrir o que lhe dá mais prazer e satisfação ao explorar mutuamente suas áreas de prazer.

Como um intersex (hermafrodita) faz sexo? Algum defeito em um dos cromossomos X ou Y e a forma como eles são combinados entre si poderá trazer anormalidade nos órgãos genitais. Porém, o fato de uma criança nascer com uma genitália fora do padrão não quer dizer que ela seja hermafrodita. Atualmente, se a má-formação do órgão sexual é externa, seus familiares e médicos irão recomendar uma cirurgia em até no máximo dois anos (após diagnósticos complexos da genitália externa e interna, toma-se a decisão por ser macho ou fêmea). Mesmo o hermafrodita não tem os dois sexos normais ao mesmo tempo: ele apresenta ovário e testículo mal-formados e os órgãos externos menores ou rudimentares. O hermafrodita, no entanto, pode viver sua sexualidade: do ponto de vista fisiológico, ejacula e pode haver pequena perda de sangue mensal como precária menstruação. Após a cirurgia para definir identidade feminina, a mulher pode fazer sexo, ter prazer, engravidar e ter filhos. A identidade genital no hermafrodita se forma muito pela maneira com que é criada. Daí a importância de encaminhar a criança antes de dois anos para definir o papel de gênero (perceber-se e ser percebido como homem ou mulher). *Integrantes de Conselhos Jovens da Vira presentes em 24 Estados do País (mg@revistaviracao.org.br) Natalia Forcat

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Adolescente ? a t o v o d a n r e t in O

Desde 1988 os adolescentes entre 16 e 18 anos podem ter participação política ativa através do voto, plebiscito, referendo e iniciativa popular, que são mecanismos previstos na constituição para o exercício de soberania pelo povo. No entanto, este direito é subtraído de uma parcela da juventude: o dos adolescentes que estão em cumprimento de medidas socioeducativas, nos termos do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA). Os adolescentes têm direito à liberdade e à dignidade; ambos compreendem também o direito de participar da vida política. Ou seja, todos os adolescentes têm o direito de votar, caso queiram. As únicas restrições estão na Constituição Federal, mas dizem respeito somente à suspensão dos direitos políticos de adultos condenados, e não dos adolescentes infratores. O fato é que o direito ao voto não é garantido. Nenhum adolescente internado no estado de São Paulo participou do processo eleitoral desde a Constituição de 1988, o que também constatou-se em outros estados do País. O Estado brasileiro não incorporou a significação da participação política como um direito humano, pois não assegura os meios efetivos que garantam à sociedade a plena manifestação de sua vontade; não

foram tomadas as providências necessárias para garantir o direito de voto a adolescentes internados ou em semiliberdade. Democracia exige participação das pessoas no governo de seu país, na condução dos assuntos políticos, garantindo-se a livre expressão da vontade dos eleitores e é por esta razão que o movimento pela cidadania cresce, no qual diversas entidades exigem que as autoridades tomem medidas para que os adolescentes, dentre outros, tenham este valioso direito garantido.

V

*Juíza da 16ª Vara Criminal SP e integrante da Associação Juízes para a Democracia

Veja o Manifesto pela Cidadania e as entidades que aderiram à campanha em www.ajd.org.br


Roteiro de Cibele SodrĂŠ e Fernanda Pereira, do Virajovem Campo Grande (MS)


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