Revista Viração - Edição 100 - Outubro/2013

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Jessica Delcarro

quem faz a vira pelo brasil

Adolescentes e jovens do Espírito Santo durante oficina de fotografia. Essa galera compõe um dos dois Conselhos da Viração no Estado.

Conheça os Virajovens em 20 Estados brasileiros e no Distrito Federal: Aracaju (SE) Belém (PA) Boa Vista (RR) Boituva (SP) Brasília (DF) Campo Grande (MS) Curitiba (PR) Fortaleza (CE) Goiânia (GO) João Pessoa (PB) Lagarto (SE) Lavras (MG) Lima Duarte (MG) Maceió (AL) Manaus (AM) Natal (RN) Picuí (PB) Pinheiros (ES) Porto Alegre (RS) Recife (PE) Rio Branco (AC) Rio de Janeiro (RJ) Salvador (BA) S. Gabriel da Cachoeira (AM) São Luís (MA) São Paulo (SP) Vitória (ES)

Auçuba Comunicação e Educomunicação – Recife (PE) • Avalanche Missões Urbanas Underground – Vitória (ES) • Buxé Fixe - Amadora (Portugal) • Casa da Juventude Pe. Burnier – Goiânia (GO) • Casa Peque Davi – João Pessoa (PB) • Catavento Comunicação e Educação – Fortaleza (CE) • Cientifica Assessoria Empresarial – Porto Alegre (RS) • Cipó Comunicação Iterativa – Salvador (BA) • Ciranda – Central de Notícia dos Direitos da Infância e Adolescência – Curitiba (PR) • Coletivo Jovem – Movimento Nossa São Luís – São Luís (MA) • Gira Solidário – Campo Grande (MS) • Grupo Conectados de Comunicação Alternativa GCCA – Fortaleza (CE) • Grupo Makunaima Protagonismo Juvenil – Boa Vista (RR) • Instituto de Desenvolvimento, Educação e Cultura da Amazônia – Manaus (AM) • Instituto Universidade Popular – Belém (PA) • Mídia Periférica – Salvador (BA) • Instituto Candeias de Cidadania – Lima Duarte (MG) • Jornal O Cidadão – Rio de Janeiro (RJ) • Lunos – Boituva (SP) • Movimento de Intercâmbio de Adolescentes de Lavras – Lavras (MG) • Oi Kabum – Rio de Janeiro (RJ) • Projeto de Extensão Vir-a-Vila (UFRN) - Natal (RN) • Projeto Juventude, Educação e Comunicação Alternativa – Maceió (AL) • Rejupe • União da Juventude Socialista – Rio Branco (AC)


Copie sem moderação! Você pode: • Copiar e distribuir • Criar obras derivadas Basta dar o crédito para a Vira!

editorial quem somos

A

Esse espaço é nosso!

E

aí! Você está recebendo uma Vira com um toque comemorativo, que chega a marca da 100ª edição. E olha que não foi fácil chegar até aqui. Nesses dez anos de revista, também celebrados em 2013, a equipe, formada por colaboradores fixos, voluntários, organizações parceiras e apoiadores e, principalmente, adolescentes e jovens, fez de tudo um pouco para conseguir garantir um espaço de mídia democrático e participativo, de promoção de direitos, e de linguagem acessível. Um espaço diferenciado, sem objetivos financeiros, e que aposta na metodologia educomunicativa e ação entre pares – o jovem falando pro jovem. E assim pretendemos seguir em mais outras centenas de edições! Bem, agora quanto ao conteúdo que irá encontrar aqui, nossa reportagem de capa traz a discussão sobre trabalhos que envolvem crianças – o que é ilegal - e também adolescentes. Tem também uma matéria sobre o 5º Encontro Brasileiro de Educomunicação, que rolou em São Paulo no fim de setembro. E muitas outras coisas... Leia, releia e compartilhe à vontade!

Viração é uma organização não governamental (ONG) de educomunicação, sem fins lucrativos, criada em março de 2003. Recebe apoio institucional do Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF), da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO), do Núcleo de Comunicação e Educação da Universidade de São Paulo e da ANDI - Comunicação e Direitos. Além de produzir a revista, oferece cursos e oficinas em comunicação popular feita para jovens, por jovens e com jovens em escolas, grupos e comunidades em todo o Brasil. Para a produção da revista impressa e eletrônica, contamos com a participação dos conselhos editoriais jovens de 20 Estados, que reúnem representantes de escolas públicas e particulares, projetos e movimentos sociais. Entre os prêmios conquistados nesses dez anos, estão Prêmio Don Mario Pasini Comunicatore, em Roma (Itália), o Prêmio Cidadania Mundial, concedido pela Comunidade Bahá’í. E mais: no ranking da ANDI, a Viração é a primeira entre as revistas voltadas para jovens. Participe você também desse projeto. Paulo Pereira Lima Diretor Executivo da Viração – MTB 27.300

Apoio institucional

Asso

ciazione Jangada


Educom em debate

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Não me vejo nela Pesquisa revela que população brasileira não sabe que as emissoras de televisão aberta são concessões públicas e diz que pouco se reconhece no conteúdo produzido

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Encontro reúne profissionais, pesquisadores e alunos para discutir e trocar experiências sobre o campo da educomunicação no Brasil

Software amigo Confira uma entrevista com Claudio Luciano Dusik, criador do Mousekey, um teclado virtual silábico que auxilia pessoas com limitações a escrever e se comunicar

Serve como lambe-lambe Chame sua turma para produzir fotonovelas, uma linguagem atraente e divertida; é a dica do Como se Faz desta edição

sempre na vira:

Manda Vê Imagens que Viram Vale 10 No Escurinho Que Figura

RG da Vira: Revista Viração - ISSN 2236-6806 Conselho Editorial

Eugênio Bucci, Ismar de Oliveira, Izabel Leão, Immaculada Lopez, João Pedro Baresi, Mara Luquet e Valdênia Paulino

Conselho Fiscal

Everaldo Oliveira, Renata Rosa e Rodrigo Bandeira

Conselho Pedagógico

Alexsandro Santos, Aparecida Jurado, Isabel Santos, Leandro Nonato e Vera Lion

Presidenta

Susana Piñol Sarmiento

Vice-Presidenta Maria Izabel Leão

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Sexo e Saúde Rango da Terrinha Parada Social Rap Dez

Primeiro-Secretário Rafael Lira

Diretoria Executiva

Paulo Lima e Lilian Romão

Equipe

Bruno Ferreira, Elisangela Nunes, Evelyn Araripe, Filipe Campos Borges, Gutierrez de Jesus Silva, Ingrid Evangelista, Irma D’Angelo, Manuela Ribeiro, Marcos Vinícius Oliveira, Rafael Silva, Tulio Bucchioni e Vânia Correia

Administração/Assinaturas

Douglas Ramos e Norma Cinara Lemos

Mobilizadores da Vira

Acre (Leonardo Nora), Alagoas (Jhonathan Pino), Amazonas (Jhony Abreu, Claudia Maria Ferraz e Sebastian Roa), Bahia

Ajudar a família, ganhar independência, conhecer uma área profissional... Motivos não faltam quando o adolescente justifica a opção de entrar no mundo do trabalho

Tuíte de transformação Unipop lança projeto que pretende utilizar as ferramentas de comunicação para potencializar as demandas das comunidades da Amazônia Brasileira

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Trabalho protegido

MPB ilustrada O colunista Nobu Chinen comenta o livro Histórias do Clube da Esquina, que relata a origem da carreira musical de vários artistas nacionais

Virou lei! Após nove anos de luta da sociedade civil, governo federal sanciona Estatuto da Juventude, que garante direitos para população entre 15 e 29 anos

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(Everton Nova, Enderson Araújo e Mariana Sebastião), Ceará (Alcindo Costa e Rones Maciel), Distrito Federal (Webert da Cruz), Espírito Santo (Jéssica Delcarro e Izabela Silva), Goiás (Érika Pereira e Sheila Manço), Maranhão (Nikolas Martins e Maria do Socorro Costa), Mato Grosso do Sul (Fernanda Pereira), Minas Gerais (Emília Merlini, Reynaldo Gosmão e Silmara Aparecida dos Santos), Pará (Diego Souza Teofilo), Paraíba (José Carlos Santos e Manassés de Oliveira), Paraná (Juliana Cordeiro e Vinícius Gallon), Pernambuco (Edneusa Lopes e Luiz Felipe Bessa), Rio de Janeiro (Gizele Martins), Rio Grande do Norte (Alessandro Muniz), Rio Grande do Sul (Evelin Haslinger e Joaquim Moura), Roraima (Graciele Oliveira dos Santos), Sergipe (Grace Carvalho) e São Paulo

(Luciano Frontelle, Paolla Menchetti e Harrison Kobalski).

Colaboradores

Antônio Martins, Dedê Paiva, Heloísa Sato, Márcio Baraldi, Mauro Neri da Silva, Natália Forcat, Nobu Chinen, Novaes e Sérgio Rizzo.

Projeto Gráfico

Ana Paula Marques e Manuela Ribeiro

Revisão

Izabel Leão

Jornalista Responsável

Paulo Pereira Lima – MTb 27.300

Divulgação

Equipe Viração

E-mail Redação

redacao@viracao.org


diga lá!

Fique por dentro das novidades e acompanhe as nossas coberturas educomunicativas pelo Twitter @viracao

Via Facebook Meu nome é Ana María Rodríguez e sou comunicadora social colombiana residente em São Paulo. Conheci pela internet a Viração, que realmente me surpreendeu muito. Desde muito nova me envolvo com essa área e, em especial, com projetos que utilizavam a comunicação em processos com crianças e jovens para fomentar seu desenvolvimento como pessoas, cidadãos e agentes de ação. Gostaria de parabenizá-los por uma iniciativa tão articulada, que com certeza está aportando muito à transformação da sociedade brasileira, e manifestar o meu interesse por conhecer melhor o projeto. Espero poder visitá-los e conversar com vocês.

Resposta: Oi, Ana! Que bom que se identificou com o trabalho desenvolvido pelos adolescentes e jovens que formam a Viração. A ideia desta revista, e dos outros projetos que desenvolvemos, tem justamente o objetivo de ser uma ferramenta de transformação social. Já que está no Brasil, está super convidada a tomar um café na nossa sede, em São Paulo. Iremos adorar recebê-la!

Perdeu alguma edição da vira? não esquenta! Você pode acessar, de graça, as edições anteriores da revista na internet: www.issuu.com/viracao

Para garantir a igualdade entre os gêneros na linguagem da Vira, onde se lê “o jovem” ou “os jovens”, leia-se também “a jovem” ou “as jovens”, assim como outros substantivos com variação de masculino e feminino.

E também confira a página da Agência Jovem de Notícias no Facebok.

#ViRa10 Já conferiu o documentário comemorativo de 10 anos da Viração? Então corre pra internet e acesse http://goo.gl/rlj89r. O vídeo resgata um pouco das mobilizações, ações e projetos feitos pelo Brasil com a Vira, a partir de depoimentos de especialistas em educomunicação, jornalistas, educadores e, claro, os próprios adolescentes e jovens que atuam nessa iniciativa.

Mande seus comentários sobre a Vira, dizendo o que achou de nossas reportagens e seções. Suas sugestões são bem-vindas! Escreva para Rua Augusta, 1239 - Conj. 11 - Consolação - 01305-100 - São Paulo (SP) ou para o e-mail: redacao@viracao.org - Aguardamos sua colaboração!

Parceiros de Conteúdo


manda vê

Evelin Haslinger, do Virajovem Porto Alegre (RS), Igor Franceschi, do Virajovem São Paulo (SP), e Webert da Cruz, do Virajovem de Brasília (DF)*

Segundo a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB/1996), “a educação, dever da família e do Estado, inspirada nos princípios de liberdade e nos ideais de solidariedade humana, tem por finalidade o pleno desenvolvimento do educando, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho”. O documento reforça que essa demanda é um direito público e que qualquer cidadão pode ter acesso. A LDB garante também a coexistência de instituições públicas e privadas de ensino. E aí temos assunto para uma boa discussão, já que tanto no ensino particular quanto no público há um mesmo objetivo: educar a todos e com qualidade. Mas na prática acontece da mesma forma nas duas redes de ensino? Para saber a opinião da galera, a Vira foi ouvir jovens e alguns profissionais que atuam com educação. Você lê a seguir!

Há diferença entre ensinar na escola pública e na particular? Jaira Coelho

49 anos | Porto Alegre (RS) “Ser professor, antes de tudo, é ter compromisso ético com a formação do ser humano e isso independe do lugar onde se ensina. Porém, essa diferença entre escolas existe e está relacionada a demandas como baixos salários, qualificação dos educadores e pela estrutura de poder implantada nos sistemas educacionais.”

Luís Pedro Fraga 42 anos | Porto Alegre (RS)

“Penso que os educadores ensinam os mesmos conteúdos nas duas redes de ensino. Mas as escolas particulares apresentam um quadro de recursos humanos completo, não faltam professores, tem uma excelente estrutura física e recursos pedagógicos para os níveis de ensino.”

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Elisandro Rodrigues 29 anos | Porto Alegre (RS)

“O professor (e filósofo) Silvio Gallo diz que a educação é um lançar convites, e que a educação é um encontro onde nos afetamos. Tanto na escola pública quanto na particular lançamos convites e nos encontramos. São encontros que nascem e brotam pelos meios. Cabe a gente criar nesses encontros.”

Vinícius Souza 15 anos | São Paulo (SP)

“Eu acho que a diferença de ensinar em escola privada é que os alunos prestam mais atenção por conta dos pais, que pagam mensalidade, diferente da escola pública. Acho que os alunos da escola privada dão mais credibilidade para as matérias e professores do que na escola pública.”


Simone Costa Moreira

Janaina Haslinger

29 anos | Esteio (RS)

25 anos | Porto Alegre (RS)

“Não costumo dizer que haja um espaço melhor e outro pior. São diferentes. Para mim, a principal diferença entre o espaço privado e público de educação é a gestão. O espaço público de diálogo e construção, no meu ponto de vista, é mais amplo e, portanto, mais democrático.”

“Acredito que quem faz o ensino das escolas ser bom ou ruim é o professor. Então, se há diferença em ensinar na escola pública e na particular, isso se dá em função do professor querer que seu ensino seja de qualidade.”

Allan Michell

24 anos | Brasília (DF)

Caio Dib

24 anos | São Paulo (SP) “A escola pública tem problemas de formação inicial, além de deficiências sociais e culturais das crianças e jovens. Muitas vezes, até a falta de alimentação interfere diretamente no aprendizado nas escolas públicas. É claro que o ensino nas escolas particulares também tem uma série de dificuldades, mas esses pontos são barreiras grandes no ensino-aprendizagem.”

“Há diferenças comuns, que estão vinculadas à estrutura física das escolas, mas o maior tocante está no material humano e na liberdade que o professor tem ao ensinar. Quanto à liberdade de ensino, a escola pública é mais aberta e a particular é vista, hoje, em dia, como um mercado para se passar em vestibulares e provas nacionais.”

para ler no busão FAZ PARTE A realidade conflituosa entre a escola pública e particular é um dos pontos tratados no livro O que é Educação?, da série Primeiros Passos, e escrito por Carlos Rodrigues Brandão. A publicação é uma iniciação ao tema educação, da qual o autor relata quais são as causas e efeitos “do educar” na sociedade, as diferenças ao passar dos anos, de suas raízes ao modelo atual de formação. No final do livro, o autor indica outras referências bibliográficas, que também são de grande valia. E claro, como não poderíamos esquecer, os livros do educador Paulo Freire também podem ser de grande interesse.

A realidade conflituosa entre a escola pública e particular também é apresentada no documentário Pro Dia Nascer Feliz, de João Jardim. No vídeo, o diretor apresenta a vida escolar de adolescentes, de 14 a 17 anos, de quatro cidades brasileiras (Pernambuco, São Paulo, Duque de Caxias e Rio de Janeiro). Esses jovens, de escolas públicas e particulares, contam suas dificuldades sociais, particulares, sentimentais e intelectuais.

*Virajovens presentes em 20 Estados do País e no Distrito Federal

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Educomunicação para tod@s Encontro discute prática educomunicativa nas escolas, ONGs e comunidades; experiências entre pesquisadores e profissionais da área foram compartilhadas Beatriz Jordan, Bruna Eduarda, Rafael Junior de Oliveira, Catarine Soffiati, Cadu Ferreira, Paolla Menchetti, Igor Franceschi e Saulo Fernandes, adolescentes e jovens comunicadores da Agência Jovem de Notícias, em São Paulo (SP); Evelin Haslinger, do Virajovem Porto Alegre (RS)*

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tom ousado e alegre do primeiro dia do 5º Encontro Brasileiro de Educomunicação mostrou que o debate não pretendia se restringir somente à comunidade acadêmica. Quatro jovens, estudantes da graduação em Educomunicação da Universidade de São Paulo (USP), vestidos com figurinos alegres, tocando pandeiro e entoando uma cantiga, enfatizavam o refrão “educom é amor e alegria”. Nesse clima foram dadas às boas-vindas aos professores, pesquisadores, alunos, profissionais da área e interessados no evento, ocorrido em setembro, em São Paulo (SP). Após esse início, foram homenageados dois educomunicadores latino-americanos, recentemente falecidos: Juan Diaz Bordenave, especialista na área da gestão da comunicação nos espaços educativos, e Pablo Ramos, um dos mais importantes promotores da educação para a comunicação no continente. Na noite seguinte, teve a Assembleia Geral da Associação Brasileira de Pesquisadores e Profissionais em Educomunicação (ABPEducom). O segundo dia do Encontro foi iniciado com mesas de discussões. Uma delas, “Educomunicação e a construção de espaço público para crianças e jovens”, foi mediada pelo professor doutor Ismar de Oliveira Soares, coordenador do Núcleo de Comunicação e Educação da USP, e teve como primeiro palestrante

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o pesquisador e editor da Revista PontoCom, Marcus Tavares, que apresentou parte de seus estudos realizados sobre políticas públicas, tratando sobre a produção de audiovisual voltado para crianças e adolescentes no Brasil. “A produção de audiovisual no Brasil iniciou com uma motivação comercial, com propagandas de brinquedos e alimentos”, disse. Com a criação do Código Brasileiro de Telecomunicações, compreendeu-se que a produção audiovisual para a infância necessitava do apoio do Estado, além da necessidade de discussão sobre sua qualidade e foco educativo. Mas para o pesquisador, ainda é preciso avanços na área. “Apesar do discurso, a qualidade não se reflete na produção. É um erro não enxergar a linguagem audiovisual como uma linguagem educativa”, falou. O segundo participante da mesa, Eduardo Castro, diretor-geral da Empresa Brasileira de Comunicação (EBC), fez um balanço sobre os esforços da EBC em relação à produção autoral de conteúdo para crianças. Relata a experiência de participação cidadã, que se dá por meio do conselheiro curador, contemplando a missão de proporcionar um conteúdo que auxilie na visão crítica das pessoas. Por fim, Lucia Araújo, gerente-geral do canal Futura, apresentou a iniciativa do canal Futura, que hoje tem


Educom como política pública de educação A educomunicação, há muito tempo, vem sendo discutida como um meio de intervenção social que contribui no aprendizado de crianças e adolescentes e tem influenciado na estruturação de políticas públicas. E uma das mesas, mediada pela professora doutora Marilia Franco, foi dedicada a discutir essa questão, pensando a educomunicação nas políticas públicas de educação. Adauto Soares, representante da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), disse que a questão da instabilidade da informação está presente em ambientes de discussão política, vinculos à abordagem da pluralização e democratização dos meios de comunicação, apoio das mídias comunitárias, softwares abertos, apoio às bases de dados livres e tudo que diz respeito ao acesso à informação. Lembrou que a Unesco tem atuado contra a violação dos direitos humanos de jornalistas que sofrem perseguições por conta da falta de liberdade de expressão em sociedades não democráticas. Em seguida, Cintia Boll, do Ministério da Educação, relatou sobre as ações no âmbito escolar, como o Mais Educação – política de educação integral do MEC, utilizando de intervenções educomunicativas –, abordando a questão do protagonismo da juventude em espaços políticos, lembrando a autonomia e autoria que se desencadeiam nesse processo. Já Fernando Almeida, da Secretaria Municipal da Educação, falou sobre a influência dos estudos da educomunicação como uma prioridade na rede de ensino escolar e a necessidade visível de ver a escola como um espaço público e de todos. Criticou o fato de vários grupos julgarem negativamente o sistema escolar, dizendo que poucos se dispõem a contribuir para a sua melhoria.

Formação de professores Um dos painéis do encontro teve como tema principal projetos realizados por professores e equipes interdisciplinares. A professora doutora Regiane Ribeiro, da Universidade Federal do Paraná, expôs projetos relacionados ao uso dos meios de comunicação nas escolas, ao uso do corpo como mídia, o letramento midiático e as contribuições da universidade para a formação de educomunicadores. Outra participação foi da professora doutora Rosane Rosa, da Universidade Federal de Santa Maria, que explicou as parcerias entre a UFSM e atividades como formações de monitores, produção de oficinas e também o Educom-Sul, que busca envolver universidades e coordenadorias em prol da educomunicação. A jornalista Adriana Silvia Vieira, da ONG Cenpec, falou sobre o projeto Plataforma do Letramento desenvolvido pela organização, que conta com entrevistas, oficinas online, dicas letradas, propostas de atividades, oficinas e até mesmo infográficos interativos. Ela também falou sobre os projetos Educarede, Jovens Urbanos e a publicação Ensinar e Aprender disponível em seis fascículos na internet (http://goo.gl/eOZNRr).

Gutierrez de Jesus

uma programação voltada para a formação educacional de crianças e adolescentes em diferentes regiões do Brasil. A palestrante comparou a educação existente no Brasil com a de outros países. Um vídeo trazido por ela mostrou que nem sempre países que têm bom índice de desenvolvimento educacional utilizam-se de práticas educativas que preservem o bem estar dos alunos. Muitos jovens, como na Coreia do Sul relatam suicídios de amigos que não conseguiram suportar a pressão e expectativas geradas na escola e na família.

Professor Ismar de Oliveira Soares media mesa no segundo dia do 5ª Encontro Brasileiro de Educom

*Virajovens presentes em 20 Estados do País e no Distrito Federal

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imagens que viram

O que a vida tem de melhor

Emilia Merlini, do Virajovem Lima Duarte (MG)*

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ssa série de fotos de Ronisch Baumgratz retrata o município de Lima Duarte , em Minas Gerais, na Zona da Mata. A região é rica em águas, abrange o Parque Estadual do Ibitipoca e tem uma grande área rural. Ronim, como Ronisch é conhecido, mostra essa realidade valorizando a beleza nas pequenas coisas: uma praça; o encontro de dois rios (“Esquina”); um dedinho de prosa (literalmente); dois cachorros; uma casa de roça; as águas e os morros. É um convite para a simplicidade, que traz, talvez, o que a vida tem de melhor e mais belo. “Fotografar é como andar, cantar, ter prazer; atitudes que nos permitem transcender a nós mesmos”, ressalta. Ele lembra Heisenberg, segundo quem o observador altera a observação, e conclui que fotografar é, portanto, ser a fotografia... um modo de encontrar-se no que vê.

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*Uma das virajovens presentes em 20 Estados do País e no Distrito Federal

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#nãomerepresenta concessões públicas; 70% da população não sabe que emissoras de TV são 71% é a favor de regras para regulamentar programação veiculada Tulio Bucchioni, da Redação

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ma pesquisa recém-divulgada pela Fundação Perseu Abramo revelou dados interessates acerca da percepção da população sobre os meios de comunicação brasileiros, com destaque para a percepção sobre as emissoras de televisão. Feita pelo Núcleo de Estudos e Opinião Pública (Neop) da fundação, a pesquisa Democratização da Mídia indicou também o avanço da internet como meio principal de acesso à informação sobre o Brasil e o mundo, podendo, em breve, desbancar os jornais impressos – ainda dominantes quando o assunto é acesso à informação. Se considerada a soma de portais, blogs e sites consultados a partir do compartilhamento de outras pessoas nas redes sociais, a internet já ultrapassa os jornais impressos. A pesquisa foi realizada entre o meio de abril e o começo de maio deste ano e ouviu 2.400 pessoas acima dos 16 anos, em áreas urbanas e rurais, em 120 municípios nas cinco regiões do Brasil.

Controle social de conteúdo De acordo com a pesquisa, 70% da população brasileira não sabe que as emissoras de televisão aberta são concessões públicas. Quando questionadas, a maioria das pessoas entrevistadas (60%) afirmou acreditar que as emissoras fossem empresas privadas como “qualquer outro negócio”; no que se refere ao conteúdo veiculado pelas emissoras, 71% dos entrevistados posicionaram-se a favor do estabelecimento de regras para se definir a programação veiculada. O controle social do conteúdo, por meio de um órgão ou conselho capaz de representar a 12

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sociedade foi a opção escolhida pela maioria dos entrevistados para regular a programação da televisão aberta, sendo a resposta escolhida por 46% dos participantes da pesquisa. A auto-regulamentação, que já ocorre atualmente, vem em segundo lugar, sendo preferida por 31% dos entrevistados; por fim, 19% mostraram-se favoráveis a um controle governamental. Para se ter ideia, no caso da publicidade de bebidas alcoólicas, 88% dos participantes da pesquisa aprovam uma mudança na legislação brasileira, sendo que 44% pedem seu banimento da TV ou restrição à “horários noturnos e de madrugada”. Sobre a programação voltada para crianças, 39% dos entrevistados afirmam acreditar que o conteúdo voltado para crianças e adolescentes é negativo para sua formação, enquanto 27% o consideram positivo. Quando o assunto é imparcialidade, apenas 11% não acham que a mídia é imparcial, enquanto 21,9% afirmaram acreditar que a mídia exponha os fatos sem privilegiar um lado. A maioria, no entanto, 65%, relativiza a confiança na “parcialidade e neutralidade” da mídia, ainda que não afirmem categoricamente que a mídia não é imparcial.


Representação na TV No que diz respeito à visão dos entrevistados sobre representação na televisão, isto é, como as brasileiras e brasileiros e a cultura brasileira são retratados, entre outros aspectos, os dados da pesquisa Democratização da Mídia não são menos surpreendentes. A maioria dos participantes da pesquisa, 61%, acredita que a televisão brasileira concede mais espaço para os empresários do que para trabalhadores em sua programação; 44% consideram que o noticiário das emissoras veicula notícias majoritariamente relacionadas com as cidades de São Paulo e Rio de Janeiro. Em termos de diversidade e pluralidade cultural, 54% afirmam que a TV não mostra a variedade do povo brasileiro, sendo que 22% afirmam existir uma verdadeira invisibilidade no que diz respeito à representação de determinados setores da população brasileira. O machismo e o racismo também são evidenciados nas respostas dos entrevistados: para 17%, as mulheres são representadas na TV desrespeitosamente “quase sempre”, enquanto que para 47%, apenas “às vezes”; para 52%, a população negra é menos retratada na televisão do que deveria. A maioria dos entrevistados acredita que a população negra é “quase sempre” representada com desrespeito (49%), enquanto 17% acreditam que apenas “às vezes” negras e negros são representados com desrespeito. Esses dados parecem explicar porque quase a metade dos participantes da pesquisa, 43%, afirmam não se reconhecer na programação difundida pela TV aberta. Apesar da maioria, 88%, assistir à TV aberta diariamente, 25% afirmam se verem retratados negativamente, e 32%, ou seja, apenas pouco mais de um terço, se veem positivamente. Em linhas gerais, 56,7% dos entrevistados acreditam que a abordagem dos problemas do Brasil na televisão é menor do que deveria ser.

pública na sociedade brasileira. “A ausência de audiência na televisão pública, registrada pela pesquisa, mostra que não há uma política de comunicação deste segmento. A televisão pública poderia estar nos ambientes públicos, como aeroportos, hospitais, o que aumentaria sua audiência”, diz Castro. Nesse sentido, a TV pública protagonizaria um papel essencial, capaz de reverter o quadro apontado pela pesquisa e sedimentar a prática educomunicativa, quando se abre espaço para que grupos e coletivos criem seus próprios programas para serem veiculados nas emissoras de televisão do País.

39% acham

que conteúdos voltados para crianças e adolescentes é

negativo

11% não é imparcial apenas acham que a mídia

Direito à comunicação O estudo foi recebido com grande entusiasmo por parte dos defensores do pleno direito à comunicação no Brasil, no dia de seu lançamento em São Paulo. No site da Fundação Perseu Abramo, Daniel Castro, coordenador institucional da fundação, destaca a necessidade de se discutir o papel da mídia

61% acham

que a TV concede mais espaço a

empresários

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galera repórter

Superando limites Conheça o inventor do Mousekey, um software

físicas a escrever, auxilia pessoas com limitações pois ajuda a diminuir movimentos e esforços Adolescentes participantes das oficinas do Mais Educomunicação no CMEB Maria Lygia Andrade Haack, em Esteio (RS)* Fotos: Evelin Haslinger/Virajovem Porto Alegre (RS)*

O

psicólogo Claudio Luciano Dusik é conhecido internacionalmente pelo seu exemplo de superação e pelo seu projeto de mestrado, o Mousekey, um teclado virtual silábico que auxilia pessoas com limitações a escrever e se comunicar. Nascido em Esteio, região metropolitana de Porto Alegre (RS), foi diagnosticado desde a infância com atrofia muscular espinhal, uma doença degenerativa que deforma o corpo e limita os movimentos. Nunca desistiu de seus objetivos e sempre gostou muito de estudar. Encontrou apoio da família e amigos para seguir adiante em busca de seus sonhos. Hoje aos 36 anos, Cláudio já conclui o mestrado em educação na Universidade Federal do Rio Grande do Sul e iniciou recentemente o doutorado na mesma universidade. Sua invenção, que ajuda a diminuir o número de movimentos e esforços necessários para escrever, já é utilizada por mais de 5 mil pessoas que têm limitações físicas em escrever. Para conhecer mais sobre Claudio e sobre o software criado por ele, confira a entrevista que ele concedeu à Vira. Como surgiu a ideia de ser psicólogo? Desde pequeno tive que ir a médicos e a hospitais devido a minha doença. Então, surgiu a vontade de ser

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médico. Como eu fui perdendo os movimentos e tinham coisas que eu não ia conseguir fazer como, por exemplo, uma cirurgia, escolhi a faculdade de psicologia. Como eu não podia ser médico do corpo, resolvi ser médico das emoções e do pensamento. De certa forma, realizei meu sonho, pois como psicólogo fiz atendimentos em hospitais. Depois disso, fui trabalhar na escola, com professores. Hoje estou na Secretaria Municipal de Educação de Esteio e trabalho com a formação dos professores da rede municipal de ensino. Qual a melhor lembrança que você tem da escola? São dos meus colegas. Tive colegas que foram muito importantes para que eu gostasse de estudar e ser uma pessoa feliz. Quando eu ia para a escola, tinha dificuldade de pegar meu caderno, de ir para o pátio, e os meus colegas sempre me ajudaram. Não eram colegas que ficavam debochando de mim. Pelo contrário, eles me levavam para participar das brincadeiras. Sempre inventavam uma maneira de me envolver nas atividades. Essa é a lembrança boa. Se eu não fosse uma criança feliz não ia seguir estudando. Por isso, ajudar os colegas faz toda a diferença. Qual a reação de seus pais quando descobriram que você tinha uma doença degenerativa?


“Depois que minha história apareceu na televisão muita gente me procurou, inclusive pessoas de outros países que se interessaram pelo Mousekey. Hoje não paro. Estou sempre viajando e dando palestras.” (Claudio Luciano Dusik) Meus pais demoraram a descobrir. Nasci um bebê normal, mas, perto do primeiro ano de idade, eu não caminhava e minha mãe me levou ao médico. Ele disse que era normal eu ainda não caminhar e que era para esperar alguns meses. Foi novamente numa ida ao médico, e após fazer uma série de exames, que foi descoberta a doença. Quando meus pais descobriram ficaram muito tristes. Mas minha mãe pensou que mesmo sem que eu pudesse fazer algumas coisas, como correr, poderia ter amigos e estudar, por exemplo. Com isso, minha mãe foi reagindo e levando a vida pra frente. O maior desafio dela foi com as outras pessoas e até mesmo na família. Algumas tias queriam que minha mãe me colocasse numa clínica para que ela não tivesse trabalho comigo, mas não deu ouvido. O que é para você uma pessoa com deficiência? Uma pessoa com deficiência para mim é uma pessoa que desiste das coisas. Tem um monte de gente que caminha, anda e tem o corpo perfeito, mas não quer fazer nada e sempre desiste no primeiro obstáculo que encontra. Se a gente tem alguma dificuldade, e sabe enfrentar isso, faz com que a gente supere a deficiência. Ter covardia é um exemplo de deficiência. Qual o objetivo que você tinha quando criou o Mousekey? Era poder continuar escrevendo. Fiz ele para mim, mas depois vi que eu podia ajudar outras pessoas. Quando eu estava na faculdade foi que a minha mão parou de escrever, mas eu queria continuar estudando. Então eu ia para o computador e tentava aprender uma maneira de tentar escrever. Foi que desenvolvi um programinha para o computador que qualquer pessoa que não movimenta o corpo consegue escrever. Com isso, eu conseguia digitar meus trabalhos. Doei esse software para o governo de graça. Hoje, mais de 5 mil pessoas que não conseguiam escrever agora conseguem. Como o Mousekey é usado? Aparece na tela do computador um desenho de um teclado. Então, ao clicar com a seta do mouse em cima das letras, ele escreve as palavras sozinho. O Teclado Virtual Silábico-Alfabético (Mousekey) possui letras e padrões silábicos em torno de cada letra. Foi elaborado com o objetivo de possibilitar a escrita de pessoas com dificuldades motoras, por meio do computador. Com o mouse ou outro equipamento, o usuário seleciona as famílias de letras para

formar as palavras. Isso diminui o número de movimentos e esforços necessários para escrever. Como fazer para outras pessoas terem acesso ao software? Pode digitar no site Google a palavra “Mousekey” e ver quais sites disponibilizaram ele para baixar , ou buscar no site da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) em http://goo.gl/6XP8CF. Qual mensagem você deixa para os jovens de hoje? Para a gente nunca desistir dos sonhos e objetivos. Quando a gente não desiste vai ficando cada vez mais forte para vencer outros obstáculos que vão surgindo ao longo de nossas vidas. A gente tem que acreditar nos nossos sonhos e buscar maneiras para realizá-los. Se não dá de uma maneira, tem que tentar de outra. Ser persistente!

Adolescentes participantes do Mais Educomunicação durante entrevista com Claudio Dusik

*Uma das virajovens presentes em 20 Estados do País e no Distrito Federal * Mais Educomunicação, iniciativa da Rede Nacional dos Adolescentes e Jovens Comunicadores (Renajoc), que recebe apoio do Instituto C&A.

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como se faz!

Fotonovela É possível compartilhar informações por meio de uma história em quadrinhos com personagens reais; sem contar que é bem divertido se envolver na produção

Rafael Silva, da Redação

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ossivelmente você já deve ter ouvido a frase de que “uma imagem vale mais que mil palavras”. Quanto à verdade sobre isso, muitas linhas de discussões divergem ou concordam com a afirmação. O fato é que uma imagem, se bem tirada, realmente consegue ser mais atraente do que este texto, por exemplo. Mesmo porque, às vezes, ela contempla inclusive pessoas não alfabetizadas ou com pouca prática de leitura. Mas a proposta deste Como se Faz não é excluir o texto por completo, mas usálo, ainda que pouco, com imagens, criando uma fotonovela. No Brasil, a fotonovela foi muito utilizada nas revistas femininas entre os anos 1950 e 70, com narrativas apresentadas em capítulos, que terminavam em algumas edições seguintes. Hoje com a internet, é possível encontrar uma variedade de fotonovelas, desde comédias a romances. E é uma ótima sugestão de lambe-lambe (aqueles cartazes espalhados nos postes e muros) para divulgar alguma ideia ou chamar a galera para um evento, sem contar que é divertido pensar e fazer toda a produção do material. A turma de adolescentes e jovens que participam das formações em educomunicação da Agência Jovem de Notícias, projeto da Viração em São Paulo, usou essa linguagem para contar diferentes histórias em uma das oficinas. Um dos resultados você confere na página ao lado.

Passo a passo 1. Junte-se com os amigos, prepare um roteiro sobre a história que desejam contar, com começo, meio e fim. Escrevam as falas dos personagens e a descrição de cada cenário. Pensem nas pessoas que irão fazer cada personagem, convide a galera que gosta de interpretar. Uma dica é desenhar cada quadro com os personagens e suas falas para servir de orientação; 2. O passo seguinte é preparar o cenário para cada foto. Observe a luz do local, pois isso irá garantir a qualidade da imagem. Pense com seus amigos a roupa que cada um vai usar. Use a criatividade para criar figurinos com o que vocês já possuem; 3. Comece a fazer as fotos. Do mesmo quadro, é sugerido tirar mais de uma, pois assim terá a opção de escolha depois. Alguém do grupo deverá “dirigir” as poses dos participantes e garantir uma continuidade da foto anterior; 4. Descarregue as fotos no computador e escolha as que acharam mais interessantes. Depois utilize um programa de edição de fotos para juntá-las no mesmo arquivo, dando uma sequência nas imagens, como numa história em quadrinhos; 5. No mesmo programa de edição, vá à opção de inserir texto na foto e comece a incluir, em cada imagem, a fala dos personagens correspondente ao quadro. É legal deixar todas as fotos com algum texto (eles devem ser curtos), pois isso faz com que o leitor passe por todo o seu trabalho; 6. Finalizado, você pode ou postar a fotonovela nas redes sociais, no blog ou mesmo imprimir para espalhar na escola ou fazer um lambe-lambe na sua rua. Boa diversão!


Muitos dos casos de pedofilia se iniciam via internet. Para combater isso, é preciso que os pais deem as informações e proteção necessárias para seus filhos. Pais antenados é sinônimo de presente e futuro mais felizes e, também, mais seguros.

família antenada

Caique, Carolina Rosa Fabricio, Maria Nascimento, Évellyn Ferreira, Igor Franceschi Pires Bueno

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capa

Desprotegidos nanceira, adolescentes Pelo sonho de conquistar a liberdade fi se submentem a trabalhos informais que desrespeitam as leis,

deixando de lado direitos fundamentais nessa etapa da vida

DiCastro

Jéssica Delcarro, do Virajovem Pinheiros (ES)*; Elisangela Nunes e Rafael Silva, da Redação; Ana Costa Silva, Caterine Soffiati Cabral e Kelly Cristina, adolescentes comunicadoras da Agência Jovem de Notícias, de São Paulo (SP)

N

o final de setembro, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) de 2012 que mostra uma redução significativa no número de crianças e adolescentes, entre 5 e 17 anos, trabalhando no Brasil. A queda foi de 0,3 ponto percentual, ou 156 mil pessoas a menos, mantendo a tendência de diminuição dos anos anteriores. Entre os que trabalham – atualmente são 3,5 milhões de crianças e adolescentes – a maioria está na faixa etária entre 14 e 17 anos – 2,96 milhões –, o que mostra que a “cultura do mundo do trabalho” na adolescência é assunto que rende muita história e diferentes pontos de vista, já que entre essa galera impera o entendimento de que trabalhar é a chance de conseguir independência financeira, respeito da família e alcançar sonhos e objetivos. Na definição do estudioso Xico Lara, no livro de sua autoria Trabalho, Educação, Cidadania, “o trabalho significa ao mesmo tempo produção de conhecimento, exercício da cidadania, reconstituição das forças criativas e produtivas da comunidade”. Mas na prática, pelo que se vê, o trabalho juvenil não é necessariamente algo prazeroso e educativo, nem que respeita as leis. Na maioria dos casos, para o adolescente, o ‘trampo’ é de baixa qualidade, chato e explorador. E isso pode ter ralação com a pressa de se inserir no mercado, gerando a construção de uma carreira profissional pouco promissora, como aponta o estudo


Fotos: Jéssica Delcarro

Trabalho Decente e Juventude no Brasil, elaborado pela Organização Internacional do Trabalho (OIT) junto com o Conselho Nacional de Juventude (Conjuve). No dia a dia, muitos adolescentes e jovens, pressionados pela sociedade “para conquistarem a independência”, precisam, às vezes, abandonar os estudos para ingressar no mundo do trabalho, que, sem muitas escolhas, aceitam um emprego informal (sem Carteira de Trabalho assinada) em empresas que desrespeitam a Lei da Aprendizagem, criada para garantir a proteção do jovem trabalhador. A lei determina que todas as empresas de médio e grande porte contratem um determinado número de aprendizes para o seu quadro de colaboradores. Podem participar da Lei da Aprendizagem adolescentes a partir dos 14 anos e jovens até os 24 incompletos, que devem estar matriculados em instituições de ensino fundamental, médio ou técnico profissional conveniadas com a empresa. Entre as garantias estabelecidas, a jornada de trabalho não deve ser superior a seis horas diárias quando o aprendiz está na fase escolar, garantindo, dessa forma, que ele exerça as atividades sem comprometer os estudos. É o caso do Victor, de 16 anos, que teve de começar a dividir seu tempo de escola e lazer (garantidos pelo Estatuto da Criança e do Adolescente – ECA) com o a rotina de um emprego. “É difícil conciliar os estudos com o trabalho, principalmente quando a demanda das atividades escolares é maior e quando há, no trabalho, muitas entregas a fazer”, diz ele que atua como officeboy desde os 15 anos em uma empresa de seguradora. Segundo Victor, que optou pelo emprego porque queria ter seu próprio dinheiro para a compra de roupas, a visão que a família tem sobre ele mudou. “Sou visto como alguém responsável”, conta o jovem, que não quis dizer seu sobrenome. Um estudo divulgado pelo Ministério do Trabalho e Emprego, em setembro de 2011, mostra que apenas 262,9 mil aprendizes estavam no mercado de trabalho naquele ano. Se a regra estivesse sendo cumprida corretamente, cerca de 1,5 milhão de aprendizes deveriam estar ocupados. Vale lembrar que nos dados do Pnad há 2,96 milhões de adolescentes trabalhando. Essa maioria, descoberta pela lei, deixa de garantir todos os direitos trabalhistas e previdenciários previstos, além do próprio salário mínimo. Outra possibilidade para quem deseja encarar a vida profissional é tentar um programa de estágio, que permite ao estudante desenvolver uma atividade educativa e profissionalizante dentro do ambiente de trabalho de uma empresa, sempre supervisionado. Para

No Espírito Santo, criança de dez anos faz frete com carrinho de mão para ajudar a mãe em casa

isso, o adolescente precisa estar matriculado na escola (ensinos fundamental, médio ou técnico) e a empresa ter uma parceria com essa instituição de ensino. Entre as partes (estudante, empresa e escola) um termo de compromisso é assinado e, apesar não configurar como vínculo empregatício, o estagiário passa a ter direito a benefícios como férias, seguro contra acidentes pessoais e a possibilidade de bolsa-auxílio ou outra forma de contraprestação. Diferente de Victor, o adolescente Henrique Paes, de São Paulo, diz que consegue dividir sua rotina entre escola, futebol, skate e “trabalho por prazer”. Ele conta que às vezes tem vontade de atuar como DJ, então se oferece ao pai, profissional da área, para faturar uma grana. Mas é categórico ao defender: “O estudo vem em primeiro lugar. Esse é o momento (adolescência) de estudar para conseguir mais tarde um trabalho melhor, ter a possibilidade de fazer intercâmbio”, exemplifica.

Piores formas Sob o forte sol de Pinheiros, no interior do Espírito Santo, Pedro (nome fictício), de 10 anos, fica de plantão todos os sábados na feira municipal da cidade, aguardando ser chamado por alguém para que ele possa fazer um frete. Com um carrinho de mão, o garoto leva as compras das pessoas até os endereços indicados por elas em troca de dinheiro. “Chego a ganhar de 25 a 30 reais por dia e esse dinheiro dou para minha mãe guardar. Ela junta para comprar coisas para mim, como tênis, roupa, cadernos e outros materiais escolares”. Convicto de que faz algo correto, ele descarta a opção de deixar o Revista Viração • Ano 11 • Edição 100

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Crianças que trabalham nas ruas ficam expostas à perigos como: violência, drogas e tráfico de pessoas

‘emprego’. “Eu gosto de pegar frete. Se eu não estivesse nisso, iria trabalhar com outra coisa”, afirma. Além dos acidentes de trânsito, ao trabalhar na rua, Pedro fica exposto à violência, drogas e ao tráfico de pessoas, como consta na Lista das Piores Formas de Trabalho Infantil (Lista TIP). Seguindo sugestão da Organização Internacional do Trabalho (OIT), a Lista TIP foi criada pelo Brasil, a partir de um decreto presidencial, em 2008 e traz 89 atividades consideradas perversas para serem desempenhadas por uma criança ou adolescente. A lista aponta ocupações nos mais variados setores e serviços, seja no campo ou nos centros urbanos, e descreve os riscos e consequências que esse público está sujeito ao se submeter a essas atividades. Entre os itens, estão desde a extração de pedras e argila até a exploração sexual, que atinge principalmente as meninas. 20

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Para tentar fiscalizar e dar fim a essa situação, o ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome tem feito um trabalho de sensibilização entre os possíveis “clientes” dessa prática indo aos locais onde há maior número de casos denunciados, como disse à Vira a ministra da pasta, Tereza Campello, durante a etapa nacional da 3ª Conferência Global sobre Trabalho Infantil, ocorrida em agosto. “A exploração de crianças e adolescentes é considerada umas das piores formas de trabalho infantil, e esse tipo de situação a gente combate dando apoio e proteção a esses jovens, mas também responsabilizando criminalmente quem os coloca nessa situação. Certamente, os jovens não fazem isso por sua conta e risco. Para acabar com situações que envolvem a exploração de jovens nas estradas, ações têm sido desenvolvidas junto com os próprios caminhoneiros, nos postos de gasolina, e com os policiais federais, que tem dado uma atenção especial a esse tipo de ação”, disse a ministra. Outro desafio a ser enfrentado é o trabalho no campo, atividade também ilegal e que, geralmente, envolve os familiares desses jovens, que entendem estar transmitindo um ofício a eles. Como estão ligadas a cadeias informais ou a espaços onde não é permitida a fiscalização, essas atividades constituem um grande desafio nas ações de erradicação. No campo, há trabalhos na colheita, lavoura de fumos, abatedouros. Enfrentando extensa carga horária e fazendo esforços físicos, as crianças e adolescentes utilizam ferramentas como facões e outros instrumentos de corte. Levantamento da OIT aponta que 60% da população entre 5 e 17 anos que trabalhava em 2008, em todo o mundo, estavam na agricultura. “No Brasil, apesar de ter tido diminuição no número de crianças e adolescentes em situação de trabalho, parte das 3,5 milhões que estão em atividade se concentra em áreas como o campo”, conta Laís Abramo, diretora da Organização Internacional do Trabalho (OIT), em entrevista também durante a etapa nacional da 3ª Conferência Global. A jovem Nadja Santos, de 19 anos, moradora de São Paulo, não precisou passar por nenhuma das situações descritas acima, mas compreendeu bem como foi ruim ter de trabalhar antes de entender que era o momento certo. Ela precisou abandonar os planos de cursinho de inglês e curso técnico para ingressar no mercado de trabalho para ajudar a mãe quando tinha 16 anos. “Quando eu falava para as pessoas que eu estava triste porque precisava ajudar minha mãe no sustento da casa, ninguém entendia”, lembra, ao contar como se portava nas entrevistas de trabalho. “Foi bem difícil, tanto que foi minha mãe que conseguiu o meu primeiro emprego como balconista em uma padaria”.


Desafios No estudo Trabalho Decente e Juventude no Brasil, ao falar de trabalho adolescente decente, a OIT “propõe uma reflexão não apenas sobre suas oportunidades de obter uma ocupação de qualidade, como também sobre as suas possibilidades de transição no mercado de trabalho, ou seja, de construção de percursos diferentes para trajetórias ocupacionais futuras”. E a escola possui papel fundamental nesse processo, mas é necessário ser reinventada, sendo um espaço mais significativo e atrativo para os adolescentes e jovens, os orientando e preparando para a vida futura. Especialistas também citam o fortalecimento dos programas de transferências de renda serem ligadas a ações de ensino profissionalizantes como forma de alertar e orientar a juventude que decide entrar no mundo do trabalho. Na internet, você pode conhecer algumas propostas de ações e políticas pensadas para colaborar com o jovem na busca de um trabalho mais qualificado, no Plano Nacional de Trabalho Decente para a Juventude, feito pelo governo federal e a OIT. Para acessar, entre em http://goo.gl/ dHmi1X. A ministra Tereza Campello lembra que não é errado o adolescente querer trabalhar, no entanto ele deve se informar sobre as leis que lhe garantem direitos como a continuidade dos estudos. “É legítimo que o jovem queira construir sua trajetória. Porém, muitas vezes, não tem acesso a informações ou as alternativas de trabalho em condições legais que poderiam proporcioná-lo a realização de suas metas”, ressalta.

Sem trabalho infantil e pelo trabalho adolescente protegido A campanha colaborativa É da Nossa Conta 2013 busca incentivar o envolvimento da sociedade nos debates sobre o trabalho infantil e o trabalho adolescente protegido. O foco das ações tem atenção especial aos grandes eventos que o Brasil está realizando, apresentando os cenários, de oportunidades e riscos, que se abrem nesse contexto. Para isso, as diversas organizações que atuam na campanha produzem peças de comunicação e utilizam as redes sociais, como o Facebook, para promover discussões, fóruns, compartilhar notícias e propor ideias de como ajudar na erradicação dos casos de trabalho infantil ilegal e adolescente desprotegido. Em agosto, também foi realizado o 4º Encontro Internacional contra o Trabalho Infantil, evento em São Paulo que reuniu especialistas, adolescentes e defensores de direitos da América Latina para compartilhar as experiências bem sucedidas de redução do trabalho infantil em diferentes países e contribuir com as discussões da 3ª Conferência Global sobre Trabalho Infantil (confira no quadro da próxima página). Iniciativa da Fundação Telefônica Vivo em co-parceria com o UNICEF e a OIT, a campanha também conta com a participação da Cidade Escola Aprendiz, Cipó, Fundação Vanzolini, Ceats, Repórter Brasil e da Viração, que facilita a mobilização com adolescentes. Para participar, você pode curtir a página www.facebook.com/ redepromenino, seguir o perfil no Twitter @promenino e usar a hashtag #semtrabalhoinfantil. As notícias podem ser lidas no www.promenino.org.br.

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ro au ri

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Como objetivo de discutir os avanços no combate à exploração de mão de obra de crianças e adolescentes e os desafios para a eliminação das piores formas de trabalho infantil no mundo, o Brasil recebe neste mês de outubro delegações de 193 países para a 3ª Conferência Global sobre Trabalho Infantil. O encontro, que acontece em Brasília (DF), é estruturado em grandes plenárias e painéis temáticos, conta com o apoio da OIT e reúne em seu comitê executivo os ministérios do Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS), do Trabalho e Emprego (MTE) e das Relações Exteriores (MRE). São esperadas cerca de 1,5 mil participantes, entre especialistas na área de direitos humanos, representantes da sociedade civil e membros dos governos dos países representados que, juntos, vão debater as formas de eliminar as piores formas de trabalho infantil até 2016. O Brasil será o segundo país a receber a conferência, até então realizada na Holanda em 1997 e 2010. A Viração também estará nesse evento facilitando a cobertura educomunicativa e a participação de adolescentes brasileiros. Para conferir as notícias, acesse www.agenciajovem.org.

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Brasil realiza 3ª Conferência Global sobre Trabalho Infantil

tá na mão Presenciou alguma situação de trabalho infantil ou adolescente desprotegido? Comunique ao Disque 100!

*Virajovens presentes em 20 Estados do País e no Distrito Federal

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Juventude amazônica: dando asas à comunicação Projeto de comunicação utiliza novas tecnologias para demandas das comunidades da Amazônia brasileira

potencializar

Breno Mendes, Débora Ribeiro, Diego Teófilo e Patrícia Cordeiro, do Virajovem Belém (PA)*

Democratização Boa parte das cidades da Amazônia Brasileira não é atendida por muitas políticas governamentais em execução no País, o que faz com que suas populações fiquem vulneráveis no acesso a bens, serviços e equipamentos públicos, mantendo inalterado um quadro de pobreza e de desigualdade social nesta região, com forte influência sobre as gerações mais novas. Frente a este cenário, é necessário construir alternativas que conquistem os jovens para

Divulgação do projeto em uma rádio comunitária

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Fotos: Débora Ribeiro

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ada vez mais conectados, os jovens aproveitam as possibilidades abertas pelas novas tecnologias para aperfeiçoar o processo comunicativo. Com apenas uma “curtida” ou um “retweet”, os navegadores da internet são capazes de compartilhar ideias e ultrapassar barreiras físicas e territoriais que antes pareciam intransponíveis à maioria da população. Pensando em utilizar essas ferramentas, com foco na transformação social, o Instituto Universidade Popular (Unipop), com o apoio do Oi Futuro, por meio do Programa Oi Novos Brasis, lançou o projeto Jovens Comunicadores da Amazônia: democratizando o acesso à informação. Nos últimos cinco anos, mobilizações de jovens têm trazido reivindicações para fortalecer a democracia: mais saúde e educação, proteção aos direitos humanos, mais emprego e qualidade de vida, erradicação da fome e da miséria, mais respeito ao meio ambiente, participação popular nas decisões, combate ao autoritarismo e à corrupção. Muitas vezes, porém, essas demandas juvenis, sobretudo as da periferia, não ganham visibilidade. Para fazer frente a essa realidade, o projeto pretende utilizar as novas tecnologias da informação e comunicação (NTIC’s) para potencializar as mobilizações da juventude pelo direito à cidade e transformar a realidade local.


caminhos distantes da violência, das drogas e da exploração sexual, através de políticas públicas, acesso ao conhecimento, educação socioprofissionalizante, assim como trabalho em rede e o fortalecimento de projetos sociais que criem oportunidades para reverter este quadro. Outro elemento importante para o desenvolvimento da cidadania é o papel dos meios de comunicação e da cobertura da imprensa. Nesse sentido, a Unipop entende que o projeto Jovens Comunicadores da Amazônia é um passo para a democratização dos meios de comunicação e da informação, uma vez que pretende utilizar as ferramentas comunicacionais para potencializar as demandas das comunidades, construindo uma nova cultura política de participação cidadã.

Como funciona O Projeto é uma iniciativa da Unipop por meio do “Programa Juventude, Participação e Autonomia (JPA)”, que ao longo de 12 anos vem desenvolvendo uma série de atividades com as juventudes de diversos bairros da Região Metropolitana de Belém, Marabá e Santarém. Num primeiro momento, o projeto realizará cursos com formação teórica e prática na área da educomunicação e formação política socioambiental, com foco nos direitos humanos e sociais. A ideia é que os 40 jovens da Região Metropolitana de Belém que serão alcançados pelo projeto possam se apropriar das NTIC’s para registrar, retratar e transformar socialmente a sua realidade. Após esta etapa, os jovens serão inseridos em processos de incidência política e participação em redes, grupos, fóruns, entre outros espaços, como a Rede Nacional de Adolescentes e Jovens Comunicadores (Renajoc) e a Rede Ecumênica de Juventude (Reju). “É uma oportunidade de suma importância para os adolescentes e jovens com os quais trabalhamos, pois além de ser um curso que tem uma linguagem muito atrativa, temos a possibilidade de desvelar a compreensão sobre o papel da imprensa e contribuir na formação política de adolescentes e jovens moradores de bairros periféricos da Região Metropolitana de Belém para um exercício protagônico, crítico e ético de cidadania”, afirma Patrícia Cordeiro, coordenadora do projeto.

Planejamento do curso de comunicação popular

Aula inaugural do curso de Comunicação Popular

*Virajovens presentes em 20 Estados do País e no Distrito Federal

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quadrim

Um “clube” que marcou a história da MPB

Nobu Chinen, crítico de quadrinhos

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ra uma vez uma esquina. Mais precisamente, a das ruas Divinópolis e Paraisópolis, em Belo Horizonte, Minas Gerais. Lá, nos idos dos anos 1960, um grupo de rapazes, mal saídos da adolescência, costumava se reunir para conversar, cantar e tocar violão. Os membros desse grupo, batizado informalmente de Clube da Esquina, compartilhavam ideias, composições e sonhos. Passavam as noites ali, incomodando um pouco a vizinhança, mas se preparando para um futuro que nem eles mesmos poderiam imaginar que seria tão grandioso. Anos mais tarde muitos deles viriam a se tornar alguns dos nomes mais expressivos da música popular brasileira (MPB) de todos os tempos, como Lô Borges, Marcio Borges, Beto Guedes, Fernando Brant, Toninho Horta, Wagner Tiso e, o mais famoso, Milton Nascimento. A trajetória desse grupo de artistas e da amizade que os uniu é contada no álbum Histórias do Clube da Esquina, com roteiro e desenhos de Laudo Ferreira e arte-final e cores de Omar Viñole. A história narra desde as primeiras reuniões do “clube”, como eles foram se conhecendo e das viagens e passeios que fizeram juntos. Há informações preciosas como algumas das fontes de inspiração para as canções que

compunham. Até o resistente jipe em que viajavam por estradas mal conservadas mereceu uma música em sua homenagem. O livro também aborda a consagração nos palcos e, embora cada um tenha seguido seu rumo individualmente, eles formavam parcerias nas composições, nos arranjos e em participações nos trabalhos dos outros. A opção de Laudo de construir a história com diversos depoimentos dos próprios personagens foi uma solução muito boa que preserva um tom mais pessoal, como uma conversa em família, em que cada um se recorda de uma passagem e vai dando sua contribuição para a narrativa, tornando-a mais completa e mais interessante. Por que é legal ler? A história é entremeada com várias passagens curiosas e fatos engraçados vividos pelos personagens e que enriquecem muito a trama.

Por que é importante ler? A música é uma das mais importantes manifestações artísticas de um povo ou de um país. Conhecer a história por trás de alguns dos principais expoentes da MPB é uma forma de saber mais sobre a própria cultura brasileira.

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Para ler e refletir O álbum, mais do que um relato sobre a origem da carreira musical de vários artistas, conta a história de um grupo de amigos, cada um deles influenciando, apoiando e colaborando com os demais. É a velha história: dize-me com quem andas...


Espaço de encontros e descobertas Carolina Lemos Coimbra* Diversas outras práticas foram sendo feitas, se aperfeiçoando e se espalhando, com outras várias “capas” com nomes de projetos. A cada capa, o livro e seu conteúdo foram mudando e eu me transformando nessas relações, nesses encontros e descobertas e os adolescentes e adultos em seus espaços de convívio também. E com isso, a realidade em torno do Direito à Comunicação no Brasil foi também se transformando, com essas práticas como exemplo concreto de possibilidades, de espaços para as vozes não ouvidas, de caminhos a serem percorridos. E com um outro bater de porta um dia eu saí do espacinho da Vira, que já era um espação (com lugar para oficinas e muito mais!) e fui fazer outros caminhos que continuam se cruzando deliciosamente com os da Vira. E a Viração continua entrando na vida de outras pessoas e contribuindo para que as práticas educomunicativas as transforme, como fez com a minha.

Natália Forcat

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eorias são importantes, agora colocar a “mão na massa” e fazer na prática elas acontecerem é tornar realidade nossos pensamentos, ideias, ideais, sonhos e desejos. A Viração começou assim e continua sendo um espaço de encontros e descobertas de práticas educomunicativas, de ações com pessoas, com gente como a gente, fazendo no dia a dia a interrelação educação e comunicação acontecer de fato. E foi assim que ela entrou na minha vida. Com 21 anos, recém-saída da faculdade de Jornalismo e de um projeto de jornal mural e impresso com adolescentes internos da Febem (atual Fundação Casa), procurava ansiosamente por gente fazendo educomunicação para aprender e fazer junto. Estava encantada com essa possibilidade. Uma amiga me envia um site, eu vejo que o projeto fica em São Paulo e lá vou eu bater na porta, literalmente. Um espacinho bem pequeno na Rua Fernando de Albuquerque e com gente com tantos sorrisos, braços e corações abertos. Um monte de adolescente sentado em roda fazendo a revista. E foi assim que descobri a Viração...e que ela me levou a conhecer professores, diretores, coordenadores pedagógicos e alunos de escolas públicas ansiosos e animados em se escutarem, em se conhecerem mais, em transformar e se comunicar por meio do Projeto Jornal Mural na Escola. A Vira me levou para a região oeste de São Paulo, conhecer jovens em busca do primeiro emprego e que, no Consórcio Social da Juventude, tiveram a oportunidade de produzir um jornal feito totalmente por eles, com suas questões transpirando em cada palavra, foto e desenho. Nas agências jovens de notícia pelo Brasil afora, incontáveis entrevistas, rádios ao vivo, fanzines, jornais murais e movimento foram surgindo e chacoalhando nosso País.

* Carolina Lemos Coimbra ama educação e comunicação e tudo o que essa inter-relação cria de possibilidades na vida.

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Sou jovem e agora tenho direitos institucionaliza a garantia Dilma sanciona Estatuto da Juventude, documento que de direitos e de participação da população que corresponde a 25% do Brasil Evelin Haslinger e Joaquim Moura, do Virajovem Porto Alegre (RS), e Maria do Socorro, do Virajovem Maranhão (MA)*; com informações da Agência Brasil

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á nove anos tramitando no Congresso Nacional, a presidenta Dilma Rousseff sancionou o Estatuto da Juventude, documento que estabelece direitos para a população que tem entre 15 e 29 anos e corresponde a mais de 51 milhões de pessoas. Essa conquista representa o reconhecimento do jovem como um sujeito de direitos que demanda políticas específicas. O Estatuto da Juventude é fruto de uma trajetória de trabalho e participação ativa dos jovens e da sociedade civil organizada que luta por direitos humanos e sempre criticou o governo federal por não ter criado, até então, políticas específicas a esse segmento da população. O documento final traz propostas saídas da 2ª Conferência Nacional de Juventude, realizada em 2011, e faz com que novos direitos sejam assegurados pela legislação, como os direitos à participação social, ao território, à livre orientação sexual e à sustentabilidade. A organização de políticas da juventude e criação de espaços para ouvir os jovens, bem como a criação de conselhos estaduais e municipais, agora são obrigatórios. Durante a cerimônia de sanção, realizada em 5 de agosto, em Brasília (DF), a presidenta também assinou o decreto de criação do Comitê Interministerial da Política de Juventude. No evento, Dilma falou sobre a importância de se combater a violência contra os jovens negros e pobres. “Temos que construir dentro do Estatuto da Juventude essa questão, a questão da violência contra mulheres e homens negros e pobres. Esse pacto, como todos os pactos importantes, é baseado numa visão de que o que compromete qualquer processo no Brasil é a desigualdade. Então, é um pacto pela igualdade, por mais oportunidades, para garantir maior participação. É um pacto fundado em

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valores éticos e na certeza de que nosso País tem como foco principal suas crianças e seus jovens”. Presidente do Conselho Nacional de Juventude (Conjuve), instância que formula e propõe políticas públicas, Alessandro Melchior destacou a participação dos jovens nas ruas durante os protestos que tomaram conta do País, mas criticou a violência na repressão policial nesses eventos. “Agora as ruas pedem mais, mais direitos, mais liberdade e mais democracia. Não conseguiremos materializar os direitos dos jovens sem falar nas recentes e violentas repressões”, disse Melchior. Para Alex Pamplona, membro do Conjuve pela cadeira da Rede Nacional de Adolescentes e Jovens (Renajoc), a aprovação do Estatuto institucionaliza definitivamente a política pública de juventude. “O que antes era tratada como ação, às vezes pontual de governo, agora será garantida pelo Estado brasileiro, nos âmbitos federal, estadual e municipal. Agora as juventudes do Brasil se apoiam em dois marcos legais importantíssimos na garantia de direitos: A PEC da Juventude – que inclui o termo Juventude na Constituição Brasileira e o Estatuto dos Direitos da Juventude – que dispõe sobre os direitos e deveres das juventudes”. Secretária-geral do Conselho Municipal de Juventude de São Luís (MA), Daiana Silva Gomes também segue nessa linha de entendimento: “Temos um instrumento legal de cobrança das autoridades do executivo e legislativo. Ter as políticas definidas prioritariamente para as juventudes brasileiras, no qual a União, os Estados e municípios são responsáveis pelo desenvolvimento juvenil, é um marco na democracia brasileira. Queremos que as proposições de políticas públicas sejam tiradas do papel e se materializem de maneira inclusiva na vida dos jovens”.


Comunicação assegurada

Linha do tempo

Entre os artigos que constam no Estatuto, o direito à comunicação é um dos pontos assegurados. A seção É criado o Conselho Nacional de 26 garante ao jovem o “direito à comunicação e à Juventude (Conjuve) e a Secretaria Nacional livre expressão, à produção de conteúdo, individual e de Juventude, dando início no País a um novo colaborativo e ao acesso às tecnologias de informação momento para os jovens com a implementação da e comunicação”. Já o artigo 27 estabelece um conjunto Política Nacional da Juventude (PNJ); de medidas que devem ser adotadas pelo poder público para a efetivação desse direito, que incluem Acontece a primeira Conferência “incentivar programas educativos e culturais voltados Nacional de Juventude, que cria um documento para os jovens nas emissoras de rádio e televisão e nos com 70 resoluções e 22 prioridades que deveriam demais meios de comunicação de massa”; “promover a nortear as ações governamentais para a juventude; inclusão digital dos jovens, por meio do acesso às novas tecnologias de informação e comunicação”; “promover Aprovada a Proposta de Emenda as redes e plataformas de comunicação dos jovens”, Constitucional nº 65, a PEC da Juventude, que insere “incentivar a criação e manutenção de equipamentos o termo “jovem” no capítulo dos direitos e garantias públicos voltados para a promoção do direito do jovem à fundamentais da Constituição, assegurando direitos comunicação”; e “garantir a acessibilidade à comunicação da população entre 15 e 29 anos; para os jovens com deficiência”. O coordenador estadual de Juventude do Rio Grande Após nove anos em tramitação no do Sul, José Fagundes, lembra que os artigos por si só Congresso Nacional, Estatuto da Juventude é não passam de texto em papel. “Lamentável que uma aprovado e sancionado pela presidenta da República. das questões tão fundamentais para a sociabilidade e desenvolvimento humano tenha demorado para figurar como direito a ser assegurado pelo Estado a sua juventude. Os artigos 26 e 27, que tratam mais especificamente sobre a comunicação e à livre expressão, ainda são vagos e pouco detalhados, mas representam um avanço no sentido de que buscam a superação desse modelo midiático, que a serviço do mercado, trata a juventude como mera espectadora, que Alessandro Melchior, presidente do cria e impõe estereótipos Conjuve, durante a cerimônia de sanção da juventude brasileira, ora do Estatuto pela presidenta Dilma exaltada por seu alto potencial de consumo, ora criminalizada por sua cor e classe social”. Para Fagundes, garantir a efetivação do direito à comunicação na forma que nos interessa depende ainda de muita Confira na íntegra o Estatuto mobilização e luta social.

2005 -

2008 -

2010 -

Valter Campanato/Abr

2013 -

tá na mão

da Juventude, lei nº 12.852 http://goo.gl/KUK0M1

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no escurinho

Ecos de 1968 Fotos: Divulgação

Sérgio Rizzo*

E

m Os Sonhadores (2003), inspirado em romance do escocês Gilbert Adair (1944-2011), o diretor e roteirista italiano Bernardo Bertolucci (o cineasta de Último Tango em Paris, O Último Imperador e Beleza Roubada, entre outros) recria as revoltas estudantis de maio de 1968, em Paris. Na trama, que provocou intensa polêmica à época do lançamento, um jovem norte-americano (Michael Pitt) conhece dois irmãos franceses (Eva Green e Louis Garrel) durante os protestos contra a demissão de Henri Langlois (1914-1977), um dos fundadores da Cinemateca Francesa e seu diretor por mais de 30 anos. Esse período histórico foi revisitado pelo recente Depois de Maio. Embora seja ambientada em 1971, em uma pequena cidade da França, a trama do filme – escrito e dirigido pelo francês Olivier Assayas, do longa-metragem Horas de Verão e da minissérie de TVCarlos – sugere que o espírito revolucionário de 1968 continuava a pairar no ar três anos depois. Os personagens principais são estudantes secundaristas que militam em organizações de esquerda e participam de protestos fortemente reprimidos pelas autoridades, fazendo da escola (e de toda a cidade) um palco de batalha política. Adolescente no início dos anos 1970, Assayas recorre a elementos autobiográficos para fazer a reconstituição de época. No Brasil, o lançamento do filme coincidiu com as manifestações que vêm tomando as ruas de inúmeras cidades, repletas de jovens com a mesma idade dos personagens de Depois de Maio. Ver o filme e depois discuti-lo pode ajudar a conhecer não apenas o significado histórico de 1968, na França e em diversos outros países, mas também a refletir sobre o que move tantos jovens brasileiros neste agitado 2013.

Cena do filme Depois de Maio, do diretor francês Olivier Assayas

*www.sergiorizzo.com.br

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que figura!

Escritora do erotismo entre mulheres Nas palavras de Jorge Amado, Cassandra Rios foi “uma grande romancista, ignorada por preconceito”

Jéssica Delcarro, do Virajovem Pinheiros (ES)*

“Mãos dadas! Tu e eu! Sempre de mãos dadas! Fizemos amor assim! Sentimos o gozo percorrer nossos corpos entre arrepios que surgiam da palma das nossas mãos unidas, dedos entrelaçados! Viste, amor! Isso é a electrostática da alma!” Cassandra Rios

Novaes

C

onhecida por falar em seus livros com liberdade e muita sensualidade sobre assuntos muito polêmicos para sua época, como a homossexualidade feminina, o erotismo entre mulheres, as relações entre sexo, religião, política e cultos umbandistas, Cassandra Rios foi uma das autoras mais vendidas nos anos 60 e 70. Em São Paulo, no ano de 1932, nascia Odete Rios, uma mulher a frente do seu tempo, que em 1948 adota o nome de Cassandra Rios e publica o livro o A volúpia do pecado, grande sucesso de vendas. Cassandra Rios tornou-se a pioneira da literatura homossexual no País e manteve-se como a principal autora do gênero. Suas obras foram uma das mais perseguidas pela censura durante a ditadura militar (19641985), que não admitia o erotismo presente em sua obra, considerada pornográfica. Seus livros eram considerados um atentado à moral pelos setores mais conservadores da cultura da época. Por isso, em 1976, 33 dos 36 livros que havia publicado estavam apreendidos e proibidos em todo o País. Cassandra era lésbica assumida e sempre se queixava que se sentia incomodada pelo fato de sua vida pessoal ser confundida com as atmosferas que criava em suas obras. “O que mais me incomodou foi me encararem como personagem de livro. Então, não tenho capacidade para ser escritora?”, disse em uma ocasião. Ela morreu aos 69 anos de idade, em 8 de março de 2002, com problemas respiratórios, em um hospital em São Paulo. Deixou várias obras que ousavam a cada página, rompendo com padrões e tabus, além de servir de grande inspiração para todos na luta contra o preconceito com homossexuais. *Uma das virajovens presentes em 20 Estados do País e no Distrito Federal

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sexo e saúde

N

essa edição do sexo e saúde, vamos abordar um assunto muito questionado pelas mulheres: o sabonete íntimo. Nosso mercado de sabonetes para banho, despreocupado com a saúde da mulher, fabrica produtos que prejudicam a genitália feminina com o seu pH básico, pois para manter a defesa da vagina e não prejudicá-la, o pH precisa ser ácido. Será que a solução para essa questão seria o sabonete íntimo? Tentamos nesta matéria resolver as principais dúvidas sobre o produto. Confira:

Victória Satiro, do Virajovem São Paulo (SP)*

Qual é a diferença do sabonete íntimo para o sabonete comum?

Natália Forcat

A diferença está no pH. Os sabonetes comuns tendem para o pH básico ou neutro (entre 9 e 10), já os sabonetes íntimos têm um pH ácido (entre 4 e 4,5), e, por essa razão, eles mantém o pH vaginal ácido. A acidez é necessária para que os microorganismos e lactobacilos vivos que vivem nessa região ajudem a proteger a mulher de possíveis infecções. O sabonete íntimo pode causar alergias? Como são produzidos para uma área mais sensível, esses sabonetes têm em sua composição um potencial alérgico reduzido quando comparados com outros, mas é claro que no início seu uso pode causar algumas irritações na região da vulva. É possível utilizar o produto durante o nosso período menstrual? Não só é possível como deve ser utilizado! Durante o período menstrual, devido ao uso de absorventes, ocorre uma concentração maior de células mortas na região vaginal e o produto ajuda a higienizar a área totalmente, evitando a proliferação de fungos e bactérias. O uso prolongado de sabonete íntimo pode causar corrimento? Isso é mito, pois o sabonete íntimo não interfere nos corrimentos que são causados por fungos e bactérias. O uso do produto pode até diminuir a intensidade dos corrimentos e, usando-o prolongadamente, pode haver uma diminuição.

Mande suas dúvidas sobre Sexo e Saúde, que a galera da Vira vai buscar as respostas para você! O e-mail é redacao@viracao.org

*Virajovens presentes em 20 Estados do País e no Distrito Federal

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Saudável até na correria

o bolinho Aprenda a fazer um delicioso e nutritiv de maçã para comer na hora da pressa Fernanda P. Garcia, do Virajovem Campo Grande (MS)*

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ão é de hoje que tudo na vida das pessoas se resume a pressa. Para ir, para chegar, para fazer e, o que é pior, para comer. Estamos nos alimentando cada vez pior, priorizando o consumo de comidas prontas, congeladas e, às vezes, nada saudáveis. O hábito de ter sempre um sanduíche ou bolinho trazido de casa para o intervalo do trabalho, escola ou faculdade já não cabe no nosso dia a dia. Então, receitas práticas e que valorizem a boa alimentação podem se tornar coringas no dia a dia. Não marque bobeira com a sua saúde e aproveite para experimentar novos sabores e texturas, como a farinha integral, granola, menos açúcar refinado e mais mel. Sua saúde agradece! Por isso, trazemos a sugestão de um bolinho integral de maçã! Esperamos que goste!

Ingredientes

Modo de preparo

Fernanda P. Garcia

- 2 xícaras de farinha (1 normal e 1 integral); - 2 colheres (chá) de fermento em pó; - 2 colheres (chá) de canela - ou mais; - 2 potinhos de iogurte natural; - 2 ovos; - 1/3 xícara de óleo; - 2 maçãs picadas (com ou sem casca;) - 3/4 xícara de açúcar; - 2 colheres de sopa de mel; - Granola e uva passa a gosto.

Separe todos os ingredientes e misture os secos: as farinhas, o açúcar, o fermento, a canela e a maçã picadinha e misture tudo levemente. Em seguida, bata os ovos com o iogurte e o óleo, pode ser no liquidificador, na batedeira e até à *Virajovens presentes em 20 Estados do País e no Distrito Federal

mão com um garfo. Despeje a mistura úmida com a seca e mexa bem com uma colher, acrescente o mel. Se desejar colocar uva passa, essa é a hora. Em seguida, coloque a massa às colheradas nas forminhas, polvilhe a granola por cima e leve para assar em forno médio por aproximadamente 30 minutos. Dicas: O bolinho também fica uma delícia sem a granola e sem uva passa. Se você não tiver forminhas individuais, pode assar em uma forma de buraco no meio ou de bolo inglês.


parada social

Campeão Social

Time de futebol dá exemplo de responsabilidade social e vira referência mundial Evelin Haslinger e Cristian Costa, do Virajovem de Porto Alegre (RS)*

O

time gaúcho Sport Club Internacional não vive somente das glórias conquistadas dentro de campo. Recente estudo realizado por especialistas portugueses, avaliou 56 clubes do Brasil e da Europa e aponta o Colorado como referência em responsabilidade social. As ações relacionadas ao trabalho junto às comunidades em situação de vulnerabilidade social são comparadas às do clube espanhol Barcelona. O braço social do Inter é a Fundação de Educação e Cultura do Sport Club Internacional (Feci). A missão da organização é proporcionar ganhos à comunidade em geral, sem qualquer distinção, por meio de projetos sociais, educacionais, culturais e esportivos. Atualmente são atendidas crianças, adolescentes e suas famílias por meio dos projetos Cidade Escola, Interagir, Projovem Adolescente, Celeiro de Ases, entre outras ações pontuais. A Feci também oferece um espaço para a literatura. A Biblioteca Zeferino Brasil conta com um acervo de 80 mil exemplares. Segundo Ana Maria Froner Bicca, bibliotecária do local, todo mês ocorre cerca de 250 empréstimos domiciliares para crianças e adolescentes. “Ao

contrário do que muita gente diz, as crianças e jovens leem. Numa era tão tecnológica, a criança descobre os livros. Quando ela é incentivada e estimulada, descobre que essa convivência com o livro é fantástica.” Cesardo Vignochi, vice-presidente da Feci conta que “o que nos move aqui é que nós temos um grande mantenedor, que é o Internacional, que congrega mais de 100 mil sócios e que a gente sabe que boa parte desses sócios vivem em situações de muito sacrifício para se manter. Se cada um de nós fizer um pouco, vamos melhorar as condições da comunidade que está no nosso entorno e melhorar o nosso convívio na sociedade.” Virajovem de Porto Alegre (RS)

Vice-presidente da Feci, Cesardo Vignochi conta que, apesar dos desafios, o que move a Fundação é ter como mantenedor um clube como o Internacional

tá na mão Para conhecer mais sobre essa iniciativa, acesse: www.feci.org.br

*Virajovens presentes em 20 Estados do País e no Distrito Federal

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