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Perceber que sua visão/ expressão importam e permitir-se expressar

Os exercícios de perceber-formular-expressar-ser ouvido se desdobram também numa espécie de “auto-permissão” para a expressão e para a criação. Trata-se de algo obviamente importante quando se tem em mente as ideias mais gerais de cidadania, participação política e pertencimento; mas que também tem desdobramentos na discussão mais específica sobre as esferas artísticas. De um lado, porque nos faz perceber que é cada vez mais necessário questionar a crença de que as capacidades expressiva e poética sejam “monopólio” dos indivíduos socialmente reconhecidos como artistas – afinal, a habilidade simbólica nos diferencia como seres humanos antes de nos diferenciar como artistas. Além disso, porque processos como esse revelam que as habilidades expressiva e poética não são nenhum tipo de matéria essencializada (um dom, ou algo que se tem ou não), mas sim algo que se desenvolve e se aprimora com a prática – ou seja, são passíveis de serem trabalhadas e transformadas em processos de aprendizado.

Numa situação como essa [projetos como os Ensaios de fruição] normalmente eu já arranjava um arsenal de desculpas pra dizer “Não, não tô podendo participar...”. Teve outra vez que uma amiga me convidou para ser jurado de um festival de cinema e eu amarelei...Aí eu falei “Não, eu vou enfrentar!” e aí foi muito legal [...]. Me senti super bem acolhido, muito bom!

Eu queria ser artista, desde criança, nessa terra acreana, recém saída do período dos seringais. [...] Então, desde criança que eu gosto muito de artes, especialmente cinema, porque tinha cinema aqui, e algumas vezes teatro, rádio, literatura, sempre gostei muito. E aí, me vinha muito essa ideia de que eu queria ser artista, eu queria ser artista, mas “Como é que eu vou ser artista vivendo aqui no Acre? [...] Essa experiência do grupo focal teve um impacto muito grande em mim, é algo muito diferente do meu cotidiano. Há 41 anos estou lidando com a dor humana, minha principal matéria prima de trabalho. Mas até onde posso, também quero mergulhar nas artes.