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Desdobrar poesia de uma situação cotidiana; exercitar capacidade expressiva/ poética

No grupo de whatsapp, desde os primeiros dias, os participantes começaram a propor exercícios de partilhar seus olhares sobre o mundo. Enviavam registros imagéticos ou textuais do que viam de suas janelas, de elementos de sua vida cotidiana. Por trás dessas provocações, um intuito misto de revelar-se aos demais e estabelecer vínculos, mas também de exercitar a própria habilidade de expressão – no limite, construir-se e apresentar-se aos demais é algo que por si só mobiliza habilidades narrativas e de criação.

Essas provocações, lançadas, na maioria das vezes, pelos próprios participantes, também foram inspiradas pela ideia Miró. O que no caminho agarra sua atenção? O que você vê da sua janela? Qual a poesia que nasce do trânsito? E que pode transbordar das coisas que vemos e revemos todos os dias?

Nas práticas que propusemos no nosso projeto de pesquisa-mediação, também convidamos os participantes a vivenciarem a abertura de olhar pelo deslocamento criativo e curioso, de modo a estimular saídas do modo automático (de caminhar pela cidade, pela vida, pelo mundo). Procedimentos como a tempestade de perguntas, as perguntas o que me lembra? O que eu sinto? O que eu desejo, motes narrativos como Você não vai acreditar, assim como a proposta de percurso e de mapa afetivo, de diferentes maneiras, estimulavam o engajamento da memória e da imaginação para traduzir percepções e sentimentos sobre aquilo que se apresenta diante de nós e que nos inspira. Olhem esse pôr do Sol como está lindo! E esse buraco bem grande na marginal do Rio Tietê me tirando o foco. Mas o pôr do Sol continuou maravilhoso. Quis registrar o que via de uma janela. Tirei o dia para observar o que me pareceu uma poesia e esta árvore deixa cair sobre nossas cabeças essa delicada florzinha.

Os olhos que vêem além, captam o belo no cotidiano. Tal qual Van Gogh, que disse: em cada cantinho sórdido vejo um quadro. Um outro desses olhares nos alertou para o que é possível captar da janela lateral do quarto de dormir. Eu tenho a minha janela e me delicio em olhar, tão de perto, a floresta amazônica e o horizonte.

Amei a trajetória proposta

O mesmo caminho feito com outra percepção

Deu pra ver pequenas coisas