Revista Salvatoriana (Julho, Agosto, Setembro) 2022

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/editorial 2 REVISTA MISSÃO

O Caderno Educação, com uma pauta interessante a atual, trata sobre a formação de líderes que sejam transformadores.

Trazemos informações e novidades, conteúdos valorosos que, esperamos, te seja muitoNósproveitoso.devemos assumir o projeto de Cristo como sendo nosso, é o que nos traz a palavra do Provincial, nos incentivando a um firme testemunho inspirado pelo amor, com aplicação prática da fé nas mais diversas oportunidades que encontramos no dia a dia.

///////////sumário4Pe.Jordan6Aconteceu8Educação9Comunicação10Principal13Secundária14Espiritualidade16Juventude17Testemunho19Infantil /expediente SUGESTÃO DE 47facebook.com/agenciaarcanjowww.agenciaarcanjo.com.brredacao@agenciaarcanjo.com.brCONTEÚDO3227-6640 Provincial: Pe. Francisco Sydney Macêdo Gonçalves, sds Editor: Pe. Carlos Jobed Malaquias Saraiva, sds As matérias não assinadas são de responsabilidade do editor. MarioEDIÇÃOAugusto AnaREVISÃOLetíciaDIAGRAMAÇÃOArcanjoSalesLuízaSanches SEJA BEM-VINDO A MAIS UMA EDIÇÃO DA REVISTA MISSÃO SALVATORIANA!

O núcleo dos ensinamentos de Jesus é o amor. A maior inspiração para que se acredite e trabalhe por um mundo melhor é o próprio amor de Cristo. Na Central, veremos como esse amor é evidente e nos inspira uma nova vida, um novo caminho.ABíblia como fonte de iluminação, orientação para o dia a dia, sempre atual e viva. Ela é a principal fonte de revelação do Deus que quer que o conheçamos em sua infinita misericórdia, página 13. Isso e muito mais foi preparado para você nesta edição. Tenha uma ótima leitura! SALVATORIANA

E, para complicar, estas pessoas acabam sendo cercadas por outras que sustentam esta teoria. Peço licença para mencionar uma pessoa que viveu em outra época e não se deixou levar pelas coisas negativas da cultura do seu tempo. Estou me referindo ao jovem João Batista Jordan, que no dia 11 de março de 1883 assume o nome de religioso, passando a se chamar Francisco Maria da Cruz, ficando conhecido como padre Francisco Jordan e hoje Bem-aventurado Francisco Jordan, fundador da Família Salvatoriana.

/palavra do provincial 3PROVÍNCIA SALVATORIANA BRASILEIRA

Pe. Francisco Sydney de Macêdo Gonçalves, sds Diretor-Provincial

No tempo da sua infância e juventude, a Alemanha sofria com as consequências da Revolução Cultural. Neste mesmo período surgiam revoluções e a Igreja Católica foi violentamente perseguida. No ano de sua ordenação presbiteral, precisamente no dia 03 de janeiro de 1878, ele escreveu em seu Diário Espiritual: “Torna-te grande diante de Deus e não diante do mundo”. Com esta frase deixou claro por onde queria caminhar e o que era mais importante em sua vida. Ele foi alguém que se deixou ser guiado por Deus. Sonhou com a criação de um grupo de pessoas capazes de levar outros a fazerem a experiência de Deus. O zelo do Bem-aventurado Francisco Jordan era tão grande, que chegou a escrever em seu Diário Espiritual no dia 14 de fevereiro de 1904: “Todos os países, todas as nações, todos os povos, todas as raças, todas as tribos, todos os seres humanos, és devedor de todos! Não sossegueis até que todos conheçam, amem e sirvam a Jesus, o Salvador”. Este foi o seu ideal de vida, que levou até o último suspiro. Bemaventurado Francisco Jordan, rogai por nós.

Caro QuandoLeitor,contemplamos a beleza de uma obra prima, muitas vezes perguntamos ao artista, escritor ou músico: “De onde vem tanta inspiração?”. Poderemos escutar inúmeras respostas, como por exemplo: na natureza, numa paixão, no livro que leu etc. Quando escutamos a resposta: foi no amor de Cristo, confesso que é impossível não reconhecer que tudo isto é divino.

Quando nos apaixonamos por Cristo, nos deixamos ser guiados pelos seus sonhos e por tudo o que Ele desejou para a humanidade. A nossa resposta está intimamente ligada ao seu projeto de salvação. Significa dizer que terei que assumir o Seu projeto também como sendo meu. Os valores ensinados por Ele devem ser assumidos também por mim. O seguimento se dará quando eu estiver convencido que a sua proposta salvadora tem que ser assumida também por mim. É aqui que muitas vezes o ser humano acaba se perdendo. Tenho escutado muitas pessoas dizerem que não é fácil seguir Jesus, que o seguimento se torna exigente porque temos que renunciar algumas coisas contra nossa vontade. Tenho visto cada vez mais as pessoas adaptarem a proposta de Cristo à sua vida, e não o contrário. A referência deixa de ser Cristo e é simplesmente voltada à pessoa. Cresce de maneira assustadora a autorreferência. O que eu faço é sempre melhor.

Inspirado pelo amor de Cristo

Neste artigo, por falta de espaço, proponhome a aprofundar apenas o marco que permita esta mesma aproximação, buscando reconhecer a dinâmica salvífico-carismática: ser espaço experiencial da própria salvação que convoca a colaborar com a salvação de todos os seres humanos. Tenho certeza absoluta de que a plena consciência desta abrirá, por consequência lógica, a beleza da compreensão da profundidade e amplitude da missão apostólico-salvífica decorrente, ao mesmo tempo que exigirá ao menos três etapas reflexivas iniciais: 1. Quadro interpretativo; 2. A experiência salvífica pessoal; 3. A missão salvífica universal. A dimensão salvífica como marca única e característica da fundação que operacionaliza na história a inspiração recebida por Francisco Jordan, por ação deste mesmo Espírito em seus insondáveis mistérios, acaba por determinar o nome/identidade desta. Esta chega a ser definida como o núcleo central de sua missão: “Vocês devem empenhar-se seriamente para que a Sociedade, que se destina a uma finalidade tão sublime, a saber, à promoção da glória de Deus e da salvação das almas, possa progredir. Contemplem a missão da Sociedade, que se propõe promover a glória de Deus e a salvação das almas” (118,02-03). Aqui se expressa nitidamente que a Sociedade tem por horizonte apostólico a glória de Deus e a salvação do próximoPoderíamos(40,02). imediatamente associar o primeiro elemento expresso – glória de Deus –com a perspectiva inaciana, que passa a marcar profundamente a Igreja e influenciar o Fundador. Sem negar esta possibilidade interpretativa e seus fundamentos inegáveis, gostaria de propor uma outra chave de leitura para a mesma que creio mais acentuadamente salvatoriana. Como expressou São Irineu de Leão, “...a glória de Deus é o homem vivo, e a vida do homem é a visão de Deus...” A visão de Deus expressa a verdadeira vida do homem que caminha morto pela existência se não encontrou Deus e mergulhou em seu amor, libertando-o das amarras mortais do tempo e das correntes dos desejos, abraçando o horizonte infinito da vida que vence a morte: ressurreição. Certamente a perspectiva da “visão de Deus” é extremamente escatológica, pois indica o destino final do humano na ressurreição. Contudo, também pode apontar para o núcleo central carismático que o Espírito inspira em Jordan: “Nossa vocação é esta: que nos empenhemos para que todos conheçam o Deus verdadeiro e aquele que Ele enviou, Jesus Cristo! Convém que preguemos como alguém que vem do alto, como mensageiros que descem do céu. Ou melhor, que provoquemos, que incitemos todos os seres humanos, todos sonolentos, quais anjos que com a trombeta convocam os mortos para o juízo!” (67, 02-03). Assim sendo, a glória de Deus se expressa na vida plena vivida por um homem/mulher que se encontrou com o único e verdadeiro Deus revelado em Jesus, que passa a ser refletido, como que em um espelho, no rosto transfigurado, pelo amor, de suas testemunhas no mundo. Deste modo, cada salvatoriano é chamado a ser salvo para se tornar fonte de salvação. A vida salvatoriana é Salvos para colaborar na obra salvífica!

Uma aproximação soteriológica ao Carisma e Missão salvatoriana.

O que me proponho neste artigo é buscar traçar um quadro que permita uma aproximação à perspectiva salvífica presente em alguns discursos de Pe. Jordan, tal como herdamos nas “Alocuções”. Reforço a perspectiva de uma primeira aproximação, pois confesso que este início de mergulho “no oceano do amor de Deus”, revelado na inspiração recebida e expressa por nosso Fundador, faz adentrar em um universo riquíssimo e ainda pouco explorado por todos nós, membros da Família Salvatoriana, revelandose um campo extremamente fecundo para um futuro trabalho para uma equipe composta por membros dos três ramos.

/Pe. Jordan 4 REVISTA MISSÃO SALVATORIANA

Assim podemos traçar o quadro dos fundamentos para a reflexão a ser feita. Esta agora, exige outros dois níveis, a saber: 1. Os fundamentos salvíficos da experiência do ser salvatoriano/a; 2. A perspectiva salvífica expressa no apostolado salvatoriano. Temas a serem aprofundados e que revelarão, seguramente, riquezas insondáveis que somente o Espírito de Deus poderia inspirar na vida e nos escritos de nosso Fundador. Estes esperam, escondidos como tesouro, que sejamos capazes de vender todos os bens acumulados até agora em nossa visão carismática-apostólica, para poder comprar este terreno e cavar para beber do manancial oculto na sua profundidade (Mt 13,44). destinada à profunda experiência de caminhar pela história com o Jesus humano-divino, e subir ao alto com Ele ressuscitado para contemplar a verdadeira face de Deus, recebendo a missão de descer novamente à planície da história e do tempo para, como seu mensageiro/a, convocar e arrancar da sonolência da morte todo homem e mulher que caminha na história escravizado pela consequência do pecado adâmico.

Pe. Paulo José Floriani, sds todos os humanos a viverem esta experiência de passagem da morte para a vida eterna = plena, única e verdadeira, pois é a vida com o Deus único e Portanto,verdadeiro.caros irmãos e irmãs da Família Salvatoriana, poderíamos traçar uma tríade do caminho salvífico tal como deveria ser expresso pela vida salvatoriana plenamente vivenciada: maior glória possível de Deus (conhecer o Deus único e verdadeiro revelado em seu filho encarnado) + maior santificação própria possível (enquanto caminho de busca pela perfeição evangélica nascida do encontro com o revelador do Pai - experiência salvífica fundante) + salvação do maior número possível de seres humanos (transbordamento salvífico que abraça cada humano, para fazer transfigurar a imagem-semelhança de Deus que traz impressa e se encontra borrada pela força da queda de Adão. A partir desta recuperação-salvação alcançar todo o universo que geme e espera a revelação plena dos Filhos de Deus no Filho Jesus – Rm 8,20-23).

/Pe. Jordan 5PROVÍNCIA SALVATORIANA BRASILEIRA

Assim sendo, é absolutamente inquestionável a consciência da dimensão salvífica inerente ao carisma-missão salvatoriano para o Bemaventurado Francisco Jordan. Uma salvação expressa e vivida em dois níveis distintos e concomitantemente inseparáveis: a própria salvação e a salvação do próximo: nisto se reflete limpidamente a glória de Deus e a salvação do próximo, ao mesmo tempo em que se descortinam os parâmetros interpretativos para explorar o sentido mais profundo do sentidoespiritualidade do salvatoriano/a.

A vida salvatoriana, em si mesma, quando abraçada livre e plenamente, configura-se como um caminho salvífico para cada pessoa que aceita este chamado, em qualquer que seja o estado de vida: laical, religioso/a ou presbiteral. Este é um ponto primordial e de suma importância: ser salvatoriano/a é viver em “estado de salvação”. Viver este “estado salvífico” significa ir aprofundando progressivamente, tanto na consciência quanto na existência, a abrangência do significado da experiência de vida eterna experimentada no encontrar o Deus único e verdadeiro, tal como revelado no ser-agir do divino-humano Jesus, o Salvador. Ao se deixar questionar e moldar por este revelador do Deus-Pai, como o barro nas mãos do oleiro, paulatinamente e vencendo nossas resistência e deformações, resplandecerá a máxima beleza da imagem-semelhança divina impressa em nossas existências (Jr 18, 1-6). Esta beleza, por sua vez, irradiará uma luz irresistível para muitos e ofuscante para outros tantos, provocando um transbordamento salvífico que se torna oferta a

Após longos anos, a Província Salvatoriana Brasileira esteve reunida no Instituto Nossa Senhora Aparecida para participar do Retiro Anual. Antes, os retiros anuais eram realizados por regiões do Sul, Sudeste e Norte. Desta vez, após a licença concedida pela pandemia Covid-19, foi possível a realização do retiro com 49 participantes. Participaram 3 irmãos religiosos, 26 padres e 20 formandos, sendo: 5 aspirantes, 4 postulantes e 11 junioristas. Estavam reunidos confrades de Santa Catarina, Paraná, Rio de Janeiro e São Paulo.

Secretaria Provincial A Associação do Divino Salvador (ADS) realizou a sua Assembleia Eletiva nos dias 29 e 30 de julho de 2022, nas dependências da Paróquia Cristo Redentor, Várzea Paulista/SP. O ambiente foi muito fraterno e, na ocasião, foram apresentados os relatórios das atividades apostólicas e econômicas da Coordenação Nacional. Foi reconhecido o excelente mandato da Coordenação que atuou, e na mesma Assembleia foi eleita a nova equipe que conduzirá as atividades de janeiro de 2023 a janeiro de 2026. A equipe ficou assim constituída: Dolaine e José-Coordenadores / Celso e Merli-vice-coordenadores / Sandra e Antônio-Secretaria / Dercilio e Leonice-Tesouraria.

ELEITA

Secretaria Provincial SÍNODO GERAL NA SUÍÇA A

Secretaria Provincial A nossa Província esteve representada pelo nosso Diretor-Provincial, Pe. Francisco Sydney, no XV Sínodo Geral na Suíça, que aconteceu na casa do Movimento Focolares, em Montet, Suíça, entre os dias 10 e 24 de julho. Salvatorianos das Províncias, Pró-Províncias e Vicariatos do mundo todo estavam representados: Bélgica, Brasil, Colômbia, Alemanha, Polônia, Estados Unidos, Áustria, República Democrática do Congo, Tanzânia, Grã-Bretanha, Ásia Oriental, Índia, Pancratius Pfeiffer e Venezuela.

NOVA EQUIPE DA ADS 6 REVISTA MISSÃO SALVATORIANA /aconteceu

RETIRO ANUAL SALVATORIANOSDOSEM CONCHAS XV

A Assembleia contou com a presença significativa dos Leigos Salvatorianos das regiões Sudeste e Sul. A região Nordeste acompanhou via mídias sociais. Estiveram presentes também as Irmãs Salvatorianas e os Salvatorianos.

Por ser um Sínodo Geral com muitos idiomas, para facilitar a comunicação, foram disponibilizados tradutores para o Inglês, Polaco e Espanhol, e todos falavam a mesma língua do carisma do Salvatoriano. A presença significativa e representativa contou com 33 salvatorianos sinodais. Destaca-se o tema que norteou o XV-SG: “Caminhar juntos’’.

O pregador do retiro, Dom Luiz Vieira Soares, bispo emérito de Manaus, AM, foi muito feliz na condução da temática do Retiro, insistindo fortemente na questão: “O que é EVANGELIZAR”; com todos os seus reflexos e consequências à luz do sentido da vida e da fundação realizada pelo Bem-aventurado Francisco Jordan, presbítero e fundador. Nossa gratidão ao Dom Luiz pela condução do Retiro e, à Comunidade de Conchas pela hospedagem e acolhimento fraterno. Como diz a Sagrada Escritura: “... foi muito bom estarmos aqui reunidos...”.

O encontro dos Formandos e Formadores teve como objetivo um momento de formação sobre protocolo de proteção de menores e adultos vulneráveis. Na parte da manhã, houve a assessoria do padre Ademar Cason, sds, no âmbito da psicologia buscando mostrar aspectos da condição humana em relação ao tema de abuso de menores e vulneráveis. Já na parte da tarde, contou-se com a participação do padre Rogério Ramos, CSsR, canonista e assessor da Província, que, devido aos contratempos surgidos de última hora, realizou sua conferência virtualmente mostrando as implicações jurídicas, civis e canônicas em relação ao tema. O encontro culminou-se com um momento de convivência à noite. Manifestamos a nossa gratidão ao valioso contributo dos assessores e à Comunidade Salvatoriana de Conchas pela acolhida e hospedagem.

Lucas Fernando Zanela Mello. Postulante do Instituto Padre Jordan.

ENCONTRO DOS FORMANDOS E ENCONTROFORMADORESNACIONAL DA FAMÍLIA

E ROMARIA ROMARIA AO SANTUÁRIO NOSSA SENHORA APARECIDA 7PROVÍNCIA SALVATORIANA BRASILEIRA /aconteceu

No sábado, 24 de junho de 2022, estiveram reunidos os Formandos e os Formadores da Província Salvatoriana Brasileira, a saber: Instituto São José (ISJ), Várzea Paulista/SP; Instituto Mãe do Salvador (IMS), Parangaba, Fortaleza/CE; Instituto Padre Jordan (IPJ), São José dos Pinhais/PR; e Instituto Doze Apóstolos IDA), São Paulo/SP.

Houve um clima de muita partilha e alegria, especialmente celebrando o ano da beatificação do nosso fundador Bem-aventurado Francisco Jordan, presbítero. Secretaria Provincial Após o Retiro Anual Salvatoriano em Conchas, SP, e o Encontro Nacional da Família Salvatoriana na Várzea Paulista, SP, com encerramento do Ano de Ação de Graças pela Beatificação do Padre Francisco Maria da Cruz Jordan, os salvatorianos da Província Brasileira realizaram, no dia 31, último domingo de julho, uma Romaria ao Santuário Nacional Nossa Senhora Aparecida, em Aparecida, SP. Secretaria Provincial SALVATORIANA

A Família Salvatoriana esteve reunida em Assembleia Nacional no salão da Paróquia Cristo Redentor, Várzea Paulista, SP, durante o sábado do dia 30 de julho. Participaram aproximadamente 310 pessoas entre Leigos Salvatorianos, Irmãs Religiosas Salvatorianas e Religiosos Salvatorianos.

Em nossa presente reflexão, gostaria de usar, ao invés do termo líder, a expressão “discípulo missionário”, atendendo aos apelos de nossa Igreja desde a V Conferência Geral do Episcopado Latino-americano e do Caribe, realizada em Aparecida do Norte no ano de 2007, de 13 a 30 de maio. Essa expressão, compreendida na experiência de seguimento a Jesus Cristo, nos remete a uma reflexão acerca do verdadeiro processo educativo que forma o discípulo missionário que assume seu papel de liderança nos seus ambientes diversos. Discípulos que transformam estruturas arcaicas, obsoletas, que geram morte, em estruturas de vida, de esperança, de fé Quando ampliamos essa discussão veremos que não só no âmbito da Igreja, da ação pastoral, mas também no mundo do trabalho, da família e das relações sociais, o discípulo missionário e, portanto, líder transformador, ocupa um lugar fundamental e desempenha um papel essencial na promoção do Reino de Deus. Diante de tantos temas formadores para um discípulo missionário, queremos nos deter a um tema bastante pertinente neste processo: o VER. Para tecermos algumas reflexões sobre essa etapa da formação na vida de um discípulo, usaremos um texto do Evangelho deveras significativo. Esse texto poderá ser por você, caro leitor, lido, refletido e confrontado com sua própria vida nesta perspectiva de que também você se insira nessa dinâmica formativa.

Em nossa concepção, o conceito de liderança passa necessariamente pelo conceito de transformação. Um líder é alguém que em seu contexto de vida e de trabalho se torna sujeito, protagonista, referencial, para transformar, modificar, melhorar cenários e realidades na sua capacidade de aglutinar forças, de congregar, de fomentar a unidade na diversidade, de aproveitar talentos, oferecendo através de seus próprios dons, talentos e aptidões, caminhos novos e alternativas novas para os problemas mais desafiadores de nosso mundo.

O tema em questão parece redundante quando usamos as palavras “líderes” e “transformadores”.

Pe. Carlos Jobed Malaquias Saraiva, sds Coordenador da Equipe de Comunicação Salvatoriana

/educação 8 REVISTA MISSÃO SALVATORIANA

O texto que escolhemos foi o de Marcos 10, 46-52, o qual narra a cura do cego Bartimeu, de Jericó, protótipo para todos aqueles que, em um processo de formação para liderar, necessitam passar por um profundo exercício de confronto consigo mesmo, para uma autoanálise da vida, com o outro em suas diferenças e com Deus, que nos oferece ferramentas importantes para a realização da cura e libertação de nossas cegueiras espirituais, emocionais, volitivas e cognitivas. Neste exercício, destacamos três atitudes encontradas no cego e seu encontro com Jesus que são fundamentais para o processo formativo: BUSCAR, INSISTIR e ROMPER.

líderesFormandotransformadores

Aquele pobre homem grita a Jesus para que seja visto e acolhido. Em outras palavras, ele busca a sua transformação, a sua cura, o seu crescimento, desejando ser protagonista de sua própria história, por isso líder transformador. Em seguida, diante da censura de muita gente que tenta impedi-lo de chegar a seu objetivo que era Jesus, ele insiste, persevera e consegue atingir a meta! Por fim, pondo-se de pé, desejando VER de verdade, rompe com suas mazelas e condicionamentos, e parte em missão. Eis as características de um líder transformador.

/comunicação 9PROVÍNCIA

A eficácia dos meios de comunicação para a evangelização

Seguindo este binômio formação e uso responsável dos meios, acreditamos que teremos eficácia na evangelização. Todo o processo de evangelização, portanto comunicacional, deve nos levar à comunhão, à unidade, à ética do evangelho, à sinodalidade. Em um contexto marcado pelas fake news, que compromete a informação, pela disseminação do ódio, da indiferença, da mentira, que polariza a sociedade e inclusive setores da Igreja por questões ideológicas, em uma verdadeira guerra travada nos meios de comunicação, urge ressignificarmos nossas práticas comunicacionais a favor do bem comum.

A comunicação é uma das grandes dimensões da ação evangelizadora da Igreja. Podemos dizer que se trata de um de seus pilares O Evangelho, entendido como anúncio da Boa Nova, da Boa Notícia de Jesus à humanidade, implica e toca em cheio o ato de comunicar.Duasperguntas, neste sentido, nos interpelam: o que é comunicar e como comunicar? Lançamos, portanto, um olhar sobre a essência da comunicação e o método de comunicar pois, o conteúdo que comunicamos, isto é, a mensagem da comunicação na vida cristã, já sabemos, é a palavra do Evangelho e suas consequências concretas para o seguimento a Jesus Cristo, como discípulos missionários. Promover o progresso humano e social (Instrução Pastoral Communio et Progressio, 1971), é um dos grandes objetivos do ato de comunicar na vida cristã. Aqui já estamos abordando a eficácia dos meios, ou seja, a pergunta sobre o método de comunicar. Este documento nos apresenta uma orientação para as atitudes que os cristãos devem tomar perante os meios de comunicação social. Há, nele, uma fundamentação doutrinal para a comunicação apresentando Jesus como comunicador perfeito.

Para falarmos da eficácia dos meios de comunicação existentes hoje no processo de evangelização, considerando o avanço tecnológico da comunicação, sobretudo a comunicação digital, se faz necessário refletir sobre duas questões: a importância da formação profissional, para atuarem nesta área da comunicação, dos agentes de pastoral de nossas comunidades eclesiais bem como na sociedade civil de modo geral; e o uso responsável, ético e movido pelos princípios do Evangelho, dos canais de comunicação os quais podemos utilizar para comunicar: rádio, tv, impresso, internet. Por exemplo, é de fundamental importância a capacitação da Pastoral da Comunicação sob o ponto de vista teórico e prático para que de fato se utilize os meios com objetividade e discernimento.

Pe. Carlos Jobed Malaquias Saraiva, sds Coordenador da Equipe de Comunicação Salvatoriana SALVATORIANA BRASILEIRA

O amor é o núcleo do ensinamento de Jesus. Tanto é assim que Jesus concorda com o legista que lhe pergunta o que deve fazer para herdar a vida eterna e, ao ser provocado por Jesus sobre o que diz a Lei, o mesmo lhe responde: Amarás o Senhor teu Deus, de todo teu coração, de toda tua alma, com toda tua força e de todo teu entendimento; e a teu próximo como a ti mesmo” (Lc 10,27). Esse homem recolhe duas passagens do Antigo Testamento, uma do Deuteronômio e outra do Levítico, e as expressa como se fosse uma única sentença. Já o apóstolo Paulo expressa que toda a Lei está no amor ao próximo (Gl 5,14; Rm 13,9), dando por descontado que aquele que é seguidor de Jesus Cristo vive e expressa sua fidelidade à Deus quando ama o irmão. Paulo encontra isso no próprio Cristo. Assim, se é o amor Dele que nos inspira, devemos procurar nas atitudes e gestos de Jesus como esse amor se manifesta de modo concreto. O amor cristão não é uma teoria especulativa ou um sentimento bonito e fugaz, é um jeito de viver concreto manifestado por Jesus e que encontramos no testemunho registrado nas Escrituras.

/principal 10 REVISTA MISSÃO SALVATORIANA

Corrigir uma falsa compreensão e vivência da espiritualidade e da prática religiosa também foi um modo de amar de Jesus. Ele mostrou que o verdadeiro culto a Deus se dá em espírito e verdade e não em apego a tradicionalismos estéreis. O amor se expressa no discernimento das coisas que geram vida e vitalidade.

Sinal de que amamos a Deus é a escuta de Sua Palavra e a obediência a ela. É a isto que chamamos de oração, muito mais do que devocionismos que justificam nossas inconsistências e falta de responsabilidade. Jesus rezava para ser fiel à vontade do Pai, mesmo que Lhe custasse a vida. Ninguém faz remendo de pano novo em roupa velha (Mc 2,21)

Felizes os que ouvem a Palavra de Deus e a observam (Lc 11,28)

O amor de Jesus, encarnado, é vivido em comunidade, não retém somente para si o tesouro do Reino de Deus. É junto com os outros que vivemos a alegria de sermos discípulos, sabendo que é Jesus quem chama os irmãos com quem deveremos caminhar juntos e realizar a missão que Ele nos confia. Não somos uma tribo ou um grupo de colegas em que todos têm o mesmo gosto e os mesmos interesses.

/principal 11PROVÍNCIA SALVATORIANA BRASILEIRA

Bem-aventurados os misericordiosos (Mt 5,7)

A encarnação é o primeiro gesto de amor de Jesus, uma vez que ele deixa sua condição divina para assumir o nosso modo de viver. Já aqui percebemos que a humildade, o altruísmo são a base da vida cristã. Sem essa condição é impossível amar como Jesus o fez. Ainda mais aos que compartilham da espiritualidade salvatoriana, que tem no nascimento, natal de Jesus, portanto na sua encarnação, a festa maior da Família Salvatoriana.

Na misericórdia de Jesus, vemos o modo de agir de Deus para com os pecadores e todo tipo de pessoas sofredoras, basta ler Lucas 15 e perceberemos que Deus sempre vai em busca dos “perdidos”. Aprendemos de Jesus que amar passa pela acolhida e não pela severidade do julgamento dos outros.

Esvaziou-se a si mesmo (Fl, 2,7).

Chamou a si os que ele queria (Mc 3,13)

O filho do homem veio para servir e não para ser servido (Mc 10,45) Expressão maior do amor é colocar-se a serviço de Deus e do outro. Lição difícil de colocarmos em prática em um mundo que valoriza o sucesso e o poder como expressão de ser humano realizado. Fazer da vida um dom é o convite a todos nós que amamos a Deus. Enfim, todo o amor de Jesus se manifesta na entrega definitiva da vida na cruz. Nosso fundador, Beato Francisco Jordan, sempre apontou este aspecto ao lembrar-nos que se queremos uma vida com sentido e que gera frutos de vida, não esqueçamos que as grandes obras florescem à sombra da cruz. Pe. Álvaro Macagnan, sds. Reitor do IPJ - São José dos Pinhais, PR

É com seus pais, irmãos e irmãs que muitos aprendem a rezar, a mensurar o certo e o errado, aprendem a cuidar, dividir, amar. Nosso Senhor, Jesus Cristo, nasceu sob a proteção e o carinho de uma família, a Sagrada Família. Muitos Santos e Santas que admiramos e veneramos, iniciaram sua caminhada com Deus a partir da fé que encontraram em seus pais. Zelar pela família é cuidar das vocações.

Por ocasião do X Encontro Mundial das Famílias, realizado em Roma nos dias 22 a 26 de junho, durante a homilia do dia 25 o Santo Padre, Papa Francisco, declarou: “Todos vós, esposos, ao formar a vossa família, com a graça de Cristo fizestes esta corajosa opção: não usar a liberdade para proveito próprio, mas para amar as pessoas que Deus colocou junto de vós. Em vez de viver como “ilhas”, fizestes-vos “servos uns dos outros”. Assim se vive a liberdade em família! Não há “planetas” ou “satélites”, movendo-se cada qual pela sua própria órbita. A família é o lugar do encontro, da partilha, da saída de si mesmo para acolher o outro e estar junto dele. É o primeiro lugar onde se aprende a amar. Nunca o esqueçais: a família é o primeiro lugar onde se aprende a amar”.

O encontro reforçou o vínculo do amor familiar, como fonte e chamado a viver e a testemunhar a conjugalidade e construção de um lar profundamente e autenticamente cristão, sendo um dos maiores desafios para a plenitude e a felicidade humana. do

homem e mulher consagramse um ao outro nos laços do matrimônio, estão assumindo uma missão de conduzirse mutuamente nos caminhos do amordoação, deixando seus planos individuais para construírem uma só história. E, desse amor, frutificam os filhos com um grande referencial de vocação respondida e posta em prática.

De onde surgem as vocações? Do coração de Deus, é Ele quem faz o chamado. De diversas formas Ele faz ressoar sua voz no coração dos seus eleitos e, certamente, a família é um lugar muito oportuno para que a chama da vocação comece a inflamar. A própria existência do ambiente familiar é um grande exemplo de resposta à vontade de QuandoDeus.

/secundária 12 REVISTA MISSÃO SALVATORIANA

“Amor familiar, vocação e caminho de santidade”

Família, celeiro de vocacionados

Uma família constituída em Deus, que persiste na manutenção da fé e transmite isso no seu cotidiano, certamente é um celeiro de santidade. Seu exemplo é luz para a sociedade e uma esperança para muitos que não encontram sentido em sua existência.

/espiritualidade

Deus, em sua infinita misericórdia, deseja que nós o conheçamos; por isso, todos os dias temos a oportunidade de conhecer mais a fundo o nosso Criador que se revela em todo tempo e em todas as realidades.

“ luzBíblia:para

Para tal, a principal fonte de revelação que possuímos é a Sagrada Escritura, que tem a finalidade de nos ajudar a entrar em sintonia com Deus através das experiências dos povos e a fecundidade dessa Escritura na cultura.

O papa Francisco nos orienta, através da Exortação Apostólica Evangelli Gaudium, que “é fundamental que a Palavra de Deus revelada fecunde radicalmente a catequese e todos os esforços para transmitir a fé” (EG, n. 175). E, para que sejamos bons apóstolos, inflamados pelo fogo do Espírito, necessariamente temos que fazer uma boa e profunda experiência com Deus, na simplicidade do nosso cotidiano. Como Deus interviu na vida dos povos bíblicos, continua a intervir em nossas vidas. Quando lemos a Bíblia, o Espírito de Deus nos atinge e possibilita que conheçamos a Deus Pai, através de Jesus Cristo. Por isso, ler e meditar a Sagrada Escritura exige respeito, fé e amor, uma vez que ela está carregada de experiências concretas de diversos povos que fizeram sua experiência com Deus em realidades reais, em um período específico e em culturas compatíveis com suas épocas.

é (EG,transmitiresforçosearadicalmentefecundereveladadequefundamentalaPalavraDeuscatequesetodososparaafé”n.175) nossos caminhos

Jn. Claudio da Silva Serralheiro, sds

/espiritualidade 14 REVISTA MISSÃO SALVATORIANA

“Sal Mundo!”LuzTerradaedo

O Bem-aventurado Francisco Jordan sonhou com um mundo conhecedor de Deus Pai, através de Jesus Cristo. Para lograrmos a tornar Deus conhecido e amado por todos, faz-se necessário o estudo e a meditação da palavra de Deus com amor, responsabilidade e seriedade, a fim de salvarmos almas e não as condenar. Somente assim seremos sal da Terra e Luz do Mundo!

Somente com uma interpretação coerente, caridosa e com fé poderemos nos transformar em Sal da Terra e luz do Mundo para o povo, anunciando um Deus que não se mantém indiferente às realidades. Suas respostas estarão intimamente ligadas com o relacionamento que temos com Ele e com o comprometimento com o qual administramos nossa vida e fé. Quanto mais crescemos na fé, mais responsáveis somos com a Igreja, com nossa vida e com nossa salvação.

O Corpus Christi no coração do jovem “Como uma tradição secular atrai tantos jovens, acordados tão cedo assim?”

Nos jovens, encontramos gravados na alma os golpes recebidos, os fracassos, as recordações tristes. Muitas vezes, são as feridas das derrotas da sua própria história, dos desejos frustrados, das discriminações e injustiças sofridas, de não se ter sentido amado ou reconhecido. Além disso, temos as feridas morais, o peso dos próprios erros, o sentido de culpa por ter errado. Mas Jesus faz-se presente nestas cruzes dos jovens, para lhes oferecer a sua amizade, o seu alívio, a sua companhia sanadora, e a Igreja quer ser instrumento d’Ele neste percurso rumo à cura interior e à paz do coração”.

A peregrinação de Corpus Christi para dentro de nós mesmos é a mais difícil. Porém, ali descobrimos o tapete mais bonito, não o tradicionalmente confeccionado nas ruas, mas aquele desenhado pela gramática do nosso coração e da nossa vida. Quando nossa juventude é nutrida pela Eucaristia, a presença de Deus nos leva a olhar para os outros de modo novo, vendo-os sempre, em Jesus, como irmãos e irmãs que temos de respeitar e amar. “Jesus, mestre da verdade e da vida, nos revela o caminho para alcançar a felicidade” (Papa Francisco); Além de ser para o cansado e o oprimido, acolhida que alivia toda dor. (Mt. 11:28).

Alguns durante a madrugada, ou anoitecer, outros logo bem cedo. Neste dia, como aconteceu nos anos anteriores, tantos jovens pelo Brasil ajudam alegres na confecção dos tapetes que enfeitam as ruas de nossas cidades. De serragens coloridas, desenhos representando tantos símbolos da Igreja, alguns mais simples, outros bem detalhados. Mesmo no meio da pandemia, que vencemos dia-a-dia, que nos aflige e já tanto nos obrigou ao distanciamento social, o dia santo da Solenidade de Corpus Christi deve ser vivenciado com alegria. E os desafios que hoje vão sendo vencidos nos despertam para a certeza de que é o nosso coração o tapete mais bonito – e desejado – por Deus. – E essa é a missão de nossa juventude! - Converter o Coração para Cristo Jesus.

/comunidades 15PROVÍNCIA SALVATORIANA BRASILEIRA

“Na Juventude reconhecemos um desejo de Deus, embora não possua todos os delineamentos do Deus revelado. Um sonho de fraternidade; um desejo real de desenvolver suas capacidades e oferecer algo precioso ao mundo; uma sensibilidade artística especial; uma busca de harmonia com a natureza; uma grande necessidade de comunicação; mas, sobretudo, o desejo profundo duma vida diferente. Felizmente, nossa fé é atemporal, Jesus, nosso Senhor, também foi um jovem, e é Ele quem seguimos, os jovens de todos os tempos. Por isso proclamamos que: Vale a pena acordar cedo e fazer tudo isso para ver Ele passar”! (Uma jovem Católica, quando questionada sobre a Solenidade de Corpus Christi).

Jonathan Igor da Silva Aos jovens de hoje, que sentem dentro de si próprios uma mistura de ambições heróicas e inseguranças, podemos lembrar-lhes que uma vida sem amor é uma vida estéril. Aos jovens temerosos, podemos dizer que a ânsia face ao futuro pode ser superada. Aos jovens excessivamente preocupados consigo mesmos, podemos ensinar que se experimenta maior alegria em dar do que em receber, e que o amor não se demonstra apenas com palavras, mas também com obras. Assim unidos, poderemos aprender uns com os outros, acalentar os corações, inspirar as nossas mentes com a luz do Evangelho e dar nova força às nossas mãos.

“A solenidade de hoje recorda-nos que, na fragmentação da vida, o Senhor vem ao nosso encontro nos panos duma amorosa fragilidade, que é a Eucaristia. No Pão de vida, o Senhor vem visitar-nos fazendo-se humilde alimento que amorosamente cura nosso coração adoentado. Porque a Eucaristia é o memorial do amor de Deus.”

Em Jesus Eucarístico sabemos que o Jovem não está sozinho, pois com Ele somos um só corpo. Tal como o povo no deserto recolhia o maná caído do céu e o partilhava em família (cf. Ex 16), assim também Jesus, Pão do céu, nos convoca para O recebermos: recebê-Lo juntos e partilhá-Lo entre nós.

/comunidades 16 REVISTA MISSÃO SALVATORIANA

O Papa Francisco, na homilia de Corpus Christi de 2018, salientou a importância da Eucaristia como: “o pão do futuro, que, já agora, nos faz saborear um futuro infinitamente maior do que as mais risonhas expectativas.

A Eucaristia não é um sacramento para mim, é o sacramento de muitos que formam um só corpo, o santo povo fiel de Deus.

“Na Eucaristia, temos todo o gosto das palavras e gestos de Jesus, o sabor da sua Páscoa, a fragrância do seu Espírito. Ao recebê-la, imprime-se no nosso coração a certeza de sermos amados por Ele. A Eucaristia forma em nós uma memória agradecida, porque nos reconhecemos como filhos amados e alimentados pelo Pai; uma memória livre, porque o amor de Jesus, o seu perdão, cura as feridas do passado e apazigua a recordação das injustiças sofridas e infligidas; uma memória paciente, porque sabemos que o Espírito de Jesus permanece em nós nas adversidades”.

É o pão que sacia os nossos maiores anseios e nutre os nossos mais belos sonhos. Numa palavra, é o penhor da vida eterna, isto é, uma antecipação concreta daquilo que nos será concedido. A Eucaristia é a marcação, a ‘reserva’ do paraíso”, disse o pontífice.

10Pe.vocacionalhistóriaDiógenesdeAraújoSoaresAnosdeSacerdote{

Após essa etapa, fui para a capital Paulista, fazer teologia. Foi um momento importante para o meu conhecimento teológico. Também tive a oportunidade de conviver mais tempo com meus irmãos que moravam em São Paulo, na região do ABC, em São Bernardo dos Campos.

Minha

Fui uma vocação tardia, ingressei no seminário aos 26 anos de idade e, após cinco anos sem estudar, tive muitas dificuldades para pegar o ritmo. Com perseverança e dedicação consegui entrar na Filosofia, após um ano de propedêutico em Fortaleza. Não foi fácil pois vim de uma educação muito fraca de uma pequena cidade do interior baiano.

povoado conhecido como Estação, próximo ao mosteiro cisterciense, município de Mundo Novo –Bahia. Por causa da minha avó paterna, por ser uma pessoa muito religiosa, meu pai atendeu o seu pedido para morarmos próximo dos monges, em pleno sertão da Bahia. Depois que passamos pouco tempo por lá, voltamos para a cidade de origem, Baixa Grande –Bahia, e foi nesta cidade que passei a maior parte da minha vida.

17PROVÍNCIA SALVATORIANA BRASILEIRA /espiritualidade

O que ficou para sempre na minha memória foi a minha primeira saída para o seminário em Fortaleza, o Instituto Mãe do Salvador, na Rua Maracanã, no bairro Parangaba. Minha mãe, que era muito próxima a mim, juntamente com o meu pai, choraram muito. Essa foi a minha pior cruz, o desapego da minha família, que representa para nós o ninho de amor. No começo da minha caminhada vocacional, a partir da minha adolescência, já tinha uma marca que iria ser padre. Eu era uma pessoa muito cobrada e vigiada para mostrar determinado tipo de comportamento. Tive sempre um bom engajamento na igreja. Participava de quase todas as pastorais, mas assumia o culto das crianças e ajudava o grupo de jovens, dedicando-se cada vez mais.

Quando passei meus quatro anos de formação, fui para o noviciado na cidade de Conchas – SP, região de Botucatu. Nesta etapa aprendemos a respeito da Sociedade do Divino Salvador e um pouco a respeito sobre nosso fundador, Francisco Jordan.

Desde os primeiros anos da minha adolescência recebi esse chamado de Deus. Após minha primeira Eucaristia, criei o gosto pelas coisas da Igreja, engajando-me nas diversas pastorais: Catequese, Liturgia, Juventude, etc. Sempre estive presente na caminhada da Igreja, sem saber distinguir que tipo de padre poderia ser, religioso ou diocesano. Na minha juventude, fui conhecendo as irmãs salvatorianas que tinham uma comunidade na minha cidade. Mas era uma época muito difícil, pois o padre da minha paróquia era diocesano e não tinha nenhuma estrutura na diocese para acolher seus vocacionados.EmumDomingo, após a missa, meus pais e eu fomos conversar com o saudoso D. André para saber como seria a minha possível entrada no seminário diocesano, o que não aconteceu de imediato. O tempo foi passando e acabei quase que desistindo do meu grande ideal. Como qualquer outro jovem, fui trabalhar; primeiro como professor do município, mais tarde funcionário do Estado em uma empresa que vendia produtos alimentícios para o povo a um preço mais baixo.

Neste ano de 2022, quero que Deus me conceda a graça de celebrar os 10 anos de sacerdócio e 20 anos de vida religiosa na minha cidade, Baixa Grande, Bahia, no dia 21 de Agosto, juntamente com meus familiares, amigos e conhecidos da Sociedade do Divino Salvador, conto com as orações de todos para que esse dia seja com a graça de Deus e a intercessão de Maria Santíssima, um dia de muita alegria e gratidão. a Pe. Diógenes de Araújo Soares

O dia da ordenação foi marcado por uma grande comoção. Tudo lembrava minha saudosa e amada mãe, que nos amou de maneira exacerbada. Um grande exemplo de mãe amorosa, que dedicou toda a sua vida pelos filhos e por sua família.

/espiritualidade 18 REVISTA MISSÃO SALVATORIANA

Durante esta minha caminhada de padre, nestes 10 anos, fiz experiências muito ricas nas paróquias, na região missionária no Maranhão, no qual exerci o meu ministério durante muito tempo e em Moçambique, na África, onde passei quase 4 anos servindo o povo de Deus. Isso nos transforma totalmente, não seremos nunca a mesma pessoa, nos tornamos mais humanos diante de tanto sofrimento do povo africano, muito semelhante ao nosso povo nordestino.

No interior de São Paulo fiz a minha primeira profissão religiosa, no dia 02 de Fevereiro de 2002. Nesta ocasião recebi o Padre Vitório, Padre Italiano da Paróquia Imaculada Conceição de Baixa Grande –Bahia, minha paróquia de origem, representando todo o povo de Deus.

Recebi também alguns amigos da minha terra que residiam em São Paulo, meus saudosos pais e alguns dos meus irmãos. Foi um dos dias mais felizes da minha vida.

Após a Teologia, estava nos preparativos de ordenação sacerdotal, voltei para casa e dei um caloroso abraço na minha saudosa mãe, tendo quase a certeza que ela estaria nesse dia tão esperado para todos nós. Certa noite, quando minha mãe voltava da visita ao cemitério, ela veio a falecer partindo para a casa do Pai. Para mim foi muito difícil, pois isso ocorreu no dia 24 de Julho de 2012 e a ordenação aconteceria no dia 18 de Agosto de 2012.

/infantil 19PROVÍNCIA SALVATORIANA BRASILEIRA

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