Revista Bertheriano (Mai/Jun/Jul/Ago 2022) - Português

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Na encíclica Evangelii Gaudium (cf. § 284-288), o Papa Francisco ensina que Maria é “a Mãe da Igreja evangelizadora e, sem Ela, não podemos compreender cabalmente o espírito da nova evangelização”. Na cruz, Jesus pôde ver a seus pés a presença consoladora da Mãe, e a entrega como nossa Mãe. E só depois de fazer isto é que Jesus diz que tudo está consumado.

“Há um estilo mariano na atividade evangelizadora da Igreja: Aquela que louva a Deus porque derrubou os poderosos de seus tronos e despediu os ricos de mãos vazias, é mesma que assegura o aconchego dum lar à nossa busca de justiça; que conserva cuidadosamente todas as coisas ponderando-as no seu coração; que sabe reconhecer os vestígios do Espírito de Deus tanto nos grandes acontecimentos como naqueles que parecem imperceptíveis”. Esta dinâmica de justiça e ternura, de contemplação e de caminho para os outros, faz de Maria “um modelo eclesial para a evangelização”: com a sua oração materna, ela ajuda a Igreja a ser uma casa para muitos, uma mãe para todos os povos, e torna possível o nascimento dum mundo novo.

Por isso, nas diversas invocações das ladainhas marianas, poderíamos acrescentar e destacar: Mãe e guardiã do Evangelho vivente; buscadora e conhecedora dos sinais de Deus na história; mulher que vive e caminha na fé; peregrina e modelo da evangelização; mulher orante e trabalhadora em Nazaré; Senhora da prontidão.

É nesta perspectiva que a presente edição da Revista Bertheriano pretende destacar e articular duas perspectivas: a devoção popular a Maria, que marca e enriquece o povo de Deus nos diferentes países e regiões; a experiência de discípulos/as missionários/as vivida por leigos/as, formandos e coirmãos que atuaram e atuam em diferentes organizações e campos apostólicos. É nossa expectativa que a leitura das reflexões e testemunhos fortaleça os laços que nos unem e aumente nosso ardor missionário.

02 Editorial

03 Missão no Mundo

06 Missão no Brasil

07 Central

15 Espiritualidade

18 Testemunhos

20 Colabore

Produção:

Expediente

Essa é uma publicação da: Província dos Missionários da Sagrada Família

América Latina

Governo Provincial MSF América Latina

Pe. Itacir Brassiani

Superior Provincial

Pe. Fernando Ibáñez

Vice Provincial

Assistentes Provincial

Pe. Pedro Leonides

Pe. Raúl Vera

Pe. Domingos de Sá Filho

Equipe de Comunicação MSF

Ir. Héctor Pinto G.

Ir. Wanderson Noguera A.

Fr. Igor Pereira dos Santos

Fr. Wesley Araujo da Silva

Fr. Lidiomar Pereira

Contato e Pedidos

Província dos Missionários da Sagrada Família

Edição Mário Augusto Arcanjo

Revisão de texto Mário Augusto Arcanjo

Editoração

Agência Arcanjo

Capa e diagramação Letícia Sales

Rua da Floresta, 1043 - Bairro Petrópolis

Cx. Postal 3056 - CEP: 99051-260

Passo Fundo - RS - Brasil

Fone: (54) 3313-2107

E-mail: secretaria@msagradafamilia.com.br

Site: www.misafala.org

Impressão e tiragem

Gráfica Berthier / 2.000 exemplares

2 Editorial Editorial
Sumário
Editorial
Por Pe. Itacir Brassiani, msf Passo Fundo/RS

Breve relato de chegada à missão "

Vou iniciar este meu pequeno testemunho, com a letra de uma canção, que vem me acompanhando já alguns anos, mas em especial, cada palavra, cada frase, se tornaram mais significativos por estes últimos dias, em que cheguei nestas terras de Missão.

A canção diz assim:

Um dia, como qualquer outro dia, o Senhor me criou, para uma grande missão. Um jovem, como qualquer outro jovem, o Senhor me chamou para uma grande missão. Eu nada sabia, eu nada entendia. Eu nada previa de uma grande missão. Eu me encantei, me apaixonei, o barco larguei, por uma grande missão. Eu disse sim, ó Senhor. Eu disse sim por amor, pronto pra ir eu estou, para uma grande missão.”

3 Missão no mundo

E assim após alguns anos na “fila”, aguardando a liberação e a documentação necessária para viajar à nova missão, finalmente chegou o dia. Acompanhado pelo coirmão P. Celso Both, viajamos do Brasil para Moçambique que teve sua duração de 3 dias e meio, na qual, a viagem foi um sucesso. Pisando pela primeira vez em terras africanas no dia 26 de maio de 2022, tive uma bela e animada recepção de toda Comunidade de vida da Casa de Formação Sagrada Família de Nazaré.

Nesses poucos dias que estou por aqui, percebi que estar em Missão Ad’Gentes, é renovar o SIM e a criatividade dia após dia. Há muito que aprender com este povo querido, alegre e acolhedor. E mergulhar neste novo campo missionário, requer muita abertura, disponibilidade para aprender mais sobre os costumes, cultura, origens e ritos. É preparar o paladar para a diversidade culinária, e o corpo, para as animadas e contagiantes celebrações, tanto religiosas como também as celebrações da vida, no cotidiano.

E por falar em preparação física, passados exatos trinta e três dias, recebi meu “batismo” com a primeira malária. Confesso que de início a situação foi complicada e muito dolorida. Pois, por ser a primeira malária, e com o organismo ainda não acostumado e nem preparado com os devidos anticorpos, posso afirmar que foi forte. Mas, à base de comprimidos, permanecendo quatro dias acamado sem forças para mover-se, depois de muito descanso, venci. E como partilhei com os mais próximos, já estou pronto para a próxima manifestação da malária.

4 Missão no mundo

Já nesses poucos dias, tive a oportunidade de estar em contato com o povo nas comunidades Cristãs, através de atendimentos pastorais e nas celebrações Eucarísticas. Fiquei encantado com a animação, as danças, as oferendas apresentadas durante a Celebração. Dessa maneira, creio que o grande desafio será o aprendizado da Língua Macuá (idioma falado predominantemente no norte de Moçambique).

Aqui na cidade de Nampula/Moçambique, irei desempenhar a função de acompanhar na formação inicial, os nossos Aspirantes e Postulantes, que residem na Casa de Formação Sagrada Família de Nazaré, além de auxiliar os confrades que estão na Missão em Mecubúri, com atendimentos, formações e celebrações nas paróquias em que, nós Missionários da Sagrada Família, temos a missão.

Estou muito feliz e contente por ter a oportunidade de conhecer e inserir-me nesta realidade de missão, na qual sempre desejei desde o início de minha caminhada formativa. Tenho muito que aprender e ao mesmo tempo desempenhar a função que me foi confiada, de ser um irmão entre os irmãos na missão de formador. Agradeço imensamente a Deus e peço a cada dia força, ânimo e saúde para bem desempenhar a missão. Aos meus pais, irmãos e familiares, por lentamente compreenderem e comungarem deste meu projeto missionário. Ao Governo Provincial e confrades, pela confiança e pelo apoio contínuo. A todos os amigos, Benfeitores da AMISAFA e Paróquia São Judas Tadeu de Palmitos, na qual, represento a cada um/a nesta missão.

Peço orações pelos Missionários que aqui neste país de Moçambique se encontram, para que todos, apesar das dificuldades cotidianas, tenhamos sempre como guia o exemplo do grande Missionário do Pai, Jesus Cristo.

5 Missão no Mundo
Pe. Adilson Assman, msf Nampula/Moçambique
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Estou muito feliz e contente por ter a oportunidade de conhecer e inserir-me nesta realidade de missão."

Ummonumento a Salette

A vocação e missão do padre Jean Berthier estão intrinsecamente ligadas à Salette, seja pela narrativa escutada na infância, ou pela experiência mística que viveu no Santuário da montanha da Salette, região da França, lugar em que ele nasceu e cresceu.

Na cidade de Caldas Novas no estado de Goiás, onde se localiza a maior estância hidrotermal do mundo, foi erguido não apenas um monumento, mas um dos principais Santuários d a Salette no Brasil, isso graças ao culto e devoção que o padre Jean Berthier transmitiu à Congregação dos Missionários da Sagrada Família e, em especial, ao desejo do Pe. Guilherme Antônio Werlang, MSF, que se tornou bispo daquela região. Num espírito de sinodalidade foi firmada uma parceria tripartida, entre a Diocese de Ipameri, a Congregação dos Missionários de Nossa Senhora da Salette e a Congregação dos Missionários de Sagrada Família, mas com a consciência de que o Santuário seria diocesano e não das congregações. Seria principalmente em atenção ao pedido feito por Nossa Senhora da Salette: “Vamos, meus filhos, transmiti isso a todo o meu povo".

A missão desse Santuário é de suma importância, pois realiza, desde a sua fundação em 2004, um exemplar trabalho pastoral com os turistas que visitam a cidade, levando-os a uma experiência de fé e devoção por alguns minutos enquanto visitam o complexo que é um dos principais pontos de visitação da cidade.

Podemos ainda destacar outras bandeiras que o Santuário assume, como o cuidado com a casa comum, estando no pé de uma serra e sendo um guardião do cerrado, um dos biomas que mais sofre com o desmatamento, dando formação, promovendo cursos e simpósios, e principalmente como casa da reconciliação, sempre promovendo o encontro com a misericórdia de Deus por meio de Nossa Senhora da Salette, Reconciliadora dos pecadores.

É crescente o número de devotos que vão ao Santuário para fazer um pedido, ou agradecer uma graça alcançada sob o patrocínio da Bela Senhora da Salette. De modo especial, na tradicional Romaria Diocesana de Nossa Senhora da Salette, que acontece no último domingo de setembro e reúne toda a diocese de Ipameri, além de muitas caravanas vindas de diversos estados do Brasil, pois o Santuário está numa localização estratégica no centro do País.

de Ipameri, além de muitas caravanas vindas de

6 Missão no Brasil
Pe. Daniel Campos, ms
O culto a Nossa Senhora de La Salette não se restringe à montanha onde ela apareceu. Existem mais de mil monumentos públicos, elevados por toda a terra em homenagem a Nossa Senhora de La Salette."
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Pe. Jean Berthier, msf

História da Comunidade dos Filhos e Filhas de La Salette - Chile:

Um exemplo de fraternidade

O objetivo da Comunidade é fortalecer a fé, dar a conhecer a “boa nova” do Evangelho e, principalmente, rezar o Santo Terço, sob o patrocínio de Nossa Senhora Mãe, a Virgem Maria de La Salette.

A Comunidade Filhos e Filhas de La Salette nasceu em 31 de março de 2021 como resultado de reuniões virtuais de seus membros que durante o tempo de confinamento em meio à pandemia (2020-2021), rezaram dia a dia Santo Rosário online, através do Facebook, com o padre Fernando Ibáñez, msf, o irmão Héctor Pinto, msf e todos os irmãos e irmãs de fé que perseveraram na oração. Foi aí que foram cativados pela bela história da Bela Senhora, conhecendo melhor sua história, como ela se apresentou a dois humildes pastorinhos, sentada em uma pedra, chorando como uma mãe aflita por seus filhos. O lugar onde ela aparece nas montanhas, em uma pequena cidade, La Salette, na França, longe de tudo, é impressionante. Além disso, seu rosário tem um martelo e uma torquês pendurada em seu pescoço, o que é muito significativo.

"Nos sentimos muito identificadas com a Virgem de La Salette, porque como mãe agimos com dor e lágrimas nos olhos quando nossos filhos sofrem, adoecem e passam por momentos difíceis. Somos cativadas pela mensagem de Nossa Senhora Bonita, que nos convoca à Oração e à Conversão ao retornar ao seu filho Jesus", declara uma das mães participantes.

Esse grupo é formado por cerca de 50 integrantes de diversas cidades do país. O objetivo da Comunidade de La Salette é fortalecer a fé, difundir a boa notícia do Evangelho e, principalmente, rezar o Santo Rosário, sob a invocação de Nossa Bem-Aventurada Virgem Maria de La Salette, que nos diz: “pois, bem meus filhos, dizei isso a todo o meu povo”. O que precede os convoca à oração constante, à conversão diária e ao testemunho de vida.

A comunidade se reúne fraternalmente online para rezar o Santo Terço todas as segundas-feiras às 20h, por meio da rede social Facebook (Hijos de La Salette), na página @hijosdelasalette. Nas quintasfeiras também é um dia de encontro, onde as mães rezam por seus filhos.

As atividades que a Comunidade desenvolve são variadas. Entre elas, “O Jubileu dos 175 anos da Aparição de Nossa Senhora Bonita, Virgem de La Salette”, em setembro de 2021, em diferentes capelas. Além disso, a partir de outubro do ano passado, duas imagens da Virgem Peregrina visitaram diferentes famílias. Naquela época a comunidade tinha apenas duas imagens, atualmente tem 10, que estão visitando diferentes cidades do Chile. Enquanto em novembro, o “Mês de Maria” (8 de novembro a 8 de dezembro) foi realizado em praças públicas e, finalmente, em dezembro foi realizada a Novena do Menino Jesus [novena de natal].

Os membros participam ativamente em diversos encontros Eucarísticos. Um ano após a formação da Comunidade, seus membros celebraram uma Santa Missa junto com o Padre Fernando Ibáñez, tendo assim a oportunidade de se encontrar pessoalmente e viver um belo momento de fraternidade e oração em comunidade.

Os Filhos e Filhas de La Salette esperam perseverar na oração, na recitação do Santo Rosário, fortalecer a Comunidade e acompanhar aqueles que precisam apresentar suas intenções, para que os frutos do sacrifício de Cristo sejam aplicados para ajudar alguém a encontrar um emprego, recuperar de uma doença, dar conforto e força em tempos de dor, rezar pelos filhos.

7 7 Central
Fresia Bobadilla e Verónica González Ossa Chile

Santa Maria, Mãe de Deus, rogai por nós, pecadores!

É possível que geralmente rezemos as orações cristãs mais conhecidas sem darmo-nos conta de que se trata de orações elaboradas por uma comunidade para ser rezada em comunidade. Poucas vezes perguntamonos quem é o “nós” da oração do “Pai Nosso” e da “Ave Maria”, e as rezamos como se fossem orações privadas ou individuais, que simplesmente ignoram “os outros”.

Quem faz parte do grupo ou da comunidade que identificamos como “nós” quando rezamos a Ave Maria? Quem, no nosso sentimento e na nossa imaginação, faz parte do “nós, pecadores/as”, e quem nós excluímos dele, ou nem imaginamos que faça parte? A resposta é mais difícil do que pensamos, mas é ela que dirá se rezamos como cristãos ou não!

Eu penso que muitas vezes, quando rezamos, esse “nós” não é um pronome pessoal conjugado no plural, mas no singular. Rezamos simplesmente pensando num “eu” e não em um “nós”. Se fôssemos sinceros e coerentes, rezaríamos assim: “Santa Maria, Mãe de Deus, rogai por mim, agora e na hora da minha morte”. Assim mesmo, excluindo o qualificativo “pecador/a”!

Outras vezes, temos presente o plural, mas ele não vai muito além daqueles que incluímos nos estreitos limites da nossa família nuclear (pai, mãe e filhos/as) ou do nosso grupo ou movimento (grupo de catequese, grupo de oração, apostolado da oração, etc.). E pensamos apenas em um benefício exclusivo para ele, ou numa assistência quando a morte bater à nossa porta.

Por mais que estes grupos sejam importantes, a oração autenticamente cristã não pode permanecer num círculo tão estreito e exclusivo. A oração cristã não pode ser refém das ideologias da supremacia masculina ou branca, da primazia da nação ou da pátria sobre os estrangeiros, ou da mentalidade que coloca católicos acima dos evangélicos e outras religiões.

É claro que podemos e devemos melhorar e tornar mais cristã nossa atitude, nossos pensamentos e sentimentos quando rezamos esta oração tão simples, bela e expressiva. Comecemos

então trazendo à consciência as pessoas com quem nos unimos em cada oração, assim como as pessoas pelas quais precisamos rezar e incluir no círculo do nosso amor e das nossas preocupações.

Nosso querido Papa Francisco pede que sonhemos uma fraternidade sem fronteiras, que pertencemos a uma só humanidade, que tudo está interligado, que pertencemos a uma família de criaturas interdependentes da qual nada e ninguém fica de fora e na qual ninguém é superior ou inferior. É isso que compõe o “nós” da nossa oração, o sujeito que reza através de nossa voz!

E o que pensamos quando pedimos que Maria interceda em favor da humanidade, por este “nós, pecadores”? Expressamos a consciência das divisões e fraturas que ferem essa família, das relações de dominação e exclusão, da distância entre aquilo que cremos e falamos e aquilo que fazemos, da necessidade de ajuda da Mãe para melhorar nossas relações e nosso estilo de vida.

Por fim, não peçamos que a Mãe de Deus rogue em nosso favor apenas “na hora da nossa morte”, mas principalmente “agora”, no tempo que nos é dado viver, e que desejamos que seja longo. É nesse tempo e nesse longo caminho que mais necessitamos da inspiração e da intercessão daquela que Jesus nos deu por mãe e medianeira.

8 Central
Itacir Brassiani, msf Passo Fundo/RS

Oração a Virgem Maria

"Virgem e Mãe Maria, Vós que, movida pelo Espírito, acolhestes o Verbo da vida na profundidade da vossa fé humilde, totalmente entregue ao Eterno, ajudai-nos a dizer o nosso «sim» perante a urgência, mais imperiosa do que nunca, de fazer ressoar a Boa Nova de Jesus. Vós, cheia da presença de Cristo, levastes a alegria a João o Baptista, fazendo-o exultar no seio de sua mãe. Vós, estremecendo de alegria, cantastes as maravilhas do Senhor. Vós, que permanecestes firme diante da Cruz com uma fé inabalável, e recebestes a jubilosa consolação da ressurreição, reunistes os discípulos à espera do Espírito para que nascesse a Igreja evangelizadora.

Vós, estremecendo de alegria, para que nascesse a Igreja evangelizadora.

Alcançai-nos agora um novo ardor de ressuscitados para levar a todos o Evangelho da vida que vence a morte.

na sua paixão por instaurar o Reino. Estrela da nova evangelização, para que a alegria do Evangelho

Mãe do Evangelho vivente,

Dai-nos a santa ousadia de buscar novos caminhos para que chegue a todos o dom da beleza que não se apaga. Vós, Virgem da escuta e da contemplação, Mãe do amor, esposa das núpcias eternas intercedei pela Igreja, da qual sois o ícone puríssimo, para que ela nunca se feche nem se detenha na sua paixão por instaurar o Reino. Estrela da nova evangelização, ajudai-nos a refulgir com o testemunho da comunhão, do serviço, da fé ardente e generosa, da justiça e do amor aos pobres, para que a alegria do Evangelho chegue até aos confins da terra e nenhuma periferia fique privada da sua luz. Mãe do Evangelho vivente, manancial de alegria para os pequeninos, rogai por nós."

(Papa Francisco, Evangelii Gaudium, § 288)

(Papa Francisco, Evangelii Gaudium, § 288)

9 Central

Nossa Senhora de Luján:

O sentimento de um povo

Todo dia 8 de maio, celebra-se Nossa Senhora de Luján, padroeira da Argentina. É uma pequena e simples imagem de 38cm feita de barro cozido, representativa da Imaculada Conceição. Durante todo o ano há peregrinações ao seu santuário, embora 2 sejam muito importantes: a primeira em 8 de maio, em que se celebra especificamente Nossa Senhora de Luján, e a segunda, no primeiro sábado de outubro em que os jovens caminham cerca de 76 quilômetros desde Liniers (município da Grande Buenos Aires). Peregrinos de todo o país acorrem a ela, sua basílica está localizada em um complexo de museus.

primeiro

Carmen e Jorge estão casados há 36 anos. Eles são missionários há anos e em 2018 tiveram a oportunidade de levar a imagem de Nossa Senhora de Luján a San Francisco Javier, província de Córdoba, desde então repetiram a experiência no bairro onde servem na capela do Espírito Santo.

Como a experiência missionária no interior do país mudou suas vidas, e que realidade eles têm a compartilhar:

O que Carmen resgata da missão em Córdoba é o fato de que pode ser vista, e está muito mais presente no interior a fé em Jesus e na Virgem, havendo uma verdadeira devoção.

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Quando fomos em missão com a Virgem de Luján, eles nos prepararam e nos disseram que ela é a protagonista, que quando vamos em dupla ou em trio, casa por casa, a primeira coisa que eles têm que ver é a imagem de Luján. Porque é ela quem realmente vai visitar, é preciso notar que estamos em missão, devemos ouvir e servir, não ser ouvidos e servidos. Conto algo que aconteceu conosco e, para mim, foi muito importante. Nessas subidas, enquanto percorríamos a vila, em razão de ser uma zona de montanhas, começamos a cantar à Virgem. No andar de cima havia uma senhora com o marido, então ela disse a ele 'alguém está cantando, e é para a Virgem'. Imagine como é estranho no meio das montanhas, onde não há nada, ouvir uma música. E a senhora nos disse quando nos viu: 'Eu disse a ele, a mãe estava vindo nos visitar'. Pensemos o quanto isso é importante, confirmando com o que nos disseram, que ela seja a primeira a entrar. Assim que começamos a conversar, a senhora nos trouxe cadeiras e água, estava muito quente naquela missão porque era dezembro. E, assim como nesse exemplo, na maioria das casas o amor por Jesus e Maria é perceptível. A experiência é linda, não se ouve mais nada. Não julgar, não aconselhar, não sermos os protagonistas, e sim o Evangelho, a boa notícia".

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"

"Jorge expressa: Chegar às casas, rezar com as famílias, ajudar para que conheçam um pouco mais Nossa Senhora, essa é a nossa missão, embora já a conhecessem porque antes foram em outras missões. Ao entrar nas casas havíamos planejado o que cada um faria, um abençoava a casa, o outro rezava e explicavamos um pouco o que significava aquela visita. Como sempre digo a Carmen, Maria nos uniu, nos deu todo seu amor e é nossa guia em tudo. Como casal missionário, partilhamos momentos e experiências de viver e ser testemunha para o outro. A missão nos une cada vez mais. Na última, éramos cerca de trinta e cinco pessoas (sete casais), compartilhando uma verdadeira experiência de fé, colocando tudo em comum, compartilhando vida, necessidades, porque ali não há confortos, mas sim necessidades.

Voltamos enriquecidos, preenchidos de alguma forma e gratos por este chamado para a missão".

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Depoimento de Jorge González e Carmen Machado, Capela do Espírito Santo, Tortuguitas – Buenos Aires

Indonésia:

Formação Contínua da Pastoral da Família

Na Indonésia, os Missionários da Sagrada Família são conhecidos pela Pastoral Familiar mais do que pela missão. Por isso, não é de estranhar que em muitas das dioceses deste país pedissem pessoas para trabalhar especificamente nesta pastoral. Alguns membros da Província de Java trabalham em Tanjung Karang (Sumatra), Tanjung Selor (Kalimantan Norte), também nas Arquidioceses de Jacarta, Semarang, e um padre trabalha como secretário executivo na Comissão para as Famílias da Conferência Episcopal. Os confrades de Kalimantan trabalham na Arquidiocese de Samarinda (Kalimantan Oriental), nas dioceses de Banjarmasin (Kalimantan Sul) e Palangkaraya (Kalimantan Central). Todos são responsáveis pela Pastoral Familiar nas dioceses mencionadas. A fama de Pastoral Familiar na Indonésia atinge também os membros que trabalham nas paróquias MSF, onde é mais frequentada do que em outras que não são de nossa congregação.

Com esta situação sabemos que não é possível responder a todas as necessidades pastorais, sobretudo, em razão da escassez de pessoas que temos. Além disso, como Congregação Religiosa, devemos dar importância à vida comunitária, que é considerada ao enviar pessoas para a missão na Pastoral Familiar.

Levando em conta essa situação, sabemos que a formação em questões familiares é inevitável, tanto para os membros de MSF quanto para os agentes pastorais das dioceses. Estamos cientes de que nem todos os membros estão preparados nesta área para trabalhar diretamente nas dioceses, para isso, os projetos realizamos:

Formação para os seminaristas no Juniorato

Na formação inicial do Juniorato, os seminaristas devem aprofundar todas as pastorais específicas dos MSF e uma vida pastoral por um ou dois anos. Estudam os documentos eclesiais sobre família e participam na pastoral familiar nas paróquias, orientados pelo responsável por este ministério, o formador do Juniorato e os párocos. De vez em quando, algumas famílias são convidadas a compartilhar a vida conjugal com os juniores, ou o responsável da família na província lhes fornece formações ou materiais sobre os temas atuais da vida conjugal e da vida familiar.

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Formação básica da Pastoral da Família

A formação básica é realizada no Centro de Pastoral Familiar em Semarang. Anualmente, é realizado um curso de duas semanas para agentes de pastoral familiar, especialmente para sacerdotes e religiosos. Os materiais pastorais são variáveis: Doutrina da Igreja, psicologia, direito, formação contínua das famílias, etc. Os palestrantes são nossos irmãos e colaboradores especialistas em várias questões familiares. Jovens sacerdotes estão participando deste curso. Este centro também realiza programas de formação para famílias: paternidade, consulta familiar, retiro da Sagrada Família, terapia familiar, etc. Os padres podem participar e estudar como administrar e realizar programas pastorais.

Formação contínua dos membros MSF

Três vezes por ano, as equipes de Pastoral Familiar da província participam do Fórum de Pastoral Familiar, que dura duas horas e consiste em palestras de especialistas em questões matrimoniais e familiares, além de painéis. Este fórum é um site para membros MSF (Java e Kalimantan) que trabalham na diocese (conferência para compartilhar materiais, atividades ou estudar juntos). Este ano, temos 3 temas: A saúde mental como desafio pastoral, a pastoral da pessoa idosa e o papel da família na formação dos seminaristas.

A Província de Java também prepara alguns membros para estudar a especialidade de Pastoral Familiar na Indonésia ou no exterior (Roma ou Filipinas) em vários campos de estudo.

Sabemos que a Pastoral Familiar não é dar algo, é caminhar juntos, como diz o Papa Francisco. Para caminhar, temos que saber para onde temos que ir. Para acompanhar, temos que saber como. O Ministério da Família é trabalho de todos.

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Pe. Morist, msf Indonésia

Faça o que Jesus lhe diz!

1. Cantando:

Ouça ou cante uma canção para a Virgem.

2. A Palavra ilumina nossa realidade

Leia o Evangelho de João 2, 1-12 (As Bodas de Caná)

Para refletir:

• O que acontece nesta festa?

• Qual é a atitude de Maria e Jesus?

• Qual é a mensagem deste texto para nós hoje?

15 Espiritualidade

3. A Palavra nos ajuda a discernir o caminho

“As bodas de Caná se repetem em cada geração, em cada família, em cada um de nós e nossas tentativas de fazer com que nosso coração consiga apoiar-se em amores duradouros, em amores frutíferos e em amores alegres.

Maria está atenta, está atenta aos casamentos que já começaram, está atenta às necessidades dos esposos. Ela não se fecha em si mesma, não se envolve em seu mundo, seu amor a faz ‘ser para’ os outros. Ela não procura amigas para comentar o que está acontecendo e criticar a má preparação do casamento. E como ela está atenta, com sua discrição percebe que o vinho está faltando. O vinho é um sinal de alegria, de amor, de abundância. Quantos de nossos adolescentes e jovens percebem que, em suas casas, há muito tempo não há mais desse vinho! Quantas mulheres sozinhas e tristes se perguntam quando o amor foi embora, quando o amor se diluiu de suas vidas?

Mas Maria, no momento em que percebe que falta o vinho, voltase confiante para Jesus: isto significa que Maria reza. Vai ter com Jesus, reza. Ela não foi ao mordomo; ela apresenta diretamente a dificuldade dos esposos ao seu Filho. A resposta que ela recebe parece desanimadora: ‘E que tem isso a ver contigo e comigo?

Ainda não chegou a minha hora’ (Jo 2,4). Mas, enquanto isso, ela já deixou o problema nas mãos de Deus. Sua preocupação com as necessidades dos outros apressa a ‘hora’ de Jesus.

E, finalmente, Maria age. As palavras ‘Fazei tudo o que ele vos disser’ (Jo 2,5), dirigida a quem serviu, são um convite dirigido também a nós para nos colocarmos à disposição de Jesus, que veio para servir e não para ser servido. O serviço é o critério do verdadeiro amor. Quem ama serve, põe-se a serviço dos outros. E isso se aprende sobretudo na família, onde nos tornamos, por amor, servos uns dos outros”.

(Papa Francisco, Guayaquil, 6 de julho de 2015)

Para refletir:

• Estamos atentos às necessidades dos outros?

• Com que atitudes o mostramos?

• Qual é o vinho que está faltando em nossas vidas, em nossas famílias?

16 Espiritualidade 16

4. A Palavra nos abre à comunicação com Deus

Maria nos ensina a colocar tudo nas mãos de Jesus, sugerimos que deixe tudo: preocupações, alegrias, sonhos, em suas mãos e juntos nos voltemos para nossa Mãe, que hoje mais uma vez nos mostra o caminho para nos aproximarmos de seu Filho:

Bem-aventurada és Maria, porque creste na Palavra do Senhor, porque esperastes em suas promessas, porque foi perfeita no amor.

Bem-aventurada por sua caridade apressada com Isabel, por sua bondade materna em Belém, por tua força na perseguição, por tua perseverança na busca de Jesus no templo, por sua vida simples em Nazaré, por sua intercessão em Caná, por tua presença materna junto à cruz, por tua fidelidade na espera da ressurreição, pela tua oração assídua no Pentecostes.

Bem-aventurada sois pela glória da vossa Assunção ao céu, pela vossa materna proteção sobre a Igreja, pela vossa constante intercessão por toda a humanidade.

5. A Palavra muda nossas atitudes.

Hoje a Palavra chegou ao seu coração... mais uma vez Maria nos chama a ser como servos, obedientes, ela nos chama a fazer o que Jesus nos pede. O que Jesus pede de você hoje em sua vida, em sua família, em sua comunidade, em seu compromisso pastoral? Como você está disposto a responder?

17 Espiritualidade
Amém (João Paulo II)

“A tua palavra era festa e alegria para o meu coração” (Jr

Desde a mais tenra infância a Palavra de Deus esteve presente na minha vida. Nasci numa família católica, do interior de Santa Catarina. Um povoado rural, onde todos se conhecem. Fui inserido nessa comunidade pelos meus pais e avó materna, fazendo nela toda a minha caminhada cristã. E foi ali que se gestou no íntimo do meu coração o desejo de ser padre.

Foram dezessete anos caminhando neste ambiente com muita festa e alegria. Pois eram nos momentos com a comunidade e a família que eu percebia o chamado de Deus. E em fevereiro de 2010 ingressei na casa de formação dos Missionários da Sagrada Família. Não perdendo de vista a inspiração inicial, a Palavra que sempre foi “festa e alegria”. Pois houveram vários momentos de crise, de dificuldade e de tomadas de decisões.

Nestas decisões, a mais importante foi a de professar os votos perpétuos durante meu estágio missionário em Moçambique. Foram quatro anos inseridos no seio da mama África onde aprendi o verdadeiro significado de “festa e alegria”. Nas celebrações dos sacramentos ou nas celebrações do tempo comum, o sorriso, as danças e os cantos, manifestavam a presença de Deus na vida daquele povo. Passei a enxergar Deus nas coisas mais simples do cotidiano. Percebi que a Palavra se faz ser ouvida através da boca dos mais pequenos e humildes. Ah! Quanto amor. Ah! Quanta festa.

Por causa de toda essa trajetória decidi tomar por lema de ordenação diaconal o versículo de Jeremias, “a tua palavra era festa e alegria para o meu coração” (15,16). Pois percebi que a palavra de Deus e a Palavra encarnada sempre estiveram no meu percurso vocacional. Quantas e quantas vezes ouvi alguém dizer que estava rezando por mim. Outros tantos, me diziam, coragem você vai passar por essa fase turbulenta.

É por isso que no ministério diaconal quero anunciar a alegria e o amor da palavra de Deus. Fazendo com que, quem ouça a Palavra, sinta em seu coração a festa e a alegria, de estar na presença de Deus. Deste Deus que é Amor.

18 Testemunhos
15,16)
Diácono Ricardo Klock, msf Belo Horizonte/MG

Sou o Pe. Guilherme Ferreira Souza, Missionário da Sagrada Família. Fui ordenado presbítero no dia 01 de julho de 2022, na paróquia São Sebastião, em Taiobeiras-MG, minha terra natal. O meu chamado vocacional foi alimentado desde criança pela família, pelos freis franciscanos e pela comunidade de fé. Me recordo que, quando criança, eu participava sempre da missa dominical com meus familiares. Ficava atento aos gestos e palavras do padre. A alegria das celebrações contagiava a todos. Além disso, meus tios eram ministros extraordinários da sagrada comunhão na comunidade. Por este motivo, eles acompanhavam os padres para as comunidades rurais da paróquia. Muitas vezes me levavam também. Estas experiências de fé na comunidade foram despertando dentro de mim o desejo de também servir a Igreja como missionário.

No período de catequese para os sacramentos da eucaristia e crisma, meus catequistas foram verdadeiros animadores vocacionais. Toda vocação nasce na comunidade, é sustentada por ela, para estar a seu serviço. Ao concluir o ensino médio em 2011, procurei os padres da minha comunidade para saber mais sobre o processo vocacional. Naquele ano já estavam presentes em Taiobeiras os Missionários da Sagrada Família. Eles me acolheram com alegria, me falaram sobre a congregação, o Pe. Berthier, o carisma e a missão. No ano seguinte, ingressei no seminário em Montes Claros-MG, onde realizei o aspirantado e postulantado. Em 2016, fiz meu noviciado em Santiago, no Chile, onde também professei os meus primeiros votos religiosos de pobreza, obediência e castidade. De 2017 a 2019 foi a etapa do juniorado, em Belo Horizonte-MG.

No ano seguinte, iniciei a experiência pastoral na paróquia Sagrada Família, em Januária-MG. Um momento muito importante de viver com o povo de Deus. Lá, professei os votos perpétuos e recebi o ministério diaconal. No início deste ano acolhi uma nova missão, agora na paróquia São Gonçalo, na cidade de Francisco Sá-MG. Para iluminar a minha vida ministerial e missionária, escolhi a frase “o que eu fiz por vós, fazei-o vós também” (Jo 13, 15). Trata-se da frase dita por Jesus, ao final da última ceia, depois de ter lavado os pés dos discípulos. Ser missionário é estar a serviço do povo de Deus, especialmente dos pobres e pequenos. É buscar fazer ao nosso próximo o que Jesus fez pelos seus e por nós. Rezemos pelas vocações em nossas famílias e comunidades, pedindo ao Senhor da messe que envie trabalhadores missionários para a colheita.

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“O que eu fiz por vós, fazei-o vós também” (Jo 13, 15)
19 Testemunhos
Pe. Guilherme Ferreira Souza, msf Francisco Sá/MG
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