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Santa Maria, Mãe de Deus, rogai por nós, pecadores!

É possível que geralmente rezemos as orações cristãs mais conhecidas sem darmo-nos conta de que se trata de orações elaboradas por uma comunidade para ser rezada em comunidade. Poucas vezes perguntamonos quem é o “nós” da oração do “Pai Nosso” e da “Ave Maria”, e as rezamos como se fossem orações privadas ou individuais, que simplesmente ignoram “os outros”.

Quem faz parte do grupo ou da comunidade que identificamos como “nós” quando rezamos a Ave Maria? Quem, no nosso sentimento e na nossa imaginação, faz parte do “nós, pecadores/as”, e quem nós excluímos dele, ou nem imaginamos que faça parte? A resposta é mais difícil do que pensamos, mas é ela que dirá se rezamos como cristãos ou não!

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Eu penso que muitas vezes, quando rezamos, esse “nós” não é um pronome pessoal conjugado no plural, mas no singular. Rezamos simplesmente pensando num “eu” e não em um “nós”. Se fôssemos sinceros e coerentes, rezaríamos assim: “Santa Maria, Mãe de Deus, rogai por mim, agora e na hora da minha morte”. Assim mesmo, excluindo o qualificativo “pecador/a”!

Outras vezes, temos presente o plural, mas ele não vai muito além daqueles que incluímos nos estreitos limites da nossa família nuclear (pai, mãe e filhos/as) ou do nosso grupo ou movimento (grupo de catequese, grupo de oração, apostolado da oração, etc.). E pensamos apenas em um benefício exclusivo para ele, ou numa assistência quando a morte bater à nossa porta.

Por mais que estes grupos sejam importantes, a oração autenticamente cristã não pode permanecer num círculo tão estreito e exclusivo. A oração cristã não pode ser refém das ideologias da supremacia masculina ou branca, da primazia da nação ou da pátria sobre os estrangeiros, ou da mentalidade que coloca católicos acima dos evangélicos e outras religiões.

É claro que podemos e devemos melhorar e tornar mais cristã nossa atitude, nossos pensamentos e sentimentos quando rezamos esta oração tão simples, bela e expressiva. Comecemos então trazendo à consciência as pessoas com quem nos unimos em cada oração, assim como as pessoas pelas quais precisamos rezar e incluir no círculo do nosso amor e das nossas preocupações.

Nosso querido Papa Francisco pede que sonhemos uma fraternidade sem fronteiras, que pertencemos a uma só humanidade, que tudo está interligado, que pertencemos a uma família de criaturas interdependentes da qual nada e ninguém fica de fora e na qual ninguém é superior ou inferior. É isso que compõe o “nós” da nossa oração, o sujeito que reza através de nossa voz!

E o que pensamos quando pedimos que Maria interceda em favor da humanidade, por este “nós, pecadores”? Expressamos a consciência das divisões e fraturas que ferem essa família, das relações de dominação e exclusão, da distância entre aquilo que cremos e falamos e aquilo que fazemos, da necessidade de ajuda da Mãe para melhorar nossas relações e nosso estilo de vida.

Por fim, não peçamos que a Mãe de Deus rogue em nosso favor apenas “na hora da nossa morte”, mas principalmente “agora”, no tempo que nos é dado viver, e que desejamos que seja longo. É nesse tempo e nesse longo caminho que mais necessitamos da inspiração e da intercessão daquela que Jesus nos deu por mãe e medianeira.

Oração a Virgem Maria

"Virgem e Mãe Maria, Vós que, movida pelo Espírito, acolhestes o Verbo da vida na profundidade da vossa fé humilde, totalmente entregue ao Eterno, ajudai-nos a dizer o nosso «sim» perante a urgência, mais imperiosa do que nunca, de fazer ressoar a Boa Nova de Jesus. Vós, cheia da presença de Cristo, levastes a alegria a João o Baptista, fazendo-o exultar no seio de sua mãe. Vós, estremecendo de alegria, cantastes as maravilhas do Senhor. Vós, que permanecestes firme diante da Cruz com uma fé inabalável, e recebestes a jubilosa consolação da ressurreição, reunistes os discípulos à espera do Espírito para que nascesse a Igreja evangelizadora.

Vós, estremecendo de alegria, para que nascesse a Igreja evangelizadora.

Alcançai-nos agora um novo ardor de ressuscitados para levar a todos o Evangelho da vida que vence a morte.

na sua paixão por instaurar o Reino. Estrela da nova evangelização, para que a alegria do Evangelho

Mãe do Evangelho vivente,

Dai-nos a santa ousadia de buscar novos caminhos para que chegue a todos o dom da beleza que não se apaga. Vós, Virgem da escuta e da contemplação, Mãe do amor, esposa das núpcias eternas intercedei pela Igreja, da qual sois o ícone puríssimo, para que ela nunca se feche nem se detenha na sua paixão por instaurar o Reino. Estrela da nova evangelização, ajudai-nos a refulgir com o testemunho da comunhão, do serviço, da fé ardente e generosa, da justiça e do amor aos pobres, para que a alegria do Evangelho chegue até aos confins da terra e nenhuma periferia fique privada da sua luz. Mãe do Evangelho vivente, manancial de alegria para os pequeninos, rogai por nós."

(Papa Francisco, Evangelii Gaudium, § 288)

(Papa Francisco, Evangelii Gaudium, § 288)