Uma vida pela moralidade pública

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PERFIL Néia Dutra/GES

no vale do sinos Transferido de Tubarão (SC), desde este mês Celso Antônio Tres está atento ao cotidiano do Vale do Sinos

Uma vida pela moralidade pública Gabriel Guedes

Procurador é conhecido por casos de grande repercussão Uma das atribuições do procurador da República é a iniciativa, ao ver algum acontecimento, de averiguar qualquer irregularidade. “O que me atrai no Ministério Público Federal é ver o fato e correr atrás”, explica o procurador Celso Tres. Durante os últimos seis anos, período em que esteve na Procuradoria da República de Tubarão, Tres fez frente a várias situações que estariam infringindo a legislação federal. O descaso da União com a BR101 entre Osório e Palhoça (SC), cuja duplicação só iniciou em

2005, após anos de promessas, fez o procurador cobrar o compromisso dos presidentes Fernando Henrique Cardoso e Luiz Inácio Lula da Silva. “Ganhei no Tribunal Regional da 4ª Região (TRF4). Eram cerca de 150 mortes por ano entre Palhoça e Passo de Torres. Recuperamos as promessas de Lula e FHC. A mentira na política não pode passar em branco”, defende. Durante sua passagem por Cascavel, no Paraná, Tres esteve à frente de caso que investigou a remessa fraudulenta de US$ 5,68 biFotos Gabriel Guedes/GES-Especial

Domingo, 22.5.2011 / ABC DOMINGO

O procurador da República Celso Antônio Tres, 48 anos, conhece a realidade brasileira na própria pele. Nascido em Tapejara, norte gaúcho, filho de agricultores, foi embora para Porto Alegre aos 17 anos em busca de oportunidades. Trabalhou em loja de construção, se alimentou pouco, conseguiu estudar Direito com ajuda do crédito educativo e viu de perto colegas em melhor situação mentindo para conseguir o benefício. Hoje, Tres se dedica a combater aqueles que cometem crimes de colarinho branco, delitos, como a corrupção, praticados por pessoas acima de qualquer suspeita. O procurador diz que passou muitas dificuldades na Capital. “Eu trabalhava na Tumelero. Fiz de tudo lá. Às vezes passava o dia só com uma banana e um pão na barriga”, confessa. O esforço lhe rendeu a possibilidade de estudar na PUCRS. “Era como dava para exercitar o debate em tempos de ditadura.” Celso Tres é procurador federal há 15 anos. Mas já foi funcionário do Tribunal de Justiça (TJRS), auditor do Tribunal de Contas do Estado (TCE-RS) e procurador do Estado. Após atuar em Tubarão (SC), Tres voltou ao Estado, agora para Novo Hamburgo, substituindo Michael von Mühlen de Barros Gonçalves e se somando aos procuradores Jaqueline Ana Buffon e Júlio Carlos Schwonke de Castro Júnior, e trazendo no currículo casos de grande repercussão. Combativo, o procurador ainda mantém o site www.crimesdocolarinhobranco.adv.br, que apresenta uma ampla pesquisa sua sobre o tema. A partir de outubro ele atuará em Passo Fundo, mas retorna para o Vale em definitivo em março de 2012, onde permane8 cerá a família.

PROCESSOS: Tres já faz devassa sobre repasses de verbas federais à região

lhões para o exterior por meio de contas CC5, entre 1996 e 2000, que culminou com a CPI do Banestado no Congresso, em 2003. No Vale do Sinos, ele já investiga a Vulcabras|Azaleia, que teria recebido financiamento federal como incentivo, mas demitiu 840 pessoas em Parobé. O procurador pretende ainda averiguar o destino de verbas federais, a qualidade da construção civil com financiamento da Caixa Econômica Federal e serviços concedidos pela União, como TV à cabo e distribuição de eletricidade.

de mala e cuia pelo país

De olho nas verbas federais

Também houve rápidas passagens por procuradorias do Nordeste e Norte do País. “Por causa das ameaças, éramos obrigados a mudar de cidade com frequência”, salienta

Uma das competências do Ministério Público Federal (MPF) é verificar a real aplicação das verbas repassadas pela União aos municípios. Segundo Celso Tres, essa é uma de suas primeiras tarefas na Procuradoria da República em Novo Hamburgo. “Estamos apurando muitos dados para apurar se não houve desvio”, conta. Em meio ao trabalho, Tres adianta que Novo Hamburgo chegou, em um determinado momento do governo do presidente Lula, a receber duas vezes menos recursos que São Leopoldo. “São cidades parecidas, mas com uma disparidade muito grande nestes repasses”, avalia.

Vida de procurador da República é quase a mesma dos antigos nômades. Celso Tres já esteve em Procuradorias Regionais do MPF de pelo menos quatro municípios em quatro Estados

Mas a cada mudança, Tres deixou boas lembranças, que renderam algumas homenagens por parte dos servidores e colegas procuradores, como as que você vê nesta coluna


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