Apex destina R$ 20 milhões ao setor

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QUINTA-FEIRA, 5 DE JULHO DE 2007 geral JORNAL NH Valor se refere às ações de promoção do calçado brasileiro no exterior em feiras e na prospecção de novos mercados

Apex destina R$ 20 milhões ao setor “O governo do Estado compreende os problemas do setor e está na busca de alternativas’’ Arnaldo Kney Chefe adjunto da Casa Civil

“Estamos unidos no consórcio que quer ver o setor coureiro-calçadista do Vale do Sinos novamente fortalecido’’ Pedro Rippel (PDT) Prefeito de Rolante e presidente da AMVRS “Precisamos de mais empresas que dêem a cara, enfrentem os novos mercados e achem novos parceiros’’ Alessandro Teixeira Presidente da Apex “O desemprego com a crise repercute pouco. Nem isso foi capaz de despertar o apoio governamental por uma solução’’ Adão Wolff Presidente do Sindicato Municipal das Indústrias de Calçado de Sapiranga “É inconcebível que o calçado chinês entre no País pagando apenas 29 centavos o par. Queremos um limite de importação de 2% sobre a produção nacional’’ João Batista Xavier da Silva Presidente da Federação Democrática dos Trabalhadores do Calçado

Fotos Rivelino Meireles/GES-Especial

Gabriel Guedes

Sapiranga - Por mais que possa parecer contraditório em relação ao cenário atual da indústria exportadora calçadista no Vale do Sinos, a Agência de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex) quer ampliar o número de empresas comercializando seus produtos em outros países. O desejo foi revelado pelo presidente da Apex, Alessandro Teixeira, ontem, na primeira noite do Seminário Novos Caminhos: O Setor Calçadista e o Desenvolvimento Regional. Neste ano, 11% do orçamento da agência é destinado para a promoção do calçado brasileiro no exterior, o que representa R$ 20 milhões. Desde 1998, a agência acumula mais de R$ 192,5 milhões investidos. “É o setor número um para a Apex. Queremos que o número de exportadores aumente para que possam usufruir de novas oportunidades comerciais’’, frisou o dirigente da Apex.   Teixeira destacou os números durante o painel de ontem – que tratou do tema Potencial Exportador do Setor Coureiro-Calçadista: Oportunidades e Desafios –, junto com o diretor-executivo da Associação Brasileira da Indústria de Calçados (Abicalçados), Heitor Klein, presidido pelo presidente da Federação das Indústrias do Estado (Fiergs), Paulo Tigre, e acompanhado pelo prefeito de Sapiranga Nelson Spolaor (PT). O seminário tem entrada franca e terá, hoje, a partir das 19 horas, seu último painel, abordando linhas de

“A participação dos municípios no consórcio do setor coureiro-calçadista é fundamental. É preciso união neste momento’’ Nelson Spolaor (PT) Prefeito de Sapiranga

Encontro antecede evento em Sapiranga t

crédito e financiamentos.   Para Teixeira, os motivos para as empresas da área insistirem na exportação é o crescimento das vendas de calçado no mundo. “As vendas vêm duplicando em um período cada vez menor. Em 2000, foram 47,1 milhões de dólares em calçados. Em 2006, este valor já alcançou 75,7 milhões’’, apontou. Segundo ele, o Brasil tem condições de ser mais com-

Enio Schein, Paulo Tigre, Alessandro Teixeira, Nelson Spolaor e Pedro Rippel (acima), Mário Gusmão, Ricardo Gusmão, Jorge Serpa e Heitor Klein (abaixo) completam a mesa

petitivo no setor. “Somos o terceiro maior produtor mundial, temos uma cadeia auto-suficiente, integrada e desenvolvida. O Rio Grande do Sul tem um dos mais completos arranjos produtivos do País’’, ressalta.   MERCADOS - Para que o calçado da região possa reconquistar o mundo, Teixeira destaca que as empresas devem deixar de lado as formas tradicionais de co-

mercialização do calçado no exterior e apostar no design, em marcas próprias, novos nichos – como conforto, ecológicos e justos (fair trade). “É preciso ainda atentar para mercados não-tradicionais e sair da competição por preço’’, sugere o presidente da Apex, reconhecendo que será necessário um esforço redobrado. “Mas há espaço para produtos diferenciados’’, reitera.

“O setor coureirocalçadista é fundamental ao Estado. É preciso buscar novos caminhos, com criatividade’’ Paulo Tigre Presidente da Fiergs “Aquele mercado tradicional não acontece mais. É preciso buscar a estrela própria, agregando valor ao produto’’ Heitor Klein Diretor-executivo da Abicalçados “O comércio, é claro, sente os efeitos da crise e está disposto a colaborar na busca de soluções para o calçado no varejo’’ Gerson Müller Presidente do Sindilojas Novo Hamburgo “A crise atingiu em cheio as pequenas, micro e médias empresas, aquelas que não têm como suportar tamanho impacto do dólar’’ Davi Alves Presidente da Associação das Pequenas, Micro e Médias Empresas de Sapiranga

Klein cita alternativas Dirigente da agência descarta mudanças na cotação na Europa, por que isso vá destruir o seda Agên- clusivo do Grupara os empresários  ciaOdepresidente exemplo, e pe- tor. Ele vai passar por uma Promoção de Ex- po Sinos, Ricar-

O diretor-executivo da Abicalçados, Heitor Klein, abriu a apresentação do painel da noite de ontem, antecipando o presidente da Apex, Alessandro Teixeira. Ele foi enfático ao afirmar que o setor calçadista não está morto. “Precisamos fundamentar a agregação de valor, a marca própria e investir em ações de marketing’’, ressaltou. Para o diretor da Abicalçados, o modelo tradicional de exportação – em que gigantes do calçado internacional adquiriam grandes quantidades –, não existe mais. “O calçado do Brasil já tem a qualidade reconhecida lá fora. É preciso fazer uma investida deste novo jeito’’, frisa.   Na abertura do seminário, integraram a mesa o representante do governo gaúcho, o chefe adjunto da Casa Civil, Arnaldo Kney; o presidente da Federação Democrática dos Trabalhadores do Calçado, João Batista Xavier da Silva; o pre-

SERVIÇO

t O quê - Seminário Nacional Novos Caminhos t Quando - Ontem e hoje t Onde - Centro Municipal de Cultura Lucio Fleck, na Rua Sete de Setembro, 766, Sapiranga t Horário - A partir das 19 horas t Ingresso - Entrada franca t Painel - Hoje, Linhas de Crédito e Financiamento para Empreendedores, com o representante da Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI), Jorge Boeira; o gerenteexecutivo do Banco do Brasil, Paulo Odair Pointevin Frazão; e representantes da Caixa Econômica Federal e do Banco Nacional de Desenvolvimento (BNDES)

sidente da Associação dos Municípios do Vale e prefeito de Rolante, Pedro Rippel (PDT); o presidente da Fiergs, Paulo Tigre; o presidente da Apex; o comandante do 32.º BPM, major Jones Nogueira; o presidente do Sindilojas, Gerson Jaques Müller; o presidente do Sindicato das Indústrias de Calçado de Sapiranga, Adão Wolff, e o presidente da Associação das Pequenas, Micro e Médias Empresas, Davi Alves.

portações e Investimentos (Apex), Alessandro Teixeira, concedeu entrevista coletiva na sala de reuniões do gabinete do prefeito de Sapiranga, Nelson Spolaor (PT). Mostrando-se familiarizado com o setor, falou sobre as dificuldades que a área enfrenta, ressaltando que a situação do calçados é a mesma de outros segmentos, como o têxtil.   No gabinete de Spolaor, o encontro foi acompanhado pelo presidente da Associação dos Municípios do Vale do Rio dos Sinos (AMVRS) e prefeito de Rolante, Pedro Rippel (PDT); presidente da Federação das Indústrias do Rio Grande do Sul (Fiergs), Paulo Tigre; vice-presidentes da Fiergs Enio Schein e Jorge Cerpa; diretor-executivo da Abicalçados, Heitor Klein; e presidente do Conselho de Administração do Grupo Sinos, Mário Gusmão, e diretor da Revista Lançamentos e Jornal Ex-

do Gusmão.

gar vários setores, eles es  Após ouvir tão em choque depoimentos com a expansão de represenchinesa. O setantes do setor tor de calçados e lideranças soé um dos afetabre grandes dedos, pois é um safios que estão dos mais exposen f rent ando Alessandro Teixeira tos no mercado para superar a crise que, internacional. Alguma pessegundo eles, já está pro- soas, de forma incorreta, longada demais, o senhor discutem o processo de denão teme que a força da sindustrialização. O que esexportação de calçados tá ocorrendo, na verdade, é na economia brasileira um processo de reestrutufaça parte apenas do pas- ração produtiva mundial. sado?   Alessandro Teixeira -   E como se dará essa reNão acho isso. Eu acho que estruturação no setor cala estrutura produtiva mun- çadista? dial está passando por uma   Teixeira - Obviamente transformação brutal a par- nesta reestruturação teretir da China. Não adianta mos perdas, ganhos, muitas contextualizar e dizer que empresas irão fechar e oué um problema do setor de tras abrirão. O que o govercalçados. Setor de mármo- no federal está interessado res e granitos, de aço e de e trabalhando é no sentimóveis estão enfrentando do de minimizar os efeitos o mesmo problema. A in- disso. Ou seja, que a crise dústria como um todo es- não seja avassaladora patá sentido isso. Se você for ra o setor. Eu não acredito

reestruturação que vai reconfigurar tanto a forma de produzir como a forma de comercializar e acessar mercados internacionais.

Um dos temas mais discutidos nesta crise é a desvalorização do dólar. Por várias vezes, o governo afirmou que o câmbio não será alterado. Ou seja, a expectativa de mudança no câmbio deve ser deixada de lado?   Teixeira - O governo não mexe no dólar. O governo fez uma opção de ter um câmbio flutuante sob o ponto de vista macroeconômico. E um câmbio de acordo com o crescimento que o País está vivendo. Ninguém está inflando ou desinflando o dólar. Essa é a cotação. Hoje, posso dizer que o Brasil é a oitava economia mundial. O governo não irá mexer no câmbio para auxiliar A, B ou C. Colaborou Paulo Langaro


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