Edição 98

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Uma publicação do Sinepe/RS

Nº 98 / Ano XVII / Junho - Julho 2013

Dinheiro e status nãoo são mais determinantes naa esccolhaa da carreira. Será que a universsidaade e o mercado estão em sintoniaa com m esssa nova geração?

TENDÊNCI AS

Os jovens e as mobilizações sociais

GESTÃO

Captação de recursos ainda é incipiente nas IES


para c

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a crescer. CHEGOU A NOVA COLEÇÃO DA EDUCAÇÃO INFANTIL DO SISTEMA POSITIVO DE ENSINO O Sistema Positivo de Ensino preparou uma coleção que vai auxiliar o trabalho de professores e de crianças de 0 a 5 anos. Um material completo, interativo e lúdico. Conte com essa confiança para oferecer o melhor às crianças. Saiba mais sobre a nova coleção: · Alfabetização Matemática · Livro de Arte para crianças · Mais links no Portal Positivo · CD de músicas, histórias e sons · Educação Física para cada um dos grupos

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EDUCAÇÃO SE FAZ COM CONFIANÇA.

6/19/13 5:14 PM


ENTREVISTA

Justin Reeves

“Educar garotas muda o mundo” Por Ca r i ne Fer na ndes

E

Educação em Revista - Conte um pouco sobre como surgiu a ONG 10x10. Justin Reeves - Nós começamos com uma campanha social com a mensagem ‘educar garotas muda o mundo’. Como jornalistas, queríamos criar uma campanha multimídia que incluía fotografia, vídeos, histórias, rede social e o filme ‘Girl Rising’, lançado em março. O filme não é o fim da 10x10, é apenas o começo. Marca o lançamento da campanha mundial que estamos apresentando ao redor do mundo para destacar a importância de educar as garotas.

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Bruno Alencastro / Unisinos

ducar meninas é a melhor maneira de mover as comunidades para longe da pobreza”, foi essa a conclusão do jornalista americano Justin Reeves, ao conhecer de perto a pobreza em diferentes regiões do mundo. Seu objetivo era desenvolver um projeto para erradicar a pobreza, então passou a estudar comunidades para identificar os fatores que as mantêm nessa situação. E foi aí que percebeu a força transformadora que tem a educação de meninas. “Quando você educa uma menina, você pode quebrar os ciclos de pobreza em apenas uma geração. As meninas que são seguras, saudáveis e educadas crescem e se tornam agentes que contribuem para a sua comunidade.” Foi com essa ideia que Reeves fundou a ONG 10x10, que trabalha para mudar o mundo por meio da educação de meninas. E para passar ao mundo essa mensagem ele produziu, em parceria com o diretor Richard Robbins, o longa-metragem ‘Girl Rising’, que traz histórias reais de meninas de diferentes partes do mundo. O filme é narrado por Meryl Streep, Anne Hathaway, Kerry Washington e Selena Gomez e contado por um roteirista renomado do país de cada uma das meninas: Índia, Peru, Haiti, Etiópia, Camboja, Nepal, Afeganistão, Egito, Serra Leoa e Uganda. A produção foi lançada pela primeira vez no Brasil nos dias 2 e 3 de maio na Unisinos, em São Leopoldo e Porto Alegre. Na oportunidade, Educação em Revista conversou com Reeves sobre o projeto, confira:

As garotas são resilientes. Mesmo quando não lhe foram dadas oportunidades, elas continuam estáveis””


Como vocês ajudam essas meninas? Nós as ajudamos mudando a mente da população mundial, espalhando a mensagem de que educar as garotas é um investimento que as pessoas devem fazer. A segunda forma de ajudar é que somos parceiros de diversas organizações não governamentais que estão fazendo um trabalho incrível para auxiliar essas meninas. Uma porção da venda dos ingressos do filme que forem arrecadados nos EUA está indo para essas entidades que estão apoiando a causa. E também estamos arrecadando dinheiro. Criamos um fundo destinado às garotas atingidas pelo programa em lugares que nós sabemos que precisam. E por fim, é mudar as políticas locais. O filme está sendo traduzido e transmitido a pessoas que têm influência, que pode pressionar os líderes para começar a modificar o sistema educacional e valorizar a ascensão das meninas. Na história das meninas apresentadas no filme aparecem pessoas que as

Rodrigo Blum / Divulgação

E por que investir em meninas? Quando iniciamos este projeto estávamos visando à pobreza em geral, olhando para todos os fatores que mantêm as comunidades em situações de pobreza, não permitindo que elas evoluam. E acabamos descobrindo que a maioria dos problemas das comunidades em situação de pobreza tinha algo a ver com a falta de educação das garotas. É muito interessante se você olhar para fatores que não permitem que as comunidades sejam bem-sucedidas (casamentos precoces, mortalidade infantil, mortalidade por gravidez, HIV, outras doenças...), muito tem a ver com o fato de as garotas não serem educadas. É importante perceber que quando eu digo educação eu não estou apenas falando em aprender a ler e escrever, saber matemática, mas também sobre sexo seguro, aprender sobre seus direitos legais, seu governo, etc.

motivaram para vencer, como um pai, a resposta para a pobreza, então por um irmão, uma tia... E aquelas menique não focar nelas, em suas comuninas que não têm essa motivação, como dades? Por que não focar na solução você acha que elas podem sair dessa sique nós sabemos que funciona? Então tuação e vencer por meio da educação? pensamos em fazer um filme para Eu penso que em qualquer lugar do mostrar ao mundo que quando você mundo as garotas precisam de um investe em garotas é o melhor invesencorajamento para se sentirem fortes, timento que você pode fazer naquela então algumas têm comunidade. um amigo, um Mas o desafio com membro da família, que nos deparamos O Dia um pai, um mentor, era criar um filme Internacional mas outras não têm. de 97 minutos com E para estas a edua chamada “eduda Garota é em cação pode ajudar, cação de garotas”, porque oferece conque não é o assunto 11 de outubro. fiança e lhes permite mais interessante Estamos pedindo que existe para acreditar no que elas estão fazendo. promover um filme. a todos para Foi por isso que deE a ideia do filme? cidimos colocar em planejar algo Como surgiu e qual prática a técnica e que celebre as o objetivo com ele? experiência do direComo mencionado tor Richard Robins, garotas” antes, o filme realpremiado com o mente começou com Oscar de Melhor a ideia de trabalhar Documentário. E com a pobreza, e nós não pretendíafinalmente, de modo que tivéssemos mos fazer um filme desde o começo a melhor voz para representar as gafocado necessariamente em garotas. rotas, que permitiria que este filme Durante a pesquisa e após falarmos atingisse um público global, e concom especialistas em infância, nós seguimos atrizes como Meryl Streep, descobrimos, como jornalistas, que a Ane Hathaway, Selena Gomez, Salma maior verdade não estávamos cobrinHayek e Alicia Keys para contar a do, que educar as garotas é realmente história.

Educação 5


Fernando/ Unisinos Conrado Bruno Alencastro

O documentário foi lançado recentemente nos Estados Unidos... como ele foi recebido por lá e quais as expectativas de vocês no Brasil? Nós lançamos o documentário em 6 de março nos EUA. Utilizamos um método alternativo de distribuição, por base de demanda, em que as pessoas solicitam os filmes que vão para o seu cinema, por meio do site http://gathr. us/ . Com apenas duas semanas após o lançamento do filme nós estávamos em todos os grandes cinemas, somente utilizando esse método. Vendemos milhares e milhares de entradas, e assim todos os cinemas quiseram colocar o filme do modo tradicional, e nós conseguimos alcançar 89 cinemas nos EUA, cinco vezes por semana. O filme foi um fenômeno, e trouxe milhões de dólares de bilheteria, o que para um documentário é ótimo, e as exibições foram estendidas por mais algumas semanas. Mas a oportunidade de escolher o filme pelo Gathr é contínua, então as pessoas podem continuar levando ‘Girl Rising’ para a sua comunidade, por muitos outros meses. O filme também foi passado na CNN International, em 16 de junho.

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No Brasil estamos trabalhando para a distribuição. Não temos dúvidas de que vai ser distribuído em algumas áreas, provavelmente cidades maiores, e estamos fazendo algo semelhante ao que foi feito nos EUA. Escolas, universidades e comunidades podem solicitar o filme. Qual a maior lição que essas meninas podem dar ao mundo? Existem muitas lições que podem ser dadas ao mundo. As garotas são bastante resilientes. Mesmo quando não lhes foram dadas oportunidades, elas continuam estáveis. Não importa quantas pessoas digam não, ou quantas vezes as pessoas as afastam, ou o quanto são abusadas, ou com que frequência elas ouvem que não podem, elas lutam tão fortemente por aquilo que elas querem. E a coisa mais legal é que elas compartilham os seus recursos, se uma garota aprende algo, e se sua mãe nunca foi à escola, ou talvez ela tenha amigos que não vão à escola, ela vai para casa e ensina à mãe e a todas as outras garotas que conhece. E assim elas passam os conhecimentos para sua comunidade e

para os filhos, quando tiverem. Isso acaba quebrando os longos ciclos de pobreza, rompe tradições. Em uma geração, pode mudar toda a força da comunidade. O que nós, brasileiros, podemos fazer pelo projeto e pelos milhares de meninas que também se encontram em situação difícil aqui em nosso país? Eu penso que as pessoas aqui no Brasil podem começar a falar sobre o assunto, compartilhar as histórias, assistir ao filme e falar sobre ele, podem mudar a mente das pessoas. A segunda ajuda é tomar ação, podem se envolver com ONGs que trabalham com garotas. Mas se não tiver tempo para isso, pode doar dinheiro para programas que ajudam garotas. Mas se não tem dinheiro para doar, pode criar programas na sua comunidade, isto eu acho que é a melhor coisa a se fazer. O Dia Internacional da Garota é em 11 de outubro. Estamos pedindo a todos para planejar algo em sua casa, na sua escola, no seu local de trabalho, que realmente celebre as garotas. Usem o ‘Girl Rising’ como uma ferramenta, passem o filme ou alguns capítulos, ou ainda o trailer. Promovam conversas sobre o assunto, porque é assim que as mudanças sociais acontecem, se nós conseguirmos pessoas no Brasil, na China, na Coreia, nos EUA, todos fazendo atos no mesmo dia, nós começaremos a fazer ondas, para, então, criar a mudança. (Tradução: Mirela Motta)

Saiba mais Assista ao programa Conexão, da TV Unisinos, que fala sobre o documentário ‘Girl Rising’ e traz entrevista com a professora do curso de Letras da Unisinos, Aline Jeager, que comenta sobre a produção. Confira em: www. sinepe-rs.org.br


Brunna Luz

C A PA

O que busca a nova geração de profissionais e qual o papel da universidade O médico Peterson Loddi é o retrato dessa geração: planeja trocar a Medicina para seguir o sonho de ser ator

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TENDÊNCIAS A mobilização social que chegou com os jovens e as redes sociais

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INSTITUCIONAL SINEPE/RS lança novo portal

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21 A lei 12.796/2013 e a alteração dos artigos da LDBEN 27

Aluno é cliente?

Universidades brasileiras em busca da cultura da captação

INTERDISCIPLINAR Clima influencia comportamento muito além do guarda-roupas

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LEGISLAÇÃO

EM DEBATE

GESTÃO

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SALA DE AULA Pesquisa estuda a relação entre como o professor aprende e seu modo de ensinar

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PREMIADAS Conheça os cases do Colégio La Salle Caxias, da Feevale e da Rede La Salle

CULTUR A “Quem canta seus males espanta”

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POR ONDE ANDA As histórias da vida escolar do prefeito de Pelotas

Educação 7


EDITORIAL

Os jovens, a universidade e o mundo do trabalho O mundo do trabalho mudou. Saímos de um modelo rígido e extremamente hierarquizado, limitado a mudanças, para um formato de relações horizontais, com maior flexibilidade e abertura a inovações. E nessa onda de mudanças, o jovem que está entrando nesse mercado também não é mais o mesmo de décadas atrás. Busca reconhecimento, rápida ascensão, sentido no que faz e está disposto a abdicar de uma carreira estável e rentável para realizar seus sonhos. Diante desse cenário, como as universidades estão preparando os futuros profissionais? Existe uma sintonia entre o jovem, a universidade e o mundo do trabalho? Essas foram as perguntas que nos motivaram a elaborar a reportagem de capa desta edição. Não estamos trazendo respostas prontas, porque talvez não haja, mas propomos uma reflexão para esse novo momento. E como pano de fundo apresentamos a história do médico Peterson Loddi (capa desta edição), para ilustrar essa nova geração. Ele planeja trocar a Medicina para investir num sonho, de ser ator. Outro destaque desta edição é a seção Tendências, que traz um tema bastante atual para discussão: a força da juventude e das redes sociais nas mobilizações que mexeram com o país nos últimos meses. Esta pauta foi pensada ainda quando os movimentos estavam começando, em Porto Alegre, para a redução das passagens de ônibus. Mas à medida que foram crescendo em todo o país, nosso desafio também aumentou, no sentido de tentar trazer uma reflexão sobre tudo que o Brasil viveu nesses últimos meses. Falando em desafio, na seção Gestão, convidamos as instituições de ensino superior a pensarem sobre um tema ainda pouco discutido e trabalhado no Brasil: a captação de doações. Os especialistas ouvidos pela reportagem reconhecem a falta de cultura para esse trabalho, mas veem um potencial para se semear essa ideia, a exemplo do que já acontece, mesmo que incipiente na UFRGS e na Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (Poli-USP). Já na Educação Básica, apresentamos uma pesquisa feita pela Rede Sinodal, realizada com o objetivo de entender em que medida o modo como o professor aprendeu influencia na sua forma de ensinar. Os resultados são bem interessantes e convidam a uma análise e reflexão de professores e coordenadores pedagógicos. E para encerrar, convidamos você, leitor, a pensar sobre a influência do clima no seu comportamento. Será que o frio nos deixa mesmo mais preguiçosos e no calor ficamos mais dispostos? Saiba mais na seção Interdisciplinar. Ótima leitura! Carine Fernandes Editora da Educação em Revista

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Expediente Edição: Carine Fernandes (MTB 15449) Produção: Carine Fernandes e Patrícia Gastmann (MTB 15.336) Reportagens: André Dornelles Pares, Carine Fernandes, Luciani Gomes (MTB 30381/ RJ), Manoela Andrade (MTB 13.648) e Vívian Gamba (MTB 9383) Capa: Peterson Loddi / Foto de Brunna Luz Diagramação: Prya Estúdio de Comunicação Conselho Editorial: Prof. Osvino Toillier, Prof. Hilário Bassotto, Prof. Flávio D’Almeida Reis, Profª Mônica Timm de Carvalho, Profª Naime Pigatto, Prof. Ruy Carlos Ostermann, Prof. Pedro Luiz da Silveira Osório e Prof. Carlos Jahn.

DIRETORIA Presidente: Osvino Toillier 1º Vice-Presidente: Hilário Bassotto 2º Vice-Presidente: Flávio Romeu D’Almeida Reis 1º Secretário: Vanderlei Langoni de Souza 2º Secretário: Maria Helena Lobato 1º Tesoureiro: João Olide Costenaro 2º Tesoureiro: Wilson Ademar Griesang Suplentes: 1º Suplente: Mônica Timm de Carvalho 2º Suplente: Oswaldo Dalpiaz 3º Suplente: Adélia Dannus 4º Suplente: Delmar Backes 5º Suplente: Olavo José Dalvit 6º Suplente: Bruno Eizerik 7º Suplente: Adelmo Germano Etges

CONSELHO FISCAL Titulares: Ruben Werner Goldmeyer Luiz Fernando Felicetti Valderesa Moro Suplentes: 1º Suplente: Isaura Paviani 2º Suplente: Maria Angelina Enzweiler 3º Suplente: Anelori Lange Coordenador da Assessoria de Comunicação e Marketing: Prof. Osvino Toillier Assessora de Comunicação e Marketing: Luciana Moriguchi Jeckel Assessora de Imprensa: Carine Fernandes Assistentes de comunicação: Bruna Ricardo e Marcele Wolf Estagiária: Patrícia Bernardo

Missão: Representar e congregar as instituições do ensino privado na promoção de sua qualificação permanente, diferenciação e sustentabilidade.

Visão: Ser referência como instituição no cenário educacional brasileiro, reconhecida pela eficiência na representação sindical e proposição de novos significados ao setor.

Valores: &RPSURPLVVR FRP R $VVRFLDGR eWLFD H 7UDQVSDUrQFLD &RPSHWrQFLD &XOWXUD GD ,QRYDomR 5HVSRQVDELOLGDGH 6RFLRDPELHQWDO

FALE CONOSCO Redação Cartas, comentários, sugestões, matérias: educacaoemrevista@sinepe-rs.org.br Anúncios e assinaturas E-mail: carolina@designdemaria.com.br Fone: (51) 3092-0992 Informações Fones: (51) 3213-9090 | www.sinepe-rs.org.br Educação em Revista não se responsabiliza por ideias e conceitos emitidos em artigos ou matérias assinadas, que expressam apenas o pensamento dos autores, não representando necessariamente a opinião da revista. Por motivos de espaço e clareza, as cartas e artigos poderão ser resumidos.


INSTITUCIONAL

SINEPE/RS lança novo portal Em julho, o SINEPE/RS lançou seu novo portal, que pode ser conferido no endereço www.sinepe-rs.org.br. A página está mais moderna, ágil e funcional, facilitando o acesso às informações por parte dos associados e do público em geral. Para isso, o conteúdo foi organizado em três grandes grupos, identificados por cores: tudo o que o associado precisa, como informações sobre serviços e eventos, está no grupo Associado, identificado pela cor laranja. Já as notícias, artigos e conteúdos da Educação em Revista estão em Informação, na cor azul. E, por fim, as informações sobre o SINEPE/RS, como história, integrantes da diretoria e funcionários, regionais e como se associar, estão reunidas em ‘O SINEPE/RS’, em vermelho. O projeto foi desenvolvido pela Gad/Brivia. Segundo o responsável pela experiência do usuário no portal, Willian Grillo, o projeto foi pensado para o usuário da página, para que encontre com agilidade as informações. “O portal reflete a maneira como o usuário entende e se relaciona com os conteúdos, facilitando sua navegação e experiência em todas as camadas de interação”, explica. Além do novo layout, o portal também traz novidades para os associados. A área restrita, espaço exclusivo para os diretores, foi simplificada. O login e senha, antes exigidos para acessar a página, foram

substituídos por um código do Associado, fornecido pelo SINEPE/RS. Outra novidade é que os associados poderão baixar a Educação em Revista na íntegra, em pdf. Já na área financeira, o associado poderá emitir segunda via da contribuição social. O portal também está mais integrado às redes sociais. O usuário poderá interagir com as notícias por meio dos perfis do Twitter e do Facebook, curtindo as matérias e compartilhando as informações de forma mais rápida. Saiba mais em: www. sinepe-rs.org.br e aproveite para visitar as redes sociais do Sindicato: Facebook “Sinepe/RS” e Twitter “@sinepers”

Coordenadora da Escola Sagrada Família ganha promoção da Educação em Revista Nos meses de maio e junho, a Educação em Revista realizou uma pesquisa para conhecer o perfil do leitor da publicação. A iniciativa contou com 310 respondentes, entre diretores, coordenadores pedagógicos, assessores de comunicação e demais leitores da revista. Para incentivar a participação, foi sorteado um Kindle (leitor de livros digitais). O sorteio foi realizado pela

loteria federal nº 04776 de 3/7/2013, e a vencedora foi a coordenadora pedagógica da Escola Sagrada Família de Rolante, Arlete Rosane da Rosa. A pesquisa foi desenvolvida pelo Instituto de Pesquisas de Mercado da Unisinos. Acesse na página online da Educação em Revista os resultados da pesquisa. Saiba mais em: www. sinepe-rs.org.br.

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Marri Nogueira / Agência Senado

TENDÊNCIAS

Manifestações tiveram o apoio de 75% dos brasileiros

A mobilização social que chegou com os jovens e as redes sociais Por Manoela A ndrade

O

povo acordou. Foi assim que milhares de manifestantes gritaram nos dias 17 e 20 de junho, em todo o Brasil, durante as maiores manifestações dos últimos 20 anos. Além de contestar o aumento da passagem dos transportes públicos, a população estava insatisfeita com a política e os gastos com a Copa do Mundo de 2014. As mobilizações ganharam adeptos, ainda, em países como Portugal, Espanha, Alemanha, Irlanda, Inglaterra e México. Estima-se que mais de 240 mil pessoas tenham saído às ruas no dia 17, e mais de 1,2 milhão no dia 20, fatos inéditos desde o impeachment, em 1992, do então presidente Fernando Collor de Mello.

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Muito do que se viu no país começou no final de março, em Porto Alegre, quando estudantes mobilizaram-se para a redução da passagem de ônibus e conseguiram uma liminar que impedia o reajuste. Lúcio Centeno, educador popular, faz parte do Levante Popular da Juventude, e estava à frente das mobilizações. Formado em Ciências Sociais, ele conta que participa desde os 16 anos de manifestações. “A conquista vai muito além da manutenção da tarifa, pois deixará como legado uma grande lição para a cidade, que é a força da mobilização popular. Estamos num momento em que vivemos uma grande efervescência, principalmente com a juventude, que começa a traduzir aquilo que era uma insatisfação silenciosa numa ação

política transformadora”, analisa. Segundo uma pesquisa do Ibope, 75% dos brasileiros apoiam as manifestações ocorridas em junho. O perfil dos manifestantes dos protestos é bastante jovem: 52% são estudantes, 43% têm ensino superior completo e 43% possuem menos de 24 anos. A pesquisa entrevistou 1.008 pessoas em 79 municípios entre 16 e 20 de junho. Para o doutor em Ciências Políticas da UFRGS e professor de História do Colégio de Aplicação, Nilo de Castro, a sociedade vive o início de um movimento que retira os jovens do papel de espectadores e os coloca como personagens atuantes. “É um retorno de mobilizações e da participação política no cotidiano, um aceno para o fim da passividade e da incapacidade de


George Campos / USP

indignação”, explica. programada para o trouxe um novo tipo de A sociedade Diferente de tempos atrás, em que os consumo reage e idenmanifestante: o ativista vive o início de meios de comunicação de massa eram tifica algumas de suas do “sofá”. Ele fica em os responsáveis por disseminar as infor- casa, no computador, necessidades e desejos um movimento mações das mobilizações sociais, hoje não contemplados”, acompanhando as ino cenário mudou. As novas tecnologias analisa. O que falta, formações, dando a sua que retira os vieram para mostrar todos os lados de um diz Lúcio, é os goveropinião sobre os aconjovens do papel acontecimento. E foi exatamente isso que nos lidarem melhor tecimentos e compartiaconteceu durante as manifestações. Um com as manifestações. lhando notícias. Além de espectadores monitoramento da empresa Scup concluiu “Alguns resolvem cridisso, assina petições e os coloca como minalizar as mobilizaque as publicações sobre os protestos im- e abaixo-assinados – pactaram mais de 136 milhões de pessoas ções, utilizando a viotudo virtualmente. “Os personagens nas redes sociais. De acordo com a agência lência como método. jovens estão mais indigital Today, o Twitter foi o meio mais uti- dignados e querem parOutros se mantêm atuantes” lizado, com 88% (cerca de 483.839 posts) indiferentes. De forma ticipar. E hoje, as pesNilo de Castro das publicações. No Facebook, foram 60 geral, o poder público soas podem escolher as mil postagens. no Brasil não está causas que querem deJorge Alberto Silva Machado, pro- fender e de que forma ajudar - pela Internet, acostumado a lidar com a pressão popular.” fessor da Escola de Artes, Ciências e indo às ruas, fazendo cartazes ou um traEducação para transformar Humanidades (EACH) da Universidade balho voluntário”, opina Carolina Soares, E qual o papel da escola e da universidade São Paulo, destaca que as redes sociais psicopedagoga e uma das idealizadoras do estão servindo para furar o bloqueio da Porto Alegre Como Vamos, movimento da de nesse cenário? As instituições educatiimprensa tradicional, mas reforça que os sociedade civil, apartidário, sem fins lucra- vas estão preparadas para formar cidadãos novos meios digitais vieram para contri- tivos, que pretende ampliar a participação comprometidos e engajados socialmente? buir com a informação. Jorge lembra, no do porto-alegrense em políticas públicas. “A escola deve ser mais do que apenas uma entanto, que apesar de a Internet ser hoje “As redes sociais têm tido um papel im- orientadora para as funções formais. A cobrança, a participação e a responsabilidade uma ferramenta de mobilização social, ela portante na capacidade de criar canais de não é a única responsável por levar pesso- comunicação alternativos à grande mídia, na esfera social devem ser uma construção as às ruas. “Uma mobilização não ocorre mas não é só a elas que devemos atribuir o constante no seio escolar”, defende Nilo. se não houver uma massa crítica. As novas protagonismo político da juventude”, com- Como professor, ele tenta discutir com os seus alunos o que se passa, tentando realitecnologias vêm para viabilizar e aproxi- pleta Lúcio. mar pessoas que concordam com o mesmo Apesar das inúmeras mobilizações so- zar uma reflexão sobre o papel deles como protagonistas. “O posicionamento participosicionamento. O virtual acaba indo para ciais, Nilo acredita que o poder público o real”, destaca. não está dando mais espaço aos jovens. pativo pode corrigir rumos ou mudar persO surgimento das novas tecnologias “A juventude que se imaginava apenas pectivas”, sugere. Partilhando da mesma opinião, Jorge vai mais longe ao afirmar que a educação precisa se modernizar. “Muitos professores não percebem as transformações do mundo. A comunicação mudou, é preciso entender os jovens, pensar como o novo pode ser aproveitado para se construir algo melhor na educação.” Além de uma educação que transforme os cidadãos em sujeitos críticos, é necessário um envolvimento ainda maior da juventude e da sociedade como um todo na esfera pública: “Os problemas da sociedade são resolvidos por meio da política. A discussão entre os mais variados pontos de vista tendo respeitado o seu espaço é a base para uma sociedade civil atuante e alerta”, arguJovens foram os protagonistas de manifestações que ficarão na história do país menta Nilo.

Educação 11


SALA DE AULA

Docentes tendem a não avaliar sua prática

O modo de aprender e o jeito de ensinar Por A ndré Dor nelles Pa res

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prendemos de algum modo o que sabemos. Quando temos que ensinar, será da mesma maneira pela qual aprendemos? Assuntos despercebidos como esses no cotidiano de qualquer um se tornam fundamentais na vida profissional de um professor. Pois na especificidade de sua profissão está justamente o fazer aprender – por meio do ato de ensinar. O quanto será que do modo de aprender do professor está na sua maneira de ensinar? Seja o quanto for, funcionará

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pedagogicamente? Este foi o mote de uma pesquisa recentemente realizada dentro da Rede Sinodal de Educação. O objetivo do estudo era conhecer e compreender como o professor aprende para então estabelecer relações possíveis com seu jeito de ensinar. O grupo de pesquisa, formado por cinco professoras e duas estudantes da Faculdade IENH (Instituição Evangélica de Novo Hamburgo) e ISEI (Instituto Superior de Educação Ivoti), ambas pertencentes à Rede Sinodal de Educação, partiu de uma observação específica para produzir o estudo. Chamou a atenção das pesquisadoras que,

mesmo considerando a característica histórica da Rede Sinodal em investir sistematicamente na formação continuada dos professores, eram perceptíveis apenas discretas mudanças na sua prática em sala de aula. Daí, o problema que norteou os trabalhos de pesquisa: descobrir como a forma de aprender interfere no jeito de ensinar do professor. Participaram da pesquisa professores de anos finais do Ensino Fundamental de seis instituições da Rede Sinodal de Educação, o que correspondeu a 162 docentes. Embora os dados reunidos até agora sejam apenas uma amostragem, as pesquisadoras puderam


entre o sujeito e o conhecientendam bem como o inferir algumas questões. Entre elas está a Pesquisa mento”, afirma. Se os futuros percepção de que os professores, em geral, aluno aprende e, conmostrou que professores aprenderem tal participam de processos internos de capaci- sequentemente, não prática na sua formação, enatentem à relevância tação docente, mas não os enxergam como professores não sinar do modo como aprenformação continuada: eles tendem a valori- disto no processo de deram provavelmente não ensino. zar mais os eventos realizados fora do seu estabelecem deverá ser um problema. local de trabalho. relação entre Em consonância, a assesLicenciaturas e Também se percebe, segundo a equipe sora pedagógica da direção equipes pedagógicas de pesquisa, que a maioria dos professores o seu modo de da Rede Metodista de A professora Lara não estabelece relação entre o seu modo aprender e o Educação do Sul, no Colégio de aprender e o de ensinar. Ao contrário, Sayão leciona para Americano, de Porto Alegre, tendem a avaliar, naturalmente – embora ex- futuros professores na de ensinar Maria Lipinski, afirma que Universidade Católica clusivamente –, os resultados do aluno, e não o modo de aprender influende Petrópolis/RJ e a influência da sua prática na aprendizagem cia, sim, na maneira de ensinar do professor, para diversas turmas de ensino médio em do estudante. Isto é, se os resultados forem e lembra que a prática docente não se dá escolas da cidade. Em trânsito permanente bons, sua prática é considerada satisfatória; apenas com os saberes acadêmicos, específinos dois extremos – entre aqueles que estão se não, na maioria das vezes, o problema é aprendendo para ensinar, nos cursos de li- cos de cada área de conhecimento, mas que a do aluno. cenciatura; e aqueles que estão aprendendo, identidade do professor é formada por impliUma conclusão possível da amostra é a de cações dos saberes existenciais que ele acuno ensino médio –, ela diz que é urgente que ainda não se tem, entre os docentes de mulou na sua vida, bem como o cotidiano de voltar o olhar da academia para a formação educação básica, uma cultura da avaliação sala de aula. Para ela, “esta identidade inclui docente “para que entreguemos à sociedade dos processos, já que a informação colhida as ações do currículo oculto (dentre as quais foi a de que a maioria dos professores pes- pessoas preparadas para o ensino”. Segundo quisados tende a não avaliar sua prática. a professora, não existe problema de defasa- está a personalidade do professor) que refletem em suas atitudes e ações em aula, e que gem se os professores seguem ensinando do Sem poder identificar possíveis falhas, não modo como aprenderam, pois não há tecno- são de fundamental importância no processo haveria como se dar conta de que, em alguns logia que torne o ensino mais significativo; de ensino-aprendizagem e na construção do casos, é preciso mudar a metodologia de conhecimento”. ensino. Isso fica mais claro quando a pes- “o que o torna significativo é o sentido. Há Quanto ao papel das equipes pedagógicas quisa mostra que quase todos os entrevista- que se pensar a educação na perspectiva do dentro desse processo, a assessora pedagógiencontro que altera o ser do outro, e isso não dos não sabem explicar como seu modo de ca tende a concordar com as observações das depende de novos recursos, mas da abertura aprendizagem interferiria no seu jeito de pesquisadoras de que é preciso valorizar iniàs possibilidades de diálogo significativo ensinar. Por isso, talvez, os professores não ciativas inovadoras e incentivar projetos de trabalho na escola. Segundo ela, às direções cabe a incumbência de criar espaços para mudanças, inovando currículos, estruturas e aprimorando a formação continuada, não somente com equipamentos tecnológicos – que fazem parte da mudança e são a realidade dos estudantes –, mas também por meio da provocação à reflexão, individual ou coletiva (de preferência), promovendo o diálogo, como sugere, por fim, o grupo de pesquisa.

SAIBA MAIS Confira na página on-line da Educação em Revista uma reflexão sociológica sobre a aprendizagem em sociedade. Saiba mais em: www.sinepe-rs. org.br Professores valorizam mais eventos realizados fora da instituição

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EM DEBATE

Aluno é cliente? Lívio Goellner Goron*

O Direito brasileiro considera o aluno um consumidor de serviços, imune ao Código do Direito do Consumidor, cabendo exclusivareconhecendo a ele certos direitos legais de proteção. A consequên- mente ao chamado Direito Educacional regulá-lo? Existem opiniões cia deste fato, não é, segundo acredito, a outorga de privilégios, mas no sentido de que a relação em sala de aula deve manter-se livre da um incentivo à construção de relações equilibradas entre alunos e interferência do Código do Consumidor. Embora tal posição esteja estabelecimentos de ensino. A chave desse relacionamento reside no correta, isto não significa que a relação pedagógica não diga respeito contrato de ensino-aprendizagem, figura presente sempre que ocorre algum ao direito do consumidor. a prestação remunerada de serviços educacionais. Naturalmente, o relacionamento professor-aluno exibe uma No contrato de ensino cabe ao aluno complexidade inerente, que não pode ser reduzida ao pagar os valores contratados, e à prestadora esquema formal das relações de consumo. Como regra, A legislação do serviço, por meio de seus professores, a solução dos conflitos eventualmente surgidos no probrasileira ministrar conhecimentos indispensáveis cesso pedagógico foge a essa esfera e não está regulada à formação do discente. O professor é um pelo Código do Consumidor. É apenas em termos inditampouco exige retos, portanto, que os eventos ocorridos em sala de aula preposto do estabelecimento de ensino, não sujeito dessa relação, já que entre ele repercutem na relação de consumo que vincula o aluno à da escola que e o aluno não existe vínculo de consumo. instituição – como no caso do professor que deixa de mirenuncie à A obrigação do fornecedor consiste em nistrar conteúdos básicos do currículo, dando ensejo ao ministrar os currículos da educação escolar descumprimento das obrigações que o estabelecimento independência ao educando, em base temporal semestral assumiu para com o discente. ou anual, fazendo jus à remuneração conConcluindo, creio ser possível afirmar, sob o ponto de de seu projeto tratada, dividida em prestações. vista legal, que o aluno é cliente da instituição de ensino. pedagógico” Quem são, porém, os sujeitos da relação, O reconhecimento dessa tese, todavia, não significa que isto é, os fornecedores e consumidores dos as escolas estejam sujeitas ao aforismo segundo o qual serviços educacionais? “o cliente tem sempre razão”. Pelo contrário: trata-se de São fornecedores, nesse contexto, tanto as instituições permanen- uma relação submetida a regras jurídicas bem determinadas, na qual tes dedicadas ao ensino (colégios, universidades, cursos de idiomas, os direitos e deveres competem a ambas as partes contratantes. Isto academias de ginástica e balé) quanto os profissionais autônomos significa que, no marco da lei brasileira, não existe espaço para a imque ministram aulas particulares. Estão abrangidas as pessoas ju- posição da vontade do aluno e de seus familiares ao estabelecimento rídicas, as pessoas naturais e os entes despersonalizados, como a escolar (e vice-versa). A escola, e por extensão o professor, permasociedade de fato formada por docentes. Consumidor é tanto o aluno necem investidos da autoridade inerente à condição de educadores, (usuário) como a pessoa que contratou o serviço (por exemplo, pais podendo exercê-la de uma forma equilibrada. A legislação brasileira ou tutores). tampouco exige da escola que renuncie à independência de seu proO questionamento que neste ponto se coloca diz respeito à expo- jeto pedagógico, cuja implementação não está regulada diretamente sição da relação pedagógica à incidência do direito do consumidor. pelo Código do Consumidor. Trata-se, afinal, de um aspecto da realidade educacional que estaria *Mestre em Direito pela PUCRS e Procurador da Fazenda Nacional

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Flavio Dutra – Secom/UFRGS

A discussão é polêmica e gera controvérsias. Sob o aspecto legal o aluno é um consumidor e, portanto, cliente de uma instituição de ensino. Mas na prática é uma situação delicada e que pode gerar diferentes interpretações. Para muitos educadores, a grande preocupação é que aceitar o aluno como cliente pode levar à máxima de que “o cliente tem sempre razão”, o que prejudicaria o processo de ensino-aprendizagem. Educação em Revista convidou um advogado e um especialista em educação para discutir o tema, confira:

Osvino Toillier*

Vivemos um tempo de mudança de paradigmas, e o que valia não pode tornar-se refém da “satisfação do cliente”. ontem pode hoje ter mudado e já não faz mais sentido. A cultura A instituição educacional deve apresentar-se à sociedade com a da superficialidade, rasa, sem reflexão mais apurada tomou conta, formulação de sua utopia e ser competente na comunicação de sua e o que interessa é a satisfação das pessoas, instantânea, num piscar proposta pedagógica para que fique bem claro que ser humano se de olhos, mesmo que dure apenas um instante. Tudo a filigranas. quer ajudar a formar, quais os valores com que o educandário se Por isso, as relações são superficiais, ninguém compromete, quais os princípios que inspiram e mais quer amarrar-se a compromisso de longo orientam o trabalho, evidentemente tendo como Pagar a tempo. âncora fundamental a aprendizagem do aluno e mensalidade Interessante como este novo paradigma se preparo para os desafios da contemporaneidade. reflete nos veículos de comunicação, onde os gestão pela qualidade total trouxe a visão confere o direito deA“aluno programas que abrigavam tempo de reflexão, cliente” para dentro da instituição mergulho mais profundo para compreender as educacional e ensejou a confusão de ouvir a de usufruir dos circunstâncias do tema, foram substituídos por opinião do consumidor com satisfazer os desejos serviços, mas informações momentâneas, participações ponde crianças e jovens, e constrangendo os profestuais dos ouvintes, e entrevistados limitados a sores em atendê-los, mesmo que seja contra os não de exigir manifestações curtíssimas, sempre interromprincípios institucionais, quando não vinculados pidas por observações de apresentadores por que o trabalho se à avaliação. causa da dinâmica do programa. Pagar a mensalidade confere o direito de usuadapte à vontade fruir dos serviços por que se optou, mas não dá A instituição educacional é assediada violentamente por esta onda de adequar o projeto o direito de exigir que o trabalho se adapte ao do aluno” pedagógico e o trabalho da sala de aula a esta jeito e vontade de cada aluno. E isso tem aconneurose da superficialidade e rapidez com que tecido em muitas instituições, transformando-se o mundo lá fora se move. Nada de leitura de profundidade, nada em verdadeiro império de pequenos tiranos, que querem ver suas de produção textual mais densa, de tema de casa, no máximo, o vontades satisfeitas, porque os pais pagam a mensalidade. compromisso de trabalho do aluno deve resumir-se ao tempo e ao “Se você não quer chamar o aluno de cliente, trate-o com tal” foi ambiente escolar. a observação que ouvi de um consultor. Creio que se pode conviver Sinto muito, mas educação é processo e, por mais que mapeiem bem com esta formulação, encantar as pessoas com atendimento as características do tempo de hoje, não pode tornar-se refém das atencioso, cordial, procurar surpreender com momentos mágicos, normas do mercado, em que se procura (e normalmente não se faz!) superar a expectativa, enfim, criar ambiente acolhedor, humano, satisfazer o dito cliente. afetivo, onde todos se sintam bem. Educação se baseia em princípios, em valores, em proposta de forIsto, para mim, deve ser o propósito de toda instituição educaciomação do ser humano formulado no projeto pedagógico da escola, nal, mas não se pode ficar refém de satisfazer a vontade de crianças ancorado na dignidade, no compromisso com desenvolvimento do e jovens. Isto é perverter a sacralidade da missão educativa. que existe de mais belo e sublime na criança e no jovem, e, por isso, * Professor, escritor, palestrante e presidente do SINEPE/RS

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GESTÃO

Universidades brasileiras em busca da cultura da captação Por Vív ian Gamba

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captação de recursos por meio de doações, comum nos Estados Unidos, Canadá e muitos países europeus, onde a cultura de investir em educação já faz parte do cotidiano de pessoas físicas e empresas, é uma prática incipiente nas universidades brasileiras. De acordo com o diretor da Endowments do Brasil, empresa especializada na estruturação de fundos patrimoniais para organizações de ensino e sem fins lucrativos, Felipe Sotto-Maior, nos Estados Unidos existe um “discurso de incentivo à excelência, para que as universidades que já são boas se tornem melhores ainda”, diferentemente do Brasil, onde as campanhas são pontuais e têm viés assistencialista. Nos EUA, há projetos de captação constantes e pontuais, mas que visam à manutenção da universidade no longo prazo. “Yale fez uma campanha de doação de cinco anos, que teve início em 2006, a ‘Yale tomorrow’. O objetivo era captar 3,5 bilhões de dólares. Eles tiveram o azar de passar pela crise financeira de 2008 e ainda assim angariaram 3,88 bilhões de dólares”, pondera Sotto-Maior. O reitor da Unimonte, Ozires Silva, afirma que a legislação de grande parte desses países instituiu, há décadas, incentivos fiscais para estimular pessoas físicas e jurídicas a fazerem doações em dinheiro para as instituições de ensino. “Nos Estados Unidos, isso já se transformou num costume apoiado pela sociedade. Não é por outra razão que o Bill Gates doou metade de sua fortuna para a educação, criando uma fundação para gerenciar tais doações. Esses recursos,

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Campanha Yale tomorrow arrecadou 3,88 bilhões de dólares em cinco anos

em geral, são aplicados pela universidade em investimentos, pesquisas e até em complementação de salários dos professores. Há um pensamento unânime de que isso realmente contribui para a melhoria da qualidade da educação, hoje até reconhecida pelos estudantes brasileiros que sempre procuram vagas nas universidades daquele país.” Sotto-Maior conta que em muitas universidades americanas a aula inaugural é feita num local sofisticado, com o anúncio de que o lugar é mantido por fulano ou por tal empresa – que têm benefício indireto, assim como os alunos o benefício de estudar num local melhor. “Solicitei material sobre doação para uma amiga que foi estudar lá fora e ela disse: ‘Não pediram (doações) ainda, mas estou louca para doar’. Eles estimulam a consciência dos estudantes.” No Brasil, o caminho a percorrer é longo. O diretor da Endowments afirma

que certas campanhas geram desconfiança por parte da sociedade, que não sabe como os recursos serão geridos e não fica confortável em doar dinheiro. “Há gente interessada em contribuir, mas há mais investimento em bens do que em serviços, porque as universidades não são eficientes em prestar contas desse tipo de doação.” O comum são campanhas para construção de um prédio novo, “com início, meio e fim”. “O que também funciona bem no Brasil são recursos para captação de projetos. O doador sabe aonde vai o dinheiro”, diz Sotto-Maior. O presidente do Consórcio das Universidades Comunitárias Gaúchas (Comung) e reitor da Univates, Ney José Lazzari, aponta uma série de entraves para que esse processo tome forma no país: a falta de tradição dessas ações; o tamanho das fortunas no Brasil, insignificante se comparadas às de empreendedores de outras economias; a cultura


Divulgação / UFRGS

ideologizadas e mais pragmáticas.” de que o Estado deve Ufrgs conseguiu recurNas grandes Ozires acredita que a “voracidade triser o provedor em áreas sos para o resgate do butária” não deixa nenhum segmento como saúde e educação; patrimônio histórico universidades de geração de valor, como ocorre em a falta de projetos claros, dos seus prédios dessa outros países. Uma das razões para transparentes, com obforma: benefício direto americanas, ajudar a levar ao Congresso Nacional, à jetivos para serem aprepara o doador por meio praticamente Presidência da República e ao Ministério sentados e vendidos aos de isenção tributária. da Educação um projeto de lei propondo possíveis doadores; e o “Esse tipo de iniciativa a metade do transformar as atuais tributações sobre baixo reconhecimento não lembrava a captaas doações em incentivos. A proposta e prestígio associado ao ção de recursos do tipo tempo do reitor centra três aspectos: isentar as mensanome do doador. fundraising.” Ele fala é destinado à lidades pagas pelos alunos de qualquer “Nas grandes univerde uma “situação emencargo fiscal; transformar a tributação sidades americanas, blemática” na USP, em captação de sobre as doações em incentivos e isenpraticamente a metade São Paulo, em que uma tar as empresas que custeiam educação do tempo do reitor é família doou recursos recursos”, e treinamento para seus colaboradores destinado à captação de para a reforma de salas Ney Lazzari da contribuição de encargos sociais – o recursos (fundraising), de aula de um prédio e INSS entende que esse custeio por parte com equipes completas em troca a Universidade das empresas caracteriza um salário que só fazem isso, com cedeu o nome do audiindireto, portanto sujeito a pagar os enprojetos e marketing muito bem elabotório ao patriarca da família doadora. cargos sociais. rados e metas e objetivos claramente “Passados alguns anos, os alunos se rebePara Sotto-Maior, o brasileiro não está definidos”, explica Lazzari, ao atentar laram sob a bandeira do ‘ensino público acostumado a doar de maneira irrestrita. também para a necessidade de maior plae gratuito – estatal’ e o nome foi retirado “Uma campanha como a ‘Yale tomorrow’ nejamento das universidades nesse sendo auditório. Hoje a família está procesaqui no Brasil beira o inimaginável.” No tido. Sotto-Maior concorda que as instisando a USP para reaver a doação feita. entanto, ele vê potencial para semear tuições brasileiras têm de se organizar: Isso demonstra como ainda teremos que essa cultura. As instituições devem dar “Deve haver um esforço multidisciplinar andar para que se aceitem coisas absoo primeiro passo. para definir e divulgar o sistema de dolutamente normais em sociedades menos ações, o marketing e, principalmente, a prestação de contas.” Ele acredita que as universidades estão tomando consciência da falta que isso faz e do benefício das doações. “Isso precisa ser tomado como projeto institucional sério.” A Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (Poli-USP) é um dos exemplos citados pelo executivo. Desde 2009 planeja uma ação semelhante às campanhas americanas. Em 2011 lançou seu projeto de captação e hoje mais de uma centena de famílias contribui mensalmente – como nos Estados Unidos, onde as doações pulverizadas, de pessoas físicas, são mais significativas. Sotto-Maior argumenta que é necessário o governo dar estímulo fiscal, hoje concedido apenas a pessoas jurídicas. “E isso fica restrito aos alunos mais bem-sucedidos, que têm advogados e assessores que os orientam a respeito das doações, o que deveria ser feito pelas próprias UFRGS pediu doações para restaurar seus prédios considerados patrimônio histórico universidades.” Conforme Lazzari, a

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INTERDISCIPLINAR

Clima influencia comportamento muito além do guarda-roupas Por Luciani Gomes

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hocolate quente, sopa, vinho, lareira e cobertor são alguns dos símbolos do inverno. Sorvete, atividades ao ar livre, comidas leves e bebidas geladas e refrescantes nos remetem ao verão. Os hábitos relativos a cada estação são culturais, porém é comprovado cientificamente que a temperatura e ausência ou presença do sol influenciam nossas vidas, cotidianos, hábitos e até mesmo o humor mais do que a gente imagina. Enquanto o verão traz consigo um ar de alegria, saúde e muita cor, o inverno é a estação da introspecção, das atividades mais caseiras, de cores mais sóbrias. Quanto mais extremas as temperaturas, mais visíveis as diferenças de hábitos entre verão e inverno, calor e frio, e maior o impacto sobre o ser humano. Há estudos que comprovam que cidades com menor incidência de luz do sol, por exemplo, apresentam mais casos de depressão. Mas qual será então a explicação fisiológica para tamanha influência no comportamento humano? No Brasil, onde não são registradas temperaturas extremas, a presença ou ausência de luz solar acaba sendo o fator mais determinante, principalmente pelo fato de a luz estimular a produção de um hormônio chamado melatonina. Existe até uma área para analisar o tema: a cromobiologia dos transtornos do humor, que estuda a produção de hormônios a partir da luminosidade. “Nota-se cada vez mais o caso de pacientes que se sentem mais tristes ou até deprimidos em períodos longos sem sol”, explica o psiquiatra

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Cromobiologia estuda a produção de hormônios a partir da luminosidade

Flávio Shansis, pesquisador do laboratório de cromobiologia do Hospital de Clínicas de Porto Alegre. Já a influência da temperatura no comportamento está diretamente ligada à quantidade de energia necessária para manter o corpo aquecido nos dias mais frios, que é mais alta, segundo o Vinicius Dornelles, professor de psicologia da Unisinos. Assim, a menor disposição para realizar

qualquer atividade no inverno, principalmente as que exigem alto gasto de energia, é, na verdade, um esforço do corpo em se preservar. “É por causa desse alto consumo de energia que, no frio, sentimos necessidade de comer comidas mais pesadas, por exemplo”, explica Dornelles. Sanshis lembra, no entanto, que a prática de atividades esportivas, por mais que exija alto consumo de energia, tem ótimo efeito no


temperatura, o inverno bem-estar e não deve elas serem tão diferentes umas das O clima tem extremo ainda impõe outras. Quando cansa de uma, já está ser deixada de lado dificuldades como a chegando a outra. nos períodos de frio. o poder de necessidade de se sair A professora de psicologia da PUCPelo contrário: pode de casa sempre vestinRio Junia Vilhena lembra, no entanto, ajudar a combater os influenciar, do luvas, casacos pesa- que o clima tem o poder de influenefeitos do frio e/ou da porém não de dos, chapéu e botas, o ciar, porém não de determinar sozifalta de sol. que torna a preguiça nho o comportamento do ser humano. Em climas mais exdeterminar de fazer qualquer coisa Diversas variáveis influenciam. “Num tremos, caso de alguns ainda maior. clima frio, de tempo nublado, há uma países europeus como sozinho o Quando o verão incidência maior de depressão, sim. a Escandinávia, é comportamento chega a Chicago, no E em clima ensolarado, as pessoas comum as pessoas entanto, Luiza diz tendem a ser mais comunicativas, sofrerem de depresdo ser sentir-se mais aberta mais alegres. Mas são só tendências. são sazonal, uma dee inspirada, com senExistem muitas pessoas depressivas pressão que costuma humano”, sação de vida nova. em cidades de praia e clima ameno o aparecer somente no Junia Vilhena “Quando começa a ano inteiro também.” Para a gaúcha inverno. Para lutar fazer calor, a sensação Luiza, a melhor maneira de enfrentar contra os efeitos das é de que precisamos tirar o mofo por o poder do clima de influenciar seu temperaturas muito baixas e da pouca iluminação solar, recorre-se a trata- aqui“, explica. O estilo da cidade muda: comportamento é curtindo o melhor a praia do Lago Michigan é aberta, os de cada estação. Embora adore o clima mentos com uma luz de intensidade alegre do verão, ela também fica feliz específica e melatonina artificiais. restaurantes colocam mesas na rua, os parques e as ruas ficam cheios e o frio quando o frio retorna. “Fico com sau“Trata-se de clínicas, nas quais as do ano inteiro finalmente vai embora. dade das comidas invernais, chocolate pessoas passam algumas horas para Apesar de sentir-me mais livre e à quente, vestir roupas quentinhas e incentivar a produção de hormônios vontade no verão, Luiza diz gostar de ficar embaixo das cobertas no fim de relacionados à luz, como a melatonina, ambas as estações, principalmente por semana”, conta. e de comprimidos que contêm este hormônio”, explica Sanshis. Há o caso até de países que incentivam a redução no preço das passagens aéreas para destinos de praia, segundo psiquiatra. Há 12 anos morando em Chicago, Estados Unidos, a porto-alegrense Luiza Albrecht, 27 anos, conhece muito bem os efeitos do clima no seu dia a dia. O frio está presente na cidade durante sete meses no ano. Durante esse longo período, ela diz sentir-se mais reservada, cansada e até um pouco triste. “Os dias são mais curtos e sinto muito a falta do sol. É difícil acordar, pela manhã, porque ainda está escuro. Bate um desânimo.” O fato de o dia durar menos tempo reforça ainda mais o efeito do frio no comportamento, principalmente social. A sensação é de que se passa o dia trabalhando, já que ao acordar o sol ainda não nasceu e, ao chegar em casa, ele já se pôs. “No auge do inverno, o dia escurece às 16h”, conta ela. Além da A porto-alegrense Luiza Albrecht convive com o frio durante sete meses do ano em Chicago

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OPINIÃO

Ensino Fundamental de nove anos: avanços na Educação Básica? etapa de desenvolvimento do aluno. Até que ponto a implantação do Ensino b) O ensino centrado no desenvolviFundamental (E.F) de nove anos está mento de competências e habilidade e proporcionando, efetivamente, uma renão apenas na recepção e na memorizaforma curricular que se estende por todo o Ensino Fundamental, tal como previs- ção de conceitos; com foco no letramento e no numeramento, em uma abordato pelo Ministério da Educação (MEC)? De acordo com o MEC, os siste- gem metodológica sociointeracionista, que implica a valorização dos saberes mas de ensino, ao implantar o Ensino dos alunos e da comunidade, bem como Fundamental de nove anos, devem rever na aprendizagem por meio da interação suas práticas e currículos em todos os social em situações significativas. nove anos do E. F.: tempos e espaços de c) A interdisciplinariaprendizagem diversifidade e a transversalidacados e flexíveis; ensino Temos que de curricular. centrado no desenvolvid) O privilégio da mento de competências transformar avaliação diagnóstica e habilidades, em uma esse ‘ano a em detrimento à avaabordagem sociointeraliação classificatória e cionista; a interdisciplinamais’ em quantitativa. ridade e a transversalidapossibilidade e) O investimento na de curricular; o privilégio formação continuada de da avaliação diagnóstica; de mudar docentes. e, finalmente, o investiNa rede privada mento na formação continossas muitas escolas já renuada de docentes. práticas de cebiam alunos de seis Nas redes pública e prianos no primeiro ano vada de Porto Alegre, o ensinar” do Ensino Fundamental E. F. de nove anos já foi antes de 2005; e, hoje, implantado desde antes de todas as nossas escolas privadas já estão 2005; e já está em pleno funcionamento. com o currículo de nove anos em pleno Mas como a escola está atendendo às funcionamento. Estamos, atualmente, demandas desse aluno crescido? Entre as práticas pedagógicas, meto- em um ponto da história da implantação dológicas, de avaliação e de organiza- do Ensino Fundamental de nove anos no qual é possível observar e refletir ção curricular que o MEC propõe, em acerca dos anos posteriores do Ensino seus documentos orientadores, que Fundamental. se estendam aos nove anos do Ensino Um ensino de qualidade não requer, Fundamental, destacam-se: necessariamente, ideias complexas a) A organização de um currículo e recursos materiais dispendiosos: é com tempos e espaços de aprendizagem possível aprender por meio de práticas diversificados e flexíveis, adequados à

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simples, baratas e divertidas. O que um ensino de qualidade requer é um conhecimento sólido a respeito dos processos de aprendizagem e do desenvolvimento humano, além de uma postura profissional investigativa e reflexiva, de uma disposição a permanecer aprendendo constantemente. Não há como negar que esta implantação pode ser percebida como um avanço na potencial qualificação do processo de ensino. Precisamos qualificar a aprendizagem das nossas crianças e jovens realizando mudanças de paradigmas na Instituição Escolar. Transformando esse “ano a mais” em possibilidade de mudar nossas práticas de ensinar. Priorizar o ensino por meio da pesquisa, aprimorando os processos de leitura e escrita, tornando nossas metodologias mais desafiadoras que levem em consideração os processos coletivos de aprendizagens, levem em consideração o convívio em grupo, desafiar os alunos a pensar sobre os conceitos. E não apenas transferir conteúdos de um ano para outro. Precisamos repensar o fazer da Escola em uma sociedade em transformação revendo práticas para colaborar com o desenvolvimento integral do nosso aluno. Mudando seu pensar, sentir e agir! Fávaro Lummertz Coordenador Pedagógico CEM Pastor Dohms - Unidade Higienópolis


LEGISLAÇÃO

A lei 12.796/2013 e a alteração dos artigos da LDBEN Ao longo do tempo nossa LDBEN sofreu várias alterações, trazendo, às vezes, dúvidas aos envolvidos com educação. A intenção do legislador é pela melhoria na educação, mas são tantas as modificações que nos arriscaríamos a dizer que está na hora de uma nova LDBEN, pois o estudo da mesma hoje requer que juntemos várias normativas da área para podermos entendê-la e aplicá-la. Dentre essas temos a promulgação da Lei nº 12.796/2013, que dispõe sobre a formação dos profissionais da educação e outras providências, incluindo alterações na educação infantil. Importa ressaltar que, sendo a Educação Infantil a primeira etapa da educação básica, a nova Lei vem reforçar a obrigação de pais/ responsáveis, matricularem seus filhos desde os 4 anos (pré-escola) aos 17 anos, quando o adolescente concluirá o Ensino Médio. Tal obrigatoriedade veio por meio de Emenda Constitucional (2009), garantindo “Educação Básica obrigatória dos 4 aos 17 anos de idade”. Essa alteração foi importante, pois contribui para uma melhor formação do educando. Também temos a salientar que as escolas particulares não ficaram na espera da obrigatoriedade, pois elas foram se aperfeiçoando para a oferta de toda a Educação Básica e hoje dão uma grande contribuição à educação não só pela qualidade de educação que oferecem, como também pela oferta de vagas nessas etapas. Queremos chamar a atenção de pais/responsáveis que não podem deixar de matricular os filhos com idade pré-escolar, sob pena de incorrer em grave erro, pois o Estatuto da Criança e do Adolescente (ainda chamado ECA) expressa que “A inobservância das normas importará em responsabilidade da pessoa física...”, e a

LDBEN nos diz que “É dever dos pais ou responsáveis efetuar a matrícula das crianças na educação básica, a partir dos 4 anos de idade”( art. 6º alterado pela lei 12.796/2013). Observamos que, quando da aprovação das DCNs para Educação Infantil, não foram explicitados carga horária e número de dias letivos, mas apenas a jornada diária de 4 horas em tempo parcial e de 6 horas em tempo integral. Agora a nova lei (12.796/2013) estabelece carga horária mínima de 800 horas e 200 dias de trabalho educacional e também currículo com base nacional comum e parte diversificada, complementada pelos sistemas de ensino e pelas escolas. Temos, por compreensão, que a formatação da base nacional para essa Etapa não deva implicar uma concepção de um currículo por disciplina ou componente curricular (ainda tão utilizado no ensino fundamental e médio), pois as escolas não podem ignorar a concepção de currículo estabelecida nas Diretrizes Curriculares para a Educação Infantil. Entendemos que, com as mudanças, escolas podem ter dúvidas de como proceder, por exemplo, ao receber aluno transferido. A resposta continua a mesma: a transferência é uma excepcionalidade e como tal deve ser tratada, pois existe a prerrogativa legal da adaptação curricular, em que a análise do currículo trazido pelo aluno frente ao currículo da escola é que vai dizer quais adaptações são necessárias. A Lei trouxe, também, a obrigatoriedade de inclusão de um percentual mínimo de frequência de 60% para essa etapa da educação. Nos perguntamos: qual a finalidade de percentual de frequência se toda legislação de ensino nos diz que a avaliação na Educação Infantil não tem por finalidade a promoção para o Ensino

Fundamental? Isso nos leva a outra pergunta: o que a escola vai fazer quando um aluno não alcançar tal percentual? Vai reprovar por frequência? Nosso entendimento é que não existe reprovação na Educação Infantil. Certamente a escola vai se utilizar das “atividades compensatórias”; pelo menos esse é o nosso entendimento. Uma outra preocupação que as escolas podem ter, em função do novo formato curricular, é quanto à formação do professor para atuar na Educação Infantil. A Lei trouxe uma pequena alteração no artigo 62 da LDBEN, expressando que “A formação de docentes para atuar na educação básica far-se-á em nível superior, em curso de licenciatura, de graduação plena, em universidades e institutos superiores de educação, admitida, como formação mínima para o exercício do magistério na educação infantil e nos cinco primeiros anos do ensino fundamental, a oferecida em nível médio na modalidade normal”. A alteração do artigo diz respeito ao exercício profissional nos cinco primeiros anos do ensino fundamental. Continua sendo exigida a formação mínima de curso normal de nível médio para atuação na Educação Infantil. Temos outras modificações na LDBEN, mas nosso foco foi a Educação Infantil. Certamente o Conselho Estadual de Educação irá se pronunciar sobre as alterações trazidas pela nova lei e irá determinar às escolas um prazo para implantação das modificações. Recomendamos a leitura da Lei nº 12.796/2013. Célia Silveira Especialista em supervisão escolar

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Brunna Luz

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O médico Peterson Loddi é o retrato dessa nova geração: planeja trocar a Medicina para seguir o sonho de ser ator

Por Vív ian Gamba

mercado de trabalho está em constante mudança, e os jovens que estão saindo das universidades em busca de uma colocação também. Em função disso, escolas e universidades devem estar atentas a essa relação para que possam ajudar na formação dos futuros profissionais e estar cada vez mais alinhadas ao que as empresas estão buscando, de fato. O professor e psicoterapeuta Leo Fraiman alerta que o mercado de trabalho está muito mais diversificado

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e competitivo. “No tempo de nossos avós e bisavós, que nem é muito tempo assim, se considerarmos a cronologia histórica, um jovem já crescia sabendo o que faria pelo resto da vida, geralmente a profissão dos pais. Com o crescimento econômico pós-Segunda Guerra Mundial e o processo de globalização fortalecido com o fim da Guerra Fria, um mundo novo de possibilidades, literalmente, surgiu.” Segundo ele, as universidades brasileiras oferecem mais de 150 opções de cursos de graduação, que abrangem

2.511 ocupações – esse número não leva em conta os cursos técnicos e os tecnológicos. “E esse processo de diversificação dos cursos só tem aumentado nos últimos anos. Profissões como Nanotecnologia, Design de Games, Engenharia de Segurança no Trabalho e Engenharia da Mobilidade eram muito incipientes, quase impensadas há cerca de duas décadas. Isso não significa que está necessariamente mais fácil. A competição ainda é muito grande e uma educação de qualidade se faz necessária.”


Brunna Luz

O professor da UFRRJ e doutor em Sociologia pela Unicamp José dos Santos Souza, que lidera um grupo de pesquisas sobre Trabalho, Política e Sociedade, acredita que as mudanças no mundo do trabalho se caracterizam principalmente pela inserção cada vez mais intensa de ciência e tecnologia nos processos produtivos e “pela adoção de estratégias de enxugamento da força de trabalho por meio de sua substituição por máquinas e equipamentos, combinada com novas formas de organização da produção capazes de otimizar o uso do tempo e diversificar o campo de atuação do operário, numa perspectiva de trabalho flexível e polivalente”. Um modelo com divisão de trabalho extremamente hierarquizado, com capacidade limitada para absorver mudanças de forma imediata, deu lugar a um processo produtivo mais flexível, enxuto, com custos otimizados. “Para isto, tornou-se necessário um trabalhador de novo tipo, capaz de tolerar mudanças, com atributos linguísticos coerentes com a necessidade de comunicação interna da empresa, com capacidade empreendedora suficiente para autogerir seu desenvolvimento

profissional, que veja a empresa como uma parceira. Obviamente, o ideal de funcionário-padrão do regime de acumulação fordista foi superado por um outro ideal: o trabalhador flexível, polivalente e empreendedor.” a gee raçç ão Perfil da nova A coordenadora de Recursos Humanos da Rede Notre Dame, Mara Kasten, tem a percepção de que a geração que está saindo da universidade é formada por jovens ousados, mas por outro lado inquietos, imediatistas e com dificuldades de relacionamento com as figuras de poder. “Estamos diante de uma geração com maior conhecimento que as anteriores, numa área essencial, que é a tecnologia. Os jovens chegam ao mercado de trabalho com um bom conhecimento técnico, mas deixam muito a desejar na área comportamental. São despreparados para lidar com frustrações e possuem uma dificuldade de adaptação ao ambiente de trabalho.” Fraiman afirma que a própria economia ratifica a necessidade de um novo perfil de trabalhador. “Temos um consumidor hoje cada vez mais exigente.

Mercado exige um profissional com cabeça boa para aprender e reaprender

Um jovem que não tenha proatividade nem capacidade de se comunicar, de ensinar e de aprender não se adapta às exigências do mercado”, Leo Fraiman

Só aceitamos carro se for flex, TV com internet, casa mobiliada, celular com suas infinitas funções, etc. Com esse aumento de exigência e o avanço tecnológico, os produtos mudam muito rapidamente e o mercado exige um profissional com cabeça boa para aprender e reaprender.” Por essa razão, fatores como autoconhecimento, habilidade de convivência e atitude empreendedora, que sempre foram importantes numa carreira, hoje são mais que essenciais, alerta o professor. “Um jovem que não saiba trabalhar em equipe, não tenha proatividade nem capacidade de se comunicar, de compartilhar conhecimentos, de ensinar e de aprender não se adapta às exigências do mercado, seja qual for a profissão escolhida.” Em relação às novas gerações de jovens que entram no mercado, Fraiman alega que, apesar da fama de preguiçosos, descompromissados, fúteis, entre outros adjetivos negativos, eles são pessoas com extremo potencial, rápidos no raciocínio – também por terem nascido imersos no mundo da internet e da tecnologia –, multitarefas, criativos e empreendedores. “Só precisam ser lapidados e acreditados.” Ele concorda com Mara em relação aos mimados, “aquela moçada do

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por impulso, por falsas ambições ou por motivos fúteis. Meu desejo de me tornar médico foi genuíno assim como o amor que criei pela profissão e que se mantém até hoje.” Recém-formado, ele trabalhou por três meses como plantonista em emera mu udarr Coragem para gências, “minha paixão na medicina”. O dinamismo pode definir o rumo Chegou a começar residência médica que está tomando a vida do médico de ortopedia e traumatologia, mas Peterson Loddi, gaúcho depois de oito meses radicado no Rio de percebeu que não se Essess jovvens Janeiro. Ele optou pela tratava da área certa medicina aos 16 anos, para ele. “Tranquei a não têm m medo “de forma natural, por residência e voltei a ser uma profissão que de bu usccar novos trabalhar como médico me despertava admisocorrista de ambulânhos e camiinh ração e curiosidade. cias e UTI móvel.” Mas Sempre gostei muito há um “algo mais” na não penssam de pessoas, de interagir sua rotina de trabalho: e ajudar aos outros, e além da média de 48 a duass vezes via essas característi60 horas de plantão por paraa mudar de cas nos médicos”. As semana, Loddi dedica dificuldades do inseu tempo a cursos, emprreggo” gresso no curso e da oficinas e outras atiMara Kassten n formação funcionaram vidades como ator, mais como atrativos profissão que pretende que como obstáculos, seguir. segundo ele, que sempre esteve conLoddi fez teatro do primeiro ao victo das escolhas. “Não fiz medicina último ano do colégio. “Representar, inventar, criar, essas foram minhas brincadeiras de infância.” Ele diz que sempre sonhou em ser ator, mas nunca recebeu incentivo e acreditava que a profissão era “completamente inacessível” para a realidade dele. “Abandonei a ideia, ou melhor, deixei guardada.” Dois momentos difíceis marcaram a guinada na escolha da profissão: a morte do avô – “a pessoa que mais me apoiava e torcia por mim” – e a de uma grande amiga da faculdade. “Ela tinha batalhado seis anos para entrar na faculdade de medicina, depois mais seis anos de pura dedicação e entrega até concretizar o sonho. Quando conversei com ela pela última vez, me disse que nunca havia sido tão feliz em toda sua vida. Estava realizada com sua rotina e cheia de planos na carreira médica. Então fiquei me perguntando Jovem de hoje não trabalha mais por dinheiro, mas sim para ser feliz dia e noite: e se tivesse sido eu? Teria eu-quero-eu-tenho-eu-sinto-eu-faço, que responde à lista de chamada e corre para o barzinho da faculdade, e ali fica reclamando do país em vez de se preparar para ser um grande profissional e melhorá-lo”. Fraiman explica que os próprios pais são os “agentes mimadores” desses jovens. “Eles o fazem ou por se sentirem culpados ao trabalharem muitas horas diárias ou porque ganharam muito dinheiro com a ascensão econômica do país, e querem dar tudo o que não tiveram. Esses dois fatores levam à superproteção.” Mas mostra que o mercado conta com um outro grupo bem distinto, extremamente capacitado. “Quando eu vou trabalhar em coachs com os trainees do Itaú, por exemplo, vejo jovens educados, com valores, qualificados, que amam se aprimorar, falam duas ou três línguas e possuem um alto potencial (conhecidos como HIPO, high-potentialemployee).” Outra característica da nova geração apontada por Mara é o dinamismo. “Esses jovens não têm medo de buscar novos caminhos e não pensam duas vezes para mudar de emprego. Trabalham para viver, mas não vivem para trabalhar.” Fraiman

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complementa: “O jovem de hoje em dia não trabalha mais apenas pelo dinheiro, ou pela sensação de crescer na carreira, como as gerações anteriores. Ele quer ser feliz, quer fazer o que gosta e gostar do que faz”.


ido embora feliz e realizado? Como a resposta era sempre não, foi questão de pouco tempo até criar coragem e reorganizar minha vida.” Foi quando abriu mão da residência, arrumou um emprego com flexibilidade de horários e se matriculou em todos os cursos de interpretação disponíveis. “Desde então faço curso profissionalizante de ator, oficinas e cursos livres e participo de uma companhia de teatro com a qual estou em cartaz numa peça. Tenho aulas de segunda a sábado, às vezes domingo, e divido meu tempo com os plantões.” A transição é lenta, de acordo com Loddi, pois não é um mercado de trabalho fácil de ingressar e exige uma formação ampla, como em outras profissões. A repercussão dessa guinada é a parte mais difícil de administrar. “Aconteceram muitas discussões em família, muita rejeição à ideia de me tornar ator, e ainda rola um certo pânico da possibilidade de eu deixar de ser médico. Não é nada agradável você dar o melhor de si, esforçar-se para manter a independência, estar feliz por fazer o que gosta e orgulhoso de sua trajetória e saber que ao mesmo tempo sua família está infeliz com isso.” O status da medicina, a acessibilidade ao mercado de trabalho, a boa remuneração em comparação a outras profissões são colocados na balança, e

Errado é basear o rumo da sua vida em patamares e moldes sociais preestabelecidos”,

Peterson Loddi

Loddi afirma que em momento algum abriu mão da carreira segura, da estabilidade e da reputação. “Sou feliz como médico. Sinto muito prazer cada vez que consigo ajudar um paciente. Quando vejo bons resultados no meu trabalho, sinto como se quitasse uma dívida comigo mesmo. E nada explica sensações como fazer um coração voltar a bater ou realizar um parto.” No entanto, ele acredita que é possível ter isso tudo em várias outras profissões, “basta se destacar naquilo que faz”. “Não quero me sentir ingrato ou egoísta por não querer devotar a minha vida inteira à vida dos outros. Não vejo nada de errado em me dedicar à medicina por um tempo menor que ‘para sempre’. Errado é ser infeliz e não fazer nada contra isso ou basear o rumo da sua vida em patamares e moldes sociais preestabelecidos.” “Quando o jovem decide assumir essa postura e faz uma escolha profissional bem pensada, consciente, embasada num bom autoconhecimento, ele tende a produzir grandes resultados”, assegura Fraiman. “Se ainda tem a sorte de encontrar uma universidade ou empresa que o motiva, que dá as ferramentas certas e o ensina a pensar por conta, melhor ainda. Os jovens de hoje, quando trabalham com prazer, o fazem muito bem e têm a capacidade de revolucionar o que fazem, impressionando a todos.” v e orientar Universidade dev O papel da escola e da universidade nesse processo de orientação e escolha é fundamental, acredita Fraiman. “Devem ser lugar da descoberta, da pesquisa, da experimentação, da diversidade. Professores e orientadores precisam sempre se atualizar, buscar conhecer as profissões, as carreiras, as tendências do mercado. Saber relacionar seus conteúdos com temas atuais, dar uma aula interativa e dinâmica e entender e estimular essas crianças e adolescentes são atitudes primordiais do educador para torná-las apaixonadas pela busca do

Universidade deve construir espaços para que os jovens possam refletir e dialogar sobre a escolha profissional

conhecimento e do crescimento pessoal e profissional.” A professora, psicóloga e escritora Benne Catanante afirma que as universidades foram excelentes provedoras de conhecimento e formação do profissional para o mercado de trabalho até o século passado. “Porém, com o avanço da tecnologia da informação, hoje há conteúdos para todos, que antes só eram acessíveis dentro do ambiente acadêmico. Outro fator a ser considerado é a facilidade com que os jovens compartilham suas experiências, opiniões e aprendizados nas redes sociais, tornando-se multiplicadores desse conhecimento numa velocidade inimaginável décadas atrás.” Benne diz que praticamente todas as universidades procuram vender a imagem de que utilizam o que há de melhor na tecnologia do ensino, mas como recurso didático. “Se mapearmos com cuidado o que oferecem atualmente

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para cada profissão, podemos nos deparar com os mesmos conteúdos, desde sua origem. Não raro, se valem das mesmas bibliografias e propostas de pesquisa... Então cabe perguntar: quem está preparando quem e para quê? Os maiores desafios das universidades são criar plataforma de aprendizado coletivo onde ninguém pode se dar o privilégio do saber, principalmente o professor. Aliás, cabe rever esse papel urgentemente.” Para Mara, a universidade deve abrir espaço para que os estudantes consigam lidar com as diferentes informações que circulam – de forma muito rápida – no mundo em que estão inseridos. “Por serem espaço legítimo de construção de conhecimento, devem ir além do simples fornecimento de informações sobre as profissões. É necessário construir espaços para que os jovens possam refletir e dialogar sobre a escolha profissional e auxiliar o estudante na descoberta do conhecimento de si mesmo, refletindo sobre seus interesses, estimulando o desenvolvimento de habilidades e atitudes, e com isso possibilitando ao jovem uma escolha mais consciente.” Fraiman defende “um equilíbrio

As universidades foram excelentes provedoras de conhecimento e formação do profissional para o mercado de trabalho até o século passado”

Benne Catanante

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Deve-se simular a realidade do mercado em sala de aula

saudável entre conteúdo acadêmico e formação profissional, se bem que os dois não estão nem devem estar dissociados”. “Hoje, temos algumas ilhas de excelência, que dispõem de professores qualificados que atuam no mercado, bons programas de gestão de carreira e emprego e convênios com empresas. Infelizmente, temos também aqueles locais cuja primeira prioridade é o dinheiro do aluno.” Para estar em sintonia com o mercado, a universidade deve prezar por uma constante atualização de seus cursos e quadro docente, acredita o professor e psicoterapeuta. “Um jovem que se sente bem amparado pela Academia dificilmente abandona o curso que faz. Deve-se simular a realidade do mercado em sala de aula, estimular o tão necessário empreendedorismo do jovem, sem abandonar as reflexões sobre a carreira e sobre a ética da profissão que devem nortear um curso universitário”, diz Fraiman. “Quando o jovem tem mais acesso ao conhecimento e professores qualificados que sabem ensinar e gostam do que ensinam, é estimulado a

descobrir mais de si mesmo, se abre a um mundo de possibilidades, escolhe a profissão com gosto e constrói um projeto de vida muito mais feliz e eficaz.” O desafio está posto: instituições de ensino superior precisam estar próximas desse novo mundo do trabalho, mais enxuto e flexível e com centenas de opções profissionais, e entender melhor esse jovem, que busca realização e felicidade ao escolher uma profissão. Uma boa sintonia entre universidade, mercado de trabalho e o jovem garantirá o sucesso dessa nova geração de profissionais. A pauta desta reportagem foi construída em reunião realizada na Delegacia Regional Planalto e contou com a colaboração dos seguintes profissionais: Cristina Fioreze, Daniela De David Araújo, Evania Luiza de Araujo e Olivo T. Giotto (Universidade de Passo Fundo), Daniela Cardoso (Colégio Salvatoriano Bom Conselho), Elci Favaretto, Erni da Rosa, Júlia de Albuquerque e Mara Kasten (Rede de Educação Notre Dame), Eriel Brixner (Colégio Marista Conceição), Iara Caierão (Associação Brasileira de Psicopedagogia/RS, Seção RS), Janir Dalbono (Centro de Ensino Médio Integrado UPF), Mário do Amaral (Hospital da Cidade de Passo Fundo).


PREMIADAS

Música para todos Criado em 2008, o Projeto de Música La Salle Caxias, desenvolvido pelo Colégio La Salle de Caxias do Sul, é uma iniciativa cultural e social que oferece, gratuitamente, atividades musicais coletivas de prática de instrumento, orquestra e de canto coral a cerca de 600 pessoas, entre crianças, jovens e adultos da comunidade caxiense e municípios da região, muitos em situação de vulnerabilidade social. A iniciativa conquistou o 7º Prêmio de Responsabilidade Social, na categoria Desenvolvimento Cultural. Os alunos recebem formação musical completa e gratuita, com aulas semanais, e realizam, pelo menos, duas apresentações anuais. O projeto adota uma metodologia que privilegia a prática de fazer música em conjunto. “Cantar e tocar em coro e orquestra tem se mostrado um processo eficaz, dinâmico, rápido e atraente de ensino de música”, comenta a coordenadora da iniciativa, Claudia Bressan. Dentre os principais objetivos do projeto, destacam-se: fomentar a formação musical de um número expressivo de pessoas pertencentes à comunidade caxiense e região; favorecer o aperfeiçoamento dos instrumentistas e cantores, gerando oportunidades para futura profissionalização na música e inclusão no mercado de trabalho; desenvolver e ampliar as atividades culturais na região; e contribuir para o processo de educação, sociabilidade e cidadania dos alunos e da comunidade. A partir desses objetivos, a iniciativa tem alcançado resultados significativos. Até o momento, 1.300 pessoas foram beneficiadas, sendo mais de 60% em situação de vulnerabilidade social. Nas atividades de ensino de instrumento, sobretudo de cordas, cerca de 15 alunos já atuaram, dentro do próprio projeto,

Iniciativa do Colégio La Salle Caxias já beneficiou 1.300 pessoas

como monitores, preparando-se para a profissionalização na área da música. Já foram realizados 35 concertos, assistidos por mais de 20 mil pessoas. Claudia acredita que as atividades que buscam a participação efetiva dos alunos e a troca de experiências contribuem para a motivação, a aquisição de valores culturais e sociais, o desenvolvimento da autonomia e do senso crítico, além de promover a formação e educação plena dos cidadãos. “A iniciativa favorece também o desenvolvimento cultural da cidade e região, contribuindo para a formação de plateia, aguçando a sensibilidade e o senso estético da comunidade como um todo”, destaca. O projeto é subsidiado pelo Colégio La Salle Caxias e parceiros, principalmente empresas e pessoas físicas que lhe destinam parte do imposto devido ao governo, por meio das leis federal e estadual de incentivo à cultura. Os recursos são investidos sobretudo em profissionais (hoje, o Projeto conta com uma equipe de 30 pessoas), em materiais (instrumentos

musicais, estantes de partitura) e na produção dos concertos. Neste ano de 2013, o projeto continua ampliando suas atividades e se consolidando na região por iniciativa inovadora e de grande responsabilidade para com a sociedade na qual está inserido.

Receitas de sucesso do projeto 2SRUWXQL]DU D SDUWLFLSDomR GH pessoas em situação de vulnerabilidade social. )RPHQWDU R GHVHQYROYLPHQWR FXOtural da região. ,QFHQWLYDU DV GRDo}HV SRU PHLR GD lei de incentivo à cultura. 2 SURMHWR HP Q~PHURV pessoas beneficiadas, 35 concertos realizados, assistidos por 20 mil pessoas.

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PREMIADAS

Jornal da Feevale ĂŠ destaque no meio acadĂŞmico Criado para atender Ă s necessidades de comunicação entre a Universidade Feevale, de Novo Hamburgo, e os seus pĂşblicos, sobretudo o acadĂŞmico, o Jornal Feevale conquistou o 10Âş PrĂŞmio Destaque em Comunicação, na categoria MĂ­dia Impressa - Ensino Superior. A publicação destina-se prioritariamente aos alunos da Feevale de todos os nĂ­veis de ensino. No entanto, tambĂŠm abrange os alunos evadidos, graduados pela Universidade, e de ensino mĂŠdio do Estado, funcionĂĄrios e, atĂŠ mesmo, os familiares dos acadĂŞmicos, jĂĄ que o jornal ĂŠ levado para as suas residĂŞncias e lido por esse pĂşblico. A instituição possui hoje cerca de 17.500 alunos e em torno de 1.500 professores, funcionĂĄrios e estagiĂĄrios. As ediçþes tambĂŠm sĂŁo disponibilizadas online, podendo ser acessadas em www.feevale.br no link “Aconteceâ€?. O jornal apresenta entrevistas, matĂŠrias sobre o mercado de trabalho, informaçþes sobre a estrutura e ofertas de cursos e atividades realizadas pela instituição, bem

como premiaçþes e o desenvolvimento de projetos de ensino, pesquisa e extensĂŁo. As notĂ­cias sĂŁo distribuĂ­das em editorias, contemplando todas as ĂĄreas de estudo dos quatro Institutos (Instituto de CiĂŞncias Sociais Aplicadas, Instituto de CiĂŞncias Humanas, Letras e Artes, Instituto de CiĂŞncias Exatas e TecnolĂłgicas e Instituto de CiĂŞncias da SaĂşde), e atividades nos campus I e II. HĂĄ a preocupação de fazer com que o aluno se identifique com o jornal. Por isso, sĂŁo abordados assuntos pertinentes aos projetos e eventos dos quais participa. Ele tambĂŠm dĂĄ a sua opiniĂŁo sobre os mais diversos temas relacionados ao meio acadĂŞmico. O processo de interação se manifesta ainda nas sugestĂľes de pauta enviadas pelo pĂşblico-leitor por e-mail, redes sociais ou comunicadas de forma presencial e por telefone Ă redação do jornal. De acordo com as polĂ­ticas de responsabilidade social da Feevale, o jornal ĂŠ confeccionado em papel reciclado. A publicação ainda possui o selo FSC, certificação florestal que atesta que o mesmo ĂŠ produzido a partir de fontes responsĂĄveis e ecologicamente adequadas. Em 2011, o layout do jornal foi totalmente alterado. A intenção tambĂŠm ĂŠ ampliar as notas de leitura rĂĄpida, matĂŠrias sobre pesquisa e dar maior foco Ă ĂĄrea acadĂŞmica e seus projetos, bem como retratar a sua relação com a sociedade e com o mercado. FICHA TÉCNICA: Gerente do Departamento de Marketing: Joelma Rejane Maino Jornalista responsĂĄvel: Solange CorrĂŞa (Mtb 8332) Reportagem e redação: Bianca LetĂ­cia Raimundo, Bruna Saltiel Petro, Leonardo da Rosa (Mtb 16567), Nahara Holderbaum

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Eckhard, Solange Corrêa e Valdirene Kerschner (Mtb 16526) Fotos: Leonardo da Rosa e Acervo Feevale Diagramação: Vinícius Boff Flores Periodicidade: mensal (exceto janeiro e julho) Tiragem: 12 mil exemplares.

Receitas de sucesso do projeto ‡ 8PD SXEOLFDomR FRP GLYHUVRV FRQWHúdos de interesse do aluno. ‡ 2SRUWXQLGDGH GH R DOXQR LQWHUDJLU VXgerindo pautas por e-mail, presencial, por meio da rede social ou telefone. ‡ 'LVWULEXLomR DEUDQJHQWH TXH YDL alÊm da faculdade, e envolve outros públicos de interesse da Feevale. ‡ &RQIHFFLRQDGR HP SDSHO UHFLFODGR com o selo FSC.


Facebook vira canal de relacionamento com os públicos Case da Rede La Salle, premiado na categoria Mídia Digital do 10º Prêmio Destaque em Comunicação, descreve a trajetória da página lassalista no Facebook, destacando o caráter estratégico que ela assumiu no relacionamento com os públicos desde 2011. A emergência das mídias digitais tem alterado a forma como as pessoas se relacionam umas com as outras e com o mundo. Dessa forma, para qualquer organização, em especial as do setor educacional, é fundamental acompanhar o dinamismo social e a facilidade de acesso às informações que esses jovens e suas famílias demandam. A Rede La Salle, observando esse rápido movimento de transformação sociocultural, ingressou no principal canal de interação apropriado por esse público, o Facebook. No começo desse trabalho essa presença não era estrategicamente organizada. Cada um dos colégios e faculdades que compõem a Rede se apresentava na página de forma distinta. A atualização era irregular e inexistia qualquer política editorial que norteasse a presença institucional. Assim, a partir de uma decisão administrativa, que incorporou as mídias digitais ao planejamento de comunicação institucional, o “estar” no Facebook deixou de ser suficiente. Atendendo a padrões de excelência internacionalmente reconhecidos, a Rede La Salle tornou sua página no site um canal estratégico de relacionamento com seus públicos, utilizando seu enorme potencial de disseminação como um instrumento de gestão da marca. Para isso, a página da Rede (facebook. com/RedeLaSalle) foi transformada num “hub”, central a partir da qual as

comunidades educativas poderiam servir-se e alimentar seus próprios espaços na rede social. As informações lá publicadas são elaboradas de acordo com as diretrizes estabelecidas pelo Guia de Uso Institucional do Facebook para Instituições lassalistas. Material que também foi apresentado e enviado aos replicadores de comunicação que atuam nessas instituições. Ao mesmo tempo em que se estabeleceram esses critérios, materiais e campanhas dirigidos à plataforma do “face” foram desenvolvidos. Um exemplo foi a campanha “Por que eu AMO Porto Alegre”, ação que movimentou as comunidades da cidade de Porto Alegre nos festejos de seus 265 anos, cujo principal objetivo era estabelecer vínculo entre a campanha institucional veiculada em 2011, “Eu Amo”, e o sentimento dos alunos por sua cidade. Esse esforço coordenado produziu um efeito de uniformização da linguagem e

consolidou a imagem institucional, conforme apontam todos os indicadores utilizados para a avaliação da presença da organização no canal social.

Receitas de sucesso do projeto 3HUFHEHU D QHFHVVLGDGH H DV SRVsibilidades do uso de uma rede social como canal de comunicação estratégico. &ULDomR GH XP *XLD GH 8VR Institucional do Facebook para Instituições lassalistas, uniformizando a linguagem e consolidando a imagem institucional. 5HDOL]DomR GH FDPSDQKDV EXVcando a interação e a identificação entre os alunos e a Rede La Salle.

Ações realizadas no Facebook têm o engajamento dos estudantes

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TIRA-DÚVIDAS

PRÊMIOS SINEPE/RS Por que participar dos Prêmios do SINEPE/RS? O que a minha instituição ganha com essa participação?

Ao conquistar os prêmios do SINEPE/RS, sua instituição ganha reconhecimento na comunidade interna e também externa. A premiação é, hoje, uma das maiores do Brasil e a maior do ensino privado brasileiro, fato que gera grande repercussão na mídia, com destaque aos projetos premiados. Além disso, a participação nas premiações gera a oportunidade de compartilhar e trocar experiências com outras instituições, documentar e reconhecer a equipe interna que desenvolve projetos de sucesso.

Quem avalia os projetos e como é feita essa avaliação? Os projetos são avaliados por um corpo de jurados qualificado (acadêmicos, executivos e profissionais do mercado e especialistas na área avaliada). Cada projeto é avaliado por três jurados e esse processo ocorre em duas fases: na primeira, os jurados fazem a avaliação dos projetos de forma online, por meio dos site das premiações. Os três mais bem classificados nesta fase defendem seus projetos em audiências públicas para um novo corpo de jurados. Ao todo, as premiações do SINEPE/RS reúnem cerca de cem profissionais que fazem parte do corpo de jurados.

Como os jurados são escolhidos? É realizada uma criteriosa seleção por parte da coordenação técnica. São escolhidos profissionais e acadêmicos de todo o Brasil com reconhecida capacitação e isenção para realizarem o julgamento.

O que mudou no processo de inscrição? Ficou mais simples. A partir desta edição a inscrição é feita integralmente pelo hotsite das premiações, e os textos deverão ser mais objetivos - em formato PDF em até 20 páginas, incluindo anexos. Ou seja, os trabalhos não são mais entregues impressos, mas sim postados no hotsite até a data limite de inscrição, dia 16 de agosto. Vídeos, fôlderes e peças poderão estar inseridos em hyperlinks em meio ao texto ou ilustrações (lembrando que o acesso a eles é uma opção do jurado, e não uma obrigação).

Como faço para ganhar o prêmio Instituição Destaque 2013? É preciso ter projetos finalistas em cada um dos três Prêmios. Há uma pontuação para cada colocação, que pode ser conferida no regulamento, e a instituição que somar mais pontos receberá o Prêmio. Ou seja, para ter chance de concorrer a essa premiação, a instituição terá que inscrever no mínimo três cases, um em cada premiação. A sugestão é inscrever vários projetos em todos os Prêmios.


Por que a categoria Mídias não faz mais parte do Prêmio de Comunicação? e o m

Hoje, a grande tendência da comunicação e do marketing Ê a utilização de um composto promocional, e não de uma mídia isolada para atingir objetivos mercadológicos e institucionais. As mídias fazem parte da solução. Mesmo assim existem projetos centrados na utilização de uma só mídia, e estes projetos serão bem-vindos se forem bem sustentados. Não teremos o julgamento das mídias isoladamente, mas como ferramentas para atingir os resultados propostos. O enfoque Ê outro. Antes era premiado o meio por si, agora estå sendo focado o alcance de objetivos a partir dos cenårios e dos desafios apresentados, sendo as mídias parte integrante das ferramentas para isto.

Por que foi extinta a separação por nível de ensino nos Prêmios de Comunicação e Inovação em Educação? Estarå sendo apreciado o todo: cenårio, desafios, soluçþes encontradas e os resultados atingidos. A avaliação serå proporcionada pela qualidade do processo que se percorreu para chegar ao objetivo proposto. Isto possibilita que pequenas e grandes instituiçþes sejam avaliadas da mesma forma. Historicamente, temos tido casos de alta qualidade nos diferentes níveis de instituição. Como a avaliação estå mais baseada em conteúdos do que em formas, não adianta ter uma ação que exija alto poder econômico se o resultado não for proporcional ao investimento. O simples ou o criativo podem resultar em benefícios tão grandes quanto uma ação ou projeto sofisticado e de alta complexidade.

DICAS IMPORTANTES

s e e a m s

‡ 8PD SUiWLFD SRGH VHU DGDSWDGD SDUD YiULDV FDWHJRULDV SUHPLDo}HV ‡ 3DUD JDQKDU R SUrPLR LQVWLWXLomR GHVWDTXH p SUHFLVR LQVFUHYHU YiULRV FDVHV QR PtQLPR XP HP FDGD SUrPLR ‡ &RPHFH D HVFUHYHU RV FDVHV DJRUD SDUD QmR GHL[DU SDUD D ~OWLPD KRUD ‡5H~QD D LQVWLWXLomR H DYDOLHP DV PHOKRUHV SUiWLFDV HP FDGD FDWHJRULD 0RELOL]H SURIHVVRUHV FRRUGHQDGRUHV profissionais da comunicação e da direção para pensarem sobre as prĂĄticas realizadas e sugerirem projetos SDUD FRQFRUUHUHP jV SUHPLDo}HV ‡ 9LVLWH R KRWVLWH H YHMD FRPR RV YHQFHGRUHV GH PRQWDUDP RV VHXV FDVHV DWHQomR SRLV DJRUD VmR SiJLQDV QR Pi[LPR ‡ &RQWH[WXDOL]H EHP R VHX FDVR DVVLP VHUi PDLV IiFLO DYDOLDU RV GHVDILRV DV Do}HV H RV UHVXOWDGRV ‡ 9DORUL]H H PHQVXUH RV UHVXOWDGRV ‡ 1mR SHUFD DV GHIHVDV S~EOLFDV VHMDP DV VXDV RX DV GDV GHPDLV LQVWLWXLo}HV p D KRUD GH DSUHQGHU FRPSDUtilhar e buscar ideias que possam ser adequadas ou compartilhadas. Material produzido pelo consultor das premiaçþes Paulo Ratinecas Mais informaçþes: www.sinepe-rs.org.br/premios




ENSINO PR I VA DO

Aulas de Slackline no Marista

Praticantes exercitam a concentração, equilíbrio e resistência

Incentivar e promover a construção de uma cultura de conscientização no combate ao mosquito Aedes aegypti foi o propósito que motivou os alunos da 8ª série da Escola Rainha do Brasil de Porto Alegre a desenvolverem um projeto com o tema ‘Dengue- Questão de Conscientização’. Os estudantes elaboraram panfletos e entregaram o material na região em torno da escola no dia 17 de maio, com o objetivo de conscientizar a comunidade escolar (pais e moradores do bairro) sobre essa epidemia que preocupa no município.

Michel Corrêa

Os professores de Educação Física do Colégio Marista Ipanema, de Porto Alegre, inseriram em suas aulas o Slackline. Uma modalidade esportiva praticada sobre uma fita esticada na base de duas árvores. De acordo com a professora Gretel Diefenthaeler, que trouxe a inovação do Slackline, o praticante busca subir e se equilibrar em uma corda de nylon, se movimentando e fazendo manobras que priorizam a concentração, equilíbrio e resistência, além de valores atitudinais como cooperação e solidariedade, na medida em que eles mesmos se ajudam com o equilíbrio na corda ou recebem a ajuda de estudantes voluntários. A atividade têm como objetivo diversificar a prática das aulas, motivando os alunos a praticarem algo novo e inesperado e proporcionar a vivência de uma atividade corporal em meio à natureza.

Alunos da Escola Rainha do Brasil no combate à dengue

Pais brincaram com os filhos

Escola Constructor incentiva as crianças a brincar No dia 13 de abril a Escola Constructor de Porto Alegre realizou o “dia do brincar”, ressaltando a importância dos pais brincarem com seus filhos. Aproveitando o dia, também foi trabalhado com a família a importância de ser solidário, através da campanha de doação de material de higiene para o Instituto do Câncer Infantil.

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Alunos desde a Educação Infantil são envolvidos em ações culturais

Bom Conselho resgata histórias culturais do Rio Grande do Sul O Colégio Salvatoriano Bom Conselho de Passo Fundo, está desenvolvendo com seus alunos o projeto “Causos do Vovô Zacharias”, para resgatar as histórias culturais do Rio Grande do Sul através de releituras. Os estudantes trabalham a escrita e os diversos gêneros textuais, valorizando todo o processo multidisciplinar, abrangendo as áreas de língua portuguesa, música, folclore, artes cênicas e artes plásticas. Ao todo participarão 553 estudantes, desde a Educação Infantil até o 6º ano do Ensino Fundamental, onde ao final será produzido um livro, que será lançado no dia 30 agosto na Jornada Nacional de Literatura. O projeto é uma promoção do Colégio em parceria com a Sonata Produções Culturais.


Teutônia incentiva alunos a empreender

Miniempresa “Plano Verde” produziu luminárias

Desenvolvimento de capacidades autônomas e empresarias, é que o Instituto de Educação Cenecista General Canabarro de Teutônia está buscando desenvolver em parceria com a Junior Achievement. Desde março, os alunos da 2ª série do Ensino Médio estão organizando a miniempresa “Plano Verde” e produzindo luminárias. O grupo é composto por 18 alunos, que se reúnem semanalmente, com o acompanhamento profissional de pais e professores voluntários, para a criação da empresa. Os “alunos empresários” aprendem conceitos de empreendedorismo, ao mesmo tempo em que percebem a importância do que é estudado em sala de aula para a futura experiência de trabalho.

Crianças do Santa Rosa fazem vestibular O terceiro ano do Ensino Fundamental do Colégio Santa Rosa, de Carlos Barbosa , o terceirinho, realizou um mini vestibular envolvendo as disciplinas de língua Portuguesa e Matemática. A iniciativa teve como objetivo fixar os conteúdos trabalhados, além de desenvolver competências básicas, como a atenção na resolução das questões. O mini vestibular foi uma estratégia divertida encontrada para as crianças revisarem o conteúdo e ao mesmo tempo sentirem – se importantes pois também fizeram o vestibular como os “grandes do terceirão”.

Estudantes mobilizaram a comunidade de Canoas com palavras e ações gentis

Recursos Energéticos são debatidos em sala

La Salle Niterói promove Projeto Gentileza

Para despertar o interesse e discutir sobre as diversas formas de energia do país, o Marista Assunção de Porto Alegre realiza há cinco anos o Projeto Energia. Com visitas à Usina Termelétrica em Charqueadas, a Hidrelétrica Toca em Canela e ao Parque Eólico em Osório, os estudantes do Ensino Médio reconstroem saberes através da interação e do diálogo com os profissionais da área. Com atividades desenvolvidas durante todo o ano letivo, as aulas in loco são um grande diferencial do projeto, aliando teoria, prática e vivência.

Desde o começo do ano letivo, o Colégio La Salle Niterói, em Canoas, realiza o Projeto Gentileza, que deseja mobilizar a comunidade educativa e local para a reflexão sobre as ações cotidianas para a construção de relações mais respeitosas, solidárias e verdadeiras. Uma das ações mais marcantes do projeto, a Caminhada da Gentileza, aconteceu no dia 18 de maio. Estudantes e educadores lassalistas entregaram flores confeccionadas com material reciclado, além do folder ‘do Bem’ que continha uma palavra de gentileza e o contexto da atividade realizada.

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MEMÓRIA

Stella Maris comemora 75 anos de história em Viamão Há 75 anos, o Colégio Stella Maris vem contribuindo com a formação de crianças e jovens em Viamão. Esta história teve início com a coragem do Padre José Breitenbach, Vigário da Paróquia de Viamão na década de 30, em buscar o auxílio das Irmãs do Imaculado Coração de Maria para atender às necessidades educacionais, então crescentes. Esse foi o ponto de partida para a fundação do colégio em 24 de fevereiro de 1938, na avenida Cel. Mário Antunes da Veiga, Centro de Viamão. De lá para cá, muita coisa mudou. Instalações foram sendo construídas e reformadas ao longo dessas mais de cinco décadas. O Stella vem sendo presença ativa na construção do conhecimento e na formação de jovens que aceitam o desafio de transpor as fronteiras da acomodação e do egoísmo, para respeitar e conviver com outros. Nesses espaços, muitos dos cidadãos viamonenses

lapidaram sua educação e formaram valores humanos, cristãos e éticos, que nortearam suas vidas. A instituição é um colégio vanguardista no município de Viamão, de confissão católica, que tem na raiz a fundadora da Congregação, Bárbara Maix. Possui um complexo de Química e Física e laboratórios de Informática, Biologia, Artes, Sala de Música, Oficina Lúdica, projetores interativos em todas as salas de aula, bem como ar condicionado. Destaca-se por desenvolver projetos culturais como Mostra Científica, Feira do Livro, Mostra Artística e Cultural, Saídas Culturais, Show de talentos; e iniciativas de integração com a comunidade como os projetos voluntários, campanhas solidárias, Festa Junina, campeonatos de bandas e campeonatos esportivos. Funcionam também, além do ensino regular, atividades extraclasse: grupo de jovens animadores da pastoral, danças folclóricas,

Instituição investe em uma educação solidária, justa e fraterna

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Colégio foi fundado em 24 de fevereiro de 1938, no Centro de Viamão

banda musical, grupos esportivos, tae kwon do, robótica, balé e violão. Em 2011, a escola foi contemplada com o Prêmio Jovem Cientista. O Stella Maris conta com 75 funcionários e 918 alunos da Educação Infantil ao Ensino Médio. Oferecem apoio à direção os serviços de Orientação e Educação Religiosa, Supervisão Pedagógica, Psicologia, Orientação Educacional e Assistência Social. Tem também o Conselho de Pais, Conselho de Alunos e Conselho de Professores e Funcionários. “Nesses 75 anos a instituição marca presença ativa em Viamão, trabalhando por amor, por uma educação solidária, justa e fraterna, em meio aos desafios constantes, porém sempre buscando promover mais vida e esperança em nossos alunos e familiares”, salienta a diretoria, Ir. Zoile Herrmann.


CULTUR A

Quem canta seus males espanta

“D

isciplina é liberdade/ Compaixão é fortaleza/ Ter bondade é ter coragem” (Renato Russo). Música é uma forma de comportamento que revela subjetividade e a marca do racional. Sem palavras explicita sentimentos e relacionamentos intra e interpessoais. Pelo senso comum, ela qualifica o cotidiano, expõe a subjetividade, expia culpas, faz lembrar pessoas e momentos. Pela neurociência sabemos como é processada, aciona e sincroniza regiões do cérebro responsáveis pelas funções da mente. Atividades musicais afetam e modificam o funcionamento da estrutura cerebral, e por gerações revelam maneiras de pensar e de agir. “Meu coração, não sei por que, bate feliz quando te vê” (Pixinguinha). Ouvindo lembramos, cantando comunicamos. “Quem canta, seus males espanta!” Quando sozinhos a música nos faz companhia e minimiza ausências. Pela imagem mental nos aproximamos de pessoas, damos vida ao passado e o futuro tornar-se um tempo devir. Ensina-nos a ganhar, perder, liderar, obedecer, tomar atitudes e esperar a

“Pai afasta de mim este cálice, de vinho vez, nos convoca a escutar e a ser escutados. tinto de sangue” (Chico Buarque e Milton Músicas amalgamam histórias e se fundem Nascimento). Outros músicos usaram metáem nossas memórias, modelam-se em curforas e metonímias para protestar e delatar a rículos de vida únicos acessados por sonorisituação do País clamando por justiça social. dade ouvida ou evocada inconscientemente. “Apesar de você amanhã há de ser outro dia” “Quem não tem colírio usa óculos escuros” (Raul Seixas). Enquanto (Chico Buarque). uns fazem das músicas um Compositores escreCompositores espaço para denúncia, outros veram e se inscreveram fazem apologia ao uso de em nós por meio de suas escreveram e drogas ilícitas. músicas. Pela diversidade de gêneros e estilos se inscreveram “O morro não tem vez e o que ele fez já foi demais/ Mas musicais eles pontuam em nós através olhem bem vocês quando o tempo vivido, ditam derem vez ao morro toda a moda, registram a gíria da de suas cidade vai cantar” (Vinicius época, enaltecem o amor e de Moraes e Tom Jobim). A a liberdade de expressão. músicas” sonoridade dos morros, dos Cantam a vida de seu conguetos, das comunidades texto ou como ela poderia invadiu o asfalto e botou “o bloco na rua”. ser vivida. “É preciso amar as pessoas como Excluídos encontraram na melodia e no se não houvesse amanhã” (Legião Urbana). ritmo um espaço para socializar sua musiCantores convocam mudanças e convencem calidade e divulgar seus valores, princípios, os jovens a ingressar e engrossar o “coro dos costumes, questões sociais e proclamar por contrários”. A Jovem Guarda imprimiu na melhorias (ou por sobrevivência). juventude “guardada” por uma Ditadura um “Tchê tcherere tchê tchê” “Eu quero jeito de se vestir, de falar, de “flertar”, de vatchu, tcha” Música boa ou ruim, tanto faz, lorar aparências e minimizar causas sociais. as “tribos” se encontram em algum ritmo, melodia, harmonia ou em um la-ra-rá. Canções são povoadas por uma diversidade de ideias, ideologias que se amoldam em versos ou em estruturas de lalação (sílabas reiteradas sem significado imediato). Cada música carrega em si seu criador, e ao entoarmos ocupamos o lugar de seu autor; voltamos no tempo, sentimos a estrutura musical pensada e a significação dos versos. Músicas não provocam mudanças, nós é que as validamos para que comuniquem nosso mundo interno povoado por desejos incontáveis. Elas nos encorajam a externalizar o indizível e nos levam a acreditar que alguém corajoso pensa diferente, do mesmo jeito que a gente.

Laura Franch Schmidt da Silva Músicos marcaram gerações e ainda hoje são lembrados, como é o caso da Legião Urbana

Professora, doutora em teologia, mestre em educação musical, especialista em musicoterapia, coordenadora da Licenciatura em Música da Faculdades EST.

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FIQUE POR DENTRO

Clássicos da literatura viram jogos virtuais Com a proposta de mostrar aos jovens internautas que a literatura clássica pode ser divertida e interessante, o gestor cultural Celso Santiago desenvolveu o projeto Livro e Game, que adaptou para o universo dos jogos virtuais os clássicos brasileiros “O Cortiço” (Aluísio Azevedo), “Memórias de um Sargento de Milícias” (Manuel Antônio de Almeida) e “Dom Casmurro” (Machado de Assis). A história do livro O Cortiço, de Aluísio Azevedo, pode ser “jogada” na página do Livro e Game (www.livroegame.com.br). Nela o internauta tem acesso às histórias em quadrinhos, curiosidades sobre a época que o livro retrata e ainda pode administrar e construir casas no mesmo terreno descrito na obra do autor. No site, os internautas aprendem sobre as obras, seus contextos históricos e sobre os autores participando das aventuras, dramas e vida dos personagens dos livros.

Brasil é segundo em escassez de talentos O Brasil ocupa a segunda posição em um ranking mundial que pretende medir a dificuldade que as empresas enfrentam para contratar funcionários — ou o déficit de talentos disponíveis. Conduzido pelo ManpowerGroup, empresa especializada em seleção com escritórios em 80 países, o estudo Talent Shortage Global Survey (pesquisa global de falta de talentos) ouviu 38.618 empregadores em 42 nações. No Brasil, 68% dos entrevistados relataram dificuldades para preencher vagas em suas organizações. O índice é quase o dobro da média global, de 35%. É a segunda vez consecutiva que o Brasil aparece na vice-liderança do ranking. Em primeiro lugar, está o Japão, onde 85% dos gestores disseram que a falta de profissionais capacitados dificulta a contratação de pessoas com habilidades necessárias. A terceira colocação ficou com a Índia, com taxa de 61%. O estudo aponta também os dez postos de trabalho, no Brasil, em que há maior dificuldade para o preenchimento de vagas. Técnicos, operadores de produção e profissionais da área de finanças formam o “top 3”, seguidos por trabalhadores manuais, operários, engenheiros, motoristas, secretárias, representante de vendas e mecânicos.

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Caminhar ou pedalar até a escola melhora desempenho estudantil Um estudo elaborado por pesquisadores da Universidade de Granada, Universidade Autónoma de Madrid e Universidade de Zaragoza, na Espanha, mostrou que adolescentes que vão a pé para a escola apresentam melhor rendimento cognitivo em relação àqueles que utilizam ônibus ou carro. O estudo avaliou 1.700 jovens entre 13 e 18 anos de cinco cidades espanholas. Os autores concluíram os que caminham 15 minutos, em relação àqueles que não o fazem, melhoram o desempenho escolar porque o exercício, além de se tornar um hábito saudável e diário, estimula suas funções cognitivas. Isso contribui para que se tornem mais ativos no restante do dia e, consequentemente, em sala de aula.

Dica de Livro

1984 - George Orwell Por Lidia Stroschoen da Cunda, 1º Ano do Ensino Médio Colégio Santa Teresa de Jesus, de Porto Alegre

Basta querer mudar que você pode qualquer coisa. Essa frase define a vida de Winston Smith. Na grande Oceania, ter a mente livre é o pior dos crimes. Controlado pelo “grande irmão”, o povo vive sob um regime contra a expressão e a liberdade. Todos estão escravos de uma única lógica, sem nenhum meio para pedir socorro. Até que Winston se rebela onde ninguém pode ver, em seu pensamento. O livro 1984 mudou muito mais que a minha maneira de ver os sistemas impostos, pude interpretá-los. Os jovens merecem saber o que se passa dentro de um sistema imaginário pra poder saber viver em um real.


Lançada rede social para educadores A recém-inaugurada Rede Magis, idealizada pelo Grupo Editorial IBEP, é uma rede social voltada exclusivamente para a educação e que permitirá conectar professores e educadores de todo o Brasil, na discussão de problemas e soluções e no compartilhamento de aulas e experiências diversas em sala de aula. Ao se cadastrar na Magis, o usuário se inscreve nas disciplinas em que tem interesse, segmentando o conteúdo também à graduação escolar (ensino infantil, fundamental, médio e até assuntos relacionados

à Gestão Escolar). A partir daí o educador encontrará conteúdos exclusivos sobre cada tema, vídeos dos professores, tutoriais sobre aulas, sugestões de atividades em sala e planos e aula. Em uma fase de testes de 20 dias, mais de mil pessoas se cadastraram na rede. A expectativa do Grupo IBEP agora é de que a rede se popularize entre os educadores, tornando-se uma ferramenta aberta de compartilhamento, debates e geração de novas ideias para melhorar a educação no país e no mundo. Saiba mais em: www.redemagis.com.br

Universitários latino-americanos usam redes sociais com mais frequência

Sobram bolsas para brasileiros em universidades americanas Universidades de ponta dos Estados Unidos, como Harvard, Stanford e Columbia, e o Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT) estão oferecendo a estudantes brasileiros 1.400 bolsas de estudo para doutorado completo. Os benefícios são financiados pelo governo federal, por meio do programa Ciência Sem Fronteiras (CsF), e a expectativa é de que encontrem interessados até 2015. Apesar do convênio do governo brasileiro com as universidades americanas ter sido firmado em abril de 2012, a falta de divulgação da oportunidade fez com que somente pouco mais de cem candidatos fossem pré-selecionados até o momento. A meta do programa é que outros 400 estudantes sejam aprovados neste ano. As inscrições dos interessados em concorrer a bolsas de estudo para ingresso em 2014 vão até setembro e podem ser feitas pelo site da Laspau (www.laspau.harvard.edu).

Um estudo revelou que os latino-americanos se comportam de forma parecida à de estudantes de outros continentes, com uma exceção: a frequência do uso das redes sociais. De acordo com a pesquisa, mais de 70% dos latinos afirmaram usar sites como Facebook, Twitter, LinkedIn, Pinterest e YouTube “o tempo todo”. O Student’s Online Usage: Global Market Trends Report foi feito com base em uma pesquisa com participantes do QS World Grad School Tour entre 2012 e 2013, evento que ocorre em diferentes cidades do mundo, promovendo o contato de estudantes e graduados com universidades de diversos países. Foram questionadas pessoas de 26 países e três pontos-chave foram considerados: tempo gasto online, dispositivo usado para acessar internet e preferência por redes sociais globais. Entre as redes de maior uso na América Latina estão Facebook e YouTube, ambos atingiram 96% das respostas para a pergunta “qual rede social você usa o tempo todo?”. Entre os dispositivos usados para navegar, o acesso à internet se concentra entre smartphones (30%) e laptops (70%).

Universidade da Pensilvânia cria portal para estudantes brasileiros A Universidade da Pensilvânia criou um portal em português com o objetivo de reunir e compartilhar conhecimento. A Knowledge@Wharton (kw.wharton.upenn.edu/kwhs-brasil) tem a parceria da PUCRS e oferece textos, vídeos, podcasts e vasto material sobre finanças, investimentos, liderança, gestão de mudanças, marketing, economia, gestão estratégica, direito, políticas públicas, recursos humanos, ética nos negócios, inovação, empreendedorismo e gestão de tecnologia. O conteúdo é de acesso gratuito e há uma newsletter que pode ser assinada. Uma parte do portal é o Knowledge@Wharton Hich School, focado em estudantes do ensino médio. Os conteúdos desse portal abordam empreendedorismo e liderança, meio ambiente, moda e culinária, vida após o ensino médio, gestão financeira, impacto social, esportes e entretenimento. Os artigos permitem a interação entre jovens de diferentes lugares do mundo.

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POR ONDE ANDA

A influência decisiva da escola na vida de Eduardo Leite O prefeito de Pelotas, Eduardo Leite, 27 anos, já dava sinais da sua vocação na época escolar. No Colégio São José, destacou-se como líder de turma e presidente do Grêmio Estudantil. Segundo ele, esta foi a primeira e inesquecível experiência política da sua vida. E foi a primeira de muitas. Leite foi vereador do município aos 19 anos e oito anos depois assumiu como o prefeito mais jovem de Pelotas. Formado em Direito, o político conta que era um aluno dedicado e comprometido com os estudos e com os colegas. Ao lembrar a época de estudante, destaca a importância da formação escolar para o profissional que é hoje. Nesta entrevista a Educação em Revista ele conta sobre sua trajetória política e a influência da educação na sua vocação, confira: Educação em Revista - Como foi a sua formação escolar? Eduardo Leite - A minha formação é mais ou menos a mesma de todo mundo

da minha geração. Estudei em escolas privadas, tornei-me bacharel em Direito por uma universidade pública e vivenciei o melhor e o pior desses dois mundos do ensino brasileiro.

Não vejo como poderia chegar a essa finalidade sem as pessoas que foram referência na minha vida educacional”

Quais as lembranças mais marcantes da sua vida de estudante? Algum professor de destaque? A disputa política pelo grêmio estudantil do Colégio São José é uma das mais marcantes. Não vou destacar nenhum professor em particular para não cometer injustiça, mas quero dizer que me lembro deles todos e essas lembranças são muito gratas. Eles contribuíram decisivamente para eu me tornar o adulto que sou hoje.

Como era o Eduardo aluno? Um aluno comum, interessado, comprometido, que desejava corresponder às expectativas dos seus professores e nunca se esquecia da solidariedade com os seus colegas.

Por que você escolheu a política? A escola teve alguma influência nesta escolha? Eu escolhi a política porque, provavelmente, seja um vocacionado para essa atividade. Desde pequeno, a política fez parte da minha vida. Não só pela influência do meu pai, que já foi candidato a prefeito de Pelotas e um dos principais assessores do prefeito Bernardo de Souza, mas porque era o que eu queria ser. Alguns vocacionados desejam desde cedo ser médicos, advogados, engenheiros, jornalistas... Eu sempre desejei participar diretamente da política. Acabei por ser eleito muito cedo vereador e, agora, prefeito. Mas a minha primeira (e inesquecível) experiência na área foi na escola, quando disputei o grêmio do colégio São José, aqui em Pelotas. Portanto, a influência da escola foi decisiva para a minha opção. Como você avalia a contribuição da escola para a formação do profissional que você é hoje? O meu objetivo é ser um administrador diferente: que possa desenvolver uma política que tenha como foco o interesse público, que possa refletir o desejo do cidadão e servir para melhorar a sociedade e não se servir da atividade para proveito próprio. A minha formação familiar, reforçada na escola, consolidou essa forma de exercer esse direito de cidadania que me propus. Não vejo como poderia chegar a essa finalidade sem as pessoas que foram referência na minha vida educacional.

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