Educação em Revista - Edição 143

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UMA PUBLICAÇÃO DO SINEPE/RS ›› Nº 143 ›› ANO XXIII ›› OUTUBRO/NOVEMBRO/DEZEMBRO 2021

O QUE ESPERAR DE 2022? Com o retorno de todos os alunos ao presencial e a flexibilização de protocolos, instituições de ensino têm desafios e oportunidades a partir dos aprendizados com a pandemia.




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››› Sumário

13 ENTRE ASPAS Motivação para a volta ao presencial

14 INSPIRE-SE Como a Fema adotou protocolos sanitários

16 COM A PALAVRA Infectologista projeta cenários da pandemia

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FOTOS DEPOSITPHOTOS

20 ››› PEDAGÓGICO Entenda as formações Continuada e Inicial e os impactos na formação dos docentes

‹‹‹ 8 REPORTAGEM DE CAPA Como superar os desafios impostos pelo retorno às atividades presenciais nas instituições de ensino

RADAR Foco nos aplicativos para aulas no celular

30 PESQUISA Artigo: avaliação da aprendizagem

34 INOVAÇÃO Plataformas virtuais ajudam na alfabetização

36 COMPARTILHAR

24 ››› GESTÃO Possíveis mudanças nos contratos dos professores, a partir das exigências do Novo Ensino Médio

Fique por dentro das notícias das instituições Educação em Revista | Nº 143 | Outubro\Novembro\Dezembro 2021


Editorial ›››

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UM NOVO TEMPO DIRETORIA: Presidente: Bruno Eizerik, 1º

EQUIPE: Direção: Milton Léo Gehrke. Assessoria pedagógica: Naime Pigatto e Claudete Chiarello. Centro de Desenvolvimento em Gestão (CDG): Vera Lúcia Corrêa. Assessoria de Comunicação e Marketing: Luciana Moriguchi Jeckel Lampugnani, Carine Fernandes, Eduardo Oliveira, Hermes Moura, Bruno Pinheiro e Alana Schneider. Financeiro: Matheus Philippi. Atendimento: Jaqueline Maria Rodrigues da Rosa e Suelen Schroeder Ferreira, Emília Pires e Ana Isabel Rodrigues. Serviços Gerais: Ereni Souza da Silva e Naira Elizabetti Real. REVISTA: Coordenação: Carine Fernandes (MTB 15.449). Edição: Carlos Guilherme Ferreira (MTB 11.161). Produção: Pedro Henrique Pereira, Igor Morandi, Tatiana Py Dutra e João Vicente Marcellino. Capa: Deposit Photos. Diagramação: Padrinho Agência de Conteúdo. Revisão: Milton Gehrke. Conselho Editorial: Prof. Osvino Toillier, Prof. Hilário Bassotto, Profª Mônica Timm de Carvalho, Profª Naime Pigatto, Profª Raquel Boechat, Prof. Ruy Carlos Ostermann, Profª Ângela Ravazzolo, Profª Rosângela Florczak e Prof. Gustavo Borba. Foto de capa: Deposit Photos. FALE CONOSCO – Redação: Cartas, comentários, sugestões, matérias –

educacaoemrevista@sinepe-rs.org.br Comercial: Anúncios e assinaturas –

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Informações: Telefone (51) 3213.9090 e

www.educacaoemrevista.com.br. ISSN: 1806-7123

A Educação em Revista não se responsabiliza por ideias e conceitos emitidos em artigos ou matérias assinadas, que expressam o pensamento dos respectivos autores.

SINEPE/RS, DIVULGAÇÃO

Vice-Presidente: Osvino Toillier, 2º VicePresidente: Oswaldo Dalpiaz, 1ª Secretária: Marícia da Silva Ferri, 2º Secretário: Iron Augusto Müller, 1º Tesoureiro: João Olide Costenaro (in memoriam), 2º Tesoureiro: Hilário Bassotto. Suplentes: Maria Helena Rodrigues Lobato, Ruben Werner Goldmeyer, Nestor Raschen, Carlos Roberto Milioli, Antônio Roberto Lausmann Ternes, Celassi Bernardete Dalpiaz, Bárbara Perlin Nissola. CONSELHO FISCAL: Titulares: Ademar Joenck, Inacir Pederiva, Guilherme Kühne. Suplentes: Isaura Paviani, Maria Angelina Enzweiler, Elenar Luisa Berghahn. DELEGADOS REPRESENTANTES: Bruno Eizerik e Osvino Toillier. Suplentes: Hilário Bassotto e Oswaldo Dalpiaz.

OSVINO TOILLIER

Idealizador e coordenador da Educação em Revista

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empo é um fenômeno imensurável, que transita entre nós, deixando suas marcas. Se a gente voltar no tempo, vai observar que cada época tem sua própria configuração e está demarcada no território do seu tempo. Impossível imaginar que a Revista pudesse deixar de existir como a concebemos e conhecemos. Em momento algum poderíamos admitir que a Revista do Sinepe/RS pudesse existir em outra plataforma, que não a edição impressa. Quem diria que o mundo pudesse evoluir tanto assim! Mas mudou! E nos colocou diante de desafios impensáveis, que nos fizeram pensar em alternativas novas, inusitadas, para que o veículo pudesse continuar existindo e sobreviver aos desafios de um novo tempo. Incrível como as circunstâncias da atualidade nos desafiam a nos rein-

ventarmos para sobrevivermos. Em momento algum na história da humanidade, as transformações impuseram tamanho desafio para a travessia. Para onde vamos, ninguém sabe. É preciso estar preparado para reagir e não se fechar em si mesmo, porque aí será o fim. O mundo, definitivamente, copia o universo: permanente transformação. A nossa nave viaja em direção às estrelas, com a certeza de estar conectada com as galáxias, para inscrever sua história na memória do universo. Em qualquer tempo na história da humanidade, há espaço para escrever os sonhos e as quimeras dos homens que se movimentam na face da Terra. O que escreverão os escribas dos tempos futuros? Esperamos que falem de afeto, de amor e de conquistas para a realização dos mais belos sonhos dos homens. E não violência e guerras na busca do domínio de uns sobre os outros. Vem aí uma Educação em Revista diferente. Em formato novo, preservando sua essência: aprofundar os temas educacionais. Aguarde 2022. 

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››› Sinepe em ação DEPOSITPHOTOS

››› Parceria é um fator-chave na relação entre escola e família do aluno

FATORES DECISIVOS PARA A MATRÍCULA SEGUNDO A ASSESSORIA PEDAGÓGICA DO SINEPE/RS, IDENTIFICAR VALORES SEMELHANTES COM A ESCOLA PODE AUXILIAR FAMÍLIAS EM ÉPOCA DE DECISÃO

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m época de decisão sobre qual escola matricular os filhos, há uma série de questionamentos por parte dos pais: quais os quesitos mais importantes na escolha de uma instituição? O que considerar? Para a assessora pedagógica do Sinepe/RS, Naime Pigatto, identificar valores semelhantes entre a família e a escola pode ser uma das respostas. “A família precisa levar em conta a personalidade do seu filho e no que ela acredita, se os seus valores são semelhantes com a proposta pedagógica da instituição, que pode ser mais interativa ou mais tradicional e regrada”. E quando a matrícula se refere à Edu-

cação Infantil, a assessora também destaca a importância de levar em conta questões como o espaço físico da sala de aula e do pátio, se há objetos coloridos e atrativos para as crianças, a biblioteca e as metodologias empregadas. “É fundamental conhecer o site da escola, conversar com os professores da turma ou com a coordenação pedagógica, trocar ideias com pessoas que conheçam a escola ou tenham filhos estudando no local.” E ao falar em “alinhamento de ideias”, Naime explica que concordar com a proposta pedagógica pressupõe que a família entenda que também está de acordo com as regras estabelecidas pela instituição de ensino. O ideal é pensar nessa escolha com antecedência. Dessa forma, é possível visitar os entornos da escola em diferentes momentos, a fim de conhecer os espaços e ver como é a movimentação, acompanhar notícias da instituição na imprensa ou em suas redes sociais e saber como ela se comunica com a comunidade escolar, por exemplo. Em relação aos adolescentes, há a

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Pontos a considerar Como escolher a melhor escola: l Avaliar se a proposta pedagógica da instituição combina com os valores da família e com a personalidade do estudante. l Para a educação infantil, considerar o espaço físico da sala de aula e do pátio, se há objetos coloridos e atrativos para as crianças, a biblioteca e as metodologias que a instituição emprega. Em relação aos adolescentes, conhel cer a proposta da instituição para o Novo Ensino Médio. l Buscar uma escola com a qual o aluno se identifique. l Fazer uma lista de prós e contras e pensar com cuidado no que levar em consideração nesse momento tão decisivo.

preocupação em relação ao futuro profissional dos filhos, mas a decisão da família também deve considerar o desenvolvimento pessoal dos alunos. Existe a intenção (de matrícula) ligada ao que o aluno deseja cursar na educação superior, e muitas vezes ocorrem até mudanças de escola com esse foco. Mas, a partir de 2022, os pais também deverão estar atentos ao trabalho da instituição com o Novo Ensino Médio. E uma das novidades será justamente o Projeto de Vida, que traz um olhar atento para a dimensão profissional e, também, para dimensões pessoal e cidadã dos alunos. As famílias devem considerar esse aspecto, a partir das preferências de seus filhos. Mais do que rankings, a assessora alerta que é importante que o aluno se identifique, de fato, com a escola. A instituição ideal varia de aluno para aluno, de família para família. Vale fazer a lista de prós e contras e pensar com cuidado no que levar em consideração nesse momento tão decisivo. E a assessora deixa uma última dica: “a parceria é um fator-chave na relação”. 


Sinepe em ação

NÚMERO DE ALUNOS EM LICENCIATURAS CAI 65,6% NO ESTADO, EM 10 ANOS Em uma década, o Rio Grande do Sul viu cair em mais da metade o número de alunos nos cursos de licenciaturas. Enquanto em 2009 as instituições de Ensino Superior tinham 134.731 estudantes, em 2019 esse número caiu para 46.335, uma redução de 65,6%, conforme dados do Censo da Educação Superior, do Instituto Nacional de Pesquisas em Educação Anísio Teixeira (Inep). É o contrário do que ocorre no país, onde houve um crescimento de 20% no número de estudantes em cursos de formação de professor: de 1.405.791 alunos em 2009 para 1.687.367 em 2019. O número de ingressantes nos cursos de licenciaturas em instituições de ensino superior gaúchas também caiu: em 2009 eram 31.415 estudantes e, 10 anos depois, somente 15.271 buscavam essa formação – queda de 51,3%. Outro dado alarmante é a evasão: cerca de 62% dos alunos nos cursos de licenciatura. Para o presidente do Sinepe/RS, Bruno Eizerik, o cenário é preocupante. “Ainda não temos dados sobre o ingresso dos alunos durante a pandemia, mas certamente os números serão ainda menores. Mesmo com o incentivo do governo federal, com a concessão de descontos nas mensalidades, temos visto uma grande redução na procura pela carreira docente. Se nada for feito, é possível que nos próximos anos tenhamos um apagão na oferta de professores.” Segundo o dirigente, há várias razões por trás da baixa procura pela docência, em especial a falta de políticas de Estado para educação, que gera a desvalorização da carreira. “O Brasil não investe pouco em educação, mas investe mal. Enquanto nós gastamos 6,3% do Produto Interno Bruto (PIB) em educação, o Japão investe 3,2%. A média de investimento entre os países que fazem parte da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) é de 5%”, salienta. 

BRUNO EIZERIK. Presidente do SINEPE/RS,

“O Brasil não investe pouco em educação, mas investe mal.”

65,6%

foi a queda no número de alunos de licenciaturas no RS, na última década

134.731

estudantes em 2009

O reajuste médio da mensalidade escolar no Rio Grande do Sul para 2022 deve ficar em 9,8%. É o que aponta a pesquisa realizada entre 21 de outubro e 5 de novembro pelo Sinepe/RS, com 114 escolas associadas (37% do universo dos associados neste nível). O reajuste ficará abaixo da projeção de aumento de custos das escolas para 2022, que é de 11,6%. Além do custo com pessoal, principal item na composição da mensalidade escolar, outros dois fatores que mais afetaram no orçamento das escolas foram o investimento em tecnologia e a adequação para o atendimento dos alunos no retorno às aulas presenciais. “A escola deixou de realizar outros investimentos e teve de cortar gastos, uma vez que tivemos um reajuste médio de 3,5% na mensalidade deste ano, enquanto o aumento de custos ficou em 10,9%”, afirma o presidente do Sinepe/RS, Bruno Eizerik.

MÁSCARA É OBRIGATÓRIA

46.335 em 2019

O número de calouros nos cursos de licenciaturas em instituições de ensino superior gaúchas caiu

51,3% 62%

MENSALIDADES: REAJUSTE DE 9,8%

dos alunos gaúchos que iniciam nos cursos de licenciatura, aproximadamente, não chegam até o final

O governo do Estado publicou em 8 de novembro a Portaria SES/SEDUC/RS n° 04/2021, que altera a Portaria nº 02/2021 sobre a questão do uso de máscara entre os estudantes: o item passa a ser obrigatório em crianças a partir de três anos, conforme a Lei Federal nº 13.979/20 (atualizada pela Lei nº 14.019). Antes, o uso era obrigatório a partir dos 12 anos e facultativo abaixo dessa faixa etária. A norma também veda a utilização de bebedouros, exceto para a reposição de água em garrafas individuais, desde que higienizadas e com filtros válidos. Em recente pesquisa realizada pelo Sinepe/RS com os associados, 87,6% das instituições afirmaram que o uso da máscara já era exigido para todos os alunos.

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››› Reportagem de capa

Hora de voltar

Retorno de todos os alunos ao modelo presencial impõe uma série de medidas às instituições de ensino. Respeito aos protocolos, recuperação de aprendizagem e motivação dos estudantes estão entre os desafios. Entenda como superá-los.

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Segue ›››


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››› Reportagem de capa PEDRO PEREIRA

pedro@padrinhoconteudo.com

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m março de 2022, completam-se dois anos de uma rotina inédita. Se a adaptação ao ensino remoto emergencial teve de ser rápida, o mesmo não pode ser dito do retorno. Seguindo a realidade de cada região, decretos governamentais permitiram a retomada de forma gradual. Na maioria dos casos, as aulas foram divididas entre grupos que as assistiam de casa e outro em sala de aula, de forma que, paulatinamente, as coisas voltassem a ser como eram no pré-pandemia. No Rio Grande do Sul, a volta foi determinada pelo governo em 29 de outubro, por meio de decreto, entrando em vigor em 8 de novembro. O avanço da vacinação contra a Covid-19 e a consequente queda nos números de infectados, internações e óbitos motivaram a decisão. As instituições de ensino olham, agora, para a retomada no início do ano letivo de 2022. É quando protocolos sanitários e projetos pedagógicos vão precisar conversar entre si. Na avaliação dos especialistas, já estava na hora. Por mais que a rede de ensino tenha se empenhado na adaptação à realidade pandêmica e montado estratégias interessantes, o que se viu foi um esforço para mitigar danos. Doutor em Psicologia Escolar e do Desenvolvimento Humano, Fernando Becker defende que o foco da gestão das escolas deve ser o acolhimento. Enquanto muitas crianças estão no início da escolarização formal, outras se tornaram adolescentes. E estes desenvolveram novas atitudes e relações. “Como a escola é um ambiente de encontro de pessoas, a maioria das quais não se conhece ou conhece-se superficialmente, a insegurança pode ser um sentimento amplamente presente. Isso vale também para a docência. Por isso, as salas de aula devem preparar-se para que esse encontro seja o mais

CLAUDIA COSTIN Diretora do Centro de Políticas Educacionais da Fundação Getúlio Vargas

“O mais importante é que a gente não volte para a escola de 2019” RENATO CAPITANI Coordenador educacional da Gerência Educacional da Rede Marista

“É uma nova forma de vivenciar esse espaço-tempo escolar” positivo possível”, sustenta. A diretora do Centro de Políticas Educacionais da Fundação Getúlio Vargas (FGV), Claudia Costin, segue raciocínio semelhante: “não foi algo que substituísse a relação humana entre professor e aluno e dos alunos entre si. A gente aprende com os mestres, mas também aprende entre colegas. Essa volta era muito urgente, assim que a pandemia permitisse”. E complementa: “O que vai ser extremamente desafiador é como lidar com as perdas que ocorreram”, alerta. Ela se refere aos prejuízos de aprendizagem e ao profundo agravamento das desigualdades educacionais, que já eram grandes antes da pandemia. Paralelamente, mas não menos importante, aparece a saúde mental de professores e alunos. “Evidentemente, toda perda de aprendizagem a gente consegue resolver, mas vão ficar cicatrizes”, pondera Costin. O longo período de isolamento trouxe problemas que a sociedade ainda está por descobrir ou mensurar. Por outro lado, algumas competências tiveram oportunidades únicas de serem

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desenvolvidas. Afinal, é difícil pensar em um cenário tão complexo quanto a pandemia para despertar a capacidade de adaptação e abertura a novidades. Houve um amadurecimento forçado e isso não é ruim. Mas agora é necessário fazer o diagnóstico preciso das eventuais lacunas de aprendizagem. O primeiro passo é avaliar o que se deixou de aprender durante a pandemia em componentes curriculares que são base para outros (especialmente leitura e interpretação de texto, matemática e repertório cultural). “A identificação do que os alunos perderam deve permitir a criação de um sistema de resgate das lacunas de aprendizagem competente. “Aí também tem um dos aprendizados da pandemia que pode nos ajudar: apesar de todos os sofrimentos e dificuldades, houve uma inclusão digital significativa”, pontua Costin. Usando esses equipamentos e a conectividade, agora que as instituições de ensino estão abertas, existem plataformas adaptativas que permitem identificar as insuficiências de aprendizagem e dirigir os alunos para as aulas digitais que, quando assistidas, conseguem repor pelo menos os conceitos que o professor trabalha em aula.

Desinteresse pela volta ao presencial Depois de se acostumarem com as aulas remotas, muitos alunos demonstraram resistência em retornar ao presencial. Esse sentimento deve desaparecer no momento do reencontro com colegas e professores, mas alguns casos podem demandar atenção redobrada. Uma saída é utilizar cada vez mais as metodologias ativas, fazendo uma educação “mão na massa”, em que os alunos coloquem em prática aquilo que aprendem pelos meios digitais, acessados com total autonomia. Para Becker, não há dúvida de que a


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tecnologia deve fazer parte do dia a dia da instituição de ensino. “O papel da escola é preparar cognitiva e moralmente as novas gerações para o futuro; que será cada vez mais digitalizado. Adicione-se a isso que cabe também à escola promover o uso crítico dos meios digitais”, pontua. A aplicação, segundo ele, deve ser transversal, com a tecnologia aplicada a diferentes disciplinas. E, não em última análise, estudar possibilidades de implementação do ensino híbrido. “A pandemia nos obrigou a aprender sobre as amplas possibilidades do ensino remoto ou da EAD”, lembra o professor convidado dos Programas de Pós-Graduação em Educação e em Informática na Educação da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Uma boa ideia é usar a resolução colaborativa de problemas com criatividade. Fazer com que os alunos atentem para problemas da realidade, buscando soluções a partir dos conceitos trabalhados em sala de aula. E o que mostra bons resultados em outros Estados é a discussão do projeto de vida, previsto na Base Nacional Comum Curricular (BNCC). Isso ajuda a trabalhar o protagonismo do estudante e o leva a se engajar no processo de aprendizagem. O acompanhamento dos alunos no período pós-pandemia ganha o importante reforço dos orientadores educacionais. Além da motivação por si só e da mudança de rotina, muitos estudantes e professores perderam familiares e amigos para a Covid-19. O ambiente doméstico também pode não ter sido o ideal, em função da pressão a que todos estiveram submetidos (muitos pais perdendo emprego, por exemplo) e do convívio intensificado. O desafio é ajudar o aluno a assimilar, ao mesmo tempo, o retorno ao presencial e o preenchimento de lacunas na aprendizagem. Para ter sucesso nessa caminhada, a instituição deve elaborar planejamento pedagógico flexível,

››› Acompanhamento dos alunos inclui assimilar a volta e preencher lacunas retomando as lacunas e avançando no que é possível, conforme o seu plano curricular “Foi bom voltar antes do fim do ano para experimentar essa acolhida e identificar quem precisa de ajudas adicionais”, saúda Costin.

Protocolos mais ativos do que nunca A volta 100% ao presencial exige cuidados. As instituições de ensino precisam estar mais atentas do que nunca aos protocolos sanitários. Começando pelo básico: uso de máscaras, higienização das mãos, distanciamento e ventilação dos ambientes. É o que o médico infectologista Paulo Ernesto Gewehr Filho, do Hospital Moinhos de Vento, chama de conjunto de medidas de prevenção (confira a

entrevista completa na página 16). “Também é importante ter protocolos de identificação de casos suspeitos. Uma criança ou colaborador que tenha sintomas suspeitos de coronavírus deve ser afastado e encaminhado para avaliação médica, com a testagem para investigar se tem ou não o vírus”, explica Gewehr. Além disso, é recomendado que fiquem em quarentena todos aqueles que tiverem contato com pessoas diagnosticadas com Covid-19. “Todas essas medidas fazem parte dos pilares da prevenção dentro das escolas, mas também devem ser implementadas fora delas para que a prevenção acompanhe o indivíduo em todos os ambientes que frequenta”, alerta.  Segue ›››

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12 PAOLA NADAL

››› Maristas modificaram

processos do dia a dia escolar para se adaptar à pandemia

Rede Marista definiu linhas de ação com aposta no conceito híbrido e na formação contínua Respeitando as particularidades de cada escola, a Rede Marista definiu linhas de ação para o retorno às aulas presenciais. “Estamos vivendo uma nova forma de ser e estar na escola”, reflete o coordenador educacional da Gerência Educacional da rede, Renato Capitani. Segundo ele, desde as experiências mais simples, como o intervalo das aulas, ganharam novos contornos. “Tudo está sendo reposicionado, revezado, sempre olhando para a capacidade do pátio, da quadra aberta, onde tem árvores. É uma nova forma de vivenciar esse espaço-tempo escolar”, observa. Pedagogicamente, a opção foi pela bimodalidade e simultaneidade. “Conseguimos transitar bem nisso. Tem muita troca, estudo, partilha de estratégia”, conta. Um grupo multidisciplinar foi criado para pensar na estratégia, reunindo equipes dos setores administrativo, pedagógico, jurídico, entre outros. A iniciativa foi batizada como Projeto Presença, mas logo depois foi alçada à condição de processo, por entenderem que se tratam de ações constantes.

Para contar com a participação de cada membro da comunidade de ensino, a comunicação é fundamental. A cada resolução, a assessoria da rede desenha um conceito e distribui para que cada unidade desdobre junto aos diferentes públicos. O contato com pais e alunos também foi redefinido durante a pandemia: se antes os encontros eram presenciais e com logística complicada, a versão on-line se mostrou produtiva. Com o tempo (que não é tão grande) tudo se acomoda. Olhando para o passado recente, Capitani faz questão de lembrar que não foi fácil, mas com a criatividade e a troca entre as equipes é possível fazer as adequações a cada mudança de cenário. “O mais importante é que a gente não volte para a escola de 2019. A grande vantagem das crises é tirar da zona de conforto para melhorar os processos, criar uma escola diferente, que não exclua tanto, que não tenha tanta desigualdade educacional como tínhamos antes”, conclui a diretora do Centro de Políticas Educacionais da FGV, Claudia Costin. 

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Para estimular o retorno Confira dicas para que os alunos de escolas e universidades se interessem novamente pelas aulas presenciais Gamificação l Soluções gamificadas podem servir como complemento para aplicação dos conhecimentos aprendidos na aula ou em casa. Personalização l Acessar os conteúdos de qualquer lugar e a qualquer tempo facilita o direcionamento de cada estudante ao que lhe é mais importante naquele momento. Depois, todos os alunos podem praticar juntos em sala de aula. Construção colaborativa l Estimular a troca de conhecimento e de experiências entre os professores ajuda a alcançar as melhores estratégias, que variam de acordo com cada instituição.


Entre Aspas ›››

Bianca Stock Mestre Psicologia Social (UFRGS). Especialista Problemas do Desenvolvimento da Infância e Adolescência (Centro Lydia Coriat). Psicóloga. Profª da Unisinos. Membra do Instituto Brasileiro de Psicanálise Winnicottiana. Diretora da Vinculum.

A quem pertence a escola

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escola é (ou deveria ser) dos estudantes. E não um espaço em que eles apenas frequentam e cumprem obrigações, por vezes escutando sermões de como eles desempenham insuficientemente estas tarefas. Quando a escola é dos estudantes, eles se sentem aceitos e relevantes por sua contribuição ao espaço. Se desejamos a mudança do paradigma da obediência para o paradigma da colaboração na educação, visto os inúmeros desafios por um cuidado planetário da vida, esta talvez seja a chave mais essencial e difícil de virar. Para uma escola engajar, promover saúde mental e, sobretudo, a aprendizagem significativa, os estudantes precisam se sentir pertencentes, creditados em seu potencial criativo e responsáveis pelo espaço, a aprendizagem e suas relações. O que é radicalmente diferente de explicita ou implicitamente cultivar uma cultura institucional de adaptação. Na perspectiva colaborativa, os adultos são convidados a compor o que denominamos “ambiente facilitador”, contribuindo com suas propostas instigantes; os gestos de acolhimento e acordos firmes; os modos respeitosos de se comunicar e a gestão democrática. A corresponsabilidade pela aprendizagem, tanto cognitiva, linguística, motora, bem como a aprendizagem dos afetos, possibilita a equidade das relações, evidentemente levando em conta os graus de maturidade e compromissos possíveis em cada faixa etária. A escola,

quando dos estudantes, denota que a concepção de infância e adolescência na qual está alicerçada é a emancipatória e verdadeiramente os compreende como indivíduos potentes e capazes. Como nos diz o filósofo Baruch Spinoza, “cada ser é potência e a potência de cada ser se desenvolve nas relações”. Especificamente sobre os jovens do Ensino Médio, o desafio de engajamento é ainda maior. Intoxicados de informações e vivendo o estresse pós-traumático da pandemia, que os isolou na fase em que mais precisavam dos pares e os colocou frente a frente com a morte (de quem se ama, de um futuro e de um presente), eles anseiam narrar o que lhes acontece e aconteceu. É no testemunho compartilhado da vida que (re)existe a produção de saúde, sentido e elaboração psíquica. Desejam jovens motivados? Escutem-os. Se interessem pelo o que e como eles pensam e sentem frente à complexidade da vida no contemporâneo e possibilitem o exercício da participação no cotidiano escolar. O que eles têm desejo de fazer? Se lhes parecem respostas inadequadas, talvez a inadequação esteja em adultos com dificuldades de se conectarem empaticamente com esta geração, esperando uma performance adulta de quem tem o direito de ser imaturo e fazer os seus próprios, singulares e espontâneos gestos de criar o mundo a partir de si e do coletivo. Um clima organizacional de motivação não se sustenta com ações pontuais

recreativas. Ele é um cultivo diário, que expressa a importância de cada pessoa que compõe a comunidade escolar. Abrir espaço permanente para a ampliação do repertório artístico e cultural de qualidade, que reinsere fluxos de vida em uma educação por vezes tão burocrática, é o avesso da recreação/distração para que logo se volte ao que pode haver de mais tedioso no ensino. E os jovens estão atentos e fortes para perceber quando as ações são apenas boas intenções fugazes, ou quando de fato são políticas institucionais para uma mudança de paradigma mais profundo. Assim como se faz necessária a continuidade dos espaços democráticos na sala de aula, como as assembleias escolares, para que então a percepção de que os estudantes são o centro do processo educativo seja fruto de um processo sólido, coerente e acompanhado. A escola é o lugar para sermos felizes, tanto para crianças, adolescentes e adultos. Ela precisa ser a expressão de nossa utopia social, ou seja, dos valores democráticos, de justiça, igualdade, equidade e afirmação do direito pela diversidade de ser e pensar que respeitem o mesmo direito no próximo. Por qual utopia social a tua escola educa? Como este horizonte se encarna no cotidiano? O que os teus estudantes têm a dizer sobre isso? Perguntas essenciais para que a gestão, docência e famílias também reflitam o espaço escolar como ambiente facilitador ou não de saúde mental para toda a comunidade que o compõe. 

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››› Inspire-se

99% dos estudantes de volta ao presencial Plano de contingência elaborado pela Fema, de Santa Rosa, orienta detalhadamente a comunidade escolar, garante segurança e, com isso, a possibilidade do retorno dos alunos à instituição IGOR MORANDI

igor@padrinhoconteudo.com

M

arço de 2020 marcou o país: os últimos dias do mês foram de adaptação à nova realidade trazida pela Covid-19. Adeus ao presencial, foco no digital. Muitas instituições não estavam preparadas para operar remotamente e se adaptaram. Neste ano, com o avanço da vacinação, aos poucos a normalidade (ou algo mais próximo dela) está de volta. Nas Faculdades Integradas Machado de Assis (Fema), de Santa Rosa, ela já chegou no dia 2 de agosto de 2021. A instituição estava desde 1º de abril de 2020 funcionando de forma remota. A partir de reuniões, os diretores traçaram um plano de retorno que garantiu a volta ao presencial de 99% dos estudantes, conforme o administrador e diretor-geral, Antonio Roberto Lausmann Ternes. “Comunicamos que a IES (Instituição de Ensino Superior) estaria seguindo todas as recomendações de segurança estabelecidas pelo COE (sigla para Centro De Operações De Emergência em Saúde para a Educação) e pelo Decreto Municipal de julho de 2021”, destaca. O COE surgiu da necessidade de regular as orientações do governo do Estado destinadas à educação, garantindo seu cumprimento pelas institui-

ções de ensino de Santa Rosa. Entre elas, a criação de um Plano de Contingência, contendo todas as medidas de segurança que deveriam ser adotadas para o atendimento dos alunos.

Entre as sugestões, usar transporte privado A Fema formalizou uma resolução com recomendações para manter estudantes e funcionários seguros. Entre as condições estão dar preferência ao transporte privado: táxi, carro próprio ou de aplicativos, manter distância de 1,5 metro uns dos outros, utilizar máscara e álcool em gel. Afinal, a pandemia ainda não acabou, mesmo com o afrouxamento de algumas regras. A instituição também destacou protocolos de segurança detalhados (confira quadro). Ao chegarem, além de higienizarem as mãos com álcool em gel, todos devem limpar os pés no tapete sanitizante e verificar a temperatura. Outras orientações são usar lenços descartáveis para higienes nasal e bucal; higienizar regularmente os aparelhos celulares e, a cada troca de usuário, os materiais didáticos; evitar socialização com proximidade; não compartilhar materiais e objetos próprios; utilizar elevadores somente em caso de necessidade; e respeitar o distanciamento mesmo durante trabalhos em grupos.

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Por dentro dos protocolos O que foi adotado pela Fema:

Quando se deve higienizar as mãos: l Ao chegar à instituição. l Após usar transporte público. l Tocar em superfícies, tossir, espirrar e/ou assoar o nariz. Fazer a limpeza de um local e rel mover lixo. l Trocar de sapatos. l Usar espaços coletivos. l Antes e após usar o banheiro. l Antes de manipular alimentos, das refeições e de iniciar uma nova atividade coletiva. l Antes e após cuidar de ferimentos, administrar medicamentos e fumar.

Na chegada à instituição: l Higienizar as mãos com álcool em gel. l Limpar os pés no tapete sanitizante l Verificar a temperatura.

Outras orientações: l Usar lenços descartáveis para higienes nasal e bucal. Higienizar regularmente os aparel lhos celulares e, a cada troca de usuário, os materiais didáticos. l Evitar socialização com proximidade. l Não compartilhar materiais e objetos próprios. l Utilizar elevadores somente em caso de necessidade. l Respeitar o distanciamento mesmo durante trabalhos em grupos.


Reportagem de capa ›››

FEMA, DIVULGAÇÃO

››› Estudantes observam normas obrigatórias como os usos de máscara e álcool em gel para acompanhar atividades Todos os cuidados, pensados em detalhes, ainda são importantes de serem seguidos na atual situação da pandemia. Santa Rosa registrou 114 casos em outubro, 80 a mais que em setembro, segundo a Fundação Municipal de Saúde. A Fema também está preparada para casos suspeitos: estudante ou funcionário que estiver com temperatura igual ou superior a 37,8ºC é informado sobre o acompanhamento dos sintomas e a necessidade de buscar um serviço de saúde. O COE-E Local (grupo de representantes do COE na instituição) é comunicado imediatamente. E se alguém apresentar sintomas de Covid-19 ou conviver com pessoas

que estão infectadas ou com sintomas suspeitos, deve informar ao COE-E Local.

Aulas remotas, apenas com atestado médico Funcionando presencialmente, estudantes somente podem assistir às aulas de forma remota se comprovarem a necessidade com atestado médico. Sem a formalização, considera-se ausência, ou seja, o aluno tem falta registrada. Assim como as aulas, as provas são presenciais. Para estudantes do grupo de risco – ou que estão afastados por algum motivo –, há a possibilidade de organizar um calendário específico, para

que não percam os testes. Segundo a administração, as orientações e os protocolos podem ser revistos caso a pandemia se agrave ou atenue-se. Mas, é claro, o desejo é manter o ensino como antes da pandemia, afirma o diretor geral Antonio Roberto Lausmann Ternes. “Foi de extrema importância retomar o modelo pedagógico presencial, pois é característico e tradicional da instituição”, salienta. Quaisquer mudanças são comunicadas pelo site e pelas mídias sociais da instituição: Facebook, Instagram e, especialmente, WhatsApp – meios que garantiram proximidade entre a Fema e seus estudantes em tempos de distanciamento. 

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››› Com a palavra

“Instituições devem focar nas medidas mais efetivas” Infectologista e consultor Paulo Ernesto Gewehr Filho analisa os possíveis cenários a partir do retorno dos estudantes ao ensino presencial e aponta o que deve ser crucial para a flexibilização – ou não – das medidas nos próximos anos

A

ser afastado e encaminhado para avaliação médica, com vistas sempre à testagem para se investigar se tem ou não o coronavírus. Já aqueles que têm contato com alguém sabidamente com Covid-19 devem ficar em quarentena para ver se vão desenvolver a doença, por 14 dias.

Educação em Revista – Como o senhor observa o retorno às aulas presenciais? Paulo Ernesto Gewehr Filho – É importante que se mantenha o uso de máscaras, higienização das mãos com álcool gel ou água e sabonete e ambientes bem ventilados. Além do distanciamento: quanto maior, melhor. Sempre falamos em um conjunto de medidas de prevenção. Também é importante ter os protocolos de identificação de casos suspeitos. Uma criança ou colaborador que tenha sintomas suspeitos de coronavírus deve

Existem particularidades para cada faixa etária? Existem algumas. A gente entende que quanto mais velha for a criança, maior é o desenvolvimento neuropsicomotor. Logo, melhores são o entendimento e a execução das medidas de prevenção. Nesse sentido, todos os cuidados de prevenção têm de ser supervisionados pelos adultos. Na questão da interação social, a gente ainda vê a necessidade de usar máscara, principalmente em ambientes fechados. Mas os ambientes abertos oferecem risco menor para a transmissão, observando-se as outras medidas. Pode, eventualmente, ocorrer uma proximidade maior, mas fugaz. Por isso a supervisão é importante. Crianças a partir dos dois anos devem usar a máscara, mas têm dificuldade. Precisam de supervisão de adultos e certa paciência. Mas temos visto que, com apoio de pais, professores e de forma lúdica tem tido boa adesão.

PEDRO PEREIRA

pedro@padrinhoconteudo.com

responsabilidade com a saúde de toda a comunidade estudantil levou as instituições a consultar especialistas para definir e cumprir protocolos sanitários. Educação em Revista conversou com o médico infectologista Paulo Ernesto Gewehr Filho, do Hospital Moinhos de Vento, de Porto Alegre. Ele foi responsável pela orientação de algumas instituições de ensino e compartilha, a seguir, algumas dicas para que gestores e educadores conduzam a retomada de forma segura.

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“A primeira orientação para os gestores é ensinar e comunicar sobre as medidas de prevenção para que tenha boa adesão” “Quando a gente acompanha a diminuição do número de casos, pode prever para o primeiro trimestre do ano que vem a retirada das máscaras em ambientes fechados” “Tem um cenário em que o vírus pode nos acompanhar por muitos anos, como a gripe. Vai demandar vacinação pelo menos anual e teremos risco de novas variantes” Como deve funcionar com a circulação de pessoas nas instituições de Educação Superior? Neste momento é fundamental a vacinação de todo esse público. Como está disponível a partir de 12 anos, teoricamente todos já deveriam estar vacinados. A outra questão é adequar as estruturas que a gente tem da maneira mais segura possível, com ventilação. Se a pandemia continuar diminuindo, talvez o risco seja tão menor que a gente possa flexibilizar isso.


LEONARDO LENSKIJ

››› Gewehr Filho considera

ineficaz o uso de termômetro para identificar a Covid-19, mas reforça a exigência da máscara Com a chegada do verão e, em seguida, o carnaval, podemos ter mudança de cenário para o início do ano letivo de 2022? Ficamos apreensivos porque sabemos que nessas datas e tipos de comemorações as medidas não são mantidas de forma adequada, pela natureza do evento. A gente sempre observa para ver se vai aumentar a transmissão, que foi o que aconteceu

este ano. O que temos para evitar que tenha nova aceleração nesse período é que todos estejam vacinados. Quais as principais dificuldades relatadas pelos gestores com quem o senhor conversou? É muito importante a questão da comunicação. Esclarecer aos alunos o porquê do distanciamento, lavar as mãos com frequência maior, usar a máscara.

Isso por si só já é um desafio. Mas muitos alunos, talvez a maioria, já estão acostumados com essas medidas fora da instituição. E eles vêm com uma vontade muito grande de ter essas aulas presenciais em muitos níveis, para interagir. Muitos já não toleram mais ensino a distância. Segue ›››

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››› Com a palavra Que armadilhas podem haver no dia a dia, com a retomada dos estudantes? Relaxamento natural com o passar do tempo? Dificuldade para fiscalizar grande número de alunos? Isso a gente já conhece de outros cenários, onde as medidas de prevenção podem ser relaxadas com o passar do tempo. Principalmente pela percepção de diminuição do risco da doença. Isso a gente tem visto, conforme os números caem. Estamos em uma fase otimista. Consciente ou inconscientemente, as pessoas começam a relaxar, pois acham que o jogo já terminou. A gente está nessa direção, mas ainda não chegou o momento de abandonar as medidas de prevenção. É rico aprender com os erros e acertos de outros países: alguns flexibilizaram de forma rápida e tiveram retorno da pandemia. A estratégia mais indicada é por fases, avaliando sempre o cenário epidemiológico e o impacto do vírus na população. A primeira orientação para os gestores é ensinar e comunicar sobre as medidas de prevenção para que tenha boa adesão. Depois, é importante que a instituição de ensino foque nas medidas de prevenção mais efetivas. Por exemplo, a supervisão ao uso de máscaras. Já o uso de termômetro para controle de temperatura se viu

“É rico aprender com os erros e acertos de outros países: alguns flexibilizaram de forma rápida e tiveram retorno da pandemia” que é comprovadamente ineficaz para identificar os indivíduos com Covid-19. Assim o gestor vai vendo onde pode concentrar recursos. Como deve ser o controle de acesso às dependências das instituições de ensino? Tem que evitar as aglomerações. Se puder escalonar horários de entrada e saída, ajuda. Outra coisa é a presença dos pais dentro da escola. Se eles mantêm as medidas de prevenção, não há problema. Precisam ser parceiros e estar sempre sob monitoramento. Se os processos não são monitorados e ajustados, dificilmente vão dar o resultado que a gente espera.

Qual a tendência para os próximos dois, três anos? Vamos conviver com o vírus? São vários cenários que podem se apresentar. O principal é o do avanço da vacinação, que precisa continuar. Isso diminui a circulação do vírus e ele causa cada vez menos impacto de morte e internações hospitalares. Aí vamos flexibilizando as medidas. Por outro lado, um dos legados da pandemia vai ser a prevenção das doenças respiratórias. Adequar os ambientes que temos e os próximos que serão construídos, para serem protetores da saúde, é fundamental. Sobre a máscara, tem um cenário em que o vírus pode nos acompanhar por muitos anos, como a gripe. Vai demandar vacinação pelo menos anual e teremos risco de novas variantes. Quando a gente acompanha a diminuição do número de casos, pode prever para o primeiro trimestre do ano que vem a retirada das máscaras em ambientes fechados. Importante lembrar que algumas pessoas de grupos de risco, mesmo vacinadas, ainda têm chance, embora bem menor, de ficarem gravemente doentes. Esses indivíduos ainda vão ter de usar a máscara e reforçar as outras medidas por mais um tempo. 

Nunca é demais lembrar

Arejar o ambiente Desinfetar as mãos Educação em Revista | Nº 143 | Outubro\Novembro\Dezembro 2021

Lavar as mãos Usar máscara


Educação em Revista Pergunta ›››

Marcia Adriana de Carvalho Professora e conselheira presidente do Conselho Estadual de Educação do Rio Grande do Sul (CEEd/RS)

Como fica o Ensino Médio no Sistema Estadual de Ensino do RS?

A

etapa final da educação básica, o Ensino Médio, é objeto de discussão com maior frequência na última década. Desde a aprovação da lei federal 13.415/2017, que altera a LDB e outras legislações federais, uma nova configuração para essa etapa tem o objetivo de melhor atender às necessidades das juventudes, a partir do protagonismo juvenil e da oferta de currículos diferenciados, organizados numa arquitetura curricular que envolve formação geral básica e itinerários formativos, escolhidos pelos estudantes. A partir da legislação educacional em âmbito nacional, coube aos sistemas estaduais e distrital, de forma articulada entre seus integrantes, elaborar o documento curricular referência para a revisão ou elaboração de currículos no âmbito de cada sistema. No Rio Grande do Sul, o movimento iniciado em 2020 tem continuidade em 2021, com ações que já ocorreram e outras em andamento. O plenário do Conselho Estadual de Educação do RS (CEEd/RS) aprovou no final de outubro dois atos normativos que tratam do Referencial Curricular Gaúcho para o Ensino Médio (RCGEM): – O Parecer CEEd Nº 003/2021, que “Institui o Referencial Curricular Gaúcho para o Ensino Médio (RCGEM), etapa final da Educação Básica, e suas modalidades, como referência obrigatória para elaboração dos currículos das instituições integrantes dos Sistemas Estadual e Municipal de Ensino do RS, nos termos deste

Parecer” e; – A Resolução CEEd Nº 361/2021, que “Institui o Referencial Curricular Gaúcho para o Ensino Médio (RCGEM), etapa final da Educação Básica e suas modalidades, como referência obrigatória para elaboração dos currículos das instituições integrantes dos Sistemas Estadual e Municipal de Ensino do Rio Grande do Sul, nos termos do Parecer CEEd 003/2021”. A partir da aprovação desses dois atos legais, publicados no Diário Oficial do Estado em 22/10, todas as instituições de ensino que ofertam a etapa do Ensino Médio e suas mantenedoras podem efetivar ações importantes, caso estejam aguardando a manifestação do Colegiado. Estão detalhadas no Parecer CEEd nº 003/2021, uma vez que são necessárias para a organização da oferta para o próximo ano letivo. Quais sejam: I - Elaborar os currículos para o Ensino Médio, etapa final da Educação Básica, tendo como referência obrigatória o documento RCGEM, desdobrando em proposta(s) pedagógica(s), regimento(s) escolar(es) e outros documentos regulamentadores da oferta na escola; II - Adequar os Projetos Político-Pedagógicos, Planos de Estudos, Planos de Cursos e Planos de trabalho do professor, incluindo os aspectos pedagógicos e organizacionais relacionados ao RCGEM, respeitadas as normas vigentes em cada Sistema de Ensino; III - Promover os procedimentos para a aprovação de um novo Regimento Escolar, sendo, excepcionalmente, para o ano

letivo 2022, em conformidade com as orientações do Parecer; IV - Organizar programa de formação continuada para a implementação do Ensino Médio, em regime de colaboração entre mantenedoras, instituições ofertantes do Ensino Médio e instituições formadoras de profissionais da educação e de forma articulada nos territórios municipais e; V - Organizar as propostas de oferta do Ensino Médio, a contar do ano letivo de 2022, com base na legislação vigente e nas normas complementares a serem exaradas. O Sistema Estadual de Ensino tem prazo de 30 dias úteis para as normas. Para que a organização do Ensino Médio no âmbito do Sistema Estadual de Ensino do RS para o ano letivo de 2022 fosse fundamentada, o CEEd/RS tinha prazo até 8/12 para aprovar normas complementares, para orientar as instituições e suas mantedoras acerca de aspectos relevantes como: a arquitetura curricular, que envolve Formação Geral Básica (FCG) e Itinerários Formativos (IFs), bem como as áreas de conhecimento; componentes, estudos e práticas, a carga horária presencial e não presencial; a oferta e a escolha dos IFs; as parcerias; o notório saber; o detalhamento do IF de formação técnica profissional, uma vez que tem interface com a modalidade de educação profissional e tecnológica, assim como as demais modalidades (EJA, EAD, formação docente/curso normal). O objetivo principal é a oferta de Ensino Médio para os jovens por meio de uma educação de qualidade com equidade para todos e cada um. 

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››› Pedagógico

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O aprendizado dos professores Escolas e universidades precisarão ser flexíveis para atender às demandas das formações Continuada e Inicial, balizadoras das habilidades e competências mínimas exigidas para os docentes TATIANA PY DUTRA

tatianapydutra@padrinhoconteudo.com

A

s expectativas mais ambiciosas da educação brasileira estão assentadas na Base Nacional Comum Curricular (BNCC), aprovada em 2017 e que entra

em vigor a partir de 2022. A regulamentação traz a reboque não só o novo Ensino Médio, mas também a Base Nacional Comum para a Formação Continuada (BNC-FC) e a Base Nacional Comum para a Formação Inicial (BNC-FI), que estabelece habilidades e competências mínimas exigidas para profes-

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sores profissionais e futuros docentes. A proposta foi construída sobre o consenso de que a capacidade dos professores tem relação direta na qualidade do processo de aprendizado. E se as diretrizes de ensino para jovens e crianças estão mudando, é preciso preparar os profissionais para essa nova realidade. “A cada 100 jovens que concluem o Ensino Médio, somente 10 aprenderam o que era esperado em matemática. Antes da pandemia, 500 mil estudantes abandonavam o Ensino Médio a cada ano, em média. O jovem quer uma escola que caiba na vida, e ela não a encontra hoje. Para que essa escola possa dialogar com o mundo do jovem, da criança, é preciso dar uma nova formação ao professor”, resume Mozart Neves Ramos, relator do tema no Conselho Nacional de Educação (CNE) e professor titular da cátedra Sérgio Henrique Ferreira, do Instituto de Es-


Pedagógico ››› tudos Avançados da USP Ribeirão Preto. Para Mozart, as resoluções são uma bússola que aponta para a construção de um profissional bem preparado. A BNC-FC estabelece 10 competências gerais e 12 específicas para os docentes, com descrições detalhadas das habilidades em cada uma. Na BNC-FI, a ampliação da carga horária serve para dar espaço a mais tempo à prática profissional, em detrimento da teoria. A norma orienta ainda a substituição dos estágios pela residência pedagógica. Ela prevê que os acadêmicos, durante toda a formação, tenham atividades em uma escola ao menos um dia da semana. Ou seja, o referencial fará com que universidades e instituições de ensino também mudem seu modo de atuação. “A universidade precisa entender que não é mais conteúdo que vai dar solidez para a formação do professor. O Brasil é um país que prima muito pela quantidade de conteúdo e não por aqueles que são essenciais para uma boa formação do professor e para a aprendizagem dos alunos. A ideia é promover a prática do professor, muito distante da sala de aula, para que dialogue com a realidade do mundo que vivemos”, diz Mozart. Para o professor, as instituições de ensino superior precisam formar profissionais que repensem o ambiente da sala de aula e o processo ensino-aprendizagem. “Esse modelo vigente, de alunos enfileirados olhando um para a nuca do aluno da frente, professor em pé e frente à lousa escrevendo coisas que já estão na internet é ultrapassado. O professor vai ter de trabalhar com pesquisa, metodologias ativas, aprendizagem baseada em projetos. O papel docente muda completamente”, complementa Mozart. Já o preparo dos profissionais formados para esse novo momento caberá às escolas. Pesquisadora da Fundação Carlos Chagas, Gabriela Miranda Moriconi diz que o primeiro passo para as escolas é se debruçar sobre a resolução do CNE e discutir as mudanças

MOZART NEVES RAMOS Ex-secretário de Educação de Pernambuco

“A universidade precisa entender que não é mais conteúdo que vai dar solidez para a formação do professor. (...) A ideia é promover a prática do professor.” dentro de seus princípios. “O ideal é que os gestores possam discutir com os professores para que cheguem num documento próprio, estabelecendo suas decisões, assim como a BNCC foi transformada em seus novos currículos. Cada escola pode traduzir sobre suas expectativas de como fazer gestão de sala de aula, como será o planejamento, quais são as necessidades formativas da instituição”, sugere. Gabriela, assim como Mozart, adverte sobre o risco de que as escolas atuem “para cumprir tabela”, promovendo a alteração recomendada porque é uma exigência da legislação. “A lógica é não fazer uma formação só porque chegou essa demanda, mas porque ela é necessária. Saber as necessidades dos professores, dos alunos, buscar uma série de evidências que ajudem a trabalhar de uma forma que possa trazer ganhos ao processo educativo”, diz a pesquisadora.

Interdisciplinaridade exige investimento A BNCC estabelece que os saberes comuns aos professores se desenvolvam a partir de três grandes dimensões: conhecimento, prática e engajamento profissional. Para cada um desses itens,

foi elaborado um conjunto de competências específicas, e para cada competência, um conjunto de habilidades. Para Mozart Neves Ramos, a escola deve elencar quais são suas prioridades e desenvolver essas características em seus quadros docentes tendo em mente que esse processo não precisa ser concluído em quatro ou cinco anos, já que é permanente. “No campo do conhecimento, uma competência que eu acho fundamental é dominar os conteúdos. Mas saber é o ponto de partida. O fundamental é saber como ensinar. Já deparei com colegas que eram respeitados pesquisadores mas que em sala de aula não conseguiam transmitir os conteúdos. Em relação ao engajamento, acho importante ter um professor comprometido com seu desenvolvimento profissional. Não fazer mais do mesmo, estar aberto a novos conhecimentos, conteúdos e práticas que o façam olhar o futuro do aluno e não ao seu retrovisor”, exemplifica. Mozart avalia que um grande desafio para escolas e universidades será a interdisciplinaridade. Se tratada com a profundidade necessária, a questão deveria mudar o modelo das licenciaturas brasileiras. “A visão sistêmica da ciência em seus diferentes campos é fundamental. A universidade precisa quebrar o hiato entre a pedagogia e as licenciaturas diversas. A professora Bernadette Gatti, uma grande especialista na formação de professores, fez um trabalho demonstrando a fragmentação curricular na universidade. Por essa razão, recomendamos fortemente que as universidades contem com seus próprios institutos de formação de professores”, afirma. Segundo Mozart, esses institutos seriam ambientes interdisciplinares das universidades voltados aos docentes em formação e também aos próprios professores da Educação Básica. Segue ›››

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››› Pedagógico “Lá, os professores de química conversariam com os de física, de matemática e de história. Em nosso parecer, as chamamos de unidades colaborativas no processo ensino aprendizagem. A ideia é que, de alguma maneira, possamos romper com essa fragmentação curricular e dar uma visão mais sistêmica à formação dos professores”, projeta. No âmbito específico da formação continuada, os especialistas destacam uma questão importante: os professores precisam de tempo para desenvolver trabalhos interdisciplinares e outros estudos. “No magistério público, a lei do piso prevê um terço do tempo do professor para formação continuada, planejamento de aula, para conversar sobre as expectativas, ações que possam desenvolver. ”, diz Gabriela. Ex-secretário de Educação de Pernambuco, Mozart acredita que as escolas que trabalham em período integral terão mais facilidade para desenvolver a formação continuada. “Iniciamos as escolas de tempo integral no Ensino Médio, já no modelo de áreas de conhecimento, desenvolvimento de competências, protagonismo, autoconhecimento, projeto de vida, como orienta a BNCC. Percebemos que a integralidade é importante, porque dá à maioria dos professores tempo de se dedicar a uma única escola, fortalecendo o projeto pedagógico”, diz, acrescentando que a medida fez com que o Ensino Médio de Pernambuco saísse da 21ª posição no Ideb em 2007 e figurasse entre os três melhores do país desde 2015. Para escolas que não contam com integralidade, Mozart sugere a admissão de práticas como mentoria e tutoria entre professores para que possam se “autoajudar” no processo da visão interdisciplinar. “A ideia é que profissionais mais experientes de certa área do conhecimento façam esse acompanhamento em grupos menores, adequando-se às agendas dos professores”, diz. 

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Objetivos da Formação Continuada Para que tenha impacto positivo quanto à sua eficácia na melhoria da prática docente, a Formação Continuada deve atender às características de: Foco no conhecimento pedagógico do conteúdo l Entender como os estudantes aprendem, usar estratégias diferentes para garantir o aprendizado de todos e a ampliação do repertório do professor.

Uso de metodologias ativas l As formações efetivas consideram o formador como facilitador do processo de construção de aprendizado, do qual o aluno é peça central.

Trabalho colaborativo entre pares l É recomendado que profissionais da mesma área de conhecimento, ou que atuem com as mesmas turmas, dialoguem e reflitam sobre aspectos da própria prática, mediados por um integrante mais sênior. Comunidades de prática com tutoria ou facilitação apropriada podem ser bons espaços para trabalho colaborativo, principalmente para professores de escolas menores.

Duração prolongada da formação l Adultos aprendem melhor quando têm a oportunidade de praticar, refletir e dialogar sobre a prática, com contínua interação entre os professores e os formadores, sendo, assim, a formação em serviço na escola mais efetiva para melhoria da prática pedagógica. Proporciona o acompanhamento e a continuidade necessários para mudanças resilientes na atuação do professor.

Coerência sistêmica l A formação de professores é mais efetiva quando articulada e coerente com as demais políticas das redes escolares e com as demandas formativas dos professores, os projetos pedagógicos, os currículos, os materiais de suporte pedagógico, o sistema de avaliação, o plano de carreira e a progressão salarial. É importante considerar sempre as evidências e pesquisas mais recentes relacionadas com a formação de professores, bem como as orientações governamentais, de associações especializadas e as inovações do meio educacional.


Pedagógico na prática ››› DIVULGAÇAO

Novidades provocaram mudanças profundas

À

s vezes, quando se reforma uma casa, descobre-se que é preciso mexer nos alicerces. Analogia semelhante pode ser usada com o que vem ocorrendo no Colégio Luterano Concórdia, de Canoas. Ao deparar com BNCC, Novo Ensino Médio e formação continuada, a direção da escola decidiu reavaliar todos os seus processos e promover uma mudança radical. “A partir da Base Nacional Comum Curricular (BNCC), percebemos que a mudança deveria ser mais estrutural. E conversando com professores e alunos, viu-se a necessidade de trocar o sistema de ensino que se tinha por aqui. Identificamos gargalos, dificuldades e fomos atrás de soluções”, conta o diretor, Mario Augusto Pull. As questões da transversalidade e interdisciplinaridade trazidas pelos novos componentes curriculares foi contemplada com a adesão de um novo sistema educacional, criado por uma empresa do ramo. Na sequência, outro fornecedor foi procurado para que a escola se tornasse bilíngue. A partir daí, os professores começaram a ser orientados sobre como trabalhar dentro do novo modelo. “Abrimos todos os espaços da escola para o ensino. Achamos importante que o professor tire o aluno de sala de aula e ocupe outros espaços. Hoje, temos aulas de ciência na cozinha, trabalhamos narrativa a partir de jogos de RPG”, exemplifica, acrescentando que o telefone celular virou um aliado dos docentes, que propõem mais pesquisas em classe.

››› Luterano Concórdia, de Canoas, implantou um novo sistema educacional A situação no Ensino Superior A coordenadora dos cursos de Pedagogia presencial e Educação a Distância (EaD) da Universidade Franciscana, de Santa Maria, Eliane Galvão, diz que a BNCC e a Base Nacional Comum para a Formação Inicial geraram profundas transformações na instituição nos últimos dois anos. “Desde 2020, fizemos estudos sistemáticos para a renovação, ou melhor, criação dos novos cursos de licenciatura, adequando-os tanto às novas resoluções como também às necessidades que a pandemia trouxe. Isso resultou em novos projetos pedagógicos, discutidos entre professores, coordenadores, acadêmicos, pró-rei-

torias e reitoria. Reestruturamos a base dos currículos, agora centrados em competências que correspondem às da Educação Básica”, conta. Um trunfo da instituição, segundo a coordenadora, é que a intensificação das atividades dos futuros professores junto à escolas de Educação Básica não deve assustar aos acadêmicos. “Os estudantes têm vivência nas escolas desde o início do curso, e a maioria dos professores dos cursos de licenciatura atua na Educação Básica. O que investimos nessa nova proposta? Na interlocução, desde o início do curso, para o compartilhamento das vivências no espaço de atuação desse profissional, para que ele construa as competências necessárias do novo licenciado. Vamos acompanhar os resultados a partir de 2022”, afirma Eliane. 

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››› Gestão

Novo Ensino Médio, novos contratos Oferta de itinerários formativos vai alterar a grade curricular e a carga horária de professores, o que deve gerar mudanças nos compromissos firmados entre os profissionais e as instituições de ensino TATIANA PY DUTRA

tatianapydutra@padrinhoconteudo.com

R

eestruturar uma etapa tão importante da formação dos brasileiros, como o Ensino Médio, não seria tarefa simples. Mas ainda que a reforma anunciada em 2017 previsse cinco anos para adequações às instituições de ensino, 2022 ainda chega com interrogações quanto à sua implementação. E, ao que tudo indica, professores e gestores serão obrigados a se adaptar. No caso das escolas privadas, muitos ajustes devem se dar durante as negociações da Convenção Coletiva de Trabalho, em março. Extinção ou redução de carga horária de disciplinas e a contratação de profissionais com notório saber estarão entre as pautas dos encontros entre o Sindicato do Ensino Privado do Rio Grande do Sul (Sinepe/RS) e o Sindicato

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dos Professores do Ensino Privado do RS (Sinpro-RS). De antemão, sabe-se que será necessário muito diálogo para chegar à convergência sobre um dos pontos mais importantes: a adequação de contratos em função da carga horária dos docentes. Isso porque, apesar de o Novo Ensino Médio prever gradativa ampliação das horas para os alunos (de 800 para mil horas anuais), também prevê a implantação dos chamados itinerários formativos. Trata-se de unidades curriculares escolhidas pelos alunos – de acordo com sua vontade e da oferta da instituição – para se aprofundar nos conhecimentos de seus interesses. Ocorre que as opções dos alunos vão interferir na grade curricular, aumentando ou diminuindo a carga horária de outras disciplinas, e refletindo diretamente na remuneração dos docentes. “Estamos preocupados com a situação daqueles componentes curricu-

lares que possam ter diminuição de suas horas em função dos itinerários oferecidos pela escola. Estamos pedindo que os professores que ficarão com menos horas em suas disciplinas sejam aproveitados nos seminários, projetos e workshops. Que as escolas aproveitem melhor os docentes que já estão lá, que conhecem o perfil e a proposta pedagógica da instituição”, conta o diretor jurídico do Sinpro, Cássio Bessa.

O que já pode mudar O diretor executivo do Colégio Salesiano Rio Grande, Leandro Alex Heckler, comenta que a instituição planeja fazer esse tipo de remanejamento em 2022. “Há proposições para que algumas disciplinas sejam semestrais, com carga horária a ser vencida em um trimestre, com 40, 60 horas/aula. Mas hoje não temos a possibilidade de contratar um professor por um trimestre com certa carga horária e alterá-la depois. Então vamos selecionar (para esses casos) os professores que temos, de acordo com a disciplina, para que não sobrem ou faltem horas contratadas”, diz. Heckler, porém, torce por uma flexibilização dos contratos de trabalho. O diretor acredita que, a longo prazo, a solução possa trazer prejuízos. “Sem flexibilização dos contratos, os professores vão ficar com uma carga horária


Gestão ›››

bastante engessada. Serão sempre os mesmos lecionando todas as disciplinas”, argumenta, acrescentando que aguarda as negociações sindicais para esclarecer dúvidas. Entretanto, a assessora jurídica do Sinepe/RS, Letícia Dalcin, afirma que as instituições escolares podem alterar unilateralmente os contratos dos docentes se julgarem necessário. A medida é respaldada pelo item 16 da Convenção Coletiva de 2021, que trata da irredutibilidade de salário e carga horária (veja quadro). “A convenção já negociada estabelece a possibilidade de a escola reduzir a carga horária do professor, unilateral-

mente, se houver uma alteração curricular devidamente aprovada pelo órgão competente da instituição. No caso do Ensino Médio, a alteração é imposta por lei, o que tem ainda mais força. As escolas privadas estão autorizadas a adequar a carga horária de seus professores”, garante Letícia. O que a Convenção Coletiva de Trabalho veda é a transferência de turno de trabalho, nível de ensino ou componente curricular sem a anuência do professor. Para os casos em que essas alterações sejam necessárias, o Sinepe/RS orienta que as escolas façam um adendo contratual e solicitem uma declaração expressa ao docente, redi-

gida e assinada à mão, concordando com a mudança. Para dar mais lastro à segurança jurídica, a orientação é que os documentos tenham o carimbo do Sindicato dos Professores. Letícia acrescenta, entretanto, que a contratação de docentes para componentes curriculares que não sejam oferecidos durante o ano inteiro ainda é questão para se resolver entre os sindicatos.

Segue ›››

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››› Gestão

E o planejamento, como ficará? Outro ponto que levanta dúvidas está relacionado ao planejamento das aulas interdisciplinares, previsto pelo Novo Ensino Médio. O temor dos docentes é que o trabalho represente aumento de jornada sem ampliação salarial. “Nós ganhamos por hora, mas a reforma prevê que professores preparem seminários, workshops, trabalhos interdisciplinares... Isso vai exigir um tempo de planejamento muito grande, e o professor já está assoberbado de trabalho. Essa é uma preocupação. O tempo necessário para fazer esse Novo Ensino Médio vai exigir um pagamento do trabalho extra-classe, fora da sala de aula”, diz Cássio Bessa. O diretor jurídico do Sinpro-RS explica que a legislação prevê que docentes da rede pública destinem um terço de sua carga horária para planejamento remunerado das aulas.

No ensino privado, não há regra que preveja esse benefício. “Nosso entendimento é de que as horas/aulas contratuais remuneram todo o trabalho do professor. Talvez o planejamento possa ser realizado em horários de reunião, mas isso ainda deve ser conversado na próxima negociação”, explica a assessora jurídica do Sinepe/RS. Em seminário realizado no último dia 20 de outubro, o presidente do Sinepe/RS, Bruno Eizerik, afirmou que muitos pontos do novo Ensino Médio “precisarão ser discutidos e acordados entre os sindicatos”. Assim, algumas respostas jurídicas só poderão ser dadas em 2022, após celebração da Convenção Coletiva. “Orientamos que as escolas planejem e organizem os novos currículos e que sua implementação ocorra de forma gradual. Não é necessário, nem possível, fazer tudo de uma só vez”, pacificou.

O que diz a Convenção Coletiva 16. IRREDUTIBILIDADE DE SALÁRIO E CARGA HORÁRIA A carga horária do docente e a correspondente remuneração não poderão ser reduzidas unilateralmente pelo empregador, salvo nas hipóteses de: l I – alteração curricular devidamente aprovada pelo órgão competente da instituição de ensino; l II – supressão de turmas motivada por redução do número de alunos e desde que as turmas remanescentes do mesmo ano, componente curricular ou disciplina tenham, no máximo: a) na educação infantil: 20 alunos; b) nos anos iniciais (1º ao 5º) do ensino fundamental: 35 alunos; c) nos anos finais (6º ao 9º) do ensino fundamental: 42 alunos; d) no ensino médio: 47 alunos; l III – término de mandato em função eletiva ou exoneração em função administrativa de confiança.

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Dúvidas frequentes

1 É possível reduzir a carga horária do professor? l Sim, desde que a redução ocorra de forma proporcional à alteração do currículo, observada em lei.

2 A escola pode transferir o professor de turno de trabalho, nível de ensino ou componente curricular? l Sim, mas conforme a Convenção Coletiva de Trabalho, essa decisão não pode ser unilateral. A alteração precisa ser formalizada em adendo contratual com o professor, que deve fazer uma declaração, redigida e assinada à mão, concordando com a mudança. A orientação do Sinepe/RS é de que as escolas busquem, se possível, o carimbo do sindicato da categoria.

3 A escola privada deverá, obrigatoriamente, atribuir carga horária especificamente para planejamento de aulas? l Não. O entendimento é de que o valor pago à hora-aula cobre esse trabalho.


Gestão na prática ›››

Manter o Ensino Médio: eis a questão

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estagnação dos índices de desempenho dos estudantes, distorção idade-série e as altas taxas de evasão foram alguns dos motivadores da criação do Novo Ensino Médio. A expectativa é de que a reforma promova maior alinhamento entre as escolas e as necessidades dos estudantes, mas pode também impactar nos custos com contratos de professores, visto que o número exigido tende a aumentar. A disponibilização de itinerários com conhecimentos específicos de interesse dos alunos é prenúncio de dificuldade para uma instituição de menor porte, com menor capacidade financeira de contratação de profissionais para

diversificação do currículo. Diretor-executivo da Instituição Sinodal de Assistência, Educação e Cultura (Isaec), Bolco Hoppe observa que algumas escolas da rede (constituída por 24 unidades no Rio Grande do Sul, três no Paraná e uma em Mato Grosso) podem até deixar de ofertar essa etapa educacional. “A ideia do Novo Ensino Médio é bonita, mas o problema é que quando há várias trilhas e itinerários, eu começo a dividir turmas. Se eu dividir turmas com menos de 20 alunos em duas, três, a escola se torna cara, porque preciso contratar mais professores. Nos esforçamos tanto para manter os professores na pandemia e, agora, talvez, precisemos abrir mão”, comenta. Segundo o dirigente da mantenedora, correm mais risco de parar de ofertar o Ensino Médio as escolas que têm 100 alunos ou menos nessa etapa. “Há escolas em que não mudará nada, porque já tinham carga horária maior, mais turmas. Quando a escola tem qua-

BOLCO HOPPE, Diretor-executivo da Isaec

“A ideia do Novo Ensino Médio é bonita, mas o problema é que quando há várias trilhas e itinerários, eu começo a dividir as turmas” se 400 alunos no Ensino Médio, se dá um jeito. Mas com 100, ou quando não chega a 100, fica difícil. Estamos vendo se não é o caso de repensar (a oferta).” Hoppe, porém, acredita que não haverá mudança radical na rede em 2022, já que a alteração de carga horária não deve ser tão drástica. “Mas no segundo ano vai ser mais difícil. Vamos avaliar o procedimento a seguir”, afirma.

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››› Radar DEPOSITPHOTOS

Na palma da mão Crescimento no setor de educação a distância (EaD) leva instituições a investirem em aplicativos para educação pelo celular

R

ealidade no Brasil desde 1999, a Educação a Distância (EaD) atingiu o ápice nos últimos dois anos. Superou, pela primeira vez, o volume de matrículas dos cursos presenciais em 2019, de acor-

do com o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep). Naquele ano, 50,7% dos alunos que ingressaram em instituições privadas optaram por cursos de EaD, enquanto 49,3% dos estudantes es-

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colheram cursar a educação superior de modo presencial. Esse fenômeno agora migra, inclusive, para o digital, com preços mais acessíveis (confira quadro na próxima página). Antes de falar dessa novidade, porém, vale pontuar os fatores para o sucesso da EaD, que registrou expansão de 378,9% na última década. Entre eles, estão a possibilidade de manejar horários, cortar gastos de transporte e personalizar o aprendizado. Por isso, a implementação de soluções de ensino voltadas para os dispositivos móveis também se tornou uma constante nas instituições de ensino superior.


29 E não é à toa. No Brasil, 73,2% dos estudantes têm acesso a celular de uso pessoal, conforme o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), dos quais 97,8% possuem acesso à internet. O que abre a possibilidade de estudar direto do celular. O especialista em gestão universitária e sócio da Brand Ü Consultoria Educacional, Rodrigo Bouyer, aponta que a centralização nas tecnologias mobile representa um alinhamento da educação a uma tendência mundial. “A educação, por uma questão cultural do Brasil, especificamente, sempre foi mais tradicional, mais conservadora. Mas agora, acelerada pela pandemia e impulsionada por um novo momento do mundo, ela se lança nesse desafio de, sem perder a qualidade, usar a tecnologia para cada vez mais se aproximar do ambiente real de trabalho. Nisso a tecnologia é muito útil”, afirma. Entre as facilidades oferecidas por esse modelo estão a flexibilidade e a praticidade para acessar conteúdos sob demanda. Basta abrir um aplicativo para acessar aulas em tempo integral, baixar conteúdos, entrar em salas de simulação ou realizar atividades interativas de fixação das matérias. “Por meio de tecnologia eu posso conseguir imergir o nosso estudante em um ambiente de simulação que, dentro da sala de aula, às vezes não é possível fazer. Consigo trazer a realidade do mercado de trabalho simulado para dentro de uma tecnologia. Uma experiência individualizada, que cada aluno pode fazer quantas vezes quiser, ao passo que no modelo anterior eu teria que desenvolver (a simulação) na sala de aula”, exemplifica Rodrigo. Na prática, o modelo não se opõe diretamente ao ensino presencial, mas oferece opções para alinhar a educação ao estilo de vida de cada estudante. Além disso, sobretudo após a pandemia, diversas universidades passaram a aderir a tecnologias de ensino on-line como parte do planejamento pedagógico. É o caso da Universidade Luterana do Brasil (Ulbra),

onde houve uma aceleração do uso de ferramentas tecnológicas. A instituição oferta 23 cursos em EaD e informa que pretende lançar mais 13 em 2022 – já estão em processo de autorização junto ao Ministério da Educação (MEC). “Não vemos esses novos modelos como ameaça, mas sim como oportunidades de enriquecimento do processo de ensino aprendizagem, onde o aluno torna-se protagonista da sua aprendizagem e o professor um mediador deste processo”, explica o reitor da Ulbra, Thomas Heimann. Na instituição, a EaD representa, hoje, 25% dos alunos, com um histórico de 90 mil alunos formados. Os cursos presenciais contam, inclusive, com disciplinas nesse formato – no caso em questão, entre 20% a 40% do componente curricular do curso ofertado, informa a universidade. E, segundo o reitor, não há perda de aprendizagem com a metodologia a distância. “O que precisamos reconhecer é que existem diferentes perfis no processo de aprender”, pontua.

RODRIGO BOUYER Especialista em gestão universitária

“Por meio de tecnologia eu posso conseguir imergir o nosso estudante em um ambiente de simulação que, dentro da sala de aula, às vezes não é possível fazer. Consigo trazer a realidade do mercado de trabalho simulado para dentro de uma tecnologia. Uma experiência individualizada.”

Fatores de sucesso da EaD Confira o que levou a modalidade a se expandir no Brasil:

Oportunidade ou desafio? Gerente do Campus FAPA da UniRitter, Janos Job conta que todos os cursos têm pelo menos 20% da sua carga horária voltada para ambientes virtuais. A universidade acompanha essa tendência desde 2015, com práticas focadas cada vez mais aos dispositivos móveis. “Gamificação, laboratórios virtuais e ambientes que representam de forma digital os espaços físicos indispensáveis para a formação de um estudante das mais diversas áreas. Tudo isso vai estar alicerçado no ambiente virtual de aprendizagem, onde o aluno encontrará o que é necessário para desenvolver as competências esperadas. É claro que ele precisa estar apresentado a essas ferramentas e ter clareza de que, mais do que no ensino presencial, ele é protagonista e responsável pelo seu desenvolvimento”, avalia. 

l Possibilidade de manejar horários. l Cortar gastos de transporte. l Personalizar o aprendizado. Quanto custa a EaD digital* l Exemplos de cursos oferecidos pelo celular no comparativo com a modalidade presencial: Administração l Presencial R$ 1.586,59 l On-line R$ 224,77 Ciências Contábeis l Presencial R$ 1.600,33 l On-line R$ 387,65 Publicidade l Presencial R$ 2.772,53 l On-line R$ 338,50 *Valores obtidos a partir da média de três instituições.

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››› Pesquisa

Roberto Carlos Ramos Doutor em educação. Diretor do Colégio La Salle Carmo, de Caxias do Sul/RS. E-mail: roberto.ramos@lasalle.org.br

Avaliação da aprendizagem escolar no contexto da pandemia Resumo

O

artigo focaliza as concepções e as práticas de educadores sobre a avaliação da aprendizagem no contexto da pandemia da Covid-19. Participaram do estudo de caso 77 educadores que atuam nos ensinos Fundamental e Médio de um colégio da rede privada de ensino. As respostas do questionário, disponibilizado on-line por meio da ferramenta do Google Forms, foram categorizadas com base na técnica de análise de conteúdo. Os principais resultados do estudo são: a flexibilidade para se adaptar às demandas do ensino remoto; a mudança nas concepções docentes e a busca por estratégias diferenciadas de avaliação; a dificuldade da observação e do acompanhamento individual de cada estudante; o atraso ou não da devolução dos trabalhos avaliativos propostos e a necessidade de formação continuada. Palavras-chave: Avaliação. Aprendizagem. Ensino remoto.

Introdução A pandemia de Covid-19, declarada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) em 11 de março de 2020, tem

causado impactos em todos os segmentos sociais. Na educação, conforme indica o Informe 1, da Fundação Carlos Chagas (2020, p.1), “No Brasil, 81,9% dos alunos da Educação Básica deixaram de frequentar as instituições de ensino. São cerca de 39 milhões de pessoas”. Para viabilizar a continuidade das atividades letivas, o Ministério de Educação (MEC) promulgou dispositivos contendo normas e medidas relativas às atividades educacionais em tempo de pandemia (BRASIL, 2020 a,b,c,d,e,f,g). No âmbito da Educação Básica, amparados nos dispositivos relativos a este nível educacional, os sistemas educativos, os gestores e os educadores foram mobilizados a (re)criar estratégias para o atendimento das crianças e adolescentes fora do ambiente escolar. Além dessas medidas normativas, concebe-se a avaliação como aprendizagem, [...] que ocorre com envolvimento ativo dos alunos, que os estimula a pensar sobre a maneira como aprendem. Ocorre quando os alunos refletem sobre, regulam e monitoram o próprio processo de aprendizagem. Abrange a reflexão do aluno e a avaliação por pares e por si mesmo. (UNESCO, 2016, p. 20).

No ensino remoto, a transmissão de aulas por meio de canais de televisão aberta; a utilização de sites, WhatsApp,

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aplicativos e plataformas on-line foram algumas das estratégias adotadas com estudantes que possuíam acesso às tecnologias e à internet. Nesse contexto, “videoaulas, reuniões virtuais, lives, drives, correção virtual, agendamento de aula [...] são termos que passaram a incorporar o cotidiano do educador do século XXI, outrora utilizados de maneira espaçada, quase imperceptível”. (MONTEIRO, 2020, p. 18). A pesquisa, tipo estudo de caso (YIN, 2001), tem como objetivo analisar as concepções e as práticas dos educadores que atuam nos ensinos Fundamental e Médio de um colégio privado, no ano de 2020, sobre a avaliação da aprendizagem escolar, no contexto da pandemia da Covid-19. Trata-se de um contexto escolar em que os estudantes possuem acesso às tecnologias, condições de utilizar equipamentos e a internet. O colégio adotou, para o ensino remoto, o sistema de gerenciamento de conteúdos na plataforma digital Google Classroom. De forma articulada a este sistema, os educadores adotaram outras ferramentas, aplicativos e recursos tecnológicos que consideraram apropriados para o desenvolvimento das competências previstas nos Planos de Estudo. Neste texto, tem-se como referência a avaliação da aprendizagem presente nos dispositivos legais (BRASIL, 1996),


Pesquisa ››› compreendida em suas funções diagnóstica, formativa ou processual e somativa (ZABALA, 1998, SANMARTÍ, 2009, VIANNA, 2000, BONNIOL; VIAL, 2001 e SILVA, 2003) e dos processos de ensino e aprendizagem, alicerçadas nos pressupostos de autores como Tardif (2002), Libâneo (2013), Gatti (2002) e Luckesi (2010), considerando-os parte essencial no processo educativo. A coleta de dados foi realizada por meio de questionário (LAKATOS; MARCONI, 2003; GIL, 2019), disponibilizado na ferramenta Google Forms. Para a análise dos dados foi adotada a Técnica de Análise de Conteúdo, proposta por Bardin (2011) categorizados em três eixos (concepções, práticas e dificuldades) dos conteúdos das respostas dos educadores. Aceitaram participar da pesquisa, 77 (83%) dos educadores que exercem a docência nos ensinos Fundamental e Médio. As reflexões apresentadas são decorrentes das seguintes questões formuladas aos educadores e que nortearam a investigação: Quais são as concepções sobre a avaliação da aprendizagem? Quais as práticas utilizadas para a avaliação? Quais as dificuldades encontradas para realização da avaliação dos seus alunos no período do ensino remoto? Feitas tais considerações, a estrutura textual está organizada de forma que, incialmente, contextualizam-se o foco temático e metodologia da pesquisa. Na sequência, apresentam-se a análise e a interpretação dos dados coletados. Por fim, serão retomados os principais achados do estudo.

2. Concepções dos educadores sobre a avaliação da aprendizagem Dentre as ideias recorrentes nas repostas dos educadores acerca de suas concepções sobre a avaliação, destacam-se: a avaliação das habilidades

e das competências desenvolvidas; o processo contínuo, processual, gradual e cumulativo da aprendizagem; a mediação, monitoramento e o diagnóstico dos processos de ensino e aprendizagem; o olhar atento, significativo, inclusivo e humano dos estudantes; a consideração dos aspectos qualitativos e quantitativos; a possibilidade de autoavaliação do professor e de suas práticas pedagógicas e a tomada de decisão para reorganizar o saber, rever as abordagens e as metodologias adotadas. A avaliação ganha sentido quando está articulada aos processos de ensino e de aprendizagem, conforme apontam os pressupostos de Hadji (2001), Libâneo (2013) e Luckesi (2010, 2011). Numa dimensão diagnóstica, formativa e somativa há de se contemplar o protagonismo do estudante, instrumentalizando-o para que tenha condições de analisar seu próprio desempenho, identificando suas potencialidades e dificuldades, conforme apontam Zabala (1998), Sanmartí (2009), Bonniol; Vial (2001) e Silva (2003). A avaliação alicerçada no diálogo, na participação e na reflexão pressupõe a auto e a hetero-avaliação.

3. Práticas utilizadas para a avaliação da aprendizagem Com relação às estratégias, o diferencial está na observação das características da faixa etária, considerando-se que as crianças pequenas ainda não possuem o domínio e ou certa autonomia para a realização do proposto. Dentre as estratégias mais citadas pelos educadores, destacam-se: a utilização de formulários; realização e postagem de atividades; trabalhos interdisciplinares; participação dos alunos; produção de vídeos, criação de mapas mentais, gráficos e infográficos, atividades dos encontros on-line diários no meet, através de brincadeiras e atividades lúdicas.

Os dados apresentados viabilizam constatar que o ensino remoto exigiu dos educadores outras formas de realizar a avaliação, utilizando diferentes estratégias e instrumentos. Libâneo (2013, p. 200) explica que “as provas escritas e outros instrumentos de verificação são meios necessários de obtenção de informação sobre o rendimento dos alunos”. Prossegue o autor: “A escola, os educadores, os alunos e os pais necessitam da comprovação quantitativa e qualitativa dos resultados do ensino e da aprendizagem para analisar e avaliar o trabalho desenvolvido.” (LIBÂNEO, 2013, p. 200).

4. Dificuldades encontradas para realizar a avaliação no período do ensino remoto Com relação aos educadores que mencionaram alguma dificuldade em relação ao processo avaliativo, os aspectos mais recorrentes são: encontrar diferentes formas para realizar a avaliação; o acompanhamento da aprendizagem, identificando as competências (não) desenvolvidas; a observação direta do desempenho dos alunos, devido ao distanciamento físico e, também, ao fato de nem todos os alunos participarem dos encontros virtuais; a interação no momento da avaliação, contribuindo para dirimir possíveis dúvidas; a participação incipiente dos alunos nos encontros virtuais etc. A partir do exposto, nota-se que os educadores possuem clareza acerca de suas limitações. Apesar das tecnologias da informação e da comunicação fazerem parte do cotidiano, existe uma complexidade quando se trata de utilizá-las no processo educativo. O processo de ensino-aprendizagem e a avaliação por meio do ensino remoto requerem competências que nem sempre os educadores possuem. Segue ›››

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››› Pesquisa Assim, o educador é desafiado a “mobilizar uma ampla variedade de saberes, reutilizando-os no trabalho, para adaptá-los e transformá-los pelo e para o trabalho”. (TARDIF, 2002, p. 21). No entender de Gatti (2003, p. 99), “Isto implica que pensemos a avaliação em sala de aula como uma atividade contínua e integrada às atividades de ensino, algo que é decorrente destas atividades, inerente a elas e a seu serviço”.

5. Considerações finais O fundamento primordial das reflexões apresentadas no decorrer do artigo é a avaliação da aprendizagem escolar no contexto da pandemia. Conforme exposto, existe um conjunto de fatores que podem contribuir de forma a potencializar ou se constituir como um entrave para que as aprendizagens ocorram, tanto no ensino remoto quanto no presencial. Tendo-se presente o conjunto de dados analisados, é possível constatar, sob olhar dos educadores, que a estrutura física, o acesso aos recursos tecnológicos, a qualificação docente, o planejamento dos processos de ensino, de aprendizagem e de avaliação compatíveis com o ensino remoto, o interesse, o envolvimento, a participação dos estudantes e a corresponsabilidade da família são fatores que contribuem para que se efetive a aprendizagem e competências básicas, mesmo em instituição de ensino privado. A realização do estudo possibilitou identificar aspectos tais como: a) a flexibilidade para se adaptar às demandas do ensino remoto; b) a mudança nas concepções docentes e a busca por estratégias diferenciadas de avaliação; c) a dificuldade da observação e do acompanhamento individual de cada estudante; d) o atraso ou não da devolução dos trabalhos avaliativos

propostos; e, e) a necessidade de formação continuada. Este conjunto de aspectos, de certa forma, interferiu nas práticas avaliativas e no processo de aprendizagem dos estudantes. Mediante o exposto, sem querer depositar na pessoa do professor toda a responsabilidade pelo êxito ou não na aprendizagem dos estudantes, mas no sentido de enaltecer o trabalho docente, reafirma-se que “A sala de aula, do concreto ao virtual, tem e terá sempre na figura do professor aquele que faz a diferença na formação futura desse novo cidadão”. (HONORATO; MARCELINO, 2020, p. 213).

tempos-de-pandemia-informe-n-1. Acesso em 10 de mar 2021. GATTI, Bernadete A. O professor e a avaliação em sala de aula. Estudos em Avaliação Educacional, n. 27, jan-jun., p. 97-114, 2003. GIL, Antonio Carlos. Métodos e técnicas de pesquisa social. 7. ed. São Paulo: Atlas, 2019. HONORATO, Hercules Guimarães; MARCELINO, Aracy C.K.B. A arte de ensinar e a Pandemia COVID-19: a visão dos professores. REDE – Revista Diálogos em Educação v. 1, n. 1, janeirojunho 2020. LAKATOS, Eva M.; MARCONI, Marina de A. Técnicas de pesquisa: planejamento e execução de pesquisas, amostragens e técnicas de pesquisa, elaboração, análise e interpretação dos dados. 5. ed. São Paulo: Atlas, 2003. LIBÂNEO, José C. Didática. 2. ed. São Paulo: Cortez, 2013.

REFERÊNCIAS: BARDIN, Laurence. Análise de Conteúdo. São Paulo: Edições 70, 2011. BONNIOL, Jean-Jacques; VIAL, Michel. Modelos de Avaliação: textos fundamentais. Porto Alegre: Artmed, 2001. BRASIL. Ministério da Educação. Conselho Nacional de Educação. Parecer CNE/CP nº 9/2020, aprovado em 8 de junho de 2020a. BRASIL. Ministério da Educação. Conselho Nacional de Educação. Parecer CNE/CP nº 10/2020, aprovado em 16 de junho de 2020b. BRASIL. Ministério da Educação. Conselho Nacional de Educação. Parecer CNE/CP nº 11/2020, aprovado em 7 de julho de 2020c. BRASIL. Ministério da Educação. Conselho Nacional de Educação. Parecer CNE/CP nº 15/2020, aprovado em 6 de outubro de 2020d. BRASIL. Ministério da Educação. Conselho Nacional de Educação. Parecer CNE/CP nº 16/2020, aprovado em 9 de outubro de 2020e. BRASIL. Ministério da Educação. Conselho Nacional de Educação. Parecer CNE/CP nº 19/2020, aprovado em 8 de dezembro de 2020f. BRASIL. Ministério da Educação. Conselho Nacional de Educação. Resolução CNE/CP nº 2, de 10 de dezembro de 2020g. FUNDAÇÃO CARLOS CHAGAS. Educação escolar em tempos de pandemia. Informe n. 1. 2020. Disponível em: https://www.fcc.org.br/ fcc/educacao-pesquisa/educacao-escolar-em-

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LUCKESI, Cipriano Carlos. Avaliação da aprendizagem escolar: estudos e proposições. 21ª edição. São Paulo: Cortez, 2010. LUCKESI, Cipriano Carlos. Avaliação da aprendizagem: componente do ato pedagógico.1 ed. São Paulo: Cortez, 2011. MONTEIRO, Márcio de Oliveira. Avaliação em tempos de pandemia: uma abordagem holística do processo. Revista Transformar |14, Edição Especial “Covid-19: pesquisa, diálogos transdisciplinares e perspectivas”, mai./ago. 2020. ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS PARA A EDUCAÇÃO, A CIÊNCIA E A CULTURA (UNESCO). Repensar a educação: rumo a um bem comum mundial. Brasília: UNESCO, 2016. SANMARTÍ, Neus. Avaliar para aprender. Porto Alegre: Artmed, 2009. SILVA, Janssen F. Avaliação do ensino e da aprendizagem numa perspectiva formativa reguladora. In: SILVA, Janssen F.; HOFFMANN, Jussara; ESTEBAN, Maria T. (Orgs.). Práticas avaliativas e aprendizagens significativas: em diferentes áreas do currículo. Porto Alegre: Mediação, 2003, p. 7-18. TARDIF, Maurice. Saberes docentes e formação profissional. Petrópolis, RJ: Vozes, 2002. VIANNA, Heraldo M. Avaliação educacional: teoria, planejamento, modelos. São Paulo: IBRASA, 2000. YIN, Robert K. Estudo de caso: planejamento e método. 2. ed. Porto Alegre: Bookman, 2001. ZABALA, Antoni. A Prática Educativa: Como ensinar. Porto Alegre: Artmed, 1998. 


Em destaque›››

Propagando a experiência do

Grupo Etapa

L

istamos seis diferenciais do Sistema Etapa que, combinados ao da sua escola, levarão sua instituição para um patamar mais alto: – Mais de 50 anos de experiência do Grupo Etapa, 100% dedicados à educação. – Nossos autores têm vivência em sala de aula e o Colégio Etapa é o seu centro de produção. – Utilizamos a espiral crescente, um recurso cuja eficácia é comprovada por neurocientistas. – O sistema de avaliação curricular contínua faz parte da nossa metodologia: são 2 por semana no Ensino Fundamental anos finais e 3 no Ensino Médio. Essas provas, mais curtas e pontuais, são alinhadas de forma a estabelecer o acompanhamento das matérias e fomentar o hábito de estudo.

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International School:

educação bilíngue, mundo conectado

P

Editora do Brasil

atende a mais de 70 mil escolas

E

m todo o país, mais de 70 mil escolas adotam os livros da Editora do Brasil, que chegam às mãos de mais de 20 milhões de estudantes das redes privada e pública. A Brasil é uma editora plural, com muitas histórias para contar, sempre ouvindo, pensando e se adequando a todas as mudanças e tendências da educação. Além das obras didáticas e literárias, professores e estudantes contam, ainda, com plataformas digitais que conversam com os conteúdos trabalhados, como os cursos gratuitos da plataforma Educa Brasil e a coleção de bolso, assim como a revista e o podcast Arco43.

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ara corresponder às expectativas de uma geração cada vez mais conectada com o resto do mundo, o ensino do inglês se tornou essencial. Eleita por cinco anos consecutivos (2017-2021) como o “Melhor sistema de ensino bilíngue” do país pelo Prêmio TOP Educação, a International School oferece programas capazes de transformar o processo de aprendizagem do inglês nas escolas, com soluções integradas ao dia a dia dos alunos, de acordo com a realidade de cada instituição. E como isso acontece na prática? Com aulas focadas na integração entre áreas do conhecimento, o aprendizado acontece naturalmente, à medida em que a língua inglesa é incorporada ao cotidiano. Assim, os alunos desenvolvem habilidades linguísticas, mas também competências socioemocionais e cognitivas por meio de uma metodologia sólida, com apoio de ferramentas tecnológicas e inovadoras. É essa concepção de aprendizado holístico que torna a International School referência, com soluções completas da Educação Infantil ao Ensino Médio. Acesse internationalschool.global. 

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JEAN CALEGARI, DIVULGAÇÃO

››› No Marista Assunção, uma plataforma virtual passou a ter maior utilização do que no período pré-pandemia

O bê-a-bá no digital Utilização de plataformas virtuais voltadas para a educação cresceu na pandemia, e isso inclui o processo de alfabetização

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er crianças mexendo em tablets ou celulares sem a menor dificuldade é comum. Elas são nativas digitais e estão cercadas de tecnologia em tempo integral, antes mesmo de aprenderem a ler. Por isso, é natural que esses recursos também façam parte da experiência educativa dos pequenos, sobretudo no contexto do distanciamento social. Durante a pandemia, as soluções

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tecnológicas voltadas para a educação deram um salto exponencial, que impactou o ensino de quem dá os primeiros passos na trajetória escolar. De acordo com a pesquisa mais recente feita pelo Centro Regional de Estudos para o Desenvolvimento da Sociedade da Informação (Cetic), em 2019 apenas 21% das escolas ofereciam conteúdos e atividades remotas. Um ano depois, 87% das instituições aderiram a pelo menos uma atividade com uso de tecnologia. A utilização de plataformas virtuais para distribuição e aplicação de conteúdos também deu um salto: foi de 28% para 66% neste período.


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Inovação ›››

O lápis não sai de moda A imersão em um universo de novas possibilidades de aprendizado não significa a perda de contato com materiais como lápis, caderno e giz de cera. A mediação do professor no processo de aprendizagem é insubstituível e fundamental para que as crianças consigam articular e selecionar tantas informações, principalmente na infância. As habilidades desenvolvidas pelo meio digital são diferentes daquelas compre-

REPRODUÇÃO

É o caso do Colégio Marista Assunção, de Porto Alegre, que apesar de contar com laboratório de informática e espaços de criação digital, não direcionava esses recursos com tanta frequência para os alunos das séries iniciais. A coordenadora pedagógica da escola, Sandra Nunes, dá o exemplo da plataforma Marista Virtual 3.0, um ambiente de aprendizagem onde as crianças podem publicar atividades, mas que era subutilizado. “Apesar de termos a plataforma antes da pandemia, no primeiro ano não tínhamos esse trabalho sistematizado. Funcionava de uma forma muito intuitiva e esporádica. Agora é uma rotina. Todas as semanas fazemos uso”, conta. Da escola, a sala de aula se expandiu para dentro das casas por meio de videochamadas, bibliotecas virtuais, jogos digitais, programas de contação de histórias e mecanismos de pesquisa. Uma grande carga de informações para assimilar logo no início da jornada escolar. “A tecnologia está muito inserida na vida deles. Eu sei de turmas que fizeram vídeos no TikTok para mandar para a professora. Eu, por exemplo, nem sei mexer nesse aplicativo”, relata a pedagoga e alfabetizadora do Marista Assunção, Tanusa Dresch. Para ela, o caso ilustra a facilidade que os alunos têm para lidar com os novos mecanismos.

Vale a pena conhecer GraphoGame l Lançado pelo Ministério da Educação (MEC), em parceria com o Instituto do Cérebro da PUCRS (InsCer), o jogo ajuda crianças em idade pré-escolar a aprender a ler as primeiras letras, sílabas e palavras. O aplicativo conta com sons e instruções em português e cria relatórios para que professores e familiares acompanhem o desenvolvimento das crianças. O GraphoGame é gratuito e também funciona off-line.

AUGUSTO BUCHWEITZ Especialista em neuroeducação

“A criança precisa aprender o som das letras – isso é crítico para a alfabetização. (Tanto faz) se feito de maneira analógica ou com um game, o que importa é se o instrumento está adequado." endidas pelo meio físico. “Para crianças nessa faixa etária, o concreto, tocar, sentir, cheirar e elaborar com o próprio corpo é fundamental. Quando a gente fala de um processo de desenvolvimento da letra cursiva, por exemplo, está falando disso”, explica Sandra Nunes. É importante quebrar a dicotomia entre recursos digitais e analógicos

durante a aprendizagem. O emprego de ambos tem sucesso comprovado no processo de alfabetização. “O ano letivo iniciou em fevereiro e, em maio, ela já estava lendo e escrevendo palavras com autonomia. Posso dizer que foi um processo que aconteceu dentro do esperado. E hoje, no fim do ano, ela já está escrevendo histórias com a turma”, comemora Caroline Klein, mãe da Gabriela, sete anos, aluna do 1º ano do Ensino Fundamental do Marista Assunção. O especialista em neuroeducação Augusto Buchweitz é professor da Escola de Ciências da Saúde e da Vida da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS). Ele defende que o mais importante não é o meio pelo qual a criança tem acesso a um conteúdo, mas como esse material é estruturado. “A criança precisa, por exemplo, aprender o som das letras. Isso é crítico para a alfabetização. (Tanto faz) se feito de maneira analógica ou com um game, o que importa é se o instrumento está adequado para o objetivo de aprendizagem”, afirma. 

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››› Compartilhar DIVULGAÇÃO

››› Encontro presencial na sede do Sinepe/RS contou com o secretário de Inovação de Porto Alegre, Luiz Carlos Pinto PROJETO CIDADE EDUCADORA BUSCA ENGAJAMENTO DAS INSTITUIÇÕES DE ENSINO  Para apresentar às instituições

de ensino privado o projeto Cidade Educadora e como elas podem contribuir com a iniciativa, o Sinepe/RS promoveu, em 11 de novembro, seu primeiro encontro presencial desde o início da pandemia. O evento ocorreu na sede do Sindicato e contou com a presença do secretário municipal de Inovação e coordenador do Pacto Alegre, Luiz Carlos Pinto. Aprovada em setembro, a iniciativa integra o Pacto Alegre e busca tornar a Capital uma referência de ensino e exemplo de cidade inteligente e inclusiva, e para isso é fundamental a participação dos agentes educativos. Conforme Luiz Carlos, o Pacto Alegre surgiu como um movimento que busca incentivar a cultura empreendedora e tornar a cidade mais atrativa aos moradores. “Porto Alegre tem excelentes escolas, uma cultura empreendedora, mas estamos um pouco travados

e nossos talentos estão indo embora. E essa evasão é prejudicial, a cidade empobrece.” De acordo com ele, para explorar o potencial da Capital, era preciso um alinhamento, um plano que pudesse sincronizar os projetos em uma agenda municipal. “O Pacto Alegre é baseado no compromisso de fazer junto, de ser ágil, amplo, integrando diferentes entidades para traçar um planejamento a longo prazo, mas trazer resultados de curto e médio prazo.” Para ele, a Cidade Educadora é um dos projetos mais transformadores para Porto Alegre e sua efetividade se dará a partir da contribuição das instituições de ensino e demais agentes sociais. “Vemos o setor educacional como um profundo alavancador do Pacto Alegre, pois os alunos, nossos futuros cidadãos, são talvez o que de mais valioso temos na cidade.” No entanto, mais do

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que dar acesso ao conhecimento, deve-se ensinar os estudantes a pensar, a resolver problemas, e segundo o secretário, a iniciativa se propõe a colocar isso em prática. “O aluno precisa desenvolver projetos para encontrar soluções aos problemas de sua escola, mas ao mesmo tempo, deve ver a mudança acontecer. A Cidade Educadora é um projeto estruturante e é importante pensar como as escolas podem ser mobilizadoras de suas comunidades.” No encontro, Luiz Carlos também ressaltou a criação dos grupos de trabalho para planejar e executar ações para o cumprimento dos objetivos. Na avaliação do presidente do Sinepe/RS, Bruno Eizerik, o Pacto Alegre é a oportunidade de construir uma cidade melhor, que se apresente para as pessoas com orgulho. “O projeto é inspirador, temos muito a contribuir. Mas isso é muito grande para ser só do Sinepe/RS, precisamos do envolvimento de todas as instituições associadas. E esse encontro foi o nosso primeiro passo.” 


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EMPREENDEDORISMO MOBILIZA ALUNOS DO CONCÓRDIA SÃO LEOPOLDO  Mobilizados para a conclusão

LANÇADO LIVRO SOBRE LETRAMENTO ARGUMENTATIVO  Letramento argumentativo:

Neste ano, o desafio foi o desenvolvimento de um aplicativo para a prestação de serviços de transportes e outro para a inserção ao mundo do trabalho. “Os projetos precisam atender às necessidades e aos desejos de consumidores e que tenham foco na inovação, liderança e criatividade”, sintetiza. Ela acrescenta que o trabalho de conclusão é desenvolvido de forma integrada, resgatando os diversos aprendizados e competências atribuídos ao longo do curso.  COLÉGIO LUTERANO CONCÓRDIA SÃO LEOPOLDO

enlaçando práticas é o título da obra lançada com o protagonismo de acadêmicos dos cursos de Graduação e Pós-Graduação do Instituto Ivoti e organizado pela professora Marguit Goldmeyer. São oito capítulos que exploram temáticas como argumentação, protagonismo estudantil e docente, letramento argumentativo, literatura, criatividade e ousadia, promovendo um diálogo entre a teoria e a prática na mediação das aulas. Impulsionado pela BNCC, o tema da argumentação emerge nos Projetos Político-Pedagógicos das escolas de Educação Básica. O livro sistematiza resultados de pesquisas no âmbito do Letramento Argumentativo. “Formamos docentes que, na prática pedagógica cotidiana, dialogam com a teoria e a prática, que trazem para a sala de aula as provocações da BNCC. Os artigos publicados pelos nossos egressos são exemplo do nosso fazer e do nosso pensar a educação do país”, destacou Marguit. A obra tem apresentação do diretor do Instituto Ivoti, Everton Augustin e traz artigos que se destacam por seu conteúdo. 

do ano letivo, os alunos do 3º Ano do Curso Técnico em Informática do Colégio Luterano Concórdia de São Leopoldo participaram de uma atividade que visa à preparação para a banca de avaliação. “Esta etapa é de muita importância para eles, pois treinam a apresentação do trabalho de conclusão, que é a criação de uma startup, para professores e empresários do setor”, explica a coordenadora do curso, Daniela Sperb.

››› Desafio dos alunos envolveu a criação de dois aplicativos diferentes EDUCAR-SE ELEGE DIREÇÃO PARA A GESTÃO 2022/25  Com 90,32% dos votos favorá-

veis, Cristiane Iserhard Machado assume como diretora da Escola de Educação Básica Educar-se, de Santa Cruz do Sul, no próximo ano. Ao lado dela, como vice-diretora, estará a atual coordenadora

pedagógica – Educação Infantil e Anos Iniciais, Karen da Costa Sippel. O resultado foi apurado no fim da tarde do dia 17 de novembro. A eleição, que contou com chapa única, ocorreu das 7h30min às 18h30min, na própria instituição, com participação de toda comunidade escolar. O pleito também marca o último ano da diretora Valderez Maria Kern à frente da instituição, após uma trajetória de 35 anos. 

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COLÉGIO TEUTÔNIA APRESENTA NOVA IDENTIDADE VISUAL  No Dia do Professor, 15 de ou-

COLÉGIO IDEAU, DIVULGAÇÃO

››› Alunos do IDEAU Santa Clara criaram uma estrutura completa de empresa CRIAR, EMPREENDER E ADMINISTRAR  Aliar o projeto de vida, o empre-

endedorismo e a educação financeira foi um dos objetivos nos últimos dias para a turma do 6° ano da Escola de Educação Básica IDEAU Santa Clara. Os estudantes tiveram como desafio montar uma empresa voltada a vendas ou prestação de serviços. Dentre as tarefas, eles criaram o nome, a logo, a descrição e o objetivo, depois realizaram o processo de precificação e em seguida estruturaram uma espécie de ateliê do comércio, onde puderam realizar a compra, a venda e depois calcular o lucro.

Para a professora de Matemática, Patrícia Sandri, “desenvolver esta proposta pedagógica possibilitou aos estudantes a experiência de entenderem como funcionam o comércio, a compra, a venda e o gerenciamento de uma empresa. Conhecimentos estes importantes para o convívio em nossa sociedade”. Para a estudante Isabelline Mascherin Antunes, de 12 anos, “foi muito interessante criar uma empresa, aprender a calcular o lucro e também a administrar o dinheiro.” 

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tubro, o Colégio Teutônia reuniu docentes e funcionários para a divulgação da campanha de matrículas 2022, oportunidade em que também foram apresentadas a nova identidade visual do CT e o selo comemorativo aos 70 anos da instituição, comemorados no próximo ano. A campanha de matrículas foi apresentada pela publicitária Pauline Klein Grave. O novo baseline está alicerçado na expressão “Um grito de VIVA”, nas suas diversas possibilidades, numa referência à celebração da vida e aos 70 anos do Colégio. Pauline também apresentou a nova identidade visual do CT e o selo comemorativo. “Começamos a fechar um ciclo e abrimos um novo, marcado pelos 70 anos do Colégio Teutônia. A nova identidade preserva a história, a força da marca, trabalha com a lembrança visual, transforma sem perder a essência, com traços mais modernos e leves que conectam com a atualidade. Mantemos as cores e trazemos um novo símbolo e fonte”, explicou. Já o selo comemorativo marca o início das comemorações do aniversário do Colégio, celebrado no dia 17 de julho de 2022. 


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SETREM REALIZA SEMINÁRIO DE ORIENTADORES EDUCACIONAIS EDUARDO ERTHAL

››› Evento reuniu mais de 80 profissionais no auditório da instituição

 Na sexta-feira, 22 de outubro,

a Sociedade Educacional Três de Maio (Setrem) realizou mais uma edição do Seminário de Orientadores Educacionais, com o tema ‘A escola e seus sujeitos: novos olhares sobre o cuidado’. O evento, que já é tradicional e aguardado pela comunidade escolar, teve palestra com Lidiane Mahler e ocorreu no Auditório do Campus, reunindo mais de 80 profissionais da Educação, vindos de 30 escolas públicas e privadas da região e também das secretarias municipais de Educação. 

MARISTA PIO XII PROMOVE VARAL SOLIDÁRIO DE LIVROS dos pelos estudantes da Educação Infantil e dos anos iniciais do Ensino Fundamental do Colégio Marista Pio XII, foram disponibilizados para a comunidade de Novo Hamburgo. O Varal Solidário Literário, localizado em frente ao Colégio, foi um presente para a cidade. A ação teve como objetivo incentivar a leitura e momentos em família, proporcionando o acesso a obras literárias infantis para outras crianças da cidade. Qualquer pessoa podia escolher um livro e levá-lo para casa. Seguindo os protocolos de cuidado com a vida e de prevenção à Covid-19, todas as obras ficaram em quarentena e foram embaladas individualmente, facilitando a higienização. A iniciativa faz parte da programação do Mês Cultural (outubro), que contemplou atividades esportivas e recreativas, entre outras. 

COLÉGIO MARISTA PIO XII

 Mais de 300 livros infantis, doa-

››› Iniciativa foi instalada em frente à sede do colégio, em Novo Hamburgo Educação em Revista | Nº 143 | Outubro\Novembro\Dezembro 2021


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ESTUDANTES LEVAM OURO NOS JOGOS ESCOLARES  Clara Rückert, Oberdan Brune e

Matheus Bloemker Carvalho foram recebidos em caminhão do Corpo de Bombeiros no retorno a Teutônia e Westfália depois de conquistarem medalhas de ouro nos Jogos Escolares Brasileiros. Integrantes da Equipe de Atletismo Colégio Teutônia/ Languiru/Sicredi, eles foram convocados pela Seleção Gaúcha de Atletismo e competiram no Rio de Janeiro, de 30 de outubro a 1º de novembro. A competição reuniu jovens atletas entre 12 e 14 anos de idade. Estudantes do Colégio Teutônia, Clara foi ouro no pentatlo e Oberdan no hexatlo. Matheus, estudante da Escola Municipal de Ensino Fundamental Vila Schmidt, de Westfália, ficou com a medalha de ouro nos 800m. O trio trouxe três das quatro medalhas de ouro conquistadas pela Seleção Gaúcha. 

DIVULGAÇÃO, COLÉGIO TEUTÔNIA

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ESTUDANTES CRIAM DISPENSER AUTOMÁTICO DE ÁLCOOL EM GEL  A aplicação de álcool gel de

forma segura por meio da utilização de dispositivo automatizado foi o objetivo do projeto dos estudantes Matias Lagemann e João Pedro Machry dos Reis, do 9º ano do Ensino Fundamental do Colégio Teutônia, desenvolvido na extraclasse de Robótica Educacional. Utilizando placa de robótica,

circuito eletrônico, sensor de ultrassom e motor, o dispenser automático de álcool gel possibilitou a interação da eletrônica e robótica no auxílio à prevenção da disseminação da Covid-19. Desenvolvido ao longo dos últimos meses com apoio do professor orientador Mauro Régis de Oliveira, o equipamento foi utilizado na recepção do Auditório Central do CT durante a exposição da Mostra Científica. Bastava que os usuários aproximassem as mãos e o dispenser era acionado automaticamente.  COLÉGIO TEUTÔNIA, DIVULGAÇÃO

SETREM RECEBE NOVA EMPRESA INCUBADA

››› Matheus Carvalho (E) Clara Rückert e Oberdan Brune (D) são os medalhistas

 O diretor-geral da Setrem, Sandro Ergang, e o proprietário da Agência Varsóvia, Paulo Vitor Daniel, assinaram contrato de incubação residente da empresa na Incubadora Tecnológica Setrem, que oferece suporte a empreendedores. A Agência Varsóvia passa a contar com a infraestrutura e o conhecimento técnico da equipe de profissionais, garantindo o suporte gerencial orientado ao desenvolvimento da ideia e à gestão do negócio. 

››› Equipamento conta com placa de robótica e sensor de ultrassom

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