Edição 95

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Uma publicação do Sinepe/RS

Nº 95 / Ano XVI / Novembro - Dezembro 2012

A BUSCA PELA ALIMENTAÇÃO SAUDÁVEL Instituições de ensino apostam em programas de conscientização e no envolvimento das famílias para mudar os hábitos alimentares de crianças e adolescentes

ENTREVISTA

Ricardo Felizzola defende a profissionalização da gestão escolar

GESTÃO

Cursos customizados ganham espaço no ensino superior


Juntos,

fazemos o melhor pela Educação Infantil da sua escola. O Sistema Positivo de Ensino preparou uma coleção para auxiliar o trabalho dos professores com crianças de 0 a 3 anos. É o material mais completo do mercado. Com ele, seus professores vão descobrir a melhor forma de integração entre cuidar e educar.

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(QWUH HP FRQWDWR FRQRVFR ZZZ HGLWRUDSRVLWLYR FRP EU J J J J #SRVLWLYR FRP EU POSITIVO: ACREDITANDO NA EDUCAÇÃO DE QUALIDADE


ENTREVISTA

Ricardo Felizzola

“Não se faz escola sem método de gestão” Por Ca r i ne Fer na ndes

C

rítico do atual modelo educacional brasileiro, o presidente do Conselho Diretor do Programa Gaúcho da Qualidade e Produtividade (PGQP), Ricardo Felizzola, acredita que só haverá melhoria na qualidade de ensino quando as instituições investirem na profissionalização e modernização da gestão. Para o empresário, presidente da HT Micron e do Conselho de Administração da Parit e Altus, uma organização de ensino é como qualquer outra organização de segmento diferente, precisa aplicar métodos de gestão para sobreviver. Neste sentido, ele afirma que o PGQP vem auxiliar a instituição na aplicação desses métodos e aprimorar o trabalho que vem sendo feito e que faz parte da cultura da organização. Nesta entrevista concedida a Educação em Revista, Felizzola relaciona os conceitos da gestão com a educação e aponta os principais desafios das lideranças das instituições de ensino gaúchas. Confira:

Educação em Revista - O senhor afirma que a qualidade está diretamente ligada à gestão. Como o conceito se aplica nas instituições de ensino? Ricardo Felizzola - A qualidade está relacionada a atender às necessidades dos seus públicos. Para isso ocorrer de uma forma equilibrada a organização tem que gerar resultado, e ele é promovido pela gestão, em um primeiro momento. Uma boa gestão leva a bons resultados. Então esse é o vinculo da qualidade com a gestão, você precisa de gestão porque precisa promover resultados, e os resultados atendem as partes interessadas. No caso de uma organização de ensino, o cliente é o aluno, e o produto da instituição é o conhecimento que ele adquire. O time da organização de ensino são os professores. O elemento fundamental na gestão é não só atender, mas gerar resultados para a organização, para que ela tenha saúde para manter aquele serviço que atraiu o cliente e que ela gere resultados para manter investimentos, pagar bons salários para os professores e para pagar os impostos em dia. Então essa promoção muito exclusiva do cliente, na realidade, não é verdade, não se promove só o cliente, se promove o todo da organização. O Rio Grande do Sul destaca-se por possuir, em sua grande maioria, instituições de ensino de origem comunitária e

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A excelência no processo educacional é uma grande meta e precisa ser medida”


confessional. Nestas instituições, as práticas de gestão foram sendo adquiridas depois de algumas décadas de existência, não foi um processo iniciado na sua fundação. Como essas instituições devem trabalhar para profissionalizar a gestão e adquirir a cultura da gestão? Independentemente da cultura e da origem das organizações, a teoria mostra que toda organização precisa de um tripé: conhecer o que faz, os seus serviços (e esse conhecimento não é algo estático, é dinâmico, precisa aumentar, porque quanto mais conhecimento eu tenho maiores são as possibilidades de competir no mercado); precisa de metodologia, de métodos de gestão, e estes valem para qualquer tipo de organização, planejamento estratégico todo mundo tem que fazer; e o terceiro ponto do tripé é a liderança, fundamental para o sucesso da organização. Ela é quem tem que perceber quando os valores da organização precisam se adaptar ao mundo moderno. Na sua opinião, qual deve ser o perfil do líder de uma instituição de ensino? O líder ideal é aquele que conhece muito bem quais são os objetivos da instituição. Esses objetivos têm que ser definidos de forma bem prática. Em uma instituição de ensino eu não vejo outro objetivo que não seja uma excelência no processo educacional, isso é uma grande meta e precisa ser medida. Além disso, outra meta é a saúde financeira da organização. Além disso, o líder tem que saber trabalhar com pessoas, montar times e saber muito bem transmitir os valores da organização. Esse é o perfil do líder, ele é um treinador, é coaching, é uma liderança que faz o time ganhar, é querido. Como o senhor avalia a contribuição do Programa Gaúcho da Qualidade e Produtividade (PGQP) para o setor da educação? Acreditamos que o processo de educação tem que ser levado à excelência desde o ensino fundamental até o superior. Temos procurado contribuir com esse processo, mas é complexo porque envolve

O desconhecimento das lideranças sobre a importância do método e como ele pode ser útil leva ao distanciamento de como obtê-lo. Muitas organizações o aplicam de forma empírica, primária, quando na realidade ele já está pronto. Eu diria que hoje tu não fazes escola sem método de gestão Na sua avaliação, por que as instituide escola. É como, por exemplo, uma ções de ensino não buscam o Programa? escola que não possui sala de aula, quaO que o PGQP oferece em um primeiro dro-negro, carteira escolar para as pessoas momento é o método, ele não oferece cosentarem. Muitas vezes ele nhecimento de ensino, não é método, é uma tradieu não sou um espeAcreditamos ção, sempre foi assim, então cialista em didática. eu toco a escola desse jeito. A liderança da organique a A metodologia de tocar a zação de ensino deve dificuldade escola pode ser comparada entender o processo com qualquer outro método de gestão e saber de adesão ao de tocar qualquer outra que tem que buscar o organização, e aí cabe ao método e promovê-lo. PGQP é um PGQP fazer as análises das Nesse momento ela problema de metodologias já existentes vai buscar o PGQP, e propor as melhorias, para porque facilita a liderança” que o método se modernize. aplicação do método. Com isso você acerta uma Se a liderança não reponta do triângulo, vão ficar conhece o método no faltando outras duas pontas, a do conhefundamento da organização e se apoia em cimento e a da liderança. Na hora em que outro tipo de estrutura, ela não tem metoo líder busca o método já está revelando dologia. Meta quer dizer forma de chegar uma acessibilidade muito grande para ao resultado, método é o caminho da meta. conhecimento de metodologia e didática. O SINEPE/RS, enquanto Comitê Setorial da Educação, registra um baixo número de escolas que aderem ao PGQP e tem trabalhado para reverter este quadro.

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montar times melhores e para definir metas por meio do planejamento. Acreditamos que a dificuldade de adesão ao PGQP é um problema de liderança. O senhor teria algum exemplo de modelo de gestão educacional que vem sendo adotado por instituições públicas ou privadas? Percebemos casos de sucesso no Rio Grande do Sul, que utilizam metodologias empíricas, mas muito próximas à metodologia mais moderna possível, são as chamadas escolas-modelo, tanto públicas quanto privadas. Elas existem, mas são muito poucas e não contribuem para uma média geral elevada, que é o que se precisa. A metodologia delas deveria rapidamente se espalhar para outras escolas, e para isso há a necessidade das lideranças das outras escolas buscarem o método. Então não é por falta de exemplo que a gente vai ter dificuldade, a nossa grande preocupação é com relação à atitude dos responsáveis pelas escolas, que têm que ser uma atitude de liderança, conforme os conceitos básicos de gestão no mundo.

Saiba mais sobre o PGQP Liderado pelos empresários gaúchos Jorge Gerdau Johannpeter e Ricardo Felizzola, o Programa Gaúcho da Qualidade e Produtividade (PGQP) atua há 20 anos na promoção da competitividade do Rio Grande do Sul para melhoria da qualidade de vida dos cidadãos, nos setores público, privado e terceiro setor. Envolve mais de 9,5 mil organizações, entre iniciativa privada, órgãos públicos e terceiro setor, e cerca de 1,3 milhão de pessoas relacionadas com a Gestão da Qualidade. Nestes 20 anos, o PGQP construiu uma rede de 80 comitês setoriais e regionais, permeando o estado do Rio Grande do Sul e diversos setores da economia gaúcha. Desde 1996 o SINEPE/ RS representa o Comitê Setorial da Educação junto ao PGQP, com o objetivo de estimular a participação das escolas que buscam implementar a gestão pela excelência. Um dos principais produtos do PGQP é o Sistema de Avaliação. Uma ferramenta de gestão que permite diagnosticar o estágio de desenvolvimento gerencial e planejar ações visando à melhoria contínua. Mais informações: cdg@sinepe-rs.org.br

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O senhor, como empresário, recebe, na sua empresa, muitos profissionais formados nas academias e escolas de Educação Básica gaúchas. Qual sua avaliação sobre o perfil do profissional que está chegando ao mercado de trabalho? A avaliação é que há um déficit muito grande nesse profissional. Ele geralmente chega ao mercado de trabalho sem falar nem escrever em inglês, com um português razoável e geralmente a redação é muito ruim. Na área de tecnologia há uma falta de conhecimento de física, matemática e engenharia, há poucos engenheiros que não necessitam de uma reciclagem. Também falta conhecimento sobre os conceitos básicos de gestão, de qualidade, do que é uma empresa, o que é empreendedorismo. O conhecimento das nossas organizações de ensino é muito baixo, elas conhecem muito pouco, portanto ensinam muito pouco. Elas se atrelam a currículos acadêmicos feitos cinco, dez anos atrás e que são padronizados, são currículos muito pobres, poucas horas-aula. E os professores simplificam, porque eles praticamente decoram aqueles currículos, não têm conhecimento de causa e não passam conhecimento, ou seja, temos um problema.


C A PA

Alimentação saudável na cartilha da escola e de casa 22

16 18 20 TENDÊNCIAS A onda dos produtos customizados

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A compra de vagas na rede privada

GESTÃO Educação corporativa é tendência no ensino superior

INTERNACIONAL As lições da Terra da Rainha

INTERDISCIPLINAR Cães ganham espaço nos lares brasileiros

POR ONDE ANDA

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As histórias da vida escolar de Júlio Conte

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Classificar ou reclassificar?

33 SALA DE AULA A batalha contra a evasão na educação superior

EM DEBAT E

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LEGISLAÇÃO

INSTITUCIONAL É lançado Mestrado Profissional inédito no RS

CULTUR A Uma avenida de grandes emoções

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EDITORIAL

Expediente

Alimentação saudável na vida escolar Já é de conhecimento de todos, há um bom tempo, que devemos comer frutas e verduras diariamente, evitar doces e frituras e ingerir fibras regularmente para termos uma vida melhor e mais saudável. E também sabemos que se mantivermos hábitos alimentares pouco saudáveis as chances de adoecermos aumentam consideravelmente após algumas décadas. Mas, mesmo com esse conhecimento, por que é tão difícil cultivar hábitos alimentares saudáveis? Por que eles entram no cardápio só quando fazemos dieta? As respostas para estas perguntas são muitas, e uma das certezas que a medicina já comprovou é de que se habituar a ingerir alimentos benéficos ainda na infância contribui para uma vida adulta mais sadia. Neste sentido, o papel dos pais de apresentar uma variedade de alimentos aos filhos, desde os primeiros anos de vida, torna-se essencial. E, depois, vem a escola, com a tarefa de reforçar essa educação, mostrando os benefícios de uma alimentação mais saudável. Mas nem sempre a lógica funciona na prática. Muitas vezes, os alunos chegam às escolas com hábitos alimentares pouco nutritivos, e cabe aos educadores essa reeducação. E como fazer isso de forma a obter bons resultados? Na reportagem de capa desta edição, convidamos especialistas para trazer dicas e alternativas às escolas. Também trouxemos exemplos de instituições que colocam em prática as lições dos estudiosos no assunto. E não são poucas as escolas, tanto que os relatos não couberam no espaço da nossa reportagem e foram transportados para o espaço online da Educação em Revista, no portal do SINEPE/RS (www.sinepe-rs. org.br). Vale a pena conferir! No Ensino Superior, Educação em Revista discute os desafios das instituições para combater a evasão, que chega a 18% no Brasil. Na reportagem, os especialistas alertam que não se pode atribuir o problema somente à questão financeira do aluno, é preciso considerar também falhas acadêmicas e administrativas. Já na seção Gestão apresentamos a evolução da educação corporativa nas universidades gaúchas. Cada vez mais estão sendo criados programas customizados para atender às necessidades de formação profissional nas empresas. Boa leitura e um merecido descanso a todos! Carine Fernandes Editora da Educação em Revista

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Edição: Carine Fernandes (MTB 15449) Produção: Carine Fernandes e Patrícia Gastmann (MTB 15.336) Reportagens: Carine Fernandes, Luciani Gomes (MTB 30381/RJ), Sara Keller (MTB 14372) e Vívian Gamba (MTB 9383) Diagramação: Prya Estúdio de Comunicação Foto da capa: ISTOCKPHOTO Conselho Editorial: Prof. Osvino Toillier, Prof. Hilário Bassotto, Prof. Flávio D’Almeida Reis, Profª Mônica Timm de Carvalho, Profª Naime Pigatto Sperb, Prof. Ruy Carlos Ostermann, Prof. Pedro Luiz da Silveira Osório e Prof. Carlos Jahn.

DIRETORIA Presidente: Osvino Toillier 1º Vice-Presidente: Hilário Bassotto 2º Vice-Presidente: Flávio Romeu D’Almeida Reis 1º Secretário: Vanderlei Langoni de Souza 2º Secretário: Maria Helena Lobato 1º Tesoureiro: João Olide Costenaro 2º Tesoureiro: Wilson Ademar Griesang Suplentes: 1º Suplente: Mônica Timm de Carvalho 2º Suplente: Oswaldo Dalpiaz 3º Suplente: Adélia Dannus 4º Suplente: Delmar Backes 5º Suplente: Olavo José Dalvit 6º Suplente: Bruno Eizerik 7º Suplente: Adelmo Germano Etges

CONSELHO FISCAL Titulares: Ruben Werner Goldmeyer Luiz Fernando Felicetti Valderesa Moro Suplentes: 1º Suplente: Isaura Paviani 2º Suplente: Maria Angelina Enzweiler 3º Suplente: Anelori Lange Coordenador da Assessoria de Comunicação e Marketing: Prof. Osvino Toillier Assessora de Comunicação e Marketing: Renata Santayana Assessora de Imprensa: Carine Fernandes Relações Públicas: Luciana Moriguchi Jeckel Estagiárias: Bruna Ricardo e Marcele Wolf

Missão: Representar e congregar as instituições do ensino privado na promoção de sua qualificação permanente, diferenciação e sustentabilidade.

Visão: Ser referência como instituição no cenário educacional brasileiro, reconhecida pela eficiência na representação sindical e proposição de novos significados ao setor.

Valores: &RPSURPLVVR FRP R $VVRFLDGR eWLFD H 7UDQVSDUrQFLD &RPSHWrQFLD &XOWXUD GD ,QRYDomR 5HVSRQVDELOLGDGH 6RFLRDPELHQWDO

FALE CONOSCO Redação Cartas, comentários, sugestões, matérias: educacaoemrevista@sinepe-rs.org.br Anúncios e assinaturas E-mail: carolina@designdemaria.com.br Fone: (51) 3092-0992 Informações Fones: (51) 3213-9090 | www.sinepe-rs.org.br Educação em Revista não se responsabiliza por ideias e conceitos emitidos em artigos ou matérias assinadas, que expressam apenas o pensamento dos autores, não representando necessariamente a opinião da revista. Por motivos de espaço e clareza, as cartas e artigos poderão ser resumidos.


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ESPECIAL

Fotos Fernanda Steffen/SINEPE/RS

SINEPE/RS comemora 64 anos com homenagens ao ensino privado

Instituições de ensino premiadas foram destaque na noite

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ma noite de emoções e homenagens marcou os 64 anos do SINEPE/RS, no dia 4 de dezembro. Subiram ao palco do Teatro da PUCRS, em Porto Alegre, 23 instituições de ensino, vencedoras dos Prêmios: Destaque em Comunicação, Responsabilidade Social e Inovação em Educação, além de 12 instituições Jubilares, que receberam uma homenagem especial. A cerimônia foi acompanhada por 300 convidados, entre representantes de instituições de ensino, autoridades e parceiros do Sindicato. Na abertura do evento, o presidente do SINEPE/RS, Osvino Toillier, destacou que o trabalho dessas instituições homenageadas representa simbolicamente o que ocorre no ensino privado gaúcho, nas mais de 500 associadas e seus 600 mil alunos. “Esta não é somente uma noite de festa, mas de celebração do ensino privado.”

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As homenagens começaram com a entrega dos certificados às instituições Jubilares. Foram destacados pelos seus 50 anos o Colégio Cenecista João Batista de Mello, de Lajeado, o Colégio Cenecista Carlos Maximiliano, de São Jerônimo, a Escola Fundamental Jesus Bom Pastor, de Caxias do Sul, a Escola Técnica Itaquiense, de Itaqui, o Instituto de Educação São Francisco, de Porto Alegre, o Instituto de Educação Cenecista General Canabarro, de Teutônia, e o Instituto Laura Vicuña, de Uruguaiana. Pelos seus 75 anos foram homenageados o Colégio La Salle Carazinho, de Carazinho, Colégio Madre Júlia, de São Sepé, e Escola São Luiz Gonzaga, de Rio Grande. Antes da entrega das premiações aos 44 projetos vencedores dos Prêmios do SINEPE/ RS, foram destacados os 92 jurados que trabalharam na avaliação dos projetos. O coordenador técnico e consultor dos Prêmios, Paulo

Ratinecas, ressaltou o papel fundamental desses profissionais no sucesso dos Prêmios. “Eles realizam trabalho voluntário, que contempla investimento de horas para garantir a qualidade das avaliações, por isso eu sou grato pelo trabalho que esses profissionais desenvolvem”, ressaltou. Outro destaque da noite foi a homenagem às organizações vencedoras dos Prêmios Excelência em Comunicação e em Responsabilidade Social. Na área da comunicação, recebeu o Prêmio o Grupo RBS pela campanha A Educação Precisa de Respostas. A iniciativa, realizada em conjunto com a Fundação Maurício Sirotsky Sobrinho, tem como objetivo alertar e conscientizar os cidadãos e estimular e valorizar ações concretas de transformação no campo da educação. A homenagem foi entregue à gerente executiva da Fundação Maurício Sirotsky Sobrinho, Lúcia Ritzel. Em sua fala, ela destacou que a


campanha só consegue ter sucesso se houver engajamento das pessoas com o movimento. Em apenas três meses de lançamento, Lúcia destacou que já foram publicadas mais de 1.100 matérias sobre temas da educação, nos veículos de comunicação do Grupo, e foram promovidos seis eventos, mobilizando mais de 5 mil alunos e 400 profissionais do Grupo RBS. O site da campanha recebeu mais de 600 perguntas de professores, pais e comunidade, respondidas por especialistas da educação. “Isto nos deixa muito felizes, pois mostra que a campanha está mobilizando a sociedade”, comemorou. Já na área de responsabilidade social foi homenageado o movimento Todos pela Educação. Fundado em 2006, a iniciativa tem a missão de contribuir para que até 2022, ano do bicentenário da Independência do Brasil, o país assegure a todas as crianças e jovens o direito à Educação Básica de qualidade. O Prêmio foi entregue a Beatriz Johannpeter,

Presidente do SINEPE/RS, Osvino Toillier, destacou a atuação do ensino privado gaúcho

membro do Conselho de Governança. Em seu discurso, a representante destacou a importância do engajamento da sociedade junto ao movimento. “O Todos pela Educação entende que não é só uma responsabilidade do Estado, mas um apoio de toda a sociedade brasileira que vai garantir o desenvolvimento pleno das crianças e dos jovens. Temos a convicção de

que o principal caminho para garantir uma educação igual para todos e com qualidade é o caminho do desenvolvimento do nosso país”, sustentou. Confira no encarte especial que acompanha esta edição a cobertura completa do evento, com fotos dos premiados e dos principais momentos da festa!

Senac Educ caç ção o a Dis istâ t nc tâ ncia - EAD Av. Alberto Bins, s 665 6 - 4º and 65 andar ar - Porto P Alegre-RS Fone: (51) 3284.19 .1990 90 - (51) (5 51) 1) 32 3225. 25. 5.628 6280

t Artes Visuais: Cultu tura ra e Crir aç ação ão - 8ª ed ediç ição ã t Docência para a Educação Profissional t Educação Ambient ntal all - 17ª 7 edi diçã çãoo çã t Educação a Distâânc ncia iaa - 20ª 0 edi d çã çãoo t Educação Inclusiva va t Gestão Cultural - 7ª edi diçã çãoo çã t Gestão da Segu g ra ranç nçaa de Aliime ment ntos nt os - 9ª edição t Gestão de Varejoo - 4ª ed ediç iççãoo t Gestão Escolar - 13ª edi diçã çãoo çã t Governança de TI T - 8ª eddiçção

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TENDÊNCIAS

Do meu jeito: a onda dos produtos customizados Por Sara Keller

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Bruno Todeschini/PUCRS

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ma das poucas generalizações que podem ser feitas nessa época de incertezas é que todo mundo gosta, nem que seja só um pouco, daquilo que tem a sua cara, o seu jeito. Nós nos identificamos com o que combina com nossa personalidade – sejam coisas, lugares ou até pessoas! Talvez por isso estejamos assistindo, hoje, ao investimento que grandes marcas vêm fazendo justamente nisso: produtos personalizados, adaptados aos gostos e preferências de cada cliente. Foi-se o tempo em que customizar um produto significava fazer pequenas mudanças artesanais. A tendência hoje é outra, e tem dimensões bem maiores: a customização passou a ser feita em larga escala. Carros, móveis, sapatos e até eletrodomésticos já entraram nessa onda. Agora é possível adquirir produtos customizados de fábrica. Em uma sociedade que preza cada vez mais o individualismo, ter produtos “só seus” passa a ser uma forma de mostrar aos outros a sua identidade. A ideia da exclusividade é mesmo um atrativo que encanta uma boa parcela dos consumidores. O professor de Gestão de Marcas e Marketing Estratégico da ESPM, Marcos Bedendo, afirma que “os consumidores preferem – e pagam mais caro, até certo limite, por produtos personalizados, pois se tornam elementos de autoexpressão. Eles utilizam-se desses produtos para expressar parte de sua personalidade para as demais pessoas”. E não são poucas as marcas que têm investido nisso. Nike, Fiat, Brastemp e Dell são alguns exemplos de empresas que já oferecem produtos assim. Contudo, para

Rodrigo Krug, do curso de engenharia de controle e automação da PUCRS, ao lado da impressora 3D, a primeira fabricada no Brasil

Bedendo, mesmo que seja uma tentativa de envolvimento do grande público, esse movimento ainda é restrito às camadas de maior renda. Não são todos os que estão dispostos a pagar mais caro pela customização. Então o que leva as pessoas a investirem tempo e dinheiro atrás dos produtos sob medida? Conforme Leandro Tonetto, professor da Unisinos e sócio-diretor da Zooma, empresa focada em projetos e pesquisas sobre consumo, a busca está relacionada aos estilos de vida e de consumo de cada um. “Pessoas que tendem a atribuir bastante valor à casa, por exemplo, poderão investir mais tempo e dinheiro na personalização de seus móveis.

O investimento extra pode ocorrer frente à valorização do item pelo indivíduo.” Existe ainda um outro tipo de consumidor, aquele que recorre à customização em função de alguma limitação de contexto. “Seguindo no exemplo da casa, é possível pensar que muitos vivem em espaços reduzidos. Esse pode ser o único caminho para que seus pertences tenham lugar, pois permite melhor adaptação e aproveitamento do espaço conforme a necessidade.” Mas... se os produtos são customizados seguindo as particularidades de cada cliente, como pode a produção ser feita em larga escala? Nesses casos, os conceitos não devem ser tomados ao pé da letra.


“Apesar de mais disponível, a personalização ainda não é barata o suficiente para ser produzida para grandes públicos. O que temos hoje no mercado são produtos que dão uma impressão de personalização”, esclarece Marcos Bedendo. Os consumidores podem apenas escolher alguns elementos entre opções preestabelecidas pelas empresas. “Já é um grande avanço, mas não podemos dizer que são produtos inteiramente personalizados.” Mas as coisas não são tão simples. Justamente por oferecerem configurações especiais, tais produtos exigem mais recursos. “Por vezes eles impactam negativamente as margens e a rentabilidade das

empresas”, alerta. “Um produto personalizado, mesmo que com apenas algumas opções de diferenciação, pode complicar muito a linha de montagem, exigindo mais tempo de manufatura e maiores custos de produção.” Por esses motivos, muitos deles acabam sendo retirados de linha depois de certo tempo. Para os consumidores, além dos impactos financeiros, a onda dos customizados pode trazer mudanças nas próprias formas de consumir. “Personalizar é recriar, mesmo que parcialmente, tempos nos quais nossas posses tinham ou atribuíam a nós uma identidade diferenciada”, destaca Leandro Tonetto. “Pelo menos em relação aos produtos que são valorizados

Customização também na educação? Se a customização atingiu a indústria, já podemos dizer que chegou a serviços como a educação. Métodos padronizados de ensino vão ficando para trás e surge uma nova forma de pensá-lo. Para Marcos Bedendo, a educação tem, em si, muito de customização. “Apesar de os programas serem regulamentados pelo MEC e aplicados a todos os estudantes, o dia a dia de uma sala de aula é dinâmico. A experiência

é única para cada vez que acontece.” Mas os desafios para uma educação totalmente personalizada não são pequenos. Enxergar os alunos como grupo homogêneo ainda é o mais comum. “É preciso garantir um corpo docente qualificado e atualizado para que se possam fazer as alterações solicitadas pela própria dinâmica da aula, além de manter alunos com nível alto de interação”, sugere.

por dada pessoa, ela pode ter algo que diga alguma coisa sobre si mesma e que não seja idêntico a outros milhões que estão no mercado.” Se pensarmos nas dificuldades que podem trazer às empresas e nos custos elevados que impactam também no bolso dos consumidores, uma dúvida que surge é se essa moda veio ou não para ficar. Uma aliada, ao menos, ela já tem: a tecnologia. “Cada vez mais teremos mais tecnologia disponível para que os produtos sejam personalizáveis, ou que pelo menos passem essa sensação de personalização”, acredita Marcos Bedendo. Com essa ajuda, iniciativas cada vez mais audaciosas vêm fazendo a cabeça de marcas e clientes. De geladeiras multicoloridas a impressoras 3D que criam qualquer objeto pensado pelo usuário, esse deve ser o caminho dos negócios. “Como todo consumidor deseja que os produtos sejam do seu jeito, podemos dizer que esse é um caminho natural de desenvolvimento de negócios e marcas”, prevê.

SAIBA MAIS Conheça como ocorre a impressão de um produto na impressora 3D, na seção on-line da Educação em Revista - www.sinepe-rs.org.br

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SALA DE AULA

Um dos maiores desafios dos estudantes, hoje, é terminar seus estudos; desistência chega próximo dos 20%

Evasão na educação superior brasileira: um problema de todos Por Sara Keller

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ngressar na educação superior ainda é o sonho de muitos no Brasil. O vestibular e o Enem podem ser os primeiros obstáculos na busca pelo diploma, mas está longe de serem os únicos. Mais do que entrar na faculdade, um dos maiores desafios hoje é outro: terminar os estudos. Dados da evasão no ensino superior mostram que os índices de abandono de cursos preocupam. Conforme pesquisas do Instituto Lobo para o Desenvolvimento da Educação, Ciência e Tecnologia sobre a evasão na última década, feitas com base em dados do Inep, até 2008 a evasão anual do ensino superior brasileiro ficava próxima de

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20%. Cálculos mais recentes, atualizados até 2010, a colocam entre 17,14% e 18,69%. Pensar em números brutos não é mais animador. O Inep mostra que, em 2011, os ingressos em cursos presenciais e a distância em instituições da rede pública e privada de ensino superior somaram 2.346.695. No mesmo ano foram registrados 1.016.713 alunos concluintes, menos da metade do total de estudantes que deram início aos estudos. Algumas áreas têm números ainda mais alarmantes. Em cursos como as engenharias, que exigem uma bagagem consolidada em disciplinas das ciências exatas, são poucos os que conseguem chegar até o fim. As desistências nesses cursos ficam em torno de 40% e 50%.

As informações mostram que algo está errado. Mas de quem é a culpa? É uma pergunta difícil, especialmente porque estudos sobre a evasão, nesta etapa do ensino, ainda não são muito comuns. Para a professora Maria Beatriz Lobo, vice-presidente do Instituto Lobo, as principais causas estão divididas entre responsabilidades do sistema de ensino, das instituições e dos próprios alunos. Da formação básica deficiente a dificuldades de ambientação, os motivos podem ser muitos. Mas é um erro pensar que tais fatores sejam todos externos às instituições de ensino. “O maior e mais comum problema está ligado à prática de imputar às questões


de ordem financeira do aluno a grande causa egressos do ensino básico público, com lacunas significativas de formação, ainda bastande evasão. Não há a visão de que ela pode te indecisos sobre a escolha da carreira e que ocorrer por reflexo de problemas acadêmicos acabam por se desestimular com os desafios e administrativos. Por isso, a evasão acaba não sendo tratada como deveria ser: um pro- dos primeiros semestres.” Pensando nessa realidade, a UniRitter tem blema de gestão institucional”, argumenta a focado no suporte a alunos com dificuldades. professora. “É preciso capacitar os gestores “Um dos nossos principais para lidar com ela.” é o constante Cada aluno que deixa Atrair um novo esforços investimento na aprenpara trás seus estudos no aluno custa seis dizagem como forma nível superior causa imde assegurar o sucesso pactos significativos na vezes mais que acadêmico, diminuir os sociedade como um todo. índices de reprovação “O abandono representa manter o que e, consequentemente, da uma perda social, de evasão”, conta Laura. já está na IES” recursos e de tempo Dois programas gratuide todos os envolvidos Beatriz Lobo tos são oferecidos aos no processo de ensino”, estudantes: o Progredir, afirma Maria Beatriz. que dá suporte pedagógico buscando sanar A pró-reitora de Ensino da UniRitter, lacunas de aprendizagem, e o Psicoped, que Laura Frantz, também vê o problema da desenvolve apoio psicológico a alunos com evasão como uma perda de todas as esferas problemas de ordem emocional. Além disso, envolvidas. “O índice de evasão no ensino há o trabalho realizado com os professores e superior continua representando um sério os auxílios financeiros. risco para as instituições privadas, além de Assim, os alunos recebem apoio permauma enorme frustração para os jovens. É nente e a evasão deixa de ser a única alterpreciso levar em conta, ainda, a necessidade nativa frente às dificuldades. Conhecer ações que têm os estados e o país de formação de como essa se mostra um passo importante profissionais qualificados para impulsionar para lidar com o problema. seu desenvolvimento.” Para a professora Maria Beatriz, quase não Se colocados na ponta do lápis, os números há a divulgação de programas institucionais do abandono na rede particular de ensino sude combate à evasão no Brasil, uma vez que perior assustam. Maria Beatriz considera, letodas atuam em questões pontuais. “Nos vando em consideração um índice de evasão EUA há equipes profissionais para tratar total (setores público e privado) de 18% ao ano, que as perdas financeiras podem chegar à casa dos bilhões. “Se estimarmos como anualidade média de R$ 6.000 ano por aluno, o sistema privado, com seus 4 milhões de alunos (só presenciais), perde R$ 4,8 bilhões ao ano de receita.”

Um caso de sucesso No Rio Grande do Sul, uma das instituições que vêm trabalhando com o objetivo de minimizar os números da evasão é a UniRitter. Para combatê-la, foi preciso identificar os fatores que levam estudantes a desistirem dos cursos. Segundo Laura Frantz, algumas características são recorrentes naqueles que evadem. “São, em geral, alunos com dificuldades para custear seus estudos,

da atração de alunos e para evitar que eles se evadam. Para isso, há que se desenvolver todo um projeto que envolverá muita gente e certo tempo. Mas compensa muito, acadêmica e financeiramente, pois atrair um novo aluno custa seis vezes mais que manter o que já está na IES.” E o desafio está apenas começando. O próximo passo no Brasil é fazer com que mais pessoas das classes C, D e E entrem na faculdade. Isso não significa, contudo, que elas conseguirão concluir os estudos. “Nossas taxas de evasão no ensino superior são só um pouco maiores que nos países mais desenvolvidos, mas no ensino básico é muito alta e no médio é vergonhosa”, diz Maria Beatriz. “Quando universalizarmos o acesso ao ensino superior, as taxas de evasão subirão a patamares ainda mais desfavoráveis.” Assim, é possível perceber que os desafios para driblar a evasão são cotidianos e exigem esforços de todas as esferas envolvidas. Não são soluções fáceis ou imediatas, mas atitudes tomadas hoje podem nos aproximar do dia em que ingressar em um curso universitário seja garantia de completá-lo.

SAIBA MAIS Leia na seção on-line da Educação em Revista a entrevista na íntegra da professora Maria Beatriz de Carvalho Melo Lobo. Acesse www.sinepe-rs.org.br

Programas gratuitos do UniRitter oferecem suporte pedagógico e psicológico aos estudantes

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EM DEBATE

Compra de vagas g no setor privado André de Azevedo*

O Estado brasileiro não tem sido capaz de prover, com um (OCDE), acima de países como Reino Unido e Alemanha, que mínimo grau de qualidade, as suas funções básicas em relação apresentam uma educação de qualidade muito mais elevada do a serviços como educação, saúde e segurança, embora arrecade que a brasileira. Portanto, o maior gasto em educação não é em torno de 36% do PIB na forma de tributos. Os indicadores uma condição suficiente e, quem sabe, nem necessária para que em relação à educação, especificamente, são desalentadores. se tenha uma educação de maior qualidade. Há duas alternativas, de baixo custo econômico, mas de elevaOs estudantes brasileiros apresentam uma das menores médias de anos de escolaridade entre os países emergentes, chegando do custo político, para alterar significativamente o “estado das a apenas 7,2 anos, em 2010. A qualidade da educação brasileira artes” da educação brasileira. A primeira seria uma realocação também é fraca. O país se mantém como um dos últimos clas- substancial dos recursos federais, atualmente concentrados na sificados no exame do Programa Internacional de Avaliação educação superior, para a educação básica. Países que obtivede Alunos (Pisa), ocupando apenas a 53ª posição em 65 países ram sucesso na melhoria de sua educação destinaram esforços hercúleos justamente para prover seus esexaminados. tudantes com uma boa educação nos seus Um dos efeitos dessa situação é a Não se trata de primeiros anos de ensino, como mostra o baixa expansão da produtividade da exemplo da Coreia do Sul. A segunda, não economia. Entre 2000 e 2010, a produeliminar a educação necessariamente complementar à primeira, tividade média do trabalhador brasileiseria a compra de novas vagas com recurro aumentou apenas 9%, enquanto na pública, mas apenas sos públicos, em todos os níveis, no setor China ela cresceu 144%. Por sinal, o de gerir de forma privado, especialmente em municípios e crescimento econômico brasileiro tem estados onde há uma elevada ociosidade se baseado na incorporação de mais mais eficiente os de vagas privadas. Não se trata de eliminar pessoas, com pouca educação e treinaa educação pública, mas apenas de gerir de mento, ao mercado de trabalho, o que recursos públicos” forma mais eficiente os recursos públicos, contribui para inibir ainda mais o crespois o custo de comprar uma vaga no setor cimento da produtividade. Portanto, a melhoria da qualidade da educação é a grande reforma estrutu- privado é inferior ao da criação de uma nova no sistema públiral que falta ser feita no Brasil, porque é ela que pode criar uma co. Além disso, a qualidade do ensino do setor privado, especialmente no ensino básico, é reconhecidamente melhor do que base sólida para o desenvolvimento do país. Mas o que se pode fazer para melhorá-la? Alguns analistas a das escolas públicas. Como se observa, essas são medidas que apontam a necessidade de mais recursos para a educação. atendem ao bom senso, mas que ferem ideias ainda fortemente Atualmente, tramita no Congresso Nacional uma proposta para arraigadas em nosso país, que preferem sempre a ação direta fazer o volume de recursos para a educação chegar a 10% do do Estado, mesmo que apresentem um custo mais elevado para PIB nacional. No entanto, o país já investe 5,7% do PIB em edu- a sociedade e representem um prejuízo maior para os próprios cação, um dos índices mais altos entre os 42 países membros da beneficiários diretos dos gastos. Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico *Professor do PPG em Economia da Unisinos e consultor da Federasul

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Flavio Dutra – Secom/UFRGS

A busca pela qualidade na educação pública é um dos grandes desafios do governo, estados e municípios. Como garantir uma melhora significativa na qualidade do ensino ofertado com os mesmos investimentos e o atual modelo de gestão que vem sendo aplicado? Para alguns especialistas, uma solução de baixo custo econômico seria a compra de novas vagas com recursos públicos, no setor privado. Para discutir o assunto, Educação em Revista convidou dois professores universitários que apresentam visões distintas sobre a proposta, confira:

Maria Cristina Bortolini*

Por tratar-se, a Educação, de um Direito Fundamental de Natureza instituições, quer seja no tocante à qualidade educacional. Durante Social, firmado constitucionalmente em nosso país, a compra de séculos, o Brasil, na ausência de um Sistema Educacional, reporvagas escolares na rede privada de ensino, como forma de suprir a tou às instituições privadas a missão de educar os brasileiros. Com carência do sistema público de educação básica do Estado, decorre relação à educação superior, o fato de as universidades federais, da factual e obrigatória efetivação desse direito para todos os bra- desde longa data, possuírem e manterem um patamar de qualidade sileiros. Ante a universalidade do direito à educação, arduamente educacional (que tem superado a maioria das universidades privadas no país) não implicou a diminuição de matrículas conquistado no Brasil e só parcialmente nas redes privadas, indicando que um grande conefetivado, só resta ao Estado recorrer ao Essa é a melhor tingente de brasileiros vem recorrendo a esses sissetor privado quando seus sistemas pútemas de ensino para obter o diploma de 3º grau. blicos de ensino não possuírem vagas opção para o País, Assim, embora as comparações de investimensuficientes à demanda que se apresenta. num momento em tos do PIB com outros países nos façam pensar Ademais, todo o Ordenamento Jurídico que não investimos pouco em educação, é necesbrasileiro assenta-se nos princípios que a sociedade sário lembrar da “tradição” educacional “secular” de um Estado Social e Democrático de Direito – isso implica que o Poder reclama por maiores dos mesmos, desde a criação de seus sistemas públicos educacionais. No caso brasileiro, encerPúblico deverá organizar-se para forneinvestimentos e ramos o século XX recém inaugurando políticas cer os serviços educacionais a todos os públicas que nos permitiram universalizar a edubrasileiros e atuar sempre no sentido de melhores salários cação básica e dar, a cada brasileiro, o direito a ampliar as possibilidades de que todos uma vaga escolar. Atualmente estamos assistindo venham a exercer igualmente esse diaos docentes?” ao complexo movimento da “Escola para Todos”, reito. Deste modo, podemos observar que oscila entre a precariedade física e material que a noção de progressividade está presente em nosso ordenamento legal de forma a impedir o retroces- dos prédios e o fracasso da aprendizagem escolar. Portanto, ainda estamos no tempo de “reconstrução” do sistema so de políticas públicas voltadas à garantia deste direito que, hoje, educacional brasileiro e das suas redes escolares. O “tema de casa”, em nosso país, constitui um “bem comum”. Feitas essas ponderações, gostaria de dizer que embora não seja no tocante ao direito à educação, no Brasil, ainda não está concluído. contra as parcerias público-privadas, é necessário “contextualizá-las” Quando nosso Sistema Educacional (e nosso Estado) tiver cumprido seu dever com relação ao acesso ao ensino público e de qualidade – e quando se deseja saber qual o melhor caminho a seguir, ou, no caso isso contribuir para nossa própria cultura e tradição educacionais, específico, se essa é a melhor opção para o País, num momento em que a sociedade reclama por maiores investimentos e melhores sa- nosso “bem-comum” –, então, sim, podemos pensar em parcerias lários aos docentes da educação básica na tentativa de reverter o público-privadas como a melhor expressão da liberdade democrática e subjetiva. desolador quadro educacional que temos. Historicamente, as instituições privadas de educação básica se *Professora de Políticas e Gestão da Educação do Departamento de Estudos Especializados da sobrepuseram ao ensino público brasileiro, quer seja no número de Faculdade de Educação da UFRGS

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GESTÃO

Cursos customizados ganham espaço no mercado Por Vív ian Gamba

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Bruno Todeschini/PUCRS

O

movimento das universidades corporativas não é novo. Instituições de ensino técnico e superior vinculadas a empresas começaram a surgir na década de 50, nos Estados Unidos. A primeira de que se tem registro é o centro de treinamento da General Eletric, Crotonville, de 1956, “importante pelo novo padrão para a educação superior, num sentido amplo, e como instrumento-chave de mudança cultural”, segundo a professora da Faculdade de Economia e Administração da Universidade de São Paulo (USP) Marisa Pereira Eboli. O que caracteriza a educação corporativa é sua vinculação estratégica, afirma a professora. “Os programas, cursos e as ações educacionais devem ser concebidos e desenhados para atender com sucesso à estratégia de negócio, olhando para o futuro e para fora da organização. Isso requer certo grau de customização, dar ênfase ao negócio e ao setor de atuação da empresa e, principalmente, à sua cultura organizacional.” Provavelmente é essa a razão pela qual essa prática venha crescendo de forma exponencial nos últimos anos: rapidez na formação de mão de obra especializada e atendimento direto das políticas e estratégias da empresa. A gestora da Unidade HSM-PUCRS, Maira Petrini, acredita que o grau de maturidade das empresas em relação à gestão dos recursos humanos também explica o fato de as empresas darem mais força a essas universidades. “O Recursos Humanos tinha, muitas vezes, o papel de Departamento Pessoal. Agora, o RH passa a se valer desse conceito de universidades corporativas e planeja os programas de capacitação junto dos executivos das empresas. Se a empresa precisa de ensinamento mais técnico, pensam no curso e procuram uma forma de executá-lo.”

PUCRS oferece cursos in company com programas customizados

Na PUCRS, além dos cursos abertos, com propostas pedagógicas definidas, são oferecidos os cursos in company, com programas customizados – “quando a universidade monta um curso específico para atender diretamente à necessidade de capacitação interna de uma empresa” –, e o curso fechado, “já com programa definido, mas que pode ter algum ajuste em termos de conteúdo, direcionado a um grupo fechado de uma firma”, explica Maira. Conforme o coordenador acadêmico e coordenador do curso de Administração da Decision, da Fundação Getulio Vargas (FGV), André Scalco, a proposta é caminhar junto com as organizações na direção de projetos educacionais. “No caso da DecisionFGV, temos programas corporativos, in company e de extensão que atendem às empresas nas suas especificidades.” Para ele, é justamente a adequação que diferencia os cursos corporativos dos cursos oferecidos no mercado, “que precisam seguir um padrão preestabelecido e nem sempre conseguem oferecer o que a empresa necessita”.

A partir do ano 2000, é expressivo o crescimento das universidades corporativas no Brasil. “Estima-se que mais de 500 organizações brasileiras ou multinacionais, tanto na esfera pública quanto privada, já implantaram e estão operando seus Sistemas de Educação Corporativa (SECs)”, diz Marisa. Ela afirma que o surgimento de um novo ambiente empresarial caracterizado por profundas e frequentes mudanças, pela necessidade de dar respostas cada vez mais ágeis, impacta significativamente o perfil de gestores e colaboradores que as empresas esperam formar. “Essas tendências apontam para um novo aspecto na criação de vantagem competitiva sustentável: o comprometimento da empresa com a educação e o desenvolvimento dos seus colaboradores. A universidade corporativa emerge como eficaz veículo para o alinhamento e desenvolvimento dos talentos humanos de acordo com as estratégias empresariais.” Um “porém” dos cursos corporativos, no entanto, é a certificação. O professor da FGV Stavros P. Xanthopoylos diz que o processo


de incorporação desses cursos ao currículo está em andamento ainda. “Estamos na fase de descobrir como levar esse aprendizado para o portfólio pessoal. Essa certificação ‘interna’ conota uma nova preocupação das universidades corporativas, um novo dimensionamento, para incorporar (esses ensinamentos) ao currículo do indivíduo, para que ele possa carregar isso com ele. Ele vai levar, não tenha dúvida, mas como um descritivo da estrutura curricular do curso e da sua avaliação.” Maira acredita que “o que chancela o curso no currículo é o padrão de uma universidade”, independentemente de a certificação ser interna. Ou, ainda, do padrão da empresa, de acordo com sua representatividade e relevância em determinado segmento. “A universidade corporativa da Petrobras é maior que muitas universidades do país. Tem uma estrutura muito grande e legítima pelo conhecimento e pela área na qual atua.” Scalco concorda que os programas desenvolvidos

soluções, de forma pelas universidaEstima-se que mais a propiciar uma des corporativas de 500 organizações formação contínua agregam valor ao e eficaz aos colacurrículo e são brasileiras ou boradores”, ressalta reconhecidos por Scalco. Marisa alerta outras empresas. multinacionais já que é necessário “Mas para que isso implantaram e derrubar mitos em aconteça, é imporrelação à universidatante que sejam estão operando seus de corporativa, como ministrados e certificados por instituiSistemas de Educação o de que veio para substituir as univerções reconhecidas Corporativa (SECs)” sidades tradicionais no mercado.” e que requer mais Está mais do que Marisa Pereira Eboli recursos do que se na hora de as uniaporta para centros versidades ampliatradicionais de treinamento. E algumas rem seu foco para atender a essa demanda. verdades sempre devem ser levadas em “A aproximação da universidade com o merconta: “É um sistema estratégico e intecado e com as empresas é essencial para um grado de formação de pessoas que requer trabalho efetivo, com base na percepção das revisões periódicas e envolvimento dos suas necessidades latentes. Isso faz com que líderes em todas as etapas do projeto, isto possamos cumprir nosso papel perante a soé crucial para o seu sucesso.” ciedade prevendo problemas e antecipando

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INTERNACIONAL

Lições da Terra da Rainha Dois anos atrás, Michael Gove, secretário de Educação do recém-eleito partido conservador, anunciava mudanças que impactariam a vida de alunos e professores ingleses no sistema público. O documento, intitulado A Importância do Ensino, trazia um discurso de revalorização do status e da autoridade do professor como peça-chave do aprimoramento do sistema educacional inglês. Desde então, as mudanças têm sido rápidas e as escolas têm tido que apressar o passo para se manterem no ritmo de tantas novas iniciativas. Um dos maiores desafios do governo atual tem sido diminuir o percentual de defasa- Deivis acredita que um dos fatores essenciais de uma escola de qualidade é ter uma liderança eficaz gem escolar entre alunos carentes e os das estado dispostos as pagar entre 10 e 30 mil pelo menos dois fatores essenciais que consclasses média e alta. libras por ano (por volta de 34 e 100 mil tituem uma escola de qualidade – seja Existe uma preocupação excessiva na por ano) para que seus filhos frequentem ela pública ou privada. Primeiramente a sociedade britânica com a divisão de escolas particulares. Apesar da qualifi- escola precisa de uma liderança eficaz, classe, o que se reflete visivelmente no cação dos professores dessas instituições que promova não apenas uma educação sistema escolar. Como professor brasileiro não ser muito diferente da qualificação de qualidade mas também uma educação em uma escola pública de ensino funda- dos professores de escolas públicas, onde continuada para que os professores possam mental, faço parte 75% têm no mínimo uma ter um impacto ainda maior e mais eficaz da minoria irrisória pós-graduação, a escola na aprendizagem dos alunos. Já o segundo A escola de professores esparticular é vista como fator é o comprometimento da escola com particular é trangeiros qualificauma ferramenta de mo- o aprendizado de todos os alunos na escola, dos atuando no país, vista como uma bilidade social. O perfil independentemente de diferenças sociais, em contraste com os do aluno que frequenta a econômicas e de habilidades. Isso só se 98% de professores ferramenta escola particular é o grande concretiza a partir do momento em que a britânicos brancos. diferencial no desempenho escola promove atividades desafiadoras, de mobilidade A etnia nesse caso escolar, já que vem de suporte aos alunos com maior defasagem tem um significafamílias onde a educação e dá ao aluno maior responsabilidade pelo social” do importante em é prioridade. Mais recenteseu próprio aprendizado. algumas regiões, mente, várias instituições Embora a Inglaterra e o Brasil tenham especialmente nas grandes cidades, como particulares têm tentado estabelecer par- contextos sociais, econômicos e educaLondres, Manchester e Birmigham, onde cerias com escolas públicas, principalmencionais distintos, ambos compartilham tanto escolas do ensino fundamental como te aquelas com baixo desempenho, a fim aspectos importantes como, por exemplo, médio têm índices altos de alunos de mi- de promover uma maior integração entre a busca por uma educação de qualidade. norias étnicas e falantes de inglês como E mesmo a Inglaterra tendo avançado em classes sociais tão distintas. Esse tem sido segunda língua. Essa disparidade muitas muitas áreas importantes, acredito que o um processo lento e nem sempre bem-suvezes se transforma em um problema na Brasil ainda seja o país com o maior pocedido, mas com o apoio do governo atual, sala de aula, já que o professor nem sempre muitas instituições ainda devem insistir tencial de crescimento na qualidade de educação e na promoção de uma escola de tem um entendimento adequado do con- em tais parcerias. Refletindo sobre o sistema educacional qualidade para todos. texto cultural desses alunos, sequer das dibrasileiro e o britânico, no crescente debate ficuldades daqueles que estão nos estágios Deivis Dutra Pothin público sobre a melhoria da qualidade de iniciais de aquisição da língua inglesa. Professor e supervisor pedagógico na St Luke’s Primary Embora haja escolas públicas de altíssi- educação no Brasil e na minha própria expeSchool, Londres. Formado em Letras pela Unisinos, aturiência em ambos os países na sala de aula ma qualidade e com desempenho excepalmente é doutorando em Educação na Universidade de Londres. e em liderança escolar, consigo identificar cional, muitos pais da classe média têm

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m o c o d i z u d o r p l a i r e t a a z e r M u t a n a d o g i papel am o m o c s n e g a m para que i estas não façam ado. ss a p o d e rt a p C FS

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Lídia Dutra/Universidade Feevale

C A PA

Crianças devem ser incentivadas desde cedo, pelos pais, a consumir alimentos saudáveis

Alimentação saudável na cartilha da escola e de casa Por Vív ian Gamba

C

omer bem e de forma adequada é uma preocupação de todos, mas a prática dessa premissa para uma vida saudável deixa a desejar. No Brasil, mais da metade da população está acima do peso e as crianças não fogem à regra. A Pesquisa de Orçamento Familiar (POF), realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), mostra que o índice de sobrepeso chega a 34,8%

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nas crianças entre 5 e 9 anos. Outro estudo do IBGE, a Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar (Pense/2009), aponta que os alunos do ensino fundamental da rede privada têm alimentação menos regrada do que os da rede pública: o consumo de salgados fritos, por exemplo, é de 14,3% nas escolas privadas, contra 12% nas públicas, e apenas um terço dos alunos da rede privada consome frutas e hortaliças em cinco dias ou mais na semana.

Por que isso acontece e o que pode ser feito para reverter esse quadro? Conforme a coordenadora de Alimentação e Nutrição do Ministério da Saúde, Patrícia Jaime, esses dados estão ligados principalmente ao padrão financeiro das famílias e às questões de praticidade que elas adotam. “É muito mais fácil colocar biscoito de pacote salgado ou recheado (na lancheira) do que preparar um sanduíche natural em casa”, afirma. Na rede pública, às vezes


transformarem seu estabelecimento”, esclarece Patrícia. Para a coordenadora, a escola é “um espaço privilegiado para ações de promoção da alimentação saudável, em virtude de seu potencial para produzir impacto sobre a saúde, autoestima e desenvolvimento de habilidades para a vida de todos os membros da comunidade escolar”. E ela acredita que isso pode ser feito com o uso da temática de forma transversal no currículo escolar, em atividades interdisciplinares, gincanas, trabalhos direcionados para esse fim em dias festivos, transformação da cantina escolar e conscientização das famílias e da comunidade escolar. Comer bem desde cedo Até chegar à escola, a criança percorre um bom caminho. De acordo com a nutricionista e doutora em endocrinologia da Universidade de Caxias do Sul (UCS) Karina Giane Mendes, a boa alimentação deve ter início ainda na gestação e, após o período de amamentação com leite materno, que deve ser de pelo menos seis meses, os alimentos devem ser introduzidos gradualmente. “É importante que até o primeiro ano de vida a criança tenha

Dani Schiavo/UCS

não existem alternativas. “Muitas crianças se alimentam exclusivamente da merenda escolar, que segue um qualificado programa de normas nutricionais”, observa Patrícia. Esse seria um dos fatores que respondem pelos bons índices, em termos comparativos. O trabalho do Ministério da Saúde em relação à rede privada é de orientação. Em setembro, foi lançado, em parceria com a Federação Nacional das Escolas Particulares (Fenep), o Manual das Cantinas Escolares Saudáveis, que oferece às instituições de ensino desde sugestões de quais alimentos devem ser oferecidos até estratégias de como atrair os estudantes para o consumo de alimentos mais saudáveis. “É um guia para donos de cantinas escolares que queiram transformar seus estabelecimentos em locais para a promoção da alimentação saudável. Ele contém informações fundamentais sobre alimentação e nutrição: o que é um lanche saudável, orientações sobre normas de higiene, estratégias e sugestões de um cronograma para implantar a cantina saudável, dentre outras. O manual foi estruturado em etapas, que de forma clara e simples ajuda os gestores e donos de cantinas a

Manual das Cantinas Escolares Saudáveis foi apresentado a representantes de instituições de ensino privadas, em Porto Alegre

A escola é um espaço privilegiado para ações de promoção da alimentação saudável”,

Patrícia Jaime

oportunidade de conhecer diferentes cores, texturas, sabores e obtenha prazer por meio dos alimentos e combinações desses”, explica Karina. A especialista recomenda que pais e familiares sejam criativos na apresentação dos alimentos no dia a dia e estimulem o consumo de “comida de verdade”. Isso significa diminuir a oferta de salgadinhos industrializados, guloseimas, doces, refrigerantes e sucos artificiais. “É importante incentivar desde cedo o consumo de frutas, verduras, cereais integrais e água, e preparar uma alimentação variada nas opções e nas cores.” Embora os pais acreditem que as crianças devem “comer de tudo”, Karina avisa que as preferências devem ser respeitadas. “Se a criança gosta de moranga e não de cenoura, não tem problema. Os dois alimentos são fonte de vitamina A.” Então, é preciso estar atento às alternativas e substituições que podem ser feitas no cardápio para que todos os nutrientes e vitaminas necessários sejam contemplados. A nutricionista destaca, ainda, a importância da maneira de preparar os alimentos. “Devemos evitar os fritos e dar preferência aos assados, grelhados e refogados.” Hábito começa em casa Os hábitos alimentares são geralmente adquiridos em casa e de acordo com o modelo proposto pela família, lembra a psicóloga e psicanalista do Centro Lydia Coriat de Porto Alegre Ivy Dias. Se os pais

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C A PA

O Colégio Farroupilha, de Porto Alegre, Escola cultiva o bem-estar estão “consumidos pelo mundo do trabadesenvolve trabalhos com esse direcionaO ambiente escolar é um indutor de lho”, segundo ela, tendem a ficar limitados mento em todo o âmbito escolar, desde os práticas alimentares saudáveis, acredita em relação aos hábitos, à alimentação, às anos iniciais. “Até os 3 anos, o Colégio ofePatrícia Jaime, que coloca o respeito à questões de aprendizagem e até ao brincar rece alimentação completa, com um cardáalimentação regional e da criança. “Eles vão pio equilibrado e adequado às necessidades a produção de hortas estentar ‘se livrar’ da É importante que colares como exemplos das crianças”, explica a nutricionista da tarefa, resolvendo-a escola, Magali Martins. de estímulo ao ensino de de forma rápida e, até o primeiro No Jardim, os pequenos passam a parbons hábitos. Para ela, a portanto, inadequaticipar de forma mais ativa desses projeano de vida a realização de atividades, damente. Em vez de tos, como o realizado na horta da escola. o uso dos alimentos proselecionar comidas criança tenha “Encomendamos as mudas (a nutricionista duzidos na alimentação saudáveis, o que dá justifica o anseio dos pequenos pelo resulescolar e o monitoramentrabalho, tem um oportunidade tado rápido para preterir o uso de sementes), to da situação nutricional custo alto e exige eles plantam, ajudam a cultivar e colhem de conhecer das crianças ajudam a tempo, acabam por os alimentos que vão ser usados na prepaeducá-las nesse sentido. introduzir alimendiferentes cores, ração dos pratos que eles consomem, como Além disso, vale incentos prontos e com alface e tomate.” Os pequenos têm, ainda, tivar (dentro da escola) qualidade duvidosa”, texturas, sabores” oficinas de culinária, nas quais aprendem o consumo de frutas, alerta. Karina Giane Mendes a preparar uma série de alimentos. Além verduras e legumes e Ivy assinala outra disso, é nessa etapa escolar que os alimenrestringir o comércio de questão a considetos começam a ser trazidos de casa, então alimentos e preparações com alto teor de rar: “As crianças pequenas, em média, a os pais são orientados a preparar lanches gordura saturada, gorduras trans, açúcar partir dos 3 anos de idade, começam um que incluam sucos e frutas. livre e sal. movimento de desafio, esperado e importante para o seu desenvolvimento, às normas propostas pela família. Na questão da alimentação, isso irá se refletir nos pedidos por alimentos não saudáveis, mas que são ofertados pelo social, como os hambúrgueres, os salgadinhos, os doces”. O que os pais devem fazer? A psicóloga afirma que é fundamental dar atenção ao cardápio alimentar, mas assegura que mais importante que isso é reconhecer que as crianças respondem melhor ao que os pais demonstram da sua própria experiência de vida. “Não adianta o pai ou a mãe dizer para a criança comer alface e abacaxi se eles próprios abusam em sua alimentação cotidiana.” Karina concorda e acredita que a escola pode ajudar muito na adoção desses bons hábitos, por meio de um cardápio adequado e atrativo às crianças, “seja nos lanches da manhã e tarde, no almoço em bufê ou no bar da escola, mas é necessário que essas atitudes continuem em casa e que sejam apoiadas por todas as partes (envolvidas): pais, familiares, professores e Estudantes do Colégio Farroupilha levam os ensinamentos sobre alimentos saudáveis para casa funcionários”.

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Magali assegura que o envolvimento dos alunos funciona. “Eles são multiplicadores do que aprendem no colégio. Levam esses ensinamentos para casa e muitas vezes ficam constrangidos quando abrem a lancheira e veem um refrigerante no lugar de um suco de frutas”, conta. Os pais são cobrados por isso e pelo que colocam à mesa em casa. “Eles dizem que as crianças comem mais alface, por exemplo, e reclamam quando o prato não está colorido.” De acordo com a nutricionista, os pais são alertados a respeito da necessidade da alimentação saudável em casa. “Eles dizem que a escola tem que oferecer (saladas e frutas), e oferecemos, mas a resistência será muito grande se as crianças não tiverem o hábito fora daqui.” É comum que os alunos que passam a ter uma alimentação diferenciada – as famílias recebem 30 sugestões de lanches para a merenda escolar – comecem a exigir frutas no cardápio, por exemplo. “Esse alimento passa a ser necessário. Hoje em dia vejo muito mais o consumo de frutas no bar: os alunos pedem uma pera, uma maçã ou um pedaço de melancia”, observa Magali. Embora sistemática no Farroupilha, a prática da alimentação saudável foi ampliada na instituição com a lei municipal 10.167/2007, que regulamentou regras para

Os professores são referência para as crianças e os adolescentes, e devem compartilhar e participar das refeições para validar ainda mais esse trabalho”

Josiane Siviero

Projeto interdisciplinar do Sagrado Coração de Jesus levou para as aulas de Português receitas sobre alimentação saudável que foram postas em prática pelos estudantes

cantinas e bares de escolas, a fim de que comercializassem produtos mais nutritivos. Segundo Magali, o que era uma orientação quando a lei entrou em vigor hoje é uma parceria: é ela quem prepara, oficialmente, o cardápio oferecido pela cantina da escola, e os novos contratos firmados com o Colégio preveem o acompanhamento da nutricionista na elaboração dos cardápios. Outra novidade saudável no pátio do Colégio é o quiosque da empresa Saúde no Copo, reconhecida e conceituada no mercado, que passará a funcionar em fevereiro de 2013. “O Farroupilha está acompanhando as tendências. Hoje em dia, a alimentação saudável é assunto em qualquer meio, seja na prevenção ou no auxílio à cura de doenças. (A vinda dessa marca) só vai aprimorar o que já está em andamento na escola”, acredita Magali. Cozinha sustentável no colégio Crianças à frente da preparação dos alimentos podem ser de grande ajuda na formação do bom hábito alimentar na escola e em casa, ainda mais se elas souberem, de fato, reconhecer aspectos nutritivos, fazer o bom aproveitamento dos alimentos e levar esse conhecimento às pessoas do seu convívio. No Colégio Sagrado Coração de

Jesus, de Bento Gonçalves, a professora Andréa Alquete desenvolveu um projeto de consumo saudável e consciente no 5º ano. O trabalho é multidisciplinar: envolve Português (nos textos informativos e receitas), Matemática (cálculos para receitas e de desperdício, porcentagem nutricional), Geografia (estatísticas sobre desnutrição, desperdício e hábitos alimentares das diferentes regiões do Brasil), Ciências (cultivo dos alimentos, tabela nutricional) e História (hábitos dos antepassados, resgate de receitas antigas e saudáveis). Além de uma alimentação correta, as crianças aprendem, por exemplo, que cascas, folhas e talos também são fontes de nutrientes e podem ser incluídos na preparação de pratos. O livro “Pequenos Chefs na sustentabilidade alimentar”, um dos resultados desse projeto, traz uma série de receitas que podem suprir carências nutricionais, evitar doenças e fazer com que os leitores percebam que práticas de reaproveitamento podem fazer diferença na questão ambiental. Exemplo de superação O Ministério da Saúde disponibiliza materiais educativos para serem utilizados pelos professores em diferentes atividades

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e projetos na sala de aula ou em toda a escola, indica a nutricionista e doutora em Gerontologia da UCS Josiane Siviero. Para ela, os professores são referência para as crianças e os adolescentes, e devem compartilhar e participar das refeições para validar ainda mais esse trabalho. A professora de Língua Portuguesa Iara da Silva Baldissera, do Colégio Medianeira de Bento Gonçalves, fez mais do que isso: mostrou aos alunos que mudança de hábito e determinação são aliados no combate à obesidade e que é possível, com reeducação alimentar, transformar uma realidade. O histórico de sobrepeso de Iara teve início ainda na adolescência, quando foi vítima de bullying. “Decidi não ser mais gorda Professora Iara Baldissera utiliza sua história pessoal para conscientizar os estudantes e passei a cuidar da minha alimentação”, sobre os resultados de uma alimentação mais saudável conta. “Não foi difícil, pois estava bastante decidida. (O resultado) não demorou muito. Associei minha dieta a atividades importância da alimentação, principalmenque têm o papel de ensinar. E a alternativa físicas, que faço até hoje, e consegui o que te para manter a forma e a saúde.” dada a eles, em termos de alimentação, é queria.” a possibilidade da escolha baseada no coOs alunos muitas vezes não acreditam Trabalho direcionado a adolescentes nhecimento do que é bom e saudável, e na que ela já passou por isso, mas Iara comJosiane afirma que é importante tratar possibilidade de experimentar e escolher partilha sempre sua experiência para que de temas que sejam de interesse dos entre moranga e cenoura, entre rúcula e eles percebam que os bons hábitos trazem alunos e que tenham aplicabilidade no alface, entre laranja e bergamota. Se o ammuitos benefícios. “Digo a eles que não dia a dia. “Com adolescentes, por exembiente que os cerca oferece tudo isso, eles há objetivo concluído sem uma parcela de plo, é importante trabalhar a relação dos terão condições de “montar seu próprio dedicação e vontade de atingir a meta.” alimentos e sua harmonia com o corpo cardápio” com responsabilidade. A professora acredita que entre os prinsaudável, a estética, o bem-estar mental.” A pauta desta reportagem foi construída em reunião cipais pecados em relação à alimentação No Colégio Farroupilha, a discussão sobre realizada na Delegacia Regional Serra, com a colabodas crianças na escola alimentação saudável entre ração dos seguintes profissionais: Ariane Pegoraro e está comer porcarias e Decidi não ser os adolescentes inclui trans- Iara Baldissera (Colégio Medianeira), Bruna Borges (Colégio São Carlos), Ir. Roselâne Weber e Jocelia tornos alimentares, comuns que o papel dos pais é Pagoni (Colégio Sagrado Coração de Jesus), Karina mais gorda e nessa faixa etária, em função essencial para reverter Giane Mender e Rosa Ana Bisinella (Universidade de da grande preocupação com o esse quadro. “Minhas Caxias do Sul), e Bernadete Cheisa (Colégio Murialdo) passei a cuidar corpo. “Inclusive os meninos duas filhas não gostaparticipam das atividades”, vam de frutas. Achei da minha ressalta Magali. SAIBA MAIS artimanhas para que alimentação” Pais, professores e profissioelas comessem: cortaConfira no espaço online da nais ligados à saúde devem ter Educação em Revista: va as frutas como se Iara Baldissera consciência de que “exemplo” Cases de instituições de ensino fossem batatas fritas, e “alternativa” são palavrasque trabalham com a alimentação fazia sanduíches sausaudável dáveis em formato de coração. Elas se di- -chave em todo esse processo. Crianças e adolescentes estão sempre em busca de A lei municipal 10.167/2007, vertiam e comiam. Até a 8ª série, levavam o referências, em casa, na escola e entre que regulamentou regras para lanche de casa.” Hoje, Iara comemora o fato amigos, e os adultos são seu principal escantinas e bares de escolas de elas estarem acostumadas a tomar água pelho. Então a alimentação saudável deve O Manual das Cantinas Escolares no lugar de refrigerante e comer frutas, no começar por aqueles que dão o exemplo, Saudáveis, na íntegra lanche, em vez de salgadinhos. “Sabem a

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OPINIĂƒO

11 razĂľes para professores e gestores criarem blogs Blogs sĂŁo ferramentas de utilização descomplicada e simples que permitem que vocĂŞ tenha uma audiĂŞncia para o que escreve e aumentam exponencialmente sua comunicação com alunos, pais, colegas e pĂşblico em geral. Seja o professor que mantĂŠm um blog de sua disciplina ou turma, ou o diretor/coordenador que tem em seu blog um canal aberto de comunicação com a sua instituição de ensino, o fato ĂŠ que escrever um blog vai tornĂĄ-lo mais prĂłximo de sua comunidade de atuação. Deste modo, aponto algumas razĂľes pelas quais vocĂŞ deveria ter seu prĂłprio blog. ‡ 2 EORJ TXHEUD EDUUHLUDV HQWUH YRFr H VHX grupo de atuação. Ă€ medida que escreve e narra os acontecimentos, vocĂŞ cria mais cumplicidade e compreensĂŁo com seus leitores. ‡ 3RU PHLR GD IHUUDPHQWD ´FRPHQWiULRVÂľ DV pessoas que acompanham seu blog podem fazer perguntas, comentar e dar suas opiniĂľes. As pessoas passam a interagir mais e diminuem os distanciamentos. ‡ 2 EORJ VHUYH WDPEpP SDUD PRVWUDU R que vocĂŞ tem realizado em sua instituição de ensino. A transparĂŞncia nas açþes cria vĂ­nculos duradouros com as pessoas envolvidas. ‡ 2 EORJ SRGH IXQFLRQDU FRPR XP FHQWUR de referĂŞncia de sua trajetĂłria profissional. Pode ser um portfĂłlio pessoal nĂŁo sĂł de suas açþes, como tambĂŠm daquilo que vocĂŞ pensa, dos livros que lĂŞ, dos autores que admira e das ideias em que acredita. ‡ 'LYXOJXH VHX EORJ H HVWDEHOHoD UHODo}HV com outros profissionais da ĂĄrea. Comente em blogs de colegas e especialistas e tambĂŠm convide outros para conhecerem e comentarem em seu blog.

‡ 6HX EORJ VHUi VHX DPELHQWH SHVVRDO de aprendizagem, no qual vocĂŞ nĂŁo sĂł compartilha seus conhecimentos como participa dos ambientes de outros profissionais, trocando ideias e experiĂŞncias e desenvolvendo-se profissionalmente de maneira contĂ­nua. ‡ (VFUHYHU p XP H[HUFtFLR GH UHIOH[mR pessoal, e blogs sĂŁo meios incrĂ­veis para que vocĂŞ reflita nĂŁo sĂł sobre sua prĂłpria escrita, como tambĂŠm sobre sua prĂĄtica profissional. Ou seja, refletindo sobre suas postagens vocĂŞ passa a observar melhor o que tem feito e como pode aprimorar sua prĂłpria atuação. ‡ &RPSDUWLOKH UHFXUVRV H LGHLDV HP VHX blog. O conhecimento ĂŠ algo que precisa circular, e blogs podem ser ferramentas de excelĂŞncia para que isto aconteça. ‡ 3RU PHLR GR EORJ YRFr HVWDUi LQYHVWLQGR continuamente em sua formação profissional. Isto faz com que vocĂŞ se informe mais, busque ideias inovadoras e seja capaz de adicionar novos aspectos Ă sua prĂĄtica profissional. ‡ 2 EORJ SHUPLWH TXH VXD FRPXQLGDGH acompanhe vocĂŞ nas mudanças que precisam ser implementadas em sua instituição. O caminho percorrido e compartilhado gera maior compreensĂŁo das mudanças necessĂĄrias. ‡ &RP VHX EORJ GH PRGR PXLWR JHQHURVR vocĂŞ permite que outros tambĂŠm compartilhem seus conhecimentos e experiĂŞncia. Isto dĂĄ ao seu prĂłprio caminho profissional um grande valor. VocĂŞ passa a narrar a sua prĂłpria histĂłria na educação, na medida em que escolhe começar a expressar e dividir suas experiĂŞncias. Depois que vocĂŞ, professor tiver seu

prĂłprio blog e conseguir entender o potencial desta ferramenta, serĂĄ hora de criar a oportunidade para que seus alunos comecem a comunicar-se e conectar-se com o mundo desenvolvendo habilidades importantes para o sĂŠculo XXI. Obviamente, seus alunos jĂĄ se conectam com o mundo, mas com os blogs vocĂŞ serĂĄ capaz de estabelecer objetivos pedagĂłgicos para muito alĂŠm do que sempre fez. Eis algumas razĂľes pelas quais a utilização pedagĂłgica dos blogs enriquecerĂĄ a experiĂŞncia dos alunos. ‡ 2V EORJV SDVVDP D GRFXPHQWDU R GHVHQvolvimento do aluno. A possibilidade de manter a histĂłria das atividades realizadas faz com que os alunos percebam sua evolução e a trajetĂłria percorrida. ‡ 2 FRQKHFLPHQWR p VRFLDOL]DGR HQWUH R grupo. O blog torna a aprendizagem algo coletivo, promovendo a interação e colaboração entre os alunos. ‡ 2V DOXQRV SDVVDP D HVFUHYHU SDUD XPD audiĂŞncia. NĂŁo sĂł o professor lerĂĄ as produçþes, mas tambĂŠm o grupo de colegas e todas as pessoas a quem for aberto o acesso ao blog. ‡ &RP D HVFULWD H FRPHQWiULRV HP EORJV os alunos desenvolvem autoria, passam a ter uma voz e como tal desenvolvem uma maior reflexĂŁo sobre o processo da escrita. ‡ )LQDOPHQWH HVFUHYHU H GRFXPHQWDU D aprendizagem em blogs promove um maior entusiasmo e motivação para escrever. Marlise Santos Mestre em Educação, especialista em InformĂĄtica na Educação. Autora do blog: Tecnologia e Inovação – marlisesantos.wordpress.com

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INTERDISCIPLINAR

Famílias estão aumentando com os novos integrantes de quatro patas

Agora parte da família, animais domésticos são tratados cada vez mais como humanos Por Luciani Gomes

Foi-se o tempo em que o cachorro era apenas o melhor amigo do homem. Hoje em dia, ele, assim como o gato, acumula também o papel de filho ou de membro mais querido e paparicado da família. O animal de estimação tem sido cada vez mais a escolha de famílias e também homens e mulheres que moram sozinhos em busca de uma companhia. Possuem roupas, sapatinhos, perfume, camas variadas,

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escolhem suas próprias comidas e brinquedos, fazem massagens, relaxam no ofurô e até frequentam creches. Mas será que tanto mimo faz bem ao animal de estimação? Tantos cuidados não podem acabar prejudicando sua personalidade e deixando-o de fato menos bicho e mais humano? Para a psicóloga e veterinária Hannelore Fuchs, o suposto excesso de mimo aos

cãezinhos, principalmente, não deve ser encarado necessariamente como um problema. “Se você satisfaz as necessidades dele e tem certeza de que ele não está sofrendo, você teoricamente não está fazendo mal”, defende. O restante, ela explica, são fatores psicológicos, psicossociais, de dar limites ou não, que variam de acordo com a permissividade de cada dono e da maneira como se convive com o cão. Hannelore


explica que os cachorros são, hoje, muito mais A doutora Hannelore afirma não ser contra limpar as extremidades, e massagem para que companheiros: são substitutos das relações massagens, sessões de yoga para cães e outros relaxar e baixar o nível de atividade”, explica falhas de seus donos. “Pela capacidade de animais. Considera os tratamentos extensões Rafaela. A diária varia entre R$ 36 e R$ 50, mostrar o amor e de entender o ser humano, do fato de ver e tratar o cão como uma pessoa. dependendo do pacote escolhido, e a creche o animal doméstico, principalmente o cão, “Do ponto de vista veterinário, por que não um funciona das 7 às 20h. passou a preencher as necessidades afetivas ofurô, desde que você seque ele adequadamenO pequeno espaço do apartamento foi o que do ser humano.” É a necessidade de ter um te?”, indaga. Unhas e pêlos pintados, roupas levou a carioca Jaqueline Thompson a criar, ser vivo por perto, alguém para cuidar, amar que atrapalhem os movimentos do animal, ela com o marido, em 2008, a creche canina Casa e ser amado, isto é o não apoia, no entanto. Tanto Hannelore quanto de Simbad, na Barra motor dessa relação com Corso consideraram difícil definir um limite da Tijuca, no Rio de Solidão é um dos os animais de estimação, do que é excessivo no relacionamento entre Janeiro. A proposta do segundo a psicóloga. seres humanos e animais de estimação. A local é ser um espaço principais motivos É a solidão um dos psicóloga e veterinária arrisca dizer, no entanto, de diversão para os que levam os seres principais motivos que que, em tese, o cão deve manter sua personalianimais. “Optamos por levam os seres humanos dade de cão e assim conseguir viver. “O animal deixar o cão livre para humanos a buscar a buscar nos cães família também tem cognição. É uma questão de resser... um cão! Ofurô, e amizade, segundo o peito, de cuidar para não deturpar a imagem escova de chocolate e nos cães família e psicanalista Mário Corso, dele e tratá-lo como criança, por exemplo. Pois outros itens do tipo spa amizade” membro da Associação aí ele deixa de ser cão, mas também não vira são para deixar o dono psicanalítica de Porto um ser humano”, diz Hannelore. “A gente acha feliz, não o pet”, explica Mário Corso Alegre (Appoa). Os pets que os cachorros precisam de certas coisas. Jaqueline. Ela prefere exigem uma doação de Mas isso, na verdade, é uma questão cultural não interferir na eduseu dono, que tem que se preocupar com alitambém. Os índios não lidam com os cães da cação dos cães que frequentam a clínica, nem mentação e necessidades diversas do animal, mesma forma que a gente lida, por exemplo”, opinar. A única coisa que diz defender abertaao mesmo tempo que ganha uma excelente conclui Corso. Assim, é importante sabermos mente a seus clientes é a castração e o adestracompanhia para o dia a dia. O tamanho dessa dar carinho, atenção aos animais, mas sem mento, não para torná-los mais humanos, que doação de tempo, atenção e até mesmo dinheiro exagerar na dose e interferir no que ele essenfique claro. Mas sim para que o convívio com a empregado é que varia de um caso para o outro. cialmente é. família seja o melhor possível. “Vejo casos de pessoas que não têm laços reais com pessoas e, assim, acabam substituindo-os pelos animais”, explica, acrescentando que o relacionamento entre seres humanos e cachorros é um excelente antidepressivo. “É um jeito de a pessoa ter uma extensão sua, alguém que forneça um amor incondicional, supostamente.” Proprietária da PetCreche, um centro de hospedagem que oferece day care para cachorros criado há quatro anos em Porto Alegre, Rafaela Grazziotin acredita que a troca do pátio da casa por um lugar no sofá da família fez com que a preocupação dos donos com seus animais ultrapassasse as barreiras de alimentação e saúde. O lazer e o bem-estar passaram a ser encarados como prioridade também. “Eles querem que o cachorro brinque, interaja com outros cães, faça atividades, aprenda algumas brincadeirinhas e não passe o dia inteiro em casa.” Os cerca de 25 cães que frequentam a PetCreche diariamente têm sessões de brincadeira com bolinha, aula de bons modos, caminhada, corrida, futebol. Nova tendência no mercado, as creches para cachorros oferecem diferentes atividades de recreação “Ao final do dia eles ganham banho seco, para

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Luís Ventura

POR ONDE ANDA

As histórias da vida escolar de Júlio Conte Natural de Caxias do Sul, o psicanalista, diretor de teatro, ator e dramaturgo brasileiro Júlio Conte é um nome expoente nas artes cênicas. Sua obra de maior destaque, ‘Bailei na Curva’, é um dos maiores sucessos do teatro gaúcho, completando 29 anos da montagem, em 2012. Nesta entrevista, Conte fala sobre a época de estudante, em que era “um menino levado. Muito curioso, mas tímido”, e a influência das escolas por onde passou na sua formação. Confira: Educação em Revista - Conte um pouco como foi a sua formação escolar. Júlio Conte - Estudei nos primeiros anos no Grupo Escolar Francisco Genrosi, em Forqueta, na época era uma vila a 17 quilômetros de Caxias do Sul. Eu ia a pé para o colégio. Depois nos mudamos para Porto Alegre e no quarto ano estudei no Instituto Santa Cecília, que era perto da minha casa. Depois no Colégio Bom Conselho, pois minha irmã e meu irmão menor estudavam lá e por isso era mais fácil o ir e vir. Depois, fiz o Admissão ao Ginásio no Colégio Marista Rosário. Ali fiz todo o ginásio e o primeiro ano do Científico. Depois fui para os Estados Unidos, onde estudei no Silver Creek High School. Voltei ao Brasil em 72 para encerrar o segundo grau no Colégio Israelita. Fiz vestibular no final do ano e ingressei na Faculdade de Medicina da UFRGS. No meio do curso fiz novo vestibular para Arte Cênica. Concluindo os dois cursos superiores entre 83 e 84. Quais as lembranças mais marcantes da sua vida escolar? Lembro que, ainda em Forqueta, tomava café com leite e comia um bife de manhã antes de caminhar até a escola. Demorava muito e eu sempre me atrasava. Depois, em Porto Alegre, a mudança foi muito radical, de um lugar em que todos os professores sabiam o meu nome para ser um número na chamada. Como era o Júlio Conte aluno? Era um menino levado. Muito curioso, mas tímido. Tinha vergonha de mostrar que não sabia alguma coisa. Então eu ficava quieto e o pessoal pensava que eu estava entendendo tudo. Só mais tarde pude expressar mais livremente a minha ignorância. Você teve algum professor que marcou? Por quê? A Tia Lourdes, que era minha professora e também tia de sangue, foi uma pessoa que me tratou com carinho e paciência. No Rosário tinha um professor de história, Irmão Fagherazi, que estimulou muito o

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Estudei uma parte da minha vida em escolas privadas onde o conteúdo era muito importante e também o rigor com o ato de estudar e aprender. Por isso sinto que valeu a pena”

pensamento da vida, em especial da história da humanidade. Lembro também do Professor Arnt, que era mais conhecido como “Bigodinho de Arame”, dava aula de arte e gostava dos meus desenhos. Um dia fiz um trabalho tão bom que ele achou que tinha copiado. Tive que desenhar de novo na frente dele. Depois, na faculdade de teatro, a Maria Helena Lopes e principalmente a Irene Bristkie foram geniais tanto como modelo como quanto artistas. Na faculdade de medicina, o professor que mais me entendeu e percebeu que eu tinha um misto de médico e artista foi o Dr. Waldomiro Manfroi. Como a dramaturgia e a medicina entraram na sua vida? A escola teve alguma influência nessas escolhas? No Colégio Marista Rosário meu interesse era futebol. Depois cresci um pouco e ia muito ao cinema. O escuro do cinema eram as melhores aulas. No Colégio Israelita foi muito estimulante, pois eram reconhecidas as aptidões dos alunos. Qual a contribuição do ensino privado para a sua vida profissional e pessoal? Estudei uma parte da minha vida em escolas privadas onde o conteúdo era muito importante e também o rigor com o ato de estudar e aprender. Por isso sinto que valeu a pena. Outra parte na Universidade Federal, onde experimentei um certo tipo de liberdade de pensamento e autonomia. Uma complementou a outra na minha eterna incompletude.


LEGISLAÇÃO

Classificar ou reclassificar? Estamos há 16 anos tentando fazer educação sob o comando da LDBN de 1996. Essa lei consagra a mais avançada concepção de organização escolar que o país já adotou. É claro que não é perfeita. É óbvio que, nesses anos todos, ela foi miseravelmente piorada pelas intervenções de nossos “sábios e oniscientes” legisladores. É claro, também, que ela já está requerendo uma depuração, especialmente na questão curricular: é necessário reduzir dos atuais 15 componentes curriculares para, no máximo, seis obrigatórios. O que surpreende, todavia, é que após todo esse tempo, alguns dos institutos inovadores da lei ainda não tenham sido compreendidos nem assimilados e, por isso, indevidamente aplicados. É o que acontece com a classificação e a reclassificação. Vamos começar clareando conceitos, já que sem clareza conceitual não se vai a lugar nenhum. A classificação se aplica a duas situações: (1) quando a criança chega pela primeira vez à escola e (2) quando ela progride – ou não – na escola em que está matriculada. Se ela chegar à escola – sem nunca ter estado matriculada antes – aos 8 anos de idade, a escola que a recebe faz uma avaliação e a classifica para o nível que estiver de acordo com seu adiantamento; ao final do ano letivo, nova avaliação determina se ela pode progredir para o nível seguinte (ou se precisará repetir o mesmo nível) e a escola então, mais uma vez, a classifica corretamente. Na hipótese (1), há uma vedação expressa na lei: a classificação não se aplica ao primeiro ano do Ensino Fundamental. Essa disposição tem sido interpretada de forma equivocada. Ela significa que, alcançada a idade escolar – hoje, 6 anos –, a escola não pode, com base em uma avaliação, negar a matrícula. Agora, não significa que ela não possa ser avaliada e classificada para o segundo ano, com base em

seu adiantamento. A reclassificação, por sua vez, diz respeito ao trânsito do aluno sempre que a nova matrícula implicar mudança de regime escolar. Isso tanto pode acontecer numa mudança dentro da própria escola quanto na mudança de uma escola para outra – o que, no caso, é o mais comum. O caso mais óbvio é o do aluno que vem do exterior. À vista dos documentos que o aluno trouxer – e não precisa nem ser uma transferência oficial ou um histórico escolar como o conhecemos, bastando um simples boletim escolar, porque não vamos transcrever nada desses documentos para o novo Histórico do aluno –, constata-se que estudou fora do país. Aplica-se uma criteriosa avaliação de seu conhecimento e – agora vem –, independentemente da classificação que a escola anterior tenha feito, nós o reclassificamos para inseri-lo em nosso sistema escolar. A Ata desses procedimentos e dos resultados alcançados passa a ser o marco inicial dos registros em seu Histórico Escolar. Nesse contexto, é de ressaltar a inutilidade da tradução oficial dos documentos expedidos no exterior, já que a única informação a ser colhida é: estudou em outro país ou não. A aplicação seguinte da reclassificação acontece por ocasião da mudança de escola no Brasil. Ela deve ser utilizada quando os regimes escolares das escolas são diferentes: uma com regime seriado, outra com regime de matrícula por disciplina. Ou a transferência de um aluno que ainda está no regime do Ensino Fundamental de oito anos, para uma que já está com o de nove, ou vice-versa. Nesse contexto é de chamar a atenção para uma particularidade do regime seriado: ele não permite que a solidariedade dos componentes curriculares de uma série ou ano seja quebrada. À vezes, um aluno, reprovado num componente curricular qualquer, procura refazer esse estudo numa escola com regime de matrícula

por disciplina – um NEJA, por exemplo – para ser considerado aprovado. A reprovação num componente curricular – no regime seriado – implica a reprovação no nível. Além disso, quando ele retorna à escola de origem, com documentos da outra escola – que obviamente adota outro regime escolar –, ele precisa – obrigatoriamente – ser reclassificado. Esse detalhe está sendo, lamentavelmente, esquecido… A última aplicação da reclassificação acontece quando o aluno muda de regime na própria escola: passando do ensino comum para o de educação de jovens e adultos, do diurno para o noturno, se o regime for diferente, etc. A classificação exige a redação de uma Ata, tão-somente no caso do aluno que chega à escola sem escolaridade anterior comprovada. A reclassificação exige sempre a elaboração da Ata. Ela deve descrever os procedimentos adotados para a avaliação, registrar os resultados de entrevista, se houver, e os resultados de testes, se for o caso. A Ata deve ser assinada pelos professores que participaram do processo, pelo aluno e, se for menor de idade, por um de seus responsáveis e pelo Diretor e Secretário da escola. Uma cópia da Ata deve ficar arquivada no arquivo geral de Atas da escola e uma cópia deve integrar a pasta de documentos individuais do aluno. Dorival Adair Fleck Professor ex-Conselheiro do Conselho Estadual de Educação

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MEMÓRIA

Dia 9 de novembro foi uma data mais do que especial para o Instituto de Educação Cenecista General Canabarro (Ieceg), de Teutônia. Neste dia, a instituição, integrante da Campanha Nacional de Escolas da Comunidade (Rede CNEC), completou suas ‘bodas de ouro’. São 50 anos de história e de compromisso com a educação. No distante ano de 1962 tornou-se realidade o sonho da Comunidade Escolar Teutoniense, quando um grupo de pessoas se reuniu para fundar uma escola comunitária, o então Ginásio Comercial Canabarro. Ao longo dessas cinco décadas, a CNEC/ Ieceg sempre foi destaque na educação, inclusive com pioneirismo em alguns setores. Entre os fatos históricos, na área da informática, foi a primeira escola teutoniense a implantar computadores, isso no ano de 1985. Os equipamentos foram um grande avanço e despertaram atenção de toda comunidade escolar, principalmente pelo fato de que naquela época essas máquinas ainda não faziam parte do cotidiano das pessoas. Também conquistou lugar de destaque em outros segmentos, como na cultura, no esporte e na tecnologia. Prova disso foi a construção do Ginásio Ernani Júlio Sippel, inaugurado em 3 de dezembro de 1989. Por muitos anos ele foi considerado um dos maiores e mais modernos ginásios de esportes do Vale, local que segue recebendo eventos esportivos e culturais da comunidade em geral. Hoje, a instituição conta com cerca de 570 alunos e 60 colaboradores, entre professores e funcionários, desde os Anos Iniciais, Educação Infantil, Ensinos Fundamental e Médio e Cursos Técnicos. Com a missão de oportunizar a formação integral de cidadãos empreendedores, éticos e responsáveis, por meio de modernos métodos de ensino-aprendizagem, integrando

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Arquivo IECEG

CNEC/IECEG Teutônia comemora meio século de história

CNEC/Ieceg foi a primeira escola teutoniense a implantar computadores, no ano de 1985

comunidade e instituto, a CNEC/Ieceg tem como visão ser um centro de referência educacional comprometido e integrado com a comunidade, que proporcione a formação integral do ser humano. Ética, comprometimento, cooperação e responsabilidade são os valores que norteiam as atividades da escola.“Estamos revivendo 50 anos de vida da CNEC/Ieceg, uma história que foi construída com o cuidado, com a delicadeza, com o esforço, com a dedicação e com o empenho e entendimento de muitas pessoas. Esses 50 anos refletem a intensidade com que cada um de nós viveu cada momento neste educandário, seja como aluno, como professor, como funcionário, como pais, como comunidade. Alicerçar uma história de valor imensurável como a da CNEC/ Ieceg, tendo sempre presente o compromisso com a educação e o social, exigiu muito de quem sempre vestiu esta camisa, muito zelo e responsabilidade profissional”, destaca a diretora Graziela Cristina Lorencet.

Programação de aniversário Ao longo de todo ano letivo a CNEC/Ieceg tem desenvolvido uma série de atividades especiais, que marcam a celebração dos 50 anos. No segundo semestre as festividades tomaram mais forma, em especial a partir da XXI Feiceg, feira de conhecimentos e apresentação de trabalhos desenvolvidos pelos alunos. No mês de outubro ocorreu o JantarBaile de Lançamento dos 50 Anos, evento marcado pela emoção e pelas recordações, com homenagens aos atuais professores e funcionários e aos ex-diretores. No sábado, dia 10 de novembro, houve programação especial com apresentações artísticas especialmente preparadas pelas crianças da Educação Infantil e Séries Iniciais do Ensino Fundamental. Na sequência, os estudantes envolveram-se com tarefas da Gincana do Grêmio Estudantil Cenecista Águia de Haia (GECÁH). (Leandro Augusto Hamester)


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INSTITUCIONAL

Mestrado Profissional em Gestão Educacional oferece programa inédito para dirigentes Dirigir uma instituição de ensino é uma atividade complexa. Além de gerenciar recursos humanos e financeiros é preciso conhecer o processo de ensino-aprendizagem, para que o gestor também seja uma liderança pedagógica. A união dos conhecimentos da administração e da pedagogia torna-se imprescindível para uma gestão eficaz. Atento a esta realidade, o Sindicato do Ensino Privado - SINEPE/ RS idealizou o Mestrado Profissional em Gestão Educacional. Realizado pela Unisinos com o apoio da PUCRS e da UniRitter, o curso foi lançado no dia 7 de novembro para dirigentes educacionais na Unisinos campus Porto Alegre. O evento contou com debate sobre a importância da qualificação da gestão no setor educacional, com participação do pró-reitor Acadêmico da Unisinos, Pedro Gilberto Gomes, do pró-reitor de Pesquisa e Pós-Graduação da PUCRS, Jorge Luis Nicolas Audy, e do pró-reitor de Pesquisa e Extensão da UniRitter, Sidnei Renato Silveira. O curso é pioneiro no Rio Grande do Sul não só pela temática, mas por reunir três importantes instituições de ensino superior do Estado para a criação de um programa que atenda às necessidades do mercado gaúcho. Seu principal objetivo é qualificar profissionais para atuarem em instituições de

Lançamento do Mestrado contou com a participação dos pró-reitores da Unisinos, PUCRS e UniRitter

ensino, contribuindo para a produção de conhecimento e o desenvolvimento de projetos inovadores em gestão. Sob a coordenação da professora da Unisinos, Beatriz Fischer, o corpo docente é formado por professores permanentes (Unisinos) e docentes colaboradores (PUCRS e UniRitter). Todos os professores têm experiência em docência e pesquisa de temas referentes às Linhas de Atuação do Programa. O Mestrado tem como área de concentração a Gestão Educacional, oferecendo duas linhas de atuação:

Atividades Acadêmicas (comuns às duas Linhas de Atuação)

Atividades Acadêmicas (por Linha de Atuação)

História, Políticas e Legislação Educacional - 2cr (30h/a) Gestão Educacional e Inovação - 3cr (45h/a) Gestão Estratégica e Avaliação Institucional - 3cr (45h/a) Metodologia de Pesquisa e de Intervenção Educacional – 2 cr (30h/a) Gestão de Pessoas, Cultura e Comportamento Organizacional 2cr (30h/a) Atividade Acadêmica optativa - 4cr (60h/a) Tópicos Especiais - 4cr (60h/a) Trabalho de Conclusão

Linha - Políticas, Sistemas e Organizações Educacionais Avaliação de Sistemas Educacionais - 3cr (45h/a) Gestão Econômico-Financeira e Projetos Educacionais Inovadores 3cr (45h/a) Seminário de Políticas, Sistemas e Organizações Educacionais - 2cr (30h/a) Linha - Gestão Escolar e Universitária Gestão do Ensino Básico - 2cr (30h/a) Gestão do Ensino Superior - 2cr (30h/a) Gerenciamento de Processos Educacionais - 2cr (30h/a) Seminário de Gestão Escolar e Universitária - 2cr (30h/a)

Gestão Escolar e Universitária: essa linha desenvolve pesquisas aplicadas e projetos de intervenção sobre os processos de gestão escolar e universitária. Tem como foco principal a qualificação profissional de professores com competência pedagógica orientada para a gestão de práticas educativas. Políticas, Sistemas e Organizações Educacionais: nesta linha desenvolvem-se pesquisas aplicadas e projetos de intervenção sobre o contexto social, econômico e político mais amplo, no qual os Sistemas e as Organizações Educacionais estão inseridos. Tem como foco principal a qualificação de gestores para o exercício de uma prática profissional inovadora nos sistemas educacionais e em organizações governamentais e não governamentais. As inscrições já estão abertas e devem ser realizadas por meio do site da Unisinos (http://www.unisinos.br/mestrado-e-doutorado/gestao-educacional) até o dia 2 de janeiro de 2013. As aulas ocorrem nas sextas-feiras à tarde e à noite e aos sábados pela manhã, de março de 2013 a março de 2015, na Unisinos, campus Porto Alegre (algumas atividades poderão ocorrer na Unisinos, campus São Leopoldo).

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Aline Schmidt

ENSINO PR I VA DO

Sarau Literário leva obra de autores imortalizados ao palco

Colégio Martin Luther realiza Projeto de Leitura Durante uma semana, nos turnos da manhã e da tarde, alunos do 1º e do 2º ano do Ensino Médio do Colégio Martin Luther, de Estrela, acompanhados dos professores leram as mais de 500 páginas do livro A Origem das Espécies, de Charles Darwin. Todos compraram um exemplar e leram-no em silêncio, anotando dúvidas e sublinhando trechos importantes. Como parte do projeto os alunos assistiram ao filme Criação, que apresenta o processo de escrita do livro, e participaram da palestra do pastor da Comunidade Evangélica de Estrela, Gilciney Tetzner, sobre a polêmica que o livro gerou entre os darwinistas e a igreja. O projeto foi uma iniciativa da instituição que, ao constatar a necessidade de investir na leitura como promotora da autonomia, optou por escolher um livro científico capaz de incitar debate, por seu caráter polêmico, e que fosse um desafio para os alunos.

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e cada um utilizou-se dos conteúdos assimilados nas disciplinas de Português, Literatura e Inglês para fazer a sua própria interpretação. O Sarau é uma atividade que busca ampliar o conhecimento dos alunos acerca de textos poéticos de autores brasileiros e estrangeiros e desenvolver a oralidade. Os alunos utilizaram-se da criatividade para levar ao palco a obra de autores ilustres da literatura.

O trio amoroso de Jorge Amado leva público ao riso

Bianca Raimundo/Feevale

Os alunos do 6º ano do Ensino Fundamental ao 3º ano do Ensino Médio e o Curso Normal participaram de 2 a 4 de outubro do Sarau Literário, no palco do miniauditório do Colégio Madre Bárbara, de Lajeado. Os estudantes declamaram poesias de autores brasileiros como Jorge Amado e João Cabral de Melo Neto, e poemas de autoria dos colegas. Cantaram, tocaram instrumentos,

Com a iniciativa, alunos puderam conhecer as expectativas dos consumidores em potencial

Crianças testam games criados por alunos da Universidade Feevale O curso de Jogos Digitais da Universidade Feevale, de Novo Hamburgo, realizou dia 27 de outubro um team games testes, no Laboratório de Games do Campus. Cerca de 15 crianças, na faixa etária entre 9 e 11 anos, que curtem games em diferentes plataformas e são exigentes em relação às performances dos jogos, avaliaram os games criados por alunos do curso. No Laboratório receberam crachás e participaram de três oficinas:

game tester, onde foram abordados assuntos como criação de games, ideias, roteiros e gráficos; ZBrush e prototipagem. A intenção, segundo a professora Simone Carvalho da Rosa, idealizadora da atividade, é gerar um brainstorming com consumidores potenciais, para que os alunos do curso de Jogos Digitais possam trocar opiniões sobre games com as crianças, a fim de terem parâmetros reais das expectativas do mercado.


Instituto de Educação São Francisco sedia 16º Encontro Construtores da Paz Cerca de 2 mil estudantes de escolas públicas e privadas de Porto Alegre e região metropolitana participaram no dia 24 de outubro do 16º Encontro Construtores da Paz. O evento ocorreu no ginásio do Instituto de Educação São Francisco, na capital, e teve como tema: “Solidariedade e Paz”. Entre as ações, os estudantes realizaram apresentações artísticas focadas em cinco eixos centrais: solidariedade e voluntariado, cuidados com a natureza, escola e família na construção da paz, internet e vida e solidariedade no trânsito. A programação também contou com desfile, seguido pela tradicional bênção do Grupo de Diálogo InterReligioso, com representantes de várias religiões. O evento faz parte das comemorações dos 50 anos de atuação do Instituto, completados em 2012.

Colégio São José promove I Seminário Mirim

Assuntos abordados no evento foram escolhidos pelos estudantes

Nos dias 20 e 21 de agosto, o Colégio São José, de São Leopoldo, promoveu o I Seminário Mirim: Direitos e Deveres do Aluno Cidadão, com o objetivo de refletir sobre temas escolhidos por meio de levantamento de interesse dos alunos dos 5ºs anos e 6ªs séries do Ensino Fundamental. Os assuntos definidos foram hábitos de estudo e relacionamentos na era digital. Os temas foram debatidos com a orientação da

psicóloga Deborah Cammardelli Köche, coordenadora do Serviço de Orientação Educacional, e Cléa Coutinho Escosteguy, professora conselheira e idealizadora do Projeto. O Seminário Mirim teve uma formatação idêntica a um seminário original, tendo os alunos recebido crachá, pasta com programação, blocos para anotações, canetas, coffee break e certificado de participação.

Josemari Pavan

Caminho do Saber é campeã no Intercolegial de Robôs

Equipe comemora a conquista na Mostratec

Os alunos do Grupo Educacional Caminho do Saber, de Caxias do Sul, conquistaram o 1º lugar em todas as modalidades do Intercolegial de Robôs – LEGO, realizado de 23 a 26 de outubro na Mostratec (Mostra de Ciência e Tecnologia) em Novo Hamburgo. A equipe de Robótica Tecnoway participou da competição, juntamente com mais cinco equipes vencendo nas modalidades Engenharia do Robô, Projeto de Pesquisa, Projeto 3D e Desafio na Arena. Os grupos eram formados por três a dez estudantes do 5º ao 9º Ano (ou 8ª Série) do Ensino Fundamental. O Intercolegial de Robôs - LEGO tem como objetivo instigar o desenvolvimento tecnológico e cultural dos participantes por meio de um divertido desafio, promovendo também união, integração e cooperação entre equipes de diferentes localidades.

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Estudantes do Ensino Médio desenvolvem projetos utilizando a energia solar Os estudantes do 2º ano do Ensino Médio da Escola Setrem, de Três de Maio, desenvolveram projetos utilizando a energia solar. A turma criou aquecedores de água, fogões solares e desidratadores de frutas, utilizando os mais variados materiais, como espelhos e papel laminado. Como isolante, a maioria dos estudantes utilizou isopor, fibra de vidro e lã. O desafio de utilizar a criatividade e desenvolver os protótipos movidos a esta fonte de energia cotidiana partiu da professora de Física, Carla Simone Sperling. “Esta é uma ótima maneira de incentivar a sustentabilidade, sem falar que o cozimento do fogão solar não queima a comida e retém melhor os nutrientes, se comparado com o cozimento a lenha ou a gás”, destaca.

Estudantes aprenderam sobre sustentabilidade na prática

I Caminhada Escola Guanella pede paz no trânsito

Iniciativa teve o objetivo de conscientizar motoristas e pedestres para a paz no trânsito

A Escola São Luís Guanella, de Porto Alegre, promoveu no dia 20 de outubro, juntamente com a Jornada Esportiva Guanelliana, a sua I Caminhada, com o objetivo de conscientizar motoristas e pedestres para a paz no trânsito. O evento concluiu o Projeto Trânsito mais Humano e Seguro, desenvolvido no

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decorrer do ano. A caminhada ocorreu pela Avenida Benno Mentz e contou com o auxílio da EPTC. Alunos, professores e comunidade escolar participaram do evento, que teve também visita na Fundação Thiago Gonzaga, onde os participantes assistiram a peças teatrais.

IX Festival Carlitos no Rainha do Brasil O dia 25 de outubro foi marcado pela apresentação dos curtas-metragens produzidos pelos alunos da 2ª série do Ensino Médio. Os filmes fazem parte do projeto interdisciplinar “Festival Carlitos”, que ocorre anualmente na Escola Rainha do Brasil, de Porto Alegre. A noite teve como apresentador o professor de Literatura, Marcelo Frizon. A proposta do projeto foi aprofundar o conhecimento sobre a obra “Antes do Baile Verde”, livro de contos da escritora Lygia Fagundes Telles, que já fez parte da lista de leituras obrigatórias do vestibular da UFRGS. Os filmes foram avaliados por um júri formado por Andre Carrasco, da ONG Parceiros Voluntários, Irmã Gabriela Roz, representando o Rainha, e a professora Juliana Amaral da UniRitter. A cerimônia de premiação foi realizada no dia 6 de novembro, no auditório da Escola.


Oficinas de Comunicação Ambiental da Univates ampliam contato com a natureza baseadas em um método desenvolvido pelo escritor e educador americano Joseph Cornell, autor do livro “Vivências com a Natureza – Guia de Atividades para Pais e Educadores”. Em quatro fases são trabalhados os cinco sentidos: a primeira é a do entusiasmo, a segunda busca concentrar a atenção dos alunos, já a terceira é a de dirigir a experiência, enquanto a quarta fase é a de compartilhar a inspiração.

Tuane Eggers

A Univates, de Lajeado, possui o projeto de extensão Comunicação para Educação Ambiental, que busca tirar as crianças e os professores de sala de aula procurando um maior contato com a natureza, de forma lúdica e sensibilizando a comunidade para uma relação de sustentabilidade com o ambiente. Atualmente, o foco está em atividades realizadas ao ar livre, com crianças e adultos. São vivências

IENH recebe homenagem na Assembleia Legislativa do RS pelos seus 180 anos Na tarde de 24 de outubro, a IENH recebeu homenagem pelos seus 180 anos no Grande Expediente Especial da Sessão Plenária da Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul, em Porto Alegre. O proponente da homenagem foi o deputado Lucas Redecker.Os representantes da IENH foram recebidos também pelo Presidente da Assembleia, Alexandre Postal. O momento contou com a presença da vice-prefeita de Novo Hamburgo, Lorena Mayer, e diversas autoridades na área da educação. O encerramento da sessão ocorreu com a apresentação dos estudantes dos 3 os anos do Currículo Bilíngue das Unidades Pindorama e Oswaldo Cruz, que apresentaram as músicas Vida e Vou deixar minha luz brilhar.

Turma da 8ª série da Escola Érico Veríssimo foi uma das participantes da atividade

Jogos Matemáticos despertam a criatividade No dia 27 de outubro, foi realizado no Colégio Nossa Senhora de Lourdes, de Farroupilha, o projeto Jogos Matemáticos, com os alunos da 1ª série do Ensino Médio. Segundo o professor Keller Göttsche Gomes da Silva, o principal objetivo desse projeto foi estimular os alunos a criarem e confeccionarem jogos que fossem apresentados a alunos

de outras séries e aos pais. Os jogos desenvolvidos envolviam raciocínio lógico e aplicação de cálculo mental, estimulando os alunos a calcularem mentalmente, além de desenvolverem o raciocínio lógico matemático. De forma lúdica, foi possível perceber o quanto os alunos possuem potencial criativo que deve ser explorado.

Dirigentes da IENH (ao centro) recebem homenagem dos deputados

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CULTUR A

Uma avenida de grandes emoções

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venida Brasil se tornou um grande sucesso desde o início de sua exibição basicamente pela capacidade de João Emanuel Carneiro para extrair do cotidiano os tipos e temas que instigam nosso povo atualmente. É interessante notar que uma novela discutiu, noite após noite, sobre os valores de nossa sociedade por meio das seguintes perguntas: até que ponto uma vingança é legítima? Nossas atitudes são abonadas pelas nossas intenções? Os fins justificam os meios? A novela demonstrou que não e usou como contraponto o núcleo do Divino, bairro fictício do subúrbio carioca onde desfilaram personagens batalhadores como Tufão (Murilo Benício), Monalisa (Heloísa Perissé), Jorginho (Cauã Reymond), Muricy (Eliane Giardini), Olenka (Fabíula Nascimento) e Ivana (Letícia Isnard). Também é notável a presença de temas populares que, com certeza, ajudaram Avenida Brasil a criar este vínculo com seu público. Do futebol, podemos até dispensar apresentações: trata-se, ainda hoje, de uma das maiores paixões do brasileiro (juntamente com a telenovela), motivo de grande orgulho ou decepção, dependendo da classificação do time do peito.

A vilã Carminha foi um dos grandes sucessos da trama de João Emanuel Carneiro

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Os bailes charm trouxeram uma releitura Tves) cuja trama central ilustra os principais de movimentos musicais dos anos 1960 fatores da ascensão da população venezuee 70 (como o soul, que encontrou grande lana sob o socialismo de Hugo Chávez. Do ressonância na cena musical brasileira) e enmesmo modo, Yo soy Betty, la Fea e Café cantaram o público com danças e melodias con Aroma de Mujer são dois títulos fundaempolgantes. mentais para a compreensão da sociedade O lixão de Mãe Lucinda (Vera Holtz) foi colombiana. Nos Estados Unidos, o público trabalhado de modo a ser um espetáculo hispânico tem galvanizado audiência consipoético dentro da novela, contrastando o exderável, o que chamou a atenção de grandes cessivo luxo dos novos ricos e o refinamento executivos da televisão. Um mercado como da elite carioca. Sua casa, feita de material o americano, que antes era preconceituoso, reciclado, nos evoca hoje investe cada vez o estilo do espanhol mais na telenovela. A telenovela no Antoni Gaudí em suas Entretanto, não há no Brasil, muito além de mundo afinidade tão construções de formas ousadas. Lembra estreita entre telenoum entretenimento, também a Casa da vela e público quanto Flor (Rio de Janeiro) tornou-se um espaço no Brasil. Uma relaou a Casa de Pedra, ção social e afetiva de encontro do país localizada no meio da que tem seu início favela de Heliópolis em 1970, quando o com ele mesmo” (São Paulo), duas gênero recebe altos inedificações decoradas vestimentos da Rede essencialmente com material reciclado. Globo de Televisão – resultando na moderÉ por meio dos pequenos e dos grandes nização e industrialização da telenovela. detalhes que a telenovela brasileira está Pelas imagens da televisão, a audiência imbricada à nossa sociedade. De um persoacompanhou os mais pungentes conflitos, nagem popular, um bordão, um tema atual, conheceu terras tão distantes que apenas uma roupa da moda, uma situação comum um detalhado mapa-múndi daria conta de e até em um cenário todos nós encontramos ilustrar, discutiu problemas que estavam na referências na telenovela e também nos pauta da nação há muito tempo, foi apresenencontramos nela. Por que não? Afinal, a tada a personagens memoráveis de nossa teledramaturgia brasileira há muitos anos literatura, reviu e/ou teve oportunidade de espelha e é espelhada pela sociedade. conhecer majestosos episódios de nossa hisFornece subsídios para o debate nacional de tória. A telenovela no Brasil, muito além de questões relevantes, mas também procura um entretenimento, tornou-se um espaço de entre tantos rostos, tantas moradias, muitas encontro do país com ele mesmo. Que o diga vozes, diversas cores, o tema ideal para Avenida Brasil! Enfim, com a telenovela, a transformar-se em telenovela. despeito das diferenças intrínsecas a cada ser A telenovela brasileira é reconhecida humano, sentimo-nos fazendo parte de um em qualquer canto do mundo, graças às todo – tanto na realidade quanto na ficção. suas especificidades. Há, em outros países, Mauro Alencar grande relação entre a telenovela e seu Professor, doutor em Teledramaturgia Brasileira e público. É conhecida a fama do mexicano, Latino-Americana, membro da Sociedade Brasileira de apaixonadíssimo por suas lágrimas televiEstudos Interdisciplinares da Comunicação, Asociación Latinoamericana de Investigadores de la Comunicación e sivas. Na Venezuela, atualmente está em Latin American Studies Association e autor, entre outros, exibição uma telenovela chamada Teresa de “A Hollywood Brasileira – Panorama da Telenovela en Tres Estaciones (veiculada pela estatal no Brasil” e da coleção Grandes Novelas.


Todos que aprendem algo podem transformar tudo.

Inclusive um ano, para muito melhor. Feliz 2013. O SINEPE/RS sabe que a educação transforma e dá sentido a tudo o que nos envolve. Por isso, a cada ano, intensifica seu trabalho de promover este agente transformador com todas as suas forças. Em 2013 não será diferente. Junto com associados, parceiros e amigos irá se empenhar todos os dias para melhorar cada vez mais a educação gaúcha. Porque é isto que faz o mundo melhor e é isto que tornará este novo ano perfeito.

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FIQUE POR DENTRO

Britannica oferece acesso gratuito ao portal Escola Online Após anunciar o fim da edição impressa, a Encyclopaedia Britannica desenvolveu junto com o Ministério de Educação um portal digital de aprendizagem inteiramente em português para o ensino fundamental I, chamado Britannica Escola Online (www.escola. britannica.com.br). O portal oportuniza a alunos e professores ferramentas de ensino e recursos multimídia como artigos de enciclopédia, imagens e vídeos, um atlas do mundo que incorpora a tecnologia do Google Maps, biografias, notícias diárias voltadas para as crianças, recursos interativos de geografia, jogos interativos, entre outros. De acordo com o presidente da Capes, Jorge Almeida Guimarães, o portal Britannica Escola Online reforça de maneira significativa a educação no Brasil no nível

fundamental. Para Guimarães, o grande mérito da iniciativa é não apenas a tradução dos conteúdos da Enciclopédia, mas sua ampla adaptação à realidade brasileira. O portal, que até dezembro deste ano está com o conteúdo aberto para acesso, deverá cobrar pelo serviço a partir de 2013. Mas a Britannica está disponibilizando aos leitores da Educação em Revista acesso gratuito até 30 de março do próximo ano, para que conheçam melhor o serviço (veja os dados para acesso no final da matéria). Já quem deseja um tempo maior de acesso, por 12 meses, basta completar 30 planos de aula (por escola) usando o material disponível no Britannica Escola Online durante os próximos meses. Terão até o dia 30 de março de 2013 para entregar os planos de aula por e-mail para

Fundação Victor Civita indica os cem melhores livros para bebês, crianças e adolescentes A Fundação Victor Civita, em parceria com especialistas em leitura, elaborou uma lista com cem livros – literários e informativos – para apoiar educadores e famílias na escolha das obras literárias que serão apresentadas a bebês, crianças e adolescentes. Os critérios utilizados para escolher as publicações foram as características de cada idade, as temáticas que mais interessam, a qualidade editorial dos livros e a diversidade de gêneros e autores. Com base nisso, os títulos literários e informativos considerados imperdíveis foram divididos em quatro grupos: até 3 anos, de 4 a 5 anos, de 6 a 10 anos e de 11 a 14 anos. A diretora-executiva da FVC, Angela Dannemann, ressalta: “A divisão por idade deve servir apenas como referência ou parâmetro aos responsáveis e professores. Por isso, ao consultar esta espécie de ‘guia’ de leitura, também é preciso levar em conta a capacidade leitora e os assuntos de cada publicação. Desta forma, a criança aprende e se diverte”, completa. Para conferir a lista completa de livros, acesse o site: http:// revistaescola.abril.com.br/edicoes-especiais/052.shtml

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Deborah Mayen (dmayen@eb.com). Quando forem entregues os planos de aula, as escolas receberão um nome de usuário e senha individual. Para mais detalhes sobre esta promoção e para ver o modelo que cada plano de aula deve seguir a fim de garantir a sua qualificação para esta oferta especial, visite o site: britannica.com.br/ promocaoeducacaoemrevista. Dados para acesso ao portal até março de 2013: Site: www.escola.britannica.com.br Nome de usuário: edurevista Senha: escola

55% dos universitários se sentem seguros para o mercado, diz pesquisa Pesquisa realizada pela Trabalhando.com Brasil com 300 estudantes universitários revela que 55% deles estão satisfeitos e sentem-se seguros para começar a fazer estágio. Desse número, 36% afirmam que dentro da sua grade curricular estão incluídas aulas práticas e teóricas com foco em carreira e na sua área de atuação e 19% acreditam estar preparados graças a atividades extracurriculares como palestras, cursos e seminários promovidos pela instituição. Por outro lado, 28% dos entrevistados acreditam que sua instituição de ensino não os prepara para o ambiente profissional e 17% dizem que seu curso é totalmente voltado para a área acadêmica.


PGQP celebra 20 anos com projeto inédito Em 2012, o Programa Gaúcho da Qualidade e Produtividade (PGQP) celebra 20 anos de atuação. A comemoração foi marcada pelo lançamento do livro “Vidas de Qualidade – Trajetórias de Sucesso nos 20 Anos do PGQP”. É um projeto inédito de homenagens a 27 personalidades que trabalharam com qualidade, competência e inovação nas últimas duas décadas nos diversos segmentos que sustentam os eixos conceituais da sustentabilidade no Rio Grande do Sul. As personalidades foram escolhidas a partir de categorias que representam as principais dimensões da vida na comunidade gaúcha – social, econômica,

cultural e institucional. Além disso, reúne fatos marcantes da história do mundo, do Brasil e do PGQP de 1992 a 2011. Escrito por Luís Augusto Fischer e com fotos de Eurico Sallis, o livro foi elaborado sob a curadoria do diretor do Instituto Gerdau, José Paulo Soares Martins, e coordenação geral do jornalista Marcello Beltrand. Para democratizar o acesso ao projeto, estão ocorrendo exposições itinerantes com 27 pôsteres contendo a imagem e o resumo da história de vida dos homenageados. “Aceitamos o desafio de reunir em um projeto inédito trajetórias de sucesso que estão em sintonia com a missão do PGQP. A As contribuições que essas personalidades deram ao Estado se somam às nossas conquistas para melhorar a vida dos cidadãos. Este projeto é um reconhecimento público do PGQP para essas pessoas e um registro do nosso empenho para o desenvolvimento sustentável do Rio Grande do Sul”, afirma o coordenador executivo do PGQP, Luiz Pierry.

Novo livro de Gustavo Ioschpe discute principais problemas da educação brasileira Em novembro foi lançado novo livro do economista Gustavo Ioschpe, chamado O que o Brasil quer ser quando crescer? (Paralela, 256 páginas). A publicação reúne 34 artigos publicados na revista Veja entre 2006 e 2012, que apresentam um arsenal de pesquisas e de argumentação coerente para desconstruir os mitos sobre o ensino brasileiro. Um exemplo é que o aumento do salário dos professores ou do volume do investimento em educação não necessariamente levaria a uma melhora da qualidade do ensino brasileiro. Ioschpe é mestre em economia internacional e desenvolvimento econômico pela Universidade Yale, nos Estados Unidos. Foi um dos fundadores da ONG Compromisso Todos pela Educação e é autor do livro A Ignorância Custa um Mundo, ganhador do Prêmio Jabuti em 2005.

Rede social busca aproximar jovens de instituições de ensino e de empresas Uma rede social para dar visibilidade a quem está começando a vida profissional, essa é a proposta do Bizut (www.bizut. com.br), plataforma online gratuita em que jovens poderão receber orientação, concorrer a oportunidades de trabalho e ter aulas e notícias voltadas para a busca por emprego. A proposta mistura elementos do LinkedIn e do Facebook, com a finalidade

de aproximar jovens, instituições de ensino e empresas. Na plataforma, os usuários montam um perfil, que pode ter fotos, vídeos e um currículo acadêmico e profissional. Esse perfil pode ser enriquecido com o envio de arquivos de texto, PDFs e apresentações de slides de trabalhos realizados, dentro ou fora do ambiente de estudos, como espécie de

portfólio. O portal também oferece vagas de estágio e emprego, a que o usuário pode se candidatar. Empresas também podem selecionar candidatos em potencial mesmo que eles não concorram formalmente à vaga. Existe ainda um espaço criado especificamente para as instituições de ensino, em que elas poderão ter acesso a alunos e recém-formados e fazer divulgação.

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VITRINE

Projeto forma educadores para o uso do iPad na sala de aula O projeto “iPad na sala de aula” tem como principal objetivo a formação de gestores e professores para o desenvolvimento de projetos e de atividades em sala de aula com uso de tablets. A proposta é desenvolvida por um grupo de profissionais de Porto Alegre, formado nas áreas de tecnologia, educação, marketing e formação de professores, e já está sendo aplicada em escolas da Capital, Região Metropolitana e também fora do Estado.

Durante a capacitação, são propostas oficinas e exercícios práticos, trabalhando a utilização da tecnologia como ferramenta pedagógica. São elaborados modelos personalizados de atendimento, pois compreende-se que cada unidade de ensino tem sua metodologia e planejamento pedagógico diferenciados e busca diferentes objetivos. Para isso, realiza-se um diagnóstico e desenvolvem-se planos de ação, em conjunto

com as equipes diretivas e pedagógicas, para adequar os tipos de aplicativos e metodologia de trabalho ao que cada escola necessita. Mais informações: http://ipadnasaladeaula.com.br/ Twitter: http://twitter.com/ iPadnaaula/ Facebook: http://facebook. com/iPadnaaula, ou pelo e-mail: contato@ ipadnasaladeaula.com.br / pedagogico@ ipadnasaladeaula.com.br

Nova mesa educacional da Positivo Informática chega ao mercado

Senac-RS oferece 25 opções de pós-graduação Investir na educação continuada é uma das estratégias para quem quer crescer profissionalmente na área em que atua ou ampliar as possibilidades de trabalho. Para o primeiro semestre de 2013, o Senac-RS oferece opções de pós-graduações lato sensu nas modalidades a distância e presencial, nas Faculdades do Senac de Porto Alegre e de Pelotas, além do Polo da Rede Senac EAD Nacional. Ao todo, são 25 títulos à disposição em áreas como Artes, Comunicação, Educação, Gestão, Informática, Meio Ambiente, Moda, Saúde e Turismo e Hotelaria. O destaque para o ano que vem são os cinco novos cursos na Capital: Liderança, Coaching e Gestão de Pessoas, Gestão de Negócios em Hoteleira, Design Experiencial em Ambientes, Marketing Digital e Trânsito. Para Pelotas, o destaque é o inédito Desenvolvimento de Software e Segurança da Informação. As inscrições estão abertas e podem ser feitas pelo site www.senacrs.com.br/pos

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A Divisão de Tecnologia Educacional da Positivo Informática acaba de lançar a Mesa Educacional TOQ, que permite que os alunos manipulem conteúdos educacionais digitais por meio de uma tela horizontal sensível ao toque. Ao reunir tecnologia de vanguarda com conteúdos interativos e contextualizados, a TOQ torna o processo de aprendizagem mais divertido e intuitivo, e, por conta disso, já recebeu um importante reconhecimento internacional antes mesmo de sua chegada às escolas brasileiras: conquistou o Worlddidac Award 2012 - maior prêmio mundial do setor de tecnologia educacional - na categoria inovação, concorrendo com outras 50 soluções do mundo inteiro. Na Mesa Educacional TOQ, antes de iniciar as atividades cada aluno deve criar seu avatar, uma representação virtual de si mesmo. Nessa etapa, a criança tem a oportunidade de escolher seus elementos preferidos, como a cor de pele, do cabelo, dos olhos, as roupas e acessórios, entre outros. Outra característica é a navegação baseada no consenso. Os participantes das atividades devem utilizar seus avatares para entrar em acordo ao ativar e desativar funcionalidades, fechar atividades ou dar continuidade a certas ações dentro do aplicativo, fomentando assim habilidades sociais como colaboração, interação e assertividade.


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