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RESU fazemos o melhor para seus alunos. Quem estuda em uma Escola Conveniada ao Sistema Positivo de Ensino alcança os melhores resultados. Um exemplo disso é Carine Rodrigues Pereira, que estudou no Colégio Sant’Ana, de Itaúna – MG, desde os anos iniciais do Ensino Fundamental até o Ensino Médio. Ela conquistou o 1º. lugar no ENEM 2010 na área de Linguagens, Códigos e suas Tecnologias, quando ainda cursava a 2ª. série do Ensino Médio. Pelo seu desempenho no ENEM 2011, foi classificada pelo SISU em 29 universidades federais. Atualmente, Carine cursa Medicina Veterinária na UFLA – MG. Resultados como este comprovam a qualidade do Sistema Positivo de Ensino e a eficiência do trabalho das Escolas Conveniadas. Para mais informações, entre em contato conosco pelo telefone 0800 724 4241, pelo e-mail convenio@positivo.com.br ou acesse www.editorapositivo.com.br/sistemapositivo


LTADO


ENTREVISTA

Patricia Peck Pinheiro

“Não se faz justiça com o próprio mouse” Por Ca r i ne Fer na ndes

A

inserção cada vez mais precoce de crianças no ambiente digital, sobretudo na Internet e nas redes sociais, é um dos temas de maior atenção de pais e educadores. Como possibilitar o acesso a esse rico universo e ao mesmo tempo garantir sua segurança? Nesta entrevista, a advogada especialista em Direito Digital, autora de diversos livros na área e uma das idealizadoras do Movimento Criança Mais Segura na Internet, Patrícia Peck Pinheiro, fala das vulnerabilidades e desafios presentes na relação jovem-internet, bem como sobre de que modo a família e a instituição de ensino podem orientar para o uso responsável e ético das ferramentas digitais.

Educação em Revista - Qual o maior desafio de pais e educadores na educação das crianças e jovens para o bom uso do ambiente virtual? Patricia Peck Pinheiro - Os pais devem participar efetivamente da vida digital dos seus filhos, conversando e estando sempre atentos às mudanças de comportamento, para tentar evitar que algo de ruim venha a acontecer. Devem ainda saber quais são seus sites favoritos, seus amigos do Messenger; bem como, de vez em quando, visitar as comunidades de que seus filhos participam e dar um “alô digital” para ele. Os pais devem sentar do lado no computador de vez em quando e ensinar. E em vez de proibir, participar do processo de descoberta. Há ainda a possibilidade de monitoramento por meio de softwares de controle parental. Essa é uma decisão que cabe somente aos pais enquanto responsáveis por todos os atos praticados por seus filhos e por tudo que acontece com eles. Além disso, devem pesquisar periodicamente a Internet, buscando o nome de seus filhos e de si próprios para saber o que aparece, para ver como está a “reputação digital da família”. Será que os pais sabem o que seus filhos fazem diante do computador? Se possuem perfis em redes sociais? Se possuem amigos virtuais e se comunicam com eles? Se frequentam lan houses? Quanto tempo permanecem diante do computador? Educação em Revista - Como a escola pode promover a alfabetização digital dos alunos que estão começando a descobrir a Internet?

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A inserção na matriz curricular da disciplina de ética e cidadania digital tornase cada vez mais necessária”


participam de jogos online, se utilizam Patricia - É preciso ainda que a escola MSN, qual o tipo de comunidade em que faça campanhas de conscientização, para ensinar e estimular os alunos a não resol- participam, se já postaram algum filme no YouTube, etc. ver seus problemas de maneira agressiva Tudo deve acontecer muito naturale a não ceder ao comportamento agressimente, de forma que os alunos se sintam vo de outros colegas. Deve ser ensinado o à vontade para contar “não fazer justiça seus casos. As criancom o próprio Nem todos pais e ças de 7 a 10 anos, mouse”. A inpor exemplo, são serção na grade educadores têm bem receptivas e não curricular da disconhecimento dos veem a maldade, bem ciplina de ética e como não têm medo cidadania digital riscos que podem de contar o que já torna-se cada vez fizeram. Por isso, as mais necessária. estar atrás do aulas ocorrem mais Conscientizar computador” naturalmente. Mas o para o uso correimportante com essa to das novas tecidade é orientar para nologias é a base que não conversem com estranhos, não para a formação de usuários digitalmente aceitem estranhos no MSN, no Orkut corretos. e não passem informações sobre si ou Educação em Revista - O que os estu- sobre sua família. A partir dos 11 ou 12 anos, os alunos já dantes precisam saber sobre o direito ficam mais encabulados e com vergonha digital para se protegerem de riscos na de contar as brincadeiras que já fizeram web? E como ensinar esse conteúdo? Patricia – Para todas as idades o pri- na Internet, principalmente quando descobrem que fizeram algo de errado. meiro passo é conhecer as ferramentas Devem-se também abordar as questões e as possibilidades. Será que conhecem de empréstimo de senha, muito comum nossa legislação? Portanto, insisto em dizer que é essencial conhecer a realida- por prova de amor ou amizade. A partir dos 13 anos, devem-se reforçar de da Sociedade Digital. os problemas com uso de imagem (fotos Como segundo passo, os estudantes, pais e professores devem conhecer as ar- e filmes de coleguinhas), e para os mais velhos, inserimos a questão de direitos madilhas que o mundo virtual apresenta. Por exemplo, saber o que é uma engenha- autorais. Além disso, é preciso que os pais e proria social, uma prática comum em que o fessores sejam exemplos de boa conduta, remetente de um e-mail utiliza marcas só assim podem conquistar o respeito dos famosas para enganar o destinatário, a jovens para orientar sobre os perigos na fim de obter suas informações pessoais. Internet. Ficar atento às notícias que envolvem Os pais são responsáveis pelos danos uso de tecnologia, como problemas de pedofilia, criminosos que buscam informa- causados pelo filho menor, mas, ainda assim, quando se tratar de ato consideções em sites de relacionamento, notícias rado como crime pelo Código Penal esse de processos que envolvem crimes contra mesmo é Ato Infracional, quando pratia honra ocorridos por meio da Internet, cado pelo menor (ECA), e deverá este ser entre outras questões. encaminhado para a Vara da Infância e Após conhecer as ferramentas e as da Juventude, devendo sofrer medidas armadilhas que a Internet apresenta, é socioeducativas que podem variar de preciso orientar crianças e adolescentes, acompanhamento psicológico, prestação perguntando, por exemplo, sobre o que de serviços à comunidade ou até mesmo elas costumam fazer na Internet, por internação em instituições específicas. onde navegam, com quem conversam, se

Educação em Revista - A senhora afirma que a Internet é ‘a rua digital’, por quê? Patricia - A culpa não é da tecnologia, já que o perigo não está no computador e sim na forma de uso. Acreditamos que a Internet seja um lugar onde as pessoas possam se comunicar, aprender, colaborar e criar juntas um ambiente virtual saudável e ético. Don Tapscott, em seu livro “A hora da geração digital”, elenca oito normas, atitudes ou comportamentos que diferenciam a geração digital de outras gerações, são elas: Liberdade, Customização, Escrutínio, Integridade, Colaboração, Entretenimento, Velocidade e Inovação. Essas normas representam a manifestação do comportamento desta geração digital. Porém, sabemos que a falta de conhecimento e o mau uso da Internet podem afetar diretamente esse ambiente saudável. Educação em Revista - Os perigos são os mesmos das ruas ‘de verdade’? Patricia – Os perigos podem ser ainda maiores, quando o uso não é feito de forma ética e segura. Tanto os pais quanto os professores estão cientes sobre os riscos que a criança pode correr enquanto está na rua, porém nem todos têm conhecimento dos riscos que podem estar atrás do computador. Os pais estão acostumados a orientar os filhos a não conversar com estranhos na rua, contudo a maioria não diz para os filhos não falarem com estranhos na Internet. Muitos também se lembram apenas de alertar a criança a não pegar carona com estranhos, no entanto não avisam para o filho não participar de qualquer comunidade, como, por exemplo, de conteúdo ilícito, que possa denegrir a sua imagem, entre outras, nas redes sociais. Enfim, na Internet as crianças falam com várias pessoas, postam conteúdo, inclusive vídeos e fotos, logo, precisam tomar cuidado, pois está tudo por escrito. Os pais respondem pelos filhos e já temos inclusive visto no Judiciário ações de indenização em que o pai foi condenado porque o filho falou mal de um professor ou coleguinha.

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Educação em Revista - Qual a sua orientação para aquelas instituições que bloqueiam as redes sociais nos laboratórios de informática? Patricia a – É uma opção da instituição realizar o bloqueio, contudo isso não é garantia de isenção de responsabilidade, ou seja, se um professor agir incorretamente na rede social em relação a algum aluno, por exemplo, a instituição provavelmente será chamada para se manifestar a respeito. Logo, ainda que o acesso não seja permitido, é importante que a instituição monitore o que estão fazendo ou comentando na rede sobre a sua marca e também oriente os professores, pais e estudantes sobre o uso consciente e ético desse canal, para que não violem as

normas da instituição e também as leis vigentes. Educação em Revista - Hoje, as instituições de ensino podem se tornar vulneráveis ao liberar o acesso dos computadores e da Internet aos estudantes, caso não tenham um controle rígido de acesso. Quais são os principais cuidados que elas devem ter para evitar complicações judiciais, sabendo que elas são as responsáveis legais por qualquer ação de má-fé que seja feita no computador que lhes pertence? Patricia – O ideal é que o acesso seja permitido mediante controle, ou seja, que cada estudante receba um usuário e uma senha

individual e intransferível. Dessa forma, diante de um incidente é possível identificar o usuário. É claro que é importante que a instituição também faça guarda dos registros de acesso. Educação em Revista - Como a instituição pode se proteger contra o vazamento de dados? Patricia - A instituição pode se proteger utilizando ferramentas de monitoramento, controle de acesso, entre outras; mas principalmente deixando claro o que é ou não permitido para seus colaboradores, professores e alunos em suas normas. A instituição deve definir nos contratos de trabalho com os professores e colaboradores de quem é a propriedade do conteúdo gerado durante a relação contratual, bem como orientar todos sobre o uso correto e adequado da tecnologia para evitar incidentes. Educação em Revista - Há algum acordo que pode ser feito com os estudantes e funcionários da instituição para evitar futuros problemas jurídicos em função do mau uso dos recursos digitais? Patricia - O que aconselhamos é que a instituição determine em suas normas internas como deve ser feito o uso dos recursos tecnológicos dentro do seu ambiente, seja por professor, colaborador ou aluno. Em relação a essas regras deve ser dada ciência. No contrato de matrícula ou no contrato de trabalho é importante que se deixe claro que devem ser observadas e cumpridas as normas internas da instituição enquanto durar a relação contratual.

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C A PA

A inovação que pode trazer mais qualidade à aprendizagem nos métodos de ensino, na forma 22 Mudanças de avaliação e até mesmo no formato de sala de aula podem trazer resultados significativos para o processo de ensino-aprendizagem

SALA DE AULA Pesquisa mostra novos caminhos para aproximar a família da escola

INTERDISCIPLINAR

Estudo sugere um profissional que trabalhe as relações entre família e instituição de ensino

TENDÊNCIAS

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As perspectivas com o novo Ensino Médio

Meritocracia ajuda na educação?

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Como criar a cultura da sustentabilidade

Célia Silveira aborda as normas de convivência no ambiente escolar

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CONGRESSO Catanante fala sobre a 38 Benne relação entre as gerações

PREMIADAS

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Os cases de sucesso dos colégios Anchieta e Marista Champagnat e das mantenedoras Rede La Salle e Rede Marista.

CULTUR A

OPINIÃO

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Pequenas mudanças de hábitos podem garantir uma vida mais longa e saudável

LEGISLAÇÃO

EM DEBATE

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Especialistas trazem dicas de como viver mais e melhor

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A literatura ganha novas formas na Internet Educação E Ed du ucaaçã ção o 7


EDITORIAL

Um olhar para fora do seu mundo A palavra inovação é derivada do termo latino innovatio e se refere a uma ideia, método ou objeto que é criado e que pouco se parece com padrões anteriores. Se aplicada à educação, ela ganha novos significados e sugere reflexão. Na reportagem de capa desta edição trouxemos o tema para o eixo central da matéria, a partir de experiências e conceitos de especialistas que têm estudado o assunto. Também fomos conhecer de perto a proposta pedagógica da única instituição de ensino brasileira reconhecida como uma das mais inovadoras do mundo, a Escola Lumiar, de São Paulo. Nosso objetivo não é mostrar fórmulas prontas, mas sim abrir os horizontes dos educadores, apresentar o que está ocorrendo fora do seu contexto, o que pode virar uma tendência, o que vem sendo estudado ou testado. Além desse grande debate, esta edição discute ainda outros assuntos como meritocracia, políticas públicas para o ensino superior, direito digital aplicado à educação e o que fazer para ter uma vida longa e saudável. Também apresentamos novos estudos sobre a relação entre família e escola. Boa leitura. Carine Fernandes Editora da Educação em Revista

ESPAÇO DO LEITOR: “Reconheço o grande valor dessa publicação como uma forma de divulgação das experiências, da reflexão, da partilha, da produção e dos avanços do Ensino Privado no Rio Grande do Sul e, consequentemente, no Brasil. Instrumentos como esse são de extrema importância para o crescimento da nossa sociedade. Parabéns!” Ir. Jardelino Menegat Provincial da Província La Salle Brasil - Chile e Presidente da Rede La Salle

“Parabenizo essa conceituadíssima revista, que tanto tem auxiliado a mim e os professores do Centro de Educação IDEAU - Colégio Santa Clara na árdua mas gratificante tarefa de educar, profissão da qual me orgulho e que exerço por idealismo pessoal. Educadores, gestores e outros profissionais da área podem acompanhar as principais questões relacionadas a educação e pedagogia, nessa publicação. Portanto, indubitavelmente, a Educação em Revista é válida e indispensável para o profissional da Educação, sinto-me grata em recebê-la na nossa escola e por ser muito utilizada por todos.” Caroline Tonin Cadorin Coordenadora pedagógica da Educação Infantil e Anos Iniciais do Ensino Fundamental do Centro de Educação IDEAU - Colégio Santa Clara

“Li na Educação em Revista, nº 92, edição Junho-Julho de 2012, a matéria de capa: “A Internet mudou o jeito de aprender.” Gostei muito da abordagem e parabenizo a revista pela matéria, que, com certeza, proporcionará discussões nas escolas, onde as tecnologias da comunicação e da informação estão presentes e trazendo novos desafios à comunidade escolar.” Gisele de Morais Fernandes Professora do laboratório de Informática do Colégio Nossa Senhora da Glória, de Porto Alegre

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Expediente Edição: Carine Fernandes (MTB 15449) Produção: Carine Fernandes e Carolina Leal (MTB 9567) Reportagens: Carine Fernandes, Carolina Leal, Luciani Gomes (MTB 30381/RJ), Sara Keller (MTB 14372) , Vívian Gamba (MTB 9383) e Mirella Nascimento (MTB 12.479) Foto da capa: Diego Migotto/ Escola Lumiar, São Paulo Conselho Editorial: Prof. Osvino Toillier, Prof. Hilário Bassotto, Prof. Flávio D’Almeida Reis, Profª Mônica Timm de Carvalho, Profª Naime Pigatto Sperb, Prof. Ruy Carlos Ostermann, Prof. Pedro Luiz da Silveira Osório e Prof. Carlos Jahn.

DIRETORIA Presidente: Osvino Toillier 1º Vice-Presidente: Hilário Bassotto 2º Vice-Presidente: Flávio Romeu D’Almeida Reis 1º Secretário: Vanderlei Langoni de Souza 2º Secretário: Maria Helena Lobato 1º Tesoureiro: João Olide Costenaro 2º Tesoureiro: Wilson Ademar Griesang Suplentes: 1º Suplente: Mônica Timm de Carvalho 2º Suplente: Oswaldo Dalpiaz 3º Suplente: Adélia Dannus 4º Suplente: Delmar Backes 5º Suplente: Olavo José Dalvit 6º Suplente: Bruno Eizerik 7º Suplente: Adelmo Germano Etges

CONSELHO FISCAL Titulares: Ruben Werner Goldmeyer Luiz Fernando Felicetti Valderesa Moro Suplentes: 1º Suplente: Isaura Paviani 2º Suplente: Maria Angelina Enzweiler 3º Suplente: Anelori Lange Coordenador da Assessoria de Comunicação e Marketing: Prof. Osvino Toillier Assessora de Comunicação e Marketing: Renata Santayana Assessora de Imprensa: Carine Fernandes Relações Públicas: Luciana Moriguchi Jeckel Estagiárias: Bruna Ricardo e Marcele Wolf

Missão: Representar e congregar as instituições do ensino privado na promoção de sua qualificação permanente, diferenciação e sustentabilidade.

Visão: Ser referência como instituição no cenário educacional brasileiro, reconhecida pela eficiência na representação sindical e proposição de novos significados ao setor.

Valores: &RPSURPLVVR FRP R $VVRFLDGR eWLFD H 7UDQVSDUrQFLD &RPSHWrQFLD &XOWXUD GD ,QRYDomR 5HVSRQVDELOLGDGH 6RFLRDPELHQWDO

FALE CONOSCO Redação Cartas, comentários, sugestões, matérias: educacaoemrevista@sinepe-rs.org.br Anúncios e assinaturas E-mail: carolina.leal@designdemaria.com.br Fone: (51) 3092-0992 Informações Fones: (51) 3213-9090 | www.sinepe-rs.org.br Educação em Revista não se responsabiliza por ideias e conceitos emitidos em artigos ou matérias assinadas, que expressam apenas o pensamento dos autores, não representando necessariamente a opinião da revista. Por motivos de espaço e clareza, as cartas e artigos poderão ser resumidos.


INTERNACIONAL

Inclusão escolar em Portugal

Para dar aula na educação inclusiva é exigido dos professores capacitação em nível de especialização ou Mestrado em Educação Especial

A experiência de inclusão escolar em Portugal é diferente da experiência de inclusão brasileira, embora ambas enfrentem dificuldades semelhantes, como, por exemplo, os baixos investimentos no campo da educação, o despreparo e solidão dos professores para desempenhar o trabalho junto aos “alunos incluídos”, a carência de intérpretes de língua gestual portuguesa, etc. Embora tenha muito que dizer sobre as semelhanças e as diferenças entre as experiências de inclusão vividas no Brasil e em Portugal, aqui me detenho a explicitar alguns aspectos que caracterizam a inclusão em Portugal. Estou em Portugal desde janeiro de 2012 realizando pesquisa sobre a temática da inclusão. Foi um tempo suficiente para poder conhecer e me localizar nos movimentos políticos, estruturais e acadêmicos que envolvem tal temática; mas foi insuficiente para conhecer e explicar algumas práticas que determinam formas de ser e de estar com o outro. Assim, justifico por que não farei análises mais aprofundadas sobre a cultura e por que me deterei mais em aspectos formais que envolvem a formação e o modelo de escola e de educação inclusiva portuguesa. Nos últimos decênios, a inclusão tem sido uma das metas da política educacional em Portugal. No Colóquio Inclusão: Tensões e Territórios, coordenado por mim em conjunto com os professores Jorge Ramos do Ó (Universidade de Lisboa) e Sérgio Niza

(coordenador do Movimento da Escola Moderna em Portugal), realizado no Instituto de Educação da Universidade de Lisboa, no início de julho de 2012, foi possível perceber que não há questionamentos quanto à necessidade da inclusão escolar. Mas há fortes reclamações pedagógicas sobre as condições de trabalho para a realização da inclusão que objetive, além da convivência e socialização, também a aprendizagem. A formação de professores em Portugal, a partir do Tratado de Bolonha, sofreu significativas reformas. Ela é feita em cinco anos de estudos superiores, organizados em dois grandes ciclos: um primeiro ciclo constituído por seis semestres (Licenciaturas); e um segundo ciclo constituído por três ou quatro semestres (Mestrados em ensino). O professor somente poderá assumir uma turma depois de ter concluído o segundo ciclo de formação. No que se refere à formação de educadores especiais, esses necessitam realizar uma especialização em educação especial ou comprovar frequência e aprovação curricular em disciplinas e atividades que compõem os quadros dos cursos de Mestrado em Educação Especial. Além disso, pela legislação portuguesa, o professor que ingressa no curso de especialização em Educação Especial deve ter acumulado cinco anos de experiência docente como auxiliar. Os professores de Educação Especial, na perspectiva da educação inclusiva, trabalham em escolas de referência e regulares,

desenvolvendo projetos de inclusão para alunos com deficiência. Tal direcionamento da atuação do educador especial tem sido um elemento complexificador da educação inclusiva, pois essa tem exigido que todos os implicados na educação escolar de alunos com deficiência ressignifiquem suas concepções de inclusão e redefinam o trabalho que realizam tanto em nível escolar quanto em nível individual. Além de tudo que já trouxe para esse breve texto sobre a experiência portuguesa, gostaria de pontuar mais dois elementos que, para mim, são fundamentais: primeiro, a necessidade de pensar a inclusão como uma estratégia política de materialização de um princípio maior que é o da educação para todos; segundo, a urgência em entender e assumir a aprendizagem de todos os alunos como objetivo maior da escola. Se educar a todos significou, primeiramente, na história da escola moderna, disciplinar e corrigir os indivíduos a fim de homogeneizá-los, na escola contemporânea parece significar disciplinar para que todos possam viver a partir da condição de diferença e entendendo a semelhança (sempre rara) como uma coincidência. Maura Corcini Lopes Professora da Universidade do Vale do Rio dos Sinos. PósDoutorado pela Universidade de Lisboa (bolsa Capes). Doutora e Mestre em Educação pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Graduada em educação Especial pela Universidade Federal de Santa Maria. Bolsista Produtividade Pesquisa CNPq.

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TENDÊNCIAS

Ensino Médio precisa fazer sentido para os jovens

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responsável pela área de Ensino Médio e Educação profissional da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), acredita que houve amadurecimento na oferta e na gestão das políticas do segmento, mas faltam medidas que acompanhem o dinamismo que a comunidade escolar e o mercado de trabalho exigem. “A integração curricular entre Ensino Médio e Educação profissional ainda é incipiente. É preciso uma proposta pedagógica que sistematize isso melhor.” Marilza defende que cada instituição escolha um modelo segundo a realidade e o perfil de seus alunos, para que eles mudem sua relação com a escola e, vendo seus anseios considerados, fiquem mais interessados. “A discussão precisa se centrar no currículo, em aprendizagens que garantam ao cidadão, ao sair da escola, o preparo para continuar os estudos e evoluir enquanto pessoa e profissionalmente.

Assim, ele estaria apto para desenvolver habilidades que qualquer tipo de trabalho demanda, na escrita, na fala, na construção do raciocínio lógico e no domínio de uma Língua Estrangeira. Embora isso esteja previsto na LDB (Lei de Diretrizes e Bases), não chega a ser efetivado.” Um protótipo de Ensino Médio de formação geral criado pela Unesco em parceria com o MEC segue o modelo-padrão das escolas brasileiras: três anos de duração e carga horária anual de 800 horas. “O diferencial, porém, é que o currículo tem um núcleo de preparação básica para o trabalho e demais práticas sociais, que ocupa 25% do tempo letivo e consiste num trabalho interdisciplinar que envolve todos os professores e estudantes de uma mesma série. Esse grupo irá desenvolver um projeto focado em atividades de pesquisa e trabalho tendo, para cada ano do Ensino Médio, um tema norteador - no

Microsoft Corporation

estruturação da reforma no Ensino Médio teve início no segundo semestre de 2011, com a inclusão de disciplinas voltadas para o mercado do trabalho, com o objetivo de tornar esta etapa da Educação Básica mais significativa para os estudantes. A proposta foi bem aceita por educadores e especialistas na área, uma vez que visa melhorar a aprendizagem dos alunos, reduzindo os altos índices de reprovação. No ano passado, o Rio Grande do Sul foi campeão em reprovação do Ensino Médio, com 20,7% de alunos repetentes, na rede pública, conforme o Censo Escolar do Instituto Nacional de Pesquisas Educacionais (Inep). Mas, na prática, ainda faltam maior entendimento da proposta e uma orientação mais clara de como aplicá-la. A economista Marilza Regattieri,

Muitos estudantes têm dificuldade de encontrar sentido no que os professores ensinam *Com informações da entrevista concedida por Marilza Regattieri à revista Nova Escola, reproduzidas com a sua autorização

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primeiro, escola e moradia como ambientes de aprendizagem, no segundo, ação comunitária, e no terceiro, vida e sociedade.” “A realidade exige ser compreendida na teia em que se constitui”, afirma a pedagoga e professora na graduação e pós-graduação do UniRitter, Maria Beatriz Pauperio Titton, ao pontuar que a realidade é interdisciplinar. Para a especialista, um novo paradigma é necessário. “Impossível continuar a pensar em currículos em que as diferentes disciplinas não se articulem na direção da produção de conhecimento.” Nesse processo, não há disciplina que seja carro-chefe das demais. “Elas têm igual relevância, pois o que as move é uma proposta de formação que se concretiza por meio de um conjunto de saberes integrados e significativos para a compreensão e ação crítica acerca da realidade.” Maria Beatriz concorda que o princípio

norteador das experiências docentes e discentes é a pesquisa, “cujo projeto deve ser coordenado (e não centralizado) por um professor ou disciplina específica, como a prevista na proposta pedagógica para o ensino médio na rede estadual de ensino do Rio Grande do Sul”. O tipo de formação que Unesco e MEC buscam com seus protótipos segue o que determina a LDB: que o aluno conclua o Ensino Médio com a garantia das aprendizagens necessárias ao desenvolvimento de conhecimentos e atitudes e práticas sociais e de trabalho. “Isso inclui a convivência familiar, a participação política e a capacidade de dar continuidade aos estudos, de desenvolver a autonomia intelectual e o pensamento crítico e ainda compreender os fundamentos científico-tecnológicos dos processos produtivos, relacionando a teoria com a prática dos conteúdos estudados”, diz Marilza.

Para Maria Beatriz, para que o trabalho interdisciplinar seja eficiente é preciso promover o encontro entre o mundo da escola e o mundo dos jovens. “A pouca valorização dada a determinados conteúdos tem menos a ver com desinteresse e mais com a dificuldade de encontrar sentido no que os professores ensinam.” De acordo com a pedagoga, os professores devem deixar de ser “transmissores para ser mediadores, facilitadores da aquisição de conhecimentos, estimulando a realização de pesquisas, a produção de conhecimentos e o trabalho em grupo”. Apesar dos entraves existentes para colocar a proposta em prática, cabe um esforço coletivo de gestores, professores e da sociedade para tornar o Ensino Médio mais atraente ao jovem, fazendo com que ele veja sentido no estudo e tenha vontade de aprender.

KKD ͮ > 'KΠ ĚƵĐĂƟŽŶ͗ /ŶƐƉŝƌĂŶĚŽ ŽƐ ĐŽŶƐƚƌƵƚŽƌĞƐ ĚŽ ĂŵĂŶŚĆ As soluções de aprendizagem da ZOOM, representante exclusiva da > 'KΠ ĚƵĐĂƟŽŶ no Brasil, foram desenvolvidas com base nos quatro pilares da educação da Unesco e oferecem uma proposta pedagógica diferenciada, o ĂƉƌĞŶĚĞƌͲĨĂnjĞŶĚŽ, inovadora pela capacidade de ĚĞƐĞŶǀŽůǀĞƌ ŚĂďŝ ďŝůŝůŝĚĂ ĚĂĚĞ ĚĞƐ͕ Ɛ͕ Đ ĐŽŵƉĞ Ɖ ƚġŶĐŝĂƐ͕ ĂƟƚƵĚĞƐ Ğ ǀĂůŽƌĞƐ ƉĂƌĂ ƚŽĚĂ Ă ǀŝĚĂ͘ ĚĞƐĞŶǀŽůǀĞƌ ŚĂďŝůŝĚĂĚĞƐ͕ ĐŽŵƉĞƚġŶĐŝĂƐ͕ ĂƟƚƵĚĞƐ Ğ ǀĂůŽƌĞƐ ƉĂƌĂ ƚŽĚĂ Ă ǀŝĚĂ͘

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INTERDISCIPLINAR

Muitos anos de vida: como alcançar a longevidade de forma saudável Por Sara Keller

Encontrar o equilíbrio entre o bem-estar físico e o mental é um dos pontos mais importantes para garantir um bom envelhecimento

O

fascínio pela longevidade não vem de hoje. Lendas sobre a fonte da juventude, como águas capazes de tornar imortal quem as bebesse, prosperam desde tempos remotos e permanecem no imaginário popular. Se a imortalidade continua sendo uma utopia, a longevidade, nem tanto: estamos vivendo mais. Dados do IBGE mostram que, entre 1960 e 2010, a esperança de vida do brasileiro aumentou 25,4 anos. Há meio século a expectativa de vida no país era de 48 anos, contra 73,48 anos em 2010! Embora desejem prolongar a vida ao máximo, muita gente se arrepia ao pensar em envelhecer. Mas, se estamos alcançando o que sempre procuramos, por que esse processo, na cabeça de muitos, ainda é algo

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negativo? “A humanidade sempre perseguiu a fonte da eterna juventude. De repente, quando o envelhecimento passa a ser cada vez mais a experiência de muitos, passamos a falar nele como um grande problema. Isso é uma incoerência total. Temos que celebrar o envelhecimento, mas é preciso que existam condições para que as pessoas tenham qualidade de vida à medida que envelhecem”, comenta o médico Alexandre Kalache, ex-diretor do Programa Global de Envelhecimento e Saúde da OMS, hoje consultor em políticas para o envelhecimento e presidente do Centro Internacional da Longevidade. Uma das chaves para alcançar essa qualidade de vida é manter hábitos saudáveis. Muitos deles podem começar pela nossa própria iniciativa, sendo incorporados a uma rotina que nos ajudará a envelhecer de forma mais

sadia. “Não temos como prevenir o envelhecimento, mas podemos preparar um bom envelhecimento. O que podemos prevenir são as intercorrências ruins que podem ocorrer durante esse processo, como o surgimento de algumas doenças”, explica o médico, professor universitário e pesquisador Emilio Moriguchi, chefe do Núcleo de Geriatria e Gerontologia do Hospital Moinhos de Vento, em Porto Alegre. De acordo com ele, entre os hábitos que ajudam a preservar a qualidade de vida antes e durante o envelhecimento estão a adoção de uma dieta balanceada, rica em verduras, legumes, frutas, peixes e frutos do mar; a manutenção de atividade física, acompanhada de atividade mental regular; e repouso adequado (entre 7 e 8 horas diárias). Além disso, segundo Moriguchi, há a necessidade de se viver em um bom ambiente familiar e de trabalho,


ter bons amigos, sentir-se útil e produtivo e ter suas atividades reconhecidas. “Também é importante ter uma fé, independentemente da religião, que dê esperança quando o resto passa a não fazer sentido”, acrescenta. Encontrar o equilíbrio entre o bem-estar físico e o mental é um dos pontos mais importantes. E para que a relação entre corpo e mente seja sadia, o envelhecimento deve ser encarado como algo natural. “Para poder envelhecer com saúde e qualidade de vida, aliando o bem-estar do corpo e da mente, é necessária a vontade de viver de acordo com cada idade. O envelhecimento é um processo natural e inexorável com que devemos aprender a conviver de forma amigável, e não enfrentar como se fosse um inimigo que queremos combater”, explica Moriguchi. Um exemplo a ser seguido Com 86 anos de vida, muitas histórias para contar e uma grande generosidade em dividir seu conhecimento, o professor e médico Yukio Moriguchi, pai de Emilio Moriguchi, é um exemplo de pessoa que vive a passagem do tempo de forma ativa e saudável. Convidado para criar a primeira disciplina de gerontologia da América Latina,

em 1971, dois anos depois fundou o Instituto no mundo e no seu país.” de Geriatria e Gerontologia da PUCRS. Professor Moriguchi conta que exercícios Pesquisador da OMS e físicos, alimentação professor universitário, ele e repouso adequados Para manter a também foi conselheiro devem estar entre as médico do Papa Paulo VI, principais preocupalongevidade, a cargo sobre o qual conta ções de quem deseja com orgulho. pessoa deve dar alcançar uma vida O professor Moriguchi saudável. Nesse sentiimportância tem uma vida ativa: viaja, do, ele alerta para um trabalha, ministra conferênvilão que é muito aprepara duas cias, dá aulas, faz exercícios. ciado no Rio Grande Em sua rotina, ele inclui háextremidades: a do Sul: o churrasco. bitos de dar inveja a muitos “O churrasco tem cabeça e o pé” - muito sal e gordura jovens: “Acordo sempre às 4h30 e estudo durante uma animal, que podem Yukio Moriguchi hora. Também venho camilevar a doenças como nhando da minha casa até o hipertensão e câncer, hospital da PUCRS, uma caminhada de uma além de causar infarto”, explica. hora”. Para ele, caminhar é um dos exercícios mais recomendados. “O melhor exercício é a Nunca é tarde caminhada. Desde os nossos primeiros anos de vida, é o exercício mais natural. É o mais O ideal é que hábitos como os do professor adequado, o mais fácil.” E não são apenas os Moriguchi sejam um verdadeiro estilo de pés que precisam se mexer. “Para manter a vida. Mas não desanime: nunca é tarde para longevidade, a pessoa deve dar importância mudar. “Quanto mais cedo começar, melhor, para duas extremidades: a cabeça e o pé. Para mas nunca existe uma idade em que é tarde deixar a cabeça ativa, deve-se ler e estudar, demais”, avisa Alexandre Kalache. Segundo manter-se informado sobre o que acontece ele, alguns hábitos aprendidos desde cedo influenciam na maneira como envelhecemos. “O brasileiro gosta da dieta branca: muito arroz, farinha, açúcar. Se você colocar mais cor no seu prato, tem boas chances de ter boa saúde e envelhecer melhor.” Tomando alguns cuidados podemos alcançar a longevidade de forma mais saudável. E o melhor é que a maior parte deles depende apenas de nós mesmos para acontecer. Então, leitor, como estão seus hábitos de vida? Se ainda não são os ideais, que tal colocar essas ideias em prática para garantir uma vida mais longa e saudável? Seu corpo e sua mente agradecem.

SAIBA MAIS

Manter uma vida ativa é um dos principais segredos do professor Moriguchi

Confira na página online da Educação em Revista a pesquisa na íntegra do IBGE sobre a esperança de vida do brasileiro. Saiba mais em www.sinepe-rs.org.br

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SALA DE AULA

Estudo sugere necessidade de um profissional dedicado a trabalhar a relação família X escola Por Luciani Gomes

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o matricularem seus filhos na escola, os pais muitas vezes não imaginam a influência que terão no desempenho e na relação das crianças com os estudos e o ambiente no qual eles acontecem. Imagina-se que dar apoio, levar à escola, ajudar nos deveres quando preciso seja suficiente. Uma pesquisa feita pela Universidade de São Paulo (USP) em uma escola estadual da capital daquele estado com crianças entre 6 e 8 anos, mostra, no entanto, que o envolvimento é muito mais profundo. As relações familiares e afetivas que os pais desenvolveram ao longo de suas próprias histórias escolares interferem e delineiam a relação que eles terão com as escolas de seus filhos. “No grupo estudado, por exemplo, as crianças tiveram seus vínculos afetivos com a instituição de ensino calcados nas próprias relações familiares”, explica a psicóloga Mariana Giorgion, autora do estudo. Percebeu-se, assim, a necessidade de um profissional que trabalhe, especificamente, essas relações nas escolas. Mas como isso funcionaria? Seria suficiente? Desde o início da vida escolar, o colégio pede que os pais estejam presentes na educação dos filhos. Da escola, espera-se que esteja atenta ao aluno, seu desempenho e eventuais mudanças de comportamento. Assim, segundo o estudo, esse profissional seria o encarregado de conhecer as famílias, seus valores, referências e o imaginário que elas têm do contexto escolar. “Até mesmo conhecer a casa da criança importa para a escola saber quem está recebendo, qual o patamar inicial da relação”, recomenda Mariana. Ao profissional sugerido pelo estudo, caberia fazer os

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Mesmo quando o tempo dos pais é limitado, é possível se fazer presente na educação dos filhos com qualidade

diagnósticos, prognósticos e indicações, caso a caso. Para a psicopedagoga Isabel Parolin, cabe a cada escola definir qual a melhor maneira de aprimorar o relacionamento com os pais dos alunos. “Mas acredito que a existência de um profissional que centralize este trabalho seja benéfica”, acrescenta. A psicóloga e psicanalista Luciana Wickert, coordenadora do projeto Psicologia e Educação, aplicado em diversas escolas do Estado,

pondera e afirma que tal tarefa não deve ser responsabilidade de um profissional somente. “Trata-se de um pensamento que precisa estar disseminado por todos os agentes no ambiente da escola. Afinal, é por meio de relações intersubjetivas que o conhecimento se constrói”, diz. Um profissional dedicado especialmente a lidar com os pais não é a única alternativa para conseguir levar os pais à escola, no


entanto. Isabel conta que muitos grupos de discussão sobre família e escola bem-sucedidos nasceram de bingos com os pais, sessões coletivas de filme seguidas de discussão ou recepções, por exemplo. Além disso, atividades escolares que vão ao encontro das dificuldades enfrentadas pelos pais em casa têm mais chance de atraí-los e seduzi-los, defende Luciana. “Isso faz com que os pais enxerguem a escola como uma aliada na difícil tarefa de educar. Gera colaboração”, explica ela, que defende que esse calendário escolar seja muito bem pensado, com atividades não simplesmente para constar, mas que estejam direcionadas ao público e faixa etária dos alunos em questão. Uma prática pouco comum e bastante simples como um telefonema aos pais para ressaltar um bom desempenho ou conquista é de grande eficácia, completa Mariana. “Quando os pais se sentem acolhidos, confiam na orientação escolar, passam essa segurança para a criança e se sentem mais motivados a estabelecer as regras, limites e parâmetros que o processo de escolarização dos filhos exige”, explica ela. O Colégio La Salle Dores, de Porto Alegre, encontrou uma forma eficaz de estreitar as relações com as famílias, ao criar o Dia da Convivência. Na oportunidade, os pais são convidados a irem à escola para participar de diferentes atividades recreativas. Muitos

jogos, brincadeiras e até um show de ioiô ajude a interpretar a tarefa e só aí ele executar. fazem parte da programação. Nas duas edi- Isso cria uma dependência, e o filho perceções já realizadas, a iniciativa contou com be que é uma forma de ganhar a atenção da um número expressivo de famílias e alunos. mãe e do pai”, explica Isabel. É, sim, função Para o diretor do dos pais garantir o La Salle Dores, As relações familiares tempo para a criança Ibanor Möllmann, executar a tarefa, o e afetivas que os pais essa é uma maespaço adequado e o neira de motivar material escolar prévio, desenvolveram ao o estudante. “O já acordado com eles aluno se sente valongo de suas próprias anteriormente. Quanto lorizado ao trazer à disponibilidade de histórias escolares alguém das suas tempo das famílias, relações familiaquestão sempre levaninterferem e delineiam tada ao se discutir a res para a escola num dia sem participação dos pais a relação que eles aula. Para eles na vida escolar dos terão com as escolas de filhos, Isabel, Luciana o colégio é uma segunda casa, e a e Mariana ressaltam seus filhos. família contribui que, mesmo quando é no processo dessa limitada, é possível se importante afirmação”, destaca. O projeto fazer presente na educação dos filhos. Tempo deve ocorrer a cada dois meses. emocional, afetivo, é mais importante que Algumas famílias consideram o momento tempo cronológico. da lição de casa a hora de se sintonizar com Independentemente de ter ou não um profisos estudos dos filhos. Mas especialistas sional específico para trabalhar com a família, dizem que, além de o dever soar como um cabe à escola a tarefa de incentivar os pais a incômodo quando compartilhado com os estarem presentes na vida escolar de seus pais, ele perde sua função pedagógica, de filhos. Claro que, nesta função, o interesse e o fazer a criança revisar e reforçar o conteúdo envolvimento da família serão fundamentais de aula. “É muito comum o filho não fazer a para que a parceria traga resultados positivos lição antes de a mãe chegar, para que ela o para a aprendizagem dos estudantes.

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EM DEBATE

Meritocracia pode melhorar a educação? Luiz Guilherme Scorzafave* Nos últimos anos, o Brasil vem experimentando um aumento de fatores. Um deles diz respeito a como os agentes envolvidos na preocupação com a qualidade da educação. Essa questão vem o enxergam. Dito de outro modo, será que os agentes afetados ganhando cada vez mais a atenção da sociedade. Pode-se dizer realmente enxergam os sistemas de meritocracia como algo poque o advento das avaliações externas de larga escala, como o sitivo? Essa percepção pode estar relacionada com o tamanho SAEB e a Prova Brasil, contribui para trazer à luz a realidade e abrangência dos benefícios do programa. Um programa que da educação brasileira. Apesar de essas avaliações sofrerem premia a minoria dos agentes escolares tem maior dificuldade de críticas por não serem instrumentos que avaliem todas as dimen- ser aceito pela rede do que programas que beneficiam um consões do processo educacional, mas apenas as competências em tingente maior de professores e diretores. Ligado a isso, outro Matemática e Língua Portuguesa, é inegável que o diagnóstico aspecto fundamental é o desenho dos programas. E aqui reside o fornecido por elas contribuiu para que se conhecesse melhor a grande desafio hoje, pois pequenas mudanças de desenho podem provocar mudanças consideráeducação brasileira, as desigualdades existentes entre as Programas de bonificação devem veis nos resultados. No atual estágio dos prodiferentes escolas e o tamanho gramas de bonificação, é imser vistos como um instrumento do desafio a ser percorrido portante que sejam realizadas para que o país tenha uma de valorização de uma avaliações rigorosas de impacto educação de qualidade. desses programas, para que se Uma vantagem adicional característica muito importante tenha ideia sobre se os progradessas medidas de avaliação mas estão funcionando, mas para a qualidade do ensino, mas externa é que elas serviram de também se o tamanho do benebase para a construção de sisde difícil mensuração: uma aula fício é suficiente para compentemas de monitoramento e de sar os custos. E isso só pode ser responsabilização dos sistede boa qualidade” feito caso a caso. mas educacionais. Além dessa Por fim, as evidências da litequestão informativa, outra ratura especializada mostram que, mesmo quando bem-sucediferramenta possibilitada por tais resultados é a construção de das, essas políticas não devem ser vistas como “balas de prata”, sistemas de bonificação aos docentes. Estados como São Paulo, ou seja, como a solução única e milagrosa para os problemas da Rio de Janeiro, Espírito Santo, Ceará, entre outros, já contam educação. Elas são mais um instrumento a ser aplicado na concom sistemas dessa natureza, nos quais os agentes escolares tribuição por uma educação de melhor qualidade. Dessa forma, são recompensados de acordo com o alcance de resultados em devem ser vistas como um instrumento de valorização de uma termos de aprendizado e aprovação por parte dos alunos. característica muito importante para a qualidade do ensino, mas Os sistemas existentes atualmente no país são bastante disde difícil mensuração por parte do gestor: uma aula de boa quatintos entre si em termos de valores pagos e demais regras do sistema. Dessa forma, não faz sentido uma discussão geral e lidade, com um professor motivado e interessado no aprendizado simplista acerca da validade ou não do “pagamento do bônus”. O dos alunos, especialmente daqueles com maiores dificuldades. que a pouca evidência científica até então disponível para o país deixa claro é que o êxito de um sistema depende de uma série *Doutor em Economia e professor da USP

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Está sob análise na Câmara dos Deputados a proposta de emenda à Constituição que estabelece a meritocracia como um dos princípios do ensino público brasileiro. Embora a ideia ainda esteja no papel, mais de 30 mil escolas públicas já adotam sistemas que premiam os professores com base no desempenho de seus alunos. Mas o tema ainda é bastante polêmico e divide a opinião de especialistas sobre a sua eficácia. Para aprofundar o assunto, Educação em Revista convidou dois especialistas para discutir os prós e os contras da proposta. Confira:

Luiz Carlos de Freitas*

Tramitam no Congresso Brasileiro duas propostas que vão faz com que problemas sociais que afetam a aprendizagem dos introduzir no Brasil as condições para reproduzirmos, aqui, a alunos (60% das variáveis) sejam vistos apenas como probledécada já perdida pelos americanos nos Estados Unidos: a Lei mas escolares e o Estado passe a ter o papel apenas de premiar de Responsabilidade Educacional e a PEC 82/11 sobre merito- ou punir. Em sua forma mais elaborada, as escolas com baixo cracia. Lá, a Lei de Responsabilidade Educacional conhecida desempenho são fechadas e entregues à iniciativa privada sob como No Child Left Behind, implantada em 2002, é hoje am- concessão. plamente reconhecida como sendo um fracasso rotundo. Recente estudo da National Academy of Sciences (Hout and No Brasil, aliada a esta iniciativa, tramita também a PEC Elliott, 2012) concluiu que essas políticas de meritocracia 82/11, que prevê alteração no Art. 206 da Constituição para as- não conduziram os Estados Unidos a uma melhoria real na segurar “a meritocracia em todas as esferas e setores do ensino educação. público”. Segundo seu proponente, “levar a noção do mérito às A questão é que este não é o fim da história. Como todo sisúltimas consequências, como fazem os países desenvolvidos, tema hierárquico, o elo mais fraco é que paga a conta... E o é requisito básico para o ensino elo mais fraco não é o professor: é público de qualidade”. Isso, o aluno. Quando os pais percebeRelatórios de pesquisadores porém, é mais fé do que evidênrem que a conta ficou novamente independentes mostram a cia empírica. para seus filhos, certamente haverá Os educadores profissionais reação – como está havendo nos inadequação de se tratar a por décadas alertaram, sem países desenvolvidos. A pressão serem ouvidos, para a necessidapsicológica para os alunos se educação dentro da lógica de de se levar a sério a educação. saírem bem nos testes será brutal, dos negócios e de mercado” Mas somente agora a questão prejudicando o desenvolvimento educacional se tornou relevante intelectual dos alunos. Os alunos para assegurar o retorno dos biserão ensinados a fazer testes e não lhões de dólares investidos no Brasil por meio de investimento a pensar. Haverá ainda uma tendência para se “inflacionarem” produtivo direto é que ela despertou a atenção dos empresários. os resultados dos testes dos alunos. E agora, eles têm pressa em melhorar a educação, e os atalhos Dúzias de relatórios de pesquisadores independentes mossão atraentes (e lucrativos para alguns). tram a inadequação de se tratar a educação dentro da lógica dos A nova solução de mercado em voga, que está sendo apenas negócios e de mercado. ensaiada no Brasil, implica “responsabilizar” diretores e proAderir a tais ideias em um ato de fé não resolverá e, como fessores pela qualidade do ensino, deixando o papel do Estado ocorreu com os americanos, vai nos conduzir a mais uma mais opaco. Em sua formulação acabada, em uso em alguns década perdida na educação brasileira. Aqui, até “contêiner” é países, esta visão situa o problema da não aprendizagem apenas considerado escola. Políticos, empresários, pais e demais intenos profissionais da educação e na gerência pública das escolas. ressados têm que entender: não há atalho para a boa educação e Como solução, o Estado passa a pagar diferenciadamente com educação de qualidade custa. bônus os “bons” profissionais e a demitir os “piores”. A transferência de responsabilidade para os profissionais da educação *Professor Titular da Faculdade de Educação da Unicamp – http://avaliacaoeducacional.zip.net

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GESTÃO

Desafios a serem superados no processo de avaliação das IES Por Carol i na L eal

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esde 2004, quando foi criado o Sistema Nacional de Avaliação da Educação Superior (Sinaes), as instituições de ensino superior (IES) localizadas em todo o país passaram a ter seu desempenho aferido. Para tal métrica, é utilizado, principalmente, o Exame Nacional de Desempenho de Estudantes (Enade). Todos os processos avaliativos são coordenados e supervisionados pela Comissão Nacional de Avaliação da Educação Superior (Conaes), sendo que a operacionalização é de responsabilidade do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (INEP), ambos ligados ao Ministério da Educação (MEC). É um contexto que envolve nada menos do que 2.377 instituições, entre faculdades, centros universitários e universidades, que englobam um total de 29.507 cursos presenciais e da distância, de acordo com dados divulgados no Censo da Educação Superior 2011,

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realizado pelo INEP. E tamanha complexidade, que cresce a cada ano, acaba por também contemplar alguns ‘desafios’ a serem superados, especialmente durante o processo avaliativo. “Temos situações como a utilização de mesmo instrumento de avaliação de cursos aplicado para níveis diferentes de instituições e, por isso, com complexidades muito distintas, como faculdades isoladas e universidades. Outro exemplo é uma consideração de peso maior ao desempenho dos alunos no Enade, sendo que sua participação no exame, muitas vezes, não conta com o comprometimento dos mesmos, em detrimento de um melhor dimensionamento de outros componentes”, ressalta o integrante da diretoria do Sinepe/ RS, Bruno Eizerik. Mas, apesar desses fatos que podem prejudicar os resultados das IES, as perspectivas são promissoras, na avaliação do MEC, em favor da promoção de uma avaliação mais condizente com as realidades das instituições. “Os indicadores dos instrumentos estão sendo

acompanhados e as alterações que se fizerem necessárias ao longo do processo avaliativo se darão de modo a atualizar tais indicadores e democratizar o processo, que deve contar com a participação da comunidade acadêmica. Sabe-se que a avaliação como um processo dinâmico deve estar em adequação com as propostas inovadoras e também com a expansão necessária à democratização da educação superior. O INEP tem dialogado com as instituições de ensino superior e, juntamente com as comissões assessoras de avaliação, tem buscado avançar na construção de indicadores de qualidade que possam expressar a relevância social dos cursos e das instituições no cenário nacional”, afirma a Diretora de Avaliação da Educação Superior do INEP, Claudia Maffini Griboski. Claudia acrescenta que a avaliação é entendida como um processo que possibilita o registro de análises quantitativas e qualitativas das dimensões avaliadas, observando-se a flexibilidade necessária aos instrumentos


para a análise do projeto pedagógico dos cursos e do plano de desenvolvimento das instituições. “Isto quer dizer que, se uma faculdade tem exigências com relação à estrutura, missão, funcionamento, projetos e ações diferentes de uma universidade, a avaliação contemplará esta diferença, já que a análise é feita sobre o projeto pedagógico. Por exemplo: se uma faculdade tem em seu Plano de Desenvolvimento Institucional (PDI) o desenvolvimento de pesquisa, embora não se exija desta organização acadêmica a oferta de pesquisa, os avaliadores irão analisar este indicador tanto quanto em uma universidade. Entretanto, se não houver a oferta de pesquisa, este indicador não será avaliado, sem prejuízo ao relatório da avaliação”, esclarece ao afirmar que esta é uma inovação do instrumento de avaliação in loco. O diretor do Sinepe/RS pondera que “a avaliação in loco só é realizada no ciclo avaliativo ou quando a IES tem um Conceito Preliminar de Curso (CPC) ou Índice Geral de Cursos (IGC) menor do que dois. Só que nestes casos, esses

conceitos preliminares já vieram a público, prejudicando de forma irreparável as instituições, ou seja, o MEC divulga um conceito preliminar para depois visitar a instituição”. Quanto ao Enade, a diretora explica que o que indica o resultado do curso no exame é a correspondência do projeto pedagógico com as Diretrizes Curriculares dos Cursos (DCN). “Portanto, a responsabilidade pelo enquadramento do curso no Enade, bem como a inscrição dos estudantes é da instituição. O INEP divulga as diretrizes da prova e o coordenador do curso faz o enquadramento na área a ser avaliada. O curso que não tem a área avaliada não terá conceito Enade, nem Conceito Preliminar de Curso (CPC) e terá avaliação in loco para receber o conceito do curso (CC)”, complementa. Anualmente, o MEC promove seminários nacionais com os coordenadores de cursos e procuradores institucionais para ampliar o conhecimento sobre as questões conceituais e operacionais do exame.

Espaço para discussões em Porto Alegre Uma boa oportunidade para poder aprofundar tais temas será por meio do evento promovido pelo Sinepe/RS, que ocorrerá no próximo dia 18 de setembro, em Porto Alegre. Com o título Seminário de Políticas Educacionais para o Ensino Superior, a iniciativa contará com a participação de representantes do MEC e do Inep e já está com inscrições abertas. Informações pelo telefone (51) 3213-9090 ou pelo email: eventos@sinepe-rs.org.br.

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OPINIÃO

Educação para a sustentabilidade Cada vez mais nos deparamos com novas técnicas, estudos e ferramentas para tornar as organizações mais sustentáveis, em termos econômicos, sociais e ambientais. Esta busca da sustentabilidade é motivada internamente pela eficiência no uso dos recursos, que gera redução de custos e de riscos, e externamente pela sociedade civil, que desafia as organizações a atuarem de uma maneira mais transparente e responsável. Porém, um ponto merece extrema atenção nesta busca, que é a formação e qualificação de profissionais para atuarem nesse novo cenário. Para atender à questão acima citada, devemos reconhecer a educação como um dos principais agentes de transformação para a sustentabilidade, pois aumenta a capacidade das pessoas de transformarem conceitos em ações, incentivando os valores, comportamentos e estilos de vida necessários para um futuro mais sustentável. Até a década passada o tema sustentabilidade era pouco abordado na formação profissional nas diferentes áreas do conhecimento no meio acadêmico, limitando-se às áreas como ciências naturais e correlatas. Porém, hoje já podemos perceber a inserção do tema nos novos currículos, mesmo que de forma pontual e isolada, ou a criação de novos cursos, como Gestão Ambiental, que focam na formação de profissionais engajados com as práticas sustentáveis. Mas essa formação não deve limitar-se somente ao nível superior de educação, deve estar presente também na formação básica, na formação técnica e até mesmo na educação corporativa, desenvolvida dentro das organizações. Neste contexto, as instituições de ensino, além dos demais atores, devem

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assumir o importante compromisso de geração e difusão de conhecimento, sendo de relevante importância, tendo em vista o futuro impacto social, econômico e ambiental dos egressos no comando de organizações. Este compromisso é reforçado pelo Conselho Nacional de Educação, por meio da resolução nº 2 de 15 de junho de 2012, ao reconhecer o papel transformador da educação ambiental diante do atual contexto nacional e mundial de riscos socioambientais locais e globais. Reafirmando que o tema socioambiental deve ser componente integrante, essencial e permanente da educação nacional, devendo estar presente em todos os setores da educação; para isso, as instituições de ensino devem promovê-lo integradamente nos seus projetos institucionais e pedagógicos. Esta resolução segue o proposto pela Unesco, que lançou em 2005 a Década da Educação para o Desenvolvimento Sustentável, propondo a criação de espaços e oportunidades para aperfeiçoar e promover o conceito de desenvolvimento sustentável, por meio de todas as formas de aprendizagem e de sensibilização dos cidadãos, incentivando a melhoria da qualidade do ensino e da aprendizagem, provocando reflexão dos estudantes sobre seus valores e seu papel na sociedade, estimulando assim um novo perfil de profissional. Este novo perfil de profissional de que necessitamos para dar suporte à sustentabilidade tem características próprias, aliadas às características já consolidadas ao longo dos anos. A principal característica desse novo profissional é a visão sistêmica, para que consiga ler e interpretar os diferentes cenários sociais e suas relações com o meio ambiente, assumindo os

princípios éticos de respeito ao meio ambiente e às pessoas, bem como os princípios relacionados à responsabilidade social, aplicando-os à sua atuação profissional. Esse novo modo de agir profissionalmente nos remete a uma nova ética, menos antropocêntrica, nas relações com o meio ambiente. Esta nova ética propõe atuarmos de forma que nossas ações sejam avaliadas a cada momento, tanto nas atividades cotidianas como na análise do ciclo de vida de um produto complexo, buscando promover a vida na sua plenitude. Aliado a isso é necessário que exista uma ligação direta entre a sustentabilidade e a criação de valor para as organizações, trazendo retorno econômico para elas. O grande desafio que temos é preparar as instituições de ensino para a formação desse novo perfil. Assim, convido meus colegas acadêmicos a avaliarem que profissionais estamos formando e repensar, caso necessário, os conceitos e práticas, para torná-los mais ajustados a essa nova realidade. Pois não teremos um futuro sustentável sem profissionais que pensem e atuem sustentavelmente. Cláudio Senna Venzke Professor da área de gestão e gerente da graduação tecnológica na Unisinos Doutorando em Administração pelo PPGA/UFRGS, participando do Grupo de Pesquisa em Sustentabilidade e Inovação - GPS Mestre em Administração, com artigos e pesquisas na área de sustentabilidade socioambiental. Coautor do livro Modelos e Ferramentas de Gestão Ambiental – Ed. Senac- SP


INSCRIÇÕES ABERTAS! Acesse www.sinepe-rs.org.br/premios2012

«A iniciativa do SINEPE de premiar projetos com resultados transformadores é uma forma de validar e de incentivar novas práticas realizadas por professores e por gestores.» Marisa C. da Silva - Colégio Marista Sant’Anna Uruguaiana

«O Prêmio recebido pela Universidade de Passo Fundo, concedido pelo SINEPE, mais do que uma premiação ou um reconhecimento, é a consolidação dos vínculos da universidade com a comunidade.» Péricles Saremba Vieira - UPF

Mais informações e orientações para elaboração de projetos através do comunicacao@sinepe-rs.org.br

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C A PA

Inovação para garantir a aprendizagem Diego Migotto

Por Vív ian Gamba Colaboração de Mi rella Nasci mento

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desempenho dos alunos, de forma geral, mostra que as equações que levam à aprendizagem, sejam elas quais forem, precisam ser mudadas, reformuladas, reinventadas. Os métodos tradicionais

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de ensino já não se encaixam mais no perfil de aluno que está na sala de aula. É preciso inovar na educação para avançar na qualidade da aprendizagem do aluno, revendo métodos e formas de ensino, incluindo o sistema de avaliação. Mas como fazê-lo?

Para o consultor em gestão na educação e especialista em Gestão da Qualidade Mauro Yuki, não existe uma nota que mensure a aprendizagem. “A analogia que gosto de fazer da aprendizagem é andar de bicicleta. Você aprende ou você não aprende.


Não existe uma escala.” E a qualidade dessa aprendizagem deve ser garantida ao longo de todo o processo. “Isso engloba professor, sistema de avaliação, método – com a possibilidade de uso da tecnologia –, ambiente e os alunos”, explica. Para Yuki, a base da inovação é o professor e a metodologia de ensino. “Ainda há uma tendência do professor ir com algo padronizado para a sala de aula e partir da premissa que todo o aluno aprende da mesma forma. A metodologia utilizada não é eficaz quando você olha o perfil de aluno que está na sala de aula. O professor ainda usa o quadro negro para ensinar alunos que nasceram na era digital.” A doutora em Educação e pós-doutoranda em Neurociências e Educação da Universidade Federal do Rio Grande FURG, Fernanda Antoniolo Hammes de Carvalho, acredita que os alunos aprendem, “mas o problema está em aprender de forma que consigam compreender, armazenar, manipular, monitorar, articular, controlar e responder ao fluxo constante de dados em função de desenvolver a complexidade

Na proposta defendida por Mauro Yuki, os alunos estudam o conteúdo fora da escola e vão para a sala fazer a parte prática cognitiva”. Segundo ela, uma possível explicação é que “pouco são exploradas as atividades de elaboração, as quais oportunizam a percepção mais complexa dos eventos”. A especialista defende ainda que a formação docente “deveria dar condições aos professores de conhecer avanços no campo das neurociências e em outras áreas que poderiam proporcionar um melhor conhecimento do comportamento humano, em especial como os sujeitos aprendem”. Mais prática na escola A teoria que Yuki defende é a inversão da sala de aula. Segundo ele, hoje o professor passa a informação e o aluno faz a tarefa fora da escola, quando está sozinho. Se tem dificuldade, acaba

Nas aulas do professor Vagner Oliveira, no IFSul-RS, os alunos passam a maior parte do tempo discutindo ideias sobre o conteúdo apresentado

não aprendendo. O consultor prega o contrário desse sistema: os alunos estudam o conteúdo fora da escola e vão para a sala fazer a parte prática. “Se ele assiste a uma aula em vídeo, em casa, pode ver uma, duas, dez vezes... até assimilar. Há tempo pra isso. E ele vai trazer suas dúvidas e ter suporte para resolver os exercícios na sala de aula. Dessa forma, o professor vai trabalhar mais aquilo que a maioria não domina.” O professor da UFRGS Ives Solano Araujo, membro do grupo de pesquisa em ensino de Física de Harvard que desenvolve o método de ensino Peer Instruction, também centrado no aluno, avalia que no método tradicional há a ideia implícita de que o trabalho docente foi feito quando a aula foi dada – muitas vezes a cópia do que estava no livro-texto para o quadro negro. “Se pararmos para pensar, esse modo de proceder é um meio, não um fim em si, pois definitivamente o trabalho não se completa com a transmissão de informações. A métrica para definição de um trabalho bem-sucedido deveria estar diretamente associada à construção de conhecimentos por parte dos alunos, e esse me parece ser o ponto principal em focar o processo educativo no aluno.” O Instituto de Física da UFRGS e o Colégio de Aplicação, em Porto Alegre, o IFSul-RS (Campus Pelotas) e a Universidade Federal de Viçosa (MG) são algumas instituições que trabalham o Peer Instruction – método desenvolvido na década de 1990 pelo professor Eric Mazur que tem como ponto principal a promoção da

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C A PA

alunos usam suas memórias e os senYuki se refere, também está presente tidos para interpretar a ação docente nessa metodologia. “Algumas horas e compreender as antes da aula, o informações a fim de professor recebe Na Lumiar, a reconstruir conhecias respostas dos figura do professor mento, o que resulta alunos e, de acordo em comportamentos com o feedback é desconstruída, distintos diante de um obtido, prepara mesmo estímulo”. aulas sob medida os alunos são Diferente do método para a turma.” acompanhados por proposto por Yuki, o Peer Instruction não Tecnologia e tutores, que têm o demanda mudanças individualidade radicais de infraespapel de orientátrutura. “Sem dúvida A tecnologia, o trabalho será facilos e estimulá-los explica Yuki, é imlitado se o professor prescindível para no caminho do contar com uma sala fazer esse acomde aula equipada com panhamento indiaprendizado computador, projetor vidual dos alunos, multimídia, clickers, que deixam de ser tablets, smartphones tratados como um grupo homogêneo. ou laptops para o envio das respostas. “O aluno tem inteligência múltipla, Porém, o professor pode usar um proele aprende de maneira diferente e jetor de slides, copiar as questões no tem tempo de aprendizado diferente”, quadro ou mesmo entregar uma folha justifica. Fernanda complementa: “Os impressa com as questões para os alunos”, argumenta Araujo, com base em trabalhos de pesquisa que indicam que o uso ou não da tecnologia não altera os resultados finais de aprendizagem discente. Diego Migotto

aprendizagem de conteúdos por meio da apresentação e discussão de questões conceituais em pequenos grupos durante as aulas. “Após uma breve exposição oral, o professor apresenta aos alunos uma questão conceitual, usualmente de múltipla escolha, que tem como objetivo avaliar a compreensão deles sobre o conceito apresentado. Cada aluno é solicitado a pensar sobre qual alternativa considera correta e em uma justificativa para a sua escolha. Então é feita uma votação, por meio de flashcards (cartões de resposta) ou clickers, espécie de controles remotos individuais que se comunicam por radiofrequência com o computador do professor”, detalha. Com base nas respostas informadas, o professor pede aos alunos que tentem convencer uns aos outros da validez delas. Segundo Araujo, a meta é criar um ambiente em que os alunos passem mais tempo em classe pensando e discutindo ideias sobre os conteúdos. O estudo prévio do conteúdo, ao qual

Apostas inovadoras

Sala de aula da Lumiar propicia a troca de conhecimento entre crianças de diferentes idades

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Única instituição brasileira eleita uma das 12 escolas mais inovadoras do mundo pela Microsoft em parceria com a Unesco e a Universidade de Standford, a Escola Lumiar, com três unidades em São Paulo, tem um modelo de ensino individualizado: cada aluno é acompanhado e avaliado de acordo com os resultados de suas competências e habilidades, independentemente da idade ou da série em que ele estaria em um colégio convencional. Não há seriação. Os alunos são divididos em ciclos, que duram três anos. A troca de experiências e conhecimento entre crianças de diferentes idades e bagagens é um dos objetivos. “Eles não desenvolvem uma relação de poder com


No Colégio Santa Inês, o ambiente físico foi projetado para ser concebido como dimensão material do currículo

o conhecimento. Não é porque um é mais velho do que o outro que ele sabe mais ou tem mais poder. O conhecimento está em todas as pessoas”, explica a coordenadora pedagógica da Lumiar São Paulo, Joanna Gayotto. A figura do professor também é desconstruída. No dia a dia, os alunos são acompanhados de perto por tutores, que têm o papel de orientá-los e estimulá-los no caminho do aprendizado ao longo de todo o ciclo. As turmas, de até 20 alunos, aprendem também com os “mestres”, profissionais de diferentes áreas – como médicos, arquitetos, físicos, cozinheiros, biólogos – que desenvolvem com os alunos um projeto ao longo de dois meses. O tema é escolhido pelos alunos. “Eles sabem o que querem e o que precisam aprender. Recentemente, uma turma pediu mais projetos com matemática, o que é impensável em outras escolas. A autonomia facilita esse tipo de resposta”, garante a diretora pedagógica da instituição, Célia Maria Piva Cabral Senna. Apesar de não ter disciplinas tradicionais, o sistema mosaico dialoga com os parâmetros curriculares nacionais e nenhum conteúdo fica de fora. As aulas são chamadas de encontros e também não têm formato definido. Em geral, as cadeiras são arrumadas de forma a todos os alunos se enxergarem. Um dos destaques dos encontros ocorre na primeira hora do dia, onde é feita a “leitura de mundo”, que envolve os estudantes em um processo de leitura de jornal, gerando discussões sobre os acontecimentos. As avaliações ocorrem ao longo dos

projetos, com um fechamento ao final dos dois meses. As competências e habilidades de cada projeto vão compondo o “mosaico” de cada aluno, uma espécie de histórico escolar. “Algumas pessoas afirmam que na Lumiar não há prova ou lição de casa, o que não é verdade. O que não há é a obrigação. E, se tiver prova, ela não é classificatória para a turma, a avaliação também será individualizada”, explica Célia.

cada faixa etária. O ambiente foi planejado a partir de Áreas Temáticas, organizadas e planejadas para possibilitar às crianças o desenvolvimento de suas competências afetivas motoras e cognitivas, respeitando as características e necessidades da faixa etária. As áreas são estruturadas com diferentes arranjos espaciais como se fosse um ecossistema. “Cada área deve ser reconhecida pelos materiais que ali estão e pelas possibilidades de exploração Mudança no ambiente que elas sugerem. Um ambiente assim estruturado propicia diferentes interaYuki fala também sobre o ambiente ções entre as crianças e, delas, com os de ensino. “Prédio antigo, sala de aula adultos, bem como a sua independência fechada... tudo isso deve ser mudado.” e autonomia, respeitando O Colégio Santa as necessidades de moviInês, de Porto O professor deve mentação, de diferentes Alegre, apostou interesses e tempos de passar a ser um permanência”, explica a na reestruturação do ambiente físico. coordenadora. negociador de Em 1997, a escola A experiência do Santa decidiu ampliar Inês teve início em 1996, significados, o atendimento na com a reformulação dos um mediador Educação Infantil espaços já existentes, e e investir nesse se concretizou em 1999, no processo segmento como um com uma arquitetura marco referencial. escolar diferenciada educativo”, “Os pilares da nossa em novo prédio para a Ives Solano Araujo proposta são o curEducação Infantil. Essa rículo inovador e prática está sendo expanoutro diferencial: a concepção de que o dida também para o 1º ano do Ensino ambiente físico projetado seja concebiFundamental. do como dimensão material do currículo”, explica a diretora geral do Colégio Obstáculos na quebra de paradigma Santa Inês, Ir. Felicitas Loebens. A estruturação do ambiente físico, Toda a inovação ou mudança de parasegundo a Coordenadora Pedagógica digma encontra barreiras. Nesse caso, Rosana Rego Cairuga, leva em conta para Yuki, a maior delas é o próprio proas necessidades e características de fessor. “Na minha experiência pessoal,

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Adaptado por Carlos D. Lopez Yukimura Modelo de ensino customizado defendido por Mauro Yuki

é muito mais cômodo o modelo tradipara a classe. Nesse cenário, o que define um bom aluno em sala de aula cional, porque há um conteúdo padrão, é sua capacidade de prestar atenção ao que você já domina. A aula está pronta.” que o professor fala.” Para Araujo, o Mas o professor deve mudar seu perfil professor deve passar a ser “um negoporque o próprio aluno mudou. Ele ciador de significados, um mediador vê coisas novas na Internet, assiste no processo educaa vídeos, faz buscas tivo”. “Pelo menos paralelas ao conteúdo O uso ou não no início, essa proposto. “O professor ‘saída dos holofotes’ passa a ser um mediada tecnologia é algo difícil para dor, não mais o sábio do não altera os muitos professores. palco”, afirma. Falo por experiênAraujo concorda e resultados cia própria, pois eu alerta que a primeira sempre gostei de coisa que o professor finais de ‘dar aulas’.” deve fazer para se aprendizagem Além disso, para moldar à proposta de introduzir um novo centrar o processo de discente”, modelo, Yuki diz ensino-aprendizagem que é preciso saber Ives Solano Araujo no aluno é se convencer o que acontece na de que é necessário ressala de aula: como significar o seu papel. é o professor, como ele se comporta, “Muito da identidade docente orbita em como ocorre a gestão da aula, como torno do informar. O professor se sente é construído o conhecimento, quais seguro de que está fazendo seu trabaas práticas acertadas. Mas, muitas lho, quando está expondo informações

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vezes, quando a coordenação pedagógica entra na sala, o professor se sente controlado, vigiado. “A gente tem que mudar esse paradigma. Se a premissa básica é melhorar, temos que discutir a forma de fazer, ter esse foco. Se alguém vai assistir a uma aula, é para fazer observações para que o professor possa melhorar é isso que ele tem que pensar.” A educação, como todo e qualquer campo, precisa de inovação, e isso requer, além de investimento, ousadia, quebra de velhos hábitos, enfrentamento do medo e vontade de avançar. As novas ideias, muitas delas já colocadas em prática, podem trazer a solução para alguns dos problemas de aprendizagem enfrentados hoje pelas instituições, mas são, também, o ponto de partida para novas descobertas que estão por vir. Repensar a escola e a educação não é tarefa pontual, mas o desafio cotidiano dos professores, das instituições de ensino e também das famílias, que precisam compreender e apoiar os projetos inovadores que chegam para romper paradigmas.

Aprendizado centrado no aluno: Reforça a motivação dos alunos Promove a comunicação entre pares Reduz o comportamento perturbador Constrói relações aluno-professor Promove a descoberta / aprendizagem ativa Responsabilidade pela própria aprendizagem


MEMÓRIA

Meio século dedicado à construção de uma sociedade mais fraterna e justa

Atual complexo Educacional São Francisco mostra o avanço e o crescimento da instituição

A história da Rede de Escolas São Francisco se confunde com a história da própria Zona Norte de Porto Alegre. No começo, em 1961, seu fundador, Roberto Ludovico Roncato, então designado a assumir a Paróquia Nossa Senhora de Fátima, fez germinar um espaço voltado ao ensino, objetivando atender a Paróquia do Passo do Feijó, extensa área que circundava o arroio de mesmo nome, abrangendo parte do que é hoje o município de Alvorada (na época, pertencente a Viamão), bem como os bairros Rubem Berta e Sarandi, ambos na capital. Para ele, um real crescimento e um autêntico desenvolvimento social só eram possíveis por meio da fé e de uma educação de qualidade. Muito diferente da arquitetura moderna e aconchegante de hoje, a primeira Escola São Francisco, então situada no Beco dos Maias, era um chalé de madeira, com duas peças, construído com tábuas de pinho, doadas pela comunidade. No ano seguinte (1962), a Secretaria

de Educação permitiu que a escola funcionasse em caráter “experimental” e não mais provisório como vinha sendo. A Escola foi, assim, crescendo, deu frutos, mudou de sede e de nome. Com a morte do Monsenhor Roberto, em 1996, a Direção Geral passou para o Padre José Luiz Schaedler, então pároco do Santuário Nossa Senhora do Rosário de Fátima. Ano a ano e com o aumento das demandas da comunidade, a escola foi melhorando seus serviços e incorporando novas unidades, consolidando-se hoje como a Rede de Escolas São Francisco. Fazem parte da rede o Instituto SF-Cachoeirinha (2006), a unidade da Escola SFZona Sul (2008), o Centro de Formação Profissional SF (2009) e o Instituto SF-Santa Família (2012), que se somaram ao Instituto de Educação SF (1962) e a Escola SF-Santa Fé(1985). Inúmeros foram os reconhecimentos pela qualidade educacional da Rede de Escolas São Francisco durante esses últimos anos. Entre os prêmios, destacam-se o Competência (2003); a Clave de Sol (2007); e o Ibero-Americano em Excelência Educativa (2008). Como reconhecimento de gestão empresarial na área educacional, Pe. José Luiz Schaedler foi condecorado pela ADCE – Associação dos Dirigentes Cristãos com o Prêmio Dirigente Cristão do Ano (2011), culminando com o Prêmio Comenda Porto do Sol (2012) concedido pela Câmara dos Vereadores de Porto Alegre, símbolo máximo concedido a uma pessoa que presta serviço à comunidade transmitindo dignidade e cidadania. Contudo, o maior reconhecimento é ofertado pelos educandos que fazem da Rede São Francisco um ambiente fraterno para aprender e conviver. Não basta pessoas com vasto conhecimento se não forem capazes de transformá-lo em ações na construção de uma sociedade mais justa e fraterna.

Instituição surgiu com o objetivo de atender a Paróquia do Passo do Feijó

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LEGISLAÇÃO

A escola e suas normas de convivência Desde a promulgação da Constituição outras instituições jurídicas como forma Federal (1988), passando pela aprovação de solução imediata de conflitos que, no do Estatuto da Criança e do Adolescente entender do Conselho, poderiam ser tra(1990) e Lei de Diretrizes e Bases da tados de forma preventiva no ambiente Educação Nacional (LDBEN/1996), escolar. muito se tem falado sobre normas de conNo Parecer, o CEEd faz uma rápida vivência na escola. A escola, até então, retrospectiva histórica sobre o caráter estava acostumada com uma legislação de anteriores leis de diretrizes e bases que era omissa quanto a direitos da crianda educação nacional. Dentre elas desça e adolescente. Ela tinha sua autoridade, tacamos: na vigência da Lei nº 4024/61 suas “normas” e era soberana em suas e 5692/71, ambas com viés adminisatitudes disciplinadoras. Mas com o adtrativo e centralizador, elaboraram-se vento dessa nova legislação, passou a ser Regimentos Escolares com redação que questionada em seus posicionamentos até tinha como pano de fundo determinadas então comuns, tanto nas públicas quanto concepções de delinquência infantil e nas privadas. juvenil, transformanNo ano de 2009, o do os Regimentos em Normas Conselho Estadual verdadeiros “códigos de Educação (CEEd) disciplinares são penais” com a presença aprovou o Parecer de um rol de direitos muito diferentes e deveres seguidos de nº 820, respondendo consulta sobre inserção explícitas punições. de normas de de normas de conviAinda temos escolas que vência nos Regimentos querem colocar em seus convivência” Escolares das escolas Regimentos “normas de Educação Básica indisciplinares” com o tegrantes do Sistema Estadual de Ensino. mesmo caráter da legislação passada. O referido Parecer veio acompanhado Normas disciplinares são muito diferenda Resolução nº 305/2009, que estabetes de normas de convivência. Normas lece procedimentos para inserção de de convivência são de cunho pedagónormas de convivência nos Regimentos gico e entendidas como um conjunto de Escolares. Com o compromisso de resprocedimentos que orientam as relações ponder às consultas quanto à inserção no interpessoais que ocorrem no âmbito Regimento Escolar das normas de conescolar, sendo resultado de uma construvivência, o Conselho realizou reuniões ção coletiva ao envolver os segmentos com especialistas da área, que apontaram que compõem a comunidade escolar e se que uma das causas da dificuldade de refundamentam nos princípios da solidalacionamento na escola está na omissão riedade, da ética, da pluralidade cultural, e/ou desestruturação familiar. Foram do respeito às diferenças, da autonomia apontadas também causas como prática e da gestão democrática. (Parecer nº do bullying, efeitos da drogadição, deter820/2009) minadas estruturas pedagógicas, dentre A boa convivência no âmbito escolar outras, que fragilizam o ambiente escolar. implica esforço e persistência de toda a Outra constatação para o problema de comunidade escolar no combate à vioconvivência é a judicialização-translência, mediando conflitos. Para a escola ferência dos problemas para tribunais/ chegar nesse patamar, ela tem que se

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despojar do ranço das medidas disciplinadoras e voltar-se para a construção coletiva de seu Projeto Político Pedagógico. Construir o PPP é poder exercitar o diálogo/ação de todos no espaço coletivo, é poder discutir, elaborar, argumentar, confrontar ideias, fazer uso da criatividade e da tolerância, gestando um novo contexto. Para ser alcançado tal propósito, alguns aspectos devem ser considerados pelas escolas quando da construção e aplicação das normas de convivência: 1º) que sejam poucas e coerentes com o seu processo educativo e decorrentes do seu PPP; 2º) que estejam formuladas e justificadas com clareza, proporcionalidade e razoabilidade; 3º) que sejam construídas e conhecidas por todos; 4º) que sejam aprovadas pelo Conselho Escolar ou instância similar; 5º) que seja exigido o seu efetivo cumprimento, fator essencial para seu reconhecimento e aplicabilidade; 6º) que todas as medidas sejam resultado de um processo dialogado, devidamente registradas, com o conhecimento da parte interessada e, no caso de alunos menores de 18 anos, com a ciência dos responsáveis, sendo assegurado o direito à ampla defesa, e, ainda, que expressem os compromissos assumidos pelos envolvidos para a superação dos conflitos ocorridos. O CEEd enfatiza e recomenda que escolas e mantenedoras, a partir das orientações deste Parecer, incluam no Regimento as normas de convivência, construídas e conhecidas pelos segmentos da escola. Recomendamos a leitura do Parecer referido. Célia Silveira Especialista em supervisão escolar


PREMIADAS

Anchieta promove a arte por meio do canto e da dança O Show Musical Anchieta Canto e Dança, projeto desenvolvido pelo Colégio Anchieta, de Porto Alegre, completa 46 anos em 2012 e teve seu sucesso reconhecido com o primeiro lugar no 6º Prêmio de Responsabilidade Social do SINEPE/RS, na categoria Desenvolvimento Cultural, no ano passado. Desde 1966 funcionando, o Show Musical leva a arte por meio do canto, da dança e da música aos mais diferentes públicos. No começo, com apenas dois anos de existência, gravou um disco e na década de 1970 já fazia viagens a Brasília e São Paulo, inclusive para apresentar-se para o presidente Geisel e no Programa da Hebe. As apresentações nesse quase meio século de história ocorreram em grande parte no interior do Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná, e, em muitas ocasiões, contribuíram para arrecadação de donativos em ações solidárias. Além disso, o Show Musical já se exibiu em quase todos os estados do Brasil, bem como em cidades da Argentina, Uruguai, Paraguai e Chile. Em 2011 o trabalho foi coroado com uma turnê na Itália, com 16 dias em solo europeu. O projeto promove o aprendizado do canto em que o aluno aprende a interpretar partituras e a tocar a flauta doce, a partir de arranjos simples de até três vozes. Com o coral, os arranjos variados sobre temas populares, eruditos e estampas são feitos para vozes pares, normalmente a três vozes, tendo espaço para a música sacra a 4 vozes. Canções em Português, Inglês, Espanhol, Italiano, Alemão e Francês são lidas comumente pelos alunos, e nos demais idiomas pelo processo de transliteração. Na Dança, é possível a execução de mais de 50 coreografias diferentes, com estampas de temas

Mais de 1.600 espetáculos foram realizados em quase 50 anos de atividades do projeto Show Musical Anchieta

folclóricos nacionais e internacionais e temas variados, que incluem a arte e a cultura de países como Rússia, França, Coreia, Venezuela, Alemanha, México, entre outros. Além disso, há disponível todo um aparato de instrumentos musicais para as apresentações. A arte, sem dúvida, promove transformação, beleza, sensibilidade e emoção que são levadas para toda a vida. E no caso do Show Musical, os números conferem a grandeza que este projeto pedagógico proporciona, pois já foram 2.328 participantes, 440 diferentes cidades visitadas (muitas delas revisitadas diversas vezes), mais de 1.600 espetáculos e apresentações para mais de 600 mil pessoas, de diferentes culturas, etnias, idades e condição social.

Receitas de sucesso: Os princípios que norteiam a proposta têm como base a formação integral do aluno para a vida e, por este motivo, as viagens são a alma do projeto e desenvolvem nos alunos verdadeiros laços familiares. Rotina de ensaios, que ocorrem de 2 a 3 vezes por semana. Turnê especial nas férias de julho. É um momento muito esperado pelos alunos e que proporciona uma das maiores vivências de aprendizado para a vida, uma vez que os alunos convivem entre si 24 horas por dia, longe de casa e dos familiares, realizando diversas apresentações.

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Revista lassalista conecta experiências e projetos bem-sucedidos Principal publicação da Rede La Salle, a revista Integração foi criada para atender à necessidade de comunicação entre as instituições educacionais lassalistas. Com 34 anos de existência, a revista passou recentemente por reformulações em seu projeto gráfico e editorial, sem perder o foco de conectar a rede, bem como compartilhar as experiências e os projetos desenvolvidos pelas instituições da Educação Básica até a Superior, localizadas

em diferentes regiões do país. No ano passado, a publicação conquistou o troféu Ouro no 9º Prêmio Destaque em Comunicação, na categoria Mídia Impressa Mantenedora. A Revista Integração possui uma Comissão Editorial composta por Irmãos Lassalistas e colaboradores. Com duas edições ao ano, a publicação destina-se aos professores, colaboradores e aos Irmãos da Rede La Salle. Sua distribuição é realizada para todas as unidades

da Rede no Brasil. A Sede Provincial é responsável pela distribuição para escolas públicas, órgãos públicos, instituições de ensino superior, entidades particulares relacionadas ao ensino, unidades internacionais da Rede La Salle, Irmãos, entre outros. Com cerca de 25 mil exemplares, a Revista Integração constitui um canal já efetivo de difusão das práticas pedagógicas. A publicação é dividida em 20 editorias que abordam temas relacionados à educação e à vivência lassalista. A satisfação com a publicação pode ser evidenciada pelo volume de depoimentos espontâneos enviados ou citados pelos públicos-alvo. O recebimento de materiais e sugestões de pautas tem aumentado em cada edição produzida, prova da visibilidade positiva da Revista, que teve inscrição feita no ISSN, conferindo maior reconhecimento à publicação.

Receitas de sucesso do projeto: Existência de uma Comissão Editorial composta por Irmãos Lassalistas e colaboradores. Interação com seu público-alvo, já que são os próprios colaboradores e instituições da Rede que enviam os conteúdos. Nos meses que antecedem as publicações, são realizadas reuniões de pauta entre os membros da Comissão Editorial, onde os temas das duas edições e os caminhos de abordagem dos mesmos são organizados. Algumas seções contam com solicitações específicas para garantir participação de diversas unidades em todas as edições da Revista Integração, com isso, também, pontos considerados essenciais têm espaço garantido.

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Cotidiano escolar é tema em campanha dos Maristas veiculado nas praças onde estava previsto o investimento em televisão e salas de cinema, o material também ficou à disposição de todos os colégios para ações específicas, como eventos e para veiculação interna. As metas traçadas foram todas atingidas. O comercial foi exibido em 790 municípios, alcançando uma média de 9 milhões de telespectadores. Houve um aumento significativo na força de captação, dado medido com base no número de inscrições online registradas. Gravação do vídeo contou com a participação de estudantes de colégios maristas

Um dos principais desafios das ações de uma campanha de matrículas em rede é desenvolver produtos e peças a partir de um único conceito e linha visual, que atendam a diversidade e a especificidade de cada unidade. A partir desse posicionamento, foi desenvolvido o comercial da Campanha de Fidelização e Captação 2011-2012 dos Colégios Maristas, com o objetivo de comunicar não só a Rede Marista de Colégios como cada uma das 18 unidades. A iniciativa foi um sucesso e conquistou o troféu Ouro no 9º Prêmio Destaque em Comunicação, na categoria Mídia Eletrônica Mantenedora. Baseado no conceito Aprendemos juntos a Reinventar o mundo, o vídeo, de 30 segundos, foi criado em cima da ideia de materializar o cotidiano das escolas, reforçando que é por meio da educação que se conseguem as transformações necessárias para a construção de um novo amanhã. Mais do que apresentar ambientes de ensino, projetos específicos, o que se faz na sala de aula, o comercial buscou

mostrar o que se espera do papel social da escola, o que move a instituição de ensino e qual o resultado na vida do estudante e na sociedade ao receber as crianças e jovens que passam pelas unidades maristas. Além de marcar o lançamento da campanha, em agosto de 2011, e ser

Caminho que se trilha junto A ligação e dependência entre texto e imagem foram pensadas intencionalmente para compor o sentido que se buscava transmitir. Uma narração mais pausada, de um texto aparentemente incompleto, que ganha o sentido na íntegra quando combinado com a imagem.

Receitas de sucesso do projeto O vídeo foi realizado com “câmera aberta”, ou seja, com gravações de cenas e não apenas com montagem fotográfica e animação, como ocorreu até a campanha de 2010-2011. A gravação do vídeo contemplou a participação de protagonistas reais do processo educativo Marista e ocorreu integralmente, em um dos colégios da Rede, com 25 estudantes e dois familiares maristas. Com isso produziu-se um envolvimento maior do que o obtido na solução convencional de contratação de atores ou modelos. Desde o lançamento e após a veiculação, o compartilhamento do vídeo foi intenso nas redes sociais. No YouTube, por exemplo, o vídeo superou o número de exibições do comercial da campanha anterior, durante o mesmo período de veiculação. Houve ainda vários compartilhamentos e ‘curtidas’ via Facebook, além de muitos comentários receptivos.

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Champagnat: uma rádio feita por alunos para alunos

Programas ficam disponíveis para ouvir no site da instituição

Para aproximar ainda mais o veículo dos jovens, a Rádio passou a ser gravada por estudantes do Grêmio Estudantil

Desde 2008, o Colégio Marista Champagnat conta com a Rádio Estúdio Champagnat. O veículo de comunicação foi criado a partir da necessidade de estabelecer uma forma de comunicação mais direta e dialogada, especialmente com os estudantes do Ensino Médio. O programa da rádio vai ao ar toda sexta-feira, durante o recreio dos estudantes desse nível de ensino, e fica disponibilizado na página do colégio para que os usuários possam conferir a programação da Rádio e dar sua opinião. No ano passado, o projeto conquistou o troféu Ouro no 9º Prêmio Destaque em Comunicação, do SINEPE/RS, na categoria Mídia Eletrônica Educação Básica. Em 2010, buscando entender as necessidades dos estudantes e ampliar o relacionamento com ações mais voltadas para o seu perfil, foi aplicada uma pesquisa qualitativa de hábitos de consumo de mídia. A partir dela, ficou constatado que esses

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alunos conheciam a Rádio, mas não se interessavam por ela. A programação não condizia com a linguagem deles e eles não se sentiam efetivamente participantes e integrados a ela. A solução encontrada pela Assessoria de Comunicação e Marketing da instituição foi a de estabelecer uma programação mais dinâmica, informal, segmentada e interativa, que, ao mesmo tempo, passasse informações ao público prioritário e que fosse também uma estratégia de fidelização. A Rádio Estúdio Champagnat teve seu projeto restruturado, recebendo nova logomarca e quadros diferenciados, construídos com foco na participação dos alunos. Com a reformulação, o veículo passou a ser um instrumento de fidelização, visto que os alunos encontraram na Rádio uma maneira de estarem mais próximos do Colégio, com possibilidade divulgar eventos de suas turmas como peças e shows ou

então músicas de bandas das quais fazem parte. Desde o início de 2012, buscando aproximar ainda mais o veículo de comunicação da linguagem dos jovens, a Rádio é gravada pelos estudantes do Grêmio Estudantil, que também são responsáveis pelo roteiro, sob o acompanhamento da área de comunicação e marketing da instituição.

Receitas de sucesso do projeto Programação dinâmica, informal, segmentada e interativa. Pesquisa com os ouvintes para busca de melhorias. Produção de quadros diferenciados, construídos com foco na participação dos alunos. Envolvimento dos estudantes na produção e gravação da programação.


ENSINO PR I VA DO

Criatividade para ensinar Matemática

Alunos foram surpreendidos com as professoras caracterizadas de “Joaquim e Maria Luisa”

Para tornar a Matemática mais prazerosa para os alunos, desde as primeiras séries, o Colégio Scalabriniano Medianeira, de Bento Gonçalves, realizou o projeto ‘O que tem na sua mochila’, com os estudantes dos terceiros anos. Foram confeccionadas mochilas personalizadas para menino e menina e, na apresentação do projeto, as gestoras responsáveis pelas turmas surpreenderam as crianças ao irem caracterizadas de “Joaquim e Maria Luisa”, personagens que desde o primeiro trimestre vêm contribuindo com a troca de experiências, com suas respectivas mochilas.

Uma das atividades desenvolvidas foi com o objetivo de compreender as medidas de capacidade. Joaquim e Maria Luisa preparam suas mochilas para passar o final de semana no sítio de seus avós, então verificou-se o peso de cada item da mochila com o auxílio da balança e tudo foi registrado em uma tabela no caderno de Matemática. Cada aluno pôde verificar o peso dos materiais que possuía no dia em sua mochila, calcularam o peso total em gramas e quilogramas e resolveram desafios de soma e subtração utilizando as informações da tabela.

Maria Imaculada promove campanha do agasalho

Lançada no dia 18 de junho, a campanha do agasalho durou uma semana, mobilizando toda a comunidade escolar do Colégio Maria Imaculada, como o Grêmio Estudantil, a Associação de Pais e Mestres, além do Grupo de Jovens e o Centro de Voluntariado Juvenil. No total foram arrecadadas 1.700 peças, sendo que a meta inicial era de mil. O Educandário São João Batista, o Asilo da SPAAN e a Casa de Nazaré foram as três instituições beneficiadas. A solenidade de entrega da campanha ocorreu no último dia 29 de junho e contou com a participação de alunos dos projetos sociais do Centro de Voluntariado Juvenil.

Colégio Coração de Maria de Esteio utiliza a robótica em sala de aula Os alunos da turma 1271 realizaram um projeto interdisciplinar com as disciplinas de Ciências e de Robótica utilizando a metodologia da LegoZoom. Durante as aulas da disciplina de Ciências, os alunos trabalharam a parte teórica sobre os movimentos de respiração, os órgãos que compõem o sistema respiratório e o movimento dos músculos

intercostais e do diafragma. Puderam também verificar sua capacidade pulmonar por meio de uma atividade prática em sala de aula. Já nas aulas de Robótica, os alunos demonstraram todo o processo de respiração por meio da montagem de um robô simulando o pulmão, batimentos cardíacos, músculos intercostais e do diafragma.

Estudantes aprenderam sobre os órgãos do corpo humano por meio da montagem de um robô

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Alimentação saudável está no foco do Colégio João XXIII O sobrepeso virou epidemia entre as crianças brasileiras. A Pesquisa de Orçamentos Familiares 2008-2009, do IBGE, indica que, nos últimos 20 anos, os casos de obesidade na infância quadruplicaram, chegando a 16,6% nos meninos e 11,8% nas meninas de 5 a 9 anos. No Colégio João XXIII, o estímulo à alimentação saudável faz parte da rotina há muitos anos. Em sala de aula ou fora dela, os alunos são sensibilizados sobre o tema e participam de atividades que incentivam o consumo de produtos naturais em substituição aos fast-foods. Roda de frutas com as crianças da Etapa Infantil; aulas de educação nutricional baseada na pirâmide alimentar para os estudantes do Ensino Fundamental; cardápios balanceados; e oficinas que estimulam a ingestão de frutas e verduras são práticas comuns na Escola. “A ideia é conscientizá-los da importância de

Consciência humanitária é tema de evento nos colégios Senhor Bom Jesus, São Mateus e Santa Marta Entre os dias 9 e 13 de julho, realizou-se nos Colégios Romano Senhor Bom Jesus, São Mateus e Santa Marta mais uma edição da Semana da Consciência Humanitária – SCH. A edição deste ano incluiu exposição fotográfica, debate, show de talentos e show da Banda Trinity. As atividades, que mobilizaram alunos do ensino médio e fundamental, além de professores, abordaram desde os desafios da contemporaneidade, como o consumismo exacerbado, até a construção de uma humanidade mais saudável aproveitando o tema da campanha da fraternidade da CNBB deste ano.

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uma alimentação saudável e mostrar que é possível comer de tudo, mas na medida certa”, explica Joseane Mancio, nutricionista da instituição. Mensalmente, são elaborados mais de

dez cardápios para a Educação Infantil, o Joãozinho Legal e a Etapa de 1º ao 4º ano, que incluem dietas especiais para as crianças com algum tipo de alergia ou sensibilidade alimentar.

Por meio de diferentes projetos, crianças são incentivadas a ter uma alimentação balanceada

Sustentabilidade é tema de gincana no Marista Champagnat O Colégio Marista Champagnat, em parceria com o programa Uso Sustentável de Energia da PUCRS (USE), está realizando a Gincana Sustentável. Ela faz parte do Projeto Escola Sustentável, que tem como objetivo implantar práticas sustentáveis e implementar espaços que têm a intencionalidade pedagógica de se constituir em uma referência concreta de sustentabilidade socioambiental.

A gincana acontece até o dia 30 de setembro e envolve estudantes de Educação Infantil ao Ensino Médio. Todas as tarefas terão foco no cuidado ambiental e no consumo consciente, como a diminuição da conta de luz na residência dos estudantes e participação de palestras educativas. O prêmio para as equipes vencedoras será uma saída de campo que acontecerá no mês de outubro.

Diferentes atividades estão envolvendo os alunos de todas as idades


Escola Evolução estimula educação financeira Com a parceria da Caixa Econômica Federal, teve início no mês de maio o Projeto de Educação Financeira na Escola Evolução. Envolvendo os alunos do Alfa 5 e Alfa 7, a iniciativa visa angariar fundos para a viagem cultural de final de ano. O projeto, que vai até novembro, ensina sobre como melhor administrar o dinheiro. Cada turma abriu uma conta corrente e, mensalmente, os alunos fazem o depósito, utilizando diferentes espaços considerados bancários (caixa eletrônica e lotérica). A primeira vivência de depósito feita durante o mês de maio provocou estudos, que se prolongarão durante o ano letivo, relacionados a linguagens bancárias, como investimentos/aplicação, juros, porcentagem, entre outras.

Estudantes aprendem na prática sobre como gerenciar seu próprio dinheiro

Alunos do Colégio Murialdo de Ana Rech engajados pela preservação do meio ambiente A preocupação com a preservação do meio ambiente sempre permeou o projeto pedagógico no Colégio Murialdo de Ana Rech. No entanto, desde o ano passado, o tema vem ganhando atenção extra, com o estabelecimento do projeto Patrulha Ambiental, sendo composto por alunos da 5a série. São exemplos disso a participação dos estudantes em palestras conduzidas pelo Pelotão de Patrulhamento Ambiental da Brigada Militar de Caxias do Sul (Patram) e pela Companhia de Desenvolvimento de Caxias do Sul (Codeca), que incluiu tópicos como a destinação correta dos resíduos até os cuidados com os recursos naturais. Além disso, a convite da Secretaria Municipal do Meio Ambiente, plantaram araucárias num terreno próximo ao novo Aterro Sanitário Municipal. Neste ano, os “Patrulheiros Ambientais Mirins” estão voltados ao engajamento da comunidade escolar, sendo responsáveis pela reorganização da separação de resíduos da instituição, além da participação no concurso para escolher duas mascotes da escola: uma voltada à higiene pessoal e profilaxia de doenças e outra que será utilizada em campanhas internas de conscientização quanto à economia de recursos ecológicos.

Faculdade IENH e IDC estabelecem parceria No último dia 19 de junho, a Faculdade IENH e a Faculdade IDC assinaram um convênio que firma a parceria para ofertar Cursos de Extensão e Especialização na área de Direito. Neste segundo semestre já está sendo oferecida a especialização em Direito Civil e Processual Civil, que ocorre de agosto de 2012 a outubro de 2013, totalizando 360 horas. Este curso oportuniza a abordagem de temas necessários para atuação na área civil. Já, na extensão, está ocorrendo o curso Prática Previdenciária (iniciou em 17 de agosto e segue até 14 de dezembro) e o Direito Processual Ambiental (realização de 21 de agosto a 04 de dezembro). Mais informações podem ser obtidas em www.ienh.com.br/ convenioidc

A convite do município, estudantes plantaram araucárias num terreno próximo ao novo Aterro Sanitário Municipal

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Colégio Santa Teresa de Jesus promove formação de líderes O Serviço de Orientação Educacional do Colégio Santa Teresa de Jesus iniciou neste ano um programa para a formação específica junto aos alunos escolhidos em suas turmas como Líderes e Vice-Líderes. A iniciativa busca estimular a construção de uma liderança participativa e atuante tendo como base os desafios do cotidiano, além de despertar o espírito empreendedor, empático e criativo. O programa já promoveu dois encontros até o momento. No primeiro, os alunos aprenderam sobre conceitos e tipos de liderança. No segundo, com o apoio de uma assessoria externa, foi a vez de os alunos vivenciarem dinâmicas de grupo, trabalhando sobre iniciativa, consenso, trabalho em equipe, ajuda, cooperação, entre outros.

Estudantes aprenderam sobre conceitos de liderança e participaram de dinâmicas

Colégio Santa Clara realiza 2ª Mostra Fotográfica do Meio Ambiente O Colégio Santa Clara de Getúlio Vargas, por meio de seu Centro de Educação IDEAU, promoveu, no período de 28 de maio a 09 de junho, a 2ª Mostra Fotográfica do Meio Ambiente... Olhares Ambientais. O objetivo da exposição – que comemorou o Dia do Meio Ambiente, celebrado em 5 de junho –, foi estimular os alunos e comunidade escolar a se inspirarem e pensarem sobre a questão ambiental e tudo que a envolve.

Nossa Senhora de Lourdes incentiva o hábito da leitura Com o objetivo de estimular o hábito pela leitura, o Colégio Nossa Senhora de Lourdes, de Farroupilha, lançou em junho o Bolsa Literária. Cada turma do turno da tarde, da Educação Infantil ao 5º ano, recebeu uma bolsa contendo livros adequados para a faixa etária, juntamente com um

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caderno para registros da experiência da leitura. Para sistematizar o processo, a cada dia um aluno da turma é responsável para levar a bolsa para casa e fazer a leitura de um dos livros com a família, e no caderno o aluno faz uma representação do que entendeu da história, seja em forma de

desenho ou de relato. Junto ao trabalho do aluno, a família também faz um registro da experiência da leitura em família. Para socializar essas vivências, todos os dias são lidos com os estudantes os registros do caderno, estimulando, assim, cada vez mais a prática da leitura.


CULTUR A

Como será a literatura na internet: os exemplos gaúchos Há algum tempo ando às voltas com um novo tema, a literatura digital. Ou eletrônica. Ou online. Porque não podemos negar que a internet é o símbolo das novas tecnologias de comunicação, que já transformaram a música, o cinema, a televisão e, de certo, transformarão também a literatura. Nessa linha, muitos falam em fim do livro como suporte, discussão que acho acessória, pois os livros terão vida muito mais longa do que esses e-books baseados na versão em PDF dos livros, já que tais versões são como filmar uma peça de teatro e dizer que isso é cinema. Nada disso, o teatro sobreviveu ao cinema exatamente porque o cinema é outra coisa, com outras possibilidades e desafios. O que me intriga, então, é pensar de que forma a literatura será veiculada na internet, de que forma a literatura irá explorar as ferramentas das novas tecnologias para criar obras instigantes, originais, multimídias, interativas e, ainda assim, obras literárias, e não games ou clipes. Na literatura, essas mudanças na forma costumam ser acompanhadas de profundas mudanças estéticas. O romance, por exemplo, é um gênero relativamente recente, associado à modernidade (Dom Quixote é de 1605), e seu apogeu em relação a outras formas, como a epopeia ou as tragédias, tem muito a ver com a invenção da imprensa e a facilidade de impressão de livros. Assim como Edgar Allan Poe, espécie de inventor do conto moderno, associa a short story à popularização das revistas e jornais. Claro que isso demora anos, décadas, gerações. É preciso que as gerações nascidas sob a égide da nova tecnologia cresçam, produzam suas próprias ficções nesse suporte e com suas particularidades, depois cheguem nas academias, na mídia e passem a valorizar este tipo de produção. Mas é tarefa das cabeças pensantes do nosso tempo perceber a pertinência dessa reflexão, a potencialidade criativa que as novas tecnologias oferecem e incentivar essa criação. Alguns trabalhos já têm chamado a atenção. CiberPoesia , da ilustradora Ana Gruszynski e do escritor Sérgio Capparelli, traz diversos poemas visuais e ciberpoemas interativos que demonstram a riqueza de possibilidades da nova ferramenta. Outro exemplo é Desfocado , de Mauro Paz, uma novela multimídia e interativa em que o leitor encontra um menu com hiperlinks para cada capítulo e, à medida que for avançando na leitura da história, irá se deparar com cartas manuscritas, chocolates que vão perdendo seus pedaços à medida que a leitura avança e assim por diante. Particularmente, criei um hiperconto interativo chamado Um Estudo em Vermelho , que utiliza análise combinatória para que os finais necessariamente tenham relação com o caminho escolhido pelo leitor ao longo

do texto. Claro que são apenas alguns exemplos gaúchos, mas conseguem demonstrar aos mais céticos que é possível, sim, fazer boa literatura para a internet. E, mais ainda, que é possível ser original e criativo no uso das ferramentas dessas novas tecnologias para a produção de literatura. Por enquanto, convido vocês a me enviarem links de outras obras literárias publicadas na internet para, aos poucos, criarmos uma biblioteca paralela somente com bons exemplos de literatura online. Somente assim, acabem as árvores, os papéis ou os livros, a literatura permanecerá mais viva do que nunca. Marcelo Spalding Jornalista, escritor, professor universitário de Língua Portuguesa. Contato: marcelospalding@gmail.com

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CONGRESSO

“Maior aprendizado acontece na diversidade, e não na homogeneidade”

A

relação entre as diferentes gerações no ambiente escolar é tema desta entrevista realizada com a psicóloga, professora de pós-graduação e escritora Benne Catanante. As perguntas foram elaboradas pelos participantes do 11º Congresso do Ensino Privado Gaúcho, promovido pelo SINEPE/RS, em julho do ano passado. Confira:

Sabe-se que numa mesma sala de aula ocorre o choque entre distintas gerações (baby boomers, x, millennials). Diante disso, como gestar uma cultura escolar na qual cada geração tem diferentes conceitos sobre o mesmo assunto? Angela Lavorati Coordenadora pedagógica Caxias do Sul

do Colégio São Carlos de

Benne Catanante - Numa situação conforme a descrita acima é de suma importância provocar reflexões, sem perder o foco, mas que englobem valores individuais e coletivos relacionados a cada assunto conflitante ou polêmico surgido em grupo. Por que não propor que façam acordos de considerarem outras opiniões e pensamentos dentro da perspectiva “igual / diferente”, em vez de simplesmente “certo / errado”? Muitos assuntos ainda hoje são debatidos dentro da perspectiva “maioria ganha”, sem de fato dar oportunidade ao grupo de chegar a um consenso. O pior é que esse padrão, de maioria ganha, fortalece a cultura de vencedores ou vencidos, acirrando a disputa, o conflito e até mesmo dando espaço ao bullying. A desculpa da falta de tempo para chegar ao consenso e optar pela votação é muito comum, mas em geral resulta no oposto a uma cultura aberta ao diálogo franco e à inovação. Outro grande desafio é compreender que o maior aprendizado acontece na diversidade, e não na homogeneidade, e

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para que essa cultura se solidifique não basta a premissa “respeito ao diferente”. É necessário conviver com o diferente, compreender outros cenários e, acima de tudo, se dispor a implementar aquilo que, por não fazer parte de seu repertório, possa ter gerado o desconforto e o conflito. O sistema educacional tem feito muitas mudanças ao longo dos anos, mas numa velocidade aquém do que seria necessário para colocar-se na vanguarda e inspirar novos modelos, visões, conceitos e posicionamentos distintos mas interdependentes.

Partindo da premissa de que a caracterização de uma geração relaciona-se diretamente ao contexto de mundo em que as pessoas, quando crianças, foram educadas, qual o papel da instituição escola num cenário em que os alunos estão cada vez mais ansiosos e com menor possibilidade de tolerância à frustração? Waldy Luiz Lau Filho Professor de História e coordenador de ensino (Ensino Médio) do Colégio Mauá, de Santa Cruz do Sul


“geração z”? Que sala de aula pode surgir Benne Catanante - Para compreender nesta dinâmica? Qual o perfil de educaesse papel nos dias de hoje, é preciso redor que deve emergir neste cenário? troceder a um passado distante, no qual as famílias deixavam seus filhos sob a tutela Carine Gaulke Machado, plena da escola, até a fase praticamente Orientadora educacional do Colégio Romano Senhor Bom adulta. Quando um pai dizia ao filho malJesus de Porto Alegre criado: é isso que você aprendeu na escola? Benne Catanante - Estamos diante de Tinha uma verdade, afinal à escola cabia um fenômeno nunca experimentado pela capacitar integralmente cada ser humano humanidade antes do terceiro milênio. É a sob sua custódia. Felizmente isso mudou. tecnologia da informação disponibilizando Não podemos deixar de pensar nas graves o conhecimento e metodologias de pesquisa consequências para padrões de ensino tanto como nenhuma outra geração teve antes de repressores quanto extremistas liberais, se alfabetizar. Mas é preciso lembrar que o porque ambos carregam em si o autoritarismundo habitado pela geração Z foi concebimo. Cada vez mais precocemente a criança do e disponibilizado pelas outras gerações. é retirada do ambiente familiar e colocada Ou seja, é uma consequência dos movinum contexto de socialização por meio da mentos de mudança já iniciados há muitas escola. Então é lá que ela vai estabelecer décadas. Cabe à escola observar até que correlações entre o que vê ponto o educador está sendo praticado no mundo, familiarizado com O perfil do no seu mundo. Qual a todas essas inovações educador mais atitude que a escola tem e identificar claracom relação às próprias mente o grau de resisapropriado é frustrações e ansiedades? tência implícito aos Quais respostas são dadas novos procedimentos o do neófilo, pelo cumprimento ou não ou instrumentos inaquele que se de expectativas entre os seridos na educação próprios adultos? É vere na gestão escolar, interessa muito dade que não cabe mais à intervindo se necessáescola a responsabilidade rio. A tecnologia está pela novidade” integral pela formação do disponível para toda cidadão, mas é inegável humanidade, e o perfil que sendo o espelho do que será enraizado do educador mais apropriado é o do neófilo, agora pela criança e manifestado no futuro, aquele que se interessa muito pela novidade. questionar-se continuamente sobre como se Não é a avidez pelo consumismo, que fique conduzir para inspirar modelos saudáveis bem claro. É a curiosidade daquele que não de conduta é fundamental para os educase acomoda, que não se sente sobrecarregadores. Não se combate a ansiedade, senão do ao se deparar com novos procedimentos praticando a serenidade. Não se combate e novas demandas, que não busca se adaptar, a frustração, senão praticando a aceitação. e sim inspirar outros com suas descobertas Não se muda um padrão pela resignação, e aprendizados. As informações estão todas mas pelo inconformismo. Administrar esse disponíveis, o que não significa que a gecomplexo e dinâmico paradoxo exige proração Z esteja preparada para filtrar dados, fundo autoconhecimento, que, infelizmente, elaborar síntese e construir conceitos, caainda não faz parte do currículo escolar e bendo ao educador esse apoio fundamental que deveria iniciar desde o fundamental. para solidificação do conhecimento. E não menos importante é saber se relacionar apropriadamente com o aluno e familiares No contexto das diferenças geraciodentro e fora da sala de aula, principalmente nais, observa-se que a escola busca nas redes sociais. Essa interação virtual é adaptar-se às demandas trazidas pelas cada vez mais requisitada e traz inúmeros famílias, crianças e jovens. Quais são as benefícios se for bem utilizada como um veperspectivas de adaptação e ressignifiículo de troca de conhecimento. É esperado cação da escola diante das demandas da

que a própria escola busque um modelo de gestão que dê suporte adequado ao educador, com ferramentas, políticas e incentivos para que reformule sua abordagem em sala de aula como uma missão, e não como obrigação. É inegável que a geração Z é conectada, muito informada e que tem seu alicerce no mundo virtual. Mas ao mesmo tempo estão cada vez mais individualistas, com dificuldade de se expressar oralmente e de se relacionar. Então, o que fazer para que essa geração possa aprender a conviver de forma menos individualista e mais solidária fora das redes sociais? Suzana Hans Orientadora auxiliar e coordenadora dos Projetos Comunitários do Centro Sinodal de Ensino Médio Dorothea Schäfke, de Taquara

Benne Catanante - O caminho é mobilizar as crianças e jovens a prestar serviços coletivos, sejam presenciais ou mesmo virtuais. Posso assegurar que não é a rede social que traz prejuízos ao desenvolvimento solidário, e sim o mau uso dela. Educadores podem contribuir mobilizando alunos a criar espaços virtuais colaborativos que lhes façam sentido, que toquem a alma de cada um. Seja em relação ao cuidado com brinquedos ou animal de estimação, ou escrevendo mensagens a idosos carentes, ou como administrar mesada, seu esporte favorito, montar repertório de uma banda virtual, etc. Interfaceando atividades presenciais nas quais decisões sejam tomadas sobre uma causa coletiva e depois incentivá-los a manter a comunicação virtual sobre aquele assunto até o próximo encontro. A presença do educador moderador e consciente da necessidade de colocar em pauta a discussão sobre valores, expectativas a serem alcançadas e indicadores que irão assegurar o sucesso da empreitada pode contribuir, e muito, para que se sintam empoderados, realizados e mais preparados para o futuro.

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FIQUE POR DENTRO

Nova plataforma de informações educacionais está disponível A Fundação Lemann e a Meritt Informação Educacional estão lançando o QEdu, um sistema on-line de consulta às informações educacionais das principais avaliações aplicadas no Brasil. O sistema reúne dados do Censo Escolar e da Prova Brasil e estabelece, a partir de uma escala de proficiência usada pelo movimento Todos pela Educação, o percentual de alunos com

aprendizado adequado por escola, cidade ou estado. Usando os filtros disponíveis nas buscas do site, é possível comparar os rendimentos entre instituições de ensino, municípios e estados vizinhos, bem como acompanhar a evolução do ensino no país nos últimos anos. O endereço do site é: http://qedu.org.br/

Guia prático traz dicas para integrar as mídias sociais em sala de aula O portal de notícias Universia preparou um guia que traz 25 dicas para integrar as mídias sociais em sala de aula. As sugestões voltadas para o professor contemplam orientações desde como utilizar o Facebook e o Twitter até para otimizar aulas, organização do conteúdo e de estratégias de uso do Pinterest, outra mídia social em ascensão. Acesse em: http://noticias.universia.com.br/ destaque/noticia/2012/08/03/955921/guia-pratico-com-25-dicas-integrar-as-midias-sociais-em-sala-aula.html

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Site possibilita pesquisas sobre universo do cinema O site 70 anos de cinema reúne uma bibliografia completa sobre filmes estrangeiros e brasileiros produzidos nas últimas sete décadas. Além das fichas, é possível acessar as biografias dos principais atores e atrizes e fazer consulta por gênero ou por título. Veja mais em: http://www.65anosdecinema. pro.br/index.htm

Projeto que reserva 50% das vagas em federais para cotas é aprovado pelo Senado O Senado aprovou projeto que reserva metade das vagas nas universidades federais e nas escolas técnicas do país para alunos que cursaram todo o ensino médio em colégios públicos. Na prática, isso significa que podem dobrar as vagas atualmente ofertadas pelo sistema de cotas. O projeto ainda precisa da sanção presidencial.


Um em cada quatro brasileiros domina plenamente as habilidades de leitura, escrita e matemática

Tecnologias que vão revolucionar a educação Seleção de especialistas ouvidos pelo portal da Exame.com revelou as 10 tecnologias que vão influenciar a forma como crianças, jovens e adultos aprendem. São elas: videogames, sensores (que rastreiam os movimentos em atividades físicas), GPS, circuitos abertos, tablets, serviços na nuvem, fim dos espaços concretos e aulas cronometradas, simulador, robôs e personalização.

O Instituto Paulo Montenegro e a ONG Ação Educativa, parceiros na criação e implementação do Indicador de Alfabetismo Funcional (Inaf), lançaram mais uma edição da pesquisa que completa uma década. Os resultados mostram que durante os últimos 10 anos houve uma redução do analfabetismo absoluto e da alfabetização rudimentar e um incremento do nível básico de habilidades de leitura, escrita e matemática.

No entanto, a proporção dos que atingem um nível pleno de habilidades manteve-se praticamente inalterada, em torno de 25%. Outro dado mostra que o percentual da população alfabetizada funcionalmente passou de 61%, em 2001, para 73%, em 2011. Veja a pesquisa completa em: http://www.ipm.org.br/download/ informe_resultados_inaf2011_versao%20 final_12072012b.pdf

Portal da USP oferece conteúdo de aula Inspirados em serviços já em uso por Universidades de grande reconhecimento internacional como a Harvard, Yale, Columbia, MIT e Princeton, a USP (Universidade de São Paulo) está disponibilizando o e-aulas, um portal de vídeo-aulas, além de conferências para o acesso da comunidade. São mais de 800 conteúdos disponíveis, produzidos por professores da Universidade. Acesse: http://www.eaulas.usp.br

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VITRINE

Tecnologia para o ensino do século XXI No mercado desde 1987, a CGK comercializa produtos e soluções em software das marcas mais consagradas do mundo. Na área educacional, destacam-se a linha de produtos da Adobe Master Collection Cs6, utilizados por cursos universitários como os da comunicação social e design, e da Autodesk Education Master Suite 2012, mais usados pelos cursos de engenharia e arquitetura. A CGK também realiza o treinamento para a utilização dos softwares, atendendo a clientes em todo o país. Mais informações http://www.cgk.com.br/

Sistema possibilita o gerenciamento de documentos A Stoque, empresa com sede em Minas Gerais, é reconhecida por oferecer soluções integradas em tecnologia para processos e documentos. Uma dessas soluções é o SeAD, um sistema que possibilita o arquivamento e o gerenciamento da documentação, incluindo

Recuperação de créditos ativos no setor educacional Reconhecido pela atuação na área de concessão de créditos, o Grupo Fortune passa a oferecer também soluções de recuperação de ativos na área educacional. Contando com moderno sistema para o acompanhamento online dos processos, a empresa conta com equipe capacitada e o cuidado necessário no tratamento na recuperação de créditos. Mais informações: www. grupofortune.com.br e www.fortunecobranca.com.br

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a certificação digital dos arquivos. Com o SeAD é possível recuperar rapidamente e com segurança documentos acadêmicos, atendendo as prerrogativas da legislação brasileira. Além disso, o sistema proporciona a busca indexada por chaves

de pesquisa, integração de dados ativos e históricos, bem como a redução do custo de armazenamento, recuperação e duplicação dos documentos. Mais informações em www.stoque.com.br

Pesquisa em educação para tablet e computador A Fundação Victor Civita apresenta as versões digitais dos dois volumes da coletânea de pesquisas em Educação, trazendo os estudos realizados em 2009 e 2010 pela área de Estudos e Pesquisas Educacionais. Essas publicações tem como principal objetivo a disseminação das informações resultantes das pesquisas entre formuladores de políticas

públicas, pesquisadores, institutos e universidades dedicados à pesquisa educacional e à formação de educadores e gestores, bem como entre Organizações Não Governamentais (ONGs) com foco na Educação. O link para adquirir os livros é http://www.iba.com. br/detalhes/livro/491645/ estudos-pesquisas-educacionais


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