Edição 92

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RESU Juntos, fazemos o melhor pelo seu filho.

Quem estuda em uma Escola Conveniada ao Sistema Positivo de Ensino alcança os melhores resultados. Um exemplo disso é Carine Rodrigues Pereira que estudou no Colégio Sant’Ana, de Itaúna–MG, desde os anos iniciais do Ensino Fundamental até o Ensino Médio. Ela conquistou o 1º. lugar no ENEM 2010 na área de Linguagens, Códigos e suas Tecnologias, quando ainda cursava a 2ª. série do Ensino Médio. Pelo seu desempenho no ENEM 2011 foi classificada pelo SISU em 29 universidades federais. Atualmente, Carine cursa Medicina Veterinária na UFLA - MG. Resultados como este comprovam a qualidade do Sistema Positivo de Ensino e a eficiência do trabalho das Escolas Conveniadas. Para mais informações, entre em contato conosco pelo telefone 0800 724 4241, pelo e-mail convenio@positivo.com.br ou acesse www.editorapositivo.com.br/sistemapositivo


LTADO


entrevista

Domenico de Masi

“O trabalho não é a parte principal da vida” Por Ca r i ne Fer na ndes

D

esde que lançou o livro “O ócio criativo”, a agenda do sociólogo italiano Domenico De Masi ficou mais apertada. Os frequentes convites para palestras são um exemplo da capacidade que o conceito formulado por De Masi tem em despertar interesse e curiosidade em públicos variados do mundo todo. Com uma visão ousada, o sociólogo defende que o desenvolvimento da sociedade depende da possibilidade de os indivíduos se dedicarem a atividades que reúnam, ao mesmo tempo, trabalho, estudo e diversão – segundo ele, a fórmula do ócio criativo. O caminho para se construir uma nova óptica sobre a cultura do trabalho foi um dos temas debatidos pelo autor na Unisinos durante o Road Show Internacional promovido pela consultoria Venti Inteligência em Projetos. Nesta entrevista exclusiva a Educação em Revista, De Masi fala sobre ócio criativo e sua relação com o mundo corporativo e com a educação. Educação em Revista – Normalmente as pessoas têm um conceito negativo de ócio e dignificam o trabalho. Como superar essa cultura e fazer com que a sociedade promova e valorize o ócio criativo? Domenico de Masi – Existem duas questões a serem levadas em conta. A primeira é o percentual de vida que a gente dedica ao trabalho. A segunda é como se transformou o trabalho. Um jovem de 20 anos tem ao menos 60 anos de vida à frente. São 530 mil horas que constituem o seu futuro. O que ele vai fazer com essas 530 mil horas? Imaginemos que ele começa a trabalhar com 20 ou 25 anos e que vai parar de trabalhar com 60 anos. São 40 anos de trabalho e no máximo 80 mil horas de trabalho. Temos aí um jovem com 530 mil horas de vida e 80 mil horas de trabalho. Então o trabalho é um sétimo da sua vida futura. O que ele vai fazer nessas 450 mil horas de não trabalho? Imaginamos que ele use oito, nove horas do dia para dormir e cuidar do seu corpo, que somam 220 mil horas. Sobram assim 230 mil horas de tempo livre total. O trabalho então não é a parte principal da vida do ponto de vista quantitativo. Educação em Revista – Qual a relação entre o trabalho e o ócio criativo? De Masi – Vejamos do ponto de vista qualitativo. Nós falamos a palavra trabalho para vários tipos de realidade. Dizemos que um jornalista trabalha, um minerador trabalha, um operário metal-mecânico, um artista trabalha e um cientista também trabalha. Significa que a palavra trabalhar é ambígua, que esconde muitas realidades diversas. Usar uma única palavra para todas essas realidades tão diferentes cria uma grande confusão entre o trabalho e o ócio. Nos tempos de Marx, na metade do século 17, 95% dos trabalhadores faziam trabalho de tipo físico. Somente 5% executavam trabalhos intelectuais. Por isso

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Quando uma atividade está junto ao estudo, à alegria, então é ócio criativo”


pensamos ideias novas, e concretude, com nós chamamos tudo de trabalho, porque o a qual nós podemos executar essas novas nome dessa maioria foi aplicado também à minoria. Isso criou muita confusão e proble- ideias. Alguns têm pouca fantasia e muita concretude e outros muita fantasia e pouca mas para os trabalhadores manuais, físicos concretude. Eu, por e também para os exemplo, tenho intelectuais. Acredito Hoje a gente muita fantasia e que temos que dispouca concretutinguir ao menos três aprende em todos de. Nós podemos tipos de trabalho. O formar grupos primeiro é o trabalho os lugares. Por criativos. Se uma físico, do operário na meio da internet, pessoa que tem cadeia de montagem. muita fantasia e Esse trabalho que era do Facebook, pouca concretude 95% hoje representa trabalha com uma 33%. Os outros 66% da Wikipedia, pessoa com muita são trabalhos intelecdo cinema, em concretude e pouca tuais. Mas mesmo os fantasia, juntos trabalhos intelectuais conversas diretas. formam um grupo não são todos iguais. criativo. A socieO trabalho de um Tudo é formação” dade pós-industrial empregado num aprendeu a deixar caixa de banco é de lado os gênios porque utiliza, sobretudo, diferente do meu trabalho. É um trabalho os grupos criativos. A redação de um jornal, intelectual-executivo, que representa um terço dos trabalhadores. Já o trabalho in- uma companhia cinematográfica ou televisiva, um grupo teatral, são grupos criativos. telectual-criativo, que é o que nós fazemos, representa os outros 33%. Quando o traba- Se existem gênios individuais, é bom para todo mundo. Mas os gênios são poucos e os lhador físico, operário, trabalha, não pode grupos criativos podem ser infinitos. fazer outra coisa. Um operário na cadeia de montagem não pode assistir televisão, não Educação em Revista – Segundo pespode ir ao cinema. Às vezes pode ouvir quisa realizada pela IBM, a criatividade um pouco de música. Nós, trabalhadores intelectual-criativos, ao contrário, quando trabalhamos podemos fazer outras coisas. Por exemplo, se um operário vai ao cinema, se diverte de modo separado ao trabalho. Agora, quando um jornalista vai ao cinema, vê coisas que depois podem ajudar no seu trabalho, assim como quando lê um livro, ouve uma conferência ou faz uma entrevista. O trabalho intelectual, além de criar riqueza, é também estudo com o qual criamos saber, e muitas vezes também diversão, que traz alegria. Quando uma atividade está junto ao estudo, à alegria, então é ócio criativo. Eu poderia ter chamado de estudo criativo, ou trabalho criativo, mas preferi chamá-lo de ócio criativo por ser um conceito mais provocativo.

é o atributo de liderança mais desejado por CEOs do mundo todo. A criatividade está presente no ambiente corporativo? De Masi – As empresas tendem a escolher chefes burocratas e não criativos. Se você estiver numa grande companhia como Fiat e IBM e for muito criativo, será considerado uma pessoa perigosa, que pode mudar o rumo das coisas. As empresas não são criativas. As empresas só foram criativas nos anos 1800 e 1900. Atualmente são grandes burocracias devido a alguns paradoxos. Por exemplo, o paradoxo da discriminação contra as mulheres. Uma mulher criativa não pode fazer carreira numa empresa. Outro motivo é que os dirigentes, na sua maioria homens, ficam muitas horas na empresa e não sabem nada da sociedade. Um dirigente de empresa, por exemplo, chega às oito da manhã e sai às oito da noite. Ele não vai ao cinema, não vai ao teatro, não conhece o mundo. Mesmo que no início ele tenha sido criativo, aos poucos ele vai se tornando um burocrata. Educação em Revista – Por que o senhor considera a escola e os professores inimigos do ócio criativo? Quais são as principais falhas dos sistemas de ensino? De Masi – Não todos os professores. Existem escolas exemplares que organizam

Educação em Revista – O que o senhor define por criatividade? De Masi – Na minha opinião, criatividade é uma síntese de fantasia com a qual nós

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rapidamente, daí criam-se novas necessidades, os bancos as financiam, e assim temos uma crise mundial do capitalismo. O Brasil atravessa uma fase de muita euforia que é muito perigosa. Por causa da euforia não se dá conta do dano do consumismo. Em três anos os preços duplicaram, e os salários não. Até agora o Brasil teve como modelo os Estados Unidos. Em vez de criar seu modelo autônomo, baseado na sua alegria, na sua solidariedade, sua sensualidade, seu acolhimento, tomou o modelo americano, por preguiça mental dos intelectuais e dos políticos. Mas agora que o modelo americano está em crise, que modelo o Brasil tem? Copiar o modelo quando está em alta, pode-se entender. Copiar um modelo em queda é suicídio.

a aprendizagem por meio do ócio criativo. Temos exemplos no Brasil com escolas de Foz do Iguaçu, Escola do Balé Bolshoi, a escola do Carlinhos Brown, Escola Axé. Mas um número enorme é de escolas burocráticas. Tive a oportunidade de passar o dia com um estudante de uma universidade de Teresina, uma universidade pública muito pobre. Os professores lá têm um ritmo de trabalho estressante e existe uma forte tentação burocrática. Apesar disso tem uma grande alegria na escola, pois está no Nordeste, e o Nordeste ainda não imitou os Estados Unidos. Porto Alegre, ao contrário, tem todo o estilo americano. Educação em Revista – O senhor vê dificuldade no avanço da valorização do ócio criativo? De Masi – O mundo capitalista é suicida e cria círculos viciosos. A publicidade cria necessidades inúteis. O banco financia a compra dessas necessidades inúteis. As empresas fazem com que esses bens sejam superados

Educação em Revista – É possível que o ócio criativo esteja presente na escola? Domenico de Masi – O ócio criativo não precisa de um lugar específico. Pode estar na sala de aula, numa visita ao museu, num jogo de futebol, no cinema. Todo dia da escola tem

que ser de formação e instrução. A sociedade rural e a industrial tinham um lugar específico para aprender, que era a escola. Mas hoje a gente aprende em todos os lugares. Por meio da internet, do Facebook, do Wikipedia, no cinema, em conversas diretas. Tudo é formação. Educação em Revista – Como o senhor vê a utilização da internet dentro do espaço de tempo? De Masi – Internet é outra forma de vida, como é a palavra, a escrita, o telefone, a televisão. É um instrumento a mais que os seres humanos inventaram, é uma outra expressão da criatividade humana. Como todas, pode ser bem usada ou não. A luz elétrica pode ser usada para iluminar ou para fazer uma cadeira elétrica. A internet tem infinitas possibilidades de desenvolvimento, torna possíveis as relações humanas também a distância. Como pensar que isso seja um mal? A prevalência do uso é positiva. É um espaço a mais para o ócio criativo.

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C A PA

A internet e o novo jeito de pensar e de aprender

que o uso frequente da internet afeta nosso cérebro? A 22 Será interação com as novas tecnologias está mudando nossa forma de aprender? Especialistas trazem algumas respostas para estas questões

sala de aula Os desafios pedagógicos da EAD

interdisciplinar Férias é para sair da rotina

Como se preparar para este novo formato de educação e estruturar cursos com a mesma qualidade do presencial

Especialistas dão dicas de como aproveitar o período de descanso

internacional

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Os desafios do sistema educacional da Coreia

em debate

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tendências

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Como utilizar os jogos virtuais em benefício da educação

As oportunidades para a oferta de cursos técnicos

Por que nossos jovens estão reprovando?

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Entenda o conceito de economia criativa

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po r o n d e a n d a histórias de vida de 36 AsTeixeirinha Filho

op i n i ã o

cultur a

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O teatro e sua expressão crítica da sociedade

premiadas

gestão

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Os cases de sucesso dos colégios Anchieta, Marista Sant’ana e da Rede Marista

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E D IT O RIAL

Os novos hiperlinks* da aprendizagem Não há dúvidas de que a internet mudou nossa vida. Com ela nos comunicamos muito mais rápido com as pessoas, temos à nossa disposição um universo de informação sobre os mais diferentes assuntos, nos conectamos com o mundo todo em um só lugar, ficamos sabendo dos fatos quase no instante em que eles acontecem. São inúmeras as facilidades e possibilidades que a web oferece para melhorar o nosso dia a dia e, por isto, passamos horas e mais horas conectados ao ‘www’. Será que esta nova forma de interação e de comunicação está mudando nosso jeito de pensar? Com tantos links e hiperlinks nosso cérebro está aprendendo de um outro jeito? Para tentar encontrar respostas a esses questionamentos, a Educação em Revista aborda o assunto na reportagem central desta edição. Os especialistas ouvidos trazem pressupostos da ciência sobre o impacto do uso da internet em nossos cérebros e orientam a respeito de como fazer uso dela a favor da educação. Ainda sobre tecnologia, a seção Tendências traz uma matéria sobre como é possível utilizar os jogos virtuais, que a garotada tanto adora, dentro da sala de aula, como uma importante ferramenta pedagógica. Em Sala de Aula o assunto é educação a distância. Buscamos trazer orientações e reflexões sobre como aproveitar a fase de alta dos cursos online sem perder a qualidade e tradição da instituição de ensino superior. Outro grande destaque desta edição é a entrevista exclusiva com o sociólogo italiano Domenico De Masi sobre as relações de trabalho e o ócio criativo. Suas teorias trazem importante reflexão sobre o papel do trabalho na nossa sociedade e como apresentá-lo para a nova geração que estamos formando. Será que o trabalho não pode ser mesmo algo prazeroso, tão bom quanto o lazer? Deixamos esta reflexão para o leitor... Boa leitura. Carine Fernandes Editora da Educação em Revista

*Trechos do texto que ligam uma página a outra.

ESPAÇO DO LEITOR: Percebo a Educação em Revista como um importante recurso de formação de educadores e gestores, porque seu conteúdo ajuda a pensar a prática a partir de contribuições teóricas e de abordagens esclarecedoras sobre temas circundantes que permeiam o currículo escolar e, também, cumprindo com um papel social que considero de extrema relevância, que é partilhar projetos, experiências, vivências que possam agregar valor nas práticas educativas! Marisa Crivelaro da Silva Diretora do Colégio Marista Sant’ana de Uruguaiana

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Expediente Edição: Carine Fernandes (MTB 15449) Produção: Carine Fernandes e Karine Ruy (MTB 11999) Reportagens: Carine Fernandes, Carolina Leal (MTB 9567), Sara Keller (MTB 14372) e Vívian Gamba (MTB 9383) Foto da capa: Clleber Passus/ Ilustração: Vit Nuñez Conselho Editorial: Prof. Osvino Toillier, Prof. Hilário Bassotto, Prof. Flávio D’Almeida Reis, Profª Mônica Timm de Carvalho, Profª Naime Pigatto Sperb, Prof. Ruy Carlos Ostermann, Prof. Pedro Luiz da Silveira Osório e Prof. Carlos Jahn.

DIRETORIA

Presidente: Osvino Toillier 1º Vice-Presidente: Hilário Bassotto 2º Vice-Presidente: Flávio Romeu D’Almeida Reis 1º Secretário: Vanderlei Langoni de Souza 2º Secretário: Maria Helena Lobato 1º Tesoureiro: João Olide Costenaro 2º Tesoureiro: Wilson Ademar Griesang Suplentes: 1º Suplente: Mônica Timm de Carvalho 2º Suplente: Oswaldo Dalpiaz 3º Suplente: Adélia Dannus 4º Suplente: Delmar Backes 5º Suplente: Olavo José Dalvit 6º Suplente: Bruno Eizerik 7º Suplente: Adelmo Germano Etges

CONSELHO FISCAL Titulares: Ruben Werner Goldmeyer Luiz Fernando Felicetti Valderesa Moro

Suplentes: 1º Suplente: Isaura Paviani 2º Suplente: Maria Angelina Enzweiler 3º Suplente: Anelori Lange Coordenador da Assessoria de Comunicação e Marketing: Prof. Osvino Toillier Assessora de Comunicação e Marketing: Renata Santayana Assessora de Imprensa: Carine Fernandes Relações Públicas: Luciana Moriguchi Jeckel Estagiárias: Bruna Ricardo e Marcele Wolf

Missão:

Representar e congregar as instituições do ensino privado na promoção de sua qualificação permanente, diferenciação e sustentabilidade.

Visão:

Ser referência como instituição no cenário educacional brasileiro, reconhecida pela eficiência na representação sindical e proposição de novos significados ao setor.

Valores: • Compromisso com o Associado • Ética e Transparência • Competência • Cultura da Inovação • Responsabilidade Socioambiental

FALE CONOSCO Redação Cartas, comentários, sugestões, matérias: educacaoemrevista@sinepe-rs.org.br Anúncios e assinaturas E-mail: carolina.leal@designdemaria.com.br Fone: (51) 3092-0992 Informações Fones: (51) 3213-9090 | www.sinepe-rs.org.br Educação em Revista não se responsabiliza por ideias e conceitos emitidos em artigos ou matérias assinadas, que expressam apenas o pensamento dos autores, não representando necessariamente a opinião da revista. Por motivos de espaço e clareza, as cartas e artigos poderão ser resumidos.


INTERNA C I O NAL

Inovando o sistema educacional por meio de NTICs na Coreia Uma função geral de todos os sistemas educacionais do mundo é a transferência de conhecimento, habilidades e valores de uma geração para a outra. Além dessa nobre função, no entanto, o sistema educacional também funciona como um impiedoso dispositivo de seleção, função essa que pode ser vista com muita frequência nos sistemas de recrutamento do mundo ocidental. As pessoas recebem salários iniciais diferentes, dependendo do grau acadêmico que possuem. Na Coreia, antes da crise cambial de 1998, diplomas diferentes não geravam diferentes salários. No entanto, desde que o mercado coreano foi arrochado pela crise, a função seletiva da educação tornou-se evidente, es- Desafio da Coreia é conhecer e atender às necessidades individuais de cada aluno pecialmente na busca de emprego. Hoje em de Educação Inteligente (SEP – Smart estiverem prontos e desejarem estudar a dia, o mesmo se aplica a todos os países. Education Plan) em 29 de junho de 2011 para mesma disciplina, sem turmas divididas por Há muito tempo a educação na Coreia tentar solucionar essa distorção. A filosofia faixa etária. virou um negócio básica do plano inclui Acreditamos que o aprendizado personatransformar o sistema lizado, com base nas necessidades do aluno, de família. Toda O desafio do educacional popular contribuirá para amenizar a cruel função que a renda familiar, atual da Coreia, que a educação adotou de selecionar indivíduos, exceto aquela despaís é passar do oferece conhecimento criando assim um aprendizado orientado para tinada às necessipadronizado a alunos, carreiras específicas. No passado, quando conhecimento dades principais, é independentemente muitas crianças seguiam a carreira dos pais, direcionada para a padronizado para das suas diferenças de eles adquiriam o conhecimento relacionado educação dos nossos filhos. Conforme um modelo baseado prontidão ou disposi- a uma individualidade comercial que era dos ção, em um sistema pais deles. Eles eram, às vezes, forçados a a competitividade com ensino baseado herdar a profissão dos pais, mesmo que não nas necessidades acadêmica fica mais nas necessidades indi- gostassem. O SEP, no entanto, permitirá que acirrada, as escolas individuais de cada viduais de cada aluno, os alunos escolham seus próprios meios de avaliam os alunos usando as novas tecno- aprendizado e carreiras tão logo forem canão apenas por aluno” logias da informação e pazes, sem forçá-los a escolher um caminho sua capacidade de comunicação (NTICs). específico e sem ignorar as suas necessidades. resolver problemas, mas também pela velocidade com que eles o Ao fim, com o SEP, os alunos poderão esco- A nossa visão é a de um sistema de educação humanizado, no qual os alunos aprendem fazem. Com toda essa competição, as famí- lher os caminhos de aprendizado que melhor lias são obrigadas a gastar a maior parte da se encaixarem às suas necessidades e os pro- o que querem, quando querem e onde eles querem. Hoje as NTICs estão por toda a parte sua renda na educação privada dos filhos, o fessores deixarão de ser meros transferidores que deixa pouca oportunidade para os alunos de conhecimento para se tornarem facilita- e, com isso, tornar essa visão realidade não deve ser uma tarefa tão distante. estimularem a sua criatividade e experimen- dores ou mentores, que poderão avaliar as tar a alegria de aprender. O resultado disso necessidades individuais dos alunos, oferecer Youngsun Kwon é que a principal missão do sistema educa- conselhos e sugerir formas alternativas de Ph.D., Professor Associado do Departamento de Ciências de Administração, KAIST (Instituto Avançado de Ciências cional é distorcida em prol da ideia de que o aprendizagem. As distinções entre séries irão e Tecnologia da Coreia), Daejeon, República da China. sucesso equivale à velocidade de se executar gradualmente desaparecer e uma cooperativa Ex-membro do subcomitê de serviços de TI, do de aprendizado, um conceito similar a uma Conselho Presidencial de Estratégias de Informatização, uma tarefa. em Seul, República da Coreia. O governo coreano anunciou o seu Plano sala de aula, será formada por aqueles que

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TEN D ÊN C IAS

Cidade virtual da Ucpel tem ajudado a melhorar o desempenho dos estudantes

Jogos virtuais podem ser importantes aliados da aprendizagem Por Carol i na L eal

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magine a cena: 300 alunos encontram-se com seus professores em salas de aula elaboradas especialmente para eles no mundo virtual do Second Life, um tipo de ambiente virtual e tridimensional que simula aspectos da vida real e social do ser humano. Lá, desenvolvem atividades e cada estudante pode gerenciar seu programa de estudo, na hora que assim o desejar. Esta cena, que parece ser difícil de acreditar, é uma realidade para a Universidade Católica de Pelotas (UCPel) e revela que, mais do que uma ferramenta que promove a interação, o uso de jogos e ambientes virtuais também estimula a circulação do conhecimento, além de habilidades mecânicas, lógicas, de resolução de problemas. Para um melhor aproveitamento de jogos online – que podem ser utilizados da Educação Básica ao Ensino Superior – há

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algumas recomendações, como aponta o professor João Mattar, autor de Games em Educação: como os nativos digitais aprendem: “Os alunos são nativos digitais e os games são um canal de comunicação com eles. Alguns games podem ser jogados tanto fora como dentro de sala de aula, com o próprio professor participando da atividade. Ele deve então estar preparado para trabalhar com os resultados deste exercício, ou aquilo que os alunos trouxerem para a sala. É importante, de qualquer maneira, que haja um design da atividade e que o professor possa aproveitar seus frutos na disciplina, bem como acompanhar e orientar para o seu uso adequado”, afirma Mattar. É justamente o que ocorre no Colégio Marista São Pedro, de Porto Alegre. Antes dos jogos serem utilizados, são feitos uma avaliação e um teste, definindo-se qual nível e onde será feita uma melhor aplicação. Os jogos são de acesso gratuito e os links são disponibilizados para

os pais utilizarem em casa junto com as crianças. “É importante o aluno saber que aquele ‘game’ tem um propósito, que está contribuindo para sua formação. A experiência deve ser prazerosa para ser lembrada posteriormente, assim o conhecimento será absorvido naturalmente, caracterizando uma aprendizagem significativa”, afirma a pedagoga habilitada em Multimeios e Informática Educativa, Adriele Menezes. “Para abordar a questão do que é realidade e o que é ficção podem-se utilizar games de história. Os alunos podem jogar e depois serem convidados a refletir sobre o tema e debater sobre a própria história, de como ela é construída pelo ser humano e como as interpretações podem se sobrepor aos fatos”, exemplifica Mattar. Conhecimento multiplicado Inspirado pelas ideias de Helmut Volkmann sobre cidades do conhecimento


Para abordar a questão do que é realidade e o que é ficção podem-se utilizar games de história. Os alunos podem jogar e depois serem convidados a refletir sobre o tema e debater sobre a própria história” João Mattar

– locais focados na aprendizagem, descoberta, invenção e apuração visando estimular a criação de saberes –, o professor do curso de Administração de Empresas da UCPel Roberto Funck percebeu que o Second Life poderia tornar esse conceito realidade e um aliado pedagógico de suas disciplinas, ajudando a reverter uma queda no rendimento dos alunos. Após uma primeira experiência, o projeto – em fase de implantação gradual – foi crescendo e transformou-se no Centro de Docência On-Line Independente (CEDOI) para atender toda a comunidade universitária. “Foi preciso planejar uma didática específica e elaborar um novo perfil de professor”, recorda Funck.

Como ilustrado no começo desta reportagem, o espaço comporta até 300 estudantes simultaneamente, numa área com mais de 390 mil m2 no universo virtual, sendo um dos maiores sistemas educacionais do Second Life. O desempenho acadêmico dos alunos envolvidos com o projeto tem se mostrado bastante superior ao desempenho dos alunos que ainda não conseguem acessar a plataforma. “Se o projeto for bem-sucedido, em cinco anos, os estudantes estarão vivendo o ideal de Volkmann: aprendendo em um contexto lúdico ideal para o compartilhamento do conhecimento, para a criação de novos contextos e para a inovação”, complementa o idealizador do Cedoi.

saiba mais Acesse na página online da Educação em Revista exemplos de exercícios com jogos em sala de aula com o professor inglês Tim Rylands e o game Myst (fornecido pelo prof. Mattar em seu blog) Leia o livro ‘Facilitando a criação do conhecimento’ (Georg von Krogh, Kazuo Ichijo e Ikujiro Nonaka. Rio de Janeiro: Campus, 2001), obra que inspirou Roberto Funck no projeto da UCPel

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interdisciplinar

Mude a rotina e aproveite as férias Por Vív ian Gamba

Viajar é autêntica mudança de rotina

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ara aqueles que acompanham o calendário escolar, as férias de inverno parecem curtas. Nesse caso, em especial, “planejar” e “delegar” são dois caminhos para aproveitar esse período ao máximo. O significado de férias está bem claro no dicionário: “suspensão dos trabalhos” ou “dias seguidos para descanso”, então é hora de deixar a rotina de lado e relaxar. Um grande número de pessoas

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traduz automaticamente “férias” como “viagem”. Para a diretora de Turismo da Tribeca Turismo & Eventos, Camila Cavichion, isso acontece porque a viagem é uma autêntica mudança de rotina. “Presenciamos novos costumes, culinárias diferentes, conhecemos pessoas e lugares e voltamos com a sensação de renovação. É uma das melhores heranças de conhecimento e vivência que podemos ter”, afirma. Segundo a diretora de Comunicação

da Associação Brasileira de Qualidade de Vida (ABQV), Rita Laert Passos, viajar para lugares desconhecidos, para a terra natal ou mesmo para rever a família é uma ótima forma de aliviar o estresse cotidiano. Mas ainda há muitas alternativas para ter férias de qualidade. “Você pode aproveitar o tempo para dormir um pouco mais, estabelecer uma rotina de atividades físicas prazerosas. Você vai se sentir disposto e cheio de energia, e encontrar um jeito de encaixar este hábito saudável na sua agenda, mesmo depois de voltar a trabalhar”, acredita. Entre os conselhos de Rita estão explorar novos cantinhos da própria cidade e desfrutar o tempo com pessoas queridas. “Que tal visitar monumentos, parques e locais que turistas adoram, mas que você não conhece ainda? Visite uma tia que você não vê há muito tempo, convide seu pai para ir ao cinema, leve o sobrinho ao parque de diversões, faça uma sessão especial de hidratação caseira com as amigas, procure amigos de escola no Facebook e reate antigos laços. Vale tudo para exercitar a sua afetividade”, orienta. Para o presidente do Instituto Avançado de Desenvolvimento Intelectual (INSADI), Dieter Kelber, férias são uma excelente oportunidade para desenvolver atividades para as quais não há tempo no dia a dia, como ler livros. “Considero interessante dar tarefas ao nosso cérebro que quebrem a rotina, fazer uma atividade nova, seja física ou mental – mergulhar, pular de para quedas, meditar num templo budista ou conhecer a floresta amazônica. Devemos sair da mesmice.” Para ele, ficar na beira da piscina ou na praia comendo e bebendo não parece algo “muito diferente”. “Aproveitar as férias, de fato, é voltar das mesmas com algum grande aprendizado, seja para a vida profissional ou pessoal.” Ainda assim, férias não eximem ninguém do estresse. A diretora da ABQV alerta que a mudança da rotina, em si, já é um fator condicionante de desgaste.


“Alteram-se os padrões de sono e ali- conta bancária – senão a bagagem, na mentação, dormimos em lugares di- volta, terá excesso de cansaço e preoferentes ou convivemos mais intensa- cupação. “No caso de poucos dias de viagem, é importante foco no que conmente com familiares. É inevitável que sidera mais interessante e organização surja o estresse, resposta de adaptação do roteiro de do organismo acordo com a a novas situaAproveitar as férias logística local.” ções.” A dica Além disso, de Rita é criar é voltar das mesmas confirmar com espaços de antecedência os desaceleração, com algum grande dias e horários com alguns aprendizado, seja para de funcionadias para comento dos locais locar as coisas a vida profissional ou que quer visitar em ordem e estar atento antes de viajar, pessoal.” Dieter Kelber ao clima, que ou preparar o pode atrapalhar retorno para os objetivos do turista no local de des“começar a ligar os neurônios na rotina tino escolhido. “Contrate uma agência profissional”. Para quem opta por uma viagem, especializada para que sua viagem seja organizada de forma adequada”, também há conselhos importantes para que o estresse fique em casa. A prin- orienta. “A internet pode proporcionar muitas opções fáceis de reservas, mas cipal orientação é planejar. De acordo nem sempre elas são as mais seguras”, com Camila, a viagem deve se encaixar alerta. nos limites de estilo, de atividades e de

Outro passo importante: “desligar” do trabalho. “Delegue! Acredite: você não é insubstituível”, adverte Rita. Capacitar pessoas da equipe e criar fluxos e rotinas de trabalho é um bom começo para ter férias “tranquilas”. Para aqueles que não conseguem desconectar, a alternativa é reduzir o fluxo de informações com o redirecionamento automático de e-mails, menor acesso à caixa de mensagens e desligando o telefone comercial. “Forneça o seu número pessoal somente para emergências. E defina claramente para sua equipe o que é emergência!”, diz a diretora da ABQV. Para Kelber, desligar do trabalho pode ser bom ou ruim, “depende de cada um”. Não há nada de errado em viajar e estar atento, num outro país, por exemplo, a atividades relacionadas ao trabalho. “Quem gosta do que faz sempre tem saudades de seu trabalho. O que não devemos esquecer é o equilíbrio entre vida pessoal e profissional, entre a razão e a emoção.”

Confira dicas importantes de viagem: Planeje as férias e deixe a vida o mais organizada possível para que nada atrapalhe seus dias de descanso e diversão. Lembre que o descanso é necessário para renovar e importante para seu crescimento. Tenha consciência de que uma viagem pode trazer novas ideias para sua vida pessoal e profissional e também disposição para colocá-las em prática. Prove da culinária e troque experiências com as pessoas locais. Curta o momento, sem pensar no retorno, com a certeza de que a viagem pode ser uma das melhores experiências da sua vida. Outra alternativa para ter férias de qualidade é estabelecer uma rotina de atividades físicas prazerosas

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gestão

Ensino técnico: oportunidade para estudantes e instituições de ensino

O

Por Sara Keller

s brasileiros têm acompanhado nos últimos anos uma fase de desenvolvimento e expansão da economia nacional. Como consequência desse crescimento, há a necessidade de profissionais capacitados nas mais diversas áreas do conhecimento. Muitos deles encontraram na educação profissional técnica de nível médio o caminho mais adequado e rápido para disputar as vagas abertas no mercado de trabalho. O Censo Escolar da Educação Básica de 2011, elaborado pelo Inep, mostra que hoje, no Brasil, já são 1.250.900 as matrículas na educação profissional. Em 2007, eram 780.162. O que justifica um aumento tão expressivo? O professor da Universidade

Feevale e do Centro Universitário Metodista em Porto Alegre (IPA) Gabriel Grabowski crê em uma soma de fatores, entre eles as políticas indutivas do governo e o crescimento da economia. “Vivemos uma atmosfera de desenvolvimento, um ano mais outro menos, mas com forte impacto na geração de empregos, e esses empregos exigem qualificação profissional em função da aplicação de novas tecnologias nos processos de trabalho”, destaca. Essas matrículas estão distribuídas pelas redes privada e pública de ensino, que participam, respectivamente, com 46,5% e 53,5% das vagas. Até 2010 a relação era invertida, com a maioria das ofertas na rede particular. A mudança se deu com os investimentos do governo federal na criação de institutos

federais de educação. Além disso, recentemente foi criado o Pronatec (Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego), iniciativa que pretende expandir a oferta de cursos de educação profissional e tecnológica. Estão previstos 8 milhões de vagas nos próximos anos. É bom que as instituições privadas também estejam atentas ao andamento do programa. “É uma oportunidade, sim, e as escolas devem informar-se e realizar a sua adesão. Há forte volume de recursos e trata-se de prioridade da Presidente Dilma. Hoje, 30% dos alunos do ensino superior que estudam em instituições privadas são financiados pelo Estado. O Pronatec é o mesmo modelo aplicado à educação profissional”, afirma Grabowski. Frente a essa oferta crescente, como o

Qualificação técnica aumenta em 48,2% as probabilidades de um candidato conseguir uma colocação no mercado

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Caroline Ferrari / UniRitter

Divulgação/Colégio Sinodal

mercado vem recebendo os egressos desses cursos? Uma pesquisa de 2010 da Fundação Itaú Social com base em dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) aponta que a formação em cursos técnicos proporciona uma elevação média de 12,5% no salário em comparação com os proventos de profissionais que possuem apenas o nível médio. Em algumas áreas, como a indústria, o percentual pode chegar a 18,8%. A qualificação aumenta ainda em 48,2% as probabilidades de um candidato conseguir uma colocação no mercado quando comparado a outro sem a formação técnica, conforme estudo da Fundação Getulio Vargas. Para Grabowski, a maioria dos técnicos bem-formados é incorporada, mas a situação é mais complexa que isso: “O que ocorre é que o mercado não é homogêneo. Ele possui demandas específicas dependendo da cadeia ou do setor produtivo, de localização geográfica e mesmo de aquecimento conjuntural do Colégio Sinodal de Portão, no Vale do Caí, comemora o retorno positivo com a oferta do curso Técnico mercado”. em Meio Ambiente, o primeiro com esse enfoque na região Informações do Censo da Educação Básica médio, realize estudos para descobrir as mostram essa disparidade. Os dez cursos curso eles sugerem observar as característidemandas da sua região e da comunidade es- cas da região, elaborar pesquisa de mercado, com maior número de matrículas na rede colar, além de inovar na oferta e atentar para buscar parcerias com empresas, indústrias e privada, considerando a educação profissiotendências e características do mercado de órgãos públicos, ter um plano de curso atualinal integrada ao ensino médio, concentram trabalho. Foi o que fez o Colégio Sinodal de zado e uma equipe docente qualificada. 65,1% do total. O curso mais procurado é Portão, no Vale do Caí, onde o curso Técnico Com tudo isso, a resposta dos alunos é enfermagem (que representa 21,8%), seguido em Meio Ambiente, o primeiro com esse positiva. “Estamos muito animados com o por segurança do trabalho e informática. Na enfoque na região, retorno. Prova disso tem sido o alto número rede pública, os completou um ano de estudantes inseridos em atividades profisdez maiores cursos É importante que a em 2012. sionais na área ambiental”, afirmam. Thiago significam 57,3%. O diretor, Jadir Hartmann, 18 anos, e Anderson Gottert, 24, Em primeiro lugar instituição, ao decidir Rasche, e o coor- alunos do curso, estão animados com os esestá a informática denador dos cursos tudos. Thiago conta que recebeu propostas de (12,8%), seguida abrir um curso técnicos, Mauro de estágio e pretende cursar faculdade de Meio por administração técnico de nível médio, Oliveira, acreditam Ambiente depois do técnico. Já Anderson diz e agropecuária. na importância que está realizado, pois sempre gostou do “Precisamos ser realize estudos para do ensino técnico contato com a natureza. Ele está indicando o mais criativos na oferta de qualificadescobrir as demandas para a qualificação curso a amigos e colegas. dos jovens. “É uma ções profissionais, da sua região e da oportunidade clara como técnicos em de ter um currículo música, eventos, comunidade escolar saiba mais diferenciado. Para cultura, entreteConfira na página online da Educação muitos será a porta nimento, turismo em Revista a lei 12513/2011 que para o trabalho. A partir de um melhor emecológico, agroecologia, meio ambiente e instituiu o Pronatec e a íntegra da prego vem a oportunidade e a necessidade do outros”, argumenta Grabowski. Pesquisa da Fundação Itaú Social. contínuo investimento em estudos de qualifiPor isso é importante que uma instituição, Saiba mais em: www.sinepe-rs.org.br cação.” Às instituições que desejam abrir um ao decidir abrir um curso técnico de nível

Educação 15


em debate

Gabriel Grabowski*

Por que nossos jovens estão reprovando?

Por que os jovens estão reprovando? Trata-se de uma pergunta bem formulada, que nos desafia a pensar, pensar aberta e livremente, sem tendências preconcebidas. Uma pergunta bem-formulada é melhor que as respostas simplistas e parciais que possamos emitir. Considerando que essa pergunta foi dirigida a mim, respondo, provisória e inicialmente, que os jovens estão reprovando por múltiplos fatores, encadeados entre si, cuja consequência é uma retenção e evasão que beira 30% na educação gaúcha. Porém, organizarei, para fins didáticos, uma reflexão em torno de duas “macrorrazões” que contextualizam o quadro atual de reprovação. A primeira é de natureza sociopolítica, visto que a educação no Brasil é reflexo da sociedade: desigual, contraditória e heterogênea. Temos uma pós-graduação altamente qualificada, reconhecida internacionalmente, mas temos uma educação básica muito ruim, mediadas por um ensino superior que possui ilhas de excelência e IES de péssima qualidade. Nesta perspectiva – sociopolítica –, entendo que a sociedade brasileira atribui pouco valor e prioridade à educação, em todas as esferas, desde as famílias, as empresas, os meios de comunicação, perpassando as políticas de marketing e propaganda, etc. A sociedade prioriza outros temas e valores em detrimento da educação. Lemos pouco, estudamos o mínimo, conversamos sobre futebol, novela, moda e tantas outras coisas, mas muito pouco de cultura e educação. A segunda “macrorrazão” é de caráter educacional. E entre as razões educacionais entendo existirem múltiplos fatores que impactam na reprovação. Por necessidade de síntese, irei brevemente elencá-los. Porém, antes é importante, ainda, registrar que aproximadamente 86% das matrículas do ensino médio estão na rede pública, realidade que deve ser levada em consideração. A primeira razão educacional que destaco refere-se às condições objetivas da escola e ao baixo investimento na educação no Brasil, especialmente as precárias condições de aprendizagem (laboratórios desatualizados, ausência de tecnologias e multimídias, salas excessivamente quentes ou frias...), consequência do baixo investimento nas condições e nos processos educativos. O Brasil investe menos de R$ 2 mil por aluno/ano na escola pública, enquanto os países com os quais

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somos comparados investem mais de R$ 10 mil aluno/ano. As escolas militares brasileiras, mais bem avaliadas, investem R$ 14.000.00. Não se tem educação de qualidade em condições precárias e sem investimento adequado. Outro aspecto no qual estamos falhando é no foco da atuação da escola. Cabe a ela construir conhecimentos técnico-científicos e formar valores humanos. Mas a escola é demandada a educar, por exemplo, para gestão empresarial e financeira, para consciência ambiental, para combater a violência, para não consumir drogas e evitar gravidez precoce. Por mais importantes que sejam essas questões, não devem ser o centro da atuação da escola, mas sim das famílias e da sociedade, mediante outras estratégias educativas. Também o tempo destinado para estudo, tanto na escola quanto em casa, é insuficiente. É necessário ampliar esta jornada de estudos dirigidos e focados. A família precisa dedicar muito mais atenção à educação de seus filhos, deixando de terceirizar tudo. É necessário criar ambiente e exemplo para que os jovens valorizem a cultura e a educação. Agregam-se ainda fatores relacionados à condição docente. Nossos professores estão deixando de ser os atores do processo formativo para serem instrumentos de aprendizagem. A desvalorização social e profissional não só afeta o desempenho do professor como o expõe frente a pais e alunos que, equivocadamente, pensam ser o trabalho docente uma prática qualquer e de menor importância. Dizia Sêneca que “a educação exige os maiores cuidados, porque influi sobre toda a vida” e deve ser protagonizada por educadores respeitados e valorizados, com carreiras prestigiadas, a exemplo de alguns países que a alçam a patamares de carreiras de Estado. Por fim, penso que tanto a escola como os professores, os pais e todos os agentes envolvidos num processo educativo possuem o dever ético de ouvir os jovens, sujeitos da aprendizagem e maiores interessados nela, e assim reconstruirmos juntos uma escola atrativa e que tenha coerência maior entre conteúdos, métodos e formas na perspectiva de formarmos indivíduos com autonomia intelectual, ética e política. *Docente e pesquisador da Universidade Feevale, professor do Centro Universitário Metodista de Educação e presidente da Associação de Escolas Superiores de Formação de Profissionais do Ensino (Aesufope)


O Rio Grande do Sul tem uma das piores taxas de reprovação do ensino médio do Brasil, segundo pesquisa divulgada recentemente pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep). Sabe-se que não é somente um fator que resulta no problema, mas sim uma série de lacunas que fazem com que o ensino gaúcho esteja aquém do esperado. Para discutir o assunto, Educação em Revista convidou dois importantes especialistas em educação que trazem opiniões distintas a respeito da problemática – confira:

Elisabete Maria Garbin* “Sei que não quero esta vida pra mim. Sei que não sei como deveria ser. Só sei que não gosto do jeito que está. Sei que as coisas estão confusas, não sei mais o que é certo ou errado. Sei que ninguém gosta de reprovar. Mas também sei que sem escola não podemos ficar.” (Narrativa de uma jovem sobre seu sentimento em relação ao tema reprovação versus escola, 16 anos, junho, 2012, Porto Alegre.) A narrativa da jovem acima mostra a produtividade aprisionante do discurso sobre a importância da escola na e para a vida dos jovens, ou seja, sem escola, ‘nada posso ser na vida’. Este é o ponto que eu gostaria de tensionar neste artigo: por que nossos jovens reprovam tanto? Seriam os jovens somente aquilo que a mídia insiste em denominar de ‘problema’? Não poderiam ser também as escolas – tanto públicas como privadas – que não se ‘adiantaram ao futuro’, tampouco anteciparam estratégias para assumir uma inserção possível em um mundo carente de relatos e instituições confiáveis? Ou seríamos nós, os ‘pobres professores’ os sempre culpados, frutos de cursos de formação em crise? Durante muito tempo as escolas das sociedades modernas estiveram coesas, integradas, reproduzindo uma ordem que marcava claramente, por exemplo, passagens dos jovens à vida adulta, seu papel em cada fase e lhes ‘ensinavam’ o futuro. Hoje, num contexto de mudanças, essas mesmas instituições estão em crise. Há crises em relação às formas como a identidade do professor é produzida nos cursos de formação, há crises na ordem do discurso escolar curricular, há crise em relação às formas como a identidade de sujeito-jovem-aluno é constituída nas práticas pedagógicas, nos currículos escolares. As narrativas a seguir, extraídas de conversas com jovens de classe de escolas públicas e particulares de Porto Alegre sobre o que pensavam sobre sua permanência de vários anos na mesma série e na mesma escola, corroboram as assertivas acima: “Na verdade, nem sei o que faço aqui... Já perdi a conta de quantas vezes escutei os mesmos conteúdos ditos da mesma forma, nas mesmas aulas. Sei que não vou chegar até o fim, pelo menos nesta escola! Minha mãe vai ter que procurar outra ou vou ter que estudar à noite na EJA...” [referindo-se à modalidade de estudos chamada Educação de Jovens e Adultos] (Jovem garoto, 17 anos) “Estudar pra prova? Eu não tenho vontade... Pensa bem: eu já não

entendo a matéria na aula, como vou estudar fora da aula e ainda decorar pra prova se não entendi na aula?” (Jovem garoto,16 anos) Independentemente de números, gráficos, achados, explosões midiáticas sobre o tema reprovação, acredito que seria mais produtivo, por exemplo, a escola se perguntar como os jovens estão percebendo as mudanças e que sentidos estão dando aos avanços tecnológicos e em que medida estes têm provocado melhorias em suas vidas? Logicamente que avaliar, aprovar ou reprovar tem um significado na vida de jovens alunos. Mas que significados? Talvez tivéssemos que desencadear discussões acerca dos cenários a que nossos jovens alunos estão imersos, além de tematizarmos suas vulnerabilidades, suas crenças e descrenças, suas indiferenças frente a alguns temas e seu comprometimento frente a outros. A questão não está em encontrar culpados nem em problematizar, via centralidade da cultura, ou a partir do campo da sociologia, ou mesmo da antropologia, o que entendemos por currículo, aprendizagem e outras práticas escolares e sua relação com os jovens contemporâneos, pois narrar o que e como é ser jovem na contemporaneidade, ou mesmo prescrever fórmulas mágicas para a solução do ‘problema’ reprovação em massa, arrisco a dizer, é contingencial. Certo é que vivemos uma história contemporânea de contradições. Se de um lado o futuro nos parece um presente em fuga tal a surpreendente rapidez com que determinados segmentos tecnológicos nos interpelam, de outro, a continuidade de certas estruturas, dentre elas a escola, relutam em buscar mudanças frente à emergência em mudar. Parece-me que para os jovens da atualidade, o mais difícil está em dar conta da heterogeneidade cultural a que estão submetidos em tempos de ruptura e desconcertos em que a insegurança que caracteriza a vida nas metrópoles globalizadas muitas vezes ofusca entusiasmos pedagógicos em meio a conflitos culturais. Ao mesmo tempo que professores descobrem silêncios súbitos em sala de aula, percebem que o mais difícil mesmo não é ensinar, e sim, a priori, conectar-se com seus alunos. O que resta então para o processo avaliativo que culmina com aprovação e/ou reprovação? *Professora doutora do Departamento de Ensino e Currículo e do Programa de Pós-Graduação em Educação da Faculdade de Educação da Universidade Federal do Rio Grande do Sul. E-mail: emgarbin@terra.com.br

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sala de aula

Encurtando distâncias: os desafios pedagógicos da EAD

T

Por Sara Keller

udo muda o tempo todo, e nunca tivemos isso tão claro como agora. Pense nas interações sociais, nas formas como nos mantemos informados, na nossa relação com o tempo! Esses e tantos outros aspectos da vida se transformam todos os dias, influenciados pelo desenvolvimento da tecnologia. E nem as relações de ensino e aprendizado ficaram de fora das mudanças. Cada vez mais, estudantes aderem aos cursos de educação a distância (EAD), modalidade que prescinde da presença de aluno e professor, juntos, em sala de aula. Na verdade, cursos oferecidos a distância não são novidade. Desde o século 19 esta tecnologia já era explorada. Nelson Mandela, ex-presidente sul-africano que lutou pelo fim do Apartheid, por exemplo, fez um curso de Direito por correspondência enquanto estava na prisão. Mas foi a crescente oferta e ampliação dos recursos tecnológicos nos últimos anos que ampliou ainda mais as possibilidades e o alcance da educação a distância, que vem crescendo a cada ano no Brasil. Conforme dados do Censo da Educação Superior, do Inep, em 2010 foram 930.179 matrículas em cursos de EAD no país, nas redes pública e privada. Em 2001, o número era de apenas 5.359! Mas como manter a qualidade do ensino em um segmento que não para de crescer? Como acontece em todos os setores, é preciso saber distinguir a qualidade das ofertas e estar preparado para enfrentar a concorrência de instituições mais preocupadas em garantir o lucro do que necessariamente promover um ensino qualificado. “Como uma

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Ensino a distância exige autodisciplina, organização, maturidade e determinação

instituição séria pode fazer para lidar com a concorrência desleal de instituições não sérias em cursos a distância? Em primeiro lugar, começando a oferecer cursos que criem um padrão para a sua comunidade quanto ao que é um bom curso a distância”, afirma Sérgio Franco, secretário de Educação a Distância da UFRGS e presidente da Comissão Nacional de Avaliação da Educação Superior (Conaes), do Ministério da Educação. Para isso, é preciso entender as especificidades da EAD e investir em planejamento. Luciano Sathler, diretor da Associação Brasileira da Educação a Distância (Abed), explica que “não é a modalidade em si que diz se vai ser bom ou ruim. Instituições que são sérias e boas no presencial serão ainda melhores na EAD, porque contemplam um planejamento melhor. Instituições que são ruins e não sérias no presencial

tendem a ser piores ainda em EAD”. Para oferecer cursos a distância, a instituição deve estar credenciada para esse fim junto ao MEC. Para os alunos, o ideal é que também busquem informações em sites, redes sociais e com outros estudantes. “E desconfiar de qualquer curso que promete que não vai precisar estudar”, completa Franco. Está muito enganado quem pensa que em EAD se estuda menos. Pelo contrário, a modalidade, por permitir uma flexibilidade de horários e locais de estudo, exige dos estudantes características como autodisciplina, organização, maturidade e determinação. E para garantir o sucesso da aprendizagem, além desse interesse, é preciso que as instituições estejam preparadas. O MEC exige que os projetos de EAD sigam integralmente o disposto no Decreto nº 5.622/2005, que regula a oferta da modalidade no país, e estejam em


tem gerado um ganho duplo: por um conformidade com seus Referenciais ensino. Além de dar apoio ao docente lado, o professor qualifica o seu trabade Qualidade para Educação Superior responsável pela disciplina, ele ajuda os lho e se ambienta para, quando houver a Distância, documento de 2007 que alunos a interagirem com a instituição, um curso a distância, já saber como aborda tópicos como currículo, matecom os professores e entre si, mostranfazer isso.” rial didático, avaliação, infraestrutura, do-se uma figura A preparação entre outros. com essencial Quando um curso a do corpo docenO planejamento de um curso a distânpapel de mediação. te é mesmo um cia deve considerar as características O aluno ainda distância é pensado em ponto imporpróprias da EAD, pensando as dinâdeve dispor de uma lógica presencial, tante. Como a micas de ensino conforme essa modamaterial didático EAD exige conlidade. “A educação a distância tem um de qualidade, penterá muitas fraquezas, sado conforme o tato constante desafio muito grande, que é mudar a com diferentes lógica de pensar o curso. Quando um projeto pedagóporque as coisas não mídias, é precicurso a distância é pensado em uma gico. Lembrando funcionam do mesmo so haver atualilógica presencial, terá muitas fraqueque o material zação e capacizas, porque as coisas não funcionam do institucional, imjeito” Sérgio Franco tação para que a mesmo jeito”, alerta Franco. Outra dica presso ou multiinteração entre para quem pretende oferecer cursos mídia, não pode professor e aluno, que se dá a distância, de EAD é experimentar. “A primeira substituir os livros. Para Franco, “um seja eficaz. Nesse sentido, uma figura coisa que a instituição deve fazer são curso a distância que tem como base fundamental é o tutor, que pode atuar experiências, como cursos de extensão de estudo só o material institucional é tanto nos polos de apoio presencial e a adoção de disciplinas ou atividades um curso ruim. Um bom curso superior Julho 2012 21x14cm.pdf 1 15/06/12 quanto nas sedes 15:51 das instituições de aSN-0009-12AC distância An emRevista cursosSINEPE presenciais. Isso tem que fazer o aluno ir ao encontro da

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Educação 19


bibliografia. Se não faz isso, é limitado. É como fazer um curso superior baseado só nas aulas dos professores”. Outro erro é pensar que a EAD é realizada apenas por meio da tecnologia, sem considerar o fator humano. De acordo com Luciano Sathler, ela “necessita de seres humanos atentos, cuidadosos, respeitosos, capazes de interagir de uma forma educativa, ainda que mediado por um computador, pela internet ou por algum programa”. Sathler vê, no futuro, uma forma híbrida de educação. “O futuro da educação não está no presencial nem na EAD, mas sim numa mistura, um híbrido dos dois.” Uma experiência de sucesso Entre as instituições de ensino superior que oferecem cursos a distância no Rio Grande do Sul está a Unisinos. Desde 2002, a universidade, uma das mais tradicionais do estado, tem investido na EAD, primeiramente com

cursos de especialização. Foi em 2007 que começou a disponibilizar aos alunos disciplinas dos cursos presenciais de graduação na modalidade a distância, iniciativa que permitiu adquirir experiência na construção de um modelo pedagógico. Três anos depois, a universidade já oferecia à comunidade sete cursos de graduação totalmente em EAD. Hoje já são dez, em polos distribuídos pelo Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná, mais dez cursos lato sensu. A expansão por diversas cidades foi possibilitada pela parceria com outras instituições de ensino. Uma das preocupações da universidade é possibilitar que os alunos se familiarizem com a EAD, passo importante para evitar surpresas depois da matrícula. Por isso, disponibiliza online um ambiente de degustação, no qual os estudantes podem ter contato com os recursos didáticos e tutoriais usados na graduação. De acordo com a gerente de Educação a

Distância da Unidade de Graduação, Carmen Copetti, os cursos mais procurados hoje são Administração de Empresas e Tecnólogo em Gestão de Recursos Humanos. A facilidade de estudar em qualquer lugar e organizar o tempo de forma particular, segundo ela, são alguns pontos citados pelos alunos satisfeitos com a proposta. Na modalidade lato sensu, conforme o gerente de Capacitações e Cursos de Extensão, Rodrigo Dalcin, as opções mais procuradas são Especialização em Desenvolvimento de Aplicações para Dispositivos Móveis, Especialização em Qualidade de Software e MBA em Gestão Estratégica de Negócios. Para as outras instituições que quiserem apostar na EAD, eles lembram que, apesar da metodologia própria, a modalidade tem os mesmos parâmetros de qualidade dos cursos presenciais. Um dos pontos mais importantes de atenção deve ser a qualidade da interação entre alunos, professores e tutores: “Acompanhar atentamente o percurso e as interações do estudante, evitar qualquer sensação de isolamento ou solidão e explorar ao máximo as possibilidades que o mundo virtual oferece são alguns dos principais cuidados que se deve ter nos cursos a distância”, recomendam.

saiba mais Confira na página on-line da Educação em Revista o decreto nº 5.622/2005, que regula a oferta da educação a distância no Brasil e os referenciais de qualidade para a educação superior a distância elaborados pelo MEC. Ouça também a entrevista na íntegra com o especialista Sérgio Franco. Acesse: www.sinepe-rs.org.br

Modalidade EAD deve ter os mesmos parâmetros de qualidade dos cursos presenciais

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op i n i ã o

Educação Superior e Economia Criativa Enquanto algumas instituições de ensino superior encarregam suas mentes mais bem remuneradas para atender aos critérios do MEC, tarefa indispensável, evidentemente, outras estão em um estágio mais avançado – estão investindo em inovação. O assunto em questão é a valorização do capital mais apreciado da nova economia criativa: o capital humano, o sujeito criativo. A criatividade é o atributo de liderança mais desejado por CEOs, segundo pesquisa realizada pela IBM, que ouviu mais de 1.800 CEOS de 60 diferentes países. Uma das principais autoridades em criatividade do mundo, a americana Teresa Amabile, professora da Harvard Business School, identificou duas características inerentes aos sujeitos criativos com base em pesquisa realizada no Palo Alto Research Center: (I) Além de conhecimento profundo em determinada área, o sujeito criativo fala com propriedade de assuntos muito diferentes de sua formação de origem. (II) O sujeito criativo tem voracidade por aprender coisas novas, recebe o “novo” de braços abertos e literalmente vibra frente aos problemas complexos. No Brasil, sujeitos criativos são, constantemente, alvo de preconceito por “invadir” assuntos correlatos à sua área de formação. Infelizmente, gestores com perfil tradicional tendem a reprimir sujeitos criativos e, até mesmo, rejeitá-los e neutralizá-los nas instituições de ensino superior – a concorrência agradece. A chamada economia criativa é formada pelos segmentos de bens e serviços que contam com capital intelectual, conteúdo criativo, valor cultural e comercial. A criatividade tem valor econômico que contribui tanto com o Índice de Desenvolvimento Humano quanto com o Produto Interno Bruto. Ainda hoje, falar em inovação e gestão por resultados na educação superior é motivo de polêmica. Contudo, instituições de ensino superior que venceram este “tabu” ou foram adquiridas por Grupos Consolidadores estão desenvolvendo um olhar mais atento aos seus talentos criativos. É preciso inovar, tanto na Gestão Educacional Superior quanto na Gestão

da Aprendizagem em sala de aula. A profissionalização do Setor Educacional Superior está diretamente relacionada às boas práticas de gestão no mundo corporativo, e a palavra de ordem é inovação. Em entrevista feita por Luciene Leszczynski, da Revista Ensino Superior de 2012, o mais novo membro do corpo docente do Instituto de Educação de Londres, Ronaldo Mota, defende a exploração das conexões entre educação e inovação. Para o Brasil crescer de forma sustentável não há outra saída: é preciso investir na educação associada à inovação. O relato do ex-secretário nacional de Desenvolvimento Tecnológico do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) aponta para um processo que, embora ainda tímido no Brasil, já está acontecendo. As instituições de ensino superior precisam atrair talentos atuantes em áreas que recebem a inovação de braços abertos, que vibram ao se deparar com um problema capcioso, pois é neles que residem as maiores oportunidades de crescimento. Mota relata que o Brasil precisa repensar a educação de modo a trabalhar elementos da criatividade, das habilidades e da preparação para um novo cenário de inovação. Segundo Mariana Barbosa, da Folha de S.Paulo, “a terceira maior indústria do mundo, atrás de petróleo e de armamentos, tem como principal insumo a criatividade”. De acordo com estimativa da Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro, incluindo atividades relacionadas e de apoio, a Economia Criativa movimenta mais de R$ 380 bilhões no Brasil (16,4% do PIB) e gera 7,6 milhões de empregos formais. Recente estudo da prefeitura de São Paulo mostra que a maior cidade do país já movimenta R$ 40 bi por ano com criatividade, cerca de 10% do PIB do município, e desponta como uma das principais economias criativas do mundo. Faz-se necessário buscar nas áreas que trabalham fundamentalmente com os preceitos da inovação os profissionais qualificados a desenhar uma nova lógica educacional. Em seu livro, a Empresa Orientada pelo Design, Neumeier, Presidente da Neutron LLC, empresa

especializada em Estratégia Corporativa e Design, defende que o Design motiva a Inovação, a Inovação dá poder à Marca, a Marca promove a Fidelidade e a Fidelidade sustenta os Lucros. Ou seja, se as instituições de ensino superior desejam sustentabilidade financeira sem abrir mão da qualidade pedagógica, devem ter mais atenção aos profissionais habilitados a trabalhar com visão sistêmica e resolução de problemas complexos. Chegamos então aos profissionais de Design e o seu pensamento abdutivo, descrito por Charles Pierce como: “a única lógica capaz de introduzir novas ideias”. A inovação em gestão que vai destronar o Seis Sigma e os conceitos ultrapassados de qualidade total é o pensamento focado em Design (design thinking). Esse modo de pensar assumirá o controle do departamento de marketing das organizações, tomará posse de seus laboratórios de pesquisa e desenvolvimento, transformará seus processos e começará a ignição de sua cultura. Neumeier relata que essa inovação criará um efeito rebote, que alinhará as finanças à criatividade, e entrará nas Bolsas de Valores do mundo inteiro com força o bastante para mudar as regras dos investimentos. Enquanto um executivo tradicional, por meio do seu pensamento analítico, escolhe a melhor opção entre as diversas que ele julga ter o maior valor; um design thinker (pensador sistêmico que desenha, além de produtos, processos, serviços e estratégias), com seu pensamento abdutivo, explora alternativas totalmente inusitadas, e é nesse espaço que as ideias criativas podem gerar a tão sonhada inovação. Afinal, como disse Albert Einstein, é insano continuar fazendo sempre a mesma coisa e esperar resultados diferentes. Daniel Quintana Sperb

Diretor da Sperb Consultoria Gestão Educacional Superior Doutorando no Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção na UFRGS www.sperbconsultoria.com

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c a pa

A geração digital descobre novos jeitos de aprender Clleber Passus / SINEPE/RS

Por Carol i na L eal

Camila Thomaz teve que reduzir o tempo investido na internet para se dedicar mais aos estudos

A

tela do computador não se restringe a um conteúdo apenas. Abaixo, na parte inferior do monitor, há diversas janelas reduzidas, esperando seu usuário: em uma está o Facebook, em outra, o Twitter. Também há a janela do blog, e-mail, Youtube, Tumblr e assim por diante. Ao mesmo tempo, no telefone celular, mensagens por sms aguardam para serem respondidas, assim como via o

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Whatsapp. No tablet, há aplicativos de diferentes jogos, que com um toque ou arrastar de dedos, podem ser acessados. Se este cenário parece confuso, afinal, são inúmeros os recursos conectados ao mesmo tempo e demandando por atenção, some ainda a televisão ligada e, quem sabe, um livro ou o caderno de aula, com a tarefa do dia a ser realizada. Qual será a atividade que receberá mais atenção, especialmente das novas gerações? No caso da estudante de ensino médio

Camila Thomaz, 14 anos, que passava parte de suas tardes conectada ao notebook, o foco maior era destinado para as redes sociais, principalmente ao Twitter, onde mantém uma conta com mais de 500 seguidores em homenagem a sua banda favorita. Apesar de sempre ter sido uma aluna bem-sucedida em suas notas, neste ano as avaliações iniciais não foram como o esperado e a solução foi rever o tempo investido nas atividades. “Era normal, para mim, ficar no computador, estudar e


ter a TV ligada ao mesmo tempo, mas com a mudança de série escolar e a sua maior exigência, vi que isso estava prejudicando meu rendimento”, afirma Camila, que se tornou uma usuária assídua da internet há seis anos a partir do acesso à rede social Orkut. “Gosto da internet para falar com os meus amigos, especialmente aqueles com que não tenho contato direto, como do grupo dos Escoteiros. Eu também gosto dos jogos do Facebook e para fazer pesquisas”, enumera. Será que esta realidade cibernética multifacetada não prejudica o cérebro? O que essas infinitas possibilidades com o advento da internet estão fazendo com o processo de aprendizagem? O assunto é polêmico e tem sido tema de debate entre pesquisadores, psicólogos e comunidade escolar: para autores como Nicholas Carr – que escreveu o best-seller ‘A geração superficial: o que a internet está fazendo com os nossos cérebros’ a partir da análise de inúmeros estudos na área –, a exposição constante às mídias digitais está mudando a forma como pensamos, uma vez que as distrações e as seguidas interrupções causadas pela internet prejudicam a capacidade de concentração

A internet proporcionou o desenvolvimento de novas capacidades e processos cognitivos nos indivíduos, especialmente nos nativos digitais” Andrea Jotta

e atenção. Em artigo publicado no Wall Street Journal, Carr sentencia: “As pessoas que leem textos repletos de links, compreendem menos do que aqueles que leem o texto de forma linear tradicional. As pessoas que estão continuamente distraídas por e-mails, alertas e outras mensagens entendem menos do que aqueles que são capazes de se concentrar numa atividade de cada vez”. Para outros especialistas, os efeitos da internet não podem ser considerados tão nocivos assim. Já no começo da década de 1990, quando recursos de tecnologia começavam a se tornar populares, o filósofo da informação Pierre Levy – que se ocupa a estudar as interações entre internet e sociedade, com inúmeros livros publicados na área – discorria sobre o surgimento

Tecnologia permitiu que o conhecimento fosse alcançado de outra maneira, as ideias vão se articulando com outras fontes até se concluir o pensamento

de uma realidade que alia o indivíduo e a máquina, repercutindo em transformações sociais permanentes no nosso jeito de viver e de se relacionar. “A técnica em geral não é boa, nem má, nem neutra, nem necessária, nem invencível. É uma dimensão, recortada pela mente, de um devir coletivo heterogêneo e complexo na cidade do mundo.” (LEVY, 1999, p. 194) “O advento da internet possibilitou que capacidades diferentes do cérebro fossem acionadas, como o favorecimento a uma estratégia generalista dos conteúdos e não ao seu aprofundamento. Até hoje, não há evidência de alteração biológica causada pelo uso excessivo de internet e outros recursos digitais a ponto de se afirmar que faz mal ao cérebro ou que comprometa o processo de aprendizagem”, diz o coordenador do Laboratório de Neurobiologia do Comportamento/Instituto do Cérebro da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUC-RS), Dr. Martin Pablo Cammarota. A psicóloga Andrea Jotta, pesquisadora da Interface Ser Humano Tecnologia e integrante do Núcleo de Pesquisas em Psicologia da Informática da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP) tem opinião semelhante sobre o assunto. Para ela, o acesso a mais recursos tecnológicos, sobretudo à internet, proporcionou o desenvolvimento de novas capacidades e processos cognitivos nos indivíduos, especialmente nos ‘nativos digitais’. “Cada vez mais cedo as crianças têm à disposição a tecnologia e a internet, alfabetizando-se, muitas vezes, com a ajuda dessas ferramentas. Tal situação permitiu se conceber outra forma de raciocínio,

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c a pa

um desafio lidar com a internet para a nem melhor ou pior, mas diferente. Antes, Educação, mas esta já é uma realidade, tinha-se como paradigma uma lógica que se recomenda ser incorporada ao curque privilegiava a elaboração ordenada rículo. “Deve-se permitir que os alunos por meio de um começo, um meio e um tragam os seus conhecimentos virtuais fim. Primeiro se realizava uma atividade para o cotidiano da sala de aula, e caso para depois se realizar outra. Atualmente, os professores não saibam lidar com as essa construção acontece em paralelos, ferramentas tecnológicas, possibilitar ou seja, o conhecimento é alcançado de o compartilhamento de conhecimento outra maneira. Sem seguir a uma ‘ordem’ entre eles. Outro fator é observar, por específica, as ideias vão se intermediando meio das narrativas dos estudantes, as e se articulando com outras fontes até se constituições discurconcluir o pensivas temporárias que samento”, exA tecnologia permitiu configuram os usos plica Andrea ao das tecnologias dise conceber outra complementar gitais em suas vidas que essa forma forma de raciocínio, e, assim, efetivar um de pensar, mais trabalho que atinja colaborativa nem melhor ou pior, um ‘doce-fazer-pepor assim dizer, dagógico’ produtivo mas diferente” caracteriza-se para ambos”, destaca. por ser mais Andrea Jotta A psicóloga Andrea relativista e a Jotta também enupossibilitar a mera alguns outros pontos a serem consigeração de conexões com outros conteúderados para um melhor aproveitamento dos que no modelo “tradicional” não eram imagináveis, afinal hoje se tem acesso a um volume de informações muito superior a que se tinha há, por exemplo, 30 anos.

dos recursos digitais por professores e comunidade escolar: 1 Desenvolva junto aos alunos um guia de ética virtual, mobilizando para um bom uso dos recursos digitais. 2 Estabeleça canais de comunicação virtuais para compartilhamento de conteúdos. Pode ser um moodle, um blog, um grupo específico no Facebook. 3 Relativize os papéis. Em termos históricos, as avaliações morais que fazemos hoje ultrapassam as fronteiras tradicionais como de gênero e credo. Por isso, o debate deve ser construído para abarcar novas sensibilidades de um mundo também em transformação. 4 Incentive a reflexão sobre valores morais que norteiam as relações. Os valores de fora do ambiente virtual devem ser levados para dentro, estabelecendo uma ética e coerência nos atos. Um exemplo de iniciativa que aproxima a internet do ambiente escolar tem sido realizada pelo colégio São José, de Pelotas. Lá, o Serviço de Orientação

Novas possibilidades para a educação Como então se aproximar e possibilitar o aprendizado a uma geração que, mais do que estar acostumada com o mundo virtual, passa grande parte do tempo se relacionando e convivendo pelo ambiente digital? A professora e doutora Elisabete Maria Garbin, do departamento de Ensino e Currículo da Faculdade de Educação da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), entende que, antes de tudo, é importante compreender a internet como um laboratório para múltiplas experiências, em que os estudantes, especialmente os jovens, a utilizam também como maneira para exercer identidades. “Por isso, a internet, além de ferramenta de comunicação, atua como um imã para demarcar esses espaços, tornando-se, assim, em um objeto incessantemente louvado”, explica. A especialista concorda que pode ser

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Os valores de fora do ambiente virtual devem ser levados para dentro destes espaços, estabelecendo uma ética e coerência nos atos


Divulgação / Colégio São José No Colégio São José de Pelotas, alunos aprendem a usar a internet de forma responsável

Educacional identificou a necessidade de orientar os alunos a ter uma conduta no uso das tecnologias digitais. Para isso, a partir da apresentação do conteúdo, realizam-se dinâmicas que estimulam o compartilhamento de experiências pessoais e uma exposição final do grupo sobre o entendimento do que foi debatido, com uma posterior produção textual sobre o mesmo. Os alunos ainda são incentivados a conversarem em casa sobre o tema, envolvendo assim também a família no debate. “Este trabalho de orientação do uso responsável da internet era desenvolvido com alunos da 6ª série, mas hoje, com o uso cada vez mais cedo desta tecnologia, estamos trabalhando a partir da 4ª série”, conta a psicóloga Aline Casalinho. De fato são vários os desafios que se descortinam: lidar com as novas formas de pensar, propor reflexões sobre as relações éticas nos ambientes virtuais e, sobretudo, como melhor aproveitar tais

recursos digitais em sala de aula, tornando o processo de aprendizagem cada vez mais rico e prazeroso para professores e alunos. “A grande questão é que os jovens crescem, se divertem e interagem com o mundo via recursos tecnológicos. Quanto mais tarde se aproximar deles e mostrar que pode ser divertido também o ambiente off-line, mais difícil vai ser convencê-los disso. O perigo está em permitir que jovens sejam muito bem-sucedidos no ambiente virtual, mas que não consigam estabelecer vínculos, se expressar e se comunicar no mundo ‘real’”, finaliza a psicóloga Andrea Jotta. Se a internet faz mal ao cérebro, não sabemos, já que não existem provas científicas a respeito disto, a única constatação é de que há mudanças na forma de pensar e de aprender das novas gerações. Cabe aos educadores conhecerem essas transformações e saber tirar o melhor proveito delas, em prol da aprendizagem.

Glossário: Moodle: é o acrónimo de “Modular Object-Oriented Dynamic Learning Environment”, um software de apoio à aprendizagem, executado na internet. Tumblr: é uma plataforma de blogging que permite aos usuários publicarem textos, imagens, vídeo, links, citações, áudio. Whatsapp: aplicativo de celular que tem acesso à internet que possibilita a troca de mensagens sem custo nas chamadas. A pauta desta reportagem foi construída com a colaboração de educadores da Regional Sul, em reunião realizada no Colégio São José em Pelotas. Participaram do encontro: Aline Tavares Casalinho e Naídes Elena Almeida de Sousa (Colégio São José), Ir. Célia S. Rigo (CFNSA – Canguçu), Dora Amaral Braga Votto (Escola Erico Veríssimo), Giovana dos Santos Rodrigues (Escola São Luiz Gonzaga Rio Grande), Ir. Maria Cecilia Marchiori (Escola São Francisco de Assis), Jara Lourenço da Fontoura, Raquel Bierhals, Roberto Funck, Manuella Kaster e Sandra Mello (UCpel)

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memória

Colégio Mellinho festeja 50 anos de superação e conquistas 2012 é um ano de comemorações no Colégio Cenecista João Batista de Mello, de Lajeado. No dia 1º de março, o Colégio Mellinho, como é conhecido na cidade, completou exatos 50 anos de atividades. Hoje, referência no cenário educacional do Vale do Taquari, a instituição superou as dificuldades por meio de projetos inovadores, os quais buscavam criar rendas e reforçar as relações com a comunidade. A caminhada do casal-fundador, Zuleica e Werner Born, teve como partida a necessidade de disponibilizar um Ginásio Estadual a alunos menos favorecidos. O primeiro encontro realizou-se no dia 29 de julho de 1961, no Clube Recreativo Lajeadense, com a presença de professores e demais membros da comunidade local. O objetivo era criar um Ginásio mantido pela Campanha Nacional de Educandários Gratuitos. Aprovado o projeto, o Colégio foi batizado como Centro Educacional João Batista de Mello, uma homenagem a um intendente de Lajeado que atuou no

período de 1908 a 1924. Entre dezembro de 1961 e fevereiro do ano seguinte, 205 alunos submeteram-se aos Exames de Admissão ao Ginásio. Em 1º de março de 1962, 147 ginasianos começaram o curso, ocupando primeiramente as dependências do Grupo Escolar Fernandes Vieira, cedidas pela Secretaria de Educação e Cultura. Somente em 1965 a escola passou a funcionar em prédio próprio, em um terreno doado pela Prefeitura, onde está instalada até hoje. Em 1975, o Mellinho recebeu autorização para o funcionamento do Curso Técnico em Leite e Derivados e Habilitação em Secretariado, em convênio firmado com Laticínios e Cereais S.A. – Lacesa. Nessa época, o pagamento dos professores e funcionários e também a manutenção do estabelecimento eram garantidos por contribuições sociais somadas às verbas recebidas da compra de vagas e bolsas de estudos. Para sanar as dificuldades financeiras, a equipe diretiva e os professores lançavam

mão de recursos de captação extras, como a manutenção de uma gráfica no colégio. Na marcenaria funcionava uma fábrica de brinquedos, artesanato e outros artefatos de madeira, que eram vendidos no comércio local, divulgando, assim, o trabalho dos alunos. Em 1976 e 1977, o material de ornamentação natalina das ruas de Lajeado foi produzido por alunos do colégio. Atualmente o Mellinho atende alunos da Educação Infantil, Ensino Fundamental e Ensino Médio. O turno Integral recebe crianças da Educação Infantil ao 5º ano do Ensino Fundamental, no turno oposto ao Ensino Regular, com planejamento pedagógico diferenciado. A escola conta com laboratórios de Informática, Ciências Físicas e Biológicas, sala multimídia, Biblioteca João Batista de Mello, sala de Robótica, de Artes, de Música e Canto Coral e Sala Lúdica. Também disponibiliza auditório, cantina com refeitório, ginásio de esportes, parque infantil e área de recreação.

Com esforço e dedicação instituição superou os desafios e hoje se consolida como importante instituição no Vale do Taquari

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legislação

A Língua Estrangeira Moderna e o Núcleo de Aprendizagem de Idiomas (NAI) Em 2005 foi sancionada a Lei nº 11.161 que determina: “Os sistemas públicos de ensino implantarão Centros de Ensino de Língua Estrangeira, cuja programação incluirá, necessariamente, oferta de língua espanhola”. Explicita que “A rede privada poderá disponibilizar esta oferta por meio de diferentes estratégias, desde aulas convencionais no horário normal dos alunos até a matrícula em cursos e Centros de Língua Moderna”. A Lei torna obrigatório para escolas com ensino médio, a oferta da língua espanhola. Resolução CEEd nº 319/2012- Institui os Centros de Estudos de Língua Moderna e “designa a criação de Núcleos de Aprendizagem de Idiomas (NAI) regulamentando seu funcionamento no Sistema Estadual de Ensino”. O NAI deve ser credenciado segundo as normas que regem o credenciamento para a oferta de cursos no Sistema Estadual de Ensino. O NAI pode ser: a) Vinculado a uma escola credenciada para a oferta de níveis da Educação Básica; b) Credenciado exclusivamente para a oferta de aprendizagem de idiomas. E tem duas modalidades: 1ª) Primeira Língua- PL- refere-se à língua estrangeira obrigatória do Plano de Estudos da escola; 2ª) Segunda LínguaSL – refere-se à língua estrangeira facultativa. O aluno, no ato da matrícula, escolherá qual será PL e qual será SL. Caso não queira cursar a SL, deverá assinar termo de renúncia da mesma. O NAI vinculado à escola: chamada de “escola- base,” oferece atendimento a alunos de, pelo menos, mais uma escola, ficando esta denominada de escola conveniada. A escola conveniada terá que informar nos históricos escolares sua

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vinculação ao Núcleo de Aprendizagem de Idiomas, mencionando o nº do Parecer do CEEd que autorizou o credenciamento da escola-base; o NAI tem que ser regimentado, assim como seu funcionamento. O NAI sem vínculo à escola - O NAI credenciado exclusivamente para a oferta de idiomas deve firmar convênios para poder atender alunos de escolas credenciadas junto ao CEEd (denominadas escolas conveniadas). Estes serão designados “Núcleos de Aprendizagem de Idiomas, seguido do nome fantasia credenciado”. Podem ser credenciadas escolas livres de idiomas que comprovem atuação continuada, por pelo menos cinco anos, antes do pedido de credenciamento. Quando se tratar de franquia, o credenciamento terá que ser individual do franqueado, vedado o credenciamento genérico do franqueador. Dois alertas: 1º) somente poderá ser oferecida a Segunda Língua (SL) nessa modalidade de sem vínculo com escola; 2º) a oferta da Primeira Língua (PL), o idioma a ser oferecido deverá ser ofertado na sede da escola conveniada que informará nos históricos escolares sua vinculação ao respectivo NAI, apondo o nº do Parecer de credenciamento. Credenciamento do NAI - Será elaborado um Protocolo Regimental definindo seu funcionamento e sua relação com as escolas conveniadas. Tal Protocolo complementa o Regimento Escolar das escolas conveniadas, bem como sua relação com as mesmas. Também deverá ser elaborada uma Minuta do Convênio a ser firmado com essas escolas. O Protocolo Regimental deve obedecer às normas que estão elencadas na referida Resolução.

Titulação para docência: 1º) Portador de Licenciatura Plena em Letras, com habilitação na língua estrangeira pretendida; 2º) Portador de Licenciatura Curta em Letras, com habilitação na língua estrangeira pretendida; 3º) Portador de qualquer Licenciatura em Letras, com certificado de proficiência na língua estrangeira pretendida; 4º) Portador de qualquer Licenciatura, em outra área ou disciplina, com certificado de proficiência na língua estrangeira pretendida; 5º) Estudante do curso de Letras, preferencialmente do último ano, com habilitação na língua estrangeira objeto da docência. Este, somente quando comprovada inexistência de profissionais habilitados. Importante ressaltar que quando o NAI é vinculado à escola (chamada de escola-base), esta escola está autorizada a ofertar língua estrangeira moderna à sua comunidade, expedindo certificação de participação em atividade cultural. Esta possibilidade é interessante, principalmente para as escolas particulares, que possuem alunos em intercâmbio ou mesmo realizando cursos no exterior, e assim, podem atender às necessidades dos familiares no aprendizado de mais uma língua, vindo a possibilitar, inclusive, incremento de receita. Um dos cuidados que a escola deve observar é quando da formação das turmas, onde estas devem ser formadas observando a faixa etária. Chamamos a atenção para a importância do estudo dessa Resolução, pois ela traz inovações como criação e credenciamento de Núcleos de Aprendizagem de Idiomas. Célia Silveira

Especialista em supervisão escolar


premiadas

Laboratório do Anchieta ajuda a descomplicar a Matemática Ensinar matemática nas escolas nunca foi tarefa simples. No Brasil, a disciplina é responsável por altos índices de reprovação escolar. Estima-se que 67% dos alunos brasileiros do Ensino Médio têm desempenho crítico na matéria. Diante do desafio de tornar o aprendizado da disciplina mais atraente, o Colégio Anchieta criou o Laboratório de Matemática, ideia que rendeu à instituição o primeiro lugar na categoria Área Fim do 2° Prêmio Inovação em Educação do SINEPE/RS. Idealizado pela equipe da Biblioteca do Anchieta, o Laboratório de Matemática atende o Ensino Fundamental II e o Ensino Médio. Neste espaço, a imaginação e o interesse pela disciplina são instigados por meio do fácil acesso à pesquisa, suprindo a dificuldade de visualizar o concreto e transportar o conteúdo para o cotidiano. O projeto foi construído de forma conjunta com os professores de Matemática e seu coordenador. A comunicação visual do espaço foi cuidadosamente planejada para comunicar o “óbvio”: a Matemática está presente no dia a dia de todos. A criação do Laboratório de Matemática caracterizou-se como uma ação interativa, colaborativa e desafiadora. É um serviço que estreita os laços entre bibliotecários e professores, uma oportunidade ainda maior para que os alunos frequentem o ambiente da biblioteca e uma ação que destaca a importância deste setor na escola. Neste espaço, o aluno desenvolve sua própria linguagem relacionada à sua compreensão, interpretando e aprendendo a realidade associada à matemática das séries mais avançadas. A professora da 7ª série Iolanda Oliveira exemplifica a importância do concreto para os alunos: “Quando trabalhei a Torre de Hanoi no computador, os alunos, em duplas, gostavam mais de praticar o exercício com o material concreto. Percebi que ainda necessitam manipular o ‘real’. Essa experiência foi muito

Laboratório dentro da biblioteca auxiliou na compreensão da Matemática e incentivou à leitura - um número maior de livros passaram a ser retirados no local

significativa e suscitou reflexões, por parte dos professores, e a certeza, mais uma vez, do quanto o laboratório era necessário”, afirma a professora. Os números confirmam o sucesso do projeto. Em quatro meses de uso, de agosto a dezembro de 2011, todos os alunos de 5o ano ao Ensino Médio tiveram aula no local – uma média de 583 alunos por mês. A reserva do espaço ocorreu para 55 períodos de aula. Concomitantemente, foram 2.332 usuários a mais na biblioteca nesse período, com isso, o índice de leitura e empréstimos cresceu 20%. Todos os recursos disponibilizados no laboratório já foram utilizados e 90% dos alunos manifestaram maior facilidade no entendimento do conteúdo. Os professores estão atentos às necessidades e a novas possibilidades, como se percebe pelo comentário da professora Márcia Bein, da 1ª série do Ensino Médio: “Os alunos tanto me pediam para ir mais ao laboratório que precisei adaptar conteúdos

para trabalhar lá. No final foi muito bom, os alunos adoraram”, conta. O sucesso é crescente: somente em março e abril de 2012 foram agendados 172 períodos de aula para alunos do 5º Ano ao Ensino Médio – total de 6.192 alunos.

Receitas de sucesso: Envolver equipes de áreas diferentes da escola, possibilitando a criação de um projeto interdisciplinar; Criar atrativos para tornar mais interessante o aprendizado de uma disciplina “dura” como a Matemática; Possibilitar aos alunos espaços de experiência, fazendo conexões entre a teoria e a aplicação prática dos conteúdos ministrados no cotidiano.

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Reinventando práticas de gestão

Instituição passou a investir em atividades de integração e confraternização

O projeto Comunicação motivacional agregando valor à gestão, desenvolvido desde 2009 pelo Colégio Marista Sant’Ana, rendeu à instituição o primeiro lugar no 6º Prêmio de Responsabilidade Social do SINEPE/RS, na categoria Público Interno. A iniciativa reconhece a importância da motivação nos processos gerenciais que buscam mudanças de comportamento capazes de fazer diferença no contexto organizacional. O tema é intensamente explorado em livros, cursos, palestras, especializações e outros meios, que disseminam diversas tendências e métodos. Mais do que reproduzir fórmulas genéricas, as instituições educacionais devem lançar mão de estratégias desenvolvidas de acordo com seus públicos. Diante de um cenário carente de novas práticas, a equipe diretiva do Colégio Marista Sant’Ana adotou iniciativas simples e eficazes de valorização humana e de reconhecimento de talentos no ambiente escolar. Assim, apostou na comunicação motivacional como forma de humanizar as relações, estimulando a consciência de pertencimento e a criação de vínculos. Esta nova cultura também sensibilizou as famílias sobre a importância de se envolverem e apoiarem a atuação do colégio. Momentos de acolhida, presença ativa da Direção durante as atividades dentro e fora de sala de aula, envio de cartões e comunicados personalizados, eventos de confraternização e integração dos colaboradores e das famílias, entre outras ações de baixo custo, foram implementadas ao longo dos últimos três anos. De acordo com a diretora Marisa Crivelaro, valorizar o

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desenvolvimento pessoal e profissional dos colaboradores é pré-requisito fundamental para se conquistar um ambiente participativo, com colaboradores motivados e comprometidos. “O cuidado com as pessoas gera mais produtividade, garantindo o diferencial da organização”, ressalta. E completa: “Gerir pessoas e processos é uma arte. E essa arte se aprende”. Entre os resultados alcançados, ela destaca o interesse dos estudantes em participar de projetos e representar a escola em feiras e eventos, maior participação do Grêmio Estudantil nas atividades escolares, o reconhecimento das famílias diante do trabalho realizado e o aumento no número de novos estudantes matriculados.

Receitas de sucesso do projeto: Oportunizar maior envolvimento da diretoria nas atividades da escola. Investir em estratégias de comunicação para envolver a comunidade escolar. Valorizar os profissionais e investir no seu desenvolvimento. Integrar os colaboradores e suas famílias por meio de confraternizações.


Como o fundador do Instituto Marista foi parar nos Trend Topics do Twitter Brasil A Rede Marista do Rio Grande do Sul ganhou o 9° Prêmio Destaque em Comunicação na categoria Mídia Digital Mantenedora do SINEPE/RS com uma ação inovadora. No dia 6 de junho, para celebrar o nascimento de São Marcelino Champagnat, a Rede articulou uma ação virtual em nível nacional, utilizando o microblog Twitter, integrado com os demais canais utilizados cotidianamente como sites, portais, Facebook e e-mail. O Brasil, na época, era o terceiro país com maior número de usuários no Twitter, que se configurava como uma das redes sociais em ascensão entre os diversos públicos com os quais a instituição se relaciona. A estratégia estava alinhada ao posicionamento das unidades maristas nas redes sociais, que privilegia o relacionamento, não limitando a atuação à transmissão de informações. O canal é entendido como

oportunidade de diálogo, de estreitamento de laços e fortalecimento de vínculos. A ação, que se iniciou com envio de teasers pelos canais de comunicação digital da Rede, alcançou seu objetivo logo nas primeiras horas da manhã do dia 6 de junho. Pouco depois das 9h, a expressão #champagnat já havia chegado ao primeiro lugar dos Trend Topics Brasil, listagem dos assuntos mais comentados no microblog. A iniciativa foi coordenada pela Assessoria de Comunicação e Marketing da Rede de Colégios e Unidades Sociais em parceria com os 29 profissionais e estudantes de Comunicação que atuam nas escolas e unidades sociais Além de inovar nas ações comumente realizadas para celebrar a data e envolver os estudantes das Séries Finais e Ensino Médio, a ação também tinha como objetivo envolver unidades maristas de outros estados do País e colocar a marca marista em evidência na rede social em questão. Por meio da articulação entre os profissionais de comunicação do Brasil Marista e de um forte trabalho de incentivo e motivação da ação no Rio Grande do Sul, a iniciativa alcançou não só o Brasil como outros países. O resultado foi quantitativo e qualitativo. Além alcançar cerca de 111 mil postagens contendo #champagnat, expressão que permaneceu 13 horas como a mais citada no Twitter Brasil, a mobilização também possibilitou uma série de manifestações positivas e espontâneas em relação à marca marista na rede social. Uma verdadeira multidão celebrou virtualmente o dia de São Marcelino com depoimentos entusiasmados de ex-alunos, familiares, educadores, Leigos e Irmãos Maristas. Recordações do tempo de colégio e das memórias vividas em centenas de instituições maristas espalhadas pelo mundo.

Receitas de sucesso do projeto Identificar o melhor canal para se comunicar com o público-alvo – no caso, uma rede social na internet; Criar uma ação comemorativa diferenciada, com potencial de mobilizar toda a comunidade escolar; Investir num planejamento adequado com a coordenação de profissionais da área;

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e n s i n o p r i v a do

PUCRS inaugurou Instituto do Cérebro do RS Construído com recursos do Ministério da Saúde e da União Brasileira de Educação e Assistência, mantenedora da PUCRS, o InsCer/RS recebeu também verbas da Financiadora de Estudos e Projetos/ Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação, por intermédio de emenda parlamentar. Com o desenvolvimento gradativo dos projetos, espera-se que no futuro o Instituto funcione 24 horas, durante sete dias da semana, e alcance a meta de aproximadamente 4 mil atendimentos até o final de 2012, nas modalidades de pesquisa e assistência. “O InsCer/RS abrange a pesquisa, o desenvolvimento científico, a educação, o diagnóstico e o tratamento

Colégio Teresa Verzeri recebeu Troféu Mérito Empresarial 2012 O Colégio Teresa Verzeri, de Santo Ângelo, mais uma vez foi agraciado com o Troféu Mérito Empresarial, promovido pela Associação Comercial, Industrial, Serviços, Cultura e Agropecuária de Santo Ângelo (Acisa), em parceria com o Comitê Regional do PGQP (Programa Gaúcho

da Qualidade e Produtividade). Neste ano, a instituição foi premiada nas categorias “Responsabilidade Social”, “Empreendedorismo” e “Raízes do Empreendedorismo”. A cerimônia de premiação foi realizada no dia 16 de março no Clube Gaúcho.

Homenagem à instituição nas áreas de responsabilidade social e empreendedorismo

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de doenças neurológicas com o objetivo de geração e difusão de conhecimento para todos os segmentos da população e benefício do paciente”, destaca o diretor, neurologista Jaderson Costa da Costa. Gilson Oliveira / Divulgação PUCRS

A PUCRS inaugurou no dia 6 de junho o Instituto do Cérebro do RS (InsCer/ RS), que atenderá pacientes com doenças neurodegenerativas e lesões cerebrais. No local, em frente ao Hospital São Lucas, pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS), de convênios e particulares, terão acesso a tecnologias revolucionárias de diagnóstico e poderão no futuro receber terapias com células-tronco e novos fármacos. . São 2.549 m², divididos em três pavimentos. Atualmente, trabalham no local mais de 60 funcionários, entre pesquisadores, médicos, farmacêuticos, engenheiros e demais especialistas. O investimento total foi de R$ 35 milhões.

Espaço oferece tecnologias revolucionárias de diagnóstico

Colégio Metodista Centenário festejou 90 anos com Gincana Solidária Integração, alegria e solidariedade foram a tônica das comemorações aos 90 anos do Colégio Metodista Centenário. O aniversário, festejado no dia 27 de março, ganhou uma semana repleta de atividades especiais. Uma Gincana Solidária foi organizada para comemorar a data. A atividade aconteceu entre os dias 26 e 31 de março e contou com a participação de equipes formadas por alunos das séries finais do Ensino Fundamental e do Ensino Médio. A principal missão deles foi arrecadar agasalhos e alimentos para serem doados. As equipes também participaram de um Quiz Cultural e de um Show de Talentos. A equipe da 6ª série venceu a Gincana e se destacou na arrecadação de agasalhos. Três entidades receberam os donativos: a Igreja Metodista de Santa Maria, o projeto Dorcas da Igreja Batista Nacional e o Lar Vila das Flores.


Estudantes do Colégio Dom Bosco confeccionam foguetes para Olimpíada nacional

Foguetes de garrafa PET utilizam como combustível vinagre e bicarbonato de sódio

O Colégio Dom Bosco realizou em abril a Olimpíada Interna de Foguetes. Após o evento, os melhores trabalhos confeccionados pelos alunos foram indicados para participar da VI Mostra de Foguetes, atividade que integra a Olimpíada Brasileira de Astronomia e Astronáutica (OBA). As turmas estão sendo estimuladas a fazer pesquisas e estudos para a criação de foguetes de garrafa PET que utilizem como combustível vinagre e bicarbonato de sódio ou água e ar comprimido. “Os alunos estão levando a atividade

a sério, pesquisando e se aprofundando sobre o assunto. Mesmo sendo uma competição, uns ensinam aos outros as descobertas que estão fazendo. É o sentido do trabalho”, afirma o professor de Física Rodrigo Oppermann. O estudante Leonardo Costa participou da Olimpíada Brasileira no ano passado e recomenda a atividade. “É uma experiência bacana. Conforme vamos estudando sobre o combustível e aerodinâmica, vamos conseguindo maior eficiência no projeto”, acrescenta Leonardo.

Preparação para o Enem no Champagnat Buscando oportunizar aos estudantes do 3º ano do Ensino Médio um espaço de estudo para a prova do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), o Colégio Marista Champagnat irá oferecer aulas gratuitas no turno inverso ao das classes regulares. Abordando as áreas de conhecimento nos mesmos moldes das provas do exame, as aulas serão divididas em Linguagens e Códigos, Ciências Humanas, Ciências da Natureza e Matemática, e ocorrerão de junho até outubro. Além dessa oportunidade, os alunos ainda poderão participar de simulados e pré-testes, para qualificar seu desempenho e trabalhar suas habilidades e competências. O objetivo é possibilitar que os estudantes alavanquem os resultados nas provas, testando e monitorando seus conhecimentos.

CSCJ investe na infraestrutura e constrói auditório Em dezembro, o Colégio Sagrado Coração de Jesus deve inaugurar um moderno auditório com capacidade para 460 pessoas. A obra, em fase de construção, foi projetada para atender toda a comunidade de Ijuí. A estrutura terá hall de entrada, sala de projeção, palco e camarim, totalizando uma área de 643m². Segundo a diretora

Maria Lorena Beal, anualmente a escola tem se reestruturado para atender à crescente demanda de alunos. Desde o início de 2012 foram reformadas as pracinhas e equipadas novas salas para as turmas de Educação Infantil, além de investimentos na biblioteca, laboratórios de informática e também na climatização de todas as salas de aula.

Estudantes do Champagnat têm aula gratuita para se preparar para o exame

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e n s i n o p r i v a do

Inclusão digital como caminho para a cidadania melhor forma de participar desse Mutirão [que originou a proposta] é fornecer o que tem de melhor: a educação”, pontuou. É por meio dessas interações que o projeto tenciona ser um centro de inclusão digital, cidadania, mobilização social e atuação universitária, democratizando a informática para a população de baixa renda de abrangência da Arquidiocese de Pelotas. São atendidos pelo Paic locais como

escolas, institutos e associações beneficentes, paróquias, o Centro de Atenção Psicossocial Escola (CAPS Escola) e o Centro de Extensão em Atenção à Terceira Idade (Cetres). Atualmente, o Paic é coordenado pelo Instituto Superior de Filosofia juntamente com a Capelania Universitária. Hoje, 196 pessoas participam dos cursos. A equipe de trabalho é composta por um professor, três bolsistas e cinco voluntários.

Wilson Lima

Conhecimentos básicos de Windows, Word, Excel, Power Point, Internet e digitação são instrumentos para um futuro melhor. Pelo menos para aproximadamente 600 pessoas em situação de vulnerabilidade social que já passaram pelo Projeto de Apoio à Inclusão Digital (Paic) da Universidade Católica de Pelotas (UCPel). Desde sua formação, há oito anos, motivada pelo Mutirão Nacional para Superação da Miséria e da Fome da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), o projeto objetiva oferecer ferramentas para a mudança de vida de muitas pessoas. São as tecnologias a serviço da ação social. Numa carga horária de 60 horas, os alunos aprendem, gratuitamente, nos laboratórios da UCPel. Passam pela descoberta da informática e sua aplicabilidade, a aquisição de conhecimentos básicos sobre os programas, aplicação desse aprendizado e, consequentemente, estímulo à busca do primeiro emprego. De acordo com o coordenador do projeto, professor Fábio Raniere, a qualificação tem como principal finalidade a promoção humana e a capacitação para o mercado de trabalho. “Para a UCPel, a

Ucpel oferece aulas gratuitas de informática para pessoas em situação de vulnerabilidade social

Colégio Farroupilha lança Projeto de Sustentabilidade

Lançamento do projeto contou com oficina sobre como construir bicicletas com materiais recicláveis ministrada pelo músico Klaus Volcknann

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Ações enfatizando a responsabilidade de cada um por um futuro melhor para todos marcaram o lançamento do projeto Sustentabilidade Farroupilha, realizado em 5 de junho, Dia Mundial do Meio Ambiente. O Projeto foi construído com a participação dos professores e alunos do Colégio. Uma das ações já executadas foi a eliminação dos copos plásticos dos bebedouros que, até então, representavam 90% do lixo diário produzido na instituição. Outras iniciativas foram a

implantação de coletores de latas de alumínio e garrafas pet, um bicicletário e rack para skates. As atividades comemorativas à data incluíram também a produção de brinquedos ecologicamente sustentáveis, uma feira de produtos orgânicos, apresentação de peça teatral e a exibição do documentário Lixo Extraordinário, entre outras atividades. Detalhes do Projeto de Sustentabilidade estão disponíveis no site do Colégio Farroupilha.


‘Mundo Passado a Limpo’ estimula mês do meio ambiente no Colégio João XXIII No Colégio João XXIII, o Dia do Meio Ambiente, comemorado em 5 de junho, se transformou em um mês de atividades. A motivação para o evento, que envolveu todas as Etapas da Escola, foi o projeto socioambiental ‘Mundo passado a limpo’, coordenado pelas professoras Maristela Dutra, de Ciências, e Maria Lúcia Assis, de Biologia. “O Mundo passado a limpo faz parte da rotina do João, por isso, há tantas iniciativas voltadas para o tema, tanto pedagógicas, que envolvem desde as crianças e várias disciplinas, quanto administrativas”, afirma Maristela. Entre os trabalhos apresentados estavam as tintas produzidas a partir da natureza morta encontrada no pátio da Educação Infantil; a mostra de fotos ‘Consciência planetária’, do 1º ano do EM, da Etapa de 1º ao 5º ano e da 8ª série do EF, com registros de ações do homem que influenciam na saúde do planeta; e ‘A revolução começa no seu prato’, receitas feitas pela 7ª série, na disciplina de Ciências.

descargas dos banheiros por modelos que economizam água; a utilização de pneus no paisagismo da Escola; e a implantação da prática pedagógica relacionada com a sustentabilidade, Identidade Cidadã. Atualmente, o projeto é coordenado pelas professoras Maristela Dutra, de Ciências, e Maria Lúcia Assis, de Biologia.

Para saber mais Criado no Colégio João XXIII em 2010, o Mundo passado a limpo é fruto do olhar atento da Escola para a questão do meio ambiente. A iniciativa envolve ações didáticas e administrativas ligadas ao tema, como a homenagem do Dia das Mães deste ano, incentivando a troca de sacolas plásticas por bolsas de pano; a mudança das válvulas das

Anchieta comemora premiações nas áreas de sustentabilidade e gestão O Colégio Anchieta recebeu dois prêmios que reconheceram seus esforços nas áreas de gestão e de sustentabilidade. Um deles foi o Prêmio ESARH, uma iniciativa do Encontro Sul-Americano de Recursos Humanos que destaca as melhores práticas de gestão de pessoas e responsabilidade social. A homenagem ocorreu no Hotel Serra Azul, em Gramado. O Anchieta também recebeu o Prêmio Destaques 2011 do Jornal do Comércio na categoria Educação/ Sustentabilidade. A premiação reflete o sucesso do programa Caminho da Sustentabilidade, trabalho desenvolvido pela comunidade escolar desde 2010.

Projeto resultou em mostra de trabalhos produzidos pelos estudantes

Fapa oferece MBA em Contabilidade e Finanças - Terceiro Setor A Fapa lançou o MBA em Contabilidade e Finanças - Terceiro Setor. A qualificação tem como objetivo formar profissionais com capacidade de análise e de reflexão críticas direcionadas à interpretação e à aplicação das normas legais e contábeis específicas para entidades sem fins lucrativos, certificadas ou não, como Instituições Beneficientes de Assistência Social (Hospitais, Instituições de Ensino e de Assistência Social). O curso destina-se a bacharéis em Ciências Contábeis, Administração, Economia e áreas afins, que tenham interesse em dar continuidade aos seus estudos a respeito dos processos contábeis e de gestão financeira de entidades sem fins econômicos. As inscrições já estão abertas e seguem até o dia 12 de setembro. O curso inicia na segunda semana de setembro. Profissionais ligados a instituições associadas ao SINEPE/ RS tem desconto de 10% no curso. As matrículas podem ser feitas das 18h às 21h30min, na Secretaria de Pós-Graduação da FAPA, sala 1201, prédio 1 (Av. Manoel Elias, 2001 - Morro Santana - Porto Alegre/RS). Mais informações: (51) 3382.8280 ou 3382.8282 - pos@fapa.com.br - www.fapa.com.br

Educação 35


po r o n d e a n d a

“As escolas deviam valorizar mais a cultura do nosso Estado” O diploma de Victor Mateus Teixeira Filho é de engenheiro mecânico. A veia musical e a herança de um dos sobrenomes mais importantes da cultura gauchesca, contudo, logo o transformaram em Teixeirinha Filho. Natural de Taquara, Teixeirinha já lançou seis discos e hoje forma dupla ao lado do filho, também Victor Mateus, de 23 anos. Na entrevista a seguir, Teixeirinha Neto relembra passagens da sua vida escolar, as andanças pelo Rio Grande e a influência da fama de Teixeirinha durante a infância. Educação em Revista - Como foi a sua formação escolar? Teixeirinha Filho - Se tem um assunto que me toca o coração é este. Vivi em Taquara até os 19 anos, quando comecei minha vida de estudante no Grupo Escolar Rodolfo Von Lhering. Um ano depois fui para Osório, no Grupo Escolar General Osório. De volta a Taquara, terminei o segundo ano novamente no Rodolfo. Fiz o Admissão ao Ginásio na Escola Técnica. Depois, minha mãe decidiu que eu devia estudar no Santa Terezinha e lá fiquei por cinco anos. Depois vim para Porto Alegre morar com meu pai e terminei o Científico no Colégio Rosário. Prestei vestibular em 1975 e ingressei na Engenharia Mecânica na PUCRS. Formei-me em 1980. Educação em Revista - Quais as lembranças mais marcantes da sua vida de estudante? Teixeirinha Filho - Foram no Santa Terezinha. As notas na época eram conceitos: E (10), B (de 7 a 9), R (de 5 a 6) e I (0 a 4). A minha faixa era sempre “R”! Descobri que sofria de Déficit de Atenção e Hiperatividade. Na segunda série apareceu um professor de violão no colégio, mas minha mãe achou que eu não devia fazer aula. Aprendi olhando meus colegas tocarem. Eu desenhava na mão os acordes e ia pra casa treinar. Era um excelente aluno em música e aquilo me frustrou. Não culpo minha mãe, ela tinha suas razões. Estudávamos no Pavilhão São Luiz e jogávamos futebol na quadra principal, onde as gurias nos assistiam. Que sensação! Como era muito tímido, meus amores eram platônicos. Queria muito ter tido uma namorada na escola, mas não tinha coragem, pensava que fossem tirar sarro. Hoje dou risada disso. Educação em Revista - Como era o Teixeirinha Filho aluno? Teixeirinha Filho - Na época meu pai era famoso, todo mundo sabia e respeitava. Quando vim para o Rosário, pegavam no meu pé. Depois me conheceram melhor, viram que eu era um cara humilde. Mas a questão Teixeirinha na minha vida foi traumatizante. Só consegui superar depois que me tornei Teixeirinha Filho.

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Eu sempre quis ser artista, esta é a minha alma, e o artista que sou nasceu naquela escola”

Educação em Revista - O senhor teve algum professor que o marcou? Por quê? Teixeirinha Filho - Tive os professores Plínio (Ciências), Alcido (História), Ivo Backes (Português e Inglês), que era irmão do professor Delmar Backes (Português), a Irmã Letta (Religião). Mas o professor de Matemática e Educação Física Ary Werlang foi o que mais me marcou. Ele nos passava valores. Há alguns anos, encontrei-o na Câmara de Vereadores de Taquara e publicamente fiz um agradecimento a ele. Educação em Revista - A escola teve alguma influência na sua escolha profissional? Teixeirinha Filho - Eu sempre quis ser artista, esta é a minha alma, e o artista que sou nasceu naquela escola. Educação em Revista - Como o senhor avalia a contribuição da escola para a valorização das tradições gaúchas? Teixeirinha Filho - Acho que as escolas deviam valorizar mais a cultura do nosso Estado. Eu não me considero um artista tradicionalista. Acabo de gravar um disco autoral, que trata de assuntos variados em alguns temas de abrangência nacional. Na minha opinião, a alma do artista não pode ficar limitada a um conceito criado por tradicionalistas. Temos que honrar e respeitar nossas tradições, mas temos também que evoluir. Eu não consigo ficar limitado a uma gaita, a um pandeiro e a um violão. Gosto de boa música, não importa o gênero.


cultur a

O teatro e sua expressão crítica da sociedade Em seu surgimento, na Grécia Antiga (por volta de 500 a 200 a.C.), nos rituais realizados em homenagem ao deus Dionísio (os ditirambos) a população representava com uso de máscaras e cantos as expressões de uma sociedade, quer fosse para celebrar bons tempos ou lamentar grandes perdas. De procissões orgiásticas, passando por períodos de total proibição e cruzando os tempos em diferentes reinados, impérios e repúblicas, o teatro cumpre seu papel social: provocar a reflexão por meio da encenação seja com graça ou drama. Os gregos desenvolveram, ao longo de séculos, eficientes formas de reunir seu povo em um único lugar para debater diferentes temas pertinentes a sua organização social. Um desses momentos de encontro, sem dúvida, foram as inúmeras encenações das tragédias e comédias gregas de Eurípedes e Sófocles, entre outros importantes dramaturgos. Seu papel na representação de fatos acontecidos ou na encenação de metáforas extrapolou as fronteiras físicas e temporais daquela sociedade e persiste até os dias atuais. Avançando muito rapidamente pela história, podemos pinçar outro momento brilhante do fazer teatral e sua profunda importância social. No final do século XIX, a atual Rússia vivia o final do Império Russo e o surgimento da União Soviética. Sua população utilizava os teatros para momentos além do entretenimento (como faziam os europeus). Os espaços destinados para as artes cênicas (óperas, peças teatrais e apresentações de dança) tinham força política e a população podia encontrar ali um espaço aberto para discussão de ideias. Qualquer espetáculo tem a força da provocação intrínseca ao seu ato de execução. Todo material levado à cena, seja na Rússia Imperial, na sociedade Grega ou no Brasil, quer comunicar algo a alguém. Esta forma direta de comunicação é o gênese de todo fazer teatral: contar uma história que toque algum interlocutor, o faça refletir sobre determinado tema. O Brasil recebeu no período pós-segunda guerra mundial inúmeros artistas europeus (a bem da verdade, estavam rumo a Buenos Aires, mas atracaram por nossas cidades) que contribuíram para aceleração da profissionalização e a disseminação de peças, histórias e companhias de dança e teatro pelo País. Essas companhias, lideradas por grandes encenadores europeus e financiadas por ricos empresários brasileiros, divertiram, entreteram e cumpriram seu papel reflexivo social retratando em cena, costumes, tabus, lendas e críticas de um país em formação cultural, carente de espaços onde pudesse encontrar uma expressão genuína do que significava ser brasileiro. Traçando uma breve análise sobre a produção das artes cênicas no Brasil atual (buscando focalizar a lente do microscópio em um detalhe), podemos visualizar uma complexa rede de artistas e expressões de diferentes regiões culturais com suas mazelas e belezas. A produção de novos espetáculos é intensa e os assuntos são inúmeros. Podemos pensar que poucos têm acesso a essas

obras de arte produzidas, e então sentenciamos o teatro como marginalizado e esquecido, distante de seu público. No entanto, o mercado cultural nunca sofreu tanto, como nestes tempos, a falta de palcos para seus artistas se apresentarem. Estes artistas, mostrando-se na vanguarda (como bons e críticos que são), reinventam os espaços, adentram apartamentos para apresentações para grupos seletos de pessoas, invadem praças públicas e arrastam multidões para ver e rever a mesma história ou ainda para descobrir novos personagens, e mais uma vez, como há milênios se repete, refletir. E a reflexão estende-se entre público e artistas sobre as relações sociais e nossa convivência caótica em busca de sentido para vida. E então, para finalizar, gostaria de propor ao leitor uma provocação: Será que poucos vão ao teatro ou eu pouco vou ao teatro? Juliana Ceni

Diretora teatral, graduada pela UFRGS no curso de Artes Cênicas, especialista em Gestão Cultural.

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co n g r e s s o

A neurociência como aliada da educação A aprendizagem de alunos autistas e com outros transtornos globais do desenvolvimento é pauta desta entrevista realizada com o professor de Medicina da UFRGS e Chefe da Unidade de Neuropediatria do Hospital de Clínicas de Porto Alegre, Rudimar Riesgo. As perguntas foram elaboradas pelos participantes do 11º Congresso do Ensino Privado Gaúcho, promovido pelo SINEPE/RS em julho de 2011. Confira: Sendo o aprendizado fruto de um estímulo novo, decorrente de uma mudança, poderíamos dizer que um autista demorará mais tempo para aprender ou poderá não apresentar grandes evoluções cognitivas em razão de sua resistência àquilo que foge da rotina, ou seja, de sua resistência ao novo? Adriana Dreher Werner

Professora de Literatura do Colégio Marista São Luís

Rudimar Riesgo - Excelente pergunta. Dentro da abordagem neuropediátrica, está bem claro que o aprendizado decorre da chegada ao cérebro de um estímulo novo, que gerou uma mudança na estrutura e também no funcionamento cerebral. Do ponto de vista clínico, observamos que a intensidade desta resistência a mudanças é bem variável, apesar de praticamente onipresente em todas as crianças com Transtornos Globais do Desenvolvimento (TGD). Não podemos esquecer que o grupo dos TGD é bem heterogêneo, inclusive no que se refere à inteligência. Como um todo, 2/3 das crianças deste grupo têm algum déficit cognitivo, mas existem crianças inteligentes com TGD. Quanto menor o potencial cognitivo, maior é a resistência às mudanças, o que evidentemente dificulta o aprendizado, além da baixa capacidade cognitiva. Dentro desta linha de raciocínio, sua afirmação está correta: um autista demorará mais tempo para aprender.

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Uma parte decorre da sua resistência às mudanças, mas é uma parte relativamente pequena. A maior dificuldade pode ser devida às suas limitações cognitivas. Na realidade, o que se observa na clínica é que a inteligência está muito ligada com a flexibilidade. Quanto maior a inteligência, maior é a flexibilidade e maiores são as chances de aprender, sob ponto de vista neuropediátrico. Outra informação clínica importante diz respeito a como as dificuldades das crianças com Transtornos Globais do Desenvolvimento vão mudando com o avançar da idade. Algumas manifestações clínicas modificam e outras não. Por exemplo, o repertório restrito de interesses não muda. O que pode mudar é o foco de interesse, que vai variando ao longo da vida. Em relação à cognição, os trabalhos iniciais davam conta de que ela não muda com o tempo, independentemente da intervenção. Mais recentemente, tem-se observado que o QI (Quociente Intelectual) verbal pode melhorar com a intervenção, no caso educacional.

Pela nossa experiência, tanto o diagnóstico como o tratamento do transtorno do espectro autista são muito conflitantes e percebem-se divergências entre os especialistas. Inúmeras são as dificuldades de buscar a melhor forma de trabalhar com a criança na sala de aula, principalmente na medida em que cresce. Pelo seu conhecimento a respeito dos mecanismos relacionados ao espectro autista, qual a sua opinião sobre o que de fato podemos utilizar para melhor incluir esta criança na escola de ensino regular? Rosane Fraga Pinheiro

Psicóloga do Serviço de Psicologia Escolar do Colégio Espírito Santo de Canoas

Rudimar Riesgo - Obrigado pela pergunta. Do ponto de vista clínico, o diagnóstico dos Transtornos Globais do Desenvolvimento (TGD) não é muito fácil. Eu diria que ele é quase “artesanal”. Evidentemente que existem parâmetros definidos para que todos os profissionais estejam se referindo ao mesmo tipo de problema neurocomportamental. Por


exemplo, o DSM-IV é um sistema de diagnóstico bastante utilizado na área clínica. Está por sair sua versão mais atualizada, que é o DSM-V. Entretanto, fica muito difícil que uma classificação consiga atingir todas as nuances comportamentais para definir um diagnóstico. No caso dos TGD, obviamente que nem tudo está no DSM-IV. A entrevista também deve ter perguntas baseadas na experiência prévia do profissional. Por exemplo: toda criança, durante seu processo neuromaturacional normal, pode caminhar na ponta dos pés por um breve período da vida. As crianças com TGD podem permanecer com a tendência de caminhar na ponta dos pés. Esta informação, como várias outras, não está no DSM-IV. Na minha opinião, todo profissional que se proponha a trabalhar com crianças deve dominar todo o processo neuromaturacional normal. Conhecendo como uma criança normalmente cresce e se desenvolve, fica mais fácil identificar os desvios do desenvolvimento e dentre eles o autismo. O tratamento depende de um bom diagnóstico prévio. Existem vários métodos de tratamento para autismo, muitos deles ainda sem nenhuma sustentação científica. A entrada de alunos com transtornos globais no Ensino Médio exige reflexões e mudanças na prática pedagógica dos docentes. Traz-nos angústias e anseios, pois somos diversos e diferentes professores, num entra e sai das inúmeras salas de aula. Posto isso, de que forma o professor, em especial do Ensino Médio, pode tornar-se significativo e auxiliar o aluno com transtornos globais na construção do seu conhecimento? Fernanda Sanes Alvarenga

Professora do Ensino Médio do Colégio La Salle São João de Porto Alegre

Rudimar Riesgo - Todos nós experimentamos angústias e anseios quando trabalhamos com crianças com TGD, tanto na clínica quanto na sala de aula. São crianças únicas, por esta razão devem ser abordadas de modo bem individualizado. Não é possível padronizarmos uma abordagem que seja factível para todas as crianças

com TGD. Por outro lado, todos nós somos estratégias pedagógicas oferecidas na escola diferentes e com diferentes percepções. Do regular sejam adequadas ao seu potencial. ponto de vista clínico, toda criança quando Em segundo lugar, porque a própria forma passa pelo Ensino Médio sofre uma série de avaliar as contribuições que a escola de mudanças, incluindo as hormonais. Nas regular pode oferecer também pode não ser crianças com TGD, estas mudanças ficam homogênea. Por exemplo, a própria forma de mais intensas, porque elas têm dificuldades avaliar pode estar impregnada pelo referenem lidar com suas próprias limitações e cial teórico utilizado durante o ensino. modificações. Em terceiro lugar, porque a palavra “beneNa minha opinião, o ideal é que todos fício”, no que se refere às crianças com TGD, compartilhemos uma quantidade basal de pode ter diferentes conotações e interpretainformações e que tenhamos paciência com ções, na dependência do avaliador. Diferentes nossas limitações e também com nossa oniavaliadores possivelmente tenham diferentes potência. Ao experiências com clínico faltam autismo. Por exemplo, O melhor ambiente as informações diferentes avaliadores oriundas da têm diferentes graus para o aprendizado educação e de conhecimento do autista, em especial sobre a história navice-versa. Tenho convictural do autismo. É aqueles que têm ção de que quem sabido que algumas tem paixão pela alterações comportaa cognição menos profissão de promentais dos autistas afetada, é o que existe fessor também se modificam com o tem criatividade tempo e outras não. na escola regular” para encontrar Finalmente, é imformas de ser portante repetir que significativo para crianças com TGD, o que não existe a menor possibilidade de um aué muito difícil pelas características próprias tista “desaprender”. Pode haver uma série de destas crianças. Sugiro que o foco de interesdificuldades para que um aprendizado consoses seja identificado e usado como um canal lide. Neste sentido, o melhor ambiente para o de comunicação. aprendizado do autista, em especial aqueles que têm a cognição menos afetada, é o que existe na escola regular. O melhor terapeuta Considerando os Transtornos Globais do para uma criança com qualquer transtorno do Desenvolvimento, em especial o Autismo, desenvolvimento é o convívio com crianças quais são os benefícios a as contribuições sem transtorno do desenvolvimento. O amque a escola regular pode efetivamente biente na escola é muito mais “natural” do oferecer? que o ambiente de uma clínica de tratamento individual. Adriana Alves

Professora da Educação Infantil do Colégio Monteiro Lobato de Porto Alegre

Rudimar Riesgo - Esta pergunta não é muito fácil de ser respondida por uma série de razões. Em primeiro lugar, porque o grupo dos TGD é bastante heterogêneo, conforme já comentado em pergunta anterior. Muitas crianças têm problemas comportamentais e também limitações cognitivas. Entretanto, algumas têm uma boa inteligência. Resulta que é importante definir qual o potencial cognitivo de cada criança com TGD, para que as

Nas próximas edições, a Educação em Revista trará outros conferencistas do 11º Congresso do Ensino Privado Gaúcho para responder a perguntas dos participantes do evento. Se você quiser participar desta seção, solicite mais informações pelo e-mail educacaoemrevista@sinepe-rs.org.br

saiba mais Saiba mais sobre o assunto: http://www.ufrgs.br/neuropediatria

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f i q u e po r d e n t r o

Estudantes realizam o “Enem” americano Estudantes brasileiros de seis estados e do Distrito Federal realizaram em maio o SAT Reasoning Test, exame que serve de vestibular nos Estados Unidos e é aplicado em mais de 170 países. Diferentemente do Enem, o SAT tem sete edições nos EUA e seis no resto do mundo, anualmente. O “Enem americano” é apenas um dos critérios de seleção de universitários nos EUA. Lá, as instituições levam em conta o histórico escolar e cartas de recomendação dos professores de ensino médio das escolas. O teste consiste numa redação e em questões objetivas de inglês e de matemática. Aplicado num único dia, dura cerca de cinco horas e meia, com direito a dois intervalos de cinco minutos. As provas são montadas nos Estados Unidos e aplicadas por escolas credenciadas pelo College Board. No Rio Grande do Sul, quem quer ingressar numa universidade americana pode fazer a prova em Erechim, no colégio São José (foto), uma das instituições do Estado credenciadas.

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Colégio São José é uma das instituições gaúchas que oferece o SAT

Um mapa da educação no Brasil

Facebook ainda só depois dos 13

O Anuário Brasileiro da Educação Básica-2012, lançado em maio pelo movimento Todos pela Educação, juntamente com a Editora Moderna, reúne diversos indicadores sobre ensino e aprendizagem no país. Em 2009, por exemplo, apenas 11% dos alunos brasileiros mostraram proficiência esperada na disciplina ao chegar ao 3º ano do ensino médio. O desempenho adequado em matemática foi verificado em 13,7% dos alunos da região Sudeste na mesma série, índice que cai para 4,9% na Região Norte. De acordo com representantes do Todos pela Educação, para que a educação brasileira atinja o patamar dos países desenvolvidos até 2022, a meta é que 70% ou mais dos alunos tenham aprendido o que é adequado para a sua série em cada disciplina. O Brasil tem hoje 14,1 milhões de analfabetos. O Anuário está disponível para donwload no site www.todospelaeducacao.org.br.

Uma declaração do responsável pela política de uso do Facebook no Reino Unido, Simon Milner, acendeu a discussão sobre a idade mínima para entrar na principal rede social da internet. Em entrevista ao jornal inglês Sunday Times, Milner afirmou que a companhia estaria analisando a permissão do cadastro de menores de 13 anos no site. Segundo o executivo, muitos pais estão felizes em ter os filhos participando do Facebook. Rapidamente um porta-voz do Facebook afirmou que a declaração de Milner foi deturpada e que a empresa não está alterando sua política de uso da rede. O Facebook possui mais de 800 milhões de usuários. Os Estados Unidos lideram o ranking, com 157 milhões de internautas participando da rede. O Brasil tem cerca de 35 milhões de usuários e ocupa a quarta posição.


Ministério da Saúde lançará cartilha sobre alimentação saudável para as escolas em Porto Alegre No dia 2 de agosto haverá o lançamento nacional da cartilha sobre alimentação saudável para os jovens, elaborada pelo Ministério da Saúde em parceria com a Federação Nacional de Escolas Particulares (FENEP). O evento será promovido pelo SINEPE/RS e contará com a presença da coordenadora-geral de Alimentação e Nutrição do Ministério da Saúde, Patrícia Jaime. A cartilha integra um acordo entre o Ministério da Saúde e a FENEP para promover ações com os alunos com o intuito de incentivar hábitos alimentares mais

saudáveis, em especial, na hora de escolher a refeição na cantina da escola. Cerca de 6,7 milhões de crianças e adolescentes regularmente matriculados do ensino básico ao médio em instituições privadas serão beneficiados pela campanha, que distribuirá cartilhas para todos os alunos. Os jovens terão acesso a um material rico de informações sobre como fazer refeições nutritivas e equilibradas, capazes de prevenir doenças crônicas associadas ao excesso de peso, como a hipertensão e o diabete. Mais informações sobre como participar do evento em www.sinepe-rs.org.br

USP lança site com pesquisas relacionadas à Rio + 20 Já está disponível na internet o portal do projeto USP Rio+20. Iniciativa de pesquisadores da Universidade de São Paulo, o site disponibiliza mais de 1.300 dissertações e teses que abordam assuntos relacionados com a Rio+20 (Cúpula da ONU sobre Desenvolvimento Sustentável), como biodiversidade, mudanças climáticas, Agenda 21, governança ambiental e economia verde. O objetivo é facilitar o entendimento da sociedade civil sobre os temas debatidos na conferência, que reuniu mais de 130 chefes de Estado em junho, no Rio de Janeiro, para tratar de políticas sociais, econômicas e ambientais. As dissertações e teses foram defendidas na USP entre junho de 1992 e setembro de 2011. A seleção, com cerca de 1,3 mil trabalhos, permite realizar buscas por autor, resumo e palavras-chave, além do download da pesquisa completa. Anote o endereço: http:// www.prpg.usp.br/usprio/

Cresce o número de brasileiros com diploma universitário Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o número de brasileiros com diploma de curso universitário cresceu nos últimos dez anos. Em 2000, 4,4% da população haviam concluído algum curso do ensino superior. Em 2010, este número subiu para 7,9% dos brasileiros. De 2001 para 2010, o número de matrículas no ensino superior dobrou segundo o Ministério

da Educação, que atribui o crescimento à criação de bolsas e a programas de financiamento. O melhor resultado está no Sudeste, com 10% de pessoas que concluíram o ensino superior em 2010, contra 6%. Em seguida, vêm o CentroOeste, que passou de 4,6% para 9,3%, e o Sul, que saiu de 4,8% para 8,9%. Norte e Nordeste apresentam o mesmo percentual em 2010: 4,7%. O Norte registrou

1,9% em 2000; o Nordeste 2,3%. Na última década, o percentual de adolescentes de 15 a 17 anos na escola aumentou de 77,4% (em 2000) para 83,3% (em 2010). Entretanto, o Movimento Todos pela Educação faz um alerta: só 11% dos estudantes que concluem o ensino médio aprendem o que deveriam em matemática, déficit que esbarra no ensino superior.

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vitrine

TOTVS oferece software para gestão educacional A TOTVS, empresa voltada para a área de software, serviços e tecnologia, desenvolve um produto voltado à gestão educacional das instituições de ensino da Educação Básica e do Ensino Superior. Na versão Educação Básica, o software simplifica o controle dos serviços internos, além de colaborar com a padronização dos

processos com flexibilidade. Os gestores de escolas particulares têm a possibilidade de agilizar o atendimento ao aluno e ao professor. Já para o Ensino Superior, essa tecnologia permite elevar o nível de informatização da Instituição de Ensino Superior ao das melhores faculdades e universidades.

Aprimora os serviços de todo o sistema escolar, reduz custos e amplia a captação e retenção de alunos. Do vestibular à formatura, essa solução otimiza o sistema educacional, além de incrementar os resultados das avaliações públicas dos cursos. Mais informações: www.totvs.com/rs

Tecnologia educacional no celular A Blackboard trabalha em conjunto com os clientes no desenvolvimento e implementação de tecnologias para aperfeiçoar cada aspecto do processo educacional. A empresa é líder no setor de soluções de e-learning, atendendo 72% das 200 maiores universidades do mundo. Sediada em Washington, DC, e criada em 1997, a Blackboard conta com escritórios na América do Norte, Europa, Ásia, Austrália e América do Sul.

A aplicação Blackboard Mobile™ Learn proporciona aos alunos e à faculdade acesso a seus cursos, conteúdos e organizações em diversos dispositivos móveis, incluindo Android™, BlackBerry® e iPhone OS. É possível acessar documentos em formatos múltiplos, ler anúncios, criar tópicos de discussão, fazer upload de mídia, criar conteúdos dentro do mapa do curso, postar comentários em blogs, entre outras ações funções.

Lousa interativa da Premier traz diferenciais Professores e instituições de ensino ganharam mais um reforço para as aulas tornarem-se muito mais atraentes e dinâmicas. As lousas interativas Hitachi StarBoard funcionam sem necessidade de caneta para operação. Possibilitam a gravação das aulas com áudio e vídeo, possuem integração com Google e Wikipedia e viabilizam a importação de documentos de powerpoint.

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Podem ser usadas simultaneamente por três alunos e atuam em 42 idiomas. A lousa está presente em instituições educacionais em âmbito mundial. Com garantia de cinco anos, o produto fabricado pela Hitachi Solutions é distribuído pela Premier do Brasil, empresa gaúcha. Mais informações em: http://www.premierdobrasil.com.br e telefones: (51) 3028.1030 e 3907.1030


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