Edição 85

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ANO XV • ABRIL / MAIO 2011

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NOVOS CAMINHOS PARA A

APRENDIZAGEM

GESTÃO

Como enfrentar a inadimplência


Será que eu posso mudar para um sistema de ensino que garanta apoio total para minha escola durante a transição?


Com o Sistema Positivo de Ensino você pode. Quando a sua escola se torna conveniada ao Sistema Positivo de Ensino, você tem um conjunto de benefícios que garante segurança e tranquilidade em todo o processo de transição. CURSOS EM TODAS AS ÁREAS Suas equipes diretiva e docente passam a receber cursos não só para a implantação do sistema, mas em todas as áreas do conhecimento e da gestão escolar, ministrados por profissionais especialistas, mestres e doutores. ORIENTAÇÕES METODOLÓGICAS Seus professores passam a contar, nos livros didáticos, com orientações, dicas e caminhos que ajudam a organizar e dinamizar as aulas, funcionando como um apoio seguro para o dia a dia escolar. PROJETOS ON-LINE Os professores ainda contam com recursos on-line para desenvolver e aprimorar ainda mais as atividades, como o Blog do Professor, os videocursos e as videoconferências. CAMPANHA DE MARKETING No período das matrículas, sua escola recebe uma grande campanha de marketing, que ajuda a atrair e manter alunos.

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EXPEDIENTE

Educação em Revista é o órgão oficial de divulgação do Sindicato do Ensino Privado do Rio Grande do Sul - SINEPE/RS, com circulação bimestral

EDITORIAL Em busca de novos caminhos para a aprendizagem

ISSN 1806 – 7123

Você deve estar pensando que a imagem da capa desta edição retrata mais uma aula divertida e envolvente de música. Mas não é o que parece. O professor Luciano Boeira, do Colégio Concórdia de Porto Alegre, está ensinando um conteúdo de Física. Ao serem desafiados a compor canções sobre os conceitos e as fórmulas da disciplina, os alunos se aproximam dessa ciência, muitas vezes vista como ‘bicho-papão’ por muitos estudantes. E, mais do que isto, aprendem! Será esse o caminho eficaz para a aprendizagem? Vivências como essa são capazes de atrair os alunos ao conhecimento, pouco valorizado por muitos da geração digital? Na reportagem de capa procuramos encontrar respostas a essas questões, por meio de histórias como a do professor Luciano e também com entrevistas de especialistas em diferentes áreas do conhecimento, inclusive de neurociências. Essa ciência, ainda pouco explorada pela educação, estuda o sistema nervoso, especialmente a anatomia e a fisiologia do cérebro, o que permite entender as bases biológicas da aprendizagem, inclusive o que ocorre no cérebro do aluno e do professor durante o processo de ensino-aprendizagem. Ciente da importância desses estudos para a educação, o SINEPE/RS abordará o assunto no 11º Congresso do Ensino Privado Gaúcho, que terá como tema “Educação e Neurociências: um novo olhar”. A programação completa do evento pode ser conferida na página 32 desta edição. Além dessas discussões, Educação em Revista aborda outros temas importantes para a reflexão dos dirigentes do ensino privado, como a inadimplência. Especialistas ouvidos pela reportagem ensinam como é possível enfrentar o problema reduzindo os prejuízos financeiros para a instituição. Já na seção Entrevista, conversamos com a nova presidente do Conselho Estadual de Educação, Sonia Balzano, que fala sobre os desafios do primeiro ano à frente do Ceed, como a aprovação do novo Plano Nacional de Educação. E para completar a edição, conheça os cases vencedores dos Prêmios do SINEPE/RS, as histórias que marcaram os 50 anos do Colégio Antônio Alves Ramos e a proposta inovadora de uma escola americana, contada pela professora Tanani Boll Diehl, na seção Internacional. Ótima leitura a todos.

Presidente: Osvino Toillier 1º Vice-Presidente: Hilário Bassotto 2º Vice-Presidente: Flávio Romeu D’Almeida Reis 1º Secretário: Vanderlei Langoni de Souza 2º Secretário: Maria Helena Lobato 1º Tesoureiro: João Olide Costenaro 2º Tesoureiro: Wilson Ademar Griesang Suplentes: Mônica Timm de Carvalho, Oswaldo Dalpiaz, Adélia Dannus, Delmar Backes, Olavo José Dalvit, Bruno Eizerik, Adelmo Germano Etges Conselho Editorial: Prof. Osvino Toillier, Prof. Hilário Bassotto, Prof Flávio D’Almeida Reis, Prof Luiz Antonio de Assis Brasil, Prof. Ruy Carlos Ostermann, Prof. Adayr Tesche, Prof. Pedro Luiz da Silveira Osório, Moises Mendes, Profª. Naime Pigatto Sperb. Parecerista do artigo científico: Me. Ana Brambilla Coordenador da Assessoria de Comunicação e Marketing: Prof. Osvino Toillier Assessora de Comunicação e Marketing: Graciela Dias de Oliveira Auxiliar de Comunicação: Maria Alice Machado Estagiária de Comunicação: Cláudia Diniz de Farias Edição e Reportagens: Carine Fernandes, MTB 15449 Reportagens: Dóris Fialcoff, MTB 8324 Foto da capa: Clleber Passus/Colégio Concórdia de Porto Alegre Projeto Gráfico / Diagramação: Agência Bistrô; Revisão: www.postexto.com.br e Milton Gehrke; Impressão: Gráfica Comunicação Impressa. Conselho Fiscal: Titulares: Ruben Werner Goldmeyer, Luiz Fernando Felicetti, Valderesa Moro Suplentes: 1º Suplente: Isaura Paviani 2º Suplente: Maria Angelina Enzweiler 3º Suplente: Anelori Lange

MISSÃO

Representar e congregar as instituições do ensino privado na promoção de sua qualificação permanente, diferenciação e sustentabilidade.

Carine Fernandes

Editora da Educação em Revista

VISÃO Fale conosco Redação Cartas, comentários, sugestões, matérias; educacaoemrevista@sinepe-rs.org.br Anúncios e assinaturas E-mail: comercial@sinepe-rs.org.br Fone: (51) 3022-3282/9998.5807

Informações Fones: (51) 3213-9090 www.sinepe-rs.org.br

Educação em Revista não se responsabiliza por ideias e conceitos emitidos em artigos ou matérias assinadas, que expressam apenas o pensamento dos autores, não representando necessariamente a opinião da revista. Por motivos de espaço e clareza, as cartas e artigos poderão ser resumidos

Ser referência como instituição no cenário educacional brasileiro, reconhecida pela eficiência na representação sindical e proposição de novos significados ao setor.

VALORES

Compromisso com o Associado - Ética e Transparência - Competência - Cultura da Inovação - Responsabilidade Socioambiental.


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PREMIADAS

Confira os projetos vencedores dos Prêmios do SINEPE/RS em 2010

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Nova presidente do Conselho Estadual de Educação analisa a atuação do Ceed

INTERNACIONAL

Conheça o programa de jornalismo acadêmico da escola americana Davenport Central High

GESTÃO

Especialistas orientam sobre como enfrentar a inadimplência

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ENTREVISTA

CAPA

Quais os caminhos para uma aprendizagem eficaz?

INSTITUCIONAL

Conheça os destaques da programação do 11º Congresso do Ensino Privado Gaúcho

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MEMÓRIA

Colégio Antônio Alves Ramos comemora 50 anos

LEGISLAÇÃO DE ENSINO

Célia Silveira comenta sobre as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Básica

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CINEMA

Cópia Fiel discute a situação da mulher


PREMIADAS

Mediação pedagógica substitui o conselho de classe no Coração de Maria

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Colégio Coração de Maria, de Esteio, percebeu a necessidade de dar outro formato ao conselho de classe, de modo que houvesse um espaço para dar mais atenção às questões individuais de cada estudante e também dos professores. Foi assim que surgiu o projeto ‘Mediação Pedagógica’, vencedor do 1º Prêmio Inovação em Educação do SINEPE/RS, na categoria Gestão Pedagógica. Por meio da proposta realiza-se um trabalho individualizado com cada educador, atentando as questões peculiares de cada estudante, procurando encontrar alternativas de suporte e mediação. Assim, é possível desafiar o aluno (quando tem um rendimento satisfatório) ou então melhorar o processo de aprendizagem por meio de estratégias pensadas no grupo (quando existem dificuldades). A finalidade primeira dos conselhos de classe é diagnosticar problemas e apontar soluções tanto em relação aos alunos e turmas quanto aos docentes. Porém, o objetivo, na maioria das vezes, é inconsistente, na medida em que associa seu sentido, essencialmente, à função classificatória da avaliação e ainda atribui aos profissionais da educação a responsabilidade exclusiva do prosseguimento ou não do aluno para a série posterior. Ao substituir essa proposta pela Mediação Pedagógica, o Coração de Maria criou um espaço possibilitador da análise do desempenho do aluno, sim, mas também do professor e da própria escola, de forma cooperativa, envolvendo professores, coordenação e alunos. A Mediação Pedagógica é trimestral e realizada pela coordenação do SOP e do SOE, individualmente, com cada professor, no período normal de aula. Tem a duração de 50

minutos. Os alunos, enquanto isso, participam de outras atividades pedagógicas previamente organizadas pelos Serviços de Orientação Pedagógica e Educacional, juntamente com os professores. Já a Mediação dos alunos ocorre a partir dos relatórios obtidos na reunião com os professores, também por meio de atendimento individualizado, no período normal de aula. A implementação do projeto ocorreu no final de 2008 e foi consolidada nos anos subsequentes, com boa aceitação pelos educadores. Na semana pedagógica de 2009, foram feitos estudos teóricos sobre o assunto, em que se pôde conhecer um pouco mais sobre a proposta. A partir daí começou-se então a organização de cronogramas de atendimento individualizados para colocar a proposta em prática. Entre os resultados obtidos, a instituição aponta que a relação entre o educador, o estudante e o conhecimento ocorre de maneira bem mais direta, pois o professor fica mais atento ao processo de ensino-aprendizagem, procurando entender como o aluno aprende, dando maior significado a sua prática pedagógica. A partir dessa análise, busca estratégias de mediação que mobilizem esse estudante a participar efetivamente das aulas.

Proposta melhorou a relação entre alunos e professores

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Alunos são convidados a apresentar as atrações do programa

Estudantes apresentam o Mundo Gonzaga em TV de Pelotas A assessoria de Comunicação e Marketing do Colégio Gonzaga, de Pelotas, estava diante de um desafio: criar um veículo de comunicação interno, voltado aos alunos e que também atingisse o público externo. A solução veio por meio de uma ideia criativa e inovadora, o programa de televisão ‘Mundo Gonzaga’, produzido em parceria com os estudantes da instituição. O projeto foi vencedor da categoria Mídia Eletrônica – Educação Básica, do 8º Prêmio Destaque em Comunicação do SINEPE/RS. Com 30 minutos de duração e exibido semanalmente, o programa tem a finalidade de envolver os alunos em um processo de comunicação, de caráter experimental e educativo. Semanalmente dois alunos são convidados a apresentar as atrações do programa, direto do estúdio da TV Cidade. Na oportunidade, os estudantes entram em contato com a comunicação e precisam

adquirir conhecimentos e noções de jornalismo televisivo para apresentar os quadros, gravar as notícias ou entrevistar a comunidade gonzagueana. Desenvoltura, habilidades de expressão, criatividade e concentração são aspectos trabalhados. Tudo isso supervisionado pela Assessoria de Comunicação e Marketing do colégio e pelos profissionais da TV Cidade. Giro de Notícias, Enquete, Esporte, Os Pequenos e Portal Gonzaga são alguns dos quadros que fazem parte da transmissão. A gravação acontece todas as terças-feiras na emissora que veicula o programa. Após finalizarem as chamadas e exercitarem as falas, os alunos que conduzem a atração são levados para a TV Cidade pelo diretor do Colégio, Carlos Santo. A apresentação geralmente tem duração de três horas. Entre os resultados evidenciados pelo projeto está a motivação dos alunos envolvidos. Até o momento, cerca de cem alunos participaram do processo de produção do Mundo Gonzaga, em quase 40 programas que já foram ao ar. O site Youtube contém todas as edições dos programas veiculados. Alguns vídeos apresentam cerca de 200 acessos.

Pesquisa de opinião feita com os alunos da instituição: 97,5% consideram bom/muito bom o Programa Mundo Gonzaga 67,5% assistem ao Programa com membros da família 87% dos respondentes que já participaram do programa dizem que a experiência acrescentou alguns/muitos conhecimentos *Pesquisa realizada com 60 alunos que participaram do Programa

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Alunos podem dividir carona no site da Univates A Univates, de Lajeado, lançou em 2009 o Projeto Carona, um sistema de busca e cadastro de caronas por meio do site www.univates.br/carona. Na página os estudantes podem encontrar quem faz o mesmo trajeto que eles e estabelecerem contato. O projeto foi criado com o desafio de incentivar a prática da carona compartilhada, conscientizando as pessoas da importância para o meio ambiente. A iniciativa, inédita no Rio Grande do Sul, foi inspirada em um serviço de transporte coletivo comum na Europa e apresentada pelo professor Odorico Konrad. O site levou a instituição a conquistar o 8º Prêmio Destaque em Comunicação do SINEPE/RS, na categoria Mídia Digital – Ensino Superior. Todo o projeto foi desenvolvido pela equipe do Site Univates, do Setor de Marketing e Comunicação da universidade. A coordenadora do site, Elise Bozzetto, explica que o sistema é muito fácil de usar. “Você pode cadastrar caronas (se quiser vir

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com seu veículo), buscar caronas (para combinar com alguém que já tem carro) e até cadastrar filtros, caso não tenha encontrado a carona que procurava”, detalha. Para garantir segurança aos usuários, só podem oferecer ou solicitar carona alunos regularmente matriculados nos cursos de graduação, sequenciais, pós-graduação e técnicos, professores e funcionários, mediante login e senha. Além disso, o usuário ainda poderá escolher se disponibilizará como contato seu telefone ou e-mail. O projeto teve grande adesão pelos estudantes. Em agosto de 2010, nove meses após a implementação do projeto, 180 caroneiros estavam cadastrados e já havia 155 caronas registradas. Para a aluna de Relações Internacionais Gisele Schmidt, que reside em Colinas e estuda no campus de Lajeado, a ideia é muito benéfica. “Cada aluno vinha com o seu carro, o que polui mais o meio ambiente. O projeto vai contribuir bastante”, comenta em relação ao sistema.


Projeto tornou-se um meio eficaz para o tratamento de conflitos

Unisc investe em projeto para mediação de conflitos O projeto da Unisc que oferece serviço de mediação de conflitos à justiça de Santa Cruz do Sul foi o vencedor da categoria Participação Comunitária, do 5º Prêmio de Responsabilidade Social, promovido pelo SINEPE/RS. O objetivo da iniciativa é demonstrar que existem alternativas capazes de responder de forma adequada ao contingente conflitivo atual. A mediação difere das práticas tradicionais de jurisdição, porque o seu local de trabalho é a sociedade, sendo a sua base de operações o pluralismo de valores e a presença de sistemas de vida diversos e alternativos. “O que se propõe é pensar a mediação não apenas como meio de acesso à justiça, aproximando o cidadão comum e desafogando o Poder Judiciário, mas, também, enquanto meio de tratamento de conflitos mais eficaz, proporcionando às partes uma solução mais rápida”, explica a professora do Departamento de Direito da Unisc, coordenadora do projeto, Fabiana Marion Spengler. O serviço é oferecido ao Juizado da Infância e Juventude e às Varas Cíveis do Fórum da comarca de Santa Cruz do Sul. A sua implantação contou com a intermediação da juíza Josiane Estivalet e com a parceria do Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul. Criado em 2009, o trabalho conta com a participação do professor Eduardo Saraiva, da área da psicologia, da mestranda Ana Carolina Ghisleni e dos bolsistas Felipe Dickow e Juliana Cardoso. A proposta surgiu das pesquisas que a professora Fabiana realizou junto ao Programa de Pós-Graduação em Direito – Mestrado e Doutorado – da instituição. “Tais pesquisas

mostram a crise da jurisdição brasileira e a morosidade dos processos judiciais, o que, por si só, requer a busca de alternativas para a resolução dos conflitos”, conta. O problema se confirma ao analisar o número de processos em tramitação no ano de 2009, no Brasil: 1,39 milhão na Justiça Federal, 89 milhões na Justiça Estadual e 5,9 milhões na Justiça do Trabalho. Os dados são do Conselho Nacional de Justiça. O projeto da Unisc contou com alto índice de acordos obtidos em 2010: 66% dos processos remetidos à mediação obtiveram acordo (53% acordo total e 13% de acordo parcial). “A mediação é benéfica especialmente em casos que tratam da guarda dos filhos. Nessa área um acordo é muito mais vantajoso do que uma sentença judicial, seja pela rapidez ou pelo teor do acordado, pois na maioria das vezes os pais têm mais condições de decidir o que é melhor para o filho do que o magistrado”, exemplifica a professora. O projeto desenvolvido em Santa Cruz despertou interesse de outras comunidades. A Comarca de Venâncio Aires, por exemplo, numa conjunção de esforços, implantou o serviço em junho do ano passado. A expectativa é de que outras comunidades ou instituições de ensino superior se interessem na realização, especialmente porque, pela importância do trabalho, os custos são muito baixos. “A matéria-prima é composta por comunidade e conflitos sociais, ou seja, encontra-se disponível em todo e qualquer ambiente habitado por seres humanos. Esses fatores viabilizam a disseminação do projeto em outros locais”, destaca Fabiana.

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Divulgação/Ceed

ENTREVISTA

Ano de desafios para a nova presidente do Conselho Estadual de Educação Por Carine Fernandes

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á 49 anos o Rio Grande do Sul conta com um órgão fiscalizador do sistema estadual de ensino. Nessas quase cinco décadas, o Conselho Estadual de Educação vem assumindo papel importante para o ensino gaúcho, em especial a partir de 1995, quando foi reestruturado e abriu espaço para a participação de representantes de todos os segmentos da comunidade escolar, o que tornou o órgão mais participativo e democrático. A professora aposentada Sonia Balzano, que acompanhou de perto essas mudanças como presidente do CEED, de 1996 a 1998, hoje volta a ocupar a cadeira da presidência. Ela foi empossada no dia 11 de março para cumprir um mandato até março de 2013. Para a nova presidente, 2011 será um ano de grande desafio para o Conselho Estadual de Educação, com a aprovação do Plano Nacional de Educação. Ela afirma que o CEED não irá se limitar à emissão de Parecer, mas participará efetivamente da sua discussão. Nesta entrevista a Educação em Revista, Sonia fala sobre esse assunto e também sobre os problemas da educação brasileira e a adaptação das instituições de ensino frente às inúmeras mudanças na legislação. Confira: Educação em Revista – Como a senhora percebe a atuação do Conselho Estadual de Educação no Rio Grande do Sul? Sonia Balzano – Como órgão normativo, deliberativo, consultivo e fiscalizador do Sistema Estadual de Ensino, o Conselho tem relevante papel para a educação gaúcha, que lhe impõe imensa responsabilidade tanto quando delibera na sua função normativa como quando o faz com base nas normas que edita.

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Educação em Revista – Quais os desafios do CEED para 2011? Sonia Balzano – Cumprir de forma competente seu papel e suas funções, especialmente em um ano de grande desafio diante da aprovação do novo Plano Nacional de Educação (2011-2020), que determina a estados e municípios a elaboração de seus planos decenais. Entendo que o Conselho não deve só limitar-se à emissão de Parecer sobre o Plano Estadual de Educação, mas participar efetivamente da sua discussão e acompanhar sua elaboração, pois como órgão representativo da comunidade escolar não deve omitir-se, tem responsabilidade de opinar e propor.

Educação em Revista – E quanto à atuação do Conselho Nacional de Educação, como a senhora avalia o envolvimento e a atuação desse órgão junto aos setores da educação públicos e privados?

Sonia Balzano – O Conselho Nacional de Educação, diferentemente do Conselho Estadual do Rio Grande do Sul, que detém autonomia normativa, é órgão de assessoramento do Ministério da Educação, e como tal traduz as políticas do Ministério em diretrizes obrigatórias para os sistemas de ensino dos estados e municípios, por meio de seus atos normativos, em especial de suas Resoluções. Assim, têm-se as Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino Fundamental, para a Educação de Jovens e Adultos, Educação Profissional, entre outras.


Educação em Revista – Nos últimos anos o setor

educacional tem se deparado com inúmeras mudanças na legislação, propostas por pareceres, normas e resoluções. Como a senhora percebe essas mudanças? E como avalia a ação de resposta das instituições de ensino (em especial do setor privado) para se adequar às novas exigências?

Sonia Balzano – Em primeiro lugar, cabe salientar as inúmeras mudanças na legislação educacional nos últimos anos, como é o caso da LDB e, inclusive, da Constituição Federal, no Capítulo da Educação. Entendo que dadas as circunstâncias da falta de qualidade da educação brasileira, considerando os resultados do Pisa, por exemplo, é natural que sejam propostas políticas públicas para a melhoria da qualidade do ensino. Assim, as instituições públicas e privadas veem-se sempre frente a um novo desafio, o que desacomoda e traz responsabilidades e consequências nem sempre bem recebidas. Mas também percebo que apesar de algumas reações, o setor privado em sua maioria busca permanentemente qualificar a escola e o ensino, o que se identifica em iniciativas como projetos de qualidade desenvolvidos por instituições e suas mantenedoras. Educação em Revista – Qual sua opinião sobre as discussões em torno de Plano Nacional de Educação? Sonia Balzano – O Projeto de Lei – PL nº 8.035, de 20/12/2010, do Executivo, que aprova o PNE para o decênio 2011-2020 e dá outras providências, foi sujeito de discussão prévia nos Estados e municípios, culminando com a Conferência Nacional Educação, de composição representativa da sociedade brasileira organizada. Difícil avaliar a amplitude dessa discussão na Conae, considerando as instituições e entidades representadas e a relação de forças entre as diferentes correntes políticoideológicas que a compõem. O Conselho Estadual de Educação do RS realizou discussão do PL 8.035/2010 e metas anexas, no âmbito da Comissão de Planejamento que apresentou proposta de alterações ao texto do PL e de estratégias e metas anexas que, aprovadas em reunião conjunta, foram enviadas ao Fórum Nacional dos Conselhos Estaduais de Educação, para que sejam reunidas às propostas dos demais Conselhos Estaduais de Educação e enviadas à Comissão Especial, instalada em 7 de abril de 2011, que analisa a proposta de PNE do MEC na Câmara de Deputados. É importante acompanhar a tramitação do PL nº 8.035/2010 até a sua aprovação, pois ainda é possível a intervenção durante a sua discussão nas Casas Legislativas. Educação em Revista – Como a senhora avalia a atuação do ensino privado gaúcho no Rio Grande do Sul? Sonia Balzano – Quanto aos resultados de aprendizagem dos alunos, em avaliações externas como Saeb (Sistema de Avaliação da Educação Básica), Saers (Sistema de Avaliação do Rendimento Escolar do Rio Grande do Sul) e Enem (Exame Nacional do Ensino Médio), bem como em relação às taxas de rendimento escolar (aprovação, reprovação, abandono e distorção idade-série), o ensino privado tem apresentado melhores resultados que o ensino público. Entretanto, se comparado com os resultados do ensino privado nos demais estados do Sul, do Sudeste e Centro-Oeste, perdemos posição nos últimos anos. Assim, de modo geral o Rio Grande do Sul deve investir em ações de melhoria do ensino tanto nas redes públicas quanto nas redes privadas.

Na sociedade brasileira, observa-se de um modo geral dificuldade no cumprimento das leis... Não é diferente com o setor da educação Educação em Revista – Os índices de avaliação internacional (como o Pisa) evidenciam o baixo desempenho dos alunos brasileiros. Na sua opinião, quais são os entraves que dificultam o avanço na qualidade da educação no Brasil? Sonia Balzano – Generalizando, sem considerar diferenças locais e de redes, considero como principais fatores da baixa qualidade do ensino, por ordem de importância: formação inicial dos professores da educação básica, considerando que os cursos ainda desenvolvem currículos com foco na formação acadêmica de especialistas, sem uma sólida formação capaz de associar adequadamente teoria e prática docente. A formação pedagógica de professores para ensinar alunos reais do século XXI é ainda insipiente; a formação continuada de professores, que, embora prevista na LDB, tem sido desenvolvida sem uma base diagnóstica sólida capaz de informar as reais necessidades do professor, bem como sem sustentação numa proposta curricular consistente para a educação básica, que permita o planejamento gradativo do processo de formação permanente dos professores, com base no resultado de avaliações sistemáticas de acompanhamento da formação, bem como dos resultados dos alunos; e a valorização profissional e condições de trabalho, pelo reconhecimento da importância da função social da escola e do professor, com melhoria salarial que equipare a profissão a outras de equivalente nível de escolaridade/qualificação. Educação em Revista – Recentemente o SINEPE/RS instituiu um setor para orientar as instituições de ensino privado na área de legislação educacional. Como a senhora vê a aplicabilidade das leis pelas instituições de ensino?

Sonia Balzano – Na sociedade brasileira, observa-se de um modo geral dificuldade no cumprimento das leis, como, por exemplo, as leis de trânsito. Não é diferente com o setor da educação. Isso fica comprovado a partir da análise de processos que orientados por normas do CEED retornam à origem inúmeras vezes para cumprimento de providências referentes a exigências do pedido ou do objeto do processo. Além disso, na sua função fiscalizadora, o Conselho tem se deparado com muitas denúncias de funcionamento irregular de instituições e/ou de cursos privados. De modo geral, pode-se afirmar, entretanto, que há mantenedoras e instituições que merecem destaque pela responsabilidade que assumem no cumprimento da legislação e das normas que regulam o funcionamento do sistema estadual de ensino. A iniciativa do SINEPE/RS ao instituir um setor de legislação educacional para orientar as escolas é louvável.

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Professora Tanani (no canto superior à direita) vivenciou a experiência com os alunos da IENH

INTERNACIONAL Jornalismo ganha espaço em escola americana Por Tanani Boll Diehl*

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a função de professora de inglês responsável pelos programas de intercâmbio para os Estados Unidos, pude vivenciar diversas situações do dia a dia dos alunos na escola americana. A escola pública Davenport Central High, em Davenport, Iowa, oferece, na sua grade curricular, um programa de jornalismo acadêmico em que os alunos são desafiados a elaborar um jornal bimestral. Já na escola, deparam-se com o mundo do jornalismo e suas peculiaridades. Editores, redatores, fotógrafos, revisores, equipe de marketing, cada um no grupo assume uma função específica. Para tanto, os alunos passam por momentos de escrita livre e, levando-se em consideração o seu desempenho, as funções são delegadas. O programa conta com o reconhecimento da Sociedade Internacional de Jornalismo Acadêmico, o que dá credibilidade e ao mesmo tempo credencia os alunos americanos a participarem de competições nacionais de jornalismo. Os alunos se empenham ao máximo para que o jornal seja de boa qualidade, cubra assuntos relevantes para a comunidade e cumpra seu papel social. As aulas se iniciam às 8h45 e terminam às 14h35. Os períodos são de 1h30 cada e há somente 30 minutos para o almoço. Não há outro momento de intervalo. Além disso, os alunos podem escolher quais as disciplinas a cursar durante cada trimestre. Para os que escolhem trabalhar no projeto de jornalismo, o último bloco do dia é destinado ao trabalho com o jornal. Cada aluno do grupo tem um computador para registrar o seu trabalho e compartilhar o trabalho dos colegas. Depois das matérias prontas, fotos selecionadas e propagandas arranjadas, é hora de editar o jornal. Horas de trabalho árduo e intensa dedicação. Uma vez editado e impresso pelo jornal local, volta para o grupo de alunos que faz a revisão final. Tudo acontece sob o olhar atento e exigente da professora responsável pelo projeto e edição do jornal, para que todos os prazos sejam rigorosamente cumpridos.

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A Instituição Evangélica de Novo Hamburgo - IENH, parceira dessa escola americana, oferece para seus alunos de Ensino Médio a possibilidade de participação nesse intercâmbio com foco em jornalismo acadêmico. Os alunos participantes do programa precisam apresentar boa fluência em língua inglesa, falada e escrita, pois, durante o período em que estão na escola, passam a fazer parte da elaboração do jornal, portanto são desafiados a escrever diariamente. A experiência é riquíssima para os alunos, sejam americanos ou brasileiros, pois, além de aperfeiçoar o conhecimento técnico da língua, vivenciam questões culturais, por vezes, conflitantes. Todos os momentos vividos na escola e fora dela passam a ser possíveis assuntos para abordar nas matérias que precisam redigir. Os hábitos alimentares, a convivência em família e suas regras de conduta, alguns professores tradicionais demais e suas aulas sem encantamento, a tradição forte da participação nos esportes e sua competitividade, o coral show, a disciplina rígida no ambiente da escola – são todos assuntos em pauta quando os momentos de redação acontecem. Essa oportunidade de trabalho com foco em jornalismo acadêmico é, sem dúvida, um marco na vida de todos os alunos que participam do mesmo. As várias situações vividas no ambiente escolar, acadêmicas ou não, dão suporte para que os alunos se tornem mais críticos em relação às questões de mundo e de oportunidades, autônomos, responsáveis, engajados nos processos de transformação social, enfim, mais preparados para lidar com os conflitos da realidade que os cerca. Além disso, esse programa diferenciado também abre portas para o mundo do trabalho. Muitos são os alunos que seguem brilhantemente na carreira do jornalismo. Professora de inglês e coordenadora do Centro de Idiomas da IENH. Mestranda em Teologia.


Estudantes dedicam tempo à leitura na Biblioteca Literária

PROJETO Espaço reservado à leitura no Colégio Franciscano Sant’Anna

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criação de um projeto para promoção da leitura na escola pode até ser uma tarefa fácil. O maior desafio é mantê-lo por mais de uma década como um meio de aproximação entre leitores e livros, em uma época em que clássicos da literatura são trocados por aparelhos e jogos eletrônicos. Desde 1997, o Colégio Franciscano Sant’Anna, de Santa Maria, tem conseguido manter viva a paixão pelos livros por meio do Projeto Academia da Leitura. A iniciativa tem como objetivo formar leitores críticos, por meio de leituras que estimulem os alunos à tarefa de interpretação e de reflexão, favorecendo o desenvolvimento da expressão oral e escrita. Na prática, a iniciativa envolve diferentes dinâmicas de leitura realizadas na Biblioteca Literária, uma sala voltada exclusivamente ao projeto. No local, ao invés de mesas e cadeiras, os alunos fazem suas leituras sentados em almofadas, no chão. “A ideia é que eles possam se sentir como se estivessem em casa”, explica a coordenadora da Academia da

Leitura, a professora de Língua Portuguesa Sandra Saccol Freitas. O local é frequentado pelos alunos uma vez por semana, durante o período de aula. Por meio do projeto, alunos e professores também participam de promoções, como encontros com escritores regionais e nacionais, Feira do Livro do Município, Sarau da Poesia, Teatro na Escola, Contação de Histórias, Ciranda Literária e Oficinas sobre diferentes linguagens. Dentro da Academia da Leitura outros projetos foram surgindo, como o Ciranda Literária, realizado com alunos da 8ª série ao Ensino Médio. A iniciativa visa motivar a leitura de textos clássicos da literatura brasileira, desenvolvendo mecanismos de interpretação para relacionar literatura e realidade. O objetivo é preparar o estudantes para o vestibular. Neste ano está prevista a leitura de 15 clássicos da literatura, em encontros na biblioteca da instituição. Na avaliação da professora Sandra, o projeto é um espaço que se tornou ponto de parada para quem faz do livro um excelente instrumento de exercício para a mente, para a imaginação e para a construção do saber. “A iniciativa tem mostrado o quanto uma academia pode servir como ótima opção para ‘malhar’ a mente”, destaca a professora.

Teatro é usado como recurso para abordar os clássicos da literatura

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GESTÃO

Como enfrentar a inadimplência sem prejudicar a saúde financeira Por Dóris Fialcoff

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s indicadores mostram que nos dois últimos anos o mercado interno, em especial o consumo privado, cresceu consideravelmente. O fator determinante para que isso ocorresse foi, em grande parte, a expansão do crédito. A consequência disso? As famílias se endividaram. E mais dívidas podem significar maior inadimplência, principalmente se o crescimento da economia for mais tímido nos próximos anos. Diante de um futuro não muito promissor, como as instituições podem se organizar para evitar prejuízos à saúde financeira? O assessor jurídico do SINEPE/RS, Rui Costa dos Santos, afirma que a análise dos cenários de proteção das instituições de ensino privado em relação à inadimplência não se insere

em uma legislação específica. “A escola estará amparada na medida em que adotar procedimentos administrativos e jurídicos que possam contornar e superar a desproporcional proteção que o inadimplente detém hoje”, adverte. Segundo ele, algumas medidas genéricas e pontuais são importantes em relação a isso. Uma delas é ter um rigor maior em relação ao acompanhamento dos devedores, como a adoção de práticas habituais de cobrança, mesmo durante o período letivo em que, por lei, eles não podem sofrer qualquer tipo de sanção pedagógica em função de dívidas (art. 6º da Lei 9870/99). “A lei não proíbe que, concomitantemente à manutenção do serviço educacional, se pratique todo e qualquer

Nossa vida é fazer histórias. histórias que marcam gerações.


mecanismo legal de cobrança dos créditos devidos, respeitadas as especificidades e características do devedor que, a toda evidência, se pretende mantenha-se vinculado às instituições de ensino”, contextualiza o advogado. Na opinião de Santos, muitas instituições de ensino estimulam a cultura da inadimplência, e fazem isso na medida em que aguardam o momento da renovação da matrícula para renegociar dívidas, deixando os devedores em uma zona de conforto. “Atualmente, clausular a possibilidade de inscrição do devedor em serviços de proteção ao crédito, viabilizar a cobrança extrajudicial através de cobrança interna ou externa (profissional), no período que denominei de ‘zona de conforto’, agregado a uma política de maior controle em relação a quem contrata a instituição de ensino, negando-lhe crédito quando contumaz devedor, pode ser uma alternativa de ‘filtro’, principalmente diante da impossibilidade futura de restrições pedagógicas e administrativas para os devedores, nos termos do art. 6° da Lei 9.870/99).” Como evitar o consequente desgaste gerado pela inadimplência O professor titular do departamento de Economia da UFRGS e pós-doutor em Economia pela University of Tennessee, Fernando Ferrari Filho, recomenda que as instituições de ensino contemplem em seus planejamentos estratégicos perspectivas de um quadro econômico menos promissor. “O cenário para a economia brasileira, como um todo, continua favorável. Porém, há problemas de curto prazo que exigirão austeridades fiscais e monetárias por parte das autoridades econômicas. Em suma, os

estabelecimentos de ensino privado devem levar em consideração em seus orçamentos a perspectiva de uma deterioração ou substituição de consumo das famílias”, aconselha. Santos insiste: é primordial que se criem mecanismos jurídicos ou administrativos para que o monitoramento da inadimplência seja uma constante, inclusive com a adoção de uma recuperação de crédito habitual, até como forma de prestigiar os que pagam em dia. “A profissionalização do combate à inadimplência deve acompanhar as mais modernas ferramentas de gestão. Do ponto de vista mais prático e pontual, ter cadastros atualizados dos devedores, por exemplo, e uma boa e habitual cobrança (de viés judicial ou extrajudicial) daqueles que reiteram no inadimplemento garantirá uma nova perspectiva no enfrentamento desse problema. Cobrar é preciso e é absolutamente legal”, garante. Direitos e deveres De acordo com Rui Costa dos Santos, as famílias, em função da proteção prevista no art. 6° da Lei 9.870/99, têm a possibilidade de renegociar seus débitos sem qualquer tipo de comprometimento na prestação de serviço educacional. “Do ponto de vista prático, isso enseja situações extremamente onerosas para as instituições de ensino. Em tese, um aluno pode pagar a primeira mensalidade e suspender quaisquer parcelas futuras, deixando os débitos para um segundo momento, ou seja, o da renovação da matrícula”, conjectura o advogado, afirmando que, nesses casos, não raro são pactuadas renovações dos débitos anteriores, com nova garantia de prestação de serviços.

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Dirigentes participaram de reuniões orientadas pelo consultor do SINEPE/RS

Escolas da Asebesca fortalecem trabalho de gestão

A

mantenedora tem papel fundamental de levar a gestão para as escolas que fazem parte da sua rede. Cabe a ela estabelecer e apoiar a implementação das diretrizes estratégicas em cada instituição, definindo os objetivos para áreas que envolvem o pedagógico, a sustentabilidade financeira e a infraestrutura. Sabendo desse compromisso, a Associação Educacional e Beneficente São Carlos (Asebesca) vem intensificando seu trabalho de gestão, desde março do ano passado, com a orientação do consultor Francisco Ximenes, do Centro de Desenvolvimento da Gestão Escolar (CDG) do SINEPE/RS. A Associação é responsável pelos colégios Scalabrini, de Guaporé, Scalabriniano Nossa Senhora Medianeira, de Bento Gonçalves, Scalabriniano São José, de Roca Sales, e Scalabriniano Santa Teresinha, de Anta Gorda. Nesses pouco mais de 12 meses de trabalho foi realizado um diagnóstico da mantenedora e das escolas que dela fazem parte, com base nos critérios de Excelência do Programa Gaúcho da Qualidade e Produtividade (PGQP). As lacunas apresentadas pelo diagnóstico, ou seja, os pontos a serem melhorados, receberam maior atenção da equipe, a fim de se encontrarem soluções.

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Ximenes avalia que mesmo com o trabalho ainda incipiente, já é possível perceber resultados qualitativos. “Podemos identificar o fortalecimento da organização em rede, o envolvimento de todas as escolas da Asebesca no processo de gestão e o início do estabelecimento de uma linguagem comum no que diz respeito a aspectos essenciais da gestão escolar, tais como: sistema de avaliação, sistema de informação, gestão orçamentária, plano estratégico, entre outros”, exemplifica. Ele adianta que em junho a equipe diretiva da Mantenedora irá se reunir para elaborar o planejamento estratégico, com a participação das escolas. Para as instituições, o resultado também é positivo. No Colégio Scalabriniano Nossa Senhora Medianeira, de Bento Gonçalves, onde as práticas de gestão vêm ganhando espaço há mais tempo, a elaboração de um plano estratégico trouxe maior envolvimento da equipe. Também foi possível estabelecer metas claras e indicadores de desempenho, permitindo uma melhor


análise dos resultados e o planejamento das ações de melhoria. A partir do plano e de sua intersecção com o Projeto Político Pedagógico, a escola se estruturou em Comitês: Central, Administrativo e Pedagógico. Neles, as equipes foram cada vez mais percebendo a necessidade de um trabalho em conjunto, passando, assim, gradativamente, de uma organização hierárquica para uma organização integrada. Já no Colégio Scalabrini, de Guaporé, uma maior atenção para a gestão resultou na criação de um projeto inovador, a ‘Incubadora de Projetos Pedagógicos’. O ambiente foi projetado para atender alunos de todos os níveis da escola, dispondo de quatro ambientes: cozinha experimental; espaço do autoconhecimento; espaço da mídia e interação; e área da gestão financeira. Segundo a diretora Edi Terezinha Bach, a iniciativa tem como objetivo qualificar o ensino e oportunizar a integração de conhecimentos. “O projeto tem como foco criar o hábito e a atitude de aprendizagem e de resolução de situações problema, para o qual deve ser encontrada uma resposta, bem como ensina a propor problemas para si mesmo e a resolvê-los”, destaca. A longo prazo a direção da Mantenedora espera que o aperfeiçoamento da gestão resulte em fidelização de alunos, equilíbrio financeiro e fortalecimento da missão e identidade própria de cada escola. “A Asebesca vê a gestão como um aspecto prioritário, pois por meio dela é possível dar continuidade às nossas obras e à prestação de serviços de qualidade à comunidade. Em nossas unidades a gestão permite uma apropriação de saberes com compromisso voltado para a obtenção de resultados”, destaca a coordenadora Provincial da Mantenedora Ir. Salete Migliavacca.

Aperfeiçoamento da gestão resultou em inovação pedagógica no Scalabrini

ARTIGO Como ser líder numa instituição de ensino Você quer uma equipe de professores motivada, responsável, amada pelos alunos? Professores e funcionários que são amigos uns dos outros e se respeitam como profissionais e como pessoas? Isso é possível! Para que esse clima deixe de ser sonho e passe a ser realidade, é preciso que você, gestor, exerça sua autoridade de uma forma especial: basta casar Zeus com Temis. Explico: a mitologia grega tem muito a nos ensinar sobre o ser humano, sobre a essência das pessoas. Um mito é uma história fantasiosa, cheia de detalhes maravilhosos cujo centro é arquetípico, ou seja, o centro fala de algo que é essencialmente humano. Um desses mitos fala de um casamento muito interessante e que vai nos ajudar a conquistar a equipe de professores e funcionários: Zeus e Temis. Desse casal nascem as ‘Horas’: Eunômia, Dique e Irene. Eunômia significa disciplina. Disciplina vem da palavra discípulo, “aquele que segue”, ou seja, aprendiz. Portanto, disciplina está relacionada ao ato de aprender e ao de seguir normas. Para que haja aprendizagem, é necessária a disciplina. Não devemos confundir disciplina com silêncio, com posturas apáticas. Pelo contrário, disciplina é movimento em direção à aprendizagem. Dique significa justiça terrena ou tratamento com equidade. A equidade não é tratar todos com igualdade, mas tratar cada um segundo sua necessidade. Quem age com equidade, age acolhendo o outro sem tentar impor suas próprias opiniões ou vontades. Quem tem Dique numa equipe, tem respeito, tem acolhimento. Irene significa Paz. Não é simplesmente ausência de conflito ou ausência de guerra, mas uma construção contínua de aproximação entre as pessoas. Quem tem ‘paz’ age. Essas três filhas, as Horas, nasceram de Zeus e de Temis. Zeus é o principal dos deuses, aquele que tem poder e autoridade. É ele que regula, controla a natureza e o universo. Temis é deusa da justiça divina. É a Justiça verdadeira, não aquela oculta pela demagogia. Resumindo, as três filhas “Horas” só nasceram porque houve o casamento de Zeus com Temis. Retirando os aspectos fantasiosos e buscando os arquétipos, achamos a essência do mito: somente se o poder e a autoridade forem exercidos com justiça e acolhimento é que podemos ter um ambiente marcado pela disciplina, pelo respeito às diferenças e por uma aproximação contínua entre as pessoas. É exatamente isso que necessitamos numa instituição de ensino. Tanto na equipe de professores e de funcionários quanto em sala de aula. O gestor, seja coordenador, supervisor ou diretor, que sabe exercer sua autoridade com vínculo e justiça terá uma equipe cada vez mais coesa, realizada, motivada, com espaço para criar e realizar projetos inovadores. Se o gestor não faz vínculo ou não é justo, perde espaço para a inércia, desmotivação, boicote aos projetos inovadores e para a desobediência às normas que organizariam a instituição. O líder que incorpora as características de Zeus e Temis nunca precisa falar “quem manda aqui sou eu”, pois suas atitudes acolhedoras e justas incentivam a disciplina, o respeito e a paz. Marcos Meier

Psicólogo, mestre em educação, professor de matemática, escritor e palestrante. Mais informações: www.marcosmeier.com.br

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Clleber Passus/Colégio Concórdia de Porto Alegre

CAPA Motivação e modernização do ensino alicerçam ponte para o aprendizado Por Dóris Fialcoff

O

s alunos do Colégio La Salle Medianeira, de Cerro Largo, fazem mágicas. Literalmente. Tudo porque a professora Iria Dewes fez um desafio divertido a sua turma do quarto ano do Ensino Fundamental. Eles precisaram seguir as instruções de um manual, aprender um truque e apresentar aos colegas. O objetivo pedagógico da atividade foi que eles desenvolvessem suas habilidades orais e de leitura, como também estimular o aprendizado do texto institucional na disciplina de Língua Portuguesa. “Buscamos aprimorar a linguagem por meio de uma situação real de comunicação, desenvolvendo a capacidade do aluno de dar e receber instruções de forma criativa e atraente”, justifica a educadora. O trabalho acabou entusiasmando também outras séries, que pediram para ver o espetáculo. “Eles não apenas demonstraram criatividade, mas atitudes de confiança, de capacidade de interagir e de respeito com os outros”, detalha Iria, que certamente ficou muito gratificada com o que disse a sua aluna Isadora Fenerharmel, de 9 anos: “Aulas assim são muito mais interessantes. Quando a professora propõe uma pesquisa ou pede para nós mesmos apresentarmos algo, como as mágicas, fica muito melhor aprender, porque dá mais vontade de estudar. Seria muito chata uma aula em que a professora só falasse do assunto”. Outro exemplo de criatividade que faz a aprendizagem ficar mais prazerosa ocorre no Colégio Concórdia de Porto Alegre. O conteúdo de Física, muitas vezes visto como ‘bicho papão’ por muitos estudantes, é ensinado por meio da música.

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No projeto chamado ‘Cantando a Física’, o professor Luciano Boeira divide os alunos em grupos para que elaborem as suas músicas destacando os conceitos e as fórmulas de Física que estudam. “Geralmente, eles focam nas mais difíceis”, confidencia o professor, explicando que esses grupos entregam a letra por escrito e apresentam para a turma em uma aula bastante lúdica. Nessa ocasião, professor e alunos avaliam as composições. “É por meio do processo de defesa de cada grupo que, qualitativamente, avaliamos cada conceito colocado nas canções”, explica Boeira. “O aprendizado é verificado em uma espécie de ‘prova oral’, sem que o aluno perceba.” Segundo ele, muitas questões de prova são baseadas nas canções que os grupos elaboram. O mestre em Ciências Humanas e especialista em Inteligência e Cognição, Celso Antunes, também escritor, aprova iniciativas como estas. Para ele, uma aula atrativa não pode ser uma simples explanação e um enfadonho discurso, que remetem a aulas expositivas ministradas há mais de 500 anos. E ele fala também algo que os professores fizeram na prática: uma boa aula precisa propor desafios, alertar a curiosidade para que o aluno aprenda pelo fazer e pelo agir e não apenas pelo escutar. “O prazer de aprender e a motivação do estudante estão circunscritos a estratégias de aula em que ele se sente protagonista e não apenas espectador, em que recebe conceitos que o desafiam, bem como desafiam as suas competências, e não apenas o informam; e, sobretudo, um professor que acende sua curiosidade, instiga seus


Professor Luciano Boeira descobriu uma forma diferente e criativa para ensinar conteúdos de Física

Mágica para desenvolver habilidades orais e de leitura dos alunos do La Salle Medianeira

estímulos, desperta-o para o sentido de um aprender relativo à vida e ao entorno”, afirma. As modalidades de aulas propostas nos colégios La Salle Medianeira e Concórdia são apenas dois exemplos de criatividade, entre tantos outros realizados pelas escolas para driblar um dos problemas que elas mesmas identificam como o mais sério atualmente em sala de aula: a falta de atenção dos estudantes. Diferentemente do que já foi há não muito tempo, quando crianças e adolescentes não tinham grandes preocupações além de ir à escola, obedecer à família, brincar e passear, a vida atual é cheia de formas de comunicação e acesso à informação. Essa conectividade toda os deixa um tanto ansiosos quando não podem estar online. O professor de Letras da Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul (Unijuí), Larry Antônio Wizniewsky, lembra que circula hoje pelo universo de qualquer aluno uma quantidade de informação extremamente mais ampla e diversificada do que aquela que existia quando foram constituídas as principais metodologias de ensino ainda hoje vigentes nas escolas e universidades brasileiras. Ele afirma que o aluno não é “obrigado” a prestar atenção ao professor ou a concentrar-se no conteúdo exposto, de forma tácita. Entende que é necessidade do educador construir a exposição didática de forma a torná-la interessante e com isso captar a atenção do aluno. “A concentração é uma consequência natural da atenção continuada e sistemática. Quanto maior a quantidade de estímulos que o aluno recebe, evidentemente maior será a sua dificuldade de concentrar a atenção nos estímulos específicos do processo de ensinoaprendizagem”, avalia. Wizniewsky comenta que há uma evidente diferença entre

O prazer de aprender está circunscrito a estratégias de aula em que o aluno se sente protagonista...

o que se entendia por “concentração” há aproximadamente 20 anos e o que se verifica na realidade contemporânea. Ele lembra que o professor dispõe dos mesmos elementos que os alunos utilizam como conexão com o mundo (imagens, vídeos, sites, twitter, etc.) para convertê-los em estruturas de apoio didáticopedagógico altamente eficientes. “Quem já tentou sabe que isso é uma realidade presente e que funciona de maneira muito boa e traz qualidade e diversidade a qualquer aula, seja qual for o componente curricular. Não é simples, mas é perfeitamente factível”, garante. Segundo a professora da PUCRS e doutora em Educação Helena Sporleder Côrtes, também especialista em Tecnologia Educacional, a falta de concentração na infância e na adolescência é um problema natural. “Até por condições próprias de seu estágio de desenvolvimento mental/psicológico, crianças e adolescentes não conseguem manter seu foco de atenção por muito tempo sobre um mesmo assunto, ou se concentrarem por períodos mais longos na execução de uma mesma atividade”, conjectura ela, complementando: “O que se vivencia nos tempos atuais é, em realidade, a potencialização de tais características, por conta do acelerado desenvolvimento das tecnologias de comunicação e informação. Como tudo hoje está à mão, é acessível e possui uma interface ‘amigável’, as crianças, desde cedo, começam a definir uma consistente relação de intimidade com essa rapidez de acesso e com a velocidade correspondente à realização de qualquer tarefa, dispersando-se com maior facilidade ao se defrontarem com a necessidade de executar algo cujo ritmo é diferente do que estão acostumadas”. A instituição de ensino, na avaliação de Helena, em geral não acompanha o ritmo de velocidade das transformações que se processam na vida social. “E hoje isso é quase um ‘desastre’: copiar textos do quadro e realizar exercícios do livro didático sistematicamente, sem organizar nenhuma estratégia de ensino que envolva o uso das tecnologias midiáticas, amplia ainda mais o fosso entre a ‘vida na escola’ e a ‘vida vivida’, o que pode prejudicar o desenvolvimento de qualquer projeto pedagógico de formação que deseje se considerar contemporâneo”, argumenta.

Celso Antunes

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Hoje isso é quase um ‘desastre’: copiar textos do quadro e realizar exercícios do livro, sem organizar nenhuma estratégia que envolva as tecnologias... Helena Côrtes

O papel das novas tecnologias na aprendizagem “As novas tecnologias são acima de tudo suportes, apoios metodológicos de alta qualidade, e não o elemento central da disciplina.” Assim pensa Wizniewsky. Ele explica que elas dependem, porém, da capacidade de interlocução dos docentes para se constituírem elementos permanentes no processo de diálogo que compõe a aprendizagem. O especialista acredita que o professor ainda é e será por muito tempo o coordenador das ações de suas turmas, servindo como um mestre de cerimônias de conteúdos, que são oferecidos em novas segmentações e com novas modalidades de exposição. “Não se trata apenas de ‘chamar a atenção’, mas de mantê-la durante períodos de tempo de aproximadamente 10 a 15 minutos por tema”, aconselha. “Nós, os professores, somos hoje atores e diretores de nosso próprio espetáculo, o que considero um ponto altamente positivo do momento em que vivemos.” Na concepção de Wizniewsky, as novas tecnologias podem

O professor dispõe dos mesmos elementos tecnológicos que os alunos utilizam para convertê-los em estruturas de apoio pedagógico

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prejudicar a aprendizagem quando se pressupõe que elas podem substituir a função do professor ou a do aluno. “Elas são e serão sempre suportes de transmissão de informação em trocas cognitivas entre sujeitos pensantes. Quando isso não acontece, pode-se dizer que a tecnologia ‘atrapalha’ o processo”, compara. O pós-doutor em Engenharia Mecânica e professor do doutorado em Informática na Educação da UFRGS, Milton Antonio Zaro diz que a forma objetiva com que as informações são apresentadas nos meios eletrônicos, sem explorar mais a fundo um conteúdo, pode trazer prejuízos à formação. Segundo ele, que também é docente no mestrado e doutorado em Neurociências da mesma universidade, o educando não aprende a aprofundar conhecimentos, a discutir mais detalhadamente conceitos, a fazer conexões com outras áreas, a avaliar as limitações dos modelos ou ideias expostas, etc. “O aluno não tem paciência para textos mais longos, mais áridos. Mas quem disse que o ensino sempre tem que ser prazeroso? Isso é desejável, mas não é condição. Em certas situações temos que desenvolver assuntos mais complexos, abstratos, difíceis, que o estudante não entenda num primeiro momento. Mas qual é o problema? Parece que hoje temos dogmas de que tudo tem que ser prazeroso, fácil, rápido. Quais são os teóricos e modelos que comprovam isso ser vantajoso?”, ironiza Zaro. Quanto à hipótese de as novas tecnologias serem, em parte, responsáveis pela constante falta de atenção dos alunos, ele acredita que este é apenas um dos tantos vetores envolvidos na questão. Questiona se a causa de tal problema é a mesma em todas as instituições de ensino, em todos os municípios e estados. “Particularmente, acredito que a escola não motiva suficientemente os alunos, e outro aspecto relevante é que eles não são cobrados de maneira adequada”, opina, complementando com indagações: “Tal conteúdo é difícil? Qual é o problema? Por que não pode ser?”. Para ele, as raízes da questão devem ser buscadas em vários pontos, ou seja, no professor, no aluno (porque está desmotivado) e na sociedade (a começar pela família), sendo que alguns desses fatores podem estar entrelaçados. Pensa que o professor e a escola estão despreparados para o mundo moderno, principalmente para a sua dinâmica.


Em certas situações temos que desenvolver assuntos mais complexos, difíceis, que o estudante não entenda num primeiro momento Milton Zaro Estudos avançados das neurociências permitem compreender o processo de ensino e de aprendizagem

A contribuição da neurociência É sabido que, nos últimos anos, a neurociência tem permitido a identificação de alterações cerebrais em exames de imagem, em distintas áreas do cérebro, e também a compreensão da sua relação com dificuldades de aprendizagem. Está ocorrendo ainda um enorme avanço da neuroimagem funcional, que permite ver o cérebro em funcionamento e observar quais áreas entram em ação quando o indivíduo recebe um estímulo e o processa para transformá-lo em aprendizagem. Além disso, segundo o médico e pós-doutor em Neuroimagem Funcional e Epilepsia, André Palmini, está se descobrindo a produção de proteínas no cérebro ligadas à aprendizagem, ou seja, a pessoa entra em contato com uma informação e, no processo de sua memorização e de sua integração com as outras milhares que já possui, o cérebro precisa criar novas conexões. Então, a neurociência tem permitido que se entendam as bases biológicas da aprendizagem e que circuitos cerebrais entrem em ação para que se aprendam coisas específicas, como leitura, escrita, fala, etc. Esses estudos tem a ver com o aprendizado mais formal, porém, há uma outra vertente dessa área de estudo que diz respeito à relação professor-aluno. De acordo Palmini, que atualmente dirige o Programa de Cirurgia da Epilepsia do Hospital São Lucas, da PUCRS, entre as maravilhas do desenvolvimento das neurociências está a capacidade de examinar o funcionamento cerebral durante uma série de comportamentos característicos da vida diária das pessoas. Por meio de métodos de neuroimagem funcional, em especial da ressonância magnética funcional (fMRI) e da tomografia por emissão de pósitrons (PET-SCAN), podese hoje mapear os circuitos cerebrais envolvidos em funções como a empatia, o grau de confiabilidade em outras pessoas e a interpretação das suas intenções e crenças. “Uma visão moderna do processo de ensino-aprendizagem incorpora noções neurocientíficas que estudam as relações interpessoais”, esclarece Palmini “Essas relações envolvem regras de estímulo, que são fundamentais para o aluno aprender. E, às vezes, têm permitido

que se entenda mais do que acontece quando um professor ensina um aluno e quando este assiste ao professor lhe ensinando”. Hoje, comemora ele, já se estuda o que acontece nessa situação e quais áreas cerebrais estão envolvidas. “Entram em jogo a empatia, pois é muito mais fácil aprender por intermédio de alguém por quem a gente sente empatia – e hoje se entende melhor como o cérebro processa a empatia –; a motivação, que é muito importante para a aprendizagem; e outra coisa: o professor deve ter uma ideia do que o aluno está pensando naquele momento, que tipo de emoção ele está tendo na hora que está dando uma aula. É uma emoção relacionada com um interesse?”, explica. O médico e pesquisador em Bioquímica na UFRGS, Diogo Onofre Gomes de Souza, reforça que a neurociência está cada vez mostrando mais que o aprendizado é uma atividade cerebral, e que existem mecanismos, regras, processos de aprendizagem. Porém, ele chama a atenção para o fato de que, com frequência, isso não é valorizado na sala de aula. A relação entre neurociência e educação é tão importante, necessária e atual que será tema do 11º Congresso do Ensino

Privado Gaúcho, que será promovido pelo SINEPE/RS de 20 a 22 de julho, na PUCRS. O evento, que tem como título ‘Educação e Neurociências: um novo olhar’, terá a presença de 12 especialistas no assunto.

Os Caminhos para uma aprendizagem eficaz Para os especialistas está claro que motivação é fundamental para o sucesso do processo de ensino-aprendizagem. Os dois lados que compõem essa relação, o do professor e o do aluno, precisam estar interessados na aula, no tema que ela está abordando. Dessa constatação surgem afirmações categóricas, porém duas têm destaque especial: a primeira é sobre o fato de que o educador deve preparar uma aula criativa, que prenda a atenção da turma, que desperte a curiosidade; e a segunda é que, para isso, é indicado que a instituição de ensino ofereça estrutura tecnológica para que o professor possa utilizá-la como ferramenta pedagógica.

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Para as neurociências o papel do professor é cada vez mais importante

Segundo Helena Côrtes, muitas instituições têm ótimas ideias e as tornam viáveis, com resultados bastante inspiradores. Mas, ela chama a atenção para a necessidade de se separar a aprendizagem de crianças e de adultos, pois apesar de ambos gostarem de computadores, por exemplo, o nível de produção de material é bastante diferenciado e o adulto tem a vantagem de ser mais independente. “Mas em toda aula boa, seja ela com qualquer tecnologia, desde a simples presença do professor que seja motivador, que saiba fazer o aluno trabalhar, raciocinar, tentar resolver uma ‘situação problema’ realmente interessante, até o uso de imagens 3D, a técnica é um caminho e não o fim”, enfatiza. Milton Antonio Zaro concorda com Helena, para ele a criatividade faz toda a diferença. Ele cita o exemplo de uma aula de geometria, que poderia focar na construção de uma casa do cachorro. “Será que transformar a sala de aula em uma espécie de oficina e cortar madeira, aprender a usar o transferidor, a trena, etc., e executar o projeto não poderia trazer resultados pedagógicos mais significativos do que simplesmente fazer a casa no computador?”, questiona. “É claro que executar uma casa no computador vai exigir abstração e uma série de habilidades, mas as formas de trabalhar o assunto não são excludentes e até seria

Seres humanos são movidos pelas emoções. Aos professores fica a tarefa de manejar adequadamente as suas e as dos seus alunos 22

André Palmini

possível fazer uma comparação em sala ou entre turmas para avaliar a aprendizagem usando uma e outra técnica.” Apesar de ser a favor de uma forma mais prática e realista de educação, Zaro entende que as novas tecnologias vieram a acrescentar no processo de ensino-aprendizagem, e por várias razões, entre elas, a possibilidade de simular, com qualidade, eventos ou fenômenos que não podem ser executados num laboratório. Estudos, como das neurociências, mostram que ainda há muito que se conhecer sobre a forma do ser humano processar e produzir conhecimento. Portanto, escolas e professores devem continuar sendo bons alunos no quesito aprender a ensinar, para compreender e aplicar em seu dia a dia o que traz esta nova ciência. E, nesse contexto, o professor ganha cada vez mais destaque. “Todo o avanço tecnológico na área das neurociências mostra que o papel do professor é cada vez mais – e não cada vez menos – importante nos processos educacionais. Seres humanos são movidos pelas emoções. Aos professores fica a tarefa de manejar adequadamente as suas e as dos seus alunos. O sucesso dessa ‘calibragem emocional’ nas relações entre professores e alunos será o sucesso da educação”, encerra André Palmini.

A pauta desta reportagem foi construída com a colaboração dos seguintes educadores, em reunião realizada na Regional Noroeste: Flávio Mage Danz (Setrem), Daniel Frosi, Bianca Tams Dichl e Natalina Moura de Souza (Fema), Márcia Becker Schons e Tânia Oliveira (Liminha), Cirlei Machado Chitonia (Colégio Teresa Verzeri), Edila Fenner (Instituto Sinodal da Paz), Leni Maria Spanivello Cavalheiro da Rosa (Colégio Salesiano Dom Bosco), Solange Marostega (Colégio Concórdia) e Celi Elaine (Colégio Cenecista Sepé Tiaraju). E pelos profissionais de comunicação Jaqueline Ledo de Conti (Fema), Felipe Dorneles (Unijuí), Fabiane Weydmann Reinhold (Setrem), Fabiele Meotti (Colégio Cenecista Sepé Tiaraju e Instituto Cenecista de Ensino Superior de Santo Ângelo), Silvia Dewes e Simoni Priesnitz (Colégio La Salle Medianeira)


Grupo é convidado a assumir práticas de sustentabilidade

CIDADANIA

Barco se transforma em sala de aula para análise do Guaíba

B

uscando sensibilizar os alunos, o Colégio Marista Rosário de Porto Alegre proporcionou às turmas de 8ª série uma pesquisa de campo pelo Guaíba, a bordo de um barco, na segunda quinzena de março. Em sintonia com a Campanha da Fraternidade deste ano, o projeto interdisciplinar permite uma análise das relações físicas e químicas do ecossistema, além do estudo da fauna e da flora das margens do Lago. As aulas no barco se iniciaram na Usina do Gasômetro, alcançando o Parque Estadual do Delta do Jacuí. Separados em grupos e munidos de mapa, cadernos e câmeras fotográficas, os estudantes coletaram amostras de água do Guaíba e no próprio barco realizaram estudo do PH, observando a implicação da poluição na aparência e temperatura da água. “Aqui eles conseguem verificar os fenômenos químicos e físicos na prática, com auxílio de instrumentos como o higrômetro, barômetro e o próprio termômetro. Essa saída de campo é uma atividade única, da qual poucos teriam possibilidade de participar fora do ambiente escolar”, comentou a professora Valéria Oliveira Ferreira. Após o percurso pelas águas do Guaíba, as turmas foram desafiadas a relatar os aspectos observados, como tipos de lixo encontrados, flora e fauna, umidade relativa do ar, pontos de coleta de água do DMAE, correnteza e profundidade do Guaíba, além do tipo de combustível e dados técnicos do barco, como potência do motor, velocidade e capacidade. O Projeto Guaíba é um dos diferenciais da 8ª série do Marista Rosário e visa desencadear discussões ao longo de todo ano na sala de aula. “A cada novo conteúdo, nós, professores, procuramos relacionar com a experiência vivida no barco, estabelecendo associações práticas”, explicou a professora Elizete Zanola.

Meio ambiente e cuidado com a vida são pautas das Jornadas de Formação “Cuidar da vida é saber de onde a vida vem.” Com esse lema, a Pastoral do La Salle São João de Porto Alegre inicia o projeto ‘Jornadas de Formação 2011’, que envolve alunos da 5ª série do Ensino Fundamental ao Ensino Médio. Os encontros, que ocorrem na Casa de Retiro da Rede La Salle, em Nova Santa Rita, oferecem espaço para reflexão sobre a natureza humana e biológica e a relação que elas têm no dia a dia. Mas o encontro não fica só na esfera teórica. Os jovens assumem compromissos práticos de cuidado com a vida. Após participar da Jornada, cada turma recebe uma flor, com a qual deve se responsabilizar pelo cuidado durante o ano letivo. Outro convite ao grupo é para assumir práticas de sustentabilidade, a partir da troca dos copos plásticos pelo squeeze presenteado pela Escola. “Acho válido tentar fazer com que as pessoas entendam e se preocupem com o que acontece ao nosso redor”, declarou a aluna do Ensino Médio, Francielle Schroeder. Para ela, a turma é capaz de assumir compromissos para cuidar da vida no planeta fazendo pequenas coisas que podem gerar grandes benefícios.

Alunos observaram a fauna e a flora das margens do Lago

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Campanha da Fraternidade estimula a criatividade a favor do Planeta A partir do debate sobre a Campanha da Fraternidade 2011, os estudantes da 6ª série do Ensino Fundamental do La Salle Santo Antônio de Porto Alegre promoveram atividades para abordar o assunto de forma criativa e torná-lo conhecido junto à comunidade escolar. Entre as ações, os alunos criaram a ‘Papilda’, um coletor de pilhas confeccionado com bombonas de água, e promoveram a campanha ‘Salve o Mundo’, em que foram distribuídas caixas coletora de papel para reciclagem em todas as salas de aula. Com material reciclável também estão sendo confeccionados móveis, naves espaciais, brinquedos, roupas e objetos de decoração. Outros grupos optaram por fazer vídeos com entrevistas e locais visitados como a Usina de Reciclagem e o DMAE. O projeto, que teve início nas aulas de Ensino Religioso, passou a ser trabalhado de forma interdisciplinar nas disciplinas de Geografia, Ciências, Português e Jornadas de Formação realizadas pela Pastoral Escolar. “Sabemos o quanto é desafiador fazer com que nossas crianças e jovens sintam motivação e vontade em trabalhar assuntos que são formadores de valores. Nesse sentido, o trabalho interdisciplinar traz um retorno muito legal. Trabalhar em parceria envolvendo não só a aula de Ensino Religioso, mas também Ciências, Português, Geografia e a Pastoral, trouxe ótimos resultados!”, salienta a orientadora do projeto, Marlise Hoeltgebaum. A conclusão desse projeto será a montagem de um ‘Tunel Verde’ no Salão de Atos do Colégio. Na exposição serão reunidos todos os objetos confeccionados pelos alunos, além da maquete de um aterro sanitário, apresentação dos vídeos e um desfile com roupas e enfeites reciclados.

‘Papilda’ é atração entre os alunos do La Salle Santo Antônio

Estudantes são capacitados para ação social Com o objetivo de capacitar os alunos para atividades solidárias, a Instituição Evangélica de Novo Hamburgo (IENH) promoveu o Seminário ‘Um Olhar para o Outro’, no dia 24 de março. Por meio da exibição do filme ‘Um sonho possível’, os estudantes da 2ª série do Ensino Médio da Unidade Fundação Evangélica discutiram sobre temas como superação de preconceitos. O evento contou com a presença do artista deficiente visual Gabriel Schuck, que interpretou sucessos do grupo Legião Urbana com voz e teclado. A instituição desenvolve o programa social ‘Um Olhar para o Outro’, que prevê visitas a entidades, levantamento de necessidades e elaboração de projetos.

Alunos são preparados para atuar no programa ‘Um Olhar para o Outro’

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Temas voltados à educação ambiental serão discutidos de forma sistemática com os alunos

IEI cria Fórum Ambiental Permanente

Escola Rainha do Brasil investe em copos ecológicos

Sensibilizar, promovendo a conscientização para a conservação do meio ambiente, do planeta e das relações sociais. Esse é um dos principais objetivos do Fórum Ambiental Permanente, espaço criado pelo Instituto de Educação Ivoti (IEI) para despertar nos alunos a atenção às questões ambientais. A educação ambiental é trabalhada com maior ênfase na Educação Infantil e nas Séries Iniciais. Mas, de acordo com a vice-diretora do IEI, Vera Hoffmann, sempre houve uma preocupação por parte da instituição em trabalhar esse tema com todos os alunos do IEI. “Com o Fórum temos a oportunidade de atingir todos os alunos dos turnos da manhã, tarde e noite, inclusive os estudantes dos cursos técnicos”, afirma, salientando que a intenção da criação do fórum foi a de promover algo mais impactante e que perpassasse o ambiente escolar. Por meio do projeto, os alunos representantes participarão de encontros periódicos, em que assuntos referentes ao tema serão discutidos e depois repassados aos demais colegas. “Esses alunos serão o elo entre o grupo de colegas, o grupo do fórum e os professores envolvidos”, esclarece Vera. O primeiro encontro do Fórum ocorreu no dia 17 de março e contou com a participação de dois alunos representantes de cada uma das turmas da 4ª série do Ensino Fundamental até o 3º ano do Ensino Médio, incluindo alunos do Curso Normal em Nível Médio, dos Cursos Técnicos e do Ensino de Jovens e Adultos da instituição.

Proteger o meio ambiente, agir de forma ecologicamente correta, solidarizar-se com os que vivem em condições inadequadas de vida, reciclar o lixo... tudo isso aos poucos tem se transformado em atitudes concretas nos mais diversos segmentos da sociedade. E na Escola Rainha do Brasil, de Porto Alegre, não é diferente. A instituição está investindo em ações práticas de sustentabilidade. Desde o início do ano substituiu os copos de plásticos por copos descartáveis ecológicos de papel. Os copos de papel são econômicos em seu tamanho, contribuindo para evitar o desperdício de água; são produzidos com madeira de reflorestamento; degradam em até 18 meses, sem prejudicar o meio ambiente; e auxiliam na redução do volume do lixo. A direção acredita que esta iniciativa contribuirá para que alunos, educadores e comunidade em geral reafirmem o compromisso com o meio ambiente, tornando suas atitudes mais sustentáveis. Além do copo ecológico, a Escola Rainha do Brasil continua com seus projetos de recolhimento do óleo de cozinha usado, que é encaminhado à Ação Solidária Madre Cristina, e de coleta de pilhas e baterias usadas.

Crianças aprendem desde cedo a importância de pequenas ações

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Cônsul do Japão recebeu as mensagens de solidariedade do Santa Cecília

Estudantes enviam mensagens ao povo japonês

Alunos aprendem sobre a importância da separação do lixo Os alunos da 3ª série do Ensino Médio do Colégio São Carlos de Caxias do Sul participam do projeto “Caminhos do Lixo”, que busca conscientizar os estudantes sobre a importância do destino correto do lixo orgânico e seletivo na preservação do meio ambiente. A iniciativa é realizada de maneira interdisciplinar com os professores Luciane Bof (Biologia), Cristiano Amorim (Geografia) e Magda Torresini (Língua Portuguesa), e em parceria com a Codeca – Companhia de Desenvolvimento de Caxias do Sul. Entre as atividades os alunos realizam visita à Codeca, às usinas de reciclagem, ao aterro sanitário e ao Museu do Lixo. Também participam de atividades direcionadas na Escola, como campanhas e palestras, que envolvem toda a comunidade educativa.

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Representantes de turmas do ensino fundamental e do ensino médio do Colégio Vicentino Santa Cecília de Porto Alegre levaram mensagens solidárias ao Consulado do Japão. Os textos, produzidos por colegas de sala de aula, traziam palavras de conforto e apoio ao povo japonês, afetado pela tragédia do terremoto e do tsunami recentemente. Na visita, que ocorreu em 23 de março, os estudantes assinaram o Livro da Solidariedade, organizado pelos escritórios e consulados japoneses pelo mundo, com o objetivo de reunir mensagens solidárias. O grupo levou ao cônsul Takeshi um encarte com vários textos. Algumas mensagens enviadas por escolares foram lidas em português e japonês pelo aluno Victor Toshiya Aso, da 8ª série do Ensino Fundamental, que nasceu no Japão e estuda no Brasil há três anos. Para o cônsul, manifestações como essa são importantes. “O povo japonês sofreu com a tragédia, mas estamos trabalhando muito para recuperar o país. Todo o material será enviado ao Ministério de Relações Exteriores do Japão”, disse Takeshi.

Estudantes participam do projeto ‘Caminhos do Lixo’

Ações voltadas à comunidade estão previstas para este ano


O projeto Tecendo Memórias, do Instituto Superior de Educação Ivoti (Isei), foi um dos escolhidos pelo jornalista e escritor Ricardo Bueno para compor seu livro Mãos, Meninas, Mulheres – A Cultura como Ferramenta de Inclusão Social, lançado em março. A história de mulheres que fazem do artesanato uma ferramenta de geração de renda e, principalmente, de inclusão social foi o motivo que levou o jornalista e escritor a viajar por 15 cidades de dez diferentes estados brasileiros a fim de captar depoimentos e fotografias, feitas por Ita Kirsch, para o livro. Entre as visitas pelo Brasil, Ricardo passou por Ivoti, onde conheceu o projeto Tecendo Memórias. Para a coordenadora dos projetos sociais do Isei, pastora Marli Brun, o Tecendo Memórias está em sintonia com o objetivo do livro do jornalista, que é reconhecer e valorizar as propostas que tenham a cultura como instrumento de inclusão social. “No Tecendo Memórias, une-se a preservação cultural dos Wandschoner (panôs de parede – artesanato típico da cultura dos imigrantes alemães) à inclusão social de mulheres. A participação no projeto possibilita a elas a capacitação profissional em bordado, visando à melhoria da qualidade de vida das mulheres e de suas famílias e ao desenvolvimento comunitário”, explica. Segundo a coordenadora, aproximadamente 25 mulheres estão se capacitando, tendo em vista o processo de inclusão social. “Mas cerca de 50 mulheres estão envolvidas diretamente com o projeto, como artesãs ou voluntárias”, acrescenta. O ingresso das mulheres nos grupos é realizado a partir de chamada pública. Atualmente, há quatro grupos em Ivoti e um em Estância Velha.

Monitores Ecológicos investem na Campanha dos Plásticos O primeiro encontro dos Monitores Ecológicos da Instituição Evangélica de Novo Hamburgo – IENH, Unidade Oswaldo Cruz, em 2011, deu rumo às atividades que serão praticadas pelo grupo no decorrer do ano letivo. Entre as principais ações está a continuidade do projeto Campanha dos Plásticos iniciado no ano passado em parceria com a empresa Suzuki Recicladora. Por meio da iniciativa foram recolhidos mais de 300 quilos de resíduos plásticos, que foram trocados por bancos e floreiras fabricadas com o material. “Os alunos estão muito engajados na proposta dos Monitores Ecológicos e estão motivados a participar de diversas campanhas ao longo do ano”, destaca uma das professoras responsáveis pelo projeto, Denise Kuhsler. Ao final do encontro cada participante confeccionou um porta-recados para agendar as próximas reuniões do grupo. Os Monitores Ecológicos da Unidade Oswaldo Cruz se encontram sempre na última quinta-feira de cada mês, no Laboratório de Ciências, das 18h10min às 19 horas, com as professoras Denise Kuhsler e Flávia Gehlen.

Recorte e colecione.

Tecendo Memórias compõe livro sobre bordadeiras do Brasil

Educação em Revista apresenta neste espaço exemplos de ações práticas na área socioambiental.

Estudantes do Marista Pio XII unem religião e conscientização ambiental O Colégio Marista Pio XII, de Novo Hamburgo, aproveitou o tema da Campanha da Fraternidade de 2011, que fala sobre o meio ambiente, para criar um projeto de conscientização ambiental. Chamada de “Monitores Ecológicos do Pio XII”, a iniciativa tem como objetivo abordar a responsabilidade de cada um com relação ao meio ambiente e propiciar momentos para o contato com a natureza, por meio de atividades práticas, que ocorrem quinzenalmente na escola. Nos encontros ao longo do ano, os estudantes irão conhecer as áreas ambientais que cercam o Colégio, diferenciar a fauna e a flora do local estudado, plantar hortaliças que visem à motivação para a alimentação saudável e separar o lixo adequadamente, aprendendo a reciclá-lo. Em função da Campanha da Fraternidade, os Encontros de Formação, promovidos pelo Serviço de Pastoral Escolar (SPE), também têm sido um momento para refletir sobre as questões ambientais, além de um incentivo para estudantes participarem

No Encontro de Formação alunos receberam uma muda para plantar e cuidar ao longo do ano

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Monteiro Lobato faz doação de artigos escolares

Projeto também incentiva a alimentação saudável

do “Monitores Ecológicos”. A primeira atividade para mobilizar a participação ocorreu logo no início do ano, quando estudantes da Educação Infantil ao Ensino Médio receberam uma muda para plantar e cuidar ao longo do ano letivo. A forma como o projeto “Monitores Ecológicos” está sendo divulgada tem gerado resultados positivos na adesão dos estudantes. No primeiro encontro, que ocorreu no dia 1o de abril, as duas turmas tiveram mais de 70% das vagas preenchidas. Segundo a professora de Ciências Sandra Mores, coordenadora do projeto, além do tema da Campanha da Fraternidade ser relacionado ao meio ambiente, 2011 também foi nomeado como o Ano Internacional das Florestas. “Por isso, os estudantes têm que se envolver com as questões ambientais referentes ao Planeta Terra. O Colégio está oferecendo essas oportunidades para tratarmos desse assunto tão importante”, explica. A intenção é que os monitores se tornem multiplicadores do que aprendem no projeto e repassem seus ensinamentos em casa para seus pais e para outros colegas em sala de aula. Para a aluna da 7ª série do Ensino Fundamental Maria Fernanda Wunderlich Paul, 12 anos, a experiência de plantar uma muda de árvore durante o Encontro de Formação foi muito importante para a sua turma. “A responsabilidade que teremos com a planta é a mesma que devemos ter com relação à natureza em geral. Temos que nos conscientizar da importância da sua preservação. Além do que, plantar não é uma coisa que fazemos todos os dias, para muitos colegas (inclusive para mim), essa foi a primeira vez que plantaram uma muda.” A opinião é dividida com a estudante do 3º ano do Ensino Médio Francine Noé Luvizon, 17 anos. “Achei muito legal a iniciativa da escola de dar essa muda para a gente plantar, além de unir mais a turma, criamos a responsabilidade de cuidar da planta e a consciência de que se não tomarmos conta dela, ela morrerá, assim como o resto da natureza.”

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O Colégio Monteiro Lobato de Porto Alegre começou o ano letivo praticando a solidariedade. A instituição doou artigos escolares para o Grupo Art Mãe, da Vila Laranjeiras, e para a Cooperativa 20 de Novembro, integrante do Movimento Nacional de Luta pela Moradia, ambos localizados na Capital. Este é o segundo ano consecutivo em que a escola faz doações de mesas, cadeiras, classes, computadores, armários, lousas e outros materiais. De acordo com a representante das entidades beneficiadas, Cenira Vargas da Silva, os materiais serão usados para reuniões do Grupo de Jovens, do Grupo Art Mãe, e do Grupo Juventude da Cooperativa. Também serão aproveitados pela Rádio Comunitária, que atua com jovens de 16 a 26 anos. Essa foi uma das ações solidárias que a Escola realizou, entre outras que são desenvolvidas ao longo do ano voltadas ao voluntariado.

Aula de Sociologia provoca discussões sobre o papel do cidadão Os alunos da turma 311 do Colégio Sinodal Progresso, de Montenegro, foram surpreendidos pelo professor de História e Sociologia, Rodrigo Dias, num sábado letivo. Em vez de uma manhã com aula teórica e prática, todos participaram de uma série de palestras e debates. O momento foi propício para refletir sobre a relação de cada indivíduo com as questões sociais, o papel do cidadão e a importância do envolvimento social com práticas voluntárias. Os estudantes aprenderam sobre o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) e como o Conselho Tutelar atua na promoção dos direitos das crianças e adolescentes. Com a aproximação da eleição do Conselho Tutelar, a manhã também foi direcionada a difundir a importância do voto e do trabalho dos novos conselheiros.

Professor Rodrigo Dias estimulou seus alunos a pensar sobre temas importantes para a sociedade


Estudantes ensinam sobre o destino correto do lixo Ao discutir sobre o tema da Campanha da Fraternidade deste ano, os alunos do Colégio Nossa Senhora de Lourdes, de Farroupilha, deram-se conta da quantidade de lixo que era jogado no pátio da escola. A partir do problema, os estudantes da 7ª série tiveram a ideia de fazer o recolhimento do lixo, após o intervalo. O material foi separado entre lixo orgânico e seco e, após, encaminhado para a reciclagem. A atividade ocorreu em 7 de abril e deverá ser repetida em breve. “A iniciativa teve como objetivo conscientizar a comunidade escolar para o destino correto do lixo. Iremos repetir a ação para verificar se surtiu o resultado que esperamos”, explica a professora de Ensino Religioso de 5ª a 7ª série, Ir. Lucinéia Pasa. A discussão também resultou em outra iniciativa: a professora, juntamente com a direção, está estudando a colocação de lixeiras para separar o lixo orgânico e o seco nas salas de aula. Também está sendo planejada a realização de uma gincana para o final do ano.

Alunos mobilizaram-se para recolher o lixo acumulado durante o recreio


Estudantes aprendem sobre a importância de preservar a água O Dia Mundial da Água, comemorado em 22 de março, estimulou o Colégio Santa Teresa de Jesus, de Porto Alegre, a realizar atividades para a valorização desse recurso natural. As ações desenvolvidas vieram ao encontro do projeto de sustentabilidade que está sendo desenvolvido pela instituição, chamado ‘Comunidade teresiana: Tecendo ações sustentáveis’. Em comemoração à data, as turmas de educação infantil aprenderam sobre a importância de preservar a água, por meio da confecção de um Filtro de Cascalho. Motivadas com o tema, as crianças vivenciaram uma aula no Laboratório para observar a presença de bactérias na água, utilizando o microscópio. Nas turmas dos primeiros anos do ensino fundamental, os alunos observaram e coletaram amostras de água do arroio Cavalhada, que passa pelo terreno da escola, e do rio Guaíba. As turmas refletiram sobre a necessidade de mudar os hábitos e atitudes com relação à água, para a continuidade da vida no planeta.

ARTIGO Cidadania, eu quero uma para viver Esta crônica começa quase parodiando Cazuza em ‘Ideologia, eu quero uma para viver’. Estamos saindo da fase da cultura inútil do último Big Brother. O estímulo ao alcoolismo ficou escancarado, programa após programa. Isso que estou falando em horário de TV aberta. No dia seguinte da vitória da Maria, era perceptível que vários públicos haviam acompanhado a tão esperada final. A missão dos heróis do jornalista Pedro Bial havia chegado ao seu final. Somente para citar alguns ambientes: sala de professores, recreios, salas de aula encorparam a discussão sobre os méritos da Maria em vencer tão intensa disputa. Não muito longe de nossa Macunaíma chamada Brasil, o cinema tenta enfiar goela abaixo a glamourização da prostituição na personagem Bruna Surfistinha, vivida pela atriz Deborah Secco. Um país de contradições assiste à imagem vendida de que cultura, consciência, leitura, saber escrever são coisas deletáveis. A juventude que poderia consumir cultura bebe da água do senso comum. O país do Big Brother perdeu a noção do que se passa nessa cidadania planetária. Enquanto os Maumaus da vida passavam dias e dias enfrentando duras provas para sobreviver na cidade dos sisters e brothers, uma parcela da infância e juventude

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Alunos confeccionaram um Filtro de Cascalho

enfrenta as agruras de um ano letivo sem mestres, com salas de aula com condições indignas de um país que estabeleceu a educação com uma de suas prioridades. Professores enfrentam o verdadeiro reality show da droga que cerca os portões de nossas escolas. A vida está à venda por um preço demasiado caro. A overdose do vazio existencial mina sonhos e silencia utopias. A cultura do individualismo e do mais fácil corre o risco de virar uma regra de vida. Para que estudar, se uma bola no pé ou uma passarela podem significar a tão sonhada fantasia realizada? É preciso acordar dessa letargia que faz de conta que tudo isso não nos diz respeito como instituições e educadores de todos os segmentos. Filosofia e Sociologia, disciplinas, hoje, na base curricular de nossa educação, poderiam assumir a linha de frente dessas discussões para o centro do projeto formativo de uma galera que perdeu o rumo, incitada a consumir lixo por todo o lado. Esta crônica está tecendo um olhar sobre uma fatia da sociedade que pode frequentar shopping, ir ao cinema e beber literatura. Machado de Assis não pode ser apenas uma leitura obrigatória de vestibular. Na outra ponta dessa balada, existe uma realidade cruel a estimular o crime, legitimando o poder da indústria do narcotráfico. Estamos vivendo tempos de anomia social seríssimos, buscando a teoria construída por Durkheim, um dos sociólogos fundadores dessa ciência. Vale a pena um mergulho em seu pensamento para perceber a atualidade de sua teoria da metade do século 19. Jogamos a ética para debaixo do tapete, sufocamos a civilidade, bullying virou mais uma discussão como outra qualquer e espaços de protagonismo juvenil necessitam, urgentemente, ser transformados em gestos e práticas de vida. É preciso dar a palavra e a ação para quem quer mudar o jogo. Cidadania, ela quer espaço para viver. Carlos Alberto Barcellos

Professor


CULTURA

Centro de Cambridge do Farroupilha é referência internacional Em um ano, o ensino de Língua Inglesa do Colégio Farroupilha, de Porto Alegre, mostrou que pode ser considerado um dos melhores do mundo. O colégio tornou-se referência internacional por oferecer aos seus alunos o primeiro Centro de Exames de Cambridge do país a incorporar as preparações para os exames da universidade inglesa no currículo escolar, de acordo com os parâmetros internacionais por ela exigidos. Neste ano, 417 alunos da 8ª série do Ensino Fundamental e da 1ª, 2ª e 3ª séries do Ensino Médio foram aprovados nesse exame de proficiência e receberam certificados durante cerimônias realizadas no dia 4 de abril, no auditório do Farroupilha. Ao todo, quase mil estudantes já receberam certificados entre 2010 e 2011. A preparação para os exames foi incorporada ao currículo escolar no ano passado, com um aumento da carga horária do ensino de inglês. Os exames de Cambridge fazem parte da avaliação escolar a partir do 4ª ano do ensino fundamental. Não há nenhum custo adicional para o aluno. Já no primeiro ano de implantação do programa, os alunos do Farroupilha atingiram quase 80% de aprovação entre os 1.300 estudantes que realizaram os exames. “Estamos conseguindo manter um dos nossos objetivos, que é garantir aos pais e aos alunos, que confiam no nosso projeto educacional, a excelência dentro do processo de aprendizagem, com a certeza de um ensino de parâmetro internacional”, destacou a diretora Magda von Galen. Os exames de Cambridge ESOL são reconhecidos no mundo todo pela qualidade e imparcialidade, baseando-se em situações de comunicação do dia a dia. As provas envolvem as quatro habilidades linguísticas: ler, ouvir, falar e escrever. Os estudantes que obtêm a certificação costumam se destacar dos demais nos processos de seleção para estágios, bolsas de estudo e para empregos, e têm acesso facilitado nos cursos de pós-graduação do Brasil e do exterior, já que os certificados não perdem a validade.

Alunos da 8ª série estão entre os 417 estudantes que receberam certificado em abril

Biblioteca Infantil do Marista São Pedro ganha novo espaço A revitalização da Biblioteca Infantil é um dos destaques do ano letivo de 2011 no Colégio Marista São Pedro, de Porto Alegre. O novo ambiente dedicado aos pequenos foi decorado com papel de parede, cadeiras, mesas e estantes novas, além de puffs, tapetes e almofadas coloridas. Mais de 50 livros foram adquiridos para a hora do conto e outras atividades que promovem o incentivo à leitura. O espaço recebeu o nome da professora e coordenadora pedagógica Débora Gurski Herbert, que foi vítima de um acidente de trânsito ocorrido no dia 9 de janeiro. Com presença forte e marcante, a pedagoga atuava há nove anos no Colégio e completaria seu 33º aniversário na mesma data do lançamento da Biblioteca Infantil, 11 de março. Marcada pela emoção, a solenidade contou com a presença dos professores, colaboradores, dos familiares da pedagoga e de todas as turmas da Educação Infantil e dos anos iniciais do Ensino Fundamental. Além do corte da fita de inauguração, houve o descerramento da placa em homenagem à memória de Débora, que tanto contribuiu para a qualificação do ensino na Escola.

Projeto leva o prazer da leitura ao ambiente familiar Para incentivar o prazer pela leitura e envolver os pais nesse processo, o Colégio La Salle São João, de Porto Alegre desenvolve o projeto “Bibliosacola na minha casa”. Por meio da iniciativa, os alunos levam para casa a sacola literária, que reúne livros e acessórios que fazem parte das obras disponibilizadas. O propósito é usar e abusar da imaginação utilizando os acessórios no desenrolar da história, criando cenários, brincando e se divertindo. Junto aos livros, vai um Álbum de Registros. É nele que as crianças relatam de forma criativa como foi a atividade, a experiência com os livros e a contação das histórias. A sacola passa um dia na casa de cada aluno, de acordo com o critério definido pela professora. É o lúdico trazendo o prazer pela leitura e o incentivo à criação. O projeto é coordenado pelas professoras Rubia Pienis, Luana Barth e Priscilla Pitta.

Sacola literária com livros e acessórios acompanha os alunos em casa

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INSTITUCIONAL 11º Congresso do Ensino Privado propõe novo olhar para a educação

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educação, hoje, impõe novos desafios a cada instante. As constantes mudanças na sociedade têm exigido um novo olhar da educação para outras áreas do conhecimento, a fim de que se possa compreender melhor o processo de ensino-aprendizagem. Sabe-se que por meio das neurociências, por exemplo, já é possível entender as bases biológicas da aprendizagem, o que torna o trabalho do educador mais significativo e eficiente. Sabendo da importância desse novo cenário, o SINEPE/RS traz como tema central do 11º Congresso do Ensino Privado as relações entre educação e neurociências. A programação contempla desde temas mais abrangentes como a relação escola e família, geração Y e Z, a importância do conhecimento na sociedade contemporânea e o papel do educador a assuntos específicos das neurociências. O evento contará com o apoio da Sociedade Brasileira de Neurociências (SBNED) e ocorre de 20 a 22 de julho no Centro de Eventos da PUCRS, em Porto Alegre. Um dos destaques da programação será a palestra da Ph.D. em Educação e professora de Educação e Neuropsicologia Tracey Espinosa. Ela apresentará uma visão geral da história da ciência da mente, cérebro e educação e as últimas pesquisas sobre a neurociência e psicologia aplicadas à educação. Outro tema em debate será o papel do educador na formação dos alunos e as responsabilidades entre escola e família, apresentado pelo especialista em

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Psicologia Educacional Leo Fraiman. O evento também terá um olhar sobre o professor, suas emoções, competências e valores, com palestra do Doutor em Filosofia da Educação Gabriel Perissé. O Congresso contará ainda com uma palestra gratuita aberta ao público em geral, especialmente os pais, na noite do dia 21/7, proferida pelo médico psicanalista José Carlos Calich. Ele discutirá a relação pais, filhos e escola. Os participantes do evento poderão conferir também a Expoeducação, feira de produtos e serviços ligados a diferentes segmentos da educação. Uma novidade desta edição será a mostra de trabalhos científicos sobre neurociência e educação.


Confira a programação completa do evento: DIA 20/7

DIA 22/07

18h30min – Credenciamento

8h15min – Conferência conjunta:

19h15min – Abertura Conferência: A importância da neurociência na sala de aula Conferencista: Diogo Onofre de Souza

Neurociências e Educação: implicações para o ensino Conferencista: Fernanda Antoniolo Hammes de Carvalho

DIA 21/7

Memória, aprendizagem e comportamento Conferencista: Daniela Marti Barros

8h – Credenciamento

10h30min – Conferência conjunta

8h15min - Conferência: A formação do projeto de vida dos educandos a partir do contexto escolar – uma responsabilidade compartilhada entre família e escola Conferencista: Leo Fraiman

Desenvolvimento cognitivo na infância e juventude Conferencista: Ester Miyuki Nakamura Palacios

10h30min – Conferência: Gerações Y e Z - o que ensinam e o que esperam aprender com as demais gerações Conferencista: Benne Catanante 14h – Conferência: Conhecimento: um olhar epistemológico voltado à sociedade contemporânea Conferencista: Lucy Duró Matos Andrade Silva

Transtornos globais do desenvolvimento e a educação Conferencista: Rudimar Riesgo

13h30 – Conferência: Neurociências e as relações professor e aluno Conferencista: André Palmini 15h30min – Conferência: Emoções, competências e valores para o educador Conferencista: Gabriel Perissé

16h15min – Conferência: A ciência da mente, cérebro e educação no mundo e seus recentes achados Conferencista: Tracey Espinosa 20h - Palestra Especial aberta ao público: Pais-FilhosEscola: conflito de situações ou possibilidade de crescimento? Palestrante: José Carlos Calich

Blog ‘Sinepe contra o bullying’ tem novidades O blog http://sinepecontraobullying.blogspot.com está de cara nova. A página recebeu novo layout e passou a contar com mais seções. Além de mostrar os casos bem-sucedidos das instituições de ensino, o blog também traz notícias, dicas de filmes e de livros, legislação, artigos e links de sites sobre o tema. O conteúdo é atualizado semanalmente. A página foi criada no ano passado com o objetivo de divulgar ações e projetos que possam seguir de exemplo às demais escolas e à sociedade. Com os novos conteúdos, o blog busca ser também um espaço de referência sobre o assunto, trazendo informações importantes para os educadores e demais interessados no tema. O blog está permanentemente recebendo relatos de sucesso das instituições de ensino no combate a esse tipo de violência. Para participar, a escola deve enviar texto e fotos para o e-mail sinepe@ sinepe-rs.org.br .

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Evelise Morais/UniRitter

IES A avaliação como ferramenta de gestão

Avaliação do Aluno Concluinte traz bons resultados ao UniRitter

Por Dóris Fialcoff

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avaliação institucional nas universidades tornouse obrigatória em 2004, quando o Ministério da Educação instituiu o Sistema Nacional de Avaliação da Educação Superior (Sinaes). Porém, de acordo com a doutora em Educação e professora do Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade do Vale do Rio dos Sinos (Unisinos), Maria Isabel da Cunha, o assunto começou bem antes. Passou a ser objeto de movimentos no espaço acadêmico brasileiro de forma mais sistematizada com o processo de redemocratização da universidade, que acompanhava o cenário do país. A pesquisadora e professora da Pós-Graduação em Educação da UFRGS, Denise Leite, que tem dois livros publicados sobre avaliação institucional, lembra a década de 1990, quando o Brasil teve uma experiência com a existência do Programa de Avaliação Institucional das Universidades Brasileiras (PAIUB), fomentado pelo governo e cuja participação era voluntária. Segundo Maria Isabel, a proposta do Sinaes recuperou muito dos pressupostos do PAIUB, mas também assumiu a avaliação externa como parte da função do Estado. “Reconheceu a complexidade do processo avaliativo e propôs dez dimensões para compor esse processo, sendo uma delas o desempenho dos estudantes, aferido pelo Exame Nacional de Desempenho (Enade)”, detalha, lembrando que, no caso do Sinaes, o processo de avaliação deve ser coordenado por uma Comissão Própria de Avaliação (CPA), da qual devem fazer parte representantes de todos os segmentos acadêmicos. “Como era de se esperar, dadas a cultura de cada Instituição de Ensino Superior (IES) e as características de seu funcionamento, observam-se diferenças nos processos instituídos, ainda que a lei seja a mesma”, destaca Maria Isabel. A professora e doutora em Educação Marlis Morosini Polidori, pesquisadora na área da Avaliação Institucional, afirma que o Sinaes está constituído seguindo três grandes pilares: Avaliação Institucional (autoavaliação e avaliação externa), avaliação de cursos e Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes (Enade). Além disso, o processo deve ser coordenado por uma Comissão Própria de Avaliação (CPA), que, segundo a lei, inclui representantes de todos os segmentos acadêmicos. Em um primeiro momento, relata Marlis, a avaliação

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institucional ocorre envolvendo a comunidade acadêmica interna (docentes, discentes, pessoal técnico-administrativo e gestores), e a seguir ocorre a avaliação externa. Nesse momento, então, a IES recebe uma equipe de avaliadores, que utilizam instrumentos desenvolvidos pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira do Ministério da Educação (Inep/MEC). “O órgão responsável pela coordenação e supervisão desse sistema é a Comissão Nacional de Avaliação da Educação Superior (Conaes). As IES que participam desse processo são as que pertencem ao Sistema Federal de Educação Superior (IES Federais e Privadas)”, descreve a pesquisadora. Os resultados Das avaliações desenvolvidas com base no Sinaes são emitidos vários tipos de relatórios. Eles servem para subsidiar as tomadas de decisões tanto no âmbito administrativo como no acadêmico para manter ou aumentar a qualidade que vem sendo ofertada nos cursos de uma determinada IES. Na opinião de Maria Isabel, transformar os resultados da avaliação em conhecimento e melhorias para a instituição é uma ação de gestão, não da responsabilidade da avaliação. “Creio que quanto mais envolvimento da comunidade no processo autoavaliativo, maior é a capacidade de incorporar os resultados para avançar na direção desejada. Quando não participamos dos processos, não nos responsabilizamos pelos produtos”, pondera. Como incentivar a participação “Só se aprende a participar participando”, dispara Maria Isabel, em seguida mencionando a existência de mecanismos que entusiasmam esta ação e outros que a inibem. A professora exemplifica dizendo que pode ser preciso primeiro mobilizar algumas pessoas-chave, que tenham liderança nas comunidades acadêmicas. E também destaca a importância da transparência e da confiança no uso dos dados. “De outra forma, as pessoas, legitimamente, tendem a se proteger e a não expressar suas opiniões e nem se colocar em um processo autoavaliativo. Como uma cultura, a avaliação requer tempo e persistência na sua aceitação”, previne. Na visão de Marlis, as ações de sensibilização têm sido


empregadas como coadjuvantes de processos de avaliação participativa. “Essas ações compreendem discussões coletivas sobre os problemas da escola, palestras sobre os temas da avaliação, fóruns e seminários nos quais a comunidade seja voz ativa e não apenas ouvinte de sábios iluminados e workshops para tomada de decisão, dentre outros”, incentiva.

de abordagem dos conteúdos. Além disso, o estudo do perfil do aluno ingressante (avaliação inicial do aluno que ingressa na UniRitter) tem oferecido informações importantes para os docentes organizarem o planejamento do trabalho de acordo com essas características.

Bons exemplos Entusiasta da Avaliação Institucional quando mobiliza as pessoas para o bem comum, Maria Isabel elogia os bons exemplos e acredita que eles devem ser compartilhados. “A experiência do outro não pode ser transposta, mas pode servir de referência a outras. Se houver investimento na reflexão sistematizada sobre elas, é possível produzir conhecimentos que sejam úteis a todos que se aventurarem na avaliação participativa”, aposta. “Creio, como Paulo Freire, que a educação exige participação, para a ‘boniteza’ das ações que nos humanizam.” Estes são os casos da UniRitter e da PUCRS, que contam um pouco sobre como administram suas avaliações institucionais e delas colhem bons frutos. Acompanhe as experiências dessas duas IES.

PUCRS A autoavaliação institucional realizada pela PUCRS contempla as dez dimensões previstas no Sinaes: missão e o plano de desenvolvimento institucional, políticas para o ensino, pesquisa, pós-graduação e extensão, responsabilidade social da Instituição, políticas de pessoal, organização e gestão, infraestrutura física, políticas de atendimento aos estudantes e sustentabilidade financeira. A universidade realiza os processos com público e instrumentos diversos e periodicidade específica, e os resultados contribuem com a elaboração de ações do planejamento estratégico. Segundo a coordenadora de avaliação da Pró-Reitoria de Graduação da PUCRS, Marion Creutzberg, as ações decorrentes de avaliações na instituição são diversas e ocorrem em diferentes instâncias. Ela elenca algumas decorrentes de processos avaliativos realizados de 2005 a 2010: implantação da Central de Atendimento ao Aluno, reorganização da Ouvidoria, implantação do Laboratório de Aprendizagem (Lapren), construção do Centro de Convivência para Professores, implantação da rede wireless nos diversos espaços do campus, ampliação das vagas de estacionamento com a construção do prédio-garagem, alargamento da Avenida Ipiranga e criação de área de embarque e desembarque. Marion ressalta também que muitas são as ações específicas, em determinado setor ou unidade acadêmica. No entanto, nem todas são passíveis de divulgação quando impactam, por exemplo, em questões éticas. Outras, embora possam ser divulgadas, muito antes de o serem são implantadas quase que automaticamente nas rotinas acadêmico-administrativas. De acordo com a coordenadora, isso ocorre pela concepção de avaliação como ferramenta de gestão. Por exemplo, o gestor ou a equipe identificam na fala dos participantes algo que pode ser melhorado e imediatamente aplicam a sugestão ao processo, sem que necessariamente precise ser divulgado. Outras ações decorrentes de avaliações e que demandam médio e longo prazos são implantadas, mas nem sempre essa relação entre avaliação e planejamento fica tão claramente evidenciada.

Duplicação da avenida Ipiranga foi uma ação decorrente da avaliação institucional na PUCRS

Bruno Todeschini / PUCRS

UniRitter A Avaliação institucional na UniRitter é realizada a partir de um processo contínuo, ao longo de todo o ano. Os resultados produzidos em cada foco avaliado são divulgados, amplamente analisados pela comunidade acadêmica ou pelo segmento mais diretamente relacionado, e, então, propostas alternativas de melhoria. Um dos muitos exemplos da utilização desses resultados é o que a universidade batizou como “Avaliação do Aluno Concluinte de Graduação”. Ao final do curso, cada concluinte responde a um questionário semiestruturado avaliando a instituição, o seu curso e a formação recebida. As respostas são tratadas e analisadas, e depois constituem um relatório. Após, os concluintes são convidados a participar de uma entrevista coletiva para discutir esses resultados com a coordenação do curso e representantes da CPA. Essa avaliação feita pelos concluintes tem repercutido em mudanças importantes no currículo dos cursos, bem como no planejamento das aulas e na organização das atividades didáticas. Um curso, por exemplo, reformulou a proposta de estágio supervisionado. Em outro, buscou-se deixar mais evidente para os alunos a relação entre teoria e prática na forma

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Espaço cultural deve abrir as portas ainda neste ano

Teatro Feevale será o maior do Estado A cidade de Novo Hamburgo ganha um novo espaço cultural e multiuso: o Teatro Feevale, localizado no Campus II da Universidade Feevale. O empreendimento será administrado em parceria com a Opus Promoções, produtora gaúcha com experiência em gerenciar casas de espetáculos dentro e fora do Estado. O local vai atender às necessidades da instituição de ensino, que terá um ambiente próprio para realizar formaturas e outros eventos acadêmicos e ainda servirá de cenário para diversas produções artísticas, colocando a região do Vale do Sinos no roteiro de espetáculos nacionais e internacionais. O espaço cultural, que tem previsão para abrir suas portas oficialmente ainda este ano, tem 10 mil m² e pode receber 1.805 espectadores,

Facos oferece serviços à Apae de Osório A Facos, Faculdade Cenecista de Osório, firmou parceria com a Apae do município, com o objetivo de auxiliar no desenvolvimento cognitivo, motor e afetivo dos alunos da Associação. A iniciativa também procura auxiliar na formação dos acadêmicos da Facos, na área de educação especial. O início das atividades ocorreu no dia 1º de abril, com uma oficina de Papel Reciclado oferecida pelo Curso de Ciências Biológicas. Esta foi a primeira atividade de um conjunto de 10 oficinas a serem ministradas quinzenalmente por diferentes cursos da instituição, até o final do ano. O coordenador executivo do projeto, Igor Velho, explica que todos os cursos de graduação da instituição estarão envolvidos na iniciativa, oferecendo serviços dentro de sua área de atuação. “Os acadêmicos de Direito, por exemplo, irão proferir palestra sobre os direitos dos portadores de necessidades especiais para os responsáveis dos alunos da Apae. Já, o curso de Computação irá oferecer oficina sobre modelagem 3D, onde os participantes poderão brincar com figuras geométricas no computador”, explica Igor.

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o que o coloca no posto de maior teatro do Rio Grande do Sul. O projeto, desenvolvido pelo arquiteto Alan Astor Einsfeldt, segue a linha dos melhores teatros do país, combinando conforto e modernidade, e atende à NBR 9050, norma brasileira que trata sobre acessibilidade a edificações, mobiliário, espaços e equipamentos urbanos. Estão previstos 22 espaços provisionados para cadeirantes, obesos e pessoas com dificuldades de locomoção. Também está sendo construído, ao lado do Teatro, um edifício-garagem de sete pavimentos e com 10 mil m², que disponibilizará cerca de 550 vagas para veículos de passeio. Na parte superior desse prédio haverá um restaurante, com vista panorâmica, refeições diferenciadas e capacidade para 200 pessoas sentadas.

Oficina do papel reciclado marcou o início do projeto


Gestão da Unisinos é reconhecida A Unisinos está entre as duas instituições finalistas no Prêmio Nacional de Gestão Educacional, na categoria ‘Relacionamento com os Clientes e/ou Prospects’, com o projeto Comitê de Matrículas Unisinos. A premiação tem como objetivo estimular boas práticas relacionadas à gestão educacional. Criado pela reitoria em 2007, o comitê decorre da percepção de que o atendimento aos alunos alcançaria melhores resultados se os setores envolvidos estivessem mais integrados. “Sem alterar a estrutura organizacional da instituição, o comitê passou a ser uma instância de articulação entre os setores, que passaram a se envolver em inúmeros projetos compartilhados, sempre com a perspectiva de simplificar e dar agilidade ao atendimento aos alunos”, ressaltou o diretor da Unidade de Serviços Acadêmicos, Artur Jacobus, que esteve à frente do projeto desde o início. Integram o comitê representantes das unidades acadêmicas, além dos setores de apoio da universidade, como os de atendimento, registros, financeiro, comunicação e marketing e tecnologia da informação. Como as matrículas constituem processo que atinge diferentes áreas da instituição, optou-se por trabalhar de forma interdisciplinar e colaborativa, com pessoas de diferentes competências e níveis hierárquicos atuando em conjunto, a partir de objetivos comuns. “A principal lição do Comitê de Matrículas Unisinos foi a enorme importância da composição de um grupo que integrasse os diferentes setores, direta ou indiretamente envolvidos com a prestação de serviços. É preciso identificar e solucionar problemas, propor e efetivar melhorias e ações inovadoras. A complexidade dos processos exigiu a criação de uma alternativa de gestão. O modelo tem sido transposto com sucesso para outras áreas da universidade, materializando-se, por exemplo, no Comitê de Comercialização, que reúne gestores acadêmicos de diferentes níveis e representantes dos setores de apoio”, afirma Jacobus. O Prêmio Nacional de Gestão Educacional é uma realização da Confederação Nacional dos Estabelecimentos de Ensino (Confenen), Humus, Associação Brasileira de Mantenedores de Ensino Superior (ABMES), Associação Nacional dos Centros Universitários (Anaceu) e da Associação Brasileira das Mantenedoras das Faculdades Isoladas e Integradas (Abrafi).

50 anos de Ensino Superior em Santo Ângelo O ano de 2011 marca o cinquentenário do Instituto Cenecista de Ensino Superior de Santo Ângelo – Iesa – e do seu curso de Direito. O aniversário da instituição é marcado pelo pioneirismo. O Iesa foi o primeiro estabelecimento de ensino superior de Santo Ângelo e da sua mantenedora, a Campanha Nacional de Escolas da Comunidade (Cnec). A programação, que pretende reunir profissionais formados ao longo dos 50 anos, bem como ex-professores e ex-funcionários, foi aberta com o lançamento do Selo Comemorativo. Em junho, de 13 a 17, será realizado o Simpósio de Direito no Teatro Municipal Antônio Sepp. Já no segundo semestre ocorre o Seminário Regional de Direito Previdenciário, em julho, e a inauguração de Galerias Alusivas ao Cinquentenário - Galeria dos Fundadores e Galeria dos Ex-Diretores, em agosto. No mês de aniversário, em outubro, será o ápice da comemoração, com a realização da Semana Acadêmica de Direito. O encerramento da programação está agendado para o dia 6 de janeiro de 2012, com o lançamento da Revista Comemorativa ao Cinquentenário do Curso de Direito. Atualmente, o Iesa oferece os cursos de Direito, Ciências Contábeis, Administração, Pedagogia, Fisioterapia e Biomedicina. Também dispõe de programas de pós-graduação em nível de lato sensu. Em uma área construída de 14 mil metros quadrados, conta com mais de 2.400 alunos, cem professores e 40 funcionários.

Iesa comemora suas cinco décadas com intensa programação até o final do ano

Comitê de Matrículas resultou em melhoria nos serviços prestados pela Universidade

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Quando começou suas atividades instituição atendia meninos da região em estado de vulnerabilidade social

MEMÓRIA

Colégio Antônio Alves Ramos: 50 anos de história

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Colégio Antônio Alves Ramos (Patronato) está completando 50 anos de atuação em Santa Maria. Sua história teve início no dia 17 de março de 1929, com a inauguração do internato Patronato Agrícola Antônio Alves Ramos. O local atendia meninos da região em estado de vulnerabilidade social. Eles recebiam aulas de leitura, caligrafia, gramática, religião e matemática. Também participavam de aulas práticas de apicultura, suinocultura, jardinagem e horticultura. Com o passar do tempo foram agregados os cursos de marcenaria e tipografia. Com a necessidade de aprimorar a formação dos jovens e adolescentes, em abril de 1961, foi fundado o Ginásio Industrial. A partir dessa data, a instituição deixa de atuar num regime exclusivo de internato e é oficialmente reconhecida como uma instituição de ensino. Em 1972, com a nova Lei de Diretrizes e Bases nº 5692/71, passou a oferecer as séries finais do 1º Grau. O processo foi concluído em 1981, quando começou a funcionar todo o ensino de 1º Grau. No ano seguinte recebeu o nome de Escola de Ensino Fundamental. Em 2006, diante da possibilidade de implantação do Ensino Médio, a Escola passou a denominar-se Colégio Antônio Alves Ramos. Hoje, o Colégio Antônio Alves Ramos é uma instituição particular, de Educação Infantil e Ensino Fundamental, mantido e administrado pela Sociedade Vicente Pallotti. Sua proposta educativa visa preparar os alunos para as diversidades da vida,

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por isso sua formação consiste em preparar cidadãos conscientes de seus direitos e deveres, comprometidos com os valores éticos, humanos e religiosos. A instituição possui cerca de 530 alunos, da Educação Infantil ao Ensino Fundamental. Além do currículo, oferece em horários extraclasse aulas de violão, flauta, dança, canto, capoeira, futsal e handebol. Para comemorar o aniversário, o colégio realiza atividades até dezembro, porém as comemorações se concentraram em abril, mês do aniversário da instituição. Nesse período ocorreu o IV Congresso Internacional de Educação, realizado em conjunto com a Faculdade Palotina. Também foi realizada uma Celebração Eucarística, com a participação de padres membros da Mantenedora, ex-diretores, ex-alunos, ex-professores e exfuncionários. “Diante dos 50 anos de nosso Colégio sentimos a necessidade de agradecer a confiança e o apoio que a comunidade santamariense depositou e deposita em nossa proposta educacional. Nossa gratidão aos inúmeros colaboradores, diretores, funcionários, professores e alunos que fizeram esta história acontecer. A arte de educar é um desafio, todavia a comunidade educacional do Colégio Antônio Alves Ramos está disposta a enfrentá-lo com responsabilidade, confiança e esperança”, destaca o diretor, pe. Alexsandro Miola.


Mais de 30 anos dedicados ao Colégio Antônio Alves Ramos Comecei a trabalhar no Colégio Antônio Alves Ramos como professor de música e de ensino religioso em 10 de março de 1973. Posteriormente, até 1982, atuei também como docente de história e geografia. Do final deste ano até 30 de dezembro de 2010, respondi pela direção do Colégio, mais precisamente pela parte pedagógica. Nesse tempo sempre ensinei música, especialmente violão e canto, por meio de clubes, no Colégio. Quando o Pe. Arnaldo Giuliani, que era o diretor, me convidou para assumir a direção do Colégio fiquei um pouco receoso, pois não tinha experiência na função. Superado esse desafio, passamos a fortalecer a equipe de trabalho dos professores e funcionários. Nesse tempo o número de alunos foi crescendo, chegando a atingir mais de mil estudantes em 2004. Sempre com o apoio da mantenedora, a Sociedade Vicente Pallotti, conseguimos realizar as mudanças na parte física – como salas novas, laboratórios, ginásio de esportes, salão de atos, acesso coberto para os alunos... Enfim, a adaptação física para o Colégio atender mais de mil alunos. Com o apoio de profissionais competentes, conseguimos avançar na parte pedagógica e colocar o Colégio como escola referência de bom ensino na cidade de Santa Maria. Sinto-me privilegiado por fazer parte dos 50 anos da instituição. Nunca esqueço que junto comigo sempre trabalhou

uma equipe dedicada e competente. Nela destaco professores e funcionários, alunos e seus familiares e a mantenedora, Sociedade Vicente Pallotti. Pessoalmente sempre procurei dar o melhor de mim para contribuir com a bela história do Colégio. Nesses 50 anos, a instituição registrou uma história de pessoas e de vida. Promoveu, qualificou, valorizou alunos, funcionários e professores. Muitos ex-alunos são hoje destaque na sociedade local como profissionais liberais bem-sucedidos ou até mesmo como empresários. Nos ex-alunos que encontramos, ouvimos sempre declarações de saudade do tempo de estudantes, do clima acolhedor e dos valores que nortearam suas vidas. Cada um de nós passa. O Colégio continua. E com ele outras pessoas vão continuando esta história. Por isso a minha palavra é de coragem, de busca contínua de aperfeiçoamento do trabalho de cada um, para assim continuar qualificando o processo pedagógico do Colégio. Como diz uma frase do hino do cinquentenário, escrito por mim: “Aos religiosos, funcionários, professores, continuem nesta luta tão brilhante”. Professor Antonio José Campagnolo, ex-diretor do Colégio Antônio Alves Ramos

Hoje a instituição atende alunos da Educação Infantil ao Ensino Fundamental

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Aline Schmidt

PAINEL Cenecista João Batista de Mello oferece yoga no currículo

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ais concentração, tranquilidade e autoconhecimento. Esses são alguns dos benefícios que a prática da yoga está trazendo às crianças do Turno Integral do Colégio Cenecista João Batista de Mello, em Lajeado. A ideia teve como ponto de partida o interesse do colégio em oferecer uma prática que viesse ao encontro do aprimoramento pessoal e do autoconhecimento. Segundo a diretora Graziela Cristina Lorencet, o objetivo deste complemento curricular é canalizar a energia das crianças para o equilíbrio emocional e intelectual, estreitando e fortalecendo vínculos de convívio social. A aula é ministrada pela psicopedagoga Letícia Mury Girardi, com formação em yoga para crianças e adolescentes. Participam alunos com idades entre 8 e 11 anos, que frequentam a turma do Turno Integral III. O objetivo é utilizar a yoga como recurso psicopedagógico, a fim de detectar as dificuldades e necessidades das crianças e envolver professores na implementação de novas estratégias de ensino e de aprendizagem. “É possível desenvolver uma aula inteira de yoga para promover mais estabilidade em crianças com hiperatividade, bipolaridade e déficit de atenção”, explica Letícia.

Monteiro Lobato comemora seus 40 anos O Colégio Monteiro Lobato de Porto Alegre está comemorando 40 anos. A data será lembrada nas diferentes atividades promovidas pela instituição, ao longo do ano letivo. As comemorações se iniciaram já no Seminário Pedagógico, dentro do Projeto de Formação Continuada para professores, realizado em janeiro. A programação contou com a participação de especialistas que trataram de temas importantes como memória, drogadição e inclusão. No dia do aniversário, em 18 de abril, o colégio trouxe o psiquiatra Celso Gutfreind para participar da XXV Feira do Livro. Outra atividade que marcou o aniversário foi a Olimpíada Esportiva dos 40 anos, realizada de 30 de abril a 7 de maio. O evento congregou os alunos em torno de atividades esportivas e culturais com envolvimento de toda a comunidade escolar. Para o segundo semestre está sendo programado o ‘Monteiro, Mostra Tua Cara’, no dia 22 de outubro.

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Prática é utilizada como recurso psicopedagógico

Escola Técnica Machado de Assis oferece apoio à aprendizagem Com o objetivo de melhorar o processo de ensino e de aprendizagem, a Escola Técnica Machado de Assis da Fema, de Santa Rosa, oferece aos alunos, familiares e professores atendimento educacional e psicológico individualizado, por meio do Serviço de Apoio no Ensino-Aprendizagem. Os profissionais que atuam na área desenvolvem um conjunto de estratégias para trabalhar as dificuldades tanto em sala de aula como no contexto familiar, e realizam encaminhamentos para avaliações clínicas, quando necessário. O serviço é oferecido no turno inverso. “Desenvolve-se um trabalho de forma que se observam as necessidades de cada um, diagnosticando patologias presentes no espaço escolar que impedem a aprendizagem, e são confundidas com ‘desinteresse’ ou ‘irresponsabilidade’ do aluno, levando à reprovação até mais de uma vez numa mesma série” explicam as profissionais que atuam no serviço, a professora Elisete Maria Fritsch e o psicólogo Wilson Nei Gonçalves.

“Este é um ano representativo, um marco histórico de uma instituição que nasceu de um projeto de três educadoras, Maria Helena Lobato, Nara Maria Lobato de Almeida e Vera Maria Lobato da Costa, com a inclusão posterior à equipe de Maria Alice Lobato, que aceitaram como desafio formar pessoas melhores para exercer sua cidadania de forma consciente”, lembra a coordenadora pedagógica geral Liana Dias de Souza.


Projeto é uma forma lúdica e prazerosa de trabalhar com habilidades cognitivas

Escola de Aplicação conta com aulas de robótica

Jogos entram no currículo do Colégio Americano O Colégio Metodista Americano de Porto Alegre trouxe novidades para os alunos neste ano. Foi adotado um complemento de metodologia de ensino para os estudantes do nível 4 da Educação Infantil à 6ª série do Ensino Fundamental: o Mind Lab – Menteinovadora. O Menteinovadora é uma proposta de desenvolvimento da inteligência por meio de jogos integrados ao currículo escolar, que acontece uma vez por semana, em duplas, grupos ou individualmente. Segundo a supervisora da Educação Infantil e Séries Iniciais do Ensino Fundamental, Débora Heineck, o colégio adotou o projeto por ser uma forma lúdica e prazerosa de trabalhar com habilidades cognitivas, como resolver problemas, tomar decisões, concluir logicamente, investigar, entre outras. As atividades também têm finalidades emocionais: lidar com regras, trabalhar em equipe, aprender com o erro. Cada professor e cada aluno têm seu kit, que contém um dos jogos da sua série e o material de registro de descobertas e desafios. Para participar do projeto os docentes passaram por um processo de capacitação, totalizando 24 horas. Os alunos do 2º ano desenvolveram, em sua segunda experiência com o Menteinovadora, o jogo Chifoumi. A professora responsável pela turma, Luciana Canals, explica que o Chifoumi é um jogo semelhante ao conhecido “pedra, papel e tesoura”, mas é jogado em tabuleiro. Para a aluna Alice Chishman Mucenic, “o jogo ensina que ganhar ou perder não tem importância. O importante é participar”.

A partir deste ano, a Escola de Educação Básica Feevale – Escola de Aplicação, de Novo Hamburgo, oferece aula de robótica para alunos entre 9 e 14 anos. Conforme o professor Marcelo Josue Telles, a robótica ajuda na formação dos estudantes nas áreas de informática, eletrônica, física e mecânica. “Além disso, desenvolve a integração, o trabalho em equipe e o conhecimento das tecnologias de automação”, afirma. Entre os objetivos das aulas, está o First Lego League (FLL), um programa global que visa incentivar jovens estudantes na área da Ciência e Tecnologia, colocando-os em contato direto com a engenharia e computação na criação de robôs. A etapa regional da FLL acontece no Campus II da Universidade Feevale desde 2010. O desafio dos alunos é criar um robô autônomo que em um tempo determinado possa executar atividades preestabelecidas, inventar uma solução para cada tarefa. Também é preciso criar uma apresentação sobre essa solução e demonstrá-la aos jurados. “Sempre gostei de informática, mecânica e montar coisas, então quando soube das aulas pedi para a minha mãe me matricular”, conta Augusto Fuhr, 10 anos, da turma 321F. “Penso em trabalhar com algo relacionado à tecnologia no futuro, e as aulas de robótica com certeza vão me dar experiência para isso”, completa o aluno. Para Gabriel Rodrigues Bohs, 9 anos, da turma 221F, a parte mais divertida é a de montar robôs. “Podemos montá-los como queremos e isso é muito legal! Como meu pai trabalha com informática, me interesso pelo assunto desde pequeno e pretendo trabalhar com robótica futuramente”, garante o estudante.

Sagrado Coração de Jesus reúne pais e filhos em oficinas No dia 2 de abril os alunos das turmas da Educação Infantil do Colégio Sagrado Coração de Jesus, de Ijuí, tiveram uma tarde especial. Acompanhados de seus familiares, participaram de oficinas envolvendo as aulas especializadas de inglês, informática, musicalização e recreação. Também puderam brincar na pracinha e nos brinquedos montados no pátio da escola. Nessas oficinas os pais acompanharam e vivenciaram as atividades que ocorrem no cotidiano das crianças e conheceram melhor a estrutura física e os equipamentos que a escola possui para atender os 120 alunos que estão na Educação Infantil. As aulas especializadas são oferecidas desde a turma da Creche 2 e fazem parte dos planos de estudos da escola, complementando o trabalho realizado pelos professores. Pais vivenciaram as atividades que ocorrem no cotidiano das crianças

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Instituição comemora com a comunidade as mais de sete décadas de história

Grupo de Pais é espaço para troca de experiências entre escola e família

Colégio Sinodal completa 75 anos O Colégio Sinodal, de São Leopoldo, está completando 75 anos em maio. Para lembrar a data, uma série de atrações irão ocorrer ao longo do ano. Além dos eventos realizados no mês de aniversário, a instituição irá lembrar a comemoração ao longo do ano em atividades tradicionais como o Dia da Família, a Festa Junina, a Gincana Escolar, entre outras. Um baile também está sendo preparado para o dia 21 de maio, na Sociedade Orpheu. Para que tudo funcione de forma organizada, uma comissão de quase 20 pessoas está se reunindo desde o final do ano passado para pensar em cada detalhe das atividades. Além das comemorações, a agência de publicidade COMGPS criou um selo pelos 75 anos. Conforme o diretor da agência, Mauro Blankenheim, o selo foi criado a partir da inspiração dos valores que norteiam o colégio. “Comemorar 75 anos, por si só, já é uma data respeitável. Nada mais justo do que celebrar esse momento com uma nova marca, no caso, o selo, associado à logomarca, que foi renovada por ocasião dos 70 anos. Ainda mais para uma instituição que vive talvez um de seus momentos mais ricos, figurando sempre entre as cinco escolas mais prestigiadas do estado e reconhecida nacionalmente”, afirma.

A Escola Nossa Senhora do Brasil, de Porto Alegre, criou um espaço para discutir a relação entre a escola e a família e as responsabilidades de cada um na educação dos estudantes, por meio do projeto Grupo de Pais. Os pais participam sistematicamente de encontros onde são apresentados temas da atualidade para reflexão e discussão, visando compreender necessidades, entendimentos e angústias das famílias. “Abre-se um espaço de troca de experiências extremamente válida diante de organizações familiares tão diferenciadas”, destacam as orientadoras educacionais Márcia Senna e Claudete Stumpf. “Hoje, encontramos na escola um mundo diverso de constelações familiares, nucleares ou não. O que importa é que realmente a criança possa entender que tanto a família quanto a Escola agem de forma que exista ternura nas ações e firmeza nas atitudes e decisões, que uma não invalida a outra, mas sim dá continuidade a um único objetivo”, acreditam as educadoras.

Trabalho desenvolvido pela instituição respeita cada fase do aluno

Alfabetização é processo de construção no Colégio Medianeira Aprender a ler e escrever é sempre algo muito esperado pelos alunos e seus familiares quando as crianças ingressam no ambiente escolar. No Colégio Medianeira de Bento Gonçalves esse processo é construído diariamente com os estudantes e ocorre de forma natural. O primeiro passo é praticar a área sensorial, ou seja, as crianças utilizam o dedo indicador para conhecer, sensorialmente, cada letra. Nesse processo, aos poucos, os alunos substituem o dedo pelo lápis, transformando este movimento na escrita. Em cada nova etapa o professor trabalha o ensino individualizado ou em grupo, adaptando-se às necessidades de cada aluno.

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O ditado é o próximo passo para a alfabetização e faz parte da rotina diária dos alunos do 1º e 2º ano do Ensino Fundamental. A criança observa, constrói a palavra, lê, registra e passa a organizar frases e posteriormente textos. O ditado está dividido em níveis, separado por cores, que representam etapas a serem vencidas. “Por meio desse trabalho os progressos observados nos alunos são imensos e a aprendizagem torna-se, assim, natural e prazerosa. Aprender a ler e a escrever torna-se um jogo diário, em que cada conquista é registrada e comemorada”, afirma a coordenadora pedagógica Veridiane Santarosa.


Aprender Física é despertar a curiosidade Um espaço onde o aluno tem a oportunidade de criar, construir, pesquisar, praticar e vivenciar o método científico e, acima de tudo, apaixonar-se pela ciência. Essa é a proposta da nova sala de Física do Colégio João XXIII, de Porto Alegre. Chamado de ‘Confraria de Ideias e Invenções’ o espaço é destinado a conquistar alunos de 5ª a 7ª séries do Ensino Fundamental para o mundo da Física. Conforme explica a professora responsável pelo projeto, Anna Maria Daniele, o interesse pela ciência é despertado especialmente entre 10 e 13 anos de idade, por isso a iniciativa é focada nesta faixa etária. A Confraria de Ideias e Invenções traz os alunos à Escola no turno inverso para que possam vivenciar o método científico por meio da pesquisa e da construção de projetos envolvendo a física e a sua relação com o cotidiano. A coordenadora pedagógica Rosa Maria Limongi Ely afirma que se trata de um espaço de hipóteses e teorias, que estabelecem conexões concretas com a realidade, além de exercitar o raciocínio lógico, fatores importantes para as demais áreas do conhecimento e da aprendizagem. O ambiente da sala foi especialmente planejado em função da proposta pedagógica e da faixa etária dos alunos. Inclui piso emborrachado, cortinas black out (bloqueiam a luz solar), livros e ferramentas específicas da área, além das instalações para uso de computadores pessoais e acesso à internet.

João XXIII criou um espaço para conquistar os alunos para o mundo da Física

Aulas mais interativas com o uso de lousa digital

Professores e alunos revivem a fundação do Instituto São José Para comemorar os 105 anos de fundação do Instituto de Educação São José, de Montenegro, as professoras fizeram uma surpresa para os estudantes, vestiram-se de freiras para recepcionar os alunos na chegada à escola. O momento inusitado foi uma forma criativa de lembrar a história das Irmãs de São José, responsáveis pela fundação da escola. O aniversário também foi lembrado por meio do projeto ‘Escola’, em que alunos conheceram as dependências da instituição centenária e visitaram o Museu que abriga a história do Instituto São José.

Desde março, os estudantes e educadores do Colégio Marista São Pedro, de Porto Alegre, estão utilizando a lousa interativa instalada na Sala Multimídia. Com tecnologia touch screen (sensível ao toque dos dedos ou de canetas específicas), o recurso pode ser usado como quadro branco ou como a tela de um computador, com alta qualidade de projeção. O equipamento opera em qualquer software que esteja em funcionamento. Além disso, oferece um programa específico que permite o trabalho com imagens, textos, tabelas, gráficos, aplicativos, conteúdos multimídia, entre outras possibilidades. A lousa pode ser utilizada por todas as turmas da instituição, da Educação Infantil ao Ensino Médio. Suas funcionalidades propiciam aulas mais dinâmicas e atrativas, ilustradas e, principalmente, com maior rendimento, ampliando a interação entre estudante e educador. A primeira etapa do treinamento para uso da lousa ocorreu em fevereiro, durante a Semana de Planejamento. O trabalho vem sendo complementado com novos momentos de capacitação realizados com o auxílio do setor de Tecnologia Educacional.

‘Freiras’ recepcionaram os alunos na chegada à escola

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ARTIGO Redes Sociais e Instituições

Fatores facilitadores para uma instituição ingressar e manter relacionamentos nas redes sociais Por Poliana dos Santos Fraga* RESUMO O presente estudo tem por objetivo identificar e analisar os fatores facilitadores para que uma instituição ingresse e mantenha relacionamento nas redes sociais. O trabalho foi desenvolvido a partir de pesquisa bibliográfica e investigação de campo por meio da análise de dados qualitativos, com a entrevista de profissionais que gerenciam as redes sociais de duas instituições e três usuários das redes sociais de cada uma dessas instituições. A partir disso, iniciou-se a compreensão sobre como as instituições organizam o seu relacionamento através das redes sociais e como trabalham a inovação nesses ambientes. Além disso, avaliou-se a percepção dos usuários das redes sociais em relação ao modo como as instituições entrevistadas as utilizam. Observou-se que as redes sociais podem ser excelentes canais de comunicação para as instituições estabelecerem relacionamento inovador com seus consumidores. Descobriu-se ainda a importância de as instituições desenvolverem o trabalho nas redes sociais a partir das necessidades e desejos que os usuários apontam nesses espaços, o que facilita o planejamento das ações a serem realizadas e propicia o alcance de melhores resultados. Palavras-Chave: Redes Sociais. Relacionamentos. Instituições . Usuários.

INTRODUÇÃO tualmente, muito se tem falado sobre as redes sociais. Definidas como páginas na web em que se podem publicar perfis públicos, com fotos e dados pessoais, além de ter uma lista de amigos que integram o mesmo site (SCHELP, 2009), nota-se que elas estão ganhando cada vez mais espaço entre diferentes públicos, além de propiciar o desenvolvimento de relacionamentos virtuais entre instituições e clientes. As redes sociais envolvem pessoas e, por isso, é adequado que estabeleçam uma relação sustentável e verdadeira com seus usuários. Recuero (2009, p. 17) afirma que “essas redes conectam não apenas computadores, mas pessoas”. E no momento em que as redes sociais envolvem diferentes usuários de determinados produtos e serviços, observa-se a importância de as instituições estarem cada vez mais atentas em atender positivamente às expectativas dos seus consumidores no novo cenário que passa a ser percebido como um espaço diferenciado para a construção de relacionamentos. Dentro desse contexto, o presente estudo busca identificar quais os fatores facilitadores para que uma instituição ingresse e mantenha relacionamentos através das redes sociais. Para tanto, serão identificados aspectos que auxiliem a instituição na escolha pelo uso de determinada rede social, com olhar na identificação do consumidor com o produto ou serviço oferecido. A partir dessa abordagem, realizou-se uma pesquisa exploratória com organizações atuantes nas redes sociais, e foram selecionadas duas instituições para estudo de caso. Por razões de privacidade das informações, as instituições serão identificadas como instituição 01 e instituição 02. Foram realizadas entrevistas com profissionais da instituição 01 e da instituição 02, bem como entrevistas com três usuários das redes sociais de cada uma delas.

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1 As instituições nas redes sociais Os termos redes ou mídias sociais são muito abrangentes, e podese dizer que são espaços que não apenas relacionam indivíduos, mas que relacionam grupos de pessoas que interagem de acordo com interesses comuns (COMM, 2009). As redes sociais, além de possibilitarem interação entre sujeitos, propiciam um novo espaço para a comunicação corporativa, que permite que as organizações desenvolvam um relacionamento mais direcionado aos seus consumidores. Segundo Charlene Li (2009), em entrevista para a Revista HSMManagement, “as instituições querem que as pessoas comentem seus conteúdos e difundam informações sobre seus produtos e serviços”. A entrevistada também ressalta que “as redes sociais parecem ser a chave do futuro corporativo”, pois possibilitam uma comunicação direcionada e inovadora. Dessa forma, nota-se que as organizações estão começando a descobrir esse novo canal de relacionamento que surge a partir das redes sociais, utilizando-as para consolidar suas marcas e aproximarse de maneira criativa e inovadora do público-alvo. 2 O posicionamento das instituições nas redes sociais As instituições estão descobrindo diariamente o poder das redes sociais, mas também detectando dificuldades em relação a como desenvolver o trabalho nesse novo espaço. Apesar disso, entendem que não podem ficar sem atuar nesse meio, precisando aprender como fazer (FERNANDES, 2009). Pelo impacto que traz à imagem da organização, espera-se que

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cada instituição analise estrategicamente o seu contexto e decida ou não pelo ingresso no novo espaço de relacionamento com seus consumidores. Isto porque a escolha por fazer parte das redes reside em contar com um trabalho transparente, sustentável e verdadeiro com os usuários. A era atual implica transparência e, na Internet, nada mais pode ser escondido (VAZ, 2008). Por isso, destaca-se a necessidade de que cada organização reflita sobre qual será o seu posicionamento nesse novo espaço, pois se a decisão for pela participação, espera-se que o trabalho seja desenvolvido de forma consistente e alinhada com as necessidades e desejos dos seus usuários, já que nesses ambientes as informações circulam com ampla velocidade e percebe-se que não é positivo para as marcas que sejam disseminadas informações que prejudiquem sua imagem. 3 O planejamento do trabalho das instituições nas redes sociais Dentro do processo de planejamento, compreende-se que saber ouvir os usuários das redes sociais parece fundamental para que as suas necessidades e desejos possam ser atendidos da melhor maneira possível. A verdadeira comunicação acontece de forma bidirecional, e no ambiente conectado só faz sentido propiciar uma comunicação interativa (FERNANDES, 2009). Charlene Li (2009) defende um planejamento de quatro passos, em que inicialmente se descobre como o público-alvo da organização utiliza a tecnologia. Depois, especificam-se os objetivos que se quer alcançar. Após, são estabelecidos a estratégia e o foco do trabalho a ser desenvolvido, analisando que tipos de relações a instituição quer ter com os clientes. E, por último, vem a tecnologia. Sendo assim, nota-se que as próprias redes sociais podem ajudar as instituições no momento da pesquisa e do planejamento para a execução do trabalho na área. Porém, ressalta-se a importância de que os dados coletados nesses espaços sejam interpretados por profissionais que conheçam a cultura da organização, com o objetivo de gerar informações capazes de criar um planejamento que esteja de acordo com o posicionamento estratégico da instituição. 4 A mensuração/avaliação do trabalho das instituições nas redes sociais Segundo Charlene Li (2009), o trabalho na área de redes sociais não necessita de grandes investimentos, pois a maioria delas costuma ser gratuita. Porém, esses meios envolvem muito trabalho e é adequado que sejam controlados por pessoas comprometidas com a atividade, desenvolvendo um trabalho consistente. É importante saber ouvir os comentários dos usuários e, a partir dessas informações, descobrir como aperfeiçoar os produtos ou serviços da instituição, contribuindo para a geração de melhores resultados. A avaliação do trabalho desenvolvido nas redes sociais permite que as ações possam ser ajustadas conforme as expectativas do público-alvo, além de propiciarem dados importantes para decisões estratégicas da organização, como a criação ou a adequação de produtos e serviços. Nesses espaços, os feedbacks dos usuários costumam oferecer uma série de informações relevantes sobre a atuação das organizações. 5 A inovação institucional nas redes sociais Na Internet encontra-se um espaço que propicia comunicação, troca de informações e entretenimento. Nesse veículo, as instituições que ofereçam informações que possibilitem aprendizado, diversão e interação com outras pessoas poderão criar vínculos emocionais

com seus possíveis consumidores (VAZ, 2008). O tipo de comunicação disponibilizado nas redes sociais pode proporcionar que seus usuários interajam com mais facilidade e se surpreendam com a organização responsável pelas informações. Por isso, observa-se que não basta que as instituições ingressem nesse novo espaço e permaneçam realizando as mesmas ações por um longo período. A Internet oferece mudanças muito ágeis e, dentro desse contexto, espera-se que as organizações criem estratégias que atendam aos perfis dos usuários, que, na maioria dos casos, contam com rápida adaptação às mudanças virtuais. 6 Atuação das instituições entrevistadas nas redes sociais Para analisar o trabalho que tem sido desenvolvido pelas instituições nas redes sociais, foram realizadas entrevistas com os profissionais responsáveis pelo gerenciamento do trabalho em duas instituições que atuam no ramo de serviços. 6.1 Instituição 01 A instituição 01 está presente nas redes sociais desde novembro de 2009. Tem perfil no Twitter, perfil no Orkut e fan page no Facebook. Nesses espaços, busca fidelizar e ouvir seus clientes, considerando-os como uma amostra significativa do mercado. O objetivo do trabalho nas redes sociais é qualificar ainda mais o relacionamento com seus públicos, interagindo e trocando informações. A instituição atua com metas de crescimento e de engajamento dos internautas para o desenvolvimento do trabalho. A avaliação do trabalho acontece a partir das interações que são recebidas da audiência, do crescimento no número de participantes, da forma como os usuários participam das promoções que são lançadas e do comparativo feito com as comunidades da concorrência. Em relação à expansão das atividades nas redes sociais, a instituição pensa em aumentar a interação e começar a trabalhar com aplicativos divertidos, que aumentem a interação da marca e o engajamento dos usuários. Por enquanto, a instituição não planeja entrar em novas redes sociais, mas está atenta a novas redes que possam se tornar relevantes. No momento da tomada de decisões estratégicas sobre a criação e a adequação de seus serviços, a instituição utiliza informações que são geradas a partir das redes sociais, pois considera esses espaços como fonte permanente de pesquisa do humor do cliente. Em relação aos benefícios do trabalho nas redes sociais, a instituição explica que as organizações aprendem sobre si mesmas, além de poder ouvir o cliente com investimentos mais acessíveis e ágeis, o que facilita a adaptação das estratégias. Já em relação às dificuldades, a instituição comenta que ninguém sabe exatamente como lidar com as redes sociais e que elas são totalmente imprevisíveis. 6.2 Instituição 02 A instituição 02 está presente nas redes sociais desde 2009 e participa com perfil no Orkut, perfil no MySpace, fan page no Facebook e perfil no Twitter. O objetivo da atuação nas redes sociais é tornar a instituição mais próxima dos seus públicos, aumentando a interatividade. As metas são organizadas no sentido de intensificar e ampliar a presença nesses ambientes. A avaliação do trabalho nas redes sociais acontece por meio do recebimento de sugestões, opiniões e do estreitamento do diálogo com os públicos.

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A instituição pretende expandir a atuação nas redes sociais via a possibilidade de os internautas receberem conteúdos segmentados, de acordo com suas preferências. Na instituição, as redes sociais são utilizadas como parâmetro para muitas ações relacionadas ao comportamento dos internautas. Para a organização, a maior dificuldade de atuação nas redes sociais está na ainda modesta participação dos usuários. 7 Opinião dos usuários sobre a atuação das instituições entrevistadas nas redes sociais Com o intuito de avaliar o trabalho das instituições entrevistadas nas redes sociais, foram realizadas entrevistas com três usuários das redes sociais de cada uma das organizações. 7.1 Usuários das redes sociais da instituição 01 Os três usuários das redes sociais da instituição 01 que foram entrevistados são moradores de São Paulo e têm idade entre 27 e 34 anos. Cada um deles participa em média de quatro redes sociais e em torno de 83% das pessoas que conhecem também participam desses espaços. Acreditam que as redes sociais representam uma maneira acessível financeiramente, prática, rápida e eficiente para conversar com o cliente de maneira interativa e transparente. Em geral, avaliam esse relacionamento como algo extremamente positivo, sendo um canal valioso para aproximar instituições e clientes. Sobre a interação com a instituição 01 nas redes sociais, os entrevistados comentam que participam pouco, mas observam que o Twitter está bom, com dicas e datas de eventos, o que citam como positivo. Também notam que não há nenhum grupo se opondo ao modo como a organização se posiciona nesses espaços, o que consideram positivo para a marca. Percebem que a instituição atua de maneira transparente nesses espaços e sugerem que desenvolva ações no sentido de propiciar que as pessoas interessadas na sua marca possam interagir e se conhecer, já que têm interesses comuns . 7.2 Usuários das redes sociais da instituição 02 Os três usuários das redes sociais da instituição 02 que foram entrevistados são moradores do Rio Grande do Sul e têm idade entre 19 e 23 anos. Observa-se que as redes sociais mais utilizadas por eles são o Orkut e o Twitter. Também se nota que eles enxergam as redes sociais como espaços para aproximar pessoas e propiciar que elas expressem seus modos de vida, por meio do agrupamento por gostos e opiniões. Os usuários acreditam que as redes sociais evoluíram tanto que a participação das organizações é indispensável, já que com o acesso virtual é possível ter uma relação mais próxima com o cliente. Afirmam que as instituições que ingressam nas redes sociais possuem um diferencial em comunicação, pois esses canais permitem um contato direto da organização com os clientes. Porém, comentam que esse contato deve ser organizado com muito cuidado para não prejudicar a imagem da instituição.

Nota-se que os usuários da instituição 02 percebem que ela tem participado das redes sociais, mas que não tem estabelecido uma relação no sentido de aproximar-se dos participantes. Eles afirmam que a organização tem oferecido o que se espera, mas não está indo além nas ações realizadas. Inclusive, sugerem novas possibilidades de uso das redes sociais, como o desenvolvimento de um relacionamento mais afetivo e inovador. Sugere-se que a organização reavalie o foco de trabalho nas redes para que os usuários sintam-se estimulados a interagir com a marca nesses ambientes. CONSIDERAÇÕES FINAIS Após a análise dos dados da pesquisa, nota-se que as redes sociais são espaços que, quando utilizados com foco e responsabilidade por parte das organizações, podem contribuir positivamente para a qualificação dos relacionamentos. As redes sociais oferecem um ambiente onde as organizações podem compartilhar informações com seus usuários, realizar promoções, ouvir sugestões e opiniões dos seus participantes, com o objetivo de qualificar seus produtos e serviços, atendendo satisfatoriamente aos desejos e às necessidades do seu público. Inclusive, as informações geradas nas redes sociais podem ser o ponto de partida para a tomada de decisões em momentos estratégicos, como, por exemplo, em situações de criação e adequação de produtos e serviços. Nota-se que muitos fatores permeiam o trabalho das organizações nas redes sociais, como, por exemplo, o posicionamento, o planejamento, a avaliação e a inovação. Todas essas etapas colaboram para que se alcancem os objetivos do trabalho, que devem ser claros e de acordo com o que a organização pretende nesses ambientes. Dessa forma, acredita-se que os fatores facilitadores para uma instituição ingressar e manter relacionamento nas redes sociais devem ser, na maioria das vezes, analisados junto aos seus públicosalvo, pois o trabalho de conhecer a opinião dos consumidores é essencial. A partir disso, cabe a cada instituição observar, compreender e depois planejar o trabalho nas redes sociais. Também se nota a importância de que os objetivos sejam definidos com clareza, que haja avaliação constante e que as ações desenvolvidas nas redes sociais estejam vinculadas ao modo como a instituição se posiciona fora do ambiente digital.

REFERÊNCIAS

COMM, Joel. O poder do twitter: estratégias para dominar seu mercado e atingir seus objetivos com um tweet por vez/ Joel Comm, tradução Leonardo Abramowicz. São Paulo: Gente, 2009. FERNANDES, Manoel. Do Broadcast ao Socialcast – Como as redes sociais estão transformando o mundo dos negócios. São Paulo: W3 Geoinformação Editora Ltda, 2009. LI, Charlene. In: Bússola Virtual. Revista HSMManagement, São Paulo, v. 06, n. 77, p. 82, Nov./dez. 2009. RECUERO, Raquel. Redes sociais na internet. Porto Alegre: Sulina, 2009. SCHELP, Diogo. Nos laços (fracos) da internet. 2009. Revista Veja.com, 8 jul. 2009. Disponível em: <http://veja.abril.com.br/080709/nos-lacos-fracos-internet-p-94. shtml>. Acesso em: 30 mai. 2010.

*MBA em Marketing Estratégico (Unisinos); Graduada em Comunicação Social, habilitação em Relações Públicas (Unisinos). E-mail: poly.rp@ig.com.br

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VAZ, Conrado Adolpho. Google marketing: o guia definitivo de marketing digital. 2. ed. São Paulo: Novatec, 2008.


LEGISLAÇÃO DE ENSINO Parecer CNE/CEB nº 7/2010 Este Parecer, juntamente com a Resolução CNE/CEB nº 4/2010, estabelece as Diretrizes Curriculares Nacionais Gerais para a Educação Básica.

N

a Educação em Revista de setembro/2010 fizemos pequena análise da referida Resolução. Pequena porque tratamos em conjunto com outra legislação de ensino no mesmo texto. Como conhecemos por experiências anteriores, os Conselhos de Educação, quando tratam de Diretrizes Curriculares, apresentam documentos legais extensos para dar a profundidade e compreensão que o tema requer. Queremos lembrar que, após a promulgação da LDBEN em 1996, o Conselho Nacional de Educação exarou Diretrizes Curriculares para toda a educação brasileira, com o intuito de colaborar na implantação da Lei. Foram relevantes. Neste momento (quase 15 anos da promulgação da LDBEN), ressignificá-las torna-se necessário. Para relembrar e, ao mesmo tempo, chamar atenção, o conceito de Diretrizes Curriculares é “conjunto de definições doutrinárias sobre princípios, fundamentos e procedimentos da educação básica que orientarão [grifo nosso] as escolas brasileiras dos sistemas de ensino na organização, articulação, desenvolvimento e avaliação de suas propostas pedagógicas” (Resolução CEN/CEB nº 2/98). Sabemos que os princípios, os fundamentos da educação brasileira estão claros na LDBEN, assim como as diferentes formas de organização da educação. Voltando ao Parecer CNE/CEB nº 7/2010, mais especificamente ao item 2.4 – Organização Curricular: conceito, limites, possibilidades. É apresentado o conceito de currículo trazido pelos autores Moreira e Candau (2006), “conjunto de práticas que proporcionam a produção, a circulação e o consumo de significados no espaço social e que contribuem, intensamente, para a construção de identidades sociais e culturais”. Entendemos, pela liberdade que a legislação de ensino traz, que as escolas podem utilizar outras referências para o entendimento de “currículo”. O referido Parecer expressa que “as fronteiras [entendamos limites e possibilidades] são demarcadas quando se admite tão somente a ideia de currículo formal”. Como o próprio Parecer expressa, as reflexões teóricas sobre currículo que as escolas fazem partem dos princípios educacionais, capitaneados pela “liberdade de aprender, ensinar, pesquisar, de divulgar a cultura, o pensamento, a arte e o conhecimento científico, além do pluralismo de ideias e de concepções pedagógicas [grifo nosso]”. É de livre escolha das instituições escolares a concepção pedagógica que adotam.

Olhemos agora o item 2.4.1 do supramencionado Parecer: Formas para a organização curricular. O Parecer expressa que “na Educação Básica, a organização do tempo curricular deve ser construída em função das peculiaridades de seu meio e das características próprias de seus estudantes, não se restringindo às aulas de várias disciplinas”. A concepção e a organização do espaço curricular e físico estão interligadas e as escolas devem ter a clareza de que, além de ambientes físicos, didático-pedagógicos e equipamentos, o currículo inclui outros espaços e também pressupõe profissionais da educação dispostos a reinventar esta escola, juntamente com os profissionais encarregados da gestão escolar, numa responsabilidade compartilhada. Importante salientar que é na organização e gestão do currículo, na sua forma de abordagem que se revela a visão de mundo que orienta as práticas pedagógicas dos educadores, bem como a organização do trabalho dos alunos. É de livre escolha a forma de organização e gestão do currículo – disciplinar, interdisciplinar, transdisciplinar... . Sabemos que a abordagem da organização curricular de “forma interdisciplinar” facilita a transversalidade dos eixos temáticos que, obrigatoriamente, devem ser estudados no currículo escolar, mas nossa preocupação é: está o professor preparado, seguro, em trabalhar o currículo de forma interdisciplinar, ou mesmo, transdisciplinar? As Agências Formadoras desses profissionais desenvolveram com eles outra forma de organização curricular que não a disciplinar?! Temos que ter a clareza de que em qualquer inovação que se queira fazer no currículo escolar, necessariamente, o profissional professor tem que ter segurança no que irá fazer, pois é ele que está diretamente “ligado” no e com o currículo. Outra ponderação que o item 2.4.1 nos traz é no sentido de que a comunidade educacional ainda permanece com a visão de currículo como “grade curricular” e não como “matriz curricular”. A concepção como matriz curricular é subsídio para a gestão da escola na organização do tempo e espaço curricular, distribuição e controle da carga horária docente; é o primeiro passo para gestão centrada na abordagem interdisciplinar em que a matriz se organiza em eixos temáticos, definidos pela escola ou mantenedora. Mas para a escola implantar esta forma de organização curricular, torna-se necessário que o professor esteja instrumentalizado e queira “abraçar” a mudança. Sabemos que é necessário mudar a concepção de currículo fragmentado, mas para isso é necessário que a escola/mantenedora discuta o currículo, para que a aprendizagem realmente aconteça, compreenda que todas as áreas do conhecimento são importantes e compreenda mais, que a legislação de ensino não determina esta ou aquela forma de fazer currículo. A legislação traz, sim, uma concepção moderna de organização curricular, mas cabe à escola fazer sua escolha, com segurança e, principalmente, tendo a compreensão do porquê é necessário mudar e não mudar para nada mudar. Célia Silveira

Especialista em supervisão educacional

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CINEMA

Da Toscana ao Irã: Cópia Fiel discute a situação da mulher e confirma o talento de Abbas Kiarostami Por Adriana Kurtz*

“Cópia Fiel”, primeiro filme do mestre Abbas Kiarostami rodado fora do seu país, retoma os grandes temas de sua cinematografia num cenário idílico da Toscana e coloca em primeiro plano a beleza e o talento da atriz francesa Juliette Binoche. O filme nos relembra, dessa forma, que o cinema é um dos poucos espaços humanos nos quais as fronteiras territoriais, políticas e culturais podem ser embaralhadas, fundidas e, portanto, transpostas. Kiarostami, nascido em Teerã em 1940, é o mais conhecido e premiado cineasta do Irã no Ocidente. Sua obra, especialmente a partir de “Onde fica a casa do Meu Amigo” (1987) e, em seguida, com “Através das Oliveiras” (1994) e “Gosto de Cereja” (1997,) representou uma verdadeira renovação do cinema mundial, colocando em destaque a distante e inusitada produção iraniana, ao lado do também genial Mohsen Makhmalbaf (homenageado pelo colega no filme, “Close-Up”, de 1990). Como bem lembrou Leon Cakoff, Diretor da Mostra Internacional de Cinema de São Paulo, ao introduzir um belo livro sobre a obra do cineasta publicado no Brasil, “o universo de Kiarostami recriou, na terra arrasada do Irã fundamentalista”, a estética do Neorrealismo italiano, “com imagens e personagens sem artifícios, que emocionam pela dignidade com que realmente atuam para que a vida continue”. Mas, diferentemente do cinema que emergiu da Itália derrotada na II Guerra em 1945, a longa cinematografia de Abbas Kiarostami não se deixa seduzir pelo apelo melodramático e o moralismo incurável dos clássicos neorrealistas dos anos 40 e 50.

“Cópia Fiel” é mais um exemplo da marca autoral inconfundível de Kiarostami e de suas diferenças com uma escola de cinema que não deixou de fazer reviver. De fato, a mídia em geral tratou desse lançamento como uma obra destinada a “discutir a relação” ou apenas refletir sobre a – óbvia – questão do estatuto entre o original e a cópia, em que pese toda a riqueza desse debate. A ingenuidade pode ser explicada pela sinopse aparentemente banal de “Cópia Fiel”, história que poderia ser filmada (e aliás já foi, à exaustão) por qualquer diretor ocidental. O ensaísta inglês James Miller (Shimmel) vai à Toscana para lançar um livro sobre história da arte e a importância das cópias nas artes plásticas. Ao conhecer Elle (Binoche), proprietária de uma galeria de arte, os personagens iniciam uma discussão sobre os conceitos do livro e, de certa forma, encenam uma relação conjugal. A trama é uma homenagem à “Viagem à Itália” (1953), do mestre Roberto Rosselini, cuja releitura amplia aquela obra ao incluir dois temas fundamentais de Kiarostami: o tempo e a situação da mulher. Nesse sentido vale a pena consultar a crítica de Marcelo Hessel, intitulada “O sorriso de Mona Lisa”. Ele faz notar como o cenário europeu de “Cópia Fiel” continua a refletir – fielmente – as preocupações do diretor iraniano com a questão da mulher, que no Irã, vivendo numa espécie de semiclandestinidade, parece suspensa no tempo (tempo que, por sua vez, molda a vida dos homens). Como disse Hessel: “É uma condição trágica, no fundo, e Kiarostami tem passado anos fazendo filmes com close-ups de mulheres para tentar socorrê-las”. Daí o cineasta, que escreveu o roteiro especialmente para Juliette Binoche, apegar-se tanto à imagem da atriz – a começar pelo cartaz de “Cópia Fiel” – ao mesmo tempo bela e vulnerável. Como disse o próprio Abbas, a verdadeira matéria-prima de um diretor não é senão a matéria humana. Aqui, quem sabe, numa cópia fiel.

Ficha Técnica: Cópia Fiel (“Copie Conforme”) - 2010 França – Itália, 106 minutos, cor Roteiro e Direção: Abbas Kiarostami Elenco: Juliette Binoche, William Shimell, Adrian Moore

*Doutora em Comunicação e Informação pela UFRGS e professora dos Cursos de ‘Publicidade e Propaganda’ e ‘Design’ da Escola Superior de Propaganda e Marketing – ESPM

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DICAS

LIVROS

Na Escola Sem Aprender? Isso Não!

Ana Ruth Starepravo, Isabel Parolin e Sandra Bozza Uma das maiores falhas sociais do Brasil diz respeito a dificuldades dos alunos em ler e escrever. Ao produzirem este livro, as autoras pensaram em duas situações diferentes, mas que depois de apurada reflexão, se apresentam como muito parecidas: um professor do interior do Brasil, em sua sala de aula precária, na melhor das hipóteses, tendo apenas um quadro e giz; e outro que, apesar de ter sua sala de aula bem equipada não consegue transformar esses equipamentos em instrumentos que auxiliem o processo de ensinar. Com 128 páginas, a obra da Editora Melo custa R$ 28. Mais informações em: www.moderna.com.br

Manual Antibullying Gustavo Teixeira

Após anos de pesquisa dedicados ao tema, e com larga experiência adquirida no atendimento a crianças vítimas de bullying, o médico Gustavo Teixeira aborda a questão com a competência de quem é autoridade no assunto. Organizado para que os leitores tenham conhecimento prático, o livro oferece dicas para lidar com a situação e ensina a perceber quando uma criança se torna alvo de bullying na sala de aula, no pátio da escola ou até mesmo na internet. Da Editora Best Seller, a obra tem 112 páginas e custa R$ 19,90. Mais informações: mdireto@record.com.br

Infanto-juvenil Viagens de um pãozinho Sérgio Meurer 36 páginas R$ 27 Cortez Editora www.cortezeditora.com.br

Dever de casa

Carlos Urbim 32 páginas R$ 32 Editora Projeto comercial@editoraprojeto.com.br

20 000 Léguas Submarinas A mais fantástica de todas as aventuras no fundo do mar Júlio Verne 64 páginas R$ 44,50 Cia das Letrinhas www.companhiadasletras.com.br

Oportunidades disfarçadas Carlos Domingos

Em momentos de crise, o melhor a fazer é não se arriscar, certo? Errado. Essa é a hora de sair à procura de boas oportunidades. Este livro é um verdadeiro catálogo de ideias criativas e soluções originais para as mais variadas dificuldades vividas por empresas de todos os tamanhos. Resultado de sete anos de pesquisa, a obra reúne 200 casos reais de companhias e pessoas que transformaram grandes problemas nas melhores chances de suas vidas. Da Editora Sextante, a publicação tem 304 páginas e custa R$ 29,90. Mais informações: www.esextante.com.br/

O solista

Steve Lopez (Robert Downey Jr.) é um colunista famoso do Los Angeles Times e vive em busca de uma história incomum. Em um dia como outro qualquer, não exatamente em sua busca por uma matéria, ele ouve na rua uma música e descobre Nathaniel, tocando muito bem num violino de apenas duas cordas. Seu nome é Nathaniel Ayers (Jamie Foxx), um dos milhares de sem-teto das ruas de Los Angeles, ex-músico que sofre de esquizofrenia, sonha em tocar num grande concerto e é um eterno apaixonado por Beethoven. Lopez prepara uma coluna sobre sua descoberta e recebe de um leitor, como doação, um instrumento para o músico. É o começo de uma amizade que poderá mudar para sempre suas vidas. Baseado em fatos reais, o drama é dirigido por Joe Wright e tem 117 minutos de duração.

DVD Escritores da Liberdade

Quando vai parar numa escola corrompida pela violência e tensão racial, a professora Erin Gruwell (Hilary Swank) combate um sistema deficiente, lutando para que a sala de aula faça uma diferença na vida dos estudantes. Agora, contando suas próprias histórias, e ouvindo as dos outros, uma turma de adolescentes supostamente indomáveis vai descobrir o poder da tolerância, recuperar suas vidas desfeitas e mudar seu mundo. O drama é dirigido por Richard LaGravenese e tem duração de 123 minutos.

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PUBLICAÇÕES As publicações institucionais, como jornais e revistas, são canais importantes para divulgar o trabalho das instituições e reforçar a sua imagem junto à comunidade em que atua. “Educação em Revista” recebeu algumas dessas publicações, as quais reproduz no espaço abaixo:

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EM REVISTA

o t n e m i c e h n o c m e t e d n O . o a c a m r o f tem in Há 15 anos, o SINEPE/RS orgulha-se de manter a Educação em Revista como canal direto de comunicação com as instituições e profissionais do ensino privado gaúcho. Nosso agradecimento a todos que vêm escrevendo com a gente essa história de dedicação e sucesso.


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