Edição 82

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ANO XIV • OUTUBRO / NOVEMBRO 2010

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ALTAS HABILIDADES E

CAPA

Altas habilidades e superdotação em debate na escola INSTITUCIONAL

Nova diretoria do SINEPE/RS toma posse

SUPERDOTAÇÃO EM DEBATE NA ESCOLA


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EXPEDIENTE

EDITORIAL Altas habilidades e superdotação em debate na escola Os alunos com altas habilidades, ou superdotação, estão nas salas de aula muitas vezes sob o olhar despercebido dos professores, que, diante de características pouco homogêneas, têm dificuldade de identificá-los. Muitos deles têm curiosidade acima da média, comprometimento com a tarefa, muita energia e dificuldade de aceitar determinadas regras, e podem ser rotulados como hiperativos. Outros, no entanto, apresentam persistência na área do seu talento e são dispersos para as demais, como se tivessem problemas de aprendizagem. A percepção da família e dos professores – que os acompanham boa parte do tempo ao longo do dia – para essas características pontuais pode ser determinante no convívio desses alunos com o grupo, a partir da identificação dessas habilidades especiais e do trabalho realizado com foco nas áreas de interesse de cada um deles. A Reportagem da Educação em Revista busca apontar tais características, o trabalho de identificação das altas habilidades/superdotação, as diretrizes de atendimento especial na escola previstas em lei e o papel do professor na aprendizagem e inclusão desse aluno. Em destaque, também, a nova diretoria do SINEPE/RS, que tomou posse no dia 22 de setembro com o compromisso de, como entidade sindical, buscar ideias e inspiração para a excelência no ensino privado, por meio de espaços para a troca de experiências. O ensino superior, pela relevância no cenário educacional gaúcho, teve sua presença ampliada nesta gestão. Na seção Premiadas, os cases vencedores do 7º Prêmio Destaque em Comunicação do SINEPE/RS Colégio Marista Rosário, de Porto Alegre (categoria Mídia Digital), com o projeto Vínculos Digitais: site do Marista Rosário aproxima a comunidade escolar, e Rede La Salle Brasil (categoria Mídia Digital – Mantenedora), com a criação do microblog da rede no Twitter. Ainda nesta edição, a matéria de Economia trata da importância dos ativos intangíveis na valorização de uma instituição de ensino. Na seção Memória, a história dos 50 anos do Instituto Cenecista Angelo Antonello, de Farroupilha. E Adriana Kurtz fala do filme O Profeta. Ótima leitura a todos.

Educação em Revista é o órgão oficial de divulgação do Sindicato do Ensino Privado do Rio Grande do Sul - SINEPE/RS, com circulação bimestral ISSN 1806 – 7123 Presidente: Osvino Toillier 1º Vice-Presidente: Hilário Bassotto 2º Vice-Presidente: Flávio Romeu D’Almeida Reis 1º Secretário: Vanderlei Langoni de Souza 2º Secretário: Maria Helena Lobato 1º Tesoureiro: João Olide Costenaro 2º Tesoureiro: Wilson Ademar Griesang Suplentes: Mônica Timm de Carvalho, Oswaldo Dalpiaz, Adélia Dannus, Delmar Backes, Olavo José Dalvit, Bruno Eizerik, Adelmo Germano Etges Conselho Editorial: Prof. Osvino Toillier, Prof. Hilário Bassotto, Prof Flávio D’Almeida Reis, Prof Luiz Antonio de Assis Brasil, Prof. Ruy Carlos Ostermann, Prof. Adayr Tesche, Prof. Pedro Luiz da Silveira Osório e Moises Mendes. Coordenador da Assessoria de Comunicação e Marketing: Prof. Osvino Toillier; Edição: Vívian Gamba (MTB 9383); Assistente de Comunicação: Carine Fernandes; Projeto Gráfico / Diagramação: Bistrô; Revisão: www.postexto.com.br e Milton Gehrke; Impressão: Gráfica Comunicação Impressa. Conselho Fiscal: Titulares: Ruben Werner Goldmeyer, Luiz Fernando Felicetti, Valderesa Moro Suplentes: 1º Suplente: Isaura Paviani 2º Suplente: Maria Angelina Enzweiler 3º Suplente: Anelori Lange

MISSÃO

Representar e congregar as instituições do ensino privado na promoção de sua qualificação permanente e diferenciação.

VISÃO

Ser referência como instituição no cenário educacional brasileiro, reconhecida pela eficiência na representação sindical e promoção de serviços inovadores.

Vívian Gamba

Editora da Educação em Revista

VALORES

Compromisso com o Associado - Ética e Transparência - Competência - Cultura da Inovação - Responsabilidade Social.

Fale conosco Redação Cartas, comentários, sugestões, matérias; educacaoemrevista@sinepe-rs.org.br Anúncios e assinaturas E-mail: comercial@sinepe-rs.org.br Fone: (51) 3022-3282/9998.5807

Informações Fones: (51) 3213-9090 www.sinepe-rs.org.br

Educação em Revista não se responsabiliza por ideias e conceitos emitidos em artigos ou matérias assinadas, que expressam apenas o pensamento dos autores, não representando necessariamente a opinião da revista. Por motivos de espaço e clareza, as cartas e artigos poderão ser resumidos


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PREMIADAS

Confira as instituições Destaque em Comunicação e Responsabilidade Social de 2009

ENTREVISTA

Ana Beatriz Barbosa Silva fala sobre Bullying

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Instituto Cenecista Angelo Antonello, de Farroupilha, faz 50 anos

INSTITUCIONAL

Nova diretoria do SINEPE/RS toma posse

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ECONOMIA

REPORTAGEM

Altas habilidades e superdotação em debate na escola

Instituições de ensino precisam focar os ativos intangíveis

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MEMÓRIA

CINEMA

De Aprendiz a Profeta: como sobreviver entre os muros da prisão, por Adriana Kurtz

GESTÃO

Escola Salvador Jesus Cristo: estratégias para atender à comunidade


PREMIADAS Rosário aposta na internet para estreitar vínculo com o público

O

quadro de aniversariantes, álbuns com as fotos das atividades e eventos realizados, o acesso ao acervo e aos projetos da Biblioteca, além de links com todas as publicações e circulares enviadas pela escola. Alunos e professores possuem ambientes de acesso exclusivo dentro do site. Na área de acesso para familiares e alunos – que requer link e senha –, é possível encontrar informações acadêmicas, boletim de resultados escolares e impressão da segunda via do boleto de pagamento das mensalidades. Na área exclusiva para educadores, os professores podem criar seu perfil de avaliação e registrar as notas dos alunos. Dessa forma, o sistema envia as avaliações diretamente para a secretaria, que gera os resultados finais. A ferramenta elimina a necessidade do registro impresso das notas e agiliza esse processo. Com 106 anos de tradição, o Colégio Marista Rosário já formou mais de 70 mil alunos. Visando à manutenção e ao relacionamento do colégio com esse público, o site apresenta um espaço para busca e cadastro de ex-alunos. O serviço funciona como um grande catálogo, para que amigos distantes possam localizar-se ou mesmo deixar os seus recados. Os cadastrados podem ser localizados por nome, período em que estudaram na escola ou ano da formatura. A variedade de recursos e serviços oferecidos faz com que o site seja o mais acessado da Rede Marista. As áreas de maior interesse são as notícias e os ambientes de apoio pedagógico de professores e alunos.

Rafael Czamanski / Marista Rosário

projeto Vínculos Digitais: site do Marista Rosário aproxima a comunidade escolar, vencedor do Ouro no 7º Prêmio Destaque em Comunicação do SINEPE/ RS, categoria Mídia Digital – acima de 500 alunos, prova que a presença das instituições de ensino na internet deixou de ser um diferencial e passou a ser necessidade. As páginas dos colégios tornam-se extensões do ambiente escolar, com diversas possibilidades de serviços. No Colégio Marista Rosário, o site figura entre os principais canais de comunicação entre o colégio e seus públicos. Com ênfase na informação e na interatividade, apresenta uma diversidade de recursos e um visual modernizado e de fácil navegação. Desenvolvido pela equipe de web da Assessoria de Comunicação e Marketing da Província Marista do Rio Grande do Sul, o site possui acesso no Portal Marista, no endereço www.maristas.org.br. Sua proposta de descentralização da atualização dos conteúdos permite que diferentes setores do colégio tenham acesso à área de administração. Além disso, a ferramenta de desenvolvimento possibilita a mensuração de resultados em tempo real. A gerência e a produção do conteúdo do site são de responsabilidade da equipe de comunicação, formada pelos jornalistas Clarissa Thones Mendes e Tiago Luís Rigo. Entre os diferenciais está a divisão das notícias dependendo da periodicidade e relevância, a realização de enquetes sobre temas variados, um espaço específico para informações esportivas, um

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La Salle fortalece marca por meio do Twitter A iniciativa da Rede La Salle Brasil de reforçar sua marca por meio do Twitter a levou ao Ouro no 7º Prêmio Destaque em Comunicação do SINEPE/RS, categoria Mídia Digital – Mantenedora. O boom de popularidade do Twitter e o aumento expressivo no número de usuários no Brasil e no mundo despertaram a ideia de criação, em agosto de 2009, de um microblog como ferramenta de divulgação. Por meio de diferentes funcionalidades, o canal criado permite uma interação maior com os públicos da instituição, através de promoções e envio de informações rápidas aos seguidores. O microblog chama os seguidores para as notícias do Portal La Salle e conta com informações e curiosidades sobre a rede. Além disso, busca melhorar o relacionamento com os formadores de opinião e público das classes A e B. “Encontramos nesse espaço mais uma maneira de divulgar e expandir o conhecimento sobre a marca e o trabalho dos lassalistas no Brasil e no mundo”, afirma o analista de marketing da Rede, Tiago Schmitz. Segundo ele, outro objetivo do Twitter é aumentar o acesso ao portal da rede. “É fundamental que a Rede La Salle esteja presente em mídias digitais atualizadas acompanhando nosso público nos meios onde ele interage”, destaca. Schmitz ainda ressalta que pelo Twitter é possível acompanhar ações de outras instituições educativas para realização de benchmarking e interação com outras unidades lassalistas no mundo. “Temos efetivado um bom contato com os Lassalistas da Colômbia e México, por exemplo.” Com atualização diária gerenciada pelo setor de Marketing e Assessoria Educacional da Rede La Salle, as estratégias de publicação dos textos envolveram a criação de pequenas editorias.

Seguindo a regra dos 140 caracteres, o Twitter da Rede La Salle publica temáticas relacionadas ao “Vc Sabia”, com informações sobre a Presença Lassalista no Brasil e no mundo; “Curiosidades”, com números e dados sobre La Salle, frases e bastidores da vida dos Irmãos Lassalistas; e a editoria “Notícias”, com o dia a dia das unidades da Rede por meio de textos publicados no Portal La Salle com chamadas para o site. Nas datas comemorativas, também são publicados webcards e, eventualmente, realizadas promoções com envio de brindes aos seguidores que responderem a diferentes enquetes sobre o La Salle. Também foram desenvolvidos templates (fundos) variados, que são alterados de tempos em tempos, tornando o espaço atrativo e dando sempre a ideia de mudança. “No lançamento, para que as pessoas adicionassem e seguissem a Rede La Salle no Twitter, foram utilizados os canais de comunicação da Rede e envio de release para a imprensa”, conta Schmitz. Hoje, o Twitter da Rede La Salle conta com 559 seguidores. Já foram cerca de 400 postagens feitas em um ano e, a partir de sua criação, mais de dez unidades mantidas pela Rede criaram seus perfis no microblog. “A intenção agora é aumentar o número de seguidores a partir do desenvolvimento de outras estratégias ainda em avaliação.” A assessora educacional da Rede La Salle, Adriana Gandin, é uma das responsáveis pela atualização do Twitter. Para ela, o microblog é fundamental para realização de pesquisas sobre o que as pessoas falam em relação à Rede e para monitoramento e divulgação da marca. “O Twitter é um canal onde acompanhamos questões interessantes para o nosso dia a dia, tanto particular quanto profissional”, destaca.

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ENTREVISTA Pais, educadores e alunos devem enfrentar o bullying

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psiquiatra Ana Beatriz Barbosa Silva esteve em Porto Alegre no dia 24 de agosto para lançar a obra Bullying: Mentes Perigosas nas Escolas, dedicada às vítimas de bullying – violência física ou psicológica com o objetivo de intimidar ou agredir – e a um alerta para pais, educadores, crianças e adolescentes para enfrentar e superar esse problema. Ana Beatriz é médica graduada pela UERJ com pós-graduação em psiquiatria pela UFRJ. É presidente da Associação dos Estudos do Déficit de Atenção (SP) e diretora das clínicas Medicina do Comportamento no Rio de Janeiro e em São Paulo, onde faz atendimento aos pacientes e supervisão dos profissionais da sua equipe – médicos, psicólogos e terapeutas.

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Educação em Revista – Apesar de o termo bullying ser relativamente recente, o comportamento de violência intimidadora entre crianças e adolescentes sempre existiu, em especial no ambiente escolar? Quando e por que surgiu a retomada dessa discussão? Ana Beatriz Barbora Silva – O bullying escolar sempre existiu e provavelmente sempre existirá, uma vez que o exercício do poder entre pessoas faz parte das relações humanas. A partir das décadas de 1970 e 1980, esse comportamento agressivo passou a ser objeto de estudos científicos nos países escandinavos, em função da violência existente entre os estudantes e as consequências no âmbito escolar. No final de 1982, o norte da Noruega foi palco de um acontecimento dramático, no qual três crianças com idade entre 10 e 14 anos suicidaram-se por terem sofrido maus-tratos pelos colegas de escola. Nessa época, o pesquisador norueguês

Dan Olweus iniciou grandes estudos que envolveram alunos de vários níveis escolares, pais e professores, e culminaram em campanhas antibullying em várias partes do mundo. ER – Como os pais e educadores podem identificar a prática do bullying e qual a ação imediata a tomar? Ana Beatriz – Nos casos da vítima de bullying, é fundamental que os pais e os profissionais da escola se atentem especialmente para alguns sinais. Na escola, a criança fica isolada do grupo no recreio, ou perto de alguns adultos que possam protegê-la, e na sala de aula apresenta postura retraída, faltas frequentes às aulas, mostra-se comumente triste, deprimida ou aflita. Nos jogos ou atividades em grupo, essas crianças sempre são as últimas a serem escolhidas ou são excluídas. Aos poucos vão se desinteressando das atividades e tarefas escolares e, em casos mais dramáticos, apresentam hematomas, arranhões, cortes, roupas danificadas ou rasgadas. Em casa, frequentemente se queixam de dores de cabeça, enjoo, dor de estômago, tonturas, vômitos, perda de apetite, insônia. Todos esses sintomas tendem a ser mais intensos no período que antecede o horário de as vítimas entrarem na escola. Apresentam mudanças frequentes e intensas de estado de humor, com explosões repentinas de irritação ou raiva. Geralmente elas não têm amigos ou bem poucos. Existe escassez de telefonemas, e-mails, torpedos, convites para festas, passeios ou viagens com o grupo escolar. Passam a gastar mais dinheiro que o habitual na cantina ou na compra de objetos diversos com o intuito de presentear os outros. Apresentam diversas desculpas, inclusive doenças físicas, para faltar às aulas.


ER – E os agressores? Ana Beatriz – Os bullies – agressores –, na escola, fazem brincadeiras de mau gosto, gozações, colocam apelidos pejorativos, difamam, ameaçam, constrangem e menosprezam alguns alunos. Perturbam e intimidam, por meio de violência física ou psicológica. Furtam ou roubam dinheiro, lanches e pertences de outros estudantes. Costumam ser populares e estão sempre enturmados. Divertem-se à custa do sofrimento alheio. No ambiente doméstico, mantêm atitudes desafiadoras e agressivas com relação aos familiares. São arrogantes no agir, falar e se vestir, demonstrando superioridade. Manipulam pessoas para se safar das confusões em que se envolveram. Costumam voltar da escola com objetos ou dinheiro que não possuíam. Muitos agressores mentem, de forma convincente, e negam as reclamações da escola, dos irmãos ou dos empregados domésticos. Ao detectar casos de bullying no âmbito escolar, a instituição deve imediatamente tomar medidas para coibir essa prática indecorosa. Falar com os pais, fazer entrevistas em separado para não constranger a vítima e, se necessário for, acionar Conselhos Tutelares e Delegacias da Criança e do Adolescente. ER – Diante das discussões propostas na escola e na mídia a respeito do tema, a senhora acredita que as crianças e adolescentes estão conscientes quando são autoras ou vítimas dessas agressões? Até que ponto essa prática é tomada como brincadeira? Ana Beatriz – Embora já possamos observar alguns avanços, ainda estamos em fase embrionária no que concerne à conscientização da prática do bullying. Muitos jovens têm noção exata de que as agressões são deflagradoras de grande sofrimento às vítimas e as fazem como forma de adquirir poder e status, ou seja, é intencional, e outros praticam o bullying apenas para “seguir” um líder ou por medo de se tornarem os próximos da lista. Já as vítimas sempre sabem que são alvos, pois são elas que sentem na pele o constrangimento e as consequências das humilhações, no entanto não entendem os motivos. Não raro, pensam ser merecedoras das intimidações, já que sua autoestima se encontra muita abalada. É preciso ter em mente que brincadeiras saudáveis ocorrem de forma natural e espontânea entre os alunos. Eles colocam apelidos uns nos outros, tiram sarros, dão muitas risadas e se divertem. No bullying, apenas alguns se divertem à custa de outros que sofrem.

ER – Quais as principais razões que levam as crianças a agredir? Ana Beatriz – Existem basicamente quatro tipos de agressores e as motivações são variadas: 1. Muitos se comportam assim pela nítida falta de limites em seus processos educacionais no contexto familiar; 2. Outros carecem de um modelo de educação capaz de associar a autorrealização pessoal com atitudes socialmente produtivas e solidárias. Tais agressores procuram nas ações egoístas e maldosas um meio de adquirir poder e status, e reproduzem os paradigmas domésticos na sociedade; 3. Existem ainda aqueles que vivenciam dificuldades momentâneas, como a separação dos pais, ausência de recursos financeiros ou doenças crônicas na família. A violência praticada por esses jovens é um fato novo em seu modo de agir e, portanto, circunstancial; 4. E, por fim, nos deparamos com a minoria dos agressores, porém a mais perversa: crianças e adolescentes que apresentam a transgressão como base estrutural de suas personalidades. Falta-lhes o sentimento essencial para o exercício do altruísmo: a empatia – capacidade de se colocar no lugar do outro. Esses jovens têm traços marcantes de psicopatia – antes da maioridade é denominado transtorno da conduta –, com desejos mórbidos de ver o outro sofrer. ER – Depois de o tema constar na “pauta” das escolas, vítimas do bullying estão procurando ajuda com mais frequência? Por quê? Ana Beatriz – Estamos longe do ideal, mas as vítimas estão começando a quebrar o silêncio e a expor seus problemas aos pais e educadores. Elas estão percebendo que não estão sozinhas e que necessitam contar com o apoio dos adultos para quebrar essa ciranda de horror. A informação por meio de entrevistas, campanhas, literaturas, palestras é fundamental para que haja mudanças no comportamento dos nossos jovens – tanto vítimas quanto agressores.

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ER – Quais os principais riscos dessa prática, para autores e vítimas de violência? Ana Beatriz – As consequências para as vítimas dependem muito de cada indivíduo – de sua estrutura, vivências, predisposição genética, da forma e intensidade das agressões. No entanto, todas as vítimas, sem exceção, sofrem com os ataques de bullying, em maior ou menor proporção. Muitas levarão marcas profundas provenientes das agressões para vida adulta, e necessitarão de apoio psiquiátrico e/ou psicológico para a superação do problema. Os problemas mais comuns que observo em consultório são desinteresse pela escola; problemas psicossomáticos; problemas comportamentais e psíquicos como transtorno do pânico, depressão, anorexia e bulimia, fobia escolar, fobia social e ansiedade generalizada. O bullying também pode agravar problemas preexistentes, devido ao tempo prolongado de estresse a que a vítima é submetida. Em casos mais graves, podemos observar quadros de esquizofrenia, homicídio e suicídio. Quanto às consequências para os autores do bullying, depende do tipo de agressor (citado anteriormente) e da postura que a instituição de ensino adotar. Alguns podem ser advertidos ou até expulsos das escolas; outros podem tomar rumos totalmente diferentes, com mudanças de atitudes, ou seja, de agressores passarem a ser defensores das vítimas; outros necessitarão cumprir medidas socioeducativas em instituições específicas; e, infelizmente, alguns se tornarão os grandes tiranos de amanhã, que não respeitam as leis de trânsito, que cometem assédio moral, violência doméstica e outras formas de transgressão, desrespeito e covardia. ER – A Internet potencializou o efeito de violência por meio das declarações via sites de relacionamento ou programas de postagem de vídeo, como o Youtube? Ana Beatriz – Sem dúvida. Uma das formas mais agressivas de bullying, que vem ganhando espaços sem fronteiras, é o ciberbullying ou bullying virtual. Os ataques ocorrem através de ferramentas tecnológicas como celulares, filmadoras, máquinas fotográficas, internet e seus recursos – e-mails, sites de relacionamentos, vídeos. Além da propagação das difamações serem praticamente instantâneas, o efeito multiplicador do sofrimento das vítimas é imensurável. O ciberbullying extrapola, em muito, os muros das escolas e expõe a vítima ao escárnio público. Os praticantes dessa modalidade de perversidade também se valem do anonimato e sem qualquer constrangimento atingem a vítima da forma mais vil possível. Os traumas e consequências advindos do bullying virtual são dramáticos.

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ER – Percebe-se uma certa permissividade dos pais diante de comportamento violento dos filhos? Um trabalho de orientação para a “família”, além do tratamento da criança, seria mais eficaz? Ana Beatriz – O individualismo, cultura dos tempos modernos, é um dos fatores responsáveis pelo aumento da violência entre jovens. O ter é muito mais valorizado que o ser, com distorções absurdas de valores éticos. Vivemos em tempos velozes, com grandes mudanças em todas as esferas sociais. Nesse contexto, a educação tanto no lar quanto na escola se tornou rapidamente ultrapassada, confusa, sem parâmetros ou limites. Os pais passaram a ser permissivos em excesso e os filhos cada vez mais exigentes, egocêntricos. Para que os filhos possam ser mais empáticos, éticos e agir com respeito ao próximo é necessário primeiro rever o que ocorre dentro de casa. Os pais, muitas vezes, não questionam suas próprias condutas e valores, eximindo-se da responsabilidade de educadores. Por outro lado, este ambiente doméstico também pode ser extremamente hostil e desestruturado, e é ali que a criança está se desenvolvendo. O resultado disso tudo é bombástico: os filhos tendem a se comportar em sociedade de acordo com os modelos domésticos. Muitos deles não se preocupam com as regras sociais, não refletem sobre a necessidade delas no convívio coletivo e sequer se preocupam com as consequências dos seus atos transgressores. ER – As crianças e adolescentes podem ser vítimas e agressoras? A intimidação seria um estímulo à revanche? Ana Beatriz – Sim. Alguns agressores foram ou ainda são vítimas de bullying e acabam por praticar os mesmos atos contra alunos mais frágeis do que eles, na tentativa de ganhar respeito ou por agressividade contida. Infelizmente, vemos tragédias acontecerem em várias partes do mundo, inclusive no Brasil, com homicídios seguidos de suicídios. ER – Por que as vítimas ficam caladas diante das agressões? Ana Beatriz – As vítimas de bullying se tornam reféns do jogo do poder instituído pelos agressores. Raramente elas pedem ajuda às autoridades escolares ou aos pais. Agem assim, dominadas pela falsa crença de que essa postura é capaz de evitar possíveis retaliações dos agressores e por acreditarem que ao sofrerem sozinhos e calados pouparão seus pais da decepção de ter um filho frágil, covarde e não popular na escola.


ER – Os pais já estão mais aptos a lidar com esse problema? E os educadores? Ana Beatriz – Assim como os alunos, os pais também estão revendo sua forma de educar, além de entender que filhos vítimas de bullying não são “a vergonha da família”, já que o bullying é um ato de extrema covardia. A propagação de informação sobre o fenômeno bullying é imprescindível. A falta de conhecimento da existência, do funcionamento e das consequências do bullying propicia o aumento desordenado no número e na gravidade de novos casos, e nos expõe a situações trágicas isoladas ou coletivas que poderiam ser evitadas. Muitas escolas já estão adotando métodos eficazes contra a bullying com posturas proativas. ER – Qual o papel da escola para coibir esse comportamento? Métodos punitivos são eficazes? Ana Beatriz – A escola é corresponsável nos casos de bullying, pois é nela que os comportamentos agressivos e transgressores se evidenciam ou se agravam, na maioria das vezes. É ali que os alunos deveriam aprender a conviver em grupo, respeitar as diferenças, entender o verdadeiro sentido da tolerância em seus relacionamentos interpessoais, que os norteiam para uma vida ética e responsável. A direção da escola, como autoridade máxima da instituição, deve acionar os pais, o Conselho Tutelar, os órgãos de proteção à criança e ao adolescente. Admitir que o bullying ocorre em 100% das escolas do mundo todo – públicas ou privadas – é o primeiro passo para o sucesso contra essa prática indecorosa. No entanto, somente repressão não resolve para minimizar os casos de bullying. Mudanças estruturais educacionais são imprescindíveis. Nossos jovens necessitam que profundas transformações ocorram tanto no ambiente familiar quanto escolar. É preciso buscar alternativas nas avaliações dos alunos além de provas e testes acadêmicos tradicionais. A escola deve ser um ambiente que valorize mais as relações interpessoais, fundamentais para o amadurecimento adequado desses jovens. Ela deve adotar políticas e ações contra o bullying; premiar os alunos que tenham posturas éticas, solidárias e que estejam empenhados verdadeiramente em combater esse fenômeno. Isso pode ser feito por meio de peças teatrais, filmes e vídeos com encenações sobre o tema com divulgação ampla na internet. Se a campanha antibullying virar moda, for um qualificador na educação dos jovens, e se eles forem premiados por ações altruístas, certamente estaremos reduzindo a propagação da violência escolar.

ER – Há situações em que a senhora acredita ser necessária a intervenção da Justiça para apuração de responsabilidades, inclusive dos pais – em caso de difamação e agressão postadas em páginas ou perfis na Internet, por exemplo? Ana Beatriz – Sim. Como dito, tanto a escola quanto os pais devem denunciar as ocorrências de bullying aos Conselhos Tutelares, Delegacias da Criança e do Adolescente, e delegacias específicas para crimes cibernéticos, como a Safernet, por exemplo. Boletins de ocorrência devem ser feitos para que os pais de vítimas tenham respaldos futuros. Felizmente, as autoridades estão se mobilizando em questões de legislações contra o bullying e até mesmo penalizando os pais de agressores menores de idade. Os estados brasileiros, em separado, já estão elaborando suas próprias leis e juízes vêm dando ganho de causa às vítimas. São passos importantíssimos para que brevemente tenhamos uma legislação de âmbito nacional.

Ficha Técnica: Título: ‘Bullying Mentes Perigosas nas Escolas’ Autora: Ana Beatriz Barbosa Silva Editora: Fontanar Formato: Brochura Nº de páginas: 192 Preço: R$ 33,90

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MEMÓRIA Instituto Cenecista Angelo Antonello, de Farroupilha, faz 50 anos

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Campanha Nacional de Escolas da Comunidade (CNEC) foi fundada em Farroupilha no dia 25 de novembro de 1960, e representou a realização do sonho de um grupo de jovens farroupilhenses – Antão de Jesus Batista, Itacir Luiz Feltrin, e Thomaz Molina Martins. Eles faziam reuniões e viajavam com frequência a Porto Alegre com o objetivo de oferecer à juventude uma escola de 2º grau, já que não era possível dar continuidade aos estudos sem sair do município. O instituto foi aberto como um setor local da CNEC, na época denominada Campanha Nacional de Escolas Gratuitas. Constituída a primeira diretoria, em março de 1961 a Escola Normal Angelo Antonello pôde oferecer matrícula para alunos do curso Normal. A primeira turma que receberia o diploma de “professor do ensino primário” tinha 24 alunos. Inicialmente dispunha de apenas três salas no prédio do então Grupo Escolar Farroupilha, cedidas pelo Governo do Estado em caráter provisório. No ano seguinte, a CNEC conquistou a autorização para o funcionamento do Ginásio Senador Alberto Pasqualini, o que fez aumentar ainda mais a procura por matrículas. Em 9 de abril de 1972, foi inaugurado o prédio próprio, construído num terreno doado pelo então Prefeito Municipal Arno Domingues Busetti.

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Cinquenta anos depois da sua fundação, o Instituto de Educação Cenecista Angelo Antonello é referencial de ensino em Farroupilha. Desde a sua criação, já formou mais de 20 mil alunos. Dirigida por Luiz Fernando Felicetti, a escola conta com 60 professores e 20 funcionários. Com uma área própria construída de 4.700 m2, conta com laboratórios, biblioteca, salões de conferência, ginásio de esportes e piscina térmica. Reúne, atualmente, cerca de 1.000 estudantes na educação infantil, no ensino fundamental e médio, e nos cursos técnicos e de educação de jovens e adultos (EJA). Para festejar os 50 Anos da CNEC Farroupilha, atividades como o Festival de Talentos, com a participação de estudantes e ex-estudantes da instituição, o Festival de Literatura e a Gincana Gaudéria. Será realizada, também, uma homenagem especial na Câmara de Vereadores de Farroupilha. Em novembro, haverá homenagem às diretorias nacional e estadual e a autoridades, missa e almoço festivo com a participação da comunidade, pais, estudantes, professores, funcionários e ex-estudantes da CNEC.

Dedicação à causa cenecista


No ano de 1962, por ter sido aprovada no “vestibular” para ingresso no curso normal, pude efetivar minha matrícula na Escola Normal Angelo Antonello, mantida pela Campanha Nacional de Educandários Gratuitos que em 1969 passou a denominar-se Campanha Nacional das Escolas da Comunidade. Durante a época de estudante, do que mais tenho saudades e boas lembranças é da turma. Éramos 30 meninas entusiasmadas pela nova escola na cidade. Para nós, era um grande orgulho e a realização de um sonho: um dia ser professora. A aula de música da professora Laura Broilo me deixava muito feliz; aprendi com ela o Hino Cenecista que até hoje ensino e canto com os alunos. Na época em que fui aluna (1962-1965), a Escola estava instalada em salas no prédio do então Grupo Escolar Farroupilha. Em 10 de março de 1966, por estar cursando o 2º ano de Pedagogia, fui convidada a dar aula no Curso Normal. Entusiasmada com o convite, iniciava naquela data minha caminhada como Professora Cenecista. Adotei a CNEC como minha segunda família. Foram várias as disciplinas ministradas: biologia educacional, puericultura, didática da música, da linguagem e supervisão de estágio. Em 1999 firmei minha docência em psicologia geral, educacional, didática da música e supervisão de estágio. No período de 31 de março de 1972 a 31 de agosto de 1978 assumi o cargo de diretora da escola e após esta data continuei como professora até o ano de 2000. Em 2001, realizei o maior sonho profissional de minha carreira no magistério: a direção da escola me oportunizou, por ser portadora de registro no MEC de Orientação Educacional, assumir como Orientadora Escolar, função esta que exerço até hoje e que muito me gratifica. Em 29 de junho de 2007, fui agraciada com o prêmio “Personalidade Cenecista” do ano, pela Campanha Nacional de Escolas da Comunidade – Farroupilha, por meu trabalho na defesa e promoção da causa cenecista. São quase 45 anos dedicados a essa instituição de ensino. Ao lado de épocas difíceis, tive muitas alegrias e hoje contemplo esta caminhada sentindo que nossa escola guarda sua tradição com a inovação e a adaptação constante aos novos tempos. Dediquei meu trabalho à causa Cenecista procurando respeitar sua filosofia, cujo objetivo maior está voltado ao compromisso de oferecer aos estudantes crescimento intelectual, moral e espiritual. Elci Maria Kroll

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INSTITUCIONAL Elias Eberhardt/SINEPE/RS

Toma posse nova diretoria do SINEPE/RS

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Elias Eberhardt/SINEPE/RS

randes desafios se impõem aos dirigentes das instituições do ensino privado, que não podem se resumir apenas em ser sucesso de mercado, embora tenham de ter sensores avançados para conhecerem tendências e anseios e necessidades da sociedade.” Com estas palavras, o presidente reeleito do SINEPE/RS, Osvino Toillier, tomou posse no dia 22 de setembro, na PUCRS, em Porto Alegre. Ao lado dos vice-presidentes Hilário Bassotto e Flávio Romeu D’Almeida Reis, e dos demais 17 integrantes da diretoria, entre titulares, suplentes, conselho fiscal e delegados, ele comandará a entidade no triênio 2010-2013. Toillier destacou, em seu discurso, que a definição dos integrantes da chapa foi precedida por cuidadosa análise de cenário de composição da natureza e tipologia das instituições que integram a entidade, a fim de que todos tivessem representatividade. “Para este mandato, decidimos ampliar a presença do ensino superior, pela relevância que tem dentro do cenário educacional gaúcho, e estamos muito gratos pela indicação dos nomes pelos respectivos organismos.” O presidente também afirmou que o compromisso da entidade sindical é buscar ideias e inspiração para a excelência no ensino privado, por meio de espaços para a troca de experiências. A solenidade de posse contou com a presença de 150 convidados, entre representantes de instituições de ensino, parceiros e autoridades. Entre os presentes, o secretário estadual da Educação, Ervino Deon, que reiterou o desejo de manter a parceria com o ensino privado e declarou que “a escola particular é referência em práticas de gestão”. Com a proposta Ensino Privado: comunidade de aprendizagem para o desenvolvimento sustentável, os dirigentes pretendem dar continuidade aos projetos desenvolvidos na atual gestão e investir em inovação. “Iremos trabalhar para que as instituições incorporem a cultura da inovação. É preciso se antecipar ao futuro e não vir a reboque do que já está acontecendo”, afirmou Toillier. Também estão previstas ações de fortalecimento à rede privada, como a implantação da Assessoria em Legislação Educacional.

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Elias Eberhardt/SINEPE/RS

Titulares Presidente: Osvino Toillier 1º Vice-Presidente: Hilário Bassotto 2º Vice-Presidente: Flávio Romeu D’Almeida Reis 1º Secretário: Vanderlei Langoni de Souza 2º Secretário: Maria Helena Lobato 1º Tesoureiro: João Olide Costenaro 2º Tesoureiro: Wilson Ademar Griesang Suplentes 1º Suplente: Mônica Timm de Carvalho 2º Suplente: Oswaldo Dalpiaz 3º Suplente: Adélia Dannus 4º Suplente: Delmar Backes 5º Suplente: Olavo José Dalvit 6º Suplente: Bruno Eizerik 7º Suplente: Adelmo Germano Etges

Conselho Fiscal Titulares Ruben Werner Goldmeyer Luiz Fernando Felicetti Valderesa Moro

Ensino privado: comunidade de aprendizagem para o desenvolvimento sustentável

Suplentes 1º Suplente: Isaura Paviani 2º Suplente: Maria Angelina Enzweiler 3º Suplente: Anelori Lange Delegados Representantes Titulares Osvino Toillier Flávio Romeu D’Almeida Reis Suplentes Hilário Bassotto Wilson Ademar Griesang

Dimensão Legal/Jurídica Representação Sindical Assessoria Jurídica Assessoria em Legislação Educacional Dimensão Pedagógica Pesquisa em Educação Formação Continuada Inovação em Educação Cultura da Aprendizagem Gestão do Conhecimento Dimensão Social Qualidade da Educação Filantropia/Assistência Social Promoção de Programas e Campanhas de Responsabilidade Socioambiental Parcerias Estratégicas Comunicação e Marketing Dimensão Ambiental Promoção da Cultura da Sustentabilidade Consumo Responsável Cultura do Não Desperdício Preservação do Meio Ambiente Parcerias Estratégicas

Elias Eberhardt/SINEPE/RS

Grupo que compõe a chapa eleita

Conheça a proposta de planejamento estratégico da diretoria eleita:

Dimensão da Gestão Gestão de Pessoas Gestão Econômico-Financeira Gestão de Projetos Gestão de Processos

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Associadas do SINEPE/RS marcam presença na 4ª Fecitep Nos dias 23, 24 e 25 de setembro, foi realizada a 4ª Feira Estadual de Ciência e Tecnologia da Educação Profissional (Fecitep), na Escola Estadual Técnica de Agricultura (EETA), em Viamão. O evento tem como objetivo dar visibilidade aos trabalhos de pesquisa científica e tecnológica produzidos por alunos dos cursos técnicos de nível médio em instituições públicas e privadas que oferecem Educação Profissional. Foram inscritos 103 projetos, 16 deles de instituições associadas ao SINEPE/RS. Entre os premiados, o Centro de Ensino Médio SETREM, de Três de Maio, que conquistou o quarto lugar com o projeto “Desenvolvimento de ambiente virtual tridimensional para instituição de ensino e integração do mesmo com o Google Earth”. Também foram destaque o Colégio Martins Luther, de Estrela, no eixo Tecnológico Produção Alimentícia, o Centro Tecnológico Frederico Jorge Logemann, no eixo Tecnológico Informação e Comunicação, e o Centro de Ensino Médio SETREM, nos eixos Tecnológico Produção Cultural e Design e Tecnológico Recursos Naturais. Desde 2007 a Fecitep tem abordado o tema Ciência e Tecnologia a favor do Planeta, com o intuito de incentivar a realização de trabalhos voltados à sustentabilidade e à preservação ambiental.

Conheça as instituições privadas presentes na Feira: Centro de Ensino Médio Setrem – Unidade de Ensino Técnico Setrem Trabalho: Spine Chair – estudo de uma cadeira baseado na coluna vertebral Centro de Ensino Médio Setrem Trabalhos: Constituição de empresa de soluções em TI focada na Internet com o uso de plataforma FREE Desenvolvimento e aplicação de estratégias de e-marketing para a divulgação do Curso Técnico em Informática Desenvolvimento de versões WEB e MOBILE para o Módulo de pedidos do ERP Gestor

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Colégio Teutônia Trabalhos: Captação da água da chuva e sua utilização no matrizeiro de aves da Cooperativa Languiru Ltda. Educação Ambiental – Agentes Ambientais na Coleta seletiva do município de Teutônia Colégio Martin Luther Trabalhos: Importância da alimentação saudável na merenda escolar: inclusão de barra de cereais Análise da metodologia de maior detecção de micro-organismos nas mãos dos manipuladores na indústria de alimentos

Desenvolvimento de ambiente virtual tridimensional para instituição de ensino Projetão: diagnóstico, planejamento e análise da viabilidade técnica, econômica, social e ambiental de uma propriedade rural

Instituição Evangélica de Novo Hamburgo (IENH) Trabalhos: Sabor Paranhana A sustentabilidade ambiental como recurso de internacionalização

Centro Tecnológico Frederico Jorge Logemann Trabalhos: Helper Report – Gerador de relatórios integrado a sistemas de informação Helper Cube – Tecnologia BI para auxiliar na tomada de decisões

Instituto de Educação Ivoti Trabalhos: Proposta de administração remota em redes locais via TCP/IP Proposta de sistema de controle financeiro para a Apae/Ivoti


PROJETO Scalabriniano Medianeira ensina a aprender com as diferenças

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ncluir alunos com deficiência física implica muito mais do que colocá-los em uma escola regular. Trata-se de um processo no qual o aluno deve ter oportunidades de desenvolver e progredir em termos educativos para uma autonomia social. Frente a essa realidade, os alunos da turma do Pré-II B do Colégio Scalabriniano Nossa Senhora Medianeira de Bento Gonçalves realizam desde 2009 o projeto “Aprendendo com as diferenças!”, sob a coordenação da professora Taise Agostini. O objetivo é criar um espaço educativo alicerçado em valores como respeito às diferenças, direito à diversidade e à igualdade de oportunidades, além de possibilitar condições de relações internas e com a comunidade. A ideia do projeto surgiu com a chegada de uma nova aluna. Segundo Taise, as crianças ficaram ansiosas por conhecê-la, mas quando ela entrou na sala de aula houve risos, cochichos e olhares assustados, pois ela só tinha dois dedos em cada mão e um em cada pé, uma deformidade congênita. “Ela não é igual”, disse um dos alunos, quando questionado sobre sua reação. Poucas crianças brincavam com ela, outras tinham medo de se aproximar. A solução era transformar a situação numa aprendizagem significativa para a vida de cada um dos alunos. Então, a professora criou uma “caixa mágica” com um mapa de pistas para um tesouro escondido. As orientações levavam à recepção do Colégio, onde estava o tesouro: um novo colega feito de pano, com a estatura de uma criança de 3 anos, sem uma perna e sentado numa cadeira de rodas. “A reação dos alunos foi surpreendente. Eles acolheram o novo amigo e o levaram à sala de aula”, declarou Taise. Dentro da mochila que o boneco carregava, havia um diário. Na primeira página, o nome dele – Joaquim – e o de amigos inseparáveis – a muleta Feliz e a cadeira de rodas Joaninha. Os alunos ficaram surpresos em saber que levariam o boneco e o diário para casa. Cada página do diário continha uma situação-problema para ser resolvida. Por exemplo: “Joaquim foi convidado para brincar no Colégio Medianeira. Só não esperava que a sua cadeira de rodas fosse quebrar. O que você poderá fazer para ajudá-lo nessa situação? Registre sua resposta através de um desenho”. O envolvimento dos alunos e das famílias foi tão grande que, além do desenho solicitado, as crianças registraram a visita do boneco com fotos – muitas delas passeando na rua com a cadeira de rodas e o novo amigo, e também com outros deficientes físicos. No decorrer das atividades, o relacionamento entre as crianças e a nova colega de classe melhorou. Histórias sobre outras deficiências e imagens de pessoas que realizam diversas atividades físicas sem as pernas e as mãos deram continuidade ao trabalho. No campo da arte, os alunos conheceram algumas esculturas do artista plástico Aleijadinho e, na aula de Educação Artística, os alunos criaram uma obra de arte sem usar as mãos – com o pincel na boca e, noutro momento, usaram apenas os pés. Também foram realizadas brincadeiras como “gata cega”, para trabalhar a deficiência visual, e o uso de óculos escuros na atividade “Enxergando com o coração”. As crianças visitaram, ainda, a “Escola do Joaquim”, nome fictício atribuído à Associação de Deficientes Físicos de Bento Gonçalves (Adef), para a qual foram doados mais de 50 brinquedos arrecadados pelos alunos. No dia da visita, as crianças da Adef receberam os alunos do Medianeira com um lanche da tarde, tocaram alguns instrumentos musicais e brincaram com a turma sem ninguém fazer diferença. Uma experiência que levarão para sempre em seus corações.

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CAPA

Altas habilidades e superdotação em debate É

difícil definir, na escola, quem são os alunos com habilidades especiais, ou superdotados, até porque não existe um perfil homogêneo, de fácil identificação. Mas eles estão nas salas de aula, diante do olhar muitas vezes despercebido dos professores. De forma geral, possuem três grandes grupos de traços, conforme explica a presidente e sócia-fundadora do Conselho Brasileiro para Superdotação (ConBraSD), Suzana Pérez: capacidade acima da média em uma ou mais áreas do saber ou do fazer humano, elevado nível de criatividade e comprometimento muito grande com a tarefa. “Às vezes, especialmente em crianças, algum ou alguns desses três grupamentos de traços podem aparecer apenas como um potencial ou estarem prejudicados e, portanto, escondidos. Por exemplo, a criatividade, se não for estimulada, ou se for limitada por barreiras sociais, culturais ou pessoais, pode não aparecer tão claramente.” Em geral, os superdotados possuem características diferentes das demais crianças, como curiosidade acima da média, perfeccionismo, senso de humor refinado e pensamento abstrato muito desenvolvido. Segundo Suzana, eles têm interesses bem

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diferentes de outras crianças da mesma idade, normalmente leem e/ou escrevem antes de ingressar à escola, e argumentam muito bem. “Seu ritmo de aprendizagem, não necessariamente na escola, mas na área de altas habilidades/superdotação, é mais rápido, possuem amplo vocabulário, não necessitam de muitas repetições para aprender e fazem muitas perguntas provocativas.” Os “como” e os “porquês” são frequentes entre os alunos com altas habilidades. Eles mantêm longos períodos de atenção e concentração por assuntos que lhe são interessantes e gostam de aprender coisas novas. Além disso, são muito observadores e geralmente têm boa memória, em especial na área que mais lhes interessa. Mas fazer o diagnóstico de um aluno com superdotação ou altas habilidades não é fácil. De acordo com a professora e coordenadora dos Cursos de Graduação e Pós-Graduação em Psicopedagogia do Centro Universitário La Salle, Gilca Lucena Kortmann, há dois tipos de altas habilidades – propostas por Renzulli (1986) –, a acadêmica e a produtiva, embora uma possa estar presente na outra.


A acadêmica é mais identificada pelos tradicionais testes de QI ou outros testes de habilidades cognitivas, já que as habilidades enfatizadas são nas áreas linguísticas e lógico-matemáticas. A produtiva criativa se destaca nas pessoas mais questionadoras, imaginativas, inventivas, dispersivas – quando uma tarefa não lhe interessa, não apreciam a rotina e se desmotivam, tendo baixo desempenho por isso. “Os alunos assim classificados dificilmente são identificados como pessoas com altas habilidades. São rotulados como alunos com déficit de atenção, hiperativos e com dificuldades de aprendizagem, muitas vezes encaminhados para neurologistas e psiquiatras que os medicam inadequadamente.” A criança simplesmente hiperativa apresenta agitação constante desde seus primeiros dias de desenvolvimento e, apesar de inteligente, não o é na mesma proporção que uma criança com altas habilidades. Há alguns serviços pontuais desse trabalho de identificação no Rio de Janeiro, em Lavras e São João Del Rei (MG), Belém (PA), Brasília (DF), Vitória (ES), São Paulo (SP), Curitiba (PR) e em Porto Alegre e Santa Maria (RS). Mas, segundo Gilca, convive-se com a precariedade de os profissionais especializados nessa área estarem, em sua maioria, nas capitais. Suzana alerta que como

não se trata de doença, as altas habilidades ou superdotação não são diagnosticadas . A identificação é feita por um profissional que tenha recebido formação sobre o tema. Esse profissional pode ser de qualquer área, mas precisa conhecer o que são as altas habilidades e superdotação, as características dessas pessoas e, principalmente, os indicadores. Hoje ainda são muito poucos os profissionais capacitados, pois quase não existem cursos de formação regulares na área.

Políticas valorizam o talento As Diretrizes Nacionais para a Educação Especial na Educação Básica (Ministério da Educação, 2001) apresentam algumas vantagens do atendimento ao superdotado e uma política que valoriza o talento, segundo Gilca. De acordo com as diretrizes, as altas habilidades/superdotação referem-se a alunos com “grande facilidade de aprendizagem que os leva a dominarem rapidamente os conceitos, os procedimentos e as atitudes e que, por terem condições de aprofundar e enriquecer esses conteúdos, devem receber desafios suplementares em classes comuns, em sala de recursos ou em outros espaços definidos pelos sistemas de ensino, inclusive para concluir, em menos tempo, a série ou etapa escolar”. “Com a aprovação da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional em 1996 – Lei nº 9.393 de 20 de dezembro de 1996 – e do Plano Nacional de Educação em 2001, esse atendimento foi reconhecido legalmente”, afirma. O reconhecimento está no Art. 24º: “A educação básica, nos níveis fundamental e médio, será organizada de acordo com as seguintes regras comuns: (...) V - a verificação do rendimento escolar observará os seguintes critérios: (...) c) possibilidade de avanço nos cursos e nas séries mediante verificação do aprendizado.” E no Art. 59 alerta que “Os sistemas de ensino assegurarão aos educandos com necessidades especiais: (...) II - terminalidade específica para aqueles que não puderem atingir o nível exigido para a conclusão do ensino fundamental, em virtude de suas deficiências, e aceleração para concluir em menor tempo o programa escolar para os superdotados”.

No Rio Grande do Sul, em 2001, a Secretaria Estadual de Educação fez um curso de especialização na área, com carga horária de 360 horas, em parceria com a Ufrgs. Esse curso formou os professores que trabalham nas salas de recursos que atualmente atendem alguns desses alunos. A UFSM também realizou, em 2008, um curso de especialização que formou 20 profissionais. A Secretaria Municipal de Educação de Porto Alegre tem oferecido conteúdos sobre altas habilidades/superdotação em todos os cursos que envolvem a Educação Especial, e algumas secretarias municipais de Educação do Estado estão oferecendo cursos de formação de 40 horas, o que já contribui no processo de identificação, alega Suzana. Mas não temos muitos profissionais preparados para a identificação e para o atendimento educacional desses alunos com necessidades educacionais especiais. Então, o que a legislação prevê, na área da Educação, é o registro da identificação em Parecer Pedagógico, a inclusão desse parecer no histórico escolar da criança, a previsão do atendimento a esses alunos no Projeto Pedagógico e no Regimento Interno da escola.”

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Outros fundamentos legais estão nas Diretrizes Nacionais para a Educação Especial na Educação Básica, instituída pela Resolução nº 02 de 11 de setembro de 2001. Ela define, no Art. 3º, a Educação Especial como a modalidade de educação escolar que “(...) assegura recursos e serviços educacionais especiais, organizados institucionalmente para apoiar, complementar, suplementar e, em alguns casos, substituir os serviços educacionais comuns, de modo a garantir a educação escolar e promover o desenvolvimento das potencialidades dos educandos”; e, no Art. 5º, que considera “educandos com necessidades educacionais especiais os que, durante o processo educacional, apresentarem: (...) inciso III – altas habilidades/superdotação, grande facilidade de aprendizagem que os leve a dominar rapidamente conceitos, procedimentos e atitudes”. “Neste sentido, a proposta de atendimento educacional dos núcleos de altas habilidades (NAAH/S) tem fundamento nos princípios filosóficos e ideológicos que embasam a educação inclusiva”, afirma Gilca. “No entanto, a implantação de programas de atendimento aos alunos com altas habilidades nas áreas artística, intelectual ou psicomotora, uma exigência desse dispositivo legal, deveria ter sido implementada até janeiro de 2002”, esclarece a psicóloca e coordenadora do Núcleo de Atendimento e Extensão em Psicopedagogia da Feevale, Ronalisa Torman. Isso não ocorreu na maioria dos estados brasileiros, além de todas as demais ações previstas para as pessoas com necessidades especiais, cuja implementação deveria ser garantida até, no máximo, o ano 2011. “Estas determinações, que envolvem tanto o poder como as instituições de ensino superior, têm chamado a atenção para uma parcela da população negligenciada. É preciso sensibilização e esclarecimento desses agentes e da sociedade para que as medidas propostas possam contribuir para o estabelecimento de políticas públicas não apenas no âmbito educacional, mas no âmbito social.” O convívio com o grupo A psicopedagoga e professora da Faccat Marilene Cardoso aponta que o aluno com altas habilidades tem características “um pouco diferentes do nosso imaginário”, daquele sujeito “nerd”, que sabe tudo. São alunos que demonstram excelente potencial em determinada área do conhecimento, mas não em todas. “É preciso esclarecer que a superdotação se difere da precocidade, isto é, de um ambiente que estimule em excesso esse sujeito que, futuramente, ficará no mesmo nível de seus colegas.” Muitas vezes, segundo Marilene, esse aluno é considerado hiperativo porque não consegue se interessar por conteúdos ou atividades que não o motivem, mas ele está além do desempenho do grupo no qual ele está inserido. “A escola supervaloriza as habilidades acadêmicas, mas esse aluno muitas vezes não tem

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somente êxito no desempenho cognitivo, pode apresentar altas habilidades nas áreas da musicalidade, das artes, ou da expressão corporal, por exemplo.” Ou ainda, como é disperso em algumas atividades, “principalmente se forem produtivos criativos”, alerta Gilca, a falta de rendimento e desempenho abaixo da média fazem com que os professores os rotulem como crianças com problemas de aprendizagem. Para Gilca, o preconceito político-ideológico proveniente da falta de informação sobre esses alunos e o desconhecimento de suas necessidades pela sociedade como um todo levam os grupos a identificarem esses sujeitos com estereótipos de comportamentos que não correspondem ao que realmente são, “então são vistos como quietos, CDF, bagunceiros, hiperativos, desajeitados e com problemas emocionais”. A dissincronia entre a idade cronológica e a idade emocional e o elevado patamar de exigência pessoal própria das pessoas com altas habilidades levam as pessoas de seu convívio, inclusive escolar, a terem exigências exacerbadas, levando-os a desorganização maior que aquela que já possuem e a terem comportamentos inaceitáveis nos grupos. “A forma com que a comunidade escolar lida com eles, quanto à correta forma de atendimento pessoal e estratégias educacionais adequadas, os leva muitas vezes à exclusão no ensino regular”, explica Gilca. Marilene alerta que eles podem sofrer preconceito e em algumas situações tendem a se isolar. “Algumas escolas valorizam as altas habilidades e esquecem o sujeito. Ele precisa de uma flexibilização curricular naqueles conhecimentos que apresenta melhor desempenho, porém poderá ocorrer de manifestar dificuldades em outras áreas.” A família Não é fácil para os pais identificarem as necessidades reais de seus filhos com problemas, pois o sentimento de estranhamento em lidar com o filho lhes proporciona uma dificuldade de contato, afastando-o do controle parental, explica Gilca. “Essa atitude gera nos pais um sentimento de que o filho só pode ser entendido e cuidado pelas técnicas desenvolvidas pelos especialistas, marginalizando a eles próprios e relegando-se à condição de inábeis e insuficientes diante das suas crianças.” Os pais devem procurar atendimento o mais cedo possível, trabalhar o estímulo aos filhos e se organizarem, respeitando o tempo da criança. “Essas crianças podem apresentar problemas sociais quando esse trabalho não é feito adequadamente”, alerta Gilca. Para Suzana, de um modo geral, a família passa por muitas


situações de desconforto devido à falta de conhecimento e orientação a respeito dos comportamentos de superdotação. Essa falta de informação, somada aos mitos, costuma amedrontar a família, que tende a negar os indicadores evidenciados pela criança ou, ao contrário, supervalorizar o conhecimento dela, criando expectativas desmedidas e esquecendo de colocar os limites necessários para toda criança. A família, segundo a educadora, deve estimular essa

criança, sim, como acontece com qualquer outra, mas lembrando que ela também precisa brincar, crescer e desenvolver habilidades sociais e afetivas. “Não é bom submetê-la a um regime intensivo e interminável de atividades que a impeça de amadurecer socialmente e afetivamente.” Para Ronalisa, a confusão com a precocidade também leva à tentativa de “fabricar” crianças com altas habilidades. “É bastante difundida a crença de que as pessoas com altas habilidades são produto de pais organizadores que conduzem e regram suas vidas, levando-as a um desempenho excepcional.” Mas os pais não “criam” o superdotado. Normalmente são as crianças superdotadas que fazem com que seus pais lhes ofereçam um ambiente estimulante e enriquecedor. “Há famílias que supervalorizam os filhos com altas habilidades, exigindo deles, expondo-os e responsabilizando-os excessivamente, o que pode lhes trazer graves problemas emocionais”, previne a psicóloga. “É impossível produzir superdotados”, alerta Suzana.

Isso porque, além do ambiente, extremamente importante para desenvolver altas habilidades/superdotação, há uma predisposição genética que não pode ser negada. “Se você tiver um filho e submetê-lo a um treinamento intensivo para que seja um brilhante atleta e essa criança não tiver uma predisposição genética para isso, você nunca conseguirá torná-lo um grande atleta. O mesmo acontece na área cognitiva. Você pode fazer que a criança estude (ou decore) informações, e fazer que ela tire melhores notas na escola, mas isso não é suficiente para ‘fabricar’ um superdotado.” Professor pode promover a inclusão

Principais sintomas dos superdotados em sala de aula ●● Questionadores, não admitem qualquer resposta ●● Dificuldades em aceitar regras ●● Dispersos algumas vezes, como se tivessem problemas de aprendizagem. ●● Curiosidade e vivacidade mental ●● Motivação interna ●● Persistência na área de seu talento ●● Facilidade de compreensão e percepção da realidade ●● Capacidade de resolver problemas ●● Energia ●● Habilidade em assumir riscos ●● Sensibilidade ●● Pensamento original e divergente ●● Conduta criativa

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É importante apontar que nenhum professor necessita apresentar altas habilidades para ensinar alunos que as apresentam, assegura Gilca. “O que compete ao professor é identificar as áreas de altas habilidades do aluno, observar como estão sendo utilizadas no contexto escolar e planejar as atividades de ensino de forma a promover o crescimento de acordo com o ritmo, as possibilidades, os interesses e as necessidades do educando.” Segundo Marilene, os professores podem sentir-se intimidados com esses alunos, já que a formação do educador foi embasada em um currículo igual para todos, e os diferentes do desempenho padrão acabam sendo excluídos. “São alunos questionadores, desafiadores e que muitas vezes ‘atrapalham’ a aula que foi pensada para a homogeneidade, já que seus interesses estão além daqueles pressupostos planejados igualmente para todos.” Gilca, no entanto, assegura que toda ação pedagógica utilizada com o superdotado pode ser aplicada a qualquer aluno. A proposta seria, então, o caminho inverso: uma atividade homogênea, mas já focada na inclusão do aluno com altas habilidades. A pedagoga e coordenadora do curso de Pedagogia e da Especialização em Educação Especial da Unisinos, Maria Cláudia Dal’Igna, acredita na possibilidade de educar o aluno superdotado e outros alunos ditos diferentes, deficientes, problemáticos. “Como professores, temos o compromisso de criar práticas pedagógicas mais inclusivas, problematizando os processos de in/exclusão escolar vividos por esses alunos. A inclusão é construída não apenas pelo ‘estar junto’ na escola, mas pela possibilidade de aprendizagem nesse espaço.” No entanto, ela acredita que o processo de inclusão não é responsabilidade apenas do professor. “O Estado tem o compromisso de elaborar e implementar políticas para promoção da inclusão nas escolas com qualidade de ensino e aprendizagem. Além disso, escola e universidade são corresponsáveis pela qualificação do professor e pela construção de uma escola e de uma sociedade mais justa e menos excludente.” Para a vice-presidente da Associação Gaúcha de Apoio às

Altas Habilidades/Superdotação (AGAAHSD), Sheila Torma da Silveira, os professores precisam ser parceiros desses alunos e estabelecer uma relação de troca, tomando uma posição de orientadores da aprendizagem. “Quando os alunos percebem que necessitam dos professores para avançar no conhecimento, aprendem a respeitá-los. Quando o ambiente de sala de aula mantém-se num clima de respeito, esta integração é natural.” Para Sheila, a formação dos professores é de extrema importância, para que possam entender a necessidade dos alunos com altas habilidades e proporcionar um atendimento adequado. Maria Cláudia enfatiza a importância de um espaço de discussão e estudo dentro e fora da escola, que permita buscar subsídios para elaborar práticas pedagógicas comprometidas com os alunos e suas diferenças. Ela integra, na Unisinos, um grupo de estudo e pesquisa sobre inclusão, o GEPI, um espaço de formação continuada que possibilita que um grupo de professoras da educação básica e do ensino superior refleta sobre os limites e possibilidades das suas práticas docentes. “Nós temos dito que o processo de inclusão não se dá apenas porque colocamos diferentes no mesmo espaço físico que outros ou porque eliminamos barreiras arquitetônicas. A inclusão acontece quando mudamos as formas de olhar e enquadrar o outro.” A formação do professor e do gestor, conforme Suzana, é essencial para identificação e para o atendimento adequado às necessidades educacionais evidenciadas pelos alunos com altas habilidades. É necessário que as escolas procurem formar seus profissionais para isso. O atendimento educacional deve ser oferecido na forma de enriquecimento extracurricular em sala de recursos ou atividades planejadas no contraturno, e também na sala de aula comum, porque esse aluno apresentará o comportamento de altas habilidades/superdotação dentro e fora da sala de aula. Gilca aponta algumas alternativas para inclusão escolar desses alunos: atividades extracurriculares organizadas na própria escola, Sala de Recursos – Modelo de Enriquecimento Escolar (SEM) de Renzulli – e Centro para Desenvolvimento do Potencial e Talento (CEDET). Nas diretrizes básicas traçadas pelo MEC, no Brasil, as alternativas utilizadas são o enriquecimento curricular e a aceleração, ou as duas combinadas. “Tanto uma quanto a outra devem estar de acordo com as características da escola e adequadas à realidade do aluno”, alerta a professora.

Dicas

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●● Novaes (1981), em seu artigo “Benefícios da Educação do Superdotado Extensivo a Todos”, chama a atenção para o fato de que propostas de enriquecimento curricular e estratégias têm sido também aproveitadas em situações de aprendizagem com alunos não necessariamente superdotados. ●● Educação e Altas Habilidades – Superdotação: a ousadia de rever conceitos e práticas. ●● Soraia Napoleão Freitas, 280 páginas, Editora UFSM. ●● Inteligência: um conceito reformulado. Howard Gardner, 347 páginas, Editora Objetiva. ●● Crianças superdotadas: mitos e realidades. Ellen Winner, 294 páginas, Artes Médicas. ●● Altas habilidades/Superdotação: encorajando potenciais – Ministério da Educação: http://portal.mec.gov.br/seesp/ arquivos/pdf/altashab1.pdf


Leitura e reciclagem fazem parte do aprendizado Alunos recolheram lixo às margens do rio Gravataí

CIDADANIA Alunos do Farroupilha estão engajados na causa ambiental

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s alunos do nível 3 do Colégio Farroupilha de Porto Alegre, preocupados com a causa ambiental e interessados em transformar o mundo em que estão vivendo num local mais arejado, limpo, sustentável, participam do projeto “Eu sei cuidar do meu mundo”. O objetivo do trabalho é fazê-las pensar, refletir e tomar atitudes, desde pequenas, para que o planeta não sofra mais as consequências da poluição, dos gastos com água, energia e materiais como plástico, vidro e papel, e criar hábitos novos envolvendo a reciclagem desses materiais. O projeto teve início com pesquisas realizadas pelas crianças e pela professora sobre saúde e o que deve ser feito para manter o corpo funcionando bem. Leituras sobre alimentação saudável, troca de informações com a nutricionista da escola, degustações e compras de legumes e frutas com a turma para a preparação de saladas em sala de aula foram algumas das propostas para a formação de novos hábitos. Durante o lanche da turma, o lixo foi devidamente separado pelos próprios alunos para futura reciclagem. Leituras, oficinas de materiais recicláveis, livros de registros sobre os hábitos adquiridos, controle no uso de papel e materiais descartáveis foram algumas das atitudes que as crianças começaram a incorporar, demonstrando que cidadania independe de idade.

Mais de 50 crianças foram beneficiadas

Dora Ecologia envolve alunos na proteção ao meio ambiente Preocupada com a sustentabilidade e a conscientização ambiental, a Escola Dora Dimer desenvolve o “Dora Ecologia: Projeto Meio Ambiente”, por meio do qual os alunos separam o lixo da escola e são preparados, semanalmente, para reciclar e dar o destino correto a diversos tipos de lixos. Em prol do meio ambiente e da conservação dos mananciais de recursos hídricos, as turmas também estiveram presentes no Projeto Aguapé, que tem como intuito a conscientização para a recuperação do rio Gravataí. Ao visitarem as margens do rio, os alunos ficaram admirados com tanta sujeira e aproveitaram para colocar a mão na massa e recolher os lixos. “Eles ficaram espantados em saber que o lixo do rio foi depositado por pessoas que usufruem da mesma água para beber”, ressalta a coordenadora do projeto da escola, Catiúscia Rolan Cardozo.

Trote solidário incentiva a leitura em Farroupilha Alunas do curso de Pedagogia do Centro de Ensino Superior Cenecista de Farroupilha (CESF) coordenaram a campanha de arrecadação de livros da instituição, o Trote Solidário, iniciado no dia 2 de agosto. Conforme a coordenadora do curso, Laura Cristina Nardi, a ideia é tornar as pessoas cada vez mais solidárias, começando pelos estudantes da instituição. “A iniciativa partiu de um grupo de alunas engajadas com as questões sociais de nosso município.” Foram arrecadados livros infantis novos e usados em bom estado que, depois de organizados em “kits de leitura”, foram doados a instituições de caridade. Mais de 50 crianças foram beneficiadas. “Ver a alegria nos olhos das crianças nos motiva a trabalharmos cada vez mais em prol de uma sociedade mais humana, justa e solidária”, declaram as acadêmicas da comissão organizadora do evento Elisabete Severgnini, Joelma Roland e Tatiane Fenner. 23


Nossa Senhora de Fátima estuda a cultura indígena Com a intenção de contribuir para a formação de sujeitos críticos e que respeitam as diferenças, foi desenvolvido na Escola Fátima de Sapucaia do Sul um projeto sobre a cultura indígena. A proposta consistiu em fazer um dia de vivência crítica com um olhar humano, observando os índios como cidadãos de uma sociedade que muitas vezes os marginaliza. O trabalho teve início na aula de Filosofia, com a definição de Cultura, Diversidade Cultural e Cultura Indígena. Os estudantes prepararam danças e vídeos sobre a diversidade cultural e apresentaram para outros estudantes da escola e para uma tribo indígena convidada para conversar com os adolescentes. O professor da tribo falou sobre a comunidade indígena, a importância da educação, explicou como é a vida na comunidade, esclareceu dúvidas e respondeu a diversas perguntas doa alunos. Lideranças indígenas explicaram seus papéis na comunidade e falaram das leis indígenas e dos seus costumes. O auditório da escola ficou cercado pelas mulheres e crianças da tribo, que expuseram os artesanatos produzidos pelos indígenas. Os alunos do ensino fundamental I e da educação infantil também participaram da atividade, que foi complementada por uma exposição fotográfica.

Monteiro Lobato prova que trânsito e álcool não combinam Mais do que falar sobre drogas, vícios, distúrbios e outros problemas que fazem parte do universo dos adolescentes, a Escola Monteiro Lobato costuma trabalhar a prática de valorização da vida. Alunos do ensino fundamental e médio, orientados por professores, realizaram pesquisa em torno do tema “Uso de álcool e direção não combinam!”, compararam dados e assistiram a palestras da EPTC e da Brigada Militar. A turma do ensino médio produziu um vídeo. A sala de aula virou set de filmagens, e a imaginação e a criatividade dos alunos foram ferramenta de trabalhos surpreendentes. Eles falaram, de forma descontraída, sobre um assunto que representa um grande problema para a sociedade.

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Cerca de 800 pessoas participaram do evento

Comitê pela Vida reeditará Mercado das Pulgas em Ijuí Cerca de 800 pessoas circularam pelo 1º Mercado das Pulgas, no ginásio do CEAP de Ijuí, no dia 11 de setembro. Promovido pelo Comitê pela Vida, braço social da escola, o evento superou a expectativa dos organizadores. “O volume de itens arrecadados chegou perto de 1.500”, salienta a coordenadora do Comitê, Mônica Brandt. As instituições beneficiadas com o resultado do Mercado das Pulgas são o Lar da Menina Bom Abrigo e o Lar da Velhice Sabeve. Os organizadores já começaram a projetar a repetição do evento, levando em conta a manifestação de muitas pessoas de que pretendem fazer doações. “Já estamos recebendo doações para uma nova edição, e essa possibilidade estará constantemente aberta”, explica Mônica. O 1º Mercado das Pulgas do Comitê pela Vida, evento inédito em Ijuí, comercializou roupas, calçados, objetos antigos, artigos de bazar, discos de vinil, bijuterias, bolsas, brinquedos e livros. Entre o grupo de voluntários estavam vários alunos da 8ª série, que participaram de todo o processo de organização do evento e trabalharam como vendedores.


Ato alusivo aos 65 anos da bomba de Hiroshima promoveu a reflexão

Escola Don Luis Guanella promove a paz A Escola Don Luis Guanella promoveu, no dia 6 de agosto, uma atividade de vivência e reflexão sobre a Guerra e Paz no mundo: um ato alusivo aos 65 anos do primeiro ataque a bomba atômica na cidade de Hiroshima, no Japão. Ao som da sirene, no dia da explosão da bomba, os alunos participaram de um momento de reflexão sobre o tema, no pátio da Escola. Ao som da música Rosa de Hiroshima, os estudantes soltaram balões brancos com mensagens de paz.

Alunos de Novo Hamburgo participam das Tribos da Cidadania Alunos do ensino médio da Escola de Educação Básica Feevale – Escola de Aplicação de Novo Hamburgo participam da ação Tribos nas Trilhas da Cidadania, promovida pela ONG Parceiros Voluntários. É um trabalho de mobilização social para jovens, que visa ao desenvolvimento da cultura do voluntariado. Os 24 alunos participantes da escola formam a tribo “Inovando e Fazendo a Diferença”. Os grupos se encontram quinzenalmente no Campus I da Universidade Feevale e, acompanhados pelas orientadoras educacionais Kátia de Conto Lopes e Suzete Drumm Koste, promovem ações sociais. A primeira ação da tribo da escola foi a arrecadação de materiais de higiene feminina, como xampu, sabonetes e absorventes, que foram encaminhadas pelos jovens para as instituições Centro Cristão Feminino (Cecrife NH), que atende gestantes em condições de vulnerabilidade social, e Abrigo de Meninas Querubim, que acolhe meninas em situação de risco. Os alunos também colaboraram com a Campanha Mc Dia Feliz, realizada pela Associação Assistência ao Menor em Oncologia (AMO) em agosto. Eles arrecadaram notas fiscais e auxiliaram na venda de camisetas para divulgar a campanha em escolas de São Leopoldo e na Universidade Feevale. Abrigo de Meninas Querubim foi uma das instituições beneficiadas

Funcionários recolheram óleo usado e separaram o lixo

Gincana consciente no São Carlos Durante os meses de julho e agosto, os funcionários do Colégio São Carlos realizaram a gincana ecológica “Cidadão Consciente e Atuante na Sociedade”. Divididos em quatro equipes – Cidadão, Ação, Transformação e Planeta –, participaram de diversas atividades como recolhimento de óleo de cozinha usado e separação do lixo. O encerramento da gincana ocorreu no dia 14 de agosto, na Sala Madre Assunta, com a presença das professoras Giovana Balbinot e Juliana Pavan Rubbo como juradas das provas. A equipe Ação, vencedora da competição, ganhou destaque com a apresentação da história “Alice em Ação no País das Maravilhas” – adaptação da história original aos problemas ambientais enfrentados pelo mundo.

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Carolina e Karine acreditam que a conscientização pode reverter as estatísticas

La Salle Canoas trabalha na prevenção do uso de drogas O aumento expressivo de adolescentes usuários de substâncias químicas foi o ponto de partida de um projeto de valorização da vida e do ser humano desenvolvido no Colégio La Salle Canoas. O trabalho envolveu as turmas de 7ª série ao 2º ano do ensino médio, que realizaram atividades de prevenção do uso indevido de drogas e de divulgação dos perigos e malefícios do contato inicial com toda e qualquer droga lícita ou ilícita. Dentre as atividades desenvolvidas, a leitura da obra infantojuvenil “O Escudeiro da Luz em Os Zumbis da Pedra”, da autoria de Manoel Soares e Marco Cena – uma história que mistura fantasia e realidade e denuncia as armadilhas das drogas. Manoel Soares participou do Circuito Papo Reto, esclarecendo dúvidas dos alunos e dando exemplos reais da destruição causada pelas drogas. Ele é jornalista, apresenta o programa Perifa e é coordenador executivo da Central Única das Favelas (Cufa/RS). Outro momento de destaque foi a palestra do Denarc, ministrada pelo comissário da Polícia Civil Janito Keppler – representando a Divisão de Prevenção e Educação (Dipe), voltada ao desenvolvimento de programas, cursos e palestras de prevenção e disseminação do tráfico e uso de drogas. O professor Marcelo Palma também deu sua contribuição ao enfatizar os efeitos degenerativos e psicológicos das drogas na fisiologia humana. Depois disso, os alunos puderam expressar seus posicionamentos e conceitos frente ao tema abordado por meio de produções textuais. “A conscientização fez com que compreendêssemos mais o assunto que hoje cria tanta polêmica e faz de nós, jovens, seus maiores representantes”, declarou a aluna Carolina Stegel. “Além dos conhecimentos biológicos adquiridos, fomos alertados desta triste realidade que está ao nosso redor. Desta maneira, o La Salle forma cidadãos conscientes e com possibilidades de mudarem as estatísticas”, acredita Karine Chagas Flores.

Projeto do Marista Assunção estuda a água Reforçar o engajamento das crianças na preservação do meio ambiente e dos recursos naturais foi um dos objetivos do Projeto Água, desenvolvido com estudantes das turmas de 3ª série do ensino fundamental do Colégio Marista Assunção de Porto Alegre. Cada grupo estudou uma propriedade do elemento. O aluno Bernardo Peretti, que junto do colega João Paulo Coronel realizou a experiência de colocar a mão dentro de um saco plástico, descobriu que há água em todas as partes de nosso corpo. “Descobrimos que também somos feitos de água. Dá para ver as bolinhas de água dentro do saco plástico”, afirma o estudante. O projeto é uma alternativa de reforçar o aprendizado e conscientizar as crianças sobre a importância da preservação deste recurso natural de uma maneira interativa e divertida.

Crianças aprendem a importância da preservação de forma divertida

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Recorte e colecione.

Renda do uniforme será destinada à compra de materiais

Nossa Senhora do Brasil auxilia HPS de Porto Alegre A Escola de Ensino Fundamental Nossa Senhora do Brasil, mantida pela Congregação das Irmãs Franciscanas de Nossa Senhora Aparecida, lançou campanha para auxiliar o Hospital Pronto Socorro de Porto Alegre. Durante evento comemorativo ao Dia dos Pais, em 14 de agosto, a instituição aproveitou o momento de integração ente família e escola para lançar a camiseta Pró-HPS. O valor adquirido com a venda da camiseta, que constitui peça do uniforme escolar, será usado para compra de materiais para o hospital.

100 Days of School incentiva a solidariedade na IENH O dia 10 de agosto marcou os 100 dias de aula – 100 Days of School – para os estudantes da IENH – Unidades Pindorama e Oswaldo Cruz, e durante uma semana eles participam de atividades temáticas. A celebração ocorre em muitos países que falam a Língua Inglesa e por isso os alunos do Currículo Bilíngue da IENH tiveram uma programação especial. Na Unidade Oswaldo Cruz, a data incentivou a solidariedade. Os alunos pretendiam arrecadar 100 quilos de alimentos e 100 produtos de higiene, mas superaram a meta. “A campanha dos 100 Dias de Aula foi um grande sucesso. Conseguimos arrecadar mais de mil itens e todos os alunos se envolveram nas atividades”, conta a professora de Língua Inglesa Cristiane Ely Lemke. Os donativos serão repassados à Associação Beneficente Evangélica da Floresta Imperial (Abefi) e ao Centro Cristão Feminino (Cecrife).

SALVE O PLANETA Educação em Revista apresenta neste espaço exemplos de ações práticas na área socioambiental. Com o objetivo de facilitar o uso prático das ações relatadas, o leitor poderá recortar a seção.

Uso consciente de energia é papel de todos Por Ana Paula Acauan O consumo de energia elétrica da PUCRS equivale ao do município de São Jerônimo (RS), com cerca de 20 mil habitantes. Na cidade universitária, calcula-se que circulem mais de 30 mil pessoas por dia. Se isso demonstra a grandiosa infraestrutura e seu crescimento, abre espaço para conter desperdícios. Levantamentos em todos os prédios do Campus e na área externa estão servindo de base para a mudança de equipamentos visando à redução do consumo de energia. Muitas vezes a pintura do teto e das paredes e a troca para luminárias mais eficientes, ou mesmo o seu rebaixamento, tornam um ambiente mais agradável e iluminado com um gasto menor. O Laboratório de Lâmpadas do Labelo (Laboratórios Especializados em Eletroeletrônica), que tinha excesso de calor, está em condições ideais para a realização dos ensaios com a colocação de exaustores eólicos, evitando o investimento num processo mais oneroso. O diagnóstico e as propostas integram o Projeto Uso Sustentável de Energia (USE). O Pró-Reitor de Administração e Finanças, Paulo Franco, destaca que a tecnologia não resolverá sozinha os problemas ambientais. “Isso requer mudança de atitudes como rotina, não como exceção.” O coordenador do Grupo de Eficiência Energética da Faculdade de Engenharia, Odilon Duarte, que também lidera o USE, lembra que a energia hoje ainda é barata porque o poder público subsidia. “Economizar não é reduzir o conforto e a segurança. Busca-se o máximo de desempenho com o mínimo de consumo”, destaca. São incentivadas e ampliadas iniciativas realizadas na Universidade, como a colocação de sensores de presença em cada estante de livros da Biblioteca Central Irmão José Otão, o aproveitamento da luz natural e o uso de espaços coletivos para estudo.

Gilson Oliveira/PUCRS

Alunos arrecadaram alimentos e produtos de higiene


O USE envolve os funcionários com capacitações a representantes de todos os setores, que discutem as situações e sugerem mudanças. Cada equipe tem uma Comissão para Gestão Interna de Energia (Cige), que participa de reuniões periódicas. Outra estratégia técnica é a colocação de brises – usados para impedir a incidência direta de radiação solar nos interiores de um edifício. A fachada oeste do Labelo e a oficina da Faculdade de Odontologia receberam os dispositivos, que reduzem a temperatura em até 3,5 graus. Isso significa diminuir o uso de ar condicionado. O aumento de um grau na temperatura proporciona economia de 7% no sistema de condicionamento ambiental. Para esses serviços, a Divisão de Obras contrata empresas locais. “Buscamos gerar soluções de baixo custo e com pouca manutenção. Com isso, também capacitamos estagiários da Arquitetura”, destaca o professor da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo Márcio D’Ávila, ligado à Divisão de Obras e ao USE. O fato de priorizar a indústria regional segue a responsabilidade ambiental, já que transporte de produtos significa gasto de energia. Os telhados verdes, já disponíveis no Museu de Ciências e Tecnologia e no prédio 5, também ajudam a resfriar os ambientes. A Prefeitura Universitária iniciou em 1999 o controle das contas de água do Campus. No ano passado, foi consumido o equivalente a 49% do verificado há dez anos e 80% em relação a 2007, segundo o vice-prefeito Udo Adolf. As principais medidas foram a instalação de válvulas redutoras de pressão nas entradas de água, utilização de equipamentos para localização dos vazamentos, instalação de hidrômetros para controle do consumo e implantação de telemetria nos locais de maior demanda. Esse sistema permite a verificação a toda hora, na madrugada e em finais de semana. Toda a tubulação enterrada que abastece os prédios está sendo substituída por um tipo mais resistente e com possibilidade de inspeção – 90% dessas redes foram trocadas.

Alunos conversaram sobre meio ambiente e sistema de cotas

Maria Imaculada promove debate político Mantendo a tradição, o Colégio Maria Imaculada de Porto promoveu junto aos alunos do ensino médio a reflexão sobre o papel da juventude dentro de um amplo contexto histórico. O evento foi realizado no dia 3 de setembro, em comemoração aos 45 anos da instituição, e se caracterizou pelo aprendizado sobre a história do movimento estudantil, uma leitura crítica do atual momento e um olhar esperançoso para o futuro. O debate contou com a participação do Instituto Frei Pacífico, que emocionou todos ao interpretar os hinos Nacional e Rio-Grandense na linguagem de libras. Painéis ao fundo da mesa de debate expressaram o país desejado pelo olhar das crianças da educação infantil. As perguntas formuladas versaram sobre meio ambiente, caminhos a percorrer para sair da “alienação da juventude” e o sistema de cotas na universidade. O projeto de formação política integra um dos eixos de trabalho do Grêmio Estudantil do Maria Imaculada.

Gilson Oliveira/PUCRS

Encontro de amizade no São José O Colégio São José de Pelotas promoveu, no dia 14 de agosto, um evento esportivo aos moldes do Jambouree, tradicional evento dos escoteiros com filosofia voltada para a amizade, a superação de limites e a integração. O lema é ajudar um ao outro e conviver com as diferenças. Desta forma, o professor Irapuan Porto desenvolveu na escola jogos de basquete fora dos padrões normais de uma competição. As equipes foram divididas em países e com nomes de pontos turísticos de Pelotas. Os alunos só conheceram seus companheiros de time minutos antes de os jogos começarem. Durante o evento ocorreram, também, arrecadação de alimentos, apresentação do grupo de dança da escola, um churrasco com música ao vivo e, no final do dia, uma disputa de lançes livres entre os pais, que ganharam brindes e presentes especiais.

Principal regra dos jogos foi a integração


Monteiro Lobato vivencia campanha eleitoral O Colégio Monteiro Lobato de Porto Alegre abriu espaço para o exercício da cidadania ao realizar o projeto “Exercício de cidadania: vivenciando uma campanha eleitoral”. A meta era promover um espaço de reflexão e ação política por meio do planejamento e da construção de campanhas eleitorais. Os alunos da 8a série do ensino fundamental criaram partidos políticos e escolheram candidatos a Governador e a Deputado Estadual, que foram eleitos pelos alunos do 3º ano do ensino médio. A eleição ocorreu com o apoio do Tribunal Regional Eleitoral (TRE) Ainda dentro do projeto, foi realizada uma palestra sobre marketing eleitoral para que os alunos compreendessem a complexidade das campanhas eleitorais e, ao mesmo tempo, tivessem qualificação para elaborar seus programas eleitorais, banners, jingles e demais materiais de divulgação. Os alunos apresentaram seus candidatos e suas propostas e realizaram um debate entre os candidatos ao executivo. Houve muito envolvimento e empenho de todos e, ao final do debate, manifestações de satisfação com a atuação política. Estiveram envolvidos no projeto os professores Laura Zachia, de História, Glaura Meurer, de Filosofia, e Roger Santos, de Geografia.

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Vamos colocar o preto no branco?

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Aluno do Marista Assunção encontra candidata à Presidência O aluno do 2º ano do ensino médio do Marista Assunção de Porto Alegre Gabriel Figueiredo participou de uma entrevista, por videoconferência, com a candidata à Presidência pelo Partido Verde, Marina Silva, no dia 3 de setembro. O encontro promovido pela União Marista do Brasil (Umbrasil) no Colégio Marista de Ensino Médio em Brasília contou com a participação de cerca de 7 mil alunos entre 14 e 18 anos de todo o Brasil. Os quatro candidatos com maior número de intenções de voto, Dilma Roussef (PT), José Serra (PSDB), Marina Silva (PV) e Plínio Arruda (PSOL) – segundo pesquisa Ibope registrada no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) em 31 de maio de 2010, sob o número 13642/2010 –, foram convidados para o encontro, mas somente Marina Silva compareceu. Assuntos como infraestrutura, educação, cotas raciais, epidemia do uso do crack, violência e sustentabilidade foram respondidos pela candidata. Para o estudante Gabriel, o trabalho desenvolvido auxiliou na conscientização e no interesse dos jovens com o processo político. “É uma maneira de nos envolvermos com a política. O colégio não ensina somente uma educação formal, mas também uma educação para a cidadania”, destaca o estudante. Alunos trataram de temas como infraestrutura, educação e cotas raciais.

ntes que alguém possa pensar em atirar a primeira pedra, devemos lembrar que essa é uma expressão antiga, que reproduz a intenção de colocar na forma escrita uma promessa, um acordo, uma determinada manifestação de vontade ajustada, de modo que a mesma não caísse no esquecimento. Logo, colocar o preto no branco significava colocar o preto da tinta no branco do papel. Então, nessas linhas iniciais, ainda que a versão digitalizada me permita escolher as cores, coloco o preto no branco com o objetivo de levantar algumas reflexões que nos auxiliem a ter leituras, avaliações e percepções menos ingênuas sobre as relações raciais e os discursos a elas relacionados. Esclareço aos leitores da Educação em Revista que se trata de uma versão super-resumida de um trabalho realizado como requisito parcial para obtenção de grau na disciplina Formação Social no Brasil, no Curso de Doutorado em Política Social da Universidade Federal Fluminense. Faço uma advertência preliminar, destacando que também estou escrevendo na dimensão de perdas e ganhos, de experiências tomadas emprestadas da vida, das quais, muitas vezes, também fui partícipe. Minhas reflexões, neste momento, não têm o condão de demonstrar verdades absolutas ou tecer críticas às condutas adotadas, mas reflexões acerca da dificuldade que é acolher argumentos e desprezar outros na formação de nossas convicções sobre determinado tema. Quero propor aos leitores da Educação em Revista a seguinte questão: como nos posicionamos, no campo da educação escolar e em nosso dia a dia, sobre temas que fazem parte do cotidiano escolar, tais como drogas, religião, orientação sexual, discriminação racial, entre outros? O foco da minha pesquisa, em curso, envolve hipótese de discriminação racial no ambiente escolar e, portanto, as considerações que faço, sem tomar partido de um lado ou de outro, são para a nossa reflexão inicial. São as seguintes observações relacionadas às mudanças de paradigma: Leia com criatividade! Amplie seu campo de observação! Desloque-se do seu eixo! Investigue o processo de construção de identidade do(s) sujeito(s) em exame! Ainda não se trata de uma tomada de posição, mas sim da importância de se compreender que muitas interpretações podem ser feitas sobre o mesmo texto, muitas considerações podem ser feitas a partir de uma determinada música, mas o real sentido dependerá de muitas variantes. Enfrentar qualquer tema na área da educação, como o das relações raciais no Brasil, por certo desafia qualquer sujeito a caminhar por um vasto campo de histórias, sentimentos, memórias, entre outras tantas variáveis. Desejo que você, amigo leitor, ao menos se permita tentar ter percepções menos ingênuas sobre cada um dos temas que enfrenta em seu dia a dia na área da educação. E se tiver curiosidade de conhecer a íntegra desse trabalho, entre em contato com o SINEPE/RJ. Será um prazer encaminhá-lo. Carlos Alberto Lima de Almeida

Advogado especializado em direito educacional. Doutorando em política social pela Universidade Federal Fluminense.

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CULTURA Dom Bosco participa da 21ª Bienal do Livro de São Paulo

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projeto de promoção da leitura do Colégio Dom Bosco de Porto Alegre foi selecionado para ser apresentado na 21ª Bienal Internacional do Livro de São Paulo. Os professores Ana Paula Charão e Joel Didone participaram, no dia 20 de agosto, de um painel no III Fórum do Plano Nacional do Livro e Leitura e III Seminário Internacional de Bibliotecas Públicas e Comunitárias, expondo o Projeto do Clube da Leitura. No dia 21, eles realizaram uma oficina representando o Plano Nacional do Livro e Literatura (PNLL), já que o projeto Clube da Leitura é uma das ações que fazem parte das políticas culturais do livro e literatura no país. Professores, bibliotecários e mediadores de leitura participaram da oficina, no estande do PNLL. Ana Paula e Joel ficaram felizes com a possibilidade de contribuir com outros educadores, porque acreditam que “somente a leitura e o conhecimento garantem a plena liberdade aos indivíduos, outorgam soberania à sociedade e viabilizam o desenvolvimento”. A 21ª Bienal Internacional do Livro de São Paulo é a terceira do mundo no setor. Ocupa 60 mil metros quadrados no Parque Anhembi e reúne 350 expositores do Brasil e do exterior, representando mais de 900 selos editoriais.

Ana Paula e Joel mostraram como funciona o Clube da Leitura

Alunos compartilham experiências de leitura O Colégio Gaspar Silveira Martins de Venâncio Aires está desenvolvendo o projeto “Ler: viajar no mundo das descobertas”, com o objetivo de proporcionar momentos de socialização e construção do conhecimento a partir da literatura infantil. Cada mês, duas turmas apresentam um trabalho ou dramatização, desenvolvidos em sala de aula, para as demais turmas envolvidas no projeto, num ambiente especialmente preparado para a ocasião. Participam crianças de 3 a 10 anos, da educação infantil e séries iniciais do ensino fundamental. No dia 26 de agosto, a 1ª série do ensino fundamental apresentou um trabalho de poesias, com base no livro “A árvore que dava sorvete”, de Sérgio Capparelli. A 2ª série preparou uma apresentação sobre o Folclore Brasileiro. Os alunos estudaram as lendas, trava-línguas, brincadeiras, parlendas, adivinhações e músicas. Foi um momento rico que prendeu a atenção de todos os espectadores. Também foi realizada uma exposição de trabalhos para pais, alunos, professores e funcionários, por meio da qual foi possível visualizar a diversidade de ideias apresentadas pelas turmas.

Obras dão origem a ideias diversas para o trabalho dos pequenos

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Alunos do Sinodal Progresso tornam-se artistas por um dia Peças são divididas por faixa etária

Projeto de leitura cria Maleta Mágica em Montenegro O projeto de leitura desenvolvido com alunos da 3a série do Colégio Sinodal Progresso de Montenegro, chamado Maleta Mágica, tem como objetivo despertar o prazer e o gosto pela leitura e pela escrita, além de desenvolver o hábito de ouvir, ler e contar histórias. Desde a primeira semana de agosto, os pequenos vivem momentos de expectativa e de grande magia em sala de aula, pois se deparam com uma maleta cheia de surpresas. A coordenadora do projeto, Márcia Oliveira, foi quem apresentou a maleta aos alunos. Curiosos, eles verificaram o que havia dentro dela: um livro de histórias e três sacolas, que serão levadas para casa. A contação da história de Pinóquio foi o ponto de partida para os alunos fazerem o boneco com massinha de modelagem e expor as obras de arte para o grupo. A história motivou também atividades que envolveram teatro, poesia e esporte. O projeto seguirá até o final do ano. A cada semana novos livros são trabalhados.

Teatro ao alcance de todos em Novo Hamburgo De 17 de setembro a 19 de novembro são apresentadas as peças teatrais do projeto Teatro para Todos, realizado pela Escola de Educação Básica Feevale – Escola de Aplicação. Os espetáculos ocorrem nos Salões de Atos dos Campi I – na avenida Dr. Maurício Cardoso, 510, em Novo Hamburgo – e II – na RS-239, 2755, em Novo Hamburgo – da Feevale. Coordenado pela professora Isabel Schneider Machado, o projeto traz a proposta do aprendizado de teatro para os alunos da Escola de Aplicação, com oficinas e montagens de peças uma vez por semana, no horário oposto ao de aula. Escolas de todas as redes são convidadas a assistir gratuitamente aos espetáculos, que levam a cultura de forma lúdica e prazerosa às crianças e aos jovens da comunidade escolar. As peças, realizadas sempre à tarde, são divididas por faixa etária: uma para público infantil e outra para o público adolescente. As reservas devem ser agendadas antecipadamente no departamento de Marketing do Campus I, pelo telefone (51) 3584-7106.

Dora Dimer realiza II Mostra de Folclore Em comemoração ao Dia do Folclore, 22 de agosto, as turmas de educação infantil e ensino fundamental I da escola Dora Dimer realizaram sua II Mostra de Folclore. Foi um momento marcante na vida dos pequenos, que aprenderam as lendas e mitos da cultura gaúcha e desenvolveram a criatividade expondo as lendas por meio de técnicas artísticas. Cada turma ficou responsável por elaborar um material a respeito da lenda que estudou. No dia da mostra todos estavam muito satisfeitos. O evento contou com a participação da comunidade escolar, que admirou tudo bem de perto e fotografou cada um dos trabalhos.

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Pequenos aprenderam lendas e mitos da cultura gaúcha


Professor Ivo Reinhardt com Rodrigo – futuro escritor

Aluno do Sinodal vence concurso em Língua Alemã

Viagem de integração e estudo no São Carlos A cidade de Governador Celso Ramos, em Santa Catarina, foi o destino dos alunos da 7ª série do ensino fundamental do Colégio São Carlos de Caxias do Sul, entre os dias 8 e 10 de agosto. Integrando conhecimento e lazer, os alunos tiveram a oportunidade de conhecer as ruínas de um engenho e uma senzala do período colonial brasileiro, caminhar por uma trilha em meio à Mata Atlântica, visitar o museu de cultura regional e fazer um passeio de trem, entre outras atividades. O roteiro salientou, ainda, a importância da preservação do patrimônio ambiental e histórico do local.

Rodrigo Guilherme Finkler, da 8ª série do colégio Sinodal de São Leopoldo, ficou em primeiro lugar num concurso de redação em Língua Alemã promovido pelo Instituto de Formação de Professores de Língua Alemã (IFPLA). Ele participou da final estadual na Unisinos. O tema de sua redação foi sonho – assunto determinado no momento da realização da prova. O professor de Língua Alemã do colégio, Ivo Reinhardt, explica que tudo começou na sala de aula. Os alunos escreveram sobre “Na janela” e os três melhores textos da turma foram enviados para a Coordenação de Língua Alemã no Rio Grande do Sul. O aluno Rodrigo foi classificado para participar da final estadual e acabou vencendo o concurso. “Os professores da banca de avaliação recomendaram que Rodrigo virasse escritor”, conta.

Alunos visitaram Governador Celso Ramos, em SC

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Igreja Matriz é um dos patrimônios históricos de Cerro Largo

Medianeira “clica” o patrimônio histórico

Novas versões de contos clássicos despertam a curiosidade dos pequenos

A gente só preserva aquilo que conhece. Com base nessa premissa, foi desenvolvido um trabalho junto aos alunos da 6ª série do Colégio La Salle Medianeira de Cerro Largo, que propunha “clicar” patrimônio histórico do município. A Igreja Matriz, o Museu 25 de Julho, o Monumento ao Pe. Max e a Cruz de Fundação, local onde foi rezada a primeira missa na colônia Serro Azul, no início do século 20, foram alguns dos focos das lentes dos alunos. O projeto da professora Claudete Webler teve início em junho e levou a turma a descobrir aspectos interessantes dos bens culturais de Cerro Largo. Os alunos pesquisaram esse patrimônio visitando diferentes locais, procurando saber mais sobre eles e registrando tudo em fotografias. Com o material em mãos, produziram textos e organizaram fôlderes para a divulgação desses atrativos na comunidade. O trabalho será concluído com a exposição e distribuição dos folhetos produzidos a estudantes de outras escolas do município e à prefeitura. “Trabalhar a Educação Patrimonial na escola pode fortalecer a relação dos jovens com sua herança cultural, tornando-se um importante instrumento no processo de valorização e preservação.

Salesiano Leão XIII promove a Hora do Conto

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Os alunos da educação infantil do Colégio Liceu Salesiano Leão XIII de Rio Grande participam da Hora do Conto, momento em que são contadas histórias de diferentes maneiras, em diversos ambientes da escola. O objetivo é despertar o prazer dos pequenos pela leitura. Os alunos já receberam algumas visitas na escola, como o Lobo Bom, que veio contar a “Verdadeira história dos três porquinhos”, e a Bruxa, que contou a sua versão sobre a “Branca de Neve e os sete anões”. Após cada Hora do Conto, os alunos realizam atividades de fixação das histórias – como a construção da casa dos três porquinhos e o preparo do bolo do lobo – utilizando diferentes materiais.


Egito é tema de vernissage no Marista Assunção Os alunos da 4ª série do ensino fundamental do Colégio Marista Assunção de Porto Alegre estudaram os costumes do Egito e relataram o que foi aprendido por meio de produções artísticas e pesquisas na tradicional Vernissage. Este ano, o tema, escolhido pelos próprios alunos, foi desenvolvido com base na obra “Bia na África”, de Ricardo Dreguer. “Eles se interessaram pelo Egito por meio da leitura e começaram a trabalhar e construir as peças da mostra”, relata a Coordenadora Pedagógica Mônica Knöpker. Cada grupo estudou uma peculiaridade da civilização egípcia e apresentou para famílias e estudantes da instituição. A iniciativa auxiliou no desenvolvimento da expressão e da interação entre as crianças. Para a estudante Clara dos Santos, da turma 131, o que mais chamou a atenção foram os costumes. “Adorei aprender sobre o que eles comiam e como se vestiam”, destaca. Laura Lemos, da 3ª série, acredita que a oportunidade foi uma maneira legal de aprender mais coisas sobre o assunto. “Dá vontade de ir para a 4ª série para aprender mais coisas e mostrar para quem ainda não sabe.”

Assecom/ND

Alunos do Notre Dame “entram” nos contos de fada

Cada grupo estudou uma peculiaridade da civilização

Malas prontas para uma viagem literária em Passo Fundo Em malas são carregados os pertences para viagens, correto? Mas os estudantes de nível III da educação infantil do Colégio Notre Dame de Passo Fundo conheceram uma mala que não carrega apenas roupas, calçados e demais artigos para se passar alguns dias longe do lar. Ela é, em si mesma, o passaporte para uma viagem – de aventuras, romances, histórias de fadas, super-heróis e piratas... Afinal, ao abri-la, são encontrados um livro e os acessórios para interpretar de forma teatral a história que ele conta. Semanalmente, um estudante de cada turma deixa o Colégio Notre Dame ao final da tarde levando, além de sua mochila, a mala envolta em tecido de chita colorido. Na companhia da família, a viagem pelas letras será realizada. Tiara, capa, óculos, chapéus... Fantasiados, pais e filhos representarão a história. De volta à escola, são feitos os registros desse passeio pela imaginação – por lugares, personagens e acontecimentos – num caderno que armazena esses momentos para a posteridade. Além do caderno com algumas páginas escritas a mais, a mala também retorna um pouco mais pesada. A cada visita pelos lares dos estudantes, ela receberá um novo adereço para ser utilizado pelos próximos viajantes de um novo livro.

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Suelen Backes/ Universidade Feevale

IES CESF abre espaço para relato de histórias que deram certo

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o dia 28 de agosto, o Curso de Pedagogia do Centro de Ensino Superior Cenecista de Farroupilha (CESF) promoveu a palestra “Deficiências: histórias que deram certo”, proferida pelo jornalista Eduardo Purper. A palestra foi gratuita e contou com a presença de estudantes e profissionais da área da educação de Farroupilha, além de autoridades locais. Em 2008, Purper contou em rede nacional, em reportagem exibida na TV Globo, como ocorreu a finalização da sua monografia do Curso de Jornalismo, realizada em áudio, pioneira nesse formato no Rio Grande do Sul. O jornalista nasceu com paralisia cerebral, mas isso não o impediu de vencer as suas dificuldades e limitações. Ele emocionou todos ao contar sua história e o importante papel que tiveram seus familiares em toda essa evolução e sucesso. Purper atua como auxiliar de locução do Laboratório de Áudio do IPA, em Porto Alegre, é apresentador do Programa “A palavra é sua” (www.apalavraesua.com.br) e do Programa Ciência na Rede (http://metodistadosul.tempsite.ws/radioipa/).

Teatro está mais próximo dos alunos de Novo Hamburgo

Feevale lança programa cultural para crianças A Universidade Feevale lançou, em agosto, o programa Cultura, no Campus Infantil, com o objetivo de possibilitar a alunos do município uma vivência mais aprofundada no campo das artes. O programa pretende oferecer às crianças e a seus responsáveis os melhores espetáculos de teatro infantil do cenário gaúcho. “As peças são para o público infantil, um projeto que amplia o que já é realizado na Feevale em termos de desenvolvimento cultural. Assim, unimos esforços e possibilitamos à comunidade a formação cultural desde a escola”, explica a diretora da Escola de Educação Básica Feevale – Escola de Aplicação, Cecília Monaco da Silva. De acordo com o reitor da universidade Feevale, Ramon Fernando da Cunha, a Feevale se preocupa e trabalha com todas as dimensões do desenvolvimento. “Por isso, lançamos o Cultura no Campus Infantil, com o compromisso de desenvolvimento cultural.” A cerimônia de lançamento do projeto foi realizada na Sala de Exposições do prédio Arenito, no Campus II, e reuniu autoridades municipais, diretores das escolas particulares, municipais e estaduais de Novo Hamburgo e representantes da Feevale.

Purper venceu as limitações e fez a monografia em áudio

Arquitetura do UniRitter em Brasília

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Um grupo formado por 60 alunos, professores e pesquisadores da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo do UniRitter (FAU/UniRitter) realizou uma viagem de estudos à capital federal entre os dias 18 e 21 de setembro. A atividade encerrou o projeto Brasília 50 Anos, desenvolvido no segundo semestre pela FAU/UniRitter, que promoveu uma série de eventos abordando aspectos da cidade e de sua arquitetura. De acordo com a coordenadora da FAU/UniRitter, Marta Peixoto, o roteiro incluiu um passeio geral pelo Plano Piloto, além de visitas orientadas ao Congresso Nacional, Palácio do Itamaraty, setor das Embaixadas, eixo monumental e Catedral Metropolitana. O grupo do UniRitter também foi recebido na Universidade de Brasília (UnB), onde assistiu à palestra do diretor da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da UNB, Andrey Schlee. O projeto Brasília 50 anos da FAU/UniRitter também trouxe a Porto Alegre o especialista em arquitetura moderna brasileira e professor da Rice University – onde coordena o programa de Pós-Graduação em Arquitetura e dirige o projeto arkheBrasil – Farès el-Dahdah.


CEED RESOLUÇÃO CEED Nº 307, DE 31 DE MARÇO DE 2010 E RESOLUÇÃO CNE/ CEB Nº 4, DE 13 DE JULHO DE 2010 A primeira trata sobre “Ingresso no ensino fundamental de nove anos de duração e a segunda Define Diretrizes Curriculares Nacionais Gerais para a Educação Básica.

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rataremos primeiro da Resolução CNE/CEB nº 4- Diretrizes Curriculares Nacionais Gerais para a Educação Básica - Ela define objetivos, fins e princípios para o conjunto orgânico, sequencial e articulado das etapas e modalidades da Educação Básica. Tem como objetivo: a) sistematizar os princípios e as diretrizes gerais da Educação Básica e demais dispositivos legais, traduzindo-os em orientações que assegurem a formação básica, tendo como foco os sujeitos que dão vida ao currículo e à escola; b) estimular a reflexão crítica e propositiva que deve subsidiar a construção, execução e avaliação do projeto politico pedagógico da escola de Educação Básica; c) orientar os cursos de formação inicial e continuada de docentes e demais profissionais da Educação Básica, dos diferentes sistemas educativos e escolas. A questão da Organização Curricular como diretriz – O currículo deve ter como referência os princípios educacionais garantidos à educação na Constituição Federal. Sua organização deve assegurar o entendimento de currículo como experiências escolares que se desdobram em torno do conhecimento, permeadas pelas relações sociais, articulando vivências e saberes dos estudantes com os conhecimentos historicamente acumulados e contribuindo para construir a identidade dos educandos. O Currículo deve incluir, além dos componentes curriculares obrigatórios, outros que permitam o percurso formativo aberto e contextualizado, em função das peculiaridades do meio, das características, interesses e necessidades dos estudantes, e também deve assegurar: 1) concepção e organização do espaço curricular e físico que se imbriquem e alarguem, incluindo espaços, ambientes e equipamentos que não apenas os de sala de aula da escola; 2) ampliação e diversificação dos tempos e espaços curriculares com profissionais da educação dispostos a inventar e construir a escola de qualidade social, com responsabilidade compartilhada; 3) escolha de abordagem didático-pedagógica disciplinar, pluridisciplinar, interdisciplinar, ou transdisciplinar pela escola, que oriente o projeto político-pedagógico e resulte de pacto estabelecido entre os profissionais da escola, conselhos escolares e comunidade, subsidiando a organização da matriz curricular, a definição dos eixos temáticos e a constituição de

redes de aprendizagem; 4) matriz curricular entendida como alternativa operacional que embasa a gestão do currículo escolar e representa o subsídio para a gestão da escola, organizado em eixos temáticos, mediante interlocução dos diferentes campos do conhecimento. 5) entendimento de que eixos temáticos são uma forma de organizar o trabalho pedagógico, limitando a dispersão do conhecimento, fornecendo o cenário no qual se constroem objetos de estudo, propiciando a concretização da proposta pedagógica centrada na visão interdisciplinar, superando o isolamento das pessoas e a compartimentalização de conteúdos rígidos; 6) compreensão de que rede de aprendizagem é o conjunto de ações didático-pedagógicas, com foco na aprendizagem e no gosto de aprender, subsidiada pela consciência de que o processo de comunicação entre estudantes e professores é efetivado por meio de práticas e recursos diversos; 7) estímulo à criação de métodos didático-pedagógicos utilizando-se recursos tecnológicos de informação e comunicação, a serem inseridos no cotidiano escolar, superando a distância entre estudantes que aprendem a receber informação com rapidez utilizando a linguagem digital e professores que ainda dela não se apropriaram; 8) transversalidade entendida como uma forma de organizar o trabalho didático-pedagógico em que temas e eixos temáticos são integrados às disciplinas e às áreas ditas convencionais, de forma a estarem presentes em todas elas. 9) compreensão de que interdisciplinaridade se refere à abordagem epistemológica dos objetos de conhecimento; 10) compreensão de que ambas se complementam, rejeitando a concepção de conhecimento que toma a realidade como algo estável, pronto, acabado. Até aqui, vimos uma parte das Diretrizes supramencionadas. Escolas e mantenedoras devem aprofundar o estudo dessas Diretrizes pela importância pedagógica das mesmas. Passemos à Resolução CEED nº 307/2010 - Ela foi exarada tendo em vista a aprovação, pelo CNE/CEB, da Resolução nº1/2010 (vimos tal Resolução na Revista anterior). O foco é o Ensino Fundamental de nove anos e a matrícula dos alunos. O CEED referenda o CNE e orienta que crianças que completarem seis anos até 31 de março do ano em que ocorrer a matrícula devem ingressar no primeiro ano do referido Ensino, e crianças que completarem seis anos após esta data devem ser matriculadas na Pré-Escola. Orienta que crianças que tenham frequentado por dois anos a Pré-Escola, excepcionalmente no ano de 2010, possam matricular-se primeiro ano do Ensino Fundamental. Assegura também, para crianças matriculadas no primeiro ano do Ensino Fundamental, que tenham completado seis anos após o início do ano letivo (cada rede determina uma data), o prosseguimento dos estudos, tendo a escola dever de acompanhar e avaliar o desenvolvimento global dessa criança. Recomendamos novamente o estudo de todos os atos legais já exarados sobre este tema, pois já se esgotou o prazo para equívocos nas matrículas do Ensino Fundamental de nove anos.

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ECONOMIA

Instituições de ensino precisam focar os ativos intangíveis

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arcas, patentes, tecnologia, pesquisas, desenvolvimento e domínio do conhecimento humano são alguns exemplos de ativos intangíveis que respondem pela valorização das empresas e têm a capacidade de gerar benefícios futuros a elas. A fórmula também se aplica às instituições de ensino que, como qualquer empresa, buscam consolidação no mercado e, via de regra, querem ampliar seu market share. Para as instituições de ensino, no entanto, a questão da marca é um pouco mais complicada, segundo o consultor da Hoper Ryon Braga. “A força que a marca tem para captar alunos é dez vezes maior, seja uma escola ou uma faculdade.” Ele explica que depois de uma década na qual as instituições de ensino superior focaram as classes D e E – e a questão da marca foi deixada de lado –, teve início, no ano passado, uma caminhada no Brasil todo em busca da retomada dessa linha. “A inserção das classes D e E no ensino superior dava-se mais pela condição de estudar do que a marca em si. Era importante entrar numa faculdade, ter condições de pagar e se formar. Esse era o sonho de consumo. Na base, então, as marcas se comoditizaram.” Agora, mesmo as classes D e E buscam marcas que caibam no bolso e também tenham um diferencial qualitativo, em razão da validação dos cursos de ensino superior junto ao Ministério da Educação (MEC). De acordo com o economista e professor da Ufrgs Fernando Ferrari Filho, em um mundo globalizado e dinamicamente competitivo, é fundamental que as instituições, dentre as quais as de ensino, levem em consideração tais ativos para se tornarem competitivas e terem um market share significativo. “Assim, informatização, conscientização do real valor do saber humano e valorização dos ativos intangíveis, em um mundo global, fazem

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parte das estratégias das organizações, pois elas geram benefícios intangíveis que contribuem para o retorno líquido e o patrimônio das instituições.” O economista e professor da Pucrs/RS Alfredo Meneghetti Neto não tem dúvidas de que a marca de uma instituição de ensino é o seu maior bem. “A marca está diretamente relacionada ao market share de uma empresa no mercado. Uma das últimas pesquisas da Seleções Reader’s Digest, que fez uma avaliação de mais de 20 segmentos da economia, mostrou que a lembrança do consumidor por determinadas marcas teve relação direta com os ativos intangíveis.” Muitas instituições de ensino, segundo ele, já atentas a isso, trabalham complanejamento estratégico, “que envolve o perfil do estudante/cliente e a potencialidade da instituição”. Numa instituição de ensino, a força de captação de alunos é o ativo mais importante, afirma Braga, seguido pelo corpo docente e pelo portfólio de cursos. “Ter cursos de Medicina e Direito, ainda que não tenham começado, é uma garantia de boa qualidade, já que não é fácil obter liberação desses cursos junto ao MEC.” No ensino básico, o consultor explica que uma das medidas do ativo intangível é a capacidade de sucesso em concursos como Vestibular e Enem. É importante salientar, então, que é necessário ter foco na valorização da marca, mas ter a consciência de que o valor dela no mercado será muito maior se as empresas, ou as instituições de ensino, contarem com suportes de qualidade que a levem adiante. A marca, sozinha, não sustenta o negócio. Não existe valorização artificial da marca ou, pelo menos, ela não é perene. “Você pode comprar uma marca forte, mas se tiver que começar do zero, há uma perda significativa”, alega Braga. Ele considera


também ativos intangíveis – menores – o nível de satisfação dos funcionários e o nível de satisfação e qualidade do corpo dicente. “O ITA tem o melhor curso do Brasil, a melhor nota no Enade. A nota do aluno que está saindo é a melhor do Brasil, mas a nota de quem está entrando no ITA é maior do que a nota de saída de outras instituições. Isso significa que já na largada o aluno do ITA tem mais inteligência cognitiva do que os alunos que estão concluindo cursos em outras insituições.” Então, o mérito da nota de saída do aluno do ITA vai além da qualidade de ensino da instituição, está também na capacidade “fortíssima” de atrair o aluno já qualificado. “O que fazer para ter isso? Duas coisas fundamentais: agregar muito valor ao que você faz e entregar ao cliente o que ele está comprando num nível acima da média – já que não existe construção artificial de uma marca –, e ter competência para comunicar isso, saber qual a forma correta desta informação chegar ao público”, explica Braga. Todos, na instituição de ensino, devem estar focados nos ativos intangíveis: os donos, os dirigentes, o corpo docente. É importante que o professor entenda que ele faz parte do ativo intangível e que representa a instituição onde estiver, alerta Braga. “O que o professor fala a respeito do trabalho dele é a marca da instituição. Tem que investir na instrumentalização de como falar da instituição. Se a instituição não sabe interagir, se nem um funcionário sabe falar da instituição, que escola é essa? Não vale a pena.” O funcionário deve saber tudo sobre a escola e falar sobre os diferenciais da instituição. Uma professora do ensino médio deve estar apta a explicar para quem possa interessar como funciona a educação infantil, os serviços que o segmento oferece, as atividades extras, ainda que este não seja o seu “universo” naquela escola. O capital humano ou o capital intelectual – conhecimento, informação e experiência – do professor deve ser o foco das instituições de ensino, alerta Ferrari. Além disso, as instituições de ensino “devem ser norteadas pelos indicadores quantitativos e qualitativos propostos pelo Ministério da Educação e Cultura, e os responsáveis por elas – gestores, diretores – devem avaliar tais indicadores e, com base neles, tomar decisões”. Meneghetti acredita que uma instituição moderna deve ir muito além do “ministrar conteúdo”, e diversificação das ações é mais uma ferramenta de consolidação da marca. “Uma das formas é levar o professor/especialista e o seu conhecimento teórico ao mercado, promover a interação de linhas e grupos de pesquisas e encaminhar processos de negócios.” Outra forma de agregar valor à instituição, segundo Braga, é fazer com que a marca se torne objeto de desejo. Para isso, é preciso colocar algum nível de dificuldade de acesso a ela. “Isso se aplica bem às faculdades. Nos colégios, onde não é possível fazer processos de seleção, a dificuldade de acesso tem que ser trabalhada em outro nível, por meio de bolsas, por exemplo, para mostrar qualidade”, afirma. Dessa forma, quanto mais fortalecida a marca, maior o poder de captação e maior a possibilidade de aplicar mensalidades maiores que as da concorrência. Conforme o consultor, o diferencial pode chegar a 30% acima dos concorrentes diretos. No Rio Grande do Sul, Braga identifica características próprias das instituições de ensino na busca de ativos intangíveis: o comprometimento regional e o senso comunitário. “Nenhum lugar do Brasil tem isso. No Rio Grande do Sul, as instituições têm muito mais envolvimento com a comunidade, com as empresas e com o poder público, o que a torna interessante em termos de marca.” Para ele, é uma barreira de entrada para grupos que vêm de fora. “Há muita dificuldade de competir.”

A mensuração dos ganhos dos ativos intangíveis, segundo Braga, é difícil e polêmica. “Faço uma projeção do quanto a marca pode em força de captação nos próximos cinco anos e trago isso a valor presente, o que aumenta o valuation da instituição. Empresas fortes, que faturam a mesma coisa e têm o mesmo lucro não são iguais, porque numa delas provavelmente a capacidade de captação vale mais”, explica. “Mensurar, econômica e contabilmente, ativos intangíveis é muito complexo, uma vez que, em muitos casos, eles são valores subjetivos – por exemplo, valores humanistas e ambientais”, concorda Ferrari. No caso das instituições de ensino, cujo ativo intangível fundamental, segundo o economista, é o “capital humano”, uma análise qualitativa pode ser elaborada pelas condições de ensino, tais como estrutura didático-pedagógica, relação docentes/alunos e instalações físicas. “Existem modelos econômico-contábeis que, baseados no lucro líquido, avaliam os ativos intangíveis. Por exemplo, SCHMIDT, P., SANTOS, J.L. e FERNANDES, L.A., em Fundamentos da Avaliação de Ativos Intangíveis, São Paulo, Editora Atlas, 2006, apresentam os principais métodos de avaliação de ativos intangíveis comumente utilizados.” Em muitos setores da economia, os ativos intangíveis podem chegar a 60% do valor de uma empresa na Bolsa de Valores. Há marcas que, sozinhas, valem milhões, mas, para Braga, isso ainda não se aplica às instituições de ensino. Para Ferrari, o ingresso de instituições de ensino no mercado de ações não pode ser relacionado a um processo de “mercantilização” do ensino, mas, sim, “como uma decorrência natural de maiores perspectivas de retornos líquidos provenientes de melhorias no capital humano, na gestão corporativa, na visibilidade institucional, na marca, etc.”. Os dois melhores cases de instituições que trabalham amplamente seus ativos intangíveis e têm resultados de destaque, para Braga, são a Mackenzie e a Fundação Getulio Vargas (FGV). “Elas fazem um trabalho direcionado para valorizar a marca. Regionalmente sempre há instituições com esse foco, mas no Brasil, essas duas são destaque.” Meneguetti aponta a Tecnopuc, parque tecnológico da Pucrs, como um avanço na busca de ativos intangíveis. “A Pucrs avançou muito e o Tecnopuc é um case fantástico. Reúne as empresas amis avançadas no que diz respeito à tecnologia, como Microsoft, Dell e Petrobras, e por meio de pesquisas e parcerias com essas empresas e com o governo agrega muito valor ao aprendizado dos seus alunos e à marca da universidade.”

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PAINEL Vida saudável no La Salle Medianeira

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aber se alimentar bem é um conhecimento indispensável para quem quer ter uma vida saudável. No Colégio La Salle Medianeira, esse aprendizado começa na educação infantil e ganha ênfase nas séries iniciais, com um projeto que orienta e estimula os estudantes a escolher bem o que consomem. Estudantes da 1ª à 4ª série do ensino fundamental identificam, inicialmente, os hábitos alimentares das famílias envolvidas e, ao longo do ano, os professores estimulam o consumo de alimentos saudáveis por meio de uma série de atividades, dentro e fora da sala de aula. Foi implantando o Dia da Fruta, no qual, semanalmente, os estudantes trazem as frutas que mais gostam para o lanche. Os alunos da 1ª série foram ao supermercado para verificar preços e a aparência das frutas preferidas. Depois de estudar os nutrientes dos alimentos que consomem, analisando rótulos de embalagens dos produtos, fizeram compras de forma consciente. No dia 27 de agosto, professores apresentaram um teatro para os estudantes, e a nutricionista Joseane Pazzini Eckardt, da UFFS, deu uma palestra para pais e alunos. A programação se encerrou com a realização de uma Feira Alternativa, na qual as turmas apresentaram suas receitas saudáveis para degustação – sanduíches naturais, barras de cereais, bolos de sobras e salada de fruta. Todas as dicas constarão num livro de receitas produzido em sala de aula.

Colégio Antônio Alves Ramos prepara seus 50 anos Já começaram os preparativos para a comemoração dos 50 anos do Colégio Antônio Alves Ramos de Santa Maria, que ocorre em 28 de abril de 2011. A equipe diretiva, com o apoio dos alunos e professores, criou a nova logomarca da instituição, que será aplicada nos materiais oficiais e de divulgação no próximo ano. A programação festiva contará com shows, eventos culturais e esportivos, exposição sobre a memória do colégio, entre outras atividades. O Colégio Antônio Alves Ramos é mantido pela Sociedade Vicente Pallotti, dos padres e irmãos palotinos. Atualmente atende 575 alunos de educação infantil e ensino fundamental.

Alunos do ICAA participaram de desfile cívico em Farroupilha

Alunos prepararam receitas para degustação

Cerca de 8 mil pessoas acompanharam o evento

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Cerca de 600 alunos do Instituto de Educação Cenecista Angelo Antonello (ICAA) de Farroupilha participaram do desfile cívico em comemoração ao Dia da Independência, no dia 7 de setembro. O evento teve início às 14h e foi promovido pela Secretaria Municipal de Educação, Cultura e Desporto, com o tema “Farroupilha: ideais e cidadania”. Cerca de 8 mil pessoas acompanharam o desfile, na rua Coronel Pena de Moraes, contando com participação de 48 entidades, escolas e associações. Os alunos do ICAA foram acompanhados pelo diretor da instituição, Luiz Fernando Felicetti, pela vice-diretora, Marijane Damin Filippi, e pelos pais, professores e funcionários da unidade cenecista. A banda Sagrado Coração de Jesus, de São Leopoldo, complementou o desfile da escola. Ao final da tarde, o prefeito Ademir Baretta encerrou oficialmente as comemorações da Semana da Pátria com a extinção do Fogo Simbólico, na Praça da Emancipação.


Israelita lança Ecofeira na Ir Ktaná A Ir Ktaná, cidade-laboratório do Colégio Israelita de Porto Alegre, abriga na última 2ª-feira de cada mês sua Ecofeira, aberta à comunidade. Nesses dias, a área verde da cidade conta com pequenas bancas, nas quais o visitante pode comprar produtos orgânicos, chalá (pão), bolo de mel, cucas, pães integrais, além de camisetas e produtos da Patrulha Ecológica do Israelita. Na 1ª edição, os alunos da 1ª série do ensino fundamental, responsáveis pela horta da cidade, dividiram-se em equipes e ofereceram hortaliças cultivadas por eles. Os visitantes também degustaram suco verde feito pelas crianças, montaram sementeiras e aprenderam, com os pequenos, a cuidar de uma horta. As atrações da Ecofeira envolvem teatro de rua, show de música – apresentados pelos alunos – e o lançamento do jornal dos alunos da 3ª série do ensino fundamental, Israelita News – produção de grandes “jornalistas” de 9 anos de idade. Oficinas com materiais recicláveis – abertas à comunidade com a instrutora do Senar Zélia Martins Kaufmann – complementam a programação.

Jogos que ensinam na IENH Os conteúdos do componente curricular de Língua Portuguesa da IENH – Unidade Fundação Evangélica unem teoria e jogos educacionais para os estudantes da 7ªs séries do ensino fundamental. O objetivo da iniciativa da professora Sabrina Vier, que levou jogos de tabuleiro para a sala de aula, é transformar o conteúdo em atividades divertidas. “Eles se envolvem com o conteúdo de outra forma, tiram dúvidas e ainda aprendem com os colegas”, explica a professora. Além disso, os jogos servem como revisão da matéria para os testes aplicados nas turmas. No dia 1º de setembro, quem participou dos jogos foram os alunos da 7ª série C. Eles praticaram questões sobre complementos verbais e nominais, conteúdo estudado em sala de aula pela turma.

Pequenos são responsáveis pelo cultivo de produtos oferecidos na feira

Colégio Santa Rosa lança livro sobre a sua história Fundado em 30 de outubro de 1920, o Colégio Santa Rosa de Carlos Barbosa completa 90 anos em 2010. E, para comemorar, promove o lançamento do livro “Colégio Santa Rosa – 90 anos de História!”. A obra resgata imagens e histórias da instituição desde a chegada e saída das Irmãs de São José até hoje, sob administração da mantenedora Associação Cultural Santa Rosa, feita por pais e alunos. Além do livro, a data será celebrada com um almoço, no dia 21 de novembro, O Santa Rosa conta hoje com modernos laboratórios de Informática, Biologia, Química e Física, além de sala de multimídia e quadra de esportes, e sua biblioteca é aberta a toda a comunidade barbosense. O resultado de seu trabalho é totalmente reinvestido na qualificação de suas ações e no aprimoramento de seus serviços e instalações.

Carlos Barbosa comemora os 90 anos da escola

Alunos aprendem o conteúdo de forma divertida

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Beatificação de Bárbara Maix será em novembro

No PICF-Jr, Luana estuda o comportamento de brasileiros na China

Escola de Aplicação já está inserida no mundo da pesquisa A Escola de Aplicação da Feevale, de Novo Hamburgo, já está inserida no mundo da pesquisa por meio do Programa de Iniciação Científica Júnior Feevale (PICF-Jr.), que estimula a cultura da pesquisa nos estudantes de ensino médio. O objetivo é construir conhecimento e auxiliar no desenvolvimento da sociedade na qual está inserida. Luana Weber, de 15 anos, atua PICF-Jr, no projeto “Etnicidades comunicacionais e experiências migratórias: o caso dos trabalhadores gaúchos do setor calçadista na China”, do grupo de pesquisa Comunicação e Cultura. Por meio de fotografias postadas nas redes sociais por gaúchos que trabalham no setor coureirocalçadista da China, procura-se compreender como ocorre adaptação a uma cultura tão diferente. O trabalho da estudante é procurar fotos na web e arquivá-las. “Já dá para perceber que os brasileiros que estão lá procuram outros brasileiros para se sentirem integrados. É legal ver como os brasileiros encaram outra cultura, é um aprendizado”, diz Luana. Luisa Balzan Schiavini, 16 anos, auxilia no projeto “Mapeamento e investigação da gravidez na adolescência nas escolas municipais de Novo Hamburgo/RS, pela Psicologia/Educação”, do grupo de pesquisa Educação, Cultura e Trabalho. Ela transcreve as entrevistas feitas em escolas municipais com professores, diretores e líderes. Depois disso, ela auxiliará na elaboração dos artigos científicos. Para a aluna, estar na iniciação científica é um aprendizado, ainda mais sobre um tema tão delicado, a gravidez de meninas carentes na adolescência. “O aluno consegue ver melhor a realidade, além de interagir com pessoas experientes”, afirma. As estudantes apresentaram seus trabalhos na Feira de Iniciação à Pesquisa – FIP 2010. O evento integra as atividades do Inovamundi, programa de disseminação do conhecimento científico, tecnológico e de inovação produzido na Feevale, promovido pela Pró-Reitoria de Pesquisa e Inovação da Feevale (PROPI).

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No dia 6 de novembro acontece a celebração de beatificação da fundadora da Congregação das Irmãs do Imaculado Coração de Maria, Bárbara Maix. A homenagem ocorre no Gigantinho, em Porto Alegre, às 13h30. Ainda para comemorar a beatificação, ocorre o lançamento do filme “Coração Imaculado: A vida e a obra de Bárbara Maix”, dia 20 de outubro, no Colégio Nossa Senhora da Glória, em Porto Alegre, às 19h. Nascida em 1818, em Viena, na Áustria, ela fundou a Congregação em 1848 com o objetivo de oferecer formação educativa, que hoje se dá por meio de suas escolas, creches e orfanatos. Segundo teólogos que defenderam sua beatificação, “Bárbara Maix era possuída de uma personalidade que soube integrar de modo harmônico tendências e sentimentos contrastantes: sensibilidade e firmeza, acolhida e rigor, ternura e exigência, perdão e paz”. Passados mais de 160 anos, os princípios pedagógicos de Bárbara continuam atuais e presentes no projeto educativo das escolas da Congregação. Sua obra está em mais oito países, além do Brasil, com 18 Escolas, 2 hospitais, 6 Obras Sociais e centros de saúde alternativa. Saiba mais em: www.icm-sec.org.br.

Segurança na internet em pauta no Santa Dorotéia Os riscos da internet foram tema de debate na aula de informática no Colégio Santa Dorotéia de Porto Alegre. Notícias que saíram na imprensa sobre casos de adolescentes e crianças expostos de forma indevida foram o ponto de partida da professora Daniela Galante, que propôs para as turmas de 5ª e 6ª séries a reflexão sobre o que é seguro na rede mundial de computadores. Para dar início ao projeto, desenvolvido em agosto, Daniela separou vídeos e sites com informações sobre segurança na internet e os alunos pesquisaram sobre o assunto em reportagens de sites, jornais, e revistas. Após as leituras e as conversas em sala de aula, os alunos montaram cartazes com dicas de segurança na rede e em outros programas do Office. Os cartazes foram impressos, colocados no laboratório de informática e distribuídos pelo colégio para alertar os demais alunos da instituição.


Colégio Mauá comemora 140 anos com atividades especiais

Formandos de 1950, com a atual direção do Mauá

Pequenos também confeccionam brinquedos de sucata

No dia 27 de julho, o Colégio Mauá de Santa Cruz do Sul completou 140 anos. Fundado por um grupo de imigrantes alemães com o nome de Sociedade Escolar (Schulgemeinde), seu objetivo era auxiliar o pastor Hermann Bergfried na manutenção da sua escola paroquial, criada em 1868, e dar educação de qualidade aos filhos dos imigrantes. Para comemorar o aniversário da instituição, foi preparada uma série de eventos esportivos e culturais, desde os tradicionais Jogos de Integração e Atese até eventos especiais como a copa de ginástica e o Dia do Ex-Aluno. No dia 21 de agosto, foram reunidos todos os ex-alunos e exalunas do Colégio, além dos formandos de 70, 65, 60, 50, 45, 40, 35, 30, 25, 20, 15, 10 e 5 anos do curso Técnico em Contabilidade e do Científico. A programação teve início com homenagens e visita ao Colégio, almoço e atividades esportivas, e culminou com o jantarbaile dos 140 anos no Salão dos Espelhos do Clube União. De acordo com o diretor da instituição, Wilson Ademar Griesang, “o objetivo do Colégio Mauá é preparar o aluno para os desafios da vida, através de uma formação voltada para a construção de valores”.

Pesquisa envolve alunos do Santa Teresinha Avós ensinam no La Salle Canoas A turma do Pré II C do Colégio La Salle Canoas está trabalhando com o projeto “Brincando, cantando e seguindo a canção”, que resgata cantigas de roda e brincadeiras importantes para a infância. Como, nesse quesito, avós têm muito a ensinar, eles foram convidados a enriquecer os conhecimentos dos pequenos e também os prestigiar, numa tarde de atividades conjuntas. Cada avô preparou algo muito especial: cantaram músicas de suas infâncias, contaram histórias, ensinaram brincadeiras e ainda trouxeram os pratos preferidos dos seus netos para saborear com a turma. Amarelinha, elefante colorido e passa anel são algumas das brincadeiras dos pequenos, que também pintam pneus e confeccionam brinquedos de sucata. As atividades estão registradas num relatório que será entregue para as famílias no final do ano.

O Colégio Santa Teresinha realizou um trabalho diferenciado de pesquisa, a Feira de Iniciação Científica (FIC), que contou com a participação de todos os alunos e professores da instituição. A proposta tem por objetivo desenvolver a curiosidade, a cientificidade e o trabalho em equipe. Da educação infantil à 4ª série, os trabalhos foram realizados por toda a turma, coordenados pelas professoras, e os projetos apresentados surgiram a partir das necessidades levantadas no decorrer das aulas. Da 5ª série à 8ª, o trabalho procurou envolver todas as disciplinas, buscando integrar as questões científicas e de pesquisa em todas as áreas do conhecimento. No ensino médio, os alunos foram preparados para desenvolver trabalhos dentro dos moldes científicos, realizando pesquisas teóricas, de campo, relatórios, pré-projeto e pôsteres, visando à aplicabilidade na comunidade. Nos dias 20 e 27 de agosto, os alunos apresentaram os resultados obtidos e foram submetidos a uma avaliação externa, realizada por profissionais de diversas áreas. Confira o vídeo da FIC na página da escola na internet: www.santa.g12.br.

Trabalhos foram apresentados nos dias 20 e 27 de agosto

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Aluna da IENH vence concurso RedAÇÃO ZH A aluna do 3º ano do ensino médio da Unidade Fundação Evangélica Gabriela Vieira Steckert foi uma das vencedoras do Concurso RedAÇÃO ZH, promovido pelo jornal Zero Hora. A promoção, que reuniu estudantes do ensino médio do Estado, teve duas etapas: a primeira selecionou 300 redações e a segunda premiou as cinco melhores. Gabriela escreveu sobre o tema “Dar uma palmada é um ato de agressão ou uma forma de impor limites à criança?”. Como prêmio, a estudante ganhou uma bolsa de estudos no Colégio Unificado. As alunas Fernanda Brochier Cardoso e Betina Scherrer da Silva participaram da final do concurso e ficaram entre as 300 melhores redações.

Fernanda, Gabriela e Betina: afinadas na escrita

Estudantes compartilham conhecimento no Bom Pastor Os alunos do ensino médio da Escola Técnica Bom Pastor de Nova Petrópolis realizaram, no segundo trimestre, um fórum de trabalhos sobre o tema “Copa do Mundo para o descobrimento da África”. A proposta, que visa à integração e à aplicação dos conhecimentos a partir da produção coletiva de trabalhos, é desenvolvida desde 2008 na instituição. O tema é escolhido de acordo com o interesse de alunos e profossores – que apadrinham um grupo de trabalho e têm a função de mediador na apresentação dos alunos para toda escola. Os temas debatidos e apresentados no fórum foram A história da África; Arte na África; Relações entre homens e animais na África; Nelson Mandella; Apartheid; África pobre e África rica; Esporte na África; Alegria do povo em sediar a Copa do Mundo; Os estádios da África: Arquitetura, economia e consumo de energia; Mudança proporcionada pela Copa; Contribuições do negro para a atualidade no Brasil; Realidade africana em Angola e os conflitos. O grupo Arte na África foi um dos destaques, com a apresentação do trabalho em forma de forma interpretativa com a utilização do teatro, da dança e da música. Grupo Arte na África interpreta para transmitir conhecimento

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Criatividade no Sinodal Tiradentes Professoras e alunos da 2ª série do ensino fundamental do Colégio Sinodal Tiradentes, de Campo Bom, mostraram como é possível e interessante trabalhar diversas atividades e disciplinas usando um tema como base. Durante a segunda quinzena de agosto, a turma aprendeu sobre meios de comunicação por meio de textos, teatros e até uma radionovela usando os contos de fadas clássicos como ponto de partida para as criações. A professora Tatiana Petry conta que foram utilizados os contos mais conhecidos, como Branca de Neve, Chapeuzinho Vermelho e Cinderela. “Nos Três Porquinhos, trabalhei uma atividade que envolvia a confecção de um bilhete para o Lobo Mau, marcando um novo encontro; assim, eles aprenderam o que é um bilhete”, destaca. As produções textuais foram trabalhadas nas aulas de informática, com a utilização de um software educativo. A professora Ana Makki elaborou uma rádio-novela com os alunos, com novas falas para os grandes clássicos da literatura infantil e a inserção de sonoplastia de forma artesanal. “Como estamos estudando os sons dos ambientes, eles reproduziram todos os sons das histórias como objetos como copos e instrumentos musicais.” Em breve, a radionovela estará disponível na web.

São Judas Tadeu tem nova marca Buscando se reposicionar na vanguarda do ensino, a São Judas Tadeu – Faculdades Integradas e Colégio está de cara nova. No dia 26 de agosto, a nova logomarca foi apresentada a todos os colaboradores e à comunidade. A reformulação da identidade visual, as campanhas publicitárias e as melhorias na gestão fazem parte de um amplo planejamento estratégico denominado Ação 2015, que visa ao resgate dos valores da empresa – tradição e excelência – e também à adição de um novo valor: inovação. A instituição também mudou o slogan, que passa a ser “Aprender para ser”.


ARTIGO A produção de estruturas argumentativas escritas com aplicação dos articuladores coordenados e subordinados por crianças de 5ª série – análise da intencionalidade natural desses articuladores Claudia Brandt Pinto 1 Márcia Regina Santos de Souza 2 RESUMO Cada vez mais se faz necessário acompanhar o processo de argumentação dos alunos, já que eles, inseridos num processo democrático e crescentemente globalizado, participam com mais frequência de situações que exigem o enunciado argumentativo. Para que o professor tenha maior clareza desse processo, precisa observar como seus alunos usam os articuladores coordenados e subordinados e como demonstram a diversidade de ideias promovidas por esses conectores. A linguagem é um ato intencional e, particularmente em relação aos articuladores, essa intencionalidade é subjetiva, porque os alunos ainda não estudaram as conjunções. Neste trabalho, será analisado como alunos da 5ª série, de uma escola estadual de Sapiranga, Rio Grande do Sul, estão empregando esses articuladores. A partir da elaboração de uma produção textual solicitada, serão apresentados alguns resultados e análises correspondentes. ABSTRACT To follow students´ argumentation process has become more and more necessary as they are inserted in a democratic process and increasingly globalized, by participating more often in situations that require the argumentation utterance. In order to have a clear view of this process, teachers need to observe how students use the coordinated and subordinate articulators and how they demonstrate the diversity of ideas promoted by those connectors. Language is an intentional act and, particularly in relation to the articulators, this intention is subjective, because students have not learned the conjunctions yet. In this paper, we will analyze as the 5th grade students of a state school located in Sapiranga, Rio Grande do Sul, are using those connectors. Through a textual production, some results and analysis will be presented. PALAVRAS-CHAVE: articuladores, argumentação, operadores

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araco e Tezza (2003) afirmam que, na tarefa argumentativa, os relatores lógicos – articuladores – são indispensáveis. Se eles não existissem, não seria possível argumentar. Como falantes da língua, dominamos com perfeição esses relatores. Certamente, você nunca parou para pensar o que significa a palavra “mas” ou a palavra “pois”. Nós usamos diariamente esses relatores sem problema nenhum, principalmente na oralidade. Entretanto, a passagem dessas formas para a escrita pode apresentar algumas dificuldades. Na referida obra (Oficina de textos, 2003), Faraco e Tezza apontam algumas dificuldades que os alunos podem ter ao aplicarem esses relatores nos textos argumentativos, como a clareza, que deve acontecer através da logicidade entre as sentenças; a variedade (afinal, se, na fala, usamos dois ou três relatores, na escrita, há um grande número desses operadores) e a gramática, que geralmente apresenta alguns equívocos (como apesar que no lugar de apesar de que). Koch (2000) afirma que a linguagem é inerentemente argumentativa e que existem alguns traços que são orientadores da sequência do discurso, determinando os encadeamentos possíveis com outros enunciados capazes de continuá-los. Conforme a estudiosa, é necessário admitir que existam enunciados cujo traço constitutivo é o de serem empregados com a pretensão de orientar o interlocutor para certos tipos de conclusão, com exclusão de outros. Rocha Limam (1999) chama os articuladores de ‘palavras denotativas’ e Bechara (1999) de ‘denotadores de inclusão’ (até, mesmo, também, inclusive); ‘de exclusão’ (só, somente, apenas, senão); ‘de retificação’ ( aliás, ou melhor, isto é); ‘de situação’(afinal, então, etc). Moura Neves (2000) comenta que algumas palavras da língua atuam de modo específico na junção dos elementos do discurso, indicando o modo pelo qual se conectam às porções que se sucedem. “Esses elementos podem ter seu estatuto determinado dentro da estrutura da oração ou dentro de subestruturas dela, além de poder determinar-se fora da estrutura oracional, ou seja, no âmbito textual” (MOURA NEVES, 2000, p. 601). Dessa maneira, percebe-se, ainda de acordo com essa autora, que tais relações permeiam e governam o texto inteiro, penetrando nas suas subpartes, como reflexo da organização geral a que estão subordinadas. Ou seja, as partes do texto devem encontrar pontos de ligação que tornem o todo coerente. METODOLOGIA Na experiência que serviu de base para esse relato, as crianças produziram redações argumentativas a partir do filme “Onde vivem os monstros”, e o processo se deu da seguinte maneira: Após assistirem ao filme, os alunos foram levados a refletir sobre sua temática, sendo que foi salientada pelos alunos a questão da mentira que norteia as atitudes do personagem central, Max. Em seguida, foi feita uma intensa discussão sobre o tema “mentira” e os alunos puderam apresentar as consequências da mentira no filme e fora dele. Foi proposta à turma a produção de um texto que representasse a opinião do aluno sobre o tema discutido em aula, definindo o ato de mentir, podendo se valer de situações do cotidiano ou do próprio filme.

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A atividade de redigir ficou como tarefa para casa, para que tivessem tempo hábil, a fim de organizar o texto de maneira natural num espaço de linhas indefinido, pois o objetivo do professor era avaliar a dinâmica do uso dos articuladores. A turma é composta por 22 alunos, com idades entre 10 e 15 anos. Há quatro casos de repetência e um caso de inclusão. No geral, nas produções textuais, a turma atende às necessidades de uma quinta série. Dessas 22 produções, serão analisadas 8 neste trabalho. Todos os alunos utilizaram algum tipo de articulador, desde os mais simples (e, mas, porque) até os mais complexos (mesmo que, ainda que, ou, mas também, afinal, pois senão), para a faixa etária em questão. Exemplos: “Eu não posso falar nada porque eu menti e descobriram...” (B, 11) “Bom a mentira faz parte das pessoas. Mesmo que umas não gostem também fazem.”( C, 11) Nos enunciados acima, percebe-se que as crianças fizeram uso de articuladores simples (porque e e) e de articuladores mais complexos como “mesmo que”. Segundo Faraco e Tezza (2003), esse processo de uso, simples ou complexo, é natural, já que a criança não estudou formalmente as conjunções e não pensa sobre o articulador a ser usado. Nas oito redações analisadas, os conetivos mais presentes foram mas, porque e e. O mas apareceu sob a variação mais, que, segundo estudos realizados sobre ortografia, é comum para a forma escrita nessa faixa etária Daniela Freitas Torres, Mestranda em Leitura e Cognição pela Universidade de Santa Cruz do Sul (UNISC), e Onici Claro Flores, Doutora em Letras (e orientadora da pesquisa sobre o uso de operadores sequenciais e argumentativos em diferentes trabalhos de alunos da 6ª série), avaliaram as dificuldades dos alunos observados sobre o uso do operador mas, o que não ocorre com os alunos de 5ª série avaliados neste presente trabalho. Todos deram a este articulador a função de adversidade, contradição, contraponto.

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Exemplos: “A mentira é uma coisa que todos fazem mais é uma coisa muito ruim.” (C, 11) “Eu não gosto de mentir mas às vezes ela escapa e a gente acaba mentindo.” (I, 11) “Eu acho que a mentira não é bom porque às vezes a pessoa descobre.” (J, 10) Os exemplos demonstram a intencionalidade natural das crianças quando usam o mas para contrapor ideias e o porque para justificar. Quanto ao uso da coordenada e, é possível perceber uma certa diversificação de sentidos expressos por este articulador. Vejamos os exemplos: A. “... acho a mentira um ato muito feio e me arrependo de tudo que já menti.” (A, 11) B. “Uma pessoa que vive mentindo se torna uma pessoa chata e ninguém suporta.” (A, 11) C. “Um dia eu estava com medo de falar uma coisa para minha mãe eu fiquei com medo que ela me batece, e eu falei, e depois ela não fez nada.” (W, 11) D. “Capas que alguém nunca mentil todo mundo já mentiram até eu e munto para minha mãe e meus amigos.” (W, 11) Na sequência A, a conjunção e é usada para explicar, pois poderíamos substituí-la por por isso. Na sequência B, a conjunção e é usada com o intuito de concluir. Nas sequência C, as conjunções e foram usadas para dar ideia de sequencialidade, próprio da narrativa. Na sequência D, aparecem duas significações diferentes para a conjunção e: na primeira, ela é usada para intensificar a ideia, e na segunda, para designar função de adição. Os elementos acima comprovam a teoria de Faraco e Tezza (2003), quando dizem que é através de relatores específicos que se estabelece uma lógica entre o que se disse e o que vai se dizer. Nas sequências acima, apenas o segundo caso da coordenada e, no enunciado D, funciona como adição. As outras sequências partem de um princípio lógico para dar sentido à conjunção e. Ainda sobre o sentido dado à coordenada aditiva E, Ducrot (1981) afirma que num enunciado, diferente da frase, a conjunção é que determina a intenção do interlocutor. Isso está claramente expresso nos exemplos dos textos das crianças estudadas: A conjunção e foi usada naturalmente, atendendo às exigências do enunciado. Koch (2000) quando fala sobre as orações ligadas por e, (muitas vezes, dita “coordenada típica”), alerta para o fato de que não se poderia afirmar com certeza a interdependência de sentido. No caso de orações ligadas por e, trata-se, muitas vezes, de uma prossequência temporal, tanto que não se pode mudar a ordem das orações.


Quanto aos articuladores mais complexos (afinal, mesmo que, ou então, mas também, pois senão, e como), seis textos apresentaram exemplos deste tipo de sequência. Exemplos: A. “Eu não gosto de mentira, afinal quem gosta de mentira?!” (E, 11) B. “Pra mim mentir é muito difícil porque devemos respeitar mesmo que seja amigo, professor, pai, mãe, madrasta, padrasto ou qualquer outra pessoa próxima.” (P, 11) C. “Mentir é um ato que todo mundo faz para ter ou ganhar alguma coisa ou então não falar o que fez e falar outra coisa.” (W, 11) D. “Tem um filme que se a gente prestar atenção nós vimos que nós temos bastante em comum. (P,11) Nos enunciados A, B e D, os alunos conseguiram juntar as ideias através dos articuladores, deixando clara a intencionalidade real. Já sobre o enunciado C, é necessário que façamos alguns comentários. A intenção do aluno parece esclarecer que devemos respeitar as pessoas e não mentir para elas, independentemente de quem sejam. Mas ele não conseguiu articular de maneira correta e usou o articulador concessivo (mesmo que), que não se encaixa nesta construção. Como já se apontou, Bechara (1999) classifica os articuladores como denotadores de exclusão, inclusão, retificação e situação. É o caso deste último (situação) na sequência A, com o uso do afinal. É importante salientar que em nenhum momento foi analisada a escrita dos textos quanto a sua estrutura geral. A única estrutura observada foi a articulação do enunciado através de articuladores lógicos.

BIBLIOGRAFIA KATO, Mary A.(org.). A Concepção da Escrita pela Criança. Campinas: Pontes, 2002. KOCH, Ingedore G. V. Argumentação e Linguagem. São Paulo: Cortez Editora, 2000. FARACO, C.A. & TEZZA, C. Oficina de texto. Petrópolis: Vozes, 2003. TORRES, Daniela F. & FLÔRES, Onici C. Costurando textos: o uso de operadores sequenciais e argumentativos em diferentes trabalhos por alunos da 6ª série. Revista Monographia. Porto Alegre, nº4. Disponível em: http://www.fapa.com.br/monographia. MOURA NEVES, Maria Helena. Gramática dos usos do Português. São Paulo: Editora da UNESP, 2000. 1 Graduada em Letras pela Universidade do Paraná, leciona na rede estadual de ensino de Sapiranga e cursa pós-graduação na Universidade Feevale 2 Graduada em Letras pela Universidade do Vale do Rio dos Sinos, professora de Português, Literatura, Produção Textual e Didática da Linguagem. Cursa pós-graduação na Universidade Feevale.

CONCLUSÃO Diante dos dados coletados, foi possível concluir que os alunos observados conseguiram escrever seus textos fazendo uso dos articuladores, desde os mais simples (e, mas, porque) até os mais complexos (mesmo que, ou então, se), para a faixa etária. Mesmo que os textos tenham problema de construção frasal, repetição e outros entraves, a função conectora das conjunções foi exercida, como conclusão, explicação, adversidade, causa, adição. Também foram apresentadas as funções das falsas coordenadas, ou seja, quando a classificação única da gramática normativa dá espaço para múltiplas aplicações da conjunção, como é o caso da coordenada e. Diferentemente dos resultados levantados pelas pesquisadoras da Unisc, já referidas, os alunos da quinta série da Escola Estadual de Ensino Fundamental Almeida Júnior conseguiram aplicar corretamente a adversativa mas. Os dados coletados e analisados também comprovaram que os alunos fazem uso dos articuladores de maneira natural, escolhem os conectores de acordo com a necessidade de cada situação e ampliam suas variações sem que tenham formalmente aprendido as conjunções. Por isso, entendemos que é papel fundamental do professor trabalhar esse aspecto em sala de aula, analisando com os alunos as frases e os articuladores usados, inclusive, apresentando outras variações a partir daquelas que o aluno usa nas produções textuais. É crucial que o professor trabalhe textos opinativos chamando a atenção para a presença dos articuladores argumentativos. Com o trabalho que apresentamos, tivemos a oportunidade de observar o quanto o aluno tem propriedade sobre os articuladores, confirmando a base teórica usada neste trabalho, principalmente a elaborada por Koch, na obra Argumentação e Linguagem (2000), e por Faraco e Tezza, na obra Oficina de texto (2003). O aspecto social também foi relevante. Alunos incentivados quanto à leitura, que têm acesso à Internet, tevê a cabo e outros recursos, apresentaram uma maior desenvoltura quanto à aplicação dos articuladores argumentativos, enquanto alunos com problemas sociais e/ou familiares demonstraram um certo déficit quanto aos elementos aqui estudados. Mais um fator importante para que a escola trabalhe com a dinâmica da articulação argumentativa para que este aluno consiga aperfeiçoar o uso dos conectores.


GESTÃO Estratégias para atender às expectativas da comunidade

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necessidade de implementar melhorias que atendessem às expectativas da comunidade foi o que levou a Escola Salvador Jesus Cristo, de Alvorada, a dar início a um trabalho de gestão sob a orientação do SINEPE/RS, em outubro de 2003. A meta era resolver problemas de organização, planejamento, projetos, e definir objetivos a atingir. A instituição contava com 200 alunos, mas queria crescer e ser reconhecida como referencial de educação na comunidade. As primeiras reuniões, somente com a direção, significaram um processo de aprendizado e adaptação à visão estratégica – a principal dificuldade foi enxergar a escola como uma empresa. Logo a equipe pedagógica e os professores foram incluídos no trabalho. Os professores se uniram para planejar e traçar metas a serem alcançadas. Estavam empolgados com o processo, ainda mais quando percebiam que os objetivos eram concretizados. Muitas reuniões, encontros e debates foram realizados. Na área pedagógica, a elaboração de projetos é constante desde então, e encontros com o consultor para tratar exclusivamente dessas estratégias contribuem para a qualidade e aperfeiçoamento de todo o processo. Todos os objetivos eram traçados em reuniões por meio de planilhas e medições, com a análise de dificuldades e problemas. O consultor teve papel importante junto ao grupo ao instigar todos a buscarem estratégias e soluções. O principal resultado das práticas de gestão foi o crescimento da escola – em estrutura e em número de alunos –, decorrente de uma maior organização por parte da direção e professores. Atualmente a escola tem 580 alunos, e esse número cresce a cada ano. Houve definição da política da empresa, modificação da maneira de ver (a escola como uma empresa) e agir, implementação de um plano de marketing e um software. A escola está com nova sede – e foi construído ainda mais um prédio com quatro salas de aula –, as salas de informática foram ampliadas e foram comprados mais computadores. Além disso, foi criado o site da escola na internet e uma sala de audiovisual com lousa interativa. Houve aumento da hora/aula para os professores, a criação do curso técnico de informática e a aprovação do curso técnico de secretariado. Mais um objetivo alcançado foi a criação de uma escola de educação infantil noutro ponto da cidade. Em novembro, será inaugurada a Salvador Jesus Cristo Kids. As práticas de gestão – conhecimentos adquiridos com o apoio dos consultores – são, hoje, muito importantes para a instituição, consideradas imprescindíveis para o crescimento e para lidar com as dificuldades diárias enfrentadas por uma instituição de ensino. A Salvador Jesus Cristo trabalha para reduzir ainda mais os custos, o que inclui um projeto de aproveitamento da água da chuva, e fazer uma praça de alimentação dentro da escola. Além disso, o objetivo é continuar crescendo e criar mais uma escola específica de ensino médio e curso técnico em informática.

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Gestão por Processos nas Instituições de Ensino O Centro de Desenvolvimento da Gestão escolar (CDG), criado pelo SINEPE/RS, tem o objetivo de capacitar as instituições de ensino privado no Estado do Rio Grande do Sul. Oferece serviços de assessoria e consultoria, e disponibiliza a metodologia de Gestão por Processos (Business Process Management – BPM). O processo de negócio numa instituição educacional está direcionado efetivamente para a operacionalização de ações que visam à formação educacional do aluno. Gerenciar processos para a formação educacional de forma eficaz, adotando as melhores práticas de ensino, é um dos fatores críticos para o sucesso da escola. Para tornar a instituição bem-sucedida, faz-se necessário o desenvolvimento de um modelo de processos que oportunize aos colaboradores um “pensamento sistêmico” (critérios de excelência 2010 da FNQ) dos diversos componentes da escola, seu papel nos processos e as relações com o ambiente externo. As ferramentas usualmente utilizadas com este intuito são o PDCA e o Mapa do Perfil da instituição. Na implantação da Gestão por Processos (BPM) são considerados os seguintes passos fundamentais: –– traduzir o negócio em processos – definir os processos mais relevantes e construção do Mapa de Processos; –– mapear e detalhar os processos – definição de padrões de documentação e identificação dos atributos dos processos;

–– definir indicadores de desempenho – mensurar o desempenho dos processos; –– gerar oportunidades de melhoria – definir os planos de ação que minimizem o retrabalho e as perdas; –– implantar um novo modelo de gestão – treinando e integrando os colaboradores e utilizando como modelo o MEG (Modelo de Excelência da Gestão da FNQ), por exemplo. Os objetivos de uma instituição de ensino são atingidos por meio de seus processos, mesmo que estes não estejam claramente identificados para os seus colaboradores, os materiais e as informações permeiam a escola, transformam-se em produtos ou serviços e são entregues aos clientes, caracterizando um processo (Johanson ET AL., 1995). Portanto, mapear os processos, identificando, conhecendo e documentando a sequência de atividades e recursos utilizados, permite à escola enxergar os problemas e corrigi-los, aumentando sua eficiência e melhorando seu desempenho. Esperamos que mais instituições de ensino particular busquem a Gestão por Processos como alicerce para galgar a eficiência, a redução de custos e a qualidade. Sergio Schardong Filho

Engenheiro Civil, especialista em Administração da Produção, em Educação e em Transportes e consultor do SINEPE/RS.

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CINEMA De Aprendiz a Profeta: como sobreviver entre os muros da prisão Uma breve metáfora sobre a Unificação Europeia e a situação dos ilegais na França Por Adriana Kurtz*

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le tem 19 anos, é analfabeto. Meio árabe, meio córsico, vive na França. Seu nome é Malik El Djebena e pouco se sabe sobre os motivos que o levaram à prisão. O começo de O Profeta não nos dá muitas informações ou detalhes. Consta que Malik teria agredido policiais. Sua pena é de seis anos. E um detalhe aparentemente banal da trama mostrará o contexto histórico da sociedade que em breve será aliviada, por assim dizer, da presença desse jovem infrator. O condenado é visto ao tentar esconder uma nota de 50 francos no momento da revista, já na prisão. Vive-se o momento de consolidação da União Europeia, quando o euro substitui as moedas locais. É a virada do século e a prisão, magnificamente filmada por Jacques Audiard, será uma espécie de metáfora da própria UE, dos seus conflitos, e da sua frágil arquitetura de conjunto, que exigirá, das diferentes nações e culturas, esforços desiguais para a manutenção da esperada política do continente. O Profeta, portanto, é mais que um filme de gangsters ou um mero relato do sistema prisional francês, ainda que essa seja a parte mais eletrizante e visível da trama – já que Malik deverá se submeter aos “poderes” locais, fazer alianças e buscar certa respeitabilidade. De fato, a obra reflete sobre um tema universal: a sobrevivência e o aprendizado – nem sempre nobre – em situações limite ou condições de perigo e ameaça à própria vida (uma temática clássica em filmes sobre o Holocausto, por exemplo).

*Doutora em Comunicação e Informação pela UFRGS e professora dos Cursos de ‘Publicidade e Propaganda’ e ‘Design’ da Escola Superior de Propaganda e Marketing – ESPM

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A explosiva convivência entre culturas torna a situação do jovem recém-encarcerado dramática. Ele se aproxima de mafiosos ítalofranceses. Porém, sua origem árabe cria resistências entre os córsicos. Se não é aceito plenamente nesse grupo, a parcial aproximação com os italianos gera conflitos com outro grupo de poder na prisão, os muçulmanos franceses, fechando mais uma porta. A situação é clara. O personagem aprenderá rapidamente a preservar sua vida entre os muros da prisão e para isso dá adeus a qualquer inocência, ainda que isso não o transforme num caricato e cruel marginal. Acusado de ter optado por uma estética um tanto hollywoodiana, Jacques Audiard fez uma obra vigorosa em vários quesitos fundamentais do cinema. O roteiro arrasta o espectador sem resistência rumo à ascensão vertiginosa de Malik ao poder, fazendo jus aos melhores filmes do gênero; a câmera desvela o interior do mundo prisional com um touch documental que só faz aumentar o impacto da trama, sustentado por atores pouco conhecidos, mas convincentes, acompanhados inclusive por expresidiários convocados pelo diretor. Tudo isso embalado por uma trilha sonora que tem os seus achados. Sucesso de público, O Profeta entrou para a história do prêmio máximo do cinema francês, com nove estatuetas, perdendo apenas para os dez César dos clássicos O Último Metrô e Cyrano de Bergerac. O filme, aliás, deixou sem premiação ninguém menos do que Alain Resnais, verdadeiro ícone da Nouvelle Vague francesa. E o diretor, ponto para ele, é politicamente correto. Audiard fez uso da tribuna chique do Festival para discursar a favor dos imigrantes e ilegais que hoje povoam Paris, pessoas que trabalham sem documentos, sem residência, mas que contribuem para a riqueza da França, sob certa forma, eterno “império colonial”.

Ficha Técnica: O Profeta Un Prophète - França/Itália, 155 minutos (2009) Direção: Jacques Audiard Roteiro: Abdel Raouf Dafri, Nicolas Peufaillit, Thomas Bidegain, Jacques Audiard Gênero: Drama/Policial Elenco: Tahar Rahim (Malik El Djebena); Niels Arestrup (César Luciani); Adel Bencherif (Ryad); Hichem Yacoubi (Reyeb); Reda Kateb (Jordi); Jean-Philippe Ricci (Vettori)


DICAS

LIVROS

Infanto-juvenil Cadu procura em Porto Alegre Carlos Alberto Pessoa de Brum BR1 Editores 48 páginas R$ 20

Bullying: o pesadelo da escola Marcos Rolim

Com base na sua dissertação de mestrado em sociologia, o autor apresenta o conceito de bullying, amparado em vasta literatura internacional e pesquisa realizada numa escola da rede pública de Porto Alegre. Além disso, apresenta interessantes programas antibullying, já testados internacionalmente. Com 152 páginas, o livro é da Editora Dom Quixote e custa R$ 30. Mais informações: editoradomquixote@terra.com.br

O grande circo do mundo Marta de Senna Companhia das Letrinhas 72 páginas R$ 33

Um Olhar para o Vale vol. 4 Osvino Toillier (org)

O livro pretende ajudar a construir sentido de vida através de uma centena de mensagens sobre as mais diversas temáticas. Este é o quarto volume da coletânea Um Olhar para o Vale, nascido da seleção de textos do programa homônimo diário da Rádio União. Esta obra adentra em questões substantivas da vida humana e deseja ajudar na prospecção de sinais alentadores para a falta de esperança, a ausência de paz e a recuperação da fé no imensurável amor de Deus e na beleza da vida. A publicação da Editora Sinodal tem 200 páginas e custa R$ 26. Mais informações: editora@editorasinodal.com.br

Poeplano

Dilan Camargo 96 páginas R$ 29

Introdução à história da Filosofia, volume 2 Marilena Chaui

Neste segundo volume, a autora faz uma explanação das reflexões filosóficas desenvolvidas no período helenístico da história da humanidade – séculos III a.C. a III d.C. Explora a complexidade das diferentes escolas helenísticas do período imperial, de origem latina, apresentando o pensamento de filósofos como Cícero, Sêneca e Sexto Empírico. Trata-se de uma obra clara, iluminadora, escrita na intenção de manter-se acessível ao público não especializado. Da Companhia das Letras, tem 360 páginas. R$ 46. Mais informações: www.ciadasletras.com.br

Ensaio sobre a cegueira

O filme conta a história de uma inédita e inexplicável epidemia de cegueira – chamada “cegueira branca”, já que as pessoas atingidas passam a ver apenas uma superfície leitosa. Um homem no trânsito é o primeiro infectado e, depois dele, muitas outras pessoas são atingidas rapidamente pela doença, que se espalha pelo país. Os afetados são colocados em quarentena. O medo do contágio, que isola completamento dos doentes, e a falha dos serviços oferecidos pelo Estado com relação a essas pessoas fazem com que elas comecem a lutar por suas necessidades básicas, expondo seus instintos primários. A mulher de um médico (Julianne Moore), a única que ainda consegue enxergar, tenta encontrar a humanidade perdida juntamente com um grupo de internos. O drama de Fernando Meirelles tem 120 minutos.

DVD Babel

Um ônibus repleto de turistas atravessa uma região montanhosa do Marrocos. Entre os viajantes estão Richard e Susan, um casal de americanos. Ali perto, os meninos Ahmed e Youssef manejam um rifle que seu pai lhes deu para proteger a pequena criação de cabras da família. Um tiro atinge o ônibus, ferindo Susan. A partir daí, o filme mostra como esse fato afeta a vida de pessoas em diferentes pontos do mundo. O drama de Alejandro González Iñárritu tem 142 minutos.

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PUBLICAÇÕES As publicações institucionais, como jornais e revistas, são canais importantes para divulgar o trabalho das instituições e reforçar a sua imagem junto à comunidade em que atua. “Educação em Revista” recebeu algumas dessas publicações, as quais reproduz no espaço abaixo:

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