Edição 78

Page 1

ANO XI • FEVEREIRO | MARÇO 2010

78

COMO MANTER VIVO O HÁBITO DA

LEITURA

ENTREVISTA

Luís Augusto Fischer fala do relacionamento entre os jovens leitores e os livros PROJETO

La Salle Medianeira leva cultura e história às passarelas


Quando a escola cresce, o futuro é cada vez mais positivo. Com o Sistema Positivo de Ensino, sua escola passa a contar com um material didático que organiza o conteúdo de toda escola, integrando as diversas disciplinas em uma mesma linha pedagógica. Seus alunos passam a dispor do Portal Positivo, que enriquece os estudos e aprofunda a aprendizagem da sala de aula. Seus professores passam a ter cursos e assessorias pedagógicas especializadas por áreas do conhecimento. E a sua escola passa a receber apoio em toda gestão escolar, incluindo áreas financeira, jurídica, administrativa e de marketing. No conjunto, são soluções que transformam o dia a dia e constroem um novo futuro, muito mais positivo.

MATERIAL DIDÁTICO

ASSESSORIA PEDAGÓGICA

ASSESSORIA NA GESTÃO ESCOLAR

0800 724 4241 | www.editorapositivo.com.br/sistemapositivo

PORTAL POSITIVO



EXPEDIENTE

EDITORIAL

Quem ainda não experimentou o prazer de ler?

O cantinho do quarto, da sala ou da varanda da casa de praia é a porta de entrada para um universo paralelo, cheio de vida, de personagens, de acontecimentos que ninguém consegue ver além daquele que, concentrado, segura nas mãos a chave desta porta mágica: o livro. É através dele que viajamos longe, exercitamos nosso imaginário criando pessoas e ambientes nos mínimos detalhes, cenários únicos, incomparáveis àqueles elaborados por leitores que podem estar lendo a mesma obra, ao mesmo tempo. A mensagem do autor é uma só, mas as interpretações são incontáveis. Quem nunca experimentou esta sensação única? O prazer de ler. Que varia conforme o livro, conforme o leitor. Que pode ser comparado à avidez de alguém sedento, que sorve as páginas com a velocidade de quem precisa terminar com toda a água existente no planeta para matar a sede e sentir-se aliviado. Ou de quem acompanha atentamente cada gesto, cada palavra proferida, cada “som”, como se aprendesse, com paciência e emoção, uma nova melodia. A Reportagem da Educação em Revista aborda, nesta edição, de que forma se mantém vivo o hábito da leitura. Diante de tantas novas formas de entretenimento, do fácil acesso à tecnologia e às inúmeras opções de lazer que ela traz, as crianças e adolescentes têm acesso aos livros? Procuram por eles? Tiram dos livros tudo o que eles têm a oferecer? O doutor em Literatura Brasileira Luís Augusto Fischer complementa essa matéria na seção Entrevista, falando da relação dos jovens leitores com os livros e de que forma é possível despertá-los para o prazer de ler. Estimular este hábito é, também, o objetivo da Educação em Revista em relação aos seus leitores. Em 2010, a publicação está de roupa nova, com elementos gráficos que valorizam ainda mais os textos e as fotos, tornando a publicação mais moderna e atraente. Inspirado na técnica artesanal de patchwork, o novo projeto gráfico traz mais uma novidade: a renovação da logomarca, que tem como característica principal a organicidade, letras que se relacionam entre si, representando a ligação existente entre educador e aprendiz. Na seção Projeto, o trabalho do Colégio La Salle Medianeira, que levou cultura e história para as passarelas, num novo modelo de ensino-aprendizagem. A história da Escola Marista Medianeira, de Erechim, que completou 75 anos, está nas páginas de Memória. E Adriana Kurtz fala do documentário de atriz francesa Sandrine Bonnaire, que resgata a história da irmã autista a partir de registros familiares no filme O nome dela é Sabine. Ótima leitura a todos. E que as novidades de 2010 sejam apenas o despertar de ideias inovadoras na área da educação. Editora da Educação em Revista

Fale conosco

4

Anúncios e assinaturas E-mail: comercial@sinepe-rs.org.br Fone: (51) 3022-3282/9998.5807

ISSN 1806 – 7123 Presidente: Prof. Osvino Toillier; 1º Vicepresidente: Prof. Hilário Bassotto; 2º Vice-presidente: Prof Flávio Romeu D’Almeida Reis; 1º Secretário: Prof Ardy Storck; 2º Secretário: Profª Maria Helena Lobato; 1º Tesoureiro: Profº Ir. João Olide Costenaro; 2º Tesoureiro: Prof Wilson Ademar Griesang. Suplentes: Profª Mônica Timm de Carvalho, Prof Oswaldo Dalpiaz, Prof Roberto Py Gomes da Silveira, Profª Ir. Adélia Dannus, Prof. Ir. Olavo José Dalvit, Prof Elio Luís Liesenfeld, Profª Ir Mônica de Azevedo; Conselho Fiscal Efetivo: Prof. Ruben Werner Goldmeyer, Prof. Bruno Eizerik, Prof Ilmo José Junges; Suplentes: Profª Ir. Isaura Paviani, Profª Valderesa Moro, Prof Luís Fernando Felicetti; Conselho Editorial: Prof. Osvino Toillier, Prof. Hilário Bassotto, Prof Flávio D’Almeida Reis, Prof Luiz Antonio de Assis Brasil, Prof. Ruy Carlos Ostermann, Prof Adayr Tesche, Prof Pedro Luiz da Silveira Osório e Moises Mendes. Coordenador da Assessoria de Comunicação e Marketing: Prof. Osvino Toillier; Edição: Vívian Gamba (MTB 9383); Assistente de Comunicação: Carine Fernandes; Foto da capa: Colégio Marista Conceição / Fotógrafo: Rafael Czamanski; Projeto Gráfico / Diagramação: Bistrô; Revisão: www.postexto.com.br e Milton Gehrke; Impressão: Gráfica Comunicação Impressa.

MISSÃO

Representar e congregar as instituições do ensino privado na promoção de sua qualificação permanente e diferenciação.

VISÃO

Ser referência como instituição no cenário educacional brasileiro, reconhecida pela eficiência na representação sindical e promoção de serviços inovadores.

Vívian Gamba

Redação Cartas, comentários, sugestões, matérias; educacaoemrevista@sinepe-rs.org.br

Educação em Revista é o órgão oficial de divulgação do Sindicato do Ensino Privado do Rio Grande do Sul - SINEPE/RS, com circulação bimestral

Informações Fones: (51) 3213-9090 www.sinepe-rs.org.br

Educação em Revista não se responsabiliza por ideias e conceitos emitidos em artigos ou matérias assinadas, que expressam apenas o pensamento dos autores, não representando necessariamente a opinião da revista. Por motivos de espaço e clareza, as cartas e artigos poderão ser resumidos

VALORES

Compromisso com o Associado - Ética e Transparência - Competência - Cultura da Inovação - Responsabilidade Social.


06 10

PREMIADAS

Confira as instituições destaque em Comunicação e em Responsabilidade Social de 2009

17

ENTREVISTA

Luís Augusto Fischer fala do relacionamento entre os jovens leitores e os livros

PROJETO

La Salle Medianeira leva cultura e história às passarelas

18 MEMÓRIA

Os 75 anos da Escola Marista Medianeira, de Erechim

20 CAPA

Como manter vivo o hábito da leitura

32

52

ECONOMIA

As instituições de ensino estão investindo em capital humano?

CINEMA

Documentário de atriz francesa resgata história de irmã autista

36

INSTITUCIONAL

Educação em Revista abre 2010 com nova estampa

5


PREMIADAS Rosário em Foco: excelência na mídia impressa

O

aperfeiçoamento contínuo ao longo de 15 anos de existência levou a revista Rosário em Foco ao Ouro no 7º Prêmio Destaque em Comunicação do SINEPE/RS, categoria Mídia Impressa. A identidade visual da publicação passou por uma revitalização, inspirada numa proposta mais limpa e contemporânea. A leitura se tornou mais agradável pelo equilíbrio maior entre o espaço vazio, o texto e as fotografias. A revista é a mais antiga do Colégio Rosário, de Porto Alegre, e desde a sua concepção faz uso de critérios jornalísticos e busca constantemente a diferenciação e a inovação. Tem como objetivo divulgar os valores, as opiniões e os conhecimentos produzidos na escola. A publicação destaca-se pelo padrão de conteúdo fidedigno à realidade do colégio, pois a apuração dos conteúdos e a redação são feitas integralmente por profissionais da Assessoria de Comunicação e Marketing do Colégio Marista Rosário, que estão inseridos no dia a dia da instituição. A Rosário em Foco é colorida, com 34 páginas, e tem periodicidade quadrimestral, com uma tiragem de 4 mil exemplares. O foco da publicação são os pais rosarienses e a distribuição é feita por intermédio dos alunos das séries iniciais do Ensino Fundamental e Educação Infantil, que recebem a revista em mãos e levam para casa, e pelo correio para as demais famílias. Os professores recebem a Rosário em Foco nos recreios da manhã e da tarde, na sala dos professores, com uma apresentação dos principais temas pelo Diretor da escola e representantes da assessoria de comunicação.

A revista também é disponibilizada em displays na escola e eventualmente é distribuída em reuniões de pais e eventos. Todas as edições são postadas igualmente para formadores de opinião, outros estabelecimentos de ensino e entidades de interesse da área educacional. A revista Rosário em Foco passou por diversas roupagens e linhas editoriais. Seguindo a tendência da maioria dos impressos institucionais, em seus primeiros anos de existência teve como objetivo registrar fatos importantes e eventos que aconteciam na escola. Essa linha foi substituída por um projeto editorial inovador, que tornou a Rosário em Foco uma publicação de referência, com reportagens que trazem à discussão temas polêmicos do dia a dia da educação. A consolidação da publicação entre os educadores tornou a Rosário em Foco instrumento de estudo e avaliação, em sala de aula e entre os profissionais de educação no Marista Rosário. A conquista da linha editorial ideal, no entanto, incentivou a busca de mais um desafio: a readequação do projeto gráfico. O novo projeto foi aprovado pela comunidade educativa em pesquisa realizada entre pais e professores, público-alvo da publicação. A Rosário em Foco está mais moderna e atrativa para 82,6% dos pesquisados. “As matérias estão dispostas de melhor forma e o conteúdo é mais abrangente. A revista ficou mais colorida e bastante agradável de ler”, declarou um dos entrevistados.

PREOCUPAÇÕES DOS ADOLESCENTES SÃO APRESENTADAS POR MEIO DA ANÁLISE TÉCNICA DE ESPECIALISTAS

TEMAS ABORDADOS DISCUTEM A APRENDIZAGEM E AS RELAÇÕES NA SALA DE AULA E EM CASA

6


Ser solidário requer atenção e planejamento

O

projeto Santa em Ação, que levou o Colégio Santa Terezinha, da Rede Notre Dame, de Taquara, a ganhar o Ouro na 4ª edição do Prêmio SINEPE/RS de Responsabilidade Social na categoria Participação Comunitária, fez com que as aulas de Ensino Religioso fossem além dos muros da escola. O trabalho é desenvolvido há seis anos por um grupo beneficente que atua junto a entidades carentes e realiza atividades de integração dentro da escola. Esse grupo envolve direção, professores, alunos, ex-alunos e pais, que se dividem em colaboradores e participantes ativos, conforme a disponibilidade, e organizam atividades que serão desenvolvidas ao longo do ano já no início do período letivo. O objetivo do trabalho é melhorar a qualidade de vida das pessoas idosas e das crianças das entidades beneficiadas, promover a conscientização sobre a importância do voluntariado, envolver os alunos e as famílias do Colégio Santa Teresinha em ações comunitárias, garantir a sustentabilidade e a continuidade das ações de transformação da sociedade e tornar o ambiente das entidades envolvidas mais agradável e receptivo. Ao arrecadar alimentos, roupas, brinquedos, material escolar e outras doações que fazem do projeto um compromisso social, o grupo leva à comunidade a compreensão de que solidariedade também precisa ser planejada, e é preciso atenção para identificar, em cada caso, quem necessita de auxílio, o que realmente deve ser feito e como é possível prestar ajuda.

A fim de marcar o mundo com exemplos de grandeza interior, o projeto Santa em Ação assume os desafios de sensibilizar as crianças e os adolescentes para a realidade social das pessoas carentes e auxiliar os alunos a desvendarem o segredo da solidariedade presente em pequenos gestos. A família tem papel fundamental na percepção da realidade e dos problemas sociais. Além disso, o desafio de captar entidades realmente carentes e de resgatar a dignidade dos idosos abandonados e das crianças. Os 92 alunos que atualmente participam do Santa em Ação são motivados a respeitar e a valorizar as pessoas. As arrecadações são feitas por meio de campanhas de conscientização, de acordo com a realidade dos asilos ou escolas beneficiadas, como campanha do Gesto de Páscoa, Campanha do Agasalho, Adote um Vovô, Aqueça quem precisa, Pedágio da Solidariedade, Dia da Solidariedade, e Um brinquedo para uma criança. Para cada campanha há diferentes pessoas qualificadas que se dispõem a ensinar os alunos a confeccionar o material a ser doado. O grupo proporciona o bem-estar físico, psíquico e espiritual de muitas pessoas carentes da cidade de Taquara. Considerando as doações fixas mensais e as campanhas extraplanejamento, o Santa em Ação beneficia cerca de 3 mil pessoas carentes por ano, além dos 130 voluntários envolvidos no trabalho. A perspectiva é de que esses índices aumentem, devido ao número cada vez maior de alunos que estão aderindo ao grupo e ao reconhecimento do trabalho dos órgãos competentes da cidade.

RESPEITO E VALORIZAÇÃO ÀS PESSOAS É LEI PARA OS 92 ALUNOS DO PROJETO

SANTA EM AÇÃO BENEFICIA CERCA DE 3 MIL PESSOAS POR ANO

ARRECADAÇÕES SÃO FEITAS POR MEIO DE CAMPANHAS DE CONSCIENTIZAÇÃO

7


Vestibular de ouro na Unisc

O

Vestibular de Verão 2009 da Universidade de Santa Cruz do Sul (Unisc) foi o maior da história da instituição, e a campanha que levou a esse resultado garantiu o Ouro no 7º Prêmio Destaque em Comunicação do SINEPE/RS, categoria Gestão de Comunicação. Foram mais de 3.600 inscritos para as provas, além dos benefícios não mensuráveis para a imagem da universidade. A mudança na coordenação e na equipe da Assessoria de Comunicação e Marketing da Unisc implicava uma série de desafios, entre eles, estabelecer uma forma diferente de comunicação com os públicos, adequada à realidade da universidade, e conquistar o respeito e a confiança da Reitoria com um trabalho inovador, ousado e sério, já que a nova equipe era jovem. A campanha do Vestibular de Verão 2009 foi o foco da ação de comunicação. Era necessário se relacionar com o público de maneira intensa e diferenciada, a fim de aumentar o número de créditos matriculados e de novos estudantes. O primeiro passo foi a escolha do nome da campanha, feita por meio de uma dinâmica de grupo. “Sonhar é investir no que acredita. Acreditar é investir no sonho”, o slogan escolhido, foi o ponto de partida para as demais ações. Após uma imersão em grupo, fora do local de trabalho, surgiu a ideia de uma pré-campanha. Diante de um mote criativo que envolvia conceitos como sonhar, investir e acreditar, se optou por marcar esta etapa como um incentivo aos sonhos. A pré-campanha foi baseada, então, em mídias alternativas e uma promoção via hotsite, com domínio específico – www.eusonhoeacredito.com.br. Com o hotsite pronto, elaborado de forma caseira e com custo zero – com o apoio do setor de informática –, a preocupação se voltou à divulgação, que foi realizada por meio de pequenos anúncios em locais estratégicos da

região, principais portais e sites especializados em fotos de festas, e por um panfleto em formato de balãozinho distribuído nas blitz de divulgação. Também foram sorteados brindes – um iPod Shuffle por semana e um iPhone ao final da promoção – para quem participasse de um concurso cultural no site, respondendo à pergunta Qual é o seu sonho? Na segunda etapa da campanha, unidades móveis equipadas com materiais gráficos, notebooks com acesso à internet e entretenimento divulgaram o Vestibular 2009 em mais de 15 cidades do Estado. O Caminhão da Unisc foi até para a Oktoberfest, chamando a atenção do público e reforçando a identidade jovem da marca. Foram utilizados também front lights e outdoors nas cidades onde a Universidade possui campus, mídias em jornal, rádio e televisão. A Universidade visitou ainda 89 escolas das cidades de Santa Cruz do Sul, Venâncio Aires, Sobradinho, Capão da Canoa, Arroio dos Ratos, Pantano Grande, Taquari, Cachoeira do Sul, Arroio do Meio, Teutônia, Lajeado, Candelária e Rio Pardo. Mais de 7.300 estudantes receberam materiais de divulgação da campanha. Além disso, foi promovido o Viva Unisc, um dia de visitação na universidade, com estantes dos cursos para informações sobre cada área de atuação e oficinas para 2.600 alunos de terceiro ano. Mais de 4.100 pessoas participaram do evento. Três pessoas que cadastraram seus sonhos no site foram escolhidos para participar de VTs de 60”. Elas gravaram depoimentos, divulgados na televisão local e internet (Orkut da campanha e YouTube da Unisc). O site da campanha teve mais de 90 mil exibições e mais de mil sonhos foram cadastrados. A interação dos participantes, no entanto, via internet e no dia a dia, como fizeram os 13 ganhadores dos prêmios, renderam mais força à marca e ultrapassaram os resultados indicados pelos números. UNISC VISITOU 89 ESCOLAS PARA DIVULGAR A CAMPANHA

8



ENTREVISTA

Como despertar o prazer pela leitura?

O

s jovens ora afastam-se dos livros, ora buscam o prazer de descobrir um novo mundo, página a página. Na Feira do Livro de Porto Alegre, vemos que crianças e jovens, em especial, conquistam, a cada ano, mais espaço. Eles estão, de fato, imersos na leitura? De que forma contribuir para que esse hábito seja gratificante para esses leitores e se perpetue? O mestre e doutor em Literatura Brasileira Luís Augusto Fischer esclarece como se dá o relacionamento dos jovens leitores com os livros. Fischer é professor do Instituto de Letras das UFRGS desde 1985 e por oito anos lecionou em escola particular. Tem 52 anos de idade e há 30 é professor. Escreve para os jornais Zero Hora e Folha de S. Paulo. Entre suas principais obras, estão o Dicionário de Portoalegrês e a novela Quatro negros, da L&PM, e Machado e Borges e Inteligência com dor – Nelson Rodrigues ensaísta, pela editora Arquipélago. Participa todas as terças-feiras do Sarau Elétrico, evento de literatura que acontece há dez anos no bar Ocidente, e mantém uma oficina de criação de texto no StudioClio. Educação em Revista – Crianças são curiosas por natureza e, na sua maioria, não deixam um livro passar despercebido. Esse hábito se mantém ao longo do tempo? Luís Augusto Fischer – Ele pode se manter, mas não é tão fácil ou imediato assim. Quando as crianças atingem os 10, 12 anos – a pré-adolescência, para simplificar –, os livros passam a ser mais exigentes, com mais texto e menos ilustração, o que fatalmente impõe alguma dificuldade, e por outro lado a dinâmica da vida de quem passa dessa idade muda radicalmente, o ritmo se modifica, os interesses se diversificam; enfim, tudo muda em matéria de rotina e valores. E aí a leitura pode sofrer algum abalo, que pode ser tanto maior quanto menor e mais frágil tiver sido, até então, o hábito de leitura. Ao contrário, se o indivíduo já tiver aprendido, na convivência miúda dos dias, que o livro

10

é uma boa companhia, um estímulo à imaginação, um fator de crescimento e prazer, a entrada na adolescência pode implicar um abalo menor. Creio que nessa passagem atua fortemente outro fator, para ajudar ou para atrapalhar o hábito de ler: os exemplos dos adultos fora da família, especificamente na escola. O prezado leitor me responda, de verdade: quantos professores, diretores, educadores em geral, assim como pais e avós de alunos, quantos deles aparecem e circulam com algum livro na mão? É comum o adolescente ver um professor de História, Português, Inglês, Educação Física, Química e Biologia com um livro na mão, qualquer que seja, fora do eventual livro didático obrigatório? Ora, todo mundo sabe o poder do exemplo do professor para o adolescente. Se ele ler e manifestar isso publicamente – não precisa carregar um livro, mas pode, por exemplo, comentar em aula o “livraço” maravilhoso que está lendo, seja ele um romance ou a biografia de um cientista, um livro de história de sua especialidade ou uma coleção de piadas, não importa –, é certo que isso vai virar assunto entre os alunos, e virar assunto é uma das primeiras condições para qualquer coisa existir, entre os jovens. ER – Qual a idade em que elas despertam para o prazer da leitura? Quais os estímulos para manter esse hábito? E os desestímulos que as fazem parar de ler? Fischer – Em qualquer idade, mas é melhor que seja o mais cedo possível, antes dos 4 anos. Claro, estamos falando de leitura em sentido amplo, aqui. Para qualquer criança, por nenê que seja ainda, é um estímulo bom ouvir história lida por um adulto, manusear um livro (hoje há até livros de plástico, que podem acompanhar o banho), aprender a olhar para as figuras, até chegar ao grau bem mais sofisticado de decodificar as letras, entender as palavras, acompanhar as frases. Em matéria de estímulo, não há nada melhor do que o exemplo: não apenas o enorme estímulo de ter um adulto ou irmão mais velho lendo, contando, reinventando uma


“EM MATÉRIA DE

ESTÍMULO, NÃO HÁ NADA MELHOR DO QUE O EXEMPLO.

história estampada num livro, mas o estímulo mais poderoso ainda – embora muito menos evidente, muito mais discreto – de conviver com adultos que leiam, que tenham gosto em pegar livro, jornal, revista na mão, que expressem sem palavras, mas com o gesto concreto, o quão importante para a vida daquele adulto é ter acesso ao livro. Um pai ou uma mãe que, por exemplo, lê com o lápis na mão, sublinhando e anotando para se apropriar de um conteúdo, ou que, em outro exemplo, mergulha numa leitura e vibra com o que vai lendo, está dizendo para o filho que ali, naquele gesto, há um valor, igual talvez ao valor que os pais incutem nos filhos em outras matérias e campos de interesse, como a escolha do time de futebol, a valorização da vida em família, em rigorosamente qualquer área da vida. Me ocorre mais um elemento: a convivência com livros. Uma criança que cresce tendo à sua volta livros, os seus e os dos adultos ou os dos irmãos mais velhos, aprende – mais uma vez pelo exemplo silencioso, sem necessidade de lições explícitas – que aquele objeto é bom, tem valor, é prestigiado pelos seres que a amam e que ela ama. O pai que chega em casa com um livro sob o braço, a mãe que frequenta a biblioteca do colégio para pegar um livro, o irmão que cai de cabeça num Harry Potter da vida, a avó que lê um romanção de capa cor-de-rosa, o avô que consulta um livro técnico, esses são os exemplos que a criança vai seguir. Em suma: exemplo, é disso que estamos tratando. ER – Há uma linha de pensamento que defende todo e qualquer objeto de leitura como válido. Blogs, páginas da internet, trocas de recados em sites de relacionamento e outros conteúdos alternativos são comparados aos livros. A alegação: o conteúdo é diferente e a forma de leitura é diferente, mas continua sendo leitura. O senhor concorda? Por quê? Fischer – Em sentido amplo, concordo que toda a decodificação de sinais alfabéticos e numéricos é leitura, e para isso também a escola pode contribuir. Não apenas o

CAROLINA LEIPNITZ / CEAT

LUÍS AUGUSTO FISCHER DOUTOR EM LITERATURA BRASILEIRA

professor de Português e Literatura, mas todo e qualquer professor, mostrando ao aluno como se lê e interpreta um site ou um blog, um filme ou uma reportagem. Aliás, a internet é uma prova de que hoje em dia se escreve muito. Creio que, desde que vivemos em sociedades massivas, digamos há uns 200 ou 150 anos, nunca se imaginou que tanta gente escreveria tanto. Não quer dizer que escrevam bem, mas que estão se valendo do código escrito, culto ou semiculto, para se comunicar; isso, em sentido amplo, é prova de vitalidade da escrita e da leitura. ER – Há, neste ponto, confusão entre leitura e literatura? Fischer – Quem faz essa confusão perde muito, com toda a certeza. Literatura, em sentido estrito, é arte literária, ou ao menos é texto concebido e escrito com vontade de permanência e, portanto, com elevação, certa dignidade. Quem publica um livro, seja ele um romance ou um estudo, concebe seu trabalho como digno de ser lido por muita gente, por muito tempo. Em sentido mais restritivo ainda, literatura é aquele conjunto de livros (ou de textos, mais genericamente) que sobrevive à passagem do tempo e por esta razão merece a atenção das novas gerações. Claro que a escola e os pais cultos desejam que seus alunos e filhos tenham acesso consistente ao melhor do patrimônio da cultura escrita, de nosso país e do mundo, em geral. Para isso, não podem, nem a escola nem os pais, perder de vista que uma coisa é a leitura, em sentido amplo, atividade sem dúvida relevante, indispensável ao mundo já há várias gerações, e outra coisa, muito mais específica e mais exigente, é a literatura, a que se tem acesso sempre mediadamente, pelas indicações e lições que a escola e os pais devem proporcionar.

11


ER – Os livros estão sendo substituídos por novas formas de entretenimento e cultura? Fischer – Sim, em toda parte, pelo que acompanho. Mesmo em países de cultura letrada mais sólida e mais antiga, como os europeus, há queixas de que se lê menos ou que os jovens tendem a preferir outras formas de passatempo e de hábito cultural. E nossa época tem sido pródiga em inventar formatos e caminhos novos de diversão, de divulgação, de tudo. Hoje quase não conseguimos mais conceber como era o mundo, não digo sem telefone e televisão, que já estão conosco há bastante tempo, mas sem computador pessoal, internet, celular, games. Não é? De sua parte, a leitura, ainda mais a leitura de livros e textos exigentes como são os que a tradição consagra, é uma habilidade humana que não se conquista espontaneamente, salvo exceções. É um hábito que precisa de cultivo mesmo. Assim como só se aprende a chutar certo em gol ou arremessar na cesta praticando, a calcular calculando ou a plantar plantando, também só se aprende a ler lendo. É tarefa educacional, para a família e a escola, que precisa sempre ser assumida. Abandonar a criança e o jovem ao seu próprio ritmo na ilusão de que aprenda a ler equivale a fazer o mesmo, digamos, no aprendizado das quatro operações matemáticas, ou no aprendizado do chute a gol. Ora, salvo um caso genial, só se aprende matemática aprendendo, com um professor que explique, com exercício, com retomadas e com aplicação, tudo isso num ritmo adequado à idade. Mas retomando a questão central: o fato de os livros precisarem competir com outras formas de lazer e cultura não deve nos deixar desesperados, muito menos desanimados; aí está uma contingência da vida, que precisa ser considerada, compreendida e ultrapassada, mantendo sempre a perspectiva histórica, que já nos mostrou que a leitura de bons livros tem sobrevivido, como uma das grandes conquistas da humanidade, a invenções portentosas como o cinema, o rádio, a televisão.

12

ER – Os jovens buscam autores de referência da literatura brasileira ou são obrigados a lê-los por exigência da escola? Até que ponto esta cobrança é válida? Fischer – A obrigação de leitura é daquelas coisas que fazem parte da vida culta, em qualquer lugar. Nenhum menino inglês vai ler Shakespeare porque desperta um dia com uma súbita vontade de lê-lo. Ele vai ler porque a escola força esse contato, e aquele aluno, quando jovem e adulto, vai ter, então, a chance de ver Shakespeare representado, filmado, entranhado em sua cultura. Assim é. Sendo o Brasil um país relativamente jovem, com uma tradição literária bastante pequena, de certa forma mais razão ainda nós temos de organizar esse contato das novas gerações com o patrimônio compartilhado. Quer dizer: essa cobrança é sempre válida, ponto. O que se pode e deve discutir é como fazer o contato e a cobrança. Há meios mais estimulantes do que outros, há livros mais adequados do que outros, conforme a idade e a mentalidade. Mas não se deve ter medo de cobrar, e não só por causa do vestibular, é porque conhecer os melhores escritores brasileiros e universais é um direito de todo cidadão, como o direito ao voto, digamos, que precisa ser esclarecido e estimulado. ER – A partir de qual idade é indicado apresentar literaturas mais ‘pesadas’ como “Os Sertões”, de Euclides da Cunha? Fischer – Os Sertões, em particular, me parece leitura inadequada para a escola, em âmbito geral. Eu nunca recomendei que meus alunos de colégio lessem Euclides, nos oito anos que lecionei para o Ensino Médio. Mas atenção: é claro que todo aluno que passa pela escola brasileira tem que ser apresentado a esse maravilhoso e difícil livro. Como fazer: ler partes escolhidas com os alunos, em sala de aula, e sugerir leitura de capítulos do livro, em particular os capítulos narrativos, da parte em que se narram as campanhas contra Canudos, que, bem lidos, têm o sabor de grandes relatos de guerra. Falando em termos mais amplos, diria que a leitura de clássicos, brasileiros e não brasileiros, pode ser iniciada assim que a leitura seja fluente, começando por textos adaptados – com menor vocabulário, acompanhado de filmes, quadrinizado, simplificado, etc. – e chegando, idealmente, aos textos integrais originais. Mas atenção: assim como nunca se termina de aprender o conteúdo de uma disciplina, e assim como nunca se chega ao limite último do aprendizado da língua (mesmo a língua materna), também nunca paramos de aprender a ler os clássicos. Pode bem ser que um indivíduo só consiga ler Dom Casmurro aos 30 ou 40 anos de idade, e isso não é um equívoco ou uma deficiência, necessariamente. O que a escola deve fazer é preparar o aluno para ser um leitor destemido e cultivado. Destemido no sentido de não ter medo de enfrentar qualquer livro, mesmo que depois a escolha seja renegada, o livro seja abandonado, etc., e cultivado no sentido de ter tido contato com todas as modalidades de texto impresso, do romance ao conto, do poema ao texto teatral, do relato histórico ao ensaio, da biografia ao delírio.


ER – O cinema coloca nas telas obras consagradas, como o Ensaio Sobre a Cegueira, de Saramago. O senhor acredita que é um estímulo para que o livro seja lido posteriormente, ou os espectadores substituem a leitura? Fischer – Acredito. Os bons livros são sempre interessantes, e regra geral são melhores por escrito do que na tela, porque o livro, como disse Jorge Luis Borges, é a única ferramenta criada pelo homem que não é uma extensão da mão, mas da imaginação: quem vê imagina menos do que quem lê. ER – Quais as formas de popularizar a literatura, fazer com que as crianças e jovens conheçam diferentes autores e, de acordo com a sua preferência, elejam seus livros? Fischer – São várias, e todas devem ser manejadas: o contato induzido, o contato espontâneo, a leitura em voz alta, a apreciação do filme que adaptou o livro, a conversa em casa ou na escola, tudo.

“A OBRIGAÇÃO DE LEITURA É

DAQUELAS COISAS QUE FAZEM PARTE DA VIDA CULTA, EM QUALQUER LUGAR... NÃO SE DEVE TER MEDO DE COBRAR, E NÃO SÓ POR CAUSA DO VESTIBULAR.

CAROLINA LEIPNITZ / CEAT

ER – Livros de autoajuda estão entre os mais vendidos nas livrarias. O que o senhor acha disso? Fischer – É esperável, em todos os sentidos. São livros concebidos para alcançar uma demanda que existe (como ganhar dinheiro fazendo isso ou aquilo; como emagrecer; como vender mais), tal e qual um sabonete feito para agradar a um determinado público que já espera por ele. Em outro sentido, é uma realidade auspiciosa para o mundo do livro: regra geral, as editoras que produzem livros assim se capitalizam e podem, se tiverem um pouco de responsabilidade social e cultural, oferecer também outros livros, de mercado menos óbvio e com mais qualidade. Da mesma forma, o sujeito que lê um livro, seja este a porcaria que for, é alguém que aprende que aquele objeto ali – uma pilha de folhas grudadas entre si por um dos lados e encapada, com texto escrito dentro, fácil de manejar, que não dá pau e pode ser levado para todo lado – é interessante. E eu, otimista que sou, como qualquer professor, sempre acho que quem aprende quão bom é um livro está no primeiro degrau da escada que leva à leitura das melhores obras.

13


IES

Feevale é a 13ª organização mais inovadora do Sul

do Brasil

A

Confira a relação das empresas mais inovadoras do Sul

14

1 ) Embraco - Empresa Brasileira de Compressores (SC) 2 ) Intecnial (RS) 3 ) O Boticário (PR) 4 ) Grupo Artecola (RS) 5 ) Grendene S/A (RS) 6 ) Marcopolo (RS) 7 ) Semeato (RS) 8 ) Whirpool (SC) 9 ) PUCRS (RS) 10 ) Banrisul (RS) 11 ) Grupo Randon (RS) 12 ) Vulcabrás/Azaléia (RS) 13 ) Aspeur - Feevale (RS) 14 ) Altero (RS) 15 ) Springer Carrier (RS)

LEONARDO ROSA / FEEVALE

Feevale subiu quatro posições no ranking Campeãs da Inovação, que mostra as organizações mais inovadoras da Região Sul do Brasil. A sexta edição da pesquisa, realizada pela revista Amanhã em parceria com a Consultoria Edusys, de São Paulo, traz a Instituição em 13º lugar no Sul. Em outubro de 2009, a instituição também foi certificada por integrar a lista das 100 maiores organizações do Rio Grande do Sul. A instituição ocupa a 99ª posição no Estado e a 247ª na Região Sul no ranking Grandes & Líderes. Para o reitor da Feevale, Ramon Fernando da Cunha, o resultado reflete o compromisso de toda a comunidade acadêmica com o planejamento estratégico institucional. “Desde a sua fundação, a Feevale tem, entre seus pilares, ser regional e comunitária. Nos últimos anos, também vem buscando consolidar a inovação. Esse esforço resulta no reconhecimento da comunidade.” Na pesquisa Campeãs de Inovação, a avaliação foi feita por meio de seis dimensões consideradas fundamentais para determinar o quanto a inovação está presente nas organizações: estrutura e cultura organizacional, ações, processo de geração de criatividade e desenvolvimento inicial da inovação, tratamento e orientação à inovação, atitude e resultados da inovação.

A CONSOLIDAÇÃO DA INOVAÇÃO É O FOCO DA FEEVALE NOS ÚLTIMOS ANOS


Trabalho de conclusão vira artigo em revista nacional TIAGO BALD / DIVULGAÇÃO

O

trabalho de conclusão do curso de Engenharia de Controle e Automação do engenheiro Henrique Worm, formado pela Univates em 2009, foi base do artigo técnico publicado na edição de novembro passado na revista Controle & Instrumentação, publicação técnica que aborda assuntos relativos a automação industrial, instrumentação, elétrica, controle de processos, predial e metrologia. O trabalho intitulado “Sistema de identificação e manipulação de produtos em planta de manufatura flexível usando RFID” foi desenvolvido no Laboratório de Automação Industrial (LAI) da Univates, ao longo de um ano, sob orientação do coordenador do Curso, professor Robson Dagmar Schaeffer. “É motivo de orgulho para a Univates também que esta edição tenha circulado durante o 13º Congresso Internacional e Exposição de Automação, Sistemas e Instrumentação (Brazil Automation Show), considerado o maior evento de instrumentação, sistema e automação da América Latina e um dos mais importantes do mundo”, declara. A planta de manufatura flexível onde foi implantado o sistema de identificação e manipulação de produtos vem sendo desenvolvida pelos alunos de Engenharia de Controle e Automação sob a coordenação dos professores. No trabalho, foi implantado um sistema didático capaz de fazer a identificação dos produtos que são processados na planta, composto por sistema de dosagem, pesagem e três esteiras movimentadoras, onde potes contendo diferentes produtos são identificados por meio da gravação de dados em etiquetas inteligentes afixadas em cada item produzido. A planta possui duas unidades leitoras/gravadoras RFID (Identificação por Radiofrequência), uma para gravação dos dados logo após enchimento dos potes e outra no final do processo, para leitura, visando à estocagem adequada dos produtos. A manipulação para estocagem é realizada por um robô industrial, interligado à planta por um CLP que faz o controle geral do sistema. O objetivo da identificação é rastrear o produto em toda a cadeia de suprimentos, algo cada vez mais presente na indústria de alimentos, na qual o Vale do Taquari se destaca com importantes empresas.

HENRIQUE WORM, ENGENHEIRO FORMADO PELA UNIVATES

15


IENH conta com novo curso superior

A

Faculdade IENH conta este ano com o curso de Licenciatura em Ciências Biológicas, com linha de formação em Ciências do Meio Ambiente, de acordo com a portaria MEC/SESu n.o 64 de 20/01/2010. O curso desenvolve um novo olhar para educação, que ultrapassa o limite do conhecimento e das ações pontuais do cotidiano e almeja uma nova relação homem-ambiente, fundamentada na crítica à sociedade atual, na compreensão dos processos biológicos e pedagógicos e sua interação com o meio, e no incentivo à pesquisa. O licenciado em Ciências Biológicas será um professor atento às necessidades da convivência da sociedade junto ao meio ambiente. Poderá exercer atividades em instituições de ensino públicas e privadas que instigam a curiosidade, a persistência, a capacidade de abstração, a criatividade e o gosto pelos conhecimentos físicos, biológicos e químicos.

Capacitação em TI: oportunidade para estudantes da Unisinos Quatro estudantes dos cursos de Análise e Desenvolvimento de Sistemas, Segurança da Informação, Ciência da Computação e Jogos Digitais da Unisinos foram selecionados para o programa Jovens Talentos, da empresa Ilegra. O programa oferece um curso de capacitação em tecnologia da informação (TI), uma oportunidade de obter experiência para enfrentar o mercado de trabalho. Dos 200 currículos recebidos pela empresa – especializada em desenvolvimento e infraestrutura de sistemas –, 80 participaram da seleção, que contou com dinâmicas, entrevistas de grupo e avaliações psicológicas. Os candidatos foram divididos em turmas conforme sua área de interesse e receberam treinamentos num total de 80 horas. Uma das primeiras tarefas dos estudantes foi a criação de um blog. A ferramenta foi utilizada para o desenvolvimento de exercícios durante as aulas e serviu como forma de avaliação do candidato.

16

O curso foi organizado com conteúdos de acordo com a necessidade do currículo da linha de formação em meio ambiente, distribuídos em cinco campos de formação: formação básica, com disciplinas introdutórias que relacionam os estudos éticos-profissionais, políticos e comportamentais, econômicos e ambientais; formação profissional, com estágio no 3º trimestre do curso; estudos quantitativos que abrangem pesquisas operacionais, modelos em laboratórios de análise química, biofísicas e biológicas; atividades complementares, como cursos, palestras e seminários; e práticas de projetos, um aprofundamento teórico-prático na educação socioambiental. A Licenciatura em Ciências Biológicas fornecerá a compreensão das questões ambientais sob o ponto de vista científico, técnico, social e econômico, promovendo o desenvolvimento de uma postura ética.

CRÍTICA À SOCIEDADE ATUAL FAZ PARTE DA LICENCIATURA EM CIÊNCIAS BIOLÓGICAS

JOVENS BUSCAM PRIMEIRA EXPERIÊNCIA PROFISSIONAL


PROJETO Desfile de estilo e criatividade no La Salle Medianeira

U

m jeito criativo e inovador de conhecer a cultura e a história: por meio da moda. Essa foi a proposta do projeto Estilo Alternativo, desenvolvido na 7ª série do Colégio La Salle Medianeira, que culminou em um desfile de roupas inusitadas, no dia 30 de novembro, para os estudantes do turno da manhã. Com caráter interdisciplinar, o projeto coordenado pelas professoras Carla Machado de Castro, Lurdes Claudete Webler e Valdete Krindges se iniciou com o estudo sobre a história da moda e sua relação com a cultura nas aulas de História. Divididos em grupos, os estudantes compartilharam suas pesquisas e refletiram sobre o conceito de moda e o preconceito com muitos estilistas na atualidade. Na disciplina de Artes, os estudantes definiram o estilo, os materiais e a quantidade das peças que comporiam as coleções a serem produzidas por cada grupo e apresentadas no desfile. Em Língua Portuguesa, houve a produção de cartazes de divulgação do desfile, que foram espalhados pela escola. O trabalho foi realizado no laboratório de informática. Os estudantes tiveram a oportunidade de conhecer textos publicitários e desenvolver uma técnica diferente de escrita, com e desafio de criar um slogan que caracterizasse a coleção apresentada.

Para a apresentação das peças do vestuário, os estudantes também treinaram o tom de voz adequado ao microfone e a expressão facial. “Foi um exercício importante para eles perderem o medo frente ao público”, justificou a professora Valdete. O desfile exibiu criatividade, como uso de materiais recicláveis, como caixinhas de leite, papel jornal, CDs e canudos plásticos. Estudantes de outras turmas também foram convidados para desfilar, o que tornou a apresentação um momento de integração. “Além de conhecer os estilos de vestir em diferentes períodos da História, os estudantes aprenderam a valorizar o trabalho dos profissionais da moda, criando peças inéditas por meio da reutilização de materiais do seu cotidiano”, destacou a professora Carla. ESTUDANTES DEFINIRAM OS MATERIAIS UTILIZADOS NA CRIAÇÃO DAS PEÇAS

PESQUISAS AJUDARAM A REFLETIR SOBRE O CONCEITO DE MODA E O PRECONCEITO AOS ESTILISTAS

MODA FOI O PONTO DE PARTIDA PARA O ESTUDO DA CULTURA E DA HISTÓRIA

17


MEMÓRIA Escola Marista Medianeira

Trajetória de dedicação ao longo de 75 anos

N

o dia 9 de janeiro de 2010, a Escola Marista Medianeira completou 75 anos de atuação no cenário educativo de Erechim. Ao longo dos anos, a presença marista no município construiu uma trajetória de dedicação à formação de crianças e adolescentes, consolidando-se como referência em excelência acadêmica e formação humano-cristã. A fundação da obra marista em Erechim aconteceu no dia 9 de janeiro de 1935, em decorrência dos inúmeros pedidos da população local e do pároco Benjamin Busatto ao provincial Irmão Adriano, que cedeu três irmãos para a abertura do Instituto Comercial Nossa Senhora Medianeira – Ir. Cláudio José, Ir. Leonel e Ir. Silvestre. As aulas se iniciaram no dia 7 de março daquele mesmo ano. A procura dos alunos foi tão numerosa que as vagas foram preenchidas em apenas um dia de matrículas. A escola oferecia os cursos Primário, Admissão e Comercial. Ainda em 1935 foi organizado o Apostolado da Oração e um centro da Juventude Católica na Escola. O prédio da instituição localizava-se na rua Ceará esquina com a Pedro Álvares Cabral. No verão de 1937, foi iniciada a construção do novo prédio, com dois pavimentos, na rua Rio de Janeiro esquina com a Pedro Álvares Cabral, local onde a escola funciona até hoje. Em 1942, o Instituto obteve a oficialização para o funcionamento do Curso Ginasial.

O prédio foi remodelado e ampliado em 1953, e um terceiro pavimento foi construído. Neste ano funcionavam no local os cursos Primário, Admissão, Ginásio e Técnico em Contabilidade. Em 1964, o Medianeira inaugurou o primeiro ginásio de esportes da Província Marista de Santa Maria e do município de Erechim. No ano de 1975, a escola de 1º e 2º graus oferecia à comunidade erechinense os cursos de Auxiliar de Escritório, Auxiliar de Contabilidade e Técnico em Contabilidade. Ao completar 75 anos, a Escola Marista Medianeira, sob a direção do Irmão Canísio Puhl, oferece vagas de educação infantil e ensino fundamental. Está localizada na rua Valentim Zambonato, no coração da cidade de Erechim, com um amplo espaço, de 10 mil m2. Atualmente a Escola conta com ampla estrutura e oferece aos estudantes um ginásio poliesportivo, campo de futebol 11, quadra esportiva externa, laboratórios, biblioteca, capela, salão de atos, salão de festas, parque infantil e salas de recursos audiovisuais. É um centro de aprendizagem, vida e evangelização. Após 75 anos de existência, a Escola Marista Medianeira permanece fiel à missão marista de educar para toda a vida, com uma filosofia voltada para a formação integral do cidadão, contribuindo para o despertar de valores. As comemorações alusivas ao aniversário da instituição tiveram início em dezembro de 2009 e se estenderão no decorrer de 2010. Está prevista a realização de diversas atividades e eventos envolvendo toda a comunidade de Erechim.

GRUPO DE FORMANDOS DE 1954 NO VERÃO DE 1937, FOI INICIADA A CONSTRUÇÃO DO NOVO PRÉDIO, COM DOIS PAVIMENTOS

18

Se a sua instituição completa 50, 75, 100, 125, 150 ou 175 neste ano, participe desta seção! Entre em contato com a redação da Educação em Revista para saber como. educacaoemrevista@sinepe-rs.org.br


O ANTES E O DEPOIS DO GINÁSIO ESPORTIVO DA ESCOLA

Idilia está há 25 anos na família marista Acompanho esta trajetória da Escola Marista Medianeira desde a década de 70, quando meus irmãos eram alunos e minha mãe funcionária do colégio. Como mãe, tive a felicidade de oportunizar aos meus filhos a educação marista, que proporciona formação e conhecimento de qualidade, próprios da instituição. Na década de 80, fui convidada pelo então diretor, Irmão Celso Salet, a entrar para a família marista. Tinha início a minha atuação como educadora marista. Comecei como professora, depois fui coordenadora pedagógica, diretora e atualmente sou vice-diretora da Escola. Com muita satisfação, há 25 anos acompanho a trajetória desta instituição e sua preocupação em educar crianças e jovens seguindo os princípios do fundador, São Marcelino Champagnat, e atendendo às necessidades e exigências reais de cada época. Dentre as muitas alegrias experimentadas, vivencio diariamente o testemunho de jovens que por aqui passaram e que hoje são pais de famílias e profissionais realizados nas mais diversas áreas. Junto com a grande família marista, agradeço a São Marcelino Champagnat e rogo a Deus suas melhores bênçãos sobre esta obra e a todos os que fazem parte desta comunidade. Fazer parte da Rede Marista de Educação e trabalhar na Escola Marista Medianeira é um orgulho para mim.

ESCOLA CONTA COM LABORATÓRIO DE CIÊNCIAS, SALÃO DE ATOS E SALA DE TECNOLOGIAS EDUCACIONAIS

Idilia Miozzo Taglietti Vice-diretora

19


CAPA

Como manter vivo o hábito da leitura O

livro é a chave de um mundo novo, especial, particular, que se alimenta da imaginação de cada leitor para ganhar vida. É uma mistura de entretenimento e cultura e, apesar do boato da ameaça tecnológica, se mantém vivo em todo o mundo e não faz menção de dar lugar a novos moldes que insistem em substituí-lo. Mas será que a nova geração de leitores, que cresce em meio a tantas alternativas de lazer, pensa da mesma forma? Será que são, ou virão a ser um dia, tão íntimos dos livros quanto seus pais pensam ou desejam? Os tempos mudaram. Os hábitos de leitura também. Outras mídias estão invadindo o dia a dia de alunos e professores e o entretenimento toma uma nova dimensão. O fascínio pelos livros divide espaço com ferramentas de internet, videogames e outras brincadeiras que incitam a imaginação, desafiam, despertam o interesse de crianças e jovens. “Mas a referência básica da leitura é o texto permanente, que está no livro”, defende o jornalista e escritor Ruy Carlos Ostermann. Ele acredita que o universo online tem muitas informações a oferecer, mas que acabam por remeter à leitura. “Na internet encontramos um texto rápido, breve, mas se quisermos nos aprofundar em determinado assunto não estaremos mais satisfeitos com a ferramenta. Vamos para os livros. As mudanças ocorreram, mas só favoreceram a leitura”, alega. O escritor Carlos Urbim, patrono da 55ª Feira do Livro

20

de Porto Alegre, concorda que a internet é usada como catapulta dos livros. Ele comenta que assistiu a trabalhos audiovisuais de crianças da 5ª série, que tinham como principais fontes sites de pesquisa como Google e Yahoo e foram realizados, entre outras metodologias de estudo, com a troca de mensagens entre eles, via rede. Mas toda essa interatividade, apesar de inusitada, não é motivo para preocupação. “A internet é um baita instrumento que leva à literatura a cada consulta. É possível baixar textos inteiros, ela oferece bibliografia completa, é uma excelente vitrine para livros do mundo inteiro”, afirma. Urbim acredita que mesmo com as novas tecnologias as crianças mantêm vivo o fascínio pelos livros. “Vi, há poucos dias, uma menina de 4 anos dizer, bem convicta, para a avó: ‘Vou gostar de ler!’. Aí, eu pensei: são muitos os meninos e meninas que, na busca de alternativas, optam pela emoção da leitura.” O espaço ampliado a cada ano para crianças e jovens na Feira do Livro de Porto Alegre é um exemplo de que os livros são, sim, objeto de desejo dos jovens leitores. A razão disso, segundo Ostermann, é conferida também à mudança da política editorial. “Os livro infantis hoje são fascinantes. No formato, na cor, no desenho, na ilustração, nas chamadas, na edição gráfica. O que quer dizer isso? Ele se aproxima do brinquedo, do entretenimento”, explica. Segundo ele, a partir desta nova fórmula, os leitores associam a ilustração à fantasia, e posteriormente ao texto,


Um novo tratamento aos livros A presença dos livros é o começo, mas não a garantia de que há novos leitores em formação no ambiente que eles ocupam. Para o escritor Fabrício Carpinejar, é preciso reconstruir a relação com os livros. “Acredito que a gente precisa ter uma displicência educada com o livro. Há muita solenidade no mundo do livro, tanto na biblioteca, que pede silêncio, quanto em casa, onde se ouve ‘não mexe, põe no lugar’...” Ele explica que, nesses termos, o livro é visto ainda como suporte adulto, quando deveria ter uma acessibilidade muito maior. “O livro deve ser lido como se fosse jornal, deve ficar em cima da mesa, do sofá. Temos que deixar a criança dobrar, riscar. Dessa forma ela cria legitimidade em seu território.” Este novo tratamento dado aos livros é o que, na visão do escritor, vai conferir intimidade à relação entre obra e leitor. “Por enquanto pedimos desculpas, ou pedimos licença para pegar um livro. Isso modifica a cultura do seu uso. Dessa forma, crianças e adolescentes vão usar o livro para um determinado fim, apenas, quando o que deve existir é uma interação prazerosa entre eles”, alerta. Para Carpinejar, os leitores contemporâneos têm hábitos diferentes dos leitores da sua geração, muitos deles influenciados pelas novas tecnologias. Mas há mais prós do que contras nessa “evolução”. Um dos pontos ruins trazido com os novos costumes, segundo o escritor, é a dificuldade de solidão. O hábito de se isolar numa rede para curtir um livro, sem interrupções, é difícil de acontecer. Para ele, isso

ocorre pela diminuição dos espaços dentro de casa. “Tu não tem como fugir mais do teu pai. Qualquer coisa que meus filhos fazem, hoje, eu estou ali para dizer algo a respeito”, exemplifica Carpinejar. “Com esta criação onipresente, eles estão o tempo todo se defendendo dos pais, e acabam se tornando crianças mais ansiosas.” Entre os benefícios está a atenção, que é maior agora. “Minha geração foi criada com a televisão. Hoje a minha filha estuda com TV, iPod e computador ligados e se concentra, vai bem nas provas. A atenção dos jovens hoje é outra. A sensibilidade é maior. Eles lidam com o ruído como se fosse silêncio. Como leitores, eles têm maior interatividade, reflexo, sensibilidade para a reação.” Outro aspecto positivo da nova geração de leitores, conforme o escritor, é o poder de simulação. “A imaginação é muito mais febril, eles tem muito mais facilidade de criar cenários...” E a tecnologia pode ter relação direta com esse novo perfil, pois oferece elementos diversos que estimulam este universo criativo e dão mais subsídios à imaginação. “Meu filho de 7 anos já tem três blogs. Ele baixa as fotos, escreve os textos, administra, vê quem está visitando”, diz Carpinejar. Um dos blogs é temático, sobre bichos, o que mostra a questão do foco, já presente nas crianças. O escritor também destaca a desenvoltura para a escrita e a organização observada nos jovens. “Os jovens não têm embaraço. A escrita para eles é uma extensão do olho, enquanto para nós é uma extensão da mão. Eles utilizam a memória. Conseguem formar layouts, têm um conhecimento arquitetônico que a internet trouxe.”

CAROLINA LEIPNITZ / CEAT

que consolida a fantasia. “À medida que isso ocorre, tu passas a formar o leitor atento. Mais tarde, quando as exigências aumentarem, boa parte das ilustrações pode ficar de fora, que ele permanece interessado no texto.” O estímulo é fundamental para construir o hábito da leitura e os pais cumprem uma tarefa importante neste processo. “Os pais estão se dando conta de que o ambiente com livros é fundamental, inclusive para desenvolver a personalidade da criança. A casa tem que ter livros e eles devem ser objeto de referência”, adverte Ostermann.

“HÁ MUITA SOLENIDADE NO

MUNDO DO LIVRO, TANTO NA BIBLIOTECA, QUE PEDE SILÊNCIO, QUANTO EM CASA, ONDE SE OUVE ‘NÃO MEXE, PÕE NO LUGAR ...

21


A PRESENÇA DOS LIVROS É O COMEÇO, MAS NÃO A GARANTIA DE QUE HÁ NOVOS LEITORES EM FORMAÇÃO

Leitores confiantes Esta determinação com relação à leitura e à escrita leva os jovens, ainda que em novos moldes, a pesquisar mais, buscar mais informações e, a partir disso, ter mais (des)confiança no conteúdo dos livros e depurá-los com mais cuidado e atenção. Ainda que não saibam ler, têm atenção a cada palavra que está escrita ou é proferida pelo interlocutor, debatem as “verdades” estampadas em cada página. “Nunca esqueço uma experiência com a minha neta. Ela prestava atenção na leitura que eu fazia de uma historinha de fadas, de um texto infantil. No dia seguinte, ela sugeriu que continuássemos conversando sobre aquela obra. E falamos sobre a história, um universo que eu conhecia bem. Num determinado ponto, ela me corrigiu: ‘Não, não, vô, está no livro...’”, comenta Ostermann. Esse questionamento é resultado da concentração e da eficácia da memorização das informações, além da desenvoltura da argumentação, típica das crianças, mas que são, a cada dia, providas de mais conteúdo. A confiança e a predisposição à leitura têm como aliada, também, a adequação de uma obra à idade do leitor, que deve ser sempre levada em consideração. Não pode existir descompasso. Livro inadequado é como dosagem errada de medicação, pode ter efeito indesejado. “A leitura mal administrada pode se tornar um fardo. Neste ponto eu sou bem crítico: quem não sabe lidar com crianças e com livros acaba fazendo um mal desnecessário e brutal para ambos”, afirma o jornalista. Ele alerta sobre a importância de saber em que passo estão a imaginação e a fantasia da criança para então alojar a história, a fim de que tudo se complemente. “Você não pode ler Machado de Assis para uma criança de 7 anos. Não porque não é bom, mas porque é bom demais. Mas com essa idade, a visão de mundo é outra. Toda vez que houver o cuidado em atender às expectativas das crianças, os pais vão acertar”, assegura o jornalista. A missão da escola e do professor As escolas e os professores cumprem uma tarefa importante e essencial ao desenvolvimento do hábito da leitura. “Há muita coisa a ser discutida e melhorada. Mas o

22

professor é o ponto de partida. Se ele é um bom professor, tem sensibilidade e, sobretudo, é leitor, vai fazer com que os alunos cresçam nessa direção”, afirma Ruy Carlos Ostermann. “Como patrono da 55ª Feira do Livro, vi de perto o sucesso das atividades para jovens no Cais do Porto. Todos participam com muito entusiasmo do que é proposto. Os jovens gostam de quem respeita a inteligência e a sensibilidade deles”, complementa Carlos Urbim. A predisposição à leitura está, então, estabelecida. E um dos ingredientes para que a fórmula dê certo é o hábito de leitura do professor, um exemplo a ser seguido. “Tenho visto muitos exemplos de escolas, particulares ou públicas, em que turmas inteiras são estimuladas por professores de todas as disciplinas. Quando o professor também gosta de ler, é moleza conquistar crianças e jovens.” O Colégio Ipiranga, de Três Passos, que promove a Feira Três-Passense do Livro (Fetreli), dá um passo a mais nesse estímulo, com o projeto Leia Menino. Braço da feira, o projeto é uma ação entre amigos cuja arrecadação reverte aos alunos e às bibliotecas das escolas do município. “Os alunos das três redes de ensino – estadual, municipal e privada – vendem rifas de prêmios doados pela comunidade e transformam o dinheiro da venda num cheque-bônus para gastar na Feira. O dinheiro arrecadado pela organização é destinado à compra de livros para as bibliotecas e ao custeio da feira”, explica o coordenador do projeto Fabrício Schardong. No ano passado, foram R$ 7.400 convertidos em livros. “Mais de 20 mil visitantes de 14 municípios passaram pela Fetreli e 3,2 mil obras foram vendidas”, comemora Schardong, avesso ao balanço de R$ 3 mil de débito da última edição. “A feira do livro não visa ao lucro, tem o objetivo de estimular e difundir a literatura, colocar o livro na vida da criança.” A iniciativa tem dado certo. A literatura infantil respondeu por 50% das obras vendidas em 2009 e a infanto-juvenil por outros 15%. Para Schardong, a família é o principal estímulo à leitura, mas os professores, assim como os pais, são exemplos para as crianças. “A criança tem o pai e a mãe como super-heróis, e as crianças tendem a imitar as ações deles. Assim como


CAROLINA LEIPNITZ / CEAT

Difundir o hábito da leitura é um compromisso Fascinada pelos livros desde criança, a professora e patrona da 24ª Feira do Livro de Osório, Tereza Gamba, levou ao pé da letra a sua função no evento. “Quando fizeram o convite, pensei bem qual seria o meu papel na feira. Patrono, como está no dicionário, é o defensor de causas importantes. O patrono da feira é, então, o defensor do livro, da cultura, e foi a isso que eu me propus”, afirma. Honrada com a homenagem, ela aceitou o convite com uma condição: participar ativamente dos preparativos do evento, o que pressupunha visitar todas as escolas do

“A CONFIANÇA E A

PREDISPOSIÇÃO À LEITURA TÊM COMO ALIADA, TAMBÉM, A ADEQUAÇÃO DE UMA OBRA À IDADE DO LEITOR ...

é a relação com o professor. A escola é, então, a grande responsável por tornar a leitura rotina na vida das crianças”, avalia. De 16 a 21 de abril, será realizada mais uma edição da Frateli.

Alunos leem 60% mais em Caxias do Sul O projeto de promoção à leitura da Escola Caminho do Saber, de Caxias do Sul, resultou no aumento de 60% no número de livros retirados na biblioteca em 2009. Desenvolvido há seis anos, o trabalho envolve alunos, pais, professores, funcionários e comunidade em geral em atividades como bate-papo com autores, debates, atividades artísticas relacionadas às experiências literárias, painel do leitor e confecção de livros coletivos. O hábito de ler tem crescido a cada ano. Segundo a bibliotecária da escola, Liliane Fernandes Curzel, os alunos pedem dicas de leitura e trocam informações sobre livros com os colegas. A constante

renovação do acervo também garante o fomento deste hábito. Neste ano, a escola já adquiriu 210 novas obras para a biblioteca. O Sarau Literário marca, anualmente, o lançamento de dois livros de autoria dos alunos, que buscam referências em músicas, na internet, em revistas, nos jornais, em outros livros para produzilos. Além disso, fazem entrevistas, participam de debates, leem charges e histórias em quadrinhos. “Queremos que eles explorem todas as fontes imagináveis para tornar o mais rica possível essa experiência”, explica a supervisora pedagógica da escola, Simone Selbach.

23


“ O PAPEL DO PROFESSOR É

O FASCÍNIO PELOS LIVROS DIVIDE ESPAÇO COM FERRAMENTAS DE INTERNET, VIDEOGAMES E OUTRAS BRINCADEIRAS QUE INCITAM A IMAGINAÇÃO

ESSENCIAL PARA QUE AS CRIANÇAS DESPERTEM PARA O PRAZER DE LER.

município e desenvolver um trabalho de estímulo à leitura. “Eu não queria estar na feira para receber palmas. Como patrona, queria mergulhar nas escolas para ver como estavam as coisas, e dar destaque à importância da leitura e da escrita na vida das crianças, principalmente.” Foram seis meses de trabalho, de um rico bate-papo com os estudantes, já que a metodologia de Tereza era fazer com que os jovens leitores falassem mais do que ela, reagissem aos seus relatos e questionamentos. “Minha preocupação era citar exemplos práticos, testemunhos meus, desde criança, porque fui privilegiada. Contei às crianças que sempre amei a leitura porque foi muito estimulada.” Tereza foi alfabetizada aos 8 anos de idade, numa pequena escolinha, na localidade do Caraá (distrito de Santo Antônio da Patrulha, na época), e não lembra de ter livros na escola onde estudava. “Meu primeiro livro foi Robinson Crusoé, em italiano. Era pequeno, um pouco rasgado. Foi dado por um velho italiano, grande amigo do meu pai.” Um ano depois, aos 9 anos, quando foi para Osório morar com o irmão e continuar os estudos numa nova escola, descobriu uma sala cheia de livros. “Para mim foi uma surpresa. A gente podia pegar os livros e levar para casa. Ler, trazer de volta, e pegar outro. Um amigo do meu irmão, que nos

24

visitava diariamente, perguntava: ‘Tereza, qual é a história de hoje?’. Isso me ajudou muito. Ele fazia eu contar as histórias, sem imaginar a importância disso.” E Tereza voltava sempre à biblioteca. “Um belo dia fui à escola procurar um livro. Olhava um, já tinha lido, outro, já tinha lido. Então, escutei a diretora da escola dizer para a moça que trabalhava na biblioteca: ‘Temos que comprar mais livros. A Tereza já leu todos’. Essa frase, para uma criança de 9 anos... marcou muito. Passei a amar essa mulher, pelo seu estímulo.” O papel do professor, para Tereza, é essencial para que as crianças despertem para o prazer de ler. “Com este trabalho, na feira, descobri por que elas reagem. Porque estão em contato com a poesia na sala de aula, participam da hora do conto, da contação de histórias.” Segundo ela, as escolas e os professores do município têm trabalhado ativamente neste processo de aproximar jovens leitores da literatura. O trabalho de patrona na feira, para Tereza, foi gratificante e recompensado. Não só pelas homenagens, mas pela presença das crianças que, diariamente, chegavam à feira e a cumprimentavam, com a intimidade que deve existir entre jovens leitores e uma verdadeira defensora do livro e da cultura.


CIDADANIA

IR. JULIO ALF, HELENE LECLERC, CATIANE PANIZ E SÉRGIO DA SILVEIRA

Educadores maristas participam de intercâmbio Educadores do Complexo Marista Santa Marta, de Santa Maria, participaram entre os dias 8 e 28 de janeiro de um intercâmbio com o Instituto Universitário de Formação de Mestres (Institut Universitaire de Formation des Maitres), instituição francesa especializada na formação de professores. Sérgio Adolfo da Silveira, Catiane M. Paniz e o Ir. Júlio Ricardo Alf foram os pioneiros no projeto, e levaram para a cidade de Besançon, a cerca de 300 quilômetros de Paris, a experiência da disciplina de Protagonismo Social desenvolvida na Escola e no Centro Social Marista Santa Marta. O trabalho realizado na comunidade da Nova Santa Marta, em Santa Maria, segue a metodologia da Pedagogia de Projetos com as lideranças das associações comunitárias e demais representantes da comunidade, com bons resultados e melhorias para a comunidade local. Para o Irmão Júlio Ricardo Alf, é “uma oportunidade ímpar para divulgar as experiências e ações realizadas em nossa obra social, promovendo a cultura da solidariedade da partilha e da paz em todos os cantos do mundo e nas diversas esferas sociais”. Conforme a professora de Ciência Catiane M. Paniz, também foi uma oportunidade para os participantes do intercâmbio de conhecer o sistema educacional francês. “O sistema de formação de professores é muito interessante. Penso que é uma das coisas que fazem com que a educação seja realmente valorizada na França.” A ideia da troca de experiências partiu da coordenadora do intercâmbio, a professora francesa Helene Leclerc, depois de ter conhecido as unidades maristas na Nova Santa Marta quando esteve em Santa Maria. O intercâmbio deve continuar nos próximos anos. A intenção é que a cada mês de janeiro dois professores levem para o instituto francês experiências realizadas no Brasil.

Reciclagem, energias renováveis e consumo inteligente em sala de aula Empenhada em ser uma agente da transformação, a Rede Metodista de Educação do Sul organiza projetos que buscam a conscientização dos alunos em relação aos cuidados com o meio ambiente. Em dezembro, em Copenhague, capital da Dinamarca, autoridades mundiais se reuniram para realizar a 15ª Conferência das Partes (COP-15) e, apesar da expectativa, não houve acertos concretos. De acordo com o 4º relatório do Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC), publicado em 2007, até o final deste século a temperatura da Terra não pode aumentar mais do que 2ºC, em relação ao período pré-industrial, ou as alterações climáticas serão catastróficas. A fim de mudar esta realidade fatalista, os colégios metodistas Americano, de Porto Alegre, Centenário, de Santa Maria, e União, de Uruguaiana, apresentam para os estudantes maneiras de trabalhar com reciclagem, energias renováveis e consumo inteligente de energia para contribuir com o meio ambiente. Em Porto Alegre, o projeto Coletor Solar, desenvolvido por 10 alunos do Colégio Americano, recebeu destaque no 4º Salão UFRGS Jovem, de 2009. O grupo criou um painel com garrafas pet e embalagens de leite tetrapak que retém o calor do sol e aquece a água. O experimento é capaz de aquecer até 100 litros, suficientes para abastecer diariamente uma casa com duas pessoas, e gerar uma economia de até 40% em gastos com eletricidade. Os alunos do Americano também fizeram a Casa Inteligente, destaque no 3º Salão UFRGS Jovem, de 2008, que consiste em duas maquetes construídas em madeira e acrílico. A casa utiliza três formas de captação energética: o painel solar, para o aquecimento de água, e o painel fotovoltaico e o gerador eólico, para o abastecimento elétrico da residência. No União, os alunos realizam o projeto Consumo Inteligente de Energia Elétrica, um cálculo do consumo de 169 mil escolas no Brasil no tempo do recreio – 9,6 mil kWs por mês, energia suficiente para abastecer até 48 mil residências com quatro moradores cada, aparelhadas com TV, chuveiro, geladeira e outros eletrodomésticos. Em dinheiro, o gasto é de R$ 3,4 milhões, mais um estímulo para manter as luzes apagadas. O trabalho foi encaminhado para apreciação da Câmara de Vereadores de Uruguaiana. No Centenário, o carro chefe em 2009 foram as Casas Ecológicas. O trabalho apresenta formas alternativas de construção, manutenção e saneamento para residências, como as maquetes feitas com isolantes térmicos, como barro e caixas de leite. Os alunos produziram painéis para captar calor e aquecer a água sem utilizar energia elétrica. Os colégios metodistas mostram que, mais do que ficar na torcida por decisões sábias dos governantes, é preciso que cada um faça a sua parte por um mundo melhor. PROJETOS SÃO EXEMPLOS DE ECONOMIA E CUIDADO COM O MEIO AMBIENTE

25


Projeto Corrida pela Cidadania movimenta as férias da IENH A Instituição Evangélica de Novo Hamburgo (IENH) realizou, entre os dias 12 de janeiro e 4 de fevereiro, o Projeto Corrida pela Cidadania, com ações de integração para os alunos das escolas municipais de ensino fundamental Presidente Affonso Penna, Martha Wartenberg, São Jacó, Eugênio Nelson Ritzel, Presidente Prudente de Morais, Cecília Meireles, Senador Salgado Filho e Vereador João Brizola. Cerca de 65 crianças e adolescentes participaram das atividades, que envolveram exercícios de aperfeiçoamento das técnicas das provas de atletismo. Além disso, o projeto promoveu a integração entre os participantes das duas unidades da IENH, Fundação e Canudos. As professoras do projeto Alessandra Fernandes Feltes e Raquel Cristine Wallauer Silveira, com a supervisão do professor Mário Garcia Kickhofel e do Coordenador Esportivo Márcio Fernando Marks, acompanharam todo o trabalho.

EM 2010, PROJETO CIDADÃO ATENDERÁ 45 PESSOAS

La Salle Esteio recebe prêmio O Colégio La Salle Esteio recebeu, no dia 8 de dezembro, o prêmio Paulo Freire, promovido pela Câmara Municipal de Vereadores da cidade em parceria com a Prefeitura Municipal. A distinção tem como objetivo disseminar avanços do conhecimento na área da educação popular, divulgando projetos de referência em Esteio, e compartilhar a troca de experiências para instrumentalizar este segmento de ensino. A premiação é o reconhecimento do projeto Juntos pela construção da cidadania, desenvolvido em parceria com a Associação de Atendimento à Criança e ao Adolescente – AACRA. Ao longo dos anos de 2008 e 2009 foram realizados diferentes projetos de educação para a cidadania e para o mercado de trabalho. O projeto do Colégio La Salle consiste em construir novas perspectivas de futuro para a vida dos adolescentes, jovens e adultos que vivem em situação de vulnerabilidade social por meio dos diferentes módulos de trabalho. Em 2010, o projeto atenderá 45 pessoas. “Considerando que a realidade social brasileira é excludente e as desigualdades são cada vez mais fortes, a demanda se faz necessária. A arte, a cultura e a convivência saudável oportunizam espaços para a conscientização do ser humano e a promoção da cidadania”, destaca o idealizador da iniciativa, Ir. Moacir Orth.

ATLETISMO PROMOVE A INTEGRAÇÃO DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES

Agenda escolar educativa e ecologicamente correta

ENFEITES TRAZIAM OS DESEJOS DOS ADOLESCENTES PARA 2010

ASSEcOM ND

A agenda escolar produzida pela Rede Marista e entregue a mais de 50 mil estudantes de todo o Brasil tem o propósito de ser mais que uma ferramenta de organização dos alunos. A exemplo dos materiais gráficos produzidos pela Rede no Estado, a Agenda Marista incorpora a preocupação com a preservação ambiental. A capa é feita de cartão reciclado e no acabamento foi utilizada cola quente ecológica. Todas as páginas internas também são de material reciclado e trazem “ecodicas”, pequenos textos que mostram como cuidar da natureza com pequenas ações cotidianas. “Nossa intenção é fazer desta publicação uma semente transformadora de ideias que poderão ajudar a fazer do mundo de amanhã um lugar mais ‘florido’ para todos nós”, ressalta o coordenador da Subcomissão da Agenda Marista responsável pela produção Ir. Walter Pedro Zancanaro.

Bombeiros mirins celebram o Natal

26

Com o objetivo de celebrar o Natal em unidade e encerrar as atividades do ano, os integrantes do Programa Bombeiro Mirim Notre Dame reuniram-se no dia 23 de dezembro para uma atividade especial. Aproximadamente cem adolescentes, num momento de espiritualidade e integração, participaram da comemoração, focada na narração do nascimento do Menino Jesus. Músicas natalinas, leituras bíblicas e mensagens contextualizaram o encontro. Com estrelas nas mãos, os meninos decoraram uma árvore do pátio do antigo Quartel do Exército. Os enfeites, com os nomes, apresentaram os desejos para 2010, como

um símbolo da anunciação do Salvador. A psicóloga do programa, Daniella Toscani Maciel, enfatiza “a necessidade de ter um novo olhar com a chegada do Natal, e refletir sobre as ações e atitudes praticadas no dia a dia”. Para a integrante do Bombeiro Mirim Cristian Menitriel de Brito as atividades do Programa ajudaram muito. “Neste ano tive dificuldades e consegui superar. A amizade que construímos aqui é fundamental. Aprendi coisas que vou levar para a vida toda.” Os adolescentes ganharam um kit da Ação Social da Cantata Natalina com um livro de literatura infantil, doces e brinquedos.


Um dos mitos mais resistentes em nossos tempos é aquele que afirma que a Liderança é um dom, isto é, algumas pessoas nascem com ele, enquanto outras foram privadas. Há uma certa crueldade fatalista em tal perspectiva, pois supõe que, na vida pessoal, com sua dimensão profissional e social, a maioria das pessoas estão fadadas a ser sempre comandadas e dirigidas por uma minoria apaniguada com uma “bênção exclusiva”. Ora, nascemos com potencial de liderança, pois esta não é dom, e sim uma virtude, uma capacidade a ser desenvolvida. Algumas pessoas aproveitam as condições e fazem com que essa capacidade se realize. Outras não o fazem, por desconhecimento, medo, comodidade, ou até ausência de ocasião e chance. Como a educação, no dizer especial de Paulo Freire, precisa ajudar a edificar o “inédito viável”, ou seja, aquilo que ainda não é mas pode ser, a liderança é um dos conteúdos a serem operados no interior da Escola. Cabe a nós participarmos da potencialização, do fortalecimento e da consolidação dessa capacidade que, sem exceção, contempla a todos. O que é liderar? É assumir a atitude de animar e dar vitalidade a ideias, pessoas e projetos; inspirar é dar fôlego, preencher de vida, motivar, isto é, robustecer a vivacidade e o compromisso das pessoas. Por ser uma atitude, e não uma mera técnica, a liderança requer humildade sem subserviência, flexibilidade sem volubilidade e radicalidade sem sectarismo. Flexibilidade para aprender o que ainda não sabe, humildade para reconhecer o que ignora, disponibilidade para inovar o que já domina e permeabilidade para empreender o futuro. Liderar é exercer um poder que sirva ao coletivo, que ajude a proteger a vida em suas múltiplas manifestações, de modo a recusar a ganância, o biocídio e o apodrecimento da convivência saudável. Liderança não é simples chefia. Essa está atrelada ao mando e à obediência, enquanto que a liderança apoia-se na prática do serviço e da partilha. Urgência? Evidenciar as ligações entre liderança e ética, especialmente como foi definida por Paul Ricoeur: “Vida boa, para todos e todas, em instituições justas”. Por isso, da escola decente se exige dedicação pedagógica, como caminho para que discentes entendam que uma pessoa que em vez de servir ao coletivo serve somente a si mesma não serve para a instituição. Em outras palavras, um poder que não “serve” é um poder que não serve...

Recorte e colecione.

Escola e liderança

SALVE O PLANETA Educação em Revista apresenta neste espaço exemplos de ações práticas na área socioambiental. Com o objetivo de facilitar o uso prático das ações relatadas, o leitor poderá recortar a seção.

Alunos realizam gincana em prol do meio ambiente Alunos de todas as turmas de ensino médio e ensino de jovens adultos da Escola Monteiro Lobato movimentaram, em novembro, a escola e a comunidade, em especial a do centro de Porto Alegre, em prol do meio ambiente. Uma gincana sobre o tema mostrou que os alunos estão engajados na preservação do planeta. Ao longo de uma semana, cerca de 350 estudantes mostraram à população o que fazer para contribuir com esta causa. As tarefas da gincana foram variadas, realizadas dentro e fora da escola. Os alunos aprenderam a reciclar papel e óleo de cozinha, assim como o reaproveitamento de materiais recicláveis para a construção de uma árvore de Natal. Duas atividades que envolviam arrecadação mostraram o espírito de equipe e o comprometimento dos alunos. Em uma das provas, ganhava mais pontos que trouxesse a maior quantidade de óleo. Mais de 120 litros foram entregues à escola pelos alunos. Metade do óleo foi destinada a uma fazenda, que o transformará em óleo diesel, e a outra metade entregue para uma empresa que produz sabão a partir do óleo. A empresa de sabão devolverá à escola 10% do produto em forma de sabonete líquido, que será usado nos banheiros com o seguinte bilhete: “Caro aluno, você é responsável por fazer o sabonete que está usando”. Esta atitude pretende incentivar ainda mais o espírito de sustentabilidade desses jovens cidadãos.

Mario Sergio Cortella

Filósofo, com Mestrado e Doutorado em Educação, professor titular da PósGraduação em Educação da PUC-SP. Autor de Liderança em Foco, com Eugênio Mussak (Papirus), e Qual é a Tua Obra? Inquietações Propositivas sobre Gestão, Liderança e Ética (Vozes).

27


Noutra atividade de arrecadação, os alunos tinham que trazer o maior número possível de doações de roupas e comida. Foram arrecadadas mais de 2 mil peças de roupa e 1 tonelada de alimentos. As doações foram destinadas a cinco instituições de caridade da Capital. Para fechar a gincana, foi realizado um desfile na Rua da Praia sobre o meio ambiente. Os alunos levaram cartazes, faixas e fantasiaram-se com motivos dos temas abordados na gincana: água, energia, lixo, floresta e caça. Música, apitos e instrumentos musicais marcaram a “passeata”, que chamou a atenção das pessoas que passavam pelo local. Materiais informativos feitos pelos alunos foram entregues para a população com o objetivo de conscientizar sobre os cuidados que se deve ter com o meio ambiente. Essa foi a terceira edição da gincana, que a cada ano aborda um tema diferente. Segundo a diretora da escola, Cintia Eizerick, o objetivo da gincana é unir os alunos, trazer para a escola o espírito de equipe e, principalmente, despertar neles a consciência para assuntos que envolvem a sociedade em que vivemos. Conforme Cintia, falar sobre o meio ambiente em uma gincana é a possibilidade de aproximar este tema do dia a dia dos alunos de uma forma interessante, do jeito deles. “Queremos falar de meio ambiente, mas não de uma forma ‘ecochata’. Tem que ser atrativo.”

La Salle oferece cursos gratuitos para a comunidade Inaugurado em 2007, o Centro de Assistência Social La Salle, de Canoas, já atendeu mais de 10 mil pessoas em diferentes cursos gratuitos oferecidos à comunidade carente. Para o primeiro semestre de 2010, a instituição abrirá mil vagas em 28 cursos nas áreas de formação profissional, informática, idiomas, artesanato, cultura e lazer. O início das atividades está previsto para março. Mais informações podem ser obtidas pelo telefone 3475.1690 ou no endereço rua Lajeado, 1.300, bairro Niterói, Canoas. Cursos Gratuitos oferecidos ●● Formação e qualificação profissional: Cabeleireiro Básico, Corte e Costura Básico – Malha e Moleton, Manicure e Pedicure, Recepção de Hotel, Eventos e Promoções, Técnicas de Recepção – Área da Saúde, Gestão Administrativa, Gestão de Marketing, Vendas e Logística, Gestão de Recursos Humanos e Liderança, Leitura e Interpretação de Desenho Mecânico, Noções Básicas de Eletricidade, Técnicas de Recepção, Telefonia e Secretariado ●● Informática: informática Básica, Informática – Melhor Idade, Web Design e Design Gráfico, Montagem e Configuração de computadores ●● Idiomas: Inglês Básico – Nível 1, Inglês Básico – Nível 3, Espanhol Básico – Nível 1, Espanhol Básico – Nível 3 ●● Artesanato: Bolsas diversas, Bordados, Arte em Feltro e Pet Work, Bordados em Chinelo, Bonecas de Pano, Oficina de Crochê, Pintura em Tecido Básico, Arte em material reciclado ●● Cultura e Lazer: Dança Popular – Melhor Idade

MAIS DE DEZ MIL PESSOAS JÁ FIZERAM OS CURSOS GRATUITOS

ILUSTRAÇÃO: VIT NUÑEZ

Maristas por um mundo melhor

28

O Brasil Marista se fez presente em mais uma edição do Fórum Social Mundial (FSM) por meio dos 200 educadores e colaboradores que se uniram ao resto do país e do mundo no evento que reuniu 35 mil pessoas no Rio Grande do Sul. A décima edição do FSM voltou ao Sul depois de cinco anos, e ocorreu de forma descentralizada, de 25 a 29 de janeiro, com programação distribuída em sete cidades gaúchas. Desde 2003 a Rede Marista se faz presente no Fórum Social Mundial. Além de acompanhar as atividades, representantes maristas participaram de oficinas e painéis vestindo camisetas elaboradas especialmente para o evento, com o slogan “Maristas por um mundo melhor”. Para marcar a reunião de maristas – com representantes da Argentina, Chile, México e Portugal – a Província Marista do Rio Grande do Sul (PMRS) organizou um evento de acolhida e celebração no Colégio Marista Rosário. O objetivo, segundo a coordenadora de projetos sociais da PMRS, Luciane Escouto, foi “integrar os participantes das três províncias maristas e reforçar a mística do FSM, que é a integração, participação solidária, respeito à diversidade e a construção de uma sociedade que possibilite formas de desenvolvimento que não promovam a exclusão”.


CEED PARECER DO CONSELHO ESTADUAL DE EDUCAÇÃO Nº 820/2009 – Responde consulta sobre a

inserção de normas de convivência nos Regimentos Escolares das escolas de Educação Básica integrantes do Sistema Estadual de Ensino.

POR CÉLIA SILVEIRA* O Conselho Estadual de Educação (CEED) exarou o referido parecer tendo em vista recorrentes solicitações de escolas pedindo orientações no que se refere às dificuldades de relacionamento entre os integrantes da comunidade escolar. O CEED, para melhor responder às inúmeras solicitações, realizou várias reuniões com especialistas na área, fez visita ao Centro Integrado de Atendimento da Criança e Adolescente, ao Juizado Especial da Infância e Juventude, ao Departamento Estadual da Criança e do Adolescente, à Fundação de Atendimento Sócio-Educativo e também realizou Audiência Pública no município de Ivoti. Nas referidas reuniões foram apontados alguns dos fatores que causam dificuldades de relacionamento no âmbito escolar: omissão e ou desestruturação familiar, exclusão social, violência intrafamiliar, atos de violência física ou psicológica, efeitos da drogadição, carência de recursos humanos e de mecanismos e estruturas pedagógicas eficientes nas escolas que levam à fragilização do próprio ambiente escolar. Outra constatação desse Órgão é a de que se transfere para a Justiça situações que poderiam ser solucionadas no âmbito da própria escola. Analisando o tema à luz da legislação atual, o que temos como mudança principal é a concepção de Criança e Adolescente, que passam a ser reconhecidos como sujeitos de direitos e, por suas especificidades, de proteção integral tanto por parte do Estado como da sociedade e da família. A mudança do paradigma legal nos mostra que a questão da disciplina escolar deixa de ser um problema penal para se tornar uma questão pedagógica. Com isto a concepção/visão de disciplina como castigos/punições dá lugar à nova concepção que é a adoção de medidas pedagógicas. Este novo olhar vai requerer da comunidade escolar outra postura, onde normas/regras elaboradas pela direção da escola e seguidas sem questionamentos passam a dar lugar às medidas pedagógicas/regras de convivência construído por toda a comunidade escolar. Perguntamonos: é fácil fazer isto? Respondemo-nos que não. Uma

das causas que dificultam é o paradigma educacional de educação/ensino/disciplina muito tradicional, uma visão hierarquizada. Direção da escola constrói as normas, e os alunos apenas as cumprem (ou não). Outra dificuldade é a de que a escola sempre foi vista por pais/ responsáveis e até mesmo pela sociedade em geral como um lugar de reformular condutas. E, neste entendimento, a responsabilidade de educar sai da família/sociedade e dela, escola, é cobrada a responsabilidade de mudança de conduta dos alunos. Esta concepção urgentemente precisa ser discutida pela comunidade escolar e, por que não dizer, por toda a sociedade. Estamos no século XXI. Não podemos mais esperar. O CEED neste parecer orienta algumas situações que devem ser estudadas pela escola. Cita o Projeto Político-Pedagógico, em que sua construção possibilita à comunidade escolar visualizar o contexto em que está inserida, exercita sua criatividade e a tolerância de todos, gestando um novo contexto. Explicita também o CEED que as normas de convivência são de cunho pedagógico e necessitam ser entendidas como conjunto de procedimentos que orientam as relações interpessoais e se fundamentam nos princípios de solidariedade, da ética, da pluralidade cultural, do respeito às diferenças, da autonomia e da gestão democrática. Faz chamamento a aspectos que a escola deve observar quando da construção e aplicação das normas de convivência e enfatiza e recomenda, também, a importância de as escolas e mantenedoras, a partir deste Parecer, incluírem no Regimento Escolar as normas de convivência escolar, construídas, trabalhadas e conhecidas pelos segmentos da escola. Explicita que as alterações regimentais devem ser aprovadas pelo Conselho Escolar, com a finalidade excepcional de incluir tais normas de convivência, não necessitando de nova aprovação pelo CEED, devendo ser observado o determinado nas Resoluções CEED nºs 236/1998 e 288/2006. Nós também recomendamos que estudem, urgentemente, este Parecer. *Professora especialista em supervisão educacional

29


ALEMANHA E HOLANDA FORAM OS DESTINOS DOS JOVENS MÚSICOS

CULTURA Farroupilha é centro autorizado da Universidade de Cambridge A partir de 2010, os alunos formados pelo Colégio Farroupilha terão a certificação de língua inglesa da Universidade de Cambridge. Depois da avaliação de uma série de requisitos, como o elevado nível de ensino, a qualidade dos professores, a seriedade do trabalho realizado no centro de línguas e a estrutura da escola, o colégio é o primeiro do Rio Grande do Sul e o terceiro do Brasil a ser credenciado pela Universidade. Mais do que preparar os alunos para o exame de proficiência, o Farroupilha incorpora, a partir de março, o padrão de Cambridge ao seu currículo escolar. Todos os alunos terão aulas ministradas conforme as diretrizes da Universidade e, a partir da 4ª série, farão anualmente a certificação, de acordo com seu nível de aprendizagem. A certificação de Cambridge é reconhecida internacionalmente e não perde a validade. Além dos benefícios curriculares, a proficiência na língua inglesa é uma preparação extra para o vestibular e para o ingresso em cursos de nível superior e de pós-graduação e decisória num processo de seleção de emprego. Com centros em 130 países, Cambridge é conhecida pelos processos rigorosos de seleção de alunos. A instituição tem um histórico de atuação junto à comunidade internacional por meio de projetos educativos, de formação e comunitários.

30

Músicos da Camerata Ivoti fazem turnê na Europa Entre os dias 14 de janeiro e 13 de fevereiro, a Camerata Ivoti realizou turnê pela Europa. A orquestra, formada por jovens estudantes de música com idades entre 10 a 18 anos, fez concertos musicais em 14 cidades da Holanda e Alemanha. Desde a sua formação, essa é a terceira vez que a Camerata realizou apresentações no continente europeu. Os espetáculos têm o objetivo de divulgar a produção musical brasileira e também de mostrar os métodos de educação musical para jovens e crianças desenvolvido pela Associação Pró-Cultura e Arte Ivoti (Ascarte) em parceria com o Instituto de Educação Ivoti (IEI). Num total de 25 apresentações, a orquestra mostrou aos europeus um repertório composto basicamente por música brasileira. Entre as músicas apresentadas estão canções de compositores brasileiros Pixinguinha e Heitor Villa-Lobos e de nomes da música latina como Carlos Gardel e Astor Piazzolla. O repertório da Camerata teve também uma pitada gaúcha, com a interpretação do Canto Alegretense, autoria de Antônio Fagundes e Bagre Fagundes, com arranjo de Arthur Barbosa. Os concertos da Camerata foram gratuitos, com uma coleta voluntária após cada apresentação. O dinheiro arrecadado será usado para auxiliar no custeio das despesas do grupo. No roteiro da turnê, o grupo passou por grandes cidades da Alemanha, como Frankfurt, Köln, Göttingen e Stuttgart, e por municípios pequenos, como Lohmar e Bad Kreuznach. Na Holanda foram realizadas apresentações em Dedemsvaart e Slagharen. Além dos concertos, os músicos conheceram escolas de música alemãs e pontos turísticos de ambos os países. O grupo ficou hospedado em casas de família, uma possibilidade de contato mais amplo com a cultura e os costumes europeus. De acordo com o coordenador da Ascarte, Irving Feldens, responsável pela Camerata Ivoti, antes da viagem os estudantes se aprofundaram bastante na questão do estilo de vida dos alemães. Para ele, é fundamental que todos os integrantes da orquestra possam se adaptar e respeitar os costumes do país. “É muito importante que o grupo cause uma boa impressão. Para isso, a boa educação e a adequação à rotina dos europeus foram seguidas à risca por todos. Para participar da Camerata não basta apenas saber tocar. Privilegiamos principalmente a índole de nossos alunos.”


IEI tem 100% de aprovação em exame de proficiência de língua alemã O dialeto Hunsrück, preservado por muitas famílias de Ivoti, facilitou à aluna Carla Schneider o aprendizado da língua alemã. Ainda criança, a estudante aprendeu as primeiras palavras em alemão, ensinadas pelos pais. Carla foi uma das oito estudantes do Instituto de Educação Ivoti (IEI) aprovadas no exame de proficiência Deutsches Sprachdiplom II (níveis B2 - C1) aplicado na escola no segundo semestre de 2009. A instituição foi a única da América Latina a obter 100% de aprovação na prova, de acordo com dados da Coordenação de Ensino da Língua Alemã do Rio Grande do Sul e Santa Catarina. A avaliação de proficiência oferecida pelo Ministério da Cultura da Alemanha é a porta de entrada para alunos estrangeiros ingressarem no ensino superior alemão. O exame em nível C1 é o comprovante de domínio de língua alemã, com admissão imediata em qualquer tipo de curso universitário na Alemanha. “Foi uma prova muito difícil de fazer”, avalia Carla. “Para atingirmos um nível que nos habilitasse a ter um bom desempenho, passamos por uma longa preparação. Para mim, a aprovação foi uma ótima notícia, já que pretendo estudar Relações Internacionais.” Para professora de alemão do IEI Adriana Stephani, o bom desempenho da instituição no exame é fruto do empenho dos estudantes. “Eles foram muito dedicados. O esforço deles é que fez a diferença durante os três anos de preparação que tiveram, em média, para realizar a prova”, elogia. Além dos aprovados no DSD II, outros 12 estudantes do instituto receberam aprovação no nível B1.

MÚSICA, POESIA E TEATRO COMPÕEM AS APRESENTAÇÕES

Simpósio Literário do Instituto de Educação Cenecista completa 10 anos Neste ano o Instituto de Educação Cenecista Antônio Prado promoverá a décima edição do Simpósio Literário. Por meio do projeto, alunos e professores definem o autor e tema de obras a serem trabalhadas ao longo do ano. Na edição de 2009, o tema do evento foi O Meio Ambiente em Poesia, Música e Teatro. Os alunos, que se envolveram em atividades como a construção e a manutenção de uma horta, a captação da água da chuva e a criação de uma composteira, levaram ao palco obras com temas relacionados ao meio ambiente, mostrando à população a importância da preservação da natureza. Entre as atrações do simpósio estavam a declamação de poemas, a encenação de um júri, de um jornal televisivo, apresentação de comentários sobre obras literárias e músicas. O evento reuniu estudantes da 2ª série do ensino fundamental ao ensino médio, e toda a comunidade pradense e municípios vizinhos.

PROFICIÊNCIA NA LÍNGUA É A PORTA DE ENTRADA PARA UNIVERSIDADES ALEMÃS

Em dezembro, na Cantata Natalina, tradicional evento que marca o encerramento do ano letivo do Colégio Teutônia, a aluna Raiana Jasper lançou o livro Paradoxo – Sonhos e Versos. Estudante do ensino médio no curso Técnico em Manutenção em Microinformática, Raiana agradeceu à comunidade escolar, ao apoio do colégio e à Certel, pelo patrocínio. “Hoje estou realizando um sonho e tenho muito a agradecer a todos que me incentivaram. Escrevo sobre os meus sentimentos e sobre o que as pessoas que estão ao meu redor sentem”, afirmou. Além das apresentações artísticas, a programação da Cantata Natalina teve sessão de autógrafos e fotos com a jovem escritora.

LEANDRO AUGUSTO HAMESTER

Aluna do Colégio Teutônia lança livro

PARADOXO – SONHOS E VERSOS FALA DOS SENTIMENTOS DE RAIANA

31


ECONOMIA

Capital humano: é necessário saber o valor desse investimento

O

investimento em capital humano é algo relativamente novo entre as empresas. Pelo menos no que diz respeito ao estudo de como e quanto investir e às mensurações desse retorno para as corporações. As conclusões, no entanto, são unânimes. Em menor ou maior proporção, o retorno é garantido: crescimento pessoal para o funcionário e ganho para a empresa em função dos novos conhecimentos que ele passa a agregar e da satisfação pela valorização e pela oportunidade de aperfeiçoamento, que será revertida na maior aplicação possível do diferencial adquirido para a melhoria dos processos. Na escola não é diferente ou, pelo menos, não deveria ser. Mas por que “deveria”? A conscientização das empresas a respeito da necessidade de investimento humano ainda não chegou às instituições de ensino? “Se formos bem realistas, a resposta é não”, afirma a presidente da Associação Gaúcha de Desenvolvimento de Carreira (AGDC) e especialista em desenvolvimento do capital humano, Simoni Missel. “O que encontramos no universo educacional são algumas instituições específicas que se preocupam e investem no seu capital humano.” Segundo a especialista, esse processo, de forma geral, é extremamente

32

rudimentar e está longe de ser uma cultura das instituições de ensino como é hoje o investimento nos talentos humanos do mundo corporativo. A diretora de relacionamento da ABRH, Caren Leitzke, acredita que as instituições de ensino já deveriam ter esta prática como conduta. “Elas são referência para as empresas privadas. Não podem estar descoladas do que acontece no mundo.” No entanto, isso não é regra. “Lógico que podemos fazer uma seleção. Falo das instituições de ensino sérias, de valor, essas estão conectadas com o mundo e não podem ter um discurso diferente da prática.” Para a vice-coordenadora da comissão de educação da Rede Marista, Simone Engler Hahn, a preocupação com a qualificação dos professores está na gênese das escolas. “No Instituto Marista, por exemplo, no século XIX, Marcelino Champagnat costumava reunir professores das escolas francesas no período das férias para ministrar cursos sobre didática e metodologia, com o intuito de instrumentalizar os educadores para que obtivessem melhores resultados na aprendizagem dos estudantes”, conta. “Hoje se tornou imprescindível a implementação de uma política de educação continuada e de incentivos ao aperfeiçoamento.”


Concorrência é um estímulo Para Simoni Missel, esta preocupação começa a se delinear em vista da grande concorrência que despontou neste mercado na última década. “Inúmeras escolas, faculdades e universidades novas nasceram, num segmento estagnado por muitas décadas, carente de inovações e atualizações.” Segundo ela, as escolas não tinham a mentalidade de trabalhar como empresas e agora estão percebendo que esta será a única forma de sobreviver num mercado que é altamente competitivo. “O grande investimento, até muito pouco tempo, era nas instalações físicas. Aumentar o número de salas de aula era uma das prioridades.” A especialista explica esta prática era originada do conceito de que quanto maior a área construída, maior e melhor seria a escola, além da importância da metodologia de ensino. Hoje estas prioridades não são mais adequadas à demanda do público que as escolas atendem. “O aluno quer preço baixo, bom atendimento, qualidade do ensino excelente, professores qualificados – que tem sido uma forte exigência do MEC, contribuindo para a qualificação dos docentes –, oportunidade de parcerias no exterior, informatização administrativa e pedagógica. Ainda estamos muito longe do ideal, é uma questão de cultura organizacional”, afirma. A coordenadora marista concorda que a capacitação se tornou um ponto de questionamento das famílias, que procuram saber como a escola atua para melhorar a qualidade dos seus profissionais, conscientes de que esses investimentos impactam diretamente nos resultados do processo de ensinoaprendizagem dos estudantes. “As duas áreas, administrativa e pedagógica, que devem atuar integradas e focadas no processo central da escola, a aprendizagem, vêm recebendo investimentos em capacitação. Atendimento ao público, gestão administrativo-financeira, metodologia de ensino, uso de tecnologias, entre outros, são temas recorrentes de aperfeiçoamento”, afirma Simone. Ele fala da realidade da Rede Marista que, somente em 2008, investiu cerca de R$ 450 mil em capacitação e desenvolvimento profissional do

seu corpo funcional, conforme dados do relatório social. Além desse incentivo, há projetos e atividades permanentes que oferecem oportunidades de crescimento pessoal e vocacional para os cerca de dez mil colaboradores da instituição. “A mantenedora proporciona a presença de pesquisadores, especialistas e palestrantes em atividades de capacitação dentro da escola. Em outros casos, a equipe de educadores recebe apoio de consultores ou profissionais que atuam em toda a rede. Há ainda os investimentos individuais, em forma de apoio a cursos, eventos, formação regular, entre outros.” Na Rede La Salle, há um programa de formação específico, que envolve palestras, jornadas de formação e retiros focados no crescimento físico, psíquico e espiritual. Além disso, a rede tem uma política de bolsas para aperfeiçoamento profissional em diferentes níveis acadêmicos, desde a graduação até o doutorado. Mais de 90% dos funcionários lassalistas, hoje, são graduados; 54% têm especialização, mestrado ou doutorado e 70% participa dos diferentes programas de formação. A presidente da AGDC explica que a forma como a escola ou universidade colabora com a qualificação do professor depende muito da instituição de ensino, mas, de forma geral, ainda que não imersas totalmente na cultura do aperfeiçoamento, elas estão alertas à importância desta prática. “Se fizermos um paralelo com o mundo corporativo observa-se que seus dirigentes perceberam que investir na qualificação de seus funcionários é a solução para reter talentos”, fala Simoni. Muitas empresas direcionam recursos para a qualificação do capital humano e perdem profissionais altamente qualificados para outras empresas do mercado. Ainda assim não há alternativa. Se a instituição não treiná-los, eles tendem a procurar empresas mais atrativas, que ofereçam oportunidades de atualização e crescimento. “Cada vez mais esta mentalidade se amplia para as instituições de ensino. O inventivo psicológico, reconhecimento e apoio financeiro para constante atualização dos profissionais da área administrativa e corpo docente são fatores essenciais para o crescimento da equipe e da instituição.”

FAMÍLIAS PROCURAM SABER COMO A ESCOLA ATUA PARA MELHORAR A QUALIDADE DOS SEUS PROFISSIONAIS

33


O INVENTIVO PSICOLÓGICO E FINANCEIRO PARA CONSTANTE ATUALIZAÇÃO DOS PROFISSIONAIS SÃO FATORES ESSENCIAIS PARA O CRESCIMENTO DA EQUIPE E DA INSTITUIÇÃO

Resultados no médio prazo O resultado não é imediato. Assim como os profissionais dedicam boa parte do seu tempo para aperfeiçoamento e capacitação, as instituições de ensino devem estar preparadas para esperar algum tempo antes de colher os frutos desta iniciativa. Caren Leitzke afirma que as escolas estão cientes de que o retorno deste investimento começa a aparecer no médio e longo prazos, “mas ainda assim elas sabem que é essencial para a excelência do ensino e da instituição como um todo se submeter a esta espera. “À medida que a capacitação se torna um processo contínuo, esta lacuna de tempo passa a não existir.” Isso porque haverá um ciclo constante de aperfeiçoamento. Simoni destaca sua experiência como professora da Escola Superior de Propaganda e Marketinh (ESPM) na gestão do professor Sergio Checchia, “um diretor focado na gestão das pessoas, com a filosofia de que devemos tratar nossos professores e funcionários como gostaríamos que tratassem nossos filhos”. “Ele utilizou diversas ferramentas de gestão, com um plano de ação robusto por meio da análise dos resultados, reconhecimento dos funcionários, incentivo e apoio na atualização constante dos professores e um relacionamento face to face.”

34

Qual o objetivo, afinal? Simone Engler Hahn explica que um bom planejamento prevê metas e indicadores. “É preciso avaliar constantemente as ações de capacitação e buscar resultados. Raramente se acredita em resultados imediatos, a não ser para casos pontuais e de baixa complexidade. Lembro que tratamos com processos individuais e coletivos de crescimento de pessoas e isso, por si só, revela que o ritmo passa por questões de cada um dos educadores implicados no processo e na maturidade do grupo, que proporciona o alcance das metas propostas.” Para ela, o ideal é que os objetivos e metas da capacitação sejam construídos conjuntamente com os educadores. O planejamento de uma instituição focada em educação não difere do plano de uma empresa de outro segmento. A diferença, até então, estava mais na mentalidade do que no tipo de planejamento, segundo Simoni Missel. “As instituições de ensino não eram competitivas, nem administradas como uma empresa, que realmente são.” A baixa competitividade do segmento e a grande demanda favoreciam uma estratégia mais passiva. Agora a realidade é outra. “A nova mentalidade que se instala, semelhante à das empresas, muda a gestão das escolas. O planejamento estratégico hoje realizado para um período de 20 anos, em muitas organizações, passa a ser também aplicado na educação.” Para o economista especializado em economia da educação Gustavo Ioschpe, as empresas privadas – o que inclui as instituições de ensino – precisam estar focadas no resultado


“AS ESCOLAS ESTÃO CIENTES DE QUE O RETORNO DESTE INVESTIMENTO COMEÇA A APARECER NO MÉDIO E LONGO PRAZOS

ATUALMENTE, O ENSINO SUPERIOR INVESTE MAIS NAS PESSOAS, NO CAPITAL HUMANO E TECNOLOGIA

final, o lucro, por uma questão de sobrevivência. “Nesse sentido é indispensável que seus colaboradores sejam os mais eficazes possíveis. É possível e necessário investir na qualificação dos professores e quantificar o retorno desse investimento.” O professor, dada a velocidade da renovação das informações que incide sobre uma boa parte das disciplinas, está cada vez mais em busca deste aperfeiçoamento. Como qualquer outro profissional, ele encara duas facetas desta necessidade: o aprendizado em si e o risco de sair do mercado por conta da não atualização. No dia a dia, as informações tornam-se obsoletas e os programas de ensino são reestruturados, de forma a atender a uma geração que está ainda em formação. As escolas de ensino fundamental e médio e as instituições de ensino superior têm em comum o grande investimento na área pedagógica e na metodologia de ensino. No entanto, conforme Simoni, o ensino superior, atualmente, investe mais nas pessoas, no capital humano e tecnologia. Neste caso, essas instituições são um modelo a seguir. “Percebo que escolas do ensino médio têm buscado administradores e gestores de escolas do ensino superior para auxiliar no gerenciamento das mesmas”, alega a especialista. Gestores buscam padrão de excelência As instituições de ensino estão em busca do padrão de excelência, e o investimento em capital humano é mais uma ferramenta para a melhoria do seu sistema. Então, além dos sistemas, processos, é necessário qualificar ao máximo os seus recursos humanos. Mas o que é um corpo docente de excelência?, questiona Simoni. “Professores motivados e entusiasmados, que entendam de gente, saibam como lidar com pessoas e situações diversas, sejam pessoas satisfeitas com as suas vidas e sua remuneração, percebam oportunidades de interação e crescimento na instituição, sintam-se bem atendidos pelos coordenadores, diretores e reitores.” Este é o objetivo. Simone, da Rede Marista, complementa: “Os sistemas e processos de gestão existentes numa organização educacional devem ter como finalidade a aprendizagem e o desenvolvimento dos educandos. É nesse escopo que estão situados os investimentos em capital humano na escola.” “Para obter este resultado, é necessária gestão financeira com foco na lucratividade, e gestão estratégica, gestão de pessoas e gestão administrativa bem-sucedidas para que a escola tenha visibilidade e credibilidade no mercado em que atua”, assegura Simoni. Ou seja, como em qualquer empresa.

35


INSTITUCIONAL

Educação em Revista muda projeto gráfico

E

ducação em Revista está com nova cara em 2010, inspirada na técnica artesanal de patchwork. A partir desta edição, novos elementos gráficos fazem parte da composição das páginas, valorizando mais ainda os textos e fotos, tornando a publicação mais atraente e moderna. O novo projeto gráfico foi desenvolvido pela Bistrô, fundamentado em três elementos: sobreposições, ligações e texturas. “A ideia é que esses elementos traduzam, de forma visual, valores que são próprios da educação. As sobreposições simbolizam janelas, camadas, influências: a construção de bagagens. As texturas remetem a uma proposta artesanal, de trabalhos caros ao universo escolar, como colagens e composições. Já as ligações com ondas e curvas dos elementos gráficos que dão suporte a textos e fotos são herdadas do layout anterior da revista, e aparecem no atual projeto como um código de união, fluidez, modernidade”, explica o diretor de arte, Gabriel Besnos.

Seguindo o novo conceito de criação, uma das novidades do projeto é a logomarca da revista, que tem como característica principal a organicidade, ou seja, as letras utilizadas se relacionam entre si, representando o relacionamento existente entre educador e aprendiz. Elas também remetem à alfabetização, ponto de partida da educação. O tamanho da fonte dos textos mantém-se o mesmo, porém elas ganharam serifa para facilitar a leitura. A Bistrô é uma agência de publicidade, com sede em Porto Alegre. Está no mercado desde outubro de 2007 e possui um vasto portfólio na área de educação.

Diretores podem consultar banco de currículos no portal do SINEPE/RS As direções das instituições associadas ao SINEPE têm acesso exclusivo ao banco de currículos disponibilizado na área restrita do portal do sindicato – www.sinepe-rs.org.br. Estão cadastrados profissionais de diferentes regiões do Estado em busca de colocação no mercado de trabalho, na área da educação. Há mais de 450 currículos cadastrados, de professores, coordenadores pedagógicos, secretários, tesoureiros, profissionais de comunicação, entre outros. Para conferir esta seção é necessário acessar o portal do SINEPE/RS, entrar no menu Área Restrita (localizado no alto à esquerda da página principal) e clicar na chamada Quero me cadastrar. Para o primeiro acesso é preciso criar uma senha e confirmar alguns dados, como o e-mail do diretor

36

e CNPJ da instituição. Para que o cadastro seja efetuado com sucesso, é necessário que os dados da instituição estejam atualizados junto ao sistema do Sindicato. Para isto, o SINEPE/RS está fazendo a atualização dos dados das instituições, por telefone, durante o mês de março. Além do banco de currículos, a área restrita é uma ferramenta de comunicação dirigida entre o sindicato e diretores das instituições de ensino, para divulgação de fatos urgentes e de grande importância para as instituições, e acesso a documentos e materiais exclusivos. Para mais informações, entre em contato com o setor de Comunicação do SINEPE/RS pelo telefone (51) 3213-9090 ou pelo e-mail comunicacao@sinepe-rs.org.br.


Educadores mais próximos da neurociência

O

s colégios da Rede de Educação Scalabriniana Integrada (ESI) darão um passo importante para a qualidade do ensino de suas instituições em 2010. O currículo, desde a educação infantil até o ensino médio, será reestruturado por meio do olhar da Neurociência e do Desenvolvimento Humano. Para isto, serão promovidas reuniões pedagógicas durante o ano e formação continuada do corpo docente. O trabalho teve início com uma jornada pedagógica, no dia 8 de fevereiro, no Colégio São Carlos, em Caxias do Sul, e terá, ao longo do ano, consultoria da especialista em Neurociências Elvira Lima. A iniciativa integra o projeto de consultorias promovido pelo SINEPE/RS em parceria com a especialista, oferecido às instituições que participaram do Curso Educação e Neurociência no ano passado.

REPRESENTANTES DAS INSTITUIÇÕES DE ENSINO APRIMORAM O CONHECIMENTO SOBRE NEUROCIÊNCIAS COM A AJUDA DA ESPECIALISTA ELVIRA LIMA (C)

Colégios lassalistas de Porto Alegre também participaram do projeto, no dia 18 de fevereiro, com o objetivo de compreender o que são neurociências e sua contribuição para a educação. A palestra contou com 150 professores e profissionais do serviço pedagógico. O interesse pela neurociência mobilizou ainda sete instituições da Rede Sinodal. Até agosto, professores, coordenadores e supervisores se reunirão periodicamente com Elvira, a fim de explorar este campo do conhecimento, considerado novo para a educação. Elvira Lima fará uma conferência no III Congresso Nacional de Educadores Notre Dame, no dia 5 de setembro. Mais informações sobre o projeto do SINEPE/RS pelo fone (51) 3213 9090 com o setor do CDG.

Escolas participantes do projeto: Rede ESI

Colégio São Carlos de Caxias do Sul Colégio São Carlos de Santa Vitória do Palmar Colégio Nossa Senhora de Lourdes de Farroupilha

Rede La Salle

Colégio São João Colégio Dores Colégio Santo Antônio

Rede Sinodal

Colégio Teutônia, de Teutônia Colégio Martin Lutero, de Estrela Colégio Alberto Torres, de Lajeado Colégio Rio Branco, de Cachoeira do Sul Colégio Mauá, de Santa Cruz Colégio Roca Sales, de Venâncio Aires Colégio Imigrante, de Vera Cruz

Confira os eventos deste primeiro semestre Abril

● 2º Seminário para Secretárias(os) da Educação Básica ● 8º Seminário de Cidadania

Maio

● Seminário de Formação de Gestores Educacionais: Gestão Integrada ● Seminário de Identificação, Medição de Desempenho e Padronização de Processos em Instituições Educacionais ● 6º Seminário de Diretores

Rede Notre Dame

Colégio Notre Dame de Passo Fundo Escola Menino Jesus Notre Dame de Passo Fundo Escola Notre Dame Aparecida de Carazinho

Vem aí o Prêmio Inovação na Educação As melhores práticas educacionais desenvolvidas pelas instituições de ensino serão reconhecidas por meio do Prêmio Inovação na Educação. Ainda no primeiro semestre de 2010 o SINEPE/RS enviará o regulamento da premiação, com mais detalhes sobre categorias, como inscrever os projetos e prazos para participar.

Junho

● 62º Case de Práticas de Gestão

37


PAINEL Modernização do antigo bonde marca os 120 anos do Anchieta O Colégio Anchieta reuniu diretores, ex-diretores, autoridades, colaboradores e convidados para dar início às comemorações dos 120 anos da instituição, que terá uma série de atividades alusivas à data em 2010. O antigo bonde, que por décadas levou os alunos ao Velho Anchieta, foi modernizado, como marco do início das festividades. A Orquestra Unisinos e o Coral de Câmara Anchieta participaram da celebração realizada na Igreja da Ressurreição. Foi aberta também uma exposição histórica no saguão do prédio central, que conta a história do colégio ao logo dessas 12 décadas. O diretor-geral do Anchieta, Pe. Guido Kuhn, relembrou pessoas que marcaram nessa trajetória e destacou que o papel dos dirigentes atuais é preservar essa tradição, sem deixar de inovar. “Temos que agradecer a cada pessoa que colaborou para essa história, já que poucas são as empresas ou instituições que alcançam essa marca. Nossa grande responsabilidade é dar continuidade a esta caminhada, olhando para o futuro e, a cada passo, nos adaptando aos desafios que o mundo moderno nos impõe.” O colégio preparou um ambiente web especial para receber seus convidados ao longo deste ano comemorativo: um hotsite especial sobre os 120 anos, que pode ser acessado pelo site do Colégio – www.colegioanchieta.g12.br. Pelo site, os visitantes podem conhecer mais detalhadamente os fatos marcantes desses 120 anos e também deixar mensagens, fotos e possíveis soluções para problemas atuais da sociedade.

OFICINAS DE CULINÁRIA PRENDEM A ATENÇÃO DOS PEQUENOS

38

COLÉGIO PROGRAMA UMA SÉRIE DE ATIVIDADES COMEMORATIVAS PARA 2010

Turno integral completa três anos no Marista Pio XII Em 2010, o projeto de turno integral do Colégio Marista Pio XII, de Novo Hamburgo, completa três anos de existência. O Mais Pio XII nasceu da necessidade das famílias contemporâneas de contar com um local seguro e estimulador para deixar seus filhos no turno inverso ao da aula. O projeto visa ao bem-estar das crianças de 3 a 10 anos. Proporciona aos alunos um ambiente acolhedor e desafiador, convívio social entre diferentes faixas etárias, desenvolvimento da criatividade, alegria e aprendizagem, visando ao desenvolvimento pleno de suas potencialidades físicas, cognitivas e socioafetivas. A programação deste ano conta com o acompanhamento dos estudos, realização do tema, natação e oficinas pedagógicas, como artes plásticas, culinária, xadrez, educação ambiental, horta, higiene bucal, leitura, hora do conto. Além disso, os alunos têm à disposição brinquedoteca, recreação, lanche saudável, educação nutricional, grupo de vocal, passeios de estudos, almoço com acompanhamento nutricional e descanso em ambiente adequado. As crianças ainda podem optar por atividades extras, como aprendizado da língua inglesa, judô e violão.


Alunos aproveitam as férias na IENH Entre os dias 4 e 15 de janeiro os alunos da IENH tiveram a oportunidade de aproveitar as férias na escola. O projetos Férias ofereceu atividades diferenciadas às crianças de 2 a 10 anos das unidades Pindorama e Oswaldo Cruz. Construções na areia, banho de piscina, jogos de inglês, confecção de máscaras e sessões de cinema foram algumas das atividades realizadas com as crianças. O projeto foi coordenado pelas auxiliares de atividades escolares Maria José de Castilhos e Lúcia Juliana Persch Cardoso.

CRIANÇAS PUDERAM APROVEITAR A PISCINA NO VERÃO

Colégio Teutônia investe em infraestrutura para a educação infantil Com o objetivo de oferecer aos alunos um espaço coberto para a prática de jogos educativos e lúdicos fora da sala de aula, o Colégio Teutônia construiu novo prédio junto às instalações da educação infantil, que conta agora com cinco salas de aula, amplo pátio com parque, brinquedos e área verde. “A nova área coberta estará equipada com todos os brinquedos e jogos para interação das crianças, amplas aberturas para uma melhor ventilação e piso de grama sintética, tornando o espaço mais prazeroso”, afirma o diretor do Colégio Teutônia, Jorge Trentini. O espaço também é uma alternativa em dias de condições climáticas adversas. Segundo o diretor, com esta obra, o Colégio Teutônia conclui parte do projeto estrutural para receber bem seus estudantes e oferecer o melhor em infraestrutura para os diferentes níveis de ensino. Nos últimos 18 meses, o educandário realizou inúmeros investimentos na parte estrutural, entre eles, a transformação do antigo ginásio de esportes em um amplo auditório, com capacidade para aproximadamente 700 pessoas, a conclusão da nova cantina escolar e a inauguração do novo ginásio esportivo. Para o primeiro semestre de 2010, a escola pretende instalar mais um laboratório de informática, cuja inauguração está prevista para o mês de maio, além da climatização de algumas salas de aula do prédio principal. ESPAÇO COBERTO SERÁ DESTINADO À PRÁTICA DE JOGOS EDUCATIVOS

Metodistas adquirem lousas eletrônicas Os colégios metodistas Americano, União e Centenário começam 2010 com novidades. As três lousas eletrônicas adquiridas pelas escolas terão como função aproximar alunos e professores da tecnologia. “Os estudantes terão contato com esse mundo tecnológico que vivemos de uma forma mais interativa e dinâmica”, afirma a professora do curso de Pedagogia do Centro Universitário Metodista, do IPA, responsável pela Tecnologia Educacional do Americano, Elisângela Ribas. O novo equipamento é uma tela de toque conectada a um computador. Com uma caneta especial ou mesmo o dedo é possível controlar uma variedade de aplicativos. Os professores poderão escrever ou desenhar diretamente sobre a informação mostrada na tela, acrescentar comentários, destacar dados, emendar e apagar tudo. Será possível, também, acessar a internet, mostrar filmes, vídeos, mapas, infográficos e usar todos os recursos multimídia que o computador nos oferece hoje. Além disso, tudo o que é feito na tela é armazenado no computador e pode ser enviado para o aluno por e-mail. A lousa digital não substituirá o quadro-negro, e será utilizada de acordo com a necessidade das disciplinas e dos docentes. No período da noite, as lousas estarão à disposição do ensino superior do IPA. “Os estudantes terão aulas com mais um recurso tecnológico, possibilitando assim maior aprendizagem, de acordo com o mundo dos alunos de hoje, internautas”, destaca a vice-diretora acadêmica da Educação Básica, Perpétua Maria da Silva.

Coração de Maria investe em tecnologia O Colégio Coração de Maria, de Esteio, adquiriu neste verão 20 novas máquinas para o laboratório de informática, que fará parte do programa de inclusão social da escola. Os computadores são da marca Dell, com monitores LCD de 17 polegadas. O investimento qualifica a área de tecnologia da informação do Colégio e o suporte ao desenvolvimento pedagógico. A compra de um novo servidor e a melhoria da banda larga vão otimizar ainda mais o funcionamento dos laboratórios e de toda a área administrativa. De acordo com a diretora do Colégio, Irmã Anair Segala, “a reformulação dos laboratórios denota a atualização da escola em novas tecnologias, primordial para o avanço da educação dos alunos e a qualificação no ensino profissionalizante”.

39


Laboratório de Informática do Farroupilha completa 25 anos O Laboratório de Informática (LabInfo) do Colégio Farroupilha comemorou 25 anos em 2009, com a reinauguração dos laboratórios II, III e IV. Entre as novidades, novos computadores, que garantirão aos alunos maior conforto, agilidade e capacidade de armazenamento de informações. O Colégio foi pioneiro, em 1984, ao implantar o laboratório, que hoje atende os alunos do maternal ao ensino médio, funcionários e pais dos alunos. As salas, a metodologia e os equipamentos mudaram muito ao longo desses 25 anos. Hoje, nos quatro laboratórios, os alunos têm a oportunidade de associar as disciplinas e os conteúdos de sala de aula a atividades lúdicas e interativas, que facilitam a construção do seu conhecimento. Eles contam, ainda, com a ajuda da recepção para imprimir trabalhos e fazer fotocópias. O LabInfo também administra o WebBoletim, Sistema de Boletim On-Line. Estiveram presentes na comemoração as coordenadoras pedagógicas, as orientadoras educacionais, professores, funcionários e pais. Os alunos Laura Pesce, Guilherme Lima, Gabriela Mattos, Gabriela Potenza e Luana Conceição apresentaram suas considerações sobre as aulas ministradas no laboratório.

COLÉGIO FOI PIONEIRO AO IMPLANTAR O LABORATÓRIO, EM 1984

Ceat inicia construção de novo prédio

Emoções e brilho na apresentação da Cantata Natalina Numa noite de magia e encantamento, a Cantata Natalina fez a última apresentação de 2009, reunindo mais de 10 mil pessoas no dia 20 de dezembro, em Passo Fundo. A celebração foi uma promoção à paz e um convite para que a comunidade propague este sentimento. “Esperamos que as pessoas tenham a Paz verdadeira que reina nos corações”, afirmou a coordenadora da Cantata Natalina, Irmã Maria Pin. Autoridades civis, militares e religiosas participaram do evento. Cerca de 350 vozes integram os corais infantis, formados por estudantes do Colégio Notre Dame, da Escola Menino Jesus Notre Dame e de escolas municipais, e adultos da comunidade. A Superiora da Província da Santa Cruz, da Congregação das Irmãs de Notre Dame, Irmã Lori Steffen, destacou que se trata de um momento de renovação, no qual as pessoas fortalecem aspectos como a paz e a fé. No encerramento, o céu de Passo Fundo iluminou-se para anunciar o Natal. Um show pirotécnico encantou o público. Por alguns minutos, o céu estrelado permaneceu mais iluminado pelos fogos de artifício, que exibiram formatos e cores inovadores. Papais Noéis distribuíram aproximadamente 3,5mil kits para as crianças dos bairros José Alexandre Zacchia e Bom Jesus. O kit contém um livro de literatura infantil, chocolates e um brinquedo novo, contemplando a educação e a recreação.

40

ASSEcOM ND

MAIS DE 10 MIL PESSOAS PRESTIGIARAM O EVENTO EM PASSO FUNDO

O Colégio Evangélico Alberto Torres (Ceat) de Lajeado iniciou em fevereiro as obras do novo prédio do Colégio, localizado na Bento Gonçalves esquina com Alberto Torres, ao lado dos prédios da educação infantil e do ensino fundamental. Com aproximadamente 13 mil m², a nova estrutura abrigará salas de aula, laboratórios, restaurante, espaço para convivência, biblioteca, setores administrativos, auditório para 600 pessoas e estacionamento subterrâneo para cem carros. Além disso, os pais contarão com um recuo para desembarcar e buscar seus filhos com segurança, na rua Alberto Torres. “Estamos construindo uma escola moderna e funcional. Foram vários estudos e muitos anos para chegarmos a uma proposta de prédio simples e altamente prático, que atende bem às exigências para um trabalho educacional de qualidade”, explica o diretor do Ceat, Ardy Storck. A unificação do Ceat, com toda a estrutura na mesma quadra, facilitará o acesso de alunos e professores do ensino médio às áreas verdes, ao complexo esportivo e às quadras cobertas do Ceat. A obra deve estar concluída em 18 meses. Até lá, as séries do ensino médio e alguns setores administrativos continuam trabalhando no prédio localizado na rua Alberto Torres.

PROJETO CONTEMPLA 50 VAGAS NO ESTACIONAMENTO E REFORÇO NA SEGURANÇA

Marista Conceição de Passo Fundo terá novo acesso O Colégio Marista Conceição de Passo Fundo dará início às obras de acesso à instituição pela rua Fagundes dos Reis. Será um amplo espaço para entrada e saída de veículos, que facilitará a entrada de pais, alunos e professores na escola. O projeto contempla 50 vagas de estacionamento, cobertura ampla, conforto, tecnologia e segurança. Com o aumento da circulação de veículos no período letivo, o novo espaço será de grande importância para desobstruir o trânsito na zona central da cidade. Atualmente a instituição conta com 800 alunos. Com a obra finalizada, o Colégio Marista Conceição terá um ambiente seguro e moderno, por meio da centralização dos acessos, do circuito interno de TV e demais equipamentos que garantem a proteção da comunidade escolar.


Melhorias para receber os alunos na Rede Marista No período das férias escolares, muitos colégios maristas realizaram reformas com o objetivo de melhorar e modernizar os espaços internos para receber os alunos em 2010. O Marista Sant’Ana, de Uruguaiana, investiu na pintura de salas e corredores, na reformas dos banheiros, em reparos no estádio Champagnat, na compra de móveis novos e na climatização da Biblioteca Central. No Marista Champagnat, em Porto Alegre, a nova Biblioteca será inaugurada no Dia da Bibliotecária, em março. No local onde funcionava o antigo espaço, serão construídas salas de aula e um miniauditório. Pinturas nas salas de aula, nas quadras esportivas e na academia, além de novos bebedouros, computadores e móveis, fazem parte da repaginação do Marista São Pedro, na Capital. No Marista Ipanema houve reformas e a construção de novos espaços. Neste ano, o ensino médio contará com lousa interativa em todas as salas de aula. O Marista Roque, de Cachoeira do Sul, apostou em melhorias no espaço físico para receber os alunos. Confira as demais escolas que passaram por reformas –– Instituto Marista Graças, de Viamão –– Colégio Marista Santo Ângelo –– Marista Aparecida, de Bento Gonçalves: nova sede administrativa, estacionamento para os pais, novo acesso ao Colégio e ampliação do número de salas da Educação Infantil –– Marista Conceição, de Passo Fundo: substituição do piso em salas de aula e salas Multiuso –– Marista Maria Imaculada, de Canela: colocação de manta asfáltica no telhado do ginásio de esportes e construção de novos banheiros –– Marista Pio XII, de Novo Hamburgo: instalação de bombas hidráulicas para a retirada de água acumulada embaixo do palco do Salão de Atos –– Marista Santa Maria: construção do novo acesso para os alunos, estacionamento para os pais e visitantes e parque esportivo com grama sintética –– Marista Rosário: substituição do piso das quadras esportivas e continuação da troca das janelas.

Sinodal Tiradentes promove exposição sobre Campo Bom Campo Bom foi revelada sob a ótica de seus moradores durante o concurso fotográfico Assim Caminha Campo Bom. Organizada pelo Colégio Sinodal Tiradentes, a proposta convidou os moradores da cidade a mostrar aspectos originais e peculiares do município em fotos. O resultado pôde ser visto em uma exposição na Prefeitura de Campo Bom, durante o mês de janeiro. Foram inscritas 49 fotos, que revelaram diferentes ângulos e pontos de vista de vários locais da cidade. “Os fotógrafos destacaram o Largo Irmãos Vetter, Rio dos Sinos, Parcão, Ciclovia, prédios históricos, CEI entre outros. Há fotos apresentando as belezas da cidade em diferentes estações do ano e horários do dia”, destaca a coordenadora do projeto, professora Sílvia Rangel. O material recebido foi avaliado por três jurados – Raul Gilberto Blos, Adriana Lamb e Anderson Neves. A final do concurso, que ocorreu no dia 4 de dezembro, elegeu três peças como vencedoras e duas imagens receberam menção honrosa. Os premiados foram anunciados durante a mostra de Teatro e Dança do Colégio Sinodal Tiradentes, quando foi escolhida a foto Destaque Popular.

Confira os vencedores 1º lugar: Astor Willy Blos 2º lugar: Victória 3º lugar: Débora Zimmer Destaque Popular: Fernando Schuh Menção Honrosa: Janaina Ioná Feldes e Isadora Rangel

ASTOR CONQUISTOU O PRIMEIRO LUGAR COM O RIO DOS SINOS

São Carlos rumo à Cidade Maravilhosa Pelo segundo ano consecutivo, o Colégio São Carlos, de Caxias do Sul, ganhou destaque com a seleção de uma aluna da 8ª série para cursar o Ensino Médio no Rio de Janeiro, pelo SESC. Milena Barp foi a ganhadora da bolsa em 2009. A Escola Sesc de Ensino Médio oferece bolsas integrais para os três anos do ensino médio, cobrindo todas as despesas relativas à instrução, material didático-pedagógico de uso coletivo, alimentação e atividades extraclasse propostas pela escola. Das 159 vagas para o 1º ano do ensino médio, 10 foram oferecidas para o RS, para 2010. A seleção é composta por uma prova objetiva e avaliação por meio de uma dinâmica de grupo.

MILENA BARP GANHOU BOLSA PARA ESTUDAR NO RIO DE JANEIRO

41


GESTÃO Madre Júlia busca a excelência em educação e infraestrutura

E

m julho de 2008, o Colégio Madre Júlia, de São Sepé, deu início a um projeto inicialmente denominado Programa de Desenvolvimento Estratégico da Mantenedora Notre Dame e Escolas Notre Dame. Era necessário mudar, resolver problemas que ainda não estavam pontualmente definidos. A partir do trabalho desenvolvido com o apoio da Rede de Escolas Notre Dame, da Província Nossa Senhora Aparecida, de Canoas, foi feito um diagnóstico da realidade do colégio, que apontou duas necessidades urgentes: a melhoria de aspectos pedagógicos do ensino e da aprendizagem e uma renovação física da escola, com remodelação de elementos estéticos e estruturais, a fim de trazer mais conforto e segurança aos alunos e, consequentemente, satisfação e tranquilidade aos pais. A comparação visual da estrutura externa do colégio a outras escolas no município foi o ponto de partida para definir o diferencial que favoreceria o bem-estar dos estudantes. O Colégio Madre Júlia não possuía cobertura do portão de entrada dos alunos até o salão de atos, o ginásio de esportes e outros ambientes da escola. Era imprescindível um abrigo que facilitasse a passagem dos estudantes de um ambiente para outro, em especial em dias de chuva, quando o desconforto pela falta da cobertura é ainda maior. Conforme informações da administração do colégio, muitas vezes o aluno vinha desprevenido para a chuva, ou seu guarda-chuva não era suficiente para abrigá-lo da quantidade de água que caía sobre o solo. Os pais vinham observando essa dificuldade e solicitaram à escola providências para resolver esse inconveniente. Após análise do orçamento mensal e a impossibilidade de a escola, sozinha, investir na reforma, a questão foi levada à Associação de Pais e Mestres com a proposta de uma ação conjunta da comunidade escolar. A equipe de Pais e Mestres colocou-se à disposição para trabalhar em prol dessa reestruturação. Um engenheiro e um projetista de layout que

PARTICIPAÇÃO EM JOGOS E OUTROS EVENTOS DO MUNICÍPIO FAZ PARTE DO PROJETO DO COLÉGIO

42

INVESTIMENTO NA FORMAÇÃO PERMANENTE DOS PROFESSORES É UMA NECESSIDADE

participam da associação rapidamente apresentaram um préprojeto da planta. Além disso, foram programados dois eventos para arrecadação de recursos: um risoto italiano e um jantar de família. O Clube de Mães também somou esforços para este empreendimento. A construção de passarelas cobertas que facilitariam a mobilidade dos alunos no ambiente escolar em dia de chuva estava garantida. Em relação aos aspectos pedagógicos da escola, está em andamento uma série de projetos que priorizam o cuidado do meio ambiente, os valores, a integração da família com a escola, a educação da fé, e a participação de eventos do município, como jogos municipais, a Feira do Livro, caminhada cívica, Semana do Município e Semana Farroupilha. Os desafios a enfrentar a curto, médio e longo prazos são muitos ainda. A administração do Colégio Madre Júlia tem consciência da necessidade de intensificar o trabalho com o corpo docente, investindo mais na sua formação permanente, para que, atualizados, possam desfrutar a realização profissional que todo o mestre deveria sentir. Quanto maior o desafio, melhor o trabalho do educador. O estudo e a leitura estão colocados, a partir de agora, como prática diária, para que o “fazer pedagógico” dos educadores possa fluir e ajudar o aluno a aprender, compreender e filtrar das muitas informações oferecidas aquelas que utilizará para a vida. Segundo a diretora do Madre Júlia, Ir. Dalva Garlet, a iniciativa da implantação de um novo modelo de gestão escolar, com a parceria do SINEPE/RS, está sendo um marco para a cidade de São Sepé. Existe mais credibilidade na equipe diretiva e docente. A integração com as famílias e com os colaboradores é maior a cada dia. Hoje, o Colégio é reconhecido não só pelos seus 73 anos de existência, mas pela tradição educacional Notre Dame. O Colégio Madre Júlia foi fundado em 1º de março de 1937, oferece educação infantil e ensino fundamental e conta, atualmente, com 295 alunos e 27 professores e funcionários.


O Gestor que lê

P

esquisa realizada em 2005 pela McKinsey em parceria com a London School of Economics focada no exame do relacionamento entre desempenho e gestão concluiu que a qualidade da gestão é o fator mais importante e determinante para o sucesso competitivo das organizações. O ambiente organizacional é instável, exigente, acelerado e revolucionário. Gestores vendem sua força intelectual. O gestor administra muitos recursos, interfere no bem-estar e na vida das pessoas, e suas decisões têm impacto econômico e social na vida de muita gente. A evolução do conhecimento e a inovação tecnológica podem afetar o trabalho em muitos sentidos: tornam conhecimentos, habilidades, processos de trabalho, de organização e gestão obsoletos. A obsolescência existe quando profissionais usam conceitos, pontos de vista, teorias ou técnicas menos efetivas na solução de problemas do que outras disponíveis em seu campo de atuação. A depreciação do capital humano pela sua obsolescência surge como uma desigualdade entre a rapidez das mudanças requeridas no trabalho e as taxas de aquisição de novos conhecimentos e habilidades. Eu poderia perguntar: Qual o prazo de validade de um curso superior, de uma especialização, de um mestrado? Algumas profissões, reconhecidas pelo risco potencial de mau desempenho, estão sujeitas a processos de renovação das licenças de atuação.

Peter Senge, no livro A Quinta Disciplina, ao descrever a disciplina do Domínio Pessoal, ensina que aprender não significa necessariamente adquirir mais informações, mas sim expandir a capacidade de produzir os resultados que desejamos na vida. Qual o custo de um mau desempenho de um gestor? Quais os remédios para reduzir este risco? Dou o meu testemunho: a leitura profissional é um deles. O reforço deste hábito, quer seja nas excelentes edições em papel ou pela emergente disponibilidade de livros eletrônicos, como o Kindle, da Amazon, ou o Reader, da Sony (cujas tecnologias lembram o papel e não ferem a visão, podendo ser lidos mesmo ao sol, pois nenhuma luz é emitida), é um caminho. A estratégia essencial da liderança é simples: torne-se modelo. O gestor, pela posição que ocupa, é observado e imitado. Sempre que visito empresas ou instituições sou imediatamente atraído pelos livros que encontro nas mesas de trabalho de seus gestores, e estes me dizem muito a respeito de seus possuidores. Se um gestor dedica-se a se manter atualizado a partir de suas leituras, seguramente despertará comportamentos similares entre seus colaboradores. Oscar Rudy Kronmeyer Filho

Doutor em controle de gestão/pilotagem de empresas

anúncio


ARTIGO Educação continuada: Um espaço de gestão na construção da mudança e da inovação da prática docente. POR CLEUSA MARIA DE CERQUEIRA LIMA BECKEL*

Resumo Gerenciar a formação continuada dos professores de escola, assim como preparar novos profissionais para assumirem uma sala de aula, são responsabilidades que implicam grandes desafios para as equipes de gestão. Na medida em que o Projeto Pedagógico da Instituição avança e se consolida, aumentam consideravelmente as informações e procedimentos que o novo profissional deve adquirir para poder responder às demandas das escolas. Nem sempre há tempo hábil para uma capacitação prévia que, de fato, habilite o professor para a atuação pedagógica e educacional coerentes com os princípios da escola. Decorre daí que grande parte deste processo é feito com o profissional em serviço, ou seja, já em sala de aula. Além disso, a rapidez com que as investigações das ciências relacionadas à educação têm sido feitas e divulgadas obriga qualquer instituição educativa e todos os gestores dessa área a assumirem um compromisso com uma capacitação continuada.

Palavras-chave: educação, formação, gestão, mudanças, professores.

Abstract Managing the teacher´s development as well as preparing new professionals to take over a classroom are responsabilities which imply great challenges to the directing board of a school. As the pedagogical project advances and the best practices are consolidated, the new professional is faced wth an increasing amount of information and procedures which have to be acquired in order to perform his/her role effectively. Not always does the coordinating team have enough time to prepare the new professional pedagogically and educationally prior to his/her teaching activity in line with the school principles. Thus, most of the mentoring process happens while the professional is already teaching. Apart from that, the speed with which the investigation of the sciences related to education have been performed and divulged, makes not only the educational institutions, but also all managers in this area actively engaged in the continuous development of professionals.

Keywords: education, training, management, changes, teachers

44

S

egundo o Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil, vários estudos têm mostrado que muitos professores ainda não possuem formação adequada. O perfil do profissional que irá atuar nesta área exige competência polivalente, ou seja, trabalhar conteúdos de naturezas diversas, desde os cuidados básicos até conhecimentos específicos das áreas do conhecimento. A gestão da capacitação continuada deve, portanto, considerar a diversidade destes educadores e suas distintas necessidades. Neste contexto, a reflexão sobre a prática é indispensável, e para isto o professor assume o papel de aprendiz. A observação, o registro, o debate, a troca com seus pares, o diálogo com seus alunos, suas famílias, o planejamento e a avaliação serão essenciais para esta reflexão. Cabe às escolas a tarefa de abrirem espaço para que isto aconteça, além de investirem na capacitação e atualização permanente de seus professores, aproveitando as experiências daqueles que vêm trabalhando com crianças há mais tempo e com qualidade, criando condições de formação regular. Na Revista do Professor, artigo “Responsabilidade do Professor”, de autoria da pedagoga Maria José F. Ruiz, é analisada a famosa frase “A escola é legal, as aulas é que são chatas”. Isto sinaliza, segundo a pedagoga, que: “a sala de aula não possui atrativos, que os alunos aí estão por obrigação, que ensinar e aprender são processos desinteressantes que nada ou muito pouco acrescentam à formação da personalidade do aluno”. É preciso que o professor se questione onde se inicia esta desmotivação. Será que não estamos oferecendo a “educação bancária”, termo usado por Paulo Freire, para explicar o ensino em que aluno é visto como ser passivo, que assimila o saber do mestre? A responsabilidade do educador é muito grande, o diálogo, a metodologia, a coletividade... são alguns elementos que devem ser levados em conta na prática pedagógica. A escola foi, por muito tempo, impregnada pela ideia de que aprender é adquirir noções, conceitos e teorias construídas pela humanidade e que, para tanto, aqueles que dominavam estes saberes (professores) tinham como função social transmiti-los às novas gerações. A partir das profundas mudanças ocorridas em todos os âmbitos do conhecimento, e de todo o sistema social, a escola adquiriu, nas últimas décadas, novas responsabilidades e, portanto, o papel dos profissionais da educação também se modifica. O professor deixou de ser visto como aquele que transmite saberes e passou a ser considerado como alguém que gerencia as situações de aprendizagem, cabendo a ele


tomar decisões. A sala de aula, assim como a escola, está inserida em contextos complexos onde ocorrem muitas coisas simultaneamente. As decisões que o professor deve tomar são, portanto, múltiplas, singulares, geralmente. Neste contexto surge a ideia do professor investigador, aquele que reflete sobre a sua prática. Não há mais espaço, numa escola de qualidade, para o professor que não sabe o que faz, nem sabe justificar suas decisões. O professor deve dominar sua prática, explicar suas intervenções, fazer propostas, articular ideias e trabalhar em grupo. Pensando nisto, desde o ano de 2005, tenho proposto aos professores da Educação Infantil do Colégio Farroupilha, onde atuo como coordenadora, a realização de grupos de estudos sobre temas do interesse da equipe e que atendam às necessidades das turmas. Neste espaço de formação, além de atuarem como pesquisadores na busca por respostas para as suas inquietações e para as demandas das turmas, interagem com os colegas e produzem textos, para posteriormente socializarem no grande grupo. Sabe-se o quanto é importante que o professor crie o hábito de trabalhar em equipe, que ele não pode mais se sentir um profissional solitário e isolado. Planejar, nesta perspectiva, deixa de ser apenas antecipar o que irá acontecer na sala de aula, mas também fundamentar a sua prática. Por meio de trocas de experiências, a concepção do professor como profissional reflexivo ganha espaço. Em seu local de trabalho, aprende com a prática. Diante de um procedimento de rotina, ele pode surpreender-se com as consequências de sua ação, refletindo sobre esse acontecimento e experimentando agir de forma diferente. Esse aprendizado na ação, por parte do professor, supõe que ele pode agir nas situações, modificálas experimentando novas condutas. Mas, para isso, precisa aceitar e considerar os erros como inerentes ao aprendizado, assumindo riscos e administrando incertezas. Esse processo também avança, quando o professor pode contar com uma rede de observação que possibilite ter sua prática observada tanto por ele mesmo como por colegas em diferentes momentos de formação docente. Desta forma, o programa de formação continuada coloca novos instrumentos de trabalho, que passam a fazer parte do arsenal profissional dos professores, como registros da sua prática e do colega, diários, portfólios, debates, análises... A autora Ivani Fazenda (1992, p. 80) coloca as problemáticas da relação entre teoria-prática e professorpesquisador. Destaca a ausência de registros e análises dos professores sobre sua prática, o que gera, muitas vezes,

dificuldades no campo da pesquisa. Acrescenta, ainda, que aquele que consegue desenvolver-se em pesquisa não consegue retroceder ao puro exercício da sala de aula. Com ela, o educador transforma e redimensiona sua aula, contagiando todos os que a frequentam. A pedagoga Ana Lúcia Souza de Freitas (1998, p. 60) comenta, sobre seus estudos acerca de Freire, que “devemos buscar uma ‘educação problematizadora e libertadora’, que busque o prazer por estudar, numa ‘curiosidade epistemológica’”, ou seja, que impulsione o professor na busca da produção do seu conhecimento e que seja construída a pedagogia da pergunta, superando a pedagogia da resposta. Assim como nossos alunos, o professor também precisa buscar respostas para os seus questionamentos diários. E é esta curiosidade que servirá de estímulo para a busca de novos conhecimentos. Ensinar e aprender assumem caráter desafiador. Segundo Madalena Freire (1996, p.39): “Educador algum é sujeito de sua prática se não tem apropriado a sua reflexão, o seu pensamento. Não existe ação reflexiva que não leve sempre constatações, descobertas, reparos, aprofundamento. E, portanto, que não nos leva a transformar algo em nós, nos outros, na realidade.” Para que esta reflexão possa realmente ocorrer, é importante que nossos educadores estejam eternamente atualizando suas práticas, por meio de estudos frequentes. Ler e estudar são atividades que devem fazer parte do perfil do educador e não apenas serem promovidas pela instituição. Qualquer profissional deve entender que, para ter uma atuação de qualidade, é necessário desenvolver um plano pessoal de formação contínuo. Isto porque as transformações permanentes e rápidas que a sociedade vive implicam produção de conhecimentos gerados na mesma velocidade. No livro “Formação de Professores - Tendências Atuais”, Alda Junqueira Marin (1996, p. 162), expõe que: “As pessoas começam a ser formadas profissionalmente em seu cotidiano. Cada um de nós sofre um processo de formação profissional a partir da educação informal e formal a que está submetido, diariamente, desde muito cedo.” Os gestores devem levar em conta a história de vida dos profissionais aos quais querem oferecer uma melhor capacitação, sem supor que chegam até eles como tábula rasa. Os projetos de formação devem valorizar a reflexão sobre a própria experiência dos professores, utilizando aquilo que já conhecem como ponto de partida para as novas aprendizagens. O conhecimento teórico precisa também ser

45


apropriado construtivamente pelos profissionais por meio de constante análise e registro da prática. No processo de construção de conhecimentos pelo professor, a importância de partir de sua prática e dos conhecimentos prévios que ela traduz está relacionada a uma perspectiva de acumulação de conhecimentos. Os professores são colocados em um contexto de aprendizagem e aprendem a fazer fazendo: errando, acertando, tendo problemas a resolver, discutindo, construindo hipóteses, observando, revendo, argumentando, tomando decisões, pesquisando. Como gestora, utilizo como estratégia formativa a tematização da prática pedagógica. Isso envolve a utilização de diferentes recursos para trazer a experiência prática para a análise coletiva. Os professores apresentam situações didáticas ou produções das crianças para serem tematizadas. Conforme relatam os trabalhos desenvolvidos em sala, as dificuldades e os obstáculos encontrados são propiciados ao grupo à reflexão e o debate. Os comentários e as perguntas dos professores ajudam a estabelecer a relação da prática com a teoria para fundamentar a discussão e a programação de atividades mais adequadas às necessidades de aprendizagem das crianças. Acredito que um bom programa de capacitação de professores deva procurar desenvolver uma metodologia de trabalho coerente com o tipo de prática pedagógica que se pretende promover com os alunos. A experiência vivida no processo de formação é referência na intervenção profissional e qualifica o processo de ensino e aprendizagem, tanto dos alunos quanto dos docentes. Nesse sentido, os professores precisam ser colocados em um contexto de aprendizagem, tendo problemas a resolver, discutindo, construindo hipóteses, observando, revendo, argumentando, tomando decisões, pesquisando por meio de um diálogo permanente com a realidade pedagógica.

As propostas de capacitação devem ser concebidas como construções. Os conhecimentos prévios do professor estão relacionados à sua experiência como aluno. Remover estas experiências, compará-las com sua prática atual, ou com as situações de aprendizagem que está planejando, podem ser intervenções importantes neste processo porque favorecem a conscientização sobre a concepção de ensino presentes em uma e na outra proposta pedagógica. Revisando sua história como aprendiz o professor pode desenvolver empatia com o processo do aluno e transformar suas ideias iniciais sobre como conduzir o processo de ensino. Se o processo de capacitação implica um processo de aprendizagem, é necessário planejar situações que possam fazer sentido e terem significado para o professor. Como garantir isso, além dos cuidados com os aspectos motivacionais? Um dos desafios mais importantes para o gestor garantir a adesão do professor ao processo é a seleção dos conteúdos da capacitação, as quais podem não estar explícitas e neste caso, é seu papel ajudar o professor a formular perguntas, ficar em dúvida, levantar hipóteses... Assim, os conteúdos de capacitação podem ser definidos muitas vezes em conjunto ou com a participação do capacitando, durante o processo de tematização da prática da sala de aula. A cooperação entre professor, escola e comunidade viabiliza a realização de projetos pedagógicos em um contexto de trabalho em equipe. *Coordenadora do Centro de Ensino Médio Farroupilha, de Porto Alegre. Graduada em Educação Infantil e Estudos Sociais na Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul, Pós-Graduação em Supervisão Escolar, pela Unilasalle, e MBA em Gestão Educacional, pela Fundação Getulio Vargas. É organizadora de um núcleo de estudos, na região Sul, criado em nível nacional pelo professor José Pacheco, da Escola da Ponte, em Portugal.

REFERÊNCIAS: BRASIL, Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996. BRASIL. Ministério de Educação e do Desporto. Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil. Brasília, MEC/SEF, v. 1, p. 39, 1998. CANDAU, Vera Maria (2001). Magistério: construção cotidiana. Rio de Janeiro: Vozes. 4ª edição. FAZENDA, Ivani Catarina Arantes. A pesquisa como instrumentalização da prática pedagógica. In: FAZENDA, Ivani (org.). Novos enfoques da pesquisa educacional. São Paulo: Cortez, p. 75-84, 1992.

MARIN, Alda Junqueira. Propondo um novo paradigma para formar professores a partir das dificuldades e necessidades históricas nessa área. In: REALI, Aline Maria de Medeiros Rodrigues e MIZUKAMI, Maria da Graça Nicoletti (org.).. Formação de professores - tendências atuais. Local: UFSCar. p.162. 1996. NÓVOA, A. Para uma análise das instituições escolares. In: NÓVOA A. As organizações escolares em análise. Lisboa: D. Quichote, 1995. p. 35. PACHECO, José. Escola da Ponte - Formação e Transformação da Educação. São Paulo: Vozes, 2008

FERREIRA, Naura Syria Carapeto (org.). Supervisão educacional para uma escola de qualidade. 4º ed. São Paulo: Cortez, 2003.

RUIZ, Maria José F. Responsabilidade do professor. In: Revista do professor. XX. n. 79, p. 44.

FREITAS, Ana Lucia Souza. In: Estudos Leopoldenses. Série Educação. v. 2, n. 3. 1998.

SANTOS, L. L. C. P. (1998). Dimensões pedagógicas e políticas da formação contínua. In: VEIGA (org.) Caminhos da profissionalização do magistério. Campinas: Papirus.

HARGREAVES, Andy; FULLAN, Michael. A escola como organização aprendente. Buscando uma educação de qualidade. 2a ed. Porto Alegre: ArtMed., 2000. KOTTER, John P. Liderando mudança. Rio de Janeiro: Campus, 1997.

46

LUCK, Heloísa. Liderança em gestão escolar. São Paulo: Editora Vozes, 2008

SEBARROJA, Jaume Carbonell... [et al.]; trad. Fátima Murad. Pedagogias do século XX. Porto Alegre: Artmed, 2003.


Regras para publicação de artigo: 1 ) Os artigos enviados para publicação são submetidos à análise do Conselho de Pareceristas (referees). Aceitam-se, preferencialmente, trabalhos inéditos; 2 ) O texto (incluindo título, resumo, palavras-chave e bibliográfica) não deve ultrapassar 13 mil caracteres com espaço (Seis páginas e meia em fonte times 12 – espaçamento 1,5) e deve ser enviado por e-mail, especificando em lauda extra o nome(s) dos autores com seus créditos e informações quanto à titulação acadêmica e respectiva instituição. 3 ) Os artigos devem ser complementados por palavras-chave (no máximo cinco), referentes ao seu conteúdo, e devem ser acompanhados, obrigatoriamente, de resumos em Português e Inglês, com dez linhas no máximo (1/3 lauda), de acordo com as normas da ABNT; 4 ) As referências bibliográficas devem constituir uma lista única no final do artigo, em ordem alfabética, obedecendo as normas da ABNT; 5 ) Quadros, mapas, gráficos, entre outros tem que ser apresentados em folhas separadas do texto e em arquivo à parte (nos quais devem ser indicados os locais de sua inserção); 6 ) O Conselho Editorial reserva-se o direito de aceitar, ou não, trabalhos encaminhados, sendo que a publicação não implica em nenhuma espécie de remuneração. 7 ) Para cada artigo publicado são concedidos três exemplares da revista como direito autoral; 8 ) Os artigos publicados são de inteira responsabilidade dos seus autores, inclusive as referências bibliográficas; 9 ) Artigos devem ser enviados para a Educação em Revista, através do e-mail: educacaoemrevista@sinepe-rs.org.br Mais informações através do e-mail educacaoemrevista@sinepe-rs.org.br

47


CINEMA Para Sabine, com amor:

documentário de atriz francesa resgata história de irmã autista POR ADRIANA KURTZ*

N

o momento em que o bobo Avatar mobiliza as atenções do público, com sua performance muito mais econômica e tecnológica do que propriamente cinematográfica, o Brasil recebe, com dois anos de atraso, o premiado Elle S’appelle Sabine. É o documentário no qual a atriz francesa Sandrine Bonnaire narra, de forma pessoal e pungente, a trajetória de sua irmã autista, a partir de registros familiares feitos em super-8 e vídeos, ao longo de 25 anos de convívio. A história de Sabine pode ser lida de várias maneiras: o relato da amizade única entre duas irmãs, um acerto de contas com o passado, uma declaração de culpa – e de amor –, o enfrentamento de um trauma além da questão pontual que o filme levanta naturalmente: o despreparo, e, no limite, a desumanidade por parte de instituições psiquiátricas que deveriam curar seus pacientes mas, ao contrário, deterioram seu estado de saúde mental e físico. Sabine, depois de cinco anos de internação e de um diagnóstico impreciso, transforma-se numa pessoa que quase nada tem a ver com suas imagens do passado. A mudança é chocante: ela está trinta quilos mais gorda, com os cabelos quase raspados, insegura e visivelmente prejudicada pelo excesso de medicação. Como a crítica ressaltou, o objetivo principal da atriz é o de tentar devolver, através da imagem, a existência social de sua irmã perante o mundo, valorizando-a como uma pessoa ainda capaz de expressar seus sentimentos e sonhar com uma vida mais autônoma e digna. Embora

“escondida” atrás da câmera, Sandrine se impõe como a interlocutora/narradora privilegiada desta obra de rara sensibilidade ética e rigor estético. Encadeadas com as belas imagens do passado, Sandrine testemunha o momento atual de sua irmã, agora vivendo em uma casa na região de Charente, na França, reestruturada para as suas necessidades. Ali, Sabine reencontra, aos poucos, a felicidade, registrada por uma câmera que intercala uma observação a distância, entrevistas diretas e o acompanhamento de atividades aparentemente banais como tocar piano, tomar banho de piscina, comprar roupas. É Sabine, em que pese sua dificuldade em se comunicar, que nos faz lembrar a presença da diretora por trás da câmera, captando imagens com ternura e intimidade, que buscam desvelar os sentimentos ainda preservados de sua irmã. Sabine, longe de ser um objeto retificado e dissecado, é recuperada carinhosamente em sua plenitude e (re) apresentada a si mesma, como que diante de um espelho, sob a forma artística. O desejo de evitar a coisificação da personagem principal é reforçada pelo próprio título da obra de estreia de Sandrine Bonnaire. Desconcertante, o final nos mostra Sabine revendo cenas de sua viagem a Nova Iorque, ao lado da irmã. Ela se reconhece jovem e bonita. Ela chora. Mas de alegria, garante. E pede para rever as imagens, num reencontro emocionante com um “eu” que parecia estar perdido.

*Doutora em Comunicação e Informação pela UFRGS e professora dos Cursos de ‘Publicidade e Propaganda’ e ‘Design’ da Escola Superior de Propaganda e Marketing – ESPM

Ficha Técnica

O NOME DELA É SABINE

(Elle S’appelle Sabine) Documentário, 85 minutos - França (2007) Diretor: Sandrine Bonnaire Elenco: Sabine Bonnaire, Sandrine Bonnaire. Roteiro: Sandrine Bonnaire, Catherine Cabrol Fotografia: Sandrine Bonnaire, Catherine Chabrol Trilha Sonora: Nicola Piovani, Jefferson Lembeye, Walter N’Guyen

48


DICAS

LIVROS

Infanto-Juvenil 111 poemas para crianças Sérgio Capparelli Editora L&PM 136 páginas w R$ 25

A Adolescência Contardo Calligaris

Doutor em psicologia clínica e psicanalista, Contardo Calligaris mostra neste livro a adolescência como uma das formações culturais mais poderosas de uma época, com todas as suas nuances, enigmas e superações. Situa a adolescência como uma representação cultural, e como esse mito interage na vida e no desenvolvimento do próprio adolescente. A obra, com 81 páginas, é da editora Publifolha e custa R$ 18,90. Informações: 0800 140090.

Diário de um guri Carlos Urbim Projeto Editora 24 páginas R$ 18

Pelos Caminhos da História Flavio Berutti

O livro parte do princípio de que tão importante quanto possibilitar a apropriação do conhecimento histórico é fazer com que os alunos percebam como esse conhecimento é construído, a partir de múltiplas visões e abordagens. Sua principal característica é a construção de um texto didático que se reporta a outros autores, cujas obras ajudam a compreender a complexidade dos processos históricos, assim como os conflitos, contradições, impasses e desafios das sociedades contemporâneas. Da Editora Positivo, a obra tem 736 páginas e custa R$ 89. Informações: 0800 723 6868.

Gestão Educacional: uma Nova Visão

O Bichinho da Maçã Ziraldo Editora Melhoramentos 48 páginas R$ 14,90

www.carlosdrummonddeandrade.com.br www.clickeaprenda.uol.com.br www.asultimas.com.br

Sonia Simões Colombo e colaboradores

Uma visão abrangente e sistêmica sobre a arte de gerir um dos negócios mais nobres do mercado: a educação. O texto resulta da reunião de 15 renomados especialistas, que apresentam reflexões e tendências a respeito de uma nova visão da gestão educacional, com fundamentos inovadores. Da Editora Artmed, tem 261 páginas e custa R$ 46. A obra também está disponível para empréstimo na biblioteca do SINEPE/RS, serviço exclusivo para associados.

O menino do pijama listrado Durante a Segunda Guerra Mundial, a família de um oficial nazista alemão se muda de uma confortável casa em Berlim uma área isolada, próxima um dos milhares campos de concentração da Alemanha. Bruno, de 8 anos de idade, está sozinho agora e, sem crianças para brincar, tem sua atenção voltada para aquelas pessoas que vê através da sua janela, trabalhando de pijamas listrados. Apesar do alerta da mãe para não passar da cerca, Bruno explora a “vizinhança” e encontra Shmuel, um menino judeu, com quem inicia uma bela amizade. O filme mostra como o preconceito, o ódio e a violência afetam pessoas inocentes, e a reflexão delas sobre o mundo adulto. O drama é dirigido por Mark Herman. Duração: 93 min.

SITES

DVD

Diários de Motocicleta Che Guevara (Gael García Bernal) era um jovem estudante de Medicina que, em 1952, decide viajar pela América do Sul com seu amigo Alberto Granado (Rodrigo de la Serna). A viagem é realizada em uma moto, que quebra depois de oito meses na estrada. Eles então passam a seguir viagem através de caronas e caminhadas, sempre conhecendo novos lugares. Quando chegam a Machu Picchu, a dupla conhece uma colônia de leprosos e passam a questionar a validade do progresso econômico da região, que privilegia apenas uma pequena parte da população. O drama é dirigido por Walter Salles. Duração: 128 min.

49


PUBLICAÇÕES As publicações institucionais, como jornais e revistas, são canais importantes para divulgar o trabalho das instituições e reforçar a sua imagem junto à comunidade em que atua. “Educação em Revista” recebeu algumas dessas publicações, as quais reproduz no espaço abaixo:

50


www.sinepe-rs.org.br

ÁREA RESTRITA 1

BANCO DE CURRÍCULOS

2

CENTRAL DE DOCUMENTOS

3

CURSOS E EVENTOS

4

NOTÍCIAS DIRECIONADAS

Faça já o seu cadastro!

Acesse www.sinepe-rs.org.br/cadastro


UMA REDE DE CONHECIMENTO AO SEU ALCANCE.

JOÃO... ...ENSINAVA

TERESA...

...QUE APRENDIA COM

MARIA... ...QUE LIA COM

JOAQUIM...

...QUE EDUCAVA

LILI.

ASSINE e receba em casa a

revista do Ensino Privado gaúcho Valor da assinatura anual: R$ 68,00 ou R$ 72,00 (2 x R$36,00) Solicite sua assinatura: 51 3022 3282 51 3024 8526 comercial@sinepe-rs.org.br


Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.