Edição 121

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Nº 121 / Ano XX / Abril - Maio 2017

Uma publicação do SINEPE/RS

O que esperar do novo Ensino Médio ENTREVISTA

Claudia Costin fala sobre formação de professores

T ENDÊNCI AS

Movimento maker chega às escolas



vamos

aprender

de um jeito diferente? Em cada brincadeira se adquire uma habilidade diferente. E ĂŠ assim que o Sistema Positivo de Ensino desenvolve a sua metodologia. Com foco nas descobertas e na curiosidade, ĂŠ brincando e interagindo que os alunos criam o gosto pelo aprendizado e formam a base para os bons resultados do futuro.


entrevista

Claudia Costin

Formação de professores deve ser profissionalizante

M

Por Ca r i ne Fer na ndes

uito se discute sobre alternativas e novos caminhos para melhorar a qualidade da educação. Mudar a forma de ensinar, investindo na personalização dos processos de aprendizagem é um passo importante para essa evolução, acredita a diretora do Centro de Excelência e Inovação em Políticas Educacionais (CEIPE) da Fundação Getúlio Vargas, Claudia Costin. A especialista tem estudado o chamado “blended learning” ou método híbrido de ensino, mas afirma que sem uma mudança na formação inicial dos professores será difícil avançar. Claudia defende que os cursos de formação de professores devem ser mais profissionalizantes: “uma formação inicial centrada na prática profissional do futuro mestre tem um impacto muito maior que a mera transmissão de conhecimentos sobre os pilares da educação.” Claudia foi secretária municipal de Educação do Rio de Janeiro, atuou como diretora global de Educação do Banco Mundial e hoje é professora visitante da Universidade de Harvard. Confira os principais trechos da entrevista: Educação em Revista – É consenso entre os gestores educacionais que a educação precisa de mudanças, que o modelo de ensino tradicional está defasado. Mas, a dificuldade está em colocar as mudanças na prática. Na sua opinião, porque é tão difícil fazer a mudança acontecer, sair da zona de conforto, inovar? Claudia Costin – Infelizmente, os professores contam com uma formação inicial, na universidade, muito dissociada da prática em sala de aula. Uma ênfase exagerada

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nos pilares da educação como Sociologia, Filosofia ou Psicologia da educação, no currículo das licenciaturas, permite pouco espaço para uma reflexão a partir da atuação do docente, inclusive sobre inovações necessárias para educar o jovem do século XXI. Para complicar, a formação continuada em serviço é, muitas vezes, oferecida pelas mesmas universidades, que contam com reduzido número de docentes preparados para trabalhar o que os professores de escolas trazem de sua prática em sala de aula. Solucionar este problema envolve repensar tanto a maneira de dar formação aos futuros professores, como a de trabalhar com os que já atuam em escolas. Ora, sem mudar a universidade, como fez a Finlândia, ao tornar os cursos de formação de professores mais profissionalizantes (como aliás são as Engenharias e a Medicina) avançaremos pouco. Você afirma que a qualidade na educação passa por formação de professores, mas pesquisas apontam que cursos e programas de pós-graduação não impactam diretamente na aprendizagem dos alunos. Na sua avaliação, o que de fato funciona? A qualidade na educação passa inicialmente pela atratividade da carreira, ou seja, tornar a profissão mais respeitada e bem remunerada. Além disso, uma formação inicial centrada na prática profissional do futuro mestre tem um impacto muito maior que a mera transmissão de conhecimentos sobre os pilares da educação. O professor de Harvard, Thomas Kane, afirma que a maior parte dos recursos usados em capacitação de professores são desperdiçados. O que funciona são processos

Há um problema sério na formação inicial que precisa ser resolvido com urgência”

colaborativos entre os professores de uma mesma escola (como estudar em conjunto, pesquisar juntos os problemas dos alunos ou preparar aulas juntos), mentoria, especialmente de professores mais experientes e melhor utilização de estágio probatório.


Qual sua análise sobre as políticas de avaliação que temos no país? O Brasil conta com um sistema de avaliação e de estatísticas educacionais de bom nível. O que, infelizmente, não é feito é fornecer estes dados em formatos e prazos que permitam uma ação mais efetiva sobre a aprendizagem, o que também envolve instruir as redes de ensino e as escolas a utilizar os dados. Faltam ainda mais recursos para a avaliação formativa, esta que é normalmente dada pelo professor ou por redes de ensino para identificar o que o aluno não aprende, a tempo de poder sanar o problema. Recentemente, o MEC decidiu tornar a Prova Brasil censitária no Ensino Médio, ou seja, ela será aplicada em todas as escolas públicas e privadas. Com isso, as informações sobre esta modalidade de ensino, em escolas privadas, serão mais completas e permitirão, se os resultados forem fornecidos a tempo, um melhor planejamento, associado à nova Base Nacional Comum Curricular.

As notas do SAEB das escolas particulares foram superiores às das escolas públicas por razões conhecidas: o desempenho dos alunos guarda estreita relação com a escolaridade dos pais, há uma gestão mais adequada do aprendizado, na média, em escolas particulares e, em muitas, há um processo seletivo de recrutamento de alunos, baseado em repertório prévio. Mesmo assim, quando se olham as notas do PISA (Programa Internacional de Avaliação de Alunos), observa-se que os 25% mais ricos da amostra participante do Brasil se saem

Segundo o último SAEB, na rede privada, só 29% dos alunos terminaram o Ensino Médio com aprendizado adequado em Matemática e 60% apresentaram desempenho adequado em Língua Portuguesa. Na sua avaliação, onde está o problema? Modelo de ensino, gestão, formação de professores, currículo...?

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pior que os 25% mais pobres da OCDE (Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico). Como normalmente os mais ricos tendem a estudar em boas escolas privadas, pode-se dizer que tampouco a rede particular vai bem no Brasil. Ainda temos muito o que avançar. Mas o que há de comum entre as escolas públicas e particulares que possa explicar fragilidades no desempenho? Os professores recebem a mesma formação na universidade. Há um problema sério na formação inicial que precisa ser resolvido com urgência. Além disso, na falta de um

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Educação 5


currículo claro, que agora tenderá a ser resolvido com a Base Nacional Comum e os currículos locais, faltavam diretrizes claras sobre o que se deveria ensinar. Na dúvida, o currículo, especialmente o de Ensino Médio, tende a ser enciclopédico, o que dificulta muito o desenvolvimento de competências. Qual sua opinião sobre o novo Ensino Médio? Não gostei da forma como foi proposta, por Medida Provisória. Educação demanda muita discussão e não se trata de reformas triviais. Creio, no entanto, que houve um passo acertado ao se reduzir o número de disciplinas. Nenhum dos 30 primeiros países no PISA têm apenas 4 horas de aula, como temos em média no Brasil, e tampouco contam com 13 a 15 disciplinas como infelizmente temos aqui. É impossível desenvolver competências nesse quadro! Além disso, é fundamental desenvolver o protagonismo do jovem, permitindo que ele se sinta o principal sujeito de sua vida escolar, fazendo suas próprias escolhas (mesmo que eventualmente possam ser revistas mais tarde). A nova lei trará desafios grandes para as redes se estruturarem, e precisaremos de tempo para isso.

formação para os mestres, com metodologias que engajem mais os alunos e que os ensinem a pensar utilizando os conceitos trabalhados em aula. Além disso, Muito se fala em uma mudança é necessário considerar que cada aluno no modelo de ensino, em um ensino traz consigo um repertório e dificuldades mais personalizado e focado nas diferentes. Com o apoio da tecnologia, capacidades de cada aluno, utilio modelo fabril de zando metodologias ensino, tão necessário ativas. Esta seria a Nenhum dos 30 para massificar a edusaída para termos um ensino com mais quaprimeiros países cação, perde o sentido, já que é possível, com lidade e estudantes no PISA contam os apoios necessários mais interessados em aos professores, ter aprender? com 13 a 15 numa mesma sala Sim, esta seria uma disciplinas como alunos em diferentes das mudanças imporníveis de proficiência tantes. O professor, no infelizmente em uma determinada modelo atual, ainda é temos aqui” área ou disciplina. percebido e se percebe Este modelo certacomo um mero fornecemente dialoga melhor com alunos do dor de aulas, a serem cobradas em provas. século XXI, especialmente se, além da Cada vez mais, ele deve ser um mediador tecnologia, os alunos cooperarem para no processo de aprendizagem e aquisição solucionar problemas ou desafios que de competências por parte dos alunos. lhes forem apresentados. Isso demanda um outro modelo de

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Você lidera um centro de excelência que se dedica a estudar, entre outros temas, a personalização dos processos de aprendizagem. O que vocês têm pesquisado sobre esse assunto? O chamado “blended learning” ou método híbrido de ensino utiliza tecnologias para apoiar o professor, num processo de ensino-aprendizagem em que as competências do aluno guiam a instrução, ou seja, embora haja momentos de trabalho coletivo e mesmo aulas expositivas, o aluno pode evoluir a seu próprio ritmo, avançando mais quando está pronto e trazendo as competências adquiridas para beneficiar seus colegas que, eventualmente, têm progressos mais lentos. Além disso, o reforço escolar, que normalmente ocorre depois da aula, pode ser feito durante o processo, ao se utilizar plataformas de aulas digitais associadas a uma avaliação formativa que direciona o aluno às competências que ele precisa desenvolver. Os países que começaram a trabalhar dessa forma têm apresentado resultados muito positivos.


O que esperar do novo Ensino Médio 22

e s p e c i a l e scol a s i no va dor a s Colégio Bandeirantes mostra que tradição pode ser sinônimo de inovação

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opinião

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Não ensine: anime o aluno a estudar

dica de mestre

sal a de aul a Conheça os recursos digitais que podem ser usados em sala de aula

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Como levar a aprendizagem ativa para a sala de aula?

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tendências

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Que tal aplicar a educação maker na sua escola?

LE G ISLA Ç ÃO Artigo 318 da CLT: novos horizontes

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institucional Conheça quem são os palestrantes do 14º Congresso do Ensino Privado Gaúcho

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in terdisciplinar

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O caminho para a felicidade

especial inclusão Tecnologia é ferramenta na educação especial

gestão Um retrato dos formandos da Educação Superior

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artigo cien tífico A lógica aristotélica: estratégia de novas aprendizagens

38 Educação 7


EDITORIAL

Perguntas e respostas sobre o novo Ensino Médio Desde que o Ministério de Educação (MEC) anunciou mudanças no Ensino Médio, pairam dúvidas na cabeça dos dirigentes das escolas particulares. O que vai mudar para o ensino privado? A partir de quando irá valer o novo modelo? O Enem vai mudar? Como serão as avaliações a partir de agora? Como elaborar os itinerários formativos? São algumas das perguntas que ouvimos de diretores na reunião de pauta desta edição, realizada em Santa Cruz do Sul. Por isso, na reportagem de capa, conversamos com representantes do governo e do Conselho Estadual de Educação para tentar esclarecer a proposta e mostrar o que está por vir. Um dos esclarecimentos importantes do MEC, que vale reforçar aqui, é que o turno integral não será obrigatório. O representante do governo salientou que é desejável que a carga horária chegue às 1.400 horas, mas não é obrigatório. Essa era uma preocupação das escolas, em função da estrutura e de custos para a implementação. Dúvidas e inquietações fazem parte do processo de qualquer mudança, mas o importante é que até o ano da implantação efetiva da proposta – prevista para começar a partir de 2019 – virão novos esclarecimentos, especialmente na BNCC do Ensino Médio, que deve ser aprovada até o final deste ano. Esta edição também fala de tecnologia e novidades no ensino. Em ‘Sala de Aula’, apresentamos uma série de recursos digitais (muitos gratuitos) disponíveis para o professor. Além de otimizar o trabalho docente, eles tornam as aulas mais atrativas para os estudantes! A tecnologia também está presente no ‘Especial inclusão’ em que apresentamos recursos disponíveis que podem ajudar no trabalho com alunos deficientes e mostramos uma escola que também está preocupada com o assunto: os estudantes produziram óculos para cegos. Em ‘Tendências’, apresentamos o conceito de educação maker e mostramos uma escola particular gaúcha que já está aplicando na prática essa novidade. Ainda sobre inovação, contamos o case do Colégio Bandeirantes de São Paulo. A instituição está mudando o currículo e a forma de ensinar, mostrando que inovação e tradição podem caminhar juntas. Na Educação Superior, apresentamos o perfil do egresso, com alguns dados do Rio Grande do Sul. Também ouvimos especialistas do mercado para saber o que as empresas estão procurando no jovem profissional que está saindo da academia. São informações importantes e estratégicas para a tomada de decisão dos gestores. Em ‘Interdisciplinar’, um assunto recorrente em todas as nossas fases da vida, a procura da felicidade! Especialistas ouvidos pela matéria dão pistas e dicas sobre como encontrá-la! Não perca! Ótima leitura! Carine Fernandes Editora da Educação em Revista

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Expediente Edição: Carine Fernandes (MTB 15449) Produção: Carine Fernandes, Patrícia Gastmann (MTB 15336) e Wagner Figueiredo Reportagens: Carine Fernandes, Fabiana Freitas (MTB 12109), Manoela Andrade (MTB 13648) e Vívian Gamba (MTB 9383). Capa: Bruno Alencastro/Unisinos Diagramação: Prya Estúdio de Comunicação Revisão: Rosane Vargas e Milton Gehrke. Conselho Editorial: Prof. Osvino Toillier, Prof. Hilário Bassotto, Prof. Flávio D’Almeida Reis, Profª Mônica Timm de Carvalho, Profª Naime Pigatto, Profª Raquel Boechat, Prof. Ruy Carlos Ostermann, Profª Ângela Ravazzolo, Profª Rosângela Florczak e Prof. Gustavo Borba. Antenas: Adriana Gandin, Alfredo Fedrizzi, Caio Dibi, Crismeri Corrêa, Fernando Becker, José Moran, Laura Dalla Zen, Márcia Beck Terres, Mauro Mitio Yuki e Rodrigo Capelato.

DIRETORIA

Presidente: Bruno Eizerik 1º Vice-Presidente: Osvino Toillier 2º Vice-Presidente: Oswaldo Dalpiaz 1º Secretário: Marícia da Silva Ferri 2º Secretário: Iron Augusto Müller 1º Tesoureiro: Hilário Bassotto 2º Tesoureiro: João Olide Costenaro Suplentes: 1º Suplente: Maria Helena Rodrigues Lobato 2º Suplente: Ruben Werner Goldmeyer 3º Suplente: Joacir Della Giustina 4º Suplente: Laura Coradini Frantz 5º Suplente: Nestor Raschen 6º Suplente: Jacinta Maria Rothe 7º Suplente: Carlos Roberto Milioli

CONSELHO FISCAL Titulares: Ademar Joenck Inacir Pederiva Cátia Teresinha Lange

Suplentes: Isaura Paviani Maria Angelina Enzweiler Guilherme Kühne

Coordenador da Assessoria de Comunicação e Marketing: Prof. Osvino Toillier Assessora de Comunicação e Marketing: Luciana Moriguchi Jeckel Lampugnani Assessora de Imprensa: Carine Fernandes Relações-Públicas: Bruna Ricardo Jornalista: Wagner Figueiredo Estagiários: Bruno Pinheiro e Hermes Moura.

Missão:

Representar e congregar as instituições do ensino privado na promoção de sua qualificação permanente, diferenciação e sustentabilidade.

Visão:

Ser referência como instituição no cenário educacional brasileiro, reconhecida pela eficiência na representação sindical e na promoção da inovação do setor.

Valores:

• Compromisso com o Associado • Ética e Transparência • Competência • Cultura da Sustentabilidade e da Inovação • Responsabilidade Social

FALE CONOSCO Redação Cartas, comentários, sugestões, matérias: educacaoemrevista@sinepe-rs.org.br Anúncios e assinaturas E-mail: comercial@sinepe-rs.org.br Informações Fones: (51) 3213-9090 | www.educacaoemrevista.com.br ISSN: 1806-7123 Educação em Revista não se responsabiliza por ideias e conceitos emitidos em artigos ou matérias assinadas, que expressam apenas o pensamento dos autores, não representando necessariamente a opinião da revista. Por motivos de espaço e clareza, as cartas e artigos poderão ser resumidos.


in ter nacional

Experiência gratificante na University of Arizona Como parte dos meus estudos no doutorado em Administração com ênfase em Marketing no PPGA da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), tive a oportunidade de estudar e morar por nove meses nos Estados Unidos, na cidade de Tucson, estado do Arizona. Nesse período de doutorado sanduíche, frequentei todos os espaços do campus, mas concentrei meus estudos na Eller College of Business, no programa de doutorado em Marketing. Descrevo a seguir um pouco dessa experiência, fazendo alguns contrapontos com a nossa realidade no Brasil. Tucson é uma cidade árida, com cerca de um milhão de habitantes. O seu grande atrativo é a universidade, e a estrutura da cidade gira em torno dela. Assim como toda universidade americana, The University of Arizona (também chamada carinhosamente de U of A) possui diversas escolas e um campus imponente, combinando estruturas históricas, como a primeira biblioteca, inaugurada em 1891, com construções recentes e altamente tecnológicas. A instituição é muito organizada e possui diversas opções para a formação dos alunos. Mantém altos padrões de desempenho, informando em diversos locais (outdoors, pinturas nas paredes dos prédios) seus resultados em comparação a outras universidades americanas. Diferentemente de muitas instituições brasileiras, como a própria UFRGS, a U of A é uma instituição que possui grande parte dos seus investimentos da iniciativa privada. Nesse sentido, a instituição cobra dos alunos mensalidades altíssimas para os padrões brasileiros, e essa é uma diferença que tem influência na dinâmica familiar dos americanos. Todo pai de família americano, no momento em que tem um filho, já começa a poupar dinheiro para mandar seu filho para a faculdade com 18 anos. Diferentemente do Brasil, normalmente o aluno viaja para

Rodrigo (E) participou da Trilha no Sabino Canyon, em Tucson, com alunos e professores do doutorado

outros estados para fazer sua formação, raramente permanecendo na sua cidade ou estado de origem. Isso faz com que jovens centrem sua vida no campus, longe da família e dos amigos. Um fato interessante é perceber como esse país precisa lidar com a diversidade cultural em seus ambientes. Na universidade e no local onde residia, tive contato direto com alunos árabes, chineses, europeus, latinos, entre outros. Estudar no Departamento de Marketing da Eller foi, por vezes, surreal. Tive a chance de conhecer e ter aula com professores que escreveram alguns dos artigos e livros clássicos na área. Sidney Levy e Robert Lusch foram dois dos autores que mais expandiram o conceito de Marketing na história da disciplina e estavam constantemente disponíveis para reuniões nas suas salas, sempre com as portas abertas. A relação com os alunos de mestrado e doutorado é muito próxima, e eles os valorizam como recursos valiosos. Mesmo sendo um visiting scholar (aluno visitante), ao chegar recebi a minha mesa de

trabalho, acesso a todas as fontes de dados e estruturas da universidade, verba para pesquisa e tudo o mais que fosse necessário para realizar meu trabalho. Pude acompanhar, no Departamento de Marketing da Eller, como empresas e a própria universidade financiam pesquisas, tanto dos professores como dos alunos, mediante a realização de projetos e processos simples. A experiência foi muito gratificante. Além de estudar em uma instituição de prestígio e de grande estrutura, morar em uma cidade americana permite acesso a muitos recursos e experiências básicas com os quais perdemos contato no Brasil. Mas confesso que, por vezes, senti falta do nosso jeitinho brasileiro, que, mesmo sendo formado por muitas atitudes e condutas questionáveis, também nos privilegia com maior relacionamento, afeto e desenvolvimento de relações duradouras. Rodrigo Segabinazzi

Professor da UNICNEC de Osório.

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sal a de aul a

Aplicativos e ferramentas digitais otimizam tempo do professor e melhoram o aprendizado

Recursos digitais para ajudar em sala de aula

E

Por Manoela A ndrade

stá mais do que comprovado que uma boa aula é aquela que prende a atenção dos estudantes. Com um mundo digital à disposição dos alunos em todos os lugares, esse tem sido um desafio cada vez maior para os professores. Mas a boa notícia é que eles podem contar com um universo de aplicativos e recursos digitais para despertar o interesse dos alunos pelo conteúdo. Essas ferramentas aperfeiçoam o trabalho dos docentes e melhoram a sua interação com a turma, e muitas são gratuitas. O Google e a Fundação Lemann, por exemplo,

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anunciaram no mês de março um projeto que entregará gratuitamente planos de aula diretamente no celular dos professores. Com o envolvimento da Associação Nova Escola, a ideia é que até 2019 qualquer docente – seja da rede pública, seja da rede privada – tenha acesso aos planos de aula de todas as disciplinas. Outro exemplo é a Escola Digital, idealizada por Instituto Inspirare, Instituto Natura e Fundação Telefônica Vivo, que reúne mais de 18 mil recursos gratuitos – entre jogos, infográficos, planos de aula, etc. – para professores, gestores, estudantes e até famílias. “Havia muito

conteúdo de qualidade disponível para os professores e alunos, só que estava fragmentado na internet. A intenção do projeto é fazer uma seleção dos conteúdos para que possam ser utilizados em sala de aula, e uma classificação de acordo com os referenciais curriculares”, explica a gerente de projetos do Instituto Natura, Maria Slemenson. Muitas escolas têm apostado na inserção de recursos digitais nas aulas, como é o caso do Colégio La Salle Caxias, de Caxias do Sul, que, desde 2013, utiliza a plataforma Mangahigh com as turmas do 8º ano do Ensino Fundamental ao 1º


ano do Ensino Médio no currículo, e com os estudantes do 6º e do 7º anos como atividade extracurricular. A ferramenta possibilita o aprendizado de Matemática através de games. “Ela é utilizada para fixar e introduzir conteúdos e fazer uma avaliação diagnóstica em tempo real do desempenho dos alunos. Percebemos maior empenho dos alunos na realização das atividades da Matemática, incentivo à superação individual e coletiva e avanços significativos na aprendizagem”, revela a professora Ingrid Courtois. A Instituição Evangélica de Novo Hamburgo (IENH) utiliza desde 2016 com os estudantes do 1º ao 5º ano do Ensino Fundamental a plataforma CODE, que permite o aprendizado de programação por meio de exercícios e lições. Além disso, os professores da instituição têm à disposição o Google Classroom, uma sala de aula virtual que possibilita a interação com os estudantes. Utilizada com as turmas do 5º ano ao Ensino Médio, a ferramenta serve para monitorar a realização das tarefas, permitir que os alunos questionem o professor em caso de dúvidas, arquivar material de pesquisa e agendar atividades e provas. “O Google Classroom faz o reforço da aprendizagem. É utilizado pelo professor como ferramenta para tarefas

extras, fortalecendo o conteúdo. Vídeos e No Colégio Sinodal, de São Leopoldo, atividades são disponibilizados para os es- os celulares podem ser utilizados em detudantes visando a fixação do que foi visto terminadas atividades desde que tenham em sala de aula”, comenta a supervisora a supervisão dos professores e fins peescolar, Marga Inês Schmitt Werckmeister. dagógicos. Nas aulas de Biologia com O gerente comercial as turmas do Ensino da empresa Sisqualis, A tecnologia não Médio, a professora única parceira Google Viviani Bastos adotou fará a menor For Education no Estado a ferramenta italiana que assessora escolas online Kahoot, que diferença se na implantação da plapermite a criação de não estiver taforma, Rodrigo Mota, testes, quizzes ou explica que o Google pesquisas. Os alunos intimamente for Education, agora respondem a partir de chamado de G Suite for ligada ao projeto smartphones ou outro Education, é 100% gradispositivo móvel pedagógico da tuito, não importando o conectado à internet. tamanho da escola nem o instituição”, “Os resultados são número de alunos. “Com instantâneos e posso Rodrigo Mota as ferramentas de produmontar o jogo com as tividade e colaboração questões que eu quero do Google, professores podem criar tarefas e da maneira que eu achar melhor. É uma dinâmicas para avaliar outras competências ferramenta dinâmica e fácil de usar. Não do aluno”. Para ele, a tecnologia não pode é preciso ser especialista em tecnologia”, ser aplicada com soluções e equipamentos. afirma Viviani. “A tecnologia não fará a menor diferença se Em 2014, o Colégio Farroupilha, de não estiver intimamente ligada ao projeto Porto Alegre, lançou o Guia de Aplicativos pedagógico da instituição. Os professores Educativos. O material está disponível precisam estar preparados para essa mudan- para escolas públicas e privadas e para as ça para que os resultados sejam percebidos e famílias, que podem utilizar em casa para o investimento faça sentido”, considera. complementar o aprendizado dos filhos. Em abril deste ano, a instituição lançou a plataforma EducaBee, ferramenta de categorização de aplicativos educativos utilizados pelos professores do colégio, e o aplicativo PicLearning, voltado para a educação para as mídias. “O importante é que possamos testar os aplicativos antes de desenvolver uma atividade pedagógica na escola. Assim, conseguiremos filtrar os limites e as possibilidades da ferramenta em sintonia com as matrizes curriculares e socioemocionais”, orienta a coordenadora do setor de tecnologia educacional da escola e pesquisadora do Programa de Pós-Graduação em Informática na Educação da UFRGS, Débora Valletta.

Recursos digitais despertam interesse do aluno pelo conteúdo

Acesse alguns recursos digitais para utilizar na sala de aula

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especi a l escol a s i nova dor a s

Escola propõe aprendizagem ativa na qual o aluno é protagonista

Tradição pode ser sinônimo de inovação

I

Por Vív ian Gamba

nstituição tradicional, ambiente regrado e ensino “puxado”, como se falava há alguns anos, não contrastam com o significado de inovação. É o que mostra o Colégio Bandeirantes, de São Paulo. Já na década de 1960, com poucos anos de funcionamento, o fundador da instituição, educador e engenheiro Antônio de Carvalho de Aguiar, implantou na escola laboratórios de Química, Física e Biologia. Numa época em que os alunos só viam isso quando entravam na faculdade, foi um grande trunfo, conta a gerente

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de planejamento estratégico do Colégio Bandeirantes, Helena de Salles Aguiar. Mais de 30 anos depois, ela era aluna da escola quando vivenciou outra grande novidade: o Band, como é chamado, foi provedor de internet, ainda no tempo da conexão discada. Trazendo essa dinâmica para os tempos atuais, a instituição percebeu a necessidade de proporcionar um ambiente onde as crianças pudessem inovar dentro da escola. De um modelo de sala de aula mais antigo, com uma aula mais “quadradinha”, como classifica a gerente, a proposta da escola agora é de uma aprendizagem mais ativa,

um modelo no qual o aluno é protagonista. Os laboratórios estão sendo atualizados e ganhando contornos multidisciplinares, passaram a ser maker spaces. “No passado, os laboratórios específicos funcionaram muito bem, mas o mundo não é mais uma caixinha, compartimentado. A natureza não é assim”, justifica Helena. A instituição está integrando disciplinas e o papel da arte está mais forte, entrando com maior funcionalidade na rotina dos alunos – design tem o papel de agregar beleza à produção, que não deve ser apenas boa e funcional. O empreendedorismo também tem seu lugar


cativo nesse novo planejamento. Todo o currículo do Ensino Médio foi readequado. A nova matriz curricular incorporou a metodologia STEAM (Science, Technology, Engineering, the Arts and Math) nas aulas, com componentes curriculares integrados e professores trabalhando juntos. Foram dois anos de planejamento feito por uma equipe de cerca de 30 professores. “Um ano foi só para pensarmos no currículo: quantas aulas, que matérias eletivas entrariam na grade. No próximo ano, o aluno poderá escolher algumas, um caminho a seguir”, conta Helena. O trabalho em ambientes multidisciplinares começou em 2016. As salas ainda não estavam concluídas, o que acabou sendo um ponto a favor. “A sala permitia o trabalho em grupo, mas não era um ambiente estimulante. Foi bom porque testamos o modelo e, quando reformamos o espaço, já tínhamos demandas específicas para o que deveria ser feito”, conta a gerente de planejamento estratégico. Cerca de 20 alunos (a turma é dividida ao meio) trabalham juntos nesse espaço maker, chamado Studio 268, com três professores facilitadores dos projetos e um quarto professor volante, de Arte, que circula nas salas dando suporte a demandas específicas de cada trabalho. São duas aulas de 100 minutos por semana. “Temos visto muito essa metodologia aplicada no Ensino Fundamental, quando não

há ainda a demanda do vestibular. Tivemos “Estamos passando por esse período, fazendo ajustes. A gente olha o processo, avalia, coragem de colocar na grade (do Ensino escuta o outro lado e ajuda a reconstruir as Médio) porque acreditamos nesse método, rotas.” E cada vez mais, segundo ela, o coléna possibilidade de aprofundamento de gio consegue mostrar que esse é o caminho conteúdos e também no desenvolvimento de certo. “Temos esclarecido os questionamenhabilidades socioemocionais, como trabalho tos um a um. As pessoas precisam entender em grupo, autoconhecimento, autoavaliação bem quais são os objetivos. dos trabalhos e Saber que o que estamos avaliação dos coleO professor está fazendo é ‘aula’”, pontua. gas.” Helena toma A capacitação de procomo parâmetro a na posição de fessores é fortíssima, com mudança de muitos coach: as respostas dois consultores – um para vestibulares, que pensar mais no grupo, na estão tomando esse não vêm só dele, formação, e outro no fator mesmo caminho. psicológico –, apoio paCom os compoele ajuda o aluno ralelo e muitas reuniões nentes curriculares a procurá-las. ao longo do ano para coneletivos e as ativiversar sobre o processo de dades complemenIsso mexe com o avaliação. “O professor tares, os alunos do educador”, tem o ego da profissão, de Ensino Médio têm ser o detentor do conhea chance de persoHelena de Salles Aguiar cimento e estar no degrau nalizar seus cursos. mais alto da sala. Agora “Estamos tentando ele está na posição de coach: as respostas montar um portfólio onde contemplamos as não vêm só dele, ele ajuda o aluno a procumúltiplas inteligências, como o desemperá-las. Isso mexe muito com o educador”, nho esportivo, o canto. (Queremos) mostrar que as pessoas são diferentes e multifaceta- alega a gerente. Depois de um ano de implantação da das, com talentos distintos.” nova metodologia, ainda não há tabulação Como toda inovação, há um período de de resultados, mas a mudança de atitude já é adaptação, tanto dos pais como dos alunos e dos professores, que não foram forma- evidente, de acordo com Helena. “Os alunos percebem a importância do que está sendo dos para esse tipo de aula, explica Helena. feito, o momento de trabalhar, há autorregulação, iniciativa de ir atrás do conteúdo. O ambiente é estimulante, faz diferença.” Além do aumento da procura de novos alunos, que hoje buscam uma escola que saia do convencional, muitos professores querem ver o trabalho que o Band está desenvolvendo. A escola está montando alguns cursos e workshops para atender a essa demanda. “Temos a tradição e o reconhecimento de um trabalho de 73 anos, e as pessoas falam que ‘além de tudo, estamos inovando’. Somos um Bandeirantes contextualizado com o mundo em que vivemos hoje”, classifica Helena, orgulhosa.

Saiba mais sobre os projetos do Colégio Bandeirantes Os alunos podem personalizar o currículo com componentes curriculares eletivos

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opinião

Não ensine: anime o aluno a estudar A edição especial de ‘Educação em de especialização em Psicologia, um Revista’, do SINEPE/RS (nº 117, agosto professor, da linha psicanalítica, pôs à de 2016), expôs três métodos de ensino disposição gravação de entrevista clída Idade Média até hoje: Educação 1.0 nica, tendo o cuidado ético de eliminar (método expositivo do professor); edu- toda possibilidade de identificação da cação 2.0 (aula expositiva e alguma tec- pessoa atendida. nologia: projeção, internet...); educação Já professor universitário, conquistei 3.0: aprendizagem centrada no aluno. bolsa de estudo para Barcelona, onde segui ano letivo sem uma aula tradicioCom experiência neste último modelo desde os anos 1970, achei ser útil expor, nal sequer. O curso em Paris, em 1966 e 1967, deu-me fundamentação teórica brevemente, aos colegas de magistério meu titubeante início e inesperado su- para a aprendizagem centrada no aluno, na visão de Carl Rogers. cesso posterior. Na volta, em 1968, não me animei a No meu primário, os alunos das usar esse método, sabendo das dificulquatro séries se encontravam na mesma dades enfrentadas pelo psicólogo amegrande sala. O professor explicava o ricano. Mas, um ano depois, preparei estudo e tarefa à quarta série, depois à segunda, em seguida, à terceira para, cuidadosamente apostila com o título: então, ocupar-se com os novos. Todos ‘Estudante, você não está sendo marioaprenderam a ler, escrever, Aritmética, nete?’, com o pensamento, em destaque, Geografia, História, Religião e cantos. de Krishnamurti: “Fomos educados não a pensar, mas somente o quê pensar.” Em Aritmética, chegamos ao cálculo de Tudo amplamente explicado e discutido. juros simples e da raiz quadrada. Foi então que propus o método: bom O restante do atual Fundamental livro da área a ser nem decorado nem e Médio cursei-o em internato, com resumido, mas comentado, exemplificavários professores europeus. Os mestres do, enriquecido com outras fontes, com explicavam durante 15 ou 20 minutos outra disciplina do programa, talvez o assunto para, no restante da aula (de pequena pesquisa... Estudo coroado hora inteira), os alunos estudarem ou com autoavaliação, justificando a nota fazerem o trabalho prático relacionado ao conteúdo. No último ano, o profes- atribuída ao trabalho. Para surpresa minha, a proposta foi sor de Botânica (fundador do Jardim de sempre aceita, tanto em curso de graduBotânica de Porto Alegre) aparecia na porta da sala, dizendo: “Livro tal, capí- ação como, posteriormente, no mestrado e no doutorado. tulo tal: estudem!”. E se punha a passear No final do semestre, pedia a opino corredor, ida e volta, pensativo. Dez ou 15 minutos antes do final, regressa- nião sobre a nova didática, a favor ou va, perguntando: “O que entenderam?”. contra, sem assinar. Após anos, ordenei centenas de avaliações em 16 categoEle completava, corrigia, dava aula de rias. (Meu livro “Abordagem centrada lógica sobre definição, classificação... Nos dois casos, vivenciei a aprendi- na Pessoa: Consensos e Dissensos”, zagem centrada no aluno. Na universi- SP: Vetor, p. 169-205, traz amplas informações). dade, quatro anos de retorno ao método Eis alguns pareceres de 1978: “É medieval da aula expositiva. No curso

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agora, neste momento de prova (...), reuni dados, observações de aula, leituras, reflexões e pude tirar uma conclusão baseada em dados, livre de pressões da classe e dos preconceitos ao novo método”; “Esse método de ensino é o que nos faz desenvolver, aprender, criar, concluir, sem irmos na carona dos outros”; “A maturidade do indivíduo cresce à medida que é capaz de se autoapoiar e não depender de segundos e terceiros para atingir seus objetivos.” Mais: “Quero deixar registrada aqui toda a minha felicidade por ter experienciado momentos tão significativos e que me enriqueceram tanto” (1999.) Universitária, professora no Ensino Fundamental: “A experiência foi tão valiosa para a minha pessoa, que pretendo, no próximo ano, dar oportunidade aos meus alunos de também sentirem esta liberdade, pois só assim se consegue realmente aprender”. “O objetivo do método é que o aluno descubra o meio de aprender, não apenas a copiar e, sim, aprender a ler e entender o que lê. Saber opinar se concorda ou não com o que está escrito.” Colega, esses poucos depoimentos não o animariam a tentar, do seu jeito, a enfatizar, na metodologia de ensino, a aprendizagem centrada no aluno? Henrique Justo

Doutor em Educação e livre-docente em Psicologia, com cursos de especialização em Barcelona, Paris e San Diego (USA). Autor de mais de 20 livros.


dica de mestre

Como levar a aprendizagem ativa para a sala de aula? Após quase sete anos de pesquisa e prática sobre as estratégias de ensino e aprendizagem ditas ativas, que fazem sucesso no mundo (tipo o Problem Based Learning, Peer Instruction ou o Just-in-time Teaching), percebi que nenhum dos conjuntos de estratégias se adequava integralmente à realidade de sala de aula aqui no Brasil. Após os testes, comecei a formatar um modelo adaptado à nossa realidade cultural, aproveitando o que funcionou bem em cada uma das estratégias estrangeiras. Através de estratégias ativas de ensino, é possível romper com a ideia de que as aulas são apenas momentos de transferência de informação do professor para os alunos e, na prática, melhorar muito os níveis de aprendizagem. Identifiquei um aumento de até 10% na média das notas das turmas nos primeiros testes e em mais de 100% na quantidade de notas altas (próximas do gabarito das provas), além da melhoria nos resultados em indicadores externos (Enem, simulados e vestibulares). Entre as dicas possíveis, destaco algumas, como a de fazer uma introdução ao conteúdo que será estudado e ir passando a palavra aos alunos para que possam expressar seus conhecimentos prévios acerca do tema. A partir desses conhecimentos, apresento o novo, permitindo que os alunos façam associações, questionamentos e propostas sobre o tema. Eles costumam levantar situações muito pertinentes e algumas inclusive erradas, que certamente iriam influenciar negativamente no momento da avaliação, se persistissem. Mediando as discussões entre o velho e o novo conhecimento, sempre vou lançando algumas questões, perguntando, fazendo-me de bobo, de desentendido, para vê-los construir e reconstruir linhas de pensamento. Quanto mais aprimorado o que

Com o novo método, o professor melhorou o rendimento da turma e o desempenho no Enem

eles falam, perguntam ou propõem, mais eles entendem o conteúdo. É a técnica do “como assim?”, “Não entendi”. Dependendo do tema, solicito aos alunos que pesquisem o conteúdo em casa para iniciarmos a próxima aula. O resultado quase sempre é surpreendente; eles contribuem tanto que sobra pouco para eu explicar. Basicamente, eu só organizo as contribuições deles. É fazer os alunos construir ativamente a aula que eu iria dar sozinho no modelo tradicional. No início, alguns se dedicavam a essas pesquisas, mas com a competitividade natural que existe entre eles por falar, por participar da aula, em pouco tempo a maioria se prepara e quer contribuir com alguma coisa, nem precisa dar nota para isso. Em vista das falas e dos questionamentos dos alunos, percebo os erros de interpretação, de cálculos ou conceituais existentes e assim consigo corrigir a tempo. Caso contrário, eu só descobriria na prova que eles não haviam entendido tal coisa. Gradativamente, incorporei estratégias ativas de ensino-aprendizagem na minha

forma de ensinar e percebi o salto na qualidade da aprendizagem e das relações com os alunos. Mais motivados, contentes com suas participações nas aulas e com as notas, tornaram as aulas momentos de maior prazer e realização para todos nós. É comum ouvir alguém dizer, ao ouvir o sinal: “mas já?”, “nem percebi o tempo passar”, “fica mais um período, professor”, entre outras. Em congressos e jornadas pedagógicas de que participo e falo desse tema, é comum me perguntarem se a aprendizagem ativa serve para qualquer disciplina ou apenas para a Física? Acompanho a experiência de professores de todas as disciplinas, da Educação Infantil ao Ensino Superior, do ensino público ao privado, que trabalham com sucesso tais estratégias de ensino, pois toda aprendizagem sempre tem como ponto de partida o que o aluno já sabe. Sandro Prass

Professor nos colégios Murialdo Ana Rech (Conveniado ao Sistema Positivo de Ensino) e São José de Caxias do Sul, Colégio Regina Coeli de Veranópolis e Cursão pré-vestibular de Caxias do Sul.

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tendências

Para especialistas, fabricação digital é a alma da cultura maker na escola

Que tal aplicar a educação maker na sua escola?

J

Por Ma noel a A nd rade – suges t ão de Ca io Dib

á pensou como seria legal se os estudantes conseguissem relacionar tudo o que é ensinado na escola com seu dia a dia? E imagina se as crianças e os adolescentes conseguissem compreender que o que se ensina na escola é importante para a vida futura. Muitas instituições de ensino vêm respondendo a essas perguntas com a adoção da educação maker. O professor da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) e empreendedor da Joy Street, empresa de tecnologias educacionais, Luciano Meira, explica que, para

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entender o conceito de educação maker, é preciso voltar para a primeira metade do século 20, quando se começou o movimento maker. “Ele ganha materialidade nos Estados Unidos nas aulas de carpintaria que formavam artesãos. É poder possibilitar experiências de imersão cujo resultado são artefatos que tenham autoria e propósitos específicos.” Na segunda metade do século 20, o conceito ganha uma dimensão mais tecnológica e, hoje, trabalha-se com a ideia de fabricação digital, que é, para Luciano, a alma da cultura maker na escola. “Você

associa engenharia com design, eletrônica e tecnologias digitais das mais diversas para construir algo. Pode ser um robô, um brinquedo, um artefato físico e digital que revela um conjunto de competências e que ao mesmo tempo é autoral e faz parte da sua experiência criativa como realizador de coisas”, complementa. Geralmente, os espaços makers possuem equipamentos de ponta, como impressora 3D, cortadora a laser e fresadora, uma máquina de corte, perfuração e entalhe. A ideia da educação maker é a de que os estudantes tenham uma experiência “faça


você mesmo” ou “mão na massa”, que seja imersiva e que estimule a criatividade. O diretor-presidente da Fundação Telefônica | Vivo, Americo Mattar, acredita que a educação maker tem o potencial de fazer o vínculo do que o aluno vê na teoria, em sala de aula, com o que impacta na vida prática. “É a forma prática de educar o jovem, colocando-o em espaços diferenciados que permitam a ele experimentar e testar aquilo que está vendo em sala de aula”, aponta, salientando que esse tipo de situação desenvolve outras competências, como trabalho em equipe, empatia e relações sociais positivas, preparando o estudante para os desafios do futuro. A educação maker pode ser utilizada em qualquer disciplina, embora muitas vezes seja mais fácil vinculá-la às matérias ligadas às exatas, como Matemática, Física ou Química. Nas aulas de Língua Portuguesa, exemplifica Mattar, o professor pode criar uma oficina de redação ou um jogo de interpretação de cenários. Ou ainda: os estudantes podem assistir a uma peça de teatro e depois o grupo reflete e discute sobre o assunto. “A criatividade é fundamental para criar novos modelos e novos espaços de aprendizagem, voltados para o empoderamento do

aluno. A educação maker possibilita isso, condições de vento. Imagina que a prova fortalecer as competências protagonistas, não é só desenhar e produzir a catapulta, as relações. É muito mais do que programas a de atingir um alvo específico ou mação”, considera. desconhecido. Desenvolver um projeto A aplicação da educação maker na sala através de espaço maker que produz uma de aula se dá de diversas maneiras, de imersão experiencial de significação para acordo com Meira. “O alunos e professores primeiro uso destes muda não só a didáVocê dá vazão a espaços makers é você tica, mas a forma de algo que a escola trabalhar com estudanavaliação”, diz. tes e professores um Experiências “mão não tem feito, conjunto de métodos na massa” já são uma e abordagens para esrealidade no Colégio que é incentivar timular a criatividade Farroupilha, de a construção de e desenhar coisas para Porto Alegre. Na III o mundo. É algo mais significados”, Semana Farroupilha abstrato, mas extreDigital, realizada Luciano Meira mamente interessante, no início de abril, os porque você dá vazão estudantes do colégio a algo que a escola não tem feito, que é tiveram a possibilidade de criar protótipos incentivar a construção de significados”, com o apoio de uma impressora 3D, intedestaca. Outra possibilidade é a de traragir com diferentes tecnologias educaciobalhar conceitos específicos nas disciplinais, colocar a mão na massa e aprender a nas, ou seja, unir teoria e prática. Meira linguagem de programação com arduíno e dá como exemplo a disciplina de Física, componentes eletrônicos, jogos com realicujo conteúdo é o lançamento balístico. dade aumentada e gamificação. O colégio “Imagina que você tem um espaço maker estuda criar um laboratório maker. na escola, e a atividade para aprender a Embora a educação maker já esteja prematéria é construir uma catapulta, que sente em muitas escolas, existem desafios tem sensores para você fazer medição de a serem superados, entre eles a formação docente. “As crianças e os adolescentes são digitais. Saímos daquela era da informação expositiva, onde o professor é o detentor de todo o conhecimento, para uma educação mais coletiva, o professor interagindo como mediador do conhecimento”, analisa Mattar. “As pessoas aprendem muito menos se elas são apenas explicadas a alguma coisa. Elas aprendem muito mais se primeiro, por exemplo, elas entendem qual é o problema que está sendo explicado. E este é um engano terrível da escola. Mesmo os bons professores muitas vezes entendem que basta apenas explicar as coisas, quando na verdade os alunos não entenderam qual é a pergunta”, sintetiza Meira.

Experiências “mão na massa” já é uma realidade no Colégio Farroupilha

Vídeo traz detalhes sobre o conceito de ‘aprendizagem mão na massa’

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gestão

Dividir a vida entre o trabalho e o estudo é uma realidade para 66,4% dos formandos

Um retrato dos formandos da Educação Superior

A

P o r Fa b i a n a F r e i t a s

alegria estampada nas fotografias de formatura vai muito além da conquista de um diploma e da escolha de uma profissão. É o final de um ciclo – com todos os aprendizados, desafios e dificuldades que cruzam o caminho –, mas também um alívio, porque terminar o curso nem sempre é fácil. No Rio Grande do Sul, entre os alunos que ingressam no Ensino Superior, apenas metade (50,9%) consegue se formar no período de quatro anos, que corresponde à média de duração de boa parte dos cursos no país. Ainda assim, a taxa é superior à média brasileira (45,8%), segundo o

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cálculo feito pelo Sindicato das Entidades Mantenedoras de Estabelecimentos de Ensino Superior no Estado de São Paulo (SEMESP) a partir dos dados do último Censo da Educação de Superior. As estatísticas oficiais mostram, ainda, que a maioria dos alunos que se formam no Estado é constituída por mulheres (ver Tabela). Para entender melhor quem é o aluno prestes a se formar, também é preciso observar os resultados do Exame Nacional de Desempenho de Estudantes, o Enade, que avalia o rendimento dos concluintes dos cursos de graduação de todo o Brasil. Os dados retratam o perfil médio de quem prestou a prova em 2015: solteiro, branco e

que ainda mora com os pais. Outro resultado do Questionário do Estudante que chama a atenção é que dividir a vida entre o trabalho e o estudo é uma realidade para 66,4% dos formandos brasileiros. Do total, quase metade encara, mesmo antes de se formar, 40 horas de trabalho semanais. Com essa carga horária, que não leva em consideração os estágios, não é de se espantar que 49% dediquem apenas de uma a três horas semanais aos estudos. Nessa jornada de esforço, muitos são os primeiros da família a chegar ao Ensino Superior: 33,8%. Uma vitória dentro de casa, considerando que quase metade dos alunos do país tem renda familiar entre


1,5 e 4,5 salários mínimos. A partir dos números do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep), também é possível perceber que os estudantes estão divididos, em geral, em dois extremos na hora de pagar pela Educação Superior: de um lado, aqueles que precisam de ajuda dos parentes para pagar os estudos (49,4%) e, de outro, aqueles que se responsabilizam pelos próprios gastos e ainda contribuem para o sustento da família (31,4%). Para os analistas da Educa Insights, além do aspecto financeiro, outra situação que contribui para o aluno chegar ao último ano tem a ver com a idade de ingresso e a qualidade da formação durante o Ensino Médio. “Quem demorou mais para entrar no Ensino Superior, evade menos”, defendem os sócios Felipe Ueno e Daniel Infante. Essa percepção tem a ver com a maturidade e a responsabilidade em relação aos estudos e tem como base um levantamento feito pela consultoria em parceria com a Associação Brasileira das Mantenedoras do Ensino Superior (ABMES). Das cerca de 6 mil pessoas que responderam a um questionário on-line, apenas 25% dos concluintes ingressaram no Ensino Superior logo após o Ensino Médio. O estudo de cenário foi feito nas principais capitais brasileiras durante 2015 e 2016. “O futuro da educação agora

pós-doutorado, que analisou o currículo está relacionado à habilidade das instituido curso de Administração de cinco insções em reterem os alunos. É uma gestão tituições de ensino superior no Rio Grande mais próxima do público, mais individualido Sul, tanto públicas quanto privadas, e zada, com acompanhamento das faltas e do duas no exterior. “Além desempenho acadêmico”, acredita Infante. Estudo mostra da carga horária insuficiente, falta o estímulo à Em termos de empregaque o egresso vivência prática, com o bilidade, segundo os conexercício de competênsultores, enquanto 36% nem sempre cias essenciais para um dos trabalhadores com possui as bom administrador, a ensino superior ganham partir do conhecimento mais de 5 salários mínihabilidades da gestão de pessoas, mos, apenas 7% atingiram essa faixa salarial com o que o mercado gestão do conhecimento organizacional, empreensino médio completo demanda. endedorismo, economia em 2015. O levantamento e finanças, marketing e foi feito com base nos sustentabilidade”, conclui Vera. dados do Cadastro Geral de Empregados A importância das experiências acadêmie Desempregados (CAGED). Outro crucas também é enaltecida pela vice-presidenzamento de dados feito pela consultoria te de expansão da Associação Brasileira de mostra que o curso que lidera o ranking Recursos Humanos (ABRH RS), Simone geral dos cursos com mais oportunidade Kramer Silva, porque vai ao encontro de contratação em todo o país entre 2010 a daquilo que o mercado vem buscando: 2015 é o de Administração – um dos cursos profissionais que possuam competências que mais crescem no Brasil. comportamentais e emocionais. Isso inclui Apesar das boas chances de admissão, a capacidade de relacionar-se, de trabalhar a PhD em Economia Vera Lúcia Broki chama a atenção para um cenário preo- em equipe, tolerância para lidar com a diversidade de opiniões e gostos e ser criativo. cupante: o egresso nem sempre possui as Segundo a versão mais recente da pesquisa habilidades que o mercado demanda. Essa é uma das conclusões do seu estudo de ‘O Futuro do Trabalho’, feita pelo Fórum Econômico Mundial, a criatividade será a terceira habilidade mais valorizada em funcionários e colaboradores por presidentes e CEOs de empresas no ano de 2020. Na edição anterior da pesquisa, a criatividade ocupava a décima posição dessa lista. A sintonia com o cenário de constante inovação, outra competência necessária, é facilitada pela faixa etária dos egressos, já que boa parte faz parte das chamadas geração Y e Z. “Uma pessoa mais impetuosa, mais impaciente, com uma visão mais ampla, mais disruptiva, vem mais preparada para ser um inovador”, aponta Simone. Porém, nas entrevistas de emprego, nem sempre são as habilidades técnicas e a experiência profissional que pesam mais, avalia a especialista. “Mais do que nunca, sai na frente o profissional que, além de um diploma, demonstra ter responsabilidade, comprometimento, adaptabilidade às mudanças e bom humor”, pontua.

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legislação

Artigo 318 da CLT: novos horizontes O artigo 318, que trata da jornada do bem dizer, “aulista”), o pagamento professor, foi recentemente alterado, com da hora-aula remunera não só a aula, a Lei nº 13.415, de 16 de fevereiro de 2017. strictu sensu, mas também o trabalho Desapareceu o limite diário de quatro (4) antecedente de preparação e o trabalho aulas consecutivas ou seis (6) intercalasubsequente de avaliação. A hora-aula das. Doravante, a jornada do professor funciona, na realidade, como um quantié a jornada normal de todo trabalhador, ficador do trabalho docente, com base na podendo chegar a 44 horas semanais – aspremissa de que esse trabalho será tanto segurado, naturalmente, o intervalo de 15 maior quanto maior for o número de minutos, caso a jornada seja inferior a 6 aulas. Já no regime mensalista, seja em (seis) horas, ou o intervalo para almoço tempo integral, seja em tempo parcial, o (de 1 a 2 horas), tal como previsto na regra professor é remunerado pelas horas de geral do art. 71 da CLT. Os intervalos que trabalho disponibilizadas para a escola, não se computam no tempo de trabalho. estando nelas incluído o tempo das chaA alteração agradou a escolas e promadas “atividades extraclasse”. fessores. Isso porque Qual a vantagem da a limitação anterior mudança de paradigma? A alteração dificultava a compacResultam, em princípio, tação dos horários, afastadas as querelas em abre caminho obrigando o profestorno da remuneração para uma sor a distribuir-se de “horas-atividade” ou por maior número de de “atividades extraclasmudança de escolas, bem como a se” (salvo circunstâncias paradigma na comparecer em mais muito específicas). dias na mesma escola. os percalços para contratação de talQuais E a escola, por sua vez, mudança? Em princíobrigava-se a contratar professores: de pio, dois. O primeiro diz outro professor para a respeito à necessidade horista para mesma disciplina. de regrar, na via coletiva Mas não ficou só (convenção coletiva de mensalista” nisso. A alteração abre trabalho ou acordo colecaminho para uma tivo de trabalho), a tranmudança de paradigma na contratação sição de um regime para outro. Haverá de professores, sobretudo na Educação professores que, talvez, não queiram Básica. Trata-se da mudança de horista fazê-lo. Outros hão de preferir o regime para mensalista. Ou seja: a substituição novo. As pactuações coletivas destinadas do regime da hora-aula (ainda previsto a viabilizar a mudança terão de contemno art. 320 da CLT) pelo regime contraplar ambas as opções e assegurar remutual de tempo integral ou tempo parcial. nerações equivalentes, para não suscitar Regime, aliás, que já predomina na maiopleitos de isonomia/equiparação. E, para ria das instituições da Educação Superior. isso, terão de prever valores-hora difeComo se sabe, no regime horista (a renciados, porque o valor da tradicional

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hora-aula, estruturalmente falando, é um valor maior do que o valor da hora simples de trabalho. Qual a razão disso? É que a hora-aula remunera o tempo “adjacente” de preparação das aulas e de avaliação de trabalhos escolares, ao passo que, no novo regime, a hora estará remunerando tão somente a hora-relógio. No novo regime, a ser opcionalmente implantado, o valor da hora terá de ser menor, porque o número de horas contratadas passará a ser maior, visando compensar/substituir as horas de trabalho de preparação e avaliação presumidamente contidas na hora-aula. Em outras palavras: o que, antes, o professor faria fora da escola (preparação/avaliação), estaria sendo direcionado para um tempo presencial na escola (a menos que a própria escola consinta em dispensá-lo). Tempo este que não precisaria ser todo ele consumido com preparação/avaliação. Haverá professores que irão preferir o regime antigo (hora-aula), porque terão maior disponibilidade com respeito ao trabalho “extraclasse”. Haverá professores que irão optar pelo regime novo, porque lhes assegura maior flexibilidade em relação à carga horária e ao aproveitamento compensatório em outras atividades ligadas à docência. Facilita, inclusive, eventual redução de aulas sem perda salarial. O segundo percalço diz respeito à segurança jurídica de uma tal pactuação. Isso porque, certamente, haverá quem diga que


recebe cerca de 4 tal alteração, mesmo Qual a vantagem milhões de ações não sendo prejudicial, da mudança? trabalhistas por estaria vedada pelo ano. De resto, a teor remanescente do Resultam, em tese da prevalência art. 320 da CLT, que princípio, afastadas do negociado, que estipula remuneração à conferir base de horas-aula. Sob as querelas em torno supõe maior autonomia esse aspecto, somente aos negociadores haveria segurança da remuneração de e presumir maior plena quando fosse efe“horas-atividade” maturidade por tivamente implementaparte dos atores da a cogitada mudança ou de “atividades coletivos (sobretulegislativa que asseguextraclasse”” do dos sindicatos), re prevalência do negoesvazia uma tradiciado sobre o legislado. ção tutelar de muitos anos, segundo a qual A legislação trabalhista, no Brasil, em muitos pontos, é disfuncional. Mas, sa- a população não pode prescindir de sábios e vigilantes curadores institucionais das bidamente, é grande o fetiche imobilista necessidades e das virtualidades alheias. no tocante à CLT, cuja carga getuliana O que, todavia, desperta algum alento e populista já se incorporou aos “usos e é que, na prática, o art. 320, de há muito, costumes” de boa parte dos “operadores vem sendo ignorado pelas universidades do direito” e de um aparato judiciário que

e pelos centros universitários sem que tenha havido maiores pendências e sem que tenha havido objeções por parte dos próprios docentes. É de supor que o Judiciário Trabalhista venha a acolher a abertura de opção, a ser discernida por pessoas ‒ tanto individuais como coletivas ‒ não só civilmente capazes como suficientemente sagazes, até mesmo para divergir de seus pretendidos protetores. Jorge Lutz Müller

OAB-RS 7.563 Coordenador da assessoria jurídica do SINEPE/RS.

Jorge Muller, juntamente com a equipe de advogados do Sindicato, escreve mensalmente sobre temas relacionados à legislação educacional. Confira os textos já publicados!

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Bruno Alencastro

C A PA

Oferta de diferentes itinerários formativos vai atender aos interesses dos estudantes

O que esperar do novo Ensino Médio

I

Por Vív ian Gamba

mportantes mudanças estão a caminho no campo da educação. O que está na mesa agora é o debate sobre o novo Ensino Médio. O que vai mudar para o ensino privado? Quando deverá ocorrer a implantação da mudança? O Enem irá mudar? Como serão as avaliações a partir de agora? Como elaborar os itinerários formativos? São algumas das dúvidas das instituições de ensino e de especialistas do setor. As reformulações propostas pelo Ministério da Educação não são recentes.

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Em 1998, teve início um grande debate e foram aprovadas as diretrizes do Ensino Médio, de acordo com a LDB (Lei 9.394, de 20 de dezembro de 1996). Quatro anos depois, de acordo com informações do Ministério da Educação (MEC), foi realizado um seminário nacional sobre a Reforma do Ensino Médio e, em 2007, a substituição do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento do Ensino Fundamental e de Valorização do Magistério (FUNDEF) pelo Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de

Valorização dos Profissionais da Educação (FUNDEB). A iniciativa teve como objetivo garantir educação de qualidade em todas etapas e modalidades da Educação Básica, já prevendo a universalização do Ensino Médio. Em 2009, foi criado o novo Exame Nacional do Ensino Médio e, um ano depois, ocorreu a primeira edição do Programa Ensino Médio Inovador e foi formado o Grupo de Trabalho para a Reforma do Ensino Médio, organizado pelo Conselho Nacional de Secretários Estaduais de Educação (Consed).


No ano de 2012, o Conselho Nacional de Educação (CNE) aprovou as Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino Médio e, em 2013, surgiu o projeto de lei (PL 6.840/2013), com proposta de alterações no currículo e na carga horária do Ensino Médio. Dado esse histórico, o coordenador-geral de Ensino Médio do MEC, Wisley Pereira, assinala que, em 2014, foi aprovado o Plano Nacional da Educação (PNE 2014-2024), com metas e estratégias pontuais em relação ao Ensino Médio (confira no conteúdo online quais são as metas). Carga horária Uma das grandes dúvidas em relação ao novo Ensino Médio é o aumento progressivo da carga horária, das atuais 800 horas por ano para 1000 no prazo de cinco anos. De acordo com Pereira, os sistemas de ensino farão seu planejamento de acordo com sua realidade. “A lei dá um prazo de cinco anos para essa primeira adaptação com relação ao número de horas-aula anuais, chegando a 1000 horas anuais. Depois disso, progressivamente, os estados continuarão ampliando o número de horas por ano. Salientamos que mais de 50% da matrícula de Ensino Médio já pratica uma carga horária mínima de

1000 horas anuais, ou seja, igual ao que é proposto.” O MEC reitera que a obrigatoriedade é de chegar às 1000 horas anuais e entende como desejável acima disso. O tempo integral, que corresponde a até 1400 horas, não é obrigatório. O novo modelo depende ainda da Base Nacional Comum Curricular (BNCC) para ser implantado. “A BNCC será obrigatória e irá nortear os currículos das escolas de Ensino Médio. Após a aprovação da BNCC, no primeiro ano letivo subsequente à data da publicação, os sistemas de ensino deverão estabelecer um cronograma de implantação das principais alterações da lei e iniciar o processo de implementação, conforme o referido cronograma, a partir do segundo ano letivo”, orienta o coordenador. Isso quer dizer que, em relação aos prazos, o cenário mais enxuto previsto é o Conselho Nacional de Educação manifestar suas conclusões e a BNCC ser aprovada até o final de 2017; depois disso, o Conselho Estadual de Educação (CEEd/RS) irá estabelecer um cronograma de implementação a ser executado em 2018; e as mudanças começam a ser feitas, de fato, a partir de 2019. O presidente do CEEd/RS, Domingos Antônio Buffon, afirma que o colegiado está atento às propostas de mudança e que a carga horária destinada à BNCC é uma

Escola deve ouvir o interesse dos estudantes e da família na hora de planejar os conteúdos optativos

O tempo integral, que corresponde a até 1400 horas, não é obrigatório

das preocupações. “A lei prevê o máximo de 1800 horas (nos três anos) para desenvolver toda a base nacional comum, menos que o mínimo de 800 horas anuais, o que se trabalhava de fato. O restante será para desenvolver os itinerários. É menos tempo para o conhecimento geral, o que é um problema”, avalia. O Conselho Nacional de Educação recebeu a BNCC e vai se debruçar para analisá-la a fim de fazer as devidas intervenções e, da mesma forma, os conselhos estaduais, que estão em diálogo permanente com o conselho nacional, explica Buffon. “Não consideramos que a situação está dada. Temos um período de análise e a partir daí as mudanças serão homologadas pelo MEC. Nesse momento, nossa preocupação ainda é tentar contribuir com essas mudanças.” Conjuntura O novo Ensino Médio caminha para o turno integral, outro ponto de alerta para o CEEd/RS em razão da conjuntura de congelamento orçamentário pelo qual o país está passando. Para Buffon, essa é uma realidade tanto de escolas públicas como das privadas. “Se pensarmos em tempo integral, temos que ter previsão de mais recursos humanos, transporte, readequação de estrutura física. Justifica a preocupação dos diretores e dos agentes que têm alguma responsabilidade pela implementação (do novo Ensino Médio).” A regra também se aplica aos itinerários formativos: “Implicam laboratórios, novos profissionais. Carga horária maior não significa ampliar o mesmo que tu vens fazendo, mas ter espaço para coisas novas. Isso requer investimento”. O coordenador-geral de Ensino Médio do MEC diz que a mudança proposta é uma reorganização do currículo, o que diz respeito

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A BNCC será obrigatória e irá nortear os currículos das escolas de Ensino Médio”, Wisley Pereira

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Bruno Alencastro

mais à gestão, e não traz custo para as escolas. “Em relação ao Programa de Fomento à Implementação de Escolas de Ensino Médio em Tempo Integral, é uma política voltada para as escolas públicas e não ao setor privado. Vale lembrar que a adoção ao tempo integral não é obrigatória”, aponta Pereira, nem para as escolas públicas, apenas para aquelas que aderirem a essa política, o que também não é obrigatório. O presidente do CEEd/RS deixa claro que, por ora, o Conselho está no plano dos debates. “Trazemos (para a pauta) preocupações da sociedade. Filosofia e Sociologia não ser obrigatório é uma delas. Assim como o fato de privilegiar a Matemática em detrimento de outros componentes. De certa maneira, é algo que tem que ser questionado.” Componentes curriculares como Arte e Educação Física não estarem nas 1800 horas mínimas também preocupa o dirigente. Buffon acredita que a autonomia pedagógica das escolas será reduzida e que muitas coisas (propostas) que têm dimensões positivas podem gerar frustração. “Todos esperam algo positivo, alunos, professores, diretores de escola. A expectativa é oferecer algo melhor.” Para a assessora Pedagógica e de Legislação Educacional do SINEPE/RS, Naime Pigatto, a escola precisa ter um currículo globalizado e inovador e um projeto político-pedagógico atento para as necessárias aprendizagens desse novo perfil de aluno que está hoje na sala de aula. “O novo Ensino Médio vem ao encontro dessa necessidade. Já sabemos que pensar a escola como é hoje, é pensar no passado. Se

Desenvolvimento de habilidades socioemocionais ganha força no novo Ensino Médio

queremos um novo Ensino Médio é preciso repensar a finalidade de cada componente curricular e a sua contribuição para a formação do aluno. Não adianta inserir componente curricular ‘X’ ou ‘Y’ se não tivermos clareza do para quê ensinamos”, alerta Naime. Ela acrescenta que para colocar em prática essa nova proposta será preciso resgatar o protagonismo docente e investir em formação continuada. “Chegou a hora da escola exercer sua criatividade”, completa. Naime concorda que o momento é de discussões, debates e esclarecimentos sobre a nova proposta. “Muitas respostas estarão contempladas na BNCC, que terá relação direta com a Lei do novo Ensino Médio”. Formação integral A especialista em educação da Ufrgs Roselane Costella aponta que o Ensino Médio, assim como toda a Educação Básica no Brasil, precisa de mudanças e que o aspecto positivo da nova proposta é poder debater essas mudanças. Mas ela questiona os itinerários formativos. Roselane alega que o aluno precisa refletir cada vez mais, conhecer e contextualizar a sociedade e os elementos que a compõem. “Esse novo Ensino Médio está propondo que o adolescente consiga escolher as disciplinas que ele quer e que passe (sem cursar) por disciplinas que o ajudariam a refletir sobre o que ele quer. Ao escolher exatas, por exemplo, e não atrelar a esse conhecimento questões mais aprofundadas (não apenas básicas) sobre

Sociologia, Filosofia, História ou Geografia, mesmo que (o aluno) se torne um matemático, vai lhe faltar oportunidade de reflexão.” De acordo com o MEC, a formação integral dos estudantes será garantida por meio da Base Nacional Comum Curricular, que será comum e obrigatória a todas as escolas, contemplando assim conhecimentos de todos os componentes e áreas, assegura Pereira. “A oferta de diferentes itinerários formativos com foco nas áreas de conhecimento ou na formação técnica e profissional visa, por um lado, atender aos interesses dos estudantes e, por outro, ofertar educação que atenda às demandas do contexto socioeconômico local. O importante é garantir opções aos estudantes e a oferta de educação de qualidade que possibilite tanto a continuidade dos estudos em nível superior ou em cursos técnicos de formação profissional quanto à inserção no mundo do trabalho, conforme seus interesses e necessidades”, defende o coordenador do MEC. Para o especialista em psicologia educacional Leo Fraiman, caberá à escola entender seus alunos e ouvi-los para construir os conteúdos optativos da melhor maneira. “Uma forma sustentável de atingir os objetivos é envolver familiares e alunos nas mudanças, pedindo sugestões, mantendo comunicação frequente, aberta e ativa e também feedbacks constantes sobre a execução das mudanças na prática”, sugere Fraiman. Ele destaca a dificuldade dos jovens de saber o que, de fato, lhes interessa, pois não tiveram desde cedo


A avaliação é, para a especialista, outro o preparo para avaliar e identificar suas haelemento a ser discutido nessa mudança. bilidades e preferências. Por isso, precisam “Temos que preparar os professores para que desenvolver e exercitar o pensamento crítico compreendam que avaliação é a aprendie a visão empreendedora – em relação não zagem, e não uma tabulação de resultados. apenas ao mercado, mas também à vida – Não é possível fazer uma reforma sem antes desde cedo, orienta Fraiman. pensar na avaliação. É preciso pensar por Os adolescentes brasileiros, segundo o que os alunos são avaliados tão intensamenespecialista, muitas vezes não são prepate e não têm resultados”, critica. rados desde cedo para fazer suas próprias Outra dúvida das escolhas e, por isso, instituições de ensino podem ser vistos como Temos que é a transferência de “imaturos”. “É perigoso preparar os alunos nesse novo julgar a imaturidade modelo. Pereira explide uma maioria apenas professores para ca que dois aspectos pela faixa etária, se que compreendam deverão ser consideainda há muito a ser rados: “O primeiro feito para que se sintam que avaliação é a diz respeito à análise, mais maduros e preaprendizagem, e pela nova escola, do parados ao chegar ao currículo que ele Ensino Médio.” Ele não uma tabulação estava cursando e ao pontua a importância de se falar de habilidade resultados”, aproveitamento dos conteúdos cursados; o des socioemocionais, Roselane Costella segundo se refere à esque já têm a previsão de colha da escola, tendo serem contempladas na como base a oferta de diferentes itinerários Base Nacional Comum Curricular (BNCC). formativos em cada uma das escolas”. “Elas têm se mostrado chave para decisões sadias e eficazes por parte dos jovens, que Notório saber se sentem mais motivados, preparados e A Lei do novo Ensino Médio permite seguros em suas escolhas”, pontua. Naime que os sistemas de ensino autorizem proconcorda com a posição de Fraiman. Para fissionais com notório saber a ministrar ela, esse é o momento de as escolas trabaaulas exclusivamente em disciplinas dos lharem de forma mais intensa as habilidades cursos técnicos profissionalizantes. A socioemocionais já no Ensino Fundamental, prática já acontece hoje no sistema S e na preparando os estudantes para as escolhas maioria dos países do mundo, esclarece que vão vir no novo Ensino Médio. Pereira. “O professor com notório saber poderá atuar apenas nos currículos com Enem itinerários com foco na formação técnica e O novo Ensino Médio não alterará o profissional.” O CEEd/RS tem restrições a Enem de 2017, assegura o coordenadoressa regra. “Em alguns estados se justifica. -geral de Ensino Médio do MEC. Em razão Na educação profissional, o Rio Grande dos prazos previstos para que se iniciem as do Sul tem muitos cursos de qualidade e, mudanças, qualquer alteração no exame só embora fosse permitido usar de prerrogatideverá ocorrer a partir de 2019. Roselane vas do notório saber, nunca fizemos. Nossa Costella aposta numa nova forma de intenção é que continue assim”, diz Buffon. avaliação. “Se trabalha (os conteúdos) no Ensino Médio de uma forma, como vai “Historicamente, o conselho coloca a questão do notório saber como desnecessária, já avaliar de outra? Hoje não há questão que que o RS está bem servido de profissionais”, vale mais, porque é cobrada competência. completa o presidente do CEEd/RS. A avaliação não é por área. Isso vai cair Nos próximos dois anos, teremos muitas completamente. Tanto para o Enem como discussões e reflexões sobre o que propõe para o vestibular, vai ter que ser construío novo Ensino Médio. O SINEPE/RS do um novo modelo de avaliação”, acredita.

promoverá espaços para esse debate como o evento que será realizado no dia 13 de junho com a presença do MEC, dos conselhos estadual e nacional e da Secretaria Estadual de Educação. É o momento de ajustes, afinamentos e esclarecimentos de dúvidas para que, de fato, a ideia saia do papel a partir de 2019. Independentemente de posições contrárias ou a favor da medida, o desejo de todos é que as mudanças sejam em prol da melhoria da qualidade do ensino. A pauta desta reportagem foi construída em reunião realizada na Regional Vale do Rio Pardo e contou com a participação dos seguintes educadores: Aliria Anton e Celso Carlos dos Santos Junior (Colégio Nossa Senhora Medianeira), Nestor Raschen, Rafael Fetter e Waldy Lau Filho (Colégio Mauá), Claudia Beck e Salete Ceretta (Escola Anchieta), Elisa Lopes da Silva e Sandra Ritter (Colégio Sinodal Barão do Rio Branco), Maria Diovani Fiuza Speth e Liliane Vinhas (Colégio Sagrado Coração de Jesus), David Jorge Rodrigues Hatsek e Samir Elias Miguel (Colégio Marista Roque) e Claudia Pires Neves Caspani (Escola HCB).

Novo Ensino Médio não altera Enem deste ano

Confira as metas do Plano Nacional de Educação que têm relação com o novo Ensino Médio

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institucional

Conheça a programação do 14º Congresso do Ensino Privado Gaúcho

Ricardo Boechat apresentará talk show sobre política e educação

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O SINEPE/RS divulgou, no final de abril, a programação do 14º Congresso do Ensino Privado Gaúcho. Serão sete grandes conferências, um painel, quatro palestras de 20 minutos e um talk show. O evento ocorrerá nos dias 19, 20 e 21 de julho, no Centro de Eventos da PUCRS, em Porto Alegre. Mais informações e inscrições em www.sinepe-rs.org.br/congresso. Até o dia 31 de maio, os valores são promocionais para inscrições individuais e em grupos. O evento tem patrocínio do Positivo, da Caixa Econômica Federal e conta com apoio da PUCRS, da Fenep, do PGQP e da empresa Do Bem. A programação terá nomes de destaque da academia e do mercado. O professor e historiador Leandro Karnal irá discutir a necessidade de mudança; a futurista, especialista em economia criativa e sustentabilidade Lala Deheinzelin apresentará as quatro economias do futuro; o médico psiquiatra Cláudio Laks Eizirik falará sobre as possibilidades de mudança num mundo em rápida transformação; o doutor em Teologia Zeca de Mello tratará da importância de preservar os valores essenciais – ética, respeito, tolerância – mesmo com todas as mudanças que a sociedade vive hoje; o professor do Departamento de Educação e Psicologia da Universidade de Aveiro (Portugal) Alexandre Ventura falará sobre o papel do professor como protagonista de inovação e mudança; e o professor de novas tecnologias na USP e um dos fundadores da Escola do Futuro, José Moran, falará sobre metodologias ativas de aprendizagem. A novidade desta edição será o talk show ‘Qual o papel da escola no atual momento político em que vivemos?’, com o jornalista da Band Ricardo Boechat. No espaço serão respondidas perguntas dos congressistas sobre a relação entre política e educação. A escola e os novos cenários serão tema de um painel na tarde do dia 20 de julho, com a participação do publicitário e sócio da Escala Comunicação e MKT Alfredo Fedrizzi; do

Lala Deheinzelin falará sobre as economias do futuro

vice-presidente e CFO das empresas Randon, Daniel Randon; e do doutor em Filosofia Draiton de Souza. Outro destaque da programação será o Espaço Mover, com apresentação de quatro palestras de até 20 minutos. Confira os temas e os palestrantes: ‘Qual o impacto do ensino sobre a aprendizagem do aluno?’, com Luciana Corso; ‘Uma escola centenária com ousadia para mudar: o case da Escola Elvira Brandão SP, por Renato Júdice; ‘Superação + Motivação + Trabalho = Resultados Positivos em Matemática’, por Luiz Felipe Lins; e ‘Fim da aula expositiva?’, por Miguel Thompson. Os participantes do evento poderão conferir também a 14ª Expoeducação, feira de produtos e serviços do setor educacional, que ocorrerá paralelamente ao Congresso.


Estão abertas as inscrições para o 8º Prêmio Inovação em Educação, 12º Prêmio de Responsabilidade Social e 15º Prêmio Destaque em Comunicação do SINEPE/ RS. Podem participar escolas, faculdades e universidades privadas associadas que promovam boas práticas de comunicação, iniciativas voltadas ao bem-estar social e ambiental e trabalhos que visem à melhoria na qualidade do ensino por meio da produção pedagógica. As instituições podem inscrever seus projetos, gratuitamente, até dia 11 de agosto pelo hotsite www.sinepe-rs. org.br/premios. Na página da premiação, é possível conferir regulamentos, dúvidas frequentes, modelos de projetos e cronograma. Após o período de inscrições, os projetos serão avaliados por uma comissão julgadora de 21 de agosto a 10 de setembro. Os três melhores de cada categoria apresentarão seus trabalhos em audiência pública nos dias 3 e 4 de outubro. Os vencedores serão conhecidos no dia 5 de dezembro, no 69º aniversário do SINEPE/RS. No Prêmio Destaque em Comunicação, as instituições podem se inscrever em três categorias: Comunicação Institucional, Gestão de Comunicação e Relacionamento, e Retenção e Captação de alunos. O Prêmio de Responsabilidade Social conta com as categorias de Desenvolvimento Cultural, Participação Comunitária e Práticas Ecorresponsáveis. No Prêmio Inovação em Educação, são duas categorias: ÁreaFim e Gestão Pedagógica. Uma novidade na premiação este ano é a publicação digital do livro dos Prêmios SINEPE/RS. As três edições (2014, 2015 e 2016) podem ser conferidas no site: www. sinepe-rs.org.br/livropremios. A iniciativa tem como objetivo disseminar as boas práticas realizadas pelas instituições de ensino

Vinicius Roratto

Inscrições abertas para os Prêmios SINEPE/RS

Instituições de ensino vencedoras nos Prêmios SINEPE/RS 2016

vencedoras das premiações para mais educadores e para a sociedade, já que cada instituição associada recebe um exemplar do livro impresso. Práticas reconhecidas Em 2016, o Colégio Regina Coeli, de Veranópolis, ganhou Ouro no Prêmio Responsabilidade Social – Desenvolvimento Cultural – com o projeto ‘Arte Solidária’. A coordenadora do projeto, professora Eliana Felícia Vuelma Festa, fala sobre o prestígio de receber a distinção. “O principal reconhecimento que podemos ter é ver os nossos trabalhos sendo destacados em um Prêmio com abrangência estadual. Inscrevemos dois projetos, que reuniram não só quem faz parte da escola, mas também a comunidade como um todo. Por isso, quando fomos anunciados como Ouro, sentimos um gostinho que só quem passa sabe o quanto é especial”, afirma. A responsável pelo projeto ressalta que, neste ano, a escola irá inscrever, no mínimo, dois projetos.

Outra escola que levou Ouro em 2016 foi a Instituição Educacional São Judas Tadeu, de Porto Alegre. Com o projeto ‘Reconectando a infância na natureza – uma proposta de educação para a sustentabilidade’, a instituição venceu na categoria Área-Fim do Prêmio Inovação em Educação. Para a coordenadora do projeto, Cláudia Padão Rovani, o Prêmio “é de uma grandeza e satisfação imensurável”. Ela ainda diz que o reconhecimento do SINEPE/RS ajuda a fortalecer a educação, que é a ferramenta mais poderosa para a formação e a transformação da sociedade. “A melhoria da qualidade de vida da população ocorre através de uma educação com significação, e nosso projeto se desenvolve com esta proposta, da aquisição da sustentabilidade a partir da Educação Infantil, proporcionando uma educação para a vida. Este Prêmio nos deixou extremante honrados, pois, entre tantos projetos maravilhosos, fomos escolhidos por um corpo de jurados qualificados e de uma instituição fidedigna como é o SINEPE/RS”, afirma Cláudia.

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in terdisciplinar

O caminho para a felicidade Por Vív ian Gamba

O

debate sobre o segredo da felicidade eventualmente vem à tona. Afinal, é isso que todos querem. Então, o que é necessário? Fazer o que se gosta, ter amigos, ter saúde, ter dinheiro... A lista pode ser muito extensa ou personalizada demais. Ainda assim, pesquisadores não cansam de procurar alguns pontos comuns para dar luz a essa busca. Um dos maiores estudos realizados sobre felicidade, o Grant Study, que analisou 268 estudantes de Harvard entre 1939 e 1944, aponta o amor como uma das chaves para ser feliz. Outra pesquisa, de 2010, que fez 100 perguntas a alunos que estiveram nessa mesma universidade nos anos 1980, mostra que a felicidade vem de três bens: fazer coisas em que se é bom, fazer o bem para os outros e fazer o bem a si mesmo (manter a saúde e o bem-estar, a “saúde” financeira e o equilíbrio entre trabalho e vida pessoal). Todas essas pesquisas analisam declarações e discursos dos entrevistados a respeito do seu próprio estado de espírito, o que nos obriga a deslocar um pouco o objeto da investigação, já que se trabalha com o que as pessoas dizem, não com o que as pessoas sentem, propriamente, alerta o professor doutor Clóvis de Barros Filho. “Muitas vezes, apresentar-se como uma pessoa feliz acaba sendo importante para garantir a quem está perguntando certo sucesso na própria vida. De certa maneira, está se dizendo que houve competência para viver. O resultado na tarefa viver recebe o nome de felicidade. É muito raro alguém que tenha a honestidade de assumir o próprio fracasso, dando a si mesmo uma nota de reprovação e aceitar a infelicidade, a melancolia”, explica. Para a psicanalista e professora da Ufrgs Regina Orgler Sordi, a felicidade é um cultivo que se faz ao longo da vida e precisa

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Conceito de felicidade pode variar, de acordo com o momento em que estamos

ser sempre reinventado, porque as satisfações são diferentes em cada fase. “O sentido da existência vai mudando. Penso que a felicidade não é um conceito unificado, mas pluralista. Numa mesma existência, ele pode variar, com muita autenticidade.” Para quem está numa fase mais avançada – e ela fala de si mesma –, a felicidade tem a ver com o grau de satisfação que se alcança

na vida, que está relacionado ao cultivo de certos valores e princípios que compõem esse sentimento. Barros Filho aponta três pontos-chave na busca da felicidade. O primeiro é conseguir, ao longo da vida, tirar de si mesmo uma performance cada vez mais alinhada com suas características individuais e, em cima dessas habilidades,


para tomar decisões, decisões boas, são excelência com mais eficácia. “Comprar pessoas que sofrem menos e que, me equipamentos, no esporte, por exemplo. parece, estão mais bem preparadas para A excelência dos equipamentos pode não a vida”. A palavra-chave, nesse caso é ser definitiva, mas é muito facilitadora autonomia. “Com excelência, amor e de uma performance melhor. No amor autonomia, a vida tende a ser melhor”, também é importante. Penso naqueles aposta Barros Filho. que criam instituições, espaços onde as A velha pergunta: dinheiro traz felicipessoas podem ser ajudadas, quer na dade? “Impossível dizer que dinheiro recuperação da saúde, quer no aprendinão ajuda, desde que zado de um ofício.” O não seja colocado num segundo o Com excelência, problema, plano superior”, afirma professor, é acreditar Regina. “Se tu colocas que o dinheiro seja a amor e (o dinheiro) como um felicidade nele mesmo. autonomia, a objetivo maior, estarás “Seria viver uma vida substituindo o sentivida tende a ser de Tio Patinhas, que mento de felicidade pela regozija uma conta melhor”, compra da felicidade, bancária. É de tal maquantificando algo que neira empobrecedor da Clóvis de Barros Filho não é quantificável. vida, que não me atrevo Sabemos que há pessoas a chamar de felicidade com muitos recursos que não são felizes esse tipo de comportamento”. e outras com poucos que são.” Para a esEm resumo, não há uma resposta única, pecialista, dinheiro ajuda porque é uma acredita o professor, que faz pós-doutoramoeda de troca para necessidades básicas, do em Filosofia na Ufrgs, Nuno Pereira mas não pode ser colocado acima de vaCastanheira. “Boa porte das pessoas deslores humanos. Barros Filho concorda e cobre algum tipo de felicidade em cada fala como recursos materiais são válidos, uma dessas experiências – amor, saúde, como permitir às pessoas que busquem a dinheiro –, mas não parece ter uma resposta completa sobre ser feliz. Talvez a felicidade não seja encontrada nesses momentos, mas na chamada vida completa.” Até porque, alega o professor, todo mundo sabe o que é (felicidade), mas não sabe explicar o que ela é. “A busca é essa incapacidade de explicar. Buscamos modelos a cada momento. A ideia é que a vida é composta de momentos de felicidade.” Barros Filho fala que há também o elemento social que influencia essa caminhada. “Dependendo de onde você está e com quem você se relaciona, dos espaços, tudo isso pode ser facilitado, possível, ou dificultado, inviabilizado. Há uma sociologia da felicidade a ser feita, a ser investigada. Muito embora os processos de socialização não sejam tudo, são fortemente influenciadores de tendências existenciais”, defende. Mas algo bom, conforme Castanheira, é que somos cada vez mais capazes de identificar aquilo que orienta a nossa existência. Portanto, mais capazes Especialistas defendem que a vida é feita de momentos de felicidade de termos sucesso nessa busca.

conseguir uma superação. “Excelência. A expectativa de aperfeiçoamento permanente faz com que cada instante de vida seja desafiador, um ingrediente muito interessante para a tal felicidade.” O segundo ponto é conseguir, por meio de sua ação, um efeito de melhorar a vida daqueles que se relacionam com você e que são afetados por você. “É ter a competência de agir, visando, objetivando e conseguindo proporcionar às pessoas coisas boas. Sensações boas, como um sorriso, um abraço, um carinho, como também oferecer às pessoas condições de desenvolver suas competências. Ensinar oferecer conhecimento. Isso, quando conseguido, parece dar à vida certo significado que poderia ter como palavra-chave a ideia de amor.” O terceiro elemento, aponta o professor, é que a vida tende a ser melhor se as pessoas tiverem menos medo de serem livres, de tomar decisões, ir de peito aberto atrás daquilo que escolheram, que deliberaram como o melhor para si mesmas. “Uma coisa que atrapalha muito a vida é o medo de estar numa encruzilhada e não saber o que fazer. As pessoas que têm preparo emocional e intelectual

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especial inclusão

Aplicativos e recursos gratuitos facilitam a acessibilidade dos estudantes

Tecnologia é ferramenta na educação especial

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Por Vív ian Gamba

tecnologia se tornou um grande auxiliar na aprendizagem dos alunos com deficiência. A cada dia, surgem novos aplicativos e recursos facilitadores da acessibilidade dos estudantes, muitos deles gratuitos. O Hand Talk, por exemplo, desenvolvido em Alagoas, é uma ferramenta para dispositivos móveis que, por meio de um personagem, converte textos, imagens e áudio para Libras em tempo real. Falicita o aprendizado de Libras e a comunicação entre surdos e não surdos e difunde essa linguagem de forma mais ampla. O Que Fala!, também

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gratuito, é uma solução para tablets e smartphones que possibilita a comunicação de pessoas com deficiências que afetam a fala. Trata-se de uma prancha digital com uma série de ilustrações identificadas por palavras escritas e em áudio. O usuário seleciona figuras que correspondam ao que ele quer dizer e pode até montar pequenas frases. Quando se pensa no processo inclusivo como um projeto de escola, no qual tudo é discutido, estudado e planejado, recursos de acessibilidade devem fazer parte do cotidiano escolar, acredita a especialista em Educação Especial e Inclusiva e coordenadora da Pós-Graduação em Neuropsicologia

Educacional e Desenvolvimento Infantil da Universidade Positivo, Nelly Narcizo de Souza. “Uma escola acessível não é só aquela que matricula o aluno que é parte do público-alvo da Educação Especial. Uma escola acessível pede que também sejam utilizados recursos que possibilitem uma aprendizagem digna, real com qualidade. E, dessa forma, essas ferramentas são grandes aliadas”, afirma. Para Nelly, a relevância das ferramentas está relacionada diretamente à capacidade do professor em utilizá-las. “Elas por si mesmas já representam interessantes recursos, mas precisam ser utilizadas de modo


adequado. Sendo assim, enquanto ferramentas pedagógicas elas podem facilitar o acesso ao conhecimento tanto de pessoas com alguma deficiência quanto das que têm a aprendizagem típica.” Mas as escolas estão preparadas para o uso dessas novas tecnologias? E os professores, capacitados? Sempre que é questionada sobre a preparação dos professores para lidar com diferentes aspectos de uma escola inclusiva, a especialista responde que, de modo geral, não, e dificilmente estarão. “A escola inclusiva é uma escola que se constrói a partir de um perfil de profissionais, e não apenas de cursos. Cada aluno, cada situação pede todo um percurso Estudantes do La Salle Santo Antônio produziram um óculos para cegos de reflexões, estudos, planejamento e ações. É necessário construir uma rede que apoie plataforma de programação Arduino Uno. de bolhas para formar palavras no tabuleiro tanto o aluno quanto o professor que está virtual. Com uma interface simples e atraenna sala.” A proposta de uma escola inclu- Depois de vários testes de caminhadas e te, estimula o raciocínio e possibilita que os até mesmo de corridas, concluíram que o siva, segundo Nelly, pede uma perspectiva alunos ampliem o vocabulário. protótipo funcionava conforme o esperado colaborativa, especialmente nas relações O Livox, software para tablets Android cotidianas. “Além do perfil docente, a estru- e que detectava os obstáculos com pouco que permite que as pessoas com deficiência atraso. O próximo passo foi a criação tura física da instituição deve disponibilizar se comuniquem e aprendam, é vendido a do Dispositivo de e garantir ou facilitar o R$ 1.350 com direito a licença vitalícia e Locomoção Urbana uso de recursos de acesMuitos recursos a atualizações. Foi desenvolvido a partir para Deficientes sibilidade. Não adianta são de veiculação Visuais (DLUDV), da necessidade de um pai e de uma mãe de ter o aplicativo se não há uma nova versão de- se comunicarem melhor com a filha, com computador ou se o progratuita e a senvolvida com o ob- paralisia cerebral. Possui algoritmos para fessor não tem condições colaboração entre jetivo de aumentar a distúrbios motores, cognitivos e visuais. de utilizá-lo”, argumenta. Quando o projeto é investir nessas praticidade, melhorar universidades e tecnologias, o papel do gestor torna-se a estética e aprimorar Mão na massa Depois de uma pesquiescolas vem sendo ainda mais a precisão ainda mais importante, alega Nelly. Tanto dos óculos. Na segun- no sentido de conhecer as demandas do sa sobre acessibilidade uma excelente professor que tem em sua turma alunos da fase, o DLUDV urbana, estudantes do com alterações no desenvolvimento ou na passou a contar com Ensino Médio do Colégio alternativa”, três sensores ultras- aprendizagem, quanto conhecer os alunos La Salle Santo Antônio, Nelly Narcizo de Souza foco do processo inclusivo, como também sônicos, a fim de de Porto Alegre, deconhecer políticas e programas de fomento aumentar o campo senvolveram o projeto à escola inclusiva e saber procurar e esta‘Óculos para Cegos’, que ajuda deficientes vi- de segurança em volta do deficiente; um suais a criar autonomia em seu deslocamen- Arduino Nano, para aumentar a comodi- belecer parcerias. “Muitos recursos de acessibilidade são de veiculação gratuita dade dos óculos; e um interruptor como to. O professor apresentou aos alunos uma e a colaboração entre universidades e esforma de ligar e desligar o sistema. ferramenta de prototipagem que facilitaria o colas vem sendo uma excelente alternativa. Dois alunos do Instituto Tecnológico da uso de eletrônica no projeto e que, por ser de Aeronáutica criaram o Aramumo, jogo se- Mas é preciso sempre prever fundos para baixo custo e por possuir muitos usuários ao necessidades diferenciadas”, aponta. melhante às palavras cruzadas que auxilia na redor do mundo, seria a ferramenta ideal. educação de jovens e crianças com dislexia e Em encontros sistemáticos no turno inverso ao das aulas, os estudantes reali- outros distúrbios que afetam a aprendizagem. zaram pesquisas e assistiram a aulas expo- Em vez de letras avulsas, o jogador deve utiConheça mais aplicativos sitivas sobre conceitos da Física para com- lizar sílabas para formar palavras. Ele ouve gratuitos para usar com uma série de palavras e deve encaixar as sípreender os processos de funcionamento alunos com deficiência labas que aparecem flutuando na tela dentro do dispositivo, construído com o uso da

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premiadas

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Aplicativo permite que pais controlem a saída e a entrada dos filhos no colégio

70% dos atendimentos presenciais. Para o coordenador de turno Eliezar Pereira, o aplicativo trouxe uma modernização muito importante. “A rematrícula via app revolucionou todo o processo, pois permite maior agilidade em todas as fases do procedimento. É um facilitador, garantindo economia e sustentabilidade ao processo, uma vez que substituímos o papel pelo ambiente virtual”, afirma. Reconhecimento Desde o lançamento, o projeto rendeu 15 inserções de mídia espontânea na imprensa, como uma matéria de capa do jornal Zero Hora e uma reportagem veiculada no programa Auto Esporte, transmitido nacionalmente pela Rede Globo. Outra amostragem importante vem do público interno: na Pesquisa de Satisfação das Novas Famílias, realizada anualmente, o item segurança foi avaliado com média 4,53 em 2016 (sendo

nota máxima 5,0). A melhoria pode ser percebida ao longo dos anos: média de 4,30 em 2014; 4,33 em 2015. Atualmente, o aplicativo tem 3.372 usuários ativos, confirmando que o Marista Virtual se estabeleceu como um importante aliado no relacionamento entre o colégio e as famílias rosarienses.

Receita de sucesso • Apostar na inovação, fazendo uso da tecnologia e tornando o processo sustentável. • Facilitar o acesso aos serviços da escola. • Tornar o ambiente escolar ainda mais seguro, garantindo a satisfação dos pais no quesito segurança.

Gabriel Schmidt

Uma das premissas do Colégio Marista Rosário, de Porto Alegre, é estar em sintonia com as evoluções tecnológicas, investindo para adaptá-las ao ambiente educacional. Exemplo disso é o aplicativo Marista Virtual, lançado em julho de 2014, para aproximar ainda mais os pais do cotidiano escolar dos filhos, ampliando o acesso aos serviços já oferecidos no site da instituição (colegiomarista.org.br/rosario) desde 2010. A iniciativa conquistou o 14º Prêmio Destaque em Comunicação, na categoria Gestão de Comunicação e Relacionamento. Por meio da ferramenta, as famílias podem acessar boletins e pareceres escolares, além de consultar ocorrências pedagógicas, notícias e informações institucionais. O aplicativo está sempre em evolução, com constante atualização. Desde 2015, permite o acompanhamento da agenda de eventos do colégio e realização da rematrícula regular dos estudantes. Em 2016, essa possibilidade foi ampliada para as atividades extraclasse e para o turno integral. A iniciativa foi ao encontro do aumento substancial do uso de smartphones – prática consolidada nos dias de hoje – e não só qualificou a comunicação entre família e escola como também renovou o sistema de controle de acesso ao colégio. Ambos os prédios da instituição contam com catracas eletrônicas, que liberam o ingresso dos circulantes mediante uso do cartão de identificação. Com o app, disponível para dispositivos IOS e Android, os responsáveis recebem uma notificação no celular a cada vez que os jovens entram ou saem do Marista Rosário. Foram conquistados importantes resultados desde a implantação do projeto. O setor de Tesouraria contabiliza uma diminuição de 60% dos pedidos de reemissão de boletos. A Secretaria teve uma redução de

Gabriel Schmidt / Divulgação

Tecnologia aproxima família e escola


São Judas reconecta alunos com a natureza Criado em 2013, o projeto ‘Reconectando a Infância com a Natureza – Uma Proposta de Educação para a Sustentabilidade’, tem como foco a promoção do pertencimento por meio da participação e da responsabilidade, fazendo com que as crianças se reconectem com o ambiente natural. A iniciativa é coordenada pela professora de educação ambiental Claudia Padão Rovani e pela supervisora da Escola de Educação Infantil Tais Helena Soldatelli e conquistou o Ouro no 7° Prêmio Inovação em Educação, categoria Área-Fim. O projeto marcou o início das atividades da Escola de Educação Infantil na atual sede, que fica na zona norte de Porto Alegre. Ampla e arborizada, possui uma estrutura planejada para as crianças dialogarem com a natureza, explorando, sentindo, contribuindo assim para o desenvolvimento integral dos pequenos. No ambiente, os alunos convivem com espaços permaculturais, onde plantam hortaliças, ervas e flores, semeiam e acompanham a germinação, compartilham os cuidados dos pequenos animais e espaços de plantio, que ocorrem na forma de rodízio semanal entre as turmas, bem como aulas especializadas de educação ambiental. As hortaliças plantadas e adubadas com o húmus que separam da vermicompostagem são regadas com água da cisterna, colhidas e depois saboreadas por eles. Surgiu assim o termo os “Cuidadores da Natureza”, pois as crianças protagonizam todo o processo, compreendendo a interdependência dos seres vivos e destes com a natureza. Os espaços criados a céu aberto são estratégicos para que as atividades pedagógicas ocorram ao ar livre, como o laboratório de educação ambiental, com elementos coletados da natureza, e os brinquedos não estruturados, feitos com a reutilização de materiais, ressignificando objetos. Assim, o projeto

Alunos plantam e acompanham o crescimento das hortaliças

contribui com o movimento de mudança da cultura na relação criança e natureza. E envolve, além da criança, as famílias, o corpo docente e os funcionários. Os alunos tiveram a oportunidade de participar de eventos importantes, como a Semana Lixo Zero e a Virada Sustentável de Porto Alegre, que aconteceu em abril e teve o ‘Reconectando a Infância com a Natureza’ como um dos projetos selecionados. Os eventos ajudam a reforçar o empoderamento de práticas, como o consumo consciente e o correto destino dos seus resíduos. Seguindo com a programação, pois a ação é permanente, os alunos iniciam novas atividades como a participação no projeto “Ser Criança é Natural”. A dinâmica consiste na troca de caixas com elementos da natureza de diversas regiões do país. As crianças montam a caixa com amostras da natureza da escola e, como em um amigo secreto, recebem outra caixa. Também foi realizada

uma parceria com a Re-Ciclo, que é beneficiada com as cascas de frutas que sobram do lanche e que os cuidadores da natureza depositam em um balde. A empresa faz compostagem e, em troca, a escola recebe mudas de plantas e adubo.

Receita de sucesso • Criar um espaço permanente para o contato com a natureza. • Inserir a educação ambiental nas práticas pedagógicas de forma permanente. • Fomentar conceitos de sustentabilidade. • Incentivar a participação em eventos sobre o meio ambiente.

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e nsi no pr i va do

Estudantes pintam o muro do Santa Inês

Alunos expressaram como suas atitudes podem impactar o mundo

O mês de março contou com um desafio pedagógico para os estudantes do Colégio Santa Inês, de Porto Alegre. Nos dias 27 e 28, os estudantes realizaram a pintura dos 47 metros de extensão do muro da instituição. O espaço foi dividido em 17 painéis e contou com a participação de aproximadamente 130 estudantes do 6º ano do Ensino Fundamental e do 3º ano do Ensino Médio. Os estudantes expressaram, através de desenhos, poesias e reflexões, como as suas atitudes podem impactar no mundo. Os textos foram escritos em Português, Inglês e Espanhol. A atividade foi mais uma etapa do projeto interdisciplinar que tem como tema a Campanha da Fraternidade 2017, que aborda os biomas brasileiros e a defesa da vida.

Aulões interdisciplinares no La Salle Canoas O Colégio La Salle Canoas, de Canoas, tem desafiado seus professores a realizarem aulas interdisciplinares. Os chamados “aulões” têm ocorrido no auditório da escola com a participação de docentes de vários componentes curriculares. Um dos projetos interdisciplinares de referência para os “aulões” é o ‘Energia’, no qual os alunos realizam pesquisas e fazem o monitoramento energético de suas residências. Os resultados são apresentados e transitam pelos diferentes componentes curriculares, mostrando como o conhecimento e seus conteúdos estão entrelaçados e são tecidos pelas diversas disciplinas.

Rainha do Brasil investe em formação continuada Neste ano, o Colégio Rainha do Brasil de Porto Alegre está desenvolvendo projeto de Formação Continuada chamado ‘O Projeto de Vida’. A iniciativa é voltada para os alunos da Educação Infantil ao Ensino Médio. O objetivo é permitir o desenvolvimento pessoal dos estudantes, para que construam competências humanas nobres e sustentáveis. “Acreditamos que assim, alunos e professores desenvolverão seu projeto de vida, percebendo-o como importante e necessário na formação integral, no desenvolvimento de valores que norteiam e nortearão suas escolhas, suas metas e suas ações”, acreditam os setores pedagógicos da escola.

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Alunos montaram estrutura com balas de goma e palitos

Desafio na aula de programação da IENH Os alunos do 4º ano do Ensino Fundamental Bilíngue da IENH – Unidade Oswaldo Cruz, de Novo Hamburgo, participaram de uma atividade especial na aula de Programação em Inglês, no dia 3 de março.Após assistirem a um vídeo em Inglês sobre persistência e trabalho em equipe, da plataforma CODE, os estudantes foram desafiados a montarem uma estrutura que suportasse o peso de um dicionário por 10 segundos, usando balas de goma e palitos. Conforme a professora Cristiane Ely Lemke, os grupos trabalharam com empenho e, à medida que solucionavam o desafio, auxiliavam os grupos que ainda não haviam conseguido. Após a atividade, a turma refletiu sobre o desafio e a importância de nunca desistir.


João XXIII recebe ativista e pacifista da ONU

Ingrid Soto compartilhou suas experiências

O Colégio João XXII, de Porto Alegre, recebeu em março a ativista e pacifista da ONU Ingrid Soto. A jovem, de apenas 15 anos, contou para os alunos sua trajetória e experiência. A ideia de trazê-la à escola surgiu com a campanha de doação de brinquedos e livros para os filhos dos refugiados, encabeçada pelo 5º ano do Ensino Fundamental. A questão dos refugiados está na sala de aula. Na aula de Ciências, os alunos são convidados a refletir sobre quais brinquedos e livros podem ser doados. Em História, trabalham-se questões como quem são os refugiados e por que eles saíram do seu país de origem. E a Prática Pedagógica Identidade Cidadã mobiliza a comunidade para a doação.

Igualdade de Gênero em pauta no Colégio Marista Medianeira Em novembro, os estudantes das turmas de 9º ano do Ensino Fundamental do Colégio Marista Medianeira, de Erechim, realizaram um Acampamento Filosófico. Na atividade, estudantes, pais e familiares foram convidados a debater sobre a igualdade de gênero. Após as discussões, os alunos realizaram atividades e jogos. Todos passaram a noite na escola. “A proposta do Acampamento Filosófico tem como seu objetivo geral discutir temas atuais entre pais e filhos, promovendo uma reflexão e interação nesse importante momento de transição do Ensino Fundamental para o Ensino Médio”, explicou Giovan Longo, professor de Filosofia e Sociologia e idealizador do acampamento.

La Salle São João insere robótica na grade curricular

Pais dos estudantes participaram ativamente do debate

A robótica educacional entrou para a grade curricular dos alunos do 1º e do 2º anos do Ensino Fundamental do Colégio La Salle São João, de Porto Alegre. O uso da nova ferramenta de aprendizagem se iniciou neste ano e busca contribuir para a formação dos alunos na compreensão de um mundo cada vez mais tecnológico. As aulas propõem o trabalho de competências cognitivas e socioemocionais. O propósito é desafiar os alunos a explorar ideias, levantar hipóteses, formular questões e achar soluções para as situações-problema encontradas. Os docentes participaram de treinamentos para utilizar a ferramenta.

Atividades trabalham competências cognitivas e socioemocionais

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e nsi no pr i va do

Feirinha incentiva cuidado com meio ambiente

Feira contou com plantas e mensagens de cuidado

Os alunos do 6º ano do Ensino Fundamental ao 3º ano do Ensino Médio do Colégio Nossa Senhora de Lourdes, de Farroupilha, realizaram a Feirinha do Lourdes. A atividade, inspirada na Campanha da Fraternidade deste ano, foi coordenada pela professora de Formação Humana e Religiosa Fernanda Bortolini Souto. A Feira ocorreu no dia 3 de abril. As mudas foram expostas na Praça da Igreja Matriz e a população pôde adquiri-las fazendo uma contribuição espontânea. A exposição contou com cartazes e bilhetes de motivação aos cuidados com o meio ambiente feitos pelos Jovens Voluntários do CNSL. O valor arrecadado será guardado e revertido em outras ações educativas.

Robótica no Colégio La Salle Carazinho Desde 2008, o Colégio La Salle Carazinho, de Carazinho, realiza o projeto ‘Robótica Educacional’ com alunos a partir do 3º ano do Ensino Fundamental. O objetivo é promover o estudo de conceitos multidisciplinares, como Física, Matemática e Geografia. Há variações no modo de aplicação e interação entre os alunos, estimulando a criatividade, a inteligência e promovendo a interdisciplinaridade. Usando ferramentas adequadas para a realização de projetos é possível explorar alguns aspectos de pesquisa, construção e automação.

Projeto é desenvolvido desde 2008 na escola

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Estudantes recebem seu primeiro caderno com mensagem dos pais

Tradição na Festa do Caderno da Escola Nossa Senhora do Brasil A tradicional Festa do Caderno, realizada na Escola Nossa Senhora do Brasil, de Porto Alegre, é um momento importante na vida escolar dos alunos. Os estudantes do 1º ano recebem seu primeiro caderno com mensagens escritas pelos seus pais. A entrega dos cadernos ocorreu em um evento com a participação de pais, alunos, professores e equipe pedagógica. Foi organizado um espetáculo cênico, repleto de surpresas para as turmas. Mas a surpresa maior e o momento de maior emoção foi na entrega dos cadernos, realizada pelos pais.


Bom Conselho usa cinema na prática pedagógica

Filmes trazem para reflexão problemáticas sociais e culturais

O Colégio Salvatoriano Bom Conselho, de Passo Fundo, realiza o Cine Fórum, espaço em que os estudantes fazem análise crítica de filmes e debatem sobre problemáticas sociais, culturais e históricas de um povo ou lugar. A atividade ocorre em quatro edições ao ano. Para a seleção do filme, são necessários cuidados como a adequação pedagógica ao ano escolar, o planejamento prévio, a organização da produção, a propriedade da temática e a estratégia motivacional. Também é importante ter a clareza dos elementos principais a serem destacados no debate. A escola acredita que cinema e educação são fortes aliados, pois, além do conhecimento de mundo, a cognição, a criticidade e o sentimento de cada um são mobilizados entre o real e a fantasia.

Instituto Ivoti lança nova marca Na noite de 8 de março, o Instituto Ivoti, da cidade de Ivoti, apresentou sua nova marca, que vai unificar todos os níveis de ensino da instituição. O lançamento reuniu autoridades da área da educação, membros em destaque da comunidade e representantes estudantis e contou com apresentação da orquestra Camerata Ivoti. Em sua fala, o diretor-geral, professor Everton Augustin, afirmou, que a partir de agora, todos os níveis de ensino serão gerenciados por “uma única força”. Também destacaram a importância da iniciativa o catequista Edson Reginaldo e a presidente da Associação Evangélica de Ensino, mantenedora do Instituto Ivoti, Gerda Junge.

Apresentação da Camerata Ivoti marcou o evento

Encontro reuniu jesuítas e leigos para avaliar o impacto do PAC

Jesuítas avaliam o impacto da sua missão De 20 a 24 de março, foi realizado em Lima, no Peru, o encontro organizado pela Conferência dos Provinciais Jesuítas da América Latina e do Caribe (CPAL), o ImPACtando. O evento reuniu mais de 100 participantes entre jesuítas, leigos e representantes de todos os setores e redes que formam a CPAL. O objetivo foi avaliar o impacto do Projeto Apostólico Comum (PAC 2011-2020) na ação da Companhia de Jesus no continente e incorporar, para os próximos quatro anos, elementos que foram definidos pela última Congregação Geral 36, que ocorreu em 2016. O encontro contou com a participação do recém-eleito superior-geral dos jesuítas, Padre Arturo Sosa, e foi feita a troca da presidência da CPAL com a nomeação de P. Roberto Jaramillo, da Província Colombiana.

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ARTI G O C IENTÍ F I C O

A lógica aristotélica: estratégia de novas aprendizagens Elvio Bressan Teixeira1 Guilherme Barroso Betto2

RESUMO O grande desafio no ensino é demonstrar aos alunos a significação e a aplicabilidade dos conteúdos estudados na escola em suas vidas práticas. Essa proposta visa superar a ideia de, frequentemente, o processo de ensino e aprendizagem ser mediado por processos mecânicos e pouco estimulantes. Em busca de solução, elegemos a integração das disciplinas de Língua Portuguesa e Matemática para o desenvolvimento de um projeto que mostra a Lógica Aristotélica como ponto de partida para criar um ambiente de problematizações e questionamentos desafiadores. Objetivamos que os alunos se habilitem com mais qualidade na resolução de problemas e na interpretação de textos, tendo em vista que os requisitos básicos para o entendimento dessas competências é o uso do raciocínio e o domínio da linguagem. Palavras-chave: Lógica. Argumentação. Cálculo Proposicional. 1. ASPECTOS TEÓRICOS 1.1. A LÓGICA CLÁSSICA Formalmente, a lógica, enquanto ramo da filosofia grega, originou-se com Aristóteles, por volta de 300 a.C., com a sistematização de um estudo que predominou por muitos séculos. Basicamente, esse estudo se baseia em afirmações e análise de premissas para se chegar a conclusões satisfatórias e convincentes. No período grego, a formação do cidadão incluía três disciplinas elementares: a Lógica, a Gramática e a Retórica. O estudo da Gramática era uma condição necessária para o domínio da língua, tanto

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na forma oral como na escrita. A Lógica dizia respeito aos exercícios da capacidade de argumentação, no discernimento entre os bons e os maus argumentos. Na Retórica, o ponto fundamental era o convencimento dos outros, a persuasão (MACHADO; CUNHA, 2005). Porém, muitas ideias advindas da cultura grega ainda permanecem imprescindíveis para uma adequada argumentação e organização do raciocínio lógico. Segundo Aristóteles, a lógica é o campo de atuação da razão, sendo um importante meio da ciência para adquirir e possuir verdade. Segundo o filósofo grego, raciocinar é o próprio ato da razão. Sendo assim, quando um indivíduo argumenta, ele está organizando logicamente suas ideias para, depois, tirar uma conclusão. Essa organização passa por vários intermediários, indo de uma ideia a outra e

exigindo o uso de palavras e uma adequada argumentação (ALVES, 2013). Nesse processo, percebemos que a linguagem e o raciocínio lógico exercem papel fundamental, pois é por meio dos argumentos válidos que se obtêm conclusões verdadeiras. A partir do século XVII, surgiu a Lógica Moderna, num contexto em que matemáticos começaram a questionar a Lógica Tradicional, vislumbrando um maior rigor nas demonstrações e nas provas de teoremas matemáticos. Esses questionamentos se apresentavam muitas vezes abstratos e sofisticados demais no que tange à realidade cotidiana, apresentando-se mais simbólicos do que argumentativos. Entretanto, ao contrário do que se possa imaginar, a base fundamental para a Lógica Moderna é a Lógica Clássica. Essas lógicas


não são conflitantes, tampouco a Lógi- capacidade de raciocinar, estamos nos predispondo a lidar com os mais vaca Moderna pressupõe uma negação da riados problemas do dia a dia (NIEDELógica Clássica. Na época aristotélica, Matemática e Lógica não apresenta- RAUER, 2007). vam, necessariamente, relação. A in1.2. A MATELÓGICA NO COLÉGIO fluência da Matemática na estruturação CONCÓRDIA das leis do pensamento lógico é, sem A Matelógica como disciplina na madúvida, relevante, mas é muito posterior. Observando-se a linha do tempo, perce- triz curricular do Colégio Concórdia e componente da área da Matemática be-se que a Matemática e a Lógica foram surgiu em 2016 com a proposta de criar estudos inteiramente distintos. No início da civilização grega, a Matemática apre- um espaço em sala de aula para que os sentava associação com a ciência, e a Ló- alunos, desde o início do Ensino Fundamental II, tivessem contato com degica, com a língua grega. Porém, as duas safios e problemas matemáticos reais. desenvolveram-se, nos tempos modernos, Nesse contato, eles são encorajados a de tal forma que a Lógica se tornou mais buscar soluções criativas que objetivam Matemática e a Matemática, mais Lógica o desenvolvimento do seu potencial crí(ALVES, 2013). tico, reflexivo e investigativo nas resoA evolução da humanidade e da ciência fez com que surgissem novas necessida- luções. A ludicidade, a forma dinâmica des para o homem, bem como os contex- de aula e a busca por abordar tópicos matemáticos de forma intuitiva são tos socioculturais foram adequando-se alguns dos pilares desse componente aos novos cenários característicos de curricular. Essencialmente, objetiva-se cada época. Novos problemas foram habilitar cada vez mais os estudantes na sendo criados, e esse contexto fez com que o conhecimento fosse se expandin- resolução de problemas e no desenvolvimento do raciocínio lógico. do cada vez mais. Podemos dizer que No mundo moderno, há uma necessidesde antes da Lógica Aristotélica o radade de se compreender a Matemática ciocínio e o uso correto dos argumentos como uma disciplina de investigação. foram imprescindíveis para que o ser É também importante humano evoluísse. E que o professor entenessas aptidões, ainda Matemática da que essa área seja na atualidade, são rompe os muros útil para os estudantes, recursos essenciais de forma a contribuir para a existência. escolares e passa para que compreenEm todos os caa fazer parte do dam, expliquem e orsos, o raciocínio e o ganizem sua realidade domínio no uso dos mundo real de (D’AMBROSIO, 1993). argumentos estiveum modo mais Uma metodologia ram, estão e sempre de ensino baseada na estarão presentes. A significativo” proposição de desaaplicação do raciocífios e na resolução de nio permitiu às ciênproblemas provoca o aluno no sentido cias uma grande evolução em termos de de colocá-lo num papel central e protaampliação do conhecimento, que, por gonista na construção de suas aprendisua vez, foi utilizado para desenvolver métodos e resoluções para as mais di- zagens, sem recebê-la pronta e acabada. versas questões relacionadas à existên- Por meio de problemas contextualizados é que a Matemática rompe os muros cia e à sobrevivência humana. Logo, o raciocínio é parte de nosso pensamen- escolares e passa a fazer parte do mundo real de um modo mais significativo. to, tendo papel importante na formação Essa abordagem privilegia o desenvolde conceitos e na solução de problemas. vimento de novos esquemas mentais e o Quando buscamos desenvolver nossa

aprimoramento dos já existentes, transformando a resolução de problemas em uma competência muito além da reprodução dos conteúdos curriculares. A Matelógica propicia uma compreensão da matemática mais ampla por parte do aluno. Busca-se dar uma maior significação na aprendizagem dessa disciplina. A Matemática é uma construção humana e devemos colocar os alunos em contato com essa construção. Não podemos lhes transmitir os conhecimentos prontos e acabados, tornando-os apenas reprodutores de métodos e técnicas arbitrários de resolução de exercícios desprovidos de quaisquer compreensão ou significado. A construção do conhecimento matemático deve perpassar a repetição de simbologias, fórmulas e técnicas de resolução, promovendo a construção do raciocínio lógico-matemático (MEZZAROBA. 2009). Com relação à Lógica Clássica, esta propicia o estudo do Cálculo Proposicional (ou Lógica Proposicional). Esse cálculo acrescenta à Lógica Aristotélica uma linguagem simbólica que proporciona maior precisão e expressividade. Assim como a Lógica Formal, a Proposicional relaciona os juízos de verdadeiros ou falsos entre várias proposições, independentemente do significado de cada uma delas. Mesmo sendo um ramo da Matemática, a construção e o entendimento desse cálculo requer o emprego correto dos conectivos lógicos nas proposições. Nesse campo de estudo, basicamente analisam-se sentenças compostas resultantes de operações lógicas e dos valores lógicos das sentenças (verdadeiro ou falso). 1.3. A LÓGICA COMO FERRAMENTA DE ENSINO EM LÍNGUA PORTUGUESA Através do conhecimento da estruturação do argumento e do reconhecimento dos erros mais usuais na escrita de um texto, os alunos podem observar que compreendem quando o texto tem problemas de argumentação e quando não está de acordo com a norma culta. Nas aulas de Língua Portuguesa, por

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intermédio de exercícios, como a constru- filme, buscar-se-á promover o desenvolvimento da capacidade de usar e ção de uma carta de apresentação a uma entender o discurso corretamente, idenempresa fictícia e a reescrita dessa carta, tificando construções falsas, ou seja, indescobrem a importância da construção corretas, mas com aparência de verdatextual eficaz e de comunicação clara. deiras. Espera-se desenvolver no aluno A introdução dos conceitos e das a capacidade de argumentar e compreanálises da Semântica no nono ano ender argumentos, bem como a capacimostra-se muito efetiva. No que diz dade de criticar argumentações ou texrespeito às conjunções com Sintaxe e Pragmática, desenvolve-se a impor- tos. Nos momentos que sucederem a tância dessas competências, fugin- apresentação das cenas do filme, haverá uma estruturação teórica da Lógica Fordo da leitura e da apreciação textual mal para os alunos, apresentando-lhes como ponto de partida para estudo e sua história e as bases para sua comfixação de nomenclaturas. preensão. AdicionalEste projeto de mente, serão proposintegração entre a Um aprendizado tos outros exercícios, Lógica Matemática que gere produções textuais e e a sintaxe, a semântica e a pragmática significado e aguce desafios. Serão utilizados como material na construção e na a curiosidade será de apoio recursos resolução de argumentos e problemas muito mais efetivo multimídia desenvolvidos pela Universiargumentativos vê a e significativo dade de Campinas e Lógica Aristotélica disponibilizados no como aliada à Tepara a vida do Portal M3 Matemátioria da Relevância estudante” ca Multimídia. de Sperber e Wilson, A ideia de dinâmique estudam a lógica ca para as aulas é propor que os alunos comunicacional levando em conta as solucionem os problemas em pequenos inferências implícitas, considerando e grupos. Essa concepção de ensino visa focando na relevância da comunicação. quebrar a conduta que muitas vezes 2. PLANEJAMENTO E EXECU- ocorre, que é a dependência dos alunos em receberem a resposta pronta do ÇÃO DO PROJETO professor. Essa dependência gera pouco A intervenção pedagógica inicia-se com a exibição de cenas do filme ‘Ali- significado e motivação por parte do aluno. As áreas envolvidas no projeto ce no País das Maravilhas’ nas quais buscarão intervir estimulando os alua lógica dos argumentos está presente. Após essa etapa introdutória, os profes- nos a solucionarem as atividades entre sores de Língua Portuguesa e Matelógi- si para após serem discutidas por todos. O papel dos mediadores é provocar os ca promovem um diálogo com a turma, jovens, questionado-os e estimulando-os elencando a importância e os benefícios de se estudar a Lógica Formal, incluin- para que eles cheguem às soluções medo comentários pertinentes sobre as ce- diante suas construções cognitivas e entendimentos. Nesses momentos, inclusinas exibidas. ve, solicitar-se-á que os alunos utilizem Lewis Carroll, autor de ‘Alice no País das Maravilhas’, foi um romancista, po- um vocabulário lógico formal e coerente para fundamentar suas argumentações. eta e matemático britânico que construiu Entendemos que esse formato de aula sua carreira acadêmica como professor desenvolve a autonomia e autoestima do de Lógica na Universidade de Oxford. estudante. Eles se sentem mais valoriCarroll inventou um grande número de zados e interessados em resolver novos enigmas, jogos matemáticos e de lógica. desafios. Por meio da análise dos diálogos do

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3. CONSIDERAÇÕES FINAIS Diante do exposto e dos nossos objetivos para a aplicação do projeto, percebemos que a Lógica Aristotélica pode criar muitas possibilidades para a sala de aula, perpassando a ideia de que os conteúdos trabalhados devem ter o propósito de habilitar alunos para o pensar e, também, para os exames seletivos externos. Raciocinar logicamente forma um sujeito ativo, crítico e reflexivo. De acordo com Niederauer (2007, p. 9) “o raciocínio é um mecanismo de inteligência, isto é, uma operação na qual o intelecto humano utiliza uma ou mais proposições para concluir (por meio de comparações e abstrações) quais são os dados que levam às respostas verdadeiras, falsas ou prováveis”. Um aprendizado que gere significado e aguce a curiosidade, o interesse e a criatividade será muito mais efetivo e significativo para a vida do estudante. Promover um aprendizado desafiador baseado na proposição de desafios e nas problematizações evidencia, sobretudo, benefícios no que tange à autoestima dos estudantes. 1 Graduado em Letras, professor do Colégio Concórdia de Porto Alegre e bolsista de iniciação à docência. elvio@colegioconcordia.com.br 2 Pedagogo, licenciado em Matemática, professor na Escola Municipal de Ensino Fundamental Ulisses Guimarães – Riozinho. guilhermebetto@hotmail.com

REFERÊNCIAS ALVES, Kynttino Hélvio de Freitas. Iniciação à Lógica na Educação Básica. 2013. Dissertação (Mestrado) – Universidade Federal de Alagoas, Maceió, 2013. D’AMBRÓSIO, Ubiratan. Formação de Professores de matemática para século XXI: o grande desafio. ProPosições, vol 4, N. 1, mar. 1993. MACHADO, Nílson José; CUNHA, Marisa Ortegoza da. Lógica e Linguagem Cotidiana: verdade, coerência, comunicação, argumentação. 2. ed. São Paulo: Autêntica, 2005. MEZZAROBA, Cristiane Dorst. Problemas de Lógica como Motivadores no Fazer Matemática no Sexto Ano. 2009. Dissertação (Mestrado) – Universidade de Brasília – UNB, Brasília, 2009. NIEDERAUER, Juliano; AGUIAR, Marla Fernanda de. Desafios e Enigmas: uma forma descontraída de colocar à prova seu raciocínio. São Paulo: Novera, 2007. SILVEIRA, Jane Rita Caetano da. Pragmática e Cognição: a textualidade pela relevância. Porto Alegre: EDIPUCRS, 1997.

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M E M Ó RIA

Escola São Luis Guanella completa 50 anos A história da Escola São Luis Guanella faz parte da história do bairro Ipiranga, em Porto Alegre. A instituição surgiu da fusão do Ginásio Ipiranga e do Instituto Don Luís Guanella. O Ginásio foi criado pelo então pároco, padre Mário Tarani, atendendo ao pedido da comunidade local. O bairro Ipiranga compreendia as vilas Itati, Itu, Miriam, Ipiranga, Jardim Sabará, Passo das Pedras e Beco do Butiá e tinha dez grupos escolares para o primário, com mais de cinco mil alunos. Todos os anos, cerca de 800 alunos terminavam o primário e a maioria ficava sem escola, sem possibilidade de continuar os estudos. Em 1º de março de 1967, foram abertos os cursos primário e ginasial pelo então diretor, padre Mário Tarani. Já se pensava na construção de outro prédio com mais salas; o novo prédio do curso ginasial (atual casa paroquial do Santuário Nossa Senhora do Trabalho) foi concluído em 1969. Em 1971, o Ginásio Ipiranga foi reconhecido junto à Secretaria da Educação, oferecendo cursos primário e secundário do ginasial. Doze anos após

Instituição foi fundada para suprir necessidade do bairro Ipiranga, em Porto Alegre

Instituição será ampliada com um Centro de Referência em Tecnologia Assistiva

a inauguração da escola, foi concluído o prédio atual da instituição, ao lado do antigo, com maior capacidade física. Em 1994, foi dada entrada junto ao Conselho Estadual de Educação no processo de instalação das séries do Ensino Médio. Em 2011, em decorrência do ano de canonização do seu fundador, a escola passou a se chamar Escola São Luis Guanella. Atualmente, a instituição atende da Educação Infantil ao Ensino Médio, contando com uma equipe capacitada de educadores, administradores, funcionários e religiosos da congregação Servos da Caridade. Segundo a diretora pedagógica Ângela Rimolo, a instituição “tem como missão educar e evangelizar a pessoa humana, através dos princípios da pedagogia do amor providente e preventivo, promovendo-a em todas as dimensões, segundo as potencialidades do indivíduo”. “Em coerência com a pedagogia de São Luís Guanella, a escola é o lugar onde se educa integramente e preventivamente a criança, o adolescente e

o jovem”, complementa. Para o futuro, ela afirma: “Queremos ser referência de instituição de ensino, perpetuando sua missão na sociedade, visando à promoção humana em sua plenitude”. Na comemoração do cinquentenário, no dia 1º de março, foi celebrada missa de ação de graças pelo bispo auxiliar da arquidiocese de Porto Alegre, dom Leomar Brestolin, pelo provincial dos Servos da Caridade, padre Mauro Vogt, e pelo padre Marcos Sandrini. O momento contou com a presença de toda a comunidade escolar e seus colaboradores. Logo após, foi oferecido um coquetel a professores, religiosos, funcionários e representantes da comunidade escolar. Outro destaque da programação de aniversário será a participação da escola no Congresso Brasileiro de Educação Guanelliana, em julho, na Província Guanelliana em Porto Alegre. Além disso, a escola seguirá com uma série de atividades envolvendo todos os níveis de ensino ao longo de todo o ano letivo.

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fique por den tro

Aplicativo incentiva hábitos éticos e seguros na Internet O aplicativo iStartcare foi desenvolvido para orientar os usuários sobre as melhores práticas no uso seguro da Internet. Iniciativa do Instituto iStart, que desde 2010 atua para disseminar conteúdos sobre ética e segurança digital, o novo dispositivo tem como foco pais, filhos, alunos e professores. O iStartcare traz informações sobre as iniciativas do iStart, como o Movimento Família Mais Segura na Internet, permitindo acesso às aulas e aos webinários (palestra ao vivo) do Instituto, com dicas educativas em ética e segurança digital. Pelo aplicativo, é possível entrar em contato com a equipe de especialistas para tirar dúvidas e conhecer os procedimentos necessários para obter a certificação ‘Escola Digital Segura’. Desenvolvido pela iCapp’s, a ferramenta está disponível para as plataformas Android, HTML5 e IOS.

Para 55% dos brasileiros, o Facebook é a Internet Conforme pesquisa realizada pela Quartz, divulgada como parte do relatório ‘Internet Health Reportv0.1’, da Mozilla, 55% dos brasileiros consideram que não há nada na Internet além do Facebook. Para eles, o Facebook e a Internet são a mesma coisa. Foi feita a seguinte pergunta: “Você concorda com a afirmação: o Facebook é a Internet?”. O Brasil foi um dos países nos quais a taxa de respostas positivas foi maior: 55% dos brasileiros concordaram com a afirmação. Na Nigéria, na Indonésia e na Índia, as porcentagens de pessoas que concordaram foram 65%, 63% e 58%, respectivamente. Nos EUA, o índice foi de apenas 5%.

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Site sobre educação lança conteúdo para WhatsApp O site ‘Caindo no Brasil’, criado para dar mais visibilidade a iniciativas educacionais locais, além de organizar notícias relevantes sobre educação no mundo, apresenta um novo serviço de curadoria de conteúdos pelo WhatsApp. Através do ‘Drops Caindo no Brasil’, o assinante terá acesso a vídeos, podcasts e textos em .pdf com as melhores dicas sobre educação transformadora pelo país. O conteúdo é voltado para educadores, professores, familiares, estudantes de ensino médio ou universitários. O ‘Caindo no Brasil’ começou com uma viagem de cinco meses de ônibus pelo país para conhecer realidades brasileiras e iniciativas que fazem a diferença na educação. Atualmente, é um negócio social que busca dar luz a esses projetos educacionais a partir de diversos produtos e serviços. Mais informações em www.caindonobrasil.com.br/drops.


vitrine

Peper oferece seguro diferenciado às escolas O Seguro Escolar PEPER – Proteção Escolar Permanente é um seguro de acidentes pessoais completo, com pagamento ou reembolso das despesas médico-hospitalares e odontológicas em caso de acidente com alunos, professores e funcionários, além dos serviços exclusivos como professor particular, aula de reforço, transporte para fisioterapia e transporte para frequentar as aulas. Outro diferencial é o cartão de identificação do aluno personalizado, com QR Code, logotipo da escola e foto. O PEPER disponibiliza também cobertura de Assistência Empresarial, que protege o estabelecimento de ensino em casos de acidente, oferecendo serviços como limpeza da caixa d’água, hidráulica, eletricista, segurança e vigilância, reparo temporário de telhado, entre outras, sem custo adicional. A escola pode contratar separadamente, como diferencial, a cobertura de Responsabilidade Civil, Danos Morais e, inclusive, a cobertura de bullying. Mais informações: www.peper24horas.com.br.

CDL POA oferece serviço de cobrança às associadas Com a expertise de mais de 50 anos, a CDL Porto Alegre é referência em serviços de análise, concessão e recuperação de crédito, informação, prospecção, reativação e gestão para clientes de todos os segmentos. Visando alavancar a performance de todo o ciclo do negócio, faz a gestão de recebíveis utilizando as melhores estratégias e tecnologias para buscar a quitação de dívidas em atraso. Assim, a CDL Cobrança está entre os serviços mais importantes nas etapas de crédito e foca, diretamente, a recuperação das perdas causadas pela inadimplência e o resgate de consumidores ao mercado. Mais informações sobre essa e outras soluções, ligue para (51) 3017-8000 ou 8001.

Plataforma Elefante Letrado amplia acervo Desde o mês de abril, a Plataforma Elefante Letrado conta com a parceria de mais oito editoras em seu acervo. Obras de Abacatte, Artes e Ofícios, Callis, Edelbra, Inverso, Lê, Peirópolis e Piu se somam aos volumes da Projeto, da Iluminuras, da Highlights e da Globo. Com as novas aquisições, a ferramenta conta agora com 549 títulos em português. São diversos gêneros, para todos os níveis da Plataforma. “A diversidade de editoras, gêneros literários e autores tem o propósito de garantir a ampliação do acervo cultural dos estudantes, que, navegando na biblioteca, passam a conhecer mais sobre a pluralidade do mundo letrado”, explica a CEO da empresa, Mônica Timm de Carvalho. Saiba mais sobre a plataforma em: www.elefanteletrado.com.br.

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