Edição 114

Page 1

Uma publicação do SINEPE/RS

Nº 114 / Ano XIX / Fevereiro - Março 2016

20 ANOS DE LDB: AVANÇOS E DESAFIOS PARA A EDUCAÇÃO

ENTREVISTA

Secretária de Educação na Finlândia fala sobre a reforma do ensino no país

EDUC AÇ ÃO SUPER IOR

Principais tendências para a aprendizagem nos próximos anos


Josias Alves Muniz Junior Professor Pirapora, Minas Gerais

AF an Educação em Revista 42x27cm - Institucional SPE 2015 - Prof Josias.indd 1


MAIS DO QUE UM MUNDO MELHOR PARA NOSSAS CRIANÇAS, QUEREMOS CRIANÇAS MELHORES PARA O MUNDO.

A educação tem o poder de transformar a realidade. É isso que estudantes de Pirapora, Minas Gerais, estão descobrindo com o Projeto Terra: Vida que Pulsa. Desenvolvido há 14 anos pelo Colégio Santíssimo Sacramento, conveniado ao Sistema Positivo de Ensino, o projeto promove a reciclagem e o uso racional da água, por meio de projetos e ações desenvolvidas no dia a dia da escola, além de colaborar com o trabalho de uma cooperativa local de catadores. Dessa forma, mais do que aprender sobre sustentabilidade e geração de renda, os alunos descobrem que atitudes positivas podem mudar o mundo. SISTEMA POSITIVO DE ENSINO. ACREDITE NO PODER DA EDUCAÇÃO.

somospositivo.com.br facebook.com/editorapositivo twitter.com/editorapositivo youtube.com/editorapositivo

16/06/15 17:34


ENTREVISTA

Marjo Kyllönen Patrocínio:

O que podemos aprender com as escolas da Finlândia P o r C a r i n e F e r n a n d e s (t r a d u ç ã o: M i r e l a M o t t a)

4

Erkki Kyllönen / Divulgação

Q

uando se pensa em educação de referência, a Finlândia é um dos primeiros países a serem lembrados. O fato de estar entre os melhores do mundo, segundo o PISA (sigla em inglês para Programa Internacional de Avaliação de Alunos, exame realizado pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico), não é motivo de acomodação para o pequeno país, que tem um pouco mais do que cinco milhões de habitantes: recentemente foram anunciadas mudanças radicais no ensino, no qual as disciplinas, ensinadas de forma isolada como conhecemos hoje, perdem espaço para um trabalho interdisciplinar, com foco no aluno. O motivo? “Estávamos ensinando a partir de um contexto de mundo que não existe mais e nossos alunos estavam cada vez mais desmotivados para irem à escola”, explica a secretária da Educação de Helsinque (capital da Finlândia), Marjo Kyllönen, uma das grandes líderes desse projeto. Educação em Revista conversou com Marjo por e-mail para entender um pouco mais sobre como está ocorrendo essa mudança. Na entrevista, ela explica como foi o processo de transição, o trabalho com os professores e as famílias e traz dicas de como as escolas brasileiras podem colocar em prática um trabalho interdisciplinar. Mas adianta: “Não existe receita para a mudança. Você precisa de tempo, exemplos e, às vezes, algumas gratificações externas”. Confira os principais trechos da conversa:

Existe uma falha entre o mundo real e o funcionamento da escola”


Pablo Jacob / Agência O Globo

Educação em Revista - A partir de 2016, a Finlândia inicia uma reforma no ensino, focando em projetos interdisciplinares. As disciplinas tradicionais vão desaparecer? Na prática, como será esse novo modelo de ensino? Marjo Kyllönen - Nós temos uma centralização nacional de currículos e regulamentações dos assuntos tratados nas escolas. As disciplinas tradicionais não irão desaparecer, mas a abordagem será diferente. Todos os conteúdos devem ser ensinados, mas não precisam ser tratados separadamente. Os objetivos são definidos em um nível generalizado que dá aos atuantes locais liberdade para desenvolver suas práticas educacionais e seus currículos. Há também a possibilidade de organizar toda a base fundamentada do currículo com uma abordagem holística. O sistema educacional Finlandês é bastante descentralizado e dá liberdade para as autoridades locais decidirem sobre seus currículos. Em nível nacional, cada criança na escola precisa ter ao menos um período inteiro de ensino interdisciplinar. Em Helsinque, onde eu trabalho, nós teremos ao menos dois tipos desta modalidade. E existirão escolas que irão basear todo o seu processo de ensino e aprendizagem nesta abordagem. Desenvolver as escolas como comunidades de aprendizagem, enfatizando a alegria de ensinar e uma atmosfera colaborativa,

assim como promover a autonomia dos mudou e precisávamos remodelar nossa estudantes tanto no ensino como na vida escola e nossas práticas. Nosso ambiente escolar são alguns dos principais objetivos está mais completo e multicultural. Além nesta reforma. Isso requer uma abordagem disso, as pesquisas atuais nos mostram que diferente em planejamenos alunos estão menos to e instrução para elevar motivados do que eram O modo mais o processo de ensino e antes para ir à escola e avaliação. O papel do aprender – existe uma eficiente de aluno é ativo durante todo falha entre o mundo mudar as o processo, e os profesreal e o funcionamensores precisam planejar, to da escola. Por isso, práticas da trabalhar e evoluir juntos. precisamos redesenhar sala de aula nossa educação para ir Por que essa mudanao encontro das necesé quando os ça radical na organisidades da sociedade professores zação do currículo? do futuro, prover aos Quais eram os probleestão ensinando nossos alunos as compemas que vocês estavam tências necessárias para outros enfrentando? o futuro. Nosso sistema de ensino professores” e suas práticas foram deNo Brasil, muito se senhados de acordo com discute sobre interas necessidades industriais da época. Era disciplinaridade, as escolas buscam tempo de produção em massa, profissões essa prática, mas relatam que não é específicas e um mercado de trabalho esuma tarefa fácil, ainda mais porque os tável. Obediência, seguimento de regras, professores não ficam tempo integral ser suficiente, agir por si próprio, fazer na escola. Na sua opinião, e a partir da várias coisas ao mesmo tempo, no mesmo larga experiência de vocês nessa área, lugar e da mesma maneira – eram as quapor onde nós podemos começar para lificações relevantes para a época de prodar início a um trabalho mais interdução em massa. Este mundo não existe disciplinar nas nossas escolas? mais.Entendemos que não poderíamos Isso requer uma nova abordagem em continuar da mesma maneira, o mundo planejamento, ensino, aprendizagem e avaliação. Quando nós conversamos com os professores que já estão colocando isto em prática, eles disseram que no início requer mais tempo e planejamento, mas no final libera mais tempo para o professor dar um ensino individual para cada aluno. O tipo de ensino é motivado pelos alunos – eles entendem o que estão aprendendo e como isto está conectado com a vida real deles. Quando os alunos estão entusiasmados, os resultados do ensino são melhores e o gerenciamento da classe é mais fácil. As escolas podem começar fazendo pequenos experimentos, foi desta forma que começamos. Eu encorajo nossos diretores e professores a entregar algo novo, por exemplo, uma vez por uma semana. Você não precisa mudar todo o sistema de uma só vez, pode começar com pequenos passos – desde que eles estejam te guiando para a direção

Educação 5


correta. De acordo com a nossa experiência, é preciso guiar as escolas e professores que estejam prontos para fazer as coisas diferentes, e então escolas poderão ser modelos para outras escolas e professores. O modo mais eficiente de mudar as práticas da sala de aula é quando os professores estão ensinando outros professores (assim como de diretores para diretores).

Erkki Kyllönen / Divulgação

Os professores tiveram resistência para trabalhar neste novo formato de ensino? Como isso foi superado? Para os professores, esta é uma grande mudança se você ficou preso no passado. Claro que houve dúvidas e medos de como colocar isso em prática – mas em geral eles entenderam a necessidade de mudar a prática em sala de aula. Não existe receita para a mudança. Você precisa de tempo, exemplos e, às vezes, algumas gratificações externas. Nós investimos no desenvolvimento do chamado ‘modelo de coensino’, em que ao menos dois professores

planejam, ensinam e avaliam juntos com o mesmo grupo/classe. Neste novo trabalho os professores passaram a ser avaliados com feedback da própria classe. Como isso ocorre na prática? Antes disso já existia algum método de avaliação de professores? Iniciamos de verdade esta renovação em agosto de 2015, então ainda é um pouco cedo para responder. Mas já temos modelos. Por exemplo, no final de cada período pode existir uma discussão conjunta na sala de aula onde os alunos são encorajados a dar um feedback para o professor, que pode ser por escrito ou falado. Muitos professores já estão fazendo uso deste formato. Temos uma longa tradição em alunos sendo os avaliadores dos próprios alunos, em que eles refletem em que vem sendo bem-sucedidos e em que precisam melhorar. O mesmo pode ser feito quando for dado um feedback ao professor. Nas escolas que já aplicam essa forma de trabalho, em Helsinque, quais os resultados percebidos na aprendizagem e no comportamento dos alunos? É mais motivador para os alunos porque eles entendem o que e por que estão aprendendo. E quando você está entusiasmado em aprender o gerenciamento da sala de aula não é um problema. Como um dos nossos alunos me disse uma vez: “Agora eu entendo por que estou aprendendo, como eu posso afetar a minha própria aprendizagem, é minha responsabilidade”. Como é o envolvimento da família nesse trabalho? De acordo com o nosso currículo geral, os pais devem ter a oportunidade de fazer parte das atividades escolares e de construção do currículo. Nós temos várias formas de inclusão dos familiares. Em alguns distritos os pais são mais ativos que em outros, mas trabalhamos arduamente para que eles façam parte da nossa sociedade escolar. Um exemplo de envolvimento dos pais: temos em diversos distritos o chamado “Dia da presença na escola” quando os papéis de

6

alunos, professores e familiares mudam. Qualquer um pode ser o professor e ensinar novas habilidades aos demais. Qual será o conceito de avaliação neste novo projeto? Vão abolir o sistema tradicional de notas? Nossa Educação Básica compulsória é de 9 anos. No final desse período todo mundo recebe o tradicional boletim com as notas. Até a oitava série você não precisa entregar as notas, fica de acordo com a vontade das autoridades locais. Para os primeiros e segundos anos você precisa usar outro tipo de método de avaliação, diferente das notas tradicionais. No processo de avaliação nós enfatizamos mais o processo de ensino em si do que o resultado final. E para isso são necessários novos tipos de métodos de avaliação. Nós ainda estamos em um processo de desenvolvimento do chamado “e-portfólio” de cada aluno, em que o foco é o processo de aprendizagem. Na sua fala (inclusive o tema da sua palestra no evento Educação 360, em setembro do ano passado, no Rio de Janeiro, fala disso) a senhora cita bastante o termo “escola do futuro”. Como é essa escola? Na escola do futuro o ensino acontece em qualquer lugar e todos os lugares são locais de aprendizagem. O foco está no significado de ensinar e nas habilidades do século 21. Promovemos a participação dos alunos em um papel ativo no ensino e aumento de suas habilidades sociais e colaborativas. Escola do futuro, em sua melhor definição, é a escola onde todas as crianças estão amando a aprendizagem, felizes e motivadas, inspiradas. Aprender na escola faz sentido para elas, estão aptas para o que elas quiserem fazer, estão enfrentando o seu futuro com uma mente valente e criativa.

• Confira mais detalhes sobre a escola do futuro • Leia a entrevista em inglês: educacaoemrevista.com.br


20 anos de LDB: o que as escolas ainda precisam aprender com a legislação 22

TENDÊNCIAS Qual o futuro da educação superior?

GESTÃO Por que a sua instituição precisa de marketing digital

14

IN TERDISCIPLINAR

18

O sono e a relação com a aprendizagem

ESPECIAL 20 ANOS Como a escola absorveu a tecnologia nessas duas décadas?

DICA DE MESTRE

10

A interdisciplinaridade e a tecnologia na Matemática

LEGISLAÇÃO A Base Nacional Comum e o currículo da escola

OPINIÃO Como cumprir com o que foi planejado?

CULTURA Por que ser bilíngue nos dias de hoje?

ARTIGO CIEN TÍFICO

SAL A DE AUL A O incentivo à pesquisa na Educação Superior

16

12

20 21 30 31

Gestão da escola: novos tempos para as instituições de ensino

36

MEMÓRIA

39

Escola Notre Dame Menino Jesus celebra 75 anos

Educação 7


EDITORI AL

20 anos de Educação em Revista Este é um ano especial para a Educação em Revista e o SINEPE/RS. Em agosto, completamos 20 anos de circulação nas escolas, faculdades, centros universitários, universidades e mantenedoras do ensino privado do Rio Grande do Sul. São duas décadas de produção ininterrupta, em que bimestralmente chega aos leitores uma nova publicação, recheada de conteúdos que fazem parte do dia a dia escolar. Temos muitos motivos para comemorar, especialmente com você, leitor, que é a razão da nossa existência. Por isso, preparamos uma série de surpresas para você neste ano. A começar por esta edição, que inaugura o especial “Educação em Revista 20 anos”. Ao longo das seis edições de 2016 vamos trazer alguns dos principais temas em discussão na educação hoje e 20 anos atrás, como tecnologia, gestão escolar, sistema de ensino, aprendizagem, entre outros, para analisar como eles evoluíram nessas duas décadas, relembrando as edições em que foram destaque na Revista. Outra ação comemorativa será o lançamento do acervo virtual com todo o conteúdo da Educação em Revista, desde a edição número 1. E tem mais surpresas para nossos leitores, mas como o nome já diz, é “surpresa” e não podemos revelar agora! Mas não é só a Educação em Revista que está completando 20 anos! A principal lei da educação brasileira, a LDB, também! E por isso, a reportagem de capa traz um histórico das mudanças dessa legislação e uma análise do quanto a lei contribuiu para o avanço da educação no país e como as escolas e as instituições de ensino superior vêm aplicando, de fato, essa legislação. Outro destaque desta edição é a seção Gestão, que traz especialistas para explicarem por que a sua instituição precisa de marketing digital e como as novas ferramentas da web auxiliam na captação e retenção de alunos. Na Educação Superior, duas reportagens em destaque: tendências para o ensino nos próximos anos e uma análise sobre por que a pesquisa científica não conquista mais tantos alunos da graduação. E na seção Interdisciplinar, um convite para você pensar no sono dos seus alunos! Sabia que já tem escola em Porto Alegre postergando o começo das aulas para melhorar a aprendizagem dos estudantes? Confere lá! Além de matérias, reportagem e entrevista, essa seção tem ainda os projetos em destaque em escolas e faculdades na seção Ensino Privado, uma análise detalhada sobre a Base Nacional Comum Curricular (BNCC), artigo científico, dicas de cultura, entre outros assuntos. Ótima leitura! Carine Fernandes Editora da Educação em Revista

8

Expediente Edição: Carine Fernandes (MTB 15449) Produção: Carine Fernandes e Patrícia Gastmann (MTB 15336) Reportagens: Carine Fernandes, Adriana de Barros Machado (MTB 7616), Manoela Andrade (MTB 13648) , Vívian Gamba (MTB 9383) e Wagner Miranda. Capa: Getty Images Diagramação: Prya Estúdio de Comunicação Conselho Editorial: Prof. Osvino Toillier, Prof. Hilário Bassotto, Prof. Flávio D’Almeida Reis, Profª Mônica Timm de Carvalho, Profª Naime Pigatto, Prof. Ruy Carlos Ostermann, Profª Ângela Ravazzolo, Profª Rosângela Florczak e Prof. Gustavo Borba.

DIRETORIA

Presidente: Bruno Eizerik 1º Vice-Presidente: Osvino Toillier 2º Vice-Presidente: Hilário Bassotto 1º Secretário: Oswaldo Dalpiaz 2º Secretário: Flávio Romeu D’Almeida Reis 1º Tesoureiro: João Olide Costenaro 2º Tesoureiro: Maria Helena Rodrigues Lobato Suplentes: 1º Suplente: Iron Augusto Müller 2º Suplente: Ruben Werner Goldmeyer 3º Suplente: Marícia da Silva Ferri

CONSELHO FISCAL Titulares: Luiz Fernando Felicetti Adelia Dannus

Suplentes: 1º Suplente: Isaura Paviani 2º Suplente: Valderesa Moro 3º Suplente: Maria Angelina Enzweiler Coordenador da Assessoria de Comunicação e Marketing: Prof. Osvino Toillier Assessora de Comunicação e Marketing: Luciana Moriguchi Jeckel Lampugnani Assessora de Imprensa: Carine Fernandes Estagiários: Diego Biracy, Jessica Almeida e Wagner Miranda.

Missão:

Representar e congregar as instituições do ensino privado na promoção de sua qualificação permanente, diferenciação e sustentabilidade.

Visão:

Ser referência como instituição no cenário educacional brasileiro, reconhecida pela eficiência na representação sindical e proposição de novos significados ao setor.

Valores:

• Compromisso com o Associado • Ética e Transparência • Competência • Cultura da Inovação • Responsabilidade Socioambiental

FALE CONOSCO Redação Cartas, comentários, sugestões, matérias: educacaoemrevista@sinepe-rs.org.br Anúncios e assinaturas E-mail: comercial@sinepe-rs.org.br Informações Fones: (51) 3213-9090 | www.educacaoemrevista.com.br ISSN: 1806-7123 Educação em Revista não se responsabiliza por ideias e conceitos emitidos em artigos ou matérias assinadas, que expressam apenas o pensamento dos autores, não representando necessariamente a opinião da revista. Por motivos de espaço e clareza, as cartas e artigos poderão ser resumidos.


IN TER NACIONAL

A educação infantil nos Estados Unidos Decidi mudar para os Estados Unidos para fazer o mestrado em Early Childhood Education. Comecei a trabalhar em um centro de pesquisa e educação infantil dentro da Florida Atlantic University, onde também estudei. Comecei como assistente de professora. Depois de formada mudei para Orange County, na Califórnia, e Washington, DC, a capital dos Estados Unidos. Nesses dois últimos fui diretora de escola. Foi muito bom, pois pude conviver com americanos de várias partes e com diferentes características. Esta minha primeira experiência nos

Betina ressalta o trabalho desenvolvido nos EUA com a primeira infância

Estados Unidos foi extremamente gratificante e enriquecedora, pois comecei o meu contato com a “Developmentally Appropriate Practice” (DAP). Numa tradução livre poderíamos chamar de Práticas Apropriadas para o Desenvolvimento. É uma linha ou filosofia de trabalho com a primeira infância que estava começando nos Estados Unidos. Aqui no Brasil, o que chamamos de construtivismo é uma parte da DAP. Como sabemos, esta linha de trabalho não é fechada e as escolas montam o planejamento de acordo com as suas necessidades culturais. No mundo inteiro existem cada vez mais pesquisas atestando a importância da primeira infância não só para a criança como também para a comunidade à qual esta família pertence. De um modo geral existe um consenso nos Estados Unidos quanto às habilidades que devem ser desenvolvidas e estão de acordo com a DAP, e são elas: usar tesouras; ir ao banheiro sozinho; usar sentenças completas de 5 a 6 palavras; conseguir contar histórias com figuras; identificar palavras que rimam; identificar alguns sons iniciais de palavras; identificar as letras do alfabeto; ouvir uma história até o fim sem interromper; ter um tempo de concentração maior; contar de 1 a 10. Mas de todos esses itens tem um que em minha opinião é o principal: competência social. Este critério já está sendo estudado há anos e comprovadamente influencia o resto da vida das crianças tanto no seu sucesso profissional quanto pessoal. Ela inclui: ter empatia com os sentimentos dos outros, resolver os seus próprios conflitos, conseguir ouvir os outros pontos

de vista, conseguir expressar as suas opiniões sem querer mandar, expressar as suas emoções de maneira adequada para a idade e momento. O conteúdo pode ser adquirido de várias maneiras, mas a competência social exige treino e diferentes estratégias. Ela permeia o currículo por meio da interação aluno/ aluno, aluno / adulto, aluno / família, resolução de conflitos e atividades nas quais as crianças têm a oportunidade de colocar os seus sentimentos de uma forma adequada. Faz parte do que chamamos de currículo oculto. O currículo oculto está presente em todas as escolas e em todas as culturas. Este currículo não está escrito, mas é passado por meio de gestos, atitudes, valores, comportamentos e percepções. E é neste currículo que se diferencia cada cultura e como a competência social será desenvolvida. É importante termos a consciência de que essa competência será crucial para o sucesso escolar e profissional de uma criança. A maneira que será desenvolvida e como será vai depender dos valores de cada cultura. Ao focar no desenvolvimento das habilidades emocionais estaremos dando a oportunidade para as crianças desenvolverem um aspecto que as ajudarão na vida futura. A importância da primeira infância é fundamental. Hoje o mundo está acordando para este fato. Este foi o meu maior aprendizado enquanto estive fora. Betina Serson

Graduada em Pedagogia com pós-graduação em Psicopedagogia no Brasil e Mestrado em Educação Infantil nos Estados Unidos.Trabalha com Psicopedagogia clínica e é autora do livro “Seja o herói dos seus filhos”.

Educação 9


ESPECIAL

A tecnologia trouxe mais facilidades e também desafios para a escola e para o professor

Como a escola absorveu a tecnologia nos últimos 20 anos? Por Vív ian Gamba

A

Educação em Revista completa 20 anos em agosto de 2016 e, entre as ações comemorativas dessa data, traz uma série de reportagens especiais com os principais temas em discussão na educação e análise de como eles evoluíram nesse período – gestão, perfil do aluno, modelo de ensino, formação de professores, entre outros. A edição número 01 abordava, em 1996, o processo de informatização pelo qual as escolas estavam passando, com a introdução de computadores e laboratórios de

10

informática. Nesta primeira reportagem da série “Educação em Revista 20 anos”, vamos conferir como foi o caminho percorrido pelas instituições, da informatização ao uso das novas tecnologias e uma análise de como é possível avançar. A coordenadora do Laboratório de Estudos Cognitivos do Instituto de Psicologia da Ufrgs, Léa Fagundes, que falou, naquela matéria de 1996 (confira no Conteúdo Online), sobre a “novidade” da época, lembra que os computadores eram máquinas muito caras, e os professores necessitavam de preparo prévio para usá-los (ou de um técnico em

informática), por isso a implantação de laboratórios. Hoje, ela avalia que os resultados foram variados, mas o mais importante (e preocupante) foi que a educação não mudou. “O currículo não mudou, a didática continua tradicional. A escola continua sendo a instituição da era da revolução industrial, não a da revolução cibernética”, lamenta Léa. O professor de filosofia da PUCRS Jayme Paviane sugeriu, há 20 anos, na mesma reportagem, que “a nova escola não teria somente que transmitir conhecimento, mas ensinar o aluno a procurar o conhecimento onde ele já existe e aplicá-lo”. Nada mais


atual. E será que as instituições adotaram, de fato, essa postura? A sócia-fundadora do projeto de formação de professores iPad na Sala de Aula Adriana Gandin afirma que, hoje, ninguém começa uma pesquisa sem fazer uma busca sobre o assunto na internet. “Infelizmente muitos professores questionam a forma como a pesquisa é feita; porém, ainda são poucos os que conhecem as várias formas de realizar uma pesquisa mais qualificada no Google”, alega. “Há muito que se estudar e aprender. Com respeito ao uso da tecnologia, apesar das iniciativas ainda modestas, já é possível perceber um crescimento na reflexão acerca do modelo de escola e sala de aula que insistimos em conservar.” Léa assegura que são pouquíssimas as instituições que estão “conscientemente envolvidas na revolução da Escola da Era Digital”. “Nossa esperança é que os cidadãos da nova era, crianças que hoje naturalmente convivem com a tecnologia, ajudem a realizar a transformação da escola.” Os questionamentos da professora são muitos: “Por que salas delimitadas para grupos de alunos com a mesma idade, escolaridade e rendimento? Por que períodos seccionando tratamento de conteúdos de disciplinas diferentes? Por que avaliações de respostas certas únicas e limitadas para um único conteúdo? Onde está o estímulo para problematizar novas questões?”. O professor e vice-presidente do SINEPE/ RS Osvino Toillier que, naquela época, estava à frente da IENH, de Novo Hamburgo, afirma que os laboratórios de informática foram uma busca das instituições em mostrar

que estavam em sintonia com o novo tempo. Nos próximos 20 anos, Adriana acredita que “A partir daí, as escolas passaram a migrar surgirão outras ferramentas para agilizar para novas plataformas e abrigar nova geo- processos, aproximar pessoas e produzir grafia nas salas de aula, com novos equipa- conhecimentos. “Tomaremos consciência mentos.” Segundo ele, não houve escolha. “A de que a aprendizagem não acontece apenas tecnologia se impôs, não pediu licença. Ou na sala de aula, mas também em espaços uma escola se adequava ao seu tempo ou se virtuais, museus, centros culturais e parques. colocava à margem.” Com a agilização de proPara os professores, o cessos, sobrará tempo A escola desafio foi complicado, para o que é realmente continua sendo tanto para dominar as importante: as pesquisas, novas tecnologias como o compartilhamento a instituição da assimilar o fato de que de ideias, as reflexões, não são mais os únicos a era da revolução discussões e debates, as deter o conteúdo, a prover construções coletivas... industrial, não a informação. Mas, para a O mercado de trabalho professora de Geografia está a exigir, cada vez a da revolução do CEAP, de Ijuí, Eliete mais, pessoas autônocibernética”, Boger, a tecnologia foi mas que saibam resolver vista como uma aliada, problemas de forma Léa Fagundes uma vez que ampliou criativa e sustentável. sua visão de mundo. E sabemos que não é “Conseguimos acompanhar o que acontece possível criar estes profissionais sem viverno mesmo instante. Recursos que a infor- mos experiências concretas na escola.” Léa mática nos oferece tornam as práticas esco- Fagundes espera que os próximos 20 anos lares mais interessantes e relevantes.” Ela sejam o tempo de uma nova escola, de novos admite que não é fácil acompanhar a tecno- modelos de escola, de fato, com variedades logia disponível: “Procuro fazer cursos de de técnicas e seus usos. atualização, trocar experiências com colegas e aprender com meu aluno também”. A fundadora do iPad na Sala de Aula • Leia na íntegra a matéria sobre tecaposta que a formação continuada é o maior nologia na edição nº 01 da Educação desafio diante da tecnologia, “inclusive em Revista, de 1996. para rever práticas educativas, garantindo • Acesse: espaço de argumentação e discussão de educacaoemrevista.com.br assuntos variados para alunos e professor”.

Edições da Educação em Revista que trataram do tema tecnologia na reportagem de capa

Educação 11


TENDÊNCIAS

Alunos devem ser desafiados a desenvolver habilidades e competências e não apenas decorar conteúdos

Qual o futuro da educação superior? Por Adr ia na de Ba r ros Machado

A

s instituições da educação Mas não é só isso. Para Stavros P. superior passarão por gran- Xanthopoylos, vice-diretor do Instituto des transformações nos pró- de Desenvolvimento Educacional da ximos anos. Especialistas Fundação Getulio Vargas (IDE/FGV) e apontam mudanças signifi- vice-presidente da Associação Brasileira cativas e irreversíveis na aquisição do co- de Educação a Distância (Abed), a prinhecimento. Seguindo tendências mundiais, meira graduação será mais curta. O aluno irá trabalhar com os desafios do dia a dia a sociedade – e o mercado de trabalho – vão da profissão, e os modelos de ensino vão exigir do aluno empenho para aprender e não apenas passar de ano. Nunca a proativi- se aproximar das tomadas de decisões. “Algumas disciplinas servirão para treinar dade estará tão em evidência.

12

o cérebro em relação ao pensamento crítico e na realização de pesquisas”, diz. O currículo será construído ao longo do tempo e das necessidades práticas. “Na maioria das vezes o estudante não entende a utilidade daquele conhecimento nos ciclos básicos.” Ele afirma ainda que as aulas de vídeo, e em tempo real, serão como se o professor estivesse presente. “Serão momentos de alto valor agregado. Jogos, simuladores ou laboratórios


Presença cada vez maior da EAD virtuais vão se intensificar cada vez mais. a atenção é fundamental. “É muito fácil Daqui a alguns anos, a universidade E em todas as áreas, da administração até você se dispersar quando está com um provavelmente não funcionará durante a saúde”, revela Stravos. celular, tablet ou computador. Facilitar a quatro horas e em cinco dias da semana. Alunos de educação superior na Europa, navegação e mensurar o que o aluno está O aluno poderá escolher por exemplo, já acessam fazendo quando ele está online é fundaentre fazer disciplinas 40% das horas de sala de mental.” Criar mecanismos para que o O futuro é presenciais ou a distânaula em um clique nos professor acompanhe passo a passo o dar maior cia, ou os dois juntos, computadores, tablets desenvolvimento de cada um também é assim como o tempo de ou smartphones. Com outro desafio, na opinião de Hipólito. flexibilidade e duração. “Nos Estados isso, estão surgindo no autonomia para Unidos, Canadá e mundo novas formas de • Saiba mais sobre os papéis dos Europa isto já acontece. distribuição de ensino, quem estuda”, alunos e professores no futuro No Brasil, temos a oferta metodologias e modelos de cursos híbridos. O de aprendizagem como Oscar Hipólito • Conheça os números da Educação a Distância no país futuro é dar maior fleMoocs, adaptative lexibilidade e autonomia arning e metodologias • Confira o relatório Analítico da para quem estuda”, antecipa Oscar. ativas. “As universidades precisam rever Aprendizagem a Distância no Brasil, O reitor diz ainda que o desempenho seu papel e retomar o protagonismo feito pela Abed de quem opta pela EAD vem melhorandessa discussão. Para isso, terão de sair • Acesse: do ano após ano. Porém, acrescenta que de sua zona de conforto e buscar mudaneducacaoemrevista.com.br o material precisa ser adequado. Prender ças e inovações”, ressalta Carlos Longo, pró-reitor acadêmico da Universidade Positivo e diretor da Abed. Ele acrescenta que desenvolver competências e habilidades se tornará cada vez mais importante. Em termos globais, as universidades vão construir conhecimentos em redes com a participação de alunos de vários No exterior, nos próximos cinco anos, as instituições países ao mesmo tempo. “Isto aconteeducacionais irão investir em armazenamento na nuvem; ceu no mapeamento do DNA, e cada país ficou com uma parte”, disse. Outro grande desafio para instituições e líderes educacionais, segundo Stravos, é o de A sala de aula servirá como espaço de discussão e integrar a didática, a tecnologia e a neuresolução de problemas; rociência. “Quem tiver esta preocupação estará na vanguarda”, diz. Diante desse cenário e com tantos reJogos, simuladores ou laboratórios virtuais vão se cursos à disposição, como fazer para que intensificar cada vez mais em todas as áreas, da se aprenda mais e melhor? Na opinião do PLAY GAME administração até a saúde; vice-presidente acadêmico da Laureate Brasil e reitor da Universidade Anhembi Morumbi, Oscar Hipólito, esta é a grande Espaço cada vez maior às novas formas de dificuldade em qualquer modalidade de distribuição de ensino, metodologias e ensino, seja presencial ou a distância, ou modelos de aprendizagem como Moocs, ainda com o uso de recursos tecnológiadaptative learning e metodologias ativas; cos. “O melhor método não é o único para todos, até porque temos diferentes regionalidades no país. Além disto, exisO aluno poderá escolher entre fazer disciplinas tem pessoas que estudam no turno do dia, presenciais e/ou a distância, assim como o tempo de e, outros, à noite. Não podemos oferecer duração. tudo igual, provavelmente vamos falhar no ensino”, diz ele.

O futuro do ensino superior:

O papel das instituições educacionais

Educação 13


GESTÃO

Canais de comunicação digital auxiliam na construção da marca e na captação de novos alunos

Por que a sua instituição precisa de marketing digital Por Manoela A ndrade

É

cada vez maior o número de escolas que estão apostando em recursos digitais para melhorar a sua comunicação com pais, alunos, professores, funcionários e famílias em potencial. O avanço da tecnologia e sua presença cada vez maior na vida das pessoas fazem com que o setor educacional invista em marketing digital. Martina Scherrer, publicitária e sócia-diretora da Cinco Marias Agência Digital, salienta que para aperfeiçoar a presença nos meios online, as instituições de ensino devem traçar uma estratégia, identificando o seu

14

público, onde ele está na Internet e qual é o momento e qual a linguagem mais apropriados. “Na maioria das vezes, ao investir em meios digitais de divulgação, os principais objetivos das instituições de ensino são a construção de marca e as matrículas”, afirma. A especialista sugere que as instituições de ensino criem um site ou hotsite otimizado, para que alunos em potencial, no caso das matrículas, visitem uma página clara, objetiva e que contenha todas as informações que o usuário precisa. Já Gil Giardelli, professor dos cursos de pós-graduação e MBA do Centro de

Inovação e Criatividade (CIC) da ESPM e do Laboratório de Finanças da Fundação Instituto de Administração (FIA), lembra que além de utilizar os recursos digitais para captar novos alunos e melhorar o relacionamento com as famílias, as mídias sociais podem mostrar os valores e os benefícios que a instituição traz para a sociedade que se insere, “conversando com pais, futuros alunos, famílias e órgãos públicos e trazendo através de seu corpo docente artigos que façam uma reflexão ao momento atual do mundo e do Brasil”. Nem sempre, porém, ter uma boa presença


digital significa estar em todas as redes sociais, conforme Soraia Lima, consultora de mídias digitais e coordenadora do curso de pós-graduação de BrandedContent do Senac/SP. O ideal, segundo ela, é que as instituições compreendam os aspectos que envolvem a web 2.0 – interatividade e cooperativismo – e estejam nas mídias sociais que são importantes para o negócio e para o público. “Se eu tiver uma instituição de ensino que atenda apenas adolescentes, seria interessante ter um site bem estruturado e de fácil navegação para pais e alunos, grupos de WhatsApp para interagir com pais e uma conta no Snapchat para conversar e postar informações para os alunos. Ou seja, ferramentas certas para a audiência certa”, ensina. Entre os benefícios em apostar no marketing digital Soraia destaca os recursos de anúncios mais em conta do que os tradicionais e a possibilidade de direcionar de maneira mais assertiva os anúncios para o público-alvo, definindo idade, gênero e região que se pretende atingir. “Dependendo de como a ação é pensada, o contrário também pode acontecer, ou seja, o seu conteúdo pode viralizar e atingir um número de pessoas que sequer você imaginava”, explica. Martina afirma que o marketing digital vale a pena por ser muito dinâmico e possibilitar uma mensuração avançada de resultados e investimentos iniciais mais baixos que os meios

tradicionais de publicidade. “Os meios digipara que essas empresas consigam atingir tais estão cada vez mais presentes na vida das seus objetivos de marketing e comunicação pessoas e interligados com os meios off-line, de maneira mais assertiva.” tornando inviável para o anunciando ficar Em relação às tendências para a comunide fora destes meios.” Gil comenta que não cação digital em 2016, Soraia aponta duas estar presente no mundo digital é dispensar que estão se desenvolvendo nos últimos dois um potencial de crescimento muito grande. anos: Streaming, ou seja, vídeos e músicas “O marketing digital em tempo real, e Branded é a ideia de oferecer Entertainment, que são Nem sempre ter um serviço, produto conteúdos produzidos ou conteúdo para pespelas marcas. “As marcas uma boa presença soas interessadas nele, que souberem aproveitar digital significa e não atingir uma essa tendência terão a atengrande massa.” – e a devoção – de seu estar em todas as ção As escolas, contudo, público”, analisa. Martina devem ficar atentas a complementa as tendênredes sociais”, ideias já ultrapassacias citando o InBound Soraia Lima das, como a falta de Marketing, forma de publicoerência e diálogo cidade em que uma empreentre as diferentes estratégias e ferramentas sa se promove a partir de ferramentas de mae o pensamento de que cada meio tem a sua rketing de conteúdo, como blogs, podcasts ou finalidade. “O cliente vai falar com a emvídeos, e o uso de Big Data para estratégias presa da forma que for melhor pra ele, e não online. Para as escolas que têm interesse em mais de forma centralizada, ligando para investir em marketing digital, Gil sugere um telefone. Por isso é tão importante a emque as instituições observem, planejam e presa estar atenta a todos os seus ‘territórios’, engajam os seus colaboradores, professores, digitais ou não”, diz Martina. Já Soraia faz alunos e pais. “Na era da transparência, é um alerta: não estar no ambiente digital é fundamental ser honesto e criar um relacioalgo ultrapassado. “Ainda temos muitas namento com valores reais”, ensina. empresas e escolas que acham que o social Mas antes de começar qualquer trabalho media é moda, ou é caro, ou não rende lucro. nesse meio, algumas perguntas são neTrata-se de compreender um novo contexto cessárias, segundo Martina: o que se quer anunciando na Internet? Quanto tenho para investir? Com quem quero falar? Onde esta pessoa está? “Depois disso o caminho é encontrar os meios e ferramentas mais adequados às respostas e alinhar os estímulos (textos, imagens, postagens e anúncios) ao universo do público traçado. Teste tudo o que fizer sentido para a instituição que se está divulgando, meça os resultados e adapte ao que deu mais certo”, sugere.

• Confira dicas para investir em marketing digital • Conheça os recursos mais utilizados • Assista ao documentário ‘O que mudou nos últimos cinco anos’ • Acesse: educacaoemrevista.com.br Instituições devem identificar onde seu público está e criar linguagem adequada para falar com ele

Educação 15


SAL A DE AUL A

A atitude dos professores é fundamental para despertar a curiosidade sobre a pesquisa científica

Professores, os maiores incentivadores da pesquisa Por Vív ian Gamba

P

ouco mais de um terço dos alunos da Educação Superior (37,4%) participam de programas de iniciação científica no Brasil. O dado faz parte do Perfil do Aluno da Iniciação Científica, pesquisa realizada pelo Sindicato das Mantenedoras do Ensino Superior de São Paulo (Semesp) que mostra, entre outras coisas, que faltam incentivos à pesquisa no país. O diretor executivo do Semesp, Rodrigo Capelato, estima que esse número é baixo

16

“se levado em conta o potencial das instituições, especialmente das instituições de ensino superior privadas, para estimular o interesse dos alunos em relação à pesquisa científica”. O estudo apontou que 38,9% dos alunos pesquisadores da rede privada que participaram do 15º Congresso Nacional de Iniciação Científica (Conic), realizado pelo Semesp, em 2015, ainda não contam com bolsa de estudo ou financiamento. “No entanto, mais de 20% deles tem Fies. As bolsas oferecidas pelas próprias IES perfazem 14,7%. Os alunos que têm ProUni

integral somam 12,5% e ProUni parcial somente 4,7%. Outros tipos de bolsas perfazem menos de 5% de alunos.” A atitude dos professores, conforme Capelato, é que tem sido fundamental para despertar a curiosidade sobre a pesquisa científica e conscientizar os alunos da importância do desenvolvimento científico e social para o país. “O próprio aumento no número de trabalhos apresentados no Conic revela o comprometimento das instituições de educação superior e dos seus professores em contribuir para o intercâmbio de


informações científicas entre estudantes pesquisa, os salários são até melhores dos que os órgãos responsáveis pela educação do e professores e estimular a pesquisa. Mas que buscam por posições mais comuns em país se empenhassem mais em aperfeiçoar ainda há um trabalho árduo para que mais agências de propaganda.” as políticas públicas de investimento e inalunos do país inteiro sejam motivados a Capelato acredita que as principais dificul- centivo à pesquisa científica “como forma de participar mais ativamente dos programas dades para quem pretende desenvolver uma estimular cada vez mais a atividade de pesde iniciação científica.” carreira de pesquisador no país começam quisador e ajudar esses profissionais a visA formanda em Publicidade e Propaganda pelos baixos valores definidos pelo CNPq lumbrar um futuro mais promissor em suas Adriana de Lima Pedroski Gonçalves, da para remunerar os estágios de iniciação carreiras”. Adriana diz que vale a pena ser UniRitter, de Porto Alegre, é um exemplo científica durante a faculdade, e prosseguem, pesquisadora em razão dos novos horizontes disso. O interesse pela área acadêmica teódepois da graduação, pelas dificuldades que se adquire e pelo aumento do leque de rica, “que normalmente enfrentadas pelo pro- oportunidades de trabalho, “além de prover não chama muito a fissional para conseguir uma visão mais macro das problemáticas e Baixos salários atenção devido ao perfil bolsas quando decide do entendimento humano, verdadeiro mote mais prático da profissão”, fazer mestrado e dou- de toda e qualquer pesquisa”. Ela avalia para estágios segundo ela, surgiu na torado. “Infelizmente o que durante um processo de estudo mais graduação, e o incentivo cargo de pesquisador no aprofundado o pesquisador muda e suas de iniciação da coordenadora do curso, Brasil ainda não é muito sobre os mais diversos assuntos evocientífica é uma estimulado. Institutos ideias “que mostrou outro especluem. “O contato com outros pesquisadores, tro do estudo da comunicomo o INCA, o IMPA a participação em GPs, a feitura de artigos barreira para cação social na formação ou a Fiocruz oferecem que precisam ser construídos de maneira a conquistar novos acesso a esse tipo de car- serem entendidos de forma clara, toda a mode comunicólogos”, e do professor responsável reira, através de concurso vimentação que os setores de pesquisa criam, pesquisadores” pelas bolsas de pesquipúblico, restando aos pes- na faculdade ou na vida, aumentam as oporsa do PPG de Design/ quisadores atuarem como tunidades de carreira dos envolvidos.” Publicidade e Propaganda foram decisivos professores universitários, tentando concorpara o ingresso dela na Iniciação Científica. rer a bolsas para fazer doutorado, ao mesmo • Confira na íntegra a O objetivo da futura publicitária é tempo em que geram conhecimento e conpesquisa Perfil do Aluno conciliar uma especialização na área de tribuem para as universidades publicarem da Iniciação Científica Comunicação Empresarial com o mestrado os artigos científicos que lhes servem como • Acesse: na área de Design Estratégico, para no futuro base de avaliação no cenário educacional.” educacaoemrevista.com.br seguir carreira na docência. “Acredito que Para o diretor do Semesp, seria importante incentivar alunos com bolsas, mantendo o vínculo com a instituição, tem o intuito de fomentar o interesse em continuar na pesquisa e nas carreiras acadêmicas”, afirma Adriana. No entanto, engana-se quem pensa que os programas de pesquisa são exclusividade daqueles que desejam seguir esse caminho. “A crescente demanda das empresas por projetos de pesquisa e desenvolvimento estimula inclusive os estudantes que não têm como meta uma carreira universitária a se aperfeiçoar para conseguir atender às demandas do mercado depois de formados”, explica o diretor do Semesp. Na área da Publicidade, Adriana assegura que o mercado recebe o profissional de pesquisa em áreas como tendências de mercado e leituras de concorrência, sem maiores dificuldades. “Existem empresas específicas e setores dentro de agências de maior porte que absorvem esses profissionais. Para Adriana se interessou pela área da pesquisa por incentivo do coordenador de curso e do professor aqueles que se especializam nesse tipo de

Educação 17


IN TERDISCIPLINAR

Está comprovado cientificamente que falta de sono prejudica a aprendizagem

O sono ensina P o r Wa g n e r M i r a n d a

D

ormir tarde e acordar cedo é tão natural entre estudantes que a importância do sono, muitas vezes, é simplesmente colocada debaixo do travesseiro. Ou seja, esquecida. Mas é fato, inclusive comprovado cientificamente, que para aprender é preciso dormir. A falta de descanso desencadeia uma série de riscos, inclusive a dificuldade para absorver novos conhecimentos. Diante disso, como as instituições de ensino podem colaborar para que o sono seja um aliado da aprendizagem? O primeiro ponto que vem à cabeça quando pensamos neste assunto é o horário de início das aulas. Para o neurocientista, professor na Universidade do Paraná

18

(UFPR), Fernando Louzada, não há um horário ideal, por conta da variação de necessidade do sono de cada pessoa, mas alerta que o formato usado pela maioria das escolas não é o melhor. “Começar a aula às sete horas da manhã, comum em muitas escolas brasileiras, é inadequado. Este horário obriga os alunos a acordar muito cedo, o que os impede de dormir o tempo que necessitam. Atrasar o início das aulas para 8h ou 8h30 da manhã já seria um avanço”, orienta o professor, que é pós-graduado pela Harvard e estuda há mais de 20 anos o assunto. A tese defendida pelo especialista cruza Santa Catarina, chegando à capital do Rio Grande do Sul – Porto Alegre. A Sociedade

Educacional Monteiro Lobato pensou no bem-estar dos alunos e a partir deste ano as aulas se iniciam às 8h30. “Essa decisão foi tomada pensando no melhor rendimento do aluno e também na satisfação dos professores, que terão alunos mais comprometidos. Ousamos pensar diferente, pois queremos resultados diferentes”, explica a diretora da escola Cíntia Eizerik. Para fazer a mudança, foram três anos de estudo e acompanhamento do aproveitamento escolar de cada aluno. A constatação foi de que as disciplinas dos primeiros horários estavam com um rendimento menor. É o que acontecia com Amanda Toniolo, aluna do 3º ano do Ensino Médio. Ela classificava o seu rendimento como “mais lento” por ser acostumada a


dormir tarde. Louzada lembra que acordar cortisol”, explica Louzada. O cortisol é o cedo e dormir tarde é prática comum entre hormônio responsável por manter o cérebro os jovens que estão na puberdade – período em alerta. Ele é produzido pelas glândulas de transição entre a infância e a adolescên- suprarrenais, localizadas acima dos rins. A cia –, uma vez que ensua liberação ocorre por frentam dificuldades para volta de 6h30, mas o pico Começar a aula é entre 8h e 9h. “Estamos iniciar o sono mais cedo. Do ponto de vista aprendendo a respeitar às sete horas científico, para o aluno as diferenças entre os da manhã, aprender, é preciso que os alunos. A cronobiolomecanismos atencionais, gia – ciência que estuda comum em que são os diversos tipos os fenômenos biológicos muitas escolas de atenção presentes no recorrentes que ocorrem cérebro, trabalhem adeem uma periodicidade brasileiras, é quadamente. Quando o determinada – nos trouxe aluno não dorme bem, a uma nova dimensão inadequado”, atenção e, consequentedestas diferenças. Há Fernando Louzada mente, a aprendizagem pessoas que têm maior ficam comprometidas. facilidade para dormir e “Quando acordamos antes acordar cedo, outras têm do horário adequado, algumas alterações muita dificuldade”, assegura o especialista. essenciais para que enfrentemos a vigília Um estudo da Fundação Nacional do ainda não ocorreram, como, por exem- Sono – Estados Unidos – apontou os plo, o aumento da secreção do hormônio horários ideais de sono para cada idade.

Crianças de 1 a 5 anos precisam dormir de 10 a 14 horas. Já dos 6 aos 13, é recomendado de 9 a 11 horas de sono. Os adolescentes de 14 a 17 anos devem dormir de 8 a 9 horas. E adultos de 18 a 64 anos devem dormir de 7 a 9 horas. A pesquisa foi publicada no início do ano passado pelo jornal Sleep Health: Journal of the National Sleep Foundation. Como cada faixa etária precisa seguir a quantidade de horas de descanso, já se estuda a implementação de dois ambientes na escola: um para o estudo e outro para o descanso. Essa prática já ocorre em muitas escolas que possuem o turno integral e é bem vista por Louzada. “Não apenas com o objetivo de repouso, mas também para possibilitar com que o estudante permaneça mais tempo na escola para o seu desenvolvimento integral”, garante. Sua instituição dialoga sobre a importância do sono na aprendizagem? Se ainda não, fica a sugestão para começar a pensar no tema junto com a comunidade escolar!

Aprender inglês ficou mais divertido

Chegaram os livros em inglês Em parceria com a Editora

Tenha acesso a mais de 1.000 livros digitais em português e inglês! Saiba mais em www.elefanteletrado.com.br

elefanteletrado 51 3407-8090 Educação 19


DICA DE MESTRE

A interdisciplinaridade e a tecnologia na Matemática Contextualizar o conhecimento, trazer a interdisciplinaridade, despertar o interesse dos alunos e introduzir novas ferramentas no dia a dia da sala de aula tem sido um dos grandes desafios do ensino atual. O Colégio Scalabriniano Nossa Senhora Medianeira de Bento Gonçalves sempre levou este desafio aos seus docentes, incentivando-os a buscar novas formas de abordar os conteúdos apoiando-se em ferramentas tecnológicas, mas com uma experiência prática que traga significado na vida do educando. Dentro deste desafio, tive uma ideia durante uma aula da disciplina de Tópicos de Cálculo do Mestrado: explorar os conceitos do conteúdo de Funções em uma turma do 9º ano do Ensino Fundamental usando aplicações do Cálculo Diferencial e Integral em aulas práticas. Para dar conta do projeto, planejei aulas diferenciadas, que acontecem nos diferentes ambientes do colégio. No pátio, em um primeiro momento utilizamos objetos e atividades do cotidiano da turma como andar de skate ou bicicleta para criar e recriar situações em problemas Físicos que também podem ser aplicados em outros meios de transportes, explorando a noção intuitiva de Limites e Derivadas utilizando cálculo de Velocidade Média, Velocidade Instantânea, Aceleração Média e Aceleração Instantânea. Educandos que se dispuseram a ser monitores auxiliam nas atividades práticas e na coleta dos dados oriundos das medições realizadas que alimentam planilhas mais tarde transformadas em Modelos Matemáticos, o que é feito em uma segunda etapa no laboratório de informática do colégio. O software utilizado na construção dos Modelos Matemáticos é o GeoGebra. Ganhador de diversos prêmios na Europa, o GeoGebra é um programa de matemática dinâmica, feito com o intuito

20

Luiz buscou inspiração no curso de Mestrado para inovar na sala de aula

de ser utilizado em sala de aula, o qual junta aritmética, álgebra, geometria e cálculo. O GeoGebra possibilita o desenho de pontos, vetores, segmentos, linhas e funções, e, ainda, a alteração dinâmica deles, assim que terminados. Com ele também é possível inserir equações e coordenadas diretamente nos gráficos. Além disso, ele consegue lidar com variáveis de números, vetores e pontos, achar derivadas, integrais de funções e, até mesmo, oferece diversos comandos para a resolução de contas. Os resultados obtidos no aprendizado são muito positivos. O interesse nas aulas aumentou, assim como a compreensão do conteúdo abordado e, consequentemente, o desempenho escolar. A interdisciplinaridade esteve presente, uma vez que não apenas cálculos matemáticos, mas também fórmulas e conteúdo da disciplina de Física foram aplicados. Além disso, os educandos conseguiram vislumbrar em que áreas acadêmicas o conhecimento obtido poderá ser aplicado,

já despertando interesse em parte da turma pela carreira nas engenharias e docência. A Direção apoiou o projeto, pois acredita que a contextualização do conhecimento e a transcendência deste para a vida dos educandos é o real objetivo da escola, que deve estar sempre alinhada com as tecnologias atuais e na constante busca por novos métodos de envolver alunos e professores na troca do saber. Com início em 2015 na turma de 9º ano do Ensino Fundamental, o projeto em 2016 deverá estender-se para o Ensino Médio de forma a aprofundar o conhecimento dos alunos já participantes. Novas turmas também serão contempladas, objetivando repetir o sucesso alcançado neste primeiro ano letivo de implantação da ideia. Luiz Ambrozi

Professor de Matemática do Colégio Scalabriniano Nossa Senhora Medianeira de Bento Gonçalves e aluno do Curso de Mestrado em Ensino de Ciências e Matemática da Universidade de Caxias do Sul.


LEGISLAÇÃO

A Base Nacional Comum e o currículo da escola de 2016 deverá ser encaminhado para a aproAo falarmos sobre a necessidade da imvação do Conselho Nacional de Educação plantação de uma base nacional comum (CNE) o documento que apontará o que os curricular para as escolas brasileiras, é imalunos precisam aprender relacionado às portante retomar o Art. 210 da Constituição áreas do conhecimento para todas as etapas Federal, promulgada em 1988, que previu a da Educação Básica. fixação de conteúdos mínimos para o Ensino A estrutura da primeira versão da proposta Fundamental de maneira a assegurar formaapresentada para consulta pública, chamada ção básica comum e o respeito aos valores de BNCC, apresenta 12 princípios orientaculturais e artísticos, nacionais e regionais. dores para a Educação Básica, existência Em 1996, com a promulgação da Lei 9.394 de eixos para os componentes curriculares, – LDBEN, também foi mencionada no texto com exceção de Filosofia e Sociologia e legal a obrigatoriedade da presença de uma temas integradores que apenas são citados base nacional comum na organização currino material a ser impresso. Em relação à cular da Educação Básica, complementada Educação Especial, a proposta menciona por uma parte diversificada. Nesta seara, o Atendimento Educacional Especializado com o propósito de promover a reflexão dos (AEE) que deverá estar professores sobre a elainserido na proposta peboração dos planos de Será fundamental dagógica da instituição e estudos, o MEC apreo Profissional de Apoio, sentou os Parâmetros o envolvimento cuja presença em sala de Curriculares Nacionais do ensino privado aula estará condicionada (PCNs) que não previadaptação razoável e ram um modelo imposinas atividades que àavaliação periódica. tivo de conteúdos, mas vão ocorrer até o A respeito da determiapresentaram uma esnação sobre o tempo que trutura curricular com final de abril” deve ser destinado ao flexibilidade e possibitrabalho com a BNCC lidade de adaptações. e com a parte diversificada, é importante As atuais Diretrizes Curriculares Nacionais ressaltar que nem a LDB e nem a proposta para a Educação Básica (DCNs), ao aborem pauta explicitam os percentuais de 60% darem sobre o currículo, caracterizam a para a BNC e 40% para a Parte Diversificada, base nacional comum como conhecimentos, como vem sendo noticiado. saberes e valores produzidos culturalmente, Como ponderações gerais, apontamos acompanhados de parte diversificada, cuja a inexistência de tabelas ou ilustrações finalidade é enriquecer e complementar a que possam auxiliar o leitor a entender a formação dos estudantes. Complementa esse organicidade do texto, bem como a falta breve histórico a Lei nº 13.005/2014 – Plano de alinhamento de palavras: a Educação Nacional de Educação (PNE) que traz nas Física, por exemplo, é apresentada em ciclos estratégias 2.1, 2.2, 3.2, 3.3 e 7.1 a proposta e os demais componentes curriculares são de implantação de direitos e objetivos de apresentados em eixos, ou então, dimensões. aprendizagem e desenvolvimento que configurarão a base nacional comum curricular, Além disso, Direitos de Aprendizagem, em alguns momentos, parecem ter o mesmo mediante consulta pública nacional. A refesignificado que Objetivos de Aprendizagem. rida Lei menciona que até o final de junho

Divulgado no Rio Grande do Sul em novembro de 2015, o texto da proposta, que carece de objetividade e clareza, contou com pouca participação do ensino privado gaúcho. O tempo exíguo dado pelo MEC para a análise da BNCC, após inúmeras críticas, foi ampliado para o envio de sugestões até 15 de março. Nesse período, o SINEPE/ RS mobilizou as instituições de ensino a enviarem sugestões. As críticas são válidas, mas inócuas se não houver posicionamento. Independentemente do prazo, será fundamental o envolvimento do ensino privado nas atividades desenvolvidas pela Comissão Estadual, na qual o SINEPE/RS faz parte, até o final de abril, para deliberação e posterior encaminhamento das contribuições finais do RS ao MEC. Por fim, vale dizer que o currículo da escola é muito mais do que a BNCC e a parte diversificada. Ele é o mundo do conhecimento, das mediações, das alegrias e frustrações. É também o mundo da expectativa, do sonho e da magia. Então, esse documento, da maneira como está sendo proposto, formará um aluno para o imprevisível, para o transitório e para a complexidade? Naime Pigatto

Assessora pedagógica e de legislação educacional do SINEPE/RS.

Acompanhe pelo Portal do SINEPE/RS (www.sinepe-rs.org.br) a divulgação das datas das atividades e participe!

Educação 21


C A PA

Avanços na lei não trouxeram a evolução do ensino e da aprendizagem

20 anos de LDB: avanços e desafios para a educação Por Vív ian Gamba

A

promulgação mais recente da Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB), nº 9.394/96, que estabelece as diretrizes e bases da educação no Brasil, completará 20 anos em dezembro de 2016. São 20 anos e muita coisa mudou. “Foi um marco significativo na educação do país. A Lei anterior tinha por base uma escola inflexível, onde não se contemplava o necessário protagonismo de professores e alunos. Além disso, a atual Lei abre espaços para o dinamismo existente nas instituições de ensino”, acredita a presidente do Conselho Estadual de Educação

22

do Rio Grande do Sul (Ceed/RS), Cecilia Farias. Mas será que essa legislação significa realmente a evolução do ensino e da aprendizagem? O professor da Universidade de Brasília (UnB) e autor da obra “A nova LDB - Ranços e avanços”, Pedro Demo, afirma que as mudanças foram muitas, entre elas a Educação Infantil tratada de forma mais explícita, a Escola Normal Superior, que deveria, em dez anos, superar a Escola Normal (e não deu certo), a tentativa de direcionar o Ensino Médio, a formação continuada docente e o aumento do ano letivo para 200 dias, que ele acredita ter sido “totalmente

contraproducente”. Mas algo não mudou, segundo ele: o instrucionismo. “O ‘sistema de ensino’ é o mesmo, até hoje, o atual Plano Nacional de Educação. Vimos a escola pública declinar, agora também a escola particular – no Ideb de 2013, esta não só não conseguiu atingir a meta nos anos iniciais, finais e Ensino m=Médio, caiu nos anos finais e sobretudo no Ensino Médio, indicando forte crise pedagógica.” Além disso, ele aponta a formação do pedagogo e do licenciado, que “continua um desastre”: “Não se consegue fabricar um alfabetizador profissional. A ANA (Avaliação Nacional da Alfabetização)


do ano passado indicou que, após três anos, por volta de 40% das crianças ainda não estão alfabetizadas em estados mais avançados, como Santa Catarina; nos mais atrasados, como Maranhão e Alagoas, a cifra chega a mais de 80%. O aprendizado adequado de Matemática no fim do Ensino Médio foi de 9% para o Brasil, 2,8% no Maranhão, 12% em São Paulo, quase 14% no Rio Grande do Sul, cifras dantescas. Na escola, os alunos têm todas as aulas, fazem todas as provas, veem todos os conteúdos, só ‘não aprendem’”. A história Prevista na Constituição de 1934, a Lei de Diretrizes e Bases da Educação teve seu primeiro projeto de lei encaminhado pelo poder executivo ao legislativo em 1948. Depois de 13 anos de debate, foi sancionada no dia 20 de dezembro de 1961, no governo João Goulart. A Lei previa a formação mínima docente – ensino Normal para professores do primário e Ensino Superior para o nível médio –, a criação dos conselhos de educação e o ensino religioso facultativo,

um dos maiores embates. Dez anos depois, em 1971, no governo Médici, em plena ditadura militar, a Lei nº 4.024/61 foi reformada. Entre os principais destaques, trouxe a Lei nº 5.692/71 que fixou diretrizes e bases para o 1º e o 2º graus, previu uma parte diferenciada para o currículo em função das peculiaridades locais, a introdução de Educação Moral e Cívica, Educação Física, Educação Artística e programas de saúde como matérias obrigatórias, o ensino de 1º grau obrigatório dos 7 aos 14 anos, valorização da educação profissional e criação do ensino supletivo. Em 1996, surge a atual LBD, baseada no princípio do direito universal à educação, com diversas mudanças em relação às leis anteriores, como a inclusão da Educação Infantil (creches e pré-escolas) como primeira etapa da Educação Básica. Sancionada pelo presidente Fernando Henrique Cardoso, a nova Lei apresentou ainda a autonomia universitária e a educação a distância, previu a exigência de nível superior para atuar na Educação Básica e também a distribuição mais detalhada das verbas governamentais no

Professor deve considerar que a turma é composta de diferentes alunos, exigindo estratégias distintas

Na escola os alunos têm todas as aulas, fazem todas as provas, veem todos os conteúdos, só ‘não aprendem’”,

Pedro Demo

financiamento da educação. Para o professor da Universidade Candido Mendes (RJ) e autor do livro “Ensinamos demais, aprendemos de menos”, Hamilton Werneck, a LDB contempla, como a Constituição Brasileira, os direitos das minorias. “Em decorrência, negros e indígenas são contemplados com a obrigatoriedade de estudos por parte dos educandos brasileiros. Vale dizer, não teremos uma boa história se não estudarmos os elementos formadores da nossa gente.” Além disso, a Lei traz mudanças profundas no que diz respeito às avaliações do rendimento escolar, permite e incentiva a adoção de ciclos e muda os critérios em seu artigo 33 em relação ao ensino religioso – obrigatoriedade aliada à liberdade de frequência –, fazendo valer o artigo 210 da Constituição Federal. “A tendência da Lei em vigor é uma maior abertura de visão em relação à educação. Ela torna mais democrática a participação da sociedade.” Apesar de todas as reformas, o “enciclopedismo” permanece, argumenta o professor, dando como exemplo o exame do Enem. “Quanto ao currículo mínimo que apresenta mudanças maiores, há duas questões importantes: uma, a falta de debate nacional para examinar a proposta; outra, as resistências da sociedade educacional brasileira, sobretudo às questões dos estudos regionais.”

Educação 23


Possibilidade de avanço Werneck aponta avanços da LDB que permitem maior flexibilidade às escolas, e maior inclusão do que o modelo excludente praticado sobretudo antes de 1961, como: flexibilização da temporalidade das séries e a permissão de avanço se o aluno for comprovadamente capacitado, a possibilidade de organizar ciclos e de rever a educação seriada, a inclusão, a educação profissional técnica e a formação de professores. “No entanto, está longe de atingir os objetivos. As classes dominantes não aceitam com facilidade o sistema de cotas que, na verdade, deveriam ser temporárias, para não deixar a escola pública acomodada.” Outro aspecto relevante na LDB, conforme Cecilia, é atender às diferentes formas e tempos dos alunos na construção de suas aprendizagens. “Uma turma não pode ser encarada como um bloco único, e sim, composta de indivíduos diferentes exigindo diferentes estratégias que precisam ser incorporadas no cotidiano da escola”, explica. O artigo 23 abre possibilidades de organização da Educação Básica em séries anuais, períodos semestrais, ciclos, alternância regular de períodos de estudos, grupos

não seriados, com base na idade, na compara 9 anos e até hoje não sabemos para petência e em outros critérios, ou por que isto serviu. Como a alfabetização, forma diversa de organização, sempre segundo a bíblia do MEC, se dá em até que o interesse do processo de aprenditrês anos, os 9 anos viraram 7. O Ideb zagem assim o recomendar. Mas colocar mostra um efeito inacreditável de desaem prática tais mudanprendizagem neste sisteças é outra história. “A ma maluco e caduco de O ‘ensino’ operacionalização de ensino: nos anos iniciais diferentes formas de – âmbito do pedagogo –, continua o de organização da educaainda há viés de subida ção não é um processo e, para espanto geral, sempre: aula simples. A escola que em Matemática – diz-se copiada para adota organização dique o pedagogo foge de ferente da seriada, que Matemática –, mas nos ser copiada. é a mais antiga, a mais anos finais são de queda Temos, tradicional, precisa se flagrante, que vira depreparar para que, de sastre no Ensino Médio.” sim, apenas fato, o processo seja Ele cita como exemplo entendido por todos o Distrito Federal, que uma Lei de os integrantes daquela em 1995 (antes da nova ‘ensino’, não de LDB) o aprendizado adecomunidade. Significa quebrar paradigmas e aprendizagem”, quado em Matemática facilitar a ascensão dos na 3ª série foi de mais Pedro Demo estudantes na sua trajede 31%, e menos de dez tória”, ressalta Cecilia. anos depois, em 2013, Pedro Demo é taxativo: “O ‘ensino’ ficou em 17%. O Maranhão tinha 4,1% continua o de sempre: aula copiada para em 1995, que viraram 2,8% em 2013. ser copiada. Temos, sim, apenas uma “Vale a pena frequentar esta escola?”, Lei de ‘ensino’, não de aprendizagem. questiona o professor da UNB. “O PNE Aumentamos o ensino fundamental (Plano Nacional de Educação) aposta neste sistema de ensino, sonsamente. Se olhasse para os dados que o Inep produz, veria que é rota suicida. Como muita gente não aprende (aprender é praticamente excepcional), precisamos ‘recuperar’. Quem vai recuperar? Precisamente quem fez o estrago!”

Investimento no professor é a grande aposta para mudar o ensino

24

Foco no docente Demo cita o problema das licenciaturas, “que estão sempre entre os piores cursos da universidade”. “Em Física, menos de 20% dos professores não possuem curso de física... Acontece que eles estudam com gente que não estuda, não pesquisa, não elabora, não têm autoria nenhuma; não aprendem, mas acham que podem ensinar! Não é culpa dos docentes: eles fazem na escola o que fizeram com ele na faculdade.” Não se pode dizer, como defende o professor da UnB, que exista correlação linear entre desempenho docente e discente, mas há uma associação. E muitas vezes esse professor licenciado


sugere que não dá conta do recado. “Em vez de criticar o professor, é preciso ‘cuidar dele’ assiduamente. Estudante aprende com professor que aprende. Professor pode ser problema, mas é a grande (nunca única) solução.” A Finlândia traz uma experiência considerada exitosa, assim como o projeto Âncora, de Cotia (SP), monitorado por José Pacheco, idealizador da Escola da Ponte, cita Demo. Ambas indicam que é melhor resolver a questão docente: um professor bem formado e bem remunerado pode desenvolver a autonomia para garantir que o estudante aprenda bem. “Para aprender bem, o que importa é pesquisar, estudar, elaborar, exercitar autoria, produzir conhecimento próprio e isto não depende de seriação ou não, de método x ou y; as aulas devem sumir, porque são uma comprovação da inutilidade da escola atual em favor de ambientes de estudo, comunidade científica de aprendizagem, com ambientes virtuais autorais, etc.”, alega. Demo defende a introdução da educação científica já na pré-escola, alfabetização na 1ª série – “mais que ninguém o pobre precisa disso; demorando três anos, não se alfabetiza mais...” –, a participação ativa dos

A formação continuada não pode ser ‘semana pedagógica’, perfeitamente inútil. O professor precisa voltar a estudar, pesquisar, elaborar, tornar-se autor”,

Pedro Demo

estudantes na escola, e escolas Integrais. “Mas tudo isso só faz sentido se o estudante aprender. E isso não existe na escola atual. Estender uma escola ruim de quatro horas para oito resulta numa escola duas vezes ruim. O que pode mais facilmente mudar a escola é ‘outro’ professor. Sua formação continuada não pode ser ‘semana pedagógica’, perfeitamente inútil. Ele precisa voltar a estudar, pesquisar, elaborar, tornar-se autor.” Educação Superior Com a nova LDB, houve aumento do número de alunos na Educação Superior. Ao lado dela, programas de apoio aos estudantes, como o Prouni, uma substituição tributária, e o Fies, que usa dinheiro público para financiar instituições particulares mesmo com a obrigação de uma devolução por parte do aluno depois de formado, trouxeram benefícios, assegura Werneck. A educação a distância, para ele, é uma solução para um país com as dimensões do Brasil, mas é perigoso pensar que ela pode ter qualquer qualidade. “Mais à frente, um profissional com formação deficiente poderá ficar sem emprego.” A autonomia universitária é outra questão importante, avalia o professor, considerando uma falha “a visão reducionista existente neste segmento, que se fecha em si mesmo e desenvolve pouco diálogo com o Ensino Médio”. Demo fala que enquanto a LDB busca dar autonomia, o MEC e as Secretarias de Educação restringem, por não confiar no professor. “Não podemos fechar os olhos para a falta de aprendizagem no sistema todo, também na Universidade. Enquanto mestres e doutores precisam fazer uma dissertação ou tese (pesquisar, produzir um livro, defender, orientar-se etc.), esse estilo pertinente de aprendizagem autoral é negado em todos os outros níveis, inclusive na graduação. Na universidade também só temos ‘ensino’, mesmo nas Federais. Depois da aula, vamos embora. Os diplomas universitários são, como regra, peças antiquadas, para trabalhar no século passado. Os cursos de pós-graduação lato sensu não servem para mais nada – porque repetem o mesmo instrucionismo.”

Com a nova LDB houve aumento do número de alunos na Educação Superior

Uma nova LDB? Até 2024, data máxima para aplicação do novo Plano Nacional de Educação, é preciso colocar em prática o que foi mais recentemente proposto na LDB. “Não será uma outra LDB que corrigirá as lacunas. Mais importante é a formação profissional dos professores para, inclusive, conseguirem receber salários compatíveis com a formação atingida e a competência desejada”, argumenta Werneck. Para a presidente do Ceed/RS, muitas alterações já foram inseridas no texto da Lei, porque “o processo de aprendizagem é extremamente dinâmico e sempre será, por uma simples razão: lidamos com pessoas que são diferentes, pensam de forma diferente e têm diferentes expectativas para as suas vidas”. Ela destaca as alterações decorrentes da aprovação da Lei 11.274/2006, que ampliou a duração do Ensino Fundamental de 8 para 9 anos, e da Lei 12.796/2013, que estendeu a obrigatoriedade e gratuidade de escola dos 4 aos 17 anos de idade.

Educação 25


Outra alteração decorrida dessa Lei foi a exclusão do § 4º do artigo 87, que estabelecia que até o fim da Década da Educação (até 2006) somente seriam admitidos professores habilitados em nível superior ou formados por treinamento em serviço. A nova redação do artigo 62 admite, como formação mínima para o exercício do Magistério na Educação Infantil e nos cinco primeiros anos do Ensino Fundamental, a oferecida em nível médio na modalidade normal. “A valorização do curso Normal foi um ganho para a educação, considerando que as habilidades desenvolvidas nesse curso pelos futuros professores são fundamentais para o atendimento dos alunos na educação infantil e anos iniciais do ensino fundamental.” Demo acredita que a Lei da educação precisa ser modificada com o tempo, porque o tempo passa. “A questão das novas tecnologias ainda não foi adequadamente trabalhada. Enquanto as entidades particulares buscam usar – quase sempre do modo mais

instrucionista possível –, as públicas se arrastam; muitas vezes temem a EaD – não adianta porque veio para ficar, então é melhor fazer bem –, mas até hoje não está claro como construir autoria em ambientes virtuais de aprendizagem. Os textos também estão mudando: agora tendem a ser ‘multimodais’ - para além do impresso, usar imagem, som, animações, fotos..., não como ilustração, mas como argumentação. Enquanto isso, ninguém aprende Matemática!” Passados 20 anos, a necessidade não é a criação de novas regras, mas aplicar aquelas que já foram exaustivamente discutidas e estão contidas na LDB. A diretriz da educação brasileira, embora não contemple algumas questões – como as novas tecnologias – prevê uma conduta de ensino e de aprendizagem que a grande maioria não colocou em prática. Então, assimilar e colocar em prática, de fato, o que está posto na legislação, seria um bom começo. Como fala Demo, não é preciso uma nova lei. “Precisamos de aprendizagem. Ainda não inventamos isso.”

LDB não trata das novas tecnologias de forma adequada

Principais mudanças na legislação nesses 20 anos: LDB 1961 (Lei 4024/61) – Dá mais autonomia aos órgãos estaduais; diminui a centralização do poder no MEC. – Regulamenta a existência dos Conselhos Estaduais de Educação e do Conselho Federal de Educação. – Garante o empenho de 12% do orçamento da União e 20% dos municípios com a educação. – Dinheiro público não exclusivo às instituições de ensino públicas. – Obrigatoriedade de matrícula nos quatro anos do ensino primário. – Formação do professor para o ensino primário no ensino normal de grau ginasial ou colegial. – Formação do professor para o ensino médio nos cursos de nível superior. – Ano letivo de 180 dias. – Ensino religioso facultativo. – Permite o ensino experimental.

26

LDB 1971 (Lei 5692/71) – Prevê um núcleo comum para o currículo de 1º e 2º grau e uma parte diversificada em função das peculiaridades locais. – Inclusão da educação moral e cívica, educação física, educação artística e programas de saúde como matérias obrigatórias do currículo, além do ensino religioso facultativo. – Ano letivo de, no mínimo, 180 dias e 90 dias de trabalho escolar efetivo. – Ensino de 1º grau obrigatório dos 7 aos 14 anos. – Educação a distância como possível modalidade do ensino supletivo. – Formação preferencial do professor para o ensino de 1º grau, da 1ª à 4ª séries, em habilitação específica no 2º grau. – Formação preferencial do professor para o ensino de 1º e 2º grau em curso de nível superior ao nível de graduação.

LDB 1996 (Lei 9394/96) – Gestão democrática do ensino público e progressiva autonomia pedagógica e administrativa das unidades escolares. – Ensino fundamental de nove anos obrigatório e gratuito. – Carga horária mínima de 800 horas distribuídas em 200 dias na educação básica. – Formação de docentes em curso de nível superior para atuar na educação básica. – Exigência de curso de Pedagogia ou pós-graduação para atuar na gestão pedagógica. – A União deve gastar no mínimo 18% e os estados e municípios no mínimo 25% de seus respectivos orçamentos na manutenção e desenvolvimento do ensino público. – Dinheiro público pode financiar escolas comunitárias, confessionais e filantrópicas. – Prevê a criação do Plano Nacional de Educação.


OPINIÃO

Como cumprir o planejado? Ao iniciar cada ano letivo, o desafio se reúne com a direção e equipe gestora de acompanhar a execução de projetos, para relato e análise dos desdobramentos atingir metas e monitorar indicadores de previstos para o período. desempenho se renova, considerando os Sugere-se que haja um acompanhaobjetivos e estratégias previstos no planemento sistemático trimestral para reajamento estratégico institucional. Como linhamento de ações, prazos, ajustes ou se organizar para cumprir com o que foi inserções que se fazem necessários. As planejado? mudanças devem estar baseadas em Para que o planejamento estratégico se dados, fatos, argumentos discutidos com transforme em ações concretas é indisos integrantes das equipes de trabalho e pensável ser instituído um cronograma de situações não previstas inicialmente, mas reuniões, com a participação da direção e que são relevantes para assegurar o alcanlideranças de setores para o compartilhace dos resultados. mento das estratégias estabelecidas. Nelas Cabe destacar que as metas estabeletambém deve ser designacidas sejam desafiadoras do um coordenador do PE e com possibilidade de O sentimento e os responsáveis, nomiatingimento. Para tanto, a de pertencer análise de dados e de innalmente, pelos desdobramentos em projetos e ações. dicadores de desempenho e fazer a Também devem ser defini– histórico dos resultados dos prazos para realização de ciclos anteriores e os diferença e orçamento necessário referenciais comparativos desencadeia para sua concretização, a – é indispensável. fim de garantir o atingiO que fazer para que as atitudes mento de cada objetivo e metas sejam cumpridas? sua respectiva meta. O profissional responsáproativas A divulgação das esvel pelos projetos e ações, que se tratégias, dos projetos, das respectivas estratéindicadores e metas é ingias, “ser cobrado” multiplicam” e serprecisa dispensável para que toda envolvido na reflea comunidade escolar se xão sobre o andamento comprometa e saiba o que lhe compete positivo ou não daquilo que foi planejado. como atribuição e responsabilidade, parIsso implica momentos sistemáticos com ticipando nas equipes de trabalho e na o coordenador ou equipe gestora do PE consequente análise de resultados, que lhe para relatar sobre o status dos projetos, são pertinentes para o alcance das metas pois ações executadas revertem em indiglobais da instituição de ensino. Para tal, cadores positivos com consequente meta é necessário prever o tempo para monitoalcançada. rar as metas estabelecidas, mensalmente, Uma prática que gera comprometimencom os setores, lideranças e equipes de to e satisfação é o compartilhamento trabalho pertinentes, tendo a presença do visual dos indicadores globais durante o coordenador do PE. Posteriormente este processo de execução do planejamento

estratégico, expondo por meio de planilhas, gráficos, boletins informativos e murais o andamento do previsto e o realizado. Dessa forma, cada líder e suas equipes podem perceber que suas ações estão sendo computadas nos resultados globais e que isso é fruto do trabalho de cada um. O sentimento de pertencer e fazer a diferença desencadeia atitudes proativas que se multiplicam e vão consolidando uma cultura de avaliação de desempenho entre pessoas e setores que compõem a organização escolar, com visão de ajuda mútua, de prazer por atingir as metas. As metas atingidas são elementos do desempenho global, refletindo-se nos indicadores o alcance dos objetivos estratégicos de curto, médio e longo prazos e a assertividade na dinâmica de gestão do planejamento. A correlação entre o cumprimento do planejado, o comprometimento das pessoas para o atingimento das metas e análise crítica das estratégias promove uma gestão mais próxima, com definição de prioridades e direção única para todos, melhorando a comunicação e a visão sistêmica da instituição educacional. Investir tempo para acompanhar sistematicamente o desdobramento das estratégias garante o cumprimento do planejado e resultados exitosos. Experimente e comprove! Angela Schmidt

Diretora da FOCUS – Assessoria Empresarial e Educacional e consultora em Gestão do SINEPE/RS.

Educação 27


INSTITUCIONAL

Diretoria e escolas que fundaram o SINEPE/RS inauguraram a placa da nova sede

SINEPE/RS inaugura nova sede Desde fevereiro, o SINEPE/RS conta com nova sede, localizada na avenida Praia de Belas, 1212, bairro Praia de Belas, em Porto Alegre. O espaço conta com amplas salas para reuniões e eventos, permitindo que parte dos eventos oferecidos aos associados ocorram no local. “Nossa história sempre foi construída pelo associado. Esse momento não é diferente. Foi pensando em cada sócio que traçamos a meta de garantir uma nova estrutura neste ano. E realizamos com a convicção de que o Sindicato dá um passo à frente. Um passo importante em prol do ensino particular”, ressalta o presidente, Bruno Eizerik. Para marcar a inauguração, uma programação especial ocorreu nos dias 29 de fevereiro e 2 de março. No dia 29, data oficial da inauguração, houve uma confraternização com instituições associadas, parceiros e autoridades. Entre os presentes estiveram o secretário estadual de Educação, Vieira da Cunha, o prefeito de Porto Alegre, José Fortunati

28

e o presidente da Federação Nacional das Escolas Particulares, Antônio Eugênio Cunha. No dia 2 de março, ocorreu um curso para jornalistas que trabalham com pautas de educação e profissionais de comunicação de instituições de ensino. A capacitação contou com palestra do diretor do Sindicato das Mantenedoras de

Diretoria do Sindicato prestigiou o evento

Ensino Superior de São Paulo (Semesp) Rodrigo Capelato, sobre indicadores de qualidade da educação superior. No novo local, os serviços continuarão com a mesma qualidade. “O que de fato muda é a estrutura física. Procuramos um ambiente que atenda a todas as demandas de associados e funcionários”, afirma Eizerik.


Hoje o Sindicato oferece assessoria jurídica, pedagógica e de gestão. Na área jurídica, o atendimento visa orientar quanto à legislação administrativa e trabalhista. O pedagógico atua para orientar os associados na área pedagógica e de legislação educacional e planejar eventos que proporcionem reflexão das práticas pedagógicas e melhoria do desempenho das instituições. Já a assessoria em gestão (CDG) oferece consultoria e atualização contínua às instituições associadas, por meio de cursos de formação continuada. Para o vice-presidente do SINEPE/ RS, Osvino Toillier, a nova sede é apenas a base de suporte para as plataformas que a pós-modernidade impõe: “Procurando estar em sintonia com a tecnologia e, ao mesmo tempo, indo ao encontro do associado presencialmente, onde ele estiver, para auxiliá-lo em seus desafios”.

Integrante da diretoria, Flávio Reis, inaugurou a galeria dos ex-presidentes

Vieira da Cunha destacou importância da parceria público e privado

Prefeito de Porto Alegre elogiou as novas instalações do SINEPE/RS

Osvino Toillier relembrou principais momentos da história da entidade

Religiosos conduziram ato ecumênico

Educação 29


PREMIADAS

Alunos encantados pelo hábito da leitura Vencedor no 10º Prêmio Responsabilidade Social na Categoria Desenvolvimento Cultural, o projeto “Leia! Embarque nessa aventura com o Turno Integral”, do Colégio La Salle de Canoas, contempla diversas atividades que incentivam o hábito da leitura. O trabalho surgiu da observação das educadoras em relação à dificuldade das crianças e adolescentes em reconhecer a leitura como uma forma de prazer. A iniciativa é desenvolvida com os educandos do Turno Integral, abrangendo alunos da Creche ao 6º ano do Ensino Fundamental. A ideia tomou forma após as professoras constatarem que os avanços tecnológicos contribuem para o afastamento dos jovens desse bem cultural, fator que agrava o desinteresse pelas obras literárias e, como consequência, gera dificuldades no âmbito da interpretação textual, ampliação do vocabulário, ortografia e ampliação cultural. Para mudar esse quadro, foram desenvolvidas diversas atividades lúdicas com o objetivo de “encantar” os alunos. Dentre elas, a construção do “Livro de Biografia da Turma”, em que cada turma produziu um livro com um pouco da história de vida de cada aluno, com a participação das famílias; A “Parada da Leitura”, momento no qual todas as turmas param ao mesmo tempo para realizar atividades referentes à leitura, e o “Livro de Poesias do Turno Integral”, que envolveu todas as turmas, teve seu encerramento com uma grande sessão de autógrafos dos alunos. Outra estratégia utilizada para envolver os educandos no mundo da leitura foi adicionar um pouco de tecnologia nas ações propostas, como a criação do “Blog da Leitura”, desenvolvido para postar dicas de livros e divulgar a opinião dos alunos. A instituição também teve a preocupação de criar ações que ultrapassassem os muros da escola, como a

30

Uma série de ações fez com que os alunos desenvolvessem o prazer pela leitura

campanha “Não deixe seu livro parado”, que arrecadou cerca de 1.200 exemplares, posteriormente doados em um parque da cidade, para todas as pessoas que estavam no local. Com o projeto, o La Salle teve um aumento significativo de retiradas de livros na biblioteca e é notável o interesse dos alunos em visitar esse espaço como fonte de lazer, estudo e pesquisa. Muitas famílias do Turno Integral também relataram que por meio do incentivo dos filhos passaram a ler mais e criar momentos propícios para a leitura no ambiente familiar. O projeto teve início em 2014 e para 2016 já estão sendo pensadas ações de inovação, como a realização da “Campanha não deixe seu livro parado” nos transportes públicos de Canoas; a criação da biblioteca móvel do Turno Integral, que cada dia ficará em um local de nossa escola; e a adoção de uma escola municipal ou estadual para receber uma doação de livros didáticos. De acordo com a diretora, Maria Elisa Schuck Medeiros, ações como essas são

de extrema importância para conseguir manter o interesse dos alunos pelas obras literárias e desenvolver o pensamento. “É por meio da leitura que a pessoa caminha sobre o desconhecido, necessitando explorar, analisar e compreender os textos, explorando a imaginação”, acredita.

Receita de sucesso • Buscar atividades para encantar os alunos com o prazer da leitura. • Incentivar os alunos a contar a sua história, escrita em um livro. • Conscientizar sobre a importância da socialização dos livros já lidos. • Criar um blog para os alunos darem a sua opinião sobre determinado livro e receber dicas de colegas. • Envolver a comunidade no projeto, com ações externas.


Tecnologia para fortalecer o relacionamento chegou a um novo patamar de linguagem e organização das informações, com seções especiais segmentadas por nível de ensino com notícias e links úteis direcionados, mecanismo de busca e acesso rápido aos principais conteúdos. Criou editoria voltada aos temas de educação em pauta no Brasil e no mundo e interação do usuário a partir de comentários, compartilhamento nas redes sociais e envio de correções ortográficas. Também foi desenvolvido o projeto Mobile, um aplicativo de consulta de datas de avaliações, acesso a conteúdos do Portal do Professor e verificação de extrato financeiro e boleto de pagamento das mensalidades. O site conta com uma versão para tablets e smartphones. O novo site foi lançado em 21 de março de 2014, data em que o Farroupilha comemorou 128 anos e a Associação Beneficente e Educacional de 1858 (ABE), 156 anos. Para comunicar a novidade à comunidade escolar, o Colégio desenvolveu diferentes

Mathias Cramer/temporealfoto.com

Em 2002, o Colégio Farroupilha, de Porto Alegre, elaborou o primeiro projeto de site institucional, com o objetivo de ser um portal focado principalmente em informações institucionais e notícias. A ferramenta, porém, possuía um layout estático, com poucos recursos e sem a possibilidade de interação com o usuário. Foi então que, em 2012, uma nova mudança foi feita, tendo como ideia central migrar e atualizar todo o conteúdo do antigo site para uma estrutura que buscasse maior organização e segmentação das informações. Com isso, o site passou a destacar conteúdos e notícias voltadas ao mundo escolar, oferecendo formas de interação entre professores e estudantes por meio de blogs específicos, e a interface foi alinhada com a campanha de matrículas de 2012. O projeto conquistou o Ouro no 13º Prêmio Destaque em Comunicação, na categoria Gestão de Comunicação e Relacionamento. No final de 2013 e início de 2014, o Colégio, em parceria com a Mobe Design,

estratégias, como um vídeo institucional, com a participação de ex-alunos que hoje ocupam cargos de liderança na sociedade falando sobre a influência da educação recebida no Colégio nas escolhas que fizeram em suas vidas. Também teve uma edição especial da Revista Farroupilha e um Recreio Estendido especial para os estudantes, com dois telões para transmitir o vídeo institucional e um vídeo explicativo do novo site Em nove meses de 2014, o novo site recebeu 368.494 visitas e 170.618 visitantes únicos. O aplicativo Mobile teve 800 downloads e já possui 1.363 usuários ativos cadastrados. O vídeo institucional alcançou 22.712 pessoas e o anúncio patrocinado no Facebook foi exibido 34.125 vezes. Em 2015, o Colégio lançou um Tumblr, plataforma de blogging que permite aos usuários publicarem textos, imagens, vídeo e links, com infográficos relacionados ao Guia #daescolapravida, que integra o Movimento #daescolapravida. Para 2016, a ideia é repensar as ferramentas digitais e desenvolver, para março, o site da Associação Beneficente e Educacional, a mantenedora do Colégio.

Receita de sucesso • Busca pela interação com os usuários fortalecendo o relacionamento. • Preocupação com as novas linguagens e layout, trazendo tecnologia de ponta. • Criação de um aplicativo Mobile, facilitando serviços para os alunos. • Ações integradas para divulgação do site e suas novas funcionalidades.

Site tem versão para smartphone e traz, além de conteúdo, vários serviços aos estudantes

Educação 31


E NSI NO PR I VA DO

Alunos da Caminho do Saber criam jogo Com o objetivo de inovar, as professoras da escola Caminho do Saber, de Caxias do Sul, nas disciplinas de Matemática, Língua Portuguesa e Artes, utilizaram a criação de jogos como ferramenta educacional. Os alunos do oitavo ano criaram um jogo no iPad, na sala Apple da escola, e aplicaram a atividade para os alunos do quarto e quinto anos, explicando como deveria ser utilizado. Para a criação dos jogos foi usado um aplicativo, sem necessidade de conhecimentos de programação. Além disso, é multiplataforma e os jogos em breve estarão disponíveis na web e nos sistemas IOS e Android.

Criados pelo 8º ano, jogos foram utilizados por alunos menores

Sarau Literário no Colégio Nossa Senhora Auxiliadora No dia 6 de novembro, o Colégio Nossa Senhora Auxiliadora, de Frederico Westphalen, promoveu o I Sarau Literário com o tema “Contos, Cantos e encantos”, com a participação da Educação Infantil e Anos Iniciais do Ensino Fundamental. Pais, alunos e toda a comunidade puderam embarcar nesse mundo mágico de personagens como a Branca de Neve, Pinóquio, o Mágico de Oz, entre outros. No dia 25 de novembro, os Anos Finais realizaram o II Sarau Literário com o tema: “Histórias de vida contada pela arte: aproxima a cultura brasileira e africana”. Os professores puderam aprofundar os vários aspectos da cultura, explorando características como língua, esporte, religião, literatura, música, dança, vestimenta e a arte africana e brasileira, entre outros.

Ação solidária no Instituto Glória de Carazinho O Instituto de Educação Franciscana Nossa Senhora da Glória, de Carazinho, promoveu ação solidária de Ação de Graças no final do ano passado, com o objetivo de arrecadar brinquedos, roupas e alimentos não perecíveis para serem doados às escolas de educação infantil do município e para as Cáritas Os alunos dos 7º e 8º anos participaram da ação arrecadando mais de 150 brinquedos, além de atuar na higienização, consertos das roupinhas e dos bichos de pelúcia, substituição de peças dos carrinhos, produção dos cabelos das bonecas com tranças e penteados e embalagem dos presentes.

32

UniRitter oferece bolsa de estudos a alunos Alunos de mais de 20 escolas de Porto Alegre e da Região Metropolitana receberam bolsas de estudos da UniRitter. A iniciativa faz parte do Programa UniRitter Orienta, que oferece suporte pedagógico, ao longo do ano, a escolas do Ensino Médio parceiras da instituição de ensino. Por meio do desempenho no Vestibular da UniRitter, os alunos do terceiro ano com a melhor colocação em sua escola ganharam uma bolsa de estudos de 50% durante um ano, independentemente do curso. Estes estudantes tiveram 37 opções de graduação e graduação tecnológica (formação a partir de dois anos), localizadas nos campi FAPA, Zona Sul e Canoas. Para o reitor da UniRitter, Telmo Frantz, o grande diferencial deste programa é a valorização de talentos.


Ceat recebe tablets de Associação de Pais O Colégio Evangélico Alberto Torres (Ceat), de Lajeado, recebeu a doação de 31 tablets da Associação de Pais, Professores e Amigos do Ceat (APPA). Os equipamentos estão à disposição dos professores para uso em sala de aula, sendo mais um meio de enriquecer o conteúdo ensinado. A ampliação do estudo sobre as tecnologias educacionais é um dos objetivos do planejamento estratégico do Ceat. Em 2015, em um projeto-piloto, o colégio passou a usar a plataforma Moodle, destinada aos alunos do Curso Técnico em Enfermagem. A equipe pedagógica vem buscando conhecimento em relação à utilização destes recursos em sala de aula. Para isso, uma das ações foi a visita realizada ao colégio Dante, em São Paulo, instituição com Foram doados 31 equipamentos para uso em sala de aula experiência no uso de tablets.

Rede São Francisco lança coletânea de leituras

Tempo, velocidade e aceleração foram analisados na brincadeira

Carrinho de rolimã ensina Física e Química no Santa Teresa Alunos do 1º ano do Ensino Médio Colégio Santa Teresa de Jesus, de Livramento, e familiares construíram carrinhos de rolimã para uma atividade diferente e criativa nas aulas de Física e Química. Durante a largada, os professores avaliaram tempo, velocidade e aceleração, colocando em prática habilidades e competências trabalhadas no espaço pedagógico. A atividade já é uma tradição e a cada ano os alunos se envolvem mais na brincadeira que alia diversão e aprendizagem.

As escolas da Rede São Francisco implantaram desde 2010 o projeto “Hora da Leitura”. As turmas das séries iniciais reservam uma hora por semana para ler ou escutar as mais diversas e belas histórias. A partir da atividade, os estudantes do 5º ano foram motivados a relatarem sobre a importância da leitura em sala de aula. Os textos foram reunidos no livro “Momento de Leitura”. Um excelente recurso para conhecer as percepções de cada um sobre as preferências literárias. Para a realização desse projeto as famílias colaboraram, juntamente com a equipe pedagógica, as professoras e os profissionais do Laboratório de Informática.

Educação 33


E NSI NO PR I VA DO

Colégio Sagrado de Garibaldi incentiva a leitura O Colégio Sagrado de Garibaldi desenvolve diferentes projetos voltados à leitura, como o “Encontro para ler”, momento criado para incentivar o hábito da leitura e o convívio social dos estudantes. A iniciativa envolve também professores e funcionários. Outra ação é a Semana Literária, onde o ato de ler é representado por meio da escrita, do som, da arte, da dança, das representações teatrais ou de vídeo e cinema. Já o projeto “Eu li, gostei e recomendo” incentiva que os próprios educandos sejam os agentes de leitura, fazendo propaganda dos livros já lidos para que outros estudantes se estimulem a ler também. A instituição também promove o Contação Diversas iniciativas formam novos leitores na escola de histórias, por meio da tradicional Hora do Conto.

Dom Bosco: Prêmio de Responsabilidade Social

Jovens são engajados em ações comunitárias e ambientais

Maria Imaculada tem tradição em voluntariado Voluntariado é uma marca forte do Colégio Maria Imaculada, de Porto Alegre. O Centro de Voluntariado Juvenil da instituição, desde a sua criação, sempre contou com a participação de cerca de cem alunos voluntários. Em 2015, dos 204 estudantes do Ensino Médio, 104 integraram os vários grupos de trabalho, realizando ações comunitárias, defesa dos animais, meio ambiente e trânsito. No ano passado, o Centro recebeu a visita do filósofo e educador colombiano Bernardo Toro, indicado pela ONG Parceiros Voluntários para conhecer o projeto do Maria Imaculada. O ano de 2016 começa com uma diretoria de Grêmio Estudantil toda formada na base da prática social e a continuidade dos projetos sociais. O trabalho seguirá primando pelo aprimoramento de conceitos centrais como autonomia, reciprocidade e responsabilidade social individual.

34

O Colégio Dom Bosco, de Porto Alegre, foi o grande vencedor do Prêmio de Responsabilidade Social 2015, na categoria Instituições de Ensino Fundamental, Médio, Técnico e Profissionalizante. Em edições anteriores, a instituição já havia recebido certificações e medalha, e em novembro de 2015 conquistou o prêmio máximo, em função do trabalho social realizado desde 1996 no Centro Profissional Gráfico. A distinção, promoção da Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul, já está na 16ª edição e incentiva as organizações gaúchas a realizarem projetos voltados para a promoção do bem-estar da sociedade e para a preservação do meio ambiente.

Direção comemora conquista na Assembleia Legislativa


Colégio Sião: projeto sobre a consciência negra O Colégio Luterano Sião, de Araricá, desenvolveu em 2015 o projeto “Eu tenho consciência”, para discutir a consciência negra. O tema foi tratado de forma crítica nas aulas de Música, Dança, Filosofia, Ensino Religioso, Educação Física, Hora do Conto, História, entre outras. Direção, professores e alunos refletiram sobre o assunto, relacionando-o com o passado, presente e futuro, por meio da perspectiva literária da obra “Obax” de André Neves. O resultado foi um grande evento promovido no Centro de Cultura do Município de Araricá, no final do ano letivo, com a participação de todas as turmas da escola, pais e convidados.

Apresentação artística para os pais foi um dos destaques da iniciativa

Colégio Bom Conselho une risos ao aprendizado

Atividades estimulam solidariedade e defesa econômica

Contato com a natureza na Escola Bom Pastor A Escola Bom Pastor, de Nova Petrópolis, desenvolve o Programa ECOVIV (Ecologia Vivenciada) com o objetivo de oferecer experiências relacionadas à sustentabilidade e à educação ambiental. São realizadas atividades em contato com a natureza por meio de trilhas ecológicas guiadas por cenários de mata nativa, vegetação de reflorestamento e áreas cultivadas. Segundo o Diretor da Escola, Adriano Fiorini, “como uma cooperativa, estimulamos a solidariedade, autogestão e defesa econômica, com foco em formação humana, onde esses valores estão à frente das ações. Precisamos ser uma espécie de fortaleza em relação a manter viva a chama dos princípios e valores humanos”.

Com o objetivo de aperfeiçoar a oralidade, considerando as características do contexto de comunicar para adequar o registro às diferentes situações comunicativas, os professores de Língua Portuguesa do Colégio Salvatoriano Bom Conselho, de Passo Fundo, desenvolveram o projeto “Só risos...”. Todos os alunos dos 6os anos do Ensino Fundamental à 3ª série do Ensino Médio planejaram, desenvolveram e apresentaram piadas capazes de gerar compreensão e risos. A diversidade de temas presentes, além de enriquecer o universo do aluno e sua vivência linguística, favoreceu o desenvolvimento de sua capacidade de compreensão e promoveu o aperfeiçoamento de seu potencial expressivo enquanto contador de piada.

Estudantes criaram e apresentaram piadas

Educação 35


ARTIGO CIEN TÍFICO

Gestão da escola: novos tempos para as instituições de ensino Marcelo Figueiró *

RESUMO Esta reflexão pretende analisar a gestão das escolas particulares, alertar sobre a importância de uma boa gestão administrativo-pedagógica para a longevidade das instituições de ensino, bem como conscientizar para a importância da utilização da Tecnologia da Informação (TI) dentro do espaço escolar. Também pretende mostrar a importância da estrutura organizacional para atingir bons resultados financeiros e referendar algumas premissas para a escola captar e fidelizar alunos e familiares na instituição de ensino. Palavras-chave: Educação, gestão escolar, captação e fidelização de alunos.

36

Estamos na Era da Informação, esta nuvem cibernética vem provocando mudanças intensas e rápidas dentro das instituições de ensino. A Internet, elemento da 5ª onda, está promovendo alterações em processos e aproximando cada vez mais o futuro da escola. A nova sociedade que está surgindo nesta onda tecnológica é complexa, imediatista e interativa. Novos contextos, novas dificuldades e grandes desafios estão posicionados na mesa dos gestores das escolas. As transformações que fazem parte do nosso dia a dia são de várias ordens: econômicas, educativas, tecnológicas, políticas, sociais, culturais e psíquicas. Um novo caminho para aproximar as inter-relações da comunidade

educativa é essencial para avançar dentro de um quadro de incertezas e instabilidades. Cabe à gestão assegurar a exequibilidade do projeto da escola, objetivando atingir as metas estabelecidas e dar legitimidade para a organização. As instituições educacionais já deveriam estar preparadas para os novos tempos. A informação hoje é digital, sendo a Internet a nova mídia. As redes sociais estão disponíveis para diversas ações pedagógicas, de marketing e educomunicação. A parte administrativa tem a possibilidade de implantar softwares para gerir toda parte financeira e organizacional, tudo interligado com a mantenedora e daqui a pouco com o e-Social e os programas do


governo. Toda essa tecnologia vem para favorecer as relações da escola com a família, acelerar os processos e facilitar o andamento da instituição. Aproxima o relacionamento com os fornecedores e acelera os procedimentos burocráticos da gestão. As escolas precisam se inserir nestas plataformas tecnológicas, sob o risco de deixar passar a oportunidade de adentrar no progresso e na inovação. As famílias que hoje possuem filhos na escola fazem parte de uma nova geração, totalmente integrada com a tecnologia. A capacidade inventiva da escola está sempre à prova. O bom gestor tem que encontrar espaço dentro da crise para crescer e se posicionar dentro de um mercado extremamente competitivo. Não é necessário fazer investimentos em todo complexo escolar. Os recursos devem ser aplicados nas áreas que necessitam de melhoria urgente e definir estratégias de ação para o restante do espaço escolar. Cabe à equipe gestora mobilizar o grupo de trabalho para avaliar os problemas com soluções criativas, inovadoras e pontuais. O que não pode acontecer é estacionar, deixar o desânimo abalar a comunidade educativa e não avançar nos processos de melhoria da escola. O que uma instituição de ensino não pode conceber é uma crise de criatividade. A escola é um espaço em constante reinvenção, movimento, transpiração e inspiração. A longevidade das instituições educacionais está diretamente ligada a sua tradição, competência, capacidade de adaptação e aceitação do novo. É importante que a escola estabeleça um padrão de qualidade e excelência dos serviços prestados para os seus públicos. Sem avaliação não tem gestão, o que não pode ser medido não pode ser gerenciado. Além disso, faz-se necessário elaborar critérios para averiguar como está a gestão da instituição. Pode ser encomendado um estudo piloto onde seriam analisados todos os fatores necessários para se realizar a gestão escolar. Por meio de uma pesquisa institucional, pode-se chegar a resultados determinantes para implantar as reformas na instituição. A mudança tem que ser precisa e emblemática e aplicada de forma responsável e clara, agregando

valor ao serviço. É fundamental que os para ver o que acontece é dar chance para colaboradores sejam informados sobre os outras instituições avançarem e ocupamotivos das alterações e sintam-se parte rem espaços cada vez maiores. A perda desta caminhada. constante de alunos e a pouca entrada de Não é necessário desconstruir tudo alunos novos deve acender a luz vermepara começar de novo, a escola não prelha. Atenção, algo não vai bem. O “remécisa de uma reengenharia. Com certeza dio” muitas vezes é simples. É só ter em seria uma medida muito radical. O ponmãos um bom diagnóstico. to de partida deve ser uma mudança na As novas tendências organizacionais deficultura da organização, romper algumas nem que as mudanças podem ser precedidas barreiras e quebrar alguns paradigmas. por uma pesquisa de mercado, e caso haja Toda mudança tem o objetivo de desaconecessidade, uma avaliação institucional. modar. Os ajustes serão de acordo com A escola tem que ter bem definido como a gravidade do problema. Processos que deve se relacionar com seu público-alvo. A dão sinais de exaustão devem ser substicontratação de uma empresa de consultoria tuídos por outros, novos, melhores, reatambém pode auxiliar. Isso vai reduzir os daptados. Essa renovação passa por uma equívocos que podem surgir, evitando decireestruturação baseada nas Tecnologias sões precipitadas. O erro, se for grave, pode da Informação e Comunicação (TIC). A prejudicar o nome e a imagem que a instiinformatização em qualquer ambiente da tuição construiu ao longo dos tempos. Além escola não é apenas uma necessidade, é disso, uma reorientação equivocada pode uma obrigação. Nenhuma empresa no séser catastrófica para a equipe gestora da culo XXI pode deixar de utilizar os beneescola. A tradição que a escola conquistou fícios que a tecnologia disponibiliza para ao longo de gerações e passa para seu púagilizar os procedimentos e disseminar blico-alvo é determinante para o sucesso do as informações. empreendimento. Como Para não errar, as muestamos passando por um A longevidade danças não podem ser período de transformações implementadas empiridas instituições e revoluções tecnológicas, camente. É fundamental não existe receita para ser está ligada a conhecer o mercado, os seguida. As próprias Teopontos fortes, as amerias Administrativas estão sua tradição, aças e diagnosticar as em ebulição, passando por competência, fragilidades para efetuprofundas revisões. Mudar ar as ações necessárias. para onde? Em que direcapacidade de Um trabalho profundo ção? A leitura da realidade adaptação e de análise e observação é particular e de cada ramo do mercado, visando de negócio. Com uma boa aceitação do observar as melhores leitura da realidade, fica novo” práticas, deve ser desenmais fácil encontrar os cavolvido pelos gestores minhos do sucesso. da instituição, adaptando à realidade da Para o futuro que já começou, os gestoescola ao que está despontando nas oures escolares precisam adquirir algumas tras instituições. A partir de um mapeacompetências, como: aprender a aprender; mento da concorrência a instituição pode comunicação e colaboração, raciocínio planejar ações para uma readequação e criativo e soluções de problemas; conheposicionamento. O objetivo é incorporar cimento tecnológico; conhecimento proo que os outros têm de melhor, adotando fundo da atividade fim e liderança; fazer seus pontos fortes. O que faz a diferença e viver a vicissitudes, encarando a compara as famílias. Como conseguem captar plexidade e a incerteza de frente; descome fidelizar seus alunos. Competitividaplicar a organização; dar autonomia para de é uma das regras básicas do mercado. as pessoas; formar equipes competitivas Antecipar-se faz parte da gestão. Esperar e heterogêneas; valorizar a inteligência, o

Educação 37


talento e a produtividade da equipe. no pátio, nos corredores, na sala de aula... Quem dirige uma instituição escolar tem Um pequeno momento de atenção poderá que ter atitude, arregaçar as mangas, en- ser de suma importância para quem recefrentar as dificuldades e, juntamente com be. Para fidelizar os alunos e as famílias é a equipe, desenvolver soluções para o que necessário investir no aperfeiçoamento do vem dando errado. Evitando a política de corpo docente. Não apenas na formação apagar incêndio, antecipando-se aos pro- acadêmica, mas no aspecto de manter boas blemas para encontrar as soluções e trilhar relações com pais e alunos, procurar semnovos caminhos. Por outro lado deve saber pre ser receptivo e disponível. Desenvolvalorizar o que tem de bom, procurando ver mecanismos e procedimentos capazes aperfeiçoar estas práticas, porque sempre de mensurar a satisfação dos familiares é possível renovar, melhorar. Caso contrá- e dos alunos em relação à qualidade do rio, a instituição pode entrar numa zona de serviço oferecido. A instituição deve ter conforto, achar que tudo vai bem e daqui a como suporte uma proposta pedagógica pouco notar o crescimento das instituições moderna, desenvolvendo os conteúdos de que estão ao seu redor. A escola, como toda forma significativa, enfatizando os valores, organização, é complexa e não é fácil ad- despertando a cidadania, com materiais diministrá-la. Planejar e entender seu funcio- dáticos de qualidade, valorizando e disponamento é de extrema importância para seu nibilizando atividades extraclasse. gestor. É primordial manter em seus quadros bons professores, despertar o interesse Conclusão e estimular os alunos, deixando a família Com base nas teorias modernas de admitranquila quanto à formação de seus filhos. nistração as instituições escolares devem Afinal, nossa matéria-prima são as pessoas. incorporar práticas e ferramentas gerenNum setor extremamente concorrido, uma ciais que já foram testadas e aprovadas instituição de ensino para se posicionar tem em empresas para qualificar sua gestão. que ter qualidade e creIntegrando experiências dibilidade. Cabe à gestão empresariais com as Quem dirige manter a chama da tradieducacionais crescerão ção acesa, objetivando o as possibilidades de suuma instituição cesso bem comum e o sucesso e fidelização dos escolar tem pedagógico e financeiro públicos. da instituição. Também se torna neque ter atitude cessário Para enxergar a escola que todos os e desenvolver como um todo é necessásetores da instituição rio ter uma visão ampla e a sua maneisoluções para o contribuam, integradora. Reconhecer ra, para um bom relacioque vem dando namento com a comunie decifrar os movimentos da escola no seu dia a dade escolar. A simpatia, errado” dia, percebendo o clima agregada à disponibilidaentre os alunos, profesde e à afetividade, forma sores e funcionários. Abrindo canais de vínculos emocionais e marcas que perducomunicação, principalmente com as fa- ram para sempre, construindo uma relação mílias. Facilitando o diálogo, apostando de fidelidade, lealdade. O corpo docente no entendimento e no bom relacionamen- juntamente com os funcionários, por meio to como forma de harmonizar a equipe. de uma postura de comprometimento, caOs gestores devem ser pessoas com ca- pacidade de inovação e imbuídos de boa pacidade de desenvolver ideias e soluções, vontade, são responsáveis diretos por alamuitas vezes se antecipando aos fatos. vancar a confiança, a credibilidade e um A fidelização na escola deve ser um pro- astral positivo das famílias e dos alunos cesso em permanente construção, que se em relação a escola. Para um “bom atendifaz no cotidiano, muitas vezes se valen- mento” exigem-se profissionais competendo de ações simples, como uma conversa tes, preparados, capacitados e motivados.

38

As famílias cada vez mais vão esperar muito mais da organização escolar. As pessoas estão atentas, informadas e conectadas, sabendo tudo que ocorre ao seu redor, sendo bombardeadas pelas propostas das outras instituições o tempo inteiro, cuja intenção é fazê-los trocar de colégio. A fidelização dos pais e alunos merece uma atenção especial por parte da equipe diretiva. Pode-se afirmar, sem sombra de dúvida, que a satisfação das famílias e dos alunos é a “alma” para a retenção. Com a concorrência acirrada, é hora de dar mais atenção a quem já é aluno. Ao fidelizar os alunos e as famílias, estes serão agentes multiplicadores em potencial na captação de alunos novos. Uma coisa está diretamente ligada à outra. Mais da metade dos alunos novos de uma instituição de ensino decidem suas escolhas com base em referências de amigos, colegas e familiares. É a confirmação que a propaganda boca a boca, dá resultado. Na captação já se inicia o processo de fidelização que deve ser permanente, com ações durante o ano inteiro. *Graduado em Ciências e Matemática, especialista em Metodologia do Ensino de Matemática, Especialista em Gestão de Escola e professor de Matemática durante 20 anos na rede particular de ensino. Atualmente, é vice-diretor da Escola La Salle Pão dos Pobres.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BARBOSA, Alan Castro. Escola Particular: Gestão escolar em alta em 2011. Disponível em: http://www. administradores.com.br Acesso em 02/02/2015. DRUCKER, Peter F. Administrando para o futuro. Pioneira, 1998. FERREIRA, Sérgio; SGANZERLLA, Silvana. Conquistando o consumidor. São Paulo: Prenticehall, 2000. FREIRE, Paulo. Pedagogia da Autonomia: saberes necessários à prática educativa. São Paulo: Paz e Terra, 1998. LÜCK, Heloísa. Gestão Educacional: Uma questão paradigmática. Vozes, 2011. MORIN, Edgar. A cabeça bem feita: repensar a reforma, reformar o pensamento. Trad. Eloá Jacobina. 6ª Ed. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2004. NETO, Teodoro Luís Pereira. Fidelização de alunos, perfil de escolas particulares. Disponível em http:// www.opet.com.br Acesso em 30/06/2015. PESTANA, André. Fidelização de clientes e competitividade no ambiente escolar. Disponível em: http://www. andrepestana.com.br Acesso em 25/07/2015.

Para publicar artigo nesta seção, solicite as regras pelo e-mail educacaoemrevista@sinepe-rs.org.br


CULTURA

Por que ser bilíngue nos dias de hoje? Não é surpresa o crescente interesse no aprendizado de línguas estrangeiras, principalmente durante a infância. Essa procura tornou-se mais evidente após o crescimento no número de estudos mostrando benefícios sociais e cognitivos no aprendizado de línguas enquanto criança. Além disso, pensar no ensino de línguas para os filhos é uma forma de garantir o conhecimento que trará um diferencial para o futuro dos pequenos. A experiência de trabalhar por mais de dez anos numa escola que oferece Currículo Bilíngue me fez ver e comprovar o que os estudos já haviam mencionado: ter competência linguística em mais de uma língua facilita a integração a esse mundo sem fronteiras, além de desenvolver melhor o senso crítico, o respeito, a valorização e a reflexão sobre as diversas culturas. Se as vantagens sociais já constituem fortes argumentos para essa vivência linguística diferenciada, as pesquisas cognitivas nos dão mais certeza dos diferenciais em ser bilíngue nos dias de hoje. Tenho estudado e pesquisado muito sobre bilinguismo e cognição e posso afirmar que a oportunidade de comunicar-se em duas línguas (ou mais) permite não somente uma interação maior com falantes de outros idiomas, mas também modifica a forma como as pessoas veem e compreendem o mundo. Possuir dois sistemas linguísticos e ter acesso a duas culturas diferentes permite ao bilíngue desenvolver uma visão mais aberta e flexível sobre o outro, uma vez que é capaz de compreender melhor as diferenças culturais que permeiam as línguas faladas. Em relação aos ganhos cognitivos é possível afirmar que o bilinguismo altera a estrutura e o funcionamento da mente, pois estimula e recruta estruturas mentais diferentes das dos monolíngues, em especial no momento em que precisa inibir uma de suas línguas para utilizar a outra. Costumamos

Ser bilíngue modifica a forma de ver e compreender o mundo

dizer que esse processo de inibição de uma das línguas produz um exercício mental constante e, portanto, estimula um desenvolvimento mais acelerado da criatividade, do raciocínio e do controle executivo. Ao se falar em controle executivo, várias pesquisas têm mostrado que as crianças bilíngues de 4 ou 5 anos de idade parecem se desenvolver mais precocemente do que as crianças monolíngues. Isso porque já são consistentes as evidências de que o bilinguismo aumenta também o controle sobre a atenção em situações conflitantes. Assim é possível constatar que aprender duas línguas desde a infância acentua o desenvolvimento de uma série de competências cognitivas, fazendo com que o cérebro desenvolva melhor a habilidade de alternar tarefas, tornando o pensamento mais ágil e flexível. Já em relação aos ganhos sociais ou culturais é possível afirmar que uma pessoa bilíngue transita de forma muito tranquila pela diversidade linguística, tendo maior acesso a viagens, intercâmbios e estudos em

outros países. Os alunos do nosso Currículo Bilíngue Português - Inglês estão desenvolvendo diferenciais em sua formação, pois estão capacitados a cursar ensino médio, graduação ou pós-graduação no exterior. Além disso, esse conhecimento permite a eles que novas oportunidades surjam no próprio país, como participação em feiras internacionais, visitas de estudo em empresas multinacionais, convites para serem tradutores em eventos, entre outros, sem falar no acesso rápido e fácil a livros e artigos internacionais. Em resumo, ser bilíngue nos dias de hoje traz benefícios inegáveis à vida de um indivíduo, influenciando seu desenvolvimento cognitivo, cultural e também social, uma vez que a comunicação com outros países é facilitada. O conhecimento aprofundado de mais que uma língua expande horizontes culturais e permite uma visão mais aguçada e respeitosa sobre o mundo. Luciana de Souza Brentano

Assessora do Currículo Bilíngue e Supervisora Pedagógica na IENH e mestre em Bilinguismo pela UFRGS.

Educação 39


MEMÓRIA

Escola Notre Dame Menino Jesus comemora 75 anos As primeiras religiosas missionárias que viviam sob o carisma das Irmãs de Notre Dame chegaram ao Brasil em 1923. Vindas da Alemanha e dos Estados Unidos, foram enviadas ao país a pedido do Frei Jacob Höfer, que defendia que a existência de internatos viabilizaria a frequência escolar dos estudantes do norte gaúcho. As poucas e primitivas escolas da região eram frequentadas sem regularidade pelos estudantes que precisavam percorrer grandes distâncias, em péssimas estradas – intransitáveis na época de chuvas torrenciais – e sob calor, às vezes, insuportável. As dez Irmãs de Notre Dame enviadas ao Brasil iniciaram, ainda naquele ano, seu trabalho em prol da educação e da evangelização, em Passo Fundo, com a fundação do Colégio Notre Dame. Dezoito anos depois, em 1941, a cidade recebia um segundo educandário Notre Dame. Localizada na Vila Rodrigues, a Escola Santa Teresinha atendia, além das crianças matriculadas nos três primeiros segmentos do Ensino Primário, a toda a comunidade

Integral Notre Dame: pioneirismo em Passo Fundo

40

Entrada principal da Escola Menino Jesus, em 1954

de ferroviários, localizada próximo à via férrea, oferecendo-lhe evangelização. Três anos após a sua fundação, a instituição de ensino foi renomeada, passando a homenagear o Menino Jesus. Com o passar do tempo, a Escola passou a ser reconhecida como destaque na área educacional. O aumento do número de estudantes matriculados, além de comprovar a confiança conquistada,

motivou a contratação de educadores leigos e a ampliação de sua infraestrutura. Em 1963, após a conclusão das obras de seu novo prédio, o curso Ginasial passou a ser oferecido a 50 alunos. Hoje, a instituição atende estudantes da pré-escola até a conclusão do Ensino Fundamental. Desde 2005, passou a oferecer uma nova modalidade de ensino, o turno integral. A oferta, pioneira no município, é uma proposta pensada para as famílias de Educação Infantil e Fundamental I que buscam espaço acolhedor e atendimento diferenciado para as crianças. Ao comemorar seu 70º aniversário, em 2011, a instituição ampliou e renovou novamente sua infraestrutura. Cinco mil metros quadrados de obra construída – que compreendem ambientes educativos, ginásio poliesportivo e anfiteatro para mais de 700 espectadores – foram somados à área já construída. Ao todo, 10 mil m2 estão, atualmente, à disposição de mais de mil estudantes. Um dos diferenciais do Menino Jesus é a Pastoral Escolar, que articula espaços de vivências dos valores humanos, oferecendo oportunidades a seus participantes de expressarem sua fé em Deus e de vivenciarem seu “jeito de ser” Notre Dame.


FIQUE POR DEN TRO

Projeto incentiva desenvolvimento linguístico O Laboratório de Educação desenvolveu o projeto Aprender Linguagem. É uma plataforma gratuita, disponível em português e espanhol, que serve como guia sobre os processos de aquisição da linguagem. O conteúdo é direcionado a pais, mães ou responsáveis, e professores de crianças de até 5 anos. Na plataforma, o conteúdo é dividido em quatro personagens, que representam diferentes idades das crianças. Ao clicar na janela de cada personagem estão itens como: interação, fonética e fonologia, vocabulário, gramática, discurso e língua escrita. Em cada subdivisão, o guia traz as dúvidas mais comuns dos responsáveis e a opinião dos especialistas, esclarecendo os questionamentos. Conheça o programa em aprenderlinguagem.org.br.

Site torna política fácil de aprender

Conheça as tendências da tecnologia para 2016 O poder e a capacidade dos smartphones continuarão crescendo, assim com as fotografias e vídeos ficarão cada vez melhores. Além disso, o smartphone será a “chave” para absolutamente tudo, poderá até ligar o carro, por exemplo. Essas são algumas das tendências da tecnologia para 2016 apontadas pela diretora de marketing e produtos da SanDisk na América Latina, Ana Toillier. O consumidor será mais exigente também, deixando a tecnologia básica para trás, trocando de smartphone em menos tempo. Ana afirma ainda que o tráfego global da internet irá triplicar e marcas chinesas vão crescer e incomodar muita gente grande.

O site Politize surgiu com o objetivo de promover educação política ao apresentar um bê-á-bá dos temas que aparecem no jornal sobre o assunto. A plataforma nasceu após uma bem-sucedida campanha de financiamento coletivo no site Catarse no final de 2014, quando arrecadou R$ 67 mil. A esse dinheiro se somou um valor recebido de uma premiação no Fórum Econômico Mundial. O site contou com sugestões dos 552 financiadores virtuais para mapear os primeiros conteúdos. Quem está à frente do projeto, que começou no ano passado, é Diego Callegari, diretor de tecnologia e inovação da Secretaria Estadual de Educação de Santa Catarina, e Gabriel Marmentini, especialista em gestão pública. Saiba mais em: www.politize.com.br

Educação 41


FIQUE POR DEN TRO

Minibibliotecas em pontos de ônibus no interior de SP Em Piracaia, no interior de São Paulo, a viagem de ônibus se transformou em um encontro literário após a instalação das minibibliotecas do projeto Piracaia na Leitura. Em casinhas de madeira, as minibibliotecas instaladas em pontos de ônibus reúnem poesias, contos, crônicas, revistas e livros, nacionais e internacionais. Qualquer pessoa pode escolher um livro, levar para casa e devolver quando terminar. A primeira minibiblioteca foi inaugurada em 2014, e de lá para cá, seis casinhas já foram instaladas e outras duas estão em construção. Com um acervo de mais de 10 mil exemplares, todos recebidos por doações, o projeto propõe trazer a leitura para o cotidiano de diversas faixas etárias.

r

Nego Cole C

M

Y

CM

MY

Ferramenta facilita formatação de artigos científicos

Professor é fator decisivo contra a evasão escolar Ter um professor que saiba criar uma relação pessoal e de respeito, além de demonstrar domínio do conteúdo, é uma das razões para reter os alunos no espaço escolar. Esse é um dos destaques da pesquisa feita pelo MEC (Ministério da Educação), OEI (Organização dos Estados Interamericanos) e Flacso (Faculdade Latino-Americana de Ciências Sociais). No trabalho, a análise da escola foi feita por meio dos jovens, que avaliaram se suas expectativas de vida podem ser atendidas dentro do ambiente escolar. O levantamento envolveu entrevistas com 8.283 alunos entre 15 e 29 anos de ensino médio, EJA (Educação de Jovens e Adultos) e Projovem Urbano de diversos Estados.

42

CY

CMY

K

A Ferramenta Fast Format ajuda na adequação de textos às regras mais usadas no meio acadêmico. Criada por Yguaratã Cerqueira, Bruno Melo e Paulo Silveira, trata-se de uma plataforma que a partir de templates ajuda os usuários a formatarem seus textos de acordo com diversas normas, inclusive da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT). O trio chama de template os diversos modelos de formatação de documentos disponibilizados no site. Ao criar uma conta de forma gratuita o usuário será direcionado para uma página com os templates mais utilizados. Quando escolher o modelo de sua preferência, a ferramenta monta um documento.

3


67 anos caca4.pdf 1 18/11/2015 11:07:19

67 ANOs representação política

Relacionamento com o Associado

Negociação Coletiva

Fonte de Informação

Atuando na defesa do ensino privado gaúcho

C

M

Y

CM

MY

CY

CMY

K

RECONHECIMENTO

Capacitação

3º maior sindicato do ensino privado do Brasil


Anuncio 20 anos Revista2.pdf 1 07/03/2016 09:41:18

20 anos levando até você informação e conhecimento para qualificar ainda mais a educação gaúcha.

AN O S Desde 1996 EDUCAÇÃO EM REVISTA

Obrigada

C

M

Y

CM

MY

CY

CMY

K

por nos ajudar a construir essa história de sucesso!


Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.