Revista Nossa Uenf - Ano 5, Número 1

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Mundo pequeno

Estudantes da UENF saem para interc창mbio nas melhores Universidades do mundo com bolsas do governo federal


As notícias são boas

Nesta Edição Ciência na rede Matemática em rede

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Projetos estratégicos

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Entrevista: Carlos Eduardo Bielschowsky Vida em república

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Semipresencial, supereficiente

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O mundo olha para cá

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Trajetórias sem limites

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Expediente Diretor do CBB Gonçalo Apolinário de Souza Filho

Governador do Estado Sérgio Cabral

Secretário de Estado de Ciência e Tecnologia Luiz Edmundo Horta B. da Costa Leite

Diretor do CCT Edmilson José Maria

Reitor Silvério de Paiva Freitas

Diretor do CCH Sergio Arruda de Moura

Vice-reitor Edson Correa da Silva

Diretor do CCTA Henrique Duarte Vieira

Diretor de Informação e Comunicação Vanildo Silveira

Equipe ASCOM Fúlvia D’Alessandri e Gustavo Smiderle (jornalistas responsáveis) Alexsandro Cordeiro, Felipe Moussallem e Marcus Cunha (projeto gráfico e diagramação) Elizabeth Cordeiro Silva (auxiliar técnico-administrativo) Nilza Franco Portela (técnica de nível superior) Pedro Alves Cabral Filho (assistente técnico administrativo) Kathyleen Machado, Rebeca Picanço, Tiago Elias Ribeiro (estagiários)

ASCOM: (22) 2739-7119 / 0800-025-2004 / uenf@uenf.br Reitoria: (22) 2739-7003 www.uenf.br Tiragem: 3 mil exemplares - Distribuição: gratuita e dirigida Impresso por: Sumaúma Editora e Gráfica

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Esta edição traz subsídios muito interessantes para o leitor analisar a trajetória e as perspectivas da UENF, que está completando 19 anos de atividade. Em que estágio se encontra o projeto que nasceu do movimento popular e ganhou contornos definitivos pelas mãos de brasileiros como Darcy Ribeiro, Oscar Niemeyer e Leonel Brizola? Que rosto adquiriu, ao longo da história, a ‘Universidade do Terceiro Milênio’ anunciada por Darcy? Um retrato de momento, que é nossa matéria de capa, mostra uma universidade sintonizada com o processo de internacionalização desencadeado pelo governo federal. Nossos alunos já começaram a se deslocar para intercâmbios em algumas das melhores universidades do mundo. Quem são eles? Quais as suas origens? Quais são suas novas perspectivas? Ao completar 19 anos, a UENF colhe frutos do processo de renovação de lideranças científicas fomentado pelos pesquisadores já experimentados que atuaram na sua implantação. Na matéria intitulada ‘Projetos estratégicos’, é possível vislumbrar em parte o papel hoje desempenhado por novas gerações de cientistas - alguns titulados pela própria UENF. Segundo nossos editores, esta matéria tem o objetivo declarado de induzir a discussão sobre como o processo pode ser acelerado ou aperfeiçoado. Escolheu-se um edital importante da Faperj como termômetro, mas é claro que o fenômeno pode ser ilustrado por outros indicadores e materializado em outros nomes. Na reportagem sobre o ensino a distância (‘Semipresencial, supereficiente’), nossos repórteres tentaram resgatar a difícil e às vezes inusitada rotina do pessoal que ingressa no ensino a distância via Consórcio Cederj. Como conciliar o trabalho e a atenção a filhos e cônjuges com a exigente carga de estudos requerida pela metodologia semipresencial? Nesta matéria vamos conhecer gente que nunca tinha lido um livro e hoje é capaz de presidir o próprio processo de aprendizagem com a ajuda das ferramentas virtuais ou presenciais oferecidas pelo sistema. Por falar em ensino a distância, apresentamos, na entrevista desta edição, um relato entusiasmado do professor Carlos Eduardo Bielschowsky, presidente da Fundação Cecierj/Consórcio Cederj. Com uma ousadia que lembra Darcy falando do projeto da UENF, Bielschowsky conta como está sendo construída uma rede destinada a oferecer ensino semipresencial nos níveis fundamental, médio e profissional, além de cursinho pré-vestibular para facilitar o acesso à graduação a distância oferecida pelo Consórcio Cederj. Por fim, entre outras abordagens, mostramos o sucesso na UENF do programa de mestrado profissional semipresencial organizado em rede pela Sociedade Brasileira de Matemática (SBM), com a adesão de 55 universidades pelo Brasil. Conheça melhor sua universidade pública, boa leitura! Silvério de Paiva Freitas Reitor da UENF


Foto: Alexsandro de Azevedo - ASCOM

Equipe do Blog Ciência UENF: Fúlvia, Gustavo, Rebeca, Thiago e Letícia (da direita para a esquerda)

Ciência rede na

Blog Ciência UENF mostra o mundo das pesquisas, dissemina informações e estimula o debate

A ciência sempre foi pauta preferencial nas ações de comunicação da UENF, mas nos últimos anos ganhou força na Universidade uma dupla diretriz: criar entre os pesquisadores uma ‘cultura’ de divulgação de seus trabalhos e despertar na mídia o interesse por matérias científicas. Tudo isto para que a ciência se torne assunto do cotidiano de qualquer cidadão,

e não apenas dos próprios pesquisadores. Uma das ações mais recentes nesta linha foi o lançamento, em novembro de 2011, do Blog Ciência UENF (uenfciencia.blogspot.com.br) concebido para abordar de forma leve, criativa e atraente os mais variados assuntos ligados ao mundo da experimentação. Pouco tempo depois, os esforços da UENF e de outras ins-

tituições Brasil afora ganharam um aliado de peso: ao solicitarem recursos do CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico) para tocarem seus projetos, os pesquisadores também serão avaliados pelas ações de divulgação de seus trabalhos junto a públicos não especializados. A decisão foi anunciada em março deste ano.

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- Estamos superfelizes com essa notícia, pois consideramos que o CNPq finalmente resolveu agir sobre o distanciamento da ciência em relação à sociedade – diz a jornalista Simone Bortoliero, doutora em Comunicação Social e estudiosa da temática da divulgação da ciência. Pesquisadora da Universidade Federal da Bahia (UFBA), Simone conheceu de perto, em 2011, os esforços de popularização da ciência empreendidos pela UENF. Na ocasião, ministrou oficina de produção de vídeos científicos através de celular para alunos de uma escola pública e proferiu palestra sobre educação científica da juventude para pesquisadores da UENF. Para seus criadores, o Blog Ciência UENF pretende ser mais um instrumento nessa aproximação entre o mundo dos laboratórios e o cotidiano da população em geral. As matérias são preparadas por uma equipe de jornalistas e futuros jornalistas em atividade na Gerência de Comunicação da Universidade, com a estreita colaboração dos pesquisadores envolvidos.

Segundo a jornalista Fúlvia D’Alessandri, gerente de Comunicação da UENF, as postagens buscam apresentar, em linguagem coloquial, aspectos importantes das pesquisas. Sempre que possível, oferecem ainda acesso a textos acadêmicos mais densos. Em geral, ao final de cada matéria o internauta pode clicar em um link que o leva ao próprio trabalho científico que serviu de ‘matéria-prima’ para o texto. Pode ser uma tese de doutorado, uma dissertação de mestrado ou um artigo publicado num periódico científico especializado. Com isso se espera disseminar um conhecimento mais básico sobre uma variedade de pesquisas e facilitar o acesso de segmentos específicos do público a informações mais aprofundadas. - A ciência no Brasil é movida basicamente por recursos públicos, logo a divulgação dos processos e dos resultados para além dos próprios pares é um imperativo de prestação de contas. A sociedade precisa participar do debate sobre políticas científicas e tecnológicas, mas sem informação não há como haver ver-

dadeiro debate – opina Fúlvia D’Alessandri. De olho na importância do debate, o Blog Ciência UENF aposta não apenas na ferramenta dos comentários, mas também num espaço reservado para artigos. Qualquer pessoa pode submeter ao Blog um texto de sua autoria para ser avaliado por um comitê. Um dos principais critérios para aceitação é a linguagem acessível ao público não especializado, o que pode parecer desafiador para cientistas habituados a escrever tecnicamente para os seus pares. Além disto, é preciso fundamentar as informações e os argumentos. As propostas são enviadas para o e-mail jornalismo.uenf@ gmail.com. O Blog conta ainda com uma coluna sobre Astronomia, intitulada Infinitum e assinada por Adriana Oliveira Bernardes, mestre em Ciências Naturais pela UENF. Outras colunas estão saindo do forno: uma sobre Neurociência, assinada pelo pesquisador Arthur Giraldi Guimarães, e outra sobre Nutrição, de responsabilidade da pesquisadora Karla Silva Ferreira.

Aperfeiçoamento para jornalistas

Foto: Felipe Moussallem - ASCOM

Em postagens que tratem de ciência envolvendo temas claramente controversos, a polêmica será sempre previsível. Mas é propósito do blog Ciência UENF lançar luz sobre as controvérsias um tanto ocultas da ciência, de modo que o leitor supere certa visão ingênua e perceba que o mundo dos laboratórios não está imune a disputas, interesses e conflitos. Para que o jornalismo sobre ciência seja mais sofisticado a este respei-

to, a UENF tem propiciado aos profissionais de comunicação da região oportunidades de aperfeiçoamento e de aproximação com a comunidade científica. O evento inaugural foi o I Simpósio Nacional de Jornalismo Científico, promovido pela UENF em 2009, com apoio da Faperj e da Associação Brasileira de Jornalismo Científico (ABJC). Depois, a UENF organizou uma série de eventos menores reunindo jornalistas, cientistas ou ambos. É o caso dos minicursos ‘O papel do jornalista na cobertura de riscos e desastres’, ministrado pela jornalista e pesquisadora Cilene Victor, diretora de Redação da revista Com Ciência Ambiental, na Semana Nacional de Ciência e Tecnologia 2011 (21/10/11), e ‘Artigos de divulgação científica: por que, quando e como escrever para o grande público’, ministrado pelo jornalista e pesquisador Cidoval Morais de Sousa, da Universidade Estadual da Paraíba (UEPB), em 18/11/10. Muitos outros esforços para a popularização da ciência têm sido e serão feitos, agora com mais intensidade em vista da implantação da Diretoria de Informação e Comunicação da UENF. O II Simpósio Nacional de Jornalismo Científico está confirmado para 28 e 29/11/12. - Esta é uma linha que está se consolidando na nossa área de Comunicação e que vai continuar tendo forte apoio da instituição – afirma o diretor Vanildo Silveira. Professor Cidoval Morais de Sousa durante o minicurso


Muitomais do que

‘traduzir’

Apesar dos propósitos de abordagem atraente e criativa, o blog Ciência UENF não foi pensado para ser um instrumento de simples ‘tradução’ de temas complexos em linguagem coloquial. Sua pretensão é suscitar e evidenciar o debate que o leitor desavisado imagina ausente na atividade científica. Um bom exemplo é uma postagem de abril sobre a condição dos fetos anencéfalos (que não possuem o córtex cerebral), baseada em entrevista com um cientista da área de neurobiologia – o professor Arthur Giraldi Guimarães, do Laboratório de Biologia Celular e Tecidual da UENF (LBCT). O ‘gancho’ da postagem foi a autorização do aborto de fetos anencéfalos pelo Supremo Tribunal Federal (STF), e no texto o cientista indicava que ‘o bebê anencéfalo é incapaz de ter consciência e de ter sensações somáticas ou executar movimentos voluntários’. A publicação, que veiculou um ponto de vista simpático à decisão do STF, suscitou imediata reação de um professor de Filosofia em fase de conclusão do pós-doutorado na Michigan State University (EUA), Julio Cesar Ramos Esteves, do Laboratório de Cognição e Linguagem da UENF. Mergulhado na pesquisa de temas ligados à ética, Esteves expressou visceral discordância com o ponto de vista apresentado. Por e-mail, o blog entrevistou o professor e publicou novo material sobre o tema, suscitando acalorado debate através de cerca de 50 comentários. Na sequência, a historiadora Marinete Santos Silva, estudiosa de questões de gênero, enviou artigo defendendo que o aborto deve ser tratado como tema de saúde pública. Como seria de se esperar, o texto também suscitou muitos comentários.

Em dois momentos, a criação artística de Alexsandro Azevedo que ilustra o blog

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Matemática em

Foto: Alexsandro de Azevedo - ASCOM

rede

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Professores Rigoberto, Oscar e Liliana

UENF é pioneira na oferta do mestrado profissional elaborado pela Sociedade Brasileira de Matemática; professores da rede pública têm direito a 80% das vagas e a bolsas da Capes


O que as universidades poderiam fazer para ajudar a melhorar a qualidade do ensino de Matemática nas escolas públicas? A UENF e outras 55 universidades brasileiras já estão fazendo e de forma articulada: elas participam de um programa nacional que oferece mestrado profissional a professores que atuam em salas de aula, especialmente no ensino público. O PROFMAT – Mestrado Profissional em Matemática em Rede Nacional - é coordenado pela Sociedade Brasileira de Matemática (SBM) e aprovado pela Capes, órgão vinculado ao Ministério da Educação. O MEC oferece bolsas de R$ 1,2 mil aos professores que aceitam voltar aos estudos e conseguem classificação nos disputados processos seletivos do PROFMAT. Cerca de 2,5 mil professores da rede pública já participam do programa, e outras 1.575 vagas devem ser abertas em 2013 em todo o país. A UENF foi uma das pioneiras na adesão à proposta. Se a recomendação do PROFMAT pela Capes ocorreu no final de outubro de 2010, já em dezembro do mesmo ano a adesão da Universidade estava aprovada pelo Conselho Universitário, órgão deliberativo máximo da instituição. Prevaleceu, também neste caso, a tradição da UENF em participar desde o início de programas inovadores na área da educação pública, como o Consórcio Cederj (que oferece graduação a distância), o Parfor (Plano Nacional de Formação de Pro-

Tutoria

fessores, que oferece vagas de licenciatura a professores que não têm formação superior em suas áreas) e o Sisu (Sistema de Seleção Unificada, que usa as notas do Enem como vestibular nacional). - Tivemos que agir rápido para iniciarmos as atividades no primeiro semestre letivo de 2011 – conta o professor Oscar Alfredo Paz La Torre, pesquisador do Laboratório de Ciências Matemáticas (LCMAT) da UENF e coordenador em exercício do mestrado em Matemática do PROFMAT na UENF. Como funciona - O PROFMAT é um programa semipresencial, que combina metodologias do ensino a distância com o formato do ensino presencial. Entre o ingresso no curso e sua conclusão, são quatro semestres semipresenciais e dois meses intensivos de verão dedicados a aulas presenciais. As provas, assim como o Exame de Qualificação, também são presenciais e aplicadas simultaneamente em todas as universidades participantes. O padrão do curso é o mesmo em todas as instituições, de modo que o conceito a ser emitido pela Capes valerá para todos os polos. Mas são feitas avaliações locais sobre o funcionamento do programa em cada universidade. Numa escala de 1 a 5, a primeira avaliação atribuiu à UENF o conceito 4. - Interessante que tudo isso foi conseguido porque a Administração da UENF colaborou desde o início – diz Rigoberto Gregorio

Sanabria Castro, um dos pesquisadores do Laboratório de Ciências Matemáticas engajados. Além do padrão definido pela SBM e referendado pela Capes, o programa envolve alto grau de competitividade e seleção de alunos. No edital para formar a primeira turma, 320 professores de Matemática se candidataram às 20 vagas oferecidas pela UENF, com média de 16 candidatos por vaga. No segundo edital, para 2012, a seleção atraiu ainda mais inscritos: 350. Mas o número de vagas cresceu para 25 em vista da autorização para a presença de até 20% de alunos que não lecionem na rede pública. Com isso a média ficou em 14 candidatos por vaga. Os alunos que não atuam em escolas públicas não têm direito à bolsa. E os que a recebem ficam comprometidos a continuar atuando na rede pública nos cinco anos seguintes à conclusão do mestrado. - O programa opera em escala nacional e tem pretensão de causar impacto substantivo na formação matemática do professor em todo o Brasil. Melhorando o ensino básico de Matemática, também colheremos frutos na outra ponta da educação pública, que é a pós-graduação: se esta carência não for suprida, em algum momento inviabilizará a expansão das matrículas nos cursos de mestrado e doutorado ligados às Ciências Exatas – avalia o pró-reitor de Pesquisa e Pós-Graduação da UENF, Antônio Teixeira do Amaral Junior.

virtual, encontrospresenciais

O material didático do mestrado em Matemática fica disponível numa plataforma da internet para os alunos de toda a rede, com acessos específicos para professores, alunos ou coordenadores. É também pela internet que os coordenadores baixam as provas presenciais, aplicadas nos mesmos dias e horários em todos os polos. Os alunos têm acesso à tutoria pela internet.

Os tutores não são necessariamente docentes das universidades participantes, mas têm que ter pelo menos mestrado na área. Eles são contratados pelas próprias universidades participantes. Aos sábados, os alunos têm encontros presenciais onde docentes do programa explicam conceitos abordados nas disciplinas. A elaboração das dissertações, que envolve a figura do orientador, começa basicamente

após a aprovação do aluno no Exame de Qualificação, ao final do primeiro ano. Trata-se de uma prova nacional, corrigida no Rio de Janeiro. O primeiro exame teve a participação de 17 alunos do polo de Campos. Sete foram aprovados na primeira tentativa, e outros dez terão uma segunda chance, provavelmente em agosto. No ano letivo de 2012, a UENF tem 42 mes-

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trandos participando do PROFMAT. Dos 45 que já ingressaram, apenas três desistiram. E o que os alunos dizem do curso? - Em geral falam que é muito puxado, tanto que alguns cancelam uma de suas matrículas no

magistério para ter mais tempo para o mestrado – registra Liliana Angelina León Mescua, docente do programa. Cinco professores do Laboratório de Ciências Matemáticas (LCMAT) da UENF estão cre-

denciados e atuam no programa: Geraldo de Oliveira Filho, Liliana Angelina León Mescua, Mikhail Petrovich Vishnevsvii, Oscar Alfredo Paz La Torre (coordenador em exercício) e Rigoberto Gregorio Sanabria Castro.

Dedicação a toda

Foto: Alexsandro de Azevedo - ASCOM

prova

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Cynthia Sodré Alexandre

Professora da Faetec (Fundação de Apoio à Escola Técnica) e da rede estadual de ensino, Cynthia Sodré Alexandre está entre os alunos da primeira turma do mestrado profissional em Matemática na UENF. Entre 320 candidatos, ela conquistou uma das 20 vagas oferecidas. Licenciada pela Faculdade de Filosofia de Campos, Cynthia precisa de uma superdedicação para conciliar trabalho com estudos. Pelo menos até agora, está valendo a pena: – O curso me proporciona um conhecimento mais aprofundado da Matemática e melhora meu desempenho em sala de aula – afirma. Colegas que atuavam em instituições privadas se afastaram para dar sequência ao mestrado, contando com a bolsa de R$ 1,2 mil oferecida pelo MEC. Cynthia também recebe a bolsa, mas não quer perder nenhuma das matrículas que conquistou por concurso público e por isso se desdobra para dar conta de tudo. O projeto, que tem todo o seu conteúdo disponível na internet, também conta com encontros presenciais semanais, que acontecem aos sábados. - Isso conta muito para o aprendizado, porque me cobro mais. Se não houvesse aula presencial, talvez eu deixasse muita coisa para a última hora – admite. Cynthia não deixa dúvidas quanto a sua satisfação com o corpo docente, cuja disponibilidade considera ‘exemplar’. - Podemos falar com eles a qualquer hora, que sempre somos atendidos. Cynthia é pós-graduada em ‘Novas Tecnologias no Ensino da Matemática’ pela Universidade Federal Fluminense (UFF) e, futuramente, pretende fazer doutorado. Mas não vislumbra uma carreira como professora universitária. - A base da educação está no ensino fundamental. Se eu for trabalhar em faculdades, será por uma questão de sobrevivência – afirma, referindo-se aos baixos salários em geral ainda pagos pela rede pública de ensino.


Teses e dissertações Consulte abaixo a relação de teses e dissertações concluídas na UENF de março a abril de 2012. Foram 18 teses de doutorado e 99 dissertações de mestrado. Biociências e Biotecnologia Doutorado Fabrízio Siqueira Boniolo 16/03/2012

“OTIMIZAÇÃO DA TRANSFERÊNCIA DE OXIGÊNIO NAS DIFERENTES FASES DO CULTIVO DE Bacillus thuringiensis var. israelensis VISANDO MAXIMIZAR A SÍNTESE DE §-ENDOXINAS”

Umberto Zottich Pereira 30/03/2012

“PEPTÍDEOS DE SEMENTES DE Coffea canephora: PURIFICAÇÃO E CARACTERIZAÇÃO DAS ATIVIDADES ANTIMICROBIANAS E INSETICIDA”

Mestrado Thais Louvain de Souza 13/03/2012 “MODIFICADORES DE RISCOS DE TRANSMISSÃO MATERNO-INFANTIL DO HIV-1 E DE PROGRESSÃO PARA AIDS PEDIÁTRICA: EFEITOS DE POLIMORFISMOS NOS GENES HLA-B, CCR5, CCR2, IL10, TLR2” Renato Martins da Silva 16/03/2012 “MODULAÇÃO DO METABOLISMO E GLICOSE NOS OVOS EM DIAPAUSA DO MOSQUITO Aedes aegypti” Layz Ribeiro da Silva Teixeira 26/03/2012 “REGULAÇÃO DE H+-ATPASES PELA GLICOSE EXTRACELULAR NA LEVEDURA Saccharomyceses cerevisiae”

Viviane Abrantes Perdizio 29/03/2012 “OTIMIZAÇÃO DE PROTOCOLO PARA ANÁLISE PROTEÔMICA USANDO COMO MODELO FOLHAS DE MARACUJÁ (Passiflora edulis sims)TRATADAS COM METIL JASMONATO” Gabriel Bonan Taveira 29/03/2012 “PURIFICAÇÃO, CARACTERIZAÇÃO E ATIVIDADE BIOLOGICA DE PEPTÍDEOS ANTIMICROBIANOS DE FRUTOS DE PLANTAS DO GÊNERO capsicum” Jonas de Brito Campolina Marques 30/03/2012 “ANATOMIA COMPARADA DO LENHO DE ESPÉCIES DE Psychotria L.(Rubiaceae) da ILHA GRANDE,RJ” Francielle Bonet Ferraz 04/04/2012 “ESTUDO CASO-CONTROLE E FREQUÊNCIAS ALÉLICAS DE SNPs DE P2RX7 EM COORTE DE INDIVÍDUOS COM LESÃO OCULAR TOXOPLASMÁTICA NO NORTE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO”

Matheus Lima Corrêa Abreu 14/03/2012 “AVALIAÇÃO NUTRICIONAL DA CUNHÃ (Clitoria ternatea L.) EM DIFERENTES IDADES DE CORTE” Juliana Ywasaki Lima 26/03/2012 “IDENTIFICAÇÃO DE ESTOQUES POPULACIONAIS DE Sotalia guianenses NO ESPÍRITO SANTO POR MEIO DE MORFOLOGIA EXTERNA” Kenas Aguiar da Silva Amaral 03/04/2012 “EFICÁCIA DO USO DE MORFINA, TRAMADOL E BUTORFANOL ASSOCIADOS OU NÃO COM A LIDOCAÍNA NA ANESTESIA EPIDURAL EM CÃES”

Ciência Animal

Nicole Brand Ederli 12/03/2012 “NEMATOIDES PARASITAS DE AVESTRUZES, Struthio camelus Linnaeus, 1758 E EMAS, Rhea americana L., 1758:DIAGNÓSTICO, PATOLOGIA, TAXONOMIA E ANÁLISE FILOGENÉTICA”

Daniel Faustino Guimarães 10/04/2012 “MORFOLOGIA DO CORAÇÃO E DOS VASOS DA BASE EM PINGUIM-DE-MAGALHÃES (Sphenicus magellannicus)”

Ciências Naturais Doutorado

Marcelo Lobo Paes 03/04/2012 “AVALIAÇÃO DA DIGESTIBILIDADE DE NUTRIENTES E VALOR ENERGÉTICO DE ALIMENTOS PARA CÃES” Mestrado

Mestrado Samara da Silva Morett Azevedo 01/03/2012 “RELÓGIO DE SOL ANALÊMICO: MÉTODO PEDAGÓGICO INTERDISCIPLINAR” Diego Rangel Cardoso Silva 08/03/2012 “SÍNTESE E AVALIAÇÃO DA ATIVIDADE BIOLÓGICA DE CUMARINAS E SEUS DERIVADOS” Kariza Mayra Silva Minini 28/03/2012 “APROVEITAMENTO DO BIOGÁS GERADO DA CODIGESTÃO DA GLICERINA COM DEJETOS SUÍNOS VISANDO A GERAÇÃO DE ENERGIA ELÉTRICA” Wagner da Silva Terra 14/03/2012 “CONSTITUINTES QUÍMICOS DE Trichillia lepidota (Meliaceae) E AVALIAÇÃO BIOLÓGICA FRENTE A MICRO-ORGANISMOS E LINHAGENS DE CÉLULAS CANCERÍGENAS” Luiz Fernando Milleri Sangiorgio 25/04/2012 “ESTUDO DAS EMISSÕES DE GASES POLUENTES PROVENIENTES DA EXAUSTÃO DE MOTOCICLETAS NA CIDADE DE CAMPOS DOS GOYTACAZES”

Doutorado

Júlia Ribeiro Soares 26/03/2012 “PURIFICAÇÃO E CARACTERIZAÇÃO DE UM PEPTÍDEOS DE SEMENTES DE Adenanthera Pavonina L.E AVALIAÇÃO DE SUA ATIVIDADE ANTIFÚNGICA CONTRA Saccharomyces cerevisiae” Letícia Oliveira da Rocha 27/03/2012 “AVALIAÇÃO DE EXTRATOS VEGETAIS COM ATIVIDADE LARVICIDA E OVICIDA NO CONTROLE IN VITRO DE NEMATÓIDES GASTRINTESTINAIS DE OVINOS”

Julia Gazzoni Jardim 14/03/2012 “AVALIAÇÃO EMPÍRICA DE MODELOS DE PREDIÇÃO DE METABOLIZABILIDADE DA DIETA EM FUNÇÃO DO PLANO NUTRICIONAL”

Veronica Aparecida Pereira Boechat 22/03/2012 “SIMULAÇÕES FÍSICAS INTERATIVAS PhET NO ENSINO FUNDAMENTAL” Leonardo Mota de Oliveira 27/04/2012 “ESTUDO, DESENVOLVIMENTO E APLICAÇÃO DE METODOLOGIAS BASEADAS NA GERAÇÃO E DETECÇÃO DE ONDAS ACÚSTICAS”

Mila Vieira da Rocha 25/04/2012 “UTILIZAÇÃO DA ESPECTROSCOPIA FOTOACÚSTICA PARA DETECÇÃO DE GASES ESTUFA”

Cognição e Linguagem Mestrado Daniella Constantini das Chagas Ribeiro 06/03/2012 “AS REPRESENTAÇÕES DO “EU” NA REDE SOCIAL YOUTUBE: QUANDO O ÍNTIMO ATRAVESSA OS LIMITES DO PÚBLICO E DO PRIVADO” Joyce Vieira Fettermann 08/03/2012 “OS ENTORNOS VIRTUAIS DA REDE SOCIAL MY ENGLISH CLUB E SUAS INTERVENÇÕES NOS AMBIENTES PRESENCIAIS DE APRENDIZAGEM DA LINGUA INGLESA”

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Maria Inês de Souza Azevedo Mello 13/03/2012 “A MÚSICA COMO INSTRUMENTO DE INTERVENÇÃO PSICOPEDAGÓGICA” Maria das Graças Estanislau de Mendonça Mello de Pinho 13/04/2012 “PERCEPÇÃO E PROCEDIMENTOS ESTRATÉGICOS DE LEITURA UTILIZADOS POR ALUNO DO ENSINO FUNDAMENTAL: UM ESTUDO NA PERSPECTIVA DA AUTORREGULAÇÃO DA APRENDIZAGEM EM ESCOLAS DE NATIVIDADE/RJ”

Ecologia e Recursos Naturais Mestrado Phillipe Mota Machado 10/03/2012 “EFEITOS DE RECIFES ARTIFICIAIS SOBRE A ESTRUTURA E COMPOSIÇÃO DA MACROFAUNA BÊNTICA ASSOCIADA NA COSTA NORTE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO”

Bruna Poley Gomes Reis Gusmão 21/03/2012 “DISPOSITIVOS DE SUBSTITUIÇÃO SENSORIAL PODEM FAVORECER A LOCOMOÇÃO AUTÔNOMA DOS CEGOS?” Fortunato Brunetti Lambert 30/03/2012 “SELEÇÃO DO LOCAL DE OVIPOSIÇÃO POR Ceraeochrysa spp.(Insecta: Neuroptera: Chrysopidae): a preferência pela presa está associada ao melhor desempenho da prole?”

Ingrid Ribeiro da Gama Rangel 30/03/2012 “CHAPEUZINHO VERMELHO: DE PERRAULT AO CIBERESPAÇO” Luciana Ferreira Tavares 30/03/2012 “CHICO BUARQUE ‘PARA TODOS’: DA BANDA QUE PASSA AO LEITE QUE SE DERRAMA” Roberto Mendes Ferreira 12/04/2012 “A EXPERIÊNCIA NA APRENDIZAGEM DOS PROCEDIMENTOS DE AVALIAÇÃO DA ALTA HOSPITALAR PÓS COLECISTECTOMIA SOB A ÓTICA DA APRENDIZAGEM AUTORREGULADA” Bruno José Aragão Pereira 20/04/2012 “A CARTA DO LEITOR NO ENSINO DA ESCRITA ARGUMENTATIVA - UM ESTUDO À LUZ DA RETÓRICA DE ARISTÓTELES, CÍCERO E QUINTILIANO” Patricia Maria dos Santos 24/04/2012 “APLICAÇÃO DA MODELAGEM MATEMÁTICA NO ENSINO MÉDIO À LUZ DA TEORIA DOS REGISTROS DE REPRESENTAÇÃO SEMIÓTICA”

Gabriela Calegario 30/03/2012 “ASPECTOS ESTRUTURAIS DA VEGETAÇÃO DO MANGUEZAL DO ESTUÁRIO DO RIO SÃO JOÃO, RJ”

Engenharia Civil Mestrado Priscila Alves Marques Fernandes 16/03/2012 “AVALIAÇÃO DOS RECURSOS HÍDRICOS SUPERFICIAIS, SUBTERRÂNEOS E USO DAS ÁGUAS PLUVIAIS DO MUNICÍPIO DE QUISSAMÃ/RJ” José Luiz Ernandes Dias Filho 27/03/2012 “ESTUDO DO EFEITO DA ENERGIA DE DESGASTE NA PREVISÃO DA DURABILIDADE DE GNAISSES ORNAMENTAIS DE PÁDUA-RJ” Felipe Fraga de Almeida 02/04/2012 “AVALIAÇÃO DOS PROCEDIMENTOS CONVENCIONAIS E NÃO-CONVENCIONAIS DE LABORATÓRIOS PARA DETEMINAÇÃO DO COMPORTAMENTO MECÂNICO E DE DURABILIDADE DE MATERIAIS CERÂMICOS”

Engenharia de Produção Mestrado

Lucas Louzada Pereira 26/03/2012 “O PERFIL DA ORGANIZAÇÃO PRODUTIVA NAS REGIÕES SERRANA E CAPARAÓ DO ESPÍRITO SANTO: UMA ABORDAGEM NEO-MARSHALLIANA” Rozana da Silva Rocha 27/03/2012 “UM ESTUDO COMPARATIVO DOS PRINCIPAIS PROBLEMAS ENFRENTADOS PELOS USUÁRIOS DO TRANSPORTE COLETIVO URBANO POR ÔNIBUS NAS CIDADES DE ITAPERUNA,RJ E RIO BRANCO,ACRE” Matheus Sepulvida Peres Monteiro 09/04/2012 “ESTUDO SOBRE A INFLUÊNCIA DA COOPERAÇÃO ENTRE O SETOR ACADÊMICO E INDUSTRIAL NA INOVAÇÃO GERADA PELAS PESQUISAS UNIVERSITÁRIAS NO ESTADO DO RIO DE JANEIRO: UM OLHAR NAS ENGENHARIAS”exploração & produção”

Engenharia de Reservatório e de Exploração Mestrado Bruno José Vicente 26/03/2012 “SIMULAÇÃO POR LINHAS DE CORRENTE DA INJEÇÃO DE BANCOS DE POLÍMEROS”

Engenharia e Ciência dos Materiais Doutorado Everton Maick Rangel Pessanha 23/03/2012 “ANÁLISE DE ESTRUTURA E PROPRIEDADES DA LIGA TiNi COM O EFEITO DE MEMÓRIA DE FORMA SUJEITA A TRATAMENTOS TÉRMICOS E DEFORMAÇÃO” Mestrado Thiago de Oliveira Cruz 19/03/2012 “ESTRUTURA E PROPRIEDADES DE LIGAS POLICRISTALINAS Cu-AI-Ni FUNDIDAS A PLASMA E SUBMETIDAS A TÊMPERA E COMPRESSÃO” Renata Barbosa Gonçalves 19/03/2012 “EFEITO DO TRATAMENTO TÉRMICO PÓS-SOLDAGEM NA MICRO E SUBESTRUTURA DE AÇOS INOXIDÁVEIS AUSTENÍTICOS E SUPERDUPLEX” Mariane Costalonga de Aguiar

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28/03/2012 “UTILIZAÇÃO DE RESÍDUO DE ROCHA ORNAMENTAL COM TECNOLOGIA DE FIO DIAMANTADO EM CERÂMICA VERMELHA” Emilene Rita Pimentel da Silva 30/03/2012 “FORMULAÇÃO E CARACTERIZAÇÃO DE UM NANOCOMPÓSITO POLIMÉRICO ECOAMIGÁVEL” Verônica Scarpini Candido 25/04/2012 “UTILIZAÇÃO DE ARGILITO E CHAMOTE DE BLOCOS DE VEDAÇÃO NA COMPOSIÇÃO DE MASSA DE ADOQUIM CERÂMICO”

Genética e Melhoramento de Plantas Doutorado Sérgio Alessandro Machado Souza 06/03/2012 “ATIVIDADES DE PRÉ-MELHORAMENTO EM Passiflora spp.VISANDO O MELHORAMENTO GENÉTICO DO MARACUJEIRO AZEDO” Sarah Ola Moreira 16/03/2012 “DISTINGUIBILIDADE E HOMOGENEIDADE DE LINHAS RECOMBINADAS DE Capsicum annuum L. COM BASE EM DESCRITORES MORFOLÓGICOS, MARCADORES MOLECULARES E RESISTÊNCIA À MANCHA-BACTERIANA” Deisy Lúcia Cardoso 26/04/2012 “ANÁLISE DIALÉLICA INTRA E INTER GRUPO HETERÓTICO EM MAMOEIRO” Mestrado Bianca Machado Campos 15/03/2012 “REDES NEURAIS ARTIFICIAIS E WARD-MLM APLICADOS A ANÁLISE DA DIVERGÊNCIA GENÉTICA EM Psidium guajava L.” Pedro Henrique Araújo Diniz Santos 16/03/2012 “CAPACIDADE COMBINATÓRIA EM MILHO ESTIMADA POR TESTADORES E MONITORADA POR MERCADORES MICROSSATÉLITES” Thiago Rodrigues da Conceição Silva 19/03/2012 “POTENCIAL DE HÍBRIDOS E VARIEDADES DE MILHO-PIPOCA NO NORTE E NOROESTE FLUMINENSE EM ENSAIOS DE VCU E DHE”


Artur Mendes Medeiros 23/03/2012 “CAPACIDADE COMBINATÓRIA E POTENCIAL AGRONÔMICO DE HÍBRIDOS DE Capsicum baccatum var.pendulum NAS CONDIÇÕES DA REGIÃO NORTE FLUMINENSE” Soraia de Assunção Monteiro da Silva 30/03/2012 “IDENTIFICAÇÃO DE FONTES DE RESISTÊNCIA À ANTRACNOSES EM ACESSOS DE capsicum spp” Hellen Cristina da Paixão Moura 30/03/2012 “CARACTERIZAÇÃO DA FENOLOGIA REPRODUTIVA E DA VIABILIDADE GAMÉTICA ASSOCIADA AO TAMANHO DO BOTÃO FLORAL EM GENÓTIPOS ELITES DE MAMOEIRO (C.papaya L.)” Nathália Duarte da Silva 13/04/2012 “IDENTIFICAÇÃO DE BACTÉRIAS SOLUBILIZADORAS DE FOSFATO E ANÁLISE DO SEU EFEITO SOBRE O DESENVOLVIMENTO DE PLANTAS Arabidopsis thaliana” Tarcisio Rangel do Couto 18/04/2012 “AVALIAÇÃO DE GENÓTIPO DE ABACAXIZEIRO CULTIVADOS IN VITRO E EX VITRO: EFICIÊNCIA FOTOSSINTÉTICA, CRESCIMENTO E RELAÇÕES HÍDRICAS”

Políticas Sociais Mestrado Marcela de Oliveira Pessoa 16/03/2012 “CAMINHOS DO JEQUITINHONHA: ANÁLISE DO PROJETO DE COMBATE À POBREZA RURAL COMO POLÍTICA PÚBLICA PARA O DESENVOLVIMENTO SOCIOECONÔMICO DO VALE DO JEQUITINHONHA -MG”

24/04/2012 “POLÍTICA PÚBLICA DE FORMAÇÃO CONTINUADA DE PROFESSORES: UM ESTUDO DE CASOS NA MODALIDADE DE EDUCAÇÃO À DISTÂNCIA NO ESTADO DO RIO DE JANEIRO” Diego Carvalhar Belo 25/04/2012 “O PROCESSO DE FORMAÇÃO DOS ACAMPAMENTOS E SEUS IMPACTOS NO PROCESSO DE DESENVOLVIMENTO DOS ASSENTAMENTOS DE REFORMA AGRÁRIA NA REGIÃO NORTE FLUMINENSE” Carla Gisele dos Santos Mota 20/03/2012 “POLÍTICAS HABITACIONAIS E USOS ECONÔMICOS DAS RESIDÊNCIAS: O CASO DO CONJUNTO HABITACIONAL MATADOURO EM CAMPOS DOS GOYTACAZES-RJ” Isroberta Rosa Araujo 23/03/2012 “MOBILIDADE URBANA E POLÍTICAS PÚBLICAS NO MUNICÍPIO DE CAMPOS DOS GOYTACAZES: UM ESTUDO DA POLÍTICA DE TRANSPORTES A UM REAL”

Sociologia Política Mestrado Raphael Peres Peixoto 21/03/2012 “OS PARTIDOS POLÍTICOS NAS ELEIÇÕES MUNICIPAIS NO ESTADO DO RIO DE JANEIRO ENTRE 1996 E 2008” June Maria Silva Ferreira 30/03/2012 “MEDIDAS SOCIOEDUCATIVAS DE MEIO ABERTO: UMA ANÁLISE SOBRE SUA EXECUÇÃO NA CIDADE DE CAMPOS DOS GOYTACAZES-RJ” José Henrique Mendes Crizostomo 12/04/2012 “SILÊNCIO E PARTICIPAÇÃO: UMA INVESTIGAÇÃO DA ATUAÇÃO POLÍTICA FEMININA EM CAMPOS DOS GOYTACAZES”

Produção Vegetal Doutorado Luísa Barreto Saramago 27/03/2012 “EFEITOS DO PRONAF NA SUSTENTABILIDADE AGRÍCOLA. O CASO DOS AGRICULTORES FAMILIARES DE CAMPOS DOS GOYTACAZES-RJ” Lucemarie Louvain Soares Nunes

Inês Ribeiro Machado 08/03/2012 “ASPECTOS BIOLÓGICOS DE Heterorhabditis baujardi LPP7 (RHABDITIDA: HETERORHABDITIDAE) RELACIONADOS À CITOGENÉTICA, EMBRIOGÊNESE E COMPORTAMENTO SEXUAL”

Mestrado

SERRANA FLUMINENSE”

Marina Meirelles Paes 02/03/2012 “CONSTITUINTES QUÍMICOS DE Picramnia ramiflora(Picramniceae)”

Kamilla Pereira Aguiar 23/03/2012 “BIOPROSPECÇÃO DE BACTÉRIAS PROMOTORAS DO CRESCIMENTO VEGETAL ASSOCIADAS A VERMICOMPOSTOS”

Ruthanna Isabelle de Oliveira 02/03/2012 “FÓSFORO ORGÂNICO EM SOLOS DE DIFERENTES PEDOGÊNESES” Paulo Cesar dos Santos 12/03/2012 “ÁCIDOS HÚMICOS, BRASSINOSTEROIDE E FUNGO MICORRÍZICOS ARBUSCULARES NA PRODUÇÃO DE MUDAS DE ABACAXIZEIRO” Priscila Maria Rodrigues 13/03/2012 “ESTABILIADADE DE AMILASES E PROTEASES PRODUZIDAS SIMULTANEAMENTE POR Bacillus sp smia-2 E COMPATIBILIDADE DAS ENZIMAS COM COMPONENTES DE FORMULAÇÕES DE DETERGENTES”

Kátia Regina do Rosário Nascimento Sales 28/03/2012 “QUALIDADE DO CARBONO EM FRAÇÕES DA MATÉRIA ORGÂNICA E CLASSES DE AGREGADOS DE SOLOS SOB SISTEMAS AGROFLORESTAIS DE CACAU POR ESPECTROSCOPIA NA REGIÃO DO INFRAVERMELHO” Thalles Cardoso Mattoso 29/03/2012 “INFLUÊNCIA DE BACTÉRIAS SIMBIONTES PRESENTES NO TEGUMENTO DE Acromyrmex subterraneus subterraneus (HYMENOPTERA: FORMICIDAE) NA INFECÇÃO PELOS FUNGOS ENTOMOPATOGÊNICOS Metarhizium anisopliae E Beauveria bassiana”

Jaqueline Fernandes Carvalho 15/03/2012 “AVALIAÇÃO DE CULTIVARES DE LEGUMINOSAS-FEIJÃO-CAUPI E FEIJÃO-VAGEM ARBUSTO-EM SISTEMA ORGÂNICO DE PRODUÇÃO” Vinicius da Silva Araujo 15/03/2012 “ESTUDO DE PARÂMETROS OPERACIONAIS DE BIORREATOR NÃO CONVENCIONAL APLICADO A PRODUÇÃO DE BIOCOMBUSTÍVEL: PROPOSTA PRELIMINAR DE INSTRUMENTAÇÃO/AUTOMAÇÃO Cristiane de Jesus Aguiar 14/03/2012 “ANÁLISE DA RELAÇÃO ENTRE A EXPANSÃO DA CANA-DE-AÇÚCAR E A PRODUÇÃO DOS DEMAIS GÊNEROS DA AGROPECUÁRIA BRASILEIRA” Taiane Pires de Freitas 15/03/2012 “PROPAGAÇÃO DE IPÊ-ROXO (Tabebuia impetiginosa (MART.) STANDIL.) POR MINIESTAQUIA” Jhonnatan Gonçalves Chagas 15/03/2012 “DINÂMICA E CARACTERIZAÇÃO DOS EXTRATOS LIPÍDICOS NUM SOLO COM ELEVADO APORTE DE MATÉRIA ORGÂNICA” Thiago Rodrigues Lyrio Barbosa 16/03/2012 “ATRIBUTOS FÍSICOS DO SOLO SOB ESPÉCIES FLORESTAIS DA MATA ATLÂNTICA NA REGIÃO

Aline Teixeira Carolino 02/04/2012 “FORMULAÇÃO EM ÓLEO AUMENTA A PERSISTÊNCIA DO FUNGO ENTOMOPATOGÊNICO PARA USO NO CONTROLE DO MOSQUITO Aedes aegypti (Diptera: Culicidae)” Marcelo Siqueira Ribeiro 04/04/2012 “IRRIGAÇÃO PARCIAL DO SISTEMA RADICULAR: CAPACIDADE FOTOSSINTÉTICA E ANÁLISE DE CRESCIMENTO EM CANA-DE-AÇÚCAR NA REGIÃO NORTE FLUMINENSE” Camila Bueno Stofel 13/04/2012 “PADRÕES SAZONAIS DE FLORESCIMENTO E DESENVOLVIMENTO DE FRUTOS EM VIDEIRA ‘NIAGARA ROSADA’(Vitis labrusca L.)” Zelita de Loudes Gomes 27/04/2012 “ESTIMATIVA DO CONSUMO HÍDRICO EM CACTÁCEAS”

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Projetos

estratégicos

Grupos liderados por cientistas da UENF conquistam recursos no edital mais ambicioso da Faperj; resultado esboça novo mapa das equipes de pesquisa da Universidade

Seis equipes de pesquisa nucleadas na UENF conseguiram aprovar projetos estratégicos para o Estado do Rio de Janeiro no concorrido edital ‘Pensa Rio 2012’ da Faperj (Fundação Carlos Chagas Filho de Amparo à Pesquisa do Rio de Janeiro). O resultado, divulgado em maio, ajuda a esboçar um mapa do novo arranjo de equipes de pesquisa da Universidade após a aposentadoria da maioria dos cientistas seniores atraídos para implantar a instituição, na década de 1990. Dos seis projetos aprovados no edital, cinco são liderados por pesquisadores com dez a 20 anos de doutorado: Almy Junior Cordeiro de Carvalho (titulado em 1998), Carlos Jorge Logullo de Olivera (2000), Luciano Pasqualotto Canellas (1999), Messias Gonzaga Pereira (1993) e Rosana Rodrigues (1997). A exceção fica por conta de Helion Vargas, um dos poucos remanescentes do grupo de cientistas que

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já chegaram à UENF com reconhecimento na ciência brasileira. Há outros indicadores desta renovação, mas um passeio pelos projetos aprovados pelo ‘Pensa Rio’ — seus objetivos, responsáveis e pesquisadores associados — revela algo sobre o perfil da nova geração de pesquisadores da UENF. No geral eles são articulados com outras instituições (às vezes internacionalmente), formam novos cientistas, têm produção acadêmica de impacto e captam recursos para criar infraestrutura de pesquisa. Rosana Rodrigues, titulada doutora pela UENF em 1997 com pós-doutorado na University of Florida (EUA), coordena projeto voltado para a redução do uso de agrotóxicos nas lavouras do Rio de Janeiro. - Nossa expectativa é ter, dentro de um prazo razoável de aproximadamente dois anos, o lançamento de cultivares resistentes a doenças

bacterianas e virais. Num primeiro momento, vamos trabalhar com Capsicum, que engloba pimentão e algumas espécies de pimenta - diz a pesquisadora, lembrando que o pimentão tem aparecido na mídia como o vilão no uso intensivo de agrotóxicos. O grupo mobilizado para a tarefa inclui cientistas de quatro laboratórios da UENF e ainda pesquisadores de três departamentos da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ). Dos dez que formam a equipe, cinco são ‘pesquisadores emergentes’: Daniela Barros de Oliveira (UENF), Douglas Siqueira de Almeida Alves, Katherina Coumendouros, Marco André Alves de Souza e Pedro Correa Damasceno Junior (todos da UFRRJ). Os outros membros do grupo são da UENF: Alexandre Pio Viana, Antônio Teixeira do Amaral Junior, Ivo José Curcino Vieira e Olney Vieira da Motta.


Mamão,milho e

coco : abordagem global Messias Gonzaga Pereira é o pesquisador com mais tempo de carreira no grupo dos coordenadores de projetos contemplados pelo Pensa Rio 2012, à exceção de Helion Vargas. Messias concluiu o doutorado em 1993, na Iowa State University (EUA) e no ano seguinte iniciava sua trajetória na UENF. Reunindo 13 pesquisadores de vários laboratórios da UENF e ainda da UFRJ, o projeto se propõe a utilizar ferramentas de biologia molecular e de bioinformática no melhoramento das culturas do mamão, milho e coco.

Dos

- A equipe multidisciplinar, multi-institucional e até mesmo multirregional permite que sejam feitas abordagens mais abrangentes, com foco na solução dos problemas que limitam cada cultura como um todo. Estaremos associando ferramentas biotecnológicas e de bioinformática aos procedimentos de melhoramento genético visando à busca de novas cultivares das culturas envolvidas – avalia Messias. Para o pesquisador, as dificuldades deste tipo de trabalho em rede são pequenas e não se comparam com as vantagens, em-

bora sempre seja recomendável atenção especial para manter todos motivados na execução das pesquisas. O grupo congrega a professora Beatriz dos Santos Ferreira, da UFRJ, e 12 pesquisadores ligados à UENF: Gonçalo Apolinário de Souza Filho, Helaine Christine Cancela Ramos, Hérika Chagas Madureira, Jurandi Gonçalves Oliveira, Ricardo Enrique Bressan-Smith, Roberto dos Santos, Rogério Figueiredo Daher, Silvaldo Felipe da Silveira, Telma Nair Santana Pereira, Thiago Motta Venâncio e Vanildo Silveira.

laboratórios

para as

plantações Sob a coordenação do professor Almy Junior Cordeiro de Carvalho - que já foi aluno, professor e reitor desde que chegou à então nascente UENF, em 1993 - um grupo de pesquisadores se articulou para concentrar ações de pesquisa nas áreas de nutrição mineral de plantas, fisiologia vegetal, manejo sustentável de cultivos agrícolas, princípios ativos de interesse medicinal, plantas medicinais e aromáticas e produção de mudas, entre outras. A equipe tem diante de si dez espécies vegetais

de interesse econômico, entre elas abacaxi, maracujá, coentro, pimenta e pimentão. São sete subprojetos que, no conjunto, mobilizam 15 pesquisadores dos Laboratórios de Fitotecnia (LFIT) e de Solos (LSOL). O projeto visa ao fortalecimento da pós-graduação em Produção Vegetal da UENF (já reconhecida com conceito 5 pela Capes) para dar suporte científico e tecnológico ao desenvolvimento da agricultura regional em áreas como fruticultura, grandes culturas, plantas medicinais

e aromáticas. Além de Almy Junior, o grupo envolve os professores Antonio Carlos da Gama-Rodrigues, Cláudia Sales Marinho, Claudio Roberto Marciano, Deborah Guerra Barroso, Emanuela Forestieri da Gama-Rodrigues, Fabio Cunha Coelho, Henrique Duarte Vieira, Janie Mendes Jasmim, José Geraldo de Araujo Carneiro, Marta Simone Mendonça Freitas, Rogério Figueiredo Daher, Silvério de Paiva Freitas, Silvio de Jesus Freitas e Virginia Silva Carvalho.

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Menos Controle agrotóxicos

O desenvolvimento dos novos insumos biológicos capazes de dar suporte à produção agrícola sem uso de agrotóxicos é um dos objetivos do projeto coordenado pelo professor Luciano Pasqualoto Canellas, pesquisador do Laboratório de Solos da UENF, doutor em Agronomia (Ciência do Solo) em 1999 e professor associado da UENF desde 2002. Como todo projeto, a proposta tem objetivos científicos, acadêmicos e sociais. Entre os primeiros está o de identificar possíveis mudanças no perfil metabólico de plantas tratadas com os insumos produzidos pelo Núcleo de Desenvolvimento de Insumos Biológicos para a Agricultura da UENF (NUDIBA). Os objetivos acadêmicos incluem elevar a qualificação de alunos de iniciação científica, mestrado e doutorado da UENF envolvendo treinamento em técnicas analíticas avançadas. Já os objetivos sociais são os de contribuir para a autossuficiência de fertilizantes nitrogenados em plantas não leguminosas e o desenvolvimento de tecnologias de estimulação do crescimento vegetal facilmente apropriadas pelos agricultores, além de ambientalmente amigáveis. A equipe vem trabalhando junto desde 2000, com o primeiro resultado publicado em 2002. Para Canellas, assuntos relevantes e não resolvidos exigem tentativas de solução não lineares e multifacetadas. - A reunião de especialistas de diferentes áreas sobre um ponto comum de estudo é uma das propostas para superar o problema da fragmentação científica. Além disso, a maquinaria de suporte à pesquisa exige resultados com rapidez cada vez maior, inviabilizando a pesquisa monoautoral – argumenta. Neste caso, a tarefa está nas mãos de uma equipe que reúne quatro professores da UENF (Arnoldo Rocha Façanha, Fábio Lopes Olivares, Maria Raquel Garcia Vega e o próprio Luciano Canellas) e quatro pesquisadores em pós-doutoramento (Inga Gonçalves, Sid Ndaw, Alena Torres Netto e Marcelo Araújo). Os trabalhos têm ainda a colaboração de alunos de doutorado (Natália Aguiar, Jhonathann Chagas, Roselaine Sanches, Validoro Giro, D. Balmori-Martinez), mestrado (Lívia Lima, Antonio Melo, Jucimara da Anunciação, Manuela Bento, Kamilla Aguia, Mariana Barducco, Bruna Pintor) e de Iniciação Científica (Ingrid Trancoso da Silva, Marcelly Oliveira, Thales Fagundes, Silézio Ferreira da Silva, Nayla Motta e Daniele Frade), assim como dos técnicos Arizoli Gobo e Gilberto Conceição.

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Carlos Logullo, doutor a partir de 2000 e pesquisador do CBB/ UENF desde 2002, coordena projeto focado em diferentes estratégias de controle do carrapato bovino - Rhipicephalus (Boophilus) microplus e do mosquito da dengue (Aedes aegypti). O projeto se propõe estudar aspectos da embriogênese (formação dos embriões, de modo a interferir na reprodução) destes dois organismos, uma vez que são capazes de gerar muitos ovos - milhares e centenas, respectivamente. Os cientistas utilizam como modelo o besouro T. castaneum, já bem conhecido em termos de genômica e da biologia de desenvolvimento, e o barbeiro (Rhodnius prolixus), um grande modelo de estudos em fisiologia de insetos. O alvo da pesquisa é conseguir estabelecer conhecimentos sobre aspectos moleculares importantes relacionados ao desenvolvimento desses vetores e assim propor novas e melhores estratégias de controle. No horizonte dos pesquisadores está a caracterização de proteínas já identificadas para o desenvolvimento e melhoramento de vacinas e drogas contra os vetores destas doenças, além da consolidação de equipes de pesquisadores dedicados a temas estratégicos como estes no Norte Fluminense. A empreitada reúne 17 pesquisadores da UENF, da UFRJ e da UFRRJ. Oito deles são do grupo emergente que se instalou no campus da UFRJ em Macaé, a partir de 2009, com apoio de projetos coordenados por pesquisadores da UENF e por financiamento do INCT - Entomologia

Molecular, de que o grupo faz parte. A cooperação permite abordagens multidisciplinares, destacando-se a parte de bioinformática a cargo da professora Glória Braz, do Instituto de Química da UFRJ; a abordagem da biologia do desenvolvimento coordenada pelo pesquisador Rodrigo Nunes da Fonseca, da UFRJ/ Macaé; e a área de metabolismo energético, em que os pesquisadores da UENF colaboram com egressos desse grupo hoje instalados na UFRJ de Macaé - Jorge Moraes, Eldo Campos, Wagner de Oliveira Vital e Helga Fernandes. O grupo inclui ainda quatro pesquisadores da UFRJ ( José Roberto da Silva, Flávia Borges Mury, Nelilma Romeiro e Patricia Hessab Alvarenga) e um da UFRRJ (Emerson Guedes Pontes), além de cinco da UENF (Anna Okorokova, Lev Okorokov, André Lacerda, Leonardo Abreu e Fernanda Antunes). O projeto possui também colaborações com várias instituições no Brasil, com destaque para o Centro de Biotecnologia da UFRGS (Universidade Federal do Rio Grande do Sul). No exterior, há cooperações com o Japão, Uruguai e Estados Unidos. - Hoje o pesquisador não trabalha sozinho, porque a gama de expertises para que o trabalho atinja qualidade acadêmico-científica é muito grande. Um grupo sozinho, sem colaboração, não consegue atender a todas as áreas necessárias para que um projeto como este atinja o resultado acadêmico-científico de impacto internacional a que se propõe neste caso – opina Logullo, coordenador do projeto.


insetos organismos

de eoutros

Foto: Alexsandro de Azevedo - ASCOM

Membros da equipe cordenada pelo professor Carlos Logullo (Ă direita)

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Foto: Felipe Moussallem - ASCOM

Parte da equipe coordenada pelo professor Helion Vargas, terceiro da direita para a esquerda

Novo equipamento para múltiplos

usuários

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No grupo dos contemplados pelo Edital Pensa Rio na UENF, Helion Vargas é o único remanescente dos cientistas que já eram nacionalmente renomados ao chegar à Universidade, em 1997. Membro titular da Academia Brasileira de Ciências, Helion coordena projeto voltado para a caracterização e desenvolvimento de novos materiais de interesse tecnológico. Com a aquisição de um novo difratômetro de raios X, os pesquisadores esperam impulsionar estudos que já vêm sendo feitos no âmbito do Programa de Pós-Graduação em Ciências Naturais da UENF, além de novas linhas de pesquisa em fase de implementação. Entre eles, análise mineralógica quantitativa de materiais cerâmicos de interesse tanto tecnológico quanto arqueológico; processos de cristalização de vidros óticos especiais; caracterização de materiais magnetocalóricos para refrigeração magnética; além de outros materiais in-


vestigados por vários grupos de pesquisas da UENF: zeólitas, perovskitas, catalisados e sedimentos. - Esperamos estabelecer novas colaborações com grupos de pesquisa da UENF e de outras instituições, unindo esforços para a elucidação de temas de relevância científica e tecnológica - diz Helion Vargas, que coordena grupo formado por outros dez pesquisadores: André de Oliveira Guimarães, Denise Ribeiro dos Santos, Edson Corrêa da Silva, Fábio Fagundes Leal (IFF-Itaperuna), Juraci Aparecido Sampaio, Marcelo da Silva Sthel, Marcelo Gomes da Silva, Max Erik Soffner, Milena Filadelpho

Difratômetro de Raios - X

Coutinho (IFF-Campos) e Roberto Weider de Assis Franco. No final de 2011, Helion Vargas recebeu o prêmio mundial Senior Prize IPPA, concedido pela International Photoacoustic and Photothermal Association, que congrega mundialmente os pesquisadores da área de estudos fotoacústicos e fototérmicos. O ‘Prêmio Senior’ da Associação reconhece pesquisadores que se destacam na contribuição ao desenvolvimento e evolução de técnicas fotoacústicas e fototérmicas e das aplicações com forte impacto em diferentes segmentos da comunidade científica.

Programa éo

mais ambicioso da Faperj Criado pela Faperj em 2007, o programa ‘Pensa Rio’ teve o resultado de seu terceiro edital divulgado em maio. No total, 131 projetos começam a ser desenvolvidos em 17 instituições de ensino e pesquisa sediadas no estado do Rio, mobilizando recursos da ordem de R$ 45,2 milhões. O programa privilegia áreas estratégicas para o Estado do Rio e projetos que reúnam pesquisadores de excelência consorciados com grupos de pesquisadores emergentes. O objetivo é que as associações permitam a interação e a integração entre diferentes grupos de pesquisa e a complementaridade de competências. Como resultado duradouro, espera-se que os projetos abordem problemas em temas relevantes e estratégicos para o estado. - Este é o programa mais ambicioso praticado isoladamente pela Faperj. É o que reúne a maior soma de recursos financeiros, as maiores faixas de financiamento e o prazo mais dilatado para o desenvolvimento dos projetos – diz o diretor científico da Fundação, Jerson Lima. Contando os recursos do último edital, a Faperj terá aplicado mais de R$ 100 milhões no programa desde 2007.

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ENTREVISTA / Carlos Eduardo Bielschowsky

Trilhas da

educação

Ele foi protagonista em duas importantes experiências de educação pública superior na história recente do país, o Consórcio Cederj e a Universidade Aberta do Brasil. Agora, o professor Carlos Eduardo Bielschosky – presidente da Fundação Cecierj/Consórcio Cederj - está metido em outra empreitada: a formação de uma rede de escolas públicas que articulam ensino semipresencial nos níveis fundamental, médio e profissional e ainda cursinho pré-vestibular e os cursos de graduação a distância oferecidos pelo Consórcio Cederj. A construção desta ‘trilha de oportunidades’ envolve uma delicada engenharia institucional que reúne duas secretarias do Estado (Educação e Ciência e Tecnologia), a Faetec, o Cecierj e as universidades públicas reunidas no Cederj. ‘Imagine um jovem ou adulto entrando na rede com 20 anos de defasagem nos estudos e daqui a não sei quantos anos saindo como engenheiro!’, admira-se Bielschowsky. Doutor em Física pelo CBPF, ele admite não lembrar muito bem os conteúdos que aprendeu na escola, mas ressalta que as habilidades de raciocínio, interpretação e intervenção constituem algo ‘que ninguém tira’. Confira a entrevista, em que o educador também avalia a experiência da UENF em termos da tensão entre a herança transformadora de Darcy Ribeiro e a necessidade de sedimentar rotinas.

Foto: Divulgação

Carlos Eduardo Bielschowsky

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Nossa UENF: Cobrimos uma visita recente do senhor à UENF e fomos atraídos pelo entusiasmo com que se referia a um projeto que, aparentemente, pretende articular o ensino regular à oferta de cursos profissionalizantes e de certa forma encaminhar os jovens vocacionados para o ensino superior. Do que exatamente se trata? Bielschowsky: É um projeto que já está acontecendo e se chama ‘Seja Profissional’. Estamos iniciando a oferta, para jovens e adultos, de uma trilha de oportunidades para a vida profissional. Nesta trajetória reunimos a oferta de ensino fundamental e ensino médio semipresenciais pela rede Ceja, o pré-vestibular social do Cecierj, os cursos profissionais semipresenciais da Faetec e os cursos de graduação do consórcio Cederj. No que diz respeito aos cursos profissionais de formação inicial, no momento são seis cursos da Faetec – bombeiro hidráulico, eletricista predial, montagem e manutenção de computadores, telemarketing, auxiliar administrativo e ainda técnico em vendas. O aluno recebe uma formação inicial, com pouco mais de 200 horas, para uma primeira qualificação. Com isso pode entrar no mercado e se encontrar. Mas também pode almejar entrar para a universidade, e para isto conta com o Pré-Vestibular Social e o Consórcio Cederj, ambos da Fundação Cecierj. Atualmente o Consórcio Cederj oferece 12 cursos superiores na modalidade semipresencial. Nossa UENF: Onde estão fisicamente estas unidades? Bielschowsky: Assumimos a gestão pedagógica e compartilhamos com a Secretaria de Educação do Estado a gestão administrativa de uma rede de escolas que se chamava CES — Centro de Ensino Supletivo — e agora se chama Ceja (Centro de Ensino de Jovens e Adultos). São 37 unidades próprias e 22 outras que funcionam dentro de escolas convencionais, envolvendo algo em torno de 60 mil alunos. Estamos levando cursos profissionais da Faetec e o Pré-Vestibular Social para metade delas. Até o final deste ano, teremos 30 unidades oferecendo ensino fundamental, ensino médio, pré-vestibular e cursos profissionalizantes. Destas, cerca de 12 serão completas, tendo, além de tudo isto, os cursos de graduação do Cederj. A primeira unidade baseada neste novo conceito já funciona na Rocinha, onde implantamos o ciclo completo incluindo fundamental, médio, formação profissional, pré-vestibular social e quatro cursos graduação do consórcio Cederj. Nossa UENF: O modelo se inspira em alguma


experiência? Bielschowsky: É um modelo absolutamente pioneiro, não tem nada igual no mundo. Alguns estrangeiros souberam e ficaram impressionados. Isso reflete em grande parte a cabeça e a percepção de que as pessoas não conseguem se locomover e que a educação semipresencial é uma boa solução para isso. E nossas seis universidades estão participando, reunidas no consórcio Cederj com a UENF, Uerj, UFF, Unirio, UFRJ, UFRRJ e agora também com Cefet do Rio, o que nos permite este voo mais alto e inovador. Com essa rede, nossa ideia é ampliar a oferta de cursos no Cederj, para que os elos do ‘Seja Profissional’ estejam bem conectados. No momento o consórcio Cederj tem como foco principal as licenciaturas, o que é muito legal e importante, mas talvez esta não seja hoje a maior demanda de jovens e adultos. Um curso de Engenharia Civil, por exemplo, seria excelente para isto. Imagine um jovem ou adulto entrando na rede com 20 anos de defasagem nos estudos e daqui a não sei quantos anos saindo como engenheiro! Vai ser muito legal! Nossa UENF: Que tamanho essa rede pretende vir a ter? Bielschowsky: Hoje são quase 110 mil alunos: 25 mil na graduação, outros 20 mil no pré-vestibular social e em torno de 60 mil na rede do Ceja. Já é uma rede poderosa! Mas não sei até que tamanho vai chegar. Contamos com o entusiasmo do governador para que este seja um ano de consolidação. O fato é que a rede tem potencial para atuar em escala, estando espalhada em muitos municípios. Se somar tudo, acho que estamos em pelo menos dois terços dos municípios do Estado. Alguns polos com o ciclo completo, como na Rocinha. Nossa UENF: O que este projeto representa para o senhor? Bielschowsky: A verdade é que a ideia do ‘Seja Profissional’ não partiu de mim, mas é claro que estou tendo uma participação também na concepção. Penso nisso o dia inteiro, fico sonhando com isso. E já que abriu espaço para falar de mim, devo dizer que tenho enorme felicidade de poder estar à frente destes projetos, por várias razões. Primeiro, é muito importante reverter essa pirâmide social injusta, com reflexos na falta de oportunidades para os menos

favorecidos e que, embora tenha melhorado um pouco, ainda precisa ser muito transformada. E nós estamos abrindo um leque de oportunidades. Se você pensar que fazemos parte do processo de transformação do nosso país, evidentemente isso é uma felicidade! Segundo é a possibilidade de criarmos processos pedagógicos inovadores. Criamos paradigmas que significam processos de educação pautados no desenvolvimento da pessoa. Trabalhamos com conteúdos, naturalmente, mas focamos o desenvolvimento de habilidades e competências que eles carreguem para o resto da vida. Eu, por exemplo, lembro pouca coisa do que estudei no ensino fundamental e no ensino médio em termos de conteúdo. Mas as habilidades de raciocínio, de interpretação e de intervenção, isso ninguém tira!

“O pai de tudo isso foi Darcy Ribeiro, que queria fazer a Universidade Aberta do Brasil” Nossa UENF: O senhor também participou ativamente da criação da Universidade Aberta do Brasil, inspirada no modelo do Cederj. Como foi essa experiência? Bielschowsky: O pai de tudo isso foi Darcy Ribeiro, que queria fazer a Universidade Aberta do Brasil, e ele teve a colaboração do professor Wanderley de Souza, então secretário de Ciência e Tecnologia, na implantação do Cederj. É curioso que o sonho de Darcy (que era para o país) tenha se realizado posteriormente a partir da experiência do Rio de Janeiro. O Cederj ficou como modelo que mostrou seriedade. O ministro da Educação ficou sabendo de alguma maneira, e acabamos envolvidos no processo. Fui o secretário de Educação a Distância do MEC por alguns anos. O professor Celso Costa, que era meu vice no Cederj, virou diretor desse sistema. Hoje a UAB está em 700 municípios do Brasil, com 92 universidades fazendo parte. Mas os sistemas do estado e do país não são idênticos. No Cederj o relacionamento entre as universidades

é mais íntimo, e não apenas por elas serem em número menor. É um sistema muito peculiar, mais colaborativo, em que as universidades compartilham disciplinas. Nossa UENF: Essa sinergia é sempre interessante e desejável, mas geralmente difícil de realizar, não é verdade? Bielschowsky: No início não foi muito fácil, mas, com o tempo, acabou se tornando tranquilo. Uma universidade dá força para outra, e assim se vencem resistências internas. Resulta em um sistema muito poderoso, e está fluindo bem. Encontrar uma equação para as diplomações, por exemplo, foi muito importante para equilibrar as contribuições das universidades, já que as disciplinas são dadas conjuntamente. Gostaria de destacar o papel importante desempenhado pela UENF no consórcio, com o segundo curso implantado — o de Licenciatura em Biologia, tendo a UFF lançado o primeiro, de licenciatura em Matemática. A UENF foi muito ágil e muito firme no processo. Teve a coragem de lançar o segundo curso, e com isto ajudou bastante na criação do consórcio Cederj. Nossa UENF: E já que chegamos à UENF, uma pergunta sobre a nossa Universidade. Por um lado, ela tem uma marca de inquietação, transformação e reinvenção que vem do espírito de Darcy. Por outro, há sempre uma tendência à estabilização e à rotinização, uma tendência a se render ao que está estabelecido. Como o senhor, sendo um observador externo, avalia a experiência da UENF neste aspecto? Bielschowsky: Esse é um belo desafio! Mas eu vejo que a UENF continua criando modelos bem interessantes e se lançando em tarefas muito inovadoras. Evidente que essas inovações precisam se consolidar, e o grande desafio é não perder esse gosto pela invenção e, ao mesmo tempo, ir criando estruturas sólidas que suportem a realização do sonho. Acho que a UENF está amadurecendo, passou por um conjunto de gestões bem conduzidas e vem se consolidando, alcançando essa graça, essa possibilidade de amadurecer sem perder esse traço da inovação com qualidade. As inovações sempre trazem angústias e sofrimentos, mas o resultado me parece muito bom. Muita universidade sucumbe ao burocratismo, à mesmice, mas a UENF não está ficando assim, isto é muito legal.

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Vida em

repúblic

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Foto: Felipe Moussallem - ASCOM

Rapaziada da República do Jorge Heleno, no alto à direita

Um espaço sem regras, onde tudo pode e nada é proibido: seria assim uma típica república estudantil? Não é bem o que acontece com um grupo de quatro alunos de Engenharia Civil da UENF que dividem um apartamento num condomínio em frente ao campus Leonel Brizola, em Campos (RJ): Jorge Heleno da Silva Pinto, natural de São José de Ubá (RJ); Markssuel Teixeira Marvila, de Marataízes (ES); Pablo Gomes Esteves Dias, de Macaé (RJ); e Ilcimar Andrade da Silva, de Cardoso Moreira (RJ). - Teoricamente é desregrado, mas dá para levar tudo numa boa. Até hoje, a gente nunca teve uma briga – conta Jorge Heleno, 21 anos, que está no sétimo período do curso. A receita para a harmonia num contexto aparentemente livre de amarras e limites parece estar nas regras informais, que tantas vezes falam mais alto do que leis e decretos. Na república dos futuros


ca

Alunos relatam como é viver repentinamente longe dos olhares dos pais, mas perto de outras responsabilidades

engenheiros, todo mundo tem suas tarefas. Por exemplo: cada dia tem alguém incumbido de arrumar a cozinha. - Comida, só fazemos o arroz e a carne. O resto a gente traz de casa – diz Jorge Heleno, lembrando que ainda dá para rachar o pagamento a uma diarista que vai uma vez por semana ao local. É a ‘tia Lana’, que presta o mesmo serviço a outras tantas repúblicas do condomínio. O dinheiro para estas pequenas ‘extravagâncias’ vem das bolsas recebidas pelos estudantes (veja box na próxima página). Por ter ingressado na UENF pelo sistema de cotas para ex-alunos da rede pública, exclusivo para estudantes comprovadamente carentes, Jorge tem direito a um auxílio de R$ 300 por mês. Se for bom aluno, pode ainda concorrer a uma das diversas modalidades de bolsa relacionadas a mérito acadêmico, como Iniciação Científica, Extensão ou Monitoria. E Jorge acaba de conquistar

uma bolsa de Extensão, no valor de R$ 420 mensais. A rotina de estudos varia conforme o estilo de cada um. Jorge estuda mais intensamente quando se aproximam as provas, mas aproveita as brechas de tempo nos dias da semana para colocar a vida em dia. Estudo em grupo, só quando fazem as mesmas disciplinas, o que não é tão comum. Mas tem pelo menos uma matéria que todos cursam juntos: ‘Pesquisa Operacional’, com a professora Gudelia Morales, do Laboratório de Engenharia de Produção da UENF (LEPROD). E a diversão? Aqui e ali não é difícil ouvir professores se queixando de um suposto excesso de festas e bebedeiras por parte dos alunos, prejudicando as atividades no dia seguinte. Mas Jorge e seus amigos garantem que com eles isso não acontece. - Minha diversão mais comum é a in-

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ternet! Festa e barzinho não é muito comigo. Estou sempre viajando para casa, em São José de Ubá, ou para Guarapari, onde mora minha namorada. Mas o Markssuel é bem chegado a uma festa! – denuncia Jorge. Markssuel não nega ser o mais festeiro, mas alega que isto acontece porque ele é o único que passa os

fins de semana na república, sem viajar. Já Ilcimar vai toda sexta para a casa da família, na pequena Cardoso Moreira (RJ), de 12.405 habitantes (Censo 2010 do IBGE), aproveitando o ônibus disponibilizado pela Prefeitura. Apesar do ‘bom convívio’ com os colegas, Ilcimar admite que não se sente intei-

ramente em casa. A república dos futuros engenheiros civis fica num condomínio com 19 blocos de 12 apartamentos em média, totalizando mais de 200 unidades habitacionais. Por estar bem próximo ao campus, tornou-se local preferencial para universitários de todas as tribos.

Bolsas ‘salvam a pátria’ que

Somando todas as modalidades, quase metade dos alunos de graduação da UENF recebe alguma bolsa ou auxílio

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Ensino gratuito é fundamental, mas nem sempre suficiente para garantir o acesso e a permanência do estudante na universidade, principalmente dos que deixam suas cidades para estudar e se acomodam em repúblicas. Na UENF, os estudantes podem contar já na graduação com um cardápio de opções de bolsas e auxílios que por vezes são decisivos para levar o curso até o fim. Entre os 3,5 mil alunos de graduação da Universidade, 1,5 mil (ou 43%) recebem algum tipo de bolsa ou auxílio. Há duas vertentes de oportunidades: uma baseada em critérios de carência socioeconômica, outra baseada em mérito acadêmico. Os alunos carentes têm duas possibilidades de auxílio: o auxílio a cotistas ou as bolsas de apoio acadêmico, ambos no valor de R$ 300 mensais. Já as bolsas baseadas em desempenho acadêmico são de várias modalidades: Iniciação Científica, Iniciação Tecnológica, Iniciação à Docência, Extensão e Monitoria. Carentes -A Lei de Cotas das universidades estaduais do Rio de Janeiro (Lei 5.346/2008) reserva 45% das vagas em cada curso da UENF para candidatos carentes que

se enquadrem em certos perfis: 20% para negros ou indígenas, 20% para candidatos oriundos da rede pública de ensino e 5% para pessoas com deficiência ou filhos de policiais civis, militares, bombeiros militares e inspetores de segurança e administração penitenciária mortos ou incapacitados em razão do serviço. Em atendimento à mesma lei, quem ingressa por cotas tem direito a um auxílio durante toda a vigência do curso - pago com recursos do Fundo de Combate à Pobreza, atualmente no valor de R$ 300 por mês. - Este auxílio se destina a permitir a manutenção do aluno enquanto estuda e não o impede de concorrer a bolsas focadas no desempenho – explica o pró-reitor de Extensão e Assuntos Comunitários da UENF, Paulo Nagipe. Mas há alunos carentes que não ingressam pelas cotas, e também eles têm direito a oportunidades. Para solicitar uma ‘bolsa de apoio acadêmico’, no mesmo valor de R$ 300, o estudante deve passar por uma triagem no Serviço Social da UENF. Comprovando a carência, entra numa fila que em geral anda muito rápido. Nesta modalidade, o

aluno se compromete a prestar apoio a atividades da Universidade em horários vagos de sua formação, num total de 12 horas semanais. Mérito - Já as bolsas baseadas em desempenho acadêmico são de R$ 420 mensais. Nas bolsas de Iniciação Científica ou Tecnológica o aluno se insere em um projeto de pesquisa da instituição, coordenado por um professor. Nas bolsas de Extensão ocorre o mesmo, sendo que o projeto envolve interação com a comunidade. Na Monitoria, o bolsista auxilia o professor em determinada disciplina, tirando dúvidas dos colegas. Atualmente a UENF oferece cerca de 1 mil bolsas ou auxílios de fundo socioeconômico (734 auxílios-cota e 253 bolsas de apoio acadêmico) e algo em torno de 640 bolsas baseadas em desempenho e projetos (318 de Iniciação Científica, 155 de Extensão, 104 de Iniciação à Docência, 40 de Monitoria e 23 de Iniciação Tecnológica). Descontando os 63 alunos que acumulam auxílio-cota com alguma outra modalidade, cerca de 43% dos graduandos da UENF recebem algum tipo de bolsa ou auxílio.


Religião e sexualidade longe da

Foto: Gustavo Smiderle- ASCOM

família

Carine Lavrador de Farias

São tantas as questões em torno da vida dos jovens em repúblicas estudantis que o assunto virou tema de trabalhos acadêmicos. Graduada em Ciências Sociais e mestranda em Sociologia Política pela UENF, Carine Lavrador de Farias apresentou em Salvador (BA), em agosto de 2011, estudo sobre a vivência de jovens em repúblicas de Campos associando religião e juventude. O trabalho, baseado em sua monografia de conclusão de curso, foi exposto no XI Congresso Luso-Afro-Brasileiro de Ciências Sociais. - A maioria das pessoas pensa que tudo é festa, mas poucos sabem que há obrigações como cozinhar, lavar roupa e limpar a casa – afirma. Carine também reside em uma república e fala que o fato de estarem longe da família não significa que os jovens levem uma vida desregrada e sem limites, embora tenham mais liberdade de escolha. Para ela, a vivência longe do ambiente de origem traz responsabilidades que não existiam na casa dos pais, com impactos na autonomia do jovem. Religião - Um aspecto importante analisado por Carine foi a religião. Católica, ela própria sentiu falta do convívio religioso quando veio de Guapimirim (RJ) para Campos e percebeu que isso também ocorria com outros estudantes. Como é comum, uma inquietação pessoal levou a uma pesquisa.

Carine conversou com jovens católicos, evangélicos, adeptos da Umbanda e do Candomblé. Durante um ano, ela frequentou encontros e festas estudantis e observou que não há diferença no comportamento social do jovem católico e do umbandista. Porém, a diferença é grande quando se trata de evangélicos. - Eles até frequentam algumas festas, mas estão sempre se relacionando entre si – afirma Carine, que também acompanhou reuniões do grupo evangélico ABU (Aliança Bíblica Universitária). Segundo a mestranda, o grupo dá força e apoio, já que eles não têm muito convívio social fora do círculo religioso. A sexualidade também esteve no foco das atenções da mestranda. No artigo apresentado no Congresso em Salvador, a autora expõe a dificuldade que o jovem evangélico encontra ao falar de suas relações afetivas. - Eles dão respostas curtas, e o discurso é sempre o mesmo: sexo só depois do casamento – conta Carine, empenhada em discernir se está diante de respostas autênticas ou discursos previamente adequados às expectativas do interlocutor. Entre os católicos ela não teve a mesma dificuldade: eles ‘abriram o jogo’ e assumiram que longe dos pais têm mais liberdade em suas relações afetivas. No mestrado em Sociologia Política, Carine desenvolve pesquisa com foco em eventos musicais religiosos realizados por jovens no espaço público da cidade de Campos.

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Semipresencial,

supereficiente

Foto: Gustavo Smiderle- ASCOM

Alunos e ex-alunos contam como é se formar no ensino a distância do Consórcio Cederj

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Aline Brandão

Como é a experiência de completar toda a trajetória de um curso superior sem a presença tradicional dos professores, sem aulas teóricas convencionais e sem colegas convivendo no dia a dia da sala de aula? Para tentar uma resposta, Nossa UENF foi em busca de alunos e ex-alunos dos cursos a distância oferecidos pelo Consórcio Cederj, que congrega sete instituições públicas do Rio de Janeiro. A UENF é uma das pioneiras do consórcio, oferecendo os cursos de licenciatura em Ciências Biológicas e em Química. São histórias as mais distintas, às vezes com pitadas de heroísmo. Mas quase todas apresentam traços em comum: a determinação, a disciplina e o amadurecimento do estudante. − Eu odiava ler. Antes de entrar no Cederj, não tinha lido nem um livro inteiro. Agora leio e fixo o conteúdo mais rápido. A gente vai ganhando uma base, aprendendo a memorizar, a aprender − conta Josiane Noel Lisboa, 22 anos, que espera concluir no final deste ano o curso de licenciatura em Ciências Biológicas pelo Cederj, com diploma da UENF. Casada há três anos, Josiane trabalha com o pai e se organiza para estudar todos os dias no próprio local de trabalho, preservando a convivência com a família no tempo que resta dos fins de semana, já parcialmente tomados com aulas práticas. A mudança de perspectiva na vida dos alunos não é casual. Nos cursos a distância da UENF e das demais universidades consorciadas, quem constrói seu conhecimento é o estudante. Para isso ele conta com material didático especialmente preparado para a modalidade, tutoria por telefone e pela internet e aulas práticas em fins de semana. Se não conseguir tirar suas dúvidas por telefone ou pela internet, pode ir ao polo onde está matriculado, aos sábados, para a tutoria presencial. Há avaliações presenciais e toda uma infraestrutura de apoio, mas a iniciativa é do estudante.

− Você não está sozinho para estudar, mas é o responsável por grande parte do sucesso. Isso te amadurece para o futuro, para encarar um mestrado, um doutorado, pois você sabe que tem que contar é com você mesmo! − avalia Aline Brandão Alves Lima, a mais nova licenciada em Ciências Biológicas formada pela UENF, em 18/04/12, tendo sido aluna do polo de São Francisco do Itabapoana (RJ). Aos 34 anos, casada e mãe de uma filha adolescente, Aline mora em Campos e conciliou o último ano de sua formação com o trabalho de agente comunitária de saúde. Seus planos imediatos são passar num concurso público para o magistério e tentar o mestrado para dar sequência à pesquisa que fez na monografia de final de curso. Ela avaliou os efeitos de cursos de capacitação na didática dos professores da rede pública, num trabalho orientado pelo professor Renato Augusto DaMatta, do CBB/UENF, e elogiado pelos examinadores. − Uma professora da banca disse que no geral os alunos do ensino a distância estão saindo mais bem preparados do que os outros. Significa que o aluno do curso a distância e o do presencial têm a mesma capacidade de chegar a qualquer lugar, não tem distinção − diz Aline. Que o diga Gregório Kappaun Rocha, formado em Licenciatura em Ciências Biológicas em 2008 pelo polo de Petrópolis (RJ). Em 2009 ele ingressou no mestrado em Modelagem Computacional pelo Laboratório Nacional de Computação Científica (LNCC) e hoje faz doutorado na mesma instituição. Neste período, foi classificado e convocado para tomar posse em dois concursos públicos para professor, mas abriu mão para continuar estudando. Num terceiro concurso que prestou, para formação de cadastro de reserva do magistério estadual, ficou em segundo lugar para Petrópolis e acredita que possa ser convocado dentro de pouco tempo.


Foto: Arquivo pessoal

Gregório Kappaun Rocha

Surpresaspositivas Conversando pela internet com a nossa reportagem, o ex-aluno Gregório Kappaun Rocha contou que sua opção pelo ensino a distância resultou em grande parte da falta de outras possibilidades de cursos públicos em Petrópolis na época em que prestou o vestibular. Como o Cederj oferecia o curso de Licenciatura em Ciências Biológicas e aquela era uma de suas opções, ele procurou se informar e decidiu tentar pelo menos por um ano, pois naquele momento não queria depender dos pais para continuar seus estudos. Se não desse certo, teria mesmo que prestar vestibular para uma instituição pública presencial. − Confesso que fiquei receoso pelo fato de ser um curso a distância, semipresencial, mas resolvi encarar. Mas logo de cara gostei do curso, do modo de ensino e me adaptei bastante rápido − conta Gregório, que relata como ‘sorte’ ter tido tutores ‘excelentes’ que faziam mestrado ou doutorado e que o incentivavam a continuar tocando a formação. Sua rotina de estudos, que era mais

tranquila no início do curso, foi se tornando apertada à medida que acumulava compromissos. No primeiro ano, quando dava apenas algumas aulas particulares e fazia aula de inglês, estudava todos os dias pelo menos meio período, além de participar de todas as tutorias e atividades. No meio do segundo ano, Gregório resolveu dar aulas em um cursinho três dias por semana. Por fim, começou um estágio de Iniciação Científica em uma empresa de serviços biomédicos, onde teve ganhos no aprendizado, mas dificuldades para administrar o tempo. − Ficava por volta de seis a oito horas no laboratório e ainda dava aulas particulares, o que fez o tempo ficar mais curto. Nas semanas de avaliações presenciais, tentava sair mais cedo, estudava nos fins de semana e à noite, mas não tinha jeito: tinha que faltar aulas no inglês e cancelar o futebol com os amigos. O importante é ter organização, começar a estudar cedo, não deixar pra última hora − avalia, dizendo que esta disciplina gera um aluno diferenciado.

Caça-talentos Criado para dar oportunidades a quem vive longe dos centros universitários ou chegou aos compromissos da idade adulta sem completar uma formação superior, o ensino a distância do Cederj acumula exemplos de trajetórias transformadas e de superação. Duas delas foram destacadas na primeira edição da Nossa UENF, em 2008: a de Marina Barreto Silva, que deixou de ser catadora de caranguejo em Gargaú, foz do Paraíba do Sul, para se transformar numa das melhores alunas do ensino a distância, e de Ricardo Gonzalez Rocha Souza, que também obteve um dos melhores coeficientes de rendimento apesar

das limitações causadas por um acidente que o deixou tetraplégico aos 15 anos de idade. Marina, que continua morando em Gargaú, foi aprovada em dois concursos para professor (ainda não foi convocada), faz estágio de aperfeiçoamento em Imunologia no Laboratório de Biologia do Reconhecer da UENF e está se preparando para o mestrado. Seu sonho é trabalhar na Universidade em que se formou. Ricardo concluiu pós-graduação em Análise de Risco Ambiental pela Unicamp e trabalhou um ano e meio nessa área na empresa Chemtech, que presta consultoria em áreas de otimização de processos, engenharia e tecnologia da in-

formação. Depois atuou como tutor no curso a distância de Escolas Sutentáveis da Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP). Atualmente, Ricardo trabalha com projetos sociais de inclusão em uma ONG no Rio de Janeiro. - São trajetórias de pessoas que optam por ser protagonistas da própria história e escrevem histórias de vida emocionantes. Elas nos motivam a continuar acreditando no papel transformador da educação, bem como na importância das diversas oportunidades oferecidas pelo sistema público de educação superior – opina a pró-reitora de Graduação da UENF, Ana Beatriz Garcia.

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O

mundo para cá olha

Dezenove anos depois, projeto de Darcy Ribeiro leva Universidade a destaques em rankings da América Latina

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Foto: Paulo Damasceno

A UENF chega aos 19 anos frequentando posições expressivas em rankings internacionais de Universidades. Desde a primeira aula ministrada no Campus Leonel Brizola, aos 16 de agosto de 1993, a instituição vem acumulando reconhecimento por agências oficiais ou extraoficiais do Brasil. Agora, figura no topo das universidades da América Latina no indicador de qualificação do corpo docente utilizado pela QS (Quacquarelli Symonds, agência britânica especializada em avaliação de instituições de ensino). Na versão 2012 do ranking, divulgada em junho, a UENF aparece no ponto mais alto da lista no critério ‘professores com doutorado’, com índice de 100%. A UENF também aparece em destaque no indicador que considera a média de artigos científicos por docente publicados em periódicos internacionais indexados. Neste quesito, a ‘Universidade do Terceiro Milênio’ – como

foi chamada por Darcy Ribeiro - figura em oitavo lugar na América Latina, atrás da Unicamp, USP, Unifesp (Universidade Federal do Estado de São Paulo), Ufla (Universidade Federal de Lavras, MG), UFRGS, Universidad de Chile e Unesp (Universidade Estadual Paulista). A marca dos 100% de professores com doutorado - que na UENF é uma realidade desde sua implantação - é atingida por outras 12 universidades latino-americanas. Dez são brasileiras: UnB (Universidade de Brasília), USP (Universidade de São Paulo), Unicamp (Universidade Estadual de Campinas), Unesp (Universidade Estadual Paulista Julio de Mesquita Filho), Ufla (Universidade Federal de Lavras, MG), UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais), UFSC (Universidade Federal de Santa Catarina), UFSCar (Universidade Federal de São Carlos, SP), Unifesp (Universidade Federal do Estado de São Paulo) e UFRGS (Universida-

de Federal do Rio Grande do Sul). Duas instituições argentinas também atingiram 100% de professores com doutorado: Instituto Tecnológico de Buenos Aires e Universidad Torcuato Di Tella. A avaliação da QS inclui um conjunto de parâmetros, como ‘citações por artigo’ e ‘impacto na internet’, além de critérios mais subjetivos, como ‘reputação acadêmica’ e ‘reputação com empregadores’. Na ponderação do conjunto de indicadores (http://www.topuniversities.com/), a UENF aparece entre as 117 melhores universidades da América Latina. Ranking ibero-americano – Segundo outra avaliação internacional, centrada em parâmetros ligados à pesquisa, a UENF também aparece entre as melhores. O ranking ibero-americano SIR (Scimago Institution Rankings) avaliou universidades da América Latina, Espanha e Portugal. Na América Latina, a


UENF figura entre as 62 melhores instituições. Considerando as universidades europeias da Espanha e Portugal, a última instituição montada por Darcy Ribeiro está entre as 116 de melhor avaliação. Os dados foram retirados da base Scopus, considerada uma das mais abrangentes do mundo. O ranking SIR (disponível em http://www. scimagoir.com/pdf/ranking_iberoamerica-

no_2012.pdf ) leva em conta cinco indicadores principais: produção científica; colaborações internacionais; impacto científico ponderado; porcentagem de publicações em periódicos de alto prestígio; e uma espécie de ‘taxa de excelência’, associada ao percentual da produção científica incluída nos 10% de trabalhos mais citados no mundo nas respectivas áreas. O reitor Silvério de Paiva Freitas afirma que

mais importante do que as posições ocupadas nos rankings, as avaliações externas indicam potencialidades e evidenciam problemas a serem enfrentados. — A frequência da UENF em boas colocações só reforça o que já se sabe sobre o acerto de seu modelo institucional, que queremos expandir pelo Norte e Noroeste Fluminense — afirma.

Educadora avalia avanços e desafios ção. Não como conhecimentos inacessíveis, mas que sejam a tradução das pesquisas ao nível prático da vida destas pessoas – opina. Na sua visão, a UENF também precisa atuar mais na abertura de espaços de sociabilidade para a população e na contribuição para a agenda cultural da região.

Professora Yolanda Lima Lobo Foto: Gustavo Smiderle- ASCOM

Especialista em Educação e estudiosa da obra de Darcy Ribeiro, a professora Yolanda Lima Lobo, do Laboratório de Gestão e Políticas Públicas (LGPP/CCH/UENF), atribui boa parte dos êxitos da UENF a seu modelo institucional, concebido por Darcy Ribeiro. Entre as particularidades preconizadas pelo educador estão a exigência de doutorado e dedicação exclusiva para todo o corpo docente e a estruturação da vida acadêmica em laboratórios multidisciplinares, em lugar dos antigos departamentos temáticos. A educadora destaca a força da graduação e da pós-graduação desde os primeiros dias da UENF e a cultura da pesquisa científica instalada entre os professores, com reflexos no vigor da Iniciação Científica. Por duas vezes, em 2003 e 2009, a UENF foi contemplada pelo CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico) com o Prêmio Destaque do Ano na Iniciação Científica – categoria ‘Mérito Institucional’. - Parece que esse sopro darcyniano penetrou na estrutura física. Tenho a impressão de que a crença permanece como estímulo a não se deixar abater em momentos de crise – analisa. Yolanda conta que ficou surpresa ao ouvir no Rio de Janeiro um relato entusiasmado da contribuição da UENF para a agropecuária do Norte Fluminense. Na ocasião, a pesquisadora participava de um evento da área de literatura no bairro de Santa Teresa, onde fazia uma apresentação da vida e obra de Darcy Ribeiro. Em conversas informais após o debate, uma interlocutora que tinha contatos em Campos na área cultural registrou que ficou impressionada com um atendimento que tivera no Hospital Veterinário da UENF, ao qual teve acesso após ler uma reportagem sobre os serviços oferecidos. Para Yolanda, a UENF deve se voltar fortemente para a popularização do conhecimento científico, principalmente no âmbito das escolas públicas da região. Ela lembra que Campos tem resultados na educação básica que contrastam com as posições da UENF nos rankings da educação superior. - Penso que é preciso usar métodos inovadores e levar este conhecimento científico às escolas públicas que estiverem abertas a esta intera-


Trajetórias

sem limites Alunos da UENF começam a sair para intercâmbio nas melhores universidades do exterior com base no programa ‘Ciência sem Fronteiras’, do governo federal Natural de Itaperuna, município-polo do Noroeste Fluminense, com cerca de 90 mil habitantes (Censo 2010), Romulo Rodrigues de Carvalho, 22 anos, é o primeiro estudante da UENF a embarcar para o exterior para um intercâmbio ao amparo do programa ‘Ciência sem Fronteiras’ (CsF), do governo federal. Aluno do sétimo período de Engenharia de Produção, Romulo preencheu todos os requisitos da seleção e vai passar um ano – de maio 2012 a maio 2013 - na Pennsylvania State University, na cidade norte-americana de State College. A Penn State, como é conhecida, foi a primeira universidade no mundo a criar um departamento de Engenharia de Produção, já em 1909. Com uma trajetória surpreendente à luz de suas próprias expectativas, Romulo se transformou, sem saber, numa espécie de símbolo de um novo tempo que se pretende inaugurar na UENF: o tempo da internacionalização. Em julho de 2011, quando se iniciou nova Administração, a UENF pôs em marcha um projeto para aumentar o grau de exposição de seus cursos e sobretudo programas de pós-graduação à interação com boas universidades do

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exterior. Logo que a Universidade começou a tratar do assunto, o governo federal lançou o programa ‘Ciência sem Fronteiras’ (CsF), que prevê a utilização de 75 mil bolsas de intercâmbio em quatro anos para alunos de graduação, pós-graduação ou pesquisadores. Com a medida, o que era uma diretriz da UENF passou a ser prioridade nacional, acelerando o ritmo das ações nas universidades e em agências governamentais. Graças a sua inserção no programa de Iniciação Científica (PIBIC), duas vezes premiada nacionalmente pelo CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico), a UENF foi contemplada com uma cota de 30 bolsas para alunos no exterior. Romulo é o primeiro a sair. - Comecei o curso em 2009, com o objetivo de me formar engenheiro e me inserir no mercado do petróleo aqui na região. Queria algo por perto, não muito longe da terrinha - conta o estudante. Ele não alimentava qualquer expectativa a respeito de formação no exterior quando ingressou na UENF, mas ficou atento quando viu a presidente Dilma Roussef anunciar na TV o lançamento de um ambicioso programa de intercâmbio.

Além do domínio da língua inglesa e do bom desempenho acadêmico, o que permitiu a Romulo se candidatar a uma bolsa no exterior foi sua participação no Programa de Bolsas de Iniciação Científica (PIBIC) desenvolvido na UENF. Romulo está vinculado a um projeto que faz análise de dados econômicos do Norte Fluminense, incluindo cálculo de inflação, cesta básica e monitoramento da aplicação dos royalties do petróleo. O projeto é coordenado pelo professor Alcimar das Chagas Ribeiro, do Laboratório de Engenharia de Produção da Universidade. Quando leu o edital de seleção, o estudante prontamente procurou o orientador Alcimar e pediu que ele preparasse um modelo de carta de recomendação. - Enviamos para umas 30 a 35 universidades, todas nos Estados Unidos. Recebi muitos ‘não’ e muitos ‘não ouvi falar desse programa’. Mas houve outras três respostas positivas, das universidades de Michigan, Boston e California San Diego. Optei pela Penn State por ser pioneira na minha área − conta o estudante, lembrando que a espera pelas respostas foi de aproximadamente um mês.


Vai e volta Ao chegar à UENF, em 2009, Romulo Rodrigues de Carvalho sequer tinha convicção de que permaneceria na Engenharia de Produção, até porque não sabia direito em que atua este profissional. O estudante vinha de um ano cursando Administração no polo da UFF em Itaperuna, onde um professor vislumbrou nele o perfil para a Engenharia de Produção e sugeriu o ingresso na UENF. Filho de comerciante e de funcionária pública, com quatro irmãos (‘sou o do meio, certinho’), Romulo decidiu prestar o vestibular para UENF em 2008 e, mesmo sem fazer cursinho, foi classificado para iniciar o curso em 2009, superando seus temores quanto ao desempenho na prova discursiva de Física. Não tinha referências mais sólidas sobre a UENF, de quem sabia apenas que oferecia o curso de Engenharia do Petróleo (pioneiro no Brasil). Confiando na indicação do professor da UFF,

Romulo buscou informações e decidiu tentar uma vaga na instituição. - Quando descobri de verdade o que envolvia o curso, me apaixonei! A ideia é aproveitar ao máximo as disciplinas oferecidas nos Estados Unidos, mas a equivalência em relação a matérias do curso local será objeto de avaliação específica. De qualquer maneira, Romulo está muito animado com a viagem, que lhe dará ganho de currículo e experiência de vida. Mesmo indo tão longe, o estudante mantém um pé em suas raízes. - Continuo com a expectativa de trabalhar na região, conseguir alguma coisa no Porto do Açu ou no máximo em Macaé.

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Aninha vai para o

Ela cursou todo o ensino fundamental e médio em escolas públicas de Campos e, antes de concluir a formação em Ciências Biológicas pela UENF, vai passar um ano na Texas A&M University, nos Estados Unidos. Aos 20 anos, Ana Marcia Escocard de Azevedo Manhães é a segunda estudante da UENF selecionada para embarcar para o exterior no âmbito do programa ‘Ciência sem Fronteiras’ (CsF), do governo federal. Ela vai cursar como ouvinte a disciplina Plant Pathology (‘Patologia de plantas’). Embora não sonhasse com a possibilidade do intercâmbio ao ingressar na UENF, em 2009, Aninha ligou suas antenas logo que teve o primeiro contato com o Laboratório de Biotecnologia (LBT) da Universidade, em 2011. Na ocasião ela estava em busca de um estágio de iniciação científica com o grupo do professor Gonçalo Apolinário de Souza Filho, pesquisador do LBT e atual diretor do Centro de Biociências e Biotecnologia (CBB). Ao chegar ao laboratório, a estudante tomou conhecimento de que dois alunos de doutorado do professor Gonçalo estavam na Texas A&M University. Daí para se apresentar como pretendente, só faltava uma oportunidade. Que chegou com a publicação do primeiro edital do programa federal. - Preenchi os requisitos, mas o inglês acabou dependendo das exigências da universidade de lá. Então fiz uma entrevista com a Dra Libo Shan e com o Dr. Ping He, da Texas A&M, que estiveram na UENF em meados de março, e eles me aceitaram – conta Ana Marcia, cuja viagem ocorreu no início de julho. Na universidade americana, Ana será aluna ouvinte durante um ano e terá como orientadora a Dra. Libo Shan. Na UENF, Ana Marcia está no sétimo período do bacharelado em Ciências Biológicas e vinha atuando num projeto de Iniciação Científica coordenado por Gonçalo Apolinário. Sua tarefa está ligada ao cultivo de bactérias em condições de estresse oxidativo (excesso de oxigênio) com vistas a encontrar mutantes naturais que resistam a condições adversas. O foco do estudo está na interação de bactérias com plantas, especialmente a cana-de-açúcar. De família religiosa, Aninha conta que seus pais não levaram muita fé quando ela contou que planejava tentar uma vaga de intercâmbio. Agora que a oportunidade chegou, eles oscilam entre o orgulho e a preocupação. Ana Marcia tem quatro irmãos, sendo dois mais velhos e dois mais novos. A mais velha é professora de História; o segundo mora numa comunidade religiosa; um irmão mais novo acaba de ser classificado para o curso de Licenciatura em Química da própria UENF; e a mais nova está na sétima série do ensino fundamental. - Nossa, a expectativa é muito grande! Se aqui a gente aprende nos laboratórios, lá vai ser uma aprendizagem muito grande - comemora. Aninha já tinha a aspiração de continuar estudando após a formatura, mas agora ela vislumbra uma pós-graduação no exterior. - Não que eu tenha mudado. Quero continuar na área de pesquisa, gostei muito, mas agora com horizontes mais abertos – conclui.

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Texas


Força-tarefa pela internacionalização Criar uma cultura de intercâmbios com o exterior é o desafio da recém-implantada Assessoria de Assuntos Internacionais e Institucionais (ASSAII) da UENF. Prevista no Estatuto e no Regimento Geral da Universidade, a instância foi gestada ao longo do segundo semestre de 2011 e implantada no início de 2012. O responsável por sua implantação é o vice-reitor Edson Corrêa da Silva. Ele ressalta que a UENF não parte do zero, e sim de uma série de cooperações pontuais ou individuais previamente estabelecidas, que importa mapear. Mas é preciso avançar. - Temos que fazer a distinção entre cooperações pontuais e a internacionalização institucionalizada, que se verifica em algumas universidades do exterior e em brasileiras como a Unicamp, a USP e a UFRJ. A internacionalização é um estado cultural: continuamente você tem brasileiros indo e estrangeiros vindo, seja para períodos curtos ou longos - afirma. Para Edson, o ‘vai-vem’ de brasileiros e de colegas do exterior eleva a qualidade da produção científica e da formação do estudante. Mas como implantar uma cultura onde ela está ausente ou incipiente? A receita seguida pela ASSAII contempla um esforço em etapas. Neste primeiro momento, a estratégia é fazer a UENF presente nas principais redes de universidades ou eventos voltados para a internacionalização no mundo. Isto abre caminho para novas cooperações ou para a am-

pliação das que já existem, permitindo ainda que mais pesquisadores e coordenadores de cursos ou programas participem de editais que exijam prévia filiação a uma destas redes. Paralelamente, pretende-se dotar a Universidade de infraestrutura física para dar suporte às ações de internacionalização. De início, o projeto envolve a implantação de uma sala de videoconferência com mobiliário, equipamentos audiovisuais e de informática. Com isso será possível, por exemplo, participar de reuniões com parceiros estrangeiros sem necessidade de deslocamento, além de se viabilizar a participação de membros estrangeiros em defesas de tese. Redes e eventos – O primeiro evento de internacionalização a contar com a participação da UENF foi a 23ª Conferência Anual da European Association for International Education, realizada em setembro de 2011, em Copenhagen, na Dinamarca. Lá o vice-reitor Edson Corrêa da Silva prospectou 13 universidades interessadas em cooperar com a UENF. Em abril de 2012, a UENF buscou novos contatos no Congresso das Américas sobre Educação Internacional, realizado de 25 a 28/04, no Rio de Janeiro. Na ocasião, a Universidade se inscreveu para participar da NAFSA 2012 – AnnualConference& Expo, de 27/05 a 01/06/12, em Houston, Texas, Estados Unidos. Além disso, aproveitou a assembleia do Fórum de Assessorias das Universidades Brasileiras para Assuntos Internacionais (Faubai), realizada durante o evento, para efetivar sua inscrição na entidade. - Acertamos também com a pessoa responsável nosso ingresso no Grupo Coimbra de universidades, que congrega instituições de língua portuguesa. Esperamos chegar ao final de 2012 com a presença da UENF em redes de todos os âmbitos: estadual, nacional, das Américas e de outras instâncias internacionais – prevê Edson. Também a Reari (Rede

das Assessorias de Assuntos Internacionais das Universidades do Estado do Rio de Janeiro) tem a presença da UENF, aliás como uma das instituições fundadoras. A reunião da Reari em 15 de maio ocorreu na UENF. Os anúncios de oportunidades de intercâmbio com o exterior passaram a ter destaque permanente no Portal da UENF (www. uenf.br), sempre com chamadas na página principal. O objetivo é auxiliar estudantes e orientadores a encontrar locais no exterior que já queiram cooperar com a UENF e sejam destinos prováveis para os estudantes brasileiros. Em função do Programa Ciência sem Fronteiras (CsF) do governo federal, a agenda de eventos ligados às relações de cooperação internacional ficou intensa. A ASSAII tem atendido prioritariamente a eventos que abram portas para a UENF, contando, fundamentalmente, com as participações da pró-reitora de Graduação, Ana Beatriz Garcia; do assessor da Reitoria Carlos Logullo; e da coordenadora do Programa de Iniciação Científica (PIBIC), Adriana Jardim. - Colaborações valiosas têm sido prestadas por vários colegas, pela Câmara de Graduação e pelo Colegiado de Iniciação Científica. Prevê-se para o segundo semestre de 2012 o envolvimento de vários professores que têm se oferecido para auxiliar nas diversas tarefas da meta da intensificação da internacionalização da UENF – afirma Édson. Um dos gargalos enfrentados não apenas pela UENF, mas por praticamente todas as universidades brasileiras, é o domínio de línguas estrangeiras. A UENF está elaborando um plano emergencial de ensino de conversação em outras línguas para estudantes, técnicos e professores. O plano será submetido a agências de fomento. - Também temos que avançar na oferta de cursos de Língua Portuguesa para estrangeiros, na medida em que também estamos investindo na vinda de pesquisadores e estudantes estrangeiros à UENF – lembra Edson.

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Presença da UENF no RJ

Pós-Graduação

Graduação

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Administração Pública Agronomia Ciência da Computação e Informática Ciências Biológicas Ciências Sociais Engenharia Civil Engenharia de Exploração e Produção de Petróleo Engenharia de Produção Engenharia Metalúrgica

Licenciatura em Biologia Licenciatura em Ciências Biológicas a Distância Licenciatura em Física Licenciatura em Matemática Licenciatura em Pedagogia Licenciatura em Química Licenciatura em Química a Distância Medicina Veterinária Zootecnia

Mestrado e Doutorado Biociências e Biotecnologia Ciência Animal Ciências Naturais Ecologia e Recursos Naturais Engenharia de Reservatório e de Exploração Engenharia Civil Engenharia e Ciência dos Materiais Genética e Melhoramento de Plantas Produção Vegetal Sociologia Política

Mestrado Cognição e Linguagem Engenharia de Produção Matemática / PROFMAT Políticas Sociais


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