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Nesta Edição 03 04 06 10 13 14 16 18 20 24 27 28 30 32

A face conservadora de Campos Esterilização sem dor Convivendo com o inimigo Entrevista / Silvério de Paiva Freitas Comunidades digitais Limpeza sustentável Ciência ‘descomplicada’ Tecnologia gerando royalties Vencendo etapas Combate aos carrapatos O tráfico por dentro Teses e dissertações UENF é a 13ª do país Eventos científicos

Expediente Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro - UENF Governador do Estado Sérgio Cabral

Diretor do CBB Arnoldo Rocha Façanha

Secretário de Ciência e Tecnologia Alexandre Aguiar Cardoso

Diretor do CCT Alexandre de Moura Stumbo

Reitor Almy Junior Cordeiro de Carvalho

Diretora do CCH Teresa de Jesus Peixoto Faria

Vice-reitor Antonio Abel Gonzalez Carrasquilla

Diretor do CCTA Hernán Maldonado Vásquez

Equipe Técnica Fúlvia D’Alessandri e Gustavo Smiderle (jornalistas responsáveis) Alexsandro Cordeiro, Felipe Moussallem e Marcus Cunha (projeto gráfico e diagramação) Nilza Franco Portela (técnica de nível superior) Elizabeth Cordeiro Silva (auxiliar técnico-administrativo) Bárbara Pimenta, João Ventura, José Victor Matias, Mário Sérgio de Souza, Paolla Martinez e Lys de Miranda, Perla Tavares (estagiários, distribuição) Ascom: (22) 2739-7119 / 0800-025-2004 / uenf@uenf.br Reitoria: (22) 2739-7003 www.uenf.br Tiragem: 10 mil exemplares - Distribuição: gratuita e dirigida Impresso por: Primeira Impressão - Borzan Indústria Gráfica e Editora Ltda

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expansão

Em agosto de 1993, os municípios de Campos dos Goytacazes e Macaé começavam a ver concretizado um de seus mais antigos sonhos — o de abrigar uma universidade pública. Dezoito anos se passaram, muitas lutas foram travadas, e hoje a UENF, já consolidada, se prepara para ir além de suas fronteiras. Na gestão que se encerra, entre diversas conquistas, conseguimos elaborar e aprovar no Conselho Universitário projetos de expansão da Universidade em Macaé e para o Noroeste do Estado do Rio de Janeiro, com as principais diretrizes. Colocá-los em prática é um dos desafios da futura gestão, que tem à frente o professor Silvério de Paiva Freitas. Nesta edição, Silvério afirma que as condições políticas, hoje, são plenamente favoráveis tanto à expansão externa quanto interna da UENF. Para nós, o momento não é só oportuno como exige da UENF condições para acolher as demandas regionais de formação profissional, notadamente nas áreas de engenharia e saúde — conforme diagnosticado pela comissão encarregada de planejar a expansão da Universidade. Uma coisa é certa: sem a expansão da UENF, dificilmente será possível fazer cumprir as metas expressas no Plano de Desenvolvimento Sustentável do Norte e Noroeste do Estado do Rio de Janeiro, recentemente lançado pelo Governo do Estado do Rio de Janeiro. Nesta revista, o leitor verá que a UENF já ultrapassou a marca das duas mil teses e dissertações — reflexo do modelo de Universidade que prioriza a pesquisa, implantado por Darcy Ribeiro. A força da pesquisa na UENF também pode ser medida no crescimento da cooperação científica com instituições estrangeiras. É o caso da pesquisa visando à obtenção de uma vacina universal contra o carrapato, que está unindo cientistas brasileiros, uruguaios e japoneses — tema de uma das reportagens desta edição. Os reflexos da ênfase à pesquisa podem ser sentidos também na qualidade do ensino ofertado pela UENF. Nesta edição, mostramos vários casos de estudantes da UENF que, em curto espaço de tempo, construíram carreiras de sucesso em empresas e universidades no Brasil e no exterior. Muitos deles já saem da UENF direto para o mercado de trabalho. Nesta edição, o leitor verá ainda que, pela primeira vez em sua história, a UENF está recebendo royalties sobre a comercialização de um produto desenvolvido por seus pesquisadores. Os royalties incidem sobre as sementes do mamão UENF Calimosa, primeiro híbrido de mamão Formosa genuinamente brasileiro. Isso e muito mais. Boa leitura! Almy Junior - reitor Abel Carrasquilla – vice-reitor


A face conservadora de Campos Professora da UENF reúne em livro pesquisas sobre homossexualidade, violência contra a mulher, Aids e TFP O Coronel Ponciano de Azeredo Furtado não morreu. Personagem principal do livro O Coronel e o Lobisomem, do campista José Cândido de Carvalho (lançado em 1964), ele continua vivo no conservadorismo que ainda se mantém em Campos dos Goytacazes. É o que acredita a professora Marinete dos Santos Silva, que acaba de lançar o livro “Gênero, poder e tradição na terra do Coronel e do Lobisomem”, reunindo artigos acadêmicos do Atelier de Estudos de Gênero (Ategen) do Centro de Ciências do Homem (CCH) da UENF, do qual é coordenadora. Com 160 páginas, o livro foi editado pela Quartet, com apoio financeiro da Fundação Carlos Chagas Filho de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro (Faperj). O lançamento ocorreu em novembro de 2010, durante a Semana Acadêmica de Ciências Humanas da UENF. Os quatro artigos que compõem a obra provêm de monografias de conclusão de curso e dissertações de mestrado desenvolvidas sob orientação da professora Marinete ao longo dos últimos anos. — Considero emblemático o livro de José Cândido Carvalho na tarefa de traduzir a realidade campista, daí o título do livro. Estamos diante de um campo sui generis, onde as mudanças e as permanências, sobretudo estas últimas, funcionam como desafios constantes — afirma Marinete. Segundo a professora, o livro é uma forma de dar luz a temas, no mínimo, “incômodos”. É o caso do artigo Homofobia, violência e justiça em Campos dos “Homofobia, ”, assinado pelo professor universitário Goytacazes”, Fábio Pessanha Bila, que realizou a pesquisa quando era aluno do curso de Ciências Sociais na UENF. No artigo, ele relata dois casos famosos de violência contra homossexuais em Campos — um contra um médico e o outro contra um padre. A pesquisa analisa a forma como a Justiça e a mídia trataram os dois casos. Já no artigo “AA TFP em Campos dos Goytacazes: a participação feminina e a luta pela unidade”, André Pizetta Altoé, também formado em Ciências Sociais pela UENF, mergulha no universo da organização católica Tradição, Família e Propriedade, onde as mulheres ainda são vistas como um “perigo” à castidade exigida de seus membros e, por este motivo, continuam a ser excluídas de seus quadros.

Um lado que nem sempre é mostrado na questão da violência contra a mulher vem à tona no artigo “Mulher gosta de apanhar? Violência contra a mulher e condicionantes jurídicos. O caso do Juizado Especial Criminal em Campos dos Goytacazes”, assinado pela oficial de Justiça Carla Aparecida de Azevedo. Na pesquisa, ela mostra como a ação conciliadora do Juizado às vezes pode contribuir para a não punição dos agressores. E no artigo “Mulheres e Aids na comunidade do Matadouro em Campos dos Goytacazes”, a assistente social Maria Helena Ribeiro Barros mostra o quanto é difícil para as mulheres de uma comunidade pobre de Campos precaverem-se contra a Aids. A pesquisa mostra as estratégias utilizadas por estas mulheres para induzirem seus companheiros a fazerem uso do preservativo. — Falar de homossexualidade, Aids, espancamento de mulheres e da participação feminina na TFP nos pareceu bastante oportuno. O desejo de compreender Campos dos Goytacazes nos conduziu a uma releitura do livro O Coronel e o Lobisomem. Nele as mulheres são secundárias, aparecem apenas em referência às questões de cama e mesa. A Planície Goitacá funciona como um repositório de personagens típicos de um Brasil profundo que teima em permanecer mesmo com a chegada do século XXI — afirma Marinete. O livro traz ainda um texto de apresentação da professora Ismênia de Lima Martins (UFF) e prefácio da própria Marinete, intitulado ““No embate entre o Coronel e o Lobisomem, sobrou para as mulheres”. mulheres Para Marinete, o município de Campos é um “microcosmo especial” no que se refere às relações de gênero. — O quadro baixíssimo de IDH, equivalente ao de algumas localidades do Nordeste, é emoldurado por um enorme conservadorismo que caracteriza os segmentos sociais mais aquinhoados. A descoberta recente de casos de trabalho escravo nas fazendas ligadas ao cultivo da cana e a existência da igreja católica tradicionalista e do grupo católico Tradição, Família e Propriedade (TFP) dão a exata dimensão do que estamos afirmando — afirma Marinete.

Marinete dos Santos Silva

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Esterilização sem dor Tecnologia da UENF que substitui castração cirúrgica de animais é premiada no Salão Brasileiro do Inventor e obtém medalha de bronze em Feira Internacional Usada para “acalmar” o gado e tornar mais fácil o seu manejo, a castração de bovinos é uma prática comum na maioria das propriedades rurais brasileiras. No entanto, são poucos os criadores dispostos a arcar com os custos de um procedimento menos doloroso, através do uso de anestésicos. Uma tecnologia desenvolvida pelo Laboratório de Reprodução e Melhoramento Genético Animal (LRMGA) da UENF pode pôr um fim ao sofrimento dos animais sem que o produtor tenha que gastar mais por isso: a castração biológica.

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Considerada a melhor invenção do Salão Brasileiro do Inventor de 2009 e medalha de bronze na categoria Biotecnologia da Taipei International Invention Show (Feira Internacional de Inventos de Taipei), em Taiwan, a tecnologia vem sendo desenvolvida pelo doutorando Marcelo Vivacqua, do Programa de Pós-Graduação em Ciência Animal da UENF. Marcelo tem a orientação do professor Francisco Aloizio da Fonseca, do Laboratório de Zootecnia e Nutrição Animal (LZNA) da UENF. O Salão do Inventor de 2009 foi organizado

pelo Instituto Brasileiro de Inovação (IBI). Já a feira Taipei International ocorreu em setembro de 2010 e teve a UENF como única universidade da América Latina participante. Vivacqua desenvolveu um produto à base de duas substâncias: a papaína, presente no mamão, e o ácido lático, que se encontra nos laticínios. A técnica consiste na aplicação de uma dose única deste produto — cuja patente já foi requerida ao Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI) e no PCT (Patent Council Treaty) — nos testículos dos animais.


Após a aplicação, é desencadeado um processo inflamatório que, embora torne o animal estéril, não causa nenhum efeito colateral. — Ocorre uma lesão nervosa e, com isso, uma desconexão entre os testículos e o cérebro do animal. Por isso ele não sente nenhuma dor, o que pode ser comprovado pelo fato de que, quando recebe a injeção, ele continua de pé e não emite nenhum som. O próprio organismo se encarrega de eliminar a inflamação, não havendo nenhum risco ao animal — afirma Vivacqua, que começou a desenvolver o produto há cerca de dez anos. Ele observa que a castração biológica pode acabar também com a contaminação da carne por anabolizantes, utilizados como substitutos da castração. Os anabolizantes são hormônios femininos que servem para “acalmar” os animais não castrados, que geralmente são mais agressivos. O problema é que nem sempre os produtores respeitam o tempo de carência preconizado para o uso destas drogas, fazendo com que elas estejam presentes na carne consumida pela população. — Além de evitar o sofrimento do animal, a castração biológica é muito mais vantajosa para o produtor. Como o processo é interno, não existe ferida. Sabe-se que, com a castração cirúrgica, muitos animais morrem por causa de infecções — diz o doutorando, lembrando que o produto poderá ser utilizado também em todos os mamíferos, incluindo equinos, cães e suínos. A previsão é de que possa ser comercializado até o final de 2011, mas antes disso deverá passar pelo crivo do Ministério da Agricultura.

Marcelo Vivacqua

Ele observa que já existem no mercado produtos químicos para castração de cães e suínos. No entanto, eles causam muitos efeitos colaterais. Um produto utilizado em suínos, como vacina, foi rejeitado por consumidores europeus devido à possibilidade de causar esterilidade também nos seres humanos, se injetado por acidente. Vivacqua garante que, em relação ao produto que está sendo desenvolvido na UENF, isto está fora de cogitação. — As substâncias não causam nenhum problema ao ser humano, até porque elas já estão presentes em produtos alimentícios. Inclusive um dos testes feitos é o de degustação — diz. Formado em Medicina Veterinária pela Universidade Federal de Viçosa (UFV ) e mestre

em Produção Animal pela UENF, Vivacqua acredita que a castração biológica pode desempenhar papel fundamental na saúde pública, dada a dificuldade de castrar cirurgicamente cães que vivem abandonados nas ruas. Segundo ele, muitas prefeituras já demonstraram interesse em adquirir o produto com esta finalidade. — A ideia surgiu quando eu soube da castração química feita em pedófilos dos EUA. Pensei: por que não desenvolver algo parecido para os animais? Além disso, eu nunca me conformei em ver o sofrimento dos animais. A castração, infelizmente, é feita de forma medieval, sem anestesia. Ainda tenho em mente o juramento que fiz quando recém-formado, no qual prometi zelar pelo bem-estar dos animais — conclui.

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Convivendo com o inimigo Coevolução entre patógenos e humanos Andrea C. Vetö Arnholdt *

Temos a tendência a achar que a ciência e a tecnologia, no formato em que se encontram agora ou em que se encontrarão em 20 anos, poderão resolver a maior parte dos problemas de saúde enfrentados pela humanidade, particularmente aqueles ligados a doenças causadas por micro-organismos patogênicos. No entanto, vários destes organismos, chamados aqui de parasitas ou patógenos, convivem com a espécie humana há pelo menos quatro milhões de anos, desde o paleolítico. Naquele período as populações humanas eram pequenas, viviam dispersas, e eram caçadoras-coletoras. Contudo, já carregavam consigo parasitas que coevoluiram com seus ancestrais pré-hominídeos tais como o piolho (Pediculus humanus), os helmintos Enterobius vermicularis e Trichuris trichiura (causadores da oxiurose e tricuriose, respectivamente, parasitoses do cólon terminal, reto e intestino grosso). Ascaris lumbricoides e Ancylostoma duodenale são também helmintos que coevoluíram com nossos ancestrais. O parasita unicelular causador da malária (Plasmodium falciparum), juntamente com outros protozoários intracelulares como Trypanosoma gambiense (causador da doença do sono) e as bactérias Salmonella enterica (diarreia), Salmonella thyphimurium (febre tifoide), Staphylococcus epidermis ou saprophyticus (relacionados a Da esquerda para a direita, de cima para baixo, os patógenos são: os helmintos Ascaris lumbricóides, Enterobium vermiculatus e ovos de Trichuris sui; o parasita Plasmodium falciparum, as bactérias Mycobacterium tuberculosis MDR e Klebsiella pneumoniae carbapenemase (KPC), e o parasita Toxoplasma gondii.

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piodermatite e infecções do trato urinário feminino, respectivamente), também parecem ser herança dos pré-hominídeos, embora sua comprovação requeira estudos moleculares mais aprofundados. Existe uma parte da parasitologia dedicada à identificação destas relações, chamada Paleoparasitologia, que é extremamente interessante e na qual o Brasil se destaca em estudos realizados na Fiocruz e na Escola Nacional de Saúde Pública (ENSP). Com o domínio da agricultura no Neolítico, houve uma mudança nos hábitos alimentares e de deslocamento, tornando as populações sedentárias e paradoxalmente, em termos nutricionais, mais pobres, em decorrência da falta de diversi-

dade de sementes e caça que antes era encontrada durante o deslocamento de uma dada tribo. Estes assentamentos trouxeram maior proximidade entre os seres humanos e animais. Progressivamente, problemas ligados às condições sanitárias destas comunidades passaram a se acumular. Surgem nesse período as zoonoses, causadas por micro-organismos que têm como hospedeiros (alvos) primários animais e apenas eventualmente infectam humanos. Estes podem ser infectados através de picadas de inseto, ingestão de carne de animais contaminada ou através da contaminação de mordidas infligidas por outros animais. Estão entre as zoonoses que atingiram as populações agrícolas durante

o estabelecimento das primeiras cidades no velho mundo a fasciolose (Fasciola hepatica, transmitida pelo porco, pela cabra); a “tênia do peixe” Diphyllobothrium latum; Taenia sp (transmitida pelo boi ou pelo porco); entre muitas outras. Diversas infecções bacterianas se propagaram na espécie humana quando da domesticação de animais para a produção, tais como brucelose, antrax, tuberculose. Estas práticas iniciais da agroprodução já geravam surtos de expansão de mosquitos como o Anopheles gambie, transmissor da malária, em função do desequilíbrio causado pelas queimadas para a colheita e pela geração de reservatórios de água parada. O desenvolvimento de centros


urbanos trouxe o agravamento dos problemas sanitários e de abastecimento de água, e com eles surtos de cólera, de tifo, da peste negra, doenças de origem bacteriana. Doenças virais, antes raras, passaram a circular na população, dada a concentração de indivíduos em grandes populações (acima de um número mínimo de indivíduos para a manutenção da doença em termos transmissionais), tais como sarampo, caxumba, catapora e a varíola. Esta última foi a primeira doença completamente eliminada em sua transmissão endêmica através de campanhas de vacinação. O último caso relatado foi no Sudão, África, em 1977. O exemplo do vírus do sarampo é bastante ilustrativo para entendermos como estes patógenos, originalmente encontrados em animais domésticos, podem se diferenciar e se tornar característicos da espécie humana. Pesquisas recentes sugerem que este vírus, do gênero Morbillivirus, teve os

primeiros surtos epidêmicos datados dos séculos 11 e 12. Análises genéticas e antigênicas mostram que este vírus, chamado aqui de MeV, é muito semelhante ao vírus da peste bovina (chamado de RPV), e o convívio em proximidade entre humanos e bovinos foi o promotor da sua adaptação ao homem. Na arquitetura pré-medieval e medieval, não raro havia nichos internos nas casas para o os animais, já que estábulos eram encontrados apenas nas propriedades mais abastadas. Graças ao avanço das tecnologias de sequenciamento gênico e das análises em bancos de dados através de diferentes plataformas e softwares, é possível fazermos uma regressão evolutiva, chamada de “molecular clock analysis”, que, baseada nos padrões fenotípicos de amostras virais coletadas em diferentes períodos, ou de diferentes vírus, é capaz de converter a distância genética em tempo. Assim, pode-se chegar ao “período do ancestral comum mais recente” (TMRCA)

estimado para o vírus do sarampo circulante hoje, que data aproximadamente de 1943. Com esta técnica, foi estimado que os vírus MeV e RPV divergiram entre os anos de 1074-1171. Contudo, não é eliminada a hipótese de que tenha havido um ancestral comum, que tenha então originado o vírus humano e o bovino. Nestes muitos anos de coevolução, micro-organismos também serviram e servem como reguladores do sucesso da espécie humana. Alguns pensadores argumentam que indivíduos debilitados de alguma maneira são mais susceptíveis a infecções, e que sua eliminação seria parte do processo de manutenção de um estoque genético saudável. Dessa forma, o ser humano adapta o seu sistema imunológico à eliminação do patógeno. Há, porém, exemplos de patógenos extremamente bem sucedidos evolutivamente, como o Toxoplasma gondii. Este parasita intracelular infecta o hospedeiro, levando a princí-

pio danos controlados a este, mantendo-se no indivíduo após o período inicial de infecção aguda, em uma relação de equilíbrio parasita-hospedeiro. Através de diversas estratégias de escape do sistema imunológico, o T. gondii se mantém na população, sem destruí-la. Existe uma corrente de pensamento que atribui à eliminação de diversos helmintos em populações humanas dos países desenvolvidos o aumento de doenças crônico-degenerativas de cunho imunológico, como as doenças de Crohn e a esclerose múltipla. Modelos experimentais de indução destas doenças em camundongos mostram que a administração de ovos de helmintos leva a uma diminuição da severidade das reações autoimunes causadoras destas patologias. Sendo assim, será que poderíamos considerar alguns dos patógenos que coevoluiram com os hominídeos primitivos, e que são presentes até hoje na espécie humana, como nossos simbiontes?

As epidemias e pandemias O aumento da mobilidade das populações humanas, o estabelecimento de rotas comerciais, a revolução industrial e as grandes guerras foram os principais responsáveis pela disseminação de bactérias e vírus em escalas pandêmicas, isto é, com características de epidemias que atingem um ou mais continentes. O melhor exemplo de pandemia são as infecções pelo vírus Influenza, causador da gripe. Apesar de os primeiros relatos de pandemias de gripe datarem de 1889 com a gripe asiática (Influenza subtipo H2N8), e de 1918 (Influenza subtipo H1N1) com a gripe espanhola (a mais conhecida, com um saldo de mortes de aproximadamente 50 milhões de pessoas), há evidências históricas de que o vírus é responsável por surtos epidêmicos desde a Idade Média. A mais recente pandemia foi a de 2009, quando o H1N1 se espalhou

por todos os continentes, tendo origem no México. Porém, mesmo com milhões de casos reportados, apenas 16.813 mortes foram oficialmente documentadas pela OMS (Organização Mundial da Saúde). O vírus Influenza é um vírus capaz de manter-se tanto em populações humanas quanto em populações animais. Na verdade, a “gripe suína” é uma herança da diferenciação da forma humana do vírus H1N1, que no início do século 20 saltou do homem para o porco, dando origem a duas linhagens de H1N1, uma humana e uma suína. O vírus H1N1 humano continuou circulando após a pandemia de 1918, e em 2009 atingiu escalas pandêmicas novamente. Já a gripe aviária, causada pelo vírus Influenza subtipo H5N1, parece ter tido sua origem através da mistura dos genes do vírus humano e do vírus

aviário. As aves, especialmente as aves aquáticas selvagens, são reservatórios de todos os subtipos de Influenza já identificados. O surto de gripe aviária teve origem na China, e até o presente se espalhou por 60 países causando cerca de 280 mortes. Porém, o vírus continua circulando em aves, tanto selvagens quanto de cativeiro, podendo transmitir-se para mamíferos, contaminando ocasionalmente alguns indivíduos. Mas não é transmitida ainda de humano para humano, o que o mantém sob controle. No entanto, os virologistas ainda não têm claro como se dão estes saltos de animais para humanos, e como o vírus se adapta para escapar da resposta imunológica do hospedeiro humano. Vários são os grupos que se dedicam a estes estudos, com o intuito de prever ou pelo menos minimizar os efeitos de uma pandemia eventualmente causada

pelo H5N1. O vírus HIV também é resultado de um salto entre espécies. Estudos realizados em Los Alamos, no Novo México, utilizando supercomputadores para a análise de mais de 160 subtipos de HIV do início dos anos 2000, mostram que dez dos onze subtipos M de HIV são oriundos de um único ancestral comum, num padrão característico de adaptação de uma espécie para outra. Estes estudos datam esta divergência entre 1910 e 1930. Porém, de que modo o vírus saltou dos chimpanzés para o homem não é inteiramente sabido ainda. Existem sugestões de que o desmatamento de regiões de floresta para dar lugar a fazendas, o hábito de aprisionar, de vender animais empalhados e até de comê-los são condições favoráveis para esta adaptação de uma espécie para a outra.

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A saúde (ou a doença) globalizada Nas últimas décadas, temos presenciado o surgimento e ressurgimento de patógenos que, graças ao uso indiscriminado de antibióticos, apresentam características de resistência a múltiplas drogas. Existem cepas de Mycobacterium tuberculosis , bacilo causador da tuberculose, caracterizadas como resistentes a drogas de primeira linha, rifampicina e isoniazida, as MDRs e cepas resistentes a drogas de segunda linha como etambutol e piraziamida, conhecidas como XDR (extremamente resistentes). O tratamento para a tuberculose é um tratamento lento, de seis meses ininterruptos de administração diária de doses controladas de medicamento. Infelizmente, após algumas semanas de tratamento, o paciente sente uma melhora considerável e abandona o tratamento sem que tenham sido eliminadas todas as bactérias. Este comportamento favorece o crescimento das bactérias que sobreviveram à administração do antibiótico, ou seja, as resistentes. Estas bactérias resistentes àquele determinado antibiótico permanecem no indivíduo e contaminam outros indivíduos que, ao utilizarem aquele antibiótico, não serão capazes de

eliminar estas micobactérias. São estimados meio milhão de casos de MDR e XDR em cerca de 46 países em todo o mundo. No entanto, presume-se que estes números sejam subestimados, uma vez que são necessárias ferramentas de diagnóstico molecular disponíveis para a correta identificação do bacilo resistente. O mais recente caso de resistência a antibióticos está sendo noticiado neste momento: a superbactéria KPC (Klebsiella pneumoniae carbapenemase). É uma cepa modificada de K. pneumoniae que apresenta uma enzima em um plasmídio, uma beta-lactamase capaz de hidrolisar derivados carbapenêmicos. Estes plasmídios são transferidos de geração para geração de bactérias, e hoje já são observados em Israel, China, Taiwan, Grécia, Estados Unidos e, mais recentemente, no Brasil. Alguns isolados de K. pneumoniae da Grécia são resistentes a todos os -lactâmicos e combinações de inibidores de -lactamases (ampicilina, ampicilina/sulbactam, amoxicilina/acido clavulânico, cefalosporina, piperaciclina, ciprofloxacina, entre outros).

A tecnologia a favor do patógeno Estes exemplos mostram que a evolução da ciência nas últimas décadas é capaz de esclarecer muitos detalhes sobre a evolução da relação patógenohospedeiro. É capaz de desenvolver ferramentas de diagnóstico precisas e medicamentos capazes de conter a disseminação de vários dos micro-organismos que são problemas de saúde pública. Porém, falhas no sistema de saúde, promovendo o uso indiscriminado de antibióticos, e mais grave ainda, a falta de acesso igualitário à saúde em um mundo globalizado contribuem para a permanência destes patógenos nas populações humanas e em seus reservatórios. O último relatório da OMS sobre os fatores de risco globais para a saúde estima que dois milhões de crianças com idade inferior a cinco anos morrem por ano em consequência da má nutrição e da falta de acesso à água tratada. Obviamente que tais condições são principalmente observadas em países de baixa renda, fazendo com que, dos 17% das mortes por diarreia no mundo, 73% delas aconteçam nestes países. Para as mortes por sarampo, doença para a qual existe uma vacina extremamente eficaz, dos 4% mundiais, 47% dos casos de morte ocorrem em países de baixa renda, onde a cobertura vacinal é de apenas 60% da população. Aliado a estes índices, está a distribuição precária de medicamentos na rede pública, que atende a apenas 44% da população. Outro estudo da OMS mostra que, em cenários de mudança climática tendendo à estabilização da emissão de CO2 em 750ppm, os custos do tratamento de doenças como a diarreia e a malária chegarão, em 2030, a 4-12 bilhões de dólares. Isto é aproximadamente o gasto de todo o mundo em assistência médica. É necessário que os governos entendam a saúde sob a perspectiva global de adaptação e transmissibilidade de micro-organismos e entendam a característica globalizada da saúde. É preciso que entendam que a manutenção de um mundo saudável reside não apenas no conhecimento das interrelações entre humanos e patógenos, mas nas condições igualitárias de acesso a informação e a base econômica necessária a este estado de equilíbrio.

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Principais causas de morte de crianças abaixo de 5 anos segundo a OMS (2004)

Andrea C. Vetö Arnholdt

Laboratório de Biologia do Reconhecer Centro de Biociências e Biotecnologia Universidade Estadual do Norte Fluminense arnholdt@uenf.br


Presença da UENF no RJ

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Pós-Graduação

Graduação Agronomia Ciência da Computação e Informática Ciências Biológicas Ciências Sociais Engenharia Civil Engenharia de Exploração e Produção de Petróleo Engenharia de Produção Engenharia Metalúrgica Licenciatura em Biologia

Licenciatura em Ciências Biológicas a Distância Licenciatura em Física Licenciatura em Matemática Licenciatura em Pedagogia Licenciatura em Química Licenciatura em Química a Distância Medicina Veterinária Zootecnia

SiSU/Enem SUA PORTA DE ENTRADA PARA A UENF

Mestrado e Doutorado Biociências e Biotecnologia Ciência Animal Ciências Naturais Ecologia e Recursos Naturais Engenharia de Reservatório e de Exploração Engenharia Civil Engenharia e Ciência dos Materiais Genética e Melhoramento de Plantas Produção Vegetal Sociologia Política

Mestrado Cognição e Linguagem Engenharia de Produção Políticas Sociais

O acesso aos cursos de graduação presenciais da UENF é feito através do Sistema de Seleção Unificada (SiSU), que utiliza a prova do Enem como único critério de seleção


Entrevista / Silvério de Paiva Freitas, reitor eleito da UENF

Fotos: Alexsandro Cordeiro

Rumo certo e harmonia Silvério de Paiva Freitas, eleito reitor da UENF aos 58 anos, é um cientista formado na interação entre o saber acadêmico e o conhecimento popular. Foi assim quando atuou durante 11 anos com extensão rural no baixo Rio Amazonas, onde conviveu com populações indígenas e pequenos produtores. Na UENF desde 1997, ocupou vários cargos e chegou a pró-reitor de NOSSA UENF: Quando foi o primeiro momento em que a ideia de vir a ser reitor de uma universidade passou pela sua cabeça?

Comunitários. Então, houve toda uma trajetória que nunca teve outra pretensão que não fosse a de trabalhar pela nossa Universidade.

Silvério: Sinceramente, não imaginei. Trabalhei sempre com muito empenho, mas sem nenhuma pretensão pessoal.

NOSSA UENF: De certo modo, esses cargos de muita responsabilidade são um ‘abacaxi’, não acha?

NOSSA UENF: Mas em algum momento a possibilidade se ofereceu...

Silvério: Eu vejo como um desafio, mas a UENF tem uma equipe muito dinâmica e comprometida com o futuro da Universidade. Entendo que o desafio não é individual, mas coletivo, e por isso tem toda chance de ser bem sucedido. A nossa vitória, minha e do professor Edson (Édson Corrêa da Silva, vice-reitor eleito), foi o resultado de um trabalho de equipe, desde a formação da chapa até o desenrolar da campanha. Nossa expectativa é que a equipe traba-

Silvério: Muita gente me solicitou isso. Em várias reuniões, trabalhadores, estudantes, professores, muitos me cobravam que me apresentasse como candidato. Então, percebi que havia uma aceitação muito grande na comunidade, o que é uma consequência do trabalho que desenvolvo na UENF desde 1997, quando aqui cheguei. Trabalhei no antigo Modelo de Fazenda, no Colégio Agrícola, como responsável de campo na parte de Agronomia. Depois fui chefe de laboratório, eleito duas vezes pelos professores do laboratório. Depois fui diretor de Centro, também eleito – aí por professores, estudantes e técnicos – e finalmente atuei como pró-reitor de Extensão e Assuntos

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Extensão e Assuntos Comunitários. Eleito com apoio do reitor Almy Junior e com larga margem entre os três segmentos da comunidade universitária – 71% dos votos válidos entre os técnicos, 62% entre os alunos e 50% entre os professores -, Silvério quer unir a UENF em torno de objetivos comuns e de um ideal de ‘harmonia’ em meio às divergências. Leia a entrevista: lhe com muita dedicação para a gente avançar no ensino, na pesquisa, na extensão, sempre preservando o comprometimento com a qualidade em tudo o que se faz. Queremos continuar crescendo, sendo bem avaliados interna e externamente, sempre pensando na relevância social do nosso trabalho, no seu retorno para a comunidade. Esta é a nossa visão do desafio que temos. NOSSA UENF: Qual seria o primeiro gesto, o primeiro ato do reitor uma vez empossado? Silvério: Precisamos atuar o mais rápido possível no sistema de tecnologia de informação, modernizar a Universidade nesta área. Também temos muita expectativa para ver avançada a implementação do projeto de acessibilidade na UENF, como forma de evitar a exclusão de pessoas portadoras de necessidades especiais. Queremos continuar fortalecendo os mecanismos de ingresso e permanência de estudantes na nossa Universidade: apoiar os dois cursinhos de pré-vestibular, ver o Restaurante Universitário funcionando, fortalecer os programas de bolsas de apoio para alunos carentes, e assim por diante. Temos uma grande motivação para buscarmos a melhoria da qualidade dos nossos cursos, das aulas práticas, de toda a estrutura de apoio à melhor formação possível dos estudantes em sua passagem pela UENF. Na pós-graduação, área em que o professor Edson (vice-


reitor eleito) pode ter uma participação toda especial em vista de sua experiência na PróReitoria, queremos dar o salto da internacionalização nos programas bem avaliados e fortalecer os cursos que estão com conceito 3. Isto não será feito, nem poderia, por decisão do reitor. Vamos motivar os professores envolvidos nos diversos programas a buscar juntos soluções que levem ao avanço nos nossos conceitos junto à Capes. Na verdade avançamos bem no último triênio, pois na avaliação anterior tínhamos tido dois programas inicialmente descredenciados, o que só foi revertido após o julgamento dos recursos. No último triênio, ao contrário, não passamos nenhum susto e ainda tivemos melhoria de conceito final em dois programas: Engenharia de Reservatório e de Exploração, que passou de 3 para 4, e Genética e Melhoramento de Plantas, que passou de 4 para 5. Na extensão, o caminho é dar sequência aos muitos projetos que estão surgindo e se encorpando nos últimos anos, oxigenando cada vez mais a instituição com a metodologia da pesquisa-ação. Agora e m 2011 tivemos a

aprovação de 102 projetos de extensão, que promovem o intercâmbio do conhecimento acadêmico com o saber popular e significam crescente participação da comunidade. Tenho muita convicção de que estamos no caminho certo também nesse fortalecimento da extensão, que é uma maneira propriamente acadêmica de dar retorno à sociedade, ao lado da formação de bons profissionais e do desenvolvimento de pesquisas de interesse público. NOSSA UENF: A UENF parece consolidada como uma das 15 melhores universidades do país, segundo as avaliações do Ministério da Educação (IGC) nos últimos três anos. Mas daria para sonhar com uma ascensão que perseguisse, por exemplo, estar entre as dez ou entre as cinco melhores? Silvério: Sonhar é permitido, aliás sonhar é vital. Claro que um avanço como esse depende da dedicação de todos, mas acho que esse salto é o objetivo de todos os membros da comunidade universitária. Temos que perseguir a melhoria constantemente, buscar a consolidação do que temos e o crescimento com inovação no que ainda não temos. NOSSA UENF: O senhor não acha que, prevalecendo certa ótica qualitativa nas avaliações oficiais, a UENF poderia ter pretensões ainda mais audaciosas? Digo isto em função de toda a singularidade desta instituição, sobretudo a partir de sua matriz em Darcy Ribeiro. Silvério: Não tem dúvida. O professor Almy Junior, nosso atual reitor, de quem tive a honra de receber o apoio na eleição, costuma dizer q u e

precisamos celebrar mais as nossas vitórias, pessoais e institucionais. Não é fazer um ‘oba oba’ alienante, mas transformar as conquistas em plataforma para novos avanços. Neste sentido acho que você está certo: estamos muito bem nas avaliações oficiais e mesmo em avaliações não oficiais, mas isto deve ser um combustível para a gente galgar mais. Por outro lado, não podemos esquecer a necessidade de expansão propriamente quantitativa, pois ela é fundamental. No ensino presencial do Consórcio CEDERJ, por exemplo, nossa disposição é que a UENF esteja em um número ainda maior de polos, em mais regiões do estado, dando mais oportunidades a quem está fora do circuito do ensino público presencial. Nossa expansão física para o Noroeste Fluminense – que desejamos fazer levando ensino, pesquisa e extensão, com cursos de graduação, mestrado e doutorado – é algo preconizado inclusive pela Constituição Estadual. Acredito que teremos plenas condições políticas de realizar este sonho, já que existe uma promessa de campanha do atual governador quanto à viabilização deste projeto. A expansão de nossas atividades em Macaé também é fundamental para nós e para a população macaense e de todo o entorno. Internamente, podemos e devemos sonhar com novos Centros, novos Laboratórios, novas realidades. Temos que buscar isso: excelência e crescimento! NOSSA UENF: O senhor representou, durante a eleição, uma proposta de perseverar num caminho que vem sendo construído pelo menos nas duas últimas gestões da UENF... Silvério: Olha, mesmo que eu representasse a oposição, teria que estar atento a um processo que tem que ser consolidado... NOSSA UENF: Sim, mas é fato que o senhor teve declaração de apoio do reitor Almy Junior e do ex-reitor Raimundo Braz Filho...

Silvério de Paiva Freitas

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Silvério: Você cita corretamente as gestões do professor Braz e do professor Almy, com quem a nossa candidatura comunga em muitos princípios, mas não podemos desmerecer o que vem antes. Desde os primeiros tempos da UENF, cada um de nós – e não apenas cada gestor – tem dado sua contribuição para o desenvolvimento da instituição. E a trajetória da Universidade sempre condiciona, de uma forma ou de outra, os passos seguintes. Cada tempo traz seus próprios desafios e oportunidades. Quanto ao processo que vem desde o professor Braz e o professor Almy, não há dúvida de que a UENF tem um rumo definido e que este rumo, em grandes linhas, foi amplamente referendado pela comunidade universitária. Mas isto não nos traz uma confiança cega ou uma arrogância pretensiosa. Ao contrário, tudo isto me ensina que devo seguir o exemplo de meus antecessores em sua humildade pessoal frente à grandeza da instituição. A UENF é maior do que todos nós, e o que ela precisa é de servidores devotados, a começar pelo reitor. NOSSA UENF: Está certo que o papel condiciona o ator, assim como a trajetória precedente condiciona a atuação de quem vem depois. Mas há um espaço para o estilo pessoal do reitor, assim como ocorre nos demais cargos de representação pública. Qual é o estilo do professor Silvério? Silvério: Meu estilo é participativo. É o de ouvir os segmentos, tentar harmonia interna mesmo dentro das diferenças de concepção. Acredito honestamente na existência de objetivos comuns, e entre eles eu colocaria a satisfação pessoal no cotidiano da Universidade: fazer o que se faz com gosto, com alegria, tanto no caso dos estudantes, como nos casos dos servidores técnicos-administrativos e dos professores.

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maior entrosamento possível com agências públicas e representações da comunidade. Na minha visão, a maior conquista do povo de Campos – a mais perene, a que dá melhores frutos a médio e longo prazo – foi a Universidade. Então, nós temos institucionalmente que ser partícipes da obra e da discussão em torno do desenvolvimento regional - principalmente agora, com a chegada de grandes investimentos e a previsão de grandes impactos positivos ou negativos sobre a vida da sociedade regional. NOSSA UENF: E quanto ao governo do Estado, que é uma instância central para uma universidade estadual? Silvério: A mesma coisa: buscar o bom relacionamento visando à aprovação de novos projetos e à ampliação da Universidade e do reconhecimento ao trabalho de seus servidores.

“A maior conquista do povo de Campos foi a UENF” NOSSA UENF: E quanto aos sindicatos e organizações afins? Silvério: Da mesma forma: respeitar as diferentes lógicas de atuação e de atribuição e preservar a harmonia, seja na construção de objetivos comuns, seja no reconhecimento da eventual impossibilidade de caminharmos juntos.

NOSSA UENF: Quais as linhas da gestão no que tange ao relacionamento com instâncias externas: governo do Estado, prefeituras, meio empresarial, sociedade organizada etc.?

NOSSA UENF: O senhor falou em ‘harmonia’ já na primeira declaração como reitor eleito, no momento em que a Comissão Eleitoral anunciava o resultado da eleição, no Centro de Convenções. O que exatamente o senhor tem em mente quando fala nisto?

Silvério: Pretendo ampliar o que a UENF vem construindo nos últimos anos: buscar o

Silvério: Harmonia não é subserviência frente a quem tem mais poder nem arrogância

frente a quem tem menos. Primeiramente, a harmonia vem da honestidade de propósitos. No nosso caso, todo interlocutor terá clareza de que nosso viés é a promoção da instituição, tendo como pano de fundo o interesse mais geral da sociedade, o interesse público. Havendo confluência de objetivos, caminharemos juntos; não havendo, respeitaremos a caminhada dos demais e faremos com que se respeite a nossa, que será sempre institucional. Não é desejável que todos pensemos da mesma forma. Mas é crucial que as divergências não virem inimizades, pois isto envenena o ambiente de trabalho, traz infelicidade e eventualmente até doenças físicas, pois o organismo responde ao meio. NOSSA UENF: Como o senhor imagina que a sociedade regional encare hoje a UENF? Silvério: Apesar de ter melhorado bastante, há muita coisa para a comunidade conhecer da UENF. Precisamos continuar nos abrindo para o meio externo. Temos que promover um encontro sistemático que signifique a UENF saindo de si e a comunidade vindo ao nosso encontro. Sei que cada servidor tem uma infinidade de atribuições e que nem sempre é possível dar a atenção devida a este aspecto. Mas queremos aumentar o intercâmbio. Até porque, sendo nossa aliada, a comunidade vai fortalecer nossas demandas e entender a importância da instituição para a região. Vamos aprofundar essa interação fortalecendo o trabalho da Comunicação – robustecendo os mecanismos que já existem, como esta revista, e investindo em tecnologia da informação. NOSSA UENF: Que mensagem sucinta o senhor deixaria para o público que vai ler esta entrevista? Silvério: Quero dizer que a gente vai se desdobrar ao máximo para corresponder às expectativas internas e externas, buscando o fortalecimento dos cursos, a qualidade de vida dos estudantes e servidores e o estreitamento das relações com a comunidade externa. Faremos o máximo para aprofundar a relevância social do nosso trabalho.


Comunidades digitais Internet em casa, de graça. É o que prevê o projeto “Comunidades Digitais”, que está sendo implantado em Campos pela UENF, a GM Soft Design e o Instituto Bem Estar Brasil (IBEBrasil), com apoio financeiro da Fundação Carlos Chagas Filho de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro (Faperj). O projeto, que tem por objetivo a inclusão digital de comunidades carentes, prevê a instalação de oito torres de internet em locais aonde a internet só chega de forma clandestina ou demasiadamente cara. A previsão é que até o final do ano chegue também a São João da Barra e São Francisco de Itabapoana, no Norte Fluminense. Para que as Comunidades Digitais funcionem, a UENF vai disponibilizar o seu link da Rede Rio — rede de computadores integrada pelas universidades e centros de pesquisa do Estado do Rio, financiada pela Faperj. A primeira torre, em caráter experimental, já está em funcionamento no distrito de Tocos, em Campos. Em seguida, serão instaladas torres na Estância da Penha (uma), São Francisco (duas), São João da Barra (duas), Ururaí (uma) e Farol de São Tomé (uma). O projeto foi selecionado no Edital “Apoio ao Desenvolvimento da Tecnologia da Informação no Estado do Rio de Janeiro”, lançado ano passado pela Faperj, e conta ainda com a parceria do Instituto Federal Fluminense (IFF), Universidade Federal Fluminense (UFF) e Instituto Crescer. Ele também tem por objetivo a criação de portais de transparência para os governos locais, fornecendo ferramenta indispensável para o controle social das cidades. A idéia é contribuir para a interação entre comunidade e poder público na esfera do poder de decisão. Também está entre os seus objetivos o incentivo à disseminação do conhecimento e o estímulo a parcerias que agreguem o de-

senvolvimento de empreendimentos populares e solidários, bem como a criação de cooperativas de trabalho dentro das comunidades. Pretende-se ainda desenvolver metodologia de ensino a distância para a comunidade e oferecer cursos de capacitação e treinamento específicos de empresas da região, através da metodologia de modelagem PNL Além das Comunidades Digitais, a UENF e o IBEBrasil atuam conjuntamente no projeto Telecentros.br, do governo federal, que também tem por objetivo a inclusão digital. Os telecentros integram o Programa Nacional de Apoio à Inclusão Digital nas Comunidades, coordenado pelos Ministérios das Comunicações; Ciência e Tecnologia; e Planejamento. No total, serão instalados 22 telecentros financiados pelo governo federal e outros três por iniciativa popular, montados a partir de doações da sociedade. Estima-se um total de 52 mil acessos por mês à internet. Os Telecentros estão sendo instalados em associações de moradores urbanas e rurais e ONGs. Nestes locais, devem ser oferecidos cursos de ensino a distância, em médio prazo, com o objetivo de ampliar as oportunidades de formação profissional da comunidade, bem como propiciar a aquisição de novos conhecimentos. Os Telecentros também deverão oferecer capacitação e treinamento, com vistas ao ingresso no mercado de trabalho e no empreendedorismo. Cada Telecentro possui servidor configurado com softwares livres e de código aberto, além de 10 estações com computadores configurados com o mesmo sistema e conexão à internet de banda larga. Tanto as Comunidades Digitais quanto os Telecentros são coordenados, na UENF, pelo professor Abel Carrasquilla. A gestão e a execução estão a cargo da coordenadora da Incubadora Tecnológica de Empreendimentos Tecnológicos (ITEP), Nilza Franco Portela.

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Fotos: João Ventura

Limpeza sustentável Campus da UENF tem sistema próprio de tratamento de efluentes O campus da UENF em Campos dos Goytacazes pode ser comparado a uma pequena cidade, tal é a quantidade de pessoas circulando diariamente no local, bem como os inúmeros setores em que a Universidade se divide. E, a exemplo do que ocorre em municípios por todo o país, a destinação dos resíduos líquidos e sólidos produzidos dentro dessa “cidade” é uma preocupação constante. Como se pode imaginar, a quantidade de resíduos e efluentes produzidos dentro da UENF é considerável, e, para tratá-los corretamente, são necessários sistemas adequadamente dimensionados para a demanda a longo prazo. Resíduos líquidos - O Tratamento dos resíduos líquidos da UENF é feito na Estação de Tratamento de Esgoto (ETE) localizada atrás do prédio do Centro de Biociências e Biotecnologia (CBB), próximo à lagoa do campus, e tem capacidade para tratamento de vários litros de esgoto por minuto. Criada logo nos primeiros anos do campus, esta

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ETE passou por um longo período de reformas e adaptações, voltando a funcionar plenamente há cerca de dois anos, agora com mais eficiência. A UENF produz basicamente três tipos de resíduos líquidos: o sanitário, (esgoto comum, que sai de vasos sanitários, pias e representa a maior parte do esgoto no campus); o químico (o que é produzido nos laboratórios de pesquisa); e o hospitalar (originário, principalmente, do Hospital Veterinário). Os dois últimos necessitam de um tratamento diferenciado antes de chegar à Estação de Tratamento. O sistema de tratamento dos resíduos líquidos funciona através de coletores, presentes em todos os prédios do campus. Eles conduzem o esgoto para pontos de elevação através de três elevatórias, que, por sua vez, o direcionam para a Estação de Tratamento. Uma vez dentro da ETE, o esgoto passa por um processo de aeração e decantação em sucessivas câmaras. O processo permite que a matéria

orgânica seja consumida por micro-organismos, tornando o efluente capaz de ser absorvido pela natureza. Segundo Maia, todo o esgoto é conduzido para a ETE. No entanto, o esgoto químico é tratado previamente, em uma neutralizadora, para que possa ser corrigido o nível de acidez. Já o esgoto hospitalar necessita de um tratamento biológico diferenciado antes de ser conduzido para a ETE. Sem o tratamento prévio destes resíduos, explica o prefeito da UENF, a ETE perde sua eficiência. — Num dia de evento no Centro de Convenções, a população da UENF pode chegar a cinco ou seis mil pessoas, embora na maior parte do tempo, como à noite, por exemplo, não chegue a este número. Mas, de dia, temos uma população gigantesca e precisamos atender a essa demanda — acrescenta. Segundo ele, não é possível introduzir substâncias químicas agressivas durante o tratamento do


esgoto na ETE, caso contrário os micro-organismos responsáveis pela oxidação da matéria orgânica são afetados e a estação deixa de funcionar. Também não se pode parar a injeção de ar, senão os micro-organismos param o processo de oxidação e a Estação também não funciona. É necessária uma manutenção preventiva forte para que o sistema esteja sempre em condições de funcionar. Depois do tratamento, o esgoto é jogado em uma lagoa que fica dentro do campus. Nessa etapa do processo, ele já está límpido, transparente e livre do odor, mas ainda é feito o acompanhamento da quantidade e níveis de micro-organismos eventualmente presentes. A quantidade diagnosticada após o processo é baixa e não causa problemas ao manancial. Além disso, a utilização da ETE traz uma grande vantagem econômica para a UENF. — Como tratamos nosso próprio esgoto, chegamos a economizar cerca de R$ 80 mil por mês, pois pagamos à concessionária apenas o consumo da água e não o tratamento — diz o prefeito da UENF, lembrando que a economia anual com o processo chega a cerca de R$ 800 mil. Resido sólidos O volume de lixo produzido na UENF também apresenta grandes proporções, o que motivou a instalação de uma infraestrutura de coleta seletiva. Além da instalação de pontos de coleta seletiva em vários locais do campus, a empresa responsável pela manutenção e limpeza dos prédios deve coletar e descartar adequadamente esse lixo. Para tanto, foi construída a primeira etapa da central de tratamento de resíduos sólidos, onde o lixo pré-selecionado é armazenado. — A responsabilidade pela coleta deste material é da empresa que faz a coleta do lixo municipal. Mas temos aqui na UENF também um projeto, coordenado pela professora Gudelia Guillermina Morales de Arica, do CCT, que coleta e faz o descarte apropriado — diz Maia. Ele observa que o projeto do CCT tem um objetivo científico, enquanto a coleta feita pela empresa visa apenas à manutenção dos prédios. No entanto, um dá apoio ao outro. Outro ponto que demanda atenção com relação ao tratamento de resíduos sólidos é o recolhimento das folhas e restos de vegetação do campus. Segundo Maia, este material é levado para

trincheiras próximas à lagoa, que funcionam como áreas de compostagem. Este depósito vem sendo utilizado como fonte de material para adubação de árvores dentro do próprio campus.

— Obviamente, a gestão de resíduos é uma tarefa complexa e contínua cujo princípio é o respeito à natureza. Neste sentido o que foi feito até o momento não é nada mais que uma obrigação, mas que precisa ser continuada e fortalecida. A UENF tem por dever dar esse exemplo — conclui Paulo Maia.

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Ciência

‘descomplicada’ Coluna de divulgação científica publicada pela Assessoria de Comunicação da UENF no Jornal Monitor Campista vira livro O que está por trás dos furacões, tsunamis, vulcões e terremotos? Como funciona a energia nuclear? A Terra pode sucumbir ao choque com um asteroide gigantesco? Estas e outras questões estão presentes no livro ‘Descomplicando a Ciência’,, lançado em abril na UENF. O livro é uma coletânea das matérias de ciência divulgadas na coluna homônima do extinto jornal Monitor Campista, de Campos dos Goytacazes, pela Assessoria de Comunicação da UENF (ASCOM/UENF). Publicadas de 2003 a 2006, todos os domingos, no segundo caderno do jornal, as matérias foram escritas pelos jornalistas Fulvia D’Alessandri e Gustavo Smiderle, da ASCOM/UENF, com a ajuda de mais de 80 colaboradores — professores/ pesquisadores, técnicos, graduandos, mestrandos e doutorandos da UENF. O livro tem 328 páginas e reúne 146 matérias, que foram revisadas pelos colaboradores antes de sua edição. O lançamento, em 13/04, contou com a presença da professora Simone Bortoliero, estudiosa da área de popularização da ciência. Pela manhã, ela ministrou para uma turma de 24 alunos da Escola Phillipe Uebe, de Guarus, a oficina “Produção de vídeos científicos com o uso do celular”. E à tarde, apresentou a palestra “Juventude, ciência e mídia” para uma plateia formada por alunos, técnicos e professores da UENF e de outras instituições. Durante a palestra — ministrada após a solenidade de lançamento do livro —, Simone defendeu a necessidade de que a divulgação da ciência para o grande público tenha, dentro das universidades, o mesmo peso que a publicação de artigos científicos. — O direito à informação está na Constituição. A sociedade tem o direito de saber o que os pesquisadores fazem dentro das universidades. Até porque as pesquisas são pagas por todos nós — disse Simone, que atua na da Universidade Federal da Bahia (UFBA). A mesa de lançamento teve a presença do jornalista Cilênio Tavares

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Fotos: Fulvia D’Alessandri

(ex-editor do Jornal Monitor Campista); da jornalista Fulvia D’Alessandri; da professora Sylvia Joffily (representando os colaboradores do livro); do reitor eleito da UENF, professor Silvério de Paiva Freitas; e do pró-reitor de Pesquisa e PósGraduação, professor Antônio Teixeira do Amaral Júnior (representando o reitor Almy Junior). Os livros estão sendo distribuídos gratuitamente a escolas públicas interessadas em utilizá-los em atividades curriculares ou extracurriculares.

Vídeos

ajudam

a aprender

ciências

Lápis de cor, papel e muita criatividade. Foi assim, desenhando, que os 24 alunos da Escola Phillipe Uebe, em Guarus, começaram a dar forma aos seus primeiros vídeos com o uso do celular. O primeiro passo foi escolher o tema — e, para isso, eles foram estimulados a procurar inspiração nos Simone Bortoliero orientando os alunos da oficina exercícios de ciências de seus cadernos. Depois, criaram desenhos e um texto sobre cada assunto, que serviram de matéria-prima para a confecção dos vídeos. — O objetivo é que, depois, os vídeos sejam debatidos em sala de aula. O professor vai analisar cada um e ver se as informações estão corretas. É uma forma diferente de aprender sobre ciências — afirma Simone Bortoliero, que se encarregou da edição das imagens. Com graduação em Comunicação Social/ Jornalismo pela Pontifícia Universidade Católica de Campinas (1983), Simone Bortoliero é mestre e doutora em Comunicação Social pela Universidade Metodista de São Paulo, com pesquisas na área de Comunicação Científica e Tecnológica. Com experiência nas áreas de Mídia e Meio Ambiente, Produção de Vídeos Educativos e Científicos, Divulgação Científica, entre outros, Simone atua na Faculdade de Comunicação (Facom) da UFBA.

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Tecnologia gerando royalties Venda de sementes do mamão UENF-Caliman gera royalties, pela primeira vez, para a universidade

Pela primeira vez em sua história, a UENF passou a receber royalties sobre a

comercialização de um produto desenvolvido por seus pesquisadores. Os royalties incidem sobre a venda das sementes do mamão UENF pela empresa Caliman — parceira da Universidade nas pesquisas que deram origem ao primeiro híbrido de mamão Formosa genuinamente brasileiro. De acordo com o convênio, formalizado em março, a UENF deve receber 5% do valor comercializado. — Pela lei, os royalties deveriam ser divididos entre a Reitoria (70%) e os pesquisadores envolvidos (30%). Mas fizemos um acordo inusitado: as duas partes abriram mão do dinheiro e o reverteram para o Laboratório de Melhoramento Genético Vegetal (LMGV ) da UENF, que coordena as pesquisas — explica o diretor de Projetos da UENF, Ronaldo Paranhos, lembrando que o convênio foi firmado para um período

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Taiwan, que, entre outros inconvenientes, traz sempre o risco de introdução de novas pragas e doenças na lavoura. O híbrido desenvolvido pela UENF tem ainda 20% a mais de sólidos solúveis, o que o torna bem mais doce que as demais variedades. — Por ser uma fruta diferenciada, ela vem sendo muito exportada, principalmente para os Estados Unidos e os países da Europa — observa Messias. Hoje referência em melhoramento de mamão, a UENF pretende colocar em breve novas cultivares no mercado. Outros seis híbridos de mamão — todos de qualidade superior ao atualmente comercializado — estão sendo avaliados nas regiões produtoras (Espírito Santo, Bahia e Rio Grande do Norte) em ensaios denominados Valor de Cultura e Uso ( VCU), necessários para que o produto possa ser registrado junto ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) e lançado no mercado. — As pesquisas continuam, nas áreas de pós-colheita, ecofisiologia e sementes. Como o Frutimamão encerrou, os pesquisadores agora terão que buscar outras fontes de financiamento. Um dos objetivos é melhorar a consistência da fruta, para que ela tenha

um maior tempo de prateleira — diz Messias. Paranhos destaca a importância da proteção da propriedade intelectual da instituição, tarefa que hoje é realizada pela Assessoria de Patentes. Até o momento, 25 pedidos de patentes e dois softwares já foram depositados junto ao Instituto Nacional de Propriedade Intelectual (INPI) e alguns cultivares foram registrados no Mapa. A etapa seguinte é a de transferência de tecnologia e, por último, o recolhimento de royalties — Já estamos conversando com outras empresas e pesquisadores da UENF em acordos de transferência de tecnologia, em particular a empresas incubadas na TEC-CAMPOS, a incubadora de empresas. Mas ainda precisamos avançar muito neste campo. É necessário incrementar a Agência de Inovação da UENF, com a responsabilidade de cuidar da política de inovação da instituição. Os primeiros resultados começam a aparecer, e podemos afirmar que a UENF já cumpre seu papel de transferir para a sociedade o conhecimento e tecnologias aqui desenvolvidos — conclui. Fotos: Felipe Moussallem

de três anos e que o valor deverá ser repassado a cada semestre. As pesquisas envolvem três Centros da UENF — Ciências e Tecnologias Agropecuárias (CCTA), Ciência e Tecnologia (CCT) e Biociências e Biotecnologia (CBB) —, reunindo cerca de 30 professores. Tudo começou em 1996, quando a UENF recebeu dois estudantes de doutorado que tinham experiência em cultura de mamoeiro e conheciam a Caliman. — Na época, fizemos alguns estudos mostrando que o mamão Golden é, na realidade, uma mutação do Solo. A Caliman ficou muito satisfeita e, a partir de então, demos início à parceria — lembra o professor Messias Gonzaga Pereira, do LMGV, que coordena as pesquisas. Desde então, os pesquisadores conseguiram captar recursos em dois grandes projetos aprovados pela Finep (Financiadora de Estudos e Projetos), através do projeto Frutimamão. Dos cerca de R$ 3 milhões captados, 40% foram investidos pela própria Caliman, que ficou responsável pelas pesquisas realizadas no campo. Os recursos permitiram não só o desenvolvimento do híbrido, mas de um pacote completo de tecnologia, incluindo desde aspectos de manejo na área de irrigação, fisiologia, fertilização, produção de sementes de mamão até estudos na pós-colheita. Também foram desenvolvidas diversas pesquisas laboratoriais nas áreas de genômica, metabolômica, monitoramento de gases, dentre outros. Os estudos já deram origem a cerca de 50 teses/dissertações e mais de 100 publicações em periódicos científicos. Segundo Messias, o desenvolvimento do mamão UENF-Caliman contribuiu para reduzir a dependência do Brasil em relação às sementes importadas de

Messias Gonzaga Pereira

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Vencendo

etapas

Ex-alunos da UENF exibem trajetórias de ascensão profissional em curto espaço de tempo

André Freire Cruz

Sair da sala de aula direto para o mercado de trabalho não é uma coisa difícil de acontecer na UENF. Mas alguns alunos se destacam por conseguir ir mais além, construindo em tempo recorde carreiras de indiscutível sucesso em grandes empresas ou universidades do Brasil e até mesmo no exterior. É o caso, por exemplo, do engenheiro agrônomo André Freire Cruz, que fez mestrado em Produção Vegetal na UENF e hoje é professor em uma universidade do Japão. Estudar no exterior era um “sonho de criança” para André. Foi por isso que ele não pensou duas vezes quando um professor recém-chegado do Japão lhe indicou um programa para estudantes estrangeiros naquele país, financiado pelo governo japonês, chamado “Monbukagakushoo”. André logo fez contato com um professor no Japão, recebendo pouco tempo depois a carta de aceitação. Através do Consulado do Japão no Rio, ele

se candidatou e passou. O curso teve início em abril de 1997. — Fiquei seis meses apenas estudando japonês num curso intensivo na Hiroshima University. Depois passei mais seis meses como estudante-pesquisador (o equivalente a um bolsista de aperfeiçoamento). Em abril de 1998, iniciei o doutorado pela Ehime University, con-

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cluído em março de 2001 — conta. Ele conta que, depois do doutorado, ficou mais seis meses atuando como pesquisador visitante na Kyoto Prefectural University. Em novembro de 2001, foi para a Tuebingen University, na Alemanha, fazer pós-doutoramento pelo Programa Alexander Von Humboldt, onde ficou até fevereiro de 2002. A partir de maio de 2003, fez outro pós-doutoramento, agora na Saskatchewan University, no Canadá, onde ficou até março de 2005. Nessa época, retornou ao Japão como professor pela Kyoto Prefectural University. Nascido em Salvador (BA), André cursou Agronomia na Universidade Federal de Viçosa (UFV ), em Minas Gerais, de onde saiu para cursar o mestrado na UENF, Universidade que não conhecia mas que ouviu falar através de um amigo que fazia doutorado na instituição, na época. O mestrado em Produção Vegetal, especificamente na área de microbiologia do solo, foi concluído em 1996. Atualmente, André trabalha com manejo sustentável de fruteiras. — Para isso, utilizamos manejo de mato, micro-organismos de solo e controle biológico como instrumentos, focalizando a sustentabilidade. Trabalho com muitas fruteiras de clima temperado, como uva, figueira, kiwi, apricota japonesa, macieira e citrus — diz. Segundo André, uma das dificuldades para atuar no Japão foi o difícil idioma. Ele conta que a princípio pensava que poderia se comunicar em inglês, mas aos poucos foi descobrindo que a maioria dos japoneses normalmente não fala essa língua. Os estudos continuam até hoje, principalmente no que se refere à escrita japonesa, mais difícil. Outro problema foi a comida, bem diferente da brasileira, que lhe fez emagrecer seis quilos em seis meses. — Mas tudo isso a gente supera. Acho que todo mundo deveria ter uma experiência no exterior de pelo menos seis meses, mesmo que isto não esteja relacionado a sua carreira profissional. Isso amplia a visão e passamos a analisar as situações com uma mentalidade universalizada, o que inclusive facilita na resolução de muitos problemas — afirma, lembrando que existem muitos programas de pós-graduação com propagandas espalhadas nas embaixadas e consulados.


Uma macaense em Standford O sucesso obtido durante o mestrado em Engenharia de Reservatório e Exploração da UENF foi decisivo para que a macaense Priscila Magalhães Ribeiro conseguisse uma das 20 vagas do doutorado em Engenharia de Petróleo na Universidade de Standford, concorrendo com mais de 200 pessoas de várias partes do mundo. Uma escolha difícil, pois todos os concorrentes tinham bom currículo. — O ritmo de estudo é muito intenso, exige total dedicação, mas vale a pena. A recompensa vem com o aprendizado. Os professores são muito bons, a organização e a infraestrutura são impecáveis. O que aprendi nos três primeiros meses já fez valer a vinda. Agora é continuar aproveitando esta oportunidade e fazer desta experiência a mais valiosa possível — diz Priscila, que começou o doutorado em setembro de 2010. Nascida em Macaé (RJ), ela começou na UENF fazendo graduação em Engenharia de Exploração e Produção de Petróleo. O interesse em cursar a UENF surgiu durante o ensino médio, quando estudava na Escola Técnica Federal de Macaé (hoje IFF), onde também funcionava o LENEP/UENF (Laboratório de Engenharia e Exploração de Petróleo da UENF). — Eu queria ser engenheira, mas estava em dúvida entre Engenharia de Petróleo e de Produção. Devido a uma greve nas universidades federais, eu iniciei os estudos na UENF antes que saísse o resultado do vestibular que

prestei para as outras universidades. Foi o suficiente para me encantar com esta área e optar definitivamente por esta carreira — conta. No final da graduação, Priscila fez concurso para o Cenpes/Petobras. Quando foi convocada para se apresentar já havia iniciado o mestrado no Lenep, sob orientação do professor Adolfo Puime. A matrícula teve que ser trancada por um semestre para que ela pudesse participar, em Salvador, do curso dirigido aos engenheiros de petróleo recém contratados pela Petrobras. Após este período ela retornou ao Rio como funcionária do Cenpes, atuando com pesquisa na área de Avaliação de Formações. — Como a gerência onde trabalho tinha conhecimento do mestrado em andamento em Macaé, me foi dada a oportunidade de trabalhar durante um ano na Bacia de Campos e, em paralelo, concluir o mestrado — diz Priscila, uma das poucas mulheres a atuar nesta área. Para conseguir uma vaga em Standford, ela se inscreveu no processo de seleção que ocorre anualmente. O processo começa pela internet, sendo necessário fornecer uma série de informações, como histórico escolar completo, tanto da graduação quanto do mestrado, cartas de recomendação, entre outros. Também é critério de seleção as notas dos testes de inglês e matemática TOEFL e GRE, que podem ser feitos no Brasil. — A iniciação científica e o mestrado que fiz na UENF foram fundamentais, assim como o apoio e incentivo do professor Adolfo Puime, meu orientador. Acho que o que aprendemos aqui nos dá condições de ser bem sucedidos em qualquer lugar do mundo — diz Priscila, que pretende voltar ao Brasil assim que terminar o doutorado, daqui a três anos e meio.

Priscila Magalhães Ribeiro em Standford

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época, eram as provas de admissão ao mestrado em Ciência dos Materiais na UENF, e não havia tempo hábil para estudar para a prova da Petrobras. Mesmo assim, acabou sendo aprovada em ambos os concursos, concluindo o mestrado na UENF em 2002. — Nos primeiros cinco anos de Petrobras, atuei como engenheira em A fidelense Joelma Damasceno se considera a prova viva de que “o ensi- uma refinaria, na área de inspeção de equipamentos. Foram anos de inno público, gratuito e de alta qualidade pode transformar vidas”. Isso pode tenso aprendizado, completando uma visão de indústria que muitas vezes explicar, segundo ela, sua rápida ascensão profissional. Ex-aluna do curso não temos no curso acadêmico. Hoje gerencio a área de engenharia que de graduação em Engenharia Metalúrgica e de Materiais da UENF, ela hoje é a responsável pelos projetos, na qual todos os aspectos de integridade, construção e planejamento estão associados para que haja investimentos ocupa a posição de gerente na Petrobras. — Isso se deve a uma combinação de conhecimento, habilidade e no- rentáveis — conta. tadamente, na área de gestão, de atitude. Quando se tem a oportunidade de fazer a combinação certa destes elementos, o reconhecimento é uma conseqüência — diz. Joelma conta que, quando cursava Química Industrial na antiga Escola Técnica Federal de Campos (ETFC, hoje IFF), pensava em fazer Engenharia Química. Como não havia este curso na região, resolveu tentar uma vaga no curso de Engenharia de Exploração e Petróleo da UENF, por acreditar Quando assistia à série “Cosmos”, apresentada na década de 80 pelo astrôque fosse o mais próximo da área de Engenharia Química. Mas logo nos nomo Carl Sagan, Adriana Bernardes talvez não imaginasse que um dia chegaprimeiros períodos descobriu que sua “paixão” era Engenharia de Materiais, ria a frequentar um dos laboratórios científicos mais importantes do mundo. transferindo-se de curso. Professora de Física e doutoranda em Ciências Naturais pela UENF, Adriana — Uma professora da ETFC, que fazia mestrado na UENF, me disse que — que considera a série “Cosmos” a grande incentivadora de haveria um vestibular e que eu sua carreira — se tornou uma das poucas brasileiras a conhedeveria fazer. Ela me explicou o projeto da UENF e fiquei entusiasmada — conta. Joelma considera Joelma a passagem pela UENF Damasceno como o “alicerce” para sua vida profissional. Há 10 anos atuando na Petrobras, ela conta que quando fez o concurso não acreditava que passaria. Isto porque seu foco, na

De engenheira a gerente da Petrobras

Cern, na Suíça, recebe doutoranda da UENF

Adriana Bernardes

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cer de perto o Centro Europeu de Pesquisas Nucleares (Cern), em Genebra, na Suíça, onde está localizado o maior acelerador de partículas do mundo — o famoso Large Hadron Collider (LHC). Em setembro do ano passado, ela participou — junto com mais 18 brasileiros — de um curso no Cern voltado para professores de ensino médio. A seleção foi feita pela Sociedade Brasileira de Física (SBF) e incluiu professores de várias partes do país, como Rio de Janeiro, São Paulo, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul, Minas Gerais, Bahia, Paraná e Amazonas. A seleção foi feita mediante a análise dos currículos dos candidatos. — O Cern mantém programa destinado a professores de diversos países da Europa, mas, através de negociações com o Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas (CBPF), foi feito um acordo para incluir brasileiros no programa — afirma Adriana, que espera poder, a partir de agora, corresponder melhor às curiosidades de seus alunos quanto ao trabalho do LHC. Ela observa que há ainda muitas dúvidas e questionamentos sobre o trabalho que vem sendo desenvolvido no local. Nascida em Três Rios, ela conta que sempre quis fazer um curso de Física no exterior, mas nunca pensou que pudesse ser no Cern. Na UENF, ela foi aluna do mestrado em Ciências Naturais de 2007 a 2009, quando trabalhou junto com o professor Marcelo de Oliveira Souza desenvolvendo recursos didáticos para o

ensino de astronomia para deficientes visuais. Desde agosto de 2009, ela está na área de recursos didáticos lúdicos para o ensino de física, sob orientação da professora Rosana Giacomini. A graduação foi realizada na Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF). — Acho que no meu caso o que mais contou para a escolha foi o trabalho de divulgação científica que realizo no Clube de Astronomia Marcos Pontes, fundado em 2006, após a ida do astronauta brasileiro homônimo à Estação Espacial Internacional. Desde então, realizamos muitos eventos junto à comunidade para divulgação da astronomia junto às crianças e ao público em geral — diz Adriana, que é professora de Física há 15 anos e trabalha atualmente no Colégio Estadual Tuffy El Jaick, em Nova Friburgo (RJ).

Aluno da UENF agora é professor da UFRJ Dedicação e paciência. Este é o conselho que o professor Eldo Campos, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), dá a quem está estudando e pretende seguir uma carreira promissora. Ex-aluno da UENF, ele atua como professor adjunto e pesquisador na área de Bioquímica e Biologia Molecular, com ênfase em Metabolismo e Bioenergética Mitocondrial. — Uma das grandes qualidades da UENF é a excelente iniciação científica. Pude estagiar em laboratórios desde o primeiro período da graduação, e isso foi fundamental para que despertasse em mim a vocação para a carreira científica — conta. Nascido em Itaperuna, no Norte Fluminense, Eldo fez toda a sua formação acadêmica na UENF. Começou em 2000, no curso de graduação em Ciências Biológicas. Em seguida, fez mestrado e doutorado em Biociências e Biotecnologia. Após o término do doutorado, em 2008, continuou na UENF por mais um ano como pós-doc bolsista Faperj. Em 2009, Eldo foi aprovado no concurso da UFRJ e tomou posse em 07 de janeiro de 2010. — Hoje sou professor de uma das principais universidades do país graças à excelente formação que eu tive na UENF — diz Eldo. Eldo Campos

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Combate aos

carrapatos Cientistas da UENF integram pesquisa envolvendo Japão e Uruguai que tem por objetivo produzir vacina contra o carrapato

Doenças como a febre maculosa e a babésia, que acometem, respectivamente, seres humanos e animais, podem estar com os dias contados. Uma vacina universal contra o seu vetor, o carrapato, está prestes a ser desenvolvida por pesquisadores da UENF, em parceria com mais oito instituições de pesquisa, no Brasil, Uruguai e Japão. Como parte desta cooperação, a UENF recebeu no início do ano o cientista Missao Onuma, da Universidade Hokkaido, do Japão — uma das instituições parceiras. O pesquisador japonês esteve no Brasil para ministrar um curso sobre carrapatos e vacinas para alunos do Programa de Pós-Graduação em Biociências e Biotecnologia da UENF. Pesquisador honorário da Universidade de Hokkaido, Missao Onuma também atua no centro de pesquisa em doenças infecciosas Riken, em Tóquio. Ele, que veio pela primeira vez à UENF em 2007, retornou através de uma bolsa de pesquisador visitante da Capes. Além da UENF e da Universidade de Hokkaido, as pesquisas envolvem a Universidad de La Republica, no Uruguai, Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ), Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), Universidade do Estado de São Paulo (USP) e Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz). — Já temos quatro patentes no Brasil e agora vamos começar a cruzar as vacinas produzidas por cada instituição — afirma o professor Carlos Logullo, do Laboratório de Química e Função de Proteínas e Peptídeos (LQFPP) da UENF, que coordena as pesquisas na Universidade. Segundo Logullo, existem atualmente, em todo o mundo, duas vacinas comerciais contra carrapatos, uma australiana e outra cubana. O problema é que elas não têm eficiência em todas as partes do mundo. Isto ocorre porque os carrapatos se adaptam de forma diferente aos diversos países. O que os pesquisadores buscam é justamente uma vacina que possa atender universalmente a todos os países.

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As vacinas são testadas atualmente na UFRGS, onde existe uma estrutura adequada para isso. Novos investimentos estão sendo feitos na UENF para se testar vacinas em pequenos animais dentro da Unidade de Experimentação Animal – RJ, que será inaugurada em breve. — O grande desafio é conseguir vacinas que impeçam a transmissão dos patógenos dos quais o carrapato é o vetor — afirma Onuma, que acredita em uma maior eficácia da vacina se ela for utilizada em conjunto com acaricidas. Segundo Logullo, as perdas provocadas pelo carrapato chegam a mais de U$ 2 bilhões ao ano na pecuária bovina brasileira.

A vacina que vem sendo criada pelos pesquisadores se baseia na produção do chamado “antígeno oculto”, que atua contra proteínas que existem no interior do carrapato, como por exemplo aquelas envolvidas no sistema embrionário e digestivo. Com isso, a vacina consegue prejudicar a proliferação do carrapato. Mas ainda é cedo para prever quando a vacina poderá estar no mercado. — É difícil estimar o tempo que falta para concluirmos a pesquisa. Já fizemos cerca de 50% do que deveria ser feito. Agora estamos testando e cruzando antígenos. Vamos fazer um teste de vacinação de bovinos em uma ilha totalmente isolada do Uruguai e depois no Rio Grande do Sul — disse Logullo, lembrando que, enquanto no Brasil os principais prejudicados são os bovinos e eqüinos, no Japão as ovelhas são as mais atingidas por carrapatos.

Como parte da pesquisa, foram feitas coletas destes animais em várias partes do Estado do Rio de Janeiro, tanto em equinos quanto em bovinos, em parceria com os professores Carlos Eduardo de Resende, do Laboratório de Ciências Ambientais (LCA) da UENF, e Marcelo Labruma, da Universidade do Estado de São Paulo (USP). O objetivo é conhecer que espécies de carrapatos estão infestando bovinos e cavalos e, além disso, se estão contaminados, utilizando técnicas moleculares, com patógenos transmissores de doenças para humanos e animais em todo Estado do Rio. O foco principal será avaliar o grau de contaminação do patógeno que transmite a febre maculosa. Segundo Logullo, é a primeira vez que este tipo de pesquisa é feito no local. — Estamos também em uma fase de intercâmbio com as universidades estrangeiras que participam da pesquisa, o que é muito impor-

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tante para a carreira dos pesquisadores — afirma Logullo. A pesquisa vem a ser a primeira cooperação científica internacional entre o Brasil e o Japão no âmbito do protocolo assinado pelos dois países na ocasião das festividades em comemoração ao centenário da imigração japonesa ao Brasil. A UENF, observa o pesquisador, participou ativamente das negociações visando à assinatura deste protocolo desde 2009. Segundo Logullo, outro pesquisador japonês, Satoru Konnai — também da Universidade Hokkaido — estará na UENF durante um mês, a partir de 15/07, com auxílio de professor visitante da Faperj. Atualmente, dois alunos da UFRGS — um com bolsa pós-doc e o outro com bolsa de doutorado sanduíche — estão atuando no Japão, com bolsa da Capes. No ano que vem, mais dois alunos da UENF farão estágio no Japão.

Vacina bloqueia formação de

embriões Embora existam outros grupos no país que também buscam uma vacina contra o carrapato, a UENF é a única cuja meta é interferir na proliferação do parasita, tentando bloquear a formação de embriões. As pesquisas são financiadas pela Faperj, Capes, CNPq e INCT-Entomologia Molecular, e têm ainda a participação, na UENF, dos professores Arnoldo Façanha, Gustavo Lázzaro e Anna Okorokova. Segundo Logullo, a eficácia da vacina está em torno de 30%, índice considerado muito bom. Ele observa que as vacinas mais eficientes apresentam uma eficácia em torno de 80%. No momento, os pesquisadores vêm trabalhando na associação de antígenos para tentar aumentar a eficácia da vacina. Também estão sendo testadas novas drogas que possam ser associadas à vacina, uma vez que os carrapaticidas hoje existentes causam resistência muito rapidamente. — Com a Unidade de Experimentação Animal da UENF, agora temos uma estrutura que nos proporciona ampliar esse estudo. Em breve saberemos se estas associações serão promissoras ou não — afirma

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Carlos Logullo recolhendo material para pesquisa

Missao Onuma e Carlos Logullo


O tráfico por dentro A UENF se aproxima de seu 18º ano de vida contabilizando mais de duas mil teses/dissertações. A tese de número 2.000 foi defendida em novembro de 2010 pela cientista social Suellen André de Souza, então mestranda do Programa de Pós-Graduação em Sociologia Política da UENF. Orientada pela professora Wânia Mesquisa, do Laboratório de Estudo da Sociedade Civil e do Estado (LESCE), a pesquisa tem como título “Existir no tráfico: percepções e vivências dos jovens traficantes de drogas da Favela Baleeira”. A pesquisa, de caráter etnográfico, teve como objetivo entender como pensam e vivem os jovens envolvidos no tráfico de drogas na favela Baleeira, um dos principais redutos da atividade em Campos. Para tanto, Suellen entrevistou quatro jovens traficantes, na faixa dos 18 aos 25 anos, que atuam na venda da droga diretamente para o consumidor final — função conhecida no tráfico como “vapor”. Um dos aspectos mais relevantes que aparecem na pesquisa é a difícil mobilidade destes jovens. Como a cidade é dividida ao meio pelos dois principais grupos que dominam o tráfico de drogas em Campos — as favelas Baleeira e Tira Gosto —, os traficantes não podem circular livremente pelos espaços existentes. Segundo Suellen, alguns estão há anos circulando somente nas proximidades da favela. — Embora não tenham vivido a situação que deu início à briga entre as duas favelas e sofram com esta limitação de espaço, há uma legitimação e perpetuação dessa dominação — diz Suellen, lembrando que a rixa começou com o assassinato de um antigo chefe da Baleeira por integrantes da Tira Gosto. Até então, as duas comunidades eram parceiras no tráfico de drogas. A pesquisa mostra que, para estes jovens, o tráfico de drogas é uma importante rede de sociabilidade, trazendo benefícios como o dinheiro fácil e a possibilidade de consumo de bens antes inacessíveis. Segundo Suellen, os jovens sentem-se prestigiados dentro da comunidade em que vivem quando assumem importantes papéis na escala do tráfico. — A autorização para usar arma de fogo durante o trabalho, por exemplo, evidencia essa situação de prestígio — explica. A falta de mobilidade espacial restringe o relacionamento familiar apenas aos parentes que vivem na própria favela ou em suas imediações, o que contribui para afastá-los cada vez mais da família que, em sua maioria, não aceita a participação do jovem no tráfico de drogas. — Eles se identificam mais com as mulheres da família, como mães, tias e avós. Na maioria dos casos, os pais morreram ou não estiveram presentes em sua formação — explica Suellen.

Fotos: Perla Tavares

Pesquisa em Sociologia Política marca tese de número 2.000 na UENF

Suellen André de Souza

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Teses e dissertações A UENF produziu 64 teses ou dissertações ao longo do segundo semestre (julho a dezembro) de 2010. Foram 25 teses de doutorado e 39 dissertações de mestrado, desenvolvidas no âmbito de 13 programas de pós-graduação reconhecidos pela

Capes. Durante o período a UENF gerou seu 2.000º trabalho de mestrado ou doutorado, apresentado pela cientista social Suellen André de Souza – uma pesquisa sobre a vivência de jovens traficantes de drogas na favela da Baleeira, em Campos.

Veja a relação completa das teses e dissertações defendidas de julho a dezembro de 2010: Biociências e Biotecnologia Ana Cristina Dias Machado Lustoza Data da defesa: 23/07/2010 “Cta4 ATPase e calcineurina regulam coordenadamente a função do retículo endoplasmático e a homeostase de Ca2+ em levedura de fissão” Doutorado Camila Cruz Ribeiro Data da defesa: 30/07/2010 “Nova visão sobre a regulação pela glicose extracelular e as propriedades dos transportadores de H+ E Ca2+ na levedura Saccharomyces cerevisiae” Doutorado Helga Fernandes Gomes Data da defesa: 03/09/2010 “Influência da via de sinalização por insulina na maturação de oócitos e desenvolvimento embrionário inicial em bovinos” Doutorado Thiago Freitas de Souza Data da defesa: 09/12/2010 “Caracterização de proteínas fosfatases e map quinases na resposta à injúria mecânica em plantas de Ricinus communis” Doutorado Cristina dos Santos Ferreira Data da defesa: 29/09/2010 “Identificação e caracterização de mutantes de Gluconacetobacter Diazotrophicus afetados para a velocidade de crescimento de colônias” Mestrado Karla Livramento Mendonça de Souza Oliveira Data da defesa: 03/11/2010 “Estudo da situação epidemiológica da tuberculose na região petrolífera da Bacia de Campos - cidade de Macaé – estado do RJ no período de crescimento da extração petrolífera” Mestrado Renata Vasconcelos Moreira Data da defesa: 12/11/2010 “Efeitos histopatológicos e ultraestruturais após contaminação por cloretos de mercúrio e de cádmio em testículos do peixe teleósteo Gymnotus carapo (Tuvira)” Mestrado Ecologia e Recursos Naturais Márcio Marcelo de Morais Júnior Data da defesa: 15/07/2010 “Os saguis (Callithrix spp., ERXLEBEN, 1777)

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exóticos invasores na Bacia do rio São João, Rio de Janeiro: biologia populacional e padrão de distribuição em uma paisagem fragmentada” Doutorado Eduardo Barros Fagundes Netto Data da defesa: 14/09/2010 “Avaliação da ictiofauna em recifes artificiais na costa nordeste do estado do Rio de Janeiro, Brasil” Doutorado Luciana Monteiro Lage Data da defesa: 12/11/2010 “Colonização e sucessão de nemátodes marinhos em substrato artificial consolidado” Doutorado Jomar Marques da Silva Júnior Data da defesa: 30/09/2010 “Distribuição de mercúrio e caracterização elementar e isotópica da matéria orgânica em águas superficiais ultrafiltradas na baía de Sepetiba e no estuário do rio Paraíba do Sul” Mestrado Cognição e Linguagem Adriano Carlos Moura Data da defesa: 01/12/2010 “A recepção do cinema intertextual e a formação do leitor” Mestrado

João Batista de Oliveira Filho Data da defesa: 23/11/2010 “Ressignificação das estruturas comportamentais pela palavra a partir de pacientes obesos” Mestrado Túlio Mello Teixeira Data da defesa: 21/10/2010 “O problema da obediência política em hobbes” Mestrado Políticas Sociais Christiane Menezes Rodrigues Data da defesa: 28/09/2010 “Da escola ao trabalho: representações sociais de jovens alunos da educação profissional e tecnológica e seus projetos de futuro” Mestrado Clarissa Alexandra Guajardo Semensato Data da defesa: 13/09/2010 “As conferências municipais de cultura como estratégia de descentralização e participação para as políticas culturais no Brasil: o caso de Campos dos Goytacazes/rj, 2006” Mestrado

Artur Dalla Cypreste Data da defesa: 09/12/2010 “Crime a trabalho no Brasil: a criminalização das drogas entre a primeira república e o código penal de 1940” Mestrado Felipe Sellin Data da defesa: 16/09/2010 “Novos movimentos sociais na América do Sul: uma análise comparada” Mestrado Gustavo Silvino de Oliveira Data da defesa: 21/12/2010 “Alertas em tempos de guerra”: Igreja Universal e interfaces com a ordem social - entre respostas urgentes encantadas e racionalizadas Mestrado Sana Gimenes Alvarenga Domingues Data da defesa: 10/08/2010 “Gênero, poder e política: a participação feminina no partido dos trabalhadores do estado do Rio de Janeiro” Mestrado Suellen Andre de Souza Data da defesa: 09/11/2010 “Existir no tráfico: percepções e vivências dos jovens traficantes de drogas da favela baleeira” Mestrado

Clara Terezinha da Silva Santos Data da defesa: 26/07/2010 “Gêneros textuais: a práxis mediadora do professor de leitura” Mestrado

Ciências Naturais Ivanisy da Silva Amaral Capdeville Data da defesa: 01/09/2010 “Assistência à infância e à adolescência de Campos dos Goytacazes-RJ: a trajetória da Fundação Municipal da Infância e Juventude” Mestrado

Evandro Paulo Bolsoni Data da defesa: 13/12/2010 “Sociabilidade em redes digitais sociais segmentadas: a re-construção da identidade virtual digital” Mestrado

“O enigma da educação de jovens e adultos: um estudo das evasões e retornos à escola sob a perspectiva da teoria do reconhecimento social” Doutorado

Janike Mendes Louvise Gomes Data da defesa: 16/12/2010 “Colégio de Itaocara: marco precursor da política de formação de professores em Itaocara” Mestrado Sociologia Política Gerson Tavares Do Carmo Data da defesa: 16/07/2010

Ana Paula Lopes Siqueira Data da defesa: 11/11/2010 “Utilização de técnicas fototérmicas na determinação de propriedades térmicas de sólidos e gases” Doutorado Ana Cristina Francisco Silva Data da defesa: 22/07/2010 “Síntese de açúcares de aminados como potenciais ligantes para a formação de complexos metálicos” Mestrado Giselle Viana de Almeida Data da defesa: 21/07/2010 “Reações de guanidilação em compostos polihidroxilados” Mestrado


Gustavo Verçosa de Lima Alves Data da defesa: 15/12/2010 “Utilização de biofilmes comestíveis no revestimento de frutas tropicais” Mestrado

Lucas Alves Paes Gomes Data da defesa: 01/09/2010 “Uso da simulação por linhas de fluxo na recuperação avançada de petróleo-injeção de polímeros” Mestrado

Engenharia Civil

Engenharia e Ciência dos Materiais

Anderson de Oliveira Data da defesa: 10/09/2010 “Lajes treliçadas pré-moldadas produzidas com concreto leve estrutural” Mestrado

Hellen Cristine Prata de Oliveira Data da defesa: 30/07/2010 “Influência de adições de nióbio no sistema ferro-cobre para atuar como matriz ligante em ferramentas diamantadas” Doutorado

Fábio Araújo Pereira Data da defesa: 20/12/2010 “Análise numérica de uma barragem de enrocamento com núcleo asfáltico” Mestrado Josimar Pereira Freitas Data da defesa: 14/12/2010 “Dimensionamento ótimo de pórticos de aço considerando ligações semi-rígidas e a instabilidade estrutural” Mestrado

Mônica Manhães Ribeiro Data da defesa: 21/12/2010 ‘Utilização de material particulado da planta de sinterização de uma indústria siderúrgica integrada em composição de massa cerâmica vermelha” Doutorado

Diego da Silva Sales Data da defesa: 27/08/2010 “Uma heurística para o problema de localização multiobjetivo de plataforma de produção de petróleo multicapacitada” Mestrado Engenharia de Reservatório e de Exploração Carlos André Maximiano da Silva Data da defesa: 05/11/2010 “Simulação do perfil de ressonância magnética nuclear (rmn) utilizando perfis geofísicos de poços convencionais e a lógica fuzzy” Mestrado Eduarda Cristina Mangaravite da Silva Data da defesa: 31/08/2010 “Simulação do processo de utilização de biopolímeros como método microbiológico de recuperação melhorada de petróleo” Mestrado Jaina Pires Alves do Carmo Data da defesa: 15/07/2010 “Substituição de fluido em reservatório de mistura areia-folhelho” Mestrado Johann Motta Lacerda Data da defesa: 16/11/2010 “Inversão de dados de produção e mapas de saturação para caracterização de modelos de fluxo de reservatórios de petróleo” Mestrado

Sheyla Sant’anna Lessa Data da defesa: 30/09/2010 “Análise microbiológica e molecular da microbiota bacteriana que coloniza porcos selvagens (Sus scrofa) do Pantanal Sul-Matogrossense” Mestrado Genética e Melhoramento de Plantas Helaine Christine Cancela Ramos Data da defesa: 15/12/2010 “Retrocruzamento em mamoeiro: avanço de gerações e seleção de linhagens via procedimentos clássicos e moleculares” Doutorado Roberto dos Santos Trindade Data da defesa: 09/12/2010 “Capacidade combinatória e herança da resistência ao crestamento bacteriano comum em Phaseolus vulgaris L.” Doutorado Veronica Aguiar da Silva Data da defesa: 23/08/2010 “Determinação da estrutura organizacional das vias map kinases em sorgo, Arabidopsis lyrata e cana-de-açúcar por meio de análise “in silico “ Doutorado

Marconi Neves Sampaio Data da defesa: 21/09/2010 “Avaliação do colapso por degradação em enroncamentos basáltico e arenítico através de processos de laboratórios” Mestrado Engenharia de Produção

elaborado com pectina e cloreto de potássio” Mestrado

Simone Souto da Silva Oliveira Data da defesa: 05/08/2010 “Obtenção de diamantes no sistema NI-MN-C dopados com zinco via aplicação de altas pressões e altas temperaturas” Doutorado

Cibelle Degel Barbosa Data da defesa: 18/11/2010 “Bioinformática e técnicas multivariadas na análise da divergência genética em Carica papaya L.” Doutorado Elaine Rodrigues Figueiredo Data da defesa: 23/07/2010 “Estudo fitoquímico e avaliação biológica dos extratos de Trichilia casarettii e Trichilia silvatica (Meliaceae)” Doutorado Hélio Júnior de Souza Crespo Data da defesa: 12/11/2010 “Análise da distribuição regional do emprego na economia fluminense nos anos de 1987 a 2009” Doutorado Herval Martinho Ferreira Paes Data da defesa: 02/09/2010 “Estudo fitossociológico e georreferenciamento na cultura de girassol em função de diferentes manejos” Doutorado Moema Mocaiber Peralva dos Santos Data da defesa: 10/12/2010 “Atividade antimicrobiana in vitro de extratos vegetais das “espécies Mangifera indica, Eugenia jambolana, Schinus terebinthifolius, Capsicum annuum e análogos sintéticos da capsaicina, frente aos microrganismos da cavidade oral” Doutorado Omar Schmildt Data da defesa: 17/12/2010 “Ecofisiologia do mamoeiro cultivado em dois sistemas de propagação vegetativa: in vitro e ex vitro” Doutorado

Ciência Animal Patricia Regina de Souza Siqueira Campos Data da defesa: 01/07/2010 “Avaliação do método “in situ” e determinação da cinética de degradação ruminal de forrageiras tropicais” Doutorado Vagner Ricardo da Silva Fiuza Data da defesa: 30/07/2010 “Caracterização molecular de espécies de Crytosporidium isoladas de fezes de animais de produção no estado do Rio de Janeiro, Brasil” Doutorado Viviane Antunes Pimentel Data da defesa: 31/08/2010 “Avaliação de três cultivares de Brachiaria brizantha sob pastejo de novilhas leiteiras” Doutorado Gabriela Corrêa Coelho Data da defesa: 09/07/2010 “Participação das pistas ambientais na gênese e manutenção da sensibilização comportamental” Mestrado Juliana Barreto Nunes Data da defesa: 08/10/2010 “Desenvolvimento e avaliações química, microbiologica e sensorial de presunto cozido

Lívia Marcon Almeida Data da defesa: 10/12/2010 “Seleção de famílias em cana-de-açúcar e estudo da divergência genética via marcadores moleculares” Mestrado Roberta Ribeiro Barbosa Data da defesa: 14/12/2010 “Efeito das vias de produção e percepção de hormônios etileno, auxina e ácido salicílico na resposta de Arabidopsis thaliana à colonização por Gluconacetobacter diazotrophicus” Mestrado Produção Vegetal Anderson Lopes Peçanha Data da defesa: 01/12/2010 “Metabolismo fotossintético, crescimento e estado nutricional do mamoeiro (Carica papaya L.) em resposta à condutividade elétrica da solução de cultivo” Doutorado

Cátia Oliveira de Paula Data da defesa: 22/10/2010 “Resistência de larvas de Aedes aegypti ao temephos e compatibilidade de larvicida com o fungo entomopatogênico Metarhizium anisopliae” Mestrado Cezar Vasconcellos Sanfim Cardoso Data da defesa: 27/10/2010 “Estudo dos atributos químicos, uso da eficiência da água do solo e do crescimento, de povoamentos puros e consorciados de Eucalyptus tereticomis e Mimosa caesalpiniifolia” Mestrado Wanderson Souza Rabello Data da defesa: 21/10/2010 “Absorção de nutrientes minerais em feijoeiro comum em resposta a subdoses de glyphosate” Mestrado

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Fotos: Paulo Damasceno

UENF é a 13ª do país IGC do MEC mantém a UENF entre as melhores universidades do país Pela terceira vez consecutiva, a UENF figura entre as 15 primeiras colocadas no IGC (Índice Geral de Cursos) do Ministério da Educação (MEC) — indicador de qualidade das instituições de educação superior do país. O resultado do IGC 2009 (referente ao triênio 2007, 2008 e 2009) coloca a UENF em 13º lugar entre as instituições de ensino superior brasileiras. Com o resultado, a UENF sobe duas posições em relação ao IGC de 2008. Entre as universidades estaduais do país, a UENF é a melhor colocada no ranking do IGC. No Estado do Rio, a UENF é a segunda melhor instituição de ensino superior pública. Para o reitor da UENF, Almy Junior, os resultados mostram, entre outras coisas, o acerto do modelo escolhido para a Universidade, bem como o empenho de todo o seu corpo de servidores e a qualidade do corpo discente. — Uma universidade com um tripé pautado na força da pesquisa, na extensão — cada vez mais inserida na realidade da universidade —, e na qua-

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lidade do ensino, terá sempre resultados deste nível. Este é o resultado de um trabalho coletivo de 17 anos de luta, com corpo de servidores sérios, altamente qualificado e dedicado, bem como um corpo discente de nível muito elevado — afirma. O IGC avalia tan-


to a graduação quanto a pós-graduação. Para a graduação, utiliza o Conceito Preliminar de Curso (CPC) — uma média de diferentes índices de qualidade dos cursos, como o Conceito Enade, desempenho dos estudantes no Enade, Conceito IDD e variáveis de insumo (corpo docente, infraestrutura e programa pedagógico). No que se refere à pós-graduação, o IGC utiliza a nota Capes. Instituições que não participam do Enade, portanto, acabam ficando fora do IGC — a USP e a Unicamp não são avaliadas. Foram avaliadas 2.137 instituições de educação superior, sendo 180 Universidades, 158 Centros Universitários e 1799 Faculdades. Os conceitos variam de 1 a 5, sendo que 1 e 2 são considerados “insatisfatórios”, enquanto os conceitos 4 e 5 significam “excelência”. Com um total de 379 pontos, o mesmo obtido pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro, em seu IGC contínuo — o máximo são 500 pontos —, a UENF ficou com o conceito 4. Segundo o MEC, as instituições que obtiveram conceitos 3, 4 e 5 avançam para conquistar mais autonomia, enquanto aquelas com conceitos 1 e 2 ficam sob sua supervisão. Caso não consigam sanar suas deficiências, podem ter diminuído o número de vagas oferecidas ou, em último caso, ter suspenso o recredenciamento dos seus cursos. — Acredito que podemos avançar ainda mais, com ações como a participação da UENF no SiSU, as melhorias que vêm sendo obtidas na infraestrutura da Universidade, ações voltadas para atender demandas da sociedade regional e a elevada captação de recursos pelos nossos professores. Destacam-se também as possibilidades ofertadas para que o corpo discente participe dos programas de pesquisa, como as bolsas de iniciação cien-

tífica, mestrado e doutorado, de extensão, em diferentes programas, e de ensino, em programas como monitoria, pré-vestibular social, entre outros. Além disso, investimentos na capacitação e nos direitos dos servidores e dos estudantes, compromissos que assumimos com a comunidade, e que estamos atuando para ampliar cada vez mais, estão sendo cumpridos — afirma o reitor. A instituição que obteve o primeiro lugar no ranking geral do IGC 2009, com 440 pontos, foi a Universidade Federal de São Paulo. Em segundo lugar ficou a Universidade Federal do Rio Grande do Sul e, em terceiro, a Universidade Federal de Lavras. Dentre as instituições públicas do Estado do Rio, a UENF só se encontra abaixo da Universidade Federal do Rio de Janeiro, que obteve 395 pontos no IGC e nono lugar geral. Apenas nove universidades brasileiras obtiveram o conceito máximo. A UENF oferece atualmente 17 cursos de graduação e 13 programas de pós-graduação, sendo que em 10 deles são oferecidos cursos de doutorado. Segundo o reitor Almy Junior é fundamental que o sucesso da universidade seja estendido para outros municípios do estado do Rio de Janeiro. — Temos apresentado propostas de expansão deste modelo de universidade para que possamos contribuir ainda mais na melhoria da qualificação da nossa população e propor soluções, com as pesquisas que produzimos, para os problemas a serem enfrentados com os grandes investimentos que a região recebe atualmente — afirma.

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Eventos científicos Pela terceira vez consecutiva, a UENF se uniu ao Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia Fluminense (IFF) e ao Instituto de Ciências da Sociedade e Desenvolvimento Regional da Universidade Federal Fluminense (UFF) para a realização do Congresso Fluminense de Iniciação Científica e Tecnológica (Confict), de 27 a 29/06/11. Um dos objetivos do Congresso é mostrar o trabalho desenvolvido através dos programas de bolsas de Iniciação Científica (Pibic) das referidas instituições. O Congresso abrange o 16º Encontro de Iniciação Científica da UENF, o 8º Circuito de Iniciação Científica do IFF e a 4ª Jornada de Iniciação Científica da UFF. Durante o evento, os estudantes apresentam seus trabalhos (oralmente ou em forma de pôsteres) e são avaliados por uma comissão externa composta por pesquisadores com bolsa de produtividade em pesquisa do CNPq. Os resumos dos trabalhos são disponibilizados online e em CDs para professores e demais estudantes e são enviados a várias instituições. O Congresso teve um número recorde de inscritos este ano. Foram 330 da UENF, 118 do IFF e 44 da UFF, totalizando 492 trabalhos. Além da apresentação dos trabalhos, o Congresso conta ainda com uma vasta programação — palestras, mesas-redondas, minicursos e atividades culturais. Veja a programação e mais informações sobre o evento em http://www.uenf. br/eventos/ic2011/ . A UENF também está apoiando dois outros grandes eventos científicos: o VI Congresso Brasileiro de Melhoramento de Plantas, que será realizado de 01 a 04/08/11, e a XIV Reunião Latino-Americana de Fisiologia Vegetal, juntamente com o XIII Congresso Brasileiro de Fisiologia Vegetal, de 19 a 22/09/11. Ambos os eventos serão realizados em Búzios (RJ). Promovido pela Associação Brasileira de Melhoramento de Plantas (SBMP), o VI Congresso Brasileiro de Melhoramento de Plantas terá como tema central “Panorama atual e perspectivas do melhoramento de plantas no Brasil”. Além de palestras, mesas-redondas e minicursos, a programação inclui o lançamento do livro “Melhoramento de Plantas para Condições de Estresses Abióticos”, do professor Aluizio Borém e colaboradores. Mais informações podem ser obtidas em http://www.sbmp.org.br/6congresso/ A Sociedade Brasileira de Fisiologia Vegetal está à frente da XIV Reunião Latino-Americana de Fisiologia Vegetal e do XIII Congresso Brasileiro de Fisiologia Vegetal. O tema central será “Mudanças climáticas globais: do gene à planta”. Os eventos pretendem abordar o assunto em termos das respostas fisiológicas das plantas às mudanças no clima do planeta. Voltados para estudantes de graduação, pós-graduação e pesquisadores de instituições de ensino superior, de empresas públicas e institutos de pesquisa, a Reunião Latino-Americana e o Congresso de Fisiologia Vegetal têm por objetivo promover a apresentação, discussão e divulgação de trabalhos na área. O Congresso é um evento bienal, enquanto a reunião ocorre com intervalo de três anos. Os organizadores esperam contar com mil a 1,4 mil participantes nos dois eventos, onde deverão ser expostos mais de mil trabalhos. Veja mais informações em http://www.sbfv.org.br/congresso2011/?lang=pt-br.

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