De DENTRO e FORA - Coletiva de Artista de Cabo Verde - catálogo da exposição em Bissau

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de DENTRO e FORA

Coletiva de Artistas de Cabo Verde

EXPOSIÇÃO de DENTRO e FORA

Coletiva de Artistas de Cabo Verde

FICHA TÉCNICA CATÁLOGO

CDIREÇÃO

Vítor Ramalho, Secretário‑geral da UCCLA

EDIÇÃO E REDAÇÃO

Raquel Carvalho

Ricardo Barbosa Vicente

DESIGN GRÁFICO E PAGINAÇÃO

Catarina Amaro da Costa

CRÉDITOS FOTOGRÁFICOS

Anabela Carvalho

Dörte Felsing

José Matos Alves

Kuny Mendes

Luisa Péres

Petra Preta

Ricardo Barbosa Vicente

Simon Scheller

Lisboa, junho 2023

ORGANIZAÇÃO

FICHA TÉCNICA EXPOSIÇÃO

DIREÇÃO

Camilo Graça, Embaixador de Cabo Verde em Bissau

CURADORIA

Ricardo Barbosa Vicente, Embaixada de Cabo Verde em Portugal

PRODUÇÃO

Raquel Carvalho, UCCLA

DESIGN GRÁFICO

Catarina Amaro da Costa, UCCLA

Julho 2023

APOIO
PARCEIROS

índice

pág. 7 | Textos

de introdução

Camilo Graça

Embaixador de Cabo Verde em Bissau

José Medina Lobato

Presidente da Câmara Municipal de Bissau

Eurico Correia Monteiro

Embaixador de Cabo Verde em Portugal

Vítor Ramalho

Secretário ‑Geral da UCCLA

Ricardo Barbosa Vicente Curador

pág. 19 | de Dentro e Fora

‑ Coletiva de Artistas de Cabo Verde

pág. 80 | Biografias dos artistas

Apesar dos conhecidos laços de parentesco, de amizade e históricos existentes entre a Guiné‑Bissau e Cabo Verde, de notar que também, circunstâncias históricas (…) do pós ‑independência, fizeram com que os dois países tomassem rumos diversos, e hoje, quarenta anos após o “golpe de separação” (1981), ambos possuem representações diplomáticas recíprocas e vem trabalhando em prol da defesa e proteção dos seus concidadãos e em prol da cooperação mútua em vários domínios.

Os primeiros originários de Cabo Verde a aportarem na Guiné‑Bissau, datam do início do século passado e facilmente se integraram na sociedade dual (colono x colonizado; civilização europeia x civilização africana). Uma realidade, ainda hoje, sentida quer do ponto de vista cultural quer do ponto de vista socioeconómico. Tornando‑se o cabo‑verdiano quase que mais uma etnia no riquíssimo mosaico étnico‑cultural da Guiné‑Bissau.

E neste contexto que a Embaixada de Cabo Verde em Bissau vem promover, com muito gosto e orgulho, a exposição “de Dentro e Fora”, que se faz acompanhar de uma mostra de cinema ‑ resultante de uma boa parceria com

a Embaixada de Cabo Verde em Portugal e a UCCLA ‑ União das Cidades Capitais de Língua Portuguesa.

Sob a curadoria de Ricardo Barbosa Vicente, a exposição terá lugar no Centro Cultural Franco ‑Guineense e no Centro Cultural Português de Bissau. Serão exibidas 27 obras de 31 artistas, proporcionando uma experiência única e enriquecedora aos visitantes. A exposição será inaugurada a 5 de julho e permanecera aberta até o dia 12 de julho, oferecendo uma semana repleta de manifestações artísticas. Além das artes plásticas, a mostra de cinema será um complemento especial, com a apresentação de filmes que exploram a cultura, a história e a realidade social de Cabo Verde, possibilitando viagens, lembranças e conhecimento.

Devo dizer, por fim, que é uma honra para mim ‑ como embaixador, e para a Embaixada de Cabo Verde em Bissau, poder contribuir para a promoção da cultura cabo‑verdiana e estreitar os laços entre as duas nações irmãs. Aproveito ainda para agradecer as autoridades bissau‑guineenses pelo apoio ao projeto e ainda ao Ministério da Cultura e Indústrias Criativas de Cabo Verde pelo forte engajamento.

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Convidamos assim o público em geral e, aos cabo ‑verdianos residentes, em particular, a participar dessa celebração da diversidade cultural e criativa presentes em Cabo Verde e sua diáspora, neste evento que promete ser memorável.

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Camilo Querido Leitão da Graça Embaixador de Cabo Verde em Bissau

É com imensa honra que a Câmara Municipal de Bissau apoia e acolhe, enquanto cidade anfitriã, a exposição e mostra de cinema “De Dentro e Fora”. Esta iniciativa, que assinala a Proclamação da Independência de Cabo Verde e o cinquente‑ nário do assassinato de Amílcar Cabral, reflete sobre a confluência de identidades e a transcen‑ dência das fronteiras através da arte. Enquanto cidade acolhedora desta iniciativa, Bissau torna‑ ‑se, assim, o ponto de encontro entre Cabo Verde e sua diáspora.

Esta exposição que se divide em dois núcleos expositivos, no Centre Culturel Franco‑Bissau ‑Guinéen e no Camões ‑ Centro Cultural Portu‑ guês em Bissau, trará a público expressões ar tísticas de uma ampla variedade, explorando a relação entre as diferentes facetas da identidade cultural cabo‑verdiana. Mas também de culturas comuns que interligam os países de língua portu guesa, desde logo pela exibição de panos di ter‑ ra, cuja história e técnica, entrelaça a cultura de Cabo Verde e da Guiné‑Bissau. O mesmo sucede com a poesia e a literatura, a que será dado um espaço na exposição, que constituem formas de expressão artísticas valorizadas em ambos paí ses, ao se abordarem temas como a identidade, colonialismo, independência e diáspora.

Esta iniciativa reforça o diálogo intercultural e es treita os laços entre as nações de língua portu‑ guesa, celebrando a diversidade e a riqueza do património cabo‑verdiano. A exposição e mos‑ tra de cinema “De Dentro e Fora” são um convi‑ te para apreciar a multiplicidade de expressões artísticas de Cabo Verde e sua diáspora, em um evento que certamente será memorável. Agrade‑ cemos a todos os envolvidos por tornarem essa iniciativa possível e saudamos a todos os visitan‑ tes que desejam se encantar por esta rica mani‑ festação cultural.

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A iniciativa “de Dentro e Fora”, composta por uma exposição de arte e mostra de cinema visa retratar Cabo Verde, capturando a essência deste país. Cabo Verde é simultaneamente um produto e produtor da sua Diáspora. A história dos cabo‑ ‑verdianos fez‑se e espelha‑se pelo mar, tocan do em todos os pontos cardeais e, consigo, os cabo‑verdianos levaram os costumes, a língua, a gastronomia, a tradição, a religião, o seu modo de ser e estar, enfim, a cultura de um país. É por isso que aquilo que somos “Dentro” está intrinse‑ camente ligado àquilo que fazemos e representa mos “Fora”.

Toda esta circulação e partilha de culturas apenas se torna possível no mundo globalizado em que vivemos hoje e do fomento e aprofundamento da relação entre Estados democráticos. É importan te ressaltar que a cultura não existe sem história, e, portanto, é crucial celebrar datas significativas que mudaram o rumo de um país, no caso, do que Cabo Verde é nos dias de hoje. Assim, à luz de assinalar a data da proclamação da indepen‑ dência de Cabo Verde, dia 5 de julho, é uma hon ra para a Embaixada de Cabo Verde em Portugal, associar‑se às comemorações a ter em Bissau, que resultam dessa diáspora e dessa história.

Uma celebração em torno da apreciação e con‑ tacto com diferentes formas de expressão artísti‑ ca. A exposição engloba diversas manifestações artísticas, desde as artes plásticas, como pintura, arquitetura, escultura e arte têxtil, até à música, fotografia, literatura e cinema. Uma exposição que traz a palco não apenas nomes conhecidos destes domínios, mas também novos rostos e formas de expressão de uma nova geração. Uma exposição que se faz acompanhar de uma mos tra de cinema para aliciar a reflexão de temas e preocupações presentes no quotidiano. É uma oportunidade única para vivenciar a diversidade cultural e a criatividade presentes em Cabo Verde e na sua diáspora em Bissau.

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Eurico Correia Monteiro Embaixador de Cabo Verde em Portugal
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A UCCLA ‑ União das Cidades Capitais de Língua Portuguesa honra‑se de ter prontamente corres‑ pondido à iniciativa do Sr. Embaixador de Cabo Verde na Guiné‑Bissau, Dr. Camilo Graça, que em boa hora nos desafiou para a promover e inau gurar no dia 5 de julho, em Bissau, a exposição de artistas plásticos de Cabo Verde, denominada “De Dentro e Fora”.

A inauguração ocorre no dia da independência de Cabo Verde, que teve lugar a 5 de julho de 1975, precedida da independência da Guiné‑Bissau, menos de dois anos, a 24 de setembro de 1973, em Medina do Bué.

É uma iniciativa muito meritória a que o Sr. Em baixador, Dr. Camilo Graça, incentivou que tives‑ se lugar também no ano em que invoca o 50.º Aniversário da morte de Amílcar Cabral que, para o ano, completaria o centenário se fosse vivo, e que é uma personalidade incontornável e indisso‑ ciável da luta da independência de Cabo Verde e da Guiné‑Bissau.

A exposição permite que se conheça melhor a cultura de Cabo Verde que dá testemunho da in‑ vulgar qualidade dos artistas plásticos do país.

A UCCLA tem promovido exposições na galeria da sua sede, a “Casa das Galeotas”, em Lisboa, de artistas dos países de língua oficial portuguesa, tendo iniciado a programação por ordem alfabéti‑ ca das suas denominações dos respetivos países.

Daí que, também com grande êxito, já foram reali‑ zadas as de Cabo Verde e da Guiné‑Bissau.

A última que teve lugar foi de artistas plásticos de Moçambique, a que se seguirá a de Portugal, a inaugurar em janeiro de 2024.

Esta exposição de artistas plásticos de Portugal coincidirá com a passagem do 50.º aniversário da revolução do 25 de Abril de 1974, tão importante para a reconquista da liberdade e que diz muito a todos os povos de língua portuguesa que se libertaram em África do jugo colonial.

Invoco a efeméride porque esta exposição terá por tema a liberdade, sendo que, tal como o povo português, os povos colonizados pelo regime au tocrático anterior foram também vítimas, embora em diferentes graus, desse regime.

A exposição “De Dentro e Fora”, ao refletir a iden‑ tidade de Cabo Verde numa das formas de ex

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pressão cultural pictórica e escultórica, incentiva a necessidade de todos os povos que têm no português a língua oficial, se conhecerem melhor.

Reitero, por tudo, o meu reconhecimento ao Sr. Embaixador Dr. Camilo Graça, naturalmente ao curador, Arq. Ricardo Barbosa Ribeiro e à pro‑ dutora, Dr.ª Raquel Carvalho, bem como aos responsáveis do Centro Português do Instituto Camões em Bissau e do Centre Culturel Franco ‑Guiné‑Bissau, que acolhem a iniciativa.

Felicito ainda os artistas plásticos que se digna ram participar com as obras que disponibilizaram e os realizadores dos filmes e documentários que a propósito serão apresentados, bem como os palestrantes, seguro do êxito da iniciativa.

Secretário‑geral da UCCLA

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Vítor Ramalho

de Dentro e Fora – Coletiva de Artistas de Cabo Verde

Num mundo cada vez mais entrelaçado, a expo‑ sição e mostra de Cinema “De Dentro e Fora” as sinalam a data da Proclamação da Independência de Cabo Verde e o cinquentenário do assassina to de Amílcar Cabral. Esta iniciativa apresenta‑ ‑se como uma reflexão acerca da confluência de identidades e a transcendência das fronteiras através da arte. O talento é aqui canalizado para a construção de uma ponte entre Cabo Verde e a sua diáspora, tendo Guiné‑Bissau como palco desta manifestação criativa.

Através de dois núcleos expositivos que se com plementam e representam caracteres simbólicos em Bissau, no Centre Culturel Franco‑Bissau ‑Guinéen e no Camões ‑ Centro Cultural Portu‑ guês em Bissau, a exposição acolhe uma seleção de 27 obras de 31 artistas. As peças seleciona‑ das compreendem diversas expressões artísticas ‑ desde desenho, escultura, fotografia, gravura, instalação, música, pintura, poesia, serigrafia e têxteis ‑ com foco na relação intrínseca entre as facetas interna e externa da identidade cultural cabo‑verdiana.

A abordagem curatorial emana do anseio de ex‑ por obras e autores incontornáveis da cultura

cabo‑verdiana e da perceção da preponderância de temas associados a Cabo Verde, independen temente do contexto geográfica ou geracional.

O visitante é convidado a meditar sobre a con dição transnacional dos artistas de Cabo Verde, uma nação onde a diáspora ostenta uma dimen são notável e inconfundível, com repercussões incontestáveis nas artes plásticas. Os autores, na sua produção artística, influenciam e são in‑ fluenciados não somente pelas suas raízes, mas também por todo o contexto dos novos países onde habitam ou habitaram, pelos quais viajaram e onde engendraram as suas obras.

O título da exposição, “De Dentro e Fora”, encer ra em si uma dicotomia entre o âmago da cul‑ tura cabo‑verdiana e a sua manifestação além ‑fronteiras. O elemento “Dentro” alude ao caldo cultural que efervesce no arquipélago, as raízes sólidas que conferem a cada cabo‑verdiano uma identidade singular. O elemento “Fora” refere‑se à diáspora, ao eterno perambular dos filhos de Cabo Verde pelo globo, levando consigo o ímpe‑ to cultural e enriquecendo outras paragens com a sua presença. As obras em exposição refletem essa dualidade, impregnadas de um pathos que

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evoca as histórias, memórias e aspirações do povo cabo‑verdiano.

A mostra cinematográfica, complementar à ex posição, proporciona um olhar sobre Cabo Verde através da objetiva de cineastas que exploram te máticas sociais, históricas e culturais. A sétima arte serve, deste modo, como mais um canal de expressão e reflexão acerca da identidade cabo‑ ‑verdiana.

É imperioso enfatizar a relevância desta iniciati‑ va como um marco de diálogo intercultural. Ela reverbera os valores de união e partilha entre as nações de língua portuguesa e celebra a diver sidade e a riqueza do património cabo‑verdiano.

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Ricardo Barbosa Vicente Curador
18 Abraão Vicente Identidade em construção I 2004 a 2009 41,5 x 28,5 cm, colagem, pastel de óleo, acrílico e carvão s/ papel Coleção de artista | Créditos fotográficos: Luisa Péres

Coleção privada | Créditos fotográficos:

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Adílio Felsing Sem título 2020 50 x 40 cm, técnica mista s/ papel Dörte Felsing
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Regresso Amílcar Cabral

Mamãe Velha, venha ouvir comigo

O bater da chuva lá no seu portão.

É um bater de amigo

Que vibra dentro do meu coração

A chuva amiga, Mamãe Velha, a chuva,

Que há tanto tempo não batia assim...

Ouvi dizer que a Cidade‑Velha – a ilha toda –

Em poucos dias já virou jardim...

Dizem que o campo se cobriu de verde

Da cor mais bela porque é a cor da esp’rança

Que a terra, agora, é mesmo Cabo Verde. – É a tempestade que virou bonança...

Venha comigo, Mamãe Velha, venha Recobre a força e chegue‑se ao portão

A chuva amiga já falou mantenha

E bate dentro do meu coração!

Com áudio de Zenaida Chantre

MULHERES

Carlota de Barros (Homenagem à mulher cabo‑verdiana)

Eis as mulheres... podemos vê‑las em toda a parte nas manhãs... tardes e noites de todos os dias...

vêm de longe as mulheres... somos nós filhas da escravazinha negra ainda menina cobiçada... perseguida... ultrajada em perfumadas alcovas do senhor branco na estribaria... nas plantações…

(...)

aí estão resistentes... firmes... empenhadas... lutadoras a batucadeira... a deputada... a emigrante... a camponesa... a juíza... a artista... a empregada doméstica... a peixeira... a poetisa... a cabeleireira... a operária... a doméstica... a companheira... a doutora... a rabidante ... a professora... a enfermeira... a costureira... a ministra... a estudante...

Ei‑las...estão todas aí somos nós mulheres mulheres cabo‑verdianas mulheres africanas...

(...)

(Carlota de Barros, Na Pedra do Tempo, 2017)

Conceção: Ana Marta Clemente e José Matos Alves

Domingas, Marcelino Santos e Manu Soares

Xeque‑Mate

Ano: 2022

32 x 32 cm, cerâmica, tecelagem e cestaria

Plataforma Voador | Créditos fotográficos: José Matos Alves

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António Garcia Pano de tear (pano di terra) seis faixas 2021 108 x 150 cm, tapeçaria Plataforma Voador | Créditos fotográficos: José Matos Alves

Bela Duarte

Mercado de Peixe

1989

115 x 175 cm, tapeçaria

Embaixada de Cabo Verde em Portugal

Créditos fotográficos: Ricardo Barbosa Vicente

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32 Bento Oliveira Pele Napundi 2022 55 Ø, técnica mista s/ pele de cabra Coleção privada | Créditos fotográficos: Luisa Péres

Mar azul

B. Léza

Oh... oh… mar, detá quitinho

Bô dixa´m bai,

Bô dixa´m bai spiá nha terra, Bô dixam bai salvá nha Mâi

... Oh mar…

Mar azul… subi mansinho…

Lua cheia, luminá´m caminho…

Pa´m bà nha terra di meu

São Vicente pequinino,

Pa´m bà braçá nha cretcheu...

Oh... oh…mar, anô passá tempo corrê

Sol raiá, lua saí

A mim ausente na terra longe...

Oh Mar…Oh Mar…

(Apontamentos extraídos do Capítulo 15, 1ºvolume, intitulado “Nova Maré de Composições e Gilberto Freyre” da trilogia biográfica, dedicada à vida, família e obra deste compositor das mornas mais icónicas de Cabo Verde)

Uma construção é feita de mais do que das memórias dos antepassados, o local onde nascemos, os predicados que vivemos

Galeria 3+1 de Arte Contemporânea

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Carlos Noronha Feio
2021 áudio

38°41'51.4"N

9°16'29.7"W

15°02'01.6"N

24°19'23.4"W

38 David Levy Lima Nôs Mar 2015 140
tela Embaixada
Portugal |
x 100 cm, óleo s/
de Cabo Verde em
Créditos fotográficos: Luisa Péres

na página 42

Gildoca Barros

Rabidantis

2023

29,7 x 21 cm (12), pintura s/ madeira

Coleção de artista | Créditos fotográficos: Ricardo Barbosa Vicente

Francisco Vidal Still Free

2022

123 x 97,5 cm, acrílico s/ tela

CPS ‑ Centro Português de Serigrafia | Créditos fotográficos: Ricardo Barbosa Vicente

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(…)

ODI MARÍTIMU

Excerto do poema

“Ode Marítima”, de Fernando Pessoa

Ah, tudu kais é un sodadi di pedra!

I ora ki naviu ta sai di kais

I dirapenti ta odjadu ma abri un spasu

Entri kais ku naviu

Un angústia risenti, n ka sabe pamodi, ta toma na mi, Un nébua di sintimentus di tristeza

Ki na sol di nhas angústia relvadu ta brilia

Sima purmeru janela undi madrugada ta konko,

I ta envolve‑m sima rakordason dotu algen

Ki, misteriozamenti, é propi mi.

Ah, kenha ki sabe, kenha ki sabe, Si n ka parti un bes, antis di mi, Dun kais; si n ka dexa, naviu baxu sol Gengedu di madrugada, Un otu spésia di portu?

Kenha ki sabe si n ka dexa, antis d’ora Di mundu fora di mi sima n ta odja‑l Ta raia pa mi, Un grandi kais intxidu di poku algen, Dun grandi sidadi meiu‑kordadu, Dun inormi sidadi di nogósiu, krisidu, fogadu, Tantu kuantu kel li pode ser fora di spasu ku tenpu.

Sin, dun kais, dun kais material dalgun manera, Rial, ki ta odjadu sima kais, kais rialmenti, Kel kais abusulutu, ki através di si mudelu imitadu Inkonsientimenti, Invokadu sen sensibilidadi, Nos omi nu ta konstrui

Nos kais na nos portus, Nos kais di pedra atual riba d’agu dimé‑divera,

Ki dipos di dja es sta fetu di rapenti es ta parse

Ku kusas‑rial, spritu‑kusas, entidadis di pedra‑almas

Na sertus mumentu di nos di sintimentu‑raís

Ora ki na mundu‑fora sima ki un porta ta abri

I, sen nada muda, Tudu ta bira ta odjadu dun manera diferenti. (…)

(Tradução de José Luiz Tavares, "Odi Marítimu", Abysmo, 2021)
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Kiki Lima Cotchi, pisando o milho 1991 81 x 60 cm, óleo s/ tela Embaixada de Cabo Verde em Portugal | Créditos fotográficos: Ricardo Barbosa Vicente
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Kuny Mendes Fonti Lima 2018 100 x 70 cm, papel fotográfico em dibond Embaixada de Cabo Verde em Portugal | Créditos fotográficos: Kuny Mendes

Luísa Queirós

Se as rãs soubessem voar não andavam aos saltinhos

década de 80 154 x 84 cm, batik

Coleção privada | Créditos fotográficos: Ricardo Barbosa Vicente

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CPS ‑ Centro Português de Serigrafia | Créditos fotográficos:
Manuel
Figueira Sem título 2008 71,5 x 50 cm, litografia
Ricardo Barbosa Vicente
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Marcelino Santos Macaco Juiz 2022 90 x 40 cm, tapeçaria Coleção privada | Créditos fotográficos: Ricardo Barbosa Vicente
56
Maria de Lurdes Vieira Vendedeira 1992 20 x 15 x 21 cm, olaria UCCLA | Créditos fotográficos: Ricardo Barbosa Vicente
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Coronavirus Pandemic__Animals with money 2018 100
100 cm,
cartão
Oleandro Pires Garcia
x
acrílico s/
UCCLA | Créditos fotográficos: Ricardo Barbosa Vicente
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Os segredos e o afeto
Petra Preta
2022
42 x 59 cm, aguarela e posca s/ papel Coleção de artista | Créditos fotográficos: Petra Preta
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Petra Preta Práticas de afeto 2022 42 x 59 cm, técnica mista s/ tecido Coleção de artista

HOMENAGEM A AMÍLCAR CABRAL DE ALUSÃO AO CINQUENTENÁRIO

DO SEU NASCIMENTO, EM 2024

Raquel Carvalho e Ricardo Barbosa Vicente Convergência Sublime 2023 Instalação Coleção privada CINQUENTENÁRIO DO SEU ASSASSINATO E PROXIMIDADE DO CENTENÁRIO
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Tchalé Figueira Fantasma Branco 2017 168 x 142 cm, acrílico s/ tela Coleção privada | Créditos fotográficos: Ricardo Barbosa Vicente

Coleção

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Yuran Henrique Sinu 2022 162 x 200 cm, técnica mista privada | Créditos fotográficos: Ricardo Barbosa Vicente
70 Zurc Prazer 2021
42 x 29,7 cm, tinta‑da‑china e acrílico s/ papel aguarela 300g Coleção privada | Créditos fotográficos: Ricardo Barbosa Vicente

Mostra de cinema de

de DENTRO e FORA

Coletiva de artistas de Cabo Verde

CESÁRIA ÉVORA

FICHA TÉCNICA:

Título: Cesária Évora

Ano: 2022

Género: documentário/longa‑metragem

Realizadora: Ana Sofia Fonseca

Produção Executiva: Ana Sofia Fonseca

Produtoras: Ana Sofia Fonseca e Irina Calado

Produtores Associados: Agostinho Ribeiro e Ricardo Freitas

Edição: Cláudia Rita Oliveira

Direção de Fotografia: Vasco Viana

Som: David Medina

Música Original: José M. Afonso

Design de Som: Billyboom

Design: Ideias com Peso

Cor: Rita Lamas

Fotografia do cartaz: Simon Scheller

Distribuição: Alambique

Produção: Carrossel Produções e Até ao Fim do Mundo

SINOPSE: A “diva dos pés descalços”, a icónica Cesária Évora num documen

tário que mostra imagens nunca vistas e oferece uma visão nunca antes explorada sobre a vida da cantora cabo‑verdiana que, apesar de não corresponder ao modelo normal de sucesso, foi capaz de superar todas as condições que normalmente a afastariam da ribalta. Esta é a história de uma mulher negra, africana, com mais de cinquenta anos e vinda de um contexto pobre, cujo único sonho era ser livre.

DANIEL E DANIELA

FICHA TÉCNICA:

Título: Daniel e Daniela

Ano: 2022

Argumento e Realização: Sofia Pinto Coelho

Direção de Fotografia: Pedro Castanheira

Produção: Cláudia Alves

Produtores: Pandora da Cunha Telles e Pablo Iraola

Som: Bernardo Theriaga

Montagem: Carlos Madaleno

Música Original: Daniel Bernardes

Em co‑produção com: SIC

Apoio Financeiro: ICA

Locais de filmagem: Cabo Verde, Guiné‑Bissau, Portugal e São Tomé e Príncipe

Produção: Ukbar Filmes

SINOPSE:

Daniel e Daniela é a história de um pai que leva a filha numa viagem às suas origens. Ao sabor de surpresas e imprevistos, percorrem Cabo Verde, São Tomé e Guiné‑Bissau, ambos guiados pela vontade de ver, conhecer e conversar.

Entre risos, canções e livros, tudo o que irão encontrar pelo caminho é pretexto para mais uma história que entrelaça passado e presente, entre núbios, cartagineses e egípcios, escravatura e colonialismo, ra cismo e preconceito; tudo é matéria para mais uma lição de Filosofia, uma reflexão sobre a História de África ou os desafios do desenvol vimento. Daniel, de 83 anos, quer deixar à sua filha Daniela, de 12, conhecimento e pensamento crítico, preparando‑a para o futuro com o coração cheio de esperança e liberdade. Afinal, nas palavras do pró prio Daniel: “o maior investimento é o humano”.

Leocádio Jorge Varela e Maria Bernardeth Correia

Produção: Parallax Produções

SINOPSE:

Criado no âmbito do Concurso Curtas PALOP ‑ TL 25 anos, o filme aborda os rituais de despedida na Hora da Morte na ilha de Santiago, Cabo Verde. Foi exibido em festivais e mostras em Angola, Bélgica, Brasil, Cabo Verde, Canadá, Estados Unidos da América, Guiné‑Bissau, Macau, Madagáscar, Moçambique, Polónia, Portugal, São Tomé e Prín cipe e Timor‑Leste.

HORA DI BAI

FICHA TÉCNICA:

Título: Hora di Bai

Ano: 2016

Género: documentário/curta‑metragem

Realizadora: Samira Vera Cruz

Direção: Bruno Leal

Cinematografia: Cenêk Folk

Som: Bernardo Theriaga e Milene Coroado

Atores/Elenco: Adélia Correia e Silva, Grégoria Teixeira, Ivanusa Pereira,

NTURUDU ‑ UM CARNAVAL SEM MÁSCARA

FICHA TÉCNICA:

Título: Nturudu ‑ Um Carnaval Sem Máscara

Ano: 2021

Género: documentário/longa‑metragem

Realizador: Arlindo Camacho

Produção: Maria Manuel Andrade

Autoria Guião: Roger Mor

Locução: Diana Nicolau

Edição: Pedro Amaral

Fotografia: Arlindo Camacho

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Imagens Drone: Marta Geadas Duran

Gradação de cor: Filipe Santos

Edição áudio pós‑produção: Viagens a Marte

SINOPSE:

Uma homenagem a todos os guineenses que fazem do Nturudu um carnaval com rosto. Intenso... Festivo... Único, mas sobretudo genuíno na sua diversidade cultural. Guiné‑Bissau, um país que no Carnaval tira a máscara e revela a sua autenticidade ancestral. Uma viagem de Arlindo Camacho, Roger Mor e Maria Manuel Andrade.

Emerson Henriques, Eva Figueiredo, João Branco, João Faria, João Go mes da Graça, John de Siza, Jorge Martins, José Bettencourt, José Luís Graça, José Manuel Graça, José Roberto, Kinha Ferreira, Krassymir San tos Hugo Neves, Lourdes Fonseca, Lutchinha Santos, Manuel Estevão, Marco Alexandre Emely Melo, Miguel Gil, Mirita Veríssimo, Naiss Cavera, Neu Lopes, Nilza Fonseca, Nuno Delgado, Orlando Silva, Peggy Apolinário

Agatê Graça, Quelton Jorge, Rank Gonçalves, Rute Maiara Chantre, Sér gio Gomes, Stephan Santos, Zenaida Alfama.

Locais de filmagem: Cabo Verde, nas ilhas de São Vicente e Santiago

Produção: ROTCHIMAR, Cabo Verde

SINOPSE:

Na época colonial, o regime criou uma polícia política que perseguia e torturava todo o cidadão que desejasse a liberdade. Havia um gran de grupo de descontentes que faziam a luta na clandestinidade. Um poeta revolucionário cabo‑verdiano é preso, torturado e condenado à morte numa ilha deserta, três dias antes do Dia da Liberdade (25 de Abril).

O POETA DA ILHA

FICHA TÉCNICA:

Título: O Poeta da Ilha

Ano: 2021

Género: documentário/longa‑metragem

Realizador: Júlio Silva

Coprodutores: José Bettencourt e Rank Gonçalves

Direção de atores e produção: Mirita Veríssimo

Atores/Elenco: Aldina da Luz, Alcidia Monteiro, Alcindo Moreno, Amíl car Gomes, Ashey Apolinário, Bia Barbosa, Celeste Rocha, César Lélis, Clayton Santiago, Diego Martins, Eduardo Martins, Emerson Henriques,

os artistas

ABRAÃO VICENTE

Abraão Vicente nasceu na Assomada, em San ta Catarina, na Ilha de Santiago, Cabo Verde. Licenciado em Sociologia, pela Universidade Nova de Lisboa, Portugal. Na sua estadia em Lisboa, Portugal, onde germina o seu percur so como artista plástico e escritor, interioriza a ligação inviolável ao lugar de pertença: “Os africanos, os Erasmus, todos os que estavam em Lisboa diziam que somos cidadãos do mundo. Com o tempo percebemos que somos cada vez mais de onde somos. Percebi que sou muito cabo‑verdiano, não renegando as outras raízes, as outras misturas que tenho”. Abraão Vicente é deputado à Assembleia Na cional de Cabo Verde pelo MpD (Movimento para Democracia) desde 2011, foi jornalista, editor e cronista do jornal a “A Nação” entre 2008 e 2010, e criou e apresentou na Te levisão Nacional (TCV) os programas “Casa da Cultura” – 2006/2008, “180 graus” –2008/2009, “Nha Terra Nha Cretcheu” e “Inti midades” (ACI) / TCV 2008/2010. Fez parte do elenco governamental da IX Legislatura, sendo atualmente Ministro da Cultura e das Indús trias Criativas e Ministro do Mar.

ADÍLIO FELSING

Adílio Lopes Robalo, conhecido artisticamente como Adílio Felsing, nasceu e cresceu na ci dade da Praia, na Ilha de Santiago, Cabo Ver de. Formado em Desenho Técnico, começou a pintar ainda jovem, para além de trabalhar com arquitetos. Como autodidata, participou em workshops, e continuou a sua formação recorrendo a livros e ilustrações. Em 2011, mudou‑se para Berlim, Alemanha, onde teve aulas com vários grandes pintores, como Hans Scheibner e Jürgen Weber, entre outros.

Ao frequentar dois cursos intensivos, com os Professores Sailer e Andrei Krioukov, não só desenvolveu a sua técnica artística, como des cobriu o seu modo de se expressar através da pintura sob uma linguagem própria. Em 2016, fez a sua primeira exposição individual na Ale manha.

Em 2017, regressou a Cabo Verde e, em abril de 2018, expôs pela primeira vez no seu país materno, com a sua mulher, no Palácio da Cultura Ildo Lobo, na cidade da Praia e, pos teriormente, no Hotel VIP Praia, em outubro do mesmo ano. Adílio Felsing participou ainda na exposição coletiva “Palácio Fora de Portas”, no Hotel Pérola, em 2018. Em 2019 regressou à Alemanha e reside em Hamburgo.

AMÍLCAR CABRAL

Amílcar Cabral nasceu em 1924 em Bafa tá, Guiné‑Bissau. Foi um líder revolucionário fundamental na luta pela independência de Cabo Verde e da Guiné‑Bissau. Filho de cabo ‑verdianos, cresceu a valorizar a cultura e arte, o que moldou seu caráter artístico. Para o au tor, a cultura era entendida como uma peça central à identidade de um povo, utilizando este entendimento na sua luta pela libertação e ação pública e cívica.

A sensibilidade artística de Amílcar Cabral era evidente na maneira como incorporava a cul tura nas suas estratégias políticas. Possuindo um amor particular pela música tradicional de Cabo Verde e Guiné‑Bissau, reconhecia nesta o poder de unir povos, bem como transmitir valores e tradições. Além da música, Amílcar Cabral escreveu poesias alusivas à sua visão política e conexão com as suas raízes cultu rais. O seu foco na valorização da cultura foi essencial na mobilização do nacionalismo que

levou à independência dos dois países. O lega do de Cabral não é apenas de um político, mas também de um visionário que compreendeu e utilizou o poder da expressão cultural. Faleceu em Conakri, Guiné, no ano de 1973.

ANA MARTA CLEMENTE

Ana Marta Morgado Clemente nasceu em 1998, em Lisboa, Portugal. Com 12 anos de experiência de intervenção em património ar quitetónico e de gestora e projetista em Cabo Verde, foi nos campos do design e do artesa nato que decidiu traçar o caminho nos últimos anos. Com formação profissional em joalharia no CINDOR, em Gondomar, envolveu‑se em Cabo Verde em vários projetos de design e produção artesanal.

Tem vindo a desenvolver um percurso de experimentação em conjunto com oleiros de Santiago e São Vicente e artesãos de outras áreas, na criação e produção colaborativa de peças de design de produção artesanal, sob a marca Dez Grãozinhos di Terra, da qual é criadora. Da experiência de projeto e obra, traz para a produção artesanal o método do pro cesso criativo e a paixão pelo saber fazer. Des de 2018, tem vindo a colaborar com o CNAD, no projeto de criação do Sistema Integrado do Artesanato. Em 2021, tornou‑se cofundadora da plataforma VOADOR ‑ Galeria online e cria a Associação Cultural Dzagadja.

ANA SOFIA FONSECA

Ana Sofia Fonseca é uma multipremiada reali zadora, escritora e jornalista, conhecida por ser uma exímia contadora de histórias. Licenciada em Comunicação Social e Cultural, começou a sua carreira colaborando com veículos de re nome como a revista Grande Reportagem, os

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jornais Expresso e Público, e mais tarde com a SIC, onde tem sido responsável por assinar diversas reportagens e documentários. Tem recebido diversos prémios, pelo seu trabalho jornalístico e documental, incluindo o Prémio “Direitos Humanos e Integração” da UNESCO e quatro Prémios AMI Jornalismo Contra a Indiferença. Além disso, foi distinguida com o prestigioso prémio Gazeta.

Ana Sofia Fonseca publicou diversos livros, como “Angola, Terra Prometida”, “Capitãs de Abril ‑ A Revolução dos Cravos vivida pelas mulheres dos militares”, entre outros. Entre os seus trabalhos documentais, destaca‑se “Os Dias Contados”, que estreou nos Encontros da Fundação, e também realizou o retrato “Raí zes” em colaboração com a Fundação Francis co Manuel dos Santos. Dedica‑se atualmente, ainda ao cinema, sendo que “Cesária Évora” é a segunda longa‑metragem documental de Ana Sofia Fonseca, depois de “Setembro A Vida Inteira”, lançado em 2018.

ANTÓNIO GARCIA

António Garcia nasceu em Santa Catarina, na ilha de Santiago e é tecelão há vários anos. Aprendeu a arte de tecelagem com Sabino Teixeira, que foi seu Mestre, estrando‑se na produção de panaria no ano de 2007. Introduzido em Cabo Verde em meados do séc. XV pelos escravos originários da Guiné, onde a tradição de tecelagem possui uma longa his tória, o chamado pano de terra, é um tecido que tradicionalmente era feito de algodão em tear manual, sob a forma de  uma faixa longa e estreita de cerca de 180 cm de comprimento e 17 cm de largura, com duas cores predomi nantes, o branco do algodão e o azul escuro, conferido pela planta Indigofera tinctoria, mais

conhecida por tintinha, indigo, anil, anileira, ou erva anil. Hoje o pano de terra é por mérito próprio um dos símbolos da identidade cabo ‑verdiana, com a qual o artista trabalha. Desde maio de 2021, António Garcia integra a lista de artistas expostos virtualmente pela plataforma Voador.

ARLINDO CAMACHO

Arlindo Camacho, nasceu em 1982, em Lis boa, Portugal. Fotógrafo documental e ci nematógrafo português, nasceu em Lisboa. Formou‑se em fotografia no Ar.Co e no Ins tituto Português de Fotografia, dando início rápido à sua carreira. Inicialmente, trabalhou como fotojornalista freelance para o Diário de Notícias e a revista Time Out Lisboa. Atualmente, destaca‑se como um dos princi pais fotógrafos das revistas VISÃO e PRIMA. Sua paixão pela música o levou a colaborar com os músicos mais talentosos de Portu gal, desde a criação de capas de álbuns até a produção de videoclipes. Além disso, Arlin do é um dos fotógrafos oficiais do festival de música NOS ALIVE. Desde 2008, ele mantém um projeto documental em parceria com a Moda Lisboa, exibindo sua perspetiva pessoal e artística do mundo da moda nacional em exposições ao longo dos anos. As viagens de Arlindo pelo mundo permitem‑lhe documentar diferentes culturas e pessoas, ampliando sua visão e enriquecendo seu trabalho.

BELA DUARTE

Isabel Duarte, mais conhecida por Bela Duarte, nasceu em São Vicente, Cabo Verde e faleceu a 20 de junho de 2023, em São Vicente. For mada em Artes Decorativas em Lisboa, fre quentou ainda o curso de Desenho Artístico

pela Sociedade Nacional de Belas Artes, em Portugal. Em 1974, em Cabo Verde, lecionou Desenho no ciclo preparatório. Em 1976, inte grou o núcleo fundador da Cooperativa Resis tência, mais tarde, CNA ‑ Centro Nacional de Artesanato, onde lecionou Batique, Tapeçaria e Tecelagem como professora artesã.

Em 1978, criou a Galeria Azul + Azul = Verde com a artista Luísa Queirós em São Vicente. No percurso artístico Bela Duarte, para além de Cabo Verde, a artista expôs as suas obras em diversos países, nomeadamente na Áus tria, Bélgica, Estados Unidos da América, Fran ça, Itália e Portugal. Em 2010, foi distinguida com a Primeira Classe da Medalha do Vulcão e, em 2018, com a Primeira Classe da Me dalha de Mérito da República de Cabo Verde.

BENTO OLIVEIRA

Bento Alexandre Lima Fortes Oliveira nasceu em 1973, na ilha de Santo Antão, Cabo Verde. Após concluir os estudos primários em Ribeira Grande, deslocou‑se para a ilha vizinha de São Vicente, onde teve as primeiras experiências impactantes em confronto com a paisagem envolvente. Aí descobriu as artes visuais como meio de expressar as suas emoções e inquie tações face à vida.

A topografia acidentada, a sensualidade da paisagem, tanto em termos geográficos como humanos, e a experiência quotidiana sob o sol das pessoas que nela habitam, constituem as forças motrizes que dão sentido ao seu per curso poético e visual. Após um período na Amazónia, onde se licenciou em Educação Ar tística com especialização em Artes Plásticas na Universidade Federal do Pará (Brasil), Bento Oliveira regressou a Cabo Verde, que continua a ser a eterna inspiração e musa da sua arte.

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Tem participado de diversas exposições, quer individuais, quer coletivas, em Cabo Verde e Portugal.

B.LÉZA

Francisco Xavier da Cruz, conhecido artisti camente como B.Léza, foi um icónico artista cabo‑verdiano, nasceu em 1905, no Mindelo, Cabo Verde. Artista multifacetado, destacou ‑se como poeta, músico, contista e pedago go. É célebre por compor diversas mornas, inovando‑as com a introdução do “meio‑tom brasileiro”, e por ter deixado um legado mu sical variado, incluindo coladeiras, marchas, mazurcas, valsas e fados, tocando violão, cla rinete e piano. Algumas das suas mornas mais notáveis incluem “Eclipse”, “Miss Perfumado” e “Lua Nha Testemunha”, composta poucos dias antes de sua morte, em 1958. B.Léza destacou‑se ainda na literatura, com obras como “Uma Partícula da Lira Cabo ‑Verdiana”, “Flores Murchas” e “Fragmentos ‑ Retalhos de um poema perdido no naufrágio da vida”. Para além disso, escreveu novelas, ensaios, textos para jovens e uma breve histó ria sobre a dança e morna. Em 2021, foi lan çado um livro‑disco com gravações de B.Léza feitas nos anos 1940 e 1950, permitindo ouvir pela primeira vez a sua voz em disco.

CARLOS NORONHA FEIO

Carlos Noronha Feio nasceu em 1981, em Lisboa, Portugal. Trata‑se de um artista por tuguês conhecido por explorar a identidade cultural através de variadas formas de media. A sua obra caracteriza‑se pela justaposição e recontextualização de imagens, locais e sím bolos culturalmente relevantes, demonstrando a fluidez com que o significado cultural pode

ser interpretado. Doutorou‑se em Filosofia (Belas Artes) no Royal College of Art em Lon dres e é também orador em palestras e confe rências sobre arte.

O trabalho de Noronha Feio tem sido exposto internacionalmente, com projetos destacados incluindo “The Fabric of Felicity” em Moscovo, “Nada Miami Beach 2019” em Miami, e “no fim de tudo está o começo, a negociação!” na Galeria 3+1 Arte Contemporânea em Lisboa. Além disso, tem presença em publicações como “The Art of Not Making: The New Artist/ Artisan Relationship” e “Nature Morte: Con temporary Artists Reinvigorate the Still Life Tradition”. O seu trabalho integra diversas co leções, incluindo a do MAAT – Fundação EDP em Lisboa, Saatchi Collection em Londres e Museu de Arte do Rio no Brasil.

CARLOTA DE BARROS

Carlota de Barros Fermino Areal Alves nasceu na Ilha do Fogo, Cabo Verde. É uma escritora e académica que tem vivido entre Cabo Verde, Moçambique e Portugal. Licenciada em Filo logia Germânica, pela Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, exerceu a profissão de professora do Ensino Secundário em Cabo Verde e Portugal. É membro de várias instituições literárias, in cluindo a Academia Cabo‑verdiana de Letras e a Sociedade Portuguesa de Autores. O seu trabalho literário abrange poesia e prosa, com títulos notáveis como “A Ternura da Água”, “Sonho Sonhado” e o romance “Luna, a noi te de todos os dias”. Carlota de Barros tem também uma forte presença em coletâneas, antologias de poesia e revistas literárias.

Um marco significativo da sua carreira ocor reu em 2017, quando a Embaixada da Repú

blica de Cabo Verde em Portugal lhe prestou uma homenagem simbólica no Dia da Mulher Cabo‑verdiana, reconhecendo o seu papel na afirmação da mulher cabo‑verdiana e na divul gação da cultura de Cabo Verde.

DAVID LEVY LIMA

David Levy Lima nasceu em 1945, em Santo Antão, Cabo Verde. Vive e trabalha em São Pe dro do Estoril, Portugal e é um aclamado pintor autodidata de origens cabo‑verdianas. Chegou a Portugal com uma bolsa para estudar eletrotec nia, mas a escassez de recursos o levou a seguir a sua paixão pelas artes plásticas, um talento que atribui à herança genética do seu pai, que foi ilustrador e aguarelista. Com um estilo im pressionista, tornou‑se uma referência na arte contemporânea de Cabo Verde e Portugal, com um foco particular na representação da cultura cabo‑verdiana e do espaço urbano português. Foi galardoado com o Prémio “Jaime de Fi gueiredo” em 1997 e recebeu uma Menção Honrosa na Galeria de Arte do Casino Estoril. O seu trabalho encontra‑se em exposição em várias instituições de renome, incluindo a sede da ONU em Nova Iorque, o Ministério da Cultura da China em Pequim e o Museu da Marinha em Lisboa. David Levy Lima também é conhecido pelos seus retratos de personali dades notáveis, incluindo líderes políticos de Cabo Verde, China e Angola.

DOMINGAS

Gracinda Rocha, mais conhecida como Do mingas, é uma artesã cabo‑verdiana especia lizada na confeção de cestos de fibra de tama reira. Com mais de 30 anos de experiência, ela aprendeu a arte da tecelagem com o seu pai, seguindo uma tradição familiar.

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Domingas tornou‑se particularmente reco nhecida pelos seus cestos com tampa, que são muito procurados por comerciantes na ilha da Praia, em Cabo Verde. Os seus ces tos são apreciados pela durabilidade e design único, refletindo a rica herança cultural de Cabo Verde. Além de ser uma figura estima da localmente, Domingas também tem sido reconhecida internacionalmente como guardiã das tradições artesanais de Cabo Verde. O seu trabalho exemplifica o espírito criativo e a de dicação à preservação da cultura através da arte artesanal.

FRANCISCO VIDAL

Francisco Vidal nasceu em 1978, em Lis boa, Portugal. Português, angolano e cabo ‑verdiano, vive entre as cidades de Luanda, Angola e Lisboa. Licenciado em Artes Plásti cas pela Escola Superior de Artes e Design das Caldas da Rainha, fez um curso avançado em Artes Visuais na Escola de Artes Visuais Mau maus, em Lisboa. Viveu durante algum tempo nos Estados Unidos, obtendo o mestrado na Escola de Artes da Universidade de Colúmbia, em Nova Iorque. Desde 2005, tem exposto regularmente as suas obras. Em 2014, Francisco destacou ‑se ao apresentar o projeto de pintura “Utopia Luanda Machine” na 56.ª Bienal de Veneza, no Pavilhão de Angola, e na Expo Milão. Mais tarde, entre 2016 e 2017, apresentou o projeto “ESCOLA DE PAPEL, Kiekelela” em Angola e São Tomé e Príncipe. A abor dagem artística de Francisco Vidal centra‑se na exploração de temas como o trabalho e mobilidade internacional. É especialmente conhecido pelas suas instalações de pintura em grande escala, caracterizadas por vigo

rosas linhas caligráficas sobre telas de seri grafia e representações de flores de algodão em cores vibrantes. As suas obras integram coleções nacionais, como a Fundação EDP e Fundação Calouste Gulbenkian, bem como coleções internacionais.

GILDOCA BARROS

Gilda Silva Barros nasceu na cidade do Min delo, Cabo Verde, onde iniciou seu percurso artístico no ensino secundário, em Constru ção Civil, acabando mais tarde por se dedicar ao Design, com um foco especial no Design Gráfico e Arte Urbana. Licenciada, ela realizou diversos murais, incluindo trabalhos no Centro Cultural Português no Mindelo e em diversos locais da cidade, além de participar em wor kshops, residências artísticas e eventos de arte urbana, como o Kriol Urban Fest e Xalabas di Komunidadi.

Em 2020, Gilda participou no concurso da Fei ra URDI com dois projetos, sendo selecionados para o Salão de Design Created in Cabo Verde. Também foi convidada como ilustradora para o livro infantil “Raízes Negras”, lançado em 2021, no qual ilustrou 50 personalidades ne gras inspiradoras. Em 2022, participou numa residência artística na cidade da Praia, no programa ASIKO Art School, onde apresentou uma instalação artística intitulada “Política da Casa”.

Em 2023, Gilda foi selecionada para a Resi dência Artística NZINGA II em Luanda, Angola, onde desenvolveu um trabalho focado na re presentatividade feminina e na raiz africana, no âmbito do programa MAR – MOVART, dedi cado a empoderar mulheres artistas plásticas e curadoras dos PALOP no contexto da arte contemporânea africana.

JOSÉ LUIZ TAVARES

José Luiz Tavares nasceu em 1967, na loca lidade de Chão Bom, no Tarrafal, ilha de San tiago, Cabo Verde. Estudou literatura e filosofia em Portugal, onde vive. No seu percurso pro fissional tem colaborado com vários jornais e revistas de Cabo Verde, Portugal e Brasil. Em 2004, com o seu primeiro livro, Paraíso Apagado por um Trovão, ganhou o Prémio Mário António de Poesia, concedido pela Fun dação Calouste Gulbenkian à melhor obra de um autor africano de língua portuguesa ou de Timor‑Leste, editada entre 2001‑2003. Entre 2003 e 2020, publicou catorze livros distribuí dos por Portugal, Brasil, Cabo Verde, Moçam bique e Colômbia e foi agraciado com diver sos prémios em Cabo Verde, Brasil, Portugal e Espanha, mas até ao momento não aceitou qualquer comenda ou medalha. José Luiz Ta vares traduziu obras de Camões e Pessoa para a língua cabo‑verdiana, e a sua própria obra foi traduzida para várias línguas.

JOSÉ MATOS ALVES

José Matos Alves é um multifacetado fotó grafo e ilustrador, que combina técnicas ana lógicas com ferramentas digitais na criação de imagens notáveis. A sua experiência em laboratório analógico, onde adquiriu conhe cimento em revelação e ampliação, aliada ao domínio das tecnologias digitais, permitiu‑lhe explorar novos horizontes em ilustração e de sign gráfico.

Durante uma década, dedicou‑se à gestão de arquivos de imagens, desenvolvendo compe tências técnicas e estéticas que influenciaram significativamente o seu trabalho. Participou em diversas formações em métodos de foto grafia alternativa através da Associação Tira

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‑Olhos e é atualmente associado da Oficina do Cego. José é também um empreendedor empenhado em causas sociais e culturais, sendo cofundador da Associação born:africa e da Associação Dizagadja, ambas com foco na mudança e desenvolvimento social. Além disso, cofundou a plataforma VOADOR, uma galeria online que promove criadores cabo ‑verdianos. O seu trabalho fotográfico pode ser encontrado no site filamentosdeluz.com e está ativamente envolvido na gestão da pla taforma Voador.

JÚLIO SILVA

Júlio Silva, nasceu em 1960, em Moçambique. É realizador de cinema, etnomusicólogo, an tropólogo cultural, músico, produtor e escritor de contos africanos, com ascendência cabo ‑verdiana. Destacando‑se no cinema rural, o seu trabalho é profundamente enraizado na cultura africana, criando filmes feitos com e para o povo, falados nas suas línguas e fo cados nas suas experiências. Até agora, Júlio realizou 10 filmes em Moçambique em várias línguas indígenas, incluindo “Chikwembo”, que é o seu filme mais popular e ganhou um prémio no Brasil. Em Cabo Verde, realizou três filmes, incluindo “Lágrimas nas ondas do mar”, premiado no Festival Internacional de Luanda.

Os seus filmes têm sido reconhecidos interna cionalmente, recebendo diversos prémios. Em 2018, foi distinguido em Lisboa com o prémio de Realizador do Ano pelo CCM e, em 2022, foi galardoado pela MOZAPAZ. Recebeu tam bém um doutoramento honoris causa na área da Arte no Malawi, reforçando o seu legado como um ícone da cultura africana.

KIKI LIMA

Euclides Eustáquio Lima, artisticamente co nhecido por Kiki Lima, nasceu em 1953, na Ponta do Sol, Ilha de Santo Antão, Cabo Verde. Licenciado em Design de Comunicação pela Faculdade de Belas Artes da Universidade de Lisboa, é um pintor, escultor, designer e músi co cabo‑verdiano multifacetado. Iniciou‑se nas artes plásticas em 1969 e é conhecido pelas suas vibrantes pinturas im pressionistas e expressionistas que retratam a cultura cabo‑verdiana, com foco em figuras em movimento e música. Utiliza técnicas não convencionais, como usar uma mesa como paleta, e pincéis largos com cores alegres. Como escultor, produziu várias obras em bron ze. Ao longo de mais de cinco décadas de car reira, participou em mais de 200 exposições individuais e 160 coletivas. Recebeu vários prémios, incluindo o 1.º Grau da Medalha de Mérito Cultural do Governo de Cabo Verde. O seu trabalho está presente em várias coleções nacionais e internacionais, incluindo as de personalidades proeminentes como Barack Obama. Em 2019, celebrou 50 anos de carrei ra com uma exposição no Palácio da Cultura Ildo Lobo.

KUNY MENDES

Nilson Mendes, com o nome artístico de Kuny Mendes, nasceu na Assomada, na Ilha de Santiago, Cabo Verde. Fotógrafo e ativis ta cabo‑verdiano, iniciou‑se na fotografia aos 16 anos e aprofundou as suas habilidades de forma autodidata em Portugal, onde interagiu com fotógrafos conceituados em workshops e cursos intensivos.

Kuny Mendes é particularmente ativo nas causas socioculturais e ambientais. Em 2009,

foi laureado com o primeiro prémio num con curso fotográfico em Leiria, Portugal, sobre a importância da música na vida. Realizou a sua primeira exposição individual em 2016 em As somada, intitulada “Guentis di Santa Katrina”. Prosseguiu com outras exposições, incluindo “Juntos pela primeira infância” em 2017, na cidade da Praia, e “Rostús Y Identidadi” em 2018, que foi exibida em vários locais, incluin do o Museu da Resistência no Tarrafal e em Portugal, destacando‑se na Biblioteca Munici pal de Moita‑Barreiro e no Centro Cultural de Cabo Verde em Lisboa.

LUÍSA QUEIRÓS

Luísa Queirós nasceu em 1941, em Lisboa, Portugal e faleceu em São Vicente, Cabo Verde, em 2017, cidade onde residiu desde 1975. Formada em Pintura pela Escola Supe rior de Belas Artes de Lisboa. Em 1975, viajou para São Vicente Cabo Verde, onde inicia, em 1978, com Manuel Figueira e Bela Duarte, um dos projetos mais importantes para as artes plásticas do país, nomeadamente a Coopera tiva Resistência, que veio a resultar no CNA ‑ Centro Nacional de Artesanato. Ficando ambos responsáveis por recolhas de mate rial, técnicas (batik e tecelagem) e formação, ajudando à criação de um importante patrimó nio cultural. Com Bela Duarte abriu a Galeria Azul+Azul=Verde, em 1992.

No seu percurso artístico explorou diversos meios, criando marionetas e escrevendo livros infantis, chegando a receber o Grande Prémio Gulbenkian para a Literatura Infantil, em 1998. Foi distinguida com a Primeira Classe da Me dalha do Vulcão, em 2000, e Primeira Classe da Medalha de Mérito da República de Cabo Verde, em 2018, já após a sua morte.

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MANU SOARES

Manu Soares Filho é um artesão de destaque em Cabo Verde, cuja especialização se encon tra na arte da cerâmica. Seguindo os passos do seu pai, um ceramista respeitado, Manu tem‑se dedicado à arte, combinando de for ma harmoniosa as técnicas tradicionais com abordagens inovadoras. As suas peças são notáveis pela originalidade e pela utilização de cores vibrantes, refletindo a riqueza cultural de Cabo Verde.

Além de ser um artesão habilidoso, Manu é também um membro ativo da sua comunida de, partilhando a sua paixão e conhecimento com a geração mais jovem. Através da sua arte, Manu Soares Filho celebra e perpetua a herança cultural de Cabo Verde, sendo um exemplo de dedicação e inovação no campo da cerâmica.

MANUEL FIGUEIRA

Manuel Figueira nasceu em São Vicente, Cabo Verde, é um artista conceituado que se es pecializou em pintura na Escola Superior de Belas Artes de Lisboa, Portugal. Em 1975, re gressou a Cabo Verde, onde desempenhou um papel fundamental na revitalização da cultura popular, particularmente na arte da tecelagem tradicional.

Em 1976, cofundou a Cooperativa Resis tência e serviu como diretor do Centro Na cional de Artesanato entre 1978 e 1989, onde orientou projetos e criou obras usando técnicas de tecelagem e tingimento. A sua contribuição para as artes e a cultura cabo ‑verdiana foi reconhecida com o Prémio Jai me Figueiredo em 1988 e com a Medalha do Vulcão em 2000. O seu trabalho está presen te em várias coleções de renome, incluindo o

Museu de Ovar, Coleção de Serralves, Cultur gest em Portugal, as Nações Unidas em Nova Iorque, e várias instituições em Cabo Verde. Em 2005, a Galeria Perve em Lisboa acolheu a primeira retrospetiva das suas obras, “Vi sões do Infinito”, exibindo 126 peças criadas entre 1963 e 2004.

MARCELINO SANTOS

Marcelino Andrade dos Santos nasceu em 1957, em Santo Antão, Cabo Verde. É um Mestre Artesão especializado em tecelagem e tapeçaria. Iniciou a sua aprendizagem em 1977 na Cooperativa Resistência, em Mindelo, onde adquiriu experiência em todas as fases do processo têxtil, desde a fiação e cardagem até à criação de tapeçarias e do Pano de Terra tradicional.

No Centro Nacional de Artesanato, ensinou em diversas formações apoiadas por entidades públicas. Em 2020, destacou‑se como forma dor no projeto Neve Insular, numa oficina inti tulada “Oficina do Ciclo do Algodão, Cardar e Fiar”, que teve como objetivo revitalizar a pro dução de algodão em Cabo Verde, ensinando aos participantes todo o processo de produção e transformação da fibra de algodão. Marceli no continua ativo como Mestre Artesão e tem contribuído para o enriquecimento da herança cultural através da sua participação em feiras e fóruns nacionais e internacionais.

MARIA DE LURDES VIEIRA

Maria de Lourdes Figueiredo Araújo Vieira nasceu em 1924, no Mindelo, na ilha de São Vicente, Cabo Verde. Frequentou a escola pri mária na Praia e depois o liceu em Mindelo. Em 1942, mudou‑se com a sua família para Angola, onde trabalhou por 25 anos nos Ser

viços de Economia e Estatística antes de se reformar.

Em 1975, mudou‑se para Portugal, onde ainda reside. Autodidata na arte da cerâmica, iniciou a sua jornada artística em 1985. Participou em numerosas exposições coletivas em Portugal, Suíça, Itália e Bélgica, e realizou seis exposi ções individuais, sendo três em Portugal e três em Cabo Verde. O seu trabalho em cerâmica é reconhecido internacionalmente, com peças distribuídas por diversos países e incluídas em várias coleções privadas.

OLEANDRO PIRES GARCIA

Oleandro Pires Garcia nasceu em 1982, na cidade da Praia, Cabo Verde. É um versátil artista que se destaca como professor, ilustra dor e designer gráfico. Autodefinindo‑se como artista intervencionista, a sua obra de caráter contemporâneo está frequentemente ligada à realidade social, participando ativamente em iniciativas solidárias.

O artiste tem marcado presença em várias exposições coletivas, incluindo “Cabo Ver de Contemporâneo” em 2016 e “Projeto de Arte Urbana” em Achada Grande Frente. Em 2018, apresentou a exposição “Utopia in Ver sus” no Palácio da Cultura Ildo Lobo, com 40 quadros que abordavam temas sociais, musi cais e literários. Em 2019, foi um dos artistas convidados na exposição “Estórias Dentro de Casa”, aquando da inauguração do Centro Cultural de Cabo Verde em Lisboa. Em 2021, integrou a Exposição Coletiva de Arte na Lu sofonia organizada pela CPLP, celebrando o Dia Mundial da Língua Portuguesa e da Cul tura. A sua arte demonstra um compromisso com questões sociais e um forte vínculo à cultura lusófona.

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PETRA PRETA

Sara Fonseca da Graça, conhecida artistica mente como Petra Preta, nasceu em 1992. Licenciada em Teatro pela ESTC, em Lisboa, é uma artista pluridisciplinar e arte‑educadora. O seu trabalho aborda problemáticas identi tárias, sistemas sociais e relações de poder, explorando a herança do colonialismo. Em Cabo Verde, iniciou a sua carreira a solo com a exposição “Por Uma Natureza das Coi sas”. Em 2019, em Portugal, criou o livro inde pendente “#MÚSICASDOMUNDO”, focado na experiência de consciencialização de ser uma mulher negra, através de ilustração e texto. Em 2021, apresentou a instalação “Tabanka, da proteção à cura” e a performance “Solo Status”. No mesmo ano, inaugurou “Humor Negro”, uma exposição de telas, e em 2022 participou na exposição coletiva “Interferen cias” no MAAT. Produziu também a videoarte “Manchê Bom” e apresentou a performance “Tabanka, fosse ontem seria black friday” no TNDMII. A sua arte serve como veículo para reinterpretar e transformar linguagens, crian do espaços seguros e de empoderamento para corpos marginalizados.

RAQUEL CARVALHO

Raquel Rodrigues Carvalho nasceu em 1992, em Lisboa, Portugal. Licenciada em Relações Internacionais, com especialização em Desen volvimento e Cooperação Internacional e Ges tão de Projetos de Cooperação.

Em 2016, começou a trabalhar no Observa tório da China, no qual foi produtora da pri meira exposição que trouxe relíquias chinesas autorizadas pelo governo chinês. Em 2016 começou, igualmente, a colaborar com o setor cultural da UCCLA ‑ União das Cidades Ca

pitais de Língua Portuguesa, onde trabalha atualmente e onde tem vindo a desenvolver capacidades na produção e montagem de ex posições de artistas plásticos dos países de língua portuguesa.

Em 1999, ganhou o seu primeiro concurso de desenho CCB, na Amadora, ficando em pri meiro lugar e, no ano subsequente, o segundo lugar. Em 2018, ganhou o Mérito na Gestão Cultural entregue pelo Festival Arte y Poesia Grito de Mujer 2018 e o Círculo de Escritores Moçambicanos Diáspora. Em 2023, ganhou o primeiro prémio no concurso de pintura (Re) Tratar o Lúpus, com a obra “O reflexo de um diagnóstico”, que esteve exposta nos Claus tros do Edifício Sede da Câmara Municipal de Guimarães.

RICARDO BARBOSA VICENTE

Ricardo Barbosa Vicente nasceu em 1980, em Lisboa, Portugal. Filho de cabo‑verdianos, tem se dedicado à arquitetura, desde 2004, tendo trabalhado em projetos de diferentes escalas, em países como Angola, Brasil, Cabo Verde, Moçambique e Portugal. Em 2013, foi agra ciado com o prémio de Arquitetura Nacional e, em 2015, o seu gabinete, OTO Arquitetos, recebeu diversas premiações e distinções, in cluindo o prémio de Edifício do Ano.

Foi consultor independente pela Cooperação Alemã Internacional. Aprofundou os seus estu dos na área das Energias Sustentáveis Integra das em Edifícios, e posteriormente concluiu um mestrado executivo pelo MIT Portugal. É douto rando no MIT Portugal Program in Sustainable Energy Systems, pelo Instituto Superior Técnico e KIC InnoEnergy, do KTH Royal Institute of Te chnology em Estocolmo, Suécia.

Após concluir o projeto de arquitetura do Cen

tro Cultural de Cabo Verde, em Lisboa, assume as funções de gestor, programador e curador do mesmo, permanecendo no cargo de 2019 a 2021. Atualmente é assessor técnico e cultural da Embaixada de Cabo Verde em Portugal. Tem realizado a curadoria de exposições individuais e coletivas em parceria com diversas entida des, tanto nacionais quanto internacionais.

SAMIRA VERA‑CRUZ

Samira Nandi Marques Vera‑Cruz Pinto nas ceu em 1990, no Mindelo, São Vicente. Com ascendência angolana e cabo‑verdiana, teve uma vida marcada pela diversidade cultu ral entre o Mindelo, Praia e Lisboa, Portugal. Formada em estudos cinematográficos com especialização em Comunicação Internacional pela American University of Paris, em 2013. Iniciou sua carreira como jornalista na Agência Caboverdiana de Imagens (ACI) e trabalhou na Greenstudio, na cidade da Praia. Depois, atuou como produtora audiovisual e gerente de clientes na Muxima Filmes, em Luanda, Angola.

De volta a Cabo Verde, dirigiu sua primeira curta‑metragem de ficção, “Buska Santu”, em 2016, que foi premiado como Melhor Ficção no Festival Oiá, em Mindelo, e exibido em vários países. Em 2016, fundou sua própria produtora, a Parallax Produções, e dirigiu os filmes “Hora di Bai” (2017) e “Sukuru” (2017). Samira Vera Cruz recebeu siversos prémios e reconhecimentos, como o Talents Durban, o prémio PR Consulting, o IDFA e o World Cine ma Fund/Goethe Institute. Em março de 2020, assumiu o cargo de coordenadora da Rede de Cinema e Audiovisual PALOP‑TL, com o ob jetivo de promover a produção e distribuição cinematográfica na região.

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SOFIA PINTO COELHO

Sofia Pinto Coelho nasceu em 1963, em Lisboa, Portugal. Licenciada em Direito, pos sui uma carreira de mais de 30 anos como jornalista especializada em justiça e direitos humanos, sendo autora de séries de referên cia em Portugal como “Perdidos e Achados”, “Condenados”, “A Prova”, “Vidas Suspensas”, “Invisíveis”, “Mercado Negro” e “Despojos de Guerra”.

Como argumentista, escreveu o docudrama “O Último Corretor”, a série “O Espírito da Lei” e o documentário “Carta ao meu avô”. Tem quatro livros publicados, nomeadamente “Jornalistas e tribunais”, “As Extraordinárias aventuras da justiça portuguesa”, “O meu avô Luís e “Con denados”. Entre outros, ganhou duas vezes o prémio Melhor Programa de Informação, da Sociedade Portuguesa de Autores, Melhor Uso de Arquivo, da Federação Internacional dos Ar quivos de Televisão e Prémio especial do júri, no Festival de Cinema de Cartagena de las Ín dias, Colômbia. Recebeu o prémio Netflix para melhor argumento de documentário em 2021.

TCHALÉ FIGUEIRA

Carlos Alberto Figueira, conhecido artistica mente por Tchalé Figueira, nasceu em 1953, no Mindelo, na ilha de São Vicente, Cabo Ver de. Após residir e trabalhar em Basileia, Suíça, onde estudou artes, regressou a Cabo Verde no ano de 1985. Atualmente, divide seu tem po entre a cidade da Praia, onde possui um atelier, e Mindelo, onde inaugurou a galeria “Ponta D’Praia” em 2014.

Tchalé Figueira é um renomado artista plás tico, com exposições realizadas em diversos países, incluindo Angola, Brasil, França, Por tugal, Suíça, entre outros. Além de pintor, é

também poeta e romancista, com uma consi derável produção literária em poesia e prosa. Entre seus destaques estão os livros “Todos os Naufrágios do Mundo”, “O Azul e a Luz”, “Solitário”, entre outros. Em 2008, recebeu o prémio Prix Fondation Blanchère na Bienal de Dakar, no Senegal. Em 2019, inaugurou a exposição de pintura “O Silêncio Musical das Cores” na cidade da Praia, inspirada na obra “Quadros de uma Exposição” do compositor russo Modest Mussorgsky.

YURAN HENRIQUE

Yuran Henrique nasceu em 1993, na ilha de São Vicente, Cabo Verde. É um artista multifa cetado e inventivo explora temas relacionados com a perceção, representação e dinâmicas sociais contemporâneas, utilizando diversos materiais de forma afetiva. Após mudar‑se para a cidade da Praia em 2014, iniciou ativamente sua carreira artís tica. Desde 2015, colabora como cartunista no jornal Expresso das Ilhas, expressando seu lado crítico e social. Em 2016, fez par te do coletivo de artistas “Visual Arts ‑ Cabo Verde Contemporâneo 2016” e realizou sua primeira exposição individual intitulada “Ar térias do Tempo”, com apoio da Câmara Municipal da Praia. Posteriormente, realizou uma residência artística no CAAM ‑ Centro Atlântico de Arte Moderna, no Cabildo das Canárias, Espanha, resultando na exposição “Calendários”.

Em 2022, participou do programa Ásíkó, em Lagos, Nigéria, dedicado a artistas e curado res. Também neste ano, foi premiado como

“Africa No Filter 2022 Emerging Artists Fello ws”. Mais recentemente, as suas obras foram apresentadas na SPFW ‑ São Paulo Fashion

Week, onde duas modelos desfilaram com vestidos da coleção da estilista cabo‑verdiana Ângela Brito.

ZENAIDA CHANTRE

Zenaida Vieira Brito Chantre nasceu em 1963, no Mindelo, Cabo Verde. Desde os 11 anos de idade que participa em sessões de teatro e poesia, através da organização “Pioneiros”, que moldou a sua essência como amante da arte. Aos 15 anos, juntou‑se à música tradi cional de Cabo Verde, interpretando mornas no “Liceu Ludgero Lima”, onde concluiu os estudos secundários.

Nos anos 80, aos 19 anos, Zenaida Chantre foi convidada a participar num projeto musical, gravando um disco de vinil com Cesária Évora, Celina Pereira e Ana Emília Marta, uma das primeiras gravações da “Diva dos pés nus” após a independência. Participou em outros projetos musicais nas décadas de 80 e 90, em discos de vinil e CDs, destacando‑se o seu trabalho a solo intitulado “Mudjer”. No final dos anos 80, iniciou estudos supe riores no Instituto Superior das Ciências So ciais e Políticas, em Lisboa, onde concluiu um mestrado em Relações Internacionais. Ao longo desta trajetória, destacou‑se pela sua participação contínua em eventos musicais e poéticos, dando voz a poetas e compositores que se perpetuam através da cultura.

ZURC

Ayrton Carlos Fortes Cruz, conhecido artisti camente como Zurc, nasceu em Santo Antão, Cabo Verde. Desde criança, manifestou um interesse incessante pela arte, encontrando inspiração no seu olhar crítico e reflexivo do quotidiano e mergulhando no imaginário dos

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traços do desenho. Para aprimorar seus co nhecimentos e priorizar sua arte, licenciou‑se em Artes Visuais no Instituto Universitário de Arte, Tecnologia e Cultura (M_EIA), em São Vi cente, Cabo Verde.

Com o objetivo de disseminar seus conheci mentos e investigar fenómenos artísticos do seu país, concluiu o Mestrado em Educação Artística na Escola Superior de Educação do Instituto Politécnico de Viana do Castelo (IPVC, ESE), em Portugal.

Zurc participou de diversas exposições indivi duais e coletivas, como “Desenho, No Rosto do Tempo”, em 2016, “Pele Quente Rosto Nu”, em 2017, “Investigação, Performance, Ximiboi” e “Metamorfose” em 2018, “100 Tabu” em (2019), “Instalação Fonténha” e “Prazer, Bombu Mininu”, em 2021 e, mais recentemente, em 2023 “RENKONTRE”. As suas obras abrangem pintura, instalação e desenho, destacando‑se pela expressividade e criatividade. O artista continua a explorar e expandir sua arte, contribuindo para a cena artística de Cabo Verde com suas criações únicas e envolventes.

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