Liberdade- Portugal, lugar de encontros

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Portugal, lugar de encontros



Portugal, lugar de encontros


FICHA TÉCNICA DA EXPOSIÇÃO Curador

João Pinharanda Direção

Vítor Ramalho, Secretário-Geral da UCCLA Coordenação Geral

Rui Lourido, coordenador cultural da UCCLA Produção

Raquel Carvalho Apoio à Coordenação

Caroline Cicarello Filomena Nascimento

Parceria Institucional

Câmara Municipal de Lisboa CCCV - Centro Cultural de Cabo Verde Embaixada de Cabo Verde em Portugal Apoio Institucional

Comissão Comemorativa 50 anos 25 de Abril Comissão Temática de Promoção e Difusão da Língua Portuguesa dos Observadores Consultivos da CPLP Apoios

Arquitetura de Exposição

Benogue Colecionadores Hiscox seguros de arte

Design gráfico

Comunicação

Ricardo Barbosa Vicente Catarina Amaro da Costa

Anabela Carvalho

FICHA TÉCNICA CATÁLOGO Direção

Vítor Ramalho, Secretário-Geral da UCCLA Coordenação Geral

Rui Lourido

Coordenação técnica

Filomena Nascimento Texto Curatorial

João Pinharanda Edição e revisão de textos

Design gráfico e paginação

Catarina Amaro da Costa Créditos fotográficos

Artistas, coleções, galerias Anabela Carvalho | UCCLA Impressão

Imprensa Municipal | CM Lisboa ISBN: 978-989-54881-8-6

Maria do Rosário Rosinha Apoio na edição

Caroline Cicarello

Lisboa, fevereiro 2024




Abraão Vicente Alexandre Farto aka Vhils Alfredo Cunha Ana Marchand Ângela Ferreira António Ole Carlos Noronha Feio Cristina Ataíde Emília Nadal Eugénia Mussa Fidel Évora Francisco Vidal Gonçalo Mabunda Graça Morais Graça Pereira Coutinho Herberto Smith Joana Vasconcelos José de Guimarães Keyezua Manuel Botelho Mário Macilau Nú Barreto Oleandro Pires Garcia Pedro Chorão Pedro Valdez Cardoso René Tavares Vasco Araújo Yonamine

AGRADECIMENTOS: Cristina Guerra Contemporary Art Fundação Carmona e Costa Galeria 111 Galeria 3+1 Arte Contemporânea .insofar art gallery MAAT - Museu de Arte, Arquitetura e Tecnologia Monitor MOVART Projecto Afroport - FCT, CEsA/ISEG - ULisboa This Is Not a White Cube Vhils Studio



“É PELO SONHO QUE VAMOS” Vítor Ramalho

A exposição que a UCCLA promove na galeria da sua sede, a Casa das Galeotas, evocativa do cinquentenário do 25 de Abril, tem por título “LIBERDADE – Portugal, lugar de encontros”. A credibilidade de que goza o curador João Pinharanda e a criteriosa seleção das obras de consagrados artistas plásticos são, por si só, garantia da qualidade que, desde a primeira hora, pretendemos salvaguardar com a exposição.

de Abril foi indissociável de sentimentos de povos que se exprimem por uma mesma língua comum, o português, resultado de encontros seculares de culturas. O mundo de hoje tem novos desafios, suscitando incertezas quanto ao novo ciclo multipolar que está em gestação, muito diferente do bipolar que existia há cinquenta anos e que não podia deixar de se repercutir nos acontecimentos que se lhe seguiram.

Trata-se também de uma homenagem à criatividade e à imaginação porque estas são elementos essenciais da Liberdade, reconquistada há cinquenta anos, e os artistas são quem melhor a pode traduzir.

Há, porém, que ter esperança no futuro e nele na humanidade, com a revisitação que a exposição apresenta, através do olhar de artistas consagrados que nos transportam para a responsabilidade de sermos livres e também para um lugar de encontros que é Portugal.

Houve a intenção de integrar artistas de países de língua portuguesa porque o 25

A responsabilidade de sermos livres impõe, aqui e agora, a concertação de esforços em

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desígnios para a recriação de uma nova esperança neste mundo tão complexo em que vivemos. A memória do 25 de Abril, num ano em que se celebra o cinquentenário da Revolução dos Cravos, não poderia deixar de ter lugar na UCCLA. A UCCLA foi a primeira organização a surgir em 1985 com o objetivo de se aprofundarem as relações entre as cidades dos países de língua oficial portuguesa e os munícipes destas, sendo que hoje mais de sessenta cidades de todos os nossos países são associadas da UCCLA.

A exposição segue-se à apresentação oficial do livro “25 de Abril de 1974, quinta-feira”, também esta com o apoio institucional da Comissão Comemorativa 50 Anos 25 de Abril. Agradeço a todos os colaboradores da UCCLA, às entidades apoiantes das iniciativas evocativas da Revolução dos Cravos e também às que integram a ficha técnica, devidamente referenciadas nos locais próprios. Tendo presente o que escreveu Sebastião da Gama “é mesmo pelo sonho que vamos”. Secretário-Geral da UCCLA

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ARTES EM DIÁLOGO Rui Lourido

A presente exposição, Liberdade – Portugal, lugar de encontros, pretende dar voz à expressão artística decorrente da conquista da Liberdade em Portugal. Com o 25 de Abril de 1974 e o fim da Guerra Colonial criaram-se condições para uma multiplicidade de ENCONTROS. São-nos apresentados 28 artistas e respetivos olhares contemporâneos, oriundos dos países que se expressam oficialmente em língua portuguesa. Estes artistas têm em comum o facto de terem tido, ou ainda terem, em Portugal um lugar de encontro e de trabalho que pode não ser central nem determinante no seu olhar, mas que não deixa de ser um laço com a restante realidade artística internacional. A manifesta pluralidade de perspetivas decorre da diversidade de origens geográficas e das vivências pessoais que moldaram a sensibilidade e a criatividade individuais. 1

Metade dos artistas já nasceram após a libertadora madrugada de Abril. Queremos agradecer a colaboração dos 28 artistas representados e identificados na ficha técnica deste catálogo. Uma das particularidades da exposição é a sua abrangência e o espraiar-se, englobando um núcleo expositivo no CCCV - Centro Cultural de Cabo Verde, em Lisboa, onde 7 destes artistas também têm obras expostas. As obras são propriedade de vários colecionadores e de artistas, a quem muito agradecemos a gentileza da cedência das suas peças1. Vale a pena observar as múltiplas técnicas utilizadas na produção das peças expostas, que incluem, nomeadamente, a pintura, a fotografia, a escultura, o azulejo a tapeçaria e a instalação. Na exposição, o discurso curatorial permite diferentes percursos, segundo diálo-

Ver a lista com o nome dos colecionadores e artistas identificados neste catálogo.

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gos temáticos integradores de diferentes perceções e leitura das obras, permitindo viajar à descoberta de um mundo onírico e de criatividade, onde se percecionam as influências que inspiraram estes artistas e as respetivas gerações, com especial enfoque para a expressão da liberdade e do espírito anticolonial, as influências espirituais ou religiosas, as influências culturais e literárias e as questões relacionadas com as identidades coletivas, mas também individuais. Gostaríamos de destacar e chamar a atenção para o interessante texto do curador João Pinharanda neste catálogo. Entre a UCCLA e o CCCV estão representadas diferentes gerações de artistas, com obras que exprimem as complexas conexões entre o espaço e o tempo e as tradições artísticas de cada um, nomeadamente, as miscigenações de raiz europeia com a ancestralidade africana ou as ruturas contemporâneas. As memórias de múltiplas vivências contribuem para a reflexão sobre o papel do ser humano neste mundo global, cada vez mais em mudança acelerada. Algumas obras assinalam diferentes perce-

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ções dos conflitos do passado colonial, que não deixam de alertar o observador para as guerras atuais. Queremos contribuir para a reflexão crítica desse passado e destacar as potencialidades da construção conjunta de um futuro partilhado e em paz. Com esta décima mostra, a UCCLA dá continuidade ao seu programa cultural, com iniciativas internacionais, em várias áreas estratégicas, que pretendem contribuir para a afirmação, o conhecimento e a interação recíproca das diferentes culturas de expressão oficial em língua portuguesa. Na promoção da língua portuguesa podemos destacar a Coordenação da Comissão Temática de Promoção e Difusão da Língua Portuguesa dos Observadores Consultivos da CPLP, para a qual a UCCLA foi reeleita para o Biénio 2023-24. No âmbito desta Comissão, apoiámos a reabertura do Museu da Língua Portuguesa de São Paulo e a organização da exposição Urbanismos de influência Portuguesa, no Brasil. Coorganizámos, com a Academia Galega de Língua Portuguesa, Conferências na Universidade de Santiago de Compostela. Por outro


lado, a UCCLA realiza anualmente os “Encontros de Escritores de Língua Portuguesa” (EELP), com onze encontros já realizados em diferentes países e continentes, no Brasil, em Angola, em Cabo Verde e em Macau/China. Realizamos igualmente, de forma anual, o Prémio de Revelação Literária UCCLA – CMLisboa, Novos Talentos, Novas Obras em Língua Portuguesa que, nas suas nove edições, se consolidou como o mais amplo prémio de revelação de todo o espaço da língua portuguesa ao nível de candidaturas (oriundas de mais 21 países em todos os continentes). Quanto às exposições, realizamos dois tipos de exposições coletivas, as temáticas (que promovem o conjunto dos países de língua portuguesa) e as que são dedicadas a um único país. Nas exposições temáticas, destacamos: Conexões Afro-Ibero-Americanas, com curadoria de Carlos Cabral Nunes, da Galeria Perve, realizada em 2017; Frente. Verso. Inverso, em 2018, com curadoria de Adelaide Ginga, curadora do Museu Nacional

de Arte Contemporânea do Chiado; e Urbanismos de influência portuguesa, organizada em parceria com a Faculdade de Arquitetura da Universidade de Lisboa, com a curadoria dos arquitetos Professores Doutores Manuela da Fonte e Sérgio Padrão, em 2020. A UCCLA apoiou igualmente a apresentação de Urbanismos de influência Portuguesa na cidade de S. Luís, complementada por uma exposição sobre o património arquitetónico de S. Luís no Maranhão, Brasil, em 2023. Nas exposições organizadas sobre cada um dos Países de Língua Portuguesa, seguindo a ordem alfabética, iniciámos com Angola – Artes Mirabilis (com curadoria de Lino Damião, em 2018); seguindo-se Do que permanece, Arte contemporânea Brasil – Portugal e O Fio invisível, arte contemporânea Portugal – Macau/China, ambas com a curadora Carolina Quintela e coordenação curatorial de Adelaide Ginga, em 2019; continuando com de Dentro e Fora, coletiva de artistas de Cabo Verde, em 2021 (com curadoria de Ricardo Barbosa Vicente); sobre a Guiné-Bissau, Olhares

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da Guinendade, artes da Guiné-Bissau, em 2022 (com a curadoria de Tony Tcheka, Nú Barreto e Manuela Jardim); em 2023 exibimos MOÇAMBI-CÁ - Exposição de artistas plásticos de Moçambique, (com a curadoria de Ntaluma, Ricardo Barbosa Vicente, Roberto Chichorro, Rui A. Pereira e Titos Pelembe). De sublinhar que, para além do elevado nível artístico dos artistas representados, estas exposições contribuíram, igualmente, para o aprofundamento do relacionamento entre os países representados, tendo algumas delas sido inauguradas pelo Presidente da República de Portugal e por alguns ministros de governos lusófonos e respetivos embaixadores. Todas as exposições referidas tiveram um assinalável impacto entre as comunidades dos países representados residentes em Portugal. Com a realização destas iniciativas, a UCCLA reafirma o respeito pela diversidade de perspetivas, de sensibilidades e das diferentes expressões culturais dos artistas, considerando-as uma importante riqueza

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dos nossos Povos, bem como importantes elementos na criação de laços culturais, garantes de um futuro conjunto harmonioso. As obras refletem a pulsão individual dos artistas, influenciando a renovação da criação artística e o lançamento de múltiplas propostas, por vezes de contraditórias perceções, mas sempre projetando no Futuro novas linhas de desenvolvimento artístico. Obras que questionam o observador, algumas pela utilização de materiais não nobres ou clássicos que, retirados do seu uso quotidiano através do processo criativo, dão origem a novas obras de arte. Liberdade – Portugal, lugar de encontros pretende aprofundar o diálogo intercultural e divulgar novos artistas que projetam, para o futuro, tendências inovadoras de problematização de caminhos na criação de pontes entre identidades partilhadas e reinventadas, num mundo mais sustentável e justo. Por fim o agradecimento profundo a todos parceiros, em especial à Câmara Municipal de Lisboa e à Embaixada de Cabo Verde


em Portugal, aos apoios institucionais da Comissão Comemorativa 50 anos 25 de Abril e da Comissão Temática de Promoção e Difusão da Língua Portuguesa dos Observadores Consultivos da CPLP. Ao curador João Pinharanda e, pela arquitetura do espaço, ao Arquiteto Ricardo Barbosa

Vicente, bem como, nas pessoas da Drª. Filomena Nascimento, da Drª Catarina Amaro da Costa e da Drª Raquel Carvalho, agradeço a todos os colegas da UCCLA e em particular, aos que colaboraram neste catálogo.

Coordenador Cultural da UCCLA

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LIBERDADE.

Portugal, lugar de encontros João Pinharanda

Esta exposição acontece num contexto particularmente significativo: o da comemoração dos 50 anos de instauração da Democracia (depois de 48 anos de Ditadura e 13 de Guerra Colonial). Recolher, neste ano de 2024, alguns dos olhares nascidos em Liberdade é um dos sentidos desta exposição que tem em consideração uma realidade primeira: que a libertação então alcançada foi obra interior, mas exterior também, que a resistência de um Povo foi a resistência de todos; que a intervenção dos Povos colonizados foi agente essencial na urgência de mudança que conduziu os capitães do MFA ao desencadear do 25 de Abril. Por isso mesmo, a exposição, embora levando o nome de Portugal no título, não poderia ficar encerrada em nomes

e carreiras de artistas portugueses; assumiu-se como exposição de cruzamentos e de encontros, daqueles que partiram e regressaram, dos que chegaram e ficaram, ou partiram de novo, ou nunca mais regressaram… Mas todos eles olharam para Portugal e registaram um encontro em imagens; ou olharam, a partir de Portugal, para os seus próprios mundos. Fizeram-no com Liberdade criativa e crítica, oferecendo-nos peças de um puzzle que outros artistas completarão e que nós próprios somos chamados a completar. Portugal não é, nesta exposição, tomado como base ou ponto de chegada, tampouco como simples plataforma giratória entre mundos, antes como laço de uma malha que se desdobra no tempo e no espaço, como participante num sistema global de tensão e equilíbrio, distribuição, mul-

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tiplicação e troca de informações, ideias… de encontros. Os artistas escolhidos (alguns dentre os muitos possíveis) são participantes activos no contexto internacionalmente fragmentado dos discursos visuais contemporâneos e no contexto fragmentado das culturas que se encontram unidas pelo falar comum, embora diverso, de uma língua oficial, neste caso, o português. Como ensinou Wittgenstein, as imagens necessitam sempre das palavras de uma língua para poderem ser vistas, pensadas, discutidas, transmitidas; e essa língua determina o sentido que atribuímos às ideias, às coisas, às imagens. As obras apresentadas são, assim, modos de criar e partilhar discursos visuais e verbais que iremos discutir a partir de agora. A selecção apresentada é necessariamente autoral, sendo assumidas todas as presenças. Certas ausências derivarão de questões de gosto, da indisponibilidade de certas obras/artistas ou do desconhecimento do terreno de pesquisa por parte do curador.

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Escolhemos artistas que nos podem trazer um paisagismo poético sublimado em cor, uma natureza poeticamente exacerbada ou a euforia abstracta dos materiais e das formas; artistas que nos podem confrontar com o seu olhar crítico sobre a cidade e o modo como ela nos pode agredir; ou que nos vêm mostrar rostos, coreografias expansivas ou fechadas, gestualidades rituais de corpos individuais ou sociais, o anonimato, a celebração dos heróis ou os dramas da identidade individual e comum, que nos conduzem ao que pode haver de sonho, de mistério e de magia nos objectos e nos corpos ou que denunciam e expõem os indícios da injustiça social e racial tantos séculos dominantes. Da liberdade nos falam as fotografias icónicas de Alfredo Cunha com intervenção gráfica de Vhils (Alexandre Farto), sobrepondo duas gerações de portugueses: o testemunho directo da Libertação e o descendente da Liberdade; de liberdade e solidariedade nos fala a fotografia de Ângela Ferreira, que nos oferece um cravo vindo do outro lado do Mar.


Já o passado, longínquo ou próximo, o tempo antes da liberdade e da paz, fica marcado na simbólica mochila do explorador colonial de Pedro Valdez Cardoso, nos corajosos desenhos de Emília Nadal (únicas obras anteriores ao 25 de Abril) denunciando a guerra colonial, na fotografia de Manuel Botelho, expondo, tantos anos depois, os traumas colectivos que essa guerra nos deixou, ou ainda nas peça de Gonçalo Mabunda que, recolhendo munições e armas usadas no contexto da guerra civil moçambicana, dá testemunho da dificuldade de alcançar a paz. Os povos, como os indivíduos, lutam e definem-se pela sua identidade e história. Graça Morais deixa-nos um dos mais fortes retratos da identidade humana e paisagística cabo-verdiana. Já Abraão Vicente denuncia a perda de identidade individual e a luta para a sua recuperação. Trata-se de um processo frágil, sempre sujeito ao esquecimento e à rasura, como nos recordam os retratos de Fidel Évora. Oleandro Pires Garcia define os parâmetros históricos dessa perda, situando-nos face ao tráfico

negreiro, e Yonamine usa um retrato da multidão anónima (rodeando os seus dirigentes políticos) para destacar o problema das massas e dos indivíduos, das relações entre o Poder e o Povo. Vasco Araújo, por seu lado, usa a língua portuguesa (trabalhada pelos povos que a adoptaram como língua comum, no caso de Angola pela escrita de Pepetela) como metáfora da refeição ritual que pode conduzir à sua transformação e libertação, bem como à superação dos fantasmas que ela transporta. Noronha Feio e Graça Pereira Coutinho viajam no Pacífico, interrogando a identidade de povos que outros Impérios colonizaram, ou pela Etiópia, perseguindo um mito que alimentou os desejos da expansão e conquista nos séculos XV e XVI. Mas Noronha Feio “desenha” também, numa tapeçaria, um mapa do nosso mundo digital e controlador. É uma realidade à qual René Tavares e Keyezua pretendem escapar: ora testemunhando um dos mais complexos processos de encontro identitário e cultural entre Portugal e o Mundo (no caso, São Tomé e Príncipe), ora figurando

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os sentidos mágicos e espirituais mais profundos do corpo e do espírito africanos. O grande mural de Francisco Vidal oferece-nos imagens, não do enraizamento, mas da dispersão, da diáspora geográfica e cultural actuais, ao convocar (literalmente) seres de outras galáxias e de outras culturas negras, agora urbanas e cosmopolitas. E somos assim conduzidos à interrogação final, irónica e dramática que nos traz a bandeira de Nú Barreto.

senta nas suas fotografias, como dias de festa e solidariedade inter-comunitária, e que as de Alfredo Cunha, em Paredes de Coura, retratam como festas hedonistas, sem raízes e sem fronteiras. E se a pintura de Eugénia Mussa nos recoloca numa realidade solidária de responsabilidade social, as fotografias de Mário Macilau e a obra de Vhils (Alexandre Farto) devolvem-nos cidades esvaziadas, fantasmáticas, inquietantes.

Encontro dramático é também o que junta espiritualidade, identidade e história, nas obras de António Ole e José de Guimarães. O primeiro, usando com subtis alterações de sentido uma representação mágica tradicional africana; o segundo, recompondo essa leitura no cruzamento da religiosidade cristã, da memória da escravatura e da miséria dos bairros de lata, dos musseques, das favelas, onde muitos dos descendentes habitam ainda hoje.

Suponhamos que há um desvio poético possível, um caminho de sonho, apaziguamento e evasão. Assim são os Himalaias imaginários, mas de referência real, de Cristina Ataíde, o mar claro contínuo de Pedro Chorão, tal como ele o vive frente à sua cabana numa praia de Goa, as delicadas flores, também de Goa, de Ana Marchand, ou a grande flor de delicados tecidos tailandeses onde Joana Vasconcelos pode resumir o sentido da viagem, do fazer e da experiência, do ver e do sentir.

E, assim, somos guiados até à dimensão dos quotidiano(s) de vida que Herberto Smith, nos arredores de Lisboa, nos apre-

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Quando nos referimos a artistas visuais, “Ver” e “dar a Ver” significa “Dizer”, criar


um discurso. Os artistas desta exposição serão múltiplos nas suas propostas, mas todos conscientes dos desafios das discussões, consensos e choques estéticos e políticos que a arte contemporânea incorpora, transporta e transmite. Não tentamos nenhuma leitura histórica nem de conjunto; e deixámos fora desta amostra, quer artistas já falecidos, quer discursos visuais desenvolvidos por artistas cuja experiência de vida, centros de interesse temático e metodologias de trabalho se organizam essencialmente noutros terrenos e preocupações, polaridades temporais, espaciais e políticas. A questão da representatividade das várias geografias políticas nascidas do desmantelamento do Império português,

as experiências de viagem pelas diferentes geografias ou as várias expressões disciplinares que se cultivam não determinou a selecção dos artistas. Tivemos antes em conta o modo como os artistas incorporam, trabalham e estão conscientes dos valores de universalidade que referimos. Entre os artistas que apresentamos alguns anteciparam o tempo que vivemos, outros seguem-no, todos abrem caminhos e todos vêem e pensam universalmente os seus casos particulares. Usando imagens do mundo nas suas propostas de diálogo criam caleidoscópios em perpétuo movimento.

Lisboa, 22 de Janeiro de 2024 Nota: O Autor deste texto não segue a grafia do Acordo Ortográfico de 1990.

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Abraão Vicente Alexandre Farto aka Vhils Alfredo Cunha Ana Marchand Ângela Ferreira António Ole Carlos Noronha Feio Cristina Ataíde Emília Nadal Eugénia Mussa

Fidel Évora Francisco Vidal Gonçalo Mabunda Graça Morais Graça Pereira Coutinho Herberto Smith Joana Vasconcelos José de Guimarães Keyezua Manuel Botelho

Portugal, lugar de encontros

Mário Macilau Nú Barreto Oleandro Pires Garcia Pedro Chorão Pedro Valdez Cardoso René Tavares Vasco Araújo Yonamine




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Alexandre Farto aka Vhils e Alfredo Cunha Salgueiro Maia (Pormenor a partir da imagem original) 1984 Dibond impressão fotográfica s/ papel barita prestige 120 x 80 cm Coleção Alexandre Farto aka Vhils

Alexandre Farto aka Vhils e Alfredo Cunha Salgueiro Maia 1984 Dibond impressão fotográfica s/ papel barita prestige 120 x 80 cm Coleção Alexandre Farto aka Vhils

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Alexandre Farto aka Vhils e Alfredo Cunha Lisboa 1975 Dibond impressão fotográfica s/ papel barita prestige 120 x 80 cm Coleção: Alexandre Farto aka Vhils

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Ângela Ferreira Hotel da Praia Grande (O Estado das Coisas) 2003 Impressão em papel Luster, cor. 125 x 154 cm Cortesia da Galeria Cristina Guerra Contemporary Art Créditos fotográficos: Ângela Ferreira

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Emília Nadal Guerras - a guerra é o ópio do povo (Pormenor a partir da imagem original) 1973-1974 Aguarela s/ papel 0,50 x 0,40 cm (8) Coleção da artista Créditos fotográficos: Emília Nadal

Pedro Valdez Cardoso Mochila 2015 Tecido de estopa, cordas, cordões, pasta de enchimento, espuma e diversos objetos 222 x 76 x 60 cm Coleção do artista Créditos fotográficos: Nuno Moreira Inácio

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Emília Nadal Guerras 1- A guerra é o mais inútil de todos os vício

2- A guerra é o mais caro de todos os loisirs 3– A guerra é uma paixão inútil 4- A guerra é o ópio do povo

5- O ócio é pai de todas as guerras

6- A guerra é um desporto bastante saudáve

7- Retrato de uma madrinha de guerra (encontrado em Wiriamu) 8- Crepúsculo dos Deuses

1973-1974 Aguarela s/ papel 0,50 x 0,40 cm (8) Coleção da artista Créditos fotográficos: Emília Nadal

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Manuel Botelho 85.rç-cmb

(da série confidencial/desclassificado: ração de combate) 2007-2008 impressão jacto de tinta sobre papel Lumijet/Hahnemühle 72 x 108 cm Coleção do artista Créditos fotográficos: Manuel Botelho

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Gonçalo Mabunda O Dono dos Corações 2016 Técnica mista, metal e armas recicladas 130 x 32 x 10 cm Cortesia da Galeria MOVART Créditos fotográficos: cortesia Galeria

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Gonçalo Mabunda Os caminhantes da Cor 2022 Armas desativadas, metal e soldadura 160 x 76 x 15 cm Cortesia da Galeria This Is Not a White Cube Créditos fotográficos: THIS IS NOT A WHITE CUBE, cortesia do artista




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Yonamine My people II (Pormenor a partir da imagem original) 2008 Serigrafia s/ papel 124 x 85,5 cm Cortesia da Galeria Cristina Guerra Contemporary Art Créditos fotográficos: Vasco Stocker Vilhena

Graça Morais Sem título 1988 Acrílico e carvão s/ tela 130 x 195 cm Cortesia da Galeria 111 Créditos fotográficos: Carlos Santos

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Abraão Vicente Identidade em construção I 2004 a 2009 Colagem, pastel de óleo, acrílico e carvão sobre papel 41,5 x 28,5 cm (6) Coleção do artista Créditos fotográficos: Luisa Péres

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Oleandro Pires Garcia Diáspora 2021 Colagem de cartão, fitas de plástico, tinta acrílica e carvão de grafite montados num pano trabalhado em bruto 149 x 149 x 3 cm Cortesia da Galeria This Is Not a White Cube Créditos fotográficos: THIS IS NOT A WHITE CUBE, cortesia do artista

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Fidel Évora Brilha 2022 Serigrafia e tinta-da-china s/ esfera de fibra de vidro Dimensões variáveis (5 elementos) Cortesia da Galeria MOVART Créditos fotográficos: Anabela Carvalho e cortesia da artista

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Fidel Évora Dispidida 2022 serigrafia s/ papel fabriano 300g/m2 branco com acabamento manual 145 x 83 cm Cortesia da Galeria MOVART Créditos fotográficos: cortesia da Galeria

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Yonamine My people II 2008 Serigrafia s/ papel 124 x 85,5 cm (3) Cortesia da Galeria Cristina Guerra Contemporary Art Créditos fotográficos: Vasco Stocker Vilhena

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Vasco Araújo “O inferno não são os outros” #2 Texto: a partir de “Yaka” de Pepetela

2016 Mesa em madeira, facas e garfos de metal, tinta de óleo 210 x 110 x 100 cm Coleção de artista Créditos fotográficos: Anabela Carvalho e cortesia do artista

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Carlos Noronha Feio another world is possible (spirituality, good luck; protection, trust, defence; serenity, rebirth; Man) 2017 Lã (tapete em técnica de Arraiolos) 189 x 140 cm Cortesia da Galeria 3+1 Arte Contemporânea Créditos fotográficos: Līga Spunde

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Carlos Noronha Feio Native People of the Pacific World: dispositive XLVI 2016-2018 Óleo, pastel de óleo, guache e spray s/ tela Hahnemühle Monet impressa e madeira, 27 x 27 cm Cortesia da Galeria 3+1 Arte Contemporânea | Créditos fotográficos: Līga Spunde

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Carlos Noronha Feio Native People of the Pacific World: dispositif XXXXV 2015 Óleo, pastel de óleo, guache e spray s/ tela Hahnemühle Monet impressa e madeira. 45 x 52 cm Cortesia da Galeria 3+1 Arte Contemporânea | Créditos fotográficos: Līga Spunde

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Graça Pereira Coutinho Etópia, grés vidrado 2012 Contas, cadeados, madeira, espelho e gesso judaico 50 x 100 x 100 cm Coleção da artista Créditos fotográficos: Ricardo Barbosa Vicente

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René Tavares Actor not an actor 2019 Fotografia a jato de tinta sobre papel de algodão hahnemulle 310gr 60 x 90 cm (2) Cortesia da Galeria This Is Not a White Cube Créditos fotográficos: This Is Not a White Cube, cortesia do artista

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Keyezua This is not a Mad Man, crossing our Golden Ocean with his son, is it? 3 2023 Fotografia impressa em papel de algodão Fine Art, folhas de ouro de 23 quilates 118 x 84 cm Cortesia da Galeria MOVART Créditos fotográficos: cortesia da Galeria

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Keyezua Now the immigrant child is: Half Dutch half Angolan 1 2023 Máscaras em papel reciclado, coladas com mandioca e pintadas com água e tinta a óleo 53 x 64 x 10 cm Cortesia da Galeria MOVART Créditos fotográficos: cortesia da Galeria

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Francisco Vidal Colonização de Marte e Stop trying to save Africa 2010 Desenho digital s/ post-it 252 x 572 cm Coleção do artista Créditos fotográficos: Fabrice Costa

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Nú Barreto Molestado (Maguada) 2018 Acrílico s/ tela, cauris e objetos diversos 102 x 134 cm Cortesia da Galeria MOVART Créditos fotográficos: cortesia da Galeria

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José de Guimarães Sem título (Pormenor a partir da imagem original) 2010 Caixa relicário, madeira pintada com luz néon 124 x 64,5 x 22,5 cm Coleção do artista Créditos fotográficos: © Vasco Célio/ Stills




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António Ole Corpo Fechado 2017 Contas, cadeados, madeira, espelho e gesso judaico 160 x 76,2 x 76,2 cm Cortesia da Galeria .insofar art gallery Créditos fotográficos: cortesia da Galeria

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José de Guimarães Sem título 2010 Caixa relicário, madeira pintada com luz néon 124 x 64,5 x 22,5 cm Coleção do artista Créditos fotográficos: © Vasco Célio/ Stills

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Alfredo Cunha Paraíso de Coura (Pormenor a partir da imagem original) 2012 Dibond impressão fotográfica s/ papel barita prestige 120 x 80 cm Coleção: Alexandre Farto aka Vhils

Herberto Smith São Miguel Arcanjo I 2019 digital UV 42 x 59,3 cm Cortesia da Galeria Projecto Afroport - FCT, CEsA/ISEG – Ulisboa Créditos fotográficos: Herberto Smith


Herberto Smith São Miguel Arcanjo II 2019 digital UV 42 x 59,3 cm Cortesia da Galeria Projecto Afroport - FCT, CEsA/ISEG - ULisboa Créditos fotográficos: Herberto Smith

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Alfredo Cunha Paraíso de Coura 2023 Dibond impressão fotográfica s/ papel barita prestige 120 x 80 cm Coleção: Alexandre Farto aka Vhils

Alfredo Cunha Paraíso de Coura 2012 Dibond impressão fotográfica s/ papel barita prestige 120 x 80 cm Coleção: Alexandre Farto aka Vhils

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Eugénia Mussa Enfermeiras I 2021 óleo s/ papel 94 x 70 x 6 cm Cortesia da Galeria Monitor Créditos fotográficos: Anabela Carvalho

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Mário Macilau Circle of Memories VIII 2020 Fotografia s/ papel Hahnemuhle 60 x 90 cm Cortesia da Galeria MOVART

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Mário Macilau Circle of Memories XII 2020 Fine art paper 60 x 90 cm Cortesia da Galeria MOVART

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Alexandre Farto aka Vhils Residue Series - Shanghai #05 2017 Escultura em baixo-relevo sobre placa de gesso montada numa estrutura metálica 200 x 120 x 40 cm Coleção: Vhils Studio

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Joana Vasconcelos Golden Mount (Pormenor a partir da imagem original) 2021 Croché de algodão feito à mão, tecidos, poliéster, sobre tela e contraplacado 190 x 190 x 50 cm Coleção de artista Créditos fotográficos: © Atelier Joana Vasconcelos

Cristina Ataíde Mountain House #15 2023 Mármore branco português e urucum 23 x 18 x 47 cm Coleção de artista

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Cristina Ataíde Mountain House #12 2018 Mármore branco de Extremoz, açafrão da India, base em ferro e cabos de aço 24 x 36 x 36 cm Coleção de artista

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Pedro Chorão Goa 2010 acrílico s/ papel 36 x 55 cm (4 elementos) Coleção do artista Créditos fotográficos: Anabela Carvalho

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Ana Marchand Flores de Goa 1995 Guache s/ papel indiano 19 x 14,5 cm (9) Coleção da Fundação Carmona e Costa Créditos fotográficos: Anabela Carvalho

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Joana Vasconcelos Golden Mount 2021 Croché de algodão feito à mão, tecidos, poliéster, sobre tela e contraplacado 190 x 190 x 50 cm Coleção da artista Créditos fotográficos: © Atelier Joana Vasconcelos

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ABRAÃO VICENTE Abraão Vicente, natural de Assomada, Santa Catarina, Ilha de Santiago, Cabo Verde, nasceu em 1980. É licenciado em Sociologia pela Universidade Nova de Lisboa, Portugal. Encontrou-se como pintor e escritor em Lisboa, e verificou que, mesmo numa capital que é um caldo de lusofonia, fora do lugar onde nasceu, estava destinado a ser estrangeiro. Na estadia em Portugal, onde germina o seu percurso como artista plástico e escritor, interioriza a ligação inviolável ao lugar de pertença: “Os africanos, os Erasmus, todos os que estavam em Lisboa diziam que somos cidadãos do mundo. Com o tempo percebemos que somos cada vez mais de onde somos. Percebi que sou muito cabo-verdiano, não renegando as outras raízes, as outras misturas que tenho”. Um regresso à matriz que atravessa a sua produção literária e artística: “A minha literatura, a minha arte toda, tem a ver com essa questão identitária. E nós não podemos fugir de nós, apesar de alguns de nós conseguirmos driblar

a nossa identidade; a maior causa é fazer com que o lugar de onde somos seja um sítio melhor”, diz Abraão Vicente. Abraão Barbosa Vicente foi jornalista, editor e cronista do jornal a “A Nação” entre 2008 e 2010, e criou e apresentou na Televisão Nacional (TCV) os programas “Casa da Cultura” – 2006/2008, “180 graus” – 2008/2009, “Nha Terra Nha Cretcheu” e “Intimidades” (ACI) / TCV 2008/2010. Na atualidade, é Ministro da Cultura e das Indústrias Criativas e Ministro do Mar do Governo de Cabo Verde.

ALEXANDRE FARTO aka VHILS Alexandre Manuel Dias Farto, Vhils, nasceu em Lisboa em 1987. Terminou os seus estudos em 2008 na University of the Arts, em Londres. Iniciou-se em pintura em 1998 com apenas onze anos. Pintava muros de ruas e comboios da margem sul do rio Tejo.

Como artista urbano, as suas obras são o fruto do seu ideário e do mundo que o envolve. A partir das suas raízes do graffiti /street art tem vindo a explorar novos caminhos na ilustração, animação e design gráfico, misturando o estilo vetorial com o desenho à mão livre, aliado a formas contrastadas e sujas que nos remetem para momentos épicos. A destacar, a sua exibição de interior/ar livre, “building 3 steps”, com Miguel Maurício. Ficou conhecido em 2009, quando uma das caras que esculpiu surge ao lado de um graffiti de Bansky no Cans Festival em Londres. Em 2011, desenvolveu uma técnica usando explosivos, grafite, restos de cartazes e até retratos feitos com metal enferrujado para criar retratos e frases. Em 2012, recriou uma guitarra portuguesa para a coleção Tudo isto é... autores, da marca Malabar. Tem trabalhos em várias cidades por todo o mundo, como Lisboa, Porto e Aveiro, Londres, Moscovo, Bogotá, Medellín, Cali (Colômbia), Nova Iorque e Los Angeles (Estados Unidos) e Grottaglie (Itália). | 103


Além dos trabalhos murais em espaço público, homenageando José Saramago e Zeca Afonso, entre outros, Vhils tem criado serigrafias e instalações de arte, sendo considerado um dos mais conceituados artistas urbanos do mundo.

ALFREDO CUNHA Alfredo de Almeida Coelho da Cunha nasceu em Celorico da Beira, em Portugal, em 1953. Fotojornalista conceituado, destacou-se pelas suas reportagens fotográficas da Revolução de 25 de Abril de 1974 e da descolonização portuguesa. Foi fotógrafo oficial do Presidente da República, General António Ramalho Eanes, de 1976 a 1978, como seria depois do seu sucessor, Mário Soares, de 1986 a 1996. Trabalhou também como editor de fotografia no diário “Público”, de Lisboa, de 1990 a 1997, e do Grupo Edipresse, a partir de 1997. Foi depois editor do “Jornal de Notícias”, do Porto, de 2003 a 2012, e diretor de fotografia da Global Imagens. 104 |

Já publicou dezenas de livros de fotografia e apresentou exposições, tendo recebido vários prémios e distinções pelo seu trabalho. Em 1996, foi agraciado com o grau de Comendador da Ordem do Infante D. Henrique. Alfredo Cunha recebeu ainda o Prémio Pereira da Rosa e Benoliel (1973), o Prémio Fuji, o Prémio Visão e o Prémio Fotojornalismo Visão/BES (2007, 2008). A maior exposição da sua obra foi realizada com o título de “Tempo Depois do Tempo: Fotografias de Alfredo Cunha, 1970-2017”, reunindo 480 fotografias de toda a sua carreira na Galeria Municipal da Cordoaria Nacional de Lisboa, em Março / Abril de 2017. O seu mais recente livro de fotografias “25 de abril de 1974, quinta-feira”, editado em 2023, foi apresentado na UCCLA, em janeiro de 2024.

ANA MARCHAND Nasceu em 1947, no Porto, licenciou-se na Escola Superior de Belas-Artes do Porto (ESBAP), vive e tem

o seu atelier em Montemor-o-Novo. As suas primeiras exposições surgem no final da década de setenta e, desde então, desenhou uma trajetória definida pela exploração plástica de materiais e suportes. Artista plástica, professora, orientalista, nómada por natureza, curiosa da cultura universal e da poesia do mundo, a partir da década de noventa a sua obra fica fortemente associada às muitas viagens que empreende, detendo-se longos períodos em destinos como a Índia, o Vietname, o Sri Lanka e o Sul da China e os Himalaias e também o Brasil. Nestes países, toma contacto com culturas e formas de pensamento muito orientadas para a espiritualidade e desenvolve técnicas e iconografias pessoais. Em 2007 foi ordenada monja budista. Ao longo dos anos, muitas das suas viagens foram patrocinadas pelas Fundações Calouste Gulbenkian, Luso-Americana e Oriente. Ana Marchand apresentou inúmeras exposições individuais, em Portugal continental e regiões autónomas, na Bélgica, em Macau, em Nova Delhi, Pangim (Goa) e Béna-


res (Índia). Participou igualmente em muitas coletivas, em Portugal e no estrangeiro. Publicações, em colaboração com outros autores: Ave de Partida, com Joaquim Manuel Magalhães e Paulo da Costa Domingos; SEMA nº 4, com João Miguel Fernandes Jorge; Assinar o Mar com a Voz do Silêncio, de Helena Blavatsky (1889), traduzido por Fernando Pessoa, Assírio e Alvim.

ÂNGELA FERREIRA Nascida em Maputo, em 1958, Ângela Ferreira formou-se em Escultura pela Michaelis School of Fine Arts da Universidade da Cidade do Cabo, na África do Sul, em 1983. Desde 2003, é professora assistente na Faculdade de Belas Artes de Lisboa. O trabalho da artista, que possui dupla nacionalidade, portuguesa e moçambicana, detém-se largamente na exploração das relações interculturais e identitárias entre o mundo ocidental e o mundo

africano. Do formalismo que explorou nas suas primeiras esculturas, Ângela Ferreira evoluiu para trabalhos marcados pela confrontação de objectos, memórias e arquiteturas, recorrendo à fotografia, ao vídeo e à instalação, meios que lhe permitem desenvolver conceptualmente uma reflexão sobre os modelos estéticos e culturais modernistas e a sua leitura teórica e histórica. Em 1995, foi galardoada com o Prémio de Escultura na Bienal das Caldas da Rainha. Foi a representante de Portugal na Bienal de Veneza de 2007 com a obra Maison Tropicale. Esteve também presente nas Bienais de Istambul (1999), São Paulo (2008) e Bucareste (2010). O seu trabalho tem sido apresentado em inúmeras exposições nacionais e internacionais e está representada em diversas coleções públicas e privadas em todo o mundo.

ANTÓNIO OLE Nascido em Luanda, Angola, em 1951, António Ole é um artista

plástico, fotógrafo e realizador. Em 1975, formou-se no American Film Institute, em Los Angeles (EUA) e, em 1985 formou-se em cultura afro-americana e cinema na Universidade da Califórnia (EUA). O artista realizou a primeira apresentação da sua obra numa exposição coletiva no Museu de Angola, em 1967 e, posteriormente, participou em várias exposições, bienais, festivais, em diversos países, nomeadamente Cuba, Brasil, Espanha, Alemanha, África do Sul, e Itália. A sua primeira exposição individual ocorreu no Museu de Angola, em 1968. Participou, em 2017, na 57ª Bienal de Veneza, tendo ainda participado nas Bienais de Veneza nºs 55 e 56, em 2013 e 2015, respetivamente. António Ole dirigiu vários documentários e vídeos sobre a vida e história de Angola, como “Os Ferroviários” (1975), “Aprender”, “Carnaval da Vitória” (1978), “Sonangol: 10 Anos Mais Forte” (1987), entre outros. De entre os diversos prémios atribuídos pela sua obra, destacam-se o Fundo de Mérito do Governo | 105


de Angola (2002) e a Comenda de Mérito de Portugal (2007). Atualmente, António Ole vive e trabalha em Angola

CARLOS NORONHA FEIO Carlos Noronha Feio (Lisboa 1981) consome, justapõe e realiza a media como pesquisa de identidade cultural, local e global, adotando imagens, locais e símbolos culturalmente significativos, como forma de interferência criativa, demonstrando a natureza quase arbitrária na qual o significado cultural é interpretado. Sobre a sua arte e significados, Noronha Feio faz frequentemente palestras e conferências. É doutorado em Filosofia (Belas Artes) pelo Royal College of Art em Londres. Expõe internacionalmente, e os seus projetos artísticos recentes incluem “The Fabric of Felicity” no Garage Museum of Contemporary Art, em Moscovo, 2018, “Nada Miami Beach 2019”, Sculpture Park, em Miami, nos 106 |

Estados Unidos, “even if at heart we are uncertain of the will to connect, there is a common future ahead”, na narrative projects, em Londres, em 2018, “no fim de tudo está o começo, a negociação!”, na Galeria 3+1 Arte Contemporânea, em Lisboa, em 2021, “Oikonomia: a Matter of Trust”, no Museu Nacional de Arte Contemporânea – Museu do Chiado em Lisboa, “You Are Now Entering_________”, no Center for Contemporary Art de Londonderry/Derry, na Irlanda do Norte, “Image Wars”, no Abrons Art Center em Nova Iorque, “The Flag: Instruction Manual #2” no Sazmanab Platform for Contemporary Art, Teerão, e “Da outra margem do Atlântico: alguns exemplos da videoarte e da fotografia portuguesa”, no Centro Cultural Helio Oiticica, no Rio de Janeiro, em 2010. Está presente em várias coleções incluindo o MAAT– Fundação EDP, em Lisboa, Saatchi Collection, em Londres, MAR – Museu de Arte do Rio de Janeiro, MNAC – Museu do Chiado em Lisboa.

CRISTINA ATAÍDE Nascida em Viseu, em 1951, Cristina Ataíde é uma artista plástica que trabalha preferencialmente com pedra, madeira, metal, pigmento e papel. Além disso, Cristina Ataíde trabalha com desenhos e fotografias. Em 1978, formou-se em escultura na Escola Superior de Belas Artes de Lisboa (ESBAL). Entre 1997 e 2012 deu aulas, como professora convidada, na Universidade Lusófona de Lisboa. Cristina Ataíde expõe individualmente desde 1984 e coletivamente desde 1983, em Portugal e no estrangeiro. A sua última exposição, “Dar corpo ao Vazio”, realizou-se em 2020. Atualmente, a sua obra está representada em diversas coleções, nomeadamente no Centro de Arte Moderna da Fundação Calouste Gulbenkian (Lisboa, Portugal), Museu Afro Brasil (São Paulo, Brasil), Biblioteca do Vaticano (Roma, Itália) e Coleção de Arte Contemporânea (Asilah, Marrocos). De entre os prémios recebidos,


destacam-se o Prémio Revelação, na I Bienal de Sintra (1987), e o Prémio aquisição Unión Fenosa, La Coruña (1997 e 1999).

EUGÉNIA MUSSA Nasceu em Maputo, Moçambique em 1978. Iniciou os seus estudos em artes plásticas na City & Islington College, em Londres, e formou-se em Pintura na Ar.Co, em 2009, ano em que foi uma das finalistas do Prémio Anteciparte. Em 2010, recebeu uma Menção Honrosa na exposição comemorativa do 25º aniversário do Banco de Moçambique. Expõe individualmente desde 2012 e em 2013, em Lisboa, realizou a exposição individual “Retrospectiva”, no Espaço Arte Tranquilidade. Expôs na Fundação Calouste Gulbenkian e na Galeria João Esteves Oliveira, onde continua a expor regularmente. E mais recentemente, em 2022, Easy Peasy, Monitor Roma, e em 2023 apresentou “Hotstepper”, na IRL Gallery, New York.

Eugénia Mussa esteve igualmente presente em coletivas, entre as quais: “Regresso ao Acervo”, na Galeria João Esteves Oliveira em Lisboa, em 2015; no projeto “Lisboa Futura”, em Lisboa, em 2017 e na coletiva “Frente. Verso. Inverso” – Arte Contemporânea dos Países de Língua Portuguesa nas Colecções em Portugal, Galeria da UCCLA, em 2018. Na sua prática artística podemos encontrar uma preocupação constante com o repensar a história dos movimentos artísticos da pintura. Atualmente, vive em Lisboa e as suas obras fazem parte de coleções particulares e institucionais: PLMJ Figueiredo Ribeiro, Chris Gorel Barnes (UK) e Fundação Calouste Gulbenkian.

EMÍLIA NADAL Nascida em Lisboa em 1938, Emília Nadal é uma artista plástica e multimédia portuguesa. Recebeu os Prémios Anunciação e Lupi de Pintura da Academia Nacional de

Belas Artes de Lisboa, Menção no XVIº Prémio Internacional de Desenho Joan Miró (Barcelona) e uma Bolsa da Fundação Calouste Gulbenkian para artes visuais. Realizou cenografias para o Teatro Nacional D.Maria II, Ballet Gulbenkian e performances. Presidiu à Direção da Sociedade Nacional de Belas Artes, e o seu trabalho está representado no Centro de Arte Moderna da Fundação Gulbenkian, no Museu de Arte Contemporânea de Serralves, Coleção Berardo no Museu de Arte Moderna, Centro Cultural de Belém, Museu Nacional do Teatro e da Dança, Galeria de Arte Contemporânea do Funchal; Núcleo de Arte Contemporânea, doação José-Augusto França do Museu Municipal de Tomar, Biblioteca João Paulo II-UCP Lisboa e Fundação Dom Luís I, Cascais. Com mais de 40 anos de exposições, Emília Nadal realizou exposições individuais em Portugal, Espanha, França e China, sendo a exposição “Slogan’s”, de 1978, um marco da sua carreira. Em 2015, apresentou a sua última exposição “O Tempo e a Forma”, em Lisboa. | 107


FIDEL ÉVORA Fidel Évora nasceu em 1984, na Cidade da Praia, em Cabo Verde, onde passou parte da infância, e cresceu no Barreiro, Portugal. Em 2004 completou o curso técnico de imagem e comunicação na ETIC e em 2008 fez um Master em Motion Graphics na BAU Escola Superior de Disseny, em Barcelona. Entre 2004 e 2010 trabalhou como designer gráfico. Procura cultivar o seu gosto pela pesquisa e pela preservação de artefactos, recuperando memórias importantes para a identidade coletiva e pessoal; dividido entre essas fronteiras, cria composições entre o real e o fictício, trilhando o seu próprio caminho, elaborando diálogos esquecidos propositada ou involuntariamente. O seu percurso está particularmente ligado ao domínio da arte urbana, graffiti e arte visual contemporânea. Mais recentemente, usa muito a serigrafia misturada com a pintura. Inspirado pela obra de Orlando Pantera, um dos maiores compositores de Cabo Verde, apresentou, 108 |

em 2022, a exposição Oxi dretu, manham mariádu, com curadoria de Maria de Brito Matias, na Galeria Movart, em Lisboa.

FRANCISCO VIDAL Francisco Vidal nasceu em Lisboa, em 1978. É português, angolano e cabo-verdiano e vive entre Luanda e Lisboa. Licenciado em Artes Plásticas pela Escola Superior de Artes e Design das Caldas da Rainha, fez um curso avançado em Artes Visuais na Escola de Artes Visuais Maumaus, em Lisboa. Viveu durante algum tempo nos Estados Unidos, obtendo o mestrado na Escola de Artes da Universidade de Columbia, em Nova Iorque. Começou a expor com regularidade a partir de 2005. Em 2014 apresentou o projeto de pintura “Utopia Luanda Machine” na 56.ª Bienal de Veneza, no Pavilhão de Angola, com a curadoria de António Ole, e na Expo Milão, com a curadoria de Suzana Sousa. Em 2016 apresentou em Luanda e, em 2017,

em São Tomé e Príncipe, o projeto “ESCOLA DE PAPEL, Kiekelela”. Em 2018 integrou a coletiva “Artes Mirabilis – Coletiva de Artistas Plásticos Angolanos”, na UCCLA, em Lisboa. Mais recentemente, em 2022, apresentou, a exposição “Margens Atlânticas”, no Espaço Espelho D’Água, um projeto conjunto com a cineasta francesa Ariel de Bigault. É reconhecido pelas suas grandes instalações de pintura, traçando poderosas linhas caligráficas sobre telas de serigrafia, retratando flores de algodão em cores vivas e variados esquemas cromáticos. Tem obras suas em coleções nacionais, como as da Fundação EDP, Fundação Calouste Gulbenkian, Fundação Cachola, e internacionais.

GONÇALO MABUNDA Nasceu em Maputo, Moçambique, em 1975. Mabunda está interessado na memória coletiva do seu país, que só recentemente emergiu de uma longa e terrível guerra civil


e por isso trabalha com as armas recuperadas em 1992, no final do conflito de dezasseis anos que dividiu Moçambique. Optando pela escultura, Mabunda dá formas antropomórficas a AK47s, lançadores de foguetes, pistolas e outros objetos de destruição. Embora se possa dizer que as máscaras se baseiam numa história local da arte tradicional africana, o trabalho de Mabunda adquire uma impressionante vantagem modernista à semelhança das imagens de Braque e Picasso. As armas de guerra, desativadas, possuem fortes conotações políticas, mas, simultaneamente, as belas peças que cria transmitem uma reflexão positiva sobre o poder transformador da arte e a resiliência e criatividade das sociedades civis africanas. Mabunda é mais conhecido pelos seus “tronos”. Segundo o artista, os tronos funcionam como atributos de poder, símbolos tribais e peças tradicionais da arte étnica africana. São sem dúvida uma forma irónica de comentar a sua experiência infantil de violência e absurdo e a guerra civil em Moçambique, que

isolou o país por um longo período. O trabalho de Mabunda já foi exposto no Museu Kunst Palast, em Dusseldorf, na Hayward Gallery, em Londres, no Centro Pompidou, em Paris, no Museu de Arte de Mori, em Tóquio, e na Galeria de Arte de Joanesburgo, em Joanesburgo, entre outros espaços museológicos.

GRAÇA MORAIS Graça Morais nasceu no Vieiro, Trás-os-Montes, em 1948. Concluiu o Curso Superior de Pintura na Escola Superior de Belas-Artes do Porto e é membro da Academia Nacional de Belas-Artes. Foi agraciada com o grau de grande-oficial da Ordem do Infante D. Henrique. Desde 1974 até 2018, realiza e participa em mais de uma centena de exposições individuais e coletivas, dentro e fora do país, destacando-se a representação de Portugal na 17.ª Bienal de São Paulo (1983) e a exposição “La Violence et la Grâce”, na Fundação Calouste Gulbenkian

em Paris (2017), onde também decorreu o colóquio internacional “O Mito e a Metamorfose”, que reuniu uma vintena de especialistas da obra da pintora. Ilustrou obras de diversos autores, como José Saramago, Sophia de Mello Breyner Andresen, Agustina Bessa-Luís, Miguel Torga, Pedro Tamen, Nuno Júdice, entre outros. Cruzando imagens e sobrepondo materiais, a artista desenvolve um trabalho assente nas vivências humanas e na sua relação com a natureza. As suas obras refletem experiências pessoais não só da sua terra natal, esse Um Reino Maravilhoso, de Miguel Torga, com 49 ilustrações de Graça Morais, mas também noutras geografias, como Cabo Verde, onde viveu no final dos anos 80. Dessa vivência resultou um importante trabalho pictórico e a fundação da editora cabo-verdiana Ilhéu Editora, da qual foi sócia fundadora. Graça Morais tem o seu atelier no Vieiro, onde vive e trabalha. Em 2008, foi inaugurado o Centro de Arte Contemporânea Graça Morais, em Bragança. | 109


GRAÇA PEREIRA COUTINHO Nascida em Lisboa, em 1949, Graça Pereira Coutinho formou-se em escultura na Escola Superior de Belas-Artes de Lisboa, em 1971 e, em 1977, fez uma pós-graduação na St. Martin’s School of Art, em Londres, onde fixou residência. A sua primeira exposição individual ocorreu na Galeria de Arte Moderna, na Sociedade Nacional de Belas Artes, em Lisboa, em 1975. Entre 1988 e até à atualidade, a artista realizou numerosas exposições individuais, em várias cidades de Portugal, como na Fundação Calouste Gulbenkian (Lisboa), em 1989; Grã-Bretanha, na Todd Gallery, em Londres; Bélgica; Brasil, no Museu Histórico Nacional, no Rio de Janeiro, em 2002. Integrou igualmente um grande número de coletivas, entre as quais a “Casa Comum”, em 2011, na Coleção da Fundação Calouste Gulbenkian (Lisboa) e a exposição “Arqueologia do Detalhe”, na Casa das Artes (Vigo). Na exposição “A Outra Mão”, de Graça Pereira Coutinho, em 2015, 110 |

na Fundação Carmona e Costa, foi apresentado o livro de artista com o mesmo nome da exposição. Graça Pereira Coutinho foi uma das convidadas para integrar um ciclo de exposições do projeto “Artes & Ideias em Ventozelo”, tendo sido a autora da 3ª exposição deste ciclo, em 2022. A sua obra está representada em várias coleções, públicas e particulares, como o Museu de Arte Contemporânea de Belém (Brasil), o Museu de Arte Contemporânea de Osaka (Japão), a Caixa Geral de Depósitos e o Centro Cultural de Belém, em Lisboa. Em 1991, a artista recebeu o prémio da Trienal de Osaka, no Japão.

HERBERTO SMITH Fotógrafo, artista e educador, Herberto Smith tem percorrido uma jornada multicultural que molda profundamente sua abordagem à arte. Nascido em 1974, na Guiné-Bissau, criado em São Tomé e Príncipe, e tendo vivido em Portugal, Herberto tem agora, e desde há

quatro meses, o seu lar na Austrália. A sua paixão pela fotografia vai além da mera captura de imagens. Herberto é um “contador de histórias” visual, um artista que se dedica a explorar as complexidades das comunidades marginalizadas. O seu foco documental estende-se a retratos que transcendem o superficial, revelando as nuances da cultura juvenil, identidades em evolução, perceções raciais e a procura da inclusão social. Ao longo de sua carreira, Herberto destacou-se pelas suas práticas colaborativas, como workshops, onde utiliza metodologias que não apenas registam, mas também criam, conexões, interações e estimulam o pensamento crítico. Os seus projetos visam não apenas capturar momentos, mas provocar reflexões sobre questões sociais profundas. O seu compromisso com a narrativa visual, enraizado em valores antirracistas, defesa dos direitos humanos e promoção da descolonização, reflete-se tanto no seu trabalho pessoal quanto na sua ampla gama de fotografia comercial e editorial.


JOANA VASCONCELOS Nascida em 1971, em Paris, estudou na Escola António Arroio e, depois, na Ar.Co, ambas em Lisboa, onde vive e trabalha. A natureza do processo criativo de Joana Vasconcelos assenta na apropriação, descontextualização e subversão de objectos preexistentes e realidades do quotidiano, através de esculturas e instalações. Expôs individualmente em 2000, “Ponto de Encontro”, no Museu de Arte Contemporânea de Serralves, Porto, Portugal. A aclamação internacional chegou em 2005, com “A Noiva”, na primeira Bienal de Veneza, onde retornou sete vezes, até ao presente. Primeira mulher a expor no Palácio de Versalhes, em 2012, foi também, em 2018, a primeira portuguesa a apresentar uma exposição individual no Guggenheim de Bilbau. As suas obras já foram expostas em quatro continentes: Palazzo Grassi, Thyssen-Bornemisza, Royal Academy of Arts, Manchester Art Gallery, Kunsthal Rotterdam, CCBB em São Paulo, Istanbul Modern,

Garage Center for Contemporary Culture em Moscovo, La Monnaie Paris, Palais de Tokyo e Hermitage; e fazem parte de coleções como a Tia Collection, Ömer Koç, Berardo e as das fundações Rothschild, Calouste Gulbenkian, François Pinault e Louis Vuitton. Distinguida com mais de trinta Prémios, desde 2000, em 2009 recebeu o Grau de Comendadora da Ordem do Infante D. Henrique atribuído pela Presidência da República Portuguesa e, em 2022, tornou-se Oficial da Ordem das Artes e das Letras um galardão do Ministério da Cultura francês. Em 2012, criou a Fundação Joana Vasconcelos.

JOSÉ DE GUIMARÃES José Maria Fernandes Marques, nascido em Guimarães, em 1939, é um artista com trabalhos notáveis nas áreas da pintura, escultura e gravura. Viveu sete anos em Angola (1967-1974), onde estudou etnografia e “arte negra”. Desde

1995, reparte a sua vida entre Lisboa e Paris. Realizou inúmeras exposições. Foi o autor da escultura “Adamastor”, encomendada para celebrar a 1ª edição do Festival dos Oceanos no Parque das Nações, em 1999. Em julho de 2001, a Cordoaria Nacional, em Lisboa, apresentou uma retrospetiva dos quarenta anos do percurso artístico de José de Guimarães (1960-2001). Em 2021, o artista inaugurou a exposição “Mistérios do Fogo: As maternidades”, inserida no novo ciclo de exposições “Nas Margens da Ficção”, CIAJG, em Guimarães. Tem obras suas em vários países, como Angola, Argentina, Bélgica, Brasil, Canadá, França e Japão. Recebeu, entre outras distinções, a medalha de bronze do prémio europeu de pintura da cidade de Oostende, em 1976; o Prémio da Fundação Calouste Gulbenkian, em 1984; o “1º Prémio da Bienal de Artes Plásticas”, Barcelona, 1986, e o grau de Comendador da Ordem do Infante D. Henrique, em 1990, pelo então Presidente da República Portuguesa, Mário Soares. | 111


Em 2012, foi eleito Presidente da Sociedade Nacional de Belas Artes, em Lisboa. No mesmo ano José de Guimarães participou no processo da Capital Europeia da Cultura, em Guimarães, que viu nascer o Centro Internacional das Artes José de Guimarães (CIAJG).

KEYEZUA Artista e curadora angolana (de seu nome Lola Keyezua), nascida em 1988, partiu para a Holanda aos 9 anos e regressou a Angola em 2015. Graduada pela Royal Academy of Arts, na Haia (Países Baixos), a artista explora o renascimento africano como uma contadora de histórias contemporânea, com histórias individuais expressas em filmes, pinturas, poemas e esculturas. Keyezua trabalha o tema do corpo da mulher, a estética da liberdade de ação e utilização da sua própria imagem, dos contrastes, das belezas e dos problemas que afetam todos os países, tendo participado em vários projetos e exposições em Angola. 112 |

O seu trabalho já foi apresentado em exposições e eventos como “Afro Vibes Festival Exhibition” (Países Baixos), “Lagos Photo Festival” (Nigéria), “Addis Photo Festival” (Etiópia), “Something About Bodies” (Inglaterra), entre outros. Na exposição do projeto “EU em Angola” (2017), que comemorou 30 anos de cooperação entre Angola e a União Europeia, no Centro Cultural Português, em Luanda, Keyezua explora a relação entre África e a Europa, nos seus vários períodos, através do olhar de artistas contemporâneos angolanos e europeus – a própria Keyezua, Ana Silva, Rita GT, João Ana e Elepê, Délio Jasse, Kiluanji Kia Henda, Bynelde Hircan, Januário Jano e François Beaurain.

MANUEL BOTELHO Manuel Viana Botelho nasceu em Lisboa, em 1950. Professor associado jubilado da Faculdade de Belas-Artes da Universidade de Lisboa (FBAUL), desde 2020, vive e

trabalha em S. Pedro do Estoril. Frequentou as aulas de desenho de Rolando Sá Nogueira na Sociedade Nacional de Belas Artes (SNBA), Lisboa (1968-69) e concluiu o curso de Arquitetura em 1976, na Escola Superior de Belas Artes de Lisboa (ESBAL). Foi docente da Faculdade de Belas-Artes da Universidade de Lisboa desde 1995, e ali fez o doutoramento em 2006. Em julho de 2020 encerra em definitivo a docência na FBAUL e dedica-se ao livro Ateliês e Tutoriais: Reflexões sobre o Ensino da Arte, publicado em 2021. Estudou pintura como bolseiro da Fundação Calouste Gulbenkian na Byam Shaw School of Art (19831985) e na Slade School of Fine Art (1985-1987), Londres. Expôs pela primeira vez em 1986, na Fundação Calouste Gulbenkian, Lisboa: “Manuel Botelho: Pintura e desenho, 1984-1986”; e, em 1987, no Módulo – Centro Difusor de Arte, Lisboa e Porto, galeria que irá representá-lo até 2005. Em 1988 instala o estúdio no antigo atelier de seu avô, Carlos Botelho, no Buzano, Parede.


Botelho realizou inúmeras exposições individuais, sendo as mais recentes: Missa Campal, Sociedade Martins Sarmento, Guimarães, 2019; (Im)permanência, Convento dos Capuchos, Almada, 20192020; (Im)permanência, Museu Nacional de Arte Antiga (MNAA), Lisboa, 2019-2020; Branco Chumbo (obras das séries (Im)permanência e Branco Chumbo), Museu do Côa, Vila Nova de Foz Côa, 20202021, curadoria de Filipa Oliveira.

MÁRIO MACILAU Nasceu em Moçambique, em 1984. É uma figura de destaque de uma nova geração de fotógrafos africanos. Iniciou o seu trabalho artístico em 2003 nas ruas de Maputo. Foi a sua série de 2012, Growing in Darkness, a rampa de lançamento para sua carreira fotográfica. Este conjunto de obras aclamado pela crítica documenta crianças de rua de Maputo, ao longo de quatro anos. Em 2015, participou na 56ª Bienal de Veneza, com o projeto

inesperado sobre a vida das crianças de rua de Maputo, exposto no Pavilhão do Vaticano. Macilau venceu vários prémios, nomeadamente The FP Magazine’s Global Thinkers e foi finalista da UNICEF Photo of the Year em 2009. O seu trabalho tem sido largamente apresentado em exposições individuais e colectivas, tanto no seu país de origem, como a nível internacional, nomeadamente em Pangea: New Art from Africa and Latin America, Saatchi Gallery (2014), Making Africa, Vitra Design Museum (2015), Bienal de Veneza (2015) e Museu Guggenheim, Bilbao (2015-2016). A obra de Macilau integra as coleções institucionais da Daimler Art Collection, Berlim / Estugarda, da Fundação PLMJ em Lisboa, do Banco Comercial e de Investimentos de Maputo, da Embaixada Francesa em Maputo e da African Artists’ Foundation em Lagos, Nigéria. Está ainda presente em várias coleções privadas portuguesas e internacionais (Alemanha, França, Espanha, Estados Unidos).

NÚ BARRETO Nasceu em São Domingos, Guiné-Bissau, em 1966. Em 1989, mudou-se para Paris, onde vive e trabalha. Inicialmente interessado em fotografia, estudou por algum tempo na Escola de Fotografia AEP em Paris (1993), e na École Nationale des Métiers d’Image au Gobelins (1994-1996), onde terminou os seus estudos de fotografia. Em 1998, apresentou o seu trabalho na Exposição Mundial de Lisboa (Expo 98). Em 2013, participou pela segunda vez na exposição “Arte pela Paz” da UNESCO, em Paris e, em 2016, realizou a exposição “Funguli Sapiens – Homem Moderno”, no Centro Cultural de Belém, em Lisboa. O seu trabalho integrou também diversas exposições coletivas, como no Centro Cultural Franco-Moçambicano, em Maputo (2005); no Museu Nacional de Belas Artes, no Rio de Janeiro, Brasil; na Bienal de Dacar, Senegal (2006); no Centro Cultural dos “Rencontres” de Neumünster, no Luxemburgo (2007); no Kunstraum Kreuzberg, | 113


em Berlim, Alemanha; no Museu Vieira da Silva, em Lisboa; na Galeria Marta Traba–Memorial da América Latina, em São Paulo, Brasil; Museu Boribana, Dacar, Senegal e, mais recentemente, no Museu Capixaba do Negro (MUCANE), em Vitória, Brasil. Entre novembro 2023 e janeiro 2024, Nú Barreto apresentou a exposição Silhouettes Parfaites (Silhuetas Perfeitas), para comemorar os 5 anos da sua colaboração com a Galeria Nathalie Obadia, em Paris.

OLEANDRO PIRES GARCIA Oleandro Pires Garcia nasceu em 1982, na cidade da Praia, Cabo Verde. Professor, ilustrador e designer gráfico, autodefine-se como artista intervencionista. A sua obra, marcadamente contemporânea, reflete um compromisso com questões sociais – é participante ativo em iniciativas solidárias –, e um forte vínculo à cultura lusófona. 114 |

Integrou várias exposições coletivas, incluindo «Cabo Verde Contemporâneo», 2016, e “Projeto de Arte Urbana” em Achada Grande Frente, e, em 2018, apresentou “Utopia in Versus”, no Palácio da Cultura IIdo Lobo, com 40 quadros seus. Em 2019, foi um dos artistas convidados na exposição “Estórias Dentro de Casa”, na inauguração do CCCV - Centro Cultural de Cabo Verde em Lisboa. Em 2021, integrou a Coletiva de Arte na Lusofonia, organizada pela CPLP, celebrando o Dia Mundial da Língua Portuguesa e da Cultura. Em 2023 integrou a Exposição internacional PARAGONE: What’s with Mediums Today? organizada pela galeria THIS IS NOT A WHITE CUBE, no CCCV e no Museu da Água, ambos em Lisboa. Com a obra “My dream in Space and Time”, o artista venceu o terceiro prémio no Concurso de Pintura “Meu Sonho” para Jovens Africanos, lançado pelo Comitê Chinês do Fórum de Cooperação China-África, em 2023. Foi o ilustrador do livro Os Puzzles que se cruzam, lançado a 15 novembro

de 2023, na Embaixada de Portugal, cidade da Praia, Cabo Verde, para comemorar os 25 anos da Associação das Crianças Desfavorecidas (ACRIDES).

PEDRO CHORÃO Pedro Chorão Ramalho nasceu em Coimbra, em 1945. Frequentou o curso de História da Arte na École du Louvre, Paris (1967-1968). Licenciou-se em Artes Plásticas na Escola Superior de Belas-Artes de Lisboa em 1976 e no mesmo ano foi bolseiro da Fundação Calouste Gulbenkian, em Paris, onde residiu até 1977. Pedro Chorão participou em inúmeras coletivas em Portugal, Venezuela, França, Suíça, Espanha e Tóquio. Começou a expor a solo em 1975. Entre as exposições individuais mais recentes estão: “Pedro Chorão: o que diz a pintura; obra 1971-2016”, em 2016, na Galeria Torreão Nascente da Cordoaria Nacional, e “Ventanias”, em 2022, na Galeria Sá da Costa, ambas em Lisboa.


Recebeu diversos prémios, nomeadamente da AICA (Association Internationale des Critiques d’Art), em 1986, da III Exposição de Artes Plásticas, Fundação Gulbenkian, em 1986 e da Bienal de Lagos, em 1990. O pintor está representado em inúmeras coleções, públicas e privadas, nomeadamente na Culturgest (Caixa Geral de Depósitos), Câmara Municipal de Cascais, Câmara Municipal de Lisboa, Coleção do Centro de Arte Moderna da Fundação Calouste Gulbenkian, Ministério da Cultura (Portugal) e Museu Nacional Soares dos Reis (Porto).

PEDRO VALDEZ CARDOSO Pedro Cardoso nasceu em Lisboa, em 1974. Formou-se em Realização Plástica do Espetáculo na Escola Superior de Teatro e Cinema e fez o Curso Avançado de Artes Visuais, na Escola de Artes Visuais Maumaus, em Lisboa. Expõe regularmente desde 2001. A obra que tem vindo a desenvolver,

com maior foco na escultura e na instalação, centra-se sobretudo em temas relacionados com questões da identidade (social, sexual e cultural) e também ligadas aos discursos pós-coloniais, numa constante relação entre poética e política. Das exposições individuais recentes, destacam-se: “Sob o Signo de Saturno”, Quartel das Artes – Coleção Figueiredo Ribeiro, Abrantes (2019); “No meio do caminho tinha um osso, tinha um osso no meio do caminho”, Fundação Portuguesa das Comunicações /Galeria Bessa Pereira, Lisboa (2018); “Esfinge”, Colégio das Artes, Coimbra (2017); “Ártico: Narrativa e Fantasmática”, Centro Internacional das Artes José de Guimarães, Guimarães (2015); “Discurso do Método” – Instituto Valenciano de Arte Moderna, Valência, Espanha (2013). Algumas das exposições coletivas em que participou: “Saudade, Unmemorable Place in Time” – Contemporary Art from Portugal and China, FOSUN Foundation, Xangai (2018); The Raft. Art is (not) lonely, L’Etage Euphrosine Gallery, Ostende, Bélgica (2017); “Portu-

gal, Portugueses”, Museu Afro-Brasil, São Paulo, Brasil (2016). Pedro Valdez Cardoso, detentor de vários prémios de Arte, está representado em diversas coleções nacionais e internacionais, entre as quais: Fundação Calouste Gulbenkian, Caixa Geral de Depósitos, Fundação Carmona e Costa e Instituto Valenciano de Arte Moderna (IVAM).

RENÉ TAVARES René Tavares nasceu em São Tomé e Príncipe, em 1983, e formou-se na Escola de Belas Artes de Dacar, Senegal. Recebeu uma bolsa de estudos para a escola de Belas Artes de Rennes, em França, e paralelamente integrou o projeto de fotografia ARC / Rennes. Tem participado em workshops em São Tomé, no espaço Teia d’Arte, e, em 2004, integrou o workshop de pintura, desenho e instalação orientado pela artista Maria Magdalena Campos durante a Bienal de Dak’Art, no Senegal. | 115


A obra de René Tavares ilustra a sua experiência de emigração num contexto pós-colonial. Já expôs em São Tomé, Lisboa, Évora, Paris, Bruxelas, Amsterdão, entre outras cidades, e, em 2008, participou na V Bienal Internacional de Arte e Cultura de São Tomé e Príncipe. Integrou igualmente a exposição “Africa Now”, organizada pelo Banco Mundial, em Washington, em 2008. Seis anos depois, apresentou obras suas na Bienal de Arquitetura de Veneza, com o projeto “Ilhas de São Jorge” da organização “Beyond Entropy”. Em 2009, ganhou uma bolsa para desenvolver as suas pesquisas plásticas em Rennes. Atualmente, vive entre São Tomé e Lisboa, onde frequenta o Mestrado em Ciências de Arte e do Património na Faculdade de Belas Artes da Universidade de Lisboa.

VASCO ARAÚJO Nascido em 1975, em Lisboa, com uma sólida formação em Escultu116 |

ra pela Faculdade de Belas-Artes da Universidade de Lisboa, enriquecida pelo Curso Avançado em Artes Plásticas da Maumaus, Vasco Araújo tem conquistado reconhecimento internacional. A sua obra, expressa em diversos suportes, como escultura, instalação, vídeo, fotografia e performance, revela uma reflexão sobre a relação entre o indivíduo e o mundo que o cerca. Desde a sua primeira exposição individual, em 2002, na Galeria César (agora Filomena Soares) em Lisboa, Vasco Araújo tem deixado a sua marca, participando em exposições coletivas nacionais e internacionais. O artista utiliza elementos da ópera, do Barroco, da etiqueta palaciana, da mitologia greco-romana e do modernismo para criar um espaço estético e discursivo único. A sua base sólida em literatura, filosofia e estudos clássicos acrescenta profundidade ao seu trabalho. Nas suas obras, desafia as normas sociais, explorando temas de identidade, sexualidade, moralidade e paixão. Vasco Araújo é reconhecido pelas suas residências artísticas em centros

conceituados, como a University of Arts, em Filadélfia, Estados Unidos, e o Baltic Center for Contemporary Art, em Gateshead, Reino Unido. Em 2003, recebeu o Prémio EDP Novos Artistas e o seu trabalho está presente em diversas coleções públicas e privadas em todo o mundo, incluindo o Centro Pompidou e o Museu de Arte Moderna em Paris e a Fundação Calouste Gulbenkian em Portugal.

YONAMINE Yonamine nasceu em 1975, em Luanda, Angola. Tendo vivido em Angola, República Democrática do Congo, Brasil e Reino Unido, atualmente reside e trabalha entre Lisboa, Luanda e Berlim. Começou a sua carreira no mundo das artes com a impressão/estampagem em t-shirts, logos e flyers/folhetos. Participou em diversos workshops, exposições coletivas e seminários durante a Primeira Trienal de Luanda (2007). Seguiram-se várias participações em mostras coletivas e indivi-


duais, como “Check List Luanda Pop”, no Pavilhão Africano da 52.ª edição da Bienal de Veneza, Itália (2007); participação na 29ª Bienal de São Paulo, Brasil (2010), “No Pain”, no Salzburger Kunstverein, Salzburgo, Áustria (2012) e “Luz Veio”, no Teatro Elinga, em Luanda (2013). Está representado no Edifício-Sede ESCOM (Luanda), no Espaço Espelho d’Água (Lisboa), na coleção BIC – Banco Internacional de Crédito (Lisboa); Centre National des Arts Plastiques – Centre Georges Pompidou (Paris); Coleção BPA – Banco Privado de Angola; Coleção Norlinda e José Lima (São João da Madeira, Portugal); Fundação Ellipse Coleção de Arte Contemporânea (Alcoitão, Portugal); Fundação PLMJ (Lisboa); SD Collection – Sindika Dokolo Coleção Africana de Arte Contemporânea (Luanda) e The Frank-Suss Collection (Londres). Teve obras expostas, em 2015, no Museu Afro Brasil, em São Paulo, na mostra intitulada “Africa Africans”, inaugurada a 25 de maio, Dia de África. Yonamine foi o único angolano do conjunto de 20 artistas africanos convidados.




Abraão Vicente Alexandre Farto aka Vhils Alfredo Cunha Ana Marchand Ângela Ferreira António Ole Carlos Noronha Feio Cristina Ataíde Emília Nadal Eugénia Mussa Fidel Évora Francisco Vidal Gonçalo Mabunda Graça Morais

GALERIA DE EXPOSIÇÕES DA

UCCLA - União das Cidades Capitais de Língua Portuguesa Avenida da Índia, n.º 110 Lisboa, Portugal

Centro Cultural Cabo Verde

Rua de São Bento, 640 - Lisboa

Graça Pereira Coutinho Herberto Smith Joana Vasconcelos José de Guimarães Keyezua Manuel Botelho Mário Macilau Nú Barreto Oleandro Pires Garcia Pedro Chorão Pedro Valdez Cardoso René Tavares Vasco Araújo Yonamine


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