DO QUE PERMANECE - Exposição Arte Contemporânea Brasil Portugal

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FICHA TÉCNICA da Exposição

Curadoria: Carolina Quintela, sob coordenação de Adelaide Ginga, curadora do MNAC Direcção: Vítor Ramalho, Secretário-Geral da UCCLA Coordenação Geral: Rui Lourido Coordenação: Filomena Nascimento Produção: Raquel Carvalho Com a colaboração de Carmen Frade Arquitetura de Exposição: Carlos Brito Design gráfico: Catarina Amaro da Costa Montagem da Exposição: Feirexpo – The Art of Transport Apoio: Alexandra Almeida, Hélder Chindondo, Liliana Sousa, Yolanda Sombreiro Comunicação: Anabela Carvalho, Carmen Frade FICHA TÉCNICA Catálogo

Curadoria: Carolina Quintela Direção: Vítor Ramalho, Secretário-Geral da UCCLA Coordenação Geral Rui Lourido, Coordenador cultural da UCCLA Coordenação Filomena Nascimento Edição, elaboração e revisão de textos: Maria do Rosário Rosinha Com a colaboração de Filomena Nascimento e Hélder Chindondo Design gráfico e paginação: Catarina Amaro da Costa Fotografias (créditos): Anabela Carvalho, Bruno Lopes, Cláudio Carvalho, Cortesia de Gabriela Albergaria e Galeria Vera Cortês, Cortesia de Galeria Graça Brandão, Arquivos de Galerias e Colecionadores ISBN: 978-989-54173-4-6 Impressão: Casa das Ideias - ACD Print Lisboa, maio de 2019


Adriano Amaral [BR] Adriano Costa [BR] Alex Flemming [BR] André Cepeda [PT] Bruno Cidra [PT] Ding Musa [BR] Diogo Bolota [PT] Dora Longo Bahia [BR] Efrain Almeida [BR] Gabriela Albergaria [PT] Inês Norton [PT] João Pedro Vale + Nuno Alexandre Ferreira [PT] Luiz Zerbini [BR] Marcelo Cidade [BR] Márcio Vilela [BR/PT] Nelson Leirner [BR] Pedro Neves Marques [PT] Pedro Vaz [PT] Reis Valdrez [PT] Rodrigo Oliveira [PT] Rosana Ricalde [BR] Vik Muniz [BR]



Agradecimentos Coleção Bernardo Abreu | Coleção Figueiredo Ribeiro ­‑ Quartel da Arte Contemporâ‑ nea de Abrantes | Coleção Lúcia Bertazzo | Coleção Luzia Ribeiro | Coleção Privada | AG | Coleção Privada | Armando Martins | Galeria 3+1 Arte Contemporânea | Galeria Bruno Múrias | Galeria Filomena Soares | Galeria Graça Brandão | Galeria Nuno Cente‑ no | Galeria Pedro Cera | Galeria Vera Cortês | Museu Coleção Berardo



O

catálogo da exposição “Do Que Permanece, Arte Contemporânea Brasil­ ‑Portugal” é apresentado e divulgado após a UCCLA ter realizado, em parceria com a Câmara Municipal de Cascais, o 1º Mercado da Língua Portuguesa, que ocorreu no Mercado da Vila de Cascais.

Este evento pretendeu sublinhar a importância da Língua Portuguesa, inclusive do ponto de vista económico, no relacionamento à escala planetária. Por esse motivo, o Mercado da Língua Portuguesa decorreu no período de 3 a 5 de maio, sendo este último o dia dedicado à Língua Portuguesa. Foi uma ocasião muito adequada para a apresentação de mostras de artesanato, de dança, de gastronomia, de literatura e de música de todos os países que adotaram o português como língua oficial, uma língua de afetos, que é a quarta mais falada em todo o mundo e a primeira do Atlântico Sul. No último dia do Mercado da Língua Portuguesa foi ainda divulgado o vencedor das candidaturas apresentadas ao IVº Concurso de “Novos Talentos, Novas Obras em Língua Portuguesa”, uma iniciativa anual da UCCLA e aquela a que maior número de candidatos se tem apresentado, de entre todas as iniciativas similares conhecidas no espaço lusófono. O facto de esta iniciativa ter envolvido todos os colaboradores da UCCLA não foi questão menor. Estas notas introdutórias harmonizam­‑se em absoluto com a exposição “Do Que Per­ manece, Arte Contemporânea Brasil­‑Portugal”, que está agora patente ao público na Galeria da UCCLA e que se debruça sobre a arte contemporânea, na visão moderna de artistas brasileiros e portugueses.

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É que a arte dos povos que falam em português resulta de encontros seculares de culturas e das experiências contrabandeadas, em que é possível a visualização dos contributos de todos eles. O melómano brasileiro José Ramos Tinhorão traduziu isso mesmo na obra exemplar, de que ansiosamente se aguarda a reedição, “Os negros em Portugal, uma presença silen­ ciosa”. No dia da abertura da exposição, a pedagógica presença das curadoras Carolina Quintela e Adelaide Ginga, do Museu Nacional de Arte Contemporânea do Chiado, permitiu­ ‑me compreender o alcance da simplicidade de muitas das obras expostas, obrigando­ ‑me, no bom sentido, a revê­‑las por várias vezes com outro sentido e alcance. É sempre encantatório, para quem não é entendido neste tipo de arte, passar a saber decifrar o significado profundo que os autores das pinturas, das esculturas ou das fotografias nos quiseram transmitir. Daí a importância da curadoria, e o meu agradecimento às duas curadoras pelo contributo que prestaram à exposição. Este meu agradecimento é extensivo a todos os que, na UCCLA, colaboraram para que esta exposição se realizasse. Outras mostras se seguirão, por ordem alfabética dos países de língua oficial portuguesa, sendo a próxima Cabo Verde, país que, aliás, preside até 2020 à CPLP. A sequência alfabética dos países que irão expor os seus artistas só será quebrada no segundo semestre de 2019, com uma exposição alusiva a Macau e à República Popular da China, uma vez que este ano se celebra o 20º aniversário da integração de Macau na China e o 40º aniversário do reconhecimento da China por Portugal.

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Não duvido que o público saberá corresponder às expectativas com que estamos a encarar as futuras exposições. Por fim, dirijo os meus agradecimentos a todas as entidades que fizeram contratos de mútuo com a UCCLA, facultando a exibição das obras de que são proprietários. A todos, um bem­‑haja!

Vitor Ramalho Secretário­‑Geral da UCCLA

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Introdução Com a presente exposição, intitulada Do que permanece, Arte contemporânea Brasil – Portugal, a UCCLA dá continuidade ao seu rumo cultural com iniciativas internacionais, em várias áreas estratégicas, que pretendem contribuir para a afirmação e o conhecimento recíproco das diferentes culturas de expressão oficial em Língua Portuguesa. No vetor da promoção da literatura em língua portuguesa destacamos a realização anual dos Encontros de Escritores de Língua Portuguesa (EELP) (já com oito Encontros realizados em diferentes continentes, no Brasil, Angola, Cabo Verde, Macau/China) e a realização anual do Prémio de Revelação Literária UCCLA, Novos Talentos, Novas Obras em Língua Portuguesa (que, nas suas quatro edições, se consolidou como o maior prémio de revelação, a nível de candidaturas, de todo o espaço da Língua Portuguesa, tendo em 2019, para além dos 8 países, recebido candidaturas de mais 13 países em todos os continentes). Do que permanece enquadra­‑se no atual programa UCCLA de exposições coletivas de artes plásticas contemporâneas dos países de Língua Portuguesa. Realizamos dois tipos de exposições coletivas: as temáticas, que promovem o conjunto de todos os países de Língua Portuguesa (como no caso das anteriores: Conexões Afro­‑Ibero­‑Americanas, com curadoria de Carlos Cabral Nunes, em 2017, e Frente, Ver‑ so e Reverso, com curadoria de Adelaide Ginga, em 2018); e as organizadas por país, iniciadas com Angola – a exposição Artes Mirabilis (com curadoria do jovem artista plástico Lino Damião, no primeiro trimestre de 2018), seguindo­‑se agora o Brasil, com a exposição Do que permanece, Arte contemporânea Brasil – Portugal, que pretende

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contribuir para um melhor conhecimento das novas expressões artísticas e do diálogo que autores das últimas duas décadas têm desenvolvido entre o Brasil e Portugal. Muito agradecemos a curadoria principal da jovem Carolina Quintela e o acompanhamento da curadora da UCCLA, Adelaide Ginga (curadora do Museu Nacional de Arte Contemporânea do Chiado). De sublinhar que, para além do elevado nível artístico das obras apresentadas, algumas destas exposições contribuíram igualmente para o aprofundamento do relacionamento entre alguns dos países representados, tendo algumas delas sido inauguradas pelo Presidente da República de Portugal e por alguns ministros de governos lusófonos. Todas as exposições referidas tiveram grande impacto entre as respetivas comunidades presentes em Portugal. Nos próximos anos daremos seguimento a exposições sobre os outros Países de Língua Portuguesa. Em outubro será a vez de Macau/China, pois, para além dos cinco séculos de vivência da língua portuguesa em Macau, a cidade foi uma das fundadoras da UCCLA. De referir ainda a feliz coincidência de, neste ano de 2019, se comemorarem os 40 anos do estabelecimento das relações oficiais entre Portugal e a República Popular da China. Continuaremos, em 2020, com uma exposição sobre a arte contemporânea de Cabo Verde. Do que permanece, Arte contemporânea Brasil – Portugal apresenta­‑nos 32 obras, da autoria de 22 artistas1, dos quais cerca de metade são brasileiros e os outros são portugueses. Estas obras são propriedade de vários colecionadores e de artistas, a quem muito agradecemos a gentileza da cedência das suas peças2.

Ver a lista com o nome dos 22 artistas identificados neste catálogo. Ver a lista com o nome dos colecionadores e artistas identificados neste catálogo.

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Ao contrário das anteriores exposições realizadas pela UCCLA, Arte contemporânea Brasil – Portugal centrou­‑se exclusivamente na produção artística mais recente, em especial das duas últimas décadas. Abrange uma multiplicidade de técnicas, da pintura à fotografia, da escultura ao vídeo, refletindo diferentes mundos oníricos e diferentes sensibilidades artísticas, de complexa e dialética relação entre a individual perceção e afirmação identitária, bem como a memória coletiva/individual do que permanece. Estão representados artistas com interação Brasil – Portugal, de experiências mais ou menos curtas, como são as participações em bienais de artes (como a de São Paulo) ou de residências artísticas em espaços que evocam a ancestralidade ou ruturas contemporâneas. A expressão artística não pode deixar de refletir as complexas conexões entre espaço e tempo e as respetivas tradições performativas, nomeadamente africanas, americanas e europeias. As memórias de múltiplas vivências contribuem para a reflexão sobre o papel do ser humano neste mundo em mudança. Algumas das questões de cidadania, levantadas por algumas das obras presentes nesta exposição, chamam a atenção para temas muito atuais e prementes, como sejam os ambientais (nomeadamente de preservação das florestas), da utilização sustentável dos recursos naturais pelas sociedades contemporâneas, fazendo­‑nos refletir sobre a relação imanente e natural entre a arte, a sociedade e as respetivas práticas políticas3. Algumas obras assinalam diferentes perceções dos conflitos do passado colonial. Queremos contribuir para a reflexão critica desse passado e destacar as potencialidades da construção conjunta de um futuro partilhado. Sabemos igualmente que os complexos mecanismos de circulação e legitimação das obras de arte se inscrevem, como diria Pierre Bourdieu, numa esfera mais alargada das relações de poder4. Neste contexto, a UCCLA reafirma o respeito pela diversidade, quer da sensibilidade dos artistas, quer das diferentes

Alguns especialistas referem – “A imagem (desenhada, pintada, impressa, esculpida, fotografada…) surge como um dos meios preferenciais de divulgação de ideias e conceitos que enformam as representações ideológicas e as práticas políticas, servindo­‑se de processos específicos de seleção, exclusão ou enfatização [Teresa Pereira (“Lusofonia e artes plásticas: Discursos, práticas e trânsitos” In: Interfaces da Lusofonia, coordenação de Moisés Martins, Rosa Cabecinhas, Lurdes Macedo & Isabel Macedo, ed. Centro de Estudos de Comunicação e Sociedade, Universidade do Minho, 2014), citando Massironi, M., Ver pelo Desenho. Lisboa, Edições 70, 1989]. 4 Bourdieu, Pierre, O Poder Simbólico, Lisboa, Difel,1989. 3

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expressões culturais, como uma mais­‑valia no presente e no futuro, considerando­‑as uma grande riqueza dos nossos Povos e importantes elementos na criação de laços culturais. Gostaria de destacar a coerência do discurso da curadoria de Do que permanece, Arte contemporânea Brasil – Portugal, que é da responsabilidade de Carolina Quintela, com o apoio da curadora Adelaide Ginga, a quem muito agradecemos a criatividade e o empenho. Podemos assim contemplar e avaliar, num percurso expositivo previamente planeado, obras que refletem a pulsão individual dos artistas, influenciando a renovação da criação artística e o lançamento de múltiplas propostas, por vezes de contraditórias perceções, mas sempre projetando no Futuro novas linhas de desenvolvimento artístico. Obras que questionam o observador, algumas pela utilização de materiais não nobres ou clássicos que, retirados do seu uso quotidiano através de um processo criativo, dão origem a novas obras de arte5. Destacamos o papel fundamental da multiplicidade de memórias, de perceções, de abordagens artísticas e de problematização de caminhos na criação de pontes entre identidades partilhadas e reinventadas, num mundo mais sustentável e justo. Rui Lourido Coordenador Cultural da UCCLA

Ver o texto da curadora Carolina Quintela, nas páginas seguintes deste catálogo, que faz igualmente o enquadramento das obras expostas.

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Do que permanece

Arte Contemporânea Brasil Portugal

Do que permanece. Arte Contemporânea Brasil Portugal, surge na sequência do convite de Adelaide Ginga, coordenadora curatorial, e como resposta ao desafio lançado pela UCCLA (União das Cidades Capitais de Língua Portuguesa), dando seguimento a uma programação já existente de exposições dedicadas aos países lusófonos, sendo esta dedicada ao Brasil. Tendo como principal objetivo a promoção de diálogos interculturais assentes no aprofundamento e estreitamento do conhecimento do património cultural destes países, o presente projeto curatorial cumpre assim a intenção de explicitar de que forma a memória, associada à experiência e à vivência dentro deste binómio relacional, Portugal – Brasil, se evidencia no campo das artes plásticas e nos discursos artísticos contemporâneos de relevância. Refletindo sobre a relação territorial com mais de cinco séculos entre Portugal e o Brasil, este projeto corresponde ao enfatizar das ligações históricas, da celebração e valorização deste vínculo incontornável no sentido de procurar entender as sinergias, pontes e intercâmbios criados ao longo dos anos. Neste contexto, e com especial foco em obras de arte que muito têm contribuído para o questionamento e desenvolvimento

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artístico no panorama da contemporaneidade, o desdobramento de possíveis afinidades de expressão assim como o carácter crítico e potencialmente provocador inerente, esta exposição reúne uma seleção de obras de artistas de nacionalidade brasileira com representação em galerias e em coleções institucionais e privadas em Portugal, assim como de artistas portugueses que, no seu percurso, tiveram contacto com o Brasil, nomeadamente em residências artísticas. São exemplos as residências artísticas FAAP e PIVÔ, em São Paulo, Brasil. Esta mostra reúne no total 22 artistas e 32 obras, bastante recentes, apresentadas numa pluralidade de mediuns e suportes sem evidenciar nenhum em específico, pretendendo­‑se obter uma visão alargada sobre as várias intenções e escolhas inerentes à formulação específica do pensamento de cada artista. Tendo, deste modo, acesso a abordagens distintas, é importante referir que cada discurso expositivo contém a possibilidade de um novo olhar sobre as obras, quer individualmente, quer no seu conjunto, facilitando também novas possibilidades de engajamento e contribuindo assim para uma possível renovação de vínculos e reflexões.

Do que permanece Do que permanece, título da presente exposição, refere­‑se ao que fica, ao que reside e ao que se renova numa continuidade associada à experiência enquanto construção de memória – o importante é aquilo que resiste, a vivência da travessia e da passagem, o que subsiste e se permeia ao movimento de armazenamento e recuperação, retenção e codificação, fugacidade e densificação – da construção do pensamento à obra de arte.

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Dentro do arquétipo que constrói a própria linguagem artística individual subentende­ ‑se provir de uma continuidade temporal, que reúne em si Passado pela lembrança da experiência, Presente pela presentificação da memória e Futuro como indício de continuidade. Trata­‑se assim de um desdobramento também da memória partilhada e coletiva ancorada numa historicidade que é inerente a essas mesmas ligações entre estes dois países, e que é comum a todos, e dessa experiência individual de cada um, da forma como cada artista se relaciona e apreende o mundo. A memória, enquanto testemunho de experiência associado a um tempo que se renova pela recordação, é intrínseca à existência e ao pensamento humano e a sua importância dá­‑se na contextualização e na perpetuação do vestígio. Nestes mesmos moldes, pretende­‑se também que esta exposição ressoe na própria experiência/memória subjetiva do espectador enquanto ativador da obra de arte e amplificador do questionamento a partir da qual se torna possível a expansão do conhecimento. Neste sentido, a exposição apresenta­‑se sob núcleos que premeiam esse mesmo exercício da memória, o qual pressupõe a retenção do facto recordado e a sua reminiscência pelo reconhecimento e re­‑conexão.

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Arte Contemporânea Brasil Portugal Num primeiro momento podemos encontrar obras de artistas que se dedicam à apreensão do natural, em que, de uma forma mais ou menos mimética e nas várias valências estéticas, a valorização da natureza como meio primordial de expressão se faz notar ao mesmo tempo que nos dá acesso ao núcleo mais aberto da exposição. A primeira obra apresentada, “Folha seca de palmeira #3 (Jardim de Burle Marx)”, que data de 2017­‑2018, da artista portuguesa Gabriela Albergaria, assume a exploração da natureza através do desenho. O vestígio, o estudo detalhado e a catalogação da memória material e cromática das folhas secas do jardim compõem uma instalação que acondiciona a impressão da experiência com a natureza envolvente transposta para o espaço expositivo.

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Gabriela Albergaria Folha seca de palmeira #3 (Jardim de Burle Marx) 2017­‑18 Lápis sobre papel (Heritage Wood Free, 315 gsm, John Purcel), algodão, linha e pregos de latão 360 x 55 cm Galeria Vera Cortês

Cortesia da artista e Galeria Vera Cortês Fotografia de Bruno Lopes


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Pedro Vaz Atlântica 2015 Acrílico sobre madeira 140 x 200 cm (Artista) Pedro Vaz

Numa abordagem introspetiva surge a obra “Atlântica”, 2015, do artista Pedro Vaz. Uma pintura sobre madeira e sob um método pictórico muito específico, parece dar­‑nos acesso à visão subconsciente do lugar num princípio de imersão e confronto com forças inversas à do mundo do imediatismo. Não sendo uma representação figurativa na sua aparência, a emoção associada à experiência com a natureza é o que prevalece.

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Efrain Almeida Galho (Alcino) 2017 Bronze e pintura a óleo 31 x 8 x 54 cm Galeria Graça Brandão Cortesia Galeria Graça Brandão

Por outro lado, o escultor brasileiro Efrain Almeida faz­ ‑se valer da memória do espectador para que as suas esculturas sejam ativadas. Geralmente em materiais associados à manufatura artesanal e envoltas em significados emocionais, o nível de detalhe e rigor mimético, assim como a escala que adquirem, apelam à aproximação, como é o caso da obra apresentada nesta exposição, “Galho (Alcino)”, datada do ano de 2017. A representação fiel de um pequeno galho, em bronze pintado, que parece assentar sobre a ideia de simulacro e jogo de aparências.

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Luís Zerbini Livro de artista 2016 103,5 x 78,5 cm Galeria Graça Brandão

Luiz Zerbini, artista de nacionalidade brasileira, surge representado nesta exposição com um “Livro de Artista”, de 2016, reforçando a ideia de recolha, vestígio, registo, impressão e intervenção perpetuada num espaço específico de exploração e pensamento artístico individual.

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Luís Zerbini Livro de artista 2016 103,5 x 78,5 cm Galeria Graça Brandão



Inês Norton Displaced forest 2017 Plástico e plantas artificiais 90 x 120 cm Coleção Figueiredo Ribeiro – Quartel da Arte Contemporânea de Abrantes

A artista portuguesa Inês Norton, que tem vindo a desenvolver trabalho sobre os pressupostos do impacto do Homem no planeta e sobre a sustentabilidade ambiental, através da obra escultórica “Displaced Forest”, 2017, alerta­‑nos para uma sociedade que se torna cada vez mais artificial. A instalação é constituída por vários elementos de plástico representativos de folhas e alusivos ao uso abusivo desse mesmo material e à forma como a deslocação e descontextualização das florestas nos tem vindo a afastar das ligações mais primordiais e importantes, tão pertinentes nos dias que correm.

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Numa segunda parte, a exposição estende­‑se à temática da cidade, do território e do aspecto urbano/industrial deste binómio de ligações entre Portugal e o Brasil.

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Rodrigo Oliveira Plataforma #1 (Modelo para uma Catedral) 2015-2016 Madeira, cimento, estrutura de metal, plástico e tintas 120 x 75 x 100 cm Coleção Lúcia Bertazzo

O artista português Rodrigo Oliveira, dentro de uma investigação que tem vindo a desenvolver nos últimos anos sobre a arquitetura modernista, ancorada em preocupações estéticas e históricas, sociais e políticas, apresenta uma obra que é disso exemplo: a escultura “Plataforma #1 (Modelo para uma Catedral)”, 2015­‑2016, que parece enquadrar­‑se numa espécie de reminiscência formal da Catedral de Brasília do arquiteto Óscar Niemeyer, espaço desenhado como demonstração de poder religioso.

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André Cepeda Untitled, São Paulo #1 2012 Impressão jato de tinta sobre papel fine art 126 x 160 cm Coleção Privada | Armando Martins

Dentro de um esquema de perceção e apreensão singular do lugar encontramos também o artista português André Cepeda, com a obra fotográfica “Untitled, São Paulo #1”, 2012, elaborada durante a sua residência artística em São Paulo. A descoberta do espaço e deste novo território constituí a experiência como parte integrante e ativadora, surgindo o registo fotográfico como multiplicidade quase instantânea de recordações, assim como da persistência das próprias impressões do lugar tornando­‑se guias desse mesmo percurso.

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Adriano Amaral Sem título 2019 Silicone, espuma espansiva, aço galvanizado, fragmentos de tela lcd, raízes, formigas, sementes de papoila e pó de alumínio 34x26 cm (Artista) Adriano Amaral

Assente numa reflexão crítica em torno da natureza dos materiais e numa espécie de elaboração não planeada de “novas arqueologias”, o artista brasileiro Adriano Amaral apresenta duas composições, “Sem título”, 2019, que apelam a uma vertente corpórea que aprisiona e submerge parcialmente objetos e matérias diversas. Obras constituintes de uma atitude contra a hierarquização dos próprios materiais, procura a convivência contemporânea entre a organicidade e o industrial em que todos estes objetos decorrem de uma afinidade e investigação constante por parte do artista.

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Adriano Amaral Sem título 2019 Silicone, espuma espansiva, aço galvanizado, fragmentos de tela lcd, fio elétrico, espinhos de ouriço, cadarço e pó de alumínio 34x26 cm (Artista) Adriano Amaral

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Bruno Cidra Sem título - da série Mexicano 2016 Ferrugem e patine de bronze sobre objetos de papel, corda e latão. Dimensões variáveis (Artista) Bruno Cidra

Num movimento que se compõe em reorganizações espaciais no confronto com a arquitetura e na tensão com a reconfiguração dos pressupostos clássicos do desenho, agora tornado escultura, Bruno Cidra, artista português, apresenta o trabalho escultórico “Sem título – da série Mexicano”, de 2016. Uma instalação que resulta de um pensamento resgatado da sua experiência na residência artística que realizou em São Paulo, em 2013, e que se desdobra nas polaridades da resistência/fragilidade, permanência/efemeridade e peso/ leveza tanto quanto na própria natureza antagónica existente entre o papel e o ferro. Objetos obsoletos latentes de uma memória são em potência um vínculo para o retorno ao lugar experienciado, uma vez que o espaço expositivo é agora habitado por objetos ressurgidos ou possibilidades de outros passíveis de encontrar nesse mesmo lugar.

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Bruno Cidra Depósito Mexicano 2013 Impressão jato de tinta sobre papel fine art 22,5x30 cm. Edição única. (Artista) Bruno Cidra

Ainda dentro deste corpo de trabalho, a fotografia “Mexicano”, do ano de 2013 e pela primeira vez apresentada, surge como memória referencial do lugar e da presentificação da experiência modeladora da obra deste artista – o antigo ferro­‑ velho com o nome que dá título à obra, em São Paulo, Brasil.



Vick Muniz Rolleiflex – Pictures of Junk 2010 Fotografia 180,3 x 213,4 cm Museu Coleção Berardo

No campo da exploração dos materiais por via da sua deslocação aparente, é impossível não refletir sobre a obra do artista Vik Muniz. Trabalhos resultantes de composições acumulativas estudadas e delineadas em enormes instalações com os mais variados materiais, em que a fotografia se assume como produto final e é ao mesmo tempo o testemunho de processo artístico. É o caso da obra que faz parte da exposição, “Rolleiflex – Pictures of Junk”, de 2010.



Adriano Costa Untitled 2017 Papel, tubo de plástico, metal e cinzeiro 9 x 12,5 x 20,5 cm Galeria Nuno Centeno

Na decorrência da própria reflexão do valor dos materiais e principalmente do questionamento do que faz um objeto transformar­‑se numa obra de arte, a nuance de humor e ironia trágica ocorre na relação de materiais improváveis na subversão dos sistemas e valores da cultura brasileira. É o caso de “Untitled”, 2017, do artista brasileiro Adriano Costa.

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Nelson Leirner Yes, nós temos bananas 2005 Técnica mista Dimensões variáveis Galeria Graça Brandão

Este mesmo carácter subversivo adjacente às questões relacionais e reflexivas estendidas sobre cada um de nós, e dentro do binómio proposto para esta exposição, apresenta­‑se como ponto de paragem já indiciado pela obra anterior um núcleo expositivo que tem como foco a instalação do incontornável artista brasileiro Nelson Leirner. “Yes, nós temos bananas”, datada do ano de 2005, é uma instalação resultante da continuidade de um trabalho que teve o seu início nos anos 60 em que artista reflete sobre a indissociabilidade do espectador e obra num movimento de ativação e reconhecimento. Esta instalação consiste formalmente numa organização sistemática e ritmada de máscaras de macacos dispostos na parede e abaixo delas uma composição de objetos alegóricos à ideia fundamental e transcendente do valor dos brinquedos defendida por Leirner. Os brinquedos, na sua teoria artística, preparam a criança para o futuro e apaziguam ansiedades; o ato de brincar desvincula­‑a do mundo, tornando­‑a livre e desperta pela surpresa e descoberta, residindo aí o fascínio pela repetição, pelo jogo, movimento e ritmos primordiais.





João Pedro Vale + Nuno Alexandre Ferreira Pra não dizer que não falei das flores 2015 Flores de tecido sobre tecido e bordado 120 x 185 cm Coleção Bernardo Abreu

Num penúltimo núcleo podemos encontrar obras que têm subjacente a intenção de explicitar o reverso, sendo este reverso entendido como a realidade mais dura e potencialmente trágica. Todas as questões advêm de um passado histórico comum assim como um passado recente que, de alguma forma, nos dois países, tende a repetir­‑se no tempo. “Pra não dizer que não falei das flores”, 2015, dos artistas João Pedro Vale e Nuno Alexandre Ferreira, é uma obra que invoca, pelo seu simbolismo subjacente e intrínseco, um período muito negro da história do Brasil, a ditadura militar que decorreu entre os anos de 1964 e 1985. O título da obra é coincidente com o título de uma canção escrita e interpretada pelo brasileiro Geraldo Vandré que se tornou hino de resistência por parte do movimento civil e estudantil de oposição. Parece ser possível estabelecer um paralelismo com a mesma carga histórica em Portugal, associando também assim às flores a liberdade.



Dora Longo Bahia A polícia vai, a polícia vem 2018 Acrílico sobre vidro laminado quebrado 20 x 40 cm série Galeria Pedro Cera

A reflexão sobre o modo operante das forças instituídas e da expressão reativa sobre essas mesmas forças é objeto de estudo da artista brasileira Dora Longo Bahia. Dentro de uma arquitetura estética interventiva, a artista tem vindo a explorar e a “denunciar” comportamentos distorcidos desenvolvidos para suprimir forças de resistência. “A polícia vai, a polícia vem”, 2018, retrata a luta contra as forças invisíveis que proliferam medo e insegurança representadas pelas várias polícias especiais, sendo que no Brasil a polícia especial de intervenção instituída é a “Choque”.

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Marcelo Cidade A Grande Mesóclises 2018 Azulejos 196 x 0,3 x 121 cm Coleção Luzia Ribeiro Fotografia de Bruno Lopes

Por sua vez, o artista brasileiro Marcelo Cidade, na sua obra “A Grande Mesóclises”, 2018, revela a dissimulação do lado corrupto e corruptível da fraude. Para essa explicitação, o artista recorre à execução da obra por artesãos portugueses, em Lisboa, pondo em evidência a possível tensão em torno das questões da autoria, apropriação, adulteração e farsa. O painel de azulejos, inserido dentro de uma memória coletiva e relação histórica, denuncia um ato criminoso sob uma nova configuração.

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Pedro Neves Marques A arte que faz mal à vista 2018 17’55” vídeo, cor, som, idioma: português e guarini Com: Joana Gorjão Henriques, Mamadou Ba, Marta Lança, Joacine Katar Moreira, Flávio Almada, Susana de Matos Viegas, Zahy Guajajara. Produzido por Catarina de Sousa e Pedro Neves Marques. Imagem: Lisa Persson. Som: Nuno da Luz. Estúdio de Pós-Produção: Kino Sound Studio (Artista) Pedro Neves Marques

Apresentado pela primeira vez em 2018, o filme­ ‑manifesto, “A arte que faz mal à vista”, do artista português Pedro Neves Marques, evidencia também ele uma ação adulterada de uma realidade que está ainda hoje latente e pareceu ressurgir pela ocasião de uma manifestação pacífica em torno de uma escultura inaugurada em Lisboa, em 2017. Essa escultura pública consiste na representação figurativa do Padre António Vieira e umas crianças indígenas. Estas emergências resultam num debate sobre monumentos e símbolos públicos que lembram o passado colonial português e que reúne neste filme o testemunho de diversas personalidades envolvidas em questões de justiça social, racismo e memória histórica.

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Alex Flemming Gramática do Instante e do Infinito 2017 Fotografia impressa sobre alumínio 41 x 41 cm série Coleção de Lúcia Bertazzo

Finalmente, o último núcleo expositivo reúne obras que expressam relações de identidade referentes à memória individual. Alex Flemming, artista brasileiro que tem vindo a explorar vários mediuns e novas tecnologias, trabalha sobre o espaço e o tempo na relação com o indivíduo. Os objetos “Gramática do Instante e do Infinito”, 2017, patentes na exposição, referem­‑se ao contexto envolvente das cidades do binómio em questionamento, Lisboa e Rio de Janeiro.



Alex Flemming Gramática do Instante e do Infinito 2017 Fotografia impressa sobre alumínio 41 x 41 cm série Coleção de Lúcia Bertazzo


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Ding Musa Da mesma cor 2011 Fotografia 30x30 cm série Coleção Privada

A obra “Da mesma cor”, 2011, do artista Ding Musa, reúne um conjunto de fotografias que promovem a reflexão sobre a identidade lusófona individual e o sentimento unificador que ultrapassa as diferenças. O recurso ao ColorChecker, Cartão de Cores, usado em fotografia, que apresenta um quadriculado com algumas das cores mais comuns do quotidiano, lembra que o olho humano é falível e que os referentes na mistura de cores permitem o equilíbrio.

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Rosana Ricalde Auto-Retrato (Vermelho), Poema de Augusto Massi 2004-08 Escrito em fita rotuladora 51 x 49,5 cm 3+1 Arte Contemporânea

Relativo à identidade, a artista brasileira Rosana Ricalde apropria­‑se do carácter identificador da fita rotuladora para nela imprimir, em formato de escrita, dois poemas­‑retratos, “Auto­‑Retrato (Azul), Poema de Cecília Meireles”, 2004­‑2008, e “Auto­‑Retrato (Vermelho), Poema de Augusto Massi”, 2004­ ‑2008.


Rosana Ricalde Auto-Retrato (Azul), Poema de Cecília Meireles 2004-08 Escrito em fita rotuladora 51 x 49,5 cm 3+1 Arte Contemporânea

A par da pintura, cujo formato conservou, os textos poéticos revelam traços privados de personalidade, dando­‑lhe, deste modo, visibilidade táctil assente numa intenção de proporcionar ao espectador uma experiência pictórica através da leitura.


Márcio Vilela Açude do Prata 2015 Fotografia 100 x 80 cm (Artista) Márcio Vilela

“Açude do Prata”, 2015, é a obra fotográfica do artista Márcio Vilela apresentada nesta exposição. Retrata a força e beleza da expansão natural, tendo também em si vinculada uma particularidade associada a um passado histórico de uma mulher portuguesa. Sobre a memória do lugar parece conferir­‑lhe um misticismo referente a esse passado. Desta fotografia é importante referir a própria experiência individual do artista e as tensões que circundam este lugar, tornando­‑o de difícil acesso. - 78 -



Reis Valdrez Escultura 2016 Impressão a jacto de tinta sobre papel 840 x 594 cm (Artista) Reis Valdrez

Do vestígio da passagem do tempo e da memória latente do lugar trata também a fotografia do artista português Reis Valdrez, “Escultura”, de 2016. Relata, deste modo, a passagem física e temporal, meios constituintes para a transformação escultórica do espaço envolvente na relação com o percurso e a vivência. - 80 -


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Diogo Bolota Maré vazia, Vista da cobertura da Galeria Prestes Maia desenhada pelo Arquitecto Paulo Mendes da Rocha, Praça do Patriarca, São Paulo 2019 Impressão a jacto de tinta sobre papel 31,72 x 56,44 cm (Artista) Diogo Bolota

Por fim, o artista português Diogo Bolota, na sua obra “Maré Vazia, Vista da cobertura da Galeria Prestes Maia desenhada pelo Arquitecto Paulo Mendes da Rocha, Praça do Patriarca, São Paulo”, de 2019, revela o mais recente testemunho de movimento e efetivação da travessia e da passagem transatlântica. A chegada e o prenúncio da experiência. O artista português está presentemente na FAAP, em São Paulo, Brasil.

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Agradecimentos É importante mencionar e agradecer aos artistas que gentilmente aceitaram fazer parte desta exposição, assim como às galerias, instituições e colecionadores pela disponibilidade. À equipa da UCCLA pelo empenho na concretização deste projeto e, finalmente, à Adelaide Ginga pela confiança e generosidade. Carolina Quintela


biografias

Adriano Amaral [BR] Adriano Costa [BR] Alex Flemming [BR] André Cepeda [PT] Bruno Cidra [PT] Ding Musa [BR] Diogo Bolota [PT] Dora Longo Bahia [BR] Efrain Almeida [BR] Gabriela Albergaria [PT] Inês Norton [PT] João Pedro Vale [PT] Luiz Zerbini [BR] Marcelo Cidade [BR] Márcio Vilela [BR/PT] Nelson Leirner [BR] Nuno Alexandre Ferreira [PT] Pedro Neves Marques [PT] Pedro Vaz [PT] Reis Valdrez [PT] Rodrigo Oliveira [PT] Rosana Ricalde [BR] Vik Muniz [BR]



Adriano Amaral 1982 – Ribeirão Preto, Brasil

Adriano Amaral desenvolve um processo artístico alquímico, empregando materiais sintéticos e orgânicos, além de vídeo, luz e som. Os materiais e objetos presentes nos seus trabalhos formam raras combinações que negam uma lógica hierárquica e atuam de forma a descontextualizar espaços arquitetónicos através da presença física do espectador. Depois de concluir o seu mestrado no Royal College of Art, de Londres, em 2014, Adriano fez uma residência artística em 2016 no De Atelier, Amsterdão, e recebeu o Mondriaan Fonds Work Contribution Proven Talent em 2017. As suas mais recentes exposições incluem projetos a solo na Vleeshal Zusterstraat, Holanda, na Bielefelder Kunstverein, Alemanha, e na Galeria Jaqueline Martins, em São Paulo, Brasil. Exposições coletivas incluem projetos no Sixty Eight Art Institute, Copenhague, no Museu de Arte Moderna de Moscovo e no Beelden Aan Zee, em Haia, Holanda.

Adriano Costa 1975 – São Paulo

Na busca pela inspiração, Adriano Costa concentra­‑se no potencial narrativo da vida quotidiana, o fluxo de elementos compostos de objetos comuns, domés-

ticos e remanescentes que ele justapõe e alude a composições essenciais, com uma forte dimensão poética. O artista investiga os diferentes aspetos do visível e da natureza dos materiais, combinando solidez e fragilidade e justapondo formas, motivos e cores para criar progressões geométricas com qualidades musicais, ritmos intuitivos e espontâneos, orgânicos e vitais. As suas obras expressam, no seu equilíbrio formal e postura anti­‑monumental, uma posição crítica sobre o mundo contemporâneo. Participou em numerosas coletivas: “Under the Same Sun: Art from Latin America Today”, Galeria South London, Londres (2016); “Desenhe Pénis Voador / Buceta Contra a Gentrificação”, White Cubicle Toilet Gallery, Londres (2015); “Imagine o Brasil”, Astrup Fearnley Museet, Oslo, Noruega (2013/2014); “Correspondências”, Instituto Tomie Ohtake, São Paulo (2013); “Convite à Viagem”, Rumos Artes Visuais, Itaú Cultural, São Paulo (2012/2013); “April”, Sadie Coles HQ, Londres (2013); “Time Space Poker Face”, Be­‑Part, Waregen (2013) e “My­ thologies”, Cité Internationale des Arts, Paris (2011). Realizou exposições individuais como “Mar Morto Provisório”, Galerie Krinzinger, Viena, Áustria (2013); “Crise não importa se você me ama”, Nuno Centeno, Porto (2012); “Plantation”, Mendes Wood DM, São Paulo (2012). - 87 -

Alex Flemming 1954 – São Paulo

Vive e trabalha em Berlim. Autodidata em Artes, estudou Arquitetura e Urbanismo em São Paulo, e Cinema na FAAP. Ganhou a Bolsa Fulbright do governo americano e viveu em Nova Iorque de 1981 a 1983, realizando o projeto “Nudez Masculina e Feminina de uma Maneira Foto­‑Abstrata”, no Pratt Intitute. Expõe individualmente desde 1980, destacando­‑se: Fundação Calouste Gulbenkian, Lisboa (1988); Galeria Tammen & Busch, Berlim (1992); Galeria 111, Lisboa e Porto (2000); Centro Cultural Banco do Brasil, Brasília (2004); Galeria Blickensdorff, Berlim (2007); Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro (2008); OMC, Genebra (2010); Museu Nacional de Belas Arte, Santiago do Chile (2011); Museu Olímpico, Lausana (2015); Retrospectiva Museu de Arte Contemporânea, São Paulo (2016). Participou em várias coletivas, como as Bienais de: São Paulo (1981,1983,1991), Havana (1986, 1997), Curitiba (2000), Mercosul (2001), Fim do Mundo, Ushuaya (2007), e Panorama de Arte Brasileira, Museu de Arte Moderna de São Paulo (1980, 1984, 1986, 1989). Está representado em coleções públicas, como: Museu de Arte de São Paulo; Museu Nacional de Belas Artes, Rio de Janeiro; Berlinische Galerie, Berlim; Casa de las Americas, Havana; Fundação Gulbenkian, Lisboa; Museu de Arte de Brasília. Tem três obras públicas no Brasil: Esta-


ção CPTM de Santo André, Estação Sumaré do Metro de São Paulo e fachada da Biblioteca Mário de Andrade, São Paulo.

André Cepeda

ternacional de Arquitetura – La Biennale di Venezia; Museu de Serralves; MNAC – Museu Nacional de Arte Contemporânea; Museu Oscar Niemeyer, Caixa Cultural, Rio de Janeiro, e Museu de Arte de São Paulo. Vive e trabalha em Lisboa.

1976 – Coimbra

André Cepeda é fotógrafo e vem desenvolvendo vários projetos com a paisagem portuguesa contemporânea como temática. Começou a expor e a publicar em 1999, ano em que recebeu uma bolsa para uma residência no Espace Photographique Contretype, em Bruxelas, Bélgica. Em 2007 foi nomeado para o Prémio EDP Novos Artistas e, em 2010, para o BESPhoto, em Lisboa. Em 2011 foi um dos nomeados para o Paul Huf Award, Foam Fotografiemuseum Amsterdam, realizou uma residência artística de três meses em São Paulo, Brasil, com o apoio da Fundação Calouste Gulbenkian e da FAAP e, em 2012, publicou o livro Rua Stan Getz. Em 2016 recebeu o prémio do Atelier­‑Museu Júlio Pomar/ EGEAC, com uma residência artística na Residency Unlimited, Nova Iorque, EUA. Tem exposto em galerias, museus e instituições em vários países: Faulconer Gallery, Grinnell, Iowa, EUA; House of Photography, Hamburgo; CGAC – Centro Galego de Arte Contemporánea, Santiago de Compostela; Calouste Gulbenkian Foundation, Paris; Cristina Guerra Contemporary Art, Lisboa; Benrubi Gallery e Fridman Gallery, Nova Iorque, EUA; Representação Oficial Portuguesa na 16ª Exposição In-

Bruno Cidra 1982 – Lisboa

Licenciado em Escultura pela Faculdade de Belas Artes da Universidade de Lisboa, cidade onde vive e trabalha, expõe regularmente desde 2006. Destacam­‑se as exposições Zinabre Azebre Azinha­ vre, Uma certa falta de coerência (Porto, 2016); Cortina, Galeria Quadrum (Lisboa, 2015); Conversas: Arte Portuguesa Re­ cente na Coleção de Serralves, curadoria de Suzanne Cotter e Ricardo Nicolau, Museu de Serralves (Porto, 2016), Sala dos Gessos, Fundação EDP/MAAT (Lisboa, 2016); “Canal Caveira”, Cordoaria Nacional de Lisboa (2015­‑2016); Crys­ tal Frontier, enBlanco Projektraum (Berlim, 2012); “Como proteger­‑se do tigre”, XVI Bienal de Cerveira, curadoria de Luís Silva e João Mourão, Kunsthalle Lissabon (2011); Afterthought, Irmaveplab, Reims, França, curadoria de Anja Isabel Schneider (2008), e Prémio EDP Novos Artistas, curadoria de João Pinharanda, Delfim Sardo e Nuno Crespo, Museu da Electricidade (Lisboa, 2009). Em 2017 esteve no programa de residência artística Pivô ­‑ Pesquisa, Edifício Copan, São Paulo, Brasil. Em 2014 foi o - 88 -

seleccionado pela Câmara Municipal de Lisboa para a Bolsa de Intercâmbio Artístico Lisboa­‑Budapeste, Budapeste, Hungria. Em 2013 foi bolseiro da Fundação Gulbenkian para uma residência artística na Fundação Armando Alvares Penteado (FAAP), em São Paulo, Brasil. Em 2009 foi finalista do Prémio EDP Novos Artistas no Museu da Electricidade, Lisboa, e em 2005 venceu o Prémio de Escultura D. Fernando II, Sintra.

Ding Musa 1979 – São Paulo

Fotógrafo profissional, vive e trabalha em São Paulo. Fez uma residência de arte em Cardiff, País de Gales (Reino Unido), em 2004. Trabalha com fotografia e direção de fotografia para cinema e tem fotografias publicadas em livros, revistas e catálogos. Fez a cenografia para a peça de teatro “As desgraçadas”. Participou em coletivas no Brasil, Espanha e Alemanha. Das exposições individuais, destacam­‑se: “Do discurso político brasileiro”, Galeria Raquel Arnaud (São Paulo, 2017); Working System, LAMB Arts (Londres, 2017); “Equações”, Galeria Raquel Arnaud (São Paulo, 2014); “Fronteira”, Carpediem (Lisboa, 2012); “Extensão – minha vista”, CA Hélio Oiticica (Rio de Janeiro, 2011); “Os buracos que nós cavamos”, Galeria Transversal (São Paulo, 2011). Ding tem obras em diversos museus no Brasil, como os Museus de Arte Moder-


na (MAM) de Salvador, São Paulo, Rio de Janeiro e Fortaleza; Museu do Estado do Pará (Belém); Salão de Arte em Ribeirão Preto e Fundação Cassiano Ricardo, São José dos Campos (São Paulo); Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo, do Paraná e de Goiás. Entre Prémios e Distinções, destacam­ ‑se: Aquisição, MAM, Rio de Janeiro (2007); Aquisição, Centro Dragão do Mar, MAC, Fortaleza (2007); Menção Honrosa, 11º Salão Paulista de Arte Contemporânea, MAC/USP (2006); Prémio Flamboyant Aquisição, MAC de Goiás (2005); Prémio Revelação, Casa Guignard, Ouro Preto (1995).

ciação 289 (2018, Faro), “Nome do meio”, na Moradia (2018, Lisboa), “Cidade Jardim”, na Galeria Diferença (2017, Lisboa), “Babel”, na Miguel Justino Contemporary Art (2015, Lisboa) e “Canto Chanfrado”, no Espaço Avenida 211 (2014, Lisboa). Participou em várias residências artísticas e estará, até junho de 2019, na Fundação Armando Alvares Penteado (FAAP), em São Paulo. O seu trabalho faz parte de algumas coleções privadas e está publicado na “Caixa Negra” (Saco Azul) e pela Editora da Fundação de Serralves. Em 2017, foi nomeado para o Novo Banco Revelação, Fundação de Serralves.

Diogo Bolota

Dora Longo Bahia

1988 – Lisboa

1961 – São Paulo

Diogo Bolota vive e trabalha em Bicesse, Lisboa. Em 2012, concluiu a licenciatura pela Faculdade de Arquitetura de Lisboa e, entre 2012 e 2013, frequentou e concluiu o MA Drawing pela University of the Arts of London. Tem vindo a expor o seu trabalho desde 2014. Individualmente, apresentou “Sinalefa”, no Mu.sa (Sintra, 2016), “Esgaravatar”, na Casa­‑Museu Medeiros e Almeida (Lisboa, 2016), “Objectar”, no Museu Geológico de Lisboa (2016) e “Sabotagem”, n’A Ilha no Maus Hábitos (Porto, 2015). Participou em exposições coletivas, das quais se destacam: “289”, na Asso-

Artista multimédia, trabalha, desde 1984, em cenografia, ilustração e performance. Concluiu a licenciatura em educação artística na Fundação Armando Alvares Penteado (FAAP), onde foi aluna de Nelson Leirner e onde lecionou pintura de 1994 a 2013. Nessa época produziu trabalhos de gravura em metal. Desde a década de 1990, a sua pintura revela a sua condição urbana em temas como violência, sexo e morte. Doutora em poéticas visuais na Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo (ECA/USP), leciona na mesma instituição desde 2013. Como resultado do seu pós­‑doutoramento, Dora Longo lança, em 2016, o seu pri- 89 -

meiro trabalho no cinema, o filme “Caso Dora”, na Galeria Vermelho, em São Paulo,. Participou na 6ª Bienal de Havana, no Centro de Arte Contemporâneo Wifredo Lam (1997), e integrou coletivas no Brasil, Argentina, Cuba, México, Holanda, França, Noruega, Suécia, Espanha, Alemanha e Índia. Realizou exposições individuais, como: “Choque”, Galeria Pedro Cera, Lisboa (2019); “Dora Longo Bahia: Os desastres da Guerra”, Pinacoteca do Estado, São Paulo (2017); “PROYECTO”, Bogotá, Colômbia (2016); “Felix Culpa”, Galeria Pedro Cera, Lisboa (2016); “Dora Longo Bahia”, Noname Gallery, Roterdão (2000); Cité Internationale des Arts, Paris (1998); “Dora Longo Bahia”, Galeria Luisa Strina, São Paulo (1991); Casa Triângulo, São Paulo (1989).

Efrain Almeida 1964 – Ceará

Efrain Almeida é escultor. No Rio de Janeiro desde 1976, inicia dez anos depois a sua formação artística na Escola de Artes Visuais do Parque Lage e, mais tarde, no Museu de Arte Moderna (MAM) do Rio de Janeiro. De entre os materiais que pesquisou, elegeu a madeira como matéria­‑prima principal dos seus trabalhos, compostos de pequenas esculturas. Trabalhou como ajudante do pintor Hilton Berredo (1954). A influência religiosa recebida na infância e o imaginário popular nordestino são temas presen-


tes nos seus trabalhos, com referência a ex­‑votos. Realiza a sua primeira exposição individual, “Objetos”, no Centro Cultural Sérgio Porto, no Rio de Janeiro, em 1993. Expõe em Portugal pela primeira vez em 1998, na Galeria Canvas, no Porto, e desde então participa com frequência em exposições individuais e coletivas no nosso país. Tem obras em importantes coleções públicas, como o Centro Galego de Arte Contemporânea, Santiago de Compostela, Espanha; MoMa (Nova Iorque); Toyota Municipal Museum of Art, Japão; ASU Art Museum, Universidade do Arizona (Estados Unidos); MAM de São Paulo, MAM Aloísio Magalhães (Recife), e MAC do Ceará. Efrain Almeida visita com frequência o nosso país, onde tem trabalhado principalmente na cidade do Porto.

Gabriela Albergaria 1965 – Vale de Cambra

Formou­‑se em Artes Plásticas na Faculdade de Belas Artes do Porto e vive e trabalha em Londres. A artista percebe os jardins como construções elaboradas, sistemas de representação e mecanismos descritivos e cria, com as imagens de jardins e de plantas que utiliza, diferentes versões do que percebemos como uma paisagem – um sistema complexo de estruturas materiais e hierarquias visuais, construções

culturais definidoras do nosso campo visual. Participou em residências, como: Residency Unlimited, Nova Iorque; Flora ars+natura, Bogotá; Künstlerhaus Bethanien, Berlim; Cité Internationale des Arts, Paris; The University of Oxford Botanic Garden, com The Ruskin School of Drawing and Fine Art, Oxford. Algumas exposições individuais: Inani­ mate Object, or a complete cycle of the soil, Sheffield Park and Garden, Reino Unido (2018); Pinch Pinch Pinch, Projeto “Intervenções”, Museu Lasar Segall, São Paulo (2018); “árvore compósita, 2017”, PORTA 14 Calçada do Correio Velho, Lisboa (2017); “Ah, Finalmente, Natureza”, Fórum Eugénio de Almeida, Évora (2015); Two Trees in Balance, Socrates Sculpture Park, Nova Iorque (2015); “Escalas de tempo”, Galeria Vera Cortês, Lisboa (2014); Invertir la Posición, Galeria Wu, Lima (2012); “ABRACADÁRVORE”, Museu de Arte Moderna (MAM), São Salvador da Bahia (2008). Está representada em diversas coleções: Coleção Norlinda e José Lima, Museu Nacional dos Açores e CAM da Fundação Calouste Gulbenkian, Portugal; Instituto Figueiredo Ferraz e MAM da Bahia, Brasil.

Inês Norton 1982 – Lisboa

Licenciada em Design de Comunicação pelo IADE, termina o curso na Pontifí- 90 -

cia Universidade Católica (PUC), Rio de Janeiro, no âmbito de um programa de intercâmbio (2005). Após a licenciatura, trabalha como designer de comunicação em Lisboa. Frequenta dois anos do curso de pintura no Ar.Co e realiza o Foundation Course na Slade School of Fine Arts, Londres (2008­‑2009). Entre 2010 e 2012, viveu em Luanda, Angola, onde lecionou expressão plástica no âmbito de um projeto de Apoio ao Desenvolvimento (ADPP), participando na Trienal de Luanda, “Geografias Emocionais – Arte e Afectos” (2010). Em 2012 concluiu o Programa de Estudos Independente na Maumaus, Escola de Artes Visuais, em Lisboa, cidade onde vive e trabalha como artista plástica. Apresenta regularmente o seu trabalho, destacando­‑se as exposições: “ArtAtack”, Chiado, Lisboa (2003); “Fragmentos”, Hibiscus Gallery, Lisboa (2006); Zoom in, Zoom Out, LxFactory, Lisboa (2010); Bienal de São Tomé e Príncipe (2013); Centro Cultural Português, Luanda (2014); Show me gallery, Barcelos (2017); Archivilization, CAAA, Guimarães (2018); Quartel de Arte Contemporânea de Abrantes – Coleção Figueiredo Ribeiro (2018). O seu trabalho está representado em coleções nacionais e internacionais: Sindika Dokolo Private Collection, Angola; CAC, Málaga, Espanha; Instituto Camões, Angola; Coleção Figueiredo Ribeiro – Quartel de Arte Contemporânea de Abrantes; Coleção Museu Bienal de Cerveira.


Em 2017, participou na XIX Bienal de Cerveira e ganhou o prémio Artista Revelação.

João Pedro Vale 1976 – Lisboa

Vive e trabalha em Lisboa. Estudou Escultura na Faculdade de Belas Artes de Lisboa e na Escola Maumaus de Artes Visuais (2000). Participou em residências artísticas, como: National Sculpture Factory, Cork, Irlanda (2002); International Studio and Curatorial Program, Nova Iorque (2008); Cité International des Arts, Paris (2018). João Pedro Vale recebeu o Prémio de Escultura, City Desk, Portugal, em 2004. O seu trabalho foi apresentado em diversas exposições tanto em Portugal como no estrangeiro. Entre as mais recentes, destacam­‑se as individuais na Galeria Leme, São Paulo; P­‑Town, NurtureArt, Nova Iorque, e Galeria da Boavista, Lisboa.

Luiz Pierre Zerbini 1959 – São Paulo

Artista multimédia. Ainda criança, estudou pintura com Van Acker (1931­‑2000), mais tarde fotografia com Carlos Moreira e aguarela com Dudi Maia Rosa. Entre 1978 e 1980, frequentou o curso de artes plásticas da Fundação Armando Alvares Penteado (FAAP), em São Paulo. No

início da década de 1980 mudou­‑se para o Rio de Janeiro, passou a trabalhar como cenógrafo do grupo de teatro “Asdrúbal Trouxe o Trombone” e fez performances em bares cariocas em parceria com Regina Casé. Fez a sua primeira exposição individual em 1982, na Casa do Brasil, em Madrid (Espanha). Ocupa parte do Salão Nacional de Artes Plásticas no Rio de Janeiro e recebeu uma Referência Especial do Júri, em 1985. Participou na 19ª Bienal Internacional de São Paulo, em 1987. Integrante da “Geração 80”, as suas primeiras obras são pinturas, mas depois trabalha com escultura, vídeo, desenho e fotografia. Em 1995, recebeu o grande prémio da crítica na categoria Artes Visuais da Associação Paulista de Críticos de Arte (APCA). Nesse mesmo ano, criou, com o artista Barrão, o editor de vídeo e cinema Sérgio Mekler e o produtor musical Chico Neves, o grupo “Chelpa Ferro” (expressão arcaica que significa dinheiro), que se dedica à escultura, instalações tecnológicas e música eletrónica.

Marcelo Cidade 1979 – São Paulo

Vive e trabalha em São Paulo. Com um trabalho frequentemente informal e subversivo, questiona os paradigmas e ideais da arquitetura modernista. Apropriando­‑se de espaços urbanos, cria novas linguagens e altera ideias preconcebidas sobre - 91 -

o espaço, produzindo uma “estética de resistência” que explora conflitos, transportando símbolos e situações da rua para espaços dedicados à arte. Expõe individualmente desde 2005: “Ateu x Cidade”, Grapixo Vandal Shop, São Paulo, e “Entre sem bater”, Base 7, São Paulo. Exposições mais recentes: “Quando acidentes se tornam formas”, Galeria Múrias Centeno, Lisboa, 2016, e “A falha da farsa”, Galeria Bruno Múrias, Lisboa, 2018. Participou de inúmeras coletivas, desde 2000, no Brasil e outros países, como Portugal, Alemanha, Espanha, França, Holanda, Itália, Polónia, Reino Unido, Estados Unidos, Colômbia, Cuba, México e China. Participações mais recentes: “Primeiro Festival de Artes Sino Português”, Macau, China (2018), e Festival “Do Disturb!”, Palais de Tokyo, Paris (2018). Recebeu os Prémios “Extra 2007”, da Escola São Paulo, Brasil, e “illy SustainArts” 2018, ARCO Madrid. Tem suas obras em coleções como: Fundação de Serralves, Porto; Museu de Arte Moderna de São Paulo; Tate Modern, Londres; Kadist Art Foundation, Paris; Museo Tamayo Arte Contemporaneo, Cidade do México; Museu de Arte de São Paulo; Bronx Museum, Nova Iorque.

Márcio Vilela 1978 – Recife, Brasil

É licenciado em fotografia pela Escola Superior de Tecnologia de Tomar e mes-


tre pelo European Master of Fine Art Pho­ tography, IED Madrid. Vive e trabalha em Lisboa. Em 2008 foi um dos escolhidos para o prémio Anteciparte. Em 2010 fez uma residência artística de dois anos no Carpe Diem­‑Arte e Pesquisa, da qual resultou a exposição individual “Mono”, em 2012. No mesmo ano foi selecionado para o prémio “Abre Alas 8”, da galeria A Gentil Carioca, no Rio de Janeiro, e participou numa residência artística na Ilha de São Miguel, Açores, a convite da Galeria Fonseca Macedo, de que resultou a exposição “Azores” (2014), e o lançamento de um livro com o mesmo nome. Em 2014 foi convidado pelo Museu de Arte Moderna Aloísio Magalhães para uma residência artística no Recife e, em 2015, para as Residências Criativas do Pico do Refúgio, em São Miguel. Em 2018 foi convidado a participar da série “Um.Artista”, do Canal Arte1 Brasil e apresentou o projeto “Estudo Cromático para o Azul” no Museu de Arte Contemporânea de Brasília. Desde 2007 é docente na área da fotografia. As suas obras estão representadas na Coleção António Cachola, Museu de Arte Contemporânea de Brasília, Museu de Arte Moderna Aloísio Magalhães e em coleções privadas.

Nelson Leirner 1932 – São Paulo

Artista intermédia, residiu nos Estados Unidos entre 1947 e 1952, onde estudou engenharia têxtil no Lowell Technological Institute, em Massachusetts. De volta ao Brasil, estudou pintura com Joan Ponç, frequentou o Atelier­‑Abstração, de Flexor e fundou o Grupo Rex, com Wesley Duke Lee, Geraldo de Barros, Carlos Fajardo, José Resende e Frederico Nasser. Em 1967, realiza a “Exposição­‑Não­ ‑Exposição” no encerramento das atividades do grupo, e oferece obras suas ao público. Nesse ano, envia ao 4º Salão de Arte Moderna de Brasília um porco empalhado e questiona publicamente, no Jornal da Tarde, os critérios que levaram o júri a aceitar a obra. Realiza os seus primeiros múltiplos (conceito de peça única, mas de tiragem infinita) com lona e fecho­ ‑éclair sobre chassis e é um dos pioneiros no uso do outdoor como suporte. Por motivos políticos, fecha a sua sala especial na 10ª Bienal Internacional de São Paulo e recusa o convite para outra, em 1971. Cria grandes alegorias da situação política em séries de desenhos e gravuras, critica duramente o regime militar com a série “A Rebelião dos Animais” (1974), e recebe da Associação Paulista dos Críticos de Arte o prémio “melhor proposta do ano”. De 1977 a 1997, leciona na Fundação Armando Alvares Penteado, em São Paulo, marcando gerações de artistas. - 92 -

Nuno Alexandre Ferreira 1973 – Torres Vedras

Vive e trabalha em Lisboa. Estudou Sociologia na Universidade Nova de Lisboa (1999). Participou na residência artística da Cité International des Arts, Paris (2018). Trabalhou em produção e comissariado até 2004, ano em que começou a colaborar com João Pedro Vale, apresentando projetos em comum a partir de 2008, nomeadamente os filmes Hero, Captain and Stranger (2009) e English As She Is Spoke (2010) e o projeto P­‑Town (2011). Algumas exposições dos dois artistas: La Recherche, MAAT, Lisboa (2019); “Double Trouble”, Galeria Presença, Porto (2018); “A Torre da Derrota”, Azores Burning Summer, Porto Formoso, Açores (2015); “Retiro”, Festival Walk&Talk, S. Miguel, Açores (2014); Feijoeiro, Museu do Chiado, Lisboa (2009); “Festa dos Rapazes”, Layr Wuestenhagen Contemporary, Viena, Áustria (2008). João Pedro Vale e Nuno Alexandre Ferreira possuem obras em várias coleções, como: Tate Gallery, Londres; Fundação de Serralves, Porto; Coleção Berardo, Lisboa; Coleção António Cachola, Museu de Arte Contemporânea de Elvas; Associação Industrial Portuguesa / FIL, Lisboa; Fundações D. Luís I, Cascais, e Manuel de Brito, Algés; Museum Liaunig, Neuhaus, Áustria; Fundações Calouste Gulbenkian, PLMJ e EDP/ MAAT, Lisboa; Museu de Arte do Rio, Rio de Janeiro; Museu do Chiado, Lisboa;


Coleção Figueiredo Ribeiro, Quartel de Arte Contemporânea de Abrantes.

Pedro Neves Marques 1984 – Lisboa

Pedro Neves Marques, artista, realizador e escritor, vive e trabalha entre Lisboa e Nova Iorque. É editor da Antologia The Forest and The School: Where to Sit at the Dinner Table? (Archive Books, 2014), sobre antropologia e antropofagia no Brasil, e autor dos livros de ficção Morrer na América (Abysmo Editora e Kunsthalle Lissabon, 2017) e O Processo de Inte­ gração (Atlas Projectos, 2012). Entre outros, apresentou os seus filmes e vídeos em instituições como Contour8 Biennial of Moving Image (Mechelen, Bélgica), Fundación Botín (Santander, Espanha), Sursock Art Museum (Beirute, Líbano), Kadist Art Foundation (Paris), e­‑flux (Nova Iorque), Sculpture Center (Nova Iorque), 12ª Bienal de Cuenca (Equador), Fundação EDP (Lisboa) e Museu de Serralves (Porto), bem como no DocLisboa Festival de Cinema e Indie Lisboa Festival Internacional de Cinema. Com a artista Mariana Silva, é um dos fundadores de “inhabitants”, um canal de vídeo online para reportagens em formatos experimentais.

Pedro Vaz

Rodrigo Oliveira

É licenciado em Pintura pela Faculdade de Belas Artes da Universidade de Lisboa (2006), cidade onde vive e trabalha. O seu trabalho artístico centra­‑se numa pesquisa sobre natureza e paisagem, maioritariamente em pintura e instalação vídeo. O contacto com o lugar é essencial na sua prática, pelo que os seus projetos incluem frequentemente viagens solitárias ou residências imersivas. Estas permitem­‑lhe refletir sobre a separação ancestral entre a natureza e o ser humano, num tempo digital, industrial e urbano. Algumas viagens recentes incluem o Tour du Mont Blanc (Fr, It, CH), as Superstition Mountains (residência Onloaded, phICA, Phoenix, EUA) ou a Floresta Amazónica (residência Labverde, Manaus, Brasil). Em dezembro de 2018, o Jornal Público (suplemento Y) incluiu a exposição individual “Azimute”, na Galeria 111, Lisboa, na sua seleção das dez melhores mostras de 2018, em Portugal. Outras exposições recentes a destacar incluem: “Muitas vezes marquei encontro comigo próprio no ponto zero”, Casa­‑Museu Júlio Pomar, Lisboa (2019); “Second Nature”, The Kreeger Museum, Washington D.C., EUA (2018); “depois do choque, os trópicos”, Galeria Luísa Strina, São Paulo (2018); “Superstition Wilderness”, Galeria Enrique Guerrero, Cidade do México (2017) ou “Segunda Natureza”, MAAT | Museu de Arte, Arquitetura e Tecnologia, Lisboa (2016).

Vive e trabalha em Lisboa. Licenciou­‑se em Artes Plásticas – Escultura na Faculdade de Belas­‑Artes de Lisboa (2003) e fez o Mestrado no Chelsea College of Art & Design, Londres (2006). Em 2013 vence a bolsa de estudo da Fundación Botín, Santander/Madrid. Expõe individualmente desde 2003, destacando­‑se: “Utopia /Distopia Part II” – MAAT, Lisboa (2017); “De la Ville à la Vil­ la – Chandigarh Revisited”, Villa Savoye/ Le Corbusier, Paris (2016); “Utopia at Pla­ teau and an Indian Brasília”, Galeria Filomena Soares (GFS), Lisboa (2016); “Projecto Parede”, MAM de São Paulo (2013); “Coisas de Valor e o Valor das Coisas”, Cosmocopa, Rio de Janeiro (2011); “A primeira pedra (e todas as outras mais)”, Museu do Chiado, Lisboa (2011); “Ninguém podia dormir na rede porque a casa não tinha paredes”, GFS, Lisboa (2010); e “Utopia na casa de cada um”, CAV, Coimbra (2009). Participou em inúmeras coletivas, destacando­‑se: “Cor+Labor+Ação”, Casa arte contemporânea, Rio de Janeiro (2011); “ResPública 1910 – 2010 face a face”, Gulbenkian, Lisboa (2010); “A Culpa Não É Minha”, Museu Berardo, Lisboa 2010); “Where are you From?”, Contemporary Portuguese Art, Faulconer Gallery, Iowa, EUA (2008); “Eurobuzz, Agorafolly – Europália”, Bruxelas (2007); e “There’s no place like home”, Homestead Gallery, Londres (2006).

1977 – Maputo

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1978 – Sintra


O seu trabalho encontra­‑se em diversas coleções públicas, tais como: Fundação EDP, Portugal; Museu do Chiado, Lisboa; Fundação PLMJ, Lisboa; Fundação Leal Rios, Lisboa; Colecção PCR, Lisboa; Colecção António Cachola, Elvas, Portugal; e Peggy Guggenheim Museum, Veneza.

Rosana Ricalde 1971 – Rio de Janeiro

Rosana Ricalde da Silva é formada em gravura pela Escola de Belas Artes da Universidade Federal do Rio de Janeiro e mestre em ciência da arte pela Universidade Federal Fluminense, Niterói, Rio de Janeiro. A artista combina suportes obsoletos (carimbos, máquinas de datilografar, etiquetas) com expressões latinas e ditados transmitidos pela tradição oral, verbos da língua portuguesa agrupados por expressarem uma ação comum, ou poemas de autores brasileiros de séculos passados. Com Felipe Barbosa, participou nas três edições do Prémio Interferências Urbanas, Rio de Janeiro. Fez residências artísticas na V Bienal de Arte e Cultura, São Tomé e Príncipe (2008), Eko Susak, Croácia (2008) e, na Holanda, pelo Projeto “Perambulações” (2005). Algumas exposições individuais: “Quando os Olhos não Vêem o Coração Sente”, Galeria do Poste Arte Contemporânea, Niterói (2000); “Projeto Vitrine Efêmera: Rosana Ricalde”, Atelier DZ9, Rio de Janeiro (2003); Individual, no CCSP, São

Paulo (2004); “Poesia DES­‑Regrada”, Castelinho do Flamengo (2005) e “O Navegante”, Galeria Arte em Dobro (2009), Rio de Janeiro. Diversas coletivas, no Brasil e no estrangeiro, destacando­‑se: 7º Salão Nacional Victor Meirelles, Florianópolis (2000); “Felipe Barbosa e Rosana Ricalde”, Casa de Cultura da América Latina, Brasília (2003); “Entre a Palavra e a Imagem”, Museu da Cidade de Lisboa e Centro Cultural Vila Flor, Guimarães (2007). Foi indicada para o prémio PIPA 2010 e venceu a 3ª edição do Prémio Indústria Nacional Marcantonio Vilaça.

Vik Muniz

1961 – São Paulo Artista plástico brasileiro, fotógrafo e pintor, conhecido por usar materiais inusitados. Formou­‑se em Publicidade na Fundação Armando Alvares Penteado (São Paulo) e, em 1983, mudou­‑se para Nova Iorque. Vik Muniz compõe imagens com materiais normalmente perecíveis sobre uma superfície e fotografa­‑as, do que resulta o seu trabalho final. A escolha dos materiais depende da história da criação da fotografia ou do desenho e do efeito que eles produzem. São exemplo os primeiros trabalhos feitos com açúcar, pois as fotografias nas quais se baseou eram de crianças plantadoras de cana­‑de­‑açúcar. Já trabalhou com chocolate, poeira, lixo, entre outros materiais. - 94 -

Das inúmeras exposições, destacam­ ‑se: MoMA, Whitney Museum of American Art e International Center of Photography (Nova Iorque), Victoria and Albert Museum (Londres), Tel Aviv Museum (Bogotá), CCB (Lisboa), Irish Museum of Contemporary Art (Dublin), Museu de Arte Moderna (Rio de Janeiro) e Museu de Arte Moderna de São Paulo. Participou na 24ª Bienal Internacional de São Paulo (1998). Uma das exposições mais notada foi “Vik Muniz: Reflex”, na University of South Florida Contemporary Art Museum, também apresentada no Seattle Art Museum Contemporary e no Art Museum (Nova Iorque). As fotografias de Vik fazem parte de acervos particulares e de museus de Lisboa, Londres, Los Angeles, Minas Gerais e São Paulo.



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ARTISTAS Adriano Amaral [BR] Adriano Costa [BR] Alex Flemming [BR] André Cepeda [PT] Bruno Cidra [PT] Ding Musa [BR] Diogo Bolota [PT] Dora Longo Bahia [BR] Efrain Almeida [BR] Gabriela Albergaria [PT] Inês Norton [PT] João Pedro Vale + Nuno Alexandre Ferreira Luiz Zerbini [BR] Marcelo Cidade [BR] Márcio Vilela [BR/PT] Nelson Leirner [BR] Pedro Neves Marques [PT] Pedro Vaz [PT] Reis Valdrez [PT] Rodrigo Oliveira [PT] Rosana Ricalde [BR] Vik Muniz [BR]

[PT]

GALERIA DE EXPOSIÇÕES

UCCLA - União das Cidades Capitais de Língua Portuguesa Avenida da Índia, n.º 110 Lisboa - Portugal

Curadoria: Carolina Quintela

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