Revista Projeto 2 2020|2 - Nycolle de Paula Borges

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Nycolle de Paula Borges

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Universidade Estadual de Goiás Arquitetura e Urbanismo Projeto de Arquitetura 2 3º Período


orientadores Ana Paula Silva da Costa Fernando Camargo Chapadeiro Rodrigo Santana Alves

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20² Este volume faz parte da coleção da "revista prjt2" da disciplina de Projeto de Arquitetura 2 do 3º período do curso de Arquitetura e Urbanismo da UEG que investiga temas básicos de reexão e metodologia do projeto contemporâneo na escala do estudo preliminar e tem como meta a elaboração de projeto arquitetônico para uso educacional com a capacidade de ordenação de espaços de complexidade moderada. Investiga a escala das relações entre arquitetura e espaço urbano: arquitetura, lugar e cidade e dá ênfase no estudo do programa de necessidades, na topograa e na preocupação com a acessibilidade. Neste semestre tratamos do tema Biblioteca. LUGAR, PROGRAMA, VOLUME, CIRCULAÇÃO e MATERIALIDADE são os elementos trabalhados durante o processo e foram abordados como camadas durante as orientações. Isso permitiu o entendimento do

processo de projetação, utilizando como apoio, desde do início, a maquete de estudo em duas escalas (a do bairro e a do entorno imediato). Para a exteriorização das ideias foram exaustivamente trabalhados os diagramas de conceito como resumo da proposta e evidencia os elementos citados. A interdisciplinaridade do Projeto 2 foi realizada com as disciplinas de Maquete, Computação Gráca 1 e Sistemas Estruturais 1 que serviram como apoio para alcançar os objetivos propostos.

Ana Paula Silva da Costa Fernando Camargo Chapadeiro Rodrigo Santana Alves



tema O desenvolvimento de uma sociedade sempre se deu de modo proporcional ao acesso da população a uma educação de qualidade. As bibliotecas são uma enorme expressão de intercâmbio de ideias e reunião de conhecimentos produzidos ao longo de eras. Apesar da relevância indiscutível destes ambientes, as bibliotecas não recebem um investimento condizente com o seu enorme valor na formação dos cidadãos, sobretudo em áreas periféricas e negligenciadas pelo poder público. Mediante o cenário contemporâneo de precarização e desmonte da esfera da educação, o projeto em questão visa idealizar uma biblioteca comunitária que supra o décit de acesso a um ambiente que proporcione experiências de leitura, pesquisa, debate e convivên-

cia de maneira adequada aos moradores da região. Uma biblioteca comunitária é aquela que parte de uma iniciativa local ou da própria comunidade, que participa de modo mais ativo na administração, planejamento e avaliação do espaço. Consequentemente, o ambiente gerado tem forte caráter público e regional. O edifício deve ser pensado concomitante com as particularidades do local, a m de reetir a identidade dos usuários e intensicar a relação dos mesmos com o cenário urbano. Portanto, a arquitetura é o meio mais adequado para a concepção de um projeto que tange uma enorme variedade de questões que extrapolam a construção física.



lugar O terreno proposto para o projeto se situa no bairro residencial Parque das Primaveras, na cidade de Anápolis, localizada no estado de Goiás entre Goiânia e Brasília. O bairro é predominantemente composto por residências de um pavimento e alguns comércios locais, como mercearias, restaurantes e pequenas lojas. Além de ser periférica, a região também é carente em equipamentos e mobiliário urbano, principalmente aqueles relacionados à cultura e educação. A região pode ser acessada por meio da Avenida Brasil Sul e a Avenida Pedro Ludovico. As vias locais ligam o terreno à zona residencial do seu entorno. O terreno apresenta uma inclinação considerável, sendo um desnível de 6 metros numa extensão de 50 metros,

gerando uma inclinação de 12%. O perl do relevo está atrelado à presença do Rio das Antas na região, caracterizando um fundo de vale. Por estar situado no meio de uma avenida, formando uma espécie de rotatória, o terreno pode ser facilmente acessado através de veículos. Ademais, o uxo rápido da via diculta que pedestres cheguem até o local. Apesar da carência de recursos da região, o projeto apresenta um enorme potencial no sentido de integrar a comunidade a um espaço de vivência e estudo, pensado a partir de uma análise completa do lugar e suas respectivas características.



Face noroeste do terreno

Face nordeste do terreno

Face norte do terreno

Face sudeste do terreno

Ligação do terreno com as vias principais de Anápolis



Face norte do terreno

Face sul do terreno

Bairros do entorno



Planta cadastral do entorno - relação de cheios e vazios

Planta de topograa do terreno

Levantamento de uso do solo



Diagrama de insolação do terreno

Diagrama de incidência de ventos e chuvas no terrreno

Sistema viário e classicação das ruas do entorno


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projeto O projeto em questão conta com um aspecto indispensável para a concepção do edifício: a comunidade local. Uma biblioteca comunitária deve reetir a identidade dos seus usuários, bem como as características da região, dado o caráter local da mesma. Mediante essa análise, a proposta partiu do estudo do terreno e de seu entorno, com o intuito de identicar como os futuros usuários da biblioteca já se relacionam com o lugar. O uxo de pessoas na região ca evidenciado pela existência de uma trilha que corta o terreno ao meio, devido ao costume dos moradores de atravessarem de um lado ao outro pelo caminho mais curto. Partindo desse elemento, a proposta tem como objetivo conceber um edifício que permita que esse uxo

continue sendo possível mesmo após a construção, e que ainda convide os habitantes a conhecerem e fazerem o uso frequente da biblioteca. Para tanto, a volumetria pensada parte do ponto mais alto do terreno, contornando o mesmo. Devido à inclinação, na parte mais baixa, o edifício utua sobre uma parte da trilha, permitindo com que as pessoas percorram o caminho passando por baixo da biblioteca. A proposta resultou em um edifício acolhedor que permite o uso coletivo de seu espaço externo, formando uma espécie de praça. A criação de faixas de pedestres no entorno visa a segurança e o direcionamento do uxo dos habitantes para a biblioteca.


26/01/2021

1ª entrega


lugar programa volume

Vista em planta do edifício e seu entorno

Visão do observador da fachada sudoeste

Relação entre o edifício e o trieiro do terreno


26/01/2021

1ª entrega


lugar programa volume

Continuação da trilha pelo edifício

Visão aérea do lado oeste do edifício

Área coberta gerada pelo edifício


19/02/2021

2ª entrega


lugar programa volume circulação materialidade Maquete de lançamento estrutural

Maquete de programa e circulação

Maquete de volume e materialidade


19/02/2021

2ª entrega


lugar programa volume circulação materialidade Maquete de lançamento estrutural

Maquete de programa e circulação

Maquete de volume e materialidade


19/03/2021

3ª entrega


estudo preliminar

Pilotis

Percurso

Ambiência interna



programa O programa que compõe a biblioteca comunitária é formado por quatro zonas: convivência, acervo e leitura, administração e serviço. Tal divisão se pauta nas funções e atividades que uma biblioteca deve exercer para cumprir com maestria seu papel. As zonas serão dispostas no volume de maneira hierárquica de acordo com o percurso que o usuário fará. Portanto, o primeiro setor no qual ele se depara é o de convivência, visto que a integração entre os moradores locais e o espaço é ponto chave de uma biblioteca comunitária. Esta zona contempla o café - acessível até para indivíduos que não farão o uso do acervo - e o auditório, que será palco de apresentações, leituras coletivas, debates, entre outros usos.

Em sequência, a zona de acervo e leitura dá continuidade ao percurso, contendo uma recepção com reprograa, estantes, mesas, poltronas, zona de tecnologia e mídia, espaços de estudo e sanitários. A m de promover a funcionalidade, o acervo é diretamente ligado à administração. Ademais, esse elo reforça a interação entre comunidade e coordenação da biblioteca. Tal zona é composta pela secretaria, coordenação, copa e vestiários para funcionários. Por sim, a zona de serviço complementa a administração ao proporcionar espaços de armazenamento e manutenção.



diagramas de conceito

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O ponto de partida da proposta foi a existência de uma pequena trilha que corta o terreno em questão ao meio. \o elemento ressalta a rotina dos moradores do bairro que cortam caminho pelo local. Partindo dessa análise, a proposta tem como objetivo conceber um edifício que permita que esse fluxo continue sendo possível mesmo após sua construção, e que ainda convide os habitantes a conhecerem e fazerem o uso frequente da biblioteca.

Para reforçar o fluxo de pessoas pelo local, é necessária a criação de faixas de pedestres que direcionem e facilitem o acesso ao terreno. A pavimentação de parte do canteiro central seria uma contribuição e um estímulo para que os moradores usem a faixa de pedestre e passem pela trilha do terreno, interagindo de forma mais estreita com o edifício.


A partir de tais análises, gerou-se uma volumetria que permite que os espaços vazios sejam elementos de uso público e componham parte do programa da biblioteca, por meio da convivência. Tendo em vista que os fluxos e acessos foram as premissas mais relevantes da proposta, o volume opera de modo a permitir a fluidez do trânsito de pessoas, com o objetivo de estimular o uso do espaço - vazio e edificado - sem inviabilizar o caminho cotidiano dos moradores do entorno.

CALÇADA

CALÇADA

1 2

5

10

O terreno apresenta uma elevada inclinação, e tal característica permite que, ao partir da cota mais alta do relevo, o edifício flutue na parte mais baixa, gerando um espaço coberto que também pode ser destinado ao convívio entre os moradores. O corte evidencia que a volumetria não atua como um impacto visual que compete e altera a paisagem, mas que respeita e compõe o entorno. O terreno será alterado a fim de que platôs sejam criados nos acessos e no espaço de convivência ao ar livre, porém parte do caimento natural será mantido caimento natural será mantido.


As zonas foram distribuídas no volume a fim de situar o espaço de convivência no acesso principal, feito em nível. Logo depois, a zona do acervo é acompanhada pela administração e pelo serviço. Um acesso secundário foi criado atrás do principal, também em nível, porém respeitando a hierarquia do fluxo de acesso. A circulação foi disposta no contorno interno do edifício para liberar a área interna para disposição de todo o programa.

A varanda foi criada como elo de ligação entre o acervo e a zona de convivência, gerando um espaço de transição e interação, entre usuários, moradores e o próprio edifício. O ambiente criado é capaz de comportar diversos usos, como alimentação, estudo, leitura e convívio. Ademais, as aberturas criadas para o acesso à varanda também têm função de iluminar e ventilar o ambiente interno.


O espaço gerado na parte mais baixa do edifício pode proporcionar uma zona de convívio que ainda atenda as necessidades da biblioteca, tal como um café. Este espaço também será responsável por convidar os habitantes a acessarem o local, e posteriormente fazerem uso do edifício, principalmente pelo fato de ser uma continuação do fluxo da faixa de pedestre.

As aberturas foram pensadas com a intenção de serem sutis, como leves rasgos na volumetria, a fim de criar uma iluminação ampla na medida certa. A ritimicidade das aberturas dá continuidade ao traçado irregular do edifício, além de compor o volume sem descaracterizálo.


A materialidade do edifício foi pensada de modo a gerar a sensação de leveza e permeabilidade, em oposição à estrutura do mesmo. Para tanto, o fechamento proposto foi a malha metálica, que contorna o edifício como uma pele translúcida. Para o controle de luminosidade, a malha alterna entre faixas vazadas e preenchidas em lugares específicos, de acordo com a necessidade de luz. A transparência realça o caráter convidativo e acolhedor do edifício, ao mesmo tempo que cria uma ambiência interna confortável ao uso. À noite, o edifício se apresentaria como uma lanterna sutil para o entorno. Por não apresentar ortogonalidade e paralelismo, o edifício não poderia ser concebido com uma malha estrutural regular. Para resolver a questão, foi proposto um sistema de pórticos, vigas invertidas e lajes atirantadas. As altas vigas da laje superior descarregam nos grandes pilares que por sua vez transferem a carga para os pilotis apoiados no terreno. A laje inferior está suspensa por tirantes finos e discretos. Deste modo, foi possível gerar um ambiente interno agradável sem que os pilares atrapalhassem os usos.


A distribuição das zonas foi pensada de modo a situar os espaços de convivência logo no acesso principal, sendo um convite para os habitantes que desejam fazer um uso rápido do local. O acervo é diretamente integrado com a zona de convívio, a fim de reforçar o caráter comunitário da biblioteca. O setor administrativo é situado ao lado do acervo para facilitar o acesso dos funcionários e também para criar um elo maior entre usuários e coordenação. O setor de serviço é ligado à zona administrativa, situado no final do percurso.

A primeira proposta de planta e layout visa situar o café no acesso principal, que é seguido por um pequeno auditório que tem sua inclinação gerada pela própria topografia. Deste modo, a acessibilidade é garantida pelos acessos em nível. O acervo foi pensado em conjunto com a área de estudo, leitura e pesquisa. O layout integrado entre estantes, mesas e sofás tem como objetivo gerar um espaço de uso coletivo e convidativo. O setor administrativo conta com um ambiente no qual o usuário tem contato direto com a coordenação, reforçando o laço entre a comunidade e a biblioteca. 1 2

5

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Maquete de programa e circulação


Maquete estrutural


Maquete estrutural


Maquete estrutural



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PLANTA 2° TÉRREO ESCALA 1:100

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PLANTA 1° TÉRREO ESCALA 1:100

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Laje impermeabilizada

1029,5

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PLANTA DE COBERTURA ESCALA 1:100

1 2

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CORTE AA

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CORTE BB ESCALA 1:100

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CORTE CC ESCALA 1:100


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L.N.T

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-2,50

1 2

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10


Maquete da topograa original


Maquete da topograa modicada


N

1031,5

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1024,5

PLANTA TOPOGRAFIA ORIGINAL ESCALA 1:100

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PLANTA TOPOGRAFIA MODIFICADA ESCALA 1:100

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