Notícias do Mar n.º 378

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Notícias do Mar

nas. O arrastão foi aprisionado, o capitão julgado e o armador punido com uma multa de tal ordem, que para a pagar preferiu entregar o navio às autoridades locais. Com o apoio de técnicos nacionais e estrangeiros, a recuperação do recurso foi sendo rigorosamente controlado e estudado, e a Namíbia já vende actualmente quotas de pesca, que virão certamente a constituir um importante factor na captação de divisas em termos de futuro. E tudo isto só foi possível,com a contribuição de uma eficiente fiscalização pesqueira. E em Portugal como é? Pode dizer-se sem grande exagero, que actualmente a plataforma continental, ou seja, até aos 200 metros de profundidade, está praticamente, toda ela, ocupada com redes de emalhar. Passando pelos apetrechos de localização, na maior parte ilegais, as distâncias entre as artes, a ultrapassagem dos períodos de tempo durante as quais podem estar fundeadas e até a sua localização em relação à costa, ou em locais onde não são permitidas, toda a actividade de pesca desta arte não cumpre minimamente o estabelecido

pela lei. E não me podem acusar de estar a “falar de borla”. Ou será mentira, que durante a viagem que referi no início do artigo, não vi: - Redes de emalhar normalmente sinalizadas com garrafas de plástico, sem identificação. - Redes de emalhar fundeadas praticamente em cima umas das outras, não cumprindo a distância mínima entre elas, conforme determina a lei; - Na costa entre Viana do Castelo e Aveiro, o navio onde andava embarcado, por várias vezes se viu impedido de realizar as estações de arrasto englobadas no programa de avaliação de recursos, porque as áreas estavam completamente invadidas por redes de emalhar; - Que durante 3 dias se tentou cumprir os arrastos em falta, sem êxito, porque as redes se encontravam nos mesmos locais e sem serem aladas, ultrapassando o período de 24 horas como tempo máximo de permanência na água; - Redes de emalhar nas mesmas condições, a sul do Bugio, na Costa Vicentina ou em várias áreas na costa sul do Algarve; - Que ao longo dos dois períodos referidos (1 mês + 15 dias) só uma vez vimos uma

Pescadores de palangre de Sagres a iscarem

A arte das redes de emalhar de fundo rejeita cerca de 49% de peixes em 24 horas, em dois ou três dias chegam a 60 % e 80% lancha de fiscalização junto à costa, rumo a norte, perto da Arrifana; - Que ao contrário do que aconteceu com a fiscalização portuguesa, durante aqueles períodos, assim que o navio em que estava embarcado, se aproximou das águas de Espanha, em frente de Vila Real de Santo António, imediatamente foi

controlado por duas pequenas embarcações espanholas de fiscalização; Ou será mentira, que já por diversas vezes e ao longo de dois anos, não vi: - Redes de emalhar fundeadas ao longo da costa a norte do Cabo Raso, incluindo as fundeadas junto às Pedras das Mesas no Cabo da Roca,

Como há poucos locais livres para a arte do palangre, os pescadores desta arte desistem e passam a meter redes de emalhar de fundo

Lavagante capturado numa rede de emalhar de fundo, depois de atraido por peixe podre preso na rede 2018 Junho 378

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