SP INFORMAÇÃO SETEMBRO 2010

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v. 8, n° 2, ano 2010 | Julho - Agosto - Setembro

XV Prêmio Estudante e I Prêmio RecémFormado da SPRGS Pág.5

No dia 27 de agosto celebramos mais um dia do psicólogo, juntamente com os 46 anos de regulamentação da profissão. Com o intuito de comemorar esta data com todos os nossos sócios a SPRGS ofereceu, em sua sede, um brinde no dia 28 de agosto após a cerimônia de premiação dos prêmios estudantes e recém-formados.

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Editorial

Prezado Leitor,

É

com grande satisfação que, no mês em que se comemora o Dia do Psicólogo apresentamos SP Informação, agora com um novo visual. Há algum tempo vínhamos trabalhando neste projeto, pois acreditamos que, muito mais do que um material impresso, este é o meio através do qual podemos divulgar, compartilhar e conhecer trabalho e as idéias dos sócios, dos Núcleos e Comitês da SPRGS. Assim como toda mudança a modernização do SP necessitou planejamento, assimilação de idéias e familiaridade com o novo, daí termos precisado de algum tempo para este amadurecimento. Este processo acabou por definir uma outra apresentação gráfica, a presença de novas sessões permanentes, como a dos Núcleos, Opinião, Cultura e Leitura, e a numeração sistemática de cada Boletim, com vistas a, desde já, facilitar a referência à produção dos colaboradores e, no futuro, podermos almejar registro na Biblioteca Nacional. Ainda no espírito de valorização das relações da Psicologia com as demais áreas do conhecimento, foi criada a coluna Interdisciplinar, onde profissionais de outras áreas serão convidados a refletir sobre assuntos de interesse comum.

O novo layout concretiza o desejo desta comissão de que, cada vez mais, os sócios sintam-se estimulados tanto para a leitura, quanto para a participação como produtores de textos e colaboradores do SP. Esperamos também que, por este meio, a Sociedade possa estreitar seus laços com a comunidade em geral, tornando nossa profissão cada vez mais reconhecida e divulgada entre todos. Ainda, no mês que nos homenageia, e importante destacar um evento que objetiva qualificar e reconhecer a produção cientifica dos futuros profissionais por meio da premiação aos estudantes que receberão o Prêmio Estudante bem como os psicólogos destacados com o Prêmio Recém formado. Agradecemos a todos que colaboraram com essa edição. Desejamos uma boa leitura e convidamos os sócios a colaborarem com as próximas edições. Um abraço da Comissão Editorial.

Novos Sócios Lucas Elias Rosito Cintia Cristiane Schimitt Joana Ferreira Leusin Anelise Rolim Finkler Camila Piva da Costa

Leila Maria Bortoncello Diogo Felipe Kepler Alexandre Kuny Port Leticia Machado Pereira Franciane Alves Pereira

Helen Cristina Ramos Marcia Sino Larek Camillo Roman Rosnagêla Maria Zanella Catto Marina Pereira De Souza Bello Anelise Hauschild Mondardo

Expediente Diretora Administrativa: Lisandre Dreyer da Silva Matte Diretora Científica: Inúbia do Prado Duarte Diretora Financeira: Laura Suzana Sacchet Jaskulski DIRETORIA

Diretora Sócio-Cultural: Luciana Menezes de Azevedo

Presidente: Iara de Lourdes Camaratta Anton

Diretora do Interior: Vanéli Karine Closs Ribas

Vice-Presidente: Sílvia Varela Dian

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Diretora do Exercício Profissional: Patrícia Viviani da Silva Diretor Suplente 1: Leonardo Della Pasqua Diretora Suplente 2: Rosa Beatriz Santoro Squeff SP Informação Comissão Editorial: Luciana Menezes de Azevedo Leonardo Della Pasqua Gabriela Ribeiro Filipouski Mônica Echeverria de Oliveira

Sociedade de Psicologia do Rio Grande do Sul Rua Felipe Néri, 414/2ºandar Porto Alegre/RS CEP 90440-150 Fone/Fax: (51) 3331-8586 E-mail: socpsico@terra.com.br Site: www.sprgs.org.br Tiragem: 500 exemplares Gráfica Calábria - 3245-7222 AVISO! Os textos publicados no SP Informação são de inteira responsabilidade dos autores.


Palavra da Presidente

Prezados sócios!

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Sociedade de Psicologia do RS tem-se dedicado a diversas atividades que oportunizam a aproximação entre os associados, as reflexões e os debates, além de estar investindo bastante em eventos interdisciplinares. Os Prêmios Estudante e Recém-Formado, por exemplo, trouxeram para a Sociedade um significativo número de trabalhos, de ótima qualidade, realizados por autores oriundos de várias instituições de ensino, da capital, do interior e de outro Estado. A premiação fará parte das comemorações pelo Dia do Psicólogo. O Comitê da Educação, por sua vez, está organizando um encontro sobre bullying, a realizar-se em setembro, reunindo psicólogos e profissionais das redes escolares privada e pública, dispostos a examinarem de perto esse fato social que, embora sempre tenha existido, está assumindo proporções cada vez maiores. A série Psicologia e Cultura segue examinando mitos, até o final deste ano. Os do presente semestre são estes: Mitos e segredos familiares (julho), O mito de Édipo Rei (agosto); Peter Pan e Wendy na contemporaneidade (setembro); Sherek e o novo conto de fadas (outubro), Marilyn Monroe: mito e cultura

da beleza (novembro), Mitos associados aos ritos de passagem (dezembro). Colegas que fazem parte do Núcleo do Interior têm tido excelentes iniciativas, uma das quais foi apresentada em evento realizado em São Leopoldo, numa manhã de sábado, na qual chovia torrencialmente e, mesmo assim, reuniu-se um expressivo número de participantes. No site, inauguramos um espaço chamado SPRGS fazendo a história, no qual sócios jubilados são todos convidados a registrarem depoimentos pessoais, escrevendo sobre a íntima relação entre a Sociedade e a construção de suas próprias histórias e carreiras profissionais. Da mesma forma, haverá uma seção na qual os patrocinadores dos eventos da Sociedade serão entrevistados a respeito de sua empresa ou realizações, como uma forma de retribuir o investimento em nossa instituição. Temos também algumas importantes mudanças na secretaria, que visam a um melhor atendimento ao sócio. Acreditamos que todos terão o maior prazer em seguirem participando ativamente de sua Sociedade. Acompanhe as notícias através da newsletter e leia mais a respeito no site www.psrgs.org.br. Cordialmente, Iara L. Camaratta Anton

Notícias

A Sociedade em revista

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oi com grande satisfação que aceitei, em março passado, o convite da Diretoria da SPRGS para assumir a função de Editora da Revista da SPRGS. Desde então, tenho dedicado-me à muito agradável tarefa de receber trabalhos sobre os mais diversos temas em Psicologia e escolher pareceristas afinados com cada trabalho. A Revista é o espaço que sintetiza um dos maiores objetivos da Sociedade: promover o aprimoramento científico de nossa profissão. É um espaço rico, que reúne diferentes correntes teóricas, áreas

de atuação e experiências profissionais, assim como diferentes instituições e universidades, refletindo o espírito agregador e plural da própria Sociedade. Nosso novo número, às portas do lançamento – aguardem notícias ainda no mês de agosto! ─ contará com artigos diversificados e consistentes, além da participação de convidados especiais. Além disso, com a ajuda da Comissão da Revista, formada pelas colegas Priscila Bueno e Adriana Hentschke, em breve contaremos com um artigo de cada revista disponível em PDF em nosso site, o que facilitará aos nossos visitantes virtuais conhecerem e se aproximarem da revista. Em breve, pretendemos também es-

tudar a possibilidade de realizar algumas modificações e melhorias, que tornem nossa Revista ainda mais atraente, qualificada e capaz de traduzir a intensa circulação de produção de conhecimentos em Psicologia. Agradecimentos especiais a toda a diretoria da SPRGS, à coeditora e querida colega Rosa Squeff pela ajuda na revisão dos textos, às colegas da Comissão, à disponibilidade de nossos pareceristas, e principalmente a todos ao autores (as) que prestigiaram a Revista enviando seus artigos. Luciana Maccari Lara Editora da Revista

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Interiorizando

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o assumir a coordenação da Sociedade de Psicologia Núcleo de São Leopoldo, estabelecemos como principal objetivo, além de dar continuidade aos trabalhos realizados pelas coordenações anteriores, ampliar o espectro de ações que a Sociedade de Psicologia tem pautado. Para tanto, em reuniões mensais com as colegas Luciana Maccari Lara, Ivete Kemper, Marilda Perez, Sonia Nunes da Silva e Clonia Romais, o Grupo Organizador, passamos a discutir um Planejamento Estratégico. Essa ferramenta utilizada para organizar e melhorar a qualidade administrativa de grupos de trabalho está sendo implantada e gradativamente apresentada aos colegas para que contribuam nas discussões conforme os passos que estão sendo dados. Foram levantados os pontos fortes, os pontos fracos e as ameaças externas em dois momentos: junto ao Grupo Organizador e em reunião junto a coordenadores de Comitês, conselheiros do Conselho Municipal de Saúde de São Leopoldo e convidados. O resultado deste encontro com os colegas do Núcleo gerou a organização de pontos importantes que vêm ao encontro do que a Sociedade de Psicologia do RS como um todo se propõe em sua trajetória. Dessa forma, para o Núcleo de São Leopoldo, temos como Visão uma Sociedade de Psicologia atuante e significativa na área da saúde, na sociedade e comunidade da cidade de São Leopoldo, que congregue grande parte dos psicólogos da cidade. Esta é nossa Missão: Ser presença atuante na área da saúde. Agregar conhecimentos e valores. Congregar grande parte dos psicólogos e promover diálogo entre os profissionais e a sociedade. Alcançar visibilidade como sociedade representativa da categoria. Buscar a participação efetiva dos sócios na sociedade. E quantos aos Valores pelos quais pautamo-nos, salientam-se ética, cientificidade, meio ambiente ecologicamente equilibrado e sustentável, e dignidade profissional.

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São nossos pontos fortes: consistente experiência enquanto Núcleo; um grupo estável, composto de sócios mais antigos; grupo formalizado e sistematizado; grupos de trabalho estruturados (Grupo Organizador, Comitês, Conselho de Saúde); grande número de psicólogos em SL que podem ser potenciais sócios; novas ideias trazidas pela nova gestão do Núcleo; participação e representatividade junto ao controle social, via Conselho Municipal de Saúde de São Leopoldo; experiência profissional dos atuais sócios; eventos científicos; aumento da frequência de não sócios nas atividades cientificas; entrada e permanência de novos sócios; convênios pelos quais os sócios têm descontos. São nossos pontos fracos: baixa adesão aos eventos sociais (ex. Psicafé); baixa adesão de novos sócios; poucas áreas da psicologia representadas; existência de Comitês somente da área clínica; falta de um local fixo para a realização de eventos; ausência de articulação com a Unisinos e com demais universidades; baixa adesão às atividades científicas e/ ou as apresentações dos Comitês; baixa adesão de sócios às atividades científicas; participação dos mesmos sócios em vários Comitês; inadequações aos objetivos dos Comitês; inexistência de publicação científica da produção do Núcleo; comunicação interna deficiente.

Estamos trabalhando para neutralizar e solucionar os pontos fracos e para reforçar os pontos fortes. Realizamos uma atividade aberta a psicólogos, estudantes de psicologia e demais profissionais da área da saúde para apresentar a trajetória dos representantes da Sociedade de Psicologia/RS ─ Núcleo São Leopoldo no Conselho Municipal de Saúde da cidade, do qual fazem parte, atualmente, como conselheiras titulares e suplentes, Ivete Kemper, Paula Savaris, Maria Aparecida da Silveira Brígido, Clonia Romais, Natacha Henneman de Oliveira e Márcia Camillo Roman. A Sociedade de Psicologia também esteve, neste semestre, presente no PréCongresso do Conselho Regional de Psicologia, sendo que nesse evento a psicóloga Clonia Romais ficou como Delegada para apresentar uma tese discutida no Pré-congresso em 30 de abril e 1º. de maio próximo na continuidade dos trabalhos Conselho Regional de Psicologia. A Sociedade de Psicologia/RS ─ Núcleo São Leopoldo também foi representada na 1ª Conferência Municipal de Saúde Mental de São Leopoldo, promovida pela Secretaria Municipal de Saúde do Município.

Maria Aparecida da Silveira Brígido Coordenadora do Núcleo São Leopoldo


Espaço Científico

XV Prêmio Estudante e I Prêmio Recém-Formado da SPRGS

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As inscrições para os concursos do XV Prêmio Estudante e do I Prêmio Recém-formado da SPRGS encerraram no dia 31 de maio. Recebemos vários trabalhos, tanto de estudantes quanto de recém-formados, e tivemos inscrições até de São Paulo, o que muito nos orgulha. Isso nos leva a acreditar que trilhamos um caminho certo na propagação do estímulo à escrita científica, tornando a SPRGS referência na área da Psicologia, congregando acadêmicos e profissionais que

atuam em diferentes áreas. A Sociedade de Psicologia amadureceu e chegou a seu cinquentenário de fundação consolidando-se como um espaço de troca e integração que promove a psicologia como ciência e profissão. O Prêmio Estudante, no auge de sua adolescência, pretende dar visibilidade às boas práticas dos estudantes de diferentes semestres de graduação. Com o mesmo espírito, lançamos nesta gestão (2009-2011) o concurso para recémformados, pensando em contemplar as

monografias de conclusão de curso, que muitas vezes ficam engavetadas. Assim nasceu o I Prêmio Recém-Formado da SPRGS. Seguimos com o intuito de poder propiciar, através desses concursos, a valorização do estudante e do profissional recém-formado em uma sociedade que representa a sua classe. Desse modo, no dia 28 de agosto, na sede da SPRGS, aconteceu a cerimônia de premiação e os trabalhos vencedores das duas categorias foram apresentados. Gostaríamos de parabenizar Michele Birnfeld da Luz, Maria Alice Weber Ferreira e Camila Terra da Rosa pelo Prêmio Estudante e Carina Maria Veit, Ângelo Brandelli Costa e Lívia Kusumi Otuka, Fabio Comin e Manoel Antonio dos Santos pelo Prêmio Recém-Formado. Também queremos registrar nossos sinceros agradecimentos a todos que contribuíram para a realização desses eventos: os Drs. David E. Zimerman e Isacc Sprinz; as colegas Iara de L. Camaratta Anton e Márcia Pilla do Valle; a artista plástica Cristina Kersting; a empresa PORTAL PSICO; as instituições PROJECTO, IEPP – Instituto de Ensino e Pesquisa em Psicoterapia; SIG ─ Sigmund Freud Associação Psicanalítica; e ao SIPERGS ─ Sindicado dos Psicólogos no RS, bem como aos sócios avaliadores dos trabalhos, que se dedicaram à criteriosa leitura de cada produção. A participação e o empenho de todos tornaram os Prêmios um importante evento científico. Patrícia Viviani da Silva Diretora do Exercício Profissional (2009-2011) Coordenadora do XV Prêmio Estudante e I Prêmio Recém-formado

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Espaço Científico

A Febre Crepúsculo

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odos sabemos que a febre do momento no universo adolescente é a saga Crepúsculo, da autora Stephenie Meyer, formada pelos livros Crepúsculo, Lua Nova, Eclipse e Amanhecer, a qual também é sucesso no cinema, sendo que o último filme lançado foi a adaptação do segundo livro. Cada nova história é aguardada com muita expectativa, assim como o lançamento dos filmes. Pensando sobre toda a repercussão que existe entre os jovens em torno desse fenômeno, passamos a refletir sobre as razões de tanto encantamento e empolgação. O que leva os adolescentes a se envolverem tão fervorosamente com um mundo vampiresco? Considerando o mundo dos vampiros como é apresentado no filme Crepúsculo, passamos a fazer algumas analogias com o processo da adolescência. Na história, a passagem do tempo é apresentada de forma atemporal. Edward, enquanto vampiro, vive eternamente com 17 anos. Bella, por sua vez, mostra-se

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“Vivemos em uma cultura pós-moderna, na qual a dificuldade em lidar com a passagem do tempo está sempre presente.” atraída pela ideia de permanecer com 16 anos. Se pensarmos na adolescência enquanto uma passagem entre a infância e a vida adulta, podemos entender a ambivalência desse estado, no qual o jovem, ao mesmo tempo que deseja crescer, deseja também permanecer neste “mundo conhecido”. Somado a isso, vivemos em uma cultura pós-moderna, na qual a dificuldade em lidar com a passagem do tempo está sempre presente. Além disso, há uma visível valorização do momento adolescente, bem como o prolongamento

dessa etapa, evidenciando um borramento das fronteiras entre gerações. No filme, não só os adolescentes da família dos vampiros, mas também os adultos, vivem um estado eterno de jovialidade. O que atrairia Bella e todos adolescentes que se identificam com o personagem a permanecer para sempre com 16 anos? Edward apresenta diversos atributos desejados pelos jovens, como a beleza, a sedução, a força física, os poderes sobrenaturais, a riqueza, mostrando-se autossuficiente. Essas características vêm ao encontro de aspectos presentes no desenvolvimento adolescente, no qual muitas vezes predomina o sentimento de onipotência. Edward não dorme, não come, ou seja, não depende de nada para sua sobrevivência, ele é imortal. Relacionado a isso, os jovens costumam colocar-se em situações de risco com a ilusão onipotente de controlar a própria vida. Edward, enquanto personagem, concretiza esse desejo no filme. Apesar de Edward aparentar ser tão poderoso, ele se rende ao amor de sua Bella, e passa a depender dessa relação idealizada para sentir-se vivo. Ela retribui o amor e também passa a precisar dele para existir. Eles se isolam nesse namoro, como um refúgio, e se desligam de outras relações adolescentes. Ao mesmo tempo que esse envolvimento parece ter trazido o casal à vida, para quem olha de fora, percebe-se um empobrecimento das demais trocas afetivas. Vida e morte no filme parecem estar sempre intensamente ligadas, como reflete esta frase de Bella: “Não me arrependo das decisões que me levaram até a morte. Foram as mesmas que me levaram até Edward.” Certamente essa saga vampiresca se prestaria para muitas abordagens. No entanto, optamos por focar-nos na comparação da história com o desenvolvimento adolescente. Fica o convite para novos estudos. Comitê de Adolescência


Núcleos

NESP - Núcleo de Estudantes Iniciar, já na vida estudantil, o contato com profissionais e acadêmicos da mesma área de atuação nos abre uma série de oportunidades. Inseridos nesse contexto, temos a chance de aprender sobre as peculiaridades da profissão, de conhecer a realidade do dia a dia da atividade que escolhemos para exercer. Muito além do que eu poderia imaginar, o NESP oferece a todos os estudantes a real possibilidade de produzirmos e

organizarmos eventos e jornadas científicas, palestras e projetos que constroem conhecimento além do conteúdo aprendido em sala de aula. A equipe formada por estudantes é coordenada por profissionais muito competentes, e, além disso, desde o primeiro contato, somos muito bem recebidos, pois é umas principais características do grupo a generosidade. O NESP possibilita que cada um ad-

quira novas competências, além de ensinar-nos que, para conquistar os nossos sonhos, é preciso buscar o conhecimento que nos dará a firmeza para trilhar caminhos seguros. Ana Carolina Alifantis Cardoso Acadêmica de Psicologia ULBRA Canoas e Coordenadora do NESP

NIC - Núcleo de Intercâmbio com a Comunidade Em maio desse ano, o Grupo Arco-Íris inaugurou uma sala própria, junto à Creche da Vila Parque Santa Anita, em Porto Alegre. Esse grupo, formado por mulheres artesãs, tem um acompanhamento do NIC, desde sua criação, há mais de cinco anos. Em 2004, quando a Sociedade recebeu a solicitação de dar assessoria aos grupos operativos que se realizavam no local, tivemos o privilégio de acompanhar o grupo da costura. Na época, observou-se que as máquinas de costura exigiam constan-

te manutenção, e foi sugerida a troca destas pela costura com as mãos. A proposta foi juntar retalhos e criar os próprios tecidos ou panos. A inspiração e a técnica fomos buscar na artista plástica Marlies Ritter. O trabalho desenvolvido foi dar o holding necessário para o surgimento de uma identidade de grupo, que adquiriu visibilidade própria e criou o seu modo particular de trabalhar e subjetivar. A herança do trabalho com este grupo é a crença num modo particular de olhar a vida. O

grupo ganhou forma a partir de uma cadeia de olhares que se detiveram nos retalhos/partes de si mesmas, olhares que foram buscar dentro de si a ressonância para o que percebiam e sentiam, transformando o resultado disso em lindos panos. Agradecemos a todos aqueles que olharam nosso projeto e direta ou indiretamente disponibilizaram recursos para a construção desse novo espaço. Luisa Rizzo

NRF - Núcleo de Recém Formados Nos últimos semestres de curso, vivemos uma fase de correria em função de provas, estágios, trabalhos e monografia de conclusão, até que finalmente chega o momento tão esperado: a colação de grau. Enfim, somos Psicólogos! Mas e agora, o que fazer? Por onde começar? Não temos mais aquela turma da universidade, aquele grupo do estágio, aquela correria que, por vezes, era assustadora, mas que também nos animava rumo

ao nosso diploma. Parece que um dia após a formatura nos deparamos com aquele vazio − natural −, até nos reorganizarmos para investir em nossa vida profissional. Para você não estar sozinho e não ficar com esse sentimento é que o Núcleo de Recém-Formados da SPRGS acontece. Composto por profissionais recémformados de diferentes universidades, tem por objetivo ser um espaço de troca, integração, estudos, questionamentos

e conhecimento. O grupo se reúne semanalmente, na sede da Sociedade de Psicologia, durante 1h30min. Venha participar, conhecer novos colegas de profissão, ampliar sua rede de contatos e fazer dessa fase inicial um momento oportuno de enriquecimento pessoal e profissional. Aguardamos você! Patrícia V. da Silva. Diretora do Exercício Profissional (gestão 2009-2011).

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Interdisciplinar

A palmada é ou não violência?

H

á temas que voltam à pauta de discussão de tempos em tempos. Entre eles, a palmada do adulto no corpo da criança. As opiniões divergem: há os que dizem ser necessária à educação dos filhos, desde que usada com moderação, e há os que a rejeitam, por entendê-la como um ato de violência. O Código Civil Brasileiro de 2002 repete dispositivo expresso no Código de 1916, permitindo aos pais o uso e castigos físicos, desde que moderados. O legislador de 2002 perdeu a oportunidade de debater o tema e até de rever o posicionamento da lei anterior, se assim fosse o desejo da maioria. Optou, no entanto, pela manutenção do texto, que teve origem no início do século XX. Em que pese a omissão do legislador de 2002, outras iniciativas se sucederam, levando o debate ao Congresso Nacional. Em 2003, o Projeto de Lei nº 2654, versando sobre a mesma matéria, por fim à violência física praticada contra a criança, recebeu parecer favorável da Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania, encontrando-se na mesa diretora da Câmara dos Deputados aguardando apreciação dos recursos. Em julho de 2010, no aniversário de 20 anos do Estatuto da Criança e do Adolescente, o Presidente da República propõe o Projeto de Lei nº 7672/10, que busca vedar “o uso de castigo corporal ou tratamento cruel e degradante, como formas de correção, disciplina, educação ou qualquer outro pretexto”. A punição física praticada contra a criança tem origem em época remota, quando a criança não era sujeito de direitos, e os pais eram autorizados pela lei a ven-

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der os filhos, trocá-los por objetos, bem como praticar diversas formas de violência física. Os avanços no campo dos direitos humanos e do desenvolvimento infantil provocaram mudanças na própria concepção da criança que, a partir de 1988, no Brasil, é guindada à condição de sujeito de direitos. Se, no passado recente, bater era educativo, na atualidade, se constitui num ato de violência física. A experiência profissional evidencia que os pais, ao baterem nos filhos, mais do que educar, transferem para a criança sua irritação, desconformidade, insatisfação e incompetência para exercer a função paterna, calcada na responsabilidade, e não no autoritarismo e na covardia. Há, de um lado, despreparo dos pais para a função paterna, e, de outro, dificuldades pessoais de lidar com as vicissitudes da vida adulta. Aqueles sobre quem recai o dever de cuidar e proteger, aproveitando de sua força física, ferem o corpo e a mente de quem se encontra vulnerável, porque ainda é criança e, por isso, está em fase especial de desenvolvimento. Há que se investir na educação e na saúde, que devem anteceder, sempre, a punição, se queremos uma sociedade mais justa e fraterna. Os cuidados com saúde e educação devem começar cedo, mesmo antes do nascimento do bebê, nos primeiros anos de vida, e assim sucessivamente. A nova proposta legislativa é bem-vinda e serve de alerta à família, à sociedade e ao poder público. Chama a atenção de todos para a importância do cuidado da criança e para a reprovabilidade da punição física, o que é louvável. A palmada, como todas as formas

de punição física, provoca dor, gerando revolta naquele que foi alvo da violência e, de certa forma, autoriza-o a reeditar a violência. O agressor usa da palmada para causar dor e, com isto, inibir a criança, levando-a a fazer ou deixar de fazer algo. Dentro dessa lógica, se não doer, há de pensar o agressor, não causará o efeito desejado. Se bater leve, a palmada restará inócua, levando os agressores a usarem de mais força, cada vez mais, para que seu intento seja alcançado. Quem pratica violência física costuma adicionar a ela outras formas de violência, investindo na força e não do diálogo. O caminho a trilhar é longo, como tem sido a própria história dos direitos da criança, cujas primeiras sementes foram lançadas em 1924, com a Declaração de Genebra. Não há solução mágica para banir as diversas formas de violência praticadas contra a criança. E a lei, qual o seu papel? A lei é fundamental para a vida em sociedade. No entanto, a lei, por si só, não muda a realidade, é preciso que seja assimilada, valorizada e posta em prática, trazendo benefícios à comunidade. Por onde começar? Há que se começar pela prevenção, através de políticas públicas que sejam parceiras das famílias, em especial, das mais vulneráveis; pelo fazer cessar da violência, através da educação, do exemplo e dos conhecimentos que a área da saúde disponibiliza. Mas, para que isto aconteça, é preciso pensar, refletir, revisar e entender nossas condutas, sem o quê, de nada adiantará a nova proposta legislativa. Maria Regina Fay de Azambuja Procuradora da Justiça


Opinião

Bullying e gênero na escola: de que forma meninos e meninas podem ser malvados

O

gênero fala de todos os aspectos psicológicos, sociais e culturais da feminilidade/ masculinidade, compreendendo não apenas a atribuição, assinalamento ou rotulação do gênero que médicos e familiares realizam do recémnascido referente os genitais externos, ou seja, o que se pode ver do bebe ao nascer. Ao chegarem às instituições escolares, espera-se que meninos e meninas já saibam a que gênero pertencem e o que se espera deles nos papéis femininos e masculinos. Espera-se dos meninos comportamentos agressivos; a agressão é incentivada ou não recebe muita importância. Espera-se das meninas atitudes não agressivas, tais como posturas de tranquilidade, docilidade e compreensão. A agressão física e direta é desencorajada desde cedo. Bullying são todas as formas de atitudes agressivas − intencionais e repetidas −, executadas dentro de uma relação desigual de poder, que ocorrem contra outro(s), causando dor e angústia. Portanto, os atos repetidos entre iguais (estudantes) e o desequilíbrio de poder são as características essenciais, que tornam possível a intimidação da vítima. Existem três diferentes papéis que podem ser desempenhados: vítimas ou alvos; agressores ou autores; e espectadores ou testemunhas. Entre meninos, o bullying pode ter como objetivo a confirmação de suas identidades e aceitação social por meio de domínio sobre o outro. Pode ser expresso na forma de excluir, isolar, apelidar, ofender, amedrontar, intimidar, dominar, agredir e roubar. Entre meninas, não é marcado pelo comportamento físico e verbal direto,

que é basicamente domínio dos meninos. As meninas usam a maledicência, a exclusão, a fofoca, os apelidos maldosos e a manipulação para infligir sofrimento psicológico nas vítimas. As meninas atacam, com frequência, dentro de um círculo bem fechado de amizades, tornando

“Bullying são todas as formas de atitudes agressivas − intencionais e repetidas −, executadas dentro de uma relação desigual de poder, que ocorrem contra outro(s), causando dor e angústia.” a agressão mais difícil de identificar e reforçando o dano causado às vítimas. A proposta de intervenção é, principalmente, trabalhar com a prevenção, e envolve a todos: funcionários da escola, alunos e pais. São papéis do Psicólogo Escolar/Educacional estimular o diálogo aberto entre adultos e jovens; proporcionar a escuta empática; construir relações em contextos ricos em afeto; desenvolver a reflexão crítica; estimular a participação e responsabilidade de todos por seus atos. São papéis da Escola agir precocemente – prevenção e redução do bullying devem passar a ser partes integrantes do planejamento político-pedagógico da escola; manter permanente atenção sobre

as situações que possam ocorrer; buscar a cooperação de todos os envolvidos: professores, pais e funcionários. É necessário construir contextos significativos para essas crianças e adolescentes, carentes de habilidades relacionais. Para a vítima: um contexto que consegue protegê-la das intimidações e humilhações; e que permita que desenvolva com menos tensão suas capacidades de autodefesa. Para o agressor: um contexto que, de um lado, o paralisa e revela em sua ação transgressiva e, de outro, o induz a aprender regras básicas da vida em comum, da sociabilidade e da solidariedade. No caso de bullying de meninas, é necessário proporcionar a elas uma forma mais saudável de lidarem com a agressão; dar a permissão para experimentarem os desagradáveis sentimentos que precedem a raiva e o conflito. É preciso parar de premiar a manipulação e encorajar as meninas a adotarem atitudes assertivas e respeitosas, proporcionando a elas representações de agressão feminina que não sejam sensacionalizadas nem tornadas produtos da fantasia. Não existem soluções simples, pois se trata de um problema complexo e de causas múltiplas. Sendo assim, cada escola deve desenvolver sua própria estratégia para reduzi-lo, entrando em contato como seu ambiente escolar, promovendo reuniões entre os diversos segmentos da escola e comunidade e, acima de tudo, efetivando o seu compromisso com a saúde e o desenvolvimento pleno dos alunos. Bruna Detoni e Comitê de Psicologia e Educação

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Cultura Alice No País Das Maravilhas: O Tempo de Encontro Com O Seu Desejo O instigante estudo dos Três ensaios sobre a teoria da sexualidade, de Freud, nos levou a pensar o filme Alice no País da Maravilhas sob o olhar da teoria da sexualidade infantil. A entrada na adolescência desperta uma re-vivência da sexualidade infantil, adormecida no período da latência. Alice mostra que o ingresso nessa fase do desenvolvimento remete o sujeito a uma longa jornada em um mundo subterrâneo, o mundo da fantasia, da sexualidade infantil, ou, como Lewis Carroll nomeou, o “País das Maravilhas”. Diante de um pedido inesperado de

Leitura Da Miséria Neurótica à Infelicidade Comum, ensaios sobre a transmissão da psicanálise de Luiz-Olyntho Telles da Silva

N

a obra é feita particular releitura, ou revelatura do enredo mítico que batiza a psicanálise. O autor vale-se da trama helenística para estruturar reflexões psicanalíticas, começando por postar-se, girando, na encruzilhada de Megas – o marco zero – a escolher qual será a primeira trilha a ser enfrentada. Expõe-se ao risco de deixar à mostra certo atrevimento, posto que a ousadia já esteja disposta no intento inicial de publicar a incursão. Repórter da alegoria helênica, de vieses investigatórios, está de frente para o crime, e a qualquer momento pode vir a surpreender o leitor com instrumentos que permitam deslocar o eixo do conhecido para outro cenário da mãe de todas as tragédias. Renuncia ao compromisso de aliviar o emaranhado ao se embrenhar por desvios, tracejados pelos elementos de um

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casamento − o que sugere o marco da passagem da adolescência para a idade adulta, na qual se realiza a escolha de objeto sexual −, Alice pede um tempo. Indagamos: que tempo é esse? Tempo que remete a um outro tempo, o da sexualidade infantil. Houve nesse momento a regressão. Uma parada no tempo? O necessário para que o sujeito mergulhe nas raízes de seu psiquismo infantil; portanto, ainda pré-genital, para que somente após possa ingressar com mais tranquilidade na sexualidade adulta e realizar uma escolha de objeto propriamente dita. Portanto, a fuga de Alice para o País das Maravilhas pode ser entendida como uma regressão a serviço da elaboração, comum no desenvolvimento psicossexual. Com o acesso ao mundo subterrâneo

− o Inconsciente −, Alice consegue elaborar questões como a busca por uma identidade adulta, através da reedição do Édipo, da conflitiva da castração. Somente através do conhecimento de seus desejos inconscientes poderá construir um novo caminho, no qual poderão ser trilhadas suas futuras escolhas. Assim, inferimos que tanto o sonho como a regressão ilustrada no filme, tal qual ocorre no processo analítico, nos colocam em contato com o mundo da fantasia, ou, se preferirmos chamar: o nosso “País das Maravilhas”. O que fazer com isso? As “Alices” que nos habitam que escolham...

sonho coletivo, qual seja o mito sobre grandes verdades da lucidez e da cegueira do Homem, suas misérias neuróticas e infelicidades comuns. O texto se adensa, o autor abre mão de esculpir uma escrita leve e acelerada. A voz que emana desses gregos lendários encontra em Luiz Olyntho outras formas de complexificação. E faz valer a pena. Personas sem número se entrelaçam sob forma de verdadeiras turbas, turbinadas pelas pulsões, desfiguradas pelas invejas, enganosas pela obscuridade com que se encobrem. Não obstante o cuidadoso ordenamento, a epopeia psicanalítica apresentada por mortais e deuses gregos às vezes, é mesmo... grego. Mas, nosso escriba sonda, a cada milha percorrida, a extensão dos abismos egeus que inundam o intrapsiquismo. Retoma, remonta, restaura uma teia que não se esvai. Converte-se num Sísifo moderno erguendo tragédias e comédias mas, como Jasão, vale-se das cartas náuticas dos iniciados. Há aqui de todo un poco, ou, de todo um poço, na colheita deste intrépido Ulisses psicanalítico, psicanalista que

brame a pena antes da espada. Ao tracejar um figurino excêntrico para representar cada vulto, sobrepõe-se à versão do classicismo propriamente dito, com intenções de distorcer a narrativa. Na observância aguda e contundente com que amarra os fios das genealogias, é envolvido por elas, se deixa trespassar. Nas linhas de cada capítulo, o empenho arqueológico, quase voyerista, acerca dos nossos sentimentos e ressentimentos, ostentados pelos anônimos antigos está à luz. Antes que entregasse ao prelo o romance internista, se deixa embebedar pelo gozo em (re)compor cenários ou (re) conduzir coros, revelar segredos e desmistificar fantasias. Ao escancarar as insuspeitas fragilidades na força dos heróis, consegue insuflar-nos a mesma agitação curiosa, lúdica e profundamente ensimesmada. Igual regozijo espera quem se entregar ao sortilégio das bem-traçadas linhas desta edição. Não fora por tantas outras coisas, só isto já teria credenciado a obra.

Comitê de Introdução ao Pensamento de Freud

Ivone M.C. Coelho de Souza Pres. SPRGS 95-97


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