SP INFORMAÇÃO MARÇO 2011

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v. 9, n° 1, ano 2011 | Janeiro - Fevereiro - Março

Jornada da SPRGS 2011 “O Ato Como Linguagem” Ficha de Inscrição Anexa!

Para envolver os colegas sócios desde a preparação da Jornada da SPRGS de 2011, a Comissão Organizadora promoveu um concurso para representar por imagens o título do evento: O ATO COMO LINGUAGEM, sugestão da colega Magda Mello. Entre as colaborações recebidas, a vencedora foi a de Carlitos e a

florista cega, de Luzes da cidade (1931) enviada por Inúbia Duarte. A jovem não pode ver o vagabundo, mas, quando o reencontra, reconhece-o ao toque de suas mãos. A linguagem é dos atos, das cenas de um cinema mudo e tem a eloqüência do humano, de um encontro verdadeiro de amizade e de amor.

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Editorial

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edição de um informativo é uma empreitada estimulante e a idéia de melhorá-lo a cada número está sempre presente. Ao apresentarmos o primeiro SP Informativo de 2011, temos o prazer de comunicar que o livro comentado na coluna Leitura já faz parte do acervo da nossa biblioteca. A partir desta edição, esperamos poder contar sempre com esta possibilidade, melhorando de forma significativa nosso acervo e possibilitando o acesso dos sócios a textos que mereceram o interesse e a atenção de nossos colaboradores. Outra novidade para 2011 é a parceria que firmamos com a Revista da SPRGS. A partir deste número, alguns dos textos aqui publicados poderão ser ampliados e posteriormente submetidos à avaliação da comissão da Revista. Esta iniciativa tem a finalidade de estreitar os laços entre os diferentes suportes e, respeitando as características de cada um, oportunizar aos colaboradores do Boletim encaminharem suas produções a uma mídia mais permanente. O projeto de melhoria do SP está em constante desenvolvimento. Sua publicação tem como principal objetivo possibilitar

a troca entre colegas de profissão e divulgar o meio psi para a comunidade em geral. Esperamos a participação dos sócios tanto como produtores de textos a serem publicados quanto como leitores ativos e colaboradores, que enviam críticas e sugestões. Com este intuito, estamos inaugurando em nosso site um link que será ferramenta de comunicação direta entre a comunidade e a comissão editorial. Participe! Também com o intuito de colher a colaboração e estimular a participação de todos, estão sendo organizados diferentes eventos da Sociedade: a XIV Jornada Bianual, a Supervisão Coletiva e os Ensaios Clínicos, sobre os quais você poderá ter maiores informações pela leitura deste número do Boletim. Na coluna Interdisciplinar, destacamos uma ferramenta essencial do nosso trabalho e divulgamos sugestões especializadas da fonoaudióloga Cristina Moreira. Esperamos que esta leitura seja tão prazerosa quanto é nosso entusiasmo de disponibilizar periodicamente este informativo à comunidade e aguardamos o envio de textos e sugestões para melhor qualificá-lo. Comissão Editorial

Novos Sócios Patricia Costa da Silva Camila Terra da Rosa Daniela da Silva Vera Natalie Faria Valenti

Richard Jesus Assimos Dario Perez Bastos Gilla Maria Jacobus Bastos

Aline Nunes Engelke Carla Migliavacca Mattos Renata Aspar Lima

Expediente Diretora Administrativa: Lisandre Dreyer da Silva Matte Diretora Científica: Inúbia do Prado Duarte Diretora Financeira: Laura Suzana Sacchet Jaskulski DIRETORIA

Diretora Sócio-Cultural: Luciana Menezes de Azevedo

Presidente: Iara de Lourdes Camaratta Anton

Diretora do Interior: Vanéli Karine Closs Ribas

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Diretora do Exercício Profissional: Patrícia Viviani da Silva Diretor Suplente 1: Leonardo Della Pasqua Diretora Suplente 2: Rosa Beatriz Santoro Squeff SP Informação Comissão Editorial: Luciana Menezes de Azevedo Gabriela Ribeiro Filipouski Revisão: Diana Marchi

Sociedade de Psicologia do Rio Grande do Sul Rua Felipe Néri, 414/2ºandar Porto Alegre/RS CEP 90440-150 Fone/Fax: (51) 3331-8586 E-mail: secretaria@sprgs.org.br Site: www.sprgs.org.br Tiragem: 1000 exemplares Gráfica Calábria - 3245-7222 Projeto Gráfico: Grau Soluções Gráficas www.grausolucoes.com.br Os artigos e opiniões são de inteira responsabilidade dos autores.


Palavra da Presidente

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ssim como uma gestação tem um tempo para que o fruto de uma relação de amor tome forma e venha ao mundo, os investimentos de cada diretoria na gestão de uma instituição também parecem amadurecer devagar. É só ao nos prepararmos para fazer o balanço final, que nos damos conta da rapidez com que passa uma gestão, e constatamos que o prazer de estar junto, em busca de ideais comuns, é muito maior do que poderíamos supor. Especialmente os últimos meses são ocasião para a diretoria e os sócios colherem e saborearem os frutos plantados, e também para nos darmos conta de que alguns objetivos só se desenvolveram parcialmente. Tivemos sucesso em nosso propósito de ressurgimento do NESP, na criação do NRF e no Prêmio Recém-Formado, sob a coordenação de Patrícia Viviani da Silva e Leonardo Della Pasqua. Estes grupos mantiveram encontros regulares, criativos e fecundos, amplamente divulgados pela newsletter e pelo site, mas a ressurreição do EREP - a jornada dos estudantes, tão exitosa há alguns anos, fica como desafio para a próxima diretoria. Por falar em Jornada, estamos às vésperas do nosso encontro bianual, intitulada O ATO COMO LINGUAGEM. O evento estará bastante interessante, com várias mesas integradas versando sobre a o tema central, que abrange diversos vértices da psicologia: família, escola e educação; vínculos amorosos e sexualidade hu-

mana; cultura, trabalho e sociedade; desenvolvimento físico, esportes e trânsito; psicopatologia e clínica; criminologia e direito. Ficamos felizes com o apoio das principais instituições de nossa área e com a possibilidade de realizá-lo na sede da tradicional e aprazível SOGIPA. Leia mais a respeito da XX Jornada neste mesmo SP e no site da SPRGS e reserve a data de sua realização para poder usufruir o que preparamos para nossos sócios! O tema central do Psicologia e Cultura 2011, profícua parceria que mantemos com a Livraria Cultura, acompanha, de certa forma, o da Jornada: trata-se de Comunicação Humana. Mês a mês, diversos palestrantes apresentarão suas idéias, instigando o já tradicional bate-papo com o público presente no Auditório da Livraria, nas segundas segundas-feiras de cada mês, às 20h. Além da exposição oral e debates, haverá esquetes teatrais, filmes, documentários e leituras dramáticas, além de outros estímulos às reflexões propostas. Este evento aproxima a SPRGS da comunidade, atrai a atenção de psicólogos, de profissionais de outras áreas, e do público em geral, interessados em assuntos ligados às ciências humanas e da saúde. Sendo assim, concretiza nosso esforço de aprofundar as relações institucionais com a sociedade, realizando um dos principais objetivos de nossa entidade. Iara L. Camaratta Anton

Notícias

Encontro com Victor Guerra

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SPRGS e o Comitê de Psicologia e Educação, em 26 de março do corrente ano, promoverão um Encontro com o psicólogo e psicanalista uruguaio Victor Guerra, membro da Associação Psicanalítica do Uruguai, coordenador e assessor de grupos de pesquisa sobre a primeira infância, que abordará o tema SUBJETIVAÇÃO, INTERSUBJETIVIDADE E COMUNICAÇÃO NÃO VERBAL NO DESENVOLVIMENTO NORMAL E NA CLÍNICA. Em seus trabalhos, o autor refere que o tema envolve dois conceitos estreitamente ligados: intersubjetividade, que provém do terreno interpessoal, e subjetivação, que se origina no intrapsíquico. Há interdependência entre os conceitos, um é subsidiário do outro. A intersubjetividade, como experiência de construção e

de encontro com outro, implica em possibilidade de existência (assimétrica) de duas subjetividades. Victor Guerra diz também que vivemos em uma cultura em que a mudança, a presença dos efeitos do corpo, a intensidade e o movimento são constantes, com repercussões na construção da subjetividade e na evolução do conceito de identidade. Junto à diversidade, está situada uma invariante fundamental: há absoluta necessidade da presença do outro na constituição do ser humano, o que dá base à comunicação. Durante o encontro, debateremos a respeito da forma como isto se constrói, ou seja, o que significa o que ele chama de “dança nos espaços mentais”, em que tanto a pessoa como o outro compartilham a construção de uma caligrafia do

encontro, tratando de ”escrever-criar” uma nova versão do sujeito, composta tanto com recursos verbais como não verbais. Também poderemos debater a respeito da maneira como isto ocorre, qual a importância da estrutura dos primeiros vínculos no desenvolvimento de um sujeito, a criatividade e a repetição. Haverá ainda espaço para supervisão, considerada por Victor Guerra como ”experiência de co-pensamento, co-criação, não super, mas neo-visão do material do paciente e dos pensamentos do terapeuta”, com a intenção de abrir uma nova janela que possibilite outra forma de olhar. Junte-se a nós, venha usufruir desse encontro preparado especialmente para você! Informações na secretaria da Sociedade de Psicologia.

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Interiorizando

Núcleos do interior

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Sociedade de Psicologia do RS está constantemente buscando promover eventos em parceria com as Universidades, Instituições e profissionais do interior do Rio Grande do Sul. Para isso, mantém diretorias responsáveis por este importante segmento, cuja finalidade é representar a Sociedade ativamente em todos os espaços, acadêmicos ou não, de valorização da psicologia. Na condição de diretora em exercício (substituí a colega Vanéli Ribas no último semestre), posso testemunhar que esta atividade é bastante gratificante. Pude observar o entusiasmo dos coordenadores em dar continuidade ao trabalho que vem sendo realizado há anos, em algumas cidades, na tentativa de ampliar os benefícios que os Núcleos oferecem tanto aos sócios da Sociedade de Psicologia como à comunidade em geral. Entre eles, podem ser enumeradas a realização do Encontro sobre Transtornos Alimentares, que ocorreu no dia 10 de novembro em Caxias do Sul, sob a coordenação da psicóloga Cátia Dall’Agno, em colaboração com profissionais da nutrição e endocrinologia, que reuniu platéia diversificada, atenta e participativa, os encontros

da Secretaria Municipal de Saúde de São Leopoldo e no Conselho Regional de Psicologia com a coordenação da psicóloga Maria Aparecida da Silveira Brígido, onde a Sociedade também se fez representar. Nessa ocasião, constatamos que o Núcleo de São Leopoldo está desenvolvendo um relevante trabalho de Saúde Mental em parceria com o município, o que vem resultando em positiva visibilidade dos psicólogos como categoria representativa na população. Para 2011, os Núcleos do Interior planejam uma programação repleta de temas de interesse da classe e áreas afins, a serem realizadas no decorrer do ano. Esperemos que possam repetir o sucesso alcançado em 2010, quando se destacaram em diferentes e interessantes atividades nas suas comunidades como representantes da Sociedade de Psicologia do RS. Resta ainda desejar que novos núcleos se formem, aprofundando esses laços e oferecendo a seus associados possibilidades de interação social, de estudo, debates e trocas com outros profissionais. Rosa Beatriz Santoro Squeff Diretora do Interior (em exercício)

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Para 2011, os Núcleos do Interior planejam uma programação repleta de temas de interesse da classe e áreas afins, a serem realizadas no decorrer do ano. Esperemos que possam repetir o sucesso alcançado em 2010, quando se destacaram em diferentes e interessantes atividades nas suas comunidades como representantes da Sociedade de Psicologia do RS. Resta ainda desejar que novos núcleos se formem, aprofundando esses laços e oferecendo a seus associados possibilidades de interação social, de estudo, debates e trocas com outros profissionais.


Espaço Científico

Amostra da Jornada 2011

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ossa Jornada está sendo organizada a partir do envolvimento dos sócios pensando temas, colaborando com mostras criativas, sugerindo e votando a imagem de divulgação. A composição temática inicia com a participação das colegas psicólogas Magda Mello, psicanalista e Berenice Lamas, escritora. Continua enriquecida pela colaboração de nossos convidados especiais, Clara Pechansky, artista plástica e Rogério Horta, psiquiatra e especialista no tratamento das adições. Iara Anton contribuirá à ampliação do tema enfocando-o no contexto familiar e a problemática do trânsito será abordada por Aurinez Schmitz e Patrícia Silva. Uma pequena amostra dos trabalhos inscritos nas Mostras Criativas revela o quão profundo está sendo preparado e estudado O Ato como Linguagem: Reflexões darão espaços onde o não dito ganha significado e se faz linguagem, auxiliando a dissipar fantasias e estigmas em relação à doença oncológica? A elucidação de novos imbricamentos acerca da possível fusão conceitual do significante das duas ciências, Linguística e a Psicanálise, leva-nos a um verdadeiro quebra-cabeça. A leitura crítica do cinema explorará as patologias atuais que se encontram aquém do desejo, abordadas em O Perfume (Tom Tykwer, 2006) e de seu personagem Jean Baptiste que padece de inscrição sem tradução, pois nele não se estabeleceu o recalque. Através de O túnel (1948), de Ernesto Sábato, perguntamo-nos: pode ser o ato criminoso compreendido como expressão da dor psíquica em Juan Pablo? Esse questionamento aborda questões relativas às falhas das representações subjetivas que convergem em atos como descarga de tensões desligadas. O ato bulímico revela uma precariedade simbólica? Condutas atuadas colo-

O ato como linguagem e a linguagem como ato levam-nos ao pensar, ao pensamento, ao simbolismo. Nesse jogo de palavras, a cronologia dos fenômenos adquire perspectivas históricas, filogenéticas e ontogenéticas, que se sobrepõem, alternamse, coexistem. Convivem em uma lógica ilógica do psiquismo individual e da espécie humana. cam em primeiro plano as relações com o corpo e o alimento. Substituem a possível atividade de representação, de pensamento e relação, pelas sensações e ações concretas? A avaliação de um momento da vida do indivíduo ilustra um processo psicodiagnóstico com entendimento dinâmico e ressalta a importância de definir seus objetivos. Os elementos simbólicos desenhados por um menino com dificuldade de identidade sexual são equiparados às associações livres e às formações oníricas. Revelam radiograficamente sua personalidade. O brincar no contexto psicoterapêutico é sua linguagem. O papel do psicólogo escolar como tradutor de significados, entendendo formas verbais e não verbais, será abordado como função comparável à dos pais, de codificar a linguagem de seu bebê. O aluno compõe uma trajetória na escola,

evidenciando um processo a ser decifrado e o psicólogo propicia espaço para circulação e compreensão dos discursos ali originados. Experimentações em Centros de Atenção Psicossocial de Lajeado mostram o quanto estimulam relações entre a Arte e a Clínica, em um espaço de possibilidades, cuidado e emergência de dispositivos que fazem com que o sujeito se torne protagonista de seu destino. Estratégias, poder e relações nas instituições onde o campo social se constitui por práticas de relações de forças, o ato e linguagem se mostram e atuam intensa e constantemente, forjando formas de pensar, agir e subjetivar. É um terreno de lutas, constrangimentos, produção de saberes, possíveis e de interditos. A partir de Ana e a confusão de línguas, é introduzida a obra de Ferenczi (1873-1933), com o objetivo de identificar o destino de uma menina de nove anos e de pessoas que sofrem traumas e violações precoces. Todo ato é linguagem? O que é necessário para que um ato seja linguagem? Quando a linguagem se transforma em ato? O ato como linguagem e a linguagem como ato levam-nos ao pensar, ao pensamento, ao simbolismo. Nesse jogo de palavras, a cronologia dos fenômenos adquire perspectivas históricas, filogenéticas e ontogenéticas, que se sobrepõem, alternam-se, coexistem. Convivem em uma lógica ilógica do psiquismo individual e da espécie humana. A Jornada promete mergulhar nessa complexidade vital! Agradecemos toda colaboração e convidamos para que participem desse nosso encontro maior. Inúbia do Prado Duarte Diretora científica gestão 2009-2011 Coordenadora Geral – Jornada 2011 Nota: Aguardamos ainda inscrições na categoria de posters até início de março.

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Espaço Científico

A trama de teares

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m plena ruptura do social e dissolução do político, se tem afirmado que estamos na era pós-moderna, em um novo estado histórico, onde uma nova organização da personalidade gera o itinerário do individualismo dominante, inserido e constituindo contextos de outras modalidades nas relações sociais. Apatia e indiferença são traços das atuais formas do laço social. Como indivíduos cada vez mais flexíveis, somos uma civilização vivendo o ocaso de toda a autoridade coletiva. O princípio de sedução substituíndo o princípio de convicção, e destas mutações, resultam a perda de referências e todos os desajustes das relações sociais. Sem limites, fustigados por pulsões incontroláveis, somos a sociedade da decepção, pois a busca da realização total dos desejos, nos encaminha inexoravelmente rumo à frustração. Nesta nova economia psíquica, não há lugar para o recalcamento dos desejos, mas a obrigação de satisfazê-los. O indivíduo contemporâneo, hedonista e consumista, acredita ser este um sinal de sucesso e inclusão. Somos mais livres e mais inconsistentes. Os vínculos humanos, frágeis e líquidos, os valores auto-instituídos, e assim, sem transcendência, precisamos ser responsáveis por nós mesmos e por nossas atitudes. Somos longevos, as ciências e tecno-

logias assim nos brindaram nos últimos séculos. Reduziram-se os esforços e os sofrimentos, dores individuais e sociais, mas saberemos conviver com o desejo e o prazer? Não o da sociedade de consumo, que apenas compensa, mas aquele que dá completude? Frente às contradições, à dúvida, ao fim das certezas, como agiremos? Este é o desafio, pois a responsabilidade não depende de uma decisão voluntária, mas de uma batalha simbólica, onde investimento, negociação e ousadia serão os traços reveladores da esperança no humano, em seu processo antropológico de mudanças, buscando superar os problemas da sociedade contemporânea. Mesmo inseguros, podemos celebrar a liberdade, pois ela é sempre mais diferenciada que a repressão. Somente a democracia, como sistema social e as instâncias psicológicas, a partir do equilíbrio entre nutrir e normatizar, poderão suportar as tensões geradas pelas contradições. As Mostras Criativas, inseridas na Jornada 2011, cujos conteúdos relacionamse ao tema central, O Ato Como Linguagem, deram lugar a exploração de seus variados significados. As reflexões atribuem sentido e formulam indagações sobre angústias e dilemas humanos. Transmitimos o que sentimos, pensamos e desejamos? Somos capazes de expressar nossa subjetividade, tornando-a compre-

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ensível? Assuntos complexos ao primeiro olhar, mas evocadores da paixão irrestrita pelo humano, estimulando-nos a empreender a batalha simbólica reveladora da crença na capacidade de superação, dos indivíduos e da sociedade, como cenário de desenvolvimento. O comprometimento com a formação da Comissão Científica envolveu-nos em uma atmosfera fluída de encontros, alguns renovados, outros descobertos, pela via eletrônica, quase sempre desconsiderada como variante de enlaces consistentes. A teia constituída por seus integrantes, evidenciou afinidades com a profissão e apreço pela SPRGS. Todos responsáveis, colaboradores, experientes, participaram como pareceristas dos trabalhos inscritos na Mostra Criativa. Sugeriram temas e palestrantes das mesas da Jornada, comentaristas, coordenadores de mesas. Propuseram a colaboração de profissionais de outras áreas, sublinhando a interação interdisciplinar. O resultado foi uma abordagem de rara beleza estética, unindo colegas situados na clínica particular e institucional, na universidade, na pesquisa, em variados campos da ordem social em prol do evento que preparamos Vale também destacar a experiente ajuda da Diretoria da Comissão Científica da SPRGS, na figura de sua titular, Dra, Inúbia do Prado Duarte, da Comissão Organizadora da Jornada e da Secretaria da SPRGS, que muito tem auxiliado a tecer essa teia. A todos os que a teceram (Tânia Galli Fonseca, Cátia Dall’Agno, Ana Carolina Coelho, Luciana Maccari Lara, Angela Plass, Luciano Bedin da Costa, Patrícia Gomes Kirst, Viviane Leal Pickering), nosso encantamento e os agradecimentos da SPRGS.

Sonia Martins Sebenelo Coordenadora da Comissão Científica – Jornada 2011


Núcleos

NESP - Núcleo de Estudantes Orgulho! Com este sentimento encerramos o ano de 2010 e nos encaminhamos para um feliz 2011. O sucesso das atividades realizadas pelo NESP, em especial no mês de novembro e dezembro, quando foram apresentadas esquetes teatrais, produzidas por alunos, que suscitaram entusiasmo e interesse. A apresentação dos estudantes da Univates buscou, de forma criativa e artística, ilustrar a comunicação com o inconsciente através de experiências com os cinco

sentidos. A intervenção buscou desassossegar os corpos obedientes e colocá-los em crise, tendo por efeito a inquietação dos espectadores e a aproximação entre este movimento e as formas de realizar as práticas em uma Clínica Ampliada. Outro momento relevante foi quando entramos em contato com o universo psicótico, através da bela interpretação de Richard Assimos, que adaptou e apresentou a esquete teatral Monólogo da Loucura, de

autor desconhecido. As realizações do ano que passou indicam que as sementes plantadas começam a frutificar, e que o NESP se fortalece como referência de estudantes de psicologia. Vamos nos esforçar para manter esses frutos, a fim de colher o mesmo sucesso em 2011. Ana Carolina Alifanits Cardoso

NIC - Núcleo de Intercâmbio com a Comunidade O NIC atua na Vila Santa Anita, visando identificar demandas dos moradores da comunidade e promover a emergência de seu potencial e das pessoas que com eles trabalham. Na Vila, há três serviços especialmente destinados a atender crianças e adolescentes: a Creche, o SASE e o chamado Trabalho Educativo. A SPRGS atua diretamente junto à Creche e ao SASE – Serviço de Apoio Sócio Educativo, além de oferecer orientação e suporte às artesãs de patchwork do grupo Arco-Íris. Nesta edição do SP, destacamos o trabalho no SASE, que recebe crianças de 6 a

14 anos. Muitas delas apresentam dificuldades emocionais, manifestas em problemas de aprendizagem, de conduta, de relacionamento. A vulnerabilidade social que possuem exige atenção e cuidados especiais. A atuação do NIC privilegia encontros com a coordenadora do SASE e/ou com as educadoras, abordando temas como limites, agressividade, diferenças individuais, desenvolvimento das habilidades sociais. As discussões realizadas abrangem aspectos relativos às educadoras e às relações intrainstitucionais. Também são realizadas atividades destinadas à orientação familiar. Nossa meta é possibilitar a formação

de agentes multiplicadores de promoção da saúde, da educação e do desenvolvimento geral dessa comunidade. Ainda que colaboremos para a melhoria das condições de saúde e convivência social dessa população, há muita carência, e nosso projeto é criar outras formas de atuação Por isso, se você acredita que é possível ser solidário e fazer a sua parte para ampliar a qualidade de vida dessas crianças e jovens, junte-se a nós, o NIC está aberto a novas idéias e a novos integrantes! Heloisa Furtado Coordenadora do NIC

NRF - Núcleo de Recém-Formados O NRF é formado por psicólogos que acabaram de se graduar. Para muitos estudantes, a formatura é um momento mágico de passagem de um ciclo para outro. Nessa passagem, muitas coisas acontecem: os estudantes agora são profissionais; a que campo de atuação se dirigir? Em que áreas da profissão investir? Quando começar a pensar em uma formação, especialização ou mestrado? Esse momento inicial de escolhas, de definição de trajetória, é muito delicado e importante. O que significa que o profissional precisa clarear e reconhecer quais das áreas da sua profissão deseja investir. Por isso, o espaço oferecido pela

SPRGS é de grande relevância para os profissionais recém formados. Através dele, o jovem profissional começa a ter contato com pessoas que estão passando por um momento semelhante ao seu, o que favorece a troca entres os integrantes e também a ampliação de suas redes de contato. Ao mesmo tempo, forma-se um grupo capaz de realizar estudos de temas de interesse comum, promove-se a organização de eventos científicos, faz-se contatos com outras instituições de formação e especialização e interage-se com profissionais que estão em desenvolvimento de carreira, mas já passaram por situação semelhante.

Minha participação no NRF, em 2009, foi muito rica, pois pude usufruir de todas as oportunidades que o grupo oferece aos recém formados. O Núcleo é coordenado pela psicóloga Patrícia Viviani da Silva, que recebe os profissionais com competência e acolhimento. Neste ano, voltei ao NRF para contar um pouco da minha vivência profissional e conversar sobre uma instituição de formação em psicanálise, onde sigo meus estudos e minha formação como Psicanalista. Cristina Gudolle Herbstrith

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Interdisciplinar

Cuide da sua voz Desde o nascimento, a voz humana existe e se manifesta através do choro, riso e grito. Assim, mesmo no início da vida, a voz é um dos meios de interação mais poderosos do indivíduo, tornando-se o modo básico de comunicação entre as pessoas. Ela está presente nos momentos mais decisivos, é veículo de sentimentos e emoções, modificase constantemente de acordo com a idade, saúde física, história pessoal de vida, condições ambientais, situação e contexto de comunicação. Dependendo a quem nos dirigimos e de acordo com o nosso estado físico e emocional, recorremos a diferentes qualidades vocais. Assim, nossa voz em casa é diferente da voz no trabalho; a voz com que nos dirigimos às crianças é diferente da usada quando conversamos com nosso cônjuge; e, quando estamos tristes e felizes, nossa voz também demonstra esses sentimentos. Podemos modificar nossa voz e fazê-la mais fina, mais grossa, mais forte, mais fraca, mais rouca, mais limpa, mais nasal ou mais melosa. Essa possibilidade de controle de variáveis evidencia o quanto esse sistema é flexível, embora todos possuam um padrão básico de identificação. Nossa voz é única, uma espécie d e

expressão sonora absolutamente individual. Não existem duas vozes iguais, fato semelhante ao que ocorre com a impressão digital. Por esse motivo, é possível identificar uma pessoa por uma simples gravação. A voz é responsável por uma porcentagem muito grande de informações contidas na mensagem que estamos veiculando e revela muita coisa sobre nós mesmos. A voz fala mais do que as palavras. Na maioria das vezes, encaramos nossa voz como uma manifestação automática de nosso corpo e não damos a ela muita atenção, pondo em risco a saúde vocal. A população em geral desconhece as normas básicas de higiene vocal. O ponto básico dos cuidados necessários com a voz decorre da compreensão de como ela se constitui. A voz é produzida a partir do ar que saí dos pulmões, passa pela laringe, onde estão localizadas as pregas vocais, estas no momento da expiração se aproximam e vibram, produzindo assim o som. De início, o som é baixo e fraco, mas é amplificado pelas cavidades de ressonância. Depois, o som é articulado na cavidade oral, por meio dos lábios, bochechas, língua, palato e mandíbula. O uso correto da voz, sem abusos freqüentes, é a melhor garantia para sua saúde vocal. Comportamentos vocais negativos, chamados de abuso e mau uso vocal, colocam em risco a integridade da voz. Quando eles ocorrem, devem ser analisados os motivos envolvidos nesses comportamentos, geralmente explicáveis na esfera psicológica. É de extrema importância reconhecer os comportamentos inadequados e modificá-los. Todos precisam ter cuidados com a voz, mas aqueles que a utilizam profissionalmente precisam estar muito atentos para manter a saúde vocal. Eis algumas recomendações básicas:

• Mantenha-se sempre hidratado, bebendo pelo menos 2 litros de água ao longo do dia; • Fale num tom confortável e com clareza, articulando bem as palavras; • Faça repouso vocal após uso intensivo da voz; • Mantenha uma alimentação saudável. Evite achocolatados e derivados do leite, principalmente quando for utilizar a voz profissionalmente; • Coma maçã, pois ela é adstringente e limpa o trato vocal. Sua mastigação exercita a musculatura, responsável pela articulação das palavras; • Evite gritar ou falar alto, principalmente em locais barulhentos. Procure não competir com o ruído externo e use microfone, se necessário; • Não fume, pois o cigarro provoca tosse, pigarro, irritação, aumento de secreção e infecções, fatores que agridem as pregas vocais; • Evite ingerir bebidas alcoólicas; • Durma bem; • Evite mudanças bruscas de temperatura e reduza sua permanência em locais com ar condicionado; • Evite o uso de roupas apertadas na região do pescoço e cintura, que atrapalham a respiração; • Nunca se automedique.

Caso perceba algum sintoma, como rouquidão persistente por mais de 15 dias, dor, ardor ou mudanças na voz, procure um médico otorrinolaringologista ou um fonoaudiólogo, para receber orientações e encaminhamentos adequados. Cristina Moreira Fonoaudióloga - CRFa/RS 7577

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Opinião

O fascínio e o desafio de fazer clínica

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tender pessoas no consultório é o sonho de boa parte dos estudantes de Psicologia. Existe um fascínio nesta arte de escutar e entender os significados que emanam do inconsciente. Há, para muitos, certo glamour em imaginar-se sentado à poltrona, a ouvir as associações livres dos pacientes. Isto decorre da tentativa de compreender a razão do sofrimento, o sentido dos sintomas, a compreensão dos atos falhos, dos sonhos, de determinado comportamento ou padrão de relacionamento e, é claro, colaborar para aliviá-los. À medida que tomamos contato com a teoria, com a técnica e iniciamos a prática psicoterápica, percebemos quanta complexidade existe nessa tarefa. Escutar e compreender não é nada simples! Em outros tempos, ser psicólogo parecia mais fácil: consistia em escutar e interpretar os conteúdos esquecidos para que recuperassem a condição da consciência. Ao terapeuta cabia a incumbência de ser “uma tela em branco”, onde o paciente projetaria suas emoções, fantasias, conflitos, defesas, etc. No entanto, o próprio Freud foi surpreendido pelo fenômeno universal nas relações humanas chamado transferência. Após o ocorrido com Dora, Freud põe-se a pensar no que teria ocorrido na análise para que ela o tivesse abandonado sem aviso prévio. A partir de suas reflexões, a transferência é reconhecida como fenômeno clínico de valor inestimável. Desde então, não só as lembranças esquecidas são alvos da investigação, mas o padrão relacional tornase também seu objeto e veículo para a cura. A repetição possibilita que a lembrança esquecida seja atualizada, encenada na situação terapêutica, dando a oportunidade de compreender a dinâmica do inconsciente. O terapeuta torna-se partícipe nesse processo, pois afetos, desejos, conflitos, fantasias e defesas são, direta ou indiretamente, dirigidos à sua pessoa.

Na década de 50, outro fenômeno clínico é revelado, provocando uma revolução no método e na técnica: a contratransferência, pesquisada e observada em Londres por Paula Heimann e, na Argentina, por Heinrich Racker. O analista é agora participante ativo no processo e as emoções, afetos e fantasias servem como orientadores da prática clínica, na fascinante tarefa de atribuir sentido àquilo que carece de significação. Nossa escuta ampliou-se: dirige-se também aos nossos sentimentos, afetos, fantasias e etc. A análise pessoal cresce, consideravelmente, em importância e relevância. Nosso principal instrumento de trabalho é o nosso psiquismo, é o nosso inconsciente. A clínica, desde Freud, é inspiradora e desafiadora. A partir dela, a teoria evolui, ampliando os instrumentos para dar conta da tarefa de encontrar significados. Na década de 70, apresentada pelo casal Baranger, surge a teoria do campo: “uma situação de duas pessoas indefectivelmente ligadas e complementárias, enquanto está acontecendo a situação, e involucradas no mesmo processo dinâmico” ( 1993, p. 129). Esta postulação remete à contínua reflexão sobre o que se passa no campo, e é tarefa dificílima para ser realizada a sós. A reflexão sobre a clínica, seja em supervisão ou em grupos de

estudos, é inestimável e imprescindível. Estes desafios acionam nosso desejo de treinar e treinar e treinar a nossa escuta, motivo pelo qual propusemos o Exercício Clínico. Para executarmos bem uma tarefa, é preciso treinar muito, coisa que fazem os grandes mestres da música, da literatura, os atletas... Estamos cientes da importância e, ao mesmo tempo, da dificuldade desse desafio. É preciso mostrar-nos, abrirmos o consultório, reconhecermo-nos como aprendizes, expor nossa mente trabalhando. O medo de críticas, alheias ou próprias, é frequente e, pode vir acompanhado do sentimento de vergonha. Porém, vencida esta provação narcísica, muito temos a aprender com o compartilhamento de experiências e multiplicação de olhares sobre nosso paciente. A manutenção, na Sociedade, deste espaço de troca, reflexão e estudos é nosso desafio, habilitando-nos à desafiante tarefa de fazer clínica com qualidade. Comitê de Psicologia Clínica

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Cultura

Um Estranho em Mim Um Estranho em Mim, (Das fremde in mir, 2008) é um filme alemão com direção da cinesta Emily Atef, vencedor da competição de Novos Diretores da 32ª Mostra Internacional de São Paulo e ganhador de vários prêmios em festivais internacionais. O filme aborda com sutileza um tema difícil e pouco compreendido tanto pela pessoa que sente, quanto pelos que a rodeiam que é a depressão pós-parto A personagem Rebecca (Susanne Wolf) vive a tranquilidade de um casamento recente com Julian (Johann von Büllow) e está grávida. Ela e o marido esperam com satisfação o nascimento do primeiro filho do casal.

Quando o bebê nasce, ela passa a se desinteressar pelas obrigações maternas, o que evolui rapidamente para um perigo à criança: Rebecca o esquece na rua, fantasia deixá-lo no fundo da banheirinha... A ojeriza pelo marido também não tarda. Tal sentimento incontrolável é repreendido pelo meio, que não o compreende. O filme não pretende explicar as causas do problema, mas mostra as consequências e a gravidade de um quadro de depressão pós-parto. Rebecca é internada - e o foco do filme passa às reações da família e da sociedade, que não admite a idéia de uma mulher que rejeita o rebento. No desenrolar da história, aparecem diversas questões emocionais que a perturbação suscita. Estes sentimentos são colocados em cena através da forma

como a personagem vivencia a sua dor, permitindo que o espectador acompanhe este processo bem de perto. O filme traz a tona sentimentos variáveis de muita tensão, mas muito bem interpretados. Observa-se: a forte culpa da personagem, a deterioração do casamento, a incompreensão do que esta ocorrendo, a solidão de quem vive este drama e a desconfiança na recuperação. Para satisfação do espectador, ao final a personagem consegue ter auxílio de profissionais da saúde e reconquista a possibilidade de ter um sentimento positivo pelo seu bebê, além da acolhida do esposo, ainda que não seja possível livrar os envolvidos das marcas deixadas por este sofrimento.

Os artigos retratam temas de psicanálise que instigam à reflexão, problematizando alguns conceitos psicanalíticos de destaque na contemporaneidade, tais como violência; destrutividade, variações nas formas de manifestação da dor humana; construção da subjetividade, dentre outros, todos atravessados pelas contingências atuais. Ao demarcar o novo território da leitura do inconsciente, a Psicanálise contribuiu para desfazer uma série de restrições, características do apogeu da dominação do modo de vida burguês. Freud, a partir de histórias clínicas, tratou da sexualidade em suas múltiplas manifestações sintomáticas: descortinou o campo da sexualidade infantil, ampliou o modelo de investigação do sintoma para a constituição do aparelho psíquico, introduziu um método de trabalho clínico e constituiu uma metodologia de pesquisa.

A produção apresentada nesta obra busca pensar a interrelação da teoria freudiana com a clínica psicanalítica hoje. Os textos evidenciam a necessária revitalização da Psicanálise, seja através da discussão entre pares, da troca com outras ciências, ou da incessante reavaliação do lugar do analista. As várias facetas que compõem uma obra de diversos autores, com cunho tão atual e instigante, constituem um desafio à clínica contemporânea, sinalizam para as falhas na capacidade de simbolização psíquica e para a intensidade do desamparo do ser humano, oportunizando uma rica e histórica leitura comemorativa dos 20 anos de contribuição institucional para o estudo, pesquisa, transmissão e prática da psicanálise.

Rosangela Maria Martins da Silva

Leitura

Um movimento psicanalítico: narrativas da teoria, da clínica e da cultura.

Luciana Rechden da Rocha (Org.) Porto Alegre: Sigmund Freud Associação Psicanalítica, 2010.

O

livro reúne textos de diversos autores que registram alguns momentos científicos promovidos pela SIG ao longo do ano de 2009, quando a instituição comemorou 20 anos de atividade.

10 | SP Informação

Magda Mello


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