Revista Automotive Business - edição 22

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biocombustíveis terão espaço para buscar mercado se o governo federal adotar políticas públicas para o setor. Essa é a avaliação de Adriano Pires, diretor do Centro Brasileiro de Infraestrutura (CBIE), segundo o qual a falta de regulação específica causa incerteza, afastando investidores que procuram ambientes com mais previsibilidade para aplicar recursos. Pires entende que o governo brasileiro fez uma opção clara em favor dos combustíveis fósseis ao congelar o preço da gasolina em 2008, além de isentar o recolhimento da Cide (Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico) Combustível. “Isso representa a renúncia de R$ 22 bilhões desde 2008”, afirma. O efeito da falta de um direcionamento claro do governo federal em favor dos biocombustíveis pode ser visto na cautela dos investidores internacionais em aplicar recursos na produção de açúcar e álcool no Brasil, apesar das linhas de crédito de longo prazo oferecidas pelo BNDES (Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social). Para Alan Boyce, conselheiro do grupo Adecoagro, contribuíram para diminuir o interesse estrangeiro as sete alterações no percentual de etanol na gasolina, as isenções de cobrança de PIS e Cofins na Cide Combustível, o crescimento do custo tra-

20 MILHÕES de veículos flex produzidos: força ao etanol

CACO PARISE

NIELS ANDREAS

Assista à entrevista exclusiva com Francisco Nigro

DIVERSOS FATORES CONTRIBUÍRAM PARA A REDUÇÃO DOS INVESTIMENTOS, DA PRODUÇÃO E DA PARCELA DO ETANOL NA MATRIZ ENERGÉTICA ALAN BOYCE, conselheiro do grupo Adecoagro

balhista em 150% e do valor da terra em 83%. “Esses fatores contribuíram para a redução dos investimentos, da produção e da parcela do etanol na matriz energética brasileira”, disse. EXEMPLO Para o diretor do CBIE, o exemplo norte-americano de adoção gradual de novos combustíveis seria o mais indicado para o mercado brasileiro. “Nos Estados Unidos há parceria entre as petroleiras e os produtores de biocombustível porque o produto se apresenta como complemento e não como competidor”, explica. O executivo informou

que em 2020 a participação de biocombustíveis nos EUA será de 19%. Com a mesma forma de atuação, o governo norte-americano vai introduzir o gás de xisto no mercado. De acordo com Carlos Gutierrez, ex-secretário de comércio do governo dos EUA, a administração Obama seguirá passo a passo porque não há ainda a infraestrutura de distribuição do novo combustível, o que limita sua utilização. Mesmo assim, há planos para seu uso no mercado doméstico. “Haverá incentivo para adoção no transporte público e de cargas de curta distância”, explicou Gutierrez.


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