A Terra Nom Se Vende

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A TERRA NOM SE VENDE O TURISMO É COLONIALISMO

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dossier ,

o t uri sm o e c ol oni al i sm o O TURISMO É COLONIALISMO Desde começos-meados dos anos noventa a Galiza está a viver um violento processo de turistificaçom, orientado a fornecer o Pais da infraestrutura necessária para o convertir num produto turístico de primeira orde e a promocioná-lo dentro do mercado internacional. Com esta perspectiva vêm trabalhando instituiçons públicas da mao das grandes empresas do sector, seguindo as indicaçons marcadas desde organismos internacionais (OMC, FMI, BM, UE,...) que têm reservado para a Galiza, entre outros, o papel de reserva turística para o centro trabalhador. A turistificaçom nom é mais umha agressom ao País, é umha agressom marcada e de destaque porque necessita da reconversom total, integral, da nossa base económica. Ante o panorama desolador que fica depois de terem desestruturado os sectores produtivos tradicionais, o turismo apresenta-se-nos como a galinha de ovos de ouro que salve esta situaçom de precariedade, desemprego e emigraçom. Mas detrás do discurso oficial agocham-se as causas e consequências dramáticas do processo turistificador sem o qual nom é possível entender outras muitas agressons que estamos a viver (infraestruturas, especulaçom, precariedade,...)

ciência. Supom umha intervençom violenta e alheia, ilegítima, ao processo evolutivo do nosso Povo e planificada por aparelhos de poder estrangeiros. O protagonismo da Junta como impulsor de esta política só faz que maquilhar a realidade para que o discurso ideológico da turistificaçom se adentre mais fazilmente, embora no seu dia os politiqueiros do BNG cumprices de esta destruiçom deverám dar contas ante o povo galego. A destruiçom e desfrute da nossa terra e do nosso povo, convertidos em campo de atracçons para turistas principalmente espanhóis, nom lhes

pode sair de graça. É ética e politicamente inaceitável que milhons de estrangeiros, na sua maioria procedentes da naçom que nos submete, venham ao nosso país exigindo serviços que supom autênticas desfeitas ambientais e sociais, exigindo que renunciemos à nossa cultura e a nossa língua para adaptar-nos ao seu divertimento, presionadas por umha chantagem secular que nega outras alternativas viáveis, ecológicas e acordes com o evoluir normal da nossa naçom. Mais cedo do que tarde deverám pagar algum tipo de portagem. Será, sem dúvida, a portagem que o independentismo decida.

O QUE É A TURISTIFICAÇOM? A turistificaçom é um processo que na Galiza se vém fazendo palpável desde os anos 90, encaminhado a re-converter a economia de um país para transformé-lo num produto turístico, com consequências económicas, políticas, ambientais e sociais incalculáveis. A turistificaçom é simultaneamente consequência e causa da destruiçom da nossa base económica. "Consequência" porque desde os organismos planificadores e gestores (autonómicos, espanhóis e europeus) se con-

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templa o turismo como a única soluçom dos graves problemas económicos, sociais e culturais da Galiza a que esses mesmos poderes a levárom nestes anos. Ante a destruiçom da economia camponesa e a desestruturaçom operada desde a nossa inclusom forçosa na velha CEE, o turismo apresentase-nos como única soluçom ante um panorama desolador de desemprego, precariedade e emigraçom. "Causa" porque o próprio processo de turistificaçom multiplica a destruiçom das estruturas sociais,

O INDEPENDENTISMO FRENTE A TURISTIFICAÇOM A finais dos noventa o Independentismo adiantava umha analise acertada sobre o processo de turistificaçom que os poderes espanhóis na Galiza artelhavam em colaboraçom com as instituiçons europeias. Era daquela umha das poucas vozes que se alçavam contra esta ameaça que, a dia de hoje, já é tam evidente que cria focos de tensom por todo o país. As mobilizaçons em contra da especulaçom urbanística somavam o passado mês de Maio a decenas de colectivos na cidade de Compostela, denunciando umha invasom de cimento que, na maioria dos casos, nom se poderia entender sem enquadrá-la no processo de turistificaçom operado polas instituiçons e no que se enriquecem os grandes da banca e da

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promoçom da construçom. O turismo é colonialismo. Um colonialismo adaptado aos novos tempos de mono-especializaçom das economias nacionais periféricas como a nossa, num reparto estudado desde o centro europeu e espanhol que outorgam a Galiza os papeis de reserva energética e colónia turística para o descanso do centro trabalhador. A turistificaçom incide a meiolongo praço na inviabilidade de umha Galiza independente, na impossibilidade de termos umha base económica desenvolvida, adequada a nossa realidade social e ambiental e diversificada ao serviço do povo que permita satisfazer as demandas básicas d@as galeg@s com certo grau de auto-sufi-

O processo turistificador na Galiza evidencia-se polas cifras de crescimento da actividade nos últimos decénios. O contributo do turismo ao PIB galego representava em 1990 o 4%, em 1998 o 7,2% e em 2006 o 12 %, consolidando-se como segundo sector em aportaçom ao PIB autonómico, detras do sector da construçom, que aporta o 18%, com o qual está estreitamente ligado (construçom de vivendas para o "turismo residencial", que supom um 45% das vivendas construidas na costa no periodo 2001-2005)). A Galiza é a quarta das CCAA onde a aportaçom ao PIB do sector turístico é mais elevada, depois de Baleares (48%), Canárias (30%) e Andaluzia (12,1%). O sector turístico emprega ao 13% da populaçom activa (a construçom emprega ao 11%). Na media anual para 2006, perdem emprego os sectores primario (-8,3%) e Industrial (-1,6%), mentres que o ganham os da Construçom (11,1%) e Serviços (5,1%). Segundo um informe de Turgalicia, no ano 2005 mais de 4 milhons de estrangeiros vinhérom ao nosso país, dos quais quase 3,5 milhons eram espanhóis. O facto de que o turismo na Galiza seja maioritáriamente espanhol e em grande medida da sua capital (um 23% dos turistas procedentes do Estado) é ética e politicamente inaceitável: que milhons de estrangeiros "desfrutem" de umha naçom negada, submetida a umha agonia silenciosa, sem direitos políticos e "acondicionada" para a sua comodidade, e que na sua maioria procedam da mesma naçom que nos nega e submete, é mais umha mostra do carácter colonialista das políticas turistificadoras.

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culturais e no médio natural. A turistificaçom resposta aos principais trazos dumha política colonialista artelhada desde instituiçons espanholas que planifica para o nosso país duas linhas principais de exploraçom: o expólio energético e a criaçom dumha reserva turística. O processo de turistificaçom da Galiza é umha intervençom política estrangeira, como demonstra o alto grau de intervençom da administraçom espanhola (em que se deve incluir, por suposto, a autonómica e na Galiza actualmente também a municipal). A mudança de governo e a política do governo PSOE-BNG nom trazeu nenhum cámbio substancial ao processo turistificador, iniciado baixo a tutela de Fraga Iribarne, mas afundou nas linhas de intervençom marcadas polo governo anterior. A Conselheria de Inovaçom e Industria, presidida por Fernando Blanco (BNG) tem as competências de turismo, que desenvolve através da Direcçom Geral de Turismo, desde onde se vem de elaborar umha lei de turismo mao a mao com as empresas do sector, onde se reconhece, por primeira vez, o caracter estratégico do turismo na economia galega e com o que se pretende que o "marco normativo que regule o turismo sexa flexível e propície a criaçom de um entorno competitivo que favoreça a actividade empresarial e a criaçom de emprego". Esta nova lei pretende adequar o sector ao contexto internacional seguindo directrizes eu-

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ropeias, como as recolhidas na recente Comunicaçom da Comissom Europeia de 17 de Março de 2006, na que se apresenta o turismo como umha "soluçom" aos problemas de economias periféricas e desestruturadas como a galega, e resalta a importáncia "do seu papel na preservaçom do património natural e cultural, assim como a súa contribuiçom ao diálogo intercultural e ao fortalecemento da própia identidade". Palavras bonitas para agochar as causas e consequências que de facto tem a turistificaçom. Em 25 anos Espanha, directamente e no nosso nome desde Europa, acelerou o desmantelamento da nossa indústria; submeteu a umha grande parte do nosso território, caracterizado por ser um espaço rural centrado em actividades de tipo primário, a umha crise integral de proporçons únicas em toda a Europa, desmantelou umha das frotas pesqueiras mais importantes do velho continente, tornou desertas de populaçom extensas regions do país (igualmente sem comparaçom em Europa)... E agora, incapaz de oferecer qualquer outra alternativa para o novo milénio: a turistificaçom. Turistificaçom que já se vende como a salvaçom a toda essa desfeita, como o grande instrumento de dinamizaçom económica deste povo, como "refúgio" da populaçom deslocada polos selvagens processos de "reconversom" industrial, agrário e pesqueiro, e como a intervençom regeneradora social e economica de extensas áreas que estám a

ameaça a supervivência do galego. A acomodaçom do falante-anfitriom à língua do falante-hóspede é umha constante em qualquer processo de turistificaçom, mais ainda quando o hóspede é espanhol e visita umha das suas colónias.

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utilidade é a de achegar mais facilmente o turismo espanhol ao nosso país, principal demandante dos serviços turísticos na Galiza, facilitando a sua mobilidade. Esta é a sua única funçom, sendo já bem conhecidos os efeitos perniciosos que trazerá a nível social, económico, político e ambiental. O projecto do AVE na Galiza chegou depois do afundimento do Prestige e apresentou-se como umha das medidas para paliar os efeitos da catástrofe. PP, BNG e PSOE coincidem em esta política de fomento das infraestruturas.

Se somamos os tramos de auto-estradas e do AVE que já estám em construçom ou funcionamento na Galiza aos projectados desde o Ministério de Fomento, este será o mapa das infraestruturas mais lesivas sobre a geografia galega. Embora as previssons de Madrid foram superadas na construçom de muitos tramos, diversos estudos calculamque este será o panorama para o ano 2.015.

Auro-estradas Trem Alta Velocidade (AVE) Mapa de elaboraçom própria a partir dos dados do Ministério deFomento

TURISMO E ESPANHOLIZAÇOM O discurso oficial faz muito finca-pé em ocultar as graves consequências da turistificaçom em termos de perda cultural e linguística. A ideologia do turismo fala-nos de "intercámbio cultural", de "turismo lingüístico", de "inter-relaçom", para agochar os efeitos perniciosos que tem o turismo sobre a cultura autóctone. Nom temos mais que pensar nas zonas colonizadas polo alemám nas praias Baleares ou o retrocesso do catalám na costa valenciá para ver o alcance de esta mentira. Na Galiza a situaçom ainda é grave, já que o turismo é maioritariamente espanhol, falante da língua que 00

ficar despovoadas. Instituiçons para o desfrute das classes parásicom o apoio dos médios de comu- tas. nicaçom realizam imensos de- A intervençom das Instituiçons spregamentos publicitários para nom fica aí. A esta vaga turistifiresaltar as "maravilhas" da turistifi- cadora também se somam policaçom, que fazem eco em muitos tiqueiros e caciquinhos, galegos e galegas necessitadas de reclamando medidas para os seus algumha tabela de salvaçom, ao feudos. O grave problema detempo que publicitam à Galiza mográfico que estám a sofrer como destino turístico. muitos municípios do país, onde o O passado mês de Maio, o consel- relevo geracional nom está garanheiro Fernando Blanco, acompan- tido pola emigraçom da juventude hado polo director geral de e o desmantelamento das activiTurismo, Rubém Lois, apresen- dades autóctones desemboca num tavam umha campanha de pro- problema de recursos financieiros, moçom turística cum orçamento fazendo com que estes concelhos que superava os 6,5 milhons de aumentem a sua dependência das euros, a mais importante da história do turismo galego, dirigida principalmente ao mercado espanhol. O produto, em palavras de Tourinho: "um território com enormes valores paisagísticos, culturais e patrimoniais e um país Fernando Blanco manifestava numha comparecência com motivo a c o l l e d o r ” . do Dia Mundial do Turismo´06 o firme compromiso do governo Umha Galiza autonómico co turismo, no sentido de "trabalhar da mam do sece s p a n h o l a , tor e a sociedade em geral, cara a definitiva consolidaçom desta actividade como base fundamental da economia, a cultura e a sem conflito personalidade de Galiza". A insistência sobre o plano identitário político, paci- revela a hipocrisia (ou a ignoráncia) do autonomismo sobre os ficada e nor- efeitos perniciosos (a nível cultural, identitário, lingüístico,...) m a l i z a d a que tem o turismo estrangeiro nas colónias.

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deputaçons e da Junta. Ante este panorama os caciques locais jogam as últimas vazas implicando-se a fundo no processo turistificador, à vez que entregam o território às eléctricas para a construiçom de minicentrais e eólicos. O turismo termal, rural e de golf som as modalidades adequadas para estas situaçons que padecem muitos municípios interiores do país, convertidos em autênticos museus etnográficos viventes para a contemplaçom estrangeira ou agredidos com infraestruturas turísticas que provocam autênticas catástrofes ambientais. De todos estes organismos a aposta é clara polo turismo "de qualidade" -isto é, de luxo-, onde nom terám cabida os estabelecimento de tamanho pequeno e carácter familiar, condenados a desaparecer (como sucedeu de facto com o pequeno comércio) pola

"auto-regulaçom" do mercado prevista pola Junta na nova lei. Esta auto-regulaçom significa a introduçom maciça das grandes cadeias hoteleiras, todas estrangeiras e com interesses económicos em vários países do mundo: Sol MeliáTryp, Husa, Hotusa, AC Hoteles, Grupo Accor, Marriot, Hesperia, NH Hoteles, Zenit... (só o grupo A Toja é de capital galego). Desde Turgalicia (Sociedade de Image e Promoçom Turísitca da GalizaSA, dedicada a promoçom turística e com maioria de capital público) faise finca-pé na melhora da qualidade da oferta e da promoçom da Galiza como destino turístico, com planes de orientaçom e supervissom de novos projectos, de carácter municipal ou privado. Na Galiza a capacidade hoteleira tem-se multiplicado por 4 nos últimos 30 anos, passando das 15.000 vagas em 1970 às 64.500

Hoteis de lujo na Galiza Sol Meliá-Tryp é a cadeia mais grande do estado e a sétima a nível mundial. Dispom de quase 350 hotéis distribuidos por todo o mundo. Está controlada num 60% pola família Escarrer, relacionada com a Monarquia espanhola, e é junto com NH umha das companhias espanholas que quotiza em bolsa. NH é outra das grandes cadeias espanholas. Na Galiza tem 4 hotéis em Sárria, Corunha, Vigo e Compostela. Hesperia tem 10 hoteis na Galiza, todos de 4 e 5 estrelas, 3 em Compostela, 2 na Toja, 2 em Corunha, 1 em Ferrol, 1 em Vigo e o Balneário de Guitiriz, que também conta com campo de golf. AC conta com 4 hotéis na Galiza, um deles na comarca de Alhariz. Zenit, com 2 hoteis na Galiza, em Vigo e o emblemático hotel peregrino em Compostela. HUSA conta com 13 hoteis na Galiza, alguns situados em zonas de alto valor ambiental, como é o caso das fragas do Eume.

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TURISMO E INFRAESTRUTURAS Em toda política turística existe o que se denomina “factores de contorno do produto turístico”, sendo a accessibilidade externa, a ligaçom com o exterior fundamentalmente, o factor mais decisivo a ter em conta. A maioria das principais infraestruturas de transporte dos últimos tempos na Galiza estám desenhadas como elementos estratégicos do processo de turistificaçom do país. O exemplo mais claro é o caso de Compostela; como principal centro de atracçom turística necessita dumhas ligaçons rápidas e fluídas co resto de cidades e povos para canalizar este fluxo turístico ao resto da naçom. A via rápida Compostela-Noia e as auto-estradas a Lugo e Ourense respostam a esta necessidade. A magnitude do fluxo de visitantes é também a razom que explica a construcçom de outras vias, como a do Salnês e o Barbança. O crescimento urbanístico da Marinha nom se entenderia sem a construçom da auto-via do Cantábrico, que desde 2004 serviu como reclamo para atraer aos grandes promotores foráneos. A Marinha já se vende como um produto accessível nom só nas férias de verao senom que, com o rápido e fácil accesso desde todo o Norte do Estado, engadem-se as possibilidades do turismo de fim de semana. Sem falar de turistificaçom nom poderiamos entender a construcçom do TAV (Trem de Alta Velocidade, que nos vendem como "AVE" num exercício de demagógia). O discurso ideológico que fala de modernidade e progresso nom pode agochar a verdadeira finalidade desta obra faraónica: O TAV é um elemento chave na turistificaçom e marbelhizaçom da Galiza. A sua única

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COMPOSTELA, NAVE NUTRIZ DO PROCESSO TURISTIFICADOR Durante anos de governo do PP na administraçom galega, Compostela foi convertida em eixo do processo turistificador da Galiza. A promoçom turística girou por volta do Jacobeu, acadando as cotas mais altas de ocupaçom hoteleira da história do turismo galego, até convertir a capital do país num gigante estabelecimento hoteleiro, principal actividade económica da cidade, onde a precarizaçom alcança cotas máximas. O modelo de cidade que PSOE-BNG estám a impor aposta por fazer da capital da Galiza um imenso parque temático, elitista, focado para um determinado tipo de turismo, onde tem muita importáncia o turismo de congressos (50.000 congressistas no ano 2005), sem o que nom se entenderia a construiçom de obras faraónicas como a Cidade da Cultura. Também Compostela é um grave exemplo da política paranoica de segurança cidadá. Nom existe espaço turístico possível sem paz social, sem um espaço idealizado para o consumo compulsivo do turista, onde o poder verque todo o seu delírio de controlo e normalidade. Este cenário só se pode soster com importantes planos e técnicas de "segurança cidadá": cámaras de vigiláncia, maior presença de polícias uniformados nas ruas, incremento qualitativo e quantitativo de medidas de inteligência, técnicas de disuasom sobre hipotéticas ou reais alteraçons da ordem pública,... A turistificaçom encerra assim o círculo de controlo sobre a populaçom e os sectores mais contestatários à ordem política e económica estabelecida por Espanha, ao converter a panóplia de recursos repressivos em necessidade inerente ao processo turistificador; ao próprio tempo, a culminaçom exitosa deste processo é a coarctada perfeita para a extensom das medidas profilácticas contra àqueles elementos do cenário político e social real que ponhem em questom o poder e ordem espanhol imperante.

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em 2005. Se a isto somamos as vagas ofertadas em outras modalidades registradas (cidade de férias, casas de hóspedes, fondas, apartamentos turísticos, casas de turismo rural, etc), a quantidade de vagas ofertadas ascende às 113.000. Esta cifra situa a Galiza como quarta CCAA em termos de estabelecimentos hoteleiros. O forte crescimento da oferta hoteleira vem de mao da implantaçom das grandes cadeias do sector, que em muitas ocasions introducem-se mediante contratos de arrendamento com os promotores do estabelecimento, imobiliárias como FADESA, ANJOCA,... A banca também nom fica alheia a este processo, destacando o grupo Pastor, que obtem um 25% do seu

activo na CCAA galega e investe na Galiza em turismo de luxo: hotéis, campos de golfe, portos desportivos... Também Caixa Galicia participa do pastel, com um 50% das acçons de Inhova (Inversora de hoteles vacacionales), Caixanova com umha participaçom do 5% na hoteleira NH, BSCH participa da cadeia AC Hoteles, ... Assim poderiamos continuar enumerando outros muitos bancos e caixas que tiram proveito do pastel do turismo na Galiza. Outros sectores também se interessam polo suculento negócio do turismo, criando as suas próprias agências de viagens (El Corte Inglês, Eroski,...) ou patrocinando actividades relacionadas com a promoçom turística.

O TURISMO E A INVASOM DO CIMENTO No litoral galego construirom-se nos últimos cinco anos 125.000 vivendas, das quais a metade som segundas residências. Num terço dos municípios costeiros o número de vivendas tem-se triplicado nos últimos 3 anos e em municípios como o de Cavanas a primeira residência supom só o 51% das vivendas construidas. Segundo dados do INE espanhol, na Galiza hai 300.000 vivendas vazias, das quais muitas respostam ao abandono do rural, e outras 173.000 situam-se no litoral. Nos próximos anos está prevista a edificaçom de 800.000 novas vivendas nos 87 concelhos litorais da CCAA galega, umha cifra similar ao construido na costa galega em toda a sua história (816.000 vivendas). A maiores, estám previstos 17 campos de golfe e 24 portos desportivos. Em concelhos como o de Sam Genjo, apodado em Madrid como a Marbelha galega, a populaçom multiplica-se por 15 desde finais de Junho até a primeira semana de Outubro. A presom urbanística sobre o litoral está estreitamente ligada ao fenómeno turistificador. O passado mês de Março o Parlamento autonômico aprovava a Lei de medidas Urgentes em Matéria de Ordenaçom do Território e do Litoral, cujo ponto mais polémico tem sido a proibiçom de construir na franja de 500 metros depois da linha de costa. Esta cativa

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Concelhos que prevém um aumento de edificabilidade superior ao 100% (em porcentagem)

Ortigueira Bergantinhos Sada Mugardos Poboa do Caraminhal Ilha de Arousa Outes Ponte d´Eume Ribeira Fene Riba d´Umia Bergondo Redondela A Guarda Narom Rianjo Cambados Vigo

1230 621 433 336 297 251 222 205 194 178 157 146 139 131 109 108 104 101

medida tem carácter temporal, já que só se aplicará durante dous anos, tempo que deverám respeitar as construtoras ao tempo que subornam os governos municipais para que realicem as requalificaçons necessárias nos seus planos de ordenaçom urbanística, e chega num momento em que 35 dos 87 concelhos costeitos já tenhem mais da metade do seu chao urbano nos 500 metros da linha de costa. A suspensom cautelar das planificaçons urbanísticas de vários concelhos costeiros nada garante ante a presom urbanística que está a sofrer o país, que resposta a um cámbio na procura dos compradores estrangeiros de segunda vivenda que começam a fugir da masificaçom da zona do Levante e Baleares. A esquizofrenia apodera-se da Junta da Galiza ante a pressom popular, ao tempo que manifesta a sua incoerência como principal promotora do turismo na costa galega seguindo umha política que, em palavras de Tourinho, "se integra e se coordena estreitamente com as políticas urbanísticas, cultural, medioambiental e de desenvolvimento rural, assim como com as iniciativas das administraçons provinciais e locais". Na primeira quinzena de Agosto do 2006 mais de 77.000 hectáreas

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TURISMO INTERIOR: A RESPOSTA A UMHA SITUAÇOM AGÓNICA. Desde o ano 92 a Junta começou cumha forte campanha promocional do turismo rural, umha saída, diziam, a liquidaçom do sector agro-gadeiro com as reformas da PAC (Política Agraria Comum). Quinze anos depois um estudo encarregado pola Junta da Galiza revela os desastrosos resultados de esta política. O impulso ao turismo rural, longe de dinamizar as economias locais, tem servido para fomentar a especulaçom imobiliária, dado que a compra de muitas casas para converte-las em alojamentos turísticos tem como objectivo “beneficiar-se dos subsídios”. Aliás, reconhece timidamente que as casas de turismo rural nom se encontram integradas no seu entorno nem tenhem efeitos sobre outras actividades próximas e que, em muitos casos, nom som gestionadas por pessoal com conhecimento do agro, mas polos especuladores do turismo, com o qual fracassa a promesa de que havia fixar a populaçom rural expulsada da actividade agrícola. O turismo leva ao rural jeitos de vida e procura de actividades lesivas com o entorno (rutas em kuads, golfe,...). As consequências sobre a populaçom galegofalante som nefastas, que se converte em umha peça mais de um museu etnográfico vivente para o desfrute do turista. Em muitos casos implica a conversom e privatizaçom do nosso património, desnaturalizando-a com novos usos. Mosteiros e paços

convertidos em hotéis de luxo sem respeitar a sua configuraçom original. Dous exemplos chegarám para ilustrar esta situaçom: Sam Estevo de Ribas de Sil, convertido num parador de luxo, com parquing subterráneo, e o mosteiro de Monfero, um dos mais importantes do património galego que proximamente será convertido num balneário "Spa” (Nas fotos, antes de terem sido adequados para hoteis de lujo). Em estes como muitos outros casos, dinheiro público, autonómico, estatal ou procedente de fundos europeios, cuja finalidade era a “recuperaçom do património”, utiliza-se para acometer as obras de remodelaçom dos “paradores”.

Mosteiros de Monfero e Sam Estevo antes das obras de remodelaçom

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Galiza nom se prevêm as consequências de esta evoluiçom, que pode rematar com o marisqueio e, literalmente, com as nossas praias, embora associaçons ambientalistas de carácter internacional e para nada suspeitosas de querer alterar a ordem estabelecida venham advertindo sobre este desolador panorama futuro. O Porto exterior da Corunha tem modificado irreversivelmente a Ponta Langosteira. O desmonte realizado pola empresa Dragados arrasou com 50 hectáres de roquedos e matorral, substituidos agora por blocos de formigom. Também é de destacar o Porto de Massó, que tem paralisadas as suas obras pola intervençom do Foro Social de Cangas que leva luitando desde 2005 contra a sua construçom e paralisando as obras com a sua presença, sendo ignorad@s por todas as administraçons públicas, incluído o TSXG que vem de negar-se a paralisar as obras a espera de um informe sobre o impacto ambiental e a actividade pesqueira. Este projecto ubicado na zona do Salgueirom, remataria com umha importante zona natural, pesqueira e marisqueira, com importantes consequências sobre a biologia e a dinámica litoral de toda a ria. Estes som alguns exemplos desta agressom, mas poderiamos citar muitos outros (quadro1).

Campos de golfe na Galiza Na Galiza há na actualidade 19 campos de golfe e estám projectados outros 17. O consumo médio diário de água dum campo de golfe é o que realizariam 8.000 vivendas familiares. Aliás, os campos de golfe usan quantidades enormes de fertilizantes, funguicidas, herbicidas, e

fôrom arrasadas polos incêndios florestais, principalmente em zonas onde a pressom urbanística é brutal. Ainda que da Junta da Galiza apresuraram-se a declarar que nom se edificaria nestes terrenos, a Lei de Montes, que impede requalificar o terreno incendiado durante 30 anos, nada diz a respeito de terreno rústico comum, agropecuário ou costeiro. A hipótese da motivaçom urbanística de alguns incêndios é inegável. As contradiçons do governo galego fam-se patentes em muitos outros casos. Em Fevereiro conhecia-se umha sentença do TSXG anulando um decreto da Junta que permitia a construçom de edificaçons e estradas sobre humedais protegidos da Galiza. A suspensom dos planos urbanísticos de muitos municipios costeiros nom resolve a situaçom catastrófica a que foram levados nos últimos anos. A UE avisava recentemente de que o 75% da costa galega soporta umha edificaçom masiva, ante a permisividade da Junta que consentiu, até este mesmo ano, que nenhum dos municípios costeiros tivessem adaptado as suas normativas à Lei do Solo de 2002. A MARINHA. Vivendas construidas em 2005

LOCALIDADE

Nº VIVENDAS

AUMENTO DE HABITANTES Ano 2005

Foz

3.152

106

Ribadeo

1.930

373

Viveiro

1.849

49

Barreiros

857

152

pesticidas, que vam parar ao aquíferos próximos e ao mar. 1.Campo de Golf Sarria 2.Campo Municipal de Golf Torre de Hércules (Corunha) 3.Club de Golf A Toxa (Ogrove) 4.Club de Golf Augas Santas (Pantom) 5.Club de Golf Campomar (Narom) 6.Club de Golf de A Coruña 7.Montealegre Club de Golf (Ourense) 8.Club de Golf Ría de Vigo (Moanha) 9.Club de Golf Río Cabe (Monforte de Lemos) 10.Club de Golf Val de Rois (Rois) 11.Golf Balneario de Guitiriz 12.Golf Balneario de Mondariz 13.Golf de Meis 14.Golf Pazo da Touza (San Amaro) 15.Golpe Pitch & Putt (Carvalho) 16.Hércules Club de Golf (Arteijo) 17.Club de Golf de Lugo 18.Real Aero Club de Vigo (Vigo) 19.Real Aero-Club de Santiago

A Marinha é umha das comarcas costeiras que mais recentemente se viu brutalmente afectada polo processo turistificador-urbanizador. A pressom à que foi submetido nos últimos anos tem mudado completamente a morfologia desta zona costeira. Concelhos como o de Barreiros tem suspendidos os seus planos de urbanismo, mas esta medida chega tarde e é escasa se temos em conta as agressons sufridas. O concelho de Foz registrou 3.685 vivendas durante os 5 primeiros messes de 2006, umha cifra alarmante para umha populaçom de 9.800 pessoas, já que só com isso a sua populaçom aumentaria num 105%.

Fonte: La Voz de Galicia

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ESPECULAÇOM E TURISMO

MARINHAS Em Minho, o TSXG vem de anular a adjudicaçom que deu o Concelho a Fadesa para construir umha urbanizaçom de 1282 vivendas, um hotel e um campo de golfe, num processo no que a construtora foi a única concursante. Os demandantes som os anteriores donos e donas que foram expropiados a razom de 6 euros o metro quadrado numha zona onde as vivendas oscilam entre os 120.000 e 240.000 euros.

EUME Na comarca do Eume, acarom de Perbes, as obras de construçom dum campo de golfe e 1500 vivendas que realiza Fadesa ocasionárom a morte dos bancos de ameija e berberecho na desembocadura do rio Xario, na praia grande de Minho, devido ao grande volume de áridos verquidos durante a construçom do complexo turístico. O governo local de Ponte d´Eume vem de aprovar o plano parcial de Andurinhas-Ber, umha urbanizaçom de lado da já existente na praia de Ber, iniciativa da promotora Lar Promosa SA, com umhas 250 vivendas. Este projecto junto com outro similar em Broeve vai fortificar todo o litoral desde Centronha até Perbes.

CORUNHA Na Corunha Fomento vem de licitar a construçom de vivendas, hoteis, prédios institucionais e comércios na fachada marítima da cidade. Em Portinho o concelho de Corunha licitou 2.802 novas vivendas. Sada é a protagonista dum dos maiores escándalos urbanísticos do país. O seu PGOM previa a construçom de 31.481 vivendas (em 2001 Sada tinha por volta das 7.600). A Junta paralisou o plano após duas sentenças de ilegalidade do TSXG, que demandou ao concelho e a umha promotora, a Sociedade Anónima Internacional de Terrenos e Edificios (Saite), empresa filial do Banco Pastor. Oleiros é mais um caso de corrupçom urbanística. O novo PGOM da vila inclue a requalificaçom urbanizável de um terreno pertencente ao entom concelheiro de urbanismo, Manuel Fernandez Siso, numha zona em que só a sua parcela conseguiu a requalificaçom. Ao tempo a urbanizaçom "As Galeras" vem de ser multada pola Conselheria de Política Territorial por construir sobre o domínio público-terrestre de forma ilegal.

ORTEGAL Na comarca de Ortegal o caso mais salientável é o de Ortigueira, onde a previsom do aumento da edificabilidade é o 1.230%, com a construçom de 65.000 novas vivendas.

Quadro 1.

NOVOS PORTOS DESPORTIVOS

LOCALIDADE

CARACTERÍSTICAS DO PROJECTO

Corunha

Nova instalaçom com 700 atraques

Baiona

Ampliaçom do porto desportivo

Boiro

Novo porto desportivo no Cabo da Cruz.

Bueu

Novo porto desportivo em Pescadoira

Cangas

Novo porto desportivo em Salgueirom

Camarinhas

Novo porto com 265 amarres

Canido

Novo porto com 139 amarres. Paralisado.

Cedeira

Novo porto com 411 amarres

CeeCorcubiom Cervo

Novas instalaçons com 300 amarres.

Fisterra

Novo porto com 220 amarres.

Muxia

Novo porto com 233 amarres

Nigram

Novo porto para 305 embarcaçons.

Ogrove

O novo PGOM inclue um porto no Corgo

Porto Novo

Ampliaçom do porto desportivo.

Carvalho Sada

Novo porto desportivo

Ampliaçom rechaçada pola Junta por impacto ambiental. Novo porto com 270 amarres. Será o segundo da localidade

Empresas no negócio dos portos. -O Banco Pastor junto com a sociedade viguesa Ronáutica promovem marinhas de lujo em todo o mundo, com prioridade na Galiza. Baiona e Combarro som os seus projectos estrela, polos que a Junta abonará 16 milhons de euros. -Caixanova e a construtora galega Grupo Atlántico som promotoras do projecto Marina Atlántica em Cangas. -Caixa Galicia participa junto com Caja Madrid, Iberostar e Sa Nostra da sociedade Inhova, com intereses na Galiza e em outros pontos do Mediterráneo.

a terra nom se vende 14 Vista de Foz desde Barreiros


TURISMO PARA RICOS: GOLFE E PORTOS DESPORTIVOS. Na Galiza há na actualidade 19 campos de Golfe e estám projectados outros 17, que na sua maioria afectam a zonas necessitadas de umha especial protecçom pola sua riqueza natural e outras já recolhidas na Rede Natura 2000 europeia como zonas de especial conservaçom. O turismo de golfe implica todo um complexo empresarial ligado a infraestruturas hoteleiras para pessoas de alto poder adquisitivo, urbanizaçons de luxo e outras infraestruturas de carácter agresivo, onde o desporto nom é mais que umha desculpa. Também está projectada a construçom de 24 portos desportivos (Sada, Minho, Caiom, Carvalho, Muxia, Cee, Corcubiom, Fisterra, Camarinhas,...), embora a Galiza conte com 128 portos, 28 de eles desportivos, dos quais 20 dependem do governinho, que os controla através da entidade 'Portos de Galicia'. Os oito restantes estám em maos das autoridades portuárias, dependentes directamente de Madrid. A Junta tem previsto aumentar as 8812 vagas de amarre actuais, para favorecer novas entradas de clientes ricos, e dedicar as rias ao turismo em prejuízo da pesca artesanal. Aginha elaborará um 'plano director' para favorecer, com as suas próprias palavras, 'o ineludível crescimento do sector náutico", com a autorizaçom dumhas 10.000 novas vagas de amarre que viram a duplicar a capacidade actual.. Os grandes da banca e da construçom frotam as maos ante esta ampliaçom financiada com dinheiro público (por volta dos 300 milhons de euros). Estas infraestruturas complementam-se com os inumeráveis projectos que executa a Direcçom Geral de Costas em forma de paseios marítimos, que abrem passo à promoçom de novas urbanizaçons, para deixar um panorama desolador na nossa costa: Onde antes havia barcos de pesca, riqueça, inter-relaçom e vida social à volta do mundo do trabalho do mar, agora começa a ser substituido por iates, veleiros,... onde as classes parasitárias se recriam e se apropriam de espaços fundamentais para o país. Para que isto seja assim, em poucos anos instituiçons europeias e espanholas encarregárom-se de condenar a povos inteiros a nom poder viver do mar. Perderom-se caladoiros, desmantelou-se a frota...ao tempo que se orçamentavam estas infraestruturas turísticas. As costas galegas acusam a erosom devida à proliferaçom de estas infraestruturas que impedem a chegada de areia e sedimentos as nossas praias. O Ministério de Medio Ambiente espanhol investe umha média de 5 milhons de euros anuais na regeneraçom artificial das praias (neste ano regenerarám-se 8 praias em Rianxo, Cee e Oleiros, e de urgência duas na Corunha e Barreiros), mentres nom se pom freio à sua destruiçom. Para o ano 2.050, devido aos efeitos da mudança climática que na Galiza serám mais acusados resultado dos incêndios que ano após ano desertiçam o nosso país, a temperatura aumentará em 3 ou 4 grados e o nivel do mar subirá 35 cm e adentrará-se na terra até 35 metros. Na

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TRÁS-ANCOS Em Ferrol hai um projecto para criar umha zona "lúdica" e um campo de golfe em Covas e a mercantil Nature Golfe SL pretende instalar um campo de golfe no monte de Sam Jorge, em Lobadiz, ambos dentro de solo protegido na Rede Natura 2000 europeia e em terrenos qualificados polo PGOM de Ferrol como "rústico de espaço natural". Desde a conselheria de Médio ambiente assinala-se que "nom existe umha oposiçom determinante ao respeito" e o próprio director geral de turismo da Junta considera o projecto como positivo. . Em Val do Vinho projecta-se umha urbanizaçom e um Hotel da empresa "Construcciones Rias Altas" na Frouxeira, que afecta também ao espaço protegido da Rede Natura.

. TERRA NAVIA-EU As normativas existentes na administraçom asturiana som menos permisivas com a especulaçom. Contudo o processo turistificador é bem presente . Mesmo em Tápia atopa-se o campo de golfe Cierro Grande o único da costa cantábrica galega. Este age como núcleo atrainte de promotoras. De feito construiram-se pequenas urbanizaçons de luxo en terreos de lado de esse campo de golfe, situados na localidade de Rapalcuarto.

BERGANTINHOS Na comarca de Bergantinhos sucedem-se os casos de agressons a costa, muitos deles tam flagrantes que têm sido paralisados pola Junta da Galiza com a entrada em vigor da nova lei. Assim em Malpica está paralisada umha urbanizaçom de mais de cem vivendas na praia de Canido e outra de 720 chalets promovidos por Mahia entre Cabana e Laxe. A intervençom pública ve-se insuficiente e hipócrita enquanto outros projectos vam adiante, como a urbanizaçom de Fadesa em Laxe, com 190 vivendas em primeira linha de praia e um campo de futebol, nuns terrenos requalificados pola Junta em 2004, embora estivessem catalogados como LIC na Rede Natura 2000 europeia. Só a ruptura do acordo entre os proprietários e Fadesa paralisou momentaneamente a construçom.

COSTA DA MORTEA Costa da Morte, que segundo os dados do Instituto Galego de Estatística é a única comarca do litoral que perde populaçom, tem-se convertido num reclamo para as construtoras. Em Carnota cinco promotoras pretendem construir 1.000 vivendas, a maioria na franxa de 500 metros desde a linha de costa. Em Fisterra 13 empresas construem perto de 600 apartamentos e vivendas unifamiliares frente a praia da Langosteira, que alcançarám os preços mais elevados desta franxa de costa. Como vem sendo habitual, nesta comarca sucederom-se os casos de corrupçom. Em Mugia o cunhado do alcalde popular Alberto Blanco comprou terrenos antes da modificaçom do PGOM, onde se aprovárom posteriormente convénios urbanísticos. Em Cee, o Grupo Lábaro planificava construir umha urbanizaçom de chalets com instalaçons náuticas e desportivas em Canelinhas, mediante um convénio urbanístico com o concelho. Em 2005 a empresa adquiriu umha série de fincas em este terreno, ao tempo que também o fazia Daniel Domínguez Martínez, filho do alcaide de Cee, todas elas catalogadas como rústicas. A Direcçom Geral de Urbanismo da Junta rejeitou o projecto, já que estas fincas encontram-se a menos de 200 metros do mar, mas o passado mês de Novembro o alcaide de Cee confirmava que já foram licitadas as obras. Neste mesmo município, no monte de Sam Pedro, está pendente de aprovaçom outro projecto urbanístico de grandes dimensons, o "Golf Habitat Residencial", com mais de 1000 vivendas, um hotel e um campo de golfe em mais de 2,4 milhons de metros quadrados que foram incendiados no verao passado e que, segundo a Lei de Montes, nom poderiam ser edificados nos próximos 30 anos.

a terra nom se vende 10


VIGO MUROS-NOIA Na comarca a mobilizaçom popular conseguiu frenar o viaducto que ameaçava a Ria, mas a Junta continua adiante com outro viaducto interior, em Outes, que vem de aumentar a sua edificabilidade no 222%.

ESPECULAÇOM E TURISMO

BARBANÇA

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No Barbança, Ribeira tem o triste liderato enquanto ao boom urbanizador, encabeçando com 1033 novas vivendas registradas em 2006, o maior crescimento da CCAA. Novas construcçons que suponhem fortes agressons ambientais, como as realizadas nos terrenos protegidos do Parque Natural de Corrubedo, apesar da suposta protecçom desta zona. As continuas agressons a espaços protegidos som a nota característica da edificaçom nesta comarca. Em Porto Doçom 500 edificaçons situam-se em espaços da Rede Natura 2000 e em Caamanho existem planos para construir um complexo turístico com campo de golfe incluido, parte do qual se ubicará dentro da zona "protegida". Nesta comarca encontra-se o Concelho da Póvoa, o primeiro que adaptou o seu plano municipal a Lei do Solo, cum aumento da edificabilidade do 297%.

Vizinhos e vizinhas de Nigrám impediam asaltando o concelho, a celebraçom do pleno no que se aprovaria um PGOM que pretendia edificar 7.000 novas vivendas num concelho de 17.000 habitantes, no que o 42% das vivendas actuais permanecem vazias a maior parte do ano. Aliás, a corrupçom em todo este processo, conhecida e denunciada polas vizinhas, levou ao TSXG a denunciar ao alcaide no momento, Alfredo Rodriguez e a outros 5 edís pola filtraçom do planeamento urbanístico a um grupo de promotores, companheiros do alcaide na directiva do Celta de Vigo. Monte Ferro, pequena península situada na ponta sudoeste da Ria de Vigo, constitui a última zona verde na banda Sul da Ria. Em 2005 Concelho e Deputaçom planificam dotar a península de infraestruturas orientadas para a urbanizaçom (estradas, estacionamentos, traída de augas,...). Nesta ocasiom as máfias urbanisticas recorrerom ao terrorismo para calar as bocas de quem se opunnha aos planos, como aconteceu no caso de dous edis do BNG. A mobilizaçom popular exemplar dos e das vizinhas de Nigrám conseguiu paralisar o projecto. O projecto estrela do novo alcaide de Vigo consistirá num porto futurista, com torres, monorais, pontes giratórias, jardins colgantes, parques desportivos e até um palácio de gelo e umha ilha artificial.

SALNÊS Esta comarca é paradigmática enquanto as consequências da turistificaçom. Em Sam Genjo a populaçom multiplica-se por 15 desde finais de Junho até Setembro e os preços dos andares multiplicam-se até por cinco no casco urbano alcançando os 7.000 euros de aluguer que estám dispostos a pagar os visitantes, na sua maioria madrilenhos. A corrupçom e especulaçom urbanística nom tem limites. O ex-alcaide Telmo Martim especulou com o cámbio nas requalificaçons de várias fincas que comprara previamente à modificaçom do PGOM, que depois vendeu revalorizadas a Construziona, de Ramom e Eládio Cuinha Crespo, irmaos do que fora conselheiro de política Territorial na Junta de Fraga. Estes terrenos situam-se no humedal de Baltar em Porto Novo. Aliás, o PGOM de Sam Genjo requalificou 11 zonas verdes. Numha delas, Ponta Festinhanço, construirám-se 277 chalets a 100 metros do mar, numha zona requalificada como urbanizável depois dos incêndios do passado verao. Em Ogrobe a situaçom é semelhante: agressons a espaços protegidos, construcçons ilegais,... MORRAÇO Em Cangas as empresas de Juan Lago "Promalar" e "Tempo Libre e Lecer 2000" asinárom fazer um par de anos um convénio urbanístico para a construcçom de mais de 5.000 vivendas em Meduinha, no monte comunal da paróquia, polo que umha comissom vizinal tem reclamada judicialmente a propriedade. Também neste município se projecta a construcçom de um porto desportivo e nem só: a promotora da obra, Residencial Marina Atlántica (sociedade participada maioritariamente por Caixanova), pretende construir por volta das 1.000 vivendas em blocos de quatro alturas e um centro comercial, um hotel de cinco estrelas.

Área afectada polas infraestruturas do porto desportivo de Cangas

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