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O SÉCULO DE MARIO ZAN

Nascido na Itália em 1920, mítico acordeonista que é um dos autores da música mais tocada nas Festas Juninas esteve presente em momentos-chave da indústria musical; agora, sua família sonha com um museu para ele

por_ Ricardo Silva | de_ São Paulo

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A história de Mario Zan não caberia nem num só livro; tarefa duríssima tentar resumi-la numa reportagem de revista.

Nascido há cem anos, em 9 de outubro de 1920, no Norte da Itália, o mítico acordeonista e compositor, um dos autores da música mais executada no período junino – “Festa na Roça” –, do hino do Quarto Centenário de São Paulo e de outras mil composições, algumas gravadas em outros países, veio pequeno com os pais para o Brasil, onde desbravou o então imenso e quase inexplorado interior do Centro-Sul da década de 1930.

Em suas andanças país afora, coincidiu com os irmãos indigenistas Villas-Bôas, foi próximo de um presidente paraguaio (Higinio Morínigo), foi o primeiro artista a se apresentar para os peões que construíam a futura capital, Brasília, participou da sedimentação da cena do rádio e da indústria fonográfica em São Paulo, fez carreira e fama no Cassino da Urca e ajudou a difundir no Rio sonoridades que seriam o embrião de um gênero dominante décadas depois: o sertanejo.

Trata-se de uma saga que, relembrada por seus descendentes, torna Zan uma espécie de Forrest Gump da música nacional: um personagem que esteve presente em momentos-chave desta arte no século XX. Inclusive, na criação da UBC, à qual se filiou logo no início, contribuindo para o fortalecimento da gestão coletiva de direitos autorais no Brasil. “Foi um artista pioneiro ao montar a própria editora, em 1956, para representar seus interesses. Ele acreditava que os autores deveriam ter voz e poder de decisão”, descreve seu filho Osmar Zan, ele próprio um produtor e músico com longa trajetória em editoras e selos.

Para celebrar o centenário de Zan, morto em 2006, a família trabalha pela criação de um museu sobre a obra dele. Seria a ampliação de uma casa de cultura que abriga parte do acervo do artista, na Vila Ipiranga, em São Paulo. “Meu avô tinha um dom social como poucos. As viagens que fez pelo país lhe permitiram conhecer muitos gêneros, que se refletiram nas criações deles, variadíssimas. Era um grande artista e, principalmente, uma grande pessoa”, diz o neto Marcelo.

Mario Zan em três momentos: ás da sanfona, foi também produtor, compositor prolífico e um grande estimulador de talentos da música, com selo próprio e interesse por diversos gêneros

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ubc.vc/ZanRoça