Revista Conexão Bahia 218 - Sebrae

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SAÚDE COM SABOR DE OPORTUNIDADE JORNALISTA MARA LUQUET EXPLICA COMO EXPANDIU SUA EMPRESA APÓS PEDIR DEMISSÃO DA REDE GLOBO MUDANÇAS NO SIMPLES NACIONAL PARA O EMPRESÁRIO CRESCER SEM MEDO




EXPEDIENTE Publicação do Sebrae Bahia, n. 218, fevereiro de 2018 Presidente do Conselho Deliberativo do Sebrae Bahia

Antônio Ricardo Alvarez Alban Diretor-superintendente

Jorge Khoury Hedaye Diretores

Franklin Santana Santos José Cabral Ferreira

UNIDADE DE MARKETING E COMUNICAÇÃO Gerente interina

Alice Vargas Jornalista responsável

Pedro Soledade (DRT/BA 5546) Equipe

Alice Vargas, Isabela Oliveira, Pedro Soledade, Rafael Pastori e Vanessa Câmera. Estagiários: Alexandre Bacellar, Cristiana Fernandes, Fernanda Grimaldi, Rafael Bacellar e Ricardo Belens.

Agência Sebrae de Notícias (Varjão & Associados Comunicação)

Aina Kaorner, Alisson Andrade, Anaísa Freitas, Analice Vieira, Carla Fonseca, Carlos Baumgarten, Danielle Cristine, João Alvarez, Luciane Souza, Lucilene Santos, Nara Zaneli, Rafael Lopes, Tamara Leal, Viviane Cabral e Vívian Rodrigues. Revisão de texto

Sandra Pereira Edição

Carla Fonseca Edição de fotografia

João Alvarez Capa

João Alvarez Projeto gráfico original

Eduardo Vilas Boas Editoração

Yayá Comunicação Integrada Impressão

Qualigraf Tiragem

10.000 exemplares Cartas

Sebrae – Unidade de Marketing e Comunicação Rua Horácio Cézar, 64 – Dois de Julho Salvador, Bahia CEP 40060-350 marketing@ba.sebrae.com.br Telefones

71 3320.4558 / 4367 Agência Sebrae de Notícias

FOTO: JOÃO ALVAREZ

www.ba.agenciasebrae.com.br


EDITORIAL

ANO NOVO PARA NOVOS PLANOS Chegamos a 2018, ano em que a Conexão, como publicação do Sebrae Bahia, completa 25 anos. A Agência Sebrae de Notícias (ASN) no estado faz 10 anos como referência sobre informação a respeito do universo dos pequenos negócios. Estas marcas dão um tom de celebração para o novo ano que se inicia, com diversas oportunidades para quem quer empreender em um novo negócio ou para quem deseja, justamente, planejar, traçar novas metas e superar desafios. Nesse contexto, a Revista Conexão conta histórias de crescimento e superação de empresários que acreditaram no mercado e nas oportunidades de negócio. Para eles, o apoio e a orientação do Sebrae fizeram a diferença, como é o caso dos empresários Paula e Eduardo Mônaco, que apresentaram ao mercado pizzas com massas que levam beterraba, espinafre ou cevada, sem alterar textura ou sabor. Na editoria Abre Aspas você vai conferir a trajetória da jornalista especializada em finanças e economia, Mara Luquet. Após passar por famosas redações da imprensa brasileira como as da Gazeta Mercantil, Jornal Folha de São Paulo e TV Globo, Mara tomou a decisão de investir no empreendedorismo. Palestrante da Semana Sebrae de Capacitação Empresarial, a jornalista é a entrevistada desta edição da nossa Revista. Entre os empresários que tiveram destaque em 2017 estão: Maria Aparecida Damacena, dona da pousada Pedra Torta, em Itacaré, que foi vencedora do Prêmio Sebrae Mulher de Negócios; Mirla Vieira, que aderiu ao programa ALI, em agosto de 2017, e já colhe resultados positivos, com quatro lojas no segmento de roupas; e o produtor José Edvanes Teixeira, que trabalha com o agronegócio na zona rural de Juazeiro, há 18 anos. Este ano, mudanças na Lei Geral vão aprimorar o ambiente favorável para as micro e pequenas empresas e permitir o crescimento dos pequenos negócios sem medo. É que o limite de faturamento das empresas enquadradas no Simples Nacional mudou. Os mais de 12 milhões de pequenos negócios registrados no Brasil, quase 700 mil só na Bahia, serão beneficiados com as mudanças implantadas. Todos os detalhes das alterações estão em nossa reportagem especial sobre o assunto. Boa leitura!

Casal de empresários, Paula e Eduardo Mônaco inovaram no ramo de alimentação saudável, com criação de pizza nutritiva, saudável e saborosa


CRÉDITO: JOÃO ALVAREZ

SUMÁRIO

EDIÇÃO 218

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FEVEREIRO 2018

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CONEXÃO BAHIA

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SEBRAE BAHIA

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EMPREENDER ;

CRÉDITO: MARCOS SANTIAGO

CRÉDITO: JOÃO ALVAREZ

EMPREENDER

8_PRA COMEÇAR

14_EMPREENDER

19_EMPREENDER

Radar Sebrae atrai mais de 50 mil usuários

Franquia baiana de higienização de sofás mira o mercado externo

Empresária amplia vendas em 40% com ajuda do Sebrae

11_SOU MEI

16_EMPREENDER

21_EMPREENDER

Ex-funcionária de buffet famoso se formaliza como MEI

Sebrae incentiva melhoria da gestão de negócios rurais em Juazeiro

Empresária de Itacaré conquista prêmio nacional


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CAPA ;;;;;;;;;;;;;

Alimentação saudável é oportunidade de negócio na Bahia

CRÉDITO: JOÃO ALVAREZ

SOU MEI

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22_EMPREENDER

38_PRA CRESCER

Sebrae MEDE atua no Recôncavo e Baixo Sul

Startups baianas ampliam negócios com ajuda do Sebrae

29_MERCADO

41_PRA CRESCER

Cooperativa de couro alcança o mercado nacional

Mudanças na Lei Geral favorecem micro e pequenas empresas

32_ABRE ASPAS

44_MEU NEGÓCIO

Entrevista com a jornalista e empresária Mara Luquet

INOVAR ;

CRÉDITO: JOÃO ALVAREZ

35_INOVAR

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Sebraetec estrutura primeiro coworking em shopping do N/NE

Curso de idiomas é referência em inovação na região Sudoeste


A ferramenta reúne dados de 14 municípios baianos

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PRA

COMEÇAR

NO RADAR DOS NOVOS NEGÓCIOS Ferramenta gratuita, Radar Sebrae atrai mais de 50 mil usuários em menos de um ano FOTOS JOÃO ALVAREZ

A

s academias estão no topo da lista dos negócios mais pesquisados por empreendedores baianos em potencial. O dado é revelado pelas buscas realizadas no Radar Sebrae, ferramenta que, em menos de um ano de lançamento, já atraiu mais de 53 mil usuários ao site www.radarsebrae.com.br e 4,7 mil downloads do aplicativo para Android e IOS. O produto permite que o empreendedor pesquise em qual bairro de sua cidade o tipo de negócio buscado tem mais chances de dar certo, ou escolher um bairro para a busca, descobrindo quais carências aquele mercado tem. O hábito de uso da ferramenta ao longo de nove meses, desde a sua disponibilização ao público, em março de 2017, mostra que, além

das academias, os empreendedores também estão de olho na oportunidade de investir na abertura de comércio de roupas e confecções, bares e restaurantes, lanchonetes e açougues. Para a gestora estadual do Radar Sebrae, Marta Souza, o acesso às informações pode ajudar o empreendedor a evitar ser mais um na estatística de mortalidade de empresas de até dois anos, atualmente em 23%. “É comum vermos ideias excepcionais que não prosperam por falta de cuidado nessa fase inicial de pesquisa. O Radar Sebrae vem para simplificar e ajudar, concentrando uma série de análises sobre um determinado negócio e suas oportunidades potenciais de instalação, de forma gratuita e online”, destaca.

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10 negócios mais buscados para empreender 1º - Academias 2º - Comércio de roupas e confecções 3º - Bares e restaurantes 4º - Lanchonete 5º - Açougues 6º - Comércio varejista de bebidas 7º - Farmácias 8º - Calçados 9º - Agência de publicidade 10º - Serviços advocatícios

5 cidades mais buscadas 1º - Salvador 2º - Feira de Santana 3º - Vitória da Conquista 4º - Lauro de Freitas 5º - Camaçari

A ferramenta reúne dados de 14 municípios baianos: Barreiras, Camaçari, Ilhéus, Itabuna, Juazeiro, Lauro de Freitas, Porto Seguro, Salvador, Vitória da Conquista, Feira de Santana, Santo Antônio de Jesus, Irecê, Jacobina e Teixeira de Freitas. E são os empreendedores da capital baiana que mais vêm utilizando o Radar Sebrae. Entre os bairros de Salvador mais procurados, estão a Pituba, Castelo Branco, Imbuí, Brotas e Barra. Acumulando mais de 300 mil visualizações de página, a ferramenta gratuita cruza dados de diversas fontes, oferecendo um banco de dados que permite que a busca seja filtrada de acordo com o perfil do público que se pretende atender com o novo empreendimento. É possível, por exemplo, escolher se os clientes serão de alta renda ou de perfil popular, e se o negócio precisa ficar distante ou próximo de concorrentes.

10 bairros de Salvador mais buscados 1º - Pituba 2º - Castelo Branco 3º - Imbuí 4º - Brotas 5º - Barra 6º - São Rafael 7º - Itapuã 8º - Nazaré 9º - Ondina 10º - Acupe de Brotas

O bairro mais procurado para abrir negócio em Salvador é a Pituba

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SOU MEI

EX-FUNCIONÁRIA DE BUFFET VIRA DONA DO PRÓPRIO NEGÓCIO Proprietária do Cerimonial Delícias da Gil pretende funcionar em sede própria para atender clientes com mais eficiência FOTOS JOÃO ALVAREZ

Gildete Rodrigues se formalizou em julho e, com a demanda crescente, planeja contratar empréstimo para adquirir maquinário

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Ao se formalizar, Gildete também pode emitir nota fiscal

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orça de vontade e disposição para trabalhar sempre foram características marcantes na vida de Gildete Rodrigues. Ela já trabalhou como vendedora, montou um mercadinho e até fez parte de um famoso buffet da cidade. Foi há onze anos, quando sua filha nasceu, que Gildete decidiu vender salgados congelados na porta de casa. “Vendia vinte salgados por dez reais. As pessoas fritavam em suas próprias casas”, lembra. O negócio fez tanto sucesso que os vizinhos e amigos começaram a encomendar cada vez mais. Foi aí que surgiu o Cerimonial Delícias da Gil, que funciona na própria casa de Gildete, no bairro de Plataforma, no Subúrbio Ferroviário de Salvador. “Comecei a investir, fazendo bandejinhas de salgados. Depois montei uma equipe de decoração, coloquei garçom, recepcionista e fritadeira”, conta. “Meu marido ficou desempregado e essa se tornou a única renda da família. Ele começou a me ajudar e hoje fazemos bolos, doces e salgados, juntos”, acrescenta. Há cinco meses, Gildete fez o que mais de 439 mil trabalhadores baianos fizeram nos nove últimos anos: ela procurou o Sebrae para se formalizar como microempreendedora individual (MEI). “Meu objetivo agora é ter um ponto fixo só para trabalho, separado da minha residência”, diz. Ao se formalizar, Gildete também pode agora emitir nota fiscal, participar de licitações públicas, fazer vendas por meio de máquinas de cartão de crédito, comprar matéria-prima com descontos e ter acesso mais fácil a empréstimos para melhorar ainda mais os serviços.

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“Assim que completar seis meses de formalização, quero pegar um empréstimo e investir na minha empresa. Tenho clientes em todos os bairros de Salvador e faço um trabalho manual ainda. Preciso comprar um maquinário”, avalia. Gildete participou de um curso voltado para o setor de panificação e confeitaria, promovido pelo Sebrae Bahia, durante a Semana Sebrae de Capacitação Empresarial, que ocorreu em outubro, no Hotel Fiesta. “Amo meu trabalho e é uma coisa que eu não abro mão de fazer. Quero participar de ainda mais cursos no próximo ano”, destaca. OPORTUNIDADES Segundo a gestora dos projetos de Panificação e Massas Alimentícias do Sebrae Bahia em Salvador e Região Metropolitana, Melissa Rocha, o Projeto Encadeamento Produtivo, em parceria com a M. Dias Branco, foi o único segmento, no Sebrae/BA a dar oportunidade ao MEI de ser atendido por um projeto coletivo.


SOU MEI

O Cerimonial Delícias da Gil funciona na própria casa de Gildete, no bairro de Plataforma, em Salvador

“O projeto teve uma agenda intensa de ações, com cursos, oficinas, palestras, seminários e consultorias que agregaram valor e conhecimento para os empresários”, destacou a gestora. Segundo ela, as ações coletivas aumentaram as chances dos empresários criarem relacionamento e fazerem network. Entre as intervenções individuais, os empreendedores receberam consultorias de indicadores para acompanhar a situação em que se en-

contravam suas empresas e mensurar se houve alguma evolução. Além disso, receberam consultoria de finanças, gestão da produção e qualidade, e puderam trabalhar boas práticas de fabricação. “O público MEI que tiver interesse em aderir ao projeto receberá as mesmas ações que os clientes de microempresa (ME) e empresa de pequeno porte (EPP) recebem. Não fazemos diferenciação”, ressaltou Melissa, garantindo a continuidade do projeto para o ano de 2018.

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COM INOVAÇÃO, EMPRESA BAIANA FATURA R$ 2,5 MILHÕES POR ANO A CleanNew investiu em Consultoria Empresarial e hoje é a maior franquia de higienização e blindagem de estofados do país, já mirando o mercado externo FOTOS JOÃO ALVAREZ

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empreendedor Fritz Moura apostou no baixo investimento e na comodidade para os clientes e pôs em prática um serviço de lavagem automotiva a seco em condomínios residenciais de Salvador. “O start do serviço foi em novembro de 2014. Nosso cliente dormia com o carro sujo e acordava com o automóvel limpo, sem nenhum incômodo”, lembra Fritz, que precisou negociar com as convenções de moradores dos prédios para que os serviços fossem efetuados no período noturno.

Baixo investimento e comodidade para os clientes são os diferenciais da CleanNew, empresa de Fritz Moura

O trabalho bem feito logo rendeu um novo nicho de mercado, a partir dos pedidos de clientes interessados também em serviço de higienização de estofados. “Eu percebi o modelo que funcionava para esse público, comecei a investir em equipamentos próprios para o novo trabalho e aprendi a fazer”, detalha. Em uma noite, Fritz realizava 10 lavagens de veículos a R$ 25, enquanto que uma hora gasta na lavagem de um sofá rendia R$ 250.

* Todas as edições anteriores da revista Conexão citadas nesta matéria estão disponíveis no endereço www.issuu.com/sebraebahia.

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EMPREENDER

Surgia a CleanNew a partir de março de 2015, um negócio que funcionava para os clientes, mas ainda amador e gerencialmente desorganizado. “A demanda só aumentava. Foi então que percebi como não entendia nada de administração ou plano de negócio. Busquei o Sebrae para me auxiliar, o que foi bastante proveitoso, e pude trilhar caminhos para o sucesso que a empresa é hoje”, comemora o empresário. As primeiras abordagens com Fritz permitiram ao analista da Unidade Regional Salvador do Sebrae, Fabrício Barreto, identificar oportunidades de melhorias que a Consultoria Empresarial Sebrae levaria ao negócio. “Vimos que a área de Finanças não tinha processos definidos e que faltava o Planejamento Estratégico para organizar as ideias de Fritz”, lembra. Faltava ao empreendimento elementos decisivos para a permanência no mercado como Fluxo de Caixa, Sistema Gerencial e Conta Bancária Pessoa Jurídica.

CleanNew conta com 27 franquias no Brasil e até março de 2018 deve abrir a primeira unidade no exterior

Após o acompanhamento de 60 horas, checando a evolução das melhorias implementadas pela solução do Sebrae, Fabrício enfatiza que a história da empresa é um exemplo de empreendedorismo de sucesso. “Mesmo que a sua ideia de negócio não seja inédita, você pode fazer com que ela seja inovadora e o Sebrae pode contribuir muito para isso”, conclui. Com a criação do novo empreendimento, Fritz pode atender às pessoas interessadas em impermeabilização de estofado. Ele garantiu a parceria com uma indústria química que fornecesse um produto único e capaz de atender em custo e benefício. “Blindagem de estofados foi o nome que adotei para isso, porque usava um material capaz de não alterar a cor e a textura do tecido, nem ser inflamável, e ainda ter um valor acessível”, revela. “O empresário que quer sucesso precisa buscar a inovação, correr para ser o melhor no seu ramo, que o dinheiro chega como consequência, e, claro, procurar o Sebrae para te conduzir”, indica Fritz. Em apenas um ano e meio, a CleanNew elevou o patamar de faturamento de R$ 15 mil para R$ 2,5 milhões por ano. Em dezembro, o empresário participou do Seminário Empretec, considerado a solução mais completa do Sebrae, que é a única instituição autorizada pela Organização das Nações Unidas (ONU) para aplicá-la no Brasil. CONQUISTA DO MERCADO DE FRANCHISING O sucesso da empresa de impermeabilização e higienização de estofados despertou em Fritz o interesse de visitar uma feira de franquia. Depois de análises e muito networking com outros empresários de diferentes ramos que já haviam se tornado franqueadores, ele percebeu que era hora de seguir na direção. “Investi tudo que tinha nisso e comecei a vender, dando todo suporte e garantindo que a coisa funcionasse”, explica. A primeira franquia CleanNew foi em Fortaleza (CE), em março desse ano, depois Aracaju, Rio de Janeiro, São Paulo, Belo Horizonte, até chegar ao número de 27 franquias instaladas no país, contadas até novembro. “Ainda esse ano vou visitar Orlando, nos EUA, pra conhecer o mercado. Espero que a gente abra a primeira unidade no exterior até março de 2018”, revela Fritz.

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BONS FRUTOS DO VELHO CHICO Método de apoio a Gestão, Inovação e Tecnologia para Cultivos Irrigados no Vale do São Francisco, do Sebrae em Juazeiro, atendeu 36 produtores rurais em 2017

Há 18 anos, o produtor José Edvanes Teixeira trabalha com agronegócio na zona rural de Juazeiro e tem três propriedades

FOTOS MARCOS SANTIAGO

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ão 8.700 hectares de manga, 730 de uva, 700 de banana e mais de 1.500 de coco. Toda essa área de produção de frutas se concentra somente nos perímetros irrigados de Juazeiro, no norte da Bahia. Nas terras férteis, banhadas pelo Rio São Francisco, de clima semiárido, impulsionada pela irrigação, a fruticultura se firmou como principal atividade econômica local. A região faz parte do Vale do São Francisco, que compreende municípios da Bahia e Pernambuco e se destaca como uma das maiores produtoras de frutas do país. A terra, antes conhecida pela seca, se tornou a maior exportadora de manga e uva nacional.

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E foi no sertão nordestino, na zona rural de Juazeiro, que o produtor José Edvanes Teixeira, decidiu fazer a vida ao lado da família. Incentivado pelo pai, começou cedo a se interessar pelo cultivo do coco. Já são 18 anos dedicados à produção do fruto, em três propriedades, um total de 21 hectares cultivados. Por ano, Edvanes colhe mais de um milhão de cocos tipo anão, que abastecem o mercado nacional. O negócio cresceu e se tornou rentável. Mesmo diante dessa grandiosidade, há poucos meses, o produtor não tinha noção do custo do seu produto, do seu lucro mensal e muito menos do potencial empreendedor que possuía. Muita coisa mudou naqueles 210


mil metros quadrados, desde a chegada da consultora Anamaria Cândido, contratada pelo Sebrae Juazeiro. O objetivo foi desenvolver o Projeto Gestão e Tecnologia para Cultivos Irrigados no Vale do São Francisco, que visa aplicar boas práticas agrícolas dentro da empresa e profissionalizar a gestão dos negócios rurais. Além de Edvanes, outros 35 produtores rurais que cultivam manga, uva, coco e banana nos municípios de Juazeiro, Casa Nova e Curaçá estão recebendo orientação dentro dos seus empreendimentos rurais. “Eu sempre sonhei com a organização da minha propriedade, mas não sabia como começar, além de não ter domínio, faltava tempo. Faltava, não falta mais. Quando me apresentaram o projeto do Sebrae, eu abracei a ideia, comecei junto com meus cinco funcionários a praticar o aprendizado na empresa e as mudanças começaram. Organização da propriedade, limpeza e descarte correto. Tudo isso faz parte da nossa rotina agora. Aquele sonho de manter as coisas em ordem virou realidade. As contas também já estou cuidando de fazer e manter o controle”, disse satisfeito, o produtor. As mudanças a que Edvanes se refere foram estimuladas pela ferramenta D’Olho na Qualidade Rural - 5S, uma metodologia criada para simplificar procedimentos, otimizar recursos e tempo. Adotada pelo Programa de Gestão de Cultivos do Sebrae, o resultado é o melhor desempenho profissional, com reflexo direto na melhoria da gestão e da produtividade da empresa. Outra inquietação do produtor era a parte financeira do negócio. Edvanes não conhecia o próprio custo de produção. Mas isso também mudou. Com o acompanhamento e os registros mensais, foi possível fechar os números e saber quanto se gasta por cada coco produzido e as participações dos seus custos com insumos agrícolas e mão de obra, principais despesas da empresa. “Não tinha a

O produtor Edvanes não conhecia o próprio custo de produção

O projeto do Sebrae insere boas práticas agrícolas, tecnologia e acesso a mercados, por meio do Sebraetec

menor ideia do quanto gastava e quanto ganhava. Foi uma surpresa, agora sei que posso aumentar os meus ganhos, diminuir meus custos, aumentar a produção e gerenciar melhor meu lote. A consultoria apontou um custo de produção de R$ 0,22 por coco produzido. Atualmente, a rentabilidade é de 150%, para cada unidade, o ganho foi de R$ 0,33. E em períodos de preços mais elevados, o ganho pode chegar a até R$ 0,88 por coco vendido e renda bruta total, por hectare, de R$ 4.500”. A primeira etapa do Gestão de Cultivos foi desenvolvida pelo Sebrae em cinco meses. Um investimento total de R$ 4.520, em parceria com os produtores rurais. A meta era trabalhar a gestão de qualidade dentro das propriedades, com foco na profissionalização dos negócios. Para o gestor do projeto de fruticultura, Carlos Robério Araújo, o grande objetivo é contribuir para a melhoria do rendimento do setor agrícola e aumentar a produtividade no campo. A expectativa agora é pela segunda etapa do projeto, que vai integrar novos produtores rurais do norte da Bahia. Além disso, a ideia é dar continuidade ao trabalho com os 36 produtores atendidos em 2017, com a inserção de boas práticas agrícolas, tecnologia e acesso a mercados, por meio do Sebraetec. “Os produtores atendidos no Ciclo 1 abraçaram a proposta do projeto e se dedicaram ao aprendizado, colocando em prática as ações do método. É importante ampliar a iniciativa e permitir que outros produtores rurais vivenciem a melhoria da gestão empresarial. Nossa expectativa é que, com a instalação do Centro Nacional de Excelência em Fruticultura, do Senar, para Juazeiro, possamos firmar parcerias para a expansão de iniciativas como essa e contribuir cada vez mais com a capacitação dos empreendedores do campo e competitividade dos negócios rurais”, ressaltou Robério.

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Inauguração contou com a presença dos diretores do Sebrae, além do gerente regional

ASSOCIAÇÃO REAPROVEITA E VENDE, A BAIXO CUSTO, FRUTAS QUE SERIAM DESCARTADAS Edvanes, junto com outros 22 produtores rurais da região, faz parte da Associação de Fruticultores do Projeto Curaçá (Afrupec). Organizados, eles planejam ativar a agroindústria instalada no Projeto, reaproveitar as frutas que seriam descartadas ou vendidas a baixo custo. A ideia é produzir subprodutos das frutas, como suco, polpa, concentrado; gerar novos postos de emprego no perímetro e promover renda para as famílias, através do processamento de frutas in natura. O superintendente do Sebrae Bahia, Jorge Khoury, esteve na cidade, conheceu as instalações da agroindústria, ouviu as demandas dos produtores rurais e reforçou a intenção do Sebrae em fortalecer a cadeia produtiva da fruticultura na região. “A agroindústria do projeto Curaçá pode se tornar um modelo para toda a região e o Sebrae pretende colaborar com a formatação desse projeto e também auxiliar no gerenciamento da unidade, para que entre em funcionamento o mais rápido possível”, frisou. Khoury destacou ainda que o Sebrae vai continuar promovendo a organização do agronegócio e apoiando os empreendedores rurais do Vale do São Francisco, que já despontam pela produção e exportação de frutas no Brasil. “O estado baiano é o segundo maior produtor de frutas do país, segundo dados do IBGE e, neste cenário, a região do Vale do São Francisco desponta principalmente com a uva e a manga, que abastecem o mercado interno e externo. Vamos continuar aplicando orientações, consultorias e novas tecnologias para expandir os pequenos negócios”.

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JUAZEIRO INAUGURA CENTRO NACIONAL DE EXCELÊNCIA EM FRUTICULTURA A região ganhou mais um grande aliado no fomento ao desenvolvimento do agronegócio. O primeiro Centro Nacional de Excelência em Fruticultura, fruto da parceria da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) e o Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar), foi instalado em Juazeiro. A unidade já está em funcionamento, capacitando profissionais para atender a demanda por mão de obra especializada em todo o país, além de incentivar a pesquisa e o empreendedorismo. A meta é ofertar 320 vagas por ano em formação e atualização profissional, e mais 300 vagas para capacitações a distância. A inauguração, em novembro de 2017, contou com a presença do superintendente do Sebrae Bahia; do diretor administrativo e financeiro do Sebrae, José Cabral; e o diretor técnico do Sebrae, Franklin Santos, além do gerente regional do Sebrae em Juazeiro, Carlos Cointeiro, e o técnico Carlos Robério. “Já temos grandes parcerias com o Senar no estado, na área do agronegócio, e sem dúvida a vinda do Centro de Excelência vai nos possibilitar novas alianças estratégicas para desenvolver e disseminar tecnologias para os pequenos negócios. O nosso entendimento é que o produtor rural precisa ser tratado como um empresário, com visão de futuro e de crescimento. Nossos projetos de fruticultura ganham uma dimensão maior. Por ter um centro de excelência, precisamos ser referência em toda a Bahia”, finalizou Franklin.


EMPREENDER

Mirla Vieira, dona da Mirla Modas, também adquiriu mais três lojas no segmento de roupas: em Lauro de Freitas, Salvador e mais uma em Irecê

VENDAS AUMENTAM 40% Há 16 anos no mercado, Mirla Modas aderiu ao programa ALI, em agosto de 2017, e já colhe resultados positivos FOTO JOÃO JÚNIOR

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Mirla Modas está no mercado desde 2001. Mesmo com tanto tempo no segmento de confecção, este ano, a empresária Mirla Vieira sentiu a necessidade de procurar orientação do Sebrae para os setores financeiro e de marketing. “Sempre fiz os meus relatórios financeiros, mas precisava identificar pontos decisivos na leitura dos números, que só com a consultoria consegui enxergar. Nesse processo, construí também o meu site”, revela.

Mirla começou a sua história de empreendedorismo com apenas uma colaboradora e em um espaço de apenas 50 metros quadrados. “Sempre quis empreender. No início vendia de porta em porta e depois reformei a garagem da casa para fazer a loja. Hoje conto com mais de 25 colaboradoras, em uma loja de 500 metros quadrados”, destaca. Com esse entusiasmo, a empresária comemora o aumento nas vendas em 40%, no último

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mês de outubro, e já pensa em algumas mudanças internas para atrair ainda mais clientes. “Já fiz uma mudança na arrumação da loja, mas quero inovar”, diz. Mirla contratou soluções do programa Agentes Locais de Inovação (ALI), incluindo consultoria financeira, de marketing, design de ambiente e cliente oculto, e ainda participou de várias oficinas de gestão e planejamento. A empresária diz que esse suporte é importante para oferecer o melhor aos clientes. “O Programa ALI está me dando a possibilidade de inovar, sem ter que investir muito. Tenho focado em promoções diferenciadas e criativas, que têm me dado retorno positivo. Isso se reflete no faturamento mensal”, comemora. Nesse período, a empresária também adquiriu outras lojas no segmento de roupas, uma em Lauro de Freitas, outra em Salvador e mais uma em Irecê, a Espaço da Moda, que conta hoje com oito colaboradores e, em breve, vai receber consultorias do programa ALI. “Estamos sempre em busca de crescimento e aprendizado. O Sebrae é um parceiro importante e vai nos ajudar mais uma vez com a questão do registro da marca, consultorias financeiras e de gestão”, diz. A técnica do Sebrae em Irecê, Delian Mendes, destaca a importância de investir em capacitação e inovação. “Esse é o momento de entender o conceito de inovação e a sua aplicação em benefício da empresa. A Mirla Modas está investindo na cultura da inovação, se permitindo mudar e aplicar novas ações, pois inovar pode ser simples e prático, mas precisa ter a ação em busca do resultado”, explica Delian. A técnica diz ainda que, neste caso, o Sebrae está contribuindo de forma intensa através do programa ALI e atendimentos especializados com a certeza de que é possível inovar sem gastar muito e buscar melhorias sempre.

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ALI RECEBE CERCA DE 50 ADESÕES DE EMPRESÁRIOS EM IRECÊ O sucesso do programa pode ser explicado pela recepção positiva no lançamento, que aconteceu em agosto – cerca de 50 empresários foram atendidos em Irecê e região. Além da apresentação da ferramenta e de seus benefícios, aconteceu também a realização de capacitações para colaboradores e fornecedores do Sebrae. Outra ação diferenciada foi a construção do Espaço Inovação, onde as ações do ALI foram expostas e a equipe recebeu os empresários participantes dentro dos eventos realizados pelo Sebrae na região, como o Simpósio das Indústrias do MEDE e a palestra do jornalista Caco Barcelos, durante a Semana de Capacitação Empresarial. Segundo o gerente regional do Sebrae em Irecê, Edirlan Souza, o ALI é um programa que oferece inovação de forma eficiente e facilitada. “Esses fatores são importantes para a adesão dos empresários, que buscam inovar sem ter que investir muito. Em 2018, temos certeza que iremos reforçar as ações realizadas no ano passado”, finaliza.

Empresária de Irecê participou do programa ALI


EMPREENDER

EMPRESÁRIA DE ITACARÉ CONQUISTA PRÊMIO Maria Aparecida Damacena foi a ganhadora do Prêmio Sebrae Mulher de Negócios em Brasília

Ao contar a história da Pousada Pedra Torta, a empresária Maria Aparecida Damacena foi destaque em empreendedorismo feminino no Brasil

FOTO MAURÍCIO MARON

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om uma história de sucesso emocionante, a empreendedora Maria Aparecida Damacena, de Itacaré, conquistou a etapa nacional da 13ª edição do Prêmio Sebrae Mulher de Negócios, na categoria de Pequenos Negócios. A cerimônia foi realizada em novembro, em Brasília. Muito emocionada com o resultado, Aparecida disse que recebeu o prêmio como reconhecimento de um árduo trabalho. “Nem imaginava que seria vencedora, diante de muitas mulheres empreendedoras de sucesso”. Segundo Maria Aparecida, o Sebrae foi fundamental para alcançar o reconhecimento nacional. “Desde o início do negócio, há 15 anos, nós temos uma forte parceria com o Sebrae. Participamos de vários treinamentos, capacitações, viagens, workshops e feiras de turismo. O Sebrae sempre nos apoiou e foi um grande colaborador para a nossa trajetória de sucesso”. Aparecida conta que saiu da cidade de Teixeira de Freitas para empreender em Itacaré. Logo, iniciou a construção da Pousada Pedra Torta, com 14 apartamentos, e foi divulgar o empreendimento em todo o país, em busca de parcerias. Em menos de um ano, ela teve que ampliar o seu estabelecimento para 32 apartamentos para atender a demanda de investidores. Hoje, a empresária possui mais duas pousadas e um restaurante na cidade. A gestora estadual do Prêmio Mulher de Negócios, Andrelina Mendes, revelou que a história de Aparecida é muito rica e emocionante.

“Foi uma honra conhecer de perto a história de Aparecida e participar desse momento histórico”, revelou Andrelina. No âmbito regional, a gerente do Sebrae em Ilhéus, Claudiana Figueiredo, comemorou a conquista e destacou que as ações da instituição, alinhadas ao perfil de empreendedores, têm contribuído para o desenvolvimento da região. “É uma demonstração de que investir em conhecimento vale muito a pena e todo o conteúdo trabalhado pelo Sebrae tem surtido resultado. Além disso, o espírito empreendedor tem garantido um resultado importante para o sucesso de Aparecida”. PRÊMIO INCENTIVA HISTÓRIA DE EMPREENDEDORAS Com a finalidade de estimular e fortalecer o empreendedorismo feminino, o Prêmio Sebrae Mulher de Negócios reconhece, desde 2004, histórias de sucesso de empresárias brasileiras. A ideia do Prêmio é dar mais visibilidade e novas oportunidades para as participantes, sensibilizando outras mulheres a compartilharem experiências. Em 2017, a premiação contou com mais de 3,5 mil inscrições em todo o país nas categorias Microempreendedora Individual (MEI), Produtora Rural e Pequenos Negócios. A premiação é realizado em parceria com a Secretaria de Políticas para as Mulheres (SPM), do Governo Federal; e a BPW Brasil – Federação das Associações de Mulheres de Negócios e Profissionais, com apoio técnico da Fundação Nacional de Qualidade (FNQ).

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MELHOR DESEMPENHO O Plano de Melhoria do Desempenho Empresarial (Sebrae MEDE) tem auxiliado empreendedores com estratégias, posicionamento e organização do negócio

A doceria Chocolate com Pimenta, em Santo Antônio de Jesus, estava prestes a ser vendida. Essa realidade mudou após a consultoria do Sebrae MEDE

FOTOS CHARLES ALVES

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éa Meirelles e Fabrício Pimenta já cogitavam fechar as portas da Doceria Chocolate com Pimenta. Com uma proposta de venda em mãos, a empresária e seu sócio, que atuam no segmento há mais de três anos, viram na consultoria do Sebrae uma oportunidade para

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sair da crise e continuar com a empresa aberta. Através do Plano de Melhoria do Desempenho Empresarial (Sebrae MEDE), eles e outros empresários da região e do Recôncavo Baiano vêm obtendo resultados significativos em seus negócios.


EMPREENDER

A proposta de venda se transformou então no desafio de inovar e alavancar o negócio. E o trabalho deu certo. “Mudamos toda a concepção da empresa. Tudo que foi pontuado pelo consultor nós olhamos com carinho e nos propomos a fazer as mudanças. Hoje, nos apegamos à riqueza de detalhes, ampliamos a variedade de produtos e a loja mudou a fachada, vitrine, tudo”, detalha. Segundo Léa, o MEDE contribuiu para aumento no faturamento entre 35% a 40% ao mês. Outro exemplo bem sucedido após a consultoria do Sebrae MEDE é o da empresa familiar Lucyju, dos sócios Luciane Kisaki e Masaru Kisaki Júnior. O empreendimento varejista atua no ramo de calçados e confecções com sede em Ituberá, no Baixo Sul do Estado. “Tudo que fazíamos antes do MEDE era por intuição, sem planejamento. Hoje, aprendemos a traçar os planos no momento em que lançamos a promoção ou quando vamos fazer compras. Era um conflito saber se estávamos comprando certo. Estamos

aprendendo a trabalhar de uma forma mais profissional”, declara Luciane. A Lucyju atua no mercado há mais de quatro décadas e possui três lojas – duas em Ituberá e uma Gandu. O Sebrae MEDE utiliza uma metodologia que apoia o fortalecimento da gestão empresarial, disponibilizando um consultor para acompanhar o negócio durante 10 meses. Nesse período, o profissional desenvolve indicadores que serão trabalhados. A partir das principais dificuldades da empresa, podem ser feitas contratações para atender às necessidades específicas de determinado setor. “O consultor vai incentivar o empresário a fortalecer seu processo de inovação no cotidiano do negócio. Quanto mais inovação ele agrega, maior será sua capacidade de se diferenciar no mercado”, ressalta o gerente regional do Sebrae em Santo Antônio de Jesus, Carlos Henrique Oliveira, que avalia a consultoria como uma ponte para o desenvolvimento das empresas. Ele frisa ainda a vantagem do acompanhamento mensal, que permite a evolução gradativa e, como consequência, um bom retorno nas empresas. É o caso também do empresário Gustavo Soares, que viu na consultoria a possibilidade de agregar conhecimentos e valores para serem aplicados no negócio, em Santo Antônio de Jesus. À frente da Panificadora Soares, indústria e comércio de produtos de padaria e confeitaria, com predominância de produção própria, ele já aponta os resultados alcançados com a aplicação do MEDE em sua empresa. “O programa interferiu na organização dos processos produtivos, na motivação da equipe de vendas e conseguiu unir ainda mais nossa equipe. Desde a implantação do MEDE, registramos um crescimento de 40% nas vendas, passamos a ser mais competitivos no mercado, melhoramos nossa imagem, conquistamos mais visibilidade, qualidade na prestação de serviço e responsabilidade social”, comemora. É possível saber mais sobre o Sebrae MEDE pela Central de Relacionamento do Sebrae 0800 570 0800.

Proprietários da doceria, os empresários Léa Meirelles e Fabrício Pimenta disseram que o aumento no faturamento está entre 35% a 40% ao mês

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MERCADO

SAÚDE: UMA FATIA DE OPORTUNIDADE PIZZARIA DE SALVADOR INOVA E CONQUISTA O EXIGENTE E AQUECIDO MERCADO DA ALIMENTAÇÃO SAUDÁVEL

FOTOS JOÃO ALVAREZ

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Segundo pesquisa nacional do Sebrae, somente 6% das micro e pequenas empresas investem em negócios de alimentação saudável. Com inovação, Pizzalinha faz parte desse percentual

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rgânico, sem lactose, sem glúten, vegano. Pouco conhecidos pelos consumidores anos atrás, esses termos, ligados à alimentação diferenciada e saudável, são cada vez mais frequentes entre as demandas dos consumidores. E essa tendência pode render bons resultados também à saúde dos negócios de empreendedores atentos. Segundo pesquisa nacional do Sebrae, essa fatia do mercado está aquecida e ainda aguarda ser abocanhada. De acordo com o estudo, somente 6% das micro e pequenas empresas investem neste novo nicho, o que mostra que há um enorme potencial a ser explorado. Dos negócios já existentes no mercado, 56% optaram por trabalhar com comida orgânica, 18% com saladas especiais, 6% com comidas vegetarianas e 6% com alimentação saudável para crianças. “Hoje, apesar do boom das informações sobre a alimentação saudável, ainda é um mercado em que há poucas empresas atuando nele e tem muito a ser explorado”, explica o técnico do Sebrae Bahia, Diógenes Silva. Mas não basta apenas correr para seguir a tendência. Para desbravar o seu espaço em um mercado tão específico, o casal Paula e Eduardo Mônaco investiu na inovação, desde o começo da Pizzalinha, pizzaria que comandam em Salvador. Afinal, não é comum encontrar o produto com massas que levem beterraba, espinafre ou cevada em sua composição. E – garante a empresária – proporcionando uma experiência gastronômica tão saborosa quanto uma pizza

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MERCADO

tradicional. “Eu sempre faço uma aposta: se você não gostar, não paga. Estamos caminhando para o sexto ano da Pizzalinha e nunca pagamos uma pizza”, comemora Paula, que vende até 150 pizzas em dias de maior movimento. A garantia dada é de quem está acostumada a ver narizes que torcem quando o assunto é alimento saudável, para logo em seguida serem seduzidos pelo aroma e a proposta do restaurante. O diferencial do negócio, aliás, não seria sequer encontrado se não fosse por Eduardo ter um nariz assim no passado, o que lhe rendeu uma série de problemas de saúde causados pelos maus hábitos alimentares. Com 1,70m, ele chegou a pesar 111kg. Na época, em 2012, o casal, que tinha o hábito de receber os amigos em casa todos os finais de semana para festivais de pizza, decidiu atender a pedidos e abrir a casa em formato de “restaurante secreto”, apenas para convidados. Mas Paula não queria ter “mais uma pizzaria”, como ela lembra. A massa, criada a partir de receita da avó italiana de Eduardo, já tinha um diferencial. “Ela leva menos glúten, é menos calórica, não tem nenhum derivado de ovo, leite ou fermento”, explica ele. Mas foi com a difícil missão de incluir legumes e verduras na dieta de Eduardo que Paula encontrou o seu “big bang”. “Pensei: e se eu tirar a água da massa e colocar beterraba?”, lembra a empresária. “A única pergunta que ele fez foi: por que é rosa?”, diver-

O casal Paula e Eduardo Mônaco investiu na inovação das massas de pizzas

te-se, lembrando ter inventado que era anilina. A partir de então, a cozinha virou um verdadeiro laboratório, em que foram criadas dez opções de massas funcionais, hoje à disposição do cliente em um cardápio com mais de 60 sabores de pizza, entre opções salgadas e doces, incluindo veganas. A oferta de sucos acompanhou a tendência, com demanda crescente de 30% em contraste à queda do refrigerante, de 20%.

Inovação em cada detalhe PRODUÇÃO PRÓPRIA Outro diferencial encontrado pela pizzaria foi a fabricação própria. Paula conta que, para viabilizar a oferta de um queijo vegano, passou dez dias na cozinha em busca da receita perfeita, já que avaliava o produto no mercado como caro e de sabor não agradável para quem não está habituado. A ousadia rendeu resultado – há cerca de dois meses o cliente pode optar pelo queijo de leite de vaca ou o vegano, sem alteração no valor da pizza. “Conseguimos atender um novo nicho de mercado. Pessoas que têm alguma intolerância ou optam pela vida vegana”, destaca Eduardo.

SUSTENTABILIDADE A dupla também buscou investir na sustentabilidade do negócio, reduzindo o uso de água e apostando na reciclagem do lixo. “A estrutura física foi construída com madeira de reflorestamento e com telhas ecológicas, fazemos captação de chuva para uso nos vasos sanitários”, destaca Eduardo.

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APÓS CAPACITAÇÃO INTENSA, FRANQUIA À VISTA A ideia era ótima e o sabor vindo da fornada também, mas o casal se deparou com o desafio de provar isso para os clientes. “Como eu vou fazer as pessoas aceitarem um novo alimento, acreditarem que a pizza continua deliciosa, sem alterar o sabor, a textura?”, recorda Paula. “Foi uma quebra de paradigma muito intensa”, avalia Eduardo. Para encontrar as respostas, a dupla resolveu investir na capacitação intensa de Paula, durante mais de dois anos. “Eu participei de quase tudo do Sebrae, fazia questão de aprender. Como eu ia abrir um negócio se eu não sabia nada?”, lembra Paula, que deixou o emprego como gerente de vendas para se dedicar ao negócio e aos estudos. “Pensei: eu sei trabalhar, não tomar conta de um empreendimento. Sei vender, não sei comprar. Em tudo isso, o Sebrae me deu apoio”, conta, destacando entre as capacitações realizadas com a instituição todas as Oficinas SEI, o curso de Gerenciamento Básico e outras, que auxiliaram no planejamento estratégico da pizzaria. A partir de diagnóstico do negócio realizado por especialista, eles chegaram até mesmo a mudar o layout do bar, e hoje têm o acompanhamento de um agente local de inovação (ALI). O resultado do investimento veio e, um ano e meio depois, foi a vez de Eduardo deixar o emprego para unir forças na Pizzalinha, que abriu as portas em local definitivo em 2014, no bairro de Stella Maris. No ano seguinte, o faturamento da empresa já não cabia no perfil de microempreendedor individual (MEI) e a pizzaria passou a ser uma microempresa. Hoje com 12 funcionários, Paula e Eduardo já estão de olho em outros voos. Após estudo de viabilidade de franquia realizado com o Sebrae, eles se preparam para formatar o negócio e ampliar a atuação da Pizzalinha, levando o conceito de pizza funcional e saudável a mais consumidores. Quanto a Eduardo, o empresário continua comendo pizza todos os dias. Mas, dessa vez, com a saúde sob controle.

Quer investir na alimentação diferenciada? Fique atento às dicas do Sebrae Bahia FIDELIZAÇÃO Procure fidelizar o seu cliente. Quem come esse tipo de alimentação, na maioria dos casos, acaba preferindo sempre essa. Já sabe que ali ele vai encontrar o que quer. DEFINIR O TIPO DE ALIMENTAÇÃO Há a orgânica, a sem lactose, sem glúten. Tem alimentação pronta, fora do lar, marmita. Há uma série de possibilidades. É preciso entender e conhecer o nicho em que vai atuar, sem querer abraçar todas as opções, para direcionar o trabalho de marketing e criar a identidade do negócio. PÚBLICO EXIGENTE A propaganda enganosa é inaceitável para qualquer negócio. E, neste mercado, ela não é perdoada. É um cliente mais fiel, mas também mais exigente e cuidadoso. Se disserem que o produto é sem glúten e o produto tiver glúten, o cliente não volta mais, e ainda podem acontecer implicações sérias de saúde. PRECIFICAÇÃO Pensar em opções para manter um preço adequado é um desafio, como o enfrentado pela Pizzalinha para a oferta do queijo vegano. Normalmente, o cliente está disposto a pagar um pouco mais, mas até quando vai esse um pouco mais? É uma questão de atenção e cuidado. DESENVOLVIMENTO DE PRODUTOS Há muita gente substituindo a carne por outras coisas, por exemplo. E surgem inúmeras possibilidades. Existe a oportunidade de contar com o Sebraetec para desenvolver novos produtos, com um subsídio de até 70%.

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MERCADO

Cooperativa vende para Pernambuco, Goiás, Tocantins e São Paulo, além da Bahia

COOPERATIVA DE COURO ALÇA NOVOS MERCADOS Coopact, do Território do Sisal, mostra que com união de empreendedores produção baiana pode alcançar destaque nacional FOTOS AURENICE DO CARMO

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Cooperativa dos Produtos de Artefato de Couro da Comunidade de Tracupá (Coopact), no município de Tucano, no Território do Sisal, é um belo exemplo de fortalecimento da cadeia produtiva através do cooperativismo. Os 22 produtores, que atualmente integram a cooperativa, começaram a produzir bolsas, cintos, carteiras e outros produtos no quintal de suas casas, onde apenas confeccionavam

os itens para grandes empresas paulistas, sem gerar renda própria. “Trabalhávamos muito e ganhávamos pouco. Eram até mais de 12 horas por dia para ganhar algo inferior a um salário/mês, bem menos do que a nossa renda atual”, relembra Adriano Ferreira, presidente da Coopact. Hoje, com o apoio do Sebrae, eles possuem marca própria (Tracupá Couro), comercializam seus produtos e recebem encomendas de todo o país.

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A transformação começou em 2012, após um acordo de cooperação firmado entre o Sebrae e a Superintendência de Desenvolvimento Industrial e Comercial (Sudic), vinculada ao Governo do Estado, para reativar projetos de Indústrias Cidadãs que estavam parados em toda a Bahia. Quatro anos antes, a então associação dos pequenos produtores havia recebido um galpão para produzir seus artefatos, mas o grupo não levou a ideia adiante e o projeto acabou interrompido. “O galpão que a associação recebeu ficou fechado nesse período. Em 2012, com o apoio do Sebrae e Sudic e a criação da cooperativa, assumimos o local”, lembra Adriano. Após diagnóstico, o Sebrae convidou-os para fazer o plano de negócio e a partir daí, oferecer capacitações e consultorias, orientando sobre associativismo, para que os pequenos produtores organizassem sua gestão e desenvolvessem o seu negócio. Tudo isso, além do investimento em maquinário, missões para participação em feiras e outros incrementos, fez com que o grupo avançasse, tanto nas vendas como na produção. “Tudo que o Sebrae oferecia a gente abraçava. A gente não tinha conhecimento de marketing, design, marca… Sabíamos trabalhar, mas não havia conhecimento técnico. Então, com Sebrae, Sudic e Senai atuando juntos, acabou que aprendemos”, afirma o presidente. E o Sebrae possibilitou outro ganho para a Coopact nessa fase de transformação, que foi a criação e o registro de marca. Consultoria de gestão, planilha financeira e fluxo de caixa também marcaram essa profissionalização. Em 2015, quando passaram pelo Sebraetec, foi realizado um trabalho com um estilista para desenvolvimento de catálogo, melhoria de design e layout de marca e uma nova linha de produtos e embalagens, o que alavancou as vendas. A aquisição de novos equipamentos - substituindo máquinas antigas dos pequenos produtores - desde a concepção do projeto garantiu maior agilidade e acabamentos ainda mais precisos. Para Adriano, um dos pontos principais no início dessa trajetória foi a consultoria financeira oferecida pelo Sebrae, por três anos. “Foi o que nos deu a base principal. Não sabíamos lidar com essa renda, esse fluxo de caixa dentro da cooperativa”. Para entender melhor as tendências de mercado, em julho deste ano, em uma missão empresarial com o apoio do Sebrae, os empreendedores estiveram, pela primeira vez, na 49ª edição da maior feira de calçados do país, a

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Presidida por Adriano Ferreira, a Coopact é referência em produção de artefatos de couro

Francal. A feira internacional da moda em calçados atrai anualmente milhares de visitantes de todo mundo e é responsável por 70% das vendas do setor de todo o ano. Paralelamente, também participaram do Salão InspiraMais, maior salão de design e inovação da América Latina que impulsiona a moda brasileira e apresenta materiais inovadores e sustentáveis. ”Lá, eles assistiram a palestras e viram quais são as tendências para as próximas estações. Tiveram a oportunidade de fazer networking, promover a imagem e ainda fechar negócio com fornecedores de couro”, conta a técnica do Sebrae Lúcia Leite, que acompanhou o grupo na viagem. O resultado de todo esse apoio já é visível. “Nesses cinco anos de cooperativa, nosso faturamento e também a nossa produção praticamente quadruplicaram”, declara Adriano. De acordo com o presidente da Coopact, a missão foi uma experiência muito enriquecedora. “Abriu


nossos horizontes. Trabalhávamos só com produtos do Nordeste e lá vimos outros materiais, outros modelos, encontramos couro de qualidade diferenciada, diferente do restante do distrito”, avalia. “Você tem que ter um diferencial, já que todo mundo aqui no distrito trabalha com couro”, completa, ao comentar que Tracupá é referência na região em produção de artefatos de couro. Com outro perfil, o jovem Carlos Augusto de Almeida entrou na cooperativa em 2013 ainda inexperiente na tradição secular do uso da pele curtida de animais. “Eu não sabia trabalhar”, revela. “Foi aí que, com cursos do Senai possibilitados a partir do Sebrae e com a ajuda do pessoal mais antigo, fui evoluindo e hoje sou sócio-cooperado”. Ele elenca como principais capacitações os cursos de logística, corte e modelagem. “A cooperativa abriu portas e eu fui evoluindo também como pessoa. Eu tinha só a visão da minha região e a partir daqui vejo novos horizontes. Estou muito feliz e quero continuar, pois tenho muito a aprender”, acredita. O gerente regional do Sebrae em Feira de Santana, Isailton Reis, destaca outra conquista recente da cooperativa. “Tracupá Couro é uma experiência exitosa de apoio do Sebrae.

Além do crescimento da marca no mercado, a Coopact, esse ano, mudou a sua relação com o Sebrae. Até 2016, tudo que nós realizávamos lá era totalmente subsidiado. Este ano, ela já consegue arcar com parte dos custos da consultoria. Isso para nós é uma medida de resultado muito importante”, pontua Isailton, ao citar o plano de Melhoria do Desempenho Empresarial (MEDE), pelo qual o grupo passa este ano. Atualmente, a Cooperativa vende para Pernambuco, Goiás, Tocantins e São Paulo, além da Bahia. Foram muitos aprendizados e a conquista de visibilidade no mercado através desse acompanhamento. “Não sei o que seria de nós sem o Sebrae. Se não fosse esta instituição, estaríamos ainda trabalhando em nossas casas, sem desenvolver nossa capacidade técnica”, pontua Adriano Ferreira. Segundo ele, a intenção é buscar o aperfeiçoamento e fortalecer a marca Tracupá Couro continuamente. “E agora vamos continuar nos profissionalizando, formalizando cada vez mais nossos departamentos de vendas, produção e marketing, gerando confiança aos nossos clientes e o trabalho sendo bem aceito no Brasil inteiro”, projeta o presidente da Coopact.

O jovem Carlos Augusto de Almeida entrou na cooperativa em 2013 e hoje é sócio-cooperado

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O PRIMEIRO PASSO É ACREDITAR Jornalista explica como foi o processo de criação da sua empresa e quando pediu demissão para se dedicar exclusivamente ao negócio

FOTOS JOÃO ALVAREZ

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MARA LUQUET Mara Luquet é jornalista, especializada em finanças e economia. Foi repórter da Gazeta Mercantil, Revista Exame, editora da Veja e do Jornal Folha de São Paulo. Atuou como colunista de finanças pessoais na TV Globo, GloboNews e rádio CBN. Há alguns anos, Mara resolveu investir no sonho de empreender e montou sua própria empresa, a Letras & Lucros, uma plataforma de conteúdo sobre finanças. Durante a Semana Sebrae de Capacitação Empresarial, em outubro de 2017, a jornalista ministrou o seminário “Inteligência Financeira: a estratégia que funciona” e conversou com a Revista Conexão sobre sua carreira e o cenário econômico do país.


ABRE ASPAS

COMO SURGIU A DECISÃO DE PEDIR DEMISSÃO DA TV GLOBO PARA TER SEU PRÓPRIO PROJETO EMPREENDEDOR?

Eu pedi demissão em 2004 ou 2005. Era funcionária registrada, com carteira assinada, tinha uma série de benefícios, FGTS, plano de saúde, um ótimo salário, um emprego maravilhoso, com gente que eu gostava, mas tinha um sonho de montar minha empresa. A Letras & Lucros nasceu ali, só que eu não vivia disso. Eu tinha que fazer freela e, paralelamente, montava a Letras & Lucros. Fazia freelas na TV Globo, CBN, Valor Econômico e outras publicações, sempre me dedicando à minha empresa paralelamente. Do ano passado pra cá, eu vendi 20% da empresa para um fundo estrangeiro de startups. Eles fizeram um investimento em tecnologia muito forte. Esse ano, temos uma cara nova do site e ferramentas. A gente começou a ver um aumento da audiência muito forte e começamos a produzir coisas pro canal do YouTube. Só que isso concorria com a TV Globo, então fui conversar com meu chefe e avisei que não daria pra continuar, até mesmo porque não daria tempo pra conciliar as duas coisas. Recentemente, lançamos uma websérie sobre aposentadoria no exterior e eu conversei com doze embaixadores. Na segunda temporada eu vou visitar cada um desses países, então não dava mais para ficar aqui e fazer o Jornal da Globo à 1h da manhã. Tive que optar e optei por minha empresa. Falei para o meu chefe: ‘Esperei quinze anos para isso acontecer e está acontecendo agora’. Eu, como comentarista de finanças, não podia perder todo o investimento que eu fiz de tempo e dinheiro.

“Tive que optar e optei por minha empresa. Falei para o meu chefe: Esperei quinze anos para isso acontecer e está acontecendo agora”

O QUE MUDOU NA SUA VIDA COM ESSA DECISÃO?

As pessoas ficaram chocadas e eu tinha que arrumar uma explicação. Disseram até que fui contratada para ser garota propaganda de um banco. Imagina, eu, aos 50 anos, ser chamada de garota propaganda. Quem me dera (risos). Achei o máximo, mas não era isso. Não tenho talento, nem idade para isso. O que eu faço é jornalismo. Eu sou jornalista, não sou celebridade. O que eu gosto de fazer é jornalismo. Minha empresa é de jornalismo. Isso pra mim é um desafio muito grande e é isso que move. O que me move não é aparecer na tela nem dar autógrafo, é descobrir e contar boas histórias. A gente agora tem os meios de produção em nossas mãos. O momento nunca foi tão favorável para o jornalismo. Eu acredito tanto nisso que interrompi o contrato com uma grande emissora, onde eu fui muito feliz. Sempre fui muito bem tratada, aprendi muito, mas tenho um sonho e sou movida por desafios. QUAIS AS DICAS PRINCIPAIS QUE VOCÊ DÁ PARA QUEM DESEJA SEGUIR O MESMO CAMINHO DE EMPREENDER?

Primeiro, não espere ficar rico. Isso não vai te deixar rico da noite para o dia, mas vai te dar muito prazer. Vai te dar muito conhecimento. Eu ouvi uma coisa tão linda do Amyr Klink (navegador e escritor brasileiro), na semana passada. Ele falou que nunca pensou em comprar casa, carro, nem construir patrimônio. Ele contou a história de como ele foi pra Antártida, construiu um barquinho e ficou 640 dias nadando pelas geleiras. Ele disse que quando voltou, percebeu que seu patrimônio eram esses 642 dias. É isso que faz a diferença. Meu patrimônio são essas experiências e histórias que estou colecionando e aprendendo. Se você está empreendendo pra ficar rico, esquece. Você é um desavisado. Você até pode ficar rico, mas pode demorar muito. No primeiro momento, não vai dar certo. Você vai cometer erros. Vai ter que ter resiliência. Na teoria, tudo é lindo, mas pega uma empresa quebrada, cheia de dívidas de impostos, reestrutura ela inteira, bota ela no lucro, venda uma participação dela pra um estrangeiro e depois você senta e vem conversar comigo.

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Uma coisa está no livro, outra coisa é o dia a dia. Tem que ser teimoso na coisa certa. Não dar murro em ponta de faca. Isso você vai pegando com o tempo. Não vai ser do jeito que está imaginando. A Letras & Lucros hoje é totalmente diferente do que eu pensei no início. Depende do mercado e das tecnologias. Tem que se adaptar ao que o mercado o quer. VOCÊ ESCREVEU UM LIVRO QUE FALA SOBRE O TEMA “APOSENTADORIA”, VOLTADO PARA CRIANÇAS. DE QUE FORMA VOCÊ ACREDITA QUE A EDUCAÇÃO FINANCEIRA DEVE SER INSERIDA NA VIDA DAS CRIANÇAS?

Esse livro foi o projeto que uma editora me convidou pra fazer. Ele é muito antigo e nós vamos até relançar. Esse é o grande desafio pra todo mundo. Se você vai guardar dinheiro ou se não vai guardar, se vai ficar rico, ou não, é decisão de cada um. Mas o que tem que entender é que dentre os desafios atuais, o maior é viver muito. Então vamos viver bem? Viver muito custa caro. Tem que ver como vai se financiar no futuro. Essa é a principal mensagem que eu quis passar, que você tem um futuro. É POSSÍVEL INVESTIR, MESMO NA CRISE?

A crise é o melhor momento pra investir, porque os ativos estão muito baratos. Mas é o mais difícil, porque você tem medo, as incertezas são maiores. COMO VOCÊ ANALISA O CENÁRIO, NA BAHIA, QUANDO SE FALA EM PERFIL INVESTIDOR?

Não tenho esse dado concreto, mas imagino que o baiano deve saber investir muito bem. Você chega aqui e fala um problema, ele responde “pronto”. Quando fala “pronto”, está tudo resolvido. Ele vai dar um jeito. Em São Paulo, ele fala “então”, que significa que ele vem com mais problema pra você resolver (risos). VOCÊ VÊ O CENÁRIO ECONÔMICO NO BRASIL COM OTIMISMO?

Eu vejo que nós estamos no início de um novo ciclo do mercado de capitais brasileiro. Não percam essa oportunidade. Vai ser fácil? Não. Tem risco? Sim. Mas o sentimento que eu tenho é que nós estamos iniciando um novo ciclo de crescimento no Brasil. A taxa de juros é um vetor importante e sinaliza isso. Eu gosto muito do Brasil. Acho que temos oportunidades boas aqui e a gente sofreu tanto nos últimos anos. A gente merece ser feliz um pouco.

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“Eu pedi demissão em 2004 ou 2005. Era funcionária registrada, com carteira assinada, tinha uma série de benefícios, FGTS, plano de saúde, um ótimo salário, um emprego maravilhoso, com gente que eu gostava, mas tinha um sonho de montar minha empresa.”


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PRIMEIRO COWORKING DO NORTE-NORDESTE EM SHOPPING

Os sócios Carlos Geilson Júnior, João Miranda, Mário Fagundes e Matheus Oliveira criaram a Ponte Espaço Colaborativo

A solução garantiu a funcionalidade do espaço colaborativo para profissionais, empreendedores e estudantes FOTOS JOÃO ALVAREZ

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m outubro desse ano, o sonho dos sócios Carlos Geilson Júnior, João Miranda, Mário Fagundes e Matheus Oliveira de criar um espaço para reunir empreendedores interessados em se conectarem virou realidade. A Ponte Espaço Colaborativo surge como o primeiro coworking (espaço com salas privativas e estações individuais) do Norte-Nordeste dentro de um Shopping Center (Shopping Paralela). Mário Fagundes lembra que o segundo passo, depois de buscar a formalização do negócio e suas questões legais, foi contar com o a solução Sebraetec para garantir que as pessoas tivessem um ambiente funcional e completo, onde pudessem chegar e utilizar com comodidade. “Nós buscávamos a garantia de ter um profissional de qualidade e uma execução

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Cliente Sebraetec, a empresa é o primeiro coworking (espaço com salas privativas e estações individuais) do Norte-Nordeste dentro de um Shopping Center (Shopping Paralela)

do trabalho bem feita e no prazo que necessitávamos. Com o Sebraetec foi desenvolvido o trabalho de design de interior e a fachada do nosso projeto”, revela. A designer de ambientes Caroline Borba aceitou o desafio de conciliar os anseios de todos os sócios do empreendimento em um projeto que, segundo ela, teve um bom direcionamento sobre o que era esperado deles. “A base da criação foi o próprio nome da empresa, Ponte. Através da utilização coerente dos princípios de design, considerando a atividade fim da empresa, o público-alvo, o fluxo de pessoas esperado, dentre outros elementos, pude trabalhar o conceito de união, ligação, colaboração, algo que aproxima, diminui distâncias”, frisa. Os empresários planejavam ter ambientes diversos e com múltiplas funcionalidades. Por isso, a ideia de Caroline foi propor um projeto flexível, modulado. "Retirando uma divisória, por exemplo, é possível transformar uma sala de reunião para oito pessoas em um auditório para até 25 pessoas”, lembra a designer.

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A Ponte Espaço Colaborativo conta com 50 vagas para corworkers Ao longo dos 20 dias de trabalho, a profissional investiu também na harmonia entre cores e luzes. “No ambiente de trabalho colaborativo, na entrada, usei um tom de azul, que acalma o organismo, favorecendo a concentração. Sobre a escolha de luzes, trabalhei, por exemplo, com muita luz focal, com objetivo de auxiliar na concentração das pessoas que ali trabalharão”, explica. “Ficamos extremamente satisfeito com o resultado. Não só o profissionalismo das pessoas envolvidas, mas a pontualidade na execu-


I NOVAR

ção e, o principal: transformaram o estudo da nossa necessidade em realidade, utilizando de maneira extremamente otimizada o espaço”, comemora Mário sobre o Espaço. O coworking, que hoje tem a parceria com o Califórnia Coffee, faz cerca de sete atendimentos por dia e, de acordo com Mário, “a previsão é, em dois meses, chegar a 20 atendimentos/dia e converter esse público em membros fixos”. O Ponte Espaço Colaborativo conta com 50 vagas para corworkers. Para quem quer ser um residente, o turno (das 8h às 14h30 ou das 14h30 às 21h), todos os dias, custa R$ 395/ mês; enquanto o ilimitado, das 8h às 21h, todos os dias, sai a R$ 690/mês. Há ainda as opções de tarifas diárias ou avulsas. É possível obter mais informações sobre os serviços e valores pelo telefone (71) 3033-0114 ou nas redes Instagram, @ponte_espaço_colaborativo, e Facebook, /ponteecolaborativo. O local funciona de segunda a sexta, das 8h às 21h; sábados, das 9h às 15h; e domingos para eventos. A analista da Unidade Regional Salvador Betina Costa Pinto acompanhou a Ponte Espaço Colaborativo desde o início, o que contribuiu para que ela identificasse a carência de um pro-

jeto de ambientação feito por um profissional de Design. “A adesão ao Sebraetec se deu oportunamente para eles, ainda mais por conta do momento do negócio que já estava regularizado e em fase de implantação”, lembra. Os sócios conheceram as etapas dos trabalhos que seriam conduzidos pela então consultora e os resultados já alcançados por outros empreendimentos. “Eles nos buscaram, sequencialmente, visando identificar que outras soluções podem ajudar o negócio, agora que está em funcionamento”, revela Betina. Ainda segundo a analista, o Sebraetec é um exemplo de solução Sebrae que visa ao aumento de produtividade e adequação de processos com alta aceitação do cliente, sobretudo pelo subsídio do Sebrae de até 70% dos investimentos que são contratados pelo cliente. “É sempre importante lembrar da necessidade de se realizar um planejamento sobre os investimentos que se pretende fazer, para que as intervenções sejam perenes na instituição”, destaca.

SEBRAETEC O Sebraetec é indicado a qualquer momento do negócio, desde que o cliente tenha plena noção do que quer aprimorar, seja produto, serviço ou mesmo processos. O portfólio da solução se divide em sete temáticas: Design; Inovação; Produtividade; Propriedade Intelectual; Qualidade; Sustentabilidade. Fazem parte do público alvo as Micro e Pequenas Empresas (MPE) e Microempreendedores Individuais (MEI), de quaisquer segmentos empresariais. Mais informações do Sebraetec na Bahia podem ser obtidas pela Central de Relacionamento, no 0800 570 0800.

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STARTUPS BAIANAS AMPLIAM NEGÓCIOS Vinte startups participaram do projeto, em 2017, e ganharam visibilidade nacional FOTOS JOÃO ALVAREZ

U

ma plataforma que utiliza inteligência artificial para dinamizar a antecipação de recebíveis: essa foi a ideia do empreendedor e mestre em computação Camilo Telles, ao criar a startup Antecipa. Camilo teve a ideia quando trabalhava em uma empresa de ticketing. “Eu realizava antecipação de recebíveis e, na época, comecei a estudar esse mercado”, lembra. A partir daí, desenvolveu uma plataforma que consegue automatizar a relação financeira entre compradores e fornecedores.

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Conexão Bahia

Em pouco mais de um ano, a startup Antecipa conta com 300 clientes e tem movimentação mensal de R$ 1,4 milhão

Quando uma pequena ou média empresa tem um valor a receber, após o fornecimento de um produto ou serviço, esse valor é chamado de “recebível”. É possível antecipar o recebimento desse valor, mas, para isso, é cobrada uma taxa. Aí que entra a Antecipa: quando a taxa de antecipação do recebível é mais baixa que a cobrada para pegar um empréstimo no banco, por exemplo. Em pouco mais de um ano, a startup conta com 300 clientes e tem movimentação mensal de R$ 1,4 milhão.


PRA CRESCER

O oceanógrafo Bruno Balbi junto com Mateus Lima e sócios também são empreendedores atendidos pelo Projeto Startup Bahia, com a empresa i4sea

Camilo é um dos empreendedores que participam do Projeto Startup Bahia do Sebrae, que dispõe de diversas ações para fomentar o desenvolvimento do setor. “O Sebrae Bahia ajudou a me conectar com o ecossistema de startups o que traz muitas oportunidades. Passei a ter mais conhecimento e visibilidade”, disse Camilo. Segundo ele, o Sebrae tem uma importante atuação no setor de startups na Bahia. “Antes o setor era pouco consolidado, com pouca visibilidade. Hoje, com os eventos promovidos pelo Sebrae, temos mais articulação e performance”, avaliou, afirmando que, no próximo ano, pretende investir em expansão nacional, com a meta de atender 10 mil empresas. O oceanógrafo Bruno Balbi e seus sócios Mateus Lima, Davi Mignac e Rafael Santana também são empreendedores atendidos pelo Projeto Startup Bahia, com a Empresa i4sea. Eles desenvolveram um sistema inteligente que reúne, em uma única plataforma, todas as ferramentas essenciais para apoiar a tomada de decisão referente às manobras e operações portuárias. A ideia é contribuir com a eficiência e a segurança do setor portuário, através de previsões de mar e tempo assertivas. Para isso, a startup criou o i4cast®: sistema capaz de diagnosticar e prever as influências das condições de mar e tempo sobre as operações de cada navio. Segundo o gestor do projeto Startup Bahia do Sebrae, José Soares, diversas ações trouxeram mais visibilidade para as startups baianas atendidas pelo Sebrae. “2017 foi o ano de consolidação do formato de atendimento do Sebrae com o público startup, que é relativamente novo. Além do atendimento em trilha de capacitação para 20 startups, realizamos e participamos de importantes eventos que ajudaram nesta consolidação, a exemplo da Campus Party Bahia, Baanko Challenge, Challenge Cup e de duas edições do Sebrae Startup Day”, destacou. Soares ressaltou também a participação da Bahia no Programa Inovativa Brasil. “Somos o estado do Norte e Nordeste com o maior número de inscritos e selecionados neste Programa, que é nacional, realizado pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio Exterior e Serviços (MDIC)”, lembrou. “Três startups baianas atendidas pelo Sebrae foram finalistas do Desafio Sebrae Like a Boss, que ocorreu durante a Conferência Anual de Startups e Empreendedorismo – CASE 2017, maior evento voltado ao segmento da América Latina. Estes resultados, de amplitude nacional, colocam a Bahia em destaque”, pontuou o gestor.

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ZIGPAY A emprega criou uma forma rápida para pagamentos de festas e eventos em casas noturnas, sem burocracia e sem fila. Criada por baianos, o sistema já faz parte de importante eventos de Salvador, incluindo a primeira edição do Oktoberfest. Trata-se de um aplicativo que registra tudo que foi consumido durante o evento, ao aproximar o ZigCard do totem do barman, e o pagamento é feito pelo cartão de crédito cadastrado no App. Simples assim. SIMPLESVET O sistema de gestão de clínicas veterinárias oferece indicadores, agendas, acompanhamento de vendas, Nota Fiscal Eletrônica (NFC-e), SMS Marketing, além de acesso fácil ao prontuário, exames, receitas, documentos, fotos e vídeos dos pacientes. O SimplesVet também avisa automaticamente aos clientes, através de e-mail ou SMS, quando está na hora de tomar a próxima vacina. Tudo isso com o objetivo de melhorar a gestão e aumentar o faturamento da empresa. AGILIZE O escritório de contabilidade online é de um aplicativo que permite que a empresa economize tempo e dinheiro. O escritório cuida de todas as obrigações legais, desde abertura de empresa, transformar MEI em ME, nota fiscal, extratos bancários, previsão de impostos, entre outros serviços, sem precisar sair de casa.

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Conexão Bahia

Confira outras startups que ganharam destaque no Projeto Startup Bahia do Sebrae:

PASTAR A Pastar Intermediações Agropecuárias surgiu com a missão de viabilizar a gestão consciente e eficiente do gado. A empresa possui uma dinâmica e segura praça de negociação que gera vendas em todo território brasileiro, através da internet. SDW A Safe Drinking Water For All (SDW) usa os raios ultravioleta do sol para purificar água. O método não traz efeitos colaterais e funciona através de um reservatório de plástico que tem uma superfície de vidro ligada a um sensor de raios ultravioleta. O tratamento da água dura aproximadamente três horas, mas varia de acordo com a intensidade do sol. ESCAVADOR Trata-se de um sistema que permite a localização de informações sobre pessoas, instituições, processos jurídicos, artigos e patentes, de forma gratuita, organizada e simples.


PRA CRESCER

A microempreendedora individual, Jussara Santana, é uma das beneficiadas com o aumento do limite de faturamento anual para a categoria

EMPREENDEDORISMO VIVO Mudanças na Lei Geral aprimoram ambiente favorável para as micro e pequenas empresas FOTOS JOÃO ALVAREZ

A

s mais de 12 milhões de micro e pequenas empresas registradas no Brasil, quase 700 mil só na Bahia, foram beneficiadas com as mudanças que entraram em vigor em janeiro. Desse total, são cerca de 7 milhões de microempreendedores individuais formalizados em todo o país e, aproximadamente, 430 mil em território baiano. Uma das mudanças mais significativas está no aumento do teto de faturamento anual para essa categoria, que passa de R$ 60 mil para R$ 81 mil. Se a Lei Complementar nº 155/2016, batizada de “Crescer sem medo”, é um estímulo ao empreendedor brasileiro, a sua denominação pode ser considerada um clamor de coragem para

quem tem uma visão ampla de seus múltiplos horizonte. É o caso da microempreendedora individual Jussara Santana, que é proprietária de uma pequena lanchonete em Salvador e já ampliou o espaço para abrir um restaurante. Jussara teve uma longa trajetória como professora de história e filosofia em escolas particulares de Salvador. Depois de trabalhar um tempo na empresa do marido de gestão imobiliária, ela resolveu investir no próprio negócio. “Fiz todos os cursos que foram possíveis no Sebrae antes de me formalizar como MEI”. A empreendedora abriu a lanchonete em 2014. E, no final de 2017, colocou em prática os planos de abrir um restaurante. “Espero um dia poder montar uma franquia e expandir os negócios”.

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REGIME DE PARCERIA PARA SALÕES DE BELEZA Para o caso específico de salões de beleza, há uma mudança que também entrou em vigor em janeiro deste ano. A lei passa a reconhecer o regime de parceria nas prestações de serviços. Antes, os salões eram tributados pelas receitas em suas instalações por parceiros (cabeleireiros, barbeiros, esteticistas, manicures, pedicuros, etc.). Com a mudança, os valores repassados a esses profissionais parceiros não fazem parte da receita bruta da empresa no que diz respeito ao enquadramento no Simples Nacional.

AMBIENTE FAVORÁVEL Com as micro e pequenas empresas atuando em um ambiente mais favorável, municípios como Campo Formoso, com seus pouco mais de 73 mil habitantes, ganham também um importante impulso econômico, com a geração de emprego e renda. O aumento do limite de faturamento foi ampliado também para as pequenas empresas, passando de R$ 3,6 milhões para R$ 4,8 milhões. Essas são apenas algumas das mudanças que entraram em vigor em 2018.

A Lei Geral tem sido reavaliada de acordo com as demandas de empresários e entidades representativas dos pequenos negócios

Trata-se de um estímulo a mais para empresárias como Alone Alves, que acreditam na possibilidade de crescer. Ela é proprietária de um salão de beleza na cidade de Campo Formoso, a 339 km de Salvador, desde 2010, e hoje é uma referência na região. “Meu plano é, dentro dos próximos três anos, abrir uma filial do salão aqui na cidade”, revela. Alone não teve dúvida sobre como proceder. “Eu já queria começar de maneira legal, pois entendia os benefícios que isso traria para o meu negócio”, declara. Com uma visão bem definida de onde queria chegar, a empreendedora buscou um financiamento para ampliar o espaço. “Isso só foi possível por conta da formalização e também porque planejei tudo com muito cuidado”. Com as novas regras, Alone pode planejar a ampliação de suas parcerias para a realização dos serviços no salão com essa vantagem. A empresária conta também que já experimentou diversas formas de atuar com colaboradores prestadores de serviço. Atualmente, ela conta com duas colaboradoras fixas.

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Conexão Bahia

O salão de beleza de Alone Alves, na cidade de Campo Formoso, conta com uma mudança que também entrou em vigor em janeiro. A lei passa a reconhecer o regime de parceria nas prestações de serviços

CRÉDITO: DANIELA CARVALHO

Jussara abriu a lanchonete, em 2014, e, no final do ano passado, colocou em prática os planos de abrir um restaurante

O que mudou no faturamento anual dos pequenos negócios MICROEMPREENDEDOR INDIVIDUAL (MEI)

EMPRESA DE PEQUENO PORTE (EPP)

2017

2018

60 mil

81 mil

3,6

4,8

milhões

milhões


PRA CRESCER

O presidente do Sebrae Nacional, Guilherme Afif Domingos, reforça a necessidade de se criar um ambiente mais favorável para as MPE

A gerente da Unidade de Ambiente de Negócios do Sebrae Bahia, Cecília Miranda, destaca que a Lei Geral busca desenvolver um espaço favorável para as micro e pequenas empresas. “Trata-se de uma lei viva, que busca se adequar às necessidades das micro e pequenas empresas, considerando os cenários econômicos e políticos”, pontua. Isso significa que a Lei Geral, de tempos em tempos, tem sido reavaliada de acordo com as demandas que chegam de empresários e entidades representativas do segmento dos pequenos negócios. “A legislação já passou por sete revisões até o momento e seguem em discussão novas mudanças para o futuro. Um exemplo dessa evolução é que antes eram 20 faixas de tributação para as empresas enquadradas no Simples. Em 2018 são apenas seis”, detalha Cecília. “É preciso entender o cenário atual, entender quais as dificuldades dos empresários. O Sebrae busca traduzir essas dificuldades e propor soluções para melhorar o ambiente de negócios, que se traduzem nas mudanças legislativas”, diz a gerente. Esse papel do Sebrae como articulador é contínuo também no aspecto desse aprimoramento do ambiente de negócios. O fluxo da informação parte das demandas empresariais, oriundas de entidades de classe, como as confederações e associações, e mesmo das próprias unidades do Sebrae em cada estado e do Distrito Federal. O analista da Unidade de Políticas Públicas e Desenvolvimento Territorial do Sebrae Nacional, Gabriel Ferraz, explica que essas demandas são encaminhadas à Frente Parlamentar da Micro e Pequena Empresa. “Contamos com o apoio dos parla-

mentares que defendem a causa dos micro e pequenos negócios no Congresso”. Gabriel destaca também que o processo de negociação envolve ainda órgãos como a Receita Federal e o Confaz (Conselho Nacional de Política Fazendária). “As propostas apresentadas têm um amparo técnico. É importante ressaltar que um ambiente favorável para as micro e pequenas empresas impacta positivamente também na arrecadação de estados e municípios, já que fomenta a legalização de empreendimentos, com menos burocracia”, conclui. REPRESENTAÇÃO POLÍTICA Quando esteve em Salvador, em outubro, o presidente do Sebrae Nacional, Guilherme Afif Domingos, reconhecido defensor da causa dos pequenos negócios, reforçou a necessidade de se criar um ambiente mais favorável para o desenvolvimento das micro e pequenas empresas. Na ocasião, Afif participava de um evento em homenagem aos 45 anos do Sebrae, realizado na Associação Comercial da Bahia. O dirigente afirmou que, apesar dos avanços constatados nos últimos anos, a burocracia estatal ainda dificulta muito a vida dos empreendedores brasileiros. Ele abordou a necessidade de mudar essa realidade por meio da representação política, um dos fatores que ele considera fundamental nesse processo. Entre os avanços destacados por Afif, está a criação do Simples e, posteriormente, a inclusão da figura do microempreendedor individual. “Esse é o maior programa de inclusão social do mundo. O Brasil possui hoje cerca de 7,4 milhões de MEI, que saíram da marginalidade da economia para adquirir uma cidadania empresarial”, afirmou.

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REFERÊNCIA EM INOVAÇÃO Após consultoria do ALI, a YELT Curso de Idiomas, de Joelton Queiroz, reduziu o percentual de inadimplência de 20% para 2,5% FOTOS ANDRÉ CALDAS

“T

udo o que o Sebrae oferecer a vocês, aceitem!”. Esta foi a frase que chamou a atenção da administradora do YELT Curso de Idiomas, Débora Profeta, ao participar de um encontro de empresas no Sebrae, em 2014. A frase, dita pela administradora de um hospital de Vitória da Conquista, que havia participado de diversos programas do Sebrae, despertou o interesse de Débora para que o YELT recebesse a visita de um Agente Local de Inovação – ALI. Com visão empreendedora e aberto à inovação, o proprietário do YELT Curso de Idiomas, Joelton Queiroz, acreditou na sugestão da administradora da sua escola e aceitou proposta do Sebrae. Em dois anos, viu sua empresa - que surgiu há duas décadas, em uma pequena sala

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Conexão Bahia

de um shopping - se transformar no curso de idiomas com maior infraestrutura da região. “O YELT Curso de Idiomas sempre foi uma empresa inovadora. Inovar é fazer diferente aquilo que você já faz, com novas tecnologias, novos recursos, com uma metodologia eficaz, atingindo o nosso objetivo que é o ensino de língua estrangeira”, declara Joelton. O empresário revela que a escola recebeu a visita do Agente Local de Inovação - ALI, que apurou as informações necessárias e foram levadas ao Sebrae para serem analisadas pela equipe. Assim, foram desenvolvidos uma matriz de dificuldades e oportunidades e um plano de ação, de forma personalizada, com o objetivo de criar e desenvolver novas iniciativas inovadoras. “Ter a análise de uma equipe externa do


MEU NEGÓCIO

que está acontecendo, do que pode ser melhorado e como pode haver inovação com produtos e serviços, agregou bastante. Também houve a participação da nossa equipe nos programas, cursos, oficinas e consultorias oferecidos pelo Sebrae”, afirma. Durante o Programa ALI, o Sebrae disponibilizou um curso com a Associação Brasileira de Franquias – ABF para a equipe do YELT, para formatação de uma franquia. Foi então, que houve a orientação para a mudança da marca. “Para que pudéssemos nos tornar uma franquia, deveríamos mudar a marca para um nome forte e único, com identidade própria. Desta forma, foi pensada, juntamente com a agência de publicidade, a marca YELT”, explica Joelton A mudança da marca foi bem recebida pela população e, juntamente com a reforma do prédio, a reformulação na comunicação interna e externa da escola e a consultoria financeira ajudaram na reestruturação do YELT. Assim, através do Programa ALI, houve uma reorganização nas finanças da empresa reduzindo os custos em 20%; diminuindo o percentual de inadimplência de 20% para 4% no ano de 2016, e chegando a apenas 2,5%, no primeiro semestre deste ano. Todo o processo resultou no aumento do faturamento da empresa em 25%, no número de alunos em 30%, na contratação de mais funcionários e na fundação de uma escola no município de Barra do Choça. Para Joelton, os subsídios oferecidos pelo Sebrae na participação dos programas fortalecem o vínculo com a empresa. “E a parceria continua, pois já estamos no novo ciclo do ALI”, finaliza o empresário.

A equipe da empresa participou de cursos, oficinas e consultorias oferecidos pelo Sebrae

O caso de sucesso virou vídeo, que está disponível no canal do Sebrae Bahia no youtube. Para conhecer mais detalhes da história do YELT Cursos de Idiomas, basta acessar: youtube.com/sebraebahia Busque o vídeo “Inovação na Yelt com o Programa ALI em Vitória da Conquista - Bahia”.

O trabalho de inovação resultou no aumento do faturamento da empresa em 25% e no número de alunos em 30%

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SEBRAE PERTO DE VOCÊ O Sebrae possui uma estrutura de atendimento presencial em diversas cidades na Bahia, disponibilizando aos micro e pequenos empresários orientação, formalização, consultoria, capacitação e informação.

Pontos de Atendimento na Bahia Além do Centro de Atendimento ao Empreendedor, o Sebrae Bahia possui 27 Pontos de Atendimento, distribuídos em dez unidades regionais.

Unidade Regional 01 Tel.: (71) 3320-4526

Salvador / Itapagipe Tel.: (71) 3312-0151

Alagoinhas Camaçari

Tel.: (71) 3622-7332

Lauro de Freitas Tel.: (71) 3378-9836

Barreiras

Unidade Regional 02 Tels.: (77) 3611-3013/4574

Feira de Santana Unidade Regional 03 Tel.: (75) 3221-2153

FOTO MAURÍCIO MARON

Online Redes Sociais

Juazeiro

Unidade Regional 06 Tel.: (74) 3612-0827

Paulo Afonso Salvador / Mercês

Tel.: (75) 3422-1888

O Ponto de Atendimento do Sebrae em Ilhéus fica localizado na Rua Paulino Vieira, 175, Ed. Lizete Mendonça, Centro. Funciona de segunda a sexta-feira, das 9h às 13h e das 14h às 17h.

Senhor do Bonfim

Tel.: (74) 3541-3046

Euclides da Cunha Tel.: (75) 3271-2010

Itaberaba

Tel.: (75) 3251-1023

Ilhéus

Unidade Regional 04 Tel.: (73) 3634-4068

Itabuna

Tel.: (73) 3613-9734

Jacobina

Unidade Regional 05 Tel.: (74) 3621-4342

Tel.: (75) 3281-4333 / 4223

Santo Antônio de Jesus Unidade Regional 07 Tel.: (75) 3631-3949

Valença

Tel.: (75) 3641-3293

Irecê

Unidade Regional 08 Tel.: (74) 3641-4206

Seabra

Tel.: (75) 3331-2368

Teixeira de Freitas

Unidade Regional 09 Tels.: (73) 3291-4333/4777

Eunápolis

Tel.: (73) 3281-1782

Porto Seguro

Tel.: (73) 3288-1564

Vitória da Conquista Unidade Regional 10 Tel.: (77) 3424-1600

Brumado

Tels.: (77) 3441-3699/3543

Guanambi

Tel.: (77) 3451-4557

Itapetinga

Tel.: (77) 3261-3509

Jequié

Tels.: (73) 3525-3552/3553

/sebraebahia Agenda de Capacitações lojavirtual.ba.sebrae.com.br

Portal Sebrae Bahia e Chat Online www.ba.sebrae.com.br

Agência Sebrae de Notícias www.ba.agenciasebrae.com.br

Atendimento a distância

0800 570 0800 Segunda a sexta-feira das 8h às 20h

Ouvidoria do Sebrae Reclamações, dúvidas, críticas e sugestões web.ouvidoria.sebrae.com.br

Sede do Sebrae Bahia

R. Horácio César, 64 – Dois de Julho Salvador – Bahia – CEP: 40060-350 Tel.: (71) 3320-4301

Atendimento com hora marcada Com foco na comodidade dos empreendedores baianos que buscam as soluções do Sebrae Bahia, a instituição oferece o atendimento empresarial com hora marcada. O agendamento está disponível para todos os 27 pontos de atendimento da instituição distribuídos pelo estado. O interessado deve agendar gratuitamente pela Central de Relacionamento Sebrae (0800 570 0800), das 9 h às 17 h, o dia e a hora. A ligação é gratuita, inclusive de celular. O novo modelo garante atendimento gratuito e personalizado para serviços de orientação sobre abertura de empresas, além de orientações sobre finanças, mercado e marketing, legislação e tributação, acesso a crédito e serviços financeiros, sustentabilidade, planejamento, inovação, pessoas, políticas públicas, organização e processos e cooperativismo.



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