Revista Conexão Bahia 200

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DEVOLUÇÃO GARANTIDA

correios

edição 200

Cidades Criativas: Desenvolvimento e Renda


Quem tem seu próprio negócio é um especialista. Mas para começar ou melhorar a sua empresa, até um especialista precisa de especialistas em pequenos negócios. Vai empreender? Vai ampliar? Vai inovar? Conte com o Sebrae. Educação Empreendedora

Consultoria

Gestão

Inovação

Resultados


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Como vai? Somos o Sebrae. Especialistas em pequenos neg贸cios.


Expediente Publicação do Sebrae Bahia, nº 200, março de 2013 Filiada à Aberje

Economia Criativa gera emprego e renda

Presidente do Conselho Deliberativo do Sebrae Bahia João Martins da Silva Júnior Diretor-superintendente Edival Passos Souza Diretores Lauro Alberto Chaves Ramos Luiz Henrique Mendonça Barreto Unidade de Marketing e Comunicação

Coordenação Cássia Montenegro (DRT 1052) Equipe Alice Vargas, Mauro Viana, Priscila Mafra, Pedro Soledade, Rafael Pastori, Rodrigo Rangel e Vanessa Câmera. Estagiários: Ceres Martins, Daniele Silva, Victor Lahiri e Daniela Santos. Revisão Gustavo Rozario Edição Carla Fonseca e Fátima Emediato Agência Sebrae de Notícias Anaísa Freitas, Carla Fonseca, Carlos Baumgarten, Cristhiane Castro, Fátima Emediato, Juliana Souza, Laiana Menezes, Maria Clara Lima, Gustavo Rozario, Nara Zaneli, Silvia Torres, Tamara Leal, Fernanda Barros e Maiane Matos. Fotografia Mateus Pereira Capa Ilustração de Rogério Rios Projeto Gráfico Solisluna Design Editora

De que maneira um espetáculo teatral se relaciona com a indústria do vestuário? Como uma apresentação musical está inserida na fabricação de instrumentos musicais e aparelhagem de sonorização? Na edição 200 da Revista Conexão, você vai entender como os setores econômicos estão relacionados, os aspectos que envolvem o tema Economia Criativa e de que maneira as cidades podem inovar e fomentar os negócios criativos para o desenvolvimento das micro e pequenas empresas. De forma pioneira no Brasil, o Sebrae Bahia promoveu esta reflexão em 10 regiões do estado, onde aconteceram as Oficinas de Economia Criativa e Cidades Criativas. Os encontros foram realizados entre dezembro de 2012 e março de 2013, nas cidades de Santo Antônio de Jesus, Vitória da Conquista, Ilhéus, Porto Seguro, Lençóis, Juazeiro, Salvador, Jacobina, Feira de Santana e Barreiras, reunindo cerca de 1,5 mil pessoas.

Editoração Objectiva Impressão Qualigraf Serviços Gráficos e Editora Ltda Tiragem 15.000 exemplares Cartas Sebrae – Unidade de Marketing e Comunicação Rua Horácio Cézar, 64, Dois de Julho Salvador, Bahia. CEP: 40060-350. marketing@ba.sebrae.com.br Telefones 71 3320.4558 / 4367 Fax 71 3320.4496

Ilustração: Rogério Rios

Agência Sebrae de Notícias www.ba.agenciasebrae.com.br

A Revista Conexão traz o depoimento de gestores públicos, empresários e produtores culturais que participaram das oficinas. Também destaca a entrevista especial com a consultora da Organização das Nações Unidas (ONU), Ana Carla Fonseca, única doutora em Urbanismo com tese em Cidades Criativas. Ela foi palestrante das dez oficinas e destacou a necessidade de se pensar um novo modelo de desenvolvimento, que identifique o potencial criativo da região e trabalhe estratégias inovadoras. A publicação de número 200 tem muito mais: o sucesso da Empreendedora Individual que venceu o Prêmio Sebrae Mulher de Negócios, os avanços das empresas que combatem o desperdício através do Programa 5 Menos que são Mais e as dicas de sustentabilidade do empresário José Loyola, que garantiram o sucesso de sua empresa.


Foto: MATEUS PEREIRA

Sumário 6

6 Foto: MATEUS PEREIRA

Comércio e Serviços Sou feirante, sim senhor! Centenário Comercial,

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Mercado Exportação competitiva Sucesso compartilhado

14 Agronegócio União contra a seca

24 ECONOMIA CRIATIVA Novo olhar para o artesanato Tempero equilibrado para bons negócios

16 INOVAÇÃO E TECNOLoGIA Do tabuleiro ao forno

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INDÚSTRIA Certificação inédita Sustentabilidade: uma marca de sucesso

ENTREVISTA Ana Carla Fonseca

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POLÍTICAS PÚBLICAS Criatividade para desenvolver

EMPREENDEDOR INDIVIDUAL Costurando o futuro

37 EDUCAÇÃO EMPREENDEDORA Ensinamentos do empreendedorismo

41 EMPREENDEDORISMO O desafio de empreender

Foto: MATEUS PEREIRA

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42 Sebrae perto de você Sebrae on-line

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Foto Mateus Pereira

ComÊrcio e Serviços

Sou feirante, sim senhor!


“O Sebrae dá o anzol, mas o peixe somos nós que pescamos.”

calcular cada passo. Com status de Micro e Pequena Empresa (MPE), o Box Casa das Águas passou a contar com sete funcionários, todos com carteira assinada, além de expandir o número de fornecedores. “O crescimento foi planejado graças aos cursos oferecidos pelo Sebrae, a exemplo do ‘De Olho na Qualidade’. O tratamento que o turista recebe muitas vezes não é padrão em outros estabelecimentos daqui. Por isso, a necessidade de essa instituição atuar fortemente com a realização de capacitações

para mudar a mentalidade atrasada de alguns colegas. O Sebrae dá o anzol, mas o peixe somos nós que pescamos”, lembra Rios. Tudo que precisa relacionado ao candomblé, a filha de santo Ângela Sousa de Miranda Brito, do Terreiro Viva Deus da Engomadeira, encontra na Casa das Águas. “Frequento desde pequena. Aprendi com minha mãe a amar essa diversidade. Compramos de tudo. E, quando não encontro aqui, ele não se faz de rogado: indica o lugar com o melhor preço e qualidade”.

Foto: MATEUS PEREIRA

Com pouco mais de 16 anos, o adolescente de Coração de Maria teve seu primeiro contato com a maior feira livre da cidade e uma das maiores do País. A folia de cores, sabores, sons, o vai e vem de pessoas, animais e a variedade de produtos ligados à cultura popular arrebataram o coração do rapaz que ganhou a estrada para trilhar um novo caminho na capital. Antônio Moreira Rios juntou o suficiente para alugar um ponto na Feira de São Joaquim e, no início, com os trocados dos “bicos”, comprou mercadoria e apostou em um público que respeita e preserva suas tradições. Mas nem só de mercadoria vive um negócio. Seu Rios usou e abusou de sua intuição, ousadia, simpatia e criatividade. O comerciante cativou seus clientes e, com espírito nato de um empreendedor, atingiu as primeiras metas estipuladas: adquiriu o estabelecimento e formalizou o ponto comercial. Com 25 anos de história, a Casa das Águas reúne um leque de possibilidades para baianos e turistas. São louças, balaios, colares, imagens, panos, pimentas, caxixis, licores, água de flor, alfazema, artesanatos de barro, alguidares e cuscuzeiros. Artigos, folhas e ervas para todos os gostos e crenças. O empreendedor buscou o apoio do Sebrae para

Sebrae Bahia

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Foto: Mateus Pereira

Revitalização e qualificação Em curso desde o início de 2012, a transformação dos 38 mil metros quadrados da Feira de São Joaquim, que funciona no Comércio, busca não só revitalizar a área, mas prevê um processo de qualificação do capital humano. A área doada pela prefeitura e pelo estado aos feirantes da extinta feira de Água de Meninos, devido ao fogo que a destruiu em 1964, vem passando por intervenções na estrutura física e, com a parceria do Sebrae, os trabalhadores desse grande entreposto de mercadorias estão sendo qualificados. “A intenção é capacitar, até o final do projeto, uma média de 2,5 mil pessoas que possuem pontos fixos dentro da feira. Os conteúdos apresentados pelos consultores do Sebrae, através de oficinas e palestras, devem trabalhar noções de atendimento, venda e divulgação dos produtos”,

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informa a gestora de projetos do Sebrae, Célia Lima. Desenvolvido pela Secretaria de Turismo do Estado da Bahia (Setur), em parceria com a Companhia de Desenvolvimento Urbano do Estado da Bahia (Conder) e o Sebrae Bahia, o seminário “Sou Feirante, Sim Senhor!” teve o objetivo de sensibilizar os donos de barracas para que eles entendam a importância do treinamento e da preservação da reforma da feira. “A parceria com o Sebrae é muito importante para este curso, uma vez que estamos buscando melhorar as condições da feira, transformando os seus comerciantes e trabalhadores em empreendedores de sucesso”, afirma a superintendente de Serviços Turísticos da Setur, Cássia Magalhães.


Comércio e Serviços

Centenário Comercial

Foto Mauricio maron

“Uma entidade que alcança os 100 anos, viva e atuante, merece o respeito da região”. As palavras são da coordenadora da Unidade Regional do Sebrae em Ilhéus, Claudiana Figueiredo, para a Associação Comercial de Ilhéus (ACI) que acaba de completar o seu centenário. A coordenadora do Sebrae anuncia “uma forte parceria” entre as duas instituições para este ano, iniciando com um projeto de “Escutas Setoriais” e de “Agenda Positiva” de ações que visam o fortalecimento das empresas associadas e da própria entidade. O Sebrae ainda irá oferecer programas de Suporte de Gestão, de formação de novas lideranças locais e até de modernização da gestão administrativa da ACI. O valor da Associação Comercial de Ilhéus transcende a defesa dos interesses do comércio da cidade. Fundada em 1º de novembro de 1912, a entidade teve uma participação efetiva nas decisões políticas e administrativas da região. Documentos históricos registram: a ACI contribuiu na luta pela construção dos dois portos, o antigo, de 1926, e o atual, da década de 70, como também pelo alfandegamento do primeiro; inaugurou, na Praça Rui Barbosa, um busto em homenagem ao ilustre jurista baiano; e foi responsável, sob a inspiração do seu diretor Álvaro Melo Vieira, pela criação da Escola Técnica de Comércio.

Foto: Maurício Maron

Associação Comercial de Ilhéus chega aos 100 anos e anuncia parcerias com o Sebrae

Complexo Intermodal “Esse é um momento histórico para Ilhéus e região, porque neste primeiro centenário da ACI podemos presenciar o início de um novo ciclo e desenvolvimento para a cidade, com a Ferrovia Oeste-Leste (Fiol), o Porto Sul e o novo Aeroporto de Ilhéus”, garante o presidente

da ACI, Nilton Cruz. Para o governador Jaques Wagner, “o sul da Bahia tem o turismo, tem o cacau e agora terá o Porto Sul e a Fiol, que vão trazer desenvolvimento para uma das mais belas e importantes regiões da Bahia”.

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Mercado

Exportação competitiva

Foto: MATEUS PEREIRA

Desde que abriu o seu negócio, o empresário maranhense José Antônio Campos sempre perseguiu o sonho de tornar seu produto conhecido dentro e fora do País. Mas, conforme explica, não era exportar por exportar. “Acreditamos que, entrando no mercado externo, estaríamos mais preparados em termos de qualidade e gestão”. José Antônio produz a cachaça Azulzinha Maranhense, que está há três anos no mercado.

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Para definir estratégias mais eficientes, ele buscou o apoio do Sebrae em seu estado. Participou de cursos, como o Empretec, e vem prospectando mercado para ultrapassar as fronteiras brasileiras. José Antônio afirma que qualidade e inovação são essenciais para o ingresso no exterior. E, consequentemente, a adoção dessas medidas vai refletir na competitividade da empresa. “Esse processo já deixa implícito um diferencial para o marketing interno”, acredita. Em Feira de Santana, a empresária Amália Santos também está mirando novos horizantes. Ela é uma das sócias da Vitacroc, voltada para a produção de alimentos saudáveis a partir da granola. “Estamos há 18 anos no mercado, mas vamos ingressando no processo de exportação com mais cautela”, diz. Amália também buscou informações junto ao Sebrae nessa preparação, participando da primeira turma do Empretec na Bahia, em 1997, além de cursos sobre formação de preço, atendimento ao cliente e gestão financeira. Assim como José Antônio, a empresária baiana acredita que a preparação para entrar no mercado exterior traz um diferencial competitivo no mercado interno. “As exigências mais rigorosas fazem com que implementemos mudanças nos processos de produção e gestão e isso nos diferencia em relação a outras empresas do mesmo segmento”.

José Antônio Campos está entre os empresários nordestinos que investem em qualificação para disputar o mercado exterior


como um diferencial em relação a outras empresas”, explica a coordenadora da Unidade de Acesso a Mercado e Serviços Financeiros do Sebrae Bahia, Suely de Paula. Este ano, os empresários baianos têm um programa específico, desenvolvido pelo Sebrae Bahia e parceiros membros do Conselho Deliberativo da instituição, para se adequarem às exigências. O Programa de Competitividade e Internacionalização da Micro e Pequena Empresa traz capacitações e consultorias para que esses empreendimentos possam construir planos de internacionalização, além de ações de qualificação, tecnologia e inovação.

Foto: MATEUS PEREIRA

Tanto José Antônio quanto Amália participaram do XVI Encontro Internacional de Negócios (EINNE), realizado pelo Sebrae em outubro do ano passado, em Salvador. Para José Antônio, foi a primeira chance para prospectar clientes no exterior. “Jamais teríamos a chance de estabelecer contato com um público tão variado e que está muito interessado em comprar nossos produtos”, afirma. Já Amália destacou que conseguiu captar um cliente de Cabo Verde e já está comercializando no país africano. “Atuar no mercado internacional exige uma qualificação ainda maior. Isso se reflete localmente,

Empresa de alimentos saudáveis fecha negócio com país africano

28 países

gerados em negócios diretos

importadores participaram

R$ 35 milhões

238 empresas

projetados em negócios futuros

ofertantes dos nove estados do Nordeste

EINNE 2013 acontece em Fortaleza

Foto: MATEUS PEREIRA

R$ 2 milhões

O próximo EINNE já tem data marcada. Será entre os dias 2 e 4 de outubro, na cidade de Fortaleza. Durante o evento, micro e pequenas empresas ofertantes terão a oportunidade de negociar diretamente com compradores internacionais.

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Mercado

Foto: Maurício Maron

A força dos pequenos

Com organização e planejamento, empresários de pequenos mercados de bairro de Itabuna venceram a crise e hoje tocam um grande negócio

O desafio parecia impossível de ser vencido. Era uma espécie de luta de Davi contra Golias: tornar o preço de um quilo de feijão vendido em um pequeno supermercado da periferia de Itabuna tão competitivo quanto o comercializado pelas grandes redes varejistas instaladas na cidade. Mais que fazer frente à poderosa concorrência, os pequenos supermercadistas sabiam que esta era a única alternativa que teriam para garantir a sobrevivência do próprio negócio. “O conceito defendido era simples”, revela Giovani Fernandes de Oliveira, proprietário de um dos estabele-

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cimentos envolvidos no projeto. “Se vários ‘fracos’ se unem, temos um forte para nos defender”, completa. Resultado: dez anos depois, a união se tornou um dos mais bem-sucedidos projetos de associativismo do sul da Bahia: a Redemec (Associação de Mercados e Supermercados de Bairro de Itabuna). O projeto ganhou novos ingredientes e vida própria a partir de uma parceria firmada com o Sebrae. A organização, com planejamento e apoio técnico, fez o negócio evoluir. Para além da compra coletiva, o grupo investiu na padronização das

ações, como confecção de encartes, fardamento, fachadas, sacolas e embalagens. Também criou um festival de prêmios, com distribuição de brindes em datas especiais de promoção do comércio. Empresários e trabalhadores passaram a participar de treinamentos específicos para atender ao consumidor. Foram implementados serviços diferenciados, a exemplo da entrega a domicílio. “Identificamos que o consumidor considera três importantes fatores para comprar conosco: proximidade, atendimento e preço”, assegura Giovani, que além, de empresário, é o


Foto Maurício Maron

Samara comemora seu primeiro emprego

anos em uma das empresas da rede. Não pensa em sair. “Aqui estou trabalhando e perto de casa”, afirma. Desde que se organizaram, os pequenos empresários conseguiram aumentar em 60% o número de trabalhadores com carteira assinada. Em parceria com o Sebrae, a Redemec é presença permanente em grandes feiras e rodadas de negócio realizadas por todo o Brasil. O crédito, que antes era escasso, agora

é ilimitado. “A presença do Sebrae ao nosso lado dava uma espécie de aval ao grupo”, lembra o presidente da Redemec. A conquista da rede também tem forte influência no número de indústrias que passaram a oferecer crédito ao grupo: quadruplicou a quantidade de parceiros. “O mais importante de tudo é que eles não se acomodam”, elogia Karla Peixoto, gestora do Projeto Comércio e Serviço do Sebrae em Itabuna.

Foto: Maurício Maron

atual presidente da rede, hoje composta por 16 associados que atendem a 40 bairros e a uma população estimada em 50 mil habitantes. Há ainda outros números que impressionam no resultado deste trabalho. Um levantamento feito pela própria Diretoria da Redemec aponta que o faturamento mensal do grupo chega, em média, a R$ 1,8 milhão. Até cartão de crédito personalizado foi disponibilizado para fidelizar mais clientes. Estes pequenos mercados garantem 158 empregos diretos. Na maioria dos casos, os trabalhadores moram no entorno do negócio. Samara Ramos trabalha há dois

A rede conta com 16 associados

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Foto: Pedro Meloni

Agronegócio

União contra a seca Após consultoria do Sebrae, cooperativa apostou na agroindústria e no reaproveitamento dos resíduos da fruta

Mais do que uma fruta de qualidade, o abacaxi produzido em Itaberaba, na região do Vale do Paraguaçu, considerada Portal da Chapada Diamantina, é uma grife. O produto é uma das principais referências da economia do município, que sofre constantemente com os efeitos da estiagem. Conviver com a seca e garantir a continuidade da agricultura familiar têm sido um desafio para ideias inovadoras. Para enfrentar o problema, produtores de abacaxi reuniram-se na Cooperativa dos Agricultores de Itaberaba (Coopaita), inicialmente para trabalhar a venda do produto e conseguir melhores preços no mercado. Já se vão dez anos desde

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a união, mas um passo considerado bastante importante pelo presidente Valdomiro Vicente Vítor foi a parceria com o Sebrae, que realizou, em 2006, a primeira capacitação dos agricultores com o objetivo de buscar alternativas para a dependência da fruta. A solução foi encontrada em 2008, quando foi pensada a agroindústria para processamento da fruta na forma desidratada, que há dois anos vem gerando renda para os produtores, principalmente nos momentos de estiagem, em que o abacaxi tem o tamanho reduzido, perdendo o padrão e o valor no mercado. “Nosso trabalho de divulgação é para tornar o produto co-

nhecido como referência de qualidade”, afirma Valdomiro. Na forma industrializada, é agregado valor e o quilo da fruta, que é vendida em períodos de seca por R$ 0,12, chega a R$ 0,45. “A fruta processada ainda representa 15% do rendimento da cooperativa, mas permite salvar a renda do trabalhador em momentos difíceis”, conta o presidente da Coopaita. Segundo o consultor do Sebrae, Pedro Meloni, as soluções são encontradas ao longo do trabalho realizado com as comunidades. A Coopaita conta hoje com 78 produtores associados, já possuindo DAP – Declaração de Aptidão do Pronaf, enquandrando-se na situação de


de leite, com a criação de gado bovino. “Nós produzimos mais de uma tonelada de resíduos do processamento da fruta, que são utilizados para alimentar os animais. Além disso, plantamos palma adensada. São ações para convivência com o semiárido que estão nos ajudando na sustentabilidade dos produtores”, completa Meloni. Esse mesmo resíduo está sendo analisado pelo Sebraetec para ganhar novas utilidades, por exemplo, na produção de doces, licores e outros produtos. Outras ideias também já estão surtindo efeito, como a reserva hídrica com barragens subterrâneas, aproveitando os riachos que correm durante o período de chuvas, mas que secam completamente no período da estiagem.

Foto: Mateus Pereira/GOVBA

Integrantes da Coopaita e autoridades comemoram resultados da 25ª Fenagro

Fotos: Pedro meloni

agricultura familiar, o que traz muitos benefícios e isenções. “A região tem 22% da sua população ativa na agricultura e enfrenta problemas crônicos. O que se busca é encontrar alternativas que deem mais sustentabilidade aos produtores”, afirma Meloni. No caso do abacaxi desidratado, Meloni conta que este é vendido para embaladores, que vão industrializar e colocar nos mercados. “Estamos também trabalhando com a perspectiva de agregar novos clientes, como a indústria de sorvetes, panificação, chocolates”, planeja o consultor. Além da agroindústria, o Sebrae está orientando os produtores a buscarem outros métodos para diversificar a produção. Um deles que vem ganhando corpo é a produção

Antes e depois: processamento da fruta na forma desidratada

A Coopaita foi uma das cooperativas participantes da 25ª Feira Nacional da Agropecuária (Fenagro), evento que contou com a parceria do Sebrae e foi realizado em novembro e dezembro de 2012. Para o presidente Valdomiro Vítor, a participação na principal feira de agropecuária do Norte-Nordeste rendeu bons resultados. “A interconexão entre as cooperativas presentes faz com que a gente evolua e adote ações positivas observadas em outro modelos”, afirmou. Segundo o presidente, a cooperativa progrediu nas vendas do varejo e atacado. “A comercialização das unidades nos ajudou com os custos de cinco representantes da cooperativa presentes ao evento. Nas rodadas de negócio, fechamos parceria com três empresas que passaram a comprar, juntas, 250 quilos do abacaxi desidratado por mês na Coopaita”, comemora.

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Inovação e Tecnologia

Foto: Mateus Perreira

Do tabuleiro ao forno

Negócio inovador cria acarajé congelado assado

defumado temperado com dendê, cebola, alho e tempero verde, além da porção de pimenta. Essa primeira opção custa R$ 20, enquanto que a outra, com 35 acarajés, 500 gramas de vatapá, 150 gramas de camarão e pimenta sai por R$ 70.

Foto: Mateus Perreira

Diante da dificuldade de levar o acarajé feito em Salvador para os amigos que moravam em outros estados, o baiano Ubiratan Sales desenvolveu uma alternativa para transportar o quitute preservando suas características. Com sua experiência no ramo e o apoio de uma nutricionista e um engenheiro de alimentos, depois de oito meses de trabalho, ele conseguiu produzir a iguaria congelada e assada em forno convencional, com o mesmo sabor, aroma e crocância dos bolinhos vendidos pelas baianas. “A proposta era lançar um produto original, de qualidade, e que pudesse ser consumido a qualquer hora e em qualquer lugar”, disse.

O kit de acarajé congelado é vendido em uma caixa com três saquinhos: o primeiro com nove unidades (25 a 30 gramas, cada); outro com 100 gramas de vatapá congelado; e uma terceira embalagem com 20 gramas de camarão seco e

No kit, o acarajé acompanha vatapá, camarão e pimenta.


Hoje, a empresa conta com sete funcionários na fabricação de cerca de seis mil acarajés por dia e

Feira do Empreendedor 2013 Já estão abertas as inscrições para empresas interessadas em expor na Feira do Empreendedor, que acontece de 22 a 26 de outubro, das 13h30 às 22h, no Centro de Convenções, em Salvador. Para efetivá-la, o interessado deve apresentar a proposta pelo site da Feira do Empreendedor (www. feiradoempreendedor.ba.sebrae. com.br) e procurar a opção “Quero Participar/Expositor”. Outras informações estão no site da Feira ou através do e-mail feiradoem-

Foto: Mateus Perreira

O produto da pequena empresa H20 Alimentos e Bebidas Ltda, que atende pelo nome fantasia Acarajé da Bahia, já foi uma das atrações no estande “Faça Diferente – Inovar é um ótimo negócio”, da Feira do Empreendedor. “Após a participação, começamos a expandir, a ser conhecidos, tendo visibilidade em mídia espontânea local e nacional”, lembra o empresário. O negócio tem sede no município de Lauro de Freitas. Com o produto já consolidado no mercado, incluindo o público fiel de compradores estrangeiros, que levam o produto para fora do País, Ubiratan procurou o Sebrae para reforçar a estrutura e auxiliar na ampliação. Com a assessoria técnica da Instituição, ele aprendeu práticas de manejo e produção, que resultaram em mudanças efetivadas no processo, na facilidade de logística e de armazenamento, além de redução de custos e maior lucratividade.

“A proposta era lançar um produto original, de qualidade, e que pudesse ser consumido a qualquer hora e em qualquer lugar”, disse o empresário Ubiratan

está em fase de ampliação para triplicar a produção. “Muitos baianos ainda acham que comidas congeladas não são originais, mas o nosso produto é o verdadeiro acarajé da Bahia, crocante e saboroso”. Outras conquistas recentes foram a instalação de uma loja no Aeroporto Internacional de Salvador e

da formatação de um sistema com microfranquias. Após a participação no XVI Encontro Internacional de Negócios do Nordeste (EINNE), em outubro de 2012, Ubiratan adequou as embalagens ao formato padrão tipo exportação e está formatando o preço de vendas para o exterior.

preendedor@ba.sebrae.com.br. Para esta edição, são esperados cerca de 150 expositores, em estandes distribuídos pelos setores de Máquinas e Equipamentos, Franquias, Oportunidades de Representação Comercial, Serviços para o Empreendedor, Negócios Verdes e Sustentáveis e Soluções Digitais. O evento foi considerado o melhor do Brasil por três anos consecutivos, com base nos critérios da Fundação Nacional da Qualidade (FNQ). De acordo com a gestora da Feira, Ana Paula Almeida, a novidade deste ano é o espaço Serviços para

o Empreendedor, no qual estarão disponíveis fornecedores de produtos para salão de beleza, loja de vestuário e acessórios, lanchonete e mercearia (restrito a móveis e estruturas de apoio). “Ele foi criado para atender demandas registradas em uma pesquisa de opinião feita com visitantes da Feira de 2011”.

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ENTREVISTA

Foto: MATEUS PEREIRA

“Quando vivemos num ambiente que estimula e atiça a criatividade, você passa a ser uma pessoa que se permite pensar diferente.” Ana Carla Fonseca

Entrevista Ana Carla Fonseca

Especialista abre as cortinas da Economia Criativa Autoridade internacional com nove livros publicados e única doutora em Urbanismo com tese em Cidades Criativas, a consultora da Organização das Nações Unidas (ONU), Ana Carla Fonseca, abriu as cortinas da Economia Criativa para gestores públicos, empresariado e sociedade civil, em dez regiões baianas. A professora esteve em todas as Oficinas de Econo-

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mia Criativa e Cidades Criativas para falar como a criatividade vem se tornando protagonista da economia mundial, do seu papel no desenvolvimento local e da importância da convergência de olhares. Nessa entrevista à Revista Conexão, a administradora pública e economista destacou a necessidade de se pensar em um novo modelo de desenvolvimento.


Qual o diferencial de mercado da Economia Criativa? Ela se baseia em setores da economia que possuem maior carga de criatividade (indústrias criativas). E esse já é um diferencial de mercado, porque, quando se trabalha com questões criativas, significa dizer que você não está brigando em cima de preço, mas buscando uma diferenciação. Quando falamos em criatividade, a proposta e a percepção de valor são determinantes. Esse conceito envolve também seus impactos no resto da economia. Ou seja, como a moda dinamiza o setor têxtil, como a arquitetura dinamiza a construção civil. Você permite que não só quem trabalha diretamente com a criação seja remunerado por ela, mas faz com que setores vistos como tradicionais tenham um novo dinamismo e novas propostas.

Por que atividades ligadas à Economia Criativa ainda não atingiram um grau considerável de desenvolvimento? A partir dos dados divulgados pelo Relatório Mundial de Competitividade Viagem e Turismo, publicado anualmente pelo Fórum Econômico Mundial, o nosso País figura em 52° lugar. Sai ano, entra ano, a infraestrutura rodoportuária, os marcos regulatórios e a competitividade de preços são os vilões que puxam o Brasil pra baixo nesse ranking. Já as nossas riquezas naturais e ambientais são responsáveis por uma melhor classificação. O que acaba por perpetuar uma lógica e um modelo econômico que é do século 18. Existem duas coisas menos detonadas do que nossos recursos naturais e ambientais? Esquecemos de nos valer dessa criatividade, desses recursos que temos aos borbotões como um grande bônus, e tratamos como se fosse ônus. Quando percebermos o custo dessas singularidades, vamos associar que valor também tem preço: manter a floresta de pé passa a ser investimento.

Como o conceito de Economia Criativa e Cidades Criativas pode promover qualidade de vida e gerar riqueza? Tem uma relação muito simbiótica entre Economia Criativa e Cidades Criativas. Quando vivemos em um ambiente que estimula e atiça a criatividade, você passa a ser uma pessoa que se permite a pensar diferente. E quais cidades se encaixam nesse imaginário? As pessoas vão apontar Nova York, Londres, Barcelona. E o que essas cidades oferecem? Um ambiente no qual o indivíduo se sente à vontade, estimulado, onde a cada esquina ele espera uma surpresa, além de acesso a tudo que rola no mundo. Invariavelmente, esses cidadãos têm uma chance maior de fazer inovações, lançar diferenciais de mercado que vão beneficiar a cidade com uma economia mais pujante. Com mais recursos, a cidade terá capacidade de investir em ciclovias, espaços públicos, em centros culturais e em ciência e tecnologia. É um círculo virtuoso, no qual as pessoas que vivem nessas cidades são estimuladas a criar.

Como o conteúdo dessas oficinas pode fomentar o desenvolvimento local? O que a gente tem percebido nessas edições é que, ao juntar representantes de governo, empresariado – do EI ao grande – e sociedade civil, o que muitas vezes a gente sente e ouve é que essa é uma iniciativa pioneira. A ideia desse encontro é fazer com que as pessoas apresentem as potencialidades de suas cidades, que resgatem o que tem de singular nelas, formando um sentimento de comunidade e de transformação. A oficina é um catalisador desses encontros e aspirações. É como se existissem olhares convergentes para uma transformação de contexto municipal. As oficinas trazem um conteúdo de conscientização, fazendo com que as pessoas se sintam empoderadas para fazer com que essas mudanças ocorram.

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Foto: MATEUS PEREIRA

E quais os desafios que se apresentam? Existem algumas questões que precisam ser resolvidas. Sabemos que o brasileiro é criativo, mas o Brasil é pouco inovador. O índice de inovação é baixo. Então, como é que concretizamos criatividade e inovação? Acho que tem duas questões que são fundamentais: a primeira delas é a educação. Porque estamos em um mundo que é cada vez mais competitivo e, se as pessoas não tiverem informação, elas não conseguem decodificar as informações e elaborar esses ingredientes para fazer coisas novas. Então, a educação e o conhecimento são fundamentais para que a Economia Criativa dê certo. A outra questão é ciência e tecnologia. Se eu quiser enxergar mais longe, irei em busca de acesso a novos ingredientes para realizar minha receita.

Qual a participação das micro e pequenas empresas? O percentual de participação dos micro e pequenos nos setores criativos é maior, quando comparado ao resto da economia. Isso porque você consegue da sua casa, com colegas ou sentado num café criar um modelo de negócios, propor um novo design, com-

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Revista Conexão

por uma música. Os empreendedores criativos têm liberdade para criar onde quer que estejam. Eles conseguem injetar nova velocidade a economia. A concorrência serve como uma espada. Ou você briga em cima de preço ou diferencial. E se a concorrência é muita acirrada ou tem regras das quais não compactuamos, como é o caso da pseudoliberdade de mercado da China, você percebe que não consegue brigar em cima de preço. A saída é valorizar a criatividade. Ou você inova ou, inevitavelmente, está fadado a quebrar.

E como fazer a roda da economia girar na Bahia? A Bahia tem uma diversidade cultural incrível, tem recursos ambientais muito fortes, universidades de primeira linha, polos de tecnologia, e, sobretudo, a convergência de olhares entre governo, empresariado e sociedade civil. Se juntarmos todos esses ingredientes, basta ter uma política pública articulada. Os ingredientes estão aí. As oficinas têm sido cruciais, pois as pessoas se permitem tirar um dia inteiro para dialogar com as esferas de poder. O público e o privado precisam jogar juntos e, a partir daí, olhar de dentro para fora, para mudarem sua própria economia.


Foto: Carlos Laerte

Políticas Públicas

capa

Criatividade para desenvolver

Foto: Mateus Pereira

Foto: Mateus Pereira

Foto: Mateus Pereira

Oficinas Cidades Criativas despertam um universo de oportunidades inovadoras

Imagine uma cidade. Agora pense em como você se relaciona com esse ambiente urbano. A verdade é que você, como ser atuante de qualquer contexto geográfico, interage com ele a cada momento. Em resumo: habitantes e cidades são organismos vivos e indissociáveis. Com base nessa ideia, o Sebrae Bahia promoveu, entre dezembro de 2012 e março de 2013,

as Oficinas de Economia Criativa e Cidades Criativas em Salvador, Santo Antônio de Jesus, Vitória da Conquista, Ilhéus, Porto Seguro, Lençóis, Jacobina, Feira de Santana, Juazeiro e Barreiras. Promovida pelo Sebrae Bahia, a ação é voltada especialmente para gestores públicos municipais que serão instigados a pensar um novo modelo de desen-

volvimento, que identifique o potencial criativo da região e trabalhe estratégias inovadoras de economia. Essa nova economia, que ultrapassa as linguagens artísticas e as culturas populares, passa a dominar novos segmentos (novas mídias, games, softwares) e a agregar novos valores às indústrias tradicionais (design, arquitetura, moda).


Foto: Marcos Santiago

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Foto: Divulgação

Durante a oficina Cidades, realizada em Salvador, no Palácio Rio Branco, na Praça Tomé de Sousa (Centro Histórico), a diretora executiva do Instituto Chapada de Educação e Pesquisa, Cybele Amado, apresentou o case da rede colaborativa que trabalha com 76 mil crianças da região e, em 14 anos de atuação, comemora números expressivos. “A evasão escolar, que era 70%, em 1997, reduziu para apenas 2%. Alfabetizamos 85% das crianças com até 8 anos e 55% dos nossos alunos possuem autonomia na produção de textos”, comemora. O superintendente do Sebrae Bahia, Edival Passos, confirma, em números, o sucesso das oficinas: “Contabilizando todas as cidades, a Oficina Economia Criativa chegou a mais de mil participantes, dentre eles, mais de 100 prefeitos de 150 municípios e cerca de 800 empreendedores e empresários”. Para ele, o setor se caracteriza pela sustentabilidade social, inclusão produtiva e criatividade, valores humanos possíveis de se trabalhar em qualquer realidade social. Responsável por promover o debate sobre a importância da valorização das culturas locais e despertar o interesse do governo e demais instituições para

Cybele Amado coordena projeto que atende a 76 mil crianças

iniciativas de empreendedorismo criativo, a maior especialista brasileira em Cidades Criativas e única doutora em Urbanismo com tese no assunto, Ana Carla Fonseca destacou a importância de se pensar a criatividade como

grande ativo da economia. “A necessidade de criação está no DNA do ser humano. Por isso, podemos observar a satisfação de uma pessoa ao criar determinado objeto ou ter uma ideia diferenciada”.


“A Oficina Economia Criativa chegou a mais de mil participantes, dentre eles, mais de 100 prefeitos de 150 municípios e cerca de 800 empreendedores e empresários.” Foto MATEUS PEREIRA

Edival Passos Superintendente do Sebrae Bahia

Filho de São Sebastião do Passé, o artista plástico Ed Ribeiro concorda que a Bahia é um celeiro de inventividade e requer mais atenção do poder público. “O mundo das artes é um espaço em permanente estado de ebulição, onde imperam a criatividade, a inquietude, a transformação. O que falta é organização e apoio para nos tornarmos uma vitrine para o mundo. Essa iniciativa do Sebrae é um passo evolutivo enorme”, argumenta.

O prefeito eleito do município de Ubaíra, Fábio Cristiano Rocha, disse que, a partir do conteúdo ministrado, pretende abrir debates com a intenção de nortear ações para uma gestão criativa e inovadora, movimentando tanto o meio urbano quanto rural. “Vamos estreitar relações com diversos setores produtivos, a fim de confirmar e identificar nossas vocações econômicas”, explica. Já para a prefeita eleita de Chorrochó, Rita de Cássia

Campos, a oficina foi uma oportunidade de aprender sobre como colocar os elementos da indústria cultural no plano de governo. Em Feira de Santana, a palestrante Ana Carla Fonseca, destacou a importância do trabalho em conjunto, para desenvolver cada vez mais uma cidade com criatividade: “Governo, empresariado e sociedade civil têm que trabalhar juntos. Acabou essa coisa de individualidade. Se uma cidade quer ser criativa, ela tem que começar a pensar no trabalho coletivo para que isso aconteça”, afirma.

Foto: MATEUS PEREIRA

Diálogo aberto: Empreendedores criativos e sistema financeiro

Artesãos apresentam suas criações no Sarau du Brown

A Economia Criativa representa uma grande oportunidade para o sistema financeiro. É o que acredita o diretor técnico do Sebrae Bahia, Lauro Ramos. Ele defende a aproximação e o diálogo entre os empreendedores criativos e os agentes financeiros. “As instituições financeiras têm atuado de maneira importante na área, mas, apesar dos esforços, inclusive por parte dos bancos oficiais, faz-se necessária a realização de uma série de ações para que essa troca seja ainda mais intensa”, disse.

Lauro destacou ainda que a Economia Criativa é norteada por quatro eixos: inclusão social, inovação, diversidade cultural e sustentabilidade. Segundo o diretor, estimativas mostram que as atividades incluídas nos setores da Economia Criativa contribuem com 2,8% do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro. “As evidências indicam que estamos falando de um setor promissor e o diálogo para encontrar os caminhos de alavancar ainda mais essas atividades deve ser aprofundado”, finalizou.

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ECONOMIA CRiativa

Foto: MATEUS PEREIRA

Novo olhar para o artesanato

Com a participação em eventos promovidos pelo Sebrae, artesãos, como Meire Cabral, enxergam maior potencial de mercado

Meire Cabral trabalha com tecelagem há 18 anos, sempre utilizando fibras naturais, como palha de ouricuri e de piaçava. A profissional percebeu que apenas o encanto e a paixão pelo tear não seriam suficientes para o despertar de todo seu talento, porque faltava o aprimoramento. Há cerca de dois anos, ela decidiu participar dos cursos, palestras e ações desenvolvidas pelo Sebrae. “Vi que precisava me

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capacitar, renovar e mostrar o meu trabalho para as pessoas”, afirma. Depois de participar do Painel Brasilidade, Economia Criativa e Baianidade, que aconteceu na 18ª edição da Casa Cor Bahia 2012, promovido pelo Sebrae, Meire se encantou ainda mais com as perspectivas de valorização de artesanato, com a percepção de novos olhares sobre o seu próprio trabalho. Quem também despertou para

o potencial que há no trabalho, depois de participar do painel, foi o artista César Veloso. “Com a palestra do designer Marcelo Rosenbaum, percebi que o artesanato pode fazer parte da composição de qualquer ambiente. A atividade não pode ser mais o irmão pobre da arte, precisa conquistar o seu espaço, compondo ambientes”. Ele acredita que o papel do Sebrae é fundamental para dar digni-


Foto: MATEUS PEREIRA

dade a essa profissão, colocando os artesãos em contato com pessoas capazes de lançar um olhar diferenciado para os projetos e também com potenciais compradores. Desta maneira, aconteceu no estande da Casa Cor, assinado pelo arquiteto Mário Figueiredo, o Café da Praça. No espaço, o público pôde conferir e até comprar peças de cerâmica, esculturas de madeira, oratórios em miniatura, entre outros artigos. César trabalha com cerâmica há 12 anos, produzindo itens como biojoias (sementes com suporte em cerâmica) e divinos (peças desenvolvidas no conceito de reaproveitamento de materiais). Nas mãos do artista, os restos de madeiras históricas ganham novas roupagens e, através das pesquisas, ele trabalha criando obras ímpares.

Após a participação na 18ª Casa Cor, César percebeu novas possibilidades para o artesanato

Casa Cor 2012 No final de 2012, o Sebrae, em parceria com o Instituto Mauá e a Secretaria Estadual de Cultura, levou o artesanato para a 18ª edição da mostra, no estande assinado pelo arquiteto Mário Figueiredo. No encontro, o Sebrae realizou o Painel Brasilidade, Economia Criativa e Baianidade, com a presença do designer Marcelo Rosenbaum, falando sobre como trabalhar elementos brasileiros e locais na concepção de ambientes comerciais (bares, restaurantes, hotéis e pousadas) e residenciais. A chef de cozinha, Tereza Paim, também foi uma das convidadas e abordou o desenvolvimento do Festival Gastronômico da

Praia do Forte e a integração de produtores locais para consolidar o evento como case de sucesso. Já a chef Ana Trajano destacou o uso de ingredientes regionais na construção de uma gastronomia contemporânea. Para discutir como eventos culturais podem alterar o perfil das cidades e do turismo, o Sebrae convidou Pedro Vieira, organizador do SP Arte, para o Painel Cultura e Entretenimento. Com o tema “Criação e Concepção do evento SP Arte e os resultados para a cultura, as artes e para o turismo na cidade de São Paulo”, o arquiteto ressaltou como um evento cultural de arte contemporânea dinamiza o turismo da cidade.

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Foto: MATEUS PEREIRA

Tempero equilibrado para bons negócios Ao pé do fogão, o pequeno Jomar Garcia observava sua mãe mexer o doce de banana com cravo até que a sobremesa atingisse a consistência ideal. A memória gustativa do hoje chef Jô da Bahia é acionada ao lembrar a cheirosa moqueca de jabá servida pela bisavó, os quitutes da mãe que derretiam na boca e outras iguarias tipicamente baianas. Desde os 15 anos, ele já sabia qual o caminho a ser trilhado. A paixão pelos sabores da terra e os aprendizados em família inspiraram experimentações que fisgaram o paladar

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de muita gente. Com o convite da apresentadora Ana Maria Braga para participar de seu programa de culinária, o alquimista dos sabores arregaçou as mangas e decidiu abrir o Jô da Bahia Boteco e Bistrô, em São Caetano, estabelecimento que conta com um cardápio diferenciado e valoriza o que há de melhor e original na gastronomia regional. A partir do sucesso de pratos inusitados em concursos nacionais, o chef de cozinha procurou a ajuda do Sebrae para profissionalizar

o seu negócio. Relação que vem sendo azeitada desde 2012. “Venho participando de vários seminários, palestras e cursos que só fizeram enriquecer meu empreendimento. Pretendo buscar apoio na área gerencial, com a intenção de abrir um estabelecimento maior”, revela. Para Jomar Carlos dos Santos Garcia (Jô da Bahia), as capacitações oferecidas pelo Sebrae são traduzidas em injeção de ânimo e um banho de aprendizagem. “Utilizo a matéria-prima baiana para preparar pratos que valorizam nossas ra-


“Criei esse prato esperando que ele (Carlinhos Brown) viesse no meu boteco e agora tenho a oportunidade de mostrar o meu trabalho para um público maior. O Sebrae e a Associação Brasileira de Bares e Restaurante na Bahia (Abrasel) acabaram me presenteando com a participação nesse espaço de degustação.”

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ízes e tradições. Os debates são esclarecedores e suscitam uma gama de possibilidades e novas alternativas para expandir o negócio”. O comprometimento em melhorar cada vez mais a gestão e o talento renderam ao vencedor de todas as categorias do Comida di Buteco 2012 o convite para participar do espaço de degustação da última edição do Sarau du Brown, realizada no dia 16 de fevereiro. Jô apresentou sua Paella Nordestina, que leva carne de fumeiro, queijo coalho, brócolis, ovo de codorna, pimentões coloridos e gengibre. Criado há três anos, o prato foi inspirado em Carlinhos Brown.

Jomar Garcia Chefe de cozinha do Jô da Bahia Boteco e Bistrô

Sarau du Brown fomenta economia criativa Comandado por Carlinhos Brown, o Sarau du Brown agitou o verão baiano. Parceiro do evento há três anos, o Sebrae promoveu ações na área de gastronomia, com espaço de degustação na área VIP, artesanato, com rodízio de artesãos a cada edição, além de oferecer gratuitamente consultorias para cerca de 30 ambulantes que trabalharam no entorno da festa. Para o superintendente do Sebrae Bahia, Edival Passos, o Sarau é palco da mistura bem-sucedida. “Tem sido uma experiência positiva. Aproveitamos a idealização desse porta-voz da cultura, que é Carlinhos Brown, para alavancarmos setores criativos com grande potencial no nosso Estado. Com o envolvimento de mais de 400 atividades profissionais formalizadas, a cadeia produtiva da economia criativa teve no espaço um terreno fértil para ampliação da garantia de mercado, inovação, gestão, qualificação profissional e geração de negócios. De acordo com a gestora do Projeto Expoarte Bahia, Cida Fernandes, a estimativa é que tenham sido gerados R$ 6,5 mil em

vendas nas quatro edições. Em parceria com o Instituto Mauá, o Sebrae manteve um espaço reservado para os artesãos comercializarem seus produtos. Além de curtirem ótima música com Carlinhos Brown e seus convidados, os foliões contaram também com uma área de degustação da gastronomia baiana, organizada pelo Sebrae e Associação Brasileira de Bares e Restaurante na Bahia (Abrasel). A cada dia um bar ou restaurante foi convidado a apresentar um prato. No total, 30 ambulantes que atuaram no entorno da festa receberam consultoria individualizada sobre como vender, comprar, boas práticas de manipulação de alimentos e gestão empresarial, além de kits com colete, isopor e boné para uma melhor identificação visual. No dia 20 de fevereiro, o Sebrae realizou cerimônia de premiação dos vendedores que se destacaram em itens como boas práticas de manipulação de alimentos, apresentação pessoal e atendimento.

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Indústria

Certificação inédita Exatamente 23 anos separam o sonho da administradora Soraia Carvalho de ter o próprio negócio e a maturação da LEDquadros Elétricos, uma das mais respeitadas empresas de montagem de painéis elétricos de baixa e média tensão e de serviços especializados da Bahia. Hoje, ela comanda a pequena empresa de Lauro de Freitas, com o apoio e o comprometimento da equipe de 20 colaboradores. “É fundamental ter bons colaboradores e não apenas bons técnicos. Gente engajada, se relacionando bem com todos, e é isso que temos aqui”. A relação da LEDquadros com o Sebrae começou com a participação em cursos e projetos voltados para o gerenciamento da empresa. Na Rede Petro, convênio entre Sebrae e Petrobras que apoia o desenvolvimento de Micro e Peque-

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Com uma mulher à frente, a LEDquadros Elétricos ganha destaque e respeito no cenário local

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nas Empresas (MPE) do setor de petróleo e gás, a empreendedora deu um importante passo para a ampliação da competitividade. “O Sebrae sempre disponibilizou os consultores para treinamento específico e para as certificações”. A conquista mais recente da LEDquadros Elétricos aconteceu em dezembro de 2012, com a vitória na etapa estadual do Prêmio de Competitividade para Micro e Pequenas Empresas - MPE Brasil, na categoria Indústria. Foi a primeira vez que a empresa participou da premiação.

Com a produção voltada essencialmente para o setor industrial, fornecendo para grandes empresas como a Petrobras e outras do Polo Petroquímico de Camaçari, a LEDquadros precisou elevar ao máximo o padrão de qualidade. A empresa foi uma das primeiras participantes do Programa de Qualificação de Fornecedores (PQF) na Bahia, desenvolvido para auxiliar empresários na implantação de práticas de excelência em qualidade, envolvendo as fases de sensibilização, diagnóstico, desenvolvimento e certificação. “O PQF representou um divi-

sor de águas na nossa empresa. Com ele, aprendemos a pensar e trabalhar como uma empresa grande, mesmo sendo pequena”. Após o período de maturação, Soraia e equipe trabalharam em outras certificações, até torná-la a única empresa baiana certificada no ISO 9001:2008, pelo Bureau Veritas Certification (BVC). Na LEDquadros, a capacitação também alcança o capital humano da empresa, que investe na participação de cursos, palestras e todas as soluções que possam contribuir para o crescimento dos colaboradores.

“O Programa de Qualificação de Fornecedores (PQF) representou um divisor de águas na nossa empresa. Com ele, aprendemos a pensar e trabalhar como uma empresa grande, mesmo sendo pequena.”

No final de 2012, foi lançada, em Salvador, a terceira fase do projeto na Bahia. A iniciativa, realizada pelo Sebrae e Petrobras, continua com a proposta de atuação direta sobre a gestão das empresas filiadas, no intuito de criar um ambiente favorável para as pequenas empresas que compõem a cadeia produtiva. O encontro aconteceu durante a Feira Brasil Petróleo, Gás e Biocombustível (Feippetro 2012). Além de cursos e palestras, os participantes da feira conferiram a Rodada de Negócios, com empresas ofertantes e demandantes buscando negociações.

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Projeto Adensamento da Cadeia Produtiva de Petróleo, Gás e Energia

Foto: MATEUS PEREIRA

Soraia Carvalho Empresária

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Indústria

Sustentabilidade: uma marca de sucesso Empresário adota ações que traduzem consciência ambiental e responsabilidade social

Há quem diga que o trabalho é a mais humana das atividades e, portanto, fonte de prazer e satisfação. O emprego do esforço humano visando resultados, entretanto, não é apenas sinônimo de satisfação. Tem a ver com tino, talento e muito estudo. Prova disso é o empresário José Loyola (37), que, antes mesmo de completar a maioridade, já mostrava intimidade com conceitos de planejamento, empreendedorismo, inovação e tecnologia. Frequentador assíduo da biblioteca do Sebrae, com apenas 20 anos o jovem talento aproveitou o acervo da Instituição e, desde cedo, trilhou o caminho certo para quem quer abrir um negócio e não sabe por onde começar. Devorador de conteúdos, ele participou de todas as oficinas, cursos e aproveitou muitas

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das consultorias oferecidas. Em 1995, Loyola vestiu a camisa e estampou uma marca de sucesso no segmento de eventos. Hoje, a Loygus for Export produz camisetas promocionais, abadás, fardamentos, brindes e camisetas de moda, fazendo trabalhos em serigrafia (processo de impressão no qual a tinta vaza pela pressão de um rodo através de uma tela preparada) e em transfer sublimático (processo através de uma prensa térmica em que a tinta reage com o calor). A evolução do negócio está impregnada de ousadia e responsabilidade ao assumir riscos. Com a participação em consultorias, foi possível a Loygus atingir o mercado corporativo e construir clientes sólidos, como a Petrobras, o Coc, a Central do Carnaval e a Braskem.

Em parceria com o Sebrae, a empresa conseguiu traduzir a consciência ambiental e a responsabilidade social do seu gestor. Para reaproveitar a água utilizada no trabalho, foi montada uma estrutura que capta a água da chuva e armazena em reservatórios para uso dos processos da tinta, num projeto ousado que utiliza energia solar para economizar a convencional. “A limpeza das tintas no processo de serigrafia deixa a água que é utilizada com muitos resíduos. Para poupar este recurso e evitar despejar sujeira nos esgotos convencionais, a Loygus for Export desenvolveu um processo que separa a água dos resíduos das tintas, reutilizando-a. O resíduo gerado é coletado por uma empresa especializada”, explica o empresário.


Foto: MATEUS PEREIRA

Características das consultorias que a empresa participou Gestão de Resíduos Líquidos Fornecer consultorias para a redução, tratamento e destinação de resíduos líquidos, visando reduzir o impacto ambiental e atender às exigências legais. O trabalho inclui plano de gerenciamento ambiental, projeto de tratamento de efluentes industriais e sanitários, escoamento pluvial, assessoria ambiental, orientação para automonitoramento de efluentes e projeto de sistemas de controle de poluição ambiental.

Eficiência Energética Funcionários apostaram na ideia empreendedora

“O Sebrae, em relação à Loygus, é como um adulto que oferece a mão à criança para ajudar a atravessar a rua. Um orientador que indica o momento mais seguro para avançar. É só você segurar firme, aproveitar o apoio e junto com sua equipe crescer ainda mais.” José Loyola Empresário

Segundo a analista do Sebrae Bahia, Christiane Rabelo, o empreendedor entendeu que a mudança do comportamento empresarial deveria ser acompanhada pelos seus funcionários. “Os resultados são fruto da satisfação e energia empregada no negócio e de seus colaboradores. A nova postura permitiu que melhorasse sua produção, design, tecnologia e contratasse mais pessoal”, avalia. Para a gestora do Sebrae, os louros colhidos refletem a confiança depositada na instituição e a entrega às consultorias, a exemplo do 5 Menos que são Mais, Eficiência Energética, Gestão de Resíduos Líquidos, Programa de Alavancagem da Indústria, entre outros.

Fornecer consultorias para o aumento da eficiência energética no uso da energia, visando redução dos custos e do impacto ambiental, que incluem luminotécnica, mapeamento energético e levantamento de cargas elétricas, análise tarifária, de circuitos elétricos, avaliação de alternativas para a redução no consumo de energia, adequação de isolamento térmico para redução de perdas de calor em equipamentos e tubulações. Carga de 16 a 32 horas

Programa de Alavancagem e Inovação Capacitar o empresário para a necessidade de este se organizar melhor para sobreviver e competir no mercado, criar mudança e diferencial através de ferramentas que permitam alavancar tecnologicamente a produção; reforçar nos artesãos a ideia de que a busca dos resultados e as mudanças devem ser contínuas.

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Empreendedor individual

Costurando o futuro Tornar-se uma costureira era o sonho de Annete Santana desde criança, quando observava a mãe costurar as roupas que ela e os irmãos vestiam. Só que, diferente da mãe, Annete queria se profissionalizar e gerar renda através da costura. “Minha mãe tinha resistência. Não queria que nem eu, nem minhas irmãs vivêssemos de costura. Então, fui aprendendo sozinha”, lembra. Entre retalhos que sobravam da

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A Empreendedora Individual Annete Santana foi uma das vencedoras do Prêmio Sebrae Mulher de Negócios

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costura da mãe e tecidos perdidos pela falta de experiência, Annete foi costurando a sua trajetória de sucesso. Não desistiu em nenhum momento, nem quando se dedicava a outras profissões para se sustentar. Todo esse esforço foi reconhecido na entrega do Prêmio Sebrae Mulher de Negócios, etapa baiana. Cadastrada como Empreendedora Individual há mais de dois anos, Annete foi contemplada na nova

categoria do prêmio, na cerimônia realizada em 2012, em Salvador. A premiação foi uma surpresa para a costureira. “Realmente, não estava esperando, mas fiquei feliz com o reconhecimento, que vai me abrir muitas portas”, aponta Annete. A costureira vem de uma família grande. São 15 irmãos. “Meu pai era taxista e minha mãe fazia roupas para meus irmãos. Minha irmã mais velha também costurava e foi


Foto: MATEUS PEREIRA

Foto: MATEUS PEREIRA

ela que me deu a minha primeira máquina de costura. Eu tinha que achar um jeito de contribuir com a renda da casa”, revela. Quando os filhos nasceram, Annete continuou investindo na costura como fonte de renda principal. “Fui técnica de enfermagem. Passei a usar o salário para sustentar o meu ateliê e com a costura administrava a casa. Trabalhava no ateliê das 7h às 15h e como técnica de enfermagem, das 16h às 22h”, conta. Há cerca de 10 anos, Annete se tornou uma empresária de sucesso

e trabalha exclusivamente com costura. “Fui me organizando e sempre planejando para crescer”, diz. Com a possibilidade de se cadastrar como Empreendedora Individual, novas oportunidades surgiram. “Além de possuir um CNPJ, posso emitir nota fiscal, o que é muito válido para a compra de tecidos”, destaca a costureira. Hoje, Annete conta que seu padrão de vida melhorou e tem muitos planos. “Consegui formar meus filhos através do meu trabalho como costureira. Agora, sou eu

que estou terminando a faculdade de Design de Moda. Acredito que o conhecimento é fundamental para sermos respeitados no mercado”, aponta. Ela pretende lançar uma coleção própria e fornecer para lojas em Salvador. “Montei um plano de negócios para poder atuar dessa maneira”, afirmou. Para contribuir com a formação de mão de obra, Annete desenvolve ações em parceria para ensinar o ofício da costura para outras mulheres. “É um projeto ainda pequeno, mas espero encontrar mais parceiros para potencializar essa iniciativa”.

A entrega do Prêmio Sebrae Mulher de Negócios foi realizada em novembro de 2012, em Salvador. Além de Annete Santana, que venceu a categoria Empreendedor Individual, foi premiada também a empresária de Ilhéus, Janete Lainha Coelho, na categoria Pequenos Negócios. A Bahia contou com 475 mulheres inscritas na edição de 2012. Desse total, 24 foram selecionadas para a final da etapa estadual. O prêmio teve sua primeira edição em 2004 e vem relatando histórias de superação ao longo de tantos ciclos. O principal objetivo é fomentar o empreendedorismo feminino, fazendo com

que outras mulheres, ao ouvirem esses relatos, se motivem a investir no mercado. Além de contribuírem para o desenvolvimento do negócio, as mulheres que participam do prêmio poderão ter suas gestões avaliadas por meio do questionário de perfil empreendedor. Podem concorrer mulheres com mais de 18 anos, donas de empresas de micro e pequeno porte, membro de negócio coletivo ou Empreendedor Individual. A previsão é que as inscrições para o Prêmio 2013 sejam abertas a partir de agosto, através do site: www.mulherdenegocios.sebrae.com.br

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Prêmio

Janete foi a vencedora da etapa estadual do prêmio, na categoria Pequenos Negócios Sebrae Bahia

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Educação empreendedora

Ensinamentos do empreendedorismo Professora Josenice Mascarenhas é uma das profissionais que transforma a educação empreendedora em realidade nas salas de aula

Com a proposta de dar ênfase ao ensino de competências, indo além do tradicional modelo de conteúdos acadêmicos, há dois anos Josenice Mascarenhas, professora da Faculdade Social da Bahia (FSBA), apostou no empreendedorismo como disciplina nos cursos de graduação. “Mostramos que eles podem ter outras vertentes, pensando em todas as variáveis. Eles aprendem a olhar para outras oportunidades, sem fica-

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rem limitados”, afirma. Desmistificando a ideia de que todo o empreendedorismo é nato, a professora desenvolve em sala as habilidades pessoais através de atividades práticas e de ferramentas de estratégias de marketing e análises financeiras, oferecidas pelo Sebrae Bahia. “Com essa parceria, o Sebrae funciona no processo como uma água capaz de irrigar a semente do empreendedorismo, plantada nos alunos.

Além do apoio técnico e operacional, a entidade traz para eles a força da credibilidade que possui”. Dentre as ações desenvolvidas em parceria com o Sebrae, no sentido de fomentar a ação empreendedora, ela destaca a Feira da Cidadania, a Exposocial, a Assistência ao Microempreendedor Individual e o 1º Torneio Campus Empreendedor, no qual os alunos puderam treinar suas habilidades em um mundo virtual de negócios.


“O jogo faz com que você lide com as situações do mercado e tome decisões com direcionamento preciso, sem levar em conta apenas o sonho de empreender”, afirmou a estudante do curso de Administração da FSBA, Betânia Mascarenhas, após participar do torneio. Para ela, esses projetos ligados à educação empreendedora permitem a sintonia entre boas ideias, técnicas e conhecimentos, sempre alinhando teoria e prática. Ao despertar nos alunos a tendência para serem formadores de suas carreiras, com atitudes proativas, Josenice tem um retorno positivo de discentes interessados em buscar mais conhecimento e muitos deles se formalizando como Empreendedores Individuais (EI), iniciando uma atividade em paralelo com a graduação.

Fomento ao empreendedorismo no ensino formal Com o objetivo de incluir o tema empreendedorismo nos conteúdos programáticos dos ensinos fundamental, médio e superior, o Sebrae Bahia atua em parceria com a Secretaria de Educação e com centros educacionais através do Projeto Fomento ao Empreendedorismo no Ensino Formal. De acordo com a coordenadora da Unidade de Educação Empreendedora, Silvana Nunes, trata-se de uma abordagem pedagógica com base na formação, “para promover a cultura empreendedora por meio de iniciativas que estimulem a sua disseminação junto à sociedade”. As ações avançam em 2013, nos

três níveis de ensino, através da educação e da cultura empreendedoras, alinhadas com uma tendência nacional de formar os jovens para além do currículo tradicional. Já tramita no legislativo federal o Projeto de Lei 4.184/12, para estabelecer o empreendedorismo como um dos objetivos da educação nacional. A educadora Josenice Mascarenhas avalia a tendência como um sinal positivo de que os estudantes podem se transformar em protagonistas da própria realidade. “Se for aprovada, a lei vai beneficiar os alunos e também o País, porque o empreendedorismo transforma”, avalia.

Realizado em novembro de 2012, no Centro de Convenções da Bahia, em Salvador, o evento teve como tema “Educação para Empreender um novo Brasil”, discutindo a educação e o empreendedorismo como soluções para o País. Além dos workshops, palestras, casos de sucesso, grupos de discussões, painéis e reuniões com participação de todas as entidades jovens, o público teve acesso ao I Seminário Baiano de Educação Empreendedora. Esse encontro contou com a palestra de Gabriel Perissé, pós-doutor em Filosofia e História da Educação, com o tema “Educação e Empreendedorismo”.

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Confederação de jovens empresários

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Empreendedorismo

O Desafio de empreender

Antes disso, em novembro de 2012, eles venceram a etapa nacional do Desafio Sebrae, que aconteceu pela primeira vez em Salvador.

“A nossa graduação não é diretamente ligada à administração, mas é possível também em nosso mundo investir tudo aquilo que conseguimos aprender nesse desafio”, diz Renata. Considerado o maior jogo de empreendedorismo juvenil do mundo, o desafio representa a principal contribuição do Sebrae para a difusão da cultura empreendedora no meio universitário. Com mais de 154 mil alunos inscritos na edição 2012, os universitários geriram uma fábrica de polpas e sucos de frutas tropicais. A equipe baiana Irecê Frutas e Derivados foi vencedora da etapa estadual e uma das oito finalistas do jogo.

Foto MATEUS PEREIRA

Manter o sangue frio para entender melhor o mercado e recuperar posições de liderança. Com essa estratégia, a equipe Amazon Fruits, formada pelos estudantes de Agronomia da Universidade Federal Rural da Amazônia, Djavan Paixão e Renata de Holanda, conquistou o troféu de campeã no Desafio Sebrae Internacional 2012, sexto título brasileiro no jogo empresarial. A disputa contou com equipes de outros seis países da América Latina e Central – Argentina, Colômbia, Equador, Paraguai, Peru e Panamá.


Foto MATEUS PEREIRA

“O empreendedorismo é um processo vital e faz parte do nosso dia a dia. Empreender é acreditar e nós acreditamos.” Djavan Estudante


O Sebrae possui uma estrutura de atendimento presencial em diversas cidades na Bahia, disponibilizando aos empresários orientação, formalização, consultoria, capacitação e informação.

Centro de Atendimento ao Empreendedor Av. Sete de Setembro, 261 – Mercês CEP 40060-035 Tel. 71 3320.4526

Pontos de Atendimento na Bahia

Fotos Mateus Pereira

Sebrae perto de você O PA de Itapagipe, em Salvador, funciona no Bahia Outlet Center, na Rua Direita do Uruguai, 753, lojas 131/135, no bairro do Uruguai. O telefone é 71 3312-0151.

Guanambi

Lauro de Freitas

Av. Barão do Rio Branco, 292 – Centro. CEP 46430-000. Tel.: 77 3451.4557.

Lot. Varandas Tropicais, nº 279, Q. 3, Lote 16, Rua A, Galpão 01 – Pitangueiras. CEP 42700-000. Tel.: 71 3378.9836.

Ilhéus Av. Dois de Julho, 1039, Térreo – Centro. CEP 45653-040. Tel.: 73 3634.4068.

Ipiaú

Além do Centro de Atendimento ao Empreendedor, o Sebrae Bahia possui 31 pontos de atendimento, distribuídos em dez unidades regionais.

Praça João Carlos Hohllenwerger, 39 – Centro CEP 45570-000. Tel.: 73 3531.6849/5696.

Alagoinhas

Itaberaba

R. Rodrigues Lima, 126-A – Centro. CEP 48010-040. Tel.: 75 3422.1888.

Barreiras Av. Benedita Silveira, 132, Ed. Portinari, Térreo – Centro. CEP 47804-000. Tel.: 77 3611.3013/4574.

Brumado R. Dr. Mário Meira, 79 – Centro. CEP 46100-000. Tel.: 77 3441.3543.

Camaçari

Irecê R. Coronel Terêncio Dourado, 161 – Centro. CEP 44900-000. Tel.: 74 3641.4206. R. Rubens Ribeiro, 253, Ed. Tropical Center, Salas 22 / 23 – Centro. CEP 46880-000. Tel.: 75 3251.1023.

Itabuna Av. Francisco Ribeiro Júnior, nº 198, Ed. Atlanta Center – Centro. CEP 45600-921. Tel.: 73 3613.9734.

Itapetinga Av. Itarantim, 178 – Centro. CEP 45700-000. Tel.: 77 3261.3509.

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