Revista Conexão Bahia 202

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Microempreendedor Individual: qualificação é sinônimo de crescimento

AGRONEGÓCIOS Mandiocultores de São Desidério planejam abrir padaria COMÉRCIO E SERVIÇOS Loja de material de construção começou na garagem

edição 202


Quem tem seu próprio negócio é um especialista. Mas para começar ou melhorar a sua empresa, até um especialista precisa de especialistas em pequenos negócios. Vai empreender? Vai ampliar? Vai inovar? Conte com o Sebrae. Educação Empreendedora

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Resultados


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Como vai? Somos o Sebrae. Especialistas em pequenos neg贸cios.


Expediente Publicação do Sebrae bahia, nº 202, Agosto de 2013 Filiada à Aberje

Presidente do Conselho Deliberativo do Sebrae bahia João Martins da Silva Júnior Diretor-superintendente Edival Passos Souza Diretores Lauro Alberto Chaves Ramos Luiz henrique Mendonça Barreto UNIDADE DE MARKETING E COMUNICAÇÃO

Coordenação Cássia Montenegro (DRT 1052) Equipe Alice vargas, Mauro viana, Priscila Mafra, Pedro Soledade, Rafael Pastori, Rodrigo Rangel e vanessa Câmera. Estagiários: Ceres Martins, Daniela Santos e victor Lahiri. Agência Sebrae de Notícias (Varjão & Associados Comunicação) Anaísa Freitas, Carla Fonseca, Carlos Baumgarten, Chico Araújo, Cristhiane Castro, Fátima Emediato, Cristina Laura, Laiana Menezes, Maria Clara Lima, Gustavo Rozario, Fernanda Barros, Nara Zaneli, Silvia Torres, Tamara Leal, Maiane Matos e Renata Smith. Revisão Anaísa Freitas e Carlos Baumgarten Edição Carla Fonseca Fotografia Mateus Pereira Capa Mateus Pereira Projeto Gráfico Solisluna Editora Editoração objectiva Impressão Qualigraf Serviços Gráficos e Editora Ltda Tiragem 15.000 exemplares Cartas Sebrae – Unidade de Marketing e Comunicação Rua horácio César, 64, Dois de Julho Salvador - Bahia. CEP: 40060-350. marketing@ba.sebrae.com.br

Formalização em dez minutos Desde 2008, quando foi criada a figura do Microempreendedor Individual (MEI), mais de 3,2 milhões de trabalhadores informais adquiriram cidadania empresarial e começaram a fazer parte da economia formal do país. Essa mudança na legislação só favoreceu o ambiente empreendedor no Brasil. Hoje, em menos de dez minutos, cabeleireiras, costureiras, pedreiros e outros trabalhadores podem se tornar empresários e investir em qualificação para alcançar metas ainda maiores e ter uma empresa de sucesso. A Revista Conexão, que completa 20 anos em 2013, traz, nesta edição, matéria especial sobre o Microempreendedor Individual no Brasil e na Bahia.

Qual o perfil deste empresário? Quem pode aderir? Quais direitos e deveres dos MEI? Todas estas questões estão respondidas na matéria, que apresenta, ainda, as principais dúvidas dos Microempreendedores Individuais e histórias de sucesso destes empresários. Pesquisa da Global Entrepreneurship Monitor (GEM) indica que, no Nordeste, de cada 100 empreendedores, 52 são mulheres. Este número, aliado ao protagonismo feminino observado em eventos e atendimento realizados do Sebrae, foi o principal motivo para a escolha de Ana Paula Padrão como entrevistada desta publicação. A jornalista e empresária fala sobre como as mulheres avançam no mundo dos negócios, quais as suas qualidades de gestão e os maiores desafios a vencer. Na editoria de Economia Criativa, a edição 202 da Revista Conexão mostra dois casos de sucesso que envolvem gastronomia e sustentabilidade. O marisqueiro Luciano Freitas cria as ostras que serve em seu restaurante flutuante. Já o empresário Rogério Rocha recebe turistas do Brasil e de outros países em um roteiro exclusivo de enoturismo, que passa pelo Rio São Francisco e Lago de Sobradinho, na região Norte da Bahia.

Telefones 71 3320.4558/4367

Confira a edição 202 da Revista Conexão!

Agência Sebrae de Notícias www.ba.agenciasebrae.com.br Artesanato de Carolina Leão, formalizada como MEI em 2010


Sumário 29

6 Comércio e Serviços Construir com qualificação

8 Mercado Rede de excelência em serviços

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POLÍTICAS PÚBLICAS

ENTREVISTA Ana Paula Padrão Empreendendorismo: Substantivo feminino

Seis anos de Simples Nacional

12 AGRONEGÓCIO Negócio Social

29 ECONOMIA CRIATIVA Tradição vira negócio Na rota do sabor

15 INOVAÇÃO E TECNOLOGIA Invenção baiana

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17 MICROEMPREENDEDOR INDIVIDUAL De informais a empresários

INDÚSTRIA Negócios em família

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EDUCAÇÃO EMPREENDEDORA Beleza que põe mesa

37 EMPREENDEDORISMO Do ateliê para o cinema

38 Sebrae perto de você Sebrae on-line

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Foto: Mateus PEreira

Foto: Mateus PEreira

Comércio e Serviços

O dono da loja Pouco DinDim, Jonatas dos Santos, participou do Programa Negócio a Negócio, oferecido pelo Sebrae

Construir com qualificação O empresário investiu em uma loja de material de construção que começou na garagem de casa e hoje é referência no bairro de São Cristovão De barman a dono de loja de material de construção. A trajetória de Jonatas dos Santos é diferenciada e sempre foi impulsionada pelo sonho de empreender. Depois de deixar o trabalho como barman, em 2009, ele pegou sua recisão de R$ 2 mil e, na garagem de casa, começou a vender materiais de construção. Obteve bons resultados e formalizou a empresa um ano depois.

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Revista Conexão

Foi em 2011 que a Pouco DinDim, localizada no bairro de São Cristóvão, em Salvador, recebeu a visita de um agente do programa Negócio a Negócio. “O Sebrae me encontrou e, realmente, foi a melhor coisa que aconteceu na minha empresa.” Quando Jonatas resolveu iniciar o próprio negócio, não tinha em mente o grau de planejamento necessário

para alavancar o empreendimento. Começando na informalidade, ele comprava materiais à vista e revendia com uma pequena margem de lucro. Até que, em 2010, adquiriu o CNPJ. “Formalizado, tenho muitas vantagens, como poder comprar diretamente de fornecedores, o que reduz os custos. Além disso, tive acesso a linhas de financiamento”, afirma.


Foto: MateusPareira

Legalizado, o empresário passou a ter inúmeros direitos e também a cumprir deveres, visando profissionalizar a sua loja, que hoje emprega quatro funcionários. Planejamento é a palavra de ordem. “A demanda foi aumentando e eu estava com dificuldade em ter controle de estoque. Adquiria materiais que não tinham saída”, lembra. A partir da intervenção do Sebrae, com o programa Negócio a Negócio, essa realidade começou a mudar. Ele conta que a gestão de estoque é um ponto crucial no segmento de material de construção. “É um dos grandes problemas para quem atua na área.” A partir da orientação que recebeu, Jonatas aplicou as mudanças necessárias para aprimorar a gestão. “Por conta das alterações, hoje sobra mais dinheiro em caixa, pois tenho uma estimativa de vendas dentro das demandas por cada série de produtos. Controlo tudo que entra e sai da minha empresa.”

Capacitação – “Como todo brasileiro, sempre tive o sonho de abrir o meu próprio negócio. Mas me faltava entender o que é ser, de fato, um empresário.” A declaração de Jonatas reflete a história de muitos empreendedores do país que arriscam, mas não buscam conhecimento adequado para se manter no mercado. “O Sebrae salvou a minha empresa de um possível declínio. A capacitação é fundamental para quem quer empreender”, recomenda. A empresa de Jonatas atende à clientela do bairro de São Cristóvão. Há quatro anos no ramo, sendo três formalizado como microempresa, esse empreendedor acumulou o conhecimento necessário para se manter competitivo. O empresário já participou de diversas capacitações, como Gestão Empresarial, Treinamento Gerencial Básico e Gestão de Estoque. Para Jonatas, o acompanhamento de resultados é o diferencial do Negócio a Negócio. “Não adianta você apenas receber informação sem ter alguém para lhe guiar. O Sebrae verifica se estamos aplicando o que foi transmitido.”

“Por conta das alterações, hoje sobra mais dinheiro em caixa, pois tenho uma estimativa de vendas dentro das demandas por cada série de produtos. Controlo tudo que entra e sai da minha empresa” Jonatas dos Santos

Programa Sebrae Negócio a Negócio O programa Negócio a Negócio realiza atendimento de porta em porta. O objetivo é levar orientação gratuita e melhorar a gestão. A iniciativa é voltada para o acompanhamento de Microempreendedores Individuais e Microempresas. Gratuitamente, os empresários recebem as visitas dos Agentes de Orientação Empresarial, que conhecem a empresa e apresentam sugestões para a obtenção de melhores resultados, a exemplo do que aconteceu com Jonatas. De acordo com a gestora do programa no Sebrae Bahia, Renata Marins, o diferencial do Negócio a Negócio está no atendimento ativo. “O programa traz a oportunidade de diagnóstico in loco do atual estágio de gestão do negócio, com o mapeamento das oportunidades de melhoria e deficiências do empreendedor. Isso se traduz na qualificação empresarial”, afirma. Renata explica ainda que o empresário passa por um ciclo de três visitas. “Na primeira, é aplicado um questionário que aponta estágio de gestão. Na segunda, entrega-se a devolutiva do questionário com as recomendações de produtos e soluções do Sebrae a serem adotadas. Por fim, na terceira visita, o agente retorna à empresa para saber se as recomendações foram aplicadas”. Para outras informações sobre o programa Negócio a Negócio, basta entrar em contato com a Central de Relacionamento, pelo telefone 0800 570 0800, ou procurar um dos Pontos de Atendimento do Sebrae.

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Mercado

Rede de excelência em serviços Foto: Mateus PEreira

Labforte investe em novo modelo de gestão na área de saúde e promove bem-estar aos pacientes

Eduardo Borges é presidente da Rede Labforte, que conta com 37 laboratórios associados na Bahia, tem mais de 1,3 mil funcionários e realiza cerca de 800 mil exames por mês.

Há 12 anos, sete donos de laboratórios de análises da capital e do interior se reuniam para tratar de assuntos científicos e trocar ideias sobre os seus negócios. Os encontros rendiam tanto que eles passaram cerca de

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seis anos nessa associação informal. Em setembro de 2007, os empresários do interior e da capital resolveram se unir e formalizar o negócio: nascia a Rede Labforte, com 22 laboratórios associados.

Atualmente, são 37 laboratórios que compõem a rede, com mais de 1,3 mil funcionários diretos e com a realização de 800 mil exames por mês. O presidente da Rede Labforte, Eduardo Borges, destaca


que o cuidado na união e o apoio do Sebrae foram determinantes para consolidar a parceria. “O contato com a instituição permitiu a formulação do estatuto interno e o apoio de consultores específicos para as áreas que pretendíamos avançar”, avalia. Segundo o presidente, o estatuto é rígido e a seleção para entrar na rede é minuciosamente avaliada. “Temos um código de ética e regras que devem ser obedecidas. Alguns laboratórios descumpriram estas regras e foram desligados. Há uma demanda muito grande com relação aos laboratórios, para que a gente associe novas empresas. Até o final do ano, mais sete entrarão para a Rede Labforte. Estes passaram pela assembleia e foram aprovados”, afirma. A iniciativa de associativismo refletiu na melhoria dos serviços prestados em análises clínicas no

Estado e confirmou a rede como o maior conglomerado do Nordeste. A força da cooperação entre os pequenos fez com eles se tornassem mais competitivos, tivessem maior poder de negociação com fornecedores, além de conquistar resultados expressivos em processos de exames bioquímicos.

Associativismo Segundo Eduardo, não há no Brasil uma rede de laboratórios igual a Rede Labforte. “Nessa formatação, não existe grupo como o nosso. Temos experiências semelhantes em Santa Catarina, São Paulo e Belo Horizonte. Mas, essas redes são predominantemente comerciais, eles se unem para comprar e vender. Para nós, isso é secundário. Em nosso associativismo, a gestão conjunta é mais forte. Nossos nú-

meros são abertos. Todo associado sabe quanto o outro gasta e fatura”, destaca. A Rede Labforte investe na qualificação de seus funcionários. Os colaboradores têm oportunidade de participar de cursos, palestras e consultorias. São realizadas duas convenções por ano, com o objetivo de estreitar relação e estimular talentos através de dinâmicas. “O acesso à tecnologia de ponta, por um preço mais baixo, é a principal vantagem. Tudo que negociamos é em rede, para todos os associados, independente do porte do laboratório. Depois, vem a questão de prazo. Quando você tem grande volume de compra, os prazos para pagamento são mais dilatados. Quem ganha com isso é o cliente, com melhores preços, já que a compra dos equipamentos sai em torno de 13% mais barata.”

Feira do Empreendedor traz oportunidades de negócios As inscrições gratuitas para a Feira do Empreendedor já podem ser feitas no site. Em sua sexta edição, o evento acontecerá no período de 22 e 26 de outubro, das 13h30 às 22h, no Centro de Convenções, em Salvador. A inscrição gratuita estará disponível até o dia 20 de outubro, através do site www.ba.sebrae.com.br/feira. De acordo com a coordenadora da Unidade de Acesso a Mercado e Serviços Financeiros do Sebrae Bahia, Suely de Paula, a ação organizada pela Unidade para a Feira do Empreendedor é o estudo de oportunidade de tendências de mercado de consumo e a organização de cinco rodadas de negócio setoriais. Quem quer expor o seu produto ou serviço no evento também pode fazer a inscrição. A gestora da Feira do Empreendedor 2013, Ana Paula Almeida, afirma que a participação dos expositores é analisada através das propostas apresentadas, considerando aspectos como perfil da empresa, adequação dos produtos e/ou serviços oferecidos ao mercado local e investimento inicial necessário. “O objetivo é fomentar a abertura de novos negócios e fortalecer os empreendimentos existentes. Será permitida a participação de cerca de 120 expositores, definidos por setor”. São eles: franquias, máquinas e equipamentos, oportunidades de representação comercial, serviços para o empreendedor, negócios verdes e sustentáveis e soluções digitais. A comercialização será permitida apenas nos casos em que o produto ou serviço ofertado possibilite o início ou expansão de um negócio.

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Foto: Mateus PEreira

POLÍTICAS PÚBLICAS

Após optar pelo Simples Nacional, a NCK Equipamentos, dirigida por Sérgio Branco, dobrou o faturamento e hoje fornece para mais de 60 prefeituras baianas e órgãos federais, como o Exército e a Chesf

Seis anos do Simples Nacional Regime unificado de tributos permite avanços para micro e pequenas empresas A opção pelo Simples Nacional, aliada às políticas públicas criadas após a sanção da Lei Geral nos municípios, vem favorecendo Micro e Pequenas Empresas (MPE) a participarem de compras governamentais. De acordo com dados do Comprasnet., nos seis anos

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de vigência desse regime unificado de tributos, instituído pela Lei Complementar nº 123, a participação das MPE nas compras governamentais do Brasil variou de R$ 9,7 bilhões para R$ 15 bilhões. É o caso da NCK Equipamentos, empresa de pequeno porte, localiza-

da em Lauro de Freitas, que há cerca de dez anos vende Equipamento de Proteção Individual (EPI), itens de sinalização e produtos de limpeza e de coleta seletiva para órgãos e entidades públicas. Sérgio Branco, sócio e responsável pela parte comercial da loja, relembra a dificuldade de


participar das primeiras licitações para o Estado, por conta do sistema tributário que regia as MPE até então. “Na hora de oferecer preço, as grandes empresas podiam dar os melhores, porque tinham benefícios fiscais. Por exemplo, eu comprava um item da indústria a R$ 1 e vendia a R$ 1,20, enquanto que as grandes compravam e vendiam a R$ 1.” Já em 2007, com a possibilidade de adotar o regime tributário do Simples Nacional, a empresa ampliou a sua competitividade e o seu poder de ofertar melhores condições nas licitações. “O Simples Nacional abriu muitas portas para locais em que nem sonhávamos poder entrar.” Com a simplificação do novo sistema tributário, a empresa dobrou o faturamento com as compras públicas e obteve redução em torno de 30% sobre o valor dos tributos. Vieram os contratos com os municípios de Camaçari, Lauro de Freitas, Salvador e Simões Filho e, hoje, a NCK fornece para mais de 60 prefeituras

Quando entrou em vigor, em 2007, o Simples Nacional tinha cerca de 1,3 milhão de empresas brasileiras, enquanto hoje já passa de 7,3 milhões de empresas enquadradas, representando arrecadação de mais de R$ 200 bilhões para a União, estados e municípios. Na Bahia, o total de microempresas, empresas de pequeno porte e microempreendedores individuais sob o regime do Simples Nacional, chega a quase 455 mil.

baianas e órgãos federais, como o Exército e a Chesf. A história se repete com Naiara Bamberg da Silva, empresária do ramo de eventos e buffet, no município de Senhor do Bonfim. Há cerca de um mês, ela migrou da categoria de Microempreendedora Individual para Microempresa, e optou pelo Simples Nacional. “O fato de pagar tudo em um único boleto facilita muito. Consigo resolver as pendências financeiras e ainda posso me dedicar aos eventos, decidindo todas as questões.” Desde a formalização, há três anos, Naiara contou com o apoio do Sebrae. “Fiz cursos de gestão financeira e, ainda, recebi orientações sobre o Simples Nacional, em caso de uma possível mudança de categoria, que aconteceu de verdade.” Hoje, a empresária participa de diferentes modalidades de licitação, como pregões eletrônicos e carta convite, de municípios e estado, e já fornece para a Uneb e prefeituras da região.

Simples Nacional O Simples Nacional abrange os seguintes tributos IRPJ, CSLL, PIS/ Pasep, Cofins, IPI, ICMS, ISS e a Contribuição Patronal Previdenciária para a Seguridade Social (CPP). Microempresas, com faturamento anual de até R$ 360 mil, e empresas de pequeno porte, que faturam até R$ 3,6 milhões, estão enquadradas na faixa desse regime.

Como aderir? Foto: Mateus PEreira

1. 2.

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Acessar: www.receita.fazenda. gov.br/SimplesNacional; Clicar em “Solicitação de Opção pelo Simples Nacional” e, mediante o código de acesso ou o certificado digital, formalizar a sua opção pelo Simples Nacional; Seguir o passo a passo do site da Receita Federal.

Critérios de classificação de empresas quanto à Receita Bruta Anual: Microempreendedor Individual (MEI) – Até R$ 60 mil Microempresa (ME) – Até R$ 360 mil; A NCK vende Equipamento de Proteção Individual (EPI), itens de sinalização e produtos de limpeza e coleta seletiva

Empresa de Pequeno Porte (EPP) – Entre R$ 360 mil e R$ 3,6 milhões.

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AGRONEGÓCIO

Negócio social Com recursos do Governo Federal, mandiocultores de São Desidério distribuem produtos para famílias carentes e planejam abrir uma padaria A mandioca produzida pelos agricultores do povoado de Cabeceira Grande, no Oeste da Bahia, tem um destino certo. A raiz, cujos derivados, além de saborosos, são extremamente nutritivos, preenche as mesas de famílias carentes do município de São Desidério, localizado a 36 quilômetros do povoado, e de escolas municipais da região. Os derivados da mandioca estão presentes, ainda, em prateleiras de mercadinhos locais, atendendo a encomendas da população. A variedade é grande. São petas (bolo feito à base de mandioca), bolachas, biscoito e bolo de tapioca e o famoso beiju. Os responsáveis por essa dinamização da mandioca na região são os produtores que com-

põem a Cooperativa de Mandiocultores de São Desidério (Coomasd), e o assunto principal entre os 20 cooperados que fazem parte do grupo é prosperidade. Desde que foi criada, em 2010, a cooperativa vem aprimorando a sua gestão e promovendo a melhoria da qualidade de vida dos produtores, mantendo-se sustentável ao longo desses anos, mas os produtores decidiram ir mais longe. A partir de recursos oriundos do Programa de Aquisição de Alimentos (PAA), por meio de um projeto aprovado em 2012, a Coomasd está destinando a sua produção de biscoitos e beijus para famílias carentes da cidade. A maior parte do que é produzido

pelos mandiocultores é distribuído semanalmente entre 250 famílias. A produção é entregue na sede do Centro de Referência de Assistência Social (Craes), que, por sua vez, repassa às famílias. O PAA é um programa do Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA), do Governo Federal, executado também pelo Ministério de Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS). Na Bahia, é realizado pelo Governo, através da Secretaria de Desenvolvimento Social e Combate à Pobreza (Sedes), em parceria com a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), Empresa Baiana de Desenvolvimento Agrícola (EBDA) e organizações sociais. O Programa tem o objetivo

Foto: CíCerO FéLiX

Após conseguir recursos do Programa de Aquisição de Alimentos, os 20 cooperados planejam dobrar a produção


Foto: CíCERO FéLIX

de possibilitar o acesso a alimentos às populações em situação de insegurança alimentar, além de promover a inclusão social e econômica no campo, através do fortalecimento da agricultura familiar. Os recursos recebidos permitiram o aprimoramento da produção, com a aquisição de novos equipamentos, a exemplo de um forno mais amplo e moderno. Dessa forma, o trabalho foi intensificado graças aos recursos obtidos pelo PAA. São cinco cooperados trabalhando de segunda à quinta-feira. Outras cinco pessoas trabalham de sexta à domingo, além de dez profissionais que ficam com serviços administrativos. Os cooperados chegam cedo para fazer a massa para beiju e biscoitos. Em seguida, o produto vai para o forno. Por fim, é embalado e separado para a distribuição. Por dia, são produzidos 150 quilos de biscoito de mandioca. O fornecimento dos produtos da mandioca para o programa do Governo Federal está previsto para ser executado em um total de cinco meses. Mas a Coomasd não pretende parar por aí. Os produtores querem dar continuidade à distribuição de alimentos, participando de outros projetos sociais. O foco está

na possibilidade de contribuir com a mudança para melhor qualidade de vida das famílias da região. A dona de casa Darilene dos Santos é uma das beneficiadas pela distribuição de alimentos da cooperativa. Ela recebe semanalmente biscoitos e pães de mandioca. “Agora posso dar um lanche e um café da manhã mais digno para meus filhos”, comemora. Para chegar ao atual nível de padronização dos produtos, a Coomasd conta com o apoio do Sebrae há mais de cinco anos, antes mesmo de se formalizar a cooperativa. Os cooperados já receberam consultorias tecnológicas para aumentar e melhorar a produtividade. As ações do Sebrae contemplam diversificação de produtos, acesso a mercados, gestão do empreendimento e fortalecimento do cooperativismo. Com as capacitações, eles passaram a evitar desperdícios e conseguiram desenvolver uma massa mais macia, desenvolvendo produtos em tamanhos adequados e com um sabor ainda melhor. “Participamos também de consultorias de incentivo à produção e de culinária. A ordem é continuarmos motivados para o desenvolvimento. Com a entrada dos recursos, quere-

mos comprar novos equipamentos e aumentar a área de produção”, aposta João Xavier, representante da Coomasd, responsável pela parte administrativa do grupo. A cooperativa já fornece merenda escolar para São Desidério, através de uma parceria com a prefeitura. O beiju produzido é distribuído em 14 escolas da cidade, enquanto a farinha, o feijão e a tapioca são destinados a 30 instituições de ensino municipal. Segundo João Xavier, a ideia dos cooperados é participar de outras concorrências públicas, fechando mais vendas com o município. “Queremos construir uma padaria e comprar um caminhão apropriado para o transporte de nossos produtos, agregando cada vez mais valor.” Recentemente, a Companhia de Desenvolvimento e Ação Regional (Car) e o Banco Nacional de Desenvolvimento Social (BNDES) aprovaram um projeto de apoio financeiro para a Cooperativa de Mandiocultores de São Desidério. O grupo será contemplado com o valor de R$ 55 mil para a compra de equipamentos e montar a padaria almejada. A expectativa é que, com essa nova empreitada, a produção da Coomasd

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Foto: CíCERO FéLIX

chegue a cerca de 300 quilos por dia. A região tem vocação para a atividade da mandiocultura e potencial para a instalação de uma unidade de beneficiamento, por conta do protagonismo local, do associativismo econômico e da perspectiva de mercado. Além do apoio da prefeitura, os cooperados contam com a parceria do Banco do Brasil, Banco do Nordeste e Caixa Econômica Federal. O trabalho do Sebrae é aplicado na organização do grupo, com ações de fortalecimento do associativismo diagnóstico da atividade produtiva. Eles recebem também assistência técnica, através da prefeitura e EBDA, capacitação e consultoria tecnológica, por meio das Unidades de Treinamento e Aprendizagem (UTA), consultoria para acesso a mercado, inicialmente pelo PAA e Programa Nacional de Alimentação (PNAE). Outro resultado obtido pela Cooperativa de Mandiocultores foi a instalação da casa de farinha e das unidades de treinamento.

A cooperativa conta com o apoio do Sebrae há cinco anos

Projeto Territorial da Bacia do Rio Grande As ações do Sebrae com os mandiocultores de São Desidério fazem parte do Projeto Territorial da Bacia do Rio Grande. O projeto atende a todos os municípios da Bacia do Rio Grande, com público-alvo formado por produtores rurais, associações e cooperativas. As atividades econômicas contempladas são fruticultura, mandiocultura, piscicultura, bovinocultura de leite e artesanato. Além da Cooperativa de São Desidério, o projeto atende a Coopeixe, na área de piscicultura. O Sebrae está apoiando a formação de novas cooperativas e atende, dentro do projeto, cerca de dez associações. São assistidos em média 300 produtores nesse território. A região tem vocação para a atividade da mandiocultura e potencial para a instalação de uma unidade de beneficiamento, por conta do protagonismo local, do associativismo econômico e da perspectiva de mercado. Além do apoio da prefeitura, os cooperados contam com a parceria do Banco do Brasil, Banco do Nordeste e Caixa Econômica Federal. O trabalho do Sebrae é aplicado na organização do grupo, com ações de fortalecimento do associativismo diagnóstico da atividade produtiva. Eles recebem também assistência técnica, através da prefeitura e EBDA, capacitação e consultoria tecnológica, por meio das Unidades de Treinamento e Aprendizagem (UTA), consultoria para acesso a mercado, inicialmente pelo PAA e Programa Nacional de Alimentação (PNAE). Outro resultado obtido pela Cooperativa de Mandiocultores foi a instalação da casa de farinha e das unidades de treinamento.

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Inovação e Tecnologia

Invenção baiana Empresa NN Solutions apresenta software inovador para pessoas cegas Dessa iniciativa, foi criado o SLEP – Scanner Leitor Portátil. Trata-se de um software que pode ser instalado em celulares com câmeras de foco automático, através do qual, com a fotografia de um texto, o sistema reconhece as letras e ativa uma voz sintetizada que faz a leitura da escrita. Um dos sócios da NN Solutions, Joselito Lima, explica que o software é direcionado para pessoas cegas, e foi desenvolvido graças a recursos

disponibilizados por um edital da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado da Bahia (Fapesb). Em 2009, quando ainda era estudante, Joselito e outros três colegas tinham o sonho de abrir o próprio negócio, mas faltava capital. “O edital da Fapesb foi o nosso ponto de partida. Desenvolvemos o projeto, que foi aprovado. Hoje, estamos incubados no Parque Tecnológico, com dois projetos finalizados e um em desenvolvimento”, conta.

Foto: Mateus PEreira

A acessibilidade para pessoas cegas ainda se configura em um desafio social, e é cada vez mais comum observar empreendimentos que buscam desenvolver soluções para esse público. A mais recente invenção genuinamente baiana vem da NN Solutions, empresa incubada no Parque Tecnológico da Bahia. O negócio surgiu a partir da vontade de empreender de quatro estudantes da Escola Politécnica da Universidade Federal da Bahia.

Joselito Lima é uma dos criadores do SLEP –Scanner Leitor Portátil

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Foto: Mateus Pereira

O desenvolvimento do software, que captura a imagem e lê o texto, contou com a consultoria do Instituto de Cegos da Bahia

O edital era direcionado para projetos de acessibilidade, conforme lembra Joselito. “Fomos ao Instituto de Cegos da Bahia para apresentar o trabalho e recebermos uma consultoria para o desenvolvimento do software, de forma que ele fosse, de fato, uma solução para esse público. Eles perceberam que a invenção tinha potencial”, afirma. Com os recursos disponibilizados, foi criado o SLEP e, assim, nasceu a NN Solutions, que, além dos engenheiros, possui um cientista da computação entre os sócios. Joselito conta que a empresa busca a viabilização de ideias. “Desenvolvemos trabalhos próprios, mas também recebemos ideias de clientes para colocá-las em prática. Buscamos de-

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senvolver produtos que tenham utilidade.” Um deles, que já está em fase de teste, é o Map Bus. Com aplicação também para celular, o sistema propõe-se a calcular o tempo da rota entre as paradas de ônibus da cidade. “O usuário acessa o software pelo celular e identifica o trajeto que vai percorrer”, explica. Enquanto a NN Solutions desenvolve novos produtos, o SLEP é divulgado em eventos de várias partes do Brasil, e já está sendo vendido para duas instituições de ensino: a Universidade Federal da Bahia e a Universidade Federal do Recôncavo Baiano. “Participamos da Reatech, uma das maiores feiras de tecnologia do mundo direcionada para acessibilidade, reabilitação e inclusão. A participação possibilitou bons contatos”, disse. Feira do Empreendedor – A NN Solutions estará na Feira do Empreendedor, que acontece de 22 a 26 de outubro, no Centro de Convenções da Bahia, em Salvador. Os empresários vão apresentar o SLEP ao público presente, na expectativa de fechar bons negócios. “Já participamos de algumas ações do Sebrae, como as Rodadas de Negócio. São ambientes propícios para fazer aumentar a nossa rede de contatos”, afirma Joselito. Em maio, eles participaram de um show room realizado no Parque Tecnológico da Bahia. A ação fazia parte da campanha “Loucos por Ciência e Tecnologia”, que buscou dar visibilidade a produtos e serviços inovadores desenvolvidos por empresas baianas. O evento foi realizado pela Secretaria de Ciência, Tecnologia e Inovação do Estado da Bahia, que teve a parceria do Sebrae, e contou com a participação de 16 empresas.

Inovação para aumentar a competitividade O Sebrae dissemina a ideia de que a inovação é um diferencial competitivo, especialmente para as micro e pequenas empresas. Por isso, a instituição desenvolve ações para aplicar esse conceito nas empresas, através de consultorias e capacitações. De acordo com as ações do Sebrae, a inovação não diz respeito, necessariamente, a aplicação de altos investimentos. Ações simples podem gerar grandes resultados. O Programa “5 Menos que são Mais” é um exemplo que traz consultorias para que o empresário evite desperdícios e economize água, energia e adote medidas que tragam ganhos para o empreendimento. Outra iniciativa voltada para a inovação é o Sebraetec, que tem o objetivo de aumentar a capacidade competitiva das micro e pequenas empresas com foco no estímulo à transferência de tecnologia. Para isso, o Sebraetec incentiva o processo de inovação e superação de gargalos tecnológicos, aproximando empresas e instituições de pesquisa. As demandas apoiadas pela solução incluem design, eficiência energética, saúde e segurança no trabalho. “Adotar processos inovadores traz mais competitividade para as empresas e ajuda no desenvolvimento de um produto diferenciado”, destaca a coordenadora da Unidade de Acesso a Inovação e Tecnologia do Sebrae Bahia, Márcia Suede.


MICROEMPREENDEDOR INDIVIDUAl

De informais a empresários Trabalhadores por conta própria dão adeus à burocracia e à alta carga tributária Microempreendedores Individuais (MEI) exerçam a sua atividade empresarial e desenvolvam habilidades de gestão. São cabeleireiras, costureiras, vendedores ambulantes, pintores e tantos outros que decidiram ser protagonistas e aos poucos desmis-

tificam a ideia de que o trabalhador por conta própria não possui qualificação. Esses trabalhadores, deram adeus à burocracia e à alta carga tributária, e hoje ultrapassam a marca de 3,2 milhões de Microempreendedores Individuais em todo o Brasil.

Carolina Leão se formalizou em 2010 e hoje fornece para marcas como a H. Stern

Foto: Mateus Pereira

Incluir novos empreendedores na economia e provar que é muito mais rentável trabalhar na formalidade. Nos últimos quatro anos, esse vem sendo o desafio do Governo Federal e de parceiros institucionais, como o Sebrae que, juntos, fornecem instrumentos de gestão para que os


lho, a Bahia ocupa a quarta posição no ranking das inscrições, com mais de 222 mil trabalhadores legalizados no Estado, atrás apenas de São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais. As atividades com o maior número de registros na Bahia são comércio varejista de artigos de vestuário e acessórios (com mais de 24 mil), cabeleireiros (15.186) e comércio de mercadorias em geral com predominância de produtos alimentícios – minimercados, mercearias e armazéns (12.398). Com a inclusão previdenciária, acesso a linhas de crédito, ampliação de mercado e conhecimento, esses negócios tendem a crescer e migrarem para as categorias de Microempresa (ME) ou Empresa de Pequeno Porte (EPP).

Foto: Mateus PEreira

Com o cartão do CNPJ (Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica) e os boletos para pagamento mensal do Instituto Nacional do Seguro Social – INSS (R$ 33,90), Imposto Sobre Circulação de Mercadorias e Serviços – ICMS (R$ 1,00) e Imposto sobre Circulação de Serviços de Qualquer Natureza – ISS (R$ 5,00) em um único documento, o trabalhador passa à condição de Pessoa Jurídica, conta com a proteção da Previdência Social durante toda a vida, além de conquistar outros importantes benefícios. A categoria está incluída no regime tributário conhecido como Supersimples, que completa, em 2013, seis anos de implantação. De acordo com os dados da Receita Federal, atualizados até 28 de ju-

Mulheres representam 46% dos Microempreendedores Individuais

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Revista Conexão

Empreendedorismo feminino A história da artista plástica Carolina Leão com o Sebrae começou em 2008, através de sua primeira participação em uma Rodada de Negócios, mostrando o artesanato contemporâneo, com trabalhos em papelão de sapateiro (Papel Holler), em papel machê e desenhos em tinta acrílica, que retratam o universo cultural baiano. Depois de conhecer o potencial das rodadas em que participou, a artista decidiu acompanhar cursos do Sebrae Bahia para desenvolver novas peças e aprender a comercializar o trabalho. Em 2010, a partir desses vários contatos com empresários interes-


Foto: Mateus PEreira

“No início, eram apenas nove leitos e, hoje, conto com 42”. David Costa, proprietário do Hostel Hospeda Salvador, no Pelourinho

sados em comercializar as peças e do amadurecimento para o negócio, Carolina decidiu que era hora de se formalizar. “Antes da formalização, eu não tinha CNPJ e emitia nota fiscal avulsa, o que me tomava tempo e dinheiro”, compara. Em outubro, ela já estava formalizada e, em poucos meses, peças como a Bela África, as Baianas, o Boi Balanço e o Tucano Maior ganhavam as vitrines de lojas da H. Stern pelo país. “Valeu a pena ter me formalizado! Além dessa oportunidade que surgiu, eu tenho minha garantia futura, porque pago os impostos em dia”, comemora. Para o superintendente do Sebrae Bahia, Edival Passos, o empreendedorismo feminino é uma realidade no país e está mudando a rotina das

classes A, B e C. Edival mostra os números da pesquisa Global Entrepreneurship Monitor (GEM), que indicam que, no Nordeste, de cada 100 empreendedores 52 são mulheres. “Entre os micro empreendedores individuais, 46% dos formalizados são mulheres. Elas estão mudando a própria história com bastante determinação.”

De olho na Copa do Mundo, o empresário David Costa disse que a formalização permitiu que ele fizesse parte da Associação Brasileira da Indústria de Hotéis (ABIH)

No Brasil, o empreendedorismo se popularizou a partir da década de 90, o que contribuiu para a crescente participação desse tipo de empresa na economia do País. O papel de destaque da modalidade ganhou ainda mais força com a entrada em vigor da Lei Complementar nº 123/2006, a Lei Geral da Micro e Pequena Empresa, e da Lei Complementar nº 128/2008, que regulamentou a figura jurídica do Microempreendedor Individual. E as mudanças na legislação só favoreceram o ambiente empreendedor no País. De lá para cá, o perfil da economia mudou e, atualmente, quase 44% dos brasileiros sonham em ter o próprio negócio. Os dados constam na pesquisa GEM 2012, realizada pelo Sebrae em parceria com o Instituto Brasileiro da Qualidade e Produtividade (IBQP).

Um olhar diferenciado Sancionada pelo então presidente Lula em 19 de dezembro de 2008, a Lei Complementar nº 128 criou a figura do Microempreendedor Individual. São milhões de brasileiros que trabalham por conta própria, têm até um empregado e faturam anualmente R$ 60 mil, produzindo bens, serviços ou comercializando mercadorias. Como num passe de mágica, de qualquer canto do País, e em apenas dez minutos, esses brasileiros podem registrar o seu negócio. Basta ter um computador ligado à internet e acessar o site www.portaldoemprendedor.gov.br ou procurar um Ponto de Atendimento do Sebrae mais próximo.

Sebrae Bahia

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Principais atividades do MEI na Bahia Dados da Receita Federal (28/07/2013)

Comércio de artigos do vestuário e acessórios

Cabeleireiros

15.186

12.398

24.568

Obras de alvenaria

5.850

Lanchonetes, casas de chás, de sucos e similares

5.519 Microempreendedor Individual desde 2010, o administrador de empresas David Costa, proprietário do Hostel Hospeda Salvador (albergue), no Pelourinho, lembra os primeiros passos dados no ramo de hotelaria e hospedagem e das dificuldades para estabelecer o negócio. “O hostel funcionava com recursos próprios, pois as possibilidades de financiamento como pessoa física eram inviáveis. Quando surgiu a oportunidade de legalizar, não pensei duas vezes. Busquei todos os documentos necessários e, em menos de dez minutos, imprimi o meu alvará. Tudo pela internet.” De olho na Copa do Mundo, o empresário disse que a formalização

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Revista Conexão

Comércio de mercadorias em geral

Fornecimento de alimentos para consumo domiciliar

5.477

Serviços ambulantes de alimentação

7.547

Comércio varejista de bebidas

4.421

permitiu que fizesse parte da Associação Brasileira da Indústria de Hotéis (ABIH), assinasse a carteira do seu funcionário e concretizasse os planos de ampliar o seu empreendimento. “No início, eram apenas nove leitos e, hoje, conto com 42. Depois da formalização, o nosso movimento melhorou em torno de 90%. Hoje, posso planejar um financiamento com linhas de crédito acessíveis”, revela.

Vantagens A adesão à categoria garante uma redução de mais de 50% no valor mensal de contribuição para a Previdência. Os microempreendedores

Comércio de cosméticos, produtos de perfumaria e de higiene pessoal

6.012

Bares

4.369

individuais contribuem com 5% do salário mínimo, e garantem os benefícios do INSS, como licença-maternidade, auxílio doença e aposentadoria. Os benefícios e vantagens vão além da questão previdenciária. Podendo, então, emitir nota fiscal, os empreendedores são capazes de comprar direto dos fornecedores, vender os seus produtos e serviços para o governo, se agrupar em consórcios e assim disputar licitações na área pública. Além disso, a abertura de contas em bancos e o acesso ao crédito são facilitados. Como pessoa jurídica, o micro empreendedor individual passa a ter crédito nos bancos oficiais, com juros oscilando entre 1% e 3% ao mês, ao passo que, como pessoa física, esses


Foto: Mateus PEreira

Depois de um ano estudando o mercado, Diego Carvalho abriu a Blueberry, empresa de vestuário. O MEI participou de mais de cinco cursos do Sebrae

juros variam de 7% a 10%. Além disso, o Sebrae promove a participação gratuita em cursos, palestras e oficinas, orientando sobre a importância permanente da gestão dos recursos financeiros e criando um cenário de integração entre os MEI e as instituições financeiras, como a Oficina de Crédito Especial, que contempla palestra e apresentação dos bancos. Proprietário da Blueberry, loja virtual de artigos do vestuário, Diego Antônio Castro Carvalho aproveitou o conhecimento adquirido em lojas de surfe para pensar numa marca que representasse um estilo de vida, abarcando a arte de rua, ecologia e esportes radicais. Antes mesmo de conceber a sua primeira coleção, ele mergulhou de cabeça no projeto. Buscou no Sebrae a sua fonte de conhecimento e formalizou o negócio.

A participação em cursos, como Treinamento Gerencial Básico, Técnicas de Negociação e oficinas na Feira do Empreendedor, serviu para estudar o terreno e semear uma ideia. “Fiquei um ano estudando o mercado. No Sebrae, aprendi que cada passo antes

de ser dado deve ser planejado. Hoje, tenho abertura para acionar linhas de crédito e respaldo para negociar com fornecedores”, afirma. Na lista de prioridades do empresário-artista, está a captação de recursos para montar um ateliê no bairro do Garcia, em Salvador.

MEI terá atendimento exclusivo na Feira do Empreendedor O maior evento de empreendedorismo do Brasil tem espaço garantido para os microempreendedores individuais. Em sua sexta edição, a Feira do Empreendedor 2013 oferece qualificação e, ainda, guichês para a formalização. Serão três espaços exclusivos para esse público: Serviços – oportunidade para formalização, impressão de boletos mensais DAS, entrega da Declaração Anual de Faturamento, alterações no CNPJ e baixa do registro; Parceiros – diversas instituições prestando atendimento gratuito; e Negócio a Negócio – onde o MEI poderá ser acompanhado por uma consultoria gratuita. Salas serão disponibilizadas na Área de Educação para a realização de palestras e oficinas exclusivas para o Microempreendedor Individual. As inscrições para a Feira do Empreendedor podem ser feitas pelo site www.ba.sebrae.com.br/feira.

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MICROEmpreendedor individual

Oficinas gratuitas de qualificação Para facilitar o acesso ao conhecimento, o Sebrae criou o Projeto Sebrae Microempreendedor Individual (SEI), baseado em sete soluções educacionais nas áreas de finanças, vendas, gestão, empreendedorismo, compras, planejamento e cooperação. A metodologia da capacitação foi desenvolvida para tornar o profissional mais competitivo e preparado para enfrentar os desafios impostos pelo mercado. Os conteúdos são oferecidos em formatos de oficinas (presenciais), cartilhas (impressas e em áudio), mensagens SMS por celular e kits educativos, com nova metodologia semipresencial.

Cursos para o MEI SEI Vender – Trabalha os conceitos de mercado e elementos do marketing, de forma integrada, de maneira a potencializar a capacidade de negociação e ampliar as vendas. SEI Controlar meu Dinheiro – Mostra a importância do controle de caixa (diário e futuro) bem como das contas a pagar e a receber para uso mais racional do dinheiro, investimentos adequados e maior capacidade de negociação. SEI Comprar – Aborda elementos

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Revista Conexão

Depois da formalização, proprietário da Blueberry, Diego Carvalho, tem planos para expandir seu negócio

essenciais da compra e estratégias para adquirir os produtos ou serviços necessários, com a qualidade adequada, preços e prazos de pagamento favoráveis. SEI Empreender – Estimula o desenvolvimento das características empreendedoras do aluno com os objetivos de aumentar a sua competitividade e a permanência no mercado. SEI Unir Forças para Melhorar – Os participantes terão a oportunidade de conhecer as vantagens e

ganhos de empreender ações coletivas, formando uma rede de negócios para aumentar a competitividade no mercado. SEI Planejar – Contribui para que o MEI possa adotar um processo de trabalho mais organizado para melhorar o desempenho de sua empresa e aumentar a sua competitividade de modo sustentável. SEI Administrar – Ensina como planejar um negócio, melhorar os resultados, contornar e evitar problemas.

Participe de capacitações na Feira do Empreendedor! Veja os cursos em: www.ba.sebrae.com.br/feira


MICROEmpreendedor individual

“No início, acabei atrasando uns dois meses o pagamento e percebi o quanto isso poderia prejudicar o andamento do negócio.”

Fábio Pinheiro, empresário que comercializa materiais esportivos.

Em dia com as obrigações? Não adianta se formalizar e não manter o pagamento mensal do imposto. O empreendedor precisa fazer a sua Declaração Anual de Faturamento, meramente informativa e gratuita, a partir do controle mensal do seu negócio. Independentemente do valor do faturamento, é preciso apresentar o relatório de receita bruta ou a relação dos valores das compras/despesas. Para evitar

multas e juros, a declaração pode ser realizada diretamente no Portal do Empreendedor (www.portaldoempreendedor.gov.br), ou com a orientação gratuita de escritórios de contabilidade optantes pelo Simples Nacional e nos Pontos de Atendimento do Sebrae. Para saber o Ponto mais perto do MEI, basta ligar para a Central de Relacionamento do Sebrae (0800 570 0800).

“Não leva nem um minuto para finalizar a declaração. Basta ter as informações de todo o faturamento do ano. É a receita bruta que importa, com as vendas ou prestação do serviço, dependendo da atividade da empresa, emitindo nota ou não”, explica a gestora de Atendimento ao Microempreendedor Individual do Sebrae Bahia, Mariana Cruz.

Sebrae Bahia

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Quando parou de competir profissionalmente, o surfista Fábio Pinheiro resolveu empreender. Passou a vender materiais esportivos voltados para o surfe, especificamente na modalidade bodyboard. Um dos primeiros na Bahia a aderir à categoria, ele queria deixar a informalidade e mirar um horizonte de possibilidades. Por isso, antes mesmo dessa figura jurídica ser criada, ele buscou informações sobre o assunto, e percebeu como poderia criar asas com a legalização. Hoje, já são quatro anos de negócio formalizado, de um total de dez anos de atividade. “No início acabei atrasando uns dois meses o pagamento e percebi o quanto isso poderia prejudicar o andamento do negócio, além de deixar o meu funcionário descoberto de qualquer benefício. E outra: ninguém quer pagar multa. Tenho uma marca consolidada e que chega a outros países.” “Formalizado, além de benefícios, o empreendedor passa a ter obrigações.

O surfista Fábio Pinheiro garante que a formalização traz benefícios e crescimento para a empresa

A primeira e principal é consigo mesmo, pois o pagamento da contribuição é para ele e sua família, uma vez que o que paga é para a aposentadoria por idade ou invalidez, salário-maternidade (mulher), auxílio-doença, e para a família (pensão por morte e auxílio

reclusão). O não pagamento dessa contribuição pode fazer com que este perca a condição de segurado e, em um momento de necessidade, não ter acesso ao benefício”, explica o técnico da Unidade Regional do Sebrae em Ilhéus, Michelangelo Lima.

ATENÇÃO

Golpe do boleto O MEI tem como despesas legalmente estabelecidas, APENAS, o pagamento mensal de R$ 33,90 (INSS), acrescido de R$ 5,00 (prestadores de serviço) ou R$ 1,00 (comércio e indústria) por meio de carnê emitido através do Portal do Empreendedor, além de taxas estaduais/municipais que devem ser pagas dependendo do estado/município e da atividade exercida. O pagamento de BOLETO, não relacionado com as despesas mencionadas acima, é de livre e espontânea vontade do Microempreendedor Individual (MEI).

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REvISTA CoNExão


Principais dúvidas do MEI Como e onde posso me formalizar? A formalização é feita de forma gratuita pelo Portal do Empreendedor. Há um considerável número de empresas contábeis espalhadas pelo País que poderão realizar a formalização de graça. Para saber quem são essas empresas consulte a relação constante dos endereços no Portal do Empreendedor na internet. O Sebrae também oferece orientação de graça sobre a formalização.

O que preciso para me formalizar? Carteira de identidade, CPF, comprovante de residência e o número

do recibo de Declaração do Imposto de Renda Pessoa Física, pelo menos, dos últimos dois anos. Caso o empreendedor não tenha declarado nesse período, será solicitado o Título de Eleitor.

Posso ter mais de uma ocupação ou atividade econômica? Sim, pode ter mais de uma ocupação. Ao se formalizar, é necessário registrar uma ocupação relativa a sua atividade principal e pode registrar até quinze ocupações para atividades secundárias. A cada ocupação registrada será atribuído um código de Classificação Nacional de Atividades Econômicas (CNAE).

Como proceder em caso de atraso nos pagamentos? Caso o pagamento não seja realizado na data certa haverá cobrança de juros e multa. A multa será de 0,33% por dia de atraso limitado a 20% e os juros serão calculados com base na taxa SELIC, sendo que, para o primeiro mês de atraso, os juros serão de 1%. Após o vencimento deverá ser gerado novo DAS, acessandose novamente o endereço www. portaldoempreendedor.gov.br. A emissão do novo DAS já conterá os valores da multa e dos juros, sem precisar fazer cálculos e não custa nada.

Concentração de MEI por município 1º ...... Salvador .......................... 76.172 2º ...... Feira de Santana ............. 13.511 3º ...... Vitória da Conquista ........ 7.803 4º ...... Lauro de Freitas ................ 5.430 5º ...... Camaçari ........................... 5.000 6º ...... Teixeira de Freitas ............ 4.077 7º ...... Ilhéus ................................ 4.048 8º ...... Juazeiro ............................. 3.440 9º ...... Barreiras............................ 2.938 10º .... Porto Seguro...................... 2.848

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ENTREVISTA

Foto: Mateus Pereira

Empreendedorismo: substantivo feminino

Entrevista Ana Paula Padrão

Durante anos, a jornalista Ana Paula Padrão dominou a bancada dos principais jornais da TV Globo, SBT e Record. Em 2007, ela fundou a agência de conteúdos em vídeos Touareg, e desde 2011 comanda o projeto Tempo de Mulher, que trata do empoderamento feminino em quatro plataformas: portal, revista, realização de eventos e elaboração de pesquisas sobre as mulheres brasileiras. A jornalista

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esteve em Salvador para fazer parte do I Congresso Feminino de Empreendedorismo e conversou com a Revista Conexão sobre mulheres empresárias, como elas avançam no mundo dos negócios, quais as suas qualidades de gestão e os maiores desafios a vencer. Números da pesquisa Global Entrepreneurship Monitor (GEM) indicam que, no Nordeste, de cada 100 empreendedores, 52 são mulheres.


Como você avalia o avanço das mulheres no mundo dos negócios? Quais motivos estão levando as mulheres a serem mais empreendedoras? As mulheres não avançam apenas nos negócios. O empoderamento feminino está promovendo uma mudança na estrutura da sociedade brasileira e do mundo. Mulheres não empreendem pensando apenas em retorno financeiro. Muitas vezes é uma necessidade pessoal de equilibrar a vida familiar com o trabalho. Ao trabalhar para si mesmas, elas conseguem administrar melhor o tempo e, com isso, gerir mais harmoniosamente a casa, filhos e marido. Uma pesquisa feita pela minha empresa, Tempo de Mulher, em parceria com o Instituto DataPopular, mostra que 37% das mulheres têm intenção de abrir um negócio próprio nos próximos três anos, representando um universo de 24 milhões de brasileiras. E 58% delas estão na Região Norte, onde seis em cada dez mulheres querem empreender. É uma revolução.

e isso se reflete tanto no universo de pequenos quanto de grandes negócios. Em estudos, mulheres, em geral, obtêm melhores resultados em quesitos como facilidade no trato são reconhecidas por dar mais feedback (retorno) às suas equipes, conversam mais com os subordinados, abrem mais discussões sobre planos de carreira. Têm também melhor desempenho em tornar o ambiente de trabalho menos competitivo e mais colaborativo. Todas estas características também são aplicadas quando são elas as donas de negócios próprios.

Qual a dica para as mulheres que ainda têm dificuldade em administrar a família e a vida profissional como empreendedora?

A gestão feminina tem várias características elogiadas em estudos de práticas de boa governança, entre elas tomar decisões consensuais, ouvir todas as partes, contemplar todos os pontos de vista em processos de avaliação. Mulheres, em geral, têm o foco mais amplo, acompanham mais os processos de decisão. Há também o fator de mulheres terem mais aversão a correr riscos. Tudo isso contribui para serem boas gestoras e obterem bons resultados em seus empreendimentos.

A principal dificuldade das mulheres é lidar com a culpa. O primeiro passo é entender que não é possível ser perfeita em tudo. A tripla jornada é exaustiva. O tempo, ou melhor a falta dele, é um gerador permanente de angústia, e é preciso administrar esse estresse para ele não contaminar o dia a dia. Outra coisa importante é entender que essa dificuldade não é uma característica individual de uma pessoa. É um drama que permeia toda uma geração de mulheres. Em palestras que dou pelo Brasil, é comum mulheres virem conversar comigo após o evento e dizer o quanto se sentiram aliviadas ao perceber que as angústias delas são comuns a muitas outras. Já ouvi relatos de mulheres dizerem que tinham “vergonha” de passar tanto tempo no trabalho preocupadas com assuntos de família. Mas é claro que uma mulher vai se preocupar com a sua família, afinal, que espécie de pessoa seria ela se relegasse a família a segundo plano, priorizando obsessivamente o trabalho? Ninguém assim seria um bom profissional, muito menos um bom gestor ou empreendedor.

O que diferencia o empreendedorismo feminino do empreendedorismo masculino?

Como começar a ser empreendedora depois de muitos anos somente cuidando da casa e da família?

As pesquisas mostram que mulheres têm um grande diferencial, principalmente na área de gestão de pessoas,

Acreditar em si mesma. Autoestima e autoconfiança são fundamentais. Nos eventos do Tempo de Mulher, princi-

Qual característica feminina pode ajudar as mulheres a terem mais sucesso como donas de seu próprio negócio?

Sebrae Bahia

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Foto: Mateus Pereira

nistrar um empreendimento? É preciso, claro, aprender, fazer cursos, se qualificar, reunir informações sobre o mercado no qual você quer empreender. Vejo muitas mulheres com capacidade de fazer tudo isso, mas que não vão em frente pela falta de autoestima.

Você se considera uma empreendedora? Por quê? Como nasceu o projeto Tempo de Mulher e como ele pode ajudar a despertar o empreendedorismo entre as brasileiras?

palmente em comunidades de baixo IDH, percebo que um dos principais entraves às mulheres se tornarem empreendedoras não é, ao contrário do que se pensa, a falta de recursos financeiros, e sim um profundo sentimento de baixa autoestima, muitas vezes alimentado pelo próprio parceiro. São mulheres que ouvem dentro de casa que “não têm mais idade para isso”, o que é um absurdo. Nunca é tarde para aprender, crescer, empreender. Se uma mulher é capaz de gerir uma família, prover de cuidados um lar, por que não seria capaz de admi-

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Empreender sempre esteve nos meus planos durante muitos anos, eu apenas não sabia se era capaz de fazer isso. Acho que é um drama que todo empreendedor enfrenta “será que sou capaz, será que consigo?”. Hoje tenho duas empresas, a Touareg, uma agência de conteúdo em vídeos, fundada em 2007, e o Tempo de Mulher, lançado em 2011. O Tempo de Mulher foi um desejo meu de trabalhar pela causa do empoderamento feminino. Para falar transversalmente com as mulheres brasileiras, ele compreende quatro diferentes plataformas. Temos um portal, o www.tempodemulher.com.br, que é o parceiro de conteúdo feminino da Microsoft no Brasil, um projeto extremamente bem-sucedido, com mais de 25 milhões de pageviews (visualizações) por mês. Temos também uma revista, a Tempo de Mulher Business, com tiragem de 20 mil exemplares, distribuída para o mundo corporativo, focada no papel da mulher nas empresas. O TDM, como carinhosamente chamamos o Tempo de Mulher, faz ainda eventos para discutir questões femininas em diferentes níveis. Este ano teremos nosso grande evento anual em outubro, em São Paulo, com vários painéis sobre empoderamento feminino nas empresas. E também fazemos pesquisas para entender melhor a alma, as angústias e os hábitos da nova mulher brasileira. Nossa missão é ampliar os canais de informação para o empoderamento da mulher, além de fortalecer ações que a beneficiem. O empreendedorismo é uma dessas ações, e é fundamental para melhor inclusão da mulher na sociedade.


ECONOMIA CRIATIVA

Tradição vira negócio

Foto: Mateus Pereira

Marisqueiro enxerga oportunidade e passa a vender ostras em restaurante flutuante

De forma sustentável, Luciano Freitas cria ostras que serve em seu restaurante

Nascido em Canavieiras, distrito de Cairu, no baixo Sul da bahia, Luciano Freitas, 33, é filho de marisqueiros e imaginava seguir o exemplo dos pais após completar os estudos. Assim o fez. Ao terminar a educação formal, retornou à comunidade para trabalhar catando ostras e siris para vender. No ano de 2000, porém, projetos sociais, iniciados na localidade, despertaram nele o desejo de crescer e melhorar de vida. O pescador buscou se informar e, com o apoio do Governo Estadual, Fundação Odebrecht e do Sebrae Bahia, conseguiu fundar uma cooperativa de criação de ostras em cativeiro. Com a valorização dos roteiros turísticos do Morro de São Paulo, passar pela comunidade começou a se tornar obrigatório. Foi quando os pescadores, vendo a possibilidade de comercializar o fruto de seu trabalho, passaram a vender ostras aos turistas que passavam pela comunidade. No ano de 2004, surgiu o primeiro flutuante para comercialização de ostras, que logo ficou pequeno para o número de pessoas que visitavam o local. O desejo de ter o próprio negócio sempre esteve presente nos planos de Luciano, até o dia em que foi convidado pelo Sebrae para participar do Seminário Empretec. “As noções de empreendedorismo vieram com o curso”,

SEBRAE BAhIA

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Independência com sustentabilidade O tempo de maturação da ostra até o seu consumo é de um ano e

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Revista Conexão

Foto: MARCOS SANTIAGO

contou. Como Microempreendedor Individual, Freitas percebeu as vantagens de ter o negócio formalizado e deu vazão ao sonho ao montar o restaurante flutuante Companhia das Ostras. Com o apoio da família, o empresário administra o estabelecimento que, mês a mês, tem apresentado significativa demanda. “Hoje, contamos com estrutura adequada e já possuo as documentações exigidas pela Capitania dos Portos”, declarou. O gestor do Ponto de Atendimento do Sebrae em Valença, Ângelo Fahning, destacou que o pescador buscou a instituição a fim de melhorar a própria vida e da comunidade. “Nós identificamos nele o espírito empreendedor. Com a participação nos cursos, ele adquiriu mais conhecimento em relação à atividade que exercia e se tornou presidente da cooperativa de marisqueiros.” Segundo Ângelo Fahning, com as capacitações tecnológicas oferecidas à comunidade, os pescadores conseguiram aumentar a renda mensal para quatro salários mínimos. Passaram a ser mais valorizados e ter orgulho do ofício. Além do Seminário Empretec, Luciano participou também do curso Saber Empreender, das oficinas SEI, e teve a oportunidade de integrar missões técnicas realizadas em Fortaleza e Paulo Afonso. “As orientações recebidas em consultoria são o norte para os meus trabalhos e tudo que eu desenvolvo no restaurante”, expôs.

meio. Inicialmente, os pescadores as coletavam nos mangues. Em seguida, eram fervidas e vendidas aos quilos, contudo a rentabilidade não era satisfatória. Hoje, o pescador cria as ostras de forma sustentável e no seu próprio restaurante flutuante. “Usamos a própria casca da ostra. Com ela capturamos as sementes, que são ostras pequeninas, e levamos para reprodução”, relatou. As ostras, usadas no preparo dos pratos servidos no restaurante, são colhidas na hora do pedido. Além das moquecas tradicionais de peixe, de camarão e do próprio fruto do mar, Freitas serve a ostra natural, crua com sal e limão, gratinada ou cozida, coberta de queijo rala-

do, palmito e orégano. “O mais saboroso de todos os pratos é a ostra natural”, afirma o pescador. As cascas também são usadas na confecção de artesanato. Com a ajuda da família, Luciano produz oito tipos de peças diferentes que são comercializadas no restaurante. “Não jogamos no mar e nem no lixão da comunidade. Aproveitamos tudo de maneira sustentável”, destacou. No período de maior movimentação no restaurante, a mão de obra utilizada vem da própria comunidade. Além disso, todo o tempero necessário para preparar os pratos é comprado de produtores locais. “É uma forma de movimentar a economia do lugar onde eu nasci”, acrescentou.


Foto: Mateus PEreira

ECONOMIA CRiativa

Na Rota do Sabor Empresário Rogério Rocha recebe turistas do Brasil e de outros países, em um roteiro exclusivo de enoturismo, que passa pelo Rio São Francisco e Lago de Sobradinho

Vapor do Vinho atrai olhares para o enoturismo em pleno sertão baiano Belezas naturais, passeio pelas águas do Rio São Francisco, visita às vinícolas onde são produzidos vinhos, espumantes e brandys. Tudo isso existe numa região do semiárido baiano, com o sol brilhando o ano inteiro. E foi de lá que nasceu uma das mais saborosas ideias de empreendedorismo, que vem dando certo e atraindo a atenção de turistas brasileiros. O Vapor do Vinho vai do passeio pelas águas do Velho Chico e visita aos vinhedos até o processo de criação das bebidas feitas das uvas. O primeiro passeio aconteceu em 2011 e, de lá para cá, a aposta vem se consolidando como um dos principais atrativos turísticos.

O idealizador Rogério Rocha retrata a sua paixão pela atividade quando fala das aventuras ao singrar as águas ainda criança na companhia do pai, que trabalhava como barqueiro. Ele enxergou a região como um polo turístico ainda na faculdade, e uma pesquisa foi feita para saber se havia possibilidade de inaugurar um roteiro, inicialmente denominado Enofluvial. A ideia era revelar um lado do sertão baiano pouco conhecido no País, homenageando os antigos vapores que navegaram pelo Rio São Francisco e ajudaram a desenvolver o Nordeste brasileiro. O contato inicial foi feito com o empresário

Eurico Benedetti, do Grupo Miolo, que possui vinícola no município de Casa Nova e acreditou no projeto, entrando como parceiro para abrir as portas da Vinícola Ouro Verde ao público. Jornalistas brasileiros e de outros países foram convidados a conhecer o Vale e o receptivo da vinícola foi inaugurado com lançamento do roteiro. “Fizemos uma pesquisa e hoje podemos dizer que esse é o único roteiro da América Latina onde o turista conhece, em um só dia, uma vinícola, uma fazenda de uva e manga, realiza uma eclusagem e navega em um lago artificial”, ressalta Rocha.

Sebrae Bahia

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O turista é acompanhado por um guia e, posteriormente, por um enólogo, que tira as dúvidas e realiza um minicurso sobre degustação e como escolher um bom vinho, harmonizando-o com os pratos típicos da região, a exemplo da carne caprina, ovina e peixes.

O sucesso trouxe a demanda O projeto começou com seis funcionários e hoje já conta com 12. No início, o passeio tinha uma demanda de até 30 passageiros por final de semana, mas, logo nos primeiros meses, aumentou para 50 pessoas aos sábados. Começaram também a chegar caravanas durante a semana formando grupos para conhecer a região. Hoje, o Vapor tem demanda de 500 passageiros por mês. O empresário assegura que o número de visitantes e rendimento deve aumentar “se houver mais divulgação na Bahia, pois, atualmente, o nosso maior público vem do Estado de Pernambuco. O Salão Baiano de Turismo deu visibilidade, mas as operadoras precisam tomar conhecimento desse novo roteiro enoturístico do Brasil”. Com o crescimento, Rogério foi estruturando a empresa. Adquiriu um ônibus e um microônibus e o serviço de transporte, que antes era terceirizado, e hoje pertence a ele. Outra barca foi inaugurada para dar suporte à primeira e uma terceira está sendo recuperada com capacidade para levar até 200 passageiros. As vinícolas também se preparam e o projeto de um restaurante está em andamento, espaço que vai misturar a gastronomia das regiões Nordeste e Sul.

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Revista Conexão

Rogério acredita que é preciso disseminar o roteiro com descontos para o turista local, pensando sempre em alavancar o potencial do Vale do São Francisco. A cadeia do turismo vai além do Vapor do Vinho e envolve toda a comunidade, desde o setor de hotelaria e restaurante até o pessoal das feiras livres.

Parcerias Parceiro do Governo do Estado, por meio de uma iniciativa da Bahiatursa, o Sebrae apoiou o projeto com orientações a cerca do empreendimento, além de contatos com o Banco do Nordeste para a construção do primeiro barco. A empresa conta hoje com seis embarcações, sendo quatro voltadas para a travessia Juazeiro-Petrolina e duas para o Enoturismo. Rogério foi um dos participantes da Oficina Economia Criativa e Cidades Criativas, que o Sebrae realizou em dezembro de 2012, em Juazeiro, com a especialista no assunto, Ana Carla Fonseca. Para a coordenadora da Unidade Regional do Sebrae em Juazeiro, Jussara Oliveira, o Vapor do Vinho é um equipamento importante para consolidar o roteiro estabelecido, porque une o potencial do Rio São Francisco, da Barragem de Sobradinho, das vinícolas existentes no município de Casa Nova, Bahia, e do agronegócio. “Toda essa oferta de serviços que existe nessa região vem se potencializando. É interessante para o turista ter uma visão do que é o Vale, sua história de ocupação, das tradições e do agronegócio”, ressalta. Ela acredita que a iniciativa vai permitir, no futuro, associar outros potenciais destinos.

Economia Criativa na Feira do Empreendedor Conhecer o perfil do empreendedor criativo, onde e como atuar nesse segmento. Esta é a novidade do Espaço Economia Criativa na Feira do Empreendedor, que acontece entre os dias 22 e 26 de outubro, no Centro de Convenções, em Salvador. No espaço poderá ser feito um teste digital “Perfil do empreendedor criativo”, para identificar o empresário como parte da cadeia produtiva. Além disso, para estimular os visitantes a enxergarem os setores da economia criativa e turístico, o Sebrae irá disponibilizar técnicos para ajudar os participantes a iniciarem ou alavancarem os seus negócios. Em parceria com o Espaço Tendências e Ideias de Negócios, serão mostradas opções para a economia criativa nas áreas de turismo religioso, rural, de aventura, LGBT e enoturismo; mapeamento de equipamentos culturais do Teatro Castro Alves; distribuição de cartilha informativa sobre as opções de franquias como o Bar do Empreendedor, Quiosque Brahma e Seu Buteco. A área reservada ao segmento vai oferecer uma série de oportunidades para o empreendedorismo em áreas como moda, gastronomia, turismo, artesanato e produção cultural. Os empreendedores do setor vão poder comercializar os seus produtos como artesanato e gastronomia, além de ter uma programação de desfiles com estilistas da Bahia. As inscrições gratuitas para a Feira do Empreendedor estão abertas e podem ser feitas através do site www.ba.sebrae.com.br/feira.


Foto: JOSY VILASBOAS

Indústria

Negócios em família Filho do fundador da empresa, o empresário Fernando Alves está à frente da Cerâmica Alves nas áreas de estoque, qualidade, investimentos e linha de produção

A Cerâmica Alves produz mais de dois milhões de peças ao mês e, após certificação, está apta a fornecer material para construtoras participantes do Programa “Minha Casa, Minha Vida”, do Governo Federal A história da Cerâmica Alves começa em 1984, na cidade de Candiba, Oeste baiano, pelas mãos do então médico Juracy Alves. Construindo uma relação de confiança com os filhos, Fernando e Amanda Neves, Juracy fez questão de mantê-los desde cedo próximos ao negócio da família, até que fosse

dada a eles a oportunidade de gerir a empresa. Fernando, tecnólogo em cerâmica, passou a ser responsável pela linha de produção, estoque, qualidade e investimentos, enquanto Amanda cuida da administração financeira. No início, a Cerâmica Alves possuía 15 funcionários e produzia

apenas blocos, em uma realidade muito distante do sonho de Juracy Alves de fazer um milhão de peças por mês. Mas, com o empenho dos herdeiros, a Empresa de Pequeno Porte (EPP) passou a ter 95 funcionários e a produzir mais de dois milhões de peças por mês, entre blocos e telhas.

Sebrae Bahia

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“Para alcançar essa marca, modernizamos toda a parte de gestão e contamos com a alavancagem do mercado da construção civil. Aproveitamos essa fase investindo e melhorando a linha de produção”, afirma o empresário. Da parceria com o Sebrae, Fernando conta que participou de soluções empresariais, como Empretec, Estratégias Empresariais, além de cursos sobre vendas, recursos humanos e finanças, sempre contemplando a participação de colaboradores. Em 2011, a Cerâmica começou a fazer parte do Programa Setorial da Qualidade (PSQ), por meio do Programa Sebraetec, uma solução do Sebrae com o foco em inovação e tecnologia. “Nós controlávamos a linha de produção, mas esses dados não eram registrados ou debatidos com a equipe. A partir da consultoria, passamos a elaborar relatórios e analisá-los com os nossos funcionários”, relembra. Ele conta ainda que, a partir do novo cenário, passou a realizar treinamentos focados na necessidade de cada setor da empresa, além de criar o Laboratório Interno da Cerâmica, para estudar o material utilizado. Concluída a qualificação pelo Programa Setorial da Qualidade de Telhas Cerâmicas (PSQ-TC), ligado ao Programa Brasileiro da Qualidade e Produtividade no Habitat (PBQP-H), do Ministério das Cidades, a fábrica agora exibe o certificado que atesta a fabricação conforme exigências da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) e a habilita a fornecer material para construtoras participantes do Pro-

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Revista Conexão

grama “Minha Casa, Minha Vida”, do Governo Federal. A certificação, oficialmente entregue durante o 41º Encontro Nacional da Indústria Cerâmica Vermelha, realizado em Campo Grande, Mato Grosso do Sul e promovido pela Associação Nacional da Indústria Cerâmica, era a confirmação de que valera a pena todo o investimento feito até então. Com a qualificação, a Cerâmica Alves conseguiu melhorar a produtividade em até 60%, agregar valor ao produto, atingir o modelo de estoque zero e estar sempre com, pelo menos, uma semana de venda fechada. Fernando não esconde a satisfação ao comparar o cenário atual com o momento anterior ao da parceria com o Sebrae. “A diferença é enorme. Hoje, a empresa tem controle da perda e homogeneidade na linha de produção. Antes, perdíamos até 17% ao mês e, agora, apenas 5%”, analisa. A próxima meta da Cerâmica Alves é, com o apoio do Sebrae, se adequar às normas do ISO 9001, e, até 2014, buscar mais essa certificação. Atualmente, a empresa participa do Projeto Indústria Setorial Vitória da Conquista, oferecido pelo Sebrae em parceria com a Secretaria de Indústria Comércio e Mineração (Sicm) e a Federação das Indústrias do Estado da Bahia (Fieb). No segundo semestre de 2013, a empresa vai participar do Programa de Capacitação da Norma Regulamentadora (NR) 12, que trata da segurança no trabalho, que evolve máquinas e equipamentos.

Projeto Indústria Setorial O analista do Sebrae, Bruno Cruz, explica que o projeto tem foco na geração de negócios em torno de grandes investimentos e na melhoria da competitividade das micro e pequenas empresas. “Dentre os diversos setores e grupos atendidos pelo projeto, podemos destacar o grupo de cerâmicas, no qual as ações são executadas em conjunto com a Associação das Cerâmicas do Sudoeste da Bahia (Acesuba)”, completa. Ao todo, 12 cerâmicas são atendidas pelo projeto, dentre as quais cinco já participaram do PSQ.

Sebraetec O Programa Sebraetec busca aumentar a capacidade competitiva das Micro e Pequenas Empresas (MPE) baianas através do estímulo à transferência de tecnologia. Para isso, procura incentivar o processo de inovação e a superação de gargalos tecnológicos, aproximando as MPE das instituições de pesquisa. O processo funciona da seguinte forma: após um primeiro contato, o Sebrae identifica as demandas de cada empresa e, a partir daí, indica instituições que realizarão consultorias em áreas específicas. As consultorias são prestadas por instituições credenciadas e habilitadas para atuar em diversas áreas. Interessados em participar devem ligar para a Central de Relacionamento do Sebrae no número 0800 570 0800.


Foto: MATEUS PEREIRA

Educação empreendedora

A empresária, Valdineide Araújo, emprega 13 pessoas em seu Salão de Beleza

Beleza que põe mesa Empreendedora feirense se destaca no ramo de estética, após participar do Programa Na Medida A empresária Valdineide Araújo, conhecida pelos seus clientes como Neide, deu os seus primeiros passos no mundo dos negócios no ramo de varejo. Depois de três anos com um mercadinho, ela resolveu investir em algo que fazia os seus os olhos brilharem. As lembranças de um ambiente repleto de mulheres, o cheiro das tintas, esmaltes e o barulhinho do secador remontavam um cenário envolvente que, como

passe de mágica, transformava a aparência das pessoas. As irmãs inocularam em Neide essa paixão até então recôndita, mas prestes a preencher a sua vida. Tomada pelas imagens e sensações, fechou as portas do mercadinho e resolveu investir em algo com o que se identificava. Sem pestanejar, matriculou-se num curso, abriu um salão e tornou-se cabeleireira. Seguindo o exemplo das irmãs, em 1999, a

profissional de estética alugou uma sala de 20 metros quadrados em uma galeria da cidade, contratou um cabeleireiro e uma manicure, e deu o pontapé inicial para a sua carreira. Em meio a altos e baixos, Neide sobrevive há 14 anos nesse ramo. Nunca pensou em desistir, mas precisou de auxílio para que melhorasse nos negócios. A empresária encontrou ajuda no Sebrae, através do

Sebrae Bahia

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REvISTA CoNExão

brae é uma marca vitoriosa na história do Salão de Beleza Vizzon. “De uma salinha de 20 metros quadrados, com dois funcionários, passei para um salão de 400 metros quadrados, com seis cabeleireiros, quatro manicures, duas depiladoras, uma recepcionista e um bom nome no mercado”, conta. Segundo a gestora do Programa Na Medida, em Feira de Santana, Lúcia Leite, o objetivo é manter um

Foto: Mateus Pereira

Programa Na Medida. “Sem experiência em gestão financeira, sempre tive dificuldade com fluxo de caixa. Não tinha controle de estoque, os produtos acabavam perdendo a validade e não planejava os meus gastos. O apoio da Instituição foi muito importante para avançar na parte administrativa”, explica. Para a empresária, que não abre mão de manter a dupla função de cabeleireira e administradora, o conhecimento adquirido foi fundamental para alavancar o negócio, e o resultado já pode ser demonstrado em números. “Antes, apesar de a empresa ser informatizada, eu não sabia o que era percentual de lucro e de gastos. Eu vivia contando dinheiro para pagar as contas. O curso de gestão financeira permitiu que eu conseguisse aumentar, desde outubro de 2012, as minhas vendas em 12% e diminuir os gastos em 5%”, relata. Neide garante que esse contato repercutiu em um senso maior de responsabilidade e cada passo foi dado com responsabilidade e planejamento. “Eu queria ter uma rede de salões de beleza, mas tive dificuldades para gerir uma filial. A prioridade era ter uma rede, hoje não é mais. Quero um espaço maior, onde possa conduzir melhor o atendimento”, revela. A empresária feirense dedica o seu tempo agora a um nicho em ascensão e que a encanta: o mercado do matrimônio. “A ideia é ampliar os serviços prestados às noivas. Estamos fazendo um programa voltado, especialmente, para as noivas, com muita coisa diferente que ainda não existe aqui em Feira de Santana”, explica. Para ela, a parceria com o Se-

espaço de formação, comunicação e interação entre os empresários participantes. “Eles têm o nosso suporte, onde orientamos com práticas para o dia a dia, de acordo com a necessidade de cada empresa.”

Projeto Na Medida Sebrae O projeto tem como objetivo ampliar o acesso do empresário a conhecimentos sobre a gestão do seu negócio com vistas ao aumento da produtividade, competitividade e lucratividade de modo sustentável. A capacitação disponibiliza uma grade de soluções educacionais que atende às especificidades e demandas do público-alvo. As soluções são oferecidas nos formatos de cursos, palestras, oficinas, diálogos empresariais e consultorias. Os cursos Gestão Financeira, Gestão de Pessoas e Equipes, Planejamento Estratégico, Oficinas de Internet, Redes Associativas, além de palestra sobre Tributação, Oficina, Plano de Marketing e Seminário Empretec fazem parte do projeto. “Ao participar de um curso do Na Medida, o empresário tem a possibilidade de acessar informações que agreguem valor no dia a dia da gestão do seu empreendimento. Através das soluções que compõem o projeto, o empresário poderá compartilhar experiências, erros e acertos, refletir sobre a aplicabilidade dos conteúdos apresentados e ter a oportunidade de melhorar seu o negócio”, explicou a analista da Unidade da Educação Empreendedora, Viviane Brasil. Os participantes têm como ganho a consultoria agregada ao curso, possibilitando a capacitação continuada e a participação nos “Diálogos Empresarias,” que são encontros orientados por facilitadores, com temas pré-definidos, carga horária de até três horas cada, que estimulam a reflexão sobre a aplicabilidade dos conteúdos teóricos, técnicos e conceituais ministrados durante os cursos.


EMPREENDEDORISMO

Do ateliê para o cinema

us Pe

reira

cal”, lembra. A convite do Sebrae, o artista plástico participou do XVI Encontro Internacional de Negócios (EINNE), em 2012. Lá, ele teve a oportunidade de, pela primeira vez, integrar uma rodada de negócios. “As peças saíram rapidamente. Fiz negócios com dois compradores de outros estados do Brasil e tive bons contatos com empresas da Suíça, do Canadá e de Angola.”

Mate

quei lisonjeado e orgulhoso de ver o meu trabalho sendo observado por formadores de opinião.” Em 2009, o artista decidiu se formalizar como Microempreendedor Individual, interessado em vantagens como o registro no Cadastro Nacional de Pessoas Jurídicas (CNPJ). “Isso me proporcionou vendas que eu poderia ter perdido, já que o cliente precisava de uma nota fis-

Foto:

Especialista em criar peças de elementos da cultura afro-brasileira em cobre, latão e outros metais, o artista plástico Alessandro Teixeira, conhecido como “Aless...”, consolidou sua marca no mercado nacional e internacional. Alessandro teve peças em um dos cenários do filme “A pele que habito”, do cineasta Pedro Almodóvar. “Uma produtora entrou em contato através do meu site. Fi-

SEBRAE BAhIA

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O Sebrae possui uma estrutura de atendimento presencial em diversas cidades na Bahia, disponibilizando aos empresários orientação, formalização, consultoria, capacitação e informação.

Centro de Atendimento ao Empreendedor

Foto: DANILO NUNES

Sebrae perto de você

O Ponto de Atendimento do Sebrae em Vitória da Conquista está localizado na Rua Coronel Gugé, 221, no Centro da cidade. Horário de funcionamento: 9h às 12h30 e 13h30 às 17h.

Guanambi

Av. Sete de Setembro, 261 – Mercês CEP. 40060-000 Tel. 71 3320.4526

Av. Barão do Rio Branco, 292 – Centro. CEP: 46430-000. Tel. 77 3451.4557.

Pontos de Atendimento na Bahia

Av. Dois de Julho, 1.039, Térreo – Centro. CEP: 45653-040. Tel. 73 3634.4068.

Além do Centro de Atendimento ao Empreendedor, o Sebrae Bahia possui 31 Pontos de Atendimento, distribuídos em dez unidades regionais. Alagoinhas R. Rodrigues Lima, 126-A – Centro. CEP: 48010-040. Tel. 75 3422.1888.

Barreiras Av. Benedita Silveira, 132, Ed. Portinari Térreo – Centro. CEP: 47804-000. Tel. 77 3611.3013/4574.

Brumado Rua Marechal Deodoro da Fonseca, 89 Térreo - Centro. CEP: 46100-000. Tel. 77 3441-3699/3543.

Camaçari R. do Migrante, s/nº – Centro. CEDAP – Casa do Trabalho. CEP: 42800-000. Tel. 71 3622.7332.

Euclides da Cunha R. Oliveira Brito, 404 – Centro. CEP: 48500-000. Tel. 75 3271.2010.

Eunápolis R. 5 de Novembro, 66, Térreo – Centro. CEP: 45820-041. Tel. 73 3281.1782.

Ilhéus

Ipiaú Praça João Carlos Hohllenwerger, 39 – Centro. CEP: 45570-000. Tel. 73 3531.6849/5696.

Irecê R. Coronel Terêncio Dourado, 161 – Centro. CEP: 44900-000. Tel. 74 3641.4206.

Itaberaba R. Rubens Ribeiro, 253, Ed. Tropical Center, Salas 22/23 – Centro. CEP: 46880-000. Tel. 75 3251.1023.

Itabuna Av. Francisco Ribeiro Júnior, nº 198, Ed. Atlanta Center – Centro. CEP: 45600-921. Tel. 73 3613.9734.

Itapetinga Av. Itarantim, 178 – Centro. CEP: 45700-000. Tel. 77 3261.3509.

Ipirá Praça Roberto Cintra, 400-A – Centro. CEP: 44600-000. Tel. 75 3254.1239.

Jacobina R. Senador Pedro Lago, 100, Salas 1 e 2 – Centro. CEP: 44700-000. Tel. 74 3621. 4342.

Jequié R. Felix Gaspar, 20 – Centro. CEP: 45200-350. Tel. 73 3525.3552/3553.

Feira de Santana

Juazeiro

R. Barão do Rio Branco, 1.225 – Centro. CEP: 44149-999. Tel. 75 3221.2153.

Praça Dr. José Inácio da Silva, 15 – Centro. CEP: 48903-430. Tel. 74 3612.0827.

Lauro de Freitas Lot. Varandas Tropicais, nº 279, Q.3, Lote 16, Rua A, Galpão 01 – Pitangueiras. CEP: 42700-000. Tel. 71 3378.9836.

Paulo Afonso R. Amâncio Pereira, 60 – Centro. CEP: 48602-110. Tel. 75 3281.4333.

Porto Seguro Praça ACM, 55 – Centro. CEP: 45810-000. Tel. 73 3288.1564.

Salvador / Boca do Rio. SAC Empresarial Av. Otávio Mangabeira, 6.929, Multishop – Boca do Rio. CEP: 41706-690. Tel. 71 3281.4154.

Salvador / Itapagipe R. Direta do Uruguai, 753, Bahia Outlet Center, Lojas 134/135 – Uruguai. CEP: 40454-260. Tel. 71 3312.0151.

Salvador / Liberdade Estrada da Liberdade, 26, Lojas 13 e 26 – Liberdade. CEP: 40375-016. Tel. 71 3241.8126.

Salvador / Pelourinho. Qualicultura R. das Laranjeiras, 02, Terreiro de Jesus – Pelourinho. CEP: 40026-230. Tel. 71 3321.9509.

Santo Antônio de Jesus R. Ruy Barbosa, 22/26, Ed. Saene, Loja 3, Sala 104 – Centro. CEP: 44572-000. Tel. 75 3631.3949.

Seabra R. Horácio de Matos, 25, Salas 01/02 – Centro. CEP: 46900-000. Tel. 75 3331.2368.

Senhor do Bonfim R. Benjamim Constant, 12 – Centro. CEP: 48970-000. Tel. 74 3541.3046.

Teixeira de Freitas

On-line Portal Sebrae Bahia www.ba.sebrae.com.br Agência Sebrae de Notícias www.ba.agenciasebrae.com.br Redes Sociais www.facebook.com/sebraebahia www.twitter.com/sebraebahia www.youtube.com/sebraebahia

Central de Relacionamento

0800 570 0800 Segunda a sexta-feira das 8h às 20h

Sede do Sebrae Bahia

R. Horácio César, 64, Dois de Julho Salvador - Bahia. CEP: 40060-000. Tel. 71 3320.4301.

Av. Presidente Getúlio Vargas, 3.986 – Centro. CEP: 45985-200. Tel. 73 3291.4333/4777.

Valença R. Barão de Jequiriçá, 297, Galeria Central – Centro. CEP: 45400-000. Tel. 75 3641.3293.

Vitória da Conquista R. Coronel Gugé, 221 – Centro. CEP: 45000-510. Tel. 77 3424.1600.


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