Revista Conexão Bahia 221

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MULHERES DE NEGÓCIOS ESPECIAL EMPREENDEDORISMO FEMININO

FOTO: DARÍO G. NETO

HISTÓRIAS DE MULHERES DONAS DO PRÓPRIO NEGÓCIO


HILDA APRENDEU A SER TÃO BOA EM GESTÃO QUANTO É NO FEIJÃO. MELHOROU TANTO, QUE ATÉ CONTRATOU MAIS.

Seja para quem busca empreender, para quem quer começar um negócio ou precisa inovar para se diferenciar da concorrência, o Sebrae atua para fortalecer empresas. E empresas mais fortes geram consumidores mais satisfeitos, trabalhadores mais comprometidos, um mercado mais aquecido e um estado inteiro mais desenvolvido. O que o Sebrae pode fazer pelo seu negócio? Conheça histórias reais em: WWW.SUAVIDATEMSEBRAE.COM.BR

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DESCUBRA O SEBRAE E CONTE COM A GENTE. 05/11/2018 11:40


EXPEDIENTE Publicação do Sebrae Bahia nº 221, março de 2019 Presidente do Conselho Deliberativo do Sebrae Bahia

Carlos de Souza Andrade Diretor-superintendente

Jorge Khoury Hedaye Diretores

Franklin Santana Santos José Cabral Ferreira

UNIDADE DE MARKETING E COMUNICAÇÃO Gerente

Camila Passos Jornalista responsável

Pedro Soledade (DRT/BA 5546) Equipe

Alice Vargas, Isabela Oliveira, Jéssica Ferrari, Pedro Soledade, Rafael Pastori e Vanessa Câmera. Estagiários: Cristiana Fernandes, Cristiano Pita, Gabrielle Gomes, Milena Moutinho e Rodrigo Conceição.

Agência Sebrae de Notícias (Varjão & Associados Comunicação)

Analice Vieira, Carla Fonseca, Carlos Baumgarten, Clara Solla, Darío G. Neto, Igor Leonardo, Juliana Vital, Luciane Souza, Lucilene Santos, Nara Zaneli, Rafael Lopes, Tamara Leal, Viviane Cabral e Yara Lopes. Revisão de texto

Igor Leonardo Edição

Carla Fonseca Edição de fotografia

Darío G. Neto Capa

Darío G. Neto Projeto gráfico original

Eduardo Vilas Boas Editoração

Yayá Comunicação Integrada Impressão

Qualigraf Serviços Gráficos e Editora Ltda. Tiragem

10.000 exemplares Cartas

Sebrae – Unidade de Marketing e Comunicação Rua Horácio Cézar, 64 – Dois de Julho Salvador/BA - CEP: 40060-350 jornalistassalvador@varjao.com Telefones

(71) 3320-4558/4367 Agência Sebrae de Notícias

Errata: Informamos que a Cervejaria Berenice, citada na página 12 da edição 220 da Revista Conexão Bahia, está localizada em Lauro de Freitas e não em Salvador, como citado. Na mesma reportagem, a informação correta é que mais de 130 “cervejeiros artesanais” são associados à ACervA Baiana.

FOTO: DARÍO G. NETO

www.ba.agenciasebrae.com.br


EDITORIAL

A VEZ DO EMPREENDEDORISMO FEMININO

A

pesquisa Global Entrepreneurship Monitor (GEM) de 2017 mostra que, em 2003, apenas 29% das mulheres estavam à frente de algum negócio no Brasil. Realidade diferente da de 2018, quando esta taxa pulou para 34,5%. Exemplos de mulheres liderando empresas são encontrados com vastidão no mundo dos negócios. Esta edição especial da Revista Conexão é dedicada às mulheres empreendedoras que contribuem para o desenvolvimento e ainda inspiram com suas trajetórias de superação. Você vai conhecer a história de Jane Sampaio, que comanda três negócios diferentes ao mesmo tempo: um salão de beleza, uma loja de manutenção e instalação de vidros temperados e outra de sistema de instalação de gás automotivo. Já a cafeicultora Tadeane Pires de Matos está à frente da Fazenda Matos, que produz 1.500 sacos de café Catucaí por ano. História que começou há 40 anos, quando ela acompanhava o trabalho do pai, que também tem espaço para prêmios. O café produzido por lá ficou em segundo lugar no concurso de cafés especiais de Ibicoara e entre os 100 melhores do Brasil no concurso promovido pela empresa Três Corações, em Minas Gerais. Produzir, gerar oportunidades de emprego, inspirar e ainda ensinar. Assim é a história da jovem empresária de 27 anos, Mellissa Matos. Ela é dona da confeitaria Delícias da Mell, localizada em Juazeiro. Além de fornecer bolos para a sua cidade e região, ela ainda oferece cursos de confeitaria. Estas e outras histórias de mulheres de negócios estão na Revista Conexão. Boa leitura!

Mulheres se unem, empreendem, geram oportunidades e inspiram


FOTO: DARÍO NETO

SUMÁRIO |

MARÇO 2019

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CONEXÃO BAHIA

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SEBRAE BAHIA

FOTO: MARCUS CAMBRAIA

EMPREENDER

EMPREENDER

22

28

8_PRA COMEÇAR

14_EMPREENDER

25_EMPREENDER

Juventude Empreendedora

Força, equilíbrio e superação

Feito por elas

12_SOU MEI

22_EMPREENDER

28_EMPREENDER

Negócio Saudável

Recanto com aconchego

Mulher de visão

FOTO: MARCOS SANTIAGO

EDIÇÃO 221


CAPA ;;;;;;;;;;;;;;;;;

14 Mulheres de Negócios

PRA CRESCER

FOTO: DARÍO G. NETO

42 INOVAR ;

30_MERCADO

40_INOVAR

Grãos premiados

Educar com inovação

32_ABRE ASPAS

42_PRA CRESCER

Lênia Luz

Empreender e compartilhar

36_INOVAR

45_MEU NEGÓCIO

Sonho que virou negócio

FOTO: WILIAM MORO

38_INOVAR

40

De estudante à empresária

Linhas do futuro


Mellissa Matos iniciou sua confeitaria Delícias da Mell aos 24 anos. Hoje, com 27, também oferece cursos na área

JUVENTUDE EMPREENDEDORA Pesquisa do Sebrae mostra que brasileiros despertam cada vez mais cedo para o empreendedorismo FOTOS: MARCOS SANTIAGO

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Conexão Bahia


PRA

E

ra junho de 2015. No aniversário do seu pai, Mellissa Matos, na época com 24 anos, decidiu fazer um bolo que não fosse de massa pronta. Naquele dia ela não imaginaria que a ideia do negócio próprio estava a caminho, quando todos os convidados da festa começaram a elogiar a qualidade e o sabor do bolo. A partir dali a empreendedora não pensou duas vezes, começou a fazer bolos de pote para vender em Juazeiro, região norte da Bahia, cida-

COMEÇAR

de onde mora. O melhor da história foi a força de vontade e o baixo investimento. “Se eu te contar que comecei com R$ 250, você acredita? Peguei o dinheiro, fui em um mercado atacadista da minha cidade, comprei tudo que a receita pedia, comprei as embalagens e comecei a fazer bolos no pote. Usei as fôrmas da minha mãe, ganhei a batedeira e aí surgiu o Delícias da Mell”, conta.

Edição 221 | Sebrae Bahia

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Além de fornecer bolos para as cidades de Juazeiro (BA) e Petrolina (PE), a Delícias da Mell, atualmente enquadrada como microempresa, oferece cursos de confeitaria em outras cidades da Bahia. “Sempre tive o sonho de ser dona do meu negócio. Sempre fui muito ousada e corajosa. Minha paixão pelos bolos vem desde pequena e juntou com a vontade que eu tinha de empreender. ‘Meti as caras’, abri meu negócio, acreditei no meu potencial e hoje, depois de quase quatro anos, minha empresa só cresce”, relata Mellissa.

Além de fornecer bolos para as cidades de Juazeiro (BA) e Petrolina (PE), a Delícias da Mell oferece cursos de confeitaria em outras cidades da Bahia A empreendedora faz parte do perfil do jovem empreendedor brasileiro, diagnosticado em uma pesquisa do Sebrae, em 2018, que fez o comparativo dos empreendedores de até 34 anos com os de idade superior donos de micro e pequenas empresas. Dentre os pontos abordados no levantamento, estão o despertar para o empreendedorismo, a influência de outros empreendedores, experiências anteriores, origem dos recursos, capacitação, motivação, grau de inovação, dentre outros quesitos. Dos empreendedores entrevistados, quase metade (46,6%) pensou em empreender entre os 19 e 34 anos, contra 31,6% que pensaram em investir em um negócio antes dos 18 anos. Na faixa etária acima dos 35 anos, a taxa é de 21,7%. A pesquisa ouviu mais de dois mil jovens brasileiros. CAPACITAÇÃO Um dos pontos abordados pela pesquisa Jovem Empreendedor 2018 destacou também o percentual de empreendedores que investiram em capacitação ao abrir um negócio.

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Após participar do Empretec, em 2016, Mellissa profissionalizou completamente seu negócio. Ela deixou de produzir em casa e alugou um espaço para abrir a fábrica

O levantamento mostrou que somente um em cada quatro dos empreendedores (27%) fez algum curso sobre empreendedorismo ou sobre como gerir um negócio. Os empresários mais jovens, de até 34 anos, são os que mais se capacitaram antes empreender, atingindo 65% dos entrevistados. “Em junho de 2016 fiz o Empretec. Sem dúvidas, mudou a minha vida. Meu lado empreendedor despertou. Minha produção era feita em casa. Seis meses após o curso, aluguei um espaço e abri minha fábrica. Hoje tenho um quiosque no shopping da cidade, dou cursos para pessoas de várias cidades, tenho nove funcionárias e com o projeto de abrir outro ponto na cidade vizinha”, completa Mellissa Matos. Para Ana Luci des Graviers, que é gestora de Projetos de Educação Empreendedora do Sebrae Bahia, a capacitação é um ponto importante para o empreendedor e não pode ser subestimada. “É imprescindível, sobretudo entre os jovens, pois a primeira atitude é focar no desenvolvimento do produto, o que é importante também, mas é necessário lembrar que o negócio deve ser formalizado para não perder oportunidades e, a depender do setor, o mesmo necessita preencher requisitos específicos para conseguir licença de órgãos de controle”, destaca. Ela lembra ainda que a entidade tem atuado no apoio de jovens empreendedores que pretendem abrir um negócio com orientações e capacitações que são ofertadas dentro das instituições de ensino. “O Sebrae lançou, em 2013, o Programa Nacional de Educação Empreendedora, com o objetivo de ampliar, promover e disseminar a educação empreendedora nas instituições de


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ensino, por meio de metodologias na temática de empreendedorismo”, salienta Ana Luci. O programa atua nos níveis de ensino fundamental, médio, profissional e superior, e tem como estratégia principal capacitar os professores na temática de educação empreendedora para que apliquem as metodologias em sala de aula. Na Bahia, somente em 2018, mais de 37 mil alunos participaram de eventos, cursos e disciplinas do programa e cerca de 1.500 professores foram capacitados nos três níveis de ensino.

O Sebrae lançou, em 2013,

COMEÇAR

A jovem empreendedora, que também é CEO da Essence Branding, alerta sobre o perfil que o jovem deve ter ao decidir empreender. “Sabemos que o empreendedorismo é um caminho lindo e com alto potencial transformador, mas é preciso muita resiliência, foco, disciplina e vontade genuína para atravessar os desafios diários desta escolha”, completa.

Época em que cogitaram empreender

o Programa Nacional de Educação Empreendedora, com o objetivo de ampliar, promover e disseminar a educação empreendedora DESAFIOS Compreender os desafios de um novo negócio, principalmente na juventude, é o papel principal dos empreendedores, como destaca a presidente da Associação de Jovens Empreendedores (AJE Bahia), Maria Brasil. Ela afirma ainda que ter propósito claro é um grande passo para quem quer empreender. “Procure entender o porquê de você querer abrir um negócio. O que te faz desejar trilhar essa jornada? Acredito profundamente que quem tem um motivo forte, um propósito claro, enfrenta qualquer ‘como’ (desafio ou barreira) que possa surgir no caminho”, defende.

Números aproximados

• A ideia de se tornar um empreendedor já está presente bem cedo no brasileiro, tanto que 1 a cada 3 empresários brasileiros (32%) já tinha algum tipo de pensamento neste sentido antes de completar 18 anos.

•Considerando que foram entrevistados apenas aqueles que de fato já possuem um negócio, é de se esperar que o percentual também seja relevante no grupo dos que ainda não chegaram a abrir o negócio.

27%

Compreender os desafios de um novo negócio, principalmente na juventude, é o papel principal dos empreendedores

Fizeram curso

73%

Não fizeram curso

Números aproximados

• O preparo desses empresários ainda inspira muita atenção, visto que somente 1 em cada 4 deles (27%) chegou a fazer algum curso sobre 11 como gerir um negócio. Edição 221 | Sebrae Bahia


Ana Luiza Silva está à frente da empresa que começou em Aracaju (SE) e hoje atua também em Jacobina

NEGÓCIO SAUDÁVEL Brasil Natura expandiu mercado após formalização, capacitações e o aumento no mix de produtos FOTOS: RAFAEL SANTANA

A

empreendedora Ana Luiza Silva começou a se aventurar pela cozinha ainda quando estudava Veterinária em Aracaju (SE), no ano de 2011. O contato com a cozinha foi motivado pelo início do relacionamento com Rafael Augusto Almeida. “Dizem que cozinhar é um ato de amor. Queria fazer algo para celebrarmos o nosso relacionamento. Vi uma receita de tomates secos e pensei: Por que não? Logo, logo estava comercializando tomate seco e a pasta de tomate seco para os colegas na faculdade. Pouco tempo

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depois já fornecia os produtos ao restaurante da faculdade e a sua filial, no centro da cidade”, revela Ana Luiza. O sucesso dos produtos motivou grandes mudanças: Ana Luiza trocou o curso de Veterinária pela Gastronomia, se formalizou como microempreendedora individual (MEI) e começou a investir em uma cozinha industrial, equipamentos e estrutura física. Assim, nascia a Brasil Natura. Logo após formalizar o seu negócio, a empreendedora iniciou uma série de cursos on-line,


SOU MEI

gratuitos, no Portal do Sebrae: formação de preço de venda; boas práticas nos serviços de alimentação; iniciando um pequeno grande negócio, dentre outros. “Essas capacitações foram bem importantes, especialmente as voltadas para gestão. Com certeza contribuíram para que o negócio ganhasse corpo”, enfatizou. A formalização, as capacitações e o aumento no mix de produtos (alho desidratado, farinha de batata-doce, pasta de azeitonas etc.) possibilitaram que a MEI ganhasse, rapidamente, o mercado de casas de produtos naturais, lojas de suplementos, empórios, restaurantes naturais e consumidores adeptos à alimentação saudável. Já gastróloga, em meados de 2015, Ana Luiza resolveu que seria exemplo para os clientes. Ela emagreceu 22 quilos, saindo de 82 kg para 60 kg, e iniciou a produção de comidas saudáveis. “Comecei a fazer degustações dos pratos e rapidamente ganhamos destaque como buffet saudável. As pessoas estão cada vez mais conscientes de que a alimentação saudável é o melhor estilo de vida que podemos ter e proporcionar a quem amamos”, explica. No início de 2017, já casada e com o primeiro filho a caminho, Ana Luiza resolve se mudar para o município de Jacobina, centro-norte do Estado, cidade natal do seu esposo, Rafael Almeida. Eles observaram que o mercado da cidade era diferente e venderiam mais em varejo. Neste momento, Rafael também se formalizou e abriu uma loja para comercializar os produtos da esposa. “A loja nasceu da necessidade de comercializa-

ção dos produtos da indústria, vender alimentos saudáveis ao consumidor final e desmistificar que a comida saudável tem gosto ruim. Firmamos parcerias com trabalhadores da agricultura familiar e utilizamos, apenas, produtos frescos e livres de agrotóxicos”, explica Ana Luiza. A indústria Brasil Natura fabrica frutas desidratadas, farinhas e pastas funcionais, pães integrais, bolos saudáveis e polpas detox. Os seus produtos são comercializados na loja própria e abastecem empresas em Aracaju (SE) e Jacobina (BA). “As mulheres vêm conquistando seus espaços também no mundo dos negócios. É evidente que o número de empreendedoras vem crescendo consideravelmente. Isso é reflexo de uma mudança cultural, por meio da qual as mulheres assumem o protagonismo. Exemplo disso é constatado em uma pesquisa recente do Sebrae, que mostra que 45% das donas de negócio no Brasil são também ‘chefes de domicílio’”, destaca a gerente adjunta do Sebrae em Jacobina, Mariana Guimarães.

Logo após formalizar o seu negócio, a empreendedora iniciou uma série de cursos on-line, gratuitos, no Portal do Sebrae

A Brasil Natura fabrica frutas desidratadas, farinhas e pastas funcionais, pães integrais, bolos saudáveis e polpas detox

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FORÇA, EQUILÍBRIO E SUPERAÇÃO Empreendedorismo feminino está cada vez mais em evidência e Sebrae desenvolve iniciativas para atender esse público FOTOS: DARÍO G. NETO

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uando o presente não faz jus a seus contemporâneos, cabe à história fazê-lo. O que representa hoje Dandara, a guerreira do Quilombo dos Palmares, na época do Brasil Colônia, que preferiu a morte a se manter na escravidão? Ou o protagonismo feminino na luta pela Independência da Bahia, com Maria Quitéria e Joana Angélica? Pelo mundo, poucas pessoas conhecem Alice Guy-Blaché, a primeira mulher na história a dirigir filmes ainda nos primórdios do cinema, no fim do século 19. Ou ainda a fotógrafa Vivian Maier, que possui um vasto trabalho de fotografia de rua feito ao longo de décadas, mas que só foi descoberto depois de sua morte, em 2009. A história faz jus às guerreiras, às heroínas, às revolucionárias, mas também mostra o número de obstáculos que as mulheres precisaram superar para chegar aonde chegaram. Isso não significa dizer que as desigualdades acabaram. Porém, é notório que, cada vez mais, elas ocupam os seus lugares de fala, espaços que são seus por direito.

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Esses exemplos são encontrados com vastidão no mundo dos negócios. Mulheres estão ocupando cargos importantes à frente de grandes empresas, multinacionais, posições antes ocupadas predominantemente por homens. E elas estão também à frente de muitas pequenas empresas, empreendimentos que são responsáveis por mais da metade dos empregos formais gerados no Brasil e fazem a economia do país girar.

Mulheres estão ocupando cargos importantes à frente de grandes empresas, multinacionais, posições antes ocupadas predominantemente por homens


EMPREENDER

É por isso que esta edição especial da Revista Conexão é dedicada a elas, as mulheres empreendedoras, que contribuem para o desenvolvimento, que geram oportunidades de emprego e renda, e que ainda inspiram homens e mulheres por suas histórias de superação e perseverança.

Esta edição especial da Revista Conexão é dedicada a elas, as mulheres empreendedoras, que contribuem para o desenvolvimento, que geram oportunidades de emprego e renda, e que ainda inspiram Um levantamento feito pelo Sebrae Bahia em 2018 comprova essa presença cada vez maior das mulheres no mundo dos negócios. A Unidade de Gestão Estratégica da instituição aponta que foram identificadas mais de 93 mil empreendedoras ou candidatas a empresárias cadastradas na base de atendimento do Sebrae no Estado até maio de 2018. Desse universo, a pesquisa ouviu 2.194 mulheres e constatou que 77% delas possuem empreendimentos formalmente constituídos, sendo que quase metade destas buscaram orientação do Sebrae para a formalização. Outras 49,75% têm empreendimentos formalizados acima de três anos. A maioria (45,79%) é formada por microempreendedoras individuais, seguidas por donas de microempresas (24,32%) e donas de pequenas empresas (7,75%). A pesquisa mostra ainda que as empreendedoras percebem a importância da formalização do negócio. Para 78%, ter a atividade formalizada ajudou no negócio. Percebe-se ainda um equilíbrio entre o empreendedorismo por oportunidade e por necessidade. Segundo a pesquisa, 25,67% fizeram a opção por empreender, enquanto 24,07% foram desligadas de emprego com carteira assinada e decidiram abrir um negócio. A maioria delas está no setor de comércio (50,86%) e serviços (38,76%).

Por outro lado, ainda há uma restrição quando se observa a diversidade de atividades exercidas na comparação entre homens e mulheres. Com base em análise de resultados da pesquisa Global Entrepreneurship Monitor (GEM) de 2017, o Instituto Brasileiro de Qualidade e Produtividade constatou que, entre os empreendedores iniciais, as mulheres aparecem à frente de atividades como comércio de vestuário, comércio de cosméticos, cabeleireiros e serviços domésticos. Já os homens aparecem em construção, instalações elétricas, restaurantes, serviços ambulantes de alimentação, comércio de bebidas, manutenção de equipamentos, dentre outros. Apesar disso, na comparação geral, a pesquisa GEM mostra que em 2003 apenas 29% das mulheres estavam à frente de algum negócio no Brasil, enquanto, em 2018, essa taxa pulou para 34,5%. Não à toa, desde 2015, mais uma data entrou no calendário para chamar a atenção do papel das mulheres na sociedade. Além do 8 de março, Dia Internacional da Mulher, a ONU instituiu o 19 de novembro como o Dia Mundial do Empreendedorismo Feminino. A data vem como uma forma de celebrar e também valorizar e incentivar as mulheres empreendedoras.

Além do 8 de março, Dia Internacional da Mulher, a ONU instituiu o 19 de novembro como o Dia Mundial do Empreendedorismo Feminino AS MULHERES DE NEGÓCIO A Bahia é um dos Estados contemplados pelo Sebrae Nacional para desenvolver um projeto piloto voltado para o empreendedorismo feminino. Veio da Bahia também a escolha do nome: Projeto Sebrae Mulher de Negócios. Outros 10 Estados, além do Distrito Federal, vão fazer parte do projeto: São Paulo, Goiás, Roraima, Maranhão, Santa Catarina, Rio de Janeiro, Rondônia, Minas Gerais, Mato Grosso do Sul e Paraná.

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A assessora da Superintendência do Sebrae Bahia, Monique Teixeira, explica que o projeto trabalha em diversas frentes, com o objetivo final de fomentar e desenvolver políticas para o fortalecimento do empreendedorismo feminino. Ações de capacitação, consultorias, mentorias, além de rodadas de negócio e palestras que abordam temas diversos, incluindo questões de gênero inseridas ao mundo dos negócios serão trabalhadas ao longo de dois anos, período de duração do projeto. As atividades acontecem já a partir deste ano e seguem até 2020.

FOTOS: DARÍO G. NETO

Monique Teixeira, assessora da Superintendência do Sebrae Bahia explica que o projeto trabalha o fortalecimento do empreendedorismo feminino

Já no caso da Secretaria de Políticas para Mulheres, Infância e Juventude, o Sebrae entrou como parceiro junto ao Centro de Referência Loreta Valadares, localizado no bairro dos Barris, em Salvador, que atende mulheres vítimas de violência doméstica. Segundo Monique, a iniciativa foi apontada como uma boa prática pela Fundação Nacional de Qualidade, que sugeriu a ampliação da parceria, pelo sucesso dos resultados obtidos e o impacto social gerado na vida dessas mulheres que conseguiram sua independência financeira através do empreendedorismo. Para a assessora da Superintendência, o trabalho segmentado junto ao empreendedorismo de gênero é importante, no sentido de desenvolver políticas públicas e fortalecimento da rede, além do incentivo à formalização de mulheres que já são donas dos seus negócios. “Sabemos que muitas mulheres, por terem dificuldades de inclusão no mercado por diversos fatores, acabam desempenhando atividades ainda informais para poder gerar renda para suas famílias. Por isso, um dos eixos do projeto vai trabalhar a questão do incentivo à formalização”, explica.

O trabalho segmentado junto ao empreendedorismo de gênero é importante, Os Estados escolhidos já trabalhavam com ações direcionadas ao empreendedorismo feminino antes mesmo da proposta do projeto ser apresentada. No caso da Bahia, Monique diz que duas das principais ações envolveram a Câmara da Mulher Empresária (CME) da Fecomércio-BA e uma parceria com a Secretaria Municipal de Políticas para Mulheres, Infância e Juventude. O Sebrae, em parceria com a CME, desenvolveu uma série de iniciativas, como encontros e rodadas de negócios entre mulheres empreendedoras, para compartilhamento de experiências e realização de networking. A primeira turma do programa Liderar o Futuro, em Salvador, foi formada a partir de uma demanda da Câmara. O programa busca desenvolver e aprimorar nos participantes características de lideranças, no sentido de contribuir, em suas realidades, para a melhoria do ambiente de negócios.

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no sentido de desenvolver políticas públicas e fortalecimento da rede EMPREENDEDORISMO QUE TRANSFORMA Gerir um negócio é a vocação de Jane Sampaio. Não apenas um, mas três. E ela é uma dessas mulheres que estão na contramão das pesquisas ou, em outras palavras, no caminho da mudança. Na pesquisa feita pelo Sebrae Bahia, 87% das mulheres afirmaram ter apenas um negócio. Ou seja, Jane está neste restrito grupo de 13% de mulheres que estão à frente de mais de uma empresa. Ela também vai na contramão da pesquisa GEM no que diz respeito às principais ativida-


EMPREENDER

des geridas por empreendedoras iniciantes. A empreendedora abriu sua primeira empresa em 1994 ao lado do marido. A F. Sampaio Comércio de Esquadrias atua com instalação e manutenção de vidros temperados, esquadrias de alumínio, tampos de mesa em vidro, espelhos, ferragens, dentre outros. Anos depois, em 1999, também em sociedade com o marido, abriu a F. Sampaio Autogás, que atua no ramo de instalação de sistemas de gás veicular. Por último, mas não menos importante, Jane abriu o salão Maison 55, também em 1999. Jane é dona de três empresas: a F. Sampaio Comércio de Esquadrias, a F. Sampaio Autogás e o salão de beleza Maison 55

Cada um dos negócios é um desafio à parte que Jane conduz com maestria. Na F. Sampaio Comércio e Esquadrias, ela cuida da gestão financeira. Já na Autogás, ela está à frente da gestão de pessoas, trabalhando na parte motivacional e de metas junto a seus colaboradores. Nesta empresa, em particular, Jane conta que vive um bom momento, desde que o serviço de transporte por aplicativo chegou a Salvador. Foi em um evento do Sebrae que Jane encontrou o ponto de virada. Ela conheceu o trabalho de uma empresa de mediação de conflitos que deu oportunidade a pessoas com deficiência visual. Ela se interessou pela iniciativa e buscou formas de dar oportunidade a essas pessoas. “Eu queria oferecer no salão um serviço de massoterapia e soube que poderia contar com alguns desses profissionais ligados ao Instituto de Cegos da Bahia.”

Foi em um evento do Sebrae que Jane encontrou o ponto de virada Para aprimorar a gestão das três empresas, ela buscou também o apoio de soluções do Sebrae. Jane é atendida pelo programa Agentes Locais de Inovação (ALI). “O programa, além de me apoiar, indicando processos inovadores para melhorarmos os resultados, voltou a me motivar para seguir em frente”, aponta. Ainda assim, uma questão paira no ar. Como dar conta de três negócios ao mesmo tempo? De forma pragmática, Jane responde: “Concentro a gestão financeira em um único escritório”. Mas, para além da experiência em gestão, fica em evidência a veia empreendedora. Jane, filha de comerciantes, casada com uma pessoa que também é filho de empreendedores, colocou em prática sua vocação. Ela concorda com a máxima que diz que as mulheres conseguem fazer muitas atividades ao mesmo tempo. “Na realidade acho que a mulher tem uma capacidade muito grande de resolver várias questões ao mesmo tempo. Eu, por exemplo, sou mãe de dois meninos. Um de 21 e outro de 18 anos. Mas, mesmo estando ausente fisicamente por conta da maternidade, eu estava sempre monitorando os negócios a distância.” EMPREENDEDORISMO QUE LIBERTA Foram 15 anos casada e 14 anos e seis meses envolvida em um ciclo de violência doméstica. A história de Ana Mendes, por pouco, não entrou para as tristes estatísticas de feminicídio que assolam o país. Poderia ter um desfecho trágico, mas não teve. Aliás, ainda não teve um desfecho, pois está em evolução. E, apesar de tudo o que passou, Ana demonstra ser uma pessoa em constante reinvenção. Esta empreendedora nata tem orgulho de dizer que sempre trabalhou por conta própria. Sua área preferida é a gastronomia. “Meu ex-marido sofria com um problema de saúde na época. Então, precisei fechar o negócio que eu tinha e me juntei a ele em uma empresa de segurança. Mas, por conta desses problemas de saúde, tivemos que fechar o negócio também, e ele continuou apenas com o emprego.”

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A dependência financeira fez Ana procurar outros meios de obter uma renda própria, mesmo já sofrendo com a violência praticada pelo marido na época. “Morávamos em um sítio e eu negociava informalmente as frutas que plantávamos por lá.”

A dependência financeira fez Ana procurar outros meios de obter uma renda própria, mesmo já sofrendo com a violência praticada pelo marido na época

EMPREENDEDORISMO QUE INOVA Os especialistas costumam dizer que o segredo não está no que você faz, mas em como você faz. Confeitarias, por exemplo, existem muitas em Salvador. Mas o que faz a Confeitaria Priscilla Diniz se diferenciar, tendo sido, inclusive, premiada pela revista Veja como a melhor confeitaria da capital baiana em 2017 e em 2018? A empresária que dá nome ao negócio é administradora por formação, e sempre foi apaixonada pela arte de fazer doces. “A minha ideia de negócio sempre foi uma confeitaria. Nunca tive dúvidas do que me realizaria. É paixão de

Ela conta que foram dez anos sem trabalhar formalmente, sofrendo agressões e sem conseguir sair desse ciclo de violência. Depois de um tempo, Ana conseguiu abrir duas lojas para vender salgados em uma cidade da Região Metropolitana de Salvador. No entanto, chegou um momento em que ela precisou fechar às pressas as duas lojas para escapar das agressões. Entre idas e vindas à delegacia, conseguiu prestar queixa e obteve uma medida protetiva. Ana se separou em 2015 e, em uma consulta junto ao Ministério Público,

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Conexão Bahia

FOTO: ARQUIVO PESSOAL

FOTO: DARÍO G. NETO

Ana enxerga o empreendedorismo como um caminho para a liberdade, que ajuda a quebrar o ciclo de violência doméstica

foi encaminhada ao Centro de Referência Loreta Valadares. Em 2017, o local passou a contar com atendimento do Sebrae, que levou cursos ligados à gestão e ao empreendedorismo, além de orientações para quem desejasse abrir um negócio. Desde que foi encaminhada ao Loreta Valadares, Ana participa de todas as atividades possíveis. Empreender ainda está nos seus planos. Ana concordou em contar a sua história, pois espera poder contribuir para que outras mulheres que estejam passando por esse mesmo ciclo de violência possam superar e ter força para seguir em frente. É nesse aspecto também que ela aponta o empreendedorismo como um caminho para a liberdade. “Um dos pilares para se quebrar o ciclo da violência é o empreendedorismo. Além do aspecto financeiro, desenvolver seu próprio negócio aumenta a autoestima e faz com que aquelas frustrações, que chegam com as agressões, passem.”


EMPREENDER

infância pelos doces, da época que eu bisbilhotava as panelas na cozinha de minhas avós e de poder preparar e oferecer às pessoas algo saboroso, delicado e cheio de amor.”

Priscilla vai completar três anos de comércio de rua, com

ficava tudo revirado para as outras clientes. Foi aí que eu senti a necessidade de organizar a demonstração das roupas.” Após alguns planos e tentativas frustrados, surgiu a ideia de construir uma loja itinerante. Rai encontrou um mecânico que entendeu a ideia e, literalmente, construiu um trailer onde as clientes pudessem entrar, ver as roupas penduradas nas araras e experimentá-las no provador.

Aliando o conhecimento em gestão a essa paixão, Priscilla começou com vendas sob encomenda em 2011. “Com crescimento significativo do negócio, tive uma alta demanda para abrir uma loja de rua e isso foi decisivo para eu fundar a minha primeira loja.” Com uma marca consolidada em um curto período de tempo e sendo uma referência no segmento, Priscilla vai completar três anos de comércio de rua, com duas lojas em Salvador. Para ela, as mulheres de negócio conseguem se diferenciar por terem uma sensibilidade apurada e serem capazes de realizar multitarefas. “A sensibilidade é um dom de homens e mulheres, mas acho que nós despertamos mais e desenvolvemos esse lado com mais acurácia. Sem preconceitos, creio que a gente investe e acredita mais na nossa sensibilidade do que os homens”, destaca. EMPREENDEDORISMO QUE SE MOVE Raidalva Ramos, ou simplesmente Rai, como é conhecida, é técnica em enfermagem, guarda municipal, instrutora de autoescola e sacoleira. A necessidade sempre fez com que Rai exercesse várias atividades ao mesmo tempo, tanto como empreendedora quanto como empregada. Essa rotina se manteve até o dia em que Rai perdeu o emprego. Foi um momento decisivo na vida da empreendedora. A profissão de sacoleira, que até então era apenas um complemento do salário fixo, foi determinante para a mudança de vida e nas finanças. Rai sempre ia ao encontro de suas clientes, que eram as antigas colegas de trabalho do Hospital Municipal e da Prefeitura de Barra do Choça, município localizado a 30 km de Vitória da Conquista. “As primeiras clientes que chegavam conseguiam ver as roupas. Mas, depois,

FOTO: ANDRÉ CALDAS

duas lojas em Salvador

Rai montou loja itinerante e levou mais conforto para suas clientes

Assim nasceu A Moda Sobre Rodas, uma loja itinerante de roupas femininas, especializada em moda plus size, que roda em Vitória da Conquista, povoados e cidades circunvizinhas em datas e locais preestabelecidos. Entretanto, antes de colocar a loja para “rodar”, Rai teve o cuidado de se formalizar. “A minha primeira preocupação foi emplacar o trailer. Logo depois procurei o Sebrae para ter o meu CNPJ como microempreendedora individual. Tive muito apoio do Sebrae com a documentação, tenho mais segurança, participo das capacitações na área de vendas, pois para ser bom vendedor, temos que aprender a cada dia”, avalia a empresária.

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TRANSFORMAÇÃO SOCIAL Jane, Ana, Priscilla e Raidalva vêm de realidades diferentes, possuem objetivos diversos e ideias distintas. Mas todas têm em comum a inserção nesse vasto universo do empreendedorismo feminino, que aliás nunca foi uma novidade. A diferença é que, apesar de ainda existir a necessidade de sanar uma questão financeira, as mulheres ainda podem transformar essa busca também em uma oportunidade. “Diferente do passado, quando as mulheres empreendiam pela necessidade de assumirem ou dividirem os gastos familiares, o empreendedorismo feminino cresce hoje por oportunidade. São mulheres que têm o sonho de ter seu próprio negócio e enxergam no empreendedorismo a possibilidade de conciliar trabalho e família”, avalia a gerente da Unidade de Marketing e Comunicação do Sebrae Bahia, Camila Passos. Para ela, muito além do que o ato de empreender, o empreendedorismo feminino deve ser compreendido como instrumento de transformação social. Donas de negócio, artistas, comunicadoras, digital influencers... O empreendedorismo vai além do mundo empresarial. Veja o que dizem algumas baianas que se destacam em suas atividades.

O empreendedorismo feminino deve ser compreendido como instrumento de transformação social. Donas de negócio, artistas, comunicadoras, digital influencers... O empreendedorismo vai além do mundo empresarial. Veja o que dizem algumas baianas que se destacam em suas atividades

TIA MÁ – JORNALISTA E DIGITAL INFLUENCER

“A independência financeira estimula que as mulheres se libertem das amarras sociais e até mesmo de relacionamentos abusivos. E por conta do machismo, também impregnado no mercado formal de trabalho, empreender, estimular o seu próprio negócio e o seu talento é uma forma de assegurar a sua existência e, até mesmo, se reinventar. Isso é se dar poder, isso é empoderamento.”

CANDICE PASCOAL – PRESIDENTE E FUNDADORA DO KICKANTE

“Mulheres empreendedoras apoiam outras mulheres empreendedoras, contratam mais mulheres nos seus times de chefia e comprovadamente reinvestem de maneira mais positiva na sociedade ao seu redor. É impossível ter liberdade ideológica ou criativa sem o acesso à liberdade financeira, então qualquer situação em que existam mais mulheres envolvidas financeiramente na sociedade, traz um leque mais sólido de oportunidades para elas, suas famílias e conhecidos.”

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EMPREENDER

LOO NASCIMENTO – FASHIONISTA E CRIADORA DA DRESSCORAÇÃO

“Vejo o empreendedorismo como um gatilho para o autoempoderamento e empoderamento coletivo feminino, principalmente quando falamos de mulheres negras. Empreender muitas vezes pra elas não é uma opção e sim a única alternativa ‘dada’ por uma sociedade que por vezes exclui a capacidade intelectual, produtiva e criativa da mesma, a resumindo a espaços predestinados e estereotipados no mercado de trabalho.”

RITA BATISTA - COMUNICADORA

“Durante séculos as mulheres foram preteridas e alijadas das cadeias produtivas por puro preconceito. Foram relegados a nós os postos domésticos, mas sabiam bem da nossa força de trabalho. Diante disso, mesmo no século 21 e com tantos avanços no que diz respeito às mulheres no mercado de trabalho, é imprescindível fomentar o empreendedorismo feminino para fortalecer e consolidar ainda mais os direitos já conquistados em todas as áreas de mercado.”

ROSEMMA MALUF - DIRETORA DA FECOMÉRCIO - BA E COORDENADORA DA CÂMARA DA MULHER EMPRESÁRIA

“O empoderamento feminino diz respeito ao poder que a mulher adquire para fazer as suas escolhas, a partir da conquista das suas independências emocional e econômica, livre de estigmas culturais, passando a ser a protagonista e responsável pelo seu destino. Muito mais do que o ato de empreender, é importante compreender o empreendedorismo feminino como um importante instrumento de transformação social, que se traduz como um movimento importante para dar força e visibilidade a outras questões relacionadas ao universo feminino, além de ser uma iniciativa importante que faz com que as próprias mulheres se mobilizassem para dar chance a outras mulheres de ascender profissionalmente, encorajando-as a tomar decisões e abrir seu caminho no mundo corporativo.”

MARIANA CRUZ - GERENTE ADJUNTA DA UNIDADE REGIONAL SALVADOR DO SEBRAE BAHIA

“Fortalecer, apoiar, estimular, articular e capacitar são exemplos de ações que promovem um melhor posicionamento competitivo das empresas lideradas por mulheres, permitindo que essas empresas gerem um movimento positivo na economia. Quando as empreendedoras se apropriam de temas críticos para a gestão dos seus negócios e investem no aprimoramento das habilidades de liderança e inovação, seus negócios passam a ter uma enorme possibilidade de se desenvolverem de forma sustentável.”

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Comandada por Cristina Agulhon, a pousada Recanto do Arraial foi reconhecida como uma das melhores do Brasil

RECANTO COM ACONCHEGO Depois de participar de diversas capacitações pelo Sebrae, empresária recebe premiações de excelência pela qualidade dos serviços FOTOS: MARCUS CAMBRAIA

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EMPREENDER

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odos que chegam à pousada Recanto do Arraial, em Arraial D’Ajuda, Extremo Sul da Bahia, são recebidos com água bem gelada, servida em jarra de vidro e taças sobre uma bela bandeja ornamentada com flores. O gesto é um mimo atencioso preparado por Cristina Agulhon, dona do estabelecimento, que fez do cuidado especial com cada cliente uma marca registrada da pousada. Essa postura de personalizar o atendimento e transformar a estadia do hóspede em uma experiência memorável rendeu o prêmio Travelers’ Choice 2019, do TripAdvisor, o maior reconhecimento concedido pelo aplicativo, de acordo com a opinião de milhões de viajantes, garantindo posição entre 1% dos melhores hotéis do país. Em 2018, a pousada também recebeu esse prêmio, além de ter recebido Certificado de Excelência também pelo TripAdvisor em todos os anos desde 2015, e notas altas em Booking.com e redes sociais. “Eu nunca imaginei que seria uma empresária e nem planejei nada do que tenho aqui na pousada hoje. Em 2000, me separei e precisei de um plano para a minha sobrevivência. O que eu tinha em mãos era uma casa e um terreno. Comecei a morar em um dos quartos da casa, na torre da caixa-d’água, e alugar o restante. Vendi o terreno e construí dois chalés. Ao longo desses 18 anos, fui fazendo mais construções e adaptações, cada uma delas uma vitória”, conta. Atualmente a Pousada Recanto do Arraial conta com 10 suítes para acomodar os hóspedes. É possível alugar uma das acomodações da casa principal ou até a casa toda. Há a opção dos chalés, que são ideais para quem quer o apoio de uma estrutura completa, com cozinha e sala. Ao lado da casa principal foram construídas três suítes, todas com o mesmo estilo, bem modernas e aconchegantes. E a mais recente conquista de Cris foi a nova suíte, estilo nupcial, que oferece mais espaço e conforto para os hóspedes.

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FOTO: MARCUS CAMBRAIA

Durante muitos anos, a pousada ainda não era realmente uma empresa formalizada. Mas em 2012, a empresária conta que surgiu a necessidade de mudar isso: “Chegou a época de meu filho estudar fora e eu precisava de mais renda. Comecei a receber comissários de uma empresa aérea, que gostavam de ficar aqui pela tranquilidade. Mas eles precisavam de nota fiscal, então decidi abrir um MEI. Foi aí que começou minha história mais sólida com o Sebrae. Eu já havia feito vários cursos de capacitação e participado de palestras, mas a parceria forte iniciou com essa formalização, que para mim já era um grande desafio”.

“Hoje eu considero o Empretec como um divisor de águas na minha vida” EMPRETEC Cristina ressalta que houve um grande incentivo do Sebrae para que ela participasse do Empretec, um tempo depois de criar o MEI: “O seminário promove uma imersão muito intensa e real, exige bastante de cada participante. Eu já comecei bastante estressada devido a todos os acúmulos de função que exercia na pousada, já que era responsável por tudo, até por decidir o que seria servido no café da manhã. Um dos dias do Empretec foi difícil demais, cheguei a passar mal, mas meu companheiro me incentivou a ir com mais calma e não desistir. Ir até o fim foi muito importante para mim. Hoje eu considero o Empretec como um divisor de águas na minha vida”.

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SEBRAE MEDE Em 2018, a empresária deu mais um passo em sua trajetória com a instuição, participando do Sebrae MEDE, que presta consultoria ao longo de um ano. Ela explica que uma das primeiras atividades foi a identificação dos dados da empresa, um diagnóstico que precisa ser visualizado através de planilha. Entendeu a necessidade de implementação de um sistema de gerenciamento e, com ajuda da nora, que trabalhou com ela durante um ano, escolheu um software. “Foi nesse momento que eu consegui enxergar os meus gastos e tomei um susto: 21% da minha receita ia para pagar a conta de energia elétrica. Era um percentual muito alto. Tive aí a certeza de que faria uma usina de energia, a qualquer custo. Acredito que quando a gente quer muito uma coisa, o universo conspira a nosso favor. Passei a ver essa questão da energia fotovoltaica em todo lugar, em reportagens na TV, com empresas passando a oferecer e até em uma palestra organizada pelo Sebrae. Vi algumas opções de financiamento, mas também seguindo o conselho do meu companheiro, optei por usar recurso próprio e fugir dos juros. Ainda não vi o resultado prático, pois instalamos as placas no fim do ano passado, mas estou muito satisfeita com essa realização”, relata. E a instalação da energia fotovoltaica foi apenas uma das realizações de 2018 para Cris. Além disso, justamente por conta dessa instalação, acabou enfrentando uma obra não planejada, mas necessária. E fez também a suíte que era sonhada há bastante tempo. Realizações que estavam nos planos para serem diluídas ao longo de três anos, mas que fluíram em apenas um. Tudo isso enquanto acontecia a consultoria pelo Sebrae MEDE, que deu a ela muitas outras ideias e metas. O gerente regional do Sebrae em Teixeira de Freitas, Alex Brito, ressalta que esse interesse expressivo da empresária em participar das capacitações promovidas pelo órgão é essencial para criar um diferencial em um meio tão competitivo: “A Cristina está em Arraial D’Ajuda, mas ela sabe que a grande concorrência dela não está simplesmente nessa região, mas em destinos do Brasil inteiro. Ela, como mola propulsora do desenvolvimento turístico da cidade, precisa estar antenada às necessidades de capacitação, consultoria e desenvolvimento, dela e de toda a sua equipe. Só podemos dar os parabéns a Cris por todo engajamento”.


EMPREENDER

FEITO POR ELAS Vanessa Lisboa e Christina Schmidt empreendem na vila que recebe turistas de várias partes do mundo o ano inteiro

Mulheres incrementam o turismo em Morro de São Paulo

FOTOS: ISTOCK

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anessa Lisboa e Christina Schmidt são empresárias na vila de Morro de São Paulo, situada na Ilha de Tinharé, no município de Cairu, região conhecida como Costa do Dendê, no interior da Bahia. Vanessa, que veio do Espírito Santo, mora no vilarejo há nove anos e é proprietária da agência de turismo Lisboa Tour. A alemã Christina é praticamente uma nativa. Vive há 33 anos no local e é dona do restaurante Papoula. A diferença que existe no tempo de vivência na vila se transforma em semelhança quando o assunto é em-

preendedorismo e firmeza de propósitos. Vanessa iniciou as atividades na ilha com seu ex-marido, quando ainda o ajudava na agência de turismo que possuíam. Com a separação, ela resolveu dar continuidade ao que já fazia. Em dezembro de 2013, começou sua própria agência com apenas uma embarcação para fazer passeios pela ilha. “Neste ano, a atividade comercial de passeio ao redor da ilha foi muito importante. Surgiu uma lei municipal que regularizou a atuação e eu vinha para ajudar a desenvolver”, lembra.

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Vanessa Lisboa, dona da Lisboa Tour, deu continuidade à atividade que desenvolvia após o fim do casamento

A agência Lisboa Tour, situada na segunda praia do Morro de São Paulo, oferece os serviços de transfer tanto do aeroporto de Salvador quanto do aeroporto de Valença até a ilha. Identificando outra necessidade dos turistas, Vanessa resolveu ampliar o empreendimento para o segmento de alimentação e segue recebendo consumidores para experiências gastronômicas com vista para o mar. O próximo projeto já tem nome e formato. Intitulado Splash Arte e Gastronomia, o espaço conta com um palco móvel que chega até a areia e contará com apresentações de artistas. Vanessa destaca a importância de a mulher ocupar espaços de poder e revela, ao mesmo tempo, os desafios que enfrenta no cotidiano. “As pessoas às vezes não entendem a rigidez de uma mulher, o olhar firme. Alguns homens se sentem afrontados quando tem uma mulher frente a ele e que mostre poder. Às vezes existe essa diferença no resultado do dia, por exemplo, quando conseguimos lotar uma lancha e as pessoas ficam guerreando. Já houve dia em que tinha 50 pessoas na frente da minha empresa para fechar passeio e os marinheiros ligaram dizendo que tinham sabotado a lancha”, conta. A empresária reconhece a importância da capacitação. Prova disso é que já participou da consultoria Sebrae MEDE e do Empretec. “Nas oportunidades que eu tive junto ao Sebrae sem-

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Vanessa destaca a importância da mulher ocupar espaços de poder e revela, ao mesmo tempo, os desafios que enfrenta no cotidiano pre tentei suprir ao máximo o conteúdo disponibilizado. Na consultoria, tive auxílio, durante dois anos, para impulsionar minhas atividades. As consultoras foram mulheres inteligentes, fortes e capazes”, destaca. Com o bom desempenho empreendedor, Vanessa levou a família para trabalhar com ela. Todos capixabas. Sua mãe, irmã e cunhado foram morar na vila e, hoje, atendem juntos os turistas que passam pelo Morro diariamente. Para as mulheres que empreendem ou desejam empreender, Vanessa dá um conselho. “Primeiro você precisa gostar do que faz e entender que o conhecimento é uma fortaleza. A mulher às vezes não é vista de forma positiva, seja pela sua forma de vestir ou de se comportar. A gente


EMPREENDER

passa por umas barras, mas com respeito e profissionalismo superamos”, conclui.

FOTOS: EVERTON PACHECO

DA ALEMANHA PARA A BAHIA A praticamente nativa, Christina Schmidt é alemã e empreende no Restaurante Papoula há oito anos. Com 33 de residência fixada no Morro, ela é uma das moradoras que chegou a conhecer a ilha quando ainda era deserta e pouco habitada. Começou a empreender com a produção de geleias, iogurtes e pães integrais que fornecia em pousadas até que percebeu a necessidade de expandir o negócio. “Começou a ficar mais difícil andar com tanto peso de lá para cá. Foi quando resolvi abrir uma lanchonete. Só depois que ampliei para o hoje Restaurante Papoula”, explica.

Recentemente, Christina participou da consultoria Sebrae MEDE e obteve resultados satisfatórios O restaurante fica na Rua da Lagoa, em frente à escadaria da Mangaba, recebe turistas do mundo inteiro e serve comida artesanal, pratos saudáveis, além de drinques, sucos e chás energéticos. “Sempre trabalhei e acho importante a mulher ocupar seu espaço no empreendedorismo. Trabalho com minhas filhas e nos mantemos com isso”, pontua. O negócio de essência feminina vem se aperfeiçoando, sobretudo com o auxílio do Sebrae. Recentemente, Christina participou da consultoria Sebrae MEDE, finalizando em dezembro de 2018, e obteve resultados satisfatórios. “Na parte operacional, de planilhas, organização e funcionamento do negócio, tive muitas instruções. O restaurante surgiu sem planejamento nem instrução. Foi ótimo porque a consultoria nos deu esse suporte”, reconhece. Para a analista do Sebrae em Santo Antônio de Jesus, Maria Guadalupe Souza, o empreendedorismo é um vetor importante para o empoderamento feminino. “A representatividade da mulher no mundo dos negócios vem aumentando exponencialmente. O empreendedorismo feminino, além de possibilitar resultados econômicos é, principalmente, um instrumento de transformação social”, ressalta.

O empreendedorismo é um vetor importante para o empoderamento feminino

Christina Schmidt chegou da Alemanha há 33 anos e hoje comanda o Restaurante Papoula ao lado das filhas

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MULHER DE VISÃO Negócio familiar aumentou 35% do faturamento após acompanhamento do Sebrae FOTOS: MARCOS SANTIAGO

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empreendedorismo faz parte da rotina da jovem Gabriella Neponuceno. Há quatro anos, ela comanda, ao lado do pai, a Ótica Top do Vale, em Juazeiro, no norte da Bahia. Filha de comerciantes, a jovem, de apenas 22 anos, desenvolveu cedo o tino para os negócios. A empresa é especializada em armações, lentes e óculos de sol multimarcas. As armações e as lentes de receituário são os produtos de destaque. “Eu nasci dentro do comércio da família, tínhamos um mercadinho antes e depois veio a ótica. Conheço o ônus e os bônus de atuar na área empresarial e busco sempre tornar essa jornada mais fácil e assertiva. Meu pai me ensinou tudo do ramo e juntos tocamos o desafio de empreender”, revela. Gabriella faz de tudo um pouco na empresa. Cuida do planejamento e da organização das

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finanças, atua nas vendas, atendimento e marketing. Desde a abertura da ótica, encontrou no Sebrae um parceiro para ajudar na gestão do empreendimento. Para ela a aprendizagem e a busca pelo conhecimento são peças fundamentais na construção da carreira. Já participou de oficinas na área de vendas, inteligência emocional e gestão do tempo. Gabriella conta que as capacitações do Sebrae a ajudaram de forma prática a levar soluções para a empresa. “Um exemplo

Desde a abertura da ótica, encontrou no Sebrae um parceiro para ajudar na gestão do empreendimento


Com apenas 22 anos, Gabriella Neponuceno comanda a Ótica Top do Vale em Juazeiro

EMPREENDER

O NAN auxilia também nas principais dificuldades que o empresário encontra no dia a dia da gestão do negócio e indica outras soluções do Sebrae que atendam às suas necessidades

foi usar o tempo a meu favor, colocando à frente coisas urgentes e importantes e sempre revendo se estou no caminho certo, tomando as melhores decisões.” A empreendedora também recebe orientação do programa Negócio a Negócio (NAN) e passou a ser acompanhada dentro da empresa pelo Sebrae. Gratuito, o programa voltado para o atendimento empresarial oferece diagnóstico de gestão e sugere soluções para a melhoria do negócio no que tange a mercado, finanças e inovação. O NAN auxilia também nas principais dificuldades que o empresário encontra no dia a dia da gestão do negócio e indica outras soluções do Sebrae que atendam às suas necessidades. Assim como Gabriella, atualmente o programa atende mais de 900 microempreendedores individuais e donos de microempresas em Juazeiro e Paulo Afonso, no norte da Bahia.

Os resultados na empresa de Gabriella têm sido positivos. A empreendedora já conseguiu modernizar a fachada da loja e também está implantando sistema de informática. Avançou nas estratégias de marketing, com criação de cadastro de clientes e grupos de transmissão, aderiu também às redes sociais como ferramentas de divulgação e, após a organização dos controles e balanços financeiros, conseguiu reduzir custos, aumentando o faturamento da empresa em 35% em um ano. E esse gosto por empreender não é novidade na vida de Gabriella. Ainda na adolescência, ela inventava o que fazer e vendia no colégio para os colegas e professores. “Houve uma fase que meu cupcake era um evento no colégio. Então empreender sempre foi algo natural para mim, mas quero crescer e melhorar a cada dia, unir esse espírito empreendedor ao sucesso. Minha meta é consolidar a minha marca, expandir a ótica, abrir filial e proporcionar aos nossos clientes sempre a melhor experiência em atendimento e qualidade de produtos”, planeja. Para a gerente adjunta do Sebrae em Juazeiro, Pricilla Carla Silva, o convívio com o empreendedorismo desde cedo no ambiente familiar ajudou Gabriella a ir construindo e aprimorando características empreendedoras. Hoje, prossegue Pricilla, ela aplica esse conhecimento adquirido no dia a dia da ótica. “A trajetória da jovem empreendedora evidencia o espaço cada vez maior que as mulheres conquistam à frente dos negócios, desenvolvendo ideias e projetos inovadores e assumindo papéis importantes na movimentação e no crescimento da economia”, frisa a gerente.

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GRÃOS PREMIADOS Café especial produzido por Tadeane, na Fazenda Matos, na Chapada Diamantina, já ganhou vários prêmios FOTOS: VINÍCIUS SILVA

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A cafeicultora Tadeane Matos se prepara para montar uma agroindústria de torrefação de grãos


MERCADO

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adeane Pires de Matos é uma mulher determinada e sonhadora. Ela mora em Ibicoara, cidade da Chapada Diamantina, e já colhe os frutos do trabalho pesado na roça de café, produzindo grãos com qualidade e ganhando vários prêmios com o café especial que produz. Tadeane é agrônoma e faz parte da terceira geração de uma família tradicional na produção de café na região. Trabalhando ao lado do pai, o cafeicultor Tadeu de Carvalho, que tem mais de 40 anos de experiência no ramo, Tadeane produz cerca de 1.500 sacos de café Catucaí por ano e escoa a sua produção para cidades como Mucugê e Vitória da Conquista. O café produzido na Fazenda Matos ficou em segundo lugar no concurso de cafés especiais realizado em Ibicoara, e entre os 100 melhores cafés do Brasil, no 1º Concurso Florada Premiada da empresa Três Corações, realizado em Minas Gerais, em 2018.

Para a produtora, as consultorias especializadas e capacitações do Sebrae ajudam a aprimorar as técnicas de manejo e isso contribui efetivamente para um café mais saboroso e de qualidade. “Faço parte do grupo de agricultores que é atendido através da parceria com a Fazenda Progresso, onde o Sebrae realiza consultorias especializadas e ações de qualidade”, disse.

As consultorias especializadas e capacitações do Sebrae ajudam a aprimorar as técnicas de manejo e isso contribui efetivamente

FOTOS: ISTOCK

para um café mais

O café produzido na Fazenda Matos ficou em segundo lugar no concurso de cafés especiais realizado em Ibicoara

Tadeane produz cerca de 1.500 sacos de café Catucaí por ano e escoa a sua produção para cidades como Mucugê e Vitória da Conquista

saboroso e de qualidade A cafeicultora participou de cursos, consultorias e missões para outros Estados através do Sebrae. Para a gestora de projetos do Sebrae em Seabra, Márcia Souza, o acompanhamento especializado é um norteador para os produtores de café da Chapada Diamantina. “Temos cafés especiais que são hoje os melhores do Brasil e isso é fruto de vários fatores, como clima, relevo e manejo. Através das consultorias do Sebrae, os produtores estão se profissionalizando e buscando outras certificações importantes para esse contexto de cafés especiais”, explica. Outro fator importante para o destaque do café produzido na Chapada é o de Indicação Geográfica (IG), que além de reconhecer oficialmente a região que produz os cafés especiais, o selo de qualidade que é reconhecido com o IG pode agregar ainda mais valor ao produto. O próximo “passo” da agricultora é montar uma agroindústria de torrefação de café, para oferecer cafés especiais produzidos totalmente em Ibicoara. “O Sebrae está me ajudando a tornar esse sonho realidade. O café vai se chamar Igaraçu, em homenagem ao primeiro nome da minha cidade Ibicoara. Estamos planejando tudo e vendo as melhores possibilidades”, planeja.

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EMPREENDEDORISMO FEMININO LÊNIA LUZ “Levamos informação que desperta e inspira mulheres a se tornarem protagonistas da própria história” FOTOS: ALEXSANDRA MANCHINI

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Uma mulher que inspira novas ideias e conexões. Assim é Lênia Luz, fundadora do blog Empreendedorismo Rosa, criado em 2012, que valoriza a mulher e todo seu universo pessoal e profissional, além de inspirar pessoas a realizarem ações empreendedoras e intraempreendedoras, contribuindo para um mundo mais inovador e produtivo. Lênia Luz é fonoaudióloga por formação. Mudar de área e empreender foi o seu caminho, quando participou do projeto 10 Mil Mulheres, da Fundação Getulio Vargas (FGV-EAESP), em 2011. A experiência e a convivência com outras empreendedoras inspiraram a criação de sua nova paixão. Lênia é a entrevistada nesta edição da Revista Conexão, que tem como tema especial o empreendedorismo feminino. Desafios, características e estratégias das mulheres empreendedoras fazem parte da entrevista.


ABRE ASPAS

COMO VOCÊ TEVE A IDEIA DE CRIAR O BLOG EMPREENDEDORISMO ROSA?

O Empreendedorismo Rosa iniciou dentro do projeto 10.000 Women, patrocinado pelo banco de investimentos Goldman Sachs e desenvolvido pela Fundação Getulio Vargas (FGVEAESP), juntamente com o IE Business School, renomada escola espanhola de gestão. O Empreendedorismo Rosa é uma consultoria, assessoria e mentoria para mulheres empreendedoras, que desejam empreender ou que estejam em um momento de validação de sua carreira. Tem alguns programas de autoliderança e empoderamento, como o Lean in Circle, que trouxe dos EUA, desenvolvido originalmente por Sheryl Sandberg, e tem a chancela para aplicar o programa no Brasil. Programas de formação empreendedora, tanto para mulheres que estão iniciando um negócio, como para mulheres que atuam em uma carreira dentro de uma empresa, compõem a parte de gestão empreendedora. Todos estes programas podem ser levados para dentro de empresas. QUAL O PRINCIPAL OBJETIVO DO BLOG?

Levar conteúdo de formação e informação que desperte e inspire mulheres a se tornarem protagonistas da própria história.

“Muitas mulheres querem empreender por conta da maternidade, outras porque querem pôr em prática uma ideia de negócio” QUAL A IMPORTÂNCIA DE ESTIMULAR O EMPREENDEDORISMO FEMININO NO BRASIL?

Um país que vive com grandes oscilações econômicas, trazendo a instabilidade dentro do “emprego formal”, deve ser estimulado a desafiar-se além da carteira assinada, mostrando as inúmeras possibilidades que se abrem ao decidir empreender. Tem seu lado difícil também, mas viver não é fácil, confere? Vale ainda lembrar que estimulamos o empreendedorismo e o intraempreendedorismo, afinal muitas mulheres empreendem dentro de grandes empresas como gestoras.

“Muitas mulheres querem empreender por conta da maternidade, outras porque querem pôr em prática uma ideia de negócio”

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“O processo de autoconhecimento é o primeiro passo para diminuirmos a desigualdade entre homens e mulheres” QUAIS OS PRINCIPAIS MOTIVOS PARA AS MULHERES SE TORNAREM EMPRESÁRIAS?

Motivos são todos de ordem pessoal e, algumas vezes, por uma necessidade que lhes foi imposta de maneira externa, como perder um emprego. Muitas querem empreender por conta da maternidade, outras porque querem pôr em prática uma ideia de negócio que perceberam ser um “pulo da gata” em um determinado segmento de mercado ou por insatisfação da vida profissional. Os motivos são muitos, mas cada uma busca dentro de sua demanda pessoal. O QUE DIFERENCIA HOMENS E MULHERES NA LIDERANÇA DE EMPRESAS?

Vou elencar algumas. Orientação às pessoas: somos mais sociáveis, expressivas e próximas. Isso oferece muito potencial no momento de fazer conexões, seja com os objetivos da organização ou em um projeto em particular. Somos mais cooperativas: isso faz com que o trabalho em equipe seja mais natural, já que somos ativas na inclusão e na contenção das pessoas. Capacidade de atuar com várias direções: isso representa uma vantagem no momento de tomar decisões e enfrentar crises. Liderança in-

ABRE ASPAS

clusiva: encoraja a participação e compartilha o poder e a informação com aqueles que lidera. Tende a criar e a fortalecer as identidades de grupo. Forte lado afetivo: em geral, estão capacitadas para ter em conta o lado “humano” das pessoas e, com isso, geram altos níveis de empatia. Prontidão para mudanças: com um jeito inovador, foca na qualidade centrada nas pessoas. O NÚMERO DE MULHERES EMPREENDEDORAS ESTÁ CRESCENDO MAIS QUE O DE HOMENS. DE ACORDO COM O LEVANTAMENTO MUNDIAL GLOBAL ENTREPRENEURSHIP MONITOR 2017, MAIS DA METADE DOS NOVOS NEGÓCIOS ABERTOS EM 2016 FOI FUNDADO POR MULHERES. POR QUAL MOTIVO?

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Crise econômica gera necessidade e este fator é inquestionável. Portanto, o crescimento tem este reflexo não somente no empreendedorismo feminino, mas no empreendedorismo como um todo. Vejo também a busca destas mulheres em terem maior independência em suas tomadas de decisões, o que inclui ter um melhor tempo de qualidade com seus filhos e vendo o empreendedorismo como um espaço de conciliar estes dois papéis. Se olharmos para as mulheres mais jovens, veremos uma geração que já pensa em empreender desde sempre e não veem mais que isso seja uma pauta masculina e sim uma pauta para todos. Ainda temos o crescimento de mulheres com mais de 45 anos empreendendo. Elas saíram do mercado, muitas se aposentaram, têm muito ainda o que oferecer e crescer economicamente, e iniciam o processo de empreender na maturidade. A DESIGUALDADE ENTRE HOMENS E MULHERES NO MUNDO DOS NEGÓCIOS ESTÁ DIMINUINDO, MAS, DE UMA FORMA GERAL, SABE-SE QUE AINDA HÁ OBSTÁCULOS A SEREM SUPERADOS. COMO VOCÊ ACHA POSSÍVEL SUPERAR ESSAS DIFICULDADES, DO PONTO DE VISTA DA MULHER?

O processo de autoconhecimento é o primeiro passo para diminuirmos esta desigualdade. As mulheres precisam, primeiro, assumir para si mesmas o quão importantes elas são, o quão capazes e com habilidades elas são e têm. Acreditar nelas mesmas, ou seja, empoderar-se do poder que está interno. Posicionar-se sobre mim dará voz não somente a mim, mas a muitas outras mulheres. Temos dois programas no Empreendedorismo Rosa que focamos nisso: o Lean In Circle Empreendedorismo Rosa Brasil e o PINK Mentoring.

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Valéria Cerqueira Bastos abriu sua primeira loja aos 15 anos

SONHO QUE VIROU NEGÓCIO Jovem empresária feirense inova em um mercado tradicional, aliando redes sociais, revenda e criatividade FOTOS: LUIZ TITO

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aléria Cerqueira Bastos, 26 anos, cresceu em meio a mercadorias, marcação de preços, lojas cheias, atendimento a clientes, e desde sempre teve interesse pelo mundo dos negócios. Foi ainda pequena que começou a vender as primeiras bijuterias na escola, para familiares e colegas, com o apoio da mãe. Com os bons resultados, foi influenciada pelo pai, um experiente empresário da cidade, a abrir sua própria empresa. Em 2019, com apenas 15 anos, inaugurou a sua primeira loja de bijuterias em sociedade com sua irmã. A Maria Bonita é uma loja de semijoias que existe há uma década no centro comercial de Feira de Santana. Nos últimos sete anos, a empresa tem sido administrada pelo casal de jo-

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vens empreendedores, Valéria e Léo Rodrigues, de 26 anos, atualmente sócios na empresa. A marca conta com quatro lojas, um e-commerce, emprega cerca de 30 funcionários e recebe destaque no mercado pelo trabalho desenvolvido com as mais de 3.500 revendedoras, que levam a marca Maria Bonita para toda a região. Aliado a isso, a empresária implementou o Instagram da loja há cerca de três anos, hoje contando com mais de 100 mil seguidores. Para Valéria, a divulgação pela internet através da rede social, atrelado ao trabalho das revendedoras e à capacidade de oferecer novidades em seus produtos, possibilitou o crescimento acima do esperado nas vendas. “Hoje trazemos novidades constantemente, chegamos a lan-


I NOVAR

çar mais de 300 modelos de peças por semana. Nossa loja possui um mix de mais de 48 mil produtos e, além de peças prontas, também desenvolvemos alguns modelos, tudo com muita qualidade. Isso se tornou um diferencial da nossa marca”, afirma.

A marca Maria Bonita conta com quatro lojas, um e-commerce, emprega cerca de 30 funcionários e tem mais de 3.500 revendedoras

Somente em 2018, a empresa abriu duas lojas, uma delas no segundo semestre, localizada no Shopping Boulevard, expandindo seu mercado para um perfil de clientes de maior poder aquisitivo. Para Valéria, o futuro da empresa é alcançar o mercado nacional. “A gente enxergava apenas Feira de Santana, quando demos o primeiro passo já enxergamos a Bahia. E hoje nós buscamos o Brasil. Buscamos trazer para a Maria Bonita um desejo, criar uma experiência diariamente. Não queremos um comércio para pagar contas e para sobreviver. Queremos um negócio com propósito de vida, fazer a diferença na vida das pessoas. Antes era um sonho de menina, hoje virou um negócio que transforma vidas.” Diante de tanto sucesso, o jovem casal buscou conhecer melhor como gerenciar e principalmente planejar o futuro da empresa. “Encontramos o Sebrae em um momento importante, porque buscávamos conhecimento para consolidar o nosso crescimento que foi rápido. Com pouco mais de um ano de parceria, o Sebrae nos abriu um horizonte no ponto de vista de gestão. Otimizamos processos e aceleramos nossos resultados. Temos hoje nosso planejamento para o ano inteiro e nossas metas muito bem-definidas, e buscamos sempre por conhecimento e inovação”, comenta Léo.

De acordo com a analista do Sebrae em Feira de Santana, Marta Souza, inovar no pequeno negócio é mais fácil do que se imagina. “A inovação tem sido muito difundida como algo distante da realidade das micro e pequenas empresas, mas na verdade não é. É interessante como percebemos muitos empresários inovando, mas não usam necessariamente este nome. Então inovação pode ser vista como algo que seja feito de forma diferente ou melhor, e isso vem muito da observação de cada um. Um bom empreendedor olha para problemas e enxerga oportunidades”, disse. Segundo o jornal O Globo, até julho de 2017 eram mais de 100 milhões de brasileiros na rede, que passam em média 5 horas e 12 minutos de seus dias conectados. Por isso, as redes sociais são poderosas ferramentas de inovação para os empreendedores de pequenos negócios. Entretanto, as mídias sociais pedem cuidados e atenção constantes, ao contrário de mídias de marketing tradicionais.

COMO AS REDES SOCIAIS PODEM AJUDAR NO NEGÓCIO 1. DEFINA A PERSONA

Determinar os traços do seu público-alvo é fundamental. Busque informações, como idade, gênero, localização e renda média. 2. CONTEÚDO RELEVANTE

Coloque-se no lugar do cliente, da persona que você criou, e pense o que eles querem saber da sua empresa. Se você tem uma loja de roupas, dê dicas de como combinar cores e quais as últimas tendências. Atualize sempre suas redes sociais com informações, como telefone, endereço, dias e horários de atendimento. 3. CRIE RELACIONAMENTO

Além de colocar seus posts nas redes é imprescindível interagir com os internautas. Caso o contrário, cria-se uma impressão de desleixo. Responda, curta os comentários e faça um filtro para apagar eventuais comentários desrespeitosos. 4. MONITORE OS RESULTADOS

Teste e avalie a sua estratégia. Analise dados, como número de cliques por postagem, o alcance de seus posts e depois faça os ajustes necessários com base nos resultados para melhorar o desempenho cada vez mais. Edição 221 | Sebrae Bahia

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Quando ainda era estudante de arquitetura Jéssica Freitas abriu a Hora Hagá, loja de acessórios femininos

DE ESTUDANTE À EMPRESÁRIA A produção de peças artesanais caiu no gosto da jovem ainda na faculdade, e hoje é sua principal fonte de renda FOTOS: MAURÍCIO MARON

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sonho de concluir uma faculdade e conquistar a estabilidade financeira é uma das principais realizações que os jovens buscam na atualidade. Ao passo que a maioria deles se esforça por uma oportunidade no mercado de trabalho ou acabam empreendendo para conseguir manter os custos ao longo da graduação. É o caso da microempreendedora individual de Itabuna, Jéssica Freitas Batista Leite, de 26 anos. Ela se formou em Arquitetura em 2017, mas desde 2014 dedica o seu tempo a Hora Hagá – loja virtual e física de acessórios femininos produzidos de forma manual e exclusiva. A produção começou de maneira informal, apenas para consumo próprio, mas passou a

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ser uma fonte de renda desde março de 2014, quando Jéssica entendeu que precisava trabalhar no turno oposto da faculdade para custear as suas despesas com o curso. “Optei por fazer e vender bijuterias porque gostava e estava no auge. Comecei fazendo para ganhar um extra, fui pegando o que estava na moda, produzia e vendia”, explicou. Com quase 5 mil seguidores no Instagram, Jéssica comemora a influência das redes sociais no desenvolvimento do seu negócio. Ao mesmo tempo em que investe na confecção das peças, Jéssica organiza e participa da produção fotográfica dos acessórios, além de atualizar as postagens no Instagram, que hoje é uma grande ferramenta de divulgação da sua


I NOVAR

Com quase 5 mil seguidores no Instagram, Jéssica comemora a influência das redes sociais no desenvolvimento do seu negócio empresa. Ao seu trabalho são agregadas parcerias com fotógrafos e maquiadoras locais, que geram visibilidade e rentabilidade para ambos os profissionais. A cada passo dado na implementação de ações para a Hora Hagá, a empreendedora conta com o apoio do Sebrae. Na palestra sobre comércio eletrônico promovida pela instituição, Jéssica sentiu a necessidade de criar um site, e logo nasceu o horahaga.com.br, para expor e comercializar os produtos de forma oficial. Segundo ela, o espaço representa mais segurança no ambiente digital. “Se um dia o Instagram acabar, irei perder a minha conta, mas o site vai continuar existindo, porque é meu. Além disso, serve como vitrine.” Sobre os cursos e as capacitações do Sebrae que participou, a jovem revela que ajudou muito na parte financeira, com relação ao custo fixo e ao custo variável. Segundo ela, a orientação foi importante para que ela pudesse ter mais controle sobre o recurso da empresa, que antes misturava com o dinheiro pessoal. Como

Site e redes sociais aumentam o potencial de vendas da Hora Hagá

“Empreteca” em 2017, Jéssica entendeu que para ganhar dinheiro teria que colocar pessoas para trabalharem para ela. “Agora, tenho que buscar pessoas capacitadas para produzir, pois eu tenho que ficar livre para outras coisas comerciais, cuidar das redes sociais e de uma parte da produção.” Em dezembro de 2018, Jéssica deu um passo importante na sua empresa. Transferiu seu ateliê, antes instalado na sua casa, para um espaço alugado no centro da cidade, com a expectativa de aumentar as vendas e facilitar o acesso às encomendas. Mas, para isso, ela identificou a necessidade de dividir as funções da empresa, como produção e entrega de mercadorias, a partir da contratação de um funcionário, para cuidar do gerenciamento do próprio negócio e investir na criação de peças.

A cada passo dado na implementação de ações para a Hora Hagá, a empreendedora conta com o apoio do Sebrae “Eu ainda produzo tudo sozinha, com peças a pronta-entrega e trabalho também sob encomenda. Com o showroom no centro, vou parar de fazer as entregas, como fazia antes, e sobre as encomendas poderei diminuir. Fazer por encomenda acaba limitando a sua criação, porque tem que produzir de acordo com o que o cliente pede. A ideia é criar mais, ter mais peças para pronta-entrega ou encomenda de peças que já fiz.” A empreendedora também participa do programa Sebrae Conecta, no segmento de moda, que tem o objetivo de oferecer soluções customizadas, acesso a conteúdos relevantes, boas práticas de gestão, troca de experiências, menor investimento e maior qualidade. Segundo a gestora do projeto na região, Karla Peixoto, a proposta do programa é seguir uma trilha de atendimentos a partir da “realização de oficinas, workshops, palestras e consultorias com o respaldo de profissionais especializados, para que o empresário tenha um atendimento continuado ao longo do programa”, destacou.

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Bernadete Klein é dona do Colégio Mimoso do Oeste (CMO), que começou com 30 alunos, em 1989, e hoje é referência na região com 770 estudantes

EDUCAR COM INOVAÇÃO Empresária de LEM adota ações inovadoras no mercado educacional FOTOS: WILLIAM MORO

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xemplo de empreendedora, Bernadete Klein é uma mulher que sonha alto. Sua determinação começou quando resolveu investir no ramo educacional, em 1989, montando no então distrito de Mimoso do Oeste, atual município de Luís Eduardo Magalhães, o Colégio Mimoso do Oeste (CMO). “Quando cheguei no município eu era professora, formada em pedagogia. Percebi a necessidade de criar uma escola que oferecesse educação à altura dos grandes centros”, pontuou. Bernadete faz parte do ranking de empresárias de sucesso da Bahia, com história de garra e superação, enfrentando quase sempre mais de dois turnos de trabalho. Mãe de dois filhos, ela conta que não foi fácil chegar à estru-

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tura que a escola tem hoje, com sede própria e 43 salas de aulas. “Nossa maior dificuldade no início foi em relação à estrutura física da escola. Funcionávamos no espaço de um hotel que estava sendo construído, com cinco salas de aulas e 30 alunos. Hoje somos referência na educação em Luís Eduardo Magalhães”, disse. Atualmente o CMO possui cerca de 770 alunos nas áreas de Educação Infantil, Ensino Fundamental I, Ensino Fundamental II e Ensino Médio. Buscando formas de alavancar seu negócio e sempre investindo com dedicação em inovação e tecnologia, a empresária procurou o Sebrae, participou de capacitações e de programas, como o Agentes Locais de Inovação (ALI). “Estou sempre me reciclando porque tenho


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muitas metas. Uma delas é ampliar ainda mais o meu quadro de alunos na escola”, completou. Com a adesão ao ALI, diversas ações foram realizadas no CMO, dentre elas estão a criação de um planejamento estratégico para 2018/2019, definições para inovação, reformulação do site, pesquisa de clima organizacional com mapeamento de sugestões e melhorias dos colaboradores, dentre outros. ENERGIA SOLAR FOI A PRINCIPAL INOVAÇÃO O CMO inovou na geração de energia ao implantar o projeto de energia solar. Através de uma parceria com a Enersol Brasil, foi feito o investimento para instalar um moderno equipamento de energia fotovoltaica. Assim, a empresa passou a ser autossuficiente na produção de energia a partir de uma fonte limpa e renovável: o sol. Com isso, são 17,67 toneladas de CO2 a menos injetadas na atmosfera. A empresária Bernadete explica que esse foi o caminho ideal para zerar a conta de energia elétrica e cuidar do meio ambiente. “O Colégio CMO sempre se preocupou com a educação ambiental de seus alunos. Nesse sentido, já no início do programa ALI colocamos no plano de ação a implantação de energia solar. Essa atitude evidencia o compromisso do colégio com a responsabilidade socioambiental, incentivando ações de sustentabilidade na região oeste”, destacou.

Com todas essas ações, o colégio conseguiu um aumento de 7% em seu faturamento mensal. Com a implantação do projeto de energia solar, houve uma redução de 12% nos custos mensais. Agora o CMO está se preparando para receber a certificação ISO 9001, a fim de aumentar ainda mais a qualidade em seus processos. O próximo passo é criar um Programa de Sistematização da Gestão da Inovação, engajando todos os colaboradores na criação de uma cultura de inovação na empresa. Para a gerente adjunta do Sebrae em Barreiras, Adriana Morais, que atende todo o Oeste da Bahia, a história evidenciada é um estímulo para quem deseja montar seu próprio negócio. “Planejamento, inovação e investimento constante em conhecimento foram as principais ferramentas utilizadas pela empresária para ter êxito na atividade. Estamos satisfeitos pelos resultados alcançados até o momento e pelas perspectivas de crescimento da empresa”, finalizou.

A empresária procurou o Sebrae e o colégio conseguiu um aumento de 7% em seu faturamento mensal

Com a implantação do projeto de energia solar, o CMO zerou a conta de energia elétrica e ainda adotou uma medida de responsabilidade socioambiental

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A artesã Geiza Jesus dos Santos ensinou técnicas a comunidades quilombolas e ribeirinhas no Baixo Sul

EMPREENDER E COMPARTILHAR Alunos de Geiza também vivem do artesanato FOTO: DARÍO G. NETO

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vínculo com as comunidades quilombolas e ribeirinhas não se perdeu desde que a artesã Geiza Jesus dos Santos esteve pela primeira vez nas localidades. A cooperativa da qual ela fazia parte foi contemplada em um edital de uma empresa de telefonia e, assim, ela foi, em 2012, ensinar o que aprendeu anos antes. O projeto se encerrou, mas o conhecimento ficou e deu um novo rumo à vida de moradores das comunidades quilombolas de Jatimane e Lagoa Santa (a primeira localizada em Nilo Peçanha e a segunda em Ituberá) e da comunidade ribeirinha de São Francisco (também localizada em Nilo Peçanha), todas na região do Baixo Sul. Hoje muitos deles podem viver também do artesanato que aprenderam a desenvolver com Geiza e outros membros da Cooperativa

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de Produtores e Produtoras Rurais da Área de Preservação Ambiental do Pratigi (Cooprap) na época. E o artesanato sempre esteve presente, de alguma forma, na vida de Geiza. Antes ela tinha a atividade como um hobby. “Eu gostava de desenvolver colar, pulseiras e também estilizava minhas roupas.” A artesã chegou a trabalhar como caixa de supermercado e depois como vendedora de motos, na cidade de Ituberá, sua terra natal. “Não me identificava com esses empregos”, conta. Geiza então fez um curso oferecido pelo antigo Instituto Mauá, onde aprendeu novas técnicas. Logo depois, em 2009, entrou na Cooperativa de Produtores e Produtoras Rurais da Área de Preservação Ambiental do Pratigi (Cooprap), sediada em Nilo Peçanha. “Passei por


PRA CRESCER

um tempo entregando a produção na cooperativa e, nesse período, participei de algumas oficinas de criação oferecidas pelo Sebrae.” Na cooperativa, Geiza começou a trabalhar com coco e a fibra da piaçava, e passou a desenvolver biojoias (brincos, colares e anéis), além de uma linha de brindes, que inclui chaveiros, lápis e vassouras de piaçava em miniatura, por exemplo. Foi esse conhecimento adquirido que foi repassado às comunidades. Em 2015, com o fim do projeto, Geiza seguiu adiante, buscando novos horizontes. “Resolvi me formalizar como microempreendedora individual (MEI), porque queria ter mais oportunidades de expor e comercializar meus produtos e participar dos eventos do Sebrae.” A artesã continua desenvolvendo seus produtos e participa de diversas ações do Sebrae, incluindo rodadas de negócio e o showroom Brasil Original. “A formalização me ajuda também na organização e permite planejar o crescimento da atividade.”

Geiza começou a trabalhar com coco e a fibra da piaçava, e passou a desenvolver biojoias

Mas, mesmo seguindo adiante, as comunidades continuam no trajeto de Geiza. “Quando transferimos conhecimento, estamos também aprendendo. Então, eu aprendi muito convivendo com aquelas pessoas”. No perfil dos alunos dos ateliês das comunidades, Geiza esteve à frente de uma turma formada apenas por homens em São Francisco.

A formalização me ajuda também na organização e permite planejar o crescimento da atividade Já em Lagoa Santa e Jatimane eram as mulheres que dominavam as classes. “Sempre que podemos, dividimos despesas para participar de eventos ligados a artesanato e expor nossos produtos. E continuo visitando as comunidades quando eles precisam de algum suporte em suas atividades”, conta a artesã. DIREITOS E DEVERES DO MEI As mulheres estão cada vez mais em evidência no universo dos negócios. No mundo do microempreendedor individual, não seria diferente. São mulheres como Geiza que se formalizam em busca de melhores condições para exercer sua atividade, buscando oportunidades para crescer. A Bahia conta hoje com 435.072 microempreendedores individuais registrados, segundo dados do Portal do Empreendedor. Desse total, 46,7% são mulheres. Formalizada como MEI, Geiza adquiriu o que se pode chamar de cidadania empresarial. Tem o registro de um CNPJ, pode abrir conta bancária como pessoa jurídica, obter linhas de crédito com taxas mais acessíveis, emitir nota fiscal, além de acessar os benefícios previdenciários. A analista da Unidade de Atendimento Individual do Sebrae Bahia, Valquíria de Pádua, explica que a própria formalização já em um benefício, pois é feita de forma rápida e totalmente on-line, através do Portal do Empreendedor (www.portaldoempreendedor.gov.br). “Como todo empresário, o MEI deve estar atento à legislação e acompanhar as principais atualizações da categoria. Portanto, é preciso estar em dia com as obrigações que é uma das condições para se manter regular”, alerta Valquíria. Entre essas obrigações está o pagamento da contribuição mensal (Carnê do MEI - DAS) para este ano de 2019. De acordo com o novo salário mínimo de R$ 998, determinado pelo decreto sancionado em 1º de janeiro, a contribuição de INSS do microempreendedor individual passa a ser de R$ 49,90.

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PRA CRESCER

Para as atividades de Comércio e Indústria, é somado o valor de R$ 1 de ICMS, totalizando a contribuição em R$ 50,90. Para as atividades de Serviços, é somado o valor de R$ 5 referente ao ISS, ficando o total em R$ 54,90. Já atividades de Comércio e Serviço, soma-se o valor do ISS e ICMS, chegando a R$ 55,90. “Anualmente o valor pago pelo MEI, através do DAS, sofre reajuste, pois o cálculo é feito com base no salário mínimo. Dessa forma, como tivemos acréscimo no salário mínimo, também tivemos para o MEI”, explica Valquíria. ALTERAÇÕES PARA 2019 A secretaria-executiva do Comitê Gestor do Simples Nacional alterou a nova lista de ocupações autorizadas a se inscreverem como MEI. Duas foram suprimidas (comerciante de peças e acessórios para motocicletas e motonetas independente e proprietário(a) de bar e congêneres independente).

Ao mesmo tempo, houve a inclusão de novas atividades: Comerciante de peças e acessórios novos para motocicletas e motononetas independente; comerciante de peças e acessórios usados para motocicletas e motononetas independente; proprietário(a) de bar e congêneres, sem entretenimento, independente e proprietário(a) de bar e congêneres, com entretenimento, independente. Essas alterações resultaram de nova versão dos códigos CNAE (Classificação Nacional de Atividades Econômicas). Outra alteração anunciada pelo Comitê para 2019 foi a exclusão de 26 ocupações do MEI (confira a lista). Os microempreendedores que atuam nessas atividades terão que solicitar seu desenquadramento no Portal do Simples Nacional. O desenquadramento de ofício dessas ocupações, por parte das administrações tributárias, poderá ser efetuado a partir do segundo exercício subsequente à supressão da referida ocupação.

VEJA ABAIXO A RELAÇÃO DAS 26 ATIVIDADES DESENQUADRADAS: • Abatedor(a) de aves independente • Alinhador(a) de pneus independente • Aplicador(a) agrícola independente • Balanceador(a) de pneus independente • Coletor(a) de resíduos perigosos independente • Comerciante de extintores de incêndio independente • Comerciante de fogos de artifício independente • Comerciante de gás liquefeito de petróleo (GLP) independente • Comerciante de medicamentos veterinários independente • Comerciante de produtos farmacêuticos homeopáticos independente • Comerciante de produtos farmacêuticos, sem manipulação de fórmulas independente • Confeccionador(a) de fraldas descartáveis independente 44

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• Coveiro independente • Dedetizador(a) independente • Fabricante de absorventes higiênicos independente • Fabricante de águas naturais independente • Fabricante de desinfestantes independente • Fabricante de produtos de perfumaria e de higiene pessoal independente • Fabricante de produtos de limpeza independente • Fabricante de sabões e detergentes sintéticos independente • Operador(a) de marketing direto independente • Pirotécnico(a) independente • Produtor(a) de pedras para construção, não associada à extração independente • Removedor e exumador de cadáver independente • Restaurador(a) de prédios históricos independente • Sepultador(a) independente


MEU NEGÓCIO

Patrícia Santos investiu o dinheiro da sua rescisão na Paty Costura

LINHAS DO FUTURO Boa aplicação das ferramentas de gestão rendeu placa de reconhecimento do Sebrae para empresária FOTO: DARÍO G. NETO

Patrícia não via sua

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ual o segredo do sucesso empresarial? Talvez não exista segredo, mas certamente existem ferramentas de gestão que fizeram com que a empresária Patrícia Santos, proprietária da empresa Paty Costura, fosse reconhecida e virasse caso de destaque regional, com direito à placa de reconhecimento pelo Sebrae. A empreendedora do bairro do Uruguai, em Salvador, foi reconhecida pela aplicação de ferramentas de gestão do Programa Negócio a Negócio (NAN), oferecido gratuitamente pelo Sebrae para atendimento e orientação empresarial. “Meu maior sonho era organizar a empresa, em todos os aspectos. Graças ao Sebrae isso se tornou realidade. Só tenho a agradecer pela visita da agente do programa Negócio a Negócio”, comemora Patrícia. A empresária conta que, antes de abrir sua loja, já tinha experiência com costuras, por conta do seu emprego, e sempre gostou da atividade. Ela foi demitida após seis anos de trabalho em uma empresa de consertos. Com isso, Patrícia pegou o dinheiro da rescisão e investiu em um negócio próprio. Comprou três máquinas de costuras para dar inicio à realização de seu sonho. Em funcionamento desde maio de 2011, Patrícia não via sua empresa crescer, pois não tinha muita noção de gestão. Não existia controle financeiro, por exemplo. Foi quando em 2016 recebeu a visita da agente do NAN.

empresa crescer, pois não tinha muita noção de gestão Patrícia conta que seu espaço era pequeno e bem desorganizado. Ela colocava as costuras em sacolas plásticas de mercadinhos. Seu layout era confuso. O ambiente era dividido com a irmã e elas ainda vendiam roupas e perfumes. O que tornava tudo muito confuso. “Hoje realizamos controles financeiros, com todas as entradas, saídas, fluxo de caixa, cadastros de clientes e alteração de layout. A identificação das costuras no recebimento é feita em sacolas personalizadas, confeccionadas por mim, em tecido de camé. É imediatamente anexado à sacola um cadastro da cliente, com descrição dos consertos que serão realizados”, afirma. Para Patrícia, participar do NAN foi a melhor coisa que aconteceu para sua empresa. “O suporte que tive gerou mudanças. Minha perspectiva é de crescer cada vez mais, consolidando a empresa no mercado e alcançando referência em qualidade e criatividade”, disse. O caso de sucesso deu origem ao vídeo, que está disponível no canal do Sebrae Bahia no ouube. Para conhecer mais detalhes da história da empresária Patrícia, basta acessar: https://www.youtube.com/watch?v=c3flk6qouj8.

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SEBRAE PERTO DE VOCÊ O Sebrae possui estrutura de atendimento presencial em diversas cidades da Bahia, disponibilizando aos micro e pequenos empresários orientação, formalização, consultoria, capacitação e informação.

Agências de atendimento na Bahia O Sebrae Bahia possui 27 agências, distribuídas em dez unidades regionais.

Salvador / Mercês Unidade Regional 01 Tel.: (71) 3320-4526

Paulo Afonso

Salvador / Itapagipe

Santo Antônio de Jesus

Tel.: (71) 3312-0151

Alagoinhas

Tel.: (75) 3422-1888

Camaçari

Tel.: (71) 3622-7332

Lauro de Freitas Tel.: (71) 3378-9836

Barreiras

Unidade Regional 02 Tels.: (77) 3611-3013/4574

Feira de Santana O Ponto de Atendimento do Sebrae em Teixeira de Freitas fica localizado na Avenida Presidente Getúlio Vargas, 3.986, no Centro. Funciona de segunda a sexta-feira, das 9h às 12h30 e das 13h30 às 17h FOTO: WESLEY MORAU / ASN BAHIA

Unidade Regional 03 Tel.: (75) 3221-2177

Euclides da Cunha Tel.: (75) 3271-2010

Itaberaba

Tel.: (75) 3251-1023

Ilhéus

Unidade Regional 04 Tel.: (73) 3634-4068

Itabuna

On-line Redes sociais

/sebraebahia

Juazeiro

Unidade Regional 06 Tel.: (74) 3612-0827

Tel.: (73) 3613-9734

Jacobina

Tel.: (75) 3281-4333 / 4223 Unidade Regional 07 Tel.: (75) 3631-3949

Valença

Tel.: (75) 3641-3293

Irecê

Unidade Regional 08 Tel.: (74) 3641-4206

Seabra

Tel.: (75) 3331-2368

Teixeira de Freitas

Unidade Regional 09 Tels.: (73) 3291-4333/4777

Eunápolis

Tel.: (73) 3281-1782

Porto Seguro

Tel.: (73) 3288-1564

Vitória da Conquista Unidade Regional 10 Tel.: (77) 3424-1600

Brumado

Tels.: (77) 3441-3699/3543

Guanambi

Tel.: (77) 3451-4557

Unidade Regional 05 Tel.: (74) 3621-4342

Itapetinga

Senhor do Bonfim

Jequié

Tel.: (74) 3541-3046

Tel.: (77) 3261-3509 Tels.: (73) 3525-3552/3553

Agenda de capacitações

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Portal Sebrae Bahia e chat on-line www.ba.sebrae.com.br

Agência Sebrae de Notícias www.ba.agenciasebrae.com.br

Atendimento a distância

0800 570 0800 Segunda a sexta-feira, das 8h às 20h

Ouvidoria Sebrae Reclamações, críticas, denúncias, sugestões e elogios web.ouvidoria.sebrae.com.br

Sede do Sebrae Bahia

R. Horácio César, 64 – Dois de Julho Salvador/BA – CEP: 40060-350 Tel.: (71) 3320-4301

Atendimento com hora marcada Com foco na comodidade dos empreendedores baianos que buscam as soluções do Sebrae Bahia, a instituição oferece o atendimento empresarial com hora marcada. O agendamento está disponível para todas as 27 agências da instituição distribuídas pelo Estado. O interessado deve agendar gratuitamente pela Central de Relacionamento Sebrae (0800 570 0800), das 9h às 17h, o dia e a hora. A ligação é gratuita, inclusive de celular. O novo modelo garante atendimento gratuito e personalizado para serviços de orientação sobre abertura de empresas, além de orientações sobre finanças, mercado e marketing, legislação e tributação, acesso a crédito e serviços financeiros, sustentabilidade, planejamento, inovação, pessoas, políticas públicas, organização e processos, e cooperativismo.



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