POSTAL 1295 4NOV2022

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Em destaque

Inaugurado o primeiro troço da terceira circular de Faro

O projeto global da 3.ª Circular de Faro representa um inves timento total previsto de 16 milhões de euros. P6

Livro “O Algarve em Fios de Histórias” já está à venda

O Algarve em Fios de His tórias é o título do livro da autoria do jornalista Ramiro Santos , com textos publica dos no POSTAL e a chancela da editora Guerra e Paz. P24

Pioneira na redução da semana de trabalho recruta no Algarve Com a implementação da sema na dos quatros dias, a empresa espera “a atração de talento”. P7

Albufeira tem a maior concentração de brasileiros residentes em Portugal

Noélia Jerónimo e Vítor Sobral vão partilhar as “Receitas da minha vida” Prestigiados chefs nacionais vão ensinar a preparar entradas, pe tiscos, pratos de carne, peixe e vegetarianos, e sobremesas. P9

André Jordan: Não considero o Algarve massificado

MAURO RODRIGUES

A fotografia de mãos dadas com a ciência CS22

Percepções… e realidades ➡ Em
estado de propaganda permanente
➡ Freguesias
ressuscitadas
➡ Feira
de
Santa Iria Por Mendes Bota P8 ANÁLISE
e Perspectivas Turísticas Democracia: Defeitos e Virtudes
“Se
uma verdade incomoda muita gente, duas incomodam muito mais…”
Por Elidérico
Viegas P8
E ainda a Opinião
Cultura
e qualificações. Duas boas notícias
Por Luís
Gomes P2 ➡
Por Luís Graça
P2
TRIBUNA PARLAMENTAR
11 municípios do Algarve sem financiamento comunitário GESTÃO DOCUMENTAL PARA EMPRESAS www.hpz.pt Interdita venda na distribuição quinzenal com o jornal 4 de novembro de 2022 1295 • €1,5 Diretor: Henrique Dias Freire Quinzenário à sexta-feira postaldoalgarve 144.324 www.postal.pt
ENTREVISTA Herdou o espírito
empreendedor de seu pai, um re fugiado polaco da segunda grande guerra, e aqui no Algarve realizou a obra da sua vida. André Jordan, 89 anos, reconhecido como uma das referências do turismo mundial, idealizou e concretizou o empreen dimento turístico Quinta do Lago, modelo de projeto onde se conju gam harmoniosamente o espírito empresarial e a qualidade ambiental. Visionário e cidadão do mundo, é como um algarvio de Almancil que quer ser recordado. P12 e 13 MARIA JOÃO NEVES Consequências linguísticas da queda do paraíso? CS15 SAÚL NEVES DE JESUS Porque é a arte usada por ativistas? CS14 PAULO SERRA Tornado de Teresa Noronha Arquibaldo, de Carlos Tê CS20 e 21 MARIA LUÍSA Um Museu de Arte Contemporânea para o Algarve, uma conversa com Pedro Cabrita Reis CS16 PAULO LARCHER O ALGARVE DE COSTA-A-COSTA: Loulé CS18 e 19 JORGE QUEIROZ Cultura(s) mediterrânica(s) – o que são? CS17 Saiba onde residem os brasileiros que vivem no Algarve. É a maior co munidade estrangeira em Portugal e continua a crescer, 12% em apenas seis meses. Já há brasileiros a viver em todos os 308 concelhos. P3 C M Y CM MY CY CMY K ai166671330611_Rodapé_Simples_4_Novembro.pdf 3 25/10/2022 16:55:06

Redação, Administração e Serviços Comerciais Rua Dr. Silvestre Falcão, 13 C 8800-412 Tavira - ALGARVE Tel: 281 405 028

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DESIGN Bruno Ferreira

TRIBUNA PARLAMENTAR Luís Graça

Cultura e qualificações. Duas boas notícias

Aproposta de Orçamento de Estado para 2023 aprovada na generalida de na passada semana representa o maior au mento de sempre do valor atribuído à cultura, à valorização do património e à criação artística.

Se entre 2016 e 2022, o orçamento do Ministério da Cultura quase duplicou ao longo desse período, em 2023 as verbas afetas à cultura vão registar um novo crescimento, sem paralelo na história da democracia portugue sa, um aumento de 58%.

Trata-se de um investimento con solidado de 760 milhões de euros.

Mas esta semana tivemos outra boa notícia para o Algarve numa área, também muitas vezes descurada, na construção das prioridades políticas e orçamentais.

O Governo vai desenvolver um pro grama específico para o Algarve de forma a combater o insucesso e o abandono escolar precoce, admitin do mesmo, o Ministro da Educação, efetuar alterações ao modelo e à or ganização do ano escolar na nossa região.

Nos últimos anos temos procurado chamar a atenção para o facto do Al garve não acompanhar a evolução extremamente positiva que Portugal

O Governo vai desenvolver um programa específico para o Algarve de forma a combater o insucesso e o abandono escolar precoce

Só as verbas para os concursos (quadrienais) de apoio às artes vão aumentar 114%, reforçando-se as estruturas de criação artística e a profissionalização dos seus agentes pelo território, fortalecendo a rede de teatros e cineteatros e os apoios à produção, distribuição e exibição cinematográfica e audiovisual.

tem alcançado em matéria de quali ficações, de número de alunos que completam com sucesso o ensino obrigatório, do número de alunos licenciados, mestrados e doutorados.

6 - 1050-191 Lisboa 914 605 117 comercial@lusoiberia.eu

DISTRIBUIÇÃO: Banca/Logista à sexta-feira com o Expresso / VASP - Sociedade de Transportes e Distribuição, Lda e CTT

Tiragem desta edição 8.945 exemplares

Mas aumenta também a disponibili dade para a recuperação e valorização do património. Temos no Algarve o exemplo da musealização da Forta leza de Sagres, em fase de conclusão, a valorização do Ribat da Arrifana, cujos terrenos foram recentemente adquiridos pelo Estado, a candidatu ra de Silves e Loulé do geoparque ou a cidade romana de balsa em Tavira. Uma visão sólida do papel da cultura, da valorização do património e das potencialidades da criação artística para o país tendo por base uma cada vez maior solidez orçamental é bom para Portugal e é bom para o Algarve.

Ano após ano, desde que existem dados estatísticos, o Algarve e o Alentejo mantêm-se como as regiões onde persistem as maiores taxas de abandono escolar precoce e maior taxa de insucesso escolar.

Não existe do ponto de vista do capi tal humano nada que justifique este empobrecimento da região.

Só com melhores qualificações conseguiremos vencer o desafio de diversificar a nossa base económica e só com melhores qualificações se remos capazes de ter empresas mais competitivas e de pagar melhores sa lários aos trabalhadores.

Cultura e qualificações são afinal dois eixos fundamentais para a cons trução de um Algarve mais forte. luis.graca@ps.parlamento.pt

TRIBUNA PARLAMENTAR

Luís Gomes

Onze municípios do Algarve sem financiamento comunitário

OGoverno, no passado mês de julho, aprovou o decreto-Lei 45/2022 que visava uma altera ção ao Regime Jurídico dos Instrumentos de Gestão Terri torial. A alteração foi cirúrgica e tinha um objetivo muito claro: aos municípios que não realizassem a primeira reunião do processo de re visão do PDM até 31 de outubro seria “suspenso o direito de candidatura a apoios financeiros comunitários

E com isso impede os municípios de acederem a fundos comunitários.

No Algarve estima-se que dos 16 municípios, 11 desde a passada terça-feira estejam impedidos de acederem a financiamento europeu e nacional, com a falta de investi mentos que a nossa região tem!

E é justamente por estas circuns tância que o PRR e tantos outros programas de investimento não podem concretizar-se. Como será possível intenções de investimento

Temos de ter um Estado que seja um agente facilitador e dinamizador da economia. E este é a nossa maior diferenciação entre o nosso País e os nossos parceiros comunitários

e nacionais”. O Governo faz, desta maneira, um ultimato aos municí pios, quando, o mesmo Governo, tem grande parte dos planos da sua responsabilidade totalmente desa tualizados.

No Algarve, o PROT Algarve deve ria ter sido revisto em 2017. O Plano de Ordenamento da Orla Costeira Vilamoura-Vila Real de Santo Antó nio deveria ter sido revisto em 2015 e por aí fora.

Na prática, a exigência que se está a fazer aos municípios é absolu tamente contraria à prática da Administração Central. Não é ape nas e, tão só, este aspeto que está em causa. O que está em causa neste momento, é que o Executivo está a obrigar os municípios a alterarem os seus planos diretores municipais, tendo por base planos governamen tais completamente desatualizados.

de hoje serem compatíveis com pla nos de ordenamento do território com mais de 25 anos de existência! É justamente este o engano da eco nomia portuguesa. Os planos, as intenções e tantas promessas que se fazem, não são compatíveis com o território e com os instrumentos de planeamento em vigor. Como se pode mudar? Muito simples. Fazen do reformas. Adequar a arquitetura do Estado às exigências do dia de hoje. Não podemos ter um Estado que constitui um custo de contexto para a vida das pessoas e para o os negócios das empresas. Temos de ter um Estado que seja um agen te facilitador e dinamizador da economia. E este é a nossa maior diferenciação entre o nosso País e os nossos parceiros comunitários.

lfgomes@psd.parlamento.pt

2 CADERNO ALGARVE com o EXPRESSO POSTAL 4 de novembro de 2022
DIÁRIO ONLINE www.postal.pt EDIÇÕES PAPEL EM PDF issuu.com/postaldoalgarve FACEBOOK POSTAL facebook.com/postaldoalgarve FACEBOOK CULTURA.SUL facebook.com/cultura. sulpostaldoalgarve TWITTER twitter.com/postaldoalgarve PROPRIEDADE DO TÍTULO Henrique Manuel Dias Freire (mais de 5% do capital social) EDIÇÃO POSTAL do ALGARVE - Publicações e Editores, Lda. Centro de Negócios e Incubadora Level Up, 1 - 8800-399 Tavira CONTRIBUINTE nº 502 597 917 DEPÓSITO LEGAL nº 20779/88 REGISTO DO TÍTULO ERC nº 111 613 IMPRESSÃO LUSOIBERIA: Avenida da Repúbica, nº
OPINIÃO
Deputado do PSD pelo Algarve | OPINIÃO
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Deputado do PS pelo Algarve | OPINIÃO

Albufeira, Portimão e Loulé têm a maior concentração de brasileiros em Portugal

De acordo com os números de autorização de re sidência do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF) atribuídos a brasileiros até 31 de agosto, o Algarve surge destacado com o maior número de brasileiros por número de habitantes, a morar principalmente em Albufeira, Portimão, Loulé e Lagos.

Segundo apurou o Expresso, é no concelho de Albufeira onde os brasileiros repre sentam uma fatia maior da população em Portugal, sen do que dos seis concelhos com maior concentração, quatro são algarvios. O destaque vai para Albufeira , onde 8,4% da população do concelho é brasileira (3710 residentes). Segue-se Portimão com 5,8%, Cascais com 5,6%, Lou lé com 5,2%, Braga com 4,6% e Lagos com 4,5%.

O sol algarvio atrai três ti pos distintos de brasileiros, salienta o Expresso: “os que tem dinheiro para suportar uma casa numa região infla cionada pelo turismo, o jovem que trabalha na área da cons trução e serviços (hotelaria e restauração) e o estudante universitário”.

Na Universidade do Algarve, entre 9 mil estudantes de 84 nacionalidades, 700 (8%) são brasileiros. Nesta instituição, as provas de ingresso são substituídas pelos resultados obtidos no ENEM (o exame nacional do Brasil), há webi nares intercontinentais para esclarecer todas as dúvidas das candidaturas e até um núcleo de estudantes brasilei ros. Muitos acabam por fazer ‘dois em um’: enquanto tiram a licenciatura ou mestrado em Portugal, trabalham na área do turismo.

Nos últimos anos explodi

ONDE RESIDEM OS BRASILEIROS QUE VIVEM NO ALGARVE?

Albufeira

Onde os brasileiros representam uma fatia maior da população

ram os pequenos negócios que servem a comunidade verde-amarelo, na mesma ve locidade em que esta cresceu. Restauração, estética, roupa de praia. E o que não houver

Loulé Onde residem mais brasileiros no Algarve: 3 748

em lojas físicas, é só enco mendar online. Nas redes sociais locais vende-se açaí, coco verde, camisa para ver a copa, feijoada ou coxinha, refere ainda o jornal.

Há brasileiros a viver em todos os 308 concelhos de Portugal

De acordo com os dados do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF), há brasileiros a residir em todos os 308 concelhos de Portugal

Segundo apurou o Expresso, viviam em Portugal 233.122 brasileiros em agosto, constituindo a maior comu nidade estrangeira residente em Portugal (29,3% de todos os imi grantes). Cerca de 30 mil obtiveram a Autorização de Residência já em 2022, o que representa um cresci mento de 12% em apenas seis meses. No entanto, deverão ser quase o dobro, se forem incluídos “os que permanecem no país em situação irregular, os que têm o processo de legalização em curso e os que obti veram nacionalidade portuguesa ou outra”, segundo disse ao Expresso a

presidente da ONG Casa do Brasil, Cyntia de Paula, que acredita serem cerca de 400 mil brasileiros (mais mulheres que homens), o que repre sentarão cerca de 4% da população nacional.

E não só a comunidade em territó rio nacional continua a aumentar,

como a geografia da residência está a expandir-se. Vilas e aldeias ganham nova vida, e os imigrantes uma casa maior ou um andar em vez de um quarto em apartamentos partilhados, que é o destino certo dos mais remediados. “Houve uma mudança de perfil da imigração nos

últimos anos, mais jovem, com for mação superior, consciência política e militante de causas sociais (direi tos humanos, racismo, igualdade LGBTi+), muitos deles ativistas que continuaram em Portugal a luta que não conseguiam travar no Brasil", explica Cíntia.

"E a este fluxo junta-se outro, em crescimento contínuo e acelerado, de brasileiros mais indiferenciados, da classe trabalhadora. Nos últimos quatro anos no Brasil houve um em pobrecimento claro da população, regressou a fome, liberou-se o uso de armas, aumentou o desemprego.

Para muitos não houve outra saída senão partir. É interessante ver que, ao contrário de fluxos anteriores, já não vem o homem sozinho, vendem o que têm lá e vem a família toda.

Como este novo fluxo é mais instruí

do, há pequenos empreendedores a criar serviços, empresas, a revitali zar o interior”, conta a presidente da Casa do Brasil, associação que há 18 anos presta apoio à comunidade. Os imigrantes de “alta renda”, que também se mudam em cada vez maior número para Portugal, fi xam-se principalmente no centro de Lisboa, Cascais, Porto e também na Madeira. Onde o m2 é mais caro é certo encontrá-los. Desde que os vis tos Gold foram lançados, em 2012, o investimento brasileiro ultrapassou os 870 milhões de euros (dados de agosto), revela o SEF, a maior parte através da compra de bens imóveis de valor igual ou superior a 500 mil euros. No total foram dadas auto rizações de residências douradas a 1123 cidadãos do Brasil, número só suplantado pelos chineses.

3CADERNO ALGARVE com o EXPRESSOPOSTAL 4 de novembro de 2022
É A MAIOR COMUNIDADE ESTRANGEIRA E CONTINUA A CRESCER, 12% EM APENAS SEIS MESES
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REGIÃO

Em destaque

GNR detém homem por tráfico de droga e apreende óxido nitroso em Loulé

O Núcleo de Investigação Criminal da GNR de Loulé deteve no domingo um homem de 47 anos por tráfico de estupefacientes e aprendeu “armas, dinheiro e óxido nitroso”. Em comu nicado, a GNR afirma que no âmbito de uma investigação por tráfico de estupefacientes, que decorria há cer ca de três meses, os militares deram cumprimento a um mandado de de tenção, a oito mandados de busca, duas domiciliárias, duas em estabele cimentos de diversão noturna e quatro em veículos, nas localidades algarvias de Quarteira, Vilamoura e Almancil. Nessas operações foram apreendidos, entre outras coisas, oito botijas de óxi do nitroso, duas botijas de dióxido de carbono (CO2), um bastão extensível, um gás pimenta, dois automóveis e um motociclo. O detido foi presente ao Tribunal de Faro, para aplicação das medidas de coação.

FARO: Detenção de suspeito de crimes contra o património

A PSP deteve um homem de 35 anos de idade, pela prática de diversos furtos no interior de veículos e esta belecimentos, na cidade de Faro e imediações, informou esta força de segurança. Após uma queixa de furto no interior de viatura, a PSP localizou o suspeito ainda na posse de vários ob jetos furtados, nesse veículo e noutras ocasiões, procedendo-se à sua deten ção fora de flagrante delito, segundo comunicado. A força de segurança suspeita que o detido seja o autor de “18 crimes contra o património” desde o início do mês de agosto, nas cidades de Faro e Olhão.

LOULÉ: Três detidos por tráfico de estupefacientes

A GNR de Loulé deteve três homens, entre os 23 e 59 anos, suspeitos de tráfico de estupefacientes, e apreen deu mais de 300 doses de haxixe. Em comunicado, a GNR explica que no âmbito de uma ação de patrulhamen to de Loulé, na passada sexta-feira, os militares “abordaram um veículo, tendo o condutor demonstrado um comportamento suspeito”. Os agentes fizeram em seguida uma revista que culminou na deteção de “duas embala gens de produto estupefaciente”, mas quando realizaram, em seguida, duas buscas domiciliárias, apreenderam ainda 342 doses de haxixe e quatro telemóveis. A GNR acrescenta que os detidos foram constituídos arguidos e os factos comunicados ao Tribunal Judicial de Faro.

Arguido que mora em Loulé é responsável pelo maior número de pedidos de subsídio

OTribunal de Coimbra adiou a leitura de sentença que estava marcada para a pas sada quarta-feira de um grupo de quatro jovens que terão criado um esquema para receberem subsídio social de mobilidade em viagens de avião para a Madeira, num total de 211 apoios.

O adiamento da leitura da senten ça prendeu-se com a necessidade de o coletivo analisar a vasta docu mentação associada ao processo, referiu fonte do Tribunal.

A leitura foi remarcada para 08 de novembro, às 13:30.

O esquema, de acordo com a acu sação, remonta a 2016, quando os quatro jovens, com idades entre os 26 e os 35 anos, de diferentes pontos do país, terão decidido en cetar um plano para receber, de forma indevida, o subsídio social de mobilidade que é atribuído mediante viagem entre a Madei ra e Portugal continental, para residentes daquele arquipélago.

Segundo a acusação a que a agência Lusa teve acesso, os jo vens terão arrecadado um total de 211 apoios (de 314 euros cada), conseguindo um proveito global de 66.254 euros.

A eventual burla passava por comprarem um bilhete para via

jar entre a Madeira e Portugal continental, cancelando a viagem após ser emitido o recibo, sendo reembolsada a totalidade do mon tante pago pelo bilhete.

Posteriormente, já com a via gem cancelada, mas na posse do comprovativo de compra do bilhete, um dos membros do gru po reclamava numa loja CTT o pagamento do subsídio social de mobilidade, apresentando docu mentos aparentemente válidos (bilhete, recibo de pagamento, cartão de embarque), assim como certificações notariais e cartões de cidadão forjados.

Um dos jovens do grupo, de 33 anos, com última residência co nhecida no Caniço, na ilha da Madeira, ficou responsável por arranjar a documentação neces sária para a concretização do plano, nomeadamente as cópias de cartões de cidadãos madei renses e supostas certificações notariais.

Foi também este arguido que te rá adiantado as quantias para as compras dos primeiros bilhetes eletrónicos e encarregou um jo vem, a residir em Salvaterra de Magos, de angariar outros dois elementos – uma jovem de 26

anos a morar no Funchal e um homem de 35 anos, a viver atual mente em Loulé.

Os valores que cada um receberia seriam definidos por esse jovem do Caniço.

Os pedidos de apoio aconteceram em lojas dos CTT de Coimbra, Porto e Lisboa, sendo o arguido a morar em Loulé responsável pelo maior número de pedidos de subsídio (39 mil euros).

Os quatro arguidos são acusados de burla qualificada e falsificação de documentos e três suspeitos ainda do crime de branqueamen to.

Detidos por condução sob efeito de álcool

A PSP deteve seis condutores por condução sob efeito de álcool na operação “Noite Segura é Noite Tranquila” realizada na madru gada de domingo, informou o comando distrital de Faro desta força de segurança. Foram ainda “levantados autos de contraorde nação a três pessoas por consumo de estupefacientes e detetadas dez infrações em estabelecimentos de diversão noturna, por cometidos de ilícitos relacionados com a sua atividade, tendo sido levantados, também, os respetivos autos de contraordenação”. A operação “Noite Segura é Noite Tranqui la” teve como objetivo proceder à

fiscalização de “estabelecimentos de diversão noturna e fenómenos associados, tais como venda de bebidas alcoólicas a menores, cumprimentos de horários, con sumo e tráfico de estupefacientes e incivilidades”.

GNR recupera bens roubados por esticão

A GNR de Quarteira “identifi cou” um jovem de 18 anos pelo crime de roubo por esticão nesta freguesia do concelho de Loulé e devolveu parte dos bens subtraí dos às vítimas, informou a força de segurança pública. A identifi cação foi feita “na sequência de um roubo por esticão” a um ca sal de idosos, ambos de 74 anos,

tendo os militares em seguida localizado, recuperado e devol vido “parte dos bens subtraídos às vítimas”. Na sequência da ope ração foram apreendidos, entre outros, uma bolsa de senhora, um telemóvel, dois passaportes e di versa documentação. O suspeito foi constituído arguido e os factos comunicados ao Tribunal Judicial de Loulé.

Prisão preventiva para traficante de cocaína

O juízo de Instrução Criminal de Faro decretou a medida de coação de prisão preventiva a um detido de 47 anos, indiciado pela prática de um crime de tráfico de droga, informou a Procuradoria da Re

pública da Comarca de Faro. O Departamento de Investigação e Ação Penal (DIAP) apresentou na segunda-feira ao juízo, para pri meiro interrogatório, o arguido, que tinha sido detido pela GNR com base em mandados de de tenção emitidos pelo Ministério Público, segundo comunicado. A Procuradoria da República ex plica que desde junho de 2022, “o detido comprava cocaína que posteriormente dividia em doses com cerca de 0,10 gramas, as quais vendia na ruas de Vilamou ra mediante prévio contacto dos consumidores, quer por via das redes sociais, quer por via de tele móvel”. A investigação deste caso vai prosseguir, sendo o Ministério Público, assistido pela GNR.

4 POSTAL 4 de novembro de 2022CADERNO ALGARVE com o EXPRESSO
DE TER BURLADO SISTEMA DE MOBILIDADE
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Em destaque

Festa do Cinema Francês em Faro e Lagos

A 23.ª edição da Festa do Cinema Francês, com mais de 80 filmes, realiza-se em 10 cidades portuguesas, entre as quais Faro e Lagos, de 15 a 20 de novembro, informou a organização. Em Faro, o evento tem lugar no Cinema NOS Algarve, com uma “extensa programação”, que inclui em 17 de novembro, às 19:00, a apresentação do filme “Simone - A Viagem do Século”, de Olivier Dahan, sobre a história da política francesa Simone Veil. Em Lagos, a Festa realiza-se de 15 a 19 de novembro, na Biblioteca Municipal, com quatro sessões gratuitas e a apresentação de quatro filmes: “Madeleine Collins”, “O Que Nos Une”, “O Teste” e “À Espera de Bojangles”.

Abertas candidaturas para bolsas de estudo para ensino secundário ou superior em Faro

Socorro reforçado em Tavira com novo Veículo Urbano de Combate a Incêndios

A nova viatura está dotada de um tanque de água com capacidade para 2700 litros, tanques para líquidos espumíferos de 200 e 100 litros para produção de espuma, assim como de bomba de incêndio

A autarquia tavirense reforçou a frota dos Bombeiros Municipais de Tavira com a aquisição de um novo Veículo Urbano de Combate a Incêndios (VUCI). Esta viatura representa um investimento de 299.870 euros, mais IVA, e está dotada de um tanque de água com capacidade para 2700 litros, tanques para líquidos espumí feros de 200 e 100 litros para produção de espuma, assim como de bomba de incêndio. “O combate a incêndios urbanos e em veícu los, a produção de espuma, o salvamento e desencarceramento em acidentes de viação, a busca e regate de vítimas, a produção de energia elétrica (até 7 Kw) e a iluminação são as principais funções deste novo meio dos Bombeiros Municipais de Tavira”, ex plica a autarquia, acrescentando que “ao adquirir este carro foi intenção melhorar a atuação da Corporação em diferentes teatros de operação”.

O Teatro Municipal de Por timão (TEMPO) acolhe na próxima terça-feira o deba te “Respeitar os Alimentos evita o Desperdício”, para assinalar o Dia Europeu da Alimentação e da Cozinha Saudáveis. Promovida pela

Câmara de Portimão, a ini ciativa vai decorrer entre as 10:00 e as 13:00, no espaço do Café Concerto do TEMPO. Participam no evento o presi dente do Banco Alimentar do Algarve, a nutricionista Joa na Lopo, Teresa Fernandes da empresa Águas do Algar ve, a especialista em Nutrição Comunitária e Saúde Pública Maria Palma Mateus e Gon

çalo Santos, responsável pelo projeto “Orgânicos” da Em presa Municipal de Águas e Resíduos de Portimão.

O município de Lagoa ce lebrou um protocolo com a

Fábrica da Igreja Paroquial de Estômbar, num valor de 300 mil euros, para a reabilitação do revestimento da cobertura e das fachadas daquela igre ja. Vamos “recuperar um edifício que é considerado monumento nacional e que há muito necessitava de uma intervenção”, afirmou Luís Encarnação, presidente da Câmara de Lagoa.

As candidaturas para as bolsas de estudo atribuídas pela Câmara de Faro a estudantes do ensino secundário ou superior, no presente ano letivo, estão abertas até 30 de novembro. Segundo um comunicado da autarquia, podem concorrer os alunos destes níveis de ensino que estejam matriculados e residam no concelho há mais de cinco anos e que careçam de meios próprios para prosseguirem estudos, assim como estudantes de países africanos de língua oficial portuguesa (PALOP), com quem a cidade esteja geminada. Os candidatos terão de cumprir várias condições, nomeadamente, possuírem aproveitamento escolar no ano passado, que não pode ser inferior ao nível quatro, para os alunos do 9º ano de escolaridade, e à média de 13 valores, para os alunos do ensino secundário e ensino superior, exigindo-se, também, que comprovem o aproveitamento escolar em todas as disciplinas. Deverão, ainda, pertencer a um agregado familiar que não possua um rendimento mensal ‘per capita’ superior ao salário mínimo nacional em vigor. Está prevista a atribuição de 16 bolsas a alunos nacionais e duas bolsas a candidatos dos PALOP cujo valor pecuniário será distribuído em prestações men sais, num total de 10 mensalidades, correspondentes a dois quintos do salário mínimo nacional.

Novo serviço para cidadãos britânicos renovarem a nova autorização de residência

A Câmara de Lagos criou um novo serviço que permite aos cidadãos britânicos beneficiários do Acordo de Saí da (Brexit) pedirem a nova autorização de residência, informou a autarquia. A nova autorização de residência substitui os documentos de residência da União Eu ropeia (Certificado de Registo emitido pelas câmaras municipais e Certificado de Residência Permanente emitido pelo SEF). Após o registo no portal e submissão do formulário, os cidadãos do Reino Unido podem des carregar o comprovativo do pedido em formato digital, o qual poderá ser impresso e utilizado em viagens para comprovar a sua residência em Portugal.

Antigo posto da Guarda Fiscal na Praia de Odeceixe vai ser recuperado

A Câmara de Aljezur decidiu avançar com uma candi datura para recuperar e gerir o antigo posto da Guarda Fiscal, na Praia de Odeceixe, num Projeto de Valorização Patrimonial Economicamente Sustentável. Em comuni cado, a autarquia informa que a candidatura apresentada tem uma estimativa de investimento de cerca de 150 mil euros, para recuperar e gerir este património, por um período de 50 anos. O município pretende dar vários usos ao edifício, que está fechado há alguns anos, tais como “posto de informação turística, apoio médico de verão na Praia de Odeceixe e um espaço de multiu sos para reuniões ou outro género de iniciativas”.

REGIÃO 5CADERNO ALGARVE com o EXPRESSOPOSTAL 4 de novembro de 2022
TEMPO acolhe debate sobre desperdício alimentar
Igreja Paroquial de Estombar vai ser restaurada
FOTOS D.R.

REGIÃO

breves

A primeira edição do S.U.M. (Silves Urban Music), dedicada ao público mais jovem, rea liza-se na zona ribeirinha da cidade algarvia esta sexta-feira e sábado, dias 04 e 05 de no vembro, juntando diversos artistas locais e nacionais. Segundo comunicado de imprensa, o evento dá continuidade às anteriores edições do Festival da Juventude, apresentando-se numa versão renovada e tendo como cabeças de cartaz a dupla Mundo Segundo & Sam the Kid e a banda Linda Martíni. A organização do S.U.M., que tem entrada livre, é da Câmara Municipal de Silves, que promete “um cartaz apelativo e diversificado, onde todos poderão desfrutar das mais de 12horas de música que a iniciativa tem para oferecer”, lê-se na nota da autarquia.

PORTIMÃO: Concerto de abertura do 15.º Festival de Órgão do Algarve

O organista João Santos e o Coral Adágio vão atuar no concerto de abertura do 15.º Festival de Órgão do Algarve, esta sexta-feira a par tir das 21:00, dia 04 de novembro, na Igreja Matriz de Portimão, anunciou a câmara. O município desta cidade algarvia sublinha que “a divulgação do órgão é essencial para a sua continuidade histórica e patrimonial” e infor mou que este sábado, dia 05 de novembro, a Igreja Matriz será palco de uma oficina orien tada por João Santos e dirigida a professores e alunos de instrumentos de tecla e de música antiga, estudiosos do património e outros inte ressados. A encerrar o 15.º Festival de Órgão do Algarve, a Igreja Matriz recebe, às 21:00, do dia 11 de novembro, Dia de S. Martinho, uma atuação a solo da organista Laura Silva.

Primeiro troço da terceira circular de Faro já foi inaugurado

Rogério Bacalhau, pre sidente da Câmara Municipal de Faro, inaugurou na passada sexta-feira a Avenida 25 de Abril, que permite ligar a Estrada Nacional 2 (EN2) e a Estrada da Penha.

Esta intervenção, com um cus to total de 1.047.465 mil euros, representa mais um passo na construção da 3.ª Circular de Faro.

A empreitada incluiu a cons trução de uma via alargada de duas faixas e de uma rotunda na Estrada da Penha, bem como a implementação de estaciona mento em espinha e criação de uma ciclovia e arborização em toda a extensão da via.

No âmbito desta intervenção, foi ainda criada uma nova via de circulação de acesso ao bairro

Mendonça e acessos pedonais à rua António Gedeão e à Rua da Amendoeira.

Já a nova rotunda, dada a sua localização, junto ao campus da Penha da Universidade do Algar ve, serviu igualmente para, de acordo com o autarca Rogério Bacalhau, prestar uma devida homenagem “à maior institui ção e que mais contribuiu para o desenvolvimento do concelho e da região ao longo de 43 anos”.

Investimento total de 16 ME

O projeto global da 3.ª Circular de Faro, que integra o Plano de Mobilidade e Transportes de Fa ro, vai ligar a rotunda a rotunda da pista de atletismo à zona das Pontes de Marchil numa exten são total de 3,2 quilómetros e um investimento total previsto de 16

milhões de euros.

Depois da inauguração da Ave nida 25 de abril, a 3.ª Circular prosseguirá com a conclusão da Avenida Mário Lyster Franco, entre a Estrada da Senhora da Saúde e a EN2/ Avenida 25 de abril, que deverá ter adjudicação prevista para breve.

Seguir-se-á a construção de uma nova rotunda em Pontes de Marchil, melhorando a li gação da cidade à freguesia de Montenegro, e a ligação desta à Avenida Mário Lyster Franco, no sítio da Má Vontade. A circular ficará completa com um troço entre a Estrada da Penha e a ro tunda da variante, junto à pista de atletismo.

A inauguração deste novo tro ço serviu igualmente para, no âmbito do ciclo “Faro Positivo”, apresentar os planos de ex

pansão a Norte da 3.ª circular, nomeadamente através do Pla no de Urbanização da Penha e Plano de Urbanização do Vale da Amoreira, que prevêem no va habitação (incluindo a custos controlados, no mínimo de 10 por cento), comércio e espaços verdes.

“A cidade de Faro só pode crescer para Norte e o que a Câmara está a fazer é a ajudar esse crescimen to, com a construção desta 3.ª Circular, ordenando tudo aquilo que está ao lado e criando acessi bilidades”, explicou o presidente da Autarquia, Rogério Bacalhau, adiantando que “outro trabalho feito ao longo da última década passou por reorganizar, ordenar e planear toda esta zona, a norte da 3.ª circular, definindo o que cada promotor pode fazer em cada local”.

Mais

A Biblioteca Municipal Manuel Teixeira Gomes, em Portimão, assinala o seu 29.º aniversário associando-se às comemorações dos 100 anos do nascimento de Agustina Bessa-Luís, através de um conjunto de ini ciativas marcadas para este sábado, dia 05 de novembro. De acordo com um comunica do da Câmara de Portimão, o ponto alto do programa será a realização de um encontro que reunirá a escritora Mónica Baldaque, fi lha de Agustina Bessa-Luís, e Pedro Mexia, crítico literário e “leitor incondicional da homenageada”. O jornalista Carlos Vaz Mar ques assegurará a curadoria e a moderação do evento que abordará “a vasta obra literária de Agustina, profícua escritora de romances, contos, biografias e peças de teatro, tendo igualmente trabalhado nas redações de alguns jornais portugueses de referência, onde foi artesã de crónicas, reportagens e entrevistas”. A escritora portuguesa Maria Agustina Fer reira Teixeira Bessa-Luís nasceu em 15 de outubro de 1922, em Vila Meã, Amarante, e morreu a 03 de junho de 2019, no Porto.

"ARTE LARGA" é uma pro posta Cultural, que reúne, num mesmo programa e ao longo de 13 dias - de 3 a 15 de novembro -,no Auditório Municipal, cerca de 30 atividades, em que par

ticipam mais de 100 autores e artistas.

Da Poesia ao Romance, passan do pela Investigação Histórica, da Música à Dança, passando pe lo Teatro, do Cinema à Pintura e

à Escultura, Arte Larga procura levar o público ao encontro das Artes, e estas ao encontro do público.

Com particular destaque para os autores, Arte Larga promo

ve a partilha de conhecimento e experiência entre criadores e pensadores e entre estes e o público, com propostas de espe táculos, apresentações, palestras e debates. A entrada é livre.

6 POSTAL 4 de novembro de 2022CADERNO ALGARVE com o EXPRESSO
SILVES: Mundo Segundo & Sam the Kid e Linda Martini atuamem festival de música urbana
PORTIMÃO: Biblioteca assinala aniversário com homenagem a Agustina Bessa-Luís
FOTO D.R.
de 100 autores
e artistas participam durante 13 dias na "Arte Larga" em Olhão

Empresa pioneira na redução da semana de trabalho está a recrutar no Algarve

A360imprimir.pt, a “Amazon dos produtos perso nalizados” que acaba de anun ciar a adoção da semana dos quatros dias de trabalho, pre tende agora contratar os seus primeiros colaboradores no Algarve.

Com a implementação da se mana dos quatros dias, bem como a adoção de um modelo de trabalho 100% remoto, a tecnológica espera que “um dos impactos imediatos seja a atração de talento de qual quer ponto de Portugal, para preencher as 20 vagas que a empresa tem em aberto em TI, Produto, Marketing ,Fi nanceira e Operações”.

Na implementação deste no vo paradigma de trabalho em Portugal, a 360imprimir.pt

Vasco Gargalo expõe na Galeria de Arte da Praça do Mar, em Quarteira

A exposição “Reflexões” do cartoonista Vasco Gargalo vai estar patente na Galeria de Arte da Praça do Mar, em Quarteira, entre 10 de novembro e 03 de dezembro

A mostra integra-se na oitava edição do festival “Encontros do DeVir”, este ano dedicado à crise climática e aos direitos humanos.

Os trabalhos expostos re sultam de uma seleção de desenhos sobre estas temá

ticas feitos pelo ilustrador e cartoonista nos últimos anos. A exposição vai ser inaugura da na próxima quinta-feira, dia 10, pelas, 18:00, e pode ser visitada até ao dia 03 de dezembro das 10:00 às 13:30 e das 14:30 às 18:00.

positivo nas pessoas e no ne gócio, com um aumento na satisfação e bem-estar, sem prejudicar a produtividade e os nossos objetivos.”, explica Sérgio Vieira CEO da 360im primir.pt.

Atrair pessoas no Algarve

Entre as vagas divulgadas, a tecnológica está à procura de Programadores de Software, Analistas e Engenheiros de Dados, Analistas de E-com merce entre outras funções de cariz tecnológico e de suporte. “Um dos grandes benefícios do modelo de tra balho remoto é a capacidade de levarmos oportunidades de emprego altamente qua lificadas a regiões em que as mesmas são menos comuns”, salienta Sérgio Vieira.

REGIÃO 7CADERNO ALGARVE com o EXPRESSOPOSTAL 4 de novembro de 2022 PUB.
assume uma atitude pionei ra no futuro do trabalho em antecipação ao debate que está a ocorrer em Portugal e na Europa. “Tanto o tele trabalho, que já assumimos a 100% no passado mês de setembro, como a semana de quatro dias que estamos a implementar em outubro, trazem benefícios que acre ditamos terem um impacto
FOTO D.R.
PUB.

ANÁLISE e Perspectivas Turísticas (13) Elidérico Viegas

EM ESTADO DE PROPAGANDA PERMANENTE

PERCEPÇÕES… E REALIDADES

Todos sabemos que a democracia é a pior forma de governo, excep to todas as outras (Churchil). Ou seja, sem ser perfeito, o regime democrático, face ao que se conhece, é o que melhor serve os direitos gerais dos cidadãos.

Viver num regime democrático pressu põe respeitar alguns princípios básicos essenciais, como a liberdade de expressão, o direito à crítica, à indignação, livre pen samento, etc., desde que se respeitem os visados e salvaguardem os princípios da sã convivência em sociedade.

Há mesmo quem considere que, em demo cracia, o recurso a estes direitos constitui um bem decisivo para a consolidação, afir mação e progresso dos povos, pelo que o desenvolvimento económico e social não é possível sem o respeito por estes prin cípios.

Trata-se de direitos inalienáveis de todos e não apenas de alguns privilegiados, bafeja dos pela sorte da “lei das circunstâncias”, contemplados com lugares de e com poder, seja qual for a sua origem, sensibilidade ou quadran te político.

Estes princípios são direi tos cívicos e, sobretudo, direitos de cidadania e, por conseguinte, impres cindíveis nos regimes ditos democráticos.

Os cidadãos, por sua vez, organizados em estrutu ras de classe, só podem sentir-se verdadeiramente representados se os seus dirigentes souberem e forem capazes de expressar publicamente o sentimento colectivo, melhor forma de, por um lado, assegurar a defesa dos interesses gerais e, por outro, fazer valer os pontos de vista dos seus membros junto das várias instâncias de poder.

Sem estes equilíbrios, as democracias não passam de regimes ditos democráticos, mas coxos nas suas liberdades e, por conseguin te, autocráticos no pensamento e na acção.

O turismo é um sector considerado pacífi co, obediente, pouco reivindicativo e sem capacidade para apresentar propostas credíveis e fundamentadas, sendo enten dido como um parente pobre da economia, afastado dos centros de poder ao mais al to nível da governação, em contradição com o estatuto de maior exportador e, por conseguinte, gerador de bens tran saccionáveis, os que mais contam para a riqueza do País.

Numa democracia, já agora, os cidadãos não têm apenas direitos, têm o dever de participar no sistema político que, por seu lado, tem a obrigatoriedade de proteger os seus direitos e as suas liberdades, en

quanto princípios cívicos fundamentais na construção democrática.

O poder executivo não pode deixar que o poder emotivo condicione a sua acção, através de tentativas mais ou menos ha bilidosas para impor e controlar terceiros, quando estes se mostram inconvenientes e resistentes às suas estratégias políticas, com o objectivo de eliminar críticas e dis cordâncias sem olhar a custos nem a meios.

Por tudo isto, o “PODER” deverá mostrar humildade q.b. para aceitar a crítica, as propostas, a indignação, etc., evitando tentar subjugar as vozes mais discordan tes através do recurso a métodos menos ortodoxos e, não raras vezes, dignos de verdadeiros “cases studies” democráticos. Sinto-me à vontade para abordar esta problemática porque, justamente, me con frontei com situações deste tipo durante mais de 30 anos. As chamadas “pressões” directas e indirectas de poderes originá rios de diferentes sensibilidades não foram suficientes, honra me seja feita, para dei xar de exercer os meus deveres, quer como

Desiludam-se os novos saudosos do antigo regi me, em cuja memória selectiva apenas se reteve um vale de virtudes e moralidades. Havia nepotismo e muito, corrupção de cima a baixo, degradação moral por detrás da fachada, já para não falar da pobreza generalizada de um povo subjugado a um sistema económico-colonial dominado por meia dúzia de famílias e oligarcas. Assentada a poeira do período revolucionário, onde se esteve à beira de substituir um totalitarismo por outro de sinal con trário, a democracia consolidou-se em Portugal. Como dizia Churchill, “a democracia é a pior forma de gover no, com excepção de todas as demais”. É imperfeita?

Bastante! Repetiu muitas das maleitas atrás referidas? Infelizmente, e até acrescentou outras! Mas a liberdade e o pluralismo de opiniões por que se bateram Mário Soares, Sá Carneiro e muitos outros, não tem preço. E, goste-se ou não deles, dos seus dirigentes e dos seus mé todos, os partidos políticos são UMA das traves-mestras de qualquer sistema democrático. Uma sociedade civil forte é outra, embora ainda estejamos demasiado longe dos padrões que valem a pena ter como referências.

FREGUESIAS RESSUSCITADAS

cidadão, quer sobretudo como dirigente de estruturas associativas da sociedade civil. Assim sendo, esta crónica só tem razão de ser porque, mais violentamente do que nunca, as ditas “pressões” vêm alcançando níveis impensáveis na sociedade portu guesa em geral, não porque as afirmações ou escritos sejam considerados mentiras ou contenham inverdades, mas porque desagradam, incomodam e irritam os “PODERES” instalados.

O incómodo reside no facto das verdades não poderem ser divulgadas, em nome de desculpas esfarrapadas e há muito abandonadas, traduzidas na necessidade de esconder as realidades para, deste mo do, não prejudicar o País, a economia e os negócios - Santa Inocência!

É por tudo isto que, perante tanto ódio des tilado nos alambiques da política, gerada nos diversos corredores do poder, decidi tecer algumas considerações democrá ticas, em oposição à estratégia dos “yes men”, ou dos defensores do politicamente correcto. É que um homem não é de ferro, caramba!

*O autor não escreve segundo o acordo ortográfico

Por motivos variados, mas muito por culpa própria, os partidos políticos conhecem hoje um índice de populari dade e credibilidade muito baixo, em contraponto com a preponderância exagerada que têm na vida da sociedade. Um exemplo. Os partidos políticos estão isentos por lei de pagar IMI, IMT, Imposto de Selo, Imposto Automóvel, Imposto so bre Sucessões e Doações, IVA, taxas de justiça, custas judiciais e outras taxas e taxinhas por aí fora. É um privilégio considerável num País onde cidadãos e empresas arcam com um fardo fiscal brutal. Vive-se em estado de propaganda permanente. Já não é só nos períodos de campanha ou pré-campanha eleitoral, com regras e calendários próprios. Hoje vive-se em estado de pro longamento pós-eleitoral, numa contínua fita do tempo. Já não basta o ritual diário e repetitivo que as televi sões impingem, escolhendo o tema do dia sobre o qual se sucedem os comentários obrigatórios dos mesmos personagens de sempre, rodeados por uns quantos pa pagaios do pirata à volta do pescoço para compor a cena dos teatrinhos montados à porta de empresas, no virar da esquina, nos Passos Perdidos, onde calha. Hoje, os partidos políticos, assenhorearam-se do espaço público para divulgar as suas mensagens sem qualquer limite físico ou temporal, sem pagar renda pela ocupação do terreno que pertence a todos. Num país onde menos de metade (48,79%) dos eleitores inscritos votaram nos partidos concorrentes às passadas eleições de Janeiro, torna-se matéria de reflexão este direito consuetudi nário sobre a coisa pública que os mesmos se arrogam. É possível que a cruzada de Carlos Moedas contra a propaganda política em zonas emblemáticas de Lisboa, como o Marquês de Pombal, acabe em nada, no ema ranhado jurídico entre a liberdade de expressão ou o direito à informação que a vaca sagrada da Constituição garante e a poluição visual que os cartazes provocam. Na gestão deste conflito de direitos, a opinião do cidadão não conta para nada. A principal entrada de Faro, por exemplo, é uma parafernália de cartazes gigantescos com mensagens partidárias. Já não é só uma questão estética ou de direito de paisagem. É difícil não lhes associar um risco para a circulação automóvel. A não ser que já ninguém lhes dirija o olhar. Por cansaço, ou por desprezo.

Durante as trevas da Troika, o ministro Miguel Relvas levou muito a peito a missão de ex tinguir autarquias locais sob a forma de integração. Nos municípios não houve cora gem para tocar. Nas freguesias, consideradas o elo mais fraco, foi uma hecatombe. Pelo método cirúrgico da agregação, sucumbiram 1.165 freguesias, mais de um quarto do total. Conceição e Estoi foram na enxurrada. Em Junho do ano passado, o governo PS criou, e bem, uma lei que permite a ressurreição das freguesias fale cidas. Se existem autarquias onde a proximidade das populações é uma realidade útil e permanente, são as freguesias. O PS/Faro anunciou ufano e redentor estar em marcha a proposta de desagregação da Conceição e de Estoi. Terá que passar pelas maiorias lideradas pelo PSD na Câmara e na Assembleia Municipal de Faro, oxalá sem obstáculo. A bem da verdade histórica, o PS/Faro deveria recordar também que a eutanásia autárquica consta do parágrafo 3.45 do Memorando de Entendimento assinado pelo governo de José Sócrates em 17 de Maio de 2011, vinculativo do Estado Português, e que trouxe a Troika para cá. “Existem actualmente 308 municípios e 4.259 freguesias. Até Julho de 2012, o Governo desenvolverá um plano de consolidação para reorganizar e reduzir significativamente o número des tas entidades” – é o que reza o texto, sem tirar nem pôr.

É uma parafernália de cartazes gigantescos com mensagens partidárias.

Já não é só uma questão estética ou de direito de paisagem. É difícil não lhes associar um risco para a circulação automóvel

FEIRA DE SANTA IRIA

Até ao aparecimento dos centros comerciais e dos outlets, as feiras, francas ou não, ocupavam um lugar único no calendário das povoações.

Era o momento mágico de “enfeirar” para o resto do ano. Roupa, calçado, fruta, animais de criação. Alegria da criançada pelo boneco, pelo brinquedo de lata, plástico ou madeira. Tudo pouco sofisticado, tecno logia incipiente. Comes e bebes em condições higiénicas descuidadas. Torrão de alicante, doces, chocolates, tiras de polvo assado. E muita diversão, carrinhos eléctricos, carrocéis, tiro ao alvo, acrobatas das motas, casas de espelhos distorcidos e terrores vários. Pelo caminho de volta, a gaita de beiços animava a jornada, deixando na boca aquele travo metálico de coisa nova. Para quem esteve duas décadas sem voltar à Feira de Santa Iria, em Faro, a saudade é turbilhão, mas a realidade é diferente para melhor. Onde havia lamaçais pelas chuvas outo nais, hoje o piso está todo pavimentado, uma limpeza. Já não se ouvem os geradores a gasóleo, electricidade, água e saneamento é outra louça. As roulottes são mo dernas e sofisticadas. As diversões parecem bastante atractivas e diversificadas. A alimentação cobre todas as áreas do apetite. Existem espaços de exposição para ver. Estacionar é problema estrutural. Falta o cheirinho exclusivo dos peros de Monchique. Bacalhau e Bruno Lage não estavam lá para receber, mas valeu a pena a visita. Com lenda ou sem lenda, Santa Iria continua a abençoar esta feira que vem do século XVI até hoje.

8 CADERNO ALGARVE com o EXPRESSO POSTAL 4 de novembro de 2022
(8)
Mendes
Bota | OPINIÃO Antigo parlamentar e diplomata da União Europeia
*O autor não escreve segundo o acordo ortográfico
OPINIÃO | Empresário e Gestor Hoteleiro
Democracia: Defeitos e Virtudes “Se uma verdade incomoda muita gente, duas incomodam muito mais…”
Perante tanto ódio destilado nos alambiques da política, gerada nos diversos corredores do poder, decidi tecer algumas considerações democráticas

breves

Feira de São Martinho a partir de sexta-feira em Portimão

A 359.ª edição da Feira de São Martinho de Portimão realiza-se a partir de sexta-feira e du rante 10 dias no Parque de Feiras e Exposições de Portimão, informou a câmara municipal. A autarquia recorda num comunicado que se trata do "mais antigo evento popular que se realiza na cidade e cujas origens remontam a 1662” e promete que “não faltarão as tradi cionais castanhas assadas, as batatas-doces, os figos, as nozes, o polvo assado, as farturas, as pipocas" e outros petiscos, assim como car rosséis. Durante o evento, haverá duas datas temáticas, a primeira das quais destinada a crianças e jovens (10 de novembro, Dia da Ju ventude), enquanto o encerramento da feira, a 13 de novembro, será consagrado às famílias, lê-se numa nota da autarquia. Várias marcas automóveis também irão expor e apresentar as suas viaturas, entre veículos novos e usados, no Portimão Arena.

Com segredos e memórias de 8 chefs, Expresso oferece guias “Receitas da minha vida”

Vêm aí quatro guias de receitas com assinatura de oito dos mais prestigiados chefs nacionais que ensinam a preparar entradas, petiscos, pratos de carne, peixe e vegetarianos, e sobremesas. Noélia Jerónimo e Vítor Sobral são os primeiros a partilhar as “Receitas da minha vida”

A partir de 11 de novembro, o Expresso oferece aos leitores quatro guias de receitas com assinatura de oito dos mais pres tigiados chefs nacionais. Noélia Jerónimo e Vítor Sobral, Michele Marques e João Rodrigues, Jus ta Nobre e Henrique Sá Pessoa, Marlene Vieira e Miguel Rocha Vieira são as duplas que, em ca da guia, revelam os segredos, as memórias e as histórias, que ajudaram a criar as “Receitas da Minha Vida”. Em cada guia, uma dupla de chefs ensina a pre parar entradas, petiscos, pratos de carne, peixe e vegetarianos, e sobremesas.

Não é totalmente errado assu mir que por detrás de um grande chef de cozinha está sempre um livro de receitas antigo com letras apagadas por manchas de gordura, tanto quanto um caderno rabiscado com ideias para experimentação futura.

Não se trata de um regresso ao passado, antes de um elogio aos aromas, temperos, ensinamen tos e experiências que servem de ingrediente a todas as boas his tórias nascidas à mesa. Partindo

de uma coleção de memórias de família, episódios de infância e viagens pelo mundo, estes oito chefs portugueses reúnem, ago ra, as “Receitas da minha vida” e contam as histórias, segredos e inspirações associadas a cada proposta.

“A minha cozinha é feita dessa ligação quase visceral ao mar e à ria Formosa, à tradição pisca tória que ainda hoje é honrada na família pelo meu irmão, mas também da herança serrana deixada pela minha avó, que me apresentou aos sabores mais fortes e quentes do Algarve”, confessa Noélia Jerónimo, a par tir do restaurante que lidera em Cabanas de Tavira. “As receitas que aqui partilho são aquelas que sustentam a minha identida de enquanto cozinheira, porque são as que me fazem mais feliz à mesa, junto dos meus, pelas histórias e memórias que car regam”, conclui a cozinheira autodidata, que foi distinguida como “Chef do Ano 2021” pelo guia Boa Cama Boa Mesa. Prémio Carreira do guia Boa Cama Boa Mesa em 2016, Vítor

Sobral abriu em Cascais o mais recente projeto, a Lota da Esqui na, que se junta a outros que têm marcado a oferta gastronómica em Portugal, com destaque para a Tasca da Esquina, mas tam bém além-fronteiras, como é o caso do Brasil. “Vivi no Seixal até à adolescência na mesma casa onde nasci e foi por lá, à beira-rio e com o mar a curta distância, que apurei o gosto pela cozinha" recorda o chef, que acrescenta: "É de lá, onde cheira a mar, que trago as melhores memórias à mesa, seja dentro de uma fragata com amigos ou em casa, com os meus pais.

Noélia Jerónimo e Vítor Sobral são os primeiros a partilhar as “Receitas da minha vida” no guia que vai ser oferecido com o Expresso no dia 11 de novembro. Seguem-se, a 18 de novembro, Michele Marques e João Rodri gues, a 25 de novembro, Justa Nobre e Henrique Sá Pessoa, e a 2 de dezembro, Marlene Vieira e Miguel Rocha Vieira

Texto Boa Cama Boa Mesa do Expresso, jornal parceiro do POSTAL

A Câmara de Silves vai organizar de 10 a 12 de novembro o 10.º Encontro de Arqueologia do Algarve, conjuntamente com Universida de do Algarve, Universidade Nova de Lisboa e Ministério da Cultura, informou a autar quia algarvia. Segundo um comunicado, o encontro pretende “divulgar os trabalhos ar queológicos de maior relevância ocorridos na região do Algarve na última década, através da promoção do debate científico relativo a problemáticas relacionadas com a atividade arqueológica no contexto geográfico do Al garve”. Por outro lado, visa “sensibilizar para a promoção social da atividade arqueológi ca, preservação e valorização do património arqueológico”, prossegue a nota. Os temas a abordar durante os dois dias do evento serão Património e Arqueologia Marítima, Arqueo logia Medieval e Moderna, Problemáticas da Arqueologia Urbana, Gestão de Património, Arqueologia Romana, Arqueologia Proto -histórica, Arqueologia Pré-histórica e Boas Práticas em Conservação Preventiva

Cabeças-de-cartaz: Romana e Banza na Feira da Perdiz em Alcoutim a 12 e 13 de novembro

A artista Romana e o grupo Banza são ca beças-de-cartaz da XIII Feira da Perdiz de Alcoutim (Faro) que vai decorrer, em 12 e 13 de novembro, na povoação de Martim Longo, naquele concelho algarvio. Em comunicado, a Câmara de Alcoutim referiu que haverá ex posições de espécies cinegéticas, artesanato, atividades equestres, atividades infantis, o XII Concurso Canino de Alcoutim, o I Concurso de Matilhas de Alcoutim e o Concurso de Mel. Por outro lado, nas tasquinhas será possível degustar diversos pratos típicos da gastro nomia da região nesta época do ano, com destaque para os pratos à base de caça.

REGIÃO 9CADERNO ALGARVE com o EXPRESSOPOSTAL 4 de novembro de 2022
Encontro de Arqueologia do Algarve realiza-se em Silves de 10 a 12 de novembro
A capa do primeiro de quatro guias "Receitas da minha vida" Noélia Jerónimo e Vítor Sobral FOTO NUNO FOX

Reze 9 Ave-Marias com uma vela acessa durante 9 dias, pedindo 3 desejos, 1 de negócios e 2 impossíveis ao 9º dia publique este aviso, cumprir-se-á mesmo que não acredite. D.F.

Reze 9 Ave-Marias com uma vela acessa durante 9 dias, pedindo 3 desejos, 1 de negócios e 2 impossíveis ao 9º dia publique este aviso, cumprir-se-á mesmo que não acredite. C.F.

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Agradecimento Os seus familiares vêm por este meio agradecer a todos os que a acompanharam em vida e nas suas cerimónias exéquias ou que de algum modo lhes manifestaram o seu sentimento e amizade.

JOSÉ MANUEL

Agradecimento

CONCEIÇÃO - TAVIRA

E CABANAS DE TAVIRA - TAVIRA

Agência Funerária Santos & Bárbara, Lda.

MARIA

Agradecimento

CONCEIÇÃO - TAVIRA

CONCEIÇÃO E CABANAS DE TAVIRA - TAVIRA

Agência

10 CADERNO ALGARVE com o EXPRESSO POSTAL 4 de novembro de 2022 ANÚNCIOS
Funerária Santos & Bárbara, Lda.
DA CONCEIÇÃO TENIL 19-03-1924 Ÿ 28-10-2022
Os seus familiares vêm por este meio agradecer a todos os que a acompanharam em vida e nas suas cerimónias exéquias ou que de algum modo lhes manifestaram o seu sentimento e amizade.
DA CRUZ MENDONÇA 22-10-1949 Ÿ 27-10-2022
Os seus familiares vêm por este meio agradecer a todos os que o acompanharam em vida e nas suas cerimónias exéquias, ou que de algum modo lhes manifestaram o seu sentimento e amizade.
CONCEIÇÃO
MARIA FILOMENA NETO DOS SANTOS 16-09-1931 Ÿ 18-10-2022 Agência Funerária Santos & Bárbara, Lda. SANTA MARIA - TAVIRA
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COOPERATIVA AGRICOLA DOS PRODUTORES DE AZEITE DE SANTA CATARINA

ASSEMBLEIA GERAL CONVOCATÓRIA

De acordo com o disposto no Parágrafo segundo do art. 23°, e no Parágrafo segun do do art. 25° dos Estatutos da Cooperativa Agrícola dos Produtores de Azeite de Santa Catarina da Fonte do Bispo, CRL, convoco os seus associados a reunirem-se em Assembleia Geral, em sessão ordinária, no dia 15 de Dezembro de 2022, pelas 17 horas na sua sede e com a seguinte ordem de trabalhos:

1°- Apreciação e votação do Orçamento e do plano de atividades para o exer cício de 2023;

2°- Eleição dos corpos sociais para o próximo quadriénio (2023-2026);

3°- Discussão de outros assuntos de interesse para a Cooperativa

Se à hora marcada não estiver presente o número legal de sócios, a Assembleia Geral reunirá uma hora depois, em segunda convocatória, no mesmo local e com a mesma ordem de trabalhos, podendo deliberar com qualquer número de associados.

Santa Catarina, 20 de Outubro de 2022

0 Presidente da Assembleia Geral

Alberto Maria Vilela Boto Pimental (POSTAL do ALGARVE, nº 1295, 4 de Novembro de 2022)

Edital

José Temóteo Pereira Lima, titular do Bilhete de Identidade n.º 356906, emitido pelos SIC de Lisboa, vitalício, NIF 137 415 478, e mulher Maria Isalinda das Neves Pereira, titular do Bilhete de Identidade n.º 40808, emitido pelos SIC de Lisboa, vitalício, NIF 137 415 486, casados no re gime da comunhão geral de bens, com morada fiscal na Rua Boavista, Cx. Postal 520-T, 8700-206 Quelfes, Olhão, vendem a Daniel Alexandre Raposo Baião, solteiro, maior, titular do Cartão de Cidadão n.º 14776132 8 ZX1, emitido pela República Portuguesa, válido até 30/05/2024, NIF 267 084 854, e Cátia Sofia Godinho Teixeira, solteira, maior, titular do Cartão de Cidadão n.º 15394448, emitido pela República Portuguesa, cuja validade se encontra, neste momento, em processo de renovação, NIF 253 412 382, o prédio rústico sito em Areias Pinhal, da freguesia de Quelfes, concelho de Olhão, descrito na Conservatória do Registo Predial de Olhão, sob o n.º 7971, da freguesia de Quelfes, inscrito na matriz pre dial rústica com o artigo 2 47, secção C, da freguesia de Quelfes, conce lho de Olhão. O referido prédio tem como partilheiros a norte Inácio Filipe Claro Eduardo, a sul e poente Marie Rose Biasini e a nascente Herdeiros de José Joaquim Soares. O referido prédio rústico é vendido pelo valor global de 16.000€. Caso algum dos partilheiros pretenda exercer o direito de preferência deverá de enviar notificação registada aos vendedores num prazo de 10 dias utéis.

(POSTAL do ALGARVE, nº 1295, 4 de Novembro de 2022)

11CADERNO ALGARVE com o EXPRESSOPOSTAL 4 de novembro de 2022
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ANDRÉ JORDAN, PRECURSOR DO TURISMO ALGARVIO DE QUALIDADE

Não considero o Algarvenem desordenado urbanisticamente

“Não havia acesso construído e o terreno era um areal e um pinhal”. Foi ali, há 50 anos, naquele espaço de 650 hectares

P Nasceu na Polónia e devido à guerra seguiu com o seu pai e família para o exílio no Brasil. Que idade tinha e por quê a escolha do Brasil pelo seu pai?

R Cheguei com a família ao Brasil aos seis anos de idade, tendo saído da Polónia no dia da invasão alemã, 1 se tembro de 1939, chegando a Lisboa em janeiro de 1940 e depois, a conselho de pessoas que o meu pai conheceu em Lisboa, fomos para o Brasil.

P Fixando-se no Rio de Janeiro, o seu pai inicia uma nova etapa de vida. A que ramo de atividade se dedicou?

R A família do meu pai, desde o meu bisavô, foi pioneira na indústria do pe tróleo na Europa. Estava localizada na região polaca chamada Galícia, que atualmente faz parte da Ucrânia. Este era o negócio do meu pai, impossível no Brasil, porquanto o petróleo, que ainda não havia sido descoberto, era já naquela altura propriedade do Estado. O meu pai com um grupo de exilados polacos soube da incipiente indústria imobiliária, foi a isso que se dedicou com sucesso.

P O sr. André Jordan, entretanto, ganhou autonomia e lançou-se na vida empresarial. Como e quando desco briu o Algarve ou o que é que viu no Algarve de há 50 anos que o atraiu para aqui se instalar?

com vista para o mar, que tudo começou no sonho de um visionário. André Jordan conta como foi o princípio de tudo, e como concebeu e levou por diante o projeto Quinta do Lago, inscrito, com certificado de elevada qualidade, nos roteiros do turismo imobiliário de lazer de todo o mundo.

R Colaborei com o meu pai, Henryk Spitzman Jordan, intermitentemente enquanto mantive atividade na im prensa do Rio de Janeiro. Em 1963, o meu pai voltou a Portugal aonde criou uma empresa que realizou o empreendimento das Torres do Alvor, no Algarve, conhecido como Torralta e desenvolveu em Lisboa o empreen dimento Bairro Augusto de Castro, no concelho de Oeiras. Ambos com sócios internacionais.

Após a morte do meu pai, depois de ter trabalhado nos Estados Unidos e na Europa, pensei em realizar um empreendimento de lazer e habitação.

Tinha conhecido o Algarve, mas não tendo reconhecido o seu potencial.

P Como é que foi o começo? Como descobriu o terreno, o espaço, e como concebeu aquilo que viria ser a atual Quinta do Lago?

R Um encontro nas Bahamas com um agente imobiliário sueco, que vendia no seu país o empreendimento ao qual ambos estávamos ligados, disse-me que o futuro do imobiliário de lazer estava no Algarve. Acendeu-se uma luz e, tendo já conhecido o Algarve, re solvi tentar criar um empreendimento nessa zona. Contactei o arquiteto João Caetano, que havia colaborado com o meu pai e me organizei para visitar propriedades no Algarve. Contactei

também o banqueiro Afonso Pinto Magalhães, dono de várias proprie dades e que eu havia conhecido numa reunião em Paris dos acionistas da Anglopor, que havia realizado o em preendimento no Alvor.

Quando vim a Portugal, contactei-o e ele designou o presidente da sua em presa Aquazul, que controlava várias propriedades no Algarve. No dia 26 de abril de 1969, um domingo, aniversá rio da minha mulher, tendo previsto continuar naquela tarde a viagem até Espanha para explorar possibilidades na costa da Andaluzia, fui acordado pelo representante da Aquazul para ir visitar o terreno que o presidente dessa empresa, Albano Castro e Sou sa, tinha indicado.

Não havia acesso construído e o terreno era um areal e um pinhal. Andávamos perdidos até que eu dis se ao homem - para deixarmos para a próxima visita. Ele respondeu - se o senhor não for ver o terreno, vou ser despedido. Foi assim que chegámos à propriedade. Num alto com vista para a Ria, as dunas e o mar e olhando para os terrenos em volta visualizei a Quin ta do Lago, como veio a ser chamada, sendo que o lago ainda não existia.

P Partiu de algum modelo de em preendimento conhecido para aplicar no terreno que adquirira?

R A minha conceção era de um em preendimento residencial com um campo de golfe, hotel, residências, e alguns aldeamentos. A minha inspi ração básica foi um local no Uruguai, Punta del Este, aonde existia um em preendimento chamado Cantegrill, de baixa densidade e um ótimo ambiente.

Também o conhecimento de clubes de golfe e country clubs nos Estados Unidos fizeram parte da fórmula que concebi, inclusive com algumas ideias originais.

O que sei, é que a inspiração daquele dia nos trouxe até ao esplendoroso

aniversário de 50 anos, um empreen dimento agora propriedade de um bilionário irlandês, um dos líderes mundiais do setor das comunicações em vários países.

P Qual era a área do espaço e quanto é que lhe custou?

R A propriedade, que tinha 650 hecta res, custou o equivalente a 5 milhões de dólares da época, pagos com um sinal e o restante saldo a pagar com o produto das vendas, uma demons tração de confiança que Afonso Pinto Magalhães me concedia.

André Jordan

Num alto com vista para a Ria, as dunas e o mar e olhando para os terrenos em volta visualizei a Quinta do Lago, como veio a ser chamada, sendo que o lago ainda não existia”

Não considero o Algarve massificado nem desordenado urbanisticamente. É óbvio que faltou alguma qualidade no planeamento, principalmente ao nível das cidades, mas não é preciso ir muito mais longe do que a Espanha para encontrar o que é verdadeira massificação”

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Entrevista de RAMIRO SANTOS (Jornalista) André Jordan

massificado urbanisticamente

P Não está, portanto, desencantado com o rumo que o Algarve tomou?

R Não estou desencantado com o Algarve e tenho muito orgulho e sa tisfação de ter colaborado com o seu desenvolvimento económico, social e cultural. O Algarve de hoje tem uma prestigiada universidade e até algu mas valências de serviços que são as melhores de Portugal.

P Há quem associe o projeto imobiliá rio e de lazer da Quinta do Lago a uma urbanização para ricos, mas o André Jordan gosta de falar num projeto so cial para ricos. Há alguma diferença ou não passa de um eufemismo?

R Quando disse que a Quinta do Lago era um projeto social para ricos, foi de brincadeira, como dizendo que os ricos também merecem, mas têm de pagar.

P Politicamente como é que se afirma e quais são as preocupações sociais do cidadão André Jordan?

P Nessa altura era o princípio do futuro no Algarve. O projeto Quinta do Lago foi precursor de um modelo na imobiliá ria turística e no turismo de qualidade, mas nem todo o Algarve, à exceção de poucos empresários, lhe seguiram o exemplo. Acha que era possível evitar a massificação e o desordenamento urba no turístico que acabou por prevalecer?

R Não considero o Algarve massificado nem desordenado urbanisticamente. É óbvio que faltou alguma qualidade no planeamento, principalmente ao nível das cidades, mas pode acreditar que não é preciso ir muito mais longe do que a Espanha para encontrar o que é verdadeira massificação e bai xa qualidade da grande maioria dos empreendimentos. Essa realidade aplica-se a muitos outros lugares, in clusive à minha inspiradora Punta del Este, a sua zona residencial é hoje uma floresta de edifícios.

É preciso reconhecer que o mercado residencial de turismo de qualidade não é gigantesco e o sucesso dos em preendimentos é limitado. Basta dizer que a Quinta do Lago aos 50 anos está vendendo ainda as últimas proprieda des disponíveis.

Vilamoura, na qual desenvolvi a se gunda fase denominada Vilamoura XXI, continua o seu desenvolvimento após 60 anos. Também devemos re conhecer que a receita gerada para as câmaras através de impostos prediais, permite a requalificação de muitas áreas urbanas, sendo difícil de en contrar zonas degradadas no Algarve.

R Tendo crescido no Rio de Janeiro em contacto com a realidade de grandes contrastes económicos e sociais e es tudado nos Estados Unidos quando prevalecia uma política de desenvol vimento económico e social lançado pelo maior Presidente democrático da história, Franklin Delano Roose velt, o seu modelo - New Deal - é um exemplo bem-sucedido, aplicável a qualquer sociedade, sendo uma social democracia progressista com livre em presa e de um estado que fiscaliza o sistema financeiro e realiza obras de infraestruturas, mas não se mete em negócios. Trata-se da social-democra cia aplicada com rigor e sucesso.

P Hoje como vê o Algarve no seu todo e no turismo em particular?

R Vejo o Algarve com amor e carinho e recebo dos algarvios afeto e reconheci mento que me comovem e me motivam. Nota-se nos novos empreendimentos e hotéis, bem como no upgrade dos an tigos, um aumento de qualidade que é muito importante para a consolidação da região no mercado.

P Os responsáveis algarvios têm por hábito apontar o dedo ao centralismo de Lisboa para o planeamento e atraso de obras fundamentais para a região. Não haverá culpas dentro de casa?

R Quando diz centralismo em Lisboa, refere-se ao atraso das obras funda mentais, tais como a EN 125 ou o Hospital Central. Não há problema em relação ao planeamento, porquanto a CCDR tem tido um grande e eficiente papel nesse sentido.

Sou tudo isso que diz (visionário, cidadão do mundo), mas como algarvio de Almancil, é que serei enterrado no seu cemitério de São Lourenço, aonde aqueles que sentirem a minha falta poderão me visitar”

P Mas o que tem faltado para a afirma ção do Algarve junto do poder político no Terreiro do Paço?

R O que falta para a afirmação política do Algarve é a união dos empresários para representarem em conjunto o grande investimento existente e a geração de divisas que são um fator crucial nas exportações.

Infelizmente, tivemos durante várias décadas uma associação das empresas que se dedicava a emitir estatísticas. Atualmente, está na direção da AHE

TA um dos mais competentes gestores do Algarve, Hélder Martins, que po derá mobilizar o verdadeiro potencial da capacidade política económica do setor para consciencializar o poder central. Os membros da AHETA re presentam muitos votos e têm o apoio da população.

P Depois de tantos projetos concreti zados, o que é que gostaria de ter feito e não fez? Tem ainda alguns sonhos?

R A minha capacidade de sonhar é apenas limitada pela realidade. Como sempre olhei para o dinheiro como uma afirmação da validade e utilidade dos meus projetos, nunca tive como afirmação a necessidade do gigantis mo. Estou com 89 anos, preocupo-me com o mundo e com os grandes e difíceis problemas que todas as co munidades enfrentam, que de certa maneira são geradas pela ambição do gigantismo e do poder do dinheiro.

Isto é bem exemplificado pelo empre sário Elon Musk nos seus passeios pela estratosfera.

Desejo ao Algarve e ao seu povo, no qual encontro várias gerações de fa mílias que trabalharam e ajudaram a construir e desenvolver os empreendi mentos que desenvolvi, um futuro de equilíbrio económico e paz social, que aliás é exemplificada pela harmonia das relações da população local e os residentes e visitantes vindos de fora.

P Nasceu polaco, numa cidade que hoje, julgo saber, é parte integrante da Ucrânia. Como refugiado de uma guerra, como olha agora para a nova guerra no leste europeu?

R A guerra é produto da megalomania de um homem que se encontrou com o poder de destruição e para dar satis fação ao seu ego e ao seu sentimento de inferioridade, não hesita em preju dicar a humanidade, que infelizmente lhe permite fazer.

P Polaco, brasileiro, português... cida dão do mundo, há quem o considere uma das 12 personalidades mais influentes no turismo a nível mundial, com reconhecimento e comendas em vários países, mas foi aqui no Algarve que se realizou. Revê-se nesse reco nhecimento internacional?

R Tenho participado de organismos internacionais, tais como The Duke of Edinburgh’s International Award, que

realiza ações de formação de jovens em 140 países e já processou mais de 8 milhões de pessoas. Fui Vice-Chair man do World Travel and Tourism Council (WTTC), no qual criei a Ci meira Mundial de Viagens e Turismo, que junta anualmente as maiores em presas do setor com as autoridades públicas do turismo, incluindo as maiores cadeias hoteleiras e as prin cipais companhias de aviação de todos os continentes numa conferência que é realizada em muitos países e é con siderada a Davos do turismo.

P Como gostaria de ser recordado para a posteridade? Um visionário empreendedor, cidadão do mundo, ou um algarvio de Almancil?

R Gosto muito do reconhecimento pela capacidade de poder influir para o bem e olho para um gajo que conheço e que se chama André Jordan com um certo orgulho. O reconhecimento nacional e internacional vale para a alegria da minha mãe e do meu pai, aonde quer que eles estejam e para a motivação dos meus filhos, da minha filha, das minhas netas e netos, sendo que es tes são todos nascidos em Portugal.

Não acredito muito na perenidade do prestígio e na fama. Vejo que poucos são lembrados. Sou tudo isso que diz, mas como algarvio de Almancil, é que se rei enterrado no seu Cemitério de São Lourenço, aonde aqueles que sentirem a minha falta me poderão visitar.

13CADERNO ALGARVE com o EXPRESSOPOSTAL 4 de novembro de 2022 FOTOS D.R.
André Jordan

Porque é a arte usada por ativistas?

SAÚL NEVES DE JESUS Professor Catedrático da Universidade do Algarve; Pós-doutorado em Artes Visuais; http://saul2017.wixsite.com/artes

Muito recentemente duas ativistas do movimento “Just Stop Oil” atira ram o conteúdo de duas latas de sopa de tomate sobre a obra “Girassóis”, de Van Go gh, avaliada em mais de 86 milhões de euros, em exposição na National Gallery, em Londres. De seguida, colaram as palmas das mãos à pa rede abaixo do quadro.

“O que vale mais, a arte ou a vida? Estão mais preocupados com a pro teção de uma obra do que com a do planeta e das pessoas?”, questiona ram as ativistas, enquanto eram fotografadas pelos jornalistas e detidas pela polícia.

O movimento “Just Stop Oil” quer que o governo britânico decrete o fim imediato de qualquer novo projeto de petróleo ou gás e tem chamado a atenção para o assunto através de ações realizadas em museus de arte. Já em julho passado, ativistas deste movimento colaram-se na moldura do quadro “A Última Ceia”, de Leo nardo da Vinci, na Royal Academy of Arts de Londres, e no quadro “A carroça de feno”, de John Constable, na National Gallery.

A onda de manifestações ocorre quando o Governo britânico abre uma nova ronda de licenciamento para a exploração de petróleo e gás no Mar do Norte, apesar das críti cas de ambientalistas e cientistas que dizem que a medida prejudica o compromisso do país com o com bate às mudanças climáticas. Mas outros movimentos pelo clima têm recorrido a ações com obras de arte para protestarem. Por exemplo, ativistas do movimento “Extinction Rebellion” invadiram a National Gallery of Victoria, em Melbourne, na Austrália, e colaram as mãos ao “Massacre na Coreia” de Pablo Picasso.

Por seu turno, em maio deste ano, um homem disfarçado atirou um bolo à obra “Mona Lisa”, a mais icónica obra do Museu do Louvre, antes de dizer: “Há pessoas que

estão a destruir a Terra. Todos os artistas, pensem na Terra. Foi por isso que fiz isto. Pensem no planeta.”

As questões ambientais estão cada vez mais na ordem do dia, fazen do parte do discurso político e das preocupações das pessoas em geral.

As expressões artísticas têm acom panhado estas preocupações, procurando alertar e contribuir para a tomada de consciência das pessoas relativamente às questões ambientais e para a importância da prevenção através de comporta mentos mais adequados.

Aliás, os artistas envolvem-se fre quentemente em movimentos sociais, expressando a grande relação das ar tes com o ativismo político e social.

Ao longo do século XX, muitos ar tistas participaram em movimentos revolucionários e libertários, usan do a expressão da sua produção nas artes como meio de comunicação de ideologias nos espectadores ou no público. Os anos 60 foram ricos em manifestações artísticas inseri das em movimentos sociais, muitas vezes de caráter pacífico, que pro curavam questionar os modelos políticos vigentes, nomeadamente os extremos predominantes, com uma direita capitalista, que incentivava o individualismo e o imediatismo con sumista, e uma esquerda comunista, que instaurava o autoritarismo e a inibição da diversidade.

Manifestações de arte visual e musical, com performances e ha ppenings, ocorriam muitas vezes de forma aparentemente espontânea, “invadindo” a rotina do espaço pú blico, questionando e funcionando muitas vezes quase como contra cultura, aparentemente anárquica.

O Fluxus foi um movimento que se destacou nos EUA, na Europa e no Japão, a partir dos anos 50, com objetivos claros de ativismo políti co nas suas expressões artísticas.

O uso do próprio corpo, enquanto instrumento a favor da liberdade sexual e da igualdade de género era usado por artistas como Yoko Ono.

Mas é sobretudo nos anos 90, com o desenvolvimento da arte urbana, que a expressão visual como meio de protesto parece ter um maior in cremento, sendo vários os artistas que, na atualidade, procuram ter impacto sociopolítico com os tra

balhos que produzem.

Em artigos anteriores, fizemos re ferência aos trabalhos de alguns artistas, nomeadamente Banksy que, através de graffitis, que podemos encontrar em ruas, pontes e muros de diversas cidades do mundo, tem procurado criticar os conceitos de capitalismo, autoridade e poder.

Assim, a arte tem sido usada por ativistas artistas como forma de co municação, permitindo sintetizar as emoções e os sentimentos sociais já existentes em relação a certas questões psicossociais polémicas, complexas e atuais, podendo ajudar a promover a reflexão e o debate sobre as mesmas.

Além disso, a arte tem sido usada por ativistas não artistas que procu ram aproveitar-se do valor de certas obras de arte para manifestações de revolta contra algumas opções da sociedade capitalista que têm im pacto ambiental e logo, no futuro do planeta e das novas gerações.

Ambas as formas expressam a im portância da arte como instrumento de crítica e de tomada de posições políticas em relação a diversos as suntos, nomeadamente questões sociais e ambientais

Ficha técnica

Direção GORDA, Associação Sócio-Cultural Editor Henrique Dias Freire

Responsáveis pelas secções:

• Artes Visuais Saúl Neves de Jesus

• Diálogos (In)esperados Maria Luísa Francisco

• Espaço AGECAL Jorge Queiroz

• Espaço ALFA Raúl Coelho

• Filosofia Dia-a-dia Maria João Neves

• Letras e Literatura Paulo Serra

• Mas afinal o que é isso da cultura? Paulo Larcher

Colaborador desta edição Mauro Rodrigues e-mail redação: geralcultura.sul@gmail.com

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Ativistas colam as mãos em pinturas expostas em museus de arte FOTOS D.R.

Consequências linguísticas da queda do paraíso

Podemos ser ou não crentes, mas vivendo num país de tradição cristã, existem textos que fazem parte da paisagem intelectual em que nascemos e fomos criados. Po demos nunca os ter lido, mas como desde sempre a eles são feitas refe rências, é possível que o que neles consta não nos estranhe. São textos que fazem parte do tecido cultural de que estamos feitos. No caso por tuguês, o livro do Génesis, do antigo testamento, é um bom exemplo. Provavelmente nunca parámos a pensar no que aí consta. O que hoje proponho é que tomemos este texto com um olhar fresco, como se nunca antes tivéssemos dele tido notícia.

É no livro do Génesis, na chamada obra dos seis dias, que Deus cria o mundo através da palavra. “Deus disse: ‘Haja luz’ e houve luz. Deus viu que a luz era boa, e Deus separou a luz e as trevas. Deus chamou à luz ‘dia’ e às trevas ‘noite’. Houve uma tarde e uma manhã: primeiro dia.”

Durante os dias seguintes Deus con tinua a sua obra criadora, sempre descrita sob a fórmula Deus disse, e o que quer que seja que fosse pronun ciado passava a existir. A palavra de Deus é criadora, pronunciá-la é criar a existência do que foi dito.

A excepção ocorre no sexto dia, com a criação do Homem. “Deus disse: ‘Façamos o homem à nossa imagem, como nossa semelhança, e que ele domine sobre os peixes do mar, as aves do céu, os animais do mésticos, todas as feras e todos os répteis que rastejam sobre a terra.”

Como se pode verificar, Deus não disse haja Homem. Pelo contrário, deus disse façamos o Homem. No segundo capítulo do livro do Génesis este fazer é explicado: “Deus mode lou o homem com a argila do solo, insuflou em suas narinas um hálito de vida e o homem tornou-se um ser vivente.” Ao criar o Homem, Deus pela primeira vez usa um material - o barro - e modela-o. Utiliza as suas mãos e o seu olhar para fazer o Ho mem à sua imagem e semelhança. Depois, insuflando-lhe o alento di vino, confere-lhe simultaneamente vida, espírito e linguagem.

A criação do Homem não foi produzida pela palavra, facto em virtude do qual o Homem é elevado acima da Nature za. Justamente, Deus cria os animais e depois condu-los ao Homem para que este os nomeie. Desta forma, toda a linguagem humana é um reflexo da

palavra divina: o mundo é criado pela palavra de Deus e é conhecido em seu nome de acordo com a palavra huma na. O nome é, então, a essência íntima da própria linguagem; nele nada é co municado, não há conteúdo. Quando nomeia, o Homem reconhece a exis tência de cada coisa para si mesmo e para o criador.

Num texto intitulado A tarefa do tradutor, o filósofo alemão Walter Benjamin (1892-1940) desenvolve a sua filosofia da linguagem precisa mente a partir do livro do Génesis Diz-nos Benjamin que as coisas são mudas e, portanto, imperfeitas, tendo-lhe sido negado o princípio linguístico formal: a palavra. No entanto, todas as coisas participam da linguagem porque todo o evento ou coisa, animada ou inanimada, comunica o seu conteúdo espiritual.

Assim, a palavra, que é criadora em Deus, torna-se receptiva no Ho mem. Pois “o nome que o Homem dá à coisa depende do modo como a coisa se comunica com ele”. O nome em Deus é conhecimento, Deus é pura realidade, transparente para si mesmo, não precisa da palavra. Quando Deus fala, a coisa acontece.

Por seu lado, o Homem nomeia à medida que vai conhecendo. A pa lavra humana formula-se no tempo.

Essa unidade de verdade do espíri to criador e da coisa criada, que se realiza no nome, é aquilo que Walter Benjamin denomina experiência au têntica, onde não há separação entre o sujeito e o objecto. Esta é a carac terística da linguagem de Adão no paraíso: um estado de contem plação, através do qual a essência espiritual das coisas se comunica ao Homem, que imediatamente as nomeia, conferindo-lhes som e símbolo, completando deste modo a criação de Deus.

Porém, o Homem ofendeu a pureza do nome, comeu o fruto proibido e com ele conheceu o conhecimento do bem e do mal, originando o julga mento e o conhecimento extrínseco da palavra que, então, passa a comu nicar algo fora de si. Daqui até à Torre de Babel vai apenas um passo. Diz Walter Benjamin: “Depois da queda que, ao tornar a linguagem mediati zada, havia plantado os fundamentos da sua pluralidade, faltava apenas um passo para chegar à confusão das línguas. Uma vez que os homens ofenderam a pureza do nome, bas tava que se cumprisse a separação daquela contemplação das coisas, através da qual a linguagem destas passa ao homem, para que a base comum do espírito linguístico, já quebrado, fosse tirada dos homens.”

Na linguagem adâmica a palavra reconhecia a totalidade da entidade pronunciada; com a confusão das lín

guas, cada uma delas atinge apenas um aspecto de cada coisa. É daí que vem o ditado quanto mais línguas falas, por mais homens vales. Pois a linguagem ocupa esse espaço entre o Homem e o mundo e constitui-se ela própria em via de acesso, em forma de estruturar o mundo. Não é como vulgarmente se possa pensar que as coisas estão aí e que a linguagem vem depois, como que para rotulá -las. Daqui resultaria, por um lado, o carácter convencional da lingua gem e, por outro, a neutralidade da substituição de um idioma por outro.

Em vez disso, cada língua fornece uma visão específica do mundo, é um modo de a ele estar ido, um ângulo através do qual o experienciamos. Em que consiste, então, a forma de uma língua? Não pode existir uma matéria que não esteja configura da numa forma. A forma de uma linguagem consiste na actividade espiritual de criar um som articula do que expresse um pensamento. A matéria seria então o som em geral, as impressões sensoriais, e toda a ac tividade espiritual antes da palavra, antes do conceito.

Toda a língua é originalmente fala, canção. Não há línguas sem som, embora existam línguas sem escri ta. Poder-se-ia considerar o som em geral como matéria prima de todas as línguas. As impressões sensoriais são não apenas aquelas produzidas pela palavra quando ela é pronuncia da, mas também a série ininterrupta de sensações que acompanha o ser humano. Sentir é algo permanente; porém, assim como acontece com as funções vitais como a respiração, por exemplo, não temos consciên cia do que estamos a sentir, a menos que algo desse sentimento rompa

o horizonte de indiferença em que normalmente nos encontramos. Quando isso acontece, é frequente libertar-se um som, uma exclamação ou uma respiração, que ainda não são uma palavra, mas são significativas dentro do contexto em que surgem. É o que acontece quando exclamamos um “Ah!” de susto ou um “Oh!” de admiração.

O filósofo e linguista prussiano Wi lhelm von Humboldt (1767-1835), num texto intitulado Sobre o es tudo comparado das línguas em relação com as diferentes épocas da sua evolução, dir-nos-á que a pala vra pronunciada ao transformar o objecto em representação mental, através do seu som específico, da entoação, e do seu contexto, “faz ressoar, embora muitas vezes de ma neira imperceptível, uma sensação que corresponde simultaneamente à natureza da palavra e à natureza do objecto”. É também neste sentido que aponta Walter Benjamin, num outro texto intitulado A origem do drama barroco alemão: “o precipí cio aberto entre a imagem escrita, dotada de significado, e o embriaga dor som articulado, separação que racha o sólido significado verbal, força o olhar a embrenhar-se nas profundidades da linguagem.”

O momento anterior à palavra, a ac tividade espiritual que a precede, é para María Zambrano o lugar em que em cada realidade aninha, como seu núcleo secreto e profundo. Dele, a palavra falada ou escrita é apenas um reflexo transitório e fugidio. O ser humano almeja chegar a esse centro de sentido, mergulhar nas profundezas trémulas de cada ser, descobrir a sua palavra, porque “no fundo da alma espera-se que tudo

o que é criado ou que tudo o que é natural tenha uma palavra para dar, o seu logos recôndito ou zelosamen te guardado” (Clareiras do Bosque).

Este momento anterior a todos os significados, e fonte de possibilida de para todos eles, recusa qualquer instrumentalização. É a palavra semen ou logos espermatikos, con tinua Zambrano, “geradora de musicalidade e abismos de silêncio, palavra que não é conceito porque é ela que nos faz conceber, fonte de conceber que está além do que se chama pensar.”

Sintetizando, os filósofos aqui apresentados coincidem no re conhecimento de três níveis de linguagem:

1.º – A linguagem divina; a realida de é criada assim que a palavra é pronunciada.

2.º – A linguagem de Adão; nomeia os seres que a ele comunicam o seu conteúdo espiritual; o nome reco nhece plenamente a existência de cada ser ou coisa.

3.º – A linguagem utilitária; acon tece a jusante da queda do paraíso; é uma linguagem que julga o que é bem e o que é mal, é dicotómica, perdeu o dom da equanimidade.

Poder-se-ia dizer que todo o es forço de poetas e pensadores vai no sentido de recuperar o dom da linguagem, a graça recebida pelo Homem pelo sopro divino que é vi da, fôlego e fala ao mesmo tempo, mas fala que não está destinada ao sacrifício da comunicação

Café Filosófico | 17 Novembro | 18.30

AP Maria Nova Lounge Hotel, Tavira

Inscrições: filosofiamjn@gmail.com

15CULTURA.SULPOSTAL 4 de novembro de 2022 FILOSOFIA DIA-A-DIA
*A autora não escreve segundo o acordo ortográfico
Adão e Eva expulsos do Paraíso, Marc Chagall 1961 FOTO D.R.

DIÁLOGOS (IN)ESPERADOS

Um Museu de Arte Contemporânea para o Algarve, uma conversa com Pedro Cabrita Reis

dessas mesmas cidades.

O Algarve é pequeníssimo. É um jardim maravilhoso onde é fácil e rá pido chegar a qualquer lugar. Por isso não vejo nenhuma motivação funda mentada, sólida e incontornável para fazer quatro filiais de um mesmo Museu de Arte Contemporânea. Sou adepto de uma localização única.

P Então qual seria a localização preferida?

luisa.algarve@gmail.com

Pedro Cabrita Reis é um dos principais artistas plásti cos da sua geração e um dos artistas portugueses com maior reconhecimen to internacional. A sua obra engloba uma ampla variedade de meios - pin tura, escultura, fotografia e desenho. Falámos sobre uma grande expo sição de arte contemporânea, a ter lugar no Quartel da Atalaia, em Ta vira, resultante duma parceria da “Casa das Artes”, a Associação 25 de Abril e o Regimento de Infantaria nº1. Será uma exposição integrante das comemorações do cinquentenário do 25 de Abril.

P Considera que este evento tem importância para a literacia cultural da cidade de Tavira?

R Claro que sim. E, numa perspectiva mais vasta, é importante porque se vai juntar a uma quantidade de outros projectos, de natureza idêntica, refi ro-me aqui às artes plásticas, que vão aparecer um pouco por todo o país.

Acho muito bem que em Tavira te nha sido criada essa convergência entre a “Casa das Artes”, a Associa ção 25 de Abril e o Regimento de Infantaria nº1, porque é seguramen te mais enriquecedor comemorar

uma data como o 25 de Abril, de uma forma ligada à arte e à cultura, em vez dos sempiternos discursos de circunstância desprovidos de qualquer iluminação de espírito ou de alma e que não passam de um proforma entediado, por parte de quem os faz, dessa data histórica, que mudou a vida dos portugueses. Já fui sondado para, eventualmente, integrar essa exposição e disse, a quem me perguntou que, com todo o gosto e entusiasmo o farei.

P Decerto já lhe terá chegado ao conhecimento a iniciativa de um grupo de Associações Culturais do Algarve, a “Casa das Artes” de Tavira, a “Sul, Sol e Sal” de Loulé e a “Laboratório Criativo” de Lagos, que se uniram para fazer a apre sentação ao Ministro da Cultura da pretensão de ver criado na Região um Museu de Arte Contemporânea.

O que é preconizado é um “de senho” original, em que o Museu se reparta por quatro/cinco po los, sob gestão única, localizados nos principais núcleos histórico/ patrimoniais/culturais do Algar ve – Tavira, Faro, Loulé, Lagos e, eventualmente, Silves, criando uma “rota de arte” que projecte a região como “destino cultural”.

Apoia este Manifesto para um Mu seu de Arte Contemporânea para o Algarve que se encontra a circular?

R Vamos partir do princípio de que quanto mais Museus existirem me lhor para a comunidade, sejam de arte contemporânea ou de outras áreas.

E sim, subscrevi esse manifesto. Um Museu é sempre um polo que junta em seu torno a comunidade onde ele está inserido. Seja pelas exposições que faz, seja pelas actividades de ca rácter didáctico que faz em relação ao seu património específico ou da comunidade onde ele está inserido. O Museu deve ser entendido como um laboratório de pensamento e de práticas que potenciem um melhor conhecimento da história, da cultura e das características específicas das regiões onde se inserem, mas sempre integrados numa visão alargada, glo balizada e cosmopolita.

Como princípio, acredito que deverá existir um Museu de Arte Contem porânea no Algarve, mas que não fique refém de quaisquer inconfes sadas ambições regionalistas. Um Museu, não é de nenhuma região ou cidade. É de todas as pessoas que a ele forem.

Lugar de acolhimento e de pen samento, para um Museu, a circunstância de estar aqui ou acolá não é relevante. Deverá, contudo, criar condições para que as pessoas da região em que se insere, possam desenvolver projectos, propor ideias, transformar coisas e de preferência fazendo tudo ao contrário do que se ria suposto fazer-se, já que, quando isso acontece, há razões para acredi tar que qualquer coisa de novo pode nascer. Os Museus são lugares para experimentar, para pôr em causa, pa ra interrogar, para construir dúvidas, mais do que para confirmar certezas ou insistir em trivialidades previsí

veis. É bom que haja um Museu de Arte Contemporânea no Algarve.

P Concorda com o desdobramento do Museu em quatro polos (Lagos, Loulé, Faro e Tavira)?

R Provavelmente a minha posição se rá entendida como conservadora, se disser que não me parece muito efi caz a ideia de desdobrar o Museu em quatro territórios diferentes. Vejo aí, com algum receio, o desenho de uma qualquer estratégia tendente para a construção de mini-regionalismos.

É a meu ver, uma visão paroquial de

R Neste momento não tenho preferência. Desconheço se as cidades mencionadas além de Tavira, têm con dições para construir equipamentos museológicos ou até mesmo a neces sária vontade política para o fazer. Reconheço que em Tavira, aliás a cidade que melhor conheço no Al garve, existe já um equipamento onde se poderiam criar as condições para a instalação de um Museu de Arte Con temporânea. Falo do Quartel de Tavira. Um quartel é um quartel. Um museu é um museu, mas há arquitectos, mu seólogos e peritos de todas as áreas que seguramente teriam de convergir no desenho de um Museu, que é um lugar precioso, que tem de ser tratado com muito cuidado. Não pode haver nem pressas, nem improvisos de qual quer natureza no seu desenho, seja dos princípios e motivações orientado res, seja mesmo enquanto património edificado. É certo que Faro é a capital do Algarve, tem aeroporto e o acesso de um público internacional, e apre senta condições extraordinárias, mas na verdade, o Algarve é pequeno, vai -se a quase toda a parte numa hora. Teriam de me explicar muito bem porque é que um Museu repartido em quatro filiais seria melhor do que um Museu num único local.

entender a relação do Museu com a comunidade e a sociedade. Não vejo porque é que um Museu do Algarve deveria estar sediado em quatro sí tios geograficamente distintos a não ser que fosse para satisfazer ambi ções de protagonismo por parte de quaisquer forças de natureza política

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MARIA LUÍSA FRANCISCO Investigadora na área da Sociologia; Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa Maria Luísa Francisco – Obriga da por esta conversa em torno destas iniciativas originadas em associações culturais e que visam o harmonioso e coeso desenvolvi mento do Algarve. *A autora não escreve segundo
o
acordo ortográfico Conversa sobre Arte Contemporânea no Algarve entre Maria Luísa Francisco e Pedro Cabrita Reis Pedro Cabrita Reis, um reconhecido artista plástico com forte ligação ao Algarve FOTOS D.R.

Cultura(s) mediterrânica(s) – o que são?

Surge por vezes em confe rências e colóquios uma interrogação aparen temente simples, “se Portugal é banhado pelo Atlântico porque somos mediter rânicos?”

A pergunta tem fundamento e como outras é importante aprofundar, a resposta correcta deverá ter sempre por base os resultados de décadas de investigação pluridisciplinar, na geografia física e humana, climato logia, geologia, paisagismo, história, sociologia, ...

Num olhar geográfico a posição de Portugal é atlântica, mas pela análise climatológica vemos que coexistam no território influências atlânticas, da meseta ibérica, do Ma

Do ponto de vista cultural, em todas as suas dimensões, que evoluíram em mais de dois mil anos, foram na vegadores e comunidades vindas do mediterrâneo, fenícios, gregos, ro manos, árabes, berberes, genoveses e venezianos, que na Península Ibé rica modularam a cultura e a língua, as religiões e o urbanismo, introdu ziram tecnologias de captação e distribuição da água, desenvolveram as redes viárias, o comércio, a agri cultura e a salicultura, a filosofia, as ciências e as artes, a alimentação e a cozinha, festividades e convivia lidades com pratos de cada época do ano.

Orlando Ribeiro e outros cientistas em meados do século XX formu laram respostas fundamentadas, “Portugal é pela sua localização atlântico, mas culturalmente medi terrânico”.

As culturas mediterrâneas, con viviais e vicinais, acompanham os ciclos astrais e agrários, celebram sementeiras e colheitas, ritualizam

as casas do Sul têm orientações para receber a luz solar, protegem os habitantes dos estios quentes e prolongados com materiais constru tivos e fenestração adequada, têm pátios interiores refrescantes, fon tes, poços, arbustos e flores, hortas e pomares circundantes, …Encontra mos exemplos de norte a sul do País, o uso de materiais locais determinou a preponderância do granito a norte do Tejo e do barro a sul.

Aspecto determinante para características comuns é a origem me diterrânica das três grandes religiões monoteístas, baseadas no Profeta, no Livro Sagrado e no Deus Único. Coexistem hoje duas visões do Me diterrâneo, a da cooperação pacífica mercantil e o conflito que usa as su premacias religiosas e militares. Os povos nómadas do Médio Oriente, homens sem Estado ou religião oficial que os protegesse e represen tasse, encontraram no Islão alguma unidade. Quando o Império Romano se desagregou, em poucos anos to

por monges-cavaleiros, as popu lações doutrinadas, islamizadas e arabizadas. Deu-se a arabização do monoteísmo judaico-cristão de que estavam excluídas.

Nas fronteiras do mundo mediter rânico espreitavam os bárbaros que invadiram os territórios desejosos de viver como as populações do Sul, apreender as suas formas de organização, possuir as riquezas provenientes do comércio intenso no “grande lago”, gozar o quotidiano de cidades com termas, coliseus, tea tros, templos, festas, …A monarquia visigoda não trouxe consigo qual quer revolução cultural, adoptou o cristianismo, o Direito e as formas de organização social.

A verdade é que não é possível compreender a(s) cultura(s) me diterrânica(s) sem estudarmos as origens, os seus valores e o modo de vida que estão nas festividades cíclicas peninsulares desse mundo antigo. A alimentação mediterrâni ca mundialmente reconhecida só a poderemos entender nesse contexto

social, como cultura adaptada ao cli ma e às características geofísicas, de sabedorias indispensáveis à sobrevi vência humana.

O Islão, tal como o paganismo, o judaísmo e o cristianismo fazem parte integrante da cultura medi terrânica.

A narrativa histórica dos aconte cimentos dos séculos iniciais do primeiro milénio foi escrita na Idade Media, influenciada pelos interesses de domínio e supremacia.

As ortodoxias político-religiosas actuais que hoje influenciam a polí tica dos Estados pouco ou nada têm a ver com as origens do judaísmo, do cristianismo e do islamismo, são interpretações doutrinárias e instru mentais que afastam da compreensão do processo histórico-cultural.

As culturas mediterrânicas, neste contexto de “globalização”, são de importância vital para todos, pro motoras de equilíbrios ambientais, económicos, culturais e sociais.

*O autor não escreve segundo o acordo ortográfico

DOIS MINUTOS PARA OS DIREITOS HUMANOS

1. ISRAEL / TERRITÓRIOS PALESTINIANOS OCUPADOS

A Amnistia Internacional analisou os ataques à Faixa de Gaza, aquando da ofensiva israelita em agosto de 2022, concluindo que devem ser investigados pelo Tribunal Penal Internacional como potenciais crimes de guerra. A organização descobriu que dois ataques israelitas provocaram seis vítimas mortais entre os civis palestinianos. Num terceiro ataque, um míssil alegadamente lançado por grupos armados palestinianos fez sete vítimas mortais palestinianas.

2. BÓSNIA E HERZEGOVINA

Duas ativistas enfrentam processos de difamação infundados por manifestarem publicamente a sua preocupação sobre o impacto ambiental das centrais hidroelétricas da empresa bósnia BUKque é totalmente detida pela companhia belga Green Invest - no rio Kasindolska. Sunčica Kovačević e Sara Tuševljak contestaram as licenças ambientais concedidas, sublinhando a desflorestação descontrolada e a erosão do solo como potenciais danos ambientais irreparáveis.

3. QATAR

A Amnistia Internacional reiterou o seu apelo à FIFA e às autoridades do Qatar para a necessidade de se comprometerem com um fundo de compensação para com os trabalhadores migrantes explorados no país, e ainda com a implementação de reformas laborais. Milhares de trabalhadores continuam a enfrentar dificuldades assentes no atraso ou não pagamento de salários, negação de dias de repouso, condições de trabalho inseguras e acesso limitado à justiça.

4. ANGOLA

A Amnistia Internacional alertou para o desaparecimento de Mbapamuhuka Caçador, um menino de cinco anos, após uma rusga policial à comunidade Mucubai, na zona de Ndamba. A rusga foi provocada por uma disputa de terras e terminou com várias casas, cobertores e roupas incendiadas. A organização insta as autoridades angolanas a explicarem este desaparecimento, recordando que um desaparecimento forçado é um crime à luz do direito internacional.

5. NIGÉRIA

Dois anos após os protestos #EndSARS contra a violência policial, mais de 40 manifestantes permanecem detidos nas prisões nigerianas, sem terem tido um julgamento. A Amnistia Internacional relembra que os grupos criados para investigar a impunidade policial não conseguiram fazer justiça às centenas de vítimas que sofreram abusos pelas autoridades. Sublinha ainda que os suspeitos da tortura e morte de manifestantes devem ser submetidos a julgamentos justos.

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ESPAÇO AGECAL © Majdi Fathi/NurPhoto via Getty Images
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O Algarve de Costa-a-Costa: Loulé

Loulé goza do privilégio de ser servida pela estação ferroviá ria Loulé-Praia de Quarteira e, por conseguinte, de entrar na nossa lista de localidades a visitar neste percurso costa-a-costa(1). Mas, já se sabe, uma coisa é a desig nação de uma estação e outra bem diferente é a maior ou menor conve niência da sua localização.

O caso é que há uma distância de uma boa meia dúzia de quilómetros entre a dita estação e a cidade de Loulé, que não é nem suficientemente curta para ser feita a pé com facilidade, nem sufi cientemente longa para desistirmos da visita. Felizmente que, quando estáva mos prontos para palmilhar um légua até à cidade (pois que remédio…), sur giu na praça da estação um táxi, tendo ao volante uma espécie de reencarna ção de Quasímodo o que, porém, não nos impediu de embarcar de imediato no bem-vindo veículo.

Estamos habituados a passear num Al garve chão, por vezes a distinguir aqui

e ali mas sempre lá ao longe, silhuetas de montanhas e montes, difusos na distância. Não é o caso da cidade de Loulé, alcandorada a uma altitude de 170 metros. Dizia o Manuel da Fonse ca, numa visão com quase quarenta anos, que “Serra acima, como de um alto terraço a meio dos montes, Loulé defronta uma vasta paisagem que vai, em declive, por cerros, pomares, hortas, até ao mar.”(2)

Todavia, a visão do escritor nos dias de hoje seria seguramente muito dife rente. Os pomares e as hortas foram substituídas pelo betão, pelo tijolo, pelo asfalto e por tudo aquilo que co nhecemos pelo verbo urbanizar. Mas este progresso deverá agradar aos povos, pois Loulé é uma das poucas cidades que tem vindo a aumentar a sua população desde os anos oitenta, inclusivamente na faixa etária dos 0-14 anos, a que mais importa para o futuro.

Loulé, diga-se de passagem, é uma urbe muito antiga. Foi romana, foi moura, e foi cristã a partir de 1249, após ter sido conquistada no tempo do Rei D. Afonso III, com o auxílio do fortíssimo braço de D. Paio Peres Cor reia, cavaleiro e mestre da Ordem de

Santiago. Teve momentos de esplen dor, até o terramoto de 1755 a destruir de forma cruel, como aliás a metade do Algarve.

Ultimamente, o turismo tem puxado por este imenso concelho e sobretudo pelo seu litoral, substituindo alguma vaga indústria que ainda resistia às modas dos novos tempos. Até a ex tração do sal gema parou por falta de incentivo económico, de modo que es tou crente que se a torneira do turismo um dia se fechasse, morria de fome meio Concelho.

O nosso condutor, que nos tinha vindo a falar das dificuldades da vida, pára à beira de um bonito arco escavado numa muralha. “A muralha moura”, esclarece ele, e continua: “Agora é só irem por aí fora pelas ruazinhas até ao Castelo. É do que os turistas mais gostam.”

Passámos sob o robusto arco, não sem que o taxista todo esticado no banco ainda nos tenha bradado em alta-voz: “Ide também ao Jardim dos Amuados! É logo à esquerda.”

Iremos, iremos, amigo Quasímodo. Obrigado. Obrigado…

Seguimos o avisado conselho e, curio samente, também os passos do Manuel

da Fonseca: “O arco de grossas paredes caiadas, por onde se passa para a Igreja Matriz. O minúsculo e íntimo Jardim dos Amuados. E o vale. O bonito vale que o defronta, e fica entre a vila e uma encosta de cabeços nus, angulosos.”(3)

Pois, mas nós, infelizmente, apenas conseguimos ver bocadinhos desse panorama, porque o que faltava es tava oculto por construções diversas. Todavia, na colina fronteira, passado o grande vale, na “encosta de cabeços nus”, reparo num grande edifício todo redondeza e brancura. Que seria aqui lo? Um disco voador?

“É a nova ermida da Nossa Senhora da Piedade a quem os louletanos cha mam Mãe Soberana”, explicou-me o António, que é uma fonte inesgotável de informações interessantes, “é um culto com uma data de séculos. To das as primaveras fazem uma grande procissão e transportam lá para ci ma a imagem da Nossa Senhora num andor pesadíssimo. Vem gente de todo o lado. Multidões! E há oito ti pos fortalhaços que correm por uma ladeira acima com o andor aos om bros. Extraordinário! Há uns tempos fiz imensas fotografias dessa festa. Posso arranjar algumas, se quiseres.

Ou então voltamos cá na primavera.” Fiquei a ponderar na oferta do meu distinto amigo, enquanto nos pusemos a andar pela Rua de Martim Fartopelo que consta um indivíduo de fé e sobejamente endinheirado - e pelas demais ruelas estreitas e sinuosas. Entrar na Praça da República após atravessar a cerca intimista do Con vento do Espírito Santo é uma visão agradabilíssima: largos passeios, agradáveis comércios. Só mais tarde percebemos que o nosso percurso pelo núcleo antigo acompanhara os passos de um outro andarilho, este bem mais recente(4). Vou citá-lo: “O viajante dei xa-se levar pela intuição e mete-se pelo labirinto de ruelas […] até desembocar frente ao edifício do mercado, com as suas chamativas cúpulas vermelhas […] que sugerem uma decoração das Mil e Uma Noites.”

O Mercado impressiona de facto pela sua escala grandiosa e pelas suas cúpu las arabizantes, mas também pela sua estrutura interior em ferro, com uma floresta de colunatas elegantes que se unem, formando uma imensa abóbada sobre as bancadas dos comerciantes, num ambiente limpo, ordenado, bem iluminado. “Tem-se uma impressão de

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esforço doseado e de segurança que o an dar pausado dos habitantes reforça.”(5)

Um pouco abaixo do edifício dos Paços do Concelho espera-nos um contra tempo: o célebre Café Calcinha onde tantas tertúlias animaram as suas mesas, estava fechado! Uma senhora da loja ao lado, vendo o nosso ar de solado, informou-nos que andam em obras há uns tempos mas que tornará a abrir como café. Excelente notícia! embora nos conviesse mais que já es tivesse aberto para, confortavelmente sentados, podermos falar de alguns dos filhos insignes desta terra.

De figuras eminentes, como por exem plo do Eng. Duarte Pacheco, homem da Segunda República, mas a quem Loulé ergueu um monumento junto à Rua 25 de Abril (o que demonstra bas tante fair-play…). Também constariam do rol dois presidentes da República, um da Primeira, José Mendes Ca beçadas e outro da Terceira, Aníbal Cavaco Silva. Impossível esquecer a romancista Lídia Jorge, filha querida de Loulé e figura de referência nas Letras portuguesas e, last but not the least, António Aleixo, o bardo a quem chamam popular, nascido vi la-realense mas falecido em Loulé e a

quem mandaram fazer uma soturna estátua no exterior do Café Calcinha, eternizando-o muito sério, de perna traçada e sentado a uma mesinha, com uns poeminhas do próprio gravados no tampo, para que conste.

Decepcionado com a impossibilidade de saborear um merecido refresco no Café Calcinha, câmara fotográfica pendente do braço, o Mestre Homem Cardoso dirige-se inopinadamente à brônzea personagem: “Desculpe inco modá-lo, mas o senhor não é por acaso o poeta António Aleixo?

“Poeta, não, camarada. Eu sou tam bém cauteleiro. Ser poeta não dá nada, vender jogo dá dinheiro”, responde o vate. E com esta nos fomos de Loulé.

(1) Lembro o estimado leitor que eu e o António Homem Cardoso, uma dezena de crónicas lá para trás, combinámos correr o Algarve costa-a-costa utilizando exclu sivamente o comboio.

(2) FONSECA, Manuel, Crónicas Algarvias, Editorial Caminho, 2ª ed., Lisboa,1986, p 149. (3) FONSECA, op. cit. P 154 (4) MESA, Diego, Viagem ao Algarve Baseado na Viagem a Portugal de José Saramago, 1ª ed., 2014, p 44 (5) FONSECA, op. cit. p 149.

MAS AFINAL O QUE

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É ISSO DA CULTURA?

Tornado, de Teresa Noronha

nos dilacera e nos move, ou ainda a revoada de acontecimentos que acom panham o nascimento de uma nação.

Tornado, de Teresa Noronha, foi publicado pela Editora Exclamação em Março de 2021. Vencedor da 1.ª edição do Prémio Literário Maria Velho da Costa, criado pela Sociedade Portuguesa de Autores, e incluído no Plano Nacional de Leitura, o promis sor romance de estreia da autora foi novamente distinguido em Portugal, há semanas, com o Prémio PEN.

Carta a um tempo perdido

Começa assim: “Soube anos mais tarde, quando vasculhava nos arqui vos do Notícias à procura de alguma maldita crónica ou sinal daquele dia, com os jornais abertos à minha frente, que varri de trás para a frente e de frente para trás, sem encontrar qual quer sinal especial e nem mesmo o menor traço necrológico, notícia ou fotografia como se a tua morte fosse, mais do que anónima, ignorada. Mas soube aí, com surpresa – e talvez esse facto possa desenrolar o primeiro fio deste novelo que se emaranhou depois da tua morte – que o quarto dia do mês de outubro de 1983, em que decidiste pela enésima e derradeira vez deixar o mundo, pertenceu àquele estranho ano em que as acácias se esqueceram de florir.” (p. 11)

A ação passa-se em Moçambique, mais propriamente em Lourenço Marques, com passagens ocasionais por Lisboa, durante os anos da independência e da convulsão que foi o parto dessa nação. O tornado do título descreve assim o turbilhão da vida em geral, a dor que

Tornado não segue propriamente uma estrutura epistolar, mas desenrola-se como uma longa carta de uma mulher ao irmão, dois anos mais velho, que se suicidou. Vinte e cinco anos depois, quando se abriu a cova e se recolhem as ossadas do falecido, a narradora enceta um longo solilóquio, em que narra a sua vida e toma o irmão co mo narratário, como quem de súbito desenterra também as suas memórias recalcadas. O romance configura-se assim como uma carta a um irmão desaparecido, mas também a um tem po perdido. Este texto torrentoso, sem que isso o impeça de tomar a natureza de uma prosa poética, flui em catadu pa, como se a narradora procurasse recuperar os cerca de seis anos de vida em que não falou com o irmão.

Nesse ano em que o irmão decidiu

matar-se, vivia-se também a guerra civil em Moçambique. Ao recontar a sua história, a narradora (cujo nome nunca será nomeado) tece assim um romance de formação, oferecendo um relato da sua vida, desde a infância à entrada na idade adulta, com o primei ro amor de juventude.

“Teço como Penélope este manto de palavras, preciso dele para me cobrir, para descobrir quem sou.” (p. 13)

História dos que ficaram

Simultaneamente, ao emparelhar a identidade pessoal com a identidade nacional, cruza a sua experiência com o parto de um país, de colónia a nação independente. Um romance original (que corremos o risco de pensar como autobiográfico) que apresenta uma perspetiva diferente de Moçambique, pois embora haja obras que trabalha ram a questão da independência, vista

por autores moçambicanos, ou roman ces que versaram os retornados – como é o caso de O Retorno, de Dulce Maria Cardoso –, Tornado traz nova luz sobre a história daqueles que decidiram ficar, apesar da incerteza e do tumulto.

“A nossa cor nunca foi a dominante.

No tempo colonial não éramos bran cos, éramos arraçados de monhés, canecos de cú lavado, o termo pejo rativo para falar de um filho de goês e portuguesa. No período pós-colonial, eu não era negra e se, em Lisboa, me tomavam por brasileira ou por cabo -verdiana, já em França perdiam-se em cogitações sobre de onde seria e espantavam-se quando descobriam que era africana.” (p. 38)

Acresce ainda que a perspetiva da narradora, nascida da união entre pai goês e mãe portuguesa, é excêntrica.

Nascida em Moçambique, embora te nha estado algum tempo em Lisboa quando era ainda muito nova, é a par

tir de fora, de alguém que se sente uma estranha no seu próprio país, e na sua pele, que a narradora recapitula al guns dos momentos-chave como pano de fundo à sua história e às memórias familiares. A estranheza que sente na pele é agudizada pelo “medo associa do à cor de pele, o medo de existir” (p. 37). É em vão que a narradora deseja não ter pele, tornando-se invisível. A um sentimento de não pertença, e à perda do irmão, alia-se ainda um senti mento de orfandade, por uma mãe que a rejeita desde muito cedo, entregando -a ao fim de um ano aos cuidados da avó (alegando que a filha a rejeita), e pela sensação de uma família pulverizada pela morte do seu irmão.

Anos depois, esta jovem que se sente estranha na sua pele e na sua terra, torna-se errante, vivendo alguns anos em França. Além da família, de raízes dispersas, são igualmente nómadas várias das personagens que cruzam o romance, como por exemplo o profes sor por quem ela se apaixona.

Realismo mágico

Num primeiro capítulo bastante pun gente, com a dor provocada pelo luto do irmão, por uma perda reavivada com o desenterrar dos seus ossos, sente-se ainda assim laivos que apro ximam a narrativa de um realismo mágico. Acontece assim quando se abre a narrativa com um aconteci mento que se pode julgar insólito, como aliás o adjetivo reforça, nesse “estranho ano em que as acácias se es queceram de florir” (p. 11). Ou quando se evoca uma memória de um fuzila mento. Ou ainda, no final do segundo capítulo, quando a narradora, que vê o mundo pelos olhos do seu eu criança, enuncia que, ao chegar ao aeroporto de Lisboa para viajar de regresso a Moçambique, “esperei inutilmente que a sala imensa de chão de mármore onde nos encontrávamos descolasse e nos levasse a todos pelos ares ao lon

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PAULO SERRA Doutorado em Literatura na Universidade do Algarve; Investigador do CLEPUL
A escritora é editora de livros na Escola Portuguesa de Moçambique - Centro
de Ensino
e
Língua Portuguesa Teresa Noronha venceu o Prémio Literário Maria Velho da Costa com o romance de estreia Tornado FOTOS D.R. Tornado foi novamente distinguido em Portugal, há semanas, com o Prémio PEN
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Arquibaldo, de Carlos Tê

íntimos do protagonista, demarcados a itálico, no livro, assim como pelos seus estranhos sonhos.

Francisco Frade terá começado a trabalhar em serviço social nos seus primórdios: “No princípio, ao decla rar-se assistente social, Francisco induzia uma certa perplexidade no ouvinte, como o social fosse uma res sonância sem qualquer possibilidade de assistência, mas o termo perdera o seu cunho bizantino e entrara na linguagem corrente” (p. 62)

Entretanto ganhou fama e as pessoas reconhecem-no da televisão por certos casos que vieram a público.

“A Junta acabava de ser mencionada no boletim da OCDE como um dos vinte organismos europeus de poder local mais atentos à desigualdade. (…) Juncal desculpou-se: o trabalho de Francisco reverberava na imprensa e punha a Junta nas bocas do mundo.” (p. 85)

Mesmo que o poder local não lhe dê o devido crédito, ainda que outros o ape lidem de “São Francisco do Lagarteiro” (p. 86). O seu trabalho é também, aliás, um pouco refratário ao sistema. De for ma geral, Francisco evita prisões, quer na cama, quer na vida, pois nele pare ce residir uma “zona de despojamento interior onde ser proprietário de casas era uma sobrecarga desnecessária do espírito” (p. 57).

indústria, lúmpen emprestando esqui nas com um rasto de bedum e álcool, mas povo escolarizado e anunciado pelas profecias, emulando a beleza dos ricos nas novas lojas de pronto-a-ves tir, ensaio do pavão pop, do parvenu digital sacudindo a consciência de classe da gola da samarra como caspa da História” (p. 73).

Transmite-se assim a sensação da pobreza ou da miséria humana como mal que grassa pelo mundo é mile nar e nunca se resolve completamente mesmo naquilo que hoje se entende como uma Europa civilizada. O pró prio Francisco, a certa altura, começa a ver-se não tanto como o cavaleiro andante Arquibaldo, mas mais como um judeu errante, um “nómada” em busca das suas raízes judaicas. Essa busca interior leva-o por fim numa pe regrinação, em busca de respostas, como que a testar a herança deste po vo: “erram pelo mundo sem pertencer aos lugares, o pensamento livre é o seu pátio” (p. 190).

versão da sua história porque não há a versão definitiva. A gente refaz-se na história que conta aos outros e a nós mesmos.” (p. 129)

Como nota final, um leitor atento ou mais informado pode ainda encon trar ecos de uma figura real neste Francisco, ligeiramente inspirado no Chalana, um conhecido assistente so cial do Porto.

Arquibaldo é o primeiro ro mance do letrista Carlos Tê (Carlos Alberto Gomes Monteiro) a integrar o ca tálogo da Porto Editora, e o segundo romance do autor depois de O Voo Melancólico do Melro

Francisco Frade trabalha como assis tente social de uma junta de freguesia na periferia do Porto, em bairros di fíceis. Rodeado de pessoas a quem assiste, ocasionalmente reconhecido, fugitivo de compromissos sérios das várias mulheres com quem se envol ve, Francisco ora se imagina como um cavaleiro andante ora tem uma “sensação de queda numa brecha da realidade” (p. 33). Uma visão que o

persegue de quando em quando e que parece funcionar como metáfora do peso da realidade que o envolve, de miséria, pobreza e vidas perdidas que ele tenta remendar.

“A assistência social é o nome dado ao acolchoamento da miséria, o bastão que repele o caos” (p. 27)

Entretanto, para sanar a visão des se buraco de realidade, Francisco começa a ter sessões de divã com o doutor Pombeiro. Acresce que o nosso protagonista cria como alter ego Ar quibaldo, “cavaleiro da Casa do Bem” (p. 21), uma figura que inventa para manter a coesão da realidade.

Narrada na terceira pessoa, a narra tiva é pontuada pelos pensamentos

Romance disperso, quase polifónico, profundamente lírico por vezes, traça o retrato de uma realidade caótica e desfigurada, onde figuram geralmen te os marginalizados (prostitutas, homossexuais, drag-queen). A visão da sociedade é, por vezes, cáustica:

“Não vá na cantiga de dar cultura ao povo para o libertar. O povo não quer ser livre, quer dinheiro no bolso.” (p. 87)

As primeiras páginas do livro re metem o leitor para um ambiente medieval, sendo que essa sensação de Idade das Trevas não se dissipa completamente, transparecendo oca sionalmente em algumas passagens: “Não mais povoléu feio, campesinato desenraizado subsistindo na faixa da

É curioso notar como o diálogo en tre Francisco e o seu “psicanalista” se reveste de ironia e humor. Ainda que o nosso herói tente iludir o doutor Pombeiro, “com raciocínios erráticos e entremeados por sonhos recorren tes” (p. 83), este construiu uma chave de decifração para o seu perfil. As respostas do doutor Pombeiro são por vezes dignas de um poeta ou um filósofo, ficando a ressoar no espírito de Francisco: “O desapontamento é proporcional às expetativas da paixão inicial, procurar no outro o nosso re flexo é o ardil narcísico clássico, amar é incluir o diferente e ampliar o conhe cimento de nós mesmos” (p. 91).

Momentos há, sem querer intentar uma leitura forçada, em que podemos pensar nestes instantes de reflexão e de um solilóquio, com ocasionais respostas do terapeuta, como um diálogo entre autor e personagem. Afinal, naquele divã, Francisco tenta reconstruir o seu eu, a sua verdadei ra persona: “Você vem cá contar uma

Carlos Alberto Gomes Monteiro nasceu em Cedofeita, no Porto a 14 de Junho, de 1955. É um letrista e escritor português. Licenciou-se em Filosofia na Universidade do Porto. Tornou-se célebre como letrista com a edição do álbum Ar de Rock, de Rui Veloso. Participou também em discos dos Jafumega, Clã, Cabeças no Ar, Canto Nono com José Mário Branco, Jorge Palma, e José Pedro Gil. Colaborou, entre 1978 e 1981, em revistas de poesia. Entre 1991 e 1994, escreveu para o jornal Público uma série de crónicas que marcaram a sua presença no caderno local do referido jornal. Foi também cronista no jornal Expresso.

> go dos dez mil quilómetros, como um gigantesco tapete voador telecoman dado por um deus compassivo” (p. 30).

Dores de crescimento

Da mesma forma que a narradora nos conta as suas dores de crescimento, com a primeira menstruação, ou a descoberta da sua sexualidade aos 16 anos com um professor mais velho, intenta uma revisão histórica do país que a viu nascer e que ela vê renascer. “E naquela noite de 25 de Junho do ano de 1975 voltámos a nascer. Com outra identidade, noutra condição. Na noite em que morreu o país onde

nascemos e do seu corpo morto bro tou um outro, dançámos desajeitados ritmos que não nasciam dos nossos pés, mas que celebravam um país que inventaram para nós.” (p. 31)

A narradora ao relatar a sua vida, fá -lo naturalmente com a sapiência da mulher em que se tornou. Há várias passagens em que faz mesmo essa ci são entre a experiência de então e o conhecimento depois adquirido.

“Os contentores levam os despojos dos colonialistas. Os despojos de 500 anos de pilhagem. Os colonialistas fogem que nem ratos. Sabemos lá nós, com 10 anos, o que são colonialistas? Deve ser muito feio, pela forma como o dizem, pensas tu ao

ouvires o insulto que te dirigem.” (p. 101)

Mais ainda, há um discurso subtilmen te historiográfico, onde também não se poupam críticas quer à ex-colónia quer ao colonizador, em que se considera como os factos agora narrados nem sempre pertencem ao registo oficial:

“Os relatos parcos do único jornal da época em Moçambique também me dão conta de que estávamos nesse ano em plena guerra civil, ainda que não se en contre esta palavra em nenhum.” (p. 12)

Tornado é ainda, e sobretudo, um romance intimista, emotivo, nem sem pre cronologicamente linear, ainda que os acontecimentos históricos da independência moçambicana irrom

pam como pano de fundo: “7 de setembro de 74. O edifício da Rádio Clube de Moçambique, a pou cos metros da nossa casa, foi tomado. Há um grupo de militares, brancos, de Forças especiais, que se recusa a entregar o país. Os Acordos de Lusaka estão marcados para esse dia” (p. 102)

Teresa Noronha nasceu em Moçambique em 1965. Licenciou-se em Agronomia em 1986 pela Universidade Eduardo Mondla ne e, em 1988, foi para França, Montpellier, onde frequentou o mestrado em Desenvol vimento Rural. Em 1991 decide viver em Portugal, onde foi professora de Matemá tica, Ciências e Francês, em Lisboa e em Angra do Heroísmo. Começa a trabalhar

como tradutora (1996) e, posteriormente, em edição de livros na Editora Fim de Sé culo (1999) e Íman Edições (2000-2004) de que foi uma das sócias fundadoras. Tra duziu vários romances do francês para a editora Teorema. Um curto vestido de Festa, de Christian Bobin, editado pela Barco Bêbado, é uma das suas mais re centes traduções.

Em 2004 regressa a Moçambique e trabalha como editora na Escola Por tuguesa de Moçambique – Centro de Ensino e Língua Portuguesa. Neste âmbito, deu um impulso à edição de livros infanto-juvenis em Moçambique e as suas iniciativas editoriais têm mar cado o panorama gráfico deste país.

21CULTURA.SULPOSTAL 4 de novembro de 2022
Este é o segundo romance do autor, depois de O Voo Melancólico do Melro
LETRAS & LEITURAS
Carlos Tê tornou-se célebre como letrista com a edição do álbum Ar de Rock, de Rui Veloso FOTO D.R.

A fotografia de mãos dadas com a ciência

Com a invenção da fotografia a fazer quase 200 anos, desde o longínquo ano de 1826, o Mundo sofreu uma transformação radical, de tal for ma que um habitante dessa época se tivesse a oportunidade de viajar até 2022 ficaria literalmente com falta de palavras para descrever o futuro que se mostrava aos seus olhos. Desde veículos avançados como o avião que permite fazer viagens em redor do Mun do, o foguetão para visitar as estrelas ou até mesmo o transporte automóvel iriam parecer coisas incríveis. Por exemplo, o computador, o telemóvel e a televisão com os seus mági cos ecrãs que mostram informação e pessoas de todo o lado além de toda a comunicação e interatividade que possibilitam, ou ainda os avanços médicos fantásticos que permitem a visualização do interior do corpo humano com os famosos raios-x sem ter que recorrer a uma faca seriam coisas que quando voltasse atrás no tempo para contar, provavelmente ninguém iria acreditar que iriam existir num futuro pró ximo, mas a verdade é que a fotografia esteve presente em inúmeros momentos revolucio nários da ciência e continuará sempre a estar. Vamos conhecer algumas dessas fotografias que permitiram abrir os olhos da Humanidade para a realidade desconhecida do Universo.

nossa existência e do nosso Planeta ao perten cermos a esta imensidão de escuridão eterna de triliões e triliões de galáxias que se estima ter 200.000.000.000.000.000.000.000 de estrelas.

e equipamentos, incluindo a descoberta de um novo princípio fundamental da física, o campo magnético rotativo, que tornaram viáveis o uso de corrente alternada para transmissão de energia elétrica a longas distâncias. Outras invenções importantes foram o motor de indu ção elétrica, o controlo remoto, a transmissão via rádio, o sistema de ignição nos carros, a lâmpada fluorescente, transmissão de eletri cidade sem fios, radiografia (Raios-X) e o rádio entre muitas outras.

• A fotografia de Buzz Aldrin na superfí cie da Lua , é provavelmente a fotografia que mostra como o ser humano é realmen te uma espécie que é capaz de sonhar alto e chegar efetivamente onde se predestina a chegar. Foi tirada a 20 de julho de 1969 por Neil Armstrong, na missão Apollo 11 que levou os primeiros homens à Lua, um feito extraordinário da Humanidade que fez com que a evolução tecnológica a partir daí se desenvolvesse por muitas e variadas áreas, incluindo purificadores de água, tomogra fia axial computorizada, luzes LED, câmara fotográficas miniaturizadas, ténis Nike Air, aspirador portátil sem fios, colchões com es puma “memória”, o rato do computador, o computador portátil, entre outras inovações.

• O teste nuclear nome-de-código Trini ty a 26 julho de 1945 pelas 5:29 da manhã é efetivamente a primeira detonação de uma bomba nuclear, que foi uma culminação dos esforços conjuntos de um grupo de cientis tas responsáveis pelo Projeto Manhattan. A explosão do engenho de plutónio aconteceu a 56km de Socorro, Novo México, tinha a capacidade de 22 quilotoneladas e tinha a alcunha de “The Gadget”. Apesar de todas as descobertas relacionadas com a natureza dos átomos e da existência de novidades como a fissão nuclear, infelizmente esta tecnologia acabaria por ser usada na Segunda Guerra Mundial em 1945. A fotografia do evento em si foi da responsabilidade de Julian Mack e Berlyn Brixner que usaram cerca de 50 câ maras que fotografaram e filmaram a cerca de 10.000 frames por segundo a 730 metros de distância em bunkers especiais revestidos a chumbo e ferro.

• A fotografia 51 como ficou conhecida, tirada por Raymond Gosling em 1952 foi instrumental na identificação da estrutura tridimensional em hélix (dupla hélice) do ADN que eventualmente levou à formulação do seu modelo químico e revolucionou totalmente a nossa visão e conhecimento em relação à bio logia molecular. Obviamente esta descoberta é simplesmente mais uma peça do puzzle e foram vários os cientistas responsáveis até chegarem a essa conclusão, incluindo Mau rice Wilkins, James Watson, Francis Crick e Rosalind Franklin.

• A fotografia do campo profundo extremo do telescópio Hubble (Hubble’s extreme deep field (XDF)) é na realidade um conjunto de fotografias e dados que foram compilados durante 10 anos que resultaram a 25 de setem bro de 2012 na fotografia em si que equivale a uma percentagem pequeníssima do céu estelar, ao nível de muitos milhões, em compa ração é como se fosse menos de 1mm de uma folha de papel A4 a um metro de distância. Esta fotografia é luz captada num momen to no tempo que aconteceu há cerca de 13.2 biliões de anos atrás e mostra aproximada mente 10.000 galáxias. A idade estimada da origem do Universo é de 13.7 biliões de anos. Esta revelação só confirma a pequenez da

• Esta fantástica fotografia de Nikola Tesla no seu laboratório foi tirada em 1899, ao lado do seu transformador ressonante, uma invenção que ficou conhecida como a bobi na de Tesla (Tesla coil) foi na realidade uma fotografia tirada pelo fotógrafo Dickenson V.Alley usando o método de dupla exposição, ou seja, foram na realidade tiradas duas fo tos, uma com a máquina em funcionamento e outra apenas com o Nikola que depois foram juntas posteriormente em pós-produção. Um equipamento que mantém o título de maior do género construído até hoje e operava a uns gi gantes 12 milhões de volts. Nikola Tesla foi um importante cientista que ficou famoso devido às contribuições, descobertas e avanços que fez em diversas ciências, conceitos científicos

• “Isto é como a Vida começa!” uma série de fantásticas fotografias do sueco Lennart Nils son publicadas a 30 de abril de 1965 na revista LIFE que mostraram ao mundo pela primeira vez um feto humano em desenvolvimento na barriga da mãe antes de nascer. Uma edição que vendeu 8 milhões de cópias em apenas 4 dias foi das mais populares de sempre. Es tas fotografias foram conseguidas através de objetivas tubulares especializadas endoscó picas com lentes macro e grandes angulares em diversos estágios do bebé. Trabalhando em conjunto com o hospital conseguiu foto grafar material de crianças abortadas, daí o grande detalhe de composição e iluminação das fotografias, mas as do interior da barriga foram das melhores tiradas até ao momento, mesmo comparado com o que se tira atual mente. Mostrar o invisível, visível, algo que mostra o início da nossa viagem e define a Humanidade foi a intenção do fotógrafo ao captar estas fotografias.

Esta é apenas uma pequena amostra do que a invenção da fotografia permitiu, uma janela para os mistérios da Vida e do Universo que nos espanta constantemente. São imagens poderosas e incríveis que só mostram a com plexidade de tudo o que nos rodeia. Só temos que agradecer a todos estes fotógrafos e a todos os cientistas que permitiram explorar os extremos da ciência e do conhecimento, pessoas singulares que apenas fizeram uma pergunta na sua mente.

22 CULTURA.SUL POSTAL 4 de novembro de 2022
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Câmara de Faro abre concurso para atribuir 90 fogos a custos controlados

Em breve nas livrarias O ALGARVE EM FIOS DE HISTÓRIAS

O Algarve em Fios de Histórias é o tí tulo do livro da autoria do jornalista Ramiro Santos, com a chancela da editora Guerra e Paz, e estará nas livrarias de todo o país no próximo dia 8, terça-feira.

O livro, que já se encontra à venda no site da editora https://bit.ly/3SP3Vhw, é uma obra composta em grande parte pelas crónicas publicadas quinzenalmente por aquele jorna lista ao longo dos últimos dois anos de colaboração regular no Postal do Algarve

Organizado em quatro capítulos é uma viagem pelas Descobertas, En cantos, Amores e Conquistas, numa viagem pelo tempo, desde o período islâmico no Algarve até aos nossos dias.

Se em Descobertas, o autor se detém no período inicial dos descobrimen tos henriquinos até ao desastre de Alcácer Quibir, passando pela saga dos Corte Reais e pelo último dia do Príncipe Perfeito, em Amores fala, por exemplo, da relação de Camões com a algarvia Francisca de Aragão e de um romance de amor e traição no reino do Al-Andaluz.

No capítulo das Conquistas, regista a Crónica do Cruzado Anónimo para descrever o assalto a Silves em 1189, entre outras histórias.

Na parte relativa aos Encantos, so mos convocados para uma visita guiada pelos tesouros mais bem guardados de um Algarve fora dos roteiros turísticos, num percurso que abrange todos os concelhos da região.

Sem a pretensão de Historiador que não é - como fez questão de frisar em declarações ao POSTAL -, o autor descreve episódios da História de Portugal ligados ao Algarve com o olhar e a escrita de um jornalista, em crónicas breves e linguagem acessível.

Não sendo um livro destinado a académicos, apresenta-se como uma obra de divulgação dirigida ao grande público, em particular às gerações mais novas, visando moti vá-las para o estudo e compreensão do passado do Algarve e aspetos da realidade presente.

ACâmara de Faro abriu o concurso para a atribuição de 90 habitações em regime de venda a custos controlados, decorrendo até ao dia 30 de dezembro o prazo para a apre sentação das candidaturas.

Em comunicado, o município indicou que 60 por cento dos apartamentos "deverão ser atribuídos a jovens até aos 35 anos, 20 por cento a pessoas com deficiência e os restantes

20 por cento ao contingente geral".

De acordo com a autarquia, vão ser postas a concurso 18 habitações de tipologia T1, 38 de tipologia T2 e 34 de tipolo gia T3, “dirigidos a diferentes perfis de munícipes e respeti vos agregados familiares (em conformidade com os requi sitos e condições de acesso estabelecidas).”

Os preços dos imóveis variam entre os 104.750 euros, no ca so dos T1, e os 216.250 euros,

no caso dos T3, “custos bem abaixo dos preços de merca do e igualmente definidos pelo IHRU [Instituto da Habitação e da Reabilitação Urbana], que rondam cerca de dois mil euros por metro quadrado.

A autarquia estima que os apar tamentos possam estar prontos a habitar até ao final de 2023.

As candidaturas podem ser entregues no Balcão Único do município, na Loja do Cidadão, no Mercado Municipal de Faro e através de carta.

Vilamoura Parque já vendeu 50% das moradias

Metade das moradias do Vila moura Parque, o mais recente empreendimento em Vilamou ra, foram vendidas "em apenas alguns meses", informou fonte da administração da empresa Vilamoura World. Segundo a empresa, que gere os ativos imobiliários de Vilamoura, assim como a sua marina, as vendas “seguem a bom ritmo”, com 20 das 40 moradias de lu xo já vendidas, na sua maioria a portugueses (63% dos compra dores) seguidos dos britânicos (13%). A representar 6% de vendas, encontram-se na cionalidades como a polaca, francesa, austríaca e irlandesa. As obras do Vilamoura Par que iniciaram-se no segundo trimestre de 2022 e deverão estar concluídas no primeiro trimestre de 2024. Os preços das moradias começam nos 960.000 euros.

Grupo Solverde

entregou prémios de mais de 96 ME

Os casinos do grupo Solverde entregaram 96 milhões de eu ros em prémios em outubro, adiantou a empresa. “O Casi no Espinho atribuiu de mais de 44 milhões de euros, e mais de 55 mil euros no Bingo, que agora se encontra num espaço novo e totalmente renovado, no último piso”, destacou. O grupos acrescenta que o “Ca sino Chaves atribuiu mais de 11 milhões de euros, enquanto os Casinos do Algarve – Monte Gordo, Vilamoura e Praia da Rocha – concederam mais de 40 milhões de euros”.

Taxa de esforço para arrendar casa no Algarve sobe para 47%

A Polícia Marítima de Olhão e Tavira apreendeu uma lancha rápida à deriva carregada de fardos de haxixe

A denúncia foi feita pelas 10:45 desta terça-feira por um pesca dor lúdico que avistou o barco a 5 milhas náuticas (10 km) a sul da ilha da Armona, em Olhão. Os elementos do Comando

-local da Polícia Marítima de Olhão e de Tavira deslocaram -se ao local, constatando que o barco não tinha tripulantes e tinha vários fardos de haxixe a bordo, ao que tudo indicava, várias toneladas.

“À chegada ao local, consta tou-se que a embarcação de alta velocidade se encontrava carregada de fardos de estu pefacientes, sem tripulantes a bordo, tendo sido posterior

mente rebocada pelo navio NRP Hidra para o cais co mercial de Faro”, explicou a Autoridade Marítima Nacio nal.

Os elementos da Polícia Marí tima procederam à apreensão da embarcação, bem como de um total de 180 fardos de dro ga, com um total de cerca de 6,3 toneladas de haxixe, que foram posteriormente entre gue à Polícia Judiciária.

A taxa de esforço para ar rendar casa em Portugal aumentou em setembro para 54% dos rendimentos, contra 48% no mesmo mês de 2021, sendo de 56% em Lisboa, 48% no Porto e de 47% no Algarve, segundo um estudo do portal Idealista. A seguir, surgem os distritos de Setúbal (44%), ilha da Madeira (44%), Coimbra (39%), Viana do Castelo (38%), Beja (37%), Leiria (37%), Évora (37%), Aveiro (36%) e Castelo Branco (36%). A ilha da Madei ra registou o maior aumento da taxa de esforço para arren damento, passando dos 35% dos rendimentos familiares no terceiro trimestre de 2021 aos 44% deste ano, seguindo-se Lisboa (de 47% para 56%), Fa ro (de 39% para 47%), Setúbal (de 37% para 44%), Guarda (de 25% para 32%) e Castelo Bran co (de 30% para 36%).

Tiragem desta edição 8.945 exemplares POSTAL regressa a 18 de novembro Distribuição quinzenal nas bancas do Algarve
Barco à deriva ao largo de Olhão com seis toneladas de haxixe
Autarquia tavirense entrega 226 bolsas de estudo
ATRIBUIÇÃO DE BOLSAS DE ESTUDO
A autarquia tavirense procedeu, esta terça -feira, à entrega de 226 bolsas de estudo, das quais 99 de mérito, 88 sociais e 39 de dife rença (diferença entre o montante atribuído pela Universidade/DGES e o valor a atribuir pelo Município de Tavira). Num investimento de 360 mil euros, beneficiam deste incentivo os alunos que frequentam estabelecimentos de ensino superior.
FOTO D.R. E aindaCANDIDATURAS DECORREM ATÉ 30 DE DEZEMBRO
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