POSTAL 1288 8JUL2022

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Interdita venda na distribuição quinzenal com o jornal

8 de julho de 2022

1288 • €1,5

anos

Diretor: Henrique Dias Freire Quinzenário à sexta-feira

LER PÁGINAS 4, 5 e 24

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O eterno segundo que não deixaram voar mais alto

Mão-de-obra: Algarve procura solução em Marrocos e Cabo Verde

Há turistas, mas falta gente para trabalhar no turismo. P10

É o novo acesso ao serviço de radiologia sem exigir deslocações a uma unidade de saúde. P11

GESTÃO DOCUMENTAL PARA EMPRESAS

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JORGE CORVO

E ainda

Algarve “pioneiro” no raio-x portátil

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postaldoalgarve

Por nunca ter conquistado uma Volta a Portugal, disputando-as quase todas até ao último segundo, ganhou o epíteto de o Poulidor português.

Ficou em segundo lugar por três vezes, uma em terceiro e outras duas entre os dez primeiros do pelotão. Venceu 4 etapas e envergou a

camisola amarela 9 vezes. Falta de sorte ou manobras na volta que corriam por fora das pistas tê-lo-ão impedido de voos mais altos. P12 e13

É das mais rápidas do mundo e exemplo de empoderamento

POSTAL soma 35 anos

As audências e o número de leitores nas edições papel e online do jornal POSTAL e ainda o editorial da direção. P4,5 e 24

O regresso do velho PSD e do centralismo

➡ Por Luís Graça

Da sabedoria do tempo à falácia do PS: Um SNS em ruínas

➡ Por Luís Gomes

P2

CONHEÇA O PROGRAMA COMPLETO DA FEIRA DE CAÇA & PESCA

➡ NOVO AEROPORTO DE LISBOA ➡ A FALTA DE ➡

MÃO-DE-OBRA NA HOTELARIA O TRABALHO PRECÁRIO

Por Elidérico Viegas P8

FOTO RICARDO SILVEIRA D.R.

Depois de um interregno de dois anos, o certame regressa hoje à Marina de Albufeira. P9

ENTREVISTA Anna Pixner é a skater mais rápida da Áustria e a número 10 no ranking mundial. A sua história é um exemplo de

empoderamento. Em entrevista concedida à Maria João Neves, para a rubrica 'Filosofia Dia-a-Dia', Anna confessa: “Quando pen-

so que não sou capaz de alguma coisa, mudo a minha mente: talvez eu ainda não saiba que sou capaz!” P16 e 17

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CADERNO ALGARVE com o EXPRESSO anos

OPINIÃO

Redação, Administração e Serviços Comerciais Rua Dr. Silvestre Falcão, 13 C 8800-412 Tavira - ALGARVE Tel: 281 405 028 Publisher e Diretor Henrique Dias Freire diasfreire@gmail.com Diretora Executiva Ana Pinto anasp.postal@gmail.com

REDAÇÃO

jornalpostal@gmail.com Ana Pinto, Cristina Mendonça e Henrique Dias Freire Estatuto editorial disponível postal.pt/arquivo/2019-10-31-Quem-somos Colaboradores Afonso Freire, Alexandra Freire, Alexandre Moura, Beja Santos (defesa do consumidor), Elidérico Viegas (Análise e Perspectivas Turísticas), Humberto Ricardo, Luís Gomes/Luís Graça (Tribuna Parlamentar) e Ramiro Santos Colaboradores fotográficos e vídeo Ana Pinto, Luís Silva, Miguel Pires e Rui Pimentel

DEPARTAMENTO COMERCIAL

Publicidade e Assinaturas Anabela Gonçalves - Secretária Executiva anabelag.postal@gmail.com Helena Gaudêncio - RP & Eventos hgaudencio.postal@gmail.com

TRIBUNA PARLAMENTAR

TRIBUNA PARLAMENTAR

Luís Graça

Luís Gomes

Deputado do Algarve (PS). OPINIÃO 3

Deputado do Algarve (PSD). OPINIÃO 3

O regresso do velho PSD e do centralismo

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rometia um partido reformador, mas a primeira declaração de Luís Montenegro mostrou que o PSD elegeu um líder antireformador e que o PSD voltou à sua posição ortodoxa e centralista de oposição à criação de regiões administrativas. Nos últimos anos, apesar das diferenças, António Costa e Rui Rio foram capazes de consensualizar um modelo de descentralização de competências que visava numa primeira fase reforçar o papel das autarquias, transferindo competências do estado central para os municípios e freguesias e iniciar, com a eleição indireta das Comissões de Coorde-

de descentralização de competências das últimas décadas, culminaria por fim com a reabertura do debate em torno do processo de regionalização com o objectivo de realizar um novo referendo em 2024. Todo o trabalho realizado nos últimos anos foi agora jogado às urtigas no encerramento do 40º Congresso do PSD com o argumento que o referendo em 2024 “não é adequado”, devido à grave situação internacional. É uma justificação fraca e contraditória de quem, pelo contrário, assume disponibilidade para um referendo à eutanásia, mas é sobretudo o regresso do velho centralismo e da ideia de que Portugal é Lisboa.

DESIGN Bruno Ferreira DIÁRIO ONLINE www.postal.pt EDIÇÕES PAPEL EM PDF issuu.com/postaldoalgarve FACEBOOK POSTAL facebook.com/postaldoalgarve FACEBOOK CULTURA.SUL facebook.com/cultura. sulpostaldoalgarve TWITTER twitter.com/postaldoalgarve PROPRIEDADE DO TÍTULO

Henrique Manuel Dias Freire (mais de 5% do capital social) EDIÇÃO POSTAL do ALGARVE - Publicações e Editores, Lda. Centro de Negócios e Incubadora Level Up, 1 - 8800-399 Tavira

CONTRIBUINTE nº 502 597 917

DEPÓSITO LEGAL nº 20779/88 REGISTO DO TÍTULO ERC nº 111 613 IMPRESSÃO LUSOIBERIA: Avenida da Repúbica, nº 6 - 1050-191 Lisboa 914 605 117 comercial@lusoiberia.eu DISTRIBUIÇÃO:: Banca/Logista DISTRIBUIÇÃO à sexta-feira com o Expresso / VASP - Sociedade de Transportes e Distribuição, Lda e CTT

Tiragem desta edição

9.156 exemplares

O velho PSD está de volta e com ele a velha ideia de que Portugal é Lisboa nação e Desenvolvimento Regional, o estabelecimento de uma governação de proximidade baseada no princípio da subsidiariedade. A legitimação democrática das CCDR, cujo conselho diretivo não é mais designado pelo Governo, mas eleito pelos presidentes de câmara e membros das assembleias municipais, seria agora acompanhada pela integração nas CCDR dos serviços desconcentrados de natureza territorial, designadamente nas áreas da educação, saúde, cultura, ordenamento do território, conservação da natureza e florestas, formação profissional e turismo. Com este caminho de concentração de serviços nas cinco CCDR estabelecer-se-ia um nível de governo intermédio, sem fazer crescer a despesa e sem aumentar o número de lugares políticos, mas oferecendo respostas mais eficientes e com maior proximidade das pessoas que desejamos servir. A reforma do modelo de organização territorial do Estado, o maior processo

O que pensam os autarcas do PSD? Terão sido ouvidos pelo novo líder e concordado em ser oposição à criação das regiões administrativas? O que pensam os eleitores sociais-democratas no Algarve que uma vez mais veem o PSD, no momento chave, recuar e fazer campanha contra o cumprimento da mais importante reforma do Estado prevista na Constituição desde 1975? Mais do que um afastamento político da anterior liderança de Rui Rio, que sempre se manifestou a favor da criação de regiões administrativas e que durante a sua presidência foi capaz de consensualizar com o Governo do PS o processo de descentralização e a eleição indirecta das cinco Comissões de Coordenação e Desenvolvimento Regional, é o regresso das piores políticas centralistas de Cavaco Silva e Passos Coelho. O velho PSD está de volta e com ele a velha ideia de que Portugal é Lisboa. luis.graca@ps.parlamento.pt

Da sabedoria do tempo à falácia do PS: Um SNS em ruínas

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inco meses foi o tempo que bastou para que, depois das eleições, as fragilidades do Serviço Nacional de Saúde (SNS) viessem à tona, com uma dimensão difícil de acreditar. Aos mais distraídos recordo que, em janeiro deste ano, no quadro das Eleições Legislativas, os candidatos do Partido Socialista referiam que o seu Governo tinha salvado o SNS e que finalmente haveria saúde com qualidade e para todos. Pois, mas o povo é sábio e lá diz o ditado que “a verdade é como o azeite”.

a maioria das pessoas, o problema não é ter a doença a, b ou c, mas sim a dificuldade que cada um enfrenta para se poder tratar. Mais, a rede de transportes públicos não garante um acesso fácil aos serviços de saúde, quer das pontas às principais unidades hospitalares, quer da zona serrana às sedes concelhias. Quem não tiver meios próprios de deslocação passa sérias dificuldades. É preciso termos a noção clara que um cidadão que sofra um enfarte, e que viva em Cachopo, desde o momento em que chama o INEM até chegar ao

Neste quadro, importa questionar: qual será a avaliação que os algarvios fazem das políticas deste Governo na área da saúde? Encerramentos consecutivos de vários serviços de urgência, principalmente de obstetrícia, o aumento do número de pessoas sem médico de família, o desespero de quem anseia por uma cirurgia e até uma tentativa de enviar para Sevilha doentes que necessitam de tratamentos de radioterapia foram episódios suficientes para desmontar a demagogia reinante nas hostes socialistas, em torno do setor da saúde. E sem muito esforço mais exemplos se poderiam elencar. A política faz-se para as Pessoas e são as Pessoas que têm de sentir, nas suas vidas, os benefícios das boas políticas, das políticas públicas de saúde. Neste quadro, importa questionar: qual será a avaliação que os algarvios fazem das políticas deste Governo na área da saúde? Será que, ao longo destes últimos anos, tem melhorado o acesso aos serviços de saúde? As estatísticas não mentem! Façamos uma breve avaliação do SNS na nossa região. Atualmente, para

Hospital de Faro, demora aproximadamente hora e meia! E não nos esqueçamos que existem, aproximadamente, 24.000 cidadãos sem médico de família e que o sistema de saúde não garante consultas em tempo útil em muitas especialidades, como a dermatologia ou oftalmologia. Insisto. Será que este Governo salvou mesmo o Serviço Nacional de Saúde? Só mesmo no país em que vive o Partido Socialista é possível acreditar nesta mentira. Porque o cenário aqui retratado é o dia-a-dia de muitos portugueses. Meus caros, deixemo-nos de retóricas e de preconceitos ideológicos que nos arramam a chavões que nos impedem de seguir em frente. Da minha parte estou disponível para discutir soluções que dignifiquem o Estado enquanto agente que cuida dos seus cidadãos. Porque é esse o papel do Estado. E porque é esse o direito dos cidadãos. lfgomes@psd.parlamento.pt PUB.



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CADERNO ALGARVE com o EXPRESSO anos

Na década anterior, o POSTAL celebrou um protocolo exclusivo com o jornal PÚBLICO e passou a ser o primeiro [e o único jornal regional no país] a ser distribuído nas bancas regionais em conjunto com o PÚBLICO. Em 2018, o POSTAL reforça a sua tiragem em papel ao passar a ser distribuído em conjunto com o jornal EXPRESSO em todas as bancas do Algarve, aumentando a sua liderança em leitores e tiragem na região algarvia, com uma média superior a dez mil exemplares por edição papel, incluindo os assinantes.

A importância da formação

MIGRAÇÃO: PARCERIA INOVADORA COM GRUPO IMPRESA

Plataforma digital do EXPRESSO reforça liderança do POSTAL

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POSTAL tem vindo a reforçar a sua circulação digital. Com a sua passagem para a nova plataforma online do EXPRESSO, em novembro de 2019, o número de utilizadores e de visualizações duplicaram no site postal.pt. Das cerca de 700 mil visualizações mensais registadas até então, o ano de 2020 registou uma média mensal de 1,2 milhões de visualizações, segundo os dados do Google Analytics. Os dados do terceiro trimestre disponíveis de 2021 [ver quadro superior] revelam um total de 1.107.820 utilizadores para 2.753.797 sessões, cuja soma de visualizações de página foi de 3.455.032.

A média mensal ronda 1,2 milhões de visualizações, a semanal 266 mil e a média diária é de 38 mil.

contra-se entre os 35 e 44 anos (21,87%), imediatamente seguida pelas faixas dos 55 a 64 (21,28%) e dos 45 a 54 anos (19,07%).

LOCALIZAÇÃO GEOGRÁFICA

PÚBLICO ALVO Género e Idade Desde sempre, a maior fatia de leitores do POSTAL é do sexo feminino (61,7%) de acordo com os dados do Google Analytics. Quanto à faixa etária dos leitores do postal.pt, a maior percentagem en-

Ainda segundo o Google Analytics, o site do POSTAL é lido em mais de 10 mil cidades de 200 países. Em Portugal, o distrito com mais leitores é o de Faro, seguido por Lisboa e Porto. Já a nível local, as localidades que mais leem o postal. pt são Lisboa com 24,52%, Albufeira com 12,20% e Faro com 11,81%. Em quarto lugar encontram-se os leitores que o Google Analytics não tem informação sobre a sua localização referida no quadro ao lado como "not set". Segue-se Portimão com 7,32%, Porto com 4,39% e Tavira com 4,05%. Encontram-se ainda no TOP 10 por concelhos, Lagos com 3,08%, Loulé com 2,05% e uma freguesia do município de Cascais.

TOP 10 - EM CIMA POR DISTRITO E EM BAIXO POR LOCALIDADES

Fonte: GOOGLE ANALYTICS / ANO DE 2021

O patamar alcançado é sempre fruto de uma extrema dedicação. Ao longo dos 35 anos do POSTAL, a formação tem sido uma preocupação constante. Desde sempre, a equipa do jornal e os seus colaboradores têm enfrentado com coragem os desafios diários para oferecer aos leitores um produto que orgulhe a região do Algarve: inicialmente como jornal em formato papel, mas cada vez mais igualmente digital. Com a migração para a plataforma digital do EXPRESSO, várias têm sido as formações da equipa do POSTAL, com o ex-jornalista coordenador online na SIC Notícias, Ricardo Rosa, atual gestor de Produto Digital na Impresa, empresa detentora do Expresso e da SIC, e igualmente formador no prestigiado CENJOR.

Fonte: google analytics / terceiro trimestre de 2021

Edição papel com média superior a 10 mil exemplares por edição

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Prof. Joana Baltazar

/Ballet clássico /Contemporâneo /Estilo Livre, Hip Hop (danças urbanas) /Sapateado /Danças do Ventre

15 de

julho

Sabores para partilhar com a ria Formosa! D’ dance Company vai estar presente nos espectáculos a 15 e 31 em S. Estevão, a 10 de Agosto em Tavira na Praça da Republica e a 14 Agosto em Cachopo

facebook: D'Dance Company | Instagram: d_dance_company | site: www.ddancecompany.com Campo Mártires da República, nº20 G, 8800-378 Tavira (Ginásio Espaço d’Elite)

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CADERNO ALGARVE com o EXPRESSO

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anos

AUDIÊNCIA FACEBOOK GÉNERO, IDADE E LOCALIDADE

Mais de 80 mil pessoas alcançadas diariamente

As publicações do POSTAL alcançam um total médio superior a 600.000 pessoas diferenciadas por cada 28 dias: mais de 80 mil pessoas por dia, segundo as estatísticas oficiais do Facebook. Em termos de localidades, de 4 em 4 semanas, são alcançadas uma média de 70 mil pessoas em Lisboa (9300/dia). No Algarve, a primeira posição é de Faro com mais de 35 mil pessoas alcançadas (4700/dia), seguido do concelho de Loulé com Quarteira

TOP NACIONAL: POSTAL LIDERA IMPRENSA REGIONAL

Fonte: Estatística oficial do Facebook / 1ª semana de Novembro de 2021

Independentemente do número de seguidores de cada página Facebook (a rede social mais utilizada no mundo) o valor essencial que deve ser avaliado é o número de pessoas alcançadas pelas suas publicações, bem como, de onde são, que género e faixa etária são atingidas

Fonte: Estatística oficial do Facebook / Nº de pessoas alcançadas a cada 28 dias

com quase 25 mil (3280/dia) e imediatamente por Portimão com cerca de 24 mil (3240/dia), Albufeira com 16 mil (2180/dia), Olhão com 15 mil (2060/dia), Lagos e Tavira, ambos com mais de 10 mil pessoas alcançadas (1420/dia). Quanto às faixas etárias, as

AF TAVIRA VERDE CAMPANHA PLASTICO TORNEIRA ANUNCIO IMPRENSA.pdf

publicações do POSTAL alcançam maioritariamente as idades compreendidas entre 25 e 54, com prevalência na faixa dos 35 aos 44 anos de idade. Já quanto ao género, em média há mais mulheres alcançadas do que homens.

140 MIL SEGUIDORES O POSTAL continua a

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23/06/2022

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liderar em número de seguidores na sua página de Facebook com mais de 140 mil. Quanto ao envolvimento das pessoas nas publicações nesta rede social através de gostos, partilhas e comentários, semanalmente o POSTAL regista mais de 150 mil interações

na sua página [175.300 no quadro acima]. Do TOP dos principais jornais regionais portugueses com edição em papel, o POSTAL continua a manter uma liderança crescente em termos de seguidores e de interações desde 2017. É também, a página de Facebook no Algarve com mais fãs e seguidores. PUB.

Reduzir o plástico começa na torneira

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CADERNO ALGARVE com o EXPRESSO

Em destaque

A GNR do Posto Territorial de Carvoeiro deteve no passado sábado um homem de 22 anos por tráfico de estupefacientes e apreendeu oito botijas de óxido nitroso, também conhecido como “gás do riso”, na localidade de Carvoeiro. Durante uma ação de patrulhamento de visibilidade na localidade de Carvoeiro, os militares abordaram uma viatura suspeita, tendo procedido à sua fiscalização. No decorrer da ação constataram que, no interior do veículo, encontravam-se botijas de óxido nitroso e haxixe, culminando na detenção do suspeito e na apreensão de oito botijas de óxido nitroso, 15 doses de haxixe, 220 euros em numerário, um telemóvel e um saco de balões.

DETIDO HOMEM POR VIOLÊNCIA DOMÉSTICA CONTRA ESPOSA E FILHOS EM PORTIMÃO Um homem, de 45 anos, que tinha sido detido na segunda-feira, em Portimão, pela prática de crimes de violência doméstica, vai ficar em prisão preventiva, anunciou a PSP. A investigação foi iniciada na sequência de um pedido de auxílio de uma vítima de violência doméstica que afirmou ter sido “agredida na face e arrastada violentamente pelo chão tendo, em seguida, sido ameaçada com uma arma branca e uma frigideira ainda quente, tudo isto na presença dos seus filhos menores”. A PSP tomou conhecimento que o episódio não foi uma situação isolada e que outros “de elevada gravidade” obrigaram a vítima e os filhos menores a pernoitar num quarto separado, “por receio de continuarem a ser vítimas de agressões por parte do suspeito”. Na segunda-feira, agentes da PSP da Esquadra de Investigação Criminal de Portimão procederam à captura do suspeito que, após ser presente à Autoridade Judiciária competente, ficou em prisão preventiva.

FALTAM ENFERMEIROS

“Forma como o CHUA tem gerido o CMRF Sul é gestão danosa”

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Associação MovimentoDeterminanteafirma em comunicado que “é com desagrado e muita preocupação que tem vindo a assistir à forma como o CHUA (Centro Hospitalar Universitário do Algarve) tem gerido o CMRF Sul (Centro de Medicina Física e Reabilitação do Sul). Uma gestão danosa com várias promessas não cumpridas, em que os principais prejudicados são sempre os mesmos, os utentes que dele necessitam”. “Há muito tempo que os problemas persistem no CMRF Sul, com a falta de recursos humanos e materiais, a baixa ocupação a nível de internamento de utentes a quem o Centro se destina, a ele-

vada lista de espera, o constante depósito de doentes do Hospital de Faro neste Centro, assim como o longo atraso (em alguns casos ultrapassando os 2 anos) na entrega de ajudas técnicas e materiais de apoio”, refere a associação. “Depois do anterior Conselho de Administração do CHUA ter retirado a Drª Arminda Lopes do cargo de Diretora Clínica e colocado no seu lugar outro fisiatra, uma aposta falhada que apenas teve o intuito de servir os interesses do CHUA, reinvestiu-a recentemente no cargo”, explica a Associação Movimento Determinante, acrescentando que “não cumpriu as condições acordadas, o que levou a Drª Ar-

minda Lopes a demitir-se apenas passados dois meses. Conclusão, o CMRF Sul abriu portas no passado dia 1 de julho sem Diretor Clínico e assim se mantém”. Segundo o Movimento Determinante apurou junto de utentes e colaboradores do CMRF Sul, “a Drª Arminda Lopes estava a desempenhar as suas funções de forma exemplar e o CMRF Sul começou a apresentar melhorias significativas no seu funcionamento. Era com grandes expectativas que esperávamos que o Centro voltasse a prestar o serviço de excelência, que, em tempos, o caracterizou. Mas não só ficou sem Diretora Clínica, como voltou a servir de depósito de doentes do Hospital

Tribunal deliberou “intimar o município de Aljezur para se abster de aplicar herbicida O TRIBUNAL Administrativo e Fiscal de Loulé deu razão à associação Arriba e determinou a paragem da aplicação de um herbicida associado a casos de cancro nos trabalhos de requalificação da Ribeira de Aljezur. “A justiça fez-se ouvir e serviu os cidadãos e o ambiente, abrindo portas para o diálogo, transpa-

rência e boa governança”, afirma o presidente da Associação de Defesa da Costa Vicentina (Arriba), João Vilela, numa reação à decisão tomada pelo tribunal em 01 de julho. Segundo a sentença, o Tribunal Administrativo e Fiscal de Loulé deliberou “intimar o município de Aljezur para se abster de rea-

lizar [e continuar] os seguintes trabalhos previstos”: a aplicação do herbicida sistémico proposto, contendo glifosato [tipo piton verde] com adjuvante do tipo Li 700, ou equivalente, e o “corte dos rebentos caulinares das canas [Arundo donax] através de meios mecânicos pesados, designadamente máquinas escavadoras”.

Homem em prisão preventiva por violência doméstica contra a ex-mulher na Fuseta Após primeiro interrogatório, um homem de 55 anos ficou em prisão preventiva por suspeita de crime de violência doméstica contra a ex-mulher. Segundo o Ministério Público, “em maio e junho de 2022, nos cafés e bares da Fuseta, o detido após ingerir bebidas alcoólicas, de viva voz dizia: ‘vou matar a minha ex-mulher e a minha cunhada (…) uma não me aceita de volta e a outra estragou-me a vida’ e ‘vou comprar uma arma e matar a minha ex-mulher’”. Com tais atitudes o detido “conseguiu que a sua ex-mulher se sentisse vigiada, ameaçada e perseguida, e alterasse as suas rotinas de modo a esconder-se do detido”.

de Faro, em detrimento dos utentes para o qual foi concebido”. No dia 17 de junho, o Movimento Determinante avança que enviou “um email ao Conselho de Administração do CHUA, onde demonstrámos a nossa preocupação e pedimos algumas respostas, mas até ao dia de hoje não fomos contactados” “Somos uma associação de defesa e apoio das pessoas portadoras de deficiência, seus cuidadores e amigos, com experiência própria sobre as consequências da falta de intervenção médica e técnica na altura adequada. Defender o bom funcionamento do CMRF Sul é defender a dignidade de quem dele necessita”, conclui.

CARVOEIRO: SUSPEITO DETIDO COM 8 BOTIJAS DE “GÁS DO RISO”

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A associação Arriba sublinha que, depois de alguns meses de julgamento, o tribunal reconheceu que o projeto em causa estava sujeito a um procedimento prévio de avaliação de incidências ambientais que nunca foi feito. Por outro lado, quanto à utilização do herbicida em causa, “ficou fundada a implicação de um risco [ainda que incerto] comprometedor na conservação do sítio atendendo à relevância e dúvidas suscitadas pelos recentes estudos científicos e opinião pública”. A Arriba considera que o herbicida em causa “é composto por um químico associado a casos de cancro”, tendo manifestado a sua oposição a que a aplicação fosse “repetida três vezes, ao longo de cinco quilómetros e até 10 metros de largura das margens da ribeira”. Na nota, os membros da Arriba questionavam “o porquê de permitir este tipo de experiência numa área de grande sensibilidade ecológica e de interesse para a conservação da natureza e, ainda para mais, sem avaliação dos riscos ambientais”. PUB.


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Em destaque

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REGIÃO

MED celebrou a arte, a união dos povos e o regresso a uma vida normal

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urante três dias, a cidade de Loulé transformou a sua imagem de localidade do barrocal algarvio para abrir as portas ao mundo e festejar os 18 anos do Festival MED. Milhares de pessoas de várias nacionalidades e culturas encontraram-se no coração do Algarve para celebrar a Arte, a união dos povos e, sobretudo, o regresso a uma vida normal em que a fruição cultural é fundamental. E se, como referiu o vereador da Autarquia e diretor do evento, Carlos Carmo,

“as expetativas eram altas”, a verdade é que a afluência do público ultrapassou tudo o que se previa, em especial na sexta-feira e no sábado, este último dia com lotação perto de esgotar. Ruas cheias, calor atmosférico e humano, música de excelência, tal como o cinema, a poesia e outras manifestações culturais que aqui estiveram representadas, espaços decorados com as vibrantes cores do MED, cheiros e sabores a invadirem esta Zona Histórica… Mas, acima de tudo, um ambiente de fraternidade e cumplicida-

de entre gente de diferentes origens geográficas, faixas etárias, vivências e culturas. As músicas do mundo foram o fio condutor de tudo o resto, é certo, com concertos bem longe do mainstream, na grande maioria com artistas absolutamente desconhecidos do público, mas essa descoberta é também uma das riquezas do MED. Em vários registos, dos ritmos mais tradicionais às fusões, do afrobeat à cumbia, passando pelo jazz, reggae, eletrónica, funaná, ska, blues, salsa e muito mais, foi um

autêntico caldeirão musical o que se ouviu nos 12 palcos do Festival MED. Na história ficarão certamente os concertos de Maro, a menina que encantou a Europa com “Saudade Saudade” e que conseguiu lotar o Palco Cerca, naquele que foi o espetáculo inaugural da sua tour; os ucranianos GO­_A que tiveram aqui um concerto também de apelo à paz; a festa dos chilenos Chico Trujillo, que com a sua cumbia revisitada conseguiram pôr a Matriz em delírio; e três espetáculos disruptivos. PUB.

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JÁ ESTÃO AÍ OS SUNSET SECRETS QUINTAS DO CASTELO EM SILVES Os Sunset Secrets – Quintas do Castelo regressam em mais uma edição que teve início esta quinta-feira, terminando a 04 de agosto. Como habitualmente a iniciativa, promovida pela Câmara Municipal de Silves, decorrerá às quintas-feiras, entre as 18:30 e as 23:00, no Castelo de Silves, ponto de partida para a contemplação de um dos mais belos por do sol em território Geoparque Algarvensis. Todas as quintas feiras, o ex-libris da cidade será palco de um concerto com diversos estilos musicais. Nesta edição, Guitarras de Fado com João Leote (na passada quinta-feira), Quinteto Ana Alves (14 de julho), Silk Road (21 de julho), Terra Sul - Vitor Bacalhau & Ricardo Martins (28 de julho) e Electric Eye (04 de agosto) são os cabeças de cartaz.

AERÓDROMO MUNICIPAL DE PORTIMÃO ACOLHE CENTRO DE MEIOS AÉREOS DA PROTEÇÃO CIVIL Foram estacionados em Portimão, pela Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil, dois aviões de combate a incêndios rurais que, por estes dias, vão operar a partir do Aeródromo Municipal. A infraestrutura aeronáutica do Município foi preparada nos últimos anos para Centro de Meios Aéreos do Dispositivo Especial de Combate a Incêndios Rurais (DECIR) e, sempre que necessário, serve de base para as aeronaves da proteção civil que encontram as adequadas condições logísticas para sustentar a sua atividade. Desta forma, o Município de Portimão constitui-se com um parceiro do Comando Regional de Emergência e Proteção Civil do Algarve em prol de uma região cada vez mais segura.

ESPETÁCULO DE HOMENAGEM À FADISTA AMÁLIA RODRIGUES PELA PRIMEIRA VEZ EM ALBUFEIRA O espectáculo que homenageia a voz de Portugal percorre Portugal com um projeto que junta em palco grandes nomes e artistas da atualidade. Dia 30 de julho, pelas 22:00, em Albufeira, Aurea, Cuca Roseta, Luis Trigacheiro, Marco Rodrigues, Paulo de Carvalho e Sara Correia são os artistas que vão eternizar a memória de Amália com os fados de sempre. O Pavilhão Desportivo de Albufeira receberá pela primeira vez este espetáculo único e memorável que será o palco para os artistas nacionais que dão voz e prometem honrar a nossa eterna Diva do Fado. Após espetáculos esgotados nas maiores salas de Portugal, o projeto “Amar Amália” rumou além-fronteiras e será apresentado em exclusivo em grandes salas internacionais, como foi o caso do espetáculo de 17 de junho no Palais des Congrès, em Paris, onde teve início a tour mundial deste projeto.

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Análise e Perspectivas Turísticas

OPINIÃO

Elidérico Viegas

Empresário/Gestor Hoteleiro

O novo aeroporto de Lisboa "Chegadas e partidas são as únicas certezas da vida” Mais tarde ou mais cedo, o actual aeroporto de Lisboa não só terá esgotado a sua capacidade, como irá ser encerrado. É a lei da vida e as exigências do futuro. As regras da economia e da modernidade obrigam à deslocalização destes equipamentos para as periferias dos grandes centros habitacionais. Assim, os aeroportos de cariz urbano estão condenados, na medida em que, por falta de espaço, não só não podem crescer ao sabor do desenvolvimento, como enfrentam um conjunto de constrangimentos ambientais, segurança e outros, sem soluções técnicas aceitáveis. Neste sentido, um dos factores críticos de sucesso dos grandes aeroportos internacionais reside, precisamente, na sua capacidade de expansão. Nos idos anos de sessenta, a problemática sobre a localização do novo aeroporto de Lisboa foi objecto de debate político intenso ao mais alto nível da governação. Assisti, nessa altura, enquanto técnico da Secretaria de Estado da Informação e Turismo, a conversas sobre as diferentes opções para a sua localização. A Herdade de Rio Frio, na Margem Sul, embora fosse uma zona propícia a nevoeiros frequentes, liderava as preferências de então. Nessa época ainda não havia sistemas automáticos de aterragem ILS (Instrument Landing Service). Em 2008, após caloroso debate público, o governo de José Sócrates anuncia Alcochete como a localização definitiva do novo aeroporto em detrimento da Ota. Esta decisão, porém, cai por terra, emergindo a possibilidade Poceirão, não muito distante de Rio Frio, diga-se, como um dos locais ideais para a construção do novo aeroporto de Lisboa, assim como a potencial ligação ferroviária à rede europeia de alta velocidade. Mais recentemente, no seguimento da privatização da ANA em 2012/2013, surgiu a opção Montijo, entendida como um complemento ao actual aeroporto, dando assim satisfação às pretensões daqueles que defendem a solução designada por Portela+1. Alcochete voltou agora a ganhar força junto de alguns meios, atendendo a que o espaço aí existente permite expansões futuras, enquanto o Montijo tem sido objecto de bloqueios de vária ordem, políticos e outros, na medida em que não oferece possibilidades de crescimento. A fundamentação dos defensores do Montijo, incluindo alguns agentes económicos do turismo, reside na rapidez de execução das obras e no facto de Lisboa ser muito mais competitiva com um aeroporto dentro da cidade, concentrando os chamados

O novo aeroporto de Lisboa A falta de mão-de-obra na hotelaria O trabalho precário voos regulares “low cost” no aeroporto complementar do Montijo – uma visão que só podemos classificar, no actual contexto, de transitória, redutora e sem horizontes de futuro, o que designamos por empurrar o problema com a barriga. A questão de fundo resulta do facto da empresa concessionária, a VINCI / ANA, estar obrigada a suportar os custos das obras de construção do aeroporto do Montijo, enquanto os investimentos a efectuar em Alcochete correm por conta do Estado português, bem como as infraestruturas envolventes, designadamente as ligações rodoviárias e ferroviárias a Lisboa. As privatizações resultaram de uma exigência imposta pela troika, o que, salvo melhor opinião, não acautelaram, suficientemente, o interesse público, especialmente no que se refere aos conglomerados que funcionam em regime de monopólio, como é o caso dos aeroportos nacionais. A decisão em construir o novo aeroporto de Lisboa na Margem Sul merece o nosso acordo, atendendo ao seu cariz nacional, indo contribuir para uma maior coesão económica e social e para um desenvolvimento mais equilibrado, harmonioso e competitivo do nosso País. É preciso termos bem presente, por outro lado, que a Oferta Turística e o Transporte Aéreo são duas faces da mesma moeda, não podendo ser tratados separadamente como sempre aconteceu em Portugal. Os ciclos políticos, infelizmente, são inimigos de projectos estruturantes de grande envergadura, uma vez que se prolongam no tempo, gerando poucas contrapartidas eleitorais no curto prazo. O novo aeroporto de Lisboa é disso um bom exemplo há mais de 50 anos. Apetece dizer, tal como aconteceu em 1994, aquando da construção da barragem do Alqueva - “construam-me, porra!”.

A falta de mão-de-obra na hotelaria: “O trabalho é o alimento das almas nobres” A resiliência dos empresários do turismo e dos seus trabalhadores tem sido verdadeiramente notável, ultrapassando dificuldades e não se conformando com o panorama endémico, tendo aproveitado as conjunturas para melhorar e criar riqueza para o País, independentemente dos enormes constrangimentos e vicissitudes a que têm sido sujeitos, sobretudo nos últimos anos. Todos os elementos estatísticos demonstram a capacidade do turismo para enfrentar ciclos económicos menos bons, com os vários indicadores a dar nota de uma sustentação e estabilização do sector, consubstanciados em resultados operacionais positivos. Porém, os bons resultados operacionais a nível macro não espelham nem

se reflectem na realidade das empresas, ou seja, o aumento do número de turistas, dormidas e gasto médio, não considera outros factores a jusante destas estatísticas. É verdade que o investimento em Portugal, incluindo o investimento no sector do turismo, foi alavancado maioritariamente em capitais alheios, o que vem impedindo as empresas de recorrer a financiamento externo, atendendo aos desequilíbrios que se verificam na sua situação financeira. Na falta de crédito e negócio, muitas empresas vêem-se forçadas a encer-

co atractivas, na justa medida em que remuneram mal, atendendo à obrigatoriedade em cumprir horários rotativos, carga horária acima da média, contratação a termo, deslocações caras e, por conseguinte, pouca estabilidade laboral e familiar, etc. Tudo isto aliado à não existência de carreiras profissionais e uma sazonalidade que teima em permanecer e até a acentuar-se, desmotivam os potenciais trabalhadores interessados encaminhando-os para outras áreas de actividade, mais promissoras em matéria de garantias de estabilidade

A taxa de rotação dos trabalhadores a prazo é um sinal das economias da actualidade, indo aumentar ainda mais em oposição ao chamado trabalho permanente rar nos períodos de menor procura, afectando o desemprego e impondo às empresas o recurso à contratação laboral a termo e outras formas em lei permitidas. Encargos fiscais e parafiscais muito elevados, já para não falar dos enormes custos de contexto e burocráticos, falta de capitais próprios e restrição no acesso aos capitais externos, associado ao cariz sazonal e à laboração contínua da actividade turística, colocam problemas acrescidos e muito superiores aos de outros sectores económicos. O turismo é condicionado pela sazonalidade e, por essa via, pelos picos de negócio que apenas se verificam em alguns períodos do ano, necessitando, por isso mesmo, de recorrer forçosamente a contratos a termo e outras formas de contratação ditas atípicas, enquanto ferramentas de gestão absolutamente vitais para as empresas. Entre os vários problemas estruturais que o Algarve atravessa, o problema social é, porventura, o que mais deve preocupar os diversos agentes económicos, sociais e políticos regionais e nacionais. Em boa verdade, o Algarve não dispõe de mão-de-obra disponível para responder às necessidades empresariais do sector hoteleiro da região. É também verdade que alguma da mão-de-obra ocasional e temporária está a ser contratada nas aldeias e vilas alentejanas mais próximas do Algarve, através do recurso a esquemas alternativos de contratação e transporte diário em carrinhas, uma vez que não é previsível a resolução dos actuais estrangulamentos existentes, nomeadamente em matéria de mobilidade entre as zonas de maior concentração de trabalhadores e os respectivos locais de trabalho. Em termos gerais, podemos afirmar que as profissões hoteleiras são pou-

financeira, familiar e profissional. Por tudo o que fica exposto, os poderes públicos estão obrigados a definir e implementar estratégias de imigração controladas, tendo em vista suprir as necessidades de mão-de-obra existentes, conjugadas e articuladas com as autarquias, especialmente no que se refere à construção de habitação social a custos controlados, sem o que não será possível continuar a atrair trabalhadores e competências para a região.

Trabalho precário “O trabalho mais duro que existe é não fazer nada” O conceito de precariedade tem como fundamento principal tudo aquilo que subjaz à ideia de emprego transitório, instável, inseguro e, por conseguinte, tudo o que potencia o trabalho desqualificado e mal remunerado. Em termos sindicais, precariedade é tudo aquilo que não tenha cabimento numa forma de contratação sem termo e a tempo completo. Na perspectiva empresarial, contudo, estas abordagens não têm em conta o que é a economia de mercado, fazendo depender as relações jurídico-laborais, exclusivamente, da contratação sem termo, ignorando realidades abandonadas há décadas, em nome do regresso a um mundo que já não existe e ao qual não se pretende regressar no futuro. Compreende-se a pretensão oriunda de áreas sindicais mais conservadoras, situadas mais à esquerda do nosso espectro social e político, mas temos que reconhecer que a mesma é no contexto nacional, europeu e internacional perfeitamente idílica, diria até, algo irresponsável. A actividade económica do turismo e todos os seus ramos são utilizadores

de formas de contratação individual de trabalho mais flexíveis, de forma a fazer face à sazonalidade e aos picos de negócio que ocorrem apenas em determinadas épocas do ano, designadamente no Algarve. O combate à precariedade laboral e reforço dos direitos dos trabalhadores não pode partir de um pressuposto de desconfiança generalizada, através de uma pretensão que, em nome de pensamentos ideológicos, pretende apenas penalizar as entidades empregadoras que respeitam a Lei e cumprem as obrigações legalmente instituídas. É verdade que a legislação laboral portuguesa se caracteriza por uma rigidez excessiva, embora tenha procurado adaptar-se, progressivamente, às novas circunstâncias económico-financeiras determinadas pela globalização dos mercados e das economias. As medidas que foram levadas a cabo no nosso País, no âmbito da legislação laboral, têm procurado responder aos enormes desafios decorrentes da crise em geral, mas também da crise endémica do emprego e até de algumas disfuncionalidades existentes nos sistemas clássicos do direito do trabalho. Reconhecemos que, em sede de contratação colectiva, há muito trabalho importante a realizar nesta área, como a introdução de bandas salariais e uma maior flexibilidade no uso do banco de horas, por exemplo, mas não podemos deixar de concordar que, nos tempos conturbados que temos atravessado, as alterações laborais, designadas por Trabalho Digno, a serem aprovadas, penalizam, sobretudo, a eficiência laboral em actividades sazonais. É verdade que existem outros factores que assumem uma relevância muito mais directa para a dinamização e competitividade da economia, assim como para a captação de investimento, mas esses podem não ser suficientes se não forem devidamente articulados com ajustes na legislação laboral, não sendo despiciendo a sua influência económica, de forma a garantir uma exequibilidade prática de medidas potenciadoras de desenvolvimento económico e social. Por tudo isto, o trabalho a termo, temporário ou outro, vulgo trabalho precário, constituem, nos tempos que correm, aquilo que poderemos designar como uma realidade do futuro. A taxa de rotação dos trabalhadores a prazo é um sinal das economias da actualidade, indo aumentar ainda mais em oposição ao chamado trabalho permanente, ou a templo completo, cuja tendência é para diminuir progressivamente. É preciso termos bem presente que a taxa de desemprego resulta, em primeira análise, da economia, e que só o investimento privado produtivo pode gerar trabalho e, por conseguinte, mais emprego. *O autor não escreve segundo o acordo ortográfico


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anos

REGIÃO

Tony Carreira e Bárbara Tinoco confirmados na Feira de Caça, Pesca, Turismo e Natureza FOTOS D.R.

A Marina de Albufeira é mais uma vez o espaço escolhido para a realização da 24.ª Feira de Caça, Pesca, Turismo e Natureza, com organização do Município de Albufeira em parceria com a Federação de Caçadores do Algarve Depois de um interregno de dois anos, a edição deste certame vai decorrer nos dias 8, 9 e 10 de julho e conta novamente com um colóquio em torno da atividade e muita animação, para além dos diversos pontos de interesse de visita. Um dos exemplos é a mostra de raças autóctones algarvias e outras raças exóticas, com cerca de 1200m2, bem como as demonstrações de falcoaria e das 14 matilhas de cães de parar. A salientar ainda o sempre apreciado concurso de mel do Algarve e o de ovinos da raça churra algarvia, bem como, o aquário gigante, com mais de 35 m2. A entrada é livre. A apresentação oficial da iniciativa decorreu esta terça-feira, no Salão Nobre dos Paços do Concelho, e contou com as presenças do presidente da Câmara de Albufeira, José Carlos Rolo, do administrador da Albumarina, João Amaral, e do presidente da Associação da Federação de Caçadores do Algarve, Victor Palmilha. O evento acontece na Marina de Albufeira e vai contar com mais de 2.000 m2 de área coberta, um enorme espaço ao ar livre para a

instalação de um picadeiro, tasquinhas, bancadas e uma estrutura para as atuações musicais. “Este é um programa que sugere momentos de convívio, de lazer, de entretenimento e de divertimento” manifestou José Carlos Rolo antes da divulgação da programação proposta pelo município. ESTA SEXTA-FEIRA, DIA 8, a mostra abre às 18:00 com uma cerimónia de abertura e respetiva visita aos ‘stands’, com a presença da presidente da Câmara Municipal de Albufeira. Neste dia, atua Tony Carreira, Carreira às 23:00, hora em que o Salão de Exposições encerra. Porém, o recinto da Feira fecha as portas às 02:00.

NO SÁBADO, DIA 9, é possível visitar a Feira a partir das 11:00 e o concerto, à semelhança da noite anterior, às 23:00, será com a cantora Bárbara Tinoco. Tinoco DO PROGRAMA DE DOMINGO, o destaque vai para o colóquio intitulado “A problemática da caça em Portugal e suas patologias”, a ter lugar às 09:30 no Hotel Nau – São Rafael Atlântico. O colóquio encerra no final do período da manhã, com as presenças do secretário de Estado da Conservação da Natureza e Florestas, João Paulo Catarino, do presidente da Câmara Municipal de Albufeira, José Carlos Rolo, do Presidente da Federação de Caçadores do Algarve, Victor Palmilha

e da Diretora Geral da Alimentação e Veterinária, Susana Pombo. Segue-se uma visita à Feira e um almoço-convívio com todos os clubes e associações filiados na Federação.

Outro motivo a merecer destaque, é a arte equestre. No dia de abertura, às 21:00, há um espetáculo de apresentação da “Charanga a cavalo da Guarda Nacional Republicana” e, no dia seguinte (dia 9), à mesma hora, o espetáculo equestre vai reunir emoções com “Sentimento equestre por Lusitanus Miranda – Equestrian Art”. No último dia da Feira, terá lugar a “2.ª Taça de Dressage – Cidade de Albufeira” (Provas P2 e E3), entre as 09:00 e as 14:00. Neste último dia, a Feira despede-se do público às 21:00, numa cerimónia de encerramento a cargo de José Carlos Rolo. Antes, a animação musical será com Valter Cabrita e, às 20:00, com José Praia e Aqua Viva. “Os três dias intensos da feira, que se realiza pela segunda vez no concelho, é um enorme motivo de orgulho para a valorização do Município e dos produtos locais, bem como uma forma de valorizar os setores da pesca e da caça”, referiu ainda José Carlos Rolo.

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REGIÃO

Algarve procura solução em Marrocos e Cabo Verde - Há turistas, mas falta gente para trabalhar no turismo

A falta de mão-de-obra no turismo algarvio levou a Região de Turismo do Algarve a realizar visitas de intercâmbio a

Marrocos e Cabo Verde para desenvolver programas que permitam o recrutamento de trabalhadores, anunciou o organismo regional. Segundo a Região de Turismo do Algarve (RTA), a viagem a Marrocos já está a decorrer e termina no sábado, seguindo-se a visita de intercâmbio a Cabo Verde, entre terça-feira e dia 15 de julho. Estas visitas pretendem “promover a boa gestão da migração laboral e a rápida resposta à contratação de recursos humanos para o setor do turismo no Algarve”. O Turismo do Algarve, que está associado à Organização Internacional para as Migrações (OIM Portugal) neste projeto, sublinhou que a iniciativa tem “como principal objetivo o desenvolvimento

FOTO D.R.

O turismo impulsionou o crescimento do PIB acima da média europeia, mas nem tudo são rosas. Como se ganha mal e os horários são muito duros, a solução pode passar por recrutar imigrantes para o verão. O Turismo do Algarve foi procurar recursos humanos em Marrocos e Cabo Verde. O sector tem falta de mão-de-obra em áreas essenciais como a limpeza, atendimento e cozinha

de programas de migração laboral” para poder “responder rapidamente à procura de mão-de-obra qualificada para setores onde existe uma maior carência (turismo e agricultura)”. Desta forma, asseguram-se “as necessidades dos empregadores e a criação de caminhos seguros para a migração de possíveis trabalhadores estrangeiros”, sublinhou o organismo regional num comunicado. “A falta de mão-de-obra é, atualmente, a principal dificuldade do turismo algarvio

e, com estas ações com a chancela da OIM Portugal, esperamos abrir as portas para mitigar diferentes problemas ao nível do recrutamento”, afirmou o presidente da RTA, João Fernandes, citado no comunicado. A mesma fonte argumentou que este trabalho garante a “regulação de acordos de mobilidade que assegurem boas oportunidades para trabalhadores migrantes e que certifiquem o respeito pelos direitos humanos”. Além disso, mitiga “o risco de exploração laboral e a

exposição a riscos de tráfico humano”, acrescentou. A RTA adiantou que vai “assumir um papel fulcral na colaboração em áreas como o acompanhamento da implementação do projeto”, a “definição de estratégias de trabalho no Algarve, em conjunto com associações setoriais do turismo e atores locais” ou a “identificação e facilitação de contactos de empresários/empregadores interessados em participar no projeto”. Serão ainda identificadas, assinalou, as “principais necessidades de mão-de-obra e constrangimentos do setor turístico no recrutamento de migrantes”. “A visita a Marrocos e Cabo Verde ocorre na sequência de uma sessão de informação já

realizada no início do ano no âmbito do projeto ‘Promoção de uma Boa Gestão da Migração Laboral para Portugal’, cofinanciado pelo Fundo Asilo, Migração e Integração (FAMI) da União Europeia”, acrescentou a RTA. O Turismo do Algarve indicou ainda que colaboram no projeto o Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF), o Instituto do Emprego e Formação Profissional (IEFP), a Associação de Hotéis e Empreendimentos Turísticos do Algarve (AHETA), a Associação dos Industriais Hoteleiros e Similares do Algarve (AIHSA), a Associação dos Horticultores, Floricultores e Horticultores dos Municípios de Odemira e Aljezur (AHSA) e empresas do setor da agricultura. PUB.

UNIÃO DAS FREGUESIAS DE TAVIRA

O executivo da União das Freguesias de Tavira (Santa Maria e Santiago) parabeniza o Postal do Algarve, o seu diretor Henrique Dias Freire e demais colaboradores, pelo 35°. Aniversário deste jornal. Aguentar trinta e cinco anos um jornal regional, com tantas crises e algumas bem difíceis, é obra! ... A União das Freguesias de Tavira (Santa Maria e Santiago) vem assim mostrar a sua gratidão pelo vosso desempenho em prol da nossa região, mas também o orgulho por estarem sediados na nossa freguesia. Desejamos a todos votos das maiores felicidades, e ao Jornal Postal do Algarve que continue a prestar os seus bons serviços, com verdade e isenção. Bem Hajam! O Presidente José Mateus Domingos Costa anos AF_CA_Empresas2022_Imp_210x285mm_cv.indd 1

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anos

REGIÃO UTENTES SEM MOBILIDADE

Algarve é “pioneiro” a utilizar raio-x portátil ao domicílio

A

utilização “pioneira” de uma máquina de radiografias portátil, transportada num automóvel ligeiro, está a permitir dar uma resposta “inovadora” a utentes institucionalizados ou sem mobilidade do Algarve, anunciou esta segunda-feira a Administração Regional de Saúde (ARS). A máquina de raio-x portátil vai melhorar o “nível do diagnóstico por imagem junto dos utentes da ARS do Algarve, institucionalizados, com mobilidade condicionada ou sem mobilidade” e incrementar a “capacidade de resposta dos cuidados de saúde primários na região”, destaca a administração regional, em comunicado. O projeto, denominado “Radiologia na Comunidade”, é “inovador na região” e “potencia o acesso inclusivo dos utentes a um serviço de radiologia sem exigir deslocações a uma unidade de saúde”, evitando “toda a logística associada ao transporte destes utentes e familiares”, salienta a ARS algarvia. “Somos pioneiros a nível nacional na aquisição e utilização deste equipamento, com enormes vantagens para os utentes e para os profissionais, pois acrescenta valor aos cuidados de saúde primários”, afirma o presidente do conselho diretivo da ARS do Algarve, Paulo Morgado. Ainda de acordo com Paulo Morgado, a “radiologia é uma área prioritária” e a utilização do equipamento portátil “permite levar o Serviço Nacional de Saúde à casa das pessoas, reforçando as relações de proximidade” com utentes com maiores dificuldades de movimentação.

FOTOS D.R.

“A implementação deste projeto nos cuidados de saúde primários da ARS Algarve, mediante a utilização de um equipamento de Raio-X portátil [Unidade portátil de Raio-X FDR Xair] garante mais conforto e comodidade aos utentes na realização de exames de radiologia”, sublinha o organismo tutelado pelo Ministério da Saúde. Para dar esta resposta, a ARS preparou uma “equipa de Técnicos Superiores de Saúde, Diagnóstico e Terapêutica da área de Radiologia” que se vai “deslocar às instalações das entidades que solicitam os seus serviços” e garantir “as orientações de segurança e proteção adequadas à utilização do novo equipamento”. “O diagnóstico dos exames efetuados ao tórax, suportado por Inteligência Artificial, fica imediatamente disponível para o médico requisitante numa plataforma digital que permite ainda comparar o exame radiológico atual com outro exame feito anteriormente”, destaca a ARS. Também citada no comunicado, a coordenadora do serviço de radiologia da ARS do Algarve, Paula Simãozinho, realça a “grande aposta” que tem sido feita nesta especialidade nos últimos anos e que permitiu avanços “em digitalização, armazenamento de imagens e Inteligência Artificial”. Ainda segundo a responsável, perante o sucesso da iniciativa, está a ser planeada “a aquisição de mais unidades portáteis de raio-X para dotar toda a região deste serviço”. A solução assegura também “mais uma resposta” na “luta contra doenças do foro respiratório”, como a covid-19

ou a tuberculose pulmonar, e permite “reduzir a mobilidade e a mortalidade” das comunidades residentes “em instituições de âmbito comunitário, como as estruturas residenciais para pessoas idosas, outras instalações de cuidados de saúde”, assim como “no caso de internamento domiciliário”. “Este investimento permite à ARS Algarve alargar as competências do serviço regional de radiologia, composto por oito salas fixas, distribuídas pelos três agrupamentos de Centro de Saúde, e uma unidade móvel”, refere ainda a ARS, sem revelar o montante investido na nova resposta radiológica.

Paulo Morgado Somos pioneiros a nível nacional na aquisição e utilização deste equipamento, com enormes vantagens para os utentes e para os profissionais, pois acrescenta valor aos cuidados de saúde primários”

ARS quer alargar sistema a todo a região algarvia O Centro de Saúde de Faro tem vindo a testar a realização de radiografias ao domicílio, num sistema pioneiro dirigido a doentes acamados ou com dificuldades de mobilidade. O programa deverá ser estendido nos próximos meses a todo o Algarve. Os técnicos de saúde trazem o equipamento raio-x, um dispositivo ultraportátil de baixa radiação, que permite testar uma nova dimensão dos cuidados domiciliários. A ARS pretende, assim, acelerar os exames de diagnóstico em utentes prioritários com rapidez e maior acessibilidade.


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GRANDE ENTREVISTA

JORGE CORVO Um ás no pedal contra

o relógio e a concorrência

FOTO D.R.

Entrevista RAMIRO SANTOS (Jornalista)

J P

orge Corvo, nascido em Santa Catarina, Tavira, há 87 anos, percorre em memórias o seu passado de ciclista com a pedalada e a lucidez que fizeram dele o temível contrarrelogista da velocipédica

Com que idade começou a correr?

Oficialmente comecei a correr no dia 10 de Junho de 1951, nas festas de S. João e outras que se faziam por aqui, na pista de Tavira. Mas antes, com os meus 16 a 17 anos, trabalhava numa loja em Tavira e como morava na Horta de Santa Catarina, todos os dias fazia 14 quilómetros de bicicleta. R

P

E começou logo a dar nas vistas?

Nas primeiras corridas de pista comecei a competir e ganhava, depois como amador pelo Ginásio fui correr contra ciclistas profissionais ou independentes como se dizia na época, e ganhei também. Numa segunda vez num sprint final fui encostado à lateral por um concorrente, sendo-me atribuída a vitória por desclassificação do adversário. R

Já mostrava o que viria a ser no futuro... P

Era rápido, mas depois lesionei-me no joelho direito num acidente que não me impedindo de correr retirou-me alguma velocidade. Prendeu-se-me o pé numa pedra e torci o joelho, mas mesmo assim ainda passei toda a noite de Santo António a dançar. Não quis ser operado e fiquei um pouco diminuído na força da perna direita. Praticamente era a perna esquerda que puxava e a outra só ajudava. R

E quando é que chegou a ciclista profissional ou independente? P

R

Foi em 1958.

P Mas nesse tempo um profissional da bicicleta tinha que exercer outra atividade porque o ciclismo por si só era insuficiente para viver, não era? R Infelizmente era assim, trabalhei sempre. Primeiro acumulava o ciclismo com um emprego numa loja comercial e, mais tarde, fui admitido na Câmara Municipal como leitor-cobrador. Fui o primeiro a exercer essa

nacional nos anos sessenta. Correu com grandes nomes do ciclismo como Alves Barbosa, Ribeiro dos Reis, João Roque, Sousa Cardoso, Américo Raposo, Pedro Júnior e muitos outros. No pelotão internacional ombreou com o

função na cidade e como Tavira era uma terra pequena só me ocupava uns dez dias por mês, o que me dava algum tempo para treinar.

campeoníssimo Jacques Anquetil, mas se tiver que escolher entre todos, o seu grande herói é Joaquim Agostinho. Dos nomes da atualidade, apenas João Almeida lhe merece uma referência à parte. Revê-se no seu estilo em cima da bicicle-

Sérgio Páscoa, Alcides Neto, Virgílio Nunes, Vítor Lourenço e Hermínio Correia, de Faro...

R Foi num campeonato regional para amadores por equipas, em Lisboa, e fomos campeões nacionais. Ganhámos correndo com apenas três elementos (Sérgio Páscoa, João Bárbara e eu) contra os cinco das outras equipas do Sporting e do Benfica. A partir daí é que se começou a competir no Algarve.

Como ciclista qual era o seu ponto forte?

O meu forte era o contra-relógio e quanto maior fosse a etapa ou a prova, melhor para mim. Era onde tinha mais facilidade. Mas também rolava bem em reta, mas nas descidas só o fazia bem quando estava bem classificado, caso contrário, não arriscava a queda. R

Apesar do problema que teve no joelho continuava a dar cartas no contra-relógio!!! P

P

E chegou a tropa!?

Fui para a tropa em 55/56 e em 1958 alinhei pela primeira vez na Volta a Portugal. O Tavira acabava de formar uma nova equipa porque tinha chegado ao fim o reinado de Manuel Palmeiro e Joaquim Apolo. No Algarve só o Ginásio e o Louletano é que tinham equipas. R

E no Louletano alinhava o Vítor Tenazinha que era como dizem, um poço de força e um dos seus mais temíveis concorrentes. Que pensa dele? P

R Era um bom ciclista, mais novo que eu uns oito ou dez anos, cheio de força, rolava bem e era bom a subir, mas não era muito constante numa prova. Nessa altura corria também pelo Louletanto o Valério Clara, conhecido pelo Valério Chocolateira, era muito rápido, mas pouco cauteloso e uma vez sofreu uma queda grave que o levou ao hospital e já não regressou à prova. Quanto ao Tenazinha ainda correu pelo Sporting e pelo Benfica. Foi comigo a uma volta ao Estado de S. Paulo no ano em que o Sérgio Páscoa venceu. P E quais eram os seus companheiros de equipa nessa Volta de 58? R Ainda corri com o Inácio Ramos, Aquiles dos Santos, João Bárbara,

saber controlar o tempo, a força, a respiração para atacar forte na parte final. Antigamente os contra-relógios eram de mais longas distâncias comparadas com os que se realizam hoje, não? P

P

P Qual foi a primeira prova nacional em que participou?

ta, na sua fibra e no seu modo de pedalar. Se é verdade que quem aprende a andar de bicicleta nunca esquece, hoje a idade não lhe permite grandes corridas, mas não deixa de sair à rua para ver a Volta passar! O bichinho ficou com ele.

R Ganhei em 1961 e nos outros anos ficava quase sempre em segundo ou nos lugares próximos. Aproveitei bem um estágio que fui fazer a França com o Alves Barbosa, num curso onde aprendemos a técnica de dosear o esforço e de saber quando atacar ou poupar energia nas diferentes fases de uma prova. Não era dar tudo de início, mas

Trabalhei sempre, primeiro acumulava o ciclismo com um emprego numa loja comercial e mais tarde fui admitido na Câmara Municipal como leitor-cobrador. Fui o primeiro a exercer essa função na cidade

R Sim, eram de 60 a 70 quilómetros, mais ou menos. O contra-relógio que ganhei mais vezes foi o de Loulé/Tavira e depois o da Covilhã/Guarda. No campeonato regional fazíamos provas contra o cronómetro entre Faro e Lagoa ida e volta, num total aproximado de 100 quilómetros e andava sempre sozinho. Não tinha concorrência.

Quer dizer que para si, quanto maior fosse a prova em distância, melhor era? P

R

Sim, sim, para mim era melhor.

Este ano o contra-relógio da Volta ao Algarve entre Vila Real de Santo António e Tavira, na distância de 32,2 quilómetros, foi ganha pelo ciclista da Quick-Step, um dos melhores do pelotão mundial, Remco Evanapoel, que gastou 37 minutos e 49 segundos e a média geral foi de 51,089. Acha que no seu tempo com estas estradas e estas máquinas conseguia fazer abaixo destes tempos? P

R

É difícil de dizer...

P

Faria abaixo dos 37 minutos?

Bem, não sei, não sei, temos sempre de ter em conta o piso da estrada, as condições do tempo e do vento como você disse e as bicicletas... é difícil comparar e afirmar. São tempos diferentes. R

P As bicicletas de hoje nada têm a ver com as do seu tempo... R Não têm mesmo nada a ver. Por exemplo, quando metíamos uma mudança de velocidade o colega ou adversário que ia ao lado ou à frente, apercebia-se que íamos atacar pelo barulho que fazia a engrenagem. Agora

não fazem barulho nenhum e são como os computadores, basta carregar ligeiramente sem dar sinal ou alarme algum, surpreendendo os adversários. P Além disso, a própria estrutura da bicicleta era mais pesada... R Sim, agora é tudo mais leve e mais cómodo, como o guiador, por exemplo, que agora oferece um descanso para os braços e mãos. Antigamente se não usássemos luvas, ficávamos com as mãos em calos ou em sangue. P Eram umas pasteleiras ao pé destas...! R Claro, eram mais pesadas, as rodas eram diferentes e os travões com calços de borracha não eram seguros quando chovia porque por vezes não obedeciam, e agora são em disco e mais eficientes. Não há comparação! P Para si, na atualidade qual é o melhor ciclista a correr em Portugal? R Em Portugal... olhe eu admiro muito um que não corre entre nós que é o João Almeida. Os outros estão integrados em equipas do Porto ou do Norte e os algarvios estão lá. Há o Amaro Antunes, que mostra ter boas qualidades, mas agora surgiu aquele problema de suspeita de doping na equipa do Porto... olhe não sei dizer nada, mas se o que dizem acerca do caso do Porto for verdade, isso pode mudar muita coisa e ajudar na transparência e na defesa da verdade desportiva e credibilização do ciclismo em Portugal. Só espero que os rapazes novos não se deixem tentar por métodos suspeitos que acabam por prejudicar e comprometer a sua saúde e a sua carreira. P

Mas falava no João Almeida...

O João é muito parecido comigo. Ele não oscila e eu quando o vi na Volta à Itália disse para mim que ele não estava nem. Não era ele e acabou por desistir por Covid, como se sabe. R


POSTAL, 8 de julho de 2022

CADERNO ALGARVE com o EXPRESSO

13

anos

FOTO ANA PINTO | POSTAL D.R.

P Nota-se que ele é um ciclista que parece correr sem grande esforço e que raras vezes se levanta do selim! R

P Nesse tempo o senhor competia com nomes do pelotão já muito corridos e muito batidos como o João Roque, Alves Barbosa, Sousa Cardoso...

Eu também era raro fazer isso.

R Corri com o Alves Barbosa, João Roque, Sousa Cardoso e Ribeiro da Silva, entre muitos outros. Quando passei a profissional corri a Volta a Lisboa e fiquei em quarto lugar à frente deles. O vencedor dessa corrida, disputado a quatro ao sprint, foi o Américo Raposo seguido do Pedro Polainas.

O João Almeida é, portanto, para si, um caso à parte? P

R

Sim, um caso à parte, não há dúvida.

P Se corresse hoje, em que lugar é que se via integrado no pelotão internacional de uma grande equipa, em provas como uma Volta à França ou à Espanha?

P Desses nomes com quem competia qual era o melhor deles todos?

Não posso responder a isso, mas tenho para mim que era para andar entre os primeiros 10 a 20 primeiros e integrar a cabeça do pelotão e não andar cá atrás. R

R Nessa altura já sobressaía o João Roque, do Sporting, mas o mais completo que conheci foi o Sousa Cardoso, do F.C. do Porto.

P Em todas as provas em que participou caiu muitas vezes, lesionou-se com gravidade?

P De todos, entre portugueses e estrangeiros, quais são os seus heróis? R Joaquim Agostinho em Portugal e Jacques Anquetil no pelotão internacional.

Nas dez Voltas a Portugal que realizei caí duas vezes, sem mazelas graves, em quedas provocadas por outros adversários ou por quedas de grupo. R

P O Jorge Corvo foi um dos mais populares corredores nas estradas portuguesas e ainda hoje é muito lembrado...

Isso deve-se aos resultados que obtive: três vezes em segundo lugar na Volta a Portugal, uma em terceiro e outras duas entre os dez primeiros do pelotão. R

P A primeira em que ficou atrás do camisola amarela, foi em que ano? R Foi em 1959 com uma diferença de cinco segundos para Carlos Carvalho, do F.C. do Porto.

Foi essa Volta onde se diz que houve marosca e que lhe roubaram a vitória? P

R Dizem isso, dizem, não sei (risos), a minha missão era pedalar... rsrsrs. P

Perdeu na última etapa?

Foi num contra-relógio Tomar/ Alpiarça. Era para ser um contrarrelógio individual porque só o Porto é que tinha a equipa de sete corredores completa, enquanto nós só tínhamos três e outros nem isso. Segundo os regulamentos, nessas circunstâncias, a prova teria de ser um contrarrelógio individual, mas a organização decidiu realizar a etapa por equipas com vantagem para os clubes que se apresentavam com mais atletas. Foi uma luta desigual de sete contra três. E perdi por cinco segundos nesse contrarrelógio coletivo antirregulamentar! R

P Mas além dessa irregularidade acha que se terá passado algo mais? R Para mim foi mais uma manhosice que eles fizeram, segundo disseram pessoas que observaram o trabalho dos fiscais na linha da meta que estariam ao serviço do Porto. As pessoas diziam que quando um de nós chegava à meta eles carregavam no botão do cronómetro só depois de nós termos atravessado a linha de chegada, enquanto os das grandes equipas como o

Há pouco tempo perdeu, com a morte de Sérgio Páscoa, um amigo e antigo colega de equipa. Como é que sentiu a partida de uma pessoa com quem sofreu tantas vezes lado a lado em cima da bicicleta? P

Benfica, Sporting e FC do Porto quando vinham a cinco ou dez metros já eles paravam o relógio. O cronómetro era manual, o que permitia essas coisas e essas suspeitas. Quando fui ao Brasil a prova era controlada por um aparelho eletrónico e ganhei a Volta ao Estado de S. Paulo. Aqui é que nunca consegui vencer rsrsrs! P O Jorge Corvo perdeu Voltas por diferenças mínimas, não tendo ganho nenhuma, o que lhe valeu o epíteto do Poulidor português que foi um grande corredor francês, mas que também se ficou sempre pelos lugares cimeiros sem nunca ter conquistado uma Volta a França. Morria na praia, como se costuma dizer... R

nessa altura o clube não tinha bicicletas e quem quisesse correr tinha que as comprar. Agora é diferente...

O Ginásio é um clube muito antigo...! P

R O Ginásio de Tavira é o clube de ciclismo mais antigo de Portugal.

Já falámos na vitória duvidosa de Carlos Carvalho, do Porto, em que o Jorge Corvo foi segundo classificado a 5 segundos do vencedor. Hoje em dia fala-se muito em verdadeiros escândalos de doping que emprestam à modalidade a imagem de um jogo sujo. No seu tempo...

No estrangeiro correu a Volta à França do Futuro e a Vuelta em Espanha... com o Anquetil e o Poulidor, julgo saber!

É preciso muita cabeça e inteligência também. E isso é trabalho da competência dos treinadores e diretores das equipas que devem transmitir a tática da corrida. Nós no Ginásio não tínhamos nenhum treinador. Havia apenas o Dr. Mansinho, que era o diretor do clube que nos ia dando algumas dicas para nossa orientação nas provas.

R Depois do que lhe contei eu também já era casado e tinha uma filha, o que me levava a ter receio de cair e não arriscava, provavelmente, onde podia ou devia ter arriscado.

Ainda corri até aos 33 anos.

P Ganhava-se alguma coisa de jeito no ciclismo nesses anos? R Eu o máximo que ganhei no clube foi 500 escudos por mês, que não dava para os bifes que comia todas as manhãs... P Corria-se por amor à camisola e à modalidade... R Pois, eu posso dizê-lo, fui o ciclista mais barato do Ginásio, porque tinha duas bicicletas e, por vezes a suplente era usada por um colega que tinha tido alguma avaria com a dele. P

Mas não eram as duas do Ginásio?

R

Não, as duas eram minhas porque

R Uma vez já tinha o 19º lugar assegurado, mas um furo e a demora na assistência remeteram-me para o 28º lugar na classificação final... E nesse tempo a Vuelta era em abril quando chovia muito, tornando a prova muito dura e difícil.

Para mim (volta perdida por 5 segundos) foi mais uma manhosice que eles fizeram (...) as pessoas diziam que quando um de nós chegava à meta eles carregavam no botão do cronómetro só depois de nós termos atravessado a linha de chegada, enquanto os das grandes equipas como o Benfica, Sporting e FC do Porto quando vinham a cinco ou dez metros já eles paravam o relógio

E para além do que já disse anteriormente, o que é que falhou ou faltou, se falhou ou faltou alguma coisa para não ter ido mais longe?

E correu até tarde?

Ou seja, pagava-se para correr?!

R [risos] Exatamente, era isso, era isso... rsrsrs.

P

P

Mesmo nessas provas do pelotão internacional com grandes nomes do ciclismo mundial, não teve maus resultados, pois não? P

P

[risos] Pois acontece... rsrsrs.

R

exigências e as médias eram quase as mesmas da prova rainha.

P

R Nunca cheguei a correr com o Poulidor, mas com o Jacques Anquetil sim, na volta à Espanha e tenho até aqui uma fotografia com ele. Fiz duas voltas ao futuro em França que era para ciclistas mais jovens, mas as

P

... na altura já havia umas coisas e havia quem as tomasse... R

P Mas não havia controlo antidoping, pois não? R Pois isso é que era o mal... mas as suspeitas recaiam especialmente sobre os que vinham de fora e corriam provas no estrangeiro e que arranjavam por lá produtos e estimulantes proibidos, como foram os casos de Alves Barbosa e mais tarde o Joaquim Agostinho. P A gente sabe que o ciclismo é um desporto de equipa exigindo grande capacidade de resistência, de sofrimento e muita força, mas não basta ter pernas, pois não? R

Foi uma dor enorme, fomos colegas e amigos durante uma vida. Ele depois foi para o Sporting, mas nunca perdemos o contacto. Sendo ele de Vila Nova de Cacela encontrávamo-nos por aqui com alguma frequência e convivíamos como amigos que sempre fomos. A morte dele representa uma perda que não sei expressar bem! R

P Jorge, ainda sai à rua para ver a Volta passar?

Agora já nem tanto porque a Volta praticamente já não passa pelo Algarve. Mas sempre que há uma etapa ou outras provas aqui perto não falho e vou ver, mas ao norte a idade já não me motiva a ir tão longe. R

P É uma pena o Algarve com a tradição que tem no ciclismo, com equipas como o Tavira e o Louletano, ter ficado de fora das grandes provas nacionais!? R Não há desculpa para a organização não trazer a corrida ao Algarve. No meu tempo não havia hotéis – havia umas pensõezitas – mas não faltava boa vontade para fazer evoluir o ciclismo. Agora só vão aos concelhos onde as câmaras pagam, o que se compreende, mas não justifica a marginalização de uma região que tanto deu e continua a dar à modalidade. E não falta dinheiro por aqui... P Isto hoje já não se pode chamar uma Volta a Portugal! R [risos] pois não, é antes uma volta ao quintal ou ao norte, no melhor dos casos, rsrsrsrs. P Se o tempo voltasse para trás o Jorge Corvo voltava a montar uma bicicleta e tentar fazer melhor do que fez no passado ou não? R Sim, sim, fazia mesmo, agora com outras condições.


Mensalmente com o POSTAL em conjunto com o

JULHO 2022 n.º 164 9.156 EXEMPLARES

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ARTES VISUAIS

Pode a arte de rua ser apresentada num museu? SAÚL NEVES DE JESUS Professor Catedrático da Universidade do Algarve; Pós-doutorado em Artes Visuais; http://saul2017.wixsite.com/artes

A Entrada do Museu STAAT (Amesterdão)

Vistas do interior do Museu STAAT

FOTOS D.R.

arte de rua, arte urbana ou “street art” tem tido um grande desenvolvimento nos últimos anos, numa perspetiva de democratização da cultura, de permitir o acesso de todos às manifestações culturais. Assim, a arte tem “saído” dos museus e galerias, vindo para a rua, para junto das pessoas. Por definição, a arte urbana diz respeito a manifestações artísticas realizadas no espaço público, coletivo ou urbano, permitindo uma aproximação da arte às pessoas, e distinguindo-se das manifestações de caráter institucional ou do mero vandalismo. A arte urbana tem vindo a tornar-se cada vez mais popular, havendo até algum aproveitamento turístico nalgumas cidades europeias, contribuindo para a animação e embelezamento das mesmas. Em Portugal este fenómeno também tem ocorrido nalgumas cidades, em particular em Loures. Tendo sido realizada em 2016 a primeira edição do “Loures Arte Pública”, com a participação de cerca de 100 artistas portugueses e estrangeiros, esta cidade tem vindo a afirmar-se como uma referência nacional e internacional em termos de arte urbana. Tendo começado na Quinta do Mocho, uma zona da cidade ainda há poucos anos marginalizada, as manifestações artísticas propagaram-se a todo o concelho, considerando-se atualmente Loures como uma galeria de arte a céu aberto, constituindo motivo de orgulho para os quase 3000 residentes, com visitas guiadas para os visitantes, mostrando que a arte pode ser fator de desenvolvimento e inclusão social. Em artigos anteriores temos feito referência a trabalhos de vários artistas que desenvolvem arte urbana, nomeadamente Bansky, JR, Bordalo II e Vhils, estes dois últimos portugueses que se têm destacado com várias produções artísticas no exterior. Sendo a arte uma expressão da socie-

dade, as manifestações de arte urbana cedidas temporariamente ao STRAAT. abordam temas geralmente relativos Assim, a exposição nunca é igual, pois a questões sociais, como a discrimina- as obras que um visitante pode ver a ção racial, os direitos das crianças, a serem realizadas numa semana, estapaz, a natureza, a multiculturalidade rão em exposição na semana seguinte. e a igualdade. Também podem ser encontradas telas Nesta forma de expressão artística, tal- em branco, preparadas para alguns vez Bansky seja o artista cujas obras são artistas que estão para chegar. mais conhecidas a nível internacional. Desta forma, o STRAAT consegue As mensagens visuais que produz abor- juntar obras de cerca de 150 artisdam questões da atualidade, sobretudo tas, procurando ter ainda um papel de crítica política e social, com um forte educativo sobre a história e a termiviés revolucionário e anti guerra, men- nologia da arte de rua, apresentando sagens bem necessárias neste período uma sistematização da informação, conturbado da história da humanidade, intitulada “From the streets to Straat. em que corremos o risco de ser iniciada Six decades of graffiti and street art uma 3ª Guerra Mundial. worldwide” (“Das ruas para Straat. Em 2019, antes da “guerra” contra a Seis décadas de grafite e arte de rua Covid-19, várias cidades do mundo, em todo o mundo”), num espaço do incluindo Lisboa, receberam a ex- Museu preparado para o efeito. posição “Bansky: Genius or Vandal”, Quando visitámos este Museu, em em que foram apresentados mais de maio passado, pudemos encontrar ex70 trabalhos de Bansky cedidos por posta a obra duma artista portuguesa, vários colecionadores privados inter- Wasted Rita, e tomámos conhecimennacionais. Desta forma, conseguimos to de que o STAAT tinha sido nomeado ter acesso a um conjunto de obras de para o prêmio de Melhor Museu da Bansky reunidas num mesmo espaço. Holanda de 2022. Este é um fenómeno curioso pois, no Independentemente de ser ou não o passado, o acesso à produção artísti- vencedor, vale mesmo a pena visitar ca em artes visuais obrigava a que as este Museu de arte de rua!. pessoas fossem a museus ou galerias de arte. A arte urbana contribuiu para Ficha técnica inverter esta situação, aproximando a arte das pessoas. Paradoxalmente, torDireção GORDA, na-se agora também possível apreciar Associação Sócio-Cultural a “arte de rua” em espaços fechados, Editor Henrique Dias Freire organizados para o efeito. Responsáveis pelas secções: É o que acontece no Museu “STRAAT • Artes Visuais Saúl Neves de Jesus - The Museum for graffiti and street • Diálogos (In)esperados art”, o maior e melhor museu de arte Maria Luísa Francisco de rua do mundo. Localizado no cais • Espaço AGECAL Jorge Queiroz NDSM, em Amsterdão, este museu • Filosofia Dia-a-dia Maria João Neves único, com imensa luz natural, apre• Letras e Literatura Paulo Serra senta obras de arte de rua do tamanho • Mas afinal o que é isso da cultura? de uma parede. Paulo Larcher Este Museu convida os artistas para e-mail redação: geralcultura.sul@gmail.com irem pintar no STRAAT, tendo total publicidade: liberdade para realizarem a obra que anabelag.postal@gmail.com entendam, sendo-lhes paga a viagem, online em www.postal.pt a estadia e os materiais necessários. e-paper em: www.issuu.com/postaldoalgarve Os trabalhos são realizados no próprio FB https://www.facebook.com/ Museu, enquanto os visitantes pasCultura.Sulpostaldoalgarve seiam dentro do Museu, observando as telas gigantes, verdadeiros murais com cerca de 5 x 10 metros. Os artistas garantem os direitos de autor pelas obras que realizam, sendo as obras


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DIÁLOGOS (IN)ESPERADOS

Teatro Lethes – A mística do lugar

Luís Vicente e Maria Luísa Francisco conversaram no Teatro Lethes MARIA LUÍSA FRANCISCO Investigadora na área da Sociologia; Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa luisa.algarve@gmail.com

O

edifício onde está o Teatro Lethes começou por ser um colégio de Jesuítas designado por Colégio de Santiago Maior, fundado pelo então Bispo do Algarve, D. Fernando Martins Mascarenhas. Este local de aprendizagem, sobretudo de matriz religiosa, teve licença de utilização a partir de 8 de Fevereiro de 1599. Em 1759, a Companhia de Jesus foi banida do país e foram confiscados os seus bens. O Colégio de Santiago Maior encerrou assim as suas portas. Com a ocupação das tropas napoleónicas comandadas pelo Ge-

FOTO D.R.

neral Junot, as instalações do antigo Colégio foram devassadas e profanadas para aí se alojarem os soldados. Anos mais tarde, em 1843, o Colégio foi arrematado em hasta pública pelo Dr. Lázaro Doglioni (médico e mecenas veneziano que se radicou em Faro no séc. XIX) que manifestara publicamente intenção de construir em Faro um teatro à semelhança do S. Carlos, de Lisboa e do “La Scalla”, de Milão. A inscrição latina na fachada do edifício, monet oblectando, poderá ser traduzida por “instruir, divertindo”, salientando assim as preocupações culturais do promotor desta sala de espectáculos. A inauguração do Teatro Lethes realizou-se a 4 de Abril de 1845, associando-se às comemorações do aniversário da Rainha D. Maria II. Mais tarde, em 1860, foi ampliado pelo Dr. Justino Cúmano, médico tal como o seu tio Lázaro Doglioni.

Na conversa tida com o actor e encenador Luís Vicente no Teatro Lethes, foram destacados alguns aspectos sobre a mística do Teatro Lethes como um lugar de devoção, educação, tragédia, amor, mistério e cultura. Foi referido que este Teatro resulta de uma situação de tragédia e amor. Tragédia, porque por volta de 1804, numa terrível noite de tempestade, um navio veneziano onde viajava o jovem médico, Lázaro Doglioni, naufragou. Os sobreviventes desse naufrágio foram socorridos por pescadores de Tavira e entregues ao Cônsul de Veneza na cidade de Faro. Durante a convalescença o jovem Lázaro Doglioni tornou-se amigo de um dos mais ilustres habitantes da cidade (Guilherme B. Crispim), por cuja filha se apaixonou e com quem casou. Assim, passou a dispor de uma fortuna que lhe permitiu adquirir o edifício, daí a tragédia e o amor estarem ligados ao que viria a ser o Teatro Lethes. Na mística do Teatro Lethes existem outros episódios que ligam amor e tragédia: o de uma bailarina que se terá suicidado no palco por razão de amor não correspondido (cuja imagem já apareceu a algumas pessoas com mais sensibilidade mediúnica), e o de um militar napoleónico, cujo esqueleto foi encontrado, emparedado, no local onde hoje está instalada a cabina eléctrica. Durante o diálogo com Luís Vicente apercebemo-nos da importante ligação do actor a este espaço, aliás referiu que “tudo é relevante neste lugar, desde as paredes ou a forma como a voz se projecta no Teatro. O entendimento técnico e estético está presente no palco, outrora capela da casa professa, onde viviam os Jesuítas, e depois Colégio de Santiago Maior.” A dimensão do vão da nave da capela terá condicionado a planta da sala.

Dos clássicos à contemporaneidade Na mitologia grega, Lethes é um mítico rio cujas águas têm o poder de apagar da lembrança as amarguras da vida. Ao ser o nome de um Teatro remete-nos para momentos de deleite e fruição de espectáculos, esquecendo, por momentos, amarguras. Luís Vicente, director de produção e director artístico da ACTA - A Companhia de Teatro do Algarve, considera que os clássicos foram importantes na sua formação e estão presentes nas escolhas da programação, destacando que “o clássico só o é porque nos indica um caminho na contemporaneidade”. E a partir daqui fomos conversan-

do sobre livros e autores passando por Santo Agostinho, por Jostein Gaarder, que escreveu sobre Santo Agostinho. Não se podia deixar de falar acerca da obra do escritor e dramaturgo Samuel Beckett (Nobel da Literatura em 1969) e de À Espera de Godot. Falámos da abordagem transversal e pouco comum que Luís Vicente deu à encenação deste texto de Beckett. Eugène Ionesco e o teatro do absurdo também vieram à conversa. Aliás, Beckett e Ionesco estão entre os principais dramaturgos “do teatro do absurdo”. Falámos das interpretações de Shakespeare, nomeadamente das que mais marcaram o actor: Otelo e Ricardo III. Luís Vicente é o actor português, no activo, que mais vezes interpretou textos de Shakespeare. Sente que é um privilégio trabalhar com aqueles textos pelo que eles representam e pela forma como nos levam a interrogar a vida e a natureza humana. Na conversa sobre criadores, dramaturgos e encenadores Luís Vicente citou esta frase de Ionesco: “Criadores só há dois: Deus que criou o mundo e Shakespeare que criou a humanidade”! Margarite Duras e Albert Camus (Nobel da Literatura em 1957) são dos autores que mais marcaram a vida e o percurso do actor e encenador, sem esquecer o escritor e dramaturgo italiano Dario Fo (Nobel de Literatura em 1997). Luís Vicente referiu com orgulho que teve a honra de conviver de perto com o laureado e de encenar por duas vezes um texto dele.

A vinda para o Algarve A vinda para o Algarve, há mais de 20 anos, está ligada a um convite feito pelo professor José Louro para uma conversa com os elementos do Sin-Cera - Grupo de Teatro da Universidade do Algarve. O tema estava ligado à profissionalização dos actores e daí até surguir a ideia de criar algo mais amplo que servisse a região, a nível teatral, foi um passo, depois de alguma pesquisa sobre os investimentos que os municípios da região faziam em Cultura. Assim surgiu a ACTA – A Companhia de Teatro do Algarve, que já apresentou espectáculos em todos os concelhos da região algarvia e em Espanha, na Alemanha, na Polónia, na Bélgica, no Luxemburgo e no Brasil. Alguns desses espectáculos aconteceram através do projecto da ACTA, chamado VATe - Vamos Apanhar o Teatro (acrónimo de Vamos

Apanhar o Teatro). É o Serviço Educativo itinerante da ACTA, Prémio Gulbenkian-Educação 2010, que já proporcionou formação a professores e educadores de 8 países da UE e também da Turquia e foi objecto de tema de palestra na Universidade de Heidelberg. Trata-se de um autocarro que foi transformado numa sala de espectáculos e que anda em itinerância pela região e em festivais a levar aprendizagem e revelações inesperadas às crianças e também a idosos de zonas mais interiores. Foi então projecto pioneiro na Europa e, segundo pesquisa da RTP, já existem mais dois “filhos” deste projecto no espaço europeu. Luís Vicente fez questão de salientar a amizade que o ligou ao professor José Louro, figura incontornável do teatro e da cultura no Algarve e como ele continua presente, sendo homenageado diariamente, ao ter sido atribuído o seu nome à sala de espectáculos do VATe. De forma emotiva acrescentou ainda que “o Zé fez o favor de ser meu amigo durante mais de 40 anos. Eu sabia que o Zé gostava de mim, apreciava o meu trabalho, que ele acompanhava, e por isso é que me convocou a vir até cá. E eu vim, porque também gostava e apreciava o trabalho dele com grupos de amadores e universitários. Trabalho muito sério no plano ético e muito dedicado no plano artístico. E depois cruzei-me aqui com pessoas interessantes, alunas/ os do Zé: a Ana Baião, a Glória Fernandes, o Noé Amorim, o Davide Silva, o João Aidos (que anos mais tarde veio a ser Director-Geral das Artes). Foi bom. É bom! O Zé foi fundamental e incontornável para todos nós”. A pessoa com quem tive o gosto de conversar no Teatro Lethes é um conceituado actor conhecido do grande público, ao interpretar a personagem Átila na série televisiva Duarte & Companhia na década de 1980. É director de produção desde o início de actividade da ACTA, director artístico desde finais dos anos 90 e pensa continuar no Algarve. Faço votos de muitos sucessos pela voz que é na região e que continue a contribuir para a dinâmica cultural da cidade de Faro, em particular, e do Algarve em geral. E que o Teatro Lethes continue a ser a referência que é no panorama cultural regional, nacional e internacional. Caro leitor esteja atento ao que neste lugar de cultura acontece durante onze meses do ano. Dá para perceber que é uma epopeia diária! * A autora não escreve segundo o acordo ortográfico


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Empoderamento Radical FOTO RICARDO SILVEIRA D.R. P

Uma metáfora?

Sim. Fez-me tomar consciência de que em muitas coisas não existe, ainda, igualdade. E eu estava convencida que sim! Eu nasci num país europeu, desenvolvido, com muitos privilégios que nem sabia que tinha. R

“Talvez nem quisessem esse destino, mas nem lhes ocorria que a vida poderia ser diferente” Podes dar-me algum exemplo que te tenha impressionado? P

Anna Pixner é a skater mais rápida da Áustria e a número 10 no ranking mundial MARIA JOÃO NEVES PH.D Consultora Filosófica

B

astou a primeira colher da musse de chocolate vegan do Eduardo e, por uns instantes, o paladar dominou todos os meus sentidos. Quando voltei a abrir os olhos, deparei-me com uma jovem e bela mulher, que me resultava familiar, mas não conseguia identificar de onde a conhecia. Tinha um rosto angelical e o cabelo longo e arruivado descia em suaves ondas sobre as costas. Dela emanava uma calma, uma felicidade serena que, conjugada com a sua aparência, me fazia viajar para um filme de época: imaginava-a de vestido longo a bordar junto à janela. Na sua presença silenciosa havia qualquer coisa de irresistível. A Lia notou o meu interesse e, sem demora, apresentou-nos: conheces a Anna Pixner? Devo ter ficado de olhos esbugalhados com o cérebro em sérias dificuldades para processar a informação. Então aquela beleza clássica pertencia, nada mais nada menos, que à desportista radical Anna Pix-

ner! A skater mais rápida da Áustria e a número 10 no ranking mundial de Downhill Skateboarding ― (Skate Montanha Abaixo)! A empatia foi mútua, e a Anna concedeu-me esta entrevista. Sei que a Ericeira é a tua casa, já há 2 anos. Podes dizer-me como é que isso aconteceu? P

R “Aconteceu” é, de facto, uma boa palavra. Parti o punho e tive receio de que o verão austríaco já tivesse terminado quando eu recuperasse. Vim visitar uns amigos e pensei que podia ficar um mês, e tentar recomeçar com o skate aqui na Ericeira. Mas depois encontrei este sítio ― Omassim ― e comecei a trabalhar. A Lia, mostrou-me várias opções, incluindo uma caravana na qual eu podia viver, junto à horta. Foi perfeito! Sob a orientação do Eduardo, preparava os pequenos almoços de manhã, e praticava skate a tarde toda. Fiquei apaixonada por esta vida! Incluindo acordar no meio de um campo de vegetais (risos). A única coisa que me mantinha na Áustria eram os meus estudos. Tinha começado a tirar um curso de Mestrado em “Gender Culture and Social

Change”. Mas com a Covid passou a ser possível fazer tudo online. P Gostava de saber um pouco mais sobre esse teu interesse em Estudos de Género. Parece que tu não abandonaste o tema, apenas decidiste abordá-lo de um ângulo diferente.

Eu continuo a adorar estudar sobre este assunto e, às vezes, sinto saudades das aulas na faculdade. Porém, dei-me conta de que vendo o que acontece na vida real e, sobretudo, devido ao desporto a que me dedico, talvez eu tivesse a possibilidade de mudar alguma coisa. Decidi agir em vez de apenas teorizar, pensar acerca das coisas e escrever. R

Se não vemos mulheres fazer coisas extremas, crescemos com a ideia de que são incapazes de tal!”

P Podes precisar um pouco mais sobre este assunto? Que mudanças gostarias de alcançar? R Interesso-me sobre as diferenças culturais. Por exemplo: porque é que os desportos radicais, como o Skate Montanha Abaixo a que me dedico, são dominados pelo género masculino? Ou porque é que tantas mulheres nem sequer se atrevem a tentar? Por que partem do princípio de que não seriam capazes de fazer estas coisas? Pergunto-me se isto não tem muito mais que ver com a pressão social do que com a diferença de género. Se não vemos mulheres fazer coisas extremas, crescemos com a ideia de que são incapazes de tal! O contexto em que vivemos influencia-nos imenso! Verifico isto constantemente ao viajar para as corridas das Copas do Mundo. A maioria das mulheres que praticam este desporto são europeias ou norte-americanas. Elas sabem que esta possibilidade existe. Noutros lugares do mundo talvez isto não se mencione sequer! Para mim esse é o único motivo pelo qual o nível da prestação das mulheres, em alguns países, ainda fica um pouco aquém. Para mim é como uma metáfora.

R Uma das minhas primeiras competições internacionais foi nas Filipinas. As atletas locais tinham imenso talento, as suas capacidades eram incríveis! Mas o seu equipamento era muito mau. Falando com elas apercebi-me das diferenças abissais entre nós. Algumas estavam quase a completar 18 anos e pensavam que já não iriam competir mais porque era tempo de casarem e terem muitos filhos. Era como se estivessem programadas. Talvez nem quisessem esse destino mas nem lhes ocorria que a vida poderia ser diferente.

Há quanto tempo praticas este desporto radical? P

R

Há 10 anos.

P

Então, começaste muito nova?

R

Sim. Eu tinha 15 anos.

P E és a mulher mais rápida da Áustria, neste desporto, e uma das mais rápidas do mundo?

R - Sim, mas... Aí está... Não sei se isto é muito justo. Não sei se há alguma mulher em algum lugar do mundo, muito mais rápida do que eu... Desconhecida e, obviamente, não contemplada no ranking mundial. P Sei que os sponsors andam de olho em ti. Constou-me que tens um pensamento muito interessante a este respeito...

R Na verdade, esse mundo dos sponsors sempre me desagradou bastante. É que se trata, na maioria das vezes, de vender a tua imagem. Sendo mulher, não tem tanto a ver com as tuas capacidades... P

Como assim?

Por exemplo, quando eu comecei neste desporto, era a única mulher. Os meus companheiros eram todos rapazes. Eu rapidamente comecei a ter sponsors e alguns deles, que eram muito melhores que eu, continuavam > R


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FILOSOFIA DIA-A-DIA

“ > sem sponsors durante anos! Então tornei-me bastante céptica. E duvidei muito sobre se devia aceitar essas ofertas ou não. Porquê eu e não o meu amigo que é muito melhor do que eu? É só porque sou mulher e posso atrair mais atenção? Nunca percebi estas diferenças entre homem e mulher neste desporto! Compreendo o que dizes mas, por outro lado, os sponsors são necessários para teres dinheiro para frequentar todas estas competições internacionais e ter bom equipamento, certo? P

Sim... Tenho aprendido bastante. Percebi que existem muitas formas de lidar com isto. Também compreendi que não me podia esquivar dos media, que era necessário estar em frente da câmara.

da minha cara ou do meu corpo. Talvez com um skate debaixo do braço... Não lhes interessa filmar um vídeo em que mostro as minhas habilidades, em que arrisco a minha vida. Fico indignada! Não sou vista como uma atleta, mas como uma modelo barata. Eles só mandam alguma roupa, nem sequer pagam pelas fotografias! Este é um dos casos em que há grandes diferenças de tratamento entre homens e mulheres. Com os homens os sponsors querem vídeos e fotografias que mostram a acção. Connosco, confundem-nos! Somos mulheres atletas, tratam-nos como modelos.

R

P E tu decidiste que não te iriam confundir! Como conseguiste isso?

Basicamente, só faço as coisas que me sinto confortável fazer. Essa é a minha principal linha orientadora. Estes R

Claro que esses outros sponsors me trariam mais dinheiro... Por exemplo, tive uma oferta para um anúncio publicitário que me teria dado 2000€ num dia, só por “aparecer” com as roupas da sua marca. Seria dinheiro fácil, mas, parece-me estranho. Pagam-me mais para estar para ali com umas roupas vestidas, em vez de fazer aquilo para o qual venho treinando há 10 anos!

“É mais fácil passar a mensagem através de um vídeo-documentário do que de um artigo Como pretendes passar a tua mensagem? P

R Acho que um bom meio de passar esta mensagem, nos dias de hoje, são curtas metragens, “film projects”. As pessoas parecem captar bem as mensagens dos filmes. P Estão a filmar um documentário sobre ti, neste momento?

FOTO JENNY SCHAUERTE D.R.

R Sim. O Octavio Scholz é o director, Jaz Levis o produtor, e James Harvey o editor. Misturam vídeos de mim no skate com entrevistas. Acho que é muito mais fácil passar a mensagem através destes documentários do que ao escrever um artigo académico. Nos dias de hoje, as pessoas não se interessam por ler algo intenso que possa provocar pensamentos desconfortáveis. Porém, ao visualizar um vídeo de um desporto radical talvez não se esteja à espera de encontrar algo mais profundo e significativo. A respeito das qualidades internas o documentário também veio ajudar. Eu sempre fui muito introvertida. Acho que toda a gente me subestimava, até ao dia em que comecei com o skate.

Olhando para o teu percurso como atleta, torna-se difícil acreditar! P

uma modelo barata!” P Explica-me lá então, de que é que gostas e de que é que não gostas em relação aos media. R Por exemplo, há uma série de marcas

de roupa, de lifestyle, que procuram pessoas como eu. Só querem que pose para a câmara. Pretendem fotografias

são os meus valores. Geralmente, não me sinto confortável a tirar fotografias nas quais não estou a andar de skate. Neste momento só trabalho com marcas que estão mesmo interessadas no desporto: fabricam skates ou equipamento. E quais são as consequências práticas dessa decisão? P

R Bem, tenho de trabalhar em algum emprego “normal” entre competições.

medrosa que os meus amigos... Empoderei-me a mim própria!” P

académico”

“Sou uma atleta e não

“Eu era muito mais

R Na escola tinha piores notas por não falar. Ao escrever, sim, tinha notas melhores. Espera-se que nos consigamos expressar oralmente bastante bem e rapidamente. Creio que isto é muito injusto. As pessoas introvertidas começam a subestimar-se a si próprias. O skate ajudou-me muito! Primeiro a abrir-me mais, e, segundo, a tomar consciência de tudo isto. Eu tendo a pensar que pessoas mais caladas têm, frequentemente, coisas muito interessantes a dizer. Só precisam que lhes seja dado tempo para se expressarem. Gostaria de empoderar estas pessoas!

E está a resultar?

Eu tendo a pensar que sim. Tenho recebido imenso feedback nos media e na vida real. Dizem-me que os faço pensar. As pessoas sentem-se empoderadas! Eu comecei a andar de skate porque gostava, estava longe de imaginar que este desporto se podia transformar num modo de empoderar as pessoas. R

P E como é que o skate te empoderou a ti?

*** A história de Anna Pixner é um exemplo de empoderamento. Frequentemente, o conceito de poder é entendido como domínio que se exerce sobre algo ou alguém, tornando-se sinónimo de opressão ou subjugação. Porém, a filósofa alemã, de origem judaica, Hannah Arendt, rejeitou desde cedo este modelo de poder entendido como comando-obediência. No seu livro A Condição Humana propõe a definição de poder como “a capacidade humana não apenas de agir, mas de agir em conjunto”. Existe uma afinidade notória entre esta sua proposta e a concepção feminista de poder como empoderamento. Desta forma, o poder é entendido não como poder sobre, mas como poder para uma capacidade ou habilidade, de se transformar a si mesmo e aos outros. A definição de poder de Arendt contém ainda em si o foco na comunidade ou, como passou a ser chamado, empoderamento coletivo. É nesta esteira que se insere, por exemplo, a psiquiatra e activista americana Jean Baker Miller.

R Mostrou-me que havia muito mais dentro de mim do que eu acreditava existir. E fez-me ver que eu era mais do que supunha. Omassim Eu tinha a imagem de mim Guesthouse própria como uma pessoa muito cautelosa, que não gostava de coisas extremas [risos]. Eu era muito mais medrosa que os meus amigos. Nunca pensei que quereria dedicar a minha vida a um desporto radical! Comecei muito devagar. No princípio este desporto era apenas o espaço de que eu necessitava Num artigo intitulado “Mulheres e para estar comigo, para processar os Poder” afirma que “as mulheres pomeus pensamentos, era uma espécie dem querer ser poderosas de maneiras de meditação. Levei algum tempo, não que simultaneamente aumentem, em pensei que iria gostar disto porque sou vez de diminuir, o poder dos outros”. muito cautelosa. A escritora estadunidense Starhawk, Às vezes dou aulas a outras mulheres uma das vozes do chamado eco-feque são exactamente como eu era. minismo, no seu livro Truth or Dare: E acham que não vão gostar deste Encounters with Power, Authority, desporto. Foi incrível para mim and Mystery, afirma estar “do lado descobrir esse lado de mim própria, do poder que emerge de dentro, que é tomar consciência de que, afinal, inerente a nós como o poder de crescer gosto de adrenalina e de velocidade. é inerente à semente”. O poder de denDe certa maneira, empoderei-me a tro é uma força positiva, afirmadora da mim própria! E continuo a lembrar- vida e fortalecedora. É também neste -me do caminho que percorri. Agora, sentido que Serene Khader, filósofa e quando penso que não sou capaz de teórica feminista americana, no seu lialguma coisa, simplesmente mudo a vro Adaptive Preferences and Women’s minha mente a respeito disso. Passo Empowerment define empoderamena pensar: talvez eu ainda não saiba to como um conjunto de processos que sou capaz! “que aprimoram algum elemento do conceito de auto-direito de uma pessoa e aumentam a sua capacidade de “Quando penso buscar seu próprio florescimento”. Rápida que nem um relâmpago no seu que não sou capaz skate, Anna Pixner põe em prática o aqui se teoriza e vai empoderando de alguma coisa, mudo que mulheres por esse mundo fora!

a minha mente: talvez eu ainda não saiba que sou capaz!”

Café Filosófico: 21 de Julho de 2022 às 18:30 no AP Maria Nova Lounge Hotel Inscrições: filosofiamjn@gmail.com * A autora não escreve segundo o acordo ortográfico


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Paraíso, de Abdulrazak Gurnah tória cheia de subtexto, com um final em aberto. Neste paraíso ameaçado, disputado pelos europeus, Yusuf é ele mesmo uma espécie de anjo. Um jovem bondoso sem mácula, e que se mantém virgem até ao final do livro, apesar das constantes tentações, pois causa permanente admiração e fascínio por onde passa; a sua beleza involuntariamente atrai mulheres e homens. As mulheres são, no entanto, elas próprias propriedade dos maridos, ou pais, pelo que dificilmente se podem deixar tentar. Yusuf é igualmente fascinado pelo jardim do comerciante Aziz, criado graças ao empenho do introvertido jardineiro. É no trabalho desse jardim que se refugia, sempre que possível. Vendido como escravo pela própria família, Yusuf simboliza um continente que é também ele disputado a regra e esquadro. Numa época em que se pressente já a flagrante mudança numa terra «pura e luminosa» (p. 126), trazida pelas disputas coloniais e pela guerra na Europa, África é em si um pequeno paraíso virgem, a começar a ser tocada pela mão humana, cujas boas intenções podem ainda assim corromper a bondade natural de um

povo: «Um pastor luterano ensinara-os a usar o arado de ferro e a construir a roda. Disse-lhes que eram dádivas do seu Deus, que o enviara para aquela montanha para oferecer a quem ali vivia a salvação das almas.» (p. 71) São centrais à obra do autor temas como a experiência africana, o colonialismo, a noção de identidade e do valor humano. «E estes jovens vão perder ainda mais. Um dia, os Europeus vão fazêlos cuspir em tudo o que sabemos e vão fazê-los recitar as suas leis e a sua história do mundo como se fosse a palavra divina. Quando chegar a sua vez de escrever sobre nós, o que vão dizer? Que fizemos escravos.» (p. 97) Na década de 1960, Abdulrazak Gurnah foi forçado a sair de Zanzibar, então em revolução. Na altura com 18 anos, chegou como refugiado ao Reino Unido, para poder continuar a estudar. Foi professor de Inglês e Literaturas Pós-coloniais na Universidade de Kent. No conjunto da sua obra destacam-se ainda os romances By the Sea (2001), nomeado para o Booker Prize e finalista do Los Angeles Times Book Award, e Desertion (2005), finalista do Commonwealth Writers..

Abdulrazak Gurnah venceu o Prémio Nobel da Literatura de 2021 FOTO MARK PRINGLE / D.R. PAULO SERRA Doutorado em Literatura na Universidade do Algarve; Investigador do CLEPUL

P

araíso, de Abdulrazak Gurnah, é a segunda e mais recente obra do autor (em Portugal) publicada pela Cavalo de Ferro, com tradução de Eugénia Antunes. Este romance do mais recente Nobel da Literatura confirma-o como uma voz literária de grande fôlego. Publicado originalmente em 1994, finalista do Booker Prize e do Whitbread Award, foi este romance que claramente projetou Abdulrazak Gurnah para o palco internacional, consagrando-o como um dos grandes escritores da actualidade. Paraíso é uma fusão de romance de formação, ficção histórica e literatura de viagens. Centra-se na infância e juventude de Yusuf, ao mesmo tem-

po que nos oferece uma narrativa alegórica, efabulatória, do continente africano nas vésperas da Primeira Guerra Mundial. Nascido numa pequena povoação da África Oriental, Yusuf vive em fome permanente (como a criança em crescimento que é) e é vendido aos doze anos pelo seu pai ao rico comerciante Aziz, a quem se habituara a chamar tio. Só gradualmente é que o jovem compreenderá que foi entregue como penhor das dívidas que o pobre pai foi contraindo ao longo dos anos e que esta é uma prática relativamente comum naquela zona. Na sua nova vida como escravo, ainda que relativamente confortável, e contando com a estima de Aziz, o seu patrão e dono, Yusuf será depois chamado a participar numa perigosa expedição comercial ao interior do continente. Nessa viagem de iniciação ao coração das trevas de uma parte do imenso e complexo continente africano, Yusuf constatará como a paisagem muda permanentemente. Bela, selvagem,

árida, por vezes sem nada a não ser terra vermelha, povoada de animais ferozes que frequentemente disputam o território com os humanos, Yusuf descobre igualmente um território povoado por tribos hostis, africanos muçulmanos, comerciantes indianos e agricultores europeus. A narrativa é mais coesa do que a de Vidas Seguintes, o primeiro romance deste autor publicado entre nós. Em comum, temos um tom narrativo encantatório, em que, ainda que sejam nomeados espaços físicos, e Zanzibar é um nome distante sempre presente – nunca há uma clara alusão ao país africano em que a ação decorre, ainda que se nomeiem alguns topónimos. Igualmente indefinido é o tempo; só perto do final do romance na alusão à guerra prestes a iniciar entre ingleses e alemães é que percebemos que estes podem ser os últimos dias antes da Primeira Guerra. Numa narrativa sempre isenta, sem alguma vez procurar dar pistas de leitura, esta é, ainda assim, uma his-

Paraíso foi o romance que projetou Abdulrazak Gurnah para o palco internacional


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LETRAS & LEITURAS

O Silvo do Arqueiro, de Irene Vallejo

Irene Vallejo é apaixonada pelas lendas gregas e romanas desde a infância FOTO JORGE FUEMBUENA

O

Silvo do Arqueiro, de Irene Vallejo, publicado pela Bertrand Editora é o primeiro romance da autora de O Infinito num Junco. E ainda que um seja um romance e o outro um livro de não-ficção que se tornou um best-seller em tempos de

pandemia e confinamento, há pontos em comum. Nomeadamente a paixão da autora pela Antiguidade Clássica e pela forma como o mito e a lenda, entretecidos com a História, tecem os fios da nossa vida, como seres pensantes e como leitores. «Diverte-me muito ver como os humanos inventam lendas e o quanto precisam delas. Coleciono mitos de todas as regiões do mundo e, quando escalo as encostas do céu para ir ao banquete dos deuses, faço muito sucesso a repetir estas histórias que ouvi de lábios mortais. A nós, deuses, surpreendem-nos e de certa forma enternecem-nos os seus esforços para tornarem o mundo compreensível. Infelizmente, nós não temos nada parecido. Está claro que a arte de contar histórias é algo que não ensinámos aos humanos, aprenderam-na sozinhos, e a sua capacidade de invenção é deslumbrante.» (p. 56) O Silvo do Arqueiro inicia com Eneias, o herói errante e derrotado que, em fuga do saque de Tróia com o seu filho, naufraga nas praias de Cartago, na costa

africana. Marcado por uma misteriosa profecia que o anuncia como fundador de uma vindoura grandiosa civilização, Eneias deixa o seu destino nas mãos de uma mulher, a rainha Elisa. A narrativa alterna entre as vozes de Eneias, Elisa e Ana, meia-irmã da rainha, uma criança que nasceu com uma mancha na cara que assinala o seu destino como feiticeira, e que, apesar do temor que inspira, acaba por se fazer ouvir. Mais pontualmente, intervêm ainda as vozes dos deuses, em particular Eros, que se imiscuem na esfera terrestre, procurando tecer o destino dos humanos, enquanto simultaneamente os invejam, pois aos deuses falta aquilo que distingue a natureza humana: o amor e a criatividade, qualidades que são possivelmente uma só. «A minha mãe costumava dizer que, um dia, muitos aprenderão a desenhar os seus pensamentos, e a magia de guardar as palavras espalhar-se-á e será um grande feitiço contra o esquecimento.» (p. 152) A narrativa de Eneias e Elisa,

consoante se deixam enlear nos braços de Eros, alterna ainda, em capítulos breves, com a história de Vergílio que, séculos mais tarde, escreverá a obra, como encomenda do imperador Augusto, que lhe dará uma imortalidade próxima dos deuses, a Eneida. Tal como Eneias hesita entre deixar-se ficar em Cartago com Elisa em vez de seguir para Itália, a terra da profecia, um pouco como Ulisses quase se deixa enredar na teia de Circe. Por seu lado, Vergílio, o escritor propagandista de Augusto, teme não ser capaz de escrever o grande romance que lhe foi pedido pelo imperador. Belissimamente escrito, numa prosa lírica, despretensiosa, principalmente quando são os desinspirados e invejosos deuses a assumir a narrativa. O Silvo do Arqueiro, de Irene Vallejo, mais uma vez confirma que a revisitação das obras da Antiguidade continua a inspirar algumas das melhores obras de literatura contemporânea. Há um destaque especial para o papel da mulher, como se a autora procurasse ainda

resgatar as personagens femininas do mutismo a que os clássicos tendem a votá-las; pois as suas ações e desejos surgem normalmente retratadas do prisma masculino que as reduziam a seres inconsequentes e caprichosos. A leitura de O Silvo do Arqueiro pode também, de forma muito especial, servir de mote à leitura da mais recente tradução da Eneida, recentemente publicada pela O Silvo do Arqueiro é o primeiro Quetzal em edição bilingue – la- romance da autora tim e português –, com tradução, introdução e anotações de Carlos palestras e visita escolas, univerAscenso André. O romance termi- sidades e bibliotecas, divulgando na aliás com uma clara referência a importância e a atualidade do à motivação e à determinação legado do mundo antigo. Colabora de Vergílio encarar, finalmente, com meios de comunicação, como o ponto de partida da escrita do o jornal El País, em Espanha. romance que viria a sobreviver Alcançou o reconhecimento à civilização romana que Eneias internacional com o seu livroO Infifundou. nito num Junco (Bertrand Editora, Irene Vallejo (Saragoça, 1979) 2020), título que lhe valeu o Prémio é apaixonada pelas lendas gre- NacionaldeLiteratura2020(Espagas e romanas desde a infância. nha)nacategoriadeensaio.Venceu Estudou Filologia Clássica e dou- ainda o Prémio El Ojo Crítico de torou-se nas Universidades de Narrativa, o Prémio Acción Cívica Saragoça e Florença. Empenhada 2020,oPrémioLasLibreríasRecoem dar a conhecer os autores clás- miendan 2020 e o Prémio Aragón sicos ao grande público, a autora dá 2021, entre outros.

ESPAÇO AGECAL

O sistema alimentar mundial e a actualidade da Dieta Mediterrânica JORGE QUEIROZ Sociólogo Membro da delegação de Portugal à Conferência da UNESCO em Baku, inscrição da Dieta Mediterrânica como Património Cultural Imaterial da Humanidade a 4 de Dezembro de 2013

A

guerra no Leste Europeu evidenciou o que era conhecido, fragilidades do sistema alimentar mundial e especulação nos circuitos de comercialização de bens essenciais que originam a actual inflação em alta que atinge sobretudo a população trabalhadora e os pensionistas. A situação é potenciada pelo facto de diversos países produtores de cereais terem reduzido ou mesmo suspendido exportações por razões de segurança alimentar dos próprios. Se há capacidade suficiente para a humanidade produzir os alimentos de que necessita, a tendência mundial tem sido o abandono das produções tradicionais e

das espécies endógenas, a dependência de mercados externos, desflorestação e destruição de ecossistemas, pressão sobre recursos hídricos, uso de combustíveis fósseis e fertilizantes, urbanização intensiva com ocupação de solos de boa aptidão agrícola, sobreexploração da pesca nos oceanos. Cerca de 80% do consumo baseia-se em cinco produtos, trigo, milho, arroz, batata e soja. Corolário da lógica mercantil estima-se que 30% dos alimentos produzidos vão parar às lixeiras. Sendo a alimentação um direito básico universal, tem de ser garantida a perspectiva ambiental e social. E Portugal? O País nas últimas décadas transformou-se do ponto de vista agrícola e alimentar, o estilo de vida foi alterado, aumentaram doenças relacionadas com a má alimentação, o consumismo e a sedentarização, agravando a pressão sobre o SNS e os custos dos orçamentos públicos de saúde. Grandes e pequenas cidades que há

anos garantiam produções da agricultura de proximidade em mercados de bairro, dependem agora de algumas grandes cadeias de comercialização. E a Dieta Mediterrânica? Na última década Portugal integrou com outros seis países, Espanha, Itália, Croácia, Grécia, Chipre e Marrocos, a candidatura da Dieta Mediterrânica a Património Cultural Imaterial da Humanidade da UNESCO, aprovada em Baku a 4 de Dezembro de 2013, por unanimidade e sem recomendações. Em breve este processo merece avaliação e reflexão, com abertura a novos Países. A Dieta Mediterrânica resulta da sabedoria de camponeses e pescadores, em especial das mulheres, saber fazer “muito com pouco” para alimentar a família alargada, com os produtos da horta e do pomar, do mar, do rio e ribeiras. São normalmente pratos nutritivos, saborosos e aromatizados, caldos com pedaços de carne ou peixe, sopas de hortaliças, ensopados, açordas, A protecção, tal como a investigação, valorização e divulgação da

Dieta Mediterrânica são crescentemente necessárias não só porque é uma riquíssima herança cultural e um estilo de vida milenar, a “daiata” da antiguidade grega, como responde a emergências actuais. A Dieta Mediterrânica é um padrão alimentar saudável reconhecido pela OMS, nutricionalmente variada e rica, as comunidades alimentam-se de acordo com os ciclos da natureza. Cada época do ano tem os seus produtos e pratos característicos que integram as festividades, valoriza a tradição comunitária e alimentar, isto é o património cultural do País. Do ponto de vista agrícola a DM integra as “dietas sustentáveis” da FAO, tem por base agriculturas de proximidade, utiliza a água de forma racional, reduz as emissões de CO2, pois não necessita de transportes de longa distância, ajuda a preservar os ecossistemas, a conter os efeitos das alterações, garantindo a segurança alimentar das populações. A sua dimensão cultural favorece a

coesão social, valoriza a História e o património. Do ponto de vista económico favorece os agricultores e os produtos locais, pode reactivar os mercados de bairro e localidade. Os efeitos positivos no turismo são relevantes, crescente é a procura de lugares com relações sociais humanizadas, cultura e património, ambientalmente preservados, com gastronomia diferenciadora. A Dieta Mediterrânica é um dos modelos alimentares mais estudados no mundo e terá de ser melhor promovida nas políticas publicas de saúde, ambientais, agrícolas e culturais, incluída nos currículos escolares, não apenas no plano da nutrição. Em Portugal é leccionada no ensino básico. Por iniciativa da UAlg dezanove Universidades e Escolas Superiores portuguesas assumiram um protocolo de investigação e valorização deste património da humanidade. * O autor não escreve segundo o acordo ortográfico


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MAS AFINAL O QUE É ISSO DA CULTURA?

O Algarve de Costa-a-Costa: Ossonoba FOTOS ANTÓNIO HOMEM CARDOSO / D.R.

PAULO LARCHER Jurista e escritor

F

aro é capital de uma região desde sempre considerada um reino: de Portugal e dos Algarves, assim se intitularam os nossos reis, de D. Sancho I a D. Manuel II. Contudo, a cidade gosta de realçar o seu passado romano, daí lhe veio o nome: Ossonoba, ao contrário de outras povoações que valorizam os períodos do domínio muçulmano e da reconquista cristã. A cidade prosperou ao longo dos séculos devido à sua posição geográfica, ao seu porto seguro e à exploração e comércio de sal e produtos agrícolas, prosperidade várias vezes travada ao longo da sua história por cataclismos naturais e também por violentos saques e pilhagens que continuam gravados na memória da comunidade. De entre tantos episódios possíveis, refiro apenas um levado a cabo no ano de 1487 por uma figura relevante da comunidade judaica, o tipógrafo Samuel Gacon: trata-se da impressão do Pentateuco em hebraico, tornando-o o primeiro livro (talvez o segundo… ainda há dúvidas) impresso em Portugal. Os alter-ego(1) (2) (3) que me têm acompanhado nesta lenta peregrinação ao longo da via férrea algarvia, o mestre Saramago e o Diego Mesa, interessaram-se muito pelas ruínas romanas de Milreu e pelo Palácio de Estoi, “antigo palácio dos condes de Carvalhal” que, apesar de mal conservado quando o Nobel o visitou se encontrou agora convertido em pousada chique mas, como ambos (ruínas e pousada) ficam longe da estação do comboio não fomos lá, dado que, como se deverão lembrar, o compromisso firmado entre mim e o António Homem Cardoso(4) foi o de seguirmos esta longa linha de caminho de ferro sem desfalecimentos ou tergiversações. Na verdade, o perspicaz Manuel

da Fonseca na sua estadia em Faro interessou-se mais pelas ilhas e praias do que por ruínas e o Diego mandou mesmo a escrita às urtigas e mergulhou de facto nas águas cristalinas do Algarve e isso recorda-me um belíssimo poema de Teresa Rita Lopes que reza assim: “[…] Em Faro aprendi a amar as ilhas Todas e quaisquer Ainda hoje só a breve palavra me comove.”(5)

Faro tem tudo para ser uma bela e grande cidade. Tem essa artéria pulsante chamada comboio que passa mesmo pelo centro, bordejando uma enseada pejada de embarcações com altura limitada à do arco que sustenta a via férrea e que a liga à Ria. Faro tem um aeroporto. Faro tem um bom teatro. Faro tem uma Universidade. Faro tem um grande hospital. Faro tem ao alcance de um agradável passeio de barco uma extensão imensa de areias finas e águas límpidas que Teresa Rita Lopes tão bem sabe descrever: “[…] Ir à Ilha de Faro era uma aventura Começávamos a apetecer o mar de longe Quando finalmente nos recebia nos seus braços possantes Já o nosso corpo o tinha longamente desejado […]”(6)

Faro tem também a felicidade de um crescimento demográfico sustentado que atrai gente permanente e não apenas as marés cíclicas do turismo. Faro tem tudo isto, mas o turista (ou viajante no nosso caso), que desembarca do comboio depara-se com um plano de cidade confuso e barulhento. É pena. Nessa ocasião. como acontecera com os meus alter-ego, também fui de início atraído pelas ruas comerciais onde se reza às forças invisíveis do mercado que tudo prometem. Logo à entrada de uma dessas artérias dei de caras com a belíssima fachada do Café Aliança - com projeto de Quintas Júnior - que manteve as suas portas abertas desde 1930 e que agora exibe um cartaz a dizer que está à venda. O que restará depois dessa venda? (aposto que o comprador não o irá reabilitar para a mesma função). Apenas, talvez, uma memória das tertúlias sociais, políticas e literárias nele mantidas pela boa gente da terra e por figuras ligadas à vida social, à política ou às artes, como o desenhador e ilustrador Roberto Nobre ou Samora Barros que tão bem pintou o

Algarve, ou ainda por poetas tais como João Lúcio e políticos-artistas como Cândido Guerreiro, entre tantos, tantos outros. Nos anos 40, alguns dos muitos refugiados que a cidade recebeu também se tornaram assíduos frequentadores do Café Aliança - destaco dentre esses a grande escritora Simone de Beauvoir - dando-lhe o tom cosmopolita que nos nossos dias infelizmente termina. Porque será? que me lembrei agora do triste poema do grande poeta António Ramos Rosa (nascido em Faro) que reza assim: “[…]As palavras mais nuas As mais tristes. As palavras mais pobres As que dormem Na sombra dos meus olhos. […]”(7) Faro é capital do Algarve e isso traz-

-lhe algumas obrigações mas também múltiplos benefícios. Mais do que em qualquer outro lugar no Algarve (com excepção de Tavira), constata-se uma surpreendente densidade de monumentos onde se expõem obras de arte de boa qualidade. Não vou falar especificamente de nenhum deles embora o merecessem, mas não posso deixar de fazer uma menção elogiosa à Vila

pavimentos romanos de Milreu e elevado à categoria de tesouro nacional e que nos espreita, desolado, através dos seus pétreos pixeis coloridos. No verão, quando anoitece, uma outra vida renasce na cidade, mais terna, mais doce, na mornidão tropical das noites do sotavento. As mãos procuram-se, as gargantas refrescam-se, canta-se, dança-se, assiste-se ao

Adentro que integra grande parte do núcleo histórico da cidade e que é um percurso turístico obrigatório. Acede-se a essa Vila Adentro por várias portas sendo a mais conhecida a do Arco da Vila escavado na muralha moura, cuja frontaria heteróclita inaugurada em 1812 evoca o santo-filósofo Tomás de Aquino, doutor da Igreja, na sequência de episódios rocambolescos que, encontrando-se descritos em todos os folhetos turísticos, me dispenso de contar. Nessa entrada, ladeando a torre sineira, é habitual ver-se dois ou três ninhos de cegonha atraídas pela clemência do clima e a bondade das gentes. É imperioso entrar e passear por esse reticulado de ruas contido dentro da muralha moura e é imperioso, também, admirar a vetusta torre sineira da Sé, o alinhamento escrupuloso dos telhados em tesoura da câmara municipal e, last but not the least, dar uma boa olhada às diversas colecções do museu municipal que, para além do lindíssimo claustro de dois andares, nos permite homenagear o deus Oceano, em boa hora recuperado dos

regresso dos pequenos barcos desenhados a fios de luz dourada sobre a escuridão que mansamente invade a grande lagoa, Formosa de seu nome. O mundo é natural, ridente, quando o verde rompe Animal olhar.(8) . (1) Manuel da Fonseca, Crónicas Algarvias, Editorial Caminho, 2ª ed., Lisboa,1986. (2) José Saramago, Viagem a Portugal, Editorial Caminho, 2ª ed., Lisboa, 1985 (3) Diego Mesa, Viagem ao Algarve, Baseado na Viagem a Portugal de José Saramago, 1ª ed., 2014 (4) António Homem Cardoso, fotógrafo e amigo, que me acompanha neste trajeto do Algarve Costa-a-Costa. (5) Teresa Rita Lopes, in O Sul dos meus sonhos, Viajantes, Escritores e Poetas, Retratos do Algarve, ed. Colibri, CELL/UALG,, 2009, p. 38. (6) Lopes, op. cit., p. 38. (7) António Ramos Rosa, poeta farense, citado em Viajantes, Escritores e Poetas, Retratos do Algarve, ed. Colibri, CELL/UALG, 2009, p 113. (8) Rosa, op. cit. , p 115.


Mais Acontecimentos • Demonstrações de várias atividades equestres a decorrerem no picadeiro; • Demonstração de cachorros de caça com coelho; • Mostra das Raças Autóctones Algarvias e exposição de outras raças exóticas; • Demonstração de Falcoaria.

Mais Informações Dirija-se ao Stand da PSP para Concessão ou Renovação da Licença de Uso e Porte de Arma, autorização de compra de armas bem como outros assuntos, que serão tratados na hora.

Sexta Feira 8 de julho 18h30

19h00

Sábado 9 de julho

Sessão de Abertura presidida pelo Senhor Presidente da Câmara Municipal de Albufeira

10h00

Abertura do Salão de Exposições: Caça, Pesca, Turismo, Natureza, Produtos da Terra, Máquinas Agrícolas, Gastronomia, Exposição de Animais e Aves Exóticos

11h00

21h00

Espectáculo Equestre: Apresentação Charanga a Cavalo da Guarda Nacional Republicana

23h00 Concerto – TONY CARREIRA

Prova de Tiro aos Pratos “Cidade de Albufeira” – Campo de Tiro de Paderne

05h00 Convívio de Pesca de Alto Mar – Concentração

Abertura do recinto exterior da Feira

07h00 Final do Campeonato Regional de Sto. Huberto

Concurso Regional de Ovinos da Raça Churra Algarvia 11h30

Marina de Albufeira e 3.ª Taça “José Maria Seromenho”, na Zona de Caça Municipal de Albufeira

14h00

09h30

Exposição de Cães e Matilhas Demonstração Cinotécnica – Guarda Nacional Republicana Comando Territorial de Faro

15h30

11h00

Apresentação da Estação Náutica de Albufeira/ Caminho Marítimo de Santiago

Abertura da Feira e do Salão de Exposições Exposição de Cães e Matilhas

Abertura do Salão de Exposições

Concurso de Matilhas – 10.º Troféu Duarte Rosa

Colóquio - “A problemática da caça em Portugal e suas patologias” 2.ª Taça de Dressage – Cidade de Albufeira

Demonstração Cinotécnica – Guarda Nacional Republicana Comando Territorial de Faro

Assembleia Geral da Confederação Nacional dos Caçadores Portugueses

24h00 Encerramento do Salão de Exposições 02h00 Encerramento do recinto da Feira

Domingo 10 de julho

Concurso de Mel do Algarve

20h00 Apresentação Equestre

Picadeiro Fernando Oliveira – Albufeira

Gastronomia, Animação, Exposição de Animais, Atividades Equestres, Cinotecnia, Artesanato e muito mais...

16h00

Visita à Feira pelas Entidades Oficiais

16h30

24.º Concurso de Cães

17h00

Atuação do Grupo Sons do Sul

16h30

Workshop — As abelhas e a biodiversidade

17h30

Enoturismo Albufeira

17h00

Apresentação do Desporto de Vela

18h00

19h00

Demonstração da Força Destacada da Unidade Especial da Polícia Grupo Operacional Cinotécnico

Demonstração da Força Destacada da Unidade Especial da Polícia Grupo Operacional Cinotécnico

19h00

Demonstração de Cães de Parar

21h00

Espectáculo Equestre: Sentimento Equestre por Lusitanus Miranda – Equestrian Art

23h00 Concerto – BÁRBARA TINOCO

Concerto – VALTER CABRITA 20h00 Concerto – JOSÉ PRAIA E AQUA VIVA 21h00

Sessão de Encerramento presidida pelo Senhor Presidente da Câmara Municipal de Albufeira

01h00

Encerramento do recinto da Feira

24h00 Encerramento do Salão de Exposições 02h00 Encerramento do recinto da Feira


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CADERNO ALGARVE com o EXPRESSO

A NÚNCIOS

MARIA MARTA PIMENTANETO FERNANDES FILOMENA LOURENÇO R AMOS

MARIA FERNANDES MARIA JOSÉMARTA PEREIRPIMENTA A FERNANDES DO CARMO

Agradecimento Os seus familiares vêm por este meio agradecer a todos os que a acompanharam em vida e nas suas cerimónias exéquias ou que de algum modo lhes manifestaram o seu sentimento e amizade.

Agradecimento Os seus familiares vêm por este meio agradecer a todos os que a acompanharam em vida e nas suas cerimónias exéquias ou que de algum modo lhes manifestaram o seu sentimento e amizade.

SANTO SANTAESTEVÃO MARIA - -TAVIRA TAVIRA CONCEIÇÃO SANTA MARIA E CABANAS E SANTIAGO DE TAVIRA - TAVIRA - TAVIRA

SANTA SANTA MARIA MARIA -- TAVIRA TAVIRA SANTA SANTA MARIA LUZIA E SANTIAGO - TAVIRA - TAVIRA

MARIA MARTA PIMENTA FERNANDES ALBERTINA DOMINGAS LOPES

MARTA PIMENTA MARIAMARIA BERNARDETE DE JESUSFERNANDES VIDAL BAGARR ÃO

10-08-1924 22-01-1942 14-06-2022 13-01-2022

22-01-1942 16-12-1937 21-06-2022 13-01-2022

22-01-1942 19-11-1944 19-06-2022 13-01-2022

21-05-1937 22-01-1942 22-06-2022 13-01-2022

Agradecimento Os seus familiares vêm por este meio agradecer a todos os que a acompanharam em vida e nas suas cerimónias exéquias ou que de algum modo lhes manifestaram o seu sentimento e amizade.

Agradecimento Os seus familiares vêm por este meio agradecer a todos os que a acompanharam em vida e nas suas cerimónias exéquias ou que de algum modo lhes manifestaram o seu sentimento e amizade.

SANTA SANTA MARIA MARIA -- TAVIRA TAVIRA SANTA MARIA E SANTIAGO - TAVIRA

SANTA SANTA MARIA MARIA -- TAVIRA TAVIRA CONCEIÇÃO SANTA MARIA E CABANAS E SANTIAGO DE TAVIRA - TAVIRA - TAVIRA

Reze 9 Ave-Marias com uma vela acessa durante 9 dias, pedindo 3 desejos, 1 de negócios e 2 impossíveis ao 9º dia publique este aviso, cumprir-se-á mesmo que não acredite. D.F.

MARIA MARTAANTÓNIO PIMENTARODRIGUES FERNANDES GAUDÊNCIO

MARIA MARTA FERNANDES RUI EDUARDO DOS PIMENTA SANTOS DA ENCARNAÇÃO

MARIA MARTA PIMENTA FERNANDES JOSÉ DOMINGOS FERNANDES

17-08-1960 22-01-1942 29-06-2022 13-01-2022

22-01-1942 11-02-1932 04-07-2022 13-01-2022

Agradecimento Os seus familiares vêm por este meio agradecer a todos os que o a acompanharam em vida e nas suas cerimónias exéquias, exéquias ou que de algum algummodo, modo lhes manifestaram o seu sentimento e amizade.

Agradecimento Os seus familiares vêm por este meio agradecer a todos os que o a acompanharam em vida e nas suas cerimónias exéquias, exéquias ou ou que que de algum modo lhes manifestaram o seu sentimento e amizade.

Agradecimento Os seus familiares vêm por este meio agradecer a todos os que o a acompanharam em vida e nas suas cerimónias exéquias, exéquias ou ou que que de algum modo lhes manifestaram o seu sentimento e amizade.

VILA NOVA DE CACELA SANTA -MARIA VILA REAL - TAVIRA DE SANTO ANTÓNIO SANTA MARIA E SANTIAGO - TAVIRA Agência Funerária Santos & Bárbara, Lda.

SANTA SANTIAGO MARIA- TAVIRA - TAVIRA SANTA MARIA E SANTIAGO - TAVIRA Agência Funerária Santos & Bárbara, Lda.

VILA NOVA DE CACELA SANTA -MARIA VILA REAL - TAVIRA DE SANTO ANTÓNIO SANTA MARIA E SANTIAGO - TAVIRA Agência Funerária Santos & Bárbara, Lda.

22-01-1932 22-01-1942 22-06-2022 13-01-2022

Reze 9 Ave-Marias com uma vela acessa durante 9 dias, pedindo 3 desejos, 1 de negócios e 2 impossíveis ao 9º dia publique este aviso, cumprir-se-á mesmo que não acredite. T.S.


POSTAL, 8 de julho de 2022

CADERNO ALGARVE com o EXPRESSO

23

A NÚNCIOS

TAVIRA

TAVIRA

MARIA JOSÉ ESTRELO ROSENDO

VITALINA DE SOUSA BEATRIZ SANTOS PALMA

22-01-1942 13-01-2022

22-01-1942 13-01-2022

100 ANOS Agradecimento MARIA MARTA PIMENTA FERNANDES AGRADECIMENTO Os seus familiares vêm por este meio agradecer

a todos os que a acompanharam em vida e nas suas cerimónias exéquias ou queodedoloroso algum modo dever querida família cumpre lhes manifestaram o seu sentimento e amizade.

73 ANOS

Agradecimento MARIA MARTA PIMENTA FERNANDES AGRADECIMENTO

Os seus familiares vêm por este meio agradecer a todos os que a acompanharam em vida e nas suas cerimónias exéquias ou queodedoloroso algum modo dever querida família cumpre lhes manifestaram o seu sentimento e amizade.

Sua de agradecer reconhecidamente a todas as pessoas que assistiram funeral do seu ente SANTA MARIAao - TAVIRA SANTA MARIA E SANTIAGO querido, realizado no dia 18 de- TAVIRA Junho, para o Agência Cemitério de Funerária Tavira,Santos bem& Bárbara, como Lda. a todos os amigos que manifestaram o seu pesar e solidariedade. Agradecem também a todos que rezaram Missa do 7º dia pelo seu eterno descanso.

Sua de agradecer reconhecidamente a todas as pessoas que assistiram ao funeral do seu ente SANTA MARIA - TAVIRA querido, realizado no Edia 21 de Junho, para SANTA MARIA SANTIAGO - TAVIRA Agência Funerária Santos & Bárbara, o Cemitério de Tavira, bem comoLda. a todos os amigos que manifestaram o seu pesar e solidariedade. Agradecem também a todos que rezaram Missa do 7º Dia pelo seu eterno descanso.

“Paz à sua Alma”

“Paz à sua Alma”

Agências. funerárias Pedro & Viegas, Lda. *Tavira, Luz e V.R. Stº António telem 964 006 390 - 965040428*

Agências. funerárias Pedro & Viegas, Lda. *Tavira, Luz e V.R. Stº António telem 964 006 390 - 965040428*

COOPERATIVA DOS OLIVICULTORES DE TAVIRA ASSEMBLEIA GERAL ORDINÁRIA

Bruno Filipe Torres Marcos Notário Cartório Notarial em Tavira

CONVOCATÓRIA José Luís Gago Norberto, presidente da Mesa da Assembleia Geral da Cooperativa dos Olivicultores de Tavira, titular do NIPC 501504397, convoca a Assembleia Geral Ordinária, nos termos dos estatutos e demais legislação aplicável, a realizar no dia 23 de julho de 2022, pelas 17h00, na sede da Cooperativa, em Vale Caranguejo, Rua Almirante Cândido Reis, União de Freguesias de Tavira, 8800-228, com a seguinte ordem de trabalhos:

ORDEM DE TRABALHOS Ponto Único: Eleição dos corpos sociais para o quadriénio de 2022 a 2025. Não havendo número legal de cooperadores para a Assembleia poder funcionar em primeira convocatório, fica a mesma marcada para uma hora mais tarde, no mesmo local, com a mesma ordem de trabalhos e com qualquer número de cooperadores. Tavira, 20 de junho de 2022 O PRESIDENTE DA MESA DA ASSEMBLEIA GERAL

EXTRATO DE ESCRITURA DE JUSTIFICAÇÃO CERTIFICO, para efeitos de publicação, nos termos do artigo 100.º do Código do Notariado que, por escritura pública de justificação, outorgada em 20.06.2022, exarada a folhas 73 e seguinte do competente Livro n.º 205-A, que: Maria de Lurdes da Conceição Martins, viúva, natural de Santa Catarina da Fonte do Bispo, Tavira, residente em Amora, Seixal; Declarou ser dona e legítima possuidora, com exclusão de outrem, do prédio rústico composto por terra de pastagem e pomar tradicional de sequeiro, com a área de 3.111,00 m2, que confronta a norte com Lídia Maria Gago de Brito Martins e Fernando Viegas Dias, a sul com herdeiros de Eduardo Belchior Gago, a nascente com Maria do Carmo da Conceição e Fernando Viegas Dias e a poente com Lídia Maria Gago de Brito Martins, sito em Cerro de Leiria, freguesia de Santa Catarina da Fonte do Bispo, concelho de Tavira, inscrito na matriz sob o artigo 49254, não descrito na Conservatória do Registo Predial de Tavira; tendo alegado para o efeito que:

Exercício de Direito de Preferência Eu, Isabel Maria Gonçalves Galhardo Zilhão, na qualidade de proprietária do prédio misto, situado em Corte Videiros, na freguesia de Santa Catarina da Fonte do Bispo, concelho de Tavira, descrito na Conservatória do Registo Predial de Tavira sob o n.º 3.405, da referida freguesia, e inscrito na respectiva matriz urbana sob o artigo 2.359, com o valor patrimonial actual de 11.134,55 € (onze mil cento e trinta e quatro euros e cinquenta e cinco cêntimos), e na respectiva matriz rústica sob o artigo 45.917, com o valor patrimonial actual de 5,97 € (cinco euros e noventa e sete cêntimos), do prédio urbano, sito, também, em Corte Videiros, na freguesia de Santa Catarina da Fonte do Bispo, concelho de Tavira, descrito na Conservatória do Registo Predial de Tavira sob o n.º 2.755, da referida freguesia, e inscrito na respectiva matriz sob o artigo 2.249, com o valor patrimonial actual de 21.903,70 € (vinte e um mil novecentos e três euros e setenta cêntimos), do prédio rústico, sito, também, em Corte Videiros, na freguesia de Santa Catarina da Fonte do Bispo, concelho de Tavira, descrito na Conservatória do Registo Predial de Tavira sob o n.º 8.528, da referida freguesia, e inscrito na respectiva matriz sob o artigo 49.212, com o valor patrimonial actual de 186,55 € (cento e oitenta e seis euros e cinquenta e cinco cêntimos), e, por fim, do prédio rústico, sito, também, em Corte Videiros, na freguesia de Santa Catarina da Fonte do Bispo, concelho de Tavira, descrito na Conservatória do Registo Predial de Tavira sob o n.º 8.529, da referida freguesia, e inscrito na respectiva matriz sob o artigo 49.213, com o valor patrimonial actual de 186,50 € (cento e oitenta e seis euros e cinquenta cêntimos), venho, para efeito de exercício do direito de preferência que eventualmente lhe assista, comunicar a V.ª Ex.ª, na qualidade de proprietário(a) de um prédio confinante com um dos prédios acima identificados, que pretendo vender, globalmente, os quatro prédios acima identificados a Ian McIntosh, N.I.F. 294.837.817, e mulher, Marie-Brigitte Simone Michèlle Legendre McIntosh, N.I.F. 294.837.922, casados sob o regime de comunhão de adquiridos, naturais, respectivamente de Newport, Reino Unido da Grã- Bretanha e da Irlanda do Norte, e de Le Mans, República Francesa, de nacionalidade, respectivamente, britânica e francesa, residentes na Travessa Zacarias Guerreiro, n.º 15, 8800-740 Tavira, ele titular do passaporte n.º 528591996, emitido pelas entidades competentes, em 1 de Dezembro de 2015, ela, do passaporte n.º 13CR03262, emitido pelas entidades competentes em 7 de Outubro de 2013, pelo preço global de 325.000,00 € (trezentos e vinte e cinco mil euros), correspondendo 125.000,00 € (cento e vinte e cinco mil euros) à parte urbana do primeiro prédio abaixo identificado, o mesmo valor ao segundo, 35.000,00 € (trinta e cinco mil euros) à parte rústica do primeiro, 20.000,00 € (vinte mil euros) ao terceiro e o mesmo valor ao quarto. Mais lhe comunico que o referido preço global de 325.000,00 € (trezentos e vinte e cinco mil euros) deverá ser integralmente pago, através de cheque bancário ou visado, no acto de celebração da escritura pública de compra e venda, que se prevê venha a realizar-se no dia 18 de Julho de 2022, às 12.00 horas, no Cartório Notarial sito na Rua da Silva, n.º 17-A, em Tavira, de cuja licença é titular o Dr. Bruno Torres Marcos. Mais lhe comunico que o direito de preferência que eventualmente lhe assista só poderá ser exercido em relação à globalidade dos prédios acima identificados, uma vez que, se fosse exercido só em relação aos dois rústicos ou a um deles, ficaria sujeito a um prejuízo apreciável, a saber: o de cada um dos quatro prédios, considerados separadamente, ter um valor comercial muito inferior ao valor global acima indicado. Por fim, comunico-lhe ainda que, se nisso tiver interesse legítimo, deverá exercer o direito de preferência que eventualmente lhe assista dentro do prazo de oito dias, sob pena de caducidade do mesmo. (POSTAL do ALGARVE, nº 1288, 8 de Junho de 2022)

este prédio, com a indicada composição e área, chegou à sua posse no ano de 1970, em data que não pode precisar, ainda no estado de solteira, maior, por partilha meramente verbal e nunca reduzida a escritura pública, feita com os demais interessados por óbito de sua mãe, Maria Catarina da Conceição, casada com Manuel Martins Amendoeira, residente que foi no sítio de Pocilgais, Santa Catarina da Fonte do Bispo, Tavira; desde aquele ano, portanto, há mais de vinte anos, de forma pública, pacífica, contínua e de boa-fé, ou seja, com o conhecimento de toda a gente, sem violência nem oposição de ninguém, reiterada e ininterruptamente, na convicção de não lesar quaisquer direitos de outrem e ainda convencida de ser a única titular do mencionado direito de propriedade sobre o identificado prédio, e assim o julgando as demais pessoas, tem possuído o mesmo – amanhando a terra, limpando-a, dele retirando os respetivos rendimentos e suportando os encargos ou despesas com a sua manutenção –, pelo que, tendo em consideração as referidas características de tal posse, adquiriu por usucapião o referido imóvel, o que invoca. Tavira e Cartório, em 20 de junho de 2022. O Notário, Bruno Filipe Torres Marcos

José Luís Gago Norberto

Conta registada sob o n.º 2/2149

(POSTAL do ALGARVE, nº 1288, 8 de Julho de 2022)

(POSTAL do ALGARVE, nº 1288, 8 de Julho de 2022)

Reze 9 Ave-Marias com uma vela acessa durante 9 dias, pedindo 3 desejos, 1 de negócios e 2 impossíveis ao 9º dia publique este aviso, cumprir-se-á mesmo que não acredite. C.F. Reze 9 Ave-Marias com uma vela acessa durante 9 dias, pedindo 3 desejos, 1 de negócios e 2 impossíveis ao 9º dia publique este aviso, cumprir-se-á mesmo que não acredite. A.G.


EDITORIAL Henrique Dias Freire

POSTAL soma 35 anos

S

A

Agência Portuguesa do Ambiente (APA) deu um parecer “favorável” para que o Porto de Portimão possa receber navios de cruzeiro de maior dimensão, mas o projeto fica “condicionado” à realização prévia de um levantamento arqueológico subaquático. “Declaro como positivo que haja uma declaração de impacto ambiental favorável, ainda que condicionada”, afirmou o presidente da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional (CCDR) do Algarve. José Apolinário sublinhou, em conferência de imprensa, que a decisão “permite avançar para uma nova fase”: articular com os municípios de Portimão e de Lagoa e com a Administração dos Porto de Sines e do Algarve “o procedimento de financiamento” relativo à pesquisa arqueológica subaquática indicado como “condição prévia”. Quando concretizado, o projeto de “aprofundamento e alargamento do canal navegação do

Porto de Portimão” irá permitir receber na embocadura do rio Arade navios até aos 272 metros de comprimento – atualmente recebe navios até 210 metros -, passando a profundidade da dragagem dos atuais oito metros para os 10 metros, a bacia de rotação dos 355 metros para os 500 metros, permitindo a duplicação da capacidade de receção de passageiros e turistas de navios de cruzeiro na região. “Estão doravante criadas as decisões ambientais e de justificação do projeto para fazer do Porto de Portimão, no rio Arade, um dos portos de referência do turismo de cruzeiros”, realçou José Apolinário, acrescentando tratar-se de “uma boa notícia para o turismo, para o uso sustentável do oceano e para a economia do mar na região do Algarve”. O presidente da CCDR do Algarve indicou que tem agora “três tarefas e ambições”: defender a alocação do necessário financiamento que, até à segunda metade de 2024, permita realizar os trabalhos prévios de pesquisa dos achados arqueológicos subaquá-

ticos; defender o financiamento da descarbonização do Porto Urbano de Portimão, de modo a que as embarcações quando paradas possam utilizar fontes de energia renovável (até final de 2024); e dinamizar e reforçar as ligações marítimas de navios de cruzeiros e de passageiros entre Portugal e a Andaluzia (ligações Cadiz-Sevilha-Portimão-Lisboa) e na bacia de acesso ao Mediterrâneo. José Apolinário alertou para o facto de não haver ainda decisões finais e afirmou que várias estimativas indicam que a pesquisa arqueológica subaquática pode custar cerca de três milhões de euros, a descarbonização e requalificação ambiental 12 milhões e as obras de dragagem outros 12 milhões. No parecer emitido, a APA afirma que, “na globalidade, se considera que o conjunto de condições estabelecidos no presente documento irão contribuir para a minimização dos principais impactes negativos identificados, admitindo-se que os impactes residuais não serão de molde a inviabilizar o projeto”.

ALGARVE CLASSIC CARS ESTE FIM DE SEMANA

E ainda... Maro abre ciclo de concertos no “Verão em Tavira”

anos

Os produtores de vinhos do concelho voltam a exibir a sua produção no Portimão Wine Tasting, nos próximos dias 22, 23 e 24 de julho, na Fortaleza de Santa Catarina, com a Praia da Rocha em pano de fundo. Durante três dias, enquanto a música e a dança desfilam no palco, os visitantes terão oportunidade de degustar a excelência e o requinte dos vinhos produzidos em Portimão num ambiente sofisticado e descontraído, tendo como cenário a fachada da Fortaleza de Santa Catarina, o rio, e o mar.

Estágio de Orquestra de Sopros e Percussão

Estão abertas as inscrições para a II Edição do Estágio de Orquestra de Sopros e Percussão de Lagoa que vai decorrer de 23 a 29 de julho e conta com a Direção Orquestral do Maestro Paulo Martins. As inscrições decorrem até dia 11 de julho. Os ensaios irão decorrer no Auditório Carlos do Carmo e culmina com um concerto final na praia de Carvoeiro no dia 29 de julho às 21h30.

Somos o reflexo do que fazemos: gente que quer o melhor para a sua região Em 2019, o POSTAL aprimorou a sua relação de parceria com o Grupo Impresa e passou a integrar a plataforma digital do jornal EXPRESSO. Das sinergias criadas, o site do POSTAL atingiu, no ano seguinte, mais de 40 mil visualizações diárias, quase 15 milhões de visualizações em 2020. Quando em 2014, o POSTAL decidiu regressar à periodicidade quinzenal em papel para passar a desenvolver a sua edição online em formato de diário digital e reforçar a sua presença nas redes sociais, conseguiu ultrapassar em 2016 a meta dos 80 mil seguidores na rede social Facebook e 120 mil fãs em 2017, consolidando a sua liderança como o primeiro jornal regional em Portugal continental, com edição em papel, a ultrapassar a marca superior a 100 mil seguidores e que hoje já atinge cerca de 150 mil seguidores. LER PÁGINAS 4 e 5

A mais recente vencedora do Festival RTP da Canção e representante de Portugal no Festival Eurovisão com o tema “Saudade, saudade”, inaugura o palco do Parque do Palácio da Galeria, no dia 20 de julho, pelas 22:00. Os ingressos para os espetáculos custam 10€ e estarão à venda no stand de informações do Verão em Tavira, situado na Praça da Republica, diariamente, entre as 20:00 e as 23:00, ou na bilheteira do espetáculo, no dia, e de terça-feira a sábado, no Palácio da Galeria, durante o período de abertura ao público.

Provar vinhos de Portimão na Fortaleza

FOTO D.R.

ão 35 anos ininterruptos ao serviço da região do Algarve e da sua população, a quem devemos um especial agradecimento, sobretudo aos nossos assinantes. O jornal POSTAL do ALGARVE nasceu com o propósito de dar mais e melhor informação. Toda a equipa nunca baixou os braços e persiste na sua missão de estar cada vez mais próximo dos seus leitores. Nos últimos anos, a sobrevivência da imprensa tem passado por momentos difíceis. Em Portugal, desapareceram mais de metade dos jornais locais ou regionais no espaço de duas décadas, pondo em causa, em grande parte do território português, a informação de proximidade. Temos procurado, desde o início, fontes alternativas de sustentabilidade como garante da nossa independência jornalística. Somos o reflexo do que fazemos: gente que quer o bem e o melhor para a sua região, felizmente, uma atitude que tem merecido o apoio e o reconhecimento de muitos. Também a nossa parceria com o grupo de comunicação social Impresa é para nós um orgulhoso testemunho sobre o caminho que trilhamos há 35 anos. Em 2018, o POSTAL passou a reforçar a sua tiragem em papel ao passar a ser distribuído em conjunto com o jornal EXPRESSO em todas as bancas do Algarve, aumentando o número de leitores e tiragem, com uma média superior a dez mil exemplares por edição papel.

Receber maiores cruzeiros depende de levantamento arqueológico subaquático

Festival de bandas com desfile pelas ruas

AUTOMÓVEIS CLÁSSICOS O Altice – Algarve

Classic Cars está de volta às estradas algarvias pelo 29º ano, entre esta sexta-feira e domingo. Este rali, organizado pelo Portugal Classic em conjunto com o Clube Português de Automóveis Antigos, com base na Marina de Vilamoura, vai contar com passagens por Loulé, Albufeira, Silves, Lagoa e São Brás de Alportel. O Altice Algarve Classic Cars tem início esta sexta-feira, dia 8 de julho, na Marina Vilamoura, pelas 10:00, com a abertura do secretariado, e por volta das 19:00 será a partida da primeira etapa Murganheira no circuito Casino de Vilamoura, terminando por volta das 20:00. No dia 9, sábado, o Altice Algarve Classic Cars, começa com a partida da Marina de Vilamoura

para a etapa Altice pelas 09:30m, com passagens pela Rampa da Picota às 10:00 e neutralização na Aldeia típica de Alte pelas 11:00, com chegada a Albufeira pelas 12:00. No mesmo dia, às 15:30 acontecerá a partida para a etapa Viborel no Circuito Opticalia em Armação de Pêra, com uma neutralização na Vila Vita Parc e chegada no Casino de Vilamoura pelas 18:00. No último dia, domingo, o rali de regularidade histórica inicia com a partida para a etapa Conrad Algarve ás 10:00 e com uma prova especial no Cerro São Miguel às 11:00. Neste dia vai haver uma Neutralização em São Brás de Alportel pelas 11:30. A distribuição dos prémios acontecerá às 15:00 no Conrad Algarve.

Distribuição quinzenal nas bancas do Algarve

Tiragem desta edição

9.156 exemplares

POSTAL regressa a

22 de julho

A Banda Musical Castromarinense organiza o XXIV Festival de Bandas, este sábado, em Castro Marim, com a participação da Banda Filarmónica 1.º de Dezembro de Moncarapacho e da Sociedade Filarmónica de São Cristóvão da Caranguejeira. O programa começa às 17 horas com a chegada das bandas convidadas a Castro Marim e a execução dos respetivos hinos, seguindo-se, às 18:00, um desfile pelas ruas da vila. O festival termina com um concerto das bandas participantes na Praça 1º de Maio, às 21:00, no qual os espetadores vão ter a oportunidade de ouvir “grandes peças musicais”.


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