POSTAL 1287 17JUN2022

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AGRIPINA E RAMOS ROSA

E ainda Nível da água vai subir na Ria Formosa

Vão ser cerca de 3,6 km2 de área alagada, com cerca de 2.200 pessoas afetadas até 2055. P7

Parlamento Europeu 'estaciona' em Portimão

Stand móvel com eurodeputados vai estar na zona ribeirinha, entre sexta-feira e domingo. P9

HPZ propõe a solução na gestão documental

Quando o amor é feito de pétalas de poesia Poderia ter sido uma estrela de maior fulgor e de outra dimensão, mas aceitou, resignada, ofuscar-se em nome do amor e do génio poético do seu

companheiro de vida. Aos 93 anos, Agripina Ramos Rosa abre o coração numa conversa pública, única e exclusiva, onde vai deixando cair por-

menores de uma relação a dois cheia de dificuldades e aspetos íntimos, discreta e pudicamente abordados. P12 e 13

A vida imaginária de Pessoa era como que infinita

Saiba como a transformação digital é a sua oportunidade. P3

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Quer o Governo ser responsável por desperdiçar o maior cheque vindo de Bruxelas?

➡ Por Luís Gomes (PSD) Um Orçamento bom para as pessoas

➡ Por Luís Graça (PS)

P2

Century 21 Plaza espera um ano "incrível" para o mercado imobiliário P6 CAMAS PARALELAS ESTÃO DE VOLTA: “Manda quem pode, obedece quem tem juízo”

➡ Por Elidérico Viegas

P8

O AEROPORTO INTERNACIONAL DE FARO ALMIRANTE GAGO COUTINHO

➡ Por Rui Cabrita

P8 e 24

ENTREVISTA A primeira edição em português Pessoa: Uma Biografia, de Richard Zenith, chegou às livrarias. É o mais com-

pleto trabalho biográfico sobre Fernando Pessoa até hoje e foi escolhido como um dos melhores livros de 2021 por prestigiadas pu-

blicações anglo-saxónicas. E, claro, finalista do Prémio Pulitzer 2022, o que só por si é um grande mérito. P20 a 21

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POSTAL, 17 de junho de 2022

CADERNO ALGARVE com o EXPRESSO

OPINIÃO

Redação, Administração e Serviços Comerciais Rua Dr. Silvestre Falcão, 13 C 8800-412 Tavira - ALGARVE Tel: 281 405 028 Publisher e Diretor Henrique Dias Freire diasfreire@gmail.com Diretora Executiva Ana Pinto anasp.postal@gmail.com

REDAÇÃO

jornalpostal@gmail.com Ana Pinto, Cristina Mendonça e Henrique Dias Freire Estatuto editorial disponível postal.pt/arquivo/2019-10-31-Quem-somos Colaboradores Afonso Freire, Alexandra Freire, Alexandre Moura, Beja Santos (defesa do consumidor), Elidérico Viegas (Análise e Perspectivas Turísticas), Humberto Ricardo, Luís Gomes/Luís Graça (Tribuna Parlamentar) e Ramiro Santos Colaboradores fotográficos e vídeo Ana Pinto, Luís Silva, Miguel Pires e Rui Pimentel

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Publicidade e Assinaturas Anabela Gonçalves - Secretária Executiva anabelag.postal@gmail.com Helena Gaudêncio - RP & Eventos hgaudencio.postal@gmail.com

DESIGN Bruno Ferreira DIÁRIO ONLINE www.postal.pt EDIÇÕES PAPEL EM PDF issuu.com/postaldoalgarve FACEBOOK POSTAL facebook.com/postaldoalgarve FACEBOOK CULTURA.SUL facebook.com/cultura. sulpostaldoalgarve TWITTER twitter.com/postaldoalgarve PROPRIEDADE DO TÍTULO

Henrique Manuel Dias Freire (mais de 5% do capital social) EDIÇÃO POSTAL do ALGARVE - Publicações e Editores, Lda. Centro de Negócios e Incubadora Level Up, 1 - 8800-399 Tavira

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Tiragem desta edição

8.551 exemplares

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Contacto: 281 405 028 anabelag.postal@gmail.com

TRIBUNA PARLAMENTAR

TRIBUNA PARLAMENTAR

Luís Graça

Luís Gomes

Deputado do Algarve (PS). OPINIÃO 2

Deputado do Algarve (PSD). OPINIÃO 2

Quer o Governo ser responsável por desperdiçar o maior cheque vindo de Bruxelas?

Um Orçamento bom para as pessoas

E

stá prestes a entrar em vigor o novo Orçamento de Estado para 2022 assente em dois grandes eixos: uma forte resposta na saúde para recuperar após a pandemia e a aposta na recuperação económica e dos legados da crise apoiando as empresas e as famílias, procurando sempre manter as contas certas.

Em simultâneo, estão previstos mais de mil milhões de euros de investimento publico associado ao PRR, 171 milhões destinados a políticas de habitação, isto é, à construção de habitação acessível para os trabalhadores, os jovens que querem constituir família e para a classe média, precisamente um dos maiores problemas sociais no Algarve, que por força da especulação

Estão previstos 171 milhões destinados à construção de habitação acessível para os trabalhadores, jovens e classe média Na saúde importa referir o reforço em mais de 700 milhões de euros das verbas para o SNS. No total, desde 2015 o Serviço Nacional de Saúde aumentou a sua capacidade financeira em 3 mil milhões de euros, resultando na contratação de mais 29 mil profissionais de saúde. Para o Algarve, importa sublinhar a incorporação do novo Hospital Central do Algarve no Programa de Governo e na proposta de Orçamento de Estado de 2022, esta última por iniciativa dos deputados socialistas eleitos pelo Algarve, colocando o final de setembro deste ano como data limite para o Governo decidir sobre o modelo da sua construção. Mas temos ainda a mudança do velhinho hospital distrital de Lagos para novas instalações, oferecendo melhor qualidade às populações das Terras do Infante, e no quadro do financiamento europeu destacamos a requalificação dos serviços de saúde primários, com ampliação de centros de saúde e modernização tecnológica e a construção de uma nova unidade de saúde oncológica no Parque das Cidades. A recuperação dos impactos da crise, seja a pandemia que ainda enfrentamos ou a guerra que entretanto eclodiu na Ucrânia, terá na execução dos investimentos previstos no Plano de Recuperação e Resiliência o seu principal instrumento com mais de 2.610 milhões de euros para apoiar o relançamento das empresas e a sua recapitalização, absolutamente necessárias depois dos efeitos da pandemia que obrigou mesmo, como no caso do turismo, à paragem da atividade.

imobiliária, não conseguem adquirir ou arrendar casa no mercado privado. É importante frisar o esforço que os municípios, designadamente as câmaras municipais do Algarve, têm feito na aprovação das estratégias locais de habitação e na afetação de meios complementares ao Estado para a disponibilização de habitação a custos suportáveis pelas famílias dependentes do rendimento do trabalho. Um último eixo, que desde 2015 tem sido a linha orientadora das políticas orçamentais do Partido Socialista, o aumento dos salários e do rendimento disponível das famílias. Medidas que atingem os 578 milhões de euros, com destaque para o alívio fiscal generalizado através do desdobramento dos 3º e 6º escalões de IRS, com a diminuição de 2 pp no 3º escalão e 1.5 pp no 6º escalão e alívio fiscal para os jovens com o programa “Regressar”, 50% de isenção para regressos até 2023 e ainda o IRS Jovem que prevê o alargamento e prolongamento para 5 anos das isenções em sede de IRS. O Apoio às famílias e combate à pobreza, com as creches gratuitas para o 1º e 2º escalões e a dedução do IRS até 900€/ano a partir do 2º filho até aos 6 anos, a garantia Infância, fixando um mínimo de abono de 50€ mês para as crianças dos 6 até aos 17 anos e a atualização extraordinária das pensões até 1.5 IAS, com aumento de 10€ são medidas que visam apoiar as famílias e aumentar o rendimento disponível e que fazem desta Lei um bom orçamento para as pessoas. luis.graca@ps.parlamento.pt

H

á praticamente dois anos que o Governo apresentou o Plano de Recuperação e Resiliência como o medicamento milagroso que iria tirar Portugal da crise provocada pela Covid-19. Mais de 26 mil milhões de euros que vinham diretamente de Bruxelas para colocar o nosso país na rota de crescimento. Dois anos depois o que vemos é que a famosa bazuca parece ter perdido a força e, olhando para 2021, dos 2,2 milhões que vieram para Portugal através da verba de pré-financiamento, apenas foram executados 90 milhões (muito abaixo dos 500 milhões estimados pelo Governo).

premissa quando não foram revistos os planos da sua responsabilidade? Foi para garantir a justiça da relação entre o governo e os municípios que, recentemente, o grupo parlamentar do PSD, apresentou um projeto de alteração à Lei que dá ao Governo um ano, até 31 de agosto de 2023, para dar o exemplo e rever ou adaptar para programas os planos da sua responsabilidade. No caso do Algarve falamos, por exemplo, do PROT, do POOC (plano de ordenamento da orla costeira) Vilamoura-Vila Real de Santo António ou do plano de ordenamento do parque natural da Ria Formosa. A mesma proposta prevê que só após o governo dar o exemplo

Como deputado e profissional na área do ordenamento do território,não posso aceitar que o meu país perca o comboio do desenvolvimento E, se nada for feito com a máxima urgência, o cenário pode mesmo piorar. Em 31 de março passado, terminava o prazo para muitos municípios reverem os seus Planos Diretores Municipais (PDM), alguns com mais de 20 anos. Não fosse o adiamento, ainda em forma de anúncio, do governo, seriam graves as consequências para o desenvolvimento desses territórios. Este atraso vinha impedir que esses municípios concretizassem as suas políticas públicas de desenvolvimento territorial, pois eram-lhes vedado o acesso aos fundos comunitários. Como deputado, e como profissional na área do ordenamento do território, não posso aceitar que o meu país perca o comboio do desenvolvimento, onde de resto já vai muito atrás, e em parte, devido às questões burocráticas que caracterizam o nosso país. Mas como pode o governo exigir aos municípios o cumprimento de tal

é que os municípios devem rever os seus PDM`s. Se não for aprovado esta alteração à Lei os municípios vão ser obrigado a reverem os seus planos, com base em planos regionais completamente ultrapassados. Isso seria, mais uma vez, viciar o sistema. Só com estratégias territoriais atualizadas e adaptadas aos desafios de hoje é que se pode garantir a eficácia das políticas públicas e a concretização de dinâmicas de desenvolvimento. Se o projeto de lei for aprovado, o Executivo terá um ano para mostrar que tem uma estratégia para o território, sendo exemplo, para posteriormente as autarquias fazerem o seu trabalho. Não fazer assim, será perder mais uma oportunidade, no caso, será rasgar o maior cheque que alguma vez Bruxelas enviou para Portugal, que nos permitirá chegar mais perto de uma Europa que está cada vez mais afastada. lfgomes@psd.parlamento.pt


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REGIÃO

HPZ propõe a solução mais simples na captura, distribuição, arquivo e gestão de documentos Fundada no início deste milénio, a empresa algarvia HPZ é já líder de mercado com oferta de soluções simples e exponencialmente produtivas. Saiba como a transformação digital é agora uma grande oportunidade para os empresários e profissionais liberais É a solução mais simples, flexível e completa para captura, distribuição, arquivo e gestão de documentos, garante a empresa HPZ, especializada em soluções tecnológicas, com sede em Tavira. Para o CEO da HPZ, Zacarias Neto, trata-se de “uma solução inovadora que assenta sobre uma plataforma de gestão documental, intuitiva e fácil de utilizar, e que permite um acesso rápido aos documentos em qualquer lugar!” Pensado essencialmente para as empresas, independentemente do seu tamanho, e para os profissionais liberais, este ‘revolucionário’ software ajusta-se à forma do cliente trabalhar, “sendo a solução ideal para os vários departamentos de uma organização”. Além disso, reduz os custos, elimina o papel e acede à informação de forma segura, garante orgulhosamente Zacarias Neto.

Os desafios da gestão documental O CEO da HPZ explica ao POSTAL que “a lentidão de processos, revisões e aprovações imprecisas e colaboradores que não seguem processos podem ter um grande impacto no cumprimento de prazos. Mas com tantas variáveis, identificar afunilamentos é uma tarefa complexa que torna difícil a tomada de decisões corretivas em tempo útil”. Mas com esta solução, já é possível reduzir a complexidade, melhorar a captura de dados e aumentar o controlo através de workflows e automatização de processos, ajudando

a resolver os desafios do processo de gestão documental. Zacarias Neto diz não ter dúvidas, “a transformação digital é agora uma grande oportunidade para os empresários e profissionais liberais, com um investimento reduzido e exponencialmente funcional e simples. A HPZ é uma empresa algarvia líder no seu setor e está presente no mercado nacional desde o ano 2000, fornecendo serviços de gestão documental, consultoria, software, serviços de IT e hardware para empresas. A sua essência é focar-se em tornar os processos empresariais muito mais A Financial Manager Muriel Dias e o CEO Zacarias Neto da HPZ FOTO D.R. lucrativos, produtivos, sustentáveis e seguros, sempre com a Os dispositivos multifuncionais • Suporta todos os equipamentos, garantia de processos baseados na de hoje (MFDs) e fotocopiadoras usando terminais de controlo de simplicidade da sua utilização. são mais inteligentes. Estes poscópia Para o CEO Zacarias Neto, o suces- suem ecrãs touch e a capacidade so e crescimento da HPZ é simples, de executar software embutido di- “O PaperCut é a solução líder de “procuramos sempre adaptar os retamente no próprio dispositivo. mercado, reconhecido internacionossos serviços e soluções ao perfil Esta nova tecnologia permitiu nalmente por grandes organizações. de cada cliente, tendo ao seu dispor trazer o nosso popular software Permite redução de custos e desperas tecnologias mais avançadas do de gestão de impressão (PaperCut dícios no seu local de trabalho, ao mercado e sempre ao melhor preço”. NG) para o espaço das multifuncio- gerir impressão, digitalização, cópia nais para controlar as cópias, fax e e fax de uma forma mais fácil do que Solução ParperCut digitalização. Assim como Paper- nunca”, salienta o CEO da HPZ. Cut NG, PaperCut MF permanece Além disso, com funcionalidades O PaperCut é a solução líder de independente do fabricante, conti- exclusivas como o Mobility Print e mercado, reconhecido internacio- nuando a apoiar todos os sistemas o Secure Print Release “é incrivelnalmente por grandes organizações. operacionais e o maior número de mente fácil de usar, seguro e flexível, Permite redução de custos e desper- fabricantes de multifuncionais e independentemente do número de dícios no seu local de trabalho, ao fotocopiadoras possível. impressoras, marcas ou utilizadores gerir impressão, digitalização, cópia que tiver.” e fax de uma forma mais fácil do que Principais funcionalidades: nunca. • Administração via Web Impressoras multifunções Além disso, com funcionalidades • Libertação segura de impressão e exclusivas como o Mobility Print e impressão Find Me (follow me) As soluções das impressoras mulo Secure Print Release é incrivel- • Solução Embedded – Controlo de tifunções na HPZ são das mais mente fácil de usar, seguro e flexível, Cópia, fax e Scanner a partir de solicitadas no mercado português. independentemente do número de software no equipamento Trata-se de equipamentos para impressoras, marcas ou utilizadores • Gestão de quotas/saldos – utilização individual ou em rede e que tiver. Atribuição automática de quotas soluções documentais, para uma imO PaperCut é uma ferramenta de periodicamente, possibilidade de pressão em cores de alta qualidade gestão de impressão que se desticarregamento de saldos (escolas e com controlo de custos. na a mudar a forma das pessoas e universidades) usando gateways Também os equipamentos a preto pensarem antes de imprimirem e de sistemas de pagamento ou e branco, para impressão indivio respetivo impacto no ambiente. com quiosques dual ou em rede, estão concebidos

a pensar na velocidade, facilidade de utilização e na produtividade.

Soluções IT Services Os serviços de IT SERVICES da HPZ fornecem um conjunto de soluções completas para apoiar as infraestruturas dos seus clientes com custos controlados. Com a experiência comprovada da HPZ no melhoramento da tecnologia que sustenta operações empresariais, qualquer cliente poderá manter-se focado nas suas atividades principais, confiando que a equipa da HPZ “está empenhada em garantir o desempenho da sua infraestrutura de TI e ajudar o seu cliente a obter o máximo valor do seu investimento”. Consultadoria informática

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POSTAL, 17 de junho de 2022

REGIÃO FALTAM ENFERMEIROS

Sala de cesarianas pode vir a encerrar em Faro

O

bloco de partos em Faro está em risco de encerrar a sala operatória de cesarianas por falta de enfermeiros, alerta o Sindicato dos Enfermeiros Portugueses. “De acordo com o Regulamento Dotações Seguras da Ordem dos

Enfermeiros, para o Bloco de Partos da Unidade Hospitalar de Faro, o cálculo aponta para a necessidade de 70 enfermeiras, mas neste momento tem ao serviço apenas 40”, afirma o representante dos profissionais de saúde em comunicado, acrescentando que “estão abaixo do necessário para assegu-

rar uma prestação com qualidade e segurança às mulheres grávidas e recém-nascidos, já que estão escaladas 9 em cada turno, quando deveriam estar 12. Situação que se agrava com o encerramento do bloco de partos de Portimão”. Os enfermeiros referem “ter atingido níveis de exaustão insu-

portáveis por trabalharem muitas vezes 16 horas seguidas, e várias semanas sem folgar para assegurar as 1800 horas extraordinárias mensais que são necessárias”. “Por gozar estão cerca de 2000 dias de descanso!”, aponta o sindicato Até ao final da semana será en-

tregue um abaixo assinado ao Conselho de Administração do CHUA e Ministério da Saúde, “alertando para os riscos acrescidos provocados pela carência de enfermeiras e comunicam que poderá estar em causa o encerramento da sala operatória de cesarianas”.

Ordem pede mais autonomia e rapidez na contratação no SNS “No privado fazem-no numa semana”: Ordem dos Médicos assume que dificilmente o plano de contingência resolverá o problema já no verão A Ordem dos Médicos diz que o plano de contingência anunciado pela ministra da Saúde para as urgências de ginecologia e obstetrícia devia

ter sido desenhado mais cedo e pede mais autonomia e velocidade de contratação no sistema público. “Quando é preciso contratar um médico para 5 ou 6 anos, no privado fazem-no numa semana, no sistema púbico demoramos meses, anos para fazer uma contratação porque tem de passar por vistos da Administração Regional de Saúde, Ministério da Saúde e Ministério

das Finanças. Quando precisamos, o profissional já foi contratado há algum tempo por outra instituição”, disse Alexandre Valentim Lourenço, presidente do Conselho Regional Sul da Ordem dos Médicos. Assumindo que dificilmente o plano de contingência resolverá o problema já no verão, assumiu que quando há falta de meios é preciso concentrá-los [serviços] “em vez

de dispersar”. Alexandre Valentim Lourenço contou que durante os últimos três meses saíram vários especialistas que acabaram a especialidade em março, que contactou vários para os contratar e que, por falta de rapidez neste processo, não os conseguiu contratar: “Estamos sempre dependentes de uma informação. Claro que, entretanto, já foram contratados por uma parceria

público-privada e por hospitais privados”. Assumindo que dificilmente o plano de contingência resolverá o problema já no verão, assumiu que quando há falta de meios é preciso concentrá-los [serviços] “em vez de dispersar”. “Vão perder-se duas horas com algumas mulheres que poderiam estar a 20 minutos de um hospital que é da ARS do lado”, acrescentou. PUB.

A Águas do Algarve, SA., pretende recrutar Técnico/a Operativo/a de Manutenção (M/F) Missão: Executar as tarefas de Fiel de Armazém dos vários espaços de armazenamento de materiais da ETA de Tavira e outras tarefas de apoio nos serviços de manutenção, que lhe sejam solicitadas pela sua chefia.

cas (eletricidade, mecânica, eletromecânica);

necessidades de reposição de peças ou equipamentos de reserva; • Efetuar o Inventário Anual dando apoio também à zona Poente; • Dar apoio à restante equipa de manutenção da zona nascente em outros trabalhos que sejam necessários, em particular na arrumação de espaços, movimentação de cargas, etiquetagem de equipamentos de campo e atualização de características no GLOSE.

Perfil técnico:

Outros requisitos:

• Preferencialmente ter experiência e formação em manobra de empilhadores e movimentação de cargas; • Será valorizada a sua experiência na gestão de armazéns ou stocks; • Será valorizada a sua experiência na utilização de aplicações de gestão da manutenção e/ou gestão de stocks.

• Conhecimentos gerais das nomenclaturas utilizadas na área da eletricidade e mecânica e respetivas peças; • Flexibilidade de trabalho para a execução de várias tarefas, no âmbito de necessidades que venham a ser identificadas pela zona de gestão; • Experiência de trabalho em computador, na ótica do utilizador (aplicações WORD, EXCEL, outros); • Boa capacidade de português escrito e falado; • Possuir carta de condução de viaturas ligeiras;

Formação académica: Escolaridade obrigatória, preferencialmente em áreas técni-

Principais responsabilidades: • Efetuar o correto acondicionamento dos materiais em armazém, em zonas devidamente separadas e identificadas por tipo de material; • Efetuar a identificação/etiquetagem dos materiais e equipamentos em armazém; • Efetuar o carregamento na aplicação da gestão da manutenção (GLOSE) das existências em armazém e controlo das entradas e saídas; • Efetuar as Requisições dos materiais que sejam levantados em armazém e dar seguimento às requisições de materiais que não estejam disponíveis, analisando-as com os responsáveis de área sobre o tipo de compra a adotar; • Efetuar o controlo dos acessos aos locais de armazenamento e da entrada e saída de materiais; • Efetuar a limpeza periódica dos armazéns, espaços de armazenamento exteriores, estantes, caixas de acondicionamento e das peças e equipamentos; • Efetuar pequenas aquisições urgentes no mercado local; • Efetuar o controlo periódico das existências em armazém, alertando os técnicos de área para eventuais

Local de Trabalho: ETA de Tavira Oferta Oportunidade de integração num grupo de referência com um projeto desafiante. Enquadramento na tabela salarial da empresa. As pessoas interessadas deverão enviar a sua candidatura, acompanhada de Curriculum Vitae detalhado até 24 de junho de 2022, para o endereço de e-mail geral.ada@adp.pt com a referência Técnico/a Operativo/a de Manutenção - Tavira (M/F) – Águas do Algarve, SA. (POSTAL do ALGARVE, nº 1287, 17 de Junho de 2022)


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POSTAL, 17 de junho de 2022

Em destaque

REGIÃO

Torneio Inter escolas Águas Sem Fronteiras já entregou prémios. E os vencedores são...

O

Dia Mundial dos Oceanos, 8 de junho, foi a data escolhida para encerrar, na praia da Gaivota, em Quarteira, a primeira fase do Projeto Águas Sem Fronteiras – Torneio Inter escolas, com a entrega dos prémios. Apesar do planeta se chamar Terra, está cheio de água, desempenhando um papel fulcral no ambiente e no futuro da humanidade, e nesta celebração em que se comemora a vida e a sustentabilidade. Afinal os oceanos cobrem mais de 70% da superfície da Terra e contêm 97% de toda a água do planeta. A sua atuação neste nosso Planeta surge nas mais diversas dimensões: na capacidade de influenciar o clima e as condições meteorológicas, como estabilizadores da temperatura ao absorver energia/ calor, distribuindo-a pela Terra de forma uniforme, absorvendo cerca de um quarto de todo o CO2 que é produzido, sendo lar para a maior diversidade de espécies do planeta, entre tantas outras. Certo é que cada molécula de oxigénio que respiramos, cada gota de água que bebemos, cada alimento que ingerimos, liga-nos ao oceano, quer vivamos numa zona costeira ou no mais remoto e inóspito ponto interior do globo. No entanto, também as suas águas começam a tornar-se mais ácidas em consequência da atividade humana. A campanha de sensibilização que desafiou os alunos a refletir e

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FOTO D.R.

produzir medidas de incentivo à poupança da água, culminou com mais de 200 turmas inscritas de todos os municípios algarvios e ainda de outras regiões do país, o que para Águas do Algarve “é motivo de muito orgulho, e de motivação para continuar a fazer mais e cada vez melhor”.

Os vencedores do Torneio 1. Equipa “Os Criativos” – 5ºano da Escola Básica de São Vicente – Vila do Bispo – Visita à Barragem de Odelouca e visita à ETAR da Companheira 2. Equipa “100Água” - 9º ano da Escola Básica de Castro Marim – Castro Marim – Visita à ETAR da Companheira e passeio pedestre ao Castelo de silves 3. Equipa “As Gotas” – 2/3º ano da Escola Básica J.I. 1º Ciclo D. Francisca de Aragão – Loulé – Bilhetes para o Oceanário 4. Equipa “Os Pocinhas” - 4º ano

da Escola Básica nº 4 de Olhão – Olhão – Jogo de ciência 5. Equipa “7ºG Tecno” – 7º ano da Escola Básica Tecnopolis – Lagos – Smartwatch 6. SL-3B da EB1 de São Luís – Faro – Visita à ETA de Tavira

Foram ainda atribuídas 10 menções honrosas 1. Equipa B da EB1 Professor Caldeira Alexandre – Vila Real de Santo António 2. Gotinhas em tons de azul da Jardim-Escola João de Deus de São Bartolomeu de Messines 3. Equipas Hoxi-O, Conta-Gotas e 5ºI de Invencíveis da EB/JI Silves nº2 – Silves 4. SL-3B da EB1 de São Luís – Faro 5. JF8E – Com Água é que é! da E.B. 2,3 Júdice Fialho – Portimão 6. Amigos do Mar da E.B. 2,3 Júdice Fialho – Portimão 7. Os Cristalinos da Escola Básica n.º 4 de Olhão

8. Equipa Ambiente da Escola Básica Tecnopolis – Lagos 9. Gotas de Mudança – Escola Básica Tecnopolis – Lagos 10. Gotinhas da Diferença Escola Básica 2,3 João de Deus – Silves

Este evento contou com o apoio e envolvência da Junta de Freguesia de Quarteira e da Câmara Municipal de Loulé, para além dos nossos já parceiros APA, DGeste e Almargem. A Águas do Algarve congratula “todos os trabalhos enviados, reconhecendo o apreço, entrega e dedicação prestada pelos professores, alunos, auxiliares de ensino, e familiares a este Projeto – Águas Sem Fronteiras, e a todos eles remetemos os sinceros parabéns e agradecimento”. O Projeto Águas Sem Fronteiras conta também com o apoio da Agência KICO, em todo o desenvolvimento e construção do mesmo.

Aeroporto de Faro recebe reforço de inspetores do SEF para os tempos de espera não ultrapassarem os 45 minutos O AEROPORTO GAGO COUTINHO vai ser reforçado com mais 45 operacionais inspetores do SEF , incluindo membros da PSP. Espera-se que deem entrada ao serviço até 4 de julho, para tentar aliviar as longas filas. O objetivo destas medidas é que os tempos de espera não ultrapassem os 45 minutos nos momentos mais críticos. O aeroporto de Faro terá assim um total de 104 elementos, para fazer frente à época do verão, período onde são esperados mais de seis milhões de turistas em Portugal. Este ano, são esperados números superiores aos de 2019.

Aberto estacionamento com grande capacidade em Armação de Pêra A CÂMARA DE SILVES abriu o parque de estacionamento público de Armação de Pêra, localizado na Via Dorsal, uma infraestrutura que vai permanecer em funcionamento até ao dia 15 de setembro. A autarquia informa que o novo estacionamento vai apoiar o da vila costeira, encontrando-se aberto 24 horas por dia, ao longo de toda a semana. A câmara salienta que este parque de estacionamento “reúne grande capacidade” e proporciona “comodidade e segurança aos utentes”, permitindo igualmente “o descongestionamento e a melhor fluidez” do tráfego nas ruas da vila de Armação de Pêra. PUB.


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POSTAL, 17 de junho de 2022

CADERNO ALGARVE com o EXPRESSO

breves

GNR detém homem por alegados roubos na via pública

A GNR revelou que deteve na madrugada de terça-feira um homem de 21 anos e constituiu arguidos duas mulheres e um homem, de idades entre os 16 e os 20 anos, por roubos na via pública em Albufeira. A força militar explica que, depois de ter recebido uma denúncia, deslocou-se ao local e apurou que os suspeitos “usaram violência contra as vítimas”, enquanto subtraíam objetos como malas e telemóveis. Depois de os suspeitos terem sido localizados foi possível recuperar e devolver aos respetivos proprietários 10 telemóveis, uma carteira, um cartão multibanco, e ainda 35 euros. ALBUFEIRA

Atividades para jovens nas férias escolares

O Município de Albufeira organiza atividades de 04 de julho até 26 de agosto para os jovens do concelho com idades compreendidas entre os 10 e os 18 anos. Para o programa “Infantis em ação”, destinado aos jovens dos 10 aos 12 anos de idade, as inscrições podem ser feitas ‘online’ em 20 e 21 do corrente mês, entre as 09:00 e as 17:00. Por outro lado, já terminaram as inscrições para o programa “Juventude em ação”, para os adolescentes entre 13 e 18 anos.

Autarquia farense lança campanha de vacinação antirrábica

O Município de Faro vai enviar o médico veterinário municipal vacinar contra a raiva a “20 pontos estratégicos de todas as freguesias” do concelho, entre 23 de junho e 11 de agosto. A iniciativa foi tomada no quadro do Programa Nacional de Luta e Vigilância Epidemiológica da Raiva Animal e outras Zoonoses e é feita em parceria com a Direção Geral de Alimentação e Veterinária (DGAV).

A vacinação antirrábica é obrigatória para todos os canídeos com três ou mais meses de idade e está sujeita ao pagamento da taxa de vacinação anualmente determinada pela DGAV e conforme o período em que é feita a sua aplicação.

Defesa Central Gonçalo Silva é Reforço do Farense

O defesa central Gonçalo Silva é reforço do Farense, na II Liga portuguesa de futebol. “Há um novo Leão a rugir em Faro! Gonçalo Silva já veste de preto e branco. O experiente defesa central contabiliza 318 jogos (sete golos) na sua carreira”, refere o clube algarvio, adiantando que o defesa “incrementará muito à equipa”. Gonçalo Silva, de 31 anos, chega ao Farense depois de ter alinhado na última época pelos polacos do Radomiak Radom. Antes, o central jogou no Belenenses SAD e anterior Belenenses, no Sporting de Braga, maioritariamente na equipa B, no Atlético, no Lousada e no Barreirense, clube em que se formou.

O diretor de marketing, Diogo Leal, e o diretor da agência, Miguel Dias FOTOS D.R.

Century 21 Plaza em Tavira espera ano "incrível" para o imobiliário Há falta de casas para venda ou para arrendamento, mas, mesmo assim, o ano de 2022 deverá ser tão bom como o de 2021 para o mercado imobiliário O responsável pela Century 21 Plaza, em Tavira, disse ao POSTAL que “o ano de 2021 foi ‘incrível’ para o mercado imobiliário e o primeiro quadrimestre deste ano seguiu a mesma linha”. Para o diretor da agência, Miguel Dias, “é expectável que 2022 venha a ser um ano bastante similar a 2021”. As alterações das preferências dos consumidores despertados pela pandemia, bem como novas necessidades de habitação, faz com que mais famílias assumam a ambição de mudar de casa, acredita Miguel Dias, salientando que “a acumulação de poupança dos portugueses, em consequência das restrições da pandemia, está a impulsionar a capacidade de muitas famílias iniciarem o processo de aquisição de habitação própria ou de mudança de casa”. Apesar da subida de taxas de juro e a imposição do Banco de Portugal de uma convergência para prazos de 30 anos nos novos contratos de crédito habitação, máximo de 35 anos para jovens até 35 anos, o diretor da agência Century 21 Plaza diz manter “a expectativa de continuidade da aposta das instituições financeiras na concessão de crédito habitação para a compra de casa”. “A maioria dos clientes que compram casa com a Century 21 Plaza é sem recurso a crédito, mas fazemos Intermediação de Crédito Habitação, sendo também um mercado que pretendemos alcançar”, refere Miguel Dias.

Falta oferta de casas O país em geral e particularmente a região do Algarve atravessa um período difícil no lado da oferta e a

falta de produto vai manter-se: há falta de casas para vender ou para arrendamento. Os principais desafios que o setor imobiliário enfrenta são a falta de produto, o acentuado aumento do preço das matérias-primas para a construção e a própria escassez de mão-de-obra. Para agravar a conjuntura, os ciclos de licenciamento municipal continuam a ser ‘irresponsavelmente’ muito longos e dificultam o setor da construção e a consequente entrega de novas habitações. Para Miguel Dias, “todos estes fatores influenciam, quer as atividades de reabilitação de imóveis, quer as de construção nova, e limitam a rotação de habitações, o que não contribui para o aumento da oferta de imóveis usados”. Se é certo que “os agentes imobiliários não podem controlar estes fatores, mas controlam as suas atividades diárias para proporcionar um serviço de excelência a proprietários e compradores”, salienta Miguel Dias, que conclui confiante: “temos que demonstrar aos consumidores, às pessoas, o valor acrescentado que a mediação imobiliária aporta”.

Century 21 Plaza Tavira assinala 8º aniversário com otimismo A Century 21 Plaza, em Tavira, assinalou este mês de junho o seu 8º aniversário. A comemoração reuniu a equipa da agência imobiliária, desde parceiros a colaboradores, advogados a notários, banca, alguns elementos da Câmara Municipal de Tavira, além de muitos amigos e familiares. Ao final da tarde, os convidados foram recebidos em ambiente de convívio e amizade com um cocktail e uma prova de vinhos da responsabilidade do Meia Pipa (Santa Luzia). A banda sonora ficou ao cargo do Dj Peet Sleev. Ao longo destes oito anos “de intenso trabalho e de muitas conquistas”,

o diretor da agência, Miguel Dias, confessou ao POSTAL que “houve também momentos muito complicados, que quase deitaram por terra projetos pessoais e consequentemente profissionais”. Para Miguel Dias, “o ano passado foi um ano de recuos, mas também de resiliência, com a perda de um elemento da família que por sinal era também um dos pilares do negócio”. Oito anos depois da sua fundação, a Century 21 Plaza, em Tavira, encontra-se “bem edificada no mercado do sotavento, com a colaboração de oito consultores e de uma equipa forte e coesa”. A equipa é complementada pelo diretor de marketing, Diogo Leal, Fernando Rodrigues, gestor de processos, Mafalda Antunes na intermediação de crédito, Ângela Bento na coordenação da agência, e Ricardo Silva como designer, para além dos seus consultores parceiros de negócio. Atuando em regime de exclusividade no mercado, garante assim um melhor compromisso, quer com o cliente comprador ou vendedor, promovendo cada imóvel como se de um só se tratasse, através de flyers, moopies, outdoors, ativações de marca e sempre com uma forte presença no meio online, apresentando relatórios constantes ao próprio e sempre que necessário, reúne com o cliente para qualquer esclarecimento ou dúvida inerente ao negócio. O diretor da agência, Miguel Dias, mostra-se otimista quanto ao futuro e salienta que “tem sido desafiante manter o nível de crescimento que até aqui temos tido”. Como o negócio do imobiliário “se faz com pessoas e para as pessoas”, a Century 21 Plaza não fecha as portas a outros parceiros, no momento quer da compra quer da venda, e está disponível para trabalhar com outros colegas do sector. “A procura de imóveis é incessante, mas existe pouca oferta e esse é um ‘desafio’ que todos travamos”, daí

o acordo tácito entre as marcas. “A forte presença da Century 21 a nível internacional, com as suas excelentes ferramentas, dá-nos uma visibilidade a nível global, reflexo disso são os números referentes a 2021, que demonstraram que chegam a nós 18 clientes em média por dia através de variadíssimos meios, portais, site, presença na agência, entre outros”. Todos estes números são indicadores, que o mercado está fervescente, “o que nos catapulta para uma procura constante de novos parceiros de negócio, ou seja, o mercado continua em crescente e abre espaço para recebermos novos talentos que nos possam ajudar a alavancar ainda mais o nosso negócio”, refere Miguel Dias. A nacionalidade do cliente Century 21 Tavira, para além da portuguesa, é sobretudo de origem francesa e também inglesa, atraídos pelos imóveis divulgados nas plataformas/portais estrangeiros. “Procuram cada vez mais o espaço rural do sotavento algarvio, fruto talvez da pandemia, mas sempre atraídos pelo clima, a gastronomia mediterrânica, que é reconhecida como uma das melhores internacionalmente, já para não falar da própria arquitetura da cidade, harmoniosa e luminosa”. Miguel Dias, Diogo Leal e a sua coesa equipa assentam a sua atividade na “realização de sonhos” e “cada consultor da Century 21 Plaza reflete esse objetivo em cada cliente, que os procura ou simplesmente que encontram”. Pelo acolhimento que a cidade de Tavira lhes ofereceu, pelo “crescimento e sucesso” que atingiram, a Century 21 Plaza pretende estreitar laços com a comunidade, prevendo, a muito curto prazo, “criar sinergias com clubes locais, o que de alguma forma já acontece, mas também apoiar escolas, instituições de crianças com vários tipos de incapacidade, entre outras entidades”.


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POSTAL, 17 de junho de 2022

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REGIÃO NÍVEL DA ÁGUA VAI SUBIR NA RIA FORMOSA

3,6 quilómetros quadrados de área será alagada com cerca de 2.200 pessoas afetadas até 2055 FOTO D.R.

Investigadores salientam que há múltiplos fatores envolvidos no valor do nível máximo da água, derivado da subida do nível médio do mar decorrente das alterações climáticas É o mais recente estudo sobre a subida da água do mar. É da Universidade de Aveiro (UA) e conclui que o nível “vai subir, mas sem catastrofismos”. Mesmo assim, na Ria Formosa, no sotavento algarvio, no ano de 2055, 3,6 quilómetros quadrados da sua área será alagada devido ao efeito combinado da maré, da subida do nível médio do mar e em consequência de fenómenos meteorológicos extremos. Até 2100, esse valor será de 4,4 quilómetros quadrados, prevendo os

investigadores que cerca de 2.200 pessoas serão afetadas em 2055 e 2.500 até 2100. Do mesmo modo, na Ria de Aveiro serão 6,4 quilómetros quadrados de área inundada em 2055 e oito até 2100, na foz do Mondego 1,4 em 2055 e 1,7 até 2100 e no estuário do Sado 5,6 em 2055 e 6,7 até 2100. “Os números não são alarmantes,

apesar de todos os prejuízos decorrentes da perda de território”, considera João Miguel Dias, da Universidade de Aveiro. Já no estuário do Tejo, no ano de 2055, 10,9 quilómetros quadrados de zonas urbanas serão alagados e até 2100, esse valor será de 14,9 quilómetros quadrados, prevendo os investigadores que estejam cerca

de 66 km2 de áreas agrícolas e de pastagem inundadas em 2055. Estima-se que mais de 6.500 pessoas possam ser afetadas pela subida da água do estuário do Tejo em 2055. Em 2100 o número de pessoas afetadas será superior a 12500. Relativamente às áreas agrícolas e de pastagem alagadas, e ao número de habitantes afetados, os cálculos da equipa de investigação apontam para 57 quilómetros quadrados em 2055 e 62,6 em 2100 e com mais de 10.500 pessoas afetadas em 2055 e de 13.100 até 2100, na Ria de Aveiro, enquanto na Foz do Mondego com 33 quilómetros quadrados em 2055, e 36 até 2100, com cerca de 600 pessoas afetadas em 2055 e de 800 até 2100. Para o Estuário do Sado, a previsão é de 43,5 quilómetros quadrados em 2055 e 44,9 até 2100, com mais e 2.500 pessoas afetadas em

2055 e cerca de 5.000 até 2100. Os investigadores salientam que há múltiplos fatores envolvidos no valor do nível máximo da água nos estuários, derivado da subida do nível médio do mar decorrente das alterações climáticas. “Se o nível médio do mar subir meio metro, por exemplo, não implica necessariamente uma subida de meio metro do nível máximo da água em todo o estuário”, referem. “As previsões de inundação nos estuários nacionais que têm sido divulgadas são exageradas e consideravelmente superiores às obtidas neste estudo, pois decorrem de trabalhos que desprezam os processos físicos que determinam a propagação da onda de inundação ao longo dos estuários”, esclarece o investigador do Centro de Estudos do Ambiente e do Mar (CESAM) e do Departamento de Física (dfis). PUB.

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POSTAL, 17 de junho de 2022

CADERNO ALGARVE com o EXPRESSO

Análise e Perspectivas Turísticas

OPINIÃO

Elidérico Viegas

Empresário/Gestor Hoteleiro

O

recente acórdão do Supremo Tribunal de Justiça estipula que um apartamento que tenha como finalidade a habitação permanente não pode ser usado para alojamento local, ou seja, utilizado temporariamente por turistas. A decisão aplica-se também às unidades de alojamento local que já se encontram registadas, podendo qualquer condómino isoladamente exigir a cessação de tal actividade.

Camas Paralelas estão de volta: “Manda quem pode, obedece quem tem juízo” esbatendo uma prática ilegal existente há décadas. A visão sobre as camas paralelas aparece associada a fraude fiscal, concorrência desleal, falta de qualidade da oferta e dos turistas, identificação com apartamentos de gama baixa, massificação e, por conseguinte, má imagem da oferta turística nacional, designadamente da maior e mais importante região turística portuguesa o Algarve. O fenómeno das chamadas “Ca-

O Algarve dispõe actualmente de mais de 140 mil camas registadas como alojamento local, enquanto a oferta classificada em hotéis e empreendimentos turísticos não vai além das cerca de 135 mil camas Assim sendo, a entrada em vigor deste acórdão, suspende a inscrição de novos registos de alojamento local, contrariando a tendência crescente que se vinha verificando em todo o País. Esta jurisprudência significa um regresso à informalidade do passado, na medida em que potencia o aumento dos arrendamentos ilícitos dentro e fora dos empreendimentos turísticos, fuga aos impostos e outras ilegalidades e, por essa via, a concorrência desleal, os maiores inimigos da economia. A entrada em vigor do Regime Jurídico do Alojamento Local em 2008, facilitou a integração desta oferta paralela na oferta oficial e, por essa via, na economia do País,

mas Paralelas” em Portugal em geral e no Algarve em particular resultou, em boa medida, da inadequação das sucessivas Leis Hoteleiras, incapazes de interiorizar os novos conceitos de turismo e de alojamento turístico. Esta realidade resultou, essencialmente, da cultura dominante nas Instituições Públicas e círculos de interesses, incluindo os ligados ao turismo em meio urbano e alguma hotelaria tradicional. O não estar registado no Turismo de Portugal ou Câmara Municipal facilita a fuga ao fisco, mas não a implica, nem esta fuga é, obviamente, um exclusivo das camas paralelas. É por isso que este acórdão judicial exige das entidades competentes,

Governo e Assembleia da República, a clarificação urgente da legislação em vigor, visando manter o registo formal desta oferta, ou melhor, a que tem condições para poder ser legalizada, potenciando e não hostilizando ou atacando os mecanismos de distribuição e comercialização existentes, conforme decorre do interesse público do País. A distribuição/comercialização das camas paralelas é actualmente assegurada por redes informais (amigos, conhecidos, colegas de trabalho, anúncios em jornais, etc.), mecanismos de estruturação que permitem o acesso a operadores turísticos clássicos e, mais recentemente, aos sistemas do e-commerce, facilidades não raras vezes transformadas em burlas, sobretudo quando as reservas são efectuadas através da internet. O Algarve dispõe actualmente de mais de 140 mil camas registadas como alojamento local, enquanto a oferta classificada oficialmente em hotéis e empreendimentos turísticos não vai além das cerca de 135 mil camas. Mais de dois terços do alojamento local situa-se fora dos grandes centros urbanos de Lisboa e Porto. Em boa verdade, a exploração ilícita de alojamento privado constituiu, desde sempre, uma realidade em todos as zonas balneares mundiais, sendo o Algarve um dos expoentes máximos desta actividade. De um ponto de vista meramente conceptual, e contrariamente ao que se verifica no resto do país, especialmente em Lisboa e Porto, os empresários hoteleiros do Algarve consideram que não existe qualquer conflito entre os hotéis e o alojamento privado e local. *O autor não escreve segundo o acordo ortográfico

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Aeroporto Internacional de Faro Almirante Gago Coutinho A opinião de RUI CABRITA [escrita antes da aprovação em Conselho de Ministros] Subscritor da proposta de atribuição do nome “Almirante Gago Coutinho” ao Aeroporto de Faro

P

ara cativar e fidelizar viajantes, constitui hoje preocupação dos responsáveis turísticos, e muito especialmente dos operadores aeroportuários, ofertar a maior amplitude cultural aos visitantes, associando os aeroportos às cidades e regiões, nomeadamente criando e evidenciando uma imagem do local onde se encontram implantados. E são diversos os exemplos de aeroportos, em que tal é levado à prática.

adoptar as medidas apropriadas, sejam elas espaços expositivos, painéis murais, polo museológico, ou outra qualquer forma que as técnicas e conhecimento hoje proporcionam. O grupo de cidadãos que vem dinamizando a causa da atribuição do nome “Almirante Gago Coutinho” ao Aeroporto Internacional de Faro, a par das razões de índole histórica e do reconhecimento da obra deste génio de raízes algarvias, alicerçou a sua proposta na ideia da

Um aeroporto não é apenas um local de passagem, mas uma valiosa oportunidade de criar e fomentar a imagem do destino onde ele se enquadra Xavier Huillard, CEO da VINCI

É sabido que as experiências vividas pelos passageiros, no aeroporto, constituem um passo importante na avaliação que fazem, não só da viagem, mas muito especialmente do local visitado. E tal impressão fica no registo das suas memórias. Uma chegada bem-sucedida ou uma partida recheada de boas recordações, constituirão condições de apreço pelo local que soube dedicar ao viajante provas de consideração, onde o conforto e a oferta cultural assumem grande relevo. Por cá, temos notícias de algumas realizações, que, sendo de inquestionável valia, têm características pontuais e de limitada duração, limitando-se a ter efeito nos viajantes nos dias em que decorre o evento. Um aeroporto posiciona-se como a sala de visitas duma região, onde o turista/viajante se deve sentir um convidado. E, dentre as formas de o conseguir, para além da facilidade nos procedimentos, haverá que proporcionar ambientes modernos, agradáveis e APELATIVOS. Um local onde se recorde ao viajante o portfólio das vivências mais cativantes da sua estadia, evidenciando-lhe a imagem do agrado pela Cidade, pela Região e pelo País, tornando-o vincadamente admirador também das suas gentes, cidades, vilas e aldeias, enfim, um “embaixador” de afeição. Alvitra-se assim que, para o Aeroporto Internacional de Faro - Almirante Gago Coutinho, seja conseguida a feliz complementaridade da modernidade oferecida, com a “oferta cultural e de boas memórias” que tanto nos dignificam, medidas que se inserem nas políticas de “sense of place” que a ANA - Aeroportos vem praticando, cabendo-lhe assim

ainda maior projeção universal da nossa Cidade, do Algarve e do País. Nesta conformidade, desde logo se associou a figura e a obra de Gago Coutinho como valioso tema a ofertar ao viajante, criando no aeroporto espaços expositivos/museológicos, que apresentem o Almirante como modelo das capacidades e do génio dos Portugueses, na sua vocação da construção de pontes entre diferentes povos, culturas e países, e no inestimável contributo que prestaram à humanidade nas navegações marítimas ao longo de séculos, e muito especialmente na navegação aérea, sem referências terrestres ou marítimas, método científico cuja criação se deve a Gago Coutinho. São tais méritos que devemos com júbilo mostrar e evidenciar a quem nos visita, inserindo tal prática no citado conceito “sense of place”. Esta é a nossa sugestão, que, naturalmente, fazemos acompanhar de disponibilidade em colaborar. Conhecida a extensão e transversalidade dos apoios, a sua aceitação consensual e generalizada, a aprovação pelas Assembleias Municipais e as manifestações de apoio dos organismos oficiais, tomamos como adquirida a adoção do nome “Almirante Gago Coutinho” como patrono do Aeroporto Internacional de Faro e manifestamos regozijo e satisfação pelo que esta causa personifica de união de vontades. Queremos agora reiterar a nossa ideia de aliar a esta feliz e justa causa, a devida projeção universal da nossa Cidade, do Algarve e do País. E aqui estamos, juntando a nossa voz e o nosso empenho, a bem da coesão da nossa região, a bem do respeito pela nossa história e da dignidade da nossa comunidade. [Ler pág. 24]


CADERNO ALGARVE com o EXPRESSO

POSTAL, 17 de junho de 2022

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REGIÃO

Stand móvel com eurodeputados vai estacionar na zona ribeirinha de Portimão para conversar FOTO D.R.

Iniciativa visa incentivar o contacto direto entre os cidadãos e os eurodeputados O Parlamento Europeu (PE) vai estar em Portimão esta sexta-feira e até domingo, na última paragem da digressão ‘Parlamento Europeu à sua porta’, uma iniciativa realizada em sete cidades portuguesas com o objetivo de dar a conhecer a atividade da instituição. O vice-presidente do PE, Pedro Silva Pereira, e os eurodeputados Pedro Marques, Margarida Marques, Maria da Graça Carvalho, José Gusmão e Francisco Guerreiro participam em conversas abertas, neste projeto-piloto na Europa que pretende que os cidadãos interajam com os eurodeputados e façam ouvir a sua voz. Isilda Gomes, presidente da Câmara Municipal de Portimão, e Pedro Valente da Silva, chefe do gabinete do Parlamento Europeu em Portugal,

assinalam o arranque da iniciativa na zona ribeirinha, junto ao Clube Naval, na sexta-feira, pelas 10:30. No domingo, pelas 17:15, é a vez do vice-presidente Pedro Silva Pereira, com a presidente da Câmara Municipal de Portimão, encerrar o projeto depois de mais de um mês e meio em digressão pelo país. Na sexta-feira, pelas 16:45, a estrutura móvel do Parlamento Europeu

recebe um concerto do Coro do Agrupamento de Escolas da Bemposta e no sábado, às 17:30, uma apresentação da Marcha Popular do Clube de Instrução e Recreio Mexilhoeirense. No domingo, às 10:00, o Portimão Surf Clube vai disponibilizar uma aula de surf adaptado na Praia da Rocha e, para o encerramento da iniciativa, está reservada uma regata com um desfile, por atle-

tas do Clube Naval de Portimão, com bandeiras dos 27 Estados-membros da União Europeia. Durante os três dias, a estrutura recebe ainda conversas com representantes de instituições nacionais e locais sobre o programa Erasmus, participação cívica e juventude e sobre fundos europeus, para além de atividades de criação artística, ações de consciencialização e workshops de escrita criativa e de fotografia e vídeo, contando com o apoio do Europe Direct Algarve. O ‘Parlamento Europeu à sua porta’ é uma oportunidade para as pessoas conhecerem melhor os seus representantes e fazerem ouvir as suas opiniões junto dos eurodeputados, ao mesmo tempo que descobrem projetos apoiados pela União Europeia em cada região. Realidade virtual imersiva, tecnologia interativa, debates e outras atividades procuram mostrar como o Parlamento Europeu toma decisões que

fazem a diferença no dia-a-dia dos cidadãos. O ‘Parlamento Europeu à sua porta’ arrancou em Vila Real a 23 de abril e passou pelas cidades de Viseu, Coimbra, Évora, Braga e Porto.

POSTAL vai moderar conversa Neste contexto, o Parlamento Europeu convidou o jornal POSTAL do ALGARVE, na pessoa do seu diretor Henrique Dias Freire, para moderar a primeira conversa diária que vai decorrer nesta estrutura, na zona ribeirinha, entre as 15:00 e as 15:30 desta sexta-feira, dia 17 de junho. O tema desta primeira conversa é sobre o Erasmus e inclusão, com representantes das Agências Nacionais Erasmus+ Juventude em Ação e Educação e Formação (Tiago Diniz), com um representante da Erasmus Student Network Algarve e com Ana Burnay da rede MOVE Algarve. PUB.

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POSTAL, 17 de junho de 2022

CADERNO ALGARVE com o EXPRESSO

Edital n.º 42/2022 Torna público, nos termos do artº 53º Capitulo X do Regulamento do Cemitério, em vigor no Município, que serão depositados em ossários públicos os restos mortais que se encontram nos jazigos abaixo descriminados e que não sejam reclamados, por escrito, no prazo de 60 dias, contados da data da afixação deste Edital. Jazigo Municipal nº 1, Grupo BB, Rua S/N - Teresa Maria Jazigo Municipal nº 24, Grupo BB, Rua S/N - Domingos António Mestre Jazigo Municipal nº 30, Grupo BB, Rua S/N - Maria Ludgera Picanço Mestre - Célia Justina Nascimento Mestre Jazigo Municipal nº 42, Grupo BB, Rua S/N - Maria Luísa de Jesus Jazigo Municipal nº 38, Grupo E, Rua S/N - Rosalina da Conceição Lima Neto - Teodoro Lima Neto Jazigo Municipal nº 41, Grupo G, Rua S/N - Narcisa do Carmo Pires Jazigo Municipal nº 13, Grupo H, Rua S/N - João António das Chagas Ferreira - Albertina Fonseca Ferreira Jazigo Municipal nº 5, Grupo M, Rua S/N - Frederico Rodrigues Mil Homens Jazigo Municipal nº 20, Grupo U, Rua S/N - Lucinda Teixeira - Maria dos Mercês Soares Jazigo Municipal nº 21, Grupo V, Rua S/N - Cândida Rosa Mendonça - João Palermo de Brito Jazigo Municipal nº 47, Grupo V, Rua S/N - Emiliana das Candeias - Cecília dos Mártires - Maria Amália da Conceição Reis Jazigo Municipal nº 1, Grupo X, Rua S/N - Maria da Piedade - Florinda da Ascensão Romeira Paços do Concelho, 13 de maio de 2022 A Vereadora da Administração, Ambiente e Assuntos Jurídicos Sónia Jorge Costa Pires (POSTAL do ALGARVE, nº 1287, 17 de Junho de 2022) PUB.

REGIÃO

Faro prepara-se para desmantelar 17 dos 39 parques infantis no concelho

O

Jardim da Alameda João de Deus, em Faro, reabriu esta quinta-feira após obras de requalificação, numa altura em que a Câmara de Faro prepara o desmantelamento de 17 parques infantis, disse o presidente da autarquia. A requalificação do jardim oitocentista, iniciada no final de 2020, tinha como prazo de conclusão setembro do ano passado, mas acabou por sofrer atrasos devido a constrangimentos causados pela pandemia de covid-19, nomeadamente, a escassez de materiais. Entretanto, a Câmara de Faro prepara-se para desmantelar 17 dos 39 parques infantis no concelho, alegando que os espaços são constantemente vandalizados, estão degrada-

dos e não oferecem condições de segurança, sendo difícil à autarquia assegurar a sua manutenção. Segundo o presidente da autarquia, Rogério Bacalhau, trata-se de uma “questão de segurança”, uma vez que o investimento realizado em 2019 na recuperação de um conjunto de parques infantis não surtiu efeito, sendo que aqueles espaços ficaram “exatamente iguais” ao fim de dois meses. “Um dos parques, no dia seguinte [a ter sido reparado], já estava outra vez vandalizado”, exemplificou, adiantando que o objetivo “é ter dois ou três parques infantis com alguma dimensão”, como é o caso do Jardim da Alameda. De acordo com o autarca, está planeado um grande parque infantil junto ao Fórum

Algarve, em substituição de vários pequenos parques que são muito difíceis de manter, pois “o vandalismo toma conta deles”. Segundo um ofício da Divisão de Desporto e Juventude, a que a Lusa teve acesso, o município refere que o parque municipal de espaços infantis se apresenta “bastante degradado em virtude da sua vandalização, má utilização e falta de manutenção preventiva e corretiva anual”. Nesse sentido, “foi desenvolvido um plano de intervenção que prevê a redução de 39 para 22 espaços”, com o objetivo de “conseguir manter condições de segurança adequadas para os seus utilizadores”. O plano de intervenção assenta no desmantelamento de 17 espaços e na requalificação dos restantes, “sendo os critérios para desmantelamento,

o estado de conservação atual e a proximidade com outro espaço com condições adequadas”. Todos os espaços desmantelados serão alvo de um projeto de requalificação da zona envolvente, lê-se, ainda, no ofício. A requalificação do Jardim da Alameda incidiu no melhoramento do pavimento e dos percursos de circulação pedonal, iluminação, na rearborização e replantação das espécies em mau estado ou perdidas, na edificação de novas casas de banho e áreas de serviço e na montagem de mobiliário urbano mais resistente. O parque infantil e o parque geriátrico foram também alvo de intervenção, sendo que o antigo ringue de patinagem é agora uma plataforma multifuncional.


CADERNO ALGARVE com o EXPRESSO

POSTAL, 17 de junho de 2022

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REGIÃO BIBLIOTECA MUNICIPAL DE FARO DESTACA

É preciso sensibilizar para a necessidade de aceitar e integrar famílias refugiadas que procuram proteção FOTO D.R.

O Dia Mundial do Refugiado, celebrado a 20 de junho, é uma ocasião para promover empatia e compreensão em torno desta situação e reconhecer a resiliência das pessoas refugiadas na reconstrução de suas vidas A Biblioteca Municipal de Faro António Ramos Rosa dedica o mês de junho aos Refugiados. No dia 21, às 17:30 realiza-se mais uma tertúlia do projeto “Biblioteca Social – Humaniza-te”, que bimestralmente tem abordado temáticas sociais. Este mês irá sensibilizar e refletir sobre a necessidade de compreender, aceitar e integrar estas

famílias refugiadas que procuram proteção. A biblioteca desafiou como parceiro deste mês o “Projeto Grupos ABC | Apoio a crianças refugiadas e seus cuidadores”, financiado pela Fundação Calouste Gulbenkian e dinamizado pela Associação Oficina do Sentir. O objetivo é que as mães e as técnicas venham dar o seu testemunho acerca da sua integração e as dificuldades por que têm passado e a melhor forma de os acolher na comunidade local. O Centro Nacional de Apoio à Integração de Migrantes do Algarve (CNAIM Algarve) estará também presente, divulgando o serviço de atendimento especializado a

Migrantes, de forma a identificar vítimas de Violência

Doméstica e/ou Práticas Tradicionais Nefastas (PTN), que

tem o seu gabinete na Loja do Cidadão.

No âmbito da rúbrica “Quintas de Inclusão”, todas as 5ª feiras do mês de junho, vão realizar-se as sessões com a história “A Viagem” para as escolas do 1º ciclo do concelho de Faro. A mesma história será contada, no dia 25 de junho, nos Sábados em Família. Todas as atividades têm inscrição prévia em: biblioteca. arquivo@cm-faro.pt Durante o mês de junho, a Biblioteca Municipal de Faro acolhe também a campanha nacional “Livros pela Paz”, promovida pela Arte-Via Cooperativa – os livros recolhidos serão encaminhados para a Associação dos Ucranianos em Portugal para seguirem para a Ucrânia no primeiro dia de paz. PUB.

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POSTAL, 17 de junho de 2022

CADERNO ALGARVE com o EXPRESSO

AGRIPINA E RAMOS ROSA

Viveu na sombra para que ele pudesse brilhar Entrevista RAMIRO SANTOS (Jornalista)

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or vontade própria, Agripina Ramos Rosa, hoje recolhida na residência Faria Mantero, em Belém, foi uma estrela que se ofuscou durante uma vida, para que

uma outra maior se agigantasse ainda mais. Mulher do poeta António Ramos Rosa, também escreveu poesia e tem obra publicada. Nasceu em Lisboa, trabalhou como tradutora e fala como conheceu o seu companheiro de jornada. Não esconde uma vida de dificuldades e perdoa os ‘pecadilhos’ de António, em nome do

Amanheceu a minha vida no teu rosto De uma doçura intensa e tão suave Como se um divino fundo nele brilhasse Eu era o que nascia soberanamente leve E encontrava na limpideza centro do equilíbrio Só em ti cheguei amanhecendo na minha madurez Entrei no templo em que a luz latente era a secreta sombra Foste sonhada por meus olhos e minha mãos Por minha pele e por meu sangue Se o dia tem este fulgor inteiro é porque existes E é porque existes que se levanta o mundo Em quotidianos prodígios Em que ao fundo brilha o horizonte certo. António Ramos Rosa, in O teu rosto

está assinado e publicado e não o tenho aqui à mão...

Conhece este poema?

R Oh!... claro, conheço, evidentemente!

Que lindo ramo de flores, este... P

R

É bonito, sim, muito bonito!

Lindo e sensual. Ele era assim tão declaradamente sedutor? P

R Era um poeta e um poeta com a sua genialidade já evi-

dente nessa altura, era um sedutor de palavras bonitas! P Em que ano aconteceu este momento?

Foi logo no princípio de nos conhecermos... Deixe-me cá ver que eu já estou um bocado desmemoriada e não sei precisar ao certo sem o risco de me enganar. Não me recordo exatamente, mas o poema original R

literatura como ele já era então! E casaram pouco tempo depois, não foi assim? P

Dou-lhe tempo para se recordar até ao fim da nossa conversa... mas diga-me, onde é que se conheceram e em que circunstâncias? P

Foi precisamente em Faro. Fui lá passar umas férias, ouvi-o numa sessão de poesia, e o poema foi escrito ainda em Faro. R

Não se conheciam antes da sua vinda a Faro? P

P

amor e da estabilidade na relação entre ambos. O poeta farense, que morreu a 23 de setembro de 2013, partilhou com Agripina uma longa vida a dois. Ela lembra-se bem como tudo começou porque, afinal, o primeiro amor nunca se esquece. Sobretudo quando vem perfumado com pétalas de poesia.

R

Não, não nos conhecíamos.

P E a Agripina veio de Lisboa a Faro por causa do poeta ou por causa do António? R [risos...] engraçado... rs... foi por ele, obviamente, mas foi também pelo poeta. Ele já tinha bastante prestígio e eu tinha todo o interesse em conhecer as grandes figuras da

R Não me fale em datas que eu não me recordo, mas sim... casámos uns meses depois. Conhecemo-nos e casámos em 1962, e dois anos mais tarde nasceu a nossa filha Maria Filipe. P Este poema... que ele lhe ofereceu mal se haviam encontrado, sendo uma bouquet de flores, demonstrava a pessoa sensível como um poeta não podia deixar de ser. E romântico... também tinha esse lado romântico?

Não esqueça que os poetas são pessoas especiais. Não posso dizer exatamente que o António era um romântico. O que sabia é que a poesia estava dentro dele. Posso até dizer que deve o seu percurso de escritor R

e poeta à sua mãe. A mãe sempre apostou nele. Repare que ele era de uma família pobre, mas a mãe soube identificar nele a sensibilidade poética que ele transportava, e que a dada altura já tinha dado mostras no que, entretanto, havia escrito. Essencialmente, acima de todos os rótulos que lhe queiram colar, António Ramos Rosa era um poeta. Não podia ser outra coisa, graças à mãe que soube ler o desígnio para que o filho estava destinado. P Ele no princípio dos tempos dava explicações em Faro, não é? R Sim, dava explicações e fazia traduções. P Ele parecia uma pessoa tímida e reservada, foi a impressão com que fiquei nos encontros que tive com ele... R

Era, sim senhor, de poucas

Agripina

falas, tímido. Repare também que Faro já era uma cidade grande e Lisboa ainda maior e ele não era uma pessoa extrovertida. Eu tenho que frisar isto mais uma vez: ele era essencialmente um poeta e os poetas são pessoas um bocado metidas consigo próprias e vivia muito no seu mundo interior. Mas sobretudo ele era uma pessoa muito recolhida, muito atenta e concentrada na escrita e na poesia. A poesia existia dentro dele e era o seu pensamento! P Parecia que estava sempre dialogando consigo mesmo, fechado no seu quarto interior de conversa...!

DADOS BIOGRÁFICOS E LITERÁRIOS

Agripina

Não foi apenas o António, foi um grupo que deu um impulso à poesia, fez uma rutura com o passado, deixando para trás a ‘escola velha’ e criaram uma nova forma de expressão poética de denúncia e intervenção política e social onde se incluía a poesia de A. R. Rosa (...) da experiência política passou para a consciência da própria realidade poética” Agripina com a família, filha Maria Filipe (bebé) e António Ramos Rosa, 1966

FOTOS D.R.

Agripina Ramos Rosa usa no nome literário os apelidos de batismo. Nasceu em Lisboa, em 1929, trabalhou como tradutora e numa empresa do ramo comercial. Revela-se nos anos noventa do século passado como poeta. A sua primeira obra Rotações (1991), tem como coautores Carlos Poças Falcão e António Ramos Rosa, seu companheiro de vida desde 1962. Seguem-se O Centro Inteiro (1993), em colaboração com António Magalhães e Ramos Rosa. No mesmo ano a escritora publicou ainda Instantes. Permanência (1993; com 2ª ed. em 2004) dando corpo a uma obra literária que passa por Diário Intermitente (1996), Ciclos, Fragmentos, Idades (1998), Sonhos (2000) e Morada Recôndita (2012).


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CADERNO ALGARVE com o EXPRESSO

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Agripina António Ramos Rosa R Absolutamente. Posso dizer-lhe que António Ramos Rosa não podia ter sido outra coisa senão poeta. Felizmente a mãe deu-lhe as condições para ele ser o que quis ser e foi.

P Voltemos à sua relação com António Ramos Rosa. Como era viver com um homem que vivia, consumia, que respirava poesia, sem grandes preocupações materiais e muitas vezes sem pensar na sobrevivência dele e da família?

A obra de António Ramos Rosa, como qualquer poeta ou artista, apresenta diversas fases de evolução. A fase inicial dele surgiu ainda em Faro com a publicação de o Grito Claro, foi o período da poesia política, o grito pela liberdade, não foi? P

É uma questão difícil de lhe responder e não vou dizer que as coisas foram fáceis. É verdade que uma pessoa aceita porque parte sempre da ideia que o conhecendo muito bem, muito centrado nele, sabia que essas dificuldades surgiriam e como vieram a acontecer inevitavelmente. A prioridade nele era a poesia! R

Também havia essa componente porque ele pertenceu ao MUD Juvenil e a sua poesia só podia estar alinhada com as suas ideias políticas de combatente pelos direitos cívicos e pela liberdade... R

P É nesse tempo que escreve Não Posso Adiar o Amor... R

P E isso refletia-se na sua relação com ele ou não?

Exatamente, exatamente...

As suas perguntas são um bocado difíceis de responder, mas... quer dizer, numa ligação entre duas pessoas tem de haver cedências para ela sobreviver. E dos dois, eu era quem estava na posição de as fazer. Ele estava muito dirigido e focado para a sua obra e se alguém podia fazer cedências era eu, em nome da salvaguarda da nossa relação. R

Ou então: Estamos nus e gramamos...! rsrsrs... P

R [risos]... isso é muito significativo para a época e um outro com o título Telegramas com Classificação Especial. Faro era no princípio da década de sessenta um centro de grande atividade literária que juntava os mais notáveis poetas portugueses como Casimiro de Brito, Gastão Cruz, Fiama Pais Brandão, Luiza Neto Jorge e tantos outros... P Foi o tempo dos Cadernos do Meio Dia..!?

Exactamente. Não foi apenas o António, foi um grupo que deu um impulso à poesia, fez uma rutura com o passado, deixando para trás a ‘escola velha’ e criaram uma nova forma de expressão poética de denúncia R

Não tinha musas (...) era um poeta

já tinham mudado e não podemos dissociar uma coisa da outra.

R

P Mas há autores que consideram que a obra de Ramos Rosa evoluiu dessa primeira fase de intervenção política, para uma densidade hermética em que prevalece mais a estética da palavra...

P Passou para o incêndio da palavra ou o rosto da palavra, será assim?

Absolutamente. A fase inicial chamada de poesia de intervenção, e eu não gosto da palavra, mas a viragem é onde ele se encontra realmente com a poesia e onde se assumiu gradualmente e solidamente como poeta e um poeta muito profundo.

Sim, não se pode levar tudo à letra e essa viragem tinha que se dar e evoluiu com acerto para esse patamar, positivamente.

Sim, mas nessa altura a palavra já estava solta. Felizmente as condições políticas e sociais

e intervenção política e social onde se incluía a poesia de António Ramos Rosa. P Foi um ponto de viragem na nossa poesia contemporânea?

Foi sim, mais tarde a poesia de António Ramos Rosa tomou outro rumo. Da experiência política passou para a consciência da própria realidade poética.

R

R

Agripina

Ele pertenceu ao MUD Juvenil e a sua

P R

Era a liberdade da palavra!

Portanto, a Agripina apagou-se para ele poder brilhar?! P

... há outra coisa que temos de ter em conta. Havia assuntos de ordem prática na vida a dois e alguém tinha de os realizar. E pronto, a vida era assim, cada um no seu papel. R

Ou seja, ele tinha o seu mundo e tarefas interiores e a Agripina tratava do lado P

Biblioteca sem condições para acolher o espólio do poeta

poesia só podia estar alinhada com as suas ideias políticas de combatente pelos direitos cívicos... A fase inicial é chamada de poesia de intervenção - e eu não gosto da palavra -, mas a viragem posterior é onde ele se encontra realmente com a poesia e onde se assumiu gradualmente e solidamente como poeta e um poeta muito profundo”

O alargamento da Biblioteca Municipal António Ramos Rosa é um dos anseios que Agripina da Costa Marques Ramos Rosa gostaria de ver concretizado ainda em vida. Recorda que a família doou a obra do poeta à Câmara Municipal de Faro, na condição de serem realizadas as obras necessárias para acolher todo o espólio. Para tanto exigia-se a construção de um anexo à própria biblioteca, mas após tantos anos, lamenta que nada tenha ainda avançado. «Faz-me a maior impressão que estando feita a maior obra que era a Biblioteca, o anexo ainda seja um projeto adiado. Tenho imensa pena que a obra não seja construída enquanto ainda cá estou», disse.

especial e ele estava para além disso. Ele era a sua própria inspiração! Eu se algum mérito tive era não constituir um obstáculo”

prático da vida, sendo essa repartição de papéis que manteve o equilíbrio da relação a dois, não é? R Absolutamente, absolutamente. P Não há perguntas indiscretas, mas há umas mais pessoais e intimistas do que outras, e eu peço desculpa se o que pretendo saber de si é demasiado pessoal. Responderá se entender ou não. Dizia-se, permita-me o termo, que ele não resistia a um rabo de saias. É verdade? R Eu comecei por lhe dizer que o poeta é isso. E essas coisas que refere são efémeras, mas também não exageremos nessa ideia de um António Ramos Rosa mulherengo, valha-nos Deus! Não era assim tanto! Mas não há dúvidas que na realidade ele deixava-se encantar com facilidade. Eu entendia isso como natural num poeta como ele, aberto ao seu encantamento pela beleza. E ele costumava deixar-se encantar com o belo... P E como é que a Agripina aceitava isso? R

... não sei... não sei...

P

Tinha ciúmes?

Não, não. Como eu o conhecia bem, nas situações mais evidentes, era natural que eu não gostasse, mas isto não é questão para se colocar agora, honestamente... O importante é saber que essas situações de encantamento são situações normais com os poetas. Encantam-se com a beleza e a beleza em todos os sentidos e dimensões, e nesse caso também.

sua poesia, do que escrevia? R Ao princípio não dava opinião, mas a partir de certa altura ganhou consciência da qualidade do que ia fazendo. Sobretudo, a partir do momento em que conhecemos e travámos contacto com o poeta Carlos Poças Falcão, que não sendo da cidade vinha a Lisboa com alguma frequência. Depois de muita conversa, ele escreveu-me um poema que me dedicou e ao qual eu respondi. Mostrei-os ao António e ele então sugeriu que fizéssemos um livro de três vozes. Ele não achava nada de anormal nem coisa do outro mundo que eu escrevesse poesia. Isso para lhe dizer que o António era um homem aberto e manifestou logo a vontade e o entusiasmo de escrevermos um livro a três... P

E foi publicado esse livro?

R

Sim, sim...

Como se chama o livro, pode-se saber? P

R Ai meu Deus...a minha idade rouba-me a memória, mas espere um pouco (pausa). O livro intitula-se Rotações e foi escrito pelo António, por mim e pelo nosso amigo Carlos Poças Falcão. Foi uma experiência interessante.

R

P A Agripina também escreve, tem até obras publicadas, mas é pouco conhecida essa sua faceta! R Restava-me muito pouco tempo das ocupações práticas da vida que lhe falei, pelo que não dispunha de grandes oportunidades para outros sonhos. E só quando me reformei e me vi mais livre é que comecei a produzir mais poesia, até lá não havia tempo para outras tarefas nem muita disponibilidade para escrever o que gostaria. P

E o que é que ele achava da

P É costume dizer-se que por detrás de um grande homem está sempre uma grande mulher. Sente-se assim, ou não passa de uma frase feita? R É verdade, é verdade! E peço desculpa, mas devo dizer que os homens são mais frágeis do que as mulheres, e elas vivendo numa sociedade que não as reconhecia, obrigava-as a serem fortes e a superarem-se muitas vezes ainda mais. Mas é um problema essencialmente estrutural! P Sente que foi a sua musa, o seu ombro, a sua casa, o seu refúgio, a sua inspiração?

Não sei bem qual o meu papel além de companheira ocupada com tarefas essenciais à organização da casa e da vida a dois. O António era um poeta especial e ele estava para além disso. Ele era a sua própria inspiração! Eu se algum mérito tive era não constituir um obstáculo! R


Mensalmente com o POSTAL em conjunto com o

JUNHO 2022 n.º 163 8.551 EXEMPLARES

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ARTES VISUAIS

Como têm sido abordadas as “3 Graças” nas artes visuais? SAÚL NEVES DE JESUS Professor Catedrático da Universidade do Algarve; Pós-doutorado em Artes Visuais; http://saul2017.wixsite.com/artes Exposição “3 Graças”, de Pedro Cabrita Reis (2022) FOTOS D.R.

Pintura “3 Graças”, a partir da gravura de Agostino Carracci (1590-95)

Pintura “As 3 graças”, de Peter Rubens (1630-05)

Pintura “As 3 graças”, de Rafael Sanzio (1504-05)

Pintura “La Ville de Paris”, de Robert Delaunay (1912)

A

13 de fevereiro foi inaugurada a exposição “3 Graças” de Pedro Cabrita Reis no Jardim das Tulherias, junto ao Museu Louvre, em Paris, no âmbito da Temporada Cruzada França-Portugal 2022”, contando com a presença do Presidente da República Marcelo Rebelo de Sousa. Ao longo da história da arte, as três graças têm sido recorrentemente representadas por grandes artistas. Da mitologia grega até à arte contemporânea estas três figuras personificam os ideais de beleza feminina correspondentes às diferentes épocas e artistas. Às “Graças” era atribuído o poder de conferir aos artistas e poetas a habilidade para criar o belo. Deusas do amor, conhecidas como “Graças”, eram três jovens que, segundo o poeta Hesíodo, seriam filhas de Zeus e Eurínome, uma ninfa do mar com quem o deus do Olimpo teve um breve caso de amor. As três graças chamavam-se Aglaia, Euphrosyne e Thalya, e estavam sempre juntas. Além do amor e da beleza, as jovens também eram associadas à natureza, criatividade, fertilidade, charme, esplendor e alegria. Nas primeiras representações plásticas, as Graças apareciam vestidas, mas mais tarde foram representadas como jovens nuas, de mãos dadas, olhando duas das Graças numa direção e a terceira na direção oposta. Foi especialmente durante a Renascença que este tema se tornou recorrente na pintura, ocorrendo materializações a partir de obras anteriores. Foi o caso da pintura a óleo sobre cobre feita a partir da gravura de Agostino Carracci, em que as “3 Graças” aparecem sexualmente pouco expressivas. Também na pintura de Rafael destaca-se a palidez e o olhar indiferente das personagens, não sendo expostos os seios e os órgãos sexuais aparecendo

de forma discreta, lembrando corpos Graças” têm sido sempre três figuras de adolescentes, parecendo que o ideal femininas entrelaçadas entre si, nunca de beleza reside na juventude. se afastando. Na obra de Pedro Cabrita Um pouco diferente da representa- Reis as três esculturas, embora concepção de Rafael é a do pintor Rubens, tualmente unidas, estão fisicamente que optou por Graças mais maduras, separadas, representando a expansão com corpos e formas mais opulentas, da sua presença, tornando esta mais cruzando os olhares, sugerindo mais forte, o que pode representar a mulher intimidade. A composição, porém, é atual no mundo ocidental, com mais praticamente a mesma, pois duas das poder e uma presença mais forte e degraças são vistas frontalmente, enquan- terminante, embora a cortiça permita to a outra é representada por trás. manter uma “fragilidade interessante”, No início do século XX, quando os segundo as palavras do artista. movimentos de vanguarda europeus Pedro Cabrita Reis é um dos artistas estavam no auge, Robert Delaunay contemporâneos portuguesas mais repintou as 3 Graças na “Ville de Paris”, conhecido internacionalmente, tendo fragmentando as personagens. inclusivamente representado Portugal Assim, embora os personagens sejam na Bienal de Arte de Veneza, em 2003, as mesmos, as representações ao longo e reside no Algarve. do tempo mudaram muito, mostran- As suas “3 Graças” podem ser vistas do que o ideal de beleza é dinâmico e em Paris até final de junho. Depois muda ao longo do tempo. talvez venham para o Algarve, como No caso da obra de Pedro Cabrita Reis, o próprio afirma: "Um dia, se calhar, houve uma reinterpretação do tema encontro um jardim, ou no meio do “3 Graças”. campo, lá para a serra do Algarve, Esta reinterpretação expressa a onde moro, e ponho-as lá no meio das importância do pensamento e do alfarrobeiras". planeamento da obra no processo de produção artística. Em geral, as obras Ficha técnica artísticas são concretizadas por quem as concebe, mas verifica-se que, na arte Direção GORDA, contemporânea, muitas vezes quem Associação Sócio-Cultural pensa sobre o produto artístico não é Editor Henrique Dias Freire quem o executa. Assim, a perspetiva Responsáveis pelas secções: de “manualidade” do artista tem vindo • Artes Visuais Saúl Neves de Jesus a ser alterada, sobretudo a partir dos • Diálogos (In)esperados anos 60, com a emergência da arte Maria Luísa Francisco concetual. No entanto, atualmente • Espaço AGECAL Jorge Queiroz verifica-se uma conciliação entre a • Espaço ALFA Raúl Coelho importância das ideias e o seu suporte • Filosofia Dia-a-dia Maria João Neves material ou plástico, sendo superada • Fios De História Ramiro Santos a perspetiva da “desmaterialização da • Letras e Literatura Paulo Serra arte” ocorrida no século passado. • Mas afinal o que é isso da cultura? Expressando a importância da dimenPaulo Larcher são ecológica e da sustentabilidade na Colaborador desta edição atualidade, através da cortiça, usou Saúl Jorge Lopes também outros materiais para tornar e-mail redação: geralcultura.sul@gmail.com as peças mais resistentes ao facto de publicidade: serem colocadas ao ar livre. Cada peça anabelag.postal@gmail.com escultórica tem cerca de 4,50 metros online em www.postal.pt e pesa aproximadamente 500 quilos, e-paper em: www.issuu.com/postaldoalgarve a que se somam os 400 quilos da base FB https://www.facebook.com/ que as sustenta. Na concretização desta Cultura.Sulpostaldoalgarve obra, contou com a “ajuda” de um braço robótico que esculpiu a cortiça de acordo com um programa de computador. Ao longo da história da arte, as “3


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DIÁLOGOS (IN)ESPERADOS

As Pessoas Invisíveis por detrás dos Museus P Isabel, o que é que o visitante não sabe, nem vê no Museu?

Museu de Portimão está instalado desde 2008 na antiga fábrica de conservas Feu FOTOS D.R.

MARIA LUÍSA FRANCISCO Investigadora na área da Sociologia; Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa luisa.algarve@gmail.com

O

trabalho num museu é maioritariamente invisível, e é esse labor que se desconhece e muitas vezes não se valoriza, mas é daí que surge tudo o resto. As exposições, as publicações, as conferências, a programação, o museu vivo! Há um mundo de pequenas coisas a salvaguardar, a estudar e a interpretar até se tornarem acessíveis e visíveis. É a partir daí que se dá voz e se torna um museu num lugar que vale a pena visitar. Hoje escrevo enquanto Delegada Regional da Associação Portuguesa de Museologia. Função que desempenho desde 2011 e à qual me tenho dedicado com gosto, mas preferia passar o testemunho no final deste mandato. Tenho estado presente na vida dos Museus do Algarve, colaborando em actividades, participando em reuniões e estimulando as candidaturas aos Prémios da Associação Portuguesa de Museologia (APOM). O Encontro Transfronteiriço de Profissionais de Museus que começou em Alcoutim em 2012 e depois foi alternando a realização entre Portugal e Espanha, foi dos eventos mais exigentes, mas também mais gratificantes pela cooperação ibérica que se conseguiu. Nesta actividade foi possível trabalhar de perto com a anterior

Delegada Regional da Associação Portuguesa de Museologia, Dália Paulo, entretanto Delegada Regional de Cultura do Algarve. Tinha feito uma pós-graduação em Museologia, mas foi nestas actividades que trabalhei de perto com museólogas e passei a valorizar ainda mais os museus e as pessoas que neles trabalham. Têm um trabalho de extrema importância na preservação do património, das tradições e da memória.

Algarve (RMA), um grupo informal de acção e reflexão museológica, onde participo desde 2011, vejo o quanto a RMA privilegia a cooperação e a partilha entre todos os representantes e como programa actividades conjuntas. “Trata-se, portanto, de uma rede horizontal, com características flexíveis que tem como missão dinamizar o património cultural e a actividade museológica da região.” Conforme

R Na verdade existe um outro “lado” do Museu que não se vê, nem se sabe. O que resulta nos trabalhos visíveis nas diferentes áreas são fruto de uma programação anual e que normalmente se traduz nas publicações, nas conferências e nas exposições que dão vida e animam os museus. Contudo, até chegarmos a esta forma de comunicar, as nossas colecções percorrem um longo caminho e que passa por inúmeros técnicos nos diferentes serviços invisíveis para os visitantes. Às peças damos-lhe uma nova vida e as mesmas, desde que saem do que é o seu contexto original, até chegarem ao museu andam “de mão em mão” até chegarem à sua nova casa. Desde o registo no seu contexto original, passando pelo restauro e a conservação, a inventariação, a investigação, o seu acondicionamento em reserva ou até mesmo na vitrine da exposição, tudo faz parte de uma missão: a de preservar, estudar, expor e interpretar objectos representativos da nossa identidade e da nossa comunidade. P O Museu de Portimão tem uma grande proximidade com a comunidade, que relação estabelece o Museu com as vossas “pessoas”?

É oportuno mencionar que os museus trabalham junto das comunidades, e com e para as comunidades, trata-se de um processo moroso que envolve uma grande proximidade e conquista. A confiança e o acreditar que somos capazes de lhes “agarrar” as histórias e que as podemos contar, ou através dos objectos que nos deixam, ou na primeira pessoa, são sem dúvida dos projectos mais aliciantes do museu e ao mesmo tempo os mais desafiantes. Um técnico do museu é sem dúvida um agente no terreno ao serviço da comunidade e com formação profissional. No entanto, valoriza-se igualmente a sensibilidade social e é enquanto ser humano que estabelece uma relação de proximidade e confiança e que faz toda a diferença no trabalho realizado. Não é descabido afirmar que o museu, ao longo do trabalho desenvolvido, transforma-se na “casa” de todos os que constroem em conjunto a nossa história. É quase impossível guardar “tudo” num espaço físico ou até mesmo na nossa memória e ao mesmo tempo uma grande responsabilidade, no entanto tentamos investir num trabalho conjunto e descentralizado que abranja todo o território e várias áreas temáticas. R

Delegada da APOM agilizou mensagem para quem estava nas praias algarvias (avioneta passou 1/9/2015 e a 15/8/2016)

Breve caracterização museológica do Algarve Existem oitenta e dois espaços de carácter museológico no Algarve, trinta e sete museus, trinta e nove pólos museológicos e sete colecções visitáveis. Destacam-se as colecções de etnografia, arte sacra e arqueologia e arqueologia industrial, tal como a arte contemporânea. Não há nenhum dos 16 concelhos algarvios que não tenha pelo menos uma unidade museológica. Conheço estes espaços museológicos e os seus responsáveis e hoje decidi lembrar as pessoas invisíveis que estão por detrás dos Museus. Nas reuniões da Rede de Museus do

se pode ler no Guia de Museus do Algarve (2019). Tenho todos presentes na minha memória, inclusive dois elementos da Rede de Museus do Algarve que já partiram: Luís e Joaquim Guerreiro, ambos do concelho de Loulé. Desta forma faço uma homenagem a todos os que dedicaram e dedicam a sua vida aos Museus e à Cultura do Algarve. A museóloga algarvia que conheço há mais tempo é Isabel Soares, aliás, conheço-a desde a juventude, mas só nos voltámos a encontrar, anos mais tarde, graças às reuniões da Rede de Museus do Algarve. Estive a conversar com Isabel Soares, actual directora do Museu de Portimão, e aqui fica o nosso diálogo:

P Como tem sido a articulação combinada nas diferentes áreas de trabalho dentro do Museu, entre os técnicos das equipas? R Tem sido um trabalho de articulação entre os diferente saberes, o museu é como se fosse uma “Fábrica de Histórias” com uma cadeia operatória, terá que passar pelos vários serviços e uns dependem dos outros. Para inventariar uma colecção torna-se imprescindível dialogar com a investigação em diferentes áreas e ao mesmo tempo recorrer aos serviços de conservação e ainda criar o diálogo perfeito para comunicar os resultados ao público. Não nos podemos esquecer que uma das mais-valias é a produção de conhecimento, a sua preservação, valorização e divulgação. P Como dar visibilidade a um trabalho invisível?

Sensibilizando o público para o que se faz nos bastidores do museu, dentro e fora de portas. Abrindo os espaços técnicos ao público e mostrando o saber-fazer, criando iniciativas abertas nas quais é possível interagir com os técnicos e observar as colecções no contexto de trabalho. Assim, abrindo as portas das reservas para dar a conhecer o outro lado do museu e ainda criando conjuntamente actividades educativas para e com a comunidade. R

P Que tipo de museu é preciso construir nos dias de hoje? R É preciso construir um museu para todos e com todos, hoje em dia os museus têm que estar abertos à diversidade e à inclusão, onde devemos tornar acessível, a todos e a todas, a cultura, a arte e o nosso património. No museu actualmente encontramos um passado longínquo, um passado recente e espaço para um futuro. Os museus têm que ser espaços atractivos e interactivos: Há muito que deixaram de ser sítios onde encontramos “coisas velhas” e “sem vida”. Hoje, tentamos que os museus, para além de preservarem e exibirem o seu património material e imaterial, também tenham um papel importante na promoção da economia local e regional, que contribuam de forma criativa para a participação das comunidades na discussão e no debate de temas atuais.

Maria Luísa Francisco - Obrigada por esta conversa que nos levou pelo museu fazendo dele um espaço ideal para passar tempo de qualidade. Afinal, o museu ideal será sempre aquele que nos faz sentir em “casa”. * A autora não escreve segundo o acordo ortográfico


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FILOSOFIA DIA-A-DIA

O som do pensamento FOTO D.R.

MARIA JOÃO NEVES PH.D Consultora Filosófica

A

cabamos de entrar num verão dito “normal”: sem confinamento, com livre acesso às praias, sem máscaras na cara... Este regresso à normalidade pode fazer-nos esquecer o passado recente. Há precisamente um ano atrás, no artigo que escrevi para este jornal, intitulado Possuir ou Pertencer falei da “invasão” das cidades pelos animais selvagens. Dos pavões da Índia aos cervos do Japão, das cabras britânicas aos javalis portugueses, por todo o mundo se registaram estas ocorrências. Os habitantes das cidades “invadidas” dividiam-se entre alarmados e deliciados. Contudo, existiu uma experiência que a todos agradou: escutar o canto dos pássaros à alvorada (em vez das buzinas e dos motores dos automóveis). Inexplicavelmente, apressámo-nos a recuperar a “normalidade” barulhenta esquecendo o prazer que a tranquilidade auditiva nos trouxe.

A poluição sonora é uma ameaça invisível que paira sobre todos nós. Um estudo publicado na revista científica Biology Letters em 2019 mostra como o ruído antropogenético - ruído causado pela actividade humana - está a afectar os animais. Os cientistas descobriram que a poluição sonora que causamos está a fazer-se sentir em muitas espécies de anfíbios, artrópodes, aves, peixes, mamíferos, moluscos e répteis. Os animais marinhos que dependem dos sons e das vibrações para caçar, vêem-se prejudicados devido ao ruído do tráfego marítimo, das plataformas de exploração de petróleo, dos sonares militares, etc. Animais terrestres como as rãs, por exemplo, que usam os sentidos auditivo e vocal para o acasalamento, não conseguem expressar-se e ouvir-se devidamente, e ficam sem par. As tartarugas marinhas, que usam a audição como meio de navegação e de localização dos seus predadores, têm registado perdas auditivas, enganam-se nas rotas e tornam-se presas muito vulneráveis. Até as aves do Jardim Zoológico de Lisboa se vêem obrigadas a alterar a sua fre-

quência de canto devido à poluição sonora, testemunhou Alice Veiros, educadora ambiental nesta instituição. Por causa do barulho, as tartarugas estão a ensurdecer, os pássaros estão a modificar o seu canto, as rãs não conseguem acasalar... O que estará a acontecer connosco? É fim de semana e preparamo-nos para desfrutar do tempo livre. Vamos ao cabeleireiro e somos expostos ao ruído excruciante dos secadores de cabelo. Decidimos comprar roupa nova e a “música de animar compras” está altíssima e bombardeia-nos os ouvidos. Chegamos a casa e queremos descansar um pouco, mas o vizinho de um lado tem a música em altos berros, e o vizinho do outro lado resolveu tratar do jardim: levamos com o heavy motor do cortador de relva, da serra eléctrica e do soprador. Enfim, animemo-nos que vamos jantar com amigos que não vemos há imenso tempo! Sentamo-nos à mesa e a conversa flui animadamente. Porém, essa fluidez dura pouco. O restaurante contratou uma banda para nos animar-enquanto comemos. Devido ao volume amplificado

em que cantam e tocam, já não se consegue falar nem ouvir quem quer que seja. Abrimos a boca para comer, ou para fazer coro com a banda, que vomita os êxitos pop em covers de gosto duvidoso. Parece ficção, bem sei, mas há um ou dois séculos atrás existiam espaços públicos em que era possível conversar. Que teria sido de Fernando Pessoa, de Mário de Sá Carneiro, de Santa Rita Pintor, sem o Café Nicola, a Brasileira, ou o Martinho da Arcada? Que teria sido de Paul Signac, de Erik Satie, de Claude Debussy, ou de Paul Verlaine sem o cabaret Le Chat Noir de Paris? Amanhã será um dia melhor, vamos à praia! Não é que todos os habitantes da cidade e arredores tiveram a mesma ideia? As sombrinhas, de tão juntas, obrigam-nos a partilhar visual e auditivamente as vidas uns dos outros. Inteiramo-nos das mazelas da avó da sombrinha de trás, do relato de futebol da sombrinha do lado, e quando o bebé da sombrinha da frente desata a berrar achamos que o melhor é ir caminhar à beira mar. A amiga que não vemos há muito tempo também vem. Enquanto caminhamos - fala, fala, fala, fala - conta tudo o que ficou por dizer ontem, à mesa de jantar. Chego a casa e dou por mim a constatar que estive na praia e não ouvi o mar. *** Relendo o que escrevi apercebo-me que posso dividir estes horrores sonoros em 2 categorias: os ruídos evitáveis e os não evitáveis. Nesta última secção encontram-se os motores de combustão, por exemplo, que não se transformarão em silenciosos motores eléctricos ou a hidrogénio por um passe de mágica. Na categoria evitáveis estão todas as actividades de animação e entretenimento - bastaria não as fazer acontecer! - mais as nossas conversas de chacha, com maior ou menor volume, totalmente prescindíveis. Indo um pouco mais fundo, ou talvez criando uma categoria mais subtil teríamos o a evitar e nela incluiríamos todos os nossos pensamentos tóxicos e a contínua ruminação mental patente na maioria de nós. *** Na origem, a filosofia surgiu na forma da oralidade. Sócrates interpelava as pessoas que encontrava ao passear pelo mercado; nunca escreveu. Platão, que tanto escreveu, falou-nos persistentemente das limitações da escrita (veja-se a Carta Sétima, por exemplo). A sua vasta obra permanece intimamente ligada à conduta oral, na forma de diálogo. Apenas a dialógi-

ca possibilita ao discípulo descobrir a verdade por si mesmo na interacção entre perguntas e respostas, e permite também ao mestre adaptar o seu ensino às necessidades do educando. Com o tempo, a sensibilidade sonora foi sendo erradicada da filosofia ocidental e o filosofar oral foi depreciado. A Academia considerou que o som da voz e a essência do som como movimento deviam ser sacrificados em favor da sustentação do pensamento através da escrita. Porém, o som é muito mais para o discurso do que um meio de transporte passivo. Através do som articulado da fala, podemos ouvir-nos uns aos outros pensar. Ouvir, como observou Hegel, é um sentido corporal, interior e transitório, radicalmente diferente da clareza, estabilidade e fria inércia do mundo visual. Ouvir, lembra Burrows, é ser tocado e envolvido, e a voz é o limiar entre o eu e o outro. *** No Café Filosófico os participantes encontram-se presencialmente, ou on-line, ou em formato misto. A reflexão surge tendo por base estes artigos que publico mensalmente aqui, no Cultura.Sul. Reunimo-nos para pensar juntos. O acto de pensar é, normalmente, privado. O pensador tem por hábito retirar-se da actividade social. No Café Filosófico, os participantes resistem conscientemente a esse impulso, procurando evitar a habitual insularidade do pensar. Reflectir em conjunto exige coordenação e sensibilidade ao tempo do outro: esperar que a opacidade de uma ideia se dissipe, qual neblina, para que possamos passear juntos pela mesma paisagem filosófica. O que fazemos é ouvir-nos uns aos outros. Ouvir é participação, enfatizando a semelhança com a fonte e não a diferença em relação a ela. E falar são também as pausas, a respiração entre as palavras, os silêncios. Sendo por definição um espaço de encontro informal, o Café Filosófico acontece em locais públicos, abertos a qualquer um que queira participar. Há 7 anos que ando a fugir do ruído e das “animações” destes sítios, buscando um lugar vazio e silencioso, mas fértil de possibilidades, como a clareira de um bosque. Juntos queremos resgatar o som do pensamento. Próximo Café Filosófico: 24 de Junho às 18:30 Hotel AP Maria Nova Lounge Inscrições para o Café Filosófico: filosofiamjn@gmail.com * A autora não escreve segundo o acordo ortográfico PUB.


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FIOS DE HISTÓRIA

A Última Nau FOTO D.R.

RAMIRO SANTOS Jornalista ramirojsantos@gmail.com

M

ultidões eufóricas esperavam-no em ambiente festivo: tocavam os sinos das igrejas, soavam trombetas e foguetes. Dançava-se nas ruas e abriam-se as janelas para o ver passar. Nesse ano de 1573, em todas as vilas e lugares por onde passou foi recebido em clima de apoteose. Foram 43 dias em contacto com o povo e o país real. D. Sebastião alimentava o sonho da heroicidade e da expansão em África. Conquistar Marrocos era a sua ambição maior. E a rodeá-lo, um grupo de jovens confidentes que o empurravam para a aventura. E para o desastre. E esta jornada que o trouxe ao Alentejo e ao Algarve era já o prenúncio de uma nova operação de mobilização de gentes e de vontades, depois da campanha em falso no ano anterior. Partira el rei da cidade de Évora, sexta -feira, pelas dez horas do segundo dia do mês de janeiro. Saiu pela porta do Rossio ao som das trombetas, atabales e charamelas. Entre moços fidalgos da sua Casa e confiança, D. Sebastião leva vestido - assim o descreve o cronista João Cascão – “gabão e roupeta e calças de racha cor de rosmaninho, e chapéu alto pardo”. Trajo pouco apropriado para o mau tempo - chuva, lama

e vendaval -, que se fazia sentir e pelos ruins caminhos que havia de apanhar. Ainda assim, o entusiasmo do povo crescia à medida que soava a notícia da sua chegada a cada lugar. E o que mais tocava aquela gente - avança o cronista - era a »simplicidade do rei falando com todos, embora esquivo no contacto com as mulheres e acomodando-se resignadamente a toda a espécie de alojamentos, mesmo os mais desconfortáveis«. Em S. Pedro das Cabeças, por exemplo, onde se terá travado a batalha de Ourique que El-Rei fez questão de visitar, a comitiva foi recebida por um temporal que arrastou cavaleiros, carroças e animais pelas ribeiras, que saindo do leito, transformavam os campos num imenso mar de água e lodaçal. E em Almodôvar chovia tanto dentro das casas como na rua. Passado o Alentejo, a 21 de janeiro já estava em Lagos que elevou à categoria de cidade. Nessa quarta-feira, ouviu missa na ermida de Nª Sra da Piedade e tomou depois a estrada para Sagres e Cabo de S. Vicente, onde visitou o convento e a vila do Infante. No percurso de regresso, foi sendo recebido e aplaudido por »muita gente de cavalo e a pé«. E num passeio de barco entre Portimão e Alvor, »do mar veio dar-lhe obediência uma muito grande baleia«, que suscitou o comentário de um homem do mar que seguia no bergantim real: »até

os peixes lhe vinham fazer festas«. Percorreu o Algarve de lés a lés, demorando-se mais em Lagos, Loulé, Faro e Tavira. Mas não esqueceu Monchique, que desejou elevar à categoria de vila e concelho, não o tendo concretizado devido à forte oposição de Silves, onde esteve logo de seguida. A 28 de janeiro, já em Albufeira, deu entrada pela principal rua da aldeia que »de uma banda e de outra, estava cheia de gente e às janelas algumas moças bem parecidas«. Como de costume »houve dança de folias de homens e uma dança de meninas pelo que depois o rei foi até à igreja Matriz«. À tarde foi de barco ver a costa e no desembarque tinha a recebê-lo Rui Barreto, que »de Quarteira lhe veio a Albufeira beijar a mão«. Ainda teve tempo para ir às lebres e na quinta feira, dia 29, partiu para Loulé, passando antes por Quarteira, quinta de Rui Barreto, onde no pátio das casas onde se recolheu lhe »correram umas vaquinhas e um touro«. Logo depois, pôs-se el-Rei a cavalo e »foi a uma caçada de porcos ou javalis e alguns veados«. Acabada a montaria, o monarca foi recebido a caminho de Loulé pelo Juiz da vila com perto de 100 cavalos, que »fizeram salva de arcabuzaria«, passando a Loulé onde pernoitou no castelo. No dia anterior à partida para Faro, »fez mercê da alcaidaria-mor de Loulé a Gonçalo Nunes

Barreto que era governador da vila«. Na capital do reino, numa sexta-feira, dia 30 de janeiro, foi a comitiva recebida em festa às portas da cidade e junto à igreja de S. Pedro »fizeram-lhe um arco de madeira, a modo de porta, muito formoso, soberbo e bem concertado de panos de seda». Seguiram-se os pedidos feitos em nome da »rainha vossa avó” que era Senhora da cidade. Nas muitas cerimónias organizadas em sua honra, entregou-lhe o alcaide-mor as chaves da cidade e os »vereadores receberam-no com um pálio de damasco estrangeiro encarnada». O rei ouviu missa no mosteiro de de Nª Sra da Assunção e depois de uma corrida de touros a pé e a cavalo, os quais viu numa das janelas dos seus aposentos, meteu-se num bergantim com o estribeiro mor e Rui Barreto e foi ver a Torre das Vigias, a barra e a ilha que está no próprio rio«. No último dia do mês, depois de ouvir missa na Ermida de Sto António e de voltar ao convento das freiras, pelas dez horas, partiu em direção a Tavira. O primeiro sinal de festa,

deste percurso, foi à igreja de Nª Senhora da Luz e chegado a Tavira foi recebido pelos vereadores, seguindo-se um desfile »por uma rua muito comprida (...) e às janelas muitas mulheres moças (...) e algumas deitavam à comitiva água de cheiro, e a rua estava tão cheia de gente, assim da terra como de castelhanos, que vieram ver a El-Rei de Aiamonte que não havia poder romper«. Sempre com grande pormenor descritivo, o cronista acompanha o resto da jornada por Castro Marim, Aiamonte e Alcoutim. Daqui, subiu ao Alentejo tendo fechado o périplo real em Vila Viçosa, a 14 de fevereiro, ou seja, 43 dias depois. De entre todos, D. Sebastião foi o rei que mais vezes visitou o Algarve. Por todo o lado havia festas e arraiais, corridas de touros, jogos de cartas e caçadas ao javali. Pelas ruas era o alvoroço e todos o queriam ver e tocar. Anos mais tarde, a 26 de julho de 1578, Lagos voltou a ser o cais de partida, desta vez, para a aventura que deitaria tudo a perder. Uma armada formada por 800 navios e um exército de 15 a 23 mil homens - incluindo nobres, cavaleiros, soldados, mercenários e aventureiros -, zarpou em direção a Cádiz e depois a Marrocos. Nada correu bem: contratempos imprevistos, falta de planeamento estratégico, desconhecimento do terreno e impreparação dos soldados. Mais o calor, a fome, a sede e a desproporção de forças entre as hostes oponentes. Tudo junto, conduziram o exército português, esgotado e cansado, à tragédia e a um balanço fatal: 8 mil mortos e muitos milhares de prisioneiros. A jovem nobreza portuguesa e do Algarve que o acompanhou, ficou praticamente dizimada. Perante a derrota que se tornara inevitável, o rei fizera ouvidos surdos às últimas tentativas de outros nobres para aceitar a rendição. Resolveu não acatar os conselhos e atirou simulando coragem: »Morrer sim, mas devagar!(1)« Na poeira do deserto caiu o sonho e o rei com ele. O país logo a seguir. “Foi-se a última nau, ao sol aziago(2)” – assim falou o poeta.

Referências e citações: (1) in »História de Portugal«, Oliveira Martins, 1879; (2) in »Mensagem«, F. Pessoa, Europa América, 2ª edição.

NOTA Com esta crónica, termina esta fase de colaboração quinzenal-

mente regular, do jornalista Ramiro Santos, durante os últimos dois anos. O POSTAL agradece a disponibilidade demonstrada por este nosso colaborador, que foi muito para além do compromisso desinteressadamente assumido. Havemos de voltar a ver-nos um dia destes.


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MAS AFINAL O QUE É ISSO DA CULTURA?

O Algarve de Costa-a-Costa:

Tavira, D. Paio e os Sete Cavaleiros FOTOS PAULO LARCHER/ D.R.

PAULO LARCHER Jurista e escritor

O

s comboios que servem Tavira param numa estação excelentemente localizada. Foi dela que numa bela manhã saímos para a praça, saudando de passagem o soldadinho que se despede não de nós mas da moçoila (namorada?, irmã?…) que lhe acena da rotunda num eterno e brônzeo adeus. Dessa praça fronteira à estação partem quatro ruas: dessas, uma leva aos altos da cidade onde bate o seu coração mais antigo, outra dirige-se suavemente para o centro cívico e o dolce far niente do turismo. Foi por esta que marchámos. Está uma temperatura de Verão. “De ananazes”, na expressiva frase do Eça, mas a bela luz de Tavira tudo faz perdoar como dizia Raul Brandão: “A luz, essa sim, é que é admirável: Uma luz animal que estremece e vibra como as asas de uma cigarra”(1). Tavira é pois o tema desta crónica. Uma Tavira que foi fenícia, romana e moura e que em 1242, pelo braço castigador de D. Paio Peres Correia, Mestre da Ordem de Santiago, se tornou

portuguesa, gerando a lenda local conhecida por os Mártires de Tavira, com direito a festa anual e tudo. - Está uma caloraça dos diabos! queixa-se de repente o António(2), no esforço de subir a íngreme Calçada dos Sete Cavaleiros, mas vida de cronista é mesmo assim: quente ou frio, seco ou húmido, lá vai ele em busca da identidade, da frase que caracterize com precisão o lugar e lhe capte o espírito. Estava mesmo muito calor, tanto mais que uns minutos antes nos tínhamos sentado a repousar numa sombreada esplanada ocupada por turistas de todos os calibres, onde éramos os únicos a usar calças compridas, contrariando a vetusta observação do Manuel da Fonseca - um dos nossos guias espirituais nesta peregrinação algarvia: “Em frente da câmara, as duas esplanadas dos cafés estão cheias de uma gente recatada e bem vestida. Não têm a menor parecença com turistas.”(3) Pois é, os tempos mudam, penso com os meus botões enquanto subimos a rua escorregadia. Procuro com o olhar aquilo que aqui nos traz: as Igrejas de Santa Maria do Castelo e da Misericórdia, porque tenho uma tese que quero provar utilizando estas duas evidências apenas(4). A tese é a seguinte: a religião (pelo menos naqueles tempos da reconquista), não ensinava o bem mas o seu contrário, se bem que disfarçado em roupagens de pura hipocrisia. Tenha o leitor em atenção que atrás de mim o António vai perorando: que nada daquilo é cultura, que cultura é admirar o lindo rio, é perscrutar a fachada dos prédios em busca de detalhes airosos, é estar atento às raparigas bonitas que passam, é saborear um bom petisco e por aí fora… Mas eu teimo em querer contar a história dos Mártires de Tavira. Em linguagem telegráfica é seguinte: D. Paio Peres Correia, mestre da Ordem de Santiago, conquista Cacela;

tempos depois, sete freires vão inadvertidamente fazer falcoaria para uma zona demasiadamente perto do castelo de Tavira, propriedade moura; logo lhes vem ao encontro uma força militar que limpa o sebo aos dignos freis-cavaleiros; D. Paio, mal soube do acontecimento, revoltado com a tremenda afronta, acorre com os demais cavaleiros monges e ataca Tavira, vence as forças inimigas, penetra na cidade e liquida, um a um, todos os seus habitantes, combatentes ou não, num delírio de vingança. Quem serão afinal os mártires de Tavira?, pergunto-me eu, a sete séculos de distância… Pois então, no cima da colina onde assenta a Igreja de Santa Maria do Castelo sobre as ruinas da mesquita moura, irei ter (espero eu) uma primeira visão do sepulcro pétreo dos sete cavaleiros. Vou rezando aos meus santinhos para não nos acontecer como ao Nobel Saramago que deu com o nariz na porta da dita igreja: “Daqui [o viajante] foi até Tavira, aonde terá que voltar outro dia se quiser ver o que trazia na ideia: o Carmo, Santa Maria do Castelo, a Misericórdia, S. Paulo […]”(5). Felizmente uma excelente organização - Artgilão Tavira - que hoje em dia gere os fluxos turísticos nalguns monumentos da cidade, acolheu-nos com uma simpatia exemplar, mostrou-nos os trabalhos de restauro em curso na igreja, permitiu que fotografássemos o sepulcro dos cavaleiros e a putativa lápide funerária de D. Paio e (mais importante ainda sopra-me o António…) fez questão de nos oferecer uma garrafa de um vinho recém lançado que se chama como? Não adivinham? Pois chama-se exactamente: “Sete Cavaleiros do Castelo”! Faltava-nos visitar a Igreja da Misericórdia para provar a tal tese de que vos falei, a de que a Igreja naqueles tempos fazia lembrar Frei Tomás: “Faz como ele diz não faças como ele faz”. De facto, na original e elegantíssima Igreja da Misericórdia (só ela já justifica uma visita a Tavira), o revestimento parietal é todo feito de belíssimos azulejos oitocentistas representando as catorze Obras de Misericórdia. Corria-as todas, tentando encontrar uma que incitasse ao massacre impiedoso dos inimigos ou sequer que o referisse ou desculpabilizasse mas nada, nada mesmo. É que, vamos lá ser francos, trucidar os inimigos, mais as suas mulheres e os seus filhos, e os velhos e os cães e gatos, até se pode compreender no desvario de uma refrega, mas fazer disso moti-

vo de orgulho e festa não consigo compreender. A guerra é sempre um retrocesso da humanidade e devemos ultrapassá-la e não festejá-la. Quem não se está a lembrar agora, ao ler estas linhas, dos sangrentos episódios da nossa vizinha, digamos assim, Ucrânia? A guerra acontece, pois, e devemos honrá-la mas nunca celebrá-la. É a minha opinião, claro. Outras haverá.

- Achas mesmo que a tua tese sobre a hipocrisia humana carecia de demonstração? - pergunta muito irónico o António.

Via-se bem que ele não estava muito interessado numa resposta, pelo que meti a viola no saco e olhando o pacífico Gilão que brilhava aos nossos pés, dei um valente trago no meu Sete Cavaleiros do Castelo e, ao fazê-lo, veio-me à memória o nosso amado Manuel da Fonseca quando cinquenta anos atrás, fitando talvez este mesmo rio, ele pensou: “Sob o céu cor de cobre, os arcos da ponte, desenhada no espelho parado da água, olham espantados para a foz, sonhando tempos antigos.”(6). (1) Guia de Portugal, Estremadura, Alentejo, Algarve, edição da Biblioteca Nacional, Lisboa, 1927 . (2) António Homem Cardoso, fotógrafo e amigo, que me acompanha neste trajecto do Algarve Costa-a-Costa. (3) Manuel da Fonseca, Crónicas Algarvias, Editorial Caminho, 2ª ed., Lisboa,1986, p. 87. (4) Veja bem o leitor que me defendo bem não caindo na armadilha de pretender visitar as vinte e muitas igrejas de Tavira, cujo número exacto, aliás, é ainda hoje fonte de muita controvérsia. (5) José Saramago, Viagem a Portugal, Editorial Caminho, 2ª ed., Lisboa, 1985, p. 221 (6) Manuel da Fonseca, Crónicas Algarvias, Editorial Caminho, 2ª ed., Lisboa,1986, p.88


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ESPAÇO ALFA

Sobre a fotografia minimalista

SAÚL JORGE LOPES Membro da ALFA - Associação Livre Fotógrafos do Algarve

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FOTO D.R.

ão histórias contadas por imagens que despertam emoções, mas despidas de elementos e capazes de desencadear um forte impacto visual. Fotografia exigente na mobilização e participação de quem vê. Faz apelo ao uso e abuso da criatividade Uma fotografia de sugestão pela ausência ou redução dos elementos figurativos presentes na imagem. A criação ou utilização do espaço negativo amplia a visão do que nos rodeia. É uma fotografia de realce do detalhe, que obriga a uma composição, com foco no essencial. Utilização do contraste e o realce das texturas confere-lhe dimensão. Linhas que conduzam o olhar, definam planos ou espaços, simetrias ou elementos repetitivos, fazem parte integrante da sua estrutura conceptual. Tudo em harmonia vai permitir criar ou sugerir uma atmosfera capaz de construir uma história. Uma fotografia que permita que o fotógrafo e o observador se identifiquem e assumam o essencial do momento registado. Exige uma aprendizagem permanente acrescentando ao nosso trabalho rigor e inovação.

ESPAÇO AGECAL

Culturas: de guerra e de paz JORGE QUEIROZ Sociólogo, sócio da AGECAL

“Os governos têm função primordial na promoção e no fortalecimento de uma Cultura de Paz”. Artigo 5º da Declaração sobre uma Cultura de Paz, ONU 13 de setembro de 1999

A

história da humanidade evidencia uma permanente e incessante luta de grupos pelo domínio e alargamento de territórios e apropriação de recursos. Quais as causas? A origem das guerras tem motivado investigação em diversas áreas

disciplinares, surgiram teorias filosófico-morais e religiosas, biológicas sobre selecção e sobrevivência (Lorenz), demográficas centradas na sobrepopulação (Malthus), económicas que analisam a apropriação da riqueza por grupos dominantes, culturalistas centradas na transmissão e ritualização de comportamentos, psicossociológicas sobre os instintos agressivos e patologias ligadas ao exercício do poder. Toda a relação social é cultural, consubstanciada em valores. O ser humano não é naturalmente bom ou naturalmente mau, a educação e cultura determinam as concepções da vida social, a relação com os outros, o conflito e a cooperação. O antagonismo e o conflito surgem quando grupos humanos desejam os mesmos recursos. A palavra tem

nesses contextos função decisiva, Lord Bertrand Russel aconselhava a evitar discursos públicos emotivos. Formas de organização dos sistemas políticos podem prevenir ou evitar a concentração de poder num individuo ou grupo. Actuar preventivamente sobre as causas dos conflitos é desenvolver valores de paz. Sociedades educadas para a competição, interna e externa, não só consideram normal a desigualdade social, as supremacias nacionais, económicas, sociais e raciais, como são estruturadas para a exclusão e o uso da agressividade. As culturas de guerra e de paz estão em oposição, patentes na luta de Ghandi pela descolonização e independência da India, de Mandela na Africa do Sul para acabar com

o “apartheid”, ambos apelaram à resistência pacifica e alteraram situações de injustiça. A Europa do humanismo, do património e das artes, das obras e monumentos que atraem milhões de visitantes, é também uma Europa belicista. Ocorreram no continente devastadoras guerras entre impérios, movimentos civis e religiosos, no século XX duas guerras provocaram no mundo 38 milhões de mortos (1914-18) e 72 milhões (1939-45). A Europa nunca foi ou sequer é uma unidade cultural, linguística ou religiosa. O continente possui 50 Estados, com percursos históricos, conflitos étnico-culturais, de fronteiras e por recursos, preferível seria um modelo de integração inclusivo, imune a blocos geopolíticos e militares, privilegiando ambiente,

economia, cultura e ciência. A desvalorização das culturas é um rastilho, discursos de superioridade moral, cultural e económica separam os povos, humilham outros e dificultam relações de paz.. A cultura da paz, compreendida e usada nas políticas publicas e na diplomacia, induz vantagens económicas, ambientais e de desenvolvimento social. Os acontecimentos que vivemos justificam reflexão e discussão aberta, sem preconceitos ideológicos, em particular sobre as causas das guerras, o armamentismo como doutrina geopolítica e de mercado, o papel dos media e da cultura, as fragilidades do sistema alimentar global. * O autor não escreve segundo o acordo ortográfico PUB.


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Entrevista a Richard Zenith sobre Pessoa: U “Pessoa, por mais desdobrado que fosse, por mais dispersado e repartido entre ‘outros eus’, era apenas um ser humano”

Richard Zenith passou décadas a estudar a obra pessoana e a reunir documentação para reconstituir a vida do poeta FOTO RICARDO LOPES / D.R.

P Quando lemos o título Pessoa. Uma biografia é impossível não pensar, primeiro, que há um jogo com o artigo indefinido. O leitor deve associar este Uma a um trocadilho com as várias vidas de Pessoa, multiplicado nos seus heterónimos, ou apenas ao facto de que toda a biografia é sempre passível de uma futura revisão?

“A vida imaginária de Pessoa era como que infinita” PAULO SERRA Doutorado em Literatura na Universidade do Algarve; Investigador do CLEPUL

A

primeira edição em portug u ê s Pe s s o a : Um a Biografia, de Richard Zenith, chegou às livrarias a 19 de maio. Publicado numa belíssima edição de capa dura da Quetzal, e ilustrada com fotografias, este assombroso livro com quase 1200 páginas, publicado nos EUA e na Grã-Bretanha em 2021, chega-nos agora com tradução de Salvato Teles de Menezes e Vasco Teles de Menezes. O mais completo trabalho biográfico sobre Fernando Pessoa até hoje, foi escolhido como um dos melhores livros de 2021 por prestigiadas publi-

cações anglo-saxónicas, como o The New York Times. E, claro, finalista do Prémio Pulitzer 2022 – o que só por si é um grande mérito. A biografia está belissimamente escrita. A prosa, erudita e clara, arrebata-nos. O biógrafo adota um tom muito próximo do narrativo, pelo que esta Uma biografia, lê-se com o arrebatamento próprio de um romance. Ao lermos sobre a vida de Pessoa, contactamos também com um completo retrato da viragem do século XIX e início do século XX. Richard Zenith passou décadas a estudar a obra pessoana e a reunir a imensa documentação que lhe permitiu reconstituir a vida do poeta. Fernando Pessoa nasceu em Lisboa num dia de Santo António – 13 de junho de 1888 –, e foi também nesta cidade, de que nunca se afastou durante a idade adulta (depois de passar os seus anos de infância e juventude

em Durban), que o poeta faleceu, aos 47 anos, no dia 30 de novembro de 1935. Na altura da sua morte, quase ninguém tinha lido um único poema seu. Na sua famosa arca de papéis soltos deixou um extraordinário legado literário, filosófico e espiritual; um verdadeiro quebra-cabeças ainda por montar. Richard Zenith, autor norte-americano naturalizado português, radicado em Portugal há mais de 30 anos, é escritor, tradutor, investigador, e um dos mais destacados especialistas (nacionais e internacionais) da vida e obra pessoanas. Presenteia-nos agora com aquele que é, certamente, o livro do ano, possivelmente da década. P O Richard adopta aqui um tom muito próximo do narrativo, pelo que esta Uma biografia prende-nos como um romance. Não se coíbe aliás, de inserir um

“certamente” ou “muito possivelmente” para escrever o que considera poder ter acontecido, criando cenários possíveis, sem exatamente fantasiar. Chega a tecer quem Pessoa teria sido, se tivesse ido viver para Inglaterra, como quase aconteceu… Este tom narrativo chegou-lhe naturalmente como parte do processo de reconstruir uma vida? R O tom narrativo foi-me surgindo por uma necessidade. Biografar é contar a história de uma vida. Uma miscelânea de factos não faz uma história. Têm de ser narradas com arte e sensibilidade, que espero ter adquirido graças ao meu longo contacto com Pessoa. Sim, há pinceladas do “muito provavelmente” ou “ao que parece”. Tive o cuidado de sempre indicar aos leitores quando não há bem certeza deste ou daquele pormenor.

R Por um lado, queria realçar que Pessoa, por mais desdobrado que fosse, por mais dispersado e repartido entre “outros eus”, era apenas um ser humano. A biografia é sobre uma vida – uma vida, é certo, bastante invulgar. Por outro lado, não existem biografias definitivas e não apenas por serem passíveis de futuras revisões. Qualquer biografia é apenas uma maneira de contar a vida em causa. Haverá sempre outras maneiras.

Autor é um dos mais destacados especialistas, nacionais e internacionais, da vida e obra pessoanas FOTO HANMIN KIM / D.R. P É surpreendente como, para usar palavras suas, um homem «vulgarmente conhecido como “o Pessoa”, não parecia haver pessoa nenhuma, apenas poemas e personae» (p. 21). No entanto, esta reconstrução da vida e obra do poeta estende-se por mais de 1000 páginas. Isto deve-se a num tempo de vida >


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LETRAS & LEITURAS

Uma Biografia «comentários políticos, textos históricos, tratados sociológicos» (p. 23).

pessoa pode ser visto como uma mostra de humilde subjetividade?

R Uma pessoa desligada e distanciada está assim em relação a um certo mundo. Esse mundo faz parte do filme; ajuda-nos a visualizar e perceber o tipo e o grau do distanciamento. E Pessoa — embora profundamente afastado do mundo num certo sentido — estava ao mesmo tempo muito atento a tudo que acontecia ao redor dele. Era um leitor assíduo de jornais e escreveu com paixão sobre os assuntos do dia, incluindo, por exemplo, centenas de páginas sobre a primeira guerra.

R Não é bem isso. Deixando-me surgir em primeira pessoa, pontualmente, ao longo do texto, eu queria recordar aos leitores que, num certo sentido, estou ao mesmo nível deles, compartilho com eles a experiência de descoberta e surpresa.

“Pessoa era dotado de uma inteligência invulgar que se manifestou cedo”

O escritor foi finalista do prémio Pulitzer 2022 FOTO HANMIN KIM / D.R.

> terem cabido muitas existências? R Muitas existências, mas também muitíssimos interesses e uma curiosidade em fermento permanente. A vida imaginária de Pessoa era como que infinita. P A forma como ao longo da biografia se refere a Fernando, quando jovem, e Pessoa, como autor, foi premeditada ou terá acontecido naturalmente essa cisão? R Naturalmente. Foi uma maneira, entre outras, de aproximar-me – e de aproximar os leitores – ao biografado nas suas diversas idades. P Curioso aliás como decide abrir a biografia com a lista das «Dramatis personae», isto é, as dezenas de heterónimos ou autores fictícios criados por Pessoa. No entanto, refere ainda que aqui contempla-se a «maior parte». Será possível chegar eventualmente a um número preciso? Haverá ainda grandes revelações na arca de Pessoa? R Acho que não vale a pena contabilizar o número exacto de heterónimos e outros autores fictícios. Houve mais

de cem nomes a que Pessoa contemplou atribuir alguma tarefa literária. Por vezes eram realmente apenas nomes, sem nenhuma espessura biográfica. Há duas ou três dezenas de autores fictícios com uma obra que, pequena ou grande, é de algum modo significativa. Maria José, por exemplo, é autora de uma única carta de amor, mas é fascinante. Há ainda muitos papéis da arca por publicar e alguns deles podem esclarecer o nosso entendimento de Pessoa enquanto pensador político e espiritual. Grandes revelações? Não me parece, mas posso estar enganado. Pessoa tem uma rara capacidade de surpreender na sua vida post-mortem. P Quer fale de Durban quer fale de Portugal, a contextualização do mundo e do tempo de Pessoa ocupa-lhe várias páginas, o que aproxima esta biografia de um portentoso retrato do final do século XIX e do início do século XX. Ainda que o poeta pareça desligado e distanciado do mundo que o rodeia, este magnífico fresco ajudou-o a compreender melhor a obra de Pessoa? Afinal ele foi também um brilhante ensaísta, e autor de

P Da mesma forma, sendo um estrangeiro ainda que radicado em Portugal, há mais de 30 anos, parece tornar possível uma imodéstia na forma como elogia Pessoa, comparando-o a «poetas tão distintos como Virgílio, Petrarca, Dante e Shakespeare» (p. 159). Da mesma forma que quando descreve Lisboa, o faz como um recém-enamorado. Acha que esta perspetiva a partir de fora coloca, paradoxalmente, Pessoa e a sua cidade na justa perspetiva? R A sua citação está truncada. Compa-

ro Camões, não Pessoa, com Virgílio,

Petrarca, Dante e Shakespeare. Comparo Pessoa com modernistas do calibre de Eliot, Pound, Musil e Yeats. Creio que o meu alto apreço pelo biografado é objectivo, justo. Vale a pena frisar, também, que não considero tudo que Pessoa escreveu genial e não me coibi de abordar aspectos do homem menos agradáveis, como a sua misoginia, um certo racismo, um certo elitismo, um possível anti-semitismo. Quanto a Lisboa, o meu enamoramento com a cidade começou há quase 35 anos e continua até hoje. P Terminar a escrita de um livro, que é também um acutilante e decisivo ensaio sobre o conjunto da obra do autor, com a vida como pano de fundo, levou-lhe mais de 12 anos. Será seguro afirmar que sente sobretudo libertação? Ou já se prepara para novos desafios? R Acertou. Não só me preparo, já me empenho num novo desafio de escrita. Mas não quero dizer mais.

P A certa altura podemos ler que «Pessoa já estava a treinar-se atleticamente (…) para se tornar um olímpico da literatura.» (p. 211) Noutro passo, também se pergunta «Pode o génio, afinal, ser uma questão de destino?» (p. 86). Ao ler esta biografia, a questão que se impõe, logo quando Fernando revela o seu brilhantismo na escola, é: Pessoa era naturalmente um génio ou, sobretudo, empenhou-se, apesar da sua dispersão, em transformar-se num génio? R Pessoa era dotado de uma inteligência invulgar que se manifestou cedo, mas as suas obras juvenis, embora revelem preocupações e características do poeta maduro (a invenção de alter egos e escritores fictícios, por exemplo), ainda não denunciavam indícios de génio. Pessoa, de facto, preparou-se para ser um génio. Queixava-se da sua fraca força de vontade para completar obras extensas, como o seu Fausto fragmentário ou o Livro do Desassossego, mas foi por querer e insistir muito que se tornou o escritor português mais genial do século XX. P Neste seu trabalho também ele genial, não se inibe de ilustrar como é que decorreram algumas das suas descobertas, ao longo desta tarefa hercúlea. Por exemplo, quando explica como encontrou um poema inédito de Pessoa (p. 176) nas suas pesquisas numa biblioteca em Durban. Assumir-se na primeira

Obra, com quase 1200 páginas, é a mais completa biografia sobre Fernando Pessoa escrita até hoje


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CADERNO ALGARVE com o EXPRESSO

POSTAL, 17 de junho de 2022

A NÚNCIOS REGIÃO

EDITAL NOTIFICAÇÃO PARA EFEITOS DE DIREITOS DE PREFERÊNCIA Para efeitos de artigo 26º, nºs 1 e2 do decreto-Lei nº 73/2009, de 31 de Março (regime Jurídico da RAN), na redação atual e do artigo 416º do Código Civil, os proprietários do imóvel abaixo indicado (vendedores), atenta a impossibilidade de notificar os proprietários dos prédios confinantes ao referido imóvel que sejam titulares de direitos de preferência legais na venda do mesmo (Preferentes Legais) nas respetivas moradas e/ou identificar o paradeiro dos mesmos, vem comunicar por este meio aos preferentes Legais a sua intenção de procederem à venda do referido imóvel (Imóvel), expondo-se infra principais condições do projeto de compra e venda (transação projetada) para exercício dos respetivos direitos legais de preferência: 1- Imóvel, vendedores, compradora e preço: O imóvel a transmitir corresponde ao PRÉDIO RÚSTICO composto por: Alfarrobeiras, Cultura arvense de sequeiro, Oliveiras, Mato, Amendoeiras, com área de 6200m2, situado em Monte das Palmeiras, sitio do Guilhim, da União de Freguesias da Conceição e Estoi, concelho de Faro inscrito na respetiva matriz predial com o artigo nº 72, seção S e descrito na Conservatória do Registo Predial de Faro, sob o n.º 2644. Os vendedores: Nuno Miguel Soares Ricardo Graça Cláudia Isabel Carapeto do Carmo Ruivinho Graça A Compradora: Margaret Lynn Fountain O Preço: O valor de venda do imóvel é de 20.000€ (vinte mil euros) 2-Condição do negócio: o prédio rústico acima descrito vai ser vendido em conjunto com o prédio urbano sob o artigo 4286, da União de freguesias de Conceição e Estói, concelho de Faro e descrito na Conservatória do Registo Predial de Faro sob o n.º 2642, pelo preço total de € 244.000,00 (duzentos e quarenta e quatro mil euros). 3-Data da escritura: O contrato definitivo de compra e venda será realizado por escritura pública de compra e venda que será outorgada previsivelmente até ao dia 30 de junho de 2022 em dia, local e hora a acordar, ficando o agendamento a cargo dos respetivos vendedores.

ANÚNCIO VENDA DE PRÉDIO RÚSTICO NOTIFICAÇÃO PARA EFEITOS DE EXERCICIO DO DIREITO LEGAL DE PREFERÊNCIA Vêm por este meio Rudolf Berendse e mulher Angélique Louise Hildegard Berendse Romkens, casados sob o regime holandês da comunhão de adquiridos, contribuintes fiscais nº 263648001 e 263649245 respectivamente, residentes em Memeleiland 152, 1014 ZL Amerterdão, nos termos e para os efeitos previstos no disposto no nº 1 do artigo 1380º do Código Civil dar conhecimento a todos os proprietários dos prédios confinantes que é sua intenção vender o prédio misto composto por cultura com árvores e moradia com várias divisões: - o prédio inscrito na matriz predial rústica, com a área de 7.780 m2 sob o artigo 49079 Sta Catarina da Fonte do Bispo e concelho de Tavira, descrito na Conservatória do Registo Predial de Tavira sob o nº 5005/20080923- Santa Catarina da Fonte do Bispo, confrontando a norte com António Luis Matias e José Ventura, sul com Rosária de Jesus, nascente com caminho e poente com ribeiro e António Luis Matias.

LIVRO: 12 FOLHA(S): 184 TERMO: 3083

A referida compra e venda concretizar-se-á nos termos e condições seguintes: a) O identificado prédio ser vendido em conjunto com o prédio urbano inscrito na matriz predial urbana com a área de 195m2, sob o artigo 2518 da Freguesia de Sta Catarina da Fonte do Bispo concelho de Tavira. b) O preço global a pagar pelo adquirente será de € 625.000,00 (Seiscentos e vinte e Cinco Mil Euros), sendo atribuídos €555.000,00 ao prédio urbano, artº 2518 e ao artº rústico nº 49079 o valor de €40.000,00 e €30.000,00 ao mobiliário e equipamento. c) O preço será pago de uma só vez, no acto da celebração da escritura pública de compra e venda através de cheque bancário emitido à ordem dos vendedores; d) A escritura pública deverá ser realizada em qualquer Cartório Notarial no Algarve, até ao final do mês de Junho do corrente ano; e) Os custos relativos à celebração da escritura pública de compra e venda e demais despesas com a mesma relacionadas incluindo os registos de aquisição a favor do(s) comprador(es), o Imposto Municipal sobre as Transmissões Onerosas de Imóveis (IMT), Imposto de Selo (I.S) e honorários a advogado ou solicitador, serão da exclusiva responsabilidade do(s) comprador(es).

EDITAL DE CASAMENTO Cláudia Angélica Vasques Silva, Consul-Geral Adjunta do Brasil em/no(a) Faro, usando das atribuições que lhe confere o rt. 18 da Lei de Introdução ao Código Civil faz saber que pretendem casar MICAEL LOPES DE SOUZA natural de(o)(a) Brasília, Distrito Federal, Brasil nascido a 04/07/1999, residente e domiciliado no(a) Rua Nova de São Luis, 18, Faro, Portugal, Código Postal: 8000-402, nesta jurisdição consular, filho de Constantino Marques de Souza Filho e de Claudia Lopes Marques e LARISSA ALVES SANTOS natural de(o)(a) Brasília, Distrito Federal, Brasil nascida a 24/12/2000, residente e domiciliada no(a) Rua Nova de São Luis, 18, Faro, Portugal, Código Postal: 8000-402, nesta jurisdição consular, filha de Wesley Antônio de Deus Santos e de Mary Ângela Alves Santos Apresentaram os documentos exigidos pelo Art.º 1.525 do Código Civil. Se alguém souber de algum impedimento, oponha-o na forma da Lei. Lavrado o presente para ser afixado em lugar visíel da Chancelaria deste(a) Consulado-Geral. Isabel Scafura Oficial de Registro Civil "ad-hoc" (POSTAL do ALGARVE, nº 1287, 17 de Junho de 2022)

O prazo para exercício dos direitos de preferência pelos referidos preferentes Legais é de 8 dias corridos contados da publicação do presente aviso, nos termos do disposto no nº2 do artigo 416 e dos artigos 225 e seguintes do código civil, sob pena da caducidade dos respetivos direitos de preferência.

Nestes termos, devem os proprietários dos prédios rústicos confinantes pronunciarem-se sobre se pretendem ou não exercer o direito legal de preferência que lhes assiste, no prazo máximo de 8 (oito) dias contados a partir da publicação do presente anúncio, nos termos indicados, sob pena de caducidade do referido direito de preferência, nos termos do disposto ao nº 2 do artigo 416º do Código Civil.

Informa-se ainda que os preferentes legais apenas poderão exercer o direito de preferência em relação ao imóvel cuja venda lhe confere esse direito, nos termos acima expostos para a morada dos vendedores: Rua de Santo António, n.º 87, 6º esquerdo, Faro.

Caso reúnam as necessárias condições e pretendam exercer o direito de preferência na compra e venda, deverão os interessados enviar, dentro do referido prazo, comunicação escrita para a morada da procuradora dos vendedores, Carmo Gonçalves, Rua Dr. Manuel Eusébio Ramires, nº 68, 8700-458 Olhão.

(POSTAL do ALGARVE, nº 1287, 17 de Junho de 2022)

(POSTAL do ALGARVE, nº 1287, 17 de Junho de 2022)

MARIA MARTAJOSÉ PIMENTA JOAQUIM ROSAFERNANDES CARIA

MARIA MARTA PIMENTA FR ANCISCO DOS SANTOSFERNANDES BALTA Z AR

20-06-1963 22-01-1942 05-06-2022 13-01-2022

REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL Consulado-Geral do Brasil em Faro

26-03-1936 22-01-1942 05-06-2022 13-01-2022

Agradecimento Os seus familiares vêm por este meio agradecer a todos os os que que se a acompanharam dignaram a acompanhar em vida eo nas seu suasquerido ente cerimónias à sua exéquias última morada, ou que de ou algum que demodo quallhes manifestaram quer forma, lhes manifestaram o seu sentimento o seuepesar. amizade.

Agradecimento Os seus familiares vêm por este meio agradecer a todos os que o a acompanharam em vida e nas suas cerimónias exéquias, exéquias ou que de algum algummodo, modo lhes manifestaram o seu sentimento e amizade.

SANTA LUANDA MARIA - ANGOLA - TAVIRA SANTASÉMARIA E SÃOEPEDRO SANTIAGO - FARO - TAVIRA Agência Funerária Santos & Bárbara, Lda.

PÓVOASANTA DO CONCELHO MARIA - TAVIRA - TRANCOSO SANTASÉMARIA E SÃOEPEDRO SANTIAGO - FARO - TAVIRA Agência Funerária Santos & Bárbara, Lda.


POSTAL, 17 de junho de 2022

CADERNO ALGARVE com o EXPRESSO

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É oficial, aeroporto de Faro passa a designar-se Aeroporto Gago Coutinho

Região que mais concentrou dormidas foi o Algarve, mas...

O

s dados da atividade turística em abril apontam para aumentos nas dormidas em todas as regiões do país, com o Algarve a concentrar 27,1% das dormidas, seguindo-se a Área Metropolitana de Lisboa (26,5%), o Norte (16,7%) e a Madeira (12,1%), revelou esta quarta-feira o INE. Estas foram também as regiões onde se observaram as maiores variações homólogas, sendo que no caso do Algarve, as 1.636,1 contabilizadas traduzem uma subida de 1.060%. A comparação com 2019 revelam níveis superiores na Região Autónoma a Madeira (+19,9%), Alentejo (+16,7%), Norte (+10%) e Centro (+2,5%), tendo o maior decréscimo sido observado no Algarve (-8,9%). “Relativamente às dormidas de residentes, todas as regiões, com exceção do Al-

garve (-5,6%), registaram acréscimos”, refere o INE, que acrescenta que as dormidas de não residentes registaram aumentos na RA Madeira (+11%), Alentejo (+9,2%) e Norte (+4%), enquanto o Centro (-16,8%) e a RA Açores (-16,4%) registaram as maiores diminuições. A análise por municípios revela, por seu lado, que Lisboa registou 1,2 milhões de dormidas (19,5% do total), concentrando 24% do total do país nesse período. Na comparação com abril de 2019, constata-se que os números estão ainda aquém, já que as dormidas diminuíram 3,9% (+10,9% nos residentes e -6,3% nos não residentes). Por seu lado, o município de Albufeira concentrou 10,8% do total de dormidas, atingindo 650,3 mil, o que representa uma redução de 17,8% face a abril de 2019 (-19,3% nos residentes e -16,5% nos não residentes).

E ainda...

Deputados criam linha “SOS Saúde Algarve”

Números superiores a 2019 O alojamento turístico registou 2,4 milhões de hóspedes e 6 milhões de dormidas em abril, registando crescimentos homólogos de, respetivamente, 424,6% e 548,4%, ultrapassando os níveis de 2019. Os aumentos registados em abril compram com a subida de 462,6% de hóspedes e de 540,6% das dormidas, em março. “Face a abril de 2019, registaram-se crescimentos de 1,6% e 1,1%, respetivamente”, refere o INE, realçando que é a primeira vez, desde o início da pandemia, que se registam crescimentos face ao período homólogo anterior à pandemia. “Na comparação com abril de 2019, estes números indicam que o mercado interno cresceu 15,0%, enquanto do lado dos mercados [externos] se verifica uma diminuição de 4,4%”.

Os deputados do PSD eleitos pelo círculo de Faro disponibilizam desde quarta-feira uma morada de correio eletrónico para onde todos os cidadãos podem enviar os relatos pessoais dos problemas enfrentados quando se deslocam aos serviços de saúde. Referem que a linha “SOS Saúde Algarve”, disponível através do ‘email’ sossaudealgarve@gmail.com, tem como objetivo “ouvir a população”, sendo um canal onde “cada um pode expor o seu caso de forma rápida, direta e com a certeza de que terá uma resposta”. Segundo os deputados Luís Gomes, Rui Cristina e Ofélia Ramos, a realidade no Centro Hospitalar Universitário do Algarve (CHUA) é “gritante”, com falta de clínicos nas urgências, filas de espera para consultas e cirurgias, assim como um número cada vez maior de algarvios sem médico de família.

PEDALOU DE SAGRES A VRSA PARA RECOLHER LIXO VOLTA A PORTUGAL An-

dreas Noe voltou à estrada, pelo terceiro ano consecutivo, em defesa do meio ambiente e da sustentabilidade. Desta vez, o biólogo alemão, conhecido no Instagram como The Trash Traveler (“O Viajante de Lixo”), está a percorrer o país de bicicleta para alertar para a necessidade de “valorizar todos os materiais” e de “olhar para o lixo como uma oportunidade”. “Pedalei até Sagres, depois pelo Algarve até Vila Real Santo António, depois fui até à Serra da Estrela, Chaves e Espinho”. O objetivo é chegar aos dois mil quilómetros em dois meses sem paragens, até regressar ao ponto de partida, em Cascais.

Aquisição de meios de auxílio e socorro

FOTO D.R.

O Aeroporto Internacional de Faro vai passar a chamar-se Aeroporto Gago Coutinho em homenagem ao navegador e almirante nascido em São Brás de Alportel, foi esta quarta-feira aprovado em Conselho de Ministros. “O Governo presta, assim, homenagem ao almirante Gago Coutinho, natural de São Brás de Alportel, no distrito de Faro, quando se assinala o centenário da primeira travessia aérea do Atlântico Sul, uma das maiores proezas da história da navegação aérea”, disse o secretário de Estado da Presidência do Conselho de Ministros, André Moz Caldas, em conferência de imprensa. A proposta, aprovada em várias assembleias municipais de autarquias do Algarve, surgiu de um movimento de cidadãos que considerava que a estrutura, inaugurada em 1965, deveria ter o nome do almirante que, em 1922, em conjunto com o aviador Sacadura Cabral, fez a primeira travessia aérea do Atlântico Sul no hidroavião “Lusitânia”. Em fevereiro de 2020, a Assembleia Municipal de São Brás de Alportel, de onde a família do antigo oficial da Marinha é natural, aprovou por unanimidade uma moção na defesa da atribuição do seu nome ao Aeroporto Internacional de Faro. “Pretende-se prestar homenagem ao passado e perspetivar o futuro, com a atribuição ao equipamento de maior relevo para o turismo e para a abertura ao mundo da região algarvia, de um nome de patrono com raízes familiares que ascendem a terras algarvias e cujo mérito transcende as fronteiras do país para abraçar o mundo”. A esta moção, dirigida ao primeiro-ministro, ministro das Infraestruturas e da Habitação e ao diretor do Aeroporto de Faro, seguiram-se outras de várias autarquias do Algarve. Para a travessia, realizada há exatamente 100 anos, Gago Coutinho e Sacadura Cabral testaram um processo inovador para conhecerem a posição de uma aeronave no alto-mar, baseando-se nas técnicas de navegação astronómica usadas a bordo dos navios. Para a observação da altura dos astros usaram o sextante, no entanto, para poderem observar os astros em situações em que a linha do horizonte não estivesse visível, Gago Coutinho adaptou um sistema de horizonte artificial a um sextante clássico, aparelho que viria a ser usado para a navegação aérea nas décadas seguintes. Nascido em 1869, Carlos Viegas Gago Coutinho foi nomeado diretor honorário da Academia Naval portuguesa em 1926, e distinguido como piloto aviador, tendo-se retirado da vida militar em 1939. Viria a morrer em 1959, tendo ficado conhecido internacionalmente pela primeira travessia aérea do Atlântico Sul, que ligou Lisboa ao Rio de Janeiro. [Ler pág. 8]

PELA PRIMEIRA VEZ, ATIVIDADE TURÍSTICA ULTAPASSOU OS NÍVEIS DE 2019

A Câmara de Lagos atribuiu um subsídio de 303.000 euros à Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários para aquisição de uma embarcação para a unidade de salvamento aquático e de um veículo urbano de combate a incêndios. A verba atribuída permitirá equipar aquela unidade da associação humanitária com os equipamentos necessários “para que os elementos humanos já existentes possam ter uma resposta pronta e qualificada”. Por outro lado, a área da prevenção e combate a incêndios urbanos fica a partir de agora “um pouco mais facilitado com a aquisição de um novo veículo com a valência de salvamento em desencarceramento”.

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Carvoeiro espera 30 mil pessoas em festa

Distribuição quinzenal nas bancas do Algarve

Prof. Joana Baltazar

/Ballet clássico /Contemporâneo /Estilo Livre, Hip Hop (danças urbanas) /Sapateado /Danças do Ventre

19 de

junho

Tiragem desta edição

8.551 exemplares

A escola d' Dance Company irá participar nas competições: 19 junho, Pavilhão Eduardo Mansinho em Tavira e 24 de Setembro no Teatro Tempo, em Portimão. Nós estilos contemporâneo, sapateado e hip Hop.

facebook: D'Dance Company | Instagram: d_dance_company | site: www.ddancecompany.com Campo Mártires da República, nº20 G, 8800-378 Tavira (Ginásio Espaço d’Elite)

POSTAL regressa a

8 de julho

Lagoa espera "mais de 30.000 pessoas" para uma festa que marca o início do verão, na Praia do Carvoeiro. No sábado, este evento regressa depois de uma interrupção de dois anos. A autarquia pede às pessoas que se vistam de preto e branco para a festa “Carvoeiro Black&White”, que é de entrada gratuita e contém oito palcos, onde vão ter lugar os mais variados espetáculos, a partir das 18:00. Uma linha regular de autocarros gratuitos vão assegurar a ligação entre o Carvoeiro e os vários estacionamentos previstos em Lagoa.


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