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Interdita venda na distribuição quinzenal com o jornal

IMPRESSORAS MULTIFUNÇÕES A PARTIR DE

4 de fevereiro de 2022

Sobe & Desce P4 e 5

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Diretor: Henrique Dias Freire Quinzenário à sexta-feira

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E ainda Falta de água no barlavento algarvio já é muito preocupante

Medidas urgentes para combater a falta de água para as culturas de regadio tornou-se urgente. Prevêem-se “grandes complicações” para a próxima campanha agrícola, devido à seca extrema e falta de água nas barragens. P4

Mais de 200 vagas do Jupiter Hotel Group para preencher no Algarve

ENTREVISTA EXCLUSIVA AHETA

Orçamento grátis em: www.hpz.pt

Hélder Martins quer marcar ‘virar de página’ pós-pandemia

P12 e 13

Resultados das Eleições Legislativas: por concelho e deputados

Ofertas em áreas tão distintas como cozinha, pastelaria, bar, serviço de mesa, housekeeping, receção, spa, compras assim como várias oportunidades de carreira para cargos de chefia e supervisão dos vários departamentos mencionados. P2

Lembrem-me sempre como um algarvio marafado

CONCURSO “ÁGUA JOVEM” JÁ TEM INSCRIÇÕES ABERTAS P5

FARO No Algarve, os socialistas reforçaram a sua votação e mantiveram cinco

deputados. O PSD elegeu três parlamentares e o Chega conseguiu eleger o

seu primeiro deputado por Faro graças aos 12,29% dos votos obtidos. P7 a 11

“Eu estou mal e isso permite-me que use todas as palavras que quero”, foi desta forma que Joaquim Vairinhos, homenageado esta terça feira pela Câmara Municipal de Loulé, de que foi seu presidente, falou ao numeroso grupo de amigos presentes no pavilhão municipal que ficou agora com o seu nome. P24

POR JORGE QUEIROZ

POR SAÚL NEVES DE JESUS

POR PAULO SERRA

Estácio da Veiga, o investigador e a sua circunstância CS17

A arte pode ser produzida de forma mais ecológica? CS15

Violeta, de Isabel Allende: 40 anos de vida literárias CS20

POR MARIA JOÃO NEVES

Mascarada? CS18

POR PAULO LARCHER

O Algarve de Costa-a-Costa: ai1642716116356_Rodapé Duplo_Capa_25x8cm_AgrilojaTavira_11 Fev.pdf 1 20/01/2022 22:01:56 Olhão CS16 e 17

POR MARIA LUÍSA FRANCISCO

POR RAMIRO SANTOS

Uma voz, um rio, um resistente CS21

A Avó Algarvia de Camões CS19 PUB.

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Redação, Administração e Serviços Comerciais Rua Dr. Silvestre Falcão, 13 C 8800-412 Tavira - ALGARVE Tel: 281 405 028

Diretora Executiva Ana Pinto

REDAÇÃO

jornalpostal@gmail.com Ana Pinto, Cristina Mendonça, Henrique Dias Freire e Jéssica Sousa Estatuto editorial disponível postal.pt/arquivo/2019-10-31-Quem-somos Colaboradores Afonso Freire, Alexandra Freire, Alexandre Moura, Beja Santos (defesa do consumidor), Humberto Ricardo e Ramiro Santos Colaboradores fotográficos e vídeo Ana Pinto, Luís Silva, Miguel Pires e Rui Pimentel

DEPARTAMENTO COMERCIAL

Publicidade e Assinaturas Anabela Gonçalves - Secretária Executiva anabelag.postal@gmail.com Helena Gaudêncio - RP & Eventos hgaudencio.postal@gmail.com Design Bruno Ferreira

EDIÇÕES PAPEL EM PDF issuu.com/postaldoalgarve DIÁRIO ONLINE www.postal.pt FACEBOOK POSTAL facebook.com/postaldoalgarve FACEBOOK CULTURA.SUL facebook.com/cultura. sulpostaldoalgarve TWITTER twitter.com/postaldoalgarve PROPRIEDADE DO TÍTULO Henrique Manuel Dias Freire (mais de 5% do capital social) EDIÇÃO POSTAL do ALGARVE - Publicações e Editores, Lda. Centro de Negócios e Incubadora Level Up, 1 - 8800-399 Tavira CONTRIBUINTE nº 502 597 917 DEPÓSITO LEGAL nº 20779/88 REGISTO DO TÍTULO ERC nº 111 613 IMPRESSÃO LUSOIBERIA Rua Fernanda Seno, nº 6 7005-485 Évora DISTRIBUIÇÃO: Banca/Logista DISTRIBUIÇÃO: à sexta-feira com o Expresso / VASP - Sociedade de Transportes e Distribuição, Lda e CTT

Tiragem desta edição

6.449 exemplares

A

s unidades hoteleiras Jupiter Albufeira Hotel – Family & Fun (5 estrelas) & Jupiter Marina Hotel – Couples & SPA (4 estrelas), Jupiter Algarve Hotel (4 estrelas) no Algarve lançaram uma campanha de recrutamento com o objetivo de reforçar as suas equipas para a temporada a iniciar já no mês de março. “No global são mais de 200 vagas por preencher nas suas unidades hoteleiras do Algarve em áreas distintas como cozinha, pastelaria, bar, serviço de mesa, housekeeping, receção, spa, compras assim como várias oportunidades de carreira para cargos de chefia e supervisão dos vários departamentos mencionados”, avança o grupo em comunicado. Os candidatos que vão integrar as equipas dos hotéis mencionados, terão acesso a formação contínua, masterclasses de cozinha e cocktails, prémios de produtividade e diversos benefícios na rede de parceiros Jupiter Hotel Group. O grupo afirma que se distingue “por oferecer salários acima da média”.

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Publisher e Diretor Henrique Dias Freire

Há mais de 200 vagas do Jupiter Hotel Group para preencher no Algarve

Ao longo do mês de fevereiro serão divulgadas no Linkedin do grupo hoteleiro as diversas vagas existentes. As candidaturas para vagas exis-

tentes podem ser enviadas para os contactos: recrutamento.albufeira@ jupiterhotelgroup.com (Jupiter Albufeira Hotel) ou recrutamen-

to.marina@jupiterhotelgroup.com (Jupiter Marina Hotel) e recrutamento.algarve@jupiterhotelgroup.com (Jupiter Algarve Hotel).

Empresas podem inscrever-se na feira de emprego da Universidade do Algarve A quinta edição da UAlg Careers Fair, feira de emprego da Universidade do Algarve (UAlg), vai realizar-se no dia 24 de março. As empresas que queiram recrutar já podem fazer a sua inscrição até ao dia 13 de março. A iniciativa tem como objetivo contribuir para a entrada de estudantes e diplomados da UAlg no mercado de trabalho, facilitando-lhes o processo de procura de emprego e o desenvolvimento de uma carreira profissional. A Academia algarvia pretende que a UAlg Careers Fair continue a ser

um evento de referência, mantendo a alta taxa de empregabilidade dos seus diplomados. Os estudantes e diplomados da UAlg terão a oportunidade de contactar as empresas e instituições presentes e assistir às suas apresentações, quer através da plataforma do evento, quer presencialmente, no complexo pedagógico no Campus da Gambelas, uma vez que irá decorrer em formato híbrido. Recorde-se que as edições anteriores da UAlg Careers Fair contaram com a participação de várias dezenas de empresas, não só de âmbito regional, mas também nacional. Mais informações através do email: careersfair@ualg.pt.


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REGIÃO PARQUE NATURAL DA RIA FORMOSA

Há uma nova exposição para visitar no Centro de Educação Ambiental

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exposição “Ria Formosa” foi esta quarta-feira inaugurada no Centro de Educação Ambiental de Marim (CEAM), sede do Parque Natural da Ria Formosa e da Direção Regional do ICNF, em Olhão, substituindo a que estava patente há já 30 anos naquele espaço, numa iniciativa do Turismo do Algarve para promover a mais importante zona húmida do Sul do país. A exposição recorre a painéis informativos, fósseis e conchas da ria, objetos arqueológicos da época romana e objetos representativos das artes de pesca. A nova exposição é um equipamento estrutural, à disposição dos visitantes do CEAM, espaço que em 2019 recebeu cerca de 35 mil pessoas, entre escolas e visitantes nacionais e estrangeiros. “O CEAM é um espaço vocacionado para a educação ambiental e um observatório privilegiado dos vários ecossistemas do Parque Natural da Ria Formosa. Era crucial dotá-lo de melhores condições de visitação, melhorando a experiência do turista que assim ficará a conhecer de forma mais profunda e apelativa este importante sistema lagunar do Algarve, que inclui zona de sapal, dunas, pradarias marinhas e grande variedade de espécies de avifauna, peixes, moluscos e crustáceos”, refere o presidente do Turismo do Algarve, entidade responsável pelo financiamento da obra. Também para o diretor regional da Direção Regional da Conservação da Natureza e Florestas do Algarve (DRCNF), Joaquim Castelão Rodrigues, “a exposição que agora se inaugura dá a conhecer os vários habitatsexistentes na área do Parque Natural da Ria Formosa, a sua flora e fauna, compatibilizando a relação das atividades dos homens com a conservação desta natureza prodigiosa. A exposição tem como objetivo o deleite dos visitantes e

serve a educação ambiental, constituindo-se como um equipamento cultural raro no Algarve, sendo o único dedicado à interpretação de um parque natural”. Depois de percorrer os vários espaços expositivos, o visitante poderá ainda subir a uma torre de observação, de onde se avista a Ria Formosa em todo o seu esplendor. Uma experiência completa numa exposição que assinala os 40 anos da classificação da Ria Formosa como Zona Húmida de Importância Internacional e que se insere nas comemorações do Dia Mundial das Zonas Húmidas. O investimento no centro interpretativo faz parte da aposta do Turismo do Algarve no produto de turismo de natureza e está integrado no projeto Valuetur, aprovado ao abrigo do Programa de Cooperação INTERREG V-A Espanha-Portugal 2014-2020 (POCTEP). Mas a renovação da exposição é apenas uma das várias iniciativas já lançadas pelo Turismo do Algarve no âmbito do Valuetur. Com os fundos da União Europeia para a valorização das áreas protegidas, o Turismo do Algarve investiu, em 2020, na aquisição de equipamentos de apoio ao CEAM (painéis informativos, sinalética direcional, mobiliário urbano), na edição de um folheto para o centro interpretativo e ainda na publicação, já em 2021, de três brochuras dedicadas ao Parque Natural do Sudoeste Alentejano e Costa Vicentina, ao Parque Natural da Ria Formosa e à Reserva Natural do Sapal de Castro Marim e Vila Real de Santo António. “O turismo de natureza é estratégico para o destino Algarve. Através do projeto Valuetur conseguimos reforçar a nossa aposta neste produto que é cada vez mais procurado pelo visitante nacional e estrangeiro, e que há uns anos já correspondia a um mercado de 22 milhões de viagens anuais na Europa”, conclui João Fernandes.

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REGIÃO

Perdem-se todos os anos cerca de 7 milhões de metros cúbicos de água no barlavento algarvio

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diretor regional de Agricultura do Algarve estimou esta quarta-feira em cerca de sete milhões de metros cúbicos o volume de água que se perde anualmente nos canais de rega, entre as barragens e os beneficiários no barlavento (oeste) algarvio. “Temos perdas anuais de água na ordem dos cinco milhões de metros cúbicos no perímetro de rega de Silves, Lagoa e Portimão e de cerca de dois milhões no de Alvor, o que é muito significativo para o período de seca que estamos a atravessar”, referiu à Lusa Pedro Valadas Monteiro. O volume de água desperdiçado anualmente nos canais de distribuição é superior ao que regista atualmente a barragem da Bravura, em Lagos, – cerca de cinco milhões de metros cúbicos – que serve o perímetro hidroagrícola de Alvor, numa área de cerca de 1.800 hectares. De acordo com aquele responsável, para evitar as perdas ao longo dos canais “vai ser investido um total de 35 milhões de euros, em

A barragem da Bravura é a albufeira do barlavento algarvio com menor volume de água armazenado, cerca de 14% dos 34 milhões de metros cúbicos da sua capacidade total.

Volume mais baixo dos ultimos 29 anos

trabalhos de isolamento e de pressurização” dos canais de rega, 27 milhões de euros no perímetro Silves, Lagoa, Portimão, e cerca de 08 milhões de euros no de Alvor. “Neste momento, estão terminadas as obras no bloco de Silves, faltando concluir as de Lagoa e do Falacho e, em 2023, está previsto o início da modernização do canal da Bravura, do perímetro de rega de Alvor, aquele que se encontra em piores condições

e onde já decorrem obras de revestimento do canal, com a aplicação de tela isolante para tapar as fissuras ao longo de 10 quilómetros, entre Odiáxere e o Vale da Lama”, notou. Segundo Pedro Valadas Monteiro, “na prática, neste último perímetro, converter o sistema, que é gravítico em pressurizado, vai permitir uma poupança de água anual na ordem dos dois milhões de metros cúbicos, e de cerca de cinco milhões no de Silves”.

“As intervenções e pressurização do sistema vão permitir minimizar os impactos da seca nos anos com valores de precipitação abaixo do expectável”, concluiu. Construída em 1958, a barragem da Bravura é destinada à rega agrícola, golfes, jardins e abastecimento público, abrangendo cerca de 1.800 hectares de explorações no perímetro hidroagrícola de Alvor, num total de 937 beneficiários.

De acordo com António Marreiros, presidente da Associação de Regantes e Beneficiário de Alvor (ARBA), entidade gestora da água da bacia da Bravura, “o volume atual é o mais baixo dos últimos 29 anos, só podendo ser comparado aos meses de janeiro dos anos de 1983 e 1993, altura em que tinha três milhões de metros cúbicos”. António Marreiros disse à Lusa que, no último ano agrícola, que terminou em outubro, foram retirados cerca de sete milhões de metros cúbicos de água da Bravura, “mas apenas foram faturados cinco milhões, o que representa um desperdício na ordem dos dois milhões”. “São estas perdas que temos de evitar, ainda para mais num ano que se avizinha de

seca e extremamente difícil para esta região, o que faz antever, caso não chova, que não tenhamos água para a próxima campanha agrícola”, alertou. Segundo o responsável, da bacia da Bravura “atualmente, dos cinco milhões só podem ser retirados cerca de 2,5 milhões de metros cúbicos de água, porque o restante é residual”. António Marreiros considera que as obras de modernização dos canais condutores de água a partir da Bravura, estruturas com 64 anos, “são essenciais para evitar as perdas ao longo dos 60 quilómetros de condutas e servir as explorações agrícolas”. De acordo com o Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA), o Barlavento do Algarve, é uma das regiões mais afetadas pela seca que o país atravessa. Segundo dados do Sistema Nacional de Informação de Recursos Hídricos (SNIRH), no final do mês de dezembro, as bacias do Barlavento apresentavam uma disponibilidades de água de 14,3%, sendo que a cada bacia hidrográfica pode corresponder mais do que uma albufeira.

Agricultores algarvios estão a ficar desesperados com a falta de água AGRICULTORES e produtores do barlavento algarvio reclamam medidas urgentes para combater a falta de água para as culturas de regadio, prevendo “grandes complicações” para a próxima campanha agrícola, devido à seca extrema e falta de água nas barragens. “São precisas medidas urgentes e políticas concretas e efetivas para combater o problema da falta de água para o regadio, porque, infelizmente, corremos o risco de muitos agricultores abandonarem as explorações”, lamentou à Lusa David Ferreira, o responsável da empresa Frutas Tereso, produtora de citrinos no barlavento algarvio. De acordo com o Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA), o barlavento (oeste) do Algarve é uma das regiões mais afetadas pela seca que afeta o país, com as bacias do Barlavento a apresentarem uma disponibilidade de água de 14,3%, no final de dezembro. “Infelizmente e caso não chova nos próximos meses, toda a produção frutícola e hortícola fica posta em causa, o que faz prever já grandes complicações pa-

ra a campanha agrícola que começa em março, abril”, apontou o responsável da Frutas Tereso. Segundo revelou na terça-feira o ministro do Ambiente e Ação Climática, o Governo restringiu o uso de várias barragens para produção de eletricidade e para rega agrícola devido à seca, incluindo-se neste último caso a barragem da Bravura, em Lagos. David Ferreira defende a implementação “imediata de medidas que possam atenuar a falta de água, num ano que se está a revelar como um dos mais secos dos últimos 20” anos, sublinhando que a situação é comparável à que viveram há alguns anos os países do Norte de África. “Embora há vários anos se fale num plano hídrico para o Algarve, as coisas andam devagar e não se veem movimentações no terreno para que se encontrem soluções para um setor que sentimos que é o parente pobre na região”, notou. Para o responsável da empresa, que movimenta, em média, 20 mil toneladas de citrinos anuais, “caso não haja políticas concretas e efetivas, o Algarve corre o

risco de ver desaparecer a maioria das explorações agrícolas, onde foram investidos milhões de euros para aumentar a sua eficiência hídrica”. A preocupação sobre o futuro daquele setor primário é partilhada também pelo responsável da empresa Brejeira, dedicada ao setor da fruticultura e horticultura, em que a escassez de água para a próxima campanha está a ser vista “como um sério problema”. “Estamos assustados com a fraca pluviosidade deste ano hidrológico e os baixos níveis de água armazenados nas barragens, o que se reflete nos custos de produção e na qualidade dos produtos”, apontou Luís Santos. Segundo o responsável, a ausência de chuva nos últimos meses “obrigou os produtores a efetuarem regas contínuas, através de barragens e de furos próprios, o que aumenta os custos de produção, devido à utilização de energia elétrica para o funcionamento das bombas”. “Além disso, enfrentamos também o problema da escassez de água nos furos, o que nos obriga a olhar para o futuro

com muita apreensão”, destacou o empresário. Os presidentes das associações de regantes de Alvor e de Silves admitiram à Lusa que a distribuição de água para rega “pode vir a ser condicionada, já na próxima campanha agrícola, caso não chova para repor os níveis nas bacias das barragens”. O presidente da Associação de Regantes e Beneficiários de Alvor (ARBA), entidade que gere a barragem da Bravura, destinada à rega agrícola, golfes, jardins e abastecimento público, admitiu estar já a ser equacionado o racionamento de água para a próxima campanha que tem início em março. “Vamos fazer uma calendarização para distribuição de água para as plantações de citrinos e para as culturas permanentes e em determinados períodos. Têm de ser analisadas as quantidades de árvores por cada agricultor, ao qual serão atribuídos determinados litros”, afirmou António Marreiros. Para o responsável da ARBA, o momento “extremamente difícil que o barlavento algarvio atravessa faz

antever que não possa haver água para a próxima campanha de rega”, embora mantenha a esperança de que “ainda possa chover nos próximos três meses para repor níveis aceitáveis”. “Do volume atualmente armazenado apenas podemos retirar 2,5 milhões de metros cúbicos, o que é muito pouco para satisfazer as necessidades de rega nesta altura do ano”, notou o responsável. Também o presidente da Associação de Regantes de Silves, João Garcia, gestor do perímetro de rega de Silves, servido pela barragem do Funcho, admitiu que a falta de pluviosidade nos próximos meses “pode obrigar a uma redução na distribuição de água aos beneficiários nas próximas campanhas agrícolas”. “Felizmente, a reserva que temos na bacia do Arade que é alimentada pela barragem do Funcho, que serve a nossa agricultura, regista valores aceitáveis – 54% -, mas o problema é que, devido à falta de chuva, temos estado sempre a regar e no final da campanha reduzimos o número de dias de fornecimento de água”, apontou.


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REGIÃO

Concurso “Água Jovem” nas escolas

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stão abertas as inscrições para 12ª edição do Concurso “Água Jovem”, promovido pela Agência Portuguesa do Ambiente (APA), através da Administração da Região Hidrográfica do Algarve, em parceria com as empresas Águas do Algarve S.A. e o Mundo Aquático S.A. (Zoomarine) e com o apoio da International Water Technology, SA. O concurso é destinado a todas as crianças e jovens que frequentem o ensino pré-escolar e os 1.º, 2.º e 3.º ciclos do ensino básico do Algarve. “O seu principal objetivo é sen-

sibilizar, informar e divulgar junto das comunidades escolares a importância da preservação do património água, promover o conhecimento dos ecossistemas aquáticos da região e contribuir para a sua gestão participada”, explica a APA em comunicado. As inscrições das escolas iniciaram-se a 2 de fevereiro, Dia Mundial das Zonas Húmidas, e os trabalhos deverão ser enviados para a APA-ARH do Algarve até ao dia 20 de maio. Devido à situação pandémica, só serão aceites trabalhos em formato digital/on-line, apelando a organização “à criatividade em

todos os aspetos (conteúdos, materiais, técnicas, etc.)”. O Concurso “Água Jovem” distinguirá os melhores trabalhos sobre “O (verdadeiro) valor da água” (Tema I) e “A Ribeira de Odelouca” (Tema II) nas seguintes cinco categorias: ensino pré-escolar, 1.º ciclo do ensino básico, 2.º ciclo do ensino básico, 3.º ciclo do ensino básico e alunos que beneficiam de medidas educativas seletivas e adicionais. O regulamento do Concurso “Água Jovem 2022” pode ser consultado no portal do Voluntariado Ambiental para a Água e nos sítios dos parceiros do Projeto.

O Júri do Concurso “Água Jovem 2022” é constituído por representantes da Agência Portuguesa do Ambiente, das Águas do Algarve S.A., do Zoomarine; da Internacional Water Technology S.A.; do Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas e da Direção-Geral dos Estabelecimentos Escolares-DSR Algarve. A entrega dos prémios e a apresentação pública dos trabalhos será realizada no dia 1 de junho, em Portimão, durante o FÓRUM ÁGUA JOVEM 2022, caso se verifiquem as condições que permitam garantir a segurança e a saúde dos participantes.

Olhão vai ser a capital da vela algarvia FOTO D.R.

Nos próximos dias 5 e 6 de fevereiro vai realizar-se a 4ª prova do Campeonato do Algarve de vela ligeira em Olhão e do 1º circuito Regional de Foil na Fuseta, que pela primeira vez em Portugal junta as 3 classes do foil, o Kitesurf, o Windsurf e o Wingsurf, numa só prova. A frota algarvia das classes Optimist, Ilca, Solo, Hansa, Iom, 420 e Techno 293, marcam presença na 4ª prova do Campeonato do Algarve de Vela Ligeira, cerca de 150 atletas de 13 clubes Algarvios, respetivos treinadores e estruturas técnicas, para lutarem pelos pontos do Ranking Regional e pelos lugares dos diferentes pódios. Já o Clube Naval da Fuzeta organizará a 1ª prova da 1ª edição do Circuito de Foil do Campeonato do Algarve, com a participação de cerca de 30 velejadores nacionais de diferentes localidades do Algarve, a que se juntam velejadores

Internacionais. Para Ricardo José, presidente da Associação Regional de Vela do Sul: “é com grande satisfação que reiniciamos assim, em Olhão e na Fuseta, a época desportiva da vela Regional da época 2021/2022, que a analisar pelas previsões metrológicas favo-

ráveis, vai ser um fim-de-semana recheado de regatas eletrizantes e de sucessos desportivos, quer a nível individual, quer a nível coletivo, para os clubes organizadores e para os velejadores presentes neste Campeonato”. Por outro lado, “estamos cer-

tos que o conjunto de regatas previsto irá proporcionar bons momentos a todos os envolvidos e à população em geral, que devido à localização geográfica dos campos de regata, poderá assistir desde terra”, conclui o dirigente.

PORTIMÃO

Laranja do Algarve volta a ser "rainha" no mercado Entre esta terça-feira e sábado (8 a 12), o Mercado da Avenida S. João de Deus promove, pelo 14.º ano, a Semana da Laranja, disponibilizando aos clientes a compra deste saboroso e saudável citrino a um preço especial. Durante cinco dias, e para além da compra deste delicioso e sumarento citrino, será igualmente possível assistir a propostas culinárias online, através de ‘showcookings’ fotográficos produzidos pela Escola de Hotelaria e Turismo de Portimão, bem como a sugestões de ementas em torno das laranjas, a cargo do projeto de inovação social “Prato Certo”, que promove e estimula a alimentação saudável e económica. Sob o lema “Laranja algarvia – não há fruta mais sadia”, a iniciativa é organizada pelo Setor das Hortofrutícolas do Mercado Municipal, que desta forma pretende promover junto dos consumidores as propriedades benéficas proporcionadas pelo regular consumo deste fruto tão típico da região algarvia, ao mesmo tempo que reforça o convite para as compras naquele equipamento comercial.

“Derrama Zero” em vigor no concelho de Olhão Olhão é uma das 107 autarquias que, a nível nacional, vai abdicar dessa receita em prol dos investidores locais. “A nossa política é incentivar a instalação de novas empresas, bem como reduzir a carga fiscal das que aqui têm a sua sede”, defende o presidente do Município de Olhão, António Miguel Pina. O autarca recorda ainda que durante os dois últimos anos de pandemia, o Município “criou um conjunto de medidas de apoio aos empresários e às empresas do concelho, nomeadamente o não pagamento de taxas de ocupação do espaço público, aliando-se a isso a ‘Derrama Zero’”, que já vigora há vários anos”. Neste ano de 2022 dois terços (201) das câmaras do país vão cobrar derrama às empresas, sendo Olhão uma das 107 autarquias que optou por não o fazer, continuando assim a auxiliar as empresas do concelho. A derrama é uma receita das autarquias, sendo cada vez mais aquelas que optam por não abdicar desses valores, muito embora abram exceções e criem isenções ou taxas reduzidas a empresas com determinadas características previamente definidas. PUB.

ABC e ACASO recrutam enfermeiros O ALGARVE Biomedical Center (ABC) e a Associação Cultural e de Apoio Social de Olhão (ACASO), abriram vagas para enfermeiros que pretendam integrar uma equipa multidisciplinar e diferenciada, na área do envelhecimento ativo e saudável. O objetivo é captar pro-

fissionais de saúde para desenvolver projetos inovadores na prestação de cuidados à população mais vulnerável, integrados na parceria do ABC com a ACASO. Com este recrutamento, destinado a profissionais de saúde em horário de trabalho a full-time, o

ABC pretende aumentar a diferenciação e o número de vagas disponíveis de cuidados continuados no Algarve. Os enfermeiros interessados, podem enviar a candidatura para o email secretaria.geral@ abcmedicalg.pt, com o respetivo Curriculum Vitae e Carta de Motivação.


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REGIÃO Idoso sofre queda numa falésia na Ponta da Piedade

CCDR organizou 1ª reunião técnica da Comissão Regional do Sistema Integrado de fogos Rurais

Um homem com cerca de 70 anos foi resgatado na tarde desta quarta-feira, depois de ter sofrido uma queda acidental numa falésia enquanto praticava a atividade da pesca lúdica na zona da Ponta da Piedade, no concelho de Lagos. Após o alerta recebido pelas 14:30 foram ativados para o local elementos do Comando-local da Polícia Marítima de Lagos e da Estação Salva-vidas de Ferragudo, bem como uma equipa de grande ângulo dos Bombeiros Voluntários de Lagos. “O homem encontrava-se num local de difícil acesso, em estado consciente e com algumas escoriações no corpo, tendo sido estabilizado e resgatado pelos elementos dos Bombeiros Voluntários de Lagos para a embarcação da Estação Salva-vidas de Ferragudo”, explica a Autoridade Marítima Nacional. A vítima foi de seguida transportada pelos elementos da Estação Salva-vidas para o porto de Lagos, onde se encontravam elementos do INEM que, posteriormente, a transportaram para uma unidade hospitalar. Esta ação foi coordenada pelo Capitão do Porto e Comandante-local da Polícia Marítima de Lagos, tendo o Comando-local da Polícia Marítima de Lagos tomado conta da ocorrência.

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GNR recupera bens furtados em residência e viatura em Albufeira O Comando Territorial de Faro da GNR, através do Subdestacamento Territorial de Albufeira, recuperou este sábado diversos bens furtados em residência, bem como uma viatura furtada, em Albufeira. Após uma denúncia a informar que estaria a decorrer um furto numa residência em Albufeira, os militares deslocaram-se de imediato ao local, tendo intercetado o veículo onde seguiam dois homens de 20 e 30 anos, e uma mulher de 28 anos. Após diligências policiais, “foi recuperado e devolvido o material furtado ao legítimo proprietário, nomeadamente uma mala, 50 euros em numerário e um cartão de débito”, refere a GNR em comunicado. As autoridades apuraram ainda que “o veículo abordado tinha sido furtado em Lisboa, pelo que também foi apreendido e entregue ao seu proprietário”. Os suspeitos foram constituídos arguidos pelo furto em residência, e os factos foram remetidos ao Tribunal Judicial de Albufeira. O condutor do veículo foi ainda constituído arguido pelo furto da viatura e detido por não possuir habilitação legal para conduzir. A ação contou com o reforço do Núcleo de Investigação Criminal (NIC) de Albufeira.

primeira reunião técnica da Comissão Regional do Sistema de Gestão Integrada de Fogos Rurais (SGIFR) do Algarve realizou-se esta segunda-feira no auditório da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento do Algarve (CCDR) Algarve O encontro teve como ordem de trabalhos a apresentação dos membros do Nível Técnico e da proposta de Programa Regional de Ação do Algarve bem como a definição da metodologia de trabalho, próximos passos e calendário de reuniões e avaliação do projeto piloto do barlavento algarvio. O SGIFR foi criado através da Resolução do Conselho de Ministros n.º 45 -A/2020, de 16 de junho, onde se aprova o Plano Nacional de Gestão Integrada de Fogos Rurais (PNGIFR), no qual são advogadas a adoção simultânea de múltiplas soluções, construídas de um modo inclusivo e participado, postas em prática e aplicadas de forma integrada e transversal. É também definido um modelo de articulação horizontal de todas as entidades participantes na prevenção estrutural, nos sistemas de autoproteção de pessoas e infraestruturas, nos mecanismos de apoio à decisão, no dispositivo de combate aos incêndios rurais e na recuperação de áreas ardidas. Este novo regime prevê, ainda, macropolíticas e orientações estratégicas para a redução do perigo e alteração de

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comportamentos dos proprietários, utilizadores e beneficiários diretos e indiretos do território rural. A estratégia para o período de vigência deste PNGIFR, assim como as iniciativas que constituem o programa de ação e toda a cadeia de processos do SGIFR, atendem a uma visão ambiciosa, de onde Portugal se deverá encontrar após 2030, estabelecendo como missão proteger as pessoas e bens dos incêndios rurais e valorizar os espaços silvestres, mantendo os ecossistemas em bom estado de conservação através da identificação de orientações estratégicas e respetivos objetivos, para a qual é necessária concretizar de forma persistente um programa coeso de ações e projetos até 2030. Assim, o Programa Regional do Algarve foi dado a conhecer, decorrendo agora um período para a apresentação de contri-

butos por parte das entidades integrantes da Comissão Regional, constituída nos termos do Decreto-Lei n.º 82/2021, de 13 de outubro, a qual é presidida pela CCDR Algarve nas sessões deliberativas. Nas sessões técnicas, os trabalhos são dirigidos pela Agência para a Gestão Integrada de Fogos Rurais (AGIF) e participam representantes do Estado-Maior-General das Forças Armadas (EMGFA), Guarda Nacional Republicana (GNR), Polícia de Segurança Pública (PSP), Comando Regional do Algarve da Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil (ANEPC), a Liga dos Bombeiros Portugueses (LBP), Polícia Judiciária (PJ), Instituto de Conservação da Natureza e Florestas (ICNF), a Infraestruturas de Portugal (IP), o Instituto da Mobilidade e dos Transportes (IMT), Direção

Regional Agricultura e Pescas (DRAP Algarve), Direção-Geral de Alimentação e Veterinária (DGAV), Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA), AMAL – Comunidade Intermunicipal do Algarve, Aspaflobal – Associação dos Produtores Florestais do Barlavento Algarvio, a VIVER SERRA – Associação para a Proteção e o Desenvolvimento das Serras do Barlavento Algarvio, a Cumeadas – Associação de Proprietários Florestais das Cumeadas do Baixo Guadiana e a Associação de Produtores Florestais da Serra do Caldeirão, REN-Redes Energéticas Nacionais, a E-REDES, a EDP-Energias de Portugal e Agência Portuguesa do Ambiente. Após a aprovação do Programa Regional, dar-se-á início à execução dos Programas Municipais que constituem a operacionalização de todo o sistema.

Jovem de 17 anos suspeito de estar envolvido em homicídio de idoso em Faro A Polícia Judiciária deteve um jovem de 17 anos suspeito de ser o terceiro elemento envolvido no homicídio de um idoso encontrado morto em julho passado na sua residência, em Faro. Em comunicado enviado esta quarta-feira, a PJ adianta que sobre o detido, que vai ser presente na quinta-feira a tribunal, recaem “fortes indícios” de in-

tegrar um grupo de dois outros suspeitos da prática do crime, detidos em agosto e em prisão preventiva no âmbito deste caso. “Os factos reportam-se a 04 de julho de 2021, data em que foi localizado o cadáver de um homem, octogenário, falecido na sequência de graves lesões cranianas produzidas no decurso de agressão”, contextualizou a PJ. A mesma fonte frisou que, na investigação realizada pela

diretoria do Sul da PJ, foram inicialmente “recolhidos elementos probatórios que culminaram na detenção de dois dos presumíveis autores”, cerca de um mês depois do crime. “Aquando da detenção, os detidos, com 22 e 29 anos, foram presentes a primeiro interrogatório judicial tendo-lhes sido aplicada a medida de coação de prisão preventiva”, acrescentou a PJ. A Judiciária frisou que a investigação não parou com a

detenção dos dois primeiros suspeitos e os investigadores conseguiram agora “localizar e deter o terceiro elemento do grupo”. O jovem de 17 anos, sem qualquer ocupação laboral, estava “em fuga desde a data da prática dos factos”. A PJ adiantou ainda que o terceiro detido vai ser presente na quinta-feira a um tribunal de instrução, que determinará as eventuais medidas de coação a que fica sujeito.


CADERNO ALGARVE

Postal, 4 de fevereiro de 2022

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LEGISLATIVAS 2022

PS reforça liderança no Algarve, BE perde deputado para Chega FOTO D.R.

O

PS repetiu este domingo a vitória eleitoral de 2015 e 2019 no Algarve e manteve os cinco mandatos, enquanto o Bloco de Esquerda perdeu para o Chega o deputado que mantinha desde 2009 pelo círculo eleitoral de Faro. Os socialistas, que nunca perderam a supremacia na região (distrito de Faro) nos últimos 20 anos, conquistaram 39,87% dos votos, superando o resultado obtido em 2015 (32,77%) e 2019 (36,76%). O PSD, que manteve os três mandatos conquistados em 2019, continua a ser o segundo partido mais votado na região, onde obteve 24,35% dos votos, superando o resultado obtido em 2019 (22,3%), mas longe dos 31,47% alcançado em 2015, quando

concorreu coligado com o CDS-PP. Acompanhando a tendência nacional, o Chega foi a terceira força política mais votada no Algarve (12,3%), alcançando o seu primeiro mandato na região, superando o resultado de 2019 (2,14%). O BE foi o partido que mais desceu nas intenções de voto na região, sendo a quarta força política mais votada (5,76%), longe dos 12,31% de 2019, perdendo o mandato que conquistou pela primeira vez em 2009 pelo círculo eleitoral de Faro. A coligação CDU (PCP/PEV) voltou a descer nas intenções de voto no Algarve, sendo a quinta força com maior número de votos (4,81%), menos cerca de três pontos percentuais em relação a 2019 (7,05%), falhando o objetivo a que se propôs nestas legislati-

vas o de eleger um deputado pela região. Já a IL alcançou o sexto melhor resultado nestas legislativas (4,64%), superando os 0,82% de 2019. Por seu turno, o CDS-PP, com 1,08% registou nestas eleições o pior resultado desde 1999, quando obteve 7,26% e longe dos 3,81% de 2019, atrás do PAN (2,16%) e do Livre (1.08%). O CDS-PP foi o mais votado dos partidos sem representação parlamentar, sendo que todos os outros não

Portugal é rosa com exceção da Madeira Os resultados de 20 dos 22 círculos (faltam Europa e Fora da Europa) são inequívocos: os portugueses

2022

deram a maioria absoluta ao Partido Socialista de António Costa. Já o 'pragmatismo dito alemão' de

Rui Rio voltou a 'assombrar' o PSD com menos deputados eleitos. Entre os vencedores destacam-se

2019

o Chega e o IL, numa eleição bastante participada e com grandes derrotados: BE, PCP-PEV, PAN e CDS-PP.

alcançaram a fasquia de 1%. Em matéria de deputados eleitos, o PS elege os repetentes Jamila Madeira, Jorge Botelho (atual secretário de Estado da Descentralização e da Administração Local) e Luís Graça, enquanto os outros dois eleitos, Isabel Guerreiro e Francisco Oliveira, estreiam-se no parlamento. O PSD elegeu Luís Gomes (antigo presidente da Câmara de Vila Real de Santo António) e os repetentes Rui

Cristina e Ofélia Ramos. Pedro Pinto foi o eleito pelo Chega no círculo eleitoral de Faro. De acordo com os dados provisórios do Censos 2021, o distrito de Faro tem uma população residente de 467.475 habitantes. Comparativamente a 2011, segundo os dados apurados nos Censos, regista-se um aumento de 16.469 habitantes. De acordo com dados da Secretaria Geral do Ministério da Administração Interna, atualmente, há 380.371 eleitores inscritos no distrito, mais 3.570 do que nas legislativas de 2019.

Abstenção de 54,1%, superior à nacional Nesse ano, apenas votaram 172.699 dos 376.801 eleitores inscritos, para eleger os

nove deputados atribuídos ao círculo de Faro, o que representou uma abstenção de 54,1%, superior à abstenção nacional, que foi de 51,4%. Em 2022, a realidade política distrital reaparece mais uma vez bipolarizada com o PS a vencer em todos os 16 concelhos algarvios, numa eleição em que a única novidade de substância foi a perda do deputado do BE para o Chega. No distrito de Faro votaram 194.967 das 380.371 pessoas inscritas, o que corresponde a uma participação de 51,26% e a uma abstenção de 48,74%, um valor mais baixo do que em 2019 (54,17%). Mais de 10,8 milhões de eleitores foram chamados a votar nas legislativas antecipadas, após o chumbo do Orçamento do Estado, para eleger 230 deputados à Assembleia da República.

ALGARVE PS e PSD mantêm o número de deputados. BE sai e Chega entra no Parlamento Os socialistas são os grandes vencedores na região algarvia. O PS elege cinco deputados e sobe três

2022

pontos percentuais, enquanto que o PSD elege três deputados e sobe dois pontos. O Chega sobe dez pon-

tos, graças a mais de 20 mil novos eleitores, e elege um novo deputado. O IL sobe quase quatro pontos e

o Livre nove décimas. O Bloco perde o seu deputado (-6,6%), PCP-PEV (-2,2), PAN (-2,6) e CDS-PP (-2,7).

2019

Continua nas próximas 4 páginas


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CADERNO ALGARVE

Postal, 4 de fevereiro de 2022

LEGISLATIVAS 2022 ALCOUTIM PS lidera mas desce. PSD, Chega e IL sobem O Partido Socialista é o grande vencedor, apesar da ligeira des-

cida em percentagem. Em termos de pontos percentuais, o PSD so-

2022

be mais de 4 pontos, o Chega sobe quase 6 e o IL sobe mais de

1 ponto. A descer ficaram o BE, CDS-PP, PCP-PEV, PAN e Livre.

2019

2022

PS sobe 2, o PSD sobe mais de 5, o Chega sobe mais de 6, o IL sobe

quase 3 e o Livre quase meio ponto. Com descida acentuada

2019

Com os solcialistas a voltarem a liderar, há um crescimento de

mais um ponto percentual no PS e no PSD. Já o Chega sobe

2022

ALJEZUR PS reforça. PSD, Chega, IL e Livre sobem O PS é o grande vencedor. Em termos de pontos percentuais, o

ALBUFEIRA PS e PSD sobem, mas sobretudo Chega e IL

ficam o BE (-5), PCP-PEV (-2), PAN (-3) e CDS-PP (-2).

mais de 12 pontos e o IL mais de 4. A maior decida foi do BE (-6).

Seguem-se o CDS-PP e o PAN, ambos com -3, e o PCP-PEV (-2).

2019

CASTRO MARIM PS lidera mas PSD, Chega e IL reforçam O PS mantém os 43% contra os 25% do PSD, ambos a cre-

2022

cerem ligeiramente. Em termos de pontos percentuais, o

Chega sobe mais de 12 pontos, o IL sobe quase 3 e o Livre tre-

2019

ze décimas. BE desce 6 pontos, CDS-PP 3, PCP-PEV e PAN 2.


CADERNO ALGARVE

Postal, 4 de fevereiro de 2022

LEGISLATIVAS 2022 FARO PS lidera e reforça votação. Chega e IL 'disparam' Na capital algarvia, o PS sobe quase 5 pontos percentuais com

2566 novos votos, enquanto que o PSD sobe cerca de 1,6 pon-

2022

tos com 1188 novos votos. O Chega consegue mais 2493 novos

votos e o IL mais 1395. BE, PCP-PEV, PAN e CDS-PP descem.

2019

LAGOA PS lidera com PSD, Chega e Liberais a reforçarem O PS vence com mais 819 novos eleitores, o PSD com mais 528

e o IL mais 418, mas é o Chega que mais cresce com 1316 novos

2022

votos. A maior descida é do Bloco que perde quase metade

dos seus eleitores. As restantes forças políticas também descem.

2019

LAGOS PS lidera mas PSD e IL crescem, sobretudo o Chega

LOULÉ PS volta a liderar com grande subida do Chega e IL

O PS deixa de obter o dobro de votos do PSD, mas são ven-

O PS e o PSD sobem a sua votação, mas os socialistas ganham

2022

cedores claros, com mais 765 novos eleitores. O PSD com mais

726 e o IL mais 416, mas é o Chega que mais cresce com 1002

2019

novos votos. Descem o Bloco, o PCP-PEV, o PAN e o CDS-PP.

2022

bem distanciados. Em termos de pontos percentuais, o Chega

sobe mais de 10 pontos, o IL mais de 4 e o Livre oito décimas.

2019

Descem o BE (-4,5), o CDS-PP (-3), o PAN (-2,5) e PCP-PEV (-1).

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CADERNO ALGARVE

Postal, 4 de fevereiro de 2022

LEGISLATIVAS 2022 MONCHIQUE PS lidera vitorioso com 48,85% da votação O Partido Socialista é o grande vencedor com 48,85%. Em termos de

pontos percentuais, o PSD sobe apenas ligeiramente. O Chega

2022

sobe quase 5 pontos e o IL mais 1,5. A descer para menos de meta-

de da votação ficaram BE, CDS-PP e PAN. O PCP-PEV desce 2.

2019

2022

Em termos de pontos percentuais, o PSD sobe mais de 2,5, o

Chega sobe quase 12 e o IL sobe quase 4,5. A descer para menos

2019

O PS lidera e reforça a sua votação com mais 4 pontos percentuais.

O PSD sobe 1,5, mas o Chega sobe mais de 11,5. O IL sobe quase 4

2022

PORTIMÃO PS reforça liderança. PSD, Chega e IL sobem O PS volta a vencer e consegue obter quase dois mil novos votos.

OLHÃO PS reforça. PSD, Chega, IL e Livre sobem

de metade da votação ficaram BE, CDS-PP e PAN. O PCP-PEV -2.

pontos e o Livre catorze décimas. A descer para menos de meta-

de da votação ficaram BE, CDS-PP e PAN. O PCP-PEV desce 2,5.

2019

São Brás de Alportel PS vitorioso. PSD, Chega e IL sobem O PS é o grande vencedor e reforça votação. Em termos

2022

de pontos percentuais, o PSD sobe quase 3 pontos, o

Chega mais de 8 e o IL mais de 3. Com descida acentuada ficam

2019

o Bloco (-6), CDS-PP (-2), PCP-PEV e PAN, ambos com -1 ponto.


CADERNO ALGARVE

Postal, 4 de fevereiro de 2022

LEGISLATIVAS 2022 SILVES PS lidera em terra comunista. PSD, Chega e IL sobem

TAVIRA PS reforça liderança. PSD, Chega, IL e Livre sobem

Apesar da autarquia ser comunista, o PS volta a vencer, segui-

O PS é o grande vencedor. Em termos de pontos percentuais,

do do PSD. IL e Livre também sobem, mas a maior subida per-

2022

tence ao Chega com mais 1794 novos votos, destronando o

3º lugar do PCP-PEV (-513 votos). Descem os restantes partidos.

2019

2022

Vila do Bispo PS vitorioso com PSD, Chega e IL a subirem O PS é o grande vencedor, mas com o PSD a diminuir a diferença.

2022

Em termos de pontos percentuais, o Chega sobe 3,8 pontos, o IL

sobe 2,3 e o Livre 26 décimas. O BE desce quase 5 pontos, o PAN

2019

o PS e o PSD sobem quase 4 pontos cada um. O Chega sobe

(-2,4), o CDS-PP (-2,8) e o PCP-PEV desce meio ponto.

quase 9, o IL quase 3 e o Livre 29 décimas. Descida acentuada

no BE (-6,7), CDS-PP (-2,9), PAN (-2,4) e PCP-PEV (-1,8).

2019

Vila Real de Santo António PS reforça liderança O PS reforça a sua liderança com 46,76%. Em termos de pon-

2022

tos percentuais, o PS sobe 6,7 e o PSD 1,9. O Chega sobe mais

de 10,2 pontos e o IL 2,1. O RIR cresce 19 décimas e o Livre 13

2019

décimas. As restantes forças políticas descem, sobretudo o BE.

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CADERNO ALGARVE

Postal, 4 de fevereiro de 2022

ENTREVISTA HÉLDER MARTINS, PRESIDENTE DA ASSOCIAÇÃO DOS HOTÉIS E EMPREENDIMENTOS TURI

AHETA quer ser sinal de espera no ‘virar de página’ pós-pandem Olhão e Vila Real de Santo António, onde parece que estamos noutro país. Será que os utentes desta 125, pré-histórica, cometeram algum crime que mereçam ser “castigados”? Será que os impostos que todos pagamos não são os mesmos? E mesmo que todos os responsáveis tentem revindicar junto do poder central responsável por essas decisões é sempre encontrada uma qualquer resposta enganadora para manter a situação na mesma. O problema da acessibilidade aérea, através da chamada “companhia de bandeira” continua exatamente na mesma, sendo que, mesmo algumas rotas que a TAP fazia da Europa para Faro, com grande afluência de turistas, mesmo essas foram anuladas. E todos nós pagamos para “salvar” a companhia! Mas temos uma transportadora que claramente não serve o Algarve. P O que identifica como sendo os maiores problemas da nossa região?

Concorreu sob o lema “Por uma AHETA abrangente e renovada” e contou com o apoio de vários ilustres do turismo nacional e regional, entre os quais o empresário e pai do turismo português André Jordan. Hélder Martins teve a maior votação de Texto HENRIQUE DIAS FREIRE P Na sua tomada de posse disse que “abre-se um novo capítulo na região algarvia”. De que desafios estava a referir-se? R Quanto existe uma mudança na liderança de um organismo são esperadas novas dinâmicas. A AHETA é uma associação transversal à atividade turística em toda a região e deve estar na primeira linha de defesa dos interesses dos seus associados. Quando existe uma nova liderança verificam-se novas formas de abordar as questões, as pessoas têm mais vontade de trabalhar, sem comodismos nem baixar

sempre e venceu Elidérico Viegas, que presidia à associação desde a sua criação, em 1996. As rotas da TAP, as acessibilidades com problemas na EN125 e uma autoestrada com portagens caras "inimigas do turismo", são os temas da ordem do dia. Mas há mais.

os braços. Assim, quando pela primeira vez, ao fim de quase 30 anos, há uma mudança nos corpos sociais da AHETA é de esperar tudo isso. Além de um acompanhamento integral das questões que os nossos associados quiserem colocar-nos, pretendemos atuar na área da formação profissional, acompanhamento de possibilidades de financiamento às empresas, seremos reivindicativos exigindo sempre mais e melhor promoção do destino, estaremos com as empresas apoiando a resolução de problemas, por exemplo, na área jurídica e estaremos sempre presentes junto das entidades, públicas e privadas para vincar as nossas posições.

Algumas das propostas que aqui evidenciou já existiam como ‘problemas’ no tempo que era presidente da Região de Turismo do Algarve. O que é que falhou? P

R De facto, alguns dos problemas mantêm-se há muitos anos e outros agravaram-se. O Algarve é uma região com pouco peso político, junto da capital, onde o centralismo não permite que se resolvam alguns dos problemas estruturais. E às vezes quando os tentam resolver, ainda os agravam mais, veja-se o caso da EN 125, onde continua a existe dois “Algarves”, um entre Olhão e Sagres, em que pelo menos o piso foi melhorado, mas os estrangulamentos continuam ou agravaram-se e entre

R O problema da acessibilidade está no topo dos problemas da região em que para além da EN125 atrás citada, a Via do Infante é uma via com portagens caras e, no aspeto do turismo é inimiga dos turistas. Veja-se as filas de trânsito sempre que há uma maior afluência de turistas ao Algarve, vindos de Espanha. Só agora se verificaram algumas intervenções na melhoria do pavimento e não permite o descongestionamento da 125. A via férrea é outro dos problemas que se mantém há tantos anos. Só ao fim de muitos, muitos anos tivemos a linha férrea que nos liga a Lisboa eletrificada, mas a frequência de comboios, mais ou menos rápidos, é escassa. A linha que une Vila Real de Santo António a Sagres é digna de um país do chamado terceiro mundo. A qualidade dos comboios é a que se vê e a tão falada linha de metro de superfície é uma miragem que surge sempre que há atos eleitorais e depois esfuma-se. A não ligação desta linha de metro de superfície ao aero-

Se for uma regionalização com muita operacionalidade: Sim! P É a favor da regionalização ou basta descentralizar sem necessidade de instruir novos organismos? R Eu e a esmagadora maioria dos membros dos Corpos Sociais da AHETA somos favoráveis à regionalização, mas com algumas reservas. A maior dúvida que temos é a operacionalidade da eficácia dessa mudança versus os ganhos que a

região terá. Se a criação de uma região administrativa do Algarve, e o Algarve tem as melhores condições para ser uma região piloto onde se testem soluções, contribuir essencialmente para a criação de mais cargos políticos, mais tachos, mas organismos aumentando exponencialmente os custos operacionais, não terá qualquer vantagem. Mas se for uma regionalização com mui-

ta operacionalidade, que tenha um número reduzido de deputados e organismos adequados às reais necessidades, será positivo. Porque não fazer nessa altura a necessária e urgente redução do número de deputados à Assembleia da República, permitindo que com os deputados regionais o número de deputados do país não venha a aumentar? Como este é um tema que não reú-

ne consensos e não prevejo que vá reunir, de imediato, também não veríamos com maus olhos a possibilidade de, rapidamente, se avançar para uma descentralização administrativa e de competências, com autonomia económica. Este seria um primeiro passo para chegar à regionalização, mas conhecendo o centralismo do Estado, tenho muitas dúvidas que o consigamos.

porto é outra das lacunas que persiste ano após ano. A importância da ligação de uma linha férrea a Huelva e Sevilha também só é falada nos períodos eleitorais, mas, pessoalmente não me parece que, mesmo que do lado português fosse um projeto para avançar, tivesse igual decisão do lado espanhol. A questão da saúde para algarvios e turistas é outra questão muito importante. Por haver eleições mais uma vez foi prometido o tão ansiado Hospital Central do Algarve, mas, só faltou ter outra “primeira pedra”…

Temos sempre muitos estudos, mas ações concretas muito poucas A falta de recursos humanos, em muitas áreas, que não só no turismo, na minha opinião, tem muito a ver com a dificuldade e custos de obter habitação condigna para os trabalhadores que se queiram fixar na região. A dificuldade em obter por exemplo um lugar num estabelecimento de ensino para as crianças, filhas dos trabalhadores, é outra questão que não encoraja a mudança para a nossa região. Mas este é um problema transversal ao país. Nalguns casos, a legislação que apoia os desempregados também é um entrave. Questões como a falta de água e a não tomada de decisões rápidas para resolver esse problema em definitivo. Se há muitos anos tivessem tomado a decisão de construir uma nova barragem no sotavento algarvio esse problema estaria hoje minorado. Mas temos sempre muitos estudos, mas ações concretas muito poucas. P Que soluções propõe particularmente para o Algarve? R Não se podem tratar problemas diferentes com soluções genéricas. Por isso, o Algarve precisa de um olhar transversal com soluções concretas para os principais problemas, que se mantêm ano após ano. Por sermos considerados uma região rica, no contexto europeu, temos vários entraves, por exemplo, na obtenção de fundos comunitários que apoiem as empresas.


CADERNO ALGARVE

Postal, 4 de fevereiro de 2022

ISTICOS DO ALGARVE

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ança mia

No período pós pandemia, na área do turismo, vamos ter desafios únicos que agarramos ou ficamos fora da corrida. É necessário aproveitar estes momentos para poder reabilitar unidades hoteleiras, de animação e de restauração para podermos continuar a estar na mente dos consumidores. Outros destinos estão a fazê-lo. Quando o efeito pandemia diminuir drasticamente as pessoas vão querer sair de casa. E irão, de um dia para o outro, escolher o destino. Por isso, fatores como a acessibilidade aérea, a política de preços, a qualidade do destino estarão na mesa de decisão. E não tenhamos dúvidas que, por exemplo, os destinos da zona não Shengen irão ter políticas muito agressivas com preços muito mais baixos, pois as questões fiscais, de emprego e outras não se colocarão nesses destinos. Esses governos tudo farão para atrair o máximo de turistas, baixando impostos, apoiando salários, investindo muito dinheiro em promoção. Ora, em todas essas áreas nós estaremos no lado oposto. Continuaremos carregados de impostos, sem ligações aéreas suficientes sem meios para uma promoção mais agressiva do destino e com dificuldades do costume. Por exemplo, porque não afeta o estado uma pequena fatia do IVA, que todos pagamos, para a promoção da região? Os empresários não pedem que lhes seja devolvido esse valor, mas sim que seja reinvestido numa área onde somos deficitários e que é tão importante para toda a região. Por isso deveria haver um plano estratégico para o Algarve, no qual a AHETA está disponível para participar, que defina regras a x anos, seja qual for o governo da nação e as forças políticas dominantes na região. P Esse plano estratégico deverá ser uma espécie de ‘linha norteadora’ ou deverá ser objetivo, concreto e aplicável? R Um plano estratégico deve ser algo que define a atuação de todos os intervenientes de uma atividade económica, por exemplo, por um período alargado de tempo. Só assim se podem conseguir resultados concretos. O que assistimos em Portugal é cada vez que muda um governo, gastam-se meses ou anos a definir essas linhas estratégicas e quando as mesmas estão a começar a ser implementadas, cai o Governo ou há eleições. E fica tudo na mesma… Por outro lado, cada entidade tenta apresentar o “seu” plano de ação que colide com o outro ao lado. A AHETA não quer, por si só, fazer esse plano. O que queremos e exigimos é ser parte integrante do mesmo e dar os nossos contributos.

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ARTES VISUAIS

A arte pode ser produzida de forma mais ecológica? Obra produzida por Cortiço

FOTOS D.R.

SAÚL NEVES DE JESUS Professor Catedrático da Universidade do Algarve; Pós-doutorado em Artes Visuais; http://saul2017.wixsite.com/artes

E

m artigos anteriores procurámos salientar que a arte pode ajudar a que as pessoas tomem consciência da importânciadoseucomportamento para a preservação do ambiente, em particular para a necessidade de não desperdiçarmos e para a separação do lixo, permitindo a reciclagem e a reutilização dos materiais. Sendo a produção artística expressão da época em que ocorre, na atualidade o “lixo” é cada vez mais utilizado numa perspetiva de chamar a atenção para as questões ambientais. A utilização do lixo nas artes visuais está muito ligada à arte urbana, dizendo respeito a manifestações artísticas realizadas no espaço público, coletivo ou urbano, e traduzindo uma aproximação da arte às pessoas. Inclusivamente, há cidades ou zonas em cidades que têm melhorado a qualidade de vida dos seus habitantes devido às intervenções realizadas em arte urbana. É o caso de Loures, por alguns considerada uma “galeria a céu aberto”, desde que realiza os eventos “Loures Arte Pública”. Ao criarem imagens com aquilo que destrói a natureza, que a vai degradando, os artistas pretendem chamar a atenção para a sustentabilidade do planeta e a gestão dos recursos naturais. Nomeadamente, tem sido usado plástico por muito artistas, procurando chamar a atenção para a quantidade

de plástico existente nos oceanos, constitui cerca de 85 % do lixo encontrado zonas costeiras de todo o mundo, formando já “ilhas” no oceano e destruindo o ecossistema. Em Portugal, a bióloga marinha Ana Pêgo criou o projeto “Plasticus Maritimus”, sendo muito do lixo encontrado nas praias convertido em obras de arte. A importância da descarbonização e a poluição existente é também um tema que preocupa muitos artistas. Por exemplo, o artista chinês Nut Brother, em 2015, passou 100 dias a aspirar o ar das ruas de Pequim, durante cerca de 4 horas diárias, tendo no final fabricado um tijolo a partir da poluição aspirada, procurando consciencializar para o problema da poluição do ar em Pequim. Este mesmo artista realizou posteriormente uma outra iniciativa em que procurava consciencializar para a poluição considerada potável da água na China. Por seu turno, no sentido de alertar para a importância da floresta e para consciencializar a população sobre o desmatamento e as mudanças climáticas, o artista suíço Klaus Littmann concretizou o projeto “For Forest” (“Pela Floresta”), tendo sido plantadas 300 árvores, de 16 espécies, vindas de vários países, num estádio de futebol na Áustria. No seu site, Klaus refere que “este projeto é um aviso de que a natureza, que agora não é valorizada, algum dia só poderá ser encontrada em espaços especialmente designados, como já é o caso dos animais no zoológico”. Como tem referido a jovem Greta Thumberg, “ouçam os cientistas”; e, já agora, apreciem as produções artísticas e adotem comportamentos que contribuam para a preservação do ambiente!

As novas gerações vão viver no mundo que ajudarmos a criar e, por muitas diferenças que haja entre as pessoas, as culturas e os países, o planeta terra é a Casa de todos nós, sendo fundamental ajudar a preservá-lo! De entre os artistas portugueses que produzem obras a partir do aproveitamento daquilo que os outros desperdiçam destaca-se Bordalo II. Este é um dos principais nomes portugueses em arte urbana, utilizando “lixo” para construir obras/instalações/composições de grande dimensão com uma consciência ambiental. No processo de produção das suas obras, o autor recolhe materiais, corta, adapta o material recolhido, monta a peça, fixa-a no sítio onde vai ficar e, se for o caso, pinta-a. Estas peças são desenvolvidas maioritariamente com a utilização de plásticos de alta densidade, que já não servem para aquilo a que se destinavam. Recentemente foram criadas em Faro duas peças escultóricas com cerca de 10 metros de altura pelo artista Bordalo II, ambas representando um Cavalo Marinho, encontrando-se uma no Campus de Gambelas da Universidade do Algarve e outra no Parque de Campismo da Praia de Faro, pretendendo contribuir para a necessidade de consciencializar para a importância de preservar esta espécie. Há também artistas algarvios que têm procurado realizar trabalhos a partir do lixo, numa perspetiva de reutilização de materiais. É o caso de João Jesus, autodidata que aproveita engrenagens, cambotas de motor, molas de suspensão, correntes de transmissão, entre outras componentes da sucata de motos, bicicletas e automóveis para criar as suas obras. Uma deles foi precisamente um cavalo-marinho feito com componentes de mota, como discos e pastilhas de travão, rebites e parafusos. Um outro algarvio é algarvio David Mota, conhecido por Cortiço, o qual produz peças de arte feitas em cortiça. Tendo-se licenciado em Artes Visuais pela Universidade do Algarve, escolheu a cortiça como matéria prima preferencial das suas obras pois permitia-lhe trabalhar com a natureza na sua textura de uma forma direta e contrastá-la

Ficha técnica Direção GORDA, Associação Sócio-Cultural Editor Henrique Dias Freire Responsáveis pelas secções: • Artes Visuais Saúl Neves de Jesus • Diálogos (In)esperados Maria Luísa Francisco • Espaço AGECAL Jorge Queiroz • Filosofia Dia-a-dia Maria João Neves • Fios De História Ramiro Santos • Letras e Literatura Paulo Serra • Mas afinal o que é isso da cultura? Paulo Larcher e-mail redação: geralcultura.sul@gmail.com publicidade: anabelag.postal@gmail.com

Obras produzidas por João Jesus

com o cimento da cidade. Além disso, considera que as obras produzidas transportam consigo uma identidade regional, bem como uma mensagem ecológica. Desta forma, a arte pode ser produzida de forma mais ecológica, reaproveitando ou reutilizando materiais, numa perspetiva de economia circular.

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MAS AFINAL O QUE É ISSO DA CULTURA?

O Algarve de costa-a-costa: Olhão FOTOS ANTÓNIO HOMEM CARDOSO / D.R.

PAULO LARCHER Jurista e escritor

N

a crónica anterior1 o leitor assistiu aos meus insucessos nas visitas a Monte Gordo, Castro Marim e Cacela, pois as estações ferroviárias ficavam sempre demasiado longe do objectivo “turístico” pretendido e - conforme combinado com o António Homem Cardoso - devemos fazer o percurso “Algarve-Costa-a-Costa” apenas de comboio. Se obedecesse um itinerário linear teria seguido para Conceição, Porta Nova, Tavira e Luz por esta ordem, mas dei um salto - não por desinteresse, bem pelo contrário - e desembarquei directamente em Olhão. A linha férrea atravessa a cidade, como todas aliás deviam fazer para actuar como factor de progresso. Olhão soube aproveitar a proximidade da via férrea para se transformar na próspera cidade que é hoje. A estação está bem localizada e conservada. Não sou especialista de coisa nenhuma senão deste escrevinhar, mas penso que nesta era em que ainda não perdemos a esperança de salvar o Planeta, deveríamos apoiar estes transportes com saudável pegada ecológica2. É fácil, a partir da estação e virando a esquina do tribunal, encontrar a Avenida da República. Corre-lhe a todo o comprimento um larguíssimo passeio central e está animada do mais diversificado comércio. É na verdade a rua de uma povoação desenvolvida graças à bravura dos seus habitantes e a uma história de heroísmo, gravada na pedra para que conste. No comboio vinha a pensar de mim para mim: A pergunta fundamental a cada cidade que visito pela primeira vez devia ser algo como isto: “Que Alma te anima, cidade?, que Alma te dá sustento e te abre os caminhos do futuro?” E depois devia ficar à escuta.

João Lúcio (1880-1918) foi um poeta ceifado na juventude por uma Covid qualquer. Era natural de Olhão, precisamente, onde também morreu, mas não foi só olhanense, nem só algarvio. Foi um cidadão do mundo que como poucos intuía a invisível alma das coisas. Num lindo poema intitulado “Descendo” o poeta diz:

“Pela escada que desce ao fundo mist’rioso De tudo aquilo que a vista não alcança […] Por essa escada irei, no silêncio das loisas,[…] Até poder sentir o coração das coisas […] Até que a treva seja uma luz para mim” (3)

Talvez essa visão apurada lhe tenha permitido trazer-nos um Algarve oculto no mais profundo do espírito dos seus povos, auxiliada por uma apurada sensibilidade estética (talvez não seja um mero acaso ter nascido sobrinho do pintor Henrique Pousão).

“A Cor, filha da Luz, é uma língua em tons Que fala, sem rumor, à curva da retina… Como há para o ouvido a palavra e os sons, Nasceu para o olhar esta harmonia fina.” (4) Bom, vinha eu então pensando na questão da “alma olhanense” quan-

do - nem de propósito - os meus olhos pousaram num compridíssimo cartaz que afirmava isto: “Olhão Tem Alma”. Parecia responder à minha demanda: o cartaz simulava um cenário romântico: casalinhos a passear cães à trela; jovens correndo; jovens andando de bicicleta; jovens falando ao telemóvel, alguns fotografando. Turismo afinal. Apenas a descontracção estival, o bem-estar do dolce farniente. Não. A alma de Olhão não pode ser só isto. Onde se esconderá a sua outra alma? No extremo do mesmo cartaz vejo uma barca com dois mastros, incongruente naquele pano de fundo. Ah! Deve ser a “Bom Sucesso”, a que foi ao Brasil levar ao Rei D. João VI a notícia da sublevação contra os franceses ocupantes. Façanha heróica seguramente apoiada numa “alma” forte, mas será que com isto se que resume a alma de Olhão? Continuei a minha deambulação pela Avenida da República. Um edifício vizinho da Capela de Nossa Senhora dos Aflitos chamou-me a atenção. Tratava-se da antiga Sociedade Recreativa Olhanense renascida com o nome de Associação Cultural Re Criativa República 14. Entrei, para concluir que está de parabéns! Instalações acolhedoras, jardins agradáveis, esplanadas envoltas num silencioso calor a destilar um prazeroso perfume a trópicos. Tive

sorte, porque a avaliar pelo programa exposto, alguns dias deverão ser bastante mais movimentados que hoje. Mas quem melhor do que o poeta João Lúcio nos poderia ajudar a dar o tom apropriado a estas emoções, a encontrar para elas o mot juste? Escreveu ele:

“Oh meu ardente Algarve impressionista e mole, Meu lindo preguiçoso adormecido ao sol […]” (5) Este interregno todavia não me fez esquecer a busca pelas outras partes da alma de Olhão. Foi preciso gastar meias-solas para começar a ter dela um vislumbre quando passei pela zona industrial. Pensava (erradamente) que a indústria conserveira tinha morrido no Algarve, mas não. Essa indústria secular sobrevive aqui, ou renasceu, e o olhanense tem dela a perspectiva certa, focada na importância do trabalho para o bem-estar e o progresso. Uma estátua representando uma operária conserveira, inaugurada há pouco mais de um ano, é uma recente e merecida homenagem a quem trabalha. Posso então arriscar-me a dizer que um dos pilares da alma olhanense é o “Trabalho”. Mas não se fica por aqui. O título de Vila da Restauração foi conseguido graças a um

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ESPAÇO AGECAL

Estácio da Veiga, o investigador e a sua circunstância JORGE QUEIROZ Sociólogo, sócio da AGECAL

“Cheguei até onde me permitiram os prazos e os meios, …o futuro, se é que a este País cabe ainda fundada esperança de se poder engrandecer pela cultura da ciência, fará o resto”. Estácio da Veiga, in “Antiguidades Monumentais do Algarve”

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ebastião Philippes Martins Estácio da Veiga (18281891) foi das figuras mais destacadas da cultura e da ciência no Algarve, um dos pioneiros da arqueologia portuguesa. Nasceu em Tavira numa família da aristocracia rural, seu pai era cavaleiro da Casa Real e a mãe francesa, ele próprio usou o título de “moço fidalgo”. Na infância viveu o ambiente das guerras liberais (1832-1834), frequentou o Liceu de Faro, o único existente no Algarve e

forte que não se verga às > carácter ordens de ninguém, nem a estrangeiros, nem a nobres nem a padres e assim se desvenda o segundo pilar dessa alma forte: a “Independência”. E isto sem esquecer o carácter naturalmente solidário aprendido nas rudes fainas do mar. Eis pois o meu humilde contributo, espero que verdadeiro, para a caracterização da Alma Olhanense. FOTO PAULO LARCHER / D.R.

em Lisboa concluiu em 1850 o curso de Engenharia de Minas na Escola Politécnica, trabalhando a seguir na Subinspeção Geral dos Correios e Postas do Reino. A segunda metade do século XIX em Portugal foi uma época de afirmação do romantismo, dos nacionalismos e regionalismos, a reacção da aristocracia às ideias modernizadoras das classes industriais burguesas, receosa da mobilização das classes trabalhadoras e mulheres pelos seus direitos de cidadania. A aristocracia ao perder influência política, económica e social, busca os valores do povo, as tradições e exalta o patriotismo, Estácio da Veiga neste contexto publica em 1863 “Gibraltar e Olivença, Apontamentos para a História da Usurpação Destas Duas Praças”. Como engenheiro de minas interessou-se pela geologia e a botânica, publicando em 1866 “Plantas da Serra de Monchique Observadas Nesse Ano”. Em 1870 edita o “Romanceiro”, recolha de tradições

orais e lendas do Algarve, ao contrário do rigor científico das obras de arqueologia, revela apetência ficcional e desconhecimento dos métodos da etnografia. Em “Povos Balsenses” de 1866 seguiu o itinerário de Antonino, localizando a urbe romana de Balsa na quinta da Torre d`Ares, propriedade de uma tia, que lhe ofereceu diverso espólio. No Natal de 1876 chuvas torrenciais no sul do País expõem estruturas antigas, Estácio da Veiga deu conta a Lisboa do aparecimento de um cemitério romano na Quinta de Marim junto a Olhão. Na carta propõe ao Governo o levantamento arqueológico das estruturas e em 1877 elabora um reconhecimento em Mértola, no qual estranha a ausência de estruturas do período muçulmano, atribuindo o facto ao grande terramoto de 1080, referido por Al Razi, que atingiu Sevilha, Por decisão do Governo é entregue a Estácio da Veiga o levantamento dos

vestígios arqueológicos no Alentejo e Algarve. A “Carta Arqueológica do Algarve” foi concluída em 1878. Em 1880, Estácio da Veiga é secretário do Congresso Internacional de Antropologia e de Arqueologia Pré-Histórica, concretizando nesse ano o “Museu Archeologico do Algarve” na Academia Real de Belas-Artes em Lisboa, logo a seguir abandonado e o espólio armazenado. Em 1881 cria o Instituto Arqueológico do Algarve cujo objectivo era fazer regressar os espólios à região algarvia, desenvolve também o “Programa para a Instituição dos Estudos Arqueológicos em Portugal”, percebe claramente a necessária articulação entre investigação e museologia. “Antiguidades Monumentaes do Algarve” elaborada entre 1886 e 1891, é uma obra em cinco volumes, postumamente publicada por Leite Vasconcellos n´“O Arqueólogo Português”. Estácio da Veiga foi membro da

Academia das Ciências de Lisboa, reconhecido investigador em Itália, França, Bélgica, Espanha, Brasil, …. Faleceu a 7 de Dezembro de 1891 em Lisboa. Com escassos apoios públicos, suprindo financiamentos do seu próprio bolso, deixou uma obra incontornável sobre o património material algarvio. Nas actividades de Faro 2005-Capital Nacional da Cultura reeditou-se a obra de Estácio da Veiga, uma chamada de atenção para o espólio de natureza diversa que se encontra em Lisboa desde finais do século XIX depositado em reservas museológicas. No programa do núcleo museológico do Museu Municipal de Tavira, a instalar no sítio arqueológico de “Corte Reais”, em pleno centro histórico, foi proposto homenagear o seu nome, mostrando a obra e espólios na terra onde nasceu.

O Manuel da Fonseca6 teimou em ver as açoteias de Olhão do alto da Igreja da Nossa Senhora do Rosário pois - segundo ele - de nenhum outro local poderia ter a visão da torrente de brancos e arestas que sobem da terra com a força de um quadro de Picasso. Foi há cinquenta anos que ele realizou esta visita pelo que eu quis ver de perto essas casas e as suas formas originais,

não a partir do ar - como ele - mas com os pés firmados na terra. Passeei então pelos bairros da Barreta e do Levante que se erguem junto à Ria e que foram em tempos toscas barracas de pescadores cobertas a colmo e depois evoluíram para alvenarias de taipa e, finalmente, para estruturas mais condizentes com o século e os ditames de um turismo que se apaixonou por estes bairros “típicos”. Chama-se típico, normalmente, a algo que faz recordar comunidades com vidas modestas e que nasceram por razões familiares e solidárias. O turismo porém modificou tudo. Para melhor ou para pior? Depende… Como diz o povo, “não se pode ter Sol na eira e chuva no nabal”. O turismo traz riqueza por um lado e adulteração por outro e o equilíbrio entre ambos tarda em ser encontrado. Estava eu então a arrastar os pés pelo labiríntico Bairro da Barreta: ruas estreitas, obras em curso, aqui e ali. Algumas pareciam respeitar a alma do sítio, outras nem por isso. Claramente se via que os novos ocupantes tinham modificado a vida do bairro. Ainda se vêem alguns antigos habitantes mas os alojamentos locais surgem em cada esquina. O turista apaixonou-se pela Barreta, mas não estou certo que a Barreta se tenha apaixonado pelo turista, mas isso é uma outra cartilha. Num larguinho sou surpreendido por uma pequena estátua em metal: um miúdo de braços amua-

damente cruzados sobre o peito. Ao lado uma placa explicativa. É “O Largo do Carola” diz uma placa camarária. Constato que a figura se apoia numa lenda ingénua e faz parte de uma forma interessante de fazer turismo adoptada na cidade de Olhão, com a divulgação de lendas locais e a criação de percursos turísticos baseados nessa e noutras pequenas histórias. Entretanto uma frágil senhora apoiada na sua bengala foi-se chegando. “A senhora mora aqui?”, pergunto. Pois que morava. E vá de contar a história do larguinho. Ná, não era Largo do Carola coisa nenhuma. Era Largo da Palmeira, pois sempre tinha havido ali uma palmeira. Um dia porém tinham vindo uns homens da câmara para a arrancar e levar embora. Diziam que estava muito doente mas era mentira. O caso é que da primeira vez que o homem tentou arrancá-la o equipamento não funcionou. Veio

no dia seguinte e no outro ainda e de todas as vezes a máquina se recusou a trabalhar. “Ela não queria ser cortada”, conclui a senhora. Mas os maldosos homens foram teimosos e numa triste manhã o Largo acordou para um tronco selvaticamente decepado, e fora esse o triste fim do Largo da Palmeira, “o maior largo da Barreta”. E assim falou o Povo.

* O autor não escreve segundo o acordo ortográfico

(1) Caro leitor, terá mesmo que dar uma vista

de olhos às crónicas anteriores onde explico a origem e objectivos deste nosso projecto. (2) Espera-se que a electrificação e modernização da linha do Algarve avance com rapidez. (3) Viajantes, Escritores e Poetas, Retratos do Algarve, ed. Colibri, CELL/UALG, 2009, p 104. (4) Viajantes, Escritores e Poetas, Retratos do Algarve, ed. Colibri, CELL/UALG, 2009, p 106. (5) João Lúcio, O Meu Algarve, in Poesias completas, INCM, pp. 112-113. (6) Manuel da Fonseca, Crónicas Algarvias, Editorial Caminho, 2ª ed., Lisboa,1986. *O autor não escreve segundo o acordo ortográfico


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FILOSOFIA DIA-A-DIA

Mascarada? FOTOS D.R.

MARIA JOÃO NEVES PH.D Consultora Filosófica

A vida são dois dias e o carnaval são três”- é um ditado popular que frequentemente utilizamos quando precisamos de nos animar. Deixemos de lado as contrariedades da vida, e concentremo-nos na sua parte festiva, de desmesura e estardalhaço. Demos rédea solta aos apetites, amordacemos o grilo falante da consciência e estejamos descansados porque “é carnaval e ninguém leva a mal”. Mas será que alguém pode levar a mal, mesmo quando não se trata de carnaval? Será que temos capacidade de decidir por nós próprios? Às vezes parece que somos dominados por forças “irresistíveis” e que a nossa livre vontade- se é que ela existe! - é mesmo muito fraca. O próprio Sto. Agostinho se dirigiu a Deus nestes temos: “Dai-me a castidade e a continência; mas não ma deis já”. [Confissões 8:7] Terá sido aqui que Robbie Williams veio buscar inspiração para o seu êxito pop: “Oh lord, make me pure, but not yet”? Mais adiante, no mesmo capítulo, o então ainda não santo clarifica: “Temia que me ouvísseis logo e me curásseis imediatamente da doença da concupiscência que antes preferia suportar que extinguir. (...) A alma tinha medo como da morte, de ser desviada da corrente do vício em que ia apodrecendo mortalmente.” Trata-se, pois, de uma prece contraditória, um dizendo que se quer não querendo, uma vontade fraca. Porém, mesmo se se tratasse de uma vontade forte, poderíamos estar seguros de que ela existe? Desde a antiguidade aos nossos dias, há pensadores que negam a existência do livre arbítrio. Consideremos, pois, alguns dos argumentos empíricos contra

a liberdade humana. Existe uma linhagem de pensamento que sustenta que o mundo é governado pela Lei da Causalidade, portanto, como os seres humanos fazem parte do mundo, também a ela se submetem. O sucesso da física de Isaac Newton que permitiu explicar o universo como sendo governado por leis determinadas constitui-se na sua base empírica. No entanto, a revolução quântica do início do século XX tornou essa concepção de um universo mecânico duvidosa. Porém, a mecânica quântica trouxe novos problemas. O seu indeterminismo, por exemplo, parece experimentar-se apenas a nível microscópico. Quando se trata de fenómenos observáveis a olho nu - edifícios, pessoas, animais, etc. - o universo parece comportar-se como uma estrutura causal newtoniana. Tanto no que respeita à concepção do mundo como no que se refere à mente humana - que é o que mais nos importa aqui - existem correntes científicas que não apoiam a ideia de que tudo o que fazemos está pré-determinado pelo passado e, por conseguinte, totalmente fora do nosso controle. Colocam a hipótese de estarmos sujeitos a inúmeras influências causais, sendo que a soma total dessas influências não determina o que fazemos, apenas torna mais ou menos provável que façamos isto ou aquilo. Ainda assim, existem alguns argumentos a priori contra a existência do livre-arbítrio que se centram em teorias não determinísticas segundo as quais existem probabilidades antecedentes e objetivas associadas a cada resultado de escolha possível. O filósofo holandês Derk Pereboom (1957 -) enquadra-se nesta linha de pensamento defendendo que as nossas ações, embora indeterminadas, são governadas por probabilidades objectivas. Por este motivo Pereboom questiona a existên-

cia da liberdade. O pensador aponta também para o facto de podermos ser influenciados inconscientemente nas escolhas que fazemos por uma série de factores, incluindo aqueles que não são motivacionalmente relevantes. Quer isto dizer que podemos acreditar que escolhemos iniciar um comportamento que, de facto, foi induzido artificialmente. Professor nas universidades de Vermont e Cornell, nos EUA, este académico leva a bandeira da não existência da liberdade às ultimas consequências: defende que nos falta o livre arbítrio necessário para a responsabilidade. Ou seja, quer as nossas ações sejam causadas de forma determinística ou indeterminística, não teremos o controle necessário para merecermos ser culpados ou punidos por decisões imorais, e ser elogiados ou recompensados por aquelas que são moralmente exemplares. Pergunto-me que mundo teríamos se esta fosse a tese vigente... Voltaríamos à selva? Seria o regresso à lei do mais forte? Se Pereboom pode ser considerado perigoso trata-se, apesar de tudo, de um filósofo. Ora os filósofos não têm grande projecção nem influencia nos dias de hoje. As grandes estrelas - para além das do cinema e da música - aquelas estrelas que, realmente, movem a opinião pública são os cientistas. E no topo da fama estão os neurocientistas. Que têm os ilustres homens de ciência do séc. XXI a dizer sobre a liberdade? O neurocientista americano Benjamin Libet (1916-2007) foi premiado precisamente pela sua investigação pioneira sobre o início da acção e o livre arbítrio. Em laboratório desenvolveu a seguinte experiência: cada participante sentava-se a uma mesa em frente ao cronómetro de um osciloscópio. Eram-lhes fixados eléctrodos

no couro cabeludo para realização de um electroencefalograma. Seguidamente, recebiam instruções para realizar alguma atividade motora pequena e simples como, por exemplo, pressionar um botão. Era-lhes pedido que anotassem a posição do ponto, no temporizador do osciloscópio, de quando “tomassem consciência do desejo de agir”. Esta experiência permitiu calcular que, em média, existe um intervalo (cerca de quinhentos milisegundos) entre a volição do sujeito - o aparecimento da vontade consciente de apertar o botão - e o acto de o pressionar. Dito de uma forma simples, verificou-se que a decisão de agir, aparentemente consciente, era precedida por um acumular inconsciente de actividade elétrica no cérebro. À mudança nos sinais de EEG que reflecte esse acumular de actividade eléctrica no cérebro chamou-se potencial de Bereitschaft ou potencial de prontidão. Com o desenvolvimento da tecnologia, a partir de 2008, foi encontrado potencial de prontidãoaté 7 segundos antes de que o sujeito tomasse consciência de que tinha tomado uma decisão. Destas experiências científicas houve pensadores que extraíram a seguinte conclusão: uma vez que os processos inconscientes do cérebro são o verdadeiro iniciador dos actos volitivos o livre-arbítrio não desempenha nenhum papel nesse desencadeamento. Dito de outro modo: se os processos cerebrais inconscientes já deram passos para iniciar uma ação antes de que a consciência esteja ciente de qualquer desejo de realizá-la, o papel causal da consciência na volição está praticamente eliminado. Podem todas estas experiências científi-

cas provar que não temos livre arbítrio? Vejamos, exercer a vontade significa podermos fazer algo intencionalmente. A intenção é uma actividade da mente. Claro que se supomos que a mente é apenas uma propriedade do corpo entramos em grandes dificuldades. Ora é justamente assim que a mente parece ser entendida pelos mais renomeados cientistas! O corpo opera de acordo com as leis amorais e inconscientes da física, da química e da biologia. As leis da física não tomam decisões. Os planetas não deliberam sobre qual é a estrela em torno da qual querem orbitar, e quão rápido lhes apetece ir, e se de trajectória elíptica ou circular... Se acreditamos que, por termos um corpo físico, estamos totalmente sujeitos às leis da física ficamos totalmente indefesos. Se destas experiências neurocientíficas extrairmos a conclusão de que toda e qualquer decisão é, na sua raiz, inconsciente e acharmos que daí decorre que não decidimos nada, então, estamos totalmente à mercê das forças irracionais que nos movem, quaisquer que elas sejam! Seremos, portanto, vítimas absolutas das circunstâncias em todas as ocasiões e - tal como crê Pereboom - nunca teremos de nos responsabilizar ou orgulhar por nada! Vem-me imediatamente à cabeça um outro êxito da música pop: Olha o robot! dos Salada de Frutas - Será que somos apenas isso, robots mascarados de humanidade? Inscrições para o Café Filosófico: filosofiamjn@gmail.com * A autora não escreve segundo o acordo ortográfico


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FIOS DE HISTÓRIA

A Avó Algarvia de Camões FOTO D.R.

RAMIRO SANTOS Jornalista ramirojsantos@gmail.com

É

a avó algarvia de Camões. Chamava-se Guiomar Vaz da Gama, casada com Antão Vaz de Camões, e era parente dos Gamas do Al-

garve. A ligação familiar está documentada, mas continuam a pairar no ar perguntas sem respostas. Por exemplo: quem foram os pais de Guiomar ou que tipo e grau de parentesco tinha ela com a família do almirante da Índia? O que se sabe é apenas o que dizem os primeiros biógrafos do poeta, Pedro Mariz e Manuel Severim de Faria. E tudo se resume a isto: que “Antão Vaz de Camões casou com Guiomar Vaz da Gama, parente dos Gamas do Algarve, vindos do Alentejo, da família do grande navegador”. Uma versão que foi sendo replicada sucessivamente por outros historiadores e genealogistas ao longo dos séculos. Sem um ponto a mais, a narrativa ficou assim parada no tempo. Como dizia Faria de Sousa, “quien lo entendiere mejor me lo diga”. Que os Gamas passaram do Alentejo para o Algarve e por cá deixaram descendência, é um dado adquirido. O mais notável deles, Vasco da Gama, de família com origens em Sines e na Vidigueira, casou com Catarina

de Ataíde, uma algarvia filha de Álvaro de Ataíde, alcaide mor de Alvôr. O primeiro a colocar o nome de Guiomar como avó de Camões, e a ligação desta a Vasco da Gama, foi Pedro Mariz, numa edição de Os Lusíadas de 1613, comentada por Manuel Correia. Um e outro foram contemporâneos de Luís de Camões e o último seu amigo pessoal, “persona de credito e de la idade do poeta e su amigo”, como diz Mariz. Ninguém como eles e M. Severim de Faria, estaria em melhor posição para o afirmar com tal propriedade. À excepção do que eles disseram mesmo com algumas imprecisões -, muitos aspetos da vida do épico português persistem envoltos em nuvens de fumo que têm levado ao engano e, não raras vezes, a muitas fantasiosas efabulações. Mas graças a eles, há coisas que são hoje pacificamente aceites: Luís Vaz de Camões era descendente direto de Vasco Pires de Camões, seu trisavô, fidalgo galego que passou a Portugal ao serviço do rei D. Fernando, onde ganhou fama e fortuna. Mais tarde, por ter alinhado ao lado de Castela contra D. João I, em Aljubarrota, caiu em desgraça, foi feito prisioneiro e tudo perdeu. Do seu casamento com Maria Tenreiro, vieram os descendentes da família mais próxima do poeta. Primeiro os seus bisavós, João Vaz de Camões e Inês Gomes da Silva, pais de Antão Vaz de Camões, seu avô, dono de um morgadio em Évo-

ra, que veio a casar com Guiomar Vaz da Gama. Por este facto o poeta é neto, por varonia, de Guiomar Vaz da Gama. Os seus pais foram Simão Vaz de Camões e Ana de Macedo. Corria-lhe, pois, nas veias, sangue de um fidalgo vindo da Galiza, mestre no manejo das armas e virtuoso na poesia trovadoresca, e de uma ilustre avó algarvia. E terá sido da fusão dessa tradição da poesia trovadoresca, herdada do trisavô, com o cancioneiro popular do Algarve, transmitida pela avó, que lhe terão chegado as influências refletidas de forma clara na sua obra poética. Mas vale a pena contar que há quem reclame ter supostamente encontrado a chave para o enigma, ligando Guiomar a uma família e aos seus pais. Trata-se do controverso historiador e genealogista, A. Mascarenhas Barreto. Diz ele que Guiomar Vaz da Gama era filha de Aires da Gama e de Mécia Alves Garcia (Bocanegra), o qual, descendendo de Álvaro Eanes da Gama e da algarvia Maria Esteves Barreto, seria irmão de Estevão da Gama, trisavô de Vasco da Gama. Aceitando-se esta tese - com pouco consenso entre os genealogistas - , Luís Vaz de Camões e o navegador da Índia, seriam primos em terceiro grau. Além disso, confirmava Guiomar como parente dos Gama do Algarve e avó do poeta. Nesta longa discussão poderia ainda caber outro ramo dos Gamas, cujo nome derivou mais tarde no apelido Rua, com ligações ao Algarve e a Loulé. Mas também este caminho não parece conduzir a lado algum e muito menos à família de Guiomar. Se a ligação de Vasco da Gama ao Algarve resultou, para além de algumas ações de fiscalização da costa, do seu casamento com Catarina de Ataíde, importará realçar também que uma outra mulher homónima, filha de Francisco da Gama e neta de V. da Gama, é dada como prima ou parente do poeta e sobrinha de Manuel de Portugal. Este foi um dos grandes amigos e confidentes de Camões nos amores do Paço. Não escondia a sua paixão pela algarvia Francisca de Aragão a quem Camões dedicava exaltantes rimas poéticas, escrevendo algumas a pedido do amigo. E aqui entra outra ligação de Camões ao Algarve. Francisca de Aragão, que veio a casar com Juan Borja, embaixador de Espanha em Lisboa, era filha de Nuno Rodrigues Barreto, alcaide mor de Faro e senhor do morgadio de Quarteira. O seu tio, Francisco

Barreto, foi governador da Índia e a sua relação com o poeta terá sido algo conflituosa. Camões, mestre na sátira mordaz, desatou a denunciar em verso os disparates na Índia, nomeadamente a decadência dos valores portugueses e a corrupção reinante no seio da nobreza e da elite dirigente. Os Barretos não lhe perdoaram e Camões foi mandado, primeiro para um exílio dourado em Macau e, mais tarde, regressado à Índia, não demorou até que fosse preso. A vingança suprema veio de Pedro Barreto, governador de Sofala, que deixou o poeta em Moçambique sem meios para regressar ao país. Valeu-lhe a ajuda de uns amigos que seguiam a bordo e entre eles juntaram o dinheiro para lhe garantir a viagem. Como se sabe, o poeta não ardia no fogo de um amor só. As mulheres foram a sua fonte inesgotável de inspiração e ele com a sua arte de cantar o amor em verso, era um galante sedutor e o mais disputado pelas donzelas da corte. Mas, como dizia Gil Vicente, “a corte era um mar perigoso onde pesca muita gente”, e a inveja mais o descuido do poeta, que nem sempre tratou de proteger o nome das suas musas, determinaram a sua sorte. Camões acabou por ser banido do Paço e desterrado para o Ribatejo e depois para longe da pátria. Antes do seu exílio de 17 anos no oriente, o autor de Os Lusíadas trocou os desenganos dos seus dias atribulados na corte, pela vida de ação e feitos de armas em Ceuta. E como escreveu Teófilo Braga, “na partida para África, parece que a nau aferrou no Algarve, junto a Vila Nova de Portimão, no sítio da Ribeira de Boina”, que ele cantou desta forma: “Por meio de umas serras mui fragosas,/Cercadas de silvestres arvoredos,/Retumbando por ásperos penedos,/correm perenes águas deleitosas/Na Ribeira de Boina, assim chamada,”/celebrada/ porque em prados/esmaltados/com frescura/de verdura,/Assi se mostra amena, assi graciosa,/que excede a qualquer outra mais fermosa”... A canção não deixa dúvidas quanto à sua presença no morgadio com aquele nome - ou de Santo António dos Casais - pertença de Isabel Coutinho, filha de Fernando Coutinho, bispo de Silves, casada com o alcaide mor da cidade, Rui Pereira da Silva. Também aqui T. Braga coloca Pereira da Silva e Diogo da Silva, seu irmão, alcaide mor de Lagos, como seus primos ou parentes. Há mesmo quem afirme que Pero Vaz

de Camões, seu tio, também se encontraria por esses lados na mesma altura. Se não tinha relações de parentesco com os Silva, a verdade é que um filho do alcaide de Silves, Jorge da Silva, era amigo de Camões e seu companheiro de farras nas noites lisboetas e frequentador como ele dos salões da corte. Diz-se que Jorge não escondia uma secreta paixão pela Infanta Dª Maria e que isso o terá levado a refugiar-se longe do perigo, para evitar um final de vida no pelourinho real. Terá sido na Ribeira de Boina que Camões o foi encontrar. Versão diferente é apresentada pelo autor e genealogista algarvio, Nuno Campos Inácio, que no seu livro “História do Condado de Vila Nova de Portimão”, diz o seguinte: “O mais razoável é que a presença de Camões no Algarve, não esteja relacionada com o tio lacobrigense ou os eventuais primos de Silves, mas sim com alguém que lhe estaria muito mais próximo. Luís Vaz de Camões frequentava a corte onde D. Francisco de Castelo Branco, Senhor de V.N. de Portimão, era camareiro-mor e por onde também andaria o seu filho Martinho”. Nuno Inácio invoca o gosto dos Martinhos pela poesia, para admitir uma aproximação a Camões como se “fossem amigos”. E adianta ser “concebível que D. Martinho, deslocando-se a Portimão para tomar posse informal do seu Senhorio, se fizesse acompanhar pelo amigo”. O autor destaca a existência de prova documental a ligar os dois homens: “O único exemplar sobrevivente da primeira edição de Os Lusíadas encontrava-se no espólio de D. Martinho de Castelo Branco, entre os seus bens que regressaram a V.N. de Portimão, após o seu falecimento em Alcácer Quibir”. Em conclusão, não parece normal que um homem que partira para uma campanha arriscada de guerra em África levasse consigo como bíblia, uma obra de poesia épica na sua bagagem de combate. O que só se justifica pela amizade e admiração que tinha pelo autor de Os Lusíadas. Luís Vaz de Camões, sem um trapo para se cobrir, faleceu em Lisboa em 1580, e foi sepultado em campa rasa na igreja de Sant’Ana, em Lisboa. Fontes: ”Rimas Várias de Luís de Camões”, Pedro Mariz; Discursos Vários Políticos”, M. Severim de Faria; “Camões”, Teófilo Braga; “História do Condado de V.N de Portimão”, Nuno Campos Inácio; outras.


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LETRAS & LEITURAS

Violeta, de Isabel Allende: 40 anos de vida literária PAULO SERRA Doutorado em Literatura na Universidade do Algarve; Investigador do CLEPUL

V

ioleta é o novo romance de Isabel Allende, a assinalar a comemoração dos 40 anos de vida literária desta autora que tem sido presença constante e essencial na vida de milhões de leitores. O lançamento mundial do novo livro, com edição simultânea em vários países, e uma apresentação online com a autora exclusiva para os leitores portugueses, deu-se no passado dia 25 de janeiro, data simbólica escolhida por Isabel Allende. A tradução é de Carla Ribeiro. A obra da autora chilena encontra-se integralmente publicada pela Porto Editora. Violeta é um romance de celebração. De 80 anos de vida, de 4 décadas de percurso literário, iniciado com o fulgurante sucesso de A Casa dos Espíritos. Talvez por isso mesmo as datas e os anos são tão importantes em Violeta. O romance inicia-se com o nascimento da personagem epónima, num dia de tempestade, em 1920, e termina justamente em 2020, com a morte da protagonista e narradora. Ou seja, nesta narrativa cabem 100 anos de vida de uma personagem imensa, que aterrou «de cabeça na vida» (p. 15) – durante o parto a criança escorrega das mãos da tia que assiste ao parto e bate com a cabeça no chão, ficando marcada por um galo. A vida de Violeta, como se verá, atravessa e cruza justamente diversos momentos-chave de mais de um século. Violeta nasce no ano da peste, quando ainda se sentem os efeitos devastadores da Grande Guerra, do outro lado do Atlântico, e a gripe espanhola, a influenza, chega ao seu país natal, na América do Sul, obrigando a uma série de cuidados, como a desinfeção constante, o uso de máscaras e recolhimento social. A sua vida terminará, curiosamente, um século depois, durante o deflagrar de uma nova pandemia. Logo desde as primeiras linhas, o leitor reconhece o estilo muito próprio da escritora chilena, entre os saltos cronológicos em que a história avança e recua no tempo, conforme acompanha um mosaico de personagens, cuja natureza é, quase sempre, tão forte quanto excêntrica, e o seu humor muito peculiar, como acontece nesta passagem: «Nessa noite, fui ao seu quarto. Não fiques admirado, Camilo, nem sempre fui uma velha desvalida, aos 51 anos ainda

era atraente e as minhas hormonas funcionavam.» (p. 219) Curiosamente, da mesma forma que o primeiro romance da autora, A Casa dos Espíritos, começou com a intenção de ser uma carta ao seu avô, que estava prestes a falecer, Violeta surge sob a forma de uma longa carta a um narratário, Camilo. Mas este novo romance tem ainda a particularidade de ter sido fruto da vontade da autora de contar a história de Doña Panchita, a sua mãe, falecida em 2018. Mas como tantas vezes acontece em Isabel Allende, em que até Afrodite, um livro de receitas, se transforma num romance, ou Paula, escrito como uma carta à filha que morreu, surge pejado de histórias íntimas e pessoais, também este suposto registo biográfico sucumbiu, felizmente, à influência da ficção. Note-se, aliás, que o apelido de Violeta, del Valle, ressoa de imediato a genealogia de Clara de A Casa dos Espíritos – se lermos outras obras da autora, como Retrato a Sépia, este é aliás um patronímico que volta a surgir, interligando subtilmente as várias obras da autora. A certa altura, na página 102, Violeta acaba por desvelar como Nívea, a mãe do seu pai, «tinha morrido decapitada num arrepiante acidente de automóvel, e que a sua cabeça se tinha perdido num cercado». Relembre-se os leitores mais familiarizados com a obra de Allende, que Nívea era justamente a mãe de Clara. A própria Clara aparece aliás indiretamente referida no romance, numa passagem logo a seguir: «havia uma tia capaz de falar com as almas». O pai de Violeta será, por conseguinte, irmão de Clara, e um dos 15 filhos de Nívea (conforme referido no romance de estreia de Allende). Violeta não resulta, portanto, na história de vida da mãe de Isabel Allende, mas sim na história da mulher que Panchita teria sido, se tivesse podido ter a força de vontade, a independência e a capacidade de se sustentar sozinha, como Violeta, pois na vida de uma mulher, nascida no século passado, ou mesmo neste, há sempre várias prisões de que se libertar. «A realidade é que cada um é responsável pela sua própria vida. Nascemos com certas cartas do baralho e é com elas que jogamos o nosso jogo; a alguns calham-lhes cartas más e perdem tudo, mas outros jogam magistralmente com essas mesmas cartas e triunfam. O naipe determina quem somos: idade, género, raça, família, nacionalidade, etc, e não o podemos

mudar, apenas utilizá-lo o melhor possível. Nesse jogo, existem obstáculos e oportunidades, estratégias e armadilhas.» (p. 194) Violeta atravessa um século de vida das mais diversas peripécias, inclusive diversas catástrofes naturais, entre terramotos e furacões, até se tornar já na terceira idade (Violeta viverá ainda uma “quarta” idade) numa patrona, cujo património lhe permitirá criar uma Fundação em prol de jovens mulheres – o que ressoa curiosamente o trabalho da Fundação da própria Isabel Allende. O país em que Violeta nasce nunca chega a ser nomeado, tornando-se assim não propriamente o Chile enquanto pátria perdida ou “país inventado” de Isabel Allende, exilada desde 1973 do seu país-natal. Esse país é, assim, um lugar acrónico, fora do espaço, que representa a América do Sul, com a sua clivagem social, mestiçagem e turbulência política – os campos de concentração, os homicídios e desaparecimentos, a tortura, a repressão, países subdesenvolvidos que sob regimes tirânicos se transformam em países prósperos, ainda que sob a sombra da corrupção e da desigualdade. Violeta fala-nos inclusivamente da «infame Operação Condor», criada pelos Estados Unidos da América para instaurar ditaduras de direita no continente sul-americano (p. 265). Nesta vivência cheia de sobressaltos, que cruza momentos tão díspares como a Grande Depressão, a luta pelos direitos da mulher, e a mais recente pandemia, e une lugares tão distantes, como a Noruega ou o Congo, Violeta é um romance ambicioso, mas coeso, que vai certamente corresponder às expetativas dos fãs de Allende. Isabel Allende nasceu em 1942 no Peru (por mera casualidade). Viveu no Chile entre 1945 e 1975, esteve exilada na Venezuela até 1988 e vive, desde então, na Califórnia. Em 1982, A Casa dos Espíritos converteu-se numa obra de referência da literatura latino-americana (a par de Cem Anos de Solidão de Gabriel García Márquez). Seguiram-se dezenas de livros, todos eles êxitos internacionais. Entre outras distinções, foi galardoada com o Prémio Nacional de Literatura do Chile e agraciada, em 2014, com a Medalha Presidencial da Liberdade, por Barack Obama. Em setembro de 2020 recebeu o Prémio Liber, outorgado pela Federación de Gremios de Editores de España, que a classifica como a autora latino-americana mais destacada da atualidade, traduzida em trinta e cinco línguas.

Isabel Allende é classificada como a autora latino-americana mais destacada da atualidade, traduzida em 35 línguas FOTO D.R.

“Violeta” é um romance de celebração de 80 anos de vida e de 4 décadas de percurso literário


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DIÁLOGOS (IN)ESPERADOS

Uma voz, um rio, um resistente

Carlos Brito e Maria Luísa Francisco em diálogo junto ao Rio Guadiana

MARIA LUÍSA FRANCISCO Investigadora na área da Sociologia; Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa luisa.algarve@gmail.com

N

o artigo de Outubro de 2021 referi-me a Carlos Brito quando escrevi sobre pontes culturais e transfronteiriças. Este ano volto a Carlos Brito como segundo “convidado” desta nova rubrica chamada “Diálogos (in)previstos”, porque este mês completa 89 anos e porque sei que tem muito para partilhar. Este diálogo decorreu em Alcoutim, em sua casa, sobre o Rio Guadiana, onde foi feito o registo fotográfico. Nesta vila viveu com a família, a infância (regressou de Moçambique com 3 anos de idade) e parte da juventude. Actualmente reside com a esposa numa casa sobre o rio, onde mantém a sua actividade literária e participação cívica. A actividade literária teve início em Lisboa, quando frequentava o Instituto Comercial (actual ISCAL) onde, com outros jovens, organizou recitais e colaborou em vários jornais e revistas. Aos 20 anos foi preso pela PIDE, pela primeira vez. Voltou a ser preso

FOTO D.R.

mais duas vezes, tendo cumprido um total de oito anos de prisão. Em 1967 passou a participar na direcção do Partido Comunista Português. No dia 25 de Abril de 1974 estava em Lisboa, clandestino, e era responsável pela organização partidária na capital. Em 1975 foi eleito deputado à Assembleia Constituinte pelo Algarve. De 1976 a 1991 exerceu sem interrupção o mandato de deputado, tendo desempenhado durante quinze anos as funções de presidente do Grupo Parlamentar do PCP. Em 1980 foi candidato à Presidência da República. Entre 1992 e 1998 foi director do jornal Avante!. Em 1997, foi agraciado com a Grã-Cruz da Ordem do Infante D. Henrique e, em 2004, com a Ordem da Liberdade (Grande-Oficial). Após ter deixado de ser deputado publicou vários livros. Aqui fica parte do nosso diálogo: P No mês em que completa 89 anos e com tudo o que a vida lhe reservou, que frase usaria para descrever a sua vida? R Muita luta, algumas decepções, grandes alegrias e sempre esperança na mudança para melhor do nosso País e do Mundo.

Quais as melhores memórias que tem da sua infância? P

R A melhor memória é a do ambiente carinhoso do meu núcleo familiar, a seguir vêm as memórias do rio:

nadar, pescar, velejar. Lembro-me muito do meu «charuto», uma espécie de Kayak de construção artesanal. Com ele passava horas a vogar rio abaixo, rio acima. P Quando esteve preso imaginou que chegaria a esta idade? R Não pensava nisso. Na altura, a esperança de vida à nascença era, no nosso país, muito mais baixa do que é actualmente. Mas sentia-me com força para viver, apesar das ameaças que me cercavam. P Quais os livros que leu na prisão? R Imensos. Oito anos de prisão nas cadeias da ditadura, para não serem improdutivos, tinham que ser aproveitados para ler. E não li mais porque a PIDE e os carcereiros às suas ordens, em certos períodos, não me permitiam receber livros. Assim de repente, lembro-me de alguns. De autores portugueses: Os Maias de Eça de Queiroz, Quando os Lobos Uivam de Aquilino Ribeiro, Seara de Vento de Manuel da Fonseca, na ficção. De poesia: No Reino da Dinamarca de Alexandra O´Neill, Pedra Filosofal de Jorge de Sena, Poesias Completas de António Gedeão. De autores estrangeiros: Guerra e Paz de Lev Tolstoi, Os Thibault de Roger Martin du Gard. Nineteen Nineteen de John dos Passos, Gabriela Cravo e Canela de Jorge Amado.

Deste livro até escrevi uma crítica, numa carta para a minha Mãe, que o Jornal do Algarve publicou. Também li muita história universal e história de Portugal, especialmente do período que vai da Revolução de 1820 à República, sobre qual fiz um estudo sistemático. P

Está a escrever algum livro?

Além de artigos para jornais e revistas, estou a escrever um romance sobre a minha geração. E vou escrevendo poesia. Gosto de fazer palavras cruzadas e recomendo às pessoas idosas! A minha escrita são as minhas palavras cruzadas e por isso vou escrevendo sem nenhum compromisso de concluir. R

P Qual é o seu sentir sobre o Algarve actualmente?

O Algarve é um paraíso. Penso em todo o caso que precisa de grandes mudanças. O turismo deve ser desenvolvido, modernizado e em geral valorizado, mas é essencial acabar com a monocultura do turismo e encontrar outras áreas de desenvolvimento com novas ofertas turísticas. E a Luísa sabe bem disso, pois não lhe faltam ideias e que tem colocado em prática, valorizando a região. O Algarve já teve indústria e uma agricultura florescente e tem as maiores potencialidades no domínio das pescas. É preciso um grande empenhamenR

to do sector público, privado e sector cooperativo para encontrar estas áreas novas de desenvolvimento. Há, entretanto, no domínio público, importantes carências que têm de ser preenchidas. Na saúde, entre muitos outros aspectos, um novo hospital há muito prometido. No domínio das acessibilidades, é necessária a modernização de toda a via ferroviária e a sua ligação com Espanha. P Acredita que este Governo vai dar seguimento ao processo da Ponte Alcoutim Sanlúcar? R Com a governação de António Costa estou convencido que a ponte vai para a frente, o que é da maior importância não só para Alcoutim, mas para todo o Nordeste Algarvio e para os «Campos Brancos» do Baixo Alentejo. Aliás, agora a estabilidade governativa está assegurada com a maioria absoluta do PS, que é essencial para enfrentar a pandemia, desenvolver a economia, melhorar os serviços públicos, elevar salários, ordenados e pensões. Espero que haja diálogo com os partidos à sua esquerda, PCP e BE, que tão penalizados foram por terem chumbado o Orçamento para 2022 e que têm agora oportunidade para se redimir desse mau passo.

* A autora não escreve segundo o acordo ortográfico


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CADERNO ALGARVE

Postal, 4 de fevereiro de 2022

NECROLOGIA REGIÃO

JOÃO MANUEL DOS SANTOS LOURENÇO

MARIA MARTA PIMENTA FERNANDES

18-10-1955 13-01-2022

22-01-1942 13-01-2022

Agradecimento Os seus familiares vêm por este meio agradecer a todos os que o acompanharam em vida e nas suas cerimónias exéquias ou que de algum modo lhes manifestaram o seu sentimento e amizade.

Agradecimento Os seus familiares vêm por este meio agradecer a todos os que a acompanharam em vida e nas suas cerimónias exéquias ou que de algum modo lhes manifestaram o seu sentimento e amizade.

CONCEIÇÃO - TAVIRA SANTA MARIA E SANTIAGO - TAVIRA Agência Funerária Santos & Bárbara, Lda.

SANTA MARIA - TAVIRA SANTA MARIA E SANTIAGO - TAVIRA Agência Funerária Santos & Bárbara, Lda.

MARIA JOSÉ RIBEIRO RODRIGUES SILVA

MARIA GOMES MARTINS

04-10-1951 16-01-2022

08-04-1934 21-01-2022

Agradecimento Os seus familiares vêm por este meio agradecer a todos quantos se dignaram a acompanhar o seu ente querido à sua última morada ou que, de qualquer forma, lhes manifestaram o seu pesar.

Agradecimento Os seus familiares vêm por este meio agradecer a todos os que a acompanharam em vida e nas suas cerimónias exéquias ou que de algum modo lhes manifestaram o seu sentimento e amizade.

SANTIAGO - TAVIRA SANTA MARIA E SANTIAGO - TAVIRA Agência Funerária Santos & Bárbara, Lda.

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MARIA ODETE DOS MÁRTIRES

07-07-1934 30-01-2022

16-12-1933 31-01-2022

Agradecimento Os seus familiares vêm por este meio agradecer a todos os que o acompanharam em vida e nas suas cerimónias exéquias ou que de algum modo lhes manifestaram o seu sentimento e amizade.

Agradecimento Os seus familiares vêm por este meio agradecer a todos os que a acompanharam em vida e nas suas cerimónias exéquias ou que de algum modo lhes manifestaram o seu sentimento e amizade.

SANTA MARIA - TAVIRA SANTA MARIA E SANTIAGO - TAVIRA Agência Funerária Santos & Bárbara, Lda.

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èPomar de citrinos: 8.158 m2 èTerra de semear: 8.000 m2 èTerra de semear: 9.788 m2 èPomar de citrinos e terra de semear 6.370 m2 èÁrea total: 32.316 m2

Contacto: 918 201 747


CADERNO ALGARVE

Postal, 4 de fevereiro de 2022

A NÚNCIOS REGIÃO

CARTÓRIO NOTARIAL DE FARO A CARGO DA NOTÁRIA MARIA DO CARMO CORREIA CONCEIÇÃO

ANÚNCIO VENDA DE PRÉDIO RÚSTICO NOTIFICAÇÃO PARA EFEITOS DE EXERCICIO DO DIREITO LEGAL DE PREFERÊNCIA Vem por este meio Joruun Synnove Hageler divorciada, contribuinte fiscal nº 265 937 485, residente em Odinsveg 33, 7724 Steinkjer, Noruega, nos termos e para os efeitos previstos no disposto no nº 1 do artigo 1380º do Código Civil dar conhecimento a todos os proprietários dos prédios confinantes que é sua intenção vender os prédios rústicos compostos por cultura com árvores: - o prédio inscrito na matriz predial rústica, com a área de 4.044 m2 sob o artigo 1150 da Freguesia de S. Brás de Alportel e descrito na Conservatória do Registo Predial de S. Brás de Alportel sob o nº 2384/19871215- S. Brás de Alportel, confrontando a norte com caminho, sul com caminho, nascente com Manuel Dias Sancho e poente com caminho -o prédio inscrito na matriz predial rústica, com a área de 690 m2 sob o artigo 1089 da Freguesia de S. Brás de Alportel e descrito na Conservatória do Registo Predial de S. Brás de Alportel sob o nº 3015/19880603 - S. Brás de Alportel, confrontando a norte com Serafim Sousa Pedro, sul com Manuel Dias Sancho, nascente com João de Sousa Barros e poente com Paulo Teodoro Viegas Silva. A referida compra e venda concretizar-se-á nos termos e condições seguintes: a) Os identificados prédios rústicos serem vendidos em conjunto com os prédios urbanos inscritos na matriz sob o artigo nº 6489, também propriedade dos anunciantes situado na mesma referida freguesia e concelho de S. Brás de Alportel, composto de 1 piso e destinado a habitação, com a área de 130m2; com o qual forma um prédio misto e o inscrito na matriz sob o artigo 2599, da Freguesia e concelho de S. Brás de Alportel e descrito na Conservatória do Registo Predial de S. Brás de Alportel sob o nº 2385/19871215 - S. Brás de Alportel. b) O preço global a pagar pelo adquirente será de € 430.000,00 (Quatrocentos e Trinta Mil Euros), sendo atribuídos €172.000,00 ao prédio urbano, artº 6489, €36.000,00 ao prédio rústico nº 1150, ao artigo urbano 2599 o valor de € 172.000,00 e ao artº rústico nº 1089 o valor de €50.000,00. c) O preço será pago de uma só vez, no acto da celebração da escritura pública de compra e venda através de cheque bancário emitido à ordem da procuradora dos vendedores, a solicitadora Carmo Gonçalves; d) A escritura pública deverá ser realizada no Cartório Notarial da Dra Francisca Castro, em Cascais, até ao final do mês de Fevereiro do corrente ano; e) Os custos relativos à celebração da escritura pública de compra e venda e demais despesas com a mesma relacionadas incluindo os registos de aquisição a favor do(s) comprador(es), o Imposto Municipal sobre as Transmissões Onerosas de Imóveis (IMT), Imposto de Selo (I.S) e honorários a advogado ou solicitador, serão da exclusiva responsabilidade do(s) comprador(es). Nestes termos, devem os proprietários dos prédios rústicos confinantes pronunciarem-se sobre se pretendem ou não exercer o direito legal de preferência que lhes assiste, no prazo máximo de 8 (oito) dias contados a partir da publicação do presente anúncio, nos termos indicados, sob pena de caducidade do referido direito de preferência, nos termos do disposto ao nº 2 do artigo 416º do Código Civil. Caso reúnam as necessárias condições e pretendam exercer o direito de preferência na compra e venda, deverão os interessados enviar, dentro do referido prazo, comunicação escrita para a morada da procuradora dos vendedores, Carmo Gonçalves, Rua Dr. Manuel Eusébio Ramires, nº 68, 8700-458 Olhão.

(POSTAL do ALGARVE, nº 1279, 04 de Fevereiro de 2022)

MUNICÍPIO DE CASTRO MARIM UNIDADE ORGÂNICA DE ADMINISTRAÇÃO URBANISTICA

Edital Dr. Francisco Augusto Caimoto Amaral Presidente da Câmara Municipal de Castro Marim TORNA PÚBLICO, que por seu despacho de 28/10/2021, exarado no processo nº. 09- 36/2020, referente ao pedido de fiscalização no prédio sito em Ribeiro do Álamo, freguesia de Altura, atendendo à impossibilidade de notificar por outras vias os seus proprietários, vem a Câmara Municipal dar conhecimento, nos termos do n.º 2 do artigo 89.º do Regime Jurídico da Urbanização e Edificação, de que devem os mesmos proceder, no prazo de 30 dias, às necessárias obras de conservação ou à demolição do edifício, sob pena de não o fazendo a Câmara Municipal nos termos do n.º 3 do mesmo artigo proceder à demolição da edificação, imputando-lhes as custas com a operação. Mais se informa os proprietários de que está consagrada no artigo 89°, a proibição de deterioração dos imóveis e que a sua conduta cabe nessa previsão, sendo por Lei considerada dolosa, conforme consagra o artigo 89.º A do Regime Jurídico da Urbanização e Edificação, e o Município de Castro Marim tem a obrigação, nos termos das alíneas a) e b) do art.º 102.º do Regime Jurídico da Urbanização e Edificação, de tomar as medidas consideradas adequadas de tutela e restauração da legalidade urbanística. Para constar se publica o presente Edital e outros de igual teor que vão ser afixados nos lugares designados por Lei e ainda publicitados no Jornal do Algarve e Postal do AIgarve. Castro Marim 16 de dezembro de 2021 O Presidente da Câmara Francisco Augusto Caimoto Amaral (POSTAL do ALGARVE, nº 1279, 04 de Fevereiro de 2022)

1º- Aprovação de Relatório de Gestão, Parecer do Concelho Fiscal e Contas de 2021;

COOPERATIVA AGRICOLA DOS PRODUTORES DE AZEITE DE SANTA CATARINA ASSEMBLEIA GERAL CONVOCATÓRIA De acordo com o disposto no Parágrafo segundo do art. 23º, e no Parágrafo segundo do art. 25º dos Estatutos da Cooperativa Agrícola dos Produtores de Azeite de Santa Catarina da Fonte do Bispo, CRL, convoco os seus associados a reunirem-se em Assembleia Geral, em sessão ordinária, no dia 09 de Março de 2022, pelas 17 horas na sua sede e com a seguinte ordem de trabalhos:

2º - Discussão e votação de proposta de alteração de estatutos da Cooperativa; 3º - Discussão de outros assuntos de interesse para a Cooperativa. Se à hora marcada não estiver presente o número legal de sócios, a Assembleia Geral reunirá uma hora depois, em segunda convocatória, no mesmo local e com a mesma ordem de trabalhos, podendo deliberar com qualquer número de associados.

Nos termos do art.º 100, n.º 1, do Código do Notariado, certifico que, no dia dez de dezembro de dois mil e vinte e um, foi lavrada neste Cartório, de folhas setenta e cinco a folhas setenta e sete do livro de notas para escrituras diversas número oitenta e sete, uma escritura de justificação, na qual compareceram: a) Dulcinea Mendonça de Sousa Prazeres, NIF 180 726 218, viúva, natural da freguesia de Almancil, concelho de Loulé, residente na Rua Mouzinho de Albuquerque, n.º 4, 1º Esq., 8000-397 Faro; b) Ana Maria de Sousa Prazeres Vairinhos, que também usa Ana Maria de Sousa Prazeres, NIF 213 251 256, natural da freguesia de São Domingos de Benfica, concelho de Lisboa, casada com Pedro Mimoso Vairinhos sob o regime da comunhão de adquiridos, residente no Largo do Carmo, n.º 36, 8000-148 Faro; e c) Maria Teresa de Sousa Prazeres, NIF 216 624 355, solteira, maior, natural da freguesia de Faro (Sé), concelho de Faro, residente na Praceta Maria Campina, n.º 5, 1º Esq., 8000-186 Faro. Que declaram que são donas e legítimas possuidores, em comum e sem determinação de parte ou direito, com exclusão de outrem, da fração autónoma identificada pela letra “B”, correspondente à habitação no primeiro andar esquerdo, tipo duplex, do prédio urbano em regime de propriedade horizontal sito na Rua Mouzinho de Albuquerque, na localidade e freguesia de Faro (Sé), concelho de Faro, descrito na Conservatória do Registo Predial deste concelho, onde se encontra registado sob o número três mil oitocentos e setenta e um, com registo de aquisição daquela fração (à genérica) a favor da sociedade “SOUSA & SILVA, LIMITADA.”, conforme inscrição AP. trinta, de catorze de abril de mil novecentos e oitenta e três, e a horizontalidade pela inscrição AP. trinta e um, de catorze de abril de mil novecentos e oitenta e três, inscrito na matriz predial urbana sob o artigo 5921 da União das Freguesias de Faro (Sé e São Pedro), com o valor patrimonial tributável, correspondente à fração de € 113.060,85, igual ao atribuído. Que a referida fração lhes pertence por a terem adquirido por sucessão hereditária de seu, respetivamente, marido da indicada em a) e pai das indicadas em b) e c), RUI GATO PRAZERES, falecido a nove de novembro de dois mil e vinte, que teve a sua ultima residência habitual na Rua Mouzinho de Albuquerque, n.º 4, 1º Esq., Faro, no estado de casado, em primeiras e únicas núpcias com a primeira identificada em a) Dulcinea Mendonça de Sousa Prazeres, sob o regime da comunhão de adquiridos, o qual, por sua vez, juntamente com ela, justificante Dulcinea Mendonça de Sousa Prazeres, acima identificada em a), havia adquirido a citada fração àquela sociedade, ora titular inscrita, em vinte e quatro de março de mil novecentos e oitenta e três, por compra verbal, nunca reduzida a escrito. Que, não obstante, sem qualquer interrupção no tempo, desde a mais antiga daquelas datas em que o seu antecessor entrou na posse do dito prédio, portanto há mais de vinte anos, têm estado, primeiro o indicado antepossuidor e a justificante indicada em a), e depois as ora justificantes indicadas em b) e c), a partir do óbito do referido Rui Gato Prazeres, na posse da referida fração, sem qualquer oposição, cuidando da sua manutenção, pagando contribuições e impostos, utilizando-o como habitação própria permanente, enfim usufruindo-o no gozo pleno de todas as utilidades por ele proporcionadas, sempre com ânimo de quem exerce direito próprio, posse essa exercida de boa-fé, por ignorar lesar direito alheio, de modo público, porque com conhecimento de toda a gente e sem oposição de ninguém, pacífica, porque sem violência, e contínua, pelo que as justificantes, invocando expressamente aquelas posses sucessivas, que tiveram início há mais de vinte anos, adquiriram o referido prédio por usucapião, não tendo, todavia, dado o modo de aquisição, títulos extrajudiciais normais capazes de provar o seu direito. Está conforme o original. Faro, aos 10 de dezembro de 2021. A Colaboradora, Ana Rita Guerreiro Rodrigues

Santa Catarina, 20 de Janeiro de 2022

(Colaboradora inscrita sob o n.º 400/6, conforme despacho de autorização da Notária Maria do Carmo Correia Conceição, publicado a 18.03.2016, no portal da Ordem dos Notários, nos termos do disposto no artigo 8º do Estatuto do Notariado e da Portaria n.º 55/2011, de 28 de janeiro)

O Presidente da Assembleia Geral

Conta registada sob o n.º192/12 Fatura / Recibo n.º 1/13803

Alberto Maria Vilela Boto Pimental (POSTAL do ALGARVE, nº 1279, 04 de Fevereiro de 2022)

(POSTAL do ALGARVE, nº 1279, 04 de Fevereiro de 2022)

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LIDERANÇA DO PSD

PRAIA DA ROCHA

Substituição do passadiço avança a bom ritmo O Município de Portimão está a proceder à substituição do passadiço da Praia da Rocha, cuja estrutura, construída há cerca de 16 anos, será substituída integralmente, o mesmo sucedendo com a iluminação, num investimento autárquico superior a um milhão de euros. “Os trabalhos incidem na substituição integral do atual passadiço, com cerca de 1,5 quilómetros de extensão, assim como dos respetivos acessos, através do recurso a novas madeiras com características mais resilientes e adaptadas às especificidades da zona, localizada a poucas centenas de metros do mar”, refere a autarquia portimonense. No que toca à iluminação, vai permitir “uma experiência mais agradável e segura durante os passeios noturnos, ao reduzir as zonas de sombra, servindo igualmente os acessos aos restaurantes instalados ao longo de passadiço, através da colocação de meia centena de luminárias LED com 5 metros de altura”. Está também contemplada nesta intervenção de fundo a instalação de infraestruturas de uma rede pública de ‘wireless’, que irá permitir livre acesso à internet em toda a área. Desde que entrou em funcionamento, no ano de 2006, o passadiço da Praia da Rocha tem sido bastante frequentado por residentes e turistas para os seus passeios de lazer ou para frequentar os diversos restaurantes distribuídos ao longo do percurso, sendo muito utilizado no período noturno, particularmente na primavera e no verão.

Semana Académica de Faro já está a ser preparada A Associação Académica da Universidade do Algarve (AAUAlg) já se encontra a preparar um dos eventos mais esperados da comunidade académica: a 35ª Semana Académica do Algarve. O evento, que é um dos principais festivais académicos do país, não se realizou nos últimos dois anos devido ao contexto pandémico que o país atravessava, regressando este ano e coincidindo com o ano de comemoração do 25º Aniversário da AAUAlg. O País das Maravilhas regressa a Faro entre os dias 28 de abril e 7 de maio, prometendo algumas novidades e muitas surpresas. Num ano que se prevê marcado pelo regresso dos grandes festivais e eventos musicais, a AAUAlg garante assim o regresso de um dos principais eventos da região Algarvia.

Norte pressionado a avançar

Últimas

Um grupo de militantes sociais-democratas algarvios estão a pressionar o presidente da Distrital e ex-deputado, Cristóvão Norte, a liderar uma lista para disputar a presidência do PSD.

1º Congresso do Cancro da Mama do Algarve O

O grupo liderado pelo presidente da União de Freguesias de Faro e líder da concelhia local do PSD, Bruno Lage, vai iniciar o processo de recolha de assinaturas para tentarem convencer Cristóvão Norte a dar o passo em frente. A iniciativa já está a circular nas redes sociais, a partir do momento em que Lage publicou esse objetivo na sua página do

Facebook, sublinhando o trabalho relevante em defesa do Algarve de Cristóvão Norte enquanto deputado. Lage destaca ainda as qua-

lidades de liderança e de argumentação política, salientando também que é chegado o momento de o Algarve se afirmar politicamente perante o país. Para o presidente da Junta de Freguesia de Faro, Cristóvão Norte “tem carisma, tem garra, tem um pensamento claro e estruturado e de certeza que fará o partido ser novamente PSD”. O POSTAL tentou obter uma reação de Cristóvão Norte, o que até ao fecho desta edição não foi possível. Norte não foi eleito deputado para esta legislatura por se ter posicionado contra a liderança de Rui Rio, no último Conselho Nacional que antecedeu o congresso em dezembro passado.

evento irá decorrer no dia 18 de fevereiro no Hotel Vila Galé de Lagos, promovido pela Tecnifisio - Fisioterapia Especializada e Bem-estar. A iniciativa tem como objetivo abordar o cancro da mama de forma multidisciplinar e biopsicossocial, promovendo o empoderamento e o conhecimento a todas e a todos que de um momento para o outro são confrontados com este diagnóstico.

Seca: Regantes pedem medidas urgentes Com

45% do país em situação de seca severa e extrema e a disponibilidade de água em níveis críticos nas barragens portuguesas, a FENAREG identificou medidas urgentes para mitigar os efeitos da seca na agricultura. Para o Algarve, apela que seja assegurada a rega de sobrevivência das culturas permanentes (pomares, vinhas) através de um plano de exploração para os vários usos que considere a água da Barragem da Bravura e captações alternativas, como por exemplo, a Barragem de Odelouca e captações subterrâneas. Alerta ainda que é necessário acelerar a captação de água no Pomarão para reforço de água ao Sotavento Algarvio.

Lembrem-me sempre como um algarvio marafado

'Os Moçambichos' de Maria João Neves em Loulé A obra vai estar em Fragilizado pela doença, Joaquim Vairinhos, professor, político, autarca e poeta, com várias obras publicadas, não faltou à chamada na cerimónia que assinalou a elevação de Loulé à categoria de cidade. Desde muito cedo ligado ao desporto e ao associativismo, viria a ser como autarca, três vezes eleito presidente da Câmara de Loulé, que Joaquim Vairinhos, que foi ainda deputado europeu e membro do Comité das Regiões, se viria a destacar. O seu nome ficará indelevelmente ligado a um compromisso ativo e empenhado em defesa dos interesses de Loulé e do Algarve. “Agradeço a toda a comunidade que me deu a oportunidade de ser seu presidente, permitindo desta forma que eu pudesse descobrir os meus limites colocando-os à disposição de Loulé e da sua população”, sublinhou Vairinhos numa sessão marcada por forte comoção e lágrimas. Na sua intervenção, recordou memórias de infância no largo da Graça onde nasceu, amigos, companheiros de caminhada política, adversários,

divergências e cumplicidades. Antes dele, o atual presidente do Município, Vitor Aleixo, destacou o perfil multifacetado de Vairinhos e a sua ligação profunda ao concelho e à região do Algarve, em nome dos quais nunca se furtou a uma “bom combate político” e de reclamar as obras que julgava essenciais junto do poder central. Na cerimónia estiveram presentes amigos e personalidades das diversas áreas de atividade empresarial, cultural e institucional, sendo de destacar José Apolinário, presidente da CCDR, e Mendes Bota, antigo presidente da Câmara de Loulé, seu adversário político que fez questão de estar presente. O Pavilhão Municipal de Loulé Professor Joaquim Vairinhos foi uma obra que nasceu da vontade do homenageado e ficará para sempre a assinalar o nome de um cidadão exemplar no exercício da sua atividade pública. “Quando pensarem em mim, lembrem-me sempre como um algarvio marafado”, pediu com um misto de ironia e emoção.

Distribuição quinzenal nas bancas do Algarve

Tiragem desta edição

6.449 exemplares

POSTAL regressa a

18 de fevereiro

destaque na rubrica “Livros Abertos” da Biblioteca Municipal de Loulé, este sábado, pelas 15:30. Maria João Neves nasceu em Moçambique, sendo a quarta geração da sua família nascida em África. Doutorada em Filosofia Contemporânea com uma tese sobre María Zambrano, é investigadora da Universidade Nova de Lisboa. Tem publicado livros e artigos científicos, um romance (“Troika-me” 2015) e crónicas no jornal Cultura Sul do Postal do Algarve). Em 2002 escolheu a cidade de Tavira para viver. Dedica-se à filosofia, à escrita e ao ensino de yoga. Em virtude das diretrizes da DGS, para participar neste evento será obrigatória a apresentação de certificado digital.


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