POSTAL 1278 14JAN2022

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14 de janeiro de 2021

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E ainda

ALGARVE: ELEIÇÕES LEGISLATIVAS 2022

Orçamento grátis em: www.hpz.pt

Empresários querem acordo entre partidos para "salvar metade dos restaurantes em risco de fechar" P11

PROPOSTAS DOS CANDIDATOS

caçadores de histórias

Portugal e Marrocos assinam acordo para entrada de marroquinos

São cinco os partidos ou coligações que têm maiores possibilidades de elegerem, no próximo dia 30 de janeiro, um ou mais deputados da nação em re-

O sabor das coisas simples

Acordo visa a contratação e estada de trabalhadores marroquinos em Portugal. P8

presentação da região algarvia. Mas ao todo são 17 os partidos ou coligações de partidos que concorrem pelo círculo eleitoral do distrito de Faro.

O POSTAL quis ouvir os seus candidatos cabeças de lista. Todos dizem querer defender os algarvios e a sua região na Assembleia da República. P12 e 13

P2

Elidérico Viegas e Hélder Martins disputam liderança na AHETA

Associação In loco lança guia para apoiar cantinas com alimentos de origem local Projeto visa aproximar produtores das entidades responsáveis pelas ementas nas escolas. P9

POSTAL está num novo site provisório há oito dias ELEIÇÕES São os dois candidatos à presidência da Associação dos Hotéis

POR PAULO LARCHER

O Algarve de costa-a-costa:

Castro Marim e Vila Nova de Cacela CS17

e Empreendimentos Turísticos do Algarve (AHETA) nas eleições marcadas

para o próximo dia 21. Saiba o que está em causa e o que defende cada um. P3

Vários sites e órgãos de comunicação social foram alvo de um ataque informático. P24

POR RAMIRO SANTOS

POR MAURO RODRIGUES

POR PAULO SERRA

Romance de amor e traição no reino do Al-Andaluz CS19

A origem da fotografia em movimento CS15

Paulina Chiziane, a primeira escritora africana a ganhar o Prémio Camões CS20

POR MARIA JOÃO NEVES

POR VILHENA MESQUITA

O Ano Novo e a lista A doença na História - Freira de resoluçõesJaneiro.pdf CS18 1 10/01/2022 morre de Herpes no séc. XVII CS21 ai1641816790129_Rodapé Duplo_Capa_25x8cm_AgrilojaTavira_14 12:13:11

POR MARIA LUÍSA FRANCISCO

Olhares sobre o Património Cultural do Algarve CS16

POR JORGE QUEIROZ

A Transição cultural CS16

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CADERNO ALGARVE

Postal, 14 de janeiro de 2022

CAÇADORES DE HISTÓRIAS FOTO D.R.

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Tiragem desta edição

6.492 exemplares

O sabor das coisas simples RAMIRO SANTOS Jornalista

“Pão com azeite! O que eu gostava daquele pão com azeite!”, disse a neta à porta da igreja, a chorar a avó que partia. A tristeza cobria-lhe o rosto de sombras e da alma transbordava toda a ternura do sabor que trazia da infância. Ao peito a medalha. O lugar onde quer que a avó permaneça. Colada ao seu coracão. - “Levo-a comigo para o resto da minha vida... e como uma das melhores recordações, o pão com azeite que ela me dava quando era criança!” Confidenciava baixinho, como se rezasse. - “Não sei se ela entendeu quando lhe contei que gostava tanto daquele pão com azeite. Havia já algum tempo que dava sinais de ausência e de já não estar ali”. E eu - “admiro a tua sensibilidade que faz de uma fatia de pão com azeite uma iguaria dos deuses para servir à mesa das almas bonitas. Não percas nunca esse sabor das coisas simples. São elas que

nos marcam a vida. Em todos os sentidos e em quase todas as circunstâncias. Há quem já tenha dado a volta ao mundo, mas não tenha dado um bom dia à mulher do pão que mora ao fundo da sua rua e que todos os dias passa à sua porta. Quem tenha por hábito frequentar os melhores restaurantes do mundo e seus arredores, mas não tenha provado uma fatia de pão quente com azeite. O que eles perdem!” – pensei eu. E ela - “os meus avós faziam uma boa dupla. Agora fica ele sozinho entregue aos seus bonecos e às andorinhas. Os meus outros avós partiram sem que eu tivesse ainda a maturidade para perceber que isso ia acontecer e, por isso, nunca lhes disse o que sentia. Quando esta minha avó começou a ficar diferente, resolvi dizer-lhe o que precisava de ser dito”. E eu outra vez - “olha, a melhor homenagem que podes prestar à tua avó é transmitires as memórias que guardas dela e as saudades do pão com azeite à tua filha, para ela transmitir aos filhos que hão-de vir. Assim a tua avó será uma luz permanente junto de vós”.

Notando o embaraço das palavras, adiantei

Há-de vir um Natal e será o primeiro em que se veja à mesa o meu lugar vazio

- “li uma vez que a vida se reduz aos momentos de ternura e pouco mais. De tudo o que se passa connosco, só conservamos a memória intacta de dois ou três rápidos minutos, ou a saudade dos sabores e aromas como este que contaste. Teimam, reluzem lá no fundo e inebriam-nos, como um pouco de água fria embacia o copo. O resto esvai-se como fumo. Algumas sensações, ternura, cor, e pouco mais”.

Há-de vir um Natal e será o primeiro em que hão-de me lembrar de modo menos nítido

Silêncio entre os dois cortado pelo repicar dos sinos... - “obrigada por ontem ter visitado o meu avô. Parece que estava a pressentir o instante!” – disse ela em despedida, cobrindo-se com o véu da tristeza e do silêncio. E retirou-se para dentro, no sossego acolhedor e contemplativo da igreja. Dali a nada, nas ruas e nas casas, haviam de acender-se as luzes do Natal que já batia à porta. Eu deixei-me ficar na ladainha do poema de David Mourão Ferreira:

Há-de vir um Natal e será o primeiro em que só uma voz me evoque a sós consigo Há-de vir um Natal e será o primeiro em que não viva já ninguém meu conhecido Há-de vir um Natal e será o primeiro em que nem vivo esteja um verso deste livro Há-de vir um Natal e será o primeiro em que terei de novo o Nada a sós comigo Há-de vir um Natal e será o primeiro em que nem o Natal terá qualquer sentido Há-de vir um Natal e será o primeiro em que o Nada retome a cor do Infinito

CAÇADORES DE HISTÓRIAS

Os afetos e a saudade na hora da partida. Há momentos de dor e de tristeza que transportam, paradoxalmente, toda a beleza e amor do mundo. No caso, as lágrimas da neta no adeus de despedida da avó, com o sabor das coisas simples. P.A. Se tiver histórias de vida, do quotidiano, suas ou de pessoas que conheça, atreva-se. Este espaço é seu.

Escreva e envie-nos os seus textos para: jornalpostal@gmail.com


CADERNO ALGARVE

Postal, 14 de janeiro de 2022

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REGIÃO ELEIÇÕES NA AHETA

Viegas e Martins disputam liderança

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lidérico Viegas e Hélder Martins são os dois candidatos à presidência da Associação dos Hotéis e Empreendimentos Turísticos do Algarve (AHETA) nas eleições marcadas para o próximo dia 21. Viegas apresenta-se com um programa sob o lema “assegurar o presente, garantir o futuro”, enquanto Hélder Martins candidata-se “por uma AHETA abrangente e renovada”. No que respeita aos restantes órgãos sociais, Elidérico Viegas apresenta para presidente da Assembleia Geral, Vítor Clemente e Amadeu Rodrigues para o Conselho Fiscal. Por sua vez, Hélder Martins avança para presidente da Assembleia Geral com Carlos Cabrita e para liderar o Conselho Fiscal, Luís Correia da Silva. Estas eleições ocorrem após a demissão, em março último, do presidente da direção, Elidérico Viegas, em colisão com os restantes elementos do executivo depois de ter criticado os chamados “prémios comprados” no turismo. Por consenso, o presidente demissionário manteve-se em funções de gestão, assegurando o normal funcionamento da associação até final do mandato que culmina com as eleições do próximo dia 21 de janeiro.

LISTA DE ELIDÉRICO VIEGAS - LISTA A

Assegurar o Presente, Garantir o Futuro NO SEGUIMENTO do ato eleitoral para os órgãos dirigentes da AHETA, agendado para o próximo dia 21 de janeiro, Elidérico Viegas encabeça uma lista de empreendedores hoteleiros e turísticos do Algarve, representativos dos vários interesses empresariais em todo o espaço regional, desde Vila Real de Santo António até Lagos e Sagres, dando assim expressão à representatividade da Associação. O Programa de Ação, cujo lema é “Assegurar o Presente, Garantir o Futuro”, enviado a todos os associados, integra ainda o hoteleiro Vítor Clemente como presidente da Assembleia Geral e Amadeu Rodrigues como presidente do Conselho Fiscal. Os órgãos sociais que integram a Lista “A” irão, caso sejam eleitos, no essencial, prosseguir uma estratégia que tem no horizonte o reforço da AHETA, enquanto estrutura associativa forte e dinâmica, e em que todos

continuem a rever-se e a participar ativamente. Este grupo de trabalho está comprometido com ideias e programas com significado e sentido turístico e empresarial, conforme resulta do Programa de Ação. A AHETA quer continuar a ser cada vez mais o ponto de encontro dos empresários do setor, recusando ser uma estrutura ao serviço apenas de alguns, independentemente da legitimidade dos seus interesses. A AHETA deve, assim, continuar a empenhar-se ativamente na construção de uma abordagem positiva do turismo do Algarve, tendo no horizonte a salvaguarda dos interesses empresariais da atividade turística, inovando na sua capacidade de intervenção, sem deixar de prosseguir uma estratégia que contribuiu para a afirmação e reconhecimento público e institucional da associação, quer ao nível da celebração de Convenções Colectivas de Trabalho,

quer no que se refere à prestação de serviços de apoio aos associados em matéria jurídico-laboral, quer no que respeita ao acompanhamento da evolução do setor na região e nos mercados turísticos internacionais concorrentes. A importância quantitativa e qualitativa do turismo da região, no presente e no futuro, passa pela inversão de um processo que não tem reconhecido as realidades da oferta e dos mercados turísticos algarvios, traduzido em políticas muitas vezes erradas e com resultados perversos, entre os quais destacamos o ancestral tratamento de desfavor dado à região em matéria de investimento público, cujo exemplo mais marcante é a não construção do novo Hospital Central.

LISTA DE HÉLDER MARTINS - LISTA B

Por uma AHETA abrangente e renovada A LISTA que agora apresentamos é fruto da vontade de um grande número de associados da AHETA, que representam toda a região e todas as áreas de atividade turística. Desde a hotelaria, restantes meios de alojamento, turismo residencial, golfe, imobiliária turística, animação e turismo náutico, garantem uma verdadeira representatividade do Algarve. Como podem ver, a nossa

lista é a única que abrange todas as áreas de negócio, no turismo do Algarve. Somos empresários que conhecem bem as dificuldades que se nos deparam, no dia a dia, enfrentámos e enfrentamos crises, lutámos e continuamos a lutar pela qualificação do Algarve como destino turístico e, atuando em conjunto, conseguiremos atingir os objetivos a que nos propomos. Os membros desta lista

trabalharão em grupo, rejeitando a prática vigente, ao longo de muitos anos, de “uma gestão da AHETA por uma só pessoa”. Na nossa lista estão empresá r ios e gestores representando empresas associadas da AHETA, de pequena, média e grande dimensão, o que lhes garante uma representatividade abrangente e acrescida. Por um lado, temos grupos económicos das diversas áreas de atividade, que garantem a expressão do setor e dão peso e dimensão à associação, fruto da sua representatividade, volume de negócios e capacidade de criação de emprego, mas a esmagadora maioria dos membros são pequenas e médias empresas algarvias, o que garante a representação equitativa ideal para uma estrutura associativa regional.


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CADERNO ALGARVE

Postal, 14 de janeiro de 2022

REGIÃO RIBEIRA DE ALJEZUR

Ambientalistas recorrem a tribunal para travar obras de requalificação

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associação ambientalista Arriba interpôs uma providência cautelar contra a Câmara de Aljezur, para parar os trabalhos de requalificação da ribeira de Aljezur, que incluem a aplicação de glifosato, até que se discutam os riscos ambientais. Numa nota enviada à redação do POSTAL, a Associação de Defesa do Parque Natural do Sudoeste Alentejano e Costa Vicentina (Arriba) indicou que o Tribunal Administrativo e Fiscal de Loulé aceitou a providência cautelar, que “tem como objeto a intimação da Câmara Municipal a parar quaisquer trabalhos” naquela ribeira. A associação defende que a intervenção deve ser suspensa até que se discuta se o projeto de requalificação da ribeira deve ser submetido a uma avaliação de impacto ambiental, por o mesmo conter medidas que passam pela aplicação de sal de glifosato, um herbicida para controlar as canas (Arundo donax), plantas invasoras. “Este herbicida é composto por um químico associado a casos de cancro e a sua aplicação será repetida três vezes, ao longo de cinco quilómetros e até 10 metros de largura das margens da ribeira”, alega a Arriba. Os ambientalistas questionam “o porquê de permitir este tipo de experiência numa área de grande sensibilidade ecológica e de interesse para a conservação da natureza e, ainda para mais, sem avaliação dos riscos ambientais”. O vereador da Câmara de Aljezur com o pelouro do ambiente, António Carvalho, disse à Lusa que a autarquia recebeu a notificação do tribunal na quarta-feira, do processo em que é visada também a Agência Portuguesa do Ambiente (APA) e que tem por base a violação de uma lei ambiental. “A ação é contra a Câmara e contra a APA e certamente que a vamos contestar dentro dos 15 dias que temos para o fazer, depois de já termos reunido com a APA, com o projetista e com os técnicos”, referiu o autarca. António Carvalho considera que a ação movida pelos ambientalistas “não tem razão de ser e os argumentos são facilmente desmontáveis, até porque o projeto foi pensado e estruturado tendo em conta os impactos no ambiente, sem pôr em causa a biodiversidade”. “A utilização do herbicida em causa será feita de forma estruturada e controlada, com técnicas especificas de aplicação com supervisão técnica, à semelhança do que é feito em outras zonas do país, nas zonas onde se verifica maior aglomerado de canas, uma invasora que põe em causa a estabilidade dos taludes na ribeira”, apontou. Na opinião do autarca, a ação judicial interposta pelos ambientalistas “vai atrasar os trabalhos de requalificação da ribeira, com prejuízos para o projeto financiado por fundos comunitários e que não mereceu contestação nas várias sessões de esclarecimento efetuadas pelo município”.

Instalação de resíduos perigosos em causa no sítio dos Matos da Picota em Loulé FOTO D.R.

Associação repudia que se equacione a possibilidade de licenciar uma unidade de gestão de resíduos junto de residências habitacionais e não aceita que as entidades públicas na elaboração dos seus pareceres desconsiderem por completo a existência destas pessoas. O Núcleo do Algarve do SOS Racismo afirma em comunicado que teve conhecimento que existe um projeto para licenciamento de uma unidade de gestão de resíduos (unidade para armazenagem, triagem, mistura e compactação de lixo urbano e de outros resíduos, incluindo resíduos perigosos) a instalar no sitio dos Matos da Picota, em Loulé. A associação diz que, a 15 de dezembro de 2021, foi decidido pela CCDR Algarve a necessidade de sujeitar esse projeto a Estudo de Impacte Ambiental. Diante a informação recolhida pelos técnicos da CCDR, a diretora de Serviços de Ambiente da CCDR Algarve (Eng. Maria José Nunes), emitiu um parecer no qual refere “O novo local… localiza-se a uma distância de pelo menos 1000m das habitações mais próximas a nordeste da pretensão”. O SOS Racismo considera que “esta afirmação não corresponde à verdade, existindo habitações, onde residem vários agregados familiares, que se localizam a cerca de 50 a 100 metros do local onde pretendem instalar a unidade de gestão de resíduos, existindo imagens no próprio

processo onde aparecem habitações junto ao local onde é pretendido instalar a unidade de gestão de resíduos”. No documento enviado à redacção do POSTAL pode ler-se que “esses agregados familiares são constituídos, na sua maioria, por pessoas de origem africana que vivem longe da aldeia mais próxima, situada a aproximadamente um quilómetro das suas casas, vivendo junto a pedreiras, sem saneamento básico público nas suas residências, sem estradas alcatroadas, sofrendo constantemente com o pó causado pelas pedreiras. Conjuntamente com todos estes problemas, estas pessoas são confrontadas com a possibilidade de ser instalada uma unidade de gestão de resíduos junto às suas residências, sofrendo com maus odores, pragas de moscas e outros insetos,

constantes ruídos de máquinas, entre outros problemas que podem afectar severamente a sua saúde e bem-estar, ficando com as suas vidas completamente arruinadas. E, mais uma vez, os principais sacrificados são sempre os mesmos: as pessoas racializadas”. Para o SOS Racismo, “esta omissão – não referir no parecer que vivem pessoas junto ao local onde se pretende instalar uma unidade de gestão de resíduos –, esquecendo ou ignorando quem vive junto do local, é mais um exemplo do racismo estrutural que existe em Portugal e que muitos o querem transformar num mito”. “Além de um problema de saúde pública e ambiental, estamos perante um problema de racismo estrutural, exigindo-se a todas as entidades públicas que defendam estas pessoas, protegendo-as dos

perigos que poderão ser causados com a instalação de uma unidade de gestão de resíduos que pretendem instalar junto das suas residências”, acrescenta a associação. Pelo exposto, o SOS Racismo “repudia veemente que se equacione a possibilidade de licenciar uma unidade de gestão de resíduos junto de residências habitacionais, e não aceita que as entidades públicas na elaboração dos seus pareceres desconsiderem por completo a existência destas pessoas, instruindo um processo sem atender à existência destas pessoas que se encontram à margem dos aglomerados populacionais mais próximos repetimos, sem saneamento básico público, sem estradas alcatroadas e sem a proteção que merecem e que se exige que seja prestada por todas as entidades públicas e privadas”.

Constituídos arguidos por auxílio à imigração ilegal em Albufeira

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Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF) constituiu como arguidos um homem e uma empresa e procedeu à realização de duas buscas, em Albufeira, numa investigação por auxílio

à imigração ilegal, anunciou o serviço de segurança. O SEF deu dia 6 de janeiro cumprimento a dois mandados de busca e apreensão, um em domicílio e outro em estabelecimento comercial, que permitiram apreender “cerca de cinco mil euros em numerário, três telemóveis, três computadores portáteis e variada documentação com vista a corroborar indícios criminais” recolhidos ao longo da investigação, quantificou a mes-

ma fonte. Com estas diligências, o SEF deu mais um passo numa investigação “iniciada em 2020” e na qual está em causa o crime de auxílio à imigração ilegal, envolvendo uma empresa de trabalho temporário, contextualizou a mesma fonte num comunicado. O SEF indicou que o “principal suspeito” é proprietário de uma empresa de trabalho temporário e ambos foram constituídos como arguido por suspeitas do crime de auxílio

à imigração ilegal. Ao longo do período abrangido pela investigação, os arguidos “terão sido responsáveis, a troco de avultadas quantias, pela legalização de mais de 300 cidadãos estrangeiros” e a “grande maioria nem sequer se encontra em território nacional”, referiu o SEF. A mesma fonte adiantou ainda que a investigação vai agora debruçar-se sobre o “vasto património imobiliário adquirido pelo arguido no último ano”.


CADERNO ALGARVE

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REGIÃO

Está de volta ensinar de forma divertida na Quinta Pedagógica de Portimão FOTO D.R.

Vai ser retomada a realização dos ateliês dedicados às crianças, que vão ter lugar nos dias 15, 22 e 29 de janeiro, sempre a partir das 11:00.

Por fim, no dia 29 de janeiro a alimentação dos animais da Quinta dominará todas as atenções, estando este ateliê aberto a crianças sem idade mínima, que têm a oportunidade de conhecer de perto os cavalos, os burros, os patos, as ovelhas, as galinhas, os porcos e os outros moradores deste espaço didático e recreativo, onde é divulgada a vida rural em plena cidade de Portimão, sensibilizando os visitantes de palmo e meio para a natureza e o meio ambiente. Os ateliês têm inscrição prévia, até um máximo de 15 participantes, as quais deverão ser efetuadas até às 17:00 da sexta-feira anterior à data de cada atividade, através do telefone 282 248 595 ou do email quinta.pedagogica@cm-portimao.pt

Este sábado, dia 15, a proposta será aprender a fazer e instalar caixas-ninho para aves e conhecer algumas das residentes na Quinta Pedagógica, enquanto no sábado, dia 22, o tema central vai ser o projeto de alimentação saudável e económica “Prato Certo”. Neste caso, e de forma divertida, os pequenos visitantes aprenderão a preparar alimentos saborosos, saudáveis e económicos, inspirados nos princípios da cozinha mediterrânica. Em ambos os ateliês, poderão participar crianças a partir dos 6 anos.

2021: Grande Rota Pedestre do Guadiana com mais de 55 mil passagens

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m número superior a 55 milhares de passagens foi registado em 2021 na Grande Rota do Guadiana, percurso pedestre para promover o turismo de natureza criado pela Odiana, Associação de Desenvolvimento do Baixo Guadiana, foi esta quarta-feira anunciado. A Grande Rota do Guadiana (GR15) prolonga-se por 165 quilómetros, atravessando áreas de Vila Real de Santo António, Castro Marim e Alcoutim, entre o litoral e a serra, num total de 17 localidades, no distrito de Faro, estendendo-se até ao concelho de Mértola, já no distrito de Beja. Em comunicado, a Odiana adianta que no ano passado a rota registou “55.539 as pas-

sagens de pedestrianistas”, número “elevado” e que “confirma a aposta” no turismo de natureza e “na promoção do pedestrianismo e apetrecho de estruturas pedestres”, referiu a associação criada por aqueles três municípios. Além da aposta na preparação dos percursos, foi também feita uma aposta em “sistemas de contagem” para dotar a associação de “dados estatísticos” para “avaliar o impacto deste recurso, de forma a delinear estratégias futuras no desenvolvimento do Baixo Guadiana”, acrescentou a Odiana, criada para promover o desenvolvimento no Baixo Guadiana. “Os dados foram aferidos através de um sistema avançado de monitorização na Grande Rota do Guadiana que permite a

contabilização do número real de utilizadores. Fornece ainda informação útil sobre a carga de utilização dos troços, permitindo minimizar o impacto no meio envolvente e garantindo a sustentabilidade dos recursos”, precisou a mesma fonte. A mesma fonte referiu que esta ação de monitorização contou com apoio comunitário do Programa Interreg V-A Espanha- Portugal (POCTEP) 2014-2020 e foi cofinanciado pelo Fundo de Desenvolvimento Regional (FEDER). No entanto, o “projeto, bem como os equipamentos e sistema de monitorização, foram instalados pela associação Odiana, com o apoio dos municípios de Castro Marim, Vila Real de Santo António e Alcoutim”. A GR15 começou a ser cria-

da em 2015 para promover a “paisagem, o património, a aventura e a atividade física ao ar puro” e conta com uma “oferta de percursos pedestres” que “aproximam” o litoral ao interior serrano do Algarve. No percurso, os praticantes de pedestrianismo podem ter contacto com “elementos históricos, patrimoniais e naturais”, que começam nas “praias a sul” e acabam nas “paisagens serranas a norte”, acrescentou. O “contacto com o rio Guadiana”, a “observação da diversidade de fauna e flora” são também pontos de interesse da GR15, que serve também como “ponto de ligação e convergência à Ecovia em Vila Real de Santo Antóbio e à Via Algarviana (GR13) em Alcoutim”, concluiu a mesma fonte.

“MUSEÓLOGO DO ANO”

São Brás de Alportel atribuiu voto de louvor a Emanuel Sancho EMANUEL SANCHO foi distinguido como museólogo do ano, pela Associação Portuguesa de Museologia no âmbito dos prémios APOM 2021. O diretor do Museu do Traje de

São Brás de Alportel recebeu, por decisão da autarquia, um voto de louvor municipal. Para a autarquia são-brasense, é “uma distinção que muito dignifica o seu percurso de longos

anos de exemplar dedicação à salvaguarda da Memória da Comunidade”. Volvidos 35 anos desde a abertura a público do Museu do Traje, cumpre ao Município enaltecer o notável

contributo prestado por esta instituição particular de solidariedade social, na defesa do património e no incremento cultural do concelho e da região.

SUBSTITUIÇÃO DO HOMEM DE NEANDERTAL PARA SAPIENS

Projeto de investigadora da UAlg recebe bolsa europeia de 2 milhões de euros

U

m projeto para investigar como dinâmicos que levou à transição de homens de Neandertal para uma espécie atual, na Europa, vai receber uma bolsa de quase dois milhões de euros, atribuída a Vera Aldeias, investigadora da Universidade do Algarve. A bolsa, do Conselho Europeu de Investigação (ERC, na sigla original), é a primeira atribuída à Universidade do Algarve e também a primeira vez que uma bolsa ERC em arqueologia é atribuída a Portugal, diz a instituição de ensino em comunicado.

Vera Aldeias é investigada pelo Centro Interdisciplinar de Arqueologia e Evolução do Comportamento Humano (ICArEHB) da Universidade do Algarve. Além dela bolsas de estudo, há mais de acordo com uma lista atribuída hoje aos portugueses que recebem valores, mais de acordo com a mesma. O projeto da investigação, “MATRIX - Into the Sedimentary Matrix: Mapping the Replacement of Neanderthals by Early Modern Humans using micro-contextualized biomolecules”, pretende ser dinâmicos de transição para o “Homo Sapiens” e baseia-se numa nova abordagem, o uso de biomoléculas (ADN, proteínas e lípidos) preservadas nos sedimentos na terra) dos sítios arqueológicos. “Esta oportunidade irá possibilitar desenvolvermos a ciência de ponta e ao mais alto nível a partir da Universidade do Algarve”, diz Vera Aldeias citada no comunicado. O projeto MATRIX “foca-se no período de transição de Neandertais para os Sapiens – um momento fulcral na nossa evolução e que pode ajudar-nos a explicar porque é que a nossa espécie é hoje a única a habitar o planeta”, explica a investigadora , segundo a qual a equipa que lidera vai analisar um conjunto alargado de sítios arqueológicos, de Portugal à, no leste da Europa. “Uma grande inovação proposta nesta bolsa é conseguirmos não extrair só ADN, mas também proteínas e lípidos DNA para que sejam percebidos exatamente como foram depositadas e, portanto, podem confiar na sua veracidade”, e como dinâmicos por trás da transição, explica. O ERC Starting Grant” é atribuído por cinco anos a pesquisadores promissórias que iniciam a equipe de investigação e o programa de investigação e iniciados como membros selecionados por sua própria equipe ou programa de investigação e como candidatos selecionados áreas de investigação. O ERC foi criado pela Comissão Europeia em 2007.


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CADERNO ALGARVE

Postal, 14 de janeiro de 2022

REGIÃO Câmara de Aljezur terá orçamento de 14,68 ME A Câmara de Aljezur (PS) vai contar, em 2022, com um orçamento de 14,68 milhões de euros, mais cerca de dois milhões do que o valor total orçamentado para o ano transato, anunciou a autarquia. A aprovação da proposta orçamental do executivo liderado por José Gonçalves, com os votos favoráveis da maioria PS e a abstenção das forças políticas da oposição, tanto na Câmara como na Assembleia Municipal, “reforça a realidade do rigor” financeiro e permite “continuar a investir”, mesmo numa conjuntura de “grande complexidade e exigência” acusada pela pandemia de covid-19. “O orçamento da Câmara Municipal de Aljezur, para o ano económico de 2022, prevê uma receita global e uma despesa global no montante de 14.686.202,00 de euros, um acréscimo de cerca de 2.032.432,00 de euros em relação ao ano de 2021”, destacou o município num comunicado, quantificando o crescimento em 16,6%. Em termos fiscais, o município aprovou uma taxa de IMI de 0,30%, o valor “mínimo” previsto, e vai “prescindir da totalidade do IRS, os 5% a que o teria direito”, num ano que o executivo municipal prevê “ser muito difícil para as famílias”. “Este é um orçamento objetivo, e que espelha a realidade dos compromissos já assumidos ao longo dos anos, contudo os tempos em que vivemos, de incerteza, leva-nos a ter mais cuidado e atenção, pois o agravamento da situação da pandemia, e por consequente a situação socioeconómica, poderá condicionar ainda mais o próximo ano”, argumentou a autarquia. O apoio sanitário e aos mais afetados economicamente pela pandemia “continuarão a ser uma das prioridades” para garantir “condições de segurança para todos, assim como o fornecimento de equipamentos de proteção individual para cada um dos trabalhadores da autarquia”. A Câmara continuará a ter como “parceiros privilegiados” neste esforço a Santa Casa da Misericórdia, a Casa da Criança do Rogil ou a Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários de Aljezur e definiu como prioridades para o concelho projetos como o “novo quartel da GNR”, a “desativação da ETAR [Estação de Tratamento de Águas Residuais] de Rogil e Esgotos do Carrascalinho” ou o “Centro de Interpretação do Rîbat de Arrifana”. “No domínio da Educação, teremos em 2022 o arranque das negociações para que o concelho venha a ter oferta educativa de ensino secundário”, referiu ainda a Câmara do distrito de Faro, considerando que o “alargamento da capacidade das atuais ofertas educativas” se torna necessário em função do “aumento da população escolar” para evitar “constrangimentos ao nível da atual capacidade da rede educativa do concelho”. A Câmara algarvia assegurou que vai também estar “atenta e interventiva” quanto à “situação do Perímetro de Rega do Mira” para “que se possam criar regras” e “compatibilizar a atividade agrícola com a atividade turística e com a preservação dos recursos naturais e ambientais”. A execução da Estratégia Local de Habitação, a conclusão dos projetos para o Mercado de Aljezur e para o Centro de Negócios e Paços do Concelho, o Circuito Cultural e Ambiental de Odeceixe, a obra de intervenção da Ribeira de Aljezur e a revisão do Plano Diretor Municipal são outros dos projetos que a autarquia pretende desenvolver em 2022.

Castro Marim com 22,6 ME de orçamento para 2022

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Câmara de Castro Marim vai contar com um orçamento de 22,6 milhões de euros este ano, valor que supera em cerca de um milhão e meio a verba de 2021, anunciou o município. O valor global do orçamento para o presente ano conta com 12,4 milhões de euros de despesas correntes e 10,2 milhões de euros de despesa de capital e é “o maior desde 2013”, colocando a “primazia” nos investimentos para permitir o “abastecimento de água domiciliária” à população de aldeias serranas dispersas do concelho, destacou o município do distrito de Faro. O abastecimento de água em povoações da serra com uma população maioritariamente envelhecida tem sido “um dos maiores desígnios dos últimos 8 anos” na ação da autarquia presidida pelo social-democrata Francisco Amaral, eleito nas autárquicas de setembro passado com maioria absoluta para o seu terceiro mandato consecutivo, o limite legalmente previsto para os presidentes de câmara em Portugal. “Prevê-se que arranquem, já no início deste ano, as empreitadas de abastecimento de água a Pisa Barro de Baixo, Pisa Barro de Cima e Matos, bem como a reabilitação do reservatório de água do Azinhal”, anunciou a autarquia num comunicado. A autarquia considerou que o abastecimento de água, “paralelamente à cobertura de rede móvel e internet”, traz uma “in-

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discutível valorização do interior do concelho” e permite incentivar a “atratividade a novos residentes”, assim como “alavancar” a economia local. “No interior do concelho, e enquadrados numa política de combate ao despovoamento e à desertificação, estão também investimentos como o Centro de Atividades Náuticas, na Barragem de Odeleite, empreitada já em execução, e a empreitada de regadio das margens da ribeira de Odeleite”, realçou também a Câmara algarvia. A criação de uma ciclovia, a reabilitação e requalificação urbana e a criação de infraestruturas previstas em planos de pormenor, nomeadamente na freguesia de Altura, são outros projetos que o município prevê executar em 2022, a par do desenvolvimento de uma Estratégia Local de Habitação a seis anos para criar “habitação a custos controlados e renda apoiada nos núcleos ur-

banos mais consolidados” e “nas povoações dispersas, onde já existe rede de água potável”. O município salientou a importância para a economia local da “concretização de grandes empreendimentos como a Verdelago [turístico], o Eco Hotel da Maravelha ou a Cannprisma (plantação e exploração de canábis medicinal), com as contrapartidas financeiras associadas e que vão permitir avançar, por exemplo, com a “requalificação da Rua da Alagoa, em Altura” ou a “construção da Rotunda Praia Verde”. “Outro investimento determinante neste orçamento está na recolha de resíduos sólidos e limpeza urbana. A nova política nacional de resíduos sólidos urbanos, imposta a partir de março de 2022, obriga a que haja uma separação seletiva dos biorresíduos, o que tem de passar pela consciencialização dos grandes produtores, os restaurantes, de acordo com os termos da lei, e

pela criação de uma estrutura interna eficiente”, referiu ainda a autarquia. Em termos fiscais, a Câmara de Castro Marim decidiu manter a taxa de IMI nos 0,40% e sublinhou a importância desta receita fiscal para poder avançar com “obras fulcrais” como o “Lar de Alzheimer da Santa Casa da Misericórdia de Castro Marim, em construção, e a Unidade Local de Formação de Bombeiros na aldeia do Azinhal (com financiamento aprovado)”. A Câmara destacou ainda o peso que a transferência de competências do Estado central para as autarquias vai ter nas áreas das praias, da saúde, da educação, da ação social e dos espaços naturais, o que vai obrigar a uma “reorganização orgânica dos serviços internos da Câmara”, acarretando um “aumento com as despesas com o pessoal na ordem dos 19%”.

Câmara de Monchique tem orçamento de 21,6 ME em 2022 A Assembleia Municipal de Monchique aprovou o orçamento camarário para este ano, no valor de 21,6 milhões de euros, superior em cerca de 100 mil euros ao de 2021, anunciou o município. O orçamento apresentado pelo executivo liderado pelo socialista Paulo Alves foi aprovado por maioria na Assembleia Municipal, na passada sexta-feira, com 11 votos a favor do PS e um da CDU e a abstenção dos seis eleitos pelo PSD. Em comunicado, o município

alega que o orçamento para 2022 foi elaborado “tendo como base de concretização, o equilíbrio financeiro e a sustentabilidade”, assim como “linhas estratégicas bem definidas, associadas a um planeamento rigoroso dos investimentos”. Segundo a autarquia do distrito de Faro, o documento pretende, ao mesmo tempo, “a promoção de respostas sociais de forma a assegurar e dar resposta a questões mais prementes e urgentes”. A autarquia aponta “as pessoas, a habitação, saúde,

educação, proteção civil e a rede viária”, como as principais áreas de investimento para este ano, refletindo “a concretização dos projetos que foram apresentados à população”. Entre as prioridades apontadas pelo município estão ainda a beneficiação, pavimentação e sinalética da rede viária, a revisão do Plano Diretor Municipal (PDM), a construção do centro de meios aéreos, a reabilitação da Escola Básica 2,3 Manuel de Nascimento e o projeto para um espaço multiúsos.

A modernização administrativa, digitalização, eficiência energética, ambiente e o investimento das redes de abastecimento de água e saneamento são outras das apostas do executivo municipal para 2022. “Para o executivo municipal, este orçamento foi elaborado com propostas rigorosas, com caráter realista face aos recursos financeiros disponíveis, tendo sempre em vista os objetivos que foram traçados e propostos, e os interesses coletivos”, conclui a nota.


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Postal, 14 de janeiro de 2022

REGIÃO Alunos do 3.º ciclo recomeçam aulas noutro edifício em Vila Real de S. António A cobertura da Escola EB 2/3 D. José I foi substituída antes do início do segundo período, mas a direção decidiu deslocar temporariamente o 3.º ciclo para um edifício próximo, anunciou a Câmara de Vila Real de Santo António. O município esclareceu que, mesmo “cumprindo o compromisso de terminar a obra no início do segundo período letivo”, os atrasos verificados na empreitada causaram danos no interior das salas e a “direção da escola optou por manter apenas os alunos do 2.º ciclo nas instalações da EB 2/3 D. José I”. “As turmas do 3.º ciclo irão, assim, durante o segundo período, frequentar as aulas no edifício da Universidade dos Tempos Livres, cedido pela autarquia e localizado a 300 metros da sede escolar, com exceção das aulas de Educação Física, que decorrerão no Pavilhão da Escola”, acrescentou. A Câmara algarvia justificou a necessidade de os alunos do 3.º ciclo serem deslocados para outro edifício com “os sucessivos incumprimentos registados” na empreitada de substituição da cobertura e libertá-la de materiais como amianto, prevista para terminar em novembro, mas que registou “sucessivos atrasos na aquisição de material” pelo empreiteiro. O “incumprimento dos prazos estipulados” levaram o município a “rescindir o contrato com o empreiteiro” e a fazer a “cedência da posição contratual a uma nova empresa”, para garantir que, “durante a interrupção das atividades letivas do final do 1.º período, fosse reposto o funcionamento da escola”. “Por estas razões, a Câmara Municipal de Vila Real de Santo António irá aplicar todas as sanções pecuniárias e indemnizatórias - por incumprimento contratual - que se revelarem pertinentes para fazer face aos prejuízos e danos causados”, posicionou-se. A autarquia argumentou que “os estragos causados no interior”, como “infiltrações e outros prejuízos”, obrigam agora a fazer obras de reparação nas salas afetadas e estimou que esses trabalhos estejam concluídos “até ao final do 2.º período”. A reparação das salas está agora a cargo da Direção de Serviços da Região do Algarve da Direção Geral dos Estabelecimentos Escolares, que “já desencadeou os procedimentos necessários para assegurar a reparação das salas afetadas no edifício sede”, adiantou a autarquia. A mesma fonte considerou que foram “salvaguardadas as melhores condições de ensino e aprendizagem” com a “adaptação das instalações da Universidade dos Tempos Livres”, onde foi feita a “instalação de equipamento informático e iluminação”. O edifício onde os alunos do 3.º ciclo vão ter aulas no segundo período foi também vistoriado pela Proteção Civil e a Autoridade Local de Saúde Pública vai dispor das “melhores condições funcionais para alunos e professores”, assegurou a Câmara de Vila Real de Santo António. “A Empreitada de Substituição da Cobertura da Escola EB 2/3 D. José I representa um investimento de 116.000 euros, mais IVA, e visa a remoção de todos os componentes de amianto presentes na estrutura e a aplicação de novos materiais”, referiu.

Portugal e Marrocos assinam acordo sobre entrada de trabalhadores marroquinos

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ortugal e Marrocos assinaram esta quarta-feira um acordo sobre a contratação e estada de trabalhadores marroquinos em conformidade com o ordenamento jurídico nacional e em igualdade de direitos e obrigações com os trabalhadores portugueses. O acordo foi assinado durante uma videoconferência pelos ministros dos Negócios Estrangeiros português, Augusto Santos Silva, e marroquino, Nasser Bourita. “O objetivo é continuar a construir aquilo que é a verdadeira alternativa aos tráficos e às migrações irregulares, que é canais legais regulares, seguros, ordenados de migração”, disse Augusto Santos Silva à Lusa e à RTP no final da entrega de prémios de um concurso escolar sobre os 75 anos da ONU, que decorreu no Ministério dos Negócios Estrangeiros, em Lisboa. A negociação deste acordo foi anunciada pelo Governo depois de, no final de 2019, terem começado a surgir casos de marroquinos a tentar desembarcar ilegalmente na costa do Algarve, levantando suspeitas de uma nova rota de migração ilegal. O acordo permitirá que os marroquinos poderão trabalhar em Portugal em “estrita conformidade com o ordenamento jurídico nacional e em igualdade de direitos e obrigações com os trabalhadores portugueses”, segundo um comunicado do Ministério dos Negócios Estrangeiros.

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“Significa terem aqui os seus direitos e a sua proteção garantida”, afirmou Augusto Santos Silva. O acordo também garante às “empresas portuguesas que precisam de mão-de-obra mais um espaço para esse recrutamento”, através do “trabalho conjunto dos serviços de emprego de Portugal e de Marrocos e em condições absolutamente legais e absolutamente dignas”.

Combater a imigração ilegal O Ministério dos Negócios Estrangeiros assinalou que o acordo significa que Portugal e Marrocos “convergem no interesse em combater a imigração ilegal e

o tráfico de seres humanos” no quadro do Pacto Global das Migrações, adotado pela ONU em Marraquexe, em 2018. O acordo “resultou de um esforço de coordenação multissetorial em ambos os países e reveste grande alcance político ao permitir o aprofundamento da histórica e profícua relação bilateral, através da promoção e proteção da dignidade e dos direitos humanos dos trabalhadores migrantes”, acrescentou o ministério no comunicado. O acordo terá ainda de ser ratificado em cada um dos países. Augusto Santos Silva salientou que este acordo se segue a um idêntico assinado com a Índia,

bem como a outras iniciativas relacionadas com a mobilidade. Destacou que Portugal foi um dos membros da Conferência Ibero-americana que subscreveram a convenção-quadro sobre a mobilidade de talentos e que a Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) assinou um acordo de mobilidade que entrou em vigor este mês, por ter alcançado mais de três ratificações. “O ano de 2021 foi bastante proveitoso do ponto de vista dos acordos de mobilidade subscritos por Portugal”, disse o ministro, referindo que o acordo agora assinado com Marrocos foi negociado nos últimos meses.

Volume de vendas no alojamento no Algarve cresceu 136% O volume de vendas no alojamento no Algarve cresceu 136% em dezembro de 2021 em comparação com o mês homólogo de 2020, registando-se uma taxa de ocupação média global de 24,8%. De acordo com os dados provisórios revelados pela Associação dos Hotéis e Empreendimentos Turísticos do Algarve (AHETA), embora se tenha registado um aumento do volume de vendas no último

mês de 2021, houve uma diminuição de 28% face ao mesmo período de 2019. Contudo, ressalva a AHETA, as vendas efetuadas através de plataformas ‘online’ “não incluem o pagamento das respetivas comissões, o que influencia o aumento homólogo do volume de vendas e, por essa via, os preços praticados”. Em dezembro de 2021, “18,6% das vendas foram efetuadas através de operadores turísticos tradicionais, valor que compara com os 34,7% de 2019”.

Segundo os dados avançados pela AHETA no resumo da evolução mensal da atividade do setor, a taxa de ocupação global média por quarto foi de 24,8%, uma subida de 123,4% em comparação com o mesmo mês de 2020, mas 32,6% abaixo do valor registado em 2019. Os mercados nacional e externo diminuíram 30,9% e 38,8% respetivamente, face a dezembro de 2019, verificando-se as maiores descidas nas zonas geográficas de Lagos/Sagres e Albufeira, com quebras de cer-

ca de 40%. A associação dos hoteleiros do distrito de Faro adianta que em dezembro de 2021 e em termos acumulados desde o início ano, registou-se uma descida média de 47,3% na taxa de ocupação média por quarto e uma descida de 37% no volume de vendas, comparativamente com 2019. A AHETA acrescenta que as médias “não se refletem de igual modo em todos os estabelecimentos, havendo discrepâncias em função das categorias e zonas geográficas”.


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Postal, 14 de janeiro de 2022

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REGIÃO

Associação In loco lança guia para apoiar cantinas com alimentos de origem local

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(SAL) – Local Food 4 Local Economy”. O projeto desenvolveu-se ao longo de todo o ano de 2021 e, apesar de ter sido pensado inicialmente para abranger apenas o Algarve, acabou por integrar participantes de outras regiões, pelo facto de a maioria das ações de capacitação e oficinas terem sido em formato ‘online’. Segundo Vânia Martins, os participantes foram, na sua maioria, representantes de autarquias, seguidos de elementos de organizações da sociedade civil, como associações de desenvolvimento local, de instituições de ensino superior, produtores e cidadãos interessados no tema. Durante as ações realizadas, a equipa do projeto identificou que a maior parte dos constrangimentos sentidos para colocar em prática estes modelos de abastecimento local tinham a ver com

dúvidas relativamente à contratação pública e aos custos de produção, assim como no mapeamento dos produtores. Segundo aquela responsável, no que respeita à contratação pública, existe legislação que contempla e simplifica os mecanismos de aquisição a pequenos produtores, tendo este sido um dos temas que mereceu uma formação modular com especialistas durante o projeto. Por outro lado, referiu Vânia Martins, houve um esforço para “desconstruir o mito” de que os produtos locais são mais caros do que aqueles que são comprados nas grandes cadeias de abastecimento. O projeto, realizado com o apoio do programa Civic Europe, teve como objetivo principal preparar atores-chave para o desenho e implementação de sistemas de abastecimento de restauração coletiva com produção local, nos conce-

lhos da região do Algarve. Para tal, ao longo de um ano, foram envolvidos os di-

ferentes intervenientes dos sistemas alimentares locais em espaços de formação e de

discussão, com a constituição de um grupo de trabalho alargado a participantes de outras regiões do país. O guia “Como implementar um Sistema Alimentar Local em Cantinas” congrega informação essencial ao desenvolvimento de processos de abastecimento de restauração coletiva em circuitos curtos agroalimentares. Está disponível para distribuição gratuita em formato papel e digital, podendo ser descarregado através do ‘site’ da In Loco, em: www.in-loco.pt ou solicitado o envio de versão impressa através do endereço de correio eletrónico equipasal@in-loco.pt ou do número 289 840 860. PUB.

69 oo Dia MunDial Dos 69Doentes Dia MunDial Dos De lepra Doentes De lepra 30 Jan 2022

S

associação algarvia In Loco lançou um guia para promover modelos de abastecimento local de cantinas escolares ao abrigo de um projeto que visa aproximar produtores das entidades responsáveis pelas ementas nas escolas, disse à Lusa a coordenadora. Segundo Vânia Martins, a implementação deste modelo de abastecimento beneficia não só os produtores, que assim sabem exatamente as quantidades de alimentos que devem produzir, com a garantia de escoamento, mas também o consumidor final. “Ganha quem produz, pois as ementas estão planeadas e as cantinas sabem concretamente o que consomem e com que regularidade, e quem consome também sai a ganhar, pois tem à sua disposição produtos mais frescos, da época e com mais qualidade”, justifica. De acordo com aquela responsável, esta é uma realidade que já existe em algumas escolas do Algarve, nomeadamente, em Loulé, que tem feito “um trabalho muito forte” nesta área, mas a In Loco quer fazer crescer o número de cantinas abastecidas com produtos locais na região. “Há mais escolas do que nós pensávamos [com cantinas abastecidas localmente, havendo várias autarquias que estão a trabalhar nesse sentido, como Lagos, Albufeira, Castro Marim, São Brás de Alportel e Tavira”, explicou a coordenadora do projeto “Sistemas Alimentares Locais

Silves e Almargem promovem dia aberto e sessão de esclarecimento sobre a Lagoa dos Salgados

30 Jan 2022

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O Dia Aberto decorre este sábado, com o objetivo de promover os valores naturais da Lagoa, através de um conjunto de atividades para toda a família. Na terça-feira terá lugar

uma Sessão de Esclarecimento sobre a futura reserva natural da Lagoa dos Salgados, no Salão Paroquial de Pêra. Todas as atividades são gratuitas, mediante inscrição obri-

gatória. Esclarecimentos adicionais podem ser recolhidos junto da Associação Almargem, através do contacto telefónico: 289 412 959.

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CADERNO ALGARVE

breves Colisão entre moto e ligeiro provoca um morto Um motociclista morreu este domingo em resultado de uma colisão com um veículo ligeiro na Estrada Nacional (EN) 270, no sítio da Calçada em São Brás de Alportel (Algarve), disse fonte da Proteção Civil. De acordo com o Comando Distrital de Operações de Socorro (CDOS) de Faro, do acidente, que ocorreu por volta das 11:15, resultou ainda um ferido ligeiro, um homem de 80 anos, condutor do veículo ligeiro. A vítima mortal foi o condutor do motociclo, um homem de 50 anos, que morreu no hospital de Faro, em consequência dos ferimentos graves que sofreu. O acidente ocorreu ao quilómetro 07 da EN270.

Encontrada morta na praia de Faro Uma mulher com cerca de 50 anos foi encontrada este domingo morta na praia de Faro, depois de ter sido avistada por populares a entrar na água e nadar, disse fonte da Marinha. De acordo com o Comandante da Zona Marítima do Sul e Capitão Faro, Fernando Rocha Pacheco, a mulher que “estava indocumentada foi retirada da água por populares e assistida no areal pelo médico do INEM que confirmou o óbito”. O corpo foi retirado da água por volta das 15:00, cerca de 50 minutos depois de testemunhas terem visto a senhora a entrar na água e nadar. No areal foi encontrada uma vez e alguns pertences pessoais que se presume ser da senhora.

Corpo encontrado a boiar no porto de pesca de Olhão O corpo de um homem foi encontrado na passada sexta-feira a boiar no interior do porto de pesca de Olhão, anunciou a Autoridade Marítima Nacional. Depois de alertadas por um pescador, por volta das 06:00, as autoridades retiraram o corpo da água, tendo o óbito sido declarado pelos elementos do Instituto Nacional de Emergência Médica no cais da Estação Salva-vidas de Olhão. "O alerta foi recebido pelo piquete do Comando-local da Polícia Marítima de Olhão, através de um pescador.

Postal, 14 de janeiro de 2022

Há 15 pessoas acusadas por tráfico de estupefacientes na cadeia de Faro

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Ministério Público (MP) acusou 15 pessoas suspeitas por crimes de tráfico de estupefacientes, parte dos quais ocorridos no estabelecimento prisional de Faro, no Algarve, informou hoje a Procuradoria da República daquele distrito. Numa nota publicada na sua página oficial da Internet, a Procuradoria indicou que a acusação foi deduzida sobre 12 homens e três mulheres, com idades entre os 19 e os 59 anos, encontrando-se sete dos arguidos em prisão preventiva e um preso à ordem de outro processo. Segundo o MP, a investigação apurou que, entre maio de 2019 e junho de 2021, quatro dos arguidos “procediam à venda de cocaína, heroína e haxixe na cidade de Faro”, sendo, alguns deles e em determinados períodos, auxiliados por outros seis. Entre fevereiro e junho de 2021, um dos acusados, de 31 anos, preso preventivamente na cadeia de Faro, terá contactado, através de telemóvel, o seu pai e outros três arguidos e “encomendou-lhes cocaína, heroína e haxixe para serem introduzidos na cadeia”, aponta o MP. Em fevereiro de 2021, adianta o MP, dois dos arguidos e seguindo instruções de um outro, “entregaram a uma mulher que ia visitar o seu filho à cadeia, um par de calças de ganga com cocaína, heroína e resina de canábis escondida num

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forro cozido na cintura das calças”. Acrescenta a Procuradoria, que a mulher entregou as calças misturada com outras peças de roupa ao seu filho, o qual as deveria entregar posteriormente ao arguido que encomendou o produto estupefaciente, “o que só não sucedeu porque a droga foi detetada pela guarda prisional”. Em abril de 2021, outro dos acusados foi intercetado nas imediações

do estabelecimento prisional pela Polícia de Segurança Pública, quando “transportava cocaína e resina de haxixe dissimulados num telemóvel”, alegadamente encomendada por um dos arguidos detido. Um mês depois, um homem detido à ordem de outro processo, telefonou a uma das arguidas a indicar-lhe a zona do corpo onde deveria dissimular a droga e o lugar onde a colocar

durante o período da visita, “tendo a mulher seguido as instruções e introduzido a droga na cadeia oculta por baixo da roupa”. A acusação foi deduzida pelo Procurador da República da 2.ª secção do Departamento de Investigação e Ação Penal (DIAP) da comarca de Faro, numa investigação da Polícia de Segurança Pública.

Idoso em prisão preventiva por crimes sexuais contra crianças em Silves Um homem que foi detido por suspeita da autoria de vários crimes de abusos sexuais de crianças, na zona de São Marcos da Serra, concelho de Silves, ficou em prisão preventiva. O Ministério Público (MP), através da unidade de Silves do Departamento de Investigação e Ação Penal (DIAP) da Procuradoria da Comarca de Faro, revelou que o detido, na casa dos 70 anos, ficou sujeito à medida de coação mais gravosa, depois de

ter sido presente na quinta-feira da passada semana a primeiro interrogatório judicial, no Tribunal Criminal de Portimão. O homem, reformado, está “indiciado pela prática de vários crimes de abuso sexual de criança, perpetrados no interior da sua casa”, e a petição de medida de coação feito pelo Ministério Público, ao requerer a prisão preventiva para o detido, foi atendida pelo juiz de instrução criminal.

“Entre 2019 e o início de janeiro de 2022, em povoação do concelho de Silves, o suspeito, aproveitando-se da relação de parentesco e de proximidade entre residências com as vítimas, duas meninas, respetivamente, de 8 e 12 anos, a troco de guloseimas e de dinheiro, levava a que elas se despissem”, alegou o MP. A PJ adiantou que os crimes foram cometidos durante, pelo menos, dois anos, “no interior da própria habita-

ção do suspeito, familiar e vizinho das vítimas, de 8 e 12 anos”. “Os atos sexuais de relevo e as propostas de teor sexual, praticados de forma reiterada, decorreram durante dois anos", especificou a polícia, frisando que os crimes "eram levados a cabo quando se encontravam sozinhos na habitação e no quarto do homem, longe dos olhares da restante família".

PJ detém três suspeitos de atearem fogo a moinho de vento em Albufeira A Polícia Judiciária (PJ) deteve os alegados autores de um incêndio num moinho de vento em Albufeira, cujos prejuízos foram estimados em mais de 150 mil euros.

Em comunicado, a PJ indicou que os detidos, com idades entre 21 e 22 anos, foram os autores de um incêndio ocorrido recentemente no dia 04 de 2021 no moinho de vento

que tinha recuperado pela Câmara de Albufeira. “Este imóvel havia sido recentemente recuperado pelo município de Albufeira, com fins turísticos, a

fim de conhecer algumas características algarvias”, explica a polícia. Os detidos foram presentes à autoridade judiciária.


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REGIÃO

Associação nacional quer acordo entre partidos para "salvar metade dos restaurantes em risco de fechar" FOTO D.R.

Associação Nacional de Restaurantes Pro.Var avançou esta segunda-feira que, sem ajuda do Estado, “metade dos restaurantes vão fechar”, e pede aos partidos políticos que se unam num acordo pré-eleitoral para salvar a restauração. “Aquilo que nós queremos é que haja aqui um bloco central ao nível das soluções para as empresas que sofreram com a pandemia” de covid-19, esclareceu o presidente da associação, Daniel Serra. O responsável falava aos jornalistas depois de se ter reunido, no Porto, com “dezenas de empresários” da região, “do Algarve e de Lisboa” para falar sobre a “incerteza” que assola o setor. A reunião serviu também para discutir os resultados de um inquérito promovido por esta entidade nos dias 04 e 05 deste mês e que mostra um cenário preocupante, revelou o empresário. “Se nada for feito, e estamos a prever que vamos ter, se calhar, cinco, seis meses de indefinição, metade dos restaurantes, metade das empresas, vão fechar. É a conclusão a que chegámos perante os números do inquérito, e isso é grave”, reforçou.

Presidente da República, no sentido de nos ajudar, para que coloque estas empresas não na mão do resultado que vier a sair no dia 30, mas na mão de todos os partidos”. Este é um setor que junta, “a montante e a jusante, mais de um milhão de portugueses” e que é, por isso, “um grande motor da pandemia”, servindo mesmo de “almofada social” em tempos de crise, através da criação de emprego, referiu. “A nível de impostos, pagamos valores absolutamente incríveis e temos de ser ajudados na mesma dimensão”, considera o dirigente. Por isso, sugerem a “redução do IVA” da restauração, ou uma medida “semelhante, que possa capitalizar as empresas”, como a isenção do pagamento do IVA, “em função de alguns critérios”, ou “uma redução da TSU (Taxa Social Única)”, também “em função de alguns critérios”. É também pedida atenção ao sobre-endividamento, através da “reestruturação das dívidas covid-19, tanto das linhas do turismo, como das outras linhas que foram dadas aos empresários, porque muitos não vão conseguir pagar quando acabarem as moratórias”, alertou. Daniel Serra lembrou também outro dos problemas

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que assolam o setor, a falta de mão-de-obra. “Existe hoje, supostamente, um desemprego baixo, mas existe aqui muita gente que está em formação e não entra nesses números. Gostaríamos que estivessem a trabalhar nos restaurantes, que estão a precisar”, sublinhou. Segundo o responsável, os empresários da restauração já tiveram “oportunidade de insistir junto do Governo, com algumas missivas”, mas, sem resposta, pedem agora aos partidos políticos portugueses que reúnam com os representantes do setor. “Se isso não vier a acontecer, vamos pedir a intervenção do

Aljezur congratula-se com a colocação de mais um médico de família no centro de saúde A Unidade de Cuidados de Saúde Personalizados (UCSP) de Aljezur conta desde o passado dia 3 de janeiro com mais um médico de família. Para tal, contribuiu “a realização de múltiplos contactos e exposições por parte da Câmara Municipal de Aljezur, junto do Ministério da Saúde, ARS Algarve e ACES Barlavento sobre a carência de pessoal médico

no Centro Saúde de Aljezur e nos polos de Odeceixe e Rogil”, explica a autarquia em comunicado. Para a concretização do reforço do pessoal médico da UCSP Aljezur, foi fundamental “o incentivo da autarquia com a garantia do alojamento, a exemplo do que aconteceu com outros profissionais, da carreira médica, colocados no Centro Saúde Aljezur”. O

Município saúda e agradece “os esforços desenvolvidos pelas entidades de saúde na colocação do novo médico na UCSP Aljezur, mas considera-o insuficiente e manterá a sua permanente insistência no reforço de recursos humanos que assegurem a prestação de cuidados de saúde acessíveis, equitativos e prestados em tempo útil”. AF CA_CreditopessoalA_Imprensa_210x285mm.indd 1

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CADERNO ALGARVE

REGIÃO

Postal, 14 de janeiro de 2022

ELEIÇÕES LEGISLATIVAS 2022

Vão representar os algarvios na Assembleia da República

O QUE PENSAM OS

Estes são os cinco candidatos, cabeças de lista ao círculo eleitoral do distrito de Faro, cujos

partidos ou coligações têm maiores possibilidades de elegerem, no próximo dia 30 de

janeiro, um ou mais deputados da nação em representação da região do Algarve. Ao todo,

concorrem 17 forças políticas pelo círculo eleitoral do distrito de Faro e a quem o POSTAL

FOTOS D.R.

Perguntas

1

Que balanço das realizações positivas e/ou negativas faz dos quatro anos desta legislatura?

2

Quais os problemas e necessidades com que se defronta o Algarve que deveriam ter tido uma resposta adequada e não tiveram?

3

Indique sucintamente cinco das principais propostas do seu partido/coligação para o Algarve nos próximos quatro anos.

4

Quais são as suas expetativas para estas eleições e quantos deputados pensa o seu partido eleger no Algarve?

José Gusmão BE

1

A ausência de um acordo escrito para 4 anos como o que existiu em 2015 e deu origem à Geringonça foi o aspeto mais negativo que condicionou a governação nos últimos anos. O Bloco defendeu um novo acordo para mais 4 anos de Geringonça, mas esse novo acordo foi rejeitado por António Costa. Essa rejeição impediu que pudéssemos ter feito mais pelo Serviço Nacional de Saúde e que tivéssemos revertido as reformas da troika na área do trabalho.

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Há um conjunto muito vasto de investimentos públicos que têm sido sistematicamente prometidos e adiados por PS e PSD. O novo hospital do Algarve e a modernização dos hospitais existentes, a modernização da linha do Algarve ou a requalificação da EN125. Além disso, há um grave problema de habitação que só pode ser resolvido com a construção de habitação pública que contribua para aumentar a oferta e reduzir as rendas.

Catarina Marques CDU

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Por ação da CDU: os reformados tiveram um aumento extraordinário das suas pensões; os alunos tiveram direito aos manuais escolares gratuitos; baixou-se o valor dos passes; estabeleceu-se creches gratuitas para as crianças do 1º e 2º escalões, com a gratuitidade para todas as crianças que entrem pela primeira vez a partir de setembro de 2022, entre outras concretizações. De negativo, o facto do PS, juntamente com o PSD, terem resistido e impedido soluções mais avançadas para o País como o aumento geral dos salários, a revogação das normas gravosas da Legislação Laboral, ou a fixação e atração de mais profissionais de saúde, para garantir médico de família para todos, mais consultas, exames e cirurgias.

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Ausência de uma verdadeira rede de transportes públicos. Negação do direito à habitação. Baixos salários e níveis de precariedade dos mais altos do país. Inexistência do Hospital Central do Algarve (prometido há anos por PS e PSD) e novas instalações para o Hospital de Lagos. Manutenção das Portagens na Via do Infante. Degradação do aparelho produtivo e afunilamento na monoatividade do Turismo.

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• Concretizar os investimentos adiados na saúde, mobilidade e habitação e resolver as carências de profissionais na saúde e educação. • Reduzir a sazonalidade da economia do Algarve, diversificando a oferta turística e industrial. • Proteger os recursos aquíferos do Algarve da sobre-exploração. A água é o nosso recurso mais precioso. • Apostar nas energias renováveis, incluindo a microgeração e comunidades energéticas. • Acabar com a dupla penalização de pensionistas e assegurar aumentos extraordinários das pensões mais baixas. O Bloco é a única força que elege um deputado no Algarve, para além dos partidos do Bloco Central. Seria uma tragédia que essa representação se perdesse e a região ficasse entregue apenas ao PS e ao PSD. Reforçar a votação no Bloco é garantir que isso não acontece.

Reforço dos meios e vias de transporte, fim das portagens na Via do Infante. Desenvolvimento do aparelho produtivo e aposta nos setores da agricultura, pescas, indústria. Reforço dos serviços públicos, em particular nos cuidados primários de saúde e na Construção do Hospital Central. Revogação da Lei das Rendas do Governo PSD/CDS e disponibilização de oferta pública de habitação. Criação da região administrativa do Algarve. Pela justeza das nossas propostas, as expetativas são elevadas. A sua concretização dependerá sempre da força que o povo e os trabalhadores nos derem no dia 30 de janeiro. Uma coisa é certa, quanto mais força e deputados tivermos, mais próxima estará a concretização da política alternativa que propomos. Pretendemos eleger um dos nove deputados que serão eleitos pelo distrito.

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Pedro Pinto CHEGA

Estes dois anos de legislatura ou se quiser, estes últimos seis anos, provaram o que o socialismo faz ao nosso país no geral e ao Algarve em particular. Um país cada vez mais longe dos grandes da União Europeia, sendo ultrapassado por países como a Letónia, Lituânia ou a Estónia, que há alguns anos nem linha do comboio tinham. Um país onde aumentaram as desigualdades, onde aumentou a corrupção e onde aumentaram aqueles que vivem à conta de subsídios. Não podemos ter meio país a trabalhar para a outra metade estar sem fazer nada. António Costa “pinta” um país das maravilhas, mas a verdade é que o domínio da esquerda (PS), em conjunto com a extrema esquerda (BE e PCP) mostrou-se um desastre e a prova disso é que nem se entenderam para aprovar este orçamento, depois da cumplicidade que tiveram nos seis orçamentos anteriores.

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Olhe, bastantes! O Algarve foi completamente esquecido pelo governo socialista de Lisboa. Aliás, os algarvios continuam à espera da abolição das portagens na A22, prometida por António Costa em 2015, depois não era fim das portagens era redução, o que é certo é que continuamos a pagar portagens verdadeiramente escandalosas, que diariamente tocam no bolso dos algarvios e das empresas e a alternativa que apresentam é uma EN125, sem condições. Depois, o Hospital do Barlavento Algarvio, que é uma necessidade urgente, tal como o Central do Algarve, mas este governo prefere gastar milhões num museu em Lisboa, do que apostar na saúde dos algarvios, que têm de percorrer quilómetros para ir a uma urgência,

para além do tempo de espera ser um abuso. Podia dar mais exemplos, olhe a linha férrea já não é própria de um país do século XXI. A falta de prevenção a nível dos incêndios e muito mais.

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A primeira medida que um deputado eleito pelo CHEGA irá levar ao parlamento, será a proposta para a construção dos hospitais central e de Lagos. Não podemos esperar mais! Depois, o fim das portagens na Via do Infante e a requalificação das EN124 e EN125, troços importantíssimos para o desenvolvimento da região. A linha de comboio tem de ser mais rápida e eficaz e é importante a ligação a Espanha e o novo troço Loulé / Aeroporto. Não esqueceremos a agricultura e as pescas, sectores tão afetados por um governo que se esquece de quem trabalha no mar, não lhes criando condições de vida e por vezes de segurança. A nível do turismo, a criação de um projeto para que o Algarve não seja apenas lembrado no verão e nas alturas festivas. É preciso também um plano de combate ao desemprego, não podemos ser a única região no país, onde o desemprego aumentou no final do ano passado cerca de 28 % e depois o combate à corrupção, que lesa milhões do erário público e aqui no Algarve, temos autarcas detidos à porta de casa, como por exemplo em Vila Real de Santo António, onde se vê claramente que PSD e PS são iguais.

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As expectativas são altas, sabemos que o Algarve nunca nos falhou, temos diversos autarcas eleitos, que têm feito um trabalho muito meritório. Lutaremos com todas as forças para eleger dois deputados.


CADERNO ALGARVE

Postal, 14 de janeiro de 2022

REGIÃO

ELEIÇÕES LEGISLATIVAS 2022

CANDIDATOS pediu para responderem a quatro perguntas de forma sintética, embora só o BE e a CDU

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respeitaram o espaço que disponibilizámos (2000 carateres), o que obrigou a resumir al-

gumas respostas. Igualmente por razões de espaço, publicaremos as restantes respostas

Jamila Madeira PS

Na verdade, ficámos a meio de um caminho (que, estamos convictos, vamos continuar depois de 30 de Janeiro) que estava a correr de forma fluída e consistente relativamente às conquistas em que apostámos para a nossa Região. Globalmente, estes dois anos de trabalho parlamentar, em conjunto, naturalmente, com o Governo correram bem e foram lançadas as sementes daquelas que foram as nossas propostas eleitorais, que acolheram a confiança da maioria dos algarvios. Mas, começando pelo que não correu bem - e que é, sem dúvida, o único dossier que nos deixa insatisfeitos – Foi não termos conseguido avanços suficientemente significativos para que hoje a obra de construção do novo Hospital Central do Algarve já estivesse a acontecer. Trata-se de um processo complexo que a conjuntura inesperada e extremamente adversa, a pandemia mundial da covid-19, não facilitou a prossecução, pelo facto da situação absolutamente extraordinária no SNS, o que, naturalmente, travou múltiplos investimentos. Neste momento, este continua a ser o nosso primeiro compromisso bem como temos o compromisso do atual primeiro-ministro (que, acreditamos, voltará a sê-lo depois de 30 de janeiro) que o Hospital Central do Algarve vai mesmo avançar na próxima legislatura. Acreditamos e pedimos aos Algarvios que acreditem connosco, com a garantia de que seremos completamente intransigentes relativamente a esta matéria. Das imensas realizações destes últimos 2 anos, destaco uma que, pela transversalidade de áreas que vai impactar, nos parece constituir, de facto, uma grande revolução para a nossa Região. Falo da conquista dos socialistas algarvios na Assembleia da República que conseguiram inscrever uma verba extraordinária de 300 milhões de euros, com o objetivo de diversificar a base económica do Algarve que, como todos sabemos, assenta predominantemente no Turismo, sendo que, na nossa opinião, este paradigma tem de mudar, não só porque o Algarve tem condições para se rentabilizar e gerar emprego em muitas outras áreas, mas também porque ao apostarmos tudo naquilo em que somos, efetivamente, os melhores (o turismo) corremos riscos altíssimos, como, de resto, ficou provado agora com a pandemia.

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Sem dúvida, o processo da construção do novo Hospital do Central do Algarve. Reconhecemos que devia ter avançado mais depressa, mas, como referi anteriormente, vai acontecer. O mesmo quanto a EN125 que se encontra em tribunal arbitral, uma vez que o tribunal de contas considerou a renegociação efectuada pelo governo PSD/CDS lesiva para o interesse público. Logo que haja uma decisão judicial temos condições para avançar com as obras em Olhão e VRSA.

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• O Avanço do processo de construção do Hospital Central do Algarve e a melhoria, sobretudo ao nível do reequipamento, construção e reabilitação espaços físicos, do restante parque da saúde do Algarve; • A melhoria das acessibilidades, para que possamos ser mais competitivos e a este respeito, apenas e só a título de exemplo, falo da eletrificação da linha do Algarve (Lagos-Tunes e Faro-VRSA) cuja obra já está consignada, da criação de um metro de superfície que promoverá a ligação à Universidade do Algarve ao Aeroporto e ao futuro hospital central no Parque das Cidades, da consolidação da política de diminuição do custo dos transportes públicos; • A concretização dos investimentos de 200 milhões de euros inscritos no Plano de Eficiência Hídrica do Algarve de forma a garantirmos água em qualidade e quantidade para o nosso futuro. • A diversificação da economia, com apoios à criação de novas áreas de exploração e com os apoios às empresas já existentes. • A construção, com os municípios, de habitação a preços acessíveis à classe média, às famílias trabalhadoras e aos jovens algarvios, melhoria do nosso parque escolar, bem como a implementação de uma estratégia poderosa de combate ao abandono e insucesso escolar.

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Há dois anos, a grande maioria dos Algarvios mostrou que era no PS que confiava, com a eleição de 5 deputados. Essa confiança foi renovada nos autarcas socialistas em setembro último elegendo 12 autarquias socialistas. Acreditamos que essa confiança se mantém e pode até ser reforçada.

dos candidatos que nos responderam na nossa edição online durante este fim de semana.

Luís Gomes PSD

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Esta legislatura foi atípica e não nos podemos afastar dessa realidade, a covid-19 acabou por marcar a sociedade e, naturalmente, a política. Nos últimos anos não desempenhei nenhum cargo político e, por isso, a análise que faço é, acima de tudo, enquanto cidadão interessado pela vida pública e pelo futuro do meu próprio país. A legislatura, ainda assim, foi marcada, de forma positiva, por um conjunto de anúncios muito importantes para o Algarve, desde logo a oportunidade que o Plano de Recuperação e Resiliência representa para a região ao contemplar 300 milhões de euros para o desenvolvimento regional. Houve também anúncios que visam o investimento em recursos hídricos de forma a combater os problemas da falta de água. Foi também anunciada a requalificação da EN125 e o suposto anúncio do calendário para a construção do Hospital Central do Algarve e de um conjunto de medidas para reduzir as listas de espera na saúde. Mas o problema é que os anúncios não passaram disso mesmo, anúncios, nenhuma destas promessas se concretizou. O Algarve não tem sequer um sinal positivo do Governo. Não só as obras da EN125 não avançaram em toda a sua extensão, como não houve a prometida redução real de 50% das portagens na A22, não há sinal do PRR na região, nem do Hospital Central do Algarve. E no que respeita à saúde, as filas de espera continuam infindáveis e o número de cidadãos sem médico de família tem vindo a registar um aumento de ano para ano. Só entre 2020 e 2021 houve um aumento de quase 25%.

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É inaceitável que numa região como a nossa, com um contributo importante para a imagem e geração de riqueza de Portugal, existam tantas dificuldades das pessoas em aceder aos serviços de saúde. O que é certo é que nestes últimos 26 anos, 19 foram governados pelo PS e cada vez mais quem não tem dinheiro não têm acesso à saúde com dignidade. Depois, é ainda inaceitável que o melhor destino de praia de 2020 tenha sua principal infraestrutura de atravessamento e de

distribuição de tráfego entre as principais áreas turísticas da região, a EN125, completamente degradada. O Algarve precisa de um programa sério, com propostas sérias e com financiamento realmente assegurado para estimular a diversificação da base económica. A dependência, de cerca de 60% do produto gerado pelo turismo, é absolutamente excessiva e faz-nos andar com o coração nas mãos, pois a economia regional está muito exposta. Temos de a tornar mais resiliente e diminuir a sua dependência do setor turístico.

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• Garantir uma rede de transportes públicos que chegue ao Aeroporto de Faro e ainda a requalificação da EN125 no troço entre Olhão e Vila Real de Santo António; • Garantir uma rede de transportes públicos que chegue ao Aeroporto de Faro e ainda a requalificação da EN125 no troço entre Olhão e Vila Real de Santo António • Promover a diversificação da base económica da região; • Criação de uma estratégia regional de habitação de forma a resolver os problemas de acesso à habitação; • Criação de um instrumento de financiamento que permita melhorar as telecomunicações nesta zona do Algarve. Estamos, porém, absolutamente convictos de que só é possível garantir a implementação destes pontos se conseguirmos garantir as condições para implementar o processo de regionalização.

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Queremos, naturalmente, melhorar o resultado de 2019 e, sobretudo, fazer passar a mensagem de que nós, Algarvios, temos de impedir que se continue a promover uma política de ilusões e de falsas promessas. Temos de pensar no dia-a-dia e nas dificuldades que temos de mobilidade, de acesso à saúde. Queremos assegurar que o Algarve e os algarvios estão presentes, com força, na Assembleia da República. Este é o nosso propósito e esperamos que as pessoas reconheçam esta mensagem no dia das eleições.


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CADERNO ALGARVE

Postal, 14 de janeiro de 2022

breves Conhecer o camaleão já está na Biblioteca da Universidade Foi inaugurado esta terça-feira a exposição CONHECER O CAMALEÃO, patente na Biblioteca da Universidade do Algarve em Gambelas. O tema central é o camaleão e visa dar a conhecer algumas das características desta espécie tão carismática, que em Portugal apenas existe na região do Algarve. Esta exposição itinerante estará patente em Gambelas, Faro, até dia 10 de fevereiro, numa iniciativa do Projeto Camaleão.

Mafalda Veiga atua no Centro Cultural de Lagos Os cantores Mafalda Veiga e Carlão e o humorista Herman José são as novas confirmações para a 8.ª edição do festival Às Vezes o Amor, que decorre em fevereiro, em 14 cidades portuguesas. O festival decorre entre 12 e 14 de fevereiro e, de acordo com a promotora num comunicado hoje divulgado, Mafalda Veiga atua em 14 de fevereiro no Centro Cultural de Lagos, Carlão sobe no mesmo dia ao palco do Convento São Francisco, em Coimbra, e Herman José tem espetáculo marcado para 13 de fevereiro no Teatro Municipal de Ourém. Anteriormente já tinham sido anunciadas as atuações de Resistência, The Black Mamba, GNR, Aurea, Fernando Daniel, Bonga, Jorge Palma, Bárbara Tinoco, Luísa Sobral e Diogo Piçarra. Em breve serão anunciados novos artistas, cidades e salas a integrar o cartaz do festival.

Prémio ‘Poesia 2021’ atribuído à obra Frentes de Fogo

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A obra “Frentes de Fogo” de A. M. Pires Cabral, Tinta da China Edições, é a vencedora da 1.ª Edição do Prémio Nacional Literário João de Deus | Poesia 2021, organizado pelo Município de Silves. O prémio, no valor de 10 mil euros, contempla bienalmente uma obra publicada de autor português, visa homenagear a memória do insigne Poeta João de Deus, exímio representante da cultura nacional, bem como a promoção e incentivo de produções literárias na língua portuguesa, referiu a autarquia hoje em comunicado. A cerimónia de entrega do prémio terá lugar no dia 8 de março de 2022, no âmbito das comemorações do 192.º aniversário do nascimento de João de Deus, em São Bartolomeu de Messines.


Mensalmente com o POSTAL em conjunto com o

JANEIRO 2022 n.º 158 6.492 EXEMPLARES

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ESPAÇO ALFA

A origem da fotografia em movimento MAURO RODRIGUES Membro da ALFA

P Estudo fotográfico de Eadweard Muybridge de um homem saltando sobre um cavalo, de Locomoção Animal: Uma Investigação Eletrofotográfica de Fases Consecutivas de Movimentos Animais. Iniciado em 1872 - Concluído em 1885. Volume IX, Cavalos, década de 1880; no Metropolitan Museum of Art, Nova York FOTOS D.R.

Técnica fotográfica revolucionária desenvolvida por John C. Gaeta para o filme “The Matrix” onde numa sequência sincronizada rotativa num extremo curto espaço de tempo foi possível dar a ilusão do movimento em que a ação circulava em redor do ator

rovavelmente já observaram estas imagens em algum lado na vossa vida e em movimento, imagens clássicas do movimento do trote de um cavalo, mas é tudo uma ilusão, uma vez que o movimento em vídeo como nós o conhecemos é apenas uma série de fotografias estáticas tiradas sucessivamente num período de tempo muito curto. As imagens em causa são da autoria do fotógrafo, Eadweard Muybridge (1830-1904), que na altura usava um processo antigo e lento de captação e revelação das placas fotográficas, normalmente chamado de Processo de Colódio Húmido, uma espécie de verniz em estado líquido que era aplicado juntamente com nitrato de prata às placas de vidro. Portanto para tirar estas fotografias, Muybridge usou uma série de 12 a 24 câmaras dispostas lado a lado em frente a uma tela refletora. O mecanismo de disparo foi acionado através de um fio que se partia à medida que o cavalo ia passando a correr pelas câmaras. Através desta técnica, conseguiu conjuntos de fotografias sequenciais das fases sucessivas da caminhada, do trote e do galope do animal. Quando as fotografias foram publicadas internacionalmente na imprensa popular e científica, foi demonstrado que havia diferenças na posição das pernas do animal nas representações tradicionais desenhadas à mão. Isto foi memorável e uma revelação, porque para provar que as suas fotografias eram precisas, Muybridge criou um projetor de slides dedicado especialmente para que as possa projetar sequencialmente numa tela, uma a uma, o resultado foi a primeira apresentação de cinema no Mundo, demonstrando a ilusão

de movimento através de fotografias sequenciais. Estávamos em 1880 e este evento foi promovido pela San Francisco Art Association (SFAA). Após a invenção do processo de papel de gelatina e prata, que consiste numa camada adesiva de gelatina transparente que fixa os sais de prata no papel facilitou imensamente o processo de obtenção de fotografias. Produzido industrialmente a partir de 1880, foi um dos fatores que ajudaram na popularização da fotografia em larga escala. Muybridge rapidamente adoptou esta técnica que melhorou significativamente o processo de captura e revelação das suas fotografias em movimento. A convite da Universidade da Pensilvânia em 1884-85 produziu um conjunto de 781 fotografias sequenciais de muitos tipos de animais e pessoas a praticar variadas atividades. A análise fotográfica do movimento utilizado pela técnica de Muybridge coincidiu com os estudos do fisiologista francês Étienne-Jules Marey que desenvolveu outra técnica de captura, a cronofotografia. Enquanto Muybridge usava diversas câmaras em sequência para capturar estas imagens detalhadas e separadas dos estágios sucessivos do movimento, Marey usou apenas uma câmara, gravando uma sequência inteira de movimento em apenas uma placa. Com este método, as imagens das várias fases do movimento por vezes sobrepunham-se umas às outras, simplificando o processo de ver e perceber como o fluxo do movimento realmente funcionava. Marey igualmente aperfeiçoou a velocidade de captura e o tempo de duração, conseguindo intervalos mais pequenos do que Muybridge. O trabalho destes dois homens contribuiu imenso para o desenvolvimento dos estágios iniciais do estudo do movimento e para

o desenvolvimento do filme como nós o conhecemos hoje em dia. Conhecendo isto é fácil perceber que houve um filme em 1999 que utilizou esta mesma técnica para criar uma sequência rápida de fotografias num curto espaço de tempo tão curto, aproveitando-se da modernização dos equipamentos fotográficos atuais, para criar sequências rotativas tão icónicas que foram revolucionárias na altura, transformando e modernizando o cinema para uma nova era, tendo sido copiada por muitos outros artistas e cimentada para sempre na história do cinema moderno. Esse filme foi “The Matrix”, realizado por Lilly e Lana Wachowski, a técnica fotográfica rotativa inovadora intitulada de “bullet time” ficou a cargo do designer e inventor John C. Gaeta.

Ficha técnica

Direção GORDA, Associação Sócio-Cultural Editor Henrique Dias Freire Responsáveis pelas secções: • Diálogos (In)esperados Maria Luísa Francisco • Espaço AGECAL Jorge Queiroz • Espaço ALFA Raúl Grade Coelho • Filosofia Dia-a-dia Maria João Neves • Fios De História Ramiro Santos • Letras e Literatura Paulo Serra • Mas afinal o que é isso da cultura? Paulo Larcher • Colaboradores desta edição José Carlos Vilhena Mesquita Mauro Rodrigues e-mail redação: geralcultura.sul@gmail.com publicidade: anabelag.postal@gmail.com online em www.postal.pt e-paper em: www.issuu.com/postaldoalgarve FB https://www.facebook.com/ Cultura.Sulpostaldoalgarve


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CULTURA.SUL

Postal, 14 de janeiro de 2022

DIÁLOGOS (IN)ESPERADOS

Olhares sobre o Património Cultural do Algarve FOTO D.R.

MARIA LUÍSA FRANCISCO Investigadora na área da Sociologia; Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa luisa.algarve@gmail.com

O

primeiro convite para colaborar neste jornal surgiu há 10 anos, primeiro na rubrica “Patrimónios” onde partilhei o resultado de algumas das minhas investigações na área do Património Cultural Imaterial (PCI). Depois a colaboração passou para o género “crónica” e a rubrica passou a intitular-se “Marca d’Água”. Neste novo ano a rubrica passará a intitular-se “Diálogos (in)esperados” e será o resultado de conversas que, espontâneas ou agendadas, terão o Algarve como pano de fundo. Região onde este jornal é editado e à qual as duas partes do diálogo têm ligação. A primeira edição destes “Diálogos (in)esperados” resulta de uma conversa que decorreu através do Zoom com o ensaísta e professor universitário Guilherme d’Oliveira Martins, que é actualmente

administrador executivo da Fundação Calouste Gulbenkian e que sempre tem dado especial atenção ao Algarve. Foi presidente do Centro Nacional de Cultura (2002–2016), coordenou em Portugal o Ano Europeu do Património Cultural (2018) e presidiu no Conselho da Europa à redacção da Convenção de Faro sobre o valor do Património Cultural na Sociedade Contemporânea (2005). Foi deputado independente à Assembleia da República durante sete legislaturas, Secretário de Estado da Administração Educativa (1995–1999), Ministro da Educação (1999–2000), Ministro da Presidência e das Finanças (2000–2001) e Presidente do Tribunal de Contas (2006–2015). A grande riqueza do Algarve em termos de Património Cultural Material e Imaterial foi o mote da conversa, que nos levou até à Convenção de Faro, uma vez que se trata de um relevante documento que relaciona o Património Cultural Material e Imaterial, a Paisagem, o Património Digital e a Criação Contemporânea. O texto da Convenção apresenta o património cultural como um

recurso importante para o desenvolvimento humano, para a valorização da diversidade cultural e a promoção do diálogo intercultural mediante um modelo de desenvolvimento económico fundado no princípio de utilização sustentável dos recursos. Falámos de um outro Algarve rico em tradições, usos e costumes e dos saberes das pessoas idosas da serra. Agostinho da Silva foi recordado por defender a troca de saberes, intimamente ligada ao processo de aprendizagem, independentemente dos graus de escolaridade. “O que distingue um país rico de um país pobre é a aprendizagem e o mesmo também se aplica no caso de uma região pobre e uma região rica”. A importância do aprender e o papel das mulheres na aprendizagem é um tema local e universal, aliás, está expresso na Declaração Mundial sobre Educação para Todos: satisfação das necessidades básicas de aprendizagem, que foi assinada em Jomtien, na Tailândia, em 1990. “O filho de uma mulher alfabetizada raramente é analfabeto. Alfabetizar as mulheres é garantir a alfabetização das gerações futuras”. Aqui o meu interlocutor referiu os algarvios Maria Aliete Galhoz e

José Ruivinho Brazão que, nas suas pesquisas, valorizam os saberes das mulheres analfabetas e os seus processos de aprendizagem e, por sua vez, a transmissão desses saberes. Referiu ainda a escritora Lídia Jorge que plasmou esses saberes e tradições na literatura, salientando O Dia dos Prodígios. Falámos dos projectos da Gulbenkian, um dos quais coordenei na serra algarvia e de como essa experiência me permitiu conhecer ainda melhor a realidade da serra, fazendo recolha de saberes, tradições e cuidando, com gestos e palavras de apoio e conforto, dos mais isolados e desfavorecidos. Referiu o administrador executivo da Fundação Calouste Gulbenkian que esta foi e é uma função biunívoca em que ao ajudar se aprende e ao aprender se ajuda. Interagir, incentivar à partilha, valorizar os saberes contribui para a

melhoria da auto-estima de uma população, por vezes chamada de analfabeta, e que tem tanto para contar. Cada vez que um destes idosos morre ficamos mais pobres, principalmente se não se fizer recolha desses saberes, usos e tradições. Graças ao telemóvel foi possível captar som e imagens que fazem parte de um imaginário telúrico, mas que ainda é tão real. São lendas, mezinhas, orações e cantigas de uma ancestralidade que já não pensava encontrar, aliás é um património intangível em vias de extinção. Felizmente ficará em arquivo digital. Que a Fundação Calouste Gulbenkian continue com a missão de contribuir para a preservação da memória e manutenção do Património Cultural Imaterial. * A autora não escreve segundo o acordo ortográfico

ESPAÇO AGECAL

A transição cultural JORGE QUEIROZ Sociólogo, sócio da AGECAL

“Toda a nossa vida vai sair transformada depois desta covid, e ainda estamos a meio da pandemia. As transformações vão ser consideráveis em cada um de nós pela forma como reagimos à situação… mesmo para as pessoas que conseguiram sobreviver, através das vacinas ou do extraordinário cuidado sanitário, as transformações vão ser notáveis no que diz respeito ao dia a dia, à forma como nos relacionamos, como trabalhamos e dos cuidados que temos de ter quando estamos com os outros.” António Damásio, neurocientista, director do Instituto do Cérebro e da Criatividade, EUA.

O

mundo está mais desigual em 2022? A pandemia Covid-19 mostrou-nos o fosso entre os países desenvolvidos e outras regiões do planeta, desta realidade resultou um ricochete de variantes virais. “Criar sociedades justas e sustentáveis” ouvimos nos discursos sobre transição climática e digital, contudo a gestão dos recursos mundiais e nacionais, os modelos de produção e consumo continuam inalterados. A “crise” tem sido um biombo conceptual para esconder a falência de sistemas baseados em taxas de crescimento da produção e dos consumos, com escassas preocupações ambientais e sociais. A “transição climática e energética” exige ordenamento racional do território, medidas que protejam a biodiversidade e os recursos naturais, em especial os hídricos,

segurança alimentar, legislação não permissiva, em suma políticas correctas de ambiente. A transição climática aponta para a “economia verde e sustentável”, mas ao viajarmos por todo o lado vemos práticas produtivas que degradam o ambiente. A “transição digital” permite maior velocidade no acesso à informação, deslocalização e interdependências, mas é evidente que está a ser usada para atingir direitos colectivos e individuais como a privacidade. O cidadão algoritmizado ou aceita regras ditadas por grupos da dita “nova economia” ou será excluído, é um “tecno-feudalismo ou capitalismo de vigilância” que “reduz a liberdade, compromete a saúde mental e ataca a democracia”(Soshana Zuboff), está fora de controlo internacional, político, fiscal e social. Há uma transição necessária e incontornável, a transição cultural.

As comunidades humanas foram durante séculos orientadas por normas sócio-religiosas, por costumes que conflituaram com os direitos e liberdades, mas eram sociedades rurais, com menor dimensão demográfica, longe dos 7 mil milhões actuais. Nos séculos XIX e XX, a revolução tecnocientífica trouxe a produção intensiva, o positivismo e o determinismo histórico, o “progresso irreversível”. O antropocentrismo foi e é a educação dominante, tudo está ao serviço do homem, recursos da natureza, animais, plantas, territórios, oceano, até o futuro é nosso... O futuro não existe senão como categoria filosófica, usada por messianismos antigos e contemporâneos, a situação actual apresenta-nos muitos aspectos de involução. Aspirações da humanidade encontram-se inseridas na Declaração Universal dos Direitos Humanos

aprovada pela ONU a 10 de Dezembro de 1948. A Declaração foi e é um avanço extraordinário, integra as Constituições de muitos países, os direitos políticos, de infância e família, de género, étnicos, sexualidade, religião, educação, trabalho, emigração, habitação e outros como a protecção do património natural e da diversidade cultural. A transição cultural é a defesa e aprofundamento dos valores de liberdade individual e de vida colectiva digna, são políticas publicas para a cultura alternativas à ideologia do mercantilismo massificador, do consumo fidelizado, padronizado e acrítico. A transição cultural é a consciência transformadora das relações ambientais e sociais.

* O autor não escreve segundo o acordo ortográfico


CULTURA.SUL

Postal, 14 de janeiro de 2022

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MAS AFINAL O QUE É ISSO DA CULTURA?

O Algarve de costa-a-costa: Castro Marim e Vila Nova de Cacela FOTOS D.R.

PAULO LARCHER Jurista e escritor

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a crónica anterior - e nas seguintes, se Deus me der saúde – eu e o António Homem Cardoso (um escreve, o outro fotografa), iremos viajar pelo Algarve seguindo pela via férrea que arranca de Vila Real de Santo António e morre lá para Barlavento, em Lagos, depois de uma centena e meia de quilómetros. Foi uma opção, como outras haveria, por exemplo a travessia algarviana que o escritor Manuel da Fonseca realizou por estrada nos idos anos sessenta,(1) precedendo o nosso Prémio Nobel que também plasmou em frases o que pode igualmente ser contemplado com olhares: este Algarve, Reino tradicionalmente desprezado pelos poderes centrais, mas sempre amado, recordado e cantado pelos seus filhos. “[…] Sou desta terra ou desse mar vizinho de que me chegam súbitas lufadas (Se a felicidade existisse seria assim)? Ou sou do casamento Da terra com o mar? Não sei Só sei Ah sim! que sou daqui […].” (2) Na conversa do mês passado afirmei que a resiliência é uma qualidade que não deve faltar a um viajante, mas há limites para tudo. Foi este

o caso. Contrariando a minha expectativa de contemplar um cenário de castelos, fortalezas e igrejas mal pousasse o pé na estação de Castro Marim, ao invés disso, encontro-me no meio do nada. Nem mar, nem sapal, nem serra e muito menos monumentos. Apenas uma velha plataforma que se defronta com um despido vazio e, ao longe, uns cavalitos que abanam as caudas. De repente faz-se luz no meu espírito: nem todas as paragens devem ser estações propriamente ditas, com guichés e guardas e bares, e toda a parafernália associada. Algumas devem ser apenas apeadeiros, estruturas solitárias mantidas de pé pela inércia da história, esperando que o projecto de electrificação e modernização da linha lhe venha a atribuir papéis mais relevantes ou que a mate de vez. Peguei no telemóvel e liguei ao António a avisá-lo que ia desistir de Castro Marim porque a estação não dava acesso à vila, mas com isso só ganhei uma reprimenda: que não! que tínhamos de ir de qualquer maneira: a pé, de bicicleta ou de carroça, mas ir. Bom, fico avisado. Há que descobrir maneira de lá chegar sem utilizar o automóvel mas, para já, o que quero é ir até Cacela. Estou entusiasmado com a expectativa de gozar as vistas do castelo, da igreja, o panorama da ria e tantas outras visões nostálgicas e belas. Ah, lá vem o comboio, finalmente. Meia dúzia de minutos depois de arrancar, o comboio abranda. Estou em Cacela. Dou um salto optimista para a plataforma. A estação está bem

conservada e a linha ali civiliza-se, torna-se dupla, para permitir o cruzamento de comboios, penso eu. Meto-me por uma rua a descer e ando uns bons minutos, mas… mas… tudo me parece demasiado moderno e urbano. Como tenho sede, utilizo o método do Manuel da Fonseca e sento-me numa esplanada mas ao contrário dele não peço um brande, mas uma imperial espumosa. Pergunto à simpática atendedora qual o melhor caminho para o forte de Cacela, para a Igreja, para a Ria Formosa, em suma. Tem carro?, pergunta ela. Respondo-lhe que vim de comboio e a minha in-

terlocutora hesita. Pois, sem carro é difícil. Cacela Velha ainda é um bocado longe daqui. Pra’í uma hora a andar. Cacela Velha! Então há uma Cacela Nova? espanto-me eu. Que sim. Que eu estou em Vila Nova de Cacela. Que são coisas muito diferentes, etc e tal. Já é preciso ter azar! Beberrico a minha loira enquanto me agarro ao dr. Google. Tudo fica logo clarinho. A Vila Nova de Cacela é uma criação do século XX. Cacela-a-Velha apesar do seu passado ilustre quer do ponto de vista civil, quer religioso, ficou relegada para segundo plano, desde que o Marquês de Pombal no final

do século XVIII, de chofre, transferiu várias das suas centenárias competências para a novíssima Vila Real de Santo António. Acabo a minha bebida e, voltando desanimado sobre os meus passos a caminho da estação, vou pensando que nem vale a pena telefonar ao António e que o melhor é começar a alugar uma carroça e um cavalo valente que me possa transportar de forma tradicional até Cacela. Também prometo a mim mesmo que, se a próxima estação me deixar mais uma vez longe do meu objectivo, se acabarão para mim as viagens ferroviárias no Algarve. Quando me aproximo da estação vai a sair um comboio em direcção ao Sotavento pelo que não me apresso. E, de súbito, talvez pelo ruído intenso da composição, percebo melhor um poema de Teresa Rita Lopes, escritora nascida em Vila Nova de Cacela e que recorda a sua infância ao som de um comboio tonitruante que lhe desperta memórias antigas: “[…] O passar do comboio que quase atropela a casa desencadeia em meu corpo um terramoto de prazer Olha! O maquinista ainda é o mesmo e sorri para mim! Acena-me Com ele embarco e viajo para um sítio qualquer que não é meu passado nem sequer meu futuro mas sou eu viajando ao meu encontro (3) Esta Vila Nova é indubitavelmente um produto da via férrea e da estrada nacional 125. Entre estes dois fenómenos da modernidade lançou as suas raízes, cresceu daqui e de acolá até merecer o título de “Vila” e, ipso facto, retirar à velha Cacela, desde sempre cantada pelos poetas, a sua importância administrativa. Mas pertencer a um sítio é que é o importante, seja ele moderno ou muito antigo. Interessa é saber aonde, num desejo de posse e protecção, se firmou a primeira e frágil raiz, num instinto que nos oferece para todo o sempre um sítio do qual nos orgulhamos de ser filhos e ao qual sempre poderemos regressar. “[…] Aqui o meu centro do mundo Como Anteu aqui enterro as raízes de quem sou […].” (4) (1) As referências bibliográficas podem ser encontradas no texto publicado no Postal em 5 de Novembro passado. (2) Teresa Rita Lopes, O Sul dos meus sonhos, in Viajantes, Escritores e Poetas, Retratos do Algarve, ed. Colibri, CELL/UALG, 2009, pp. 32-33 (3) LOPES, op. cit., pp. 32-33 (4) LOPES, op. cit., pp. 32-33

* O autor não escreve segundo o acordo ortográfico


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FILOSOFIA DIA-A-DIA FOTO D.R.

O Ano Novo e a lista de resoluções MARIA JOÃO NEVES PH.D Consultora Filosófica

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o estrear de um novo ano é momento de colocar na balança o ano que passou, avaliando os ganhos e as perdas, as conquistas e as derrotas. É também o momento de estabelecer estratégias e definir objectivos, e assim surgem as famosas listas de resoluções. No artigo de Dezembro passado falei do perigo de se desacreditar da introspecção e de como isso pode levar à perda da consciência, entendida como falta de sentido de responsabilidade por aquilo que fazemos, pelas opções que tomamos ou pelas consequências dos nossos actos. A discussão sobre se temos ou não livre arbítrio e suas consequências é vasta e ocupar-nos-á durante vários artigos. Para já vamos considerar que o temos, pois fazer uma lista de resoluções para o novo ano pressupõe que a liberdade existe. Na tradição cristã a existência de livre arbítrio é precisamente aquilo que nos distingue dos animais. Estes estão pré-determinados, nós, pelo contrário, temos o poder de exercer a nossa vontade, temos liberdade de escolha. Assim sendo, a nossa lista de ano novo pode conter boas ou más resoluções. Qual é o critério que nos permite avaliá-las? Para considerar que uma resolução é boa, ela terá que ser vantajosa para mim. Contudo, a decisão continuará a ser boa se, apesar de me beneficiar a mim, prejudicar outros? É aqui que a questão da ética se articula com

a da liberdade. Ainda dentro do enquadramento cristão, a capacidade de poder tomar boas ou más decisões acarreta consequências: recompensa no primeiro caso, punição no segundo, ambos a executar no dia do Juízo Final. Na filosofia budista não existe o dia do juízo final, aquilo que mais se lhe aproxima é o chamado Karma — A Lei de Causa e Efeito. Um provérbio tibetano diz o seguinte: “Se quiser conhecer as suas acções passadas, olhe para as suas circunstâncias presentes. Se quiser conhecer o seu futuro, olhe para suas acções presentes”. Assim entendido Karma consiste numa forma holística de olhar para o funcionamento imparcial da Lei de Causa e Efeito. Karma não tem que ver com julgamentos, recompensas ou punições a executar por uma divindade suprema. Pelo contrário, a Lei do Karma atribui-nos a responsabilidade directamente. Quaisquer acções sejam elas pensamentos, palavras ou actos, acabarão por ter um impacto positivo ou negativo. Cientes de que nada se perde no universo os budistas acreditam que o efeito de uma causa ou acção intencional pode ser imediato ou aparecer numa vida futura. No entanto, a experiência quotidiana parece oferecer-nos muitos exemplos de como o vício é melhor recompensado do que a virtude. Sem a ideia de um Juízo Final e da existência de vida após a morte, ou sem a crença na teoria da reencarnação talvez tenhamos poucos motivos para buscar a virtude e a justiça quando elas se afastam do interesse pessoal. Mas será, de facto, assim? Proponho que deixemos entre parêntesis as crenças budistas ou

cristãs e nos concentremos apenas nesta vida que todos experimentamos. A questão que se coloca é a seguinte: é possível que a felicidade genuína resulte de uma motivação egocêntrica ou, pelo contrário, um comportamento ético parece ser condição sine qua non da felicidade? Sobre este trinómio liberdade-moralidade-felicidade pensaram muitos filósofos do oriente ao ocidente, desde a antiguidade aos dias de hoje. Não havendo espaço para os referir a todos trarei aqui algumas das perspectivas que me parecem mais relevantes. No Livro IV da República, Platão apresenta os principais aspectos da alma humana que divide em racionais, espirituosos e apetitivos. Todos nós desejamos viver uma boa vida e por isso mesmo uma pessoa sábia luta pela chamada justiça interior, uma condição em que cada parte da alma desempenha o seu papel apropriado: a razão deve ser a guia, a natureza espirituosa deve ser a aliada da razão — exortando-se a fazer o que a razão considera adequado — e as paixões devem submeter-se às determinações da razão. Na ausência daquilo que Platão denomina por justiça interior, o indivíduo é escravizado pelas paixões. Portanto, a liberdade para Platão é uma espécie de autodomínio, alcançada pelo desenvolvimento das virtudes da sabedoria, coragem e temperança, resultando na libertação da tirania dos desejos básicos e na aquisição de uma compreensão mais precisa e na busca resoluta do Bem. Aristóteles, embora partilhe com Platão a preocupação de cultivar vir-

tudes, foca-se no papel da escolha em iniciar acções individuais que, com o tempo, resultam em hábitos, para o bem ou para o mal. No Livro III da Ética a Nicómaco, Aristóteles diz que tomamos decisões após deliberar sobre os diferentes meios disponíveis para os nossos fins. A escolha que um indivíduo faz depende, por um lado, do seu estado interno — a percepção das suas circunstâncias e crenças relevantes, desejos e disposições gerais de carácter — e das circunstâncias externas, por outro. Porém, o carácter de uma pessoa molda o modo como ela age. Se escolhermos consistentemente bem (mal), um carácter virtuoso (vicioso) formar-se-á com o tempo. Ser virtuoso ou vicioso está nas nossas mãos! Na filosofia budista Karma é também entendido como uma energia de hábito criada por padrões de comportamento repetidos. É difícil livrarmo-nos destas energias de hábito porque tal como numa garrafa de perfume vazia o odor permanece, também os nossos hábitos deixam uma espécie de impressões ou sombras que nos influenciam constantemente. Pode-se dizer que toda a nossa vida é um grande pacote de hábitos que perpetuamos distraidamente. É preciso muita motivação, força de vontade e esforço para desaprender hábitos negativos e treinar em positivos. Bons hábitos conduzem a uma boa vida e vice-versa. Sócrates no séc. IV a.C já defendia que a virtude é o meio para alcançar a felicidade — eudaimonia — e, por isso mesmo, exortava os seus contemporâneos a não gastarem mais tempo com a aquisição de bens materiais

do que com o aperfeiçoamento das suas almas. Por seu lado Shantideva, o filósofo indiano do séc. VIII, condensa a trágica existência humana deste modo: aqueles que desejam escapar do sofrimento correm na sua direcção; buscando a felicidade, mas sendo ignorantes, destroem as suas causas como se ela fosse um inimigo. Isto deve-se ao facto de a maioria de nós orientar a sua vida por aquilo a que a filosofia budista chama as 8 preocupações mundanas, que se organizam em 4 pares de esperança e medo: querer ganhar e ansiedade de perder; buscar o prazer e fugir da dor; procurar uma boa reputação e receio de uma má reputação; demanda de elogios e apreensão pela falta de reconhecimento. As 8 preocupações mundanas colocam as causas da felicidade na dependência dos outros ou das circunstâncias, portanto, totalmente fora de nós. Esta estratégia é eficaz mas para atingir a infelicidade. Afinal em que consistem as boas escolhas? Quais são aquelas que, garantidamente, nos fazem felizes? Ouçamos o que tem a dizer Matthieu Ricard considerado o homem mais feliz do mundo. Este francês de 74 anos, doutorado em biologia molecular e monge budista do mosteiro de Chechen Teennyi Dargyeling no Nepal, numa entrevista dada à BBC em Janeiro de 2021 em que lhe perguntaram qual o segredo da felicidade respondeu simplesmente: “altruísmo e compaixão”. Perante o silêncio e olhar perplexo dos jornalistas Ricard elaborou: “a busca da felicidade egoísta não funciona, é uma situação em que todos perdem. Tornamos a nossa própria vida e a dos outros miserável. Em contrapartida, o altruísmo é uma situação em que todos ganham”. Os jornalistas perguntaram então se qualquer um poderia atingir esse estado de liberdade interior que conduz à felicidade. A resposta não se fez esperar: “Claro que sim! Afinal trata-se da nossa própria mente. O nosso controle das condições externas é limitado, efémero e, muitas vezes, ilusório, mas podemos trabalhar com a nossa própria mente enquanto lidamos com ela de manhã até a noite. A nossa mente pode ser nossa melhor amiga ou pior inimiga; é a mente que traduz as circunstâncias externas em felicidade ou infelicidade. Portanto, se pudermos treinar um pouco essa criança mimada que é a mente e dominá-la um pouco, será de grande ajuda para nos libertarmos de nossas tendências habituais e pensamentos automáticos e assim sermos mais felizes”. Talvez valha a pena ter isto em conta ao elaborar a lista de resoluções.... Inscrições para o Café Filosófico: filosofiamjn@gmail.com * A autora não escreve segundo o acordo ortográfico


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FIOS DE HISTÓRIA

Romance de amor e traição no reino do Al-Andaluz FOTO D.R.

“Minha’alma quer-te com paixão/ Ainda que haja nisso uma tortura/ E alegre vai na ânsia da procura. (...) Se o nosso reencontro acontecer/ P’ra teus lábios doces eu provar/ Folgarei no jardim da tua face/ Beberei desses olhos o langor/ E mesmo que um terno ramo imitasse/ O teu talhe grácil, sedutor/ Valerias mais que o imitador./ Não te ocultes, oh jardim secreto:/ Quero colher meu fruto predilecto!”

RAMIRO SANTOS Jornalista ramirojsantos@gmail.com

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s manhãs ali acordam perfumadas com flores de laranjeira. Daquela janela derrama-se o olhar sobre a cidade vermelha das pedras de grés do castelo e das muralhas. Ao Palácio das Varandas, em Silves, chega o som da nostalgia. A rima dos poemas e dos amores de Ibnamar e Almutamid. Um caso de vida com todos os ingredientes de um drama shakespeariano. Feito de glória e tragédia. Amor e traição! Inebriados pelo frenesim dos dias, os dois amigos beberam a festa da vida até ao último cálice. De prazer e de vibrantes arrebatamentos. Momentos celebrados em versos de saudade de Almutamid que o então rei de Sevilha e de todo o Al-Andaluz, dirigiu ao seu amigo Ibnamar:

“Saúda, por mim, Abu Bakr/ os meus amigos de Silves/ e pergunta-lhes se ainda se lembram de mim/ saúda o Palácio das Varandas/ morada de leões e de gazelas!/ à sua sombra, quantas noites passei/ com mulheres de quadris opulentos e estreitas cinturas!/ Ai quantas noites fiquei deliciado/ numa volta do rio preso em jogos de amor/ com uma donzela cuja pulseira imitava a curva da corrente!/ e ela servia-me o vinho do seu olhar/ o vinho da sua boca./ E assim passava os dias!” Almutamid, nascido em Beja em 1040 onde passou a sua infância, era filho do rei da taifa de Sevilha, Abbad Al-Mutamid, que acabou por criar o mais vasto e poderoso domínio no Al-Andaluz, “o chamado reino da dinastia Abábida, que se estendia do sul de Portugal até ao estreito de Gibraltar”, incluindo a lendária cidade de Córdoba. Seria ainda um jovem de 11 anos quando o pai o chama para perto

de si e o nomeia depois governador de Silves. Foi por essa época que se aproximou e conheceu Abu Bakr Ibnamar, tornando-se seu amigo para a vida e para a morte. Mas pouco tinham em comum, a não ser a genialidade poética e a atração pelos prazeres libidinosos de uma juventude à solta. Ibnamar, de origem humilde e plebeia “era ambicioso e calculista, atributos que mais tarde seriam determinantes para o trágico desfecho de ambos”. Natural de Estômbar – outros dizem de São Brás de Alportel – manterá com o seu amigo uma relação tão ambígua de cumplicidades íntimas como “apaixonada e possessiva, num ambiente de corte marcado pela luxúria e pelo prazer”. Mulheres, sexo e vinho. Uma vida de prazer e volúpia, plena de luxos e de escândalos, amplamente espelhada na sua poesia em linguagem de grande brilho imagístico e de uma elegância requintada, mas sobretudo marcada por uma ardente sensualidade. Como este poema de Ibnamar:

preso e isolado em cativeiro, nada lhe valendo, desta vez, o apelo ao perdão dirigido ao amigo em nome dos bons velhos tempos: ”Perdoa e ganhará o amor/ Um outro realce, outra beleza./ É que se punires será o rancor/ A tomar mais evidência e mais clareza (...) Perdoa! O que partilhámos me redime/ Nos espaços perfumados de Alá/ Apaga os vestígios do meu crime!/ Venha da clemência o teu olhar/ E tudo enfim desaparecerá”.

Os dias decorriam neste ambiente de lassidão e promiscuidade dos costumes que corrompiam Mas desta vez era um crime sem os valores do próprio islão. Não perdão. Almutamid encerra o recebiam, por isso, a simpatia e o amigo numa masmorra e num agrado do pai de Almutamid - so- “excesso de raiva mata-o a golpes bretudo as cumplicidades íntimas de machado com as suas próprias entre os dois amigos - que chamou mãos”. Viria a chorar este ato de o filho para junto de si, em Sevi- desesperada violência e a morte lha, desterrando Ibnamar para do amigo por toda a vida. Saragoça. Entretanto, a ofensiva cristã conApesar de representar a época tra o seu reino leva-o a pedir ajuda mais fecunda da produção poéti- a Yussuf Ibn Tachfin, o novo sobeca do Garb Andaluz, este período rano de Marrocos. Enganou-se e “marcou o início da desintegração mais uma vez foi traído. Tachfin política e da dissolução do esta- tomou posse do reino do Al-Ando do reino da Abábida”. Após daluz e eliminou todos os reis das a morte de seu pai, Almutamid taifas peninsulares. A excepção torna-se soberano e senhor do foi Almutamid que é conduzido vasto território do Al-Andaluz, com a mulher Itimad para o desescolhendo para seu braço direito terro em Aghmat, nos arredores e primeiro-ministro, o amigo que de Marraquexe. Aqui terminará antes havia nomeado governador os seus dias, agrilhoado e “num de Silves. miserável cativeiro”. Maior do que o seu génio poético, Nos quatro anos que ali passou, só a ambição era mais forte em escreveu sem parar e nem mesmo Ibnamar, a ponto de corromper a escuridão da cela lhe retirou a a relação de profunda confiança inspiração. Itimad a sua musa existente entre os dois, acabando que morreu antes dele, ficaria por afastá-los irremediavelmen- eternizada no poema acróstico te de forma trágica. Num mundo de paixão e lágrimas que escreveu árabe cada vez mais fragmentado assim: e dividido, o confidente do soberano Invisível a meus olhos, deixa-se manipular trago-te sempre no coração por redes de conspiTe envio um adeus feito paixão ração contra o seu e lágrimas de pena com insónia. amigo, traindo-o Inventaste como possuir-me em diversas ocae eu, o indomável, submisso vou ficando! siões. E várias vezes Meu desejo é estar contigo sempre, pediu perdão e foi oxalá se realize tal vontade! perdoado. Tomado Assegura-me que o juramento que nos une, de ciúmes chegou nunca a distância o fará quebrar. mesmo a hostilizar Doce é o nome que é o teu Itimad, mulher e o e aqui fica escrito no poema: ITIMAD grande amor da vida do amigo. Cego de poder, não desistiu de se Fontes: ”O Meu Coração é Árabe”, Adalenvolver em sucessivas rebeliões berto Alves; Al-Mu ‘Tamid: o rei-poeta de conspirativas para derrubar Al- Sevilha”, Mª João Cantinho; Poesia do Gharb mutamid, autoproclamando-se Al-Andalus”, Frederico Mendes Paula; ouemir de Múrcia. Acabou por ser tras


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LETRAS & LEITURAS

Paulina Chiziane, a primeira escritora africana a ganhar o Prémio Camões um bairro pobre na orla da capital moçambicana, entretanto tornado urbano com o crescimento da cidade de Maputo. A Mafalala é também um dos bairros mais famosos de Moçambique, associado à emergência da identidade moçambicana, foco de resistência cultural e política à administração colonial portuguesa. Foi aí que nasceram ou viveram figuras moçambicanas de relevo como o poeta José Craveirinha, o jogador Eusébio, a poetisa Noémia de Sousa, ou Samora Machel.) Sarnau, narradora e protagonista da história, recua à sua adolescência, Paulina Chiziane foi a primeira mulher moçambicana a publicar um romance aos 13 anos de idade, primavera da FOTOS D.R. vida em que conheceu também o seu primeiro e grande amor, Mwando, PAULO SERRA temente distinguido com o Prémio um jovem que estuda num colégio Doutorado em Literatura Vasco Graça Moura de Cidadania católico e que deita tudo a perder na Universidade do Algarve; Cultural 2022, pela sua actividade de por amor: «Como o Adão no Paraíso, Investigador do CLEPUL mais de 50 anos em prol da literatura a voz da serpente sugeriu-lhe a mae da cultura portuguesas. çã, que lhe arrancou brutalmente a venda de todos mistérios.» (p. 19) obra de Paulina ChiziaAs cerca de 172 páginas do romance ne, publicada pela narram, com intervalos, as desventuEditorial Caminho, reras de Sarnau e Mwando, cujo amor lançada em 2016 com vive nas vicissitudes do vento, entre novas edições e capas, uniões e retrocessos. Sarnau será volta às livrarias agora com o selo lobolada (o lobolo é o dote entregue do Prémio Camões 2021. A primeipelo noivo e família como pagamenra mulher moçambicana a publicar to pela noiva) em trinta e seis vacas, um romance foi também a primeira coisa que nunca aconteceu desde os autora-mulher africana a ganhar o tempos dos antepassados, tornanPrémio Camões, nesta 33.ª edição. do-se a primeira esposa do filho do Depois de ter publicado contos em rei. Numa cultura onde os homens, várias publicações (jornais e revistas) quando não são cristãos, podem ter da militância, na FRELIMO, Balada várias mulheres, Sarnau terá de viver de Amor ao Vento, publicado em 1990 o seu amor por Mwando em segredo, em Moçambique, foi o primeiro rocorrendo perigo de vida. mance da autora. A propósito desta É também na história deste amor obra a autora afirmou: «Dizem que em conflito que se denuncia, subsou romancista e que fui a primeira “Balada de Amor ao Vento” foi tilmente, um mundo em conflito, mulher moçambicana a escrever um publicado em 1990 em Moçambique culturalmente dividido. Entre uma romance, mas eu afirmo: sou contacultura polígama e uma sociedade dora de estórias e não romancista. Balada de Amor ao Vento onde o cristianismo foi imposto. Escrevo livros com muitas estórias, Entre o comportamento próprio de estórias grandes e pequenas. Inspi- A escrita de Paulina Chiziane é um homem e os deveres inerentes ro-me nos contos à volta da fogueira, profundamente lírica, como se es- à condição de ser mulher: «a vida minha primeira escola de arte.» crevesse versos que formam um da mulher é sempre dura» (p. 158). Paulina Chiziane nasceu em Man- rosário de histórias, uma escrita Veja-se como, quando Mwando se jacaze, na província de Gaza, intimista e confessional, entrete- casa com Sumbi, tão bela quanto Moçambique, em 1955. Passou a cida de oralidade, nomeadamente preguiçosa, exímia em esquivar-se infância nos subúrbios de Maputo. A no vocabulário local, versos e no aos deveres de uma boa esposa, e aprendizagem da língua portuguesa recurso recorrente a provérbios não vendo ele mal em agradar à sua dá-se na escola de uma missão cató- e aforismos: «o lar é um pilão e a mulher, as gentes da aldeia temem lica. Frequentou estudos superiores mulher um cereal» (p. 50). Balada que «aquele génio do feitiço» possa de Linguística na Universidade de Amor ao Vento é narrado justa- «contaminar a aldeia com aquele Eduardo Mondlane, sem chegar a mente na primeira pessoa, pela voz modo de vida» (p. 68-69). concluir o curso. Venceu em 2003 de uma mulher, já em idade avan- Na prosa de Chiziane conflui a heo Prémio José Craveirinha, com çada, «envelhecida», a viver numa rança cultural de um povo, aliando Niketche – Uma história de poliga- «Mafalala de casas tristes, paraíso animismo, crenças, maus pressámia. As suas obras encontram-se de miséria» (p. 11), no fim da sua jor- gios, oralidade e identidade. traduzidas na Alemanha, Espanha, nada, a rememorar a sua infância, E.U.A., França e Itália. e o seu rio Save. Esta mulher podia Denúncia do colonialismo Ressalve-se ainda, em jeito de nota de bem ser a própria autora, que tem rodapé, que Zeferino Coelho, editor preferido viver sempre nos arre- O tempo da narrativa, além de inda Caminho (Grupo LeYa) foi recen- dores de Maputo. (A Mafalala era tervalado, é indefinido. No entanto,

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quando Mwando é depois enviado para Angola, «terra de degredo, da cana, do cacau e do café» (p. 134), podemos perceber como a acção se situa ainda durante o colonialismo: «Às mulheres foram destinados os campos de tabaco, tarefa ligeira apenas na aparência. Os homens foram enviados para os canaviais e os mais fortes para a destronca e abertura de novos campos.» (p. 139) Na natureza fera percebe-se agora a mão do homem, com os cafezeiros «alinhados de uma forma artística», onde «a floresta medonha cedeu lugar a uma roça de um verde-bonito, verde-sangue, verde-dinheiro, regado com o suor dos condenados» (p. 143). Neste passo da narrativa, a denúncia é virulenta, mas contida, sublinhado os dotes narrativos da romancista: «As mãos negras construíam beleza, construíam riqueza. Lá no alto erguiam-se palacetes brancos com tetos vermelhos» (p. 143). Ou quando se lê: «Nos últimos anos nasceram novas roças cujas plantas são cruzes toscas pintadas de branco em terra fertilizada de carne humana. A fome, a doença e a tortura eram os viveiros dessas plantas.» (p. 145) Não escapa a essa crítica o papel do negro que assume ele próprio as mesmas atitudes de opressão e domínio do colonizador branco: «Os pretos gritavam para outros pretos como se pretos não fossem. O escravo liberto torna-se tirano.» (p. 137) No capítulo 18, e antepenúltimo, chegamos a um tempo de modernidade, e possivelmente de independência, a condizer com o regresso de Mwando a Moçambique e com a vida de Sarnau agora como mulher autónoma, sozinha, a vender produtos da terra no mercado da Mafalala para sobreviver. Sarnau pode inclusivamente ser entendida como alegoria de Moçambique, mãe-terra, ainda a acordar para as mudanças que os tempos trouxeram: «Estas manhãs das cidades com ruídos de carros, gritos de máquinas e de homens e todo este buliço de pessoas em formigueiro transtornam-me» (p. 153). Como se Sarnau fosse essa terra a desejar poder recuar no tempo, até à altura em que era ainda natureza intocada pela civilização, pela técnica e pela máquina: «Prefiro as manhãs suaves da minha terra com a melodia alegre dos pássaros, levantando voo em gestos de bênção à terra, aos deuses e aos homens.» (p. 153) Poderão os amantes, dezasseis anos depois, ainda ter uma nova oportunidade no amor? Ou limitar-se-ão a ficar «frente a frente, fazendo o trágico balanço e uma existência miserável» (p. 165)?

“Ventos do Apocalipse” é o segundo romance da autora

Ventos do Apocalipse A fazer jus às palavras da autora, quando afirma ser «contadora de estórias e não romancista», Ventos do Apocalipse enquadra-se mais nesse mosaico a compor a história de um povo, em que a vida de uma personagem reflecte toda uma comunidade, em que a vida de cada um é sempre em constelação com a dos familiares, vizinhos, congéneres. Ventos do Apocalipse, publicado originalmente em 1993, e pela Caminho em 1999, é o segundo romance da autora. O Prólogo é justamente formado por pequenos fragmentos de histórias. Esta narrativa impõe um desafio maior ao leitor (ao contrário da prosa escorreita e ligeira do primeiro romance), até por não ter a mesma linearidade narrativa. Uma aldeia repousa tranquila envolta no manto de escuridão da noite quando surgem pelos ares quatro cavaleiros. Estes cavaleiros do Apocalipse são afinal quatro helicópteros. Passaram-se os «ventos da independência» (p. 52). Sopram «ventos de novas mudanças» em que tudo voltará, afinal, «a ser como antes». Pressentem-se, portanto, os tempos da guerra civil, a deitar por terra a promessa conquistada com a independência: «A desgraça penetrou em Mananga. Já se ouvem rumores da guerra em Macácua» (p. 61). Este é o cenário dantesco que encontramos nas páginas de Ventos do Apocalipse, onde o lirismo da prosa e o horror das imagens andam a par e passo, dando conta de como a guerra mais aberrante é a deflagrada entre dois povos afinal irmãos. (continua na próxima edição)


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VILHENA MESQUITA

A doença na História - Freira morre de Herpes no séc. XVII Uma vítima notável

Claustro sebastianista do Convento de Nª Sª dos Mártires ou da Conceição de Sacavém, cujos azulejos ainda se conservam na sua original integralidade FOTOS D.R. JOSÉ CARLOS VILHENA MESQUITA Professor universitário e historiador

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ma das doenças mais comuns no actual panorama da saúde mundial é o Herpes, cujas origens se terão perdido por entre as brumas do tempo. No fundo, trata-se de uma doença viral benigna, causada pelo vírus denominado Herpes, na forma simplex 1 e 2, que afecta geralmente as mucosas. As zonas mais sensíveis ao ataque herpético são a boca e o torax, podendo irradiar para a zona genital. Em casos muito raros pode causar graves complicações neurológicas e até mesmo a morte. Sabemos hoje que não tem cura, e pensa-se que mais de metade da humanidade está infectada com o HSV1 e 2. O mais grave é que esta doença da família do sarampo e da varíola, pode atacar em sucessivas recidivas ao longo da nossa vida. O vírus transmite-se por contágio, geralmente na infância, sob a forma de sarampo, ficando inoculado no corpo até que o nosso sistema imunitário baixe a guarda, retornando então sob a forma de pequenos ataques epidérmicos benignos, a que chamamos “sarna” ou “zona”, cujas principais vítimas são as pessoas idosas, os intervencionados, em suma, os mais débeis. Em idades mais avançadas os ataques de herpes não são causados por contágio, mas tão só por abaixamento do nosso sistema de defesa imunitária.

Não vão longe os tempos em que o Herpes, enquanto doença viral e contagiosa, era muito comum nos quartéis militares, nos presídios, nos prostíbulos, nos conventos e mosteiros, enfim nos locais de maior afluência ou concentração de pessoas, sobretudo onde imperasse a falta de higiene. A sua propagação viabilizava-se por contágio de fluídos corporais, principalmente saliva, suor e sémen, sendo que muitas vezes se associava às doenças sexualmente transmissíveis. A sífilis, a gonorreia e o herpes, foram, no passado, os infectos e purulentos castigos de uma vida depravada. A agressividade virulenta do herpes, embora seja intensa e permanente, porque o vírus depois de inoculado nunca se extingue, é raramente letal, a não ser quando degenera para uma encefalite. Neste caso, a multiplicação do vírus no cérebro provoca convulsões e anomalias neurológicas, de que resulta por vezes a morte.

Os arquivos e a história da patologia Ao longo dos últimos trinta anos dediquei-me à investigação arquivística, e nesse afã percorri os principais acervos do país. Mas o Arquivo Nacional da Torre do Tombo foi o meu quartel-general. Uma das secções que mais me apaixonou foi a dos «Manuscritos da Livraria». São um verdadeiro manancial de livros e códices que nunca viram a luz da estampa. Entre eles estão vários, a maioria incompletos, da autoria

de Frei Jerónimo de Belém (de que me ocupei no meu livro sobre «O Algarve na Academia da História»), que são de notável interesse para o estudo da vida conventual e eclesiástica no Algarve. Aquele erudito religioso escreveu em 1647 uma «Relação Memoravel da Santa Provincia dos Algarves - memorial segundo» na qual a fls. 41vº pode ler-se, acerca do Convento de Nª Sª dos Mártires ou da Conceição de Sacavém (o segundo em importância e notoriedade dentro da Ordem), que a Soror Maria da Coluna, fundadora daquela casa religiosa, tivera uma morte “muy penoza por ter herpes” (1). Quando li isto confesso que fiquei estupefacto, porque sempre tive a noção de que o Herpes é doença infectocontagiosa muito transmissível, geralmente pelo contacto intimo. Mas nunca pensei que pudesse ser letal. Assim como também nunca pensei que essa doença pudesse infiltrar-se na vida conventual. Numa casa religiosa onde pouco consentânea com a vida religiosa. Infelizmente o Frei Jerónimo não fornece mais explicações sobre a doença daquela insigne religiosa. No entanto, deve ter sofrido de forma dolorosa e intensa, pois noutra obra ao falar daquela ilustre religiosa, acrescentaria que por diversas vezes a doença deixou-a prestes a finalizar o decisivo encontro com Deus: «toda a sua vida foi sempre um contínuo ensaio para a morte, que, como a esperava todas as horas, não perdia tempo em prevenir-lhe os assaltos». (2)

Impressão Real, MDCXCVIII, pp. 345-364. A leitura deste sermão é muito surpreendente, pela beleza do texto, que não é enfadonho, como acontece com a maioria dos sermões que tenho lido, pois exigem profundos conhecimentos de Teologia e da Santa Escritura. Para terminar, acrescento que este antigo convento foi no declinar do século XIX anexado à fazenda nacional aproveitando-o para diversos fins até que no século seguinte foi transformado em quartel militar. O seu último ocupante foi o Batalhão de Adidos do Exército Português, que dali se retirou em 2006. Não sei se ultimamente teve melhor serventia, mas ainda há bem pouco tempo aquele magnífico edifício de seculares pergaminhos históricos, estava votado ao mais confrangedor abandono. Resta-me pedir desculpa aos leitores pela extensão deste despretensioso apontamento sobre um episódio da doença na história.

Para terminar, acresce dizer que Soror Maria da Coluna, era filha de D. Manoel de Mello, o célebre Prior do Crato, e em vida foi uma das mais famosas religiosas do Convento de Jesus de Setúbal. Faleceu a 1 de Junho de 1614. Agora, o que mais me surpreendeu foi saber que o herpes era já uma doença conhecida no séc. XVII, e sobretudo aperceber-me que se desenvolveu nos séculos seguintes de forma rápida e agressiva, causando gravíssimos estragos de saúde na população em geral. Entre as doenças prescritas nas “pautas” usadas pela inspecção de saúde aos navios estrangeiros já constava o herpes como doença contagiosa. Mas de todas a mais temida era o herpes genital, por ser muito comum entre as mulheres públicas (meretrizes) e, por isso, de fácil propagação entre as diversas classes sociais. Alguns médicos no séc. XIX associaram o herpes a várias doenças psiquiátricas ou a estados neuróticos. Como é que o Frei Jerónimo de Belém soube, trinta anos depois da morte de Soror Maria da Coluna, que a benemérita religiosa faleceu de Herpes é que eu, mui- Panorâmica exterior do convento quando serviu to sinceramente não de quartel da marinha, desactivado em 2006 sou capaz de desvendar. Presumo que a doença, e a sua (1) ANTT, Manuscritos da Livraria, nº 408. devastadora memória, permane- Aproveito para esclarecer que quem funcesse ainda viva dentro das paredes dou aquele convento foi D. Brites da Costa, claustrais, a ponto de ser lembrada e mas a sua instituição oficial, e dotação dos identificada tantos anos depois. Só meios de sobrevivência, foram assegurados assim se explica que Frei Jerónimo pelo seu marido, Miguel de Moura, ao tempo tivesse escrito de forma tão clara e escrivão da puridade do rei D. Sebastião. A explícita a causa da morte daquela esposa, D. Brites, legou ao Convento de Nª benemérita religiosa. Sª dos Mártires ou da Conceição de SacaCom base na associação do nome vém, por testamento de 15 de Novembro de Coluna, às colunas do templo de 1607, os seus mais valiosos bens, deixando Deus e à cruz que supliciou Cristo, as freiras garantidas para o resto dos seus como coluna da Cristandade – o céle- dias. Na sequência da extinção das ordens bre padre Rafael Bluteau, que todos religiosas e da nacionalização dos bens da conhecemos como grande lexicólo- Igreja, foi aquela casa religiosa anexada aos go da língua portuguesa, escreveu e bens nacionais por Decreto de 20 de Janeiro pregou pessoalmente no Convento de 1877. da Esperança, a 28 de Janeiro de 1685, “estando o Senhor exposto” (2) Jerónimo de BELÉM, Crónica Seráfica um notável panegírico religioso da Santa Província dos Algarves da Reguintitulado «Sermão na Profissão lar Observância do nosso Seráfico Padre S. de Soror Maria da Coluna, filha do Francisco. Em que se trata de sua Origem, gram Prior do Crato, Manoel de Progressos e Fundações de seus Conventos, Mello, &c.», que se integra na parte Lisboa, na Oficina de Inácio Rodrigues, 1750terceira das «Primicias Evangeli- 1758, tomo II, p. 670. cas ou Sermoens e Panegyricos do Padre D. Raphael Bluteau...», Pa* O autor não escreve segundo ris, por Joaõ Anisson, Director da o acordo ortográfico


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CADERNO ALGARVE

Postal, 14 de janeiro de 2022

NECROLOGIA REGIÃO

VENDE-SE ou ARRENDA-SE 4 terrenos agrícolas com excelente localização e acessibilidade, com água da barragem, situados na Asseca a 3 minutos da cidade de Tavira èPomar de citrinos: 8.158 m2 èTerra de semear: 8.000 m2 èTerra de semear: 9.788 m2 èPomar de citrinos e terra de semear 6.370 m2 èÁrea total: 32.316 m2

Contacto: 918 201 747

AVISO Comunicação para Exercício do Direito de Preferência Para efeitos dos artigos 416º e 1380º do Código Civil e do Decreto-Lei 73/2009 de 31 de Março (Regime Jurídico da RAN), na sua redação atual, torna-se público que, a proprietária dos imóveis abaixo indicados, face à impossibilidade de notificar alguns dos proprietários confinantes com os referidos imóveis, atendendo ao desconhecimento das respetivas identidades e moradas, vem comunicar por este meio, aos referidos preferentes legais, a sua intenção de proceder à venda em conjunto dos imóveis abaixo identificados, nas seguintes condições: Imóveis: todos situados em Asseca, União das Freguesias de Luz de Tavira e Santo Estevão, concelho de Tavira. a) Prédio misto, composto de terra de pastagem e cultura com árvores e um edifício térreo em ruínas com 2 divisões e logradouro com 60 m2, a confrontar do Norte e Poente com João Martins, Nascente com Armando Inácio do Carmo, Sul com Francisco Domingos da Encarnação Martins, descrito na Conservatória do Registo Predial de Tavira sob o número 997/19931203 e na matriz predial da respetiva freguesia sob o artigo 3511 (rústico) e 1792 (urbano); b) Prédio urbano, composto por edifício em ruínas com vários compartimentos, a confrontar do Norte, Sul e Poente com Maria Benízia Viegas Martins e Nascente com João Lopes, descrito na Conservatória do Registo Predial de Tavira sob o número 1043/19941012 e na matriz sob o artigo 1712; c) Prédio rústico, composto de terra de cultura, a confrontar do Norte, Sul e Nascente com Manuel Mendonça Viegas e do Poente com Francisco Domingos da Encarnação Martins, descrito na Conservatória do Registo Predial de Tavira sob o número 1042/19941012 e na matriz sob o artigo 3516. Vendedora: ELIZABETH ANN KNOX BROWNE;

COMUNIQUE COM O POSTAL Contacto: 281 405 028

Comprador: BERNARD RENÉ MARC ARNAUD; Preço: 99.000,00 € (noventa e nove mil euros); Condições de pagamento: Pagamento integral na data da celebração da escritura; Data da escritura: 28 de Janeiro de 2022 no Cartório Notarial a cargo do Dr. Bruno Torres Marcos, Rua da Silva nº 17-A, 8800-331 Tavira; O prazo para o exercício da preferência é de 8 dias corridos, contados da data da publicação do presente aviso, nos termos do disposto no nº 2 do artigo 416º e 225º e seguintes do Código Civil, sob pena de caducidade do mesmo.

Reze 9 Ave-Marias com uma vela acessa durante 9 dias, pedindo 3 desejos, 1 de negócios e 2 impossíveis ao 9º dia publique este aviso, cumprir-se-á mesmo que não acredite. A.G.

Reze 9 Ave-Marias com uma vela acessa durante 9 dias, pedindo 3 desejos, 1 de negócios e 2 impossíveis ao 9º dia publique este aviso, cumprir-se-á mesmo que não acredite. C.F.

BARBA TOMÁS JUANA

ANTÓNIA DA CONCEIÇÃO CUSTÓDIO

CUSTÓDIO GONÇALVES PEREIR A

22-01-1938 24-12-2021

11-06-1939 29-12-2021

06-10-1945 09-01-2022

Agradecimento Os seus familiares vêm por este meio agradecer a todos os que a acompanharam em vida e nas suas cerimónias exéquias ou que de algum modo lhes manifestaram o seu sentimento e amizade.

Agradecimento Os seus familiares vêm por este meio agradecer a todos os que a acompanharam em vida e nas suas cerimónias exéquias, ou que de algum modo lhes manifestaram o seu sentimento e amizade.

Agradecimento Os seus familiares vêm por este meio, agradecer a todos os que o acompanharam em vida e nas suas cerimónias exéquias ou que de algum modo lhes manifestaram o seu sentimento e amizade.

HUELVA - ESPANHA VILA REAL DE SANTO ANTÓNIO - VILA REAL DE SANTO ANTÓNIO Agência Funerária Santos & Bárbara, Lda.

CONCEIÇÃO - TAVIRA SANTA MARIA E SANTIAGO - TAVIRA Agência Funerária Santos & Bárbara, Lda.

VAQUEIROS - ALCOUTIM SANTA MARIA E SANTIAGO - TAVIRA Agência Funerária Santos & Bárbara, Lda.

Contactos para o exercício do direito: Rua Alexandre Herculano nº 15 – 1º, telefone: 281322426 (POSTAL do ALGARVE, nº 1278 14 de Janeiro de 2022)


CADERNO ALGARVE

Postal, 14 de janeiro de 2022

A NÚNCIOS REGIÃO

CARTÓRIO NOTARIAL DE SÃO BRÁS DE ALPORTEL DE AMÉLIA DE BRITO MOURA DA SILVA CERTIFICA, para efeitos de publicação, nos termos do disposto do artigo cem, número um do Código do Notariado, que no dia quatro de Janeiro de dois mil e vinte e dois, a folhas catorze e seguinte do livro de notas para escrituras diversas número Cento e sete, deste Cartório, foi lavrada uma escritura de Justificação Notarial, em que AMÂNDIO DA CONCEIÇÃO MARTINS, NIF. 150.699.867 e mulher MARIA MARGARIDA DA CONCEIÇÃO DOMINGUES MARTINS, NIF. 149.383.711, casados sob o regime da comunhão de adquiridos, ambos naturais da freguesia de Santa Catarina da Fonte do Bispo, concelho de Tavira, onde residem no sítio do Porto Carvalhoso, Caixa Postal 215-P, declaram que são donos e legítimos possuidores, com exclusão de outrem, do prédio rústico, sito em Ribeira do Bem Parece, na freguesia de Santa Catarina da Fonte do Bispo, concelho de Tavira, composto por terra de cultura com oliveiras, alfarrobeiras e nespereiras, com a área total de mil cento e dezassete metros quadrados, que confronta a norte com Avelino António Martins, a sul com José Martins Pereira, a nascente com ribeira e a poente com caminho, inscrito na respectiva matriz sob o artigo 49085, com o valor patrimonial actual de dez euros e setenta e oito cêntimos, que é o atribuído.

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ANÚNCIO Maria Catarina Madeira Laranjeira casada com Carlos António Fernandes Miguel Laranjeira, residente em Álamo do Rio 8970012 Alcoutim, dá conhecimento para os efeitos legais de que pretende vender o prédio rústico situado em Monte das Casa, na União das Freguesias de Alcoutim e Pereiro, Concelho de Alcoutim, inscrito na matriz predial rústica com Artº 180, Secção 128, não discrito na Conservatória do Registo Predial, a Tonny Jacobus Johannes Donkers, casado com Catarina da Conceição Marques Fezes, residente em Sorongstraat 8.3193 ES Hoogvliet, Rotterdam, pelo preço de 15.000€. Mais declara que a escritura será realizada no Cartório Notarial de Castro Marim da notária Drª Isabel Nunes de Almeida, durante o mês de Março de 2022. (POSTAL do ALGARVE, nº 1278 14 de Janeiro de 2022)

3,6 cm alt. x

4 cm larg.

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7,6 cm alt. x

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15,6 cm alt. x

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Que o indicado prédio não se encontra descrito na Conservatória do Registo Predial de Tavira, que desconhecem qual o artigo que lhe correspondia na antiga matriz rústica, por não possuírem elementos que lhes permita fazer essa correspondência e não possuem outros prédios rústicos contíguos a este e que o mesmo não faz parte de nenhuma exploração agrícola economicamente viável. Que o mencionado prédio veio à sua posse em data imprecisa do ano de mil novecentos e oitenta, por doação meramente verbal feita pelos pais do justificante varão, Manuel António Martins e mulher Mariana da Conceição, que também usava e era conhecida por Maria Ana da Conceição, casados sob o regime da comunhão geral, residentes que foram no sítio do Bemparece, na aludida freguesia de Santa Catarina da Fonte do Bispo, doação essa que não lhes foi nem é agora possível titular por escritura pública. Que, desde essa data e sem qualquer interrupção, entraram na posse do referido prédio, pessoalmente e em nome próprio, tendo vindo desde então a gozar todas as utilidades por ele proporcionadas, nele praticando os actos materiais de fruição e conservação correspondentes ao exercício do direito de propriedade, nomeadamente cultivando e limpando a terra e apanhando os frutos, procedendo assim, como seus donos e senhores, à vista e com o conhecimento de toda a gente e sem oposição de ninguém, pelo que exerceram uma posse pacífica, contínua e pública e isto, como se disse, por prazo superior a vinte anos. Que, dadas as enunciadas características de tal posse, adquiriram o dito prédio por USUCAPIÃO, título esse que, por sua natureza não é susceptível de ser comprovado pelos meios extrajudiciais normais. São Brás de Alportel, quatro de Janeiro de dois mil e vinte e dois. A Notária, Amélia de Brito Moura da Silva Conta registada sob o n.º 16/2022 (POSTAL do ALGARVE, nº 1278 14 de Janeiro de 2022)

Município de Tavira

Aviso ALVARÁ DE LOTEAMENTO N. º1/2021 Nos termos do n.º 2 do artigo 78º do Decreto-Lei n.º 555/99, de 16 de Dezembro, com a vigésima primeira alteração introduzida pela Lei nº. 118/2019, de 17 de setembro, torna-se público que a Câmara Municipal de Tavira, emitiu a 16 de novembro de 2021, o alvará de loteamento n.º 1/2021 em nome de IMPLANTURIS­Sociedade de Construções, Unipessoal, Lda., pessoa coletiva com o número de identificação 507 169 930, com sede na Fonte do Bispo, apartado 810 A, Município de Tavira, através do qual é licenciado o loteamento e as respetivas obras de urbanização que incidem sobre o prédio urbano, com a área total de vinte e dois mil seiscentos e vinte e cinco metros quadrados (22.625 m2), sito em Vale Caranguejo, União das Freguesias de Tavira (Santa Maria e Santiago). A operação de loteamento foi aprovada por despacho datado de 09.03.2020, os projetos das obras de urbanização foram deferidos na sua globalidade por despacho datado de 14.09.2021, respeitam o Plano Diretor Municipal e apresenta as seguintes caraterísticas: - Área total do terreno ......................22.625,00m 2 - Área do terreno a urbanizar................5.233,28m2 - Área total dos lotes ............................3764,37m2 - Área máxima de implantação...............1100.00m2 - Área de logradouros...........................2664.37m2 - Número de lotes...................................................2 - Número de pisos......................................4 + Cave - Número total de fogos ......................................32 - Número de estacionamentos públicos .............23 - Número de estacionamentos privados .............46 - Total das áreas de cedência à Câmara Municipal para integrar o domínio público (1.468,91 m 2), que corresponde a espaços verdes, arruamentos, passeios, estacionamentos, resíduos sólidos e zona técnica.

26,2 cm larg.

Paços do Concelho, 24 dias do mês de novembro de 2021. 23%

A Presidente da Câmara Municipal, Ana Paula Fernandes Martins (POSTAL do ALGARVE, nº 1278 14 de Janeiro de 2022)

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Associações condenam ciber-ataque à imprensa portuguesa. No Algarve, o POSTAL foi afetado

"Os media independentes e profissionais nunca foram tão importantes” As quatro maiores associações que juntam os maiores e mais prestigiados órgãos de imprensa mundiais – a FIPP (Connecting Global Media), a WAN-IFRA (World Association of News Publishers), a EMMA (European Magazine Media Association) e a ENPA (European Newspaper Publishers’ Association) – juntaram-se para “condenar firmemente” o ciberataque de que foi alvo a Impresa, detentora do Expresso e da SIC. Além das várias marcas do maior grupo português de imprensa, a Impresa, foram igualmente atingidos três grandes jornais regionais: O Mirante, A Verdade e o POSTAL do ALGARVE. Apesar de um início de ano novo conturbado, com o site temporariamente indisponível, impedindo o acesso a toda a informação produzida dia a dia, hora a hora, minuto a minuto, o POSTAL decidiu criar um site temporário, que abriu na primeira quinta-feira do mês, permitindo levar outra vez as notícias aos leitores. Segundo Henrique Dias Freire, fundador e diretor do POSTAL, “após quatro dias com o nosso site postal.pt inacessível, foi possível retomar a publicação regular de artigos num novo site provisório com o apoio da Impresa, na passada quinta-feira, dia comemorativo da primeira edição papel do jornal POSTAL publicada a 6 de janeiro de 1987". Apoio que foi generalizada, com mensagens de solidariedade de leitores, anunciantes e colegas de informação. Institucionalmente, o POSTAL recebeu a manifestação de vontade de apoio do próprio presidente da Associação Portuguesa de Imprensa, João Palmeiro, e igualmente do diretor geral da Google em Portugal, Bernardo Correia, além de várias outras personalidades.

Centro Hospitalar do Algarve está a formar 182 novos médicos O Centro Hospitalar Universitário do Algarve (CHUA) conta, desde quarta-feira da passada semana, com 182 novos médicos que vão fazer o internato de Formação Geral e a especialidade na unidade de referência do distrito de Faro. Dos 182 médicos, 134 são internos da Formação Geral e 48 são médicos da Formação Especializada, adiantou o Centro Hospitalar Universitário do Algarve. A mesma fonte indicou que os 48 médicos da Formação Especializada foram colocados, em Faro e Portimão, nas especialidades de “Anestesiologia (2), Cardiologia (1), Cirurgia Geral (3), Doenças Infecciosas (1), Gastrenterologia (2), Ginecologia/Obstetrícia (3), Medicina Física e Reabilitação (5), Medicina Intensiva (3), Medicina Interna (10), Nefrologia (1), Neurologia (1), Oncologia Médica (2); Patologia Clínica (2), Pediatria (3), Pneumologia (1), Psiquiatria (6), Radiologia (2)”. “No que respeita à Formação

Geral, por forma a aprofundar os seus conhecimentos em diversos contextos clínicos, os internos vão desenvolver a sua formação, de forma tutelada, em diferentes especialidades e serviços nas unidades hospitalares de Faro e Portimão e ainda nos Centros de Saúde da região”, esclareceu o CHUA. Por ocasião da cerimónia de acolhimento aos internos, a presidente do conselho de administração do CHUA, Ana Varges Gomes, destacou a importância do espírito de missão dos médicos no tratamento dos doentes e a necessidade de serem exigentes para darem o seu contributo a medicina. “Desafiem quem está convosco, desafiem o sistema, sejam a mudança que querem ver no

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Hospitais com dificuldade em completar escalas por terem pessoal infetado Os hospitais

Serviço Nacional de Saúde. Façam o melhor possível, sejam almas inquietas”, afirmou Ana Varges Gomes, citada no comunicado do CHUA. O diretor clínico do CHUA, Horácio Guerreiro, também se dirigiu aos novos clínicos internos para sublinhar as “oportunidades de trabalhar num centro hospitalar em crescimento” como é o caso da unidade de saúde algarvia. Também citado no comunicado, Horácio Guerreiro considerou que, no contexto do trabalho num centro “em crescimento”, os internos “podem fazer a diferença e diferenciar-se tecnicamente”, beneficiando de uma “integração nas equipas através do ensino tutelado” e de uma “importante ligação ao mundo universitário e da investigação”. Presente na cerimónia de Faro, o presidente da Administração Regional de Saúde (ARS) do Algarve, Paulo Morgado, realçou a necessidade de os internos admitidos no CHUA desenvolverem novas competências e a “interação e a comunicação” entre médico e doente, referiu o comunicado do CHUA.

estão a ter grande dificuldade em completar as escalas, não só porque muitos profissionais com filhos tiveram de ficar com eles com o prolongamento das férias escolares, mas também porque muitos outros estão infetados e a cumprir o isolamento, a Associação Portuguesa de Administradores Hospitalares.

Detido por 5 crimes à mão armada em Loulé A Polícia Judiciá-

ria (PJ) deteve um homem suspeito de ser o autor de cinco crimes de roubo à mão armada em Quarteira e em Vilamoura, o qual ficou preso preventivamente a aguardar julgamento, foi terça-feira anunciado. Segundo a PJ, o detido “abordava as vítimas na via pública ou em estabelecimentos comerciais, ameaçando-as com uma arma, apropriando-se de dinheiro e bens materiais diversos, provocando alarme social na zona”. O homem, sem residência fixa nem ocupação profissional, é também suspeito de ter praticado outros crimes contra o património e que estão em investigação.

LOULÉ CANCELA DESFILE DE CARNAVAL

Ópera “Bastien & Bastienne” em Lagoa

TENTATIVA DIRETA DE MINAR A LIBERDADE DE EXPRESSÃO Num comunicado que foi publicado esta quarta-feira, as quatro associações sublinham que se trata de um “ato criminoso que violou as leis de segurança cibernética”, acrescentando que “os crimes online não são menos sérios do que aqueles cometidos no mundo físico”, tendo assim que ser encarados com firmeza pelas autoridades. “Encorajamos firmemente as autoridades portuguesas a investigar este crime e a desencadear as respetivas acusações. Este ataque representa uma tentativa direta de minar a liberdade de expressão, assim como a imprensa independente, quando os media independentes e profissionais nunca foram tão importantes”.

Distribuição quinzenal nas bancas do Algarve

PANDEMIA A Câmara de Loulé anunciou o

cancelamento do desfile do Carnaval devido à evolução da situação pandémica da covid-19, para evitar a propagação da doença naquele concelho do distrito de Faro. A decisão de cancelar o desfile carnavalesco previsto para decorrer entre 26 de fevereiro e 01 de março é justificada, pela autarquia, com o aumento de número de infeções pela variante Ómicron do novo coronavírus “que não permite o planeamento atempado da sua programação. Tomamos, uma vez mais, esta decisão difícil, cientes de que este é o caminho

certo porque o Carnaval é um evento propício ao contacto social, pois reúne anualmente uma média de 70 mil visitantes”, justifica o presidente da Câmara de Loulé. Para Vítor Aleixo, “ao cancelarmos o nosso desfile, priorizamos a saúde da nossa comunidade”. A autarquia adianta que está a ponderar a realização de iniciativas que reforcem a importância deste evento, mas que não coloquem em causa a segurança sanitária da população. Este é o segundo ano consecutivo em que o desfile do Carnaval de Loulé é cancelado devido à pandemia da covid-19.

Tiragem desta edição

6.492 exemplares

POSTAL regressa a

4 de fevereiro

Encenada por João de Brito e com direção musical de Elsa Mathei, a ópera estará em cena no dia 22 de janeiro, pelas 19:00, no palco do Auditório Carlos do Carmo, em Lagoa. No dia 21 de janeiro o espetáculo será apresentado ao publico escolar do concelho. Os bilhetes custam €6 e já se encontram à venda na Ticketline e ainda nas bilheteiras físicas do Auditório Carlos do Carmo. A Ópera “Bastien & Bastienne” e o Espetáculo “DiferenteMente” da responsabilidade das Associações ARTIS XXI e Questão Repetida vão incluir um tradutor para língua Gestual Portuguesa, garantindo que as duas performances são para todos, sem exceção.


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