POSTAL 1274 5NOV2021

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IMPRESSORAS MULTIFUNÇÕES

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5 de novembro de 2021

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E ainda

Provedor da Misericórdia de São Brás de Alportel em entrevista "O maior desafio foi enfrentar o medo generalizado e visível em quase todos"

Fomos saber, junto do Provedor Júlio Pereira, quais são os novos desafios e as oportunidades para o setor social que resultaram da pandemia. P8 e 9

Há três concelhos no Algarve que estão a ter um "Verão Azul"

AUTARCA DE VRSA PRETENDE CRIAÇÃO DE ESTAÇÃO MULTIMODAL

Obra de eletrificação da linha ferroviária já arrancou a sotavento

Orçamento grátis em: www.hpz.pt

P5

TUDO A POSTOS PARA O MOTOGP EM PORTIMÃO ESPECIAL P11 a 15 e 4

Desde quinta-feira a 20 de novembro, em Lagos, Loulé e Faro, celebram-se múltiplas linguagens e estéticas contemporâneas na região do Algarve. P7

E há uma exposição da Artadentro a não perder no Museu Municipal de Faro

Depois do interregno de Verão, a Artadentro regressa com o ciclo de arte contemporânea Eklektikós, para apresentar a exposição, Da revolução ao fim do mundo II, do artista farense Vicente Brito. P6

O que há de novo com a ponte entre Alcoutim e Sanlúcar?

Gostavas de ser árbitro?

A Associação de Futebol do Algarve propõe-te uma iniciativa pioneira. P24

Carlos Brito partilha a sua reflexão sobre a "causa da Ponte"

Relembra que a Ponte é fundamental para o desenvolvimento de Alcoutim, mas é igualmente para o desenvolvimento de todo

os Nordeste Algravio e, em ligação com o IC 27, devidamente concluído, para o Baixo Alentejo, também. P2 e CS17 [Maria Luísa Francisco]

Associação Portuguesa de Museologia atribuiu dois prémios e uma menção honrosa ao Algarve

P4

POR PAULO SERRA

Almoço de Domingo, de José Luís Peixoto POR RAMIRO SANTOS

A Batalha de Lagos que ia incendiando a Europa CS19

Humanidade – Uma História de Esperança, de Rutger Bregman CS20 POR PAULO LARCHER

Mas afinal o que é isso da cultura?(3) CS21

POR MARIA JOÃO NEVES

A Mente — o grande tabu CS18

POR JORGE QUEIROZ

A COP 26 e a boa globalização CS17 POR MARIA LUÍSA FRANCISCO

Pontes transfronteiriças e pontes culturais CS17 e P2


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CADERNO ALGARVE

Postal, 5 de novembro de 2021

OPINIÃO FOTOS D.R.

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Tiragem desta edição

7.270 exemplares

PONTE ALCOUTIM-SANLÚCAR

Sucessão de boas notícias Por Carlos Brito

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causa da ponte entre Alcoutim e Sanlúcar de Guadiana tem sido marcada, ao longo do último ano, por uma sucessão de boas notícias. Não se trata de meras palavras, traduzem factos positivos, consistentes e concretos. Apesar disto, o cepticismo provocado pelas decepções do passado subsiste em muitas cabeças, incluindo as dos seus defensores. Sem esquecer o passado, salientemos o que há de novo.

ESPERANÇAS E DECEPÇÕES A “causa da Ponte” tem sido um longo processo de esperanças e grandes decepções. Vivi pessoalmente uma fase em que parecia certo que a ponte ia mesmo tornar-se uma realidade. Foi, entre 1999 e 2002, durante o segundo governo de António Guterres. Este tinha acordado com o seu homólogo espanhol, Aznar, na cimeira de Albufeira, a construção da ponte. Pegando-lhe na palavra, a Associação Transfronteiriça ATAS desenvolveu, em Alcoutim e Sanlúcar, uma intensa movimentação pela construção da ponte que compreendeu, entre muitas outras acções, um abaixo-assinado largamente subscrito, uma manifestação no rio com os barcos a fazerem uma ponte e uma delegação a Lisboa, constituída pelo Presidente da Câmara de Alcoutim, de então, Francisco Amaral, o Alcalde de Sanlúcar, de então, Cândido Saldanha, e representantes da Associação. Recebida pelo chefe de gabinete do Primeiro-Ministro, regressou com as melhores esperanças. Na verdade, passado pouco, iniciaram-se os trabalhos para o Estudo Prévio, que determinaram a localização da ponte, em concordância com as conclusões de uma reunião de autoridades portuguesas e espanholas, entretanto efectuada na Câmara

de Alcoutim, e apontou trabalhos a fazer em matéria ambiental e outras exigências de natureza técnica. Soubemos que o relatório do Estudo tinha sido entregue ao ministro competente. Entretanto, após eleições legislativas, o Governo do PS foi substituído por um governo do PSD. Caiu um grande silêncio sobre o processo da Ponte. Para tentar saber o que se passava, o Presidente da Câmara, Francisco Amaral, e eu, na qualidade de presidente da Associação Transfronteiriça ATAS, fomos a Lisboa, desta vez à Junta Autónoma das Estradas, nome que conservava na altura, Fomos recebidos pelo presidente e por uma engenheira sua assessora. Esta, com todo o desplante, o silêncio

a troica, deixou tudo parado. Durante vários anos a Ponte desapareceu do noticiário político, salvo no Festival do Contrabando, da iniciativa da Câmara Municipal de Alcoutim, já com Osvaldo Gonçalves, onde a Ponte tem sido sempre lembrada através do lançamento de uma ponte móvel entre as duas margens

do seu presidente e o nosso grande espanto, informou-nos que sobre a Ponte não constava nada nos seus serviços, Não sabia nada sobre o Estudo prévio, nem sobre uma dotação do PIDDAC, que lhe referimos, além do mais, sublinhou, a obra não constava no plano rodoviário nacional. Assim, o PSD reduziu a zero o processo da Ponte, enterrando-o bem fundo. Com o PS de novo no poder, o secretário de Estado, Paulo Campos, tentou reanimar o processo, mas a chegada da crise financeira de 2008 e a volta do PSD, com

Seguiram-se várias notícias sobre a inclusão da construção da Ponte entre as prioridades do PRR para o Algarve. Depois meteu-se a pandemia. Mas na primeira semana de Setembro de 2021 foi assinado em Alcoutim o contrato de financiamento inscrito no Plano de Recuperação e Resiliência para a construção da Ponte até 2025, no montante de 9 milhões de euros. Em princípios de Outubro, a Comissão Luso/Espanhola para a Cooperação Transfronteiriça, reunida em Mérida, confirmou a

PERSPECTIVAS CONSISTENTES O regresso da causa da Ponte Alcoutim-Sanlúcar ao noticiário político nacional foi trazido pelo Primeiro-Ministro, António Costa, durante a cimeira Luso Espanhola, de outubro de 2020. Anunciou que a obra seria incluída na Estratégia Comum de Desenvolvimento Transfronteiriça, aprovada nessa ocasião.

prioridade à Ponte Alcoutim-Sanlúcar. Já em meados de Outubro, a imprensa algarvia noticiou que a Comissão de Desenvolvimento Regional do Algarve tinha entregue às autoridades espanholas a proposta para a construção da Ponte, já consensualizada entre os municípios dos dois lados da fronteira. Segundo a proposta, o projecto de execução deverá ser lançado no primeiro trimestre de 2022, a contratação da empreitada até ao terceiro trimestre de 2024 e a conclusão até 2026. Mais recentemente, o presidente da CCDR Algarve, José Apolinário, anunciou que vai ser criada uma comissão de acompanhamento do processo da Ponte, constituída por entidades portuguesas e espanholas. E m f a c e de s t a s consistentes perspectivas, parece que já nada poderá travar a construção da Ponte. No entanto, há que ter em conta que os meios centralistas de Lisboa acham sempre mal-empregado e excessivo o investimento feito no Interior. Por exemplo, o Editorial do Expresso de 17 de Setembro amesquinhou a luta pela Ponte, dizendo que ela será usada nem que seja para ir comer “puntillitas” ou encher o depósito em Espanha. A estas e outras intrigas, respondeu Osvaldo Gonçalves, Presidente da Câmara de Alcoutim, no acto de posse de novo mandato, salientando que importa continuar a intervir de forma articulada com entidades regionais e os governos de Portugal e de Espanha para tornar a Ponte uma realidade. A Ponte é fundamental para o desenvolvimento de Alcoutim, mas é igualmente para o desenvolvimento de todo os Nordeste Algravio e, em ligação com o IC 27, devidamente concluído, para o Baixo Alentejo, também. * O autor não escreve segundo o acordo ortográfico



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REGIÃO

Antiga escola de aldeia em Vila do Bispo convertida em espaço cultural

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FOTO D.R.

A antiga escola primária de uma aldeia em Vila do Bispo foi convertida num espaço cultural e a partir de novembro tem programação regular e ações de formação artística A Mãozorra – Teatro de Marionetas adiantou que o objetivo do novo espaço, situado em Barão de São Miguel, é “desenvolver uma programação regular entre os meses de outubro e maio, bem como o desenvolvimento de formações e residências artísticas”. Segundo a companhia, fundada em 2013, a programação dirige-se ao público infantil, familiar e adultos, estando previstos espetáculos de narração oral, teatro, marionetas, novo circo, artes performativas, música, concertos de orquestra e fado, entre outros. “Pretende-se que este seja um espaço cultural de destaque no Algarve, não só pela sua programação regular nas mais variadas áreas, com companhias nacionais e internacionais, mas também pelas formações (terceiro sábado do mês) e residências artísticas que se pretendem realizar”. Os eventos serão realizados em dias fixos do mês, sendo que a primeira e a terceira sextas-feiras do mês serão dedicadas à música, o primeiro

Associação Portuguesa de Museologia atribuiu dois prémios e uma menção honrosa ao Algarve

sábado de cada mês ao teatro de marionetas e o terceiro sábado do mês às artes performativas e formações. A programação inicia-se nos dias 05 e 06 novembro com a banda Naomi and the Raposeira Dub Collective, no dia 05 às 19:30, e o espetáculo de teatro de objetos “A Viagem”, no dia 06 às 18:30. Em 19 de novembro está prevista a atuação do músico Nanook, às 19:30, e o dia 20 de novembro Rodolfo Castro ministra uma formação em narração oral, apresentando depois às 18:30 o espetáculo “O pior contador de histórias do mundo”. A fadista Ana Sofia Marques atua no dia 03 de dezembro, sendo apresentado no dia 04 o teatro e performance “Solitária”. O músico Jorge da Rocha sobe ao palco da antiga escola primária em 17 de dezembro e no dia 18 está prevista a realização de uma formação em improvisação, por Rita Rodrigues, seguida do espetáculo de teatro de máscara “Em busca de um neto”. As oficinas dirigem-se a maiores de 16 anos e têm um limite máximo de 10 formandos, sendo necessária inscrição prévia. Os bilhetes variam entre os três e os 12 euros, com descontos para jovens, seniores e residentes da aldeia e podem ser adquiridos no local ou através do e-mail: maozorra.reservas@ gmail.com.

região do Algarve foi distinguida com dois prémios e uma menção honrosa pela Associação Portuguesa de Museologia (APOM), numa cerimónia que decorreu no Museu da Marinha em Lisboa, na passada sexta-feira. O Prémio Museólogo do Ano foi atribuído a quatro museólogos entre os quais o Director do Museu de São Brás, Emanuel Sancho. O Prémio Menção Especial foi atribuído a três museus um dos

EXPOSIÇÃO FOTOGRÁFICA SOBRE COVID-19 DO MUSEU DE PORTIMÃO DISTINGUIDO. FOTO D.R.

quais o Museu Municipal de Portimão, que venceu o prémio com a exposição fotográfica integrada na sua 20ª Corrida Fotográfica intitulada “Edição Especial Covid-19”. A Menção Honrosa foi atribuída ao Museu Municipal de Loulé na categoria de Exposições Temporárias, com a exposição “A saúde de uma comunidade: Loulé na 1ª metade do séc. XX”. Os prémios nacionais atribuídos pela APOM são distribuídos em 32 categorias que incluem prémios e menções honrosas.

Miguel Oliveira recebido por centenas de fãs Centenas de pessoas receberam esta quarta-feira o piloto português Miguel Oliveira (KTM) em Portimão, após cumprir a viagem de moto entre Almada e a cidade algarvia, palco do Grande Prémio do Algarve, do Mundial de motociclismo de velocidade O piloto natural de Almada chegou à ‘fanzone’ instalada na zona ribeirinha, por volta das 17:20, “escoltado” por mais de uma centena de ‘motards’ de vários motoclubes, que o acompanharam na viagem entre a sua cidade Natal e Portimão. À chegada, o piloto português disse aos jornalistas que “a viagem fantástica e a receção são um apoio incrível e motivadoras para a corrida de domingo”, penúltima prova do Mundial da prova rainha do motociclismo, que se realiza entre sexta-feira e domingo no Autódromo Internacional do Algarve (AIA). “É um apoio fantástico, gratificante e motivador para fazer o melhor possível, que é ganhar a corrida, porque é sempre especial correr em Portugal”, apontou o piloto que venceu a etapa lusa em

FOTO D.R.

2020. Para Miguel Oliveira, a viagem de moto entre Almada e Portimão “foi especial”, já que foi a primeira efetuada após ter adquirido a carta de condução de motociclos. “Foi espetacular contar com o apoio de tantas pessoas ao longo das cerca de três horas de viagem, é fantástico e motivador”, reforçou. No palco montado na zona ribeirinha de Portimão, o piloto agradeceu o apoio e deixou a promessa de uma vitória na corrida, a segunda da época em Portimão e a primeira com público nas bancadas, após o levantamento das restrições devido à pandemia da covid-19. “O pensamento está na vitória porque com este apoio na

chegada a Portimão e com as bancadas cheias de público, vamos mesmo ganhar”, assegurou. Franco Martins, um dos ‘motards’ que acompanhou o piloto da KTM desde Almada, disse à Lusa que a viagem “foi para demonstrar o apoio dos portugueses ao Miguel, único piloto a correr em motociclismo ao mais alto nível”. “É uma forma de motivar e agradecer tudo aquilo que o Miguel tem feito numa modalidade que só está ao alcance dos melhores”, destacou. O percurso da comitiva ‘motard’, entre Almada e Portimão, foi coordenado pela Unidade Nacional de Trânsito (UNT) da Guarda Nacional Republicana (GNR), que mobilizou 10 militares para a

iniciativa. “A viagem correu como era esperado, sem incidentes e dentro da maior normalidade”, disse à Lusa o tenente Miguel Araújo da GNR. O piloto luso da KTM chega à penúltima ronda das 18 do mundial de MotoGP no 10.º lugar, com 92 pontos, e com o título mundial já atribuído ao piloto francês Fábio Quartararo, líder da classificação com 167 pontos. O diretor-geral do Autódromo Internacional do Algarve, Paulo Pinheiro, disse à Lusa que “já foram vendidos cerca de 50 mil bilhetes” para o Grande Prémio do Algarve, prevendo que durante os três dias o circuito receba “um total aproximado de 115 mil pessoas”.


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REGIÃO

Arranca a obra de eletrificação da linha ferroviária entre Faro e Vila Real de Santo António FOTOS D.R.

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ministro das Infraestruturas e da Habitação, Pedro Nuno Santos, esteve esta terça-feira em Vila Real de Santo António onde anunciou o início das obras de eletrificação integral da linha ferroviária do Algarve, no troço Faro – Vila Real de Santo António, num total de 56 quilómetros.

A empreitada é da responsabilidade da Infraestruturas de Portugal e tem um custo global de 20,4 milhões de euros. O prazo de execução é de 23 meses, prevendo-se a conclusão dos trabalhos no terceiro trimestre de 2023. A cerimónia de assinatura do Auto de Consignação da Empreitada de Eletrificação da Linha do Algarve

contou com a presença do presidente da Câmara Municipal de Vila Real de Santo António, Álvaro Araújo, que classificou a obra como «um momento histórico para o desenvolvimento do concelho e da região». «Esta empreitada constitui um passo muito importante para o desenvolvimento do transporte ferroviário em Portugal e para a

facilidade da mobilidade entre as pessoas, beneficiando o concelho, a região e o país e constituindo uma resposta genuína para o problema das alterações climáticas», afirmou Álvaro Araújo. Relativamente à linha do Algarve, o Ministro disse que o contrato, agora consignado, vai permitir à população do Algarve ter ganhos de tempo de viagem, uma vez que vão estar criadas condições «para que o comboio Intercidades - ou o Alfa - possam chegar a Vila Real de Santo António». «Consoante a organização da CP, podemos ter viagens com poucas paragens, permitindo uma viagem mais rápida, com menos paragens, passando por Tavira, Olhão e Faro», detalhou, acrescentando que este é um «ganho concreto, muito objetivo e muito importante para a população do Algarve», referiu Pedro Nuno Santos. A par destas melhorias, serão também desenvolvidos trabalhos de beneficiação nos edifícios das estações e apeadeiros, com instalação de dispositivos de áudio-informação e substituição das colunas de iluminação das plataformas de passageiros. A linha será ainda dotada de novos sistemas de sinalização e telecomunicações, melhorando as condições de operação e segurança da circulação ferroviária.

Projeto faz parte do programa Ferrovia 2020 Este conjunto de obras é desenvolvido no âmbito do programa de modernização da Rede Ferroviária Nacional, Ferrovia 2020, e integra o projeto de eletrificação da Linha do Algarve em toda a sua extensão (140 KM), que será executado através de duas empreitadas que perfazem um investimento global de 80 milhões de euros. A primeira, que agora tem início, corresponde à eletrificação do troço entre Faro e Vila Real de Santo António, e a segunda, que terá início posteriormente, de eletrificação do troço entre Tunes e Lagos. Recorde-se que o troço entre Tunes e Faro já se encontra equipado com sistema de tração elétrica. Além das vantagens em termos de rapidez e segurança, o reforço da capacidade de operação possibilitará o aumento do número de circulações ao dispor dos utilizadores, beneficiando fortemente a mobilidade no arco metropolitano do Algarve. A operação na Linha do Algarve com recurso integral a material circulante elétrico permitirá a utilização de composições mais modernas, confortáveis e rápidas, reduzindo o tempo de percurso entre Lagos e Vila Real de Santo António em 25 minutos. PUB.

Autarca de VRSA pretende criação de estação multimodal

N

a sessão, o presidente da Câmara Municipal de VRSA, Álvaro Araújo, apresentou ao ministro das Infraestruturas a necessidade de o concelho receber um conjunto de apoios do Estado para a criação de um Complexo Multimodal de Transportes, na zona contígua à estação da CP. O projeto pretende reunir, no mesmo espaço, transpor-

te ferroviário e rodoviário, organizando o sistema de transportes públicos no município. Foi ainda proposta a possibilidade de preservação de um antigo girador ferroviário, que permitia mudar o sentido das locomotoras. É, assim, intenção do município preservar a História e o património da nossa terra, que deve ser reconhecido e visitado por todos.


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cultura ARTADENTRO APRESENTA NO MUSEU MUNICIPAL DE FARO Há festa nos anos de Álvaro de Campos

Nesta edição, a Festa dos Anos de Álvaro de Campos criou a rubrica Qualquer Música, em parceria com a Academia de Música de Tavira, inserida na mesma performance “Fernando & Federico amavam Walt” que tem lugar no este domingo, dia 7, às 18:30, no Auditório da Academia de Música de Tavira.

Exposição “Da revolução ao fim do mundo II” de Vicente Brito FOTO D.R.

Depois do interregno de Verão, a Artadentro regressa com o ciclo de arte contemporânea Eklektikós, em colaboração com o Museu Municipal de Faro, para apresentar a exposição, Da revolução ao fim do mundo II, do artista farense Vicente Brito

"Deve Haver Mais Qualquer Coisa"

"Deve Haver Mais Qualquer Coisa" é como se intitula a nova criação para teatro da associação folha de medronho. A estreia está agendada para este domingo, pelas 17:00, no Cineteatro Louletano. A peça é baseada no livro "Manifesto corvo", do escritor espanhol Max Aub. A adaptação e dramaturgia é de Helena Malaquias. A encenação e o espaço cénico está a cargo de João de Mello Alvim.

Nesta mostra, Vicente Brito, conforme as suas convicções cristãs e marxistas — aparente paradoxo, dado Marx considerar a religião “o ópio do povo” sem, contudo, deixar de notar o seu potencial valor como ferramenta de protesto do proletariado —, apresenta um conjunto de pinturas de grande poder expressivo, onde é evidente o olhar mordaz sobre o mundo e a energia combativa de quem age a bem da sociedade. Da revolução ao fim do mundo II, não apenas nos oferece o diagnóstico possível — dada a realidade visível —, como sobretudo, nos

Saxofonista João Cabrita ao vivo

O saxofonista João Cabrita vai apresentar o seu novo álbum, este sábado, dia 6, na Associação Recreativa e Cultural de Músicos, em Faro. Depois de esgotar em Loulé, Cabrita traz um espectáculo para dançar e extasiar o público com um som bem fresco e diferente do habitual.

Órgão. Concertos de barlavento a sotavento O Festival de Órgão do Algarve é organizado pela Associação Música XXI. A 14ª edição contempla nove concertos entre 5 e 28 de novembro, distribuídos por seis órgãos históricos do Algarve existentes em igrejas de Faro, Boliqueime, Tavira e Portimão, iniciando-se todos os espetáculos às 21h00, com entrada livre e sem a necessidade de reserva prévia. Para este ano, foi selecionado um programa cuidado e diversificado, que enaltece os intérpretes jovens e de renome e os compositores portugueses, colocando em devido destaque as possibilidades sonoras e emocionais de instrumentos de tão grandes dimensões. Este evento, que já faz parte do calendário cultural algarvio nesta altura do ano, pode ser acompanhado em página de Facebook.

Inauguração: 6 de novembro, às 18:00 De 6 de novembro até 3 de janeiro de 2022 Museu Municipal de Faro Praça Dom Afonso III 14, 8000-149 Faro Horário: 3ª. a 6ª das 10:00 às 18:00 Sáb. e Dom. das 10:30 às 17:00. Encerra 2ªs e feriados

oferece o exemplo paradigmático do poder do homem e da arte, aquecidos ao sol algarvio, no ultrapassar de contradições e obstáculos na realização de uma obra ímpar de liberdade e integridade.

QUEM É O ARTISTA Vicente Brito (Faro, 1939), é Licenciado em Medicina pela Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa em 1966, prosseguindo os estudos de medicina até 1973 na Suíça e em Inglaterra. Em 1973, regressa a Portugal e inicia a sua carreira médica no Hospital de

Faro, onde chega a diretor do Serviço do Ortopedia. Autodidata, inicia-se na pintura nos anos 50 ao frequentar o atelier do pintor Sidónio, onde pinta o primeiro quadro. A sua obra, inspirada no Surrealismo e no Expressionismo alemão do Die Brücke, é exibida pela primeira vez em 1976, numa individual em Faro. Desde então, o seu trabalho é exibido regularmente, de modo individual ou coletivo, em Portugal e Espanha. As suas obras integram coleções particulares e institucionais em Portugal e Inglaterra.

Teatromosca põe em cena "Maridos". Depois de Sintra, será apresentado em Faro

U

ma comédia sobre a vida, a morte e a liberdade é como o teatromosca define a nova criação, “Maridos”, que se estreia no dia 11, no Auditório Municipal António Silva (AMAS), em Agualva-Cacém (Sintra). A peça na qual aquela companhia desafia “as fronteiras entre teatro e cinema” baseia-se no filme homónimo, de 1970, com argumento e realização de John Cassavetes, disse à agência lusa fonte da companhia. A peça “Maridos”, que dá continuidade aos últimos trabalhos do teatromosca em torno das ligações entre teatro e cinema, parte de um processo criativo que teve como base os temas sugeridos por aquele filme do chamado cinema independente, transpondo-o para a interpretação por três mulheres que emprestam o corpo, voz e memórias pessoais cruzando-as com elementos ficcionais do texto original do espectáculo, elaborado por Pedro Alves.

Leonor Cabral, Joana Cotrim e Carolina Figueiredo são as intérpretes de “Maridos”, espectáculo que, segundo o teatromosca, se joga num terreno “onde as fronteiras que tenderiam a separar a vida da ar-

amorosas desfeitas e desconstruídas, “Maridos”, que também é dirigido por Pedro Alves, procurará abordar os temas propostos pelo filme de 1970, “assumindo, claramente, o jogo da reconstituição e

te, a realidade da ficção e o cinema do teatro são, permanentemente, postas em causa”. Tendo como base as diferentes histórias em torno de três relações

do 'pastiche' do documento cinematográfico de Cassavetes, diante do olhar dos espectadores presentes na sala”, acrescenta a companhia. O recurso a “particularidades

da arte cinematográfica, como 'close-ups', 'raccord', campo e contracampo”, bem como a utilização de filmagens em tempo real, permitem ainda “multiplicar camadas de espaço e tempo cénico”, e promover “o encontro das atrizes com uma composição mais microscópica da sua performance, graças à presença de câmaras de filmar, projetores de vídeo e monitores”, refere o teatromosca. Com cenografia de Pedro Silva, figurinos de Helena Guerreiro, conceção vídeo de Ricardo Reis, e desenho de luz e direção técnica de Carlos Arroja, “Maridos” estará em cena no AMAS, de 11 a 13 de novembro, com sessões de quinta-feira a sábado, às 21:00. Ainda este ano, “Maridos” será apresentada em Faro e Montemor-o-Novo, antes de, em 2022, partir em digressão por cidades como Madrid, Varsóvia, Sófia, Palermo e Pristina, entre outras, acrescenta a companhia, sem precisar as datas da digressão.


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Há três concelhos no Algarve que estão a ter um "Verão Azul" FOTO D.R.

O Festival Verão Azul, já na sua 10.ª edição, celebra uma década dedicada à descentralização e criação em arte contemporânea e suas variantes e cruzamentos Da fotografia à performance, passando pela música, teatro e cinema, entre outras propostas, o extenso e sui generis corpo de programação deste evento único continua a mostrar o que de mais experimental se faz na produção artística nacional, internacional e local. Desde quinta-feira a 20 de novembro, em Lagos, Loulé e Faro, celebram-se múltiplas linguagens e estéticas contemporâneas na região do Algarve, através do olhar atento da direcção artística da dupla de artistas Ana Borralho e João Galante e da curadoria de Catarina Saraiva. A exposição “Faro-Oeste” de Pauliana Valente Pimentel é um dos grandes destaques do arranque mas, na semana inaugural, o epicentro é a cidade de Lagos. Sérgio Pelágio,

que se dedica às bandas sonoras para histórias infantis, vai contar as suas “Histórias Magnéticas” ao público mais novo e transmitir a importância da democracia e do papel da paz, seguidas de uma oficina, no Centro Cultural da cidade, na manhã do primeiro dia. O guitarrista e compositor é ainda responsável por um concerto a solo para guitarra

eléctrica, para o público em geral, no LAC - Laboratório de Actividades Criativas, no dia 6, às 21:30. No dia anterior, a artista Isabel Gaivão, que narra as “Histórias Magnéticas” musicadas por Pelágio, irá partilhar a sua prática artística e a sua relação entre o texto e o teatro, numa conversa-oficina com uma turma da EB23 das Naus.

Nos dias 5 e 6 de novembro, no Centro Cultural de Lagos, o ilustrador António Jorge Gonçalves e o MC e activista Flávio Almada aka LBC Soldjah vão dirigir-se a adolescentes, jovens e adultos na performance-palestra-concerto de hip-hop “Válvula”. Uma viagem, a partir da história do graffiti e do rap, com diversas perguntas que se cruzam com os direitos sociais e humanos, desde os riscos que caçadores-recolectores fizeram nas rochas há 30 mil anos até à arte urbana que preenche os muros actualmente. No dia 5, o ilustrador apresenta o livro “Desenhar Do Escuro”. Ambos artistas são ainda condutores de masterclasses para jovens, no dia 6, às 10h30, também no Centro Cultural de Lagos: António Jorge Gonçalves, em “Desenhos Efémeros - O Desenho Como Performance”, explica o método e a dinâmica performativa do desenho digital em tempo real e Flávio Almada, em “Hip-Hop: Rap e Escrita Criativa”, utiliza o ritmo, a escrita e a improvi-

são numa experiência exploratória e participativa no universo do hip-hop. No mesmo dia e espaço, às 17:30, no debate “Humanidade e Democracia”, os artistas Sérgio Pelágio, António Jorge Gonçalves e Flávio Almada e o LAC - Laboratório de Actividades Criativas vão explicar o que os motiva e porque consideram essencial e urgente, neste momento, refletir sobre estes temas, numa actividade aberta a crianças, jovens e famílias. A programação da 10.ª edição do Festival Verão Azul segue viagem para Loulé e Faro. Até dia 20 de novembro, estão previstas ainda propostas de artistas como Miguel Bonneville, ZA!, Alex Cassal, Luciana Lina ou Flávio Martins e José Jesus. Produzido pela associação cultural casaBranca, o Festival Verão Azul tem financiamento da DG Artes e Câmara Municipal de Lagos, contando com co-produção com o Teatro das Figuras de Faro e a Câmara Municipal de Loulé. PUB.

opinião

A corte viaja por Tavira…

Por Rui Soares Presidente da Associação Internacional de Paremiologia

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azendo jus ao slogan “Tavira capital mundial do provérbio”, a população residente em Tavira já se habituou a escutar falantes de várias línguas percorrendo as artérias da cidade e apreciando as delícias de um clima que teima em brindar-nos com o “Verão de São Martinho”. Esta corte de turistas que desde há 15 anos escolhe Tavira para aqui permanecer durante uma semana traz consigo a veneração a uma das mais belas expressões linguísticas - comuns a todas as culturas – e que são transmitidas de geração em geração: os provérbios. E porquê Tavira? Porque a A ssociação

Internacional de Paremiologia / International Association of Paremiologia (AIP-IAP), nasceu em Tavira, a 7 de maio de 2008 e, pela sua enorme atividade, é uma Organização Não-Governamental (ONG) da UNESCO. De entre os inúmeros eventos a AIP-IAP vem realizando anualmente, sempre na primeira metade de novembro, um Colóquio Interdisciplinar sobre Provérbios (ICP) focado na paremiologia (estudo científico dos provérbios). É com muita alegria que este ano voltamos a ter em Tavira (presencial e virtualmente) a 15ª edição do Colóquio (ICP21), com a participação de cerca de 70 investigadores em representação de 30 países de todo o mundo. O intercâmbio entre estes especialistas mundiais tem lugar no Hotel Vila Galé (HVG), unidade que acolhe o Clube UNESCO de Paremiologia-Tavira (CUP-T) e, este ano, transformado em palácio onde pernoitará a corte da Associação Viajar na Dança de Cascais.

Integrado no programa das atividades culturais do Colóquio, a corte, partindo do HVG, desfilará ao longo da zona ribeirinha, passando pelo Mercado da Ribeira, Jardim do Coreto, Praça da República e terminando com um rico repertório de danças medievais, na Igreja da Misericórdia. Fruto das iniciativas realizadas pela AIP-IAP/CUP-T, em cooperação com outras instituições, serão apresentados cinco livros versando matérias, relacionando os provérbios com a mobilidade, a educação, arte teatral, os direitos humanos e com a psicoterapia. Estarão, ainda, patentes ao público na Biblioteca Municipal de Tavira, duas exposições: uma, muito peculiar, feita por utentes da Associação de Saúde Mental do Algarve. A outra, mista, com livros de provérbios para o público infanto-juvenil e onde se destaca a série de livros “Provérbios Afegãos” muito utilizados na integração de migrantes nas sociedades de acolhimento.


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FOTOS D.R.

ENTREVISTA JÚLIO PEREIRA, PROVEDOR DA SANTA CASA DA MISERICÓRDIA DE SÃO BRÁS DE ALPORTEL

A pandemia condicionou as nossas ações, mas também está a criar novos desafios e oportunidades para o setor social

J

úlio Pereira, Provedor da Santa Casa da Misericórdia de São Brás, eleito em 2016 pela primeira vez, representa uma equipa de sete Irmãos, cinco efetivos e dois suplentes, que administram a instituição e que se têm esforçado diariamente para disponibilizar, aos utentes mais necessitados, toda a dignidade que merecem, com serviços de qualidade. Aumentar o número de respostas sociais disponíveis para os são-brasenses, respondendo a novas necessidades e ao mesmo tempo solidificar as respostas em curso são as grandes metas a que se propõem. O Museu do Traje é o orgulho da instituição. Para Júlio Pereira é fundamental para a Misericórdia e para o concelho: desenvolve a função cultural da instituição ao mesmo tempo que as suas atividades são socialmente relevantes para a comunidade. O futuro do Museu, que está assegurado, é visto “com esperança e com muitos projetos no horizonte!”. O sonho do Provedor da Santa Casa da Misericórdia de São Brás é o mesmo da sua equipa, “continuarmos a servir quem mais precisa, os mais necessitados, os que não tem família e os que precisam de nós todos os dias, quer sejam utentes ou colaboradores”.

P É um dos Provedores mais jovens do país. Como tem sido ocupar este cargo? R Efetivamente faço parte de um grupo de Provedores mais jovens, no entanto, já somos bastantes e há alguns mais jovens do que eu. As Misericórdias têm vindo a renovar-se a um ritmo interessante, e cada vez mais temos Mesas Administrativas constituídas por irmãos mais jovens e muito capazes de abraçar novos desafios. No Algarve temos bons exemplos de juventude e dinamismo. Não sei se alguma vez as funções de Provedor foram um cargo, talvez. Para mim, são uma missão com múltiplos desafios e inúmeras responsabilidades. A nossa Misericórdia tem ao seu cuidado mais de 420 utentes, 120 colaboradores (in)diretos, tem organizadas 13 respostas sociais, um património significativo ao serviço dos diversos equipamentos

sociais, um desafio diário para dar resposta às necessidades da comunidade e ao mesmo tempo a um conjunto de regras, normas e desafios como qualquer outra entidade. É preciso muito trabalho, empenho e esforço para assegurar o futuro, dignificando o presente. P Que apostas tem para o futuro enquanto Provedor?

As apostas são muitas e difíceis de sintetizar. Pretendemos aumentar o número de respostas sociais disponíveis para os são-brasenses, respondendo a novas necessidades e ao mesmo tempo solidificar as respostas em curso. As principais apostas traduzem-se em concluir a Obra de Ampliação e Remodelação do Edifício da Estrutura Residencial para Pessoas Idosas, estimada em 2,3 milhões de euros, que está em curso com o apoio do PT2020, do R

Fundo Rainha D. Leonor e do Município de São Brás de Alportel, concretizar outras remodelações necessárias nos diversos equipamentos sociais e reabilitar um conjunto de habitações devolutas para reforço do parque habitacional a custos acessíveis, no âmbito da Estratégia Local de Habitação, em que estamos a trabalhar em parceria com o município, com recurso a financiamentos do PRR. Queremos, em breve, abrir o Espaço Inclusão e no futuro apostar num Centro de Atividades e Capacitação para a Inclusão, num Lar Residencial ou mesmo numa Unidade de Cuidados Continuados, uma vez que são necessidades identificadas na comunidade e que ainda não estão cobertas no concelho e na região. >>continua na pág. seguinte


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O maior desafio foi enfrentar o medo generalizado e visível em quase todos >>continuação da pág. anterior P Há um ano, o Lar de Terceira Idade da Santa Casa da Misericórdia de São Brás, como o resto do país, estava a viver um momento difícil no âmbito da pandemia. Entre perdas e ensinamentos, qual foi o maior desafio que enfrentou? R O maior desafio foi o de enfrentar o medo generalizado e visível em quase todos, desde o início da pandemia. Este foi o sentimento comum e dominante nos familiares, utentes, colaboradores e nos diversos intervenientes. O medo foi e é um sentimento normal e natural quando se enfrenta o desconhecido, quando não se consegue ter controlo sobre os acontecimentos ou mesmo quando se desconhecem as consequências de uma pandemia. Os utentes e os colaboradores passaram e passam momentos de angústia e de sofrimento que foi preciso apoiar e aliviar com proximidade, partilha e solidariedade. Foram desafios intensos, com entrega total em dias contínuos, semanas sem fim e meses sem conta. Podemos dizer que nada faltou aos utentes, que conseguimos responder a novas necessidades e às vítimas da pandemia. Criamos o apoio COmVIDa e o apoio +felicIDADE, reforçámos a equipa de colaboradores e conseguimos equilibrar orçamentos familiares deficitários. Concluímos que os colaboradores souberam enfrentar o medo respon-

dendo a todos os desafios com brio, dedicação e entrega muito fora do normal. Constatamos que constituímos uma fantástica equipa. P Para além de superar esta pandemia, que ainda é uma realidade, quais são os maiores desafios da Misericórdia de São Brás de Alportel? R Os desafios são os de continuar a sonhar com um futuro, melhor e com novos projetos no horizonte para implementar. Para aproveitar os recursos do novo quadro comunitário de apoio e do Plano de Recuperação e Resiliência, é necessário correr atrás de candidaturas e lutar pela concretização desses mesmos sonhos. A pandemia assomou-se surpreendentemente, condicionou as nossas ações, mas também está a criar novas oportunidades e desafios para o setor social que são consequência logica desta realidade. É preciso considerar seriamente estes desafios.

A Misericórdia de São Brás de Alportel não esgota o seu trabalho na área social, também tem trabalho na área cultural, sendo proprietária de um museu etnográfico, o Museu do Traje. O que significa este Museu para a Misericórdia? P

O Museu do Traje é o nosso orgulho. É fundamental para a Misericórdia e para o concelho, desenvolve a função cultural da nossa instituição ao mesmo tempo que R

as suas atividades são socialmente relevantes para a comunidade. Em boa hora a Misericórdia de São Brás de Alportel empenhou-se em erguer e desenvolver um Museu. Embora o Museu disponha apenas do apoio direto e mensal do Município, temos conseguido garantir o desenvolvimento deste projeto com recursos próprios e com os apoios pontuais de alguns organismos para investimentos específicos. A prova disso mesmo é o projeto Um Museu para Todos que temos em fase de conclusão, com o apoio do Turismo de Portugal, e que irá permitir que o nosso Museu acolha, ainda melhor, todos os públicos independentemente das suas limitações e dificuldades. Um investimento perto dos 150 mil euros, que consideramos uma aposta prioritária.

rado com trabalho e dedicação. Os desafios, embora sejam próprios e particulares de um Museu, não são diferentes nem maiores do que outros das restantes respostas sociais da instituição.

parência que pautam a atuação da Mesa Administrativa. Devo dizer que represento uma equipa de sete irmãos, cinco efetivos e dois suplentes, que administram a Instituição e que se têm esforçado diariamente para disponibilizar, aos nossos utentes mais necessitados, toda a dignidade que merecem, com serviços de qualidade. Também, e em nome de todos, posso afirmar que crescemos em número de utentes que servimos, em número de colaboradores ao serviço da instituição, em parcerias, em orçamento, em património, em financiamentos obtidos através de candidaturas a fundos comunitários, aliás, está em curso a maior obra de sempre, entre outros indicadores importantes, e que temos grandes sonhos para o futuro.

P

Qual o seu maior sonho enquanto cidadão e enquanto Provedor?

R Com esperança e com muitos projetos no horizonte! O futuro do Museu está assegurado. Compreendo a profundidade da sua questão, que só faz sentido pelo que se foi escrevendo e criando à volta do Museu, por isso reafirmo que nunca foi sequer equacionado o futuro do Museu. Nunca. Aliás, quem perdeu tempo a alimentar artigos de opinião não desempenhou bem as suas funções, nem esteve preocupado com o futuro do Museu, esse é assegu-

R Enquanto Provedor represento uma equipa e como tal o meu sonho é o da minha equipa, que é continuarmos a servir quem mais precisa, os mais necessitados, os que não tem família, os que precisam de nós todos os dias, quer sejam utentes ou colaboradores. No entanto, gostaríamos de continuar a construir uma Misericórdia ainda melhor, mais humana, mais solidária, mais próxima e com mais respostas sociais para mais utentes, em parceria com colaboradores felizes e realizados profissionalmente.

P

Sendo a gestão deste tipo de equipamentos um desafio exigente, como vê o futuro do Museu do Traje? P Qual o balanço que faz até agora do seu mandato? R Não serei eu a pessoa mais indicada para fazer um balanço dos mandatos. Posso dizer que me esforço para que os Sócios/Irmãos acompanhem de perto a atividade da Misericórdia, para além da preocupação de apresentar Planos de Atividades e Relatórios detalhados sobre toda a atividade desenvolvida, que demonstram o rigor e a trans-


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breves

Jovem detido em Faro do gangue das trotinetes APolícia Judiciária deteve esta quarta-feira um jovem de 16 anos suspeito de roubo agravado com recurso a arma, em Faro, crime de que foram alvo outros jovens que circulavam na rua, durante a noite. A PJ adianta que o suspeito atuava em gangue com outros jovens com idades entre os 14 e os 15 anos, que “circulavam de trotinete na zona de Faro, surpreendendo as vítimas jovens que circulavam durante a noite na via pública e, sob ameaça de arma de fogo aparente e faca, retiravam os seus pertences. Os factos ocorreram entre os meses de setembro e outubro do presente ano, causando alarme social nos residentes da zona de Faro, tendo sido alvo de intensa divulgação nas redes sociais”.

Homicídio seguido de suicídio em Messines A PJ está a investigar um alegado homicídio seguido de suicídio, depois de um casal ter sido encontrado morto em casa, na terça-feira à noite, em São Bartolomeu de Messines, disse fonte policial. “Neste momento estamos a proceder à recolha de prova, mas numa primeira análise tudo aponta para um quadro de homicídio e suicídio”, disse a mesma fonte. As vítimas, um homem e uma mulher, ambos com cerca de 60 anos, foram encontradas na casa onde viviam em Vale Mós, naquela freguesia do concelho de Silves, “com ferimentos provocados por uma arma de fogo”.

Detido por violência doméstica em Quarteira

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A GNR, através do Núcleo de Investigação e Apoio a Vítimas Específicas de Faro, deteve na semana passada um homem de 30 anos por violência doméstica, no concelho de Quarteira. Durante uma investigação por violência doméstica, os militares apuraram que "o suspeito agredia, injuriava e ameaçava de morte a vítima, sua companheira de 40 anos, tanto em casa como na via pública, comportamento que se manteve já após a separação e que ocorria ainda na presença da filha menor de ambos". No decorrer das diligências policiais foi dado cumprimento a um mandado de detenção.


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Pese embora o título principal de MotoGP já esteja atribuído ao piloto Monster Energy Yamaha, a corrida algarvia será decisiva para encontrar os novos campeões por equipas, construtores, o melhor “rookie” e o vice-campeão mundial. Marc Márquez prima pela ausência devido uma “concussão” após uma queda numa sessão de preparação para o Algarve

Portimão descodifica vice-campeão com Fabio Quarta(raro) a fundo…

J

á não sobra praticamente nada para o final da temporada de MotoGP de 2021. Faltam apenas duas corridas para terminar um percurso em que o campeão já é conhecido. No Grande Prémio da Emilia Romagna, Fabio Quartararo foi coroado graças à queda inesperada de Francesco (Pecco) Bagnaia quando liderava sozinho. Por isso, a 17.ª ronda do Campeonato de MotoGP terá outros atrativos, uma vez que o mistério de quem será o sucessor de Joan Mir (Suzuki) já foi desvendado. Será preciso ver quem é capaz de triunfar num circuito que já foi palco este ano. Na primeira prova disputada no Autódromo Internacional do Algarve, em Portimão, que decorreu no pretérito mês de Abril, o Fabio Quartararo venceu com total precisão. Para a prova deste fim-de-semana, “El Diablo” assume o estatuto de favorito, numa corrida em que Pecco Bagnaia e Joan Mir “jogam” todos os triunfos para festejarem o título de vice-campeão. O piloto italiano usufrui de uma enorme vantagem, ou seja, 202 pontos relativamente aos 175 do piloto da Suzuki. Outro ponto a ter em linha de conta é a ausência do espanhol da Honda, Marc Márquez. O piloto, que vinha de duas vitórias consecutivas (Austin e Misano 2), não vai alinhar em Portimão. Segundo a equipa Repsol Honda, Marc Márquez sofreu uma “concussão” após uma queda, quando treinava para a prova algarvia no último sábado. O piloto natural de Cervera aspirava entrar no “top five”, ocupando atualmente a sexta posição, com 142 pontos, em que o foco passava por ultrapassar Jack Miller (quinto, com 149) e Johann Zarco (quarto com 152).

Por Carlos Sousa

FOTO D.R.

voltas do final e com o pódio em “mira”, Miguel Oliveira acabou por cair numa curva lenta e ficou arredado de forma inglória da possibilidade de receber a bandeira de xadrez na prova italiana. Apesar deste desfecho, o piloto da KTM está bastante motivado para enfrentar o próximo desafio no Autódromo Internacional do Algarve. Os progressos são mais que evidentes e, no Grande Prémio “caseiro”, Miguel Oliveira, da equipa Red Bull KTM Factory, está desejoso de regressar aos bons resultados. Será a terceira vez que o campeonato se instala no “paddock” do circuito algarvio, sendo que, na primeira visita, em novembro de 2020, foi Miguel Oliveira quem então venceu a prova.

Remy Gardner e Pedro Acosta na mira da Moto2 e Moto3

O espanhol da Repsol Honda estava a ter um crescimento de forma impressionante e a marca japonesa já teria encontrado a fórmula para coadjuvar Pol Espargaró a pilotar a “indomável” Honda RC213V. Com o afastamento de Marc Márquez, a terceira vitória consecutiva ficou irremediavelmente fora de questão, assim como ficou embargada a ambição de Pol Espargaró para uma eventual segunda dobradinha para a Repsol Honda. Quem também não vai ser alvo de atenções redobradas é Valentino Rossi. Depois de excelentes exibições em Portugal, o piloto italiano da Petronas Yamaha SRT fará no Autódromo Internacional do Algarve a sua derradeira corrida de motos em solo nacional. Perante este cenário, os fãs portugueses, e não só, terão a oportunidade de despedir-se em pista daquele que é considerado por muitos como o melhor piloto de sempre de MotoGP.

Miguel Oliveira na montanha russa de fortes emoções O “Falcão” da Charneca da Caparica, que não teve a sorte do seu lado na antepenúltima prova do Campeonato do Mundo MotoGP, realizada no Misano World Circuit Marco Simoncelli, em Itália, está bastante motivado para fazer jus à “sua” prova. Fazer da “montanha russa” de Portimão o parque de diversões aos comandos da sua KTM RC16 #88 está no pensamento de Miguel Oliveira, que não desperdiça a oportunidade para dar espetáculo junto da família lusitana. O piloto da Red Bull KTM Factory quer manter os índices de confiança patenteados na segunda visita ao Misano World Circuit Marco Simoncelli e evidenciar o tão desejado nível competitivo e sentir o calor humano proveniente das bancadas do Autódromo Internacional do Algarve dos milhares de fãs. O legítimo apoio começou logo na

quarta-feira quando Miguel Oliveira efetuou a viagem de moto a partir do Cristo Rei, em Almada, até Portimão. Com os militares da GNR a assumir o papel de batedores de excelência e incentivado por várias centenas de fãs, também em motos, o “Falcão” da Charneca da Caparica “deslizou” na “onda” de boa energia e com um apoio adicional ao piloto da KTM. No último compromisso, em solo italiano, Miguel Oliveira esteve a um nível superior, efetuando um arranque “canhão” logo após o semáforo se ter apagado, saltando de imediato para a segunda posição, mas ainda nos primeiros momentos desceu ao quinto posto, onde começou a desenhar uma corrida muito positiva. Com um bom e sólido ritmo, o piloto de Almada cimentou essa quinta posição com o acumular de voltas, subindo ainda na primeira metade da mesma ao quarto posto e sempre a espreitar' um lugar no pódio. Mas a cinco

O piloto australiano Remy Gardner (Kalex) e o espanhol Pedro Acosta podem sair do Autódromo Internacional do Algarve com o estatuto de campeões mundiais em Moto2 e Moto3, respetivamente. Remy Gardner vai desfrutar do seu primeiro “match-ball” no traçado algarvio. O australiano, que soma mais 18 pontos que Raúl Fernández (Kalex), precisa apenas de somar 33 nas duas corridas que ainda faltam disputar A coroa, no entanto, pode ser colocada em Portimão. Afastado da luta pelo título está já Marco Bezzecchi, no terceiro lugar, com 206 pontos. Por sua vez, Pedro Acosta (KTM) está melhor do que Remy Gardner. O piloto espanhol encontra-se atualmente com uma vantagem de 21 pontos sobre Dennis Foggia. O “Tiburon de Mazarrón” sabe que tem que “tirar” cinco pontos ao italiano e, caso vença em Portimão, uma pista de boas recordações em que venceu em Abril, o piloto do país vizinho regressa a casa com ceptro no bornal. PUB.


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CLASSIFICAÇÕES

1

Fábio Quartararo 267 Pontos

PILOTOS

CONSTRUTORES

EQUIPAS

MOTOGP

MOTOGP

MOTOGP

2.º 3.º 4.º 5.º 6.º 7.º 8.º 9.º 10.º

Francesco Bagnaia Joan Mir Johann Zarco Jack Miller Marc Marquez Brad Binder Aleix Espargaro Maverick Viñales Miguel Oliveira

202 175 152 149 142 136 113 106 92

2.º 3.º 4.º 5.º 6.º

1

Estão classificados mais 17 pilotos

1

Remy Gardner 280 Pontos

Raul Fernandez 262 Marco Bezzecchi 206 Sam Lowes 165 Augusto Fernandez 151 Aron Canet 140 Fabio Di Giannantonio 136 Ai Ogura 120 Jorge Navarro 89 Marcel Schortter 85

2.º Boscoscuro 3.º MV Agusta 4.º NTS

1

1

Pedro Acosta 234 Pontos

Estão classificados mais 20 pilotos

Monster Energy Yamaha 364 Pontos

2.º Ducati Lenovo Team Team Suzuki Ecstar 3.º Repsol Honda Team 4.º Pramac Racing 5.º Red Bull KTM 6.º Factory Racing 7.º Aprilia Racing Team Gresini 8.º LCR Honda 9.º Esponsorama Racing 10.º Petronas Yamaha SRT 11.º Tech3 KTM Factory Racing

19 10

1

400 Pontos

Red Bull KTM Ajo 542 Pontos

2.º 3.º 4.º 5.º 6.º 7.º 8.º 9.º 10.º 11.º 12.º

ELF Marc VDS Racing Team Sky Racing Team VR46 Aspar Team Moto2 Idemitsu Honda Team Asia Federal Oil Gresini Moto2 Liqui Molly Intact GP Petronas Sprinta Racing +Ego Speed Up American Racung Italtrans Racing Team Pertamina Mandalika SAG Team 13.º Flexbox HP40 14.º MV Agusta Forward Racing 15.º NTS RW Racing GP

MOTO3 2.º Honda 3.º Gasgas 4.º Husqvarna

1

2.º 3.º 4.º 5.º 6.º

235 153

1

328 Pontos

7.º 8.º

Red Bull KTM Ajo 389 Pontos

Atalaia Sol Aparthotel**** Morada: Estrada da Atalaia, lote 1 - 8600 -281 Lagos

Contactos: 282 788 629 / 967 992 408

266 239 238 228 126 125 124 81 75

316 272 168 157 148 136 113 102 74 69 68 46 19 10

MOTO3

315

KTM

351

MOTO2

175

KALEX

213 168 155 147 136 129 105 104 90

1

307 Pontos

MOTO3 Dennis Foggia Sérgio Garcia Jaume Masia Romano Fenati Darryn Binder Niccolò Antonelli Izan Guevara Ayumu Sasaki Andrea Migno

207 198 190 114

MOTO2

Estão classificados mais 21 pilotos

2.º 3.º 4.º 5.º 6.º 7.º 8.º 9.º 10.º

295

DUCATI

MOTO2 2.º 3.º 4.º 5.º 6.º 7.º 8.º 9.º 10.º

Yamaha Suzuki Honda KTM Aprilia

Email: atalaia.sol2021@gmail.com

9.º 10.º 11.º 12.º 13.º 14.º

Gaviota Gasgas Aspar Team Leopard Racing Petronas Sprinta Racing Red Bull KTM Tech3 Sterilgarda Garda Max Racing Team Avintia Esponsorama Moto3 Indonesian Racing Gresini Moto3 Rivacold Snipers Team Carexpert Pruestel GP Boe Owlride CIP Green Power SIC58 Squadra Corse Honda Team Ásia

273 252 211 188 170 164 132 125 91 82 75 69 19

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PROGRAMA MOTOGP Horário para o Grande Prémio do Algarve de MotoGP, no canal SportTV (MotoGP Moto2 e Moto3 de 2021)

4

Novembro Quinta-feira 19:50

5

Programa de Antevisão

Novembro Sexta-feira 09:00 09:40 09:55 10:40 10:55 11:40 13:15 14:10 15:10 15:55

SPORTTV+

SPORTTV 2

Moto3 (Treinos Livres 1) Estúdio MotoGP (Treinos Livres 1) Estúdio Moto2 (Treinos Livres 1) Estúdio Moto3 (Treinos Livres 2) MotoGP (Treinos Livres 2) Moto2 (Treinos Livres 2) Estúdio – Rescaldo do dia

6

Novembro Sábado 09:00 09:40 09:55 10:40 10:55 11:35 12:35 13:00 13:15 13:30 14:10 14:35 14:50 15:10 15:35 16:00

SPORTTV 2

Moto3 (Treinos Livres 3) Estúdio MotoGP (Treinos Livres 3) Estúdio Moto2 (Treinos Livres 3) Estúdio Moto3 (Qualificação 1) Moto3 (Qualificação 2) Estúdio MotoGP (Treinos Livres 4) MotoGP (Qualificação 1) MotoGP (Qualificação 2) Estúdio Moto2 (Qualificação 1) Moto2 (Qualificação 2) Estúdio – Rescaldo do dia

7

Novembro Domingo 09:00 09:30 10:00 10:20 11:20 12:10 13:00 14:00 14:30 15:20

SPORTTV 2

Moto3 (Warm up) MotoGP (Warm up) Moto2 (Warm up) Estúdio Moto3 (Corrida) Estúdio MotoGP (Corrida) Estúdio Moto2 (Corrida) Estúdio – Rescaldo

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Postal, 5 de novembro de 2021

Construtores, equipas e “rookie” procuram títulos no Algarve

C

u mp r i d o s 17 Grandes Prémios, a Ducati mantém a liderança da classificação de Construtores da categoria MotoGP com 307 pontos, mantendo a Yamaha a 12 pontos de distância, e mesmo com a marca de Borgo Panigale a ver os seus pilotos de fábrica ficarem fora de ação no Grande Prémio da Emilia Romagna, a situação para o Algarve continua favorável à Ducati. Quanto à classificação por equipas, a situação inverte-se, com a Monster Energy Yamaha, que este ano teve três pilotos – Maverick Viñales também pontuou com a equipa de fábrica da Yamaha antes de mudar para a Aprilia –, soma já 364 pontos e lidera a pauta classificativa, na frente da

Ducati Lenovo Team, que viu a rival japonesa fugir na classificação depois de Jack Miller e Francesco Bagnaia terem abandonado o último Grande Prémio. Também na luta pelo melhor piloto “rookie” de MotoGP em 2021 surgem apenas duas hipóteses: Enea Bastianini (Avintia Esponsorama), graças aos excelentes resultados em Misano, onde subiu ao pódio, saltou para o topo da classificação dos “rookies” com 87 pontos. O jovem piloto é secundado pelo espanhol Jorge Martin (Pramac Ducati) que, apesar de alguns bons resultados, tem a sua classificação afetada pela lesão que o obrigou a uma longa paragem, para além de revelar alguma inconsistência em momentos chave da temporada. CS PUB.

Bancadas e portas de acesso no Autódromo Internacional do Algarve

O

Autódromo Internacional do Algarve tem 11 bancadas diferentes, cada uma servida por uma porta de acesso. A cor da porta de acesso corresponde à cor da bancada e é a única porta por onde o seu bilhete permite acesso. No local estão indicadas as bancadas e respetivas portas, bem como as zonas de serviços, como

WC, pontos de venda de comida e bebida e a localização aproximada dos écrans gigantes colocados para poder assistir à transmissão das corridas nas várias zonas do circuito. Haverá uma política de revista em vigor. Aos espetadores é pedido que levem apenas a bagagem necessária para o circuito, a fim de assegurar uma entrada mais confortável e atempada. CS

FOTOS D.R.


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Postal, 5 de novembro de 2021

Algarve com "impacto mediático enorme" e milhares de dormidas

J

oão Fernandes, presidente da Região de Turismo do Algarve, destacou a importância do regresso do Grande Prémio de MotoGP, enriquecedor para a promoção da região e para a atividade turística em época baixa. “O MotoGP, segundo dados da Dorna – estrutura organizativa da prova –, tem um impacto mediático enorme. Só através da televisão, chega a 428 milhões de casas. Depois, ao nível de sites, aplicações e redes sociais, tem 48 milhões de seguidores/ subscritores”, quantificou o presidente da Região de Turismo do Algarve (RTA). João Fernandes salientou também o facto de o Grande Prémio do Algarve de MotoGP já poder contar com público nas bancadas, depois de levantadas as restrições

impostas devido à pandemia de Covid-19 e que impediam o acesso de espetadores ao AIA, na primeira prova deste ano, em 18 de abril, e no ano passado, frisando que isso beneficia as unidades de alojamento da região. “Estamos a contar ter à volta de 60 mil espetadores, o que nos permitirá ter entre 90 mil a 120 mil dormidas na região, em plena época baixa”, estimou, cifrando também um impacto económico na região de cerca de 40 milhões de euros, “considerando o consumo directo, os gastos com fornecedores locais e o impacto indirecto”. João Fernandes referiu que o Grande Prémio do Algarve conta também com “o especial interesse de ver o piloto português Miguel Oliveira, finalmente, ao vivo, com público, em Portugal” e de ser “a últi-

ma oportunidade para ver o italiano Valentino Rossi” competir, depois de ser sete vezes campeão do mundo ter anunciado o fim da carreira. O presidente da RTA frisou ainda que a prova portuguesa em Portimão, que mereceu a “distinção de melhor organização do ano anterior”, realiza-se no momento em que a região está a “retomar uma procura externa”. CS

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MotoGP atrai pessoas com reflexos na ocupação dos hotéis

E

lidérico Viegas, presidente da Associação dos Hotéis e Empreendimentos Turísticos do Algarve (AHETA), considerou que os grandes eventos desportivos “são uma mais-valia na promoção turística da região,

devido à sua cobertura mediática internacional, mais importante que a promoção tradicional”. “Estas provas geram importantes fluxos turísticos para a região, sobretudo nos períodos de menor procura. Têm uma cobertura mediática que se traduz num impacto mais eficaz e direto junto dos mercados emissores de turistas do que a promoção tradicional”, sublinhou o dirigente da maior associação de hoteleiros do Algarve. Para Elidérico Viegas, as provas dos Mundiais de MotoGP, Formula1, entre outros, “deviam ser asseguradas com regularidade para o Algarve, durante um determinado número de anos, para que fossem

institucionalizadas nos calendários europeus e mundiais”. Assim, estes eventos poderiam “fazer parte da oferta da região”, tornando-se num “fator anual de atratividade e da oferta do turismo do Algarve”, considerou o dirigente da AHETA, argumentando que estes tipos de provas não devem “ser feitos de forma desgarrada, mas sim, com regularidade”. “Sabemos que estas provas são geradoras de fluxos turísticos importantes, não apenas de Espanha, como de outros países, mas os eventos já realizados não se refletiram na ocupação do Algarve por terem sido realizados num período com limitação de espetadores”, sublinhou. CS PUB.


Mensalmente com o POSTAL em conjunto com o

NOVEMBRO 2021 n.º 156 7.270 EXEMPLARES

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ARTES VISUAIS

O “pequeno” também é belo nas artes visuais?

Ficha técnica Direção: GORDA, Associação Sócio-Cultural Editor: Henrique Dias Freire Responsáveis pelas secções: • Artes Visuais: Saúl Neves de Jesus • Espaço AGECAL: Jorge Queiroz • Filosofia Dia-a-dia: Maria João Neves • Fios De História: Ramiro Santos • Letras e Literatura: Paulo Serra • Marca D'Água: Maria Luísa Francisco • Mas afinal o que é isso da cultura?: Paulo Larcher e-mail redacção: geralcultura.sul@gmail.com publicidade: anabelag.postal@gmail.com online em: www.postal.pt e-paper em: www.issuu.com/postaldoalgarve FB: https://www.facebook.com/ Cultura.Sulpostaldoalgarve

Trabalho produzido por Willard

Trabalho produzido por David Lindon

Wigan

Imagens da exposição “Obras-primas em miniatura”

SAÚL NEVES DE JESUS Professor Catedrático da Universidade do Algarve; Pós-doutorado em Artes Visuais; http://saul2017.wixsite.com/artes

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os últimos anos a arte tem procurado sair dos museus para ir ao encontro das pessoas, sendo a arte urbana uma das principais manifestações desta tendência. Isto tem levado a um aumento do tamanho das obras, estando a expressividade artística associada ao impacto que estas causam devido à sua dimensão. É óbvio que a escala das obras deverá estar articulada com o conjunto da linguagem escultórica, nomeadamente o relacionamento com a arquitetura e a paisagem onde são feitas ou colocadas. Por exemplo, a obra escultórica

criada por Anish Kapoor, que já expôs nos jardins de Serralves, tem sido concebida a uma escala de grandes dimensões, em ambientes urbanos. Este artista considera a grande dimensão que têm as suas obras como “parte da linguagem da escultura, essencial para envolver fisicamente o espetador”. A dimensão da obra produzida implica sair da “zona de conforto” em termos percetivos, repensando os objetos e a sua relação com o mundo. Efetivamente, a mudança de escala dos objetos artísticos é um fator que permite alterar a sua perceção e o efeito emocional que estes podem ter sobre o espetador. A perceção tem sido um domínio estudado pela Psicologia há mais de 100 anos, desde as experiências de Werteimer em 1912. Aspetos como o movimento dos objetos ou a forma

Trabalho produzido por Slinkachu FOTOS D.R.

como se relacionam no espaço têm influência sobre a perceção dos mesmos pelo espetador. Isto porque a perceção é subjetiva e dinâmica, reconstruindo ela própria os objetos percecionados pelo sujeito. A dimensão é assim uma variável que pode ser explorada na produção artística para aferir o impacto percetivo e emocional das obras de artes visuais. O aproveitamento do impacto da obra criada pela dimensão da mesma tem sido usado por vários artistas contemporâneos. É o caso de Joana Vasconcelos, conhecida internacionalmente pelas suas obras em grande dimensão, feitas com objetos da vida quotidiana. Objetos que habitualmente passam despercebidos ao mundo da perceção

artística, mas que Joana Vasconcelos integra em grandes quantidades, dando-lhes um sentido simbólico e permitindo que “o todo seja mais do que a mera soma das partes”. Embora a tendência na arte contemporânea seja a produção de obras com grandes dimensões, tem havido também uma aposta em trabalhos de pequenas dimensões por parte de alguns artistas, em que o ser “miniatura” é um dos aspetos originais e identitários das obras produzidas. Ainda em junho deste ano foi inaugurada a exposição “Masterpieces in Miniature” (“Obras-primas em miniatura”), na Pallant House Gallery, em Inglaterra, com obras dos 30 artistas britânicos mais

famosos, incluindo Damien Hirst e Rachel Whiteread, sendo considerada a menor mostra de obras em museu de todos os tempos, pois o espaço é o equivalente a uma casa de bonecas. Também muito recentemente o artista britânico David A. Lindon recriou famosas obras de arte em formato miniatura, com uma dimensão tão pequena que cabem na cabeça de uma agulha. O antigo escultor britânico recriou com precisão seis obras de reputados artistas, como “O Grito”, do norueguês Edvard Munch, e “A Noite Estrelada” e “Doze Girassóis numa Jarra”, do holandês Van Gogh, tendo conseguido vender todas as peças por um valor superior a 90 mil libras (mais de 100 mil euros). Já em 2012, o artista microescultor Willard Wigan havia produzido uma miniatura da tocha olímpica, a qual cabia no buraco de uma agulha, para comemorar a realização dos jogos em Londres. Além de criar a “menor tocha do mundo”, com detalhes impressionantes a partir de um pequeno pedaço de ouro de 24 quilates, adicionou ainda à obra os cinco anéis olímpicos, usando um mini cinzel de diamante. A obra era tão minúscula e

minuciosa que foi produzida durante a noite, para evitar as vibrações geradas pelo tráfego, tendo sido necessário usar um microscópio para esculpi-la e também para conseguir apreciá-la. Além disso, Willard Wigan realizou este trabalho com recurso a técnicas de respiração e meditação. Segundo as suas próprias palavras, “'eu tenho que entrar num estado meditativo antes de começar. Fazer algo deste tamanho é muito cansativo. Primeiro, preciso gravar a imagem na minha cabeça e depois desacelerar o sistema nervoso para evitar tremer, garantindo que cada corte seja feito entre batimentos cardíacos”. Procurando chamar a atenção para certos problemas da sociedade, o artista britânico Slinkachu tem realizado instalações em miniatura que deixa no exterior, como uma forma de arte urbana. É o caso da beata de um cigarro convertida em obra de arte, para chamar a atenção do lixo e da poluição causada pelo consumo do tabaco. Assim, o “pequeno” também tem lugar na arte contemporânea, sendo grande o detalhe, a minúcia e também a beleza e o significado que estas obras podem permitir expressar.


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MARCA D'ÁGUA

Pontes transfronteiriças e pontes culturais MARIA LUÍSA FRANCISCO Investigadora na área da Sociologia; Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa luisa.algarve@gmail.com

Ninguém pode construir em teu lugar as pontes que precisarás de passar para atravessar o rio da vida. (…) Existe no mundo um único caminho por onde só tu podes passar. Aonde leva? Não perguntes, segue-o!” Nietzsche

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Rio Guadiana une dois países e é testemunha da história de dois povos irmãos que mantêm a sua memória viva ao redor de um rio. Assim como um cordão umbilical que os une enquanto um só povo, através dos seus afluentes e da sua bacia. O Baixo Guadiana representa essa memória de dois povos que compartilharam uma tradição, usos e costumes. Os rios foram as grandes vias de comu-

nicação antes das estradas. Ao longo de vários séculos povos como os Fenícios, Cartagineses, Romanos, Árabes navegaram pelo Guadiana e instalaram-se pelos séculos fora nas suas margens, deixando elementos culturais que persistem até hoje nos usos e nos costumes das gentes locais. Certamente foram recursos como o sal do estuário e o minério da zona das Minas de São Domingos e Pomarão, que o rio permitia escoar, que justificaram, em grande medida, a fixação dos primeiros povos. No caso de Alcoutim e Sanlúcar de Guadiana, duas comunidades separadas e ao mesmo tempo unidas pelo rio, procuram potenciar a sua herança milenar comum. Cada vila à sua maneira, são exemplo de como um rio pode unir duas comunidades, que em certas alturas da história não estiveram tão próximas. A construção de uma ponte entre as duas povoações tem sido um sonho acalentado por grande parte dos habitantes de cada vila. Em 1999 surgiu a Associação Transfronteiriça Alcoutim Sanlúcar (ATAS) que se movimentou e mobilizou vontades pela construção da ponte. Umas vezes com mais acções junto do poder central, outras com reuniões em

Espanha. Umas com avanços, outras com recuos, mas finalmente foram apontadas, há poucos meses, possíveis datas para a concretização de um sonho destas populações. Tendo em conta a actual situação política, ainda muita água correrá, até à ponte! Carlos Brito e Victoria Cassinello estiveram na origem desta Associação, à qual presidiram vários anos. A presidência era alternada entre as duas vilas raianas. Trabalhei de perto com Carlos Brito na direcção da Associação ATAS e de facto o seu entusiasmo é contagiante. Toda uma imensa experiência de vida que tem colocado ao serviço de Alcoutim com uma dedicação e jovialidade que fazem deste ex-resistente um artífice de pontes culturais. A ATAS para além de ter tido como missão a criação de uma ponte física, criou pontes culturais e desenvolveu iniciativas que aproximaram os habitantes das duas vilas transfronteiriças. Quando leccionava na Universidade do Algarve integrei simultaneamente um projecto de investigação com a Universidade de Huelva, financiado pelo Programa de iniciativa comunitária “INTERREG III Espanha-Portugal”. Esse projecto pretendia conhecer a

realidade social de vários municípios transfronteiriços (Alentejo, Algarve e Andaluzia). Coube-me ir para o terreno em três municípios com fronteira com Espanha: Vila Real de Santo António, Castro Marim e Alcoutim. Antes do trabalho neste projecto aqui referido, eu apenas conhecia Alcoutim através do estudo de Cristiana Bastos intitulado Os Montes do Nordeste Algarvio, que citei várias vezes na minha tese de mestrado sobre Ecoimigração enquanto dinâmica migratória para espaço rural. Criei o conceito de Ecoimigração e em Alcoutim resolvi estudar os estrangeiros que viviam no Rio Guadiana no âmbito da minha investigação do doutoramento em Sociologia Rural e Urbana. Até ser convidada para colaborar com a ATAS não sabia que Carlos Brito escrevia poesia, nem ele sabia que eu também escrevia. De facto todo o trabalho com poesia pelo meio se torna mais leve e ao mesmo tempo mais profundo, porque a poesia é como um rio que nos corre pelas veias. Realizámos actividades transfronteiriços, também com os Poetas do Guadiana e de facto a ATAS foi uma Associação que criou laços entre as pessoas e amizades fraternas.

O território do Baixo Guadiana é muito rico e tem grande valor etnológico e etnográfico ao alcance de todos, por isso tem de ser preservado como herança dos povos que o habitaram. E onde, hoje, podemos usufruir das tradições e dos costumes, bem como da sua gastronomia. A passagem ilegal da fronteira de outrora (contrabando de produtos de consumo) deu lugar à cooperação. Até deu lugar a uma experiência ímpar entre dois países e que adorei: Deslizar 720 metros sobre o rio, de uma margem para outra, a vários metros de altitude, no único slide transfronteiriço do mundo! Foram criadas várias pontes (culturais, sociais, religiosas, políticas, económicas e poéticas), ou seja, as “pontes” estão criadas independentemente da ponte se concretizar ou não. * A autora não escreve segundo o acordo ortográfico

ESPAÇO AGECAL

A COP 26 e a boa globalização JORGE QUEIROZ Sociólogo Sócio da AGECAL Membro da delegação de Portugal na inscrição da Dieta Mediterrânica como PCI da Humanidade, 8ª Conferência Intergovernamental da UNESCO. Baku, a 4 de Dezembro de 2013.

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m Glasgow iniciou-se a 31 de Outubro a COP 26 da ONU sobre as Alterações Climáticas, é a vigésima sexta reunião entre os Estados parceiros, que durará até 12 de Novembro de 2021. A preocupação dos cidadãos aumentou com a tomada de consciência dos problemas ambientais que se agravam de ano para ano. As actividades humanas poluidoras, destrutivas dos ecossistemas e dos equilíbrios ambientais, resultam num crescendo de eventos naturais que indicam a proximidade do pior no que se refere à habitabilidade da “casa comum”.

Cinco décadas passaram desde que em Estocolmo se realizou em 1972 a primeira Conferência Mundial sobre o Ambiente, na qual foi criado o PNUM, programa da ONU para as questões ambientais. Seguiram-se a Conferência de Nairobi em 1982 onde foi apresentado o relatório Brutland, o Protocolo de Montreal em 1987 que assumiu a redução de emissões de CO2 na sequência da questão do ozono, a ECO do Rio de Janeiro em 1992 da qual saiu a Declaração do Rio, a Agenda 21, os princípios para a sustentabilidade das florestas, as Convenções da Biodiversidade e do Clima. Em 1997 em Kyoto o protocolo comprometia os subescritores com a redução de 5,2% das emissões poluentes e em Joanesburgo realizou-se em 2002 a “Cúpula Mundial sobre o Desenvolvimento Sustentável e Objectivos do Milénio”, ocorreu sob uma chuva de críticas pelo alheamento dos Estados quanto às obrigações de prevenção e financiamento. Na Rio + 20 em 2012 o debate

centrou-se no desenvolvimento sustentável, agudizaram-se as críticas sobre a ausência de metas claras e de fiscalização. O acordo de Paris em 2015 teve como principal ambição o controlo da temperatura global mantendo-a até ao limite de 1,5 graus centígrados em relação à era pré-industrial. Sucessivas conferências, pobres resultados… A ONU está limitada nas suas capacidades, não existem mecanismos legais ou coercivos para impor decisões do interesse comum, os países mais poderosos, os G20, são responsáveis por 80% da poluição mundial, foi permitido às empresas multinacionais criarem um superestado ou sistema global, que domina o capital financeiro internacional, a investigação e a ciência, a produção e as cadeias de distribuição de bens e serviços, os meios de comunicação e a internet. Para além da exigência de uma nova ordem política e jurídica internacional, todos os sectores têm o dever de se movimentar e actuar na defesa

dos direitos das próximas gerações a receberem um planeta limpo onde se possa viver com dignidade. Qual o papel da cultura nesta situação? Em primeiro lugar impõem-se a defesa da diversidade natural e cultural do planeta, das línguas, tradições, monumentos e sítios, tendo como instrumentos práticos as Convenções da UNESCO. O conceito de Património da Humanidade é a concretização da ideia de que há valores, patrimónios e práticas sociais que são pertença de todos, da comunidade mundial. É o caso da Dieta Mediterrânica que se articula com os objectivos culturais e ambientais da ONU. Do ponto de vista ambiental, a Dieta Mediterrânica significa salvaguarda da biodiversidade, orienta-se para agriculturas adaptadas ao clima, aos solos, que garantem a continuidade das capacidades regenerativas e reprodutivas das espécies, com menor consumo de água e de emissões de CO2, estimula os mercados de proximidade, o consumo de

produtos frescos de cada época do ano, fortalece as economias locais e garante a segurança alimentar. No plano da saúde pública, assegura uma nutrição mais rica e previne transmissões pandémicas. Tal como na Antiguidade, hoje as doenças viajam com as pessoas e os produtos. Reordenar o território pressupõe elaborar as “Cartas de Salvaguarda das paisagens histórico-alimentares”, preservando a identidade cultural das regiões e os direitos das comunidades. A introdução da dieta mediterrânica nos currículos escolares e a investigação protocolada entre universidades portuguesas são boas notícias. Mas há muito mais e melhor a fazer, Portugal, o Algarve e Tavira têm elevadas responsabilidades perante a UNESCO e os portugueses. A dieta mediterrânica é um dos instrumentos para uma globalização boa. * O autor não escreve segundo o acordo ortográfico


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FILOSOFIA DIA-A-DIA

Não existe nenhum aparelho para aceder à mente humana e não confiamos na nossa própria percepção por ser subjectiva FOTO D.R.

A Mente — o grande tabu MARIA JOÃO NEVES PH.D Consultora Filosófica

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artimos do princípio que os religiosos lidam com crenças, e que toda a sua actividade se fundamenta na fé. Os cientistas, pelo contrário, lidam com factos empíricos e com raciocínios lógicos. Alan Wallace, autor do livro The Taboo of Subjectivity (O Tabu da Subjectividade) diz-nos que “esse é um mito adorável mas nunca foi verdade”. Wallace aponta para uma obviedade constantemente ignorada: não é possível obter uma educação científica se não tiver confiança nos seus antecessores, nos seus professores, nos professores dos seus professores, e assim por diante. É impossível testar tudo! Nós acreditamos ou, dito de outro modo, temos fé nos cientistas que nos precederam. Em prol da cientificidade os dados empíricos têm sempre a última palavra e não há lugar para dogmas, teorias religiosas ou afirmações a priori, isto é, afirmações que não provenham da experiência. Porém, a ciência progrediu através de uma esteira ideológica — o materialismo científico — que, por sua vez, incorpora uma série de postulados a priori. Concentrar-nos-emos hoje no rei destes postulados: a objectividade.

O materialismo científico está crivado de suposições decorrentes dos dualismos absolutos. Recordemos, como exemplo, o posicionamento do filósofo francês René Descartes (1596-1650) que postula uma separação radical entre res cogitans (a substância pensante), e res extensa (a matéria), que, por sua vez, dá lugar ao dualismo entre entre sujeito e objeto. Rapidamente se julgou que somente o mundo material objetivo pode aspirar à cientificidade. Como consequência, apenas os fenómenos físicos e seus atributos passaram a ser considerados reais, por objectivos, em detrimento dos fenómenos mentais subjetivos. Os filósofos empiristas britânicos John Locke (1632-1704) e David Hume (1711-1776) consideravam que todo o conhecimento provinha da experiência. A mente era uma espécie de “tábua rasa” na qual os sentidos iam deixando as suas impressões. O filósofo irlandês George Berkeley (1685-1753), idealista, foi um acérrimo opositor do empirismo dominante na sua época. O seu ponto de partida é um argumento relativamente simples apresentado em Princípios: “é uma opinião estranhamente prevalecente entre os homens, que casas, montanhas, rios e, numa palavra, todos os objetos sensíveis têm uma existência natural ou real, independente de serem percebidos

pelo entendimento. (...) o que são os objetos mencionados senão as coisas que percebemos pelos sentidos, e o que percebemos além de nossas próprias ideias ou sensações; e não é totalmente repugnante que qualquer um desses ou qualquer combinação deles deva existir independentemente da percepção?” Este conflito entre empiristas e racionalistas acaba por ser resolvido pelo apriorismo proposto pelo filósofo alemão Emmanuel Kant (1724-1804) através da sua “Revolução Copernicana”. Na Crítica da Razão Pura Kant diz-nos o seguinte: “Se a intuição tivesse de se guiar pela natureza dos objectos, não vejo como deles se poderia conhecer algo a priori, se, pelo contrario, o objecto (enquanto objecto dos sentidos) se guiar pela natureza da nossa faculdade de intuição, posso perfeitamente representar essa possibilidade”. Kant esclarece que jamais será possível obter um conhecimento absoluto e independente do modo de conhecer: “a nossa representação das coisas, tal como nos são dadas, não se regula por estas consideradas como ‘coisas em si’, mas são esses objectos, como fenómenos, que se regulam pelo nosso modo de representação”. Utilizando metaforicamente a linguagem informática da actualidade poderíamos dizer o seguinte: o nosso cérebro possui um determinado sof-

tware que obviamente condiciona o modo como os dados são apreendidos. É impossível sabermos como são os dados “em si”, independentes da forma como nós os apreendemos — à “coisa em si” Kant chamou númeno, referindo-se ao que as coisas seriam independentemente de quem as observa ou capta — aos dados recebidos com o nosso software cerebral Kant chamou fenómeno. A possibilidade do conhecimento científico, bem como os seus limites ficaram assim estabelecidos a partir do séc. XVIII: podemos estudar cientificamente o fenómeno. Na filosofia dualística e mecânica que dominou o surgimento da ciência moderna, a natureza não é apenas vista como desprovida de consciência, mas também objectivada a ponto de estar totalmente divorciada da experiência perceptiva. A experiência consciente foi efectivamente removida da natureza e, portanto, do domínio objectivo da ciência. Aderindo aos princípios do materialismo científico, a ciência veio a ser equipada com meios cada vez mais sofisticados de explorar processos físicos objectivos; mas não houve um desenvolvimento correspondente dos meios para explorar os processos cognitivos subjectivos. No início do século XX, psicólogos e académicos mudaram o foco da sua investigação dos estados subjectivos de consciência para o estudo objectivo do comportamento. O modo tradicional de purgar a subjectivida-

de do mundo natural voltou no final dos anos 1950, com o surgimento da psicologia cognitiva. A mente passou a ser considerada uma propriedade do cérebro. O neurocientista português António Damásio (1944) no seu livro O Erro de Descartes publicado em 1995 toma o quadro de Rembrandt A lição de anatomia do Dr. Tulp, onde se disseca um cadáver, para exemplificar o extraordinário progresso científico que então se alcançou. Antes da dissecação de cadáveres o interior do corpo era tabu. Desde então o cérebro passou a ser o grande tabu. Com o nascimento das neurociências e o avançar da tecnologia que permitiu scanners cerebrais e imagiologia do cérebro vivo, bem como a localização espacial de funções do foro psíquico/espiritual, como os juízos éticos, ficou demonstrado o tal erro em que incorria Descartes ao separar radicalmente a substância material da substância pensante. Damásio diz-nos: “A alma respira através do corpo, e o sofrimento, quer comece no corpo ou numa imagem mental, acontece na carne”. A investigação do neurocientista português continuou a avançar e em 2010 foi publicado O Livro da Consciência. Aí se explica que numa certa região do tronco cerebral, entre o córtex cerebral e a espinal medula, estão alojados todos os dispositivos de regulação vital do corpo. É ainda possível determinar com precisão uma subárea desta região que, se for danificada, provoca o estado de coma, ou o estado vegetativo, isto é, a nossa mente desaparece, a nossa consciência extingue-se. Porém, a localização neurofisiológica da mente/consciência não nos elucida sobre o seu funcionamento. Com mais de um século de investigação psicológica e cerca de meio século de progresso nas neurociências, até mesmo a maioria dos defensores do cientificismo reconhece que a ciência ainda não forneceu uma explicação inteligível sobre a natureza da consciência. Por seu lado, o materialismo científico erigiu um tabu contra a investigação científica dos fenómenos mentais subjectivos e tudo fez para prevenir que a perspectiva subjectiva de alguém pudesse, eventualmente, contaminar a ciência. Não existe nenhum aparelho para aceder à mente humana e não confiamos na nossa própria percepção por ser subjectiva. Vivemos sob o dogma de que tudo aquilo que é subjectivo não pode ser científico, ignorando os milhares de anos de treino mental que existe no oriente e que permite reduplicar experiências desta natureza. Erradicámos a consciência da ciência e transformámos a mente humana no grande tabu! Inscrições para o Café Filosófico: filosofiamjn@gmail.com * A autora não escreve segundo o acordo ortográfico


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FOTO D.R.

FIOS DE HISTÓRIA

A Batalha de Lagos que ia incendiando a Europa

RAMIRO SANTOS Jornalista ramirojsantos@gmail.com

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em punhos de renda, o Marquês de Pombal não poupou nas palavras. Falou alto e grosso num tom que soou por toda a Europa em guerra. E não haverá no registo da história da chancelaria portuguesa, palavras tão pouco diplomáticas: “Há tempos em que nas monarquias um só homem pode muito (...) fazei, portanto, o que deveis, se não quereis que eu faça o que posso”. Escreveu o conde de Oeiras, em tom ameaçador, ao governo de Sua Majestade britânica. Palavras duras para se ter com um amigo. Mas as circunstâncias não deixavam outra saída. O primeiro ministro português estava entre a espada e a parede. Entre a justa indignação dos franceses e a arrogante insolência dos ingleses. Tudo começara em agosto de 1759 quando uma frota britânica perseguiu e bombardeou quatro navios franceses que se haviam acolhido às praias de Almádena e do Zavial, na zona de Salema, entre Sagres e Lagos. A expedição gaulesa julgava-se protegida pelo estatuto de neutralidade de Portugal na guerra dos sete anos. Mas enganou-se. Os ingleses, senhores dos mares e do mundo, não estiveram com meias medidas. Fizeram tábua rasa das leis internacionais e abrasaram os navios de Luís XV. Justamente indignado, o governo francês multiplicou-se em protestos internacionais exigindo um pedido formal de desculpas e uma repara-

ção material pelos prejuízos causados, bem como a restituição dos barcos apresados. E Portugal, como país neutral e palco dos acontecimentos, não podia fugir às suas responsabilidades, devendo forçar os seus aliados a fazerem o que lhes era devido fazer. E para que os súbditos de Sua Majestade não ficassem com dúvidas, o conde de Oeiras avisou: “Eu fiz romper vivo o duque de Aveiro (Távoras) por ter atentado contra a vida do rei, e poderei muito bem fazer enforcar um dos vossos capitães por ter roubado a sua efígie em desprezo pela lei”. Tudo começou no quadro da guerra dos sete anos, e a batalha de Lagos surge como um episódio marginal na tentativa de Luís XV de invadir a Inglaterra num conflito que se estendeu pela Europa, África e América onde se disputavam as possessões coloniais de cada um dos beligerantes: Inglaterra, França, Espanha e os seus correspondentes e ocasionais aliados. Partindo de duas bases operacionais, a França procuraria surpreender os britânicos no seu próprio território. Uma frota de 21 navios de guerra da sua esquadra atlântica de Brest largaria a norte, e outra armada de 12 navios sairia da base mediterrânica de Toulon, a sul, sob o comando do almirante De la Clue. Este, a 17 de agosto, rompeu o bloqueio dos ingleses em Gibraltar, mas foi perseguido pelas embarcações do almirante Edward Boscawen. No dia seguinte, alcançados, cinco navios franceses conseguiram refugiar-se no porto de Cádiz, dois fugiram, um foi capturado e os restantes quatro procuraram as águas protegidas ao abrigo do princípio da neutralidade declarada por Portugal na guerra. Se destes quatro, em mar português,

os dois primeiros – o Téméraire e o Modeste foram aprisionados -, o Redoutable, encalhado na praia do Zavial, e l’Ocean na praia de Almádena, não resistiram ao fogo dos navios ingleses, naquela que ficaria conhecida como a batalha de Lagos. L’Ocean, apesar dos seus 80 canhões e os 801 elementos da sua tripulação, foi afundado. Salvou-se, contudo, a maior parte dos seus homens embora o almirante De la Clue tivesse saído gravemente ferido atingido nas duas pernas. Ele que se julgava em águas seguras de um país neutral. E foi essa violação da “sagrada” neutralidade das águas portuguesas que tanto parece ter indignado o governo de Pombal, abrindo uma guerra diplomática entre os três países que ainda não tinham saído de sarilhos maiores. O cônsul inglês em Faro, Thomas Lampiere, com o primeiro relatório dos acontecimentos em mão, fá-los chegar prontamente ao embaixador em Lisboa, Edward Hay, que por sua vez segue os canais diplomáticos normais comunicando ao governo de Londres o sucesso da batalha. No meio de ações de espionagem e contra espionagem, a correspondência sobre as movimentações de cada um dos beligerantes, tinha tudo menos de confidencial. Todos sabiam das cartas uns dos outros. E tinham acesso ao seu conteúdo. Os franceses não abandonavam a sua posição de firme indignação e protesto, exigindo a reparação material e a restituição dos navios aprisionados. Os ingleses, sonsos, desdobrando-se em desculpas e despudorado cinismo, lá iam avançando a tese de que a violação da neutralidade portuguesa por parte do seu almirante Boscawen se ficara a dever apenas ao “calor da batalha”.

E para que não restassem quaisquer dúvidas avisavam: “em circunstâncias algumas permitirá o governo de Sua Majestade qualquer espécie de repreensão a Boscawen ou restituirá qualquer navio perdido pelos franceses”. Admitia, condescendente, que o rei Jorge II estaria disposto a enviar uma missão extraordinária a Lisboa para apresentação de desculpas e justificações formais. O que veio a acontecer. Nessa condição, a 21 de março, Lord Kinnoul, embaixador extraordinário da Grã Bretanha é recebido pelo rei D. José em audiência pública. No fundo, o diplomata veio a Lisboa “amansar a fera” ou fingir perante a comunidade internacional, designadamente a França, que tudo não passara de um episódio infeliz que ninguém verdadeiramente desejara. Quem não parecia estar pelos ajustes revelando já forte impaciência, era o governo francês. E uma vez que Portugal não se demarcava da ofensa inglesa, ameaçou apoiar uma invasão espanhola, não apenas no continente português como no Brasil. O assunto, que colocou Portugal em estado de alerta, fez subir a tensão entre as partes, mas acabou por morrer com o tempo, por maior que tivesse sido a pressão francesa. Ainda hoje se discute se a carta confidencial que o marquês tornou pública, lavrando o seu protesto de justa indignação, constituiu somente uma enorme encenação para “inglês ver” ou foi um expediente concertado para iludir os franceses. De qualquer modo, trata-se de um libelo acusatório violento, numa afirmação de soberania para “que Portugal faça ver a toda Europa que tem sacudido o jugo de uma dominação

estrangeira (...) e Portugal não pode provar isto melhor que obrigando o vosso governo a dar-lhe uma satisfação. A França olharia para Portugal como para um estado em fraqueza”. A carta é ao mesmo tempo um desafio e uma provocação: “Vós não fazieis ainda figura alguma na Europa, quando a nossa potência era a mais respeitável. A vossa ilha não formava mais do que um ponto na carta ao mesmo tempo que Portugal a enchia com o seu nome. Nós dominávamos a Ásia, África e América, quando vós domináveis somente em uma ilha da Europa”. No documento, Pombal recorda como a grandeza de Inglaterra se ficou a dever a Portugal, com o ouro do Brasil do qual “não fica em Portugal uma só peça de oiro; e (com as importações dos têxteis), nós damos do que viver a quinhentos mil vassalos do rei Jorge, população esta que subsiste à nossa custa”. E prossegue: “Mas se vos temos elevado a esse ponto de grandeza, na nossa mão está o precipitar-vos no nada de que vos arrancámos. Nós podemos melhor passar sem vós, do que vós sem nós (...) há muito tempo que a França nos estende os braços para que recebamos as suas manufaturas de lã. Na nossa mão está aceitarmos as suas ofertas, o que sem dúvida aniquilará as vossas”. E após outras considerações veementes, concluiu: “Eu fiz romper ao vivo o conde de Aveiro e poderei muito bem fazer enforcar um dos vossos capitães. Fazei, portanto, o que deveis, se não quereis que eu faça o que posso”. Fontes: “Fahreneit 1759”, Jean Yves Blot e Mª Luisa Blot; Grupo de facebook “A Torre do Tombo e a História”, Alexandre Monteiro; outras


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LETRAS & LEITURAS

Almoço de Domingo, de José Luís Peixoto PAULO SERRA Doutorado em Literatura na Universidade do Algarve; Investigador do CLEPUL

José Luís Peixoto é um consagrado escritor da literatura portuguesa contemporânea FOTO PATRÍCIA SANTOS SILVA / D.R.

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lmoço de Domingo, de José Luís Peixoto, autor publicado pela Quetzal, chegou às livrarias no início de Março, justamente para fazer justiça ao fio narrativo deste romance que se desenrola ao longo de três dias, 26, 27 e 28 de março de 2021, em que confluem ainda 90 anos de vida. Com Autobiografia (2019), possivel-

mente uma das suas melhores obras e um dos mais inovadores romances da literatura contemporânea portuguesa, o autor construiu uma homenagem nada beatificada a Saramago, figura tutelar na sua escrita. Agora, em Almoço de Domingo, José Luís Peixoto volta a uma narrativa que, à primeira vista, se poderia confundir com uma biografia romanceada, revisitando a memória de Manuel Rui Azinhais Nabeiro, fundador da Delta, condecorado Comendador. O «menino Rui», ou o «senhor Rui», é o protagonista desta obra que retrata, em paralelo, a história do país de 1931 e 2021. A data de 28 de março de 2021, em que se celebra esse almoço de domingo, é, afinal, o dia em que se comemora os 90 anos do «senhor Rui». Mas desengane-se quem procurar ler este romance como se de uma biografia se tratasse, pois a sua proeza é justamente explorar o poder disperso e espiralar da memória, de como 90 anos de vida se podem concentrar em alguns momentos, alguns instantâneos que irrompem aqui e ali. Além disso, na contra-capa do livro não há qualquer esclarecimento ao leitor acerca de estarmos a ler sobre uma personalidade real, nem o apelido Nabeiro chega alguma vez a ser mencionado no próprio texto. Estamos assim no pleno domínio da recriação ficcionada de

uma vida. A narrativa constrói-se em dois planos, alternando entre o presente, ao longo dos dias 26, 27 e 28 de março de 2021, narrados na terceira pessoa, e o passado do «senhor Rui», com episódios marcantes da sua vida que irrompem aparentemente sem nexo ou ordem, narrados na primeira pessoa, num percurso que atravessa várias gerações. A vida do protagonista, que aos 9 anos percorria Campo Maior para distribuir os enchidos que a mãe vendia, passa pela Guerra Civil de Espanha, pelo período em que um chocolate tinha de ser contrabandeado e se tornava uma dádiva inestimável, pela fundação da Delta em 1961, pelo 25 de Abril em que os seus trabalhadores a tentativa de lhe tomarem a fábrica, por uma visita a Timor e a Angola com o fito de descobrir o café daí, e conhece figuras como Mário Soares. O «senhor Rui» torna-se o centro de uma constelação de vidas – a dos pais, do irmã e das irmãs, do tio Joaquim, da mulher Alice que conhece na escola primária e de quem se torna inseparável, do filho e das filhas, dos netos e bisnetos, dos seus funcionários (que agora se chamam colaboradores) e de todos aqueles que o procuram para lhe pedir um favor ou um trabalho –, até por fim se fundirem, num almoço de domingo, como se, não obstante a

idade de quase um século, a sua vida e a da família se tornasse um só corpo: «Como um clarão, num momento, de uma vez, com súbito, profundo e absoluto sentido, o senhor Rui percebeu que tinha estado em todos aqueles pontos, tinha tido todas aquelas idades, tinha sido cada um deles. (…) Em cada um, existiam todos os outros.» (p. 239) Esta exploração da ideia de identidade, já presente em Autobiografia, em torno das figuras de José L. Peixoto e José Saramago, ganha aqui novo matiz, pois no centro deste romance a imagem que perdura é a de uma mesa e a de uma família reunida em torno do patriarca num almoço de domingo, em jeito de celebração do amor e da consistência de uma vida que deixou obra mas deixa, sobretudo, continuidade de sangue. «Quando acumulamos suficiente tempo, os domingos transformam-se num período da vida. Recordamos os domingos como uma unidade, anos inteiros só de domingos, estações inteiras compostas apenas por domingos» (p. 106) Há uma passagem, logo nas primeiras páginas, em que o senhor e o menino se parecem sobrepor, como se o rememorar fosse verdadeiramente uma viagem no tempo, conduzindo à ocupação e redescoberta de um corpo que em tempos foi justamente seu: «Fixo-me

Humanidade – Uma História de Esperança, de Rutger Bregman

Rutger Bregman procura demonstrar que face a uma tragédia ou em momentos de crise as pessoas não se revelam egoístas nem desregradas FOTO STEPHAN VANFLETEREN / D.R.

Humanidade – Uma História de Esperança, de Rutger Bregman, publicado pela Bertrand Editora, defende a ideia, controversa (se pensarmos naquilo que os meios de comunicação nos mostram, e no que os livros de história têm evidenciado), de que a Humanidade, quando confrontada com algu-

mas das maiores tragédias, como o Blitz em Londres na Segunda Guerra ou o Furacão Katrina em Nova Orleães, não entra em choque nem em histeria. Os exemplos estoicistas de humor britânico durante a destruição provocada pelas bombas alemãs são reveladores disso mesmo. Neste livro, o historiador e jornalista Rutger Bregman procura demonstrar como, face a uma tragédia ou em momentos de crise, ao contrário do que se assume, as pessoas não se revelam egoístas nem desregradas, numa fuga de “salve-se quem puder”, mas sim solidárias e corajosas, capazes até de ceder o lugar ao próximo, deixando-o passar à frente, enquanto descem o World Trade Center em chamas… «Há um mito persistente de que os seres humanos, pela sua própria natureza, são egoístas, agressivos e depressa entram em pânico. É aquilo a que o biólogo holandês Frans de Waal gosta de chamar teoria do verniz: a civilização não passa de uma fina camada que estala à menor provocação. Ora, a verdade é o oposto. Numa crise

– quando caem bombas ou sobem as águas durante uma inundação –, nós, humanos, tornamo-nos na melhor versão de nós mesmos.» (p. 25) O autor nega a «retórica fatalista da ruína» (p. 162), desmontando inclusivamente mitos que se instituíram, como uma eventual chacina na ilha de Páscoa que resultou no extermínio da população que, na verdade, nunca aconteceu. Dando ainda conta de algumas experiências macabras (incluindo reality TV shows) que procuravam justamente revelar o pior da natureza humana, e que inevitavelmente falhavam, Rutger Bregman mostra que, num momento em que enfrentamos «uma crise ecológica a uma escala existencial» (p. 140), não há verdadeiramente razão para sermos derrotistas, comprovando-o com a evocação de vários momentos da História em que fomos capazes de fazer o nosso melhor, revelando cooperação e altruísmo. Um dos episódios-chave do livro é quando durante a I Guerra Mundial os soldados de linhas inimigas celebram o Natal.

Livro foi bestseller do New York Times e do Sunday Time e também o livro do ano do Guardian

«Os humanos simplesmente não estão programados para fazer guerra.» (p. 412) Humanidade foi livro do ano do Guardian, bestseller do New York Times e do Sunday Times. O anterior livro do autor, Utopia para Realistas, foi igualmente um êxito internacional.

O comendador Rui Nabeiro, fundador da Delta, é o protagonista do romance de José Luís Peixoto

nas minhas mãos de rapaz de nove anos, o tamanho e a forma dos dedos, as unhas, a pele da palma das mãos, os pulsos. Reparo nos meus braços, na proporção do meu corpo em relação ao que me rodeia, esta cozinha, a cozinha dos meus nove anos, reparo neste tempo, serão da minha infância» (p. 24). Acerca do poder da memória, na forma como resgata momentos de vida que irrompem pelo presente, destaque-se um momento-chave em que o protagonista parece descobrir a sua própria madalena, ao jeito de Proust, que, no seu caso, serão as sopas de leite, tipicamente alentejanas: «Rui, também menino por um momento, teve a distinta vontade de sopas de leite, procurou uma tigela e uma colher, leite num pequeno jarro. Lembrou-se de ter um cubo de pão na boca, a sua textura, a apertá-lo com a língua de encontro ao céu da boca, o leite morno a jorrar do seu interior.» (p. 124) Esta passagem retrata igualmente bem outra das características marcantes da obra: a forma como a memória, e a vida, assenta sobretudo em sensações. A sinestesia do romance é forte, principalmente no táctil e no gustativo, como que a dar conta de que o melhor da vida é feito de pequenos momentos em que a atenção expande a consciência: «Era um veio de acidez, podia avançar por ele, isolá-lo do resto do sabor. Nesse exercício, conseguia identificar um tipo de frescura que sugeria a imagem de maçãs verdes, como quando descascava uma maçã noutro tempo e a lâmina da faca tinha riscos húmidos e a carne da maçã sangrava pequenas gotas de sumo ácido. Mas, claro, reconhecia também o doce, a sua preferência. Em alguma idade teria aprendido esse gosto, o doce confortava-o.» (p. 33). José Luís Peixoto nasceu em Galveias, em 1974. Em 2001, foi atribuído o Prémio Literário José Saramago ao romance Nenhum Olhar. As suas obras foram ainda finalistas de prémios internacionais como o Femina (França), o Impac Dublin (Irlanda) ou o Portugal Telecom (Brasil), entre outros. Os seus romances estão traduzidos em mais de trinta idiomas.


CULTURA.SUL

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MAS AFINAL O QUE É ISSO DA CULTURA?

Mas afinal o que é isso da cultura?

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FOTOS MESTRE HOMEM CARDOSO D.R.

PAULO LARCHER Jurista e escritor

E

stará o meu leitor lembrado que na minha crónica de Agosto passado eu e o António Homem Cardoso desenvolvemos uma lenta conversa, enquanto deambulávamos ao longo de um rio encantado na belíssima Tavira. No final do passeio lancei-lhe o desafio de irmos juntos dar uma volta pelas “mais lindas cidades do Algarve”, a fotografar e a discutir filosofia. Estará ainda lembrado que o António, após uma breve hesitação, afirmou que lhe parecia uma excelente ideia. Ora bem, este é o ponto da situação: há dois meses, ambos concordámos em algo que não sabíamos bem o que era. Acresce que a conversa teve lugar numa noite cálida de Verão - propensa à fantasia - e agora faz mais frio e não apetece deambulações. Que fazer? “Como? Desculpe… Quem é o Mestre Homem Cardoso?! Ah, não sabe? Caro leitor, esse artista - que faz o favor de ser meu amigo - é um dos grandes fotógrafos portugueses, com 50 anos de actividade e mais de 100 livros publicados… Mas está tudo na “net”, caríssimo leitor, é só fazer dois cliques!” E, aliás, o Homem Cardoso tem fotografado o Algarve desde tempos imemoriais, o que provo pela fotografia da Ermida de Santo António, em Castro Marim. Quem a conseguirá reconhecer, assim despida dos seus atavios modernistas? Bem, voltemos à vaca fria. Andava eu nestas lucubrações quando recebo um telefonema do António. Diz-me ele: “Então quando é que arrancamos para as cidades algarvias?”. Ena pá! fiquei mesmo aflito. Arrancar para as “cidades mais lindas do Algarve”. E como é que diabo vou eu escolher, de entre tantas, o grupo das “cidades mais lindas” Felizmente que o António tem sempre umas cartas na manga e desta vez não foi excepção: “Estive a lembrar-me” - disse ele “que aqui há um bom par de anos, o meu querido Manuel andou pelos Algarves a escrevinhar umas coisas que depois foram publicadas nuns jornais, não me lembro quais”. “Mas quem é esse teu querido Manuel?” “O Fonseca! Não estás a ver quem é?” “Ah, o Fonseca… Claro que estou” - respondi eu, abespinhado. - “Mas em que é que isso nos interessa, António?” “Interessa, porque eu sei que esses textos foram publicados em livro. Tu arranjavas o livro e tiravas umas ideias para as tuas crónicas. E aí tinhas uma possível abordagem cultural ao Algarve. Porque a literatura é cultura. Ou não?!”. “Sim… pois… claro…” - digo eu, hesitante. - “Tirar umas ideias do livro do Manuel da Fonseca será eventualmente possível, mas complicado e sujeito a suspeição de plágio. Mas vou analisar a coisa, António. Prometo”. E terminou assim a nossa conver-

sa telefónica. Deixe-me dizer-lhe, caríssimo leitor, foi como abrir a caixinha de Pandora. Mal pude, e para honrar a minha promessa, arregacei as mangas e numa biblioteca pedi emprestado o livro do Manuel da Fonseca que se chama, exactamente: Crónicas Algarvias. Leitura interessante, embora um pouco datada (foi escrito em 1968). O autor fez o trajecto do Algarve, de Sotavento a Barlavento, em transportes públicos, viajando sobretudo pelo litoral e escrevendo. Escrevendo o que vê, o que escuta e o que sente. Já que estava no sítio certo - biblioteca - espreitei outros autores e logo me arrependi porque, apesar do volume bibliográfico não ser muito grande, era suficientemente volumoso para tornar incongruente a escrita de crónicas - que se querem ligeiras - baseadas em tal pletora de ficção, de ensaio, de poesia… Mesmo assim, para além das Crónicas1, consultei, com a firme intenção de os vir a utilizar como fonte de inspiração, mais quatro livros: A Viagem a Portugal do Saramago2, A Viagem ao Algarve3 de Diego Mesa, uma colectânea coordenada por João Carvalho, Viajantes, Escritores e Poetas4 e, last but not the least”, o Guia de Portugal, Estremadura, Alentejo, Algarve, edição da Biblioteca Nacional, Lisboa, 19275. Fica assim bem evidente para o leitor (espero eu), o imbróglio em que me fui meter quando levei a sério uma converseta que, da minha parte, não fora mais do que um delírio pós-prandial. Mas, enfim, o mal está feito e devo agora desenvencilhar-

-me desta situação. Só há, aliás, um caminho honroso: o de escolher, visitar e descrever o melhor possível as “mais lindas cidades do Algarve”. Ora aí está! E como faço eu isso? Começo pelo Barlavento, pelo mítico rochedo de Sagres com o indecifrável grão-mestre visando o largo oceano, e venho por aí fora, cidade a cidade, local a local, esquadrinhando as serras, os barrocais, as praias, os monumentos, os costumes, até que, arrastado por irrefreável impulso, caia exausto no Guadiana? Não! Não dá. É impossível. Isso seria uma espécie de Odisseia e é até provável que os leitores fugissem bem depressa das minhas croniquetas. Debatia-me eu nestes dilemas, quando o sábio António me mandou o seguinte sms: “Vamos de comboio, de costa a costa. É ecológico e económico”. Juntamente com esta determinação enviou-me uma única fotografia, a que ilustra a crónica de hoje. E foi tudo. Eu que me desenrascasse… “De comboio?!” Foi quando o automobilista em mim se revoltou e dedilhei furioso: “Estás louco. De comboio não vou!” Se o António recebeu a minha resposta ou não nunca o saberei. Talvez a mensagem tenha entrado directamente para esse Mar dos Sargaços a que se chama spam. De qualquer dos modos, o seu silêncio deu-me tempo para pensar e, sobretudo, para tentar entender o significado da imagem que me enviara, essa ponte enigmática suspensa entres mundos: terra, água, ar…

Mas muitos outros mundos lá estão vibrando, a chamar a nossa atenção. A realidade e o seu onírico reflexo. A separação e a travessia. A estrutura e o caminho. O homem e a natureza. E outros ainda, tantos quantos conseguirmos pensar. Peço emprestado ao “Querido Manuel” uma bela descrição que se enquadra muito poeticamente na minha reflexão. Diz ele: “O Sol do poente, estilhaça de lume os vidros das janelas. Intenso, vermelho-vivo, irradia do horizonte. Penetra tudo. Tinge o mar, o céu, as casas, e há um momento em que tudo, natureza, casas, pessoas, se aquieta como que num espanto”.6 Obrigado, Manuel da Fonseca. Eu já escolhi o meu sentido: há um homem que caminha pensativo. Parece descer de um plano mais elevado para outro mais baixo. Os dois

caminhos, o real e o seu reflexo vão encontrar-se no horizonte. “Tudo se aquieta como que num espanto”. Soberbo! O espanto do real e o real do espanto. Está decidido, António. Vamos de comboio. (1) Manuel da Fonseca, Crónicas Algarvias, Editorial Caminho, 2ª ed., Lisboa,1986. (2) José Saramago, Viagem a Portugal, Editorial Caminho, 2ª ed., Lisboa, 1985 (3) Diego Mesa, Viagem ao Algarve, Baseado na Viagem a Portugal de José Saramago, 1ª ed., 2014 (4) João Carvalho et al., Viajantes, Escritores e Poetas, Colibri (5) Guia de Portugal, Estremadura, Alentejo, Algarve, edição da Biblioteca Nacional, Lisboa, 1927 . (6) Fonseca (1986), p. 186

* O autor não escreve segundo o acordo ortográfico


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CADERNO ALGARVE

Postal, 5 de novembro de 2021

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CADERNO ALGARVE

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A NÚNCIOS REGIÃO

Bruno Filipe Torres Marcos Notário Cartório Notarial em Tavira EXTRATO DE ESCRITURA DE JUSTIFICAÇÃO CERTIFICO, para efeitos de publicação, nos termos do artigo 100.º do Código do Notariado que, por escritura pública de justificação, outorgada em 29.10.2021, exarada a folhas 136 e seguintes do competente Livro n.º 190-A, que: Fausto Ribeiro Paraíso de Carvalho, divorciado, natural da Conceição, Tavira, residente na Rua 25 de Abril, número 24, 2.º Esq.º, Paivas, 2845-389 Amora, Seixal; Declarou ser dono e legítimo possuidor, com exclusão de outrem, do prédio urbano, composto por casa de habitação térrea com diversos compartimentos e quintal, com uma casa para despejo, com a área coberta de 112,00 m2 e descoberta de 60,00 m2, perfazendo a área total de 172,00 m2, sito na Rua Capitão Jorge Ribeiro, número 95, na vila e freguesia de Santa Luzia, concelho de Tavira, descrito na Conservatória do Registo Predial de Tavira sob o número três mil quinhentos e cinquenta e quatro, da freguesia de Tavira (Santiago), antes descrito sob o número nove mil duzentos e quarenta e quatro, do Livro Vinte e três, inscrito na matriz sob o artigo 151, em nome dele justificante, com origem no artigo 838 da extinta freguesia de Tavira (Santiago), com o valor patrimonial tributário de 40.610,00 €, igual ao atribuído para efeitos deste ato; tendo alegado para o efeito que: O prédio encontra-se registado na citada Conservatória a favor de Rita da Conceição Louro e marido João José Mestre, conforme apresentação dois, do dia onze de julho de mil novecentos e vinte e cinco; tendo adquiriu o identificado imóvel e o mesmo chegou à sua posse, por compra a João António de Jesus e mulher Filomena Maria, titulada por escritura celebrada a dezanove de outubro de mil novecentos e setenta e sete (19.10.1977) no Cartório Notarial de Vila Franca de Xira, exarada a folhas vinte e cinco do competente Livro C – Vinte e sete; sendo à data desta escritura, solteiro, maior, tendo mais tarde casado sob o regime da comunhão de adquiridos com Dulce Maria Rodrigues, de quem se encontra divorciado;

CARTÓRIO NOTARIAL DE FARO A CARGO DA NOTÁRIA

EDITAL

MARIA DO CARMO CORREIA CONCEIÇÃO

Na impossibilidade de identificar o paradeiro de José Luís Estêvão e João Estêvão Correia, confinantes do prédio rústico, respetivamente a Norte e a Poente, situado em Laranjeiro, freguesia de Santa Catarina da Fonte do Bispo, concelho de Tavira, inscrito na matriz predial rústica com o nº 262, propriedade de herdeiros de Maria Eduarda da Conceição Tomé, representados por Virgílio Fernandes Martins, na qualidade de cabeça de casal, residente em R. João Rosa Beatriz, Bloco Pacharra, Fracção B em S. Brás de Alportel, vêm por este Edital informar que o prédio acima indicado vai ser vendido a José Vanzeler Gago da Rocha, pelo valor de € 6.500,00 (seis mil e quinhentos euros), até ao dia 30 de Novembro de 2021, por escritura de compra e venda, a realizar no Cartório Notarial em S. Brás de Alportel, pelo que se aguarda a comunicação dos mesmos no prazo de oito dias após esta publicação, para fins de preferência na referida compra e venda.

Nos termos do artº 100, n° 1, do Código do Notariado, certifico que, no dia vinte e oito de outubro de dois mil e vinte e um, foi lavrada neste Cartório, de folhas cinquenta e um a folhas cinquenta e dois verso do livro de notas para escrituras diversas número oitenta e três, uma escritura de justificação, na qual compareceu: António do Rosário, NIF 114 463 450, e mulher Maria do Nascimento Dias Rosário, NIF 114 463 468, casados sob o regime da comunhão de adquiridos, ambos naturais da freguesia de Cachopo, concelho de Tavira, residentes na Estrada Senhora da Saúde, n° 114 A, Bl. B, rés-do-chão direito, 8005-150 Faro. Declaram que são donos e legítimos possuidores, com exclusão de outrem, do prédio urbano sito em Mealha, na freguesia de Cachopo, concelho de Tavira, composto por casa de rés-do-chão, destinada a habitação, e logradouro, com a área total de sessenta e três virgula setenta e cinco metros quadrados, dos quais cinquenta e dois virgula zero dois são de área coberta, a confrontar a norte com Manuel Fernandes, a sul e a nascente com caminho público, e a poente com Maria Antónia e outro, não descrito na Conservatória do Registo Predial daquele concelho, inscrito na respetiva matriz predial urbana sob o artigo 1742, como valor patrimonial tributável de € 6.839,84, igual ao atribuído. Que o referido prédio entrou na posse dos justificantes por compra verbal e nunca reduzida a escrito, em data imprecisa do ano de mil novecentos e sessenta e nove, feita a Custodio Iria, divorciado, residente que foi no Sítio da Mealha, freguesia de Cachopo, concelho de Tavira, atualmente já falecido. E que, sem qualquer interrupção no tempo, desde então, portanto há mais de vinte anos, têm estado os justificantes na posse do referido prédio, cuidando da sua manutenção, pagando suas contribuições e impostos, utilizando-o como habitação, nele guardando os seus pertences, enfim usufruindo-o no gozo pleno de todas as utilidades por ele proporcionadas, sempre com ânimo de quem exerce direito próprio, posse essa exercida de boa-fé, por ignorar lesar direito alheio, de modo público, porque com conhecimento de toda a gente e sem oposição de ninguém, pacífica, porque sem violência, e contínua, pelo que os justificantes adquiriram o referido prédio por usucapião, não tendo, todavia, dado o modo de aquisição, titulo extrajudicial normal capaz de provar o seu direito

Por sua vez, os referidos João António de Jesus e Filomena Maria adquiriram o prédio a Francelina Rosa Soares e marido José dos Santos Nunes, por escritura de compra e venda celebrada a dezasseis de outubro de mil novecentos e setenta e dois (16.10.1972), no Cartório Notarial em Tavira, exarada a folhas quarenta e duas do competente Livro A – Dez;

Esta conforme o original.

Tendo estes adquirido o prédio a Maria Georgina Laranjo e marido Daniel Tiago Soares, também por escritura de compra e venda, celebrada a nove de agosto de mil novecentos e cinquenta e oito (09.08.1958), no Cartório Notarial em Tavira, exarada a folhas vinte e quatro e seguintes do competente Livro Oitenta e seis – A;

(Colaboradora inscrita sob o n.º 400/6, conforme despacho de autorização da Notária Maria do Carmo Correia Conceição, publicado a 18.03.2016, no portal da Ordem dos Notários, nos termos do disposto no artigo 8° do Estatuto do Notariado e da Portaria n.º 55/2011, de 28 de janeiro)

Estes, por sua vez, adquiriram o prédio a João António Sofia e mulher Rita da Conceição Paraíso por escritura de compra e venda, celebrada a quinze de janeiro de mil novecentos e cinquenta e quatro (15.01.1954), no Cartório Notarial em Tavira, exarada a folhas setenta e uma verso e seguintes do competente Livro Sessenta e dois – A; Desconhece a existência de título de transmissão em que tenham intervindo os titulares inscritos no Registo Predial – os referidos Rita da Conceição Louro e marido João José Mestre, atualmente falecidos, residentes que foram em Santa Luzia, desconhecendo-se a existência de herdeiros e o seu paradeiro – apesar de várias diligências e buscas junto do Arquivo Distrital de Faro, Conservatória do Registo Predial de Tavira e Cartórios Notariais; Desde aquele data de 19.10.1977, portanto, há mais de vinte anos, de forma pública, pacífica, contínua e de boa-fé, ou seja, com o conhecimento de toda a gente, sem violência nem oposição de ninguém, reiterada e ininterruptamente, na convicção de não lesar quaisquer direitos de outrem e ainda convencido de ser o único titular do direito de propriedade sobre o prédio, e assim o julgando as demais pessoas – tendo habitado o mesmo, e nele feito obras de manutenção e conservação, tratando do quintal e pagando os respetivos impostos, designadamente a Contribuição Autárquica e o Imposto Municipal sobre Imóveis, e outros encargos – pelo que, tendo em consideração as referidas características de tal posse, adquiriu o referido prédio por USUCAPIÃO, o que para os devidos efeitos invoca.

A Colaboradora, Ana Rita Guerreiro Rodrigues

(POSTAL do ALGARVE, nº 1274 5 de Novembro de 2021)

Fatura I Recibo nº.1/13251 (POSTAL do ALGARVE, nº 1274 5 de Novembro de 2021)

Reze 9 Ave-Marias com uma vela acessa durante 9 dias, pedindo 3 desejos, 1 de negócios e 2 impossíveis ao 9º dia publique este aviso, cumprir-se-á mesmo que não acredite. M.G.

Reze 9 Ave-Marias com uma vela acessa durante 9 dias, pedindo 3 desejos, 1 de negócios e 2 impossíveis ao 9º dia publique este aviso, cumprir-se-á mesmo que não acredite. F.G.

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Contacto: 281 405 028

EXTRATO DE ESCRITURA DE JUSTIFICAÇÃO CERTIFICO, para efeitos de publicação, nos termos do artigo 100.º do Código do Notariado que, por escritura pública de justificação, outorgada em 20.10.2021, exarada a folhas 36 e seguinte do competente Livro n.º 190-A, que:

Declararam ser donos e legítimos possuidores, com exclusão de outrem, do prédio rústico, composto por terra de cultura, com a área de 2838,00 m2, que confronta a norte com Jacinto Rodrigues, a sul com Maria Custódia Mestre, e a nascente e poente com Manuel José Faustino, sito em Vale do Centeio, freguesia de Tavira (Santa Maria e Santiago), concelho de Tavira, inscrito na matriz a favor do justificante marido sob o artigo 21845, com origem no artigo 21022 da extinta freguesia de Tavira (Santa Maria), com o valor patrimonial tributário de 4,37 €, que é o atribuído para efeitos deste ato, não descrito na Conservatória do Registo Predial de Tavira; tendo alegado para o efeito que:

Desde aquele ano, portanto, há mais de vinte anos, de forma pública, pacífica, contínua e de boa-fé, ou seja, com o conhecimento de toda a gente, sem violência nem oposição de ninguém, reiterada e ininterruptamente, na convicção de não lesarem quaisquer direitos de outrem e ainda convencidos de serem os titulares do mencionado direito de propriedade sobre o identificado prédio, e assim o julgando as demais pessoas, têm possuído o mesmo – cultivando-o, amanhando a terra, suportando os encargos ou despesas com a sua manutenção –, pelo que, tendo em consideração as referidas características de tal posse, adquiriram por usucapião o referido imóvel, o que invocam. Tavira e Cartório, em 20 de outubro de 2021. O Notário,

32 cm alt. x

COMUNIQUE COM O POSTAL

Cartório Notarial em Tavira

Este prédio, com a indicada composição e área, chegou à posse deles no ano de 1969, em data que não podem precisar, por partilha meramente verbal e nunca reduzida a escritura pública, feita por óbito dos pais do justificante marido, Manuel Francisco e Maria Custódia Mestre, residentes que foram em Umbrias de Camacho, Tavira;

Conta registada sob o nº 543/10

O Notário, Bruno Filipe Torres Marcos

Bruno Filipe Torres Marcos Notário

Manuel Francisco Mestre e mulher Maria Teresa Domingues, NIF 112346081, ambos naturais de Tavira (Santa Maria), Tavira, casados no regime da comunhão geral de bens, residente no Sítio dos Cintados, caixa postal 477-D, 8800-213 Tavira;

Faro, aos 28 de outubro de 2021.

Tavira e Cartório, em 29 de outubro de 2021.

Conta registada sob o n.º 2/3635.

(POSTAL do ALGARVE, nº 1274 5 de Novembro de 2021)

Bruno Filipe Torres Marcos Conta registada sob o n.º 2/3507. (POSTAL do ALGARVE, nº 1274 5 de Novembro de 2021)

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Queres ser árbitro? Basta

seres aluno dos Cursos Técnicos de Desporto

A

ssociação de Futebol do Algarve (AFA) e o Agrupamento de Escolas Pinheiro e Rosa (AEPR), de Faro, assinaram, esta terça-feira, um protocolo de colaboração no âmbito do Programa +3, iniciativa pioneira da AFA, cujo principal objetivo passa pela formação e recrutamento de novos árbitros de futebol e de futsal na região. Sob o mote "Mais Aprendizagem, Mais Futuro, Mais Arbitragem", a iniciativa inédita entre as vinte e duas associações de futebol do país vai oferecer aos alunos dos Cursos Técnicos de Desporto do Algarve mais duas habilitações profissionais e a possibilidade de integração nos quadros distritais e consequente carreira de árbitro. "Este programa é por si só ganhador pelo facto de termos a oportunidade de formar jovens. Não temos dúvidas de que vai ser um enorme sucesso para todos e uma mais-valia para os alunos", disse Sérgio Piscarreta, presidente do Conselho de Arbitragem da AFA. O projeto arrancou esta terça-feira com a primeira aula das turmas da Escola Secundária Pinheiro e Rosa e com a intenção de ser alargado aos restantes agrupamentos escolares do Algarve a partir da próxima época desportiva, bem como do resto do país, através das associações congéneres. "Esta parceria tem todas as condições para disseminar-se pelo país. Não há desporto nem jogos sem árbitro, pelo que a arbitragem constitui uma grande janela de oportunidade para os alunos", considerou Francisco Soares, diretor do AEPR. Por sua vez, Reinaldo Teixeira destacou "a disponibilidade demonstrada desde a primeira hora pelo Agrupamento, criando uma sinergia determinante para aproximar a arbitragem das escolas" e o facto daqueles alunos serem "os primeiros contemplados em Portugal a ter um módulo de arbitragem no plano curricular", afirmou o presidente da Direção da AFA. Os reconhecidos agentes de arbitragem algarvios Nuno Cordas e Ruben Guerreiro serão os formadores responsáveis pelos módulos de futebol e futsal, respetivamente, que serão, este ano letivo, dirigidos no auditório da AFA, que acolheu esta ação de lançamento .

Já há 17 projetos aprovados "Bairros Saudáveis" no Algarve Dos 246 projetos nacionais aprovados no Programa Bairros Saudáveis, 17 localizam-se no Algarve Cerca de 95% dos 246 projetostêm protocolo assinado e 189 (77%) já receberam a primeira parte do financiamento, no valor total de 3,8 milhões de euros, anunciou esta terça-feira a coordenadora nacional do Programa Bairros Saudáveis, Helena Roseta. “A primeira tranche de financiamento, paga após a assinatura do protocolo, foi transferida no mês de outubro para 189 projetos (77% do total de projetos). Os restantes receberão a primeira tranche no mês de novembro, desde que tenham protocolo assinado”, indicou a responsável pelo programa à agência Lusa. Helena Roseta disse que a transferência da primeira parte do financiamento foi de 3,8 milhões de euros (3.823.421 euros), o que representa “38% do total da verba do programa”,

que é de 10 milhões de euros. Em 29 de julho, o Governo determinou a prorrogação do Programa Bairros Saudáveis “até 31 de dezembro de 2022, de forma a permitir que os destinatários finais das verbas do programa possam executar os respetivos projetos de acordo com o cronograma apresentado aquando das candidaturas”, tal como exigido pela coordenação do programa. A duração prevista do programa era até 30 de abril de 2022 e alguns dos 246 projetos foram planeados para 12 meses e, até ao final de julho, nenhum tinha recebido o financiamento aprovado. A dotação total do programa é de 10 milhões de euros, dos quais sete milhões de euros do Plano de Recuperação e Resiliência, 2,1 milhões de euros do Fundo Ambiental e 0,9 milhões de euros do orçamento da Secretaria-Geral do Ministério da Saúde. Depois de ter recebido 774 propostas de projetos e a avaliação

Últimas

Imóveis mais caros em Lisboa e Faro O preço mé-

do júri, o Programa Bairros Saudáveis vai financiar 246 projetos. Em termos de dispersão regional das candidaturas aprovadas para financiamento, 96 localizam-se em Lisboa e Vale do Tejo, 71 na região Norte, 35 no Centro, 27 no Alentejo e 17 no Algarve, verificando-se que, do total de projetos viabilizados, 69 são em territórios do interior do país. O regulamento do programa determina que o financiamento é transferido para os projetos de forma faseada, em quatro tranches para os projetos de mais de 5.000 euros e em duas tranches para os projetos até 5.000 euros, e o financiamento é de 100% e todas as tranches são transferidas por antecipação à exceção da última. A primeira tranche é paga após a assinatura dos protocolos de financiamento e as tranches seguintes após aprovação dos relatórios de prestação de contas, segundo o regulamento do programa.

dio da venda de imóveis subiu 7,4% para 368.011 euros em outubro, segundo dados da plataforma Imovirtual. Por distrito, em outubro, Lisboa foi o mais caro (583.636 euros), seguido por Faro (497.902 euros) e Madeira (378.270 euros), enquanto a Guarda (111.212 euros) foi o mais barato para comprar casa. Já no que se refere ao arrendamento, o preço médio, no mês em causa, agravou-se 1,4% para 1.020 euros.

Monchique apresenta primeiro dispensador de água inteligente In-

teligente, serviço de entregas integrado, análise em tempo real da água, fácil e rápido de usar, preço competitivo, são algumas das características que distinguem o primeiro dispensador de água desenvolvido pela Sociedade da Água de Monchique, em parceria com a startup tecnológica Quantum Leap (QL), e que foi esta semana apresentado ao mercado, na Web Summit 2021.

Zoomarine oferece visita de estudo inesquecível

Faro é o distrito com mais área ardida O últi-

COM UMA NOITE NO ZOOMARINE O parque

temático, situado no concelho de Albufeira, vai abrir as suas portas para um programa único: A Vida Secreta no Zoo. Entre 5 de maio e 25 de junho, grupos com um máximo de 30 alunos terão a oportunidade de embarcar na visita de estudo mais memorável de sempre: uma noite passada no Zoomarine! Neste programa, que foi criado especialmente para turmas do 1º ciclo do Ensino Básico, para além de os alunos viverem uma noite cheia de aventuras e desvendarem alguns dos segredos crespusculares mais bem escondidos da família zoológica do Zoomarine, também estarão permanentemente acompa-

nhados durante o horário de todo o programa pelo Departamento de Educação do Zoomarine, que irá preparar muitas surpresas e atividades no parque que estará.... completamente vazio! Esta festa do pijama inesquecível terá início às 18:00 e só termina na manhã do dia seguinte, com alvorada marcada pelo som dos leões marinhos! As crianças participantes, para além de jantar e pequeno-almoço incluído, terão também dormida garantida em colchões insufláveis individuais. E para terminar em grande, poderão ainda usufruir do parque temático no dia da partida, ficando assim a conhecer também os mistérios destas espécies em plena luz do dia.

Distribuição quinzenal nas bancas do Algarve

Tiragem desta edição

7.270 exemplares

POSTAL regressa a

19 de novembro

mo relatório provisório do o Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF) sublinha que, deflagraram de 1 de janeiro a 15 de outubro, 30 “grandes incêndios”, com uma área ardida total igual ou superior a 100 hectares, que resultaram em 14.880 hectares de área ardida, cerca de 55% do total da área ardida. O fogo que começou em 16 de agosto no concelho de Castro Marim, e que se estendeu aos concelhos de Vila Real de Santo António e Tavira, foi o que consumiu mais área ardida, num total de 6.629 hectares. O ICNF indica também que os distritos com maior número de incêndios este ano são Porto (1.297), Braga (688) e Lisboa (667), enquanto o distrito mais afetado em área ardida é Faro, com 9.268 hectares, cerca de 34% da área total ardida até à data, seguido de Vila Real com 4.041 hectares (15% do total) e de Braga com 2.117 hectares (8% do total).


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