POSTAL 1271 24SET2021

Page 1

IMPRESSORAS MULTIFUNÇÕES

Interdita venda na distribuição quinzenal com o jornal

A PARTIR DE

1,70€/DIA

24 de setembro de 2021

*EXCLUSIVO PARA EMPRESAS

1271 • €1,5

Diretor: Henrique Dias Freire Quinzenário à sexta-feira

postaldoalgarve

138.653

www.postal.pt

E ainda FARO: Feira de Santa Iria está de volta

Depois de não se ter realizado em 2020 devido à covid-19, ela volta ao Largo de São Francisco, entre 15 e 24 de outubro. P11

Universidade do Algarve mantém-se no Top 10

CONFRADES PORTUGUESES, ESPANHÓIS, FRANCESES E ITALIANOS

Orçamento grátis em: www.hpz.pt

Portimão acolhe o Grande Capítulo da Confraria dos Gastrónomos do Algarve

A melhor marina do mundo é Hotel de Portimão aposta na tecnologia ZOOMARINE oferece condições especiais algarvia até final do mês para residentes no Algarve Há 184 surtos ativos, dos quais 12 no AUTÁRQUICAS GUIA DAS ELEIÇÕES Algarve Comparativamente ao ano transato, a UAlg apresentou melhorias em quatro indicadores, dois deles para a classificação máxima. P10

Considerado o maior evento anual da Confraria dos Gastrónomos do Algarve, o Grande Capítulo inclui na sua programação a VI Gala da

Ordem de Santa Maria de Ossónoba, que condecora e premeia os melhores da gastronomia algarvia, nacional e europeia, além

de contar com a participação de chefes de cozinha e restaurantes do Algarve. P14

P9

O WHE Hotel, situado no centro de Portimão, vai ser inaugurado esta terça-feira, dia 28 de setembro, às 18:00. P5

P15

P8

Até que horas e onde pode votar, quantos partidos estão na corrida autárquica e quanto vão gastar na campanha são algumas das perguntas que aqui têm resposta.

As dúvidas que tornam estas eleições imprevisíveis

• E o que têm os concelhos de Albufeira e de Portimão de particular? • E quanto vão gastar os independentes do Algarve na campanha eleitoral?

P12 e 13

P12 e 13

A opinião de Carlos Brito:

Jorge Sampaio é "uma figura única, das maiores, senão a maior dos cinquenta anos da nossa democracia" P2

POR PAULO SERRA

POR MARIA JOÃO NEVES

O céu Volta ao Mundo em Vinte Dias e Meio, O Reino, de Emmanuel Carrère CS21 e o inferno CS18 de Julieta Monginho POR RAMIRO SANTOS

POR SAÚL NEVES DE JESUS

POR JORGE QUEIROZ

POR PAULO LARCHER

A conquista de Silves: Crónica do Cruzado Anónimo CS19

Pode a arte ajudar os migrantes e refugiados? CS16

Poder Local e Cultura CS20

Mas afinal o que é isso da Cultura?(2) CS17


2

CADERNO ALGARVE

Postal, 24 de setembro de 2021

OPINIÃO

Carlos Brito:

"Jorge Sampaio é uma figura única, das maiores, senão a maior dos cinquenta anos da nossa democracia"

Publisher e Diretor Henrique Dias Freire Diretora Executiva Ana Pinto

REDAÇÃO

jornalpostal@gmail.com Ana Pinto, Cristina Mendonça, Henrique Dias Freire e Jéssica Sousa Estatuto editorial disponível postal.pt/arquivo/2019-10-31-Quem-somos Colaboradores Afonso Freire, Alexandra Freire, Alexandre Moura, Beja Santos (defesa do consumidor), Humberto Ricardo e Ramiro Santos Colaboradores fotográficos e vídeo Ana Pinto, Luís Silva, Miguel Pires e Rui Pimentel

DEPARTAMENTO COMERCIAL

Publicidade e Assinaturas Anabela Gonçalves - Secretária Executiva anabelag.postal@gmail.com Helena Gaudêncio - RP & Eventos hgaudencio.postal@gmail.com Design Bruno Ferreira

EDIÇÕES PAPEL EM PDF issuu.com/postaldoalgarve DIÁRIO ONLINE www.postal.pt FACEBOOK POSTAL facebook.com/postaldoalgarve FACEBOOK CULTURA.SUL facebook.com/cultura. sulpostaldoalgarve TWITTER twitter.com/postaldoalgarve PROPRIEDADE DO TÍTULO Henrique Manuel Dias Freire (mais de 5% do capital social) EDIÇÃO POSTAL do ALGARVE - Publicações e Editores, Lda. Centro de Negócios e Incubadora Level Up, 1 - 8800-399 Tavira CONTRIBUINTE nº 502 597 917 DEPÓSITO LEGAL nº 20779/88 REGISTO DO TÍTULO ERC nº 111 613 IMPRESSÃO Lusoibéria DISTRIBUIÇÃO:: Banca/Logista DISTRIBUIÇÃO à sexta-feira com o Expresso / VASP - Sociedade de Transportes e Distribuição, Lda e CTT

Tiragem desta edição

8.682 exemplares

O

falecimento de Jorge Sampaio deixa um grande vazio na vida política portuguesa e uma enorme falta no coração dos seus amigos. É de luto e com emoção que escrevo este texto, na qualidade de seu amigo. Quando, em 1967, retomei o trabalho revolucionário no interior do país, depois de sete anos nas prisões da ditadura e um ano de estudo na União Soviética, o nome de Jorge Sampaio era famoso como dirigente da luta estudantil e já então como advogado que defendia os presos políticos nos falsos tribunais fascistas, apelidados de «plenários». Mas foi nas reuniões unitárias promotoras das comemorações populares do 25 de Abril que nos encontrámos, ele como representante da Intervenção Socialista e eu do PCP, entre representantes dos militares do MFA e de outras forças políticas, como o PS, o MDP e vários agrupamentos e ativistas de esquerda. Era sempre complicado a escolha do lema das comemorações, cada um puxava a brasa à sua sardinha. Na preparação das comemorações de 1977 esta escolha arrastava-se, quando Jorge Sampaio apareceu propondo como lema: «25 de Abril sempre». Conseguiu-se o consenso, para que ele já revelava um jeito especial. E tal foi o consenso que ficou para sempre associado às comemorações do 25 de Abril. Ainda hoje se grita nas manifestações da vitória contra a ditadura: «25 de Abril sempre». Iniciámos nessas reuniões um relacionamento político, de mútua consideração, que se reforçou quando nos voltámos a encontrar, anos depois, na Assembleia da República, ele como líder parlamentar do PS e eu como líder parlamentar do PCP. A par dos duros confrontos oratórios, cimentámos uma amizade pessoal, que foi muitas vezes uma porta aberta a entendimentos entre o PS e o PCP. Foi assim na sua candidatura a pre-

sidente da Câmara de Lisboa. Com grande surpresa minha, comunicou-me que era ele o candidato do PS e que queria apresentar-se em coligação ou entendimento com o PCP. Custou-me acreditar no que ouvia, visto que ele já era Secretário Geral do PS, natural candidato a primeiro ministro, falava-se mesmo de can-

iniciaram-se as negociações, muito difíceis, mas que terminaram com sucesso. A Câmara de Lisboa foi ganha pela coligação. Muito parecida foi a forma como me comunicou que ia candidatar-se a Presidência da República. Convidou-me para um jantar em sua casa, o que dado o nosso relacionamento

FOTOS D.R.

Redação, Administração e Serviços Comerciais Rua Dr. Silvestre Falcão, 13 C 8800-412 Tavira - ALGARVE Tel: 281 405 028

JORGE SAMPAIO FIGURA MAIOR DA NOSSA DEMOCRACIA

Jantar de homenagem a Carlos Brito realizado em 2013 na Casa do Alentejo em Lisboa. Jorge Sampaio elogiou a "inteligência e a afetividade" de Carlos Brito, que descreveu como um "obsessivo fazedor de pontes", sempre a tentar "aproximar as forças de esquerda"

didatos do meio autárquico, além disso, até então o PS tinha recusado qualquer aliança com o PCP. «Que acha?» - perguntou-me. Não lhe podia responder, tinha que ouvir a direcção do meu Partido, justifiquei-me, mas cá para mim era coisa de grande alcance. Também Álvaro Cunhal, com quem falei de imediato, achou a ideia muito positiva e

não era estranho. A surpresa veio quando me comunicou a intenção de se candidatar ao cargo de presidente da República, acrescentando: «o meu amigo pode fazer uso desta minha decisão com quem ache que vale a pena, mas fazia gosto que falasse ao Dr. Álvaro Cunhal». É claro que falei, logo na manhã do dia seguinte. «Não podemos ter um presidente mais à

esquerda em Portugal. Devemos encontrar as formas para lhe dar todo o apoio.» - foi a resposta de Cunhal - e começámos a trabalhar para o apoiar. Fez-se a unidade com o PS. Sampaio obteve uma brilhante vitória. Em ambos os casos, o então líder do PS não hesitou em fazer alianças à sua esquerda para derrotar a direita, o que constitui um exemplo actualíssimo, que responsabiliza tanto socialistas, como comunistas e outros protagonistas de esquerda. Os episódios históricos que referi põem também em evidência um traço forte na personalidade política de Jorge Sampaio: a audácia. Na Presidência da República continuou a dar provas dela, como quando nomeou Santana Lopes primeiro ministro (no abandono do cargo por Durão Barroso) e quando o demitiu pela sua gestão trapalhona e incompetente. Igualmente nas dissoluções da Assembleia da República, na actuação no plano internacional, especialmente nos casos de Macau e Timor, nas acções humanitárias e solidárias com os refugiados e emigrantes, que desenvolveu depois de deixar a presidência. No entanto, a audácia, nunca é exercida com leviandade, mas com uma rigorosa ponderação, como mostram as reflecções registadas nos seus famosos «cadernos», onde todos os dados são sopesados. A audácia e a ponderação sempre aparecem reunidas no seu modo de fazer. Estes dois traços, que têm sido pouco referidos, mas que são essenciais na estatura de um político, combinam, no caso dele, com o encanto pessoal, a cordialidade, o espírito de diálogo, a firmeza das convicções, o patriotismo. Tudo junto torna Jorge Sampaio numa figura única, das maiores, senão a maior dos cinquenta anos da nossa democracia, como tem sido salientado unanimemente, nestes dias de justíssimo luto nacional. *O autor não escreve segundo o acordo ortográfico



4

CADERNO ALGARVE

Postal, 24 de setembro de 2021

REGIÃO FOTOS D.R.

Eamonn McDonnell (Galvana), Jorge Guerreiro (MAJA), Tim Kelly e Guntars Slisans (Galvana)

Novo empreendimento de luxo vai nascer em Albufeira "Este impressionante empreendimento oferecerá vilas contemporâneas, moradias em banda e apartamentos, todos com piscina privativa e apresentando um hotel boutique com serviços completos de concierge"

U

m novo projeto residencial de luxo vai ser iniciado por um promotor imobiliário internacional nas próximas dias perto de Albufeira. Projetado pelo premiado arquiteto Vasco Vieira, "este impressionante empreendimento oferecerá vilas contemporâneas, moradias em banda e apartamentos, todos com piscina privativa e apresentando um hotel boutique com serviços completos de concierge". O Empreendimento Quinta Dourada

será composto por 97 prédios, incluindo apartamentos, moradias geminadas e moradias isoladas. A MAJA Construções S.A realizará as obras de infraestruturas do local em nome da Galvana Investimentos Imobiliários e Turísticos, Lda no empreendimento de 4,6 hectares. O projeto será lançado oficialmente no próximo dia 1 de outubro. Os interessados em mais informações devem contactar o telefone 289 358 316.

PUB.

Tratamento de lamas

Águas do Algarve investe quase 5 milhões de euros A Águas do Algarve lançou a concurso um contrato de prestação de serviços referente à valorização de lamas O procedimento tem por objeto a aquisição de serviços de recolha, transporte e armazenamento/valorização/deposição em destino final de lamas desidratadas de ETAR do Sistema Multimunicipal de Saneamento do Algarve (ETAR de Vale Faro, Pinhal do Concelho, Ferreiras, Albufeira Poente, Paderne, Alcoutim, Aljezur, Faro Noroeste, Faro-Olhão, Boavista, Lagoa, Lagos, Loulé, Quinta do Lago, Vale do

Lobo, Vilamoura, Ameixial, Benafim, Querença, Parragil, Salir, Olhão Nascente, Companheira, Silves, São Marcos da Serra, Almargem, Santa Catarina da Fonte do Bispo, Vila do Bispo, Vila Real de Santo António). O valor do procedimento é de 4.883.000 euros, acrescido de IVA à taxa legal em vigor. A entrega das propostas deve ser feita até ao próximo dia 15 de outubro, sendo a data de abertura de propostas no dia 18 do mesmo mês. O anúncio foi publicado esta segunda-feira em Diário da República, com o nº 183, relativo ao procedimento n.º 11993/2021.


CADERNO ALGARVE

Postal, 24 de setembro de 2021

5

REGIÃO FOTO D.R.

Hotel no centro de Portimão aposta na tecnologia - Inauguração está marcada para esta terça-feira

O

WHE Hotel, no centro de Porti- ção, e das entidades locais do sector do turismo. mão, vai ser inaugurado esta O WHE abriu em julho de 2021, foi renovado terça-feira, dia 28 de setembro, em plena pandemia, num contexto de confiàs 18:00, pela Carthage Hotels, namento e está a registar uma procura muito entidade exploradora do WHE - elevada, com impacto na economia local. Work, Holiday & Enjoy. A cerimónia contará Com uma aposta forte na tecnolocom a presença da presidente da Câmara de gia e funcionalidade dispõe de 66 Portimão, do gabinete de arquitetura Sidney quartos, equipados com smart tvs, acesso ai16310122027_14302_Autarquicas_4idiomas_257x160_afc.pdf 07/09/21 Quintela, responsável pelo projeto de remodela- canais de todo o1 mundo com 11:56 ligação Chro-

mecast, e ligação rápida wifi em todo o hotel. O check-in é feito de forma contactlesse online, através de aplicação em smartphone. A sala de pequeno-almoço oferece uma vista panorâmica única para a foz do Rio Arade e a zona histórica de Portimão. A renovação do hotel apostou na manutenção da traça original do edifício, pelo simbolismo e a presença histórica que tem na cidade. A

presença de novas texturas em madeira e vidro procuram trazer uma nova identidade ao hotel, sem perder a sua originalidade. O projeto de remodelação interior aposta num estilo contemporâneo casual, com mobiliário e decoração que apresentam uma mistura do clássico provençal com o minimalista e a inclusão da biofilia para tornar os ambientes mais confortáveis e acolhedores. PUB.


6

CADERNO ALGARVE

Postal, 24 de setembro de 2021

REGIÃO ELEIÇÕES AUTÁRQUICAS

Candidatos apostaram na música para entrar pela ‘porta’ do ouvido

A

s eleições autárquicas voltam, este ano, a trazer às ruas uma banda sonora diversificada, com vários candidatos de todo o país a apostarem na música para entrar no imaginário dos eleitores pela ‘porta’ do ouvido. De atuais presidentes de câmara a ‘trovadores’ da mudança, com um estilo popular ou mais moderno, recorrendo a trocadilhos com os nomes ou sem mencionar sequer o candidato, os hinos das campanhas locais voltam a ecoar em força pelas ruas do país, até à ida às urnas, em 26 de setembro. “Por Vieira [do Minho] sempre”, António Cardoso (PSD), atual líder desta câmara, no distrito de Braga, não dispensa as sonoridades modernas com alguns toques de reggaeton a acompanhá-lo nas ações de campanha e vai já no terceiro hino, pautado pela simplicidade, equiparando o número de candidaturas. Foi seguindo essa ‘pauta’ que conquistou a câmara minhota em 2013,

que conseguiu a reeleição em 2017 e que pretende ser escolhido para um terceiro mandato, a partir deste ano, com um claro apelo ao voto no refrão que promete “com o Cardoso, Vieira [do Minho] a ganhar”. Um pouco mais a sul no mapa, mas na corrida à câmara mais importante do Norte e ‘bandeira’ da região, o Porto, Vladimiro Feliz, também do PSD, apresenta uma lírica mais elaborada e que desafia o ouvinte a interpretar os ‘trocadilhos’ que ficam no ouvido. Com o título “Sou do Porto, sou Feliz”, o hino de Vladimiro promete fazer “das tripas coração” e puxa pelo apelido do candidato e pela gastronomia local para apelar ao voto. Ali ao lado, na Trofa, o socialista Amadeu Dias, de pouco mais de 30 anos, aposta na sonoridade do rap para conquistar o voto dos mais jovens e frisar que a “Trofa merece mais, mais, mais”, e que com a sua eleição vai ter nada mais do que “mais, mais, mais”. O sufixo “ente”, regra geral, é

‘estrela’ nas letras das músicas. Naturalmente, até porque rima com “presidente”. A imaginação dos autores nem sempre recorre à ‘muleta’ gramatical, mas o resultado rima na mesma, como em Braga, onde o PS promete seguir “em frente” e sair a ganhar “com Hugo Pires presidente”. O atual autarca da cidade dos arcebispos, Ricardo Rio, também recorre à música para conquistar votos e figura na ‘playlist’ do PSD, CDS-PP e PPM. A coligação aposta igualmente no jogo de palavras com o apelido do candidato para dizer “de um só Rio fez-se mar” e mostrar ‘ganas’ frisando que “há sempre mais a ganhar”. Na Área Metropolitana de Lisboa (AML), o ex-árbitro Marco Pina (PSD) ‘sobe ao palco’ com um refrão dinâmico para conquistar Odivelas. Sempre que o adágio é cantado para chamar a cidade com “vamos, vamos, vamos”, o último verso muda para frisar que “nada para um povo quando quer mudar” ou que “os poderosos não nos irão calar, só um

árbitro os vai expulsar”. Muitas vezes, os hinos são compostos e interpretados por músicos amadores locais, mas em Alcochete, também na AML, a CDU foi buscar uma artista de uma cidade próxima para tentar recuperar uma das câmaras perdidas a sul do Tejo, para o PS, nas eleições de 2017. O setubalense Toy, bem ao seu estilo popular/romântico, apela ao voto no candidato comunista puxando pelo seu nome no refrão que canta: “Luís Franco eu e tu / sonho a realizar / com a CDU / para ganhar”.

Mas, se as referências aos nomes dos candidatos e das terras que pretendem conquistar são uma constante, também neste campo existe uma exceção que confirma a regra, com a CDU a tentar vencer em Aljustrel (Beja) com um hino que em momento algum menciona o nome da vila alentejana, dos partidos da coligação (o PCP e o PEV) ou sequer do seu candidato, Fernando Ruas. No entanto, não são apenas os partidos tradicionais que apostam na música para apelar aos eleitores. Os movimentos independentes que vão às urnas em 2021 também já perceberam a utilidade das canções que ficam no ouvido para conquistar votos. Em Alvaiázere (Leiria), por exemplo, o movimento independente Vamos Alvaiázere adapta um tema dos Deolinda, “Movimento Perpétuo Associativo”, para garantir que “agora sim vamos dar a volta a isto” e que, com o voto em António Cardo, “agora não há mais favorecimentos / agora não há mais cunhas ao jantar”.

Fadista Teresa Aleixo dá voz em Faro Não tão famosa como o autor de “Coração Não Tem Idade”, a professora e fadista Teresa Aleixo, em Faro, interpreta o hino da coligação liderada por Rogério Bacalhau, que compila as vontades de PSD, CDS-PP, Iniciativa Liberal, Aliança, MPT e PPM, e da qual faz inclusivamente parte, no 6.º lugar.

Já há grandes concertos nos casinos Solverde O Casino Vilamoura recebe José Cid na sexta-feira. Já o sábado é dia da Solverde trazer aos palcos os Amor Electro no Casino Espinho e Cristina Branco no Hotel Casino Chaves O Grupo Solverde traz ao seu público grandes concertos acompanhados de uma gastronomia de excelência! Depois de tanto tempo de privação, está na altura de proporcionar ao seu público as alegrias de antes e dar palco aos artistas nacionais. Portugal está quase a atingir 85% da vacinação completa e a passar para a próxima fase do desconfinamento. Enquanto isso não acontece, os Hotéis e Casinos Solverde continuam a regressar progressivamente à normalidade, oferecendo diversão e gastronomia de excelência de Norte a Sul do país com toda a segurança e proteção necessárias para a saúde e bem-estar de seus clientes. Este fim-de-semana, por exemplo, há jantares-concertos para todos

os gostos nas unidades Solverde por todo o país: na sexta-feira, dia 24, o Casino Vilamoura vai receber José Cid, um dos mais importantes intérpretes e compositores da música portuguesa das últimas décadas. Já o sábado, dia 25, vai contar com os Amor Electro no Casi-

no Espinho, que sobem ao palco para apresentar o seu último álbum, #4, além da fadista Cristina Branco, que apresenta, no Hotel Casino Chaves, “EVA”, o seu álbum mais recente, lançado no ano passado. E ainda é possível aproveitar os três eventos, com os últimos lugares à venda por

e-mail ou contacto telefónico. Atualmente, os Hotéis e Casinos Solverde são dos locais de diversão e lazer mais seguros, reunindo todas as condições de higiene e segurança para o conforto e proteção dos seus clientes. Tendo em conta a obrigatoriedade da apresentação do certificado digital Covid-19 ou

do teste PCR/ Antigénio negativo para aceder aos casinos e hotéis, o Grupo Solverde disponibiliza, de forma gratuita, testes rápidos de Antigénio. Os kits de autoteste são entregues à entrada das unidades hoteleiras e dos Casinos Solverde, a todos os hóspedes ou clientes que não possuírem ainda o certificado digital ou um teste PCR/ Antigénio negativo, efetuado dentro das 48h. Pensando no conforto e na proteção dos seus hóspedes e clientes, há um espaço exclusivamente dedicado aos testes, no qual as estações estão devidamente isoladas e protegidas com separadores. Todas as unidades do Grupo Solverde possuem o certificado “Clean & Safe” do Turismo de Portugal, cumprindo com todas as orientações de segurança e higiene da Direcção-Geral da Saúde, de modo a proporcionar momentos únicos de bem-estar aos seus clientes, em total segurança. Para mais informações, pode consultar gruposolverde.pt.


SO MANY REASONS TO CHOOSE BPI BANK Tantas razões para escolher o BPI We make your life easier and more enjoyable in Portugal. Discover all the advantages of the exclusive products and services we have to offer. Tornamos a sua vida mais fácil e cómoda em Portugal. Descubra todas as vantagens dos produtos e serviços exclusivos que temos para si.

More information at bancobpi.pt BANCO BPI, S.A.


8

CADERNO ALGARVE

Postal, 24 de setembro de 2021

destaque Há 184 surtos ativos, dos quais 12 no Algarve

P

ortugal registava na segunda-feira um total de 31 surtos ativos de covid-19 em creches, centros de atividades de tempos livres (ATL) ou jardins de infância, que resultaram em 232 casos de infeção, confirmou esta quarta-feira a Direção-Geral da Saúde (DGS). De acordo com os dados fornecidos pela autoridade de saúde, estes 232 casos de contágio envolvem alunos, funcionários e coabitantes dos mesmos, sendo que alguns já estarão inclusivamente recuperados da doença. Em relação aos agrupamentos de escolas, a DGS adiantou que “apenas foram identificados casos isolados na sequência da política de testagem implementada”. Comparando o atual número de surtos com o início de 2021, quando as atividades letivas presenciais ainda decorriam e antes da pior vaga da pandemia no país, durante os meses de janeiro e fevereiro, a descida é evidente, pois nesse período chegaram a ser contabilizados 190 surtos nos estabelecimentos escolares. Além dos surtos em contexto escolar, a DGS divulgou ainda os números relativos aos lares de idosos, onde se verificavam até 20 de setembro 43 surtos, com um acumulado de 676 casos de covid-19, entre os quais alguns já terão sido dados como recuperados. A situação nestes estabelecimentos residenciais é também melhor face ao início do ano, quando em fevereiro o número de surtos ativos ascendeu a 405 e os infetados eram aproximadamente 12 mil. Em termos totais, o território continental somava até há dois dias 184 surtos ativos, que se traduziram em 1915 casos confirmados. A nível regional, a grande maioria dos 184 surtos estava concentrada na região de Lisboa e Vale do Tejo (100), seguida do Norte (26), Centro (24), Alentejo (22) e Algarve (12). Segundo as informações da DGS, um surto ativo é constituído por dois ou mais casos confirmados com ligação epidemiológica entre si no tempo e no espaço. Para um surto ser declarado encerrado pelas autoridades é necessário um período de 28 dias após a data do diagnóstico do último caso confirmado (dois períodos de incubação sem novos casos).

Leia e assine os jornais da sua terra.

ASSINE O POSTAL

Receba o

POSTAL DO ALGARVE - Rua Dr. Silvestre Falcão, 13C - 8800-412 Tavira Nome

Data Nasc. Cód. Postal

Morada Tel

NIF

33€

Assine através de DÉBITO DIRECTO

Email

Profissão

PT50 Banco

Nome do Titular

ASSINATURA IDÊNTICA À CONSTANTE NA FICHA DO BANCO TITULAR DA CONTA

40€

em primeira mão

Distribuído em toda a região do Algarve pelo

AUTORIZAÇÃO DE PAGAMENTO - por débito na conta abaixo indicada, queiram proceder, até nova comunicação, aos pagamentos das subscrições que vos forem apresentadas pelo editor do jornal POSTAL DO ALGARVE. Esta assinatura renova-se automaticamente. Qualquer alteração deverá ser-nos comunicada com uma antecedência mínima de 30 dias.

Assine através de DINHEIRO, CHEQUE ou VALE POSTAL, à ordem de POSTAL DO ALGARVE

NOTA: Os dados recolhidos são processados automaticamente e destinam-se à gestão da sua assinatura e apresentação de novas propostas. O seu fornecimento é facultativo. Nos termos da lei é garantido ao cliente o direito de acesso aos seus dados e respectiva actualização. Caso não pretenda receber outras propostas, assinale aqui.


CADERNO ALGARVE

Postal, 24 de setembro de 2021

9

REGIÃO

A melhor marina do mundo é algarvia

A

Marina de Vilamoura foi distinguida pela The Yacht Harbour Association (TYHA) como a “Melhor Marina Internacional de 2021”, refletindo assim "não só o nível de serviços prestados, mas também a qualidade das infraestruturas que coloca à disposição dos proprietários de embarcações". A atribuição desta distinção da The Yacht Harbour Association, com o apoio da British Marine Federation, é resultado dos votos dos proprietários de embarcações, abrangendo centenas de marinas espalhadas pelo mundo inteiro com o nível máximo de ‘5 âncoras’. Primeira infraestrutura do género a nascer em Portugal, a Marina de Vilamoura iniciou a sua atividade em 1974, sendo hoje a maior do País, com 825 postos de amarração, um estaleiro totalmente equipado e um centro de treino de vela de alta competição. Para Isolete Correia, responsável máxima da Marina de Vilamoura e administradora da Vilamoura World, esta distinção “reflete a grande qualidade das infraestruturas que a Marina de Vilamoura coloca à disposição dos que nos visitam, não só para as embarcações e seus ocupantes, mas também pelo conjunto de serviços que é colocado à disposição ao nível da manutenção”. A responsável destaca, em comunicado, igualmente, a vocação desportiva da marina, fruto da parceria com a Vilamoura Sailing, um centro de treino de alta competição, que atraia velejadores de todo o

FOTO D.R.

Distinção é resultado dos votos dos proprietários de embarcações, abrangendo centenas de marinas espalhadas pelo mundo inteiro

mundo, tendo, em 2021, organizado regatas internacionais e de qualificação para os Jogos Olímpicos. A Marina de Vilamoura aderiu, em 2008, ao Gold Award Scheme, programa promovido pela The Yacht Harbour Association, que atribui às

marinas entre 2 a 5 âncoras, em função do nível de serviços e qualidade das infraestruturas. Nesse mesmo ano, foi atribuída a classificação máxima de 5 Âncoras Douradas à Marina de Vilamoura. Entre 2015 e 2017, a Marina de

Vilamoura foi eleita, entre todas as marinas classificadas com 5 Âncoras, a melhor marina internacional do ano (categoria que contempla todas as marinas fora do Reino Unido). Por ser galardoada em três anos consecutivos, em

2017 foi-lhe atribuída a respetiva distinção: prémio “International Marina of Distinction 2015-2017”. Em 2019 foi novamente distinguida com prémio de melhor marina internacional do ano.

PUB.


10

CADERNO ALGARVE

Postal, 24 de setembro de 2021

REGIÃO

Universidade do Algarve mantém-se no Top 10

A

Universidade do Algarve volta a destacar-se no U-Multirank 2021, mantendo a sua posição no Top 10 nacional, na oitava posição, num ranking em que participam 25 instituições de ensino superior portuguesas. A Academia algarvia alcançou a classificação máxima em sete indicadores, e encontra-se ainda acima da média, com “Bom” ou “Muito Bom”, em 16 indicadores. Comparativamente ao ano transato, a UAlg apresentou melhorias em quatro

indicadores, dois deles para a classificação máxima. A classificação má xima de “Muito Bom” foi alcançada nos seguintes indicadores: Publicações de investigação de tamanho normalizado (Investigação); Pós-Doutorados (Investigação); Spin-offs (Transferência de conhecimento); Publicações internacionais conjuntas (Internacionalização); Docentes estrangeiros (Internacionalização); Doutoramentos internacionais (Internacionalização); Publicações regionais com parceiros indus-

triais (Envolvimento Regional). Também se regista a criação de um novo indicador que, embora não seja ainda integrado no ranking geral deste ano, é discriminado nas classificações específicas de cada IES: Equilíbrio de Género (Ensino e Aprendizagem). De ressalvar que neste novo indicador, a UAlg apresenta score de “0”, com classificação máxima de “Muito Bom”, indicando igualdade de oportunidades para ambos os géneros na evolução na carreira académica. Refira-se ainda que em anos

anteriores a “Investigação”, a “Transferência de conhecimento” e a “Internacionalização” já tinham alcançado classificações máximas em resultado da estratégia de desenvolvimento da UAlg, afirmando-a como uma universidade cosmopolita e inovadora, que aposta fortemente na produção de conhecimento e na sua transferência para a sociedade. Este ano a Universidade do Algarve volta a destacar-se na “Internacionalização”, com a melhoria no indicador dos doutoramentos internacionais.

Nesta edição são comparadas 1948 universidades, de 97 países em todo o mundo, tendo como base cinco critérios de desempenho: Ensino (Teaching and Learning), Investigação (Research), Transferência de Conhecimento (Knowledge Transfer), Internacionalização (International Orientation) e Envolvimento regional (Regional Engagement). Cada universidade é classificada tendo em conta um total de 35 indicadores, que podem ser consultados em: www.umultirank.org.

PUB.

Habitação em Vila Real de Santo António A Câmara Municipal de Vila Real de Santo António prossegue a implementação da sua Estratégia Local de Habitação (ELH), um instrumento estratégico que contém o diagnóstico das carências habitacionais existentes no seu território, bem como a definição de soluções que a edilidade pretende ver desenvolvidas para colmatar as dificuldades identificadas. "O desenvolvimento da ELH constitui um requisito obrigatório de acesso às linhas

de financiamento do 'Programa de Apoio ao Acesso à Habitação - 1.º Direito', o qual visa a promoção de soluções habitacionais para pessoas que vivam em condições indignas e sem capacidade financeira para suportar o custo do acesso a uma habitação adequada", explica a autarquia em comunicado, acrescentando que, por outro lado, "proporciona a definição de uma nova política local de habitação, programando as medidas e a

respetivaordemdeprioridade". Para a realização deste instrumento de planeamento, o município de Vila Real de Santo António acedeu a uma linha de financiamento disponibilizada pelo Instituto de Habitação e Reabilitação Urbana (IHRU) para contratação de uma empresa especializada na matéria que apontará as melhores soluções para a implementação da ELH no concelho, cujo contrato foi assinado esta semana.


CADERNO ALGARVE

Postal, 24 de setembro de 2021

11

REGIÃO

Vem aí a Feira de Santa Iria FOTO D.R.

Trata-se de uma das maiores e mais antigas feiras do Algarve

D

epois de não se ter realizado em 2020 devido à covid-19, a Feira de Santa está de volta ao Largo de São Francisco, em Faro, entre 15 e 24 de outubro, organizada pela Ambifaro. Trata-se de uma das maiores e mais antigas feiras do Algarve que traz à capital algarvia exposições, stands institucionais, diversões, tasquinhas, artesanato, frutos secos, farturas, algodão doce e as bancas de venda com vários produtos. Esta feira, segundo alguns historiadores, é anterior ao ano de 1596, altura em que o rei D. Filipe I lhe atribuiu a franquia – feira franca.

PIZZERIA Localização

Altura

Contacto

968 049 533

PUB.

l | f | rotadopetisco.com

PUB.

2021 11ª edição

As melhores pizzas em forno de lenha PUB.

Cozinha Tradicional

Mar e Monte RESTAURANTE

10 SET • 10 OUT

3€ |

PETISCO + BEBIDA

TAPA + DRINK

Altura, Algarve Contacto

968 049 533

Sabores da Cozinha tradicional

LOULÉ


12

CADERNO ALGARVE

Postal, 24 de setembro de 2021

AUTÁRQUICAS

As dúvidas que tornam estas eleições Uma reflexão sobre as eleições de domingo com base no "2:59 para explicar o mundo", do nosso parceiro Expresso

H

á quatro anos, o PS saiu das autárquicas com uma vitória estrondosa, a maior de sempre do partido. Mais metade do país ficou pintado de rosa. No Algarve, o PS venceu em dez das 16 câmaras municipais da região. Já o maior partido da oposição, sozinho ou coligado, não chegou sequer a 100 câmaras, o pior resultado desde 1976 para os sociais-democratas. Mas quatro anos é muito tempo. Serão, outra vez, favas contadas para o PS? Há muitas variáveis em jogo, como a limitação de mandatos. Em 2017, o PS foi o partido que teve mais dinossauros autarcas (Aljezur, Vila do Bispo e Tavira no Algarve) - presidentes que cumpriam por lei o último mandato. Muitos deles saíram entretanto, uns condenados por perda de mandato, como foi o caso de José Amarelinho em Aljezur, outros que passaram a deputados, como foi o caso de Jorge Botelho em Tavira, agora membro do Governo. O PS tem agora três câmaras algarvias em que é obrigado a levar 'caras novas', o que

pode baralhar as contas. Já o PSD tem um dinossauro que foge à limitação de mandatos concorrendo a outra câmara. Rui André deixa Monchique para concorrer em Portimão. Já em Vila Real de Santo António, a presidente Conceição Cabrita (PSD) viu-se obrigada a abandonar o cargo este ano por questões judiciais, mas antes o PSD já tinha anunciado o candidato Luís Gomes, ex-presidente pombalino. Quanto aos independentes, o número tem vindo a crescer desde 2001, o ano das primeiras autárquicas abertas a independentes. Das 85 candidaturas que foram a votos em 2017, tudo indica que 2021 será ano de novos máximos. No Algarve, são já seis em cinco concelhos, com três cabeças de lista que já foram presidentes, Desidério Silva em Albufeira (ex-PSD), Francisco Martins em Lagoa, ex-PS (que durante o atual mandado em vigor saiu por razões de saúde) e Manuel Marreiros de Aljezur, ex-PS, ambos a apresentarem-se como independentes. A prova da imprevissibilidade das au-

tárquicas, é o número de câmaras que mudaram de partido há quatro anos - 50 mudaram - ainda que a maioria tenha ficado como estavam, como foi o caso de todos os municípios do Algarve. No país, há 32 concelho que nunca mudaram de cor; Portimão e Olhão no Algarve, ambos PS. O ano de 2017 foi o que teve mais representantes femininas no poder autárquico, pela primeira vez acima dos 10%. Este ano, são mais de 100 candidatas; resta saber quantas delas vão ser escolhidas para liderar os seus municípios nos próximos quatro anos. No Algarve, elas lideram atualmente as câmaras de Tavira (PS), Silves (CDU) e Portimão (PS). Com as eleições autárquicas a aproximarem-se (26 de setembro), algumas destas incógnitas podem tornar o resultado imprevisível: os "dinossauros" que já não concorrem, os candidatos independentes, as câmaras de 'alto risco', as que nunca mudaram de partido e as mulheres autarcas, que não param de crescer, mas continuam em larga minoria

GUIA DAS ELEIÇÕES AUTÁRQUICAS

A

té que horas e onde pode votar, quantos partidos estão na corrida autárquica e quanto vão gastar na campanha são algumas das perguntas que têm resposta neste artigo com o nosso parceiro SIC Notícias. ATÉ QUE HORAS PODE VOTAR? As eleições autárquicas de 26 de setembro decorrem entre as 8:00 e as 20:00 (os Açores têm menos uma hora do que o continente e a Madeira). A campanha oficial realiza-se entre os dias 14 e 24. Após o ato eleitoral, o edital do apuramento local é afixado à porta da assembleia de voto e os resultados comunicados à junta de freguesia. O mapa oficial com o resultado das eleições deve ser publicado no Diário da República nos 30 dias subsequentes à receção das atas de todas as assembleias de apuramento geral.

ONDE VOTAR? Para saber onde votar, pode consultar os cadernos de recenseamento e con-

firmar a freguesia ou distrito consular a que pertence. Pode fazer a pesquisa por nome ou por número de identificação civil (Bilhete de Identidade ou Cartão do Cidadão). Saiba AQUI: https://www.recenseamento.mai.gov.pt/ Os eleitores também podem obter informação sobre o local de voto através do envio de um SMS gratuito. • Através de SMS para 3838, com a mensagem: RE (espaço) número de BI/CC (espaço) data de nascimento (AAAAMMDD) • Exemplo: RE 7424071 19820803 No dia das eleições, pode dirigir-se à junta de freguesia para obter informação sobre o seu local de voto. QUANTOS ELEITORES PODEM VOTAR? Nestas eleições, 9.306.120 eleitores podem votar na escolha dos membros das 308 câmaras e outras tantas assembleias municipais, bem como das 3.091 assembleias de freguesia (no Corvo não há este órgão). Há 9.278.234 cidadãos nacionais aptos para votar nestas eleições, 12.711 da União Europeia e 15.175 outros estrangeiros residentes em Portugal. No sufrágio de 2017 estavam inscritos 9.396.680 eleitores, mais 90.560 do que em 2021, dos quais votaram pouco mais de metade, uma vez que a taxa de abstenção registada foi de 45%. De acordo com os dados da Adminis-

E o que têm os concelhos de Albufei tração Eleitoral da Secretaria-Geral do Ministério da Administração Interna, a atualização dos cadernos eleitorais representa uma diminuição face às últimas eleições autárquicas (e uma aproximação ao total de eleitores em 2009). Em 2017, estavam recenseados 9,4 milhões de eleitores, dos quais apenas 5,1 milhões se deslocaram às urnas.

PORQUE SE VOTA EM TRÊS BOLETINS? Ao chegar à mesa de voto ser-lhe-ão entregues três boletins de voto: um verde para a câmara municipal, um amarelo para a assembleia municipal e um branco para a assembleia de freguesia. Além das diferentes cores, cada um dos boletins contém, por escrito, a que órgão se destina o voto e é acompanhado pelo respetivo símbolo no canto superior direito. A tripla votação permite escolher os mesmos candidatos para os vários órgãos ou votar em partidos ou movimentos independentes distintos. E não é obrigado a votar nos três boletins: pode informar a mesa de voto - se

assim o desejar - que pretende votar apenas para um ou dois dos três órgãos da autarquia. Os votos que não realizar serão contabilizados como abstenção. QUAIS AS REGRAS DE SEGURANÇA DURANTE A VOTAÇÃO? Os eleitores devem estar protegidos com máscara durante todo o processo de votação, aguardando no exterior a sua vez para votar, mantendo a distância de dois metros de segurança entre eles. Os eleitores devem desinfetar as mãos à entrada e à saída da secção de voto. Os membros de mesa devem assegurar que a mesa de voto é composta por duas filas de mesa por forma a garantir o distanciamento necessário, bem como garantir a ventilação da sala, designadamente, ter sempre uma janela aberta, caso exista nessa secção de voto, e de uma forma geral cumprir e fazer cumprir as recomendações anteriormente mencionadas destinadas aos eleitores. Os eleitores devem ainda levar uma caneta de casa. QUEM PODIA VOTAR ESTANDO EM CONFINAMENTO OBRIGATÓRIO? Os eleitores que se encontravam em confinamento obrigatório por causa da covid-19 ou os residentes em estruturas residenciais das quais não

deviam ausentar-se devido à pandemia podiam votar nos dias 21 e 22 de setembro, desde que tivessem feito o requerimento entre os dias 16 e 19. Nesses casos, o presidente da câmara do município onde estavam recenseados, ou, em sua substituição, um vereador ou funcionário municipal credenciado deslocar-se-iam à morada do cidadão. Podiam também votar antecipadamente eleitores que por motivos profissionais não podiam exercer o voto no dia das eleições. • militares • agentes das forças e serviços de segurança • agentes de proteção civil • membros de delegações oficiais do Estado que se encontrem em deslocação ao estrangeiro • trabalhadores marítimos e aeronáuticos • ferroviários e rodoviários de longo curso • representantes de seleções nacionais oficialmente em competições desportivas. Para votarem, estes eleitores podiam dirigir-se ao presidente da câmara do município em que se encontravam re-


CADERNO ALGARVE

Postal, 24 de setembro de 2021

imprevisíveis

13

AÇÕES DE PROPAGANDA NA VÉSPERA E DIA DE ELEIÇÕES A Comissão Nacional de Eleições (CNE) advertiu para a proibição, na véspera e no dia das eleições autárquicas, de praticar ações ou desenvolver atividades de propaganda por todo e qualquer meio Em comunicado, a CNE realça que propaganda eleitoral é toda a atividade que "vise direta ou indiretamente promover candidaturas, seja dos candidatos, dos partidos políticos, dos titulares dos seus órgãos ou seus agentes, das coligações, dos grupos de cidadãos proponentes ou de quaisquer outras pessoas, nomeadamente a publicação de textos ou imagens que exprimam ou reproduzam o conteúdo dessa atividade". Na nota, a CNE destaca a proibição de praticar ações ou desenvolver atividades de propaganda eleitoral por qualquer meio e esclarece em que situações na rede social Facebook as publicações podem incorrer no ilícito de "propaganda na véspera e no dia da eleição". A Comissão considera que integra o ilícito de "Propaganda na véspera e no dia da eleição" a atividade de propaganda registada em páginas, grupos abertos e cronologias pessoais com privacidade definida que extravase a rede de "amigos" e "amigos dos amigos".

Neste último caso, a CNE dá como exemplo situações em que se permite que qualquer pessoa, incluindo, as que não estão registadas no Facebook, possa ver ou aceder à informação disponibilizada pelo utilizador (acesso público universal) e quando todas as pessoas registadas podem ver ou aceder à informação disponibilizada pelo utilizador (acesso público dentro da rede social). A CNE alerta também para a proibição no dia da eleição de qualquer propaganda nos edifícios das assembleias de voto e até à distância de 50 metros, incluindo-se também a exibição de símbolos, siglas, sinais, distintivos ou autocolantes de quaisquer listas. Na nota, a CNE diz também que deve ser garantido que a propaganda é efetivamente retirada ou, não sendo viável, que seja totalmente ocultada. A Comissão recomenda a todos os intervenientes, sejam candidatos, responsáveis políticos, agentes do processo eleitoral ou profissionais da comunicação social, que se abstenham de quaisquer comportamentos que possam constituir propaganda eleitoral no dia das eleições dos Órgãos das Autarquias Locais. "A CNE recebe, com frequência, participações decorrentes da transmissão pelos meios de comunicação social, em dia de eleições, de declarações de candidatos e responsáveis políticos

que são entendidas, por um conjunto significativo de cidadãos, como constituindo propaganda eleitoral em dia em que esta é proibida", é referido na nota. No que diz respeito ao transporte de eleitores, a CNE explica também em comunicado, que estes "devem exercer o seu direito de voto na assembleia eleitoral correspondente ao local em que o eleitor se encontra recenseado, sendo a regra geral a deslocação do eleitor à assembleia de voto por meios autónomos". A CNE considera que o transporte especial de eleitores é uma exceção à regra geral referida. Assim, segundo a CNE, em situações excecionais, podem ser organizados transportes públicos especiais para assegurar o acesso dos eleitores aos locais de funcionamento das assembleias e secções de voto. De acordo com a Comissão, são consideradas excecionais "as situações em que, designadamente, existem distâncias consideráveis entre a residência dos eleitores e o local em que estes devem exercer o direito de voto, sem que existam meios de transporte que assegurem condições mínimas de acessibilidade, ou quando existirem necessidades especiais motivadas por dificuldades de locomoção dos eleitores". As eleições para as autarquias locais realizam-se no próximo domingo.

ira e de Portimão de particular? E quanto vão gastar os independentes do Algarve na campanha eleitoral? censeados, entre 16 e 21 de setembro, manifestando a sua vontade de exercer antecipadamente o direito de sufrágio. Doentes impedidos por internamento hospitalar de se deslocarem à assembleia de voto, estudantes inscritos em instituições de ensino em distrito, região autónoma ou ilha diferentes daquele onde deveriam votar e os eleitores que se encontrem presos sem privação de direitos políticos deviam ter requerido até dia 6 a votação antecipada.

contam com candidaturas de grupos de cidadãos, sendo que, em quatro municípios, há dois movimentos em cada: Albufeira (no distrito de Faro), Sabrosa (Vila Real), Redondo (Évora) e Castelo de Paiva (Aveiro). De acordo com os orçamentos de campanha entregues à Entidade das Contas e Financiamentos Políticos, concorrem às autárquicas, isoladamente ou em coligação, mais de 20 partidos

QUEM ESTÁ NA CORRIDA AUTÁRQUICA?

QUANTO VAI CUSTAR A CAMPANHA ELEITORAL?

A Comissão Nacional de Eleições estima que tenham sido apresentadas, na totalidade, cerca de 12.370 listas, das quais cerca de 1.035 por grupos de cidadãos eleitores (GCE). Dos 308 concelhos do País, apenas 64

De acordo com os orçamentos de campanha entregues à Entidade das Contas e Financiamentos Políticos, os partidos e coligações de partidos preveem gastar um total de 31 milhões de euros na campanha eleitoral para

as autárquicas de setembro, menos do que os 35 milhões de há quatro anos. O PS continua a ter o orçamento mais elevado, com 11,43 milhões. Já os orçamentos de campanha dos grupos de cidadãos candidatos às eleições autárquicas totalizam 2.639.120,7 euros. Se a esta verba forem somados os 31 milhões de euros que os partidos tencionam gastar, de forma isolada ou em coligações, a despesa com a campanha eleitoral fica em mais de 33,6 milhões de euros, abaixo dos cerca de 39 milhões de euros verificados em 2017. A campanha no município de Lisboa deverá ser aquela em que partidos e coligações mais vão gastar, num total de 795 mil euros, enquanto para o Porto estão orçamentados 517 mil euros. QUANTO PREVEEM GASTAR AS LISTAS INDEPENDENTES NO ALGARVE? Ainda de acordo com os orçamentos de campanha entregues à Entidade das Contas e Financiamentos Políticos, as seis candidaturas a cinco concelhos do Algarve de grupos de cidadãos preveem gastar: Em Albufeira, com dois movimentos: "Albufeira Prometida" prevê gastar €16.196,38. "MIPA - Movimento Independente por Albufeira" prevê gastar €64.400. Em Lagoa, o "MLP - Movimento Lagoa Primeiro": €36.000.

Em Monchique, "Cidadãos por Monchique" prevê gastar €11.500. Em Vila do Bispo, "Somos pelo Concelho - Vila do Bispo": €6.000. Em Vila Real de Santo António, a "Candidatura Independente Construir o Futuro" prevê gastar €31.000, sendo o único movimento no Algarve que assume à partida um défice de €1.000 face aos €30.000 previstos em receitas.

QUAIS OS MUNICÍPIOS QUE VÃO TER MENOS VEREADORES? Nestas eleições, seis municípios vão ter menos vereadores no executivo municipal, devido a uma diminuição de eleitores registados desde as anteriores autárquicas, segundo dados da Comissão Nacional de Eleições. Os municípios que perdem mandatos nas respetivas câmaras são Vinhais e Mogadouro, no distrito de Bragança, o concelho (e capital de distrito) de Vila Real, o município de Fafe, em Braga, Pombal, em Leiria, e Vendas Novas, em Évora. Todos eles perdem, cada um, dois mandatos. Vinhais, Mogadouro e Vendas Novas ficam com cinco, e

Vila Real, Fafe e Pombal com sete. PELO CONTRÁRIO, e por apenas três eleitores, Portimão vai ter um executivo maior, que passa de sete para nove elementos (o presidente e oito vereadores), porque este concelho algarvio passou de 48.497 eleitores para 50.003 registados, desde as eleições de 2017. O número de mandatos de cada órgão autárquico é definido de acordo com os resultados do recenseamento eleitoral, obtidos através da base de dados central do recenseamento eleitoral e publicados pelo Ministério da Administração Interna no Diário da República. O número de eleitores registados nos concelhos, segundo os cadernos eleitorais, não corresponde à população residente nesses territórios. A lei em vigor estabelece que o executivo municipal é composto por cinco elementos nos concelhos com 10.000 ou menos votantes; por sete elementos nos municípios com mais de 10.000 eleitores e até 50.000; por nove elementos nas câmaras com mais de 50.000 e até 100.000 eleitores e por 11 elementos quando a população recenseada é superior a 100.000. A diminuição do número de eleitores, além da redução dos elementos do executivo municipal, implica a redução das transferências financeiras da Administração Central através do Orçamento do Estado, das quais dependem os municípios mais pequenos.


14

CADERNO ALGARVE

Postal, 24 de setembro de 2021

REGIÃO

Confrades de países mediterrânicos vêm a Portimão enaltecer gastronomia

A

FOTO D.R.

Confraria dos Gastrónomos do Algarve volta a escolher a cidade de Portimão para organizar mais um Grande Capítulo, desta vez a 17ª edição, cujo momento alto terá lugar no dia 2 de outubro, reunindo cerca de duas centenas de confrades portugueses, espanhóis, franceses e italianos para enaltecer a gastronomia e premiar os melhores produtos, além de contar com a participação de chefes de cozinha e restaurantes do Algarve. Considerado o maior evento anual da Confraria dos Gastrónomos do Algarve, o Grande Capítulo inclui na sua programação a VI Gala da Ordem de Santa Maria de Ossónoba, que condecora e premeia os melhores da gastronomia algarvia, nacional e europeia, contando este encontro internacional com o apoio da Câmara Municipal de Portimão. Num primeiro momento, o XVII Grande Capítulo terá lugar no TEMPO – Teatro Municipal de Portimão, onde os presidentes da câmara local e da entidade promotora darão as boas-vindas às confrarias representadas. A seguir, os intervenientes segui-

Cerca de duas centenas de confrades portugueses, espanhóis, franceses e italianos vão enaltecer a gastronomia e premiar os melhores produtos, além de contar com a participação de chefes de cozinha e restaurantes do Algarve

rão em cortejo para a Igreja Matriz, acompanhados pela Sociedade Filarmónica de Portimão, decorrendo no templo religioso uma cerimónia

que reunirá cerca de 30 confrarias de todo o país, de Espanha, França e Itália. Na ocasião vão ser entronizados vários confrades, como o

historiador asturiano Roman Antonio Álvarez Gonzalez, a francesa Claudine Couderc, a mais antiga confreira, e a presidente daComis-

são Vinícola do Algarve, Sara Silva, entre outros. À noite, a partir das 20:00, realiza-se no Tivoli Marina Hotel o jantar e a gala dos Prémios de Santa Maria de Ossónoba, uma iniciativa bienal que distingue 13 categorias, entre as quais, “produto alimentar Algarve”, “cozinha tradicional do Algarve”, “chefe de cozinha nacional”, “chefe de cozinha da região do Algarve”, “vinho do Algarve”, “restaurante algarvio” e “Dedicação à Gastronomia”, entre outros. Os prémios Santa Maria de Ossónoba correspondem a um reconhecimento àqueles que têm contribuído para a comunidade e que tantas vezes ficam no esquecimento. A iniciativa tem como finalidade a difusão e divulgação da raiz cultural da região do Algarve e, também, o incentivo e defesa dos interesses públicos desta comunidade regional. Mesmo não pertencendo a nenhuma confraria, os interessados em participar no programa, que se prolonga pelos dias 1, 2 e 3 de outubro, podem inscrever-se através do email cgalgarve@cgalgarve.com ou ligando para o telemóvel 960 064 967.

Fim das vindimas vai ser celebrado com concertos e experiências gastronómicas em Lagoa O Morgado do Quintão abre as portas da sua herdade em Lagoa nos dias 9 e 10 de outubro para a primeira edição da HARFEAST, um fim de semana de celebração do fim das vindimas "Este evento, onde não faltarão bons vinhos, gastronomia com enfoque em produtos locais, música ao

vivo e boa conversa, resulta da vontade de partilhar o que já se conquistou no Morgado do Quintão, desde a primeira vindima em 2016, um projeto único dedicado à regeneração e dinamização do vinho genuinamente Algarvio", explica a organização em comunicado. Os portões da quinta abrem às 17 horas do dia 9, sábado, para uma noite que se inicia ao pôr-do-sol sobre a serra de Monchique. Enquanto se prepara um porco ibé-

rico no espeto, criado de forma 100% natural pelo projecto Algarvio Feito no Zambujal, sobem ao palco Tomás Cunha Ferreira & Branca, um duo musical de pai e filha, profundamente inspirados por Stevie Wonder, Stevie Nick e Rita Lee. Seguem Os Compotas, uma banda Algarvia que vai aquecer a noite num registo de Soul e Funk. O Palhete ‘19 (Crato Branco & Negramole), vinho icónico do Morgado do Quintão,

será a colheita servida para acompanhar as festividades da noite. No domingo, sob uma oliveira com 2.000 anos de vida, o premiado chef André Fernandes, do restaurante Attla (Lisboa), irá confeccionar um almoço especial. As criações do jovem Chef, que já trabalhou com chefs Michelin como o ilustre Alain Ducasse, serão harmonizadas com os vinhos premiados do Morgado do Quintão. Após o almoço, to-

dos serão convidados para participar numa vindima de celebração, de cerca de 15 minutos, para a produção de uma estreia do produto, o novo “Colheita Tardia 2021”. “Tanto a nossa comunidade como o nosso legado são importantes para nós. Passados 5 anos achamos que chegou o momento para celebrar o que fizemos até aqui. Por isso, criámos o HARFEAST, o nosso evento de final de vindima, onde pretendemos reunir a nossa

comunidade e todos aqueles que nos ajudaram a levar mais longe o nosso trabalho no Morgado do Quintão, e todos os amantes de gastronomia e vinho”, explica Filipe Caldas de Vasconcellos, guardião da quinta. Os lugares são limitados. Os bilhetes para o evento de sábado (€40 p.p.) e o almoço de domingo (85 p.p.) estão disponíveis no site do Morgado do Quintão.


CADERNO ALGARVE

Postal, 24 de setembro de 2021

15

REGIÃO FOTOS D.R.

Zoomarine oferece condições especiais

até final do mês para residentes no Algarve

P

ara celebrar o regresso às aulas, o Zoomarine Algarve oferece condições especiais a todos os residentes no Algarve, para visitas ao parque temático até 30 de setembro, garantindo muita diversão e momentos inesquecíveis em família ou com amigos. "Com uma oferta de excelência - que inclui apresentações ao vivo com golfinhos, focas,

leões-marinhos, aves tropicais e de rapina, um aquário, um cinema 4D, várias diversões mecânicas -, o difícil será mesmo conseguir fazer tudo num dia só!", assegura o Zoomarine. Para além disso, destacam-se ainda as diversões aquáticas do Zoomarine que fazem as delícias de quem se procura refrescar nos dias de grande calor que ainda se fazem sentir: desde escorregas, à incrível Zoomarine Beach

PUB.

AF_CA_Empreendedores_IMP_210x285mm_cv.indd 1

– uma imensa piscina de água salgada com 5 tipos de ondas -, ao rio lento mais extenso da Europa Continental – o Rio dos Côcos -, entre muitas outras! Para desfrutar do bilhete normal apenas a 20 euros e do bilhete sénior/júnior apenas a 15 euros, o ingresso deverá ser adquirido, exclusivamente, na bilheteira online do parque. O comprovativo de morada é obrigatório no

dia da visita. O desconto é extensível a um acompanhante, residente ou não residente. Na data da visita devem ser cumpridas todas as medidas sanitárias preventivas.Informações detalhadas sobre as medidas em vigor, bem como as informações sobre a campanha especial de reabertura, as diversões e os horários, disponíveis em www.zoomarine.pt PUB.

06/09/2021 10:55


Mensalmente com o POSTAL em conjunto com o

SETEMBRO 2021 n.º 154 8.682 EXEMPLARES

www.issuu.com/postaldoalgarve

ARTES VISUAIS

Pode a arte ajudar os migrantes e refugiados?

Imagens de trabalhos produzidos por Banksy FOTOS D.R.

SAÚL NEVES DE JESUS Professor Catedrático da Universidade do Algarve; Pós-doutorado em Artes Visuais; http://saul2017.wixsite.com/artes

E

m artigos anteriores tivemos oportunidade de abordar alguns problemas da atualidade, como seja a “crise climática”, procurando destacar o contributo que as artes visuais podem ter na sensibilização e responsabilização das pessoas. Desta vez gostaríamos de chamar a atenção para aquele que é um dos principais problemas humanitários no presente, a crise dos migrantes e dos refugiados. Os refugiados são pessoas que procuram fugir de zonas de guerra ou de perseguições, enquanto os migrantes procuram mudar de país

ou de região em busca de melhores condições de vida. Numa época em que cada vez mais se apela à paz, são ainda muitos os conflitos armados em várias zonas do planeta. A situação mais recente que preocupa todos os que defendem a paz e a defesa dos direitos humanos está a ocorrer no Afeganistão, com a tomada do poder pelos Talibã. Mas, para além da gravidade das situações relativas aos refugiados, também merece uma atenção especial a situação dos migrantes em várias zonas do planeta, nomeadamente aqueles que procuram deslocar-se do México para os EUA e aqueles que procuram ir do continente africano para a Europa. Segundo a Organização Internacional para Migrações (OIM), desde 2014 já perderam a vida mais de 20 mil migrantes a tentar atravessar o Mediterrâneo.

Num mundo cada vez mais global, em que a internet nos permite circular e estarmos virtualmente em todo o lado, sem fronteiras, é paradoxal que sejam cada vez mais restritivas as fronteiras físicas entre países e territórios. Simultaneamente, num mundo em que cada vez mais se fala da importância dos direitos humanos, da tolerância e da inclusão, são inúmeras as situações de racismo e xenofobia que limitam as possibilidades de interação social e de mobilidade física entre países e entre espaços territoriais. Desde há muito tempo que a arte tem servido como instrumento de crítica e para serem tomadas posições políticas em relação a diversos assuntos, nomeadamente questões sociais. Aliás, os artistas envolvem-se frequentemente em movimentos sociais, expressando a grande relação das artes com o ativismo político e social. As obras produzidas procuram ter impacto comunicacional, chamando a atenção para aspetos da realidade que deveriam ser corrigidos ou resolvidos. Um dos artistas que se tem destacado neste âmbito, no que diz respeito às questões ligadas às migrações, é JR, o qual procura expressar ideias com grande valor simbólico e afetivo, tendo uma das suas últimas produções artísticas, em 2017, consistido na colocação da uma fotografia com cerca de 20 metros de altura de um bebé que olhava por cima do muro que divide os EUA e o México. A emigração tem sido um dos temas trabalhados por JR, pois já em 2007 havia colocado fotos de grande dimensão de palestinos e israelitas cara a cara em oito cidades do mundo, procurando chamar a atenção para o muro que os separa. Também o artista mexicano-estadounidense Ricardo Hernández utiliza a arte como forma de ativismo para criar consciência sobre a situação difícil dos emigrantes centro-americanos e mexicanos com a política de imigração dos EUA. No mesmo sentido, Banksy, um dos artistas mais conceituados na atualidade e ao qual já fizemos referências

em diversos artigos anteriores, tem realizado diversos trabalhos sobre os problemas das migrações e dos refugiados, sobretudo do Médio Oriente e do Norte de África. Por exemplo, em 2015, pintou um retrato de Steve Jobs, cofundador da Apple e filho de um imigrante sírio nos EUA, numa parede de um campo de refugiados em Calais (norte da França). Esta obra foi intitulada como “The Son of a Migrant from Syria” (“O filho de um migrante da Síria”), mostrando Jobs a carregar uma mochila e um computador da Apple. Desta forma, na "Selva" de Calais, Banksy relembra que a Apple só existe porque os EUA um dia deixaram entrar um rapaz oriundo de Homs (Síria), o pai de Steve Jobs. Em 2018, Banksy realizou uma dezena de murais nas ruas de Paris sobre a crise migratória e, em 2019, na Bienal de Veneza, apresentou uma obra de um menino vestindo um colete salva-vidas e segurando uma chama de socorro rosa. Mais recentemente, em 2020, Banksy doou um tríptico intitulado “Mediterranean sea view” (“Vistas para o Mar Mediterrâneo”) para arrecadar fundos para a reforma e compra de equipamentos de reabilitação infantil para um Hospital da Cisjordânia. A obra mostra coletes salva-vidas laranja perdidos entre o mar e uma costa rochosa, foi leiloada pela Sotheby’s por cerca de 3 milhões de euros. Esta obra faz alusão aos milhares de vidas perdidas no mar mediterrâneo e representa uma crítica face à resposta hesitante da Europa em relação à crise migratória. Terminamos fazendo referência a uma exposição que está a decorrer, até 31 de outubro, na Ilha de Menorca, em pleno Mar Mediterrâneo, intitulada “Masses and Movements” (“Movimentos de Massas”), da autoria do artista de Los Angeles Mark Bradford, que, através da linguagem visual evoca múltiplas narrativas de um mundo em movimento, com destaque para a crise dos migrantes. Além disso, Bradford está a procurar levar educação artística às comunidades de imigrantes, como

Ficha técnica Direção: GORDA, Associação Sócio-Cultural Editor: Henrique Dias Freire Responsáveis pelas secções: • Artes Visuais: Saúl Neves de Jesus • Espaço AGECAL: Jorge Queiroz • Filosofia Dia-a-dia: Maria João Neves • Fios De História: Ramiro Santos • Letras e Literatura: Paulo Serra • Mas afinal o que é isso da cultura? Paulo Larcher e-mail redacção: geralcultura.sul@gmail.com publicidade: anabelag.postal@gmail.com online em: www.postal.pt e-paper em: www.issuu.com/postaldoalgarve FB: https://www.facebook.com/ Cultura.Sulpostaldoalgarve

forma de os ajudar na sua inclusão e integração social. Estes exemplos mostram que a imagem visual pode sintetizar questões psicossociais complexas e atuais e pode ajudar a promover a necessária reflexão sobre as mesmas. A arte visual é uma forma de comunicação, permitindo sintetizar em imagens, as emoções e os sentimentos sociais já existentes em relação a certas questões polémicas. A propósito das questões climáticas, havíamos referido num artigo anterior que “as novas gerações vão viver no mundo que ajudarmos a criar e, por muitas diferenças que haja entre as pessoas, as culturas e os países, o planeta terra é a Casa de todos nós, sendo fundamental ajudar a preservá-lo!”. Acrescentaria agora que isto é importante em relação ao ambiente, à natureza e à preservação das espécies, mas devemos começar desde logo pela espécie humana, pelas atitudes em relação aos outros que, como nós, querem tentar ser felizes neste planeta em que vivemos!


CULTURA.SUL

Postal, 24 de setembro de 2021

17

MAS AFINAL O QUE É ISSO DA CULTURA? FOTOS MESTRE HOMEM CARDOSO D.R.

Mas afinal o que é isso da cultura?

(2)

PAULO LARCHER Jurista e escritor

N

a crónica anterior, descrevi como, após um pausado jantar, eu e o Mestre António Homem Cardoso tínhamos discutido o conceito de cultura, enquanto caminhávamos por Tavira à beira do rio Gilão (ou seria o Séqua?), ao ritmo sincopado imposto pelo Mestre ao registar o que ia vendo. Suspeito que a ausência de conclusões sobre esse tema extravagante, terá sido não uma consequência desse pára-arranca, mas efeito da lassidão que acompanhou a digestão do nosso jantar e também, confesso-o, da minha falta de jeito. Voltando ao tema quero dizer que, cá para mim, o António é um romântico que ficaria muito bem num grupinho com o Byron, o Hugo, o Garrett e outros do mesmo quilate. No grupo dos que pensam a cultura como um espírito partilhado por todo um povo, presente em todas as suas manifestações, desde a língua às crenças, passando pela arte e pela própria história. Não penso assim. Separar a cultura da educação é perigoso, assim como o é separá-la da arte. A cultura não pode ser vista como uma crença cega das tribos. A cultura exige acção, impõe uma disposição volitiva. “Então e as igrejas, e os palácios, e as pontes, e todos os adornos que neles cabem, e os livros, e os cânticos não são cultura, mesmo após as tribos, como tu dizes, terem desaparecido?” - perguntava-me o António referindo-se ao passeio nocturno que nos levou da ponte “romana” até aos muros do antigo castelo, passando pelos adros das igrejas e capelas e

ermidas que pontuam as antigas vias de Tavira - a de Santa Maria, a do Carmo, a do Espírito Santo, a do D. Sebastião e ainda outras. “São, de um certo modo são, mas só de um certo modo” - dizia eu - “A existência de monumentos na posse de um povo não representa obrigatoriamente cultura”. “Homessa!”(1) - insurgia-se o António - “Então todos estes edifícios excelentes que temos visto desde lá de baixo do rio não serão cultura? Uma cultura que, para mais, pertence aos tavirenses por direito próprio e depois aos portugueses em geral”. “Deixa-me fazer-te uma pergunta” - retruquei - “Lembras-te das estátuas destruídas pelo Daesh na Síria e no Iraque? Achas que antes de serem destruídas eram cultura daquele povo mas depois perderam esse estatuto? Não. Em momento nenhum pertenceram ao património cultural desse povo, porque a cultura é um feixe de relações recíprocas entre o homem e o meio. Do meu ponto de vista, o ódio pela cultura não pode ser ele próprio cultura. Pelo contrário, a ligação amorosa de uma comunidade a um determinado património transforma-o em cultura.” O António mirou-me com aqueles olhos sábios que parecem radiografar-nos a alma e lançou-me o seguinte repto: “Estás-me a baralhar com tanta erudição. Ora vamos lá ver se me consegues dizer qual destas duas é a mais cultural” - e mostrou-me no visor da sua máquina fotográfica duas imagens nocturnas do rio Gilão (ou Séqua?) e duas pontes: uma, a ponte dita romana e a outra a ponte moderna, ex-militar. Em qual delas se sentia mais a cultura, perguntava o António.

Pergunta absurda. Via-se mesmo que não entendera nada do que lhe dissera sobre a cultura estar ligada ao desenvolvimento do indivíduo integrado numa comunidade. Duas pontes. Com franqueza! Porém, o António não era homem para tiradas gratuitas. Forcei-me então a olhar as imagens e deixar-me envolver pela nostalgia das luzes douradas que cintilavam no cenário escuro das águas e das pedras limosas descobertas pela maré vazante; depois de alguns minutos, algo mais parecido com uma questão do que com uma conclusão começou a tomar forma no meu espírito: O que o António formulara, talvez involuntariamente, era uma questão filosófica sobre a natureza da vida e da existência, atendendo a que “natureza”(2) de uma coisa é o conjunto das principais características dessa coisa. Nesta perspectiva, a filosofia é o estudo do significado, natureza e essência da vida ou, como resumiu Martin Heidegger, a busca pelo homem do significado da realidade. Vamos então filosofar: Qual o significado das duas pontes que o António me mostrara? Qual delas me presenteava com superiores conjuntos semióticos? Se conseguisse responder a essa pergunta poderia simultaneamente encontrar a resposta à pergunta inicial: “…Qual destas duas é a mais cultural?” Posso desde já informar o estimado leitor - poupando-o deste modo a uma leitura frustrante - que não consegui encontrar a chave deste enigma, mas que convido os eventuais interessados em saber como é que descalcei esta bota, a ficarem comigo mais umas linhas. A ponte dita romana tem uma história que começa no dealbar

do primeiro milénio, passa por suicídios lendários, demolições e reconstruções, desabamentos parciais pela força da corrente do rio (deveria dizer “dos rios”?), pedonalização e, finalmente, entronização como ex-libris turístico de Tavira. Os passeantes contemplam as águas e as suas margens, clicam nas câmaras dos seus telemóveis; os enamorados sentados nos bancos de pedra sussurram coisas uns aos outros; cãezitos fazem xixi nas vetustas pedras. Todos circulam devagarinho. Não é uma ponte dada a pressas. É, verdadeiramente, uma “slow” ponte, em consonância aliás com a saborosa lentidão reclamada pelos tavirenses para a sua cidade. Ok, isto são coisas que sei, ou melhor, que li, mas que senti eu ao olhar a imagem da ponte romana? Senti paz; fez-me lembrar, em menor escala, a Ponte Carlos em Praga. As luzes a reflectirem-se verticalmente nas águas a gerar um movimento espiritualizado de ascensão. A luz dos candeeiros a tentar imitar a luz polida da Lua cheia. Custa-me dizer que tudo isto não é cultura, sobretudo se assumir que a bela ponte é amada, juntamente com toda a sua história, pelos tavirenses e pelos seus visitantes. Para além dos arcos da ponte, porém, há uma luminosidade estranha, muito branca, que estraga de algum modo esse efeito pacificador. Apercebo-me de súbito que essa luz provém da ponte nova, exactamente a segunda fotografia do António. O maroto fez isto de propósito! Para entender a ponte romana - segundo ele - é pois necessário compreender a ponte nova e vice-versa. As duas pontes geram pois significados recíprocos. Vejamos então a ponte nova de

mais perto, a partir de umas coisitas rebuscadas na rede: esta veio substituir a ponte militar (provisória) construída após as inundações de 1989 e que se tinha degradado imenso nos seus quase trinta anos de serviço; pode dizer-se que está em plena infância, mas Ui!, que gestação difícil e demorada ela teve, coitadinha. A sociedade civil (sim, existe…) levantou-se em peso contra a decisão camarária, o projecto, os custos, as características, a duvidosa utilidade da dita ponte: o Armagedon! Parece ter sido mais repelido que desejado, este demónio de betão, “uma lança no coração da cidade”, conforme se dizia. Esta rebelião civil, por estranho que pareça, é cultura, porque qualquer manifestação cívica o é, independentemente do seu sucesso. Mas vejamos agora o que sinto ao olhar a fotografia: sinto a luz e o seu reflexo, um todo metálico, vibrante, simétrico; claramente uma união, uma passagem, algo que não é para estar mas para ultrapassar. Rapidez. Simplicidade. Modernidade. É uma resposta à tradição e também ela, um dia, será uma componente cultural, uma nova célula do cimento que une gerações. Qual das duas é a mais “cultural”? Lastimo, amigo António, mas isso eu não sei. (1) “Será que a palavra “homessa”, que já ninguém usa, poderá ter atingido pela sua raridade um estatuto de património e ipso facto de “cultura”? (2) Segundo o Dicionário de Filosofia da Universidade de Cambridge.

*O autor não escreve segundo o acordo ortográfico


18

CULTURA.SUL

Postal, 24 de setembro de 2021

FILOSOFIA DIA-A-DIA

O céu e o inferno MARIA JOÃO NEVES PH.D Consultora Filosófica

“A diferença entre o céu e o inferno é de um centímetro”. Gonçalo M. Tavares (Inspirado em Walter Benjamin)

I

maginemos alguém que resolve convidar familiares e amigos para um petisco. Levanta-se cedo e vai ao mercado escolher as melhores e mais frescas iguarias. Sabe cozinhar bem e esmera-se para elaborar um suculento manjar. Porém, a certa altura, como se de um curto-circuito se tratasse, o entusiasmo dá lugar a uma sensação nefasta. Seja apenas dentro da sua cabeça ou falando alto, há uma ladainha que se impõe a tudo o que estava a fazer anteriormente com alegria. A ladainha é mais ou menos assim: “sou sempre eu a fazer tudo, ninguém mais faz nada, cai sempre o trabalho todo em cima de mim, ninguém me ajuda, sou pau para toda a obra, sobra sempre para o mesmo, etc., etc., etc...” Esta pessoa tem dificuldade em delegar funções e em dar instruções precisas. Como resultado acaba por considerar as ajudas que se lhe tentam prestar inservíveis, decidindo ser melhor fazer tudo sozinho. De modo que os possíveis ajudantes são demitidos com maus modos. Claro que logo a seguir voltará a mesma ou nova ladainha a queixar-se de que ninguém faz nada e só o próprio é que trabalha. Este tipo de pessoa tende também a repreender veementemente quando alguém faz alguma coisa errada. Por exemplo, alguém parte um copo e imediatamente pede desculpa. Essa pessoa diz um “não tem importância” com tal tom de voz que quem partiu o copo fica com a sensação de que cometeu um crime da maior importância e que merecia ser condenado ao inferno por isso. Como se não bastasse, o assunto tende a não ficar por aí. Seguem-se uma série de interpelações do género: “Mas porque é que fizeste isso? Não prestas atenção a nada! Já sabias que o copo estava ali. Andas sempre com a cabeça na lua! É sempre a mesma coisa, etc., etc., etc...” Claro que o grande criminoso que partiu o copo se sente muito mal, só quer desaparecer dali para fora. Então, dando-se conta disso, o excelente cozinheiro e anfitrião muda de registo sem nunca parar com as interpelações: “então o que é que foi? Mas porque é que estás assim? Também não se te pode dizer nada! Mas que flor de estufa! etc, etc., etc...” De modo que o incauto ajudante errou triplamente: primeiro porque partiu o copo, segundo porque ficou mal disposto com as

O Jardim das Delícias Terrenas de Hieronymus Bosh

repreensões, e terceiro porque não ficou de bom humor imediatamente assim que o excelente anfitrião o entendeu. Claro que a esta altura já toda a gente perdeu a fome! As magníficas iguarias até parece que ficaram envenenadas. E o almoço que poderia ser uma celebração e uma grande alegria é, afinal, um tempo doloroso em que as pessoas ficam juntas por obrigação. Comem sem apetite e até o melhor vinho sabe a fel. O excelente cozinheiro que fez tudo, que se levantou tão cedo para propiciar um magnífico almoço de família, não percebe porque é que, quando no fim de semana seguinte faz novo convite, todos arranjam uma desculpa airosa para declinar a oferta. Soa familiar? Existe também aquele progenitor a quem o filho entusiasmado quer contar uma peripécia que se passou lá na escola. No entanto, embora a criança mal tenha acabado de falar, foi como se não tivesse aberto a boca ou como se o pai fosse surdo. De supetão, atropela a fala da criança desviando o assunto para outra coisa qualquer, seja o futebol, a paisagem que se avista da janela, ou a mensagem que acabou de entrar no telemóvel e que tem prioridade sobre tudo o resto. A criança é assim deixada ao abandono, perplexa e inexistente. Estes episódios vão-se repetindo ao longo da vida, e um dia este excelente progenitor, queixa-se aos colegas de café que os jovens são uns egoístas, que deu tudo aos filhos e que estes não conversam consigo,

FOTO D.R.

que não sabe nada da vida deles, e que tratam a casa como se fosse uma pensão: só aparecem para comer e dormir. E praticamente só lhe dirigem a palavra quando precisam de dinheiro ou se meteram em sarilhos para os quais precisam de ajuda para resolver. Soa familiar? A frase em epígrafe — A diferença entre o céu e o inferno é de um centímetro — aponta para o estranho facto de que o que dá origem a estas duas realidades opostas não ser algo grandioso. Não se trata de uma diferença de natureza, trata-se apenas de uma diferença de grau. Aliás, trata-se de um pequeno grau, apenas um centímetro, um desvio. Só que é um desvio certeiro para a infelicidade. O excelente anfitrião perdeu o sentido daquilo que era mais importante: julgou que o principal para uma boa refeição seriam os ingredientes, quando afinal, o mais importante, aquilo que a todo o custo se devia gerar e procurar manter seria o bom ambiente, a alegria, a felicidade de estarem juntos. Já o atarefado progenitor desvalorizou a pequena peripécia que a criança queria contar. Era algo sem importância e que não merecia a sua atenção. Não se apercebeu que o relevante não era aquilo que a criança tinha para contar, mas antes o facto de ela querer partilhar algo da sua vida com o pai. Só que o pai não ouviu, ou obviou, não quis saber. E esta surdez selectiva criou um afastamento que só aumentou com

os anos. E ao adolescente ou jovem adulto já nem lhe passa pela cabeça partilhar o que quer que seja com o seu progenitor. No filme Sete Anos no Tibete de Jean-Jacques Annaud, Heinrich Harrer (Brad Pitt) e Peter Aufschnaiter (David Thewlis) estão ambos apaixonados pela bela Pema Lhaki (Lhakpa Tsamchoe). A jovem mulher é costureira e os seus admiradores não param de recorrer aos seus serviços para que lhes encurte a bainha das calças, sendo esta a única desculpa que encontram para a ir ver. É inverno e os lagos estão gelados. A certa altura, para impressionar Pema, Heinrich tem a ideia de patinar no gelo, actividade pouco conhecida naquelas paragens. Improvisa patins para os três, e faz um enorme brilharete deslizando pela superfície gelada a grande velocidade, fazendo piruetas e gritando “olhem para mim!” Mas a pobre Pema, que nunca tinha patinado, mal o vê. Está totalmente concentrada a tentar equilibrar-se sobre aquelas duas lâminas escorregadias. Peter vem imediatamente em seu auxílio, ampara-a para que não caia, e pouco a pouco, com a sua ajuda, Pema vai descobrindo o prazer de patinar. Com quem é que o leitor acha que ela casou? Temos neste caso duas estratégias diferentes para conquistar a amada: a de Heinrich que consiste em tentar que a atenção da amada recaia sobre ele, uma estratégia de exibição que poderíamos denominar de estraté-

gia-pavão; e a de Peter que consiste em reparar ele próprio na amada, prestar atenção às suas necessidades, ser o seu amparo, podíamos denominá-la estratégia do cuidar. Embora o objecto do amor fosse o mesmo o modo de lidar com ele foi distinto, e esse pequeno centímetro de diferença ditou a escolha da pretendida. As declarações amorosas incidem normalmente sobre as qualidades do objecto amado: porque tu és tal, tal, tal e tal, eu amo-te. Talvez devessem incluir uma segunda parte em que o amador perguntasse: diz-me o que pretendes, diz-me o que te faz falta, diz-me o que posso fazer por ti. Será possível corrigir aquele desvio de 1cm, reparar a rota? Talvez a resposta esteja contida na própria palavra — re-parar — voltar a parar, isto é, prestar atenção. Gonçalo M. Tavares no seu livro Atlas do Corpo e da Imaginação diz-nos o seguinte: “Note-se que o termo reparar pode significar voltar a colocar em funcionamento ou dar atenção: voltar a parar à frente de algo: reparar, parar duas vezes, parar muito tempo à frente de algo. Aquilo a que se dá atenção volta a funcionar, eis uma definição prática, operacional, quase mecânica, do amor”. Inscrições para o Café Filosófico: filosofiamjn@gmail.com * A autora não escreve segundo o acordo ortográfico


CULTURA.SUL

Postal, 24 de setembro de 2021

19

FIOS DE HISTÓRIA

A CONQUISTA DE SILVES

Crónica do Cruzado Anónimo

S

e fosse hoje, abriria os telejonais como enviado especial em direto no teatro das operações militares que decorriam a sul do território ocupado pelos muçulmanos. O cronista, que seguia a bordo da terceira cruzada com destino à Terra Santa, foi o repórter de guerra que relatou na primeira pessoa, num estilo direto e em liguagem simples, tudo o que viu naquele ano de 1189. Num manuscrito de oito páginas, que ficou conhecido como “Crónica do Cruzado Anónimo”, começa ele por evocar os gritos de morte que ainda pairavam no ar, da carnificina bárbara perpetrada 15 dias antes por uma outra expedição de cruzados sobre a fortaleza árabe de Alvor. Uma investida em que foram passados a fio de espada, como ele afirma, “perto de 5.600 pessoas, não perdoando a sexo nem idade”. Não escapou ninguém. Porém, para D. Sancho I, de Portugal que não terá participado na chacina -, esta investida não representara senão um primeiro ensaio para a operação seguinte com outro alcance e envergadura: o assalto e tomada da opulenta, populosa, culta e rica cidade de Silves. A grande e afamada capital do reino do Algarve Andaluz, considerada a Bagdad do ocidente. Segundo o cronista - porventura com algum exagero -, mais rica e populosa do que Lisboa e outras cidades como Santarém ou Coimbra. A nova frota de 36 navios e 3.500 homens de guerra, composta por soldados ingleses, teutónicos e flamengos, levando como objectivo a libertação da Terra Santa de Jerusalém, na posse de Saladino, sultão do Egipto, tinha acabado de fazer uma paragem de reabastecimento em Lisboa. E foi nesta paragem na capital do reino, que D. Sancho aliciou e convenceu essa força mercenária a fazer um desvio e ajudá-lo a tomar de assalto a opulenta praça de Silves. Num desses navios seguia aquele soldado mais dado às armas da escrita do que às armas da guerra. Um cronista com a missão de contar os pormenores da expedição militar a Jerusalém, a qual, por interesses e contrapartidas de oportunidade - mais económicas do que religiosas -, se via a caminho de uma missão de auxílio ao rei português na sua política de expansão territorial para sul. Conta ele que D. Sancho fez seguir por terra uma força militar bem equipada

com material de guerra e de assalto, com o objectivo estratégico de dar apoio aos cruzados por um dos flancos de combate. O contigente lusitano acampou a cerca de quatro milhas da cidade, enquanto a frota, a que se juntaram muitas naus portuguesas e uma outra da Galiza, zarpando de Lisboa, navegou sem grandes pressas até ao estuário do Arade, defronte a Portimão. Antes, os cruzados haviam passado junto à localidade de Alvor onde puderam constatar a devastação e os estragos da matança sangrenta ocorrida duas semanas atrás. Navegando já rio acima a partir de Portimão, avistaram Silves cujos

O cronista põe ainda em evidência o castelo e uma grande torre no vale, de onde seguia uma estrada coberta para a cidade, “de sorte que não se podia ver o que se passava de fora dos muros da dita almedina”. No dia 22 de julho, uma vez estudado o sistema defensivo da fortaleza, iniciaram-se os combates. No calendário cristão, era dia de Sta Maria Madalena. Nos primeiros ataques, os cruzados tentam passar as barreiras com múltiplas tentativas de escaladas, ao mesmo tempo que iam escavando minas e túneis para enfraquecer e romper as muralhas. Respondem os árabes com o arremesso de pedras e

rei de Portugal, o que levantou a moral das tropas quando já havia sinais de impotência em face da resistência oferecida pelos árabes. Com efeito, o desânimo e a hesitação começaram a apoderar-se dos cruzados com pressa de arrumar a questão para rumarem ao seu destino. Até o monarca português, perante a tenacidade dos mouros, admitiu desistir e levantar o cerco. Mas a 14 de agosto surgiu o primeiro sinal de fraqueza do lado de dentro: um muçulmano lançou-se do muro da fortaleza abaixo, a seguir a outros. Eram sinais de rendição. Sedento de água, informou que “na cidade morria

de o alcaide chamado Albainus, só a cavalo, acompanhado de todos os demais a pé”. Mas contra tudo o que havia sido acordado, o comportamento dos cristãos não escapou à censura do rei e do repórter. “A nossa gente miúda, porém, descarada e vergonhosamente, começou a roubá-los com quebra de convenção e a maltratá-los com pancadas do que ele o Rei se agastou muito”, sublinhou o cronista adiantado que, confrontado com esta situação de excessos, D. Sancho tomou uma decisão radical: “Entregamos-lhe (ao rei de Portugal) a cidade, ainda recheada de riquezas, para que fizesse a partilha connos-

líquidos a ferver, rechaçando-os. Vive-se uma situação de parada e resposta que dura mais de uma semana, sucedendo-se combates encarniçados com inúmeras baixas de ambos os lados, até surgir um acontecimento que perturbou os cruzados. Em represália à morte de um mouro na porta da mesquita, os muçulmanos que haviam capturado três cristãos, penduraram-nos pelos pés no cimo da muralha para que servissem de exemplo. Ali, impiedosa e lentamente, foram mortos a golpes de lança e espada, para gáudio da população sitiada. Relata o repórter, que no dia 6 de agosto os cristãos resolveram experimentar uma nova arma, na tentativa desesperada de derrubar as muralhas defensivas da cidade: “No domingo, dia de S. Felicíssimo e Agapito, nós os Teutónicos, logo de madrugada assentámos uma máquina, a que chamamos ouriço, contra o muro da coiraça, entre duas torres, com intento de lhe abrir brecha”. A utilização desta máquina não deu, porém, os resultados esperados, dado que os muçulmanos deitaram fogo à mesma, inutilizando-a. Vieram, entretanto, outras máquinas de guerra do

muita gente à sede; porque nos poços havia pouca água e essa era salobra em demasia”. Mas foi preciso atravessar todo o mês de agosto, até chegar o dia esperado: a 1 de setembro, dia de Santo Egídio, os mouros anunciaram, finalmente, que estavam dispostos a render-se, pondo-se “a bradar do muro pela gente d’El Rei para tratar de entregar a cidade”. A partir de então, começaram as negociações – que terão sido muito mais difíceis entre D. Sancho e os cruzados do que com os árabes. Primeiramente, o monarca português procurou que os cruzados deixassem sair os mouros com os seus haveres, proposta que os primeiros recusaram. Prometeu dez mil cruzados de ouro que depois elevou para o dobro que foram também rejeitados. Perante a dificuldade de um acordo, ficou acertado que os mouros sairiam da fortaleza ”somente com o que tivessem vestido, ficando El Rei com a cidade e nós com o despojo que tivesse dentro”. Acertadas as condições, a rendição consumou-se efetivamente no dia 3 de setembro. A resistência durara 43 dias. Escreveu o cronista: “No terceiro dia das nonas de setembro saiu da cida-

co, como cumpria à majestade real, havendo respeito assim ao trabalho, como ao dano que havíamos sofrido. El Rei, porém, tomando tudo para si, nada nos deixou, e por isso os cruzados, tratados tão injuriosamente se separaram dele menos amigos do que dantes estavam”- refere o escriba. Obtida a conquista de tão importante praça, mandou D. Sancho purificar a mesquita maior e convertê-la em Igreja cristã. E, a 7 de setembro, véspera da Natividade de Nossa Senhora, logo foi designado D. Nicolau, bispo de Silves. Após a rendição, o alcaide árabe, Albainus - filho de Ibn Wazir, de Évora, antigo companheiro de Ibn Qasi -, é poupado e segue para o exílio em Sevilha. Regressaria dois anos volvidos, integrado nas tropas de Yacube Almançor. Silves cairia de novo na posse dos mouros e a Sé cristã voltou a ser mesquita árabe outra vez. A capital do Garb al-Andaluz só tornaria definitivamente à coroa portuguesa em 1243.

FOTO D.R.

RAMIRO SANTOS Jornalista ramirojsantos@gmail.com

campos em redor encontraram desertos. Os seus habitantes, apercebendo-se da aproximação rápida da esquadra inimiga e tendo presentes os acontecimentos de Alvor, fugiram procurando refúgio e proteção dentro das muralhas que circundavam a cidade. Despovoados, os arredores transformaram-se num campo aberto sem resistência à pilhagem e ao saque para esses homens que falavam em nome de Deus e levavam a cruz de Cristo ao peito. Silves era por essa época, uma praça com um forte dispositivo de defesa, cercada por altas torres, fossos e quatro níveis de fortificações, dentro das quais se encontrava a almedina e uma cidade de casas apalaçadas. Os acessos eram quase impenetráveis e as entradas pelas portas feitas em ângulos apertados e tortuosos, o que dificultava ainda mais a passagem. Era uma fortaleza quase inexpugnável, como a descreve o cronista: “uma vasta cidade estendida no vale” e outra parte “pelo monte e chamava-se almedina”. Correm por ali – refere ele – “dois rios (Arade e Odelouca), havendo sobre o canal quatro torres, pelas quais passava o abastecimento de água ao burgo”.

Fontes: “Cidade de Silves num itinerário naval do século XII por um cruzado anónimo”, M. Cadafaz de Matos – C.M.Silves; outras.


20

CULTURA.SUL

Postal, 24 de setembro de 2021

ESPAÇO AGECAL FOTO D.R.

MUSEUS DO ALGARVE:

O Museu de São Brás de Alportel em risco? JORGE QUEIROZ Sociólogo, sócio da AGECAL

“Que se faça da cultura, da educação e da ciência os grandes pontos de apoio em que o nosso desenvolvimento deve assentar". Jorge Sampaio, ex-Presidente da República (1939-2021)

O

s museus são estruturas fundamentais numa correcta política cultural, nacional, regional ou municipal, que promova o desenvolvimento humano e a participação dos cidadãos, a preservação, valorização e educação para o património e dinamize as artes, tal como o são as bibliotecas, arquivos, teatros, centros de ciência, … Porquê? Porque quando os museus funcionam de acordo com as normas da Lei Quadro dos Mu-

seus Portugueses, assegurando as funções obrigatórias inerentes à designação museu, quando têm apoios necessários e suficientes das tutelas, se são respeitados e acarinhados, os resultados aparecem nos planos educativo e económico, na participação e autoestima social. A autonomia de gestão das instituições culturais, obviamente escrutinada e avaliada nos seus resultados, é uma necessidade. Como se pode esperar meses ou anos para comprar material corrente, ter os edifícios e espólios em risco ou ter de fechar salas ao público por falta de pessoal? No sécu lo X I X , Seba st ião Estácio da Veiga, pioneiro da arqueologia portuguesa e autor da “Carta Arqueológica do Algarve” encomendada pelo Rei, antecipou a necessidade de museologia científica e social tentando criar um Museu Regional do Algarve que pudesse mostrar e valorizar a riqueza da sua História e Património. O espólio resultante das escavações realizadas

no Algarve permanece há 130 anos nas reservas do Museu Nacional de Arqueologia. A História do Algarve é insuficientemente conhecida, apesar dos esforços de algumas Instituições, do contributo de investigadores como Viegas Guerreiro, Romero de Magalhães, António Rosa Mendes, Horta Correia, Luís Filipe Oliveira e outros, de vários gestores culturais e jovens investigadores, das acções da Rede de Museus do Algarve. A exposição “Algarve, do Reino à Região” foi um bom exemplo da cooperação e partilha entre museus. Se não bastassem os problemas da Região, carências em infraestruturas culturais e de unidades de investigação, de produção e criação artísticas, surge-nos a informação da tentativa de fragilização ou mesmo de extinção do Museu do Traje de São Brás de Alportel, tutelado pela Santa Casa da Misericórdia de SBA, em funcionamento há três décadas. A leitura das notícias sugere razões

RESTAURANTE O TACHO

Restaurante de estilo familiar Take-Away: Entrega ao domicílio em Tavira

Estrada Nacional 125, Km 134 (junto à GNR) 8800-218 Tavira)

281 324 283

pouco claras e demasiado frágeis nos seus fundamentos. O Algarve não necessita de destruição de museus, mas de criar novos e melhorar os existentes. Avessos a fulanizações em questões de política cultural, desde sempre pugnamos por linhas de defesa e de promoção da riquíssima cultura portuguesa, do património construído, material e imaterial, por medidas de valorização do idioma comum a 300 milhões de cidadãos no mundo. Desejamos a abertura de licenciaturas em Gestão Cultural, como já acontece no País vizinho, para que os recursos culturais sejam geridos por quadros formados, com interdisciplinaridade, participação de instituições, comunidades e especialistas, programas educativos para o desenvolvimento humano, (re)conhecimento da História e Patrimónios diversos. Emanuel Sancho, director do Museu de São Brás, deu a melhor sequência ao trabalho dos padres José e Afonso Cunha Duarte, que se dedicaram

à etnografia algarvia, assegurou e dinamizou um equipamento de referência no interior algarvio. O Museu de São Brás realizou investigação, conservação de espólios, exposições, edições e actividades sociais diversas. Emanuel Sancho criou com outros colegas a Rede de Museus do Algarve, foi um dos dezoito profissionais de cultura do Algarve fundadores da AGECAL. É actualmente Vice-Presidente do MINOM Portugal – Movimento Internacional para Uma Nova Museologia. O Museu de São Brás, o seu director e colaboradores têm trabalho dedicado, continuado e de qualidade, realizado com os meios disponíveis, merecem reconhecimento e apoio de todos. A cultura é indissociável da defesa e aprofundamento da democracia, essencial ao desenvolvimento do País. * O autor não escreve segundo o acordo ortográfico


CULTURA.SUL

Postal, 24 de setembro de 2021

21

LETRAS & LEITURAS

Volta ao Mundo em Vinte Dias e Meio, de Julieta Monginho PAULO SERRA Doutorado em Literatura na Universidade do Algarve; Investigador do CLEPUL

V

olta ao Mundo em Vinte Dias e Meio, de Julieta Monginho, publicado pela Porto Editora, assinala os 25 anos de carreira literária de Julieta Monginho e, depois dos premiados A Terceira Mãe e Um Muro no Meio do Caminho, confirma a voz original da autora. Numa contagem decrescente, ao longo de 20 dias, uma criança empreende um plano de fuga e pede ao leitor, que considera o irmão que nunca teve, que não o denuncie. O dia Zero, em que se encerra a narrativa e se anuncia um mundo novo, deixa-nos em suspenso, e talvez por não ficar completamente encerrado se explique os «Vinte Dias e Meio» do título. Um romance que se lê de uma assentada, ainda que no início nos sintamos a tactear entre a pluralidade de histórias e a novidade da linguagem da autora. No tempo medido por Leo, relatado na primeira pessoa, conflui ainda o tempo de Mário, o pai, narrado na 3.ª pessoa

e de forma alternada. Com direito a menos dias, a narrativa é ainda pontuada, ocasionalmente, pela voz de Marten, o companheiro de Mário. A mãe, curiosamente, não tem direito a voz nesta história de uma família disfuncional e pouco convencional, ainda que Leo nos fale repetidamente dela, e de como a sua natureza se divide em duas: a mãe e a eãm. «A mãe são duas, uma de trás para a frente, outra da frente para trás. Uma enche o armário com cereais de chocolate, a outra esquece-se da hora das refeições e fica a olhar pela janela até adormecer» (p. 9). A frase inaugural do romance confirma a importância simbólica da inversão neste título explica-nos na verdade o motivo do desejo de fuga de Leo, cansado de adultos ambíguos, insatisfeitos, perdidos na vida e no desejo: «Uma família granizo, pedras a bater umas contra as outras» (p. 25). Mário, que ganha no romance uma centralidade talvez maior que a de Leo, e talvez daí a perspetivação da personagem numa terceira pessoa, mais objectiva, tem também a sua vida do avesso, como iremos percebendo ao longo deste romance construído ao jeito de um puzzle ou Lego como aqueles

Julieta Monginho é escritora e magistrada do Ministério Público FOTO D.R.

com que Leo se entretinha, antes de passar a um puzzle mais sofisticado… Mário era, até há 3 dias, segurança no museu Rijksmuseum de Amsterdão, que Leo visita desde bebé e onde gosta de se perder. Mas Mário perdeu o trabalho no dia em que perdeu a cabeça e pontapeou uma vítima por um delito (imaginado?) numa das salas do museu, «episódio» que adquire segundo ele «proporções

desmesuradas» nas redes sociais e na televisão (p. 20) e o reenvia até à aldeia alentejana onde reencontra a mãe demente e procura lidar com as recordações de um pai abusador que o humilhava publicamente por ser homossexual. Mário parece ser portanto uma criança como Leo em ponto grande, fisicamente incapaz de lidar com a sua própria força, e um turbilhão de emoções por resolver. Estabelece-se, paradoxalmente, uma relação curiosa entre o desconforto de Leo na sua pele, na sua vida, da mesma forma que Mário continua a braços com o passado; e enquanto Leo quer fugir de casa, Mário regressa a casa para poder resolver-se. Logo nas primeiras páginas do romance, a autora consegue a proeza de nos fazer ver o mundo pelos olhos de uma criança, fazendo deste livro uma moldura para o mundo, e o leitor compactua com o plano de Leo (que nos pede conselhos recorrentemente) ao mesmo tempo que se situa espacial e temporalmente. Mas a actualidade dos tempos é perpassada por uma ambiência fantástica. Ao longo do romance, logo desde as primeiras páginas, personagens de carne e osso são colocadas ao lado

O Reino, de Emmanuel Carrère

Emmanuel Carrère é um dos maiores escritores europeus da atualidade e realizador de cinema FOTO HÉLÈNE BAMBERGER / P.O.L / D.R.

O Reino, de Emmanuel Carrère, publicado pelas Edições Tintada-china, «conta a história dos primórdios do cristianismo e de como dois homens, Paulo de Tarso e Lucas, transformaram uma pequena seita de judeus, liderados pelo seu pregador crucificado», na religião que em três séculos levou à queda do Império Romano e conquistou o mundo. É um livro portentoso, com mais de 400 páginas de letra miudinha, em que nas primeiras 100 páginas

o autor nos faz um relato de como 25 anos antes passou por uma profunda crise existencial, tornando-se um cristão fervoroso, um católico praticante, com quem 3 anos depois deixou de se identificar. Assumindo-se agora como um céptico, agnóstico, «nem suficientemente religioso para ser ateu» (p. 103), o autor revisita o seu arquivo, como é o caso de 18 cadernos em que comentava diariamente passagens do Evangelho de S. João. Na terceira parte do livro, o autor mergulha então no relato das vidas do apóstolo e do evangelista, sempre baseado na leitura da Bíblia, das cartas de S. Paulo, e vários outros textos religiosos. Porque ao autor interessa esmiuçar a verdade, tentando compreender o que está por trás de testemunhos nem sempre claros e de passagens insuficientes, O Reino é uma narrativa extremamente pessoal (o autor despe realmente a alma), e uma reconstrução histórica do Cristianismo nos seus primórdios, tacteando cuidadosamente entre o «certo, provável, possível

e não impossível» (p. 331), demonstrando-nos como a religião não nasceu com a vinda do Messias – na verdade, quase nem deram por ele na altura –, mas com discípulos de carne e osso: Paulo de Tarso é um caso paradigmático, pois não chegou a conhecer o Cristo em vida. A perspectiva crítica de um conhecedor não crente do Evangelho – «passei dois anos da minha vida a comentar João, dois a traduzir Marcos, sete a escrever este livro sobre Lucas» (p. 413) –, dálhe espaço para colocar em causa aspectos de uma religião baseada numa inversão radical de valores (os ricos serão os pobres, os últimos serão os primeiros), cujos princípios se parecem ter perdido com o tempo: «A Igreja já não domina os assuntos; cumpriu obviamente o seu tempo e é difícil dizer se a sua idade avançada, da qual somos testemunhas bastante indiferentes, tende sobretudo para a senilidade agressiva ou para a sabedoria luminosa que lhe desejamos, pelo menos eu desejo, quando pensamos na nossa própria velhice.» (p. 419)

“O Reino” foi vencedor do Prémio Le Monde 2014 e Melhor Livro do Ano na Lire

Esse distanciamento crítico permite ainda ao autor ironizar e gracejar, em alguns momentos – são particularmente recorrentes as comparações entre os primórdios do cristianismo e o socialismo comunista, comparando as brigas de Paulo e Tiago com as de Trotsky e Estaline. Estas ligeiras notas de humor ao longo do texto não descredibilizam de todo a seriedade do tema ou a profundidade da análise. Emmanuel Carrère nasceu em Paris, em 1957. É um dos maiores escritores europeus da actualidade, e realizador de cinema. O Reino foi vencedor do Prémio Le Monde 2014 e Melhor Livro do Ano na Lire.

de figuras de quadros célebres do Rijksmuseum: Mário sonha com Rembrandt e Leo fala mesmo com ele; a Mona Lisa ensinou Leo a sorrir para que o deixem em paz; Leo encontrou o seu cão Puck, saído de um dos quadros, e vê na Leiteira de Vermeer uma amiga, quase uma figura maternal, a verter infindamente o seu leite. Leo (abreviatura de Leonardo…) é uma criança como as outras, tão capaz de se perder nos seus jogos de computador como nos quadros do museu, mas é particularmente nas pinturas dos mestres que encontra o seu mundo imaginário: «Os quadros, as Figuras dentro dos quadros, acolhiam-no como uma grande família, unida para sempre.» (p. 14) Igualmente fantástico é o plano congeminado por Leo, que passa por construir uma máscara com os traços das Figuras: «Uma pele de cera desenhada, por cima da minha pele, uma espécie de tatuagem provisória. Assim vai ser mais fácil fintar as câmaras de vigilância e deixar para trás estes doidos.» (p. 17) Também Marten, na pressão de conseguir escrever o seu romance, conversa com Virginia Woolf. Além da ambiência fantástica, o romance está repleto da importância da arte, nas suas mais variadas formas: da pintura à música, com versos e árias; e as lendas «do tempo em que só havia o antigamente e o depois» (p. 117) ou as «histórias de moleiros e vagabundos e piratas» (p. 164). Por fim, quer o mundo real, quer o mundo das Figuras fica igualmente ameaçado quando, conforme chegamos ao dia 0 de Leo, o tempo retrocede igualmente até a um episódio bíblico, carregado de simbologia: «Passado, presente e futuro que houvesse, viajavam no caudal de um rio sem margens onde a vida se ordenasse.» (p. 134) Mário faz a sua travessia marítima de volta a Amesterdão, agora «uma cidade cortada ao meio pelas águas», «uma cidade da cintura para cima» (p. 129) A última frase do romance confirma a esperança de que a humanidade se reconstrua num novo mundo, onde Leo não volte a pensar em fugir de casa da mãe. Julieta Monginho nasceu em Lisboa, em 1958. É escritora e magistrada do Ministério Público. A Porto Editora também publicou Um Muro no Meio do Caminho (2018), vencedor do Prémio Fernando Namora e Prémio PEN Clube Português em 2019, e reeditou A Terceira Mãe (2008), Grande Prémio de Romance e Novela da APE.


22

CADERNO ALGARVE

Postal, 24 de setembro de 2021

NECROLOGIA REGIÃO

ROSALIND CICELY HILLYAR 12-05-1940 16-08-2021 Agradecimento Os seus familiares vêm, por este meio, agradecer a todos quantos o acompanharam em vida e nas suas cerimónias exéquias ou que de algum modo lhes manifestaram o seu sentimento e amizade. GUILDFORD - REINO UNIDO SANTA MARIA E SANTIAGO - TAVIRA Agência Funerária Santos & Bárbara, Lda.

EM 2 PASSOS

O DIGITAL VAI SEMPRE CONSIGO

#1 ter uma conta paperview #2 comprar os conteúdos da pagina

NICOLINA DA CONCEIÇÃO SILVA 03-01-1936 24-08-2021 Agradecimento Os seus familiares vêm por este meio agradecer a todos quantos se dignaram acompanhar o seu ente querido à sua última morada ou que, de qualquer forma, lhes manifestaram o seu pesar.

Precisamos de si, compre ou assine em papel ou online

Reze 9 Ave-Marias com uma vela acessa durante 9 dias, pedindo 3 desejos, 1 de negócios e 2 impossíveis ao 9º dia publique este aviso, cumprir-se-á mesmo que não acredite. C.F.

Reze 9 Ave-Marias com uma vela acessa durante 9 dias, pedindo 3 desejos, 1 de negócios e 2 impossíveis ao 9º dia publique este aviso, cumprir-se-á mesmo que não acredite. A.S.

JOSÉ GR ACIANO DE MENDONÇA HORTA

MARIA JOSÉ LOPES GONÇALVES DA PALMA NEVES

ANTÓNIO DO ESPÍRITO SANTO AFONSO

03-01-1936 24-08-2021

20-09-1947 04-09-2021

23-11-1957 10-09-2021

Agradecimento Os seus familiares vêm por este meio agradecer a todos quantos se dignaram acompanhar o seu ente querido à sua última morada ou que, de qualquer forma, lhes manifestaram o seu pesar.

Agradecimento Os seus familiares vêm, por este meio, agradecer a todos quantos o acompanharam em vida e nas suas cerimónias exéquias ou que de algum modo lhes manifestaram o seu sentimento e amizade.

Agradecimento Os seus familiares vêm por este meio agradecer a todos quantos se dignaram acompanhar o seu ente querido à sua última morada ou que, de qualquer forma, lhes manifestaram o seu pesar.

SANTIAGO - TAVIRA SANTA MARIA E SANTIAGO - TAVIRA Agência Funerária Santos & Bárbara, Lda.

SANTO ESTEVÃO - TAVIRA SANTA MARIA E SANTIAGO - TAVIRA Agência Funerária Santos & Bárbara, Lda.

CONCEIÇÃO - TAVIRA CONCEIÇÃO E CABANAS DE TAVIRA - TAVIRA Agência Funerária Santos & Bárbara, Lda.

CONCEIÇÃO - TAVIRA SANTA MARIA E SANTIAGO - TAVIRA Agência Funerária Santos & Bárbara, Lda.


CADERNO ALGARVE

Postal, 24 de setembro de 2021

23

A NÚNCIOS REGIÃO

www.postal.pt

MEIOS DIGITAIS

Milhares de visualizações através do site postal.pt e mais de 136 mil seguidores nas redes socais

COOPERATIVA AGRICOLA DOS PRODUTORES DE AZEITE DE SANTA CATARINA ASSEMBLEIA GERAL

DISTRIBUIÇÃO

Distribuído pelo nosso parceiro em toda a região do Algarve

CONVOCATÓRIA De acordo com o disposto no Parágrafo segundo do art. 23º, e no Parágrafo segundo do art. 25º dos Estatutos da Cooperativa Agrícola dos Produtores de Azeite de Santa Catarina da Fonte do Bispo, CRL, convoco os seus associados a reunirem-se em Assembleia Geral, em sessão ordinária, no dia 13 de Outubro de 2021, pelas 17 horas na sua sede e com a seguinte ordem de trabalhos: 1º- Apreciação e votação do Orçamento e do plano de atividades para o exercício de 2022; 2º-Deliberar sobre a remuneração dos membros dos órgãos sociais; 3º- Discussão de outros assuntos de interesse para a Cooperativa. Se à hora marcada não estiver presente o número legal de sócios, a Assembleia Geral reunirá uma hora depois, em segunda convocatória, no mesmo local e com a mesma ordem de trabalhos, podendo deliberar com qualquer número de associados.

www.

PreviaSafe.pt

geral@previa.pt Tel.: 289 393 711 | 289 824 861 Rua Sport Faro e Benfica nº 4 A 8000 - 544 Faro

AUMENTE A

VISIBILIDADE

NEGÓCIO

Aumente a sua presença online em toda a região do Algarve, numa rede consistente de mais de 136 mil seguidores.

O Presidente da Assembleia Geral (POSTAL do ALGARVE, nº 1271, 24 de Setembro de 2021)

COMUNIQUE COM O POSTAL

DO SEU

Santa Catarina, 13 de Setembro de 2021

Alberto Maria Vilela Boto Pimental

COMUNICAÇÃO

Tiragem média por edição 10 mil exemplares

COMUNIQUE COM O POSTAL Contacto: 281 405 028

SAIBA MAIS Anabela Gonçalves anabelag.postal@gmail.com

Helena Gaudêncio hgaudencio.postal@gmail.com

918 201 748 281 405 028

ANÚNCIO Perante mim Élia Horta, Advogada, com escritório na Rua Montalvão n°24, 8800-420 Tavira, foi outorgada no dia 20 de julho de 2021 pelos senhores Jean Marc Sauvaget e Odile Claudine Éliane Collet, que também usa e é conhecida por Odile Claudine Éliane Collet Sauvaget, revogação de todas as procurações que haviam conferido poderes ao senhor Luís Manuel Sacramento das Neves, considerandoas-as nulas, não produzindo qualquer efeito a partir da presente data.

3,6 cm alt. x

4 cm larg.

3,6 cm alt. x

8,5 cm larg.

7,6 cm alt. x

8,5 cm larg.

15,6 cm alt. x

8,5 cm larg.

23,6 cm alt. x

8,5 cm larg.

23,6 cm alt. x

17,3 cm larg.

32 cm alt. x

26,2 cm larg.

23%

(POSTAL do ALGARVE, nº 1271, 24 de Setembro de 2021) Reze 9 Ave-Marias com uma vela acessa durante 9 dias, pedindo 3 desejos, 1 de negócios e 2 impossíveis ao 9º dia publique este aviso, cumprir-se-á mesmo que não acredite. C.G.

Reze 9 Ave-Marias com uma vela acessa durante 9 dias, pedindo 3 desejos, 1 de negócios e 2 impossíveis ao 9º dia publique este aviso, cumprir-se-á mesmo que não acredite. A.F.

Reze 9 Ave-Marias com uma vela acessa durante 9 dias, pedindo 3 desejos, 1 de negócios e 2 impossíveis ao 9º dia publique este aviso, cumprir-se-á mesmo que não acredite. G.F.


FOTO D.R.

Tribunal da União Europeia dá razão a Água de Monchique

A É oficial, as creches passam a ser gratuitas conforme o escalão de rendimentos Instituições têm que devolver as comparticipações pagas pelas famílias referentes ao mês de setembro A creche passa a ser gratuita para todas as crianças de famílias até ao segundo escalão de rendimentos a partir de quarta-feira e com efeitos a 1 de setembro, segundo portaria publicada esta terça-feira em Diário da República. A medida estava incluída na proposta de lei das Grandes Opções (GO) para 2021-2025 e vê agora a luz do dia, sendo destinada a todas as crianças de agregados familiares até ao segundo escalão de rendimentos (até 6.143,34 euros por ano) e que frequentem as respostas sociais creche, creche familiar ou ama. De acordo com a portaria publicada, “o pagamento devido pelos agregados familiares que se enquadram nos 1.º e 2.º escalões de rendimentos da comparticipação familiar é suportado pelo Instituto da Segurança Social, I. P.”, acrescentando que a medida entra já em vigor, com efeitos a 01 de setembro. Significa isso que as instituições irão devolver as comparticipações pagas pelas famílias referentes ao mês de setembro. Por outro lado, o Governo irá pagar uma compensação financeira às instituições pela aplicação do princípio da gratuitidade da creche a todas as crianças abrangidas pela medida, no âmbito dos acordos de cooperação, “correspondente ao valor da comparticipação familiar cobrada às famílias”. Segundo a informação que consta na portaria, a medida aplica-se não só às respostas sociais creche e creche familiar das instituições particulares de solidariedade social (IPSS) ou legalmente equiparadas e com acordo de cooperação com o Instituto de Segurança Social (ISS), mas também às crianças em amas do ISS. Entretanto, o secretário-geral do PCP, Jerónimo de Sousa, anunciou que o partido vai levar o alargamento da gratuitidade das creches a todos os escalões de rendimentos para as discussões do Orçamento do Estado para 2022 (OE2022).

primeira instância do Tribunal de Justiça da União Europeia (UE) deu esta quarta-feira razão à Sociedade da Água de Monchique, num recurso interposto contra o Instituto europeu da Propriedade Intelectual por oposição ao registo da marca Chic. Num acórdão divulgado, o Tribunal Geral da UE defende que a decisão do Instituto da Propriedade Intelectual da União Europeia (EUIPO), que impedia o registo da marca Chic, solicitado pela Água de Monchique, "deve ser anulada", dado ter havido um "erro de apreciação" por parte daquele organismo. Em causa está um pedido submetido pela Sociedade da Água de Monchique ao EUIPO em 2017 referente à marca Chic, na categoria de "bebidas

sem álcool, água engarrafada, água mineral (não medicinal) e águas minerais (bebidas)". O pedido foi contestado no ano seguinte, junto do EUIPO, por um representante da marca de vinhos Chic Barcelona, que argumentou existir um "risco de confusão" entre as duas, o que o instituto negou na altura. Porém, num recurso de 2020, o EUIPO já admitiu "um reduzido grau de semelhança" entre o nome das marcas em conflito, bem como "um elevado grau de semelhanças visual, fonética e conceptual", decidindo então pela "existência de um risco de confusão" e impedindo o registo da água Chic. Segundo a informação disponibilizada pela Sociedade da Água de Monchique na sua página de internet, esta é "uma água mineral 100% natural alcalina com pH 9,5 com embalagem 'premium'", em formatos de 50 centilitros (cl) e um litro. Com

Últimas

o acórdão, o Tribunal Geral considera que "os produtos visados pelas marcas em causa são diferentes", dando então razão à Sociedade da Água de Monchique, que recorreu dessa decisão do EUIPO no ano passado para o Tribunal Geral. "Devido à inexistência de álcool na sua composição, a natureza dos produtos denominados [...] visados pela marca pedida da Sociedade da Água de Monchique é diferente da natureza de todos os produtos abrangidos pela marca anterior", assinala a primeira instância do Tribunal da UE. Além disso, "a finalidade, a utilização dos referidos produtos são diferentes", pelo que "o Tribunal Geral considera, por outra parte, que os produtos em causa não se encontram numa relação de complementaridade [...] nem têm natureza concorrente", lê-se ainda na informação enviada à imprensa.

Mendes Bota submetido a “cirurgia delicada” Mendes Bota, colaborador do Postal do Algarve, está a recuperar de uma cirurgia a que foi submetido esta quarta-feira no Hospital de Santo António, no Porto. De acordo com as suas palavras, tratou-se de uma “cirurgia delicada” efectuada numa unidade do Serviço Nacional de Saúde que considera “uma das maiores conquistas do 25 de Abril, pelo que vale a pena lutar. No meio desta prova difícil em que me encontro, só me ocorre aconselhar os meus amigos e amigas a usufruírem tudo o que de bom a vida tem para nos dar”, salienta o ex-deputado e responsável político algarvio. O POSTAL deseja a José Mendes Bota uma rápida recuperação e que volte depressa ao nosso convívio.

NOVOS VENTOS PARA A CARAVELA BOA ESPERANÇA

Dois burlões detidos em Armação de Pêra e Carvoeiro A GNR deteve esta terça-feira dois homens de 44 e 31 anos, em cumprimento de dois mandados de detenção europeus, pelo crime de burla, falsificação e contrafação fora de território nacional. No decorrer de um acidente de viação, os militares ao identificaram os intervenientes apuraram que o homem interveniente de 44 anos, possuía mandado de detenção europeu pendente por crimes de burla, falsificação e contrafação, praticados na Alemanha. Ainda no mesmo dia, os militares do Posto Territorial de Armação de Pêra detiveram um homem de 31 anos, em cumprimento de mandado de detenção europeu, por crimes de burla praticados em Espanha, tendo sido conduzido ao Estabelecimento Prisional de Olhão, a fim de ser posteriormente entregue às autoridades espanholas.

LAGOS Longe dos bons tempos, a

Caravela Boa Esperança permanece encostada há quase dois anos em Lagos, com ares de abandono, à espera de novos ventos. Mas - sabe o POSTAL - a boa nova está para chegar e a caravela deverá seguir para a doca seca em Portimão para reparação ainda durante este mês de setembro. Já existe orçamento para as obras de pintura e arranjo do tabuado, bem como para as revisões dos motores e outros equipamentos. Muito em breve, a caravela irá fazer-se novamente ao mar. Adquirida pela Região de Turismo do Algarve, sob a presidência de Paulo Neves para as comemorações do milénio e para

a candidatura de Sagres a Património Mundial (que nunca chegou a concretizar-se), a Caravela Boa Esperança, para além de diversas missões que a levaram à cidade do Cabo, ao Brasil, Nova Iorque, Londres, Cannes e norte de África, contitui um atrativo para turistas e para os alunos das escolas algarvias em visitas de estudo. O barco é uma réplica das caravelas quinhentistas do período henriquino, com dois mastros e velas triangulares. A caravela algarvia faz a tradicional navegação à vela, mas dispõe de equipamentos motorizados alternativos para uma navegação mais rápida e segura. Boa viagem, comandante Rodrigues! R.S.

Mais de 2.400 doses de droga apreendidas em Aljezur A GNR deteve esta ter-

Distribuição quinzenal nas bancas do Algarve

Tiragem desta edição

8.682 exemplares

POSTAL regressa a

9 de outubro

ça-feira um homem de 26 anos por tráfico de estupefacientes, em Aljezur. Os militares efetuaram várias diligências policiais que permitiram apurar a identidade e localização do suspeito, tendo culminado no cumprimento de um mandado de detenção e de um mandado de busca domiciliária à residência do suspeito. No decorrer da ação foram apreendidas 2087 doses de canábis, 400 doses de haxixe, 2 balanças de precisão, 1 máquina de embalar a vácuo e vários sacos, 1 faca, 3 telemóveis e 21 964 euros em numerário.


Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.