POSTAL 1269 6AGO2021

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Interdita venda na distribuição quinzenal com o jornal

IMPRESSORAS MULTIFUNÇÕES

6 de agosto de 2021

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Diretor: Henrique Dias Freire Quinzenário à sexta-feira

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E ainda Consórcio inédito junta Nova de Lisboa às universidades do Algarve e de Évora

O consórcio vai já nascer em setembro, garante o reitor da Nova de Lisboa. P3

Parque de Campismo da Ilha de Tavira reabre

Autarquia apela a “todos os utentes que, durante a sua estadia, cumpram as normas de utilização e condições de acesso definidas”. P4

Recomeçou a animação de rua nas zonas ribeirinhas de Olhão e da Fuseta

Nos finais de tarde de sexta-feira e sábado passa a haver muita diversão. P11

Ordenamento do Território: Quo vadis?

Orçamento grátis em: www.hpz.pt

AUTÁRQUICAS NO ALGARVE

Dinossauros querem voltar ao ativo Um muda de município e quatro regressam às eleições Dos quatro presidentes de câmara que, para contornarem a lei da limitação de mandatos, se vão candidatar a

outros municípios, um é do Algarve. Para além disso, dos 23 autarcas que voltam a candidatar-se

após uma pausa de alguns anos, quatro são igualmente do Algarve. P12 e 13

Tavira vence regata Aos Bordos p'lo Algarve P9

FESTA DO AVANTE! ESTÁ A SER PREPARADA NO ALGARVE

O urbanista Nuno Marques diz que a revisão do POOC Burgau-Vilamoura tarda em chegar ao fim, o que vai contribuir para que muitos desses meros direitos potenciais, não tarda, se transformem em reais. A seguir, chorar-se-ão lágrimas de frustração, mas também de crocodilo. P2

Valorizar o S.N.S.

Desempregados inscritos no Algarve sobem 154% face ao verão de 2019

O pior concelho é Albufeira, com subida de 322%. Seguem-se Silves, Lagos e Portimão, concelhos igualmente muito turísticos. P11

SETEMBRO. Para todos os que pretendam participar na Festa do Avante!, a EP (Entrada Permanente) para os três dias já

pode ser adquirida por apenas 27 euros. Estará disponível um acampamento para o visitante, assim como várias possibilidades

de excursões em autocarro, com saída da região algarvia, com a opção de alojamento em hotel. P Centrais

POR PAULO SERRA

POR RAMIRO SANTOS

O Homem do Casaco Vermelho, de Julian Barnes Grand Hotel Europa, de Ilja Leonard Pfeijffer CS20

Ribat da Arrifana: O Retiro do Monge Soldado Cansado da Guerra CS17

POR FABIANA SABOYA

Fotografia, arte e mindfulness CS21

POR MARIA LUÍSA FRANCISCO

Perfeccionismo, competição e cooperação CS19

POR JORGE QUEIROZ

Poder Local e Cultura CS19

Carlos Brito escreve com um sentimento de profunda gratidão aos profissionais de saúde que o trataram, quando esteve, cerca de quatro meses internado em várias unidades do Serviço Nacional de Saúde do Algarve. P24

POR MARIA JOÃO NEVES

Tréguas de Zeus CS18

POR PAULO LARCHER

Mas afinal o que é isso da Cultura? CS16


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CADERNO ALGARVE

Postal, 6 de agosto de 2021

OPINIÃO

Ordenamento do Território: Quo vadis? FOTO D.R.

Redação, Administração e Serviços Comerciais Rua Dr. Silvestre Falcão, 13 C 8800-412 Tavira - ALGARVE Tel: 281 405 028

NUNO MARQUES Urbanista, ex-vice-presidente da CCDR/Algarve (2012-2020)

Publisher e Diretor Henrique Dias Freire Diretora Executiva Ana Pinto

REDAÇÃO

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DEPARTAMENTO COMERCIAL

Publicidade e Assinaturas Anabela Gonçalves - Secretária Executiva anabelag.postal@gmail.com Helena Gaudêncio - RP & Eventos hgaudencio.postal@gmail.com Design Bruno Ferreira

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Tiragem desta edição

11.749 exemplares

A revisão do POOC Burgau-Vilamoura, incluindo o troço de costa até Odeceixe, tarda em chegar ao fim. Esta aparente desídia está a contribuir para que muitos desses meros direitos potenciais, não tarda, se transformem em reais. A seguir, chorar-se-ão lágrimas de frustração mas também de crocodilo

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xpirou o prazo de 13 de julho para os municípios procederem à incorporação nos planos territoriais municipais, entre os quais os PDM, do conteúdo urbanístico dos planos especiais de ordenamento do território (planos de ordenamento de áreas protegidas, planos de ordenamento da orla costeira e planos de ordenamento de albufeiras de águas públicas). Na prática, os municípios com áreas protegidas, frentes costeiras ou albufeiras de águas públicas com planos de ordenamento estão obrigados a incorporar nos seus planos as regras de edificação desses planos especiais. Caso contrário, a Administração não poderá opô-las aos interessados aquando do licenciamento de operações urbanísticas. Encontram-se ainda em curso largas dezenas de procedimentos de alteração de planos municipais para acomodar o conteúdo urbanístico de 25 planos de áreas protegidas, 5 planos de ordenamento da orla costeira e 50 planos de ordenamento de albufeiras de águas públicas, os quais deixarão de vincular diretamente os particulares a partir do dia seguinte ao prazo fixado para as transposições. É verdade que muitos serão os municípios que não integrarão o pelotão da frente deste processo, sujeitando-se à suspensão das normas municipais pelas CCDR e do direito de acesso a fundos comunitários e nacionais, e à concomitante inibição de licenciamento de operações urbanísticas nas áreas comuns a planos municipais e a planos especiais. Tudo isto até que a incorporação aconteça, por obra e graça de… alguém. Outra

parte dos municípios poderá dizer que cumpriu ou que está prestes a cumprir com as suas obrigações, tendo ajustado ou até revisto em devido tempo os seus planos. A elaboração dos novos planos especiais, agora designados de programas, é a outra parte desta espécie de jogo do empurra entre poderes central e municipal a que vimos assistindo desde 2014, após a nova Lei de Bases do Ordenamento do Território. Ora avançariam os municípios com a incorporação de normas e os novos programas ficariam para mais tarde, ora avançaria o Governo com os novos programas e a incorporação pelos municípios só se faria depois. O tempo foi passando. Entre hesitações, discussões e prorrogações de prazos, aquilo que inicialmente foi pensado para três anos acabou por estender-se a sete, sendo que um dos maiores desígnios da reforma de 2014/15 permanece por cumprir — o reforço da confiança dos cidadãos no ordenamento jurídico-territorial através da concentração de normas apenas nos planos municipais —, persistindo um anacrónico status quo de planos especiais e de aplicação dos mesmos por um mix de entidades e respetivas dependências, com os díspares resultados socio-territoriais que estão à vista de todos. Independentemente de serem planos ou programas, era ao Estado Central que já teria competido fazer e aprovar novos instrumentos de natureza especial, revogando, se não todos, pelo menos parte dos que ainda vigoram, para assegurar uma maior proteção a determinadas ocorrências territoriais que a si constitucionalmente compete garantir

mais do que a qualquer outro ente público, e que os (antigos) planos especiais ainda vigentes decerto não salvaguardam da melhor forma. Prova disso são as cerca de 20.000 novas camas turísticas e os 7.000 novos fogos habitacionais que permanecem “previstos” para a estreita e sensível faixa litoral do território algarvio com a largura de 500 metros, fora de aglomerados urbanos, mais de metade dos quais incidindo em área abrangida pelo POOC Burgau-Vilamoura, aspeto de incontornável ponderação na revisão deste plano. Porém, a revisão do POOC Burgau-Vilamoura, incluindo o troço de costa até Odeceixe, tarda em chegar ao fim. Esta aparente desídia está a contribuir para que muitos desses meros direitos potenciais, não tarda, se transformem em reais. A seguir, chorar-se-ão lágrimas de frustração mas também de crocodilo. Apesar de ter sido determinada em 2010 (Despacho n.º 72/2010) e de num protocolo entre entidades se afirmar “[estarem reunidas] múltiplas situações (...) que determinam, legalmente, a imperatividade da respetiva revisão” (Protocolo n.º 2/2010 entre INAG e ARH/Algarve), estamos em 2021 e, ainda que tendo havido uma discussão pública em 2016 e que a revisão tivesse entretanto sido formalmente relançada em 2019 (Despacho n.º 316/2019), certo é que o novo Programa da Orla Costeira (POC) Odeceixe-Vilamoura continua sem ver a luz do dia, persistindo o antigo POOC, com 22 anos de vigência. Infelizmente não é caso único. O POC Caminha-Espinho, alvo de discussão pública em finais de 2018 e com relatório de ponderação

aprovado há um ano, continua sem aprovação governamental e sem qualquer existência jurídica. Mais: múltiplos procedimentos foram desencadeados em 2017 para a revisão de planos de ordenamento de áreas protegidas, com prazos de elaboração de 15 meses, desconhecendo-se a existência de quaisquer deliberações do Governo que tenham aprovado algum desses novos programas. No Gerês, na albufeira da Caniçada, durante anos a fio, alguns terão edificado à margem das regras. Algumas das irregularidades são antigas e já nem serão impugnáveis visto terem passado mais de 10 anos sobre os respetivos licenciamentos. Entidades da Administração Central com deveres acrescidos de fiscalização nestes territórios de importância supra municipal, sabe-se, só terão despertado para o caso após denúncias de cidadãos mas agora tencionam organizar-se em task force, alegadamente para “acabar com os abusos”. Casa roubada, trancas à porta. O plano de ordenamento, esse, ainda é o mesmo que foi aprovado em 2002, desconhecendo-se sequer se a elaboração do novo programa já terá sido formalmente desencadeada. Enfim. Contam-se pelos dedos de uma só mão os novos programas que sucederam aos anteriores. Persistem os antigos e reconhecidamente insuficientes planos especiais, repletos de normas que procedem à chamada classificação e qualificação dos solos, que é o mesmo que dizer que extravasam o respetivo conteúdo material e que, desde logo por isso, nem são admissíveis à luz da lei vigente. Porquê? Até quando? Ordenamento do território: quo vadis?


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REGIÃO

Consórcio inédito junta Nova de Lisboa às universidades do Algarve e de Évora FOTO D.R.

A Universidade Nova de Lisboa vai criar um campus com as universidades do Algarve e de Évora, o Campus Sul. O consórcio vai já nascer em setembro, garantiu o reitor da Nova de Lisboa, João Sàágua, numa entrevista ao Diário de Notícias

“É a primeira vez neste país que se vai fazer um consórcio - já está feito do ponto de vista jurídico, mas ainda não foi lançado do ponto de vista da atividade concreta - entre três universidades, a Universidade do Algarve, a Universidade de Évora e a Universidade Nova, que vai ter como objetivo fundamental a coesão territorial e a produção de conhecimento e inovação para o desenvolvimento

sustentável do Sul”, refere o reitor da Universidade Nova de Lisboa, salientando ser uma questão muito importante para ele. Para o reitor, esse consórcio vai trazer três coisas diferentes: diz, “Vai trazer uma nova oferta letiva - estamos a pensar criar licenciaturas em que os estudantes estarão um ano no Algarve, um ano em Évora e um ano em Lisboa, nas nossas residên-

cias; e todos temos residências para esta situação. Novas licenciaturas e novos mestrados, vai ter aquilo a que se chama novas formações conferentes de grau. Mas também vai trazer novas atividades de capacitação da própria administração municipal, ou da administração regional, ou da administração pública a sul, e de diversas outras instituições que exercem atividade a sul".

UAlg oferece minicursos de Matemática Com o objetivo de complementar ou reforçar a formação da disciplina de Matemática no Ensino Secundário, a Universidade do Algarve oferece, a título gratuito, minicursos para ajudar a preparar o ingresso no Ensino Superior. As inscrições já estão abertas a todos os alunos, de qualquer ponto do país, que tenham efetuado a sua candidatura ao Ensino Superior. Os cursos serão lecionados por professores da UAlg, em regime presencial (com um número limitado de vagas) e/ou a distância, dependendo da situação sanitária do País, do número de alunos e da sua localização geográfica. Trata-se de uma iniciativa do “Clube da Matemática” da UAlg, que também acompanha os alunos ao longo do seu percurso académico. Estes minicursos têm início previsto para 13 de setembro, sendo dada prioridade aos alunos que coloquem um curso da UAlg como primeira opção de candidatura. PUB.


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breves

Detido extorquia dinheiro a funcionários do comércio

Força Aérea Portuguesa resgata homem após incêndio a bordo

Um homem, de 35 anos, extorquia dinheiro mensalmente a funcionários do ramo do comércio, bem como a outros indivíduos, através de ameaças físicas e psicológicas, em Albufeira. A sua detenção deu-se esta segunda-feira pela GNR por extorsão, ofensas à integridade física e furto, após uma investigação que durou cerca de dois anos.

Detido em Albufeira por tráfico de droga

Na semana passada, a GNR deteve um homem de 30 anos por tráfico de estupefacientes, em Albufeira. No âmbito de uma investigação que decorria há cerca de um mês, por posse ilegal de armas, os militares efetuaram várias diligências policiais que culminaram na realização de uma busca domiciliária e na apreensão de 207 doses de haxixe, 16 doses de cocaína, uma balança de precisão e 678,28 euros em numerário.

Detidos por furto de alfarroba em Silves

Dois homens de 20 e 21 anos foram detidos pela GNR que constituiu ainda 5 arguidos, com idades compreendidas entre os 21 e os 48 anos, por furto de alfarroba, em duas situações distintas, no concelho de Silves, na passada sexta-feira, segundo o Comando Territorial de Faro da GNR, através dos Postos Territoriais de Armação de Pêra e de Lagoa. Na primeira situação, "os militares detiveram em flagrante dois homens de 20 e 21 anos, enquanto furtavam 60 quilos de alfarroba. Na sequência da ação, foi apreendido o veículo utilizado para perpetrar o furto e a alfarroba, que foi restituída ao seu legítimo proprietário". No segundo caso, "os militares do Posto Territorial de Lagoa intercetaram um veículo suspeito e, no decorrer da abordagem, foram detetados 90 quilos de alfarroba, sendo que os cinco ocupantes da viatura não conseguiram justificar a sua origem" e por haver indícios de que se tratava de "um produto furtado, procedeu-se à sua apreensão". No decorrer das diligências policiais, o condutor da viatura foi ainda detido por condução sem habilitação legal.

A

Força Aérea Portuguesa resgatou esta terça-feira um homem de um navio com a bandeira do Panamá a cerca de 60 quilómetros a sul do cabo de São Vicente, na sequência de um incêndio a bordo. Numa operação coordenada pelo Centro de Coordenação de Busca e Salvamento Marítimo de Lisboa

(MRCC Lisboa), “um indivíduo de nacionalidade vietnamita do sexo masculino, de 36 anos, foi hoje [terça-feira] resgatado do navio mercante Es Care de bandeira do Panamá, por uma aeronave da Força Aérea Portuguesa, a cerca de 30 milhas (cerca de 60 kms) a sul do cabo de São Vicente”, indicou a Marinha em comunicado. Na mesma nota, a Marinha detalhou

que "o alerta foi recebido no MRCC Lisboa pelas 16:30, através de uma chamada de socorro por telefone de satélite do navio, a informar que, na sequência do combate a um incêndio que deflagrou na embarcação salva-vidas de bordo, um dos engenheiros acabou por sofrer queimaduras graves em várias partes do corpo incluindo cara e vias respiratórias”. O tripulante foi resgatado às 19:15

com auxílio do helicóptero EH-101 Merlin da Força Aérea Portuguesa, “que, com equipa médica a bordo”, prestou de imediato os primeiros socorros. O indivíduo seguiu ventilado para Hospital de Santa Maria, Lisboa, para receber “cuidados diferenciados”, explicou, acrescentando que “o navio de bandeira do Panamá tinha como destino o porto de Huelva, em Espanha”.

Parque de Campismo da Ilha de Tavira voltou finalmente a abrir portas O Parque de Campismo da Ilha de Tavira já se encontra aberto A autarquia tavirense apela a “todos os utentes que, durante a sua estadia, cumpram as normas de utilização e condições de acesso definidas”. Os veraneantes têm que apresentar o “certificado digital Covid da UE ou teste negativo (PCR, antigénio, autoteste com certificado ou teste na hora)” e se a sua estadia for superior a 7 dias “é necessária a realização, semanal, de teste”. Os utentes têm de cumprir as seguintes normas: - Utilizar máscara de proteção, durante a permanência no interior do parque, nomeadamente, nas zonas de circulação, nos balneários, no supermercado, na receção e em todas as

restantes áreas de acesso comum; - Higienizar as mãos com frequência e desinfetá-las antes e depois de manusear objectos ou equipamentos de uso comum;

- Cumprir as regras de etiqueta respiratória; - Manter o distanciamento social de pelo menos 2 metros; - Seguir as recomendações dos fun-

cionários do parque, aquando da colocação das tendas, as quais deverão respeitar a distância de 3 metros entre si; - Comunicar, de imediato, aos responsáveis do parque de campismo, sintomas suspeitos da Covid-19 como tosse, febre, dificuldade respiratória, falta parcial ou toral de paladar ou olfacto; - Proibidas as entradas na modalidade visitante; - Apresentar certificado digital Covid da UE ou teste negativo. Caso não possua o certificado e a sua estadia for superior a 7 dias é necessária a realização, semanal, de teste. Caso de verifique o incumprimento das regras estipuladas, por parte do utente, o Município de Tavira "reserva-se no direito de impedir a sua permanência no parque".


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Preocupado com a acumulação de algas nas praias do Algarve? Não esteja, é “um fenómeno natural” FOTO D.R.

As grandes acumulações de algas nos areais e zonas de rebentação em algumas praias do Algarve não afetam a qualidade da água balnear, esclareceu a Agência Portuguesa do Ambiente As grandes acumulações de algas nos areais e zonas de rebentação em algumas praias do Algarve constituem um fenómeno “natural” e cíclico que não afeta a qualidade da água balnear, esclareceu esta terça-feira a Agência Portuguesa do Ambiente. O aparecimento de grandes concentrações de algas na costa algarvia é um fenómeno cada vez mais frequente, motivado, na maioria das vezes, por espécies invasoras, introduzidas, nomeadamente, através de navios que as deslocam nos seus cascos. “Constituindo, por vezes, uma fonte de apreensão para os utentes das zonas balneares, trata-se de um fenómeno natural que não põe em causa a qualidade da água balnear e é acompanhado pelas autoridades com competência na matéria”, esclareceu a APA, em comunicado, a propósito do fenómeno. A Universidade do Algarve (UAlg) lançou esta semana uma plataforma digital para recolher dados sobre as algas encontradas nas praias algarvias e perceber quais as espécies invasoras que levam a grandes acumulações nos areais. Segundo a APA, são “vários os fatores que concorrem para estas ocorrências, entre condições

meteorológicas e oceanográficas favoráveis ao desenvolvimento e movimentação das massas de algas” que “se amontoam na zona de rebentação das ondas e são posteriormente espalhadas pelo areal”. No barlavento (oeste) algarvio, adianta, as algas, castanhas e vermelhas, são típicas dos fundos rochosos “e surgem na sequência de correntes propícias ou após vários dias com rajadas de vento constantes”, o que impele a subida de águas profundas, mais frias e ricas em nutrientes, até à superfície. Segundo a APA, tem-se verificado desde o início do mês de julho que a temperatura da água em profundidade “é mais fria que a média para

esta época do ano”, no Algarve, o que é também um fator propício ao crescimento acelerado das algas.

Nas praias do sotavento, as algas que se acumulam são maioritariamente verdes Já no sotavento (leste) da região, as algas que se acumulam nas praias são maioritariamente as algas verdes, “espécies que tendem a multiplicar-se na Ria Formosa quando as condições ideais de temperatura e luz se combinam com concentrações elevadas de nutrientes”. De acordo com a APA, estas algas são exportadas pelas barras de maré e acabam por ser depositadas na

linha de costa de acordo com o sentido das correntes. “De forma geral, e especialmente fora da época balnear, as massas de algas são trazidas e levadas de volta ao mar pelo movimento das marés, não fazendo sentido a sua remoção imediata das praias, já que não constituem fator de degradação ambiental e que concentram uma grande quantidade de organismos marinhos”, prossegue a nota. Já nos casos em que a acumulação de algas foi considerada excessiva e se seguem condições de corrente que facilitam o seu rápido soterramento no areal, criam-se condições para a sua decomposição no local, sublinha.

“Este facto constitui um aporte de nutrientes no local, essencial por exemplo para o crescimento das plantas das dunas embrionárias, mas também um eventual foco de maus cheiros na praia e uma alteração no perfil de solo do areal, ambos indesejáveis em situação de utilização balnear”, reconhece. As ocorrências recentes nas praias de Vilamoura e de Vale Olival (Silves) correspondem a este tipo de situação, refere a APA, sublinhando que estão “reunidas condições de segurança para a saúde na utilização destas águas para o banho”, após identificação das espécies e tendo em conta tratar-se de um acontecimento habitual nestas praias, bem como os bons resultados das análises efetuadas à qualidade da água. A APA acrescenta que em algumas zonas balneares - como as de Quarteira, Forte Novo e Vale do Lobo (Loulé), Armação de Pêra (Silves) e Belharucas (Albufeira) -, “podem surgir sedimentos escuros e lodosos logo abaixo do nível das areias, não relacionados com a acumulação de massas de algas”. Segundo a APA, estes sedimentos “correspondem a níveis geológicos relacionados com a existência histórica de sistemas estuarino-lagunares na zona, não constituindo qualquer risco para a saúde pública”. Os veraneantes interessados em contribuir para o estudo destas algas podem preencher um pequeno inquérito na página da plataforma Algas na Praia, da Universidade do Algarve, em: www.ualg.pt/algas-na-praia. PUB.


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CADERNO ALGARVE

breves Homem retirado da praia em paragem cardiorrespiratória Um homem de 86 anos foi assistido na praia de Monte Gordo, concelho de Vila Real de Santo António, por elementos do Projeto “SeaWatch” e levado para o hospital. Cerca das 16:30 de domingo, o idoso sentiu-se mal enquanto "alegadamente caminhava na praia de Monte Gordo, tendo entrado em paragem cardiorrespiratória", refere fonte da Autoridade Marítima Nacional. O alerta foi dado "através dos nadadores-salvadores de serviço na praia que ao aperceberem-se da situação deslocaram-se de imediato para junto da vítima onde constaram que a mesma tinha entrado em paragem cardiorrespiratória, tendo iniciado as manobras de reanimação, com a colaboração de alguns médicos e enfermeiros que se encontravam no local", lê-se na nota. Quando chegaram ao local, "os elementos do Projeto "SeaWatch" prosseguiram com as manobras de reanimação com recurso ao Desfibrilhador Automático Externo (DAE) que equipa a viatura Amarok". A vítima teve que ser "retirada pela viatura Amarok para fora da praia, onde aguardou uma viatura dos Bombeiros Voluntários de Vila Real de Santo António que a transportou para uma unidade hospitalar".

Postal, 6 de agosto de 2021

AUTÁRQUICAS. João Nabais é o cabeça de lista

do PS à Assembleia Municipal de Castro Marim

O

advogado João Nabais é o cabeça de lista do PS à Assembleia Municipal (AM) de Castro Marim nas eleições autárquicas de setembro, concelho algarvio onde possui uma segunda habitação, assumindo como objetivo “mudar o rumo” da gestão PSD. Em declarações à Lusa, após o PS ter entregue ao tribunal as listas concorrentes aos órgãos autárquicos daquele concelho, João Nabais contou que aceitou concorrer ao cargo e trabalhar para que “a engenheira Rosa Nunes chegue à presidência” por considerar Castro Marim como uma “segunda habitação”. “Eu considero esta zona e, em concreto, este concelho, uma segunda habitação, curiosamente há muito mais anos que a minha primeira habitação, porque eu venho para aqui há 40 anos”, afirmou, frisando que esse tempo foi dividido entre a casa dos pais e uma habitação própria, em Praia Verde.

FOTO PEDRO CATARINO D.R.

Com 66 anos e seis filhos, o advogado contou que os seus descendentes consideram esta como sendo “a sua praia”, assumindo-se “muito ligado” a Castro Marim, “o único sítio onde consideraria fazer uma coisa destas”, assegurou. Sobre a gestão autárquica do PSD, conduzida nos últimos oito anos pelo atual presidente, Francisco Amaral, o advogado considerou que “não é por determinado partido gerir há muitos anos que tem de ganhar sempre”. “A nossa ideia é mudar o rumo dos acontecimentos, isto é, nós acreditamos que temos possibilidade para

criar condições para que seja, desta vez, o PS a ganhar as eleições e seja a engenheira Rosa Nunes a assumir a presidência da Câmara. E acreditamos sinceramente nisso”, declarou. João Nabais sublinhou, no entanto, que é “um homem de consensos” e garantiu que o seu “papel, independentemente de quem ganhar as eleições para o executivo camarário, será sempre de entendimentos e de consensos”. Carla Pires (Altura), Horácio Teixeira (Azinhal), Vera Martins (Castro Marim) e José Teixeira (Odeleite) também integram as listas como candidatos nas quatro freguesias de um concelho que per-

deu população nos últimos 10 anos (menos 4,6%), contando com cerca de 6.500 residentes, segundo os dados provisórios dos Censos 2021. Além de Rosa Nunes e de Francisco Amaral, concorrem também à Câmara de Castro Marim a agente imobiliária Paula Sofia Santos, pela CDU, e Jorge Pinto, pelo Chega. Depois de uma maioria absoluta em 2013 e de uma vitória em 2017, mas perdendo a maioria, Francisco Amaral acusou a oposição de “bloquear” a gestão municipal e a sua lista apresentou a demissão em bloco em 2019, levando à realização de eleições intercalares. Nas intercalares disputadas em junho de 2019, o PSD recuperou a maioria absoluta que perdera em 2017 e ficou com três dos cinco eleitos, contra dois do PS. Antes de liderar o executivo municipal, Francisco Amaral presidiu à Câmara do concelho vizinho de Alcoutim entre 1993 e 2013. As eleições autárquicas realizam-se em 26 de setembro.

VARIANTE DELTA. Prevalência de 100% no Algarve O Núcleo de Bioinformática do Departamento de Doenças Infecciosas do Instituto Nacional de Saúde Ricardo Jorge (INSA) já analisou 13.256 sequências do genoma do novo coronavírus, obtidas de amostras colhidas em mais de 100 laboratórios, hospitais e instituições, representando 297 concelhos de Portugal

Faleceu Lucas Salgueiro, aluno da Universidade do Algarve Lucas Barreto Salgueiro, aluno do curso de Património Cultural e Arqueologia, na Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade do Algarve, faleceu com 21 anos. O reitor da Universidade do Algarve, Paulo Águas, manifestou publicamente "o mais profundo pesar pelo falecimento do estudante" e endereçou à família e aos amigos "as mais sinceras e sentidas condolências". A Universidade do Algarve decretou três dias de luto académico, como gesto de solidariedade com "este momento de tristeza”. Apaixonado por arqueologia, numa das suas últimas publicações (Facebook 21 de julho), Lucas Barreto Salgueiro deixava a seguinte mensagem: "A Arquitetura Pré-colonial hispânica e toda a cultura que a envolve é simplesmente fascinante. Um dia irei abordá-la com todo o gosto". As cerimónias fúnebres do aluno, natural de Pedrogão Grande, realizaram-se esta terça-feira. O POSTAL endereça à família e aos amigos as mais sinceras e sentidas condolências.

“Entre as novas sequências analisadas, a variante Delta (B.1.617.2) é a variante mais prevalente em Portugal com uma frequência relativa de 98,3% na semana 29 (19 a 25 de julho), estando acima de 95% em todas as regiões”, refere o “Relatório de situação sobre diversidade genética do novo coronavírus SARS-CoV-2 em Portugal” esta terça-feira publicado no ‘site’ do INSA. De acordo com os dados, a frequência relativa da variante Delta neste período foi de 100% no Norte, Algarve e Região Autónoma da Madeira, de 97,6% nas regiões Centro e Alentejo, de 97,2% em Lisboa e Vale do Tejo e de 95% na Região Autónoma dos Açores. Os investigadores do INSA adiantam que, do total de sequências da variante Delta analisadas até à data, 62 apresentam a mutação adicional K417N na proteína Spike (sublinhagem AY.1).

“Esta sublinhagem tem mantido uma frequência relativa abaixo de 1% desde a semana 24 (14 a 20 de junho), tendo sido detetados seis casos durante o período das semanas 28 (12 a 18 de julho) e 29 (19 a 25 de julho)”, referem. O relatório de diversidade genética do SARS-CoV-2 indica também que a frequência relativa das variantes Beta (B.1.351) e Gamma (P.1), associadas inicialmente à África do Sul e ao Brasil (Manaus), respetivamente, mantém-se baixa e sem tendência crescente. Ambas apresentaram uma frequência de 0,4% na semana 29, de acordo com os dados apurados até à data, sublinham, adiantando que não se detetaram novos casos da variante Lambda (C.37),

a qual apresenta circulação vincada nas regiões do Peru e do Chile. Entre outras variantes de interesse em circulação em Portugal, o INSA destaca as variantes B.1.621, detetada inicialmente na Colômbia, e Eta (B.1.525), detetada inicialmente na Nigéria, as quais apresentam mutações na proteína Spike, que são partilhadas com algumas das variantes de preocupação. Estas variantes apresentam uma baixa frequência em Portugal, tendo sido detetadas abaixo de 0,8% (B.1.621) ou 0,3% (Eta B.1.525) desde a semana 25 (21 a 27 de junho), refere o documento. No âmbito da monitorização contínua da diversidade genética do SARS-CoV-2 que o INSA está a desenvolver, têm vindo a ser analisadas uma média de 601

sequências por semana desde o início de junho de 2021. Esta amostragem envolveu laboratórios distribuídos pelos 18 distritos do continente e pelas regiões autónomas dos Açores e da Madeira, abrangendo uma média de 118 concelhos por semana. A partir de junho, o INSA adotou uma nova estratégia de monitorização contínua da diversidade genética do novo coronavírus em Portugal, a qual assenta em amostragens semanais de amplitude nacional. “Esta abordagem permitirá uma melhor caracterização genética do SARS-CoV-2, uma vez que os dados serão analisados continuamente, deixando de existir intervalos temporais entre análises”, salienta o instituto.



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REGIÃO

RESERVAS EM BAIXO

Dê sangue antes de ir de férias

Conheça a magia e o sonho de 30 anos do Zoomarine na primeira pessoa

Federação Portuguesa de Dadores Benévolos de Sangue (FEPODABES) apela à dádiva de sangue antes de férias e sublinha a necessidade de sangue dos grupos O-, A- e B -, que têm as reservas “muito em baixo” “Mesmo em tempo de pandemia os hospitais continuam a necessitar de sangue para dar resposta às necessidades dos seus doentes”, frisa a federação em comunicado, apelando para que todos os cidadãos com mais de 18 anos, que tenham mais de 50kg e sejam saudáveis façam a sua dádiva. “Era muito importante que as pessoas fizessem a sua dádiva antes de partirem param o gozo das merecidas férias, pois mesmo no verão os hospitais têm necessidade de sangue”, refere Alberto Mota, presidente da FEPODABES. Para ir ao encontro dos potenciais dadores, a FEPODABES promove uma campanha de recolha de verão até 23 de agosto em vários locais do país, como Foz do Arelho (Caldas da Rainha), Costa da Caparica (Almada), Almeirim (Santarém), Vialonga (V.F.Xira), Peniche, Rio Maior, Moscavide e Portela (Loures). O Instituto Português do Sangue e da Transplantação (IPST) lançou a meio do mês passado um apelo à população para dar sangue antes de ir férias, salientando a importância deste gesto ser realizado ao longo do ano porque são necessárias diariamente 1.000 unidades de sangue. “São necessárias cerca de 1.000 unidades de sangue todos os dias nos hospitais portugueses e, por isso, todos os dias temos necessidade de que haja doadores”, salientou, na altura, a presidente do IPST. Por outro lado, salientou, os componentes sanguíneos têm um prazo de armazenamento, nomeadamente os concentrados eritrócitários, que perdem a validade ao fim de 35 a 42 dias, e as plaquetas, ao fim de cinco a sete dias. Os dados do IPST indicam que no ano passado houve cerca de 27 mil novos dadores, mais 2% do que em 2019.

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Zoomarine celebrou esta terça-feira três décadas de um grande sonho do visionário Pedro Roberto Lavia. Um espaço de Educação Ambiental, de Ciência e Conservação, de Cidadania, de alegria, de família e de aposta num futuro ambientalmente mais consciente. A magia e o sonho do Zoomarine são uma homenagem ao Mar, à Família e à coragem de acreditar em Portugal e no Ambiente. O Parque Temático de Albufeira agradece, em comunicado, a todos os que contribuíram para que este sonho se tornasse realidade: Mais de 13 milhões de visitantes

"Ao longo de 30 anos tivemos a honra de acolher mais de 13 milhões de visitantes, de dar emprego a várias dezenas de milhares de jovens e de adultos, de presenciar o nascimento

de centenas de animais, de resgatar, reabilitar e devolver ao meio selvagem centenas de espécimes arrojados ou confiscados pelas Autoridades. E plantámos dezenas de milhares de árvores e removemos toneladas de lixo marinho… Dezenas de prémios e distinções

– porque a marcha do tempo não é igualmente longa para todas as espécies e para todos os indivíduos… Mas ainda hoje, e para sempre, tentamos honrar as suas memórias, as suas dádivas e conquistas, e as relações que conseguiram criar connosco e que nunca serão esquecidas. Melhor parque temático

Neste período ganhámos dezenas de prémios internacionais e dezenas de prémios e distinções nacionais. Nestas décadas, desenvolvemos dezenas de programas pedagógicos, publicámos e ajudámos a publicar inúmeros projetos científicos. Acolhemos investigadores, estagiários e voluntários. Fomos palco de telenovelas, séries de TV, curtas-metragens, e milhares de apresentações. Visitámos e acolhemos centenas de turmas e interagimos com dezenas de milhares de alunos de todo o espectro letivo. Também tivemos perdas e tristezas

Criámos, ao longo destes 30 anos, um parque temático que já foi eleito o 7º Melhor da Europa e o 24º melhor do mundo… Temos orgulho em sermos eleitos, ano após ano, a Melhor Empresa e Parque de Animação Turística de Portugal. E, acima de tudo, temos humilde orgulho em saber que conseguimos criar um espaço de alegria e sorrisos, de segurança e de paz, de família e de futuro. Agora, 30 anos volvidos, o tempo é de balanço e de celebrações. E embora muito se possa dizer e escrever, na

verdade, quase tudo se pode resumir numa frase: tem sido muito bonito, tem sido muito estimulante, tem valido a pena… e vai continuar a valer! Muito bem-haja, Pedro Lavia

A todos os que, ao longo de 30 anos, contribuíram (presencialmente e ao longe, por laços profissionais, familiares e/ou científicos, sendo jovens ou de provectas idades, de nascimento lusitano ou internacional) para este sonho e para este desígnio, o nosso muito sincero, profundo e reconhecido agradecimento. Porque se a história das famílias se constrói dia a dia, passo a passo, emoção a emoção, a história familiar do Zoomarine é a prova de tal. Muito obrigado a todos! Muitos parabéns a todos! E muito bem-haja, Pedro Lavia – pelo sonho, pela visão, pelos valores, pela coragem, e pela magnífica e ética liderança!"


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TÓQUIO2020

Tavirense José Costa e Jorge Lima terminam com prestação excelente

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dupla de velejadores, constituída pelo tavirense José Costa e Jorge Lima, admitiu esta terça-feira estar orgulhosa de uma "prestação excelente" no 49er de Tóquio2020, que terminaram no sétimo lugar, apesar de lamentarem uma penalização "ínfima" na largada da 'medal race'. Os lusos, que tinham entrado na regata decisiva no sexto lugar, voltaram a ser penalizados por uma situação à partida e conseguiram 94 pontos ao longo da prova, a 24 das medalhas, e conquistam o sétimo diploma da missão portuguesa. “O que se passou até é um pouco duvidoso, até fomos pedir as imagens da largada. As referências estavam ok, terá sido controlada, e estamos um bocado surpresos de ter largado de fora”, admitiu Jorge Lima, na zona mista em Enoshima. Segundo o velejador, Portugal já pediu “a revisão das imagens”, pelo menos para “tentar esclarecer e

protestar”, sabendo que “é muito difícil, se não impossível, reverter uma decisão tomada no mar”. José Costa vê este momento como trazendo “um ligeiro amargo” por uma questão “ínfima”, que “nem é visível a olho nu”, mas não belisca o trabalho feito em prol do país, da família e da modalidade, afirmou.

Costa e Lima melhoraram a prestação em relação ao Rio2016, em que foram 16.º classificados, e Jorge Lima melhorou mesmo em relação a Pequim2008, quando foi 11.º ao lado de Francisco Andrade. Por outro lado, o resultado iguala a melhor prestação de sempre em 49er, depois de em Sydney2000

Velejadores de Tavira vencem regata “Aos Bordos p'lo Algarve” João Diniz e Alejandra Alvarez dominam na classe NHC a bordo do "Magano" A dupla João Diniz e Alejandra Alvarez, do Clube Náutico de Tavira, venceu a Regata Aos Bordos p'lo Algarve, na classe NHC, que se disputou este fim de semana. Os velejadores conquistaram o 5º lugar no sábado e o 1º no domingo, o que lhes valeu o 1º lugar na classificação geral, tendo vencido também na

classe de 2 tripulantes. "O grande destaque vai para a tripulação do Magano do João Diniz, representando o Clube Náutico de Tavira. Um barco pequeno, um casal, resiliente e determinado! Aguentaram os quase 40 nós do primeiro dia, naquela que foi uma das bolinas mais épicas que se têm visto em regata. Quando tiveram a primeira oportunidade, agarraram e venceram, não só a classe NHC, o primeiro lugar da competição a dois, mas soCLASSIFICAÇÕES

bretudo o respeito de toda a frota", pode ler-se na página de Facebook da Regata Aos Bordos p'lo Algarve. A regata, na sua segunda edição, é organizada pelo Marina Yacht Clube da Marina de Albufeira em conjunto com o Capable Planet Clube Náutico e a Associação Regional de Vela do Sul, com o apoio das Marinas de Albufeira, Lagos e Vilamoura, o patrocínio da Vilamoura Sailing, Blaus 3, Sailing Services, Janelas do Mar e Seacret Tours.

Afonso Domingos e Diogo Cayolla também terem conseguido o sétimo posto final. O balanço, assim, é positivo de “toda a semana”. “A prestação a nosso ver foi excelente, não acima das expectativas, sabíamos do nosso potencial. É um grande resultado, um diploma olímpico é sempre louvável, um resultado honroso de que estamos orgulhosos, e agradecidos a todos os que nos apoiaram”, declarou Jorge Lima. Também o tavirense José Costa menciona este sétimo lugar não como uma superação, depois do 16.º do Rio2016, mas “uma confirmação”. “Vem comprovar o que já sabíamos, sentíamos e esperávamos. Temos um quinto no Europeu, no Mundial, temos os melhores resultados da história de Portugal na embarcação. Queríamos deixar a nossa marca nos Jogos também, e já no Rio2016 queríamos isso. (…) Queríamos vir aqui corrigir esse mal-entendido

entre nós e a classificação (do Rio). E conseguimo-lo, através de muito trabalho” e da chegada de um novo treinador, acrescentou. Dedicando o resultado às filhas e a toda a família, e suporte, a dupla realçou ainda uma série de dificuldades a nível pessoal “na preparação e na vida”, mas que levaram a que os dois se unissem mais e ganhassem “um poderio maior na capacidade de encaixe face à ansiedade, stress e pressão”, destacou José Costa. Para a frente, há que “descansar” antes de pensar em Paris2024, ainda que “a mente competitiva leve a pensar nisso”, e também “uma reflexão profunda, não só quando os resultados são maus, mas também quando são bons”. A prova foi conquistada pelos britânicos Dylan Fletcher e Stuart Bithell, enquanto os neozelandeses Blair Tuke e Peter Burling alcançaram a prata e os alemães Erik Heil e Thomas Ploessel o bronze.

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Postal, 6 de agosto de 2021

REGIÃO

Treinador da nossa medalha de prata é algarvio e revela-nos o plano de treino que "bateu certo"

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algarvio José Uva, treinador de Patrícia Mamona, assumiu-se esta segunda-feira anestesiado pela final maravilhosa do triplo salto nos Jogos Olímpicos Tóquio2020, em que a portuguesa se apresentou na melhor forma de sempre e conseguiu o melhor resultado possível. “Nos treinos tínhamos indicações de que a Patrícia estava na sua melhor forma de sempre, mas estávamos longe de pensar que podia chegar a este nível e, sobretudo, no dia e na hora certos. Foi o salto no momento certo, portanto, não podíamos estar mais satisfeitos”, afirmou o treinador da vice-campeã olímpica do triplo salto, em entrevista à Lusa. Aos 32 anos, na sua terceira participação olímpica, Patrícia Mamona subiu esta segunda-feira ao pódio, para receber a medalha de prata, conquistada no domingo, com um salto de 15,01 metros, que melhorou em 35 centímetros o anterior recorde nacional, que já lhe pertencia, e 36 relativamente à marca alcançada do sexto lugar no Rio2016. “O nosso plano de cinco anos - quatro mais um - bateu certo e era impossível ser melhor e vivi a final com uma grande emoção, aliás, neste momento ainda estou um bocado anestesiado com as emoções, ainda não caí bem na realidade, mas foi uma final maravilhosa”, recordou o técnico natural de Faro. No Estádio Olímpico, sem público, mas com grande parte das comitivas nacionais nas bancadas, a final foi

vivida por José Uva com emoção e tranquilidade: “Vivi com o ambiente próprio de uma final singular, sem público, mas para quem trabalhou tanto tempo as coisas sentem se de igual forma, porque está em causa muito tempo de trabalho. Foi uma emoção muito grande, a Patrícia cumpriu o que estava planeado”. “Nós conhecemo-nos há muitos anos. Há muito tempo que a Patrícia estava pronta para chegar aqui e fazer o seu melhor. Nos dias das finais não há muito que falar, não é preciso dizer nada, às vezes dizer alguma coisa até atrapalha. Quando está bem, gosta de estar no seu canto, independente, e não gosta de falar muito. Eu já sei disso, respeito, porque nas finais é para se saltar e não para falar”, realçou. A venezuelana Yulimar Rojas, bicampeã do mundo, justificou o seu favoritismo, conquistando o título praticamente no primeiro salto, com um novo recorde olímpico (15,41), coroando o triunfo com o recorde do mundo (15,67), enquanto a espanhola Ana Peleteiro arrebatou o bronze (14,87). “A Yulimar [Rojas] é realmente uma atleta extraordinária, de outro planeta, e sabíamos que a medalha de ouro estava praticamente entregue e restava-nos lutar, o melhor possível, para ver se conseguíamos a melhor classificação e uma medalha das que sobravam. Foi isso que aconteceu e conseguimos. Neste momento, a Patrícia é a segunda melhor atleta do mundo e isso é um orgulho para mim”, salientou.

FOTO D.R.

Perante a supremacia de Rojas, José Uva apontava à prata “Sim, se me dissessem antes da prova que este ia ser o resultado eu comprava logo. Depois, ficamos a pensar podíamos querer um bocadinho mais, mas a atleta que ganhou é, sem dúvida, a melhor de todas. Nós costumamos dizer que é uma extraterrestre, está muito acima das outras, pelas condições físicas que tem e há que respeitar e reconhecer isso”, reconheceu. No entanto, o professor de Educação Física e treinador de Alto Rendi-

mento, de 51 anos, assegurou que as metas para as competições passam sempre pela superação. “O objetivo que nós pomos em cada competição nunca é em termos de classificação, medalhas ou títulos, mas sim a Patrícia vencer-se a si própria. Se conseguir isso, o que vem como consequência é bom porque é sinal que evolui e ganha mais motivação para trabalhar”, vincou. Sem ponderar muito os objetivos para 2022, José Uva admitiu concentrar a preparação nas grandes competições internacionais, começando pelos Mundiais em pista coberta, no inverno, e os Europeus

e Mundiais ao ar livre, no verão. “Normalmente, a seguir ao ano olímpico os treinadores gostam de fazer um ano um pouco mais calmo, mas quando os Jogos Olímpicos correm desta maneira todos pensamos em aproveitar esta forma a este nível para poder conseguir outras coisas ainda melhores do que esta", frisou. Após a cerimónia de pódio, já com a medalha de prata ao peito, assinalou as diferenças face ao bronze do judoca Jorge Fonseca: “É pesada e, felizmente, tem uma cor diferente da do Jorge Fonseca, que eu peguei e imaginei ter uma delas”. “Estou muito muito orgulhosa. É uma sensação de realidade, as coisas começam a assentar e aquilo que parecia surreal ontem [no domingo] começa a entrar e eu começo a perceber em tudo aquilo que eu fiz”, admitiu a saltadora à Lusa. A medalha de prata no triplo salto agradeceu o carinho recebido desde Portugal com a sua conquista. “Acho que vibraram muito com a minha prova, têm sido espetaculares, o apoio é muito e as mensagens também, e isso para mim já é muito gratificante. Estou feliz pelo amor que estão a mostrar agora, vou aproveitar hoje para respirar um pouco mais de Tóquio, porque, obviamente, quero ter ainda mais boas memórias”, concluiu a saltadora. Patrícia Mamona arrebatou a prata olímpica, depois de ter sido sexta no Rio2016 e 13.ª em Londres2012 e de ter conquistado os títulos europeus em pista coberta, em 2021, e ao ar livre, em 2016.

Surfista algarvia Yolanda Sequeira conquistou o 5.º lugar em Tóquio FOTO D.R.

A surfista Yolanda Sequeira manifestou-se “muito feliz” com o quinto lugar nos Jogos Olímpicos Tóquio2020, que espera possa mudar a sua vida, com apoios que lhe permitam estar entre as melhores do mundo “Já recebi um diploma nos primeiros Jogos Olímpicos com surf e estou muito feliz com isso. Sou muito competitiva e vim com o pensamento no ouro, não vim fazer mais nada. Acabei por cair um bocadinho atrás, mas estou muito feliz com o meu desempenho. Sei que o meu surf é suficiente para chegar lá acima. Não foi desta, será da próxima”, disse a jovem.

Na praia de Tsurigasaki, em Chiba, Iolanda, de 23 anos, conquistou 5,46 pontos (3,93 e 1,53) no primeiro ‘heat’ dos quartos de final, que foram insuficientes para bater a sul-africana Bianca Buitendag, que contabilizou 9,5 (6 e 3,5). “Estava um bocadinho difícil lá dentro, com a maré vaza. As ondas formavam e rebentavam logo. A Bianca apanhou uma que levantou um bocado de parede e deu-lhe a oportunidade para fazer mais do que uma manobra, que foi o que me faltou”, lamentou, depois de não ter conseguido aproveitar uma prioridade superior a 10 minutos. Na hora da despedida, o agradecimento a todos os que a têm

apoiado, até nas suas necessidades mais básicas de sobrevivência, e a confiança de que após este desempenho possam surgir os apoios necessários para atingir um patamar mais elevado no surf. “Tive muitas dificuldades na minha vida, o meu treinador (John Tranter) ajudou-me muito. Vivo em casa dele. Viu o meu potencial. É como a minha família. Tive mui-

tas dificuldades, alturas em que até foi complicado arranjar dinheiro para comer”, recordou. A atleta, que até agora tem o melhor resultado de Portugal em Tóquio2020, a par da judoca Catarina Costa (-48 kg), espera que surjam interessados em apoiar, de forma sustentada, a sua carreira, que, até ao momento, tem contado com a ajuda de muitos donativos de particulares que conhecem a sua história. “Se alguma vez parasse de surfar, era por falta de dinheiro. Espero que depois de representar Portugal desta forma possa vir a ter mais oportunidades de me realizar, fazer o que gosto e ter apoio concreto atrás de mim”, disse a surfista nascida em Faro, confian-

do que 50.000 euros lhe permitam fazer “o mínimo dos mínimos” no desejado World Championship Tour. Agora que terminou Tóquio2020, o seu pensamento já está em Paris2024, na praia de Teahupoo, no Tahiti. “Quero e vou qualificar-me. Estou muito entusiasmada para isso e vou treinar. Quero levar a minha melhor ‘performance’ para lá”, concluiu. Além de Yolanda Sequeira, o surf luso contou com Teresa Bonvalot que ficou no nono lugar. Frederico Morais, candidato a medalha no setor masculino, foi infetado pelo novo coronavírus e foi baixa de última hora na comitiva portuguesa.


CADERNO ALGARVE

Postal, 6 de agosto de 2021

Desempregados inscritos no Algarve sobem 154% face ao verão de 2019

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O pior concelho é Albufeira, com subida de 322,1%. Seguem-se Silves, Lagos e Portimão, concelhos também altamente turísticos, com subidas de 190,4%, 184,8% e 180,9% aumento, para os 2828 inscritos. Seguem-se Silves, Lagos e Portimão, concelhos altamente turísticos, com subidas de 190,4%, 184,8% e 180,9%,

respetivamente, para os 1565, 1498, e 3464 desempregados inscritos em junho face ao mesmo mês de 2019. Contudo, face a 2020, o número de

inscritos nos centros de emprego do Algarve caiu 23% para os 20 030, num sinal da recuperação da atividade económica da região, nota o jornal. Segundo o Negócios, os maiores concelhos do país em população viram o número de desempregados agravar-se, quer face a 2019 quer face a 2020: Lisboa tem mais 56% de desempregados face a 2019, o Porto, mais 21%, e Sintra, 80%. Já Monforte, em comparação com 2019, regista melhorias face a junho de 2019, com menos 31% de desempregados inscritos, seguido de Penamacor, com menos 26% e de Ferreira do Zêzere, com um recuo de 23%.

AGOSTO. Animação de rua a não perder

nas zonas ribeirinhas de Olhão e da Fuseta

Nos finais de tarde de sexta-feira e sábado passa a haver muita diversão, com teatro e circo de rua e também roadshows musicais A animação de verão está de volta neste mês de agosto às zonas ribeirinhas de Olhão e da Fuseta. Nos finais de tarde de sexta-feira e sábado haverá muita diversão, com teatro e circo de rua e também roadshows musicais. Nos dias 6, 13, 20 e 27 de agosto, a animação em Olhão acontece com teatro e circo de rua, cujos grupos

participantes passam, ao final da tarde, por quem desfruta dos últimos raios de sol junto à praia Fuseta Ria. De seguida, nesses mesmos dias, é a Avenida 5 de Outubro, ao início da noite, a ser contagiada pela alegria das atividades programadas pelo Município para dar nova vida a este local, mais um dos ex-libris do concelho, alegrando assim os visitantes e residentes que usufruem das esplanadas ali existentes, que convidam à descontração. Os sábados de agosto (dias 7, 14, 21 e 28), são dedicados à música em formato

roadshow. Também nestes dias a festa começa na zona ribeirinha da Fuseta, ao entardecer, e continua na Avenida 5 de Outubro, ao início da noite. Atuam os artistas Luís Guilherme (7 de agosto), Fernando Leal e Denzel (14 de agosto), Ricky B (21 de agosto) e Domingos Caetano (18 de agosto). Os roadshows musicais fazem parte do programa Bezaranha, que tem possibilitado trazer mais cultura ao concelho de Olhão nos últimos meses e que está em decorrer em todos os municípios do Algarve.

destaque

Algarvio vence categoria de ilustração do Prémio de Literatura

FOTO D.R.

número de desempregados inscritos nos centros do Instituto de Emprego e Formação Profissional (IEFP), no Algarve, aumentou 154%, em média, no mês de junho de 2021 face ao mesmo mês em 2019, segundo notícia do Negócios publicada esta quarta-feira. No Continente, 80% dos concelhos registaram subidas no número de inscritos nos centros - números esses que não incluem quem está em programas de formação. Face ao mês pré-pandemia para o qual já há dados comparáveis referentes a 2020 e 2021, isto é, junho de 2019, o número de desempregados subiu 322,1% em Albufeira, o maior

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Jorge Margarido é o vencedor da categoria de ilustração da 8.ª edição do Prémio de Literatura Infantil Pingo Doce. Depois de vários anos a trabalhar como designer gráfico, e de uma breve experiência como rebuçadeiro, Jorge encontrou na ilustração uma paixão que vê agora reforçada com este reconhecimento do júri. Ilustrador nasceu há 45 anos em Aljezur, no Algarve. Foi para Lisboa aos seis anos e atualmente vive no Porto, mas não esquece a natureza e simplicidade da sua terra natal, que o continua a marcar “como uma tatuagem”. Formado em design gráfico, trabalhou em várias agências e ateliers, até ter percebido que era hora de se dedicar a outra actividade que lhe desse “mais liberdade”. Foi nesta altura que decidiu desenhar um percurso diferente para si próprio e tornou-serebuçadeiro. “Comecei a fazer rebuçados artesanais. Deixei de estar em frente a um computador, e a mexer (quase) só o dedo indicador, para ter um trabalho mais físico”, conta Jorge Margarido. No seu estilo de ilustração, Jorge Margarido destaca a expressividade. Para os seus trabalhos inspira-se na “biblioteca mental”, que vem enriquecendo ao longo dos anos, na imagem romântica que guarda da vivência em Aljezur, e em Roger Duvoisin, escritor e ilustrador conhecido pelos livros de figuras infantis. PUB.


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CADERNO ALGARVE

Postal, 6 de agosto de 2021

AUTÁRQUICAS DINOSSAUROS QUEREM VOLTAR AO ATIVO NO ALGARVE

Um muda de município e Dos quatro presidentes de câmara que, para contornarem a lei da limitação de mandatos, se vão candidatar a outros municípios, um é do Algarve. Para além disso, dos 23 candidatos que voltam a candidatar-se após uma pausa de alguns anos, quatro são do Algarve Dos quatro autarcas visados pela lei da limitação de mandato, encontram-se um do PS, dois do PSD e um da CDU. Do PS, João Calixto abandona Reguengos de Monsaraz e concorre a Évora. Já no PSD, Fermelinda Carvalho deixa Arronches para Portalegre e Rui André vai de Monchique para Portimão. Maria das Dores Meira (CDU) sai de Setúbal para Almada.

Luís Gomes regressa à sua terra - VRSA Confirmou-se a notícia avançada pelo POSTAL: o social-democrata Luís Gomes, que presidiu à Câmara de Vila Real de Santo António até 2017, é o candidato do PSD à presidência daquele município nas próximas eleições autárquicas, assumindo querer por a cidade “a crescer novamente”. A candidatura do ex-autarca surgiu oficialmente depois da então presidente do município, Maria da Conceição

RUI ANDRÉ MUDA DE MONCHIQUE PARA PORTIMÃO Conforme o POSTAL avançou em primeira mão, no início de abril, Rui André é o candidato do PSD à Câmara Municipal de Portimão, um processo marcado pelo apoio inicial da concelhia local do PSD ao candidato independente, Luís Carito, num acordo que não mereceu a aprovação da direção nacional. Rui André, professor do ensino básico, está a cumprir o último de três mandatos (2009, 2013 e 2017) como presidente da Câmara de Monchique. Rui André foi uma surpresa em 2009 ao destronar os 27 anos de governação do histórico socialista Carlos Tuta. Entre os que querem regressar à liderar o seu município como presidentes de câmara municipal, o Algarve soma quatro ex-presidentes: Luís Gomes (PSD) para Vila Real de Santo António, Desidério Silva (Independente) para Albufeira, Francisco Martins (Independente) para Lagoa e Manuel Marreiros (Independente) para a Câmara Municipal de Aljezur.

Cabrita, ex-vereadora e depois vice-presidente da autarquia no terceiro mandato de Luís Gomes, ter anunciado que não se ia recandidatar. Luís Gomes ocupou o cargo de presidente daquela autarquia durante três mandatos, de 2005 a 2017. Natural de Vila Real de Santo António, Luís Gomes rumou aos 18 anos a Lisboa para se licenciar em Engenharia do Território, no Instituto Superior Técnico da Universidade Técnica de Lisboa, onde está a terminar um doutoramento em Engenharia e Gestão. Pelo meio, obteve um mestrado em Ciências Económicas e Empresariais, na Universidade do Algarve, onde é docente auxiliar convidado na Faculdade de Economia. Exerce também, a nível particular, funções como consultor na área de projetos estratégicos e do ordenamento do território. Entre 2002 e 2005 assumiu o cargo de vereador da autarquia de Vila Real de Santo António, função que acumulou com a de deputado na Assembleia da República. Em 2005 é eleito para comandar a câmara algarvia, mandato que conseguiu renovar em 2009 e em 2013. Foi membro do Comité das Regiões da União Europeia entre 2014 e 2017, ano em que terminou o seu terceiro mandato.

Desidério Silva quer reconquistar Albufeira O ex-social-democrata e antigo presidente da Câmara de Albufeira e da Região de Turismo do Algarve (RTA) candidata-se à Câmara de Albufeira (PSD) nas próximas eleições autárquicas por um movimento independente. Militante do PSD durante cerca de 30 anos, Desidério Silva foi eleito presidente da Câmara de Albufeira em 2001, cargo que manteve até

2012, quando suspendeu o mandato no município do distrito de Faro para assumir as funções de presidente da RTA. Em 2020 Desidério Silva desvinculou-se do PSD, manifestando numa carta enviada ao líder do partido a sua “desilusão por não ter havido valorização do trabalho feito, nem de sentir que o partido pretendia a sua colaboração, através da experiência adquirida ao longo dos anos”. Desidério Silva justificou que o que o motivou a avançar com uma candidatura através do “Movimento Independente Desidério por Albufeira” foi sentir o apoio das pessoas das várias áreas, para liderar a autarquia “e fazer as coisas de forma diferente do que atualmente está a ser feito no concelho”. Desidério Silva assumiu que se sente “motivado e mais livre do que nunca para fazer as escolhas e constituir as equipas com pessoas competentes” para ganhar ao PSD, nas próximas eleições autárquicas, a Câmara por si conquistada ao PS em 2001. A Câmara de Albufeira é atualmente liderada por José Carlos Rolo (PSD), que assumiu a presidência em fevereiro de 2018, após a morte do então presidente Carlos Silva e Sousa, que tinha sido reeleito em 2017 para um segundo mandato.

Há 2 câmaras do Algarve que foram eleitas sempre pelo mesmo partido

Próxima ed

No país, há 31 concelhos que nunca elegeram um partido diferente, desde a sua criação, nas eleições autárquicas, e dois deles são no Algarve

A 45ª edição da Festa do Avante, que se realiza a 3, 4 e 5 de setembro no Seixal, está a ser preparada no Algarve

Algumas câmaras mantêm o partido desde 1976 e outras, que surgiram mais tarde, desde 2001. São menos nove municípios do que em 2017, na altura, havia 40 concelhos do país que se mantinham fiéis: 16 do PSD, 13 do PS e 11 da CDU. Das 31 autarquias que, mesmo depois das últimas eleições, escolheram sempre a mesma cor política, 11 elegeram sempre o Partido Socialista, 11 o Partido Social Democrata e 9 a Coligação Democrática Unitária. No Algarve há dois concelhos que sempre foram do PS:

Olhão e Portimão, além de mais oito igualmente socialistas que são Alenquer, Campo Maior, Cartaxo, Condeixa-a-Nova, Gavião, Lourinhã, Odivelas, Reguengos de Monsaraz e Torres Vedras. Já os municípios que votaram sempre no partido de centro-direita são Arcos de Valdevez, Boticas, Calheta, Câmara de Lobos, Ferreira do Zêzere, Mação, Oleiros, Penedono, Penela, Santa Maria da Feira e Valpaços. Já as nove câmaras que sempre

foram comunistas pertencem a Arraiolos, Avis, Montemor-o-Novo, Moita, Mora, Palmela, Santiago do Cacém, Seixal e Serpa. As câmaras que mudaram de partido nas últimas autárquicas foram: Almada e Castro Verde (da CDU para o PS); Vila do Conde e Vizela (do PS para independente); Ansião, Oliveira de Azeméis e Ponta do Sol (do PSD para o PS); Oliveira de Frades (do PSD para o Nós, Cidadãos); e Ribeira Brava (do PSD para independente).

"Com as necessárias adaptações à situação epidémica, activistas e amigos da Festa!, desenvolveram no passado fim de semana a primeira jornada de trabalho para a construção do pavilhão do Algarve na Quinta da Atalaia, onde se realiza a Festa do Avante!", avança o Secretariado da Direcção da Organização Regional do Algarve do PCP. Esta empenhada participação solidária e voluntária que, "ao longo do ano, se inicia com a concepção e se desenvolve na construção, até garantir o funcionamento de todos


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4 regressam às eleições

Francisco Martins regressa mas como independente Eleito pelo PS em 2013 e 2017, Francisco Martins viu-se “forçado a deixar o cargo de presidente” e, embora continue com problemas de saúde, já estão “muito melhor”, tendo, por isso, decidido apresentar uma candidatura independente contra o seu sucessor na autarquia, Luís Encarnação, que vai liderar a lista do PS ao município. No dia da apresentação oficial da sua candidatura, Francisco Martins disse

ter uma “dívida de gratidão com os lagoenses” e considerou que o rumo traçado no município após a sua saída “não corresponde à maneira de estar e ser que Lagoa necessita”, levando-o a apresentar uma candidatura independente. Francisco Martins, que foi adjunto da secretária de Estado da Saúde Jamila Madeira no atual Governo, já não está filiado no PS. Enfermeiro de profissão, Francisco Martins foi presidente da Câmara de Lagoa entre 2013 e 2018 e passou depois pelo Governo entre 2019 e 2020. Antes, exerceu as funções de enfermeiro coordenador da unidade de Cuidados Continuados da Santa Casa da Misericórdia de Estômbar e no concelho de Lagoa durante cerca de 20 anos, tendo também integrado vários órgãos do poder local e sido presidente da Junta de Freguesia de Lagoa entre 2009 e 2013. A Câmara de Lagoa tem maioria PS, partido que obteve cerca de 60% dos votos nas últimas eleições autárquicas e que conta com cinco dos sete eleitos,. O PSD é a principal força da oposição, tendo em 2017 alcançado 23% dos votos, o que se traduziu na atribuição de dois mandatos. O BE foi o terceiro partido mais votado, com perto de 5%, seguido da CDU, com cerca de 4%.

Manuel Marreiros cumpriu 20 anos como presidente de Aljezur e volta 12 anos depois O antigo presidente da Câmara de Aljezur Manuel Marreiros vai voltar a concorrer ao cargo, como independente, 12 anos depois de ter deixado a liderança do município algarvio, “para fazer renascer um concelho abandonado”. Manuel Marreiros foi presidente da Câmara de Aljezur durante 20 anos, tendo cumprido três mandatos pe-

la CDU, entre 1989 e 2001, e dois pelo PS, entre 2001 e 2009. Depois de abandonar a presidência do município da Costa Vicentina, Marreiros encabeçou a lista socialista à Assembleia Municipal, órgão a que presidiu entre 2009 e 2013 e foi mandatário da candidatura local do PS nas eleições autárquicas de 2017. Depois de um processo judicial iniciado em 2012 e que culminou em 2018 com a condenação à perda de mandato, meses depois de se ter retirado da via política, Manuel Marreiros pretende voltar ao ativo e liderar a autarquia aljezurense como independente. Nas eleições autárquicas de 2017, o PS venceu com maioria absoluta, alcançando 58,6% dos votos num universo de 2.584 votantes, garantindo três dos cinco eleitos na Câmara Municipal. A CDU foi a segunda força política mais votada (18,73%), seguida da coligação PSD/CDS-PP/MPT (16,52%), que elegeram ambas um vereador.

Politólogo alerta para “uma consequência da falta de futuro político dos autarcas após o modelo de limitação de mandatos” Entre os 23 que fizeram uma pausa, destaca-se um nome mais mediático: o antigo primeiro-ministro, Pedro Santana Lopes, esteve na presidência da Câmara de Lisboa, mas iniciou-se no poder local na Figueira da Foz - onde vai concorrer como independente. O perito do Conselho da Europa sobre direito das autarquias, António Rebordão Montalvo, considera que “isto é um reflexo da profissionalização do presidente de câmara que se transformou num funcionário como os chefes de repartição de Finanças que andam de terra em terra”, referiu ao Jornal de Negócios. “A figura de dinossauros no poder local é uma consequência da falta de futuro político dos autarcas após o modelo de limitação de mandatos”, assinala o politólogo António Costa Pinto. “Ao contrário da maior parte das democracias, na portuguesa não há interpenetração de cargos políticos nacionais e locais, com exceção do caso único de Santana Lopes, que foi primeiro-ministro e quer voltar à Figueira da Foz”.

dição da Festa do Avante! está a ser preparada no Algarve

os espaços com as condições para acolher os visitantes no primeiro fim de semana de setembro, é uma das

características que a tornam numa experiência única para aqueles que nela participam".

A organização regional do Algarve do PCP, está a desenvolver um conjunto de ações de divulgação por toda a

região com a distribuição do "Jornal dos Artistas", onde se dão a conhecer a diversidade de espectáculos que serão apresentados nos vários palcos da Festa do Avante!, num modelo adaptado às regras sanitárias em vigor, onde os artistas portugueses, ou de expressão lusófona, voltam a ser os protagonistas. Com o grande concerto de música clássica que abrirá na noite de sexta-feira dia 3 de setembro o Palco 25 de Abril, a Festa do Avante! apresentará "uma vez mais um riquíssimo programa que para além da componente musical, envolverá também o teatro, as artes plásticas, a literatura, a ciência, as actividades para as crianças, sem esquecer a diversidade gastronómica e as diferentes mostras de elementos da riqueza cultural do nosso País". "Depois do êxito que constituiu a edição anterior, em que se asseguraram de forma exemplar todas as medidas de segurança no quadro da epidemia,

permitindo usufruir de três dias de Festa, a Festa de 2021 será novamente um exemplo de como é possível prosseguir com as actividades políticas, culturais e desportivas, também elas essenciais à vida e à saúde do Povo português", destaca o PCP. O "Centenário do Partido Comunista Português", "As Lutas que a epidemia não confinou" e “O projecto da CDU nas Eleições Autárquicas" serão três dos temas que em diversos espaços serão assinalados com exposições, debates e outras actividades. Para todos os que pretendam participar na Festa do Avante!, a EP (Entrada Permanente) para os 3 dias já pode ser adquirida por apenas 27 euros. Estará disponível um acampamento para o visitante, assim como várias possibilidades de excursões em autocarro, com saída da região, com a opção de alojamento em hotel. Os interessados podem obter mais informações através do telemóvel 922 008 239.


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CADERNO ALGARVE

Postal, 6 de agosto de 2021

destaque

Há uma nova escola em Lagos

O À conversa sobre "A chaminé e o Algarve" no Museu Municipal de Olhão O Museu Municipal de Olhão – Edifício do Compromisso Marítimo leva a efeito este sábado, pelas 21:00, mais uma sessão das Conversas de Museu, que, mais uma vez, saem à rua e, sob o tema A chaminé e o Algarve, decorre no Largo da Restauração, frente ao Museu. A iniciativa conta com a presença de Lydia Santos, mestre em História e Patrimónios pela Universidade do Algarve, que abordará a sua dissertação homónima. Entender as origens da chaminé tradicional em geral - e também no Algarve -, as suas características fundamentais, as diferentes formas que pode apresentar e a sua presença em Olhão são os objetivos da sessão, que decorre em parceria com a Secção Regional do Algarve da Ordem dos Arquitetos, inserida no programa comemorativo do 20.º aniversário do Museu Municipal de Olhão. A entrada é livre, mas sujeita à disponibilidade dos lugares, de acordo com as normas da Direção-Geral da Saúde.

“Centro Escolar da Luz, Lagos” foi inaugurado na última sexta-feira, culminando uma empreitada municipal de 3.1 milhões de euros que mereceu cofinanciamento do FEDER no âmbito do programa operacional CRESC Algarve 2020. O novo espaço escolar - previsto na Carta Educativa de Lagos - apresenta condições de estrutura e funcionalidade que permitirão satisfazer as exigências da “escola a tempo inteiro”, proporcionando o acolhimento educativo dos alunos, com valências pedagógicas, socioeducativas e culturais, características dos centros escolares. "No contexto do concelho e da própria região, esta intervenção foi assumida como um investimento prioritário, uma vez que a ampliação da capacidade da oferta permite acabar definitivamente com o horário escolar em regime duplo que ainda vinha sendo praticado na EB1 de Espiche, passando o horário normal a ser praticado em todos os estabelecimentos de ensino da rede pública do concelho, garantia de equidade e do sucesso educativo das crianças", explica a autarquia lacobrigense em comunicado. José Apolinário, presidente da CCDR Algarve, tomou a palavra para enquadrar este evento na estratégia regional e referir - a propósito dos resultados preliminares dos Censos 2021 entretanto divulgados, que apontam para um crescimento expressivo da população residente no concelho e na freguesia da Luz em particular – que “mais população exige mais investimento na qualificação das infraestruturas escolares”. Partilhando alguns números referentes ao quadro financeiro 2014-2020, informou terem sido “financiados 18,6 milhões de euros, os quais alavancaram um investimento de 34 milhões de euros em intervenções como a remoção de amianto das escolas, a introdução da Escola Digital, os Territórios Educativos de Intervenção Prioritário (TEIP), os Centros Qualifica e as obras de re-

qualificação e ampliação do parque escolar”. Sobre a obra inaugurada, José Apolinário destacou o rigor na execução, a adoção de sistemas de aquecimento de águas com recurso a energias renováveis (painéis solares), uma solução que antecipa aquela que será a realidade dos serviços públicos num futuro próximo, e o facto do município, com este investimento, ter ajudado a aumentar a taxa de execução do programa regional. O responsável pela gestão dos fundos comunitários na região acabou por deixar também alguma informações sobre os programas que aí vêm a caminho, designadamente o “Plano 21|23 Escola +”, plano integrado que visa a recuperação das aprendizagens dos alunos dos ensinos básicos e secundário. O presidente da Câmara de Lagos, na sua intervenção, destacou o profissionalismo das diversas empresas envolvidas, desde a autoria do projeto e qualidade do mesmo, ao rigor na execução da empreitada e fiscalização de obra, permitindo que a obra ficasse concluída antes do término do prazo. Igual mensagem de reconhecimento e agradecimento foi dirigido a todas as entidades que acompanharam e apoiaram o município na concretização deste investimento, desde a CCDR Algarve, à DGESTE – Direção de Serviços do Algarve, à Junta de Freguesia, ao Agrupamento e aos próprios serviços e trabalhadores da Câmara de

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Lagos igualmente envolvidos. O bom desempenho nesta intervenção é, para Hugo Pereira, “a demonstração de que o Poder Local está preparado para receber e exercer as competências que têm sido transferidas, significando um salto qualitativo nos serviços prestados às populações”. Na sua alocução dirigiu-se igualmente ao pessoal docente e não docente, destacando a sua nobre missão, assim como às crianças, aos pais e encarregados de educação, lamentando o facto de não ser possível estarem presentes na cerimónia, mas desejando o maior sucesso e felicidade para todos. O autarca terminou a sua intervenção dando a conhecer algumas novas ações em curso, que têm como objetivo a ampliação dos estabelecimentos do 2.º e 3.º ciclos do Ensino Básico do concelho, recordando que, independentemente de quem venha a ter essa responsabilidade, o foco terá de ser sempre o mesmo: “investir na educação das nossas crianças, na formação dos nossos jovens e na valorização a atualização profissional da população ativa, nunca foi, não é, nem nunca será um investimento perdido”. O edifício agora inaugurado, e que entrará em funcionamento dentro de poucas semanas (no letivo 2021/2022), está dotado de oito salas distribuídas por dois pisos, quatro delas destinadas ao ensino básico, duas a jardim-de-infância, sendo que

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nas restantes funcionará um centro de apoio à aprendizagem, conforme teve oportunidade de referir José Lopes, presidente do AEJD, a cuja rede este estabelecimento passa a integrar. Cozinha, refeitório, sala polivalente, biblioteca, sala de professores, sala para o pessoal não docente, gabinete de atendimento aos pais, balneários e instalações sanitárias e áreas de serviço ocupam a restante área do espaço interior. No exterior o recinto apresenta um polidesportivo, uma zona de recreio coberta e outra descoberta, com equipamentos diferenciados em função da faixa etária a que se destinam, uma área para a prática de jogos tradicionais, outra para horta pedagógica, espaços verdes e estacionamento. Todas estas áreas de recreio exterior estarão interligadas por rampas, garantindo a acessibilidade sem barreiras. O novo equipamento foi edificado numa parcela de terreno municipal situada num ponto central, o que permite um acesso rápido a todos os aglomerados urbanos da freguesia, conforme destacou o presidente da Junta, João Rosado dos Reis, que não escondeu alguma nostalgia misturada com felicidade, por ver desativar as duas escolas anteriormente em funcionamento (Espiche e Luz), mas considerando esta mudança um passo gigante para a melhoria das condições de vida na freguesia.

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ARTES VISUAIS

Pode um museu tornar as pessoas mais felizes?

Imagens do “The Happiness Museum” (Copenhaga, 2020)

SAÚL NEVES DE JESUS Professor Catedrático da Universidade do Algarve; Pós-doutorado em Artes Visuais; http://saul2017.wixsite.com/artes

U

ma das medidas finalmente permitidas no processo de desconfinamento progressivo foi a possibilidade de visitar museus. De uma forma geral, a arte pretende estimular emoções, em particular emoções positivas, pelo que os museus podem contribuir para a felicidade das pessoas, pelo menos enquanto os visitam. Mas, para além desta situação geral relativa ao impacto das artes visuais nas emoções humanas, há cerca de um ano foi criado um espaço único no mundo, o “Museu da Felicidade” (“The Happiness Museum”), que

pretende explicitamente contribuir para tornar as pessoas mais felizes. Este Museu foi inaugurado em julho de 2020 em Copenhaga, na Dinamarca, um dos países com um índice de felicidade mais elevado do mundo, de acordo com o Relatório sobre a Felicidade Mundial que a ONU publica todos os anos desde 2012. Este Museu foi criado pelo “Happiness Research Institute” (“Instituto de Investigação da Felicidade”), uma organização que estuda o bem-estar, a felicidade e a qualidade de vida. Este Instituto está particularmente focado em estudar porquê que algumas sociedades são mais felizes do que outras. Meik Wiking, fundador do museu, que também dirige este Instituto, afirma que "no Museu da Felicidade as pessoas têm direito a uma visita guiada que lhes permite conhecer este estado a que todas as pessoas aspiram através de di-

ferentes perspetivas". O Museu mostra aos visitantes a história, a geografia, a política e a ciência da felicidade em oito salas, cada uma proporcionando experiências diferentes, que vão desde simples informações escritas até vídeos, imagens e modelos 3D de um cérebro, por exemplo. Podem ser feitas “terapias de luz” e “experiências de pensamento”. As exposições pretendem ainda levar a refletir sobre questões éticas e emocionais. Os visitantes do museu podem ver exposições e ter experiências interativas que pretendem mostrar como os diferentes países percebem a felicidade. Além de analisar detalhes históricos, estudos, apontamentos sobre a felicidade individual e no mundo, brincadeiras, diversões e materiais audiovisuais, o Museu também se abre à participação dos visitantes, que podem deixar nas paredes as suas ideias sobre a felicidade. Na coleção há ainda objetos doados por pessoas de todo o mundo, que lhes lembram momentos felizes das suas vidas. “É um pequeno museu sobre as grandes coisas da vida (...) A nossa esperança é que os visitantes saiam um pouco mais sábios, um pouco mais felizes e um pouco mais motivados para tornarem o mundo um lugar melhor”, disse Wiking na apresentação do projeto. Wiking lançou também o livro “Hygge”, que significa um estilo de vida em busca do bem-estar, do conforto no dia-a-dia. A este conceito, Wiking juntou outro, a que dedicou outro livro, o “Lykke”, que significa precisamente felicidade. Daí o nome do museu na língua original, “Lykkemuseet”. Sob o lema “Diz sim à felicidade”, e numa perspetiva de permitir momentos de felicidade aos visitantes, havia sido criado o “The Sweet Art Museum”, em Lisboa, composto por várias salas temáticas com diferentes experiências interativas e digitais, decoradas com objetos de grande impacto visual, onde o universo “dream, sweet and colourful” é explorado. Uma das grandes atrações deste museu era a “Splash

Mallow Pool”, um convite aos visitantes a mergulharem numa piscina gigante a transbordar de “marshmallows”. Já num artigo anterior, “Podem as artes visuais expressar felicidade?”, destacámos a exposição “The Happy Show”, de Stefan Sagmeister, que percorreu vários países, tendo também podido ser visitada no MAAT, em Lisboa. Através de vídeos, infografias, esculturas e instalações interativas, bem como de humor e interação, esta exposição convidava os participantes a pensarem sobre a felicidade de uma forma geral e sobre a sua própria felicidade em particular. Apelava a uma atitude mais participativa na busca dessa felicidade, afirmando inclusivamente que esta se treina, tal como treinamos o nosso corpo. É óbvio que os visitantes não se tornarão mais felizes por visitarem o “Museu da Felicidade”, mas pelo menos serão estimulados a construir um percurso mais orientado para o bem-estar. Esta é uma mensagem tanto mais importante numa época de pandemia, em que

o número de casos de depressão tem aumentado em todo o mundo. E, numa época de verão, em que muitas pessoas se encontram em férias, embora seja natural procurar a frescura da água do mar nas praias, talvez possa ser interessante aproveitar para visitar alguns museus, que em geral também são locais bastante frescos. Cada um pode construir o seu percurso no sentido do bem-estar individual e coletivo e a arte pode ajudar nesse sentido...

Ficha técnica Direção: GORDA, Associação Sócio-Cultural Editor: Henrique Dias Freire Responsáveis pelas secções: • Artes Visuais: Saúl Neves de Jesus • Espaço AGECAL: Jorge Queiroz • Espaço ALFA: Raúl Grade Coelho • Filosofia Dia-a-dia: Maria João Neves • Fios De História: Ramiro Santos • Letras e Literatura: Paulo Serra • Marca D'Água: Maria Luísa Francisco • Mas afinal o que é isso da cultura? Paulo Larcher Colaboradora desta edição: Fabiana Saboya e-mail redacção: geralcultura.sul@gmail.com publicidade: anabelag.postal@gmail.com online em: www.postal.pt e-paper em: www.issuu.com/postaldoalgarve FB: https://www.facebook.com/ Cultura.Sulpostaldoalgarve

Imagens do “The Sweet Art Museum” (Lisboa) FOTOS D.R.


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CULTURA.SUL

Postal, 6 de agosto de 2021

MAS AFINAL O QUE É ISSO DA CULTURA?

Mas afinal o que é isso da Cultura?

(1)

Jurista e escritor

- É lindíssimo o rio a esta hora - diz o Mestre Homem Cardoso, puxando uma fumaça do seu cigarro aquecido e contemplando a noite, que descia lentamente sobre as águas plácidas. - É o rio Séqua. - Séqua!? Não é o rio Gilão? - Gilão ou Séqua é a mesma coisa. São duas maneiras de nomear o mesmo rio. - Curioso. Lá para o Norte também vi vários rios com dois nomes. É um embaraço histórico e toponímico. - Aqui não é bem o caso, porque o rio muda de nome ao atravessar a ponte romana. O Séqua termina e o Gilão começa no sítio em que a ponte atravessa o rio. É assim há séculos. É um adquirido cultural. - Tenho uma vaga ideia disso - reflecte ele, inspirando outra fumaça. - Uma história de amores contrariados, não é? - Sim. Amores entre uma princesa moura e um cavaleiro cristão, o que à época era crime de lesa-majestade, de modo que quando foram descobertos suicidaram-se: atiraram-se da ponte abaixo cada um para o seu lado. O Gilão para a foz e a linda moura para montante. História bela e triste e provavelmente falsa. - Aqui no Sul há mais moiras encantadas que no resto do País. É uma questão cultural. - Bom, isso da questão cultural dava pano para mangas. Quanto às moiras não as confundas com as mouras. Há moiras encantadas por todo o lado e são qualquer coisa entre a fada e a bruxa. Quanto à nossa princezinha moura chamada Séqua, que eu saiba, não sofreu nenhum encantamento e não anda por aí a desinquietar as gentes. - É curioso como estas lendas marcam a memória das pessoas e se tornam parte da cultura de um Povo - observou o Mestre Homem Cardoso, enquanto se levantava da mesa com a lentidão que advém de um belo repasto. Percorremos vagarosamente a beira-rio. Ele parava de quando em vez para fotografar. Eu olhava também na direcção apontada pela objectiva da câmara para tentar ver o que ele via, mas nada. Na verdade eu via apenas palavras e ele via imagens. Há uma diferença muito grande entre estas abordagens. Nada que seja intransponível, todavia. Há disso bons exemplos na história. Ocorreu-me agora mesmo o nome de Francisco de Holanda, mas há muitos outros.

Um pouco adiante, na outra margem, a silhueta incongruente da estação rodoviária deve ter sobressaltado o temperamento estético do meu amigo, que a contemplou longamente, até que, apontando o edifício branco, perguntou: - Sabes quem é que fez esta coisa? Disse-lhe que sim, que tinha sido um certo arquitecto. Um bom arquitecto, aliás. Ele fitou-me, como que para avaliar da correção da minha afirmação, voltou o olhar para a estação, fez duas ou três fotografias, inspecionou o resultado no pequeno visor da câmara e rematou: - Não percebo. - Isso é arte, António. Gostes ou não

- Acho que estou a perceber a tua posição, António, e parece-me que os nossos pontos de vista não são irreconciliáveis. É que eu não associo a cultura ao crescimento natural mas ao seu cultivo. Ora nem todos têm o tempo, a capacidade ou a inclinação para aprender o que é preciso para se ter cultura. E entre as pessoas cultivadas também há diferenças. E, finalmente, a herança cultural tem que ser preservada e transmitida entre as gerações e esse não é um atributo de uma comunidade lato sensu, mas o objectivo maior de escolas e universidades. - Pois para mim, meu querido ami-

o que tem como efeito que, após sermos apanhados nas ondas da civilização global, as antigas práticas, rituais e crenças adquiram uma qualidade inconsistente que, aliás, reflecte bem a nossa existência desenraizada. Apesar disso, reconheço que os habitantes das cidades actuais são seres tão sociais quanto os homens das tribos e são incapazes de viver em paz sem uma qualquer identidade social que lhes ofereça a confiança neles próprios. O Mestre Homem Cardoso remeteu-se ao silêncio e pareceu-me de repente que o tinha aborrecido com a minha verborreia, mas não. Afinal

go, a cultura é o fluxo de energia moral que por trancos e barrancos tem mantido intacta a sociedade em que vivemos. Sem ela estou convicto que não seríamos portugueses! - Ok, está certo. Para evitar este tipo de confusão, é melhor então distinguir a “cultura comum", da "alta cultura” e determinar que esta é uma forma de mestria que envolve conhecimentos muito para além do que é encontrado na cultura comum. - Está bem, eu admito essa cultura de elites, mas para mim existe uma outra através da qual o povo exprime a sua identidade social e o seu sentido de pertença. - Sim, de acordo, mas nota, António, eu não estou de forma alguma a menosprezar a cultura comum e reconheço que esta foi um sinal de coesão interna das diversas formas tradicionais de sociedade e das suas tribos, mas a verdade é que estas estão a desaparecer

estava apenas absorto na sua arte e sobretudo a lutar com a falta de luz. Fomos andando assim, sincopadamente, ao ritmo das fotografias, até à Ponte Romana onde depois de inúmeras poses se sentou num dos bancos de pedra e declarou: - Esta luz não serve. Devia ter ido buscar a outra máquina ao carro… Houve cá, Zé, pelo que vejo, nas tuas filosofias borrifam-se na cultura. - Não pá! Claro que não. A filosofia não é unívoca, tem patamares: o primeiro é o do espanto que acompanha o homem na sua experiência de contacto com ele próprio e com o mundo que o cerca. Quando esse espanto dá origem a questões fundamentais, entre as quais a da “cultura”, subimos mais um patamar e o terceiro atinge-se quando o homem começa a reflectir sobre as questões que levantou, na procura de respostas. Este terceiro estádio é o da pura filosofia onde esta atinge o seu estatuto on-

FOTO MESTRE HOMEM CARDOSO D.R.

PAULO LARCHER

gostes, é arte, e é mais cultura do que a historinha da moura. - Ó Zé, tem paciência! A cultura, pelo menos como eu a concebo, não é um edifício. A cultura é uma enorme realidade onde cabem os costumes, as crenças e as práticas de um Povo. - Há outras concepções de cultura, que eu aliás partilho. - Não me venhas agora dizer que a cultura de uma nação não é a sua essência. - Sim e não, António. Parece-me que tens uma visão romântica da cultura e essa visão esteve muito bem no século XVIII, mas hoje está démodé. - Zé, isso que disseste cheira-me demais a filosofias e eu gosto de coisas reais, concretas, percebes? A cultura de um povo, do nosso Povo por exemplo, é uma força espiritual partilhada por todos. É uma força que deu forma à nossa linguagem, à religião, à historia, à própria arte.

tológico. Qualquer outra forma de pensar que fique pelo caminho é uma pseudo-filosofia. O assunto da cultura, porém, estava esgotado. O Mestre deixara de me prestar atenção e revia as imagens no visor da máquina, mas parecia contrariado. Voltou o pequeno écran para mim para que eu pudesse ver também. Observei com atenção e vi a Ponte Romana, e o leito do rio banhado numa escuridão fantasmagórica, e vi o antigo mercado e a ponte nova como nunca os tinha visto. Num relance pareceu-me em várias ocasiões ver o rosto dulcíssimo da princezinha Séqua escondendo-se com o seu amado sob os arcos da velha ponte; e pareceu-me também surpreender ref lexos metálicos que seriam seguramente emitidos pela espada de aço do cavaleiro Gilão. De repente dei por mim sobre a Ponte Romana - que não é romana, nem árabe, nem medieval, mas um somatório de destruições e reconstruções -, temendo ouvir, do fundo dos tempos, o troar dos cascos dos cavalos das hostes cristãs e sarracenas, com espadas e sabres já desembainhados, prontos a lavar com sangue um amor sacrílego. Tive uma reacção emocionada à vista daquelas fotografias que, segundo o seu autor, estavam longe de ser perfeitas, e, de súbito, a noção de cultura dos românticos alemães, apadrinhada pelo meu amigo António, pareceu-me de repente mais pura, certa, telúrica, eterna, do que a minha construção fria, mental e académica, de modo que encarei-o e lancei-lhe o desafio: - Ó António, porque é que um dia destes não vamos dar uma volta pelas mais lindas cidades do Algarve a fotografar e a discutir filosofias? O Mestre Homem Cardoso ajeitou vagarosamente a corrente da máquina sobre o ombro, olhou de novo para as luzes doiradas reflectidas nas águas sombrias, sorriu enigmático e respondeu: - Parece-me uma excelente ideia. (1) A narrativa vai ser desenvolvida também em homenagem a Ernest Hemingway - autor muito apreciado por mim e pelo Mestre Homem Cardoso -, onde uma jantarada de amigos em Tavira à beira do rio Séqua, se irá transformar em sessão fotográfica e conversa pseudo-filosófica. Nota: O estilo de Hemingway caracteriza-se pela utilização intensiva de diálogos com um mínimo de recurso ao discurso indirecto.


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Postal, 6 de agosto de 2021

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FIOS DE HISTÓRIA

RIBAT DA ARRIFANA

O Retiro do Monge Soldado Cansado da Guerra RAMIRO SANTOS Jornalista ramirojsantos@gmail.com

É

como se o mar fosse o seu deserto! E sobre aquela rocha, respirando o imenso azul à sua frente, edificou ele o seu Ribat. Chega-se lá pela estrada que bordeja toda a costa vicentina. Cheia de tojos, urzes, malvas e ervas rasteiras. A espuma do mar e a névoa molhada isolam a Ponta da Atalaia ainda mais do mundo, “conferindo-lhe o misticismo próprio dos lugares sagrados” - escreveu Mário Varela Gomes. Foi lá, na “finis terrae de Arrifana” que cansado das guerras e dos homens, Ibn Qasi, o monge soldado, decidiu construir o seu retiro. Dali, à distância de um olhar, adivinha-se o castelo onde, um século depois, uma moirinha perdida de amores por um guerreiro cristão abriu as portas aos cavaleiros de Santiago para a conquista de Aljezur. Entre um e o outro, fica a lenda e a história. Falada em árabe. Ela chamava-se Maria Aires, que a memória do povo guardou como Mareares. Linda e plebeia. Ele, rei do Garb, nobre e poeta, monge e guerreiro. Num tempo em que os cristãos corriam para sul procurando desalojar os Almôadas do Algarve, conta-se que a bela e morena plebeia moirinha, num assomo de maior arrebatamento por um cavaleiro cristão, não resistiu a segredar-lhe confidências. Que – informou ela – deveriam escolher a madrugada de 24 de junho, para tomarem de assalto a praça forte. Porque seria por

essa hora, antes de a noite se fazer que outrora fora um retiro de mon- foram emprestando uma autonomia dia, que os habitantes tinham por ges guerreiros cansados da guerra. crescente, afastando-o e aos seus costume irem banhar-se nas águas Foi ali que eles encontraram o seguidores, da corrente religiosa frescas da praia lá mais ao fundo. recolhimento que buscavam, entre- islâmica mais radical. E assim, na posse desse segredo, os gando-se à meditação e à exaltação O sufismo que encerra a mensagem homens de D. Paio Peres Correia, mística. À imagem do seu mestre, espiritual de Ibn Qasi defende a unicamuflados por moitas de vegetação abraçaram o legado filosófico por cidade divina e o amor universal, e a coberto da escuridão da manhã ele deixado e o espírito de despoja- contra a prepotência e a tirania. A que ainda tardava, encetaram a mento e renúncia de bens materiais. sua formação e origem social - pois aproximação e o assalto final ao O ribat da Arrifana, fundado em era natural de Silves e descendencastelo desguarnecido. te de uma antiga família Nunca haviam imaginacristã - “constituem uma do tão fácil conquista! herança cultural de um Afirma-se que, sensimundo que não deixou de bilizado pelo gesto e o influenciar”. Não admiencantos de Maria Aires, ra, por isso, que passasse a D. Paio poupou-lhe a vireceber a hostilidade e fosda e a honra, fazendo-lhe se tomado como inimigo a erguer uma casa em loabater, da parte do poder cal próximo da povoação islâmico dominante. que ainda hoje, em sua Mas foram tantos os seus memória, se chama Maseguidores que “a palareares. vra do mestre depressa O castelo, e em torno se transformou em cordele a vila, edificado sorente religiosa e política, bre ruínas de um castro tendo alastrado a todo o lusitano do período rosudoeste peninsular”. mano, ergue-se no cimo Em 1144, um grupo dos de uma colina de quase seus discípulos conquista cem metros de altura, o castelo de Monte Agudo, dominando o vale e a aos almorávidas, situado ribeira. “Foi na “finis terrae de Arrifana” que, cansado das guerras e dos homens, nas imediações de MérRibeira essa que chegou Ibn Qasi, o monge soldado, decidiu construir o seu retiro” tola. a ser um porto fluvial do “Estava dado o sinal de antigo império almorávida. E o seu 1130, sendo um retiro para estudo um tempo novo”. Era a ofensiva assoreamento posterior retirou a e reflexão religiosa, não perdera, dos Almôadas, e o seu aliado Ibn importância estratégica à povoação no entanto, o espírito guerreiro dos Qas1 fez a sua entrada triunfante de Aljezur que foi decaindo pelos sé- seus fundadores. Seguindo os gran- naquela povoacão, “sendo aclamaculos adiante. Da herança mourisca des princípios doutrinais de Ibn Qasi, do mahad1, ou enviado de Deus”. ficaram o castelo, a sua cisterna e as os monges eram preparados para a De seguida, cai Marraquexe a mais casas caiadas de branco nas ruas guerra contra os inimigos do islão. importante praça do Magrebe e, fiestreitas pelo monte acima. Fossem muçulmanos hereges ou gen- nalmente, conquistam Sevilha. Uma E no espigão rochoso, junto ao mar, tes de outra fé. A jiad era legitimada vitória que se revelou decisiva para o abraçando o infinito, haviam sobra- como guerra santa de preservação reconhecimeto do domínio almôada do também, muitos anos antes, as e difusão do islão. Todavia, com no Garb al Andaluz. ruínas do ribat al-Rihana, daquilo cambiantes que gradualmente lhe Ibn Qasi era então um líder religio-

sos e político incontestavelmente respeitado. E foi constituído representante do rei al-Mumin, no al Andaluz. Porém, esta convivência pacífica foi sol de pouca dura para este guerreiro que se tinha recolhido no seu refúgio da Arrifana. Afinal - percebeu ele depressa - nada de substancial mudara na natureza do novo poder. A mesma intolerância, sobranceria e prepotência prosseguida agora pelos almôadas, empurraram-no para os braços do rei cristão que abria caminho em direção ao sul. Afonso Henriques recebe-o como seu par “oferecendo-lhe um cavalo, um escudo e uma lança, prendas próprias de soberano”. Porém, naquele mesmo ano de 1151, Ibn Qasi, acusado de trair o islão, foi assassinado em Silves. Morreu às mãos de um dos seus seguidores. O castelo da Arrifana, como o povo lhe chama, foi então abandonado e as suas ruínas identificadas apenas em 2001. A aguardar que um novo príncipe muçulmano – provavelmente Agha-Khan, líder espiritual dos xiitas ismailis – o possa fazer despertar do sono longo e profundo em que esteve soterrado. Juntado-se à lenda que permanece vagamente na memória do povo, para afirmar que a povoação de Aljezur foi fundada por um príncipe-poeta da Arrifana. Fontes: “Ibn Qasī – Memórias, do pensamento e acção do mestre sufi da Arrifana, Al-Rihana, Aljezur, n.º 2” e “National Geografic, - As ruínas arqueológicas da Arrifana”, Rosa e Mário Varela Gomes; “ As Sandálias do Mestre”, Adalberto Alves; Fotos National Geografic Portugal; outras.


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FILOSOFIA DIA-A-DIA

Tréguas de Zeus

MARIA JOÃO NEVES PH.D Consultora Filosófica

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a Grécia antiga, de 4 em 4 anos, as populações suspendiam as hostilidades para poderem deslocar-se a Olímpia, cidade-estado situada a noroeste do Peloponeso, para competir e assistir aos torneios em honra do pai de todos os deuses. Eram as “Tréguas de Zeus”. Este costume teve início em 776 a.C. e incluía não apenas torneios desportivos, mas também competições de oratória, música e outras artes. Porém, após 293 Olimpíadas, em 393 d.C, o imperador Teodósio I de Milão decreta o seu enceramento. Em 426, Teodósio II ordena a demolição dos edifícios sagrados da cidade de Olímpia. A estátua de Zeus é levada para Constantinopla e aí é destruída pelo fogo iniciando-se um longo interregno. Os Jogos Olímpicos renascem graças ao trabalho árduo do barão francês Pierre Coubertin. Em 1888 funda o Comité para a Propagação dos Exercícios Físicos na Educação. Incansável, escreve numerosos livros, artigos, e dá conferências. Em 1894 tem lugar na Sorbonne um congresso internacional em que Coubertin é aclamado pela sua ideia de ressuscitar esta magnânima festa do desporto. É neste ano que se elege o primeiro Comi-

té Olímpico Internacional, que se cria o emblema dos cinco anéis que representam todos os países dos cinco continentes, e a divisa que condensa os anseios e ideais de todos os desportistas que tomam parte nesta competição: Citius, Altius, Fortius (mais rápido, mais alto, mais forte). Finalmente, em 1896, realizar-se-ão em Atenas os primeiros Jogos Olímpicos da era moderna. Nestes 124 anos Zeus não deu tréguas em três ocasiões, suspendendo-se os jogos em 1916, 1940 e 1944, por ocasião das duas grandes guerra mundiais. Em 2020 os jogos são, pela primeira vez na história recente, adiados. O fim das hostilidades não dependeu da vontade humana. O coronavírus espalhou-se pelo planeta em mutações sucessivas e a pandemia não nos deu tréguas! A cerimónia de abertura dos Jogos Olímpicos 2020 acontece, então, em 2021, tratando-se da mais melancólica e anticlimática de que alguma vez me recordo. Nem mesmo as advertências de que se trataria de um evento “solene” sob o tema “recuperação e reconstrução”, tendo em mente o terramoto e o tsunami de 2011 e a actual pandemia, se adivinhava tamanha tristeza. Esta cerimónia costuma ser um momento grandioso. Os aspectos protocolares repetem-se: o hastear das bandeiras, o desfile dos atletas participantes, o transporte

da tocha olímpica que finalmente permanecerá acesa no estádio. Constitui também uma oportunidade excelente para a nação anfitriã surpreender o mundo com um espectáculo que exiba a sua história e o melhor da sua arte. Congratulamo-nos com o facto de, em Tokyo, se ter expressado uma imensa gratidão pelos profissionais de saúde, pela inclusão constante dos atletas para-olímpicos, pela luta pela igualdade de género tão bem exemplificada nos porta-estandartes. Aliás, estão de parabéns os nossos atletas Telma Monteiro e Nelson Évora que, empunhando a bandeira Portuguesa e saltando de entusiasmo, foram a quase única nota de alegria presente neste evento. Apesar do lema “separados mas nunca sozinhos” aquilo que transpareceu nesta celebração foi um enorme isolamento, angústia e vazio; demasiado espaço vazio! Como se não bastasse a arrepiante ausência de público, o próprio palco se transformou num catalisador de desalento. Por muito que o vazio seja apanágio da estética japonesa, a preponderância que aqui se lhe deu foi excessiva. Os ecrãs televisivos vomitaram a imagem insistente e entediante de uma mulher a correr sozinha numa passadeira — como se não bastasse o facto de tantos de nós o termos feito durante o confinamento e de não precisarmos de ser desse facto recordados. Noutro momento, Mirai

FOTO D.R.

Moriyama, bailarino de dança Butô envolto em vestes brancas, evocando uma alma penada, levantou-se virtuosamente do pó para ao pó regressar. Ao que se seguiu um minuto de silêncio por todos aqueles que a pandemia, o terramoto e o tsunami levaram. Mais tarde, evocando a obra da artista plástica Chiharu Shiota, bailarinos de branco, cujas caras também se encontravam embrulhadas numa rede da mesma cor, realizaram uma coreografia utilizando uma corda elástica vermelha, que supostamente pretenderia transmitir o funcionamento do interior do corpo: sangue, nervos, músculos, tendões, órgãos — numa perfeita monotonia, fealdade, e ausência de graça. Enfim, tudo falhou por que demasiado literal. Aristótles nesse magnífico tratado de estética que se intitula Poética, faz a seguinte pergunta: Como pode um quadro onde estão representados cadáveres produzir prazer? Esta é a pergunta irredutível que inaugura a questão estética por excelência. Como quase sempre acontece com as perguntas originárias, nela própria está contida a resposta. Embora os cadáveres na vida real não produzam prazer, é a forma como estão representados no quadro que veicula esse sentimento. Portanto, o prazer estético não reside no conteúdo — no motivo, no assunto, no referente — mas sim na forma como esse conteúdo está representado. Em termos kantianos diríamos que o

Inscrições para o Café Filosófico: filosofiamjn@gmail.com * A autora não escreve segundo o acordo ortográfico

FOTO D.R.

Os pictogramas das novas modalidades olímpicas foram pela primeira vez apresentados: skate, surf, beisebol, karaté e escalada desportiva

prazer estético reside na forma da representação. Ora foi precisamente esta forma da representação que falhou sucessivamente nesta cerimónia de abertura dos Jogos Olímpicos de Tokyo 2020, em 2021. As intenções foram muito nobres mas faltou-lhes a “artisticidade”. O filósofo espanhol Ortega y Gasset, seguindo a esteira kantiana, muito insistiu neste conceito no seu ensaio A Desumanização da Arte. Ortega y Gasset pretendia um novo modo de sentir a existência —refinado e elegante— um modo que implicaria um distanciamento e um trabalho sobre a matéria prima inicial, em vez da simples cópia ou da empatia por arrastamento emotivo. Ora o que aconteceu na grande maioria das propostas estéticas da cerimónia de abertura destes Jogos Olímpicos foi precisamente isso: a cópia simples e o apelo ao sentimentalismo fácil. O espectador do séc. XXI, desejavelmente culto e inteligente, regozijar-se-ia na artisticidade da obra de arte e não no seu conteúdo, realizaria autenticamente a experiência estética. Pouca oportunidade houve para o fazer nesta cerimónia. Existiu, no entanto, uma honrosa excepção que para mim constituiu o ponto alto do evento em termos artísticos: a pantomima dos pictogramas. Interpretada por Hiro-Pon, um artista japonês do premiado grupo de comédia performática Gamarjobat, apoiado por Masa e Hitoshi, também eles comediantes japoneses. Numa dança muda, os pictogramas adquiriram vida transformando-se sucessivamente uns nos outros numa coreografia densa e vigorosa. Os pictogramas das novas modalidades olímpicas foram pela primeira vez apresentados: skate, surf, beisebol, karaté e escalada desportiva. A performance surpreendeu e encantou! Vale a pena recordar que os pictogramas foram introduzidos pela primeira vez precisamente nos Jogos Olímpicos de Tóquio em 1964. Os designers de então criaram estas figuras estilizadas que funcionaram como símbolos não verbais, transcendendo as barreiras da linguagem. Os pictogramas são capazes de comunicar informação de forma rápida, rigorosa e inequívoca. Hoje em dia muitos destes símbolos são utilizados universalmente. Estejamos, pois, agradecidos.


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MARCA D'ÁGUA

Perfeccionismo, competição e cooperação MARIA LUÍSA FRANCISCO Investigadora na área da Sociologia; Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa luisa.algarve@gmail.com

A grandeza de saber cooperar num momento de alta competição FOTO D.R.

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i nas redes sociais imagens da ginasta profissional Simone Biles nos Jogos Olímpicos de Tóquio. Estava a começar a escrever o artigo deste mês sobre um tema bem diferente, mas fiquei presa àquelas imagens como um exemplo de resiliência e humildade. Na altura em que os holofotes estavam virados para a atleta, teve a humildade de parar e as-

sumir o stress e angústia em que vivia. Mesmo sem chegar ao pódio, Simone Biles tornou-se uma campeã. Com a sua coragem teve a capacidade de trazer ao de cima a discussão sobre a saúde mental dos atletas e sobre a necessidade de repensar mais a pessoa do que a competitividade. Ainda há algum tempo a fadista portuguesa Raquel Tavares parou a sua carreira artística por sentir que não tinha tempo para si e que não tinha vida própria. Simone e Raquel são dois exemplos de quem teve a capacidade de perceber que não estava bem, mas existem muitas pessoas que não sabem ou não querem admitir isso. Quase todos nós em várias alturas da nossa vida somos confrontados com situações que geram stress, ansiedade e por vezes, depressão, mas nem sempre temos a capacidade de perceber que precisamos de ajuda, nem a humildade de a procurar, quando necessária. Quando estamos nestas situações, acontece, por vezes, ter de abdicar de sonhos ou desistir e depois ter de começar de novo. O médico Roberto Aylmer, com espe-

cialização em gestão em contextos complexos e no Burnout Executivo escreveu que a situação de que falamos, tal como a situação da tenista Naomi Osaka são «um marco para uma nova era onde a vulnerabilidade é necessária e aceite. O lema deste novo contexto resume-se na frase da tenista de origem japonesa: “É ok não estar ok” que saiu na capa da revista americana Time no início de 2020» A frase de Simone Biles: «Não somos apenas atletas, somos pessoas. E às vezes é preciso dar um passo atrás», não deixou ninguém indiferente. Este «passo atrás» poderá permitir dar dois passos para a frente. Tudo isto faz sentido se existir a capacidade de alterar padrões, medos, bloqueios e modificar comportamentos. Se a pessoa não se conhecer terá mais dificuldade em todo o processo. Daí a importância do auto conhecimento. De saber o que queremos para nós e o que nos faz bem e não ficar agarrado ao que os outros querem ou esperam de nós. A pandemia veio agravar muitas situações de depressão. Nas redes sociais, por exemplo, é partilhado o melhor, vidas quase perfeitas, mas quando há a coragem de mostrar o outro la-

do, tanto pode ser desastroso para a imagem da pessoa em causa, como também pode trazer ajuda. E então quando os nossos defeitos nos afectam e nós ilusoriamente pensamos que são qualidades? Achava o máximo ser perfeccionista e a forma como elogiavam os meus resultados fazia-me pensar que o perfeccionismo era uma virtude. Afinal ser perfeccionista revelou-se um defeito que trouxe alguns desafios (de há um tempo para cá deixei de usar a palavra problemas e substituí por desafios). Custa sempre assumir a nossa vulnerabilidade, mas todos temos alguma vulnerabilidade, e isso por vezes até nos torna maiores. Ressoa a frase de Simone Biles: «Temos de proteger a nossa saúde e o nosso bem-estar e não fazer apenas o que o mundo quer que façamos». O exemplo que vem destes desportistas, vistos à escala global como heróis e em certa medida como pessoas infalíveis, vai permitir reposicionar a questão da competitividade versus bem-estar pessoal. E se bem aproveitada a oportunidade irá permitir recolocar toda esta ques-

tão junto das gerações mais jovens, as mais susceptíveis nesta matéria (ou, pelo menos, as que aceitam a sua exposição de forma mais pública). Estas partilhas surgiram por causa dos Jogos Olímpicos, cujo lema é: «Mais Rápido, Mais Alto, Mais Forte» em latim «Citius, Altius, Fortius», que foi adoptado pelo fundador dos Jogos modernos, Pierre de Coubertin, no Séc. XIX. No passado dia 20 de Julho, o Comité Olímpico Internacional (COI) modificou este lema para acrescentar a palavra «Juntos». O presidente desta entidade, Thomas Bach, sublinhou a necessidade de solidariedade durante estes tempos da pandemia de Covid-19. Com esta mudança na Carta Olímpica refere Bach «o trabalho colaborativo produz resultados mais rápidos e melhores do que se cada um trabalhasse sozinho para se proteger do progresso do outro». Felizmente na vida dos atletas, como na vida de cada um de nós, há momentos em que do nosso âmago sai mais o desejo de cooperar do que de competir. *A autora não escreve segundo o acordo ortográfico

ESPAÇO AGECAL

Poder Local e Cultura JORGE QUEIROZ Sociólogo, sócio da AGECAL

A

26 de Setembro realizar-se-ão eleições para as 308 Câmara Municipais e Assembleias Municipais, bem como para 3092 Assembleias de Freguesia. As eleições autárquicas ocorreram pela primeira vez em democracia a 12 de Dezembro de 1976, na sequência da aprovação da Constituição da República em Abril desse ano. Meio século passado, é imprescindível fazer o balanço da evolução das políticas públicas em Portugal, das transformações e realizações positivas, mas também dos fenómenos negativos que prejudicaram o desenvolvimento do País. Portugal partiu de uma situação desfavorável em relação

a outros países europeus, bastará lembrar que em 1981 ainda um em cada cinco portugueses era analfabeto. A autonomia administrativa e financeira do Poder Local no último quartel do século XX, deu enorme impulso à melhoria das condições de vida das populações. Nos anos 70 parte significativa das localidades portuguesas estavam carenciadas de saneamento básico, abastecimento domiciliário de água, redes de electricidade, equipamentos sociais e culturais, existiam dificuldades no acesso à saúde e habitação. O Poder Local, nos primeiros anos após a Revolução de Abril de 1974, esteve à altura das prioridades e urgências do País e das populações, foi genuíno o entusiasmo da geração pioneira na recuperação dos atrasos estruturais das regiões e localidades. Portugal teve uma evolução sig-

nificativa, os indicadores sociais melhoraram, mas a partir dos anos 80 começou a fazer caminho uma outra ideia de “desenvolvimento”. A regionalização foi adiada, circuitos de decisão passaram para o exterior do País, a gestão de recursos continuou centralizada, o ordenamento territorial permitiu acentuar assimetrias, o declínio demográfico e desertificação, houve perdas de biodiversidade e alterações nos sistemas produtivos. Cerca de metade da população vive hoje nas áreas metropolitanas de Lisboa e Porto. E a cultura? O fim da censura e a liberdade de expressão criaram a partir de 1974 uma nova realidade cultural em Portugal. A democratização do acesso à educação e à cultura foi decisiva na transformação do País. Para além do texto constitucional e da Lei das

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Atribuições e Competências das Autarquias Locais, foi aprovada importante legislação como a Lei de Bases do Património Cultural (nº107/2001), a Lei Quadro dos Museus Portugueses (nº 195/2004), a Lei dos Arquivos (DL nº 16/93), entre outras... Os Municípios tiveram um papel relevante no domínio da cultura, promoveram a reabilitação, construção e o acesso a bibliotecas, teatros, cineteatros, arquivos, museus, centros de ciência,… Foram criadas a Rede Nacional de Leitura Pública, a Rede Portuguesa de Museus, a Rede Portuguesa de Arquivos, a Rede de Teatros e Cineteatros, apoiados por programas como o Promuseus, o PARAM, entre outros. Hoje 130 mil pessoas trabalham em Portugal na cultura, o sector representa 2,7% da economia nacional, o peso no Orçamento Geral do Estado em 2021 foi de 0,21% (sem a RTP), a terceira

mais baixa entre as áreas ministeriais. As autarquias locais investiram 519 milhões de euros em 2019 na cultura, mais 10% do que no ano anterior, incluindo despesas de capital e correntes. Em média as despesas com cultura representaram 5,9% dos orçamentos municipais portugueses. Detectam-se disparidades orçamentais no apoio à cultura, mesmo entre municípios com expressões demográficas semelhantes, surgem assimetrias no plano regional. O suporte financeiro aos diversos sectores da cultura é pouco equilibrado. Será inadiável, nos 50 anos da democracia, realizar balanço das políticas culturais em Portugal (1974-2024), dos seus resultados quantitativos e qualitativos. * O autor não escreve segundo o acordo ortográfico


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LETRAS & LEITURAS

O Homem do Casaco Vermelho, de Julian Barnes PAULO SERRA Doutorado em Literatura na Universidade do Algarve; Investigador do CLEPUL

O mais recente trabalho de Julian Barnes vive algures entre a biografia, o ensaio e o romance de uma época FOTO ULF ANDERSEN / D.R.

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Homem do Casaco Vermelho, publicado pela Quetzal numa luxuosa edição de capa dura vermelha, recheada de fotografias e reproduções a cores de obras de arte, é o mais recente trabalho de Julian Barnes. Este

novo livro do autor britânico, com tradução de Salvato Teles de Menezes, é difícil de classificar, pois vive algures entre a biografia, o ensaio, o romance de uma época: «A Belle Époque: locus classicus de paz e prazer, charme com mais do que uma pincelada de decadência, um último florescimento das artes, e o último florescimento de uma alta sociedade instalada antes de, tardiamente, esta suave fantasia ser varrida pelo metálico e sem graça século XX» (p. 37). Por estas páginas desfilam Proust, Sarah Bernhard, Oscar Wilde, invoca-se Flaubert e Henry James, entre outros. Julian Barnes toma por mote para esta digressão um retrato de Samuel Pozzi, considerado uma das mais extraordinárias telas de John Singer Sargent (tão polémica quanto discretamente sensual) que o autor descobriu exposta na National Portrait Gallery. Tomando Pozzi como protagonista – um plebeu com apelido italiano, «chocantemente bonito», «homem superiormente inteligente», que ascende a médico da alta sociedade, cirurgião, pioneiro da ginecologia moderna, «viciado em sexo» (p.196), livre-pensador, coleccionador de arte – este livro é um belíssimo exercício criativo e autoreflexivo

(onde nos fala inclusivamente do seu primeiro romance, entre outros) que reafirma Barnes como um dos grandes autores de língua inglesa. Um aspecto curioso que perpassa o livro é a contraposição persistente entre a cultura francesa e a inglesa, em detrimento desta última, como quando constata que a Belle Époque é um período de grandes triunfos da arte francesa, do impressionismo ao simbolismo, passando pelo cubismo: «O que é que teve a Grã-Bretanha que pudesse apresentar perante isto? A persistente saga do prérafaelismo, a prolongada morbidez da arte vitoriana» (p. 43). E s t a cont r ap o siç ã o e nt re passado e futuro (ou um presente desencantado) serve ainda, muito subtilmente, como chamada de atenção ao que se passou no Reino Unido nos últimos anos com o Brexit: «como o passado deve às vezes odiar o presente, e o presente o futuro – esse desconhecido, descuidado, cruel, ofensivo, depreciativo e insensível futuro – um futuro que não merece ser o futuro do presente» (p. 125). Explana-se, aliás, na nota do autor, que o livro foi escrito no último ano perto da «saída deludida e masoquista da Grã-Bretanha da União Europeia» (p. 309).

Barnes recorre a excertos de diários, cartas, numa colagem que visa compôr o homem por trás do retrato, ao mesmo tempo que alerta o leitor para os limites desta reconstituição:

Uma luxuosa edição de capa dura vermelha, recheada de fotografias e reproduções a cores de obras de arte

«”Não é possível saber”. Quando pa rc i mon iosa mente u sad a , esta expressão é uma das mais fortes na linguagem do biógrafo. Lembra-nos que o aprazível estudo-de-uma-vida que estamos a

Grand Hotel Europa, de Ilja Leonard Pfeijffer

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rand Hotel Europa, de Ilja Leonard Pfeijffer, é o belíssimo título inaugural da coleção Contemporânea, chancela Livros do Brasil, e o primeiro romance do autor publicado entre nós, traduzido do neerlandês por Maria Leonor Raven. Já com várias obras premiadas internacionalmente, Grand Hotel Europa, com mais de 300 mil exemplares vendidos, arrebatou a crítica e os leitores holandeses. Não se pense contudo que é um livro ligeiro, ou que as suas quase 600 páginas se lêem com a superficialidade de um bestseller. Grand Hotel Europa é um romance reflexivo, de várias camadas e feito de histórias interligadas, sobre a identidade europeia na desafiante era do turismo de massas, mas também uma sátira genuinamente divertida. Um escritor, que partilha o nome do autor, aloja-se no ilustre e decadente Grand Hotel Europa com o fito de reconstruir pela

escrita os destroços da sua relação com Clio, uma fogosa italiana com quem vive uma esplendorosa história de amor em Veneza,

Ilja Leonard Pfeijffer já tem várias obras premiadas internacionalmente FOTO D.R.

uma cruzada (ao estilo de Dan Brown) em busca de uma pintura de Caravaggio, tórridas cenas de sexo e explosivas crises de ciúmes. O romance alterna magistralmente entre dois planos: o passado vivido

com Clio, que partilha o nome da musa da História, e era ela própria historiadora de arte; e o presente no Grand Hotel Europa, que entretanto é apropriado por um chinês, e começa rapidamente a perder a sua identidade genuinamente europeia, até para melhor servir as hordas de turistas chineses. Conduzindonos entre tempos distintos, e locais diversos, o narrador interpela directamente o leitor, e expõe, muitas vezes mediante diálogos, uma pertinente reflexão, bastante informada. A narrativa perspectiva a Europa como um continente velho e cansado, que apenas tem o passado como oferta, cuja história não pode ser realmente degustada pelos visitantes que estão muito mais preocupados em fazer maratonas turísticas, mas sempre sem que se perceba realmente que são turistas, para poder tornar a sua linha do tempo nas redes sociais mais apelativa – pois “o mais baixo que se pode hoje descer na condição humana é não viajar

regularmente”. Mas há também o reverso da moeda: o modo como a Europa se tem redefinido, muitas vezes com o risco de negar a sua própria autenticidade, colocando assim a sua sobrevivência em risco face à necessidade de se reinventar para chamar turistas.

“Grand Hotel Europa” arrebatou a crítica e os leitores holandeses

ler, apesar de todos os pormenores, dimensão e notas de pé de página que apresente, apesar de todas as certezas factuais e hipóteses seguras que contenha, pode apenas ser uma versão pública de uma vida privada e uma versão parcial de uma vida privada. A biografia é uma coleção de buracos atados com um fio» (p. 134) Como escreve a páginas tantas, a propósito de Lucien Freud, o modelo, neste caso Pozzi, está lá apenas para ajudar a pintura, e conta mais a pincelada do artista do que o retratado: «diria que estava a usar uma pessoa para fazer um quadro e, ao fazer isso, estava a substituir essa pessoa – e a sua existência – por uma nova realidade.» (p. 224). Barnes assume que o «trabalho do romancista é transformar um ténue ou mesmo falso rumor numa certa e fulgurante realidade; e acontece muitas vezes que quanto menos se tem, tanto mais fácil é retirar partido disso.» (p. 52) O autor/narrador (que aqui se confundem) remete-nos, noutra passagem, do roman à clef e quase pensamos que nos fala deste seu livro de não-ficção: «possui óbvias atrações para os romancistas – a alegria da malícia, a piscadela de olho do sigilo não sigiloso, a vaidade de estar bem informado e partilhar essa informação com outros» (p. 217) É, na verdade, aquilo que acontece linhas antes neste mesmo livro, quando o autor ao referir-se a um prémio literário rapidamente se perde em mais uma digressão em torno do mesmo, com os vários vencedores, o prémio, etc. Um dos pontos mais delicados do romance é justamente a forma como o leitor por vezes se perde nos saltos súbitos de um assunto para o outro, sem que haja propriamente um fio condutor, da mesma forma que por vezes avançamos e voltamos a recuar na cronologia de vida das personagens. Contudo, numa das recorrências do romance e que mais parece uma obsessão do autor - a soma de relatos de duelos e de médicos alvejados por pacientes insatisfeitos -, indicia-se uma das revelações desta biografia, já perto do final. O Homem do Casaco Vermelho tem o ritmo e o colorido de um romance, mas é acima de tudo uma biografia, por vezes descentrando-se do modelo conforme desfia um retrato de época, e aponta constantemente para os limites do biógrafo (e os ilimites do romancista) face à aura de mistério que advém do passado e rodeia o biografado.


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ESPAÇO ALFA

Fotografia, arte e mindfulness FABIANA SABOYA Membro da ALFA – Associação Livre Fotógrafos do Algarve

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embro-me do meu primeiro dia de aula, há cinco anos, no segundo curso de fotografia profissional que resolvi tirar. Desta vez, aqui em terras lusitanas. Meu professor, Pedro Palmela, perguntou-nos: “O que é fotografia para vocês?”. A presumível pergunta obteve respostas similares, inclusive a minha. Ouvia-se desde “É desenhar com a luz” a “É contar uma história”, ou ainda “É eternizar um momento”. Não havia respostas erradas ali. Entretanto, não era esse o objetivo do exercício. O professor então voltou a questionar: “O que é fotografia para vocês?”. Fez-se um silêncio ensurdecedor. Desde então, essa inquietante indagação persegue-me. Tira-me da inércia que uma vez ou outra instala-se na mente e obriga-me a reavaliar o que eu penso, sinto, produzo e, especialmente, busco com a fotografia. Não é novidade que o avanço da tecnologia permitiu que a técnica de criação de imagem por meio de exposição luminosa se popularizasse. O nosso próprio telemóvel permite-nos registar tudo o que quisermos, até os astros (Quem nunca tirou uma foto da lua cheia mesmo sabendo que não sairia nada de jeito que atire a primeira pedra!). Com um pouco mais ou um pouco menos de qualidade a depender do modelo, temos em mãos a ferramenta necessária para garantir que a vovó acompanhe o crescimento do neto do outro lado do Atlântico, para colocar uma foto apresentável no nosso CV e até mesmo para digitalizar e enviar documentos. A arte como expressão da humanidade, em tempos tenebrosos e até depressivos como este, é invocada a cumprir o seu papel. A fotografia é uma manifestação cultural e artística, produto da criatividade do homem na sociedade. Isto posto, quem foi que ditou que aquela foto desfocada da nossa infância, tirada pela nossa mãe, ao colo do nosso falecido avô, com a mancha de um dedo anelar no canto superior esquerdo não é arte, se sempre nos emociona? O que diferencia de facto esta imagem das minhas enquanto profissional? Não é que os amantes da fotografia não saibam apreciar o despretensioso e amador retrato descrito

A fotografia é uma manifestação cultural e artística, produto da criatividade do homem na sociedade

anteriormente, mas eles seguramente saberiam potencializar com as suas técnicas todo o sentimento que o momento transbordava. O objetivo não é enaltecer, tampouco desprestigiar o trabalho do fotógrafo profissional, mas legitimar e reconhecer a produção individual e criativa de cada um, num contexto que exige esforços de todos para mantermo-nos como comunidade e como indivíduos sãos e saudáveis. A arte sempre ajudou a humanidade a enfrentar ditaduras, pestes, catástrofes naturais, a vencer seus próprios demónios… Não é uma competição entre profissional e amador, entre DSRL e telemóvel. Por isso, volto repetidamente à pergunta do meu professor e questiono o meu próprio fazer artístico, a sua necessidade e contribuição. Nesse mergulho em mim mesma, ficou ainda mais claro que a imagem que entrego é tão somente o resultado da minha experiência. A fotografia não é só o meu trabalho, a minha fonte de renda. Ela é, acima de tudo, a estratégia que encontrei para colocar-me no presente, para viver o aqui e o agora. Não há passado, não há futuro. Eu

vejo, eu sinto, eu penso, eu clico, eu VIVO! Sorrio com o sorriso de um bebé ao colo de sua mãe, emociono-me com a bailarina interpretando seu papel, choro com os votos sinceros e apaixonados de um casal no altar, enfureço-me com as injustiças sociais e regozijo-me com o renascimento de mulheres empoderadas em trabalho de parto. O conhecimento técnico do meu equipamento permite-me manuseá-lo como se respirasse: espontaneamente. A câmera faz parte do meu corpo e ela consegue captar todas as escolhas que faço com base na minha bagagem de vida, cultural e artística. Posso dizer, com toda a certeza, que a fotografia é a minha terapia mindfulness. Não há espaço para julgamento, só para estar consciente sobre tudo o que passa diante dos meus olhos, ou melhor, das minhas lentes. Só que para capturar a imagem que eu quero, aquela que estou vendo física, mental e emocionalmente, eu não posso contar com a sorte. Eu tenho que dominar a técnica fotográfica. Contudo, dominá-la, assim como à mindfulness, requer muitos anos de estudo e prática constante.

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FOTO D.R.

É tão paradoxal quanto verdadeira a necessidade de aprofundar-se nos processos e nas ferramentas de criação, de controlar o equipamento e as técnicas de enquadramento, composição e iluminação, de saber como e porque fazer certas escolhas, para que alcancemos essa naturalização e para que nossa imagem atinja o que esperamos dela esteticamente. Estudar facilita a confeção de tal modo que podemos dar-nos ao luxo de fazer ao mesmo tempo o processamento técnico mentalmente e desfrutar do momento. Tais processos culminam na comprovação revelada em imagem impressa de que todo o esforço valeu a pena, permitem que eu experiencie a fotografia e que ela seja-me tão espontânea quanto existir. Como professora no curso de fotografia para jovens na ALFA, recebo muitos deles que nasceram para essa profissão no exercício dela no seio familiar, registando a sua própria família, tal como eu. A chamada geração Z já nasceu com uma câmera digital na mão e o acesso a canais de informação e formação ao alcance de um clique. Ainda assim, a expe-

riência de se obter o conhecimento através do diálogo, da troca com um intermediador, é insubstituível, na medida em que a comunicação é o veículo e o alicerce da construção da própria sociedade. Agora, temos sempre muito mais a aprender do que a ensinar. O meu papel como formadora é dar as ferramentas necessárias para a sua aprendizagem, para promoção da sua veia e seu olhar artísticos, para domínio e automação dos processos, para que saibam criticar a si e a sua obra e para que tirem o máximo proveito da tecnologia que disponibilizam. Sem jamais julgar, podar ou impor a minha visão. E compete-me levar em conta a sua verdade, como posso ajudá-los a atingir o seu próprio mindfulness, transbordar autenticidade e viver a fotografia. Depois de tanto tempo distante dos meus alunos, já não vejo a hora de recomeçar as aulas e as reflexões sobre onde está a arte, sobre como ela se faz, como a sentimos, como ela nos salva e, sobretudo, plantar-lhes aquela coceirinha no cérebro com o tradicional e socrático: “O que é fotografia para vocês?”


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CADERNO ALGARVE

Postal, 6 de agosto de 2021

NECROLOGIA REGIÃO

TAVIRA

MARIA DE LOURDES COTA AGOSTINHO DIAS CHAVES RAMOS

94 ANOS AGRADECIMENTO Sua querida família cumpre o doloroso dever de agradecer reconhecidamente a todas as pessoas que assistiram ao funeral do seu ente querido, realizado no dia 27 de Julho, para o Cemitério dos Olivais, bem como a todos os amigos que manifestaram o seu pesar e solidariedade. Agradecem também a todos que rezaram Missa do 7º Dia pelo seu eterno descanso. “Paz à sua Alma” AGÊNCIAS FUNERÁRIAS PEDRO & VIEGAS, LDA. *TAVIRA, LUZ E V.R. STº ANTÓNIO TELEM 964 006 390 - 965040428*

Reze 9 Ave-Marias com uma vela acessa durante 9 dias, pedindo 3 desejos, 1 de negócios e 2 impossíveis ao 9º dia publique este aviso, cumprir-se-á mesmo que não acredite. A.A.

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COMUNIQUE COM O POSTAL JOSÉ LOPES BARBOSA

VITORINA DA ENCARNAÇÃO AFONSO

13-05-1938 31-07-2021

25-06-1934 03-08-2021

Agradecimento Os seus familiares vêm por este meio agradecer a todos quantos se dignaram acompanhar o seu ente querido à sua última morada ou que, de qualquer forma, lhes manifestaram o seu pesar.

Agradecimento Os seus familiares vêm, por este meio, agradecer a todos quantos a acompanharam em vida e nas suas cerimónias exéquias ou que de algum modo lhes manifestaram o seu sentimento e amizade.

SAPARDOS - VILA NOVA DE CERVEIRA MONTE GORDO - V. R. DE SANTO ANTÓNIO Agência Funerária Santos & Bárbara, Lda.

CONCEIÇÃO - TAVIRA SANTA MARIA E SANTIAGO - TAVIRA Agência Funerária Santos & Bárbara, Lda.

Endereço: R. Dr. Silvestre Falcão 13 C, 8800-412 Tavira Contacto: 281 405 028 Administrativo: anabelag.postal@gmail.com Redação: jornalpostal@gmail.com


CADERNO ALGARVE

Postal, 6 de agosto de 2021

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A NÚNCIOS REGIÃO

iii. os boletins dêem entrada na sede da Caixa Agrícola até às dezasseis horas do segundo dia útil anterior ao da Assembleia Geral, sendo a data e hora da entrada registada em livro, registo que será encerrado pelo Presidente da Mesa da Assembleia Geral logo que terminado o prazo da sua válida recepção.

CONVOCATÓRIA DA ASSEMBLEIA GERAL EXTRAORDINÁRIA DA CAIXA DE CRÉDITO AGRÍCOLA MÚTUO DO SOTAVENTO ALGARVIO, C.R.L.

www.

PreviaSafe.pt

geral@previa.pt Tel.: 289 393 711 | 289 824 861 Rua Sport Faro e Benfica nº 4 A 8000 - 544 Faro

Nos termos do artigo 31.º, n.ºs 7 e seguintes dos Estatutos da Caixa Agrícola qualquer Associado poderá votar por procuração, conquanto constitua como mandatário familiar seu, desde que maior de idade, ou outro Associado, sendo que este só poderá representar um mandante.

ORDEM DE TRABALHOS

A procuração deverá ainda ser datada e dirigida ao Presidente da Mesa da Assembleia Geral, com a assinatura do mandante reconhecida nos termos legais.

Ponto Um - Deliberação sobre a recomposição da lista para o Conselho de Administração da Candidatura única subscrita pelo Conselho de Administração cessante e apresentada às eleições para os órgãos sociais e estatuários da Caixa Agrícola para o triénio 2019/2021, e, consequente, eleição de novos Membros. Ponto Dois – Dispensa da prestação de caução por parte dos novos Membros eleitos do Conselho de Administração da Caixa Agrícola, para o triénio 2019/2021. Ponto Três – Determinação da remuneração dos novos Membros eleitos para o Conselho de Administração da Caixa Agrícola para o triénio 2019/2021, em sede da recomposição deste Órgão. Se, à hora marcada, não se encontrar presente mais de metade dos Associados, a Assembleia Geral reunirá, em segunda convocatória, uma hora depois, com qualquer número. Tomando em consideração as medidas em vigor restritivas da aglomeração de pessoas, as quais poderão ainda vigorar à data da realização da Assembleia Geral, incentivam-se os Senhores Associados a privilegiarem o recurso ao voto por correspondência ou por representação. A. Voto por Correspondência

Exercício do Direito de Preferência Conforme estabelecido no artigo 1380.º do Código Civil, João Manuel Barreiros Vairinhos, NIF 115417699, residente na rua Joana de Alte, nº. 25, 5º. -- B, FARO, 8000-366 FARO, na qualidade de proprietário, pretende vender o seguinte imóvel: prédio rústico, sito em Serro da Mesquita, freguesia e concelho de S. Brás de Alportel, que se compõe de terra de cultura com árvores, com a área de 9280 m2, que confronta do nascente Albino Pereira Barros, do norte caminho, poente Joaquim Sousa Pereira e do sul com José Viegas Calvinho. Inscrito na matriz rústica sob o artigo 1039, omisso no registo predial, pelo preço de 32 500 ,00 ( trinta e dois e mil e quinhentos euros) pelo que ao abrigo do disposto no nº. 1 do artigo 1380 do Código Civil, vem dar conhecimento aos proprietários dos prédios confinantes, da sua pretensão de celebrar sobre este imóvel, um contrato de compra e venda e aos mesmos facilidade de exercerem o direito e preferência, devendo no prazo de 8 dias conforme estipula o nº. 2 do artigo 416.º do Código Civil, dizer se pretendem exercer o seu direito de preferência, por via de comunicação ao proprietário acima identificado através de carta registada com aviso de receção. (POSTAL do ALGARVE, nº 1269, 6 de Agosto de 2021)

B. Voto por Representação

Nos termos do n.o 2 do artigo 26.o e dos artigos 27o e 28o dos Estatutos da Caixa de Crédito Agrícola Mútuo do Sotavento Algarvio, C.R.L., pessoa colectiva n.o 501 073 035, com sede na Rua Borda D’Água de Aguiar, Nos 1 e 2, em Tavira, matriculada na Conservatória do Registo Comercial de Tavira sob o mesmo número, com o capital social realizado de € 15.786.000,00 (variável), e na convicção de que, não obstante a actual situação de pandemia, a sua realização venha a ser possível, convoco todos os Associados no pleno gozo dos seus direitos a reunirem-se, em Assembleia Geral Extraordinária, no dia 11 de Setembro de 2021, pelas 14:30 horas, no Auditório da sede da Instituição, para discutir e votar as matérias da seguinte

Ponto Quatro – Discussão de outros assuntos com interesse para a Caixa Agrícola.

Reze 9 Ave-Marias com uma vela acessa durante 9 dias, pedindo 3 desejos, 1 de negócios e 2 impossíveis ao 9º dia publique este aviso, cumprir-se-á mesmo que não acredite. A.G.

Cada boletim deverá ser dobrado em quatro e inserido em sobrescrito, em cujo rosto será inscrito “Votação do(a) Associado(a) ... [nome ou designação do Associado] para o Ponto ... [inscrever o número] da Ordem de Trabalhos da Assembleia Geral da Caixa de Crédito Agrícola Mútuo do Sotavento Algarvio, C.R.L., convocada para as 14:30 horas do dia 11 de Setembro de 2021”, sendo os referidos boletins capeados pela carta a que alude o requisito i. supra com a assinatura do Associado reconhecida nos termos legais.

A procuração deve ser outorgada em documento escrito, dele constando a identificação do mandante e a identificação do mandatário, pelo menos através dos seus nomes completos, números de identificação civil e respectivas moradas, data, hora e local da realização da Assembleia e ponto ou pontos da ordem de trabalhos para a qual confere o mandato e, querendo, o respectivo sentido de voto.

C. Presença na Assembleia Geral Para o caso dos Associados que ainda assim desejem estar presentes na Assembleia Geral, adverte-se que, na data da sua realização, serão seguidas as orientações específicas que venham a ser dimanadas quer por dispositivo legal subsequente à publicação desta Convocatória e que então se encontre em vigor, quer pela Direcção-Geral de Saúde ou por qualquer outra autoridade competente, designadamente quanto aos procedimentos de segurança, saúde e higiene a adoptar na reunião, as quais serão devidamente divulgadas aos Associados. Sem embargo do anteriormente expresso, mais se adverte que, no mínimo, serão sempre adoptados os seguintes procedimentos: a) restrição de presença no local da reunião de uma pessoa em representação de cada Associado, designadamente no que se refere a Associados pessoas colectivas; b) distanciamento físico mínimo de dois (2) metros entre os presentes na reunião; c) uso obrigatório de máscara ou viseira; d) utilização das soluções desinfectantes cutâneas aquando da entrada na reunião.

Os Associados podem exercer o seu direito de voto por correspondência, nos termos do artigo 31.º n.ºs 3 e 6 dos Estatutos da Caixa Agrícola desde que sejam cumpridos, cumulativamente, os seguintes requisitos:

Tavira, 03 de Agosto de 2021 O Presidente da Mesa da Assembleia Geral

i. solicitem atempadamente, por escrito, ao Presidente da Mesa da Assembleia Geral, os boletins correspondentes a cada ponto da ordem de trabalhos e a carta que os deverá capear;

Bruno Filipe Torres Marcos

ii. o sentido do voto seja expressamente indicado em relação a todos os pontos da ordem de trabalhos;

(POSTAL do ALGARVE, nº 1269, 6 de Agosto de 2021)

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Reze 9 Ave-Marias com uma vela acessa durante 9 dias, pedindo 3 desejos, 1 de negócios e 2 impossíveis ao 9º dia publique este aviso, cumprir-se-á mesmo que não acredite. C.F.

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A OPINIÃO DE CARLOS BRITO

Escrevo este texto com um sentimento de profunda gratidão aos profissionais de saúde que me trataram, quando estive recentemente internado em várias unidades do Serviço Nacional de Saúde, do Algarve. Foi um processo que se prolongou ao longo de quatro meses. Compreendeu duas cirurgias, várias passagens pelas urgências e serviços especiais, estadia em enfermaria, permanência em cuidados continuados de reabilitação. Não tenho dúvidas que foi o SNS que me salvou a vida e que foi graças aos seus cuidados que pude recuperar forças e voltar a casa, com relativa autonomia. Durante este período pude confrontar a realidade que vivia com as campanhas mentirosas que em certos meios político-partidários, em especial da direita, são desenvolvidas para denegrir o SNS. É claro que não ignoro que o SNS tem sérias deficiências, nomeadamente no acesso e admissão, atrasos no calendário das cirurgias e outras intervenções especializadas, na remuneração dos profissionais. Mas estas deficiências não as sentem os internados, rodeados que estão pela boa qualidade dos cuidados que lhe são prestados, onde se salienta a acuidade médica, que atua à menor queixa, o trato humanizado por parte de todos profissionais, o que pressupõe um sério trabalho de formação, a higiene impecável, a alimentação muito mais que aceitável. Esta avaliação positiva do internamento no SNS não pode representar um alegre conformismo com o nível alcançado pelos serviços. Pelo contrário, este deve constituir uma espécie de embalagem para se consolidar e, sobretudo, para atacar as lacunas graves que persistem, como referimos atrás. Ora para isto não chega a admirável dedicação dos profissionais, menos ainda as promessas de investimento em tempo de debate orçamental. É preciso um investimento real e robusto, que também contemple o nível remuneratório de todos os escalões profissionais, acompanhado da implementação das orientações previstas na legislação de base, de imediato a aprovação do Estatuto. O Governo tem nas mãos um riquíssimo património, construído ao longo de cinquenta anos, por defensores, profissionais, administradores e amigos para servir os portugueses, como tem acontecido. A sua tarefa é valorizar este património.

Entre petiscos, doces tradicionais ou criações de conceituados chefs com base em produtos regionais, pode petiscar a um preço bastante convidativo A 11.ª edição da Rota do Petisco vai levá-lo a percorrer 11 municípios algarvios e a descobrir as suas mais típicas iguarias, capazes de revelar da sua identidade, história, cultura e tradições. Aljezur, Vila do Bispo, Lagos, Portimão, Monchique, Lagoa, Silves, Albufeira, Loulé, São Brás de Alportel e Tavira são os municípios que participam este ano. O evento, entre 10 de setembro e 10 de outubro, mantém a sua vertente solidária com o valor do seu Passaporte (1,50€) a reverter na totalidade para apoiar projetos

sociais desenvolvidos por instituições das localidades que integram a Rota do Petisco. Em 2021, serão apoiados nove projetos desenvolvidos pelas seguintes entidades: a Associação de Dadores de Sangue do Barlavento do Algarve (ADSBA), os Bombeiros Voluntários de Monchique e de São Brás de Alportel, a Casa do Povo de São Bartolomeu de Messines, o Centro de Apoio ao Sem Abrigo, o ECOS - Oficina de Dança, a Fundação Irene Rolo, o Grupo Desportivo Odeceixense e o HELP - Apoio ao Cuidador. Para quem sente saudades de viajar, este ano será também possível carimbar o Passaporte com novos e longínquos destinos através da Rota do Mundo. Sabemos que os petiscos portugueses são de “comer e chorar por mais” mas ninguém resiste

Últimas Suspeitos detidos por tentativa de homicídio na via pública em Olhão

às tapas da vizinha Espanha, a uma boa pasta italiana, a especiarias da Índia e muitos são também os amantes de sushi, pelo que tudo isso será possível encontrar na Rota do Petisco. Sob o lema “Petisque mas não Arrisque”, o projeto Rota do Petisco pretende dinamizar a restauração algarvia, em momento da retoma, após todos os entraves colocados pela pandemia. A 3 de setembro, a Rota celebra 10 anos de existência com a promessa de continuar a crescer, com qualidade, para mostrar o que de melhor se confeciona no Algarve em termos de gastronomia. A Rota do Petisco é uma iniciativa organizada pela Associação Teia D'Impulsos, com o apoio e parceria de várias entidades públicas e privadas.

A Polícia Judiciária (PJ) deteve três suspeitos de tentativa de homicídio qualificado que alegadamente dispararam contra outras três pessoas na via pública, em Olhão, foi esta quarta-feira anunciado. A PJ adiantou que existem “fortes indícios” de que os detidos, com idades entre os 29 e 42 anos, terão recorrido, no dia 15 de maio, a uma “caçadeira de canos cerrados e uma pistola” para atentar “contra três indivíduos” com idades entre os 16 e os 25 anos, uma deles atingido "pelas costas, quando fugia do local".

Dois estudantes da UAlg vencem "Melhor Curta Portuguesa" A curta-metragem 'Check-In', de Guilherme Bosco e Samuel Guerreiro, estudantes do curso de Imagem Animada, da Escola Superior de Educação e Comunicação, da Universidade do Algarve, recebeu o prémio de Melhor Curta Portuguesa no Festival Monstra - Festival de Animação de Lisboa. O trabalho, realizado no âmbito da unidade curricular de projeto e estágio curricular, com supervisão da professora Marina Estela Graça, foi distinguido pelo júri Júnior na competição "Estudantes". Esta curta-metragem já tinha sido anteriormente selecionada para a edição de 2020 do CINANIMA - Festival Internacional de Cinema de Animação de Espinho, na competição 'Jovem Cineasta Português'.

FUNDOS COMUNITÁRIOS SUPERAM OS 50% DE EXECUÇÃO FOTO D.R.

FOTO ANA PINTO D.R.

VALORIZAR o S.N.S.

Na rota das mais típicas iguarias de 11 municípios do Algarve

Salvaram cegonha com tampão higiénico no esófago Uma cegonha foi ALGARVE A execução dos fundos comuni-

tário do Programa Operacional Regional do Algarve 2014-2020 atingiu 50,26% em julho, depois de uma “aceleração” verificada “nos últimos oito meses”, anunciou a Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regio-

nal (CCDR) do Algarve. A entidade gestora dos fundos comunitários disponíveis para o distrito de Faro destacou que, além da taxa de execução de 50,26%, o mês de julho terminou com uma taxa de compromisso de 102,59%.

Alcoutim propõe fixação da taxa mínima de IMI e descontos familiares

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Câmara Municipal de Alcoutim deliberou, na última reunião do executivo, a redução de taxa do IMI para os valores máximos previstos na lei de acordo com o número de descendentes. Deliberou ainda continuar a prescindir da coleta de 5% em sede de IRS sobre os rendimentos auferidos

pelos contribuintes individuais com domicílio fiscal no município e fixar pela taxa mínima de 0,3% o IMI a cobrar no próximo ano. No que concerne à redução da taxa de imposto municipal sobre imóveis, para as famílias com filhos em sede de IMI, a autarquia explica em comunicado que "a redução aprovada é uma dedução fixa aplicada e tra-

duz-se em 20 euros para as famílias com um filho, 40 euros para as famílias com dois filhos e 70 euros para as famílias com três ou mais filhos". As medidas agora aprovadas serão objeto de deliberação na próxima sessão da Assembleia Municipal, agendada para 3 de setembro.

Distribuição quinzenal nas bancas do Algarve

Tiragem desta edição

11.749 exemplares

POSTAL regressa a

20 de agosto

socorrida pelos veterinários do RIAS - Centro de Recuperação e Investigação de Animais Selvagens, em Olhão, tendo sido crucial a sua intervenção para a recuperação da ave. Na semana passada apareceu no RIAS uma cegonha juvenil à procura de alimento. O centro de recuperação explica que “parecia estar fraca, e por isso, decidimos capturar a ave e examiná-la. Durante o exame físico comprovou-se a sua debilidade”. No momento em que a veterinária examinou o interior da boca, foi óbvia a razão da debilidade - era visível uma corda presa na base da língua, ainda ligada a algo no esófago. Quando a veterinária terminou de remover a corda, era percetível o que estava na outra extremidade. Um tampão! “Felizmente, esta cegonha já está numa instalação exterior onde irá recuperar a sua condição física, para mais tarde ser devolvida à Natureza”, informa o RIAS.


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