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18 de junho de 2021

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E ainda Confinamento à vista?

O matemático especialista em epidemiologia Óscar Felgueiras alerta que Portugal poderá estar “a caminho” de ser um dos países da União Europeia “com maior incidência” de casos de covid-19 devido à variante Delta do SARS-CoV-2. P2

O Algarve está a ser "malbaratado"

“OPERAÇÃO TRIÂNGULO”: AINDA O TERRENO EM MONTE GORDO

Orçamento grátis em: www.hpz.pt

Três ex-presidentes de Câmara Municipal

vão a tribunal

DESCUBRA O QUE A EUROPE DIRECT FAZ POR SI HÁ 25 ANOS

O Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) é "um gigantesco manancial de recursos postos à disposição de quem já está na mesa do orçamento”, afirma o professor de Filosofia Política Viriato Soromenho-Marques, em entrevista. P3

Até final do mês, deveremos passar as linhas vermelhas

O aviso é da Direção-Geral da Saúde e do Instituto Ricardo Jorge. Portugal pode ultrapassar as linhas vermelhas da pandemia até o final deste mês de junho, o que deverá obrigar o Governo a rever o processo de desconfinamento. P8

MISSÃO ALGARVE Com o apoio da Europe Direct é esperado que se permita à população algarvia fácil acesso a informação,

orientação e assistência sobre instituições, legislação, políticas, programas e possibilidades de financiamento da União Europeia.

Despertar curiosidade e interesse sobre a difusão de informação feita à medida às necessidades locais é a sua missão. P6

South Music dá asas ao talento algarvio

A iniciativa da Câmara Municipal de Faro, do Teatro das Figuras e da Faro 2027, deu a conhecer ao público o talento regional de vários jovens com dotes musicais. P11

Porque é importante falar de saúde mental? P8

Noélia Jerónimo é Chef do Ano 2021 Prémio Boa Cama Boa Mesa P10

POR RAMIRO SANTOS

Projeto de Bruno Gomes é um dos 10 finalistas do Global Teacher Prize Portugal P7

POR MAURO RODRIGUES

A Viagem das Plantas (1) A falácia

Uma revolução feita de espantos CS21

POR JORGE QUEIROZ

Inclusão e valorização cultural:

as regiões e o local CS16

da facilidade da fotografia CS19

POR MARIA JOÃO NEVES

Possuir ou Pertencer? CS20

ENTREVISTA COM JOÃO VASCONCELOS do Bloco de Esquerda

Decisão do Governo britânico em excluir o Algarve foi medida excessiva e injusta Redução de 50% das portagens a partir de 1 de julho não deixa de ser positivo, mas o Bloco defende a abolição total P12 a 13

POR SAÚL NEVES DE JESUS

Pode a arte contribuir para a preservação de espécies ameaçadas? POR PAULO SERRA

CS17

Devastação de Eduardo Pitta CS18

POR MARIA LUÍSA FRANCISCO

O novo normal

CS16


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CADERNO ALGARVE

Postal, 18 de junho de 2021

NACIONAL

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Tiragem desta edição

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Confinamento à vista? O primeiro-ministro reinterpretou as palavras do Presidente da República, dizendo que ninguém pode garantir que não se volta atrás no desconfinamento. Costa diz que o Governo adotará "em cada momento

as medidas que se justifiquem perante o estado da pandemia" e relembrou que, “nas últimas semanas”, o número de novos casos tem vindo “sistematicamente” a aumentar. Já o matemático especialista em

epidemiologia Óscar Felgueiras vai mais longe: Portugal poderá estar “a caminho” de ser um dos países da União Europeia “com maior incidência” de casos de covid-19 devido à variante Delta do SARS-CoV-2.

O

primeiro-ministro disse que ninguém pode garantir que não se volta atrás no desconfinamento, sublinhando que o Governo adotará “em cada momento as medidas que se justifiquem perante o estado da pandemia”. “Se alguém pode garantir [que não se volta atrás no desconfinamento]? Não, creio que nem o senhor Presidente da República seguramente o pode fazer, nem o fez”, sublinhou António Costa. Marcelo Rebelo de Sousa declarou que, no que depender do Presidente, não haverá "volta atrás" no processo de desconfinamento, e deu a Feira da Agricultura de Santarém como exemplo do "virar de página". "Já não voltamos para trás. Não é o problema de saber se pode ser, deve ser, ou não. Não vai haver. Comigo não vai haver. Naquilo que depender do Presidente da República não se volta atrás", afirmou, Marcelo Rebelo de Sousa. Reagindo às declarações de Marcelo Rebelo de Sousa que, no domingo, sublinhou que, no que depender dele, não haverá "volta atrás" no processo de desconfinamento, António Costa disse que crê que as palavras do Presidente da República são “subscritas por 100% dos portugueses”. “Não há qualquer português que possa dizer que deseja que haja um volte face no desconfinamento. Creio que 100% dirão aquilo que o senhor Presidente da República disse, que é: ‘ninguém deseja que não haja desconfinamento’”, apontou António Costa. Considerando assim “extremamente perigoso desvalorizar a gravidade da situação”, o chefe do Governo relembrou que, “nas últimas semanas”, o número de novos casos tem vindo “sistematicamente” a aumentar em Portugal, o que mostra que “não está a haver o ajustamento adequado dos comportamentos”. “Portanto, nós temos que fazer e

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manter um grande esforço e disciplina, para manter essa adequação de forma a evitar situações que são obviamente situações de risco”, apontou António Costa. Apelando assim a que “cada um” adote “os comportamentos corretos de forma a que as coisas possam evoluir bem”, o primeiro-ministro referiu que a posição do Governo “é simples”, e consiste em adotar “em cada momento as medidas que se justifiquem perante o estado da pandemia”. “Sempre que é possível aliviar as medidas restritivas, aliviamos as medidas restritivas porque, obviamente, a regra deve ser a da liberdade. Sempre que a evolução da pandemia nos imponha restringir qualquer movimento ou qualquer atividade, nós não deixaremos de o fazer porque, obviamente, o primado da saúde tem de prevalecer sobre tudo o resto”, concluiu António Costa. Portugal poderá estar “a caminho”

de ser um dos países da União Europeia “com maior incidência” de casos de covid-19 devido à variante Delta do SARS-CoV-2, disse esta quarta-feira à Lusa o matemático especialista em epidemiologia Óscar Felgueiras. O investigador da Universidade do Porto, afirmou que “Portugal está a caminho de ser um dos países com maior incidência na União Europeia”, considerando, no entanto, que o “impacto hospitalar" do crescimento do número de casos será moderado pela vacinação. “Não só vamos ultrapassar a média europeia, como vamos ultrapassar a maior parte dos países da União Europeia. Vai ser rápido, mais uma ou duas semanas estamos à frente de quase todos os países”, salientou o especialista, lembrando que o país está “bastante exposto” à variante Delta do SARS-CoV-2, associada à Índia. “Temos aqui algumas forças em conflito”, disse, referindo-se ao processo de vacinação, ao desconfinamento,

à mobilidade da população e à nova variante, que “está a ganhar rapidamente prevalência [em Portugal] e que tem um impacto muito grande na incidência”, contrariamente aos países do centro e leste europeu. Questionado sobre se o aumento da taxa de incidência justificaria um retrocesso nas medidas de desconfinamento, Óscar Felgueiras afirmou que "é mais uma questão política do que propriamente de saúde pública”. “Do ponto de vista da saúde pública, estamos numa situação que é de claro agravamento, mas também sabemos que com o efeito das vacinas, o impacto hospitalar é provavelmente menor do que aquele que foi no passado, nomeadamente, em termos de óbitos e de internamentos”, justificou. De acordo com o especialista, a nova variante terá “tendência a alastrar” alicerçada no comportamento da população que tem sido “incompatível” com o controlo de novos contágios.


CADERNO ALGARVE

Postal, 18 de junho de 2021

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POLÍTICA ENTREVISTA COM O PROFESSOR DE FILOSOFIA POLÍTICA VIRIATO SOROMENHO-MARQUES

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O Algarve é uma zona abençoada, mas está a ser “malbaratado”

O

Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) é "um gigantesco manancial de recursos postos à disposição de quem já está na mesa do orçamento”, afirmou o professor de Filosofia Política Viriato Soromenho-Marques, em entrevista à agência Lusa. “Não encontra no Plano de Recuperação e Resiliência nem 10%, dos tais 15 mil milhões de euros, dedicados a atividades novas, de inovação. Por exemplo: uma agricultura biológica à escala nacional, uma agricultura que respeite o ambiente, uma política florestal baseada nas florestas de uso múltiplo, com espécies autóctones”, sustentou. De acordo com Viriato Soromenho-Marques, professor de Filosofia Política e do Ambiente na Universidade de Lisboa, o PRR privilegia os grandes grupos económicos: “Essas pessoas não precisam

de nenhum partido, já lá está o partido que lhes serve os interesses, já está instalado”. “O grande talento político do António Costa foi ter percebido isto, ele percebe que para se manter no terreno tem de satisfazer os atores que estão no terreno, os que já têm as peças em cima do tabuleiro. Isto acontece em Portugal e acontece em todo o mundo, ou seja, a crise não é resolvida porque para resolver a crise teríamos de ter a coragem de ir contra a corrente, de alterar as coisas, de fazer diferente. E fazer diferente é uma coisa muito pesada!” (risos). “Já o Maquiavel escrevia, há 500 anos, que quem quer fazer reformas tem de saber uma coisa muito importante; tem de saber que vai correr riscos, porque vai ter contra si todos aqueles a quem as reformas vão prejudicar e não vai ter a seu lado nem sequer aqueles a quem as reformas

vão beneficiar, porque uma reforma para beneficiar um setor social demora tempo e nós vivemos numa sociedade de aceleração”, observou o académico. Depois da Idade da Produção anunciada em 1822 pelo filósofo francês Auguste Comte [considerado o pai da Sociologia], a humanidade deveria estar agora, segundo Viriato Soromenho-Marques, num período de reconstrução de um equilíbrio quebrado. A principal faceta da crise contemporânea, considerou, é a crise ambiental e climática: “É a que vai ferir mais fundo e demorar mais tempo”. “No fundo, o que está a acontecer é que temos uma economia da produção que é baseada num pressuposto que é totalmente utópico, que se tornou distópico; que é a ideia de que podemos ter um crescimento infinito”, especificou.

A ideia comprova-se a cada dia nos jornais, referiu. “Nem é preciso ler a imprensa económica, basta ler a imprensa do dia-a-dia. A grande preocupação hoje, ao sair da pandemia, é aumentar os níveis de crescimento”. Portugal está erradamente, na opinião do catedrático, a voltar ao mesmo modelo da era pré-pandemia. “Esta crise pandémica mostrou que é sempre mau e perigoso para um país depender demasiado de um setor. Saímos do pior da crise da austeridade, da crise do euro, através do turismo, houve um grande investimento e o maior sobressalto económico que tivemos foi no setor”, devido às restrições à circulação, indicou. “No Plano de Recuperação e Resiliência o que é que se poderia ter feito? Poderia ter-se aprendido com isso e apostar num tipo de oferta turística diferente, mais voltada para o nosso

mercado interno, que tem potencialidades gigantescas. Por exemplo, quantos portugueses do continente é que conhecem verdadeiramente a Madeira e os Açores? Quantas pessoas do continente é que já foram mais do que uma vez aos Açores e à Madeira, ou conhecem a Madeira e Porto Santo? Ou conhecem as nove ilhas dos Açores? Não conhecem!”, respondeu. “Este turismo devastador dos ingleses no Algarve é um absurdo! O Algarve é uma zona abençoada pela natureza, quem conhece um bocadinho do mundo e da Europa percebe o privilégio da região algarvia, mas está a ser malbaratado num tipo de oferta turística (...) O que é que vamos fazer? Vamos repetir o mesmo. De forma, aliás, servil”, afirmou, indignado, sem resistir à cultura popular: “Como diz aquele provérbio, que não posso dizer completamente: “A quem muito se baixa...” PUB.


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CADERNO ALGARVE

Breves

Detido por furtos em imobiliárias, clínicas e outros estabelecimentos O Comando Distrital da PSP de Faro anunciou no passado sábado a detenção de um homem, de 41 anos, por alegados furtos em imobiliárias, clínicas e outros estabelecimentos nas cidades de Portimão, Albufeira, Silves e Loulé, aos quais acedia durante a madrugada através “de arrombamento, sendo subtraídas as quantias monetárias que fossem encontradas”. A detenção do suspeito culminou uma investigação que decorreu ao longo dos últimos meses, durante a qual, segundo a PSP, “foi possível apurar um conjunto de elementos que indiciaram fortemente a prática de cerca de 10 furtos em estabelecimentos comerciais” em cidades do Algarve. “A investigação deparou-se com dificuldades atendendo à grande mobilidade do suspeito, bem como ao facto do mesmo ser extremamente meticuloso na seleção dos seus alvos”, lê-se no comunicado. A PSP adianta que o homem foi detido por polícias da Esquadra de Investigação Criminal de Portimão, “horas após ter efetuado mais uma tentativa de furto num estabelecimento localizado naquela cidade”.

600 quilos de sardinha apreendidos no porto de Portimão A Unidade de Controlo Costeiro da GNR, através do Subdestacamento de Controlo Costeiro da Portimão, apreendeu, na quarta-feira da passada semana, 600 quilos de sardinha (Sardina pilchardus), em Portimão. A ação foi efetuada no decorrer de uma ação de fiscalização, tendo os militares controlado a descarga de pescado em porto e detetado que uma embarcação havia ultrapassado os limites de captura legalmente previstos. As autoridades identificaram os infratores e elaboraram o respetivo auto de contraordenação, sendo o pescado apreendido e submetido ao regime de primeira venda em lota.

Detido por tráfico de droga em Lagos A PSP deteve, na quinta-feira da passada semana, um homem, de 33 anos, por alegado tráfico de estupefacientes e apreendeu 645 doses de heroína e 106 de cocaína, após investigações iniciadas há cerca de um ano. De acordo com a PSP, o detido procedia à venda de heroína e cocaína na cidade de ≠Lagos, atuando com maior incidência na zona de Santo Amaro, nos arredores da cidade. Além do produto estupefaciente, foi apreendida uma viatura, 1.109 euros e outros objetos alegadamente relacionados com o tráfico de droga.

Postal, 18 de junho de 2021

Conceição Cabrita confessou

corrupção na Operação Triângulo FOTO D.R.

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ex-presidente da Câmara Municipal de Vila Real de Santo António, Conceição Cabrita, apresentou uma declaração escrita, na qual admitiu os factos que lhe foram imputados pelo Ministério Público, durante o interrogatório com um juiz de instrução. A notícia avançada pela revista SÁBADO, no início deste mês, refere que "a

antiga autarca apresentou uma declaração escrita, na qual apresentou a renúncia ao cargo de presidente da autarquia, assim como uma confissão integral dos factos que lhe foram imputados pelo Ministério Público". Segundo informações recolhidas pela SÁBADO, "a ex-presidente da Câmara de Vila Real de Santo António, Conceição Cabrita, confessou, em abril, o crime de corrupção que lhe é imputa-

do na Operação Triângulo". Com a confissão feita pela arguida, "o procurador do Ministério Público, a 15 de abril, dia do interrogatório judicial, acabaria por desistir de um eventual pedido de prisão preventiva para a ex-autarca, tendo em conta a renúncia ao cargo (afastando o perigo de continuação da atividade criminosa) e a confissão dos factos, considerando ter existido uma ampla colaboração com a justiça. No final, como foi público, a Conceição Cabrita o juiz de instrução aplicou como medidas de coação a proibição de permanecer nas instalações e de contactar os serviços da Câmara de Vila Real de Santo António". Conforme o POSTAL já tinha avançado em abril, a presidente da Câmara de Vila Real de Santo António renunciou ao mandato au-

tárquico, na sequência da sua detenção por suspeitas de irregularidades na gestão do município, no âmbito da “Operação Triângulo”, desencadeada pela Diretoria do Sul da Polícia Judiciária. Conceição Cabrita (PSD) foi detida em abril com outras três pessoas por suspeitas de corrupção na venda de um terreno em Monte Gordo, sendo depois libertada, após dois dias de diligências no Tribunal de Instrução Criminal de Évora, num processo com oito arguidos. Em causa estão “factos suscetíveis de integrarem a prática dos crimes de corrupção, recebimento indevido de vantagem e abuso de poder”, havendo “suspeitas de atuação ilícita de titular de cargo político, que beneficiou da colaboração de funcionários, bem como outros intervenientes, na

intermediação de um negócio, de compra de imóvel, propriedade do município, em Monte Gordo”. O negócio imobiliário envolveu a venda de um terreno em Monte Gordo por 5,6 milhões de euros, cuja proposta de venda do terreno, com cerca de cinco mil metros quadrados, situado junto ao hotel Vasco da Gama, foi aprovada em Assembleia Municipal no dia 3 de abril de 2020, com os votos a favor do PSD e contra da bancada do PS e da CDU. No negócio, a autarquia de Vila Real de Santo António pretendia “receber à cabeça 50% do valor” e o resto quando os projetos estivessem “concluídos e licenciados”. O objetivo seria a construção de “habitação, comércio, serviços e turismo”, além de um estacionamento no subsolo, refere o documento. PUB.

Município de Tavira

Edital n.º 32/2021

• Jazigo Municipal nº 25, Grupo L, Rua S/N - Maria Luiza da Cruz Pires, falecida em 27-04-1933 - Maria da Glória da Purificação Pires, falecida em 08-12-1938 • Jazigo Municipal nº 30, Grupo L, Rua S/N - José Herminio Chibilé, falecido em 11-04-1928 - Maria José Chibilé, falecida em 15-07-1936 - António Pedro Chibilé, falecido em 28-12-1948

Torna público, nos termos do artº 53º Capítulo X do Regulamento do Cemitério, em vigor no Município, que serão depositados em ossários públicos os restos mortais que se encontram nos jazigos abaixo descriminados e que não sejam reclamados no prazo de 60 dias contados da data da afixação deste Edital. • Jazigo Municipal nº 14, Grupo K, Rua S/N - Manuel D. Pacheco Madeira, falecido em 15-05-1926 - Maria Izabel Gil Madeira, falecida em 15-10-1950

• Jazigo Municipal nº 4, Grupo M, Rua S/N - Maria Tereza, falecida em 09-04-1962 - José Rufino, falecido em 09-09-1980 • Jazigo Municipal nº 7, Grupo M, Rua S/N - João Viegas, falecido em 09-07-1930 - Ventura Lagoas, falecido em 12-10-1937 - Rita da Encarnação, falecida em 17-12-1972

• Jazigo Municipal nº 21, Grupo N, Rua S/N - Gertrudes do Sacramento, falecida em 02-08-1961 • Jazigo Municipal nº 25, Grupo N, Rua S/N - Maria da Conceição Pires Araújo, falecida em 12-02-1943 - José do Carmo Araújo, falecido em 22-09-1961 - Maria Catarina de Araújo, falecido em 02-02-1994 • Jazigo Municipal nº 27, Grupo N, Rua S/N - Sebastião José da Silva, falecido em 03-05-1931 • Jazigo Municipal nº 36, Grupo N, Rua S/N - Rufina da Conceição Real, falecida em 28-03-1939 - Manuel Pires Real, falecido em 01-10-1942 - Isabel Maria Real, falecida em 13-07-1951 • Jazigo Municipal nº 11, Grupo O, Rua S/N - Maria Ermelinda de Morais Carvalho, falecida em 06-01-1939 - Maria Custódia, falecida em 05-02-1963

• Jazigo Municipal nº 37, Grupo Q, Rua S/N - João António, falecido em 23-10-1940 - Gertrudes do Nascimento, falecida em 14-05-1948 • Jazigo Municipal nº 1, Grupo R, Rua S/N - Maria Luisa Cruz Bento, falecida em 20-07-1979 • Jazigo Municipal nº 5, Grupo R, Rua S/N - José Caetano, falecido em 31-07-1942 • Jazigo Municipal nº 16, Grupo R, Rua S/N - Fernando Bartolomeu Justo Beatriz, falecido em 05-11-1942 • Jazigo Municipal nº 24, Grupo R, Rua S/N - Maria Augusta Brito Rocha - Mariana Rocha, falecida em 04-04-1950 • Jazigo Municipal nº 28, Grupo R, Rua S/N - Gertrudes das Candeias, falecida em 13-11-1942 5/5

• Jazigo Municipal nº 21, Grupo K, Rua S/N - João da Cruz Andorinha, falecido em 29-04-1937

• Jazigo Municipal nº 9, Grupo M, Rua S/N - Quintino Viegas Pires, falecido em 26-01-1940 - Aurélia da Conceição Laranjo, falecida em 17-03-1947 - José Augusto Laranjo, falecido em 05-12-1966

• Jazigo Municipal nº 22, Grupo K, Rua S/N - Quitéria do Carmo, falecida em 21-09-1926 - Fausto dos Santos Trindade, falecido em 13-11-1931

• Jazigo Municipal nº 30, Grupo M, Rua S/N - Miguel Araújo, falecido em 28-02-1930 - Maria Gertrudes Araújo, falecida em 14-02-1935

• Jazigo Municipal nº 24, Grupo O, Rua S/N - Joana Henriqueta, falecida em 20-12-1932 - Justino Catarino, falecido em 14-07-1949

• Jazigo Municipal nº 28, Grupo K, Rua S/N - Maria das Dores Pires, falecida em 18-10-1926

• Jazigo Municipal nº 31, Grupo M, Rua S/N - Violanta da Luz Coelho, falecida em 01-03-1930 - João da Conceição Fangueiro, falecido em 28-02-1949

• Jazigo Municipal nº 28, Grupo O, Rua S/N - José Bernardo Peres Ramos, falecido em 27-11-1933 - Maria Cândida Peres Ramos, falecida em 25-05-1957 4/5

• Jazigo Municipal nº 32, Grupo M, Rua S/N - Orlinda do Livramento, falecida em 24-03-1930 - Eduardo Baptista Tubal, falecido em 22-09-1931 - Aurélia Bibiana Mil-Homens, falecida em 11-05-1966

• Jazigo Municipal nº 32, Grupo O, Rua S/N - Quintina Rosa Ramos Reis, falecida em 05-02-1934 - José Augusto dos Reis, falecido em 10-01-1942 - José Francisco Martins, falecido em 03-06-1947 - Eulália Augusta Reis Martins, falecida em 15-04-1965

• Jazigo Municipal nº 34, Grupo S, Rua S/N - Ossadas encontradas no convento da Graça (Escavações arqueológicas), 08-08-2003 - Ossadas encontradas no convento da Graça (Escavações arqueológicas), 26-01-2006

• Jazigo Municipal nº 34, Grupo O, Rua S/N - Maria de Jesus Patrício Gomes, falecida em 13-02-1934 - Maria Aurélia Patrício Gomes Costa, falecido em 01-06-1964

• Jazigo Municipal nº 18, Grupo CC Rua S/N - António Joaquim Rodrigues, falecido em 10-10-1966 - Celeste Conceição Sousa Rodrigues, falecida em 29-04-1986

• Jazigo Municipal nº 38, Grupo O, Rua S/N - Marta da Conceição, falecida em 29-09-1933 - Joaquim Eduardo da Cruz, falecido em 13-05-1940

• Jazigo Municipal nº 24, Grupo DD Rua S/N - José Luis, falecido em 21-01-1968 - Maria Custódio, falecida em 23-10-1985

• Jazigo Municipal nº 39, Grupo O, Rua S/N - Eulália da Conceição, falecida em 16-07-1989

• Jazigo Municipal nº 26, Grupo DD Rua S/N - Maria Madalena da Cruz, falecida em 14-12-1967 - Celestina da Cruz de Mendonça, falecida em 15-06-1994

• Jazigo Municipal nº 29, Grupo K, Rua S/N - Tereza de Jesus Madeira, falecida em 20-03-1938 - Francisco do Nascimento, falecido em 17-01-1957 • Jazigo Municipal nº 34, Grupo K, Rua S/N - Maria do Nascimento Mateus, falecida em 07-01-1927 • Jazigo Municipal nº 42, Grupo K, Rua S/N - Gertrudes das Dôres, falecida em 13-02-1927 - José Alberto Martins, falecido em 22-11-1946 • Jazigo Municipal nº 2, Grupo L, Rua S/N - António da Conceição, falecido em 21-12-1937 - Barbara da Conceição, falecida em 19-06-1961 • Jazigo Municipal nº 3, Grupo L, Rua S/N - Maria da Conceição Vicente, falecida em 07-07-1927 - João António Vicente, falecido em 21-04-1941 - Etelvina da Conceição Vicente, falecida em 06-02-1946 2/5 • Jazigo Municipal nº 5, Grupo L, Rua S/N - Gertrudes Marcelina da Silva Correia, falecida em 24-07-1944

• Jazigo Municipal nº 34, Grupo M, Rua S/N - Augusta da Conceição, falecida em 08-03-1948 3/5 • Jazigo Municipal nº 44, Grupo M, Rua S/N - Manuel Lourenço Falcão, falecido em 21-05-1939 - Joaquim do Nascimento, falecido em 01-06-1945 - Maria Teresa, falecida em 15-08-1945 - José Maria Cavaco Parra, falecido em 07-09-1950 - Isabel dos Santos, falecida em 11-07-1956 • Jazigo Municipal nº 47, Grupo M, Rua S/N - Luiza do Carmo, falecida em 31-05-1931 - Barbara Maria da Santíssima Trindade, falecida em 27-071939 • Jazigo Municipal nº 2, Grupo N, Rua S/N - Teresa de Jesus, falecida em 26-08-1931

• Jazigo Municipal nº 7, Grupo L, Rua S/N - Maria do Rosário Silvas, falecida em 02-08-1944 - Maria da Conceição Leal, falecida em 02-07-1955

• Jazigo Municipal nº 11, Grupo N, Rua S/N - Carlos José da Silva Domingos, falecido em 19-04-1932

• Jazigo Municipal nº 12, Grupo L, Rua S/N - José Vaz da Silva, falecido em 04-12-1927 - Rita Florinda Gil, falecida em 22-12-1941 - Nado morto, 05-08-1970

• Jazigo Municipal nº 20, Grupo N, Rua S/N - Catarina de Jesus, falecida em 18-10-1946 - Vicência das Dores, falecida em 30-04-1973 - Lisbela de Jesus, falecida em 14-08-1981

• Jazigo Municipal nº 15, Grupo O, Rua S/N - Alvaro Mendes Torres, falecido em 07-08-1933

• Jazigo Municipal nº 2, Grupo P, Rua S/N - José Joaquim Rodrigues, falecido em 15-06-1934 • Jazigo Municipal nº 29, Grupo P, Rua S/N - Eulália do Carmo Alves Leandro, falecida em 02-02-1987 • Jazigo Municipal nº 35, Grupo P, Rua S/N - Maria da Conceição Viegas, falecida em 24-09-1935 - José Fonseca da Costa, falecido em 01-02-1960 - José dos Santos Costa, falecido em 19-05-1970 • Jazigo Municipal nº 48, Grupo P, Rua S/N - José Joaquim, falecido em 02-04-1936

• Jazigo Municipal nº 47, Grupo R, Rua S/N - Maria do Nascimento Alexandrina, falecida em 10-01-1966 - Maria Isabel Jesus Pargana, falecida em 19-07-1989 - António Faustino Martins, falecido em 02-05-2001 • Jazigo Municipal nº 1, Grupo S, Rua S/N - Emília das Candeias, falecida em 06-03-1949 • Jazigo Municipal nº 6, Grupo S, Rua S/N - Joaquim Romeira Mendonça, falecido em 20-06-1944 - Fernando da Conceição Montes, falecido em 13-09-1949

• Jazigo Municipal nº 38, Grupo DD Rua S/N - Gertrudes da Trindade Peres, falecida em 24-09-1968

Paços do Concelho, 04 de maio de 2021 O Vereador do Desporto, Mobilidade e Equipamentos Municipais José Manuel Madeira Guerreiro (POSTAL do ALGARVE, nº 1266, 18 de Junho de 2021)


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REGIÃO

O caso vai levar a tribunal, como testemunhas, os antigos presidentes António Murta, Luís Gomes e a demissionária Conceição Cabrita, em audiência marcada para a próxima quinta-feira, 24 de junho, em Faro FOTOS D.R.

“OPERAÇÃO TRIÂNGULO”: AINDA O TERRENO EM MONTE GORDO

Três ex-presidentes da Câmara de Vila Real de Santo António vão a tribunal Texto RAMIRO SANTOS Jornalista

✒ ramirojsantos@gmail.com

A Câmara Municipal de Vila Real de Santo António vendeu um terreno, em Monte Gordo, que lhe foi doado, mas anos mais tarde voltou a registá-lo em seu nome. É como comer o bolo e querer continuar com ele. O caso, que envolve a autarquia e esteve na base da “Operação Triângulo”, levando à resignação de Conceição Cabrita sob suspeita de corrupção, conhece agora novos desenvolvimentos e vai levar três ex-presidentes a tribunal Desta vez, o imbróglio incide apenas numa parcela com uma área de 560 metros quadrados, cujo litígio remonta ao ano de 2001. O caso vai levar a tribunal, como testemunhas, os antigos presidentes António Murta, Luís Gomes e a demissionária Conceição Cabrita, em audiência marcada para a próxima quinta-feira, 24 de junho, em Faro. O lote em questão (assinalado no mapa) está incluído no terreno de mais de 5 mil metros quadrados, doado à câmara, para ali ser construído um espaço verde, tendo a autarquia resolvido aproveitá-lo para fins imobiliários, vendendo em 1964, uma parcela de 560 m2,, a Arnaldo Pereira Bastos. Este empresário venderia mais tarde esse lote a Aires da Rocha Aguilar, sem que este tenha feito a escritura correspondente, alegadamente, por se ter ausentado para o Brasil

no período pós 25 de Abril. Na falta de escritura da compra do terreno, os Aguilar registaram o lote em 2001, num processo de aquisição por usucapião, através de uma escritura de justificação notarial. A Câmara de Vila Real de Santo António, com António Murta em presidente, impugnou a validade dessa escritura. Mas, sabendo que, embora conseguisse a anulação da escritura e do registo em nome dos Aguilar, não se tornava proprietária do lote, a câmara colocou outra ação em tribunal para anular a escritura da venda que tinha feito em 1964. A autarquia ganhou o primeiro processo, mas perdeu o segundo. Neste contexto, os Aguilar avançaram com um outro processo judicial contra Arnaldo Pereira Bastos, entretanto falecido, para que este - através da sua viúva reconhecesse que lhe tinha

vendido o lote e que os reconhecia como proprietários, o que viria a acontecer. Perante estes factos, os Aguilar, perdendo o caso na 1ª instância, vieram a ganhar na Relação e, já em 2018, acabaram por registar o lote em seu nome. Uma fonte próxima do processo disse ao POSTAL que “ao longo dos anos que dura esta novela, todos os presidentes da Câmara de Vila Real de Santo António reconheceram em privado que o lote era dos Aguilar, tendo inclusive, sido avançada uma proposta de permuta do lote em causa por outro terreno da autarquia de igual valor”. “Essa proposta foi aceite, mas o presidente da autarquia deixou-a cair logo que a Câmara ganhou o processo de impugnação da escritura de justificação”, salientou. Embora todo o terreno estivesse registado na Conservatória do Registo Predial, a Câmara "declarou o terreno, incluindo o lote de 560 m2, como omisso na matriz e no registo predial, inscrevendo-o e registando-o como prédio novo, embora fosse do conhecimento da autarquia ≠≠que o terreno não estava omisso e que incluía a parte que tinha vendido em 1964. Foi este prédio fictício que a Câmara vendeu aos arguidos na Operação Triângulo” - disse. A mesma fonte adiantou

Parcela assinalada a amarelo com 560 metros quadrados, cujo litígio remonta ao ano de 2001

ainda que, informada de que estava a vender um prédio que não pertencia na totalidade à Câmara, Conceição Cabrita prosseguiu com a venda e interpôs, em nome da autarquia, um recurso especial de revisão para anular o acórdão da Relação de Évo-

ra que tinha reconhecido os Aguilar como proprietários dos 560 m2, “invocando uma simulação de acordo entre os Aguilar e a viúva do Arnaldo Pereira Bastos”. Apesar da Operação Triângulo, a Câmara não desistiu do recurso. É todo este “im-

bróglio” que vai subir a tribunal na próxima quinta-feira, com a presença dos três presidentes arrolados como testemunhas para esclarecer um caso que já dura há 20 anos.

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Breves

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A Europa até nós há 25 anos

FOTOS JÉSSICA SOUSA | POSTAL D.R.

Novo Fundo Social para apoiar jovens e mais necessitados

Textos JÉSSICA SOUSA | HENRIQUE DIAS FREIRE

O Parlamento Europeu deu luz verde, no passado dia 8 de junho, ao principal instrumento da UE para investir nas pessoas e combater as desigualdades nos próximos sete anos. Pontos-chave: 88 mil milhões de euros para 2021-2027; foco no emprego juvenil e no acesso das crianças a creches, educação, saúde e habitação; todos os Estados-membros vão gastar pelo menos 3% para mitigar a pobreza extrema.

Há 25 anos que a rede Europe Direct cumpre com a missão de trazer a Europa até aos cidadãos do Algarve

Participa no Diálogo Juvenil da UE! A fim de melhor compreender os pontos de vista dos jovens sobre o objectivo (Youth Goal) nº 9 da Estratégia Europeia para a Juventude: "ESPAÇO E PARTICIPAÇÃO PARA TODOS" propõe-se um questionário supervisionado por representantes dos Ministérios da Juventude, dos ministérios da juventude, do Fórum Europeu da Juventude e da Comissão Europeia. Todas as respostas são anónimas. As respostas serão utilizadas para acompanhar os resultados do 8º Ciclo do Diálogo da Juventude da União Europeia.

A Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Algarve (CCDR Algarve) acolhe esta rede desde 1996 e dá à comunidade a sul acesso a assuntos relacionados com a União Europeia, como direitos, obrigações, prioridades e políticas, através de seminários, exposições, debates, conferências, campanhas comunitárias e participação em feiras. Todos os anos destacam-se iniciativas deste centro aberto à população, como a celebração do Dia da Europa, 9 de maio, o encontro de jovens transfronteiriços com ED Mértola e ED Huelva; Europa vai à escola; ler a Europa; Europa nas histórias; empreender no feminino e volta de apoio ao emprego. Com o apoio da Europe Direct é esperado que se permita à população algarvia fácil acesso a informação, orientação e assistência sobre instituições, legislação, políticas, programas e possibilidades de fi-

nanciamento da União Europeia. Despertar curiosidade e interesse sobre a difusão de informação feita à medida às necessidades locais e esperar feedback do público relativo à missão da rede são outras metas que a Europe Direct pretende atingir. Em conferência realizada a 28 de

maio, apresentou-se a nova geração da rede Europe Direct que entrou no ativo no presente ano, decorrendo até 2025. Maria Lurdes Carvalho, diretora do Serviço de Desenvolvimento Regional, frisou que o desenvolvimento regional é muito mais do que os fundos que são captados e que, por isso,

questões da digitalização, espaços verdes, pegada de carbono, coesão social e território, agricultura e solo, saúde, capacidade de acolhimento, alterações climáticas e consequências e de investimento nos jovens e crianças são temas importantes a ser debatidos e explorados.

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CONCURSO: A SAÚDE PELA LENTE DOS ALGARVIOS #AlgarveIsEu prossegue com uma nova edição do concurso de fotografia e desta vez com a temática “Europa pela sua Saúde”, que pretende retratar e realçar o impacto que a pandemia causou e a forma de combate ao vírus. O concurso de fotografia está aberto até dia 24 de julho a maiores de 18 anos, profissionais de saúde e a toda a população do Algarve. Para participar, AF_CA_CampanhaB05-21_210x285mm_cv.indd 1

17/05/2021 17:01

as fotografias têm de ser publicadas em contas públicas das redes sociais dos autores e mais tarde serão atribuídos três primeiros prémios pelo júri. O prémio do público é destinado à fotografia que tenha o maior número de likes. Para saber como participar deve aceder à página de Facebook do evento. O Europe Direct Algarve em parceria com o Centro

Hospitalar Universitário do Algarve (CHUA) e a Biblioteca da Universidade do Algarve(UAlg) promovem esta iniciativa e como jurados e patrocinadores colaboram a CCDR Algarve, o CHUA, a UAlg, a ETIC Algarve, FNAC Portugal em Faro, a Associação a NAFA, a Associação Um Quarto Escuro e a PC Quatro em Faro. JS | HDF


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FOTO D.R.

REGIÃO GLOBAL TEACHER PRIZE ENVOLVE MAIS DE CEM PAÍSES

Projeto "Licíadas" do professor farense Bruno Gomes entre os 10 finalistas

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FOTO D.R.

zadores, “na adaptação no ensino à distância, o professor conseguiu manter os alunos a realizar atividade física invertendo os papéis e desafiando os alunos a preparar partes das aulas”. A cerimónia final de anúncio do vencedor da Global Teacher Prize Portugal 2021 de entre os 10 finalistas tem lugar esta sexta-feira em Oeiras, cuja expetativa é enorme.

projeto "Licíadas" do professor de Educação Física Bruno Gomes, do Agrupamento de Escolas João de Deus, em Faro, foi considerado um dos 10 melhores pelo Gobal Teacher Prize Portugal.

O mérito do docente algarvio deu lugar esta quarta-feira a uma cerimónia de reconhecimento, no Museu Regional do Algarve, com a presença da Global Teacher Prize Portugal, do presidente da Câmara Municipal, do diretor Regional de Educação, da Direção do Agrupamento de Escolas e de representantes dos alunos e dos pais e encarregados de educação proponentes da candidatura. "Proposto pelos alunos e encarregados de educação para este prémio, com o apoio do seu Agrupamento de Escolas, a candidatura de Bruno Gomes tem como fundamento o trabalho que ao longo dos anos tem desenvolvido, dinamizando e envolvendo os alunos, escola e comunidade num vasto conjunto de projetos transversais, este ano com

O que é o Global Teacher Prize?

o nome de "Licíadas", explicou a autarquia farense. Este concurso cultural e desportivo é considerado pela organização do

concurso uma “resposta irreverente e inovadora para que, atividades não meramente curriculares e as ditas curriculares,

possam coexistir, simultaneamente, num sistema de ensino que formate menos e humanize mais”. Ainda segundo os organi-

O Global Teacher Prize, que envolve mais de cem países, é um prémio que, em Portugal, é implementado pela Associação Mentes Empreendedoras, com o objetivo de reconhecer e divulgar o trabalho e as boas práticas docentes, sensibilizando a comunidade para a importância da Educação, premiando e destacando a nível nacional os professores que de alguma forma contribuam para a excelência na educação e para a inovação e descoberta de novas respostas educativas.

Castromarinenses vacinados com passeio de barco pelo Rio Guadiana, almoço tradicional e animação musical Durante este ano e meio de pandemia, com sucessivos confinamentos, os idosos foram um dos grupos de maior risco e, por isso, um dos que mais se tentou proteger, promovendo o seu máximo isolamento através das muitas medidas de apoio criadas. Pela mesma razão, foram também o primeiro grupo a ser vacinado e, por isso, podem agora retomar alguma normalidade e resgatar alguns momentos de animação e convívio. Tendo isto em mente, e com uma realidade demográfica envelhecida, sobretudo no interior do concelho, o Município de Castro Marim decidiu promover uma experiência destinada, preferencialmente, aos munícipes que já estejam protegidos. Trata-se de um passeio de barco pelo Rio Guadiana, com almoço tradicional e animação musical, desde Vila Real de St. António até à Foz de Odeleite. Os passeios estão marcados para os dias 20, 26 e 27 de junho e 3, 4, 10, 11, 24, 25 e 31 de julho. Os castromarinenses podem inscrever-se no Gabinete de Apoio ao Munícipe, Junta de Freguesia de Altura, Junta de Freguesia Do Azinhal ou Junta de Freguesia de Odeleite, devendo apresentar, para condição preferencial, o comprovativo de vacinação Covid-19. O transporte até Vila Real de St. António (ponto de partida do passeio) é garantido pela Câmara de Castro Marim. PUB.


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Destaque

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Lagoa oferece testes gratuitos à população O município de Lagoa passou a disponibilizar desde segunda-feira testes rápidos gratuitos para o despiste à covid-19 nas farmácias do concelho para a população e funcionários, anunciou a Câmara Municipal. Em comunicado, a autarquia especificou que para a realização dos testes rápidos de antigénio (TRAg) não é necessária receita médica, sendo os mesmos efetuados pelos profissionais da rede de farmácias. Cada munícipe poderá realizar dois testes com um intervalo mínimo de 14 dias, mediante marcação telefónica junto da farmácia, ficando os resultados registados no sistema de informação do Serviço Nacional de Saúde [SNS], o SINAVE. “Não se trata de testar em massa, mas sim de dar oportunidade aos munícipes e funcionários da autarquia, de testarem gratuitamente, contribuindo para a campanha ‘Lagoa, Segura de Si’ e para o aumento da confiança entre a população” indicou o presidente da Câmara de Lagoa, Luís Encarnação, citado no documento. A Câmara de Lagoa adianta que “não serão aplicados testes” a quem teve um resultado positivo ao Sars-Cov2 nos últimos 90 dias. A medida decorre de um protocolo celebrado em maio entre o município de Lagoa e a Associação Nacional das Farmácias, a que aderiram três farmácias do concelho.

VARIANTE DELTA A CRESCER

Portugal deverá passar linhas vermelhas até final do mês

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ortugal pode ultrapassar as linhas vermelhas da pandemia até o final deste mês de junho, o que deverá obrigar o Governo a rever o processo de desconfinamento do país. O aviso é da Direção-Geral da Saúde e do Instituto Ricardo Jorge. A região de Lisboa e Vale do Tejo é a que já está mais próxima da zona de risco com transmissão mais elevado. O número de internados nos cuidados intensivos também tem estado a subir, sobretudo no continente, com os hospitais de Lisboa a poderem esgotar a sua capacidade de resposta nas próximas semanas. Com o crescimento do número de casos detetados da variante Delta do coronavírus, esta variante pode vir a tornar-se dominante nas próximas semanas em Portugal. Até quarta-feira da passada semana tinham sido identificados 92 casos. As autoridades de saúde contactaram os infetados, um a um, à procura das cadeias de transmissão, mas em muitas situações não encontraram ligação com nenhum caso conhecido de covid-19. Ou seja, foram infetados

na comunidade. A variante Delta foi detetada na Índia e já é predominante no Reino Unido, que decidiu adiar por mais um mês o desconfinamento, confirmou esta segunda-feira o Governo britânico. Em conferência de imprensa, Boris Johnson explicou a decisão com o crescimento da variante Delta da Covid-19. “Está a crescer 64% por semana”, disse o primeiro-ministro britânico aos jornalistas, sublinhando ainda que está confiante que este atraso de um mês será suficiente e que o país vai mesmo desconfinar a 19 de julho. “Não podemos simplesmente eliminar a covid-19. Temos de aprender a viver com ela”, começou por dizer. “A partir de 19 de julho teremos dois terços da população adulta - incluindo todas as pessoas com mais de 50 anos, grupos vulneráveis, todos os trabalhadores da linha da frente - com as duas doses da vacina já tomadas”, continuou, reforçando ainda que até meio de maio todas as pessoas residentes no Reino Unido com mais de 40 anos já têm pelo menos a primeira dose tomada.

“Vamos monitorizar tudo diariamente e se daqui a duas semanas concluirmos que o risco diminuiu, existe a possibilidade de avançarmos com a quarta fase de desconfinamento mais cedo. Como as coisas estão neste momento - e tendo em conta os dados que temos hoje - estou confiante que não vamos precisar mais do que quatro semanas e não vamos precisar de ir além de 19 de julho. É sem qualquer dúvida claro que as vacinas estão a funcionar e a enorme escala de administração da vacina deixa-nos numa posição incomparavelmente melhor do que nas vagas anteriores”, acrescentou. O adiamento, explicou Boris, tem também como objetivo assegurar que este grupo que ainda só tem a primeira dose tome a segunda antes de o país começar a desconfinar. “O nosso objetivo é que todos os adultos deste país tenham a primeira dose tomada até 19 de julho. E para darmos esse tempo extra ao NHS [Serviço Nacional de Saúde britânico] vamos adiar a quarta etapa até 19 de julho”, disse. Boris lembrou ainda que os casos

de internamento hospitalar estão a aumentar 50% por semana e deu principal destaque ao crescimento dos internamentos na zona noroeste do Reino Unido (61% por semana). Em Portugal, o Presidente da República já afastou a hipótese de recuos no desconfinamento a nível nacional e diz que os hospitais ainda estão longe de uma pressão igual à de janeiro. Marcelo Rebelo de Sousa explica que o país terá de se habituar ao aparecimento de novas variantes e que a vacinação periódica poderá ser uma realidade. Mas Portugal pode ultrapassar as linhas vermelhas da pandemia já daqui a duas semanas, o que pode obrigar o Governo a rever o processo de desconfinamento do país. O aviso é da Direção-Geral da Saúde e do Instituto Ricardo Jorge. Esta segunda-feira, o primeiro-ministro disse que ninguém pode garantir que não se volta atrás no desconfinamento, sublinhando que o Governo adotará “em cada momento as medidas que se justifiquem perante o estado da pandemia”.

Porque é importante falar de saúde mental?

Por Petra Isadora Filipe Ricardo Psicóloga com mestrado clínico (Funções na clínica Joaquim Chaves, atendimento personalizado e videoconferência)

Nos dias que vivemos torna-se imperativo lançar para o centro da mesa não só a importância da saúde mental, como o impacto das perturbações mentais em Portugal e a sua capacidade de resposta

As perturbações mentais e do comportamento representam 11,8% da carga global das doenças em Portugal, mais do que as doenças oncológicas (10,4%) e apenas ultrapassadas pelas doenças cérebro-cardiovasculares (13,7%). Seria expectável perante este quadro um investimento robusto e emergente nesta área, tanto ao nível de prevenção com intervenção. Estaremos nós no caminho certo? O que motiva a procura de um psicólogo, psicoterapeuta ou psiquiatra é o sofrimento significativo, que atinge um mal-estar intolerável e alterações no funcionamento social, profissional e ocupacional, porém essa ajuda profissional nem sempre está ao alcance de todos. Assim, os fármacos em Portugal assumem o papel “pensos rápidos”, ou seja, a solução na diminuição do sintoma, não resolvendo o problema na sua génese e diria até mesmo desvalorização da doença em si.

Por consequência as famílias sofrem com a tensão, o medo, a falta de respostas e a ausência de informação, modificando toda uma dinâmica familiar. Acredito que a solução consiste na realização de um programa terapêutico baseado num modelo integrativo, num processo multidisciplinar com vista à recuperação do paciente e das suas famílias, não perpetuando a doença por gerações. O apoio dos nossos governantes deve assentar numa atitude mais musculada, de acesso transversal à condição social, ajustado às necessidades de cada paciente, sustentado em tratamentos terapêuticos residenciais, equipas especializadas, clínicas psiquiátricas, numa resposta célere, concreta e absoluta, tal como acontece em qualquer outro tratamento. Não devemos chegar ao extremo de um internamento compulsivo

nem deixar o paciente entregue a si próprio. É fundamental formar equipas especializadas não só multidisciplinares como interdisciplinares, avaliar e sinalizar situações de risco com vista a uma intervenção iminente e precoce, afinal a saúde mental não pode esperar! No caso do Algarve, conhecido pelas belas praias, marisco e peixe assado, que vive particularmente do turismo, é esquecido e desprovido de recursos nesta área. Por vezes tenho até a sensação que Portugal se esquece dos Algarvios. Há que priorizar e apostar nas pessoas que vivem nesta região, pois as fragilidades e consequências provocadas pela pandemia são sem dúvida devastadoras, tal como aconteceu na pandemia da peste negra. Isto implica um olhar cirúrgico projetado para o futuro no âmbito da prevenção. Nesse sentido, a Psicologia Positiva,

na intervenção em Psicologia Clínica e da Saúde é relevante tanto ao nível da prevenção de patologias, como ao nível do tratamento das mesmas. Ao nível individual, a Psicologia Positiva valoriza e incide no potencial humano. Permite ainda realizar um diagnóstico precoce na população e poderá a longo prazo obter melhores resultados e menores prejuízos, sobretudo na conjuntura atual em tempos pandémicos. Trabalhar na prevenção é desenvolver robustos recursos internos e certamente terão inevitavelmente impacto em tempo, custos e qualidade, logo estruturamos um melhor futuro. Vamos juntar estas duas abordagens e trabalhar. O Algarve tal como a saúde mental, não pode esperar, é hora de atuar.


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REGIÃO

Classificação de interesse municipal para edifício da RTP já foi publicado em Diário da República

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FOTO D.R.

edital de classificação de interesse municipal do edifício e do terreno envolvente ao Emissor Regional do Sul, onde hoje funciona a delegação da rádio e televisão do Estado, já foi publicado em Diário das República, soube o POSTAL do Algarve. Trata-se do procedimento final de um processo aprovado anteriormente por unanimidade pela câmara e assembleia Municipal de Faro, visando a defesa e valorização daquele património, protegendo-o definitivamente de outro fins, designadamente, ligados à construção e especulação imobiliária. De acordo com o edital, trata-se da decisão final do precedimento de classificação como Monumento de Interesse Municipal, do “edifício da RTP em Faro e restantes elementos associados, também denominado como conjunto urbano formado pelo

recinto de proteção à antena, edifício do centro emissor e edifícios anexos”. De acordo com a planta que acompanha o edital, o conjunto agora classificado, (terreno de 13.500 metros quadrados e edifícios) “en-

contra-se implantado em quarteirão de configuração irregular resultante da sobreposição do traçado da Av. Calouste Gulbenkian (circular de Faro) à malha urbana linear erguida ao longo da Estrada da Senhora da Saúde PUB.

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GESTOR DE CLIENTE PRETENDE-SE: • Habilitações mínimas ao nível da licenciatura preferencialmente em Economia, Gestão, Gestão de Empresas ou Similar; • Residência preferencial nos concelhos de Albufeira, Lagoa, Loulé, Portimão e Silves; • Conhecimentos sólidos da actividade bancária; • Conhecimentos de informática na óptica do utilizador; • Conhecimentos da Língua Inglesa (oral e escrita); • Orientação para objectivos comerciais; • Facilidade de comunicação; • Gosto pelo trabalho em equipa.

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(EN 518-1), que aquela veio interromper”. O conjunto amuralhado, que confronta do lado nascente com o Arquivo Distrital de Faro, inclui o edifício dos estúdios de emissão representativo de uma “arquitectura de comunicações, do séc. XX, assente na reformulação de elementos formais eleitos como arquetípicos da identidade nacional”. O caso que agora conheceu o seu epílogo, mobilizou antigos profissionais da rádio que desenvolveram um conjunto de ações de âmbito político e judicial tendo evitado que aquele património tivesse sido vendido pela

RTP para fins imobiliários. A concretizar-se essa intenção, Faro teria perdido um espaço de referência na história da radiodifusão em Portugal e inscrito na memória coletiva dos algarvios. Os antigos profissionais da rádio que lideraram o processo de classificação, defendem que o edifício passe a integrar, além do serviço de rádio e televisão, a redação da Agência Lusa, atualmente sem espaço próprio. O edíficio tem condições ainda para acolher um centro multimédia em articulação com o curso de comunicação da Universidade do Algarve, bem como um núcleo museológico sobre a história da rádio e da televisão em Portugal. Para o terreno envolvente, aqueles profissionais entendem que a solução ideal seria a construção de um grande espaço verde, sujeito a concurso público de ideias, para usufruto da população de Faro. R.S PUB.


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Destaque

TAVIRA, seguido de Faro e Vila do Bispo com o maior número de praias Zero Poluição A associação ambientalista Zero distinguiu este ano 53 praias Zero Poluição em 30 concelhos de Portugal, representando 8% do total das 643 zonas balneares que vão estar em funcionamento nesta época. A distinção da associação foi divulgada na quarta-feira da passada semana. Uma praia Zero Poluição é aquela em que não foi detetada qualquer contaminação microbiológica nas análises efetuadas às águas balneares ao longo das três últimas épocas balneares, de acordo coma associação. Em 2020, houve mais 15 praias classificadas, ou seja, um total de 68. De acordo com a Zero, todas as praias distinguidas no ano passado como praias Zero Poluição estão classificadas, ao abrigo da legislação, como praias com qualidade da água “excelente”. No entanto, se tiveram uma única análise em que foi detetada a presença de microrganismos, mesmo que muito longe do valor-limite, deixaram de poder ser incluídas nesta lista. Os concelhos com maior número de praias Zero Poluição são Alcobaça (distrito de Leiria), Porto Santo (Madeira) e Tavira (distrito de Faro), com quatro praias, e Peniche (distrito de Leiria), Sesimbra (distrito de Setúbal) e Faro e Vila do Bispo (distrito de Faro), com três. Existem 43 praias Zero Poluição no continente, em 24 concelhos, seis nos Açores, em cinco concelhos, e quatro na Madeira, num único concelho. Os concelhos de Torres Vedras (Lisboa) e Angra do Heroísmo (Açores) tiveram, este ano, um número significativo de praias retiradas da lista - nove e cinco, respetivamente. Em termos de balanço, saíram da lista do ano passado 29 praias e entraram 14 novas. De acordo com a Zero, “é extremamente difícil conseguir um registo incólume ao longo de três anos nas zonas balneares interiores, muito mais suscetíveis à poluição microbiológica”. Pelo segundo ano consecutivo, volta a não haver praias interiores na lista, “ao contrário do período de 2016 (ano em que a associação iniciou esta avaliação) a 2019”.

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Noélia Jerónimo é Chef do Ano 2021 FOTO D.R.

Texto do nosso parceiro Expresso | BOA CAMA BOA MESA

Fortaleza do Guincho (Cascais)

Chef do Ano, Garfo e Chave de Prata, Ouro e Platina: Num ano fortemente marcado pelos impactos da pandemia no setor da restauração e da hotelaria, saiba quem são os premiados pelo guia Boa Cama Boa Mesa 2021 Quando, a 3 de março, foram entregues os prémios referentes à edição 2020 do guia Boa Cama Boa Mesa, hotéis e restaurantes premiados estavam longe de saber que, passado pouco mais de uma semana, estariam a encerrar portas, inaugurando aquele que foi um dos mais negros períodos para restaurantes e hotéis. Quase ano e meio depois, a cerimónia de entrega de prémios do Guia Boa Cama Boa Mesa 2021, que decorreu esta segunda-feira, 14 de junho, pelas 18h00, na Quinta da Pimenteira, em Monsanto, Lisboa, volta a destacar os melhores do país. As avaliações foram feitas até dia 15 de maio de 2021, ainda com muitos espaços de restauração e hotelaria encerrados. Recorrendo à experiência de anos anteriores e ao cruzamento de informação com vários especialistas, foi possível afinar critérios e validar escolhas de centenas de restaurantes e alojamentos. Na vertente Boa Mesa, a seleção dos melhores foi orientada por critérios de avaliação a partir de cinco grandes áreas: local, serviço, garrafeira e relação preço/qualidade. Na vertente Boa Cama existem fatores de avaliação claros, como o projeto turístico, o edifício e a sua arquitetura, a decoração, os serviços disponibilizados, o atendimento e, obviamente, a relação preço/qualidade. Num ano particularmente difícil para os setores da restauração e da hotelaria, o guia, publicado desde 2003, salienta ainda o trabalho de 10 restaurantes e 10 hotéis através da distinção resiliência. Em 2021 atribuiu≠-se ainda, excecionalmente, o Prémio Carreira ex aequo a duas personalidades que se distinguiram pelo trabalho na restauração, brilhando na cozinha ou no trabalho de sala: Lurdes Graça, do Manjar do Marquês e Emílio Andrade, da Adega Tia Matilde. Conheça as histórias dos premiados, dos resilientes e todas as novidades

Fifty Seconds by Martín Berasategui (Lisboa)

Il Gallo d’Oro (Funchal) JNcQUOI Avenida (Lisboa) Largo do Paço (Amarante) Pedro Lemos (Porto)

Pequeno Mundo (Loulé) Prado (Lisboa)

Restaurante Noélia & Jerónimo (Tavira) Vistas Rui Silvestre

(Vila Real de Santo António) na edição de 2021 do guia, à venda a partir de dia 18 de junho por €16,90, com descontos para assinantes. Pode reservar desde já a sua edição do Guia Boa cama Boa Mesa 2021 através da Loja Impresa.

CHAVE DE PRATA Casa de São Lourenço (Manteigas)

Carmo’s Boutique (Ponte de Lima) Casas do Coro (Meda) H2otel Congress & Medical Spa (Covilhã)

GARFO DE OURO A Cozinha por António Loureiro (Guimarães) Alma (Lisboa)

Herdade da Malhadinha Nova (Beja)

Belcanto (Lisboa)

Penha Longa Resort (Sintra)

Euskalduna Studio (Porto)

Rio do Prado (Óbidos)

Ferrugem (Vila Nova de Famalicão)

Dá Licença (Estremoz)

EPIC SANA Algarve (Albufeira)

Les Suites at The Cliff Bay (Funchal) Luz Charming Houses (Ourém) Monverde Wine Experience Hotel (Amarante)

São Lourenço do Barrocal (Reguengos de Monsaraz)

LOCO (Lisboa)

Savoy Palace (Funchal)

Mesa de Lemos (Viseu)

Six Senses Douro Valley (Lamego)

Restaurante G (Bragança)

Torre de Palma Wine Hotel (Monforte)

Quinta da Comporta (Grândola)

Vista Restaurante (Portimão)

GARFO DE PLATINA

Quinta do Furão (Santana)

CHAVE DE PLATINA

Quinta Nova de Nossa Senhora do Carmo (Sabrosa)

Ritz Four Seasons Hotel Lisboa (Lisboa)

Ocean (Lagoa)

Santa Bárbara Eco Beach Resort (Ribeira Grande)

Sublime Comporta (Grândola)

The Yeatman (Vila Nova de Gaia)

The Yeatman (Vila Nova de Gaia)

Rei dos Leitões (Mealhada)

Sapientia Boutique Hotel (Coimbra)

Vila Vita Parc (Lagoa)

Ventozelo Hotel & Quinta (São João da Pesqueira)

GARFO DE PRATA

Vidago Palace Hotel (Chaves)

100 Maneiras (Lisboa)

CHAVE DE OURO

Antiqvvm (Porto)

Areias do Seixo (Torres Vedras)

Cura (Lisboa)

Casa de Chá da Boa Nova (Matosinhos)

CHEF DO ANO 2021:

Noélia Jerónimo Acompanhe o Boa Cama Boa Mesa no Facebook, no Instagram e no Twitter!


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REGIÃO FOTO DE ARQUIVO D.R.

South Music dá asas ao talento jovem algarvio Texto JÉSSICA SOUSA | HENRIQUE DIAS FREIRE

A iniciativa South Music, da Câmara Municipal de Faro, do Teatro das Figuras e da Faro 2027, decorreu esta terça e quarta-feira e pretendeu dar a conhecer ao público o talento regional de vários jovens com dotes musicais A cidade de Faro recebeu profissionais ligados ao ramo da música de todo o país e que tiveram a oportunidade de assistir a 33 projetos musicais dos artistas. A exibição dos projetos teve palco no centro cultural de Faro, pela Vila Adentro, zona ilustre de Faro, no Espaço Quintalão, fábrica, museu e na Associação Recreativa e Cultural de Músicos de Faro e continua disponível para visualização no South Music - Mundo Virtual. Para além dos 33 projetos foram realizadas seis conferências e ações de networking com o objetivo de facilitar e estabelecer contacto dos aspirantes a músicos com os profissionais da música do Algarve. O evento foi gratuito e acompanhado pelo público através de uma plataforma digita capaz de tornar a experiência intensa e dinâmica. Os show cases foram passados em direto, com a interação de outros partici-

pantes e diferenciaram-se pela inovação, através de aplicações conjuntas que possibilitaram sentir a música através de avatares. Dino D’Santiago, Júlio Resende, Viviane, Nuno Guerreiro e Zé Eduardo, nomes com reconhecimento a nível nacional, foram os embaixadores e deram início às conferências. Representantes das editoras como a MD Sony Music Portugal, MD Warner Music Portugal, Lovers & Lollypops e AMAEI proporcionaram diálogo relativo ao setor e a presença de jornalistas deu voz ao painel do papel da imprensa musical e a sua importância nos dias que correm. De acordo com a organização, o South Music pretende ser um exemplo da forma de como o setor cultural e criativo pode e deve ser apoiado e incentivado. Sendo um modelo de cooperação regional, há resposta com o total apoio ao processo das candidaturas, por parte de entidades regionais como a AMAL, Universidade do Algarve e Região de Turismo do Algarve, que são coprodutoras da candidatura e da Direção Regional de Cultura, Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Algarve e do Instituto Português do Desporto e Juventude de Faro que afirmam colaboração.

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CADERNO ALGARVE

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ENTREVISTA JOÃO VASCONCELOS DO BE ANALISA SITUAÇÃO NO ALGARVE

A crise ainda não bateu no fundo. De todas Texto RAMIRO SANTOS

Jornalista

✒ ramirojsantos@gmail.com

Considera que os apoios do Governo para combater a crise situam-se muito aquém do que as finanças do Estado permitem; que o Governo tarda em aplicar grande parte das medidas do Plano de Emergência Social para o Algarve e que a “trapalhada” da eleição para as CCDR’s foi um negócio entre o PS e o PSD, constituindo mais uma machadada na regionalização P O Bloco vai concorrer a todos os órgãos autárquicos do Algarve? Quais os objetivos eleitorais? R Nas próximas eleições autárquicas, o Bloco de Esquerda vai concorrer a cerca de uma dúzia de municípios no Algarve, tal como ocorreu nas autárquicas anteriores. Existem dificuldades em alguns municípios do interior, onde o Bloco tem uma organização mais débil. Os objetivos do Bloco são claros: reforçar significativamente a sua votação, aumentar o número de autarcas eleitos na região, e contribuir para o enfraquecimento e a derrota dos partidos de direita e da extrema-direita liberal, populista e racista. O Bloco apresenta-se como a alternativa popular e socialista de esquerda e nada está excluído, como retirar a maioria absoluta a quem está no poder e, inclusivamente, a conquista de algumas autarquias no Algarve. Mas o grande objetivo será, sem dúvida, a continuação e melhoria do trabalho desenvolvido ao lado das populações, indo de encontro aos seus anseios e reivindicações, com a apresentação de propostas para a resolução dos seus problemas. P Como avalia a política de descentralização de competências do Governo para os municípios? Bastante ou insuficiente? R Para o Bloco de Esquerda, a transferência de competências para os municípios não pode agravar as desigualdades territoriais e, devia

apenas ocorrer, nas áreas em que os municípios estivessem em melhores condições de assegurar o respetivo exercício. Não é admissível a desresponsabilização do Estado central nas funções sociais de âmbito universal como a Educação, Saúde e Cultura, entre outras. A descentralização de competências está prevista na Constituição da República, mas o que teve lugar foi uma municipalização de competências e sem os devidos pacotes financeiros. Um dos objetivos centrais foi o de bloquear e afastar para as calendas a Regionalização. Resultou de uma negociata apenas entre o Governo PS e o PSD e, a sua aprovação pela Assembleia da República, teve a discordância de todas as outras forças políticas. P A decisão do Governo britânico de excluir Portugal da lista verde para os voos turísticos, penaliza o país e, sobretudo, o Algarve. Acha que por detrás da decisão do Governo inglês há uma motivação política e comercial? R É difícil aferir se a decisão do Governo britânico teve por base motivos políticos e comerciais. No entanto, penso que foi uma medida excessiva e injusta e que não teve em conta a evolução da situação pandémica do nosso país. O Algarve, como vive quase exclusivamente do turismo e muito dependente dos turistas britânicos acaba por ser das regiões mais prejudicadas do país.

BE não abdica da regionalização P O primeiro-ministro, António Costa afirmou-se disponível para viabilizar a regionalização até 2024. Acha que é possível ou trata-se de um processo que as eleições para as CCDR’s atirou para as calendas gregas?

A trapalhada que conduziu à eleição para as CCDR’s tem a ver com o tal negócio entre PS e PSD. Foi mais uma machaR

dada na criação das Regiões Administrativas. O Bloco de Esquerda não abdica de continuar a luta pela implementação da Regionalização e, em particular, da criação da Região Administrativa do Algarve. Vamos ver se António Costa cumpre esta promessa até 2024, pois um dos seus pontos fracos é precisamente o não cumprimento das promessas que faz. Cá estaremos para ver e lutar.

P A decisão exigia uma tomada de posição mais firme da parte do Governo e da Europa? R O Governo português tem pouco peso nas instituições europeias e mesmo detendo a presidência do Conselho da União Europeia de nada serviu. Na matéria em causa a diplomacia portuguesa falhou em toda a linha. Mas a UE também não fica isenta de culpas quando se recusa a levantar a proteção das patentes das vacinas, atrasando assim a produção de vacinas em massa por vários países e, consequentemente, atrasos na administração da vacinação, incluindo em Portugal.

[Excluir Algarve da lista verde] Decisão do Governo britânico foi uma medida excessiva e injusta (...) Nesta matéria, a diplomacia portuguesa falhou em toda a linha P O BE defendeu recentemente a declaração de estado de calamidade para o Algarve. Perante o atual contexto, mantém? R Faz todo o sentido declarar o Algarve como uma região de catástrofe social e económica, como o Bloco solicitou ao Governo há uns tempos atrás, o qual mostrou-se insensível a esta grave realidade. A crise ainda não bateu no fundo e os apoios para as famílias e empresas têm sido muito insuficientes. De todas as regiões do país, o Algarve surge como a mais vulnerável e se não forem tomadas medidas extraordinárias a curto e médio prazos os impactos da crise irão revelar-se catastróficos. A vulnerabilidade do Algarve prende-se com o modelo económico que tem imperado nas últimas décadas, assente quase exclusivamente na atividade turística. No Algarve o desemprego já atinge mais de 35 mil pessoas, regressaram os salários em atraso, há milhares de micro e pequenas empresas que ficaram de fora dos apoios, ou foram objeto de apoios muito insuficientes e que, se

não tiverem apoios extraordinários a curto prazo, pura e simplesmente irão à falência, lançando para o desemprego mais alguns milhares de pessoas. P Faz sentido que um ano depois o Algarve continue sem um plano de emergência social? Acha que o Governo tem margem de manobra do ponto de vista orçamental para responder às fragilidades das empresas e do desemprego existente? R O Algarve foi a única região do país que viu aprovado na Assembleia da República, há um ano atrás, um Plano de Emergência Social e Económico, por iniciativa do Grupo Parlamentar do Bloco de Esquerda. É um Plano contendo um leque variado de medidas imediatas e de índole estrutural e que mereceu um vasto consenso parlamentar. Inclusivamente, foi publicada uma Resolução da Assembleia da República em junho do ano passado.

Eleição para a CCDR´s foi uma negociata entre o PS e o PSD e mais uma machadada na regionalização


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as regiões, o Algarve é a mais vulnerável

P No que respeita aos investimentos do Estado na região, o Algarve tem recebido os apoios correspondentes ao peso que representa do ponto de vista da sua economia? R O Algarve tem ficado praticamente

esquecido pelos sucessivos Governos ao longo dos últimos anos em termos de investimento público e o atual Governo do PS não foge à regra. Tarda a modernização da ferrovia regional, a total requalificação da EN125 entre Olhão e Vila Real de Santo António, a construção do Hospital Central e a concretização do plano de dragagens, entre outros exemplos. P O modelo de desenvolvimento económico na região assenta na atividade turística. Há turismo a mais ou outros setores a menos? Que saída? R O modelo de desenvolvimento económico que tem imperado no Algarve ao longo das últimas décadas, da responsabilidade, em particular do PS e do PSD, foi muito negativo por assentar na monocultura do turismo. Este tipo de turismo, baseado no sol e mar, capturou a maioria dos investimentos na região, acabando por impulsionar a construção e o imobiliário (com elevados índices de especulação). Todavia, condicionou a diversificação económica e a inovação, conduzindo a enormes restrições nas outras atividades, com particular incidência na agricultura e nas pescas. Por outro lado, conduziu a uma forte concentração do emprego nesta área, assente na sazonalidade, numa crescente precariedade, numa política de baixos salários e em ritmos de trabalho infernais. Importa, a partir de a agora, e aprendendo com os erros, apostar na diversificação do tecido económico regional tornando o Algarve mais forte e resiliente face a novas crises no futuro. P O Bloco teve sempre uma participação muito ativa na contestação e defesa do fim das portagens na Via do Infante. O PS anunciou recentemente que é possível avançar para uma redução de 50

FOTO D.R.

Redução de 50 por cento das portagens a partir de 1 de julho não deixa de ser positivo, mas o Bloco defende a abolição total

a 75 por cento nas portagens. Do seu ponto de vista é uma solução de compromisso aceitável ou não há meios termos? R Para além das muitas lutas de rua e outras ações contra as portagens na Via do Infante, o Bloco de Esquerda apresentou na Assembleia da República, desde 2015 (para não ir mais longe) 14 projetos para acabar com as erradas e injustas portagens, projetos chumbados por PS, PSD e CDS, exceto o último em 2020, que foi aprovado. Mas, lamentavelmente, o Governo agora não quer cumprir o que foi aprovado no Parlamento. O PS não cumpre as promessas que fez ao Algarve e às suas populações. Foi a oposição, onde se inclui o Bloco, que fez aprovar no Parlamento uma redução das portagens de 50% a partir do próximo dia 1 de julho, o que não deixa de ser positivo. Mas a luta do Bloco continuará até à abolição total das portagens no Algarve. P Outras questões que o BE tem denunciado são os atrasos nas obras de reabilitação da EN 125 e o Hospital

Central. O líder do PS regional disse ao POSTAL que em ambos os casos haverá uma resposta para breve. Mais vale tarde do que nunca? R É deveras vergonhoso o facto da EN125 ainda não se encontrar totalmente requalificada, faltando os troços situados entre Olhão e Vila Real de Santo António. Temos cidadãos de primeira e de segunda no Algarve, o que não é aceitável, o que se deve às inúmeras trapalhadas entre PS e PSD. O Plano de Emergência apresentado pelo Bloco e aprovado na Assembleia da República contempla o resgate da concessão e a requalificação da EN125 entre Olhão e Vila Real de Santo António, cabendo ao Governo concretizar o que foi aprovado. O mesmo Plano aprovado também contempla o início da construção do futuro Hospital Central. Se o líder do PS regional disse que haverá uma resposta para breve em ambos os casos, então em boa hora o Bloco de Esquerda apresentou tais propostas, cabendo agora ao Governo cumprir o que foi aprovado na Assembleia da República. PUB.

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TEMA

O Governo tarda em concretizar grande parte das medidas aprovadas na Assembleia da República. Anunciou em julho do ano passado um plano específico para o Algarve, mas até aos dias de hoje esqueceu-se do que tinha anunciado e o Plano de Recuperação e Resiliência não vai dar para tudo. É preciso ter presente que os apoios do Governo para combater a crise que grassa no Algarve e no resto do país situam-se muito aquém do que as finanças permitem. Torna-se incompreensível que tenham sobrado 6 mil milhões de euros de despesa no Orçamento de 2020, o que daria para muito atenuar a crise económica e social e priorizar o investimento público.

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O Algarve colorido e singular Ficha técnica Direção: GORDA, Associação Sócio-Cultural Editor: Henrique Dias Freire Responsáveis pelas secções: • Artes Visuais: Saúl Neves de Jesus • Espaço AGECAL: Jorge Queiroz • Espaço ALFA: Raúl Grade Coelho • Filosofia Dia-a-dia: Maria João Neves • Fios De História: Ramiro Santos • Letras e Literatura: Paulo Serra • Marca D'Água: Maria Luísa Francisco • Missão Cultura: Adriana Nogueira Colaboradores desta edição: Mauro Rodrigues e Pedro Gago Parceiro: Direcção Regional de Cultura do Algarve e-mail redacção: geralcultura.sul@gmail.com publicidade: anabelag.postal@gmail.com online em: www.postal.pt e-paper em: www.issuu.com/postaldoalgarve FB: https://www.facebook.com/ Cultura.Sulpostaldoalgarve

O Algarve é a única região do país com fachadas revestidas de pinturas a fresco PEDRO GAGO Técnico Superior da Direção Regional de Cultura do Algarve

O

veraneante que chegava à região atravessando a serra, tomava a N125 e, ao longo desta, em placas informativas de cimento, brancas, sucediam-se nomes exóticos de povoações gravadas a preto - Patã, Almancil, Nexe, Estoi. Nomes tão exóticos quanto as casas coloridas que iam povoando o caminho, emolduradas pela luz clara que destacava o contraste do verde arbóreo com os solos avermelhados. Eram casa cujas fachadas estavam

revestidas de pinturas a fresco a imitar marmoreados, como se da terra emanasse um gosto requintado de memórias de ricos palácios. Isto faz com que o Algarve seja a única região do país com fachadas revestidas de pinturas a fresco. São frescos coloridos de belíssimas imitações de pedra, saídas do engenho de oficinas locais que pintavam a paisagem em tons quentes, numa continuidade telúrica. Pinturas ao gosto dos mestres das oficinas e dos proprietários que as encomendavam expressavam desde a mais requintada e perfeita imitação de mármore até à sensibilidade e vontade da mão teimosa que as pintava. Não se trata do resultado de uma sistematização industrial de cor

FOTO PEDRO GAGO / D.R.

única, antes pelo contrário, cada traço, cada aguada de tinta, cada nuance, cada desenho a imitar pedra, são elementos únicos pintados em cada fachada - por isso, originais e irrepetíveis. Embora, vulgarmente designadas de escaiolas, do italiano scagliola, técnica originalmente elaborada com argamassas de estuque coloridas aplicadas no interior das habitações, as escaiolas algarvias diferem desta técnica por se tratar de pinturas a fresco, o que lhe confere superior resistência às intempéries a que estão sujeitas no exterior. Eram métodos construtivos simples que surgiam da aplicação de argamassa de cal, estendida com talocha e régua, sobre a qual eram

pintados os fingidos com a argamassa ainda fresca. Da mão do artífice saíam os veios da pedra, os pequenos minerais, as nuances de cor e o desenho da estereotomia da pedra. Realizado por jornadas para que a pintura fosse sempre executada sobre a argamassa fresca, de modo a que os pigmentos ficassem bem incorporados no reboco, o que confere a estes acabamentos uma resistência secular. Mais do que qualquer tinta contemporânea. Esta técnica decorativa é indissociável das construções do último quartel do século XIX e permaneceram no tempo até meados de novecentos, acompanhando o abandono dos antigos beirados que deram origem a ricas platibandas

profusamente decoradas com trabalhos em argamassa, ornamentadas com desenhos esgrafitados, num jogo de cores contrastante com as paredes marmoreadas. Ainda que a maior parte destas casas sejam construções que acompanharam o crescimento das vilas e cidades algarvias, depressa ultrapassaram as fronteiras urbanas e difundiram-se na paisagem de toda a região, marcando um tempo e um modo alicerçado no gosto de bem receber. Estes elementos arquitetónicos são parte de uma gramática decorativa singular, de um património único, original do Algarve, que urge salvaguardar para usufruto das gerações futuras.


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MARCA D'ÁGUA

O novo normal MARIA LUÍSA FRANCISCO Investigadora na área da Sociologia; Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa luisa.algarve@gmail.com

“Ninguém sabe se sabe Nem que acaso ou que destino nos cabe O novo normal É terreno minado De acasos” Excerto da letra O novo normal de Sérgio Godinho

M

ais de um ano depois do início da pandemia, ainda não voltamos ao normal! Será que queremos mesmo voltar ao normal? A expressão “novo normal” tem em si a expectativa de voltar a uma estabilidade em que seja possível prever o que possa acontecer, mas o mundo actual está cada vez mais imprevisível! Não sei se este "novo normal" conseguirá expressar a forma como passamos a lidar com estas alternâncias entre estado de emergência,

de alerta, de contingência e situação de calamidade. Vivemos entre ciclos, vivemos numa guerra de informação e estamos a viver uma experiência sem precedentes. Ainda que seja um novo normal temos velhos desafios, tal como o de aprender com o que está a acontecer com coragem de olhar para a realidade com olhos de ver, porque esse é o primeiro passo para algo diferente. Ou será que não voltaremos ao normal e teremos uma nova relação com o dito normal? Durante este tempo que já é superior a um ano, tanto mudou, mas será que foi o mundo que mudou ou fomos nós que mudámos? Voltámos a valorizar mais o genuíno, a ter mais contacto com a natureza, a ter horários de trabalho mais flexíveis e mais tempo para a família. Voltámos a valorizar mais a comunicação com os outros, a conhecer melhor os nossos direitos. No tempo dos direitos, temos direito ao tempo, ao nosso tempo e a apreciar e usufruir com mais qualidade do tempo de lazer. Deixamos de medir a distância e a proximidade em metros e quilóme-

tros e passamos a medir em minutos e horas. O Zoom tornou-se uma ferramenta de comunicação profissional e pessoal. Embora só mais recentemente seja conhecida em massa, esta plataforma foi criada em 2011 por um informático chinês, chamado Eric Yuan. Em 2020, em plena pandemia, chegou aos 300 milhões de reuniões diárias.

A pandemia tirou-nos da zona de conforto Tolentino de Mendonça disse, quando este ano foi distinguido com o Prémio Universidade de Coimbra, que “a pandemia deve ser interpretada como uma encruzilhada civilizacional”. O cardeal, que dirige a Biblioteca do Vaticano, acrescentou ainda que “a normalidade, pela qual tanto ansiamos, não é um lugar já conhecido a que se volta, mas uma construção nova onde nos temos de empenhar. Por distópica que possa ser, a pandemia empurra-nos para o futuro”. Temos todos mais em comum do que possamos pensar, todos queremos ter mais qualidade de vida, um pre-

sente e um futuro com esperança. Numa perspectiva optimista, podemos ver algumas melhorias práticas deste tempo, como por exemplo, a melhoria de hábitos de higiene, a melhoria das relações interpessoais, também porque tivemos oportunidade para repensar essas relações. A pandemia permitiu sentir como estamos todos juntos, porque foi e está a ser um momento vivido em simultâneo por toda humanidade. Passamos a compreender o sofrimento e as perdas de outra forma. Este tempo também tem permitido olhar para dentro, não no sentido egocêntrico, mas no sentido da introspecção, da escuta interior e do desenvolvimento da inteligência emocional. Por sua vez, esse estar bem connosco próprios tem toda a influência na forma de estar com os outros. Mudaram entre tantos aspectos as protocolares saudações que, de alguma forma, já nos cansavam, mas que tínhamos receio de recusar para não melindrar ninguém. Aqueles dois beijinhos automáticos que dávamos quando nos apresentavam a alguém ou que dávamos de forma rotineira.

“Novo normal" - composição visual de Maria Luísa Francisco

Com esse cumprimento nem olhávamos nos olhos. Agora com o rosto semi tapado, os olhos tornaram-se a nossa imagem de marca. Passamos a apreciar mais a perspicácia do olhar e a inteligência do que outros atributos. Recebam um abraço em jeito de olhar afectuoso. P.S. - Seria bom que daqui a uns tempos, quando ouvíssemos a canção “o novo normal” de Sérgio Godinho, achássemos que essa música é uma recordação do passado.... *A autora não escreve segundo o acordo ortográfico

ESPAÇO AGECAL

Inclusão e valorização cultural: as regiões e o local JORGE QUEIROZ Sociólogo, sócio da AGECAL

É

aparentemente uma história pessoal. Na década de 90 do século XX um pároco pediu-me que ajudasse a estudar a colecção de ex-votos ou “milagres” guardada no interior de uma ermida de peregrinação, por motivo dos 500 anos da edificação do templo. Estava longe de pensar que se iria abrir tão amplo motivo de reflexão sobre os fenómenos de religiosidade popular e de afirmação das identidades colectivas. Ao definir como metodologia, para além de análise dos aspectos quantitativos e características das centenas de exemplares, foi essencial conhecer a origem social dos ofertantes dos “quadrinhos pintados” e também a geografia do culto de uma Nossa Senhora que tão extraordinários milagres realizava. No final de dois anos constatou-se que o culto exclusivamente rural abrangia um território

muito delimitado, pela visita e observação de outros santuários da região do sul de Portugal, saltaram da “arca patrimonial” mais de setenta cultos idênticos, cada um com a sua Virgem protectora e milagreira. A religiosidade popular é um manancial de informações sobre as identidades, de afirmação dos lugares especiais habitados por forças sobrenaturais capazes de operar curas e salvamentos, sítios ermos e periféricos carregados de mistérios, onde quase sempre existe uma capela de peregrinação, isolada mas não muito distante da povoação, cuja construção é também rodeada de algum acontecimento extraordinário. Cada terra foi abençoada e distinguida por um gesto divino, por isso os seus filhos partilham também de características e protecções especiais. É a valorização do local. Quando no século XIX cresceram os centros urbanos e se constituíram as ciências socais, a monografia da terra surgiu como um “atestado” contra o anonimato e a escassa visibilidade

das localidades, por outro lado de valorização dos recursos naturais e da história local. O Algarve teve estudiosos de primeira grandeza, duas descrições importantes separadas por três séculos são as “Corografia do Reino do Algarve”, de Frei João de São José, editada em 1577, e a de João Batista da Silva Lopes em 1841. A grande transformação ocorreu ainda no século XIX pelo uso de metodologias científicas como o trabalho de campo, pela análise comparativa de dados, a reflexão multidisciplinar que trouxe novos horizontes e aprofundados conhecimentos. Ataíde de Oliveira (1842-1915), natural de Algoz, deixou-nos dezenas de obras que cobrem temáticas que vão da tradição das mouras encantadas a observações monográficas sobre muitas localidades algarvias como Loulé, Paderne, Estômbar, Olhão, Luz de Tavira, Porches, Vila Real de Santo António… No século XX, Leite de Vasconcellos (1858-1941) emergiu como figura

pioneira da etnografia científica portuguesa, como Orlando Ribeiro o foi no âmbito da Geografia Humana. Manuel Viegas Guerreiro (1912 - 1997), algarvio natural de Querença, teve também um papel muito importante na afirmação da Etnologia Portuguesa, na reabilitação da obra de Leite de Vasconcellos, desenvolveu trabalhos numa perspectiva universalista sem nunca se afastar da região e do local. Este é um tema de primordial importância no desenho das políticas públicas para a cultura que, no caso português, pela presença da língua e patrimónios por todo o mundo não podem ser diluídas nos macro programas concebidos e financiados pela União Europeia, particularmente voltados para as indústrias culturais, onde impera o digital-produto, consumismos e públicos. Vivemos tempos em que a herança cultural tende a ser pouco conhecida e valorizada, no frenesim da “inovação”, da “criatividade” e da “criação de novos públicos” consumidores, o património

e a cultura nos discursos habituais são pouco mais que mercadoria cuja função será atrair milhares de visitantes, promovendo as vendas da “fileira”, alojamentos, restauração, imobiliário, modelos homologados e padronizados dos não-lugares globalizados. As civilizações mediterrânicas que nos deram origem, legaram ricos e vastos patrimónios que permitem a Portugal dispor de singularidades, uma língua, monumentos e artes, centros históricos, diversidade paisagística e de habitação, hortas e pomares, cozinha e variedades culinárias, festividades, mercados, convívio comunitário e partilha, em suma qualidade de vida. A inclusão das pessoas, o conhecimento e respeito pelas culturas, a valorização das regiões e do local são condições essenciais de uma verdadeira democratização, de equilíbrio social e qualidade do desenvolvimento humano. * O autor não escreve segundo o acordo ortográfico


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ARTES VISUAIS

Pode a arte contribuir para a preservação de espécies ameaçadas? SAÚL NEVES DE JESUS Professor Catedrático da Universidade do Algarve; Pós-doutorado em Artes Visuais; http://saul2017.wixsite.com/artes

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ecentemente foram criadas em Faro duas peças escultóricas pelo artista Bordalo II, ambas representando um Cavalo Marinho, encontrando-se uma no Campus de Gambelas da Universidade do Algarve e outra no Parque de Campismo da Praia de Faro. Bordalo II é um dos principais artistas portugueses em arte urbana, tendo já mais de 200 obras escultóricas espalhadas pelo mundo. Inclusivamente, a sua obra “Owl Eyes” (“Olhos de Mocho”), na Covilhã, foi destacada pela Street Art News como uma das 25 obras de arte urbana mais populares do mundo, em 2014. Artur Bordalo assina assim pois é neto do pintor Bordalo. Faz do espaço público a sua tela e utiliza lixo ou desperdício como matéria prima para construir obras/instalações/composições de grande dimensão com uma consciência ambiental. Sendo artista plástico, define-se como “artivista”, ao usar a arte como instrumento de consciencialização pública em torno de causas ambientais. No processo de produção das suas obras, o autor recolhe materiais, corta, adapta o material recolhido, monta a peça, fixa-a no sítio onde vai ficar e, se for o caso, pinta-a. Estas peças são desenvolvidas maioritariamente com a utilização de plásticos de alta densidade, que já não servem para aquilo a que se destinavam. Conforme refere o próprio: "todo o lixo que eu utilizo é por causa do nosso dia a dia e da forma como nós não sabemos gerir os recursos, o próprio planeta, de forma sustentável (…) A ideia que eu tenho é de criar imagens das vítimas da poluição e da ação do homem exatamente com aquilo que os destrói, com aquilo que os mata. O mundo está a ser destruído e eu estou a criar imagens com aquilo que o destrói, com aquilo que destrói a natureza, que a vai degradando." À distância vemos imagens, sobretudo de cenas urbanas ou animais, mas aproximando-nos surgem torneiras, bocados de uma mangueira, um te-

lemóvel, uma calculadora, pedaços de casacos peludos, pneus, plástico, entre outros elementos. Todo o material que compõe as peças maiores é aparafusado ou soldado, e assenta num suporte, embora nas peças mais pequenas seja utilizada cola, numa técnica mista. As suas obras pretendem chamar a atenção para as problemáticas da sociedade materialista, do consumismo exagerado e dos desperdícios derivados do mesmo. Em artigos anteriores fizemos referências aos trabalhos de Bordalo II, em particular no artigo “Pode a arte emergir do lixo?”, em que referimos o seguinte: “Esperemos que a arte possa ajudar a que as pessoas tomem consciência da importância do seu comportamento para a preservação do ambiente, em particular para a necessidade de não desperdiçarmos e para a separação do lixo, permitindo a reciclagem e a reutilização dos materiais.” Mas, a preservação do ambiente está diretamente ligada à biodiversidade e à preservação das espécies, podendo também a arte contribuir para consciencializar a população para a necessidade dessa preservação, visto que o comportamento humano é o principal fator de problemas ao nível da sobrevivência de outras espécies no planeta. É o que acontece com a espécie Cavalo Marinho, um ex-líbris da Ria Formosa, tendo-se verificado uma diminuição drástica no seu número nos últimos anos. No sentido de para a recuperação e conservação do Cavalo Marinho na Ria Formosa foi desenvolvido o projeto HIPPOSAVE, com base em investigação desenvolvida pelo Centro de Ciências do Mar (CCMAR) da Universidade do Algarve. Pretende-se avaliar o estado atual das populações de cavalos-marinhos, criar zonas de santuário e zonas de proteção e ainda produzir cavalos marinhos em cativeiro para repovoamento em áreas protegidas. Fruto de uma campanha de sensibilização junto da população local, promovida pelo CCMar, em conjunto com a Fundação Oceano Azul, a Autoridade Marítima, os municípios envolvidos, o Instituto da Conservação da Natureza e a Agência Portuguesa do Ambiente, foi possível criar duas zonas protegidas na Ria Formosa, on-

de os cavalos-marinhos terão todas as condições para prosperar. As obras de Bordalo II recentemente construídas no Parque de Campismo de Faro e no Campus de Gambelas da Universidade do Algarve, ambas representando um Cavalo Marinho, com cerca de 10 metros de altura, pretendem contribuir para a necessidade de consciencializar para a importância de preservar esta espécie. Uma destas obras situa-se na Universidade do Algarve, onde é desenvolvido o conhecimento, e a outra situa-se na Praia de Faro, que faz parte da Ria Formosa, onde se desenvolve esta espécie. Apesar de representarem a mesma personagem, as duas obras utilizam técnicas artísticas distintas. O cavalo-marinho, construído no depósito de água do Parque de Campismo da Praia de Faro, inclui-se na série “Big Trash Animals”, girando à volta da representação de animais em grande escala, construídos quase exclusivamente de lixo, com o objetivo de provocar um olhar diferente sobre os nossos hábitos de consumo. Já a obra presente no Campus de Gambelas da Universidade do Algarve inclui-se na série “Neutral”, onde o artista utiliza materiais descartados como matéria-prima, numa base de madeira texturada reaproveitada. Depois são acrescentadas camadas de tinta, algumas esfumadas, pinceladas, escorrimentos e salpicos até conseguir a expressividade do animal representado e as suas cores naturais. O objetivo é, como habitualmente na obra do artista, gerar representações dos animais quase de forma a camuflar o que os destrói e criar uma imagem mais realista. Esta terá sido a segunda obra construída por Bordalo II numa Instituição de Ensino Superior, contribuindo para a imagem moderna e internacional da Universidade do Algarve. Esta articulação entre a investigação e a sua aplicação prática é fundamental e esperamos que este seja um exemplo a seguir em relação à preservação de outras espécies ameaçadas na Ria Formosa, nomeadamente o Camaleão, podendo a arte ajudar na consciencialização para a importância da preservação das espécies e do papel essencial que a investigação pode ter neste processo.

RESTAURANTE O TACHO

Restaurante de estilo familiar Take-Away: Entrega ao domicílio em Tavira

Estrada Nacional 125, Km 134 (junto à GNR) 8800-218 Tavira)

281 324 283

Obras Cavalo Marinho, de Bordalo II (2021) FOTOS D.R.


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LETRAS & LEITURAS

Devastação, de Eduardo Pitta PAULO SERRA Doutorado em Literatura na Universidade do Algarve; Investigador do CLEPUL

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evastação é o segundo livro de contos de Eduardo Pitta publicado pela Dom Quixote. Ao contrário de Persona, publicado em 2019, e aqui apresentado, estas seis histórias, com nome de gente (Ema, João Pedro, Ofélia, Gilberta, Inês, Zé Maria), cerca de 10 páginas cada, não se entretecem nem formam um mosaico. São casos de vidas díspares, singulares, de 4 mulheres e 2 homens, que parecem nada ter em comum e sem que nenhuma das histórias pareça ser destacada, quase todas com final súbito e por vezes desconcertante. A história de Gilberta, talvez pela vida sofrida que já levou, é das poucas que acabam menos mal.

Histórias com nome de gente Ema nasceu em 1940 e num incidente infeliz, num baile de sociedade, é vítima de preconceito, que lhe chega da própria mãe, que a deixou às escuras em relação ao seu corpo. Corta com a família e refaz a sua vida, mas 50 anos depois ainda espera vingar-se de quem a humilhou. João Pedro, aos 12 anos, corre risco de vida, com o fito de evitar passar o Natal com o pai, em território selvagem, cuja descrição é invocativo de parques e coutadas africanas: «Mokaputa estava preparada para receber convidados. Em número de seis, os bungalows alinhavam-se cerca de cem metros à esquerda do pavilhão principal, uma construção maciça dominada pelo imponente tecto de colmo.» Será necessário engendrar um plano arriscado para não passar o Natal num calor infernal com um pai que quase não dá por ele. Não que João Pedro desgoste do pai, que até o deixa assistir aos seus treinos de esgrima: «Uma das coisas de que João Pedro gostava era de brincar sozinho com os floretes. Vestia a elegante jaqueta acolchoada que lhe ficava a dançar no corpo, punha a máscara metálica e zurzia o ar.» (p. 25) Ofélia (história contada em tempos cronológicos distintos) está à beira dos 70. Tem uma filha, cujo pai desconhece, e o neto Pedro, o seu preferido, bate na mulher, devastado (e aqui a palavra devastação é aplicada com intenção, pois Pedro é quem gera devastação, mais do que uma vez) pelo desejo dos corpos de homens nos

Eduardo Pitta é poeta, escritor, crítico literário, ensaísta

chuveiros do balneário do ginásio e pela latência de uma memória distante do abraço de Rafael, um pescador, rapaz de vinte e quatro anos, recém chegado dos matos da Guiné, por quem a avó claramente nutre uma afeição: «Não percebe o interesse da avó pelo homem. Embirrou com ele desde o dia em que foi levado num passeio de barco, obrigado a mergulhar na Lagoa de Óbidos e depois a manter-se à tona da água, o braço forte do homem preso à sua cintura. A experiência despertou nele um atropelo de sentimentos. Já tem acordado com a sensação de estar enroscado naquele braço. Nessas alturas apetece-lhe prolongar o anelo, mas salta da cama.» (pp. 38-39) Gilberta tem 60 anos e não levou uma vida fácil. Preparava-se para celebrar 25 anos, quando nessa manhã de sábado do dia 7 de Setembro de 1974, assinado o Acordo de Lusaka, a sua vida muda drasticamente. Após a tentativa falhada de secessão branca, deixa uma vida desafogada em Lourenço Marques, parte rapidamente com o marido e os três filhos para Joanesburgo, onde espera em sobressalto o desenrolar dos acontecimentos, até que «desembarcaram na Portela ao princípio da manhã de 29 de Dezembro de 1977. Tinha vinte e oito anos e um diploma da Wits, em

FOTO D.R.

Accountancy, que o ISCAL validou a contragosto, praticamente em cima do Verão de 1979, no termo de uma batalha jurídica.» (p. 51) Ainda que munida, ao menos, desse diploma, a vida de Gilberta refaz-se do nada: «Em Portugal teve de adaptar-se à nova realidade. Os primeiros tempos foram difíceis. Ele há brancos e brancos, reflectiu.» (p. 56) Não hesita em expulsar o filho de casa por ser «paneleiro», apesar da bofetada do marido. Os outros dois filhos ignoram-na no momento da morte súbita do pai e não comparecem ao funeral, por questões de incompatibilidade de agenda. Inês tem 43 anos e sobrevive à derrocada do imobiliário… Mas tinha 25 anos «no dia em que o pai mete a pistola na boca e dispara. A mioleira deu cabo do Noronha da Costa. Negócios fora-da-lei? O pai? A sociedade de corretagem insolvente? Então a casa já não era deles?» (p. 62) Zé Maria tem 52 anos e no dia 13 de Março de 2020 recebe o diagnóstico de um aneurisma cerebral. Esse anúncio do fim dos seus dias coincide com a retenção da mulher nos E.U.A. para onde partiu de modo imprevisto e se vê impedida de regressar, conforme o mundo pára, os aeroportos fecham, a vida se suspende.

“Devastação” é o segundo livro de contos do autor

Entre a verdade e a mentira Entre estas várias histórias de vida devastadas é possível encontrar afinidades, como a vivência de um antes e um depois do 25 de abril, ou de uma infância e adolescência passada na África colonial e uma idade adulta vivida na metrópole. Há personagens em fuga de África cujas vidas terão de ser refeitas, deixando tudo para trás assim que deflagra a Revolução e se anuncia o fim da guerra e da ocupação colonial. Com a sucessão das histórias percebe-se o desenrolar do fio do tempo até chegarmos aos nossos dias, como as intervenções do FMI em Portugal (na história de Inês) ou a pandemia (Zé Maria) como pano de fundo, e sob um olhar crítico, com um arranque simbólico numa sextafeira 13, em Março. É ainda possível ler como a homossexualidade, transversal a um par destas histórias, é alvo de humilhação, expulsão ou recalcamento. O marido de Inês, por exemplo, quando sabe que o filho vende drogas, expressa alívio: «- Pelo menos não é maricas.» (p. 64) Aqueles que ficam de fora, como o filho de Gilberta, podem ser os únicos cujas vidas foram mais alegres, e daí ficarem de fora destes contos. Para quem leu outras obras do autor, e conhece o seu percurso de vida, é difícil impedir uma sensação de reconhecimento, como se

alguns dos factos narrados fossem autobiográficos ou pelo menos inspirados em histórias reais. Como se anuncia na epígrafe do romance, uma frase, de Hilary Mantel: «Some of these things are true and some of them lies. But they are all good stories.» É possível reconhecer nestes contos aspectos familiares na escrita de Eduardo Pitta, como um meio anglosaxónico, culto, abastado, condicente com as elites moçambicanas, onde não faltam os tiques snob, os anglicismos (as papas de aveia chamam-se porridge e Joanesburgo é sempre Johannesburg), e um humor negro peculiar que por vezes assoma como no episódio, já citado, do suicídio do pai de Inês, cuja «mioleira deu cabo do Noronha da Costa». Eduardo Pitta é poeta, escritor, crítico literário, ensaísta. Nasceu em Lourenço Marques, actual Maputo, a 9 de Agosto de 1949. Viveu em Moçambique até Novembro de 1975. Desde 2011 é crítico literário da revista Sábado. Mantém desde 2005 o blogue Da Literatura. Casou em 2010 com Jorge Neves, seu companheiro desde 1972. A 5.ª edição da iniciativa Alvalade Capital da Leitura, com curadoria de Carlos Vaz Marques, realizada entre 31 de maio e 5 de junho, centrou-se no autor, que tem uma forte ligação ao bairro de Alvalade.


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ESPAÇO ALFA

A falácia da facilidade da fotografia FOTO MAURO RODRIGUES / D.R.

MAURO RODRIGUES Membro da ALFA – Associação Livre Fotógrafos do Algarve

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alar deste tema pode tornar-se num assunto mais cabeludo do que complicado, uma vez que hoje em dia praticamente toda a gente tem uma máquina fotográfica em casa (ou na mão) e consegue tirar fotografias. Tecnicamente fazer uma fotografia hoje em dia é fácil e esse ato já não surpreende como há 100 anos atrás. Mas se toda a gente alegadamente tira boas fotografias com um telemóvel barato e uma câmara profissional, onde está a diferença, ou simplesmente não haverá diferença nenhuma. Diferença existe certamente, está numa curva e começa logo pelo equipamento e em que segmento do mercado se encontram. Apesar de muita inovação e tecnologia relacionada com a fotografia estar presente em praticamente todas as gamas de câmaras, existem diferenças ao longo da curva e principalmente no topo como se pode ver neste gráfico chamado de “S-Curve”, que representa uma função sigmóide, originária da matemática aplicada amplamente em economia e computação que irão ser determinantes no resultado final da fotografia.

Esta curva representa muitas estratégias de marketing usadas praticamente por todas as empresas, direi, para poder dividir o mercado em diversos segmentos, criando caixas em que o cliente pode ser “separado”. As empresas assim têm mais facilidade em estudar o cliente e o que precisam nas diferentes áreas em que o produto pode ser aplicado ou usado, condicionando o estilo e a qualidade da própria arte fotográfica nos diferentes segmentos. Sendo assim, as máquinas fotográficas estão segmentadas desta maneira: na maior parte da curva o público em geral recebe quase todas as inovações tecnológicas que o produto oferece, em que a utilização requere menos aprendizagem, esforço, tempo e conhecimento e efetivamente o público consegue tirar fotografias suficientemente razoáveis, fotografias essas que servem para a maior parte dos usos a que se destinam, que são os equipamentos ditos de entrada e gama média. Os segmentos mais profissionais ou de nicho, semi-profissionais e profissionais, se repararmos, ficam no topo da curva e já requerem um esforço, tempo, conhecimento, performance, para não falar do preço, consideravelmente mais elevados e complexos e tecnicamente próximos do limite em termos de inovação. Existem sempre

casos raros e fora da caixa e alguma sorte à mistura, mas se aplicarmos esta curva a tudo, todos podemos perceber que fazer fotografia de qualidade e única requer todos estes fatores no topo da curva. As empresas sabem disto e colocam os seus produtos e funcionalidades do produto estrategicamente ao milímetro nesta curva, criando fatores decisivos que vão melhorar fatias ou aspetos de qualidade na fotografia final. Agora num espaço de competitividade é certo que as empresas vão melhorar / apresentar / esconder ou adiar certos fatores em detrimento de outros para compensar ou ganhar quota de mercado, o que pode baralhar ou frustrar o cliente final e obviamente para criar termos de comparabilidade onde a qualidade final com que as fotografias podem ser apresentadas seja sempre debatível, não... errado, seja sempre diferenciador, mas a curva estará sempre bem definida e bem estudada pelas empresas, o fotógrafo será sempre o último a perceber onde estão esses fatores determinantes a não ser que consiga... estudar continuamente, poder comparar produtos lado a lado e ter uma longa longevidade e prática sobre o assunto, aliás, sobre todos os assuntos que englobam a arte da fotografia, não só sobre o equipamento. A segunda grande diferença, entre fazer fotografia dita suficiente e razoável e a tecnicamente profissional, é o conhecimento da própria arte fotográfica, das técnicas utilizadas, de conceitos como o enquadramento e a composição, da dupla ou longa exposição, da desfocagem em movimento, da profundidade de campo e simetria, do estudo da cor e do preto e branco, da regra dos terços ou da probabilidade, do uso das texturas e padrões, do espaço negativo, dos pontos de vista às linhas de fuga, da simplicidade ao minimalismo, da arte do posicionamento em modelos ou conceitos como o timelapse, hyperlapse, tilt-shift ou o pinhole, entre muitas mais. Mas o mais importante é definitivamente perceber como se comporta a luz e conhecer os seus diversos truques, até ao nível da ciência. Isto aplica-se obviamente no terreno, no ato de fotografar mas depois vem a pós-produção que direi é uma área tão importante como a primeira. Porque na pós-produção existe muita técnica antiga e moderna que

RESTAURANTE O TACHO

Restaurante de estilo familiar Take-Away: Entrega ao domicílio em Tavira

Estrada Nacional 125, Km 134 (junto à GNR) 8800-218 Tavira)

281 324 283

Compreender a luz é o fator mais importante da arte fotográfica

pode ser aplicada e usar diversos softwares de computador, que hoje em dia, ajudam a refinar, corrigir e a engradecer muitos dos aspetos finais da fotografia, um passo que requere no geral anos de aperfeiçoamento e constante atualização em termos de estudo e conhecimento. Finalmente o terceiro grande factor decisivo na criação de excelente arte fotográfica é o tempo despendido em estudar o sujeito a ser fotografado, sejam modelos, pessoas reais ou animais no seu ambiente, saber antecipar e conhecer a sua história, o tema em estudo ou a área geográfica e as condições meteorológicas em que se encontram, ou então saber criar e manipular tudo num ambiente de estúdio, com adereços, roupas, objetos e saber orientar por exemplo outros talentos como por exemplo o da maquilhadora ou estilista. Saber orientar os aspetos técnicos da produção ou a relação entre todos

os intervenientes além de ter a capacidade de resolver problemas que surjam durante todo este processo. Saber antecipar isto tudo requer trabalho e dedicação e alguns poderão dizer sorte, mas até a sorte pode ela ser igualmente antecipada. Agora muitas pessoas poderão querer cortar atalhos em todos estes fatores e podem-no fazer mas os resultados 95% das vezes irão sair sempre deficientes em algum lugar, garantido. E os artistas são os primeiros a perceber exactamente isso, o que torna especialmente difícil gerir todos estes fatores e por vezes explicar a pessoas leigas na matéria, o porquê da mentira da facilidade da fotografia com contornos mais profissionais, em que é pedido ao fotógrafo para num estalar de dedos como o personagem Thanos faz no filme em Avengers: Infinity War, parecer que seja fácil apresentar um produto de qualidade.


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FILOSOFIA DIA-A-DIA

FOTOS D.R.

Possuir ou Pertencer? MARIA JOÃO NEVES PH.D Consultora Filosófica

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esconfinámos, já se registam temperaturas de verão e a época balnear está oficialmente aberta. Pouco a pouco vamos regressando à normalidade. Porém, esta normalidade será algo assim tão bom? Que aprendemos com a experiência de pandemia? Que melhorias podemos implementar no nosso modo de vida? Por entre o bombardeio de notícias trágicas referentes à pandemia recordo aquelas, de um outro teor, que me deixaram um sorriso nos lábios: enquanto a humanidade se retraía em quarentena, animais selvagens foram vistos vagando por cidades ao redor do mundo. A cidade de Lopburi, na Tailândia, foi tomada por gangues de macacos de cerca de 500 animais cada. Alguns dos mais de 1000 cervos que habitam o parque Nara, no Japão, também resolveram passear-se pela cidade, em grupos de 10 a 15. Em Itália pessoas depararam-se com ovelhas, cavalos e até mesmo javalis. Estes últimos também se passearam pelas avenidas espanholas e pelas praças portuguesas. Em Bombaim, na Índia, os pavões exibiram o seu esplendor. No País de Gales, as estrelas foram um grupo de cabras-de-Caxemira que desceram do promontório de Great Orme e tomaram de assalto o centro da cidade de Llandudno: correram em rebanho, comeram sebes, jardins e flores às janelas. Veados e corças tomaram Londres. Pelo nosso país também as raposas, bem como belos pássaros fizeram as suas incursões em cidades — toutinegras, felosas, pegas, gaios, e aves de rapina — finalmente deixaram-se ver e ouvir à vontade. À medida que o homem e a sua “civilização” avançaram, os animais recuaram. Quando o homem se

confinou, os animais vieram até aos centros urbanos. Afinal, de quem são estes espaços? Talvez valha a pena recordar a Carta do Chefe índio Seattle ao Grande Chefe de Washington, Franklin Pierce, em 1854. Esta carta foi escrita em resposta à proposta do Governo norte-americano de comprar grande parte das terras da sua tribo Duwamish, oferecendo em contrapartida a concessão de uma reserva: “Como podereis comprar ou vender o céu? Como podereis comprar ou vender o calor da terra? A ideia parece-nos estranha. Se a frescura do ar e o murmúrio da água não nos pertencem, como poderemos vendê-los? Para o meu povo, não há um pedaço desta terra que não seja sagrado. (...) Sabemos que o homem branco não percebe a nossa maneira de ser. Para ele um pedaço de terra é igual a um outro pedaço de terra, pois não a vê como irmã mas como inimiga. Depois de ela ser sua, despreza-a e segue o seu caminho. (...) Trata a sua Mãe Terra e o seu Irmão Firmamento como objectos que se compram, se exploram e se vendem tal como ovelhas ou contas coloridas. O seu apetite devora a terra, deixando atrás de si um completo deserto. (...) Não consigo entender. As vossas cidades ferem os olhos do homem pele-vermelha. Talvez seja porque somos selvagens e não podemos compreender. Não há um único lugar tranquilo nas cidades do homem branco. Nenhum lugar onde se possa ouvir o desenrolar das

folhas ou o rumor das asas de um insecto na Primavera. O barulho da cidade é um insulto para o ouvido. E eu pergunto-me: que tipo de vida tem o homem que não é capaz de escutar o grito solitário de uma garça ou o diálogo nocturno das rãs em redor de uma lagoa? (...) Se o homem cuspir na terra, cospe em si mesmo. Sabemos que a terra não pertence ao homem, mas que é o homem que pertence à terra”. De uma forma poética, o sábio Grande Chefe índio Seattle evidenciou a relação de poder que o homem branco estabeleceu com a natureza. Em vez de um usufruto de forma integrada, o que se verificou foi uma conquista

quase sempre acompanhada de destruição. Filosoficamente existe aqui um problema de base que envolve o conceito de pertença. O chefe índio entendia que o homem pertence à terra. Evidentemente, não se pode de modo nenhum possuir aquilo a

que se pertence. Pertencer e possuir entranham concepções de vida muito distintas, são maneiras antagónicas de estar no mundo. Sabemos que o modo de vida altamente industrializado não é sustentável. É um estilo de vida que gasta recursos naturais em troca de luxo e lucro rápido, enquanto milhões de pessoas, tanto nos países industrializados como nos países subdesenvolvidos, carecem do mínimo necessário e de emprego digno. O uso desregrado de combustíveis fósseis contribui para o aquecimento global cujas consequências poderão ser catastróficas. A agricultura industrializada, com monoculturas e dependência de fertilizantes artificiais e maquinaria pesada acelera a erosão da terra. Agrotóxicos envenenam os agricultores, a vida selvagem, o solo e os alimentos. Os resíduos prejudicam a saúde de todos que comem esses alimentos. Continuamos a utilizar combustíveis poluidores em máquinas e meios de transporte. Os animais criados em confinamento são tratados de maneira humilhante e sofrem até à morte. As 17 maiores áreas de pesca do mundo alcançaram e ultrapassaram seus limites naturais no começo da década de 90 do século passado. No mundo inteiro, um terço dos peixes é triturado como ração para outros animais. A cada ano, nas Américas do Sul e Central, 20.000 km² de florestas tropicais são derrubados para criação de pasto. Nada disto é novo, já em seu tempo o famoso cineasta oceanógrafo Jacques-Yves Cousteau nos alertava: “Hoje em dia, o ser humano apenas tem perante si três grandes

problemas que foram ironicamente provocados por ele próprio: o aumento da população, o desaparecimento dos recursos naturais e a destruição do meio ambiente. Triunfar sobre esses problemas, visto sermos nós a sua causa, deveria ser a nossa mais profunda motivação”. Também o conceito de Ética ambiental não é novo, surgiu na década de 60 do século passado, ampliando o conceito de ética para a interacção com a natureza, considerando que a conservação da vida humana está intrinsecamente ligada à conservação da vida de todos os seres. Tomam-se todos os seres como iguais, por conseguinte, o homem não pode continuar a agir de forma predatória em relação aos outros animais e meio-ambiente. Procura-se um desenvolvimento sustentável, isto é, um desenvolvimento que atende às necessidades do presente sem comprometer a capacidade das gerações futuras de atender às suas próprias necessidades. Ele contém dois conceitos-chave: - o conceito de necessidades, em particular as necessidades essenciais dos pobres do mundo, às quais deve ser dada prioridade absoluta; - e a ideia das limitações a serem impostas à nossa organização social tendo em conta a capacidade do meio ambiente de atender às necessidades presentes e futuras; Dito de uma forma simples, o homem deixa de ser dono da natureza para voltar a ser parte da Natureza. Pertencer em vez de possuir, tal como defendia o Grande Chefe índio Seattle. Com 16 meses de vivência em pandemia ainda não teremos aprendido que um modo é sustentável e o outro não?! Inscrições para o Café Filosófico: filosofiamjn@gmail.com * A autora não escreve segundo o acordo ortográfico


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FIOS DE HISTÓRIA

A Viagem das Plantas (1)

- UMA REVOLUÇÃO FEITA DE ESPANTOS

FOTOS D.R.

RAMIRO SANTOS Jornalista ramirojsantos@gmail.com

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ai grande a turbulência das monções naquele mar de regresso. Formosa e acolhedora, é a ilha onde agora aqueles marinheiros vão arribar, vindos de Calecute. De um lado ao outro, o Índico cruza-se em menos de um mês. Para eles, é apenas mais uma etapa de uma viagem que os há-de trazer do fim do mundo. São navegadores e aventureiros dos mares do império, não raras vezes envolvidos “em perigos e guerras esforçados”. Homens de rostos fechados, pele curtida pelo sol e pelo sal, e um coração à prova de bala. Nada que fizesse supor o estremecimento súbito que tomou conta deles soando por todo o navio como uma trovoada seca. Um frémito de emoção que lhes abanou a alma inteira perante o milagre de vida a desabrochar à sua frente na barca onde vinham de regresso a Moçambique. “Trazíamos no chapitéu uma árvore que chamam mangueira, fruta da Índia; pela manhã arrebentou uma folha nova, na viagem o fazia em dez e doze dias, me parece gozava da Primavera dos climas por onde passava”, assim o deixou escrito o padre Jesuíta, António Gomes, testemunha do fenómeno e da transfiguração daqueles corações empedernidos numa comoção de meninos. Os mareantes que tinham instalado a pequena árvore num vaso, aconchegando a terra e regando-a pelas manhãs, podiam ter agora a infinita alegria de presenciarem e viverem, afinal, a maior descoberta das suas viagens. Que assentava na fragilidade de uma planta a nascer, para se reproduzir e rebentar em flor e frutos e permitir mudar definitivamente a paisagem e os costumes dos homens. O simbolismo que essa paixão pela planta da Índia suscitou naquela gente pouco dada a lirismos poéticos, reside no alcance social, económico e cultural que estava a acontecer pela primeira vez à escala global. A circulação, experimentação e troca de árvores, sementes, flores e frutos, que viajando por mares e continentes, tiveram um impacto sem precedentes nas relações comerciais, nos hábitos de consumo e na alimentação de todos os povos. E que está na origem de uma das maiores e mais prodigiosas revoluções de mundialização económica iniciada pelos descobrimentos portugueses.

“A troca de plantas entre continentes, está na origem de uma das maiores e mais prodigiosas rev≠oluções de mundialização económica iniciada pelos descobrimentos portugueses” FOTOS D.R.

Por esse tempo, o mundo dizia-se em português. A língua portuguesa tornara-se a primeira a ser falada em todos os continentes. E essa revolução, feita de espantos e aventuras, ficou eternizada no relato vivo de Fernão Mendes Pinto, um peregrino no outro lado do mundo. Ou nas crónicas do Piloto Anónimo, outro dedicado amigo dos mares. E na carta de Pero Vaz de Caminha, escrita na primeira pessoa e enviada ao rei, de terras de Vera Cruz. O triunfo das plantas acabou, pois, por exercer inevitavelmente uma forte influência nas alterações de poder e nas estruturas económicas dos diversos estados nas mais variadas regiões do planeta, a partir do século XV. Antes disso, já os mouros, provavelmente os mais importantes agentes dessa trocas comerciais, entre a Índia, a África e a Europa, tinham trazido para o Algarve a amendoeira e a figueira, a pereira, o pessegueiro e a laranja amarga, porque a doce só veio no século XVII, da China. A eles se fica a dever também o cultivo da cana de açúcar no Algarve, que D. Afonso III incentivou depois no morgadio de Quarteira, e mais tarde, o Infante D. Henrique, o introduziu na ilha da Madeira, com grandes resultados. Antes do Brasil, onde viria

a assumir um novo paradigma da mundialização económica já numa fase de decadência do comércio das especiarias. Este processo de circulação de novos produtos à escala global, acabou por sentar à mesa o legado gastronómico de povos tão diferentes e tão distantes, num diálogo multicultural que teima em reinventar-se todos os dias sob novas formas de fusão de sabores entre a novidade e a tradição. Basta pensar como seria hoje a nossa alimentação se não conhecêssemos a abóbora, o amendoim, o ananás, a batata, o cacau, o feijão, o girassol, o milho, o pimento e o tomate, trazidos do Brasil! E o tabaco, esse vício que logo se tornou num gesto fino de afirmação social, que trouxemos também do outro lado do Atlântico. Da Ásia e África vieram a pimenta, o gengibre, o cravo, a canela, carregados na Índia e no longínquo oriente, mais o café, a malagueta, a banana, a manga, o coco, a papaia, a melancia, num vai e vem permanente que trouxemos para a Europa e daqui foi para as sete partidas do mundo. O arroz e o chá vieram da China e dados a conhecer pelos portugueses na Europa e no mundo, incluindo o

hábito pontual do chá das cinco em Inglaterra, levado para lá pela portuguesíssima Catarina de Bragança, mulher do rei Carlos II. Para o novo continente americano, levaram os portugueses e os espanhóis, o porco, a vaca, a galinha e os patos que seguiram viagem também nos porões dos barcos para o Japão. Para Moçambique e Angola, a cebola, o alho, o coentro, o pimentão vermelho, a vinha, a cana de açúcar, o milho, o arroz e a batata. E por ser assim, não será motivo de espanto se no outro lado do mundo, encontrar na ementa de uma qualquer cidade do Japão, uns peixinhos da horta, uns carapaus alimados ou em molho de escabeche; em Cochim, na Índia, um sarapatel alentejano, uma cabidela de pato ou uma feijoada de bacalhau em Macau, um caldo à pescador em Malaca, uns pastéis de bacalhau com mandioca em Timor, uma feijoada no Brasil, um cozido em Luanda ou uma jardineira em Maputo. E será sempre difícil alguém adivinhar, como seria hoje a dieta alimentar dos povos, sem a mundialização do comércio e esta troca de plantas e animais. Em dois ou mais sentidos. De todos os lados e de toda a geografia.

Ainda assim, nada que diminua a importância de saber que nas ondas dessa epopeia, o português se havia afirmado como língua franca de poder e de comunicação entre os europeus e os povos das regiões costeiras do imenso império do oriente. E se, por exemplo, é verdade que em Tanegashima, no Japão, os portugueses deram a conhecer as armas de fogo - a pólvora e a espingarda - , também é um facto que lá deixaram a tipografia e o livro impresso. E no Vietname, com os hieróglifos de símbolos da grande China ao lado, acabou por se impôr o legado da escrita alfabética latina introduzida pelo trabalho espantoso dos jesuítas portugueses. Sem esquecer que pelas plantas se conheceram ganhos e avanços significativos na medicina curativa, com a descoberta de novas drogas que Garcia de Orta, médico, reputado investigador e cientista da época, resumia assim: “Digo que se sabe agora mais em um dia pelos portugueses do que se sabia em cem anos pelos romanos”. Fontes: “A Viagem das Plantas”, Filomena Tapada e M. Bettencourt; Plantas e Conhecimentos no Mundo”, A. Margarido e Isabel Castro Henriques; outras


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CADERNO ALGARVE

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NECROLOGIA REGIÃO

GABRIEL A DA ENCARNAÇÃO

AMÉRICO ROSADO DOS R AMOS

MARIA TERESA DOMINGAS GONÇALVES

02-10-1922 19-05-2021

10-03-1942 19-05-2021

19-10-1929 19-05-2021

Os seus familiares vêm por este meio agradecer a todos quantos se dignaram acompanhar o seu ente querido à sua última morada ou que, de qualquer forma, lhes manifestaram o seu pesar.

Os seus familiares vêm por este meio agradecer a todos quantos se dignaram acompanhar o seu ente querido à sua última morada ou que, de qualquer forma, lhes manifestaram o seu pesar.

Os seus familiares vêm, por este meio, agradecer a todos quantos a acompanharam em vida e nas suas cerimónias exéquias ou que de algum modo lhes manifestaram o seu sentimento e amizade.

SANTA MARIA - TAVIRA SANTA MARIA E SANTIAGO - TAVIRA

BORDEIRA - ALJEZUR CONCEIÇÃO E CABANAS DE TAVIRA - TAVIRA

SANTA MARIA - TAVIRA SANTA MARIA E SANTIAGO - TAVIRA

Agência Funerária Santos & Bárbara, Lda.

Agência Funerária Santos & Bárbara, Lda.

Agência Funerária Santos & Bárbara, Lda.

VALDEMAR JOSÉ FERREIR A CARDOSO

MARIA JOAQUINA GONÇALVES

MARIA NATÁLIA GOMES PEREIR A

12-10-1939 22-05-2021

12-02-1937 23-05-2021

27-07-1936 24-05-2021

Os seus familiares vêm, por este meio, agradecer a todos quantos o acompanharam em vida e nas suas cerimónias exéquias ou que de algum modo lhes manifestaram o seu sentimento e amizade.

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ODIVELAS - LOURES SANTA MARIA E SANTIAGO - TAVIRA

CACHOPO - TAVIRA SANTA MARIA E SANTIAGO - TAVIRA

CONCEIÇÃO - TAVIRA CONCEIÇÃO E CABANAS DE TAVIRA - TAVIRA

Agência Funerária Santos & Bárbara, Lda.

Agência Funerária Santos & Bárbara, Lda.

Agência Funerária Santos & Bárbara, Lda.

MANUEL REINALDO DO NASCIMENTO DA CRUZ

ORL ANDINO DOS R AMOS VIEGAS RODRIGUES

ANA ROSA DA CONCEIÇÃO

31-12-1951 26-05-2021

30-03-1958 28-05-2021

28-06-1940 29-05-2021

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CONCEIÇÃO - TAVIRA CONCEIÇÃO E CABANAS DE TAVIRA - TAVIRA

SANTIAGO - TAVIRA SANTA MARIA E SANTIAGO - TAVIRA

SANTIAGO - TAVIRA SANTA MARIA E SANTIAGO - TAVIRA

Agência Funerária Santos & Bárbara, Lda.

Agência Funerária Santos & Bárbara, Lda.

Agência Funerária Santos & Bárbara, Lda.


CADERNO ALGARVE

Postal, 18 de junho de 2021

A NÚNCIOS REGIÃO Bruno Filipe Torres Marcos Notário Cartório Notarial em Tavira EXTRATO DE ESCRITURA DE JUSTIFICAÇÃO CERTIFICO, para efeitos de publicação, nos termos do artigo 100.º do Código do Notariado que, por escritura pública de justificação, outorgada em 15.06.2021, exarada a folhas 142 e seguinte do competente Livro n.º 182-A, que: - Felismina Martins Viegas, natural da freguesia de Santa Catarina da Fonte do Bispo, concelho de Tavira, e marido Custódio Libório Lopes, NIF 128392207, natural da freguesia de Moncarapacho, concelho de Olhão, casados, residentes em Estiramantens, caixa postal 621, Santo Estêvão, 8800-504 Tavira;

www.

- Declararam ser donos e legítimos possuidores, com exclusão de outrem, do prédio misto, sendo a parte rústica composta por terra de cultura com diverso arvoredo, e a parte urbana composta por edifício térreo, com diversos compartimentos, destinado a habitação, com a área total de 27.939,00 m2, sendo a área coberta de 145,00 m2 e descoberta de 27.794,00 m2, que confronta do norte com Joaquim António e outro, do sul com Maria da Conceição Pires Martins Romão e outro, do nascente com o limite da freguesia e concelho e outro e do poente com herdeiros de Maria da Cruz Pacheco, sito em Foupana, Barrocais, na freguesia de Santa Catarina da Fonte do Bispo, concelho de Tavira, inscrito na matriz predial rústica sob o artigo 49249 e na matriz predial urbana sob o artigo 3471 (ambos em nome de Felismina Martins Viegas), com os valores patrimoniais tributários, respetivamente de 2.101,23 € e 20.240,00 €, não descrito na Conservatória do Registo Predial;

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- Tendo alegado para o efeito que este prédio, com a indicada composição e área, veio à sua posse, no ano de 1990, por partilha meramente verbal e nunca reduzida a escritura pública, feita por óbito de José Martins Viegas, que também usava e era conhecido por José Viegas Martins e José Martins e mulher Maria do Carmo, que também usava e era conhecida por Maria Gertrudes Pires, que foram casados sob o regime de comunhão geral de bens, residentes que foram nas Hortas, Santa Catarina da Fonte do Bispo, Tavira;

MARIA DOS PR A ZERES DO CARMO JESUS 21-07-1934 02-06-2021 Os seus familiares vêm, por este meio, agradecer a todos quantos a acompanharam em vida e nas suas cerimónias exéquias ou que de algum modo lhes manifestaram o seu sentimento e amizade. SANTA MARIA - TAVIRA SANTA MARIA E SANTIAGO - TAVIRA

Reze 9 Ave-Marias com uma vela acessa durante 9 dias, pedindo 3 desejos, 1 de negócios e 2 impossíveis ao 9º dia publique este aviso, cumprir-se-á mesmo que não acredite. C.G.

- Que, porém, desde aquele ano, portanto há mais de vinte anos, de forma pública, pacífica, contínua e de boa-fé, ou seja, com o conhecimento de toda a gente, sem violência nem oposição de ninguém, reiterada e ininterruptamente, na convicção de não lesarem quaisquer direitos de outrem e ainda convencidos de serem os únicos titulares do direito de propriedade sobre o identificado prédio, o qual mantem desde sempre a mesma área, incluindo a totalidade da sua parte rústica – usufruindo da mesma, cultivando-a, tratando das árvores e recolhendo os frutos, tendo já chegado a fazer obras de reparação e conservação necessárias no prédio urbano, suportando os encargos ou despesas com a sua manutenção, e pagando contribuições e impostos devidos – em nome próprio e sem oposição de ninguém, reiterada e ininterruptamente, na convicção de não lesarem quaisquer direitos de outrem, e ainda convencidos de serem titulares do respetivo direito de propriedade e assim o julgando as demais pessoas, pelo que, tendo em consideração as referidas características de tal posse, adquiriram o referido prédio misto por USUCAPIÃO, o que invocam. Tavira e Cartório, em 15 de junho de 2021. O Notário, Bruno Filipe Torres Marcos

Agência Funerária Santos & Bárbara, Lda.

Reze 9 Ave-Marias com uma vela acessa durante 9 dias, pedindo 3 desejos, 1 de negócios e 2 impossíveis ao 9º dia publique este aviso, cumprir-se-á mesmo que não acredite. G.F.

(POSTAL do ALGARVE, nº 1266, 18 de Junho de 2021)

MANUEL SILVA CUNHA LEITE

JOSÉ ALFREDO SILES

FLORIVAL GOMES CUSTÓDIO

21-03-1962 04-06-2021

20-12-1929 05-06-2021

27-07-1939 08-06-2021

Os seus familiares vêm por este meio agradecer a todos quantos se dignaram acompanhar o seu ente querido à sua última morada ou que, de qualquer forma, lhes manifestaram o seu pesar.

Os seus familiares vêm por este meio agradecer a todos quantos se dignaram acompanhar o seu ente querido à sua última morada ou que, de qualquer forma, lhes manifestaram o seu pesar.

Os seus familiares vêm, por este meio, agradecer a todos quantos o acompanharam em vida e nas suas cerimónias exéquias ou que de algum modo lhes manifestaram o seu sentimento e amizade.

FREIXO DE BAIXO - AMARANTE SANTA MARIA E SANTIAGO - TAVIRA

CONCEIÇÃO - TAVIRA CONCEIÇÃO E CABANAS DE TAVIRA - TAVIRA

CONCEIÇÃO - TAVIRA CONCEIÇÃO E CABANAS DE TAVIRA - TAVIRA

Agência Funerária Santos & Bárbara, Lda.

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ALCINDA DUARTE DA SILVA

MARIA BEBIANA CANCEIR A MARÇAL RODRIGUES

VITOR MANUEL TEIXEIR A DA SILVA

02-02-1929 10-06-2021

17-03-1937 10-06-2021

14-05-1962 13-06-2021

Os seus familiares vêm por este meio agradecer a todos quantos se dignaram acompanhar o seu ente querido à sua última morada ou que, de qualquer forma, lhes manifestaram o seu pesar.

Os seus familiares vêm, por este meio, agradecer a todos quantos a acompanharam em vida e nas suas cerimónias exéquias ou que de algum modo lhes manifestaram o seu sentimento e amizade.

Os seus familiares vêm, por este meio, agradecer a todos quantos o acompanharam em vida e nas suas cerimónias exéquias ou que de algum modo lhes manifestaram o seu sentimento e amizade.

TALHADAS - SEVER DO VOUGA SANTA MARIA E SANTIAGO - TAVIRA

SANTIAGO - TAVIRA SANTA MARIA E SANTIAGO - TAVIRA

BENGUELA - ANGOLA SANTA LUZIA - TAVIRA

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Conta registada sob o n.º 2/1825.

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A clínica dentária Yo Clinic foi inaugurada esta quinta-feira à tarde, em Quarteira, e aposta na Medicina Dentária Estética, Medicina Estética Facial, Implantologia, Ortodontia e formação prática de auxiliares de Medicina Dentária. Trata-se de um espaço com assinatura da sua fundadora Iolanda Sousa, mestre em Medicina Dentária, o que a responsabiliza e desafia a dar o melhor a esta comunidade e a todos que precisarem dos serviços enquanto instituto clínico. Este é um projeto apoiado numa equipa multidisciplinar, de médicos, selecionada pela sua excelência e dedicação a uma visão de qualidade e de cuidados médicos diferenciados. Segundo a Yo Clinic, é um instituto, "porque tem também uma componente de formação de auxiliares de ação médico-dentária, uma valência educacional certificada que pretende contribuir para o enriquecimento da comunidade, como também clínica porque agregamos diversas especialidades no âmbito da medicina dentári2.

Recolha de embalagens de cartão da Algar vai ajudar instituição de Lagos O concurso “Melhor desempenho, melhor Reciclagem” lançado pela Tetra Pak e a Sociedade Ponto Verde, vai apoiar uma instituição de cariz social indicada pelo Sistema de Gestão de Resíduos que, em 2021, registar maior aumento percentual de Embalagens de Cartão para Alimentos Líquidos encaminhados para reciclagem, face ao ano de 2020. A Algar, enquanto Sistema responsável pela Gestão dos Resíduos na região do Algarve e participante neste concurso, decidiu indicar a “NECI - Núcleo Especializado para o Cidadão Incluso”, para beneficiar deste prémio, estabelecido em 10.000 euros, caso a Algar consiga, com a ajuda de todos, encaminhar maior quantidade de embalagens de cartão para alimentos líquidos vazias (genericamente conhecidas por pacotes de bebidas). "O sucesso desta iniciativa depende totalmente da participação de toda a população", destaca a Algar.

Dia da Cidade vai ser assinalado em Tavira com entrega de medalhas No dia 24 de junho, o Município de Tavira assinala mais um Dia da Cidade, com a atribuição de medalhas de bons serviços e dedicação aos funcionários com 20 e 30 anos de serviço e de mérito municipal. As comemorações integram, pelas 10:30, o hastear das bandeiras, nos Paços do Concelho, seguindo-se a sessão solene, pelas 10:45, no Mercado da Ribeira. A cerimónia contempla a distinção de três trabalhadores com medalhas de bons serviços e dedicação grau prata (30 anos de serviço) e quatro funcionários com medalhas de bons serviços e dedicação grau cobre (20 anos de serviço). A autarquia homenageia, ainda, com medalha municipal de mérito grau ouro, prata e cobre ilustres cidadãos e entidades que se destacaram pelo trabalho meritório desenvolvido em prol do concelho. As celebrações deste dia encerram, no Parque do Palácio da Galeria, pelas 22:00, com o concerto de Homens do Sul – Vitorino Salomé & Zé Francisco. Este trabalho é considerado, simultaneamente, um concerto, uma tertúlia, um convite e um disco, o qual contou com o apoio da autarquia tavirense. O concerto tem entradas gratuitas.

INICIATIVA DA UNIVERSIDADE DO ALGARVE

Últimas

Selo "Empresa Amiga" vai ajudar estudantes a encontrar part-time Universidade do Algarve está a desenvolver o projeto “Empresa Amiga dos Estudantes da UAlg”, com o objetivo de os auxiliar na procura de uma atividade profissional em parttime, que lhes permita alguma rentabilidade financeira, conciliável com a vida académica. A concretização desta iniciativa passa pela assinatura de uma Carta de Compromisso entre a Universidade do Algarve e a empresa inte-

ressada em participar nesta iniciativa. Nesta carta, a empresa participante assume o compromisso de, para além das obrigações previstas na lei, proporcionar aos estudantes um enquadramento e ambiente profissional que permita compatibilizar a atividade profissional com os estudos. À empresa é-lhe conferido o direito de utilizar o selo “Empresa amiga dos estudantes da UAlg”, o qual poderá ser utilizado em todos os seus materiais de comunicação, servindo como símbolo de reconhe-

Negócio Vale de Lobo: Armando Vara colocou 1,6 ME na Suíça Um inspe-

tor tributário declarou esta quarta-feira em julgamento que o ex-ministro Armando Vara colocou 1,6 milhões de euros em numerário em contas na Suíça e utilizou sociedades 'offshore' como "tampão" para "esconder ou ocultar" a origem do dinheiro. O inspetor explicou como foi realizada uma transferência de um milhão de euros em benefício de Vara, através do cidadão holandês Van Dooren, ligado ao empreendimento Vale de Lobo, no Algarve, mas "através de uma conta bancária que tinha sido alimentada" pelo ex-administrador do Grupo Lena Joaquim Barroca.

cimento deste compromisso no âmbito da política de responsabilidade social. Já se inscreveram mais de uma centena de estudantes da UAlg para participar neste projeto, no qual participam várias dezenas de empresas da região do Algarve, entre as quais o Postal do Algarve. As empresas interessadas deverão contactar o Gabinete Alumni e Saídas Profissionais (GASP), através do seguinte e-mail: alumni@ualg.pt Também os estudantes interessados poderão inscrever-se através de um formulário.

Sazonalidade: Apostar nos eventos e no golf A

PORTIMÃO VAI ADQUIRIR CASAS DEVOLUTAS

secretária de Estado do Turismo reiterou esta quarta-feira que a solução para o problema da sazonalidade no setor passa por “vender Portugal não só como destino de sol e praia”, mas apostar na promoção de um destino turístico para eventos. A secretária de Estado destacou também o golf como um fator de atração turística, lembrando que, no Algarve, é aquele desporto que permite que vários hotéis se mantenham abertos, entre outubro e maio.

FOTO D.R.

Clínica Dentária Yo Clinic inaugurada em Quarteira

700.000 EUROS A Câmara de Portimão

aprovou por unanimidade a proposta de aquisição de um conjunto de casas na zona do Largo do Dique e Jardim 1º de Dezembro pelo valor de 700 mil euros, visando a criação de um corredor rodoviário que ligará o Largo do Dique e a Rua Júdice Biker, com o objetivo de aumentar o escoamento de trânsito neste ponto nevrálgico da cidade. Segundo a autarquia, "o principal propósito é facilitar o tráfego rodoviário da zona, permitindo que seja criada uma nova saída da cidade, pois o conjunto de imóveis tem duas frentes". Por sua vez, com esta alteração, "quem entrar em Portimão pode continuar a circular pela Rua Direita, como

Abacate do Algarve registado como marca para disciplinar O abacate do Algarve vai ser registado como marca, processo que vai permitir disciplinar a comercialização daquele fruto, na sequência de um pedido de registo efetuado por uma associação empresarial algarvia, foi anunciado esta quarta-feira. A marca, que deverá tornar-

Albufeira: GNR detém suspeitos por tráfico de droga A Guarda Nacio-

acontece na atualidade, ou poderá utilizar a Rua Júdice Biker, que voltará a ser uma artéria de entrada, como era há vários anos". Com frentes para o Largo do Dique e para o Largo 1º de Dezembro, o prédio em causa está localizado em zona consolidada do centro urbano de Portimão e corresponde a um lote de terreno com a área de 1.018 m2, apresentando-se em mau estado de conservação. A proposta vai agora ser submetida à Assembleia Municipal de Portimão, que deverá deliberar sobre a autorização para a aquisição do imóvel em apreço, que será posteriormente demolido para que seja erguida uma nova rua.

-se efetiva no início de julho, implica o cumprimento de um conjunto de regras por parte dos produtores, que incorrem em penalizações caso não cumpram as especificações previstas, adiantou Ana Soeiro, diretora executiva da associação Qualifica/oriGIn Portugal. A marca, que vai

ser gerida pela associação Algfuturo, “já foi pedida, já foi publicada, e no dia 7 de julho, em princípio, será tornada definitiva”, explicou aquela responsável aos jornalistas, à margem da sessão de apresentação da marca e de um estudo sobre a cultura de abacate na região.

Distribuição quinzenal nas bancas do Algarve

nal Republicana deteve, em Albufeira, dois homens, de 19 e 22 anos, suspeitos por traficarem estupefacientes e apreendeu 35 doses de haxixe, duas armas e várias munições. A detenção ocorreu na segunda-feira no âmbito de uma operação policial desencadeada por uma denúncia a alertar para “uma viatura suspeita que estava estacionada no mesmo local há vários dias. A existência de movimentações suspeitas em torno da viatura evidenciaram que se tratava de um local onde era transacionado produto estupefaciente”.

Escolas: Há 16 surtos nas escolas no Algarve Tiragem desta edição

8.723 exemplares

POSTAL regressa a

9 de julho

Na Região do Algarve, estão 235 em quarentena: 211 alunos (entre os quais 19 crianças com menos de seis anos), 16 professores e oito auxiliares. Há surtos em 16 das 250 escolas existentes na região, segundo apurou esta terça-feira o jornal "Público".


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