POSTAL 1264 7MAI2021

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Interdita venda na distribuição quinzenal com o jornal

7 de maio de 2021 1264 • €1,5

Diretor: Henrique Dias Freire Quinzenário à sexta-feira

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E ainda

SEMINÁRIO INTERNACIONAL DEBATEU COM EMPRESÁRIOS

André Ventura quer conquistar uma das câmaras do Algarve

Passado um ano, a situação continua frágil e os dados oficiais apontam que desde 1950 nunca houve um ano tão mau para o turismo como 2020. A FIDESTRA - Associação para

Veio ao Algarve apresentar os candidatos do Chega a 11 das 16 câmaras do distrito e espera ter na região um dos seus melhores resultados nas autárquicas. P3

Condenada a pena máxima pela morte de Diogo Gonçalves

Tribunal decidiu condenar Maria Malveiro a 25 anos de prisão, e Mariana Fonseca a quatro anos, decretando a sua restituição imediata à liberdade. P6

Algarve foi a região mais apoiada, diz ministro Siza Vieira garante que vai continuar a bater-se por uma “atenção especial” ao Algarve, mas salienta que esta terá sido já a região que mais apoios recebeu proporcionalmente à sua dimensão económica. P4

Radiografia do Turismo a Formação, Investigação e Desenvolvimento Social dos Trabalhadores, juntamente com o EZA e com o apoio da União Europeia, organizou o Seminário Internacional “Impacto da

pandemia de coronavírus no emprego e nos assuntos sociais - Setor de turismo: o rosto da precariedade laboral”, cuja reflexão prentendeu sensibilizar quem tem poder de decisão.

💢 Problema não é propriamente a Covid 19. É a forma como se lidou com o vírus 💢 Ano de 2020 foi o colapso. A derrocada total que todos nós conhecemos 💢 Passámos de um mercado de porta aberta para um mercado digital 💢 Fomos abandonados. Há um ano que nos lamentamos 💢 Setor foi humilhado pelo Governo P8 e 9

LAGOS NA ROTA DO COMÉRCIO DE ESCRAVOS Foi o primeiro entreposto europeu do comércio negreiro POR RAMIRO SANTOS

CS19

www.hpz.pt

Funeral de Dinis Pires realiza-se no sábado P5

O Algarve recebe muito menos do que dá ao país A região recebe apenas 1,7% do plano até 2026

Lídia Jorge vence Grande Prémio de Crónica

Longe dos 5% do que representa para a economia nacional

Foi a vencedora do Grande Prémio de Crónica e Dispersos Literários, da Associação Portuguesa de Escritores, com o livro “Em Todos os Sentidos". P21

Nove meses depois Algarve sem plano de emergência

Pelo menos 25 imóveis terão sido usurpados

Decretada prisão preventiva a um dos sete detidos por suspeitas de apropriação fraudulenta de imóveis em vários locais do Algarve, através do recurso a usucapião. P7

Setores mais atingidos pela crise sem verbas previstas

POR JORGE QUEIROZ

Algarve na História Cultural:

a expansão marítima e o mito henriquino CS17 POR SAÚL NEVES JESUS

O trabalho dos profissionais de saúde pode ser valorizado CS15 através da arte?

POR SAÚL JORGE LOPES

A emoção da fotografia de rua

CS17

POR MARIA JOÃO NEVES

Os Novos Dinossauros

CS18

Hospital central, EN125 e ligação ao aeroporto não estão contempladas nos investimentos do Estado

POR PAULO SERRA

Da Meia-Noite às Seis, de Patrícia Reis

Klara e o Sol, de Kazuo Ishiguro

CS16

Entrevista a DAVID SANTOS Presidente do PSD Algarve P12 a 13


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CADERNO ALGARVE

Postal, 7 de maio de 2021

NACIONAL NOVA DELEGAÇÃO EM SÃO JOÃO DA MADEIRA Redação, Administração e Serviços Comerciais Rua Dr. Silvestre Falcão, 13 C 8800-412 Tavira - ALGARVE Tel: 281 405 028

Timing faz forte aposta no setor industrial FOTO D.R.

Publisher e Diretor Henrique Dias Freire Diretora Executiva Ana Pinto

REDAÇÃO

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Tiragem desta edição

7.193 exemplares

C

onhecida por se ter rapidamente implementado em Portugal, num setor onde os players de maior relevância são na sua maioria os mesmos desde há alguns anos, a empresa de trabalho temporário Timing – que completou seis anos no passado dia 15 de abril – e que conta com 11 delegações espalhadas por todo o país (a maioria na região do Algarve), deu início ao seu plano de

expansão 2021-2025, na zona Norte de Portugal. A assinalar o seu 6.º aniversário, a Timing inaugurou esta terça-feira a sua delegação de São João Da Madeira, no distrito de Aveiro. Esta empresa que conta com uma forte presença em diversos setores, desde a hotelaria, à construção, retalho, logística, entre outros, encontra-se agora a fazer uma aposta forte no setor industrial.

“Devido ao visível aumento de pedidos de recrutamento neste setor (indústria), e na nossa recente criação de um departamento especializado no mesmo, fomos com muita satisfação obrigados a estar presentes no distrito de Aveiro, uma das zonas do nosso país onde a indústria tem um maior destaque”, salienta Andreia Pereira, coordenadora de recursos humanos na Timing. Andreia acrescenta ainda que “con-

vidamos desde já toda a população local, que esteja sem emprego ou que procure novas oportunidades, a visitar as nossas instalações junto à Câmara Municipal, por forma a que possam candidatar-se às várias ofertas de emprego que temos”. “Temos como princípio prestar um serviço rápido, profissional e diferenciador, e que vá totalmente de encontro às reais necessidades dos nossos clientes, assim como dos nossos funcionários, que são vistos por nós como os embaixadores da nossa marca. O nosso principal objetivo nesta fase de crescimento passa por consolidar a operação em todas as zonas onde estamos bem implementados e expandir na zona Centro e Norte do País, com a expectativa de inaugurar no mínimo uma nova delegação por ano entre 2021 e 2025”, afirma o CEO da empresa, Ricardo Mariano. O setor do trabalho temporário tem apresentado significativas taxas de crescimento em Portugal e na Europa, principalmente na última década, e é cada vez mais visto com bons olhos tanto pelas empresas como pelos trabalhadores....

Renovação automática do cartão de cidadão já é permitida para maiores de 25 anos Portugueses com 25 anos ou mais já podem, desde quarta-feira, beneficiar da renovação automática do cartão de cidadão, recebendo pelo correio os códigos PIN e o cartão renovado "Se não precisarem de alterar o nome, assinatura, fotografia, morada ou contactos, devem fazer o pagamento da referência multibanco no prazo indicado e receberão o novo cartão em casa", anunciou o Ministério da Justiça (MJ) em comunicado, que explica que uma carta com os códigos PIN e a referência para pagamento da renovação será enviada 60 dias antes do fim da validade do cartão de cidadão. A renovação automática do cartão

de cidadão, que anteriormente implicava a confirmação por mensagem SMS, agora é "feita de forma espontânea" com o envio automático da carta PIN, permitindo "evitar deslocações a um balcão de atendimento para renovar e levantar o cartão", acrescenta o comunicado. O MJ salienta que o processo automático de renovação do cartão de cidadão "vai permitir a criação de mais vagas no atendimento presencial para os cidadãos, menores de 25 anos ou sujeitos ao regime do maior acompanhado, que, necessariamente, têm de usar este canal presencial para renovar o seu cartão". "Após a receção da carta PIN e pagamento da referência multibanco, o cartão de cidadão será enviado por correio para a morada do seu titular", esclarece o MJ, notando que

por razões de segurança, é entregue exclusivamente ao próprio titular, mediante identificação pessoal, que pode ser o cartão de cidadão caducado. "O cidadão que não esteja em casa no momento da entrega deverá levantar o seu cartão de cidadão numa Loja CTT, indicado no aviso deixado na caixa de correio. Caso o cidadão não levante o seu cartão de cidadão da loja CTT este irá ser enviado para o balcão do IRN indicado na carta PIN, onde poderá levantá-lo após agendamento prévio", adianta ainda. Está também disponível, desde 21 de abril, o envio do cartão de cidadão para o domicílio nas renovações online e presencial. Até agora as renovações online e presencial apenas permitiam o levantamento do cartão de cidadão no balcão indicado na

carta PIN e mediante agendamento. Com esta nova funcionalidade, os cidadãos que renovem online ou presencialmente podem optar pela entrega na morada de casa, através de correio registado e sem custos adicionais. Segundo o MJ, desde 25 de setembro de 2020 já foram entregues por correio mais de 350 mil cartões de cidadão. A taxa de sucesso da entrega postal é superior a 94%. O MJ informou ainda que foi também alargada a oferta de renovação presencial, sendo possível renovar o cartão de cidadão em 591 Espaços Cidadão e fazer o levantamento em 62 destes balcões. Em 2021, os Espaços Cidadão já renovaram cerca de 50.000 cartões do cidadão e entregaram cerca de 10.500.


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POLÍTICA FOTO D.R.

DESCONFINAMENTO

Portimão segue para a fase seguinte

AUTÁRQUICAS

André Ventura quer conquistar uma das 16 câmaras do Algarve Veio ao Algarve apresentar candidatos do Chega a 11 das 16 câmaras do distrito. André Ventura espera ter no Algarve um dos seus melhores resultados nas próximas eleições e ambiciona conquistar uma das câmaras municipais da região À margem da apresentação da distrital do partido em Faro, o presidente do partido André Ventura reconheceu esta segunda-feira a dificuldade em conquistar uma câmara para o partido, mas, questionado pelo jornalistas, revelou ser um dos objetivos para as próximas autárquicas. “Sim, ambicionamos, vamos ver, não vou estar agora a dizer qual

será, se Vila do Bispo, Portimão ou Albufeira, mas é um objetivo que gostava de ver concretizado”, assumiu. O deputado revelou ter “noção da dificuldade” e da especificidade das eleições autárquicas mas realçou o “valor” do partido” e do “projeto autárquico” que construíram e apontou que pode haver “uma boa surpresa” acreditando que será no Algarve que terá “o melhor resultado do país”. No entanto, realçou que o objetivo principal é a “implantação do partido em toda a região” e que todos os concelhos tenham “um elemento do Chega”. O presidente do partido assumiu que foi estabelecida a meta de estarem nas autárquicas “ao nível da sondagens” e apontou que o Algarve é a

região de país onde o Chega “mais tem crescido” e a aposta autárquica teria de ser “em consonância com esse crescimento”. “É uma meta ambiciosa de estar logo a seguir aos dois primeiros partidos e no Algarve temos todas as condições para isso, aliás em alguns casos sabemos mesmo que estamos à frente do PSD” apontou. No dia que o partido apresentou em Faro os 11 candidatos algarvios às eleições autárquicas, André Ventura referiu que a intenção de hoje é “dar o pontapé de saída” com estas candidaturas e espera regressar ao Algarve para apresentar os cabeças de listas aos restantes seis concelhos. O presidente do Chega defendeu que a crise pandémica e as suas consequências na economia da região

com “problemas muito específicos” mereceu a atenção do partido e afirmou esperar que os algarvios saibam reconhecer “quem os acompanhou” nas eleições autárquicas.

Candidatos do Chega às próximas eleições autárquicas no Algarve Albufeira: Raquel Rodrigues Faro: Custódio Guerreiro Lagoa: Hernâni Sousa Lagos: Delano Chiattone Loulé: Fernando Santos Olhão: Ricardo Moreira Portimão: Carlos Natal Silves: José Paulo Sousa Tavira: Pedro Ferreira Vila do Bispo: João Graça Vila Real de Santo António: David Costa

A presidente da Câmara de Portimão, Isilda Gomes, reuniu-se na passada sexta-feira com o primeiro-ministro para reivindicar uma reavaliação da regra “iníqua” utilizada pelo Governo para decidir que concelhos prosseguem para a última fase de desconfinamento e que “não sirva para parametrizar a necessidade de efetuar esse confinamento”. “Amanhã [sábado], creio que a partir de amanhã, vamos ficar abaixo dos 120 [contágios por 100.000 habitantes] e o que queríamos era que, de facto, houvesse um desconfinamento automático”, explicitou Isilda Gomes, acrescentando que o município continua “a ser penalizado”, já que só “a partir de quinta-feira será feita a reavaliação”, que passou a ser semanal e não quinzenal. Contudo, segundo a autarca, António Costa rejeitou a proposta, mas referiu que em maio deverá haver uma revisão da regra que atualmente define a que velocidades estão os concelhos de Portugal continental. Ainda assim, Isilda Gomes estava segura de que Portimão seguiria para a fase seguinte do desconfinamento: “Se tudo se mantiver como até agora, e nós, de facto, estamos numa descida muito significativa, temos uma grande quebra [no número de casos ativos], e se isto continuar a acontecer, obviamente que acreditamos que na quinta-feira possamos sair deste confinamento”, situação que veio a verificar-se. De acordo com os dados divulgados pelo município, Portimão contabilizou diariamente, durante a presente semana, sempre um número inferior ao limite de 67 casos ativos de infeções por Covid-19 no concelho, tendo por base os 120 por 100 mil habitantes.

PCP: Requalificação da EN 125 continue a ser paga sem estar feita

O

PCP/Algarve lamentou esta semana que, com “as obras paradas”, haja “muitos milhões de euros a caminho dos bolsos dos acionistas do concessionário privado” ao qual o Governo PS liderado por José Sócrates concessionou em 2009 a requalificação da EN 125 ao abrigo de uma Parceria Público Privada. “No final do mês de março, por decisão do Tribunal Arbitral, a empresa pública Infraestruturas de Portugal foi condenada a pagar no imediato mais de 30 milhões de euros à concessionária RAL [Rotas do Algarve

Litoral], acrescido de um valor mensal de quase 1,2 milhões de euros até à decisão da causa principal”, referiu o partido em comunicado. A mesma fonte criticou também o Governo por considerar que sem a participação de privados e a concessão à RAL “não seria possível executar a obra”, quando a realidade mostra que o troço entre Olhão e Vila Real de Santo António foi retirado da empreitada inicial e esta decisão criou “um imbróglio jurídico com consequências desastrosas para o erário público e para a Infraestruturas de Portugal”, argumentou.

“Esta decisão do Tribunal Arbitral só possível na base de leis e contratos – da responsabilidade de PS, PSD e CDS -, que protegem os interesses do grupos económicos privados em vez dos nacionais, decorre da contestação por parte da RAL do processo de renegociação do contrato de concessão efetuado durante o Governo PSD/CDS e de decisões do Tribunal de Contas”, lê-se na nota. Por outro lado, prossegue o PCP, há uma “atitude de submissão do Governo PS que, não só tem cedido à chantagem da RAL, como continua a deixar o Algarve sem a obra que pre-

cisa”. O PCP advertiu que os valores pagos até agora por decisão do Tribunal Arbitral podem não ficar por aqui e onerar ainda mais a Infraestruturas de Portugal e os contribuintes, porque a concessionária, “para além de tudo quanto já recebeu, está ainda a reclamar mais 445 milhões de euros ao Estado”. Para a estrutura regional do Algarve do partido, as PPP são um “embuste” e um “roubo”, defendendo que a situação deve servir de exemplo para o futuro. “Perante esta situação, impõe-se desde logo aprender a lição e abolir as Parcerias Público Privadas como

opção de investimento, que têm sugado e estão a sugar importantes recursos públicos do País, como se verifica também na Via do Infante [A22] e na cobrança de portagens”, sustentou o partido. Em janeiro, o PCP já tinha advertido para as consequências que a concessão da requalificação da EN125 poderia representar para o Estado, depois, em 2013, o Governo ter retirado do âmbito da subconcessão os troços entre Olhão e Vila Real de Santo António, passando-os novamente para a Infraestruturas de Portugal, solução contestada na justiça pela RAL.


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Breves

Hoteleiros consideram “urgente” reabertura de fronteiras A Associação de

Hotelaria de Portugal (AHP) considera “urgente a reabertura de fronteiras" e apela a que o plano de retoma para o turismo anunciado pelo Governo reforce a capitalização de empresas. De acordo com a associação, “estas propostas integram o Plano ‘SOS Hotelaria’ da AHP, que visa assegurar a sobrevivência da Hotelaria, a atividade do Turismo que apresentou a maior quebra de receitas”. A AHP recorda “a recente proposta da Comissão Europeia, que recomenda aos Estados-membros que permitam a realização de viagens por razões não essenciais para todas as pessoas vacinadas, com teste covid-19 negativo e provenientes de países com uma boa situação epidemiológica”. Citado na mesma nota, Raul Martins, presidente da associação, disse que aguarda “que o Governo levante as medidas restritivas do tráfego aéreo nas condições propostas pela Comissão Europeia”. “Quase 90% dos nossos turistas chegam por via aérea e esta é uma condição essencial para o início da recuperação da hotelaria e do turismo”, garantiu.

COVID-19

Ministro da Economia diz que Algarve foi a região mais apoiada FOTO D.R.

Diversão itinerante pede retoma urgente da atividade Empresários do setor da

diversão itinerante manifestaram-se esta quarta-feira junto ao Ministério da Economia, em Lisboa, para exigir a retoma urgente da atividade, considerando que há “um braço de ferro” entre as Câmaras Municipais e o Governo. “Não compreendemos como estão a acontecer espetáculos em sala fechada, não conseguimos entender. E nós, ao ar livre, com um plano de contingência, não podemos trabalhar. É discriminação”, afirmou o presidente da Associação dos Profissionais Itinerantes Certificados (APIC). Luís Paulo Fernandes falava durante a concentração que juntou dezenas de empresários vindos de todo o país, que empunhavam vários cartazes. Acusando o Governo de negligência, o representante explicou que já estão a ser assinados contratos com os municípios para recomeçarem a laborar, mas, recordou, têm sido bloqueados pela tutela.

O ministro da Economia, Siza Vieira, garantiu esta quarta-feira que vai continuar a bater-se por uma “atenção especial” ao Algarve no âmbito da crise pandémica, mas salientou que esta é já a região que mais apoios recebeu proporcionalmente à sua dimensão económica “Acho que o Algarve já foi beneficiário de apoios importantes. Foi talvez a região que, em termos proporcionais à dimensão da sua economia, mais apoios recebeu neste último ano, mas continuo a pensar que precisamos de [lhe] continuar a dedicar atenção nos próximos tempos”, disse Pedro Siza Vieira durante uma audição regimental na Comissão de Economia, Inovação, Obras Públicas

e Habitação. Segundo precisou o ministro, “no seu conjunto, as empresas algarvias já receberam a fundo perdido 233 milhões de euros nos vários setores de atividade e com os vários tipos de apoios”. “Só no setor do turismo – precisou entre apoios a fundo perdido e linhas de crédito, as empresas algarvias receberam 353 milhões de euros de financiamento”, avançou. Ainda assim, o ministro de Estado, da Economia e da Transição Digital disse continuar a defender “uma atenção especial ao Algarve, pela concentração setorial de atividade no setor do turismo”. “Acho que precisamos, por um lado, de ajudar as empresas a digerirem o impacto desta crise. Precisamos de apoiar a requalificação da oferta e a capacidade de atrair eventos e turistas ao longo do ano, mas, finalmente,

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também de apoiar a diversificação da base económica”, sustentou. Neste âmbito, considerou “muito importantes” as verbas adicionais conseguidas no Portugal 2030 para o Programa Operacional Regional do Algarve, assim como o direcionamento da “atenção especial em alguns setores no âmbito do PRR [Plano de Recuperação e Resiliência]”. “Continuo a achar que o Algarve precisa de uma atenção especial e vou continuar a bater-me por isso”, assegurou Siza Vieira aos deputados. Relativamente à situação particular do município algarvio de Portimão, que se manteve sujeito a restrições mais apertadas devido à incidência da covid-19, o governante confirmou que, “a pedido da presidente da câmara, o Ministério da Economia decidiu um reforço dos apoios

às empresas de restauração” locais. Segundo referiu, estes apoios adicionais aplicam-se às empresas de restauração “do município de Portimão e de outros municípios que venham a estar mais de uma quinzena com o nível de restrições que Portimão teve”. “Portimão é um município com uma população muito significativa, onde os casos foram mais difíceis de conter, mas também tenho muito conforto pela circunstância de a ação decidida da câmara municipal ter permitido uma redução muito importante dos níveis de incidência da covid-19 no concelho e estou muito convencido que, já esta semana, Portimão poderá sair das regras de confinamento”, acrescentou o ministro esta quarta-feira.


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REGIÃO CORPO FOI ENCONTRADO JUNTO À SUA CASA

Velório de Dinis Pires realiza-se no sábado

Castro Marim aumenta apoio aos Bombeiros Voluntários

FOTO D.R.

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velório de Dinis Manuel Martins Pires vai realizar-se este sábado na

Capela do Cremetório de Faro às 15 horas e a cerimónia 30 minutos depois no mesmo local. Devido à pandemia Covid-19, só serão permitidas 20 pessoas no cemitério, informa a agência funerária "João & Vítor".

O corpo de Dinis Pires, de 53 anos de idade, foi encontrado no passado sábado. Tinha sido dado como desaparecido 48 horas antes, no Monte Seco, concelho de Loulé. Até ao momento, não há certezas sobre as causas do seu falecimento, mas fonte da autoridade disse ao POSTAL que o corpo, encontrado por populares a cerca de 50 metros da sua casa, não apresentava quaisquer sinais de violência ou ferimentos visíveis. Sabe-se que Dinis Pires encontrava-se a viver um período difícil na sua vida pessoal e as autoridades já tinham referido, no período das buscas, do seu eventual "histórico de problemas psicológicos" relacionado com um estado prolongado de depressão. Respeitado diretor hoteleiro, Dinis Pires passou por várias unidades de luxo no Alentejo e no Algarve. Era conhecido como um excelente profissional, cordial e "amigo do seu amigo". Dinis Pires era formado em Gestão Hoteleira pela Escola de Hotelaria e Turismo do Porto e pela Escola

Superior de Hotelaria e Turismo do Estoril. Desempenhou funções de gestão, de crescente responsabilidade, em hotéis de 5 estrelas de Portugal. Nos últimos anos, desempenhou funções de diretor-geral no Convento do Espinheiro Historic Hotel & Spa e, desde 2014, no Hilton Vilamoura, nas Cascatas Golf Resort & Spa. Apaixonado pela natureza e pelas coisas do campo, Dinis Pires definia-se como "agricultor de fim de semana". Das suas conhecidas paixões, a gastronomia nacional sobressaía "cujas calorias eram mitigadas nas suas frequentes caminhadas".

Hilton Vilamoura lamenta "perda imensa" de Dinis Pires O conselho de Administração do Hilton Vilamoura tornou pública uma nota de pesar sobre o falecimento de Dinis Pires. Na nota pode ler-se que Dinis Pires era um "líder por vocação, inspirou a todos com quem a sua vida se cruzou. Homem de uma humanidade ímpar, tinha sempre uma palavra de conforto e apoio para com os seus colegas. Deixa um grande sentimento de perda em toda a equipa, que sempre guardará com muito afeto a sua passagem pelo Hilton Vilamoura e o legado que a todos deixou". "Em nome do Conselho de Administração e de toda a equipa do Hilton Vilamoura, endereçamos as nossas

mais sentidas condolências à familia e amigos", lê-se ainda na nota de pesar. As manifestações de pesar para com a família e amigos e de homenagem póstuma a Dinis Pires multiplicaram-se esta semana nas redes sociais. O sentimento de tristeza e de grande reconhecimento, pelo ser humano e profissional "extraordinário" que era, é comum nas centenas de mensagens escritas nas redes sociais. No dia do desaparecimento, familiares e amigos pediam pelas redes sociais ajuda a quem soubesse informações sobre o seu paradeiro e que alertassem as autoridades. Nas buscas estiveram envolvidos vários operacionais da GNR, Proteção Civil e Bombeiros Municipais com o apoio de um drone com câmara térmica, e contou ainda com a ajuda de vários populares que se mobilizaram com as autoridades. O seu desaparecimento, considerado "misterioso", ocorreu durante a manhã, depois de Dinis Pires ter transportado lenha para a sua casa, cuja porta foi encontrada entreaberta quando os familiares regressaram com um novo carregamento de lenha. Na altura, sobre as razões do seu desaparecimento, correram vários cenários e especulações, mas "já se temia o pior". O POSTAL endereça à família e aos amigos as mais sinceras e sentidas condolências.

"Este é um apoio mais estável e que responde às necessidades e despesas inerentes ao serviço permanente de socorro que os Bombeiros Voluntários prestam no Município de Castro Marim e à manutenção do Posto de Emergência Médica no Azinhal (PEM)", explica o município. Estes são serviços que exigem um dispositivo permanente, quer em meios, quer em recursos humanos, e que representam um esforço económico elevado, não colmatado pelas transferências de estado. Os Corpos de Bombeiros têm sofrido também com a alteração substancial na contratação de serviços de transporte e apoio por parte do Estado e que lhes retira uma grande área de intervenção. No entanto, com a garantia do apoio necessário por parte da autarquia, o PEM é hoje uma realidade para Castro Marim, sobretudo útil à população do interior do território, onde mais se manifestava esta gra-

ve carência de acessibilidade à prestação de socorros em caso de sinistrados ou doença súbita. Segundo a autarquia, "Castro Marim irá, ainda este ano, avançar com a construção de uma unidade local de formação na aldeia do Azinhal, com capacidade para formar agentes de proteção civil e bombeiros da região e fora dela, nas mais variadas matérias". Esta unidade será também "um centro de pré-posicionamento de meios para eventuais catástrofes e pode vir a ser uma unidade de alojamento para apoio a unidades de intervenção no território Algarve-Andalucía. Cofinanciada pelo Centro Ibérico de Investigação e Combate aos Incêndios Florestais (CILIFO), esta unidade irá reforçar a posição estratégica dos BVRSA no Algarve e colocar o Baixo Guadiana como centro de pré posicionamento de meios", conclui a Câmara de Castro Marim.

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Breves

Criança morre, pai e irmã feridos com gravidade em despiste automóvel Uma menina

de cinco anos morreu e o pai e a irmã de quatro anos ficaram feridos com gravidade na sequência de um despiste automóvel no concelho de Odemira. O óbito da criança foi declarado no local, tendo os feridos, um homem de 37 anos e uma menina de quatro, sido transportados para o hospital de Portimão. Fonte da GNR indicou que seguiam no veículo um casal e duas filhas, de nacionalidade alemã. A mulher ficou ilesa. O despiste do veículo ligeiro de passageiros ocorreu, na passada segunda-feira, numa estrada de terra batida, no local de Barranco Vale Francisco, na freguesia de Sabóia.

Apreende 2 ganchorras de mão na costa da Ilha da Armona A Polícia Marítima de Olhão apreendeu, na quarta-feira da passada semana, duas artes de pesca durante uma ação de fiscalização dirigida à atividade da pesca apeada com arte de arrasto, denominada por ganchorra de mão, na costa da Ilha da Armona. No decorrer da operação foram fiscalizados vários apanhadores, "tendo sido apreendidas, como medida cautelar, duas ganchorras de mão, cujos proprietários, ao se aperceberem da presença da Polícia Marítima, colocaram-se em fuga, tendo abandonando a mesmas".

Mulher cai de arriba com 10 metros na Zona da Falésia Uma mulher

caiu, no passado dia 24 de abril, de uma altura com cerca de 10 metros, de uma arriba na Zona da Falésia da praia do Poço Velho (por detrás do Adriana Beach Clube), no concelho de Albufeira. A vítima de 42 anos, de nacionalidade ucraniana, entrou em paragem cardiorrespiratória que foi revertida pelos Bombeiros e Inem, na sequência de ter sofrido ferimentos graves com a queda. O resgate da vítima foi feito pelos bombeiros de Albufeira e acabou por ser evacuada de helicóptero do INEM para o Hospital de Faro, em estado grave politraumatizado. O filho de 12 anos de idade teve que ser assistido no local pelos psicólogos do INEM.

Maria condenada a 25 anos de prisão pela morte de Diogo Gonçalves

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Tribunal de Portimão condenou, na terça-feira da passada semana, a 25 anos de prisão uma das mulheres acusadas de matar um homem no Algarve e a quatro anos a outra, que vai ficar em liberdade até que a decisão transite em julgado. Na leitura do acórdão, a presidente do coletivo que julgou o caso afirmou que o tribunal deu como provado que Maria Malveiro matou Diogo Gonçalves, embora não tenha conseguido provar a participação no homicídio da outra arguida, Mariana Fonseca. O tribunal decidiu, assim, condenar Maria Malveiro a 25 anos de prisão, e Mariana Fonseca a quatro anos, decretando a sua restituição imediata à liberdade, já que os crimes que lhe são imputados não são passíveis de configurar a aplicação de prisão preventiva. Mariana Fonseca, enfermeira, de 24 anos, e Maria Malveiro, segurança, de 20 anos, estavam acusadas dos crimes de homicídio qualificado, profanação de cadáver, acesso ilegítimo, burla informática, roubo simples e uso de veículo. As juízas do coletivo acordaram em julgar parcialmente a pronúncia e decidiram condenar em cúmulo jurídico Maria Malveiro por todos os crimes de que estava acusada, resultando numa pena única de 25 anos de prisão, explicou a juiz presidente do coletivo, Antonieta do Nascimento. O tribunal considerou que Maria Malveiro foi a autora de um crime de homicídio qualificado, pelo qual foi condenada a 23 anos de prisão, um

FOTO D.R.

crime em coautoria de profanação de cadáver (dois anos), um crime de furto (dois anos), dois crimes de acesso ilegítimo (20 meses, dez meses por cada um dos crimes) e um crime de burla informática e de comunicações na forma continuada (dois anos), um crime de uso e furto de veículo (um ano) e um crime de detenção de arma proibida (dois anos). A arguida foi condenada a pagar uma indemnização de 265.396 euros ao pai de Diogo Gonçalves, dos quais 150.396 euros de danos patrimoniais e 115 mil euros de danos não patrimoniais. Já Mariana Fonseca foi condenada em cúmulo jurídico a uma pena

Polícia Marítima socorre homem que caiu na praia A Polícia Marítima de Vila Real de Santo António auxiliou, na quarta-feira da passada semana, um homem de 43 anos de idade que caiu uma de uma escada quando efetuava a manutenção de um apoio na praia de Monte Gordo O piquete do Comando-local da Polícia Marítima de Vila Real de Santo António recebeu o alerta cerca das 11:00, através do Centro de Coordenação de Busca e Salvamento Marítimo de Lisboa (MRCC-Lisboa), e deslocou-se imediatamente para o local.

Segundo a Autoridade Marítima Nacional, "foram igualmente ativados o INEM e os Bombeiros Voluntários de Vila Real de Santo António". "O homem queixava-se de dores fortes no corpo, tendo sido imobilizado no local pelo INEM e levado para a ambulância, com o apoio da Polícia Marítima, sendo posteriormente transportado para o Centro de Saúde de Vila Real de Santo António", refere a Autoridade Marítima..

única de quatro anos de prisão efetiva, pela coautoria de um crime de profanação de cadáver (um ano e 10 meses), burla informática e de comunicações (um ano e seis meses) e um crime de peculato (um ano e seis meses). A enfermeira foi ainda condenada ao pagamento de 350 euros de indemnização ao pai de Diogo Gonçalves. O tribunal decretou ainda como “finda a prisão preventiva” de Mariana Fonseca e a sua “restituição imediata à liberdade”, ficando a aguardar os trâmites do processo com termo de identidade e residência. O coletivo entendeu que a morte de Diogo Gonçalves, provocada por as-

fixia, resultou de um plano delineado pelas arguidas para se apoderarem do dinheiro que a vítima recebera de indemnização pela morte da mãe, atropelada em 2016, na zona de Albufeira. O tribunal manifestou a convicção de que o plano das mulheres era apenas de se apoderarem do dinheiro e que “não incluía a morte do Diogo Gonçalves”. Segundo o acórdão, a vítima sofreu “momentos de grande sofrimento e dor” antes de morrer, pois tinha plena consciência do que estava a acontecer, “durante o lapso de tempo em que lhe foi aplicado o golpe ‘mata leão’, estrangulado e asfixiado por duas vezes”. A convicção do tribunal quanto à culpabilidade das arguidas fundou-se na totalidade da prova produzida e interpretada pelo valor científico das provas policiais e documentais e pelas declarações prestadas pelas arguidas ao juiz de instrução em primeiro interrogatório judicial. Questionado pelos jornalistas à saída do tribunal de Portimão, o advogado João Grade, defensor de Mariana Fonseca, admitiu que “há uma elevadíssima probabilidade” de recorrer da decisão judicial. “Há matéria que dão motivos para recorrer”, apontou o advogado, reiterando “a falta de provas” para uma condenação da sua constituinte. A advogada Tânia Reis, defensora de Maria Malveiro, escusou-se a comentar o acórdão que determinou a condenação da sua cliente à pena máxima em cúmulo jurídico de 25 anos de prisão.

Presidente encontrado morto com "golpe de objeto cortante" O presidente da Câmara Municipal de Torres Vedras, Carlos Bernardes, foi esta segunda-feira encontrado morto em casa Fonte oficial da GNR adiantou ao Expresso que o óbito poderá "estar relacionado com um golpe de objeto cortante no pescoço", confirmado pelas forças de autoridade na chegada ao local. Questionada sobre se há suspeitas de que o golpe tenha sido auto-infligido, fonte da GNR remeteu mais detalhes para a investigação da Polícia Judiciária.

O autarca tinha 53 anos e foi encontrado sem vida em casa, na freguesia do Turcifal, em Torres Vedras. O militante do PS assumiu a presidência da autarquia em 2015, depois de o ex-líder do executivo, Carlos Miguel, ter renunciado ao mandato para assumir funções no Governo. Carlos Bernardes era até aí vice-presidente do município, cargo que ocupava desde 2005. Em 2017, ganhou as eleições autárquicas no concelho, sendo que tinha já anunciado a recandidatura às eleições do presente ano.


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Postal, 7 de maio de 2021

Breves

REGIÃO SENHORES DA TERRA

Ex-vereador de Olhão, notário e agentes imobiliários suspeitos de apropriação fraudulenta de imóveis O Tribunal de Faro decretou prisão preventiva a um dos sete detidos na passada semana por suspeitas de apropriação fraudulenta de imóveis em vários locais do Algarve, através do recurso a usucapião O Ministério Público refere em comunicado que os arguidos identificavam terrenos abandonados, por ausência ou falecimento dos donos, para depois invocarem a sua propriedade utilizando a usucapião instrumento jurídico que reconhece propriedade pelo seu uso continuado e incontestado no tempo -, e colocá-los no mercado para venda. “Um dos arguidos ficou em prisão preventiva, o outro arguido foi-lhe imposta a proibição do exercício parcial da profissão e de proibição de contactos com os outros arguidos, os restantes arguidos ficaram sujeitos à medida de coação de proibição de contactos entre si e de se ausentarem do Algarve”, lê-se na nota. Segundo o Ministério Público, a atividade criminosa decorria desde 2018, sendo que parte dos arguidos, de forma concertada, “localizavam os terrenos, sobretudo na freguesia de Santa Bárbara de Nexe, mas também em outras zonas dos concelhos de Faro, Olhão e de Tavira”. Outros dos arguidos “arrogavam-se serem seus donos” e outros, ainda, “serviam de testemunhas nas escrituras de justificação para registo da suposta propriedade”, é referido no comunicado publicado no sítio de Internet da Procuradoria da Comarca de Faro.

Os sete detidos, cinco homens, com idades entre os 50 e os 68 anos e duas mulheres, com idades entre os 36 e os 52 anos, são suspeitos da prática dos crimes de burla qualificada, falsas declarações qualificadas e falsificação de documento qualificado. A investigação ao caso vai prosseguir, é acrescentado na nota. Na altura, a Polícia Judiciária deteve sete pessoas suspeitas de apropriação fraudulenta de imóveis, tendo sido constituídos 18 arguidos e apreendidos 12 imóveis, numa operação denominada “Senhores da Terra”. A operação já permitiu identificar 25 imóveis que terão sido usurpados pelos suspeitos aos seus legítimos proprietários. Recorde-se que a notícia avançada

pela SIC Notícia referia que "o ex-vereador da Câmara Municipal de Olhão, João Pereira, um notário da mesma cidade e agentes imobiliários" estavam entre as sete pessoas detidas, por suspeita de burlas que te-

rão rendido vários milhões de euros. A rede identificava ruínas ou casas abandonadas, propriedades sem registo atualizado ou com impostos em atraso para aplicar o esquema. Só uns armazéns abandonados, em Olhão, estavam em vias de render cerca de 350 mil euros, depois da posse alegadamente ilegítima por usucapião. Na altura, a PJ terá ainda conseguido apreender 12 desses imóveis em vias de venda, um deles em Braciais, no concelho de Faro, que chegou a estar no mercado por 6 milhões de euros.

FOTOS D.R.

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Polícia Judiciária está a investigar várias queixas de tráfico de pessoas, auxílio à imigração ilegal e escravatura na zona de Odemira. O presidente da Câmara de Odemira, José Alberto Guerreiro, revelou, este domingo, que apresentou uma denúncia na Polícia Judiciária (PJ) sobre as situações que considerou suspeitas, que estão na base da existência de "muitos trabalhadores migrantes" no

Mais de 100 alcatruzes apreendidos em Vila Real de Santo António

A Unidade de Controlo Costeiro da GNR apreendeu esta segunda-feira mais de 100 alcatruzes (armadilhas de abrigo) em Vila Real de Santo António. Após diligências policiais, as autoridades apuraram que "esta arte de pesca era composta por 101 armadilhas de abrigo, agregadas a cerca de 1.224 metros de cabo, com o valor total estimado de 303 euros, tendo sido apreendida". No decorrer da ação apurou-se ainda que, no interior das armadilhas de abrigo, encontravam-se dez quilos de polvo que, por se encontrar vivo, foi de imediato restituído ao seu habitat natural.

Homem detido em Silves por tentativa de homicídio com faca

A Polícia Judiciária deteve um homem de 61 anos pela presumível autoria de um crime de homicídio na forma tentada e detenção de arma proibida. Segundo a PJ, "os factos, ocorridos na noite de dia 27 de abril, tiveram lugar numa habitação em que coabitavam vítima e agressor na zona de Silves, na sequência de uma refrega por motivos fúteis". No decurso da discussão, "o agressor muniu-se de uma arma branca (faca) e desferiu um golpe na região do pescoço da vítima, a escassos milímetros da veia jugular, não lhe causando a morte por mero acaso".

Praticante de kitesurf secorrido ao largo da praia do Garrão A Esta-

Escravatura laboral na zona de Odemira está a ser investigada concelho. A polícia está agora na fase de recolha de provas e, "aparentemente", são casos avulsos ou levados a cabo pequenas redes criminosas. No domingo, José Alberto Guerreiro considerou que o problema "ultrapassa aquilo que é a atividade agrícola". Aos jornalistas, no final de uma reunião da 'task force' do concelho, realizada nesta vila do distrito de Beja, indicou ter denunciado as suspeitas "há cerca de dois anos" à Polícia Judiciária e

que ele próprio já foi ouvido. "Nessa altura, descrevi tudo aquilo que sei e tudo aquilo que me foi relatado, porque essa é a minha obrigação", referiu, sublinhando que "as entidades públicas terão que avaliar" as situações denunciadas. Também a delegação de Beja da associação Solidariedade Imigrante (Solim) faz queixas sobre abusos em relação a trabalhadores no concelho. O dirigente da Solim, Alberto Matos, sublinha que já foram feitas participa-

ções de situações análogas a tráfico de seres humanos por causa de trabalhadores que os contactam queixando-se de patrões que ficam com os seus documentos e com as palavras-passes de acesso ao Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF). Na plataforma fazem o pedido de autorização de residência, proibindo-os de entrar na mesma. Em 2020, foram denunciadas, pelo menos, cinco situações de pessoas na agricultura que se queixaram à Solim.

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ção Salva-vidas de Quarteira prestou assistência, na terça-feira da passada semana, a um praticante de kitesurf de 67 anos de idade, de nacionalidade inglesa, que ficou em dificuldades após ter caído ao mar e perdido a prancha, a cerca de 600 metros da praia do Garrão, no concelho de Loulé. "Devido à intensidade do vento e da agitação marítima que se fazia sentir, o praticante de kitesurf terá caído da prancha, ficando em dificuldades, sendo que, posteriormente recuperou a prancha através do auxilio de outro praticante que se encontrava nas imediações", explica. A operação foi coordenada pelo Capitão do Porto e Comandante-local da Polícia Marítima de Portimão.


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SEMINÁRIO INTERNACIONAL IMPACTO DA PANDEMIA DE CORONAVÍRUS NO EMPREGO E

Apoios ao setor do turismo Textos JÉSSICA SOUSA | HENRIQUE DIAS FREIRE

Num ano que se esperava o melhor de sempre para o setor do turismo, a história de há muito repetiu-se e o mundo ficou doente. A Covid-19 veio desafiar toda a humanidade e deu lugar a uma nova realidade distante da que conhecíamos. Uma crise sanitária que, atualmente com significantes progressos da ciência e tecnologia, se acreditava ser dominada no mesmo ano do seu aparecimento. Passado um ano, a situação continua frágil e os dados oficiais apontam que desde 1950 nunca houve um ano tão mau para o turismo como 2020 O EVA SENSES HOTEL, em Faro, recebeu, no passado fim de semana, um seminário internacional com o tema “Impacto da pandemia de coronavírus no emprego e nos assuntos sociais - Setor do turismo: o rosto da precariedade laboral” que contou com a participação de entidades reconhecidas a nível nacional e internacional ligadas ao setor. A problemática do desemprego e a falta de soluções foram pontos de destaque. O Algarve é conhecido como um destino de excelência dentro e fora do país e 60% da sua riqueza está no setor do turismo e associados. Atualmente é a região de Portugal que enfrenta uma taxa drástica de desemprego e consequentemente situações de pobreza.

Empresários algarvios do setor fizeram parte do painel do seminário e representaram todos aqueles que encaram tempos difíceis com muitos obstáculos, denunciando a falta de apoios. João Soares, representante do Algarve na Associação da Hotelaria de Portugal (AHP), afirmou que as empresas têm duas funções: tentar sobreviver e serem solidárias com aqueles que sempre acompanharam o seu desenvolvimento e progressos. Ao longo dos anos, os empresários estabelecem ligações familiares com os colaboradores e sentem na pele as ações que os prejudicam. Apesar do Turismo de Portugal ter criado o selo “Clean and safe” em

coordenação com a Direção Geral de Saúde e outras entidades competentes e a ideia ter gerado um pilar de confiança para os visitantes, todo o investimento a nível de autocolantes, desinfetantes, detergentes e adaptações ao digital foi realizado somente pelos empreendedores, um problema apontado por todos. Várias medidas tomadas pelo Governo foram também contestadas. O facto dos hotéis poderem estar abertos, mas as pessoas não estarem autorizadas a circular ao fim de semana, foi uma das grandes críticas dos empresários presentes. A consequência foi levar os clientes a desistirem e a ocupação encontrar-se a zeros aos fins de semana. A tomada de decisões tardias e incertas pelo Governo é um outro motivo que desagrada aos empresários. Muitas das medidas foram seguidas e constantemente alteradas conforme a restante Europa, o que prejudicou as empresas. Exemplo disso foram as fiscalizações da ASAE na noite de passagem de ano em hotéis de Vilamoura. Os cinco empresários em painel, ligados ao turismo do Algarve, foram da opinião que a realização de testes de despistagem à Covid-19 deveria ter sido feita muito mais cedo e, sabendo-se

que o acesso ao Algarve é feito através de três grandes portas de entrada, deveria ter sido criada uma área isolada e mais segura. Um gabinete de crise geral no Algarve para atender todos os pedidos de determinados setores foi outra ideia colocada em debate. “Várias empresas necessitam de apoios e a economia algarvia é prejudicada diariamente”, referiram. A falta de divulgação do destino e de campanhas de promoção para este verão é outro aspeto que preocupa e indigna quem necessita do turismo para sobreviver. Os participantes no debate levantaram ainda a questão do porquê de Portugal não apostar no turismo de caça, fazendo referência às serras algarvias, respeitando devidamente as espécies. A perda das corridas de touros no Algarve para os espanhóis foi outro fator que, na visão dos participantes, arruinou oportunidades. Com o plano de vacinação a decorrer, estes empresários esperam agora poder vir a aproveitar o desconfinamento dos ingleses. A abertura das fronteiras de Espanha é também uma visão que alimenta as esperanças dos profissionais ligados ao setor turístico.

Sobreviver ou não até ao ano 2025 O ex-secretário de Estado do turismo, Adolfo Mesquita Nunes, foi também uma das vozes deste seminário e fez referência a estratégias de recuperação Para Adolfo Mesquita Nunes, um dos primeiros desafios e preocupações, que tanto o destino como os empresários devem ter, passa por perceber se conseguem sobreviver ou não até 2025, ano em que se estipula que as receitas voltem a números iguais aos de anos passados. Para tal, segundo o ex-governante, é necessário estar em constante contacto com o cliente, reforçar a digitalização e formular melhores preços. Atualmente os turistas procuram segurança e sustentabilidade e é nesses aspetos que deve haver maior investimento. Estando constantemente em rede, o destino tem de se conseguir adaptar e competir constantemente pela diferenciação.

A capacidade de pensar em novas estratégias e o despertar de novos modelos de negócios são essenciais

para progressos. A formação e requalificação dos trabalhadores e um destino personalizado e feito

à medida são também pontos fulcrais para corresponder à procura de quem escolhe o Algarve.


CADERNO ALGARVE

Postal, 7 de maio de 2021

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NOS ASSUNTOS SOCIAIS - SETOR DO TURISMO: O ROSTO DA PRECARIEDADE LABORAL

estão adormecidos

FOTOS JÉSSICA SOUSA | POSTAL D.R.

Os intervenientes

O problema não é

propriamente a Covid-19. É a forma como se lidou com o vírus Eliseu Correia, da EC Travel, tem escritórios em diferentes zonas do país e apesar do fecho de corredores aéreos, conseguiu honrar os seus compromissos e ultrapassar dificuldades graças à solidez financeira que mantinha, resultado de anos anteriores recheados de boas receitas.

O ano de 2020 foi o colapso.

A derrocada total que todos nós conhecemos. Gritos de aflição Alberto Almeida, proprietário do OceanOasis Hostel, lamenta os apoios ridículos do ano de 2020 e referiu que apenas em fevereiro deste ano foi concedido o lay-off a 100% aos seus colaboradores. Acrescentou que se é verdade que o Algarve tem sido uma verdadeira galinha de ovos de ouro para os governantes de Lisboa, também é verdade que hoje é um dos maiores pesadelos em termos de desemprego.

Setor humilhado pelo Governo

Passámos de um mercado de

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Carlos Simões, da Táxis Simões, em Armação de Pera afirmou que com a pandemia os rendimentos baixaram para 20 a 10% e que as receitas jamais alcançarão as de anos anteriores. Todos os dias, tanto ele como os seus colegas passam horas a fio na praça sem serviço. Deixa claro que para Silves não foram destinados apoios e relembra que o transporte de doentes e de vacinação era uma alternativa positiva, mas que não lhes foi dada.

porta aberta para um mercado digital Vítor Lopes representou o Páteo das Pizzas de Armação de Pêra e reinventou a sua empresa durante a pandemia. Criou um novo produto e encontrou um target em específico. As redes sociais começaram a ter mais força e todos os dias os colaboradores começaram a lançar campanhas de publicidade e a comunicar com o público através do mundo digital, o que levou à criação de uma loja online.

Fomos abandonados.

Há um ano que nos lamentamos João Soares gere o Hotel Dom José em Quarteira e é representante do Algarve na AHP. Lembra que o hotel estava com 280 clientes em março, no dia em que os fechos foram anunciados e que as quebras apontam agora para os 70% com apoios míseros.

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Postal, 7 de maio de 2021

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Lidl de Tavira reabre totalmente renovado

O Lidl Portugal procedeu à modernização da sua loja de Tavira, que reabriu esta quintafeira com um aspeto mais moderno e com novos serviços, para uma maior conveniência dos seus clientes, assegurando uma melhor experiência de compra. O Lidl disponibiliza na sua loja de Tavira, um espaço mais moderno e funcional, onde os clientes encontrarão mais conforto para as suas compras diárias e semanais e também novos serviços na zona de padaria e frescos. Concebida a pensar no conforto, a nova loja oferece um maior serviço de padaria self-service, com uma máquina de corte de pão, onde se podem encontrar dezenas de variedades de pão e pastelaria.

Jupiter Albufeira Hotel está a recrutar Este Family

& Fun prepara-se para lançar uma campanha de recrutamento com o objetivo de reforçar as suas equipas para a temporada de 2021. "A campanha será levada a cabo através de diversos canais online e iniciativas com vista a divulgar as várias oportunidades junto da população local e dos profissionais especializados", explica a unidade hoteleira. Ao longo das próximas semanas serão divulgadas no Linkedin do grupo, oportunidades como cozinheiros, pasteleiros, barmans, empregados de mesa, pizzaiolo, vigilantes de piscina, empregadas de andares, bagageiros, rececionistas, relações públicas e terapeutas de Spa. Também serão divulgadas várias oportunidades de carreira para cargos de chefia e supervisão dos vários departamentos mencionados.

Algfuturo critica a rejeição de plantações de abacates pelas autoridades ambientais FOTO D.R.

A União Empresarial do Algarve apelou esta segunda-feira à igualdade entre setores de atividade em matéria de insuficiência de água na região e criticou a rejeição de plantações de abacates pelas autoridades ambientais, fazendo da agricultura um “bode expiatório” A associação algarvia, que representa vários setores económicos do distrito de Faro, tomou esta posição na sequência de uma Declaração de Impacte Ambiental (DIA) desfavorável a um projeto agrícola de produção de abacates com 128 hectares, em Lagos, emitida pela Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional (CCDR) do Algarve. “O abacateiro não é cultura intensiva”, considerou em comunicado a Algfuturo, que congrega cerca de 30 associações, nomeadamente, do setor agrícola, criticando “duramente os que, sem fundamento, tratam a agricultura como ‘bode expiatório’ e o abacate como ‘criminoso’”. A associação liderada por José Vitorino, antigo presidente da Câmara de Faro, referia-se ao ‘chumbo’ daquele projeto de produção de abacates em Lagos, que a CCDR/Algarve justificou com o impacto nos recursos hídricos subterrâneos ou os efeitos cumulativos com outras ocupações na área envolvente, nomeadamente, o golfe e explorações de citrinos.

“A AlgFuturo é absolutamente intransigente na salvaguarda das boas práticas agrícolas, o que significa a defesa e promoção das condições de sustentabilidade das produções”, considerou a associação algarvia, frisando a “particular exigência” que tem com os seus associados quanto às “garantias de proteção dos recursos, nomeadamente hídricos, e de cumprimento das normas em vigor”. A decisão da CCDR - que exigiu também ao promotor do projeto a reconstituição da ribeira de Espiche, destruída durante os trabalhos de implementação da exploração -, levou a Algfuturo a “também denunciar o facto de ser fundamental que exista igualdade de tratamento e a mesma exigência para todos os seto-

res de atividade, em vez de, perante a eventual insuficiência de água, a agricultura ser o bode expiatório a abater”. “Somos inflexíveis na contestação e denúncia de campanhas sem fundamento que estão a ser feitas contra o abacateiro, considerando-o uma cultura indesejável, quando todos os estudos demonstram as suas enormes virtudes, em que, inclusivamente, o consumo de água não tem os impactos negativos que lhe apontam”, defendeu a Algfuturo. A mesma fonte classificou as plantações de abacates, que nos últimos anos têm vindo a registar um aumento na região, como “uma mais-valia para o Algarve e para o país” pelo “seu alto valor acrescentado”, por

“contribuir para o aumento das exportações”. O abacateiro requer ainda “poucos tratamentos fitossanitários”, é “perfeitamente compatível com as regras de sustentabilidade ambiental”. Por outro lado, “consome menos água que outras [culturas] do mesmo tipo”, argumentou ainda a associação. A Algfuturo defendeu que se devem cumprir “os limites estabelecidos nos instrumentos de ordenamento territorial”, mas reiterou a necessidade de a cultura do abacate não ser responsabilizada pela falta de água no Algarve, que tem origem num clima cada vez mais seco e numa escassa precipitação. “Isso não é verdade e importa que as entidades que agora se manifestaram preocupadas com as poupanças necessárias de água e com a adoção das técnicas de gestão de água mais avançadas do mundo também se preocupem com igual urgência em reforçar as fontes de origem de água no Algarve”, referiu a associação algarvia. Entre essas fontes está a captação de água do Guadiana a partir do Pomarão, no concelho de Mértola, distrito de Beja, para a barragem de Odeleite, no município de Castro Marim, distrito de Faro, que foi incluída pelo Governo nas obras a realizar no âmbito do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR), mas já tinha sido “idealizada por José Vitorino há 40 anos”, destacou a Algfuturo.

Casas no Algarve, Lisboa e Porto registam os preços mais elevados

O

preço mediano de alojamentos familiares foi 1.188 euros por metro quadrado no quarto trimestre de 2020, mais 1,7% face ao trimestre anterior e mais 7,8% face ao mesmo período de 2019, anunciou esta quarta-feira o INE. Num comunicado, o Instituto Nacional de Estatística (INE) referiu também que em 12 NUTS III (Nomenclatura das Unidades Territoriais para Fins Estatísticos) houve uma aceleração dos preços da habitação superior à verificada no país (mais 0,2 pontos percentuais), incluindo o Algarve (mais 2,4 pontos percentuais) e a Área Metropolitana do Porto (mais 1 ponto percentual). Ainda assim, em

treze sub-regiões houve uma desaceleração dos preços, nomeadamente, na Região Autónoma da Madeira (menos 8,5 pontos percentuais) e na Área Metropolitana de Lisboa (menos 1 ponto percentual). A evolução da taxa de variação homóloga entre o 3.º e 4.º trimestre de 2020, de 7,6% para 7,8%, evidencia uma ligeira aceleração dos preços da habitação, interrompendo a desaceleração verificada nos dois trimestres anteriores, afirma o INE. No período em análise, as três sub-regiões com os preços mais elevados – Algarve (1.809 euros/metros quadrados), Área Metropolitana de Lisboa (1.638 euros/m2) e a do Porto (1.288 euros/m2) – registaram,

simultaneamente, taxas de variação homóloga de 10,1%, 9,6% e 14,7%, respetivamente, mais expressivas que a do país (7,8%), adianta o INE. Além destas três sub-regiões, a Região Autónoma da Madeira (1.264 euros/m2) também registou um preço mediano superior ao do país, apresentando, contudo, um crescimento homólogo, de 3,7%, inferior ao do país. Assim, entre as 25 NUTS III, destaca-se, com o maior crescimento homólogo, a Área Metropolitana do Porto (+14,7%), e com o menor preço mediano de venda de alojamentos familiares, o Alto Alentejo (433 euros/m2). Tendo como referência os 24 municípios com mais de 100 mil habitantes, o Porto registou

a maior taxa de variação homóloga, de 21,2%, no quarto trimestre, enquanto em 16 municípios ocorreu uma desaceleração dos preços da habitação. Destes 16 municípios, seis pertenciam à Área Metropolitana de Lisboa, com Almada a liderar com um recuo de 10,8 pontos percentuais, e cinco à Área Metropolitana do Porto, com a Maia a registar o maior recuo, de menos 6,4 pontos percentuais. A desaceleração mais expressiva dos preços foi em Leiria, com um recuo de 12,4 pontos percentuais, e a ser o único município que registou uma redução homóloga dos preços no 4.º trimestre de 2020. Em relação às subidas, o INE precisa que em oito municípios a aceleração

dos preços entre o 3.º e 4.º trimestres foi superior ao padrão nacional (mais 0,2 pontos percentuais), tendo sido mais acentuada na Amadora (mais 6,5 pontos), em Matosinhos (mais 4,5 pontos), Cascais e Braga (ambos com mais 4 pontos). Em termos homólogos no quarto trimestre de 2020, o município do Porto registou a maior taxa de crescimento (mais 21,2%) enquanto no município de Lisboa a taxa foi nula. A relação entre os valores da avaliação realizada pelos bancos para o crédito à habitação e os preços de habitação sugere menores valores relativos da avaliação nos municípios com preços medianos superiores a 960 euros por metro quadrado, adianta o INE.


CADERNO ALGARVE

Postal, 7 de maio de 2021

Breves

REGIÃO CAMPANHA EM VIGOR ATÉ 31 DE MAIO DÁ DESCONTOS ATÉ 20%

Anantara Vilamoura reabre este sábado

Vila Galé já tem 14 hotéis abertos em Portugal, dois são do Algarve

É considerado o resort perfeito para umas férias ou fim-de-semana tranquilos, conjugando a harmonia com a sofisticação. Os hóspedes vão encontrar 280 requintadas e espaçosas suites e quartos, com vistas privilegiadas sobre o azul-celeste das piscinas, os jardins ou o fabuloso campo de golfe Victoria. O Anantara Vilamoura convida também "a uma experiência gastronómica, na qual se destacam os produtos regionais e de cada estação do ano, num respeito pela tradição e pela autenticidade".

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Vila Galé tem vindo progressivamente a reabrir os seus hotéis em Portugal, contanto atualmente com 14 unidades já a funcionar. É o caso do Vila Galé Porto Ribeira, Vila Galé Ópera (Lisboa), Vila Galé Évora, Vila Galé Lagos, Vila Galé Ampalius (Vilamoura) e Vila Galé Santa Cruz (Madeira). E do Vila Galé Collection Braga e Vila Galé Coimbra, mas nestes casos apenas nas noites de quarta-feira a domingo. Os hotéis Vila Galé Clube de Campo (Beja), Vila Galé Collection Alter Real (Alter do Chão), Vila Galé Sintra, Vila Galé Ericeira, Vila Galé Serra da Estrela e Vila Galé Douro Vineyards também já estão disponíveis para receber hóspedes entre sexta e domingo, embora nas duas primeiras semanas de junho estejam abertos a partir de quarta-feira, incluindo assim os feriados. Tanto os restaurantes e bares como os spas, ginásios e piscinas interiores e exteriores destas unidades estão também a funcionar, seguindo sempre os horários, os limites de lotação e as normas de higiene e segurança indicados pelas autoridades para a atual fase de desconfinamento.

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Albufeira volta a liderar em Bandeiras Azuis

Hotel Vila Galé Lagos

Adicionalmente, a Vila Galé segue um plano muito rigoroso nos seus hotéis que inclui o reforço das medidas de limpeza e desinfeção, a existência de equipamentos de proteção e a salvaguarda do distanciamento. Nesta linha, o grupo lançou recentemente a plataforma digital My Vila Galé, que permite fazer check in e check out online, mas também consultar

as cartas dos restaurantes e bares ou reservar o horário pretendido para as refeições. Quanto aos restantes hotéis, a 2 de junho está prevista a reabertura do Vila Galé Porto, Vila Galé Cascais, Vila Galé Collection Elvas, Vila Galé Atlântico (Praia da Galé, Albufeira), Vila Galé Collection Praia (Praia da Galé, Albufeira), Vila Galé Cerro Alagoa (Albufeira), Vi-

la Galé Náutico (Armação de Pera), Vila Galé Marina (Vilamoura), Vila Galé Tavira e Vila Galé Albacora (Tavira). Os hotéis Vila Galé Collection Douro, Vila Galé Collection Palácio dos Arcos e Vila Galé Estoril deverão retomar a atividade a partir de julho. Já no Brasil, estão abertos todos os hotéis e resorts com exceção do Vila Galé Paulis-

FOTO D.R.

ta, em São Paulo, que reabre a 8 de maio. Recorde-se que para reservas feitas até 31 de maio vigora a campanha de primavera, que dá descontos cumulativos até 20%, por exemplo caso se reserve sete noites ou mais no mesmo hotel ou dois ou mais quartos, para usufruir até 31 de outubro.

O Município de Albufeira volta a ser distinguido pela qualidade ambiental das suas praias pelo quinto ano consecutivo, com um total de 26 galardões atribuídos. Mais uma vez, Albufeira faz o pleno com a totalidade das suas praias (25) a receber a Bandeira Azul da Europa, a que se junta a bandeira a ser hasteada na Marina, posicionando o concelho no primeiro lugar a nível nacional. Este ano, o júri internacional atribuiu o galardão a 372 praias, mais 12 do que no ano passado, 16 portos de recreio e marinas nacionais e 11 embarcações ecoturísticas, número que coloca Portugal em 6º lugar entre 53 países que desenvolvem o Programa Bandeira Azul. A nível regional, o Algarve continua a ser a região do País a receber o maior número de galardões (87), seguido da região norte com 79. A abertura da época balnear no concelho de Albufeira está agendada para dia 1 de junho. PUB.

AP Adriana Beach Resort reabriu O AP Adriana Beach Resort, do grupo AP Hotels & Resorts, reabriu esta quarta-feira e está preparado para receber os clientes em total segurança Com espaços exteriores alargados para oferecer as melhores condições de higiene, segurança e conforto, promete "ser o sítio ideal para as férias em família de que tanto precisa". Inserido num ambiente natural a apenas 200 metros

da famosa Praia da Falésia e a 12 quilómetros de Albufeira, este resort está situado num espaço de 17 hectares e disponibiliza 438 quartos. Com um ambiente familiar e uma oferta diversificada de serviços, prima pelo sossego e a privacidade dos seus hóspedes. "Durante a sua estadia no AP Adriana Beach Resort poderá contar com Wi-Fi grátis por todo o resort, 2 piscinas exteriores para adultos e 2 piscinas exteriores para crianças, bem como

com diversas facilidades desportivas: campo de futebol, basquete, tiro ao arco, vólei de praia, ténis, minigolfe e petanca", explica o resort em comunicado, acrescentando que "com três restaurantes, um bar e uma discoteca, terá todas as opções e espaço à sua disposição". Além disso, o hotel também proporciona "um vasto programa de entretenimento, diurno e noturno, incluindo música ao vivo, espetáculos e um clube infantil, disponíveis diariamente", conclui.


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Postal, 7 de maio de 2021

ENTREVISTA DAVID SANTOS, LÍDER DOS SOCIAIS-DEMOCRATAS: SETORES MAIS ATINGIDOS PELA C

Nove meses depois Algarve cont Texto RAMIRO SANTOS O Algarve continua a ser o patinho feio do Estado Central e apesar da crise instalada ainda não há plano de emergência. Nesta entrevista, o líder regional do PSD, David Santos, não poupa nas palavras e afirma que os setores mais atingidos pela pandemia não têm ainda qualquer verba para a sua recuperação. E quanto a promessas mil vezes adiadas como o hospital central, a requalificação da 125 e a ligação ao aeroporto, garante que não estão contemplados no plano de investimentos do Estado

Quais são as perspetivas eleitorais do PSD para as autárquicas deste ano? R O PSD, em todas as eleições concorre sempre para ganhar. Somos um partido com tradição nas eleições autárquicas, e o que pretendemos é eleger mais presidentes de câmara, mais vereadores, mais membros das assembleias municipais, mais presidentes de juntas de freguesia e mais membros das assembleias de freguesia. P

P O caso de Vila Real de Santo António pode penalizar a candidatura de Luís Gomes e do PSD localmente, ou entende que não terá qualquer influência? R A ex-presidente Conceição Cabrita, em janeiro deste ano, informou-nos que não seria recandidata, invocando principalmente razões de ordem pessoal. Na sequência dessa decisão, a Comissão Política de Secção do PSD de Vila Real de Santo António propôs à Comissão Política Distrital o nome do engenheiro Luís Gomes, que foi aprovado e posteriormente ratificado pela Comissão Política Nacional do PSD. Fomos agora surpreendidos com este processo judicial que nos abalou, por nos parecer inusitado, e por todo o passado da Conceição Cabrita, na política, profissionalmente e também na sua vida pessoal. Acreditamos que tudo se resolverá, de modo célere e com o apuramento da verdade, em consonância com o passado da Conceição Cabrita.

Ninguém compreende que o Governo tenha dito (...) que sem um plano de emergência não seria possível garantir a sobrevivência das empresas e do emprego, e passados 9 meses, ainda não temos plano P Outro caso que agitou o seu partido foi o que se passou em Portimão, com avanços e recuos na escolha do candidato à câmara. Como acompanhou e viu este processo? R Caso que não foi caso, pois não foi a primeira, nem será a última vez, que uma Comissão Política de Secção do PSD, na procura do melhor candidato, faz contactos, pondera os prós e os contras, antes de fazer uma proposta à Comissão Política Distrital, de um

candidato a presidente de Câmara. O único candidato que foi objeto de apreciação e votação pela Comissão Política Distrital do PSD/Algarve, por proposta da Comissão Política de Secção do PSD/Portimão foi o doutor Rui André. Autarca experiente, que ganhou as eleições em Monchique em 2009, 2013 e 2017, onde tem realizado um excelente trabalho, recuperando financeiramente a câmara. P Albufeira pode ser uma câmara problemática para o PSD tendo em conta a candidatura de Desidério Silva? R O povo sabe muito bem o que quer. Em Albufeira, o nosso candidato e atual presidente de Câmara, José Carlos Rolo, tem um passado na autarquia, de muito trabalho, seriedade, transparência, nunca abandonando quem o elegeu, colocando sempre o interesse coletivo à frente do pessoal, servindo e defendendo, com denodo, os albufeirenses. P Tavira é uma praça onde o PSD aposta forte com o regresso de Macário Correia, agora como candidato à assembleia municipal. É para ganhar? R Todas as nossas candidaturas são para ganhar. Agora louvo e agradeço o facto do engenheiro Macário Correia, mais uma vez ter dito presente, fazendo parte de uma equipa, de gente competente, com ideias novas, profundamente conhecedora do concelho de Tavira e das suas gentes, tendo como candidato a presidente da Câmara Municipal de Tavira, o doutor Dinis Faísca, que se candidatam com o objetivo de servir os Tavirenses, ajudando os que mais precisam, ouvindo as pessoas. P Em que medida, partidos como o Chega e a Iniciativa Liberal podem dispersar o voto entre o eleitorado do centro-direita e comprometer as aspirações do

O Algarve precisa de uma grande mudança P Em termos estratégicos o que falta para resolver os problemas estruturais do Algarve? R O Algarve precisa de uma grande mudança, para não voltarmos a passar pelo que estamos a passar, a região precisa de ser mais resiliente e menos dependente do Turismo, o que não quer dizer menos Turismo, mas sim mais

nos setores que já referi. O futuro exige responsabilidade acrescida por parte dos atores regionais, com vista à valorização dos ativos estratégicos, dos recursos endógenos e das competências instaladas e que devem ser colocadas ao serviço da recuperação e afirmação do Algarve. Falta uma efetiva participação e empenho de todos. Não podemos participar só nas eleições, devemos participar,

enquanto cidadãos nas consultas públicas, quando estes documentos (estratégicos regionais) estão em período de discussão pública. Os autarcas, empresários, a Academia, o setor social, as associações culturais e desportivas e os jovens, do Algarve, devem participar na definição dessa estratégia, mas também acompanhar a sua execução e monitorização. O futuro depende de todos nós.

PSD no distrito? Preocupa-o? R Os portugueses têm sabido ao longo dos vários atos eleitorais, nas eleições autárquicas, fazer as suas escolhas em função dos candidatos que cada partido apresenta. Sabem muito bem diferenciar os atos eleitorais e sabem que nas autárquicas em primeiro lugar estão os candidatos e só depois as ideologias políticas (ditas de direita ou esquerda).

A proposta (emergência) do PSD, que continha 23 medidas, o PS não viu mérito em qualquer delas, votando todas contra

O país confronta-se há mais de um ano com uma crise sanitária com reflexos na vida económica e social. Em regiões como o Algarve com uma economia dependente dos fluxos turísticos, a situação ganhou dimensões na vida das empresas e das pessoas onde o desemprego é crescente. Que análise faz das respostas do governo a esta situação? R Após repetidas interpelações dos deputados do PSD, Cristóvão Norte, Rui Cristina e Ofélia Ramos, os algarvios, no dia 8 de julho de 2020, ouviram o ministro da Economia anunciar que a região beneficiaria de um plano de emergência específico para combater a grave crise económica e social, que estamos a enfrentar. No dia 21 de julho de 2020, à saída de uma cimeira europeia, o primeiro-ministro prometia um pacote especial de 300 milhões de euros para ajudar a região a conter as suas perdas. Relembro que o Presidente da República afirmou que o plano específico para o Algarve era um desígnio nacional. Ninguém compreende que o Governo P


CADERNO ALGARVE

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CRISE SEM APOIOS

tinua sem Plano de Emergência FOTO D.R.

tenha dito - aliás como o PSD Algarve que sem um plano de emergência não seria possível garantir a sobrevivência das empresas e do emprego, pois a crise faz-se sentir de modo tão violento na região que não haveria condições de vencer a crise, e passados 9 meses, ainda não temos plano, continuando a situação no Algarve, em termos económicos e sociais a piorar. A Assembleia da República, por proposta do PSD e do BE, aprovou resoluções, que continham medidas, que instavam o Governo a tratar do assunto de forma urgente. Na proposta do PSD, apresentada pelos deputados Cristóvão Norte, Rui Cristina e Ofélia Ramos, que continha 23 medidas, o PS não viu mérito em qualquer delas, votando todas contra. Vamos continuar empenhados para que o Algarve tenha o que é devido e mantendo a esperança e exigência que o Governo apresente o plano específico para o Algarve. Apesar de estarmos na oposição, fomos capazes de ver aprovada uma proposta dos nossos deputados do Algarve, pela qual o deputado Cristóvão Norte se tem

empenhado ao longo dos anos, para que se reduzam as portagens na Via do Infante, em toda a sua extensão, de 50%, com voto contra, uma vez mais, do PS, o qual curiosamente sustentava essa posição nas duas últimas campanhas eleitorais. Vai entrar em vigor a 1 de julho e vai ajudar muitos algarvios em particular empresários e trabalhadores.

Os setores mais atingidos pela crise: turismo, restauração e comércio não têm qualquer verba prevista para a sua recuperação

P Que Algarve vamos ter depois da pandemia? R A crise internacional, que levará tempo a ser vencida, em consequência da falta de confiança das pessoas e da sua reduzida capacidade financeira, levará a que os turistas demorem ainda tempo a procurar a nossa região, para passar férias. As companhias aéreas, quase que não operam e ainda não sabem como irá ser o futuro, a que acrescem as restrições que os mercados/países têm colocado, no movimento entre países. A eventual procura interna também demorará a fazer-se sentir. O futuro será um Algarve, em crise, com uma recuperação muito lenta. Temos uma dificuldade acrescida, fomos uma das regiões da Europa mais fortemente atingidas em razão da nossa especialização setorial. Por isso, as empresas do Algarve estão em pior situação que a média do país, por isso recuperar também é mais difícil, mas possível se bem feito. Mas não nos podemos resignar, temos naturalmente que apostar na diversificação da economia do Algarve. Assim, teremos que ap o s t a r no m a r, energias renováveis, ciências da saúde e da vida, agro alimentar e TIC, mas naturalmente continuar a apostar no turismo. Te m o s q u e p r o voca r/força r a variedade relacionada, onde o Turismo será a âncora para os setores acima referidos, promovendo projetos que fomentem as relações/ parcerias entre os diversos setores, o que aumentará resiliência a choques exteriores, tal como o desta pandemia. Os fundos comunitários terão que ser procurados e aplicados neste desígnio. Devemos procurar mais apoios comunitários, fora dos fundos comunitários regionalizados. Como exemplos, para as empresas, COSME, na investigação/inovação, Horizonte 2020, e para a comunidade académica, Erasmus +. Não podemos continuar a ser uma região que recebe muito menos do que contribui, para as contas públicas do País.

Dos 13,9 mil milhões de euros previstos com execução até 2026, o Algarve beneficiará diretamente de uma fatia de 1,7%, muito aquém dos perto de 5% da população e da economia que detém P Na sua opinião pensa que o Algarve não tem recebido os apoios que o seu peso económico representa para o país? O PRR é o programa que o Algarve precisa? R Eu ouvi os deputados do PSD, eleitos pelo Algarve, em particular o deputado Cristóvão Norte questionar o ministro do Planeamento várias vezes sobre o PRR, a dizer “que se não há apoios fortes de curto prazo, se no PRR as verbas escasseiam para a região, e se esta é a região mais afetada pela crise, como é que se vai operar a reviravolta e se constrói uma economia mais

diversificada?”. E ainda não ouvimos resposta. Dos 13,9 mil milhões de euros previstos com execução até 2026, o Algarve beneficiará diretamente de uma fatia de 1,7%, perto de 250 milhões de euros, muito aquém dos perto de 5% da população e da economia que detém. Investimentos decisivos para a região, não estão contemplados: o Hospital Central do Algarve, a requalificação da EN-125, a ligação ferroviária ao aeroporto e a Espanha, o Porto de Portimão, apenas para citar algumas. Os setores mais atingidos pela crise: turismo, restauração e comércio não têm qualquer verba prevista para a sua recuperação. É positiva a previsão de verbas para a eficiência hídrica da região, de modo a estruturar uma resposta para as alterações climáticas; não vislumbramos, qualquer visão de mudança para a região, alicerçada na diversificação de atividades económicas. O documento não contempla medidas para atrair investimento em setores mais atrofiados, como o mar, a biotecnologia… PUB.


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ARTES VISUAIS

O trabalho dos profissionais de saúde pode ser valorizado através da arte?

Direção: GORDA, Associação Sócio-Cultural Editor: Henrique Dias Freire Responsáveis pelas secções: • Artes Visuais: Saúl Neves de Jesus • Espaço AGECAL: Jorge Queiroz

SAÚL NEVES DE JESUS Professor Catedrático da Universidade do Algarve; Pós-doutorado em Artes Visuais; http://saul2017.wixsite.com/artes

• Espaço ALFA: Raúl Grade Coelho • Filosofia Dia-a-dia: Maria João Neves • Fios De História: Ramiro Santos • Letras e Literatura: Paulo Serra Colaboradores desta edição:

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o último ano as pessoas aperceberam-se que os profissionais de saúde têm um papel fundamental na nossa vida, nomeadamente porque muitas vezes dependemos deles para nos mantermos vivos. Os profissionais de saúde são dos que apresentam níveis de exaustão mais elevados, de acordo com investigações realizadas em vários países, desde há alguns anos. No entanto, os níveis de stresse e burnout nunca foram tão elevados como os verificados no último ano, tendo estes profissionais que superar constantemente os seus próprios limites para conseguir dar resposta aos cuidados de saúde necessários em virtude do elevado número de casos de Covid-19. Um pouco por todo o mundo e das mais diversas formas ocorreram manifestações de agradecimento e reconhecimento a estes profissionais. Uma dessas manifestações foi concretizada por Bansky, ao homenagear os profissionais de saúde com uma obra de arte. Banksy é um dos artistas mais conceituados na atualidade, criando imagens visuais que pretendem ajudar a refletir sobre o mundo à nossa volta, nomeadamente sobre temas sociais. Os seus trabalhos chegam a atingir vários milhões de euros em leilões. Um episódio muito mediatizado ocorreu em outubro de 2018, quando a obra “Girl with balloon” (“Rapariga com balão”) se “autodestruiu”, desfazendo-se em tiras ao passar por uma trituradora de papel instalada na parte inferior do quadro, depois de ser vendida por 1,04 milhões de libras (1,18 milhões de euros) na leiloeira londrina Sotheby's. Desta vez criou uma pintura, “Game

Ficha técnica

Saúl Jorge Lopes Parceiro: Direcção Regional de Cultura do Algarve e-mail redacção: geralcultura.sul@gmail.com publicidade: anabelag.postal@gmail.com online em: www.postal.pt e-paper em: www.issuu.com/postaldoalgarve FB: https://www.facebook.com/ Cultura.Sulpostaldoalgarve

por 9,9 milhões de libras, em 2019. Não obstante todo o sucesso, a identidade de Banksy permanece um mistério, pois procura manter o anonimato, chegando a afirmar que “o anonimato é um superpoder”,

“Game Changer” (Bansky, 1,00 x 1,00 m; 2020)

Changer” (“Jogador desafiante”), com um metro quadrado, quase totalmente monocromática, que mostra um rapaz que havia jogado os bonecos Batman e Homem-Aranha no lixo, para passar a brincar com uma enfermeira do NHS (sigla inglesa para o Serviço Nacional de Saúde) que usa máscara, capa e um avental com o emblema da Cruz Vermelha, único elemento com cor. O braço da enfermeira surge estendido e apontando para a frente, como uma verdadeira super-heroína em missão na luta contra a Covid-19. Esta obra foi oferecida ao Hospital Geral de Southampton, em maio de 2020, tendo sido pendurada perto da unidade de emergência. Juntamente com o quadro, o artista

FOTOS D.R.

deixou um bilhete aos funcionários do hospital, em que escrevia o seguinte: "Obrigado por tudo o que estão a fazer. Espero que isso ilumine um pouco o lugar, mesmo que seja apenas a preto e branco". Paula Head, diretora do hospital, afirmou que “o facto de Banksy nos ter escolhido para reconhecer a excelente contribuição de todos nós, em tempos sem precedentes, é uma grande honra". Disse ainda que o gesto "será realmente valorizado por todos no hospital, pois as pessoas poderão fazer uma pausa, refletir e apreciar a obra de arte". Entretanto, a tela do hospital foi recentemente substituída por uma réplica para que a obra original pudesse ser leiloada, procurando

arrecadar recursos para o Serviço Nacional de Saúde britânico (NHS). Tal aconteceu no dia 23 de março de 2021, tendo o leilão realizado pela Christie’s sido antecedido de um minuto de silêncio para lembrar as mais de 126 mil pessoas que tinham perdido a vida no Reino Unido por causa da Covid-19. A obra foi vendida por 16,7 milhões de libras (quase 19,5 milhões de euros), valor quase cinco vezes maior ao estimado inicialmente e batendo o recorde atingido em leilões anteriores com obras de Bansky. O recorde de Banksy tinha sido alcançado com a obra "Devolved Parliament", uma gigantesca obra que retrata os deputados britânicos como chimpanzés, que foi vendida

Obra “Game Changer” no Hospital de Southampton

encontrando-se em contra corrente com aquilo que se passa com a maioria das pessoas na atualidade, em que toda a vida é exposta através das redes sociais. Os seus trabalhos nunca são assinados, tendo apenas uma conta no Instagram, onde publica as imagens das obras que vai realizando em paredes um pouco por todo o mundo, o que serve de autenticação para as mesmas. Mas esta situação reforça a atitude de missão com que Bansky realiza as suas obras, atitude fundamental também no trabalho realizado pelos profissionais de saúde!


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LETRAS & LEITURAS

Da Meia-Noite às Seis, de Patrícia Reis FOTO MAFALDA GOMES

PAULO SERRA Doutorado em Literatura na Universidade do Algarve; Investigador do CLEPUL

D

a Meia-Noite às Seis, de Patrícia Reis, autora publicada pela Dom Quixote, é um romance claramente inscrito no contexto pandémico que se tem vivido nestes dois anos. Contudo esta não é uma história que se detém na pandemia mas sim no demais que a vida comporta. Uma tessitura narrativa feita de várias vidas um pouco desencontradas, que se encaixam de modo a compor um mosaico que reflecte as nossas próprias vidas nestes tempos. Com início na história de Susana Ribeiro de Andrade, cujo marido morreu em 2022, «durante os dias de combate ao vírus que nunca mais se foi embora, o vírus que chegara há demasiado tempo» (p. 11), o impulso

A capa do livro de Patrícia Reis

de alguns leitores pode ser o de rapidamente pousar o livro, pouco predispostos a uma narrativa que parece claramente imersa num real já por si demasiado opressivo. Meses

depois, Susana é forçada a sair do luto e, até porque não consegue dormir, dá por si a fazer um programa de rádio nocturno, da meia-noite às seis, horário pouco nobre em que ninguém se liga. Mas nesse programa, que tem muito pouco de jornalismo, as directrizes são muito claras e exigem que Susana se mantenha muda, regra que ela acaba por quebrar, com resultados surpreendentes, quando certa noite um ouvinte faz o pedido de que «queria muito ouvir Caetano Veloso, «Cajuína», essa canção que pergunta, existirmos: a que será que se destina?» (p. 72). E esse parece ser o momento-chave de mudança para quem já nem se considerava uma jornalista, «como aliás tinham feito questão de lhe demonstrar várias vezes, aliás, questão de lho fazer ver várias vezes ao longo da sua carreira. Entreter não é informar. Ela sabia.» (p. 61) Susana, tal como a autora deste livro, parece querer pegar em todo o excesso de realidade dos

últimos tempos e dar voz àquilo que está para lá da espuma destes dias de instabilidade, doença e desconhecimento: «Os seus ouvintes entravam numa ilusão, da meia-noite às seis sonhavam e era gratuito.» (p. 171). Até porque no meio de muitas vozes, as da rádio, as da música, e das mensagens áudio de WhatsApp dos ouvintes, há outros que optam simplesmente por deixar de falar. Este é o trabalho magistral de Patrícia Reis neste livro, fazer um libelo das relações humanas e do companheirismo, conforme entretece as histórias de Susana, Rui Vieira e Miguel Noronha, atendendo ao contexto destes estranhos tempos que, todavia, servem apenas como moldura de uma janela que se estende muito além do que a comunicação social nos tem servido. Porque acima das estatísticas e dos números e do pânico resta-nos, ainda e sempre, o amor. E o riso: «o riso surgiu

O mais recente romance de Patrícia Reis reflecte sobre o que é prioritário em tempos de pandemia

simplesmente dentro de si e estava a respirar, tinha encontrado espaço para sair. O riso, o que nos distingue dos animais, o riso dos homens é uma arma.» (p. 168)

Klara e o Sol, de Kazuo Ishiguro

Klara e o Sol tem como narradora uma Amiga Artificial

K

lara e o Sol é o novo romance de Kazuo Ishiguro, autor cuja obra integral é publicada pela Gradiva, premiado com o Nobel em 2017. Este é o oitavo romance de um autor já conhecido por algumas das suas particularidades, como explorar géneros distintos, se bem que com que uma certa propensão para a distopia ou ficção-científica, em cenários muitas vezes irrealistas. A narrativa é contada na primeira pessoa pela perspectiva de Klara, uma AA (não confundir com as pilhas), sigla de Amigo Artificial, desde os seus primeiros dias na montra de uma loja onde espera expectante que uma criança a veja e escolha, pois a função de um AA é ajudar a combater a solidão enquanto acompanhante de

jovens adolescentes, num mundo desestruturado (nunca completamente explicado pelo autor) onde poucos adolescentes parecem sobreviver à poluição e ingressar na vida adulta, um mundo competitivo onde só os alunos que tenham beneficiado de «edição genética» (p. 283) podem ser capazes de ingressar numa faculdade e depois ter sociedade. A perspectiva externa distanciada, através de uma narradora alienada, dá à história um tom de fábula ou narrativa infantil ao dar-nos a conhecer o mundo (mundo esse confuso, face a um rápido desenvolvimento tecnológico) pelos olhos de Klara que, apesar de inumana, tem em si algumas qualidades sobre-humanas que a colocam inclusive acima dos modelos mais recentes de AA: «A Klara tem muitas características únicas (…). Mas se quisesse salientar apenas uma, bem, teria de ser a sua apetência para a observação e a aprendizagem. A sua capacidade para absorver e integrar tudo o que vê à sua volta é espantosa.» (p. 55) Klara, contudo, ao contrário de nós, vê tudo como que segmentado por caixas (e talvez por isso seja fascinada por padrões), ou a partir de diferentes ângulos, ao invés de uma perspectiva monista e redutora como a nossa: «Bebeu o café sempre a olhar para mim, até eu ver a cara

da Mãe encher seis caixas só por si, os seus olhos semicerrados repetidos em três delas, sempre com um ângulo diferente.» (p. 121). Klara não é, portanto, o androide comum de uma qualquer série de sci-fi, pois a sua aprendizagem fazse a partir daquilo que experiencia e observa – «Creio que tenho muitos sentimentos. Quanto mais observo, mais sentimentos tenho disponíveis.» (p. 117) – o que a torna capaz de uma perspicácia incomum ao detectar os sentimentos das pessoas que vê passar frente à montra da loja e a torna mais do que humana na sua capacidade de sentir empatia. Capaz até de exprimir a realidade com uma certa carga poética, como quando é finalmente escolhida por uma jovem, Josie, e passa a ver o Sol das janelas da sua nova morada: «O céu que se avistava da janela traseira do quarto era muito mais vasto do que o intervalo de céu que se via da loja — e capaz de variações surpreendentes. Por vezes era da cor dos limões na fruteira, em seguida podia ficar cinzento como as pranchas de cortar, de lousa. Quando Josie não estava bem, podia ficar da cor do seu vómito ou das suas fezes descoradas, ou apresentar mesmo veios de sangue. Às vezes o céu ficava dividido numa série de quadrados, todos eles com tons diferentes de púrpura.» (p. 67)

Klara recarrega a sua energia a partir do Sol, astro que ela aliás personifica, ou melhor, deifica. E tal como o Sol, tal como os humanos, também ela conhecerá um declínio, quando terminar o seu ciclo de alguns anos apenas, alimentando-

ter sentimentos – pois a inteligência artificial deverá ficar sempre aquém da emoção -, muito menos um robô capaz de rezar ou fazer promessas para que o Sol interceda com um milagre e cure a sua amiga humana. «Deixa-me perguntar-te isto.

Kazuo Ishiguro recebeu o Prémio Nobel de Literatura em 2017

se das memórias que construiu. Klara e o Sol, ao jeito da obra narrativa de Kazuo Ishiguro, é um acto de preservação da humanidade pela ficção, pois ao autor parece interessar sobretudo uma tentativa de retratar o mundo não nos seus detalhes superficiais (e por isso se detém tão pouco em aspectos tecnológicos deste novo mundo) mas sim na vida emocional que nos torna únicos, inclusivamente no caso de um robô que não deveria ser capaz de

FOTO D.R.

Acreditas no coração humano? Não me refiro simplesmente ao órgão, como é óbvio. Estou a falar no sentido poético. O coração humano. Achas que tal coisa existe? Algo que torna cada um de nós especial e único? Vamos supor que existe. Nesse caso, não achas que, para conheceres verdadeiramente a Josie, terias de aprender não só os seus maneirismos, mas também o que existe no mais profundo dela? Não terias de conhecer o seu coração?» (p. 251).


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ESPAÇO ALFA

A emoção da fotografia de rua SAÚL JORGE LOPES Membro da ALFA – Associação Livre Fotógrafos do Algarve

A

emoção de quem fotografa, sem dúvida. A esperança pelo inesperado. A dúvida sobre o enquadramento. A inquietação do resultado da focagem. O enfrentar e vencer os receios, de estar a ser demasiado intrusivo. As adversidades colocadas pela direcção da luz e da sua intensidade e a forma de melhor as ultrapassar. O julgamento dos pares sempre tão dispostos a expor de forma crua aquele pormenor que podia ser melhorado. A insatisfação relacionada com o material de que dispomos. A angústia de publicar o resultado do nosso trabalho. A comparação com as figuras de referência e com os ícones da fotografia. A resposta a isso, só pode ser, conhecer o mais profundamente possível, as potencialidades, e de como as tornar reais, do material de que dispomos. É preferível ter um material menos evoluído ou menos actual,

mas que nós tratamos por tu e em quem podemos confiar, do que estarmos artilhados com as últimas novidades do mercado (e elas surgem todos os dias) sem explorar todas as suas capacidades. O desenvolvimento de uma cumplicidade com a câmara e as objectivas é essencial. No processo criativo, que envolve a fotografia de rua, a imagem do que podemos vir a fotografar, tem de estar composta previamente. O resultado e o quanto ficamos aquém da sua concretização, são o motor permanente do nosso aperfeiçoamento. A visualização crítica de outras imagens produzidas por nós ou pelos outros e a participação em grupos ou discussões, vai acelerar a nossa evolução. Considero, no entanto, que devemos tentar criar o nosso próprio estilo e melhorá-lo permanentemente. Devemos imprimir um cunho pessoal às imagens que vamos produzindo. A antecipação e resposta, a possíveis obstáculos técnicos ou relacionados com o local, que possam surgir, contribuem para diminuir a possibilidade de falharmos os nossos objectivos. Conhecer ou reconhecer

o local onde prevemos fazer fotografia de rua é uma vantagem. Olhar para a luz natural disponível e a sua orientação, permite que nos coloquemos de feição. Uma forma indirecta de usarmos os fotómetros que hoje tão bem equipam as câmaras é a realização de várias fotografias prévias, com diferentes parametrizações. É possível, com paciência e persistência, “esperar” que determinadas situações façam parte da nossa composição de forma enriquecedora. O treino de enfrentar com determinação mas equilíbrio e respeito quem está na mira da nossa objectiva vai abrir as possibilidades de captarmos momentos carregados de expressividade. Podemos criar e desenvolver cenários, onde nos movimentamos com facilidade e tranquilidade, fotografando-os de forma repetida e exaustiva. Nunca é de mais reforçar a vantagem, de conhecer e estudar, quem já fez caminho na realização da fotografia de rua e humildemente pedirmos e aceitarmos os juízos de fotógrafos mais experientes. E a emoção de quem aprecia as fotografias também.

“Reencontros na Rua de Santo António” (Panasonic DMC-LX100 24 mm, F/5.6,1/1600 seg., ISO 200)

Uma boa fotografia de rua tem sempre uma história para contar. A sua interpretação pode e deve ser quase infinita. Cabe a quem fotografa, registar, luz, sombras, linhas, figuras animadas ou fixas, expressões e sentimentos, que vão compor algo que vai mexer com quem vê. A fotografia de rua tem um papel cultural, na medida em que fixa momentos, que traduzem aspectos vivenciais de múltiplas realidades, dando-lhes uma visibilidade, que

pode e deve ser enriquecedora para quem a vai apreciar. É um grande incentivo, a ver e interpretar a realidade de uma forma diversa, acrescentando-lhe valor. Pode servir de estímulo aos fotógrafos e não só, de iniciarem os seus próprios registos e assim contribuírem para o enriquecimento da fotografia de rua. * O autor não escreve segundo o acordo ortográfico

ESPAÇO AGECAL

Algarve na História Cultural: a expansão marítima e o mito henriquino JORGE QUEIROZ Sociólogo, sócio da AGECAL

“No século XVI a gesta dos portugueses tornou-se epopeia pela pena de Camões… a transposição da História para a epopeia deu-lhe porém, a força do mito, não só para gente pouco instruída…” José Mattoso, in “A identidade Nacional”, 1998

A

expansão marítima portuguesa, ou “descobrimentos” na perspectiva europeia, foi obra de muitas gerações, consequência de necessidades nacionais e aspirações sociais: posicionamento ultraperiférico de Portugal, limites oceânico e terrestre com Castela, carências alimentares sobretudo de cereais, rotas comerciais no Mediterrâneo dominadas pelos otomanos, influência dos mercadores nas maiores cidades, Lisboa e Porto, ideais culturais do Renascimento,…

Na História da expansão marítima de quatrocentos o Algarve surge ligado à figura do Infante D. Henrique, tema sensível por razões educativas e de herança mitológica. Na origem dessa construção idealizada estarão as crónicas de Gomes Eanes de Zurara, autor dos panegíricos henriquinos, protegido do Infante e por este feito comendador da Ordem de Cristo. A descrição mitológica e mesmo hagiográfica, fixou-se no imaginário colectivo, reproduzida pelas elites políticas, religiosas e aristocráticas pós-Alfarrobeira (1449), mais tarde exaltada pelo nacionalismo romântico do século XIX e pelo Estado Novo. O auge propagandístico ocorreu em 1894 e 1960 durante as “comemorações henriquinas”, com centenas de topónimos, estátuas,… Da “Ínclita Geração” destacaram-se duas figuras relevantes, o rei D. Duarte, autor do “Leal Conselheiro” sobre ética e moral e o Infante D. Pedro “das Sete Partidas”, regente uma década (1439-1448) na menoridade de Afonso V, príncipe viajado,

reconhecido nas cortes europeias, dominando idiomas, tradutor de clássicos da Antiguidade, que escreveu o “Livro da Virtuosa Benfeitoria” sobre a boa governação, marco na expressão escrita da língua portuguesa. Na “Carta de Bruges” (1426) dirigida ao rei D. Duarte seu irmão, aconselha o comércio atlântico evitando guerras e ocupações territoriais, contudo a aristocracia feudal e o Infante D. Henrique pugnavam pela “guerra santa” no Norte de África que lhes traria títulos e benefícios. O Infante D. Henrique, terceiro na sucessão, pressionou D. Duarte a autorizar-lhe o comando do ataque a Tanger, contra a vontade dos irmãos D. Pedro, Duque de Coimbra e D. João, Mestre de Santiago. A expedição foi um desastre, cercado o Infante negociou a devolução de Ceuta sem ter poderes para tal, deixando refém o irmão mais novo D. Fernando que morreu em Fez. Ao regressar, sob duras críticas, afastou-se da Corte e foi viver para o Algarve, estabelecendo-se na zona

de Lagos. É o início da lenda, acompanhada por factos reais… O regente D. Pedro realizou actos de sábia governação, como as “Ordenações Afonsinas”, concedendo ao irmão a administração da Ordem de Cristo, percentagem nos negócios ultramarinos. O Infante enriqueceu e fez de Lagos (1444) entreposto esclavagista. No confronto entre antagonismos, com D. Afonso V ainda menor, o regente foi alvo de intrigas da nobreza feudal conduzidas pelo bastardo D. Afonso, feito Duque de Bragança pelo próprio D. Pedro. Este foi assassinado em Alfarrobeira (1448), o seu relevante papel apagado da História da expansão marítima portuguesa, diminuído o valor da sua governação. O “Príncipe Perfeito”, D. João II, neto e admirador de D. Pedro, seguiu-lhe as ideias, negociou a paz com Castela e o Tratado de Tordesilhas, impulsionou as viagens para o hemisfério sul. Apesar do brilhante reinado, D. João II morreu só e abandonado em Alvor. Ao Infante foram atribuídos os méritos da expansão, dela ausentes vários

reis, cidades, cientistas, milhares de marinheiros,… D. Henrique viveu rodeado de uma elite científica e criou a “escola náutica” de Sagres? Nunca tal foi provado nem referido no seu testamento. Duarte Leite (1864-1950), historiador e diplomata, mostrou que o inglês Samuel Purchas foi no século XVII o criador desse mito. Intelectuais do século XIX, sem o domínio dos métodos da História, inspirados pelo nacionalismo romântico escreveram biografias romanceadas. Na segunda metade do século XX investigadores como A. J. Saraiva, Luís Albuquerque, Veiga Simões, Magalhães Godinho e outros, procederam a uma necessária e fundamentada revisão histórica, que continua hoje com novos contributos. E o Algarve? António Rosa Mendes pugnou por uma unidade científica especializada na História do Algarve, culturalmente dela carecemos para educação das gerações e valorização da região. * O autor não escreve segundo o acordo ortográfico


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FILOSOFIA DIA-A-DIA

Os Novos Dinossauros MARIA JOÃO NEVES PH.D Consultora Filosófica

L

onge vão os tempos dos cartazes de Toulouse Lautrec ou de Mucha, que tanto nos maravilham. Na sua época eram bens perecíveis, meros papéis que se colavam a muros e paredes, anunciando um espectáculo no Moulin Rouge ou uma peça com a diva Sarah Bernhardt. Verdadeiras obras de arte, aí ficavam à mercê da intempérie ou do vandalismo dos transeuntes. Hoje em dia não vale a pena gastar dinheiro em cartazes ou flyers, as redes sociais tornaram-se o meio privilegiado de divulgação. Lamentavelmente, a componente da divulgação tornou-se ingrediente indispensável para singrar em qualquer que seja a actividade profissional. Rendida a esta evidência, e fazendo um esforço enorme para ultrapassar a minha aversão, resolvi frequentar um mini-curso on-line de escrita criativa para adquirir competências na área do marketing digital. No módulo de “Escrita para a web” informaram-me da chamada “Lei Fundamental da Internet”. Confesso que apesar do meu desafecto instintivo por este tipo de actividade, não me encontrava preparada para o que se seguiu. A Lei Fundamental da Internet é: “não fazer o leitor pensar”. Da enxaqueca que se abateu sobre mim nesse momento, ainda não recuperei. Sem qualquer pudor esta lei foi repetida nas sessões em directo, nos vídeos gravados e nos pdf’s de apoio. Dos mais de 3000 participantes, aspirantes a escritores deste curso, ninguém questionou este conteúdo. Esta instrução calamitosa - não fazer o leitor pensar - não causou perplexidade, não incendiou os ânimos, dir-se-ia que ninguém reparou nela. Foi acatada com a submissão dos carneiros que, ao seguir o primeiro do rebanho, se atiram do precipício. Pese embora o flagelo, acredito nas boas intenções dos mentores deste curso. O que mais me assusta é que, se calhar, até têm razão quanto à eficácia desta regra. Com uma vida dedicada à Filosofia, não apenas à investigação mas também ao ensino, conheço bem o prazer de pensar e tudo tenho feito e continuo a fazer para despertar no outro esta delícia. A filosofia é uma

actividade erótica, o prazer de pensar é gratuito e está ao alcance de qualquer um. Portanto, esta competência - não fazer o leitor pensar - que agora deveria adquirir, arrasou-me. Decorria o Dia Mundial do Livro e a Biblioteca Álvaro de Campos de Tavira, na sua rubrica Encontro com Escritores acolheu Lídia Jorge. A inevitável transição para o mundo digital foi abordada. “Ao mexerem nas novas tecnologias as pessoas acham que estão na vanguarda e o livro surge como algo antiquado” disse-nos a escritora. Contou-nos então a seguinte anedota: “Como prenda de aniversário, a mãe queria oferecer ao seu filho um livro. O pai opõe-se: ‘para quê se ele já tem um?’” De facto, não há notícia de ajuntamentos nos interior das livrarias portuguesas. Porém, não considerando o livro um bem essencial, o nosso governo fechou as livrarias durante o confinamento. Mais tarde, resolveu atenuar a medida permitindo a compra de livros em hiper-mercados. Ficaram os leitores restringidos àquela selecção do fast-reading, primo irmão do fast-food. Como se não bastasse estarmos confinados fomos também privados, há que dizê-lo sem medo, de poder descobrir e, quiçá, adquirir bons livros. Sim, podemos comprar livros on-line, mas qualquer bom leitor sabe que isso não se compara ao encontro com as estantes de uma livraria bem apetrechada, por certo, em perigo de extinção na Lusitânia. Ao mesmo tempo, em França, o ministro das Finanças Bruno Le Maire soltava este grito de alarme: “Afastem-se dos ecrãs! Leiam! Os ecrãs devoram-vos, a literatura nutre-vos.” Explicou que, da mesma maneira como se adestram ratos em laboratório, recebemos dos ecrãs estímulos a cada 5 ou 10 segundos que excitam os nossos receptores nervosos e aprisionam a nossa atenção. Desta forma, os ecrãs formatados tornam-nos submissos e servis. A literatura, pelo contrário, “é uma arma de liberdade”, afirmava o ministro. Porém, uma arma que se esgrime com um imenso prazer. Desenvolve a imaginação, abre-nos a mundos radicalmente novos e, sobretudo, ajuda-nos a conhecer-nos um pouco melhor. Estou convicta de que existem livros que são como espelhos mágicos, neles não encontramos apenas o que somos, encontramos o que podemos vir

Livraria Lello, Porto

a ser e o que podemos deixar de ser. Escolhemos. Podemos esculpir-nos. No referido Encontro on-line, Lídia Jorge mostrou-nos como “o mundo actual faz de cada pessoa uma espécie de pára-raios de exigências múltiplas, ligados a variadíssimos universos ao mesmo tempo. Comportamo-nos como animais assustados. Estamos permanentemente a defendermo-nos.” Mas o mais perigoso de tudo isto é “o empobrecimento da subjectividade”, afirmou. Em que é que consiste a subjectividade? E porque é que constitui um empobrecimento perdê-la? A subjetividade é o nosso mundo interno, quer dizer, é aquilo que somos por dentro. Este mundo interior é composto por emoções, sentimentos e pensamentos. Como sujeitos livres e pensantes somos também seres criativos. A criatividade exercitada através do pensamento, da imaginação e da acção afecta-nos a

RESTAURANTE O TACHO

Restaurante de estilo familiar Take-Away: Entrega ao domicílio em Tavira

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nós e ao mundo circundante. Graças ao seu mundo interior, a pessoa não age somente movida por forças exteriores, mas actua também a partir de dentro, a partir do núcleo da sua própria subjectividade. A partir do momento em que alguém é o autor das suas acções, possui uma identidade que foi alcançada por si, que não pode ser reduzida a uma análise objectiva e por isso resiste à definição. Esta resistência à definição, esta irredutibilidade, é precisamente aquilo que torna cada um de nós um ser único. Tudo isto fracassa se perdermos a subjectividade. Se os ecrãs formatados contribuem para a perda da subjectividade, tornando-nos seres indiferenciados e servis, os livros, pelo contrário, estimulam o mundo interior e a nossa unicidade. Os livros são agentes libertadores. Lídia Jorge diz: “Os livros são um meio revolucionário, uma revolução que veio dos céus”.

Atrevo-me portanto a interpretar a frase da escritora do ponto de vista da astronomia. Os livros estão em revolução como os astros, são capazes de fazer com o ser humano o que Copérnico fez com as nossas crenças planetárias. Como é do conhecimento de todos, a revolução copernicana é a responsável pela mudança de paradigma do geocentrismo para o heliocentrismo. É precisamente com a revolução copernicana que Kant inaugura a sua Crítica da Razão Pura. Nela o filósofo alemão aponta para o facto de, apesar de todo o nosso conhecimento se iniciar com a experiência, isso não significar que todo ele derive da experiência. De facto, existe um conhecimento a priori, quer dizer, independente da experiência, no interior de cada sujeito, que estrutura e dá forma aos dados que provêm da experiência. Por conseguinte, esta estrutura inata e interior a cada um de nós é condição sine qua non de cada acto perceptivo. Porém, com a interferência constante de e-mails, sms, WhatsApp, Instagram e variadíssimas outras formas de estarmos ligados à Internet, acabamos por descurar esse núcleo que nos estrutura. Já não nos conseguimos concentrar, sossegar, e aceder ao nosso mundo interior. Ficamos, portanto, muito mais vulneráveis a alguém que saiba como nos manobrar. É muito perigoso que os bibliotecários, os académicos, os leitores sejam considerados, e cito uma vez mais a escritora Lídia Jorge, “gente antiquada e prescindível”. Em abono do objecto de nutrição (livro) favorito dos novos dinossauros (os leitores) permitam-me realçar o seguinte: um livro não tem cabos, circuitos eléctricos ou bateria, portanto, pode ser utilizado por tempo indeterminado sem necessidade de ser recarregado. Nunca tem falhas no sistema, nunca precisa de ser reiniciado ou de fazer actualizações. Compacto e portátil pode ser utilizado em qualquer lugar. É feito de materiais totalmente recicláveis. Para conhecer mais vantagens deste dispositivo “bio-óptico” de conhecimento por favor aceda a: https://www.youtube. com/watch?v=YhcPX1wVp38 Inscrições para o Café Filosófico: filosofiamjn@gmail.com * A autora não escreve segundo o acordo ortográfico


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FIOS DE HISTÓRIA

Lagos na rota do comércio de escravos RAMIRO SANTOS Jornalista ramirojsantos@gmail.com

O Mercado de Escravos, em Lagos, tem resistido aos séculos para lembrar que “todo o monumento da civilização é, ao mesmo tempo, um monumento de barbárie” FOTOS D.R.

Dias antes haviam chegado as caravelas a Lagos, donde antes haviam partido. E do alto da sua montada, assistiu o Infante ao resultado da operação de Lançarote de Freitas. Assim descreve Zurara a grande descarga de escravos naquele que viria a ser o primeiro entreposto europeu do comércio negreiro. Não era a primeira vez que ali chegavam cativos africanos, mas nunca em número tão elevado! A seu pedido, tinha aquele mercador equipado uma frota de seis navios e cerca de trinta homens que partiram no mês de maio para os bancos de Arguim, atual Mauritânia. Em apenas alguns dias, fizeram 235 cativos tendo retornado a Lagos no dia 6 de agosto de 1444 com a sua carga humana. Aportaram na zona da ribeira, no local onde se ergue o edifício do mercado de escravos, transformado em museu para que a memória não esqueça. Um símbolo de um tempo que assinala o início do período mais negro e dramático dos descobrimentos e do domínio colonial português e europeu em África. Basta ler o cronista oficial do reino. Na sua Crónica da Guiné, Gomes Eanes de Zurara, não esconde sentimentos e conta apiedado o que os seus olhos viam. É um relato vivo e atento. Carregado de dor e sofrimento. Feito pelo confidente e a pessoa mais próxima do Infante D. Henrique: “E no outro dia, Lançarote como homem que do feito tinha principal cargo, disse ao Infante: - Senhor! Bem sabe vossa mercê como haveis de haver o quinto destes mouros (...) vêm assaz mal corregidos (maltratados) e doentes; pelo que me parece que será bem que de manhã os mandeis tirar das caravelas, e levar àquele campo que está além da porta da vila, e farão deles cinco partes, segundo o costume, e seja vossa mercê chegardes aí e escolher uma das partes, qual mais vos prouver”. E no dia seguinte, “que eram oito dias do mês de agosto, muito cedo pela manhã por razão da calma, começaram os mareantes de correger (preparar) seus batéis e tirar aqueles cativos, para os levarem segundo lhes fora mandado”. Para um campo onde hoje fica o rossio da Trindade. Ali foi feita a primeira partilha de escravos, a sua licitação e venda. De muitas que haviam de suceder por séculos adiante. “Mas qual seria o coração, por duro que pudesse, que não fosse pungido de piedoso sentimento, vendo assim aquela campanha? Que uns tinham

De quem eram os navios negreiros que partiram de África

as caras baixas e os rostos lavados com lágrimas; outras estavam gemendo mui dolorosamente, bradando altamente, como se pedissem acordo ao Padre da natureza; outros feriam seu rosto com suas palmas, lançados e (es)tendidos no meio do chão; outros faziam suas lamentações em maneira de canto, segundo o costume de sua terra, nos quais, posto que as palavras da linguagem aos nossos não pudesse ser entendida, bem correspondia ao grau de sua tristeza. Mas para seu dó ser mais acrescentado, vieram aqueles que tinham cargo de partilha e começaram de os apartarem uns dos outros; onde se convinha de se apartarem os filhos dos padres, e as mulheres dos maridos e os irmãos dos outros, (...) somente cada um caía onde a sorte o levava! Ó poderosa fortuna, que andas e desandas com tuas rodas, compassando cousas do mundo como te apraz! (...) E vos outros, que trabalhais nesta partilha, esguardae (observai) com piedade tanta miséria, e vede como se apertam uns contra os outros, que apenas os podeis desligar! Quem poderia acabar aquela partição sem mui grande trabalho? Que tanto que os tinham postos em uma parte, os filhos, que viam os padres na outra, alevantavam-se rijamente e iam-se para eles de bruços, recebendo feridas, com pouca piedade de suas carnes, por lhe não serem tirados! E assim trabalhosamente os acabaram de partir (separar), porque alem do trabalho que tinham com os cativos, o

campo era todo cheio de gente, assim do lugar como das aldeias e comarcas de arredor, somente para ver aquela novidade. E com estas cousas viam, uns chorando, outros departindo (protestando) faziam tamanho alvoroço, que punham em turvação (perturbação) os governadores daquela partilha. O Infante era ali em cima de um poderoso cavalo, acompanhado de suas gentes, repartindo suas mercês, como homem que de sua parte queria fazer pequeno tesouro, que de 46 almas suas aconteceram no seu quinto, muito breve fez delas sua partilha”. * Esta descrição retrata em pormenor, sem esconder sentimentos, as cenas de leilão e venda de escravos em Lagos. Nesta praça algarvia, funcionou o primeiro entreposto negreiro da Europa que durou até 1512, ano em que o rei D. Manuel o concentrou

em Lisboa. Entre 1441 e 1470, terão passado por Lagos mil escravos por ano. Nas décadas seguintes, cerca do dobro no mesmo espaço de 12 meses. No século XVI estima-se que haveria no Algarve à volta de seis mil escravos, correspondendo a um décimo da sua população total. Uma parte desse lado negro da história viria a ser desenterrada quando em 2009 foram descobertos no Vale da Gafaria, em Lagos, 158 esqueletos de homens, mulheres e crianças identificados como escravos africanos. Trata-se, segundo os especialistas, do mais antigo local de enterramento de escravos negros encontrado em toda a Europa. O drama humano registado por Zurara, ganhou nos séculos seguintes uma dimensão transcontinental num triângulo comercial que incluía a Europa, África e o continente americano. A partir de 1444 e durante cerca de 180

anos, os portugueses detiveram, quase em exclusivo, o comércio de escravos no Atlântico. Só a partir de 1621, entraram em cena outros protagonistas. Se “a culpa não é hereditária” - como disse o historiador Vitorino Magalhães Godinho - no edifício onde chegavam as caravelas quatrocentistas carregadas de escravos, ergue-se hoje um memorial onde ecoam as vozes torturadas de um passado, como exemplo, para não mais se repetir no futuro. O mercado de escravos tem resistido aos séculos para lembrar que “todo o monumento da civilização é, ao mesmo tempo, um monumento de barbárie” (Walter Benjamin). Fontes: “Crónica da Guiné”, Gomes Eanes de Zurara; “Escravos e Traficantes no Império Português”, Arlindo Manuel Caldeira; “A Expansão Quatrocentista Portuguesa”, V. M. Godinho; “Lagos e os Descobrimentos”, Rui Loureiro; outras

♦A proibição da escravatura em todos os territórios sob administração portuguesa foi aprovada a 25 de Fevereiro de 1869, no reinado de D. Luís

♦Em 2016, a Walk Free Foundation, calculava que vives-

sem ainda em todo o mundo, 46 milhões de pessoas, em regime de escravidão

♦ Estima-se que o comércio esclavagista transatlântico a partir das rotas da Guiné, Mina, Angola e Moçambique, tenha envolvido entre 12 a 14 milhões de pessoas das quais, pouco menos de metade, com destino ao Brasil


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CULTURA

Vila-realense José Estevão Cruz apresenta novo romance

J

osé Estevão Cruz apresentou o seu novo romance, “A Fronteira das Águas Porosas”, último livro da trilogia "Fronteira de Bloqueios". A cerimónia teve lugar, esta quarta-feira, na Biblioteca Municipal Vicente Campinas, em Vila Real de Santo António. Este é o sexto romance do autor, nascido em Vila Real de Santo António em 20 de Julho de 1947. Os três romances da trilogia contam a história de Mariana e Brandão, dois banidos pela Inquisição que chegam ao degredo em Castro Marim, no dia do Terramoto de 1755, ocasião na qual a atividade das pescas ganha grande importância no antigo Reino do Algarve. Iludem a sua condição, acobertados pela perda dos registos, e utilizam as competências próprias e uma aliança com os catalães presentes na área de Ayamonte. Fundam salinas em Castro Marim, um estaleiro no Guadiana e uma companhia de pescas nas praias de Monte Gordo. Mariana assiste ao erguer da nova Vila Real de Santo António e convive com as principais personagens que participam na edificação da vila-fábrica e na instalação das companhias tituladas por armadores de Portugal. Apaixona-se pela filosofia

Este é o sexto romance de José Cruz e o último livro da trilogia "Fronteira de Bloqueios" FOTOS D.R.

iluminista e sofrerá as consequências dessa opção, após a morte de D. José I. Segundo a análise literária do professor Fernando Martins, "em A Fronteira das

Águas Porosas, estamos, assim, mais uma vez, no domínio da ficção histórica. Quanto a estas componentes – história nacional e ficção –, o que ficou dito é

um pálido apontamento da intriga e da vastidão informativa coligida pelo autor. Se a informação histórica e os episódios da intriga são o principal atractivo da narrativa e fazem as delícias de leitores eruditos e menos eruditos, são, todavia, os aspectos relacionados com a expressão literária e a técnica de composição que mais importam a este leitor não erudito que nutre especial apetência pela sujeição da escrita ao crivo fino da coerência narrativa e da sugestividade linguística".

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UAlg lança cursos de Marketing Digital e de Design e Tecnologias Multimédiar A Universidade do Algarve vai aumentar a sua oferta formativa com dois novos Cursos Técnicos Superiores Profissionais (CTeSP), já no próximo ano letivo (2021/2022), um em Marketing Digital e outro em Design e Tecnologias Multimédia. O CTeSP em Marketing Digital foi criado para dar resposta à crescente exigência das entidades empregadoras a nível de recursos humanos, dotando os atuais e futuros profissionais da área de amplas competências. Este novo CTeSP, da responsabilidade da Escola Superior de Gestão, Hotelaria e Turismo (ESGHT), pretende "formar profissionais com compacidades para planear, gerir, executar, monitorizar e avaliar, no âmbito das organizações, as operações de marketing digital", explica a UAlg. Quanto ao CTeSP em Design e Tecnologias Multimédia, lecionado pela Escola Superior de Educação e Comunicação (ESEC), ele visa criar profissionais com uma formação abrangente nas áreas do design e da comunicação, utilizando as tecnologias multimédia como princípio fundamental no seu processo criativo. O titular deste diploma poderá ingressar nos cursos de licenciatura da UAlg, através de concurso especial próprio a si destinado, adquirindo o respetivo grau académico..

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ETIC_Algarve abre portas no dia 8 de maio para uma viagem criativa

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Breves

CULTURA

"Em Todos os Sentidos" de Lídia Jorge vence Grande Prémio de Crónica FOTO ALFREDO CUNHA / D.R.

A escritora Lídia Jorge foi a vencedora do Grande Prémio de Crónica e Dispersos Literários, da Associação Portuguesa de Escritores (APE), com o livro “Em Todos os Sentidos" O Grande Prémio de Literatura Crónica e Dispersos Literários APE/Câmara Municipal de Loulé foi atribuído por unanimidade do júri, constituído por Carina Infante do Carmo, José Carlos Seabra Pereira e José Viale Moutinho, indicou a APE em comunicado. Na ata de atribuição do prémio, o júri justifica a escolha de "Em Todos os

Sentidos", de Lídia Jorge, editado pela D. Quixote, com o facto de "se tratar de um livro de mestria cronística". "Do conjunto de textos resulta uma obra bem afeiçoada e nela se evidenciam: a brevidade impressionista suscitada pela ocasião, pela atualidade que ganha fôlego reflexivo; uma arte bem temperada na composição e intencionalidade da crónica; e o poder de sugestão, inferência e alusão da escrita com laivos ficcionais e poéticos”, acrescenta. O Grande Prémio de Crónica e Dispersos Literários, instituído pela APE, com o patrocínio da Câmara Municipal de Loulé, destina-se a galardoar anualmente uma obra em

português, de autor português, publicada em livro e em primeira edição em Portugal, no ano de 2020. O valor monetário deste galardão é de 12 mil euros. A cerimónia de entrega do prémio terá lugar no próximo dia 15 de maio, às 10:30, no Auditório da Assembleia Municipal, em Loulé. No ano passado, o vencedor do Grande Prémio de Crónica e Dispersos Literários foi Mário de Carvalho, com o livro “O que eu ouvi na barrica das maçãs”(Porto Editora). Em edições anteriores, este prémio já distinguiu os autores José Tolentino Mendonça, Rui Cardoso Martins, Mário Cláudio e Pedro Mexia.

Lagos “desconfina” programação cultural

P

ara celebrar a reabertura da atividade cultural presencial decorrente da situação epidemiológica favorável no concelho, a autarquia preparou uma programação especial no Centro Cultural de Lagos para as próximas semanas, que inclui exposições e espetáculos de dança, jazz, música clássica e comédia. Até ao próximo dia 17 de julho, estará patente no Centro Cultural a exposição “Diálogo Interdisciplinar Arte-Espaço-Arquitetura”, do artista alemão Ernst Föll, apresentando uma simbiose de várias formas de arte. Também no mesmo espaço, estará patente até 4 de junho a exposição “Fernão de Magalhães na Caricatura”, uma colaboração com o Museu Nacional da Imprensa onde é apresentado um conjunto de 70 caricaturas do Prémio Especial de Caricatura, integrado no 21º Porto Cartoon World Festival, dedicado a este herói dos Descobrimentos. Entre os dias 14 de junho e 23 de julho está também prevista a exposição PRALAC, resultante do Programa de Residências Artística do LAC - Laboratório de Actividades Criativas (PRALAC). Para o Dia Mundial da Dança, as artistas Adriana Xavier e Lillian Schulz apresentaram um excerto do espetáculo “Ready to Fail”. O mês de maio começou com o con-

FOTO D.R.

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"Coleção de painéis de António Aleixo" em Tavira ABiblioteca

Municipal Álvaro de Campos acolhe, até ao dia 28 de maio, a exposição “Coleção de painéis de António Aleixo”, concebida e disponibilizada pela Câmara de Vila Real de Santo António. "Com o intuito de enaltecer a memória e a obra do poeta, renovando o interesse das novas gerações e motivando a comunidade para a sua descoberta, a autarquia vila-realense desenvolveu este projeto para itinerância", explica a autarquia tavirense. A coordenação esteve a cargo de Miguel Godinho, os textos são da autoria de Marcelo Jerónimo, a ilustração/desenhos de David Mota e a conceção gráfica foi da responsabilidade do Gabinete de Comunicação Social e Protocolo (CMVRSA). António Fernandes Aleixo nasceu, em Vila Real de Santo António, a 18 de fevereiro de 1899 e faleceu a 16 de novembro de 1949, em Loulé. Poeta popular de relevo, conhecido pela sua ironia e crítica social, era considerado um homem simples, tendo deixado uma obra poética única no panorama literário português da primeira metade do século XX.

Dia Mundial da Língua Portuguesa assinalado em 44 países As come-

certo “Orquestra de Jazz do Algarve Invites the Ladies”, com a participação das artistas Clara Buser, Sara Miguel e da consagrada Maria Anadon. A 13 de maio (19:00) é a vez da Orquestra Clássica do Sul pisar o palco do Centro Cultural com o espetáculo “Ensembles Além Tejo”, uma celebração da música do músico e compositor Debussy. Ainda em maio, dois nomes sonantes da comédia nacional, António

Raminhos e Luís Filipe Borges farão as delícias do público com “O seu próprio talk show” (14 de maio, 19:30). A programação de maio no Centro Cultural fecha com chave de ouro com o espetáculo de Dança contemporânea “Dialogue Series”, com Miguel Esteves e Miguel Ramalho, o qual integra a 5ª edição do Festival Entrelaçados (22 de maio, 21:30 – horário sujeito a confirmação).

Para o mês de junho estão já a ser preparadas várias atividades culturais únicas, as quais incluirão iniciativas integrantes do Festival de Artes Performativas do Barlavento VENTANIA. O Centro Cultural de Lagos segue rigorosamente todas as normas e orientações da DGS para que nos possa fazer uma visita e apreciar as exposições e espetáculos com toda a segurança e conforto.

morações do Dia Mundial da Língua Portuguesa, assinaladas esta quarta-feira, decorreram em 44 países, com mais de 150 atividades, em formato misto, presencial e virtual, devido à pandemia de covid-19. Proclamado em 2019 pela Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (UNESCO), este é o segundo ano em que se celebrou o Dia Mundial da Língua Portuguesa. O programa, coordenado pelo Camões - Instituto da Cooperação e da Língua, contemplou iniciativas que decorreram em todas as regiões do mundo e abrangem as dimensões geográfica, da investigação, de tradução, da ligação a outras artes e de mobilização das populações.


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CADERNO ALGARVE

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NECROLOGIA REGIÃO

TERESA JOANA PEREIR A

ANA PAUL A CAVACO FONSECA

15-09-1938 22-04-2021

02-02-1956 25-04-2021

Os seus familiares vêm, por este meio, agradecer a todos quantos a acompanharam em vida e nas suas cerimónias exéquias ou que de algum modo lhes manifestaram o seu sentimento e amizade.

Os seus familiares vêm, por este meio, agradecer a todos quantos a acompanharam em vida e nas suas cerimónias exéquias ou que de algum modo lhes manifestaram o seu sentimento e amizade.

SANTA MARIA - TAVIRA SANTA MARIA E SANTIAGO - TAVIRA

ANGOLA SÉ E SÃO PEDRO - FARO

Agência Funerária Santos & Bárbara, Lda.

Agência Funerária Santos & Bárbara, Lda.

MARIA TERESA DE JESUS GARCIAS

HENRIQUE DOS SANTOS PESCADA DE BRITO

26-08-1927 26-04-2021

01-11-1945 30-04-2021

Os seus familiares vêm, por este meio, agradecer a todos quantos a acompanharam em vida e nas suas cerimónias exéquias ou que de algum modo lhes manifestaram o seu sentimento e amizade.

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SANTA MARIA - TAVIRA SANTA MARIA E SANTIAGO - TAVIRA

SANTA MARIA - TAVIRA SANTA MARIA E SANTIAGO - TAVIRA

Agência Funerária Santos & Bárbara, Lda.

Agência Funerária Santos & Bárbara, Lda.

MARIA TERESA DE JESUS GARCIAS 26-08-1927 26-04-2021

AGR ADECIMENTO

ALBERTO LUÍS DO CARMO 14-12-1934 03-05-2021 Os seus familiares vêm por este meio agradecer a todos quantos se dignaram acompanhar o seu ente querido à sua última morada ou que, de qualquer forma, lhes manifestaram o seu pesar. SANTA MARIA - TAVIRA Agência Funerária Santos & Bárbara, Lda.

COMUNIQUE COM O POSTAL Endereço: R. Dr. Silvestre Falcão 13 C, 8800-412 Tavira Contacto: 281 405 028 Administrativo: anabelag.postal@gmail.com Redação: jornalpostal@gmail.com

Os familiares de Maria Teresa de Jesus Garcias agradecem, à direção e a todos os colaboradores do Centro Social e Paroquial de Santa Maria – Tavira, por todo o empenho, carinho e cuidado demonstrado durante a permanência da utente na instituição. SANTA MARIA - TAVIRA SANTA MARIA E SANTIAGO - TAVIRA

Reze 9 Ave-Marias com uma vela acessa durante 9 dias, pedindo 3 desejos, 1 de negócios e 2 impossíveis ao 9º dia publique este aviso, cumprir-se-á mesmo que não acredite. T.S.

Reze 9 Ave-Marias com uma vela acessa durante 9 dias, pedindo 3 desejos, 1 de negócios e 2 impossíveis ao 9º dia publique este aviso, cumprir-se-á mesmo que não acredite. A.G.


CADERNO ALGARVE

Postal, 7 de maio de 2021

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A NÚNCIOS REGIÃO

Exercício do Direito Preferência CONVOCATÓRIA DA ASSEMBLEIA GERAL ORDINÁRIA DA CAIXA DE CRÉDITO AGRÍCOLA MÚTUO DO SOTAVENTO ALGARVIO, C.R.L. Nos termos do n.º 2 do artigo 26.º e dos artigos 27º e 28º dos Estatutos da Caixa de Crédito Agrícola Mútuo do Sotavento Algarvio, C.R.L., pessoa colectiva n.º 501 073 035, com sede na Rua Borda D’Água de Aguiar, Nºs 1 e 2, em Tavira, matriculada na Conservatória do Registo Comercial de Tavira sob o mesmo número, com o capital social realizado de € 15.786.000,00 (variável), e na convicção de que, não obstante a actual situação de pandemia, a sua realização venha a ser possível, convoco todos os Associados no pleno gozo dos seus direitos a reunirem-se, em Assembleia Geral Ordinária, no dia 24 de Maio de 2021, pelas 14:30 horas, no Auditório da Sede da Instituição, na Rua Borda D’Água de Aguiar, Nº 1, em Tavira, para discutir e votar as matérias da seguinte

ORDEM DE TRABALHOS 1. Discussão e votação do Relatório de Gestão e das Contas da Caixa Agrícola relativo ao exercício de 2020 e do relatório anual do Conselho Fiscal. 2. Deliberação sobre a Proposta de Aplicação de Resultados. 3. Apreciação geral sobre a Administração e Fiscalização da Caixa Agrícola. 4. Apresentação e apreciação do relatório com os resultados da avaliação anual das políticas de remuneração praticadas na Caixa Agrícola. 5. Deliberação sobre a Política de Remuneração dos Órgãos de Administração e Fiscalização da Caixa Agrícola para 2021. 6. Discussão e votação da alteração da Política Interna de Selecção e Avaliação da Adequação dos Membros dos Órgãos de Administração e Fiscalização da Caixa Agrícola. 7. Discussão e votação da alteração do Regulamento Eleitoral da Caixa Agrícola. 8. Fixação do valor de reembolso dos títulos de capital referentes ao ano de 2021. 9. Discussão de outros assuntos com interesse para a Caixa Agrícola. Se, à hora marcada, não se encontrar presente mais de metade dos Associados, a Assembleia Geral reunirá, em segunda convocatória, uma hora depois, com qualquer número. A Assembleia reunirá fora da sede social da Caixa Agrícola devido à inexistência, nesse local, de sala com condições para a realização da mesma, atenta a necessidade de serem adoptadas medidas de segurança e de distanciamento social. Tomando em consideração as medidas em vigor restritivas da aglomeração de pessoas, as quais poderão ainda vigorar à data da realização da Assembleia Geral, incentivam-se os Senhores Associados a privilegiarem o recurso ao voto por correspondência ou por representação.

A. Voto por Correspondência Os Associados podem exercer o seu direito de voto por correspondência, nos termos do artigo 31.º, n.ºs 3 a 6 dos Estatutos da Caixa Agrícola desde que sejam cumpridos, cumulativamente, os seguintes requisitos:

Para efeitos dos termos conjugados do disposto nos artigos 225 e 416, aplicáveis por força do nº 4 do artigo 1380 todos do Código Civil, os proprietários do imóvel abaixo identificado (Vendedores), atenta a impossibilidade de notificar os proprietários dos prédios confinantes ao referido imóvel que sejam titulares de direitos de preferência legais na venda do mesmo (Preferentes Legais) nas respectivas moradas e/ou identificar o paradeiros dos mesmos, vêm comunicar por este meio aos Preferentes Legais a sua intenção de proceder à venda do referido imóvel expondo infra as principais condições do projecto de compra e venda (transacção projectada) para exercício dos respectivos direitos legais de preferência: Imóvel, Vendedores, Compradores, Preço, Condições de Pagamento, e Data da Escritura: O imóvel a transmitir corresponde ao prédio misto, situado em Gorjões, freguesia de Santa Bárbara de Nexe, concelho de Faro, inscrito na matriz predial a parte urbana sob o artigo 4925, e a parte rustica sob o artigo 47, seção I, ambos da freguesia Santa Bárbara de Nexe, concelho de Faro, descrito na Conservatória do Registo Predial de Faro sob o número 5317, da indicada freguesia, e respectiva recheio, mobiliário e equipamento, que constituem uma única unidade predial. Vendedores: Roger Crockford e mulher Fiona Anne Crockford casados sob o regime de separação de bens, e Claire Eburne casada sob o regime de separação de bens com John Raymond Eburne, todos naturais do Reino Unido, de nacionalidade Britânica e residentes em Inglaterra. Compradora: Megan Mireille Newhouse casada sob o regime de separação de bens com Samuel George Anthony Newhouse, natural dos Estados Unidos da Améria, de nacionalidade Britânica, e residente em Inglaterra.

iii. os boletins dêem entrada na sede da Caixa Agrícola até às dezasseis horas do segundo dia útil anterior ao da Assembleia Geral, sendo a data e hora da entrada registada em livro, registo que será encerrado pelo Presidente da Mesa da Assembleia Geral logo que terminado o prazo da sua válida recepção.

Preço: O preço global de 595.000,00 €, sendo 500.000,00 € relativos ao artigo Urbano 4925, e 65.000,00 € relativos ao artigo Rustico 47, secção I, ambos da acima indicada freguesia, e 30.000,00 € relativos ao recheio, mobiliário e equipamento.

Cada boletim deverá ser dobrado em quatro e inserido em sobrescrito, em cujo rosto será inscrito “Votação do(a) Associado(a) … [nome ou designação do Associado] para o Ponto … [inscrever o número] da Ordem de Trabalhos da Assembleia Geral da Caixa de Crédito Agrícola Mútuo do Sotavento Algarvio, C.R.L., convocada para as 14:30 horas do dia 24 de Maio de 2021”, sendo os referidos boletins capeados pela carta a que alude o requisito i. supra com a assinatura do Assciado reconhecida nos termos legais.

Condições de pagamento: O preço global de 595.000,00 €, será pago o montante de 59.500,00 €uros no acto do contrato de promessa de compra e venda, e remanescente no valor de 535.500,00 €uros no acto da escritura de compra e venda.

i. solicitem atempadamente, por escrito, ao Presidente da Mesa da Assembleia Geral, os boletins correspondentes a cada ponto da ordem de trabalhos e a carta que os deverá capear; ii. o sentido do voto seja expressamente indicado em relação a todos os pontos da ordem de trabalhos;

B. Voto por Representação Nos termos do artigo 31.º, n.ºs 7 e seguintes dos Estatutos da Caixa Agrícola, qualquer Associado poderá votar por procuração, conquanto constitua como mandatário familiar seu, desde que maior de idade, ou outro Associado, sendo que este só poderá representar um mandante. A procuração deve ser outorgada em documento escrito, dele constando a identificação do mandante e a identificação do mandatário, pelo menos através dos seus nomes completos, números de identificação civil e respectivas moradas, data, hora e local da realização da Assembleia e ponto ou pontos da ordem de trabalhos para a qual confere o mandato e, querendo, o respectivo sentido de voto. A procuração deverá ainda ser datada e dirigida ao Presidente da Mesa da Assembleia Geral, com a assinatura do mandante reconhecida nos termos legais.

C. Presença na Assembleia Geral Para o caso dos Associados que ainda assim desejem estar presentes na Assembleia Geral, adverte-se que, na data da sua realização, serão seguidas as orientações específicas que venham a ser dimanadas quer por dispositivo legal subsequente à publicação desta Convocatória e que então se encontre em vigor, quer pela Direcção-Geral de Saúde ou por qualquer outra autoridade competente, designadamente quanto aos procedimentos de segurança, saúde e higiene a adoptar na reunião, as quais serão devidamente divulgadas aos Associados. Sem embargo do anteriormente expresso, mais se adverte que, no mínimo, serão sempre adoptados os seguintes procedimentos: a) restrição de presença no local da reunião de uma pessoa em representação de cada Associado, designadamente no que se refere a Associados pessoas colectivas; b) distanciamento físico mínimo de dois (2) metros entre os presentes na reunião; c) uso obrigatório de máscara ou viseira; d) utilização das soluções desinfectantes cutâneas aquando da entrada na reunião. Tavira, 03 de Maio de 2021 O Presidente da Mesa da Assembleia Geral Bruno Filipe Torres Marcos (POSTAL do ALGARVE, nº 1264, 7 de Maio de 2021)

COMUNIQUE COM O POSTAL Contacto: 281 405 028

Data da escritura: O contrato definitivo de compra e venda será outorgado através de escritura pública de compra e venda que será outorgada até ao dia 28 de Maio de 2021, em hora e local a acordar ficando o agendamento a cargo da compradora. O prazo para o exercício de preferência pelos referidos Preferentes Legais é de 8 dias corridos contados da publicação do presente aviso, nos termos do disposto no nº 2 do artigo 416, aplicável por força do nº 4 do artigo 1380 do Código Civil, e dos artigos 225 e seguintes do Código Civil sob pena de caducidade do respectivo direito de preferência. (POSTAL do ALGARVE, nº 1264, 7 de Maio de 2021)

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A inclusão no Inventário Nacional do Património Cultural Imaterial da Festa em Honra de Nossa Senhora dos Navegantes da ilha da Culatra, concelho de Faro, entrou em fase de consulta pública, segundo anúncio publicado em Diário da República. A publicação do anúncio no Diário da República dá início a um período de 30 dias para apresentação de contestações ou aportes ao processo e, finalizado este processo de consulta pública, a Direção-Geral do Património Cultural tem 120 dias para decidir sobre o pedido de inventariação da “Festa em Honra de Nossa Senhora dos Navegantes - Ilha da Culatra”. Os interessados têm agora 30 dias para consultar e pronunciarem-se sobre o processo, que visa classificar a festa mais representativa da comunidade piscatória da Culatra, uma das ilhas barreira da Ria Formosa, pertencente ao concelho e distrito de Faro, mas ligada, por tradição e proximidade geográfica, a Olhão. A entidade proponente da inscrição foi, em 2019, a Associação dos Moradores da Ilha da Culatra. “A Festa em Honra de Nossa Senhora dos Navegantes é indissociável da própria história da Ilha da Culatra e por esse motivo, para compreender uma é preciso conhecer a outra”, pode ler-se no historial, disponível na Matriz PCI. A festa em honra de Nossa Senhora dos Navegantes conta com uma procissão no primeiro domingo de cada mês de agosto, que começa com a retirada da imagem da padroeira da comunidade piscatória da Culatra da capela local para ser levada a bordo de uma embarcação de pesca, pela Ria Formosa, até Olhão. No cais de Olhão, a procissão marítima recolhe a imagem de Nossa Senhora do Rosário, a padroeira da cidade, e inicia o regresso à Culatra, onde se realiza depois uma procissão pelas ruas do núcleo piscatório e uma missa. Ainda assim, como recorda a documentação do evento, ”não se pode considerar que a Festa em Honra de Nossa Senhora dos Navegantes seja apenas uma festa religiosa quando na realidade é toda uma manifestação cultural em si o que está também implícito no modo mais abrangente como a consideram - a ‘Festa da Ilha’”.

PARLAMENTO RECOMENDA AO GOVERNO

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FOTO D.R.

Festa da ilha da Culatra na lista de património imaterial em consulta

as empresas das regiões “fortemente atingidas pela pandemia” da covid-19, para mitigar “os impactos negativos sobre a atividade das empresas do setor cultural, decorrentes das medidas de proteção da saúde pública”. Esta, é a segunda recomendação que o parlamento faz ao Governo, para manter e reforçar os apoios ao setor da cultura no Algarve. Em 8 de abril, a Assembleia da República recomendou ao Governo a manutenção e reforço do programa 365 Algarve, na sequência de um projeto de resolução apresentado pelo Bloco de Esquerda (BE), aprovado com a abstenção da quase totalidade do grupo parlamentar do Partido Socialista (PS). No mês passado, a comissária do 365 Algarve, Anabela

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Afonso, assumiu, em declarações a agência Lusa, “não haver nada de novo” da parte do Governo “desde a última vez que houve notícias do 365”, em dezembro do ano passado, quando o jornal Público escreveu que o programa iria acabar, apesar da avaliação positiva dada pela Universidade do Algarve. Criado em 2016, numa parceria entre as secretarias de Estado do Turismo e da Cultura, com financiamento do Turismo de Portugal e execução pela Região de Turismo do Algarve, o 365 Algarve procurou promover o turismo e a cultura durante a época baixa em toda a região algarvia, envolvendo os agentes culturais e turísticos, com avaliação externa da Universidade do Algarve.

Crédito Agrícola patrocina a Volta ao Algarve

O Crédito de Agrícola reforçou o seu apoio ao ciclismo patrocinando pela 1ª vez a internacionalmente conhecida Volta ao Algarve, a prova de ciclismo que percorre todo o território Algarvio e que este ano assinala a 47ª edição. A prova teve início na passada quarta-feira e vai ter a última etapa este domingo em Malhão. Nas cinco etapas da Volta ao Algarve participam 25 equipas e 175 corredores em mais de 775 quilómetros. O Crédito Agrícola, enquanto Banco sustentável que apoia actividades com impacto positivo no ambiente, patrocina a prova de ciclismo através da atribuição da camisola Verde ao ciclista com mais pontos alcançados na Volta ao Algarve.

O ALGARVE FICA-TE BEM! SEMPRE

Hotel Algarve Casino abre no sábado O Hotel Algarve Casino e o Hotel Casino Chaves do Grupo Solverde estão prontos para voltar a receber os seus clientes. O Hotel Casino Chaves reabriu esta quinta-feira, e o Hotel Algarve Casino, na Praia da Rocha em Portimão, reabre no sábado. Com a reabertura destas duas unidades, o Grupo Solverde passa a operar a totalidade dos seus hotéis e casinos. Para comemorar, o Hotel Casino Chaves oferece, para estadias mínimas de duas noites, "15% de desconto na carta do restaurante e nas massagens e terapias do menu spa", informa o grupo em comunicado . O hotel presenteia ainda os seus hóspedes, "com mais de 18 anos, com um voucher para consumo de bebidas nos bares do Casino". O Casino Praia da Rocha do Hotel Algarve Casino estará em funcionamento das 12:00 às 23:00, e juntamente com o Casino Vilamoura, passará a disponibilizar o Almoço Executivo. As reservas nas unidades da Solverde podem ser feitas sem preocupações, graças à política flexível adoptada pelo Grupo, e podem ser canceladas até 48 horas antes da chegada.

NOVA CAMPANHA "O Algarve

fica-te bem! Sempre" é o que o maior destino turístico do país quer recordar aos portugueses e espanhóis para que celebrem as férias de verão na região, numa altura em que decorre a última fase

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Docapesca concluiu a reabilitação do posto de venda de pescado de Santa Luzia, no concelho de Tavira, com o intuito de melhorar as condições da infraestrutura e a valorização do pescado transacionado. Segundo a Docapesca, a intervenção, que representou um inves-

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Distribuição quinzenal nas bancas do Algarve

Tiragem desta edição

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POSTAL regressa a

21 de Maio

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