POSTAL 1260 5MAR2021

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Interdita venda na distribuição quinzenal com o jornal

5 de março de 2021

1260 • €1,5

Diretor: Henrique Dias Freire Quinzenário à sexta-feira

136.106

postaldoalgarve

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E ainda Algarve já tem camas para reabilitação

São 25 camas que já estão disponíveis para a reabilitação intensiva de doentes que ficaram com funções afetadas na sequência da covid-19. P5

Nova escola EB1 em Silves para 2022

Intervenção tem uma duração estimada de 14 meses e contempla a criação de 12 salas de aula, uma sala de informática, instalações sanitárias para alunos, professores e funcionários, e a reorganização dos espaços exteriores, com a criação de uma zona de jogos para atividade física e recreio. P4

AUTÁRQUICAS

Chega concorre em todos os concelhos

➡ Já há nomes e programas para a maioria dos municípios algarvios ➡ Sabemos quem vai ser quem e onde ➡ Boas perspetivas eleitorais ➡ O objetivo é transpor para as autárquicas os resultados das

presidenciais, conseguindo a implantação do partido em toda a área geográfica do Algarve e do país P3 www.hpz.pt

TURISMO O PIOR ANO DE SEMPRE 113% SUBIDA DO DESEMPREGO

Vacinação está a ter 100% de adesão

Na região do Algarve, já se está a vacinar em todos os concelhos. Começou primeiro em dois, depois foi alargado para sete na semana seguinte e agora alargou-se aos 16 municípios da região. P6

Lagos dinamiza novo espaço para jovens

A Câmara de Lagos aprovou um protocolo de colaboração a celebrar com a (A)GARRA para a gestão do novo Espaço Cowork municipal, com o objetivo de estimular o desenvolvimento de atividades que contribuam para dinamizar e diversificar a economia local, modernizar o tecido empresarial e criar novos postos de trabalho, em especial junto de uma faixa etária mais jovem. P11

80%

ESTABELECIMENTOS HOTELEIROS E TURÍSTICOS DO ALGARVE ENCERRADOS

-800M€ MAIOR QUEDA DO VOLUME DE NEGÓCIOS

Empresas lutam pela sobrevivência João Fernandes, presidente da RTA

27,5%

A veracidade de tudo e todos na terra e no universo CS17 POR SAÚL NEVES DE JESUS

O que é a arte espontânea? CS15

Proprietários do Estaminé estão "em choque". Estimam prejuízos superiores a um milhão de euros naquele que era o único restaurante da Ilha Deserta, em Faro. P24

PIOR TAXA DE OCUPAÇÃO GLOBAL MÉDIA DE SEMPRE

Habitação social vai voltar a ser realidade no Algarve

Vivemos um cataclismo económico, social e financeiro Elidérico Viegas, presidente da AHETA

Situações de desemprego e pobreza disparam Tecido empresarial luta pela sobrevivência Vamos assistir Recuperação plena da atividade só daqui a quatro anos ao colapso de muitas empresas turísticas do Algarve Turismo é o único setor com dimensão e competitividade para nos fazer sair desta crise P12, 13 e Editorial POR MAURO RODRIGUES

Incêndio reduz a cinzas restaurante

ENTREVISTA À ESCRITORA POR PAULO SERRA

TEOLINDA GERSÃO: Recuso-me a aceitar

que haja culturas superiores ou inferiores. O que há são culturas diferentes CS 20 e 21

POR JORGE QUEIROZ

A civilização "reaparecida", o Al Andalus no Algarve CS17

POR MARIA JOÃO NEVES

O Espaço e o Tempo CS18

Após vários anos de quase total estagnação, a região do Algarve vê nascer vários projectos de habitação a custos controlados com as autarquias a falar numa só voz junto do Poder Central. P5, 9 e 24

POR MARIA LUÍSA FRANCISCO

A Natureza e a Poesia de mãos dadas CS16 POR RAMIRO SANTOS

O Mito e a Sombra CS19


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CADERNO ALGARVE

Postal, 5 de março de 2021

INICIATIVA

EUROPE DIRECT ALGARVE | POSTAL

À conversa com os nossos eurodeputados Redação, Administração e Serviços Comerciais Rua Dr. Silvestre Falcão, 13 C 8800-412 Tavira - ALGARVE Tel: 281 405 028 Publisher e Diretor Henrique Dias Freire Diretora Executiva Ana Pinto

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Tiragem desta edição

6.824 exemplares

numa iniciativa do Europe Direct Algarve e do POSTAL do ALGARVE “À Conversa com os Eurodeputados” são conversas informais com cerca de 30 minutos com os eurodeputados portugueses. Queremos dar a conhecer o rosto e a pessoa por trás

dos dossiers e do trabalho que desenvolvem no Parlamento Europeu, que pode acompanhar no Facebook do Europe Direct Algarve e no site do Postal do Algarve.

As conversas informais são conduzidas pelo jornalista Henrique Dias Freire, diretor do jornal POSTAL, e pela Ana Burnay, da equipa do Centro Europe Direct Algarve. Deixamos

SANDRA PEREIRA

Queremos mais proteção no emprego e melhores serviços públicos Neste momento, define-me também ser comunista – lutar por uma sociedade mais justa, por transformar a sociedade, para que não haja exploradores nem explorados À conversa com a eurodeputada comunista Sandra Pereira [15FEV2021], estiveram Henrique Dias, do Postal do Algarve, Ana Burnay do Europe Direct Algarve e Joelma Almeida, na qualidade de cidadã. Falámos sobretudo de mulheres e de trabalho com direitos e ficámos a conhecer três aspetos que definem a eurodeputada Sandra Pereira. Alguma vez se imaginou deputada europeia? Este é o meu primeiro mandato, não tinha exercido ainda qualquer cargo político, tinha feito parte de listas para o Poder Local. Estive sempre muito ativa na luta dos bolseiros de investigação e na direção da Associação de Bolseiros de investigação científica”, contra uma situação de “precaridade intensa”. Já estava próxima do PCP e filiei-me porque a luta me dizia muito. O PCP era o único que defendia a revogação do estatuto do bolseiro. Agora sou deputada, mas não consigo tirar a “camisola de bolseira”. Disse que sim à proposta do PCP para integrar a lista ao PE e aqui estou e voltarei para a Faculdade de Letras onde sou linguista, quando terminar o mandato. Quem é a Sandra Pereira? Há três coisas que me definem: sou serrana com uma ligação grande à terra e à natureza, a linguística e a investigação, e ser comunista – “lutar por uma sociedade mais justa sem exploradores nem explorados”. Porque um Comité Especial sobre Inteligência artificial (IA)?

“Nas diferentes comissões a IA aparecia dispersa. Esta sub-comissão deveria durar apenas um ano, mas devido à situação pandémica deverá haver um prolongamento de 3 ou 6 meses. Pedimos uma audição sobre IA. O teletrabalho só é possível porque houve muitos avanços tecnológicos, mas por outro lado esse teletrabalho está a explorar ainda mais os trabalhadores, não conseguem desligar e têm mais despesa. Não se podem utilizar os avanços tecnológicos para reduzir postos trabalho. Aliviar a carga horária não pode implicar redução de salário, só assim teremos uma Europa mais resiliente que não deixe “muita gente para trás.” E “não estamos todos no mesmo nível. Uma pequena empresa em Portugal não está ao mesmo nível na Alemanha. O que nos preocupa são os trabalhadores”. Na saúde, por exemplo, a IA não dever servir para aprofundar o “mercado da saúde”, que abre porta à privatização do setor sem melhorar os serviços.

mesmo para micro-empresários como os da restauração. É preciso especial atenção para não aumentar os pobres a e exclusão social. Se há fundos europeu, que eles possam ajudar a pessoas a criar emprego com direitos.

O caso do Algarve merece especial atenção? “Os níveis de desemprego no Algarve são neste momento dos mais altos do país”. É uma região que merece toda a atenção da parte do Governo e da União Europeia. É muito dependente do turismo. Tentaremos intervir na questão do desemprego, que é um flagelo, para que os “fundos” cheguem às pessoas e as ajudem a enfrentar as dificuldades. No turismo sabemos que muitos trabalhos são precários. Há uma economia informal e paralela. O

Ano Europeu da Ferrovia A ferrovia é um assunto acompanhado pela Comissão dos Transportes que acompanha o camarada João Ferreira. Debate-se aí também, por exemplo, a questão dos “slots no espaço aéreo” que, não estando agora a ser ocupados, é desejável que se mantenham para o futuro.

Sobre a recente aprovação do Plano de Recuperação e Resiliência? Para nós é fundamental saber quanto dinheiro vem para Portugal e como se vai gastar. O combate à precaridade e a criação de emprego com direitos seriam um sinal que o Estado português, na presidência do Conselho da União Europeia, daria aos outros países. Cada país tem que apresentar um programa de recuperação com as áreas que julga necessárias, mas o dinheiro vem, mas não vem livre de condicionalidades, uma vez que o Plano tem que ser aprovado pelas instituições europeias. A Ferrovia e o “emprego com direitos” deveriam ser prioridades do governo português.

Que dossiers destacaria? Na Comissão das mulheres debatemos o relatório dos direitos sexuais e reprodutivos. Em muitos países este é um

nesta edição, o testemunho de mais dois deputados europeus, com alguns excertos e citações destas riquíssimas conversas que podem ser ouvidas na íntegra no site do postal.pt

dossier que tem gerado muita luta por parte das mulheres pelos métodos contracetivos, pelo acesso a consultas de ginecologia e pré-natal. É um dossier intenso. Em Portugal, a luta foi bem sucedida, mas noutros países estes direitos não chegaram a ser conseguidos. Na Eslováquia ou na Polónia estes direitos têm sido revertidos. Dinamizamos recentemente uma carta de apoio das mulheres portuguesas a esta luta na Polónia. Na Eslováquia estes direitos não foram revertido graças à luta das mulheres na rua. Sabendo que a saúde é uma competência dos Estados-membro, queremos valorizar em cada país a luta das mulheres pela sua saúde. A desregulação de horários de trabalho (nos supermercados por exemplo) é um tipo de “violência e é sempre a questão do “trabalho com direitos”. Defendemos o reforço dos serviços públicos, em particular do SNS, da escola pública, da segurança social. A covid expôs claramente que precisamos de investimento nos serviços públicos. Como podem os cidadãos a contactar? Podem contactar-me através do e-mail sandra.pereira@europarl.europa.eu e segui-nos nas contas de FB, IG e TW. Em breve teremos um podcast. Se os trabalhadores precisarem de nós, iremos de bom grado ouvi-los. Conhecendo a realidade, conseguimos intervir melhor sobre ela. Pedimos à eurodeputada uma mensagem final A minha mensagem é de esperança e luta contra os vínculos precários. Que esta situação sirva para mostrar a necessidade de reforço dos serviços públicos para estarmos todos mais protegidos em caso de crises futuras. O teletrabalho devia ser pensado num cenário muito excecional, sobretudo para as mulheres é um peso. Se houver maior proteção no emprego e melhores serviços púbicos estamos todos mais protegidos.


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POLÍTICA Jamila Madeira questiona ministro

AUTÁRQUICAS

Chega vai concorrer a todos os concelhos

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Partido Chega vai concorrer a todos os concelhos do Algarve, nas próximas eleições autárquicas marcadas para o mês de outubro deste ano, disse ao POSTAL o coordenador nacional autárquico do partido. Segundo Nuno Afonso, esta intenção é extensível a todos os municípios do país, tendo por objetivo alargar a implantação geográfica do Chega a todo o território nacional. “O nosso objetivo não se prende com

a conquista da presidência de câmaras ou de mandatos autárquicos, mas tentar transpor para as autarquias os resultados obtidos, por André Ventura, em cada concelho nas últimas eleições presidenciais”, salientou. Aquele responsável adiantou ainda que “ao concorrer a todos os concelhos do país, o nosso grande objetivo é transformar o Chega num partido de implantação nacional e não apenas um partido de Lisboa e do Porto”.

Também o vice-presidente do Chega, no Algarve, João Paulo Graça, que ocupa interinamente a liderança do partido na região, por demissão da anterior direção, confirmou esta estratégia autárquica definida pelos órgãos nacionais. “Já temos nomes, sabemos quem vai ser quem e onde, mas não vamos revelá-los por enquanto, até às eleições para os novos dirigentes distritais a realizar ainda este mês de março”, disse João Paulo Graça. Neste contexto, adiantou que para

além de nomes “já temos muitos programas eleitorais concelhios avançados” com “boas perspetivas, sendo, contudo, o nosso grande propósito fixar o Chega em toda a área geográfica do Algarve”. João Graça salientou ainda que “a maior dificuldade que estamos a sentir é no recrutamento de candidatos a todos os órgãos autárquicos, sobretudo em pequenos concelhos do interior da região, com pouca população e a indiferença dos jovens, - compreensível - pela vida política”.

NÃO AO PS E À DIREITA

“é difícil apresentar listas a todos os municípios algarvios”, tal como aconteceu nas últimas autárquicas, uma vez que “há concelhos onde não temos organização do partido instalada”.

cela por Amaro Antunes, vencedor da volta a Portugal em 2020, são já conhecidos os cabeças de lista para as seguintes Câmaras Municipais: Dinis Faísca para Tavira, Álvaro Viegas para Olhão, Bruno Estremoz é o candidato para Monchique e Pedro Moreira para Lagos. O POSTAL sabe que Rogério Bacalhau, José Carlos Rolo e Francisco Amaral vão avançar para um novo mandato, respetivamente em Faro, Albufeira e Castro Marim. Carlos Rolo deverá apostar no candidato que o acompanhou nas últimas eleições para a Assembleia Municipal, desconhecendo-se se Francisco Amaral vai insistir no nome que perdeu a Assembleia para o partido socialista. Em Faro, Rogério Bacalhau aguarda sinais de Cristóvão Norte para saber se pode contar ou não com o deputado social democrata para nova candidatura à Assembleia Municipal de Faro.

PS quer todos os candidatos ainda este mês

Bloco de Esquerda concorre sozinho O Bloco de Esquerda exclui qualquer entendimento pré-eleitoral com o PS e os partidos à sua direita nas próximas eleições autárquicas, disse o coodenador do BE no Algarve. Em declarações ao POSTAL, João Vasconcelos afirmou que essa é a política definida na última conferência autárquica do partido para todas as concelhias do país, embora esteja aberto a apoiar listas de cidadãos independentes “que se insiram na linha programática do Bloco”. O responsável do BE disse ainda que o partido não tem um calendário definido para apresentação das listas em cada concelhia, mas admite que esse processo esteja concluído até ao ínício do verão. João Vasconcelos, salientou que

PSD em marcha acelerada no processo de escolha dos seus candidatos O PSD marcou para o próximo dia 21 deste mês, a data limite para cada secção concelhia apresentar as listas concorrentes às próximas eleições autárquicas. Nesta segunda feira (dia 8), na reunião da Comissão Política Distrital, vão ser dados a conhecer novos nomes a acrescentar aos candidados já indigitados e que o POSTAL revelou na sua última edição. Além do regresso de Luís Gomes, à Câmara de VRSA onde se faz acompanhar para a freguesia da Vila Nova de Ca-

O Partido Socialista já acertou os nomes de João Marques para a Câmara Municipal de Faro e Luís Coelho para a Assembleia Municipal, devendo terminar o processo de escolha dos candidatos aos restantes concelhos do Algarve, ainda este mês de Março. Depois disso, caberá à Federação Distrital, liderada por Luís Graça, ratificar no mês de maio, esses nomes e propô-los para aprovação da Comissão Nacional marcada para o mês de seguinte. Mas uma fonte partidária disse ao POSTAL do ALGARVE ser “pouco provável grandes surpresas”, uma vez que os socialistas detêm atualmente 11 das 16 câmaras no Algarve, e todos os atuais presidentes devem ser reconduzidos pelo partido.

A deputada do PS, eleita pelo círculo de Faro, Jamila Madeira alertou numa audição Regimental de Nélson de Souza, ministro do Planeamento, para o facto da recuperação da serra do Caldeirão não estar inscrita no Plano de Recuperação e Resiliência (PRR). "É muito importante que esteja, visto tratar-se de um valor patrimonial, florestal e ambiental muito importante, quer para a resiliência aos fogos florestais como para o próprio ciclo da água na região", uma vez que ali nascem diversas linhas de água temporárias essenciais para alimentar os aquíferos e as ribeiras no Algarve, explicou.Em reação a esta advertência, o ministro admitiu igualmente "fazer todo o sentido”, considerando tratar-se, efetivamente, de "uma área que, em complemento das alterações climáticas, constitui um eixo fundamental da transição ecológica e não apenas da transição climática", prometendo, assim, a inclusão de medidas, no PRR, que contribuam para a recuperação da Serra do Caldeirão.

CANDITADO DO PS A FARO

João Marques apela à unidade O candidato à Câmara Municipal de Faro, pelo Partido Socialista, João Marques, apelou recentemente à “união de todos” na defesa dos interesses do concelho. “Esta candidatura é de união e de todos os que acreditam, que juntos podemos fazer de Faro uma referência no nosso país”, refere João Marques, numa nota divulgada nas redes sociais. Na sua primeira reação após ter sido ratificado pela comissão política concelhia de Faro do PS como candidato à liderança da câmara, João Marques, salienta que a sua candidatura “é de todos quantos defendem em conjunto os superiores interesses e projetos para o futuro de Faro”. João Marques que foi vereador na presidência de José Apolinário, entre 2005 e 2009, e no mandato de Macário Correia, tem por objetivo conquistar a maioria ao PSD que detém a presidência do município há mais de dez anos consecutivos.


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Breves

Onze municípios algarvios são "Amigo do Desporto"

O galardão é atribuído pela plataforma Cidade Social e pretende reconhecer o trabalho que as autarquias têm feito em prol da promoção da prática desportiva. Integram, atualmente, a rede de “Municípios Amigos do Desporto”, 136 municípios portugueses (continente e ilhas), onze deles situados na região do Algarve: Albufeira, Alcoutim, Castro Marim, Faro, Lagoa, Lagos, Loulé, Portimão, Silves, Tavira e Vila Real de Santo António. Para a atribuição do título “Município Amigo do Desporto” são tidas em conta dez áreas de análise: organização desportiva, instalações, eventos, programas, estratégias de sustentabilidade ecológica, desporto solidário, parcerias, realidade desportiva, legislação, marketing e inovação. Incide ainda sobre aspetos de gestão do desporto, tais como o modelo de gestão implementado e os seus resultados, o desenvolvimento de uma atitude sustentável e a abordagem solidária e inclusiva através do desporto, assim como a excelência e abrangência dos modelos de intervenção.

Lagos leva artistas locais a casa dos munícipes A

Câmara de Lagos vai retomar a iniciativa “Lagos em casa com…”, através da partilha de vídeos musicais de artistas locais nas redes sociais. Este ano há uma novidade especial na forma da iniciativa ”O palco em casa”. O emblemático palco do Centro Cultural de Lagos “entra em sua casa” com os melhoresespetáculosdemúsica, dança e teatro que serão transmitidos em direto na página de Facebook do município. Os seus grandes protagonistas são, igualmente, artistas, bandas e associações culturais locais. “Com cerca de 52 vídeos partilhados e mais de 340 mil visualizações em 2020, a iniciativa “Lagos em casa com…” foi um enorme sucesso, tendo conseguido ao longo de cinco meses, não só entreter e levar cultura até à população num período crítico da pandemia, mas também apoiar os artistas locais”, afirma a autarquia em comunicado.

Praia da Falésia está na lista das 25 melhores do mundo É conhecida pela sua beleza natural e propriedades benéficas à saúde

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Praia da Falésia, em Albufeira, é considerada uma das 25 melhores praias do mundo. Conhecida pela sua beleza natural e propriedades benéficas à saúde, consta da lista das mais votadas por viajantes mundiais. “Bonitas falésias de areia vermelha mostram-nos o oceano azul-esverdeado e uma praia de areia branca que se estende a perder de vista”, refere um dos viajantes da Travellers' Choice, a entidade responsável por esta classificação, que anualmente elege as melhores praias e outros recursos ao dispor dos turistas. A eleição deste ano de “O melhor dos melhores”, na categoria de Praia, coloca em destaque, na 13ª posição, uma das mais emblemáticas praias de Albufeira, a da

FOTO D.R.

Falésia, na mesma linha de qualidade de outras praias de Cuba, Brasil, Flórida, Austrália, Havai e outras. A Travellers Choice compila todos os anos as avaliações, classificações e favoritos que os viajantes partilham em todo o mundo e utilizam essas informações para destacar os melhores, através do “Prémios Travellers' Choice”. O presidente da Câmara de Albufeira, José Carlos Rolo, vê com grande satisfação esta classificação: “e um reconhecimento daquilo que temos e estimamos, por um lado e, por outro, é um incentivo para todos nós, pois esperamos, e há indicadores nesse sentido, de podermos vir a ter ainda um verão muito satisfatório para o comércio, restauração e similares, hotelaria e para os albufeirenses no geral”.

Aljezur premeia alunos com 500 euros cada A Câmara de Aljezur entregou Prémios de Mérito Escolar aos melhores alunos de 2019/2020, uma iniciativa levada a efeito desde 2005 Atualmente, são atribuídos 14 prémios, no valor de quinhentos euros cada, aos melhores alunos que frequentam o ensino público em Aljezur, desde o 4º ao 9º ano de escolaridade. "Não tendo sido possível, este ano, realizar um evento para fazer essa entrega e o reconhecimento merecido, no seio da comunidade escolar, aos nossos premiados, os prémios relativos ao ano letivo 2019/2020 foram agora entregues, individualmente, na Câmara Municipal",

explica o município aljezurense. "Os bons resultados alcançados são em primeiro lugar o fruto da dedicação e empenho dos premiados, mas são também motivo de alegria e orgulho para mais pessoas - as suas famílias, os seus professores e a Escola em geral", destaca. A autaquia felicita os "alunos, famílias, professores e comunidade educativa em geral, por mais um ano de envolvimento, dedicação e superação das dificuldades, num ano especialmente difícil para todos, como foi e ainda é”, concluindo, que “juntos, vamos continuar a superar as dificuldades e, sobretudo, transmitir força, coragem e serenidade às nossas crianças e jovens".

RESTAURANTE O TACHO

Restaurante de estilo familiar Take-Away: Entrega ao domicílio em Tavira

Estrada Nacional 125, Km 134 (junto à GNR) 8800-218 Tavira)

281 324 283

Nova escola EB1 de Silves vai custar 1,8 milhões de euros Empreitada de construção e ampliação da EB1 de Silves teve início no final de janeiro A intervenção, cujo investimento ascende a 1,8 milhões de euros, tem uma duração estimada de 14 meses e contempla a criação de 12 salas de aula, uma sala de informática, instalações sanitárias para alunos, professores e funcionários, e a reorganização dos espaços exteriores, com a criação de uma zona de jogos para atividade física e recreio. O Município de Silves salienta que “este tipo de intervenção - que foi alvo de consulta, com parecer favorável, de todos os intervenientes, entre os quais o Agrupamento de Escolas de Silves e a Associação de Pais - não permitiu a manutenção do edifício existente devido a danos graves e irreparáveis existentes (resultantes de assentamentos no subsolo), razão pela qual a autarquia foi obrigada a optar pela demolição do

antigo edifício. A realização desta obra constitui um fator primordial para a melhoria das condições do processo de ensino-aprendizagem e para o sucesso escolar e educativo dos alunos”, refere Rosa Palma, presidente da Câmara de Silves. “A educação apresenta-se como um eixo prioritário da política municipal e, neste contexto, tem sido prática corrente do Município de Silves o apoio permanente às 24 escolas do concelho”, salienta. Segundo a autarca, “esta intervenção tem-se refletido numa série de linhas de atuação, quer no âmbito da manutenção e melhoria dos espaços físicos, no fornecimento de equipamento informático e material didático-pedagógico, no reequipamento de salas de aula e no fornecimento de mobiliário, quer na gestão dos transportes escolares e cedência de autocarros, na atribuição de auxílios económicos e bolsas de estudo, no apoio à família e na disponibilização de pessoal técnico do sector de psicologia”.


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REGIÃO

Algarve abre 25 camas para reabilitação intensiva de doentes Covid-19 O Algarve dispõe desde quarta-feira de 25 camas para a reabilitação intensiva de doentes que ficaram com funções afetadas na sequência da covid-19 As camas, instaladas no Centro de Medicina Física e Reabilitação (CMFR) do Sul, em São Brás de Alportel, integrado no Centro Hospitalar Universitário do Algarve (CHUA), vão poder receber para internamento doentes com covid-19 que estiveram sujeitos a intubação e que sejam referenciados pelo Serviço Nacional de Saúde (SNS). Em declarações à Lusa, a presidente do conselho de

administração do CHUA, Ana Castro, afirmou que a valência é “única a nível nacional” e que o seu objetivo é permitir que doentes que ficaram com funções afetadas na sequência da doença possam “regressar à sua vida normal” o mais rápido possível, através de uma reabilitação que reúne diversas terapêuticas. “Nós, no CMFR, já tínhamos uma equipa multidisciplinar que fazia uma reabilitação intensiva dos doentes que a necessitavam e achámos que seria uma necessidade reabilitar os doentes covid que estiveram em Unidades de Cuidados Intensivos [UCI] e perderam capacidades”, referiu.

Os doentes referenciados para o centro em São Brás de Alportel serão submetidos a um programa multidisciplinar de “seis horas diárias” que os ajudará a recuperar “quer a capacidade motora, quer algumas capacidades em termos respiratórios, de fonação, de deglutição, por causa de terem estado intubados”, exemplificou. A presidente do conselho de administração do CHUA que engloba os hospitais de Faro, Portimão e Lagos e o CMFR – frisou que “este programa é diferente dos outros” e “único a nível nacional”, revelando que está já “um doente em internamento” e outro que passou para a fase de ambulatório.

“Nós temos um programa de seis horas [diárias] de reabilitação para cada doente, em que o doente tem reabilitação física, com terapia ocupacional, com terapia da fala, com psicólogos, para, rapidamente, poder ter progressos e voltar à sua vida normal. Portanto, é uma reabilitação intensiva”, acrescentou. A administradora do CHUA sublinhou que aquele centro localizado no distrito de Faro vai “ter 25 camas para este tipo de doentes [a recuperar da covid-19]” e que estas poderão ser ocupadas por pessoas de todo o território continental.

Novo líder da Associação de Ciclismo do Algarve Ricardo Rodrigues é o novo presidente da Associação de Ciclismo do Algarve, que vivia num impasse desde 2015 devido a problemas financeiros. Recorde-se que a Federação Portuguesa de Ciclismo chegou mesmo a criar uma delegação para gerir os destinos da modalidade no Algarve. Os novos corpos directivos para o triénio 2021/2023 foram eleitos no passado sábado online, por voto secreto. Dos 30 clubes com direito a voto compareceram e votaram 27. A lista A, liderada por Ricardo Rodrigues, obteve 297 votos, enquanto a B, liderada por António Duarte, conseguiu 43 votos. A nova direção da Associação de Ciclismo do Algarve é constituída por Ana Cristina Abreu de Menezes Cunha (presidente-adjunta), Diogo António Martins Dias Granadas (diretor financeiro), Maria Genoveva Ferro Godinho (diretora de escolas), Teresa Alexandra Silvestre Fernandes (diretora de BTT), João Pedro Mendonça Pereira (diretor de Estrada), Sandra Marisa Direito Fonseca (diretora de BMX), Luís Pedro Inácio Silva (diretor CPT) e Luís Filipe Albino Silva (diretor de turismo). A Assembleia-geral é liderada por José Manuel Madeira Guerreiro, Luís Gonçalo Baptista Santos é o vice-presidente e Sérgio Fernando Cabrita Martins o secretário. O Conselho Regional de Arbitragem vai ser comandado por Jorge Manuel dos Santos Soares. João Manuel Branco Guerreiro e Marco Jorge Baptista Fernandes são vogais. Fernando Manuel Soares Germano Rodrigues é o presidente do Conselho Fiscal. André Filipe de Andrade Gomes e Joaquim Manuel Leal Gonçalves Viegas são vogais. O Conselho Disciplinar vai ser presidido por Milene Carrusca Gonçalves. Indalécio Rodrigues de Sousa e Pedro Jorge Madeira Domingues são vogais.

AMAL revela as prioridades para investimento no Algarve

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Comunidade Intermunicipal do Algarve (AMAL) informou ter submet ido a posição dos 16 municípios do Algarve relativamente ao Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) - no último dia da consulta pública do plano -, baseada num levantamento conjunto com a Universidade do Algarve (UAlg) das necessidades e intenções de investimento de todas as autarquias. O presidente da AMAL adiantou que o estudo da UAlg pretendeu “olhar para o PRR” e fazê-lo “coincidir” com as vontades e necessidade de financiamento dos concelhos, na base da “diversificação, mas também valorização do potencial da região”. “[A universidade] Agarrou no que é a visão dos 16 presidentes e seus executivos e criou um conjunto de indicadores de análise de valorização dos 700 projetos apresentados,

que foram avaliados e escalonados por importância”, referiu António Miguel Pina. O Hospital Central Universitário do Algarve surge “sempre à cabeça” como a maior necessidade sentida pela sua população, realçou, sendo também um equipamento decisivo para a consolidação de um setor estratégico para a região - o da saúde e bem-estar, notou o também presidente da Câmara de Olhão. O reforço da oferta de habitação apoiada no Algarve é outra das áreas apontadas, suportada na Estratégia Regional de Habitação, abrangendo habitação social e a custos acessíveis e a reabilitação do edificado a colocar no mercado de arrendamento, num valor estimado de 200 milhões de euros. Tendo em conta os impactos no turismo, a principal atividade económica no Algarve, os autarcas pediram uma “discriminação positiva” - similar ao que aconteceu com

as necessidades hídricas -, com a criação de “programas específicos” para a área da habitação e da revitalização da região, calculados em 200 milhões de euros, defendeu. “Gostaríamos de ver, no que são alguns objetivos do PRR, a possibilidade de os empresários da região terem uma linha só para eles, assim como uma outra de revitalização, para aguentar a tesouraria, em particular das empresas ligadas ao turismo, que têm muitos investimentos alavancados na banca e que precisam de mais tempo para cumprir as suas obrigações”, realçou. Em relação à área do mar, o autarca afirmou existirem algumas ideias no setor náutico, encabeçadas pelo “porto de cruzeiros de Portimão”, mas também o desassoreamento do rio Arade até Silves, a “revitalização de alguns portos de pesca” e o projeto da reserva marinha a sul de Lagoa, Armação de Pêra e Albufeira. AF_CA_SolucoesHabitacao_IMP_210x285mm_cv.indd 1

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Breves

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Morreram 15 profissionais de saúde este ano Perto de

28 mil profissionais de saúde ficaram infetados com o vírus SARS-CoV-2 desde o início da pandemia de covid-19 em Portugal, dos quais 19 morreram e mais de 16 mil recuperaram. O maior número de mortes de covid-19 foi registado no passado mês de fevereiro (nove), seguido do mês de janeiro, com seis óbitos de profissionais de saúde. Os meses de abril, junho, julho e dezembro registaram uma morte cada um.

Já estão vacinados 617 bombeiros no Algarve

Indicados como prioritários para a primeira fase de vacinação contra a covid-19, já foram vacinados cerca de 15 mil bombeiros voluntários, sapadores e municipais, dos quais 617 do Algarve. O processo teve início no passado dia 11 de fevereiro e ficou concluído na semana passada, precisou Ministério da Administração Interna. Nesta primeira fase, cerca de 50% do efetivo total dos bombeiros foi vacinada contra a covid-19.

Casos ativos de Covid-19 cairam para um quarto

Portugal registou em fevereiro quase quatro vezes menos casos de infeção com o novo coronavirus face a janeiro, mês em que foram atingidos os valores mais elevados de novos casos diários, mortes e internamentos desde o início da pandemia. Os novos casos de covid-19 em Portugal caíram logo para metade na primeira semana de fevereiro quando comparados com a última de janeiro, o pior mês de sempre da pandemia. O país entrou em confinamento geral no dia 15 de janeiro e todas as escolas foram encerradas no dia 22 de janeiro.

Covid-19. Lançados 40 alertas sobre produtos perigosos Quase um em cada

dez alertas divulgados em 2020 relativos a produtos perigosos estiveram relacionados com a covid-19, a maior parte dos quais máscaras que não ofereciam a proteção devida, informou a Comissão Europeia. Em 2020, as autoridades dos 31 países participantes na rede ‘Safety Gate’ (os Estados-Membros da UE e a Noruega, a Islândia, o Listenstaine e o Reino Unido) trocaram um total de 2.253 alertas sobre medidas tomadas contra produtos perigosos através do sistema. Em Portugal, foram lançados 40 alertas (70% sobre veículos motorizados, 15% sobre brinquedos e 10% relativos a cosméticos) e houve 225 ações de seguimento.

Chegada da vacina a Alcoutim traz esperança à população idosa Vacinação na região algarvia está a ter 100% de adesão

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vacinação contra a covid-19 já está em curso no concelho algarvio de Alcoutim, o mais desertificado da Europa, e uma das idosas que recebeu na passada sexta-feira a primeira dose aconselhou a restante população sénior do município a vacinar-se. Suzete Romba, de 82 anos e residente em Pereiro, aldeia do município de Alcoutim, disse à agência Lusa que está “otimista” para o futuro depois de ter tomado a primeira dose da vacina, dia pelo qual aguardou com expectativa de ser o início do fim da pandemia de covid-19. “Gostei, acho que este trabalho aqui no centro de saúde de Alcoutim estava muito bem organizado, decorreu da melhor maneira e estou otimista.

Suzete Romba aconselha idosos a vacinar-se Quando ouvi falar na vacina, disse sempre para mim que me havia de vacinar porque tenho de acreditar nos cientistas de alto gabarito e na ciência do mundo inteiro. Temos de acreditar e fazer alguma coisa para ver se esta pandemia vai embora”, afirmou. Suzete Romba assegurou que não sentiu “nada”, considerou que o pro-

cesso de vacinação traz “esperança” e deixou uma mensagem a quem tenha alguma renitência a vacinar-se. “O que lhes digo é que se vacinem, que não há problema nenhum, penso que não há assim contraindicações e, se houver, são mínimas, temos sempre um comprimido ben-u-ron para atenuar algum problema de dor de cabeça ou dores musculares, mas eu

penso que depois tudo vai passar”, afirmou. Maria Rita Afonso, de 81 anos, mora nos Balurcos de Cima, também no mesmo concelho algarvio e esperava ser vacinada para ver se se “safava” da doença, como até aqui. “Deus queira que sim. No meu monte ainda não se deu vacina a ninguém, se não a uma empregada do lar”,

PRESIDENTE DA ARS DO ALGARVE FAZ BALANÇO POSITIVO DA VACINAÇÃO O presidente da ARS algarvia mostrou-se satisfeito por a vacinação na região estar a ter “100% de adesão” e agradeceu à Câmara de Alcoutim por “colaborar” no processo e “trazer os utentes até à vacina”, num concelho em que há “498 idosos com mais de 80 anos inscritos” e é “especial”, devido ao impacto do envelhecimento populacional. “O concelho de Alcoutim é o mais envelhecido da Europa, é um concelho muito disperso, com pouca população, mas ao longo desta pandemia, até ao momento, só teve 70 casos de covid-19, com quatro óbitos, infelizmente, e neste momento só tem um caso ativo,

praticamente não existe covid-19 no município de Alcoutim”, sinalizou. Paulo Morgado considerou, por isso, que a chegada da vacinação ao concelho permite “trazer esperança” a esta população, que é “muito idosa” e “vive dispersa por muitos montes” de um território “muito extenso”. “No ritmo em que estamos, eu penso que, até final de março, e, se calhar, até antes, conseguimos vacinar toda a população, contribuindo para aquilo que é o objetivo nacional e europeu, de vacinar 80% das pessoas com mais de 80 anos até ao final de março”, estimou ainda Paulo Morgado.

disse Maria Rita Afonso, ao ser questionada sobre se este passo era o início do fim da pandemia. Leonilde Afonso, de 89 anos, brincou com a Lusa após receber hoje a primeira dose da imunização contra o novo coronavírus (SARS-CoV-2), ao perguntar se tinha “cara de 50 ou mais” quando questionada sobre a idade, e disse que a vacina “não tirou nada”, quando se perguntou se a vacina “não lhe tinha tirado a boa disposição”. “Gostava de ser vacinada para ver se não me acontece nada de mal, mal já me aconteceu muita coisa, que eu sou já velha”, afirmou já mais séria. Também presente no Centro de Saúde de Alcoutim esteve o presidente da Administração Regional de Saúde (ARS) do Algarve, Paulo Morgado, que fez um balanço positivo do processo de vacinação em curso na região. “Nós, no Algarve, neste momento, já estamos a vacinar nos 16 concelhos. Começámos primeiro em dois, depois alargamos para sete na semana seguinte e agora alargámos aos 16 concelhos da região. Aqui em concreto, em Alcoutim, já começámos a vacinar há dois dias, portanto, já estamos naquilo que é o terceiro dia de vacinação”, afirmou, ao fazer um ponto de situação.


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REGIÃO

Lagoa reforça orçamento municipal

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A Câmara de Lagoa reforçou o orçamento para 2021 com 12 milhões de euros, passando assim de 40 para 52 milhões de euros. Em comunicado, o executivo revela que, “pela primeira vez na história da gestão” da Câmara de Lagoa, foi possível incorporar o saldo de gerência “ainda em fevereiro”, permitindo o “apoio imediato às IPSS e às coletividades do concelho, bem como às pessoas mais vulneráveis, empresas e empresários em nome individual”. A autarquia destaca que a aprovação da primeira revisão ao orçamento para 2021 na Assembleia Municipal, reunida a 24 de fevereiro, permite que o investimento no concelho “não tenha que aguardar pela aprovação dos documentos de prestação de contas do ano anterior”, algo que só costuma acontecer “no mês de abril. A alteração à lei veio permitir que o saldo de gerência possa ser integrado no orçamento apenas com a aprovação dos fluxos de caixa.

Exposição "Pela paz, contra as armas nucleares" para ver na UAlg

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Conselho Português para a Paz e Cooperação (CPPC), em parceria com a Peace and Art Society (PAS), e a Biblioteca da Universidade do Algarve apresentam a exposição de artes plásticas, "Pela paz, contra as armas nucleares", no hall da reitoria da UAlg, durante o mês de março. A mostra começou a sua itinerância pelo Algarve, em fevereiro de 2020, em Aljezur, e foi interrompida por circunstâncias provocadas pela covid-19 até novembro de 2020, quando se realizou a mostra em Vila Real de Santo António. “Setenta e cinco anos depois do holocausto de Hiroxima e Nagasaki, em 1945, com centenas de milhares de mortos e efeitos que até hoje perduram, o armamento nuclear continua a ser desenvolvido e hoje apenas um por cento das ogivas nucleares existentes chegaria para destruir a civilização humana”, recorda o Conselho Português para a Paz e Cooperação, acrescentando que “o desarmamento nuclear global é uma questão central na

Exposição começou a sua itinerância pelo Algarve em fevereiro de 2020 mas teve que ser interrompida devido à pandemia FOTO D.R.

defesa da paz, para a sobrevivência da própria espécie humana e da manutenção da vida sobre a Terra como hoje a conhecemos”. A questão do armamento nuclear está em "cima da mesa", e o CPPC tem tido várias acções para promover a campanha

pelo Tratado de Proibição de Armas Nucleares. O Tratado de Proibição de Armas Nucleares foi lançado em Julho de 2017 pelos 122 Estados participantes na conferência das Nações Unidas realizada com o objetivo de negociar um instrumento

juridicamente vinculativo para a proibição de armas nucleares, que conduza à sua total eliminação: com a ratificação das Honduras, no passado dia 24 outubro, atingiu-se a marca necessária para a entrada em vigor do Tratado. O Conselho Português para a Paz e Cooperação saúda “a ratificação por 50 estados do Tratado de Proibição de Armas Nucleares, que dessa forma entrará em vigor em janeiro de 2021”. “Este facto constitui uma significativa vitória dos que, em todo o mundo e também em Portugal, se batem há décadas pela interdição deste tipo de armamento. Ao mesmo tempo que aumenta a pressão sobre os restantes Estados para que, com a sua adesão plena ao tratado, contribuam para um mundo livre de armas nucleares”, salienta o conselho. O CPPC tem em curso uma campanha para que também Portugal se junte ao Tratado de Proibição de Armas Nucleares: “Pela adesão de Portugal ao Tratado de Proibição de Armas Nucleares - Defender a paz é defender a vida: Petição Pública”.

DOIS MINUTOS PARA OS DIREITOS HUMANOS 2. MYANMAR

1. ETIÓPIA Tropas da Eritreia que lutaram no estado de Tigray, na Etiópia, mataram centenas de civis desarmados na cidade de Axum, entre os dias 28 e 29 de novembro de 2020, abrindo fogo nas ruas e conduzindo ataques de casa em casa. Sobreviventes e testemunhas descreveram execuções, bombardeamentos indiscriminados e pilhagens. Estes atos de violência podem representar crimes de guerra e crimes contra a humanidade, conclui um novo relatório da Amnistia Internacional.

A polícia está a usar armas letais contra os manifestantes que saem às ruas em protesto contra o recente golpe militar. Uma das vítimas mortais, de apenas 20 anos, foi atingida por uma bala na cabeça, quando se protegia de canhões de água. Os Princípios Básicos Sobre a Utilização da Força e de Armas de Fogo pelos Funcionários Responsáveis pela Aplicação da Lei afirmam que as forças de segurança devem esgotar todos os meios não violentos antes de empregar a força como último recurso.

4. CAMBOJA

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A extração ilegal de madeira em larga escala e a repressão ao ativismo ambiental estão entre as principais ameaças à floresta tropical de Prey Lang, considerada santuário de vida selvagem desde 2016. Além disso, em dezembro de 2020, o Ministério das Minas e da Energia do Camboja assinou um acordo para a construção de uma linha de transmissão de energia de 299 km, entre Phnom Penh e a fronteira com o Laos. O projeto pode implicar novas ações de desflorestação.

3. MALÁSIA O governo malaio deportou 1086 cidadãos do Myanmar, contrariando uma ordem judicial que suspendia a decisão. Inicialmente, as autoridades pretendiam fazer regressar ao país de origem 1200 pessoas, sendo que entre estas estavam portadores de cartões do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR) e menores de idade com pelo menos um dos pais a viver na Malásia. Desde agosto de 2019, o ACNUR está impedido de visitar os centros de detenção de imigrantes do país.

5. ARÁBIA SAUDITA Quase três anos depois de ter sido presa, Loujain al-Hathloul foi libertada. A ativista tinha sido acusada de “espionagem” e “conspiração contra o reino”, por promover os direitos das mulheres e apelar ao fim do sistema de tutela masculina. A Amnistia Internacional apela às autoridades sauditas para que libertem imediata e incondicionalmente todos os defensores de direitos humanos e prisioneiros de consciência detidos unicamente por reivindicarem reformas.


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Postal, 5 de março de 2021

REGIÃO

Portimão quer construir 800 fogos a custos controlados até 2026 A Câmara de Portimão prevê construir 800 fogos de habitação a custos controlados e reabilitar 582 habitações municipais até 2026, num investimento estimado de 80 milhões de euros “É um projeto ambicioso para resolver um problema grave que existe no concelho, com necessidade urgente para alojar agregados familiares em situação de carência imediata”, anunciou esta quarta-feira a presidente do município, Isilda Gomes (PS). A revelação foi feita pela autarca durante a cerimónia de assinatura do protocolo de colaboração entre a Câmara de Portimão e o Instituto da Habitação e da Reabilitação Urbana (IHRU), transmitida através da página de Facebook do município. Ao apresentar a Estratégia Local

de Habitação de Portimão, Isilda Gomes indicou que Portimão necessita de cinco mil novos fogos até 2030, para responder “a um problema grave, que é urgente, ou mesmo emergente”. “Temos neste momento 800 pedidos, temos de alojar 572 agregados familiares em grave carência imediata e mais 300 a médio prazo”, destacou a presidente do município. O documento aponta três objetivos para resolver e auxiliar as carências habitacionais, num concelho cuja economia resulta do turismo e da prestação de serviços. “Foram traçados três objetivos, que passam por tornar o mercado mais acessível, responder às carências habitacionais graves e reabilitar e requalificar os 582 fogos do parque habitacional municipal”, apontou. Para a autarca, falar da habitação no Algarve, “é falar de um problema muito complicado e grave, porque

LAGOS

não são só os problemas sociais, mas os jovens, as empresas e os profissionais da saúde e da educação que prestam serviço na região”. “O problema reflete-se na economia local e regional, por isso diria que é um problema emergente”, sublinhou. A estratégia do município passa por tornar o mercado do arrendamento mais acessível, “para que um casal que ganhe um ordenado mínimo possa ter uma habitação condigna e, ao mesmo tempo, ajudar os proprietários a colocar no mercado os seus imóveis por um preço justo”. A Estratégia Local de Habitação de Portimão, aprovado em dezembro de 2020 pelo IHRU, além da construção de novos fogos, prevê também a requalificação e renovação do parque habitacional municipal, com a reabilitação de 582 fogos, no âmbito do “1.º Direito” - Programa de Apoio ao Acesso à

Olhão com alojamento temporário de emergência

Habitação. O 1.º Direito visa apoiar a promoção de soluções habitacionais para pessoas que não dispõem de capacidade financeira para suportar o custo do acesso a uma habitação adequada. Segundo Isilda Gomes, a autarquia já adquiriu, por 1,2 milhões de euros, 15 lotes de terrenos, que permitem a construção de 300 fogos de habitação a custos controlados. “É um passo extremamente importante, porque a necessidade é grande e o município tem terrenos, um problema que não nos faz depender de terceiros”, concluiu. A sessão contou também com as presenças do ministro das infraestruturas e da Habitação, Pedro Nuno Santos, da presidente do Conselho Diretivo do IHRU, Isabel Dias, e dos secretários de Estado da Habitação, Marina Gonçalves, e da Descentralização e Administração Local, Jorge Botelho.

O Município de Olhão assinalou o Dia Mundial da Proteção Civil, com a abertura de um Alojamento Temporário de Emergência A resposta social, que foi inaugurada pelo presidente da autarquia, António Miguel Pina, "tem capacidade para 10 pessoas, e visa criar uma alternativa de apoio imediato e temporário a pessoas residentes no concelho, que sejam desalojadas na sequência de um acidente grave ou de uma catástrofe, como um incêndio, uma inundação, um desabamento, ou outra situação excecional". Desta forma, as famílias residentes no concelho sem apoio de retaguarda passarão a dispor, numa destas eventualidades, "de uma solução de alojamento temporário, sempre em complementaridade com os serviços do Instituto da Segurança Social".

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Postal, 5 de março de 2021

REGIÃO

MORADORES de Silves participam em projeto de compostagem comunitária

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Câmara de Silves está a implementar um projeto de compostagem comunitária e estima que uma centena de moradores já esteja a reciclar resíduos orgânicos domésticos que acabariam desaproveitados, num aterro, se fossem para o lixo comum. Joaquim Palma é residente na freguesia serrana de São Bartolomeu de Messines e é junto à estação de autocarros, local onde foi instalada a ilha de compostagem, que revela a razão que o fez aderir à iniciativa da Câmara de Silves. “Eu não estava consciente da quantidade de ‘verdes’ - frutas e legumes – que pomos no lixo orgânico, são 75 a 80%. Costumava encher três sacos por dia no total do lixo, agora ficam dois ou três quilos no [lixo] orgânico puro”, afirma. A iniciativa "Silves a compostar da serra ao mar", lançada em outubro de 2020, tem distribuído compostores pelos cidadãos, tanto para a compostagem doméstica - com a

unidade a ser colocada na casa do munícipe - como, em zonas mais urbanas, com contentores de recolha comunitária. A compostagem é um processo biológico através do qual os microrganismos transformam a matéria orgânica numa substância semelhante ao solo - o composto -, permitindo que os resíduos não tenham como destino um aterro e possam ser “valorizados”, explica José Pinto, técnico da Câmara de Silves.

Autarquia disponibilizou equipamentos à comunidade

Cerca de uma centena de moradores já está a reciclar resíduos orgânicos domésticos

FOTO D.R.

PRESIDENTE DA CÂMARA DE SILVES DESTACA A ADESÃO DOS CIDADÃOS Uma consulta ao cartaz explicativo colocado junto à ilha de compostagem esclarece as dúvidas. Para além de dar a conhecer o projeto, permite saber o que são e quais os resíduos verdes – restos de vegetais, frutas, ervas ou café – e castanhos – papel, ramos, cascas de frutos secos –, que podem ser depositados. Interditados estão restos de carne e peixe, lacticínios, fezes, vidro, plástico e metal. De acordo com José Pinto, os diversos contentores já instalados pela autarquia nas duas freguesias ser-

ranas – São Bartolomeu de Messines e São Marcos da Serra – tiveram de “ser reforçados” para garantir o que o processo de degradação dos resíduos pudesse ser bem-sucedido. Na “ilha” de Messines estão nesta altura três contentores compostos por seis compartimentos, mas apenas um aberto de cada vez, onde os cidadãos podem depositar os seus resíduos orgânicos, que trazem num dos baldes disponibilizados pela autarquia. A presidente da Câmara, Rosa Pal-

ma, destaca a adesão dos cidadãos, apesar de ainda não ter sido possível “estender a compostagem comunitária a todas a freguesias”, algo que assegura que “em breve será uma realidade”. “Quem não tem um pequeno quintal e vive numa pequena habitação, num apartamento, tem estes compostores para colocar os resíduos que podem ser valorizados, rentabilizados e reutilizados”, apontou. O projeto está inserido num projeto de educação cívica e ambiental mais

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abrangente que pretende complementar a “formação desenvolvida nas escolas”, operacionalizando a logística que permite aos cidadãos efetivar a reciclagem e a “valorização dos resíduos”. A governante destaca a parceria estabelecida com as juntas de freguesia, que ficaram responsáveis pelo “acompanhamento” dos contentores, garantindo a “manutenção e oxigenação” essenciais para que o processo de decomposição biológica seja bem-sucedido.

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Segundo José Pinto, a autarquia não quis condicionar o acesso à iniciativa e optou por “abrir os equipamentos” à comunidade para que qualquer pessoa os pudesse usar, mesmo “não estando inscrita” no projeto de compostagem comunitária. Apesar das “poucas inscrições” oficiais, o ritmo de enchimento dos contentores leva o técnico a estimar que haja “para cima de 100 pessoas” a aderir à campanha de compostagem, medida que classifica como “ambiental e economicamente muito vantajosa”. Joaquim Palma, que se assume defensor da reciclagem, despeja todos os dias o seu balde de resíduos no compostor comunitário e realça que se deve procurar “reciclar aquilo que for possível e reaproveitar”, sendo que neste caso apenas requer alguma logística caseira. “É só uma questão de ter dois recipientes em casa, separar o resto de frutas e legumes e organizar-se nesse sentido”, assegura, adiantando ser necessária “mais comunicação à população” para que adiram à iniciativa e cumpram as regras básicas da compostagem.

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Postal, 5 de março de 2021

REGIÃO

Câmara de Lagos e (A)GARRA dinamizam novo Espaço Cowork Associação recebeu um apoio de 26.600 euros para o funcionamento do espaço A Câmara de Lagos aprovou um protocolo de colaboração a celebrar com a (A)GARRA para a gestão do novo Espaço Cowork municipal, com o objetivo de estimular o desenvolvimento de atividades que contribuam para dinamizar e diversificar a economia local, modernizar o tecido empresarial e criar novos postos de trabalho, em especial junto de uma faixa etária mais jovem

Segundo o documento, "o município cede à (A)GARRA a gestão operacional do novo espaço de trabalho colaborativo, suportando os gastos inerentes a fornecimentos e serviços externos e atribuindo a esta associação jovem de Lagos um apoio financeiro anual de 26.600 euros com vista ao funcionamento do espaço e dinamização do seu programa de atividades". As instalações, sitas na Rua dos Combatentes da Grande Guerra, numa ala do edifício da antiga Escola Secundária Gil Eanes (que foi primeiramente Escola Industrial e atualmente alberga o Espaço Jovem), foram criadas pela autarquia, que reabilitou e converteu uma antiga sala de eletricidade num espaço aberto e otimizado para receber jovens empreendedores e empresários, profissionais liberais, nómadas digitais e trabalhadores remotos.

A Câmara de Lagos explica que "a ideia surgiu no âmbito do Orçamento Participativo 2017, inspirada pela estrutura informal já então em funcionamento no Espaço Jovem. A proposta acabaria por ser uma das escolhidas pela população, tendo sido colocada em prática através de uma empreitada municipal". Este equipamento "é apenas uma entre as várias respostas que o município de Lagos tem vindo a desenvolver

para acompanhar a evolução dos modelos de trabalho, nomeadamente o modelo em coworking, fenómeno recente que assenta numa abordagem diferenciada, proporcionadora de aprendizagens, interação social, sentido coletivo e cooperação". "Uma tendência suscitada pela tecnologia, internet e mobilidade, que alterou decisivamente as relações entre a localização geográfica e o exercício das atividades socioeconómicas,

Igreja Matriz de Loulé em reabilitação As obras de reabilitação da Igreja Matriz, classificada como Monumento Nacional e um dos mais emblemáticos edifícios eclesiásticos de Loulé, já estão em curso "Numa altura em que já estão concluídos os trabalhos referentes ao restauro do pórtico, arrancam agora os trabalhos de conservação arquitetónica, num valor total de mais de 890 mil euros, que visam a recuperação e beneficiação do edifício resolvendo as anomalias cons-

trutivas, funcionais, higiénicas e de segurança acumuladas ao longo dos anos", explica a autarquia louletana, acrescentando que "estes trabalhos incidem sobre as fachadas, coberturas, infraestruturas e torre sineira". Recorda ainda que "ao longo dos últimos anos, também os retábulos e altares desta igreja têm vindo a ser restaurados". Segundo a edilidade, "esta é uma obra de grande importância para Loulé não só do ponto de vista patrimonial, mas porque esta igreja constitui o principal local de culto para a comunidade católica da cidade,

seja em termos de realização de casamentos, funerais ou comunhões. Esta igreja tem sido palco de concertos ligados à música clássica, nomeadamente durante o Festival MED ou nos Encontros de Música Antiga”. Localizada no Largo do Batalhão dos Sapadores dos Caminhos de Ferro na zona mais a sul do casco histórico de Loulé, junto à porta de Faro da muralha medieval, a Igreja Matriz de Loulé ou a Igreja de S. Clemente foi construída possivelmente no local ocupado pela mesquita de Al’-Ulyà, na segunda metade do século XIII.

e que se tornou ainda mais crítica no atual contexto de pandemia", destaca a autarquia. A esta iniciativa somam-se o Espaço Empresa, a adesão às redes de desenvolvimento regional InvestAlgarve e Algarve Systems and Technology Partnership (Algarve STP), a Fábrica do Empreeendedor (recentemente criada), o Algarve Revit +, o envolvimento no projeto SusTowns e a promoção do empreendedorismo nas escolas.

Jardins de Faro têm novas caixas-ninho e abrigos para insectos A União das Freguesias de Faro está a instalar, nos jardins da cidade, meia centena de caixas-ninho para aves e abrigos para insetos polinizadores. Esta iniciativa, para além de procurar despertar a consciência ecológica dos cidadãos, tem como objetivo proporcionar uma zona de nidificação e de abrigo para a avifauna de modo a contribuir para a biodiversidade em meio urbano. Quanto aos abrigos de insetos, visa abrigar insetos polinizadores, como as Joaninhas, Borboletas e sirfídeos, criando condições para reproduzirem-se, protegerem-se e invernar. Segundo Bruno Lage, presidente da União das Freguesias de Faro, “estes insetos, como todos sabemos, são fundamentais para a polinização das plantas e consequentemente são agentes de especial relevância para o equilíbrio do ecossistema”. Bruno Lage, considera importante “sensibilizar a comunidade farense para a necessidade da conservação da biodiversidade como sendo um dos principais motores do desenvolvimento sustentável e para a existência de uma boa qualidade ambiental urbana”.

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Postal, 5 de março de 2021

ENTREVISTAS

NÃO HÁ MEMÓRIA DE UM A

João Fernandes Presidente do Turismo do Algarve

“Só depois da Páscoa será possível equacionar a atividade turística” Texto RAMIRO SANTOS Tudo depende da evolução da situação pandémica, mas a retoma consistente da atividade turística, nunca acontecerá antes do próximo semestre. Para o presidente do Turismo do Algarve, as empresas vivem em estado de emergência e o impacto é global: hotéis, rent-a-cars, restauração, golfe, marítimo-turísticas, agências de viagem, animção, bares e discotecas. Que análise faz o presidente do Turismo do Algarve da situação do setor, em termos gerais, desde o início da pandemia? P

O setor do Turismo tem estado a viver praticamente em contexto de “estado de emergência”, com atividade residual ou nula, tendo apenas no passado verão tido alguma expressão, sobretudo devido à procura do mercado interno, o que é manifestamente insuficiente para a oferta instalada. O desgaste acumulado coloca o tecido empresarial na luta pela sobrevivência. R

Entre os diferentes setores da atividade turística, quais os que mais se estão a ressentir desta crise? P

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O impacto é global, extensível a to-

dos os segmentos da oferta, na medida em que a pandemia ditou uma quebra muito expressiva na procura, com especial ênfase nos mercados externos. Não obstante, as atividades que se destinam a grupos (ex: guias intérpretes, MI, diferentes modalidades de transporte de turistas…), as atividades encerradas desde o início da pandemia por imperativos legais (ex: bares e discotecas), a oferta particularmente vocacionada para mercados externos (ex: golfe, rent-a-car, animação turística e marítimo-turísticas) e as agências de viagens foram das mais condicionadas, com impactos muito significativos. P Na hotelaria pode quantificar as perdas verificadas até final do ano passado, no que respeita a dormidas e receitas? R De acordo com os dados do INE, apesar do Algarve ter sido a região que menos mercado interno perdeu (-23,2% das dormidas de residentes 2020, a par do Alentejo) e de no panorama nacional até ter consolidado a liderança na preferência dos turistas portugueses (28,1% das dormidas de residentes) e estrangeiros (33,2% das dormidas de estrangeiros), a quebra da atividade no alojamento turístico foi ainda assim muito expressiva: -62,1% das dormidas totais e igual desempenho quanto aos proveitos totais do alojamento.

Sabemos que é uma realidade transversal a todo o mundo e até que o Algarve “compara bem” com os seus concorrentes internacionais mais diretos, mas isso não evitou que o ano de 2020 tenha sido o pior ano turístico de que há memória para a região, sobretudo considerando a dimensão da oferta instalada e os postos de trabalho perdidos. P E a restauração, que efeitos está a ter a crise na viabilidade da maioria dos estabelecimentos e os reflexos no emprego? R A AHRESP informa que 51% das empresas inquiridas se encontra com a atividade totalmente encerrada e 44% afirma já ter efetuado despedimentos desde o início da pandemia. Destas, 19% reduziram em mais de 50% os postos de trabalho a seu cargo. Adicionalmente, 19% das empresas assumem que não vão conseguir manter todos os postos de trabalho até ao final do primeiro trimestre de 2021. P Como vai sair o turismo do Algarve desta crise sanitária? Em termos temporais, faz ideia quando é que se pode pensar no início da recuperação económica?

As últimas declarações do Sr. Presidente da República indiciam que apenas após a Páscoa será possível equacionar atividade turística. Até lá o grande desafio para o qual todos estamos convocados R

é o de conseguirmos debelar definitivamente esta recente vaga pandémica. Não obstante os vários imponderáveis que todos conhecemos quanto à incerteza do impacto de novas estirpes, à data e condições de acordo para regras comuns para viagens no espaço europeu, ou à capacidade da União Europeia em acelerar o plano de vacinação, todos os organismos apontam para que o reinício da atividade não acontecerá antes de meados do 2º trimestre e que a procura terá, à partida, um comportamento progressivo até ao verão. É expectável que, numa primeira fase, o mercado interno alargado (Portugal e regiões fronteiriças de Espanha) seja a origem da maior parte dos visitantes, mas os sinais que nos chegam das reservas de voos do Reino Unido e também da Alemanha, embora ainda muito tímidos, são reveladores da vontade de alguns europeus em rumarem a sul. Tudo dependerá também da evolução pandémica nos nossos principais mercados emissores de turistas e dos respetivos planos de desconfinamento que vierem a adotar. Importa salientar que o Algarve, sendo a região de Portugal continental que melhores indicadores epidemiológicos tem apresentado, tem condições para, tão breve quanto possível, receber turistas de diferentes origens. Para tal, temos que recuperar a perceção de destino seguro nos mercados externos, assegurar ligações aéreas e comunicar a disponibilidade e condições para acolher turistas. Recorde-se que o

Turismo do Algarve tem trabalhado desde a primeira hora com a Administração Regional de Saúde, por exemplo para a implementação de protocolos sanitários nas empresas. Fomos das primeiras regiões do mundo a apresentar um Manual de Boas Práticas – Covid e Turismo de Portugal foi igualmente pioneiro no Selo Clean&Safe. Estando garantido que o destino é seguro, importa comunicar essa realidade e gerar motivo de interesse para a visita. Neste sentido, a realização de três grandes eventos no período de meados de abril a início de maio, como o MotoGP, a Fórmula 1 (a confirmar) ou o Portugal Masters em Golfe, são excelentes oportunidades para comunicarmos ao mundo um destino seguro e pronto a receber. Acresce que antecipámos também com as principais companhias aéreas que servem a região a realização de campanhas conjuntas de destino. Por outro lado, o facto de se ter conseguido a manutenção da base da Ryanair em Faro e de se ter assegurado uma nova base da EasyJet (a inaugurar em março), as mais representativas para o Algarve, dá-nos uma vantagem fundamental, numa altura em que todas as companhias aéreas estão a reduzir frotas e tripulações, com as expectáveis consequências ao nível das rotas a estabelecer. Salienta-se também que todos os estudos de tendência apontam para a preferência dos europeus para no período pós-confinamento procurarem destinos de lazer, em especial destinos de praia.

Algarve vai continuar a ser o principal destino turístico de Portugal Faz sentido pensar a retoma económica do país sem o turismo do Algarve? Não. Como a última crise bem deixou claro, o turismo é o único setor com dimensão e competitividade para nos fazer sair também desta crise. Não existe, infelizmente, outro setor em Portugal com igual expressão ao nível dos principais indicadores económicos (Emprego, PIB e Exportações), ou mesmo outro setor que no curto/ médio prazo possa vir a revelar essa capacidade. O Algarve é o principal destino turístico do país e estou certo que vai continuar a sê-lo, pelo histórico que temos e pelos vários indicadores de que dispomos. Não obstante, não pode deixar de estar na linha da frente dos desafios da sustentabilidade e de um destino inteligente, razão pela qual estamos a trabalhar em várias ações neste sentido (ex: Observatório de Turismo Sustentável ou programa RIA- Região Inteligente Algarve).


CADERNO ALGARVE

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ANO TURÍSTICO COMO ESTE Elidérico Viegas Presidente dos hoteleiros do Algarve

“Vamos assistir ao colapso de muitas empresas turísticas do Algarve” Texto RAMIRO SANTOS

no, reduzida à insignificância do seu peso eleitoral e político. Não admira, portanto, que o desemprego tenha aumentado cerca de 5 vezes mais do que no resto do país e os níveis de pobreza aumentem de forma preocupante e descontrolada. A sobrevivência das empresas hoteleiras e turísticas do Algarve vai depender, fundamentalmente, das condições fiscais e financeiras criadas pelo governo, visando manter os níveis competitivos na fase de retoma e evitar o colapso empresarial do setor do turismo no Algarve. O Algarve precisa de um Plano Específico de Emergência para Recuperar o Turismo, tal como foi prometido na Assembleia da República pelo ministro da Economia e reiterado pelo primeiro-ministro.

Segundo este dirigente associativo, mais de 80% dos hotéis estão fechados e os restantes estão sem clientes. Os números dos resultados turísticos apresentam-se ao nível de 1984. O desemprego subiu 113% em relação a 2019 e é cinco vezes maior do que a média no país. A recuperação plena da atividade só daqui a quatro a cinco anos. A região precisa de uma Programa Específico de Emergência. P Desde o início da pandemia, em março do ano passado, qual o balanço no que respeita aos resultados na atividade turística no seu conjunto no Algarve?

O Algarve registou, em 2020, o pior ano turístico desde que há memória. O volume de negócios caiu mais de 800 milhões de euros durante o ano, resultante de 71% nas quebras na procura dos principais mercados emissores externos. A taxa de ocupação global média registada atingiu os 27,5% em 2020, o correspondente a 7,6 milhões de dormidas, o pior registo de sempre. Recorda-se que o Algarve, em 2019, teve uma ocupação média de 63,2%, ou seja, mais de 21 milhões de dormidas. Estes números respeitam apenas aos estabelecimentos classificados oficialmente. R

Faz sentido dizer que a redução desses valores, fizeram recuar os resultados da atividade turística, designadamente, a hotelaria, para valores de 1984? P

R De facto, em termos globais, o número de hóspedes e dormidas recuaram em Portugal para valores de 1984. P E nos primeiros meses deste ano, qual foi a taxa de ocupação?

As unidades hoteleiras e empreendimentos turísticos ainda em funcionamento registaram uma taxa de ocupação de 5,6% em janeiro deste ano. Os meses de fevereiro e março não serão diferentes. A Páscoa, identificada como o motor de arranque da época turística, encontra-se comprometida, bem como as estações média e alta, tanto mais que a vacinação se encontra muito atrasada. R

O Algarve precisa de um Plano Específico de Emergência para Recuperar o Turismo, prometido pelo primeiro-ministro

P O que é que representa o setor do turismo algarvio para a economia do país, no que respeita a receitas e emprego?

Em 2019, a oferta turística regional classificada, oficialmente gerou uma faturação total de 1.250 milhões de euros. Mas o INE considera que as receitas hoteleiras têm um efeito multiplicador na economia (comércio, restauração, rent-a-car, golfes, etc.), equivalente a sete vezes as receitas do alojamento. Por isso, estima-se que o turismo do Algarve tenha contribuído, em 2019, com bens transacionáveis no montante de mais de 8,5 mil milhões de euros, o que verdadeiramente conta para a riqueza nacional. Note-se que nesse ano, antes da crise, o país gerou um total de cerca de 19 mil milhões de euros em bens transacionáveis, mais ou menos 20% do total das exportações portuguesas neste período. Em 2020, este valor não foi além dos 8,1 mil milhões de euros, sendo que 2,8 mil milhões tiveram origem no Algarve. Ou seja, em 2020, o Algarve produziu menos 5,6 mil milhões de R

euros em bens transacionáveis Quanto ao desemprego, em 2020, aumentou 113% face ao ano anterior mas estes números não levam em consideração os trabalhadores que se encontram em layoff e em regime de formação, por exemplo. Segundo os dados do IEFP, no Algarve, em maio de 2020 estavam inscritos 23.554 desempregados na hotelaria e restauração, valor que compara com 6.707 no período homólogo.

O desemprego aumentou cerca de 5 vezes mais do que no resto do país e os níveis de pobreza cresceram de forma preocupante e descontrolada P Tem números quanto às empresas que fecharam temporariamente e as que estão em risco de cessar a atividade? R Mais de 80% dos estabelecimentos hoteleiros e turísticos do Algarve encontram-se encerrados e os restantes 20% não têm clientes. O Algarve e o turismo estão à beira de um precipício económico e social sem precedentes. Ao nível do alojamento local e privado, muitos empresários optaram pela cessação da atividade, assim como no que se refere aos chamados similares, como restaurantes e bares, por exem-

plo. Muitos destes estabelecimentos não voltarão a reabrir. Os hotéis e empreendimentos turísticos constituem máquinas organizativas muito pesadas, pelo que não podem, pura e simplesmente, cessar a atividade de um momento para o outro, atendendo à natureza dos investimentos que estão suportados em capitais alheios e outros financiamentos externos. Caso os efeitos da pandemia se prolonguem, vamos assistir ao colapso de muitas empresas turísticas do Algarve. P Como vê a resposta do governo no apoio às empresas. O que é que a AHETA defende? R O governo esteve bem numa primeira fase, tendo tomado as medidas que a situação exigia, no pressuposto de que a crise estaria resolvida ao fim de três meses (junho de 2020). A crise não só não se resolveu como se agravou. O governo, contudo, optou por dar continuidade às medidas que havia tomado anteriormente, considerando ainda que a economia já se encontrava na fase de retoma, optando por medidas desajustadas, ineficazes e insuficientes. Neste contexto, o governo não tem sabido estar à altura dos problemas que afectam especificamente o Algarve e as empresas do setor do turismo, tomando medidas avulso, contraditórias e a conta-gotas. Também aqui, mais uma vez, a maior e mais importante região turística portuguesa foi deixada ao abando-

Páscoa é uma amêndoa amarga e retoma plena só daqui a cinco anos É possível avançar com alguma perspetiva temporal de normalização da atividade turística? A Páscoa é uma amêndoa amarga? Mais do que uma amêndoa amarga, as empresas hoteleiras e turísticas regionais enfrentam um verdadeiro cataclismo económico, social e financeiro. Sem a resolução do problema sanitário não é possível restabelecer os fluxos turísticos, designadamente os oriundos do Reino Unido, historicamente o maior mercado emissor de turistas para a região. Estamos conscientes de que a retoma será gradual, progressiva e muito morosa e só deverá verificar-se a partir da Páscoa do próximo ano. Por outro lado, a recuperação plena da atividade turística para os níveis de 2019, só irá ocorrer dentro de 4/5 anos. As nossas perspetivas para 2021 apontam para resultados idênticos aos registados em 2020. O Algarve e o país não integram, presentemente, as estratégias dos grandes canais de comercialização e distribuição de férias europeus e mundiais para a próxima época turística, atendendo à gravidade da situação sanitária que atravessamos.


Mensalmente com o POSTAL em conjunto com o

MARÇO 2021 n.º 148 6.824 EXEMPLARES

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A ilustração científica nas Ruínas Romanas de Milreu (Estoi, Faro) Ficha técnica

Reconstituição da fachada principal do Templo de Milreu (Theodor Hauschild, 1980)

Direção: GORDA, Associação Sócio-Cultural Editor: Henrique Dias Freire Responsáveis pelas secções: • Artes Visuais: Saúl Neves de Jesus • Espaço AGECAL: Jorge Queiroz • Espaço ALFA: Raúl Grade Coelho • Filosofia Dia-a-dia: Maria João Neves • Fios De História: Ramiro Santos • Letras e Literatura: Paulo Serra • Marca D'Àgua: Maria Luísa Francisco • Missão Cultura: Adriana Freire Nogueira Colaboradores desta edição: Cristina Tété Garcia, Mauro Rodrigues Parceiro: Direcção Regional de Cultura do Algarve e-mail redacção: geralcultura.sul@gmail.com publicidade: anabelag.postal@gmail.com online em: www.postal.pt e-paper em: www.issuu.com/postaldoalgarve FB: https://www.facebook.com/ Cultura.Sulpostaldoalgarve

CRISTINA TÉTÉ GARCIA Arqueóloga

I

lustração científica significa criar desenhosrepresentativosdeinformação científica, tornando-a inteligível aos olhos de públicos mais vastos. As Ruínas Romanas de Milreu fazem parte de um sítio arqueológico, cuja ocupação humana remonta ao século I d.C., prolongando-se até à actualidade. De facto, aqueles muros, pavimentos e canalizações foram alterados e acrescentados ao longo dos séculos, de acordo com as necessidades dos seus habitantes. O seu estudo científico é, por isso, complexo e de difícil transmissão e divulgação, tendo já originado três

teses de doutoramento, uma das quais redigida em alemão e dezenas de artigos científicos. É neste aspecto que a ilustração científica é uma ferramenta eficaz de interpretação visual da ruína arqueológica, através de um trabalho de observação, selecção da informação relevante e criação de imagens esclarecedoras da arquitectura, dos elementos artísticos e da funcionalidade das construções romanas. Deste modo, o desenho “permite a composição de vários elementos não disponíveis em simultâneo”, como por exemplo, a representação do existente, situando o visitante no espaço físico, a reconstrução de partes inexistentes ou escondidas ou a “gestão da profundidade de campo” a partir da posição do observador. Afirma-se um campo desafiante no desenvolvimento de competências em comunicação visual aplicada à Arqueologia, através da procura do equilíbrio entre Arte e Ciência. O suporte utilizado pode ir da imagem digital à ilustração com recurso de técnicas tradicionais, como a tinta da china e o grafite.

O Prof. Theodor Hauschild, que desenvolveu o estudo da Villa Romana de Milreu nas décadas de 1970 e 1980, foi pioneiro na utilização da ilustração científica como suporte visual da interpretação e reconstituição arquitectónica do Templo (e que deu origem mais tarde à produção da maquete que pode ser vista no núcleo museológico). Através do Programa de Conservação e Requalificação das Ruínas Romanas de Milreu, enquadrado pelo Programa Operacional CRESC Algarve 2020, a Direcção Regional de Cultura do Algarve pretende recuperar a ilustração científica como ferramenta estruturante da divulgação do Património Cultural. Na actualidade, o desenvolvimento deste trabalho envolve um conjunto de pessoas que organizam e preparam os conteúdos históricos e arqueológicos, que verificam o rigor da informação científica e que transformam em informação visual com forte carga comunicativa. A fotografia constitui também uma fonte de apoio importante neste trabalho, assim como a pesquisa bibliográfica, arquivística e

o conhecimento do espólio arqueológico depositado nos museus. A Direcção Regional de Cultura do Algarve agradece ao Professor Doutor Artur Ramos (FBAUL) e Professor Doutor João Pedro Bernardes (UALG) o seu envolvimento nesta missão e gosto comum de tornar o

conhecimento científico das Ruínas Romanas de Milreu acessível a todos. Bibliografia: P. Salgado, et al, “A ilustração científica como ferramenta educativa”, 2015. * A autora não escreve segundo o acordo ortográfico

Reconstituição da Entrada da Casa Romana (Domus) de Milreu, esboço em grafite (Artur Ramos, 2020)


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ARTES VISUAIS

O que é a arte espontânea? SAÚL NEVES DE JESUS Professor Catedrático da Universidade do Algarve; Pós-doutorado em Artes Visuais; http://saul2017.wixsite.com/artes

A

expressão artística por pessoas sem formação em artes visuais, em particular através da pintura e do desenho, tem ocorrido ao longo dos tempos. Inclusivamente, a história de arte, mesmo a mais recente, quando já havia ambientes formais para a aprendizagem artística, mostra-nos que muitos artistas conceituados não tiveram formação em “Belas Artes”. Desde Van Gogh, um dos principais nomes, sobretudo no desenvolvimento do movimento impressionista, a Yves Klein, que estudou na Escola Nacional da Marinha Mercante e na Escola Nacional de Línguas Orientais, não tendo formação académica em artes. Embora para alguns a definição de artista passe por ter uma formação académica em artes, ao longo do século XX foi crescendo a aceitação de que quem não tivesse essa formação também poderia ser considerado artista, tendo surgido várias designações para enquadrar este tipo de expressão artística. Desde logo, no final do século XIX, foi usado o conceito de “arte naïf” para descrever os artistas autodidatas que desenvolviam uma linguagem pessoal e original de expressão. O termo naïf significa ingênuo ou inocente, tendo sido usado pela primeira vez em 1866, em relação às pinturas de Henri Rousseau, após este ter exposto no Salão dos Independentes. No entanto, verificou-se que, ao ser rotulado com o termo naïf, com o objetivo de menosprezar a sua obra, ocorreu o inverso. As críticas desfavoráveis, com o passar do tempo, acabaram por despertar a atenção e curiosidade para conhecer o seu trabalho, com a posterior aceitação do mesmo. Assim, embora despertando a ironia da maioria dos críticos acadêmicos, as suas pinturas foram inclusivamente valorizadas por figuras de vanguarda na época, em particular os pintores Robert Delaunay, Paul Signac, Picasso, Matisse, Paul Gaugin e Kandinsky. Feita sem muito domínio técnico, a arte naïf geralmente é praticada por pessoas que não estudaram arte e criam suas obras guiadas pelo instinto e pela sensibilidade. O artista naïf caracteriza-se por ser autodidata, desconhecer ou recusar as regras académicas ou

clássicas de composição e técnica, sendo a originalidade, a criatividade e a espontaneidade as principais características da sua produção artística. É diferente do artista folclórico ou tradicional, como os indígenas e certas formas de arte popular, pois o artista naïf não repete padrões fixos herdados dos ancestrais ou da coletividade. A arte naïf muitas vezes é associada à arte infantil, pela característica espontaneidade e liberdade criativa, mas distingue-se dela por não ser o resultado de um estágio específico de maturação cognitiva e motora. De entre os praticantes de artes visuais sem formação académica neste domínio contam-se as pessoas com experiência de doença mental. Para estas situações particulares também surgiram diversas designações na literatura. Desde logo, no final do século XIX surgiu o termo de “arte degenerada”, dizendo respeito às produções artísticas de “artistas rebeldes” ou de pessoas com doença mental, que se desviavam das regras tradicionais, sendo desvalorizadas e consideradas como “lixo”. Este termo teve particular destaque durante o regime Nazi, na Alemanha, em que foram consideradas como “degeneradas” todas as obras de arte que não estavam de acordo com o ideal de beleza clássico e naturalista. Em 1947 surgiu ainda um outro conceito, a “arte bruta”, usado para procurar descrever as produções artísticas realizadas de forma completamente livre, resultando da pulsão criativa de cada artista, sem imposição de regras académicas, pois estas poderiam limitar a liberdade de expressão criativa. Jean Dubuffet foi o primeiro a usar este conceito, como título de uma exposição de obras da sua autoria. O conceito de arte bruta pretendia integrar as produções de artistas marginais, de arte naïf, de arte primitiva e ainda de doentes mentais. Em 1948, Dubuffet fundou a Companhia de Arte Bruta, à qual pertenceram diversos artistas que vieram a ter algum destaque na história de arte, como André Breton ou Michel Tapé. Mas especificamente para enquadrar as obras de pessoas com doença mental surgiram outras designações ao longo do século XX, nomeadamente arte pura, arte visionária ou arte marginal. No entanto, tendo em conta que a espontaneidade é comum aos processos envolvidos na produção artística em qualquer destas designações, o conceito de arte espontânea parece ser o mais

EM CIMA Pintura “A Musa inspirando o Poeta” (Henri Rousseau, 1909) EM BAIXO Pintura “Sem título” (Ismael Gonçalves, 2020) FOTOS D.R.

abrangente e consensual para descrever a expressão artística de pessoas diagnosticadas com doença mental. Assim, o conceito de arte espontânea designa as obras que apresentam qualidades de expressão estética, na forma de desenho, pintura ou escultura, realizadas por pessoas com experiência de doença mental. E a arte espontânea pode ter um papel muito importante para a estabilização e recuperação no âmbito da saúde mental.

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MARCA D'ÁGUA

A Natureza e a Poesia de mãos dadas MARIA LUÍSA FRANCISCO Investigadora na área da Sociologia; Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa luisa.algarve@gmail.com

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arço é o mês em que se celebra o Dia da Árvore e das Florestas, o mês em que volta a Primavera e se celebra também o Dia Mundial da Poesia. A Ecologia e a Poesia, duas áreas que me apaixonam, juntam-se comemorativamente neste mês. E até uma outra área que não me é indiferente entra aqui: a política. Neste momento em que escrevo ainda não se realizou a Reunião do Conselho de Ministros, onde o futuro da floresta será debatido. Recordo que a Confederação dos Agricultores de Portugal (CAP) apelou ao Presidente da República para que inicie o seu segundo mandato inaugurando um debate amplo e consultando especialistas e representantes do sector florestal. As árvores e a floresta são importantes para o nosso bem-estar e ninguém terá dúvidas de que é crucial garantir o futuro da Floresta portuguesa, pois é um activo importante para a retoma da economia. Tudo está ligado e por isso, sem uma correcta gestão e sem apoios ao investimento florestal ficamos mais pobres a longo prazo. A floresta é uma densa rede de relações entre todos os membros do ecossistema, do qual também somos parte. Às vezes sento-me a escrever perto das árvores e penso em todas estas questões, porque não posso deixar de estar envolvida com o que me rodeia.

A incrível capacidade de auto-cura contida num abraço Umas vezes sem inspiração outras a me sentir poeta social por isso quero com a razão e a emoção levar a poesia a quem lê o jornal

FOTO D.R.

Quando ando pela serra algarvia, penso nos nossos antepassados que cuidaram das árvores que nos dão sombra e frutos. Muitos deles

eram analfabetos e o seu sentir, tal como as suas palavras não ficaram no papel, mas o suor das suas mãos envolveu cada árvore tornando-a poema táctil. O último poema que escrevi ao meu pai foi publicado no suplemento DN Jovem. Quando o Diário de Notícias chegou, o meu pai tinha partido uns dias antes e já não leu o poema a ele dedicado. Li-o junto da última árvore que ele abraçou antes de me abraçar e me morrer nos braços. Por isso cada árvore é uma extensão desse abraço, que nunca poderei esquecer, e que inspira cada dia. Foi em grande medida a partir da experiência de morte que a poesia se tornou uma parte tão importante da minha vida. Poeta não é só quem faz poesia. É também quem tem sensibilidade para compreender a poesia nessa ambiguidade chamada interpretação. As árvores sempre inspiraram os poetas. Camões escreveu um soneto que começa assim: “Árvore, cujo pomo, belo e brando (…)” e termina desta forma:

“Que pois me emprestas doce e idóneo abrigo a meu contentamento, e favoreces com teu suave cheiro minha glória, se não te celebrar como mereces, cantando-te, sequer farei contigo doce, nos casos tristes, a memória.”

Neste Inverno de pandemia, que nos parece tão longo, nunca a Primavera foi tão desejada! É já no próximo dia 20 de Março às 9h37 que começa a estação de tantos encantos. E como diz o poeta Ruy Belo, na parte final do seu poema intitulado “Árvore rumorosa”: “Não há inverno rigoroso que te impeça de rematar esse trabalho que começa na primeira folha que nos braços te desponta Explodiste de vida e és serenidade e imprimes no coração mais fundo da cidade a marca do princípio a que tudo remonta.”

A 21 de Março, para além de se celebrar o Dia Mundial da Poesia, da Árvore e das Florestas, é também Dia Internacional Contra a Discriminação Racial e Dia Internacional do Síndrome de Down. Que a poesia aqueça os nossos dias e, se for possível, abracemos uma árvore, é um abraço tão terapêutico! Há cientistas que referem que esse contacto directo com as árvores, num abraço envolvente, ajuda a reduzir o stress e até a dor crónica, porque o nosso corpo tranquiliza ao retornarmos à natureza, ao nosso ambiente original. Abraço árvores sábias e discretas que me acolhem no seu regaço percorro troncos rugosos filhos de um tempo que abriga cansaços e habito silêncios da «Serra-Mãe» dando tons de vida à morte dos dias. Maria Luísa Francisco

* A autora não escreve segundo o acordo ortográfico


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ESPAÇO ALFA

A veracidade de tudo e todos na terra e no universo MAURO RODRIGUES Membro da ALFA – Associação Livre Fotógrafos do Algarve

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om as experiências e o conhecimento adquirido ao longo dos séculos com a Camera Obscura, do estudo das lentes e dos processos químicos em diferentes materiais fotosensíveis, foram muitas as descobertas científicas no passado que levaram o inventor francês Joseph Nicéphore Niépce em 1826 à primeira fotografia permanente documentada da Humanidade, fotografia essa que sobrevive até aos dias de hoje, 195 anos depois, num processo chamado de heliografia, uma placa de prata coberta com um derivado de petróleo fotossensível chamado de Betume da Judéia. Mas foi através da parceria com Louis Jacques Daguerre e a invenção do Daguerreótipo em 1837 que o processo fotográfico foi realmente aperfeiçoado, ao reduzir o tempo de exposição e a fixação do material fotosensível às placas fotográficas, mergulhando-as em soluções químicas aquecidas com sal de cozinha (mais tarde iodeto de potássio, um sal mais eficaz). William Talbot foi outra figura importante na altura que aperfeiçoou o processo químico do próprio papel foto-

gráfico com nitrato de prata e ácido gálico posteriormente fixado numa solução de hipossulfito de sódio. Este equipamento foi tão revolucionário e inovador na altura, que foi rapidamente considerado de domínio público pelo governo francês. Aliás, o porto de Lisboa e do Funchal, incluindo a Rainha Maria II de Portugal em 1839, foram fotografados com este equipamento, que se tornou num produto viável para ser comercializado. Mas a fotografia teve um grande impulso no seu desenvolvimento e expansão devido ao grande avanço tecnológico que estava a ocorrer na Europa, com grandes inovações nos processos da industrialização e no crescimento sustentado da população a níveis nunca vistos. Tudo melhorou ou tudo mudou? É um caso para pensar nos dias de hoje… na realidade o facto é que o trabalho saiu das mãos dos artesãos para as mãos das máquinas, incluindo os artistas pintores que na altura falavam da “morte do artista” ao serem confrontados com a invenção da fotografia. O processo imediato / instantâneo da captura da realidade e da sua verdade intrínseca veio revelar e preservar o momento, veio preservar a memória e efectivamente mostrar como a Humanidade na realidade é. Foram muitos os sectores que aproveitaram esta revolução da imagem, principalmente o jornalismo, onde as fotografias repre-

sentavam a partir de agora, um registro histórico inegável e para sempre. Até a política inovou na altura, principalmente na justiça, uma vez que os “factos históricos” eram facilmente embelezados ou distorcidos de forma a camuflar uma realidade, com a democratização da fotografia, isso tornou-se muito mais complicado de desmentir. Em 1889 outra revolução, desta vez, George Eastman inventou a câmara fotográfica de rolo de 35mm, que fez baixar consideravelmente o preço das câmaras, dos rolos de filme e da própria revelação com o negativo, o nome da empresa é a Eastman Kodak Company e a câmara, a Kodak nº 1. Os irmãos Lumiére aproveitaram uma patente perdida e inventaram o cinema, com a fotografia em movimento em 1895 e mais uma vez a Humanidade iria ser levada para campos onde a veracidade torna-se acessível a todos e a tudo. Era irreal e de tal modo impressionante que os primeiros espectadores fugiram do cinema onde o primeiro filme foi projectado, uma vez que mostrava um comboio a vir em direção da objectiva (ou da tela), a população literalmente pensava que o comboio iria entrar pelo cinema adentro. A ciência rapidamente aproveitou a invenção para mostrar a realidade da diversidade do nosso Planeta e do Universo como nunca

George R. Lawrence e a sua equipa instalando a maior máquina fotográfica da altura (640 Kg), para criar a maior fotografia da altura, para fotografar um comboio da Alton Limited em 1900 FOTO D.R. ninguém tinha visto, com detalhes impressionantes, com descobertas e imagens que se tornaram icónicas e transformaram o próprio tecido do pensamento do ser humano. Imagens icónicas como as do planeta Marte em 1965 quando a sonda especial Mariner 4 enviou as primeiras fotografias digitais de volta para a Terra. Invenção essa que originou a revolução digital ao nível do consumidor comum como conhecemos hoje em dia.

A invenção da fotografia é inegável na transformação do Mundo e do pensamento e hoje em dia está tão disseminada que ninguém consegue viver sem ela, aliás, a fotografia hoje em dia é considerada descartável, mas representa um marco histórico na nossa evolução como espécie e que pode estar de novo em risco de sofrer outra transformação, a da Inteligência Artificial, mas isso, meus amigos, é material para outro artigo no futuro…

ESPAÇO AGECAL

A civilização “reaparecida”, o Al Andalus no Algarve JORGE QUEIROZ Sociólogo, sócio da AGECAL

"Civilização desaparecida” é uma referência irónica que constatou o escasso relevo dado à herança cultural muçulmana na narrativa histórica sobre Portugal anterior à democracia. Plena de “eternos retornos” e “reconquistas”, é uma evidência que no século VIII as populações peninsulares e do norte de África se conheciam, eram herdeiras da romanização, a cristianização e islamização foram processos evolutivos. A presença muçulmana na Península Ibérica, entre o séc. VIII e XV, deixou marcas materiais e imateriais profundas, também no Garb al Andalus, o actual Algarve. O desinteresse pelos “estudos árabes”, com algumas excepções, foi consequência do latinismo, do nacionalismo e reinvenções mitológicas que acompanharam a criação do Estado Nação, exacerbadas durante as ditaduras ibéricas, em Portugal (1928-1974) e em Espanha (1939-1976). Por contraposição

e rivalidades foram relegadas para segundo plano as influências muçulmanas que permanecem na língua, toponímia, arquitectura, habitação, agricultura, engenharia, hidráulica, quotidiano,… Sobre o legado cultural muçulmano, muitas vezes designado por árabe ou islâmico, importa referir que a terminologia resulta de diferentes conceitos. Árabe era a etnia dos dirigentes religiosos e militares que ocuparam o norte de África e o sul da Europa, impondo a língua e religião islâmica como elementos unificadores da colonização. Permaneceu a cultura moçárabe, a dos cristãos habitantes da Península, bem como a cultura judaica essencialmente étnica, não expansionista, diferente do cristianismo e do Islão. Através da investigação actual sabe-se que o relato da “invasão árabe” de 711 d.C é considerada pouco rigorosa, não só porque Tarik e o seu exército de poucos milhares de homens, eram na sua maioria berberes-amazighs, também porque a entrada na Península ocorreu a

pedido de uma facção da monarquia hispano-visigoda em guerra civil. O reduzido efectivo fez com que adoptassem uma gestão política consentânea com os novos equilíbrios económicos, sociais e religiosos, permitindo coexistências baseadas em normas negociadas. Afastando-nos da versão histórico-romântica alguém deixou escrito ”…os cristãos fazem incursões no País e apoderam-se dos despojos, os árabes e o fisco levam-nos o resto…”. Os berberes vindos para a Ibéria eram na sua maioria provenientes do “Magrebe verde”, zonas cerealíferas, de pomares de sequeiro, fruteiras e criação de gado, estabeleceram na Península as suas “alcarias”, mas também comunidades urbanas onde concentraram poderes e saberes. As elites do Al Andalus, considerado como o “primeiro renascimento”, foram vanguarda do pensamento medieval mais avançado, a medicina árabe era ensinada nas universidades europeias. Os muçulmanos dinamizavam escolas corânicas, onde as crianças aprendiam textos

religiosos, língua e escrita, enquanto a Europa cristã continuava esmagadoramente analfabeta. No século XX cresceu o interesse e a investigação sobre as civilizações mediterrânicas, abriram-se novas perspectivas para as relações milenares entre as duas margens do Mediterrâneo, mais de dois mil anos de comércios, de competições e conflitos entre os vários impérios, greco-bizantino, romano, otomano, romano-germânico,… Com a implantação das democracias ibéricas (1974-1976) proliferaram na Península estudos e cursos de árabe, edições, literatura, investigação arqueológica e linguística, intercâmbios… São hoje importantes referências em Portugal os trabalhos de David Lopes ainda no século XIX, Garcia Domingues (arabista, natural de Silves), Christophe Picard (“Le Portugal musulman, séc. VIII-XIII”), Borges Coelho (“Portugal na Espanha Árabe”), Cláudio Torres e Santiago Macias (Campo Arqueológico de Mértola), Teresa Gamito e Helena Catarino (arqueologia me-

dieval), Adalberto Alves (língua e poesia árabe), entre muitos outros… O interesse pela cultura muçulmana no Algarve foi visível nas últimas décadas com recuperação de algum património fortificado e urbano, a criação de núcleos museológicos por autarquias e acções regulares de divulgação do período muçulmano em Silves, Tavira, Loulé, Vila do Bispo, Cacela, Faro, Albufeira, do património oral e poesia, foram ainda promovidas geminações entre cidades algarvias e marroquinas. A dieta mediterrânica inscrita como PCI da Humanidade da UNESCO (2013), também com Portugal e Marrocos, permitiu aprofundar quotidianos e hábitos alimentares, constataram-se diferenças mas sobretudo enormes afinidades no estilo de vida. A história e a herança cultural muçulmana no Algarve, a “região mais mediterrânica” do País, merece atenção, dando continuidade à investigação, preservação e divulgação. * O autor não escreve segundo o acordo ortográfico


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FILOSOFIA DIA-A-DIA

Filosofia Dia a Dia: O Espaço e o Tempo MARIA JOÃO NEVES PH.D Consultora Filosófica

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espaço e o tempo são formas a priori da sensibilidade tal como postula o filósofo alemão Immanuel Kant na sua Crítica da razão pura, publicada pela primeira vez em 1781. A priori significa independente da experiência. Quer isto dizer que independentemente do objecto que nos seja dado à percepção, o espaço e o tempo estão sempre lá, dando forma e possibilitando essa experiência. Os dados dos sentidos são recebidos nesse formato espácio-temporal que configura o nosso horizonte perceptivo. Tente-se imaginar um objecto, qualquer que ele seja, pode ser até um objecto fictício, tentemos imaginá-lo sem que nos seja dado num certo espaço e num determinado tempo. Mesmo que esse espaço aconteça no interior da nossa cabeça, e o tempo seja um tempo imaginado, é impossível que qualquer coisa se apresente fora destas duas coordenadas. Em época de pandemia, ao atravessarmos um período de confinamento prolongado, cumpre perguntar o que é que acontece quando ficamos cerceados no espaço. Mais ainda quando esse espaço pode, eventualmente, ser fechado, se não se tem um jardim, um terraço ou uma varanda. Cumpre também perguntar se, e de que modo, é que esta contracção do espaço influi na percepção do tempo. Vivíamos acossados pelo tempo do relógio, as horas a trote, os minutos a galope e os segundos, esses, tão rápido que nem senti-los! A vida num desviver de prazos e obrigações de correria infernal. Eis se não quando, se abate sobre nós uma pandemia e, de repente, não há correria possível, a não ser que se compre uma passadeira rolante para a cozinha, se possível a barrar o frigorífico, que isto de ficar em casa engorda. Julgávamos que aquela correria toda, o não conseguir parar em casa, o não ter sossego, o estar sempre a saltar de um programa para outro, era a vida. Queixávamo-nos mas, lá bem no fundo, gostávamos de nos poder queixar. Estávamos ocupados, e isso fazia-nos sentir bem. Éramos necessários, precisavam de nós, tínhamos um papel a desempenhar na sociedade e, se somos sinceros, com maior frequência do que admitiríamos, julgávamo-nos imprescindíveis. Mas o inimigo invisível veio demonstrar-nos que não. Afinal, até parece que não fazemos falta nenhuma, ou decerto bastante

Oráculo de Delfos

FOTO D.R.

menos do que supúnhamos. De repente, temos muito mais tempo mas muito menos espaço. O espaço está cheio das coisas da casa e das pessoas da casa, que padecem a mesma condição. E com tanto mais tempo e tanto menos espaço os encontrões são inevitáveis. Anda-se às turras por tudo e por nada, e nem sequer dá para ir arejar, dar dois dedos de conversa com os colegas de trabalho, ou ir ver o futebol pró café. Quem vive sozinho não corre o perigo dos encontrões, mas sente a presença das paredes que parecem abater-se sobre o próprio. Há também o silêncio, o silêncio, que as vozes da televisão e do rádio não fazem mais que mascarar. Damo-nos conta, quiçá pela primeira vez, do valor inestimável da voz humana, proveniente de um corpo quente ali ao pé. E até a palavra menos amistosa, até a discussão desagradável, parecem agora preferíveis ao silêncio que cheira a morte. A casa, porto de abrigo, transformou-se em prisão. Mas terá de ser assim? Vivia-se virado para fora em milhentos afazeres, convívios e diversões, e agora não há mais remédio senão virar para dentro. E esquecemo-nos de como se faz. Parecemos os prisioneiros no fundo da caverna de Platão, que julgam que as sombras projectadas na parede são a realidade. E agora que ficámos sem essas projecções ilusórias ensandecemos.

Queremos rapidamente outra ilusão para substituir a que tínhamos. Queremos engolfar-nos num frenesim, queremos ocupar-nos com não importa o quê, tudo é melhor que a cabeça abandonada a si própria. É como se fossemos seres tóxicos para nós próprios. Deixados a sós tendemos para a auto-destruição. Mas terá de ser assim? Na alegoria platónica os prisioneiros agrilhoados no fundo da caverna podem apenas olhar em frente, para as sombras projectadas na parede do fundo da caverna. Há um que consegue soltar-se, vira as costas aos companheiros e à parede de sombras e empreende o caminho ascendente que leva à saída da caverna. Quando conseguir sair verá a luz do dia e terá acesso às coisas mesmas, à verdadeira realidade. Porém, até lá chegar, passa por muitos perigos, e por muitos momentos de exasperação. À medida que avança, a luz aumenta e o prisioneiro, habituado à escuridão no fundo da caverna, experimenta uma dolorosa ofuscação. É a cegueira, a perda total de referentes, a fragilidade tremenda. Apenas com insistência e com tempo, os olhos conseguem adaptar-se e o prisioneiro pode prosseguir... Até que um novo momento de ofuscação o obrigue a parar, e de novo padeça de incapacidade, de ineficácia, com o imenso medo que acarretam.

Apesar das dificuldades do caminho, uma vez empreendido, o prisioneiro já superou a prova mais difícil de todas. Nenhum período de ofuscação será tão duro nem tão difícil como aquele gesto inicial, centro nevrálgico desta alegoria: o momento em que o prisioneiro vira o pescoço. Virar o pescoço significa que se modificou o ponto de vista. O horizonte de sentido expande-se. De repente, aquilo que se julgava ser a realidade, não só se revela uma falácia, mas sobretudo exibe a sua condição mínima, exígua... Apenas sombras na parede da caverna, quando os verdadeiros objectos que as provocam estão lá fora, num mundo imenso, sob a vastidão do sol e do céu. No nosso caso, a contracção do espaço fez com que se produzisse uma ampliação do tempo, e este obrigou, queiramos ou não, a virarmos o olhar para dentro. E estamos ofuscados, os olhos doem e não conseguimos ver nada. Levámos toda a vida virados para fora, não sabemos lidar com esta calma, com este silêncio, com esta inactividade, com todas estas condições tão propícias à introspecção. De repente, damo-nos conta de que o relógio é um instrumento de medição do tempo muito rudimentar. A nossa própria linguagem que divide em passado, presente, e futuro, a forma-tempo que nos constitui, é tosca e grosseira. Experimentamos muito mais formas-tempo que essas.

Qualquer obra musical é um bom exemplo disso. Olhar para dentro custa muito. Então, por todo o lado se oferecem para vir em nosso auxílio. São gurus e xamanes, videntes e cartomantes, uma quantidade enorme de gente que diz ter ficado iluminada num qualquer retiro de fim-de-semana, ou num curso pela internet. Há sempre quem tenha a suficiente astúcia para se aproveitar dos mais frágeis ou incautos. Que fazer então? Nas sei. Não sei. Não sei. Tomara vislumbrar para além da minha própria ofuscação. Não sei. Não sei. Não sei. “Só sei que nada sei.” ― A douta ignorância socrática! Não vou mascara-la com uma falsa sabedoria que me apazigúe deste estar a sós comigo. Escolho aturar-me. Agora que não posso escalar montanhas, nem fazer aquele safari tão estupidamente adiado, talvez tenha chegado o momento de cumprir o oráculo de Delfos. Agora que o espaço em meu redor se contrai e o tempo se expande, abraço esta inexorável aventura: “Conhece-te a ti mesmo!” Partilhe as suas reflexões no grupo Café Filosófico do Facebook: https://www.facebook.com/ groups/1369727349722120 ou por email: filosofiamjn@gmail.com

* A autora não escreve segundo o acordo ortográfico


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FIOS DE HISTÓRIA

O Mito e a Sombra RAMIRO SANTOS Jornalista ramirojsantos@gmail.com Fez do Algarve o seu navio. E de Sagres e Lagos, cais de partidas e chegadas para sonhos e descobertas embarcados com a fé, a espada, mais o ouro, as pescas, o comércio e os escravos. D. Henrique, o infante navegador que a história assim o haveria de registar, concentra em si a glorificação do mito e um mar de interrogações. É luz e sombra. Solidão rodeada de água e gente. Homem de fé e negociador implacável. Sonho e pesadelo. Este filho de D. João I encarna a epopeia contada de uma certa maneira e que assim se foi afirmando como narrativa dominante: venceu o longe e o desconhecido, o cabo Não e o Bojador, os monstros marinhos e as águas ferventes, levando as caravelas até à serra Leoa. D. Henrique, a quem lhe coube o princípio dos mares, é também a construção que dele fez Zurara, contador de biografias e de memórias lembradas. E que muitos outros haveriam de replicar por séculos adiante, afirmando a ideia de que só a ele coube ter o feito e a glória que era obra coletiva de uma nação inteira. O cronista celebrou D. Henrique como um predestinado astral e “príncipe pouco menos que divinal” o qual, perdendo a sua dimensão humana, “passou do palco da vida para o altar”. E assim ficou. Porém, nem todos lhe copiaram essa retórica de exaltação mística. Por

exemplo, outro cronista, Rui de Pina, fez por lembrar que o ‘conquistador’ de Ceuta não evitou os desastres de Tânger e de Alfarrobeira, nem a assombração dos dias! E não deixou de lhe apontar o dedo pelas morte de seus dois irmãos. Mas, sem lhe retirar os méritos que a história havia de registar como impulsionador dos marinheiros algarvios, levando-os a vencer “o medo e o desconhecido”, a historiografia moderna deixou de se rever neste exclusivismo da narrativa oficial, procurando resgatar da obscuridade, a memória e o papel do infante D. Pedro, nessa fase inicial dos descobrimentos portugueses. Para estes, a figura do príncipe das Sete Partidas do Mundo ficou injustamente escrita em letra menor na história daquela época. Vítima de conspirações palacianas e de intrigas de uma certa nobreza senhorial feudal que o levaram à morte em Alfarrobeira. Nesta perspectiva da história, os dois irmãos são duas faces da mesma moeda, personificando, embora, visões diferentes para o Portugal de então. Porém, essas clivagens ideológicas não constituíram obstáculo para uma cooperação mutuamente profícua. O infante de Sagres recebeu sempre do irmão, enquanto príncipe regente, todo o apoio para a concretização dos seus projetos e empresas, a par das iniciativas da própria coroa. D. Henrique, administrador da Ordem de Cristo, com sede em Castro Marim, herdara a riqueza dos Templários, e tornou-se também governador perpétuo do Algarve. Ficou, por esse facto, com o monopólio das pescas, dos corais, mais o sabão e o

óleo das focas e baleias, tendo recebido ainda a concessão de um quinto do negócio da venda de escravos que começavam a chegar a Lagos, “filhados pelas suas embarcações no litoral africano”. Até à sua morte em 1460, acumulou uma enorme fortuna que lhe serviu para financiar as iniciativas que promovia na expansão e defesa das praças marroquinas e na exploração da costa atlântica, compensando generosamente, com honras e mercês, os marinheiros e escudeiros de sua Casa. A sua vida reparte-a, por longos períodos, entre Tomar e o Algarve. Aqui fez morada em Lagos e na Raposeira, num monte sobranceiro à ermida de Nª Sra de Guadalupe. Mas foi de Lagos que fez a sua base operacional. A partir daqui recrutou e mobilizou pescadores e marinheiros conhecedores dos mares e da navegação. O Bojador era o limite da navegação possível. Para além dele ficavam o mistério e os abismos do medo! Não se sabe ao certo em que ano passou D. Henrique a permanecer “definitivamente” no Algarve. Sabe-se sim que, aos 21 anos, em 1416, aqui veio com uma armada de socorro a Ceuta. E desde então passaram a ser cada vez mais frequentes as suas visitas ao Algarve. Alberto Iria, pescador de livros que lhe assinalam os dias, seguiu--lhe os passos e foi encontrá-lo em lugares tão variados e dispersos como Sagres, Castro Marim, Lagos, Tavira, Faro e Bansafrim. Um dia em Silves, no seguinte em Albufeira ou em Estômbar, outro ainda na Mexilhoeira, Alvôr, Quarteira ou a rezar na Raposeira. Certo é que, em 1437, após ter esperado cinco meses em Ceuta para “ver a conclusam que no livramento do

Infante Dom Fernando se tomava... se veo ao Algarve e aqui fez a sua morada”, tomando verdadeiro contacto com a vida dos pescadores, navegantes e mercadores que há muito se iam aventurando pelos águas da costas de Granada e do levante. Antes de se fixar de forma mais permanente no Algarve, sobretudo em Sagres e Lagos, sabe-se que estava nesta cidade quando Gil Eanes dobrou o Bojador, em 1434, e que, cinco anos depois, recebeu carta e autorização do regente D. Pedro, para edificar a sua “villa no Cabo de Trasfalmenar”, que ambos visitaram, e a que lhe daria o nome Villa do Infante: “mynha villa de Sagres onde vivo no cabo do mundo”, como escreveria mais tarde. E estando em Lagos a 7 de Agosto de 1444, assistiu ao regresso das caravelas de Lançarote de Freitas com 236 escravos e mandou tirá-los e “levar a aquelle campo que esta a alem da porta da villa” os mouros cativos trazidos de África, “dos quais o infante havia de haver o seu quinto” do negócio. Pressentindo que estava próximo o seu fim, redigiu a 28 de outubro de 1460, o próprio testamento autenticado e “asynado per my e assellado do sello das mynhas armas feitas em mynha villa do iffante”. Henrique, o Navegador, como ficou imortalizado, faleceu a 13 de novembro. Uma quinta-feira. Em Sagres. Assim o deixou dito, Diogo Gomes, seu moço de câmara: “no anno do Senhor de 1460 o senhor iffante Henrique adoeceu na sua villa, da qual doença morreu em 13 de Novembro do mesmo anno, em uma quinta feira. E na noite em que morreu, o levaram para a igreja de Santa Maria

em Lagos, onde foi sepultado honradamente”. Transladado mais tarde para o Mosteiro da Batalha, ali dorme o sono eterno. Na companhia de seus pais e irmãos. E de D. Pedro. Fontes: “Crónica da Conquista da Guiné” e “Crónica da Tomada de Ceuta”, Gomes Eanes de Zurara; “Crónica d’El Rei D. Afonso V”, Rui de Pina; “O Intinerário do Infante D.Henrique no Algarve”, Alberto Iria; ”Documentos sobre a Expansão”, Vitorino Magalhães Godinho; “A Maldição do Infante D.Pedro”, Alfredo Pinheiro Marques; “Mito e memória do Infante D. Henrique”, Mª Isabel João; outras

(Painéis de S. Vicente – óleo e têmpera sobre madeira de carvalho) Uma obra prima dificil de interpretar, as seis pinturas atribuídas a Nuno Gonçalves, apresentam um conjunto de 58 personagens em torno da dupla figuração de S. Vicente, patrono e inspirador da expansão militar quatrocentista FOTOS D.R.


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PAULO SERRA Doutorado em Literatura na Universidade do Algarve; Investigador do CLEPUL

O regresso de Júlia Mann a Paraty, de Teolinda Gersão, cuja obra é publicada pela Porto Editora, foi lançado em Janeiro deste ano, em simultâneo com a publicação da 7.ª edição da colectânea de contos A mulher que prendeu a chuva e outras histórias. A autora, que completa agora 81 anos e celebra os seus 40 anos de vida literária, foi leitora de português na Universidade Técnica de Berlim e professora catedrática da Universidade Nova de Lisboa, onde ensinou Literatura Alemã e Literatura Comparada. Este pequeno grande livro compõe-se de três novelas que se entrecruzam, de modo surpreendente, e daí poder ser lido como um romance. Um livro que rememora o século XX, na forma como dá voz a dois dos seus grandes pensadores, nomeadamente Thomas Mann, que cruza filosofia com literatura, e Freud, mentor da psicanálise, com a sua perspicácia em detectar recalcamentos e fazer analogias. E quem mais se exteriorizou na escrita, vivendo as paixões homossexuais que em vida procurou reprimir, do que Thomas Mann? Não precisamos de pensar no mais óbvio Morte em Veneza, mas se lermos a tetralogia de José e os seus irmãos, é difícil não nos ofuscarmos com o amor do autor pelo jovem José. Mas a homossexualidade de Thomas Mann parece tornar-se invisível, face ao pecado maior da mãe, Júlia, que traz em si a mancha de um sangue impuro, mestiço, pois Júlia tem ascendência portuguesa e índia, tendo vivido no Brasil até aos sete anos, sendo depois arrancada a esse mundo de liberdade, de excesso, de cores vibrantes, de doce, quando é levada para a Alemanha. O virtuosismo na arte da novela de O regresso de Júlia Mann a Paraty reside sobretudo na forma como assenta em cartas nunca escritas, diálogos mudos que se estabelecem com interlocutores ausentes, como Mann que escreve a Freud em pensamento e viceversa, ou na forma como Júlia escreve mentalmente ao pai cartas nunca enviadas. Virtuosismo narrativo que culmina num volteface, presente e insinuado, mas revelado apenas no final.

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Teolinda Gersão celebra 40 anos de vida literária

R Creio que o registo ficcional está sempre presente, desde o início: Parti de uma investigação sobre figuras reais, e os factos narrados aconteceram, mas o leitor percebe de imediato que se trata de um livro de ficção. Júlia é de facto uma figura secundária, comparada com as grandes figuras de Freud e de Thomas Mann. Mas o livro pretende trazê-la para o primeiro plano e dar-lhe voz, porque também ela é, a seu modo, uma personagem extraordinária, embora tenha vivido na sombra.

FOTOS HOMEM CARDOSO | D.R.

A cronologia do livro é contrária à da vida real P Nesta narrativa opta por uma cronologia inversa, pois começamos com a geração dos filhos de Júlia Mann, nas primeiras duas novelas, para depois chegar ao percurso de vida da mãe. Como se as gerações vindouras fossem marcadas por um passado que só depois é desvelado. Pode inclusive ler-se que os seus dois filhos eram escritores porque herdaram «a sua capacidade infinita de memória, e o poder de a recuperar, nos mínimos detalhes» (p. 101).

Entrevista à escritora Teolinda Gersão

Recuso-me a aceitar que haja culturas superiores ou inferiores, o que há são culturas diferentes P Uma das primeiras impressões deste livro, nos seus 40 anos de escrita, é a de que cruza parte do seu percurso geográfico: Alemanha e Brasil.. R É verdade que vivi três anos na Alemanha e dois no Brasil, em São Paulo, e portanto conheci por experiência os dois países. Claro que foi sobretudo no Brasil, que considero o meu segundo país, que me senti mais “em casa”, não só por falar a mesma língua, como pela afectividade das pessoas, e por ser, como nós, um país do Sul. Também eu pertenço ao Sul, gosto

do sol, do calor, do modo de ser dos povos do Sul. Temos obviamente defeitos (sou muito crítica dos nossos), mas não somos em nada inferiores aos povos do Norte. Aliás, recuso-me a aceitar que haja culturas superiores ou inferiores, o que há são culturas diferentes, mas todas igualmente válidas. É um erro enorme, e uma arrogância insuportável, a forma displicente, paternalista ou punitiva com que somos por vezes tratados pelos povos do Norte, na União Europeia e não só. Dito isto, viver, estudar e ensinar na Alemanha, sobretudo em Berlim, foi

uma experiência imensamente enriquecedora. Pela primeira vez olhei Portugal a partir de fora, e confrontei-me com uma cultura muito diferente da minha. Encontrei-lhe defeitos, mas também enormes qualidades. P Outra primeira impressão é a de que este livro parece iniciar como ensaio para depois se tornar numa ficção, um ensaio de biografia de uma figura secundária na História, quase uma nota de rodapé na vida de outros.

R É verdade, a cronologia do livro é contrária à da vida real. Freud pensa em Thomas Mann em 1938, Thomas Mann pensa em Freud em 1930, e a história de Júlia termina em 1923, ano da sua morte, portanto a narrativa da última parte aconteceu antes disso. Também é verdade que foi Júlia a trazer a criatividade e a vocação artística para a família Mann, herança que transmitiu aos filhos, como aliás Thomas Mann reconhece. Antes de Júlia, os Mann eram uma família de empresários e comerciantes, dedicados acima de tudo aos interesses da firma.

Ainda que Thomas Mann seja sobejamente conhecido, e figura central às duas primeiras novelas, é curioso como, na terceira novela, Júlia se centra mais em Heinrich. Muitas vezes o que sabemos de Thomas é por contraste com Heinrich. P

R O contraste entre os dois não podia ser maior, e a sua rivalidade/inimizade também não. Thomas considerava inclusive que o maior problema da sua vida era Heinrich. Esse facto só trouxe a ambos um sofrimento a que Júlia não ficou alheia. Como mãe, fez tudo o que podia para os reconciliar, e morreu na ilusão de ter conseguido esse objectivo maior da sua vida. Mas também Freud, na primeira parte do livro, dá grande relevo a Heinrich, e tenta mostrar a Thomas, numa carta que realmente lhe enviou, como a inimizade entre ambos, mais patente do lado de Tho-


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LETRAS & LEITURAS

mas, só podia ser destrutiva. Mas Thomas não entendeu a mensagem. P Ainda que nunca o faça de forma declarada, aquela que parece ser uma grande questão da vida de Thomas Mann, a sua homossexualidade reprimida, que Freud aborda em profundidade, a vida de Júlia parece mais fortemente marcada pela discriminação, pela mancha de que os próprios filhos se envergonham, de ter uma mãe mestiça. R A mestiçagem começava na mistura do sangue português do seu avô Manuel com o sangue índio de uma brasileira. E depois a mestiçagem desse sangue já cruzado com o sangue alemão. Essas misturas eram mal vistas na época, nos países europeus do Norte, e a sociedade fechada, burguesa e rica de Lübeck, cidade mercantil e portuária do norte da Alemanha, era muito sensível a essa perspectiva.

tivera à venda.» (p. 120) É uma característica da época. As mulheres não tinham autonomia económica, o seu valor dependia da sua beleza, prendas domésticas, e sobretudo do dote, determinante num casamento. Eram de certo modo vendidas e compradas, mas os homens também se vendiam, conforme o valor do dote. Os casamentos eram de conveniência, o amor não entrava na equação. Claro que os homens, e só eles, tinham liberdade de ter outra(s) mulher(es), o adultério masculino era socialmente aceite, por vezes até encarado como sinal de estatuto e riqueza. Não é por acaso que o adultério feminino foi um tema literário fortíssimo do século XIX - pensemos por exemplo em Ana Karenina, Madame Bovary, da alemã Effi Briest, ou na Luísa d´O Primo Basílio em Lisboa... Mas, ao contrário do que sucedia com os homens, o adultério feminino foi R

postumamente só em 1925 - possivelmente por receio da reacção social, uma vez que Flaubert foi a tribunal por ter escrito Madame Bovary... Mas a data tardia da publicação não retira a Eça o mérito de ter ousado escrever um livro muito à frente do seu tempo, em ruptura com o paradigma então vigente. P A vida de Júlia é pautada por uma dicotomia irreconciliável, entre o Norte e o Sul («a virtude e a sensatez nórdica, e o desregramento sexual e moral do Sul» (p. 115), entre a vida na Alemanha e a infância no Brasil, de onde foi arrancada a um mundo de liberdade, cores, e de comida, especialmente o que é doce. É curioso como mais tarde na Alemanha Júlia sente o impulso de comer neve (p. 97).

São dois mundos profundamente contrastantes, com aspectos por vezes inconciliáveis. O pequeno livro de memórias que Júlia escreve aos cinquenta e dois anos, Da infância de Dôdô, só publicado trinta e cinco anos depois da sua morte, exprime gratidão pela família paterna que a acolheu e aceitou o melhor que pôde e soube. No entanto, para o leitor não deixa de ser visível como foi naturalmente traumática para a pequena Júlia a perda da mãe aos seis anos, e, cerca de um ano depois, a mudança inesperada para um mundo inteiramente desconhecido, onde o ambiente social, o clima, a língua e até a religião e os costumes eram completamente diferentes. A avó paterna foi o seu grande apoio, mas também ela morre, poucos anos mais tarde. E, devido à sua idade avançada e circunstâncias de vida, apenas dois domingos por mês, depois do almoço, Júlia e os irmãos podiam ir a sua casa. Nos outros – muitos – dias do mês, viviam em internatos. R

O escritor, como o psicanalista, é sobretudo alguém que escuta A escritora foi professora catedrática da Universidade Nova de Lisboa

A figura da mulher (que tem sido central na sua obra) torna-se a certa altura, de forma subtil, o eixo da narrativa da vida de Júlia, nomeadamente na forma como aborda a fachada do seu casamento convencional e burguês. «Fora vendida e comprada para as funções domésticas que desempenhava, mas ela mesma, Júlia, nunca esP

sempre punido, na literatura como na vida, com o ostracismo social e uma culpabilidade interior e sobretudo exterior, que frequentemente levava à morte das transgressoras. Uma inesperada mudança de paradigma, talvez não suficientemente valorizada e salientada, é portuguesa: Surge em Alves & Companhia de Eça de Queiroz, no século XIX um livro revolucionário, publicado

P Este livro ter-lhe-á tomado bastante tempo de pesquisa e de leitura, e releitura, da obra dos autores aqui transformados em personagens. Chega mesmo a fazer uma análise crítica e a passar em revista diversas obras de ambos os irmãos Mann.

R - Muitos anos de leitura e pesquisa, sem dúvida. Mas não fiz crítica, literária ou outra, só referi algumas obras dos Mann nos aspectos em que interessavam ao contexto deste livro.

Livro é composto por três novelas que se entrecruzam

O virtuosismo na arte da novela de O regresso de Júlia Mann a Paraty reside sobretudo na forma como assenta em cartas nunca escritas, diálogos mudos que se estabelecem com interlocutores ausentes, como Mann que escreve a Freud em pensamento e vice-versa, ou na forma como Júlia escreve mentalmente ao pai cartas nunca enviadas. P

R Penso que o escritor, como o psicanalista, é sobretudo alguém que escuta. Também os silêncios, e o que os silêncios podem conter, significar, ou tentam em vão calar. Como o psicanalista, o escritor escuta a linguagem do inconsciente, a que ninguém fala. E escrita literária, como a psicanálise, é uma tentativa de “traduzir” essa linguagem silenciosa, e transformá-la em voz. P Freud refere-se com condescendência ao ambicioso projecto da tetralogia José e os seus irmãos, que surge referida recorrentemente. Se lermos a obra é aliás difícil não nos ofuscarmos com o amor do autor pelo jovem José. Já teve oportunidade de (re)ler esta nova tradução recentemente relançada pela Dom Quixote com novíssima tradução do alemão?

Partilha da opinião de Freud? R Freud não apreciou grandemente o discurso Freud e o Futuro, que Thomas Mann leu em sua homenagem na Sociedade Vienense de Filosofia Médica, como refere numa carta a Lou Andréas-Salomé. Thomas foi dias depois ler-lho a sua casa - por razões de saúde, Freud não estivera presente na sessão. Nesse texto Thomas Mann fala do livro que está a escrever, José e os seus irmãos, e, na conversa pessoal que a seguir tiveram – a única na vida de ambos – e numa carta que Freud depois lhe escreveu, o pai da psicanálise tenta mostrar-lhe que o mito dos grandes homens, como a figura bíblica de José, ou a de Napoleão, que também como José conquistou o Egipto, é um mito perigoso, e que o terreno dos mitos é escorregadio, para personalidades como a dele. Não faltará quem considere o livro magnífico, e eu respeito obviamente opiniões diferentes da minha. Do meu ponto de vista, está longe de ser um dos melhores livros de Thomas Mann, talvez mesmo de ser um grande livro. Enquanto leitora, reconheço o esforço e a tenacidade do autor, que o escreveu laboriosamente ao longo de dezasseis anos. Mas é uma obra a que raramente sinto desejo de voltar.


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CADERNO ALGARVE

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NECROLOGIA REGIÃO

EUGÉNIO DA COSTA NASCIMENTO

DIOGO RIBEIRO SILVA

03-12-1931 16-02-2021

18-08-1933 18-02-2021

Os seus familiares vêm por este meio agradecer a todos quantos se dignaram acompanhar o seu ente querido à sua última morada ou que, de qualquer forma, lhes manifestaram o seu pesar.

Os seus familiares vêm por este meio agradecer a todos quantos se dignaram acompanhar o seu ente querido à sua última morada ou que, de qualquer forma, lhes manifestaram o seu pesar.

SÃO BRÁS DE ALPORTEL SANTA MARIA E SANTIAGO - TAVIRA

MADALENA - HORTA SANTA MARIA E SANTIAGO - TAVIRA

Agência Funerária Santos & Bárbara, Lda.

Agência Funerária Santos & Bárbara, Lda.

MARIA TERESA DA CONCEIÇÃO

JOSÉ ALBERTO DA CRUZ ALFARO FIGUEIR A

28-06-1926 21-02-2021

03-05-1932 23-02-2021

Os seus familiares vêm por este meio agradecer a todos quantos se dignaram acompanhar o seu ente querido à sua última morada ou que, de qualquer forma, lhes manifestaram o seu pesar.

Os seus familiares vêm, por este meio, agradecer a todos quantos o acompanharam em vida e nas suas cerimónias exéquias ou que de algum modo lhes manifestaram o seu sentimento e amizade.

SANTA MARIA - TAVIRA LUZ DE TAVIRA - TAVIRA

SANTA ISABEL - LISBOA SANTA MARIA E SANTIAGO - TAVIRA

Agência Funerária Santos & Bárbara, Lda.

Agência Funerária Santos & Bárbara, Lda.

Reze 9 Ave-Marias com uma vela acessa durante 9 dias, pedindo 3 desejos, 1 de negócios e 2 impossíveis ao 9º dia publique este aviso, cumprir-se-á mesmo que não acredite. C.F.

JOSÉ CORREIA DE OLIVEIR A

MARIA JOSÉ DOS MÁRTIRES

MARIA DO CARMO FARROBINHA

28-02-1937 26-02-2021

19-03-1935 27-02-2021

12-04-1950 27-02-2021

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Os seus familiares vêm, por este meio, agradecer a todos quantos a acompanharam em vida e nas suas cerimónias exéquias ou que de algum modo lhes manifestaram o seu sentimento e amizade.

TEIXOSO - COVILHÃ SANTA MARIA E SANTIAGO - TAVIRA

CONCEIÇÃO - TAVIRA CONCEIÇÃO E CABANAS DE TAVIRA - TAVIRA

LUZ - TAVIRA SANTA MARIA E SANTIAGO - TAVIRA

Agência Funerária Santos & Bárbara, Lda.

Agência Funerária Santos & Bárbara, Lda.

Agência Funerária Santos & Bárbara, Lda.

Reze 9 Ave-Marias com uma vela acessa durante 9 dias, pedindo 3 desejos, 1 de negócios e 2 impossíveis ao 9º dia publique este aviso, cumprir-se-á mesmo que não acredite. A.G.


CADERNO ALGARVE

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A NÚNCIOS REGIÃO

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ISABEL NUNES DE ALMEIDA NOTÁRIA CARTÓRIO NOTARIAL DE CASTRO MARIM

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ASSISTÊNCIA

CERTIFICADO Nos termos do número 1, do artigo 100º, do Código do Notariado, eu, Isabel Alexandra Dinis da Silva Esteves Nunes de Almeida, Notária no Cartório Notarial de Castro Marim, Urbanização Castro Marim Sol, lote 2, 1º E, certifico que, no dia um de Março de dois mil e vinte e um, foi lavrada neste Cartório, de folhas cento e vinte e quatro a folhas cento e vinte e seis verso do Livro de Notas para Escrituras Diversas número Trinta e Três-A, uma escritura de justificação, na qual outorgaram CARLOS AGOSTINHO MARTINS, e sua mulher, CECÍLIA PEREIRA COSTA MARTINS, ambos naturais da freguesia de Martim Longo, concelho de Alcoutim, casados sob o regime da comunhão de adquiridos, residentes em Monte da Barrada, sem número, Martim Longo, Alcoutim, os quais declararam que são donos e legítimos possuidores, com exclusão de outrem, do PRÉDIO MISTO situado em Barrada, na freguesia de Martim Longo, concelho de Alcoutim, com a área total de dois mil e seiscentos metros quadrados, composto por horta (dois mil duzentos e oitenta metros quadrados) e um edifício de rés-do-chão e primeiro andar com várias divisões, destinado a habitação (Área total: trezentos e vinte metros quadrados; Área coberta: cento e quarenta metros quadrados), não descrito na Conservatória do Registo Predial de Alcoutim, a confrontar a NORTE com Augusto Silvestre Teixeira, Mário Manuel Teixeira Cavaco e Rui Paulo Marques Cavaco, a NASCENTE com Irene Lopes Fragoso Brito e outros, a SUL com António Manuel Cavaco e Maria Manuela Estêvão Rodrigues e a POENTE com via pública, inscrito na matriz predial da freguesia de Martim Longo, a parte urbana sob o artigo número 1693, com o valor patrimonial tributável de 25.770,00€, a que atribui igual valor e a parte rústica sob o artigo número 152, Secção 070, com o valor patrimonial tributável para efeitos de Imposto Municipal sobre transmissões onerosas e de imposto de selo de 306,00€, a que atribui igual valor. Que desconhecem a proveniência matricial e não têm informações para que possam fazer a correspondência. Que, não possuem qualquer título formal que legitime o domínio do mesmo prédio. Que o identificado prédio misto foi adquirido, já no estado de casados entre si (casamento que contraíram em mil novecentos e setenta e três), em dia e mês que não podem precisar do ano de mil novecentos e setenta e quatro, por compra verbal feita a José Cavaco e Maria Pereira, casados em comunhão geral, residentes que foram na Rua Vale dos Carneiros A Penha, número 11, rés-do-chão direito, Faro, a Manuel António Silvestre e Custódia Inácia, casados em comunhão geral, residentes que foram em Barrada, Martim Longo, a António Cavaco e Ermelinda Maria, casados em comunhão geral, residentes que foram em Barrada, Martim Longo e a José Vicente e Maria Emília, casados em comunhão geral, residentes que foram em Santa Justa, Martim Longo, Alcoutim, todos atualmente falecidos. Que, em virtude da distância temporal, desconhecem quando e como o identificado prédio misto chegou à posse dos casais referidos no parágrafo anterior. Que, desde aquela data, de dia e mês que não podem precisar, do ano de mil novecentos e setenta e quatro, os ora primeiros outorgantes, Carlos Agostinho Martins e Cecília Pereira Costa Martins, entraram na posse e fruição do identificado prédio, praticando atos concretos de posse, tratando-o como seu, granjeando a terra, tratando ou mandando tratar as árvores, habitando o imóvel como habitação própria permanente, cuidando-o, praticando atos de defesa e conservação, sem qualquer interrupção, com ânimo de quem exercita direito próprio, sendo reconhecido como propriedade sua por toda a gente, fazendo-o de boa fé, por ignorar lesar direito alheio, pacificamente porque sem violência, contínua e publicamente, à vista e com conhecimento de todas as pessoas, agindo sempre por forma correspondente ao exercício pleno do direito possuído, sem oposição, embargo ou estorvo de quem quer que seja e tudo isto por lapso de tempo superior a vinte anos. Que dadas as enunciadas características de tal posse, os primeiros outorgantes adquiriram o identificado prédio por usucapião, título este que, por natureza, não é suscetível de ser comprovado pelos meios normais. Que, não tendo qualquer outra possibilidade de levar o seu direito ao registo predial, vêm justificá-lo nos termos legais, por usucapião fundada em posse que teve o seu início posteriormente ao casamento, pelo que, o identificado imóvel pertence à massa patrimonial dos bens comuns dos justificantes. Está conforme o original. Castro Marim, um de Março de dois mil e vinte e um A Notária Isabel Nunes de Almeida Conta registada sob o n.º 309 Fatura/Recibo: FAC 2021001/230 Data de Emissão: 01/03/2021 (POSTAL do ALGARVE, nº 1260, 5 de Março de 2021)

ASSEMBLEIA MUNICIPAL DE CASTRO MARIM

EDITAL JOSE LUÍS AFONSO DOMINGOS, presidente da Assembleia Municipal supra, faz público, nomeadamente tendo em atenção o preceituado no n° 1 do artigo 56°, da Lei nº 75/2013., de 12 de setembro, que a Assembleia Municipal, na sua sessão ordinária de dia 27 de fevereiro de 2021, deliberou: PERÍODO ANTES DA ORDEM DO DIA Ponto 1 - Apreciação e deliberação, da Ata de 19 de dezembro de 2020 - Aprovado por unanimidade PERÍODO DA ORDEM DO DIA Ponto 1 - Apreciação da informação escrita do Senhor Presidente da Câmara Municipal, nos termos da alínea c) do n.º 2 do art.º 25.º da Lei n.º 75/2013, de 12 de setembro- Tomou conhecimento. Ponto 2 - Apreciação e deliberação, sob proposta da Câmara Municipal da Correção Material do Regulamento do RPDM -Aprovado por unanimidade. Ponto 3 - Apreciação e deliberação, sob proposta da Câmara Municipal da 1ª Revisão ao Orçamento e Grandes Opções do Plano do ano de 2021- Aprovado por unanimidade. Ponto 4 - Apreciação deliberação, sob proposta da Câmara Municipal, Protocolo de Colaboração com a Santa Casa da Misericórdia de Castro Marim – Construção da ERPI e Centro de Dia – Alzheimer e outras demências - Aprovado por unanimidade. Ponto 5 - Moção "Pela simplificação do processo eleitoral e pela desburocratização da apresentação de candidaturas por grupos de Cidadãos Eleitores" - Aprovado por unanimidade. Ponto 6 – Medida no âmbito da Pandemia COVID-19 - Isenção Tarifas Fixas de Água e Saneamento a utilizadores não domésticos- A Assembleia Municipal tomou conhecimento da deliberação da Câmara Municipal. Ponto 7 - Pagamento em Prestações de Faturação de Água, Saneamento e Resíduos - Aprovado por unanimidade - Assembleia Municipal tomou conhecimento da deliberação da Câmara Municipal. Para constar se publica este Edital e outros de igual teor, que vão ser afixados nos lugares de estilo do Município. Castro Marim, 27 de fevereiro de 2021 O Presidente da Assembleia Municipal, José Luís Domingos. (POSTAL do ALGARVE, nº 1260, 5 de Março de 2021)

Reze 9 Ave-Marias com uma vela acessa durante 9 dias, pedindo 3 desejos, 1 de negócios e 2 impossíveis ao 9º dia publique este aviso, cumprir-se-á mesmo que não acredite. A.A.

Reze 9 Ave-Marias com uma vela acessa durante 9 dias, pedindo 3 desejos, 1 de negócios e 2 impossíveis ao 9º dia publique este aviso, cumprir-se-á mesmo que não acredite. C.F.

Tel.: 289 792 674 / Fax.: 289 791 242 / www.tractor-rega.com

Bruno Filipe Torres Marcos Notário Cartório Notarial em Tavira EXTRATO DE ESCRITURA DE JUSTIFICAÇÃO CERTIFICO, para efeitos de publicação, nos termos do artigo 100.º do Código do Notariado que, por escritura pública de justificação, outorgada em 18.02.2021, exarada a folhas 39 e seguinte do competente Livro n.º 176-A, que: - Sandra Maria Martins de Brito, divorciada, natural de Tavira (Santiago), Tavira, residente em Porto Carvalhoso, caixa postal 241-P, 8800-166 Santa Catarina da Fonte do Bispo; - Declarou ser dona e legítima possuidora, com exclusão de outrem e com a natureza de bem próprio, do prédio rústico composto por terra de cultura com árvores, com a área de 660,00 m2, que confronta do norte com Luís Viegas, sul com ribeiro, nascente com Manuel António Martins e do poente com Manuel de Sousa, sito em Porto Carvalhoso, freguesia de Santa Catarina da Fonte do Bispo, concelho de Tavira, inscrito na respetiva matriz sob o artigo 5869, em nome de José Amândio Viegas, com o valor patrimonial tributário de 189,63 €, igual ao atribuído para efeitos deste ato, não descrito na Conservatória do Registo Predial de Tavira; tendo alegado para o efeito que:- Este prédio, com a indicada composição e área, veio à sua posse, ainda no estado de solteira, menor (tendo depois casado com Sérgio Manuel Martins Viegas sob o regime da comunhão de adquiridos, do qual se encontra atualmente divorciada), por doação meramente verbal, nunca reduzida a escritura, em meados do ano de 1990, em data que não sabe precisar, feita pelo referido José Amândio Viegas e mulher, Maria José, residente na Rua Fernão Lopes, n.º 26, r/c dto, 2620-093 Póvoa de Santo Adrião; - Desde aquele ano, portanto, há mais de vinte anos, de forma pública, pacífica, contínua e de boa-fé, ou seja, com o conhecimento de toda a gente, sem violência nem oposição de ninguém, reiterada e ininterruptamente, na convicção de não lesar quaisquer direitos de outrem e ainda convencida de ser a única titular do direito de propriedade sobre o prédio atrás identificado, e assim o julgando as demais pessoas, tem possuído aquele prédio – semeando a terra, tratando das culturas, colhendo os respetivos frutos, amanhando e limpando a terra, tratando das árvores, e dela retirando os respetivos rendimentos – pelo que, tendo em consideração as referidas características de tal posse, adquiriu o referido prédio por USUCAPIÃO. Tavira e Cartório, em 18 de fevereiro de 2021. O Notário, Bruno Filipe Torres Marcos Conta registada sob o n.º 2/457 POSTAL do ALGARVE, nº 1260, 5 de Março de 2021)

NOTIFICAÇÃO PARA O EXERCÍCIO DO DIREITO DE PREFERÊNCIA NA VENDA DE TERRENO RÚSTICO SITO EM VÁRZEA DO MURAL HENRIQUE NUNES ALVES DA FONSECA, residente em Bairro do Vizo, Rua da Eira, n.º 8, Lajeosa, Oliveira do Hospital, na qualidade de proprietário, vai vender o prédio rústico sito em VÁRZEA DO MURAL OU VÁRZEA MURAL, inscrito na respetiva matriz predial matriz rústica sob o artigo n.º 23, secção BX, da freguesia do Azinhal, concelho de Castro Marim e descrito na C.R.P de Castro Marim sob o n.º 2945/20090326, pelo valor de 17.500,00 EUR, a JOHANNES HOEDEMAKERS, interessado na aquisição. A escritura de compra e venda será realizada no prazo de 15 dias. Publicita-se para conhecimento dos proprietários das parcelas de terreno rústicos confinantes que lhes assiste o direito de preferirem na referida transmissão. Pelo exposto, no prazo legal de 8 dias, findo o qual se não houver comunicação validamente expressa de V. Ex. nesse sentido, caducará o respetivo direito, de acordo com as normas legais aplicáveis. (POSTAL do ALGARVE, nº 1260, 5 de Março de 2021)


EDITORIAL

Começa a faltar o tempo Há quem já vislumbre uma luz ao fundo do túnel, mas ainda é cedo para lançar foguetes. No turismo, a Páscoa está perdida e a recuperação só chegará se a pandemia deixar. As empresas estão com a corda na garganta e o desemprego é avassalador. Não há memória de um ano como o que passou e este não promete muito mais. Os apoios às empresas e ao setor tardam, e a retoma, sem garantias de continuidade, só virá timidamente a partir do segundo semestre ou mais tarde. O que significa que o verão é para esquecer, ou pelo menos, andará ainda muito longe de uma desejada recuperação. Nas entrevistas que hoje publicamos, a opinião é unânime: não há memória de uma crise com esta dimensão.

AUTÁRQUICAS

Últimas

Sondagem vai escolher candidato do PSD a Loulé O deputado e atual presidente da concelhia de Loulé do PSD, Rui Cristina, é um dos três nomes em cima da mesa como possíveis candidatos do partido à Câmara Municipal de Loulé, soube o POSTAL de fonte social democrata O ex-deputado Bruno Inácio, atual funcionário do departamento de cultura da Câmara de Faro e Miguel Madeira, ex-chefe de gabinete no primeiro mandato de Seruca Emídio, são os outros dois nomes disponíveis para disputarem a liderança da câmara de Loulé ao socialista, Vitor Aleixo.

O POSTAL apurou que o PSD vai realizar uma sondagem a nível concelhio, para avaliar a popularidade de cada um dos interessados e decidir qual deles está mais bem posicionado para a disputa eleitoral autárquica. Entre os três foi acertado um compromisso assente em dois pontos: “todos concordaram em dar o seu apoio ao candidato mais votado na sondagem e esse nome, ainda que venha a ser derrotado nas próximas eleições, será o representante do partido às eleições de 2025”. A mesma fonte, contactada pelo POSTAL, salientou que se trata de um compromisso “sem pés nem cabeça e de grande originalidade” porque “não lembra ao diabo um acordo desta na-

Autárquicas: PCP anuncia candidatos em Abril

tureza a tão longa distância”. Sublinhou ainda ser “um absurdo estar a comprometer o partido para umas eleições daqui a quatro anos, com um candidato que pode ficar marcado desde logo por uma derrota, sempre possível, nestas autárquicas”. Na sua opinião, o atual presidente da concelhia e deputado, Rui Cristina, “tinha a obrigação de assumir ele próprio a candidatura, correndo os riscos de perder, que não quer correr”. A fonte social democrata recordou, a propósito, que Rui Cristina “como candidato à Junta de Freguesia de Almancil, sua localidade de origem, sofreu duas derrotas estrondosas consecutivas, em eleições anteriores".

O Partido Comunista ainda não definiu os nomes dos seus candidatos às eleições autárquicas deste ano, disse ao POSTAL Catarina Marques, membro da Direção Regional do PCP. “Estamos ainda numa fase de discussão interna”, afirmou a responsável comunista, adiantando que o processo deverá estar concluído durante todo o mês de Abril, e será “uma decisão do coletivo do partido. Nessa altura serão anunciados os nomes que vão encabeçar as listas da CDU – PCP e dos seus parceiros de coligação - para as Câmaras, Assembleias Municipais e Assembleias de Freguesia.

Feridos em colisão de embarcação na Ria Formosa Três pessoas ficaram

E TUDO O FOGO LEVOU

ligeiramente feridas em consequência da colisão de uma embarcação da administração portuária com uma boia de sinalização ocorrida esta quarta-feira na Ria Formosa, em Faro. De acordo com o comandante do Porto de Faro, Rocha Pacheco, o embate da embarcação com a boia “projetou dois dos tripulantes para água, que foram recolhidos por uma embarcação da Polícia Marítima que se encontrava próximo do local”. A mesma fonte referiu que os três tripulantes foram assistidos em terra pela equipa médica do Instituto Nacional de Emergência Médica e, “por precaução, transportados para o hospital de Faro”.

Os apoios às empresas e ao setor tardam, e a retoma, sem garantias de continuidade, só virá timidamente a partir do segundo semestre ou mais tarde. O que significa que o verão é para esquecer, ou pelo menos, andará ainda muito longe de uma desejada recuperação Mas, por vezes, é das situações de crise que nascem novas oportunidades. E se a dependência quase exclusiva da economia do Algarve da monocultura do turismo apontava para uma situação como a que agora assistimos, a verdade é que ao longo de décadas - apesar dos alertas - se continuou a assobiar para o lado. O Algarve confronta-se, mais uma vez, com este desafio: deixar tudo na mesma fingindo que nada aconteceu e continuar a ficar dependente da galinha dos ovos de ouro, dos mercados, da próxima crise viral, dos ventos e tempestades, ou arregaçar as mangas, atalhar caminhos, planear, diversificar a sua base produtiva e pensar um futuro sustentável. Começa a faltar o tempo para as decisões eternamente adiadas.

RESTAURANTE ESTAMINÉ O incêndio destruiu por completo o único estabelecimento da Ilha da Barreta, conhecida como Deserta pela ausência de habitações permanentes. Foi visível das cidades de Faro e Olhão, a cerca de seis quilómetros de distância. A imagem registada por muitos, durante anos, de uma estrutura de madeira a receber quem visita aquela ilha da Ria

Formosa, situada frente a Faro, ficou reduzida a escombros: um monte de cinzas, madeira e ferro queimado. O estpaço estava a ser alvo de obras de manutenção e a ser preparado para quando pudesse abrir, já que a empresa estava abrangida pelo “regime do apoio à retoma”, com a expectativa de que os 33 trabalhadores regressassem ao trabalho “no verão”.

Castro Marim apoia construção de lar para doentes de Alzheimer com 1 ME A Câmara de Castro Marim aprovou um financiamento de um milhão de euros à Santa Casa da Misericórdia local para apoiar a construção de um lar para pessoas com doenças demenciais, como Alzheimer. A nova Estrutura Residencial para Idosos e Centro de Dia para pessoas com Alzheimer e outras demências está classificada co-

Habitação social regressa a Faro 20 anos depois

mo “prioritária” pela autarquia, estando projetada para acolher 70 doentes em regime residencial e apoiar 20 em centro de dia. O presidente da autarquia, Francisco Amaral, considera que, após a construção do novo lar para pessoas com Alzheimer e outras demências, o concelho ficará com “uma unidade de referência para todo o sul do país”,

devido à “sua dimensão e abrangência. É uma infraestrutura de futuro, pois a longevidade média aumenta e 50% das pessoas com mais de 90 anos sofre de demência”, justificou o autarca, destacando também “o forte contributo” que esta unidade trará “à economia local” e para “a criação de dezenas de postos de trabalho, diretos e indiretos”.

Distribuição quinzenal nas bancas do Algarve

Tiragem desta edição

6.824 exemplares

POSTAL regressa a

19 de Março

A construção de 205 fogos de habitação a custos controlados para realojar famílias carenciadas de Faro vai permitir “acertar contas com o passado”, após 20 anos sem construção de nova habitação social no concelho, disse o presidente do município. Depois de um “longo e severo” processo de reequilíbrio financeiro iniciado em 2010 e que “só há pouco terminou”, o autarca acredita que o município está “agora em condições de acertar contas com o passado”. O programa de construção dos fogos vai ser implementado nos próximos quatro anos, num investimento global estimado em cerca de 28 milhões de euros, com uma comparticipação não reembolsável do IHRU de cerca de 12 milhões.


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