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Interdita venda na distribuição quinzenal com o jornal

19 de fevereiro de 2021

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Diretor: Henrique Dias Freire Quinzenário à sexta-feira

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E ainda Renovação do campo de futebol de Paderne

A obra, que tem um prazo de execução de cinco meses, envolve um investimento estimado, a realizar pela autarquia, no valor de meio milhão de euros. P4

Lagoa substitui automóveis a diesel por veículos elétricos

O investimento do município, envolvido nesta troca de automóveis a diesel por veículos elétricos, ronda os 335 mil euros e contará com a comparticipação do fundo ambiental. P8

Hospital de campanha de Portimão desativado

A decisão de desativar o hospital de campanha foi tomada “durante o fim de semana”, altura em que o CHUA passou a registar “apenas 60% de internados” nas enfermarias dedicadas à covid-19. P10

Futebolista Hugo Faria recebe voto de louvor

O Município de São Brás de Alportel atribuiu um voto de louvor ao jovem são-brasense Hugo Faria, ex-adjunto do Athletic Football Club Bournemouth, da Primeira Liga Inglesa, que recentemente integrou a equipa técnica do Sporting Clube Olhanense. P11

Lagoa investiu cerca de 500.000 euros no apoio à natalidade

A medida beneficia também o comércio local, onde as verbas atribuídas têm de ser aplicadas e já ajudou 322 famílias, de 406 candidaturas apresentadas. P9

PSD ESCOLHE CANDIDATOS PARA AS AUTÁRQUICAS

Luís Gomes pedala para VRSA na companhia de Amaro Antunes Dinis Faísca é o escolhido para Tavira e Álvaro Viegas para Olhão P3

www.hpz.pt

Radiografia da fome no Algarve

OLHÃO: um cubo de cal e sal e uma espada de luz

NUNO ALVES, DO BANCO ALIMENTAR

Há novos pobres em Portugal

Uma espécie de ‘puzzle’ num quadro urbano disposto ao sol. Porque é em dias de sol que Olhão deve ser vista do alto da torre sineira da sua igreja Matriz. P21

CARLOS OLIVEIRA, DA CARITAS DIOCESANA

Aumentaram os casos de violência doméstica

➡ Crescimento médio da assistência alimentar é de 75 por cento ➡ Distribuídas mais de três mil toneladas de alimentos ➡ Existe pobreza envergonhada ➡ Há quem peça ajuda para pagar a renda, medicamentos, água e luz P12 a 14

Caçadores de histórias

Será desta que a Ponte entre Alcoutim e Espanha vai avançar?

Tavira destinou 450 mil euros a um Fundo de Apoio aos Empresários P10

A construção da ponte entre Alcoutim e a localidade espanhola de Sanlucar del Guadiana é para o presidente da autarquia, Osvaldo Gonçalves, o “cumprir de um sonho” com “muitos anos”. P17

Produtores de Aljezur estão sem acesso à água para rega P16

Edifício e terreno envolvente da RTP são monumento de interesse municipal A proposta do executivo foi aprovada no dia 12 de fevereiro por unanimidade. P6

Alcoutim investe em projeto inovador para idosos P6 Universidade do Algarve estuda novo método na deteção de Covid-19 P5

o menino o homem e as andorinhas

José Pilar Afonso é daquela cepa velha, rara e de bom fruto. Delicado, um brilho vivo no olhar, semblante que não permite enganos: homem bom e transparente. Amigo da palavra e da verdade. Um homem à moda antiga, que guarda os mesmos valores sem tempo e sem idade. P19


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CADERNO ALGARVE

Postal, 19 de fevereiro de 2021

OPINIÃO

À conversa com os nossos eurodeputados Redação, Administração e Serviços Comerciais Rua Dr. Silvestre Falcão, 13 C 8800-412 Tavira - ALGARVE Tel: 281 405 028 Publisher e Diretor Henrique Dias Freire

numa iniciativa do Europe Direct Algarve e do POSTAL do ALGARVE “À Conversa com os Eurodeputados” são conversas informais com cerca de 30 minutos com os eurodeputados portugueses. Queremos dar a conhecer o rosto e a pessoa por trás

Diretora Executiva Ana Pinto

REDAÇÃO

jornalpostal@gmail.com Ana Pinto, Cristina Mendonça, Henrique Dias Freire Estatuto editorial disponível postal.pt/arquivo/2019-10-31-Quem-somos Colaboradores Afonso Freire, Alexandra Freire, Alexandre Moura, Beja Santos (defesa do consumidor), Humberto Ricardo, Ramiro Santos Colaboradores fotográficos e vídeo Ana Pinto, Luís Silva, Miguel Pires e Rui Pimentel

PEDRO MARQUES

DEPARTAMENTO COMERCIAL

Publicidade e Assinaturas Anabela Gonçalves - Secretária Executiva anabelag.postal@gmail.com Helena Gaudêncio - RP & Eventos hgaudencio.postal@gmail.com Design Bruno Ferreira

EDIÇÕES PAPEL EM PDF issuu.com/postaldoalgarve DIÁRIO ONLINE www.postal.pt FACEBOOK POSTAL facebook.com/postaldoalgarve FACEBOOK CULTURA.SUL facebook.com/cultura. sulpostaldoalgarve TWITTER twitter.com/postaldoalgarve PROPRIEDADE DO TÍTULO Henrique Manuel Dias Freire (mais de 5% do capital social) EDIÇÃO POSTAL do ALGARVE - Publicações e Editores, Lda. Centro de Negócios e Incubadora Level Up, 1 - 8800-399 Tavira CONTRIBUINTE nº 502 597 917 DEPÓSITO LEGAL nº 20779/88 REGISTO DO TÍTULO ERC nº 111 613 IMPRESSÃO Lusoibéria DISTRIBUIÇÃO:: Banca/Logista DISTRIBUIÇÃO ao sábado com o Expresso / VASP - Sociedade de Transportes e Distribuição, Lda e CTT

Tiragem desta edição

6.596 exemplares

A distância percebida pelos cidadãos em relação a Bruxelas é muito grande As decisões que tomamos em Bruxelas impactam e muito na vida dos cidadãos. Os eurodeputados não poderão perder a ligação às regiões... faz parte da natureza e da função para a qual fomos eleitos À conversa com o eurodeputado socialista Pedro Marques [04FEV2021], estiveram Henrique Dias, do Postal do Algarve, Ana Burnay do Europe Direct Algarve e Maria de Lurdes Carvalho, na qualidade de cidadã. Quisemos saber como se chega a eurodeputado? De que forma se assegura a dupla transição ecológica e digital? Como estão a responder outras regiões a situações semelhantes? Qual o papel do mecanismo de Recuperação e Resiliência? Porque é necessária regulação das redes sociais? E pedimos-lhe que concluísse com uma mensagem de esperança. O percurso Pedro Marques começa por explicar que fez a sua vida entre o setor privado e o público sempre com muito envolvimento cívico. Foi membro do executivo de uma junta de freguesia e está na política desde cedo. Passou pelo poder local, foi membro de três governos, Deputado à Assembleia da República no período da Troika. Era ministro do governo de António Costa até “encabeçar” a lista do PS para as eleições europeias, tendo obtido a maior vitória eleitoral da história do partido. Considera que o seu percurso político foi de certa forma natural.

dos dossiers e do trabalho que desenvolvem no Parlamento Europeu, que pode acompanhar no Facebook do Europe Direct Algarve e no site do Postal do Algarve.

“Tinha feito já um pouco de tudo o que podia fazer” e foi percebendo a importância da Europa, o “fortíssimo envolvimento da Europa” nas decisões de políticas públicas. Percorreu o caminho natural de alguém que, tendo consciência cívica e vontade de participação política, quis também participar ao nível europeu nas decisões que tanto influenciam o desenvolvimento do nosso país e o da Europa como um todo. O Algarve Quanto à região do Algarve refere que a concentração da atividade económica no produto do turismo é uma característica e ao mesmo tempo um problema que “ainda não foi possível resolver” apesar do esforço de diversificação. Acredita no potencial de recuperação da economia do Algarve, sobretudo do turismo de natureza e de sol e praia, no período pós-covid, simplesmente porque há experiências que não podem ser vividas no digital. São impactantes contudo as questões ligadas nomeadamente à mobilidade aérea, refletidas nos custos transporte e em fatores ambientais que o Green Deal obriga a considerar. Pedro Marques afirma estarem “muito atentos” para garantir que as regiões mais remotas ou mais dependentes do turismo, como é o caso do Algarve, não sejam “tão afetadas”. Contudo, a economia do Algarve continua a precisar de fazer um esforço de integração de fileiras, por exemplo entre o setor primário (valorização de produtos endógenos) e o terciário (atividade turística). Mensagem final Na sua mensagem final, Pedro Marques refere-se a ” tempos dificílimos” que vivemos, e diz que “ainda é difícil sentir já esperança”. Contudo, com o processo de vacinação a decorrer, acredita que vamos chegar a “ bom porto”. Diz ainda que gostava que o avanço da primavera correspondesse a uma fase de esperança para todos. Frente ao maior desafio que o Mundo enfrenta a seguir à 2ª Guerra Mundial, “temos que conseguir, juntos, como sociedade, ser resilientes, recuperar em direção a uma sociedade melhor”. Diz com orgulho que na Europa “estamos na Europa a fazer a nossa parte”.

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As conversas informais são conduzidas pelo jornalista Henrique Dias Freire, diretor do jornal POSTAL, e pela Ana Burnay, da equipa do Centro Europe Direct Algarve. Deixamos

nesta edição, o testemunho de mais dois deputados europeus, com alguns excertos e citações destas riquíssimas conversas que podem ser ouvidas na íntegra no site do postal.pt

nhecer “os corredores” das 3 instituições (Comissão Europeia, Conselho da UE e Parlamento Europeu) deu-lhe vantagem nesta negociação. E confessa: “Dá-me prazer sentir que consigo ter uma atitude diferente na relação com as 3 instituições”. Tem tempo para vida própria?

MARGARIDA MARQUES

Sempre consegui conciliar a vida pessoal com a minha vida profissional e pública. O que mudou foi a pandemia com todos os limites que impõe na nossa vida. No Parlamento Europeu lidamos com gente muito diversificada, temos muito trabalho. “Gerir o tempo é uma arte”.

À conversa com a eurodeputada Margarida Marques [05FEV2021], estiveram Henrique Dias, do Postal do Algarve, Ana Burnay e Catarina Cruz do Europe Direct Algarve e Paula Custódio, na qualidade de cidadã. Conversamos sobretudo sobre o orçamento plurianual, revelámos um interessante podcast que publica todas as sextas-feiras, mas ficámos sobretudo a conhecer um pouco melhor a Margarida Marques.

A economia circular e o Pacto ecológico no orçamento Plurianual

Realço a importância das pessoas conhecerem o que se faz na Europa e o que ela faz por nós

Como o percurso de vida trouxe Margarida Marques ao PE Margarida Marques era deputada na Assembleia da República na altura da adesão de Portugal à União Europeia (então CEE). Passou pelo Comité do Programa PETRA (um dos antepassados do ERASMUS) em representação do Ministério da Educação e a partir de 92 mudou-se para Bruxelas onde trabalhou durante 20 anos na Comissão Europeia. Passou pelo governo como secretária de Estados dos Assuntos Europeus, tendo de seguida sido deputada na AR, onde integrou a Comissão de Assuntos Europeus. Nas últimas eleições para o PE, em 2019, foi eleita pelo PS. “Aconteceu!” Esta larga experiência permitiu-lhe tornar-se relatora do importante dossier do Orçamento Plurianual da União Europeia 2021-2027. “Não seria dado a um principiante”. Co-

“Tem que haver seriedade no discurso político”. Assim a preocupação do PE foi assegurar que se mantinham as prioridades políticas e que se garantia o financiamento para as mesmas. O PE negociou assim em 30% a percentagem a utilizar no combate as alterações climáticas e em 10% na defesa da biodiversidade, tanto no Quadro Financeiro Plurianual como no Fundo Recuperação. O acordo político alcançado fixou também seis pilares essenciais: a green transition; transformação digital; coesão económica, produtividade e competitividade; coesão social e territorial; resiliência sanitária, económica, social e institucional; políticas para a próxima geração.

Uma mensagem final Para Margarida Marques é importante as pessoas conhecerem o que se faz na “Europa” e o que a UE faz por nós. Conhecermos na prática o espaço político, geográfico, em que vivemos E destaca a ação da União Europeia na compra das vacinas. “Foi uma iniciativa extraordinária”. A UE construiu uma resposta europeia à crise com o Next Generation EU e agora com o processo de vacinação para que possamos rapidamente voltar à normalidade.


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AUTÁRQUICAS PSD

FOTOS D.R.

Luís Gomes na corrida para VRSA na companhia de Amaro Antunes Crise e Chega podem provocar terramoto político

Marcelo e Rui Rio, debaixo de fogo

• Dinis Faísca é o escolhido para Tavira e Álvaro Viegas para Olhão

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uís Gomes será o candidato do PSD à Câmara Municipal de Vila Real de Santo António nas próximas eleições autárquicas, a realizar este ano, soube o POSTAL junto de fonte social democrata. A mesma fonte adiantou que Amaro Antunes, vencedor em 2020 da Volta a Portugal em Bicicleta, é o nome escolhido para encabeçar a lista à Assembleia de Freguesia de Vila Nova de Cacela. Dinis Faísca, em Tavira, Álvaro Viegas, em Olhão, Bruno Estremoz, em Monchique, e Pedro

Moreira, em Lagos, são outros dos quatro candidatos às respetivas câmaras muncipais já decididos pelas secções concelhias, enquanto em Faro, Rogério Bacalhau vai disputar um terceiro mandato. Segundo a mesma fonte, a maioria das secções algarvias do PSD ainda não definiu a sua política de alianças para as eleições, mas excluem desde logo qualquer acordo pré-eleitoral com o Chega de André Ventura, de acordo com as orientações neste sentido dadas pela direção nacional. Faro é a excepção, para já, no que

respeita à política de alianças, onde o PSD deverá manter o acordo com o MPT, PPM e, eventualmente, a Inicitiva Liberal, sendo dada como pouco provável a integração do CDS, parceiro habitual dos sociais-democratas na capital algarvia. A data limite para que cada seção dê como fechadas as listas com os nomes a todos os órgãos autárquicos nos respetivos concelho é o dia 21 de março, sabendo-se que o PSD do Algarve não acompanha o presidente do partido quanto ao adiamento das eleições.

A grande interrogação, para as autárquicas deste ano, é saber a dimensão dos efeitos do “terramoto“ político” que o Chega, de André Ventura, pode provocar nos outros partidos, com maiorias nas câmaras algarvias. O Chega, que no Algarve obteve uma das votações mais expressivas nas últimas presidenciais, é encarado, sobretudo, pelo PSD e restantes partidos do centro direita, mas também pelos socialistas, como um “concorrente perigoso”. A pandemia e os efeitos sociais e económicos numa região turística como o Algarve, com altas taxas de desemprego, será também um dos fatores que não deixará de

influenciar os resultados. Se o desemprego e os efeitos empresariais, podem ser motivo de preocupação para o PS, a posição do Presidente da República, relativamente ao Governo, tem vindo a retirar campo de manobra a Rui Rio, cuja estratégia de oposição começa cada vez mais a sofrer alguma contestação interna. Ainda assim, o PSD algarvio aponta como objetivo a conquista da AMAL o que pressupõe a tomada da maioria dos municípios da região. Nas autárquicas de há quatro anos, o PS deteve a maioria de 11 das 16 câmaras, tendo o PSD obtido quatro e a CDU apenas uma.


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A destacar

Município de Tavira criou um percurso para a observação e registo da biodiversidade em Cachopo, na serra algarvia, convidando os amantes da natureza a percorrer o percurso e contribuir para monitorização da sua fauna e flora. “O percurso está demarcado e pede-se às pessoas que, para além de fazerem o percurso, tenham uma participação ativa, registando fotografias das espécies que observam e as partilhem na página www. biodiversity4all.org”, revelou à Lusa a chefe de divisão de Ambiente da autarquia. A Estação de Biodiversidade de Cachopo (E-Bio) consiste num percurso pedestre de “um quilómetro, coincidente com a parte da secção 5 da Via Algarviana”, numa zona caracterizada pela presença de “grandes sobreiros e densos matos mediterrânicos”, adiantou Telma Conceição. Aquela responsável sublinhou que ao longo do trajeto foram colocados “oito painéis dispersos” (em português e inglês), onde se pode consultar “informação científica sobre a diversidade biológica”. Estes placares funcionam como uma espécie de “guia de campo identificativo da flora e da fauna”, onde se encontram imagens e comentários sobre plantas e animais comuns, especialmente insetos, que “servem de base para a conservação dos ecossistemas terrestres”, esclareceu. O percurso tem início perto da povoação, junto à estrada nacional 124 - a sudoeste da aldeia de Cachopo, em direção a São Brás de Alportel -, e leva os caminhantes por num local de elevada riqueza biológica e paisagística”, sublinhou. Telma Conceição revelou que esta primeira estação estabelecida em Tavira mantém o objetivo de outras já existentes no país de “aumentar o conhecimento sobre a biodiversidade, contribuir para a valorização do património natural e, especialmente, promover a participação dos cidadãos na inventariação da nossa fauna e flora”. O pedido é para que, na sua visita, os visitantes tirem apenas as fotos e as partilhem na plataforma, num contributo não só para a monitorização, mas também para a manutenção da biodiversidade, acrescentou. O projeto surge como uma proposta da associação Tagis - Centro de Conservação das Borboletas de Portugal e é implementado numa parceria entre o município e a Junta de Freguesia de Cachopo.

Renovação do campo de futebol de Paderne custa meio milhão de euros

O

Município de Albufeira, a Junta de Freguesia de Paderne e o Padernense Clube assinaram no passado dia 12 de fevereiro, no edifício dos Paços do Concelho, um protocolo que visa a realização de obras de melhoramento e conservação do antigo campo de Futebol dos Montes Elois, na Ribeira de Alte, equipamento inserido no parque Desportivo José Martins. A obra, que tem um prazo de execução de cinco meses, envolve um investimento estimado, a realizar pela autarquia, no valor de meio milhão de euros. Trata-se de um antigo campo de futebol de terra batida e respetivos balneários, equipamentos propriedade da Junta de Freguesia, e por esta cedidos ao Padernense Clube,

que necessitam urgentemente de obras de conservação, manutenção e ampliação. O presidente da Câmara Municipal de Albufeira sublinha que “na prática, as instalações precárias, onde o Padernense tem treinado e jogado ao longo dos anos, vão dar lugar a um campo de futebol moderno com arrelvamento sintético, drenagem, sistema de rega, iluminação adequada e vedação completa do recinto”. José Carlos Rolo acrescenta que “também os balneários vão sofrer remodelações”, que consistem em obras de conservação e melhoramento, bem como na construção de casas de banho públicas. Uma vez concluída a obra, o município fica, também, responsável, pela manutenção do campo de relva sintética.

Assinado protocolo que visa a realização de obras de melhoramento e conservação do campo de futebol FOTO D.R.

“Este é mais um passo importante, no sentido de criar condições em todas as freguesias para o melhoramento da prática desportiva, quer a nível recreativo quer da competição,

Albufeira dá novo prazo para regularizar faturas de água total ou parcial dos processos gerados indevidamente e a segunda, a concessão de um prazo de três meses, sem juros adicionais, para que os munícipes visados possam proceder à respetiva regularização. O prazo conta a partir de 1 de fevereiro e as faturas referem-se às dos consumos e tarifas variáveis de água, águas residuais de resíduos sólidos. A terceira medida é a devolução, por parte do Município do valor das custas e juros cobrados nos processos de execução fiscal suportados pelos consumidores, no âmbito desses processos".

FOTO D.R.

Biodiversidade já tem um percurso em Cachopo O

Autarquia corrige lapsos motivados pelas medidas de confinamento na primeira vaga da pandemia Os munícipes de Albufeira têm um prazo adicional de três meses para regularizarem as suas faturas de água, águas residuais e resíduos sólidos, cujos atrasos de pagamento tivessem decorrido de processos instaurados pela autarquia, resultantes de discrepâncias de prazos, aquando das alterações de sistemas de leitura e de atendimento, motivadas pelo confinamento na primeira vaga da pandemia. Esses processos decorreram automaticamente, sem interferência humana, pelo que serão anulados. O presidente da Câmara Municipal apresentou uma proposta em reunião de câmara acerca dos processos

que foram indevidamente gerados em torno das faturas da água, aquando do confinamento na primeira vaga da pandemia, resultantes das alterações do sistema de leitura e do atendimento presencial. José Carlos Rolo lembrou que a Câmara Municipal suspendeu na altura o serviço de leitura de contadores a fim de promover o distanciamento físico e reconhece ter havido algumas interrupções nos serviços postais, levando a que alguns consumidores não tivessem recebido as faturas emitidas. A instauração automática de processos fiscais pelo não pagamento, “prejudicou alguns munícipes que se viram nessa situação, sem culpa alguma”, refere José Carlos Rolo. Segundo explica a Câmara de Albufeira, "a proposta apresentada pelo autarca contempla três medidas retificativas: a primeira, é a extinção

Medidas vêm corrigir lapso cometido na primeira vaga da pandemia “São medidas que vêm corrigir um lapso que não se pode imputar a ninguém. As medidas de confinamento na primeira vaga da pandemia geram diversas confusões e esta foi uma delas, que estamos a corrigir”, refere José Carlos Rolo. O presidente da Câmara salienta ainda que “os munícipes que se viram nesta situação estão já a ser informados, por carta. Apresentamos o nosso pedido de desculpas pelos sérios transtornos que a situação causou. Apelamos por isso à compreensão dos munícipes, na medida em que, como se sabe, estas situações não deveriam, mas podem ocorrer em fases de grandes complicações como é esta da pandemia”.

bem como para dotar o interior do concelho, com população mais envelhecida, de condições atrativas à fixação de novos residentes”, acrescenta o autarca.

Câmara de Silves moderniza sinalética urbana

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Iniciativa visa melhorar a eficácia na orientação dos automobilistas e utilizadores da rede viária O Município de Silves substituiu a rede de sinalização urbana direcional nas localidades de Tunes, Algoz, Alcantarilha e Pêra A iniciativa, que representa um investimento na ordem dos 84 mil euros, sem IVA, permitirá melhorar a eficácia na orientação dos automobilistas e utilizadores da rede viária, assim como facilitar o acesso a monumentos e pontos de interesse. Segundo a Câmara de Silves, esta é "mais uma aposta, não só na modernização da sinalética como, também, na melhoria da mobilidade e acessibilidade urbanas".


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REGIÃO

Universidade do Algarve estuda uso da saliva na deteção da covid-19 Método menos invasivo face ao clássico teste à mucosa do nariz

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Universidade do Algarve (UAlg) está a estudar o uso da saliva na recolha de amostras para detetar o novo coronavírus, um método menos invasivo face ao clássico teste à mucosa do nariz. Segundo Clévio Nóbrega, do Centro de Investigação em Biomedicina (CBMR) da UAlg, o objetivo é tentar “validar outros métodos” para a recolha de amostras, especialmente para “crianças e pessoas com algumas patologias”, já que o atual método de PCR é “muito invasivo”. Em declarações à Lusa, aquele responsável adiantou que a investigação procurou comparar a eficácia da recolha da saliva com a nasofaríngea e posterior análise por PCR,

processo baseado em biologia molecular e que permite aumentar a quantidade de material genético para deteção do novo coronavírus (SARS-Cov-2). Em colaboração com o Centro Hospitalar Universitário do Algarve (CHUA), os investigadores obtiveram amostras de pacientes internados através de três tipos de recolha: a “clássica” nasofaríngea (com a recolha de secreções do nariz), pela saliva e orofaríngica, obtida no fundo da garganta. De acordo com Clévio Nóbrega, obtiveram-se “os mesmos resultados”, tendo sido possível detetar pela saliva “o mesmo nível” que a amostragem “clássica” , o que faz com que, em alguns casos, possa

“ser utilizado este tipo de recolha”. A utilização deste método ainda “não é possível”, porque “é necessária a autorização” do Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge Instituto Ricardo Jorge (INSA), para onde os dados foram enviados. Clévio Nóbrega reconhece, no entanto, que é compreensível que a atenção esteja centrada em “continuar a testagem em massa e não tanto na otimização” dos métodos de recolha.

Investigadores vão continuar a efetuar testes adicionais Entretanto, os investigadores vão continuar a efetuar “testes adi-

cionais” para confirmar que os resultados são “de facto fidedignos”, algo que se tem vindo a “confirmar”, realçou. Além do uso da saliva, aquele centro da UAlg está também a seguir outra linha de investigação que consiste em procurar retirar um passo a todo o processo, tornando-o mais rápido e menos dispendioso. O processo habitual de testagem começa com a recolha da amostra com a zaragatoa, segue com a extração do RNA (ácido ribonucleico) do vírus SARS-Cov-2, seguindo-se depois o teste molecular PCR (Reação em Cadeia de Polimerase). Os investigadores estão a tentar retirar o passo da extração do material genético do vírus, passando dire-

tamente da recolha para a técnica PCR, “evitando um passo”, o que tornaria o processo “mais barato e muito mais rápido”, defendeu. Porém, os resultados “até agora ainda não foram positivos”, lamentou Clévio Nóbrega, tendo os investigadores conseguido “alguma amplificação no PCR e alguma deteção do vírus”, mas “muito baixa”, comparada com os resultados obtidos com o método utilizado atualmente. “Não são resultados suficientemente fidedignos. Continuamos a testar e a otimizar. Temos, infelizmente, pandemia para algum tempo e o nosso grande objetivo é conseguir otimizar e é nisso que estamos a trabalhar ainda”, concluiu.


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REGIÃO

Edifício e terreno envolvente da RTP são monumento de interesse municipal

As instalações da RTP em Faro

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Assembleia Municipal de Faro aprovou, no passado dia 12 de fevereiro por unanimidade, a proposta do executivo de classificação de monumento de interesse municipal do edifício da

RTP e terreno envolvente, no campo da Senhora da Saúde, na capital algarvia. Esta aprovação constitui mais uma etapa de um processo iniciado há pouco mais de um ano por antigos profissonais da rádio pública e ou-

tros jornalistas, em defesa daquele espaço e do edifício onde sempre tem funcionado a rádio e, mais recentemente, a televisão do Estado. Anteriormente, a câmara tinha aprovado a proposta de classificação apresentada pelo Partido

Socialista, que recebeu o apoio do presidente, Rogério Bacalhau, e restante vereação, após o Tribunal Administrativco de Loulé ter negado provimento a um recurso interposto pela empresa RTP visando travar o processo. Na sessão da assembleia, o chefe da bancada do PS, Carlos Alberto, considerou que o conjunto patrimonial, incluindo o edifício e terreno adjacente, são propriedade da Câmara de Faro, apesar de ter sido “registado pela RTP em seu nome invocando o direito de usucapião”. “Trata-se de um espaço que foi usurpado pela RTP à revelia dos seus legítimos proprietários que são a Câmara Municipal e os munícipes de Faro”, disse aquele deputado, recordando que o terreno de 13.500 metros quadrados foi adquirido e pago pela autarquia em finais dos anos quarenta, para a antiga Emissora Nacional ali instalar o seu serviço público de radiodifusão. Na mesma sessão, o deputado do PPM, Vítor Cantinho, defendeu a valorização do edifício e que o espaço envolvente seja destinado à

construção de um “grande espaço verde” para usufruto da cidade. Defendeu ainda a recuperação de um projeto regional de rádio e televisão à semelhança de um projeto que o Algarve já teve no passado e que diz ser importante para a defesa e promoção dos valores e interesses da região. O processo que recebeu a aprovação da Direção Regional da Cultura, segue agora os trâmites legais com a publicação do edital de classificação no Diário da República. Antes da apresentação desta proposta de classificação do conjunto urbano, a deputada da CDU, Catarina Marques, apresentou uma moção exigindo ao Governo que invista “na remodelação e modernização tecnológica das instalações da delegação de Faro da RTP”. Na documento, aprovado também por unanimidade, a deputada exige ainda “o alargamento da capacidade de cobertura informativa e de produção de conteúdos” da rádio e televisão do Estado, dotando o centro regional de recursos humanos correspondentes.

Inovador projeto vai “reabilitar para a vida” os idosos O Município de Alcoutim e o Centro Humanitário de Tavira da Cruz Vermelha Portuguesa vão celebrar um protocolo de colaboração que visa implementar o projeto “reabilitar para a vida” Nesse sentido, a autarquia vai atribuir à instituição uma comparticipação financeira no valor de 9.093 euros. Segundo explica a autarquia alcouteneja, "este projeto pretende usar a tecnologia da realidade virtual, nomeadamente óculos de realidade virtual e consola Wii com plataforma de equilíbrio, como uma ferramenta na reabilitação e estimulação física e cognitiva dos seniores".

O objetivo é promover "um envelhecimento ativo e contribuir para o aumento do bem-estar dos idosos". A estimulação cognitiva com recurso ao uso de realidade virtual visa proporcionar "várias experiências desde estimulações sensoriais simples, passando por visitas virtuais a museus, até exergaming (video-jogos que envolvem exercício físico), sendo a experiência de realidade virtual adaptada à capacidade de cada utilizador conforme venha a ser indicado no diagnóstico". Nestas atividades lúdicas, os indivíduos praticam atividades leves e divertidas de caráter terapêutico que estimulam o seu sistema motor. O projeto destina-se a pessoas com mais de 65 anos e vai ser im-

plementado e acompanhado por uma equipa multidisciplinar, com psicólogo, terapeuta ocupacional, animadora sociocultural e apoio científico da Universidade do Algarve. Para se inscrever ou obter mais informações deverá contactar o Gabinete de Ação Social do Município de Alcoutim através do contacto telefónico 281 540 559. O Município de Alcoutim salienta que "as condições de execução e acompanhamento estarão sempre orientadas no sentido de uma preocupação constante no cumprimento das orientações da Direção Geral de Saúde (DGS) no combate à Covid-19, o que poderá condicionar as atividades previstas".

O projeto destina-se a pessoas com mais de 65 anos e vai ser implementado e acompanhado por uma equipa multidisciplinar FOTO D.R.


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REGIÃO

Lagoa substitui automóveis diesel por veículos elétricos

O

s novos 17 veículos elétricos adquiridos pelo Município de Lagoa já estão a circular. A chegada destas viaturas permitiu à autarquia renovar a sua frota e começar a retirar de circulação os carros já esgotados e menos amigos do ambiente. O investimento do município, envolvido nesta troca de automóveis a diesel por veículos elétricos, ronda os 335 mil euros e contará com a comparticipação do fundo ambiental. Segundo a autarquia, “as novas viaturas foram adquiridas na modalidade de aluguer operacional – renting, o que permite ao município não ter que realizar um grande

esforço financeiro para as adquirir, não ter custos com a manutenção e poder voltar a substitui-los, ao fim de três anos, algo que é muito importante nos veículos elétricos, uma vez que estes estão em constante evolução”. A iniciativa constitui mais um passo na construção de “Lagoa, Cidade Sustentável”, o tema definido pelo órgão executivo, para o biénio de 2020-2021, e o primeiro passo para que, num futuro próximo, a frota de veículos ligeiros, do Município de Lagoa, seja constituída apenas por viaturas amigas do ambiente. “Este é um dos maiores desafios que assumimos. Exige concentração estratégica num triplo objetivo:

desenvolvimento economicamente eficaz, socialmente equitativo e ecologicamente sustentável”, referiu Luís Encarnação, Presidente da Câmara Municipal de Lagoa. Lagoa está assim a concretizar medidas que contribuem para atingirmos os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) definidos pela agenda 2030 da Organização das Nações Unidas. Ao substituir a sua frota automóvel, o Município de Lagoa, está a garantir “o acesso a fontes de energia fiáveis, sustentáveis e modernas (ODS 7); construir uma cidade e comunidades sustentáveis (ODS 11) e garantir padrões de consumo e de produção sustentáveis (ODS 12)”.

Autarca de Faro visita obras em curso na cidade O presidente da Câmara de Faro está a levar a efeito um conjunto de visitas às principais obras a decorrer no espaço público do concelho. Na semana passada, o autarca viu de perto como estavam a decorrer três intervenções na cidade: a requalificação do Largo do Pé da Cruz, a reabilitação do Celeiro de São Francisco e a requalificação da Alameda João de Deus. Desde logo, Rogério Bacalhau assinalou o arranque da obra de requalificação do Largo do Pé da Cruz. A obra está adjudicada à JEVOP Construções, S.A, pelo valor total de 337.980 euros e com ela a autarquia pretende reformular este largo histórico, tornando-o mais aprazível para os transeuntes e visitantes e, bem assim, aprimorar as áreas circundantes às zonas residenciais, aos restaurantes e demais comércio. Segundo explica a autarquia farense em comunicado, "uma das premissas da intervenção é conferir ao espaço o

estatuto de zona de estar, amiga dos peões e dos modos de transporte suaves". Com isto, pretende-se recuperar para este largo tão emblemático da cidade, "a dignidade que já foi sua e que advém da história do local, do seu enquadramento urbano e da proximidade de um dos ex-libris arquitetónicos da nossa cidade: a Igreja do Pé da Cruz". O projeto abrange "a repavimentação de toda a área à “cota 0” para valorizar os elementos patrimoniais e históricos do largo, privilegiando a mobilidade sem as barreiras arquitetónicas que atualmente vigoram". Prevê-se, assim, que "a circulação de trânsito automóvel fique limitada à Rua da Trindade e Rua Brites de Almeida, com escoamento pela Rua do Pé da Cruz". A câmara afirma que vai apostar "em novos mobiliários urbanos, iluminação de tipo led, zonas de sombreamento, arborização e um

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conjunto de outras melhorias que trarão mais qualidade estética e conforto de circulação a este largo emblemático". Com isto, assegura-se "a recriação de um espaço mais apropriado para o lazer e confere-se mais qualidade de vida para os residentes e os muitos visitantes que aqui demandam, seja para visitar os locais de culto, seja para usufruir das casas de comércio e restauração que ali se encontram instaladas em melhores condições de conforto e funcionalidade". Obra de requalificação do celeiro de São Francisco O autarca também visitou a obra de requalificação do celeiro de São Francisco, que há décadas se encontrava em estado de grande degradação. Trata-se de um edifício do século XVIII, classificado como Imóvel de Interesse Público, de planta octogonal, e de grande significado para a memória

coletiva farense que agora poderá conhecer uma nova vida, após a obra, no montante de 51.715 euros, adjudicada à empresa Ambartrans, Transportes Lda. Na sequência desta intervenção, serão ainda realizadas obras de reparação do logradouro, num valor aproximado de 30 mil euros. O futuro do imóvel, cedido em 2019 ao Município e parte integrante do roteiro cultural da cidade, passará pela sua utilização como espaço de apoio à cultura e património histórico do concelho. Jardim da Alameda João de Deus vai ganhar nova vida "Também a correr bem está a empreitada de requalificação da Alameda João de Deus, intervenção que arrancou no passado mês de dezembro, após adjudicação à empresa Martins Gago & Filhos, Lda., pelo montante de 736.431 euros", afirma a edilidade.

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Os trabalhos em curso pretendem dar "uma nova vida a um dos mais icónicos jardins públicos do nosso País e que clamava por uma requalificação há dezenas de anos: melhora-se o pavimento e os percursos de circulação pedonal, rearborizam-se e replantam-se espécies em mau estado ou perdidas, melhora-se a iluminação, edificam-se novas casas de banho e áreas de serviço públicas e, ainda, novo mobiliário urbano". No âmbito da intervenção são igualmente recriados e reapetrechados o parque infantil e o parque geriátrico e remodela-se o atual ringue de patinagem, que passará a assumir a forma de uma plataforma multifuncional. Para o presidente da Câmara, estas são intervenções essenciais, que dão “um sinal claro de que, apesar das dificuldades provocadas pela pandemia, Faro não interrompe o seu processo de reconversão para ser um concelho ainda mais aprazível, esteticamente cuidado e atrativo para todos os que aqui desejam viver, trabalhar, estudar, visitar-nos ou investir, ao longo de todo o ano”.

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Postal, 19 de fevereiro de 2021

REGIÃO

Lagoa investiu cerca de 500.000 euros no apoio à natalidade

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Câmara de Lagoa investiu próximo de 500.000 euros no Programa de Incentivo à Natalidade criado pela autarquia em 2016, que atribui até 2.000 euros por cadanascimentoregistadonoconcelho. Além do apoio à natalidade, a medida beneficia também “o comércio local, onde as verbas atribuídas têm de ser aplicadas” e já ajudou 322 famílias, de 406 candidaturas apresentadas, destacou o município algarvio num comunicado. “O total de incentivos concedidos ao abrigo deste programa soma já 455.702 euros e atingirá os 500.000 euros muito em breve. Deste montante global, mais de metade foram atribuídos durante os anos de 2019 e 2020, mais precisamente 154.412,22 euros durante o ano de 2020 e 129.127,71 euros durante o ano de 2019”, quantificou a Câmara algarvia. A Câmara de Lagoa esclareceu que o

apoio a cada família é atribuído “por altura do nascimento de uma criança” e, para aceder até ao montante de 2.000 euros, deve constar no registo de nascimento “um lugar do concelho de Lagoa” e os pais serem “residentes neste concelho há mais de dois anos contínuos e recenseados há, pelo menos, um ano (por referência à data do novo nascimento)”. Luís Encarnação, presidente da Câmara de Lagoa, considera que “este incentivo específico é muito importante para ao aumento da natalidade no concelho, à fixação das famílias e à melhoria das condições de vida das famílias lagoenses”. O autarca afirma que o apoio “ajuda as famílias, nomeadamente jovens que estão a iniciar a sua vida profissional e a constituirnovosnúcleosfamiliares,mas contribui também para a dinamização do comércio local, já que o dinheiro deste apoio tem de ser gasto nos estabelecimentos do concelho de Lagoa”.

LAGOS

A medida beneficia também o comércio local, onde as verbas atribuídas têm de ser aplicadas FOTO D.R.

apoia

COVID-19

RENOVAÇÃO DAS MEDIDAS DE APOIO ÀS FAMÍLIAS E À ECONOMIA LOCAL ATÉ 31 DEZ. 2021 www.cm-lagos.pt/municipio/covid-19

Empresas Famílias Educação IPSS Associativismo Cultural e Desportivo

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Postal, 19 de fevereiro de 2021

REGIÃO

Tavira destina 450 mil euros para apoiar empresários

Hospital de campanha de Portimão desativado transfere seis doentes para o CHUA O hospital de campanha instalado no Portimão Arena foi desativado esta segunda-feira, mas seis dos seus doentes tiveram de ser transferidos para o Centro Hospitalar e Universitário do Algarve

Podem candidatar-se ao apoio empresas com faturação até 350 mil euros

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Câmara de Tavira destinou 450 mil euros a um Fundo de Apoio aos Empresários para ajudar à sustentabilidade de empresas com faturação até 350 mil euros afetadas pela crise causada pela pandemia de covid-19. A ação é promovida pela Associação para o Desenvolvimento Integrado da Baixa de Tavira com o apoio do Município e destina-se a empresas com faturação até 350 mil euros”, informaa autarquia num comunicado. As candidaturas ao Fundo de Apoio aos Empresários de Tavira (FAET) podem ser feitas até 30 de junho ou até se “esgotar a verba prevista” e a medida tem o objetivo de “revitalizar o tecido empresarial do concelho, atenuar os efeitos nefastos da grave crise económica, manter as empresas em atividade e garantir a manutenção dos postos de trabalho”, justificou a Câmara. A autarquia precisou que as empre-

sas que iniciaram atividade antes de 2019 têm de ter como “condições essenciais” para aceder ao fundo “uma quebra de faturação, de pelo menos 25%, no ano 2020, face ao período homólogo”. Para as empresas com atividade iniciada em 2019, será contabilizada “uma diminuição da faturação média mensal, comunicada à Autoridade Tributária Aduaneira (AT) no sistema e-Fatura”. Neste caso, a quebra “deverá ser de pelo menos de 25%, no período compreendido entre março e dezembro de 2020, face à média mensal entre o mês de início de atividade e o mês de fevereiro do ano passado”, esclareceu o município.

Autarquia prorroga apoios e isenções Para esta contabilização, serão “considerados apenas os meses civis completos”, sublinhou a mesma fonte. Na semana passada, a Câmara de Ta-

FOTO D.R.

vira já tinha anunciado a prorrogação de apoios e isenções para mitigar os efeitos da pandemia de covid-19 na população desfavorecida e na economia, como a isenção de taxas para os estabelecimentos das zonas balneares, segundo disse a Lusa. A autarquia justificou a aprovação dessas medidas com a necessidade de “reforçar a relação entre o município e a população na resposta à atual situação de emergência em saúde pública” causada pela pandemia de covid-19, através da adoção de isenções de taxas ao comércio ou suspensão de rendas. Entre as medidas aprovadas e já implementadas no ano passado está a isenção, “no ano 2021, de todas as taxas municipais referentes aos estabelecimentos e atividades comerciais nos espaços balneares do concelho” ou o alargamento da isenção para 2021 “das taxas de ocupação de espaço público e publicidade, cobradas no âmbito do Regulamento Municipal de Ocupação de Espaço Público e Publicidade de Tavira”.

Segundo revelou à Lusa a presidente do Conselho de Administração do CHUA, Ana Castro, a decisão de desativar o hospital de campanha foi tomada “durante o fim de semana”, altura em que o CHUA passou a registar “apenas 60% de internados” nas enfermarias dedicadas à covid-19. Os seis doentes transferidos para as unidades do CHUA ainda aguardam um resultado negativo nos testes à covid-19 para poderem regressar às suas residências ou lares de idosos, situação em que se encontram 38 pessoas no CHUA, que abrange os hospitais de Faro, Portimão e Lagos. Ana Castro adiantou que estes doentes “têm de ficar no hospital” e “não podem ir para o lar, mesmo tendo vaga” enquanto não “tiverem um teste negativo”, mesmo não apresentando já “critérios clínicos para estar internado”. Para muitos dos doentes “foi possível encontrar uma resposta social”

para acolhê-los, mas coloca-se a questão de os lares e os serviços de apoio domiciliário “exigirem teste negativo, apesar de os doentes terem critérios de cura e os lares estarem todos vacinados”, notou. A estrutura dedicada a doentes com covid-19 foi instalada naquele pavilhão municipal em 10 de janeiro, mas face à descida do número de internados “não fazia sentido” manter a fase quatro do plano de contingência, voltando para a “fase três”, frisou. Os profissionais que estavam a trabalhar no hospital de campanha “voltam aos seus serviços originais”, mantendo-se hoje na unidade “apenas uma pequena equipa que está a arrumar as coisas para levar para o hospital”. Por decisão da Câmara de Portimão, tomada em conjunto com a Proteção Civil, a estrutura vai manter-se montada e pronta para, caso seja necessário, “estar a funcionar em 24 horas”, algo que Ana Castro espera que “não venha a ser necessário”. Durante os 37 dias que esteve em funcionamento, esta unidade de campanha recebeu 170 doentes, 105 dos quais oriundos de outras regiões, tendo sido concedida alta a 126 doentes, transferidos 22 para estruturas do CHUA e sido registados 22 óbitos.

Durante os 37 dias que funcionou, a unidade de campanha recebeu 170 doentes FOTOS D.R.


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Postal, 19 de fevereiro de 2021

REGIÃO Integra equipa técnica do Sporting Clube Olhanense

São Brás de Alportel atribui voto de louvor ao futebolista Hugo Faria O Município de São Brás de Alportel atribuiu um voto de louvor ao jovem são-brasense Hugo Faria, ex-adjunto do Athletic Football Club Bournemouth, da Primeira Liga Inglesa, que recentemente integrou a equipa técnica do Sporting Clube Olhanense

Natural de São Brás de Alportel, Hugo Miguel da Encarnação Faria tem dedicado a sua vida ao desporto e essencialmente ao futebol. Segundo refere a autarquia são-brasense em comunicado, “jogador desde tenra idade, depressa alcançou as competições nacionais e internacionais de futebol, uma paixão que evoluiu para a componente técnica e estratégica de treino vindo a integrar diversas equipas técnicas. Recentemente, foi adjunto da equipa técnica do Athletic Football Club Bournemouth, da Primeira Liga Inglesa, regressando atualmente a Portugal, mais precisamente ao Algarve para integrar a Equipa Técnica do Sporting Clube

Olhanense, sob coordenação do treinador Edgar Davids”. Hugo Faria iniciou a sua carreira futebolística em São Brás de Alportel na Sociedade Recreativa 1 º de janeiro, ingressando aos 16 anos na equipa de juvenis do Futebol Clube do porto, onde se sagrou campeão nacional de juniores na época 1999/2000. Tendo sido ao longo da sua carreira, desde jovem, convocado inúmeras vezes para representar a Seleção Nacional nos diferentes escalões da modalidade, demonstrando enorme orgulho e empenho em defesa da bandeira nacional.

Hugo foi adjunto do Athletic Football Club Bournemouth, da 1ª Liga Inglesa Aos 21 anos conquistou um novo sonho ao assinar contrato com o União de Leiria e passar a representar um clube na principal liga de futebol portuguesa. Uma porta aberta ao mundo do futebol profissional que elevou a sua carreira a um patamar internacional integrando os plantéis de diferentes desde Grécia, Malta, Escócia entre outros. Depois de uma consistente

carreira de jogador profissional da I Liga de futebol, Hugo Faria prosseguiu no mundo do futebol, mas fora das quatro linhas, ao assumir, em 2018, o cargo de adjunto da equipa técnica do Athletic Football Club Bournemouth, da Primeira Liga Inglesa. Em 2021 regressa a Portugal, mais propriamente ao Sporting Clube Olhanense, clube que o acolheu em tempos passados como jogador e que abre agora portas ao seu conhecimento e experiência à frente da equipa técnica do treinador Edgar Davids. Um percurso desportivo de mérito ao mais alto nível da competição futebolística, nacional e internacional, reconhecido publicamente pelo município nas edições de 2006 e 2008 dos Prémios Juventude, tendo sido inclusive vencedor na categoria desporto em 2004. O voto de louvor foi entregue no passado dia 2 de fevereiro, nos Paços do Concelho como “sinal de reconhecimento da dedicação, trabalho e mérito deste profissional de futebol”, cujo percurso “dignifica a prática e competição do futebol, eleva o nome do município de São Brás de Alportel e orgulha a comunidade são-brasense”.

Hugo Faria tem um percurso desportivo de mérito ao mais alto nível da competição futebolística FOTO D.R.

FOTO D.R.

Exposição fotográfica homenageia pescadores de Armação de Pêra

Visitantes podem contemplar muitos dos rostos que simbolizam a ligação ancestral de Armação de Pêra ao mar Uma exposição fotográfica, da autoria de Christine Baumkirch Miguel, pode ser vista no edifício da Praça Velha da vila de Armação de Pêra. A fotógrafa, que chegou a Armação de Pêra há mais de 20 anos, "sempre admirou a rela-

ção existente entre a pesca e a identidade da vila, até que recentemente decidiu prestar uma homenagem aos pescadores", afirma a Junta de Freguesia em comunicado, acrescentando que Ricardo Pinto, presidente da Junta, que também tinha a mesma vontade e "foi surpreendido pelo trabalho da fotógrafa nas redes sociais". Os retratos que Christine tirou ao longos dos anos resultaram numa exposição fotográfica em forma de homenagem a quem, há mais de 400 anos, estabeleceu uma armação de atum na outrora designada

Baía de Pêra dando origem a esta tão especial povoação. Dezoito anos depois da última ação relevante desenvolvida na vila para beneficiar esta atividade e os seus profissionais - a instalação dos atuais apoios de pesca; na mesma data acontece a justa e merecida homenagem aos pescadores locais. Com esta iniciativa conseguiu-se ainda dignificar um edifício municipal que se encontrava há muito degradado. Assim, quem passar perto do edifício da Praça Velha tem a oportunidade de contemplar uma valiosa e rara exposição fotográfica com muitos dos rostos que simbolizam a ligação ancestral de Armação de Pêra ao mar.

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Postal, 19 de fevereiro de 2021

ENTREVISTA | BANCO ALIMENTAR

Texto e fotos RAMIRO SANTOS

Houve um aumento exponencial do número de pedidos de apoio alimentar desde o início da pandemia. E de Março do ano passado até hoje, registou-se um crescimento global da operação de assistência às famílias necessitadas da ordem dos 74, 2 por cento. Na entrevista ao Postal, o responsável do Banco Alimentar no Algarve, Nuno Alves, revela que o ano de 2021 é um grande ponto de interrogação. Na sua opinião há uma pobreza estrutural no nosso país da ordem dos 18 a 20 por cento, que o prolongamento da crise pôs a descoberto. Em menos de um ano, o Banco Alimentar distribuiu mais três mil toneladas de produtos alimentares, abrangendo para cima de 26 mil pessoas. Um ano depois do início da pandemia, que balanço faz no que respeita à quantidade de produtos alimentares distribuídos pelo Banco Alimentar no Algarve, comparativamente com o período anterior? P

Antes da pandemia, o Banco Alimentar distribuía no Algarve regularmente cerca de 2 mil toneladas por ano, e durante o ano de 2020, entre Março e 31 de Dezembro, subiu para 3,3 mil toneladas, o que representa um valor de três milhões e meio de euros, correspondendo a um crescimento de um milhão e meio de euros de um ano para o outro, ou seja, quase o dobro. Notou-se uma diferença gigantesca se verificarmos que o número de pessoas beneficiadas subiu de 16 mil em 2019 para mais de 26 mil no ano passado. No que respeita às instituições que vêm abastecer-se ao Banco Alimentar, passaram de 104 para um total de 119 no mesmo período. Há, portanto, um crescimento global da operação da ordem dos 74, 2 por cento.

O Banco Alimentar no Algarve movimenta mais de três mil toneladas e o crescimento médio global das operações de assistência alimentar é de 74,2 por cento

R

P Como pode definir o perfil das pessoas que hoje procuram assistência alimentar? Nota-se um empobrecimento crescente em classes que não solicitavam qualquer tipo de ajuda antes da pandemia? R Sentimos que há claramente uma alteração do perfil das pessoas que pro-

Portugal confronta-se com uma taxa de pobreza estrutural da ordem dos 18 a 20 por cento. Isto é inaceitável

Nuno Alves responsável do Banco Alimentar no Algarve

Desde o início da pandemia distribuímos mais de três mil toneladas de alimentos curam o Banco Alimentar. As 16 mil pessoas que vínhamos a apoiar antes, integravam um grupo que podemos classificar de probreza estrutural. Agora, o número atual de 27 mil casos, incluindo já os números do mês de janeiro são na sua maioria de pessoas que cairam em situação de desemprego, que tinham negócios e que, no fundo, tinham o seu rendimento garantido. A situação de pandemia levou ao encerramento de empresas, a despedimentos, ao lay off, ou seja, a situações de perda total ou parcial dos seus rendimentos, havendo a considerar ainda os casos que não reunem as condições para receber os apoios sociais do estado. Tendo em conta que este tipo de população tinha as suas contas em dia, o que se sente é que as pessoas começaram a fazer um esfor-

ço enorme para cumprir com os seus compromisso - renda da casa, carro etc – acabando por deixar cair as coisas mais essênciais como a alimentação, por exemplo. A classe média no seu todo, que antes não necessitava de apoio alimentar, acabou por sofrer com esta crise porque esta situação já se arrasta há um ano e quem tinha o seu pé de meia, já o gastou. Há novos pobres em Portugal. P A ideia generalizada de que o Algarve é uma região rica, contribuiu de algum modo para esconder alguma pobreza envergonhada?

Pelos indicadores da União Europeia, o Algarve é, de facto, considerada uma região rica, mas a realidade é igual em todo o país. Nós temos um problema estrutural em Portugal que R

são os salários baixos e a precariedade dos contratos de trabalho. E é nisto que reside a base da pobreza no nosso país. Há pessoas – e temos elementos sobre isso – que trabalhando em condições normais e fora desta situação de crise, não conseguem rendimentos suficientes para assegurar a sua alimentação. Não é por acaso que em situações normais, Portugal confronta-se com uma taxa de pobreza da ordem dos 18 a 20 por cento. Isto é absolutamente inaceitável P Já disse que o número de pessoas em situação de carência subiu significativamente e pergunto-lhe se têm obtido resposta adequada da sociedade e das empresas nas ajudas alimentares. Quem são os

vossos doadores? R Hoje não temos as campanhas tradicionais de recolha e vivemos, por isso, de doações generalizadas. Promovemos campanhas de vales de supermercado e campanhas ‘on line’ que receberam o melhor acolhimento. Além disso, é importante salientar que ao longo de todo o ano de 2020 houve um contributo muito elevado em dinheiro por parte de particulares e empresas, que nos permitiram através da Federação fazer as compras que são depois distribuídas pelos diversos Bancos no país. Temos um conjunto de viaturas que fazem diariamente a recolha de produtos junto dos supermercados e do Mercado Abastecedor do Algarve, e uma outra fonte que é fundamental que é a Rede


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Postal, 19 de fevereiro de 2021

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Já detetámos situações irregulares na distribuiçao alimentar o que levou à suspensão e mesmo exclusão de algumas instituições

de Emergência Alimentar. Esta Rede foi criada quando surgiu a pandemia com o propósito de ajudar as pessoas a serem encaminhadas para o apoio social, dado que os Bancos Alimentares não fazem a assistência direta às populações, que é feita através das diversas instituiçoes como as misericórdias. Este trabalho foi tal maneira gigantesco que, ao fim de duas a três semanas, criou a sua própria equipa de emergência, com nove voluntários organizados por concelhos e assim que recebem pedidos de ajuda, fazem o devido encaminhamento sempre em articulação com as instituições protocoladas e

Nuno Alves, do Banco Alimentar: “tem havido uma resposta extraordinária da sociedade a esta situação social grave que não se sabe quando pode terminar” os municípios. Aquilo que mais nos surpreendeu, por via da Rede de Emergência Alimentar, foi que as mais diversas empresas, fundações e empresas internacionais, começaram a canalizar donativos que ao longo deste período de menos de uma ano gerou mais de quatro milhões de euros em

dinheiro em todo o país. Esse dinheiro serviu para a Federeção proceder às compras de produtos que depois distribuía pelos Bancos consoante as necessidades sinalizadas. Para o Algarve - que recebeu 125 mil euros de doações em dinheiro- isto foi fundamental porque sem esta ajuda da Rede de Emergência nós não conse-

guíamos adquirir aqueles produtos que normalmente chegavam pelas campanhas habituais junto dos diversos estabelecimentos comerciais. Esta reação da sociedade foi extraordinária, porque raramente recebemos em dinheiro para comprar alimentos, mas revela que todos perceberam que o país estava a viver uma situação demasiado grave e responderam de uma forma a todos os títulos louvável. P A nível internacional que tipos de apoio vos chegam, para além de algumas empresas que referiu?

Trabalhamos com 117 instituições e sabemos o número de pessoas que estão a receber a ajuda alimentar

R Os apoios internacionais são raros - por vezes chegam alguns provenientes da Federação Europeia - mas são pouco significativos porque Portugal acabou por ter uma capacidade de resposta e autonomia bastante grande para gerir a sua própria situação. Convém, no entanto, assinalar que no caso do Banco Alimentar, estávamos a distribuir cerca de um milhão de quilos de alimentos no âmbito do Programa Europeu de Apoio às pessoas carenciadas, que em Portugal é gerido pela Segurança Social e que no caso do Algarve e de outras regiões, são os Bancos que asseguram a parte logística e operacional. P Existe algum plano de acompanhamento que garanta que os donativos alimentares chegam às pessoas a que verdadeiramente se destinam? R Estamos convictos que sim. Trabalhamos com 117 instituições e conhecemos o número de pessoas que estão a receber a ajuda e, no caso do Programa Europeu, todos os casos são validados pela Segurança Social e não há duplicação porque o sistema não permite essa situação. Mais do que o

Banco Alimentar, são as instituições que têm a obrigação de fazer a sinalização e garantirem que os alimentos cheguem a quem mais precisa. Se me perguntar se tenho a certeza de que 100 por cento dos alimentos chegam ao seu destino, a minha resposta é se calhar não chegam, mas como em qualquer projeto que envolva pessoas há sempre a possibilidade de erros e desvios. Temos uma equipa de 45 voluntários a acompanhar e visitar as instituições com as quais temos protocolos, e pedimos à comunidade que nos alerte para os casos suspeitos de situações irregulares. Posso dizer-lhe que ao longo dos anos já detetámos diretamente ou por interposta pessoa casos desses e acabámos por atuar. No limite já levou à suspensão de acordos e à exclusão de algumas instituições, tendo havido mesmo situações gravosas. Não se sabe qual vai ser a evolução desta situação pandémica nem quanto tempo é que pode ainda demorar, mas pergunto-lhe quais são as suas expetativas? P

R O processo de vacinação está em curso, vêm aí mais testagens mas a imunidade de grupo só deverá ser possível atingir no último trimestre do ano. Independentemente disso, o que falta saber é quais serão os danos económicos e sociais que ficaram na comunidade, e se as empresas que fecharam foram ou não apoiadas e se conseguiram ou não garantir o seus postos de trabalho. Vão voltar a reabrir e a funcionar quando se voltar a uma situação de normalidade, ou temos uma franja de empresas que já não voltarão a abrir? Isto é que vai ditar o futuro. Este ano de 2021, vai ser um enorme ponto de interrogação.


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Postal, 19 de fevereiro de 2021

ENTREVISTA | CARITAS

Texto e fotos RAMIRO SANTOS Carlos Oliveira, da Cáritas Diocesana do Algarve: “As fragilidades das famílias vão aumentar e a sazonalidade no Algarve pode arrastar o problema por mais tempo”

Para Carlos Oliveira, Presidente da Cáritas do Algarve, as dificuldades das famílias vão aumentar. Diz que os números não param de subir e que mais de um quarto dos desempregados na região são estrangeiros. Além dos pedidos de assistência alimentar, há gente a solicitar ajuda para pagamento da renda de casa, medicação, água e luz. Mas perante este quadro de carência social, aquele responsável mostra-se, ainda assim, convicto de que é possível erradicar a pobreza entre nós. P Que balanço faz dos casos de assistência alimentar desde o início da pandemia em Março do ano passado? R Em termos gerais o que posso dizer é que se verificou um aumento médio de 63 por cento de pessoas ou famílias necessitadas de medidas de apoio. Quem já estava numa situação de fragilidade em termos económicos e sociais, as situações de confinamento vieram em muitos casos agravar as necessidades sentidas. A maioria dos casos são agregados familiares que viram os seus rendimentos reduzidos devido à situação de desemprego e de “lay off’.

Falou num aumento médio de 63 por cento de pedidos de apoio, peço que me concretize em número de casos... P

R Antes da pandemia beneficiavam do apoio da Cáritas Diocesana do Algarve de forma regular, centenas de pessoas. Para ter um ideia dos casos de assistência, refiro que no primeiro trimestre do ano passado, antes da pandemia, as cáritas de Faro e de Portimão apoiaram regularmente 4.276 pessoas. Se compararmos este número com o período de pandemia o crescimento é bastante significativo: no segundo trimestre, esse número subiu para 5.439, no terceiro ascendeu a 5.708 casos e no quatro trimestre registaram-se 5.957, perfazendo um total de 21.380 pessoas que receberam assistência social. A este número de casos de assistência social há a juntar

Além da alimentação, as ajudas mais solicitadas são para pagamento da renda da casa, medicação, água, luz e gás

As Cáritas Paroquiais Diocesanas são uma das 119 instituições que no Algarve se dedicam à distribuição alimentar, prestando ainda outras ajudas a pessoas carenciadas cujo número não deixa de aumentar

Carlos Oliveira, presidente da Caritas Diocesana do Algarve

Há muitos casos de pobreza envergonhada ainda 1.544 casos resgistados pelas cáritas paroquiais de S.Brás, Boliqueime, Loulé e Lagoa, totalizando o número de 22.924 de pessoas beneficiadas no ano transato. O mês de Janeiro deste ano, veio acentuar ainda muito mais esses números. P O Algarve é uma região marcada pela sazonalidade turística e, por isso, as situações de apoio devem ter crescido também em função do desemprego ligado ao turismo!

Sim, esse é um facto e não temos dúvidas de que a fragilidade das famílias vai aumentar enquanto não se verificar a retoma económica e a criação de emprego. Apesar da maioria dos casos serem de familias portuguesas, é importante notar que mais de um quarto dos desempregados no Algarve são estrangeiros, ligados também à hotelaria e restauração. Temos observado uma grande procura de pessoas que não nasceram em Portugal, sobretudo indivíduos de nacionalidade brasileira. R

P No atendimento e apoio social também apareceram casos de violência doméstica que aumentaram com a pandemia provocada pela situação de confinamento?

Sim, durante este período assistimos a um aumento de violência doméstica. O problema já R

existia mas foi agravado e, depois de identificadas, estas situações são encaminhadas para as instituições respetivas. P Que tipo de ajuda é mais solicitada? R O tipo de ajuda mais solicitada é o apoio alimentar e pedidos de pagamento de despesas com a renda de casa, medicação, água, luz e gás. P Como se processa o vosso método de atribuição de ajuda? R A atribuição de qualquer tipo de apoio é precedida de um atendimento social, onde se caracteriza o agregado familiar e são identificadas as necessidades.

Notaram que a pandemia trouxe para uma situação de pobreza a necessitar de ajuda alimentar um outro tipo de pessoas ou famílias que habitualmente não recorriam à instituição? P

R Nota-se claramente uma alteração do perfil das pessoas que hoje solicitam o nosso apoio e que antes não nos vinham bater à porta. Isto tem a ver com o desemprego e as dificuldades por que passam muitas das pequenas empresas da região, designadamente, restaurantes e pequeno comércio. P Pode-se falar de pobreza envergonhada? R Num quadro como o que lhe referi em que se verifica a alteração

do perfil das pessoas necessitadas, existem muitos casos que antes nunca sentiram essa situação e que agora recorrem ao nosso apoio com alguma relutância envergonhada. Mas para esses casos procuramos, na medida das possiblidades, fazer a distribuição de vales de aquisição de bens essênciais, de modo a que essas pessoas possam adquirir e fazer as suas compras em qualquer estabelecimento sem que possa ser identificado como indivíduo carenciado

Mais de um quarto dos desempregados no Algarve são estrangeiros P Para além das campanhas que a Cáritas Portuguesa está a levar a efeito, a Cáritas Diocesana do Algarve lançou também um conjunto de iniciativas que possam ir ao encontro das dificuldades sentidas? R Essas iniciativas surgiram no seguimento da Nota Pastoral do Bispo da Diocese “Na linha da frente para vencer a indiferença”, onde é apontada a necessidade de reestruturação do serviço sócio-caritativo neste tempo de crise. Perante este desafio resultaram diversas inicia-

tivas como a “Campanha Colega a Colega”, dirigida a crianças da catequese, escuteiros e outros, com o objetivo de recolha de material escolar, alimentos e produtos de higiene. Outra iniciativa é a “Campanha Vizinho a Vizinho”, dirigida a famílias que farão chegar ao conhecimento do grupo paroquial, famílias necessitadas na área da sua residência. Há ainda a campanha “Linha da Frente Universitária”, dirigida a estudantes com dificuldades em alimentação, despesas de habitação e propinas. P A nível nacional a Cáritas Portuguesa tem uma campanha que visa erradicar a pobreza absoluta no país, não é? R Sim, é uma campanha denominada “Vamos Inverter a Curva da Pobreza”, que visa dar resposta aos efeitos provovcados pela Covid 19 a quatro níveis: apoio de primeira linha, apoio de recuperação sócio económica inclusiva, apoio à capacitação da estrutura social da rede nacional da Cáritas e apoio à rede Cáritas Internacional. Trata-se de uma campanha que para além de fundos próprios também depende de donativos. A campanha visa contribuir e manter uma resposta de emergência social. O apelo que a Cáritas faz a toda a população portuguesa é que acreditem que é possível, através de mais justiça social e solidariedade, erradicar a pobreza absoluta entre nós.



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CADERNO ALGARVE

Postal, 19 de fevereiro de 2021

Breves

Mercado de 'resorts' com ajustamento em baixa O

mercado de 'resorts' em Portugal, com forte orientação para a procura internacional, denotou no segundo semestre de 2020 um ajustamento em baixa nas expectativas de preços, sobretudo no segmento de revenda, indicou o Confidencial Negócios. “Genericamente, verifica-se que o ajustamento em baixa foi mais visível no segmento de revenda do que no da oferta de fogos novos, tendo, em qualquer dos casos, atingido mais a gama alta do que a média”, segundo dados do SIR – Resorts citados pelo Confidencial Negócios. No entanto, a região onde este movimento se fez sentir menos foi no Eixo Albufeira-Loulé, onde se situam os principais 'resorts' do país. No segundo semestre do ano passado, “o número de vendas recuperou depois da queda no semestre anterior, (…)” tendo-se atingido um “novo recorde” de 13 mil euros o metro quadrado (m2) em Albufeira-Loulé.

Apanhado em flagrante a furtar material de hotel

A GNR de Almancil deteve um homem de 34 anos apanhado em flagrante no sábado a furtar diversos objetos de um hotel encerrado em Almancil. O detido tinha na sua posse “quase uma dezena de placas de fogão, uma torneira, um micro ondas e diverso material de cozinha”, cujo valor total ainda não foi apurado. O homem foi posteriormente libertado com termo de identidade e residência. Os objetos furtados foram apreendidos e entregues ao legítimo proprietário, adiantou a GNR.

Pêro de Monchique volta à serra A vila de Monchique vai

ter um campo de demonstração com réplicas de variedades do pêro de Monchique, fruto tradicional cuja produção quase desapareceu e que as autoridades querem agora preservar. Na quarta-feira, o município e a Direção Regional de Agricultura e Pescas (DRAP) do Algarve assinaram um protocolo de cooperação para implementar o projeto, ao abrigo do qual será instalado o campo, na zona envolvente ao Convento de Nossa Senhora do Desterro. “Vamos colocar em Monchique 30 variedades para que os agricultores possam selecionar e usar nas suas parcelas de terreno e contribuir para a manutenção destas variedades adaptadas a uma região com secas sucessivas”, afirmou o diretor regional de Agricultura, Pedro Valadas Monteiro.

Pequenos produtores de Aljezur sem acesso a água para rega ra, salientou que podem ser afetadas "pequenas hortas" ou não haver água para "dar de beber a alguns animais", reconhecendo que "isso vai ter algum impacto" na economia de subsistência dessas pessoas.

Água sujeita a reserva para agricultores fora do aproveitamento hidroagrícola

Pequenos produtores podem ficar sem água para dar de beber aos animais ou para regar as hortas FOTO D.R.

P

roprietários de pequenas produções agrícolas de Aljezur estão sem acesso à água do Perímetro de Rega do Mira (PRM) por estarem fora da área beneficiada, mas a associação de beneficiários justifica a medida com a insuficiência de reservas. Em causa estão cerca de 30 pequenos produtores que, segundo os presidentes da Câmara de Aljezur e da Junta de freguesia de Odeceixe, mesmo tendo terrenos fora do perímetro, costumam ser abastecidos pela água gerida pela Associação de Beneficiários do Mira (ABM). José Gonçalves, presidente da Câmara

de Aljezur, explicou que a Câmara e as Juntas de Freguesia se reuniram com a ABM para perceberem as "regras que foram agora colocadas" sobre a "gestão da água", depois de terem sido "alertadas" sobre a falta de acesso destas pequenas explorações à água. O presidente da Câmara algarvia afirmou à Lusa que foi manifestada a preocupação por a medida "poder afetar pequenos agricultores que, até aqui, acediam à água", referindo estarem em causa entre "25 a 30 consumidores nestas condições especiais", das freguesias de Odeceixe e Rogil. Também o presidente da Junta de Freguesia de Odeceixe, Carlos Viei-

Em declarações à Lusa, Carla Lúcio, diretora executiva da Associação de Beneficiários do Mira, explicou que, para os "agricultores que são totalmente precários, ou seja, que têm explorações totalmente fora do aproveitamento hidroagrícola" daquele perímetro de rega, a "água está sempre sujeita às reservas" existentes. "A reserva de Santa Clara [barragem que abastece a zona] não garante uma campanha de rega normal e o que foi aprovado em assembleia-geral é que, no ano de 2021, não seriam autorizados fornecimentos precários", esclareceu. Aquela responsável sublinhou que "quem está dentro do aproveitamento hidroagrícola paga uma taxa de conservação” e está dentro de uma zona de regadio, sendo, por isso, “os primeiros com acesso à água”. “Os precários são aqueles que, havendo disponibilidade, têm, não havendo disponibilidade, são os primeiros a se-

rem afetados", justificou Carla Lúcio. A mesma fonte esclareceu que as produções que se encontram abrangidas pelo perímetro de rega têm também uma "dotação limitada aos 3.500 metros cúbicos por hectare inscrito", mas adiantou que, "como a albufeira já recuperou" nas últimas semanas alguma capacidade, "essa dotação vai ser revista". Questionada sobre se o aumento das reservas é insuficiente para repor o abastecimento aos designados produtores "precários", Carla Lúcio respondeu que a associação "está a tentar que essa decisão seja tomada o mais tarde possível no inverno, para perceber o que vai acontecer à albufeira" de Santa Clara, no concelho de Odemira, distrito de Beja. "Se houver um inverno chuvoso e a albufeira recuperar, poderá não haver essa limitação. Mas isso não depende de nós", frisou. O presidente da Junta de Odeceixe afirmou que tem sido "facultada água" aos terrenos não incluídos no perímetro do Mira e "colocados contadores" para contabilizar e "pagar a que gastavam". Carlos Vieira disse, no entanto, perceber a posição da ABM, afirmando que "é injusto disponibilizar água a outras pessoas que não estão dentro do perímetro", quando "se está a racionar água para as pessoas que pagam para ter terrenos dentro do perímetro".

Albufeira investe 135.000 euros na requalificação da Rua José Fontana

Localizada numa das zonas mais turísticas de Albufeira, a rua começou a ser intervencionada com vista a melhorar a segurança dos peões e a fluidez do trânsito. Trata-se de um investimento a rondar os 135 mil euros, prevendo-se que os trabalhos fiquem concluídos no próximo mês de abril

As obras destinadas ao melhoramento da via pública prosseguem, de forma faseada, com vista a causar o mínimo de transtorno a automobilistas e peões. Segundo explica a Câmara de Albufeira, "os trabalhos na Estrada de Santa Eulália já vão bastante avançados, pelo que entretanto já se deu início à empreitada contígua de Requalificação da Rua José Fontana, o arruamento que vai da rotunda junto à descida para a Praia da Oura até à rotunda da Estrada de Santa Eulália, junto à pastelaria Martinique". As obras começaram com "a intervenção nos passeios, junto à rotunda da pastelaria Martinique, com vista a prepará-los para receber as infraestruturas necessárias

no âmbito das acessibilidades e da iluminação pública". Para além dos trabalhos preparatórios de levantamento do alcatrão, terraplanagens e demolições necessárias à repavimentação, a obra contempla "a substituição/ instalação de sinalética horizontal longitudinal e transversal, criação de acessibilidades para pessoas com mobilidade reduzida e deficiência visual e a substituição da rede de iluminação pública." O presidente da Câmara de Albufeira destaca “que se trata de uma intervenção fundamental para melhorar a fluidez e a segurança viária, numa zona turística de grande movimentação de pessoas e veículos”. Para além da repavimentação, toda a iluminação pública da zona

será substituída, nomeadamente as pesadas colunas de betão, que irão dar lugar a outras de material mais leve e mais seguro, no caso da ocorrência de acidentes, bem como as antigas luminárias que irão funcionar com tecnologia Led “com vantagens significativas em termos de eficiência energética”, esclarece José Carlos Rolo. A Câmara de Albufeira apela à "compreensão de automobilistas e peões para os inevitáveis transtornos causados no decurso dos trabalhos”. Para evitar maiores constrangimentos não haverá cortes de trânsito, tendo a autarquia optado pela situação de trânsito alternado, solução compatível com a dimensão e localização da obra.


CADERNO ALGARVE

Postal, 19 de fevereiro de 2021

REGIÃO

Ponte entre Alcoutim e Espanha é o "cumprir de um sonho"

A

construção da ponte entre Alcoutim e a localidade espanhola de Sanlucar del Guadiana, prevista pelo Governo no Plano de Recuperação e Resiliência (PRR), é o “cumprir de um sonho” com “muitos anos”, afirmou o presidente da autarquia algarvia. Numa reação à inclusão deste projeto no plano que estará em consulta pública até março, o presidente da Câmara de Alcoutim, Osvaldo Gonçalves, admitiu que “não foi uma surpresa” ver a ponte incluída no documento, mas considerou que a opção do executivo representa um “reforço do compromisso” que o Governo já tinha manifestado através do primeiro-ministro. “Será o cumprir de um sonho de muita gente e muitas pessoas. Há muitos anos que ambicionávamos esta ligação”, afirmou o autarca à agência Lusa, sublinhando que uma ponte entre as duas localidades é também “básica” para “o desenvolvimento estratégico regional”. Segundo o presidente de um dos municípios do país mais afetados pela desertificação e pelo envelhecimento populacional, “a questão da mobilidade é central para a necessidade de o território se desenvolver” e uma ponte “criará essa dinâmica”, sendo “profícua para o território” onde se insere. “Mais do que a importância que isto possa ter para Alcoutim, isto também tem uma importância estratégica ao nível da região, porque vai permitir com certeza um maior e melhor desenvolvimento desta sub-região, que é uma zona periférica do Algarve, sofre de todas as maleitas que conhecemos e tem assimetrias entre o litoral e o interior. E isto é uma forma de corrigir essas assimetrias”, argumentou. O autarca recordou que, “ao longo dos anos muito se falou na questão da ponte” entre Alcoutim e a localidade vizinha de Sanlucar, cuja construção permitirá criar uma ligação entre Portugal e Espanha num local que dista cerca de 40 quilómetros a norte da foz do rio e da ponte Internacional sobre o Guadiana, que liga os municípios de Castro Marim e Ayamonte (Espanha). “Nestes últimos anos, temos vindo a falar e a pugnar para sensibilizar os governos espanhol e português para a construção desta ligação,

foram sendo dados passos no sentido da conversa e da sensibilização e as coisas foram gradualmente amadurecendo. O que me parece a mim é que, neste ponto atual, há aqui um grau de compromisso que nunca tinha sido assumido”, congratulou-se Osvaldo Gonçalves. Questionado sobre se a escolha da Comissão de coordenação e Desenvolvimento Regional (CCDR) do Algarve para pôr em prática o projeto foi uma boa solução, o autarca respondeu que “eventualmente se poderia ter melhores instrumentos” se estivesse “associado às infraestruturas”, mas mostrou ter “total confiança” na capacidade daquele organismo para realizar o trabalho. “Sabendo que, em termos da capacidade técnica para desenvolver esses projetos, talvez as Infraestrutura de Portugal pudessem eventualmente estar melhor preparadas para isso. Foi assim que foi decidido e tenho total confiança [na solução]”, disse o autarca. Osvaldo Gonçalves mostrou-se otimista quanto à articulação com as autoridades espanholas, considerando que o “trabalho de formiguinha que tem sido feito e os contactos realizados ao longo dos últimos anos têm tido sempre uma articulação muito próxima com o homólogo espanhol [de Sanlucar del Guadiana] e, através dele, "com as várias estruturas da administração da Junta da Andaluzia e também do próprio Governo” de Espanha. “Tem havido esses contactos e essa manifestação de vontade e eu creio que só assim é que se consegue. Não havendo vontade igual das duas partes, dificilmente as coisas se poderiam fazer, porque ninguém faz uma ponte a pensar só numa margem, tem que se pensar na duas”, acrescentou. O Plano de Recuperação e Resiliência de Portugal, para aceder às verbas comunitárias pós-crise da covid-19, prevê 36 reformas e 77 investimentos nas áreas sociais, clima e digitalização, num total de 13,9 mil milhões de euros em subvenções. Depois de um rascunho apresentado à Comissão Europeia em outubro passado, e de um processo de conversações com Bruxelas, o Governo português colocou na terça-feira em consulta pública a versão preliminar e resumida do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR).

DECLARAÇÃO DE UTILIDADE PÚBLICA PARA EFEITOS DE EXPROPRIAÇÃO,COM CARÁTER DE URGÊNCIA, DE PARCELAS NECESSÁRIAS À EXECUÇÃO DO PROJETO DE "REQUALIFICAÇÃO VIÁRIA MUNICIPAL - E. M.537 (QUATROESTRADAS - VILA DA LUZ)" - MUNICÍPIO DE LAGOS

EDITAL Nos termos e para os efeitos previstos na parte final do n.º 1 e no n.º 2 do artigo 17.º do Código das Expropriações (Lei n.º 168/99, de 18 de setembro), ficam notificados os proprietários e demais interessados de que o Secretário de Estado da Descentralização e da Administração Local, por despacho de 17 de agosto de 2020, a pedido da Câmara Municipal de Lagos, declarou a utilidade pública urgente da expropriação das parcelas a seguir identificadas: N.º parcela

Proprietários

Área (m2)

1

-ManuelJosé Rocha Cardoso Dias casado com Mana Manuela Vicente Nobre Cardoso Dias; -MariaInês Rocha Cardoso Dias Nolasco casada com Fernando Eduardo Barbosa Nolasco

Matriz

N.º de descrição

Rústico

Urbano

do registo predial

27

Art. 13 Sec. I (freguesia da Luz)

594

4727 (freguesia da Luz)

2

-António de Sousa Vela; -Herdeiros de Nazaré Moreira de Almeida. i) Luís António de Almeida e Sousa, li) Ana Maria de Almeida e Sousa casada com José Joaqurm Oliveira Cardoso Fernandes

134

Art. 7 Sec. I (freguesia da Luz)

-

5670 (freguesia da Luz)

3

-Maria José de Valsassina Sanches de Baena de Fana casada com João Pedro Teixeira de Faria, Maria da Graça de Valsassina Sanches Baena Bandeira Ennes casada com João Manuel Balançuella Bandeira Ennes; -Herdeiros de Maria da Conceição Valsassina Sanches Baena: desconhecidos

64

Art. 4 Sec. I (freguesia da Luz)

-

5144 (freguesia da Luz)

5

Luzpraia - investimentos imobiliários

550

Art. 6 Sec. I (freguesia da Luz)

683 (freguesia da Luz)

4780 (freguesia da Luz)

6

-Angelina de Sousa Costa; -Manuel Fonte Boa casado com Maria Adélia da Costa Ferreira; -herdeiros de Abílio rerreira.desconhecidos

124

+

6838 (freguesia da Luz)

983 (freguesia da Luz)

7

- herdeiros de José de Jesus Carreiro: desconhecidos, - herdeiros de Maria Francisca Gorgulho: desconhecidos

165

Art. 1 Sec. 1 - A (freguesia de São Gonçalo de Lagos)

598 (freguesia de São Gonçalo de Lagos)

4126 (freguesia Lagos - Santa Maria)

N.º parcela

Proprietários

Área (m2)

Rústico

Urbano

do registo predial

8

SETIL - Sociedade de Empreendimentos Turísticos e Imobiliários, Lda.

134

Art. 29 Sec. G (freguesia da Luz)

-

655 (freguesia da Luz)

9

SETIL - Sociedade de Empreendimentos Turísticos e Imobiliários, Lda.

5

Art. 24 Sec. G (freguesia da Luz)

-

1516 (freguesia da Luz)

10

Dalstonpropriedades, Lda.

158

Art. 5 Sec. 1 - A (freguesia de São Gonçalo de Lagos)

8302 (freguesia de São Gonçalo de Lagos)

2811 (freguesia Lagos -Santa Maria)

11

Forester Propertier LLC

24

Art. 28 Sec. I (freguesia da Luz)

-

2026 (freguesia da Luz)

Matriz

N.º de descrição

A expropriação destina-se à "Requalificação Viária Municipal - E. M. 537 (Quatro Estradas- Vila da Luz)". Aquele despacho foi publicado no Diário da República, 2.ª série, n.º 182, de 17 de agosto de 2020, através da Declaração (extrato) n.º 78/2020, e posteriormente retificada pela Declaração de Retificação n.º 694/2020, publicada no Diário da República, 2.ª série, n.º 199, de 13 de outubro de 2020 e pela Declaração de Retificação n.º 770/2020, publicada no Diário da República, 2.ª série, n.º 218, de 9 de novembro de 2020. DIREÇÃO-GERAL DAS AUTARQUIAS LOCAIS (09/11/2020) A Diretora-Geral, Sónia Ramalhinho (POSTAL do ALGARVE, nº 1259, 19 de Fevereiro de 2021)

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CADERNO ALGARVE

Postal, 19 de fevereiro de 2021

REGIÃO

Docente da UAlg lidera investigação sobre o declínio do sobreiro

A

na Cristina Coelho, docente e investigadora do Centro de Eletrónica, Optoelectrónica e Telecomunicações (CEOT) da Universidade do Algarve, liderou uma investigação sobre o declínio do sobreiro que foi recentemente publicada na prestigiada revista PLoS ONE. "O declínio do sobreiro é uma realidade na Península Ibérica e os produtores algarvios estão entre os mais afetados por esta doença", explica a UAlg em comunicado.

Segundo a academia algarvia, "o estudo deste fenómeno tem-se focado em vários fatores que podem contribuir para o problema, sendo um dos mais importantes a interação do sobreiro com o microorganismo oomiceta Phytophthora cinnamomi, que se encontra no solo e invade as raízes das árvores provocando o seu apodrecimento". Num ensaio experimental de longa duração, foi identificado e quantificado o conjunto de proteínas (proteoma) presente nas folhas de

sobreiros não inoculados e inoculados nas raízes com P. cinnamomi. As proteínas referenciadas são potenciais indicadores de diagnóstico de infeção da árvore pelo oomiceta, por serem detetáveis num tecido exposto (folhas), mais fácil de amostrar, em árvores adultas, do que as raízes, que são o órgão mais afetado pela ação do microorganismo. Os dados publicados contribuem para a interpretação biológica da resposta de defesa do sobreiro ao agente patogénico e lançam as bases

Câmara de Faro reforça frota escolar com mais um autocarro Câmara de Faro adquiriu um novo autocarro de passageiros com capacidade para 17 lugares que vem reforçar a sua frota de transporte escolar

O veículo destina-se sobretudo ao transporte de alunos de Estoi, Santa Bárbara de Nexe, Bordeira e Areal Gordo

Este minibus destina-se sobretudo ao transporte de alunos na área de Estoi, Santa Bárbara de Nexe, Bordeira e Areal Gordo. Trata-se de um autocarro de marca Ford, Transit Bus Trend 2.0 TDCI 170 CV, equipado, certificado e homologado de acordo com as mais exigentes normas em vigor para transporte de adultos e transporte coletivo de crianças (com caixa manual de 6 velocidades, câmara de visão traseira, teto alto, degrau sobre portão lateral, 4 portas, ar condicionado dianteiro e traseiro). O concurso foi lançado na modalidade de Consulta Prévia,

com o valor base de 42.000 euros, tendo a empresa Fiaal Fomento Industrial e Agrícola do Algarve, Lda. apresentado a melhor proposta, no valor de 34.923, sem IVA. "A aquisição desta viatura enquadra-se na sua política de modernização da frota automóvel" e permite assim "a melhoria significativa do serviço público de transporte de crianças e adultos, nomeadamente no âmbito de atividades municipais e apoio municipal a escolas". A nova viatura vem reforçar a frota de transporte de passageiros do Município de Faro, que atualmente conta ainda com dois “minibus” com capacidade para 17 passageiros, três autocarros de dimensão média (dos quais um para 27 passageiros e dois para 39 passageiros), um autocarro com capacidade para 51 passageiros e ainda um outro autocarro para 55 passageiros.

FOTO D.R.

Doença é uma realidade na Península Ibérica e os produtores algarvios estão entre os mais afetados para uma melhor caracterização do declínio do sobreiro, que é essencial para a sustentabilidade dos ecossistemas de sobro e azinho. A Universidade do Algarve contribui, assim, para a estratégia de desenvolvimento regional, que tem um importante pilar na fileira agroflorestal. O trabalho contou com a participação de investigadores do CEOT, do Centro de Ciências do Mar (CCMAR), do Centro de Neurociências e Biologia Celular (CNC) e do

Instituto de Investigação Interdisciplinar da Universidade de Coimbra (IIIUC). Para a professora Ana Cristina Coelho, "estas conclusões revestem-se de primordial importância porque abrem perspetivas de resposta a questões relacionadas com a vitalidade e manutenção dos sobreirais/ montados que são ecossistemas florestais de grande importância biológica e económica". padrões de consumo e de produção sustentáveis (ODS 12)”.

Manutenção dos passadiços da praia de Monte Gordo concluída em março Trabalhos de manutenção e pintura em toda a extensão dos passadiços da praia de Monte Gordo já estão em curso A intervenção contempla "a aplicação de material conservante e de proteção das madeiras - incluindo bancos, papeleiras, corrimãos, rampas e escadas -, assim como o arranjo de tábuas e a colocação e substituição de parafusos danificados", refere a autarquia vila-realense em comunicado. O valor global da obra ascende aos 108 mil euros (mais IVA) e corresponde a uma necessidade há muito identificada pelo município, protegendo os materiais da formação de fungos, mofos e manchas. As obras visam também "aumentar o tempo de vida útil desta estrutura pedonal e de lazer e garantir a segurança de pessoas e bens, contribuído ainda mais para o processo de requalificação da zona balnear de Monte Gordo".

"A manutenção deverá estar concluída até ao final de março e é concretizada neste período tendo em consideração que os passadiços se encontram interditados - por via das medidas de prevenção à Covid-19 - e que muitos dos estabelecimentos ali existentes se encontram neste momento encerrados, evitando-se assim constrangimentos para utentes e comércio". Com três quilómetros de extensão, o passadiço da praia de Monte Gordo foi inaugurado em 2017 e é o maior do sotavento algarvio. Está iluminado em toda a sua extensão, possuindo zonas de descanso, bem como um circuito pedonal e de lazer. Estes trabalhos juntam-se à requalificação dos espaços exteriores da frente marítima de Monte Gordo, cuja obra atualmente em curso dá seguimento à empreitada realizada nos jardins e contempla a criação de novas áreas de estadia e de circulação acessível, promovendo o enquadramento dos espaços verdes recentemente construídos.


CADERNO ALGARVE

Postal, 19 de fevereiro de 2021

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CAÇADORES DE HISTÓRIAS

Aos 92 anos, José Pilar Afonso descobriu o menino que está em si e as memórias adormecidas de tempos distantes mas que tornou presentes na arte de recriar ofícios já desaparecidos. Trata-se de um trabalho de rendilhado difícil, recortado em chapa de metal e pintada com as cores vivas da sua alma FOTOS D.R.

o menino o homem e as andorinhas Texto RODRIGO SANTANA

“A arte é força imanente, Não se ensina, não se aprende, Não se compra, não se vende, Nasce e morre com a gente” (António Aleixo)

T

em a lucidez dos sábios e a tranquilidade dos justos. O tempo, que o transporta há quase um século, passou por ele e deixou as suas marcas. Mas não fora o rigor próprio dos dias que lhe vão tolhendo os gestos e os passos, dir-se-ia que está ali para as curvas da estrada da vida. Para novas aventuras e outros projetos. José Pilar Afonso é daquela cepa velha, rara e de bom fruto. Delicado, um brilho vivo no olhar, semblante que não permite enganos: homem bom e transparente. Amigo da pala-

vra e da verdade. Um homem à moda antiga, que guarda os mesmos valores sem tempo e sem idade. Por estes dias, a Biblioteca António Ramos Rosa, em Faro, foi descobri-lo a tricotar memórias que lhe escorrem da alma para a ponta dos dedos: tesoura na mão, recorta o desenho estampado na chapa de metal, com o esmero de um menino a tatear o seu brinquedo na plasticina ou no barro vermelho do seu quintal. E é vê-lo, remirando-se no brilho do olhar cintilante da criança que pula sorridente dentro de si. O seu jeito de sorrir!... E assim vão os dois, acordando e recriando sonhos adormecidos que, por magia, se transformam e ganham corpo e vida nova. Vêm de um passado longínquo, mas parece que nunca deixaram de estar tão próximos. Tão juntos e tão presentes. Aos 92 anos, José Pilar Afonso descobriu a sua vocação de artista e vai agora dividindo os seus dias na evocação do Algarve de tempos idos. E a viagem começa num passeio naquelas velhas e ronceiras carroças puxadas pela força

das bestas. As de trabalho e as de passeio. Para ricos e para pobres. As mais vistosas tinham acabamentos de luxo: quatro jogos de rodas manobráveis, com cobertura ou capoeira, onde se aconchegavam passeatas domingueiras em quatro lugares almofadados e duas lanternas à frente. Era o trem puxado a dois cavalos. Um topo de gama que fazia o deslumbramento inalcançável do Zezinho, a caminho dos seus 11 anos. A arte que sai da chapa que ele agora corta e recorta e dobra e pinta nas cores do seu pensamento e imaginação, é feita numa banca improvisada na cozinha ampla de sua casa no Arneiro, onde montou oficina e todo o entusiasmo deste mundo, mais a sensibilidade que o menino trouxe do outro. E se a curiosidade lhe pode fazer despertar o interesse, esta obra, de rendilhado difícil, pode ser apreciada numa exposição virtual - até queseja possível outra forma - que a biblioteca de Faro decidiu organizar para mostrar aos mais novos, formas de viver de um Portugal antigo, distante e profundo. Rural e longe de tudo.

E é na carroça dos pobres que o vemos ir com o seu pai, levar o trigo ao moinho da Barracosa, num cerro acima, logo passando Santa Bárbara de Nexe. Ainda hoje – basta cerrar os olhos e fixar os sentidos – rola pela encosta abaixo, o “zunido” da mó e das velas a trabalhar o grão. No regresso, tirado o quinhão do moleiro, carregam a maquia em farinha que lhes houvera de caber em parte. E há mais de se ver: o poço com roldana e balde de tirar água, o carrinho de mão que trouxe dos anos de trabalho em França, os cataventos, para cada gosto e cada casa, o arado e as noras, as alcatruzes e as andorinhas. As andorinhas! Ah... as andorinhas!... que todos os anos regressam de olhos fechados de uma viagem ao infinito ou para lá dele, direitinhas ao beiral do telhado onde tinham deixado casa alugada, sita na telha 5, primeiro andar, esquina sul, batida ao sol. - Ainda tem muitos sonhos, Sr. Pilar? - Não paro de sonhar, permanentemente, de olhos abertos! Ou fechados, seguindo o voo das andorinhas!...


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CADERNO ALGARVE

Postal, 19 de fevereiro de 2021

LETRAS & LEITURAS

O Plantador de Abóboras, de Luís Cardoso PAULO SERRA Doutorado em Literatura na Universidade do Algarve; Investigador do CLEPUL

O

Plantador de Abóboras, com o subtítulo Sonata para uma neblina, é o sétimo e mais recente romance do autor timorense Luís Cardoso, publicado pela abysmo, em que o autor continua a brincar com as palavras e a pintar cenários míticos ao rememorar a sua terra da infância. Luís Cardoso nasceu em Kailako, uma vila no interior de Timor. Nasceu pela segunda vez, para a escrita, na ilha de Ataúro quando aprendeu a ler e a escrever com as redacções da escola primária, e fazia o trabalho do colega Vasco que lhe pagava em pão com manteiga. É filho de um enfermeiro que prestou serviço em várias localidades de Timor, pelo que ficou a saber diversos idiomas timorenses. Estudou nos colégios missionários de Soibada e de Fuiloro, no seminário dos jesuítas em Dare e no Liceu Dr. Francisco Machado em Díli. Licenciou-se em Silvicultura no Instituto Superior de Agronomia de Lisboa. Foi militante, desempenhando as funções de Representante do Conselho Nacional da Resistência Maubere em Portugal. O autor estreou-se com Crónica de uma Travessi – A Época do Ai-DikFunam, em 1997, em que a escrita memorialista realizava diversas travessias. Olhos de Coruja, Olhos de Gato Bravo, o segundo romance, publicado em 2002, é bastante singular, abordando elementos culturais que configuram a temática da independência de Timor. Em A Última Morte do Coronel Santiago, publicado em 2003, a intriga repartida em 12 capítulos centra-se na possibilidade do regresso do protagonista a Timor. A Dom Quixote publicou ainda Requiem para o Navegador Solitário, em 2007. Os seus romances seguintes, O ano em que Pigafetta completou a circum-navegação, em 2013, e Para onde vão os gatos quando morrem?, em 2017, foram publicados pela Sextante. Luís Cardoso é um dos raros autores que tem Timor como berço e a sua profícua obra centra-se em temas como a memória, a identidade, a História. Todos os seus livros se in-

terligam, inclusivamente, ora com referências explícitas ao autor e aos outros títulos, ora por episódios ou motivos que vão ressurgindo. Esta intertextualidade homoautoral, onde confluem ainda diversas outras referências exteriores à sua obra, serve como comprovação da existência de um mundo ficcional muito próprio, atestando a criação de um imaginário que efabula e recria toda uma geografia da alma. Quando lemos a sua obra e sobre a sua obra, fica aliás a sensação que partiu de Timor para começar a escrever sobre Timor. Nalgumas das suas obras, não se refere contudo ao cenário como sendo Timor. Em O Plantador de Abóboras, designa-se o reino de Manu-mutin (que podemos tomar como um local imaginário ou como sendo Manatuto) escondido algures no interior do país: «Uma terra oculta como tantas outras que foram descobertas.» (p. 95) O autor recorre constantemente a expressões e palavras do tétum, língua oficial timorense a par do português. Por exemplo, quando se refere malae-mutin para designar o europeu, e malae-metan que significa africano. A polifonia linguística está aliás presente noutros escritos do autor, como o seu conto Cáspita, onde se explica como o narrador cresce rodeado de várias línguas: o laclei, o mambae, o tétum, e por fim o latim… Em O Plantador de Abóboras, a narradora fala-nos da sua pronúncia que descreve como uma «estranha mistura» entre «mambae, tétum, português e o grasnar de um ganso» (p. 150). Na sua prosa, Luís Cardoso brinca constantemente com as palavras, reflectindo sobre elas, como acontece quando a narradora brinca com o uso do verbo escrutinar. Usa ainda refrões que marcam uma cadência muito própria no romance (e que recordam a escrita de António Lobo Antunes). A própria estrutura do romance é circular, feita de recorrências, repetições, avanços e recuos.

Duplos e intertexto É muito curiosa, e um dos aspectos mais fortes da sua obra, a forma como o autor se desdobra nos seus escritos em narrador ou em personagem. Nesta obra, especificamente, a narradora é uma mulher (como já acontecia em Olhos de Coruja, Olhos de Gato Bravo). E mais perto

do final percebemos que o narratário é um jovem seminarista que tencionava estudar Agronomia em Portugal, sonho esse interrompido pela guerra. A intertextualidade está presente ao longo do livro, como aliás acontece frequentemente na sua obra. Se, por um lado, o próprio subtítulo do livro é Sonata para uma neblina, por outro lado, a sua estrutura tripartida (do Primeiro ao Terceiro Andamento) apontam para uma sinfonia. Da literatura à música (por exemplo, com a música Que sera, sera na voz de Doris Day), encontramos diversos ecos da comprovação da existência de todo um mundo alternativo e paralelo ao mundo empírico, o da arte. Mas é a primeira vez que num livro do autor se incorre na pintura, pois a nossa protagonista e narradora pinta. Ainda mais num diálogo surpreendente com a belíssima capa e as ilustrações a cores de Ana Jacinto Nunes, que tanto enriquecem este livro. Luís Cardoso tem Timor como berço e a sua obra centra-se em temas como a memória, Ainda a propósito da ina identidade e a História tertextualidade temos a forte presença do Dom Quixote, Bellis Sylvestris?) é ainda mais feérica por aqui passam) parecemos entrar citado em várias passagens no ori- do que Beatriz: conhecida como «a no domínio do mito. Mito esse que ginal castelhano. O narratário, que neblina ou a noiva de Manu-mutin» surge na narrativa de forma muito se faz acompanhar permanente- (p. 122); como a fantasma, na forma especial, quando o antepassado dos mente desse livro, é aliás apelidado como enfrentou todos no seu vestido timorenses, o avô-crocodilo, tenta de Sancho Pança pela narradora: de noiva manchado de sangue; ou impedir a sua fuga (pp. 60-61). «Faltava-lhe o arrojo e a loucura de mais exactamente como uma bruxa, O Plantador de Abóboras - Sonauma mulher que vive na loucura… ta para uma neblina constitui um Don Quijote» (p. 153). E talvez por ser considerada a fantástico retrato, entre o mito e a A narradora louca daquele local a sua voz ganha crítica, à história de Timor desde os liberdade para denunciar, interpelar, tempos da ocupação colonial portuÉ possível detectar semelhanças acusar. O próprio nome com que o guesa ao mesmo tempo que interpela entre esta narradora e a Beatriz de noivo a apelida, Bellis Sylvestris, é constantemente alguém a quem é Olhos de Coruja, Olhos de Gato Bra- nada mais do que o nome científico dirigido todo o livro, da primeira à vo. Ambas podem ser entendidas da Margarida, um nome próprio que última frase, um narratário que se como alegoria de Timor, pois a vida já surgiu antes em A Última Morte do desdobra entre o seu noivo Sancho Pança e um misterioso visitante: da noiva atravessa as várias fases da Coronel Santiago. história do país, da colonização à ocu- A narradora, apesar de ter ascen- «Extraordinário, Sancho Pança, é pação indonésia. Tal como a Beatriz, dência africana, é branca como a este povo que (…) aguenta tudo e também esta donzela tem de ser leva- neve, branca como uma margarida. todos com extraordinária paciência. da «para bem longe da fronteira por Esta noiva foi criada por um ganso Primeiro foram os malaecolonialiscausa de desacatos que tiveram lu- branco, o que representa uma ale- tas, depois os kamikazes do Japão, gar entre ambos os lados pela minha goria do colonialismo (aliás explícita mais tarde os komodo ou lagartos da disputa» (p. 131). Mas esta mulher, na obra na pág. 160). Com este ganso Indonésia e, por fim, os seus libertade nome desconhecido (Insulíndia? (além das muitas outras aves que dores.» (p. 180)

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CADERNO ALGARVE

Postal, 19 de fevereiro de 2021

BILHETE POSTAL

OLHÃO:

um cubo de cal e sal e uma espada de luz RAMIRO SANTOS Jornalista ramirojsantos@gmail.com

S

igo com Raul Brandão, por um novelo de ruas. Por dois bairros típicos de Olhão: o da Barreta e o da banda do Levante. Ruas apertadas e tortuosas, becos e travessas onde é fácil perder-se. E têm nomes: rua dos Abraços, travessa dos sete Cotovelos... São bairros geométricos de cubos brancos de cal, diz Manuel da Fonseca. Ou de sal, do seu mar e da sua Ria. E de um prédio para o outro – escreveu Aquilino Ribeiro – as açoteias e fachadas acavalam-se, soprepõem-se, anuladas pela brancura. São milhares de cubos em equilíbrio instável. Uma espécie de ‘puzzle’ num quadro urbano disposto ao sol. Porque é em dias de sol que Olhão deve ser vista do alto da torre sineira da sua igreja Matriz. Lá de cima, - avistando-se as ilhas da Culatra, do Farol e da Armona - perde-se o olhar na cidade que é cristã e mourisca, cheirando o branco da cal e da maresia. Um quadro roubado a uma tela de Picasso ou de Vieira da Silva, conforme a luz da alma e a cor dos olhos do poeta ou pintor. Olhão é, provavelmente, uma construção de inspiração islâmica com açoteias onde se secavam o peixe e os produtos que a terra dava, porque cada olhanense era nesses tempos pescador e agricultor ao mesmo tempo. Por essa altura, quando a aldeia pouco mais era do que um sítio de casas feitas de canas e junco que Faro lhes permitia ser, as mulheres de Olhão foram buscar – certamente também da áfrica islâmica - um costume de indumentária que Raul Brandão em 1922 descrevia assim: “Ainda há bem pouco tempo, todas as mulheres de Olhão usavam cloques e biocos. O capote, atirado com

elegância sobre a cabeça, tornava-as impenetráveis. É um trajo misterioso e atraente. Passam, olham-nos e não as vemos. Mas o lume do olhar, mais vivo no rebuço, tem outro realce. Desaparecem e deixam-nos cismáticos”. - De quem são aqueles olhos que ferem lume? – interroga-se Brandão, vendo-as passar! E lá iam elas... cloque, cloque, cloque... qual fantasmas, no seu passo curtinho e batido, velozes nos sapatinhos de ourelos. Escondidas no seu capote da cobiça alheia, pois que os seus maridos andavam embarcados semanas a fio pelos mares de Larache e da Mauritânia! E por fim, iluminado por essa luz de mistério escondida por detrás desse manto de mulher, Raúl Brandão, olhando uma última vez a brancura imaculada das açoteias, suspirava nostálgico: “Se pudesse, teria aqui uma casa numa das vielas mais escusas. E teria duas escravas para me servirem... e de noite, a este luar que tem não sei o quê de mulher, de pele de mulher, de seios duros e brancos de mulher, dormiria na soteia sob as estrelas”. E entre os papéis de memórias, levaria consigo o poema de sal e sol que Leonel Neves haveria de escrever anos mais tarde: “Eh! Menina do quiosque... dê-me aí uma lembrança que eu vou a sair de Olhão! Não quero cestos de empreita nem sardinhas enlatadas nem, cinzeiros-chaminés. Postais ilustrados, não! Dê-me depressa Um cubo de cal Um punhado de sal e aquela espada de luz”! Fontes: “Os Pescadores”, Raúl Brandão; “Crónicas algarvias”, Manuel da Fonseca; “Natural do Algarve”, Leonel Neves; “Guia de Portugal”, Aquilino Ribeiro; outras

Olhão - (óleo sobre tela, de J.F. Bonança – coleção particular) - Um quadro urbano disposto ao sol com casas de cubos brancos de cal onde pelas suas ruas, becos e travessas é fácil perder-se FOTOS D.R.

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CADERNO ALGARVE

Postal, 19 de fevereiro de 2021

REGIÃO NECROLOGIA

JOÃO TEODORO MINHALMA

VÍRGILIO DOS REIS R AMOS

11-09-1945 05-02-2021

08-03-1926 06-02-2021

Os seus familiares vêm por este meio agradecer a todos quantos se dignaram acompanhar o seu ente querido à sua última morada ou que, de qualquer forma, lhes manifestaram o seu pesar.

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SANTIAGO - TAVIRA SANTA MARIA E SANTIAGO - TAVIRA

LUZ - TAVIRA LUZ E SANTO ESTÊVÃO - TAVIRA

Agência Funerária Santos & Bárbara, Lda.

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JOSÉ MARIA DE JESUS

MANUEL FAUSTINO FERNANDES GONÇALVES

22-08-1945 06-02-2021

24-01-1938 07-02-2021

Os seus familiares vêm por este meio agradecer a todos quantos se dignaram acompanhar o seu ente querido à sua última morada ou que, de qualquer forma, lhes manifestaram o seu pesar.

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SANTA MARIA - TAVIRA SANTA MARIA E SANTIAGO - TAVIRA

SANTA MARIA - TAVIRA SANTA MARIA E SANTIAGO - TAVIRA

Agência Funerária Santos & Bárbara, Lda.

Agência Funerária Santos & Bárbara, Lda.

Reze 9 Ave-Marias com uma vela acessa durante 9 dias, pedindo 3 desejos, 1 de negócios e 2 impossíveis ao 9º dia publique este aviso, cumprir-se-á mesmo que não acredite. A.G. Reze 9 Ave-Marias com uma vela acessa durante 9 dias, pedindo 3 desejos, 1 de negócios e 2 impossíveis ao 9º dia publique este aviso, cumprir-se-á mesmo que não acredite. C.F.

VENDE-SE ou ARRENDA-SE JOSÉ BRUNO FERNANDES NETO

MARIANA CANUDO GODINHO

06-10-1942 07-02-2021

03-12-1927 10-02-2021

Os seus familiares vêm, por este meio, agradecer a todos quantos o acompanharam em vida e nas suas cerimónias exéquias ou que de algum modo lhes manifestaram o seu sentimento e amizade.

Os seus familiares vêm, por este meio, agradecer a todos quantos a acompanharam em vida e nas suas cerimónias exéquias ou que de algum modo lhes manifestaram o seu sentimento e amizade.

SANTIAGO - TAVIRA CONCEIÇÃO E CABANAS DE TAVIRA - TAVIRA

SÃO JOÃO BAPTISTA - MOURA LUZ E SANTO ESTÊVÃO - TAVIRA

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CADERNO ALGARVE

Postal, 19 de fevereiro de 2021

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Venda de Terreno Rústico com Armazém João Luís Ambrósio Madalena com nif. 129890499 casado em comunhão de adquiridos com Filomena Máximo Miguel Madalena com nif. 126640742, residentes em Estrada Municipal 270 caixa postal 404-M, Malhão, 8200-484 proprietários do prédio rústico situado em Amaro Gonçalves da freguesia de Luz de Tavira e Santo Estevão com o artigo matricial rústico 797 registado na conservatória do registo predial de Tavira sob o número 1788 da freguesia da Luz, vendem este prédio a SOUNDS AND RHYTHMS - UNIPESSOAL LDA com NIPC: 514656751 pelo valor de 90.000€. O prédio rústico tem como área 9200 m2, composto por árvores de sequeiro e armazém agrícola com 103 m2. A propriedade tem como partilheiros a sul José António da Silva e Outro, a norte caminho público, nascente Luís Tomaz de Sousa Gago e a poente Marcolino Arrais. Caso algum dos partilheiros pretender exercer o direito de preferência deverá fazê-lo até 10 dias após a publicação desde anúncio.

1º ADITAMENTO DO ALVARÁ DE LOTEAMENTO N.º 1/2010

Nos termos do n.º 2 do artigo 78º do Decreto-Lei n.º 555/99, de 16 de Dezembro, republicado pelo Decreto-Lei n.º 136/2014, de 9 de Setembro, torna-se público que a Câmara Municipal de Tavira, emitiu a 18 de dezembro de 2020, o 1º aditamento ao alvará de loteamento n.º 1/2010, cuja alteração foi requerida por MADRE - Empreendimentos Turísticos, SA., contribuinte fiscal número 501382909, com sede em Avenida da Liberdade n.os144 a 156, 6º Direito, concelho de Lisboa. São licenciadas através deste aditamento as especificações ao alvará de loteamento nº 1/2020 que incidem sobre a urbanização sita em Cabanas Beach II, Cabanas de Tavira, e respetivas obras de urbanização, nos seguintes pontos: - Alteração do número de lotes, de 4 para 11; - Alteração de área total os lotes para 9.966,14m2, concebendo-se uma área para equipamentos coletivos de natureza privada com 692.86m2; - Alteração do número de estacionamentos públicos para 119 lugares; - Alteração do número de estacionamentos privados para 196 lugares

(POSTAL do ALGARVE, nº 1259, 19 de Fevereiro de 2021) As alterações ao alvará foram aprovadas na sua globalidade despacho datado de 23/11/2020 e enquadra-se no estabelecido no nº 3 do artigo 27º do Decreto-Lei n.º 555/99 de 16 de Dezembro, com as respetivas alterações.

COMUNIQUE COM O POSTAL

Contacto: 281 405 028 Administrativo: anabelag.postal@gmail.com Redação: jornalpostal@gmail.com

3,6 cm alt. x

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Paços do Concelho, 22 dias do mês de dezembro de 2020. O Vereador do Urbanismo, Planeamento e Ambiente, (1) João Pedro Rodrigues (1) (No uso dos poderes conferidos pelo Despacho n.º 132/2019 da Sr.ª Presidente da Camara Municipal de Tavira)

POSTAL do ALGARVE, nº 1259, 19 de Fevereiro de 2021)

CATARINA RAMOS LOSNA MARTINHEIRA E HÉLDER HORTA RAMOS LOSNA, na qualidade de proprietários do prédio misto, composto de terra de cultura com árvores e um edifício térreo, destinado a habitação, sito em Sinagoga, União das Freguesias de Luz de Tavira e Santo Estevão, concelho de Tavira, inscrito na matriz, a parte urbana sob o artigo n.º 572 e a parte rústica sob o artigo n.º 2215, descrito na Conservatória do Registo Predial de Tavira sob o n.º 1264 (freguesia de Santo Estevão), vêm pelo presente dar conhecimento que pretendem vender o imóvel. Mais informam que a alienação da parte rústica e da parte urbana não é passível de ocorrer separadamente, e será efectuada, livre de ónus e encargos, nos seguintes termos e condições: . Compradores: Rui Filipe Afonso Silva e esposa Susana Isabel Rebelo dos Santos Silva; . Preço: €140.000,00 (cento e quarenta mil euros), sendo €115.000,00 (cento e quinze mil euros) imputados ao prédio urbano e €25.000,00 (vinte e cinco mil euros) ao prédio rústico; . Condições de pagamento: €14.000,00 (catorze mil euros) a título de sinal e o remanescente (€126.000,00), no acto da outorga da escritura pública, através de cheque bancário; . Prazo para a realização da escritura: Dia 12 (doze) de Março de 2021 (dois mil e vinte e um); Nestes termos e face ao disposto no n.º 1 do artigo 1380 do Código Civil, serve o presente para notificar os proprietários dos prédios rústicos confinantes, para, querendo, exercerem, no prazo de 8 (oito) dias, contados da presente publicação, o respectivo direito de preferência na aquisição, nos exactos termos ora enunciados, mediante o envio de carta registada com aviso de recepção para a seguinte morada: Rua Sophia de Mello Breyner, Lote 42-C, Correeira, 8200084 Albufeira. O presente anúncio é publicado por impossibilidade na determinação da identidade e morada dos proprietários dos prédios rústicos confinantes. A ausência de resposta no prazo estabelecido acarreta a caducidade do direito. (POSTAL do ALGARVE, nº 1259, 19 de Fevereiro de 2021)

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EDITORIAL Henrique Dias Freire

Da mal amada ferrovia portuguesa à esquecida ferrovia algarvia

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á cerca de três anos, o vice-presidente da Infra-estruturas de Portugal (IP), Carlos Fernandes, dizia no Algarve que o Governo tinha mandatado a empresa estudar a ligação ferroviária ao Aeroporto de Faro. Mas não houve quaisquer avanços. Agora, com a liberalização do transporte ferroviário de passageiros, que entrou em vigor a 1 de janeiro de 2019, mas que só irá acontecer na prática em 2021, os jornais Público e Expresso noticiaram o atual ponto de situação, especialmente para o Algarve. Por um lado, temos o grupo Barraqueiro, que entregou esta segunda-feira um pedido de licença de operador ferroviário ao Instituto da Mobilidade e dos Transportes, o qual admite comprar 10 comboios para arrancar com a exploração comercial da ligação Braga-Faro, mas que diz serem necessárias obras, nomeadamente na Linha do Sul, na zona da serra algarvia. Por outro lado, soube-se recentemente que a IP estima que sejam necessários 253 milhões de euros para reduzir em meia hora o tempo da ligação de comboio Lisboa-Faro e que passa por construir um túnel de dois quilómetros na serra algarvia. Mas em cima da mesa estão mais duas outras hipóteses para melhorar a Linha do Sul: reduzir em 20 minutos a viagem pode custar 160 milhões de euros e reduzir em 10 minutos pode chegar aos 75 milhões.

Urge acabar com este fatídico desterro que marginaliza o progresso da região do Algarve Há ainda um outro cenário - o mais caro - cujo custo poderá chegar aos 500 milhões de euros: construir uma nova linha entre Funcheira e Loulé, em que os passageiros poderiam ganhar entre 35 a 40 minutos. Infelizmente, se o debate político sobre a rede ferrovia portuguesa tem sido pobre, o da ferrovia algarvia tem estado entregue ao ostracismo. Urge acabar com este fatídico desterro que marginaliza o progresso da região do Algarve. O país não sobrevive sem a riqueza produzida no Algarve, mas os algarvios não podem continuar serenos e pacíficos face às vontades alheias. Exigir não é apenas um direito - é um dever! E debater mobilidade no Algarve sem priorizar o transporte ferroviário é condenar a nossa região a uma morte lenta. Urge melhorar e dignificar a linha ferroviária e os comboios que servem o Algarve, urge ligar o Aeroporto de Faro à rede ferroviária e urge ligar Faro-Huelva-Sevilha com linha de alta velocidade.

Lagos investe 1,7 milhões de euros em habitação a custos controlados A Câmara de Lagos vai avançar com a construção de dois empreendimentos habitacionais a custos controlados, nas zonas de Bensafrim e do Sargaçal, num investimento de cerca de 1,7 milhões de euros Os contratos para a construção dos imóveis foram assinados na semana passada, tendo as empreitadas um prazo de execução de um ano, indicou a autarquia em

comunicado. Em Bensafrim, está prevista a construção de oito apartamentos de tipologia T2, distribuídos por edifícios de dois pisos, em dois lotes municipais, empreitada que tem um valor de 765.449 euros acrescido de 23% de IVA (Imposto sobre o Valor Acrescentado). No Sargaçal, a construção de nove moradias geminadas de dois pisos e com tipologias T2 e T3 está estimada em 997.885 euros, também acrescido de IVA. A construção dos dois empreendimentos insere-se no

Últimas Hospitais do Algarve retomam cirurgias O Centro

plano municipal de habitação do município para responder às necessidades diagnosticadas no concelho, avança a autarquia. A Câmara de Lagos adianta que prevê desencadear, “de modo faseado, diversas soluções habitacionais que passam, não apenas pela construção de novos fogos municipais, como pelo apoio ao arrendamento, pela disponibilização de terrenos para edificação e pela reabilitação do parque habitacional municipal”.

Hospitalar e Universitário do Algarve (CHUA) está a retomar a atividade cirúrgica programada e voltou a ter todos os blocos operatórios a funcionar na sequência da diminuição do número de internamentos por covid-19. Entretanto, o serviço de Cardiologia do Hospital de Faro foi alvo de obras de requalificação durante seis meses, num investimento de 500 mil euros, que permitiram a ampliação da área da Eletrofisiologia e a criação de uma sala de Ecocardiografia e de uma sala de recobro. A intervenção abrangeu ainda a modernização dos sistemas de chamada de doentes, instalação de climatização no corredor e a substituição do pavimento, numa área total de remodelação de 780 metros quadrados.

BOMBEIROS DE SÃO BRÁS RECEBERAM VACINA CONTRA A COVID-19

Detido suspeito por tráfico de droga Foi detido um

homem de 35 anos suspeito de traficar estupefacientes e apreendido 600 doses de haxixe, após ter desobedecido à ordem de paragem numa fiscalização de trânsito em Quarteira, foi hoje anunciado.

Aumentar a eficiência hídrica no Algarve As

VINTE E QUATRO BOMBEIROS da Associação Humanitária de São Brás de Alportel receberam no passado dia 11 de fevereiro a primeira dose da vacina contra a covid-19. A vacinação decorreu no Centro de Saúde de São Brás de Alportel, ministrada por enfermeiros da Administração Regional de Saúde do Algarve. Os 24 soldados da paz correspondem justamente a 50% do corpo de bombeiros são-brasenses

medidas incluídas no Plano de Recuperação e Resiliência são “uma oportunidade única” para concretizar projetos “há muito aguardados” na região, disse o presidente da Comunidade Intermunicipal do Algarve (AMAL). O Plano destina uma verba de 200 milhões de euros para medidas que visam assegurar a resiliência necessária aos efeitos das alterações climáticas. Nesse sentido, vão ser implementados planos para reduzir as perdas de água no setor urbano, aumentar a eficiência no setor agrícola, aumentar a capacidade disponível das albufeiras, promover a utilização da água residual tratada e a dessalinização da água do mar.

que prossegue a sua missão diária no apoio à população, nas mais diversas missões. Segundo informação do Ministério da Administração Interna, "a ordem de vacinação nacional dos cerca de 15 mil bombeiros foi definida com base em critérios operacionais da Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil e abrange o universo de voluntários, sapadores e municipais distribuídos pelos 18 distritos do continente".

Faleceu Carlos Lopez Cano Vieira, professor e orador de excelência Foi um dos professores universitários mais amados pelos seus alunos. Tinha o dom da oratória e da empatia. Era incansável e era sobretudo admirado pelas mensagens que transmitia pelas inúmeras palestras que deu Faleceu sábado Carlos Lopez Cano Vieira "numa luta perdida com o Covid", informou a esposa Fátima Negrão numa mensagem que está a ser partilhada nas redes sociais. Carlos Vieira era professor universitário no ISMAT - Insti-

tuto Superior Manuel Teixeira Gomes, em Portimão, instituição que abraçou a 1 de junho de 2019 com o objectivo de a promover e prestigiar nacional e internacionalmente. Anteriormente, foi professor

durante cerca de 20 anos na Universidade do Algarve, onde se destacou na área da gestão e como coordenador das relações entre a Universidade e as empresas. Carlos Vieira morreu com 72 anos. Nasceu em Lima, no Perú. Em 1997 foi naturalizado português e residia em Portimão. Doutorado, com nota máxima, em Gestão de Empresas, foi docente em inúmeras faculdades, como no Peru e nos Estados Unidos. Conhecido pelo seu sotaque e humor contagiante, Carlos Vieira foi provavelmente o peruano que mais amava o Algarve e Portimão.

Furtos em residências e estabelecimentos A GNR Distribuição quinzenal nas bancas do Algarve

Tiragem desta edição

6.596 exemplares

POSTAL regressa a

5 de Março

deteve na terça-feira um homem de 38 anos suspeito de vários furtos em residências e estabelecimentos comerciais na localidade de Almancil. A detenção resultou de investigações que decorriam há cerca de sete meses. Foram apreendidos seis telemóveis, um computador portátil, uma televisão, um martelo pneumático, uma balança de precisão e a quantia de 190 euros.


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