POSTAL 1258 5FEV2021

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Interdita venda na distribuição quinzenal com o jornal

5 de fevereiro de 2021

1258 • €1,5

Diretor: Henrique Dias Freire Quinzenário à sexta-feira

postaldoalgarve

135.882

www.postal.pt



Interdita venda na distribuição quinzenal com o jornal

5 de fevereiro de 2021

1258 • €1,5

Diretor: Henrique Dias Freire Quinzenário à sexta-feira

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E ainda Atribuídos 26 fogos de habitação social no concelho de Olhão

Serão investidos 3 milhões de euros na reabilitação da habitação social do concelho. P4

CASO NEPTUNO

Processo Kafkiano arrasta-se há 27 anos CREDORES ADMITEM RECORRER AO TRIBUNAL EUROPEU DOS DIREITOS DO HOMEM

www.hpz.pt

Castro Marim em ação social

A Loja Amiga pretende ser "um espaço de partilha, de solidariedade e de suporte imediato às famílias carenciadas. P6

StartUp Portimão volta a destacar-se a nível nacional Pedro Glória é músico, mas a pandemia obrigou-o a mudar de vida, tornando-se empreendedor, o que lhe valeu o 1º prémio do programa Green Up devido ao seu projeto ambientalista. P5

➡ Processo arrasta-se há 27 anos ➡ Atraso na aplicação da justiça ➡ Pedida nulidade processual ➡ Notificações do tribunal para 435 credores equivalem a uma tonelada de papel

Animal deixado morto à porta de jornal local em São Brás de Alportel

P3

P7

Mendes Bota: Contribuí para a eleição de vários líderes do PSD

“Cavaco Silva foi um ingrato” Depois de uma vida dedicada à causa pública, considera que a política se tornou demasiado tóxica e não está a ponderar um novo regresso. Mas recusa dizer “desta água não beberei”. Sobre o Algarve sublinha

POR RAÚL GRADE COELHO

POR JORGE QUEIROZ

Identidades A música colectivas em na fotografia transformação CS15

CS12

POR MARIA JOÃO NEVES

Res Pública POR RAMIRO SANTOS - A “coisa” A primeira Nau pública CS16

CS17

que faltam figuras carismáticas e que a regionalização é um processo adiado. Acredita que no pós-pandemia o Algarve será um dos destinos mais procurados. Na segunda parte da entrevista con-

cedida ao Postal (páginas 8 e 9), José Mendes Bota não diz que sim, mas não afasta por completo uma candidatura à Câmara de Loulé.

POR PAULO SERRA

POR SAÚL NEVES JESUS

A pandemia tem aumentado a “ligação” entre os artistas? CS13

POR MARIA LUÍSA FRANCISCO

“Jerusalema” CS12

Entrevista à escritora Isabel Allende "A idade não alterou a sede por amor na minha vida ou o entusiasmo de escrever sobre o amor"CS14e15

INICIATIVA POSTAL COM EUROPE DIRECT ALGARVE

À conversa com os nossos eurodeputados P2


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CADERNO ALGARVE

Postal, 5 de fevereiro de 2021

INICIATIVA

EUROPE DIRECT ALGARVE | POSTAL

À conversa com os nossos eurodeputados Redação, Administração e Serviços Comerciais Rua Dr. Silvestre Falcão, 13 C 8800-412 Tavira - ALGARVE Tel: 281 405 028 Publisher e Diretor Henrique Dias Freire

numa iniciativa do Europe Direct Algarve e do POSTAL do ALGARVE

“À Conversa com os eurodeputados” são conversas informais com cerca de 30 minutos com os eurodeputados portugueses. Queremos dar a conhecer o rosto e a pessoa

por trás dos dossiers e do trabalho que desenvolvem no Parlamento Europeu, que pode acompanhe no facebook do Europe Direct Algarve e no Postal do Algarve.

As conversas informais são conduzidas pelo jornalista Henrique Dias Freire, diretor do jornal Postal do Algarve, e pela Ana Burnay, da equipa do Europe Direct Algarve.

Dos primeiros três entrevistados, deixamos aqui alguns excertos e citações destas riquíssimas conversas que podem ser ouvidas na íntegra no site do postal.pt

Diretora Executiva Ana Pinto

REDAÇÃO

jornalpostal@gmail.com Ana Pinto, Cristina Mendonça, Filipe Vilhena, Henrique Dias Freire Estatuto editorial disponível postal.pt/arquivo/2019-10-31-Quem-somos Colaboradores Afonso Freire, Alexandra Freire, Alexandre Moura, Beja Santos (defesa do consumidor), Humberto Ricardo, Ramiro Santos Colaboradores fotográficos e vídeo Ana Pinto, Luís Silva, Miguel Pires e Rui Pimentel

DEPARTAMENTO COMERCIAL

Publicidade e Assinaturas Anabela Gonçalves - Secretária Executiva anabelag.postal@gmail.com Helena Gaudêncio - RP & Eventos hgaudencio.postal@gmail.com Design Bruno Ferreira

EDIÇÕES PAPEL EM PDF issuu.com/postaldoalgarve DIÁRIO ONLINE www.postal.pt FACEBOOK POSTAL facebook.com/postaldoalgarve FACEBOOK CULTURA.SUL facebook.com/cultura. sulpostaldoalgarve TWITTER twitter.com/postaldoalgarve PROPRIEDADE DO TÍTULO Henrique Manuel Dias Freire (mais de 5% do capital social) EDIÇÃO POSTAL do ALGARVE - Publicações e Editores, Lda. Centro de Negócios e Incubadora Level Up, 1 - 8800-399 Tavira CONTRIBUINTE nº 502 597 917 DEPÓSITO LEGAL nº 20779/88 REGISTO DO TÍTULO ERC nº 111 613 IMPRESSÃO Lusoibéria DISTRIBUIÇÃO:: Banca/Logista DISTRIBUIÇÃO ao sábado com o Expresso / VASP - Sociedade de Transportes e Distribuição, Lda e CTT

Tiragem desta edição

6.821 exemplares

FRANCISCO GUERREIRO

JOSÉ GUSMÃO

ISABEL CARVALHAIS

Participem na Política! Não podemos desistir da democracia!

Fala-se pouco em Portugal sobre o que se passa na União Europeia

Acredito e luto por uma Europa mais justa e mais humana

Na nossa primeira edição do “À conversa com os Eurodeputados”, em plena presidência portuguesa da União Europeia, o deputado europeu independente Francisco Guerreiro (dos Verdes/ Aliança Livre Europeia e ex-PAN) é o nosso convidado [27JAN2021], acompanhado por Viriato Villas-Boas, na qualidade de cidadão, representando a sociedade civil. Francisco Guerreiro continua a sonhar com uma Europa melhor, mais atenta ao clima e aos direitos dos animais.

José Gusmão aceitou o nosso convite [28JAN2021] para nos falar do seu percurso de vida e a cidadã convidada foi Inês Pereira. Enquanto jovem, José Gusmão integrou a direção da Associação dos Estudantes do Instituto Superior de Economia e Gestão (ISEG) em Lisboa, onde se licenciou em economia. Foi assistente de investigação. É um dos autores do blogue sobre economia "Ladrões de Bicicletas" e coautor dos livros: A crise, a Troika e as Alternativas Urgentes e Economia com Todos. Enquanto ativista, participou na ATTAC Portugal, no Fórum Social Português, no Fórum Manifesto, na iniciativa para uma Auditoria Cidadã à Dívida e no Congresso Democrático das Alternativas. Foi militante do PCP aderindo mais tarde ao Bloco de Esquerda. Foi deputado à Assembleia da República na XI Legislatura até 2011. Entre 2011 e 2018, trabalhou como assistente no Parlamento Europeu, com Miguel Portas de quem se tornou amigo (até ao falecimento deste, em 2012) e Marisa Matias, sempre nas questões económicas. Integra a Comissão Política do Bloco de Esquerda. Foi eleito deputado para o Parlamento Europeu nas eleições de 2019 pelas listas do Bloco de Esquerda. Sempre se interessou pelas questões da União Europeia e no ISEG fez parte de um grupo de reflexão que organizou um referendo interno à entrara de Portugal na moeda única: campanha, debate, comissões promotoras do sim e do não...

Vamos conhecer Isabel Carvalhais e convidámos para a conversa [29JAN2021] o cidadão Aquiles Marreiros com “três chapéus” que entendeu trazer: o de pai (trouxe as perguntas das filhas), o de técnico que trabalha há cerca de 20 anos com fundos estruturais e o de europeísta convicto. A eurodeputada é professora associada da Universidade do Minho, doutorada em Sociologia (Universidade de Warwick, Reino Unido) e as sua áreas de eleição são a ciência política, relações internacionais e a cidadania. Não fazia parte dos seus planos a vida política, mas sente-se em missão - chama-lhe “militância cívica”. A postura crítica e interrogativa vem-lhe da investigação.

Considera-se um deputado “rebelde”? “Não me cabe a mim” definir-me assim, mas a maior parte dos eurodeputados é muito pelo “satus quo”. As máquinas partidárias estão cristalizadas e falar em direitos dos animais ou da regeneração da economia para atingir metas climáticas é considerado “fora da caixa”. “Tem sido muito gratificante” este 1º mandato. Tenho aprendido muito, contactado com muitas pessoas, cidadãos, ONG, empresas... A maior parte dos eurodeputados não compreende a gravidade da situação que vivemos e não falo só do COVID, o “sistema está em rotura”. Fazia parte dos seus projetos ser eurodeputado? O meu percurso foi gradual e “natural”. A determinada altura algumas pessoas reviram-se na urgência de propor uma visão mais “rebelde”, mas foi “tudo muito natural”. “Como em tudo na minha vida, tenho metas, mas não faço projetos a longo prazo”. Como independente, esforço-me por “cumprir escrupulosamente o programa”. “Temos trabalhado muito”.

RESTAURANTE O TACHO

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Como é ser eurodeputado no feminino? “Foi ainda durante a campanha eleitoral, que pela primeira vez me perguntaram: E agora o seu filho? E o seu marido deixa [ir para Bruxelas]?” No contexto académico, felizmente, nunca fora vítima de discriminação de género e por isso nunca até à altura da campanha tinha sentido o quão presentes estão ainda os preconceitos em torno dos papéis de género. Mas refere que é importante ter “um suporte familiar estável”, porque “é um grande desafio”. “O ritmo em Bruxelas é alucinante”, afirma. “Não sei se as pessoas têm muito a noção do trabalho que se faz como eurodeputado”. “Tento estar a 100% no meu trabalho de eurodeputada, mas estando também presente para a família”. É exigente! Muitos dias começam com reuniões virtuais às 7 da manhã e estendem-se até as 19h/20h, com um pequeno intervalo para almoço, partilha a eurodeputada, frisando contudo que nunca se queixa, nem sente ter o direito de o fazer, sobretudo quando compara a sua situação com a de tantas outras trabalhadoras (ou que perderam recentemente o seu trabalho), também elas mães e mulheres.


CADERNO ALGARVE

Postal, 5 de fevereiro de 2021

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REGIÃO

Antigo Hotel Neptuno em Monte Gordo: contencioso jurídico já tem 27 anos

Resma de papel com 626 páginas e 2, 4 quilos de peso enviadas pelo tribunal a cada um dos 435 credores

FOTOS D.R.

CASO NEPTUNO

Pedida “inexistência jurídica” para processo que se arrasta há 27 anos - Notificação aos credores pesa uma tonelada de papel -

U

ma associação de credores do antigo hotel Neptuno, em Monte Gordo, admite recorrer ao Tribunal Europeu dos Direitos do Homem contra o Estado português, alegando violação do “direito à justiça em prazo razoável”. Em causa, apurou o Postal, está a falta de resposta atempada a um processo de indemnização a investidores daquela unidade hoteleira que abriu falência e foi vendida sem serem devidamente acautelados os direitos dos credores. A mesma associação intentou também uma ação junto do Tribunal Administrativo contra a ministra da Justiça por não ter obtido resposta a uma petição enviada igualmente ao Presidente da República, presidente da Assembleia da República, primeiro-ministro, ministro dos Negócios Estrangeiros, além da provedora de Justiça e da procuradora Geral da República.

No processo em curso, a associação alega que há, da parte da ministra, a violação da lei que regula o direito de petição que obriga as instituições do Estado a que é dirigida a “receber, analisar e dar resposta” à mesma, o que ainda não aconteceu.

Processo arrasta-se há 27 anos

Resma de papel com 626 páginas e 2, 4 quilos de peso enviadas pelo tribunal a cada um dos 435 credores

Este contencioso do processo de falência da sociedade, que era proprietária do antigo hotel de Monte Gordo, arrasta-se há 27 anos, “em prejuízo dos credores que nele investiram parte das suas poupanças”. Uma fonte ligada ao processo revelou que “após muitas peripécias, recursos e mais recursos”, a associação decidiu, entretanto, apresentar “um pedido de inexistência jurídica”, alegando a violação da proibição de desaforamento (mudança de tribunal para outro, que não o competente) e do juiz natural (juízes

nomeados e não designados aleatoriamente) “ao arrepio do que está legalmente determinado”. Adiantou ainda que a magistrada do Tribunal de Comércio de Olhão determinou que fossem enviadas, a todos os associados, cópias dos requerimentos e despa-

chos apresentados em nome da associação, com uma notificação “para, no prazo de 15 dias, em requerimento por si subscrito venha declarar se possui algum interesse nos requerimentos/recursos apresentados pelo advogado mandatário da associação de credores”.

Mais de uma tonelada de papel O POSTAL apurou que se trata de “um processo kafkiano” que envolve o envio de um pacote de 656 páginas a cada um dos 435 credores inscritos naquela associação. As 656 páginas referidas estão em formato A4, algumas impressas dos dois lados, totalizando 186.180 folhas, o que corresponde a mais de 372,36 resmas de papel com cerca de 2,4 quilos cada uma. A mesma fonte avaliou o “peso do despacho”, que considera “despesista, desnecessário e de duvidoso interesse processual”, equivalente a mais de uma tonelada de papel em cartas registadas.


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CADERNO ALGARVE

Postal, 5 de fevereiro de 2021

REGIÃO

Olhão vai atribuir 26 fogos de habitação social

O

concurso para atribuição, em regime de arrendamento apoiado, de 26 fogos de habitação social no concelho de Olhão, decorre até ao próximo dia 26 de abril. Os apartamentos, com tipologias entre T1 e T4, localizam-se em Quelfes (17), olhão (5), Moncarapacho (3) e Fuseta (1). Os interessados, que devem ter residência no concelho de Olhão, há pelo menos, cinco anos, ininterruptamente, podem consultar toda a documentação referente ao concurso na página eletrónica do Município. Todas as dúvidas ou esclarecimentos devem ser solicitados através do correio eletrónico concursohabitacao@cm-olhao.pt. Segundo a Câmara de Olhão, "as candidaturas devem ser entregues diretamente no Balcão Único do Município, ou através de carta registada com aviso de receção. Devido

aos constrangimentos impostos pela pandemia, o atendimento presencial necessitará de marcação prévia, através do telefone 289 700 166”. “A lista definitiva das candidaturas apuradas será divulgada oportunamente, e as casas serão atribuídas, como tem vindo a acontecer, por sorteio público, em data a anunciar, de forma a garantir a transparência de todo o processo”, explica a nota enviada pela autarquia. A atribuição destas casas de habitação social acontece na sequência de um investimento de requalificação do parque habitacional municipal, que tem vindo a ser levado a cabo pela empresa municipal Fesnima. Ao todo, está previsto o investimento, até final do mandato, de cerca de 3 milhões de euros na reabilitação da habitação social do concelho.

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As candidaturas devem ser entregues no Balcão Único até 26 de abril

FOTO D.R.

Nuno Mota, jogador de polo aquático e médico em Faro, morre aos 32 anos

Tel.: 289 792 674 / Fax.: 289 791 242 / www.tractor-rega.com

Bruno Filipe Torres Marcos Notário Cartório Notarial em Tavira EXTRATO DE ESCRITURA DE JUSTIFICAÇÃO CERTIFICO, para efeitos de publicação, nos termos do artigo 100.º do Código do Notariado que, por escritura pública de justificação, outorgada em 25.01.2021, exarada a folhas 54 e seguinte do competente Livro n.º 175-A, que: - Maria Odete da Silva Rodrigues Cavaco, natural da freguesia de Tavira (Santa Maria), concelho de Tavira, casada com José Fernando Ramos Cavaco, residente na Rua dos Bombeiros Municipais, n.º 13, 2.º, 8800-408 Tavira; - Declarou ser dona e legítima possuidora, com exclusão de outrem e com a natureza de bem próprio, de um prédio misto, composto na parte rústica por terra de cultura com arvoredo, e na parte urbana por casa de habitação térrea com vários compartimentos e logradouro, com a área total de 3.006,00 m2, sendo de 109,00 m2 a área coberta e 2.897,00 m2 a área descoberta, que confronta do norte com caminho público, sul com José Porfírio da Costa, nascente com Silvina Porfírio da Costa, caminho e outro, e poente com Idalina dos Santos, sito em Malhão, em Santo Estêvão, na freguesia de Luz de Tavira e Santo Estêvão, concelho de Tavira, inscrito na matriz predial rústica sob o artigo 3666 (em nome de Gertrudes Candeias) e na matriz predial urbana sob o artigo 626 (em nome de Francisco Beatriz), com origem, respetivamente, nos artigos 1888 e 282 da extinta freguesia de Santo Estêvão, com os valores patrimoniais tributários de 478,25 € e 8.546,30 €, respetivamente, não descrito na competente Conservatória do Registo Predial; - Tendo para o efeito alegado que: - O mencionado prédio, com a indicada composição e área, veio à sua posse, ainda no estado de solteira, por doação meramente verbal, em data imprecisa do ano de mil novecentos e setenta, e nunca reduzida a escritura pública, feita por Francisco Beatriz e mulher Gertrudes Candeias, já falecidos, residentes que foram em Mesquita, Santa Maria, Tavira. - Desde aquele ano, portanto, há mais de vinte anos, de forma pública, pacífica, contínua e de boa-fé, ou seja, com o conhecimento de toda a gente, sem violência nem oposição de ninguém, reiterada e ininterruptamente, na convicção de não lesar quaisquer direitos de outrem e ainda convencida de ser a única titular do direito de propriedade sobre o identificado prédio, e assim o julgando as demais pessoas, tem possuído o mesmo – amanhando e limpando a terra, semeando e colhendo os respetivos frutos, relativamente ao rústico, e demarcando o quintal e efetuando a sua limpeza, suportando os encargos ou despesas com a sua manutenção relativamente ao prédio urbano e ainda pagando contribuições e impostos devidos – pelo que, tendo em consideração as referidas características de tal posse, adquiriu o referido prédio por USUCAPIÃO. Tavira e Cartório, em 25 de janeiro de 2021. O Notário, Bruno Filipe Torres Marcos Conta registada sob o n.º 2/217 POSTAL do ALGARVE, nº 1258, 5 de Fevereiro de 2021)

Nuno Bartolomeu de Araújo Mota, de 32 anos, colaborador do ABC e médico interno de fisiatria do Centro Hospitalar Universitário do Algarve, faleceu subitamente esta segunda-feira A comunidade académica da Faculdade de Medicina e Ciências Biomédicas, da Universidade do Algarve, está de luto pela sua perda, afirmando a instituição que foi com "enorme pesar que tomou conhecimento do súbito falecimento de Nuno Araújo Mota, fisioterapeuta vindo do Norte, aluno muito querido da 4ª edição do MIM (2012-2016), agora já médico e dos que escolheu o Algarve como casa. O trágico e inesperado acontecimento deixa-nos sem palavras..." Também Nuno Marques, presidente do ABC, lembra que “o Nuno deu muito de si à comunidade algarvia. Nunca baixou os braços durante esta pandemia que atravessamos e manteve-se na linha da frente da prestação de cuidados de saúde a inúmeras pessoas. O seu exemplar espírito de equipa marcou-nos a todos”. Nuno Mota era jogador de polo aquático do Clube de Propaganda da Natação e a Federação Portuguesa de Natação também lamenta o falecimento do atleta, que se iniciou na modalidade aos 13 anos, no Gondomar Cultural, tendo ainda representado o Portinado. Foi também árbitro da Associação de Natação do Norte de Portugal

Nuno de Araújo Mota esteve na linha da frente da prestação de cuidados de saúde a inúmeras pessoas durante a pandemia FOTO D.R.


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REGIÃO

Empreendedor da StartUp Portimão vence prémio do Green Up

A

StartUp Portimão volta a destacar-se a nível nacional, através da atribuição do 1º prémio do programa Green Up ao empreendedor algarvio Pedro Glória, devido ao seu projeto SWRS. Este concurso, promovido pelos Territórios Criativos e pelo Turismo de Portugal, iniciou-se com um roadshow pelas escolas de turismo nacionais, com mais de 40 horas de masterclasses sobre os objetivos de desenvolvimento sustentável. Após a receção de 130 candidaturas, foram selecionados 38 projetos. Natural de Lagos, onde nasceu há 46 anos, Pedro Glória apresentou o SWRS, sistema inovador de reaproveitamento das águas cinzentas para descargas sanitárias, que permite poupar cerca de 30 por

cento de água potável sem necessidade de obras, encontrando-se neste momento em fase de produção de protótipo para testes e aperfeiçoamento. A grande final do Green Up realizou-se online a partir de Coruche no dia 27 de janeiro, tendo o projeto de Pedro Glória obtido o primeiro prémio, no valor de 4.000 euros, entre sete finalistas. A decisão de distinguir o empreendedor da StartUp Portimão coube a um júri de renome internacional, composto por Cristina Salsinha (inoovation project manager do Turismo de Portugal), Isabel Neves (vice-presidente da FNABA), Jean Pierre Baronet (consultor), Odyle Cardoso (administradora do Banco Millennium Atlântico) e Pedro de Mello Breyner (membro do conselho executivo da Portugal Ventures).

Pandemia obrigou Pedro Glória a mudar de vida

Músico a tempo inteiro desde 2007, os efeitos nefastos da covid-19 implicaram a suspensão da atividade profissional e obrigaram Pedro Glória a repensar os seus planos de vida, tendo a StartUp Portimão surgido como a possibilidade mais válida de colocar em prática noções ambientalistas com as quais desde há muito se identifica, nomeadamente a permacultura. Segundo a Câmara de Portimão, "as questões do meio ambiente sempre mereceram a sua especial atenção, ao ponto de nos últimos anos ter acompanhado conferências e diversas formações nas áreas da hidrologia, sustentabilidade e economia circular, entre outras".

Pedro Glória apresentou projeto inovador que permite poupar cerca de 30% de água potável sem necessidade de obras FOTO D.R. Com o projeto SWRS, "o empreendedor pretende aplicar ao meio urbano os conceitos da permacultura, uma ciência de âmbito social e ambiental que alia o conhecimento científico com o saber tradicional e popular, assegurando dessa forma a permanência do ser humano como espécie no planeta Terra".

Segundo Pedro Glória, "o facto de integrar a incubadora de empresas portimonense desde maio passado permitiu-lhe encontrar motivação para não desistir, realçando a importância que as mentorias, reuniões e outras iniciativas em que participa têm para elevar o seu ânimo nestes tempos tão instáveis".

Caso dos ventiladores que nunca funcionaram vai ser avaliado por juristas

Os aparelhos foram comprados à China no início da pandemia com dinheiro doado pela AMAL FOTO D.R. O processo de compra de 30 ventiladores oferecidos ao Centro Hospitalar do Algarve e que nunca funcionaram vai ser avaliado por juristas das entidades envolvidas para exigir ao fornecedor a reparação ou reembolso dos equipamentos. “Estão a ser analisados todos os caminhos legais, porque há questões jurídicas a resolver para termos todos a certeza de que o caminho seguido é o que cumpre todos os requisitos formais”, disse o presidente da Comunidade Intermunicipal do Algarve (AMAL), António Pina. A entidade que reúne os 16 municípios algarvios, o Algarve Biomedical Center (ABC) e o Centro Hospitalar Universitário do Algarve (CHUA) reuniram-se hoje para analisar o processo de compra dos 30 ventiladores que nunca funcionaram, num investimento de 1,3 milhões de euros suportado

pelos 16 municípios do Algarve. “Os juristas de todas as entidades vão reunir-se novamente na próxima semana, deixando assim que o processo fique no estrito campo jurídico, porque há toda a vontade de as entidades trabalharem conjunto para a resolução do problema”, sublinhou António Pina. Os aparelhos foram comprados à China no início da pandemia de covid-19, em abril de 2020, pelo ABC – consórcio detido em partes iguais pelo CHUA e pela Universidade do Algarve -, com dinheiro doado pela AMAL, mas não passaram nos testes dos Serviços de Utilização Comum dos Hospitais. Os doadores exigem o reembolso do valor da compra, a reparação ou a substituição dos equipamentos, existindo inicialmente uma divergência entre o ABC e o CHUA sobre quem deveria acionar as garantias dos aparelhos clínicos.

dos equipamentos”. O CHUA, por seu turno, remeteu a responsabilidade para o ABC, alegando ter sido esta entidade “quem negociou e que deve executar as garan-

Ainda não viu nada

tias do material deficiente”. Segundo o presidente da AMAL, na reunião da semana passada houve entendimento entre as partes para que o processo ficasse sob a res-

ponsabilidade dos respetivos departamentos jurídicos. “Todas as entidades querem ver o problema resolvido e o mais rapidamente possível”, concluiu.

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Em declarações à Lusa há cerca de duas semanas, o presidente do ABC, Nuno Marques, alegou que deveria ser o centro hospitalar a solicitar o reembolso já que é “o legítimo dono

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CADERNO ALGARVE

Postal, 5 de fevereiro de 2021

REGIÃO

Castro Marim implementa Loja Amiga para ajudar quem mais precisa A Loja Social é uma das iniciativas implementadas pelo Município de Castro Marim no âmbito das respostas à crise provocada pela pandemia da covid-19 Localizada na Rua de São Sebastião, frente ao Mercado Local de Castro Marim, esta loja pretende ser "um espaço de partilha, de solidariedade e de suporte imediato às famílias carenciadas, mas também uma forma de sensibilizar e promover uma maior sustentabilidade, dando uma segunda vida às coisas eu já não precisamos ou não usamos", explica a autarquia

castromarinense em comunicado. Assim, através da recolha de roupa e bens, usados ou novos, doados por particulares ou empresas, a Loja Amiga procurará responder às necessidades mais imediatas e elementares das famílias. “Esta é uma resposta social que se tornou ainda mais importante neste tempo tão exigente, que trouxe já tantas dificuldades e vulnerabilidades sociais e que se especula criar muitas mais”, declarou o presidente da Câmara de Castro Marim, Francisco Amaral. “Todos podemos contribuir com coisas que já não precisemos, desde

que, claro, se encontrem em boas condições de higiene e/ou utilização, com a finalidade de lhes dar assim uma segunda vida”, apela a autarquia. A Loja Amiga aceita têxteis, vestuário, acessórios, calçado e bens essenciais "para ajudar quem mais precisa e alegrar outros corações". Para se evitarem as deslocações, a Loja Amiga vai partilhando os artigos e roupas disponíveis através da página de Facebook do Município de Castro Marim. Os interessados devem depois efetivar a sua reserva através do telefone 281 510 742 (Serviço de Ação Social).

Frente marítima de Monte Gordo requalificada até ao verão

DECLARAÇÃO DE UTILIDADE PÚBLICA PARA EFEITOS DE EXPROPRIAÇÃO,COM CARÁTER DE URGÊNCIA, DE PARCELAS NECESSÁRIAS À EXECUÇÃO DO PROJETO DE "REQUALIFICAÇÃO VIÁRIA MUNICIPAL - E. M.537 (QUATROESTRADAS - VILA DA LUZ)" - MUNICÍPIO DE LAGOS

EDITAL Nos termos e para os efeitos previstos na parte final do n.º 1 e no n.º 2 do artigo 17.º do Código das Expropriações (Lei n.º 168/99, de 18 de setembro), ficam notificados os proprietários e demais interessados de que o Secretário de Estado da Descentralização e da Administração Local, por despacho de 17 de agosto de 2020, a pedido da Câmara Municipal de Lagos, declarou a utilidade pública urgente da expropriação das parcelas a seguir identificadas: N.º parcela

Proprietários

Área (m2)

1

-Manuel José Rocha Cardoso Dias casado com Maria Manuela Vicente Nobre Cardoso Dias; -Maria Inês Rocha Cardoso Dias Nolasco casada com Fernando Eduardo Barbosa Nolasco

Matriz

N.º de descrição

Rústico

Urbano

do registo predial

27

Art. 13 Sec. I (freguesia da Luz)

594

4727 (freguesia da Luz)

2

-António de Sousa Vela; -Herdeiros de Nazaré Moreira de Almeida. i) Luís António de Almeida e Sousa, li) Ana Maria de Almeida e Sousa casada com José Joaquim Oliveira Cardoso Fernandes

134

Art. 7 Sec. I (freguesia da Luz)

-

5670 (freguesia da Luz)

3

-Maria José de Valsassina Sanches de Baena de Faria casada com João Pedro Teixeira de Faria, Maria da Graça de Valsassina Sanches Baena Bandeira Ennes casada com João Manuel Balançuella Bandeira Ennes; -Herdeiros de Maria da Conceição Valsassina Sanches Baena: desconhecidos

64

Art. 4 Sec. I (freguesia da Luz)

-

5144 (freguesia da Luz)

5

Luzpraia - Investimentos imobiliários

550

Art. 6 Sec. I (freguesia da Luz)

683 (freguesia da Luz)

4780 (freguesia da Luz)

6

-Angelina de Sousa Costa; -Manuel Fonte Boa casado com Maria Adélia da Costa Ferreira; -herdeiros de Abílio Ferreira: desconhecidos

124

+

6838 (freguesia da Luz)

983 (freguesia da Luz)

7

- herdeiros de José de Jesus Carreiro: desconhecidos, - herdeiros de Maria Francisca Gorgulho: desconhecidos

165

Art. 1 Sec. 1 - A (freguesia de São Gonçalo de Lagos)

598 (freguesia de São Gonçalo de Lagos)

4126 (freguesia Lagos - Santa Maria)

N.º parcela

Proprietários

Área (m2)

Rústico

Urbano

do registo predial

8

SETIL - Sociedade de Empreendimentos Turísticos e Imobiliários, Lda.

134

Art. 29 Sec. G (freguesia da Luz)

-

655 (freguesia da Luz)

9

SETIL - Sociedade de Empreendimentos Turísticos e Imobiliários, Lda.

5

Art. 24 Sec. G (freguesia da Luz)

-

1516 (freguesia da Luz)

10

Dalstonpropriedades, Lda.

158

Art. 5 Sec. 1 - A (freguesia de São Gonçalo de Lagos)

8302 (freguesia de São Gonçalo de Lagos)

2811 (freguesia Lagos -Santa Maria)

11

Forester Propertier LLC

24

Art. 28 Sec. I (freguesia da Luz)

-

2026 (freguesia da Luz)

Matriz

N.º de descrição

A expropriação destina-se à "Requalificação Viária Municipal - E. M. 537 (Quatro Estradas- Vila da Luz)". Aquele despacho foi publicado no Diário da República, 2.ª série, n.º 182, de 17 de agosto de 2020, através da Declaração (extrato) n.º 78/2020, e posteriormente retificada pela Declaração de Retificação n.º 694/2020, publicada no Diário da República, 2.ª série, n.º 199, de 13 de outubro de 2020 e pela Declaração de Retificação n.º 770/2020, publicada no Diário da República, 2.ª série, n.º 218, de 9 de novembro de 2020. DIREÇÃO-GERAL DAS AUTARQUIAS LOCAIS (09/11/2020) A Diretora-Geral, Sónia Ramalhinho (POSTAL do ALGARVE, nº 1258, 5 de Fevereiro de 2021)

As obras em curso representam um investimento de 209 mil euros FOTO D.R.

A

segunda e terceira fases da obra de requalificação dos espaços exteriores da frente marítima de Monte Gordo já estão em curso. O projeto dá seguimento aos trabalhos realizados nos jardins e incide na zona compreendida entre o casino e o hotel Vasco da Gama. Segundo a autarquia vila-realense, "a intervenção contempla a criação de novas áreas de estadia e de circulação acessível, desafogadas e livres de barreiras arquitetónicas e urbanísticas, promovendo o enquadramento dos espaços ajardinados recentemente construídos. Em simultâneo, serão remodeladas diversas infraestruturas elétricas". No que se refere ao mobiliário urbano, serão instalados "novos bancos de jardim, equipamentos de parqueamento de bicicletas e papeleiras". Considerando o facto de a frente-mar ser bastante fustigada por ventos marítimos, os quais transportam grandes quantidades de areia para os locais de circulação pedonal, será implementada "uma barreira de contenção com 0.90 m de altura, construída em postes de madeira tratada e em sebe viva talhada, promovendo o enquadramento das entradas dos passadiços da praia". Para esta zona está também prevista "a criação de três áreas

individuais para a relocalização dos quiosques existentes, os quais ficarão enquadrados pelas novas árvores a instalar". Em simultâneo, “será requalificada a área frente ao casino”. Aqui será eliminada “a faixa de estacionamento automóvel em betuminoso, procedendo-se à sua substituição por outra em calçada de vidraço, definida à cota dos passeios existentes, permitindo a circulação pedonal entre o calçadão da Av. Infante D. Henrique e os novos jardins", avança o Município de Vila Real de Santo António. O projeto integra igualmente "a requalificação do separador central do parque de estacionamento a nascente do casino com a substituição do pavimento existente em blocos de betão por outro em pavimento cerâmico de cor vermelha. Neste perímetro serão ainda instaladas caldeiras de 2,00 x 2,00m para a plantação de novas espécies arbóreas". O investimento nas fases de obra em curso ascende aos 209 mil euros e os trabalhos deverão estar concluídos até ao início do próximo verão. Estas intervenções dão surgimento à obra de requalificação dos Jardins da Praia de Monte Gordo, a qual permitiu a renovação dos espaços verdes desta zona balnear, a criação de uma praça central, a instalação de novo mobiliário urbano e a criação de mais áreas de lazer.


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REGIÃO SÃO BRÁS DE ALPORTEL

O “estranho caso” dos cães abandonados

O animal foi encontrado à porta da redação de um jornal

Texto FILIPE VILHENA HENRIQUE DIAS FREIRE

São Brás de Alportel tem diversos animais, nomeadamente cães, a vaguear pelas ruas. A situação começou a tomar enormes proporções depois do ataque a oito cabras de uma exploração pecuária. Um cão foi morto e deixado à porta da redação de um jornal local Uma exploração agrícola em São Brás de Alportel foi alvo de ataques de uma matilha, na noite da passagem de ano. Segundo o POSTAL apurou, oito cabras foram mortas. Os cães que alegadamente atacaram os animais furaram a vedação. Os prejuízos são enormes para o proprietário Bráulio Moreira, uma vez que as cabras estavam prenhas. Como forma de apoio ao proprietário dos animais que morreram, a Câmara Municipal de São Brás de Alportel disponibilizou-se a ajudar e a “repor” as oitos cabras. Em comunicado, a autarquia referiu que “tendo-se verificado nos últimos dias graves ataques a animais numa exploração pecuária do nosso concelho, o Município de São Brás de Alportel lamenta profundamente este caso e informa que a situação está a ser acompanhada, com o apoio do Consultório Veterinário Municipal, da GNR e de outras entidades com-

FOTO D.R.

petentes”. Após o incidente com as cabras, a problemática dos animais errantes veio ao de cima em São Brás de Alportel, uma vez que começou a circular entre os munícipes que foram cães abandonados a praticar este ataque na propriedade de Bráulio Moreira. Segundo apurou o nosso jornal junto de Vítor Guerreiro, presidente da Câmara Municipal de São Brás de Alportel, “nada indica que tenham sido animais abandonados a realizar este incidente e o proprietário também não sabe”.

São Brás de Alportel tem dezenas de cães abandonados Sem se saber a origem da matilha, é certo que São Brás de Alportel tem dezenas de animais, nomeadamente cães, nas ruas. Marisa Teixeira é presidente da Associação “Coração 100 Dono”, que presta apoio na recolha de animais errantes e que, com base nas palavras de Vítor Guerreiro, “tem feito um trabalho excelente”. A presidente do abrigo foi apontada como culpada indiretamente pelos estragos, uma vez que é ela que alimenta os animais que estão na rua. Existe, de facto, uma matilha na zona do Intermarché, mas não estão apuradas as diligências para apontar esses animais como responsáveis pelos estragos. Contudo, “ele [o proprietário das cabras] acusa-me é a mim e à Câmara Municipal”, diz a presidente da associação. O POSTAL tentou perceber o porquê das acusações e Ma-

risa Teixeira referiu que “há pessoas que não aceitam que se trate dos animais e sou eu que o faço em São Brás de Alportel”. Acrescenta ainda que “quando lhes estou a dar comida, já me chamaram nomes e interpelam-me a dizer: ‘leva os animais para tua casa’”. E Marisa Teixeira até levaria, se não fosse a falta de espaço que já tem. “Eu faço aquilo que as entidades deveriam fazer. Já que foi criada a lei do não-abate, deveria haver sustentabilidade para a cumprir, mas não há”, acrescentou.

Cão encontrado morto à porta da redação de um jornal local O ano de 2021 não começou de forma pacífica em São Brás de Alportel. Logo na segunda semana de janeiro, um cão foi encontrado morto à porta de um jornal da terra. Marisa Teixeira definiu a situação como “um ato bárbaro”. O animal que morreu era velho, tinha uma pata partida e uma lesão antiga. “Não fazia mal a ninguém”, acrescenta. O culpado deste ato foi alegadamente o senhor que viu as suas oito cabras serem mortas. A situação foi encaminhada para a Câmara Municipal de São Brás de Alportel e para as autoridades para se apurar o que, de facto, se passou naquele dia. O animal foi morto à paulada e deixado à porta da redação do jornal, num claro ato de “declaração de guerra”. Marisa Teixeira considera que “isto foi uma intimidação à minha pes-

soa e uma prova que ele quer dar de poder e prepotência”. As acusações de que São Brás de Alportel precisa ter mais espaço para animais são afastadas pela dona da Associação “Coração 100 Dono”. “A Câmara de São Brás dispõe do meu refúgio há 15 anos e eu tenho mais de 200 animais recolhidos aqui”, afirma. O POSTAL apurou que a autarquia fez umas boxes no estaleiro onde estão 32 animais recolhidos. “Diga-me qual é a Câmara do Algarve que recolhe tantos animais por ano?”, questionou Marisa Teixeira. Há ainda projetos para a construção de novos espaços, para recolher os animais que estão abandonados perto do hipermercado Intermarché. “Todos os dias aparecem cães e a Câmara Municipal não é culpada disso! A culpa é do

Governo de Portugal, que aprovou uma lei que não tem sustentabilidade”, afirma. A lei a que se refere a cuidadora dos cães de São Brás é a lei do abate, com a qual concorda, mas que considera faltarem apoios por parte do Governo. Mas afinal, o que diz esta lei? O POSTAL apurou junto de uma jurista, a par da consulta de documentos oficiais, que, com base na Lei n.º 27/2016 de 23 de agosto, segundo o artigo 1: “A presente lei aprova medidas para a criação de uma rede de centros de recolha oficial de animais e para a modernização dos serviços municipais de veterinária, e estabelece a proibição do abate de animais errantes como forma de controlo da população, privilegiando a esterilização”. O abate de animais não é permitido nos dias que correm. A mesma lei, mas desta vez de acordo com o artigo 3, acrescenta que: “O abate ou occisão de animais em centros de recolha oficial de animais por motivos de sobrepopulação, de sobrelotação, de incapacidade económica ou outra que impeça a normal detenção pelo seu detentor, é proibido, exceto por razões que se prendam com o estado de saúde ou o comportamento dos mesmos”. Espera-se agora que a situação de São Brás de Alportel possa ser controlada e os animais errantes possam diminuir. O POSTAL sabe que, por ser

zona de serra e “escondida”, é propensa ao abandono de animais. Muitas pessoas, de vários locais do país, segundo apurámos junto de Marisa Teixeira, acabam por deixar os seus animais de companhia lá, para que estes não regressem.

Quem matar um animal de companhia passa a ter pena de prisão agravada Entrou recentemente em vigor o novo regime sancionatório aplicável aos crimes contra animais de companhia. Esta é a terceira alteração à lei de 2014 que condena os maus-tratos a cães, gatos ou furões (entre outros que se enquadrem nesta categoria) e agora clarifica que a morte de um animal, “sem motivo legítimo”, passa a ser um crime punido com pena de prisão de seis meses a dois anos ou com pena de multa de 60 a 240 dias. Esta nova legislação inclui os cães ou gatos errantes ou abandonados como animais de companhia e aumenta o tempo de privação de detenção de animais de cinco para seis anos em caso de pessoas acusadas de maus-tratos ou morte destes. O valor das multas aplicadas aos criminosos e infratores passa em parte a reverter para as instituições privadas de utilidade pública ou para as associações zoófilas que ficam com os animais recolhidos a seu cargo.


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CADERNO ALGARVE

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ENTREVISTA [ pa rt e 2/2]

Mendes Bota e o Algarve: faltam líderes carismáticos

A Regionalização está na gaveta e a maquil

Texto RAMIRO SANTOS Fotos ANA PINTO

Para quando o regresso do Dr. Mendes Bota à política portuguesa? Que funções lhe reserva o futuro em Lisboa? R Já aprendi, por experiência própria,

O seu discurso fala mais pelo que não diz do que por aquilo que afirma serem os seus propósitos. Em quase tudo deixa a porta entreaberta, seja no que respeita a um regresso à vida política ativa, seja no tocante a uma eventual candidatura à Câmara de Loulé. Afirma que pagou um preço alto por ser regionalista e considera que Cavaco Silva foi um ingrato.

cuidar). Esse limite já foi ultrapassado em três anos.

P

que não se deve dizer “desta água não beberei”, nem a empregar a palavra “nunca”. Fiz 65 anos, e tenho 42 anos de descontos, numa vida de trabalho sempre muito intenso, sem descanso. Desde muito novo, tinha estabelecido os 62 anos de idade como data limite para cessar a vida ativa e ter tempo para fazer coisas que foram sendo adiadas, ou para tentar compensar a família por tanta ausência (agora já tenho dois netinhos para ajudar a

Nunca entrei nos bastidores da política lisboeta e paguei um preço por isso, por ser regionalista e por ser do Algarve

P Não será demasiado cedo para o “descanso do guerreiro”?... R Só posso dizer que estou numa fase de reorganização da minha vida pessoal. Calculo possuir entre seis a oito mil volumes por classificar na minha biblioteca. É uma paixão. Há muitas toneladas de papel que fui acumulando ao longo de quarenta anos de vida pública, dezenas de milhares de jornais e revistas, um arquivo gigantesco que carece de ser revisto e expurgado do que não tem importância nenhuma, salva-

guardando o que é interessante do ponto de vista da minha vivência. Tenho sido um acumulador de papel e souvenirs compulsivo, preciso de libertar os meus espaços. E desejo ter tempo para a agricultura da amizade, intervir civicamente, ser mais solidário, fazer mais desporto, assistir a espetáculos de cultura, viajar por puro prazer, desacelerar o ritmo de vida e tratar da saúde. No fim da revisitação ao meu arquivo, começarei a escrever, para transmitir tantos episódios das experiências que tive a felicidade de usufruir, depois de trabalhar e viver em quatro países diferentes (Bélgica, França, Itália e


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lhagem das CCDR’s não mudou o essencial P Não vai negar que o “bichinho da política” está lá dentro de si, que existe uma chamada interior e externa para regressar ao ativo? R Sabe, a política tornou-se demasiado tóxica. Regressar à política significa encontrar gente boa, mas também conviver commuitamalformação,interesseirismo e mediocridade que tornam a nossa vida muito amarga, por vezes, até infernal. Não estou interessado em percorrer de novo esse caminho. Já dei o meu contributo, muito ou pouco, bom ou mau, cada qual julgará. Poderia ter ido mais longe? Talvez. Fala-me em Lisboa? Fiquei sempre muito agarrado ao Algarve, nunca entrei por opção própria nos bastidores da política lisboeta, nos círculos de cumplicidades, nas organizações secretas ou nos almoços dos grandes interesses. Deitei sempre cedo e cedo ergui. Fui um lobo solitário e paguei um preço por isso. E por ser regionalista. E por ser do Algarve. Contribuí para a eleição de vários líderes do PSD, mas isso não me serviu de elevador político. O apoio das bases, dos eleitores, Loulé, depois Algarve, foram sempre o meu suporte, não o topo. Mota Pinto faleceu precocemente. Cavaco Silva foi um ingrato. Marcelo demitiu-se no auge. Menezes saiu de repente. E Passos Coelho, que é o último grande político do espaço do centro direita, um homem que venceu duas eleições, retirou-se depois de ter prestado o serviço patriótico de salvar Portugal da bancarrota. Tenho muito para contar escrevendo, um dia, se lá chegar...

perfeita noção das realidades. O poder local estabelecido em Loulé tem muita força. Gere um orçamento anual de quase duzentos milhões de euros. Estou afastado da política local e regional há muito tempo. Provavelmente, mais de metade das pessoas que conheceram a minha ação já cá não estão para se lembrar, e as novas gerações nem sabem quem fui. O tempo não volta para trás nem a água passa duas vezes debaixo da mesma ponte. Regressar agora é uma hipótese pouco provável, para meu descanso e para descanso de quem lá está.

Faltam hoje à região personalidades políticas com carisma como foram Luis Filipe Madeira, Cabrita Neto, José Vitorino, Carlos Brito, Macário Correia

pete fazer. Mas é verdade que houve períodos na minha vida em que fui conhecido de Norte a Sul do País e sempre identificado como “defensor do Algarve”, o que muito me honrou… P Considera que o Algarve não tem sido bem defendido? Como vê a situação económica e social do Algarve nos dias que correm? R Conheço a situação difícil que vivem as empresas e os trabalhadores do Algarve. Mas tenho uma visão otimista do pós-pandemia. Acredito que se vai registar um boom na procura de viagens, estadias, restaurantes, bares, discotecas, concertos, lojas, centros comerciais, e o Algarve será um dos destinos principais. As pessoas estão fartas de máscaras, distanciamento, regras de conduta, proibições, e estão sedentas de liberdade, afetos, reencontros. A questão é saber quantos estabelecimentos do lado da oferta sobreviverão à crise atual e estarão abertos para receber essa explosão do lado da procura. Um dos entorses do Algarve sempre foi uma excessiva

Tenho uma visão optimista do pós-pandemia. Acredito que se vai registar um boom na procura de viagens, e o Algarve será um dos destinos principais é o maior elefante branco do Algarve. O Hospital Central do Algarve, pelo qual nos batemos há duas décadas, continua esquecido nas decisões de Lisboa. Faro continua sem um metro de superfície a ligar ao aeroporto. A Regionalização está metida na gaveta desde o referendo de 1998 e a maquilhagem das CCDR’s não mudou o essencial. Ainda não é clara qual a parcela do Plano de Recuperação e

Contribuí para a eleição de vários líderes do PSD, mas isso não me serviu de elevador político. Cavaco Silva foi um ingrato P Diz que Cavaco Silva foi ingrato consigo. Quer explicar melhor?

Isso é uma história triste que não vou focar nem aqui, nem agora. Para quem estiver interessado recomendo a leitura do livro “A Ascensão ao Poder de Cavaco Silva”, do jornalista Adelino Cunha, e compreenderá a minha participação nesse processo. R

Regressar agora (Câmara de Loulé), é uma hipótese pouco provável, para meu descanso e para descanso de quem lá está Portugal). Este programa para o resto da minha vida não sei se poderia comportar um regresso à atividade política…

E no Algarve? Fala-se que poderá ser candidato à presidência da Câmara de Loulé, um cargo que já desempenhou no início do seu percurso político nos anos oitenta... P

Foi deputado em oito legislaturas diferentes. Como vê o Algarve hoje? P

R Fui parlamentar durante 24 anos na Assembleia da República, no Parlamento Europeu, no Conselho da Europa e na UEO. O Algarve foi sempre a minha bandeira, o combate à violência contra as mulheres o que de melhor fiz. Sinto que faltam hoje à região personalidades políticas com carisma como foram Luís Filipe Madeira, Cabrita Neto, José Vitorino, Carlos Brito, Macário Correia…

R Tem-me surpreendido o número de pessoas que pelas mais diversas vias me P E Mendes Bota, não figura nessa tem feito chegar um apelo nesse sen- lista?... tido. Bondade delas, mas tenho uma R Esse é um juízo que não me com-

dependência dos setores do Turismo e Serviços, e isso não foi corrigido. E mesmo com a renovação do setor primário, com a introdução de novas culturas, a criação de empregos destina-se sobretudo às revoadas de imigrantes coletores sazonais. Há dias a CCDRA abriu candidaturas para projetos de diversificação da atividade económica com uma dotação de um milhão e meio de euros. Isso dá para quê?... P Que outras debilidades encontra no Algarve de hoje? R O Parque das Cidades continua um gigante adormecido, o Estádio do Euro

Resiliência, a chamada “bazuka”, que caberá ao Algarve. Ou que é feito dos anunciados 500 milhões de euros de um plano específico para a Região.

ERRATA Na primeira parte da entrevista a Mendes Bota, onde se lê “... embaixador junto da Santa Sé” (capa), deve ler-se “primeiro conselheiro”. Pela imprecisão as nossas desculpas ao entrevistado e aos leitores.



Mensalmente com o POSTAL em conjunto com o

FEVEREIRO 2021 n.º 147 6.821 EXEMPLARES

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2020 um ano que nos fez, e faz, pensar

Tijoleira de Santa Catarina da Fonte do Bispo FOTO LENEA ANDRADE / D.R.

CRISTINA FÉ SANTOS Técnica superior da Direção Regional de Cultura do Algarve

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onfinados, demos valor ao que antes parecia ser “vulgar”, passámos mais tempo em família, com quem partilhámos novas tecnologias, mas com quem também construímos momentos de... histórias e memórias. O património imaterial de cada família, uma herança intangível que deixamos para o futuro, para os que nos sucedem. Mas será que também damos mais valor ao que está perto de nós? Será que valorizamos as memórias do século XX, casas e indústrias do século passado de que ainda, os mais velhos, têm memória, mas que quisemos apagar com novos modelos e novos olhares? O passado era “piroso”, antigo e pobre, hoje chamamos-lhe kitsch e passou a estar na moda. Lembremo-nos do Galo de Barcelos, das loiças de Bordalo Pinheiro, do Santo António: alguém os redesenhou

Forno a lenha

Roda de oleiro

Mosaico hidráulico FOTOS CRISTINA FÉ SANTOS / D.R.

e ficaram na moda. Vamos então colocar na moda os objectos kitsch algarvios, recriar a forma como olhamos para eles, dar-lhes valor e, ao dar valor, não perderemos os saberes dos antigos, pois os novos vão querer fazer com a mesma sabedoria. Recordemos alguns destes objectos, tomando os recursos do nosso solo como elo de ligação: - o mosaico hidráulico, se a raiz não é algarvia, o seu uso era habitual nas casas dos algarvios. Para muitos é algo que traz memórias de pobreza, pavimento vulgar das casas dos avós onde por vezes o dinheiro não abundava, materiais que os novos não quiseram voltar a usar, substituindo-os por pavimentos cerâmicos, muitas vezes imitando o que não se conseguia adquirir, mármores e afins. Hoje temos no Algarve um último artesão, que, na sua muita idade, tem energia e saber que quer partilhar, mas não faz escola, ninguém para aprender, ninguém para trabalhar em continuidade; existe procura, mas não existe resposta; - a tijoleira e as telhas, trabalho manual

e duro, diversidade nos moldes e pronta resposta aos desafios de quem os procura. Mas também aí não encontramos muita continuidade: das inúmeras olarias/telheiros que existiam, hoje resta uma meia dúzia a funcionar, alguns já não o fazem a tempo inteiro; - as peças de barro das olarias, dizem-nos os artesãos que antes era fácil o acesso à argila dos terrenos em redor, dos campos dos vizinhos, mas isso hoje tornou-se-lhes complicado, pois questões burocráticas impedem a venda simples e fácil entre dois vizinhos. Mas o artesão algarvio não viu problema e arranjou solução, e ainda encontramos no Algarve alguns oleiros que trabalham o barro, com as técnicas tradicionais, fazem pintura manual, e ainda se encontra quem use os fornos de lenha para a sua cozedura (não sendo vulgar, ainda o fazem). Mas a verdade é que já não são muitos que do barro chegam à peça que levamos para casa, decorativa ou funcional, mas a procura existe. Muitos outros objectos e os saber-fazer a eles associados poderíamos

aqui referir, mas cabe a cada um a salvaguarda das nossas memórias, dos nossos objectos tradicionais, valorizar o que está perto e espalhar esta informação pelos que nos visitam, quer presencialmente quer digitalmente, darmos a conhecer o que nos identifica e que nos faz únicos na diversidade deste mundo global. Em tempos em que a demanda por casas tradicionais algarvias tem crescido, a reabilitação das mesmas e o aparecimento de novos interlocutores que valorizam o tradicional, tem levado a um aumento de procura e de mercado destes materiais, mas a resposta não consegue acompanhar a procura. Façamos dos nossos objectos e dos nossos artesãos estrelas lá fora: compre cá dentro, divulgue para fora. Atenta ao mérito de se fazerem registos deste património imaterial, materializado de tantas formas, a DRCAlg promove a sua salvaguarda, estudo e valorização, incentivando a sua divulgação: seja nosso parceiro. http://www.cultalg.pt/pt/PCI/

Ficha técnica Direção: GORDA, Associação Sócio-Cultural Editor: Henrique Dias Freire Responsáveis pelas secções: • Artes Visuais: Saúl Neves de Jesus • Espaço AGECAL: Jorge Queiroz • Espaço ALFA: Raúl Grade Coelho • Filosofia Dia-a-dia: Maria João Neves • Letras e Literatura: Paulo Serra • Marca D'Àgua: Maria Luísa Francisco • Missão Cultura: Adriana Freire Nogueira Colaboradores desta edição: Cristina Fé Santos Parceiro: Direcção Regional de Cultura do Algarve e-mail redacção: geralcultura.sul@gmail.com publicidade: anabelag.postal@gmail.com online em: www.postal.pt e-paper em: www.issuu.com/postaldoalgarve FB: https://www.facebook.com/ Cultura.Sulpostaldoalgarve


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Postal, 5 de fevereiro de 2021

MARCA D'ÁGUA

“Jerusalema” MARIA LUÍSA FRANCISCO Investigadora na área da Sociologia; Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa luisa.algarve@gmail.com

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a última semana de Janeiro deste novo ano participei num Encontro, através da plataforma Zoom, na área do empreendedorismo em tempos de pandemia. Houve um momento especialmente dinâmico em que os 298 participantes dançaram, cada qual em sua casa, uma música bastante inspiradora e cuja coreografia é fácil e intuitiva. Trata-se da canção “Jerusalema”. A música consegue transformar ambientes e pensamentos e há músicas que são verdadeiramente poderosas. Gosto de dançar e certamente cada participante, tal como eu, teve a sensação de ter a casa cheia de gente a dançar uma música tão empolgante. “Jerusalema” tornou-se “viral” e diria mesmo que é o sucesso musical que marca a pandemia. No Youtube é possível ver vídeos de pessoas de todo o mundo a dançar

esta música, nomeadamente grupos de companhias aéreas, de funcionários de hospitais, de religiosas nos conventos, de estudantes e crianças. Todos com a sua alegria e coreografia conseguiram pôr o mundo a dançar. Link: https://www.youtube.com/ watch?v=mFLk6Qfhimo com letra legendada em português. O vídeo clip foi lançado a 21/12/2019 e a letra parece uma oração, algo de profético, a busca da Nova Jerusalém, entendida em sentido bíblico, como a cidade celestial que a maior parte de nós espera alcançar na procura comum e fraterna de comunhão com Deus. Jerusalém é a minha casa / Salve-me / Caminhe comigo / Não me deixe aqui / O meu lugar não é aqui / O meu reino não está aqui / Salve-me / Venha comigo / Salve-me A canção é da autoria do DJ e produtor sul-africano Master KG e da sua conterrânea Nomcebo Zikobe, que tem uma voz fantástica. Li que foi recolhida junto de uma tribo africana (os Venda) e é cantada em língua venda, uma das 11 línguas oficiais da Africa do Sul. Trata-se de uma tribo de ascendência Judaica, são monoteístas, não comem carne de porco e são circuncidados. Este "Jerusalém, não me deixe aqui...”

pode ser um apelo ao regresso às suas origens, ao reencontro com o sagrado. Ao tornar-se a música mais tocada em 2020 e estando em quase todos os tops mundiais parece ter ficado no ouvido. E, possivelmente, a mensagem de que a pandemia veio preparar os caminhos para a Nova Jerusalém pode dar uma reflexão interessante. Master KG, é o nome artístico de Kgaogelo Moagi, que tem 24 anos e se tornou conhecido em 2018, quando recebeu o prémio AFRIMMA de melhor artista na categoria African Electro com o álbum “Skeleton Move”. O ritmo africano da música tem contagiado o planeta. Em Fevereiro de 2020 os angolanos do grupo “Fenómenos do Semba”, para assinalar o 5° aniversário da banda, dançaram na rua com pratos de comida na mão, e aquela coreografia (baseada numa dança habitual nas cerimónias de casamento) passou a ser imitada e contribuiu para a música ainda ser mais conhecida em todo o mundo. Adilson Maíza, coreógrado e bailarino do grupo angolano “Fenómenos do Semba”, referiu à imprensa que fizeram o "vídeo com a coreografia dançando e comendo na rua como uma brincadeira, nunca pensando que o sucesso se tornaria viral" e acrescen-

"Jerusalema" uma música e uma dança "viral" em tempo de pandemia

ta "queríamos mostrar que podemos ser felizes mesmo com o pouco que a vida nos dá, apesar das dificuldades do quotidiano, o importante é ter saúde, ser feliz, mesmo com pouco para comer e pouca água para beber". Graças às redes sociais e ao hashtag #JerusalemaDanceChallenge a “música com mais de 158 milhões de visualizações, faz dançar o planeta inteiro”. É certo que os angolanos não esperavam este sucesso planetário, mas seria bom para o grupo que Master KG lhes atribuísse uma quota-parte do crédito dos direitos de autor que auferiu com "Jerusalema". Uma vez

FOTO D.R.

que se tornou “viral” a partir de 2020 com o vídeo clip do grupo “Fenómenos do Semba”. A música é inspiração e pode ser transformação e por vezes ainda funciona como um "anestésico", quase como um factor de transe e de fuga mundis, mas acima de tudo a música é uma energia de união. Que apenas sejamos contagiados pela música “viral” e que estes tempos que vivemos nos tornem espiritualmente mais fortes para enfrentar os desafios da pandemia. * A autora não escreve segundo o acordo ortográfico

ESPAÇO AGECAL

Identidades colectivas em transformação JORGE QUEIROZ Sociólogo, sócio da AGECAL

“A cultura de massas integra e se integra ao mesmo tempo numa realidade policultural, que transforma as antigas identidades homogéneas em híbridos culturais”.

Edgar Morin “A defesa da diversidade cultural é um imperativo ético, inseparável do respeito à dignidade humana. Ela implica o compromisso de respeitar os direitos humanos e as liberdades fundamentais, em particular os direitos das pessoas que pertencem a minorias e os dos povos autóctones. Ninguém pode invocar a diversidade cultural para violar os direitos humanos garantidos pelo direito internacional, nem para limitar seu alcance”. Declaração Universal sobre a Diversidade Cultural, artigo 4º, UNESCO, 2001

A aceleração do processo de globalização e a crise do Estado-Nação, envolvem problemas geográficos, demográficos, políticos e culturais,

a relação entre poderes políticos e económicos, novas identidades como o “cidadão europeu”, questões linguísticas e religiosas,… As identidades colectivas estão hoje, mais do que nunca, na ordem do dia, com a redefinição de conceitos. Dois posicionamentos surgiram, as Convenções da UNESCO subscritas pelos Estados Nacionais que pugnam pela protecção da diversidade cultural da humanidade, o outro prefigura uma “identidade global”. Não é possível subestimar este debate, simultaneamente ambiental e cultural com consequências económicas. Sinal destes tempos são o surgimento de partidos políticos “verdes” e humanistas, mas também de movimentos nacionalistas, racistas e xenófobos. E o que é a identidade? São as características particulares que os seres vivos possuem, as quais permitem identificá-los e diferenciá-los de outros indivíduos ou grupos. Nos seres humanos as características individuais são biológicas e

físicas, mas também o nome, local de nascimento, naturalidade, nacionalidade, ascendentes,… A partir de 1919 o Estado Português começou a emitir bilhetes de identidade individuais registando as características, obrigatórios para os seus cidadãos. O processo de constituição das identidades colectivas é dinâmico influenciado pela aculturação. Entre 1815 e 1914, cerca de 60 milhões de europeus emigraram para as Américas em consequência das crises na agricultura e fomes em vários países (caso da Irlanda entre 1845 e 1852), mas entreosséculosXVIeXVIII,milhõesde escravos africanos tinham sido transportados para o continente americano. Nestes continentes registaram-se profundas transformações na estrutura populacional, dos modelos económicos e culturais, o uso predominante das línguas europeias a par do surgimento de crioulos e sincretismos religiosos, de novas expressões artísticas, que hoje influenciamasculturascontemporâneas. Nas sociedades subsiste um segundo

nível identitário ou de fragmentação das identidades, o posicionamento que cada um ocupa na escala social, família, profissão, bairro,… Conhecemos várias cidades dentro da cidade, com origens étnicas e classes sociais distintas produzindo culturas específicas. Consideramos identidades culturais múltiplas, a percepção que cada um de nós tem de pertença a uma comunidade influenciada por outras culturas. No caso português, consequência da relação de muitos séculos com a África e o Brasil mas também com a Ásia, essas colonizações originaram novos países e identidades culturais que têm por base a língua comum, mas também de estilos de vida. A cultura portuguesa regista também uma herança romana, muçulmana e de outras origens. Asnovasidentidadesinduziramdireitos sociais e culturais com vista ao reconhecimento e inclusão, na convivência e no trabalho,naigualdadeentreosgéneros, nos direitos das minorias étnicas e religiosas, surgindo mais recentemente

os conceitos de multiculturalismo, interculturalidade, pluralismo cultural,… O actual modelo económico global provocou intensa mobilidade das populações e de mercadorias, homogeneização dos comportamentos sociais visando uma economia de consumo. Com o surgimento no primeiro trimestre de 2020 da pandemia covid-19, a ciência procura hoje tratar pela vacinaçãooproblemasanitárioàescalaglobal, operação jamais realizada na História da Humanidade, mas que coloca em evidência um mundo desequilibrado e desigual no acesso aos recursos. Vivemos já a necessidade alterar concepções de vida em comunidade, de gerir melhor os recursos naturais e a produção de bens e serviços, também a relação com a natureza e os outros seres, o que provocara´, inevitavelmente, uma nova hierarquia de valores e a transformação das identidades colectivas. * O autor não escreve segundo o acordo ortográfico


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ARTES VISUAIS

A pandemia tem aumentado a “ligação” entre os artistas? SAÚL NEVES DE JESUS Professor Catedrático da Universidade do Algarve; Pós-doutorado em Artes Visuais; http://saul2017.wixsite.com/artes

N

um artigo anterior salientámos que a pandemia tem sido uma experiência global, vivida por todos em todo o planeta, independentemente de sexo, raça ou religião. Esperemos que possa servir para nos unir e ajudar-nos a refletir sobre o que realmente é importante, bem como para desenvolvermos atitudes e comportamentos mais adequados para nós mesmos e para com os outros. Efetivamente, foram muitas as manifestações de solidariedade, em particular no meio artístico, quer da sociedade para com os próprios artistas, que muito se têm ressentido do impacto da pandemia, nomeadamente em termos financeiros, quer dos artistas para a sociedade, nomeadamente com a realização de eventos solidários de música e com iniciativas que permitissem visitas online a museus de todo o mundo e a visualização virtual de obras de arte. Mas entre os próprios artistas, a solidariedade e a “ligação” também parece ter aumentado. A realização de exposições coletivas pode ser um indicador disso mesmo. Já no artigo ”Regresso ao futuro” nas artes visuais após o estado de emergência? havíamos feito referência à “Associação 289”, sediada em Faro e com fortes ligações às Artes Visuais da Universidade do Algarve, que organizou uma exposição em que participaram 57 artistas contemporâneos. Mais recentemente foi inaugurada a exposição “Projecto MAP - Mapa de Artistas de Portugal (2010-20). Mapa ou Exposição”, no Museu Coleção Berardo, em Lisboa. O subtítulo “Mapa ou Exposição” remete para a forma como a exposição foi organizada, tendo esta resultado das “ligações” profissionais e/ou afetivas de artistas portugueses, desde 2009. Neste ano foi criada a “Associação Cultural Colectivo de Curadores”, sem fins lucrativos, a qual foi criada a partir do encontro de vários curadores que escolheram Lisboa como plataforma para a sua atividade, após diversas experiências internacionais. Esta Associação tem promovido o “ProjectoMaAP”, um projeto curatorial de mapeamento dos artistas plásticos ativos em Portugal e todos os seus eventos e exposições.

Cada artista convidado a pertencer ao Map – Mapa de Artistas de Portugal – deve sugerir dois nomes de artistas centrais no seu universo artístico e/ou pessoal, e é a partir desta nomeação direta de artista a artista que o mapa se desenvolve exponencialmente. É portanto um mapa de relações que se desenvolve perante o nosso olhar, em que os artistas se legitimam mutuamente. A equipa curatorial não interfere no processo de seleção. Contando já com mais de 350 artistas que integram o mapa de arte contemporânea portuguesa, ao longo da última década, o “ProjectoMap” tornou-se uma das maiores plataformas online de iniciativa privada sobre artistas vivos que se apresenta em formato de base de dados através de um mapa interativo, oferecendo uma leitura diferenciada da geografia da criação contemporânea portuguesa. Tudo começou em 2010 quando quatro curadores convidaram quatro artistas, dando início à geração embrionária do projeto. No mesmo ano, cada artista convida outros dois artistas para integrar o mapa, e assim sucessivamente. Hoje o mapa conta com mais de 360 artistas, acentuando o seu carácter exponencial e hipoteticamente infinito. O “ProjectoMAP” ancora as suas raízes na exposição “Freunde— Friends — Fründ”, realizada no ano de 1969 nas “Kunsthallen de Berna e Düsseldorf”. Esta exposição foi fruto da amizade dos quatro artistas Daniel Spoerri, André Thomkins, Karl Gerstner e Dieter Roth, em colaboração com os curadores Harald Szeemann e Karl Ruhrberg. Estes convocaram os amigos de cada artista e os amigos dos amigos, propondo apresentar o universo pessoal de cada um. Nesta exposição acabariam por participar, ao lado dos quatro artistas iniciais e dos seus amigos, artistas como Joseph Beuys, Christo e Marcel Duchamp, reunindo mais de 400 obras de cerca de 50 participantes. Foi esta a exposição histórica de 1969 que se tornou fonte de inspiração fundamental, mais de quatro décadas depois, para a criação da metodologia curatorial do “ProjectoMAP”. A exposição no Museu Coleção Berardo marca os 10 anos de história do “ProjectoMAP”, um projeto que é também uma leitura do panorama artístico português da última década, um “mapa” de relações, afinidades e cruzamentos entre práticas, discursos que influenciam a leitura da produção artística contemporânea. A componente reflexiva também

Cartaz da exposição “Projecto MAP (2010-20). Mapa ou Exposição”

Imagens desta exposição

está presente, sendo ao longo da exposição colocadas questões que remetem para a reflexão de quem visita a exposição. De entre as questões colocadas, contam-se as seguintes: “O que querias ser quando eras novo?”; “Quem são as pessoas que mais te influenciaram?”; “O que te interessa nos tempos de hoje?”. Esta exposição pode ser visitada até 10 de janeiro 2021, sendo as

visitas limitadas a 8 pessoas de cada vez e orientadas pelas curadoras Alda Galsterer e Verónica de Mello. O Museu Coleção Berardo está certificado com o selo «Clean & Safe» do Turismo de Portugal e com o selo «Safe Travels» do World Travel & Tourism Council, cujos requisitos pretendem garantir ao visitante uma experiência em total segurança.

FOTOS D.R.

Entretanto, com o novo estado de emergência, as atividades culturais voltaram a ficar suspensas. Esperemos que num futuro próximo a “ligação” entre os artistas continue forte e solidária, mas que também possa aumentar a “ligação” entre os artistas e o público, para beneficio de ambos, porque os artistas precisam do público, mas as pessoas também precisam de arte e cultura.


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o seu código moral rígido e as suas histórias extraordinárias formaram o meu carácter desde cedo. A sua voz vive constantemente na minha mente. Creio que me tornei feminista em parte como desafio à autoridade patriarcal do meu avô. P Foi para esse avô que escreveu A Casa dos Espíritos, romance que começou como uma carta de despedida quando soube que ele estava doente. Como conseguimos relacionar o avô que tantas vezes recorda, com carinho e admiração, com a figura autoritária e por vezes cruel de Esteban Trueba (que Jeremy Irons interpretou tão bem)? R Esteban Trueba representa uma elite conservadora e quase feudal de proprietários chilenos durante a primeira metade do século XX. Chamavam-se a si mesmos de “aristocracia castellano-vasca”, a aristocracia castelhana e basca. O meu avô tinha alguns dos traços de Esteban, em parte porque pertenceu à mesma alta classe social, mas não era um violador nem um assassino. O meu avô foi um homem digno, honesto, e com altos princípios. Tenho a certeza de que não se teria reconhecido no carácter de Esteban Trueba.

Isabel Allende tem quase 80 anos e é a autora de língua espanhola mais lida FOTO LORI BARRA / D.R.

P Neste livro refere-se sempre apenas de raspão à questão do exílio, quando se viu obrigada a sair do Chile, devido ao golpe militar. R Não era pertinente para o livro e já o contei em outras memórias, como Paula ou O Meu País Inventado.

Entrevista à escritora Isabel Allende

“A idade não alterou a sede por amor na minha vida ou o entusiasmo de escrever sobre o amor” PAULO SERRA Doutorado em Literatura na Universidade do Algarve; Investigador do CLEPUL

As Mulheres da Minha Alma, publicado simultaneamente pela Porto Editora e pelo Círculo de Leitores em Novembro de 2020, com o subtítulo Sobre o amor impaciente, a vida longa e as bruxas boas, é o mais recente livro de Isabel Allende, pouco menos de um ano depois do seu retorno à ficção histórica em Longa pétala de mar, poderoso romance ao nível dos melhores livros da autora. Isabel Allende tem agora quase 80 anos, mais de 20 livros publicados, cerca de 70 milhões de exemplares vendidos

um pouco por todo o mundo e é a autora de língua espanhola mais lida. Este não é o primeiro livro de não-ficção da autora, mas é certamente dos mais complexos, construído num palimpsesto. Apesar de começar com um tom memorialista, num registo autobiográfico da infância à idade madura, converte-se depois num manifesto feminista, onde não faltam números, estatísticas, citações, situações experienciadas em primeira mão e dados preocupantes que revivificam a jornalista que Isabel Allende era antes de se dedicar à escrita por inteiro. Allende criou, aliás, uma Fundação (www. isabelallendefoundation.org) destinada ao empoderamento das mulheres e meninas de alto risco com as receitas provenientes do

livro Paula, uma memória e uma carta de celebração da vida da sua filha – não lhe podemos chamar despedida pois para Allende a sua filha Paula, tal como outros espíritos amigos, nunca partiu completamente. Este livro, escrito para as suas leitoras, é também uma declaração de amor para essas mulheres extraordinárias que compuseram a sua vida – Paula, a agente literária Carmen Balcells, a mãe Panchita – e que nós já conhecemos tão bem como as suas personagens de papel, como a omnipresente Eliza Sommers (heroína de Filha da Fortuna), além de outras mulheres cuja vida tem sido dedicada a tornar o mundo um lar para todas as mulheres, e ainda escritoras companheiras de percurso que Allende vai evocando e citando,

A sua avó Isabel é uma memória frágil de quem herdou a sua espiritualidade e sensibilidade. A personagem Clara é inspirada na sua avó. Chegou a conhecê-la bem? P

como Margaret Atwood ou Virginia Woolf. Mas além do feminismo este é também um livro sobre envelhecer com graciosidade e sobre o amor, mesmo em tempos de pandemia. Iniciar este livro é como ler uma memória, mas apesar de ter sido escrito por uma mulher sobre as suas mulheres e para as suas leitoras mulheres (que interpela constantemente), páginas depois de evocar a sua mãe percebemos que há uma figura masculina que é quem mais se destaca, a do seu avô. P

R Alguns homens têm sido muito importantes na minha vida, em particular o meu avô, o meu padrasto e o meu filho Nicolás. Eu vivi com o meu avô até aos 10 anos; ele foi um pai-substituto para mim pois o meu pai biológico abandonou a família. Os seus ensinamentos, o seu exemplo,

R Não conheci bem a minha avó porque ela morreu quando eu era pequena. Lembro-me dela vagamente e suponho que terei inventado o resto com base naquilo que ouvi contar. Ela era uma espécie de lenda. Há muitas histórias e anedotas sobre ela e as suas faculdades paranormais. Eu cresci com uma avó mítica.

Sei que o amor e a paixão são possíveis em qualquer idade

P Por falar em Clara e Esteban Trueba, quando o filme foi rodado em Portugal chegou a acompanhar as filmagens? Como se sentiu ao ver o seu livro transformado num filme que, inclusivamente, corta uma das gerações, pois de Clara passa para Alba, esquecendo Blanca…


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LETRAS & LEITURAS

R Não visitei as filmagens em Portugal. Passei uma semana com a equipa da filmagem num estúdio em Copenhaga. Gostei muito do filme e não me importei quanto às mudanças inevitáveis que o realizador teve de fazer.

Entre todas as personagens que chegam a pulular entre livros, como Nívea e Severo Del Valle, ou mesmo Clara que ressurge em Longa pétala de mar, a que aqui se destaca é Eliza Sommers, a jovem que partiu por amor para o cenário da febre do ouro e se fez passar por homem. P

R Para mim Eliza Sommers representa as primeiras feministas que tiveram de deixar a segurança (e prisão) das suas casas e tomar de assalto o mundo dos homens. Eliza foi à procura do amor e conquistou algo igualmente precioso: a liberdade.

Quase poderíamos pensar que a Isabel é uma céptica no amor… Eliza, como várias heroínas suas, não é a jovem donzela que se deixa arrebatar pois nos seus livros o amor nunca é cor-de-rosa mas sim uma espécie de via para a emancipação… Eliza, aliás, termina o livro sem o homem que perseguia e descobre o amor onde menos esperava…

amor nunca é perfeito, porque não é perfeito na vida real. Desejava poder escrever romances com um final feliz! Ainda sobre o amor… os seus últimos romances parecem pulsar com a pujança dos primeiros, como O amante japonês ou Longa pétala de mar. P

R A idade não alterou a sede por amor na minha vida ou o entusiasmo de escrever sobre o amor nos meus livros. E porque é que haveria de alterar? Sei que o amor e a paixão são possíveis em qualquer idade, por isso nos meus últimos três romances tenho amantes mais velhos.

Espero que depois da pandemia sejamos capazes

P

R O amor tem sido importante na minha vida. Sou abençoada; nunca vivi sem amor. É também importante na minha escrita, mas, tal como diz, o

de imaginar e criar uma normalidade melhor Apesar de viver a maior parte da sua vida na Califórnia, ainda hoje escreve em espanhol. No livro, pode ler-se que «A linguagem é muito importante, pois costuma determinar a forma como pensamos.» (p. 68) Pode explicar-nos porque é que ainda hoje continua a escrever em P

espanhol? É também a língua em que pensa? A língua em que sente melhor?

soas que procuram asilo e migrantes que fugiram às condições terríveis na América Central. Entre eles, os mais vulneráveis são mulheres e crianças. A minha fundação tenta ajudá-los.

R Eu vivi em inglês durante 32 anos, mas ainda sonho, conto, rezo, cozinho, faço amor e escrevo apenas em espanhol. Claro que preciso de ter um dicionário de espanhol na minha secretária porque esqueço-me com frequência de palavras em espanhol que só me ocorrem em inglês. E vice-versa… P Neste livro não só cria um manifesto feminista como um libelo do envelhecimento, mas sobretudo contesta o politicamente correcto e defende o binário pois separa muito bem a forma de sentir e de pensar da mulher da do homem…

Não sou contra os géneros fluídos, muito pelo contrário, defendo o direito de cada indivíduo definir o seu género. Não é preciso mantermo-nos apenas entre um género ou outro. Contudo, ao falar da nossa civilização, é necessário usar os termos masculino ou feminino para definir valores e atitudes. O patriarcado é o sistema prevalecente para a opressão política, económica, cultural e religiosa; durante milhares de anos tem assegurado o domínio e os privilégios do género masculino. O feminismo é uma revolta contra a autoridade masculina. Pretende substituir o patriarcado com um sistema em que a gestão mundial seja R

P Num livro que apela à mudança de consciência, escreve as últimas páginas em março de 2020 em pleno confinamento justamente quando o mundo quase parou. O que acrescentaria quanto ao que se tem vivido desde então?

Livro é uma declaração de amor para as mulheres extraordinárias que compuseram a sua vida

partilhada equitativamente entre homens e mulheres, em números e condições, e que os valores masculinos e femininos tenham o mesmo peso na sociedade. Esses valores são diferentes.

R Espero que o mundo tenha aprendido uma lição difícil. O vírus tem-nos ensinado que somos uma família humana; o que acontece a uma pessoa numa cidade na China acontece a todos nós e a única forma de vencer este inimigo invisível é através de um esforço colectivo global. Todos vivemos neste planeta frágil. Temos um destino comum. Espero que depois da pandemia sejamos capazes de imaginar e criar uma normalidade melhor, uma realidade mais inclusiva, sustentável, razoável, empática.

P

P Por fim, os vários poemas citados e em destaque neste livro obedecem a critérios afectivos?

R Sim. Há uma crise humanitária na fronteira entre os E.U.A. e o México em que se reuniram milhares de pes-

R Os poemas ilustram alguns dos temas do texto. Por exemplo, quando eu explico porque é que o feminismo é ruidoso, o poema «Arde» de Miguel Gane, que inicia por «Não, caladinha não ficas mais bonita», pareceu-me apropriado.

Além do empoderamento feminino, a sua Fundação também se centrou no apoio aos refugiados desde 2016, principalmente na fronteira entre os E.U.A. e o México.

ESPAÇO ALFA

A música na fotografia RAÚL GRADE COELHO Membro da ALFA – Associação Livre Fotógrafos do Algarve

Todos nós vemos e ouvimos aquele artista que é o adorado por todos e conhecido por uma multidão que entoa os cânticos. Vamos tirar a fotografia! - gritam alguns. Alto lá! Nem sempre é possível retirar aquele retrato que simbolizaria o nosso cantor ou cantora. Há regras que permitem ou não fotografar tal artista. Há concertos em que tal é mais simples de conseguir. Por exemplo, nos concertos desenvolvidos pelas autarquias ou associações, nalguns deles tal é possível. Para o amante da fotografia basta estar no momento certo no lugar certo. É um mundo de emoções que é retratado e muitas vezes é a capa daquela revista ou jornal. São fotos que dão

prazer ao fotógrafo que lá se encontra no meios das emoções sentidas pelo público e que as tentam expressar ao máximo aos cantores. São as maravilhas que as lentes fotográficas guardam. Contudo, é com muita pena que surgiu este vírus de nome Covid-19 que é pouco amigo daqueles que transportam a máquina fotográfica, bem como daqueles que transportam aquela guitarra ou outro instrumento que já fora muitas vezes a primeira página de várias publicações. Diminuíram de forma drástica os concertos que dantes se assistiram mas que esperamos que se voltem a realizar. Temos no entanto as fotos de arquivo, que em momentos drásticos como este que vivemos agora, podemos ver e recordar todas as alegrias daquele cantor masculino ou feminino que para além das canções posaram para a nossa fotografia.

Em tempo de pandemia, podemos recordar os cantores que posaram para as nossas fotografias FOTOS / D.R.


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FILOSOFIA DIA-A-DIA

Res Pública - A “coisa” pública MARIA JOÃO NEVES PH.D Consultora Filosófica

A

gasalhei-me, desinfectei as mãos, coloquei a máscara, verifiquei se a caneta que levava escrevia bem e, apesar da apreensão, fui votar. Houve um tempo em que, por ter nascido mulher, esta acção não seria, de todo, possível. Para que eu hoje possa votar, muitas mulheres lutaram, algumas delas perdendo a vida. Cumprir o dever cívico é, pois, para mim, honrar essas heroínas, fazer o pouco que está ao meu alcance para lhes demonstrar que a sua coragem não foi em vão. Mas fui votar sob uma nuvem negra, e não era apenas o perigo da pandemia que me afligia... Na capa da revista Sábado (14 a 20 janeiro 2021) pode ler-se: “ATENTADO AO ESTADO DE DIREITO. Pela primeira vez em democracia, o Ministério Público liderado por Lucília Gago mandou seguir e fotografar jornalistas e vasculhou as suas contas bancárias. A operação foi ordenada por agentes encobertos da PSP para devassar fontes de informação.” O Editorial de Eduardo Dâmaso esclarece que estas acções foram levadas a cabo sem cobertura legal e violando o direito ao sigilo profissional. Este atentado contra a liberdade de imprensa faz-nos recordar outros tempos bem negros da nossa história, que a revolução de Abril se orgulha de ter terminado... Mas será realmente assim? Há eleições presidenciais cá dentro, e Portugal assume desde o início de Janeiro a 4ª Presidência portuguesa do Conselho da União Europeia. Contudo, é uma presidência que se inicia de forma turva, de novo evolvendo o Ministério Público, com a polémica sobre a nomeação do procurador europeu. A Procuradoria Europeia ocupa-se, precisamente, de casos de fraude e corrupção. Como pode a nomeação portuguesa deste cargo realizar-se debaixo da suspeita destes crimes? A perplexidade é tanto maior precisamente porque o cargo de Procurador Europeu é aquele cuja função é zelar pela justiça e transparência! Revejamos os factos. Baseando-se numa análise curricular o Conselho Europeu tinha elegido Ana Carla Almeida - magistrada responsável no Departamento Central de Investigação e Ação Penal (DCIAP) pelos processos relativos a fraudes nos fundos comunitários - mas o governo português, veiculando a decisão do Ministério Público, intercedeu colocando em primeiro lugar o magistrado José Guerra. A comunicação social revelou que esta ultrapassagem

A imagem retrata uma cena da Ilíada em que Ulisses bate com o ceptro em Tersites, por este simples homem do povo, pertencente aos subordinados, ter ousado fazer ouvir a sua voz junto da classe dirigente FOTO D.R.

se baseou numa carta enviada para a UE, em Novembro de 2019, contendo dados falsos sobre o magistrado preferido pelo governo português para o cargo. Os “lapsos”, como de forma eufemística se chamou a estas mentiras, foram considerados irrelevantes. De vários quadrantes políticos surgiram pedidos de esclarecimento. Um eurodeputado português apresentou, inclusivamente, uma queixa à Provedora de Justiça Europeia sobre esta polémica. Emily O’Reily considerou o assunto “preocupante”, admitindo a possibilidade de se abrir uma investigação, caso a Comissão e o Conselho europeu não obtivessem os devidos esclarecimentos. A organização portuguesa Transparência e Integridade reiterou o pedido de acesso a documentos feito ao Ministério da Justiça a propósito deste caso. Contudo, a 6 de Janeiro, o governo recusou alegando que os documentos do processo são “actividade política”. Nas palavras da actual presidente da Transparência e Integridade, Susana Coroado, “O Governo deve estas informações aos portugueses e aos nossos parceiros europeus. E se, quer a ministra da Justiça quer o primeiro-ministro estão tão seguros de terem procedido da melhor forma, só têm de publicar todos os documentos, como a Transparência e Integridade lhes pediu e a lei os obriga, para que toda a verdade seja co-

nhecida”. (https://transparencia.pt/ novo-pedido-documentacao-completa-escolha-procurador-europeu/ Consulta a 23 de janeiro) Entretanto, o nosso Primeiro-Ministro veio reiterar a confiança política na Ministra da Justiça, “pelas suas próprias razões”. Dias depois afirma no parlamento que o caso está encerrado “não queiram fazer mistérios onde eles não existem” rematou, não dando mais explicações. Porém, devido a uma denúncia apresentada pela Ordem dos Advogados, a PGR continua a investigar. Polémica levanta questões pertinentes sobre o Estado de Direito

Estando ou não o caso devidamente encerrado, esta polémica levanta questões pertinentes sobre o Estado de Direito: - A reserva do governo e do parlamento em se imiscuir neste caso deveu-se ao respeito pela divisão dos poderes legislativo, executivo e judicial, ou ao receio de se enfrentar ao corporativismo do Ministério Público? -Pode um dirigente da Res Pública ter “as suas próprias razões”? Para a primeira questão não tenho por onde procurar respostas, mas a segunda é do foro de reflexão de todos nós, cidadãos da República. Parece-me que um político não pode ter “as suas próprias razões”, pelo contrário, tem o dever de justificar todas e

qualquer umas das supostas razões, tanto ao povo que o elegeu como aos que não o elegeram mas se submetem porque a maioria assim o decidiu. As “suas próprias razões” os senhores políticos são livres de as ter nas suas próprias casas quando, justamente, não estão em exercício político. Se um político recusar um cozinhado “pelas suas próprias razões” ninguém tem nada que inquirir sobre o seu palato ou idiossincrasia. É do foro privado. Mas as decisões políticas são públicas - res pública que dizer coisa pública portanto nossa, de modo que temos direito a perguntar e a querer conhecer até à exaustão as razões das decisões que nos afectam a todos. Aristóteles na Política, defende sem reservas que “uns nasceram para obedecer e outros para mandar”. Portanto, que nem se lhes ocorra aos primeiros pedir razões aos segundos. Quando isto acontece - como quando em plena guerra de Tróia, Tersites, um simples homem do povo, resolve levantar a voz defendendo o regresso a casa, cansado de montar cerco durante 10 anos e farto de dos caprichos de Agamemnon, - a resposta não se fez esperar: Ulisses deu-lhe com o ceptro na cabeça e Tersites acabou desprezado e humilhado. Que sirva de lição! Os que nasceram para obedecer não devem imiscuir-se nas deliberações dos que nasceram para mandar! A corrupção, a falta de transpa-

rência, este não se sentir obrigado a explicar decisões que são do foro público aos cidadãos da República, tem contribuído para o descrédito da classe política e consequente descontentamento e até alienação dos cidadão relativamente à causa pública. A pandemia não chega para justificar os 60.7% de abstenção nas eleições presidenciais que acabam de realizar-se no nosso país, porém, a recente direita radical obteve 11,9% dos votos, ocupando um diria preocupante 3º lugar nesta corrida às urnas. Temos exemplos históricos de como o descontentamento social com um regime democrático ineficaz levou ao poder regimes extremistas, por exemplo, na Alemanha Nazi. É como cidadã apartidária que deixo aqui o meu apelo à reflexão sobre a relação entre estes 3 factores: a corrupção, falta de transparência e corporativismo; o descontentamento da sociedade civil; a ascensão dos regimes radicais e extremistas de discurso populista. Quase 30 séculos depois da Ilíada é urgente que parem de nos tratar como a Tersites! Partilhe as suas reflexões no grupo Café Filosófico do Facebook: https://www.facebook.com/ groups/1369727349722120 ou por email: filosofiamjn@gmail.com

* A autora não escreve segundo o acordo ortográfico


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FIOS DE HISTÓRIA

A Primeira Nau RAMIRO SANTOS Jornalista ramirojsantos@gmail.com

Mal haviam posto os pés em terra e já tinham a recebê-los uma grande surpresa. Aquele toque das torres de Ceuta soava-lhes familiar. Eram os sinos da igreja de Lagos que tinham sido roubados uns anos antes pelos mouros num assalto à vila algarvia. Mas esta não foi a única surpresa. A praça africana que D. João I escolhera para ali armar os seus filhos cavaleiros ofereceu, afinal, pouca resistência. De tal modo que “à hora do jantar a cidade estava tomada”. A sua conquista demorou apenas um dia. E se a sorte protege os audazes, os portugueses tiveram os deuses com eles. Os ventos, o nevoeiro e a agitação marítima haviam dispersado a frota de D. João I e enganado o alcaide da cidade. Salah Ben Salah, presumindo que os portugueses tinham desistido da operação, virou costas e mandou retirar os reforços de 10 mil homens que tinham chegado em seu auxílio. Se assim não fosse, o assalto a Ceuta poderia ter resultado numa enorme tragédia. Tanto mais que estavam lá o rei, o príncipe herdeiro D. Duarte e os infantes D. Pedro e D. Henrique. Foi uma conquista um pouco ao sabor dos ventos e das marés! Tudo havia começado uns seis anos antes, numa operação organizada no maior sigilo e pensada para não falhar. Partilhada apenas por um grupo restrito de conselheiros do rei e pelos infantes seus filhos. As ribeiras do Tejo e do Douro transformaram-se em estaleiros gigantes, tendo sido mobilizados enormes recursos do Estado. Os que havia e os que não havia. Construíram-se navios, encomendaram-se outros ao estrangeiro, mobilizaram-se soldados e mercenários, carpinteiros, calafates, trons e bombardas. E encheu-se a despensa de víveres: biscoitos, carne de salga, vinho e frutos secos. Mel, ovos, galinhas e outros animais vivos. Era um frenesim. Com Ceuta, D. João de Portugal passaria a controlar o Estreito de Gibraltar, o que abria o país ao comércio mediterrânico. E além disso, desviava para Marrocos “uma nobreza turbulenta, ávida de conquistas, tenças e comendas, afrouxando algumas das tensões sociais internas”. A tomada de Ceuta era, pois, um objetivo estratégico do ponto de vista económico, político e militar! E religioso também.

Finalmente, chegou a data anunciada. Uma quinta-feira. Dia de Santiago. A armada, constituída por mais de 200 embarcações e 20 a 30 mil homens, zarpou do Restelo a 25 de julho de 1415. A bordo seguiam o rei, o príncipe herdeiro, D. Duarte, e os infantes D. Pedro e D. Henrique. E a mais alta nobreza do reino. Muitos estrangeiros também. “O vento frio nas velas começou a lançar a frota pela boca da foz” – assim reza a crónica de Zurara, assinalando a partida da expedição que marca o início da expansão portuguesa que há-de revolucionar a geografia e a história do mundo. Ao sábado sobre a tarde, começaram a dobrar o Cabo de S. Vicente. Em sinal de respeito pelos mártires que ali jaziam, recolheram as velas e detiveram-se por alguns momentos antes de seguirem para Lagos, onde fundearam nessa mesma noite. No dia seguinte, 28 de julho, o rei incumbiu Frei D. João De Xira de anunciar, na missa desse domingo, o objetivo e o destino da missão: “El Rei nosso senhor vos faz saber... ir sobre a cidade de Ceuta”. E é anunciada uma bula de cruzada com a promessa de absolvição dos pecados e salvação das almas. A armada segue viagem, quarta-feira, último dia do mês de julho, com destino a Faro. E aqui, “porque em seguindo, encalmou o vento, foi necessário de estar ali até outra quarta-feira que eram sete do mês de agosto”. Oito dias de espera. E na sexta-feira, um pouco antes da noite “houveram vista de terra de mouros”. Em Algeciras “mandou el-Rei que fizessem andar todos os navios de mar em roda porque não era vontade entrar pela boca do Estreito senão de noite”. Seguiram-se 13 dias de uma longa espera. Perdeu-se o efeito surpresa! No meio de peripécias várias, imprevistos, avanços e recuos devido aos ventos e às correntes, - provavelmente uma ‘suestada´ - que obrigaram a frota a afastar-se ao largo, o alcaide de Ceuta,

Salah ben Salah, convencido de que os portugueses tinham desistido da operação, decidiu dispensar os 10 mil homens que tinham vindo em seu auxílio. Quando deu por ela, estava cercado. O tempo amainou e, na noite de 20 de agosto de 1415, a esquadra de mais de 200 velas com tochas e candeias acesas, fundeava no porto de Ceuta. E, conta Zurara: “A cidade respondeu ao desafio, iluminando todas as janelas e terraços. E assim pela grandeza da cidade, e por ser de todas as partes tão iluminada, era muito formosa de ver”. Ao alvorecer do dia 21, começa o desembarque. É o dia D. O batel de João Fogaça, contra as indicações do comando, desembarca na praia de Stº Amaro. E o algarvio Vasco Eanes Corte Real foi o primeiro a romper as muralhas defensivas e a lutar corpo a corpo nas ruas e vielas da cidade: “150 cristãos foram entrada na medina e o primeiro foi Vasco Eanes Corte Real e depois outros após ele” – relata Zurara. Em poucas horas a bandeira portuguesa é colocada no alto do castelo que tinha sido abandonado pelo alcaide. Não houve mais resistência naqueles dias. "(...) Já passavam de sete horas e meia depois do meio dia, quando a cidade foi de todo livre dos mouros”. Diz o cronista que descreve o desvario das pilhagens habituais em ações bélicas daquela época. Ceuta havia sido conquistada num dia. No domingo seguinte, 25 de agosto, depois de limpa e sagrada a mesquita de Ceuta, foi celebrada uma missa de acção de graças, seguida das cerimónias em que foram armados cavaleiros os filhos de D João I. No regresso, já em Tavira, a 3 de setembro, o rei chamando os seus filhos, disse-lhes: “O Infante D. Duarte é herdeiro de meus reinos, a D. Pedro faço duque de Coimbra e a D. Henrique faço duque de Viseu e senhor da Covilhã”. E El Rei e a sua comitiva partiram por terra para Évora que se vestiu de festa e regozijo!

A conquista de Ceuta representa o início da expansão portuguesa. A armada de D. João I onde seguiam os seus filhos, D. Duarte, D. Pedro e D. Henrique, desembarcou na manhã de 21 de agosto de 1415 e ao início da noite a cidade estava tomada FOTOS D.R.

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CADERNO ALGARVE

Postal, 5 de fevereiro de 2021

REGIÃO NECROLOGIA

CUSTÓDIA ISABEL R AMOS

MARIA CL AUDINA

MANUEL JOSÉ DA PALMA

04-02-1932 13-01-2021

16-07-1924 13-01-2021

28-11-1940 14-01-2021

Os seus familiares vêm por este meio agradecer a todos quantos se dignaram acompanhar o seu ente querido à sua última morada ou que, de qualquer forma, lhes manifestaram o seu pesar.

Os seus familiares vêm por este meio agradecer a todos quantos se dignaram acompanhar o seu ente querido à sua última morada ou que, de qualquer forma, lhes manifestaram o seu pesar.

Os seus familiares vêm por este meio agradecer a todos quantos se dignaram acompanhar o seu ente querido à sua última morada ou que, de qualquer forma, lhes manifestaram o seu pesar.

SANTA MARIA - TAVIRA SANTA MARIA E SANTIAGO - TAVIRA

CONCEIÇÃO - TAVIRA LUZ E SANTO ESTÊVÃO - TAVIRA

SANTA MARIA - TAVIRA SANTA MARIA E SANTIAGO - TAVIRA

Agência Funerária Santos & Bárbara, Lda.

Agência Funerária Santos & Bárbara, Lda.

Agência Funerária Santos & Bárbara, Lda.

LEONEL PEREIR A DOS SANTOS AFONSO

MARIA JOSÉ MESSIAS MARTINS VIEGAS

JOSÉ MARIA PEREIR A

14-08-1959 15-01-2021

22-11-1933 16-01-2021

02-02-1935 17-01-2021

Os seus familiares vêm por este meio agradecer a todos quantos se dignaram acompanhar o seu ente querido à sua última morada ou que, de qualquer forma, lhes manifestaram o seu pesar.

Os seus familiares vêm, por este meio, agradecer a todos quantos a acompanharam em vida e nas suas cerimónias exéquias ou que de algum modo lhes manifestaram o seu sentimento e amizade.

Os seus familiares vêm por este meio agradecer a todos quantos se dignaram acompanhar o seu ente querido à sua última morada ou que, de qualquer forma, lhes manifestaram o seu pesar.

V.N.CACELA - VRSA

SANTA MARIA - TAVIRA SANTA MARIA E SANTIAGO - TAVIRA

SANTA MARIA - TAVIRA SANTA MARIA E SANTIAGO - TAVIRA

Agência Funerária Santos & Bárbara, Lda.

Agência Funerária Santos & Bárbara, Lda.

Agência Funerária Santos & Bárbara, Lda.

RUI GOMES RITA

JORGE FÁTIMA DO NASCIMENTO

ERIK HUIJSING

22-08-1932 18-01-2021

13-05-1945 18-01-2021

12-04-1946 19-01-2021

Os seus familiares vêm por este meio agradecer a todos quantos se dignaram acompanhar o seu ente querido à sua última morada ou que, de qualquer forma, lhes manifestaram o seu pesar.

Os seus familiares vêm, por este meio, agradecer a todos quantos o acompanharam em vida e nas suas cerimónias exéquias ou que de algum modo lhes manifestaram o seu sentimento e amizade.

Os seus familiares vêm por este meio agradecer a todos quantos se dignaram acompanhar o seu ente querido à sua última morada ou que, de qualquer forma, lhes manifestaram o seu pesar.

ESPIRITO SANTO - MÉRTOLA SANTA MARIA E SANTIAGO - TAVIRA

SANTA MARIA - TAVIRA SANTA MARIA E SANTIAGO - TAVIRA

ZULIEN - HOLANDA CONCEIÇÃO E CABANAS DE TAVIRA - TAVIRA

Agência Funerária Santos & Bárbara, Lda.

Agência Funerária Santos & Bárbara, Lda.

Agência Funerária Santos & Bárbara, Lda.


JOSÉ MANUEL DE OLIVEIR A ANTUNES PORTO

JORGE HUMBERTO MARTINS SIMÃO

JOÃO ALBERTO NUNES

04-08-1945 20-01-2021

23-04-1959 20-01-2021

15-08-1931 21-01-2021

Os seus familiares vêm, por este meio, agradecer a todos quantos o acompanharam em vida e nas suas cerimónias exéquias ou que de algum modo lhes manifestaram o seu sentimento e amizade.

Os seus familiares vêm por este meio agradecer a todos quantos se dignaram acompanhar o seu ente querido à sua última morada ou que, de qualquer forma, lhes manifestaram o seu pesar.

Os seus familiares vêm por este meio agradecer a todos quantos se dignaram acompanhar o seu ente querido à sua última morada ou que, de qualquer forma, lhes manifestaram o seu pesar.

SÃO PEDRO - FARO SANTA MARIA E SANTIAGO - TAVIRA

CONCEIÇÃO - TAVIRA CONCEIÇÃO E CABANAS DE TAVIRA - TAVIRA

SANTIAGO - TAVIRA SANTA MARIA E SANTIAGO - TAVIRA

Agência Funerária Santos & Bárbara, Lda.

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Agência Funerária Santos & Bárbara, Lda.

JOSÉ JACINTO CATARINO AFONSO

JOÃO ALEX ANDRINO MATEUS

MANUEL VIEGAS DOS REIS

30-08-1932 21-01-2021

09-02-1930 23-01-2021

07-12-1929 24-01-2021

Os seus familiares vêm por este meio agradecer a todos quantos se dignaram acompanhar o seu ente querido à sua última morada ou que, de qualquer forma, lhes manifestaram o seu pesar.

Os seus familiares vêm por este meio agradecer a todos quantos se dignaram acompanhar o seu ente querido à sua última morada ou que, de qualquer forma, lhes manifestaram o seu pesar.

Os seus familiares vêm, por este meio, agradecer a todos quantos o acompanharam em vida e nas suas cerimónias exéquias ou que de algum modo lhes manifestaram o seu sentimento e amizade.

VILA NOVA DE CACELA - VRSA

SANTIAGO - TAVIRA SANTA LUZIA - TAVIRA

CONCEIÇÃO - TAVIRA SANTA MARIA E SANTIAGO - TAVIRA

Agência Funerária Santos & Bárbara, Lda.

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Agência Funerária Santos & Bárbara, Lda.

JOSÉ ANTÓNIO DE JESUS

MARIA JOÃO CORREIA R AMOS

MARIA LEONILDE DO CARMO MARTINS

06-01-1927 24-01-2021

22-03-1931 25-01-2021

26-07-1937 27-01-2021

Os seus familiares vêm por este meio agradecer a todos quantos se dignaram acompanhar o seu ente querido à sua última morada ou que, de qualquer forma, lhes manifestaram o seu pesar.

Os seus familiares vêm por este meio agradecer a todos quantos se dignaram acompanhar o seu ente querido à sua última morada ou que, de qualquer forma, lhes manifestaram o seu pesar.

Os seus familiares vêm, por este meio, agradecer a todos quantos a acompanharam em vida e nas suas cerimónias exéquias ou que de algum modo lhes manifestaram o seu sentimento e amizade.

CONCEIÇÃO - TAVIRA SANTA MARIA E SANTIAGO - TAVIRA

LUZ DE TAVIRA - TAVIRA LUZ E SANTO ESTÊVÃO - TAVIRA

SANTA CATARINA DA FONTE DO BISPO - TAVIRA SÃO BRÁS DE ALPOLTEL

Agência Funerária Santos & Bárbara, Lda.

Agência Funerária Santos & Bárbara, Lda.

Agência Funerária Santos & Bárbara, Lda.

TAVIRA

TAVIRA

Agência Funerária Santos & Bárbara, Lda.

Agência Funerária Santos & Bárbara, Lda.

JOSÉ AUGUSTO VIEIRA DOS SANTOS

ANA MARIA MENDES PINGUINHAS MATIAS

82 ANOS

84 ANOS

AGRADECIMENTO

AGRADECIMENTO

Sua querida família cumpre o doloroso dever de agradecer reconhecidamente a todas as pessoas que assistiram ao funeral do seu ente querido, realizado no dia 16 de Janeiro, para o Crematório de Faro, bem como a todos os amigos que manifestaram o seu pesar e solidariedade.

Sua querida família cumpre o doloroso dever de agradecer reconhecidamente a todas as pessoas que assistiram ao funeral do seu ente querido, realizado no dia 20 de Janeiro, para o Crematório de Faro, bem como a todos os amigos que manifestaram o seu pesar e solidariedade.

Agradecem também a todos que rezaram Missa do 7º Dia pelo seu eterno descanso, celebrada dia 20 de Janeiro, pelas 09:00 horas na igreja de Santa Maria.

Agradecem também a todos que rezaram Missa do 7º dia pelo seu eterno

“Paz à sua Alma”

“Paz à sua Alma”

AGÊNCIAS. FUNERÁRIAS PEDRO & VIEGAS, LDA. TAVIRA | LUZ | V.R. STº ANTÓNIO TELEM 964 006 390 – 965 040 428

AGÊNCIAS. FUNERÁRIAS PEDRO & VIEGAS, LDA. TAVIRA | LUZ | V.R. STº ANTÓNIO TELEM 964 006 390 – 965 040 428


Jorge Botelho apresenta queixa contra bastonária dos enfermeiros O secretário de Estado que coordena no Algarve o combate à covid-19 apresentou uma queixa por difamação contra a bastonária da Ordem dos Enfermeiros, que o acusou a si e à mulher de terem sido vacinados indevidamente “A queixa foi enviada por correio para o Tribunal Judicial da Comarca de Tavira, onde deverá ter dado entrada hoje [quarta-feira] ou dará amanhã [quinta-feira]”, afirmou à Lusa o secretário de Estado da Descentralização e da Administração Local, Jorge Botelho. O governante adiantou que a queixa interposta é pelo “crime de difamação agravada”, e prevê que siga, agora, “os seus trâmites normais, na sequência das declarações da senhora bastonária escrita nas redes sociais”. No sábado à noite, Ana Rita Cavaco fez uma publicação numa rede social em que classifica Jorge Botelho e a mulher, Margarida Flores, como “fura filas e chicos espertos” por alegadamente terem sido vacinados indevidamente contra a covid-19. A mulher do secretário de Estado, que é diretora do Centro Distrital de Faro da Segurança Social, vai também avançar com uma queixa contra Ana Rita Cavaco, mas num processo judicial à parte do marido. A intenção de Jorge Botelho e Margarida Flores em avançar com processos-crime contra a bastonária da Ordem dos Enfermeiros foi noticiada na segunda-feira pelo jornal Sulinformação. Na publicação da bastonária, é dito que Margarida Flores “pegou nela, dizem, na família e nuns amigos socialistas e toca de fazer de fura filas e chicos espertos a tomar a vacina”. Esta semana foi também tornada pública a vacinação da presidente da Câmara de Portimão, Isilda Gomes, alegadamente como “condição necessária” para poder fazer voluntariado no hospital de campanha com enfermaria covid-19, instalado naquela cidade. “Na data da abertura do CHUA ARENA todos os que exerciam funções foram vacinados, o mesmo tendo sido solicitado a Isilda Gomes na qualidade de voluntária do projeto Visitas Virtuais, tendo sido esta condição necessária para que pudesse exercer esta função”, lê-se numa publicação do município de Portimão numa rede social. A vacinação contra a covid-19 dos idosos com 80 ou mais anos e de pessoas entre os 50 e os 79 anos e com comorbilidades, arrancou esta semana nos centros de saúde, abrangendo mais de 900 mil portugueses. Esta é uma nova etapa da fase 1 do plano nacional de vacinação contra o novo coronavírus, que se iniciou a 27 de dezembro, e que foi recentemente atualizado, passando a incluir a vacinação simultânea das pessoas com 80 ou mais anos de idade.

Lagos cria Fábrica do Empreendedor para apoiar empresários e empresas

A

cidade de Lagos v a i te r u m a Fábrica do Empreendedor para apoiar os empresários e empresas locais na criação de negócios e na dinamização de projetos para o desenvolvimento da economia local. A autarquia indica que a infraestrutura vai auxiliar gratuitamente os empreendedores, empresas e instituições na dinamização de projetos de intervenção comunitária e animação territorial. Instalada no edifício do Centro Cultural de Lagos, a infraestrutura dá suporte a diversos serviços ao nível dos processos de recrutamento

e seleção, suporte a candidaturas, medidas de apoio à contratação, processos de formação e expansão de negócios. A Fábrica do Empreendedor resulta de uma parceria entre a Câmara de Lagos e a Agência de Empreendedores Sociais (SEA), um projeto cofinanciado por fundos comunitários a fim de estimular a economia local. A parceria estabelecida permitirá também, em breve, instalar no concelho o ‘StartLab’, um novo projeto de incubação de negócios locais, indicou o município liderado por Hugo Pereira (PS). De acordo com a autarquia, estas iniciativas juntam-se a outras já imple-

Últimas Faro alarga refeições escolares gratuitas O

Município de Faro alargou as refeições escolares gratuitas a todos os alunos carenciados com escalão A e B, durante o período de encerramento dos estabelecimentos de ensino, anunciou a autarquia. Rogério Bacalhau revelou que no concelho há cerca de 1.530 crianças carenciadas – divididas pelos escalões A e B – e que “apenas cerca de 100 estão a aproveitar o serviço” de ‘take away’ implementado pela autarquia desde o início da semana, o que levou o executivo a decidir alargar a gratuitidade à “totalidade dos alunos dos dois escalões”.

mentadas, como o Espaço Empresa, a adesão à rede de desenvolvimento regional InvestAlgarve, o Algarve Revit+, Algarve - Systems and Technology Partnership e SusTowns. Estes dois últimos projetos foram desenvolvidos em colaboração com a Universidade do Algarve para a promoção do empreendedorismo nas escolas, acrescenta. O município de Lagos, com 31.049 habitantes (Censos 2011), teve na pesca a sua atividade económica mais importante e uma das únicas fontes de rendimento, mas a partir da década 1960 a principal atividade económica passou a ser o turismo.

Infrações por caravanismo e campismo ilegais

A GNR detetou em Armação de Pera, 10 infrações de autocaravanistas, por pernoita ou aparcamento fora dos locais autorizados, no âmbito de fiscalizações de combate ao caravanismo ilegal e campismo selvagem. A força de segurança recorda que com a entrada em vigor das novas alterações ao Código da Estrada, são proibidos a pernoita e o aparcamento de autocaravanas ou similares fora dos locais expressamente autorizados para o efeito, uma infração que pode ser sancionada com coimas entre 60 e 300 euros, e de 120 a 600 euros se se tratar de área da Rede Natura 2000 e áreas protegidas.

VRSA INVESTE 36.400 EUROS NOS ESPELHOS DE ÁGUA

Pelo Barrocal Algarvio O

O município de Vila Real de Santo António está a reparar e requalificar os espelhos de água da Avenida da República, no centro da cidade "A obra foi dividida em duas fases e prevê a substituição dos sistemas hidráulicos, assim como a reparação dos tanques e revestimentos", explica a autarquia vila-realense em comunicado, recordando que "esta fonte ornamental foi desativada, há alguns anos, devido à existência de deficiências nos tanques, os

novo livro de crónicas do arqueólogo José d’Encarnação é publicado esta semana pela editora ApenasLivros. José d’Encarnação afirma: o livro é “um testemunho pessoal. Falível, portanto. Interventivo, sempre que necessário. Em módulo positivo, a maior parte das vezes – que o manto branco das amendoeiras em flor só nos pode despertar sensações floridas”.

quais careciam de impermeabilização adequada dada a presença de fissuras, o que implicava a perda e o consumo excessivo de água". A empreitada deverá estar concluída no início do próximo mês de março e representa um investimento total de 36.400 euros, respondendo a uma antiga pretensão da população. Com esta obra, o município devolve também à cidade um equipamento emblemático, contribuindo, em simultâneo, para a dignificação da frente ribeirinha da cidade.

Detido suspeito de agredir e ameaçar mulher A

Docapesca renova porto de pesca de Olhão A Docapesca concluiu a renovação da iluminação pública no porto de pesca de Olhão. Tratou-se de um investimento próximo dos 40 mil euros que contemplou a substituição das 24 colunas e luminárias das três pontes do cais

Segundo explica a empresa "as novas colunas metálicas têm uma altura de cinco metros e as luminárias passaram a ser LED e foram dotadas de elemento de proteção contra aves composto por espigões em aço inox". Estas intervenções inserem-se no plano de melhoria da eficiência energética que a Docapesca tem vindo a implementar "em vários portos de

pesca a nível nacional, o que se traduziu já numa redução de 49% da potência instalada". A Docapesca - Portos e Lotas, S.A. é uma empresa do Setor Empresarial do Estado tutelada pelo Ministério do Mar, que tem a seu cargo, no continente, o serviço da primeira venda de pescado e o apoio ao setor da pesca e respetivos portos, dispondo de 22 lotas e 37 postos.

Distribuição quinzenal nas bancas do Algarve

Tiragem desta edição

6.821 exemplares

POSTAL regressa a

19 de fevereiro

Guarda Nacional República deteve esta terça-feira, em Silves, um homem suspeito de agredir e ameaçar a mulher, ficando indiciado por um crime de violência doméstica,. A GNR indicou que a detenção do homem, de 57 anos, resultou de uma investigação do Núcleo de Investigação e Apoio a Vítimas Específicas (NIAVE) de Portimão, “tendo sido apurado que o suspeito agredia e ameaçava de morte a vítima, sua companheira, de 42 anos”.




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