POSTAL 1257 15JAN2021

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Interdita venda na distribuição quinzenal com o jornal

15 de janeiro de 2021 1257 • €1,5

Diretor: Henrique Dias Freire Quinzenário à sexta-feira

135.835

postaldoalgarve

www.postal.pt

E ainda Lar de Crianças lança crowdfunding

É para reparar o toldo do Lar de Crianças Bom Samaritano, em Alvor, que foi danificado pelo vento. Os responsáveis da freguesia criaram uma campanha de angariação de fundos. P4

Albufeira garante serviço take-away

No âmbito do Programa “Município Presente - Vale Restauração”, o apoio é válido para todos os fins-de-semana em que se mantenham as atuais limitações de circulação. P6

Faro disponibiliza 100 camas para doentes

Autarquia disponibiliza 25 camas ao Centro Hospitalar Universitário do Algarve e mais 75 para a eventual necessidade de instalar hospitais de campanha. P9

ENTREVISTA MENDES BOTA ROMPE O SILÊNCIO

Governo atolado em casos perdeu o ímpeto da geringonça

www.hpz.pt

CCDR quer atingir 60% de execução nos apoios comunitários ao Algarve

PSD indefinido e receoso em assumir oposição

➡ Papa Francisco um reformista corajoso ➡ Europa faz-nos sentir que não estamos sós ➡ Marcelo Rebelo de Sousa o génio político ➡ António Costa Governo perdeu qualidade ➡ Rui Rio medo em assumir oposição ➡ Carlos Moedas um capital de reserva no PSD ➡ Algarve faltam líderes carismáticos Tem um mundo de coisas para arrumar e fazer, quer tempo para si, para a família e para escrever. Deixa para trás uma carreira política de 40 anos: foi presidente da Câmara e Assembleia Municipal de Loulé, deputado à Assembleia da República em sucessivas

P9

legislaturas, eurodeputado por duas vezes, membro da Assembleia Parlamentar do Conselho da Europa e, mais recentemente, conselheiro e diplomata da União Europeia e seu embaixador junto da Santa Sé. Hoje, após seis anos de ausência, regressou às origens e diz

que não tem por objetivo voltar à vida política ativa. Mas recusa-se a dizer “desta água não beberei”. É a primeira parte de uma entrevista onde se fala da Europa, do país e do Algarve.

UAlg com número mais elevado de casos covid-19

P12 e 13

P6

Saiba quais são as personalidades e os acontecimentos do ano no Algarve, segundo a seleção do POSTAL P2

POR TERESA RITA LOPES

POR JORGE QUEIROZ

Morreste-Nos, Dieta Eduardo Mediterrânica CS16 Lourenço! CS15

POR RAMIRO SANTOS POR VÍTOR AZEVEDO

Algarve Aquele olhar ao sempre ar livre o mar CS17

CS21

POR MARIA JOÃO NEVES

POR SAÚL NEVES JESUS

Terá que haver imagens externas ao sujeito para podermos falar de arte visual? CS17

POR MARIA LUÍSA FRANCISCO

O Alfarroba: o “ouro negro” do Algarve CS16

Saudade

CS20

POR PAULO SERRA

Entrevista a João de Melo

"Este livro quer provocar o clamor, trazer de volta a palavra, a dor e a revolta" CS18e19

'Corrida à vacina' começa nos lares do Algarve P8 CONFINAMENTO

Incertezas e medos atormentam portugueses P11


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CADERNO ALGARVE

Postal, 15 de janeiro de 2021

OPINIÃO

Redação, Administração e Serviços Comerciais Rua Dr. Silvestre Falcão, 13 C 8800-412 Tavira - ALGARVE Tel: 281 405 028 Publisher e Diretor Henrique Dias Freire Diretora Executiva Ana Pinto

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Tiragem desta edição

7.237 exemplares

As personalidades e os acontecimentos do ano no Algarve Com tudo o que uma escolha desta natureza tem de subjetivo, o Postal não podia deixar passar este período sem assinalar, como tem feito em anos anteriores, o nome daqueles que mais se destacaram no desempenho dos seus cargos ou atividades, em prol da região e do país. Esta escolha em nada desmerece o trabalho, seguramente, louvável e competente de outros atores e agentes públicos ou privados na região. Assinalamos também a Covid 19, como o acontecimento do ano que marcou profundamente a vida económica e social do país em geral, e da região algarvia em particular.

ISILDA GOMES:

Não é propriamente uma novata na política, mas agarrou na câmara de Portimão numa situação financeira muito difícil e soube dar a volta por cima. Resolveu o buraco das contas e projetou o nome e as potencialidades da cidade e do concelho nas manchetes dos jornais e televisões do país e do mundo. A sua capacidade de entender os sinais dos tempos permitiu-lhe perceber que há oportunidades que não se podem perder. Os motores da Fórmula Um passaram-lhe à porta e ela soube colocá-los na pista das realizações improváveis. Depois foi o grande prémio MotoGP. Teve a perspicácia de semear para colher. Se não no imediato por causa da pandemia, pelo menos num futuro próximo. Portimão já está no mapa das grandes realizações do desporto motorizado. E ficam todos a ganhar.

JOSÉ APOLINÁRIO:

Ex-presidente da Câmara de Faro, deputado em varias legislaturas, europedutado e secretário de estado das Pescas em dois governos, foram alguns cargos e funções que desempenhou. A sua eleição para Presidente da CCDR Algarve, ocorrida recentemente, é o culminar de uma já longa carreira política. Este será, porventura, o seu desafio mais exigente: gerir o pacote financeiro no quadro do Plano de Recuperação Europeu, destinado a resolver os estrangulamentos estruturais do Algarve e, ao mesmo tempo, não defraudar as expectativas daqueles que defendem a Regionalização como o processo que falta na reforma administrativa do Estado. A sua experiência de cargos públicos, a legitimação para o exercício das funções para que agora foi eleito e o acesso aos corredores do poder central, são mais valias importantes de influência política que não deixará de usar tendo em vista a resolução dos problemas com que o Algarve se confronta. Há oportunidades que não se podem perder.

FRANCISCO AMARAL:

é um bom exemplo de autarca e a consciência política de um Algarve que foi perdendo as referências. Primeiro em Alcoutim que colocou no mapa do país e do desenvolvimento. Agora, em Castro Marim. Num caso como no outro, soube estar acima das questiúnculas da pequena política para se transformar numa figura cuja idoneidade e integridade moral

reunem o aplauso e o consenso generalizados. A sua dimensão humana presente no contributo cívico que sempre acumulou, desinteressadamente, com o exercício de cargos públicos, fazem dele um exemplo de político, autarca e de cidadania, merecedor do respeito e admiração de todos.

ANTÓNIO MIGUEL PINA: Chegou a pensar-se que

dificilmente sairia da sombra do pai. Mas aos poucos, passo a passo, soube desbravar o seu próprio caminho. No segundo mandato à frente da Câmara de Olhão, está a fazer um trabalho com uma visão de futuro para um município que, desde sempre, teve de lutar contra os poderes instalados. A cidade de Olhão respira hoje melhores ares, e a requalificação da zona ribeirinha com os projetos já desenhados para os próximos anos, começa a ser um bom exemplo de gestão política, urbanística e ambiental. Falta-lhe um projeto e uma ideia de referência do ponto de vista cultural, para a sua afirmação definitiva no contexto regional. Enquanto Presidente da AMAL soube ainda – como ninguém depois de Carlos Tuta - projetar e afirmar a instituição como parceiro fundamental e indispensável na discussão dos assuntos da região do Algarve. Sabe comunicar e tem uma boa gestão da política de informação.

JOSÉ MENDES BOTA:

É seguramente o político algarvio com mais experiência no exercício de cargos públicos nacionais e internacionais. Falta-lhe apenas um lugar de governo. Deputado em várias legislaturas, presidente da câmara de Loulé, membro do Conselho da Europa e eurodeputado, saiu em 2014 para Bruxelas onde integrou o gabinete do Comissário Europeu, Carlos Moedas. Depois passou para o Serviço das Relações Exteriores da União Europeia e foi durante os últimos anos primeiro conselheiro da UE junto da Santa Sé. No seu regresso, faz saber que não tem projetos políticos, mas é dificil conceber que tanta experiência e conhecimentos acumulados, não venham a ser colocados ao serviço do País e do Algarve. Apesar de, compreensivelmente, não esconder o brilho no olhar de um avô babado, é ainda muito novo para a reforma política e para se deixar ficar pelas romarias à Mãe Soberana. Mas um pouco de meditação transcendental também não faz mal. Espera-se um regresso ainda mais inspirado!

MÁRIO CENTENO: Não

há muito mais a dizer deste algarvio, nascido em Olhão. Foi ministro das Finanças dos governos de António Costa, de onde saiu para assumir o alto cargo de Governador do Banco de Portugal a cujos quadros pertencia. Na sua folha de serviços tem o registo e o mérito no processo de recuperação económica do país e de ter conseguido para Portugal o primeiro superavit orçamental em democracia. A sua competência técnica e política como ministro das finanças de Portugal, teve o reconhecimento da Europa que o elegeu Presidente do Eurogrupo cargo que desempenhou com brilhantismo. Não se recandidatou ao lugar, para assumir as funções de governador do Banco de Portugal.

O REGRESSO DA FÓRMULA 1 E DO MOTOGP:

Em tempo de pandemia calhou a sorte ao Autódromo Internacional do Algarve. Em 24 anos depois foi o regresso do grande circo da Fórmula Um a Portugasl, com público nas bancadas que não foram cumpridores das regras do distanciamento social. Por causa disso, o Grande Prémio MotoGP, que acabou por consagradar o vencedor português, Miguel Oliveira, só pôde ser acompanhado pela televisão. Foram dois acontecimentos importantes para a promoção do Algarve e que tiveram retorno imediato - no caso da Fórmula Um – na restauração e na hotelaria. Falta à organização do AIA e a Federação Portuguesa de Automobilismo, assegurar um lugar do autódromo no calendário dos circuitos regulares.

FARENSE E PORTIMONENSE ENTRE OS GRANDES DA PRIMEIRA LIGA: Após muitos anos

sem equipas no campeonato nacional da primeira Liga, este ano há a assinalar a subida do Farense após 18 anos de ausência e a permanência do Portimonense entre os grandes do nosso futebol. Os dois clubes não vão ter tarefa fácil para conseguirem o objetivo que passa pela manutenção. Ainda assim aguardam que a abertura dos estádios ao adeptos do futebol, possa ser um fator fundamental para a obtenção dos resultados que se esperam. De qualquer modo, ter duas equipas a disputar a primeira divisão, dá visibilidade aos clubes, às cidades que representam e á região do Algarve.

COVID-19, PROFISSIONAIS DE SAÚDE E DE SEGURANÇA: A doença

infeciosa Covid-19, causada por um coronavírus, marcou o ano de 2020 de forma transversal. Qualquer pessoa pode ser infetada ao inspirar o vírus se estiver a uma certa proximidade de alguém com Covid-19 ou tocar numa superfície contaminada e, em seguida, tocar nos olhos, no nariz ou na boca. Obrigou a mudar comportamentos sociais e económicos afetando o mundo inteiro. No Algarve registam-se recordes nas taxas de desemprego e no fecho de muitas empresas. Apesar da maioria das pessoas que contraem a Covid-19 terem sintomas ligeiros ou moderados, ainda pouco se sabe sobre as recuperações. A região algarvia não escapou a esta 3ª vaga: já regista mais de 100 óbitos e onze mil infetados, com tendência a crescer nos próximos dias. Particularmente aos profissionais de saúde e às forças de segurança, a todos deixamos o nosso sincero OBRIGADO!


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REGIÃO

Campanha de Natal trouxe ao comércio tradicional mais de 2 milhões de euros res e acrescenta que “ao levar mais clientes aos restaurantes, a iniciativa contribuiu para que os clientes confirmassem, por si, como estes espaços respeitam as indicações das autoridades de saúde, oferecendo condições de segurança para serem frequentados, devolvendo assim o elevado grau de confiança no setor” e Davide Alpestana, da Associação do Comércio da Baixa, remata que AF_DGS_F_Andre_JN_255x300.pdf

A campanha vai prolongar-se até final de abril, com oito sorteios FOTO D.R.

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campanha de Natal “Faro.Somos Todos” originou compras diretas no comércio tradicional num valor de mais de 2 milhões de euro, atraindo mais de 12 mil pessoas. O presidente da Câmara Municipal de Faro, Rogério Bacalhau, e o vice-presidente Paulo Santos reuniram-se, no dia 4 de janeiro, com as associações parceiras da campanha “Faro. Somos Todos” - Associação do Comércio e Serviços da Região do Algarve (ACRAL), Associação de Desenvolvimento Comercial da Zona Histórica de Faro (Associação Comércio da Baixa), Associação dos Industriais Hoteleiros e Similares do Algarve (AIHSA) e Associação Cultural e Ativista da Baixa de Faro (OCAB) -, para um balanço da iniciativa. Em comunicado, a autarquia farense avança que “pelos 270 estabelecimentos aderentes, espalhados por todo o concelho, circularam mais de 2 milhões de euros diretamente relacionados com a campanha e que a loja “Faro. Somos Todos” foi visitada por mais de 12 mil pessoas, que se habilitaram aos sorteios”. No total foram realizados 5 sorteios, num investimento de 60 mil euros que foram novamente injetados nos estabelecimentos aderentes, fomentando a economia circular do concelho.

Iniciativa veio atenuar os efeitos da crise no comércio tradicional Para o presidente da Câmara, Rogério Bacalhau, “esta iniciativa veio atenuar os efeitos da crise no comér-

cio tradicional e da restauração do concelho já bastante debilitado pela crise pandémica e devolver alguma esperança às famílias farenses que investem e consomem no concelho”. Já para Paulo Santos, “a iniciativa veio também aproximar os farenses e unir-nos em defesa do que é nosso e só assim, unidos e coesos, poderemos sair deste momento difícil pelo qual estamos todos a atravessar. Esta iniciativa fez a diferença não só noNatal dos empresários que aderiram, mas também na população em geral que escolheu estes estabelecimentos para fazer as suas compras de Natal com o estímulo dos sorteios”, enfatizou. Também na ótica das associações as mais valias foram muitas: Paulo Alentejano, presidente da Acral considera “que o Faro. Somos Todos.foi uma agradável surpresa para todos pois superou as expectativas iniciais dos comerciantes, que estavam muito pessimistas em relação a este Natal, e a medida veio atenuar os efeitos da crise por que estão a passar”. Para a restauração, setor com maiores restrições impostas pelas regras da DGS, “a continuidade desta campanha é fulcral. A campanha Faro somos todos veio criar uma dinâmica económica significativa e muito necessária nos tempos que correm, desta forma conseguiu-se apoiar de forma efectiva tanto o comércio tradicional como a restauração enquanto se gera simultaneamente valor e se alimenta a economia circular”, frisou André Mendonça da OCAB. Daniel Alexandre do Adro, em representação da AIHSA, também acompanha a análise dos seus paC

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RESTAURANTE O TACHO

Restaurante: almoços e jantares com esplanada Take-Away: Entrega ao domicílio em Tavira

Estrada Nacional 125, Km 134 (junto à GNR) 8800-218 Tavira)

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22/12/2020

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“a baixa de Faro só teve a ganhar com o projeto pois dinamizou esta zona da cidade e trouxe mais clientes aos seus associados”. Assim, decidiu-se que a campanha vai continuar até ao próximo dia 30 de abril com a realização de mais 8 sorteios, que passarão a quinzenais, a realizar-se nas seguintes datas: 14 e 28 de janeiro; 11 e 25 de fevereiro; 11 e 25 de março e 1 de abril.

Em cada sorteio serão sorteados 10.000 euros em vouchers de diversas quantias (200 euros, 100, 50 e 30euros). Acresce a estes um sorteio adicional no dia 15 de abril em que a quantia a alocar será a que resultar dos vouchers não reclamados pelos premiados até 6 de abril. Os vouchers sorteados poderão ser descontados nos estabelecimentos aderentes até ao dia 30 de abril.


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REGIÃO

Lar de crianças danificado pelo vento lança crowdfunding para angariar fundos Com o claro objetivo de ajudar as crianças, o Lar de Alvor assume como essencial trocar o toldo e refere que a covid-19 tem sido um entrave. “Como todos sabem, estamos a passar por momentos difíceis, por causa do covid-19, e não temos verba orçamentada para este fim, mas queremos continuar a ajudar estas crianças e jovens a serem mais felizes no seu dia a dia”, frisa. A campanha agora iniciada tem como montante idealizado os 4 mil euros. Já reuniu mais de 800 euros e João Carlos Gomes diz acreditar “que vai ser possível comprar o toldo novo.” O POSTAL contactou o presidente da Junta de Freguesia de Alvor, de modo a perceber se existiu algum apoio da autarquia a este lar. Contudo, Ivo Carvalho referiu que “não sabia da existência desta situação”. Desconhecendo a campanha de angariação de fundos, acrescentou ainda que “não recebemos nenhum pedido de apoio, mas vou tentar apurar a situação”.

Residente angariou 20 mil euros para Lar de Crianças Bom Samaritano

A campanha tem como montante idealizado os 4 mil euro FOTO D.R.

Texto FILIPE VILHENA HENRIQUE DIAS FREIRE

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toldo do Lar de Crianças Bom Samaritano, em Alvor, no concelho de Portimão, precisava ser reparado e o vento que

se fez sentir recentemente obrigou os responsáveis da freguesia a criar uma campanha de angariação de fundos para solucionar o problema. Foi em dezembro que o toldo que cobria o espaço onde as crianças brincam sofreu danos provocados pelo vento forte e o lar decidiu iniciar um crowdfunding para o

Assine o

reparar. Explica João Carlos Gomes, vice-presidente da instituição, que “depois de uma ventania muito forte, o nosso toldo já velho ficou bastante danificado, o que trouxe problemas para as nossas crianças ao brincarem naquela área.” O baixo orçamento obrigou a esta medida. “Temos um orçamento

anual muito limitado, pois os valores provenientes do Estado nunca chegam para colmatar cada necessidade que ocorre com frequência nesta casa”, refere o responsável, clarificando que o objetivo da campanha de angariação de fundos criada na plataforma GoFundMe é permitir a compra de um toldo novo.

Envie este cupão para:

POSTAL DO ALGARVE - Rua Dr. Silvestre Falcão, nº 13 C, 8800-412 Tavira

NOME __________________________________________________________________________________________________________________________ MORADA __________________________________________________________________________________________ NIF

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Uma campanha de angariação de fundos criada por uma residente de Alvor a favor do Lar de Crianças Bom Samaritano angariou em dezembro mais de 20 mil euros para a instituição. A campanha destinava-se a proporcionar um Natal diferente às crianças acolhidas, através de uma refeição e presentes para todos, assim como para reparações noutras zonas do lar.

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Breve

Bairro “Graças a Deus” alvo de melhoramentos

Voto eletrónico deve ser equacionado no futuro O

Em 2021 estão previstas mais intervenções no bairro

Bairro Graças a Deus foi o primeiro núcleo habitacional social a nascer em São Brás de Alportel em 1958 FOTO D.R.

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Bairro “Graças a Deus”, gerido pela Junta de Freguesia de São Brás de Alportel, foi alvo de um conjunto de obras ao longo do ano de 2020, na continuidade de um plano de intervenção que tem vindo a ser concretizado para modernização e melhorias das condições de habitabilidade deste bairro que já conta mais de meio século de história.

É o meu presidente.

Conforme explica a autarquia são-brasense, "erguido e doado à comunidade são-brasense em 1958, pelo casal de beneméritos Aníbal Rosa da Silva e Maria Julieta Nobre Gomes da Silva, o Bairro ‘Graças a Deus’ foi o primeiro núcleo habitacional social a nascer em São Brás de Alportel, sendo composto atualmente por 11 residências, que constituem o Parque de Habitação da Freguesia, gerido e mantido, com

a colaboração do Município de São Brás de Alportel, num trabalho de parceria". No âmbito deste trabalho de parceria, formalizado em protocolo de colaboração, a Câmara Municipal aprovou em 2020 a atribuição de apoios na ordem dos 16.000 euros que ajudaram a Freguesia a suportar as despesas com obras de requalificação em duas das casas do bairro, num investimento global que ascendem aos 25.000 euros.

Também é meu.

O presidente é de todos. E une todos. No dia 24 de janeiro, vote. Votar é seguro. Saiba onde vota: Em recenseamento.mai.gov.pt Envie um SMS gratuito para 3838, com a mensagem RE (espaço) número de Cartão de Cidadão ou Bilhete de Identidade (espaço) data de nascimento (aaaammdd) Na sua junta de freguesia Se tiver deficiência visual pode pedir uma matriz em Braille

#VOTARESEGURO

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A Câmara Municipal apoiou a Junta de Freguesia, realizando obras de renovação e substituição das condutas de abastecimento de água e de instalação de infraestruturas de eletricidade e comunicações em todo o Bairro “Graças a Deus”, num investimento na ordem dos 6.000 euros, que visam “melhorar a qualidade de vida de todas as famílias que ali habitam, bem como as acessibilidades, incluindo a requalificação dos passeios envolventes às habitações e espaços comuns deste bairro”. Trata-se de uma obra executada por administração direta pelos serviços operacionais e técnicos da Câmara Municipal, em parceria com os serviços da Junta de Freguesia, que tem por objetivo principal o uso eficiente da água, a redução do consumo de energia e respetivos custos, contribuindo ainda para uma melhor qualidade ambiental. A autarquia avança que "para 2021 estão previstas mais algumas intervenções neste bairro, de modo a continuar a dar mais dignidade a quem nele habita e o inicio dos trabalhos de elaboração da Estratégia Local de Habitação, instrumento de planeamento fundamental".

É nosso.

presidente da Comunidade Intermunicipal do Algarve (AMAL) disse esta quarta-feira que o país deve equacionar o voto eletrónico para o futuro, mas agora os eleitos locais devem garantir a participação nas Presidenciais dos infetados por covid-19 e em isolamento. Confrontado com o papel atribuído aos presidentes de Câmara ou ao eleito local por eles designados para recolher os votos antecipados para as eleições Presidenciais de 24 de janeiro junto de idosos institucionalizados, doentes e pessoas impedidas de se deslocar às mesas de voto, o presidente da AMAL admitiu que a solução encontrada comporta riscos, mas considerou que, neste momento, já era difícil fazer de forma diferente.

Governo estuda legalidade da redução nas portagens A ministra da

Coesão Territorial disse que o Gabinete Jurídico do primeiro-ministro está a estudar se “foi ou não legal” a decisão da Assembleia da República relativa à redução de 50% nas portagens nas ex-SCUT. “Se orçamentalmente sentíssemos que o país tinha condições para fazer uma redução de 50%, esta ministra, com todo o gosto, a teria anunciado, em vez de anunciar uma medida de 25%”, rematou.


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REGIÃO

UAlg com número mais elevado de casos covid-19

Paulo Águas afirma que não existem cadeias de transmissão na academia

Texto FILIPE VILHENA HENRIQUE DIAS FREIRE

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s 00:00 horas do dia 8 de janeiro, a Universidade do Algarve (UAlg) tinha 23 casos ativos de covid-19 na comunidade académica. Este é “o número mais elevado desde o início do ano letivo”, anunciou a reitoria. Alertando para a obrigatoriedade da utilização do uso da máscara, quer nos espaços fechados, quer nos espaços exteriores da Universidade, o reitor Paulo Águas explicou ao nosso jornal que “de facto temos tido um aumento do número de casos, mas não há cadeias de transmissão ativas na Universidade”. “Os casos de covid-19 entre estudantes acontece porque eles vivem na mesma casa, andam de carro juntos sem máscaras ou porque jantam em espaços fechados. São essas situações que temos verificado”, acrescenta ainda. Deste modo, a fonte de contacto continua a ser externa. “É crucial que os estudantes se abstenham de participar em festas, reuniões e encontros nas residências particulares, colocando em risco, assim, os colegas que não o fazem”, lembra a reitoria. “Todos, e em particular os estu-

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dantes, devem correr risco zero. Um período de isolamento profilático no final de semestre provoca graves inconvenientes, por impedir a realização das avaliações nas datas programadas. O distanciamento físico e o uso da máscara são indispensáveis para que não sejam considerados contactos de alto risco de casos positivos. Por favor, para o vosso bem, não corram riscos”, apela. Questionado se as aulas se irão manter em regime presencial com o novo confinamento, Paulo Águas explica ao POSTAL que “se nos for dada a possibilidade de continuar como temos vindo a trabalhar até agora [com regime presencial], continuaremos”. O Governo – à data desta entrevista – não anunciou ainda os contornos do novo confinamento, mas a intenção seria manter os estabelecimentos de ensino abertos, por não representarem um risco de contágio elevado. A Universidade do Algarve tem no seu interior diversos dispositivos de álcool gel e mantém os alunos com horários rotativos, para evitar aglomerados no interior da academia entre várias turmas. Segundo apurou o POSTAL, várias turmas já foram colocadas de quarentena, após ser descoberto um ou mais casos de contágio pela covid-19.

Albufeira garante serviço take-away gratuito durante estado de emergência O Município de Albufeira reativou o apoio do serviço gratuito de “take away”, devido à nova classificação do concelho em situação de Risco Muito Elevado, com as condicionantes de circulação que tal acarreta Este apoio, no âmbito do Programa “Município Presente – Vale Restauração”, será válido para todos os fins-de-semana em que se mantenham as atuais limitações de circulação. Deste modo, e à semelhança daquilo que foi feito entre os dias 31 de dezembro e 3 de janeiro, a Câmara vai financiar os serviços de “take-away” efetuados dentro do concelho de Albufeira. Para esse efeito, recorre à Bolsa de Quilómetros recentemente protocolada com a Albucoop - Cooperativa de Rádio Táxis de Albufeira. A Câmara de Albufeira explica que "este serviço é aberto a todos os que dele necessitarem. Ao contactar o restaurante ou similar, o cliente deixa nome, contato e morada postal e combina o modo de pagamento". De seguida, "o estabelecimento a quem foi pedida a refeição, deverá contatar a Albucoop através do 289 58 32 30, que designará o transporte

Serviço será válido para todos os fins-de-semana em que se mantenham as atuais limitações de circulação FOTO D.R.

mais próximo para providenciar a entrega. No ato de entrega, não haverá lugar a qualquer pagamento e este serviço funcionará no respeito pelo horário de funcionamento determinado pela Governo". Os estabelecimentos de restauração e similares que desejarem aderir a este serviço devem fazer a respetiva divulgação junto dos seus clientes. José Carlos Rolo apela à colaboração

de todos nesta situação, na medida em que “tudo quanto nos está a ser pedido e tudo quanto consideramos ser necessário e urgente para os munícipes, estamos a fazer. Vivemos tempos como não há memória de tal e, por parte deste executivo, não temos poupado esforços. É importante que todos compreendam e colaborem com estas e outras ações”.

Aprovada proposta do Plano de Pormenor do Paul de Lagos A Câmara de Lagos aprovou a proposta do plano de pormenor para a área do Paul, para renaturalizar e valorizar uma das principais entradas da cidade, cujo investimento global ronda os 16,5 milhões de euros “O que se pretende com este plano é a preservação e valorização ambiental de toda a área, estipulando o documento a classificação do solo, diferenciando os usos principais e complementares, definindo as operações urbanísticas”, disse à Lusa o presidente da Câmara de

Lagos, Hugo Pereira. De acordo com o autarca, a proposta do plano agora aprovado pelo executivo camarário vai entrar em discussão pública, perspetivando que o primeiro dos sete projetos específicos de intervenção previstos possa iniciar-se em 2022. A conclusão dos trabalhos tem um prazo temporal previsto de 10 anos. Para Hugo Pereira, sendo o PauldeLagosumazonacom característicasnaturaismuito peculiares e importantes ao nível ambiental, "com muitos habitats naturais, é importante que a mesma seja preservada e até explorada em termos de turismo de natureza".

Entre os projetos de valorização ambiental, destaca-se a erradicação de espécies exóticas invasoras, com um custo previsto de 8,4ME, a criação do parque ambiental numa área aproximada de 24,4 hectares (equivalente a cerca de 25 campos de futebol), cuja instalação prevê a relocalização do aeródrom Entre as sete intervenções previstas, com um investimento global de cerca de 16,5ME, estão a recuperação e requalificação da Ribeira de Bensafrim, a criação de centro interpretativo e a criação da sinalética, projetos que, segundo o autarca, “são

considerados prioritários e deverão avançar em primeiro lugar”. A proposta de plano vai ser enviada à Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Algarve. Segundo a Câmara de Lagos, a elaboração do plano de pormenor do Paul é uma das ações previstas na candidatura ao programa operacional CRESC Algarve 2020, que foi aprovada e contratada, tendo um custo total de 159 mil euros, um montante elegível de 143 mil e uma taxa de cofinanciamento de 60% pelo Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional (FEDER).


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REGIÃO

UALG É a única portuguesa na comissão da ONU que avaliou o estado do oceano

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aria João Bebianno, professora catedrática da UAlg e coordenadora do Centro de Investigação Marinha e Ambiental (CIMA), é a única portuguesa a integrar um grupo de 25 peritos nomeados pela Organização das Nações Unidas (ONU), que participaram na elaboração do segundo Relatório do Estado do Oceano, aprovado recentemente. Este segundo relatório, que identifica problemas e soluções, tendo em conta a evolução do estado do ambiente marinho a partir de 2015, foi aprovado no final de 2020, em reunião da Assembleia Geral da ONU. Da UAlg participaram ainda Alice Newton, investigadora do CIMA, no capítulo sobre o impacto das alterações da introdução de nutrientes no meio marinho, e Sérgio de Jesus,

professor catedrático da Faculdade de Ciências e Tecnologias, na parte sobre o ruído no oceano. Segundo a UAlg, "este segundo relatório inclui uma avaliação das alterações que ocorreram no oceano desde a elaboração do primeiro relatório, contribuindo diretamente para que possam vir a ser alcançados os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da Agenda 2030 da ONU. Indica temas relevantes para a ciência dos oceanos e para o seu Desenvolvimento Sustentável, tendo em conta os objetivos societais da década, incluindo uma importante contribuição para conhecer e limpar o oceano, explorá-lo de uma forma sustentável, quer para fins alimentares, quer para o uso económico, promovendo a sua segurança e a dos ecossistemas marinhos".

Oceano cobre 70% do planeta e corresponde a 95% da biosfera

Para Maria João Bebianno, este relatório reveste-se de primordial importância porque “faz uma avaliação mundial do estado do oceano, em todas as suas vertentes, desde o impacto das atividades humanas

no oceano e do oceano na saúde humana, passando pela vertente ambiental, até à identificação do impacto da exploração dos recursos não biológicos (recursos minerais, petróleo e energia)”.

O mesmo relatório “indica ainda qual o atual conhecimento do oceano, o que falta e é urgente conhecer, bem como as lacunas existentes em formação nas diferentes áreas do conhecimento e da tecnologia, necessárias para que melhor se possa gerir o oceano à escala global. A coordenadora do CIMA lembra “que há uma grande preocupação mundial com a diminuição da qualidade do estado do oceano, que cobre 70% do nosso planeta e corresponde a 95% da biosfera”, realçando ainda que “qualquer alteração que nele é produzida tem influência no clima, na vida na terra e nos ecossistemas marinhos”.

Proteção Civil Municipal de Faro mudou-se para a antiga sede do CDOS

O Serviço da Proteção Civil Municipal de Faro (SPCMF) assumiu na semana passada as novas instalações na antiga sede do Comando Distrital de Operações de Socorro (CDOS) de Faro, no âmbito do protocolo de cedência celebrado, no Dia do Município, a 7 de setembro, entre a autarquia e a Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil (ANEPC)

O momento simbólico foi assinalado no passado dia 8 de janeiro com o descerramento de uma placa alusiva ao SPCMF no edifício por Rogério Bacalhau, presidente da Câmara de Faro, e por Abel Gomes, comandante Operacional Distrital de Faro. Segundo a Câmara de Faro "este protocolo entre a autarquia e a ANEPC permite assim aproveitar parte das instalações do CDOS de Faro, que ficaram vazias e estavam disponíveis, e dar melhores condições ao SPCMF, que não tinha, até ao momento, instalações

próprias fixas". "Este serviço municipal chegou a estar alocado às instalações da Biblioca Municipal de Faro durante o período de confinamento geral devido à pandemia, quando ali foi montado, em permanência, um posto de coordenação da Proteção Civil Municipal, tendo entretanto sido deslocado, transitoriamente, para outras instalações alugadas pelo Município", recorda a autarquia. No âmbito do momento que assinalou a tomada de posse das instalações, Rogério Bacalhau agradeceu a disponibilidade da ANEPC para ceder este espaço, já adaptado a este tipo de serviço, que “vai permitir dar boas condições ao Serviço de Proteção Civil Municipal, além de permitir também uma cooperação e sinergias ainda mais próximas entre a autarquia e o Comando Distrital”. AF CA_SolucoesCreditoPessoal_Dez2020_IMPRENSA 21X28,5 cv.indd 1

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REGIÃO

“Corrida à vacina” começa nos lares de idosos no Algarve DECLARAÇÃO DE UTILIDADE PÚBLICA PARA EFEITOS DE EXPROPRIAÇÃO,COM CARÁTER DE URGÊNCIA, DE PARCELAS NECESSÁRIAS À EXECUÇÃO DO PROJETO DE "REQUALIFICAÇÃO VIÁRIA MUNICIPAL - E. M.537 (QUATROESTRADAS - VILA DA LUZ)" - MUNICÍPIO DE LAGOS

EDITAL Nos termos e para os efeitos previstos na parte final do n.º 1 e no n.º 2 do artigo 17.º do Código das Expropriações (Lei n.º 168/99, de 18 de setembro), ficam notificados os proprietários e demais interessados de que o Secretário de Estado da Descentralização e da Administração Local, por despacho de 17 de agosto de 2020, a pedido da Câmara Municipal de Lagos, declarou a utilidade pública urgente da expropriação das parcelas a seguir identificadas:

Durante os meses de janeiro e fevereiro, o objetivo é vacinar 9.000 utentes e profissionais

Texto FILIPE VILHENA HENRIQUE DIAS FREIRE

A A expropriação destina-se à "Requalificação Viária Municipal - E. M. 537 (Quatro Estradas- Vila da Luz)". Aquele despacho foi publicado no Diário da República, 2.ª série, n.º 182, de 17 de agosto de 2020, através da Declaração (extrato) n.º 78/2020, e posteriormente retificada pela Declaração de Retificação n.º 694/2020, publicada no Diário da República, 2.ª série, n.º 199, de 13 de outubro de 2020 e pela Declaração de Retificação n.º 770/2020, publicada no Diário da República, 2.ª série, n.º 218, de 9 de novembro de 2020. DIREÇÃO-GERAL DAS AUTARQUIAS LOCAIS (09/11/2020) A Diretora-Geral, Sónia Ramalhinho (POSTAL do ALGARVE, nº 1257, 15 de Janeiro de 2021)

primeira fase da vacinação contra a covid-19 já arrancou nos lares de idosos e unidades de cuidados continuados do Algarve. O objetivo é abranger 9.000 utentes e profissionais até final do mês de fevereiro, anunciou a Administração Regional de Saúde (ARS) Algarve. Os primeiros a receber a vacina foram os lares e unidades da rede de cuidados continuados de Albufeira e de Tavira. A entidade gestora dos cuidados de saúde na região justifica o início do processo de vacinação em Albufeira e Tavira, com o critério de prioridades definido pela Direção-Geral da Saúde (DGS) que coloca os dois concelhos em risco elevado

de contágio. Durante a manhã do dia 12 de janeiro, nas ERPI e UCCI da região, foram vacinados os utentes e profissionais do Lar do Centro da Quinta da Palmeira, em Albufeira, e da Unidade Media Duração e Reabilitação da Rede de Cuidados Continuados Integrados, de Tavira. No período da tarde, foi a vez dos utentes e profissionais da Unidade de Convalescença de Loulé e da Unidade de Longa Duração e Manutenção de Vila Real de Santo António. Nesta primeira fase, dos profissionais de saúde, vai ser realizada a vacinação dos utentes e profissionais de todas as ERPI e das unidades da RNCCI da região, por equipas de saúde dos três Agrupamentos de Centros de Saúde - ACeS Barlavento, ACeS Central e ACeS Sotavento - que se deslocarão a estas estruturas no decorrer dos meses de janeiro e fevereiro.

Serão vacinados 900 utentes e profissionais ao longo da semana Reconhecendo o simbolismo da vacinação, Paulo Morgado estima que “vamos vacinar ao longo desta semana cerca de 900 utentes e profissionais das instituições destes concelhos. No total, es-

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timamos que, durante os meses de janeiro e de fevereiro, as equipas dos nossos três ACeS, vacinem cerca de 9 mil utentes e profissionais destas estruturas, incluindo também as não legalizadas, de acordo com o levantamento que foi efetuado junto dos serviços competentes”. O secretário de Estado e Coordenador Regional do Combate à Covid-19, Jorge Botelho, o presidente do Conselho Diretivo da ARS Algarve, Paulo Morgado, Margarida Flores, diretora de Segurança Social do Centro Distrital de Faro, a Diretora Executiva do ACeS Central, Sílvia Cabrita, o presidente da Câmara de Albufeira, José Carlos Rolo, e o presidente do Centro Paroquial de Paderne e responsável do Lar, padre Pedro Manuel, acompanharam o arranque da vacinação no Lar do Centro da Quinta da Palmeira em Albufeira. Nas unidades da Rede de Cuidados Continuados Integrados de Tavira e de Loulé, estiveram presentes a vogal do Conselho Diretivo da ARS Algarve, Josélia Gonçalves, a coordenadora regional dos Cuidados Continuados Integrados do Algarve, Fernanda Faleiro, as diretoras executivas do ACeS Sotavento, Luísa Prates, e do ACeS Central, Sílvia Cabrita, assim como o vice-presidente da Câmara de Loulé, Pedro Pimpão, e o diretor do Centro Humanitário da Cruz Vermelha Portuguesa de Tavira, Manuel Marrafa.


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REGIÃO

CCDR Algarve quer atingir 60% de execução nos apoios comunitários até final de 2021

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Presidente da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional (CCDR) do Algarve estabeleceu ontem como objetivo passar dos atuais 42% para os 60% de execução dos apoios comunitários geridos pela entidade até final de 2021. José Apolinário afirmou quer aumentar “em 50 milhões de euros” a execução do Programa Operacional Regional e trabalhar para que “no período de 2021-2027” a região “possa vir a ter uma duplicação dos fundos europeus”. Numa reunião com jornalistas na sede da CCDR-Algarve, em Faro, onde fez o ponto de situação da aplicação dos diversos programas operacionais e de cooperação trans-

fronteiriça, o dirigente defendeu que vai ser necessário “mobilizar a região e os agentes económicos nessa ambição”. Questionado sobre uma reduzida taxa de execução de um programa com 320 milhões, numa região que muitas vezes criticou a redução do valor global de apoios, o responsável informou que a taxa “está em linha” com a obtida no “fecho do quadro anterior” e com os “demais programas operacionais regionais” mas reconheceu que é necessário “acelerar a execução”. José Apolinário revelou que no caso dos investimentos públicos “há uma série de procedimentos que, por vezes, levam ao atraso nos lançamentos dos concursos” e assegurou que a CCDR-Algarve está a “traba-

lhar com os 16 municípios” e com as entidades públicas para “procurar saber quais são os problemas e contribuir para a sua resolução”. Em relação aos privados, revelou que “numa primeira fase do Quadro” as empresas obtiveram “uma maior execução”, mas que “tem vindo a diminuir” e assumiu ser necessário fazer “uma análise mais minuciosa” para apurar que projetos “são para concretizar” e os que terão de “transitar para o próximo Quadro”. Na questão de o hospital central do Algarve poder ser incluído nos próximos apoios comunitários, o presidente adiantou que “a CCDR vai acompanhar o processo junto do Governo”, mas revelou que a sua “expectativa” é de que “ao longo de

Três bairros de Quarteira vão implementar projetos através de orçamento participativo Os bairros da Abelheira, Checul e IGAPHE, na cidade de Quarteira, vão decidir e implementar os projetos que consideram mais importantes para a comunidade, através de uma metodologia de Orçamento Participativo. "Cada bairro terá um valor próprio e esse será debatido e consensualizado entre os moradores, de acordo com um modelo adaptado à escala e à realidade destes territórios", explica a Associação Oficina, entidade promotora do projeto, acrescentando que "os orçamentos participativos propostos distinguem-se dos mais comuns pelo facto de assumirem de forma explícita um foco social, algo incomum no contexto português e europeu. São destinados a bairros caraterizados pela diversidade étnica e cultural, bem como por fragilidades socioeconómicas e baixo nível de organização comunitária". Outro dos elementos distintivos destes processos prende-se com "o objetivo de destinar o dinheiro previsto ao financiamento de ações imateriais – atividades ou pequenos equipamentos – que sirvam para reforçar a convivência e o diálogo social nestes locais, estando, assim, excluída a possibilidade de suportar investimentos em infraestruturas ou melhorias no espaço público ou privado". A Associação Oficina entende ainda que "estes processos se diferenciam também pelo facto da sua implementação resultar da conjugação com outras metodologias participativas, com destaque para os tutores locais. Em cada bairro serão recrutados um rapaz e uma rapariga, com idades entre os 16 e os 25 anos, aos quais será assegurada formação

e atribuída uma bolsa, para que sejam os principais dinamizadores do orçamento participativo nas respetivas comunidades, informando e mobilizando os restantes moradores para o processo". As candidaturas aos lugares de tutor encontram-se abertas, devendo os interessados manifestar a sua vontade através de mensagem a enviar para o email quarteiradecide@oficina.org.pt. Estas atividades inserem-se no âmbito do projeto Quarteira Decide, financiado pela incubadora social Civic Europe, com sede na Alemanha. Este é um dos 19 projetos escolhidos pelo júri num universo de 841 candidaturas, provenientes de 12 países europeus. A verba a atribuir a cada bairro resulta maioritariamente deste apoio, bem como de fundos próprios mobilizados pela Associação Oficina e pela Associação Akredita Em Ti. O projeto conta com a parceria do Município de Loulé e da Junta de Freguesia da Quarteira.

2021 haja uma resposta clarificadora”. Não adiantando que projetos regionais poderão ser abrangidos pelo próximo Quadro Comunitário de Apoio, José Apolinário destacou que em relação aos 600 milhões de euros do Programa Operacional Regional, a entidade está focada em “trabalhar com os municípios” para integrar os seus projetos, assim como “trabalhar com as empresas e as associações empresariais” para contribuir para a “diversificação da base económica”. Em relação aos projetos que possam ser incluídos no Programa de Recuperação e Resiliência e nos projetos transfronteiras, a perspetiva da CCDR-Algarve é “conseguir o máximo de financiamento" para projetos que

“melhorem a vida” no Algarve e a “resiliências da região”. Questionado sobre o reforço de 300 milhões de euros anunciado pelo Governo para o Algarve, José Apolinário ressalvou que “há regulamentação comunitária que é aplicável” e afirmou estarem a trabalhar com a Associação de Municípios do Algarve, mas também com associações empresários de vários setores para reforçar a resposta. Mar, eficiência energética, energias renováveis, agroindústria e biotecnologia, envelhecimento ativo e saudável, emprego verde e indústrias criativas e culturais, são áreas apresentadas como prioritárias e que deverão “ter resposta” nos próximos apoios comunitários na região.

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68º Dia Mundial JAN dos Doentes de Lepra 2021

Mais de 200 mil novos casos por ano

Colabore na prevenção e na cura

Associação Portuguesa Amigos de Raoul Follereau

Rua Cidade de Nova Lisboa, 7 Apartado 8395 - 1800-107 Lisboa Telefone: 218 520 520/1 www.aparf.pt • aparf@aparf.pt • /APARF

Entidade: 21604 Referência: 800 151 800 Montante: qualquer valor

IBAN: PT50 0035 0557 0002 9981 93095 A APARF contribui para os Objectivos de Desenvolvimento Sustentável

Cada bairro terá um valor próprio e esse será debatido e consensualizado entre os moradores FOTO D.R.

A lepra existe e são mais de 200 mil os novos casos todos os anos. Mas, com prevenção e tratamento, podemos erradicar esta doença. A APARF apoia na prevenção e cura da doença com projectos de combate à desnutrição, de acesso a água potável, cuidados de saúde e melhores condições de higiene. Colabore com a Associação Portuguesa Amigos de Raoul Follereau na angariação de fundos. Está a ajudar na prevenção e cura da lepra no mundo.


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REGIÃO

Faro disponibiliza 100 camas

Silves com novo PDM

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Câmara de Faro disponibilizou 25 camas ao Centro Hospitalar Universitário do Algarve (CHUA) para reforçar o acolhimento a doentes com covid-19, em resposta a uma solicitação das autoridades, anunciou a autarquia. “Na sequência de uma solicitação do CHUA ao Posto de Comando Distrital para apoio na ampliação da capacidade de acolhimento de doentes Covid-19, o Serviço Municipal de Proteção Civil (SMPC) da Câmara de Faro, em articulação com a direção do Serviço de Urgência, providenciou prontamente a entrega de 25 camas e colchões em tela hospitalar”, contextualizou o município algarvio. A Câmara de Faro sublinhou que tem outras “75 camas disponíveis para a eventual necessidade de instalar hospitais de campanha, nomeadamente o previsto para o Pavilhão Desportivo Municipal da Penha”.

“Recorde-se que, no âmbito do combate à pandemia na região, e em articulação com as autoridades de saúde, a autarquia adquiriu, em abril, um total de 100 camas hospitalares para apoio de retaguarda às comunidades e apoio das unidades de saúde”, acrescentou o município. O anúncio da disponibilização pela Câmara de Faro de 25 camas ao CHUA surge depois de, no domingo, o centro hospitalar também ter anunciado a abertura, no Pavilhão Arena, em Portimão, de um hospital de campanha covid-19 com capacidade de até 100 camas. “As camas disponíveis extra que estão no hospital [do Portimão Arena] são estas 100 camas. As camas que Faro disponibilizou são camas para nós abrirmos outros espaços para trocar doentes não covid de uns sítios para outros para conseguirmos receber os doentes todos que têm acorrido à urgência”, explicou a presidente do Conselho de Administração do CHUA, Ana Castro.

Ana Castro explicou que o plano de contingência do CHUA estava na fase 3 e, como “atingiu 80%” da sua capacidade, passou para “a fase 4” com a abertura das 100 camas no Portimão Arena, uma capacidade que “duplica praticamente o espaço de internamento para doentes covid-19” no Algarve, sublinhou. “Neste momento temos maior resposta do que qualquer região do país, em termos de resposta adicional, e achamos que isso pode servir não só para nós, como também, se calhar, ainda para prestar ajuda a outras regiões”, realçou a presidente do conselho de administração do CHUA. Ana Castro reconheceu que continua a haver carência de profissionais no CHUA, mas garantiu que o centro hospitalar tem “contratado todos o que pode e encontra no mercado” desde “há alguns meses, em termos de enfermeiros e operacionais”. “Se é suficiente? Não, porque vamos abrir mais espaços, vamos duplicar a capacidade e não temos o dobro dos profissionais”, admitiu, lembrando que há também recursos humanos do CHUA infetados, em isolamento e quarentena e isso também tem implicações na disponibilidade de recursos. Médica de formação, Ana Castro considerou que “não faz sentido haver poucos recursos médicos e não se usarem” e por isso também está a trabalhar na resposta aos doentes o Portimão Arena.

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Carência de profissionais

O novo Plano Diretor Municipal (PDM) de Silves entrou em vigor esta semana EDITAL N.º 7/2020

EDITAL N.º 8/2020

REGISTO PATRIMONIAL MARÍTIMO - DEMOLIÇÃO. ABATE DE REGISTO. EMBARCAÇÃO "DORIS" T-46-AL

REGISTO PATRIMONIAL MARÍTIMO - DEMOLIÇÃO. ABATE DE REGISTO. EMBARCAÇÃO "JOMAR " T-47-AL

O CAPITÃO DO PORTO DE TAVIRA , Capitão-de-Fragata Rui Miguel Vasconcelos de Andrade, no uso das competências que lhe são conferidas pelo número (n.º) 1, e alínea (ai.) ƒ) do n.º 6 do artigo (art.) 13.º do Decreto-Lei (Dec.-Lei) n.º 44/2002, de 2 de março, considerando o previsto nos termos da ai. a) do n.0 1 do art.0 90.º, do n.º 1 do art. 91.º, e n.º 3 do art. 92.º do Regulamento Geral das Capitanias [(Reg.G.Cap) aprovado pelo Dec.-Lei n.º 265/72, de 31 de julho] e da ai. d ) do n.º 1 do art. 112.º do Código do Procedimento Administrativo (Cód.Proced.Adm.), toma público que:

O CAPITÃO DO PORTO DE TAVIRA, Capitão-de-Fragata Rui Miguel Vasconcelos de Andrade, no uso das competências que lhe são conferidas pelo número (n.º) 1, e alínea (al.) j) do n.º 6 do artigo (art.) 13.º do Decreto-Lei (Dec.-Lei) n.º 44/2002, de 2 de março, considerando o previsto nos termos da ai. a) do n.0 1 do art.0 90.º, do n.º 1 do art. 91.º, e n.º 3 do art. 92.º do Regulamento Geral das Capitanias [(Reg.G.Cap) aprovado pelo Dec.-Lei n.º 265/72, de 31 de julho] e da ai. d) do n.º 1 do art. 112.º do Código do Procedimento Administrativo (Cód.Proced .Adm.), toma público que:

1. De informar que se encontra a decorrer nesta Capitania do Porto um processo para demolição e consequente cancelamento de registo da embarcação auxiliar local, T-46-AL denominada "Doris";

1. De informar que se encontra a decorrer nesta Capitania do Porto um processo para demolição e consequente cancelamento de registo da embarcação auxiliar local, T-47-AL denominada ")ornar";

2. A referenciada embarcação foi avaliada em 33.600,00 € (trinta e três mil e seiscentos euros);

2. A referenciada embarcação foi avaliada em 23.800,00 € (vinte e três mil e oitocentos euros);

3. Face ao exposto, servem ainda, o presente Edital para:

3. Face ao exposto, servem ainda, o presente Edital para:

I- Citação dos credores ou quaisquer outros interessados, para no prazo de 30 (trinta) dias úteis a contar da data de afixação do presente edital, apresentarem por escrito, nesta Repartição, a sua oposição ou pronuncia sobre a matéria ora publicitada;

I- Citação dos credores ou quaisquer outros interessados, para no prazo de 30 (trinta) dias úteis a contar da data de afixação do presente edital, apresentarem por escrito, nesta Repartição, a sua oposição ou pronuncia sobre a matéria ora publicitada;

II- Expirado o prazo estabelecido no número anterior sem que credores ou interessados tenham intervindo ou resultando infrutíferas as novas diligências feitas, o processo de demolição seguirá os seus legais trâmites, sendo realizado ato de demolição e ordenado o abate de registo, reportado à data em que terminou a demolição ou desmantelamento, nos termos do n.º 2 do art.º 96.º do Reg.G.Cap..

II- Expirado o prazo estabelecido no número anterior sem que credores ou interessados tenham intervindo ou resultando infrutíferas as novas diligências feitas, o processo de demolição seguirá os seus legais trâmites, sendo realizado ato de demolição e ordenado o abate de registo, reportado à data em que terminou a demolição ou desmantelamento, nos termos do n.º 2 do art.º 96.º do Reg.G.Cap ..

4. Para que conste, com vista a garantir o devido conhecimento público, para a produção dos adequados efeitos legais, publica -se o presente Edital que será afixado no referido local, demais sítios que permitam uma adequada informação e no sítio eletrónico da Autoridade Marítima Nacional (www.amn.pt) .

4. Para que conste, com vista a garantir o devido conhecimento público, para a produção dos adequados efeitos legais, publica-se o presente Edital que será afixado no referido local, demais sítios que permitam uma adequada informação e no sítio eletrónico da Autoridade Marítima Nacional (www.amn.pt).

5. Este Edital entra em vigor em 9 de dezembro de 2020 (data da sua assinatura e afixação).

5. Este Edital entra em vigor em 9 de dezembro de 2020 (data da sua assinatura e afixação).

Capitania do Porto de Tavira, 09 de dezembro de 2020.

Capitania do Porto de Tavira, 09 de dezembro de 2020.

O Capitão do Porto

O Capitão do Porto

Rui Miguel Vasconcelos de Andrade Capitão-de-fragata

Rui Miguel Vasconcelos de Andrade Capitão-de-fragata

(POSTAL do ALGARVE, nº 1257, 15 de Janeiro de 2021)

(POSTAL do ALGARVE, nº 1257, 15 de Janeiro de 2021)

O Município de Silves passou a dispor de "um novo instrumento de governança estruturante e fundamental para a gestão e desenvolvimento do território, que se mostra atualizado, prospetivo, adaptado e flexível, e revelador que vale a pena viver, fruir e investir no concelho de Silves, que vai da Serra ao Mar". Este novo plano é o resultado da conclusão de um procedimento de revisão complexo, exigente e, simultaneamente, pioneiro, "uma vez que se trata de um PDM de 2.ª geração, o primeiro na região do Algarve, que vem substituir o PDM de 1995, estabelecendo uma nova estratégia municipal de desenvolvimento territorial, alicerçada num conjunto de desafios e vetores de ação que visam tornar o concelho de Silves mais atrativo, coeso, dinâmico, competitivo e sustentável a diversas escalas e domínios", afirma a autarquia local. O novo PDM, mais estratégico do que urbanístico, traduz "uma preocupação de atualização ao novo quadro legal vigente no domínio do ordenamento do território e urbanismo, de adaptação às especificidades do território municipal e de ajustamento à satisfação das reais necessidades da população, e constitui uma importante ferramenta de operacionalização da estratégia para trilhar os caminhos do desenvolvimento sustentável no concelho". A versão final do novo PDM "foi aprovada pela Assembleia Municipal de Silves, com 24 votos a favor e uma abstenção, em reunião extraordinária realizada no passado dia 11 de Dezembro”. Este documento, já tinha sido unanimemente aprovado pelo executivo, a 4 de dezembro último.


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FOTOS D.R.

Horário de trabalho dos profissionais de saúde aumentou drasticamente. Sete em dez portugueses que estiveram em quarentena ou já recuperados da covid-19 acusaram sofrimento psicológico

Incertezas e medos regressam à vida dos portugueses CONFINAMENTO Texto FILIPE VILHENA HENRIQUE DIAS FREIRE

A pandemia do novo coronavírus surgiu em março de 2020 em Portugal. A seguir a ela, confinamento foi a palavra de ordem e durante cerca de dois meses estivemos fechados em casa. O comércio não essencial foi encerrado e começou também a falar-se em crise. O primeiro confinamento trouxe a debate público a importância da saúde mental e as consequências que o tempo de incertezas que estávamos a atravessar teriam na vida das pessoas. Passado quase um ano de pandemia, como está a saúde mental dos portugueses? A quarentena foi um momento de enorme medo para a maioria da população, uma vez que uma doença ainda desconhecida estava a propagar-se em Portugal e isso iria colocar em causa a liberdade de todos (que estava garantida até então), os postos de trabalho, o contacto com amigos e família, entre tantas outras coisas. O POSTAL

questionou Diogo Fernandes, psicólogo na ASMAL (Associação de Saúde Mental do Algarve), que trabalha no Centro de Reabilitação, sobre as consequências do primeiro confinamento na população e a verdade é que “a ansiedade e o medo de ficar contagiado” foram as primeiras emoções sentidas. Acrescenta-se ainda “o receio das outras pessoas não cumprirem as normas”. A fase de reabertura da economia e desconfinamento trouxe para Portugal uma nova esperança, que começou com o verão e permitiu aos portugueses ficarem mais confiantes. Contudo, a pandemia abrandou, mas não desapareceu. As máscaras, a higienização e tantas outras medidas foram sempre existindo. “Todos nós tivemos uma quebra das expectativas [nessa altura], mas as pessoas que não têm problemas do foro psicológico têm alguma capacidade de se manterem mais calmas”. Para pacientes com alguma patologia, esta poderá ter-se agravado, “porque eles sofrem sempre mais”. Deve-se, portanto, ajustar a expectativa e não criar visões pouco realistas, conclui o profissional. A questão que aqui surge é sobre o novo confinamento. Como vão os portugueses encarar este “retrocesso” à

fase das incertezas? Diogo Fernandes fala da personalidade de cada um como fator essencial para perceber as reações. Para além disso, a experiência que os portugueses viveram a posteriori, com o confinamento de março, poderá dar mais segurança a alguns e menos a outros. Por exemplo, uma pessoa cumpridora das regras que ficou infectada poderá agora colocar em causa a validade deste conjunto de normas para o novo confinamento. Já outras pessoas vão encarar esta fase mais delicada de forma mais séria e consciencializada, uma vez que já se conhece melhor a doença e os casos estão agora a rondar os 10 mil.

Portugueses em quarentena ou recuperados da covid-19 com depressão moderada Dados recentes mostram que sete em dez portugueses que estiveram em quarentena ou já recuperados da covid-19 acusaram sofrimento psicológico e mais de metade apontou sintomas de depressão moderada a grave, revela um estudo do Instituto Nacional Ricardo Jorge (INSA). Já as pessoas infetadas, entre 22 de maio e

14 de agosto, 92% relataram sintomas de ansiedade moderada a grave e 43% sintomas de perturbação de stress pós-traumático. O psicólogo fala de alguma desconfiança das pessoas após passarem por experiências de quarentena ou infeção, uma vez que existe algum receio de que volte a acontecer depois.

Profissionais de saúde que estão em contacto com doentes infetados em ‘burnout’ O estudo do INSA revela ainda que no grupo dos pro-

fissionais de saúde, os mais afetados por “burnout” são os que estiveram em contacto regular com doentes (33%), os que estavam a tratar doentes com covid-19 (43%) e os que tiveram um aumento do horário de trabalho (39%). Existe também um medo de não se regressar à vida que havia antes da pandemia, revelam 76% das respostas.

Aumenta venda de antidepressivos Segundo dados do Infarmed, nos primeiros oito meses de 2020, foram ven-

didas mais de 6,5 milhões de embalagens de antidepressivos, mais 5% do que em 2019. Pode assim concluir-se que a pandemia covid-19 provocou, a nível global, alterações profundas nos estilos de vida, com potencial impacto na saúde mental e no bem-estar das populações. A viver mais um confinamento, é essencial preparar os profissionais de saúde e a população para a nova luta que enfrentaremos agora. A saúde mental será, sem dúvida, um dos efeitos desta pandemia no mundo.


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ENTREVISTA [ pa rt e 1/2]

Carlos Moedas é um ca concentra a sua atenção. Participei em debates de alto nível sobre inteligência artificial, economia, alterações climáticas, desenvolvimento sustentável, desigualdades sociais, etc, com a participação de líderes empresariais à escala mundial, cientistas laureados, governantes. Há muitos pontos de interesse comum entre a União Europeia e a Santa Sé, não necessariamente de acordo em tudo. Mas a defesa do multilateralismo, a integração de refugiados e emigrantes, o combate ao tráfico de seres humanos, a segurança, a defesa das comunidades cristãs perseguidas em muitas partes do mundo, o diálogo inter-religioso, a desinformação. São apenas alguns exemplos de temas muito debatidos entre o Vaticano e a União Europeia.

Não encaro os populismos e os nacionalismos como fenómeno passageiro nem com preocupação obsessiva. Mas importa que os partidos centrais deem voz ao pensamento e às preocupações das pessoas

“Terá futuro se o partido tiver futuro”

P Calculo que se encontrou com o Papa Francisco. Que imagem guarda dele e quais eram as preocupações dominantes do Papa em relação à Europa e ao mundo?

Encontrei-me com o Papa Francisco quatro vezes no desempenho das minhas funções. É uma personalidade que inspira simplicidade e genuinidade. A minha admiração por ele cresceu durante a estadia em Roma. É um reformista corajoso, de uma Igreja que estava em crise profunda de identidade e de valores, incapaz de compreender a sociedade dos nossos dias. Desenvolveu um combate impiedoso contra a pedofilia na Igreja. Tem feito uma limpeza implacável dos focos de corrupção que minavam escandalosamente as finanças do Vaticano. Valorizou o papel das mulheres na hierarquia e na prática religiosa. Lançou as bases de um diálogo com outras religiões, designadamente com o Islão moderado, com um documento de referência, a Declaração de Abu Dhabi sobre a Fraternidade Humana. Revejo-me totalmente na sua Encíclica “Laudato Sì”, sobre as quesR

Texto RAMIRO SANTOS Fotos ANA PINTO Nunca esconde a sua paixão pelo Algarve. É uma regionalista convicto e diz que pagou caro por isso. Considera-se um ‘lobo solitário’ no seu percurso político e nunca frequentou os salões ou grupos de conspiração em Lisboa. Afirma que o governo sem a geringonça perdeu qualidade e mostra-se crítico da liderança de Rui Rio no PSD. Entende que as democracias têm em si os antídotos para enfrentar os perigos dos populismos e aceita o Chega como partido legal e constitucional. Quanto à Europa

diz que o Brexit revelou a coesão entre os 27 países da União e que o turismo algarvio, pós-pandemia, não vai sofrer com a saída do Reino Unido. P Como elemento do serviço diplomático da União Europeia, pode dizer que a Europa fala a uma só voz? Ou de outra forma: há uma política externa comum na União Europeia? R A política externa e de segurança comum é um dos pilares da UE, promovendo a paz e o diálogo à escala global, com base na diplomacia e no respeito pelas regras internacionais. O Serviço Europeu para a Acção Externa, atualmente liderado pelo Alto Representante Josep Borell, assegu-

ra a coerência do discurso e da acção da UE em todos os foros das relações multilaterais e bilaterais de todo o mundo. A tal “uma só voz” de que me falou. Esta voz intervém também nos domínios do comércio, da ajuda humanitária e da cooperação para o desenvolvimento. O SEAE é, pois, o serviço diplomático da UE com uma rede de 140 delegações em todo o mundo, protegendo os valores e interesses da UE. Foi neste quadro que trabalhei nos últimos anos. Primeiro em Estrasburgo, depois em Roma. Quais eram os temas em agenda na diplomacia da Europa com a Santa Sé? Como era possível conciliar os interesses vários de 27 países com orientações religiosas diferenP

tes da Igreja de Roma, desde logo, o Reino Unido? R Depois de três anos como diplomata junto do Conselho da Europa, que já conhecia muito bem por via da minha participação na respectiva Assembleia Parlamentar durante muitos anos, confesso que me surpreendeu a dimensão política que fui encontrar na actividade da Santa Sé. O Vaticano é um Estado minúsculo em área e população, sem forças militares, mas é o maior “soft power” do mundo. A Igreja Católica está presente por toda a parte, até na China, com presença física e espiritual no terreno ao nível de aldeias onde as administrações nacionais não chegam. E não é apenas nas liturgias, na estratégia pastoral, na difusão da Fé pura e dura que se


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apital de reserva no PSD tões ambientais. E, nos últimos anos, o Papa Francisco intensificou as suas declarações de apoio à União Europeia, como base sólida dos valores universais, da estabilidade e da paz. Como analisa a resposta da Europa à crise provocada pela pandemia da covid-19? P

R Ninguém estava preparado para uma crise sanitária desta dimensão. A União Europeia também não. A resposta inicial foi hesitante, mas a União Europeia mostrou dispor de instrumentos que lhe permitiram atuar em ajuda solidária aos seus membros e também a populações em dificuldades em todo o mundo. Fez-nos sentir que não estamos sós. Se o mais vasto plano de vacinação jamais implementado no mundo já está em marcha, à União Europeia muito o deve. Quem, senão a União Europeia, poderia ter lançado um Plano de Recuperação e Resiliência mobilizando 1,8 triliões de euros para ajudar os Estados-membros a sair da crise económica e social causada pela pandemia?

estratégica aprofundada com a ONU para o estabelecimento de um sistema multilateral que responda a esses desafios. Estamos a falar de questões como o clima, a pobreza, o desenvolvimento sustentável, a segurança, o desarmamento, o controle de armas, a cyber-segurança, a economia digital, o espaço, a saúde… não esquecendo o comércio livre e justo. Repare que o proteccionismo é um obstáculo ao crescimento económico e um fator de concorrência desleal. P A eleição de Joe Biden nos EUA pode servir os interesses da Europa como apaziguador das tensões deixadas pela administração Trump? R Espero que Joe Biden esteja à altura de corresponder à esperança que nele depositaram os eleitores que o elegeram. Seria bom para a Europa e para o Mundo.

Goste-se dele ou não, o Chega é um partido com existência legal e constitucional, enquanto respeitar a lei e a Constituição, mesmo que delas diga discordar

O montante financeiro global para o Plano de Recuperação será suficiente? P

Quem sabe? A pandemia ainda está em curso, os resultados da vacinação massiva só serão visíveis daqui a muitos meses, a extensão da devastação económica pode prolongar-se por muitos anos. R

No quadro da geopolítica mundial e do multilateralismo, que papel está reservado à União Europeia? P

R Há desafios globais que não podem ser resolvidos unilateralmente, cada um de per si, isoladamente. A União Europeia actua hoje como “global player” e tem uma parceria

Como vê o crescimento dos populismos e nacionalismos na Europa? Fenómeno passageiro ou sinais de alerta? Que respostas? P

R Acredito no sistema democrático, no Estado de Direito, no arquétipo de valores preconizados nas convenções que colocam os Direitos Humanos no

Turismo algarvio não vai sofrer com a saída do Reino Unido

topo das prioridades. Não encaro os populismos e os nacionalismos como fenómeno passageiro nem com preocupação obsessiva. A democracia contém os antídotos necessários, mas é necessário que os partidos centrais abandonem a ditadura do politicamente correto e dêem voz ao pensamento e às preocupações de largos extratos da população europeia em matérias como a imigração, a segurança, o racismo ou até a integração dos ciganos, e que não se revêem no discurso oficial. Há que não deixar essa faixa significativa do eleitorado europeu ao pasto exclusivo de movimentos e partidos de extrema-direita. O Chega crescerá tanto mais, quanto maior atenção lhe derem a comunicação social e os partidos de esquerda em nome de um anti-fascismo mais que estafado. Goste-se dele ou não, o Chega é um partido com existência legal e constitucional, enquanto respeitar a lei e a Constituição, mesmo que delas diga discordar. A democracia inclui democratas e anti-democratas. Pensamentos pró ou contra a Constituição. Republicanos, monárquicos, anarquistas e lunáticos vários. A liberdade de opinião é um valor fundamental que deve ser preservado. Senão… que democracia seria essa?... P Trabalhou com o ex-comissário Europeu Carlos Moedas. Acha que ele pode ser uma alternativa a ter em conta no PSD? Que futuro político prevê para Moedas?

Carlos Moedas geriu importantes pastas da Comissão Europeia, com apostas na Ciência, na Inovação e na Investigação. Saiu com a imagem intacta, como gestor e como político. É um capital de reserva de um PSD carecido de figuras sem desgaste, e de uma nova geração mais oriunda da R

RS Como olha para a saída do Reino Unido da União Europeia? CB O Reino Unido passou de membro difícil, à categoria de aliado e parceiro estratégico da União Europeia em áreas como a covid-19, as alterações climáticas, a cooperação económica ou a política externa. O Brexit revelou os 27 Estados membros da UE mais unidos do que nunca. Penso que o Turismo do Algarve não sofrerá impactos negativos. Os custos de contexto permanecem inalterados, designadamente as taxas aeroportuárias, e os ingleses continuarão a gostar de vir para a nossa Região.

sociedade civil e menos das juventudes partidárias. Terá futuro se o PSD tiver futuro. Se será um futuro de liderança, não sei. P Como avalia o desempenho de Rui Rio na liderança do PSD e de António Costa como primeiro ministro? Numa escala de 1 a 10, que pontuação lhe parece justa para cada um deles? R Sou um simples cidadão, auto-afastado da vida política há mais de seis anos, acabado de regressar do estrangeiro. Não comento com escalas. Observado do exterior, o desempenho de Rui Rio e de António Costa afigura-se-me negativo em ambos os casos. O PSD parece ideologicamente indefinido, receoso de assumir uma verdadeira liderança da oposição. Com tantos motivos de descontentamento com a acção governativa, não descolou nas sondagens. O Governo perdeu o ímpeto da geringonça, aumentou o número de governantes, mas perdeu qualidade, e tem-se atolado numa série de casos que roçam entre a incompetência e a falta de ética. O controle do défice orçamental foi feito à custa de investimento zero e em matéria de crescimento económico Portugal não parou de descer para a cauda da Europa. São realidades anteriores à pandemia. A nossa condição de pedintes da União Europeia agravou-se. P No próximo dia 24 há eleições presidenciais. Que balanço faz à presidência de Marcelo Rebelo de Sousa? Do mesmo modo, que pontuação lhe daria? R Conheço Marcelo Rebelo de Sousa desde o início dos anos oitenta. Fiz parte da sua equipa quando liderou o PSD. É o político mais inteligente

RS Portugal vai assumir a presidência da União Europeia num contexto particularmente difícil. Quais são as suas expectativas? CB Portugal vai sair-se bem, porque o contexto melhorou substancialmente na parte final do ano passado. Os fundos para a recuperação económica da Europa estão aprovados, o acordo para o Brexit está fechado, as vacinas contra a covid-19 adquiridas pela União Europeia já estão em plena distribuição, o BCE vai continuar a assegurar crédito baratíssimo. O aliado americano está de volta ao multilateralismo. Tudo são chaves importantes para o sucesso da presidência portuguesa.

É o político [Marcelo] mais inteligente que conheci, e com maior capacidade de interagir com pessoas, qualquer que fosse o seu escalão social. É um génio político que conheci e com maior capacidade de interagir com pessoas, qualquer que fosse o seu escalão social. As reuniões com ele, eram autênticas lições de cátedra, qualquer que fosse o tema. Tenho admiração pelas suas qualidades humanas e génio político. Como Presidente da República continuou igual a si próprio, manteve os hábitos, não se transfigurou com o poder, como acontece com muitos outros. É uma pessoa simples e acessível... P …como pessoa conhece-o bem, mas como avalia politicamente o seu mandato? R Teve um papel fundamental em reduzir a crispação da sociedade portuguesa. Foi solidário com os mais desfavorecidos e as vítimas das tragédias. Vetou diplomas do Governo e do Parlamento (mais do que qualquer outro) quando teve de o fazer. Exerceu um magistério de influência. Contribuiu para a estabilidade política e o bom relacionamento entre órgãos de soberania. Não foi líder de fação. Claro que não foi perfeito e terá cometido alguns erros. Para mim, o principal erro foi ter consentido a não renovação do mandato da anterior Procuradora Geral da República, Joana Marques Vidal, que foi um garante do combate efetivo à corrupção neste País. Mas, no fim de contas, o saldo parece-me positivo. Não me revejo nas críticas que certos setores lhe fazem de ter apoiado excessivamente o Governo de António Costa. O papel do Presidente da República não é o de se substituir à oposição… P Nem lhe pergunto em quem vai votar… R Quando olho para os sete magníficos candidatos, entre escolher desconhecidos, animadores de salão ou radicais, a opção de votar em Marcelo Rebelo de Sousa parece-me óbvia.

Segunda parte na próxima edição: “O Algarve e a regionalização adiada; faltam líderes carismáticos; projetos adiados como o Hospital e o metro de superfície; a “bazuca” europeia ainda não chegou; regresso: não digo desta água não beberei.”


Mensalmente com o POSTAL em conjunto com o

JANEIRO 2021 n.º 146 7.237 EXEMPLARES

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Um hino à Humanidade ADRIANA FREIRE NOGUEIRA Diretora Regional de Cultura do Algarve

Ficha técnica Furna na Fortaleza de Sagres FOTO VANDA RITA OLIVEIRA / D.R.

Direção: GORDA, Associação Sócio-Cultural Editor: Henrique Dias Freire

No início de cada ano, fazem-se listas de intenções para se cumprirem durante os 365 dias seguintes. Também é nesta altura que se fazem balanços, se observa o ano que passou com olhos mais críticos, se percebe o que se fez bem e o que se poderia ter feito melhor. Relativamente a 2020, não foi preciso esperar pelo seu fim, para se ir fazendo essa avaliação, quase diariamente, a partir do momento em que a COVID-19 passou a ser o centro das nossas preocupações, fazendo-nos esquecer, muitas vezes, a Vida que continuava a acontecer, impávida, perante a inquietação dos nossos dias e dos nossos sentimentos. Foi preciso reagir, adaptar, refazer, recriar, criar uma diferente forma de estar. Nas áreas de competência da Direção Regional de Cultura do Algarve (DRCAlg), não foi diferente. As instituições são feitas de pessoas e todos nós sentimos aquelas necessidades, perante a situação de distanciamento, de confinamento, de mudança de paradigma de trabalho. A resposta teve de ser imediata, acompanhando a velocidade a que a realidade ia mudando, de modo a não perder de vista a nossa missão e atribuições, como sejam a criação de condições de acesso aos bens culturais; o acompanhamento quer das atividades das estruturas de produção artística quer das ações relativas à salvaguarda, valorização e divulgação do património cultural imóvel, móvel e imaterial; o apoio aos museus da região e o apoio a iniciativas culturais. A recetividade de quem se candidatou aos nossos apoios foi grande, fazendo todos – instituição e agentes culturais – um esforço de adaptação, tanto no PAACA – Programa de Apoio à Ação Cultural no Algarve, como no programa DiVaM – Dinamização e Valorização dos Monumentos. Este último, em vez de durar os costumeiros 9 meses, teve se se concentrar no último quartel do ano (de 5 de setembro a 13 de dezembro). Apesar de tudo, conseguiu-se realizar quase todas as atividades inicialmente previstas, graças ao empenho dos agentes culturais (que reformularam, reprogramaram, adaptando os seus projetos) e da equipa DRCAlg, pois, juntos, conseguiram garantir o que todos queremos e que tem sido expresso, na comunicação social e nas redes sociais,

Responsáveis pelas secções: • Artes Visuais: Saúl Neves de Jesus • Espaço AGECAL: Jorge Queiroz • Fios de História: Ramiro Santos • Filosofia Dia-a-dia: Maria João Neves • Letras e Literatura: Paulo Serra • Marca D'Àgua: Maria Luísa Francisco • Missão Cultura: Adriana Freire Nogueira Colaboradores desta edição: Teresa Rita Lopes e Vítor Azevedo Parceiro: Direcção Regional de Cultura do Algarve e-mail redacção: geralcultura.sul@gmail.com publicidade: anabelag.postal@gmail.com online em: www.postal.pt e-paper em: www.issuu.com/postaldoalgarve FB: https://www.facebook.com/ Cultura.Sulpostaldoalgarve

através do mote, #ACULTURAÉSEGURA. Na área da salvaguarda, continuámos a responder diariamente aos desafios da defesa do nosso património cultural, apreciando e emitindo parecer sobre os projetos em áreas patrimonialmente protegidas e monitorizando os sítios arqueológicos e os trabalhos neles realizados. Visando a valorização e divulgação do património cultural, a DRCAlg realizou várias ações internas,

entre técnicos e restantes trabalhadores, assim como externas, das quais destaco as sessões de sensibilização e capacitação de profissionais de empresas de animação turística (em colaboração com Região de Turismo do Algarve), que, sob o título “O nosso património cultural”, pretenderam o fomento de uma cultura de valorização e preservação dos bens culturais da região e a promoção de uma correta comunicação e melhor experiência turística e cultural

do património edificado. Ainda nesta área, as obras não pararam, tendo-se concluído, por exemplo, o projeto de acessibilidades da Fortaleza de Sagres, a requalificação da Casa Rural de Milreu, assim como dado início à 2ª fase da recuperação dos mosaicos romanos deste sítio arqueológico. Antes de terminar, relembro as palavras de umas das intervenções do coro da peça Antígona (de Sófocles, autor grego do séc. V a.C.), conhecida como «Ode ao

Homem», um verdadeiro hino às capacidades extraordinárias do ser humano. Os primeiros versos anunciam a maravilha: «Existem muitos portentos, mas nenhum maior do que o ser humano». Depois, continua a enumerar as capacidades inventivas que o fez cruzar mares, aprender a sobreviver em situações difíceis, a aprender «a linguagem e o pensamento ágil/, os costumes civilizados». E diz ainda: «Não avança no futuro sem recursos. /Apenas ao Hades não poderá fugir;/ no entanto, meditou com outros/ o modo de escapar a doenças para as quais não havia recurso./(…)». Nestes poucos versos, lemos tanto do que ainda hoje faz sentido e que, espero, se refletirá neste 2021 que agora começa: trabalharmos em redes colaborativas, usarmos o nosso raciocínio para encontrar recursos que preparem o futuro, termos sabedoria para nos protegermos enquanto civilização. Visitemos os espaços culturais que existem nos nossos concelhos: monumentos, museus, galerias; assistamos a espetáculos de todo o género, na rua, em teatros, em salas formais ou informais; leiamos livros; participemos em encontros culturais. A nossa visita, a nossa presença, é o apoio de que todos precisamos. A Cultura é, de facto, segura.


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OPINIÃO

Morreste-Nos, Eduardo Lourenço! TERESA RITA LOPES Professora, escritora e especialista em Fernando Pessoa

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orreste como eu quero morrer: sem envelhecer – estavas inteiro por dentro, esse dentro que anima o nosso fora. Não vou ao teu enterro porque não estarás lá. Fui acompanhar-te há sete anos quando morreu a tua mulher. Falaste à beira da sua cova da nossa finitude. E, à tua boa maneira, compuseste um poema. No meu Sul natal, antigamente esperava-se que os familiares dos defuntos lhes fizessem um bonito “pranto” durante o velório. Creio que isso era catártico, que ajudava a suportar a dor do desenlace. Ouvi, em Alcoutim, uma mulher gabar-se: “Quando a minha Mãe morreu fiz um pranto que foi gabado por toda a gente!” Quando, na nossa presença, desfiavas os teus pensamentos, sabias fazê-lo com a emoção e a arte de um bailarino: impossível reproduzir depois em palavras o que tinhas dito. Impossível resumir uma dança, uma música, um poema. Congresso em que não estivesses não era congresso, eras tu que os abrias e fechavas. Contavas que a tua mulher desaprovava, tu dizias que não podias faltar porque…, ela retorquia que ias porque querias, porque gostavas, e era verdade – e ainda bem! Também contavas que ela te acusava “Não sabes dizer que não nem ao teu cão!”. Mas não era por isso, não, era porque até morreres disseste sempre “sim!” à vida! (É verdade que exageravas: ralhei-te valentemente quando soube que tinhas prefaciado o livro do Sócrates – isto é, por ele assinado: “Que vergonha prefaciar o livro do Sócrates, que nem sequer é dele!”. Defendeste-te, com ar culpado: “E eu sabia? E eu sabia?!) O que para aí vai de homenagens ao teu nome! O que nos havíamos de rir disso tudo se aqui estivesses! Por mim, já sabes que detesto unanimidades, sobretudo gratuitas. A elogiar-te ninguém se compromete, pelo contrário: faz figura de culto – mas quantos de todos esses te terão

lido?! Prefiro falar de ti numa homenagem de terreiro – esta, em que falo de ti, contigo e com alguns amigos. Depois de falar contigo, vou falar de ti. Eduardo Lourenço tem vindo, às vezes, a propósito quando conto a minha vida. Existe nela há mais de cinquenta anos, quando nos encontrávamos em Paris – eu, recém-exilada, ele, eterno transeunte, então em trânsito entre Vence e Paris, onde acontecia a cultura portuguesa. A mulher, francesa, teve sempre que o repartir com outras pessoas e lugares. Encontrávamo-nos, nesses anos sessenta, num cafezinho no Quartier Latin, numa mini-tertúlia com o António José Saraiva e outros exilados. (Ele nunca foi: ao contrário de nós, era hábil a evitar as malhas da PIDE…) Era então autor de um livro só, Heterodoxia – e como esse título era oportuno! Tanto eu como o António José Saraiva torcíamos o nariz ao Neorrealismo, perfilhado pelos da Esquerda ortodoxa. (Pela minha parte, sempre torci o nariz a todos os ismos.) Gostávamos de Agustina, desdenhada pelos neorrealistas, Síbila era do nosso agrado. Dele também. A principal afinidade entre Eduardo Lourenço e António José Saraiva – eram amigos e estimavam-se mutuamente – era a natural coragem de remar contra a corrente, dizendo coisas impopulares: Saraiva brutalmente, ele à sua maneira um tanto clerical, indirecta, que não levantava suspeitas… Não vou falar nas de Saraiva, conhecidas pelos amigos da sua roda, em Paris – Eduardo Lourenço era um deles – apenas sobrevoar as reveladas pelo livro de E. Lourenço Heterodoxia (de 1949, houve outro em 69) que contestavam não só a ortodoxia marxista dos intelectuais de então, seus amigos, mas também a católica, dos sustentáculos do salazarismo, em que tinha sido educado (a Mãe queria que fosse padre, tem uma irmã freira, e, em novo, era abominavelmente parecido com o Salazar!). É claro que também desagradou profundamente aos da presença, muitos deles seus amigos, ao declarar que essa revista representava “a contra-revolução do Modernismo”. Na “Grande Entrevista” de há 5 anos, reapresentada agora, desa-

gradou com certeza a muita gente ao comentar, a propósito de agora sermos célebres no mundo apenas graças aos nossos heróis do bolapé, que “cada povo tem os heróis que merece”. Nesses meados dos anos 60, o Eduardo colaborava num jornal de Coimbra – Notícias de Coimbra – e pediu-me poemas para a sua página literária. Ouvi-o dizer algumas vezes, até em público, que o que ele teria gostado era de ser poeta. Fez poemas na sua juventude, mas depois deixou-se disso. Algumas vezes lhe disse, depois de me regalar a ouvi-lo, nas suas palestras: “Ah, ganda poeta!” porque era isso que me agradava na sua expressão. Depois de o ouvir, tentava resumir de cabeça o que ele tinha dito, e não conseguia. Ele encantava-nos com a sua fala que era impossível resumir. Roland Barthes disse, nesses tempos remotos da minha juventude exilada em que o lia e ouvia – até nos Hautes Études (era, como, Lourenço, um “charmeur”) – que a poesia se não pode resumir. E é verdade. Creio que o Eduardo Lourenço nunca gostou especialmente de investigar. Não, não tinha “assento” para ser um investigador a valer: sempre o conheci a borboletear de um lado para o outro – o que enfurecia a mulher e, provavelmente, o arredava ainda mais do lar… Lembro-me que até foi embaixador ou adido cultural em Roma. O seu Pessoa é o que a editora Ática revelou, nem sequer um vigésimo da obra. É claro que nunca teria pachorra para visitar o espólio, há muito público. Estou convencida que nem lia os meus livros, esses que tentavam revelar um “Pessoa por Conhecer”. Ofereci-lhe alguns, depois deixei-me disso. Não tinha vagar, andava sempre de palestra em palestra, de congresso em congresso, de prefácio em prefácio. Estou a ser injusta: leu, sim senhor, o meu primeiro “pavé” sobre o Pessoa, editado pela Gulbenkian em 1976, disse que um livro como aquele só acontecia de muitos em muitos anos… Claro que gostei que mo dissesse porque percebi que era sentido. Mas duvido que tivesse lido os que se lhe seguiram, sobretudo os textos pessoanos que me tenho afadigado a dar a conhecer para corrigir as desfigurações da Edição Crítica e dos novos pes-

soanos, seus continuadores. Esteve longamente matriculado para fazer um “Doctorat d’État”, para ter direito a um lugar efectivo de Prof., na Universidade de Nice, em que lecionou, mas nunca defendeu essa tese que, imagino, nunca chegou a escrever. Teve um director de tese e tudo, o Prof. Lawton, que conheci mas que naturalmente não teria coragem de lhe pedir contas do adiantamento do trabalho… Nunca se instalou, por isso, na carreira: os franceses fazem total questão dessa tese e desse título. Tínhamos a impressão que residia em Paris porque estava lá sempre connosco, a pretexto de reuniões, congressos, sessões de todas as qualidades e feitios em que nós, os exilados, éramos férteis – nomeadamente a chamada “Liga do Ensino”, filial portuguesa da “Ligue pour l’Enseignement Laique”, de que eu, a Maria Lamas e o António José Saraiva éramos dirigentes. Lembro-me da sua presença entusiasta nessas sessões. Assistir a essa “Grande Entrevista” de há cinco anos, que não conhecia, agora de novo apresentada, foi um grande prazer. Era sempre maior, confesso, que o de o ler. Surpreendeu-me que respondesse que o maior prazer da sua vida foi o de ter encontrado a sua mulher. Com manifesta má-consciência, lamentou nunca ter sido o que ela esperava dele. Conheci-os juntos: às vezes, a tensão entre o par despedia faíscas: ela era uma perfeita francesa cartesiana, professora universitária de Literatura Espanhola, na Universidade de Nice, em que o pai era Director e Eduardo Lourenço professor. Era-lhe muito dedicada, sem dúvida, até lhe traduzia os livros para francês. Contou-me, com essa sua rara qualidade de se rir de si próprio, que ela se impacientava no meio do emaranhado do seu discurso, e lhe perguntava: “Mais où est le sujet?” (Onde está o sujeito?) Comportava-se, na ausência dela, como um menino rebelde. Numa das suas constantes passagens por Paris, no intervalo para almoço de algum congresso, coincidimos à mesa de um restaurante. Encomendou o prato mais pesado da ementa, com choucroute, salsichas e não sei que mais. E já nessa altura os médicos lhe prescreviam dietas. Ralhei-lhe:

“Porque é que pediu essa comezaina? Isso nem sequer é bom!”. Pensou, e respondeu-me: “Acho que só porque a minha mulher não está aqui para me impedir!” Viveu sempre “le cul entre deux chaises” – nome de um grupo de teatro de jovens franceses filhos de emigrantes portugueses de que me lembro, não sei se ainda existe. Passou a maior parte da sua vida em França mas, como alguns peixes que emigram, voltou à pedra natal para desovar e morrer. O Eduardo Lourenço adorava rir, como eu adoro (tive que escrever o verbo no indicativo, para me não sentir póstuma). Quando aqui coincidimos em evocações públicas de amigos comuns (Urbano Tavares Rodrigues, António José Saraiva) pusemos toda a gente a rir, a começar por nós – nos espaços solenes da Biblioteca Nacional e da Faculdade de Letras, respectivamente. Mas com um rir parecido: não nos ríamos deles, dos evocados, gostávamos de os trazer para esses domínios da infância em que ambos ainda gostávamos de brincar e o riso acontecia, como um cântico. Elogiava então a minha vocação para actriz (que recusava e recuso: apenas para escrever teatro, não para o representar). Eduardo Lourenço gostava de me divertir evocando-se em cenas chaplinescas: ao tomar um táxi perto do hospital Júlio de Matos, o motorista, atentando no seu ar despassarado, imaginou-o evadido de lá e perguntou-lhe: “Tens dinheiro?” e exigiu-lhe “Mostra lá!”! Descreveu-se-me também ao volante do seu carro, a esmurrá-lo e a pôr em perigo a circulação: “Ao volante sou um perigo público!” Creio que o que o fez viver tanto tempo foi essa sua vocação para a alegria. Apesar de diabético não assumido: sempre o vi comer sobremesas açucaradas nos almoços que compartilhámos. Desmaiou uma vez na Academia das Ciências, por hipoglicémia. Creio que não levava a doença a sério. Tinha o ar de não levar nada na vida demasiado a sério – sobretudo esses anseios do baixo quotidiano a que as pessoas se acorrentam. Gostava de não ter poiso fixo, de esvoaçar de galho em galho. Uma vez respondeu a um entrevistador: “O que eu gostava era de voar!”

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MARCA D'ÁGUA

Alfarroba: o “ouro negro” do Algarve MARIA LUÍSA FRANCISCO Investigadora na área da Sociologia; Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa luisa.algarve@gmail.com

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recisamente há um ano escrevi neste suplemento cultural um artigo sobre o Sal, referindo-o como o “ouro branco” do Algarve. Um ano depois, escrevo sobre a Alfarroba, que é considerada como o “ouro negro” do Algarve. São dois produtos que aprecio e que consumo, mas a alfarroba tem um significado especial por fazer parte do imaginário de infância. Creio que há em muitas famílias do Algarve um olhar afectivo sobre a alfarroba com memórias telúricas e de convivialidade. As alfarrobeiras fazem parte da paisagem e da identidade algarvia e os seus frutos foram durante muito tempo usados apenas como alimento para animais. Mais tarde passou a ter uso na doçaria regional e a ter mais interesse e valor comercial, sendo uma ajuda na economia familiar. A alfarroba tem destaque na economia

da região algarvia como matéria-prima. Há uma indústria local, única a nível nacional, em que a alfarroba e os seus derivados têm relevo na exportação, levando assim a alfarroba até países longínquos, sendo o Japão um dos principais destinos. Portugal é um dos maiores produtores mundiais de alfarroba, tal como a Espanha e Marrocos. A alfarrobeira (Ceratonia siliqua L.) é originária das zonas áridas do Mediterrâneo e da Península Arábica e é uma árvore capaz de se desenvolver e frutificar em condições de sequeiro. O nome alfarroba deriva do vocábulo árabe Kharoubah que noutros idiomas deu origem a carruba (italiano), a caroube (francês), a carob (inglês) e a algarrobo (castelhano). O seu uso é muito mais amplo do que se possa pensar à partida, pois é usado na indústria têxtil, na indústria do papel, na produção de colas e tintas, na indústria farmacêutica e na cosmética. Há estudos que revelam a elevada quantidade de polifenóis (antioxidantes) na alfarroba, pelo que o seu consumo diminui o efeito nocivo dos radicais livres regenerando células danificadas no corpo humano e reduzindo o risco de desenvolver doenças cancerígenas.

A goma de alfarroba extraída da semente é considerada a parte mais valiosa da alfarroba. É usada em pó e tem excelentes propriedades conservantes, por isso esta substância é adicionada em compotas, sumos, molhos e conservas. Além disso, a goma de alfarroba pode ser encontrada em carne enlatada e peixe como estabilizador e intensificador de sabor e é conhecido como emulsionante E410.

Usos da alfarroba ao longo da história As sementes de alfarroba têm um tamanho e peso relativamente uniforme e estiveram na origem da unidade de medida quilate (Carat) usada pelos ourives. No antigo Egipto estas sementes terão sido utilizadas no processo de mumificação e na manufactura de colares decorativos. Os egípcios utilizavam também a alfarroba para a produção de vinho, e com os seus frutos e cascas tingiam os couros (Marti & Caravaca, 1997). Há referências ao consumo directo da alfarroba como alimento em Pompeia e à criação de um xarope de alfarroba na Sicília. Há referência à alfarroba na

passagem de São João Baptista pelo deserto (razão porque as vagens da alfarrobeira são também conhecidas como Pão de São João). Há ainda quem designe a alfarrobeira por Figueira-de-Pitágoras e Figueira-do-Egipto. As alfarrobeiras são árvores de sequeiro o que fez com que tenha sido uma importante fonte de alimento em alturas de fome. São de crescimento lento e a idade de frutificação das alfarrobeiras varia. Pode demorar cerca de 20 anos até ter uma produção razoável, mas também pode levar 70 anos para dar frutos; o que significa que o plantador muitas vezes não irá beneficiar do fruto do seu trabalho, mas é um legado para as gerações futuras. Antigamente considerava-se o dia 29 de Setembro, dia de São Miguel, como o dia oficial em que terminava a época de “varejo” das alfarrobeiras. Em 2013, aquando do reconhecimento da “Dieta Mediterrânica” na lista representativa do património cultural imaterial da humanidade da UNESCO, a apanha da alfarroba foi uma das tradições destacadas. Neste momento a alfarroba movimenta muitas pessoas na região algarvia, não só produtores, maio-

As alfarrobeiras fazem parte da paisagem e da identidade algarvia FOTO D.R.

ritariamente idosos, mas também alguns jovens que estão a ganhar interesse nos produtos derivados da alfarroba e a criar valor na região. Sem querer personalizar muito, posso referir que há alguns anos organizei uma apanha de alfarroba na serra onde se seguiu um pequeno workshop de bolos de alfarroba debaixo de uma alfarrobeira e a respectiva degustação (não houve necessidade de usar forno!). Entretanto o interesse pelos produtos à base de alfarroba aumentou e em 2020 iniciei uma parceria de divulgação e comercialização de alfarroba no segmento gourmet. As alfarrobas (muitas vezes designadas no Algarve apenas por farrobas) são vendidas aos comerciantes em arrobas, que é uma unidade de medida que equivale a 15 quilos. Enquanto escrevia, questionei-me acerca do símbolo @ se designar arroba, mas esse tema ficará para um futuro artigo.

ESPAÇO AGECAL

DIETA MEDITERRÂNICA JORGE QUEIROZ Sociólogo. Responsável técnico pelo dossier da candidatura da dieta mediterrânica a PCI da Humanidade da UNESCO

Completam-se dez anos que, em Janeiro de 2011, após uma reunião no Ministério da Agricultura, se iniciou a preparação da candidatura da dieta mediterrânica a Património Cultural Imaterial da Humanidade da UNESCO, processo que envolveu Portugal e mais seis países de cultura mediterrânica com as respectivas comunidades representativas, entre as quais Tavira escolhida por Portugal. A candidatura foi aprovada em Baku a 4 de Dezembro de 2013, por unanimidade e sem recomendações. Após esse momento de satisfação, havia a consciência que era o início de um trabalho conjunto para várias gerações. Foram dez anos de trabalho intenso, de consciencialização e acções a níveis, internacional, nacional e local, interdisciplinar e interinstitucional,

que justifica algumas reflexões: A dieta mediterrânica não é apenas um padrão alimentar, é um estilo de vida, um modelo cultural que não é possível compreender sem identificar e observar as práticas agrícolas, de subsistência alimentar e saúde comunitária, as convivialidades religiosas e profanas, que um longo processo histórico originou e determinou comportamentos sociais que permanecem vivos. O universo cultural mediterrânico inscreveu-se na história do mundo, as suas civilizações avançadas estabeleceram uma rede de centenas de cidades mercantis a partir das quais se desenvolveu a agronomia e práticas alimentares, a náutica e astronomia, medicina, surgiram no Médio Oriente as três religiões monoteístas, também idiomas e alfabetos unificadores, a aritmética necessária ao comércio e a geometria às grandes realizações construtivas. A medicina romana evoluiu a partir das experiências dos gregos, na “Naturalis História” (disponível na internet) escrita no primeiro século após Cristo, Plínio o

Modelo cultural e urgência da sustentabilidade

Velho aborda também geologia, botânica, zoologia, astrologia, pintura, tendo como ideia a aprendizagem dos recursos naturais e os ciclos da vida. A descoberta recente em Pompeia de um termopólio intacto, espécie de restaurante de venda directa datado de 79 d.C, fornece informação sobre a alimentação da população no dia em que a cidade foi soterrada pela erupção do Vesúvio. Informações sobre a Península Ibérica resultam também da investigação, estão na posse de Instituições de investigação e ciência, devendo ser utilizadas pelas comunidades. Verificamos que a alimentação da população portuguesa, maioritariamente camponesa até aos anos 50 do séc. XX, baseava-se em produtos frescos, da época e localmente produzidos. O clima e a extraordinária diversidade geológica e biológica do espaço português, nos campos, rios e oceano, garantiram a sobrevivência das populações durante muitos séculos, apesar das crises frumentárias (os cereais foram sempre fragilidade no mundo mediterrânico) e a estruturação de uma cultura não

apenas alimentar mas envolvendo todos os aspectos da vida quotidiana. Esseconhecimentoacumuladocommais de dois milénios deixou de ser válido? Não, será cada vez mais actual e necessário o uso dos princípios da dieta mediterrânica, no âmbito das políticas de ambiente, agrícolas, educativas, culturais e de saúde pública. Se analisarmos os relatórios de organizaçõescientíficasinternacionais,nosúltimos 50anosreduziram-senomundoosecossistemasnaturais(75%dasflorestasprimárias desapareceram), extinguiram-se espécies (2/3davidaselvagemestáextintasegundo a WWF), foram ocupados solos agrícolas férteis (80% segundo a Agência Europeia do Ambiente), a poluição dos oceanos é um problema grave (41% estão afectados segundo a “Science”), as alterações climáticas progridem (400 temperaturas recordes ocorreram no hemisfério norte no verão de 2019), com degelo nas calotes polares, aumento das doenças da civilizaçãooudocomportamento(AVCs,diabetes, cancros,obesidade,…)sãoasprincipaiscausas de incapacidade e morte.

O IPCC recomendou a redução do consumo de carne, preferência por alimentos vegetais,sazonaiselocais,evitardesperdícios,utilizarviaturaseléctricas,caminhar ou pedalar, substituir viagens de negócios por videoconferências, o isolamento térmico das casas, aquisição de bens com baixo teor de carbono incorporado,… A pandemia que em 2020 atingiu a humanidadeparoupartedaeconomiamundial, em particular a menos limpa, é um sério alerta global que irá antecipar muitas medidas urgentes sempre adiadas. Mas há também boas notícias. A dieta mediterrânica é internacionalmente reconhecida como um dos instrumentos adequados para fazer face à crise global ao promover a agricultura de proximidade, a preservação ambiental e a valorização do património cultural, contribuindo para a saúde pública e a educação alimentar, em Portugal integra os currículos escolares. Universidades em vários países promovem formação e investigação sobre a dieta mediterrânica. Dez anos com significativos avanços e resultados.


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ARTES VISUAIS

Terá que haver imagens externas ao sujeito para podermos falar de arte visual? SAÚL NEVES DE JESUS Professor Catedrático da Universidade do Algarve; Pós-doutorado em Artes Visuais; http://saul2017.wixsite.com/artes

E

sta questão foi-nos suscitada ao assistirmos à inauguração da exposição de Pedro Cabral Santo (PCS), intitulada "#2 The Gateway to the Stars", na Galeria Trem, no passado dia 26 de novembro. Simultaneamente, foi lançado o livro “The power of Love. Breves anotações em torno da Imagem Artística e Outros Assuntos”, uma compilação de textos escritos por PCS, e publicados de forma intermitente, ao longo dos últimos 20 anos. Em comum, o livro e a exposição procuram “deslindar o fascínio, quase impenetrável, que se esconde por detrás daquilo que se designa por Imagem Artística”, segundo palavras de PCS. Mas seria suposto, que numa exposição de artes visuais, em que o tema de fundo é a “imagem artística”, fossem apresentadas diversas imagens que o espetador poderia apreciar. No entanto, o que encontramos ao entrar na galeria é apenas uma única imagem numa das paredes da galeria e um conjunto de textos impressos em painéis brancos dispostos nas restantes três paredes da galeria.

Mas será que a surpresa que podemos ter ao entrar na galeria traduz desilusão? Seguramente não! A esta capacidade para nos surpreender de PCS está associada a sua capacidade para nos fazer refletir sobre a essência da imagem visual e do próprio sentido das artes visuais. É transportar-nos para além da imagem retiniana ou visual e para alguma desmaterialização da arte. Já em 1968, John Chandler e Lucy Lippard, no artigo “A desmaterilização da arte”, referiam que a forma intuitiva e intencional de fazer arte estava a dar lugar a uma arte ultra-conceptual que enfatizava quase exclusivamente o processo de pensamento. Esta ênfase na desmaterialização encontra um dos seus exemplos mais fortes na exposição de Robert Barry, em 1969, na Galeria Art & Project, em Amesterdão, em que pintou na porta de entrada “during the exhibition the gallery will be closed” (“durante a exposição, a galeria estará fechada”), não estando nenhum trabalho à vista, nem sequer uma janela que permitisse ver algum trabalho no interior. Já em 1958, Yves Klein havia realizado uma exposição em Paris com o título “Vazio”, em que o espaço estava literalmente vazio, pretendendo expressar um “estado pictórico invisível” que estaria presente através da radiação. Na atualidade, numa época que alguns já designaram como de poluição visual ou de obesidade de imagens visuais, urge parar e refletir sobre o senti-

do e a necessidade destas. Em vez de mero consumidor de imagens produzidas por outros, o espetador pode ser o próprio criador de imagens internas que os estímulos apresentados numa exposição podem proporcionar. É realmente infinita a capacidade que cada um pode ter para criar imagens internas, como infinito é o universo representado pela única imagem apresentada nesta exposição de PCS. As breves histórias de ficção científica apresentadas nos painéis expostos na galeria, acompanhadas pelo som de pequenos rádios colocados ao lado de cada painel, como se fosse uma música de fundo do espaço intergaláctico, permitem ao espetador criar imagens visuais que expressam a sua subjetividade. É caso para dizer que o universo das vivências e projeções imagéticas de cada um é o limite. “#2 The Gateway to the Stars” é mesmo uma porta para o universo da criatividade de cada um, ajudando-nos a explorar os nossos próprios limites. Aproveitando as palavras sublimes escritas por Mirian Tavares no folheto desta exposição, “as suas criações são discursivas, são meta-referentes – não existem sem um contexto e exigem, do espetador, além do espanto, a adesão consciente num jogo de múltiplos

sentidos e de significações diversas”. Este é o mistério e simultaneamente a magia desta exposição de PCS (!)... a visitar até 2 de fevereiro de 2021... Uma última nota para salientar que esta exposição conta com a curadoria da licenciatura em Artes Visuais da Universidade do Algarve, com o apoio do CIAC, expressando o contributo que as Artes Visuais na UAlg têm vindo a dar para o desenvolvimento da cultura no Algarve. Aliás, com a curadoria de PCS, foi inaugurada, também no dia 27 de novembro, a exposição de desenho “O Lápis Mágico”, assim intitulada em homenagem à série televisiva homónima dos anos 70, contando com os desenhos dos artistas António Olaio, Tiago Batista e Xana.

À esquerda: Vistas da exposição "#2 The Gateway to the Stars” À direita: Vista da exposição "O Vazio”, de Yves Klein (1958) e Cartaz da exposição "#2 The Gateway to the Stars”, de Pedro Cabral Santo (2020-21) FOTOS D.R.

ESPAÇO ALFA

Aquele olhar ao ar livre VÍTOR AZEVEDO Membro da ALFA – Associação Livre Fotógrafos do Algarve

A pandemia veio mudar as nossas vidas, os nossos hábitos, o nosso conforto, a nossa adaptação a um determinado estado de coisas que nos pareciam até agora garantidas. Não é que isto seja uma novidade uma vez que estas pandemias são cíclicas. Elas já devastaram a humanidade várias vezes e as últimas não há assim tanto tempo. As

nossas recordações da história e o que com ela devíamos ter aprendido fazem-nos perceber a que ponto os homens e as mulheres são maus alunos. Não pretendo aqui escalpelizar esta fatia da história pela qual estamos a passar, o importante é que a vida continua, não podemos parar, temos sim que encontrar os caminhos certos para atingirmos os nossos objetivos. O principal objetivo da ALFA é, como associação de fotógrafos, promover e divulgar a arte

fotográfica e os seus autores, dar acesso à divulgação dos seus trabalhos fotográficos e com eles participar no desenvolvimento do conhecimento de quem a eles tem acesso, consequentemente também expandir o acesso a esses trabalhos fazendo a sua divulgação o mais frequente, diversa e dispersa que nos é possível. Vamos então refletir um pouco: a ALFA tem fotógrafos, o nosso clima é ameno, as pessoas gostam de andar na rua e precisam de andar na rua, gostam

de apreciar e conhecer coisas novas, a CMF quer ter eventos para apoiar os seus munícipes os visitantes e os turistas. De que precisávamos para concretizar esta ideia? Do apoio da Câmara Municipal de Faro (CMF) para podermos realizar as exposições de rua que já temos delineadas para espaços amplos e abertos, em perfeita segurança, recorrendo a expositores de exterior com qualidade, ideia que não é nova e muito menos inédita. Faro tem explorado pouco es-

A Doca de Faro te conceito, mas agora e com o apoio da CMF vamos conseguir fazê-lo. Esperamos em breve poder di-

FOTO VÍTOR AZEVEDO / D.R.

vulgar a fotografia em espaços abertos onde todos nos possamos sentir mais seguros para dela desfrutar.


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colonizador que a defende (p. 51), ou na pessoa de Mariano, que por lá combateu, quer na de Custódio, latifundiário, explorador colonialista com características próximas do animalesco (descrito como “touro” na pág. 156). Este é um ponto de vista que se reparte entre vencedores e vencidos, uma visão crítica dicotómica a apontar a complexidade histórica da mudança: “a história mudava de uma margem para outra da razão” ( pág. 360).

PAULO SERRA Doutorado em Literatura na Universidade do Algarve; Investigador do CLEPUL

“Livro de Vozes e Sombras”, o mais recente romance de João de Melo, editado pela Dom Quixote, é um dos mais importantes romances de 2020. Um livro que acredito ter sido escrito ao longo de vários anos, até pela sua arquitectura complexa. Uma prosa torrentosa, ainda barroca e hiperrealista, mas onde a linguagem sempre poética é mais depurada. Cláudia Lourenço, jornalista, é enviada de Lisboa à ilha de São Miguel ao serviço do jornal “Quotidiano” para entrevistar um conhecido ex-operacional da Frente de Libertação dos Açores. A partir dessa narrativa condensa-se gradualmente a história da Ditadura, do fim das guerras em África, a descolonização, a diáspora portuguesa e o “retorno” a casa, quase sempre intranquilo. P A jornalista Cláudia Lourenço, mais confidente do que protagonista, pertence a uma nova geração pouco conhecedora da história não muito remota de Portugal. É um ajuste de contas com o passado, mas também parece constituir um final de um ciclo na sua obra para, naturalmente, abrir novo ciclo.

Quando olho para trás, para os livros que até hoje escrevi, nunca vejo ciclos nem outros caminhos programáticos da minha escrita. O meu passado decide-se entre boa ou má literatura. Daí ter repudiado os primeiros livros: de quando absorvia o mundo dos outros através da leitura. Só me senti “escritor” a partir de O Meu Mundo Não é Deste Reino, um romance que você conhece muito bem. Porquê? Se descobrimos uma linguagem dentro de nós, associamos-lhe uma geografia íntima e uma possibilidade existencial para o mundo dos outros. Este de agora é um livro que se explica e justifica a si mesmo: tinha de ser escrito, só eu podia fazê-lo. Não o concebo de outra maneira. Nem faço ideia, ainda, do que irei escrever a seguir. R

P Este é também o seu romance mais metaficcional, aliado à reflexividade da história, que cruza Açores, Portugal e África colonial. Não será por acaso que a jovem jornalista vem da metrópole, capaz de oferecer um olhar crítico externo às ilhas. R Concordo. Houve a preocupação de contextualizar no mesmo tempo narrativo a memória de três lugares distintos entre si, todos eles complementares em relação à “crónica” e à recuperação da memória histórica

R Podemos, antes, falar de uma espécie de “jogo”. O jogo da ficção sobre as verdades históricas, em que ambas (ficção e realidade) se invocam e provocam com frequência. Mas eu pertenço a uma ideia ou escola de literatura quase sempre motivada na ousadia social e na ética do compromisso com o mundo. Gosto dos livros que suscitam diversas leituras. Não me interessa a unanimidade. Uma das coisas que mais me atrai na literatura é, como no meu caso, criar narradores. Que se contradigam, que sejam como que um inventário de ideologias opostas.

Como o título indica, as vozes têm um peso imenso neste romance polifónico. O lexema vozes é recorrente na narrativa: as vozes do povo, dos Açores, etc. A perspectiva muda diversas vezes entre a primeira e a terceira personagem, temos diversas personagens que em algum momento se tornam centrais e a perspectiva da voz narrativa oscila de acordo com o ponto de vista de cada uma dessas personagens, recorrendo ao discurso indirecto livre e acedendo à sua voz interna. Temos ainda um narrador que de vez em quando fala directamente com o leitor (p. 83), ao mesmo tempo que percebemos como a entrevista de Cláudia a Mariano dará origem a um livro feito a partir das histórias deste mosaico. P

O escritor gostaria de ver na juventude mais cultura, mais livros, um sentido crítico e sobretudo auto-crítico do seu inconformismo FOTOS JOANA MELO / D.R.

Entrevista ao escritor João de Melo

"Este livro quer provocar o clamor, trazer de volta a palavra, a dor e a revolta" ainda recente. Açores, Lisboa e África são geografias muito próprias, ainda que tangidas pela mesma vitalidade da mudança política. O golpe de Estado e a Revolução de Lisboa abriram portas às “independências contraditórias” dos Açores e das Colónias africanas. Se me tivesse cingido ao caso da FLA, haveria a ilusão de pensar-se que tudo acontecera como por geração espontânea, não como causa e consequência

do fim da Ditadura e do Processo Revolucionário. Da mesma forma que se concertam três geografias narrativas, também pretendi opor duas gerações no conhecimento desse passado ainda tão recente, porém ignorado pela nova juventude portuguesa. Aproveito para acrescentar o seguinte: este livro abre-se a todas as gerações de leitores. Só elas o podem entender e completar à sua maneira e à medida de cada uma.

“Gosto dos livros que suscitam diversas leituras” P A escrita deste livro representa um acto de coragem, o risco de confundir a ironia com a sua opinião dos factos. Nomeadamente quando tece toda uma crítica à guerra colonial pela óptica de um branco

R A minha ideia era justamente acordar as vozes portuguesas que tudo viveram até ao 25 de Abril e depois, e que aos poucos foram recuando no meio de nós, a ponto de se calarem. Este livro quer provocar o clamor, trazer de volta a palavra, a dor e a revolta. E a justiça, também. Refiro-me a um processo português global. Não se trata de um livro “açoriano” strictu senso, mas de uma paisagem protegida da nossa vida colectiva – em Lisboa, na África e nos Açores ao tempo em que conceberam um sonho independentista à direita de toda a política. Qualquer leitor que entre no livro entra também nesse jogo narrativo. Creio que a linguagem flui, que não se ocorre no obscurantismo nem num mero exercício de estilo. Concorda?

Claro. Tanto que a própria entrevista rapidamente se torna uma conversa, uma narrativa com vida própria e cronologia desfasada, em que, como convém, a voz da jornaP


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LETRAS & LEITURAS

lista se silencia. Apenas sabemos das suas questões através da voz de Mariano. R Quem é Mariano? Quem é a jornalista Cláudia Lourenço? Podia dizer, como Flaubert disse da sua Madame Bovary, “sou eu”. Esses os ingredientes e mistérios da ficção. Tal como eu, cada um pode ir buscar a este Livro de Vozes e Sombras a voz e a sombra da própria pessoa. P Não só volta ao Rosário (p. 79), como retoma a atmosfera do seu romance sobre o Rosário. Ele representa aqui, uma vez mais, o arquipélago? R A povoação do Rosário pode ser, tanto neste como noutros livros que escrevi, o meu Macondo (salvo seja); ou o masculino simbólico de Achadinha, a terra açoriana em que nasci, para melhor se identificar com Portugal (nome masculino). Será sempre um lugar inserido na corrente contínua do tempo histórico. Nessa medida, já o referi como “Rozario”, “Rozário” e na sua grafia actual. A sua descrição não é muito distinta de outras aldeias açorianas. Interessa é que a sua representação seja endossada ao leitor. Não tenho nenhum sentido de posse sobre os lugares da minha ficção.

Não me escondo daquilo que escrevo; mas só em parte o revelo em termos pessoais P Nova Roma parece ser igualmente um cenário atópico, entre a ficção e o real, ao jeito do Rosário. Ou mesmo Munakala. A África colonialista, uma África nunca nomeada (porque será?) mas que se toma por Angola (na referência aos musseques). R Tem razão. Aparentemente, Nova Roma não existe, mas pode intuir-se sob outros nomes: como a “Nova Lisboa” de Angola, por exemplo. Por outro lado, talvez que Munakala seja o eco perdido de Calambata, o aldeamento em que se situava o quartel da minha guerra colonial. Assim sendo, não me escondo daquilo que escrevo; mas só em parte o revelo em termos pessoais. Nunca pretendi ser um autor autobiográfico. Sou apenas uma peça e um enigma do jogo. Acrescento: no livro nunca se menciona o nome de “Angola”; é sempre a Colónia. O propósito era identificar o colonialismo português. Mariano, sim, conta a sua paixão pela Guiné-Bissau: esse capítulo é fulcral para a caracterização ideológica dele.

Além dos temas que lhe são recorrentes, e do léxico que lhe é caro, este livro parece subsumir anterioP

res títulos seus... quase como um mosaico do conjunto da sua obra. A começar pelo Rosário, passando pela guerra colonial, temos ainda o vinho como estimulante da verdade, os anjos, os vencidos. R Isso pode ser claro como água corrente; ou ser uma parte fictiva da chamada “unidade da obra”. Tenho formação em Filologia Românica, fui professor da hermenêutica textual. Podia muito bem escrever uma tese em sede própria. A quem interessaria? Nem ao próprio eu. Já estou numa fase da vida em que cada vez me interessam mais as leituras múltiplas dos outros. Fico-me com a minha pequena, quem sabe se inútil, “mitologia” literária. Só isso me pode individualizar entre outros escritores e ser eu próprio “uma voz” literária. P Uma das personagens, combatente da guerra colonial, tenta purgar-se do trauma da guerra transferindo a sua memória para “cinco cadernos escritos à mão” (p. 57). Foi isso que de certa forma deu origem aos seus dois primeiros romances, depois reescritos em “Autópsia”?

Não, nada. A personagem Mariano deste livro oscila entre o linear pessoal e a complexidade do ser, do carácter e sobretudo da ideologia colonialista. Quanto a mim, o chamado “stress pós-traumático de guerra” levou-me a escrever tudo o que vivi em tempo de guerra em Angola. Vim de lá desiludido, cheio de mágoa e muito perturbado. Só a literatura me pôde valer. Costumo dizer, aliás, que nós, os da geração da guerra colonial, fomos para África uns e voltámos outros, diferentes de nós mesmos. Nesse sentido, foi um privilégio assumir a condição da escrita e regressar à vida verdadeira depois da guerra. Trago-a ainda na pele e nos ossos, pois como disse o poeta René Char, “há guerras que não acabam nunca”.

guia pelo livro, mesmo quando parece desaparecer dele para depois regressar. É esta cega - de visão clarividente e sentidos sobreapurados - uma metáfora da necessidade de olharmos mais para dentro face ao ruído dos tempos?

O “Livro de Vozes e Sombras” é um dos mais importantes romances de 2020

R Ora aí está! O nosso povo diz que “a verdade vem da boca dos inocentes”. Também eu quis acreditar na cegueira de Ângela como mecanismo de uma visão outra do nosso mundo. A cegueira dela é, simultaneamente, a sua inocência e a descoberta de novas formas de verdade. Lembra-se de quando, ao abandonar Nova Roma com a família de regresso a Portugal, ela jura ver milhões de mortos espalhados pela cidade? Essa é a Ângela histórica a falar. A consciência e a culpa. Fala pelo lado avesso da epopeia portuguesa. Só ela “vê” a derrocada histórica de um império que afinal nunca existiu.

Os nossos jovens não têm consciência dos sacrifícios que marcaram a vida dos

R

avós e dos pais Para um leitor mais atento, o apelido Mendes Pinto é claramente um piscar de olhos que reforça este livro como uma antiepopeia da história portuguesa das últimas décadas, a partir da descolonização e da revolução de Abril. E tal como Fernão Mendes Pinto que procura contar o reverso da expansão portuguesa, este seu livro é dedicado à sua neta para quando ela o puder ler e compreender. P

Nós, portugueses, precisamos de sair de “Os Lusíadas” heróicos e assuR

sado; nunca por nunca nos referimos à nossa condição de piratas do mar e da terra; nem nos penitenciamos da feroz Inquisição que tanta gente torturou brutalmente e mandou arder nas suas fogueiras; nem do tráfego de escravos de África para o Brasil, aos milhões. Na minha ideia, cabe à literatura nomear a vítima e resgatá-la do esquecimento. Faço-o por sistema, de livro para livro. Também tenho uma ideologia histórica. P

P Em jeito de conclusão, qual é hoje a sua relação com os Açores? É um local onde ainda regressa por imperiosa necessidade ou sente que nunca de lá saiu?

R À minha maneira sim, nunca à de Mariano. Acontecem perdas contínuas entre nós, de geração para geração. Refiro-me ao caso português. Os nossos jovens não têm consciência dos sacrifícios que marcaram a vida dos avós e dos pais. E não fazem ideia de como Portugal subiu da miséria miserável e da exploração laboral para a libertação do 25 de Abril, para um

R Os Açores são o que sempre foram para mim. O lugar que me completa. O sítio do regresso perfeito. Devo a essa idealização a fonte de onde mana o meu desejo de criação pela literatura. O propósito foi sempre o mesmo: impor as ilhas como imaginário da Literatura Portuguesa, não como regionalismo, antes como simbologia do humano universal. Se olhar para um planisfério, verá que todo o Mundo é um arquipélago, sendo os continentes ilhas muito grandes e as outras fragmentos verdadeiros da mesma natureza. O humano não tem de ser geográfico, e sim global, ontológico, no sentido em que todo o ser apenas tem sentido quando visto à escala ou à medida do planeta Terra. Daí para baixo, é o chão, o barro, a pedra, a contingência da nossa passagem por aqui. Muito obrigado.

A certa altura Mariano diz à jovem jornalista: “– É muito jovem, vive num mundo novo, não tem obrigação de o saber. O seu tempo português resulta dos fardos que nós carregámos, para que a sua geração se risse dos excessos de memória e de uma experiência que a geração seguinte julga ser coisa de taralhoucos: velhos a matutar em utopias que já não servem para nada.” (p. 52). Partilha desta visão desencantada?

João de Melo traz para a literatura temas da História portuguesa, como o fim das guerras em África e a descolonização P Ângela Mendes Pinto parece ser a personagem central ou fio condutor destas histórias. Uma espécie de anjo cego da História, que nos

mir o pícaro da nossa “Peregrinação”, dentro e ao redor de nós mesmos. É por complexo de inferioridade que nos exaltamos no heroísmo do pas-

talvez notável progresso económico, a liberdade individual e a democracia social. Conheço os novos problemas da nossa juventude, com a qual sou sempre solidário. Mas gostaria de ver nela mais cultura, mais livros, um sentido crítico e sobretudo auto-crítico do seu inconformismo.


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FILOSOFIA DIA-A-DIA

Saudade MARIA JOÃO NEVES PH.D Consultora Filosófica

SAUDADE - Esta foi a palavra escolhida pelos portugueses para caracterizar o ano que findou, tendo sido a preferida de 40 mil internautas em votação levada a cabo pelo grupo Porto Editora. Saudade imensa dos entes queridos, saudade do toque, dos beijos, dos abraços. Saudade de se ser espontâneo nos gestos e nos apetites, saudades de meter conversa com alguém desconhecido, saudades de estar em grupo, saudades de conviver, saudades de dançar! E com saudade se inicia 2021 ao falecer Carlos do Carmo na sua primeira manhã. Saudade título de um dos muitos fados a que deu voz: “E com um nó de saudade na garganta/ Escuto um fado que se entoa à despedida (...) Na memória dos que vão, tal como o vento/ o olhar de quem se ama e não desiste.” Com uma mãe fadista e um pai livreiro estavam criadas boas condições para que o pequeno Carlos crescesse prestando uma grande atenção à música e às palavras. Renovou o Fado e trouxe para este género musical um repertório repleto de poetas: Herberto Helder, Sophia de Mello Breyner, Hélia Correia, Júlio Pomar, entre outros. A voz límpida e dicção irrepreensível foram duas notas que o caracterizaram. Aliás, não saberia dizer se Carlos do Carmo canta como se falasse ou se fala como se cantasse. Nuno Júdice afirma que foi com ele que aprendeu a escrever poesia para ser cantada: “Porque ele me dizia para estar muito atento, não apenas à melodia da própria língua, mas à métrica, à forma como os acentos têm de estar localizados para que não haja nenhuma traição quando [se] está a cantar”. E a saudade da voz de Carlos do Carmo com que acorda 2021 incendeia no peito uma outra saudade incontornável: a do piano de Bernardo Sassetti, o compositor que nos deixou em 2012 com apenas 41 anos de idade. Um viveu quase do dobro da vida do outro e em 2011 gravaram um álbum juntos. Trata-se de um disco que não é de Fado nem de Jazz, é de piano e de voz, é de Bernardo e de Carlos, a “respirar juntos” e gravado “sem rede”. Carlos do Carmo tinha uma voz límpida como límpido era o toque de Bernardo Sassetti nas teclas do piano, tão nítido o timbre do seu ataque sem contudo deixar de ser doce. Este album é constituído por 10 músicas nunca antes cantadas, tocadas ou gravadas por nenhum dos dois. Há apenas um tema original composto por Bernardo Sassetti com poema

de Mário Cláudio. As outras faixas são “revisitações” de canções de José Afonso, Sérgio Godinho, Fausto e Rui Veloso, Violeta Parra, Léo Ferré e Jacques Brel, um tradicional Açoreano (“Sol”) e «Talvez por acaso», fruto de uma parceria de Manuela de Freitas e Carlos Manuel Proença. Tendo sido o principal mentor do Museu do Fado, Carlos do Carmo protagonizou junto com Rui Vieira Nery a candidatura que levou a UNESCO a reconhecer o Fado como Património Imaterial da Humanidade nesse mesmo ano. Agora, na ocasião do seu falecimento, em homenagem ao fadista, a Câmara Municipal de Lisboa decidiu tornar o fado “Lisboa menina e moça”, com letra de Ary dos Santos e música de Paulo de Carvalho, hino da cidade. Também nesta primeira semana de 2021 falece João Cutileiro, cujas esculturas deram nova vida ao nosso mármore, de norte a sul do país. Em 2018 doa todo o seu espólio juntamente com a sua casa-atelier em Évora ao Estado. Ministério da Cultura e Município e Universidade de Évora recebem então a incumbência de dinamizar residências artísticas e uma programação cultural e académica na área da escultura em pedra. Cutileiro revolucionou a escultura em Portugal, e suscitou controvérsia durante toda a sua vida artística. O seu monumento ao 25 de Abril, situado no Parque Eduardo VII em Lisboa desde 1997, ficou conhecido como “o pirilau” da cidade devido à sua forma fálica. Contudo, uma das obras que maior polémica suscitou desde sempre, ergue-se precisamente aqui a Sul, em Lagos. Trata-se da estátua de El Rei D. Sebastião, talvez a sua escultura mais icónica, erigida em 1973. Chocou o regime! Cutileiro esculpe um rei-menino, com um ar frágil e quase andrógino, qual anjo sem género. É uma criança que exibe a sua vulnerabilidade, de elmo tombado no chão, em grande contraste com a forma habitual de retratar as figuras históricas, de porte atlético, e aura heróica. O saudosismo que emana desta estátua transparece nas palavras de Fernando Pessoa no poema “Terceiro” do livro Mensagem: Ah, quando quererás, voltando,/ Fazer minha esperança amor?/ Da névoa e da saudade quando?/ Quando, meu sonho e meu Senhor? Saudade, é possivelmente a palavra portuguesa de mais difícil tradução. Existem expressões que se aproximam deste sentimento: “te hecho de menos”, dizem os espanhóis; “I miss you”, dizem os ingleses.; “tu me manques” dizem os franceses. Em todas estas línguas são verbos que exprimem um movimento do

Em cima Carlos do Carmo e Bernardo Sassetti gravaram um álbum juntos em 2011 À esquerda João Cutileiro revolucionou a escultura em Portugal e suscitou controvérsia durante toda a sua vida artística À direita A estátua de D. Sebastião, erguida em Lagos, foi uma das obras de Cutileiro que maior polémica suscitou FOTOS D.R.

ânimo -verbos-, portanto, -acções-. Inversamente, no caso Português, a saudade é um substantivo, é um nome, a saudade é uma “coisa” que se tem. A saudade tem-se como uma dor de dentes ou uma pedra no sapato. A saudade, em português, é material e corpórea. Descartes poderia dizer que, no nosso caso, a saudade é res extensa; é uma “coisa”, uma substância, ocupa espaço e pesa. Justamente tudo isto se predica de algo que não se tem. Se se tivesse já não havia razão para a saudade. A saudade é esse paradoxo: a intensa presença de uma ausência. O escritor e filósofo portugês Afonso Botelho sintetiza a questão deste modo: “Se o que domina a ontologia existencial é a definição do ser do tempo, creio que esta só poderá reencontrar-se na ontologia da saudade, que é a do tempo

sem ser – ontologia negativa ou transcendida que determina a eliminação do tempo, precisamente porque em verdade o completa”. Na minha experiência pessoal deste sentimento avassalador, essa ausência que se apresenta escava um buraco dentro da alma que é, como diria São João da Cruz, “uma ânsia de amor que não se cura, senão com a presença e a figura”. E este é um dos muitos problemas que enfrentamos hoje em dia. Não são apenas os buracos nas estradas ou o buraco financeiro para onde esta pandemia nos atirou. São também os buracos afectivos que este distanciamento, embora tão necessário, criou. A saudade de alguém só se cura com a presença desse alguém. Não basta a voz, nem a fotografia, e as chamadas pelo Skype, Zoom ou WhatsApp

mitigam mas não resolvem o problema. Não ficamos saciados! O digital é um sucedâneo que agradecemos mas que pertence à categoria do chocolate light ou da bica descafeinada, não é, de todo, a mesma coisa! Falta o toque, falta o cheiro, faltam os olhos nos olhos, falta tudo aquilo que pode acontecer quando estamos perto uns do outros em condições de poder responder aos “convites suspensos na surpresa dos instantes”, como diz Sophia de Mello Breyner. Apesar de tudo, 2021 amanhece com um laivo de esperança ao administrarem-se as primeiras vacinas, oxalá seja também o ano em que se podem começar a matar as saudades! Reflexões e inscrições para o Café Filosófico: filosofiamjn@gmail.com


CULTURA.SUL

Postal, 15 de janeiro de 2021

FIOS DE HISTÓRIA

Algarve Sempre o Mar RAMIRO SANTOS Jornalista ramirojsantos@gmail.com

“Terraço aberto aos ventos e aos astros”, daqui vê-se o mar e a sua transparência. E escutam-se as vozes que nos chegam do levante. Dos confins do longe e dos confins dos tempos. Ecos de um abraço dos que um dia aqui chegaram e aqui ficaram. Outros se foram. O Algarve tem sido ao longo dos séculos uma placa giratória de gentes vindas de toda a parte. Uma porta aberta ao mundo: Ligures, turdetanos, fenícios, gregos, cartagineses e visigodos. E antes do Algarb do al Andaluz , já por cá tinham andado os romanos e os cónios do cineticum. Assim eram chamados o Algarve e os algarvios desses tempos. E também Viriato e os lusitanos, contra Roma. E ainda Hanibal, de Cartago. Em época de domínio romano houve mesmo uma diocese em Ossónoba, tendo D. Vicente como um dos seus primeiros bispos. E nos tempos mais recuados dos cónios ou cinetes, o Algarve possuía um alfabeto próprio que hoje ainda se pode encontrar na chamada escrita do sudoeste. Gravada na pedra. Uma babel de gentes e de línguas. E sempre o mar como estrada de comunicação. Mareantes, mercadores, aventureiros, viajantes, soldados e piratas. Que não se podem dissociar da pesca e do comércio, do negócio e das trocas de produtos que se estabeleceram num vai e vem permanente entre os algarves do lado de cá e os do outro lado do canal. Com a Andaluzia no meio. Por aqui se produziam e exportavam frutos verdes – citrinos e maçãs – e frutos secos – figos, amêndoas e alfarroba – e o vinho e mais o azeite e o sal, recebendo em troca, cereais andaluzes e marroquinos. Um intenso comércio de exportação que é salientado por diversos geógrafos árabes, sendo a sua fama e riqueza forte atractivo para os de fora. E o mar - ainda o mar - como via para assaltos e pilhagens às suas cidades mais prósperas: Balsa, Baesuris, Ossónoba, Lacobriga, Portus Hannibalis, Cilpis e Baltum. Já no tempo de D. Afonso Henriques, não havendo ainda uma ideia a quem haveria de caber este rectângulo, “há notícias de esquadras portuguesas que aqui vinham combater a navegação muçulmana, chegando a atacar a praça africana de Ceuta em 1180”. E, logo de seguida, o seu filho, D. Sancho I, subindo o Arade, utilizou navios para transporte dos exércitos que em 1189 conquistaram Silves, pela primeira vez. Antes da reconquista, o Algarve já era - como se vê - terra cobiçada e disputada pela sua riqueza. Fazia parte de um bloco regional integrando a Andaluzia e o Magreb. Aquilo a que os historiadores chamam o golfo dos algarves ou o mar das éguas. Este triângulo constituia uma região individualizada quer pela sua proximidade geográfica, quer pelas características físicas

e climáticas ou ainda pelos interesses comuns nas actividades produtivas. E também pela barreira física do Caldeirão que dificultava a ligação terrestre com o território a norte. Os algarvios de então, puxavam mais para o lado de cá do que para o lado de lá. Por tudo isso, “a reconquista, trazendo algumas rupturas políticas e institucionais, não veio alterar significativamente a vida da região”. Os dias correram iguais. Como ao longo das décadas seguintes. Não se registaram grandes movimentos de população nem grandes modificações nas estruturas comerciais, económicas e sociais. Pode mesmo dizer-se que “a integração do Algarve no reino de Portugal foi quase imperceptível”. Tudo como dantes! De tal maneira que são raríssimas as visitas que os monarcas portugueses efectuaram ao sul do país: D. Afonso III esteve cá uma vez, D. Dinis, duas vezes, D. Afonso IV e D. Pedro I, uma vez também, e D. Fernando nunca cá pôs os pés. Isto quer dizer que, apesar da sua integração na monarquia portuguesa, o reino do Algarve manteve por muitos anos uma vida própria e autónoma. Só a partir de D. João I e da conquista de Ceuta, em 1415 - que marca o início da expansão portuguesa - se passou a olhar o Algarve com outros olhos. Fortificaram-se e municiaram-se as principais cidades, organizadas numa rede de praças avançadas de defesa de todo o reino contra a ameaça dos turcos, dos mouros e de castela. E dos que mais houvesse. E há a singularidade histórica de o Algarve ter conhecido uma dualidade de poderes, repartidos pelo rei de Portugal e Afonso X, de Castela. Por largos anos, este recusou reconhecer território português o novo reino, de tal modo que o Algarve chegou a ter dois bispos: o português D. Nicolau, e D. Roberto, bispo de Silves, nomeado por Castela. Ou seja, Afonso X - que chegou ainda a nomear D. Garcia, bispo de Silves - estendia a sua jurisdição ao Algarve por via eclesiástica. A disputa da soberania sobre este território só terminaria no acordo de Badajoz em 16 de Fevereiro de 1267. Ainda assim, tardaria quase dois séculos até que o poder real em Lisboa passasse verdadeiramente a preocupar-se com este reino no extremo sul do país. Era neste quadro de isolamento perante o resto do território português, acentuado pelos obstáculos da serra e da charneca alentejana, que se encontrava o Algarve quando por aqui passou a armada de D. João I a caminho de Ceuta. Pela primeira vez os infantes D. Duarte, D. Pedro e D. Henrique avistaram Sagres e as praias algarvias. A armada que partira de Lisboa, desembarcou em Lagos, tendo depois permanecido em Faro durante uma semana. De seguida, enchendo as velas de vento, zarpou em direcção ao estreito de Gibraltar e dali preparou o assalto final a Ceuta: Seria “a primeira lança em África”! Fontes: “Voz Inicial”, Antº Ramos Rosa; “Lagos e os Descobrimentos”, Rui Loureiro; “O Reino do Algarve de Pleno Direito”, J. António Martins; “O Algarve, da Antiguidade aos nossos dias”, Maria da Graça Marques; outras

O mar - sempre o mar - como via de comunicação, de comércio, de conquistas e descobertas. Daqui escutam-se as vozes vindas dos confins do longe e dos confins dos tempos FOTOS D.R.

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CADERNO ALGARVE

Postal, 15 de janeiro de 2021

REGIÃO NECROLOGIA

BERNARDINA LOPES PIRES

R AQUEL INÁCIA HERMENEGILDA BONANÇA ANDR ADE

EDUARDA MARIA AFONSO DE JESUS

09-07-1939 09-12-2020

08-07-1938 16-12-2020

10-06-1965 18-12-2020

Os seus familiares vêm por este meio agradecer a todos quantos se dignaram acompanhar o seu ente querido à sua última morada ou que, de qualquer forma, lhes manifestaram o seu pesar.

Os seus familiares vêm por este meio agradecer a todos quantos se dignaram acompanhar o seu ente querido à sua última morada ou que, de qualquer forma, lhes manifestaram o seu pesar.

Os seus familiares vêm por este meio agradecer a todos quantos se dignaram acompanhar o seu ente querido à sua última morada ou que, de qualquer forma, lhes manifestaram o seu pesar.

SÃO PEDRO - FARO SÉ E SÃO PEDRO - FARO

SÃO CLEMENTE - LOULÉ SANTA MARIA E SANTIAGO - TAVIRA

SANTIAGO - TAVIRA CONCEIÇÃO E CABANAS DE TAVIRA - TAVIRA

Agência Funerária Santos & Bárbara, Lda.

Agência Funerária Santos & Bárbara, Lda.

Agência Funerária Santos & Bárbara, Lda.

EZEQUIEL TEIXEIR A GONÇALVES

SILVÉRIO CAETANO

JAIME EURICO QUINTEL AS

17-11-1966 25-12-2020

02-03-1924 05-01-2021

14-01-1939 06-01-2021

Os seus familiares vêm, por este meio, agradecer a todos quantos o acompanharam em vida e nas suas cerimónias exéquias ou que de algum modo lhes manifestaram o seu sentimento e amizade.

Os seus familiares vêm, por este meio, agradecer a todos quantos o acompanharam em vida e nas suas cerimónias exéquias ou que de algum modo lhes manifestaram o seu sentimento e amizade.

Os seus familiares vêm por este meio agradecer a todos quantos se dignaram acompanhar o seu ente querido à sua última morada ou que, de qualquer forma, lhes manifestaram o seu pesar.

SANTIAGO - TAVIRA LUZ E SANTO ESTÊVÃO - TAVIRA

SANTA MARIA - TAVIRA SANTA MARIA E SANTIAGO - TAVIRA

SANTA MARIA - TAVIRA SANTA MARIA E SANTIAGO - TAVIRA

Agência Funerária Santos & Bárbara, Lda.

Agência Funerária Santos & Bárbara, Lda.

Agência Funerária Santos & Bárbara, Lda.

RUI MIGUEL LOPES CANTINHO SEQUEIR A

JERÓNIMA ANTÓNIA FERNANDES

MANUEL JOSÉ MARTINS

17-04-1967 06-01-2021

05-05-1932 07-01-2021

14-05-1933 08-01-2021

Os seus familiares vêm, por este meio, agradecer a todos quantos o acompanharam em vida e nas suas cerimónias exéquias ou que de algum modo lhes manifestaram o seu sentimento e amizade.

Os seus familiares vêm por este meio agradecer a todos quantos se dignaram acompanhar o seu ente querido à sua última morada ou que, de qualquer forma, lhes manifestaram o seu pesar.

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ESTÔMBAR - LAGOA SÉ E SÃO PEDRO - FARO

VAQUEIROS - ALCOUTIM ALCOUTIM E PEREIRO - ALCOUTIM

CACHOPO - TAVIRA SANTA MARIA E SANTIAGO - TAVIRA

Agência Funerária Santos & Bárbara, Lda.

Agência Funerária Santos & Bárbara, Lda.

Agência Funerária Santos & Bárbara, Lda.


CADERNO ALGARVE

Postal, 15 de janeiro de 2021

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REGIÃO A NÚNCIOS

Bombagem - Filtragem - Aspersão Automatização - Gota a Gota Jardim - Golfe - Piscinas

Tractor-Rega, Lda

Convocatória De acordo com a alínea a) do número 3 do artigo 5º do Regulamento das Delegações, convoca-se a assembleia geral ordinária, para o dia 29 de janeiro de 2021, pelas 19 horas, na Delegação Regional Algarve, na Rua Dr. Coelho de Carvalho, n.º 1C, em Faro.

EM TODO O ALGARVE

Reze 9 Ave-Marias com uma vela acessa durante 9 dias, pedindo 3 desejos, 1 de negócios e 2 impossíveis ao 9º dia publique este aviso, cumprir-se-á mesmo que não acredite. C.G.

ORÇAMENTOS GRATUITOS GARANTIA

ASSISTÊNCIA

Tel.: 289 792 674 / Fax.: 289 791 242 / www.tractor-rega.com

Cartório Notarial de Setúbal Notária Maria Teresa Oliveira Sito na Avenida 22 de Dezembro nº 21-D em Setúbal

A Ordem de trabalhos é a seguinte: 1. Apreciar e votar o Relatório de atividades de 2020; 2. Outros assuntos. Faro, 31 de dezembro de 2020 O Presidente da Assembleia Geral,

Certifico, para efeitos de publicação que no dia vinte e três de dezembro de dois mil e vinte, neste Cartório, foi lavrada uma escritura de justificação, a folhas 19 do livro 389 - A, de escrituras diversas, na qual: "ZTL - Imobiliária, S.A.", anteriormente "ZTL - Imobiliária, Limitada", com sede na Rua dos Remolares, número 14, Lisboa, pessoa coletiva número 503764558.

Henrique Dias Freire (POSTAL do ALGARVE, nº 1257, 15 de Janeiro de 2021)

Justificou a posse, invocando a usucapião, do seguinte imóvel: Prédio Rústico, composto de terra de pastagem e cultura com árvores, sito em Aldeia na Freguesia de Santa Catarina da Fonte do Bispo, concelho de Tavira, descrito na Conservatória do Registo Predial de Tavira sob o número seis mil quatrocentos e sessenta e um, da dita freguesia, inscrito na respetiva matriz sob o artigo 2378, com o valor patrimonial de 52,94€. Está conforme. Cartório Notarial sito na Avenida 22 de Dezembro número 21-D em Setúbal, 23 de dezembro de 2020.

LUCIANO JOSÉ GREGÓRIO 26-08-1927 08-01-2021

A Notaria,

Os seus familiares vêm, por este meio, agradecer a todos quantos o acompanharam em vida e nas suas cerimónias exéquias ou que de algum modo lhes manifestaram o seu sentimento e amizade.

Maria Teresa Oliveira Conta registada sob o número 2986.

VILA REAL DE SANTO ANTÓNIO SÉ E SÃO PEDRO - FARO

(POSTAL do ALGARVE, nº 1257, 15 de Janeiro de 2021)

Agência Funerária Santos & Bárbara, Lda.

JOSÉ ANIBAL DIAS

MARIA JOSÉ GONÇALVES INÁCIO CUSTÓDIO

MANUEL PEREIR A

09-05-1936 10-01-2021

27-10-1964 10-01-2021

30-04-1939 10-01-2021

Os seus familiares vêm, por este meio, agradecer a todos quantos o acompanharam em vida e nas suas cerimónias exéquias ou que de algum modo lhes manifestaram o seu sentimento e amizade.

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SANTA CATARINA DA FONTE DO BISPO - TAVIRA

SANTIAGO - TAVIRA CONCEIÇÃO E CABANAS DE TAVIRA - TAVIRA

SANTA MARIA - TAVIRA SANTA MARIA E SANTIAGO - TAVIRA

Agência Funerária Santos & Bárbara, Lda.

Agência Funerária Santos & Bárbara, Lda.

Agência Funerária Santos & Bárbara, Lda.

MARIA LUISA CALVINHO DA ROSA FERNANDES

MARIA JOSÉ DE JESUS

ANTÓNIO PEREIR A

22-10-1932 10-01-2021

07-09-1936 11-01-2021

24-09-1925 11-01-2021

Os seus familiares vêm por este meio agradecer a todos quantos se dignaram acompanhar o seu ente querido à sua última morada ou que, de qualquer forma, lhes manifestaram o seu pesar.

Os seus familiares vêm por este meio agradecer a todos quantos se dignaram acompanhar o seu ente querido à sua última morada ou que, de qualquer forma, lhes manifestaram o seu pesar.

Os seus familiares vêm por este meio agradecer a todos quantos se dignaram acompanhar o seu ente querido à sua última morada ou que, de qualquer forma, lhes manifestaram o seu pesar.

VILA REAL DE SANTO ANTÓNIO

SANTA MARIA - TAVIRA SANTA MARIA E SANTIAGO - TAVIRA

CACHOPO - TAVIRA

Agência Funerária Santos & Bárbara, Lda.

Agência Funerária Santos & Bárbara, Lda.

Agência Funerária Santos & Bárbara, Lda.


EDITORIAL Henrique Dias Freire

As nossas melhores respostas

P

ortugal registou esta segunda-feira, o número mais elevado de óbitos do século (637 num dia contra os 572 de 2 de janeiro de 2017) e regista, nas últimas duas semanas, mais de 500 mortes por dia, barreira que só tinha sido ultrapassada por duas vezes no século XXI. Os números de infetados e de mortes por Covid-19 também batem recordes neste mês de janeiro. A violência desta crise pandémica não se limita ao número de mortes. A maioria das pessoas teme sobretudo os seus efeitos duradouros e profundos. Estávamos cheios de certezas, mas agora todos nós vivemos momentos angustiantes. A pandemia vem demonstrar como somos instantes, falhos e incompletos como seres humanos. Está posto em causa o nível sustentado de desenvolvimento económico e social, tal como o conhecemos. Os desequilíbrios estruturais da economia evidenciaram as desigualdades sociais. Perante o infortúnio, procuramos alternativas. Reinventamos o nosso dia a dia e fazemos da esperança a nossa âncora, porque o mundo está enfermo e as consequências da “doença” são o nosso maior desafio, sem nunca esquecer a valorização das pessoas no respeito pela sua autonomia e dignidade. E isso faz-se através de uma forte e clara aposta na educação e na cultura.

A alavanca mais poderosa está na reinvenção e no reforço de modelos de educação e cultura Esta crise global de 2020 é uma oportunidade para repensarmos as nossas políticas na educação e na cultura, num momento em que deixaram de ocupar o papel que costumavam ter em nossas vidas. Apesar da incerteza pesar, é preciso adaptar-se aos constrangimentos e explorar outros caminhos. As medidas dos confinamentos marcam o nosso modelo de sociedade nos últimos e nos próximos meses. E creio que, seja qual for o ou os planos de recuperação, os danos colaterais serão sempre menores quanto maior for a mobilização da sociedade em trazer para o seu centro a redefinição da educação e da cultura como objetos sociais. A alavanca mais poderosa para o combate às desigualdades sociais e locais, que a crise agravou, está no reforço e na reinvenção de modelos de educação e cultura adaptados às exigências dos tempos atuais, mas sobretudo adaptados às reais necessidades para fazermos face à exclusão, à pobreza, às desigualdades sociais e territoriais. Para voltarmos a alimentar o sentimento de reconhecimento, mérito e bondade como uma pertença do ser humano comum, o caminho é devolver à cultura e à educação o seu papel central. Esse é o grande desafio a iniciar em 2021 e a melhor resposta com efeitos duradouros.

Mata de Vila Real de Santo António tem sinalética nova A Mata Nacional das Dunas Litorais de Vila Real de Santo António foi enriquecida, em dezembro, com a colocação de sinalética nova, o que permitirá a valorização do Trilho da Aldeia Nova e o percurso desde a Cidade Pombalina a Monte Gordo Segundo a Associação de Defesa do Património de Mértola, "foram instalados sete painéis com mapa e um sobre o camaleão, e os totens de dois percursos - feitos com materiais reci-

clados, resistentes ao sol e facilmente substituíveis". Através da disponibilização desta informação no local, pretende-se igualmente "informar os turistas relativamente ao interesse ambiental daquele espaço, bem como sobre a localização dos diferentes serviços: estacionamentos, parque de merendas, parque de campismo, entre outros". A Associação de Defesa do Património de Mértola recorda que "a Mata de Vila Real de Santo António foi a escolhida, a nível nacional, enquanto área piloto, para integrar a rede de áreas europeias INHERITURA,

Últimas Volta ao Algarve “pode realizar-se” O entendimen-

perfilando-se para receber um selo de ‘ÁREA INHERITURA’, dado por uma comissão técnica criada pelo Projeto Inherit, que visa promover zonas em que a proteção do património natural representa uma mais-valia para desenvolver atividades turísticas sustentáveis". "Esta iniciativa foi um esforço conjunto do Instituto da Conservação Natureza e Florestas, da Associação Odiana, e promovido pela ADPM Mértola com o apoio do protejo europeu Inherit, financiado pelo programa INTERREG MED da UE", conclui a associação.

to da Federação Portuguesa de Ciclismo é que a Volta ao Algarve, em fevereiro, "pode realizar-se", por ser um evento totalmente profissional, disse Delmino Pereira, após o anúncio do novo confinamento geral. A 47.ª Volta ao Algarve está agendada entre 17 e 21 de fevereiro, marcando o primeiro grande evento internacional a decorrer em Portugal, com a presença já confirmada de 14 equipas do escalão WorldTour, o primeiro da modalidade.

Faro é o terceiro distriro em valores de contratos Covid-19 Os municípios dos

distritos de Lisboa, Porto e Faro concentravam 73,7% do valor dos contratos relacionados com a pandemia até setembro: 53,8% para Lisboa, 12,2% para o Porto, seguindo-se Faro com 7,7%. Ao todo, a administração local do continente celebrou mais de 5.500 contratos no valor de 83,2 milhões de euros.

S. B. DE ALPORTEL LANÇA NOVA FASE DE APOIO AO ARRENDAMENTO

Negociações avançadas para haver GP de Portugal de F1 O presidente

O Município de São Brás de Alportel avança no início do novo ano, marcado pela pandemia e pela crise, com o lançamento de uma nova fase de candidaturas para os programas municipais de apoio ao arrendamento. Ciente da dificuldade crescente e transversal a nível nacional de acesso à habitação, o município tem procurado dar resposta a esta problemática com a criação de medidas concretas, de que é exemplo o Programa Municipal de Apoio Arrendamento, que consiste na atribuição de um apoio monetário mensal para apoiar os agregados familiares em situação de vulnerabilidade no pagamento da renda de casa.

da Federação Portuguesa de Automobilismo e Karting (FPAK), Ni Amorim, admitiu que "há negociações avançadas para haver Grande Prémio de Portugal de Fórmula 1 em 2 de maio". O responsável máximo do automobilismo em Portugal ressalvou no entanto, que a realização da prova "vai depender de dois fatores", a vontade do Governo e a possibilidade da presença de público.

O Orçamento Municipal para 2021 permitirá à Câmara Municipal duplicar esta medida que já apoia duas dezenas de famílias a pagar a renda de casa e que poderá integrar 40 apoios a famílias do concelho. As candidaturas decorrem até 29 de janeiro e devem cumprir os requisitos inscritos no regulamento deste programa que podem ser consultados no site do Município. Para entrega de candidaturas e obter mais informações, os interessados devem dirigir-se ao Centro de Apoio à Comunidade, na Rua Serpa Pinto, 27, ou contactar o número 289 840 020, assim como o email solidariedade@cm-sbras.pt.

Suspeito de tentativa de roubo Um homem de 21

Distribuição quinzenal nas bancas do Algarve

anos foi detido pela GNR no domingo, por uma alegada tentativa de roubo na cidade de Loulé. “Ao aperceber-se da chegada dos militares, o indivíduo tentou fugir, tendo sido intercetado e detido a escassos metros do local”. O suspeito foi ouvido em primeiro interrogatório judicial no tribunal de Loulé, tendo-lhe sido decretada a prisão preventiva e encaminhado para o estabelecimento prisional de Olhão.

Tiragem desta edição

Temperaturas vão aumentar As temperaturas

Covid-19: Algarve mantém capacidade de resposta O secretário de Estado e coordenador do combate à covid-19 no Algarve afirmou esta quarta-feira que a região está a conseguir dar resposta ao agravamento da situação epidemiológica na região, embora exista “uma grande pressão” sobre os profissionais de saúde

De acordo com Jorge Botelho, apesar da resposta eficaz ao número de infeções verificadas nos últimos dias na região, “existe um esforço acrescido dos profissionais de saúde para lidar com esta situação de verdadeira crise”, acrescentando que “além da preocupação que mantemos com as residências de idosos, a nossa outra maior preocupação é a resposta hospitalar”. Disse esperar

que a sobrecarga hospitalar “não atinja o limite do SNS e não leve a que “a resposta tenha de ser feita por outras opções para o tratamento dos doentes”. “Temos tido poucos casos em muitas instituições e que, felizmente, não têm resultado em surtos, com exceção de dois casos, um em Tavira e outro em Albufeira”. Jorge Botelho apelou para que as pessoas evitem as situações de risco.

7.237 exemplares

POSTAL regressa a

5 de fevereiro

deverão aumentar gradualmente nos próximos dias e voltar a valores normais para a época, anunciou o Instituto Português do Mar e da Atmosfera, depois de uma onda de frio invulgarmente prolongada e generalizada.


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