POSTAL 1254 4DEZ2020

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Interdita venda na distribuição quinzenal com o jornal

4 de dezembro de 2020 1255 • €1,5

Diretor: Henrique Dias Freire Quinzenário à sexta-feira

postaldoalgarve

135.777

www.postal.pt

E ainda JSD de Faro está de volta dois anos depois

Tem 22 anos e é a nova presidente dos jovens sociais-democratas. Catarina Santos desvenda ao POSTAL o seu percurso e as suas ambições. P4

Albufeira investe em novas viaturas para o saneamento

As aquisições, que fazem parte de um concurso público mais alargado, representam um investimento na ordem do meio milhão de euros. P5

Hotéis criam estratégias para combater crise

Hotéis e empreendimentos algarvios estão a promover campanhas de descontos para estadias de longa duração e a disponibilizar espaços para teletrabalho. P7

APESAR DAS CHUVAS DOS ÚLTIMOS DIAS

O Mandador

Nível das águas nas barragens é preocupante

do corridinho algarvio

Qualquer semelhança com a realidade é puro veneno e coincidência P2

www.hpz.pt

Prisão de empreiteiro atrasou repavimentação

➡ Consumo anual é de 73hm ➡ Odelouca e Beliche/Odeleite a menos de metade da sua capacidade ➡ Há reservas nos aquíferos subterrâneos ➡ Plano Estratégico para situações de emergência ➡ Estudo em curso para dessalinizadora ➡ Transvase do Guadiana a considerar 3

P8a13 e 24 Editorial

Estrada que liga Guia a Vale Parra, em Albufeira, espera há cerca de quatro meses pela conclusão das obras de repavimentação

Problemas com o empreiteiro: este encontra-se preso por assuntos “paralelos” à autarquia, explicou ao POSTAL o autarca José Carlos Rolo. P3

HPZ FESTEJA 20 ANOS DE EXCELÊNCIA NA ÁREA DAS TECNOLOGIAS AVANÇADAS P14

Atleta recebe voto de congratulação e louvor

A desportista de Lagos conquistou a Medalha de Ouro na Meia-Maratona por equipas e a Medalha de Bronze no Corta-Mato em Estafetas. P6

Gustavo Veloso reforça ciclismo de Tavira

O ciclista espanhol Gustavo Veloso, vencedor das edições de 2014 e 2015 da Volta a Portugal, vai alinhar na Atum General-Tavira-Maria Nova Hote. P6

POR MARIA JOÃO NEVES

POR SAÚL NEVES JESUS

Filo-conto de Natal

Pode a arte ajudar a contribuir para uma atitude mais favorável à paz?

CS20

POR RAMIRO SANTOS

A Saga dos Cortes Reais CS21

POR JORGE QUEIROZ

Investigação e intervenção na cultura, património e artes CS18

CS19

POR MARIA LUÍSA FRANCISCO

O Papa que convida a passar do “like” ao “amén”! CS18

POR PAULO SERRA

Entrevista a José Eduardo Agualusa sobre Os Vivos e os Outros CS16e17

RELIGIÃO

Padre Mário de Sousa é coordenador da Comissão da Tradução da Bíblia P6


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CADERNO ALGARVE

Postal, 4 de dezembro de 2020

OPINIÃO

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Tiragem desta edição

7.092 exemplares

O gato dos sete fôlegos Passa tempos em hibernação. Mas acaba sempre por reaparecer à superfície como peixe de águas profundas. Dele se diz que é a mais persistente e original figura da política algarvia. Tem os sete fôlegos de um gato. Foi um dos mais interventivos deputados ao longo de mais de uma década. Incompatibilizou-se com Cavaco Silva quando este ascendeu à liderança do PSD e saiu do partido. Logo de seguida, foi o mentor de um movimento regionalista, no tempo em que a regionalização falava. Mais tarde, após um período na penumbra, regressou aos holofotes e apareceu com a maior das suas originalidades: criou uma confederação de empresários sem... federações! Foi o tempo dos grandes planos e das propostas de excelência. Esse era o palco que precisava para dali conquistar o ambicionado Palácio da Sé. Que conseguiu. Mas não resistiu ao primeiro sopro. E quando se julgava que tinha calçado definitivamente as pantufas, eis que de novo anda por aí, na liderança de uma frente empresarial para a renovação económica. Um dia, já bem longe, ainda chegou a acreditar que à frente do CDS de Lucas Pires, poderia tornar-se A Voz do Algarve. Mas houve um malandro que lhe roubou o G do Algarve e deixou o gato com o rabo de fora. Quem será este felino? O que andará por aí a magicar?

Luz verde para jardim de rua Tem nome fino e estrangeiro para impressionar. Chamam-lhe Street Garden, uma espécie de jardim de rua. Ao que contaram ao Mandador, o projeto a ser concretizado pelo chefe do palácio da Sé, no Bom João, em Faro, venceu um concurso e vai receber um prémio de 20 mil euros. Não é uma grande fortuna nos tempos que correm, mas sempre dá para pagar a água no final do primeiro mês. Além do mais, cai sempre bem um gesto de reconhecimento por mais pequeno que seja. E numa cidade tão carente de verdura, não é de desprezar nem de deitar fora. Sinal verde pela ideia.

Luz vermelha para ambições especulativas Para os lados da Senhora da Bem-Saúde parece que existe um espaço enorme a pedir

de pedra e cal, no lugar em disputa. Já há quatro anos tentou vestir a camisola da equipa adversária, mas a sua proposta não mereceu o aplauso nem a clemência do chefe de fila da equipa cor de rosa. Ali, parece que não gostam muito dos troca tintas nem dos vira casacas! Que vai dar ao mesmo! E siga o baile....

O Mandador do corridinho algarvio Qualquer semelhança com a realidade é puro veneno e coincidência

um grande jardim que é coisa que a capital do reino não conhece há mais de um século. Conforme escreveram os jornais, aquele espaço estava a ser negociado para ali se erguer um jardim de cimento e uma fortaleza de arranha céus. Contaram ao Mandador que só a autarquia pode travar todas as tentações de especulação imobiliária que possam existir, uma vez que aquele terreno foi negociado e pago pelo Palácio da Sé, para a então telefonia nacional ali exercer a sua atividade de serviço público. Representantes de associações ambientalistas e do património reafirmaram ao Mandador, que esta é a grande oportunidade para dotar aquela zona central da cidade com um grande pulmão verde, para usufruto de sua população! E em tempo de autárquicas que se avizinham, uma proposta destas vinha mesmo a calhar! Quem quer ganhar as eleições?

Os vira casacas Há pessoas com uma energia de fazer inveja às pilhas duracel. O Mandador julga saber que um ex-senador do condado de Baltum em três mandatos consecutivos, e outros tantos como turista chefe do reino, está a mover os céus e a terra para um regresso às origens! Após, um interregno e prolongado silêncio mas - ao que consta - com grande brilho e proveito no negócio da imobiliária, eis que o dito cujo já se posiciona como independente na luta para desalojar o pesado líder que rola na equipa cor de laranja e que parece estar

RESTAURANTE O TACHO

Restaurante: almoços e jantares com esplanada Take-Away: Entrega ao domicílio em Tavira

Estrada Nacional 125, Km 134 (junto à GNR) 8800-218 Tavira)

281 324 283

Chega mais p'ra lá O novo partido da extrema direita com fortes sinais dos velhos tempos, mal chegou e já disse ao que vem. Nos Açores, forçou Rio a ceder num acordo de viabilização do governo naquelas ilhas atlânticas. E não exclui novas conversas para o cont’nente. Por estes dias não se tem falado noutra coisa e o Chega nunca pensou em ter tanto palco e exposição mediática. De tal modo que já se dá por certo que, depois das eleições presidenciais, chegará a vez das eleições autárquicas do próximo ano. No Algarve – apurou o Mandador – há meia dúzia de cidades onde admite concorrer com listas próprias. Faro, Olhão, Loulé, Tavira, Silves, Portimão e Vila do Bispo, são algumas das câmaras onde o Chega vai querer chegar e... mandar! Ponham-se a pau, meus senhores! Eles andem por aí, como diz o Manel algarvio...

Mais olhos que barriga Há políticos que se candidatam a todos os lugares e mais alguns mas, uma vez conquistados os seus objetivos, nunca mais lá põem os pés. É uma prática corrente, sobretudo, entre os ilustres deputados da nação que acumulam com as presidências das assembleias muncipais e outros cargos que lhes são bastante úteis para acrescentar ao seu curriculum político. Não viria mal nenhum ao mundo se essa acumulação de funções não lhes atrapalhasse o desempenho nesses órgãos e nem servisse de desculpa para mais tarde não se empenharem nesses lugares! Vem isto a propósito de Luis Graciano que, sem vencer as eleições, foi eleito, por negociações inter partidárias, para presidente de um dos mais importantes plenários do reino. Esteve no cargo uns tempos e logo se cansou das prolongadas e desinteressantes sessões do parlamento local. Além do mais, o lugar dá pouca renda! E daí até se fazer substituir por Lídia Parreira, foi um passo. Contaram ao Mandador que o mesmo já tinha sucedido com o seu antecessor, num percurso que lhe imita a forma de estar e lhe vai garantindo a ascenção e um prolongado e bem sucedido carreirismo político. E vai de roda...


CADERNO ALGARVE

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REGIÃO

Prisão de empreiteiro provoca atraso na repavimentação de estrada em Albufeira Texto FILIPE VILHENA HENRIQUE DIAS FREIRE

FOTOS MANUEL TEVES COSTA / D.R.

A

s obras tinham o objetivo de repavimentar a estrada, mas os problemas com o empreiteiro fizeram com que a questão se arrastasse, segundo o presidente da câmara, por “quatro ou cinco meses”. Questionado pelo estado da via, que acaba por trazer constrangimentos aos utentes, referiu ainda que “o único problema que existe são as tampas dos esgotos e da água que estão partidos”, para além da estrada, que se encontra em processo de repavimentação. “O empreiteiro não acabou a obra e, dentro de 15 dias, está o ‘assunto arrumado’”, garantiu José Carlos Rolo ao POSTAL. A situação com o empreiteiro não está ligada a esta obra, mas este teve de ser substituído, uma vez que se encontra preso. O acontecimento foi exposto por uma fonte ao nosso jornal e confirmada pelo autarca, que alegou não saber do que se tratava ao certo e qual a razão da detenção. “Esse novo empreiteiro já se encontra na obra” e os trabalhos recomeçaram na quinta-feira, dia 26. Após “quatro ou cinco meses” de espera, os uten-

tes vão finalmente ver as obras serem concluídas. Por fim, o presidente da Câmara Municipal de Albufeira pede “desculpa a todos os utentes da via, assim como a sua compreensão”.

Substituição de candeeiros gera polémica entre os munícipes A também substituição dos candeeiros entre Albufeira e Pêra gerou alguma polémica entre munícipes, que alegaram que “os anteriores estavam em boas condições”. O POSTAL questionou o autarca com estas as afirmações, ao que este respondeu que esta alteração tem a ver com os candeeiros anteriores, que são “de marmorite (salvo erro) e são pesados”. Se existir um acidente, este pode ser fatal devido ao peso dos candeeiros, que são muito antigos. Desde modo, a presidente da Câmara Municipal de Albufeira realça que “já aconteceram acidentes e os candeeiros caíram em cima de carros e dai a mudança”. Confrontado se existiam interesses económicos nesta mudança, José Carlos Rolo afirma que as lâmpadas são exatamente as mesmas. O que muda é a estrutura onde estão inseridas, por uma questão de modernização e segurança, como foi referido acima.


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REGIÃO

JSD/Faro está de volta dois anos depois A JSD Faro estava desativada há cerca de um ano e meio FOTOS D.R.

vens, quer seja porque estão a iniciar a carreira profissional, quer seja porque já são independentes. Em suma, são os jovens que vão ter menos segurança a nível de rendimentos. O papel da JSD é a defesa intransigente da juventude portuguesa.

Num jantar onde Pedro Passos Coelho veio ao Algarve, imprimi uma ficha de militância

Sente que desempenha um papel importante por ter sido a Catarina a ativar a JSD?

Sou licenciada em Gestão de Empresas pela Faculdade de Economia da Universidade do Algarve. É um curso bastante interessante e que me abriu portas, ajudando-me a aumentar o meu sentido crítico e o meu espírito de debate. Além

Sim, nós temos definido como um dos objetivos do nosso mandato recuperar o interesse dos nossos militantes que se foram afastando ao longo destes meses em que a concelhia esteve desativada. Outro objetivo é atrair novos militantes. Queremos investir numa comunicação clara e eficaz e ter atividades de formação, que qualifiquem os nossos quadros. É preciso aproximar os jovens da atividade política, do espírito crítico, do debate e fazê-los pensar.

e fui-lhe mostrar

dinho desacreditados. Saliento ainda a presença feminina na nossa equipa, que mostra a igualdade. É uma medida não só justa, como benéfica. Tal como se pode verificar, a nossa lista é composta por jovens dos 16 aos 22 e, em comparação à lista anterior, que era muito mais velha, temos jovens recém-l icenc iados e do secundário. O espectro das áreas é também enorme, desde a saúde, ciências políticas e gestão.

Mantém uma relação ativa com o PSD?

O que é a JSD e quais os

Texto FILIPE VILHENA HENRIQUE DIAS FREIRE

NOVA EQUIPA QUER APROXIMAR OS JOVENS DA POLÍTICA A JSD (Juventude Social Democrata) de Faro foi reativada, sendo Catarina Santos, de 22 anos, a nova presidente, após o ato eleitoral realizado no passado sábado, 28 de novembro. A jovem farense liderou a única lista candidata e o POSTAL quis saber os novos desafios que encara agora e como entrou para o mundo da política.

seus objetivos?

Da JSD fazem parte jovens absolutamente interessados, dedicados, inteligentes e empenhados, que têm vontade de melhorar a sua cidade. A minha equipa é feita de pessoas extraordinárias, com vontade de melhorar Faro e acompanhar os jovens nas suas dificuldades. Quanto aos objetivos, vamos debater muito, até pela crise provocada pela pandemia de covid-19. Sabemos que as principais “vítimas” da crise que estamos a atravessar são os jo-

A nossa relação é muito boa e comprometemo-nos sempre a marcar presença nos momentos de discussão. Estamos sempre disponíveis para apoiar a estrutura sempre que possível. Sou deputada municipal e muitos dos meus colegas de bancada são do PSD. Acredito, que temos um quadro de militantes com pessoas dinâmicas e qualidades e que os nossos jovens podem apoiar a lista do PSD, indo às assembleias de freguesias e municipais. É necessário renovar os agentes políticos, chamando os jovens que estão preparados para servir Faro e que estão de forma dedicada e apaixonada a fazer política. O que a levou a entrar no ‘mundo’ da política?

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anos

A JSD Faro estava desativada há cerca de um ano e meio e na minha opinião, agora, mais do que nunca, é essencial o nosso papel. É fundamental alguém que vá às escolas, formar, informar, ouvir, debater e esclarecer todos. É com esta proximidade e conhecimento da realidade que eu tenho, que vamos conseguir fazer a diferença. O objetivo é colocar a JSD Faro na agenda política que estava “esquecida”.

disso, consegui ver a política de outra forma. Não só pelo lado do debate, mas entender e compreer mais a nível económico o que está em causa. Eu queria ser militante do PSD antes de poder ser militante, tinha eu ainda 15 anos e não me podia inscrever. Num jantar onde Pedro Passos Coelho veio ao Algarve, imprimi uma ficha de militância e fui-lhe mostrar, demonstrando a minha vontade de entrar e convidando-o para ser meu preponente. Foi ele que assinou a minha ficha de militância. Foi o momento do início da minha atividade política, que nunca vou esquecer e, a partir dai, só vieram coisas boas.

Os jovens estão propensos a olhar para a política, sendo que talvez estejam um bocadinho desacreditados Sente que a política não está muito presente nos jovens atualmente?

Eu acho que cada vez mais os jovens estão propensos a olhar para a política, sendo que talvez estejam um boca-

O que se imagina a fazer no futuro, a médio ou longo prazo? Sente que o seu caminho passa pela política?

Eu tenho apenas 22 anos e a JSD é até aos 30 anos. Tenho um longo caminho pela frente. Sei que tenho muito a aprender, mas vou estar sempre pronta a defender os jovens farenses e penso que a JSD Faro ainda tem muitos anos comigo lá, assim como com toda a equipa. Espero ainda continuar a fazer parte do PSD Faro, Assembleia Municipal e Coordenação de Formação, que é uma das minhas grandes paixões – continuar a formar jovens, tanto a nível político como cívico. O meu dia precisava de ter 48 horas para tudo o que faço. Contudo, quem corre por gosto, não se cansa. Temos como lema: “Saber o que nos pertence, mostrar o que é ser farense”. Acho que vão ouvir falar muito de nós, nós vamos levantar temas que são importantes para os jovens algarvios e lutar por eles, acompanhando-os nas suas dificuldades. Podem contar connosco e enviar e-mails sempre.


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Breve

Albufeira investe 500 mil euros em equipamentos de saneamento A Câmara de Albufeira está a substituir as viaturas que se encontravam obsoletas por novos equipamentos que consigam dar resposta de forma eficaz e eficiente às necessidades da autarquia na área do saneamento básico. As aquisições, que fazem parte de um concurso público mais alargado, representam um investimento total na ordem do meio milhão de euros. José Carlos Rolo, presidente da Câmara de Albufeira, refere a importância da presente aquisição, sublinhando que “a mesma faz parte da política global de investimentos do município na área do saneamento básico até ao ano de 2023”. De salientar que já foram entregues duas das viaturas no âmbito do referido concurso público destinado ao “fornecimento de uma viatura ligeira tipo furgão, três viaturas todo o terreno para lim-

A Câmara de Albufeira está a substituir viaturas que se encontravam obsoletas por novos equipamentos FOTO D.R. peza de praias, uma viatura ligeira com equipamento de saneamento e duas pesadas com equipamento de saneamento”. Há cerca de duas semanas foi entregue uma viatura destinada à limpeza de fossas para consumidores residentes em zonas onde ainda não existe rede de saneamento, “situação que em Albufeira é residual, uma vez que a percentagem de cobertura da rede de saneamento básico no concelho já atinge os

95%”, afirma Cláudia Guedelha, vereadora responsável pelo pelouro das Águas e Saneamento. Trata-se de uma viatura de sucção em chassis de última geração da marca MAN TGS 18.430, com equipamento fabricado por uma empresa nacional. O equipamento é composto por um depósito de sucção em inox com capacidade basculante 9 m3, bomba de vácuo de grande capacidade preparada para serviço contínuo, caixas la-

terais em inox para arrumação dos acessórios de sucção, lança de sucção de acionamento hidráulico e com sistema de comando de ultima geração, de comunicação CANBUS. Até ao final do ano irá ser entregue mais uma viatura limpa fossas. No final do mês de agosto, e no âmbito do mesmo concurso, o Município recebeu uma viatura destinada à desobstrução de coletores da rede de águas residuais domésticas e pluviais. Desta feita, trata-se de uma Viatura ligeira Volkswagen Crafter FMA 2.0 TDI L3H3 de 3,5 toneladas, tipo furgão, equipada com equipamento de desobstrução e limpeza de coletores, montado sobre estrutura metálica. Com a presente aquisição a autarquia passa a dispor de duas carrinhas de desobstrução, três viaturas limpa fossas e mais um camião de desobstrução com limpa fossas.

Festival da Batata-doce de Aljezur on-line e com entregas em casa

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Os apaixonados pelo Festival da Batata-doce de Aljezur, este ano podem adquiri-la online, até 8 de Dezembro, com certificação de Identificação Geográfica Protegida (IGP), garantida pela Associação de produtores de Batata-doce de Aljezur. É este o momento da “celebração da melhor batata-doce do mundo, produto de características únicas, a variedade ‘Lira’”. Nesta edição do Festival de 2020, o município de Aljezur, a Associação de Produtores de Batata-doce de Aljezur, os CTT – Correios de Portugal e a Dott.pt uniram esforços, para levar até ao consumidor a batata-doce do Mundo, através de uma loja online, que poderá encontrar no Marketplace da Dott, mas também através do site do município de Aljezur www. cm-aljezur.pt. Após a aquisição online, os CTT, farão a entrega desta iguaria, diretamente nas residências e locais indicados por cada um, num curtíssimo espaço de tempo.


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Breves

Limpeza do espaço rural

Todos os anos, o Município de Portimão procura acautelar, através de medidas preventivas e de mitigação do risco, as possíveis consequências de episódios de precipitação intensa. Exemplo disso são “os trabalhos de limpeza de ribeiras e passagens hidráulicas nas zonas críticas e historicamente mais vulneráveis com impacto nas populações, e nas vias de comunicação que atravessam o espaço rural do concelho”, vinca a autarquia portimonense em comunicado. Num investimento superior a 26 mil euros, encontram-se atualmente a decorrer intervenções que complementam a ação diária da equipa de Sapadores Florestais do Município.

Área dedicada à covid-19

O Centro de Saúde de Albufeira tem uma nova ADC - Área Dedicada à Covid-19, que já entrou em funcionamento. O espaço onde funciona o serviço foi cedido pela autarquia à ARS para funcionar como unidade de diagnóstico à Covid-19. Segundo a Câmara de Albufeira, “trata-se de uma zona própria para avaliação de doentes covid que funciona todos os dias da semana, de forma ininterrupta, entre as 8 e as 20 horas, agora também com a valência de posto de colheitas”.

Bivencedor da Volta a Portugal, reforça Tavira

O ciclista espanhol Gustavo Veloso, vencedor das edições de 2014 e 2015 da Volta a Portugal, vai alinhar na Atum General-Tavira-Maria Nova Hotel. Veloso, de 40 anos, que foi segundo na última Volta a Portugal, repetindo a classificação de 2013 e 2016, decidiu prolongar a carreira, devido à pandemia de covid-19, e ruma à formação algarvia, depois de cinco temporadas na W52-FC Porto, num total de oito na mesma estrutura, com a experiência na OFM-Quinta da Lixa. O ciclista mais consistente na última década na Volta a Portugal já tinha admitido o prolongamento da carreira, durante a mais importante prova velocipédica nacional, tendo a confirmação ocorrido no convite para a apresentação dos reforços da formação tavirense. Além do galego, natural de Vilagarcía de Arousa, vão ser ainda apresentados como reforços da equipa orientada por Vidal Fitas os corredores Rafael Lourenço (ex-Kelly-Simoldes-UDO), Emanuel Duarte (ex-LA Alumínios–LA Sport) e o espanhol Samuel Blanco (ex-Supermercados Froiz).

Padre Mário de Sousa coordena Comissão da Tradução da Bíblia encontros de Jesus no Evangelho de São João”.

Texto FILIPE VILHENA HENRIQUE DIAS FREIRE

Pedro Falcão e José Carlos Carvalho completam a equipa da subcomissão científica do Novo Testamento

O

padre Mário de Sousa é sacerdote da Diocese do Algarve e presidente da Associação Bíblica e foi recentemente nomeado coordenador da Comissão da Tradução da Bíblia, em substituição de D. Anacleto Oliveira, que faleceu em setembro deste ano. A nomeação partiu da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP) na 199.ª Assembleia Plenária, que decorreu em Fátima, de 11 a 13 de novembro. Mário de Sousa era membro da Comissão Coordenadora da Tradução da Bíblia para a CEP e presidia à subcomissão científica do Novo Testamento desde 2012. O algarvio de 49 anos foi responsável, no primeiro volume já publicado com os quatro Evangelhos e os Salmos, pela tradução, introdução e notas dos Evangelhos de São Marcos e São João. O padre Mário de Sousa é formado em Teologia pelo Instituto Superior de Teologia de Évora, é licenciado em Teologia pela Universidade Católica de Lisboa, licenciado em Ciências Bíblicas pelo Pontifício Instituto Bíblico de Roma e doutorado

O padre Mário de Sousa é formado em Teologia pelo Instituto Superior de Teologia de Évora FOTO D.R. em Teologia Bíblica pela Universidade Gregoriana de Roma. Atualmente é professor de Novo Testamento no Instituto Superior de Teologia de Évora, diretor do Centro de Estudos e Formação de Leigos do Algarve e presidente da

Sandra Bailote conquistou a Medalha de Ouro na Meia-Maratona por equipas e a Medalha de Bronze no Corta-Mato em Estafetas FOTO D.R.

Associação Bíblica Portuguesa desde 2017, acumulando ainda a função de pároco na matriz de Portimão. É autor de “Introdução ao Evangelho de S. João”, “Para que também vós acrediteis. Estudo exegético-teológico de Jo 19,31-37” e ainda “Os

A comissão tem ainda como pilares o padre Joaquim Garrido (secretário), sacerdote dehoniano; José Ramos, professor catedrático emérito da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, que preside à subcomissão científica do Antigo Testamento, da qual fazem parte também Armindo Vaz e Luísa Almendra, ambos docentes da Universidade Católica Portuguesa de Lisboa. A subcomissão científica do Novo Testamento é composta por Pedro Falcão e José Carlos Carvalho, docentes da Universidade Católica Portuguesa do Porto, nomes que se juntam a Mário de Sousa. A equipa da comissão é ainda constituída por Alex Villas Boas, docente da Universidade Católica Portuguesa de Lisboa; Maria Antónia Vasconcelos; Fernando Moita, diretor do Secretariado Nacional da Educação Cristã; pelo padre Pedro Ferreira, diretor do Secretariado Nacional da Liturgia; e por Antero Paulo, da Fundação do Secretariado Nacional da Educação Cristã.

Atleta do Olímpico Clube de Lagos recebe voto de congratulação e louvor Sandra Bailote participou no Campeonato da Europa de Atletismo realizado no final do mês de outubro na Madeira e subiu ao pódio por duas vezes A desportista conquistou a Medalha de Ouro na Meia-Maratona por equipas e a Medalha de Bronze no Corta-Mato em Estafetas, dois títulos coletivos que vêm coroar o trabalho, persistência, motivação e dedicação desta atleta, assim como do clube que integra. Face à relevância dos títulos alcançados, a Câmara de Lagos aprovou, por unanimi-

dade e aclamação, "um voto de congratulação e louvor a Sandra Bailote", fazendo questão de entregar pessoal e presencialmente esta distinção que "visa reconhecer o mérito e excelência do trabalho desportivo realizado pela atleta lacobrigense, pelo Olímpico Clube de Lagos e pelo seu treinador Jorge Candeias, a que não é indiferente o suporte da família e de todas as entidades que a têm apoiado". O Campeonato da Europa de Atletismo foi o primeiro evento europeu de atletismo realizado em contexto de pandemia e um dos dois únicos eventos de veteranos que a European Masters Athletics irá realizar este ano.


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REGIÃO

Hotéis contornam crise com teletrabalho e estadias de longa duração

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s hotéis e empreendimentos algarvios estão a promover campanhas de descontos para estadias de longa duração e a disponibilizar espaços para teletrabalho como forma de contornar a crise no setor provocada pela pandemia de covid-19. Quem consegue trabalhar remotamente procura cada vez mais locais para passar temporadas em teletrabalho, numa altura em que o confinamento se impõe por todo o mundo, com a hotelaria do Algarve a registar um aumento da procura nesse segmento, mais pelos portugueses, mas também por estrangeiros, disseram à Lusa responsáveis do setor. “Temos tido uma procura consistente e, sobretudo, em crescimento cada vez que há um período de maior confinamento”, adiantou à Lusa o administrador executivo de Vale do Lobo, Pedro Reimão, notando que

o 'resort' tem recebido reservas de mercados tradicionais, como o Reino Unido, mas também da Escandinávia. Segundo o administrador do empreendimento, o serviço está direcionado para os chamados nómadas digitais, “para quem é indiferente estar a trabalhar em Londres, Lisboa ou em Amesterdão”, não só para aqueles que já trabalhavam desta forma, como para quem de um momento para o outro viu o teletrabalho tornar-se obrigatório.

Hotel Faro também está a promover descontos No centro da capital algarvia, o hotel Faro também está a promover descontos para quem quer passar temporadas de 15 ou 30 dias no hotel em teletrabalho, usufruindo de uma sala de ‘coworking’ aberta 24 horas por dia e outras comodidades, contou à Lusa a diretora da unidade.

Para Sofia Hipólito, este nicho de mercado pode não ser "a salvação", mas é “uma grande oportunidade” para um setor fortemente atingido pela crise pandémica, havendo já reservas ao abrigo da campanha para estadias mínimas de 15 dias lançada na passada semana e vários pedidos de informação. Isabel aderiu ao pacote para 15 dias no hotel Faro e contou à Lusa que queria “testar” a possibilidade de “estar em teletrabalho num sítio diferente” e de não ter de se preocupar “com nada”, depois de ter começado a trabalhar remotamente durante a pandemia. A bancária de Lisboa, confessa que em casa não gosta tanto deste sistema, mas considera que poder fazer teletrabalho em hotéis “abre todo um leque de oportunidades”, até mesmo para “conciliar melhor” o trabalho com a vida familiar. "É um conceito e queria experimentar esta possibilidade", refere.

O hotel Faro está a promover descontos para quem quiser passar temporadas de 15 ou 30 dias em teletrabalho FOTO D.R. Em Vilamoura, o hotel Hilton, além da campanha para estadias de longa duração, tem igualmente, desde o final de agosto, o programa “home office”, que disponibiliza salas de trabalho individuais ou partilhadas que podem ser alugadas por pessoas que não estão alojadas no hotel. Segundo contou à Lusa o diretor comercial da unidade, João Rosado, a ideia de lançar este novo serviço

surgiu devido às dificuldades que a própria equipa do hotel sentiu quando teve de ficar em teletrabalho durante o confinamento. Mediante pacotes de vários preços, é possível ter ‘coffee breaks’ personalizados, acesso ao ginásio e ao SPA do hotel ou até mesmo a um treino com um ‘personal trainer’, explica Sónia César, do departamento de grupos e eventos do hotel.


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ESPECIAL R ECU RSOS HÍ DR ICOS

AÇÕES DE TRANSVASE EM ESTUDO

Água do Guadiana vai alimentar Odeleite FOTO D.R.

A chuva que caiu esta semana no Algarve está longe de resolver o problema da falta de água na região. As barragens apresentam níveis inferiores a metade da sua capacidade. Perante a repetição cíclica de anos de seca prolongada, os responsáveis da Águas do Algarve, em articulação com outros organismos regionais, têm em execução um conjunto de ações para responder a situações de emergência e planos de médio prazo com respostas estruturais para enfrentar o problema. O POSTAL pediu ao presidente da Águas do Algarve, Joaquim Peres, para fazer o ponto de situação. Entrevista escrita de RAMIRO SANTOS

Qual é a atual situação de reserva de água para abastecimento público existente nas barragens do Algarve?

Os volumes de água superficial acumulados nesta data são os seguintes: Odelouca – 47 hm 3 ; Odeleite – 34 hm3; Beliche – 12 hm3. Poderemos ainda considerar a água existente nas albufeiras da Bravura e do Funcho. Há ainda as reservas existentes nos aquíferos da região. Como classifica a situação: dramática, preocupante, normal?

Preocupante. Se não chover no próximo inverno, para quanto tempo chegarão as reservas existentes?

O consumo humano anual é de aproximadamente 73 hm3. Numa previsão de não ocorrência de chuva em quantidade nos próximos meses, é admissível recorrer ao racionamento no consumo doméstico de água?

Creio que o termo “racionamento” não será o mais indicado. Deveremos todos ter consciência da necessidade de uma utilização regrada do bem que nos é disponibilizado nas nossas torneiras. Qual a capacidade de resposta da Águas do Algarve para fazer face a uma emergência?

A capacidade existente não é inesgotável mas existem medidas que, fazendo parte do nosso plano estratégico, permitem possibilitar alguma resposta. Há algum plano para um cenário desta natureza em articulação com as autarquias e a Proteção Civil? E com Espanha,

considerando a necessidade de garantir os caudais do Guadiana?

A APA e a DGADR coordenaram a elaboração do “Plano de Eficiência Hídrica para o Algarve”, que contou com a colaboração ativa de todos os setores da vida da região, de forma a poder dar as respostas necessárias face aos vários cenários que foram aparecendo na região. O recurso às águas subterrâneas, utilizando os furos artesianos municipais e particulares, é uma possibilidade ou os níveis freáticos não garantem a alternativa?

A água recolhida no subsolo deve ser considerada uma reserva estratégica para uma utilização de reserva, se outra fonte não existir. Mas temos que ter muito cuidado com essa utilização. A exploração excessiva dessa origem pode permitir a entrada de água salobra nos aquíferos e, dessa forma, tornar muito difícil a sua utilização. Há alguns anos, antes da existência da Águas do Algarve, muitos se lembram de abrir a torneira e, ou não jorrar água ou, aquela que saía, não se conseguir beber. Perante este quadro de seca prolongada e acumulada com tendência a agravar-se no futuro, a Águas do Algarve tem algum plano estrutural a médio e longo

Presidente da Águas do Algarve, Joaquim Peres, faz o ponto de situação para os leitores do POSTAL prazo para assegurar o abastecimento público, a nível da política de transvases e de construção de novas barragens? E o recurso à dessalinização está a ser considerado?

A empresa Águas do Algarve ajudou a traçar um plano estratégico para a região, tal como já referido, onde estão previstas várias medidas de curto, médio e longo prazo. Pelo lado da procura, devem todos os utilizadores fazer um esforço grande para evitar consumos exagerados. Deve ser criada a consciência sobre a poupança de uso da água. Devem também ser feitos esforços no sentido de serem evitadas perdas desse bem fundamental. Do lado da oferta, estão incluídas, no Plano de Eficiência Hídrica para o Algarve, um conjunto de medidas importantes para dar resposta à carência verificada. Algumas medidas já estão em marcha. Na ETA de Alcantarilha está em fase de conclusão

até ao final de 2020, a construção de uma unidade de flotação que vai permitir tratar um maior volume de água do que atualmente existe. Com esta medida poderemos ter condições mais favoráveis de gerir a água existente na zona de Sotavento e na zona de Barlavento. Está em elaboração o estudo de reforço da capacidade de transporte de água entre essas duas zonas. Estamos em condições de avançar com a recolha do volume morto da albufeira de Odeleite. A albufeira do Funcho pode ser um reforço de abastecimento de água para consumo humano. Este ano já forneceu cerca de 12 hm3. Temos o projeto pronto para se iniciar a obra de construção de uma estação elevatória, a criar na ETAR de Vila Real de Santo António, para reutilizar água na rega de dois campos de golfe e em dois pomares. Estamos desenvolvendo estudos para a concretização da instalação

Medidas em curso ♦Na ETA de Alcantarilha está em fase de conclusão, até ao final de 2020, a construção de uma unidade de flotação que vai permitir tratar um maior volume de água do que atualmente existe. Com esta medida haverá condições mais favoráveis de gerir a água existente na zona de Sotavento e na zona de Barlavento.

de uma dessalinizadora na região. Estão sendo feitos os contactos necessários para viabilizar a recolha de água no Rio Guadiana para a colocar na barragem de Odeleite. Temos estudos para aumentar a capacidade de retenção de água na albufeira de Odelouca. Faz sentido que, face a este problema de falta de água para consumo, se continue a utilizar a água da rede pública ou de furos, na rega dos campos de golfe ou para a agricultura, havendo, por exemplo, a possibilidade de utilização de águas tratadas das ETARs?

A água, sendo um elemento escasso e fundamental para a vida, deve ser utilizada com muita inteligência. A água que sai das ETARs, devidamente tratada, pode constituir uma nova fonte de oferta para ser utilizada com as finalidades referidas.

♦ Vai avançar a recolha do volume morto da albufeira de Odeleite. ♦ A albufeira do Funcho pode ser um reforço de ♦

abastecimento de água para consumo humano. Este ano já forneceu cerca de 12 hm3. Temos o projeto pronto para se iniciar a obra de construção de uma estação elevatória, a criar na ETAR de Vila Real de Santo António, para reutilizar água na rega de dois campos de golfe e em dois pomares.



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Desafios para o futuro sustentával dos recursos hídricos do Algarve LUIS CHÍCHARO Professor da Universidade do Algarve, coordenador da cátedra UNESCO em Eco-hidrologia da Universidade do Algarve e coordenador do curso de mestrado Erasmus Mundus em eco-hidrologia aplicada

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Algarve é uma região sujeita a uma variabilidade na disponibilidade de água e consequentemente na quantidade e qualidade dos recursos hídricos, que advém de se enquadrar geograficamente numa zona de clima tipicamente mediterrânico. Sobretudo desde as décadas de 6070 do século passado, o aumento dos usos da água, com o turismo e urbanização, e mais recentemente com uma intensificação da agricultura, tornaram as variações naturais na disponibilidade de água um “problema” e uma situação merecedora de grande atenção mediática. De facto, a situação dos recursos hídricos no Algarve é uma situação

”estrutural” que, em anos de menor precipitação, se agudiza, mas que, após um ano de maior precipitação que reponha os níveis de barragens e aquíferos, perde importância e urgência. Na verdade, a maior ou menor precipitação que ocorre no Algarve está associada a factores climáticos, como a Oscilação do Atlântico Norte (NAO), que reflecte a diferença relativa entre a baixa pressão sobre a Islândia e a alta pressão dos Açores e condiciona o clima no Sul da Europa. Para além disso, causas mais próximas são o crescente consumo urbano, da indústria, do turismo e da agricultura, a que se somam perdas em redes de distribuição, seja no regadio ou em abastecimento público para consumo humano. Considerando as crescentes necessidades de água para múltiplos fins e considerando os cenários previstos de alterações climáticas, que prevêem períodos mais quentes e secos para o Algarve, a prazo, o acesso ao recurso água pode tornar-se limita-

tivo para algumas actividades. Se não chove, para que exista água nas torneiras as alternativas tradicionais são: reduzir os consumos, transferir água de onde há mais para onde há menos, ou produzir água para consumo, sendo que cada uma destas soluções têm custos e não são sustentáveis no longo prazo. Para além do problema da quantidade de água disponivel, há também que considerar a qualidade da água que é disponibilizada para as populações e outros usos. Em situações de seca, a acumulação de fertilizantes e pesticidas agrícolas nos corpos de água, superficiais e subterrâneos, causa poluição e degrada o recurso que, apesar de poder existir, fica impróprio para ser consumido. A reutilização da água, assegurando a qualidade é uma necessidade. Com efeito, frequentemente considera-se a situação dos recursos hídricos no Algarve, sobretudo na perspectiva da quantidade, mas os aspectos da qualidade estão relacionados e são igualmente importantes.

Devemos ter a clara noção de que as respostas para situações que estão relacionadas com a natureza, encontram-se na natureza. Enquanto sociedade, temos vindo a alterar os ecossistemas, a transformar áreas naturais em áreas agrícolas, em cidades, em estradas, alterando o ciclo hidrológico e o seu funcionamento. A evapotranspiração das plantas e evaporação dos corpos de água é fundamental para que se formem nuvens que precipitem. Investir na natureza, e trabalhar em conjunto com a natureza, permite o desenvolvimento de soluções de base natural, que assentam num sólido conhecimento científico e possibilitam a obtenção de resultados sustentáveis e de longo prazo, ou seja, é possível, usando técnicas e resultados comprovados cientificamente, aumentar a quantidade e qualidade da água disponível para as várias necessidades de consumo. Uma destas técnicas é a eco-hidrologia, uma aproximação que tem vindo a ser desenvolvida pe-

la UNESCO, desde há 20 anos, e com a qual a Universidade do Algarve colabora através da cátedra UNESCO em eco-hidrologia: água para os ecossistemas e sociedade e, também, através de mestrados internacionais, financiados pela União Europeia, como o mestrado Erasmus Mundus em eco-hidrologia aplicada. Esta perspectiva de considerar a natureza como forma de contribuir para aumentar a precipitação está em implementação através do projeto “plantar água” no Algarve, que junta a ANP – Associação Natureza Portugal, em associação com a WWF (World Wildlife Fund) e a “The Coca-Cola Foundation”, no objectivo de plantar 50.000 árvores em 100 hectares, o que se espera venha a possibilitar a recuperação de 200 a 250 milhões de litros de água por ano, para a região. Esta iniciativa evidencia o potencial que as soluções de base natural têm e forçosamente terão cada vez mais num futuro que se pretende sustentável.


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A água que nos mantém vivos e nos lava a alma em tempos de Covid-19 MANUELA MOREIRA DA SILVA Bióloga e professora da UAlg, doutorada em Ciências e Tecnologia do Ambiente

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erante a necessidade de tarefas a cumprir com o rigor e lucidez que devem imperar na escrita científica, o lado esquerdo do meu cérebro começa a ceder ao direito, e este vai-se sobrepondo, enquanto as palavras me vão aparecendo não sei bem como nem porquê. Talvez tenha sido o telefonema de um jovem aluno, quase mestre, a questionar-me sobre os consumos de água à escala global, para os diversos usos… entre as várias sugestões vi-me a sair de um quadro estatístico e a perder-me nesta crónica. Na última vez que falei em público sobre a água no Algarve, a convite de uma conceituada ONG local, a Almargem, defendi que com a tecnologia e a ciência disponíveis, se formos cidadãos conscientes e exigirmos políticas eficazes, apesar dos frequentes episódios de seca, não teremos necessidade de enfrentar a escassez de água… porque vivemos no século XXI! Tal como na generalidade das regiões

do planeta, a agricultura representa no Algarve o maior consumidor de água, cerca de 57 %, seguindo-se os usos urbanos (29 %), os do turismo (11 %), e finalmente a indústria, que juntamente com outros pequenos usos representam 3 %. Na insegurança destes dias de pandemia, em que a vida urbana nos é mais favorável em realidades onde a Natureza nos defenda e nos limpe o ar que respirámos, a água volta a assumir uma especial importância. As cidades de hoje concentram infraestruturas, edifícios e serviços, para 55 % dos cidadãos do planeta, que são responsáveis por 80 % do PIB e pela emissão de 70 % do CO2. Nesta lógica de vivência urbana, os consumos hídricos dividem-se em partes aproximadamente iguais, entre os usos domésticos e os usos em espaços exteriores. As infraestruturas verdes são áreas naturalizadas que precisam de ser regadas, os espaços exteriores e as viaturas públicas e privadas carecem de lavagens periódicas, as bocas de incêndio distribuídas pela cidade têm que ser abastecidas… estes usos não potáveis, entre outros, podem ser supridos por água que a própria cidade liberta, desde que devidamente tratada em ETARS urbanas, quase sempre bastante próximas.

Neste momento em que a palavra-chave é emergência, climática e pandémica, os episódios de seca devem ser enfrentados tirando-se partido da tecnologia, evitando mais riscos, ambientais ou de saúde pública. É fundamental que a inovação tecnológica aplicada ao tratamento dos efluentes urbanos, saia das bancadas laboratoriais das academias e passe à escala real, à semelhança do que ocorre noutras urbes por este mundo fora, e que seja posta ao serviço da sociedade. O desafio não é simples, e é um entre vários no domínio da gestão sustentável do ciclo urbano da água. Os efluentes urbanos têm hoje substâncias químicas complexas e muito diversas, umas já caracterizadas, outras ainda em estudo e consideradas de preocupação emergente. Até porque a indústria vai sempre produzindo novos produtos, à procura de conforto, saúde e bem-estar. Todos os dias, cada um de nós, mesmo sem sair de casa, liberta a partir do que ingere (alimentos e medicamentos) ou do que usa na sua higiene e cuidados corporais (produtos de higiene, cosméticos, etc.), uma ampla gama de substâncias que chegam às ETARS, e que por vezes, não são totalmente tratadas. Nos últimos tempos têm-se

vislumbrado sinais de esperança no espaço Europeu e ouvem-se decisores políticos a falar de grandes incentivos à reutilização de água urbana. Neste cenário, vários países, Portugal incluído, têm vindo a desenvolver legislação para garantir que os efluentes urbanos são devidamente tratados. Que são feitos estudos de análise de risco em cada ETAR, que garantam a eficácia dos processos de tratamento e a qualidade da água para reutilização, ajustando-a ao uso que se lhe pretende dar. As atuais ETARS urbanas, devem ser assim encaradas como um importante elemento de circularidade, funcionando como origens alternativas de água, sobretudo para usos não potáveis, urbanos e outros. Próximas dos locais onde essa água é necessária, permitem menores consumos energéticos associados ao seu transporte, contribuindo para a redução do custo da água e das emissões de carbono a ela associadas. Haverá situações em que, a qualidade do efluente tratado se ajustará à reutilização para rega agrícola. Sobretudo, em certas culturas como nos citrinos, em que com riscos controlados, se poderá diminuir a extração de água natural para rega, sobretudo de origem subterrânea, e particularmente em zo-

nas costeiras ameaçadas pela intrusão salina. As águas tratadas para reutilização têm normalmente concentrações de azoto mais elevadas do que as águas naturais, pelo que, não as descarregando no meio envolvente, estaremos a evitar possíveis fenómenos de eutrofização e a proteger o equilíbrio dos ecossistemas. Por outro lado, reutilizando-as na rega agrícola, vamos reduzir as necessidades de aplicação de fertilizantes de síntese azotados, diminuindo os custos de produção e a pegada de carbono dos alimentos cultivados. Nada de novo à escala global, mas ainda um grande desafio para a região. Os humanos são produto de um longo percurso evolutivo da Natureza, mas não haverá espécie mais anti natura… constrói e destrói, vive mal em equilíbrio e vive em equilíbrios maus. Com a certeza de que não viverá sem a sua Natureza, a sua diferenciação tecnológica permite-lhe atuar com impactes de intensidade e precisão, mortíferas ou salvadoras, consoante o que lhe for na alma…e nas nossas crenças religiosas, até a alma a água nos lava! Que a água não escasseie, porque a vida não se suporta sem ela… neste caso não haverá máscara que nos mantenha vivos!

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Plataforma Água Sustentável exige ser ouvida nas soluções para combater a falta de água Associações e movimentos criaram a Plataforma Água Sustentável (PAS) para que os cidadão possam intervir nas questões relacionadas com a seca e água Preocupados com a disponibilidade da água ser um problema antigo no Algarve "que se espera que se agrave nos próximos tempos com a progressão das alterações climáticas", a nova PAS relembra em comunicado que "nos últimos anos tornou- se numa situação gravíssima que não permite mais o adiamento da sua resolução". "Nesta conjuntura, representantes de movimentos e associações regionais e nacionais, reuniram-se para analisar a situação e encontrar possíveis caminhos conjuntos de intervenção no sentido de exigir dos decisores políticos transparência e ações urgentes de resolução do problema. As entidades pretendem publicitar aos cidadãos, de forma contextualizada, os problemas, as decisões e as vantagens e inconvenientes de cada solução apresentada, contribuindo para a transparência do funcionamento da nossa democracia", lê-se na nota.

"O Governo anunciou que o Algarve, nos próximos 5 anos (Plano de Recuperação e Resiliência - PRR), receberá milhões de euros, parte dos quais para ser aplicada na resolução deste problema. Tem havido movimentações no sentido de escolher, entre várias hipóteses, quais as que poderão ser as soluções mais adequadas para a falta de água", salienta e refere que "neste contexto, o único processo em que os cidadãos e organizações de diversas áreas, bem como todas as entidades da região foram auscultadas e em que as suas opiniões foram tidas em consideração foi o da elaboração do Plano Intermunicipal de Adaptação às Alterações Climáticas (PIAAC)". "Este documento orientador, que foi encomendado e pago pela AMAL, não tem servido de base para as propostas apresentadas em documentos posteriores. Apesar de, por vezes, as propostas avaliadas no PIAAC serem referidas, a estas são acrescidas outras medidas que nele não constam, ou são valorizadas as que nele não eram consideradas as mais eficazes", lamentam os fundadores da PAC, que salientam, ainda, que "adicionalmen-

te, muitos dos encontros posteriores não têm envolvido, ou não têm sido dirigidos, para o cidadão comum, ou para as ONGs, e/ou estruturas e movimentos sociais ou ambientais". "O mais gritante exemplo disso foi a elaboração do Plano Regional de Eficiência Hídrica do Algarve, vulgo PREHA. Efetivamente, apesar de no texto do PREHA se afirmar que foram auscultados "stakeholders", quando se consulta a lista dos intervenientes nas diversas fases da sua elaboração verifica-se que apenas intervieram as entidades governamentais e os representantes dos  diferentes interesses económicos. Deentre as entidades governamentais, não foram consultados o  Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA) e o Instituto  da Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF)", lê-se no comunicado. Relembrando que " não  existem soluções com impacto 100% positivo, mas que, além de técnicas, as soluções são também políticas", a PAS classifica de "muito grave" que o assunto esteja a ser resolvido, "como se se  reduzisse apenas a um problema económi co", com a não auscultação e a "ausência

de difusão da opinião que as organizações cívicas e ambientais têm sobre o assunto". A PAC lamenta igualmente que "não seja promovida a divulgação dos dados referentes aos consumos junto do cidadão comum, nomeadamente os dados atuais da Administração da Região Hidrográfica do Algarve (ARH)/APA segundo os quais, por exemplo, as perdas nas redes públicas municipais são de 30% da água distribuída por essa rede ou que a agricultura seja o maior consumidor de água da rede (60%) e da água proveniente de aquíferos subterrâneos (75%) e não se saiba o que as entidades públicas pretendem fazer para travar novas plantações (apesar de ser dito que as licenças para novas plantações estão suspensas)". A recém criada Plataforma Água Sustentável exige que as entidades regionais e nacionais as tenham como parceiras de pleno direito

neste processo e tem como subscritores oito organizações reguonais e nacionais: A Rocha Portugal, Almargem - Associação de Defesa do Património Cultural e Ambiental do Algarve, CIVIS - Associação para o Aprofundamento da Cidadania, Faro 1540 - Associação de Defesa e Promoção do Património Ambiental e Cultural de Faro, Glocal Faro, Quercus - Associação Nacional de Conservação da Natureza e a Regenerarte - Associação de Proteção e Regeneração dos Ecossistemas.

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(POSTAL do ALGARVE, nº 1255, 4 de Dezembro de 2020)   


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Medidas para poupar água em Castro Marim podem baixar consumos entre 25 e 20%

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substituição de espécies nos jardins por outras que não necessitam de tanta rega (suculentas e catos), a introdução de contadores com telemetria para monitorizar consumos, a renovação de redes de abastecimento de água com mais de 70 anos ou a utilização de água tratadas na rega de campos de golfe são algumas das medidas, explicou Filomena Sintra, vice-presidente da Câmara de Castro Marim. A vereadora da autarquia castromarinense referiu à Lusa que a “medição de caudal com teleassistência, em zonas de condutas e zonas de abastecimento”, permitem fazer “uma gestão remota” e “perceber se dispara o consumo naquela zona” para depois “bloquear a ligação a determinadas condutas” em caso de ruturas. Quanto aos jardins e zonas verdes, vai também proceder-se a “colocação de contadores em todos os espaços” e dar capacidade ao sistema de “ajustar remotamente os consumos para, em dias de chuva, não ligar a rega automática”,

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exemplificou a autarca, frisando que estes investimentos estão avaliados em cerca de 300 mil euros e foram financiados pelo Fundo Ambiental. “Com esta medida nos jardins de Castro Marim e Altura, pensamos poder reduzir 25% dos consumos de água. Nas zonas de medição de caudal, também pensamos reduzir até 20% das perdas com ruturas não detetadas a tempo”, estimou. Ao mesmo tempo, a Câmara está a trabalhar na primeira fase da “renovação das redes de abastecimento de água de Castro Marim”, que são “muito antigas, dos anos 1940 e 1950”, e “não têm capacidade de detetar fugas” que “vão para o subsolo” se não forem detetadas à superfície, destacou Filomena Sintra. A vice-presidente da Câmara espera agora que estes projetos voltem a ter financiamento comunitário, porque a estimativa da autarquia aponta para um investimento “de cinco a seis milhões de euros” para renovar as redes de abastecimento de água do concelho, um valor que considerou ser “incomportável” para municípios de baixa densidade

populacional, como Castro Marim.

Renovar abastecimento de água custa de cinco a seis milhões de euros Num município com muitas povoações dispersas na serra algarvia e com o “problema da desertificação física” do território, Filomena Sintra congratulou-se também com a “construção de 65 quilómetros de condutas” que permitem “alargar a rede [de abastecimento de água] a 32 localidades”, que só dispunham de sistemas de distribuição autónomos municipais e agora contam com pontos de acesso á água proveniente do sistema em alta da Águas do Algarve. No entanto, ainda há trabalho a fazer, porque “existem sete ou oito localidades, com um número de pessoas significativo, cujos furos este verão secaram” e “há cerca de 10 localidades” que ainda carecem de ligação ao sistema de distribuição em alta e precisam de autorização da tutela, apesar da “boa colaboração que a Câmara tem tido com

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A Câmara de Castro Marim vai implementar várias medidas para controlar o consumo de água no concelho FOTO D.R. a Águas do Algarve e a Agência Portuguesa do Ambiente (APA)”, alertou. Aquela governante salientou ainda a importância de um acordo que vai permitir “colocar no primeiro semestre de 2021 água da Estação de Tratamento de Águas Residuais de Vila Real de Santo António nos campos de golfe de Castro Marim Golfe e da Quinta do Vale”, celebrado entre a autarquia, a Agência Portuguesa do Ambiente e os dois campos de golfe do concelho.

“Em média, cada campo de golfe terá um consumo médio de 400 mil metros cúbicos de água”, afirmou a autarca, sublinhando que o acordo com estes dois campos vai permitir “reduzir o consumo de água armazenada na ordem dos 800 mil a um milhão de metros cúbicos de água”, porque passarão a ser regados com água proveniente da estação de tratamento, imprópria para consumo humano, mas que pode ser destinada também a regas na agricultura.


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20 anos de HPZ e serviços de excelência com tecnologia avançada

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ão 20 anos de glória e sucesso, numa empresa que prima pela excelência e a tecnologia. A HPZ tem demonstrado estar na linha da frente, levando o nome de Tavira (e de todo o Algarve), além-fronteiras. A HPZ é uma empresa tavirense de referência criada em 2000, com o objetivo de “prestar serviços de excelência, proporcionando as tecnologias mais avançadas disponíveis do mercado”, refere ao POSTAL Zacarias Neto. Atualmente é fornecedora de soluções profissionais de Cópia e Impressão e de Software de Gestão Documental, nomeadamente para redução de custos de impressão.

As tecnologias são o futuro do mercado e a HPZ tem feito uma evolução muito positiva nesse sentido. No ano em que completa 20 anos, o fundador e responsável pelo negócio explica que “nascemos com um pequeno team mas desde logo com a enorme responsabilidade de parceria, com uma das marcas leaders do mercado mundial - a RICOH”. Hoje, a HPZ é um grupo de 12 pessoas visionárias, metade das quais afetas ao Serviço Técnico, Suporte a Clientes e Software Especializado. A evolução tecnológica “permitiu que evoluíssemos e nos orgulhássemos de hoje contar com mais de 1.500 clientes que em nós confiam como parceiros do seu negócio”. O balanço é positivo e não poderia ser

de outra forma, pois o negócio já ultrapassou a região algarvia e viajou até a vários locais do mundo. Segundo Zacarias Neto, “começámos na região do Algarve. Hoje assistimos comercial e tecnicamente clientes em todo o território nacional e alguns também no estrangeiro, no seguimento de acordos internacionais”. Desde sempre, a HPZ tem-se destacado bastante na área de oferta de produtos de referência, oferecendo um conjunto de serviços, direcionados para as pequenas, médias e grandes empresas. Quem o confirma é o fundador, que explicou ao POSTAL que “somos hoje uma empresa de referência no setor, sendo prova disso a preferência

que nos é dada desde centenas de microempresas até a grandes multinacionais”.

NASCEMOS COM UM PEQUENO TEAM MAS DESDE LOGO COM A ENORME RESPONSABILIDADE DE PARCERIA Zacarias Neto Questionado sobre as principais preocupações da HPZ, Zacarias Neto frisa que “é preocupação propor as soluções mais adequadas, através da instalação das mais avançadas tecnologias e com o suporte de serviço especializado, quer para

a formação do cliente quer para a pronta assistência às soluções implementadas”. O cliente é prioridade, na empresa tavirense, que continua a torná-la única e diferenciadora.

HPZ foi a 1ª empresa de Tavira a adquirir uma viatura 100% eléctrica A HPZ foi a primeira empresa em Tavira a utilizar carros 100% elétricos, com a primeira viatura a ser adquirida em 2015, e com autonomia de 150 a 170 quilómetros. Seguiu-se depois uma viatura com 250 a 300 quilómetros, em 2018. No ano passado, foi adquirida uma terceira, com capacidade de 400. Duas empresas seguiram o exemplo da HPZ, reforçando a sua marca influenciadora no mercado. O futuro é, como se diz na gíria, incerto, mas é certo que a tecnologia e a inovação farão sempre parte da HPZ.


Mensalmente com o POSTAL em conjunto com o

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MISSÃO CULTURA

Promontório de Sagres

& Marca do Património Europeu O Promontório de Sagres representa um lugar feito Mito e um lugar feito Símbolo FOTO LUCIANO RAFALE / D.R.

RAQUEL ROXO Técnica superior da Direção Regional de Cultura do Algarve

A

atribuição da Marca do Património Europeu (MPE) ao Promontório de Sagres, em dezembro de 2015, veio confirmar a relevância deste território na Europa, quer como finisterra estratégica, integrada na conjuntura histórica do pioneirismo da expansão marítima portuguesa, quer pelo impacto que este processo causou na tradição cultural da civilização europeia moderna.

Esta marca vem também reconhecer a riqueza e excecionalidade da paisagem cultural que lhe está associada, finisterra, que compreende: uma das maiores concentrações de monumentos megalíticos de toda a Europa; um importante centro de peregrinação moçárabe que teria ali existido – a Igreja do Corvo; a Ermida de Nª Sr.ª de Guadalupe; uma rede de fortificações associadas à Fortaleza de Sagres; e Lagos, que constituiu o primeiro “cais de partida” das viagens

patrocinadas pelo Infante Dom Henrique, lugar que também receberia um dos primeiros grupos de negros escravizados, capturados por europeus, no século XV, e que integra o antigo “Mercado dos Escravos” e o “cemitério” do Vale da Gafaria, ou, mais precisamente, o lugar de depósito de defuntos escravos negros. Atualmente, o projeto MPE integra um total de 48 sítios ou bens patrimoniais, que podem ser consultados através do seguinte mapa interativo: https://geo.osnabrueck. de/ehl/PT/map. Podemos observar como o século XX se encontra bem representado, sendo este o período da história de que ainda existem memórias vivas do horror, da barbárie e de tantas atrocidades cometidas. Os antigos campos de concentração de Westerbork (Holanda) ou de Natzweiler e campos anexos (França /Alemanha) ou ainda o Memorial de Sighet (Roménia) são exemplos desses lugares de memória que foram distinguidos com a MPE e que nos permitem olhar para os lados “mais negros” e mais recentes da História Europeia. Mas, afinal, o que terão estes lugares em

comum com o Promontório de Sagres? Não podemos continuar a desenhar fronteiras entre os aspetos positivos e negativos do passado, da história ou do património, de forma a vermos o que se conjuga com os valores da contemporaneidade que queremos acarinhar, ou com determinado discurso político. Devemos reconhecer que o património integra todos estes aspetos. Aliás, como vários investigadores defendem, todo o património é intrinsecamente dissonante. O Promontório de Sagres não é diferente. A questão é que existem aspetos desse passado europeu – a exploração, a subjugação, a escravatura – que constituem, também, consequências diretas dos “descobrimentos portugueses” e da expansão da cultura europeia. No entanto, verifica-se que continuam a ser temas difíceis de abordar, e que a violência associada a este período continua a ser muitas vezes omitida. O projeto MPE, ao expor as múltiplas significações e narrativas patrimoniais, que são por vezes dissonantes e conflituosas, torna mais fácil de avaliar se o passado e o património associado são

utilizados para manter o status quo ou se podem ser utilizados para a construção de um futuro mais inclusivo, mais democrático e, potencialmente, mais justo e próspero. O Promontório de Sagres representa um lugar feito Mito e um lugar feito Símbolo, de abordagem sensível e complexa, não apenas pela riqueza e diversidade da sua paisagem cultural, mas, acima de tudo, porque foi sujeito a um processo de “solidificação patrimonial”, de forma muito intensa durante o século XX, com a permanente e repetitiva reciclagem de práticas discursivas, integrando, por vezes, novos elementos, mas mantendo, na essência, a mesma narrativa. Vemos que o processo de construção patrimonial se fortaleceu a tal ponto, em torno de uma mesma narrativa, que se torna difícil, mesmo nos tempos atuais, desconstruir essa prática e dar lugar a novas práticas discursivas, mais inclusivas, abrangentes, polifónicas e que ultrapassem a fronteira do “discurso patrimonial autorizado”. Pode a Marca do Património Europeu ajudar a ultrapassar este discurso com práticas mais inclusivas? Este é um caminho que só agora se iniciou…

Ficha técnica Direção: GORDA, Associação Sócio-Cultural Editor: Henrique Dias Freire Responsáveis pelas secções: • Artes Visuais: Saúl Neves de Jesus • Espaço AGECAL: Jorge Queiroz • Fios de História: Ramiro Santos • Filosofia Dia-a-dia: Maria João Neves • Letras e Literatura: Paulo Serra • Marca D'Àgua: Maria Luísa Francisco Colaboradores desta edição: Raquel Roxo Parceiro: Direcção Regional de Cultura do Algarve e-mail redacção: geralcultura.sul@gmail.com publicidade: anabelag.postal@gmail.com online em: www.postal.pt e-paper em: www.issuu.com/postaldoalgarve FB: https://www.facebook.com/ Cultura.Sulpostaldoalgarve


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Chimamanda (p. 88). Podemos pensar que alguns destes autores são também aqueles que mais aprecia ou a quem escolheu prestar homenagem?

PAULO SERRA Doutorado em Literatura na Universidade do Algarve; Investigador do CLEPUL

Há hoje em dia um número considerável de escritoras nigerianas com sucesso internacional. Assim de repente, lembro-me da Bernardine Evaristo (Booker Prize), da Taiye Selassi (que vive em Lisboa), da Helen Oyeyemi, de que gosto muitíssimo e da Chinelo Okparanto. O boom da literatura nigeriana pode explicar-se devido a um vasto conjunto de factores, começando na atribuição do Prémio Nobel da Literatura ao Soyinka, em 1986, até à diáspora nigeriana no Reino Unido e nos EUA. Seja como for, é um facto: há hoje um grande número de jovens escritores nigerianos com amplo reconhecimento internacional. A minha personagem, Cornelia, pode ter um pouco de todos eles. Conheço muito bem a Chimamanda e, acredite, não se parece com a Cornelia. Alguns dos outros personagens começaram por se basear em figuras reais, mas depois cresceram e foram adquirindo personalidade própria. A Cornelia foi dos que mais cresceu. Para mim é a personagem mais interessante do livro.

O

s Vivos e os Outros é o novo romance do autor angolano José Eduardo Agualusa que pode, e deve, ser lido no seguimento do anterior A Sociedade dos Sonhadores Involuntários, publicado em maio de 2017. Três anos depois, o autor regressa uma segunda vez a uma personagem sua, o Daniel Benchimol de Teoria Geral do Esquecimento, jornalista que investiga desaparecimentos, e que foi também o protagonista do romance A Sociedade dos Sonhadores Involuntários, onde o autor explora o papel dos sonhos na vida das pessoas. Entre estes dois romances, Os Vivos e os Outros e A Sociedade dos Sonhadores Involuntários, há pontos em comum ainda que não imediatamente reconhecíveis. A Sociedade dos Sonhadores Involuntários constitui uma sátira política e, ao mesmo tempo, uma homenagem, motivada pela prisão dos 17 jovens angolanos, onde se destacava Luaty Beirão, que a 20 de Junho de 2015 foram presos em Luanda quando se reuniam para discutir um livro de filosofia política: Da ditadura à democracia de Gene Sharp. Os jovens foram então acusados de preparar um golpe de Estado e foram presos. Este livro, escrito na altura em que começaram a surgir as primeiras manifestações em Angola pró-democracia, revela como o romance representa uma poderosa arma crítica. Em Os Vivos e os Outros abandona-se o tom satírico e a questão política, dando lugar a uma divertida – mas nada leviana - exploração da literatura e do seu papel na vida dos leitores e na vida dos escritores, dos temas (por vezes saturados) que hoje são caros à crítica e à moderação de tertúlias literárias, a mesa dos escritores negros, etc.

Tal como no romance anterior, mas de forma ainda mais complexa, esta narrativa encaixa diversas histórias, a começar pelo facto de o próprio livro ter tido origem num conto do autor, «O construtor de castelos» publicado em 2012 e que terá continuado a crescer em si – esta explicação surge na nota do autor no final do livro, se bem que um leitor atento estranhará as várias páginas que essa história efectivamente ocupa dentro do romance. Pode explicar como é esse processo (se for sequer consciente) de uma história ficar a crescer dentro do autor?

Esse conto é o coração do livro. É o que de certa forma o justifica e explica — o que eu pretendia era escrever um romance sobre pessoas aprisionadas numa cápsula do tempo, num território fora do alcance do presente. Numa espécie de Purgatório, entre o fim de um mundo e o começo de outro.

Havia esta premência em compreender o papel da literatura actual (vou evitar dizer africana ou lusófona ou qualquer outra etiqueta restritiva)?

Compreender não. Talvez interrogar. Interessa-me pensar no papel dos escritores nos dias de hoje, em particular dos escritores africanos. A literatura foi importante para afirmação dos movimentos independentistas no continente africano. E hoje, o que podemos ou devemos esperar dos escritores? Há inclusivamente deliciosos momentos de humor, em especial em torno das percepções destes escritores sobre a literatura, sobre a sua escrita e expectativas dos leitores, sobre as perguntas saturadas da audiência na plateia, sobre o inquirir o escritor como se ele fosse um vidente... Atrevo-me a dizer que esta nota de humor é nova…

Este romance tem um lado de sátira política, como tem “O Vendedor de Passados”, ou “A Sociedade dos Sonhadores Involuntários”. Acho que em todos os meus romances há uma certa ironia. Há, claramente, uma elegia a diversos autores, ora mencionados, ora indirectamente evocados: «Camões, Alberto de Lacerda, Rui Knopfli, Luís Carlos Patraquim, Nelson Saúte» (p. 88). A própria escritora Cornelia lembra a autora nigeriana

Entrevista a José Eduardo Agualusa sobre Os Vivos e os Outros:

E com as várias histórias entram no romance várias personagens, a começar por Moira Fernandez, artista plástica que usava (no romance anterior) os seus sonhos como principal matéria-prima, e que Daniel já conhecia em sonhos. Ainda que se evitem biografismos, é difícil não pensar em Daniel Benchimol (autor de reportagens e livros que entretanto deixou o jornalismo) como um alter-ego de Agualusa, da mesma forma que Moira pode representar Yara, a realizadora moçambicana.

“O que devemos esperar dos escritores?”

Daniel partilha elementos da minha biografia, sim, mas não partilha por exemplo as minhas convicções em relação ao movimento democrático. Ele representa um certo tipo de pessoas que se desiludiram com o processo revolucionário, e desistiram de combater pela democracia. Não é o meu caso. Eu estou mais próximo da filha dele em “A Sociedade dos Sonhadores Involuntários”. Em qualquer caso, agrada-me jogar com isso, como um dos personagens do livro, Jude, que escreve um romance autobiográfico com um narrador que é uma caricatura degradada dele próprio. Coetzee fez isso muito bem.

O escritor José Eduardo Agualusa FOTO PEDRO LOUREIRO / D.R.

Este romance é também um memorial da ilha de Moçambique, da sua história e riqueza


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LETRAS & LEITURAS

cultural, e dos ilhéus que lá vivem e que o acolheram – Agualusa vive já há alguns anos na ilha de Moçambique. Penso que se não fosse assim também não teria feito uma crítica tão feroz à política angolana no seu anterior romance.

O meu romance anterior foi escrito numa situação política que entretanto mudou — durante o regime de José Eduardo dos Santos. De alguma forma previu a queda dele. A situação atual é muito diferente, para melhor, no que diz respeito à liberdade de expressão e ao combate contra a corrupção. Mas ainda há muito para ser feito.

“Interessa-me o sonho enquanto utopia, enquanto matriz de mudança" A sua relação pessoal com os sonhos continua muito presente, neste romance, como se a matéria literária e a matéria dos sonhos proviessem da mesma fonte. Temos personagens que relembram sonhos vívidos, que nos são brevemente narrados. O sonho não é fuga ao real nem libertação de desejos inconscientes, mas uma utopia, um desejo, uma aspiração a uma sociedade melhor. Para a qual a própria ficção concorre, até porque este é também um romance que versa o fim dos tempos, o encerramento de um mundo e o início de outro. É a manifestação de um desejo de renascimento (ainda mais atendendo aos tempos conturbados em que o livro saiu) através da palavra e da imaginação?

Sim, sem dúvida. Como no romance anterior, interessa-me o sonho enquanto utopia, enquanto matriz de mudança. Sonhamos com aquilo que nos preocupa. Com os sonhos tentamos encontrar respostas. É o mesmo com as utopias.

Além da temática central do sonho, tal como no romance anterior, mas desta vez sem se cingir à natureza dos sonhos, há diversos elementos mágicos – chega-se a falar em realismo mágico a dado passo da narrativa. E o final do livro, quando Daniel recebe um estranho manuscrito, remete-nos para o final épico de Cem Anos de Solidão...

A Ilha de Moçambique, como Luanda, é um território no qual as pessoas transitam tranquilamente entre a realidade e o imaginário — a ficção. Não colocam fronteiras. Algumas das histórias que conto, provavelmente as mais inverosímeis, recolhi-as na ilha. Aconteceram mesmo. Como a história do homem que tentou voar para Meca, isso realmente aconteceu.

“As pessoas que aqui chegam são como náufragos do futuro” As próprias personagens, isoladas na ilha de Moçambique, sem internet nem comunicações, encontram-se numa espécie de limbo, que remete para a dualidade do próprio título: Os Vivos e os Outros. Estes escritores deslocados, convidados para um festival literário na ilha bem como os restantes habitantes, encontram-se assim entre dois mundos, o que parece ser a natureza da própria literatura, intemporal, situada num lugar atópico entre o real e o fantástico: «Os mundos germinam dentro da nossa cabeça, e crescem até não caberem mais, e então soltam-se e ganham raízes. A realidade é isso, é o que acontece à ficção quando acreditamos nela.» (p. 180). Será que conflui, nesta expressão de um certo deslocamento do real, a sensação de viver num espaço histórico um pouco esquecido, um pouco fora do tempo, ainda que haja uma ponte de 3 km a ligar a ilha ao continente?

Como disse antes, a ilha é uma espécie de cápsula do tempo, nada do que é presente nos alcança. Por exemplo, a pandemia que aflige o mundo todo neste momento mal se sente na ilha. Não é sequer tema de conversa. Sentem-se, contudo, as suas consequências. A ilha ficou ainda mais isolada. As pessoas que aqui chegam são como náufragos do futuro. Por fim, e esta explicação surge também na nota final do autor, há episódios baseados em eventos reais. Não posso deixar de perguntar se isso se prende com a tempestade – que também contribui para o isolamento na ilha – e que me relembra a situação vivida na Beira, um pouco mais a sul, o ano passado, com a passagem do ciclone Idai que devastou a cidade, cortou comunicações e energia durante quase um mês (no livro decorrem apenas 5 dias), e rodeou povoações inteiras da «prodigiosa água que durante dias apagou o mundo» (p. 324). Além de que houve dias depois, um pouco mais a norte, a passagem de um segundo cicole em Pemba. A própria palavra ciclone (p. 233) é referida.

A capa do novo romance do escritor angolano FOTO D.R.

Sim, isso sim, sentimos na ilha os efeitos do ciclone. Por outro lado, é muito comum estarmos na ilha, com tempo limpo e muito calmo, assistindo a grandes tempestades na costa, a apenas três quilómetros de distância. O livro começa com essa imagem.

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MARCA D'ÁGUA

O Papa que convida a passar do “like” ao “amén”! MARIA LUÍSA FRANCISCO Investigadora na área da Sociologia; Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa luisa.algarve@gmail.com

“Felizes aqueles que se fixam especialmente na parte boa dos outros”

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Papa Francisco

om este último artigo do ano gostaria de deixar algumas palavras baseadas no que o Papa Francisco publicou nestes últimos anos, que são textos de grande inspiração e irreverência e que algumas pessoas talvez não conheçam. O Papa Francisco faz 84 anos no próximo dia 17 de Dezembro (Dia de São Lázaro) e mantém uma imensa lucidez, capacidade de trabalho e entrega aos outros para além de ser porta-voz de tanto que está em nós e nem sempre sabemos expressar. Destaca-se pela sua humildade, coragem, sabedoria, simpatia e sorriso. Acredito que seja uma das figuras mais acarinhadas independentemente da religião ou não religião de cada um. Tem publicado vários livros durante o seu pontificado para além das Encíclicas, sendo o mais recente Voltemos a sonhar. O caminho para um

futuro melhor, que sairá em breve em português. Reflecte sobre este tempo de crise pandémica e de provação reveladora dizendo que “de uma crise nunca se sai igual”. Todas as crises trazem uma lição, que é preciso saber compreender. Há sempre o sonho de um mundo melhor. O Papa usa uma linguagem acessível a qualquer pessoa escrevendo frases simples como esta: “(…) se te deixas mudar, sais melhor. Se, ao contrário, ergues as barricadas, sais pior”. O referido livro contém imagens, conselhos e sugestões poderosas e dá ainda enfoque a aspectos que referiu nas encíclicas, pois provavelmente há mais pessoas a ler os livros do que as encíclicas. Cito uma parte deste livro em que o Papa se refere à Encíclica Laudato Si, que é um texto riquíssimo em profundidade e actualidade. Foi o texto usado como base de trabalho num conjunto de palestras/catequeses que desenvolvi entre Outubro de 2019 e Março de 2020 dedicado ao “Cuidar da Casa Comum”. Diz então o Papa Francisco: “Afirmei que é necessária uma conversão ecológica, não apenas para esconjurar a destruição da natureza por parte da humanidade, mas para evitar que esta se destrua a si própria. E dirigi um apelo a favor de uma “ecologia integral”, uma ecologia que vai muito além do cuidado da natureza; é

ter cuidado uns pelos outros como criaturas de um Deus que nos ama, com tudo aquilo que implica”. Há um outro livro do Papa Francisco escrito neste tempo de COVID-19 intitulado Vida após a Pandemia, em que começa precisamente com as palavras que dirigiu “à cidade e ao mundo” a 27 de Março de 2020: (…) Desta colunata que abraça Roma, desça sobre vós, como um abraço consolador, a bênção de Deus”. Creio que muitos não esquecerão a Quaresma de 2020 em particular aquela tarde de oração e bênção Urbi et Orbi em que o Papa Francisco apareceu a pé, debaixo de chuva, sozinho e subiu o adro da Basílica de S. Pedro. Foi um magnífico momento, em plena pandemia, em que estivemos espiritualmente unidos ao mundo. Ao som do canto eucarístico “Tantum ergo”, o Papa apresentou a Cruz e elevou-a numa bênção em silêncio total. O Papa Francisco é uma inspiração e as suas palavras têm eco nos mais simples e nos mais eruditos. Sempre com as questões do mundo actual muito presentes. Recentemente disse que “um cristão defenderá os direitos e as liberdades individuais, mas nunca poderá ser um individualista. Um cristão amará e servirá o seu país com sentimento patriótico, mas não pode ser um mero nacionalista”. E disse ainda: “Encorajo todas as pes-

O Papa Francisco é uma inspiração e as suas palavras têm eco nos mais simples e nos mais eruditos FOTO D.R. soas que detêm responsabilidades políticas a trabalharem activamente em prol do bem comum”. É preciso abandonar a cultura “selfie” e ir ao encontro dos outros. Porque “são os outros, à nossa volta, que, como Ariadne, nos ajudam a encontrar caminhos de saída, a dar o melhor de nós mesmos”. Achei muito curiosa esta referência papal a uma deusa grega, também designada “senhora dos labirintos”, porque, citando Francisco o “pior” que pode acontecer é “ficar a olharmo-nos ao espelho, entontecidos por andar às voltas sem nunca sair do labirinto”. Um espírito muito aberto, como Jesus Cristo seria se vivesse nestes

tempos, em que é preciso incluir e não excluir, em que é preciso aceitar a diferença em vez de rejeitar, porque afinal somos todos irmãos. Há dias comecei a ler a nova Encíclica a que o Papa deu o nome de Fratelli tutti (Todos irmãos - sobre a fraternidade e a amizade social). Também é possível seguir o Papa Francisco pelas redes sociais (mais de 40 milhões de seguidores) em que o Papa convida a passar «do “like” ao “amém”»! Que este Natal seja um verdadeiro tempo de reflexão, um tempo que nos levará a perceber que afinal havia tanto de supérfluo e que este tempo é uma grande oportunidade para redescobrirmos o melhor que há em nós.

ESPAÇO AGECAL

HISTÓRIA CULTURAL OU SOCIOLOGIA HISTÓRICA Sobre a investigação e intervenção na cultura, património e artes JORGE QUEIROZ Sociólogo, sócio da AGECAL

O debate sobre cultura e patrimónios, em particular nos “media” e redes sociais, estão hoje diminuídos por dois equívocos que dificultam a compreensão dos acontecimentos descritos pela narrativa histórica que aprendemos nas escolas. O primeiro equívoco tem a ver com a apreciação de acontecimentos remotos, sobretudo as colonizações da antiguidade e da era moderna, utilizando valores das sociedades contemporâneas, quer em relação ao esclavagismo, como ao papel das mulheres e outros direitos sociais. O outro erro é a desvalorização do património herdado, construindo uma contemporaneidade acrítica e acientífica, baseada em ideias e teorias voluntaristas, fascinada pelas novas tecnologias e o mercado global, que sublima “inovação” e

“produto” como valores absolutos. Na primeira metade do século XX surgiu uma corrente de pensamento historiográfico que contestou a legitimidade da interpretação dos factos históricos centrada apenas em fontes documentais e materiais exumados, apresentando a importância da relação interdisciplinar da história com outras disciplinas correlacionadas, como a linguística, a sociologia, a psicologia, estatística histórica ou história quantitativa, a geografia humana, entre outras,… Surgiram estudos sobre as “mentalidades”, valores e percepções dos grupos sociais, atitudes filosóficas perante a vida e a morte, o parentesco, a propriedade, as religiões, as sociabilidades, expressões simbólicas e artísticas, cultura popular, vestuário, alimentação,… A “história das mentalidades” delimitou um novo e importante campo científico, de investigação e de análise interdisciplinar, reequacionou a clássica história

social e económica. A história narrativa produzia conhecimentos parcelares, sobrevalorizações e omissões, porque a maioria das sociedades não produziam arquivos, os cronistas eram normalmente assalariados dos biografados, o estudo centrava-se nas elites políticas e nos “acontecimentos breves”. A esta realidade contrapôs-se a “história-problema” aberta a outras realidades. O grupo de historiadores ligados à revista “Annales”, de que foram pioneiros a partir de 1929 Marc Bloch e Lucien Febvre, introduziu os métodos das ciências sociais na história narrativa, mostrou como os valores e comportamentos sociais têm remotas origens e continuidades. Nesta corrente importa referir a “história da longa duração”, conceito que resulta dos contributos de Marc Bloch e Fernand Braudel (1902-1985). Este historiador francês, preso pelos alemães durante a 2ª Guerra Mundial, estudou

com profundidade, a partir da geografia humana e da observação das paisagens naturais e culturais, o universo mediterrânico nos séculos XV e XVI e estudou o nascimento do capitalismo, quando as economias regionais passam para o controlo do capitalismo financeiro que substituiu a economia de mercado baseada na troca. “O Mediterrâneo e o Mundo Mediterrânico na Época de Filipe II", tese de doutoramento de Braudel escrita na prisão ou “Civilização material, economia e capitalismo” são obras fundamentais para compreendermos a geohistória, reflexão sobre o espaço físico e humano, os valores e as práticas culturais do sul da Europa, do norte de África e do Médio Oriente, bem como o desenvolvimento do processo de colonização política, militar, económico-financeira, cultural e linguística nos séculos mais recentes. Mas o que atrás foi referido tem a ver com a actualidade das Políticas Culturais e da

Gestão Cultural? Tem tudo a ver, a evolução na contemporaneidade terá como base conhecimentos de várias proveniências e a formação dos quadros para a gestão cultural não se pode limitar a uma licenciatura em qualquer área, mas tem de ser rigorosa, abrangente e multidisciplinar. A actual pandemia que praticamente paralisou as actividades culturais no país, sobretudo ligadas ao espectáculo ao vivo, veio pôr em evidência a fragilidade organizativa e segmentação do sector cultural. É, contudo, uma oportunidade para reequacionar a importancia da cultura nas suas diversas áreas de intervenção social e a necessidade de formação científico-técnica actualizada dos seus profissionais. A história cultural, como outras disciplinas, tem papel fundamental como auxiliar na definição de políticas culturais correctas, em particular na renovação de discursos e práticas sobre museus, património e as artes.


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ARTES VISUAIS

Pode a arte ajudar a contribuir para uma atitude mais favorável à paz? SAÚL NEVES DE JESUS Professor Catedrático da Universidade do Algarve; Pós-doutorado em Artes Visuais; http://saul2017.wixsite.com/artes

E

stamos em dezembro, mês de Natal, quadra associada à paz entre as pessoas.

A paz deveria existir sempre, sendo um estado constante, mas infelizmente não é isso que acontece, pois verificam-se muitos conflitos todos os dias, quer entre pessoas, quer entre países. Assim sendo, é necessário haver períodos que permitam pelo menos atenuar esses conflitos, sendo esbatidas as diferenças, ou o que divide, e acentuadas as semelhanças, ou o que pode aproximar. Neste sentido, o período de Natal ajuda a despertar sentimentos mais positivos em relação aos outros, emergindo com maior frequência situações de perdão, gratidão ou elogio. Num artigo anterior, salientámos que, não obstante ter havido sempre violência ou guerras na história da humanidade, o problema na atualidade é que os meios usados são cada vez mais mortíferos, atingindo muitos inocentes. Esta é uma questão central quando pensamos o futuro da humanidade. Tal como as questões ambientais, as questões ligadas à paz, em particular, são fundamentais para podermos pensar na vida no nosso planeta a médio/longo prazo. Procurando aumentar a consciência de todos e de cada um para este problema, o “Conselho Português para a Paz e Cooperação” tem vindo a desenvolver várias iniciativas, nomeadamente organizando exposições, intituladas “Artistas pela Paz”, em colaboração com a “Peace and Art Society”. A exposição mais recente foi inaugurada em Vila Real de Santo António, no passado dia 6 de novembro. Nela encontram-se expostas 24 obras de 21 “artistas pela paz”. Nas exposições realizadas em 2018-19 contribui com a obra “PAZ é o caminho (Homenagem a Gandhi)” (2018), mas desta vez contribui com a obra “Guerra e Paz: Tudo começa dentro de nós!”, em que procuro salientar que a paz e a guerra são em geral abordadas como algo que existe no exterior, entre países, entre raças, entre religiões ou entre pessoas. As posições de alguns líderes de potencias mundiais, como sejam Trump, nos EUA, ou Bolsonaro, no Brasil, reforçam este ponto de vista, pois apresentam posições divisionis-

tas e promotoras de conflito social. No entanto, é fundamental tomarmos consciência de que cada um de nós é responsável pela Paz e que esta deve começar dentro de cada um de nós. Assim, esta obra procura contribuir para essa tomada de consciência, com uma frase de Gabriel “O Pensador”, quando refere que “a gente muda o mundo na mudança da mente”, da música “Até quando?”. Nós somos muitas vezes o maior obstáculo de nós mesmos, pelo que é importante tomar essa consciência e alterar pensamentos, ideias, preconceitos e crenças que só nos prejudicam a nós mesmos e na relação com os outros. Nessa música, Gabriel refere a também “e quando a mente muda, a gente anda pra frente”. É com a mudança de pensamentos que conseguimos mudar os nossos comportamentos, atitudes e mesmo emoções. Esta ideia é sintetizada por Dalai Lama na frase “Só conseguiremos obter a paz no mundo exterior quando estivermos em paz com nós mesmos (...) Felicidade significa paz de espírito”. O facto de cada um de nós dever assumir essa responsabilidade é ilustrado por essas frases estarem coladas em espelhos em que cada um pode ver a sua imagem, positiva ou negativa consoante o tipo de pensamentos que tiver. Os pensamentos negativos são simbolizados por o espelho estar martelado e pelo sentido dos lábios, enquanto os pensamentos positivos aparecem num espelho limpo, com um “smile”. Desta forma, as artes visuais podem ajudar na criação de imagens que permitem sintetizar o essencial neste processo de consciencialização e de mudança de atitudes e comportamentos. Noutras obras a que fiz referência em artigos anteriores também procurei contribuir para ajudar na tomada de consciência de que todos somos responsáveis pela paz, devendo esse processo começar dentro de nós. Foi o caso das obras “Grito de sangue em atentado terrorista” (2010), “Secrets for a happy life (Homage to Banksy and Einstein)” (2017) e “STOP! Este não é o caminho...” (2020). Numa outra obra mais recente, “Mindfulness (Homenagem a Jon Kabat-Zinn)” (2020), este processo de consciencialização é aprofundado, podendo o mindfulness ajudar-nos nesse sentido. Através da atenção e consciência plena no momento presente podemos aprender a prevenir os efeitos negativos do ritmo em que vivemos na atualidade, com exigências constantes e uma elevada pressão para as realizar rapidamente. Esta situação

Em cima: Técnica mista “Guerra e Paz: Tudo começa dentro de nós!” (2020; 0,60x0,30);

Em baixo: Desenho “Mindfulness (Homenagem a Jon Kabat-Zinn)” (2020; 0,42x0,30) FOTOS D.R.

é sintetizada através da frase de Jon Kabat-Zinn, pioneiro do mindfulness, “você pode não parar as ondas, mas pode aprender a surfar”. Realmente não conseguimos controlar e alterar muito daquilo que ocorre à nossa volta, mas podemos aprender a controlar o efeito que isso tem sobre nós, em cada inspiração consciente que fazemos, se desenvolvermos a atenção plena, focada no presente, com uma atitude de gratidão perante a vida, sentindo a nossa energia e força interior, como se fossemos uma montanha, que permanece estável, serena e resiliente, não obstante a rapidez com que tudo acontece à nossa volta. A frase de Ga-

briel “O Pensador” volta a fazer todo o sentido: “A gente muda o mundo na mudança da mente”. Considero que a arte visual talvez possa ajudar a parar no tempo e a refletir, de forma a que não se repitam no futuro os erros do passado. A arte pode inserir-se num movimento de “educação para a paz”, nesta sociedade em que é cada vez mais importante educar para princípios éticos universais e para valores humanistas, como sejam a honestidade e o respeito pelos outros. Além disso, é essencial o desenvolvimento da espiritualidade em cada um de nós, pois só em paz consigo mesmo, em equilíbrio e sere-

nidade, é que o ser humano consegue estar em paz com os outros. Conforme é referido pela vereadora Carla Sabino, no folheto da exposição realizada em Vila Real: “Cada vez mais acredito que a arte tem um papel preponderante no mundo, pelo poder da sua essência, de tocar aquilo que de mais profundo existe em cada um de nós: as emoções. São as emoções que geram em nós as cores necessárias para desenharmos uma Humanidade melhor. Se desejamos todos viver em paz, façamos por isso, em cada gesto e em cada palavra.” Feliz Natal a todos, com saúde e em paz!


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FILOSOFIA DIA-A-DIA

Filo-conto de Natal iria à frente, comandando as tropas e abrindo caminho. O medo, capaz de se introduzir mesmo através dos orifícios mais ra uma vez um dia igual a pequenos, seguiu-se-lhe. Atingiu tantos outros dias no “no- as gentes contraindo músculos, vo normal”: todos ficavam causando frio interior, destruindo em casa. Uns por estarem iniciativas e matando gestos mal doentes, outros por receio eles se esboçavam. O medo colocou de ficarem doentes, alguns por medo palas em todos os sentidos. O olhar das sanções do governo e outros ain- encolheu de amplitude ao ponto da por convicção e profundo respeito de um servilismo inquietante. Os ouvidos passaram a captar apenas pelos profissionais de saúde. Incumpridor, o desalento saiu à rua e sons de angústia e gemidos de dor. esticou-se ao alto, ao largo e ao compri- O paladar reduziu-se a um só gosto, do, passeando ufano pelas alamedas tornando-se incapaz de diferenciar desertas. Contemplou as lojas fecha- sabores. O olfacto prisioneiro entre das, os cafés e restaurantes vazios. Não as quatro paredes de casa, esquese via vivalma na praça grande, nem ceu o perfume das flores e o odor no mercado, nem sequer nas paragens de maresia; pelas narinas entrava de autocarro. O desalento esfregou as apenas o cheiro a mofo das almas mãos de contente, tinha agora todas as encarceradas. Sobre o tacto o medo condições para colocar o seu plano em nem teve necessidade de agir. Dirmarcha. Com falinhas mansas seduziu -se-ia mumificado por tanta falta de o medo, a tristeza e o desespero para uso! O tacto é um sentido do perto e que se tornassem seus aliados. Com agora era mandatário estar longe. escavou então um portão argúcia explicou ao pequeno exército o O medo AF_Correio Ribatejo_252x174.pdf 1 19/11/2020 17:50 seu plano estratégico. Ele, o desalento, enorme por onde a tristeza entrou MARIA JOÃO NEVES PH.D Consultora Filosófica

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sem dificuldade. Munida dos seus muitos moinhos, a tristeza reduziu os ânimos a picadinho, triturou os impulsos, por todo o lado onde se ia instalando foi moendo, moendo, moendo... Qual exército de térmitas devorando os alicerces da alma! Agora que já nada resistia à vaga do desespero ela só tinha que chegar. Inversamente proporcional às forças do adversário, quanto menor e mais fraco este, mais ela se agiganta. E assim, as almas naufragaram quase já sem resistir. Foi então que no berço mais humilde do mundo se agitaram as palhas, que brilharam mais que o ouro refulgente. Esse brilho atingiu os céus e uma estrela rasgou a negrura da noite apontando o caminho. No centro das palhas um bebé ria. Era uma gargalhada cristalina cuja vibração chegava ao centro da terra e ao cume dos céus. O desalento assustou-se e resolveu atacar o menino desprotegido deitado nas palhinhas. Mas a criança brincou com ele, pegou-lhe pelo enorme nariz de Pinóquio e abanou-o de um lado para outro ao ritmo do seu

riso, numa dança estonteante. O desalento dissipou-se à alvorada enquanto o riso do menino tilintava nas copas das árvores e viajava nos braços do vento. E esse riso entrou pelas frinchas das janelas, pelas fechaduras das portas, pelas chaminés das casas, e todas as crianças do mundo desataram a rir. Era uma gargalhada quente e cósmica, uma alegria contagiante, que deixou perplexos adultos e idosos. Então, nesse momento de espanto, o riso do menino recém-nascido, num voo de borboleta, começou a adejar no coração das gentes. A princípio era um quase nada, um leve palpitar, que pouco a pouco se foi tornando cada vez mais intenso. E o riso soltou-se em gargalhada, e fez cócegas ao medo, desconcertou os moinhos da tristeza e evaporou as águas do desespero. Dos olhares caíram as palas e o horizonte espraiou-se amplo, imenso, esperançoso. Nos ouvidos tilintava o riso com timbre de ouro. Apurou-se o olfacto que pôde então captar os cheiros da terra, o aroma das nuvens

Especialistas dizem tratar-se da única escultura de Leonardo da Vinci (data de 1472) que sobreviveu até aos nossos dias FOTO VICTORIA & ALBERT MUSEUM, LONDON / D.R.

e o perfume dos seres. Timidamente, o tacto desenrolou as ligaduras que o cobriam e deixou que a brisa lhe acariciasse a pele. Então, o gosto recordou-se do sabor de um beijo. Nesse momento, no coração de cada um, floresceu a certeza inabalável de que o tempo dos abraços há-de voltar! Inscrições para o Café Filosófico:

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CULTURA.SUL

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FIOS DE HISTÓRIA

A saga dos Corte Reais RAMIRO SANTOS Jornalista ramirojsantos@gmail.com

Poderia ser a versão portuguesa da pedra de Roseta. Mas em vez do código Ptolemaico, tem gravadas a cruz de cristo e a assinatura de um marinheiro de D. Manuel. É um emaranhado de inscrições na pedra. Muito desgastada por 500 anos ao ”sabor do vento e das marés”. E do vandalismo. Uma rocha descoberta em 1680 no rio Taunton, estado de Massachusetts. Perto da “portuguesa” cidade de New Bedford. Durante muito tempo, estudiosos julgaram ter lido naquele painel de hierógligos o nome de Miguel Corte Real e o ano de 1511. Um algarvio de Tavira que foi à procura de seu irmão, Gaspar Corte Real, que tinha ido à Terra dos Bacalhaus e nunca mais voltou.

E

sta leitura deu origem à chamada tese da pedra de Dighton que coloca os portugueses no continente americano, 20 anos antes de Colombo. Já que, por duas vezes, em 1471 e 1474, por lá tinha andado o pai deles, João Vaz Corte Real. O primeiro estudo a apresentar a tese de que as inscrições ligavam o nome de Miguel Corte Real àquele local foi defendido em 1918 por Edmund Delabarre, professor na Brown University, nos Estados Unidos. “Eu vi clara e indubitavelmente, a data de 1511”, afirmou ele, com a mesma convicção de Champollion quando conseguiu decifrar a Pedra de Roseta. Mas foi, contudo, o médico luso-americano curioso da investigação histórica, Manuel Luciano da Silva, o seu mais persistente defensor para sustentar a tese de que os portugueses foram os primeiros a chegar à América. Por aquelas águas geladas do noroeste, haviam navegado também outros nomes que fazem a lenda como Leif Erikson ou um tal Eric, o Vermelho, cuja natureza dos relatos de teor literário tornam complicado definir com precisão o primeiro contacto dos europeus com o continente americano. Por lá andou ainda Giovanni Cabotto. Deste genovês ao serviço

de Henrique VII, de Inglaterra , se diz que em 1497, foi para além da Gronelândia e “descobriu terra firme a 700 léguas daqui”. No ano seguinte efectuou nova viagem mas já não voltou. E nunca se chegou a saber o local exacto por ele avistado. Em qualquer caso – não fosse o diabo tecê-las - o reino de Portugal asseverou à coroa inglesa o nulo direito desta à colonização da área, de acordo com o estipulado no Tratado de Tordesilhas. O que era um sinal claro de que saberia da existência de terra firme para aqueles lados. De facto, a primeira representação cartográfica da Terra Nova, e a prova efectiva de que a sua existência e localização chegaram ao conhecimento da Europa, deve-se aos portugueses. Trata-se do planisfério de Cantino, onde a ilha é perfeitamente identificável. Acompanha-a uma legenda onde se lê: “Esta terra he decober per mandado do muy alto exçelentissimo príncipe Rey don manuell Rey de portuguall a qual descobrio Gaspar Corte Real”. A acção do navegador algarvio haveria de ser confirmada por um documento da chancelaria de D. Manuel, datado de 12 de Maio de 1501. Tanto quanto é possível apurar, foi efectuada uma viagem em 1500, que foi detida pelos gelos árcticos, e outra saída de Lisboa em Março de 1501, com três navios. No final do Verão, Gaspar Corte Real mandou dois deles para Lisboa e continuou a sua exploração, não se sabendo mais nada do seu destino. Os que regressaram trouxeram com eles cinquenta e sete nativos e produtos locais, como prova da sua descoberta. No ano seguinte, o seu irmão Miguel partiu à sua procura mas teve igual fim, tendo, supostamente, naufragado no local onde se encontra a pedra de Dighton. Anos mais tarde, terá gravado na rocha o seu nome e os símbolos de Portugal. A partir de então, as viagens à Terra do Bacalhau passaram a ser frequentes. De tal forma deve ter sido intensa a presença portuguesa, que em 1504 a representação da Terra Nova, num mapa de Pedro Reinel, está cheia de topónimos portugueses. E um levantamento de Manuel Luciano da Silva prova que ainda hoje existem em toda a zona costeira, onde a pedra foi encontrada, palavras de origem portuguesa. Tudo havia começado uns 30 anos antes, quando João Vaz Corte Real, ao serviço de D. Afonso V, integrou uma expedição dinamarquesa à

Em cima Carta de Fernão Vaz Dourado que regista as terras dos Cortes Reais e Lavrador Ao centro A pedra de Digthon na foz do rio Taunton antes de ser retirada para um museu. Há quem tenha lido nela o nome de Miguel Corte Real e os símbolos portugueses Em baixo à esquerda Estátua na Escola Naval, em Lisboa, de homenagem ao navegador Gaspar Corte Real que, como o seu pai, foi até à Terra Nova e à península do Lavrador Em baixo à direita Efígie de João Vaz Corte Real que atingiu o estuário do rio Hudson, atual Nova Iorque e a costa leste do Canadá, colocando os portugueses no continente americano vinte anos antes de Colombo FOTOS D.R.

Fontes: Gaspar Frutuoso; Luis Albuquerque, 1987; Manuel Luciano da Silva, 1987; Ofir Chagas, 2004; Adérito Vaz, 2000; outros

Gronelândia. Em 1474 repetiu a experiência e atingiu o estuário do rio Hudson (Nova Iorque) e do rio de S. Lourenço. Por esse feito, recebeu do rei o governo de parte da ilha Terceira e de S. Jorge. João Vaz, descendia de famílas nobres, sendo filho de Vasco Anes da Costa, mais tarde Corte Real, natural de Tavira. Este, lutou ao lado do futuro D. João I , esteve em Ceuta, foi alcaide de Tavira e de Silves e fronteiro mor do Algarve. Um seu irmão Afonso Vaz da Costa, foi comendador da Ordem de Santiago e procurador de Tavira às cortes de Lisboa

em 1439. O seu neto também chamado Vasco Anes – irmão de Gaspar e Miguel - foi igualmente alcaide de Tavira, bem como o seu filho, Bernardo Corte Real. Apesar da historiografia oficial não admitir, sem contestação, o pioneirismo das navegações portuguesas – nem outras, à excepção mais provável dos Vikings – a verdade é que os Corte Reais mapearam uma larga extensão da costa leste da América do Norte. Tocaram, isso é certo, a Terra Nova e o Labrador, assinalados na história e na geografia por Terra dos Corte Reais.

E mesmo que não se reconheça a assinatura de Miguel Corte Real gravada na pedra, o seu nome e a sua epopeia ficaram para sempre imortalizados num poema do siciliano Cataldo Sículo, incluído na sua colectânea Poemata, publicada no ano de 1502: “Foge-me o talento e a eloquência,/ apodera-se de mim o terror, quando tento/ dizer os feitos de tão grande capitão./É aquele que tem o nome do príncipe/ celeste dos cavaleiros e a quem os/ antepassados legaram o apelido de Corte Real...”


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CADERNO ALGARVE

Postal, 4 de dezembro de 2020

REGIÃO NECROLOGIA

Reze 9 Ave-Marias com uma vela acessa durante 9 dias, pedindo 3 desejos, 1 de negócios e 2 impossíveis ao 9º dia publique este aviso, cumprir-se-á mesmo que não acredite. C.F.

Edital – Venda de terreno rústico Sitio do Marco Comunica-se que Vitalina Dias Gonçalves, viúva, com número de contribuinte nº 185013775 e Constantino Emídio Gonçalves de Jesus, divorciado, com número de contribuinte nº 206958870 proprietários de terreno rústico com área de 5200 m2, situado no sitio do Marco, freguesia de Santa Catarina da Fonte do Bispo, inscrito na matriz com artigo 44415 e descrito no registo predial de Tavira sob o nº 1521/19901011, com confrontação a norte com Manuel de Jesus, a sul com Manuel de Jesus e outros, a nascente Zacarias H Mendonça e a poente João Martins Cordeiro. O referido prédio é vendido a Julie Dulphy, solteira com número de contribuinte nº 304863629 e Yvan Georges Andre Aumaitre, solteiro, com número de contribuinte nº 304863947 pelo valor de 13.000€. Caso algum dos partilheiros pretenda exercer o direito de preferência terá 10 dias para o realizar após a publicação deste anúncio.

ROSALINA MARIA VIEIRA XAVIER FIALHO LOPES MISSA DO 10º ANIVERSÁRIO DE FALECIMENTO

A sua família informa que será celebrada Missa do 10º Aniversário de Falecimento, dia 18 de Dezembro, sexta-feira, pelas 9:00h na Igreja de Santa Maria, em Tavira.

(POSTAL do ALGARVE, nº 1255, 4 de Dezembro de 2020)

Edital- Venda de terreno misto, Sinagoga - Santo Estevão

Agradecem desde já a quem comparecer ao acto. “Paz à sua Alma”

Comunica-se que Jaime Gomes da Silva, NIF 168.397.048, divorciado e Leonilde Amélia Fernandes Vieira, divorciada, NIF 151.748.691, proprietários do prédio rústico inscrito na matriz com o número 2138 e na matriz urbana com o número 1598 da união de freguesias de Luz de Tavira e Santo Estevão, prédio misto descrito na Conservatória do Registo Predial de Tavira sob o número 835/19910927 vendem a LOISIRS DES JEUNES - INVESTIMENTOS IMOBILIÁRIOS, LDA., NIPC 508.356.440, o prédio misto pelo valor global de 140.000€. O prédio rústico tem como confinantes a norte Tomáz António Simões Martins, a nascente Tomáz António Simões Martins e a poente José Luis Cesário e outro. Caso algum dos confinantes pretender exercer o direito de referência sobre o referido prédio misto terá até 10 dias após a publicação deste anúncio.

SANTA LUZIA - TAVIRA TAVIRA

Reze 9 Ave-Marias com uma vela acessa durante 9 dias, pedindo 3 desejos, 1 de negócios e 2 impossíveis ao 9º dia publique este aviso, cumprir-se-á mesmo que não acredite. A.G.

(POSTAL do ALGARVE, nº 1255, 4 de Dezembro de 2020)

VENDE-SE ou ARRENDA-SE JACINTO DO NASCIMENTO PEREIR A

ALBERTO AUGUSTO PEREIR A

01-02-1933 23-11-2020

27-10-1932 29-11-2020

Os seus familiares vêm, por este meio, agradecer a todos quantos o acompanharam em vida e nas suas cerimónias exéquias ou que de algum modo lhes manifestaram o seu sentimento e amizade.

Os seus familiares vêm, por este meio, agradecer a todos quantos o acompanharam em vida e nas suas cerimónias exéquias ou que de algum modo lhes manifestaram o seu sentimento e amizade.

CONCEIÇÃO - TAVIRA CONCEIÇÃO E CABANAS DE TAVIRA - TAVIRA

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Agência Funerária Santos & Bárbara, Lda.

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4 terrenos agrícolas com excelente localização e acessibilidade, com água da barragem, situados na Asseca a 3 minutos da cidade de Tavira

èPomar de citrinos: 8.158 m2 èTerra de semear: 8.000 m2 èTerra de semear: 9.788 m2 èPomar de citrinos e terra de semear 6.370 m2 èÁrea total: 32.316 m2

Contacto: 918 201 747


CADERNO ALGARVE

Postal, 4 de dezembro de 2020

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REGIÃO A NÚNCIOS

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ORDEM DE TRABALHOS 1. Discussão e votação da proposta de Plano de Atividades e de Orçamento da Caixa Agrícola para 2021 e do Parecer do Conselho Fiscal. 2. Tomada de conhecimento da Política de Selecção e Designação de Revisor Oficial de Contas (ROC/SROC) e de Contratação de Serviços Distintos de Auditoria Não Proibidos do Grupo Crédito Agrícola. 3. Outros assuntos de interesse para a Instituição. Se, à hora marcada, não se encontrar presente mais de metade dos Associados, a Assembleia Geral reunirá, em segunda convocatória, uma hora depois, com qualquer número.

Convocatória da Assembleia-Geral Ordinária Nos Termos do artigo 40, nº1, Ponto 2 alínea a) e c) dos Estatutos, convoco a Assembleia - Geral – Ordinária para o dia 18 de Dezembro de 2020, sexta- feira, pelas 17.00h horas, na sede do Monte-Pio Artístico Tavirense, na rua Tenente Couto n.º 6, no 1º andar, em Tavira, na “Casa da Matilde”, com a seguinte ordem de trabalhos: 1 - Aprovação ou Rejeição do Orçamento e Plano de Acção 2021 2 - Eleição dos Corpos Gerentes para o Quadrimestre de 2021/2022/2023/2024 Informa-se os Associados que oito dias antes da realização da Assembleia-Geral Ordinária se encontra o Orçamento para 2021 á disposição de todos, no gabinete administrativo do Monte-Pio Artístico Tavirense. As Listas para Eleição dos Corpos Gerentes devem ser entregues no Gabinete Administrativo do Monte-Pio durante o mês de Novembro, antes das Eleições, para serem examinadas.

A Assembleia reunirá fora da sede social da Caixa Agrícola devido à inexistência de sala com condições para a realização da mesma, atenta a necessidade de serem adoptadas medidas de segurança e de distanciamento social, conforme dispõem as diversas Resoluções do Conselho de Ministros, desde Março de 2020 até ao momento.

Nos Termos do Artigo 30 ponto 3 dos Estatutos, a Tomada de Posse realizar-se-á no prazo de trinta dias a contar do acto Eleitoral.

Tomando em consideração as medidas em vigor restritivas da aglomeração de pessoas, as quais poderão ainda vigorar à data da realização da Assembleia Geral, incentiva-se os Senhores Associados a privilegiarem o recurso ao voto por correspondência ou por representação.

Nos termos do artigo 41, Ponto 1, dos Estatutos, a Assembleia-Geral funcionará com qualquer número de Associados pelas 18.00 horas.

A. Voto por Correspondência Os Associados podem exercer o seu direito de voto por correspondência, nos termos do artigo 31.º, n.ºs 3 a 6 dos Estatutos da Caixa Agrícola desde que sejam cumpridos, cumulativamente, os seguintes requisitos: i. solicitar atempadamente, por escrito, ao Presidente da Mesa da Assembleia Geral, os boletins correspondentes a cada ponto da ordem de trabalhos e a carta que os deverá capear; ii. o sentido do voto seja expressamente indicado em relação a todos os pontos da ordem de trabalhos; iii. Os boletins dêem entrada na sede da Caixa Agrícola até às dezasseis horas do segundo dia útil anterior ao da Assembleia Geral, sendo a data e hora da entrada registada em livro, registo que será encerrado pelo Presidente da Mesa da Assembleia Geral logo que terminado o prazo da sua válida recepção. Cada boletim deverá ser dobrado em quatro e inserido em sobrescrito, em cujo rosto será inscrito “Votação do(a) Associado(a) … [nome ou designação do Associado] para o Ponto … [inscrever o número] da Ordem de Trabalhos da Assembleia Geral da Caixa de Crédito Agrícola Mútuo de …, C.R.L., convocada para as … [colocar a hora e minutos da reunião em primeira convocatória] do dia …[dia, mês e ano]”, sendo os referidos boletins capeados pela carta a que alude o requisito i. supra com a assinatura do Associado reconhecida nos termos legais. B. Voto por Representação Nos termos do artigo 31.º, n.ºs 7 e seguintes dos Estatutos da Caixa Agrícola, qualquer Associado poderá votar por procuração, conquanto constitua como mandatário familiar seu, desde que maior de idade, ou outro Associado, sendo que este só poderá representar um mandante. A procuração deve ser outorgada em documento escrito, dele constando a identificação do mandante e a identificação do mandatário, pelo menos através dos seus nomes completos, números de identificação civil e respectivas moradas, data, hora e local da realização da Assembleia e ponto ou pontos da ordem de trabalhos para a qual confere o mandato e, querendo, o respectivo sentido de voto.

Mais informo, que só poderão votar mediante a apresentação do cartão de Associado com as quotas em dia. Tavira, 4 de Dezembro de 2020 A Presidente da Mesa da Assembleia-Geral Maria José Sousa Martins (POSTAL do ALGARVE, nº 1255, 4 de Dezembro de 2020)

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C. Presença na Assembleia Geral Para os Associados que ainda assim desejem estar presentes na Assembleia Geral, adverte-se que, na data da sua realização serão seguidas as orientações específicas que venham a ser emanadas quer por disposito legal subsequente à publicação desta Convocatória, quer pela Direcção Geral de Saúde, designadamente quanto aos procedimentos de segurança, saúde e higiene a adoptar na presente reunião. Sem embargo do anteriormente expresso, desde já se adverte que, salvo orientação ou instrução em contrário, terão de ser seguidas na Assembleia Geral as indicações constantes dos artigos 7.º a 9.º e do artigo 16.º do Anexo à Resolução do Conselho de Ministros n.º 88-A/2020, de 14 de Outubro, actualmente em vigor, ou o que resulte de qualquer outra Resolução ou dispositivo legal que, à data, venham a vigorar e que serão devidamente divulgadas aos Associados sendo que, no mínimo, sempre serão necessariamente adoptados os seguintes procedimentos: a) restrição de presença no local da reunião de uma pessoa em representação de cada Associado, designadamente no que se refere a Associados pessoas colectivas; b) distanciamento físico mínimo de dois (2) metros entre os presentes na reunião; c) uso obrigatório de máscara ou viseira; d) utilização das soluções desinfectantes cutâneas aquando da entrada na reunião. Tavira, 19 de Novembro de 2020 O Presidente da Mesa da Assembleia Geral, Bruno Filipe Torres Marcos (POSTAL do ALGARVE, nº 1255, 4 de Dezembro de 2020)

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CONVOCATÓRIA DA ASSEMBLEIA GERAL ORDINÁRIA Nos termos do n.º 2 do artigo 26.º e dos artigos 27º e 28º dos Estatutos da Caixa de Crédito Agrícola Mútuo do Sotavento Algarvio, C.R.L., pessoa colectiva n.º 501 073 035 com sede na Rua Borda D’Água de Aguiar, Nºs 1 e 2, em Tavira, matriculada na Conservatória do Registo Comercial de Tavira sob o mesmo número, com o capital social realizado de € 15.786.000,00 (variável), convoco todos os Associados no pleno gozo dos seus direitos, a, caso, na presente situação de Pandemia, venha a ser legalmente possível, reunirem-se, em Assembleia Geral Ordinária, no dia 21 de Dezembro de 2020, pelas 14:00 horas, na sede da Associação dos Beneficiários do Plano de Rega do Sotavento do Algarve, na Rua Engenheiro João Bruno da Rocha Prado, nº 3, em Tavira, para discutir e votar as matérias da seguinte

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Sorteios de Natal dinamizam comércio local de Tavira

EDITORIAL Henrique Dias Freire

A Associação Baixa de Tavira, com o apoio do Município, dinamiza dois passatempos de promoção e incentivo ao consumo local, entre 7 de dezembro e 15 de Janeiro

As águas do nosso descontentamento

A

forte e anormal pluviosidade, que se fez sentir esta semana em várias localidades do Algarve, causou dor e prejuízos a muita gente. Dos graves prejuízos registados, a particulares e a empresas, além dos danos causados em muitas infraestruturas públicas e privadas, a zona do Parque Industrial de Loulé foi das mais fustigadas pela chuva intensa. Foi palco de dezenas de viaturas a boiarem ao sabor da subida do nível da água da chuva retida por muros que tiveram que ser derrubados. Muitas das viaturas chocaram entre si e, ao ficaram semi-submersas, somaram grandes danos e avultados prejuízos. Perante os vários estragos materiais, é sabido que as câmaras municipais podem e devem acionar o seu seguro para cobrir os danos causados por este tipo de fenómenos naturais. Apesar do "grande susto" e dos vários estragos, as autarquias estão apetrechadas dos devidos seguros.

Trata-se de um sorteio de Natal e a iniciativa “Juntos fazemos a diferença na economia local: ao comprar já está a ganhar”. As ações, concretizadas em formato de vouchers, não convertíveis em dinheiro, visam colmatar as dificuldades causadas pela atual situação de pandemia, no setor económico. Os consumidores

Hotelaria à beira de um precipício económico sem precedentes A prin-

da Associação Baixa de Tavira. Ao realizar uma compra, no valor igual ou superior a 40 euros e inferior a 80 euros, num único talão, o cliente recebe um voucher, no montante de 20 euros, para utilizar num estabelecimento de restauração da Associação Baixa de Tavira ou um vale, no valor de 10 euros num dos espaços aderentes e, ainda, 5 euros para utilizar no comércio a retalho e serviços. Os restaurantes (não associados) que pretendam aderir a esta iniciativa deverão fazê-lo, até às 23:59 de dia 3 de dezembro, através do e-mail baixadetavira@gmail.com.

cipal associação hoteleira algarvia apelou ao Governo para que aprove “a atribuição urgente” de apoios financeiros a fundo perdido para recapitalizar as empresas turísticas, no âmbito do plano de emergência para recuperar o Algarve Para a Associação dos Hotéis e Empreendimentos Turísticos do Algarve (AHETA), a crise pandémica provocada pela covid-19, agravou a situação económica e social daquela região, “descapitalizando as empresas e deixando-as à beira de um precipício económico sem precedentes, tendo o desemprego atingido níveis impensáveis e nunca experimentados anteriormente”.

MAIOR PRESÉPIO DO PAÍS VOLTA A BATER RECORDE

Infelizmente e em sentido inverso, ainda não existem seguros que possam cobrir cenários de escassez de água. Sabe-se há muito, que nunca mais vai haver recurso abundante de água no Algarve que nos permita o seu uso ilimitado. Sabe-se que urgem soluções a aplicar no terreno e que já estamos há muito tempo em contagem decrescente. A água é um bem essencial à vida humana e aos ecossistemas. Sem ela, não há vida que resista, nem economia que possa florescer sustentavelmente. Não existem soluções perfeitas e muito menos existe uma qualquer apólice de um seguro que possa resolver este problema, que é transversal a toda a região do Algarve e que acaba por afligir todos os algarvios. A questão da escassez de água não é possível ser resolvida num curto espaço de tempo. Tem que ser bem estudada, planeada e executada. Nesta edição, o POSTAL dá por isso voz a especialistas em recursos hídricos, agentes regulados pelo Estado, associações e movimentos de cidadãos, todos eles preocupados com a existência e o uso da água, porque o Algarve somos todos nós! AF_Reconquista_rodapé_265x50.pdf

ao efetuarem compras, nos estabelecimentos associados da Baixa de Tavira, habilitam-se a ganhar 500 euros (1º prémio), 350 (2º prémio), 300 (3º prémio), 200 (4º prémio), 150 (5º prémio), e 100 euros (6º ao 10º prémios). O sorteio terá lugar, no dia 18 de janeiro, pelas 11 horas, na Galeria André Pilarte (Rua D. Marcelino Franco), podendo os vales ser utilizados, até dia 30 de abril de 2021. O passatempo “Juntos fazemos a diferença na economia local: ao comprar já está a ganhar” destina-se, igualmente, a todos os clientes, cujas compras sejam efetuadas nos estabelecimentos associados

Últimas

Empresa distribui 1,5 milhões de máscaras

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maior presépio do país regressou à cidade pombalina e voltou a bater mais um recorde ao ultrapassar a fasquia das 5.600 figuras. Para dar vida a esta iniciativa, que este ano atinge "a maioridade", ao completar a sua 18ª edição, foram necessários "mais de 40 dias e 2.500 horas de trabalho, embora os preparativos já tenham começado há vários meses, mesmo perante a incerteza da pandemia da Covid-19", explica a autarquia vila-realense.

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19/11/2020

Como vem sendo habitual, a lista de materiais utilizados na sua construção é extensa e incorpora mais de 20 toneladas de areia, 4 toneladas de pó de pedra, 3000 quilos de cortiça e centenas de adereços. Todos estes esforços permitiram que o Presépio Gigante chegasse, uma vez mais, à meta dos 230 metros quadrados, ocupando toda a área expositiva do Centro Cultural António Aleixo, com milhares de figuras, muitas feitas de raiz pelos seus autores e outras que podem atingir as várias centenas de euros. O presépio tem a assinatura de

Augusto Rosa e Teresa Marques, dois funcionários autárquicos que contaram com a colaboração de Joaquim Soares e António Bartolomeu. Em 2020, a estrutura apresenta-se com nova configuração, mas volta a ter peças evocativas da região, nomeadamente a Praça Marquês de Pombal, as antigas cabanas da praia de Monte Gordo, as salinas, as tradicionais noras algarvias, assim como outros monumentos locais. O Presépio Gigante pode ser visitado até 6 de janeiro de 2021. A entrada tem o valor de 0,50 euros.

Distribuição quinzenal nas bancas do Algarve

Tiragem desta edição

7.092 exemplares

POSTAL regressa a

18 de dezembro

Grupo Tavfer, de Fernando Tavares Pereira, vai proceder à distribuição de um milhão e meio de máscaras pelos clientes dos seus 38 centros inspeção automóvel distribuídos pelo país. Ainiciativa de sensibilização vai prolongar-se até ao fim do atual estado de emergência, e inclui um kit de três máscaras e um folheto de sensibilização das pessoas para a importância de manterem os procedimentos e orientações das autoridades de saúde nos cuidados de proteção a seguir. Esta iniciativa da TavFer, grupo empresarial português com forte presença na região algarvia, vai alargar-se a outros ramos de atividade da empresa ligados ao turismo, hotelaria, restauração e produção alimentar.

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